SAL - Caldeira Newsletter N - 98 - Insolvencia
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Versatilidade do Regime Jurídico da Nesta edição são abordados temas como “Versatilidade do Regime Jurídico da
Insolvência e Recuperação de Empresári- Insolvência e Recuperação de Empresários Comerciais” e “Processos urgentes no
os Comerciais contencioso administrativo: Um olhar sobre os meios processuais acessórios“.
Pode ainda, como habitualmente, consultar o nosso Calendário Fiscal e a Nova
Processos urgentes no contencioso Legislação Publicada.
administrativo: Um olhar sobre os meios
processuais acessórios Tenha uma boa leitura !
Desde logo importa destacar que tal O princípio da tutela jurisdicional efectiva
Legislação responsabilidade é assacada no culminar do compreende o direito de obter, em prazo
processo de insolvência, não podendo o ser razoável, uma decisão judicial que aprecie,
Obrigações Declarativas e Contributivas -
no processo de recuperação (judicial), com força de caso julgado, cada pretensão
Calendário Fiscal 2017 - (Fevereiro) porquanto o processo...Cont. Pág. 2 regularmente deduzida....Cont. Pág. 3
FICHA TÉCNICA
EDIÇÃO, GRAFISMO E MONTAGEM: SÓNIA SULTUANE - DISPENSA DE REGISTO: Nº 125/GABINFO-DE/2005
COLABORADORES: Emílio Arlindo Nhabai, Manuel Agostinho Nhina, Rute Nhatave, Sérgio Ussene Arnaldo.
SAL & Caldeira Advogados, Lda. é membro da DLA Piper Africa Group, uma aliança de firmas líderes de advocacia independentes que trabalham em conjunto com a DLA Piper em toda a África.
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VERSATILIDADE DO REGIME JURÍDICO DA INSOLVÊNCIA E
RECUPERAÇÃO DE EMPRESÁRIOS COMERCIAIS
O Regime Jurídico da Insolvência e Recuperação de Empresários Comerciais que nos A responsabilidade de que se tem vindo a abordar é a criminal e civil, excluindo-se a
propomos explorar foi aprovado pelo Decreto-Lei n.º 1/2013, de 4 de Julho e será, responsabilidade disciplinar, porquanto esta é efectivada a nível meramente interno da
para efeitos do presente artigo, designado “RJIREC”. empresa, podendo ser directamente exercida pela entidade empregadora ou pelo
superior hierárquico do trabalhador (n.º 2 do artigo 62.º da Lei n.º 23/2007, de 01 de
O RJIREC é nos dias de hoje, sobretudo pelo contexto económico em que o país se Agosto).
encontra, um instrumento indispensável para a prossecução de dois objectivos a
saber: Nos casos em que se apure matéria para a responsabilização criminal dos titulares
dos órgãos sociais, os visados serão responsabilizados em uma secção criminal do
a) Por um lado, permitir a manutenção da fonte produtora do emprego dos mesmo tribunal, visto que tal responsabilidade deve ser imputada pelo tribunal da
trabalhadores e dos interesses dos credores, assegurando o estímulo e a preservação insolvência (artigo 76.º do RJIREC) mas em secção (criminal) diferente da que
da actividade económica e a sua função social e, tramitou o processo de insolvência (secção cível). No entanto esta é uma ilação que
b) Por outro lado, promover eficientemente a liquidação do património do insolvente tem gerado alguma discussão entre os órgãos da Administração da Justiça, sendo que
e a repartição do produto obtido pelos credores, quando se mostre impossível a o entendimento contrário, sustentado no artigo 174.º do RJIREC, defende que o juiz
superação da situação deficitária. (cível) que tramita o processo de insolvência tem competência para imputar
responsabilidade criminal aos visados. Ademais, entende esta última corrente que
Ora, volvidos cerca de 3 (três) anos após a entrada em vigor do RJIREC, começa a com o RJIREC evolui-se, à semelhança de outros ordenamentos jurídicos, para um
notar-se um crescente número de processos judiciais de recuperação judicial, assim estágio em que se atribui competência à um único juiz (cível) para decidir sobre todas
como os processos de insolvência regulados por este diploma. Importa esclarecer as questões emergentes ou conexas ao processo de insolvência. O debate em torno
que os processos de insolvência iniciados antes da entrada em vigor deste diploma deste entendimento será desenvolvido em um artigo separado.
são regulados pelos artigos 1122.º a 1324.º do CPC, conforme determina o n.º 1 do
artigo 4.º do RJIREC, salvo se a aplicação do RJIREC aos processos anteriores implicar Nesta perspectiva e em resumo, a recusa ou impossibilidade (dolosa) de um devedor
a maior possibilidade de alcance dos objectivos indicados no parágrafo antecedente satisfazer os créditos dos seus credores, confere direito a qualquer credor de iniciar
(n.º 5 do artigo 4.º RJIREC). um processo de insolvência e em consequência deste processo, poderá posterior-
mente exigir a responsabilidade civil e criminal dos titulares dos órgãos sociais por
Embora o RJIREC tenha entrado em vigor em 2013, a abordagem do mesmo nos dias terem dolosamente colocado a sociedade na situação de não poder honrar os seus
de hoje ainda se reveste de particular interesse, porquanto este regime, para além de compromissos.
lograr os objectivos acima indicados, tem a virtude de posteriormente dar lugar à
responsabilidade dos titulares dos órgãos sociais. Embora um processo de insolvência possa ser iniciado por um credor, ao longo do
processo são chamados outros credores, devendo oferecer a prova dos seus créditos.
