O documento discute a tese do historiador K. W. Whitelam sobre a "morte da história bíblica" e a necessidade de se abandonar a reconstrução da história da Palestina baseada exclusivamente nos textos bíblicos, considerados parciais e ideologicamente influenciados. Whitelam argumenta que a ideia do "Antigo Israel" foi uma invenção que distorceu o passado e silenciou a verdadeira história da Palestina.
O documento discute a tese do historiador K. W. Whitelam sobre a "morte da história bíblica" e a necessidade de se abandonar a reconstrução da história da Palestina baseada exclusivamente nos textos bíblicos, considerados parciais e ideologicamente influenciados. Whitelam argumenta que a ideia do "Antigo Israel" foi uma invenção que distorceu o passado e silenciou a verdadeira história da Palestina.
O documento discute a tese do historiador K. W. Whitelam sobre a "morte da história bíblica" e a necessidade de se abandonar a reconstrução da história da Palestina baseada exclusivamente nos textos bíblicos, considerados parciais e ideologicamente influenciados. Whitelam argumenta que a ideia do "Antigo Israel" foi uma invenção que distorceu o passado e silenciou a verdadeira história da Palestina.
O documento discute a tese do historiador K. W. Whitelam sobre a "morte da história bíblica" e a necessidade de se abandonar a reconstrução da história da Palestina baseada exclusivamente nos textos bíblicos, considerados parciais e ideologicamente influenciados. Whitelam argumenta que a ideia do "Antigo Israel" foi uma invenção que distorceu o passado e silenciou a verdadeira história da Palestina.
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A história bíblica morreu?
Chegou a hora de a história da Palestina alcançar a maturidade e rejeitar formalmente
Os objetivos e as restrições da “história bíblica” [...]. É o historiador quem deve estabelecer os objetivos e não o teólogo. ... a morte da “história bíblica”...
Obituário foi redigido por K. W. Whitelam. Ao utilizar a expressão “história
bíblica” ele se refere a uma reconstrução da história da Palestina definida e dominada pelo interesse nos textos bíblicos e pela explicação deles, em um modelo em que tais textos constituem a base da pesquisa histórica ou estabelecem os objetivos dela. Pode-se descrever o resultado desse trabalho como “... pouco mais do que paráfrases do texto bíblico decorrentes de motivações teológicas”. É esse tipo de história bíblica que, segundo Whitelam, está morto. Resta apenas realizar o funeral e prosseguir. O anúncio dessa morte é um ponto apropriado para iniciarmos nosso livro, que deliberadamente inclui a expressão “história bíblica” no título e certamente pretende estabelecer o texto bíblico como o centro de nosso empreendimento. O obituário nos leva a tratar de algumas questões importantes antes que possamos, de fato, começar. Como chegamos ao funeral descrito pelos comentários de Whitelam? Acaso era inevitável que tudo terminasse assim? A morte de fato ocorreu ou (lembrando Wilde) os relatos do fim da história bíblica têm sido muito exagerados? Quais são as possibilidades de salvar o paciente? Ou, caso isso não ocorra, ele pode ser ressuscitado? Na busca de respostas a essas perguntas, temos de entender um pouco como a disciplina da História de Israel se desenvolveu até sua forma atual primeiro capítulo é dedicado a essa tarefa; começaremos pelo fim, com a discussão e a análise dos argumentos de Whitelam. A tese central de Whitelam é que o Antigo Israel elaborado pelos estudiosos da Bíblia com base, principalmente, nos textos bíblicos não passa de uma invenção que tem contribuído para silenciar a verdadeira história da Palestina. Ele alega que todos os textos antigos são “parciais”, no sentido tanto de não apresentarem a história completa quanto de exporem somente uma perspectiva dessa história (são, assim, “ideologicamente influenciados”). Relatos específicos do passado são, de fato, invariavelmente produzidos por uma pequena elite em qualquer sociedade e, sem dúvida, concorrem com outros possíveis relatos sobre o mesmo passado, dos quais talvez não tenhamos evidência alguma no presente. Contudo, todos os historiadores modernos também são “parciais”, tendo crenças e compromissos que influenciam o modo que escrevem suas histórias e até mesmo as palavras que utilizam em suas descrições e análises (e.g. “Palestina”, “Israel”). Whitelam afirma que, com frequência, por razões teológicas ou ideológicas, os autores que estão predispostos à influência do texto bíblico ao escrever suas histórias têm transmitido, nesse processo, a própria visão parcial dos textos como se ela simplesmente representasse “as coisas como, de fato, foram”. Agindo assim, esses historiadores tanto distorcem o passado quanto contribuem para a atual situação na Palestina, pois a condição difícil enfrentada pelos palestinos hoje está intrinsecamente relacionada à desapropriação da terra e a um passado elaborado por estudiosos bíblicos obcecados pelo “Antigo Israel”. Os historiadores têm distorcido o passado porque a apresentação feita por eles quase não tem relação alguma com o que de fato ocorreu. O “Antigo Israel” elaborado por esses historiadores com base em textos bíblicos é uma entidade imaginária, que só existe em suas mentes e não pode ser comprovada, tendo sua criação, aliás, associada com a situação política atual. Por exemplo, o “fato” da existência na Idade do Ferro de um estado grande, poderoso, soberano e autônomo fundado por Davi dominou o discurso dos