Manual 10649
Manual 10649
UFCD 10649
Fundamentos da Pedagogia
Conteúdos
1
Índice
Introdução
3. Teorias da aprendizagem
3.1. Comportamentalista
3.2. Cognitivista
3.3. Construtivista
Referências bibliográficas
2
1. MODELOS PEDAGÓGICOS EM DIFERENTES CONTEXTOS EDUCATIVOS
PEDAGOGIA
➢ Ciência que trata da educação dos jovens, que estuda os problemas relacionados
com o seu desenvolvimento como um todo.
➢ Conjunto de métodos que asseguram a adaptação recíproca do conteúdo
informativo aos indivíduos que se deseja formar.
➢ É um conjunto de técnicas, princípios, métodos e estratégias da educação e do
Ensino, relacionados à administração de escolas e à condução dos assuntos
educacionais num determinado contexto.
➢ A pedagogia estuda os ideais de educação, segundo uma determinada conceção
de vida e dos processos e técnicas mais eficientes para realizá-los, visando
aperfeiçoar e estimular a capacidade das pessoas, seguindo objetivos definidos.
MODELOS PEDAGÓGICOS
Este é um modelo construtivista criado nos anos 60, com base nos trabalhos de
Freinet. Algumas características:
3
Este sistema desenvolve-se a partir de um conjunto de seis áreas básicas de
atividades, distribuídas à volta da sala (conhecidas também por oficinas ou ateliers na
tradição de Freinet), e de uma área central polivalente para trabalho coletivo.
BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO
A biblioteca dispõe, geralmente, de um tapete com almofadas que convidam à consulta
dos documentos que aquela contém, para além de livros e revistas, trabalhos produzidos
no âmbito das atividades e projetos das crianças que frequentam atualmente o jardim-de-
infância ou de outras crianças que já o frequentaram e dos amigos correspondentes ou de
outras escolas.
OFICINA DE ESCRITA E REPRODUÇÃO
A oficina de escrita integra a máquina de escrever e, sempre que possível, o computador
com impressora. Nesse espaço expõem-se, de preferência, os textos enunciados pelas
crianças e captados para a escrita pela educadora e as tentativas várias de pré-escrita e
escrita realizadas nesse espaço ou noutro qualquer.
LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS E EXPERIÊNCIAS;
O laboratório de ciências proporciona as atividades de medições e de pesagens, livres ou
aplicadas (com medidas de capacidade, de comprimento, balanças, etc.), criação e
observação de animais (aves, peixes, coelhos, etc.), roteiros de experiências em ficheiros
ilustrados, o registo das variações climatéricas (mapa do tempo) e outros materiais de
apoio ao registo de observações e à resolução de problemas no âmbito da iniciação
científica.
CARPINTARIA E CONSTRUÇÕES;
A oficina de carpintaria serve para a produção de construções várias, improvisadas ou
concebidas para servir outros projetos, como, por exemplo, a montagem de maquetas ou
de instrumentos musicais.
A cozinha, ou um espaço de substituição, polariza as atividades de cultura e educação
alimentar e nela se encontram livros de receitas para crianças e utensílios básicos para
confeção rudimentar de alimentos. Aí se expõem, também, regras de higiene alimentar
enunciadas e ilustradas pelas crianças e algumas normas sociais de estar à mesa.
4
ATIVIDADES PLÁSTICAS E OUTRAS EXPRESSÕES ARTÍSTICAS;
O atelier de atividades plásticas e outras expressões artísticas integra os dispositivos para
a pintura, desenho, modelagem e tapeçaria.
CANTO DOS BRINQUEDOS, JOGOS E “FAZ DE CONTA”.
O canto dos brinquedos inclui outras atividades de “faz de conta” e jogos tradicionais de
sala. É neste espaço que as crianças dispõem de uma arca que guarda roupas e adereços
que as ajudam a compor as suas personagens para atividades de “faz de conta” e
projetos de representação dramática. Por vezes, integra uma tradicional casa de bonecas.
A área polivalente é constituída por um conjunto de mesas e cadeiras suficientes para
todo o tipo de encontros coletivos do grande grupo (acolhimento, conselho, comunicações
e outros encontros) e que vai servindo de suporte para outras atividades de pequeno
grupo, ou individuais ou de apoio do educador às tarefas de escrita e de leitura.
➢ High-Scope
5
O projeto pré-escolar High/Scope tem como “lei” a aprendizagem ativa da
Aprendiza
gem pela
Ação criança, ou seja, acredita que as vivências diretas e imediatas que as
crianças vivem no seu dia-a-dia, são muito importantes se essa criança
retirar delas algum significado através da reflexão.
