Direito e Legislação (Tti) Atual
Direito e Legislação (Tti) Atual
Direito e Legislação (Tti) Atual
TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
Eixo Tecnológico:
Gestão e Negócios
Direito e Legislação
Brasília-DF.
Elaboração e Compilação de Textos:
Coordenação e Avaliação:
Editoração Eletrônica:
Desenho Educacional:
Ilustração/Tratamento de Imagens:
Design editorial:
Realização:
REFERÊNCIAS____________________________________________________________________ 93
Técnico em Transações Imobiliárias
Direito e Legislação
Unidade 1
Resumo
LEGISLAÇÃO
• Com o objetivo de tornar possível a vida em
Legislação é um corpo de leis que regulariza sociedade, o Estado impõe uma série de normas
jurídicas.
determinada matéria ou ciência ou, ainda, um
conjunto de leis que organiza a vida de um • A palavra direito vem do latim directum, do
verbo dirigere, que significa dirigir, ordenar, pôr
país, ou seja, o que popularmente se chama
em ordem; etimologicamente, significa aquilo
de ordem jurídica e que estabelece condutas e que é reto, que não se desvia e segue em uma
ações aceitáveis ou recusáveis de um indivíduo, só direção, ou seja, tudo aquilo que é conforme
instituição, empresa, entre outros. a razão, a justiça e a equidade; significa,
objetivamente, um complexo de normas de agir
Os Corretores de Imóveis, além da legislação
constituído pela soma de preceitos, regras e
tradicional, está sujeito a legislação específica de leis, com as respectivas sanções que regem as
sua profissão, que são as RESOLUÇÕES e ATOS relações do homem em sociedade.
NORMATIVOS emitidos pelo COFECI (Conselho
• Direito é a ciência que estuda as regras
Federal dos Corretores de Imóvel). obrigatórias que regulam as relações dos homens
Observe algumas dessas normas jurídicas. em sociedade, cuja característica predominante
está na coação social, utilizada pela própria
• Antenor e Tobias celebraram uma Escritura de sociedade, para fazer respeitar os seus deveres
Compra e Venda de imóvel. jurídicos, a fim de manter a harmonia dos
interesses gerais e assegurar a ordem jurídica.
• A escritura foi levada à transcrição no Registro
de Imóveis. 1
Arras – garantia de contrato.
2
Custas processuais – despesas do processo.
Unidade 1 7
• Direito Objetivo conjunto de normas jurídicas 4. Dê sua interpretação para Direito Objetivo e
vigentes em um país, onde cada cidadão é Direito Subjetivo.
obrigado a acatá-las sob pena de sanção. ______________________________________
• Direito Subjetivo é a faculdade legal de praticar
ou não um determinado ato; o direito se refere ao ______________________________________
poder que pertence a um sujeito ______________________________________
• O Direito é uma ferramenta que a sociedade ______________________________________
encontrou para permitir e viabilizar o convívio
social. Assim, ele é pensando de modo a garantir ______________________________________
o bem maior, para toda sociedade através de ______________________________________
regras e normas. Para que se respeite o Direito,
existem as sanções que podem ser impostas ______________________________________
pelo Estado ou pela Sociedade.
5. O descumprimento de um Direito de terceiros
ou legal produz alguma penalidade?
Exercícios ______________________________________
______________________________________
Responda.
______________________________________
1. No início do texto, você tomou conhecimento
de um contrato de compra e venda, em ______________________________________
que ocorreram procedimentos decorrentes
de normas jurídicas, impostas pelo Estado. ______________________________________
Identifique-os, seguindo os passos tomados.
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
6. As resoluções e atos normativos emitidos
______________________________________ pelo COFECI devem ser acatados por todos os
brasileiros?
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
2. Dê sua interpretação para normas jurídicas.
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
3. Releia os textos referentes a Direito. Quais das
ideias, a seguir, estariam corretas em relação
a esse assunto? Marque com um (X) nos
parênteses. Confira suas respostas
a. ( ) Etimologicamente, Direito significa agir Celebração de contrato de compra e venda de um
de acordo com a razão, a justiça e a imóvel entre Antenor e Tobias:
equidade.
b. ( ) No sentido objetivo, Direito compreende • transcrição do contrato no cartório;
preceitos, regras e leis que regem as • pagamento inicial do contrato;
relações do homem em sociedade.
• aquisição do imóvel após a transferência;
c. ( ) Direito é o conjunto de normas impostas
pelo homem ao Estado, para que possa • não cumprimento do acordo por parte de
desfrutar de seus benefícios. Antenor;
d. ( ) A principal característica do Direito • recurso à Justiça, por parte de Tobias;
está na coação social utilizada pela • ganho de causa para Tobias;
própria sociedade para fazer respeitar
• entrega do imóvel pela parte perdedora e
os deveres jurídicos que ela mesma
pagamentos relativos aos custos processuais.
constitui.
8 Unidade 1
2. Se a sua resposta foi mais ou menos como a A autora refere-se à lei genericamente,
seguinte, parabéns! considerando aí todas as normas jurídicas
Dá-se o nome de normas jurídicas ao conjunto de produzidas pelo poder público.
regras reguladoras das relações entre pessoas,
impostas pelo Estado, com o objetivo de tornar Analise, agora, como ela define a segunda fonte
possível a vida em sociedade. de expressão do Direito, o costume.
3. a. (x) Costume provém do povo que, a partir
de determinada necessidade, cria uma
4. Direito Objetivo é o Direito imposto pelo Estado
regra de conduta que passa a ser adotada
por meio de normas e leis. Direito Subjetivo é o
Direito que o indivíduo possui de fazer ou não por toda a sociedade, de forma uniforme
fazer. e reiterada. No mercado da cidade de
5. Sim, o descumprimento de um Direito Objetivo leva Barretos/SP, por exemplo, os negócios de
a uma sanção legal, enquanto o descumprimento gado, seja qual for o seu valor, costumam
de um Direito Subjetivo leva ao prejudicado o ser feitos verbalmente, sem que entre as
direito de reivindicar junto ao Estado a reparação partes haja troca de documentos.
dos danos sofridos.
6. Não, apenas pelos Corretores de Imóveis. Alguns costumes assumem, para a sociedade,
força de lei, como no exemplo dado.
Ainda de acordo com Sinésia Mendes (1990):
FORMAS DE EXPRESSÃO DO Doutrina é feita pelos estudiosos ou
DIREITO doutrinadores do Direito, mediante
a interpretação de textos legais e de
situações concretas. Muitas vezes, a
O Direito visa à criação de regras coercitivas doutrina mostra os aspectos negativos
para o convívio do homem em sociedade. Ele se do Direito em vigor, indicando os meios
para superá-los. Por exemplo, atualmente
estrutura a partir das necessidades sociais e das
ela aponta a necessidade de substituir
vontades humanas que, interpretadas pelo poder
os conceitos de ato de comércio e de
público, são traduzidas em regras de Direito. comerciante pelos de ato empresarial
O Direito objetiva o disciplinamento da vida em e empresário, a fim de que o Direito
empresarial passe a regular toda e
sociedade que, por sua vez, está em constante
qualquer atividade econômica organizada,
mutação. Assim, também, assume um caráter
toda e qualquer empresa, e não apenas
dinâmico e suas disciplinas são constantemente a empresa comercial, como faz o Direito
revistas. Comercial.
• JURISPRUDÊNCIA
• LEIS
A jurisprudência representa a aplicação do
A primeira fonte do direito é a legislação, normas entendimento dos tribunais sobre determinado
escritas que emanam da autoridade soberana assunto, que se consolida por meio do exercício
(ao exemplo do Poder Legislativo) e impõem a da jurisdição. Desta forma , a jurisprudência se
todos os indivíduos a obrigação de submeter-se forma por meio de diversas decisões no mesmo
a ela sob pena de sanções. sentido.
A Constituião da República Federativa do Brasil, ao Dada a importância da jurisprudência diante
tratar dos direitos e das garantias fundamentais, da dinâmica da aplicação da norma jurídica,
dispõe em seu art. 5o, inciso II, que: “Ninguém destacamos a atribuição do Superior Tribunal de
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma Justiça de uniformização da jurisprudência, ou
coisa senão em virtude de lei”, ou seja, todos os seja, “uniformizar a interpretação da lei federal
indivíduos que compõem a sociedade brasileira em todo o Brasil”.
são submetidos ao regime legal imposto, por meio
das leis vigentes em nosso País. Assim, jurisprudência representa a norma
formada pelo entendimento semelhante dos
O que diferencia a legislação das demais tribunais superiores que passam a ser respeitados
fontes do Direito é o seu aspecto formal, e cumpridos pelos julgadores de instâncias
sendo a lei elaborada por órgãos competentes inferiores.
e seguindo critérios predefinidos de validade
e eficácia.
• DOUTRINA
Contudo, a lei nem sempre é suficiente para
manter a harmonia no convívio social, seja por A doutrina é o entendimento formado por juristas
ausência de lei que regule determinada atividade renomados, ou seja, pelos ensinamentos dos
humana ou mesmo por sua inadequação diante professores, pelos pareceres dos jurisconsultos,
da dinâmica social. Para tanto, outras fontes pelas opiniões dos estudiosos do Direito.
do direito são consideradas na pacificação
social. Não podemos negar a influência da doutrina nas
decisões dos tribunais, seja porque os próprios
10 Unidade 1
___________________________________________
Resumo
___________________________________________
• O Direito estrutura-se a partir das necessidades
sociais e das vontades humanas que, II – Dê os significados das principais fontes de
interpretadas pelo poder público, são traduzidas expressão do Direito.
em regras de Direito. 1. Lei
• O Direito é de caráter dinâmico, por isso suas
______________________________________
disciplinas são constantemente revistas.
• As principais fontes de expressão do Direito são ______________________________________
a lei, o costume, a doutrina e a jurisprudência.
______________________________________
• Lei é a norma jurídica produzida pelo poder
público, principalmente pelo Poder Legislativo. ______________________________________
É uma norma jurídica escrita, de caráter geral e ______________________________________
obrigatório.
• Costume provém do povo que, a partir de 2. Costume
determinada necessidade, cria uma regra de ______________________________________
conduta que passa a ser adotada por toda a
sociedade, de forma uniforme e reiterada. ______________________________________
• Doutrina é feita pelos estudiosos ou doutrinadores ______________________________________
do Direito, mediante a interpretação de textos
legais e de situações concretas. ______________________________________
• Jurisprudência é o costume judiciário; o conjunto ______________________________________
de decisões dos juízes, num mesmo sentido,
de forma constante, geral, repetida e pacífica, 3. Doutrina
referente a determinados casos concretos ______________________________________
apresentados aos tribunais.
______________________________________
• Para evitar o caos e para um vida em sociedade
mais justa possível ,as normas de condutas ______________________________________
devem ser seguidas pelos indivíduos.
______________________________________
• As fontes, ou origens do nosso Direito, são: a lei,
os costumes, a jurisprudência e a doutrina. ______________________________________
• As leis são normas escritas pelas autoridades 4. Jurisprudência
competentes, que impõem a obrigação de acatá-
las sob pena de sansão. ______________________________________
• Costume é a conduta do indivíduo em sociedade, ______________________________________
que passa a ser praticada por todos; com o tempo
passa a ser obrigatória, sob pena de reprovação ______________________________________
social. ______________________________________
• Jurisprudência é a aplicação do mesmo
entendimento dos tribunais sobre determinado ______________________________________
assunto.
Unidade 1 11
III – Escreva, nos parênteses, (V) verdadeira ou (F) II – 1. É a norma jurídica produzida pelo poder
falsa para as afirmativas. público, principalmente pelo Poder Legislativo.
É uma norma jurídica escrita, de caráter geral e
1. ( ) O Direito estrutura-se a partir das obrigatório.
necessidades e vontades pessoais de um
2. Provém do povo, que a partir de determinada
cidadão.
necessidade cria uma regra de conduta que passa
2. ( ) A sociedade está em permanente a ser adotada por toda a sociedade, de forma
mudança, provocando uma constante uniforme e reiterada.
revisão nas disciplinas do Direito. 3. É feita pelos estudiosos ou doutrinadores do
Direito, mediante a interpretação de textos legais
3. ( ) A lei, o costume, a doutrina e a e de situações concretas.
jurisprudência são as principais fontes de
4. É o costume judiciário. É o conjunto de decisões
expressão do Direito.
dos juízes, num mesmo sentido, de forma
4. ( ) A lei é a mais importante das fontes de constante, geral, repetida e pacífica, referente a
expressão do Direito. determinados casos concretos apresentados aos
tribunais.
