Quimica Ambiental - Aula 3
Quimica Ambiental - Aula 3
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OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
Definir as variáveis físicas de qualidade da água;
Entender as variáveis químicas de qualidade da água;
Compreender as variáveis hidrobiológicas de qualidade da água;
Entender as variáveis microbiológicas de qualidade da água;
Conhecer as variáveis toxicológicas de qualidade da água.
PRÉ-REQUISITOS
Oitenta créditos cursados.
INTRODUÇÃO
VARIÁVEIS FÍSICAS
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Química da Água - Parte II Aula 3
Os corpos de água naturais apresentam variações sazonais e diurnas,
bem como estratificação vertical. Sendo assim, variações de temperatura é
parte do regime climático normal. A temperatura superficial é influenciada
por fatores tais como latitude, altitude, estação do ano, período do dia, taxa
de fluxo e profundidade. A elevação da temperatura em um corpo d’água
geralmente é provocada por despejos industriais e usinas termoelétricas.
A transparência pode ser medida facilmente no campo utilizando-
se o disco de Secchi. Este consiste em um disco circular branco ou com
setores brancos e pretos e um cabo graduado, que é mergulhado na água
até a profundidade em que não seja mais possível visualizar o disco. Essa
profundidade a qual o disco desaparece, e logo reaparece, é a profundidade
de transparência. A partir da medida do disco de Secchi, é possível estimar
a profundidade de penetração vertical da luz solar na coluna d’água.
VARIÁVEIS QUÍMICAS
As variáveis de qualidade químicas são oxigênio dissolvido, metais (alumínio,
bário, cádmio, cobre, cromo total, ferro total, manganês, mercúrio, níquel, po-
tássio, sódio, e zinco), pH, condutividade específica, fluoreto, cloreto, carbono
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Química Ambiental
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Química da Água - Parte II Aula 3
Em locais onde existem minerais ricos em flúor, tais como próximos a
montanhas altas ou áreas com depósitos geológicos de origem marinha,
concentrações de até 10 mg L-1 ou mais são encontradas. A recomendação
é a ingestão de 1,5 mg dia-1 de fluoreto, o que para um consumo de água de
1,2 a 1,6 litros por dia, resulta em concentrações da ordem de 1,0 mg L-1.
A Portaria Nº 518 estabelece um valor máximo permitido para fluoreto de
1,5 mg L-1 na água potável.
O carbono orgânico dissolvido e absorbância no ultravioleta não estão
sujeitos à legislação, mas é importante que sejam rotineiramente avaliados
durante um determinado período, para que seja possível obter-se uma
correlação entre estes parâmetros com a concentração de compostos
precursores de trihalometanos. Isto poderá facilitar a detecção de pos-
síveis alterações na qualidade da água, com relação à presença desse tipo
de compostos.
A demanda bioquímica de oxigênio (DBO5,20) de uma água é a quan-
tidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica por decom-
posição microbiana aeróbia para uma forma inorgânica estável. A DBO5,20
é normalmente considerada como a quantidade de oxigênio consumido
durante um determinado período de tempo, numa temperatura de incubação
específica. Um período de tempo de 5 dias numa temperatura de incubação
de 20°C é freqüentemente usado e referido como DBO5,20.
A demanda química de oxigênio (DQO) é a quantidade de oxigênio
necessária para oxidação da matéria orgânica através de um agente químico
(ex. dicromato). Os valores da DQO normalmente são maiores que os da
DBO5,20, sendo o teste realizado num prazo menor. O aumento da con-
centração de DQO num corpo d’água se deve principalmente a despejos
de origem industrial.
Os fenóis e seus derivados aparecem nas águas naturais através das
descargas de efluentes industriais. Indústrias de processamento da borra-
cha, de colas e adesivos, de resinas impregnantes, de componentes elétricos
(plásticos) e as siderúrgicas, entre outras, são responsáveis pela presença de
fenóis nas águas naturais.
Analiticamente, isto é, de acordo com a metodologia analítica reco-
mendada, detergentes ou surfactantes são definidos como compostos que
reagem com o azul de metileno sob certas condições especificadas. Estes
compostos são designados “substâncias ativas ao azul de metileno” (MBAS
– Metilene Blue Active Substances) e suas concentrações são relativas ao
sulfonato de alquil benzeno linear (LAS), que é utilizado como padrão na
análise.
Óleos e graxas, de acordo com o procedimento analítico empregado,
consiste no conjunto de substâncias que em determinado solvente consegue
extrair da amostra e que não se volatiliza durante a evaporação do solvente
a 100oC. Estas substâncias, ditas solúveis em n-hexano, compreendem
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ácidos graxos, gorduras animais, sabões, graxas, óleos vegetais, ceras, óleos
minerais, etc. Este parâmetro costuma ser identificado também por material
solúvel em hexano (MSH).
As principais fontes de nitrogênio para águas naturais são esgotos sani-
tários, efluentes industriais, matadouros, frigoríficos, curtumes, drenagem
de áreas agrícolas e solos e fertilizados. O nitrogênio pode ser encontrado
nas águas nas formas de nitrogênio orgânico, amoniacal, nitrito e nitrato.
