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ENRIQUECIMENTO

AMBIENTAL:
Ideias para colocar
em prática hoje

Ana Carolina Assumpção Camargo Neves


Anna Cecília Leite Santos

Patrocínio
Ana Carolina Assumpção Camargo Neves
Anna Cecília Leite Santos

Enriquecimento ambiental:
Ideias para colocar em prática hoje

1ª Edição
ISBN: 978-65-80526-00-0

Rio de Janeiro
Zoológico do Rio de Janeiro – RIOZOO
2019
PREFÁCIO
A ÉTICA NO MANEJO DE ANIMAIS SOB CUIDADOS HUMANOS

Segundo relatório lançado em Abril de 2019 pela Plataforma


Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços
de Ecossistemas (IPBES) da Organização das Nações Unidas (ONU), um
milhão de espécies de animais e plantas estão ameaçadas de extinção. A
perda de habitat natural, proliferação de espécies invasoras, exploração das
fontes naturais e mudanças climáticas são os principais fatores que agravam
esse quadro para os próximos anos.

Nesse contexto, os zoológicos e aquários exercem um papel fundamental


como espaços garantidores do manejo de populações para o desenho de
estratégias de conservação em conjunto com universidades, ONGs,
empresas e órgãos ambientais. Assim, os cuidados com essas populações de
animais silvestres ganham peso de responsabilidade ainda maior por parte
dos técnicos e mantenedores das instituições. Fazer um bom manejo através
de técnicas de bem estar animal significa tanto a garantia da eficiência e
melhoria dos resultados de saúde, quanto da salvaguarda da ética na relação
Homo sapiens/fauna silvestre. E essa é uma preocupação prioritária do
Grupo Cataratas em suas operações no AquaRio e no RioZoo.

Como membro associado da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil


(AZAB), entidade que preza pela difusão das melhores práticas em prol do
aumento da qualificação técnica e de modo a contribuir com a comunidade de
profissionais, estudantes e especialistas é que o RioZoo apresenta esse
conjunto de técnicas de enriquecimento ambiental aplicadas diariamente por
nossa equipe e organizadas de maneira competente pela Ana Carolina Neves
e pela Anna Cecília Leite dos Santos.

Trata-se de um guia prático, resultado de pesquisa investigativa sobre


atividades simples e eficazes aplicadas em zoológicos do Brasil e do exterior
e testadas com resultados positivas de etologia junto ao nosso plantel,
podendo ser utilizadas como referência pela comunidade.

Boa leitura!

Fernando Henrique de Sousa


Diretor Institucional e Sustentabilidade
Grupo Cataratas
Este material foi escrito baseado em publicações científicas e trabalhos em campo
diários da equipe que compõem o Programa de Enriquecimento Ambiental do
Zoológico do Rio de Janeiro. Agradecemos o carinho e dedicação de todos pelos
animais.

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UMA PALAVRA DAS AUTORAS...
Em um primeiro momento, quando a Bióloga que me orientou ao longo do projeto, Anna
Cecília Leite Santos, “encomendou” que escrevesse um livro de receitas dos
enriquecimentos ambientais que aplicava ao nosso plantel para que pudéssemos
alcançar e dividir com todos os zoológicos do Brasil, eu fiquei bem confusa, afinal, qual
é o restaurante que compartilha seus “molhos secretos” com os demais?

Mas foi quando eu dei o start na escrita e revi as imagens e vídeos das interações, que
eu finalmente abdiquei de qualquer vaidade e egoísmo que pudessem existir e me
entreguei, tanto quanto pude, para finalizar este guia.
Se eu pudesse deixar uma palavra para vocês aqui, essa seria: façam uso das técnicas
descritas, inventem outras tantas, compartilhem e vamos dar os estímulos
necessários aos nossos animais.

Eu espero que vocês se deliciem tanto quanto eu assistindo cada interação (ou não –
porque é tudo uma questão de escolha do indivíduo) e compreendam a célebre frase
do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry em O Pequeno Príncipe: “tu te tornas
eternamente responsável pelo que cativas”, em todos os sentidos da coisa.

Ana Carolina Assumpção Camargo Neves

Manter animais sob cuidados humanos é um grande desafio, principalmente quando


se busca atender questões físicas e psicológicas dos indivíduos. Cada um é cada um,
com uma particularidade, com um temperamento, com características exclusivas da
espécie.

E o que todos tem em comum? Estão fora de seu habitat natural, por algum motivo. E é
nossa a responsabilidade de prover o melhor para que eles vivam bem!

Então vamos falar sobre o bem, sobre fazer o bem. E por que não começar
compartilhando o que tem dado certo no RioZoo? Leiam as técnicas, coloquem
em prática, avaliem se o animal interagiu, faça você a diferença no dia-a-dia de cada
um. Seja você a diferença!

Anna Cecília Leite Santos

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1.INTRODUÇÃO
O habitat natural dos animais que mantemos sob cuidados humanos é dinâmico,
fornece possibilidades para a exploração e é um ambiente onde a lei da natureza
impera tanto quanto a ecologia comportamental comanda as interações e os induz em
escolhas de múltiplas ações. Diferentemente dos espaços de confinamento, que
possui poucos recursos de estímulo e tem a tendência a se tornar enfadonho e está
sendo constantemente sofrendo a intervenção através da ação do homem (seja ele um
funcionário ou do próprio público visitante).

O enriquecimento ambiental surge para tornar o ambiente sob cuidados humanos


mais apto para a sobrevivência dos animais e tornam viáveis a reprodução no cativeiro
(CELOTTI, 2001) e a expansão do estado de bem-estar animal, o que é de suma
importância para as questões conservacionistas da manutenção desses animais em
zoológico, criadouros, aquários e afins.

Nos dias de hoje, é possível encontrar brinquedos e objetos de enriquecimento


ambiental em veterinárias e pet shops porque está cada vez mais difundido o conceito
que o mesmo precisa ser aplicado para animais domésticos tanto quanto se faz
necessário para os animais selvagens ou em ambientes seminaturais.

De acordo com Shepherdson, Mellen & Hutchins (1998), o enriquecimento ambiental


(E.A.) é um princípio de manejo que visa o aumento da qualidade de vida dos animais
mantidos sob nossos cuidados, que nos permite verificar e oferecer possibilidades
para a expressão das atividades físicas e psicológicas indispensáveis ao seu bem-
estar.

Hediger (1964) aumentou a ideia de enriquecimento ambiental com relação aos


animais mantidos sob cuidados humanos quando disse que o fornecimento de
qualidade de espaço era mais importante que a quantidade de espaço. Também
declarou que o bem-estar dos animais de cativeiro dependia da possibilidade de
satisfazer as atividades que eram essenciais para a espécie.

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Atualmente, acreditamos que se faz de suma importância adotar o conceito de
enriquecimento ambiental como parte da atenção para gestão dos animais mantidos
fora do seu habitat natural, afinal, animais mantidos sob cuidados humanos
frequentemente necessitam expressar padrões de comportamento (YOUNG, 2003).

A manutenção dos animais sob cuidados humanos pode fazer com que ocorram
comportamentos diferentes do que apresentariam na natureza, visto que o ambiente é
bem diferente do natural (ALMEIDA, 2006).
O tipo de anormalidade comportamental mais comum em animais cativos são as
estereotipias, que podem ser definidas como “uma série de movimentos repetitivos e
relativamente invariáveis que não tem um aparente propósito” (BROOM, 1981). De
acordo com Shepherdson (1998), as estereotipias podem ser quantitativas – como
beber água ou grooming em excesso, por exemplo; ou qualitativas – comportamentos
que o indivíduo não apresentaria na natureza, tais como fazer a cabeça de pêndulo ou
coprofagia; entre outros.

2. COMO PROMOVER UM AMBIENTE MAIS


SAUDÁVEL PARA ANIMAIS MANTIDOS SOB
CUIDADOS HUMANOS?
Antes de tudo, o ideal é entender os comportamentos normais da espécie em vida livre
e, a partir do mapeamento dos comportamentos anormais, promover mudanças em
seu recinto, para que possamos adequar de modo satisfatório as suas necessidades,
tais como: habitat de preferência, relações necessárias para o desenvolvimento de
modo saudável, prioridade alimentar, dentre outros. Somente desse modo será
realmente possível traçar um plano de ação para a aplicabilidade do enriquecimento
ambiental de modo correto e satisfatório.

Bloomsmith, Brent & Shapiro (1991) ditam que o E.A. é dividido em cinco grandes
grupos com distintas subdivisões.

ALIMENTAR
São os de mais simples confecção e podem ser aplicados diariamente em variadas
apresentações, uma vez que podem ser considerados como uma diferente forma de
entrega da dieta, frequência, horário, apresentação, processamento, novidade
alimentar, variedade, etc.

COGNITIVO
São enriquecimentos que demandam a introdução de atividades que desenvolvam o
intelecto e a curiosidade (instinto exploratório) do animal, como dispositivos de
quebra-cabeças, forrageio e afins. Podem ser divididos em atividades que visem o
estímulo e/ou desenvolvimento psicológico como os puzzle feeders e exercícios,
como cordas e mangueiras para escaladas.

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FÍSICO
Enriquecimentos físicos consistem na mudança estrutural do viveiro/recinto do
animal, sempre observando uma área propicia e adequada ao meio natural em que a
espécie estaria inserida em vida livre (vegetação, substrato, representação de
planaltos e planícies, lagos, etc). Alguns pontos a observar são o tamanho e
acessórios (mobília temporária ou permanente - porque com o tempo ela "perde" o
sentido de novidade, por exemplo).

SENSORIAL
Tratam-se de técnicas que desenvolvam os sentidos dos animais, podendo ser
olfativo, visual, auditivo, gustativo e tátil. Bons exemplos para este tipo de atividade
são os sons encontrados em ambientes naturais, pelagem de lhamas e alpacas
quando aparadas, fezes de outros indivíduos (quando devidamente testadas contra
parasitas e afins), especiarias (canela, erva de gato, etc), mudança no substrato,
variação alimentar (sim, os enriquecimentos podem "conversar" entre eles!) e muito
mais.

