DEFICIÊNCIA E ESCOLARIZAÇÃO - Novas Perspectivas de Análise
DEFICIÊNCIA E ESCOLARIZAÇÃO - Novas Perspectivas de Análise
DEFICIÊNCIA E ESCOLARIZAÇÃO - Novas Perspectivas de Análise
organizadores:
José Geraldo Silveira Bueno
Geovana Mendonça Lunardi Mendes
Roseli Albino dos Santos
junqueira&marin
editores
..................................................................................
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE
LIVROS, RJ
D358
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-86305-54-2
13.03.08
13.03.08 005714
..................................................................................
DIREITOS RESERVADOS
..................................................................................
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
..................................................................................
SUMÁRIO
PREFÁCIO
Cláudia Pereira Dutra – SEESP/MEC/Brasil ............... 7
APRESENTAÇÃO
José Geraldo Silveira Bueno – PUC/SP .................... 17
Capítulo 1
Políticas atuais de inclusão escolar:
reflexão a partir de um recorte conceitual
Maria Helena Souza Patto ......................................... 25
Capítulo 2
As políticas de inclusão escolar:
uma prerrogativa da educação especial?
José Geraldo Silveira Bueno ...................................... 43
PARTE 2 – ESCOLA, DOCÊNCIA E DEFICIÊNCIA
Capítulo 3
Desenhando a cultura escolar:
ensinoaprendizagem e deficiência mental
nas salas de recursos e nas salas comuns
Fabiany de Cássia Tavares Silva ............................... 67
Capítulo 4
Nas trilhas da exclusão: as práticas curriculares
de sala de aula como objeto de estudo
Geovana Mendonça Lunardi Mendes ...................... 109
Capítulo 5
Práticas de professores do ensino regular com
alunos surdos inseridos: entre a democratização
do acesso e permanência qualificada e a reiteração
da incapacidade de aprender
Mércia Aparecida da Cunha Oliveira ....................... 163
Capítulo 6
Práticas de ambigüidades estruturais e a reiteração
do modelo médico-psicológico: a formação de
professores de educação especial na UFSC
Maria Helena Michels .............................................. 205
Capítulo 7
Escolarização e deficiência:
a escolha da escola
Adarzilse Mazzuco Dallabrida .................................. 251
Capítulo 8
Inclusão de crianças deficientes mentais
no ensino regular: limites e possibilidades
de participação em sala de aula
Benigna Alves Siqueira ............................................ 301
Capítulo 9
A trajetória de escolarização e acesso
à profissão docente de professores deficientes
no ensino público de São Paulo
Edson Alves Viana ................................................... 349
Capítulo 10
Processos de escolarização e deficiência:
trajetórias escolares singulares de ex-alunos
de classe especial para deficientes mentais
Roseli Albino dos Santos ......................................... 415
AS POLÍTICAS DE
INCLUSÃO ESCOLAR
POLÍTICAS ATUAIS DE INCLUSÃO
ESCOLAR1: REFLEXÃO A PARTIR
DE UM RECORTE CONCEITUAL
O conceito de exclusão
O ABRIGO NOTURNO
Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas
ESCOLA, DOCÊNCIA E
DEFICIÊNCIA
DESENHANDO A
CULTURA ESCOLAR:
ENSINOAPRENDIZAGEM10 E
DEFICIÊNCIA MENTAL NAS
SALAS DE RECURSOS E NAS
SALAS COMUNS
Referências Bibliográficas
3. Forme pensamentos:
Foguete
Coleguinha
Açougue
Referências Bibliográficas
Introdução
Referências Bibliográficas
Introdução
Considerações finais
Referências Bibliográficas
PROCESSOS DE
ESCOLARIZAÇÃO DE ALUNOS
COM DEFICIÊNCIA
ESCOLARIZAÇÃO E DEFICIÊNCIA:
A ESCOLHA DA ESCOLA
As oportunidades de desenvolvimento da
autonomia e da individualidade, que fazem parte do
processo de humanização, são oferecidas de forma desigual
através de diversas maneiras de escolarização. Com os
deficientes, a “marca negativa” parece suplantada nos
estratos superiores da sociedade de classes, pelo fato de
terem maior acesso à educação de qualidade e,
conseqüentemente, à integração social.