5. ( ) Como o costume provém do povo, pode ser
adotado por meio de troca de documentos. III – 1. (F) O Direito estrutura-se a partir das necessidades
sociais e das vontades humanas.
6. ( ) Às vezes, a doutrina mostra os aspectos 2. (V)
negativos do Direito em vigor, indicando 3. (V)
os meios para superá-los. 4. (V)
5. (F) O costume provém do povo que, a partir de
determinada necessidade, cria uma regra de
conduta que passa a ser adotada por toda
Confira suas respostas a sociedade, de forma uniforme e reiterada,
podendo ser realizado verbalmente.
I – São normas surgem na sociedade para organizar as 6. (V)
relações entre os indivíduos em sociedade.
Técnico em Transações Imobiliárias
Comumente, pessoa é sinônimo de ser humano, Segundo as regras do art. 2o do Código Civil,
de ente ou de gente. Na acepção jurídica, pessoa Carlinhos, ao nascer com vida, adquiriu
é todo ente físico ou moral suscetível de direitos personalidade civil; o bebê de Janice ainda não
e obrigações. É o sujeito de direito, sujeito da nasceu, mas a lei põe a salvo seus direitos desde
relação jurídica. a concepção, podendo, como seu primo, por
exemplo: herdar, receber doações e legados, ser
A pessoa pode ser de duas espécies: pessoa adotado, desde que venha a nascer.
natural ou pessoa física; pessoa jurídica ou
O Código Civil estabelece que, para a pessoa física
pessoa moral, pessoa coletiva.
existir juridicamente e ter direitos e obrigações,
é necessário haver o nascimento com vida, isto
é, a criança deve respirar após o corte do cordão
• PESSOA NATURAL OU FÍSICA umbilical.
Também chamada de pessoa natural, é o ser Todo homem é capaz de direitos e obrigações na
humano, considerado como sujeito de direito e ordem civil, sem distinção de idade, sexo, cor e
de obrigações ou deveres jurídicos. Portanto, o nacionalidade.
que caracteriza inicialmente a pessoa física é o
O art. 1o do Código Civil nos dá a exata noção de
fato de essa ser um ser humano.
capacidade: “Toda pessoa é capaz de direitos e
Personalidade natural: é uma qualidade individual, deveres na ordem civil”.
que se compõe do complexo psíquico e físico Capacidade civil: segundo orientação de Sinésia
da pessoa natural, variando de indivíduo para Mendes (1990), existem duas espécies de
indivíduo, sendo pessoal e individualizado. Tanto capacidade civil.
18 Unidade 3
______________________________________
Exercícios 3. E m q u a i s c i r c u n s t â n c i a s a p e s s o a é
absolutamente incapaz?
I – Escolha, no retângulo, a palavra que melhor
complete o sentido da frase: ______________________________________
______________________________________
iguais – maioridade – nascimento –
personalidade – morte ______________________________________
1. Para a pessoa física existir juridicamente é ______________________________________
necessário haver o ______________________.
______________________________________
2. A existência da pessoa natural termina com a
______________________. ______________________________________
Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do 2. O Código de Processo Civil, em seu art. 46,
réu, ele será demandado onde for encontrado aborda o tema domicílio em quatro parágrafos.
ou no foro do domicílio do autor (Código de Resuma-os.
Processo Civil, art. 46). ______________________________________
• Quando o réu não tiver domicílio no Brasil, a
ação será proposta no domicílio do autor. Se ______________________________________
este também residir fora do Brasil, a ação será ______________________________________
proposta em qualquer foro (Código de Processo
Civil, art. 46). ______________________________________
• Havendo dois ou mais réus, com diferentes ______________________________________
domicílios, a ação será demandada no foro de
qualquer um deles, à escolha do autor (Código 3. Identifique o domicílio quanto às pessoas
jurídicas segundo o art. 75 do Código Civil,
de Processo Civil, art. 46).
relacionando-as adequadamente:
• Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é
(Código Civil, art. 75): (A) Da União
(B) Dos Estados
–– da União, o Distrito Federal; (C) Do Município
–– dos Estados, as respectivas capitais; (D) Das demais pessoas jurídicas
Tipos de Bens
Unidade 4
•
Identificar e caracterizar juridicamente os • Bens imóveis – são aqueles que não podem
diversos tipos de bens. ser removidos de um lugar para outro sem
destruição, como, por exemplo, um terreno
ou uma casa. São considerados bens imóveis
o solo e tudo quanto se lhe incorporar de
DOS BENS forma natural ou artificial (art. 79 e 80 do
Código Civil).
• Bens móveis – são aqueles suscetíveis de
Inicialmente, convém fazer uma distinção entre movimento próprio ou de remoção por força
coisas e bens, pois são palavras com extensões alheia sem que haja destruição ou alteração
diferentes. Coisa compreende tudo que existe de sua substância ou destinação (art. 82 do
objetivamente, excluindo-se o ser humano. Bens Código Civil).
são as coisas úteis e raras que possuem valor
econômico ou jurídico. Dos bens fungíveis e infungíveis e consumíveis
e inconsumíveis
Beviláqua (1951) orienta: “Para o Direito, bens
são os valores materiais ou imateriais que servem • Bens fungíveis – são os bens móveis que
de objeto a uma relação jurídica”. podem ser substituídos por outros de mesmo
gênero/espécie, qualidade e quantidade. Um
Conforme suas características, os bens possuem saco de feijão pode ser substituído por outro
diversas classificações: saco de feijão. O café, o minério de carvão, o
dinheiro etc., são exemplos de bens fungíveis.
• dos bens considerados em si mesmos: bens
• Bens infungíveis – são aqueles que não podem
móveis e imóveis; bens fungíveis e infungíveis;
ser substituídos, mesmo sendo da mesma
bens consumíveis e inconsumíveis; bens
espécie. Um touro premiado não pode ser
divisíveis e indivisíveis; bens singulares e
substituído por outro. Uma obra de arte, um
coletivos;
cavalo, um livro raro podem ser exemplos de
• dos bens reciprocamente considerados: bens infungíveis.
principal e acessório;
• Bens consumíveis – são aqueles cujo uso leva
• dos bens considerados em relação ao titular à destruição imediata da própria substância
do domínio: bens públicos e particulares. ou os bens destinados à alienação. Esses
bens também podem ser considerados
como consumíveis de fato – os alimentos – e
DOS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS consumíveis de direito – o dinheiro.
• Bens inconsumíveis – são os bens que sofrem
Os bens considerados em si mesmos estão uso contínuo e constante, sem prejuízo de seu
agrupados nas seguintes classes. perecimento, possuindo natureza durável, por
exemplo, um carro.
24 Unidade 4
Com relação aos bens públicos, convém ressaltar (A) Bens considerados em si mesmos
que não estão sujeitos a usucapião, mas seu uso (B) Bens reciprocamente considerados
pode eventualmente ser cedido a particulares por (C) Bens considerados em relação ao titular do
domínio
meio de diversos mecanismos, especialmente
concessões, permissões e autorizações de uso. 1. ( ) Não podem ser removidos de um lugar
Ainda, importante mencionar que o procedimento para o outro sem destruição.
para transformar os bens públicos de uso comum
2. ( ) Aceitam fracionamento, sem que haja
do povo ou os bens públicos de uso especial alteração na sua substância, diminuição
em bens dominicais, alienáveis, chama-se significativa de valor ou prejuízo do uso a
desafetação. que se destinam.
• Bens particulares – são todos os bens que 3. ( ) Compostos de vários bens singulares,
não são de domínio público, sendo assim acabam por formar um todo homogêneo.
considerados privados, seja qual for a pessoa 4. ( ) Destinam-se a algum serviço de uma
a que pertencerem. pessoa jurídica de direito público cujo
uso ocorre com certas e determinadas
Quanto à natureza, os imóveis são distinguidos restrições legais e regulamentares.
entre os de natureza urbana ou rural, dependendo
5. ( ) Coisas acessórias que não se incorporam à
do fim a que são destinados e não de onde se coisa principal, não fazem parte dela, mas
localizam. A cada espécie de bens se aplicam cuja finalidade é facilitar o uso da principal.
normas comuns e distintas.
6. ( ) Franqueados a qualquer pessoa mesmo
Nas transações imobiliárias, os conceitos vistos que tenha que cumprir algum regulamento.
nesta unidade são muito úteis, já que costumam 7. ( ) Provenientes de outros bens considerados
ser muito empregados. principais, sem dizimá-los, conservando-
os com os mesmos caracteres e com as
mesmas finalidades.
Resumo 8. ( ) Aumentam a utilidade do bem ou facilitam
o seu uso.
• Bens e coisas são palavras em Direito com
extensões diferentes. 9. ( ) Constituem o patrimônio das pessoas
jurídicas de direito público.
• Coisa compreende tudo que existe objetivamente,
excluindo-se o ser humano. II – Faça o que se pede.
• Bens são coisas úteis e raras que possuem valor 1. Diferencie bens de coisas.
econômico ou jurídico.
• Os bens são classificados em bens considerados ______________________________________
em si mesmos, bens reciprocamente ______________________________________
considerados e bens considerados em relação
ao titular do domicílio. ______________________________________
• Os bens considerados em si mesmos são ______________________________________
agrupados em bens imóveis e móveis; fungíveis
e infungíveis; consumíveis e inconsumíveis; ______________________________________
divisíveis e indivisíveis; singulares e coletivos.
2. Exemplifique as classificações dos bens.
• Os bens reciprocamente considerados são
divididos em bem principal, acessório, sendo que ______________________________________
os acessórios se dividem em: frutos, produtos,
______________________________________
pertenças e benfeitorias (úteis, necessárias e
voluntárias). ______________________________________
• Bens considerados em relação ao titular do ______________________________________
domicílio são classificados em bens públicos ou
particulares. ______________________________________
26 Unidade 4
Confira suas respostas II – 1. Bens são as coisas úteis e raras que possuem
valor econômico ou jurídico.
C o i s a s c o m p r e e n d e m t u d o q u e e x i s t e
I – 1. (A)
objetivamente, excluindo-se o ser humano.
2. (A)
2. Bens considerados em si mesmos: móveis e
3. (A)
imóveis; fungíveis e infungíveis; consumíveis e
4. (C)
inconsumíveis; divisíveis e indivisíveis; singulares
5. (B)
e coletivos.
6. (D)
Bens reciprocamente considerados: principal e
7. (B)
acessório.
8. (B)
Bens considerados em relação ao titular do
9. (C)
domicílio: bens públicos e particulares.
Técnico em Transações Imobiliárias
ou relativa, de uma das partes, esta deve estar moto comprada numa loja especializada, por
representada ou assistida pelo seu representante exemplo, é um objeto lícito. A mesma moto, que
legal. é um objeto lícito, não pode ser hipotecada, pois
não é objeto idôneo para hipoteca, já que esta
Objeto lícito, possível, determinado ou exige bens imóveis e a moto é um bem móvel.
determinável
A qualidade e o requisito do que é lícito, quer A forma – se exigida por lei
dizer, a liceidade do objeto visa a garantir a
obediência dos negócios ao ordenamento jurídico, Esse terceiro elemento esclarece que é necessária
na medida em que não permite negócios jurídicos a obediência à forma, ou seja, o meio pelo qual
que vão de encontro à lei, à moral ou aos bons ele se exterioriza para que o negócio jurídico tenha
costumes. Assim, a compra ou venda de um eficácia jurídica.
objeto roubado (objeto ílicito), por exemplo, não
produz qualquer efeito jurídico, quer dizer, não Os elementos acidentais são cláusulas
gera nem obrigações, nem direitos entre as partes acrescentadas ao negócio jurídico com o objetivo
e recebe como sanção a sua nulidade. de modificar um ou alguns de seus efeitos
naturais: condição, termo e encargo.
Forma prescrita em conformidade com a lei
Condição
Todo negócio jurídico tem uma forma, externando
a vontade manifesta das pessoas envolvidas.
Essa cláusula subordina as consequências do
Normalmente, o legislador pátrio se utiliza do
negócio jurídico com relação a eventos futuros
princípio da liberdade de formas, segundo o qual o
e incertos; pode relacionar-se, também, a um
negócio jurídico poderá ser praticado por qualquer
acontecimento incerto, que pode ou não ocorrer.
forma, salvo quando a lei impuser especificidades.