SOCIAL
Nada mais é do que a promoção da interação de indivíduos interespécies ou intra-
espécies que possam permanecer no mesmo local. É de suma importância para
representar o ambiente natural onde, principalmente os animais que vivem em grupo,
permaneçam também com outras espécies, interagindo de forma direta com as

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É impreterível deixar claro que algumas
regras precisam ser consideradas em
cada enriquecimento ambiental proposto,
como posto em alguns exemplos a seguir:

- É preciso que sempre estimulemos os animas de acordo com os hábitos


relacionados à sua espécie, respeitando animais arborícolas, terrestres, diurnos,
vespertinos, noturnos e seu tipo de dieta;

- Os materiais que forem utilizados não podem contribuir, sob nenhuma hipótese, para
a fuga do animal, feri-lo (sempre faça furos ou utilize elementos que respeitem a sua
anatomia). E não menos importante, esse material também não deve representar
perigo para os humanos (visitantes ou trabalhadores do entorno) ou servir para ser
arremessado no público e vir a causar qualquer tipo de dano;

- É necessário compreender que o enriquecimento ambiental, quando oferecido em


recintos de animais que convivem em grupo, precisa, necessariamente, estar em
quantidade suficiente para todos os indivíduos de modo que amenize ao máximo
qualquer conflito ou disputa pelo enriquecimento ofertado;

- Quando se faz uso de elementos artificiais ou até mesmo naturais, é sempre de suma
relevância buscar utensílios atóxicos e que sejam seguros (por exemplo, a madeira
não é um material autoclavável, portanto não é possível desinfetar com facilidade e
utilizar em várias classes e grupos de animais distintos – ao menos, não
recomendamos);

- Os itens de enriquecimento ambiental não devem permanecer no recinto, o ideal seria


estipular um prazo para que o caráter da novidade daquele elemento não se perca com
o passar dos dias;

- Um ponto que merece atenção extra é o superestímulo ao animal com a oferta


exacerbada de diversos itens de enriquecimento ambiental ao mesmo tempo e muitas
vezes na semana – fique atento porque isso não é benéfico!;

- Animais mantidos sob cuidados humanos possuem limitações e estas precisam ser
consideradas a todo momento. Desse modo, as sugestões feitas precisam,
necessariamente, estar de acordo com o comportamento do animal, entretanto,
respeitando e observando o local onde o animal está acomodado.

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O enriquecimento ambiental é de
enorme influência para a garantia do
bem-estar dos animais que não se
encontram mais em seu habitat natural
em caráter provisório (preparação para
solturas, por exemplo) ou definitivo, uma
vez que esse trabalho visa a redução do
estresse e possibilita a sanidade
fisiológica e psíquica dos animais.

Por fim, é nosso dever, um compromisso


ético e moral em relação à sobrevivência
e conservação dos animais que sofrem
diretamente com o desenvolvimento
inevitável da nossa espécie, garantindo
a melhoria do estado de bem-estar
independente da finalidade que
qualquer animal apresente.

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3. IDEIAS DE ENRIQUECIMENTO
AMBIENTAL:

3.1 Varal de alimentos

Utilização de uma corda de sisal para amarrar as frutas e demais alimentos com
consistência mais sólida (para que não caiam facilmente). Amarrar pelo recinto para
que o animal se alimente de modo diferenciado, equilibrando-se nas amarras.

Sugestão: use coco, milho, laranjas, maçãs, carambolas, etc., evite alimentos como
banana e mamão (eles geralmente se rompem com o peso e se desfazem facilmente).

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.2 Galão de água furado

Galões de 1, 5, 10 ou 20 litros (mediante


o tamanho do animal) podem ser
grandes aliados na hora de estimular a
busca pelo alimento. Fazendo furos que
respeitem a anatomia das mãos do
animal e arredondados (evitando partes
cortantes), é possível colocar sua
alimentação dentro do mesmo e deixar
que o indivíduo “lute por ela”, como faria
no habitat natural.

Sugestão: é possível dificultar ainda


mais a busca colocando feno dentro do
galão, fazendo com que o animal precise
aguçar seus sentidos olfativos; utilize
uma furadeira e suas ferramentas para
fazer os furos no galão e após lixe todos
os furos feitos, deixando a superfície lisa
e sem qualquer protuberância, de modo
que o animal não consiga ferir qualquer
parte de seu corpo.

Grupo de animais: mamíferos, em


especial primatas e ursos.

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3.3 Barra de sementes

Utilizando as sementes da alimentação normal do animal (não recomendamos


adicionar nada além daquilo que o médico veterinário, zootecnista e biólogo
responsável já recomendam naturalmente), misturar para cada meia xícara de
sementes, utilizar uma colher de chá de mel de abelha e uma clara. Em alguns locais, é
utilizado arame para formar uma espécie de bastão e facilitar a colocação, entretanto,
por questões de segurança, não recomendamos. Misturar e levar ao forno 140º por
vinte minutos. Pendure ou espalhe pelo recinto.

Sugestão: evitar o uso de sementes na alimentação dos animais devido ao alto teor de
gordura.

Grupo de animais: aves, em especial psitacídeos.

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3.4 Hibisco

A utilização de flores e galhos de


hibiscos é muito comum nos
enriquecimentos que propomos no
RioZoo: nós mesmo plantamos e
cultivamos essa planta rica em ácido
ascórbico (vitamina C). Ele pode ser
utilizado em tubos de PVC para nossos
jabutis, para esconder alimentação e
fazer ninhos em primatas, espalhadas
pelo recinto como para a iguana, em
formato de bolas (amarrando os galhos
com cipós) ou até mesmo para
alimentação de outros animais que
gostem, como exemplo dos queixadas,
antas, catetos, elefantes, dentre outros.

Sugestão: pergunte sempre ao


responsável do setor sobre a
possibilidade de oferecer algum
alimento diferenciado (como frutos,
flores e folhas) e experimente conceder
um novo paladar ao animal!

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.5 Sorvetes e picolés

Sem adição de açúcar e com


ingredientes totalmente naturais,
utilizamos frutas maduras da época de
nossa cozinha e batemos no
liquidificador com pouca água,
mantendo assim as fibras. As fôrmas e
tamanhos variam de acordo com o
animal que receberá o enriquecimento
no dia de calor intenso. Julgamos esse
enriquecimento alimentar e sensorial
devido a possibilidade do mesmo poder
ter acesso a uma sensação térmica
diferente.

Por exemplo, para um urso pardo


utilizamos um balde como molde,
enquanto que para um chimpanzé,
utilizamos um copo de guaraná natural
e, para um macaco prego, um recipiente
de iogurte vazio.

Para animais carnívoros, como os


felinos, é possível fazer um picolé de
carne e sangue.

Sugestão: pergunte sempre ao


responsável do setor sobre a
possibilidade de oferecer um alimento
congelado ao animal, alguns podem não
tolerar o choque térmico de temperatura
ou ter outras restrições quanto a isso;
sugerimos que o armazenamento e
utilização deste enriquecimento não
seja superior a 3 dias (após esse período
as frutas mudam a textura e aspecto).

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3.6 Tronco com mel

Com o auxílio de um tronco, fazer pequenos furos onde seja possível encaixar rolhas
de vinho. Colocar mel de abelhas e tapar os furos com os tampões. Oferecer para que o
animal utilize ferramentas próprias para obter o prêmio.

Sugestão: use mel com moderação e lembre-se sempre de verificar com a equipe
técnica quanto animais em dietas especiais e restrições a açúcares (como diabéticos,
por exemplo); utilize uma furadeira e lixe os furos até a superfície não apresentar
protuberâncias ou farpas que possam ferir o animal; coloque rolhas de cortiça obtidas
em garrafas de vinho para tornar ainda mais difícil (não tivemos problemas com a
ingestão desse material).

Grupo de animais: mamíferos, em especial primatas.

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3.7 Caixa surpresa

Com apenas uma caixa de papelão é possível inventar muitas atividades para agradar
os animais de inúmeros grupos: esconder alimentos, criar pontos de fuga, ninhos,
rechear com feno e odores diversos para que os mesmos se entretenham.

Sugestões: deixe a criatividade fluir e sempre se atente ao grau de dificuldade da busca


e da motivação da atividade, quando mais difícil for, mais tempo será dispensado na
execução da tarefa.

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.8 Frutas congeladas

Maçãs, melancias, melões e outras


frutas podem ser levadas ao freezer por
algumas horas (ou um dia, dependendo
do tamanho e potência do seu
equipamento) e oferecidas aos animais
de forma a mitigar o calor e lhes
proporcionar uma sensação térmica
diferenciada.

Sugestões: assim como no caso do


enriquecimento “Sorvetes e picolés”,
recomendamos a sua execução em dias
quentes e seguir a orientação dos
especialistas do setor; quando fizer o
picolé de frutas, utilize em até 3 dias
(após esse período as frutas mudam a
textura e aspecto).

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.9 Rolinho de papel higiênico com sementes

Uma maneira interessante de evitar jogar no lixo os rolinhos de papel higiênico que
sobram, é juntá-los para fazer uma espécie de móbile para aves. A confecção é
bastante simples: basta besuntar o rolinho com um creme feito a partir de algumas
bananas bem maduras amassadas ou cola de farinha de trigo e colar as sementes da
dieta habitual do animal. Após isso, basta pendurar o apetrecho com sisal no recinto e
aguardar pela interação.

Sugestões: evitar o uso de sementes na alimentação dos animais devido ao alto teor
de gordura.

Grupo de animais: aves, em especial psitacídeos.

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3.10 Odores espalhados pelo recinto

Você pode fazer uma trilha utilizando erva de gato, canela em pó, orégano, pêlos,
sangue, fezes de outros animais e o que mais a sua imaginação (e coordenação
técnica) permitirem. Sempre seja cauteloso com o estado de saúde dos animais para
evitar a contaminação cruzada de algum patógeno.

Sugestões: utilize essa técnica em combinação com montinhos de feno, alastre em


troncos ou locais onde seja fácil para o observador identificar se o animal está indo até
o ponto onde o odor está potencializado.

Grupo de animais: conforme aceitação, dando preferência aos que possuem olfato
apurado como felinos, ursos, etc.

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3.11 Piscininha

Uma piscininha de material plástico de alta resistência (não confundir com piscinas
infláveis infantis) pode ser utilizada para forrageio. Escondendo os alimentos em uma
camada de capim, feno ou maravalha, você instigará o animal na busca pela comida.

Sugestões: essa mesma piscininha pode ser utilizada de modo tradicional (com água)
para refrescar animais com hábitos de banho, como chimpanzés e gorilas.

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.12 Espetinho

Assim como nas festinhas dos anos 80/90, você também pode oferecer um espetinho
repleto de guloseimas para os animais que são mantidos em seu plantel. Trata-se de
uma maneira diferenciada de ofertar a comida e que pode trazer novidade para o dia a
dia.

Sugestão: ao invés de utilizar espetinhos de churrasco e lixar a ponta, experimente


usar o próprio talo da couve e torne tudo comestível, evitando a geração de resíduos!

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.13 Trouxinha de couve

Uma folha de couve pode ser recheada com sementes, frutas picadinhas, ração, etc.
Após dobrada, é só oferecer aos seus animais e deixar que eles comam o conteúdo e a
“embalagem” do presente.

Sugestão: recomendamos a utilização de fiapos de espiga de milho para seu


fechamento e não barbante ou sisal (pois corre-se o risco do animal engolir).

