Manual - UFCD 3315
Manual - UFCD 3315
Manual - UFCD 3315
Nutrição e Dietética
UFCD 3315
Formadora
Joana Santos
2 Nutrição e dietética – UFCD 3315
Ficha técnica
Observações
ÍNDICE
Nutrição e Alimentação 5
Metabolismo 5
Nutrientes 6
Alimentação equilibrada 21
1. Nutrição e Alimentação
1.1. Conceitos
Alimentação é o processo pelo qual o organismo obtêm os nutrientes que necessita a partir da
ingestão de alimentos, de forma a satisfazer as suas funções vitais, incluindo o crescimento,
movimento, reprodução e manutenção da temperatura do corpo. É um processo voluntário,
determinado por fatores cognitivos, socioeconómicos, emocionais, psicológicos, afetivos e culturais.
2. Metabolismo
2.1. Funções do Aparelho Digestivo
A principal função do sistema digestivo é obter dos alimentos ingeridos os nutrientes necessários às
diferentes funções do organismo.
É composto pelo tubo digestivo (boca, faringe, esófago, estômago, intestino delgado, intestino grosso,
recto e ânus) e pelos órgãos anexos (glândulas salivares, fígado, pâncreas e vesícula biliar).
2.2. Processo Digestivo
Inicia-se na boca, com a mastigação, onde os alimentos são triturados pelos dentes e preparados, pela
saliva (produzida pelas glândulas salivares), formando o bolo alimentar. Este vai ser empurrado, com
a ajuda da língua, da boca em direção à faringe, onde ocorre a deglutição (ato de engolir).
intestino grosso, enquanto vai ocorrendo a absorção dos nutrientes ao nível das vilosidades
intestinais.
O intestino grosso recebe o que não foi absorvido ao nível do intestino delgado e absorve
essencialmente água, formando as fezes. Estas são armazenadas no reto, sendo depois evacuadas
pelo ânus.
3. Nutrientes
Os alimentos são constituídos por substâncias químicas designadas por nutrientes, os quais o
organismo vai utilizar para obter energia, crescer, desenvolver e manter um bom estado de saúde. Os
nutrientes agrupam-se em sete classes:
1. Hidratos de carbono;
2. Proteínas;
3. Lípidos;
4. Vitaminas;
5. Minerais; 6. Fibras alimentares;
7. Água.
Cada um dos nutrientes anteriormente referidos possuem funções específicas e únicas, mas também
complementares. De seguida é feita a caracterização de cada um dos nutrientes, no que se refere às
suas fontes alimentares, funções no organismo, excessos e carências.
Fontes Alimentares:
Cereais, derivados e tubérculos (arroz, pão, massas, cereais de pequeno almoço, batata);
Leguminosas (grão de bico, feijão, favas, ervilhas e lentilhas);
Fruta (frutose);
Açúcar (sacarose) e mel.
Devemos consumir em maior quantidade os alimentos ricos em hidratos de carbono complexos, uma
vez que são uma boa fonte de fibras, vitaminas, minerais e outras substâncias que promovem o bom
funcionamento do organismo.
3.2. Proteínas
Fontes alimentares e funções no organismo
Têm como função a construção, o crescimento, a manutenção e a reparação dos nossos órgãos,
tecidos e células - Função construtora ou plástica. Também podem ser utilizados como fonte
energética quando existe deficiência dos nutrientes energéticos preferenciais, como os hidratos de
carbono e os lípidos, sobretudo em casos de jejum prolongado. Fornecem 4 kcal por cada grama -
Função energética.
As proteínas são formadas por unidades mais pequenas, designadas por aminoácidos. Existem dois
tipos de aminoácidos:
1. Aminoácidos essenciais - não são produzidos pelo nosso organismo e têm de ser fornecidos
pelos alimentos (alanina, arginina, ácido aspártico, cisteína, ácido glutâmico, glutamina, glicina,
prolina, pirolisina, serina e asparagina);
2. Aminoácidos não essenciais - são produzidos pelo nosso organismo e precisam de ser
fornecidos através dos alimentos (valina, lisina, treonina, leucina, isoleucina, triptofano, fenilalanina
e metionina).
