Alterações Macroscópicas e Histopatológicas de Pulmoes de Bov Abat

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

SEBASTIÃO RODRIGO DE LIMA NASCIMENTO

ALTERAÇÕES MACROSCÓPICAS E HISTOPATOLÓGICAS DE


PULMÕES DE BOVINOS ABATIDOS EM UM ABATEDOURO NO
AGRESTE PARAIBANO

AREIA-PB
2016

1
SEBASTIÃO RODRIGO DE LIMA NASCIMENTO

ALTERAÇÕES MACROSCÓPICAS E HISTOPATOLÓGICAS DE


PULMÕES DE BOVINOS ABATIDOS EM UM ABATEDOURO NO
AGRESTE PARAIBANO

Trabalho de conclusão de curso


realizado e apresentado como requisito
parcial para a obtenção do título de Bacharel
em Medicina Veterinária pela Universidade
Federal da Paraíba.

PROF. DR. RICARDO BARBOSA DE LUCENA

AREIA-PB
2016
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
FOLHA DE APROVAÇÃO

Sebastião Rodrigo de Lima Nascimento

“ALTERAÇÕES MACROSCÓPICAS E HISTOPATOLÓGICAS DE PULMÕES DE


BOVINOS ABATIDOS EM UM ABATEDOURO NO AGRESTE PARAIBANO”

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção


do título de Bacharel em Medicina Veterinária, pela Universidade Federal da
Paraíba.

Aprovado em:
Nota:
Banca Examinadora

_____________________________________
Prof. Dr. Ricardo Barbosa de Lucena

______________________________________
Ms. Maurina Lima Porto – UFERSA

______________________________________
Ms. Raul Antunes Silva Siqueira - UFPB

____________________________________________
Prof. Dr. Oliveiro Caetano de Freitas Neto
Coordenação de TCC

3
Dedico este trabalho, a Deus e Nossa
Senhora, a meus familiares, namorada,
amigos e a todos que me ajudaram. Em
especial dedico aquelas pessoas as quais
tive a honra de conhecer mas que não se
fazem mais presente fisicamente entre
nós: meus avos: João Nascimento, Lia
Jorge e Janúncio Batista, a meus tios:
José Nascimento e Laurita Nascimento.
Ao Grande amigo José Vitor e Marcos
Nascimento os quais tive a honra de
conhecê-los na Universidade e ao meu
Grande Amigo de infância Niedson
Gutemberg que sempre partilhou de seus
sonhos. Dedico também a todos meus
animais em nome da minha cadela
Polinha. A todos estes e aos que não
citei, mas que deixaram suas
contribuições em minha história desejo-
vos a Paz.

4
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus e a Virgem Santa por todas as bênçãos


derramadas sobre minha vida e da minha Família, para assim chegarmos à
conclusão deste trabalho.
Agradeço a toda minha Família pelo total apoio que me foi dado. A minha
Mãe Socorro Nascimento, que sempre ao meu lado foi e vai continuar sendo minha
fonte de inspiração, minha base. Ao meu Pai Roberto Nascimento que sempre
investiu e investe em meu potencial, acreditando em meus projetos. Aos meus
irmãos: Ricardo e Rogério, que sempre me deram suporte, as minhas sobrinhas
Lívia e Sofia, a meus avos, cunhadas, tias (os), primos (as), enfim, a toda família que
de uma forma ou de outra me ajudaram.
A minha Namorada Anne Caroline por toda dedicação e paciência perante
as correrias dos meus estudos, sempre me auxiliando e ensinando juntamente com
sua Família.
Ao meu orientador o Prof. Dr. Ricardo Barbosa de Lucena que com sua
Paciência e Sabedoria, me orientou de forma espetacular, Transmissor de
conhecimento sem igual.
A todos do Laboratório de Patologia Veterinária que de forma indireta ou
direta me auxiliaram para conclusão desse projeto, em especial ao Doutorando
Temístocles, residente Raul Antunes e mestrando Valber Onofre.
Também agradeço a prefeitura Municipal de Esperança na pessoa do
subsecretário de Agricultura Hudsonkléio da Silva que me autorizou a coleta de
dados e amostras no Matadouro Municipal, ao Médico Veterinário Dr. Leopoldo e ao
Diretor Felipe Costa que me auxiliaram ativamente em minhas idas ao abatedouro.
Não se esquecendo de todos os colegas do curso ao qual tive a honra de
partilhar conhecimento e firmar amizades verdadeiras e significativas, bem como,
aos colegas de quarto do alojamento universitário B-2, a todos os professores do
curso de Medicina Veterinária nas pessoas do Prof. Dr. Vinícius Longo Vilela e a
Prof. Doutoranda Maurina Lima Porto que me auxiliaram diretamente para realização
deste estudo. Enfim, aos professores e funcionários de todas as escolas e
instituições as quais estudei até o momento e a todos os meus amigos adquiridos

