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Metabolismo Microbiano

O documento descreve os processos de metabolismo microbiano, incluindo a fotossíntese, respiração aeróbica e fermentação. A energia química da fotossíntese e respiração aeróbica é armazenada na forma de ATP, que é posteriormente hidrolisada para fornecer energia às células. A fermentação ocorre na ausência de oxigênio e envolve a redução do piruvato a outros produtos orgânicos como forma de reoxidar o NADH.
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Metabolismo Microbiano

O documento descreve os processos de metabolismo microbiano, incluindo a fotossíntese, respiração aeróbica e fermentação. A energia química da fotossíntese e respiração aeróbica é armazenada na forma de ATP, que é posteriormente hidrolisada para fornecer energia às células. A fermentação ocorre na ausência de oxigênio e envolve a redução do piruvato a outros produtos orgânicos como forma de reoxidar o NADH.
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Metabolismo Microbiano

1. A luz luminosa é absorvida pela clorofila ou bacteriodopsina, existente nos


organismos foto autotróficos, e convertida em energia química, através da
fotossíntese.

2. A energia química pode ser utilizada para transformar o CO2 atmosférico em glucose e
outras moléculas biológicas. Estas moléculas servem de fonte de carbono, de energia e
iões para organismos quimioheterotróficos.

3. Estes utilizam o O2 como aceitador final de eletrões na cadeia respiratória, sendo


reduzido a H2O – Respiração aeróbica.

4. Este processo liberta grandes quantidades de energia (ATP) e CO2.

5. O CO2 libertado pode ser transformado novamente em moléculas orgânicas


complexas durante a fotossíntese, pelos foto autotróficos.

Durante o ciclo de energia celular, a energia libertada na fotossíntese, na respiração


aeróbica/aeróbia e fermentação, é armazenada na forma de ATP, sendo posteriormente
hidrolisada, libertando-se energia.

1.1 REAÇÕES DE OXIDAÇÃO-REDUÇÃO


São reacções em que electrões se movem de um dador, o agente redutor, para um aceitador
de electrões, o agente oxidante.

Potencial de redução – Constante de equilíbrio das reações redox, e é a medida da tendência


de um agente redutor em perder eletrões.

Energia de ligações:
• A energia libertada como resultado de reacções de oxidação-redução tem de ser conservada
para as funções celulares.

• Esta energia é normalmente armazenada na forma de compostos com ligações fosfato de


alta energia.

• Estes compostos funcionam depois como a fonte de energia para a célula executar reacções
que necessitam de energia.

• Há compostos com ligações fosfato de alta energia e compostos de baixa energia.

2 METABOLISMO:
Conjunto de reações químicas que ocorrem numa célula.

O fluxo de energia e a participação de enzimas tornam o metabolismo possível.

Catabolismo: Moléculas maiores e mais complexas são convertidas em moléculas mais


simples, com libertação de energia.

Anabolismo: Ocorre a síntese de moléculas complexas a partir de moléculas mais simples, com
consumo de energia.

3 CATABOLISMO
Este processo engloba 3 fases:

1 – ocorre em aerobiose ou anaerobiose, e as macromoléculas são degradadas nos seus


monómeros constituintes (comum em qualquer processo catabólico).

3.1 CATABOLISMO DE CARBOIDRATOS:


3.1.1 Fase 2:
1 – Glicólise: É o processo mais comum de conversão catabólica da glucose em piruvato, e
funciona na presença de O2.

2 – Ciclo das pentoses fosfato:

 Serve para catabolizar pentoses e hexoses.

 O NADPH que se produz serve como fonte de electrões para redução de moléculas
durante o anabolismo.

 Pode funcionar em aerobiose ou anaerobiose.

3 – Ciclo de Entner - Doudoroff

 Converte hexoses a piruvato (tal como a glicólise).

 Origina 1 ATP, 1 NADPH e 1 NADH por molécula de glucose.


 Utilizado por Pseudomonas, Rhizobium, Azotobacter, Agrobacterium e Enterococus
faecalis.

3.1.2 Fase 3:
1 – Ciclo dos ácidos tricarboxílicos:

 Só funciona em aerobiose (na presença de oxigénio).

 Permite a obtenção de grande quantidade de energia quando o piruvato é degradado


aeróbicamente a CO2 .

 O ciclo é funcional em muitas bactérias aérobicas, protozoários e na maioria das algas


e fungos.

 A E. coli não usa este ciclo completo em condições anaeróbicas ou quando a


concentração de glucose é alta.

2 – Cadeia de transporte de eletrões:

 A maior parte do ATP gerado aeróbicamente vem da oxidação do NADH e FADH2 na


cadeia de transporte de electrões que reside na membrana citoplasmática bacteriana.

 A cadeia de transporte de electrões é composta por uma série de transportadores de


electrões que operam em conjunto para transferir electrões de dadores, como o
NADH e FADH2 , para aceitadores como o O2 , no caso da respiração aeróbia. O O2 e o
H+ combinam-se no fim para formar H2O.

Força motriz protónica: motor para a síntese de ATP por fosforilação oxidativa.

 Tal como as membranas mitocondriais ou cloroplásticas, a membrana citoplasmática


bacteriana é impermeável aos protões (H+ ).

 Durante os processos de oxido-redução da cadeia transportadora de electrões os


protões são produzidos e excretados para fora da célula.

 Como o interior da célula fica com carga geral negativa e pH alcalino, cria-se um
gradiente de potencial eléctrico e de pH entre o exterior da célula e o interior.

 Este gradiente de potencial e o equivalente eléctrico da diferença de pH (1 unidade pH


 58mV a 37ºC), originam uma diferença de potencial através da membrana de 100-
180mV_potencial de membrana.

 Este potencial de membrana, designado por Peter Mitchell de força motriz protónica ,
é o motor para a síntese de ATP durante o fenómeno da fosforilação oxidativa.

3 – Fosforilação oxidativa:

 É o processo pelo qual a energia libertada na cadeia de transporte de electrões é


usada para formar o ATP (a partir do ADP).

 A síntese de ATP ocorre na F1F0ATPase ou ATP sintetase.


 Na bactéria, a ATP sintetase está localizada na superfície interna da membrana
citoplasmática.

Rendimento da respiração aeróbica (aceitador final: oxigénio)

 A respiração aeróbica é mais eficiente do que processos anaeróbicos que não


envolvam o transporte de electrões e a fosforilação oxidativa.

 Por exemplo, a degradação aeróbica da glucose origina 38 ATP contra 2 ATP em


condições de anaerobiose.