Os estudos sobre família com filhos deficientes
têm enfocado mais as percepções ou representações sobre
a deficiência e as práticas no processo de escolarização. A
discussão atual diz respeito ao processo de exclusão/
inclusão por que passam os considerados “Portadores de
Necessidades Educativas Especiais”37 na rede regular de
ensino.
Barroso (2003, p. 27) afirma que são múltiplas
as formas de exclusão fabricadas pela escola e aponta
quatro modalidades: a escola exclui porque não deixa
Examinando-se as características de
composição dessas famílias é possível afirmar que se trata
de famílias nucleares, com forte divisão do papel dos
genitores, a mãe responsável pela vida privada da família,
Referências Bibliográficas
Os sujeitos selecionados
Quadro I
Alunos de inclusão selecionados para a pesquisa
Os procedimentos de pesquisa
Considerações finais
PROFESSORA DALVA
A entrevista com a professora Dalva (deficiente
auditiva) foi realizada durante o mês de setembro de
53
PROFESSOR VÍTOR
As entrevistas com o professor Vítor (deficiente
visual), professor de educação básica (PEB II) na disciplina
História, em escola pública estadual, foram realizadas
durante o mês de outubro de 2005.
O professor me recebeu em sua casa, sempre
aos finais de semana à tarde, para a realização das mesmas,
contando com a presença dos pais que apenas as
assistiram, não intervindo em nenhum momento.
O professor tem 45 anos de idade, é solteiro,
nasceu no estado da Bahia, no município de Campo
PROFESSORA FLÁVIA
A entrevista da professora Flávia (deficiente
física), Professora de Desenvolvimento Infantil (PDI) e de
Educação Básica I (PEBI), foi realizada durante o mês de
janeiro de 2006.
A professora, cuja deficiência física restringe-
se ao fato de não possuir a mão direita, por causa congênita,
tem 21 anos de idade, é solteira, e nasceu em São Paulo,
capital, no Bairro do Capão Redondo. Seu pai é metalúrgico,
atualmente aposentado, com 51 anos de idade e sua mãe
com 56 anos de idade é professora da rede pública. Ambos
Ambiência/Origem familiar
PROFESSORA DALVA
A situação familiar da professora, deduzida
pelos relatos, a coloca como pertencente à classe média
alta, com pai contador, cuja carreira o guindou ao posto de
diretor de empresa, o que lhe permitiu oferecer condições
favoráveis à escolarização da professora, pois, desde o
início da sua escolarização, contou com apoio pedagógico,
clínico e de acesso a bens culturais, como vemos nos relatos
abaixo.
PROFESSOR VÍTOR
A situação familiar do professor, deduzida dos
relatos, coloca-o como pertencente à classe média. O pai é
trabalhador da construção civil; a mãe é doméstica, com
cinco filhos, sendo o professor o mais novo deles. Assim
que foi constatada a sua deficiência, em idade escolar, além
do diagnóstico obtido, os pais foram alertados para o
processo de escolarização do filho, e logo tomaram alguma
atitude no sentido de solucionar o problema ou, ao menos,
amenizá-lo. Embora tivessem pouco capital cultural,
econômico e social, contaram com informação e orientação
médica para que fossem atrás de atendimento escolar para
o filho, como vemos nos relatos abaixo.
PROFESSORA FLÁVIA
A situação familiar da professora, deduzida dos
relatos, a coloca como pertencente à classe média. Embora
com problemas familiares com os demais parentes, seus
pais, após o nascimento da professora se mobilizam para
oferecer melhores condições de vida e atendimento clínico
para filha como vemos nos relatos a seguir.
PROFESSORA DALVA
Em meio, ao preconceito de parte da sociedade
que ainda não sabe conviver com as diferenças, e a
existência da “cultura” de segregação, mais forte ainda
nessa fase da vida da professora, a figura de uma amiga
ouvinte ou não, que ajuda nos problemas do dia a dia, quer
durante a infância quer na idade escolar básica e em todas
as etapas acadêmicas, até na profissional está sempre
presente, como percebemos nos relatos.