5
desde minha infância. Assim, quero externar meus agradecimentos a todos aqueles
que de forma direta ou indireta estiveram e estão me ajudando.

6
Seja você quem for, seja qual for a
posição social que você tenha na vida, a
mais alta ou a mais baixa, tenha sempre
como meta muita força, muita
determinação e sempre faça tudo com
muito amor e com muita fé em Deus, que
um dia você chega lá. De alguma maneira
você chega lá.
Ayrton Senna

7
IMAGENS

Imagem 01: Material utilizado para coleta e armazenagem dos fragmentos de


pulmões coletados no abatedouro ........................................................................... 16

Imagem 02: Amostras dos coletores com os fragmentos de pulmões imersos no


formol a 10% seguida do processamento com o corte e preparação no laboratório
com a fixação e inclusão utilizados na rotina............................................................ 16

Imagem 03: Cubos de parafina com os fragmentos, prontos para o corte


histológico.................................................................................................................. 17

Imagem 04: Coloração das lâminas com amostra de pulmão bovino pela
hematoxilina-eosina de acordo com as técnicas de rotinas
................................................................................................................................... 17

Imagem 05: Lâminas preparadas no laboratório de Patologia Veterinária para leitura


microscópica das amostras, que são fragmentos de pulmões bovinos.................... 17

Imagens 06: Animal sangrando no solo em decúbito lateral durante sangria realizada
no abatedouro após a insensibilização .................................................................... 18

Imagem 07: Animal sangrando durante sangria realizada por perfuração de grandes
vasos (Jugular) ........................................................................................................ 18

Imagem 08: Pulmão bovino avaliado no abatedouro com congestão total em


comparação ao pulmão do lado (esquerdo) ............................................................. 19

Imagem 09: Pulmão bovino congesto com manchas amarelo-esverdeadas no lobo


caudal ....................................................................................................................... 19

Imagem 10: Pulmão bovino com congestão em seus lobos .................................... 19

Imagem 11: Congestão em todo pulmão bovino com maior intensidade no lobo
cranial ....................................................................................................................... 19

Imagem 12: Visão com objetiva de 4x do histopatológico de pulmão bovino com


ruptura de alvéolos e congestão de vasos ............................................................... 21

Imagem 13: Visão microscópica com objetiva de 10x do Histopatológico de Pulmão


bovino com presença de congestão nos vasos e ruptura de alvéolos adjacentes
................................................................................................................................... 21

Imagem 14: Visão microscópica com objetiva de 20x do Histopatológico de Pulmão


bovino com presença de Eritrócitos nos alvéolos, congestão dos vasos e ruptura de
alvéolos adjacentes................................................................................................... 21

8
TABELA

Tabela 01: Descrição das alterações microscópicas dos pulmões de bovinos


abatidos em um abatedouro municipal do Agreste Paraibano.................................. 20

9
RESUMO

O objetivo do presente estudo foi avaliar as lesões macro e microscópicas nos


pulmões de bovinos abatidos em um abatedouro municipal do agreste Paraibano.
Foram coletados fragmentos de pulmão de 100 bovinos de diferentes lobos para
avaliação histopatógica. As amostras foram processadas no laboratório de patologia
veterinária do hospital veterinário da UFPB em Areia-PB. Todos os pulmões (100)
apresentaram alterações macroscópicas quanto a cor, indicando congestão. Quanto
as análises histopatológicas, em 100% apresentaram congestão e enfisema
pulmonar e destes 20% apresentaram também aspiração de sangue no momento do
abate. Diante do exposto, concluiu-se que o abate não humanizado promove
alterações macro e microscópicas nos pulmões de bovinos, que quando não são
descartados oferecem riscos à saúde pública.