 Efeito Pasteur – quando os microrganismos são mudados de condições anaeróbicas


para aeróbicas, diminuem a sua taxa de catabolismo dos açucares e começam a fazer
respiração aeróbica em que menos açúcar é degradado para obter a mesma
quantidade de ATP.

Os desacopladores:

Os desacopladores são compostos químicos (por exemplo, desinfectantes) que impedem a


ligação entre os processos oxidativos e a fosforilação oxidativa:

Mecanismo de acção: tornam as membranas permeáveis aos protões impedindo a formação


do potencial de membrana.

Exemplos de antimicrobianos que funcionam como desacopladores: Biocidas e antibióticos.

Hexaclorofeno: (antisséptico) inibe a cadeia de transporte de eletrões nas bactérias e assim


inibe todas as atividades metabólicas das bactérias aeróbicas.

Antiséptidos: clorhexidina.

Antibiótico: Diarilquinolinas: Bedaquilina.

3.2 FERMENTAÇÃO DOS AÇUCARES:


 Na ausência de oxigénio ou outro aceitador inorgânico de electrões, o NADH
produzido na glicólise acumula-se uma vez que não é oxidado a NAD+ na cadeia de
transporte de electrões. Isto pode implicar a paragem da glicólise.

 Muitos organismos usam então o próprio piruvato (formado no glicólise), ou um dos


seus derivados orgânicos, como aceitador de electrões e de hidrogeniões na
reoxidação do NADH a NAD+ . Este processo origina a produção de mais ATP.

 A este processo de obtenção de energia, no qual moléculas orgânicas funcionam


simultaneamente como aceitadores e dadores de electrões, chama-se fermentação.

Durante a fermentação, ocorre a reoxidação do NADH.


3.2.1 Tipos de fermentação:

3.2.1.1 Fermentação láctica:


 É a redução do piruvato a lactato. Presente em bactérias (Lactobacillus, Bacillus,
Streptococcus), fungos, algas (Chlorella) e Protozoários.

– Fermentação heteroláctica – formam-se outros produtos para além do lactato (Ex.


CO2 e etanol).

– Fermentação homoláctica – Microrganismos usam a glicólise e reduzem


directamente quase todo o piruvato a lactato com ajuda da enzima lactato
desidrogenase (LDH).

 Os locais de colonização bacteriana no nosso organismo podem conter dois


enantiómeros do lactato: a forma l, geralmente produzida pelo hospedeiro, e a forma
d geralmente produzida pelas bactérias.

 O lactato pode servir como fonte de carbono e de energia durante infecções crónicas.

Flexibilidade metabólica da aceitaomonas aeruginosa facilita a sobrevivência nos pulmões


na fibrose cística (ou quística):

 A P. aeruginosa possui enzimas que podem converter o piruvato em lactato e vice-


versa e as suas funções dependem da disponibilidade de enantiómeros específicos do
lactato e de oxigénio.

 A fermentação do piruvato pela P. aeruginosa desencadeia a produção de d-lactato


desidrogenase enzima que permite a utilização do lactato como nutriente para
produzir piruvato em condições de aerobiose.

 Estas vias metabólicas opostas podem contribuir para o melhor crescimento e


sobrevivência da P. aeruginosa nos pulmões.

3.2.1.2 Fermentação alcoólica:


 É a redução do piruvato a etanol e CO2 .

 Efectuada por muitos fungos e algumas bactérias, algas e protozoários.

 O piruvato é descarboxilado em acetaldeído que depois é reduzido a etanol pela álcool


desidrogenase com o NADH como dador de electrões.

3.2.1.3 Fermentação ácida mista:


 É a redução do piruvato a etanol e múltiplos ácidos gordos de cadeia curta (acético,
láctico, succínico e fórmico). O ácido fórmico pode ainda ser convertido em H2 e CO2
pela hidrogenilase fórmica.

 A fermentação ácida mista é efectuada pela maior parte das Enterobacteriaceae (ex.
Escherichia coli, Salmonella spp., Proteus spp.).

 Teste vermelho de metilo – Permite pôr em evidência a diminuição de pH associada à


libertação dos ácidos orgânicos.
3.2.1.4 Fermentação butanodiólica:
 O piruvato é convertido em acetoína que depois é reduzida a 2,3 – butanodiol com o
NADH.

 Produzem-se também grandes quantidades de etanol e pequenas quantidades dos


ácidos encontrados na fermentação ácida mista.

 Tipo de fermentação característico de Enterobacter, Serratia, algumas espécies de


Klebsiella e algumas espécies de Bacillus.

 • Teste de Voges – Proskauer - Permite saber se a bactéria faz este tipo de


fermentação.

Ácidos gordos cadeia curta: São ácidos gordos com cadeia alifática inferior a 6 carbonos
produzidos por fermentação bacteriana de carboidratos e fibras dietéticas no intestino.

Papel do butirato na prevenção do cancro colorretal:

 O butirato é particularmente importante para a saúde do colon porque é a primeira


fonte de energia dos colonócitos e tem propriedades anticancerígenas e anti-
inflamatórias que são importantes para manter saudáveis as células do colon.

 Funções anti-cancerígenas do butirato comprovadas in vitro:

o inibe o crescimento e proliferação in vitro de células tumorais.

o induz a diferenciação de células tumorais em células normais.

o induz a morte celular programada (apoptose), de células cancerígenas


colorectais humanas.

o inactiva a actividade do factor de transcrição Sp1 e regula de forma negativa


a expressão do gene VEGF que é determinante para a vascularização dos
tecidos tumorais (angiogénese). Isto sugere que o butirato tem potencial para
inibir a angiogénese.

3.3 RESPIRAÇÃO ANAERÓBICA:


 Algumas bactérias têm cadeias de transporte de electrões que podem funcionar com
aceitadores inorgânicos de electrões num processo designado de respiração
anaeróbica.

 Os principais aceitadores inorgânicos de electrões são os nitratos, sulfatos e CO2.

 A respiração anaeróbica é menos eficiente que a respiração aeróbica mas mais


eficiente do que a fermentação.

 A menor eficiência em relação à respiração aeróbica deve-se à menor diferença de


potencial de redução entre um dador de electrões como o NADH e os nitratos em
comparação com o NADH e o O2.
3.3.1 Tipos de respiração anaeróbica:

3.3.1.1 Respiração nítrica:


 A respiração nítrica é a redução dos nitratos (NO3- ) a nitritos (NO2- ) pela nitrato
redutase. Dadores de electrões neste processo são o NADH e o formato.

