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Manual 10649

Este documento fornece um resumo de três modelos pedagógicos: 1) O Modelo da Escola Moderna (MEM) enfatiza atividades baseadas em projetos, aprendizagem ativa e autonomia dos alunos. 2) O modelo High-Scope se baseia nas teorias de Piaget e enfatiza a aprendizagem ativa, experiências significativas e o ciclo de planear-fazer-rever as atividades. 3) O documento também discute conceitos-chave da pedagogia como correntes pedag

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Manual 10649

Este documento fornece um resumo de três modelos pedagógicos: 1) O Modelo da Escola Moderna (MEM) enfatiza atividades baseadas em projetos, aprendizagem ativa e autonomia dos alunos. 2) O modelo High-Scope se baseia nas teorias de Piaget e enfatiza a aprendizagem ativa, experiências significativas e o ciclo de planear-fazer-rever as atividades. 3) O documento também discute conceitos-chave da pedagogia como correntes pedag

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2020

UFCD 10649

Fundamentos da Pedagogia

TÉCNICO AUXILIAR DE AÇÃO EDUCATIVA


FORMADORA: CLÁUDIA CUNHA
Objetivos Gerais

❖ Identificar as principais correntes pedagógicas e seus autores.


❖ Caracterizar os modelos pedagógicos.
❖ Identificar as influências determinantes para a construção do pensamento atual,
que fundamenta a organização curricular na educação básica.
❖ Reconhecer os pressupostos postulados por importantes figuras da educação e da
psicologia.

Conteúdos

❖ Modelos pedagógicos em diferentes contextos educativos


❖ Modelos pedagógicos e implicação na organização e funcionamento dos espaços
educativos
❖ Teorias da aprendizagem
➢ Comportamentalista
➢ Cognitivista
➢ Construtivista
❖ Principais correntes pedagógicas
➢ Fröebel
➢ Montessori
➢ Decroly
➢ Freinet
➢ Piaget

1
Índice

Introdução

1. Modelos pedagógicos em diferentes contextos educativos

2. Modelos pedagógicos e implicação na organização e funcionamento dos espaços


educativos

3. Teorias da aprendizagem
3.1. Comportamentalista
3.2. Cognitivista
3.3. Construtivista

4. Principais correntes pedagógicas


4.1. Fröebel
Biografia
Fröebel e o surgimento do primeiro Jardim-de-infância
Importância do simbolismo na teoria de Fröebel
4.2. Montessori
Vida e obra de Maria Montessori
Métodos de Montessori utilizados na educação da infância
4.3. Decroly
Vida e obra de Ovide Decroly
Importância atribuída por Decroly ao desenvolvimento infantil e ao caráter
global da atividade da criança
Teorias baseadas em características psicológicas e sociológicas
Criação de “Centros de Interesse” e passagem da criança por três momentos
distintos: a observação, a associação e a expressão
Análise de algumas obras importantes de Decroly
4.4. Freinet
Biografia de Célestin Freinet
Ser Humanista segundo Freinet
Pedagogia de Freinet e a educação pelo trabalho
4.5. Piaget
Vida e obra de Jean Piaget
Conceito de Desenvolvimento, segundo Piaget, e os fatores que o influenciam
Três “A” de Piaget: assimilação; acomodação; adaptação
Estádios de desenvolvimento segundo Piaget: estádio sensório-motor; estádio
pré- operatório; estádio operatório concreto; estádio operatório formal

Referências bibliográficas

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1. MODELOS PEDAGÓGICOS EM DIFERENTES CONTEXTOS EDUCATIVOS

PEDAGOGIA

➢ Ciência que trata da educação dos jovens, que estuda os problemas relacionados
com o seu desenvolvimento como um todo.
➢ Conjunto de métodos que asseguram a adaptação recíproca do conteúdo
informativo aos indivíduos que se deseja formar.
➢ É um conjunto de técnicas, princípios, métodos e estratégias da educação e do
Ensino, relacionados à administração de escolas e à condução dos assuntos
educacionais num determinado contexto.
➢ A pedagogia estuda os ideais de educação, segundo uma determinada conceção
de vida e dos processos e técnicas mais eficientes para realizá-los, visando
aperfeiçoar e estimular a capacidade das pessoas, seguindo objetivos definidos.

MODELOS PEDAGÓGICOS

➢ Movimento da Escola Moderna (MEM)

Este é um modelo construtivista criado nos anos 60, com base nos trabalhos de
Freinet. Algumas características:

✓ Os meios pedagógicos como veículo


✓ A atividade escolar como contrato
social e educativo
✓ Os processos de trabalho como
processos sociais de construção da
cultura
✓ Partilha da informação
✓ As práticas escolares com sentido
social imediato
✓ Os alunos como intervenientes no meio
social.

