2 - Lei Nº 9.455-1997 - (Lei de Tortura)
2 - Lei Nº 9.455-1997 - (Lei de Tortura)
2 - Lei Nº 9.455-1997 - (Lei de Tortura)
455/1997
1 – Fundamento Constitucional
Art. 5º, III, da CF/88: Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;
Art. 5º, XLIII, da CF/88: A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
podendo evitá-los, se omitirem.
A tortura, portanto, é um crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. ATENÇÃO! O
crime de tortura não é imprescritível! Essa característica é aplicável apenas aos crimes de
racismo e às ações de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
estado democrático.
O STF também já decidiu que o condenado por crime de tortura também não pode ser
beneficiado com indulto.
Obs.: As ações indenizatórias por danos morais decorrentes de atos de tortura ocorridos
durante o Regime Militar de exceção são imprescritíveis. (Na área cível)
Página 1 de 9
Direito penal – Legislação Especial – Lei de Tortura – 9.455/1997
4 – Tipificação da tortura no ordenamento jurídico brasileiro
Antes o crime de tortura estava tipificado no Estatuto da Criança e do Adolescente, no entanto, a
Lei 9.455/1997 (Lei de tortura) revogou o art. 233 do ECA.
O crime de tortura está tipificado na lei 9.455/1997 e praticada contra criança e adolescente,
incide a majorante do art. 1º, §4º, inciso II da Lei de Tortura:
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
II – Se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior
de 60 (sessenta) anos.
Questionamento: A tortura é uma crime jabuticaba? Sim, de acordo com Alberto Silva Franco.
Jabuticaba é uma fruta que só tem no Brasil. Então, só no Brasil como regra a tortura é crime
comum. Em outros países a tortura é crime próprio, praticada por um agente público.
Brasil: Crime comum.
Estrangeiro: Crime próprio.
Página 2 de 9
Direito penal – Legislação Especial – Lei de Tortura – 9.455/1997
Regra: Vai absorver.
Exceção: Se o agente pratica através de desígnios autônomos e demonstra evidência de que o
agente também quer abusar, responde pelos dois crimes.
10 – MODALIDADES DE TORTURA
Página 3 de 9
Direito penal – Legislação Especial – Lei de Tortura – 9.455/1997
Sujeito passivo: Qualquer. Se for criança, adolescente, idoso... vai majorar a pena como
base no art. 1º, §4, II da lei de Tortura.
Conduta: Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe
sofrimento físico ou mental.
Elemento subjetivo: Dolo + especial fim de agir. Não vai só bater, causar sofrimento físico
ou mental, vai ter que ter o especial fim de agir. Especial fim de agir: Obter informação,
confissão ou declaração.
o CESPE: Requer dolo específico.
Consumação: Se consuma com a prática da conduta. Quanto ao resultado é crime formal.
Tentativa: É cabível a tentativa.
Essa tipificação do crime de tortura fica condicionada ao preenchimento cumulativo
de três elementos:
o O meio empregado; (violência ou grave ameaça)
o As consequências sofridas pela vítima; (sofrimento físico ou mental)
o A finalidade pretendida (dolo específico) ou o motivo.
Página 4 de 9
Direito penal – Legislação Especial – Lei de Tortura – 9.455/1997
C – Em razão de discriminação racial ou religiosa.
Obs.: Econômica, social e política não vai se encaixar.
Judeus: Tortura racional (segundo entendimento do STF)
Obs.2: STF – Homofobia e Transfobia. ADO 26. MI 4733.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Crime comum. Se for o agente público a pena será
majorada de acordo com o art. 1º, §4º, inciso I, da lei 9.455/97, de 1/6 a 2/3.
Sujeito passivo: Qualquer pessoa. Crime comum. Se for criança, adolescente, idoso... vai
majorar a pena como base no art. 1º, §4, II da lei de Tortura.
Conduta: Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe
sofrimento físico ou mental em razão de discriminação racial ou religiosa.
Elemento subjetivo: Dolo + especial fim de agir. Causando-lhe sofrimento físico ou
mental em razão de discriminação racial ou religiosa.
Consumação: Crime formal. Se consuma a partir do momento que teve a discriminação
racional ou religiosa.