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.14 Alimento recheado

Rechear alimentos com outros é uma forma interessante e a até mesmo divertida de
oferecer a alimentação diária aos animais.

Caso o animal em questão seja um carnívoro ou banguela (como um tamanduá), é


possível adaptar colocando pedaços de carne ou a papinha, respectivamente.

Sugestões: brincar de fazer rostinhos deixa sempre mais pitoresco e espirituoso!

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.15 Gelatina na melancia

A polpa da melancia pode ser utilizada de muitas formas, como sucos para dar
medicações para primatas por exemplo, restando assim a sua “carcaça”. Como forma
de otimizar e criar um enriquecimento diferenciado, utilizamos como recipiente para
congelar a gelatina (compramos sempre do tipo sem açúcar) e fazemos normalmente
a receita, conforme ensina a embalagem.

Sugestões: pedir aval do corpo técnico antes de oferecer um alimento que não
componha a dieta do animal.

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.16 Ninho para aves

Com feno e paciência, podemos confeccionar pequenos ninhos para nossas aves. Eles
podem ser recheados com a preferência alimentar do animal: frutas picadas,
neonatos, castanhas, etc.

Sugestões: é possível utilizar metade de um coco seco também, que tem o mesmo
formato de cuia para simular o enriquecimento de ninho.

Grupo de animais: aves, em especial psitacídeos e passeriformes.

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3.17 Cesta de piquenique

Assim como dispor a alimentação em


uma caixa de papelão, é possível criar
uma bela cesta de piquenique para os
nossos animais a fim de proporcionar
uma nova oportunidade de recebimento
de sua alimentação diária. É importante
sempre haver a variação para que a
monotonia não se estabeleça. Sendo
assim, basta oferecermos a sua dieta
arrumada de um modo diferenciado.

Sugestões: é sempre bom ser cauteloso


quanto ao animal ao qual será destinada
uma cesta de material rígido, sugiro
sempre uma reunião com o corpo
técnico do seu zoo/criadouro.

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.18 Árvore de alimentos

Galhos com muitos ramos caídos em


sua instituição podem ser um bom sinal,
ao invés de destinar ao lixo – como
habitualmente é feito -, podemos utilizar
para criar uma espécie de árvore
natalina para nossos animais.

Sugestões: utilize alimentos macios


para que seja fácil “pregar” no galho já
fragilizado da árvore que caiu.

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.19 Alimento boiando

Com o auxílio de folhas de couve, é possível colocar camarões, peixes, neonatos e


pequenos pedaços de carne boiando para que jacarés e cágados agucem seus
instintos de predação.

Sugestões: coloque pequenas porções para que não afunde e sempre leve em
consideração que você precisa ter uma quantidade suficiente para o tamanho do
grupo de animais que mantem em seu recinto.

Grupo de animais: répteis aquáticos ou semiaquáticos.

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3.20 Pneu

Um simples pneu pode assumir multifunções quando utilizamos dentro do


enriquecimento ambiental. Ele pode ser jogado pro alto como um simples brinquedo
por animais maiores, podemos esconder alimentos dentro dele e utilizá-lo como um
esconderijo de comida ou comedouros, pendurá-lo como um móbile e permitir que
sejam utilizados como balanços, mordedores e muito mais!

Sugestões: utilizem pneus de caminhões, carros, bicicletas... diferentes tamanhos e


diâmetros proporcionam diferentes experiências.

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.21 Alimento espalhado pelo recinto

Os animais gastam a maior parte do seu tempo, em natureza, buscando abrigo e


alimento, coisa que, quando mantidos sob cuidados humanos, acaba se perdendo e
gerando a ociosidade. Para mitigar esse problema e aumentar seu tempo de
interatividade, é indispensável gerar mecanismos que os façam buscar pelo alimento
por mais tempo ao invés de simplesmente oferece-lo em horários pré-determinados
em comedouros. Dessa forma, é possível espalhar a comida por todo recinto, podendo
dificultar a atividade com feno, maravalha, alfafa, folhas secas... esse é um método
simples e eficaz de entreter o seu animal.

Sugestões: essa metodologia é bastante aceita e utilizada em zoológicos de todo o


mundo (inclusive no Brasil), sendo muito recomendada por especialista quando falam
sobre o contrafreeloading.

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.22 Pescaria com jacaré

Trata-se de uma atividade simples, porém que exige um certo cuidado com o trato dos
animais de relativa periculosidade. O enriquecimento contou com uma corda de sisal e
pedaços de peito de frango descongelados que compõe a dieta do animal. Foi
elaborada uma espécie de “vara de pesca” improvisada com um galho firme de árvore e
batemos na superfície da água com o frango, simulando uma presa viva. O animal foi
de encontro ao alimento e tivemos um excelente aproveitamento.

Sugestões: não recomendado quando existem muitos machos dentro de um mesmo


recinto a fim de evitar conflitos.

Grupo de animais: répteis, em especial os crocodilianos (ou conforme for possível


adaptar para outros grupos e espécies).

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3.23 Caixas de maçãs e ovos

Um outro item bastante versátil e que faz parte da cozinha de quase todo zoológico
são as caixas de papelão onde vem embalados os ovos e maçãs. Eles servem para a
confecção de rolinhos (basta colocar os alimentos, enrolar e amarrar com um pequeno
pedaço de sisal); utilizar como um comedouro diferente quando suspendo e o que
mais sua imaginação permitir.

Sugestões: ainda que a base desse material seja a celulose (ruminantes conseguem
digerir por conta das bactérias em seu trato digestivo que produz enzimas capazes de
metabolizar o polímero), nem todos tem essa mesma capacidade. Sempre consultar a
equipe técnica ao ofertar esse enriquecimento!

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.24 Bolinho de primata

Uma excelente opção para oferecer após procedimentos dentários, quando é


necessário medicar, como recompensa no treinamento ou agrado ao animal, o bolinho
de primatas consiste em frutas bananas maduras amassadas (podendo misturar ou
não com outras frutas, como pequenos pedaços de maçã, por exemplo) e enrolas no
farelo da ração para primatas – exatamente como faríamos em um docinho de festa.

Sugestões: para filhotes, é recomendável consultar o médico veterinário e pedir dicas


para oferecer da melhor maneira possível (por vezes, existe a indicação de incluir
algum tipo de suplementação extra).

Grupo de animais: primatas.

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3.25 Bolinho de lobo guará

Da mesma forma que podemos oferecer bolinhos aos nossos primatas, também é
interessante utilizar as frutas provenientes da dieta desses canídeos, ração específica
e, por vezes, pequenos pedaços de carne para rechear e instigar que consumam. Os
bolinhos podem ser oferecidos inicialmente no comedouro habitual do animal para
avaliar sua aceitação e, posteriormente, escondidos dentro do recinto.

Sugestões: caso vá esconder pelo recinto, é interessante utilizar o sangue da carne ou


patê de cães para criar uma trilha de cheiro que o leve até próximo ao local do
esconderijo, isso aguça os sentidos do animal e transforma um enriquecimento
puramente alimentar em sensorial também.

Grupo de animais: Canídeos, mas pode ser replicado conforme adaptação a outros
grupos e espécies.

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3.26 Bola de cipó

Confeccionar as bolas de cipó é um pouco trabalhoso, no entanto, o resultado é


realmente surpreendente. De posse de várias tiras de cipós, comece a enrolá-las,
amarrá-las e moldar no formato arredondado. Ela pode ter utilidades conforme sua
imaginação: desde a esconder comidinha em seu interior a uma utilização mais
divertida e simples, como uma bola para destruição!

Sugestões: use luvas para não manchar tanto as mãos e faça em dias em que esteja
com paciência alta: o cipó nem sempre é maleável e as vezes nós perdemos a algumas
tiras no processo.

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.27 Plantação de milho

Esse enriquecimento surgiu de uma brincadeira que fazíamos para felinos


domésticos: plantar em pequenos vasos milho de pipoca para que eles se divertissem
com a grama que nascia. O ato do felino comer a grama tem a ver com as bolas de pelo
que se acumulam em seu intestino e o prejudicam no momento da digestão alimentar.
Por que seria diferente com os nossos “gatões”? Para desobstruir o estômago e servir
como enriquecimento, plantar milho pode ser uma excelente alternativa – além de
crescer bem rápido e exigir cuidados mínimos.

Sugestões: reutilize caixas de leite e sucos vazias.

Grupo de animais: felinos.

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3.28 Bola com furos

Um brinquedo desenvolvido com material de alta resistência pode ser um grande


aliado para aumentar o tempo de alimentação dos animais. O objetivo é que eles
demorem a obter os alimentos e, conseqüentemente, passem menos tempo ociosos.

Sugestões: você pode encontrar essas bolas em petshops ou lojas especializadas.

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.29 Espelhos

Espelhos podem ser utilizados como enriquecimento ambiental em algumas


situações, como, por exemplo, no caso dos flamingos que somente fazem o cortejo de
acasalamento em grupos de grandes de indivíduos ou com primatas, que conseguem
se reconhecer e interagir com o utensílio.

É interessante ver como o espelho possui uma influência distinta em diferentes


animais, entretanto, é um apetrecho que deve ser utilizado com muita cautela e,
dependendo do caso, deixá-lo até mesmo fora do recinto, de modo que o animal não
consiga acessá-lo para quebrar e se ferir.

Sugestões: caso não esteja seguro com o uso do espelho de vidro, existem opções
similares, como chapas de plástico inquebráveis, em acrílico ou até mesmo
brinquedos para bebês com espelhos flexíveis.

Grupo de animais: conforme aceitação.

42
3.30 Mangueira de bombeiros

Por ser um material facilmente


descartável e que precisa ser
substituído constantemente, é possível
pedir uma doação dessas mangueiras
para a corporação mais próxima do seu
zoo. Existem inúmeras possibilidades
com as mangueiras, que vão desde a
criar uma rede com elas, trançando-as;
ou simplesmente levando-as de um
ponto a outro do recinto, criando a
oportunidade de braquiação para
animais arborícolas.

Sugestões: assegurem-se de que as


redes e mangueiras estão bem presas e
seguras antes de deixar os animais
utilizarem o novo brinquedo.

Grupo de animais: conforme aceitação.

43
3.31 Redes e cordas

Do mesmo modo que é possível criar modelos distintos para os animais a partir da
mangueira de bombeiros, as redes e cordas são bastante interessantes porque podem
ser utilizadas de formas parecidas: como escadas, teias de aranha, penduradas no
recinto, servindo de suporte para pneus ou outros apetrechos.

Um ponto interessante para falarmos aqui é que a corda pode ser comprada em
diferentes espessuras e tipos, como o sisal e o nylon, o que vai determinar a escolha
será a necessidade do seu animal.