De acordo com a proporção de aminoácidos essenciais, as proteínas podem classificar-se em:
1. Proteínas de elevado valor biológico - estão presentes nos alimentos de origem animal
(lacticínios, carne, pescado e ovos) e possuem todos os aminoácidos essenciais.
2. Proteínas de baixo valor biológico - estão presentes nos alimentos de origem vegetal
(principalmente nas leguminosas frescas e secas) e não possuem um ou mais aminoácidos
essenciais.
Excessos e Carências
Uma ingestão deficitária de proteínas provoca atrofiamento dos músculos, aumento da zona abdominal
(devido à retenção de líquidos), diminuição da resistência às doenças e atraso intelectual. No entanto,
uma alimentação excessiva em proteínas, também é prejudicial à saúde, podendo provocar aumento
dos níveis de ácido úrico, ureia e consequente inflamação das articulações.
3.3. Lípidos
Fontes alimentares e funções no organismo
São fundamentais para o crescimento/manutenção dos tecidos corporais, no desenvolvimento do
cérebro e da visão, manutenção da temperatura corporal, proteção dos órgãos vitais de agressões
Excessos e carências
Uma alimentação excessiva em gordura (saturada e trans) está associada ao desenvolvimento de
obesidade, doenças cardiovasculares, hipercolesterolemia e cancro. No entanto, uma ingestão
deficitária em gorduras pode desencadear uma magreza excessiva (anorexia), défice de vitaminas
lipossolúveis (A, D, E e K), entre outras complicações.
3.4. Vitaminas
Embora não possuam uma função energética ou construtora, são essenciais para o crescimento e
manutenção do equilíbrio do organismo, ou seja, são indispensáveis para o bom funcionamento do
nosso corpo - Função reguladora.
Na Tabela 1 é feita uma descrição dos diferentes tipos de vitaminas, respectivas funções, fontes
alimentares, excessos e carências, assim como as suas necessidades diárias.
De acordo com a solubilidade das vitaminas, estas podem ser classificadas como:
Lipossolúveis – dissolvem-se nos lípidos e é desta forma que são transportadas na corrente
sanguínea, sendo elas: A, D, E e K.
Hidrossolúveis – dissolvem-se na água e são transportadas na corrente sanguínea.
Por exemplo a vitamina C, a vitamina B e o Ácido fólico.
3.5. Minerais
Facilitam os processos metabólicos corporais, desempenham um papel importante na estrutura física
do corpo (ossos, dentes, músculos, sangue, etc.) e são essenciais para o bom funcionamento do
cérebro. Possuem uma importante ação protetora e reguladora do normal funcionamento do organismo
- Função reguladora.
Vitamina A
Intervém na visão, Lacticínios ricos em Excesso:
proteção da pele gordura, gema do ovo, - Pele seca, áspera,
e mucosas. fígado, peixes gordos e descamativa e fissuras nos
Essencial para o produtos hortícolas de cor lábios;
bom verde escura ou - Dores de cabeça,
funcionamento do alaranjada (ex: brócolo e tonturas e
sistema imunitário náuseas; 900μg/dia para
cenoura)
e órgãos - Queda de cabelo; homens e
reprodutores. - Cãibras 700μg/dia para
mulheres
Deficiência:
- Xeroftalmia (cegueira
noturna);
- Sensibilidade à luz;
- Redução do olfacto e
paladar; - Ressecamento e
infecção da pele e mucosas.
Vitamina D
Importante na Peixes gordos (Salmão, Deficiência:
formação e atum, cavala) e óleos de - Diminuição da
manutenção dos peixe. Para além destes concentração de cálcio e fósforo
ossos e dentes. existem também os no organismo; - Raquitismo nas
Mantem o alimentos fortificados crianças (atraso no fechamento
equilíbrio do como leite, bebidas e da moleira, desmineralização
cálcio e fósforo no cremes vegetais, cereais óssea
organismo. de pequeno-almoço e pernas tortas);
pão. - Osteomalácia nos
É produzida pelo nosso adultos 15μg/dia
organismo quando este se (ossos fracos e moles).
encontra exposto à luz
solar.