A compra de uma casa à vista deve ser por meio
de uma escritura pública. A opção por realizar Termo
o negócio por instrumento particular não tem
validade, pois a lei impõe uma forma. Essa cláusula estipula o acontecimento futuro e
certo que subordina a data em que começa ou
extingue os efeitos do negócio jurídico.
ELEMENTOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
Modo ou encargo
Os elementos do negócio jurídico podem ser
classificados em essenciais e acidentais. Refere-se à cláusula acessória que impõe ao
beneficiário o ônus ou a obrigação a ser cumprida,
Os elementos essenciais são os que devem existir
oriunda de um negócio jurídico. Normalmente, o
para que haja qualquer negócio jurídico: a vontade
encargo é uma restrição atrelada a uma vantagem.
humana, a idoneidade do objeto e a forma,
Ex.: um empresário doa uma significativa soma
quando for exigida por lei. Vale ressaltar que a
de dinheiro à uma fundação, estipulando que,
falta de qualquer um dos elementos essenciais
mensalmente, ela deverá contribuir para a
implica a invalidade do negócio jurídico.
manutenção de uma creche.
A vontade humana
Wald (1989) caracteriza a diferença entre dolo e seus bens, para impedir que seus credores tomem
erro quando define: esses bens como pagamentos de dívidas. Diniz
(1997) define esse defeito jurídico da seguinte
A diferença básica entre erro e dolo
maneira:
consiste em ser espontâneo o primeiro
e provocado o segundo. O erro deriva de Constitui fraude contra credores a prática
uma falta de atenção ou de perícia do maliciosa, pelo devedor, de atos que
agente. No dolo é a atividade de outrem desfalcam o seu patrimônio, com o
que, ardilosamente, induz o agente a ter escopo de colocá-lo a salvo de uma
uma falsa representação. execução por dívidas em detrimento dos
direitos creditórios.
Coação
Diz o art. 158 do Código Civil:
Coação consiste em um constrangimento de
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita
determinada pessoa, para que, por meio de
de bens ou remissão de dívida, se os praticar
ameaça, pratique um ato jurídico que não
o devedor já insolvente ou por eles reduzido à
realizaria por livre e espontânea vontade. Para ser
insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser
caracterizada como coação, a ameaça deve ser
anulados pelos credores quirografários, como
iminente e grave e que traga justo receio de algum
lesivos dos seus direitos.
prejuízo sobre a pessoa coagida, sua família ou
seus bens. A coação pode ser concretizada por § 1 o Igual direito assiste aos credores cuja
meio de violência física ou moral. A distinção entre garantia se torna insuficiente.
as duas faz-se importante, visto que a coação
moral torna o negócio jurídico anulável e a coação § 2o Só os credores que já o eram ao tempo
física torna o ato jurídico nulo. daqueles atos podem pleitear a anulação deles.
Tal anulação será procedida pela ação pauliana
Estado de perigo ou revocatória, que tem caráter moralizador e
força para restituir as partes ao estado anterior
O estado de perigo ocorre quando alguém, diante à contratação.
de situação de risco, conhecido pela outra parte,
assume obrigação excessivamente onerosa,
para salvaguardar direito seu ou de pessoa de ATOS ILÍCITOS
sua família. Pode ser considerado como abuso
da situação. Ex.: Pai dá cheque caução, sem Pode ser entendido como aquele executado com
ter fundo suficiente, para cobrir uma urgência violação a um dever e do qual resulta prejuízo
hospitalar com sua filha. para outrem.
O ato ilícito pode ser considerado, segundo Bittar
Lesão (2005), como um procedimento que, podendo
ser por ação, omissão ou abstenção, e contra a
O conceito de lesão é dado de forma sintética na
ordem jurídica, ocasione lesão, de ordem moral
definição de Pereira (1978): “O prejuízo que uma
ou patrimonial, a outrem.
pessoa sofre na conclusão de um ato negocial
resultante da desproporção existente entre as O ato torna-se ilícito quando é condenado pela
prestações das duas partes”. moral ou pela lei. Um ato será caracterizado
como ilícito, segundo Pereira (1978), quando
A lesão pode ser considerada como um ocorre violação do direito ou dano ocasionado por
abuso realizado em situação de desigualdade, outrem, quando há culpa ou quando há ação ou
configurando-se em aproveitamento de forma omissão do agente.
indevida na realização de um negócio jurídico.
Assim, comete ato ilícito a pessoa que, por
Fraude contra credores meio de uma ação ou omissão voluntária, por
negligência ou imprudência, viola direitos ou
A fraude contra credores ocorre quando o devedor, causa danos a outra pessoa, mesmo que seja
insolvente ou na iminência de o ser, se desfaz de exclusivamente de ordem moral.
Unidade 5 31
O abuso de direito também foi introduzido como para responder a ação de indenização proposta
exemplo de ato ilícito no Código Civil de 2002, pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este
no art. 187, que diz: “Também comete ato ilícito indeniza, com a anuência do segurador;
o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato
manifestamente os limites impostos pelo seu fim
gerador da pretensão;
econômico ou social, pela boa-fé e pelos bons
costumes”. III – a pretensão dos tabeliães, auxiliares da
justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos,
pela percepção de emolumentos, custas e
DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA honorários;
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Exercícios
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I – Responda.
2. Sua manifestação gera efeitos na órbita do
1. Como se definem os fatos jurídicos? Direito.
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O comando imposto, pelo Direito Objetivo, As obrigações versam sempre sobre uma
a todas as pessoas para observarem prestação de dar, de fazer ou de não fazer. Vale
certa conduta, sob pena de receberem salientar que a prestação deve ser possível, lícita,
uma sanção pelo não cumprimento do
determinada ou determinável e traduzível em
comportamento prescrito pela norma
jurídica (DINIZ, 1993).
dinheiro.
36 Unidade 6
Nesta modalidade de obrigação, o devedor fica Nesta modalidade, o devedor deverá entregar
comprometido a entregar ou restituir alguma uma coisa não específica, devendo ter definido,
coisa, seja ela móvel ou imóvel. Essa entrega pelo menos, o gênero (a marca de um carro, um
pode ser realizada de três formas: transferência computador etc.) e a quantidade (20 cabeças de
de propriedade, cessão ou restituição do objeto gado, 5 sacos de laranja).
da prestação. A obrigação de dar coisa incerta, porém, torna-se
obrigação de dar coisa certa no momento em que
As obrigações de dar dividem-se também em é feita a escolha, pelo devedor, que deve escolher
obrigação de dar coisa certa e de dar coisa incerta dentro de uma média, conforme orienta o art.
em razão das características de seu objeto. 244 do Código Civil:
Nas coisas determinadas pelo gênero e pela
Obrigações de dar coisa certa quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o
contrário não resultar do título da obrigação; mas
A obrigação de dar coisa certa é aquela que
não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado
obriga a entrega ou a restituição pelo devedor de a prestar a melhor.
uma coisa específica, individualizada, qualificada,
exclusiva, não sendo o credor obrigado a aceitar Assim, depois de feita a escolha, segundo o art.
outra no lugar dela, ainda que de maior valor. 245 do Código Civil, vigorará o disposto sobre as
O credor de coisa certa não pode ser obrigado obrigações de dar coisa certa.
a receber outra, ainda que mais valiosa. Se ele
aceitar, caracterizará dação em pagamento. Obrigações de fazer
A obrigação de dar coisa certa abrange também os A obrigação de fazer relaciona-se com o
acessórios da coisa, mesmo que não mencionados, comprometimento do devedor de realizar, prestar
salvo disposição especial em contrário. algum serviço lícito, um ato positivo, material ou
imaterial, que resulte num benefício ao credor.
Se houver perda do objeto, mas sem culpa do Pode ser a prestação de um serviço (o médico
devedor, o credor sofrerá a perda. Entretanto, atender ao paciente), a produção de alguma
se a perda for por culpa do devedor, ele deverá coisa (é o caso, por exemplo, da costureira) ou
responder pelo equivalente à obrigação e se até mesmo a prestação de uma declaração de
responsabilizar a pagar ao credor uma indenização vontade (é o caso, por exemplo, do compromisso
de perdas e danos. de compra e venda de um imóvel, que só depois
de pago completamente será transferido seu
Na hipótese de a coisa se deteriorar, poderá o domínio etc.).
credor dar por resolvida a obrigação, sofrendo os
prejuízos da deterioração, ou aceitar receber a Obrigações de não fazer
coisa na condição que estiver, abatendo em seu
preço o valor do prejuízo. A obrigação de não fazer relaciona-se ao
compromisso que o devedor assume com o credor
Se a obrigação for de restituir, o credor receberá de não fazer determinada coisa. Ex.: o morador
a coisa no estado em que se encontrar, sem de um prédio obriga-se a não criar animais dentro
direito a indenização. Entretanto, caso haja culpa do apartamento, quando proibido pela convenção
do devedor sobre a deterioração da coisa, ele do condomínio, ou o professor obriga-se a não
deverá responder pelo equivalente, mais perdas dar aula em faculdade concorrente, quando esta
e danos. é uma norma da faculdade em que ele leciona.
Apesar de as obrigações negativas serem
Essa obrigação é muito comum na área de variadas, para que tenham validade, não podem
Transações Imobiliárias, principalmente, na ser imorais, antissociais ou que firam a liberdade
definição das características do aluguel de um individual. Assim, é ilícita a obrigação de não
imóvel. andar pela rua, não poder trabalhar, de não falar,
de não ter religião etc., pois esse tipo de restrição
é totalmente contrário aos direitos do cidadão.
Unidade 6 37
Qualquer interessado na extinção da dívida pode A dívida deve ser paga até o seu vencimento.
pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios Somente após essa data estipulada é que o
conducentes à exoneração do devedor (art. 304). credor pode exigi-lo imediatamente, visto que
o dia do vencimento pertence ao devedor até a
A dívida também pode ser paga por terceiro não meia noite.
interessado, que se torna, então, representante
A antecipação do vencimento ocorre em duas
do devedor ou gestor do negócio.
situações.
• A quem pagar a) Por conveniência do devedor – como o prazo
é estabelecido em favor do devedor, este pode
Normalmente, o pagamento deve ser feito
renunciá-lo, efetuando o pagamento antes da
diretamente ao credor ou a quem o represente
data prevista.
legalmente:
b) Por determinação legal – conforme o art. 333
O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem do Código Civil:
de direito o representa, sob pena de só valer
Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida
depois de por ele ratificado, ou tanto quanto
antes de vencido o prazo estipulado no contrato
reverter em seu proveito (art. 308).
ou marcado neste Código:
Unidade 6 39
Em termos jurídicos, a palavra consignação quer O Código Civil estabelece, no art. 350, que:
dizer a entrega ou o depósito judicial, em mãos Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá
de terceiros ou num estabelecimento ou caixa exercer os direitos e ações do credor, senão até
pública, realizado pelo devedor, empregando a soma, que tiver desembolsado para desobrigar
a quantia de dinheiro devida ou da coisa que o devedor.
constitui o objeto da obrigação.
São três os casos de sub-rogação legal, previstos
O art. 335 do Código Civil estabelece os casos pelo Código Civil no art. 346:
em que é cabível o depósito em juízo:
A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em
A consignação tem lugar: favor:
I – se o credor não puder, ou, sem justa causa, I – do credor que paga a dívida do devedor
recusar a receber o pagamento, ou dar quitação comum;
na devida forma;
II – do adquirente do imóvel hipotecado, que paga
II – se o credor não for, nem mandar receber a ao credor hipotecário, bem como do terceiro que
coisa no lugar, tempo e condição devidos; efetiva o pagamento para não ser privado de
III – se o credor for incapaz de receber, for direito sobre o imóvel;
desconhecido, declarado ausente, ou residir em III – do terceiro interessado, que paga a dívida
lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou
IV – se ocorrer dúvida sobre quem deva em parte.
legitimamente receber o objeto do pagamento; O art. 347 do Código Civil define:
V – se pender litígio sobre o objeto do pagamento. A sub-rogação é convencional:
Vale enfatizar que a consignação será válida como I – quando o credor recebe o pagamento de
pagamento se: terceiro e expressamente lhe transfere todos os
• for feita pelo próprio devedor; seus direitos.
• for realizada de forma integral; II – quando terceira pessoa empresta ao devedor
• não for modificada a obrigação, devendo ser a quantia precisa para solver a dívida, sob a
cumprida na sua forma originária. condição expressa de ficar o mutuante sub-
rogado nos direitos do credor satisfeito.