PROFESSOR VÍTOR
Para o professor, que, na época, estava
internado no instituto, as relações sociais mostram-se
PROFESSORA FLÁVIA
A família, seguida da escola, se constituiu como
o primeiro universo de relações sociais para a professora
e de modo geral, existiu uma mobilização de todos da
família, na diminuição das limitações, conseqüência de ter
a professora uma deficiência, mas à medida que se
ampliam seus contatos sociais, a professora se depara com
as atitudes da sociedade que, em relação às pessoas com
deficiência, geralmente, não são positivas, quando as
marcas de deficiência são evidentes, e ainda mais
marcantes quando presentes em uma mulher, que apesar
de bonita, é vista como “aleijada” como vemos no
depoimento abaixo:
Processos de escolarização
PROFESSORA DALVA
Apesar de todo o investimento realizado pela
família, mesmo no âmbito da educação especial, a
professora enfrentava o descrédito quanto às suas reais
condições para se escolarizar, fato que se tornou mais
evidente nas etapas seguintes de escolarização, conforme
relatos abaixo.
PROFESSOR VÍTOR
Um significado percebido e atribuído à
instituição assistencial de caráter escolar por parte da
família do professor e do próprio professor foi a de ser um
espaço caracterizado como “refúgio” para a assistência e
escolarização inicial do professor. O Instituto Padre Chico,
mesmo podendo ser considerado como um espaço de
segregação para a pessoa deficiente, foi importante por
manter o professor em condições de seguir seus estudos:
PROFESSORA FLÁVIA
A professora Flávia, embora não tenha passado
pela educação especial, tem na pessoa da mãe a preparação
e auxílio para a superação da marca da deficiência, no seu
início de escolarização, por ser a mãe professora.
Opção/Acesso à docência
PROFESSORA DALVA
A inserção da professora no mundo do trabalho
se deu de forma desinteressada a título de experiência por
influência da amiga antes mesmo de completar seus
estudos:
PROFESSOR VÍTOR
No depoimento abaixo constatamos as
dificuldades do professor para acesso à profissão docente
de deficientes, mesmo existindo uma legislação específica
para acesso em carreira pública pela reserva de vagas.
Mesmo na instrumentação de avaliação, há um
desconhecimento por parte do poder público, das
necessidades específicas de cada deficiência. E muitos
assumem a condição de deficientes para obtenção do
ingresso, sem se importar com o estigma presente nessa
condição quando se trata de se obter benesses do Estado.
PROFESSORA FLÁVIA
A professora Flávia decide ser professora por
influência da mãe e por fatores subjetivos como relatado
abaixo:
Ambiente familiar
Escolarização
Convívio social
Considerações finais
Referências Bibliográficas
a
Séries cursadas no Não freqüentou 1 série Não 1a e 2a séries
ensino fundamental freqüentou
a a
antes do 1 e 2 séries
encaminhamento
para classe especial
2
Docente do Instituto de Psicologia da Universidade de São
Paulo.
3
Sobre o discurso ideológico como discurso lacunar, veja Chaui.
M. de S. Cultura e Democracia. O discurso competente e outras
falas. São Paulo: Moderna, 1981, especialmente o ensaio Crítica
e Ideologia, p. 15-38.
4
Segundo o autor, elas não se diferenciam qualitativamente,
pois a parcela desnecessária pressiona no sentido de fazer com
que a necessária tenha também reduzido ou nulo poder de
barganha no mercado de trabalho e seja também instavelmente
incorporada no processo produtivo global e fracamente
remunerada.
5
Veja, por exemplo, os volumes reunidos por Paulo Eduardo
Arantes e Iná Camargo Costa (coords.) na Coleção Zero à
Esquerda. Petrópolis: Vozes/Fundação Perseu Abramo, 1998.