Excesso:
- Hipercalemia (excesso
de cálcio no sangue, que provoca
a formação de depósitos de
cálcio nos rins, coração e
pulmões).
Vitamina B1
(Tiamina) Intervém na Cereais e derivados Deficiência:
obtenção de pouco refinados, - Beribéri (perda de peso,
energia a partir leguminosas, carne de distúrbios emocionais,
dos porco, pescado, frutos inflamação e degeneração dos
macronutrientes, gordos (nozes e avelãs). nervos, edema,
sobretudo insuficiência cardíaca,
Hidratos de distúrbio mental, perda de apetite
carbono; e de energia);
Participa na - Insónia, nervosismo,
produção e irritação, fadiga, depressão; 1,2mg/dia para
crescimento das - Perda de apetite e homens e
células do energia; 1,1mg/dia para
sangue. Dores no abdómen e no peito; - mulheres
Problemas de concentração.
Excesso:
- Não existem
sintomas descritos.
Vitamina B2
(Riboflavina) 1,3mg/dia para
Intervém na Vísceras, cereais e Deficiência: adultos
obtenção de derivados pouco - Rachaduras nos cantos da
Vitamina B3
ou PP Intervém na Vísceras (fígado e Deficiência:
(Niacina) obtenção de coração), peixe, carnes de - Irritabilidade, insónia, dor-
energia a partir dos aves, cereais e derivados decabeça, depressão nervosa;
macronutrientes; pouco refinados. - Diarreia; 16mg/dia para
Participa na - Dermatite; homens e
produção de -Pelagra 14mg/dia para
hormonas sexuais; (Dermatite, Demência e Diarreia) mulheres
Contribui para o
normal
Excesso:
funcionamento do
- Vermelhidão da pele
sistema nervoso.
(dilatação vasos sanguíneos).
Vitamina B6
Intervém na Carne, peixe, fígado, fruta Deficiência:
formação dos (banana, manga e uva), - Dermatite;
aminoácidos não cereais integrais, - Anemia;
essenciais. leguminosas e frutos - Gengivite, feridas na
Intervém na gordos (nozes e boca e na língua; - Náuseas;
conversão de amendoins). - Nervosismo.
aminoácidos em 1,3mg/dia para
hormonas. adultos
Essencial na Excesso:
formação da - Neuropatia sensorial
hemoglobina. (mais de
Essencial para o 500mg/dia);
normal
funcionamento do
sistema nervoso.
Vitamina B12
Indispensável Vísceras (fígado e rim), Deficiência:
para muitas carnes, marisco, ovos, - Sintomas neurológicos
reações produtos lácteos (exceto (perda concentração,
enzimáticas. manteiga). memória, desorientação 2.4μg/dia
Fundamental para e demência); - Anemia
a produção de megaloblástica.
DNA.
Fundamental Excesso:
para o - Não existem
sintomas descritos.
metabolismo do
ácido fólico.
- Excesso de ferro.
Tabela 1. Funções, fontes alimentares, excessos, carências e dose diária recomendada de vitaminas.
Excesso
- Poliúria; -
Desidratação; -
Polidipsia.
Magnésio
Participa na formação e Cereais integrais e Deficiência
crescimento dos ossos e derivados, - Irritabilidade,
dentes. leguminosas, frutos alterações na
Intervém no relaxamento gordos, frutos personalidade;
dos músculos e em frescos (banana e - Anorexia,
processos que permitem a figo). Fraqueza, cansaço;
atividade do sistema - Caibras
nervoso. musculares, tremores,
movimentos oculares
involuntários; - Arritmia 375mg/dia
cardíaca.
Excesso
- Rubor facial;
- Hipotensão; -
Boca seca e sede
crónica; -
Insuficiência
respiratória.