Esta aprendizagem ativa que o Currículo High/Scope tanto fala, depende
inequivocamente da interação positiva entre os adultos e as crianças. Os
Interação
Adulto –
Criança
que elas tenham que contar de forma oral todos os passos que deram
dentro da área aonde estiveram a fazer o que havia sido planeado. A criança
pode fazer uma revisão da sua experiência e do que acha que aprendeu,
através de um simples desenho. Por outro lado, além dos planos individuais,
podem criar-se pequenos grupos numa sala, devendo o educador encorajar
as crianças a explorar e a experimentar novos materiais. Quando se trabalha
em grandes grupos pode optar-se por atividades de música e de movimento
e de jogo cooperativo (incentivando a coesão de grupo).
6
Avaliar segundo a abordagem pré-escolar High/Scope implica um conjunto
de tarefas. Os professores deverão fazer um registo diário de notas
ilustrativas, baseando-se naquilo que veem e ouvem quando observam as
crianças. Avaliar significa então trabalhar em equipa para construir e apoiar
o trabalho nos interesses e competências de cada criança. O espaço é,
Avaliação
➢ João de Deus
É um modelo que ainda hoje é usado nos espaços pedagógicos que têm o mesmo
nome. O primeiro jardim de infância João de Deus foi criado em Coimbra em 1911 e a
metodologia usada é sólida e consistente e assenta na cartilha maternal (1876) para a
iniciação precoce da leitura e da escrita. É um modelo centrado na preparação académica
da criança e a educadora tem um papel ativo e diretivo.
A organização do espaço traduz-se por uma decoração simples, mas onde a arte
tem Presença. Valoriza se uma arquitetura funcional e atraente de características
nacionais e Regionais. Existem diversos materiais para as atividades programadas em
cada dia: para a Educação sensorial, percetiva, motora e física, materiais para o s
trabalhos manuais e Atividades plásticas, materiais de apoio para a aprendizagem da
matemática como Tangran, calculador. Para os mais pequenos existem materiais para
imita r; para Aprender a viver e integrar se no meio social; a loja, a casa das bonecas e os
jogos de Trânsito.
➢ Reggio Emília
7
como um dos Modelos pedagógicos de educação de infância de maior qualidade no mundo
o modelo Curricular de Reggio Emília. Na educação e formação das crianças participam os
pais, a comunidade, a sociedade em geral. O monitor/educador tem um papel ativo no
apoio educativo.
➢ Pedagogia de Projeto
Fases de um projeto
8
3) Execução: é a fase da ação e a mais estimulante para as crianças. Nesta fase
podem surgir dificuldades, erros e imprevistos e as crianças serão orientadas a
resolvê-los e a continuar o trabalho. O educador/professor deve estar atento e
estimular as crianças, valorizando o seu desenvolvimento e acompanhando as
suas dificuldades. O trabalho deve ser sempre feito pelas crianças.
4) Avaliação: serão avaliados, pelas crianças, o objetivo, o planeamento, as atividades
e o resultado final. Com a ajuda e orientação do educador/professor, as crianças
farão uma análise do seu trabalho, apresentando críticas e comentários
apropriados sobre o projeto.
5) Culminância é o atingir do objetivo básico do projeto através de uma apresentação,
exposição, exibição do resultado obtido o educador/professor deve facilitar a
integração dos conteúdos dos diversos materiais e oferecer oportunidades para o
exercício da liberdade e uso de direitos a criança aprende fazendo e a
aprendizagem é mais consistente e duradoura.
9
constitui um dos suportes para a atividade educativa, uma vez que o espaço é a condição
básica para poder levar avante muitos outros aspetos organização do espaço educativo em
ATL.
É por isso fundamental que o monitor/educador reflita sobre as potencialidades
educativas que oferece, planifique e avalie o modo como o espaço contribui para o
desenvolvimento efetivo das crianças.
A organização do espaço não deve ser rígida ao longo de todo o ano deve até ser
bastante flexível, possibilitando a transformação do mesmo, de modo a poder responder a
posteriores necessidades que possam surgir (seja durante um dia em que se tenha de
fazer o recreio no interior, por motivos como sejam a alteração climatérica, seja pelo facto
de não existirem outros espaços para a realização de atividades de expressão corporal).