Desde logo importa destacar que tal responsabilidade é assacada no culminar do Caso se infira a existência de matéria criminal através de indícios de se terem cometi-
processo de insolvência, não podendo o ser no processo de recuperação (judicial), do os crimes de fraude a credores ou outros tipificados na lei (artigo 167.º e ss do
porquanto o processo de insolvência visa liquidar o património da sociedade, pagar RJIREC bem como na demais legislação penal), seguirá um outro processo penal (que
os seus credores e extinguir-se a personalidade jurídica do empresário comercial. No correrá por apenso) para imputação de responsabilidade criminal podendo, mediante
processo de recuperação judicial, embora se pretenda obter pagamento dos mandado judicial e com receio de perturbação do andamento regular do processo,
credores, não há liquidação do património e por conseguinte não haverá a extinção ordenar-se a captura dos agentes responsáveis e estes responderem aos termos do
da personalidade jurídica do empresário comercial, pelo que após o encerramento de processo-crime em prisão preventiva. No entanto, não deixa de ser importante
um processo de Recuperação Judicial, o empresário comercial ainda detêm a sua advertir que o artigo 97.º do RJIREC estabelece que caso o pedido de insolvência seja
personalidade jurídica, sem prejuízo de que um processo pode iniciar como Recuper- doloso, o impetrante é igualmente condenado a indemnizar ao devedor e se a acção
ação Judicial e terminar, por efeito da convolação, em Insolvência. tiver mais de um autor, ambos terão responsabilidade solidária na indemnização.
Ora, quem pode, no âmbito do RJIREC, exigir a responsabilidade dos titulares dos Quanto à responsabilidade civil não há larga margem de debate sobre o foro compe-
órgãos sociais? Como tivemos oportunidade de esclarecer acima, esta responsabili- tente, com a particularidade de a respectiva acção dever ser proposta no próprio
dade é apurada apenas no âmbito do processo de insolvência, pelo que a resposta tribunal da insolvência dentro de 2 (dois) anos desde o trânsito em julgado da
poderá ser dada a partir das pessoas a quem a lei confere legitimidade para instaurar sentença da insolvência, sob pena de prescrição (n.º 2 do artigo 76º do RJIREC),
o processo de insolvência. Com efeito, o artigo 93.º do RJIREC confere legitimidade enquanto o procedimento penal deverá ser instaurado dentro dos prazos de
ao próprio devedor, ao cônjuge sobrevivo, qualquer herdeiro do devedor ou prescrição previstos na lei penal.
cabeça-de-casal, ao sócio ou accionista do devedor ou a qualquer credor (desde que
este apresente a certidão de registo comercial que comprove a regularidade das suas
actividades).
empresarial, Assembleia
Emílio Arlindo Nhabai
Consultor Júnior
Jurista
[email protected]
A sua tramitação segue os termos da LPAC (nos casos omissos, os do Código de Processo As providências cautelares têm como pressupostos:
Civil, por força do disposto no artigo 2º da LPAC) e é de carácter urgente, correndo os seus
termos em férias judiciais, sendo que os actos de secretaria a si inerentes são praticados com • Existência de fundado receio de que uma actividade administrativa cause lesão a um direito
a maior brevidade possível e com precedência sobre quaisquer outros. ou interesse legalmente protegido; e
• Que não exista uma decisão administrativa prévia ou um meio processual específico
São quatro os meios processuais acessórios previstos na LPAC, conforme abaixo descritos: susceptível de assegurar uma tutela efectiva em face das circunstâncias do caso.
empresarial, Assembleia
Manuel Agostinho Nhina No que concerne à tramitação, no Plenário e na Primeira Secção do Tribunal Administrativo,
é apenas admitida prova documental e testemunhal, os depoimentos são prestados perante
Consultor
Advogado o relator e reduzidos a escrito. A providência decretada não pode ser substituída por caução.
[email protected]
Em vista do precedentemente exposto, mostra-se seguro concluir que a tutela efectiva dos
direitos e interesses legalmente protegidos, bem como o efeito útil das decisões proferidas
pela jurisdição administrativa contenciosa podem ser prejudicados pelo decurso do tempo,
sendo, nesse passo, importante o exercício dos meios processuais acessórios, os quais, não
visando propriamente dirimir em definitivo a situação litigiosa, garantem que o decurso do
tempo não tenha repercussões negativas na esfera jurídica dos sujeitos envolvidos
www.salcaldeira.com | 03
NOVA LEGISLAÇÃO PUBLICADA
Decreto nº 64/2016 de 26 de Dezembro de 2016 - Aprova o Regulamento da Actividade de Assistência em Escala,
Rute Nhatave no Sector da Aviação Civil.
Arquivista / Bibliotecaria
[email protected] Lei nº 10/2016 de 30 de Dezembro de 2016 - Aprova o Orçamento do Estado para o ano de 2017.
Resolução nº 25/2016 de 30 de Dezembro de 2016 - Aprova o Plano Económico e Social para o ano de 2017.
Lei nº 8/2016 de 15 de Dezembro de 2016 - Transfere áreas entre unidades territoriais da Província de Gaza, para
adequar ao desenvolvimento sócio-económico e cultural do País.
Resolução nº 34/2016 de 12 de Dezembro de 2016 - Aprova a Política das Indústrias Culturais e Criativas e a
Estratégia da sua Implementação.
DISTINÇÕES