Sugestões: além de se assegurar que as redes e o sisal estão bem fixados, é


recomendado não deixar qualquer ponta solta (o animal pode se enforcar!) e ter
cautela em seu uso – justamente porque não é todo animal que está apto a um
enriquecimento com esse tipo de material, sendo mais recomendado para primatas,
por exemplo.

Grupo de animais: conforme aceitação, entretanto, recomenda-se o uso em primatas.

44
3.32 Troncos

Troncos podem assumir muitas possibilidades quando pensamos em utilizá-lo como


forma de enriquecimento ambiental e, uma delas, é seu uso como forma de
desenvolver o equilíbrio nos animais.

Seja colocando um pedaço de carne em seu topo, incentivando que seu felino suba até
lá para obtê-la; seja colocando ovos cozidos para o seu urso buscar; oferecendo a sua
serpente para que ela se esfregue e complete a ecdise com mais conforto ou
simplesmente utilizando como poleiros para suas aves (respeitando a anatomia de
suas patas).

Sugestões: troncos são materiais de difícil limpeza, recomendamos que não haja
rodízio entre os animais – ainda que todos sejam sadios, não acreditamos que seja o
ideal (exceto se o objeto for fazer um enriquecimento olfativo posteriormente).

Grupo de animais: conforme aceitação.

45
3.33 Cercas verdes

Melhor do que gradear um recinto, é


oferecer ao animal (e visitante) o
conforto de uma cerca verde. O limite
existe, a grade continua ali, porém ela
não está visível para os demais porque é
possível criar um ambiente mais
agradável e de calmaria através desse
recurso visual.

É interessante porque o animal continua


conhecendo os seus limites espaciais e
o recinto tem a aparência de maior com
essa simples modificação.

Sugestões: Utilize plantas que não


causem intoxicação ou facilitem fuga,
bons exemplos são flores de hibisco,
boldo, capim limão, erva cidreira e afins.

Grupo de animais: conforme aceitação.

46
3.34 Quadro cognitivo
Com uma placa em madeira e alguns itens de lojas de ferragens, é possível criar um
quadro cognitivo para primatas. Utilize fechaduras, correntes, rolinhos
massageadores de pés, ábacos e outros itens que, quando bem fixados na madeira,
são ótimos estimulantes.

Sugestões: utilize as ferramentas adequadas e garanta que tudo está bem firme para
que não ocorram acidentes.

Grupo de animais: grandes primatas interagem melhor com esse enriquecimento.

47
3.35 Cachoeira
Fontes de água são itens que frequentemente podemos instalar em diversos recinto
e, em algumas ocasiões bem distintas, tivemos a oportunidade de verificar jabutis,
cágados, jacarés do papo amarelo e ursos se beneficiando desse artifício que tem
caráter, a princípio, estético.

Os animais ficaram debaixo da cascatinha durante horas a fio, recebendo uma


verdadeira massagem do fluxo da água caindo.

Sugestões: as fontes também podem ser feitas artesanalmente, basta buscar na


internet os materiais necessários e criar a sua.

Grupo de animais: conforme aceitação.

48
3.36 Placa de metal
Uma placa de metal em formato de meia lua no chão é um item que pode entreter
cabras por horas: elas pulam, se equilibram, descem, pulam novamente...

Sugestões: Certifique-se de que as duas pontas da chapa estão bem fixadas ao chão
de terra.

Grupo de animais: cabras.

3.37 Piñatas
Piñatas são brincadeiras infantis que podemos adaptar aos nossos animais, por
exemplo, podemos confeccionar uma zebra ou girafa utilizando caixas e embrulhos.
Por dentro, ao invés dos famosos doces, utilizamos a carne da composição da dieta
do animal e deixamos que o mesmo tenha um comportamento de predação, como
faria em vida livre. Essa atividade libera serotonina com a repercussão positiva do
desafio.

Sugestões: tenha cuidado na escolha dos materiais e fique atendo a grampos, durex e
qualquer tipo de utensílio potencialmente tóxico ou que possa ser ingerido e causar
algum dano ou obstrução ao animal.

Grupo de animais: conforme aceitação.

49
3.38 Cortinas

Você pode usar folhas de coqueiro (ou outra planta não nociva) para criar uma espécie
de cortina em recintos que servirá de ponto de fuga, em especial para aves e animais
mais assustados.

Sugestões: utilize folhagens na sua cortina de plantas não tóxicas, isso dará um ar
mais natural e deixará seu animal mais confortável.

Grupo de animais: conforme aceitação.

3.39 Mudança de substrato

Já imaginou utilizar folhas secas ao invés de areia? Ou colocar areia ao invés de


saibro? Dispor feno, maravalha ou capim ao seu animal que gosta de fazer ninhos?
Você sempre pode incrementar o seu bem-estar usando bem pouco!

Sugestões: entenda sobre os hábitos do animal em vida livre e pergunte a equipe


técnica antes de realizar a mudança.

Grupo de animais: conforme aceitação.

50
3.40 Prateleiras e gavetas

Prateleiras e gavetas velhas podem servir de enriquecimento quando fixadas em


paredes para felinos, babuínos e animais que gostem de escalar.

Sugestões: certifique-se de que as prateleiras e gavetas estão bem fixadas a parede;


verifique se não há qualquer tipo de tratamento químico que possa vir a ser nocivo ao
animal; lixe o material e garanta que não há protuberâncias ou farpas (evite
acidentes!).

Grupo de animais: conforme aceitação.

51
3.41 Vassoura massageadora
A utilização de uma vassoura de
cerdas de nylon pode ser bem
interessante para alguns animais:
amarre-a em um tronco de altura
mediana em relação ao corpo do
animal e deixe que ele utilize para se
esfregar livremente. Muitos animais,
em especial felídeos e canídeos,
gostam da sensação de coçar que ela
proporciona.

Sugestões: questione a equipe técnica


antes de dispor o enriquecimento e
observe enquanto manter a vassoura no
recinto para que o mesmo não faça a
ingestão de nenhum componente.

Grupo de animais: conforme aceitação.

3.42 Móbiles de tijolo de barro


Psitacídeos gostam de destruir coisas e nós conseguimos ver isso bem de perto. O
desgaste do bico se faz necessário e, por conta do mesmo, é sempre interessante
dispor de materiais que induzam esse comportamento inerente da espécie.

Sugestões: higienize o tijolo antes de utilizar, fervendo-o em uma solução de água e


sal.

Grupo de animais: psitacídeos.

52
3.43 Isca voadora

Do mesmo modo que a pescaria com os


crocodilianos instiga seus instintos
básicos de caça, utilizar um pedaço de
carne e balançar do alto do recinto (caso
seu tipo de clausura permita) é uma
excelente maneira de estimular e
desenvolver animais que possuam esse
tipo de comportamento caçador. Em
animais menores, como serpentes, é
possível utilizar uma pinça alimentadora
ou amarrar a presa abatida pelo rabo
(supondo ser um roedor) e fazer
movimentos para que a mesma também
se aguce ao movimento de constrição.

Sugestões: cuidado com as amarrações


para que o animal consuma apenas a
presa e não o sisal, barbante ou o
material utilizado durante o
enriquecimento ambiental.

Grupo de animais: conforme aceitação.

53
3.44 Insetos no comedouro
Insetos são excelentes fontes proteicas e incentivar o consumo dos mesmos é uma
importante maneira de nutrir os animais de seu plantel. É possível colocar tenébrios,
diferentes tipos de baratas, grilos e afins em pequenos comedouros de acrílico para
ocorrer a variação da alimentação. Isso dará um novo paladar, além do desafio da
busca pelo invertebrado.

Sugestões: para que o inseto não fuja, sugiro a utilização de vaselina sólida nas bordas
do comedouro, assim fica escorregadio e a comida permanecerá no local designado.

Grupo de animais: conforme aceitação.

3.45 Cupinzeiro artificial


Criar um cupinzeiro falso pode ser e parecer difícil num primeiro momento, mas é
tudo uma questão de prática e aprendizado. É possível, inclusive, buscar por vídeos
disponíveis online que ensinem a fazer algo próximo a um – que nada mais é do
que uma pedra artificial (podendo ser oca por dentro) pintada de marrom para
simular o barro e com pequenas saídas de canos com rosqueadores onde
poderemos inserir geleias naturais (feitas a base de frutas maduras amassadas) ou
até mesmo insetos.

Sugestões: é importante higienizar os canos e rosqueadores do cupinzeiro sempre


que for utilizado.

Grupo de animais: conforme aceitação.

54
3.46 Puzzle feeder com tubos

Utilizar um tubo de PVC (ou outros materiais) com furos lixados e sem protuberâncias
para dispor os alimentos.

Sugestões: utilize alimentos que deixem cheiros ou odores marcantes para que o
animal associe com facilidade que contém comida no tubo ou apenas deixe lá para que
quando o mesmo interaja tenha uma surpresa com a bonificação da interação
positiva.

Grupo de animais: conforme aceitação.

55
3.47 Embalagem de Tic-Tac
Faça furos na embalagem de tic-tac vazia utilizando um objeto redondo e quente
(como a ponta de uma chave phillips), amasse uma banana bem madura até que se
forme uma pasta e recheie.

Sugestões: lixe os furos até que fique liso para que o animais não machuquem o dedo e
a língua com possíveis protuberâncias.

Grupo de animais: saguis e pequenos primatas.

3.48 Insetos no tubo transparente


Faça furos em um tubo plástico transparente – podendo ser uma mangueira, PVC
flexível e afins. Disponha alguns insetos dentro do tubo, como grilos, tenébrios ou
baratas e feche ambas as pontas utilizando um lacre caps ou outro material seguro.

Sugestões: lixe os furos para que o animal não se machuque.

Grupo de animais: primatas.

3.49 Dispenser com galão de água


Utilizar um galão de água com dois furos horizontais lineares que servirão para
amarrá-lo em duas extremidades fixas (que podem ser dois troncos, duas fendas da
grade ou afins) e rechear com alimentos que possam cair com média dificuldade
pelo buraco da saída de água. Deixe que o animal gire livremente o tubo fazendo
cair os alimentos.

Sugestões: seja cauteloso na montagem desses enriquecimentos, evitando sempre


itens que possam comprometer a saúde e bem-estar do seu animal.

Grupo de animais: conforme aceitação.

56
3.50 Irrigador de plantas

Temperatura e umidade são elementos fundamentais para evitar problemas clínicos e


comportamentais em répteis. A utilização de um irrigador de jardim pode auxiliar, por
exemplo, na muda de pele (ecdise) das suas serpentes, caso o local onde elas estejam
não esteja favorecendo que a mesma saia por inteiro.

Sugestões: esse parâmetro (ecdise sair por inteiro) não serve para todos os répteis, os
crocodilianos não fazem muda e os lagartos trocam de modo diferenciado (uma vez
que os mesmos ingerem a pele que sai de seu corpo).