6
O texto original em espanhol é o seguinte: las escuelas
ordinarias con esta orientación integradora representan el
media más eficaz para combatir las actitudes discriminatorias,
(Conferencia Mundial sobre Necesidades Educativas
Especiales, 1994, p. ix)
7
A indicação da data diz respeito à coleta de informações na
página do órgão, mas não de sua inserção, pois esta informação
não faz parte da sistemática de qualquer informação colhida
via Internet.
8
Na redação original em espanhol: (..) apelamos (…) a los
9
Redação original em español: garantizar que, en un contexto
de cambio sistemático, los programas de formación del
profesorado, tanto inicial como continua, estén orientados a
atender las necesidades educativas especiales en las escuelas
integradoras. (Conferencia Mundial sobre Necesidades
Educativas Especiales , 1994, p. x).
10
A junção desses termos significa uma tentativa de superação
da dicotomia.
11
Nos limites deste texto, estou trabalhando apenas com um
extrato de minha Tese de Doutoramento, intitulada “As
relações entre ensino, aprendizagem e deficiência mental,
desenhando a cultura escolar” (2003).
12
Para este estudo, adoto a terminologia, alunos com indicadores
de necessidades especiais, pois no caso específico das redes de
ensino investigadas, esses alunos não são identificados como
deficientes mentais, mesmo depois da avaliação
psicopedagógica, realizada por psicólogo e pedagogo. Essa
avaliação é concluída apenas com a indicação do serviço a ser-
lhes oferecido. Entretanto, são as escolas, mais precisamente,
os professores, aqueles que formulam os indicadores da
deficiência mental desses alunos, o que por si só já configura
uma idéia da dificuldade ou incapacidade.
13
Os nomes das escolas, bem como dos alunos são fictícios.
14
A ideologização do currículo é entendida, nesta pesquisa, por
meio da intervenção do Estado com a publicação do documento
intitulado “Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações
Curriculares” para o universo da escola inclusiva. Já a
biologicidade do currículo se dá na consideração da deficiência
15
Espécie de lousa em fibra de carbono, que utiliza caneta
esferográfica no lugar de giz.
16
Foi conservada a grafia original.
17
Tese de doutorado apresentada no Programa: Educação:
História, Política, Sociedade, da PUC/SPsob a orientação da
Professora Dra. Alda Junqueira Marin, em julho de 2005.
18
Sobre a ambigüidade na educação ver PEREIRA, G. R. de M.
Servidão ambígua: valores e condição do magistério. São Paulo:
Escrituras, 2001. (Coleção Ensaios Transversais).
19
Segundo consta do Informativo: Atos do Conselho Estadual de
Educação de Santa Catarina (Santa Catarina, 1996, p. 700), o
Programa Magister “[...] é exclusivo para professores da Rede
Pública Municipal e Estadual num percentual de 30% e 70%,
respectivamente”.
20
Também foi oferecida a habilitação como Curso de
Complementação que se destinou a formar professores já
graduados, que atuavam na Educação Especial, mas sem a
habilitação específica. Este, porém, não será foco desta análise.
21
Além do EED e do MEN, mais quatro departamentos ministram
aulas no curso de Pedagogia (regular): o Departamento de
Psicologia (com a disciplina Psicologia da Educação I); o
Departamento de Sociologia (com a disciplina Sociologia Geral
– A); o Departamento de História (com a disciplina História da
Educação I); e o Departamento de Letras (com a disciplina
Literatura infanto-juvenil). Para efeito dessa análise, resolvi
analisar os dados referentes somente aos professores do EED e
do MEN.
22
Sobre quatro professores não há registro de formação. Também
é importante salientar que houve casos em que o mesmo
23
Não houve nenhum professor efetivo da UFSC que tenha
ministrado aulas nas disciplinas da habilitação específica de
educação especial, do Programa Magister.