Pagamento com sub-rogação
Imputação de pagamento
Na área jurídica, o termo sub-rogação quer dizer
substituição, colocando coisa ou pessoa no lugar Imputação significa atribuição de algo a alguém.
de outra coisa ou pessoa. Na área do Direito das Obrigações, consiste em
atribuir ou indicar a dívida a ser paga, quando
Beviláqua (1938) define a sub-rogação como: uma pessoa deve duas ou mais contas da mesma
“A transferência dos direitos do credor para natureza a um só credor.
40 Unidade 6
Para Maria Helena Diniz (2004): Credor evicto é aquele que perdeu um bem,
como resultado de exigência feita pelo verdadeiro
A imputação do pagamento é operação
dono.
pela qual o devedor de dois ou mais
débitos da mesma natureza a um só Temos, então, que, quando o pagamento for
credor, o próprio credor em seu lugar ou feito por meio adverso daquele convencionado
a lei indicam qual deles o pagamento
originariamente na obrigação, com anuência do
extinguirá, por ser este insuficiente para
credor, a obrigação será considerada extinta.
solver a todos.
A remissão das dívidas é a liberação Para a área econômica, mora diz respeito à
graciosa do devedor pelo credor, que quantia que deve ser acrescida em uma dívida
voluntariamente abre mão de seus direitos não paga no prazo estipulado.
creditórios, com o escopo de extinguir a
obrigação, mediante o consentimento Mora, no campo jurídico, significa o retardamento
expresso ou tácito do devedor. do credor ou do devedor ou o imperfeito
cumprimento de obrigação judicial.
A remissão pode ser total e parcial. Entretanto,
não pode prejudicar terceiro. Com relação às consequências pelo não
cumprimento da obrigação, o Código Civil
ensina:
42 Unidade 6
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a Mora do Credor (mora accipiendi)
que sua mora der causa, mais juros, atualização
dos valores monetários segundo índices oficiais Esse tipo de mora se concretiza quando o credor,
regularmente estabelecidos, e honorários de sem justa causa, não recebe o pagamento no
advogado. tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção
estabeleceu.
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora,
se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, Para essa situação, o Código Civil pontua:
e exigir a satisfação das perdas e danos. A mora do credor subtrai o devedor isento de
dolo à responsabilidade pela conservação da
Por outro lado.
coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas
Não havendo fato ou omissão imputável ao empregadas em conservá-la, e sujeita-o a
devedor, não incorre este em mora (art. 396). recebê--la pela estimação mais favorável ao
devedor, se o seu valor oscilar entre o dia
A mora procede pelo descumprimento contratual estabelecido para o pagamento e o da sua
e também em virtude de infração à lei, sendo que, efetivação (art. 400).
nesse caso, o Código Civil estabelece:
Mora de ambos os contratantes
Nas obrigações provenientes de ato ilícito, em
que considera-se o devedor em mora, desde que
Pode acontecer, por exemplo, de ambos os
o praticou (art. 398).
contratantes não comparecerem ao local
O Direito brasileiro reconhece três espécies de acordado, para haver a liquidação da dívida,
mora: a mora do devedor (mora solvendi), a mora ocorrendo a mora de ambos os contratantes.
do credor (mora accipiendi) e mora de ambos os Nesse caso, por compensação, fica parecendo
contratantes. que nenhuma das partes incorreu em mora.
Assim, cada um responde pelas consequências
de sua mora.
Mora do devedor (mora solvendi)
Considera-se em mora o devedor que não efetuar Venosa (2003) elucida esse fato quando pontua:
o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo Purgar a mora é o ato pelo qual a parte
no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção que nela incorreu retira-lhe os efeitos.
estabelecer (art. 394). Aplica-se tanto no caso do devedor, como
no credor. Diz-se também emendar a
Quando o devedor se encontra em mora, sua mora, ou reparar a mora.
situação se agrava, visto que, de acordo com o
Código Civil: Segundo o Código Civil:
contrato ou pratica ato ilícito, prejudicando dessa declaração ou declaração à parte, por
maneira outrem. meio do qual se estipula uma pena, em
dinheiro ou outra utilidade, a ser cumprida
O Código Civil explicita sobre este tema: pelo devedor ou por terceiro, cuja
finalidade precípua é garantir, alternativa
Art. 402. Salvo as exceções expressamente ou cumulativamente, conforme o caso,
previstas em lei, as perdas e danos devidas ao em benefício do credor ou de outrem, o
credor abrangem, além do que ele efetivamente fiel cumprimento da obrigação principal,
perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. bem assim, ordinariamente, constituir-se
na pré-avaliação das perdas e danos e em
Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações punição do devedor inadimplente. Este
de pagamento em dinheiro, serão pagas com dispositivo objetiva estimular o devedor
atualização monetária segundo índices oficiais a cumprir a obrigação e é estabelecida
regularmente estabelecidos, abrangendo juros, como “reforço ao pacto obrigacional”,
custas e honorários de advogado, sem prejuízo pois tem como finalidade principal garantir
da pena convencional. o cumprimento da primeira obrigação
com a promessa e fixação da liquidação
Juros legais de eventuais perdas e danos oriundos do
descumprimento desta.
Juro é a quantia cobrada pelo credor, como forma
de remuneração pelo empréstimo de certa soma Arras ou sinal
de dinheiro, por determinado tempo.
Arras ou sinal é determinada quantia, geralmente
Os juros podem ser classificados assim. em dinheiro, que se reputa como princípio de
pagamento e torna obrigatório o contrato, pela
• Compensatório – é a remuneração do capital presunção de que este realmente se firmará entre
empregado; as partes.
• Moratório – é indenização pelo prejuízo Na lei brasileira, em regra, vigora as arras
resultante de mora culposa na execução de confirmatórias, em que, uma vez prestadas,
uma obrigação. servirão como adiantamento do preço pago pela
O Código Civil orienta sobre esse tema: coisa.
A parte inocente poderá pedir indenização
Art. 406. Quando os juros moratórios não forem
suplementar se provar maior prejuízo, valendo
convencionados ou o forem sem taxa estipulada
as arras como taxa mínima. Ainda, pode a parte
ou quando provierem de determinação da lei,
inocente exigir a execução do contrato, com as
serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor
perdas e danos, valendo as arras como o mínimo
para a mora do pagamento de impostos devidos
de indenização.
à Fazenda Nacional.
Coexistem também as arras penitenciais, em
Art. 407. Ainda que se não alegue prejuízo, é que é permitido o arrependimento antes mesmo
obrigado o devedor aos juros da mora que se da formalização do contrato.
contarão assim às dívidas em dinheiro, como às
prestações de outra natureza, uma vez que lhes Nos casos de estipulação de arras penitenciais, se
esteja fixado o valor pecuniário por sentença a parte que deu as arras não executar o contrato,
judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes. poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as. Já
se a inexecução for de quem recebeu as arras,
Cláusula penal poderá quem as deu haver o contrato por desfeito
e exigir a devolução delas mais o equivalente, com
Cláusula penal, também conhecida por multa atualização monetária segundo índices oficiais
convencional, é entendida por França (1988) regularmente estabelecidos, juros e honorários
como descrita a seguir: de advogado.
Um pacto acessório ao contrato ou a Uma vez que a regra é o emprego das arras
outro ato jurídico, efetuado na mesma confirmatórias, em caso de penitenciais, deve
44 Unidade 6
I – Defina. ______________________________________
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1. Inadimplemento
Confira suas respostas
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• o defeito deve prejudicar o uso da coisa ou Deriva do princípio de que o alienante tem o
diminuir o seu valor; dever de garantir ao adquirente a posse justa da
coisa transmitida, defendendo-a de pretensões
• o vício deve estar oculto;
de terceiros quanto ao seu domínio. Por isso,
• o vício tem que existir, mesmo que oculto, no afirma-se que é um fenômeno próprio da venda
momento do contrato. de coisa alheia, em que a entrega regular da coisa
Esse instrumento jurídico decai, contado o prazo vendida ao comprador não esgota as obrigações
de entrega efetiva da coisa, se ela for móvel, em do vendedor. Este deve, ainda, a garantia de
30 dias, e, se imóvel, em um ano, para rescindir ter transmitido direitos que era lícito transmitir,
o contrato ou pedir abatimento do preço. de tal sorte que o comprador possa exercer
pacificamente a posse e a propriedade da coisa
Quando o vício, por sua natureza, só puder ser que adquiriu.
conhecido mais tarde, o prazo será contado a
Isso significa que, aquele que transmite a outrem
partir do momento em que dele tiver ciência, até
o domínio, posse ou uso de alguma coisa,
o prazo máximo de 180 dias, em se tratando de
por meio de contrato oneroso, fica obrigado a
bens móveis, e de um ano para os imóveis.
responder pela evicção, mesmo que, no contrato,
não assuma expressamente essa obrigação.
EVICÇÃO Para a caracterização da evicção, devem estar
reunidos os seguintes requisitos.
O vocábulo evicção vem do latino evictio – de • Onerosidade da aquisição do bem.
evencere (evencer, desapossar judicialmente) –,
• Sentença judicial, determinando a perda do
que significa recuperação judicial de uma coisa.
domínio ou a posse da coisa, pelo adquirente.
Unidade 6 51
Cabe ressaltar que, no Código Civil de 1916, o • Venda de ascendente para descendente – a
contrato preliminar não gerava nenhum tipo de compra somente poderá se efetivar por meio
obrigação caso não fosse cumprido. da concordância dos demais descendentes
(arts. 496 e 497);
• Compra por pessoa encarregada de zelar pelo
CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E interesse do vendedor – o curador não pode
VENDA comprar o bem do curatelado, o tutor do
tutelado e nem o procurador do representado;
O direito real de promessa de venda só surge a
• Venda por condômino de coisa indivisível
partir do registro imobiliário; antes dele, ter-se-á
– a priori, o condômino não poderá vender
mero contrato de promessa de venda, que gera
a sua parte do condomínio por ser coisa
apenas direitos obrigacionais, resolvendo-se em
indivisível. Mas, surgindo a oportunidade,
perdas e danos. Trata-se de um negócio jurídico
o condômino vendedor deverá priorizar os
e como tal deve ser tratado. Esse tipo de contrato
demais condôminos. A outra opção é a venda
objetiva a realização de um outro contrato,
a terceiro estranho, mas com a expressa
chamado definitivo, gerando deveres e obrigações
anuência dos demais.
a uma ou a ambas as partes. Nessas avenças,
podem as partes determinar, com maior ou menor
amplitude, as cláusulas que vão constar do CLÁUSULAS ESPECIAIS DE COMPRA E VENDA
contrato definitivo. Por esse negócio, uma pessoa
oferece a outra um contrato e compromete-se a • Retrovenda – consiste numa cláusula
manter em vigor essa oferta, assim considerada convencional resolutiva, em que o vendedor
logo; com esse tipo de contrato, as partes buscam se reserva o direito de readquirir o imóvel que
a conclusão de um contrato definitivo. vendeu, dentro de um prazo determinado,
restituindo as despesas do comprador. Essa
cláusula recai sobre bem imóvel e a retratação
COMPRA E VENDA deverá ser efetuada num prazo máximo de 3
anos. De tal modo, caso não esteja expressa
Contrato de compra e venda é aquele em que
em contrato, tem-se a presunção legal de 3
uma das partes se obriga a transferir a uma
anos.
outra o domínio de coisa certa, mediante
pagamento em dinheiro. Ao vendedor, caberá a • Venda a contento – trata-se de uma cláusula
convencional suspensiva. A venda se realiza
Unidade 6 53
sob a condição de só se tornar perfeita e nesse contrato, o objeto não está situado na
obrigatória após a declaração do comprador mão de obra empregada, mas no resultado
sobre a satisfação da coisa. Consiste na apresentado.
venda condicional de caráter suspensivo que
se encontra codificada no art. 509 do Código
Civil. Enquanto não ocorrer a manifestação do DOAÇÃO
comprador, o domínio ficará com o alienante.
O comprador, nesse caso, detém a coisa É uma modalidade de contrato na qual uma
como comodatário (empréstimo de coisa pessoa espontaneamente transfere bens ou
infugível). Devido à padronização das relações vantagens do seu patrimônio para outra pessoa.
de consumo, esse instituto encontra-se Aquele que doa é denominado doador e o que
superado. aceita a doação é chamado de donatário.