3
Este sistema desenvolve-se a partir de um conjunto de seis áreas básicas de
atividades, distribuídas à volta da sala (conhecidas também por oficinas ou ateliers na
tradição de Freinet), e de uma área central polivalente para trabalho coletivo.

Nos espaços pedagógicos que não dispõem de cozinha acessível às crianças,


organiza-se, também, uma área para cultura e educação alimentar.

As áreas básicas desenvolvem-se em espaços para:

BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO
A biblioteca dispõe, geralmente, de um tapete com almofadas que convidam à consulta
dos documentos que aquela contém, para além de livros e revistas, trabalhos produzidos
no âmbito das atividades e projetos das crianças que frequentam atualmente o jardim-de-
infância ou de outras crianças que já o frequentaram e dos amigos correspondentes ou de
outras escolas.
OFICINA DE ESCRITA E REPRODUÇÃO
A oficina de escrita integra a máquina de escrever e, sempre que possível, o computador
com impressora. Nesse espaço expõem-se, de preferência, os textos enunciados pelas
crianças e captados para a escrita pela educadora e as tentativas várias de pré-escrita e
escrita realizadas nesse espaço ou noutro qualquer.
LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS E EXPERIÊNCIAS;
O laboratório de ciências proporciona as atividades de medições e de pesagens, livres ou
aplicadas (com medidas de capacidade, de comprimento, balanças, etc.), criação e
observação de animais (aves, peixes, coelhos, etc.), roteiros de experiências em ficheiros
ilustrados, o registo das variações climatéricas (mapa do tempo) e outros materiais de
apoio ao registo de observações e à resolução de problemas no âmbito da iniciação
científica.
CARPINTARIA E CONSTRUÇÕES;
A oficina de carpintaria serve para a produção de construções várias, improvisadas ou
concebidas para servir outros projetos, como, por exemplo, a montagem de maquetas ou
de instrumentos musicais.
A cozinha, ou um espaço de substituição, polariza as atividades de cultura e educação
alimentar e nela se encontram livros de receitas para crianças e utensílios básicos para
confeção rudimentar de alimentos. Aí se expõem, também, regras de higiene alimentar
enunciadas e ilustradas pelas crianças e algumas normas sociais de estar à mesa.

4
ATIVIDADES PLÁSTICAS E OUTRAS EXPRESSÕES ARTÍSTICAS;
O atelier de atividades plásticas e outras expressões artísticas integra os dispositivos para
a pintura, desenho, modelagem e tapeçaria.
CANTO DOS BRINQUEDOS, JOGOS E “FAZ DE CONTA”.
O canto dos brinquedos inclui outras atividades de “faz de conta” e jogos tradicionais de
sala. É neste espaço que as crianças dispõem de uma arca que guarda roupas e adereços
que as ajudam a compor as suas personagens para atividades de “faz de conta” e
projetos de representação dramática. Por vezes, integra uma tradicional casa de bonecas.
A área polivalente é constituída por um conjunto de mesas e cadeiras suficientes para
todo o tipo de encontros coletivos do grande grupo (acolhimento, conselho, comunicações
e outros encontros) e que vai servindo de suporte para outras atividades de pequeno
grupo, ou individuais ou de apoio do educador às tarefas de escrita e de leitura.

O ambiente geral da sala deve resultar agradável e altamente estimulante, utilizando


as paredes como expositores das produções das crianças onde rotativamente se reveem
nas suas obras de desenho, pintura, tapeçaria ou texto. Será também numa das paredes,
de preferência perto de um quadro preto à sua altura, que as crianças poderão encontrar
todo o conjunto de mapas de registo que ajudem a planificação, gestão e avaliação da
atividade educativa participada por elas.
Aí se disporão o Plano de Atividades, a Lista Semanal dos Projetos, o Quadro Semanal
de Distribuição das Tarefas de manutenção da sala e de apoio às rotinas, o Mapa de
Presenças e o Diário do grupo, instrumentos orientadores e condutores da ação educativa
que poderão ser completados por outros, quando se justifique.