Palavras-chave: Bem-estar; inspeção; saúde pública.

10
ABSTRACT

The aim of this study was to evaluate the macro and microscopic lesions in the
lungs of cattle slaughtered in a municipal slaughterhouse from the Agreste region of
Paraíba State. 100 cattle lung fragments were collected from different lobes for
histopathologic evaluation. The samples were processed in the Histopathology
Laboratory of the Veterinary Hospital of UFPB, located in Areia-PB. All 100 cattle
lungs showed alterations in color, indicating congestion. Regarding the
histopathologic analysis, 100% had congestion and pulmonary emphysema, and of
these, 20% also showed aspiration of blood at the time of slaughter. Given the
above, it was concluded that the non-humanized slaughter promotes macro and
microscopic alterations in bovine lungs, which when not discarded, bring risks to
public health.

Keywords: Welfare; Inspection; Public Health.

11
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ………………………………………........………………..............….13

2. MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................…...............15

2.1.ORIGEM DO MATERIAL ..........................................................................15

2.2. INSTRUMENTOS PARA COLETA ..........................................................15

2.3. AMOSTRAS E AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA .....................................15

2.4. PROCEDIMENTOS NOS TECIDOS PARA HISTOPATOLOGIA ............16

3. RESULTADOS ......................................................................................................18

4. DISCUSSÃO ........................................................................................................ 22

5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 24

6. REFERÊNCIAS .................................................................................................... 25

ANEXOS ................................................................................................................... 27

12
1 INTRODUÇÃO

A bovinocultura de corte é a atividade que representa a maior parte do


agronegócio brasileiro. Desde 2008 lidera o ranking de maior exportador de carne
bovina do mundo (MAPA, 2012), chegando a exportar em 2014 cerca de 1,5 milhões
de toneladas deste produto (ABIEC, 2016).
A identificação, caracterização e registro de processos patológicos dos
animais abatidos em matadouro constituí uma fonte de dados importante para a
avaliação da condição sanitária das explorações, uma vez que permite identificar a
ocorrência de doenças subclínicas e quantificar a gravidade de lesões que
representem manifestações de doenças (POINTON et al., 1992; MORÉS et al.,
2000). Em todas as etapas e operações do abate, as atividades técnicas e a
supervisão de decisões de natureza higiênica e sanitária são de responsabilidade do
Médico Veterinário (BRASIL, 1997 a; GIL, 2000).
O conhecimento das patologias encontradas em bovinos abatidos em uma
determinada região permite a elaboração e adoção de medidas, inclusive de
orientação a produtores e políticas públicas que visem à prevenção de zoonoses
(LIMA et al., 2007). Além disso, a condenação excessiva dos órgãos causa grandes
perdas econômicas para o abatedouro-frigorífico (CASTRO & MOREIRA, 2010).
Na preparação e no acabamento das carcaças procede-se à separação de
órgãos comestíveis (coração, pulmões, fígado e rins) e peças não empregadas na
alimentação humana (ROÇA; SERRANO, 1996; BRASIL, 1997 a; GIL, 2000). Todos
os órgãos inclusive os rins, são examinados na sala de matança, imediatamente
depois de removidos das carcaças, assegurando sempre a identificação entre
órgãos e carcaça (Art. 151 – RIISPOA).
Em geral, após a evisceração dos animais, as vísceras são submetidas à
inspeção sanitária. Aquelas reprovadas são encaminhadas para as graxarias, para
produção de sebo ou óleo animal, e de farinhas de carne para rações animais (GUIA
TÉCNICO AMBIENTAL DE BOVINOS E SUÍNOS, SP - 2006).
O abate higiênico envolve etapas e operações que tornam possível a
separação das partes anatômicas do organismo animal, o preparo e acabamento de
carcaças e o beneficiamento de órgãos comestíveis e de miudezas não empregadas
na alimentação humana, mas de variados usos e valores industriais e farmacêuticos.