O importante é que as crianças participem na organização e manutenção do
espaço, para que saibam onde podem fazer o quê e onde estão os materiais que
necessitam para a execução de determinadas atividades.
Esta participação ativa das crianças na organização do espaço acaba por promover
um trabalho centrado nas iniciativas e necessidades das crianças quando não existe esta
integração das crianças na organização do espaço, o trabalho acaba por ser estruturado
pelo monitor/educador, o que condiciona fortemente a autonomia da criança.
Logo, uma boa organização dos espaços pressupõe a existência de espaços
abertos e amplos com possibilidade de diferenciação em áreas de jogo bem definidas e
identificadas, as quais promovem uma maior dinâmica de trabalho pois as crianças podem
ser divididas pelas várias áreas, passando, no entanto, por todas elas, só que em tempos
diferentes.
A reflexão do espaço é assim indispensável para evitar espaços estereotipados e
padronizados que não sejam desafiadores para as crianças.
Apesar da possibilidade de existir uma grande diversidade de espaços, os materiais
existentes em cada um deles condicionam aquilo que as crianças podem fazer e aprender
assim sendo, cada área deverá incluir materiais adequados ao tipo de atividades que nela
se podem realizar estes devem ir ao encontro das necessidades, níveis de
desenvolvimento e interesses das crianças.
O espaço exterior é também outro aspeto a ter em conta este é igualmente um
espaço educativo, possibilitando tanto a vivência de atividades intencionalmente
planeadas pelo como a vivência de atividades informais.
10
Áreas de conteúdo
desenvolvimento.
Adquirir a noção de tempo;
Atividades
Aprender a gerir opções e a desenvolver etapas de realização de planos;
cognitivas:
Desenvolver o sentido crítico;
(mapas)
Estruturar os seus conhecimentos e adquirir novas competências.
Proporcionar momentos de partilha (de livros) quer individualmente, quer
Área dos Livros
Sentido em grupo;
curricular: Trabalhar o repouso físico e /ou o relaxamento;
Estimular o gosto pela leitura e pelas diferentes formas de comunicação.
Perceber e discriminar: escutar contos, contar histórias; ouvir música;
Atividades
Desenvolver a capacidade de memorizar e recontar;
cognitivas:
Contactar com o código escrito.
Estimular o sentido da curiosidade e a necessidade de experimentação
da criança;
Área da Expressão
Sentido
(nesta área o que tem mais sentido é o processo de exploração, de
curricular:
captação e de funcionamento do que os resultados ou produto
Plástica
elaborado.
Misturar materiais, cores e texturas;
Atividades Manusear diferentes materiais;
cognitivas: Cortar, colar, rasgar, dobrar, etc.
Criar e observar as alterações produzidas nos materiais manuseados.
Converter a criança para o centro dos jogos de simulação;
Experimentar, atuar, elaborar coisas/situações banais que lhes são
familiares, próximas e significativas do seu meio vital: papeis, situações,
Sentido
Pessoas e conflitos;
Área da Casinha
curricular:
Permitir o trabalho em equipa, o comentário das coisas, valorizar a
expressão de sentimentos e ideias;
Verbalizar as ações do jogo.
Dramatizar;
Explorar experiências;
Atividades
Imaginar;
cognitivas:
Usar ferramentas, utensílios, instrumentos de vida diária;
Vivenciar o “fazendo de conta”.
Os blocos permitem uma grande variedade de utilização, tanto a nível
Sentido individual como de grupo;
Área dos jogos de chão ou
Explorar;
Construir individualmente e/ou em grupo;
Atividades Classificar;
cognitivas: Agrupar;
Comparar;
Ordenar objetos;
Representar experiências.
11
Área facilitadora da socialização;
garagem Sentido
Permite à criança brincar individualmente ou em pares;
Área da
curricular:
Permite à criança deitar se ou rolar no tapete de chão.