Grupo de animais: répteis, conforme aceitação.

3.51 Sucos, sopas e vitaminas

Seja porque o animal está tendo dificuldades na mastigação e/ou deglutição, seja
porque você precisa medicá-lo e essa é uma boa maneira de “esconder” um
comprimido após triturado (consulte a equipe veterinária para verificar se a mesma
concorda com essa prática antes da execução), seja para fazer o condicionamento do
mesmo ou por qualquer razão que você deseje e a equipe técnica concorde, você pode
oferecer sucos, sopas e vitaminas! Dá para combinar beterraba com laranja e um
pouco de mel; banana com maçã e água; couve, água de coco e maçã; etc.

Sugestões: sempre questione os técnicos quanto as misturas para não usar


componentes que causem constipação ou soltem o intestino: o ideal é balancear
frutas, legumes e verduras; cuidado com o uso do mel em excesso.

Grupo de animais: conforme aceitação.

57
3.52 Ovos

Nem sempre o zoológico tem interesse em reproduzir emas, patos ou outros animais
ovíparos que podem ter seus ovos recolhidos, cozidos e oferecidos para outro animal.

Ovos de ema, em especial, fazem grande sucesso devido ao seu tamanho quase 10
vezes maior que um ovo de galinha comum, quando oferecidos aos ursos, primatas e
outros animais onívoros, logo notamos uma maior dificuldade em quebrar a casca
mais espessa (o que gera uma sensação de desafio) e a recompensa em se alimentar
posteriormente.

Sugestões: verifique junto a equipe técnica sobre quais ovos podem ou não ser
comestíveis: há relatos de caso de pessoas que comeram ovos de serpentes e vieram
a óbito.

Grupo de animais: Onívoros.

58
3.53 Churrasco

Uma opção bem diferente para animais carnívoros é dispor sua alimentação em
espetos fincados no chão, como se fosse um churrasco. Para tornar o enriquecimento
ainda mais lúdico para o público, você pode usar papelão e pintar imitando a brasa de
uma fogueira.

Sugestões: utilize espetos não pontiagudos e fortes o suficiente para suportar o puxão
do animal.

Grupo de animais: carnívoros em geral, embora você consiga adaptar para um


“churrasco vegetariano”.

3.54 Festa de aniversário

Uma opção bem diferente para animais carnívoros é dispor sua alimentação em
espetos fincados no chão, como se fosse um churrasco. Para tornar o enriquecimento
ainda mais lúdico para o público, você pode usar papelão e pintar imitando a brasa de
uma fogueira.

Sugestões: utilize espetos não pontiagudos e fortes o suficiente para suportar o puxão
do animal.

Grupo de animais: carnívoros em geral, embora você sempre pode adaptar para um
“churrasco vegetariano”.

59
3.55 Boomerball

A boomerball nada mais é do que uma bola maciça, especial para uso em animais.
Existem outras no mercado, mas nem todas possuem a segurança que uma bola
desenvolvida especialmente para um animal que possui vinte vezes mais força que
você utilizar. Portanto, o mais seguro é optar por comprar bolas seguras em empresas
sérias e que não irão prejudicar seu plantel ou, pior, causar algum problema veterinário
irreversível no mesmo.

A utilização da boomerball é muito bem aceita por mamíferos e existem vários


tamanhos que podem servir muito bem para um leão, para um urso, para uma anta,
para um gato do mato, para um furão, etc.

Eles jogam para o alto, rolam pelo chão, mordiscam... Trata-se de uma excelente
ferramenta para exercitar os bichanos!

Sugestões: cerifique-se que a bola é maciça e que está em tamanho adequado para o
animal em que será utilizada.

Grupo de animais: conforme aceitação.

60
3.56 Pêndulo para ratitas

Você pode usar a chicória ou qualquer outro alimento que o seu ratita consuma (por
exemplo, os casuares e seriemas mostram clara preferência por camundongos),
amarre em uma corda de sisal e pendura numa altura que permita que ele se estique
levemente para buscar a comida. Deixe pendurado pois será através do esforço que ele
terá a recompensa da atividade.

Sugestões: leve em consideração a quantidade de aves que você tem em seu viveiro,
ratitas são territorialistas, poderá haver brigas entre o bando caso não tenham
pêndulos o suficiente para todos.

Grupo de animais: ratitas.

3.57 Quadro de troncos


Pe g u e u m p e d a ç o d e m a d e i r a e
cole/pregue galhos de diferentes
tamanhos e espessuras. Planeje esse
brinquedo como se fosse um labirinto
vertical para estimular serpentes. Inclua
essa parede de atividades no recinto do
animal e observa a interação a médio
prazo.

Sugestões: lembre-se de que não deve


ter pontas ou farpas que podem causar
injúrias aos animais. Certifique-se disso
antes de adicionar a atividade do
recinto. Se o animal não interagir,
coloque estímulos olfativos, como a
maravalha do recinto de roedores.

Grupo de animais: serpentes com


hábitos arborícolas interagem mais com
essa atividade.

61
3.58 Bombonas

Bombonas servem para inúmeros enriquecimentos em um zoológico, mas


principalmente, para forrageio. Faça pequenos furos e preencha com feno, capim e
alimentos.

O comportamento de buscar pela comida ocupa a maior parte do tempo dos animais
em vida livre, incentivar que eles o façam quando estão confinados é um recurso
prático, simples e benéfico para oportunizar o seu bem-estar físico e mental – que,
geralmente, estão habituados a alimentação no cocho diária, com hora marcada e
facilitada.

Sugestões: sempre tenha atenção no momento de criar furos em materiais plásticos e


garanta que tudo será bem lixado a ponto de não haver protuberâncias e ficar liso. Isso
é uma forma de garantir que o animal não irá machucar nenhuma parte de seu corpo;
atente-se ao tamanho do furo para a anatomia do animal a quem irá destinar o
enriquecimento para que o mesmo não fique preso.

Grupo de animais: conforme aceitação.

62
3.59 Bananas com sangue

Utilizei quatro bananas inteiras sem casca, picadas e embebidas no sangue de degelo
da carne bovina. Essas pequenas porções de banana com sangue foram distribuídas
ao longo do recinto dos lobos guará (mas você pode oferecer para outros animais
onívoros do seu plantel). Coloquei a maior parte na área visível para que eu pudesse ter
mais facilidade no momento de observação.

Sugestões: Em determinados pontos, você pode colocar apenas o sangue (sem a


banana) para que estimule o comportamento de forrageio dos indivíduos.

Grupo de animais: onívoros.

3.60 Moranga com carne

O objetivo era ser como um alimento recheado comum, mas ao invés de rechearmos
com outras frutas e verduras, utilizamos a carne bovina. A confecção é bastante
simples: bastou abrir com uma faca um orifício na parte superior de duas morangas. A
parte removida funcionou como uma tampa, sendo recolocada posteriormente. As
sementes foram deixadas de lado e, quando a moranga ficou oca, foram abertos
alguns buracos em sua lateral em formato triangular para que o odor da carne
escapasse. Preenchemos com metade da dieta matinal do animal. As morangas foram
dispostas no recinto de forma que o animal se sentisse estimulado a remover o
alimento de dentro do esconderijo.

Sugestões: as sementes da moranga podem ser utilizadas como forma de


enriquecimento em uma atividade elaborada para primatas.

Grupo de animais: carnívoros.

63
3.61 Criar dois ambientes
Existem regiões no Brasil cujo clima é tão diverso que, ao sair pela manhã estamos
encasacados e batendo o queixo e ao retornar, na parte da tarde, estamos suados e
com calor. Essas mudanças climáticas também são capazes de afetar nossos
animais!

A possibilidade de criar um duplo ambiente para animais ectodérmicos, como lagartos


e serpentes é incrível: ter uma área seca com cordas de sisal e substrato mais terroso
numa metade do recinto e uma área úmida, com fontes de água e troncos irrigados
sutilmente (imitando uma chuvinha artificial) a cada 90 minutos, por exemplo. Essa
seria a minha maior visão de oportunidade de escolha.

Sugestões: as serpentes e lagartos poderiam escolher de acordo com as suas


preferências o ambiente mais aprazível naquele momento – essa escolha sofreria
interferência por conta do clima local, ecdise do animal e outros fatores.

Grupo de animais: serpentes e lagartos.

3.62 Alimentos sob a grade


É um desafio criar oportunidades de exercícios para os animais quando se tem
espaços limitados. Uma das técnicas que usamos para ajudar nesse processo é
lançar frutas e legumes na parte superior dos recintos telados. Você vai observar
que os primatas se deslocam e começam a pegar alimento por alimento entre os
vãos da tela. Essa é uma técnica muito simples, mas com o objetivo de promover o
exercício da musculatura dos braços, costas e peito, além do forrageio em busca do
alimento.

Sugestões: lance a comida da própria dieta do animal em pedaços que possam ser
passados pela tela do recinto.

Grupo de animais: animais arborícolas.

64
3.63 Bolas de sabão
Alguns animais, como pinguins, ficam verdadeiramente loucos com as bolas de
sabão, eles correm atrás e estouram uma a uma. O melhor é que, por ser um
brinquedo infantil com classificação de três anos, ele não gera riscos de toxicidade.
Em todo caso, consulte a equipe técnica e verifique se o seu recinto é adequado
para esse tipo de atividade (soprar do lado externo até que as bolas de sabão
cheguem aos animais).

Sugestões: verifique a direção do vento para soprar.

Grupo de animais: conforme aceitação.

65
3.64 Pedras falsas
Primatas tem o hábito de forragear e fuçar em tudo. Já reparou que eles levantam
pedrinhas no recinto, espiam atrás de troncos e arrancam plantas? Essa
curiosidade natural pode ser estimulada utilizando essa técnica: pegue caixas de
papelão, coloque a dieta do animal ou outros alimentos dentro da mesma e com
uma cartolina preta ou marrom amassada, enrole a caixa e deixe parecendo uma
pedra. Faça isso com várias caixas e espalhe pelo recinto. Você poderá observar
que os animais vão procurar pelo alimento e retirar o papel. O papel será rasgado e
o alimento consumido.

Sugestões: a atividade se torna interessante por permitir que o animal interaja com o
papel e a caixa de papelão. Sobrará resíduos no recinto e podem ser retirados durante
a limpeza higiênica.

Grupo de animais: primatas.

3.65 Escada e móbiles de bambu


Bambus cortados podem ser utilizados como escadas e móbiles, permitindo que os
animais utilizem esse recurso para se equilibrar ou até mesmo esconder alimentos
em seu interior. A confecção é simples e exige apenas cordas de sisal resistentes ao
peso, furadeira e um serrote para cortar o bambu em pedaços de tamanhos
diversificados.