➢ High-Scope

Este é um modelo com base nas teorias de Piaget de orientação cognitivista e


construtivista. Começou a ser estruturado nos anos sessenta, em Ypsilanti (Michigan, USA),
recebendo o nome da instituição em que se desenvolveu.
Algumas características:
• Rotina diária estruturada (pouco flexível no início do ano letivo)
• A aprendizagem ativa e experiências chave
• A rotina diária com o ciclo: planear – fazer – rever
• A organização do espaço e materiais

5
O projeto pré-escolar High/Scope tem como “lei” a aprendizagem ativa da
Aprendiza
gem pela
Ação criança, ou seja, acredita que as vivências diretas e imediatas que as
crianças vivem no seu dia-a-dia, são muito importantes se essa criança
retirar delas algum significado através da reflexão.
Esta aprendizagem ativa que o Currículo High/Scope tanto fala, depende
inequivocamente da interação positiva entre os adultos e as crianças. Os
Interação
Adulto –
Criança

adultos deverão apoiar as conversas e brincadeiras das crianças, deverão


ouvi-las com atenção e fazer os seus comentários e observações que
considere pertinentes. Desta forma a criança sentir-se-á confiante e com
liberdade para manifestar os seus pensamentos e sentimentos.
O Currículo High/Scope dá uma grande importância ao planeamento da
estrutura da pré escola e à seleção dos materiais adequados. As crianças
Contexto de Aprendizagem

integradas num contexto de aprendizagem ativa, têm a oportunidade de


realizar escolhas e tomar as suas próprias decisões. Deste modo, os adultos
dividem o espaço de brincadeira em áreas de interesse específicos. Estas
diferentes áreas contêm materiais facilmente acessíveis que as crianças
podem escolher para depois usarem conforme o que tinham planeado, para
levar a cabo as suas brincadeiras e jogos. Quando a criança termina a tarefa
que realizou, arruma devidamente no lugar os materiais que utilizou. Para
que isto aconteça é necessário que todos os materiais se encontrem em
prateleiras baixas, dentro de caixas transparentes aonde esteja colado uma
etiqueta com o símbolo do que a caixa contém.
Todos os dias, os adultos fazem um plano de uma rotina que apoiará a
aprendizagem ativa da cada criança. Os adultos ficam a saber o que as
crianças pretendem fazer (processo planear – fazer – rever) questionando-
os. As crianças põem depois em prática aquilo que planearam, e cabe ao
adulto depois incentivá-las a rever as suas experiências. Isto não significa
Rotina Diária

que elas tenham que contar de forma oral todos os passos que deram
dentro da área aonde estiveram a fazer o que havia sido planeado. A criança
pode fazer uma revisão da sua experiência e do que acha que aprendeu,
através de um simples desenho. Por outro lado, além dos planos individuais,
podem criar-se pequenos grupos numa sala, devendo o educador encorajar
as crianças a explorar e a experimentar novos materiais. Quando se trabalha
em grandes grupos pode optar-se por atividades de música e de movimento
e de jogo cooperativo (incentivando a coesão de grupo).

6
Avaliar segundo a abordagem pré-escolar High/Scope implica um conjunto
de tarefas. Os professores deverão fazer um registo diário de notas
ilustrativas, baseando-se naquilo que veem e ouvem quando observam as
crianças. Avaliar significa então trabalhar em equipa para construir e apoiar
o trabalho nos interesses e competências de cada criança. O espaço é,
Avaliação

segundo o Currículo High-Scope, um meio fundamental de aprendizagem que


deve exigir do educador grande investigação e investimento no seu arranjo e
equipamento. É fundamental que os materiais sejam interessantes para as
crianças, diversos, mutáveis, organizados e guardados de forma visível e
acessível. Devem estar estruturados em áreas de interesse bem
identificadas, flexíveis para que a criança possa usá-los de maneiras
diferentes, descobrindo formas alternativas de os usar e jogar com eles.

➢ João de Deus

É um modelo que ainda hoje é usado nos espaços pedagógicos que têm o mesmo
nome. O primeiro jardim de infância João de Deus foi criado em Coimbra em 1911 e a
metodologia usada é sólida e consistente e assenta na cartilha maternal (1876) para a
iniciação precoce da leitura e da escrita. É um modelo centrado na preparação académica
da criança e a educadora tem um papel ativo e diretivo.
A organização do espaço traduz-se por uma decoração simples, mas onde a arte
tem Presença. Valoriza se uma arquitetura funcional e atraente de características
nacionais e Regionais. Existem diversos materiais para as atividades programadas em
cada dia: para a Educação sensorial, percetiva, motora e física, materiais para o s
trabalhos manuais e Atividades plásticas, materiais de apoio para a aprendizagem da
matemática como Tangran, calculador. Para os mais pequenos existem materiais para
imita r; para Aprender a viver e integrar se no meio social; a loja, a casa das bonecas e os
jogos de Trânsito.

➢ Reggio Emília

É um modelo pedagógico que nasceu depois da segunda guerra mundial, em 1945,


no Norte de Itália, em Villa Cella, próximo da cidade de Reggio Emília, pela necessidade de
se construir uma escola para as crianças pequenas, após a destruição de todas as
existentes, durante a guerra. Nesta missão participaram as famílias, principalmente as
Mães das crianças. Deste modo surge a primeira escola daquele que virá a ser conhecido

7
como um dos Modelos pedagógicos de educação de infância de maior qualidade no mundo
o modelo Curricular de Reggio Emília. Na educação e formação das crianças participam os
pais, a comunidade, a sociedade em geral. O monitor/educador tem um papel ativo no
apoio educativo.