Atividades Representar vivências da utilização da via pública;
cognitivas: Percorrer percursos, contornando obstáculos;
Convidar a criança para criar situações imaginárias;
Área das Brincadeiras
Individual;
curricular:
Atividade calma e de concentração;
Mesa
dramática;
de exterior
3. TEORIAS DA APRENDIZAGEM
12
3.1. Comportamentalista
3.2. Cognitivista
3.3. Construtivista
13
4. PRINCIPAIS CORRENTES PEDAGÓGICAS
4.1. Fröebel
Esses princípios e sua crença determinaram alguns de seus postulados, tais como:
• o educando tem que ser tratado de acordo com sua dignidade de filho de Deus, dentro
de um clima de compreensão e liberdade
• o educador é obrigado a respeitar o discípulo em toda sua integridade
• o educador deve manifestar se como um guia experimentado e amigo fiel que exija e
oriente com mão flexível, mas firme. Não é somente um guia, mas também sujeito ativo da
educação: dá e recebe, orienta, mas deixa em liberdade, é firme, mas concede
•o educador deve conhecer os diversos graus de desenvolvimento do homem para realizar
sua tarefa com êxito, sendo três as fases de desenvolvimento, que vão desde quando o
homem nasce até a adolescência
14
Observava, portanto, a gradação e a continuidade do desenvolvimento, bem como
a unidade das fases de crescimento. Enfim, a educação da infância se realiza através de
três tipos de operações:
É interessante frisar que, para Froebel o brincar caracteriza a ação da criança e que
o próprio ato de brincar é uma linguagem, pois apreende, no ato de brincar, a linguagem
gestual/corporal, sonora, verbal, entre outras
15
Cada objeto é parte de algo mais geral e é também uma unidade, se for
considerado em relação a si mesmo. No campo das relações humanas, o indivíduo é, para
ele, uma unidade, quando considerado em si mesmo, mas mantém uma relação com o
todo, isto é, incorpora se a outros homens para atingir certos objetivos.
Esse conceito de parte todo foi um dos mais bem desenvolvidos por Fröbel.
Sua proposta pode ser caracterizada como um "currículo por atividades", no qual o caráter
lúdico é o fator determinante da aprendizagem das crianças.
16
Friedrich Wilhelm August Fröbel (1782 1852) foi o fundador do primeiro Jardim de
Infância Kindergarten) e o primeiro a desenvolver brinquedos didáticos. Estes brinquedos
não só iriam ser copiados por empresas como a Lego, como também exerceram influência
positiva em pessoas, como por exemplo, o arquiteto Frank Lloyd Wright
A ideia mais luminosa com que este visionário contribuiu para a pedagogia foi a de
que o ser humano é essencialmente dinâmico e produtivo e não meramente recetivo: «O
homem é uma força autogeradora e não uma esponja que absorve conhecimento do
exterior».
17
4.2. Montessori
18
Características de uma Escola Montessoriana
19
Materiais de Desenvolvimento
Estes materiais são constituídos por peças sólidas de diversos tamanhos, formas e
espessuras diferentes; coleções de superfícies de diferentes texturas e diferentes sons.
Tudo visando o prazer absoluto do aluno e atendendo as capacidades e necessidades da
criança.
20
orientador individual ou de pequenos grupos, este não tem necessidade de trabalhar com
tom de voz elevado.
Pés e mãos tem grande destaque nos exercícios sensoriais não se restringem
apenas aos sentidos), fornecendo oportunidade às crianças de manipular os objetos ,
sendo que a coordenação se desenvolve com o manuseamento dos instrumentos
Material de linguagem
21
Material Sensorial
Para os exercícios da vida prática são usados todos os utensílios da vida prática
normal, tentando levar em consideração o tamanho da criança. Exemplo: jarras pequenas
para se aprender a servir água, sapatos infantis para se aprender a amarrar e engraxar
sapatos, etc. Deste método pedagógico vem a ideia de que os móveis no jardim de infância
devem ser adequados ao tamanho da criança, conceito este que usamos hoje no nosso
ensino tradicional.
22
Pilares da Educação Montessori
23
4.3. Decroly
Embora o autor coloque essas quatro como as principais, ele também menciona a
necessidade de luz, descanso e ajuda mútua.
24
Os centros de interesse consistem na razão pela qual entra em jogo o que Decroly
chama de ‘ação globalizadora ou ‘princípio de globalização Isso constitui um procedimento
didático que também se aplica ao ensino da alfabetização.
Como consequência, o princípio de globalização baseia se na ideia de que a criança
percebe a realidade ao seu redor como um todo. Dessa forma, devemos, então, saber o
que chama a atenção dela e o que estimula o seu conhecimento, além de atender aos
seus conhecimentos anteriores. Portanto, para que a ação globalizada entre em ação, deve
haver um interesse, e esse interesse não surge se não houver uma necessidade.
Dessa forma, os estímulos ambientais adquirem importância para as crianças,
alcançando, assim, aprendizagens significativas que contribuem para o seu
desenvolvimento físico, psicológico e social.
25
É essencial que a aprendizagem seja organizada de acordo com os interesses das
crianças e que sejam o produto das suas necessidades. E não apenas isso, também
devem fazer com que os conhecimentos prévios que as crianças têm sejam considerados.