 Permite a produção de ATP mas de forma pouco eficiente uma vez que é necessário
grande quantidade de nitratos porque cada molécula aceita apenas 2 electrões de
cada vez.

 Os nitritos são tóxicos para as bactérias em geral e por isso são convertidos em azoto
na reacção de desnitrificação que requer a presença de uma nitrito redutase.

 A generalidade das Proteobactérias entéricas incluindo a E. coli efetuam a respiração


nítrica.

Os nitratos gerados durante a resposta inflamatória do hospedeiro -» Alteração da flora


intestinal.

Tanto as bactérias Gram negativas como os Gram positivas podem ter aceitadores finais de
electrões no exterior da célula. Este fenómeno designado de transferência extracelular de
electrões permite às bactérias adaptarem-se melhor ao intestino humano.

3.3.1.1.1 Resistência contra a colonização do intestino pelas Proteobacteria é mediada pela


exclusão nutricional promovida pelo hospedeiro

A) Interacções entre os microrganismos e hospedeiro mantem a homeostase imunitária


no intestino – SCFAs e SAMPs de que é exemplo o polissacárido A produzido pelo
Bacteroides fragilis e outras bactérias anaeróbias estritas (ex. Clostridium spp.),
estimulam os linfócitos Treg que suprimem a inflamação através da produção de IL-
10 e impedem a expansão dos linfócitos T CD4+ efectores que produzem citocinas
pró inflamatórias.

B) A antibioterapia altera as comunidades microbianas que produzem SCFAs e SAMPs.


Isto leva a um aumento da inflamação da mucosa intestinal que origina a ativação de
enzimas do hospedeiro tais como a iNOS, NADPH oxidase 1 (NOX1) e dual-function
NADPH oxidase 2 (DUOX2) que geram espécies reativas de nitrogénio (NO) e de
oxigénio (O2- ) e estas geram nitratos. Os nitratos (NO3- ) favorecem o crescimento
das Proteobacteria (ex. E. coli) por respiração anaeróbica. O aumento
desproporcional destas bactérias leva à disbiose do intestino, ou seja, um
desequilíbrio na estrutura microbiana do intestino.

3.3.1.1.2 Desnitração:
Algumas bactérias podem reduzir os nitratos a azoto num processo conhecido como
desnitrificação e que exige também a presença de uma nitrito redutase.
Dadores orgânicos dos electrões deste processo são o piruvato, succinato e NADH.
Pseudomonas aeruginosa, Clostridium perfringens e Bacillus executam a desnitrificação,
usando esta via como alternativa à respiração aeróbica.

3.3.1.1.3 Redução de nitratos a amoníaco:


Algumas bactérias, por exemplo E. coli e S. aureus, podem reduzir os nitratos a amoníaco
(NH3).

Dadores de electrões e hidrogeniões que participam neste processo são os seguintes


compostos orgânicos: lactato, H2 , succinato, formato, NADH e glicerol-fosfato (globalmente
designados por 4AH2 ).

3.3.1.2 Respiração sulfúrica:


O sulfato é aceitador final de electrões em bactérias dos Géneros Desulfovibrio,
Desulfomaculatum e Desulfobulbus.

3.3.1.2.1 Desulfobulus oralis


É uma proteobactéria redutora dos sulfatos que se adaptou ao espaço subgengival da boca
adaptando o seu reportório fisiológico, perdendo algumas capacidades biosintéticas e
independência metabólica, e reduzindo dramaticamente as capacidades de sinalização.

No entanto a aquisição de genes de outros microrganismos por via horizontal forneceu novos
mecanismos de interação com o homem, incluindo toxinas como a leucotoxina e hemolisinas
que são ativamente expressas nos espaço subgengival.

D. oralis pode desencadear uma resposta pro-inflamatória nas células epiteliais orais o que
sugere um papel activo na doença periodontal.

3.3.1.3 Microrganismos formadores de metano:


Os metanogénios são as bactérias mais anaeróbicas que se conhecem sendo muito sensíveis
às mais reduzidas concentrações de O2 .

São em geral Archaebacteria, que vivem em ambientes invulgares e extremos.

Produzem gás metano (CH4 ) a partir do H2 usando o CO2 como aceitador de electrões
4 QUIMIOTERAPIA ANTIMICROBIANA E RESISTÊNCIA
AOS ANTIMICROBIANOS

4.1 DIFERENÇA ENTRE ANTIBIÓTICOS BACTERICIDAS E


BACTERIOSTÁTICOS
Têm atividade bacteriostáticas:

 Quando inibem irreversivelmente o crescimento;

 Se são removidos, o microrganismo recupera e torna a multiplicar-se.

 A eliminação da infeção depende da resistência imunitária do hospedeiro.

Têm atividade bactericida:

 Mata o agente patogénico para que foi preparado, mas a sua atividade depende da
sua concentração. Estes agentes podem ser estáticos a baixas concentrações.

Antibióticos inibem a síntese da parede celular:

 -lactâmicos

 Glicopéptidos

 Bacitracina

Anti-Tubercutlose: Cicloserina, isoniazida, etionamida, etambutol e pirazinamida.

4.2 ANTIBIÓTICOS -LACTÂMICOS – BLOQUEIO DA TRANSPEPTIDAÇÃO


Na sua estrutura química possuem o anel -lactâmico como base e depois outros grupos
químicos, por exemplo, o anel tiazolidina nas penicilinas e dihidrotiazina nas cefalosporinas.

Ligados a estas estruturas básicas há grupos laterais, grupos R, diversificados.

Penicilinas ligam-se à transpeptidase e impedem a sua actividade.

Exemplos:

 Penicilinas e mecilinamos, cefalosporinas.

 Cefamicinas

 Carbapenemos

 Carbacefemos

 Monobactamos
4.2.1 Cefalosporinas e cefamicinas
Cefalosporinas:

São inactivas contra:

– S. pneumoniae resistentes à penicilina;

– Staphylococcus meticilina-resistentes (MRSA);

– Enterococcus;

– Listeria.

Enterobacter, Serratia e Pseudomonas podem desenvolver resistências às cefalosporinas e ter


depois resistência cruzada a todos os antibióticos -lactâmicos.

Cefamicinas:

– São mais resistentes à hidrólise por -lactamases, enzimas de resistência bacteriana a estes
antibióticos.

– Têm o mesmo mecanismo de ação que as penicilinas, mas têm um espectro antibacteriano
maior, são resistentes a muitas -lactamases e têm propriedades farmacocinéticas
melhoradas.