➢ Pedagogia de Projeto

Para que serve?


Todos nós trabalhamos com projetos em todos os momentos da nossa vida. Na
escola ou no jardim de infância, o Projeto é uma forma de ajudar a criança a aprender de
maneira prática, tornando a aprendizagem atraente e eficaz.
A realização de um projeto exige processos mentais, tarefas físicas e propostas de
problemas e respostas a várias questões. O projeto parte de uma situação problema, um
desafio para o encontro da solução.

Através do projeto, a criança é incentivada a:


1) desenvolver atividades com objetivos concretos;
2) realizar tarefas produtivas;
3) desenvolver a compreensão por meio da experiência;
4) desenvolver a iniciativa e a responsabilidade;
5) estimular a perseverança na realização de tarefas;
6) valorizar o trabalho cooperativo;
7) desenvolver o pensamento reflexivo;
8) ampliar campos de interesses.

Fases de um projeto

1) intenção e incentivo: inicia se um projeto quando se percebe um grande interesse


por parte das crianças por um determinado assunto ou situação concreta. O
educador/professor deve aproveitar esse interesse para desenvolver o assunto e
propor questões (desafios) para a resolução do problema ou situação.
2) Preparação do plano de trabalho: realizam se pesquisas, procurando os
instrumentos necessários, planeando as atividades para a solução dos problemas.
Esse roteiro funcionará como referência para a realização do trabalho.

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3) Execução: é a fase da ação e a mais estimulante para as crianças. Nesta fase
podem surgir dificuldades, erros e imprevistos e as crianças serão orientadas a
resolvê-los e a continuar o trabalho. O educador/professor deve estar atento e
estimular as crianças, valorizando o seu desenvolvimento e acompanhando as
suas dificuldades. O trabalho deve ser sempre feito pelas crianças.
4) Avaliação: serão avaliados, pelas crianças, o objetivo, o planeamento, as atividades
e o resultado final. Com a ajuda e orientação do educador/professor, as crianças
farão uma análise do seu trabalho, apresentando críticas e comentários
apropriados sobre o projeto.
5) Culminância é o atingir do objetivo básico do projeto através de uma apresentação,
exposição, exibição do resultado obtido o educador/professor deve facilitar a
integração dos conteúdos dos diversos materiais e oferecer oportunidades para o
exercício da liberdade e uso de direitos a criança aprende fazendo e a
aprendizagem é mais consistente e duradoura.

A função do educador/professor é a de orientador, sensibilizador, conselheiro,


desafiador, em que exerce e controla as atividades, avaliando as crianças e o seu próprio
desempenho. Uma discussão na sala pode ser uma forma de avaliar um projeto, dando
oportunidades para refletir sobre a contribuição e a validade do projeto. A avaliação deve
ser constante, através de observações, atividades, participação e colaboração.

2. MODELOS PEDAGÓGICOS E IMPLICAÇÃO NA ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS


ESPAÇOS EDUCATIVOS

Organização do espaço educativo em ATL

É importante como o espaço de ATL é organizado. Uma vez que influencia e


condiciona toda a atividade da criança, as suas escolhas, a concretização dos seus planos,
utilização de materiais e a relação com os outros. Ele deverá ser um espaço onde a criança
se possa movimentar, expressar, criar, construir, explorar, experimentar, brincar, jogar e
levar a cabo todos os seus projetos.
Assim, tendo em conta que a qualidade do meio que rodeia a criança é
fundamental para a progressiva conquista da sua autonomia, a organização do espaço