Sugestões: utilizem com grandes grupos de primatas e deixe sua dieta escondida no
interior oco do bambu para que os mesmos sejam incentivados a forragear enquanto
se balançam, tentando manter o equilíbrio no enriquecimento.

Grupo de animais: conforme aceitação.

66
3.66 Sacos de tecido

Assim como caixas surpresas, podemos utilizar o recurso de sacolas para esconder o
alimento. Alguns sacos pendurados e temos um grande varal suspenso. Dentro deles
podemos colocar não apenas o alimento, mas odores diversos, feno e vários agrados
para que os animais precisem procurar e se entreter por bastante tempo.

Sugestões: a maior ressalva da atividade fica por conta do material de confecção da


sacola: jamais use sacos plásticos, priorize juta ou sacos a base de celulose e/ou
fibras naturais.

Grupo de animais: conforme aceitação.

67
3.67 Revistas e jornais

Originalmente utilizado para primatas, é possível adaptar para roedores (que vão
passar um tempo bem razoável destruindo as páginas e usando-as para confeccionar
um ninho). Revistas e jornais são interessantes porque estimulam o movimento tátil e
a cognição para que o animal compreenda o “passar de páginas” e o prazer em rasgá-
las.

Sugestões: achamos conveniente remover quaisquer grampos e clips por não


considerar seguros.

Grupo de animais: primatas e roedores.

68
3.67 Coco recheado

Um coco quando recebe um pequeno furo e tem sua água removida, pode acabar se
tornando um excelente recipiente para guloseimas. Ursos e iraras adorariam um
recheio de mel enquanto psitacídeos e primatas poderiam se deliciar com tenébrios e
as onças adorariam alguns pedaços de carne. Sua imaginação é o limite!

Sugestões: é necessário ser cauteloso ao abrir o furo no coco e deixar extravasar todo
o conteúdo (água) do mesmo. Para não perder o líquido, sugerimos servir em forma de
suco para grandes primatas – é sempre bem refrescante, além de hidratá-los.

Grupo de animais: conforme aceitação.

69
3.69 Ovos coloridos
Podemos colorir as cascas de ovos de codornas, emas, galinhas, patos e afins com
a água de beterraba ou guache atóxico.

Esses ovos podem ser consumidos normalmente por animais onívoros.

Quando pensamos em psitacídeos, podemos usar um recurso similar, utilizando a


forma dos mesmos ovos e, com gesso, criar móbiles coloridos para que haja o
desgaste de seus bicos.

Sugestões: é sempre bom lembrar que, caso o responsável pela confecção decida
utilizar algo para tingir o enriquecimento, procure sempre pela tinta guache a base de
água (atóxica).

Grupo de animais: conforme aceitação.

70
3.70 Pipoca
Um enriquecimento ambiental alimentar bem bacana é o uso de pipoca. O preparo
segue algumas regras, como a não utilização de sal, manteiga e óleos. Para cada
quatro colheres de sopa de milho de pipoca, utilize a mesma proporção de água
dentro de um pote de vidro e vede-o com plástico filme, fazendo pequenos furinhos
(use palitos ou um garfo). Leve ao microondas por cerca de quatro minutos ou até
estourar e obtenha um lanche saudável que auxilia, inclusive, a eliminar
excessos/toxinas do organismo.

Sugestões: evite oferecer esse enriquecimento em dias de visitação para que não
incentive o público a dar a sua pipoca (cheia de gorduras e sódio) para os animais.

Grupo de animais: primatas.

71
3.71 Cai-cai

O cai-cai é um brinquedo que exige um


pouco de raciocínio e, por tanto,
bastante indicado para babuínos e
grandes primatas pela habilidade tátil.
Com uma garrafa pet, é possível criar
uma espécie de teia de gravetos como
suporte aos alimentos, fazendo com que
o animal precise remover um a um para
obter sua recompensa através do
buraco de saída do líquido.

Sugestões: ao fazer os furos para


encaixar os gravetos, utilize ferramentas
a d e q u a d a s e l i xe b e m , ev i t a n d o
protuberâncias ou superfícies ásperas.

Grupo de animais: primatas.

72
3.72 Pêndulo com penas

Usando penas diversas que caem naturalmente das aves, podemos criar um varal
colorido e diversificado para felinos, aproveitando também o odor característico da
plumagem.

Sugestões: além de utilizar materiais que não ofereçam riscos aos animais, é
indispensável o cuidado com as penas utilizadas, observando a saúde das aves e o
estado sanitário das mesmas.

Grupo de animais: felinos.

3.73 Arranhador para felinos

Com a utilização de um tronco e cordas espessas de sisal, você pode circundar o


mesmo e torná-lo um grande arranhador (igual aos que vendem nas lojas
especializadas para gatos domésticos).

Sugestões: a atividade se torna ainda mais interessante quando esfregamos odores


no sisal, como catnip, canela em pó, orégano, alecrim e afins.

Grupo de animais: felinos.

73
3.74 Aspersores de água

Uma maneira de amenizar o desconforto climático gerado pelo calor, são os


aspersores de água. Encontrados facilmente pela internet ou em lojas de jardinagem,
servem para simular chuva artificial e umidificar o ambiente.

Sugestões: caso não exista a possibilidade de utilizar o aspersor propriamente dito,


pode-se improvisar com uma mangueira de borracha com pequenos furinhos
pendurada no alto do recinto.

Grupo de animais: conforme aceitação.

3.75 Pintura

Uma maneira de amenizar o desconforto climático gerado pelo calor, são os


aspersores de água. Encontrados facilmente pela internet ou em lojas de jardinagem,
servem para simular chuva artificial e umidificar o ambiente.

Sugestões: caso não exista a possibilidade de utilizar o aspersor propriamente dito,


pode-se improvisar com uma mangueira de borracha com pequenos furinhos
pendurada no alto do recinto.

Grupo de animais: conforme aceitação.

74
3.76 Rolo surpresa

Colocar em uma folha de papel sulfite o mix de rações (podendo ser fracionado em
duas porções, sendo um punhado da extrusada e outro punhado de sementes ou
somente uma porção de cada uma delas) utilizado na alimentação do psitacídeo,
fechar o papel amassando-o e dobrando-o igual a uma bala, retorcendo as laterais.
Coloque a “bala” de ração e semente dentro de um rolo de papel toalha de papelão e
feche as laterais do rolo com feno.

Sugestões: você pode usar ração de primatas ou outro animal para o enriquecimento.

Grupo de animais: psitacídeos, porém pode ser adaptado a outros animais conforme
aceitação.

3.77 Balde suspenso

Podemos utilizar alguns baldes suspensos como estimuladores para alimentação dos
animais. Basta pendurá-los em diferentes alturas com o auxílio do sisal. A
alimentação deve ser dividida e disponibilizada em seu interior para que os animais a
obtenham com médio esforço.

Sugestões: você pode usar feno ou maravalha para dificultar no momento da caça ao
alimento.

Grupo de animais: conforme aceitação.

75
3.78 Banho de borracha ou lama

Alguns animais adoram banhos de borracha ou de lama, como os elefantes que, com
sua pele delicada utilizam dessa técnica para proteger-se do sol.

Sugestões: disponibilize lama e área seca para que o animal escolha o ambiente que
mais lhe agrada.

Grupo de animais: elefantes e porcos interagem melhor com esse enriquecimento.

76
3.79 Bandeja de rolinhos de papel

É possível colocar rolinhos de papel em uma bandeja para esconder pequenos


alimentos ou até mesmo a ração dos animais. Os rolinhos são colocados de modo que
preencham toda a bandeja e fiquem presos com a pressão entre eles. Os buracos dos
rolinhos vão servir para dificultar a obtenção do alimento, aumentando o período de
alimentação e deixando o animal estimulado por um tempo maior.

Sugestões: outra versão desse enriquecimento pode ser feita através de tubos de PVC
fixados em uma tábua de madeira, tornando o mesmo reutilizável em outras ocasiões
ou até mesmo com outros animais.

Grupo de animais: conforme aceitação.

77
3.80 Tronco com suco de limão

Uma forma de mudar um pouco o recinto e chamar a atenção de animais com faro
aguçado (como felinos e ursos, por exemplo), é utilizar caldo de limão sobre um tronco.
Deixe-o com um odor bem cítrico, diferente do que ele está habituado. Ao soltar o
animal no recinto, veja sua reação explorando o novo objeto.

Sugestões: existe a possibilidade de colocar outros odores, como canela, orégano e


outras especiarias.

Grupo de animais: animais com boa capacidade olfativa em geral.

78
3.81 Geleia no copo

O estímulo ao uso de ferramentas pode ser realizado com alguns primatas, como por
exemplo babuínos, chimpanzés, orangotangos, gorilas e outros. Para fazer esse
enriquecimento, você precisa criar uma pasta à base de banana madura amassada e
outras frutas que ajudem a deixar a textura bem cremosa/viscosa (como goiaba,
morango, fruta do conde e afins). A geleia criada é disponibilizada em recipientes
cilíndricos (como copos plásticos de água, guaraná natural e mate vazios e
higienizados ou até mesmo em uma tábua de canos PVC, conforme ensinado acima).
Deixe a geleia inclinada próximo a grade dos animais, de modo que eles consigam
acessá-la utilizando os gravetos, que você também deve disponibilizar.

Sugestões: os animais precisam ter dificuldade em obter a geleia e devem fazer o uso
de seus dedos ou gravetos para ter acesso ao doce.

Grupo de animais: babuínos, chimpanzés, orangotangos e demais animais que façam


uso de ferramentas.

3.82 Formas de papelão

Em épocas comemorativas é possível recortar o papelão em formatos diversos para


disponibilizar aos animais como enriquecimento. Recortar máscaras de baile durante
o carnaval ou botas de papai noel e árvores na época do natal são exemplos disso. O
importante é usar a criatividade na hora de definir o elemento, cola de farinha e usar
essa misturinha para grudar sementes ou ração. Pendure no recinto com sisal.

Sugestões: você pode substituir a cola de farinha por banana madura amassada, que
também tem o efeito “grude” e um odor adocicado para chamar a atenção dos animais.

Grupo de animais: psitacídeos, primatas e outros animais conforme aceitação.

79
3.83 Tábua furada
Para estimular a curiosidade das algumas espécies de animais, basta conhecer sua
biologia e comportamento natural. Dessa forma, você perceberá que ao juntar
conhecimento com criatividade haverá várias maneiras de estimulá-los.
Ao saber sobre isso, materiais simples como: uma tábua de cortar carne ou frutas
podem se tornar um grande atrativo no recinto. Então, pegue a tábua, faça vários furos
com auxílio de uma furadeira, lixe as irregularidades dos furos e preencha alguns com
frutas amassadas, pasta de amendoim, pasta de frutas ou o que preferir. Você
perceberá que o animal ficará curioso e irá explorar a atividade.