– Ex. cefoxitina, cefotetam, cefmetazole e latamoxef

4.2.2 Carbapenemos:
Ácidos olivânicos

– isolados do Streptococcus olivaceus

– têm largo espectro antibacteriano

Imipenem:

– derivado estável da tienamicina

– tem boa actividade contra bactérias aeróbicas e anaeróbicas Gram (+) e Gram (-)

– é hidrolisado rapidamente pela dihidropeptidase renal e por isso tem de ser administrado
com a cilastatina um inibidor desta peptidase.

Doripenem, ertapenem e meropenem

4.2.3 Carbacefemos
Loracarbef: É muito activo contra bactérias Gram (+) incluindo estafilococos.

Nocardicinas (A a G):

Isolados de uma estirpe de Nocardia.

A nocardicina A é a mais ativa e possui atividade significativa apenas contra bactérias Gram
(-).
Monobactamos

Aztreonam

Tem actividade específica contra bacilos Gram (-) (Enterobacteriaceae, Pseudomonas).

É estável à maior parte das beta-lactamases mas não tem actividade contra o S. aureus.

4.3 INIBIDORES DAS -LACTAMASES:


São substâncias que se ligam irreversivelmente às -lactamases bacterianas e as inactivam ou
inibem.

Quando são adicionados a antibióticos -lactâmicos permitem que o antibiótico desenvolva a


sua actividade bactericida.

Exemplos:

– ácido clavulâmico:

 Isolado do Streptomyces clavuligerus.

 Usado em combinação com a ticarcilina aumenta o espectro de actividade deste


antibiótico para a P. aeruginosa.

 Usado na composição do antibiótico Augmentin (Amoxicilina + ácido clavulânico)

- Tazobactam

 Derivado do ácido penicilânico.

 É usado em combinação com a piperacilina.

 Indicações: Infecções graves devidas a microrganismos gram +, gram - ou anaeróbios


resistentes aos antimicrobianos de 1ª escolha. Infecções polimicrobianas. Infecções no
doente neutropénico em associação com um aminoglicosido.

– Sulbactam:

 Derivado do ácido penicilânico.

 É usado em combinação com a ampicilina.

4.4 GLICOPÉPTIDOS:
Incluem 3 antibióticos com espectro de acção semelhante:

 Vancomicina

o Isolado do Streptomyces orientalis.

o Mecanismo de acção: Impede estericamente a elongação (transpeptidação)


da cadeia de peptidoglicano uma vez que interage com a D-alanil-D-alanina
terminal presente nas cadeias laterais pentapeptídicas dos percursores do
peptidoglicano.

o Activo contra bactérias Gram (+) em multiplicação.

o Inactivo contra Gram (-) porque a molécula é demasiado grande para passar
pela membrana externa.

o Usado para tratar infecções por:

Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA); Clostridium difficile


(bactéria muito resistente aos antibióticos que causa colite pseudomembranosa);
Enterococcus faecalis e E. faecium; Outros Gram (+) resistentes aos antibióticos -
lactâmicos.

o Resistências podem ocorrer por:

1) Alteração das cadeias pentapeptídicas: Envolve normalmente a passagem


da D-alanina a L-alanina, ácido Dláctico ou D-serina o que leva a ligações
menos bem estabelecidas entre o antibiótico e o seu alvo;

2) Produção de uma proteína que interfere com a ligação da vancomicina


ao seu alvo.

 Teicoplanina

 Telavancina

4.5 BACITRACINA:
É uma mistura de polipéptidos usada topicamente para tratar infecções cutâneas causadas
por bactérias Gram (+).

Mecanismos de acção:

 Interfere com a desfosforilação do undecaprenil fosfato (bactoprenol), o lípido


transportador dos percursores do peptidoglicano da membrana citoplasmática para a
parede celular.

 Pode também:

• Inibir a transcrição do ADN

• Afectar a membrana citoplasmática.

4.6 ANTIBIÓTICOS EM ESTUDO QUE BLOQUEIAM A FORMAÇÃO DAS


PROTEÍNAS INTEGRAIS DA MEMBRANA EXTERNA (OMPS):
 Darobactina

 Murepavadina

 MRL-494
4.7 ANTIBIOTICOS PARA TRATAMENTO DA TUBERCULOSE QUE ACTUAM
NA PAREDE CELULAR:
Cicloserina, isoniazida, etionamida, etambutol e pirazinamida.

Mecanismos de acção: Inibem a síntese da complexa parede celular das Micobactérias sendo
úteis para tratar infecções por estas bactérias sobretudo por Mycobacterium tuberculosis.

• Inibidores da síntese dos ácidos micólicos

Isoniazida - tem uma acção bactericida.

Etionamida - Tem efeito tuberculostático.

Pirazinamida - É um profármaco bioactivado por amidase em ácido pirazinóico que


tem acção bactericida. A sua acção só ocorre no ambiente ácido da lesão caseosa ou
nos fagolisossomas dos macrófagos.

• Cicloserina- inibe competitivamente duas enzimas que catalizam a síntese do peptidoglicano


da parede celular, a D-alanil-Dalanina sintetase e a alanina racemase.

• Etambutol- afecta a síntese de componentes parietais inibindo a transferase de arabinose


envolvida na síntese da parede celular. Tem efeito tuberculostático. Actua nas estirpes
resistentes à isoniazida e à estreptomicina.

Mecanismos de resistência:

1) Redução da entrada do antibiótico na célula.

2) Alterações dos locais de ação dos antibióticos.

4.8 ANTIBIOTICOS QUE ALTERAM AS PROPRIEDADES DAS MEMBRANAS


CELULARES:
Polimixinas e daptomicina.

As polimixinas são decapéptidos cíclicos ramificados catiónicos que destroem as membranas


citoplasmáticas das bactérias susceptíveis (actividade tipo detergente).

– Exs. polimixina B e polimixina E (colistina).

– São activos contra Gram (-) mas como são muito nefrotóxicos são somente
utilizados em tratamentos externos de infecções localizadas (ex. otite externa, infecção
ocular, infecção cutânea).

A daptomicina é um antibiótico lipopeptídico cíclico, obtido da fermentação do Streptomyces


pristinaspiralis, e foi recentemente aprovado para uso clínico nos Estados Unidos.

Mecanismo de acção: Liga-se à membrana celular bacteriana levando à rápida


despolarização do potencial de membrana, o que determina a inibição da síntese de
proteínas, DNA e RNA, além do extravasamento de conteúdo citoplasmático e morte
bacteriana.
Indicação clínica: infecções causadas por estafilococos resistentes à oxacilina (ORSA) e
por enterococos. Tem também actividade potente contra bactérias resistentes à
vancomicina e linezolide.