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constitui um dos suportes para a atividade educativa, uma vez que o espaço é a condição
básica para poder levar avante muitos outros aspetos organização do espaço educativo em
ATL.
É por isso fundamental que o monitor/educador reflita sobre as potencialidades
educativas que oferece, planifique e avalie o modo como o espaço contribui para o
desenvolvimento efetivo das crianças.
A organização do espaço não deve ser rígida ao longo de todo o ano deve até ser
bastante flexível, possibilitando a transformação do mesmo, de modo a poder responder a
posteriores necessidades que possam surgir (seja durante um dia em que se tenha de
fazer o recreio no interior, por motivos como sejam a alteração climatérica, seja pelo facto
de não existirem outros espaços para a realização de atividades de expressão corporal).
O importante é que as crianças participem na organização e manutenção do
espaço, para que saibam onde podem fazer o quê e onde estão os materiais que
necessitam para a execução de determinadas atividades.
Esta participação ativa das crianças na organização do espaço acaba por promover
um trabalho centrado nas iniciativas e necessidades das crianças quando não existe esta
integração das crianças na organização do espaço, o trabalho acaba por ser estruturado
pelo monitor/educador, o que condiciona fortemente a autonomia da criança.
Logo, uma boa organização dos espaços pressupõe a existência de espaços
abertos e amplos com possibilidade de diferenciação em áreas de jogo bem definidas e
identificadas, as quais promovem uma maior dinâmica de trabalho pois as crianças podem
ser divididas pelas várias áreas, passando, no entanto, por todas elas, só que em tempos
diferentes.
A reflexão do espaço é assim indispensável para evitar espaços estereotipados e
padronizados que não sejam desafiadores para as crianças.
Apesar da possibilidade de existir uma grande diversidade de espaços, os materiais
existentes em cada um deles condicionam aquilo que as crianças podem fazer e aprender
assim sendo, cada área deverá incluir materiais adequados ao tipo de atividades que nela
se podem realizar estes devem ir ao encontro das necessidades, níveis de
desenvolvimento e interesses das crianças.
O espaço exterior é também outro aspeto a ter em conta este é igualmente um
espaço educativo, possibilitando tanto a vivência de atividades intencionalmente
planeadas pelo como a vivência de atividades informais.

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Áreas de conteúdo

É de referir que, seguindo qualquer um dos modelos pedagógicos, o


monitor/educador ou professor precisa de planificar as suas atividades usando, para isso,
metodologias adequadas.

Desenvolver a capacidade de planeamento;


Sentido Permitir à criança ter intervenção no trabalho a desenvolver;
organização do

curricular: Experimentação de atividades desafiadoras para o seu nível de


trabalho
Área da

desenvolvimento.
Adquirir a noção de tempo;
Atividades
Aprender a gerir opções e a desenvolver etapas de realização de planos;
cognitivas:
Desenvolver o sentido crítico;
(mapas)
Estruturar os seus conhecimentos e adquirir novas competências.
Proporcionar momentos de partilha (de livros) quer individualmente, quer
Área dos Livros

Sentido em grupo;
curricular: Trabalhar o repouso físico e /ou o relaxamento;
Estimular o gosto pela leitura e pelas diferentes formas de comunicação.
Perceber e discriminar: escutar contos, contar histórias; ouvir música;
Atividades
Desenvolver a capacidade de memorizar e recontar;
cognitivas:
Contactar com o código escrito.
Estimular o sentido da curiosidade e a necessidade de experimentação
da criança;
Área da Expressão

Sentido
(nesta área o que tem mais sentido é o processo de exploração, de
curricular:
captação e de funcionamento do que os resultados ou produto
Plástica

elaborado.
Misturar materiais, cores e texturas;
Atividades Manusear diferentes materiais;
cognitivas: Cortar, colar, rasgar, dobrar, etc.
Criar e observar as alterações produzidas nos materiais manuseados.
Converter a criança para o centro dos jogos de simulação;
Experimentar, atuar, elaborar coisas/situações banais que lhes são
familiares, próximas e significativas do seu meio vital: papeis, situações,
Sentido
Pessoas e conflitos;
Área da Casinha

curricular:
Permitir o trabalho em equipa, o comentário das coisas, valorizar a
expressão de sentimentos e ideias;
Verbalizar as ações do jogo.
Dramatizar;
Explorar experiências;
Atividades
Imaginar;
cognitivas:
Usar ferramentas, utensílios, instrumentos de vida diária;
Vivenciar o “fazendo de conta”.
Os blocos permitem uma grande variedade de utilização, tanto a nível
Sentido individual como de grupo;
Área dos jogos de chão ou

curricular: Facilitam o desenvolvimento da capacidade de manuseamento das


estruturas: verticais, circulares de inclusão, etc.;
Trabalham também o pensamento espacial: o equilíbrio;
dos blocos

Explorar;
Construir individualmente e/ou em grupo;
Atividades Classificar;
cognitivas: Agrupar;
Comparar;
Ordenar objetos;
Representar experiências.

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Área facilitadora da socialização;
garagem Sentido
Permite à criança brincar individualmente ou em pares;
Área da

curricular:
Permite à criança deitar se ou rolar no tapete de chão.
Atividades Representar vivências da utilização da via pública;
cognitivas: Percorrer percursos, contornando obstáculos;
Convidar a criança para criar situações imaginárias;
Área das Brincadeiras

Sentido Proporcionar à criança momentos lúdicos;


curricular: Dar a oportunidade de se expressar livremente utilizando ou não
acessórios que a caracterizem.
Dramatizar;
Explorar experiências;
Atividades
Imaginar;
cognitivas:
Passar o tempo: dançando, vestindo se e despindo se, olhando se ao
espelho, “fazendo de conta”.
Jogos simples, de pequeno grupo ou
Sentido
Área dos jogos de