As duas primeiras chamam-se formas reduzidas e as duas últimas, formas
oxidadas. Pode se associar a idade da poluição com a relação entre as for-
mas de nitrogênio. Ou seja, se for coletada uma amostra de água de um rio
poluído e as análises demonstrarem predominância das formas reduzidas
significa que o foco de poluição se encontra próximo. Se prevalecer nitrito
e nitrato, ao contrário, significa que as descargas de esgotos se encon-
tram distantes. A amônia ocorre naturalmente na água como produto da
degradação da matéria orgânica nitrogenada. Nos efluentes de esgotos
sanitários predomina o nitrogênio orgânico e o nitrogênio amoniacal. Por
essas características, o nitrogênio amoniacal é um útil indicador de poluição
orgânica por despejos domésticos. O nitrato é a forma comum de nitrogênio
combinado em águas naturais. O nitrito é rapidamente oxidado a nitrato;
A concentração de nitrito na água é normalmente baixa (< 0,001 mg L-1).
Elevada concentração de nitrito, geralmente está associada à qualidade
microbiana insatisfatória da água.
O fósforo aparece em águas naturais devido principalmente às descargas
de esgotos sanitários. Nestes, os detergentes superfosfatados empregados
em larga escala domesticamente constituem a principal fonte, além da
própria matéria fecal, que é rica em proteínas. Alguns efluentes industri-
ais, como os de indústrias de fertilizantes, pesticidas, químicas em geral,
conservas alimentícias, abatedouros, frigoríficos e laticínios, apresentam
fósforo em quantidades excessivas. As águas drenadas em áreas agrícolas e
urbanas também podem provocar a presença excessiva de fósforo em águas
naturais. Um dos problemas enfrentados com o descarte de efluentes nos
corpos d’água é a eutrofização (Figura a seguir ). O processo de eutrofização
consiste no excesso de nutrientes, sobretudo os nitrogenados e fosforados,
nas águas superficiais, o que promove um elevado crescimento de algas e
outras espécies vegetais aquáticas. A morte e o apodrecimento desta flora
aquática provocam um grande consumo do oxigênio dissolvido na água,
levando à mortandade de peixes por asfixia.
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Química da Água - Parte II Aula 3
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Química Ambiental
VARIÁVEIS HIDROBIOLÓGICAS
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Química da Água - Parte II Aula 3
qualidade da água de lagos e reservatórios em diversos países e, apesar de
existirem algumas propostas de índices para esta comunidade, a maioria
deles não é diretamente aplicável nos ambientes aquáticos tropicais, onde
as espécies exibem diferentes sensibilidades e ocorrência.
A comunidade bentônica corresponde ao conjunto de organismos que
vivem todo ou parte de seu ciclo de vida no substrato de fundo de ambientes
aquáticos, como pode ser visto na Figura abaixo. Os macroinvertebrados têm
sido sistematicamente utilizados em redes de biomonitoramento em vários
países, porque ocorrem em todo tipo de ecossistema aquático. Estes exibem
ampla variedade de tolerâncias a vários graus e tipos de poluição. Têm baixa
mortalidade e estão continuamente sujeitos às alterações de qualidade do
ambiente aquático, inserindo o componente temporal ao diagnóstico. Como
monitores contínuos, possibilitam a avaliação a longo prazo dos efeitos
de descargas regulares, intermitentes e difusas, de concentrações variáveis
de poluentes, de poluição simples ou múltipla e de efeitos sinergéticos e
antagônicos de contaminantes.
VARIÁVEIS MICROBIOLÓGICAS
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Química Ambiental
VARIÁVEIS TOXICOLÓGICAS
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Química da Água - Parte II Aula 3
letalidade de número significativo de organismos, dentro do período de 48
horas) ou crônico (quando ocorre inibição na reprodução dos organismos,
dentro do período de sete dias). A amostra é considerada não tóxica caso
não haja detecção de qualquer dos efeitos tóxicos.
O ensaio de toxicidade aguda/crônica com o anfípodo Hyalella azteca
é utilizado para avaliar a ocorrência de efeitos tóxicos, agudos ou crônicos,
em sedimentos coletados em recursos hídricos para os quais está prevista a
preservação da vida aquática. O resultado do ensaio é expresso como agudo
(quando ocorre letalidade de número significativo de organismos, dentro
do período de 10 dias) ou crônico (quando ocorre inibição do crescimento
de um número significativo de organismos, dentro do período de 10 dias).
A amostra é considerada não tóxica caso não haja detecção de qualquer
dos efeitos tóxicos.
Os ensaios de genotoxicidade medem a capacidade de um composto ou
mistura de causar dano ao material genético. Danos genéticos não reparados
geram mutações nos organismos expostos as quais podem causar doenças
como câncer, anemia, distúrbios cardiovasculares e neurocomportamentais,
além de doenças hereditárias.
LEIA MAIS
CONCLUSÃO
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Química Ambiental
RESUMO
O processo de avaliação da qualidade da água corresponde a um con-
junto de medidas físicas, químicas e biológicas, diretamente relacionadas
com a proposta de uso da água. As variáveis de qualidade da água são físicas,
químicas, hidrobiológicas, microbiológicas e toxicológicas. As variáveis de
qualidade físicas são coloração da água, série de resíduos (filtrável, não fil-
trável, fixo e volátil), temperatura da água e do ar e turbidez. As variáveis de
qualidade hidrobiológicas são clorofila a, fitoplâncton, zooplâncton e bentos.
As variáveis de qualidade microbiológicas são coliformes termotolerantes,
cryptosporidium sp e giardia sp. As variáveis de qualidade toxicológicas são
ensaio de toxicidade aguda com a bactéria luminescente – v. fischeri (sistema
microtox), ensaio de toxicidade aguda/crônica com o microcrustáceo cerio-
daphnia dúbia, ensaio de toxicidade aguda/crônica com o anfípodo hyalella
azteca e ensaio de genotoxicidade.
ATIVIDADES
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AUTO-AVALIAÇÃO
PRÓXIMA AULA
REFERÊNCIAS
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