4.9 ANTIBIÓTICOS QUE INIBEM A SÍNTESE PROTEICA:


• Aminoglicosidos

• Tetraciclinas

• Cloranfenicol

• Macrólidos

• Lincosamidas

• Estreptograminas

• Oxazolidinonas

4.9.1 Sintese proteica – Tradução:


É o passo final da expressão genética em que o ARNm é traduzido na sequência de
aminoácidos de uma cadeia polipeptídica.

Uma vez que não existe núcleo e membrana nuclear, as bactérias aumentam a eficiência da
expressão genética acoplando a transcrição com a tradução. Assim o ARNm vai-se formando
e vai sendo imediatamente traduzido ao nível dos ribossomas.

A síntese de polipéptidos começa com o aminoácido inicial da cadeia polipeptídica que contém
um grupo amino livre (extremidade NH2 - terminal) e move-se na direcção COOH - terminal,
havendo adição de novos aminoácidos no final da cadeia que tem um grupo  - carboxilo livre.
Este passo dá-se ao nível dos ribossomas, com a colaboração activa do ARNt e ARNr.

Muitas vezes o ARNm bacteriano é complexado simultaneamente com vários ribossomas


(poliribossomas ou polissomas) em que cada ribossoma lê a mensagem traduzida pelo ARNm
e sintetiza um único polipéptido.

1) Ativação dos aminoácidos por ligação ao RNAt:

É o primeiro passo da síntese proteica no qual os aminoácidos são transferidos e


ligados a moléculas de ARNt formando-se aminoacil-ARNt.

Existe pelo menos um ARNt para cada um dos 20 aminoácidos incorporados nas
proteínas.

Os aminoácidos são ligados à extremidade 3’ do ARNt. Oposto a esta região existe o


anticodão que é complementar ao codão do ARNm.

2) O ribossoma:

É o local onde ocorre a síntese proteica a partir da mensagem codificada pelo ARNm.
Os ribossomas bacterianos têm um coeficiente de sedimentação de 70S e cerca de 2,3
10 6 daltons de massa molecular. São constituídos por duas subunidades: 30S e 50S.

A subunidade 30S é constituída por ARNr 16S e 21 cadeias polipeptídicas.

A subunidade 50S é constituída por ARNr 5S, ARNr 23S (a peptidil transferase) e 34
cadeias polipeptídicas.

4.9.2 Inibição da sintese proteica:


Na maior parte das bactérias a síntese proteica começa com o N – formil_metionil - ARNt
(ARNtf-Met) que se liga, com auxílio do factor de iniciação IF2, à região P da subunidade 30S
ribossomal.

– O grupo formilo bloqueia a extremidade  - amino e assim este aminoacil ARNt apenas
pode ser usado para a iniciação da síntese proteica. Após a síntese proteica, o grupo formilo é
removido hidroliticamente.

Em seguida, o ARNm liga-se também a esta subunidade e posiciona adequadamente, por


intermédio das interacções com o ARNr 16S e com o anticodão do ARNf-Met, o codão de
iniciação AUG.

Finalmente a subunidade 50S liga-se à 30S formando-se um complexo activo de iniciação


constituído por ribossoma 70S e ARNm.

Papel dos fatores de inibição nos procariotas:

• O IF1 promove a dissociação das duas subunidades ribossomais.

• O IF2 promove a ligação do ARNtf-Met à subunidade 30S (região P).

• O IF3 liga-se à subunidade 30S e impede que esta subunidade se ligue à 50S.

3) Elongação da tradução:

O ciclo de elongação, no qual um novo aminoácido é adicionado a uma cadeia


polipeptídica, é composto por 3 fases:

1) Ligação do novo aminoacil-ARNt na região A do ribossoma, mediado pelo factor de


elongação EF-Tu;

2) Reacção de transpeptidação, mediada pela ribozima peptidil-transferase_ o ARNr 23S,


existente na subunidade 50S ribossoma;

3) Translocação, mediada pela translocase_ factor de elongação EF-G.

O ribossoma tem 2 locais para a ligação do aminoacil ARNt e de peptidil – ARNt:

1) A região P (região peptidílica ou dadora).

2) A região A (a região aminoacílica ou aceitora).

No inicio do ciclo de elongação a região P contém o fMet -ARNt ou peptidilARNt e a região


A está vazia. O ARNm está ligado ao ribossoma e o codão adequado interage com o ARNt
presente na região P. O codão seguinte do ARNm está localizado na região A e está apto a
ligar-se a um novo aminoacil -ARNt.

Ligação do novo aminocil-ARNt na região A do ribossoma:

• É necessária a acção de um factor de elongação EF- Tu e energia na forma de GTP.

• O factor de elongação EF- Tu activado pela ligação ao GTP ligase ao novo


aminoacil- ARNt e transporta o aminoacil- ARNt para a região A do ribossoma.

• Segue-se a hidrólise do GTP e o complexo EF-Tu-GDP abandona o ribossoma.

• Este complexo é reconvertido em EF-Tu-GTP com o auxílio do factor de elongação


EF-Ts. • O EF-Tu-GTP vai então ligar-se a outro aminoacil- ARNt.

Reação de transpeptidação:

• Inicia-se após a ligação do novo aminoacil-ARNt à região A do ribossoma.

• A reacção de transpeptidação é catalisada pela ribozima peptidil transferase, na


verdade o ARNr 23S, que se encontra na subunidade 50S.

• O grupo -amino do aminoácido presente na região A ataca o grupo - carboxílico


do aminoácido C-terminal presente na região P (em ambos os casos os
aminoácidos estão ligados a ARNt) e forma-se uma ponte peptídica.

• A cadeia peptídica já com o novo aminoácido é então transferida para o ARNt


existente na região A.

Translocação:

A translocação é a fase final do ciclo de elongação e requer a participação do factor de


elongação EF-G (ou translocase) e hidrólise do GTP.

Três fenómenos ocorrem simultaneamente:

• O peptidil -ARNt passa da região A para a P.

• O ribossoma move-se um codão para o lado no ARNm e assim um novo codão fica
posicionado na região A.

• O ARNt esvaziado abandona a região P (passa da região P para a região E e depois


abandona o ribossoma).

4.9.3 Terminação da sintese proteica:


A síntese proteica pára quando o ribossoma encontra um dos três codões nonsense: UAA, UAG
e UGA.