Individual;
curricular:
Atividade calma e de concentração;
Mesa

Desenvolver noções lógico matemáticas (juntar, classificar,


Comparar);
Atividades
Formar classes e ou modelos;
cognitivas:
Fomentar a coordenação oculo manual;
Desenvolver a motricidade fina.
Familiarizar a criança com a natureza e os seus ritmos;
das plantas

Sentido Contribuir para que aprendam a cuidar e a ter responsabilidade acerca


animais e
Área dos

curricular: de outros seres;


Desenvolver uma sensibilidade ambiental;
Atividades Criar a noção acerca dos tempos de alimentação e dos cuidados
cognitivas: necessários a ter com outros seres vivos.
Atividade motora por excelência, de socialização e de expressão
Sentido
Área dos jogos

dramática;
de exterior

curricular: Atividades estruturadas e livres de partilha entre pares ou grupo


alargado.
Atividades Experiências físicas ativas, correr, saltar, baloiçar, esconder, etc.;
Jogos coletivos onde se desenvolvem noções variadas: número,
cognitivas:
conjunto, espaciais, etc.;

3. TEORIAS DA APRENDIZAGEM

Denominam-se teorias da aprendizagem, em Psicologia e em Educação, aos


diversos modelos que visam explicar o processo de aprendizagem pelos indivíduos.
Embora desde a Grécia antiga se hajam formulado diversas teorias sobre a aprendizagem,
as de maior destaque na educação contemporânea são a de Jean Piaget e a de Lev
Vygotsky.

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3.1. Comportamentalista

O behavorismo, ou teoria comportamental, foi desenvolvido nos Estados Unidos da


América John Watson (1878-1958) e na Rússia por Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936).
Embora as bases desta teoria tenham sido desenvolvidas por estes pesquisadores, foi
Burrhus Frederic Skiiner (1904-1990) que a popularizou, através de experimentos com
ratos. Em seus experimentos, os ratos eram condicionados a determinadas ações, com
recompensas boas ou ruins pelos seus atos. Assim, se moldava o comportamento destes a
partir de um sistema de estímulo, resposta e recompensa.
Nesta teoria, o comportamento deve ser estudado e sistematizado para que se
possa modificá-lo. De acordo com esta teoria, a maneira como o indivíduo aprende é uma
grandeza possível de ser mensurada tal e qual um fenômeno físico. Nesta teoria, a
aprendizagem, independente da pessoa, deverá seguir as seguintes etapas:
– Identificação do problema
– Questionamentos acerca dos problemas
– Hipóteses
– Escolha das hipóteses
– Verificação
– Generalização. O cérebro a utilizará ao identificar problemas futuros semelhantes

3.2. Cognitivista

Esta teoria defende que, a capacidade do aluno em aprender coisas novas


depende diretamente dos conhecimentos prévios que ele possui. Para estes teóricos, é
necessário investigar quais os saberes do aluno acerca do assunto que será ensinado.
Depois, deve-se auxiliar o aluno para que ele consiga sistematizar e organizar os novos
conhecimentos, através de associações com o seu conhecimento prévio.

3.3. Construtivista

O construtivismo é uma abordagem psicológica desenvolvida a partir da teoria da


epistemologia genética, elaborada por Jean Piaget. Nesta teoria, o indivíduo aprende a
partir da interação entre ele e o meio em que ele vive. O professor é visto como um
mediador do conhecimento.

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4. PRINCIPAIS CORRENTES PEDAGÓGICAS

4.1. Fröebel

Friedrich Wilhelm August Fröbel Oberweißbach 21 de abril de 1782 Schweina 21


de junho de 1852 foi um pedagogo e pedagogista alemão com raízes na escola Pestalozzi
Foi o fundador do primeiro jardim de infância. Seu pai era um pastor protestante Seus
princípios filosóficos teológicos apontam um Fröbel (com um espírito profundamente
religioso que desejava manifestar ao exterior o que lhe acontecia interiormente sua união
com Deus.

As suas ideias reformularam a educação. A essência de sua pedagogia se centra


nos princípios educacionais da atividade e da liberdade.