Tentativa: É cabível.
II – Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou
medida de caráter preventivo.
Sujeito ativo: Crime próprio, requer qualidade especial. Quem exerce guarda, poder ou
autoridade.
Sujeito passivo: Crime próprio. A pessoa que está sob guarda, poder ou autoridade. Se
for criança, adolescente, idoso... vai majorar a pena como base no art. 1º, §4, II da lei de
Tortura.
Conduta: II – Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de
violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar
castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Elemento subjetivo: Dolo + especial fim de agir. Como forma de aplicar castigo pessoal
ou medida de caráter preventivo. Dolo específico. Tortura castigo ≠ Maus tratos.
Consumação: Classificado pela doutrina como crime material, só vai se consumir quando
acontecer o intenso sofrimento físico e mental.
Tentativa: Cabível.
O sofrimento deve ser intenso, não compreendendo, no entanto, a lesão corporal de
natureza grave.
Página 5 de 9
Direito penal – Legislação Especial – Lei de Tortura – 9.455/1997
10.5 TORTURA PROPRIAMENTE DITA -
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não
resultante de medida legal.
Pena – Reclusão, de dois a oito anos.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, é crime comum.
Sujeito passivo: Crime próprio. Tem que ser uma pessoa que esteja presa, vale para
qualquer tipo de prisão. Pode ser qualquer tipo de medida de segurança também.
Conduta: Quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não
resultante de medida legal.
o Essa tortura não tem como meio a violência ou grave ameaça.
o Só basta o sofrimento físico ou mental.
Elemento subjetivo: Basta o dolo, não requer o especial fim de agir. Basta pegar uma
pessoa presa e querer causar sofrimento físico ou mental.
Consumação: Crime material, pois depende do resultado.
o Se consuma com o sofrimento físico ou mental. Tem que ter a tortura.
Tentativa: É cabível tentativa.
§2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou
apura-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
Na conduta omissiva de apuração, o responsável será sempre uma autoridade que seja
competente para tanto;
Já no caso de se evitar a tortura, o sujeito ativo poderá ser não só essa autoridade, bem
como qualquer outro indivíduo que, de alguma maneira, teria condições de impedir a
consumação do delito e que se enquadra em uma das hipóteses do art. 13, §2º, do CP, o
qual estabelece...
11 – Efeito da condenação
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição
para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
Perda do cargo, função ou emprego público: Efeito da condenação.
A condenação que transitou em julgado.
Efeito da condenação automático.
Não precisa o magistrado fundamentar a decisão da perda do cargo, função ou emprego
público.
Não precisa o magistrado fundamentar a decisão da interdição para seu exercício.
Página 7 de 9
Direito penal – Legislação Especial – Lei de Tortura – 9.455/1997
12 – Inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
1º, §6º. O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. (indulto também)
O crime de tortura é inafiançável, devendo o condenado por esse crime iniciar o cumprimento da pena em regime
fechado. (ERRADA)
O STJ => Afirmou não ser obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena em
regime fechado. Entretanto, na 9.455/97, no Art. 1º, "§ 7º O condenado por crime previsto neste Lei, salvo a
hipótese do § 2º (Trata quando tinha o dever de agir e se omitiu), iniciará o cumprimento da pena em regime
fechado."
4. O condenado por crime de tortura, quando resulta lesão corporal de natureza grave ou
gravíssima, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
2021 - CESPE: O crime de tortura é inafiançável, devendo o condenado por esse crime iniciar o
cumprimento da pena em regime fechado. (CERTO)
A Lei de Crimes de Tortura, ao prever sua incidência mesmo sobre crimes que tenham sido cometidos fora do
território nacional, estabelece hipótese de extraterritorialidade incondicionada. (Certo)
1 – A lei de crimes de tortura, ao prever sua incidência mesmo sobre crimes que tenham
sido cometidos fora do território nacional, estabelece hipótese de extraterritorialidade
incondicionada.
Página 8 de 9
Direito penal – Legislação Especial – Lei de Tortura – 9.455/1997
Gabarito: Correto. Trata-se de hipótese de extraterritorialidade incondicionada expressa no Art. 2º
da lei 9.455/97.
Página 9 de 9