O reconhecimento destes codões é auxiliado pelos factores de libertação:

➢ RF1- reconhece os codões de terminação UAA e UAG,

➢ RF2- reconhece os codões de terminação UAA e UGA,


➢ RF3- é uma proteína de ligação ao GTP que facilita a ligação do RF1 e RF2 ao ribossoma.

Após a paragem, a peptidil transferase hidrolisa a cadeia polipeptídica do seu ARNt e o ARNt é
libertado.

Depois o ribossoma dissocia-se do ARNm e separa-se nas suas duas subunidades, 30S e 50S.

O factor de iniciação IF3 liga-se então à subunidade 30S e impede-a de se reassociar com a
subunidade 50S até que se possa iniciar nova síntese proteica.

4.10 AMINOGLICOSIDOS:
São amino-açucares ligados por pontes glicosídicas a um aminociclitol (ex. da estrutura
química da estreptomicina).

Exemplos: Estreptomicina; Canamicina; Gentamicina; Tobramicina; Amicacina; Paromomicina;


Neomicina; Netilmicina; Espectinomicina; Plazomicina.

Mecanismos de ação:

1) Interferência com a formação do complexo de iniciação da tradução:

– Envolve a ligação irreversível do antibiótico aos receptores do factor de iniciação da


tradução IF3 localizados na subunidade 30S ribossomal: proteína S4, codificada pelo
gene rpsD, proteína S5, codificada pelo gene rpsE e proteína S12, codificada pelo gene
rpsL.

– Esta ligação impede a associação da subunidade 50S à 30S e a formação do


complexo de iniciação da tradução 70S.

2) Leitura incorrecta dos codões devido à distorção da subunidade 30S: A ligação dos
aminoglicosidos à subunidade 30S ribossomal leva a alterações da conformação do
local A e interfere com o posicionamento das moléculas de aminoacil - ARNt durante a
elongação da cadeia peptídica.

Espetro de atividade dos aminoglicosídeos:

• São bactericidas fruto da ligação irreversível aos ribossomas.

• São usados para tratar infecções graves por bacilos Gram (-) e alguns Gram (+).

• A amicacina é menos susceptível à resistência bacteriana e por isso é usada para tratar
infecções por bactérias resistentes aos outros aminoglicosidos.

• A estreptomicina é usada para tratar a tularémia, doença causada pela bactéria Francisella
tularensis e, em combinação com a isoniazida, para tratar a tuberculose.

• Toxicidade: o uso prolongado de aminoglicosidos leva a efeitos colaterais que podem incluir
surdez e insuficiência renal.

Resistência secundária aos aminoglicosidos:

Modificação enzimática do antibiótico:


– é o mecanismo mais comum de resistência a aminoglicosidos e pode envolver fosforilação,
adenilação ou acetilação dos grupos OH dos aminoglicosidos.

– Estas modificações químicas levam a uma redução da sua entrada na célula e à inactivação
da sua capacidade de interferir com a síntese proteica.

No género Enterococcus: A resistência à estreptomicina e espectinomicina pode


resultar de mutações pontuais nos genes cromossomais rpsL, rpsD e rpsE que
codificam para os receptores do IF3 e aos quais se ligam estes antibióticos.

Nas Pseudomonas e bactérias anaeróbias:A resistência cruzada a todos os


aminoglicosidos pode ser causada por:

1) ausência de (ou alteração no) sistema de transporte dos aminoglicosidos para


dentro da célula.

2) potencial de membrana inadequado.

3) modificação no fenótipo do LPS.

Tudo isto leva à diminuição da permeabilidade celular e da entrada de antibiótico para


a célula.

4.11 TETRACICLINAS:
• tetraciclina,

• clortetraciclina,

• oxitetraciclina,

• dimetilclortetraciclina,

• doxiciclina,

• clomociclina,

• tiaciclina.

• minociclina glicilciclinas: tigeciclina

• São caracterizadas quimicamente por possuírem quatro anéis cíclicos.

• São transportados de forma activa para dentro da célula bacteriana, onde se concentram
cerca de 50 vezes.

• Actuam especificamente contra as bactérias porque as células de mamífero são incapazes de


transportar as tetraciclinas para o seu interior.

Mecanismo de ação: Bloqueiam a ligação do aminoacil- RNAt ao site A da subunidade 30S


ribossomal.

• São bacteriostáticos porque a sua ligação aos ribossomas é fraca e reversível.


• Porque são bacteriostáticos, não devem ser usados em combinação com antibióticos que
actuem sob células em crescimento activo (ex. antibióticos beta-lactâmicos e glicopéptidos).

Espetro de atividade das tetraciclinas:

• Têm um largo espetro de atividade mas as bactérias adquirem rapidamente


resistência.

São indicadas para tratamento de infecções por:

• Mycoplasma pneumoniae,

• Vibrio cholerae (cólera)

• Rickettsias (Tifo, febre da carraça)

• Brucela abortus (Brucelose)

• Chlamydias (uretrite)

• Neisseria gonorreae (gonorreias)

• Enterobactérias (infecção do tracto urinário)

• Propionibacterium acne (acne)

São também utilizadas no tratamento da doença de Lyme, causada pela Borrelia


burgdorferi.

4.12 TIGECILINA:
Usado apenas por via endovenosa.

Não tem actividade contra Pseudomonas spp., Proteus spp ou Providencia spp.

É activo contra bactérias Gram-negativas, Gram-positivas e anaeróbios, incluindo


Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA).

Indicado para tratar infecções de pele e tecidos macios complicadas, e infecções


intrabdominais complicadas.

Mecanismo de resistência:

1) Aumento do efluxo (da saída) do antibiótico da célula bacteriana:

O efluxo da tetraciclina é efectuado por uma proteína de exportação da major


facilitator superfamily (MFS).

Esta proteína funciona como um sistema antiportador electroneutro que cataliza a


troca de um protão por um complexo constituído por tetraciclina ligada a um catião-
metálico divalente.

Mecanismo observado em bactérias Gram+ e Gram-.


O gene que codifica para as bombas de efluxo é codificado por um plasmídio
conjugativo ou por transposões.

2) Protecção ribossomal:

Uma proteína citoplasmática liga-se ao ribossoma impedindo a ligação da tetraciclina.


Esta proteína tem homologia com GTPases que participam na síntese proteica,
nomeadamente com os factores de elongação EF-Tu e EF-G.

A proteína que intervém neste processo pode ser transferida por plasmídios
conjugativos e/ou transposões.

Mecanismo observado em bactérias Gram + e Gram-.