24
Dados obtidos no ETUFSC, pelo site www.ufsc.br, em 24 de
setembro de 2003. Além desse espaço, situado no bairro
Trindade da cidade de Florianópolis, fazem parte da UFSC o
espaço destinado ao curso de Agronomia (situado no bairro
do Itacorubi); a Ilha de Anhatomirim, com 45 mil metros, onde
se localiza a Fortaleza de Santa Cruz (local destinado aos estudos
da aqüicultura e de mamíferos aquáticos); Fortaleza de Santo
Antônio e de São José da Ponta Grossa. Nas três fortalezas estão
sendo desenvolvidos trabalhos de Turismo Educativo.
25
A FCEE apresenta, hoje, uma outra organização. Porém,
mantém sua organização por Centros de Atendimento e a maior
parte desses Centros permanece inalterada, cf. home page:
http://www.fcee.sc.gov.br consultada em fevereiro de 2007.26
Os dados referentes ao número de alunos foram obtidos no
Censo Educacional Catarinense. Quanto ao número específico
de professores, não há dados, na FCEE ou no censo catarinense.
Por isso, utilizamos os dados referentes ao número total de
funcionários da FCEE, dado este cedido pelo Diretor-Geral da
instituição.
26
Os dados referentes ao número de alunos foram obtidos no
Censo Educacional Catarinense. Quanto ao número específico
de professores, não há dados, na FCEE ou no censo catarinense.
Por isso utilizamos os dados referentes ao número total de
funcionários da FCEE, dado este cedido pelo Diretor-Geral da
instituição.
27
Esta observação ocorreu durante o mês de setembro de 2003.
28
As disciplinas optativas não serão analisadas nesta
investigação, pois se constituem em um rol de disciplinas cujos
dados não foi possível sistematizar. Além disso, como a
29
Observe-se que em ambas as modalidades é cumprida a carga
horária mínima exigida pelo Ministério da Educação para o
curso de Pedagogia.
30
A análise do histórico escolar deu-se em função de que, com os
dados encontrados sobre a grade curricular, ementas e
programas das disciplinas, não ficou claro quais disciplinas
efetivamente foram ministradas nessa modalidade.
31
Faz-se necessário observar como as universidades irão
reorganizar seus cursos de pedagogia para então buscarmos
perceber como essa formação será oferecida.
32
Para maior aprofundamento sobre esta questão, consultar “A
produção social da identidade anormal” (BUENO, 2001).
33
“O capital cultural existe sob três formas a saber: a) no estado
incorporado, sob a forma de disposições duráveis do
organismo. Sua acumulação está ligada ao corpo, exigindo
incorporação, demanda de tempo, pressupõe um trabalho de
inculcação e assimilação...b) no estado objetivado, sob a forma
de bens culturais (quadros, livros, dicionários, instrumentos e
máquinas). c) no estado institucionalizado, consolidando-se
nos títulos e certificados escolares que, da mesma maneira que
o dinheiro, guardam relativa independência em relação ao
portador do título” (NOGUEIRA e CATANI, 1998, p. 10).
34
O conceito de habitus pode ser entendido como: “disposição
incorporada de valores, normas, gostos, entre outros que estão
presentes no nosso cotidiano, que formam nossa consciência
incorporada sem que nos demos conta disso” (MICHELS, 2004,
p. 8).
35
Segundo Nogueira (1998, p. 53) pode-se classificar as escolas
em: estabelecimentos de excelência - são tradicionais, sua
36
Segundo Nogueira, essa classificação foi realizada a partir de
alguns indicadores que mostram que esta população tem acesso
a recursos materiais indisponíveis para a grande maioria, como
é o caso das residências dos participantes: mansões ou amplos
apartamentos de propriedade da família, com empregados
domésticos em número variado, decorados e mobiliados com
certo luxo, alguns localizados nos bairros mais nobres da cidade
onde o preço do metro quadrado é sabidamente mais elevado.
Acrescente-se a isso a posse, muito freqüente, de residências
secundárias (casas de campo, de praia, fazendas, etc)
(NOGUEIRA, 2002 p. 51).
37
A designação Portadores de Necessidades Educativas Especiais
foi criada com o objetivo de situar o processo educativo nas
necessidades que o aluno apresenta. Procurou-se, assim, tirar
o estigma de deficiência, porém, no meu entendimento, além
de continuar rotulando o termo é muito abrangente e
inespecífico.