13
Tomando-se como modelo os bovinos e, por extensão, os Bubalinos, o abate
humanitário compreende um conjunto de operações gerais unitárias (ROÇA;
SERRANO, 1996; BRASIL, 1997 a; BRASIL, 2000c; GIL, 2000).
Segundo a Instrução Normativa Nº 3, de 17 de Janeiro de 2000, do
Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2000) o abate
humanitário é definido como o conjunto de diretrizes técnicas e científicas que
garantem o bem estar dos animais desde a recepção até a operação de sangria. De
acordo com essa Normativa o abate humanitário engloba desde o manejo dos
animais na fazenda até o manejo dentro do frigorífico (desde a recepção dos
animais até a sangria), devendo-se preocupar com todos esses segmentos para se
garantir um bem-estar animal adequado no manejo pré-abate e abate. Sabe-se que
o manejo pré-abate causa estresse, prejudicando tanto o bem-estar dos animais
quanto a qualidade da carne (GALLO, 1994).
A eficiência de sangria também pode ser observada sob o ponto de vista da
saúde pública e qualidade de carne. O sangue tem pH alto (7,35 – 7,45: KOLB,
1984) e devido ao grande teor proteico, tem uma rápida putrefação (MUCCIOLO,
1985), logo, a capacidade de conservação da carne mal sangrada é limitada. Além
de constituir um problema visual para o consumidor (HEDRICK et al., 1994).
Os procedimentos higiênicos além daqueles que fazem parte de operações
específicas e da fase preparatória para os exames de inspeção pós-morte, têm por
objetivos elevar a qualidade sanitária das peças (carcaças e órgãos) obtidas no
abate, prevenir contaminações e manter a integridade das mesmas (PARDI et al.,
1993, 1994; BRASIL, 1997 a).
A importância da perfeita insensibilização do animal no momento do abate é
altamente relevante no tocante à ocorrência de alterações, especialmente
pulmonares (GOMES et al., 1999). A má insensibilização provoca a chamada
“agonia do abate”, que se caracteriza por um quadro de enfisema agônico, aspiração
de sangue e conteúdo rumenal para os pulmões (GOMES et al., 1999).
Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi avaliar as alterações macro e
microscópicas dos pulmões de bovinos abatidos em um matadouro público no
Agreste da Paraíba.

14
2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. ORIGEM DO MATERIAL

A coleta do material foi realizada no Abatedouro Municipal na cidade de


Esperança, localizada no Agreste Paraibano, no período de cinco dias de abate
(dias alternados) no mês de Maio de 2016. Os abates neste local ocorrem de terça-
feira a sábado, cada dia da semana com seu respectivo horário de funcionamento.

2.2 INTRUMENTOS PARA COLETA

Foram utilizados para a realização deste trabalho uma planilha em que fora
preenchida (Anexo 1) no abatedouro para um controle estatístico, e desenhos do
órgão para marcar os locais de onde advinham os fragmentos coletados (Anexo 2).
Para a coleta das amostras foram utilizados alguns instrumentos a exemplo do cabo
de bisturi 3 com lâmina 24, uma pinça anatômica, 10 coletores de plástico, fita
adesiva e Formol a 10% (Imagem 1), todos para coletar e armazenar as amostras
dos órgãos e posterior realização da análise histopatológica.

2.3 AMOSTRAS E AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA

Foram avaliados os pulmões de 100 bovinos, adultos de ambos os sexos.


Os pulmões foram avaliados macroscopicamente quanto à cor, ao formato, odor e
palpados averiguando assim, a consistência destes. Foram coletados fragmentos de
10% (10/100) dos pulmões inspecionados, que corresponderam às áreas com
alterações identificadas a olho nu, variando entre o lado (direito e esquerdo) e ou
lobo pulmonar (porção cranial do lobo cranial, porção caudal do lobo cranial, lobo
médio, lobo acessório e lobo caudal). Conforme as amostras eram coletadas, um
desenho do pulmão era marcado respectivamente ao local de onde foi retirado o
fragmento.