estudiosos bíblicos ao longo do século passado e coincide com a visão e as aspirações de muitos líderes do Israel atual, contribuindo para intensificá-las. No entanto, a perspectiva de Whitelam é que os dados arqueológicos não indicam a existência de um estado israelita na Idade do Ferro, criado por alguns estudiosos com base nas descrições bíblicas. Ao mesmo tempo, a erudição recente tem nos ajudado a avaliar melhor as qualidades literárias dos textos bíblicos, minando a certeza de que esses textos possam ou devam ser usados na reconstrução histórica. Atualmente o povo de Israel apresentado na Bíblia é visto mais claramente como o povo de um livro escrito com grande habilidade artística e inclinação teológica. De acordo com Whitelam, praticamente não há prova alguma de que esse “Israel” tenha existido além da mera ficção literária. Assim, no meio acadêmico dos estudos bíblicos, chegamos a um ponto em que usar textos bíblicos para a elaboração da história israelita só é possível com grande cautela. Seu valor para o historiador não consiste no que eles têm a dizer sobre o passado em si, mas “... no que revelam acerca dos interesses ideológicos de seus autores, se (e apenas se) for possível situá-los no tempo e no espaço”. Portanto, não se deve permitir que os textos bíblicos definam e dominem o direcionamento da pesquisa. Deve-se permitir que a “história bíblica” descanse em paz em seu túmulo, enquanto avançamos em direção a um tipo de história totalmente diferente. A melhor maneira de contextualizar a tese de Whitelam e avaliar sua obra é observarmos rapidamente duas tendências recentes entre os estudiosos da Bíblia que predominam no livro dele e que resultaram no debate sobre a história de Israel em geral. Em primeiro lugar, o estudo recente da narrativa hebraica, que tende a enfatizar tanto a arte criativa dos autores bíblicos quanto às datas tardias de seus textos, tem afetado a confiança de alguns estudiosos na ideia de que o mundo narrado na Bíblia esteja intimamente relacionado ao mundo “real” do passado. Por esse motivo, quando se fazem perguntas sobre o passado de Israel, há uma crescente tendência a dar pouca importância aos textos bíblicos. Existe também uma tendência correspondente em confiar mais nos dados arqueológicos (que, segundo se afirma, mostram que os textos bíblicos não têm relação com o passado “real”) e nas teorias antropológicas ou sociológicas. Diferentemente de textos elaborados artisticamente e “com viés ideológico”, esses outros tipos de dados têm sido apresentados com frequência como elementos que proporcionam base muito mais segura para se elaborar um quadro “objetivo” do Antigo Israel, algo bem distinto do que foi produzido até agora. Em publicações recentes, uma segunda tendência é a de sugerir ou afirmar claramente que a ideologia prejudicou os estudos acadêmicos sobre a história de Israel realizada anteriormente. Tem-se estabelecido um contraste entre pessoas que, no passado, foram motivadas pela teologia e pelo sentimento, em lugar da erudição crítica, dependendo excessivamente de textos bíblicos para elaborar a história de Israel e aquelas que, no presente, colocam de lado os textos bíblicos e tentam escrever a história de forma relativamente objetiva e descritiva. Por exemplo, T. L. Thompson vê entre os estudiosos do passado “... uma indiferença ideologicamente determinada por qualquer história da Palestina que não envolva diretamente a história de Israel na exegese bíblica...”; ele entende que uma história de Israel academicamente aceitável não pode ser produzida por autores que estejam fascinados pelo enredo da antiga historiografia bíblica. Essas duas tendências — a crescente desconsideração pelos textos bíblicos e a descrição negativa dos estudos acadêmicos anteriores como Ideologicamente comprometidos — talvez sejam os principais aspectos que estabelecem a distinção entre a nova forma de escrever a história de Israel e a antiga, que tendia a considerar os textos narrativos fontes de dados essenciais para a historiografia (ainda que esses textos não fossem apenas históricos) e não estava muito inclinada a introduzir no debate acadêmico questões ideológicas e de motivações. Nesse contexto, sem dúvida é possível utilizar o livro de Whitelam como exemplo perfeito da nova historiografia. Entretanto, o tipo de argumentação que acabamos de descrever é levado muito mais adiante do que fora feito anteriormente. Seguindo algumas ideias encontradas em P. R. Davies (ou talvez apenas sendo coerente com tais ideias), Whitelam agora defende não somente que a informação fornecida pelos textos bíblicos sobre o Antigo Israel é problemática, mas que a própria ideia do Antigo Israel incutida em nossa mente por esses textos também é. Até mesmo historiadores Mais recentes ainda escrevem histórias de “Israel”, o que, para Whitelam, é um erro. Na verdade essa abordagem é mais grave do que um erro, pois, ao inventar o Antigo Israel, os estudiosos ocidentais têm contribuído para que a história da Palestina seja silenciada. Para outros historiadores recentes, os compromissos ideológicos dos estudiosos são considerados relativamente inofensivos e sem implicações importantes perceptíveis fora da disciplina de estudos bíblicos, mas Whitelam certamente discorda desse entendimento. De modo praticamente deliberado, ele estabelece a ideologia na esfera da política contemporânea, afirmando que, como disciplina, os estudos bíblicos. Colaborado para um processo que priva os palestinos de uma terra e de um passado.