38
A Av. Rubens de Arruda Ramos chamada também de Av. Beira
Mar Norte foi tradicionalmente considerada bairro da
Burguesia, a partir das mudanças implementadas no início do
século XX na capital Catarinense o bairro denominado até então
de “Praia de Fora” ficou popularmente conhecido pelas
39
Florianópolis foi por muito tempo considerada o berço do
funcionalismo púbico, pois, sendo a capital administrativa do
Estado, tinha em sua população grande número de empregos
públicos.
40
Embora não exista, na legislação atual, nada que indique o uso
desta terminologia, tanto na Diretoria de Ensino, quanto na
Secretaria Municipal, nas escolas e entre os professores esta é
a designação utilizada para aqueles alunos que apresentam
baixo rendimento escolar, quer seja relacionado a condições,
disfunções, limitações ou deficiências, quer seja não
proveniente de causas orgânicas, o que, em parte, corresponde
à conceituação de “alunos portadores de necessidades
educacionais especiais” definida pelo Conselho Nacional de
Educação (BRASIL. CNE, 2001, inciso I do Artigo 5º). Como
esta é a terminologia utilizada no município e na escola em que
realizei esta pesquisa, ela será por mim utilizada para designar
os sujeitos nela envolvidos.
41
Alors que l’école est plutôt moins inégalitaire, qu’autrefois (2),
elle apparaît comme beaucoup plus injuste dans la mesure où
c’est au sein même du parcours scolaire que se forment les
inégalités.
42
marché competitive, d’une communauté d’éléves et d’une
bureaucratie.
43
L’école produit aussi des individus ayant un certain nombre d’
attitudes et de dispositions. À cet égard, l’école a longtemps
été considérée comme une intitution de socialisation, un
appareil identifié à valeurs communes et capable d’en assurer
l’intériorisation, par les connaissances et la forme même de la
relation pédagogique, afin de modeler des personnalités.
45
A lógica da integração é, para os autores, definida por uma
participação; uma parte de sua identidade é a expressão
subjetiva de sua integração social; a lógica estratégica se define
pela limitação dos recursos e dos interesses disponíveis para a
ação; e a lógica da subjetivação definida pelo distanciamento
do indivíduo de si mesmo e de uma capacidade crítica que
fazem dele um sujeito.
46
La trajectoire scolaire se présente alors comme une succession
d’ “étapes”, de socialisation, au sein de situations socialement
contrastées, dans lesquelles l’individu s’efforce de former une
expérience en essayant d’agencer ensemble les exigences de l’
individu rationnel et celles de l’individu “authentique”.
47
N. de R.T. O verbo utilizado pelo autor é néantiser, relativo ao
substantivo néantisation.
48
Percurso (mais ou menos longo, nesse ou naquele ramo de
ensino, nesse ou naquele estabelecimento) efetuado pelo aluno
ao longo de sua carreira escolar (N. do R.).
49
DM é a abreviação usualmente utilizada para designar a
deficiência mental.
50
Trata-se de arquétipo profissional, aqui entendido como tipo
de pessoa que apresenta uma síntese de diversos traços de
personalidade, aptidões, interesses e valores, que formam um
tipo ideal de profissional.
51
A denominação PEB I refere-se ao professor de educação
básica, habilitado para lecionar nas quatro primeiras séries do
ensino Fundamental, enquanto a denominação PEB II refere-
se ao professor habilitado para lecionar nas quatro últimas
séries do ensino Fundamental e em todas as séries do Ensino
Médio, ambas pertencentes ao quadro do magistério da
Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, a denominação
52
“Com isso produzimos textos de configurações singulares;
textos que, no entanto, não são isolados entre si por duas razões
ao menos: por um lado, trabalham com as mesmas orientações
interpretativas, e, por outro, o texto de cada perfil desempenha
um papel no texto de todos os outros perfis¹”. (LAHIRE, 1997,
p. 71).
53
O nome dessa entrevistada, assim como dos demais, é fictício
para evitar a sua identificação.
54
Pseudônimos de nossos entrevistados.