15
2.4 PROCEDIMENTOS DOS TECIDOS PARA A HISTOPATOLOGIA

Os fragmentos coletados foram identificados e fixados em formol a 10% e


encaminhados ao Laboratório de Patologia Veterinária no Hospital Veterinário da
Universidade Federal da Paraíba em Areia-PB.
No laboratório as amostras foram registradas e identificadas com um código
de análise para melhor identificação laboratorial. Em seguida foram clivadas,
desidratadas em álcool e clareadas em xilol para que fossem incluídos em blocos de
parafina (Imagem 2 e 3). Após, foram cortadas à 5µm, montadas as lâminas e
coradas pela hematoxilina-eosina de acordo com as técnicas de rotinas (imagem 4 e
5). A leitura de todas as lâminas foi feita em microscópico óptico Olympus.

16
17
3 RESULTADOS

Foi observado que os animais passaram por um estresse ante-mortem


intenso, inclusive na seringa, de onde viam os outros bovinos sendo abatidos e
agonizando ao solo. Neste momento, os animais que assistiam a essas cenas
relutavam na tentativa de sair daquele local. Os animais que agonizavam,
demonstraram quadro doloroso por má insensibilização e consequente sangria
inadequada (Imagem 06 e 07).

Todos os pulmões avaliados apresentaram alterações quanto a coloração,


passando de róseo para congestos, apresentando assim manchas lobulares
avermelhadas em ao menos um dos pulmões (direito e ou esquerdo), sendo em
alguns casos acometidos em lobos inteiros ou parte deles. Essas alterações eram
acompanhadas por enfisema pulmonar (imagens 08 - 11).
As amostras dos pulmões variavam quanto aos locais, sendo de acordo com
os locais das lesões. A identificação das amostras se dá pelas iniciais SR seguidas
de numeração em sequência.
18
19
Tabela 01: Descrição das alterações microscópicas dos pulmões de bovinos
abatidos em um abatedouro municipal do Agreste Paraibano:
Alterações Micro
Identificação Distribuição Macro Congestão Alvéolos Eritrócitos
em distendidos em
alvéolos alvéolos
SR-01
Lobos caudais direito e X X X
esquerdo

SR-02 Porção cranial do lobo


cranial do lado direito e X X
lobos caudais de ambos os
lados
SR-03
Porção Caudal do lobo X X
cranial esquerdo

SR-04
Lobo caudal esquerdo X X

SR-05
Lobo acessório X X

SR-06 Porção caudal do lobo


cranial direito e lobo caudal X X
direito

SR-07
Lobo acessório X X

SR-08
Porção cranial do lobo X X
cranial esquerdo

SR-09 Porção cranial do lobo


cranial direito e porção X X X
caudal do lobo cranial
esquerdo
SR-10
Lobo médio (direito) e lobo X X
caudal direito

20
21
Microscopicamente todos os pulmões apresentaram congestão e enfisema,
sendo assim interpretados como morte agônica em 100% dos casos, destes 20%
apresentaram também presença de eritrócitos na luz dos alvéolos caracterizado por
aspiração de sangue no momento da sangria.

4 DISCUSSÃO

Em todos os pulmões de bovinos avaliados foram encontradas alterações


macroscópicas. Observou-se principalmente avermelhamento de múltiplos lobos
pulmonares em 100% dos bovinos abatidos. As alterações observadas têm possível
relação com o abate agônico, pois não se obteve um abate humanizado com a
insensibilização adequada. Segundo Lima et al. (2007) a má insensibilização do
animal, que provoca um quadro agônico, resultando em aspiração de sangue e de
conteúdo ruminal para os pulmões, além de enfisema.
A insensibilização em todos os bovinos do presente estudo se deu por
traumatismo craniano, seguida da sangria com o animal no solo em decúbito lateral
e, por muitas vezes, pode-se observar os animais se debatendo ao solo por alguns
instantes durante a sangria. Este quadro observado não segue os padrões de abate
humanitário (MAPA, INSTRUÇÃO NORMATIVA, N°03/00). Torna-se essencial que
sejam respeitadas as normas para o abate humanitário dos animais, para que sejam
evitados sofrimentos desnecessários e ainda, possamos obter carne de melhor
qualidade (BONFIM, 2003).
O tipo de abate e sangria realizada no abatedouro do presente estudo induz
estresse aos animais, processo que se inicia na etapa ante-mortem. É importante
reduzir o estresse dos animais durante a rotina de manejo, pois animais agitados
durante o manejo correm mais riscos de acidentes, levando ao aumento de
contusões nas carcaças (PEREIRA, 2006). Assim, todo o controle do manejo pré-
abate, desde a condução dos animais das pastagens para os currais das fazendas,
embarque, desembarque, até o seu processo de atordoamento dentro da indústria
frigorífica, é fundamental para assegurar a boa qualidade do produto final
(SILVEIRA, 2001).