Essa foi uma grande contribuição que Decroly deu à educação atual.
Os centros de interesse concentram o ensino em torno de assuntos atraentes para
os alunos e que satisfazem as suas necessidades básicas. Necessidades como o descanso
e a diversão, por exemplo, ou relacionadas ao seu entorno, tais como a família ou o meio
ambiente.
Em suma, eles são unidades de trabalho que articulam toda a aprendizagem que a
criança deve realizar em torno de um núcleo operativo e de maneira global. Sem a
necessidade, portanto, de fragmentar o conteúdo em matérias ou disciplinas.
Além disso, colocar em primeiro plano o caráter, a individualidade, a personalidade
e o conhecimento das crianças, bem como o contacto com o seu ambiente, é algo
essencial para que o ensino possa ser eficaz.
4.4. Freinet
Crítico da escola tradicional e das escolas novas, Freinet foi criador do movimento
da escola moderna.
O seu objetivo básico era desenvolver uma escola popular. Hoje em dia as suas
propostas continuam, ainda, a ser uma grande referência para a educação. A criança era
considerada o centro da educação, pois a educação não começa na idade da razão, mas
sim desde que a criança nasce.
26
Passado cinco anos, foi exonerado do cargo de professor. No ano de 1935, o casal
Freinet construiu uma escola própria em Vence. Durante a Segunda Guerra Mundial o
educador foi preso e adoeceu num capo de concentração alemão. Após um ano, foi
libertado e reorganizou a escola.
Proposta Pedagógica
27
Há princípios no saber Pedagógico que Freinet considerava invariáveis, ou seja,
independentemente do local ou período histórico, certos pressupostos deveriam sempre
ser levados em conta na prática educativa. Desta forma, postulou as chamadas
"Invariantes Pedagógicas", consideradas como pilares de sua proposta pedagógica.
Há princípios no saber Pedagógico que Freinet considerava invariáveis, ou seja,
independentemente do local ou período histórico, certos pressupostos deveriam sempre
ser levados em conta na prática educativa. Desta forma, postulou as chamadas
"Invariantes Pedagógicas", consideradas como pilares de sua proposta pedagógica.
Invariantes pedagógicas
Para sinalizar os resultados destes testes, foi utilizado o código pedagógico criado
por Freinet, como código de trânsito:
• Verde para quando estivessem de acordo com a invariante em questão
• amarelo para quando uma prática estivesse em desacordo com a invariante
• vermelho para quando a atitude for circunstancialmente benéfica, ou “quando
mais se afastam das invariantes”.
28
As invariantes pedagógicas de Freinet:
29
17. A criança e o adulto não gostam de ser controlados e receber sanções. Isso caracteriza
uma ofensa à dignidade humana, sobretudo se exercida publicamente. 18.As notas e
classificações constituem sempre um erro.
19. Fale o menos possível.
20. A criança não gosta de sujeitar-se a um trabalho em rebanho. Ela prefere o trabalho
individual ou de equipe numa comunidade cooperativa.
21. A ordem e a disciplina são necessárias na aula.
22. Os castigos são sempre um erro. São humilhantes, não conduzem ao fim desejado e
não passam de paliativo.
23. A nova vida da escola supõe a cooperação escolar, isto é, a gestão da vida pelo
trabalho escolar pelos que a praticam, incluindo o educador.
24. A sobrecarga das classes constitui sempre um erro pedagógico.
25. A conceção atual das grandes escolas conduz professores e alunos ao anonimato, o
que é sempre um erro e cria barreiras.
26. A democracia de amanhã prepara-se pela democracia na escola. Um regime autoritário
na escola não seria capaz de formar cidadãos democratas.
27. Uma das primeiras condições da renovação da escola é o respeito à criança e, por sua
vez, a criança ter respeito aos seus professores; só assim é possível educar dentro da
dignidade.
28. A reação social e política, que manifesta uma reação pedagógica, é uma oposição com
o qual temos que contar, sem que se possa evitá-la ou modificá-la.
29. É preciso ter esperança otimista na vida.