• Preempção ou preferência (art. 513) A doação pode ser pura, quando traduz simples
– é o negócio em que o comprador de um benefício a ser proporcionado pelo doador, ou
determinado objeto se obriga, junto ao remuneratória, quando objetiva retribuir serviços
vendedor, a preferi--lo em igualdade de ou favores não cobrados pelo donatário.
condições, caso venha a vender a coisa
novamente. Se houver silêncio do comprador Em princípio, a doação é irrevogável, mas
original, o vendedor deverá notificá-lo da a lei admite as hipóteses em que pode ser
sua intenção de exercer seu direito de revogada:
preferência; se, mesmo assim, o comprador
• por não cumprimento das cláusulas, condições
original descumprir essa cláusula, sofrerá em
ou encargos;
responder ação indenizatória.
• por vício que anule o contrato e
• Pacto de melhor comprador – é o pacto em
que a venda do móvel/imóvel será desfeita se, • por ingratidão do donatário – nesses casos,
dentro de 1 (um) ano, aparecer comprador podem ser revogadas as doações se o
oferecendo maiores vantagens. Trata-se de donatário:
uma condição resolutiva em que o comprador a) atentou contra a vida do doador ou cometeu
original pode evitá-la, oferecendo a mesma crime de homicídio doloso contra ele;
vantagem.
b) cometeu contra ele ofensa física;
• Pacto comissório – o vendedor estabelece
c) o injuriou gravemente ou o caluniou;
tempo determinado para entrega do valor da
coisa a ser alienada. Caso isso não ocorra, o d) podendo ministrá-los, recusou ao doador os
pacto legitima o desfazimento do contrato ou alimentos de que ele necessitava.
a exigência do preço, mais perdas e danos.
• Troca – contrato em que as partes se
LOCAÇÃO
obrigam a dar uma coisa por outra sem
que seja dinheiro. É a forma mais antiga de
É o contrato em que uma das partes, por meio
negociação de uma coisa por outra. Difere da
de remuneração ou outro tipo de pagamento,
compra e venda porque não envolve dinheiro.
compromete-se a fornecer algo ou serviço por
Nesse tipo de transação, também conhecido
algum tempo.
como escambo ou permuta, as partes
pactuam coisas que tenham o mesmo valor A locação é o ato de locar (alugar) coisas; vem
econômico. Os permutantes são ao mesmo codificada no art. 565 do Código Civil, dizendo
tempo comprador e vendedor. ser um contrato em que uma parte cede uma
coisa não fungível por tempo determinado
a outra para o seu uso enquanto esta, em
EMPREITADA contrapartida, deverá pagar certa remuneração,
designada aluguel.
É um instrumento que celebra uma convenção
entre as partes, visando a um arrendamento de Locador é a pessoa (física ou jurídica) que possui
serviço, buscando um fim específico. Portanto, legitimidade para ceder a alguém (locatário) o
54 Unidade 6
Posse e Propriedade
Unidade 7
• posse indireta – é a do possuidor que entrega O sucessor universal continua de direito a posse
a coisa a outrem, em virtude de uma relação do seu antecessor; e ao sucessor singular é
jurídica existente entre eles, como no caso facultado unir sua posse à do antecessor, para
de contrato de locação, depósito, comodato os efeitos legais.
e tutela, quando couber ao tutor guardar os
bens do tutelado; Os obstáculos à aquisição da posse são
esclarecidos pelo art. 1.208, ao estabelecer:
• posse justa – aquela que se exerce de forma
legal, não apresentando nenhum dos vícios não induzem posse os atos de mera permissão
citados na lei; ou tolerância assim como não autorizam a sua
• posse injusta – é aquela que decorre de atos aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão
de violência (coação física ou moral), pela depois de cessar a violência ou clandestinidade.
clandestinidade (que se dá às ocultas sem Assim, por meio da permissão ou tolerância, o
que o possuidor ou o proprietário da coisa proprietário permite a prática dos atos, mas se
tenha conhecimento) ou se perfaz de forma reserva o direito de revogar a ordem, quando
precária; achar conveniente. A pessoa beneficiada sabe
• posse precária – aquela que provém de que pode perder a posse a qualquer momento.
uma relação de confiança, em que a pessoa Ex.: João consente que seu vizinho passe pelo
tem a obrigação de restituir a coisa, mas seu terreno. Mesmo que reiterada a passagem,
se nega a fazê-lo. Normalmente ocorre em não induz posse, porque se trata de mero favor.
casos de contrato de depósito, de locação, Da mesma forma, a violência ou clandestinidade,
de comodato, entre outros; não induz posse, exceto se cessados os vícios,
• posse de boa-fé – é aquela em que o que são temporários.
possuidor acredita que é o proprietário da
coisa, desconhecendo qualquer vício ou
impedimento para a aquisição do objeto da DOS EFEITOS
posse;
• posse de má-fé – é aquela em que o Os efeitos da posse são as implicações jurídicas
possuidor tem conhecimento de que a sua por ela produzidas, em virtude de lei ou de norma
posse possui os vícios e impedimentos. jurídica, podendo ser embaraçada pela turbação,
pelo esbulho ou pela ameaça de agressão
iminente.
DA AQUISIÇÃO
São efeitos da posse:
O Código Civil fixa o momento da aquisição da • direito à percepção de frutos e rendimentos
posse quando estabelece, no art. 1.204: e direito de retenção ao possuidor de boa-fé;
Adquire-se a posse desde o momento em que se • direito à indenização por prejuízos causados
torna possível o exercício, em nome próprio, de pelo possuidor de má-fé;
qualquer dos poderes inerentes à propriedade. • direito aos interditos possessórios (ações
possessórias);
Aqueles que podem adquirir a posse são
• direito à transmissão de posse;
orientados no Código Civil por meio do art. 1.205,
que estabelece que pode ser pela própria pessoa • direito à usucapião;
que a pretende ou por seu representante e • direito do possuidor em manter-se com a
também por terceiro sem mandato, dependendo posse em caso de turbação (ato contrário à
de ratificação. posse de outrem), de ser restituído no caso
de esbulho privação violenta da posse) e de
O art. 1.206 do Código Civil dispõe que: ser segurado de violência iminente, se tiver
A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários justo receio de ser molestado.
do possuidor com os mesmos caracteres. Turbação – é a agressão material dirigida contra
De acordo com o art. 1.207 do Código Civil: a posse, atrapalhando o exercício dela, mas sem,
no entanto, tirá-la do possuidor.
Unidade 7 59
Esbulho – é o ato pelo qual o possuidor se O art. 1.225 do Código Civil estabelece que os
vê privado da posse, injustamente, de forma direitos reais são estes.
violenta ou clandestina ou, ainda, por abuso de
confiança. • A propriedade
• A superfície
Ameaça à posse é a perturbação ou ameaça de • As servidões
violação da posse.
• O usufruto
Interdito proibitório – é a proteção preventiva da • O uso
posse diante de ameaça de turbação ou esbulho. • A habitação
• O direito do promitente comprador do imóvel;
DA PERDA DA POSSE • O penhor
• A hipoteca
A perda da posse acontece quando seu possuidor • A anticrese
não exerce ou não pode exercer o poder inerente
• Os direitos reais sobre coisas móveis, quando
da propriedade.
constituídos, ou transmitidos por atos entre
A perda da posse pode acontecer, por exemplo, vivos, só se adquirem com a tradição (art.
nos casos de: abandono, tradição, perda ou 1.226). Tradição é a entrega da coisa.
destruição da coisa, pela inalienabilidade ou pelo • Os direitos reais sobre imóveis constituídos,
constituto possessório. ou transmitidos por atos entre vivos, só se
adquirem com o registro no Cartório de
Abandono – é a renúncia da posse de algo, feita
Registro de Imóveis dos referidos títulos (art.
pelo dono, demonstrando o profundo desinteresse
1.227).
em mantê-lo. Ex.: jogar fora um relógio antigo ou
colocar na calçada um armário.
Tradição – é a entrega da coisa a outra pessoa DA PROPRIEDADE
com a intenção de se desfazer da posse. Isto
acontece nos contratos de locação, compra e Segundo o Código Civil, em seu art. 1.228, o
venda, comodato. proprietário tem a faculdade de usar, gozar e
dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder
Coisa perdida ou destruída – acontece na perda de quem quer que injustamente a possua ou
involuntária e permanente, quando a pessoa não detenha. Para obter ou reaver a posse de coisa
encontra a coisa perdida e quem a encontrou de sua propriedade, tem o proprietário a ação
não a devolve, ou quando a coisa é destruída por reivindicatória.
evento natural ou fortuito, tornando-a inutilizável.
Como objetos de propriedade existem:
Perda pela inalienabilidade – ocorre quando a
coisa é colocada fora do comércio, não podendo • bens corpóreos – são os bens móveis e
ser possuída. Ex.: o governo decide proibir a venda imóveis;
de cigarros. • bens incorpóreos – clientela, direito autoral,
propriedade industrial etc.
Constituto possessório – acontece quando
o possuidor de um bem (imóvel, móvel ou A propriedade possui duas modalidades.
semovente) passa a possuí-lo em nome alheio.
• Plena e restrita – a plena é aquela que
concentra no proprietário todos os direitos de
DOS DIREITOS REAIS propriedade, enquanto a restrita é aquela cujo
proprietário está impedido de usar alguns dos
Para falarmos de propriedade, devemos falar direitos de propriedade (trata-se do limite de
sobre os direitos reais, que é parte do direito civil utilização do bem).
que regulariza a relação do homem com bens • Perpétua e resolúvel – a perpétua é aquela
suscetíveis de apropriação. por prazo indeterminado, enquanto na
resolúvel seu tempo de proprietário é limitado.
60 Unidade 7
Cabe ressaltar que qualquer pessoa, seja ela física for cancelada e o possuidor tiver adquirido o
ou jurídica, pode ser proprietária. bem de forma onerosa.
A propriedade do solo não abrange as jazidas, c) Especial – nessa modalidade, o lapso temporal
minas e demais recursos minerais, os potenciais de é de 5 anos ininterruptos e a pessoa não pode
energia hidráulica, os monumentos arqueológicos possuir nenhum outro imóvel, seja ele urbano
e demais bens referidos em leis especiais ou rural. O imóvel rural (art. 1.239) deve ter
conforme o art. 1.230 do Código Civil. Contudo, no máximo 50 hectares e a posse ininterrupta
o proprietário do solo tem o direito de explorá- de 5 anos, enquanto o imóvel urbano deve ter
lo desde que não submetido à transformação no máximo 250 metros quadrados e, também,
industrial, obedecido ao disposto em lei especial. 5 anos de posse ininterrupta.
Cabe ressaltar que não podem ser usucapidos
os bens pertencentes a empresas públicas e as
DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL coisas fora do comércio.
Conforme o art. 1.248 do Código Civil, a acessão a outro, o dono deste adquirirá a propriedade
pode se dar assim. do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro
ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém
a) Por formação de ilhas houver reclamado.
O art. 1.249 do Código Civil dispõe: Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento
As ilhas que se formarem em correntes comuns de indenização, o dono do prédio a que se
ou particulares pertencem aos proprietários juntou a porção de terra deverá aquiescer a
ribeirinhos fronteiros, observadas as regras que se remova a parte acrescida.
seguintes: d) Por abandono de álveo
I – as que se formarem no meio do rio O art. 1.252 do Código Civil esclarece que:
consideram- -se acréscimos sobrevindos aos
terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as O álveo abandonado de corrente pertence aos
margens, na proporção de suas testadas, até a proprietários ribeirinhos das duas margens,
linha que dividir o álveo em duas partes iguais; sem que tenham indenização os donos dos
terrenos por onde as águas abrirem novo curso,
II – as que se formarem entre a referida linha e entendendo--se que os prédios marginais se
uma das margens consideram-se acréscimos estendem até o meio do álveo.
aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse
mesmo lado; Entende-se por álveo (leito) a superfície que
as águas cobrem sem transbordar para o solo
III – as que se formarem pelo desdobramento natural e enxuto.
de um novo braço do rio continuam a pertencer
aos proprietários dos terrenos à custa dos e) Por plantações ou construções
quais se constituíram.
O art. 1.253 estipula que:
Vale ressaltar que, de acordo com o Código
das Águas, se as correntes forem navegáveis, Toda construção ou plantação feita em um
trata--se de águas públicas, portanto, as regras terreno presume-se feita pelo proprietário e à
do Código Civil que dizem respeito à aquisição sua custa, até que se prove o contrário.
de propriedade por acessão aplicam-se aos As construções e plantações são avaliadas
rios não navegáveis. como acessórios do solo, não se levando em
b) Por aluvião conta a apreciação de valor. Normalmente
pertencem ao proprietário do solo, levando-
O art. 1.250 estabelece: se em conta a possibilidade de que é possível
semear, plantar e construir com sementes e
Os acréscimos formados, sucessiva e materiais não pertencentes ao proprietário do
imperceptivelmente, por depósitos e aterros solo.
naturais ao longo das margens das correntes,
ou pelo desvio das águas destas, pertencem
aos donos dos terrenos marginais, sem DA PERDA DA PROPRIEDADE
indenização.