Fósforo
Participa na formação e Leite e derivados Deficiência:
crescimento dos ossos e (exceto manteiga), - Anorexia,
dentes. pescado, gema de anemia
Fundamental para o ovo, frutos gordos, - Fraqueza
crescimento, manutenção e leguminosas, muscular, dor nos
reparação de todos os cacau. ossos; - Aumento da
tecidos, para o transporte suscetibilidade a
dos nutrientes através da infecções;
membrana celular e para a - Raquitismo;
700mg/dia
produção e - Osteomalácia.
armazenamento de
energia. Excesso
- Hipertensão;
- Confusão
mental; - Alteração do
nível de sensibilidade
(sentir frio ou calor
sem que haja tais
estímulos);
Potássio
Contribui para a Fruta (banana e Deficiência -
manutenção do equilíbrio laranja), batata, Fadiga, vómitos,
hídrico e eletrolítico. leguminosas, frutos anorexia; -
Essencial para a contração gordos, pescado e Hipotensão
muscular, manutenção da cacau. arterial;
pressão sanguínea e nos - Distensão
processos que permitem a abdominal; -
atividade do sistema Fraqueza
nervoso. muscular; - 2000mg/dia
Formigueiro;
- caibras;
- Arritmia
cardíaca.
Excesso
- Fraqueza;
- Dificuldade na
articulação das
palavras.
Ferro
Importante constituinte da Carne, vísceras, Deficiência:
hemoglobina (glóbulos gema ovo, pescado, - Anemia;
vermelhos). leguminosas, frutos - Fadiga,
gordos, hortícolas aumento da
de folha verde frequência cardíaca,
escura, cereais e dispneia
derivados pouco (falta de ar); -
refinados. Falta de
concentração; -
Queda de cabelo;
18mg/dia para
- Unhas
mulheres e 14
frágeis e com
manchas brancas; mg/dia para homens
Excesso:
- Fadiga,
fraqueza;
- Dor
abdominal; - Perda
de peso;
- Amenorreia;
- Arritmias
cardíacas.
Iodo
Fundamental para o correto Algas, marisco, Deficiência: -
funcionamento da tiróide; lacticínios e seus Bócio;
Intervém nos processos de derivado, cereais e - Cretinismo;
crescimento e reprodução, ovos. Contudo, os - Atraso
nas funções nervosas e produtos animais mental
musculares, na síntese de especialmente o (durante o
proteínas, no crescimento da leite varia muito de desenvolvimento do
pele e do cabelo, na acordo com o tipo feto)l;
de alimentação que - Hipotiroidismo.
regulação da temperatura
o animal é sujeito.
corporal, formação das As frutas e vegetais 150μg/dia
células do sangue e na também contêm Excesso:
utilização do oxigénio nas iodo, porém - Hipertiroidismo.
células. depende da
quantidade de iodo
presente nos solos
e o tipo de
fertilização usada.
Sal iodado.
Selénio
Intervém no metabolismo dos Pescado Deficiência:
lípidos; (crustáceos), carne, - Doença de
Fundamental para produzir gema de Keshan
hemoglobina a partir do ferro ovo, (cardiomiopatia afeta
armazenado no hortícolas crianças);
organismo; (cebola, - Doença de
Tem uma ação antioxidante. tomate, brócolos, Kashin-
alho,…), cereais e Beck (afeta
derivados adolescentes, rigidez,
pouco dor e edema 70μg/dia
nas articulações);
refinados.
Excesso:
- Náuseas,
vómitos; - Queda de
cabelo e unhas;
- Erupção
cutânea; - Lesões
nervosas.
Tabela 2. Funções, fontes alimentares, excessos, carências e dose diária recomendada de minerais.
Excesso e carência
Uma ingestão excessiva de fibra pode reduzir a absorção de zinco, cálcio e ferro. No entanto, uma
alimentação pobre em fibra está associada ao desenvolvimento de obstipação, obesidade, diabetes
tipo 2, hipercolesterolemia e cancro colo-rectal.
Sendo que a dose diária recomendada de fibra é de 25g.
3.7. Água
Fontes e funções no organismo
Constitui cerca de 50 a 70% do corpo humano e é um nutriente indispensável à vida. Todos os
alimentos (à exceção do azeite) contêm água. Possui inúmeras funções essenciais ao nosso
organismo (função reguladora), entre as quais:
Em suma…
Considerando as necessidades fisiológicas em termos de quantidade, os nutrientes podem ser
agrupados em macro e micronutrientes. Os Macronutrientes são os nutrientes que organismo precisa
em maior quantidade, os hidratos de carbono, os lípidos e as proteínas. Os Micronutrientes são
necessários em menores quantidades, embora sejam muito importantes para o bom funcionamento do
organismo, as vitaminas e os minerais.