Sugestões: A tábua pode ser fixada no recinto ou deixada solta.

Grupo de animais: Mamíferos e aves que não tem o hábito de destruir (exemplo:
passeriformes).

3.84 Tinta comestível de gelo


Para confeccionar enriquecimentos com segurança, é interessante saber como criar
sua própria tinta comestível.

Receita: pingue algumas gotas de corante alimentício na água e coloque-a nas formas
de gelo. Leve ao freezer até que congele.

Sugestões: A tintura gelada oferece um leque de opções, podendo também ser


considerada uma atividade sensorial incrível.

Grupo de animais: Conforme aceitação.

82
3.85 Tinta com corante alimentício

Para confeccionar enriquecimentos com segurança, é interessante saber como criar


sua própria tinta comestível.

Receita: uma xícara de amido de milho, ½ xícara de água fervente, uma xícara de água
fria e corantes de alimento coloridos. Inicie misturando a água fria com o amido até
dissolver tudo. Adicione a água quente aos poucos até chegar a consistência
pretendida. Por fim, adicione as gotas de corante.

Sugestões: cores como azul e roxo tendem a manchar mais, fique atento!

Grupo de animais: conforme aceitação.

81
3.86 Castanha, amêndoas, amendoim e nozes
São sementes ricas em óleo e que podem ser consumidas in natura. A maioria dos
animais adoram e podem ser utilizadas como recompensas de enriquecimentos
cognitivos, espalhadas pelo recinto para estimular o forrageio, colocada nos
troncos e ambientação do recinto etc. Há várias maneiras de estimular os animais
utilizando sementes. Sempre use a criatividade!

Sugestões: as nozes podem ser ofertadas na casca rígida. Quebrar a casca para obter
o alimento também é um desafio estimulante para os animais.

Grupo de animais: aves, mamíferos onívoros.

3.87 Vai e vem


Objetos que possam ser fixados nas paredes e permitem o movimento de “vai e
vem” são sempre interessantes, pois permitem a interação do animal e a
possibilidade de ganhar recompensas quando há o movimento completo (cima e
baixo ou 360º graus) do objeto.

Sugestões: há objetos de cozinha, como os porta temperos, que possibilitam esses


movimentos. Também pode ser adaptado com galões de água, garrafas pet ou demais
embalagens.

Grupo de animais: mamíferos com hábitos de forrageio (quatis, mão pelada, iraras,
primatas), aves e lagartos.

82
3.88 Cola de farinha
Para ser utilizada como “grude” em enriquecimentos, utilize essa receita para não
errar e colocar a segurança do seu animal em risco.

Receita: dissolva duas colheres de farinha de trigo em meia xícara de água fria. Ferva
uma xícara e meia de água. Derrame essa água de uma só vez na mistura de farinha já
dissolvida. Mexa sempre pelos próximos dez minutos. Desligue o fogo e acrescente
uma colher de vinagre branco (ele tem ação fúngica). Mexa bem e deixe esfriar.

Sugestões: a cola deve ser guardada na geladeira com pote fechado por até 15 dias.

Grupo de animais: conforme aceitação.

83
3.89 Alimentação na palha de milho

Utilize a palha do milho verde para esconder pequenas porções de ração ou sementes.
Ela é flexível e tende a se enroscar com facilidade. Dê pequenos nós e dificulte tanto
quanto possível a obtenção do prêmio.

Sugestões: pegue as camadas internas da palha, evitando as externas e mais antigas.


As camadas de fora costumam ficar duras e perder a característica da maleabilidade.

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.90 Tocas, esconderijos e pontos de fuga

Os animais, principalmente em exposição, precisam de uma toca, esconderijo ou


ponto de fuga para que tenham a oportunidade de se esconder ao longo do dia para
evitar o estresse, a eventual sensação de vulnerabilidade, auxiliar na postura
reprodutiva e etc. Confeccione o ambiente de acordo com o tamanho do animal e suas
necessidade - entradas maiores, mais iluminadas e arejadas ou opte por buracos
menores para criar um espaço mais aconchegante e escurecido.

Sugestões: você pode colorir com tinta atóxica, incluir um poleiro e tornar uma simples
caixa de papelão a casinha de uma coruja buraqueira, como fizemos no exemplo
fotográfico.

Grupo de animais: conforme aceitação.

85
3.91 Kong
Disponível para compra em lojas especializadas de produtos para animais, o Kong é
um brinquedo utilizado, originalmente, para cães que poucos tutores conhecem.
Trata-se de um acessório rígido, idealizado em vários tamanhos e que deve ser
preenchido com algum item alimentar ou odores. Ele faz com que o animal se
esforce e descubra como manipular o objeto e obter o que está em seu interior. O
Kong estimula a inteligência dos animais e auxilia na redução da ansiedade.

Sugestões: encha o brinquedo com camadas de comida seca e molhada, intercalando


as camadas para aumentar a motivação no manuseio do Kong.

Grupo de animais: utilizado, inicialmente, com canídeos, podendo ser adaptado


conforme aceitação.

3.92 Pinhas
Pinhas suspensas em recintos de psitacídeos servem para o desgaste do bico do
animal e costumam fazer bastante sucesso entre o grupo. Em diferentes alturas, é
possível criar um varal de pinhas e proporcionar um ambiente mais complexo para a
interação das aves.

Sugestões: você pode colocar pequenos pedaços de frutas entre os gomos da pinha
para que os animais consigam recompensas com a utilização do brinquedo.

Grupo de animais: psitacídeos.

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3.93 Parquinho

Com brinquedos infantis diversos, é possível montar um "parquinho" para seus


animais. Utilize piscinas de bolinhas, caminhas empilháveis e todos aqueles
brinquedinhos para que o animal tenha a possibilidade de desenvolver atividades
físicas, vencer o tédio, gastar energia e explorar

Sugestões: fique sempre atento aos brinquedos oferecidos para que eles sejam
compatíveis aos animais - peso, tamanho e, principalmente, potencial destrutivo do
mesmo.

Grupo de animais: conforme aceitação.

3.94 Furos na garrafa pet

Coloque a ração dentro de uma garrafa pet vazia, com a tampa rosqueada e com
buracos pouco maiores que o tamanho do alimento para que o animal manuseie para
remoção do mesmo. É algo simples, mas que aumenta o tempo da alimentação e,
consequentemente, deixa o animal entretido por um maior período. Tenha cuidado na
confecção do enriquecimento, utilizando sempre furadeira e lixas para acabar com
qualquer protuberância.

Sugestões: é possível encontrar esse utensílio em lojas específicas, como o nome de


"Kibble Nibble" e "Tug-a-Jug", por exemplo.

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.95 Banquete

Utilize caixas para simular mesas, forre com TNT colorido, utilize carretéis e o que a
sua imaginação e segurança do animal permitirem como decoração. Frutas, rações e
guloseimas aprovadas pela equipe técnica irão compor o seu banquete.

Permita que os animais explorem e escolham!

Sugestões: seja cauteloso na montagem desses enriquecimentos, evitando sempre


itens que possam comprometer a saúde e bem estar do seu animal.

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.96 Cabo de vassoura com rolinhos de papel

Passe vários rolinhos de papel higiênico em um cabo de vassoura e o acople entre as


alças de dois garrafões cheios de água. Mantenha pequena distância entre os
garrafões (menor que o cabo) para que não desacople facilmente. Coloque petiscos,
rações ou frutas no interior dos rolinhos.

Sugestões: não ofereça esse enriquecimento para grandes primatas ou animais que
possam usar as estruturar como arma, tenha preferência por primatas de menor porte,
canídeos, felinos e etc.

Grupo de animais: conforme aceitação (evitando animais de grande porte).

3.97 Ovos de argila recheados

Utilizada para esculturas e artesanatos, você pode comprar nas lojas o kilo da argila
atóxica (a mesma utilizada para crianças em idade escolar) ou criar a sua massa
caseira a partir de barro, farinha de trigo, saibro e afins. O objetivo é moldar ovinhos
ocos e duros para desgaste de bico (em caso de aves) ou para quebrar e obter a
recompensa (no caso de primatas). Recheie seu interior com alimentos de alta
duração, como sementes ou ração.

Sugestões: caso decida criar sua própria argila, tenha cuidado com a procedência do
material utilizado e opte por receitas sem adição de óleos e gorduras.

Grupo de animais: psitacídeos e primatas.

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3.98 Objetos para serpentes

Desenvolver atividades com serpentes e sempre um desafio, devido à biologia e


comportamento natural dos animais, mas ainda assim é possível estimulá-las através
de atividades sensoriais. A inclusão de rolinhos de papel, bolas plásticas e objetos
para pet com cheiro de roedores, é um bom exemplo para possibilitar que serpentes se
movimentem mais em seus recintos. Ao incluir um item com cheiro de uma presa, é
muito provável que o animal se interesse pelo objeto e interaja com ele, percebendo
textura, odor, temperatura.

Sugestões: deixar rolinhos de papel ou outros objetos durante um dia em uma casinha
de ratos do biotério, após remoção, levar direto para o recinto da serpente que se
pretende estimular.

Grupo de animais: serpentes com hábitos arborícolas interagem mais com essas
atividades.

3.99 Sons e ruídos

O enriquecimento sensorial visa o estímulo da audição também e, apesar de pouco


utilizado em zoológicos (é mais comum em criadouros de pássaros), o estímulo de
ouvir o canto de intraespecíficos ou ruídos de interespecíficos pode ser estimulante
para um animal.

Sugestões: cuidado com o ruído escolhido porque, dependendo do tipo de animal (um
predador, por exemplo), pode acabar gerando um estresse negativo no indivíduo – o
que certamente não é o objetivo do enriquecimento ambiental.

Grupo de animais: conforme aceitação.

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3.100 Frango gritador e outros brinquedos sonoros

O frango gritador é o brinquedo mais vendido nas lojas de animais e pode ser
disponibilizado para os animais da sua instituição, auxiliando na troca de dentição,
estímulo a caça e outras atividades. Eles emitem som ao serem pressionados, são
leves, macios e atóxicos.

Sugestões: nenhum brinquedo é totalmente indestrutível, recomendamos


monitoramento quando oferecer a atividade.

Grupo de animais: conforme aceitação (evitando animais de grande porte).

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4.Condicionamento (Treinamento) x
Enriquecimento Ambiental
O Condicionamento e o Enriquecimento possuem objetivos distintos, portanto, não é
possível afirmar que um treinamento é um tipo de enriquecimento.

O objetivo do treinamento é refrear as escolhas do animal, especialmente seu


comportamento negativo e a sua conduta fica sob controle do treinador, não do
animal.