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se De acordo com o art. 1.275 do Código Civil,
formar em frente de prédios de proprietários perde--se a propriedade nos seguintes casos.
diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção • Por alienação – negócio jurídico bilateral pelo
da testada de cada um sobre a antiga qual se adquire o domínio da propriedade.
margem. Cabe ressaltar que, em se tratando de bens
c) Por avulsão imóveis, o domínio da propriedade só se
transfere no Cartório de Registro de Imóveis.
O art. 1.251 do Código Civil pontua: Ainda assim, só será obrigatória a escritura
Quando, por força natural violenta, uma porção pública para transcrição no cartório quando
de terra se destacar de um prédio e se juntar o valor do bem for superior a 30 (trinta)
salários-mínimos, porém, a escritura pública
62 Unidade 7
é essencial ao negócio jurídico segundo o art. indenizado pelas benfeitorias necessárias (art.
108 do Código Civil. 692 do Código Civil de 1916);
• Por renúncia – negócio jurídico unilateral b) falecimento do enfiteuta sem herdeiros; salvo
pelo qual uma determinada pessoa abre mão o direito dos credores;
de um direito real sobre um determinado bem c) pela natural deterioração do prédio aforado
imóvel. Tem que ser averbada em cartório. quando não valer o capital correspondente ao
Essa renúncia não pode ser efetuada de foro.
forma tácita.
• Por abandono – não é expresso, pois o Ao falarmos de enfiteuse, não podemos deixar de
proprietário desiste do bem tacitamente. É citar o laudêmio. Trata-se de uma porcentagem
o caso de imóvel urbano que o proprietário que o senhorio terá direito a receber sempre
abandona com a intenção de não mais que o foreiro quiser transferir o domínio útil
conservar em seu patrimônio e que não se da propriedade para um terceiro, caso esse
encontra na posse de outrem. Após três anos não queira exercer o direito de preferência. Na
será declarado vago e passará à propriedade hipótese do silêncio entre as partes, o laudêmio
do município ou do Distrito Federal. será de 2,5% (dois e meio por cento) do valor da
venda (art. 686 do Código Civil de 1916).
• Por perecimento – a partir do momento
em que há o perecimento do objeto, há o
perecimento do direito, por exemplo, se tenho
uma ilha e o mar a encobre, pereceu o objeto
Resumo
(art. 1.275, IV).
• Direito das coisas: parte do Código Civil que trata
• Por desapropriação – ocorre quando, em dos bens que podem ser objeto de apropriação
razão de um interesse social, o poder público pelo homem.
entende por adquirir a propriedade de outrem • Compreendem-se como direitos reais: a posse,
de forma compulsória, mediante indenização. a propriedade e os direitos reais sobre coisas
Pode ser tanto bem móvel quanto imóvel alheias.
desde que para fins de interesse social. Caso • Posse é o efetivo exercício dos poderes de usar,
não se cumpra com o fim social para o qual gozar e dispor da coisa, por aquele que não é o
foi desapropriado, há possibilidade de o antigo proprietário.
proprietário reaver o bem desde que pague • Há várias formas de exercer a posse: posse
pelo seu preço atual. direta, posse indireta, posse justa, posse injusta,
posse precária, posse de boa-fé, posse de má-fé.
Da enfiteuse • “Adquire-se a posse desde o momento em que se
torna possível o exercício, em nome próprio, de
Enfiteuse é um contrato por prazo indeterminado qualquer dos poderes inerentes à propriedade”.
pelo qual o senhorio transfere o domínio de (art. 1.204).
sua propriedade para um terceiro que, em • Os efeitos da posse são as implicações jurídicas
contrapartida, lhe pagará uma taxa anual por ela produzidas, em virtude de lei ou de norma
chamada de foro. Não existe enfiteuse urbana jurídica, podendo ser embaraçada pela turbação,
desde a Constituição Federal de 1988. Pelo pelo esbulho ou pela ameaça de agressão
novo Código Civil não existirá enfiteuse em iminente.
novos contratos. Em relação à enfiteuse rural, só • A perda da posse acontece quando seu possuidor
continuam valendo as antigas, efetuadas sobre não exerce ou não pode exercer o poder inerente
o Código Civil de 1916, que continuam regidas da propriedade e pode ocorrer por: abandono,
pelos arts. 678 a 694 desse antigo código. tradição, coisa perdida ou destruída, perda pela
inalienabilidade e constituto possessório.
Cabe salientar que a enfiteuse transmite-se aos • Direitos reais é a parte do Direito Civil que
sucessores do enfiteuta, porém, não pode ser regulariza a relação do homem com bens
dividido em glebas (frações). suscetíveis de apropriação.
A enfiteuse possui 3 (três) formas de extinção: • O art. 1.225 do Código Civil estabelece que os
direitos reais são: a propriedade, a superfície, as
a) o não pagamento pelo prazo de 3 (três) anos servidões; o usufruto, o uso, a habitação, o direito
consecutivos, mas poderá o enfiteuta ser
Unidade 7 63
______________________________________
Exercícios
4. Pedro recebeu de herança de sua tia,
I – Defina. recentemente falecida, um chalé em Campos
do Jordão.
1. Direito das coisas
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______________________________________
______________________________________
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5. Ricardo mudou-se há dois anos para um
______________________________________ apartamento na praia, sem pagar aluguel,
sabendo que o imóvel é motivo de disputa entre
______________________________________ vários herdeiros.
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2. Posse ______________________________________
______________________________________ 6. Ao morar temporariamente nos Estados Unidos,
Alice deixou com uma amiga, que morava em
______________________________________
uma casa grande, os móveis de seus filhos.
______________________________________ Ao retornar, a amiga se recusa a devolvê-los,
alegando a utilização pelos próprios filhos e a
______________________________________ impossibilidade financeira de adquirir novos
móveis, no momento.
______________________________________
______________________________________
3. Propriedade
______________________________________
______________________________________
7. Ao realizar o inventário, após o falecimento do
______________________________________ pai, Leandro descobriu que o imóvel em que
______________________________________ moravam pertencia, na realidade, a um amigo
da família. Preocupado com a tranquilidade
______________________________________ da mãe, propôs sua compra, no que foi
prontamente atendido pelo proprietário.
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64 Unidade 7
III – Analise a situação abaixo e reconheça os 3. O agricultor Jonas e sua família ocupam há mais
elementos que embaraçam e protegem a posse. de 20 anos uma pequena propriedade rural,
cujo dono mudou-se para os Estados Unidos e
Diante da ameaça de invasão de sua fazenda, nunca mais retornou. Jonas realizou melhorias
por militantes acampados em suas proximidades no imóvel, cultiva as terras e paga anualmente
e que várias vezes derrubaram cercas, destruíram os devidos impostos. Recentemente, Jonas
plantações e mataram cabeças de gado, o Sr. João solicitou a escritura do imóvel no cartório da
Carlos solicitou proteção policial, sendo atendido cidade próxima.
por meio de uma viatura que comparece ao local
duas vezes ao dia. ______________________________________
___________________________________________ ______________________________________
I – 1. Direito das coisas: parte do Código Civil que trata De acordo com o Código Civil, pelo seu art. 1.277:
dos bens que podem ser objeto de apropriação
pelo homem. O proprietário ou o possuidor de um prédio
2. Posse: efetivo exercício dos poderes de usar, tem o direito de fazer cessar as interferências
gozar e dispor da coisa, por aquele que não é o prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde
proprietário.
3. Propriedade: o direito legal de usar, gozar e dispor
dos que o habitam, provocadas pela utilização de
da coisa de sua propriedade. propriedade vizinha.
II – 1. Posse injusta. E é complementado pelo art. 1.280, que diz:
2. Posse indireta.
3. Posse direta. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir
4. Posse justa. do dono do prédio vizinho a demolição, ou a
5. Posse de má-fé. reparação deste, quando ameace ruína, bem
6. Posse precária.
como que lhe preste caução pelo dano iminente.
7. Posse de boa-fé.
serviços de utilidade pública, em proveito de É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço
proprietários vizinhos, quando de outro modo for ou varanda, a menos de metro e meio do terreno
impossível ou excessivamente onerosa. vizinho.
Não é lícito encostar à parede divisória chaminés,
DAS ÁGUAS fogões, fornos ou quaisquer aparelhos ou
depósitos suscetíveis de produzir infiltrações ou
Este tema é norteado pelos arts. 1.288 e 1.290. interferências prejudiciais ao vizinho.
São proibidas construções capazes de poluir, ou
O dono ou o possuidor do prédio inferior é
inutilizar, para uso ordinário, a água do poço, ou
obrigado a receber as águas que correm
nascente alheia, a elas preexistentes.
naturalmente do superior, não podendo realizar
obras que embaracem o seu fluxo; porém a Não é permitida a execução de qualquer obra ou
condição natural e anterior do prédio inferior não serviço suscetível de provocar desmoronamento
pode ser agravada por obras feitas pelo dono ou ou deslocação de terra, ou que comprometa a
possuidor do prédio superior. segurança do prédio vizinho, senão após haverem
sido feitas as obras acautelatórias.
O proprietário de nascente ou do solo onde caem
águas pluviais, satisfeitas as necessidades de seu
consumo, não pode impedir, ou desviar o curso DO CONDOMÍNIO GERAL
natural das águas remanescentes pelos prédios
inferiores. O vocábulo condomínio significa o domínio de
vários. Há condomínio quando a mesma coisa
pertence a mais de uma pessoa (física ou jurídica),
DOS LIMITES ENTRE PRÉDIOS E DO DIREITO cabendo a cada uma delas direito proporcional à
DE TAPAGEM sua parte ideal sobre o todo.
DO DIREITO DE CONSTRUIR
CONDOMÍNIO NECESSÁRIO
O Código Civil, por meio de vários arts. como
o 1.299, 1.300, 1.301, 1.308, 1.311, por Quando duas ou mais propriedades,
exemplo, norteia sobre este tema. obrigatoriamente, compartilham a necessidade
de cercas, muros ou valas, surge a figura jurídica
O proprietário pode levantar em seu terreno as do condomínio necessário. Nesse caso, as áreas
construções que lhe aprouver, salvo o direito dos limítrofes, se receberem instalações de paredes,
vizinhos e os regulamentos administrativos. cercas, muros, valas ou valados dão ao edificador
o direito da meação, isto é, cada proprietário
O proprietário construirá de maneira que o seu deverá contribuir com o valor correspondente a
prédio não despeje águas, diretamente, sobre o sua área compartilhada, investido na edificação
prédio vizinho. realizada.
Unidade 7 67
O usufrutuário deve assumir os gastos ordinários havendo recusa na outorga, o direito a requerer
relativos à conservação dos bens na condição em a adjudicação judicial do imóvel (arts. 1.417 e
que os recebeu, bem como os tributos devidos 1.418 do Código Civil).
pela posse ou rendimentos da coisa usufruída.
O usufruto será extinto por: DO PENHOR
• morte do usufrutuário;
O penhor é visto como o empenho, a entrega
• cessação da causa que o originou;
de coisa móvel ou imóvel a título de garantia de
• consolidação (quando a mesma pessoa passa obrigação assumida. O Código Civil institui que:
a ser o usufrutuário e o proprietário);
• culpa do usufrutuário; Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da
posse que, em garantia do débito ao credor ou a
• alienação;
quem o represente, faz o devedor, ou alguém por
• deterioração; ele, de uma coisa móvel, suscetível de alienação
• renúncia; (art. 1.431).