Todos os nutrientes (macro e micronutrientes) são essenciais e cada um deles apresenta um papel
fundamental para o organismo.
A Roda dos Alimentos constitui uma representação gráfica que têm por objetivo orientar as nossas
escolhas e combinações alimentares diárias. Não tem por objetivo ser uma prescrição rígida, mas um
guia geral, que nos permita fazer escolhas alimentares saudáveis, garantindo a satisfação das nossas
necessidades energéticas e nutricionais diárias.
A Roda dos Alimentos consiste num círculo dividido em segmentos de diferentes tamanhos, que se
designam por grupos, que reúnem alimentos com propriedades nutricionais semelhantes.
A Nova Roda dos Alimentos é composta por sete grupos de alimentos de diferentes dimensões,
correspondentes à proporção em peso que devem ter na nossa alimentação diária:
A água encontra-se no centro, não possuindo um grupo próprio, uma vez que está presente em todos
os grupos, pois faz parte da constituição todos os alimentos (à exceção do azeite). As necessidades
de água podem variar entre 1.5 e 3L por dia.
Grupos Alimentares
1. Cereais e derivados, tubérculos
Estes alimentos são responsáveis pelo fornecimento de energia ao nosso organismo e por isso devem
ser consumidos em maior quantidade. Os alimentos deste grupo são caracterizados por possuírem um
elevado teor de hidratos de carbono complexos (ex: fibras), um considerável conteúdo de proteínas de
baixo valor biológico e um escasso teor de gordura. São também fonte de vitaminas, minerais e fibras
alimentares.
As necessidades nutricionais são variáveis, dependendo do sexo, do peso, da altura, idade, do estado
de saúde e do nível de atividade física diária. Assim, a nova roda estabelece um número mínimo e um
número máximo de porções para cada grupo. Os limites inferiores são recomendados para crianças
de um a três anos de idade com base num valor energético total diário de 1300Kcal e os superiores
são os indicados para rapazes adolescentes e homens ativos para um valor energético de
3000Kcal/dia. As restantes pessoas devem-se guiar pelos valores intermédios correspondentes a
2200Kcal/dia.
1. Completa, ou seja, diariamente devemos ingerir alimentos de cada um dos grupos e beber
água. Cada um dos grupos apresenta características nutricionais específicas, pelo que todos eles
devem estar presentes na alimentação diária, não devendo ser substituídos entre si.
2. Equilibrada, ou seja, devemos respeitar as porções de cada grupo, ou seja, ingerir maior
quantidade de alimentos pertencentes aos grupos de maior dimensão e menor quantidade dos que se
encontram nos grupos de menor dimensão.
3. Variada, isto é, ingerir alimentos diferentes dentro de cada grupo, variando diariamente,
semanalmente e nas diferentes épocas do ano. Dentro de cada grupo estão reunidos alimentos
nutricionalmente semelhantes, podendo e devendo ser regularmente substituídos uns pelos outros de
modo a assegurar a necessária variedade.
5. Alimentação Equilibrada
Tendo por base a Roda dos Alimentos, uma alimentação equilibrada consiste em ingerir maior
quantidade os alimentos pertencentes aos grupos de maior dimensão e menor quantidade dos que se
encontram nos grupos de menor dimensão, de forma a garantir a satisfação das necessidades
nutricionais diárias individuais. As necessidades nutricionais variam de pessoa para pessoa, de acordo
com a idade, o sexo, o estado de saúde, a atividade física, etc.
Quando o organismo não recebe alimentos em quantidades adequadas fica com carências
nutricionais, o que irá comprometer o crescimento e resistência do organismo ao aparecimento de
doenças e acelerar o ritmo de envelhecimento. Por outro lado, uma alimentação em excesso é tão
perigosa para a saúde como uma alimentação insuficiente, pois aumenta o risco de desenvolvimento
de doenças cardiovasculares, diabetes Mellitus tipo 2, hipertensão, dislipidemias, entre outras. Comer
bem não significa comer muito, mas sim comer de forma completa, equilibrada e variada!