Esses princípios e sua crença determinaram alguns de seus postulados, tais como:
• o educando tem que ser tratado de acordo com sua dignidade de filho de Deus, dentro
de um clima de compreensão e liberdade
• o educador é obrigado a respeitar o discípulo em toda sua integridade
• o educador deve manifestar se como um guia experimentado e amigo fiel que exija e
oriente com mão flexível, mas firme. Não é somente um guia, mas também sujeito ativo da
educação: dá e recebe, orienta, mas deixa em liberdade, é firme, mas concede
•o educador deve conhecer os diversos graus de desenvolvimento do homem para realizar
sua tarefa com êxito, sendo três as fases de desenvolvimento, que vão desde quando o
homem nasce até a adolescência

Em 1837 Fröbel abriu o primeiro jardim de infância onde as crianças eram


consideradas como plantinhas de um jardim do qual o professor seria o jardineiro A criança
se expressaria através das atividades de perceção sensorial, a linguagem e do brinquedo A
linguagem oral se associaria à natureza e à vida Fröbel foi um defensor do
desenvolvimento genético. Para ele o desenvolvimento ocorre segundo as seguintes
etapas:
✓ A infância
✓ a meninice
✓ a puberdade
✓ a mocidade
✓ a maturidade

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Observava, portanto, a gradação e a continuidade do desenvolvimento, bem como
a unidade das fases de crescimento. Enfim, a educação da infância se realiza através de
três tipos de operações:

•a ação atividade importante para o desenvolvimento infantil, pois havia um termo


utilizado por Fröbel que era a ' auto atividade ', ou seja, dizia que a criança aprende através
da ação dela sobre determinado objeto.
•o jogo
•o trabalho

Fröebel foi o primeiro educador a enfatizar o brinquedo, a atividade lúdica, a apreender o


significado da família nas relações humanas.

É interessante frisar que, para Froebel o brincar caracteriza a ação da criança e que
o próprio ato de brincar é uma linguagem, pois apreende, no ato de brincar, a linguagem
gestual/corporal, sonora, verbal, entre outras

Idealizou recursos sistematizados para as crianças se expressarem:

Blocos de construção que eram utilizados pelas crianças em suas atividades


criadoras, papel, papelão, argila e serragem. O desenho e as atividades que envolvem o
movimento e os ritmos eram muito importantes. Para a criança se conhecer, o primeiro
passo seria chamar a atenção para os membros de seu próprio corpo, para depois chegar
aos movimentos das partes do corpo. Valorizava também a utilização de histórias, mitos,
lendas, contos de fadas e fábulas, assim como as excursões e o contato com a natureza.

Fröbel afirma, em sua obra "A educação do homem" (1826):

“A educação é o processo pelo qual o indivíduo desenvolve a condição humana


autoconsciente, com todos os seus poderes funcionando completa e
harmoniosamente, em relação à natureza e à sociedade. Além do mais, era o
mesmo processo pelo qual a humanidade, como um todo, originariamente se
elevara acima do plano animal e continuara a se desenvolver até a sua condição
atual. Implica tanto a evolução individual quanto a universal.”

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Cada objeto é parte de algo mais geral e é também uma unidade, se for
considerado em relação a si mesmo. No campo das relações humanas, o indivíduo é, para
ele, uma unidade, quando considerado em si mesmo, mas mantém uma relação com o
todo, isto é, incorpora se a outros homens para atingir certos objetivos.

Esse conceito de parte todo foi um dos mais bem desenvolvidos por Fröbel.

Principais conceções educacionais


• a educação deve basear se na evolução natural das atividades da criança.
• o objetivo do ensino é sempre extrair mais do homem do que colocar mais e mais dentro
dele. A criança não deve ser iniciada em nenhum novo assunto enquanto não estiver
madura para ele.
•o verdadeiro desenvolvimento advém de atividades espontâneas.
•na educação inicial da criança o brinquedo é um processo essencial.
•os currículos das escolas devem basear se nas atividades e interesses de cada fase da
vida da criança.

Sua proposta pode ser caracterizada como um "currículo por atividades", no qual o caráter
lúdico é o fator determinante da aprendizagem das crianças.

A grande tarefa da educação consiste em ajudar o homem a conhecer a si próprio,


a viver em paz com a natureza e em união com Deus. É o que ele chamou de educação
integral. Sua conceção de ser humano era profundamente religiosa.
Entende a educação como suporte no processo de apropriação do mundo pelo
homem. É um modelo de educação esférica, onde os alunos aprendem em contato com o
real, com as coisas em sua volta, com os objetos de aprendizagem. Logo, a Matemática só
é entendida quando o sujeito for capaz de estruturar a realidade.
Uma das melhores ideias com que Froebel contribuiu para a pedagogia moderna foi
a de que o ser humano é essencialmente dinâmico e produtivo, e não meramente
articulável, recetivo e depositário. O homem é uma força autogeradora e não uma esponja
que absorve conhecimento do exterior.
Outro acerto de Fröebel foi o de não esquecer as diferentes etapas que marcam a
evolução do homem, especialmente a infância. Cabe lembrar que sua doutrina pedagógica,
em síntese, consiste basicamente na atividade e na liberdade; o homem deve aprender a
trabalhar e a produzir, manifestando sua atividade em obras exteriores.