3) Modificação química da tetraciclina.

É provocada por enzimas celulares codificadas por genes cromossómicos. As


modificações químicas levam à inactivação da tetraciclina.

Esta reacção só ocorre na presença de oxigénio e NADPH.

4.13 CLORANFENICOL:
Actua ao nível da síntese proteica ligando-se à subunidade 50S ribossomal, através do ARNr
23S que contem a peptidil transferase que é responsável pela formação de pontes peptídicas.
Deste modo o mecanismo de acção envolve o bloqueio da formação de pontes peptídicas.

Não impede a translocação ribossomal.

Tem largo espectro de actividade, semelhante ao das tetraciclinas, mas é considerada a droga
de escolha apenas para o tratamento da febre tifóide. Isto deve-se à sua elevada toxicidade
medular (anemia aplástica).

Resistencia:

Observa-se em bactérias que produzem a cloranfenicol acetiltransferase, que cataliza a


acetilação dos grupos 3-hidroxi do cloranfenicol. Isto inactiva o cloranfenicol.

Pode também ocorrer resistência por metilação de algumas bases do ARNr 23S através de uma
metilase bacteriana o que diminui a sua afinidade para o cloranfenicol.

4.14 MACRÓLIDOS:
Possuem estruturas moleculares que contém grandes anéis lactona ligados por ligações
glucosídicas com amino- açucares.

Impedem a síntese proteica por ligação à subunidade 50S ribossomal, envolvendo o ARNr 23S.
Desta forma inibem a elongação da proteína pela peptidiltransferase e/ou impedem a
translocação dos ribossomas.

Exemplos: Eritromicina, Oliandomicina, Espiramicina, triacetiloleandomicina, Roxitromicina,


Claritromicina, Diritromicina, Azitromicina.
Eritromicina:

• É um antibiótico bacteriostático usado principalmente para tratar infecções primárias


causadas por:

– Mycoplasmas,

– Legionella,

– Chlamydia,

– Campylobacter

– outros microrganismos Gram (+) em pacientes alérgicos à penicilina.

Resistência à eritromicina:

• Surge por metilação, por uma metilase, do RNAr 23S o que impede a ligação do antibiótico
ao ribossoma.

• Este mecanismo é mediado por genes plasmídios.

4.15 LICOSAMIDAS: LINCOMICINA E CLINDAMICINA:


Ligam-se a uma região da subunidade 50S ribossomal, envolvendo o ARNr 23S, e bloqueiam a
síntese proteica.

Bloqueiam a elongação da cadeia peptídica por inibição da actividade da peptidiltransferase.

Espetro de ação da lincomicina e clindamicina:

São activos contra cocos Gram (+), excepto E. faecalis, e contra bacilos anaeróbios Gram (-).

São geralmente inactivos contra bactérias Gram (-) aeróbias e anaeróbias facultativas
(enterobactérias).

Resistência:

É mediada pela indução de uma enzima que metila o RNAr 23S que passa a ligar-se de forma
menos eficaz ao antibiótico.

Este mecanismo de resistência é mediado por plasmídios.

4.16 ESTREPTOGRAMINAS:
Incluem a quinopristina e a dalfopristina.

• São macromoléculas da mesma família dos macrólidos e lincosamidas que


apresentam algumas propriedades semelhantes, como mecanismo de acção, espectro
antimicrobiano, características farmacocinéticas e farmacodinâmicas e indicações
clínicas.
• Isoladamente têm actividade antibacteriana limitada, mas em conjunto apresentam
um marcado aumento desta actividade, sendo, portanto,sinérgicos, sobretudo na
razão de 30/70 de quinopristina e dalfopristina, respectivamente.

Mecanismo de ação:

– Ligam-se a vários sítios da subunidade 50S dos ribossomas, formando um complexo


quinopristina-ribossoma-dalfopristina.

– A quinopristina inibe a translocação do mRNA e assim inibe a elongação da cadeia peptídica

– A dalfopristina interfere com a peptidil transferase.

– Ambos os compostos inibem a formação de pontes peptídicas, resultando na formação de


cadeias proteicas incompletas.

Indicações clínicas:

– Tratamento de infecções causadas por estafilococos resistentes à oxacilina (ORSA) e aos


estafilococos com sensibilidade diminuída ou resistentes à vancomicina (VRSA);

– Tratamento de infecções causadas por Enterococcus faecium resistentes à vancomicina (E.


faecalis é intrinsecamente resistente).

Mecanismos de resistência:

– Ainda mal definido.

– Pode ocorrer por aumento de efluxo do antibiótico

4.17 OXAZOLIDINONAS:
• Actuam na fase inicial da síntese proteica, tendo um efeito bacteriostático sobre a célula
bacteriana.

• O primeiro representante desta classe foi o linezolide (Zyvox), aprovado pela Food and Drug
Administration (USA) em 1999.

Mecanismo de ação do linezolide:

• Liga-se directamente à subunidade 50S ribossomal distorcendo o local de ligação do


tRNAfMet e o local de interface com a sub-unidade 30S.

• Impede a formação do complexo de iniciação 70S.

Espetro de ação:

Apresenta actividade contra a maioria das bactérias aeróbias Gram positivas incluindo:

• Staphylococcus aureus sensíveis e resistentes à meticilina,

• Staphylococcus coagulase negativa (S. epidermidis, S. haemolyticus e outros),

Apresenta actividade contra bactérias anaeróbias aerotolerantes incluindo:


• Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium sensíveis e resistentes aos
glicopéptidos (VREF).

• Streptococcus pneumoniae sensíveis, intermédios ou resistentes à penicilina.

Apresenta actividade contra algumas espécies bacterianas anaeróbias estritas:

• Clostridium difficile, Clostridium perfringens, Bacteroides spp, Fusobacterium nucleatum


e Prevotella spp.

Tem ainda sido utilizado com bons resultados no tratamento de infecções por Mycobacterium
tuberculosis multiresistente aos antibióticos habituais (MDR-TB), aparentemente com bons
resultados.

4.18 ANTIBIÓTICOS QUE INIBEM A SINTESE DOS ÁCIDOS NUCLEICOS:


4.18.1 Rifampicina:
A rifampicina liga-se de forma específica à subunidade  da ARN polimerase bacteriana e inibe
o início da transcrição (síntese de RNAm).

É um antibiótico bactericida para o M. tuberculosis e é muito activo contra cocos Gram (+)
aeróbios incluindo o Staphylococcus (incluindo estirpes resistentes à meticilina) e contra
Streptococcus.