Produtos hortícolas, fruta e cereais são alimentos ricos em fibra, vitaminas, minerais e têm um baixo
teor de lípidos, por isso devem ser os “alimentos base” do nosso quotidiano. Isto é, a maior parte das
calorias que consumimos diariamente devem ser provenientes destes alimentos de origem vegetal.
Por outro lado, é fundamental procurar obter um equilíbrio entre a energia que se consome e a energia
que se gasta, ou seja, não se deve consumir mais energia do que aquela que se consegue gastar,
caso contrário haverá acumulação de gordura e aumento de peso.
De seguida serão referidas algumas regras para garantir uma alimentação saudável ao longo do dia.
Os erros alimentares acima referidos podem trazer graves consequências ao nível do nosso estado de
saúde, nomeadamente o desenvolvimento de obesidade, diabetes tipo 2, dislipidemias, hipertensão
arterial, cancro, entre outras doenças.
As necessidades energéticas totais (NET) são calculadas com base no Metabolismo Basal (MB)
(Tabela 3) e no Fator de Atividade Física (FA) (Tabela 4):
Sendo que, após o cálculo do valor energético total a ingerir, este deve ser distribuído pelas diferentes
refeições, segundo as seguintes proporções:
2. Lei da Qualidade: A alimentação deve ser o mais completa possível, de forma a satisfazer as
necessidades nutricionais de cada individuo, ou seja, diariamente devemos ingerir alimentos
de todos os grupos da Roda dos Alimentos;
4. Lei da Adequação: a alimentação deve ser adequada a cada fase do ciclo de vida ou situação
fisiológica. O estado fisiológico (gestação, lactação), hábitos alimentares (deficiência de
nutrientes), condições socioeconómicas (acesso aos alimentos), alterações patológicas
(presença de doenças) e o ciclo da vida (crianças, adolescentes, adultos e idosos) fazem com
que o organismo tenha necessidades nutricionais diferenciadas.
A elaboração do plano alimentar tem por base a avaliação do estado nutricional e o cálculo das
necessidades energéticas e nutricionais.
Dieta Hipercalórica - Tem como objetivo o aumento do peso corporal através da criação de
um balanço energético positivo, ou seja, uma ingestão energética superior ao gasto
energético.
Valor calórico recomendado: 30 a 35kcal/peso de referência/dia.
Indicações terapêuticas: Magreza (IMC <18.5), estados de desnutrição, insuficiência renal
crónica e doentes em diálise.
Indicações terapêuticas: hipertensão arterial, insuficiência renal, doença renal crónica, doentes em
diálise e estados de edema (ascite, na qual ocorre acumulação de líquidos na zona abdominal).
Perante a grande abundância e variedade de alimentos que as crianças têm à sua disposição no dia-
a-dia, é necessário orientar as suas escolhas alimentares. É na infância que adquirimos hábitos que
seguimos durante a maior parte da vida. Uma boa orientação pode servir como base sustentável para
hábitos alimentares e uma vida mais saudável.
A partir dos 12meses a criança deve habituar-se ao padrão alimentar da família e partilhar os mesmos
horários das refeições. É importante salientar que a família constitui um “modelo” para criança, e que
ela apreende todos os seus hábitos alimentares.
De acordo com a faixa etária da criança, as suas necessidades nutricionais e alimentares são
diferentes. De seguida são esquematizadas as necessidades alimentares e nutricionais da criança,
segundo a sua faixa etária.
Um bebé amamentado exclusivamente com leite materno e com bom desenvolvimento, deverá
continuar a sua alimentação com leite materno em exclusividade até aos 6 meses.
Continuar a amamentar;
Beber água entre as refeições;
Não adicionar sal, açúcar ou mel na comida;
Evitar comprar preparados de fruta pré-confecionados: contêm açúcares, sal, concentrado de
sumo, farinhas (entre outros) com sabor mais apurado, podendo levar o bebé a recusar a fruta
natural;
Espaçar a introdução de novos alimentos, permitindo testar intolerâncias ou alergias
(regra dos 3 dias).
