Esta cantiga de amigo de D. Dinis descreve uma donzela sentindo saudade do seu amado ausente. Ela interpela as "flores do verde pino" sobre o paradeiro dele. Estas respondem que ele está bem e voltará em breve, tranquilizando a donzela. Ao longo do poema é expressa a ansiedade da donzela pela ausência do seu amigo e a personificação das flores como confidente que a conforta.
Esta cantiga de amigo de D. Dinis descreve uma donzela sentindo saudade do seu amado ausente. Ela interpela as "flores do verde pino" sobre o paradeiro dele. Estas respondem que ele está bem e voltará em breve, tranquilizando a donzela. Ao longo do poema é expressa a ansiedade da donzela pela ausência do seu amigo e a personificação das flores como confidente que a conforta.
Esta cantiga de amigo de D. Dinis descreve uma donzela sentindo saudade do seu amado ausente. Ela interpela as "flores do verde pino" sobre o paradeiro dele. Estas respondem que ele está bem e voltará em breve, tranquilizando a donzela. Ao longo do poema é expressa a ansiedade da donzela pela ausência do seu amigo e a personificação das flores como confidente que a conforta.
Esta cantiga de amigo de D. Dinis descreve uma donzela sentindo saudade do seu amado ausente. Ela interpela as "flores do verde pino" sobre o paradeiro dele. Estas respondem que ele está bem e voltará em breve, tranquilizando a donzela. Ao longo do poema é expressa a ansiedade da donzela pela ausência do seu amigo e a personificação das flores como confidente que a conforta.
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AI FLORES, AI FLORES DO VERDE PINO (D.
DINIS)
1 Ai flores, ai flores do verde pino,
2 se sabedes novas do meu amigo! 3 Ai Deus, e u é?
4 Ai flores, ai flores do verde ramo,
5 se sabedes novas do meu amado! 6 Ai Deus, e u é?
7 Se sabedes novas do meu amigo,
8 aquel que mentiu do que pôs comigo! 9 Ai Deus, e u é?
10 Se sabedes novas do meu amado,
11 aquel que mentiu do que mi 'á jurado! 12 Ai Deus, e u é?
13 Vós me preguntades polo voss'amigo,
14 e eu bem vos digo que é san'e vivo: 15 Ai Deus, e u é?
16 Vós me preguntades polo voss'amado,
17 e eu bem vos digo que é viv'e sano: 18 Ai Deus, e u é?
19 E eu bem vos digo que é san'e vivo
20 E seera vosc'ant'o prazo saído: 21 Ai Deus, e u é?
22 E eu bem vos digo que é viv'e sano
23 e seerá vosc'ant'o prazo passado: 24 Ai Deus, e u é? 1. Delimite as partes que compõem o texto, justificando a sua resposta. - A estrutura bipartida da cantiga relaciona-se com o carácter dialógico da mesma, uma vez que, nas quatro primeiras estrofes (vv. 1-12), a donzela interroga a Natureza sobre o paradeiro do «amigo», e, nas quatro restantes estrofes (vv.13-24), «as flores do verde pino» respondem à sua interpelação.
2. A questão da fidelidade do «amigo» percorre a cantiga.
-O «amigo» é referido pela donzela como tendo mentido, faltando a um juramento (v. 11), ou a um compromisso (v. 8). A essa infidelidade, que é imaginada pela própria ânsia e saudade da donzela, é contraposta, pela voz atribuída às «flores do verde pino», uma atitude de fidelidade, pois, segundo essa voz afirma, ele voltará até mesmo antes do prazo combinado Explicite o modo como é tratada por cada uma das vozes presentes no texto.
3. Analise o papel desempenhado pelas «flores do verde pino».
-A donzela sente temor pela sorte do «amigo», de quem não tem notícias, e cria um interlocutor fictício para desabafar. A esse confidente imaginado – símbolo do seu próprio amor – confessa a sua saudade e inquietação, e dele ouve a seguir o que tanto deseja ouvir: que o amigo está bem e que voltará em breve. Essa personificação benfazeja das «flores do verde pino» estabelece a comunhão da donzela com a Natureza.
4. Indique três características temáticas do poema que contribuem para a
sua inserção no género das cantigas de amigo. Na resposta, podem ser indicadas, entre outras, [as] seguintes características: – representação de um sujeito poético feminino, como falante e como ouvinte; – lugar central dado à referência ao namorado («amigo», «amado»); – expressão, por parte da donzela, do desejo de um encontro amoroso; – interpelação da Natureza como confidente.
«Ai flores, ai flores do verde pino»
É uma cantiga de amigo da autoria de D. Dinis, presente nos cancioneiros
da Vaticana e da Biblioteca Nacional com os números 171 e 568, respetivamente. Do ponto de vista formal, esta cantiga paralelística perfeita, dialogada, é constituída por oito coplas , cada copla tem um dístico de decassílabos graves (1ª parte) e hendecassílabos graves (2ª parte) de rima monórrima e um refrão monóstico pentassílabo agudo. O esquema rimático é: aaB. Nesta composição é abordado o tema da saudade; quanto ao assunto, cheia de saudade do seu amigo que se demora a menina interpela as flores, que a tranquilizam. Na primeira parte (coblas I a IV) a donzela traduz o seu estado de espírito e a saudade pelo amigo. Aqui, ela entra em diálogo caracterizando-se indiretamente como ansiosa («Se sabedes novas do meu amigo/amado», «Ai Deus, e u é?») e indicando que o namorado está ausente; zangada («Aquel que mentiu do que pôs comigo/mh’á jurado») e, ele, diretamente caracterizado, mentiroso. Na segunda parte (coblas V a VIII) a Natureza, personificada e humanizada, tranquiliza a donzela. As flores respondem-lhe com a revelação de que o amigo está de saúde («E eu bem vos digo que é viv’e sano/san’e vivo») e comparecerá de acordo com o combinado («E será vosc’ant’o prazo saído/passado»). No entanto, acaba a cantiga e ela continua preocupada como confere a própria estrutura paralelística cuja técnica do leixa-prém e a manutenção do refrão adensam o clima tenso transmitido na cantiga. Se quisermos fazer uma leitura do vocabulário utilizado e da simbologia para que nos pode remeter, é possível descobrir os intervenientes da relação amorosa. Assim: «as flores do verde pino» constituem uma invenção poética cujo referente será, sim, a flor do pinheiro, mas também e sobretudo a «flor del bels pis» (da poesia provençal, occitânica), isto é, o símbolo do amor invencível. Portanto, às flores se associa o campo lexical de beleza, delicadeza, sensibilidade, feminilidade e aroma e a este campo lexical se liga a imagem que existe na poesia trovadoresca da donzela. O pinheiro, pela força, apoio, segurança, robustez, masculinidade, braços (ramos) simbolizará o amigo. A relação entre os dois jovens, cheios de esperança, é transposta para a ideia de verde, que significa imaturidade, juventude e esperança. As coordenadas espácio-temporais que extraímos deste poema remetem- nos para os primórdios da nacionalidade, época do estabelecimento das fronteiras territoriais, quer pelo uso dos vocábulos «san’e vivo», quer pela autoria do texto. O ambiente é rural. A concluir, D. Dinis apanhou nesta composição de inspiração popular uma característica tipicamente portuguesa, a saudade, podendo mesmo considerar- se um tema eminentemente nacional, pois reflete condições em que se formou o nosso país: a reconquista cristã.