Como se podem desenvolver rapidamente resistências devidas a alterações na ARN


polimerase, este antibiótico é normalmente utilizado em combinação com outros antibióticos.

4.18.2 Quinolonas:
1ª geração (não fluoretada)

Ex. ácido nalidíxico, cinoxacina, ácido oxolínico, ácido piromídico, ácido pipemídico e
rosoxacina.

2ª geração (algumas são fluoretadas_fluorquinolonas)

Exs. ciprofloxacina, norfloxacina, enoxacina, fleroxacina, ofloxacina e pefloxacina,


lomefloxacin, nadifloxacina e rufloxacina

3ª geração (algumas são fluorquinolonas)

Exs. Levofloxacina, balofloxacina, tosufloxacina, pazufloxacina e sparfloxacina.

4ª terceira geração (algumas são fluorquinolonas)

Exs. clinafloxacina, gemifloxacina, moxifloxacina, sitafloxacina, prulifloxacina

Mecanismo de ação e resistência bacteriana:

• As quinolonas de 1ª e 2ª geração inibem selectivamente (ou seja ligam-se melhor a) a


subunidade A da ADN girase (topoisomerase II) e as de 3ª e 4ª geração são mais selectivas para
a subunidade A da topoisomerase IV.
• ADN girase e a topoisomerase IV formam as topoisomerases do tipo II bacteriana que
não se encontram nas células de mamífero.

• A função das DNA girase é cortar o ADN em dupla cadeia e desenrolá-lo para permitir
a replicação; a função da topoisomerase IV é permitir a segregação dos cromossomas
pelas células em divisão.

• Estas funções são executadas somente pela subunidade A (ligase domain). A


subunidade B (nuclease domain) produz energia para as funções da subunidade A
hidrolisando o ATP.

• Nas bactérias Gram negativas as quinolonas têm por alvo sobretudo a ADN girase
interferindo com a sua função e por isso com a replicação do ADN.

• Nas bactérias Gram positivas as quinolonas têm por alvo sobretudo a topoisomerase IV.

Espetro de atividade das quinolonas:

• 1ª geração (ex. ácido nalidíxico, hoje considerado um carcinogénio)- actuam sobre Gram (-)
mas não sobre Gram (+). Raramente usados actualmente.

• 2ª geração (ex. ciprofloxacina)- são mais activas contra enterobactérias e P. aeruginosa e o


seu espectro também inclui estafilococos.

• 3ª e 4ª geração (exs. sparfloxacina e moxifloxacina)- mantém actividade contras as bactérias


Gram (-) mas tem maior actividade contra anaeróbios, cocos Gram (+) e bactérias atípicas e
intracelulares (ex. Legionella pneumophila e Mycoplasma pneumoniae).

Mecanismo de resistência:

Mutações nos genes que codificam para as subunidades A da ADN girase e topoisomerase IV
originando-se enzimas modificadas com baixa afinidade para os antibióticos.

Diminuição da entrada do antibiótico na célula devido a alteração nas porinas (Gram -).

Produção de proteína que se liga às quinolonas.

Aumento do efluxo através de bombas de efluxo

4.18.3 Niroimidazois:
• Principais antibióticos contêm um anel imidazol modificado na posição 5 (acido
nitroimidazol)

• Usados principalmente para tratar infecções por bactérias anaeróbicas e por parasitas.

• Incluem: Metronidazol (de longe o mais usado), tinidazol, nimorazol e dimetridazol.

4.18.3.1 Metronidazol:
É um agente eficaz para o tratamento oral de infecções graves por bactérias anaeróbicas,
incluindo o Bacteroidesfragilis.

Também é muito usado para tratar infecções por parasitas incluindo vaginites por
Trichomonas vaginalis, amebíases, giardíases.
Não tem actividade significativa contra bactérias aeróbias ou anaeróbias facultativas.

O seu mecanismo de acção pode dever-se à formação de um composto intermediário


parcialmente reduzido que leva à cisão do ADN.

4.19 ANTIBIÓTICOS COM ATIVIDADE ANTIMETABÓLICA:


Sulfonamidas; Dapsona; Trimetoprim.

Inibem de forma sinérgica a síntese do ácido tetrahidrofólico.

4.19.1 Sulfonamidas:
sulfanilamida, sulfadiazina, sulfadimidina, Sulfametoxazole, sulfisoxazole.

Mecanismo de ação:

Competem com o ácido p-aminobenzóico, impedindo a síntese do ácido fólico fundamental


para certos microrganismos.

Como os mamíferos não sintetizam o ácido fólico (adquirem-no na sua dieta e através do
metabolismo bacteriano no intestino), as sulfonamidas não interferem no metabolismo das
células dos mamíferos.

Espetro de atividade:

São activas contra uma grande variedade de organismos Gram (+) e Gram (-) tais como a
Nocardia, Chlamydia e alguns protozoários.

Streptococcus pneumoniae, estreptococos beta-hemolíticos, E. coli e Proteus mirabilis são


normalmente sensíveis às sulfonamidas.

O sulfisoxazol é uma das drogas de escolha o tratamento de infecções urinárias agudas por
bactérias susceptíveis como a E. coli.

E. faecalis, P. aeruginosa, Klebsiella e Proteus indol-positivo são quase sempre resistentes às


sulfonamidas.

4.19.2 Dapsona:
A Dapsona (diaminodifenilsulfona) tem um mecanismo de acção semelhante às sulfonamidas.

Usa-se especificamente para o tratamento da lepra (doença de Hansen) causada pelo


Mycobaterium leprae.

Deve usar-se em conjunção com a rifampicina e clofazimina devido às resistências que surgem
rapidamente contra a dapsona.

4.19.3 Trimetoprim:
• O trimetoprim é um derivado da diaminopirimidina.

• Tem uma alta afinidade para a enzima dihidrofolato redutase impedindo por competição à
formação do ácido tetrahidrofólico.
• Isto tem como efeito final o bloqueio da formação de timidina, algumas purinas, metionina
e glicina.

• O trimetoprim é muitas vezes dado em combinação com o sulfametoxazole para produzir


uma combinação sinérgica que inibe dois passos da síntese do ácido fólico.

Trimetoprim-sulfametoxazole é:

– eficaz contra uma grande variedade de microrganismos Gram (+) e Gram (-);

– droga de escolha para infecções agudas e crónicas do tracto urinário.

– Activo em infecções causadas por Pneumocystis jirovecci (fungo), infecções bacterianas do


tracto respiratório inferior, otites médias e gonorreias.

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