22
Trabalho realizado por Lima et. al. (2007) demonstrou que o órgão que mais
apresentou alterações na inspeção pós-abate em abatedouro de Mossoró – Rio
Grande do Norte foram os pulmões, apresentando como principais alterações,
enfisema e congestão pulmonar. Estes autores, assim como o presente estudo,
associaram às alterações pulmonares aos erros durante o abate, enfatizando a
importância da perfeita insensibilização do animal no momento do abate. Outro
trabalho realizado em um Abatedouro estadual na Bahia, Sodré (2008) verificou que
a congestão pulmonar e a aspiração de sangue, responderam, respectivamente,
como a segunda e terceira maiores causas de descarte em vísceras, demonstrando
que estas alterações são frequentes em diferentes abatedouros do país.
No presente estudo foi constado que mesmo com as alterações visíveis, os
pulmões não eram condenados, sendo posteriormente comercializados nos
mercados públicos das cidades da Região, tornando-se assim, um problema de
saúde pública. O alto pH do sangue (7,35 – 7,45) e o seu grande teor proteico,
resulta em rápida putrefação tecidual (KOLB, 1984; MUCCIOLO, 1985). Este
problema não se limita apenas aos pulmões, mas também compromete a
conservação de toda a carcaça do animal que foi mal sangrado (HEDRICK et al.,
1994).
A análise microscópica de 10% dos pulmões permitiu a obtenção de
resultados mais precisos, em que se pode identificar a presença de eritrócitos na luz
dos alvéolos, tornando-os distendidos (aspiração). A aspiração de sangue é
considerada uma “tecnopatia”, ou seja, uma lesão operacional não patológica, que
por isso não possui correlação com o estado clínico ou sanitário dos animais
(DAGUER, 2004). As modificações bioquímicas e estruturais ocorrem
simultaneamente e são dependentes dos tratamentos ante-mortem, do processo de
abate e das técnicas de armazenamento da carne (ROÇA, 2002), portanto a
aspiração pode comprometer toda carcaça.
Um bom método de abate se dá através de alguns fatores, a exemplo: os
animais não devem ser estressados no pré-abate, a insensibilização e sangria
devem ser a mais rápida e completa possível, as contusões na carcaça devem ser
mínimas, o método de abate deve ser higiênico, econômico e seguro.
Mesmo diante destas irregularidades o abatedouro Municipal deste trabalho é
considerado um dos melhores da Região, pois conta com um serviço de limpeza,

23
inspeção local (municipal) e equipamentos que auxiliam no controle do abate (Serra
elétrica, Trilhos para suspender as carcaças, etc.). É importante salientar que o
abatedouro está passando por reformas e aquisição de novos equipamentos a
exemplo do insensibilizador apropriado.

5 CONCLUSÃO

De acordo com o presente estudo, concluiu-se que os pulmões de bovinos


abatidos em um abatedouro Municipal do Agreste Paraibano apresentam alto
percentual de alterações macroscópicas e histopatológicas compatíveis com
congestão, enfisema e aspiração de sangue. O abate é realizado de forma não
humanizada, contribuindo para a ocorrência de alterações pulmonares, tornando-se
um problema de bem-estar animal e saúde pública. Novos estudos serão realizados
associando a forma de abate com outros órgãos bovinos comercializados e
carcaças.

24
6 REFERÊNCIAS

ABIEC, Associação Brasileira das Indústrias Exportadora de Carne. Disponível


em: http://www.abiec.com.br/noticia.asp?id=1462#.V1xr47srLcc. Acesso em 09 de
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26
ANEXOS

27
Anexo 01

28
Anexo 02

29

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