Papa – Inicia-se por uma papa sem glúten (arroz ou milho). Comece por substituir uma das refeições
de leite por uma refeição de papa (almoço) e mantenha as restantes refeições de leite.
Sopa de legumes – inicialmente devem ser confecionadas no momento que vão ser consumidas.
Posteriormente, poderá preparar o suficiente para dois dias, tendo em atenção os seguintes aspetos:
As primeiras frutas deverão ser: maçã, pera e banana (cruas ou cozidas, maduras, bem
lavadas, descascadas e trituradas).
Evite os boiões de fruta pré-preparados: descascar uma peça de fruta e passar na varinha
mágica não demora um tempo significativo e é mais saudável.
Frutas como kiwi, morangos, pêssego e manga, por serem mais alergénicos, deverão ser
introduzidos depois dos 12 meses.
6 aos 8 meses
Manter a amamentação ou, em alternativa, passa a leite de transição 2.
Introduzir as papas com glúten – Nesta altura deve ser introduzido o glúten na alimentação. O glúten
é uma proteína que existe em alguns cereais (trigo, centeio, aveia e cevada), a sua introdução muito
precoce ou muito tardia pode originar doenças intestinais. Pode introduzir na alimentação outros
alimentos que contenham glúten (farinha de pau, açordas, etc).
9 aos 10 meses:
Gema de ovo – começa por introduzi-la na sopa, em substituição da carne. A clara do ovo não deve
ser dada antes do 1º ano de vida, de forma a prevenir alergias.
Iogurtes - o iogurte natural sem aditivos é melhor opção (sem açúcar, aroma ou cremosos). Deve ser
dado vez por dia, 2 a 3 vezes por semana.
Introdução do peixe na sopa - a partir dos 10 meses, caso não haja história de alergia familiar, pode
introduzir o peixe na sopa do bebé. Os peixes sem escama (atum, cavala, serra, chicharro…) não
devem ser introduzidos antes dos 12 meses de idade. As melhores opções serão a pescada, o
linguado, a marmota, a solha e a cavala (fresco ou ultracongelado).
11 aos 12 meses:
Leguminosas – as leguminosas (ervilhas, feijão, lentilhas, favas, grão…) devem ser fornecidas duas
vezes por semana.
Com esta idade, a criança já consegue mastigar, por isso pode introduzir o arroz, a massa e o pão.
Após os 12 meses:
A partir dos 12 meses não existem “restrições alimentares” (a não ser que sejam indicadas
pelo profissional de saúde que acompanha o crescimento do bebé). Assim, só o gosto e os
hábitos do bebé condicionarão a sua alimentação;
Alguns estudos indicam que deve continuar com leite adaptado, leite de transição (mais rico
em ferro) até aos 3 anos de vida, no entanto, o leite de vaca ultrapasteurizado também pode
ser introduzido;
Outros alimentos, antes restringidos, podem começar a ser introduzidos, lentamente e
gradualmente, como por exemplo o morango, kiwi, manga, carne de porco, espinafres e nabo.
Isto, sem esquecer a Regra dos 3 dias (entre cada novo alimento adicionado, devemos esperar
3 dias antes de introduzir um outo, para testar intolerâncias);
O açúcar e o sal não devem ser adicionados aos alimentos da criança. Esta é uma boa
oportunidade de reduzir a quantidade de açúcar e sal na alimentação de toda a casa.
As crianças são muito observadoras e costumam imitar os hábitos alimentares dos adultos. Assim, os
pais e pessoas próximas que convivem com as crianças devem dar o exemplo, adotando
comportamentos alimentares saudáveis, tendo por base as orientações da roda dos alimentos. Esta é
a melhor forma de passar bons hábitos alimentares para os mais jovens.
Da constituição corporal (do peso, da massa celular corporal, atrofia muscular, alteração da
coordenação muscular, aumento da probabilidade de fraturas);
Da regulação energética e metabolismo dos micronutrientes (sais minerais e vitaminas);
Da diminuição das defesas do organismo (com o aumento da probabilidade de sofrer de
doenças infecciosas);
De outras alterações como: paladar e olfato, do aumento do risco de desidratação, de
alterações das funções neurológica e cognitiva.