• falta de zelo com os bens;
O credor pignoratício tem direito:
• não uso ou não fruição dos bens;
• destruição da coisa; I – à posse da coisa empenhada;
• termo de sua duração; II – à retenção dela, até que o indenizem das
• usucapião, entre outros elencados no art. despesas devidamente justificadas, que tiver feito,
1.410 do Código Civil. não sendo ocasionadas por culpa sua;
III – ao ressarcimento do prejuízo que houver
DO USO sofrido por vício da coisa empenhada;
IV – a promover a execução judicial, ou a venda
É o direito que faculta ao indivíduo se servir de amigável, se lhe permitir expressamente o
certa coisa alheia apenas como uso, sem direito contrato, ou lhe autorizar o devedor mediante
à administração e aos frutos, salvo na medida das procuração;
necessidades, quer do titular, quer da sua família
(cônjuge, filhos solteiros e das pessoas de seu V – a apropriar-se dos frutos da coisa empenhada
serviço doméstico – art. 1.412 do Código Civil), que se encontra em seu poder;
podendo ser a título gratuito ou oneroso. VI – a promover a venda antecipada, mediante
prévia autorização judicial, sempre que haja receio
fundado de que a coisa empenhada se perca ou
DA HABITAÇÃO deteriore, devendo o preço ser depositado. O
dono da coisa empenhada pode impedir a venda
Direito temporário de habitar casa alheia
antecipada, substituindo-a, ou oferecendo outra
de forma gratuita. Ao titular desse direito é
garantia real idônea (art. 1.433).
expressamente proibido alugá-la, emprestá-la,
mas, simplesmente, ocupá-la com sua família. No caso de não ser satisfeito o crédito (pagamento
da dívida), o devedor perderá a posse e o domínio
do objeto.
DO DIREITO DO PROMITENTE COMPRADOR
O credor não poderá ser obrigado a devolver, sob
Esse direito real à compra do imóvel é adquirido nenhuma forma ou condição a coisa empenhada,
quando a promessa de compra e venda, na qual ou parte dela, antes de ser integralmente
não se pactuou arrependimento, é registrada no satisfeito o crédito.
Cartório de Registro de Imóveis. O promitente A custódia do bem empenhado fica sob
comprador, titular de direito real, possui o responsabilidade do credor pignoratício na
direito de exigir do promitente vendedor ou de qualidade de depositário, e nessa condição é
terceiros a outorga da escritura definitiva, ou, em obrigado a ressarcir o dono se houver perda ou
70 Unidade 7
deterioração do bem por sua culpa; é obrigado As partes podem prorrogar a hipoteca até perfazer
também à defesa da posse do bem empenhado, vinte anos a partir da data do contrato (art.
à comunicação ao dono dela, e à restituição do 1.498).
bem, se necessário, uma vez paga a dívida (art.
1.435 do Código Civil). A extinção da hipoteca se dá, de acordo com o
art. 1.499:
Com relação à extinção do penhor, o Código Civil
instrui: I – pela extinção da obrigação principal;
A hipoteca é o direito real recainte sobre O credor anticrético que administra os bens
um imóvel, um navio ou um avião, dados em anticrese e frui seus frutos deverá
que, embora não entregues ao credor, apresentar anualmente balanço, exato e fiel, de
o asseguram, preferentemente, do sua administração (art. 1.507).
cumprimento da obrigação.
O imóvel hipotecado pode ser dado em anticrese
Conforme o art. 1.473: e vice-versa. O adquirente dos bens dados em
anticrese poderá remi-los, antes do vencimento
São objetos de hipoteca: os imóveis e os da dívida, pagando a sua totalidade à data do
acessórios dos imóveis conjuntamente com eles; pedido de remição (art. 1.510).
o domínio direto; o domínio útil; as estradas de
ferro; os recursos naturais a que se refere o art.
1.230; os navios e as aeronaves. Resumo
O proprietário do imóvel hipotecado pode,
• O Código Civil traça algumas regras de limitação
mediante outro título, constituir nova hipoteca à propriedade individual.
sobre ele. Salvo no caso de insolvência (“falência”
da pessoa civil) do devedor, o credor da segunda –– Do uso anormal da propriedade: o direito do
hipoteca não poderá executar o imóvel antes de proprietário em fazer cessar as interferências
vencida a primeira (art. 1.476 e 1.477). prejudiciais ao seu imóvel pelo uso da
propriedade vizinha.
A orientação do Código Civil com relação ao –– Das árvores limítrofes: pertencem em comum
registro das hipotecas é estabelecida no art. aos donos dos prédios confinantes.
1.492: –– Da passagem forçada: o proprietário cujo
prédio não tenha acesso a vias públicas,
As hipotecas serão registradas no cartório onde nascentes ou portos, mediante pagamento de
os imóveis se situam, ou no de cada um deles, indenização cabal ao proprietário do prédio
se o título se referir a mais de um. vizinho adquire tal direito.
Unidade 7 71
III – 1. Servidões.
Confira suas respostas 2. Penhor.
3. Habitação.
4. Usufruto.
I – 1. Das águas.
5. Superfície.
2. Dos limites entre prédios e do direito de tapagem.
6. Uso.
3. Do uso anormal da propriedade.
7. Hipoteca.
4. Da passagem de cabos e tubulações.
8. Direito do promitente comprador.
5. Da passagem forçada.
9. Anticrese.
6. Do direito de construir.
7. Das árvores limítrofes.
Técnico em Transações Imobiliárias
do registro cancelado, ou mediante depósito em ou serviço como destinatário final, que utiliza o
dinheiro à sua disposição junto ao Registro de serviço em benefício próprio e que não revende o
Imóveis. produto para outrem, constitui-se em consumidor.
É proibido vender ou prometer vender parcela Por fornecedor entende-se toda pessoa física ou
do loteamento ou desmembramento não jurídica que desenvolve atividades de produção,
registrado. Verificado que o loteamento ou montagem, criação, construção, transformação,
desmembramento não se acha registrado, deverá importação, exportação, distribuição ou
o adquirente do lote notificar o loteador para comercialização de produtos ou prestação de
suprir a falta, suspendendo o pagamento das serviços.
prestações restantes, mas efetuando o depósito
das prestações devidas junto ao Registro de Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel,
Imóveis competente. Regularizado o loteamento material ou imaterial.
pelo loteador, este promoverá judicialmente
a autorização para levantar as prestações Compreende-se por serviço qualquer atividade
depositadas em cartório. fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária,
Será nula de pleno direito a cláusula de rescisão financeira, de crédito e securitária, salvo as
de contrato por inadimplemento do adquirente, decorrentes das relações de caráter trabalhista.
quando o loteamento não estiver regularmente
inscrito. O Código do Consumidor estabelece normas com
vistas à proteção e à defesa do consumidor.
Constitui crime contra a Administração Pública dar
início, de qualquer modo, ou efetuar loteamento
ou desmembramento do solo para fins urbanos,
sem autorização do órgão público competente, DA RESPONSABILIDADE PELO FATO DO
ou em desacordo com as disposições desta PRODUTO E DO SERVIÇO
lei. Da mesma forma, constitui crime fazer, ou
veicular em proposta, contrato, prospecto ou O fabricante, o produtor, o construtor, nacional
comunicação ao público ou a interessados, ou estrangeiro, e o importador respondem,
afirmação falsa sobre a legalidade de loteamento independentemente da existência de culpa, pela
ou de desmembramento do solo para fins reparação dos danos causados aos consumidores
urbanos, ou ocultar fraudulentamente fato a ele por defeitos decorrentes de projeto, fabricação,
relativo. Em ambos os casos a pena é de reclusão, construção, montagem, fórmulas, manipulação,
de (um) a 4 (quatro) anos, e multa. apresentação ou acondicionamento de seus
produtos, bem como por informações insuficientes
Aquele que registrar loteamento ou ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
desmembramento não aprovado pelos órgãos
competentes, registrar o compromisso de compra Considera-se produto defeituoso quando não
e venda, a cessão ou promessa de cessão de oferece a segurança que dele legitimamente
direitos, ou efetuar registro de contrato de venda se espera e não pelo fato de outro de melhor
de loteamento ou de desmembramento não qualidade ter sido colocado no mercado.
registrado, será apenado com detenção de 1 (um) O fornecedor de serviços responde, independen-
a 2 (dois) anos, e multa. temente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços,
LEI NO 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990: bem como por informações insuficientes ou
DISPÕE SOBRE A PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR inadequadas sobre sua fruição e riscos.
E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS
O fornecedor de serviços só não será
Define-se como consumidor toda pessoa que responsabilizado quando provar que, tendo
adquire ou utiliza produto ou serviço para uso prestado o serviço, o defeito inexiste ou que o
próprio ou de sua família. Portanto, a pessoa defeito decorre de culpa exclusiva do consumidor
física ou jurídica, que adquire ou utiliza produto ou de terceiro.
Unidade 8 81
arrependimento previsto neste artigo, os valores Nos contratos de compra e venda de móveis ou
eventualmente pagos, a qualquer título, durante o imóveis mediante pagamento em prestações,
prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, bem como nas alienações fiduciárias em garantia,
monetariamente atualizados. consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas
que estabeleçam a perda total das prestações
A garantia contratual é complementar à legal e pagas em benefício do credor que, em razão do
será conferida mediante termo escrito. inadimplemento, pleitear a resolução do contrato
e a retomada do produto alienado.
DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS
DOS CONTRATOS DE ADESÃO
São nulas de pleno direito, entre outras, as
cláusulas contratuais relativas ao fornecimento Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas
de produtos e serviços que: tenham sido aprovadas pela autoridade
• impossibilitem, exonerem ou atenuem a competente ou estabelecidas unilateralmente
responsabilidade do fornecedor por vícios de pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem
qualquer natureza dos produtos e serviços; que o consumidor possa discutir ou modificar
• subtraiam ao consumidor a opção de substancialmente seu conteúdo.
reembolso da quantia já paga, nos casos As cláusulas que implicarem limitação de direito do
previstos neste código; consumidor deverão ser redigidas com destaque,
• transfiram responsabilidades a terceiros; permitindo sua imediata e fácil compreensão.
• estabeleçam obrigações consideradas
iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor LEI NO 8.245 – DE 18 DE OUTUBRO DE 1991:
em desvantagem exagerada, ou sejam DISPÕE SOBRE AS LOCAÇÕES DOS IMÓVEIS
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; URBANOS E OS PROCEDIMENTOS A ELAS
• estabeleçam inversão do ônus da prova em PERTINENTES
prejuízo do consumidor;
LEI NO 12.112, DE 9 DE DEZEMBRO DE 2009:
• determinem a utilização compulsória de ALTERA A LEI NO 8.245, DE 18 DE OUTUBRO
arbitragem; DE 1991, PARA APERFEIÇOAR AS REGRAS E
• deixem ao fornecedor a opção de concluir PROCEDIMENTOS SOBRE LOCAÇÃO DE IMÓVEL
ou não o contrato, embora obrigando o URBANO
consumidor;
• autorizem o fornecedor a cancelar o contrato DA LOCAÇÃO EM GERAL
unilateralmente, sem que igual direito seja
conferido ao consumidor; A locação de imóvel urbano regula-se pelo
• possibilitem a renúncia do direito de disposto nesta lei. A locação pode ser residencial
indenização por benfeitorias necessárias. e não residencial. São reguladas pelo Código Civil
ou leis especiais os imóveis públicos, as garagens
A nulidade de uma cláusula contratual abusiva autônomas, os espaços destinados à publicidade,
não invalida o contrato, exceto quando de sua os apart-hotéis, hotéis.
ausência, apesar dos esforços de integração,
As partes podem ajustar um contrato de locação
decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.
por qualquer prazo, dependendo de autorização
As multas de mora decorrentes do inadimplemento conjugal, se igual ou superior a dez anos. Ausente
de obrigações no seu termo não poderão ser a vênia conjugal, o cônjuge não estará obrigado
superiores a dois por cento do valor da prestação. a observar o prazo excedente.
Durante o prazo estipulado para a duração do
É assegurada ao consumidor a liquidação
contrato, não poderá o locador reaver o imóvel
antecipada do débito, total ou parcialmente, alugado, mas o locatário poderá devolvê-lo,
mediante redução proporcional dos juros e demais pagando a multa pactuada ou judicialmente
acréscimos. estipulada.
84 Unidade 8
ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três prorrogada a locação nas condições ajustadas,
anos. mas sem prazo determinado.
Ação renovatória é a modalidade da ação O contrato de locação por prazo indeterminado
destinada a fazer valer o direito de renovação pode ser denunciado por escrito, pelo locador,
do contrato locatício, e deve ser proposta no concedidos ao locatário trinta dias para a
interregno de um ano, no máximo, até seis meses, desocupação.
no mínimo, anteriores à data da finalização do
prazo do contrato em vigor.