No entanto, os treinos podem aumentar o nível de bem-estar animal de muitas


maneiras, como por exemplo: diminuir o estresse quando houver um procedimento
veterinário, facilitar o manejo sanitário e a colocação de um enriquecimento ambiental
mais simplificada (entrada e saída da área de cambiamento), propiciar o contato com
seres humanos (apesar de não ser o mais indicado), auxiliar na qualidade de vida de
alguns animais (especialmente os mantidos solitários), etc.

Entretanto, ressaltamos que não é qualquer pessoa que está apta para realizar um
processo de condicionamento e que a mesma precisa receber um treinamento
adequado prévio para que tenha êxito na tarefa.

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5.O Dia do Bem-Estar
Uma boa prática para ser feita com funcionários e visitantes é a realização de um
evento cujo cerne é explicar como funcionam as atividades de bem-estar (e por que
não, colocar a mão na massa?).

Inicialmente, são preparados grupos com monitores que serão encarregados de


explicar as atividades e auxiliar na confecção dos enriquecimentos ambientais.

Nesse evento explicamos a importância das avaliações de bem-estar, como


etogramas, check ups médicos, vistoria de recinto e todos os indicadores necessários.

Os participantes podem confeccionar material para as atividades de enriquecimento e


ornamentação dos recintos sob supervisão.

Podendo acompanhar a sua oferta e avaliação para assim aprender um pouco como é
a rotina do setor de Bem-Estar Animal.

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6.Planejamento
O que precisamos deixar claro e entender de uma vez por todas é que ninguém nunca
estará mais próximo aos animais que os tratadores. É preciso capacitá-los e mostrar,
através de treinamentos, vídeos, imagens e casos de sucesso o quanto é importante
investir em programas de bem-estar. Eles são a espinha dorsal do sucesso!

É necessário integrar o time do zoológico: educação ambiental, manejo, nutrição,


veterinária, manutenção e o programa de gestão animal como um todo. Sem o apoio
da equipe, nada irá avançar e os prejudicados são os que mais precisam: nosso
plantel.

É indispensável que todos tenham em mente a sua responsabilidade no preparo,


fornecimento e avaliação do que foi oferecido!

O programa de bem-estar animal dos sonhos, precisa agir em caráter preventivo, ou


seja, antes mesmo do animal apresentar qualquer sinal de estereotipia ou
comportamento negativo, ele já deve estar agindo para evitar esse tipo de ocorrência.

Uma última dica é: estudem.

Pode parecer arrogante apresentar dessa forma, mas é com as melhores intenções
que eu sugiro que vocês estudem. Estudem a história natural, história individual e as
restrições de criação e manutenção para que os enriquecimentos ambientais
oferecidos sejam sempre condizentes e os melhores possíveis para atender aquele
indivíduo.

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7. Registros
Para demonstrar a eficácia do que está elaborando para a equipe técnica e diretoria
do zoológico, é necessário entender um pouco da parte burocrática e documentar
tudo em um relatório.

Este relatório precisa seguir algumas pequenas normas, como por exemplo, ser o mais
técnico possível e descrever cada enriquecimento ambiental aplicado durante o
período – assim como a reação do animal ante aquele enriquecimento (houve
interação positiva?; havia visitação?; o dia estava ensolarado, chuvoso, nublado?; qual
horário?; etc). Essas informações são de grande utilidade, pois alguns animais são
mais tímidos e só irão interagir longe da presença do expectador; alguns animais
possuem picos de atividade noturna e outros diurna e isso precisa ser considerado; o
clima do dia é de suma relevância: não importa o quão gostoso seja o bolo de
chocolate que você colocar na minha frente, eu não irei buscá-lo se estiver uma chuva
torrencial caindo e por aí vai.

A partir desses dados, da repetição deles e das informações geradas, será possível
compilar e avaliar as informações fornecidas pelos animais para poder ajustar o
programa de acordo com o que eles precisam, de fato, e garantir que o melhor
tratamento seja dado aos animais mantidos sob seus cuidados.

Quando uma informação é guardada para si, ela acaba perdendo o valor – por isso
estamos trabalhando neste livro, queremos difundir um pouquinho do nosso trabalho
e, quem sabe, ajudar quem está começando – e isso vale para o trabalho interno
também: compartilhem os resultados entre si e com quem mais puderem!

Bons enriquecimentos, boas ideias podem ser replicadas a todo momento porque
devemos deixar a vaidade para quem não tem outra coisa para exibir.

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8. Avaliações
É indiscutível que toda equipe precisa tornar o enriquecimento ambiental parte da
pauta de suas reuniões regulares e avaliar o trabalho que vem sendo realizado. Isso é
possível por meio das informações coletadas e do método de documentação que a sua
instituição optou por utilizar. Deve-se sempre tendo em mente que são eles que irão
fornecer uma forma de localizar as respostas para possíveis questionamentos que
possam existir sobre a forma como os animais se relacionam com os

9. Métodos
Essa documentação deve fazer parte do nosso dia-a-dia, trata-se de uma coleta de
informações sobre a forma com que os animais lidam com o enriquecimento proposto.
Talvez seja a parte menos valorizada por ser considerada monótona, mas é, sem
dúvida, a mais relevante quando se busca uma resposta científica.

Vale ressaltar também que é um item presente de qualquer programa e


enriquecimento ambiental, que é capaz de confirmar qual foi o enriquecimento
ofertado para determinado animal em estipulado dia, além de dados mais específicos,
que possam ter sobre a forma com que o animal interagiu com o enriquecimento.

O modo de registro e documentação do que foi feito, fica a critério da sua instituição,
mas pode-se estabelecer o uso de uma ficha de papel (como fazíamos antigamente);
criar um formulário online e preencher através do seu celular ou tablet (como fazemos
atualmente); colocar de câmeras, etc.

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10. Técnicas de observação
Existem técnicas tradicionais de medição do comportamento animal que podem (e
devem) ser utilizadas para responder perguntas mais específicas – aquelas que uma
simples observação não será capaz de notar.

Se o objetivo da oferta do enriquecimento ambiental for, por exemplo, a redução de um


comportamento negativo e o aumento de um comportamento natural, você pode fazer
uso dos exemplos de métodos de amostragem do comportamento:

Ad Libitum: registro livre dos comportamentos do seu interesse. Trata-se de um


método eficaz para observações prévias e formulações de questionamentos iniciais
para pesquisas de cunho científico. Limitado na quantidade e qualidade dos dados
produzidos.

Animal Focal: o cerne da observação é um indivíduo selecionado. Ele pode ser


escolhido de modo aleatório dentro de um grupo ou a partir de algum preceito
específico (idade, sexo, etc). A técnica é útil para fornecer informações sobre
comportamentos específicos.

Todas as Ocorrências: a anotação é realizada a partir de todas as ocorrências geradas


de determinado comportamento a partir do indivíduo ou grupo. Trata-se de uma
técnica muito importante na determinação da taxa, periodicidade ou concomitância
de comportamentos específicos.

Sequências: o que importa, de fato, nesse tipo de amostragem, é a ordem dos eventos.
A observação de um evento acontece em etapas e cada minucia é importante. Sendo
assim, é relevante não perder o animal de vista, o que torna quase que impossível fazer
um registro temporal exato de frequência e comportamento dos demais indivíduos
(caso seja um grupo) e até mesmo realizar escritos – sendo recomendado o uso de um
gravador.

Scan (Varredura): o registro de atividades é instantâneo ou o estado comportamental


de todos os animais do grupo é realizado em intervalos de tempo pré-estabelecidos.
Os comportamentos devem ser bem precisos para que o registro seja mais fácil. É um
método de compreensão simples da frequência com que todos os animais do grupo
apresentam determinados comportamentos ou estados comportamentais.

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11. Considerações finais
Falando de forma científica e global, o animal possui o famigerado “bem-estar”
quando têm atendidos os seus critérios básicos de qualidade de vida, ou seja, as cinco
liberdades (que são amplamente conhecidas e difundidas): o animal precisa estar livre
de fome e sede; livre de qualquer desconforto; livre de dor, ferimentos e doenças; livre
de medo e angústia; livre para expressar seu comportamento natural.

Os itens citados acima são o mínimo que devemos prover ou decidir manter em um
animal em cativeiro (seja ele o seu cão de estimação ou uma espécie raríssima de
macaco em vias de extinção) – se o animal está sob cuidados humanos, ele precisa ser
tratado com o máximo respeito e cuidados.

Apesar dos primeiros itens das cinco liberdades serem considerados mais simples de
solucionar, muitos se questionam acerca da última diretriz: como posso permitir que o
animal expresse comportamentos naturais em um ambiente artificial?

Foi esse pensamento que motivou este trabalho. Estamos tentando ocupar esse hiato
e ajudar sua equipe técnica, de tratação e de manutenção no desenvolvimento de
brinquedos, comedouros e atividades com diferentes graus de dificuldade (mas nada
impossível) e difundir ao máximo o conceito científico do que vem surgindo de mais
moderno quando pensamos em enriquecimento ambiental para animais mantidos
sob cuidados humanos.

Muitos zoológicos, santuários, criadouros e afins podem desconhecer essa


necessidade, pela falta de informações, por não encontrarem produtos totalmente
prontos para oferecer a, por exemplo, um urso pardo (ou outro animal de grande porte),
ou até mesmo pela falta de noção da necessidade daquele indivíduo em questão.

É com essa intenção e com muita vontade de divulgar o que vamos descobrindo ao
longo do tempo na área da etologia animal aplicada, e buscando opções que
arrematem os desejos fundamentais para o bem-estar completo dos animais que
mantemos em nosso plantel!

Não deixem de nos contar suas experiências e lembrem-se sempre: um animal


mantido sob cuidados humanos somente recebe aquilo que lhe é oferecido!

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12. Bibliografia
1. ALMEIDA, A. M. R.Influência do enriquecimento ambiental no comportamento de
primatas do gênero Ateles em diferentes condições de cativeiro no Departamento
Zoológico de Curitiba, PR. Monografia (Bacharel em Ciências Biológicas) -
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Universidade Federal do Paraná, Curitiba,
2006.

2. BLOOMSMITH, M. A.; BRENT, L. Y.; SCHAPIRO, S. J. Guidelines for developing and


managing an environmental enrichment program for nonhuman-primates. Laboratory
Animal Science, [S. l.], 1991.

3. BROOM, D. M. Biology of Behaviour. Cambridge, UK: Cambridge University Press,


1981.

4. CELOTTI, S. Guia para o enriquecimento das condições ambientais do cativeiro.


England: Universities Federation for Animal Welfare, 2001.

5. HEDIGER, H. Wild Animals in Captivity. New York: Dover Publications, 1964.

6. SHEPHERDSON, D. J. Second Nature: environmental enrichment for captive


animals. Washington: Smithsonian Institution Press, 1998.

7. YOUNG, R. J. Environmental enrichment for captive animals. Oxford: Blackwell


Science, 2003.

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