Pelas razões acima mencionadas e também devido a outros fatores, as pessoas idosas por vezes
alimentam-se erradamente. De seguida são enumerados alguns dos fatores que influenciam a ingestão
alimentar do idoso:
Dificuldades socioeconómicas;
Assim, a alimentação deve ser variada e adaptada a esta fase, para realçar o sabor dos alimentos e
torná-los mais fáceis de serem mastigados e deglutidos, mantendo o equilíbrio na oferta de nutrientes.
Uma alimentação saudável contribui para uma maior qualidade de vida, ajudando as pessoas idosas
a manter a sua independência e aumenta a capacidade para cuidar das tarefas básicas diárias.
Incentivar o consumo regular de água entre as refeições. A melhor estratégia é alertar a pessoa
idosa para os benefícios que a água traz para a saúde (ex: o intestino funciona melhor, mantém
a boca mais húmida, hidrata o corpo, etc.);
Ingerir diariamente alimentos ricos em fibras, que facilitem o funcionamento intestinal como:
leguminosas, cereais integrais, hortícolas e frutas;
Evitar consumir alimentos ricos em açúcar, nomeadamente, bolos, doces e refrigerantes. Por
isso, deve-se preferir as frutas como sobremesa. Além de facilitarem o funcionamento do
intestino são ricas em nutrientes reguladores;
Consumir diariamente leite e/ou derivados. Estes alimentos são ricos em cálcio e vitamina D e
ajudam a prevenir problemas nos ossos e fraturas com facilidade;
Praticar uma alimentação completa, variada e equilibrada, baseada nas orientações
transmitidas pela roda dos alimentos.
Tabela 5. Impacto das alterações na composição corporal e função fisiológica nas necessidades
nutricionais.
O envelhecimento não deverá ser entendido como um problema, mas uma parte natural do ciclo de
vida, sendo desejável que constitua uma oportunidade para viver de forma saudável e autónoma o
maior tempo possível.
Envelhecer com saúde, autonomia e independência deve ser um objetivo individual de vida e, em
simultâneo, uma responsabilidade coletiva para com as pessoas idosas
1. Sopa, rica em hortícolas tendo por base batata e/ou leguminosas deve:
- Conter no mínimo 4 variedades de produtos hortícolas;
- Conter 2 a 3 vezes por semana leguminosas;
- Ser temperada com azeite (apenas deve ser adicionado no final da confeção).
3. Pão: uma unidade com cerca de 45g e preferencialmente integral ou de mistura de cereais.
2º Passo: definição do prato principal (bacalhau, carne, aves, peixe, moluscos, peixe à posta, ovo).
4º Passo: definição de quais os hortícolas a servir como acompanhamento e a forma como serão
servidos (em cru, salada, confecionados).
5º Passo: definição da sobremesa (fruta inteira, fruta laminada, salada de fruta, fruta cozida/assada,
doce).
• Deve apresentar variedade nos alimentos, nas combinações, nas preparações, nos temperos,
nas cores (não servir sopa de tomate e como prato principal tomates recheados), formas,
cortes, técnicas de preparação e confeção e apresentação e/ou decoração, associações
alimentares e consistência, privilegiando sempre as preparações saudáveis.
• Deve haver a preocupação de reduzir ao máximo a gordura utilizada para a confeção e
preparação dos alimentos, dando sempre preferência ao azeite. Na preparação de alimentos
de origem animal, devem ser cuidadosamente limpos de peles e gorduras visíveis.
• Evitar oferecer no mesmo dia ou num curto espaço de tempo, preparações excessivamente
gordurosas (ex: as feijoadas e sobremesas doces) e ementas excessivamente calóricas.
• Reduzir o consumo de sal de adição, incrementando o uso de ervas aromáticas e especiarias,
que para além de disfarçarem o sabor dos alimentos, são mais saudáveis.
• Desenvolvimento de ementas pouco repetitivas, que tenham em conta as características
sensoriais, o equilíbrio nutricional, o modo de apresentação e o prazer do consumidor.