O locador não estará obrigado a renovar o contrato LEI NO 6.015, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1973:
se: DISPÕE SOBRE OS REGISTROS PÚBLICOS, E
DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS
• por determinação do poder público, tiver que
realizar no imóvel obras que importarem na
sua radical transformação;
DAS ATRIBUIÇÕES
• o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio
ou para transferência de fundo de comércio Os registros públicos objetivam conferir
existente há mais de um ano, sendo detentor autenticidade, segurança, publicidade e eficácia
da maioria do capital o locador, seu cônjuge, aos atos jurídicos. Seguem as modalidades de
ascendente ou descendente. Nesse caso, o registro público.
imóvel não poderá ser destinado ao uso do
mesmo ramo do locatário, salvo se a locação • Registro civil de pessoas naturais.
também envolvia o fundo de comércio, com • Registro civil de pessoas jurídicas.
as instalações e pertences. • Registro de títulos e documentos.
Nas locações de imóveis utilizados por hospitais, • Registro de imóveis.
unidades sanitárias oficiais, asilos, bem como
Com esse intuito, existem os cartórios de
de estabelecimento de saúde e de ensino
registro:
autorizados, o contrato somente poderá ser
rescindido nos casos de mútuo acordo; em • de nascimentos, casamentos e óbitos, a
decorrência da prática de infração legal ou quem cabe registrar os atos relacionados às
contratual; em decorrência da falta de pagamento pessoas naturais;
do aluguel e demais encargos; para a realização
• de registro de títulos e documentos, a quem
de reparações urgentes determinadas pelo poder
cabe registrar os atos relacionados às pessoas
público; se o proprietário pedir o imóvel para
jurídicas e ao registro de títulos e documentos;
demolição, edificação, licenciada ou reforma
que venha a resultar em aumento mínimo de • de registro de imóveis, a quem cabe registrar
cinquenta por cento da área útil. os atos relacionados aos imóveis.
Quando o locatário for pessoa jurídica e o imóvel O serviço cartorial começará e terminará às
se destinar ao uso de seus titulares, diretores, mesmas horas em todos os dias úteis, mas o de
sócios, gerentes, executivos ou empregados registro civil de pessoas naturais funcionará todos
considerar-se-á a locação como sendo não os dias sem exceção. É nulo o registro lavrado fora
residencial, de forma que as disposições que das horas regulamentares ou em dias em que não
serão aplicadas são da locação comercial. houver expediente, sendo civil e criminalmente
responsável o oficial que der causa à nulidade.
Nos demais casos de locação não residencial,
o contrato por prazo determinado cessa, Os oficiais do registro terão direito, a título de
de pleno direito, findo o prazo estipulado, remuneração, aos emolumentos fixados nos
independentemente de notificação ou aviso. Regimentos de Custas, os quais serão pagos,
Findo o prazo estipulado, se o locatário pelo interessado que os requerer, no ato de
permanecer no imóvel por mais de trinta dias requerimento ou no da apresentação do título.
sem oposição do locador, presumir-se-á a
Os oficiais são civilmente responsáveis por
Unidade 8 87
todos os prejuízos que, pessoalmente, ou pias, morais, científicas ou literárias, bem como
pelos prepostos ou substitutos que indicarem, o das fundações e das associações de utilidade
causarem, por culpa ou dolo, aos interessados pública, as sociedades civis que revestirem as
no registro. formas estabelecidas nas leis comerciais, salvo as
anônimas, e os atos constitutivos e os estatutos
dos partidos políticos.
DA PUBLICIDADE
A existência legal das pessoas jurídicas só começa
com o registro de seus atos constitutivos.
Os oficiais e os encarregados das repartições em
que se façam os registros são obrigados a lavrar
certidão do que lhes for requerido e a fornecer às DO REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS
partes as informações solicitadas.
Qualquer pessoa pode requerer certidão do No registro de títulos e documentos será feita
registro sem informar ao oficial ou ao funcionário a transcrição dos instrumentos particulares,
o motivo ou interesse do pedido. No caso de para a prova das obrigações convencionais de
recusa ou retardamento na expedição da certidão, qualquer valor ou, facultativamente, de quaisquer
o interessado poderá reclamar à autoridade documentos, para sua conservação.
competente, que aplicará, se for o caso, a pena Para surtir efeitos em relação a terceiros,
disciplinar cabível. estão sujeitos a registro no registro de títulos
e documentos, entre outros, os contratos de
locação de prédios, os contratos de compra e
DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS
venda em prestações, com reserva de domínio
ou não, os de alienação ou de promessas de
Serão registrados no registro civil de pessoas
venda referentes a bens móveis e os de alienação
naturais os nascimentos, os casamentos, os
fiduciária, as quitações, recibos e contratos de
óbitos, as emancipações, as interdições, as
compra e venda de automóveis, bem como o
sentenças declaratórias de ausência, as opções
penhor destes, os instrumentos de cessão de
de nacionalidade e as sentenças que deferirem
direitos e de créditos, de sub-rogação e de dação
a legitimação adotiva.
em pagamento.
Serão averbados, à margem do registro, as O registro integral dos documentos consistirá
sentenças que decidirem a nulidade ou anulação na trasladação destes, com a mesma ortografia
do casamento, a separação, divórcio ou o e pontuação, com referência às entrelinhas
restabelecimento da sociedade conjugal, os atos ou quaisquer acréscimos, alterações, defeitos
judiciais ou extrajudiciais de reconhecimento de ou vícios que tiver o original apresentado, e,
filhos, as escrituras de adoção e os atos que a bem assim, com menção precisa aos seus
dissolverem, e as alterações ou abreviaturas de característicos exteriores e às formalidades
nomes. legais.
Não serão cobrados emolumentos pelo registro O oficial deverá recusar registro a título e a
civil de nascimento e pelo assento de óbito, documento que não se revistam das formalidades
bem como pela primeira certidão respectiva. legais.
Os reconhecidamente pobres estão isentos
de pagamento de emolumentos pelas demais O oficial, salvo quando agir de má-fé, devidamente
certidões extraídas pelo cartório de registro civil. comprovada, não será responsável pelo danos
decorrentes da anulação do registro, ou da
averbação, por vício intrínseco ou extrínseco do
DO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS JURÍDICAS documento, título ou papel, mas, tão somente,
pelos erros ou vícios no processo de registro.
No registro civil de pessoas jurídicas serão inscritos
os contratos, os atos constitutivos, os estatutos O oficial será obrigado, quando o apresentante o
ou compromissos das sociedades civis, religiosas, requerer, a notificar do registro ou da averbação
os demais interessados que figurarem no título,
88 Unidade 8
venda em leilão público da quota do terreno adquirente, quando o loteamento não estiver
caso não seja purgada a mora, no prazo de regularmente inscrito.
dez dias; crime contra a economia popular, –– Crime contra a Administração pública o
punível com pena de recursão de um a quatro loteamento ou desmembramento do solo
anos, e multa, a promoção de incorporações para fins urbanos, sem autorização do órgão
sob afirmações falsas. público competente, ou em desacordo com as
• A Lei no 6.766/1979 dispõe sobre o parcelamento disposições desta lei (no 6.766/1979), punido
do solo urbano e dá outras providências. com detenção de 1 a 2 anos, e multa.
–– Parcelamento pode ser realizado mediante • Código de Defesa do Consumidor.
loteamento – terreno servido de infraestrutura
básica cujas dimensões atendam aos índices –– Consumidor: toda pessoa física ou jurídica
urbanísticos, conforme plano diretor ou que adquire ou utiliza produto ou serviço para
lei municipal – lote; desmembramento – uso próprio ou da família.
subdivisão de glebas em lotes destinados à –– Fornecedor: toda pessoa física ou jurídica
edificação, com aproveitamento do sistema que desenvolve atividades de produção,
viário existente, sem modificações da montagem, criação, construção,
infraestrutura existente. transformação, importação, exportação,
–– A Lei Municipal definirá os prazos para que distribuição ou comercialização de produtos
um projeto de parcelamento apresentado seja ou prestação de serviços.
aprovado ou rejeitado e para que as obras –– Produto: qualquer bem, móvel ou imóvel,
executadas sejam aceitas ou recusadas. material ou imaterial.
–– Aprovado o projeto de parcelamento, deve ser –– Serviço: qualquer atividade fornecida no
registrado no Cartório de Registro de Imóveis, mercado de consumo, inclusive as de natureza
no prazo de 180 dias sob pena de caducidade bancária, financeira, de crédito e securitária,
da aprovação. salvo as decorrentes das relações de caráter
–– Irretratáveis são os compromissos de compra trabalhista.
e venda, cessões e promessas de cessão, –– Fornecedor, independentemente da existência
os que atribuem direito a adjudicação de culpa, responde pela reparação dos
compulsória e, estando registrados, confiram danos causados aos consumidores por seus
direito real oponível a terceiros. produtos ou serviços.
–– Possibilidade de transferência do contrato –– Fornecedor de serviços só não será responsa-
particular por simples trespasse ou por bilizado quando provar que, executado o
instrumento em separado. serviço, o defeito inexiste ou decorre de culpa
–– O não pagamento de prestação leva à rescisão exclusiva do consumidor ou de terceiro.
do contrato, após 30 dias de constituído em –– Fornecedor, de produtos ou de serviços,
mora o devedor. Purgada a mora, convalescerá responde por vícios dos produtos ou
o contrato. desserviços pelos vícios de qualidade ou de
quantidade que os tornem impróprios ou
–– A inadimplência permanecendo, de posse
inadequados ao consumo.
da certidão do não pagamento em cartório,
o vendedor requererá ao oficial do registro o –– Consumidor pode exigir a substituição do
cancelamento da averbação. produto caso o vício não seja sanado no
prazo máximo de 30 dias ou à reexecução dos
–– Proibida a venda ou a promessa de venda
serviços, sem custo adicional, ou restituição
do loteamento ou desmembramento não
da quantia paga, atualizada ou abatimento
registrado.
proporcional do preço.
–– Verificada a irregularidade, o adquirente, após –– A decadência da prescrição ocorre em 30 dias,
notificar o loteador para suprir a falta, deverá para fornecimento de serviços e de produtos
suspender o pagamento das prestações não duráveis; em 90 dias, quando duráveis.
restantes, depositando-as no Cartório
–– As práticas comerciais referem-se à oferta
de Registro de Imóveis competente, que
de produtos e serviços, assegurando
autorizará judicialmente o levantamento das
informações claras, precisas e ostensivas em
prestações, após regularizado o loteamento.
língua portuguesa, sobre suas características
–– Nula de pleno direito será a cláusula de e demais informações obrigatórias e à
rescisão de contrato por inadimplemento do publicidade, veiculada de forma fácil e
90 Unidade 8
–– Locação de imóvel urbano pode ser residencial –– Imóveis utilizados por hospitais, unidades
e não residencial. sanitárias oficiais, asilos, bem como
estabelecimentos de saúde e de ensino
–– A locação pode se dar por qualquer prazo, autorizados: rescisão de contrato somente
dependendo de autorização conjugal, se igual por: mútuo acordo; infração legal, falta de
ou superior a dez anos. pagamento, reparos determinados pelo poder
–– O locador não poderá reaver o imóvel alugado, público, demolição, edificação ou reforma.
durante o prazo acordado; o locatário poderá
devolvê-lo, pagando a multa pactuada. • Lei no 6.015/1973: dispõe sobre os registros
públicos, e dá outras providências.
–– Despejo: ação do lacador para reaver o imóvel,
em situações como falta de pagamento do –– Das atribuições: conferir autenticidade,
aluguel e de demais encargos. segurança, publicidade e eficácia aos atos
–– Imóvel alienado durante locação: adquirente jurídicos.
poderá denunciar o contrato, com prazo –– Modalidades de registro público:
de noventa dias para a desocupação, salvo
contrato por tempo determinado e existência a. registro civil de pessoas naturais;
de cláusula de vigência averbada junto à b. registro civil de pessoas jurídicas;
matrícula do imóvel. c. registro de títulos e documentos;
–– Idêntico direito terá o promissário comprador d. registro de imóveis.
que poderá concordar com a manutenção da
locação. –– Existem cartórios de registro:
–– A locação também poderá ser desfeita por a.
de nascimento, casamento e óbitos
mútuo acordo. (pessoas naturais);
Unidade 8 91
III – Responda: Qual a importância, para o TTI, do III – Sua resposta é pessoal, baseada em sua experiência;
conhecimento das normas jurídicas tratadas entretanto, alguns aspectos não devem ser
neste estudo? desconsiderados, como, por exemplo: a atuação do TTI
deve estar amparada pela legislação em vigor no país,
___________________________________________ sob o risco de prática de atos ilegais, puníveis com
detenção e multas; por isso, conhecer e compreender
___________________________________________ as principais normas jurídicas relacionadas às
___________________________________________ transações imobiliárias torna-se essencial para o
profissional da área.
___________________________________________
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