30
• A Aula-Passeio: aulas de campo, voltadas para os interesses dos estudantes
• A Autoavaliação: fichas criadas por Freinet, preenchidas pelos alunos, como forma de
registar a própria aprendizagem
• A Autocorreção: modalidade de correção de textos feita pelos próprios autores, no caso
os alunos, sob a orientação do educador
• A Correspondência Interescolar: atividade largamente utilizada por Freinet, na qual os
alunos se comunicavam com outros estudantes de escolas diferentes
• O Fichário de consulta: fichas criadas por alunos e professores, para suprir as lacunas
deixadas pelos livros didáticos convencionais
• A Imprensa escolar: os textos escritos pelos alunos tinham uma função social real, já
que não serviam meramente como forma avaliativa, já que eram publicados e lidos
pelos colegas
• O Livro da vida: caderno no qual os alunos registam as suas impressões, sentimentos,
pensamentos em formas variadas, o qual fica como um registo de todo o ano escolar de
cada turma
• O Plano de trabalho: atividade realizada em pequenos grupos que sob a orientação do
educador, com base em um dado tema, desenvolvem um plano a ser realizado num
certo intervalo de tempo
• O Texto Livre: tipo de texto em que o aluno não é obrigado a escrever como nas escolas
tradicionais. É livre em formato e em tema. Relaciona-se com a técnica da Imprensa
Escolar, Livro da vida e Correspondência Interescolar.
• Cantos de atividades: divisões no espaço físico com diferentes propostas de trabalhos,
onde os alunos possam executar de maneira autônoma, socializando com outros
alunos. “Este tipo de organização possibilita a formação de grupos menores e assim há
um aprofundamento maior dos contatos. Sem a interferência direta dos adultos, a
sociabilização das crianças ganha um ritmo próprio.”
• O Jornal Mural: Mural feito pelas crianças em criação coletiva, fica em exposição na
escola e conta com os factos significativos para os alunos, acontecimentos, exposição
de trabalhos e projetos.
• Estudo do meio: Freinet levava os seus alunos para fora de sala de aula para
conhecerem o ambiente, as pessoas, a cultura local e para descobrir novos interesses
que surgissem no caminho. A aula passeio faz parte de uma proposta de estudo do
meio que envolve muitas outras ações pedagógicas.
31
4.5. Piaget
32
A teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget
33
Piaget acreditava que o conhecimento evoluía no decorrer de uma série de
estágios, diferentes qualitativa e quantitativamente, e que compartilham quatro
características:
•A sequência de aparição segue uma ordem fixa pré - determinada
•Cada estágio apresenta uma estrutura de conjunto e um modo de funcionamento
próprios
•Os estágios são hierarquicamente inclusivos, isto é, cada estágio inclui os
anteriores
•A transição entre os estágios é gradual, não abrupta e apresenta uma grande
variabilidade individual
Estágio sensório-motor (0-2 anos aprox.) O bebê interage com seu ambiente
através dos sentidos e das ações motoras que realiza através de seu corpo. A repetição
dos reflexos inatos permite que ele interaja com seu corpo, inicialmente, e com o exterior,
posteriormente, através dos sentidos e de ações concretas. Começa a criar os primeiros
esquemas internos para estruturar as aprendizagens que vai adquirindo do mundo que o
rodeia
Estágio pré-operacional (2-7 anos) Nesta etapa inicia-se uma integração mental de
todas as ações/reações realizadas no período anterior. Deste modo, começa a abstrair
toda esta informação, criando esquemas mentais que permitem à criança ir desenvolvendo
a linguagem e os jogos simbólicos (utilizando gestos, palavras, números e imagens). O
egocentrismo segue presente nesta etapa, mas pouco a pouco vai evoluindo para uma
abertura até o outro.
34
egocentrismo da etapa anterior, vai transformando-se em um comportamento cada vez
mais empático.
Estágio das operações formais (a partir dos 11 anos) De acordo com a teoria de
Piaget, nesta etapa, que continua durante toda a vida adulta, os adolescentes já são
capazes de realizar abstrações de problemas concretos e utilizá-los em racionalizações
lógicas indutivas e dedutivas. Isto permite que eles desenvolvam, de maneira mais
profunda, a percepção de si mesmos, dos outros e do mundo, o que os leva a se
interessarem e desenvolver os valores morais.
35
Referências bibliográficas
Carolyn Webster-Stratton (2010). Os Anos Incríveis: Guia para pais de crianças com
problemas de comportamento dos 2 aos 8 anos. Psiquilibrios.
Diane E. Papalia, Ruth Duskin Feldman e Sally Wendkos Olds (2001). O Mundo da Criança.
Mc Graw-Hill.
Isabel Lopes da Silva (coord.) (2016). Orientações Curriculares para a Educação Pré-
Escolar. Ministério da Educação/Direção-Geral da Educação (DGE).
36