16
Friedrich Wilhelm August Fröbel (1782 1852) foi o fundador do primeiro Jardim de
Infância Kindergarten) e o primeiro a desenvolver brinquedos didáticos. Estes brinquedos
não só iriam ser copiados por empresas como a Lego, como também exerceram influência
positiva em pessoas, como por exemplo, o arquiteto Frank Lloyd Wright

A ideia mais luminosa com que este visionário contribuiu para a pedagogia foi a de
que o ser humano é essencialmente dinâmico e produtivo e não meramente recetivo: «O
homem é uma força autogeradora e não uma esponja que absorve conhecimento do
exterior».

17
4.2. Montessori

O método montessori é o resultado de pesquisas científicas e empíricas


desenvolvidos pela médica e pedagoga maria montessori.
De acordo com sua criadora, o ponto mais importante do método é, não tanto o seu
material ou sua prática, mas a possibilidade criada pela utilização deste, de se libertar a
verdadeira natureza do indivíduo, para que esta possa ser observada, compreendida, e
para que a educação se desenvolva com base na evolução da criança. A criança é o centro
do método montessoriano e o professor tem o papel de acompanhador do processo de
aprendizado. Ele guia, aconselha, mas não dita e nem impõe o que vai ser aprendido pela
criança.

É caracterizado por uma ênfase na autonomia, liberdade com limites e respeito


pelo desenvolvimento natural das habilidades físicas, sociais e psicológicas da criança.

A pedagogia Montessoriana insere se no movimento das Escolas Novas. Opõe se


aos métodos tradicionais que não respeitem as necessidades e os mecanismos evolutivos
do desenvolvimento da criança. Ocupa um papel de destaque neste movimento pelas
novas técnicas que apresentou para os jardins de infância e para o ensino fundamental do
ensino tradicional.

O material criado por Montessori tem um papel preponderante no seu trabalho


educativo partindo do concreto (o material didático) para o pensamento abstrato.
• A criança literalmente vê e sente através do material didático preparado, o tema
a ser aprendido
• A criança deixa de usar o material didático quando a abstração para o tema
aprendido já é completa
• O meio preparado e o material didático tem como função, estimular e
desenvolver na criança um impulso interior que se manifesta no trabalho
espontâneo do intelecto

18
Características de uma Escola Montessoriana

A Association Montessori Internationale (AMI) cita os seguintes elementos como


essenciais a uma escola montessoriana:

1. O ambiente é organizado e atraente


2. O ambiente é composto por materiais didáticos e utensílios da vida cotidiana (para fins
didáticos
3. As classes são agrupamentos de alunos com diferentes idades
4. O professor atua como guia, acompanhante do processo de aprendizado e interfere só
o necessário
5. Material multissensorial e aprender fazendo são hábitos de aprendizagem
6. Cada aluno tem oportunidade de escolher o trabalho (a atividade) que mais lhe
interesse
7. A ênfase é na aprendizagem ativa e no desenvolvimento social em lugar de
memorização, regras e busca de informação para uma única pergunta específica
8. O aluno pode trabalhar o tempo que necessite num assunto que lhe interesse, sem que
alguém ou uma campainha o interrompa
9. O aluno tem o direito de escolher um lugar para trabalhar em vez de um lugar fixo
10. A criança tem o direito de escolher se vai trabalhar só ou em grupo e com quem vai
trabalhar
11. Os alunos são estimulados a ensinarem, colaborarem e ajudarem uns aos outros.
12. Os alunos têm oportunidade de trabalharem com outros de diferentes idades
13. Os alunos demonstram respeito aos professores e ao ambiente
14. Todos os adultos demonstram respeito pelo aluno
15. A escola encoraja a autodisciplina
16. Aprender é o maior prêmio; não existe motivação através de prêmios e
reconhecimentos exteriores. Sem exageros, usando sempre o bom senso
17. Os alunos tendem a ser calmos, concentrados, felizes equilibrados). Para isso deve
contribuir a postura do educador

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Materiais de Desenvolvimento

Na pedagogia montessoriana , utilizam se objetos desenvolvidos para "auxiliar a


criança a no por ordem em seu espírito e facilitar lhe a compreensão das inúmeras coisas
que a envolvem"

O material didático é dividido em cinco áreas:


• Exercícios de Vida Prática
• Material Sensorial
• Material de Linguagem
• Material de Matemática
• Material de Conhecimento de Mundo "Cosmo" (História , Ciências e Geografia)

Estes materiais são constituídos por peças sólidas de diversos tamanhos, formas e
espessuras diferentes; coleções de superfícies de diferentes texturas e diferentes sons.
Tudo visando o prazer absoluto do aluno e atendendo as capacidades e necessidades da
criança.

O trabalho com o material montessoriano pode ser feito individualmente ou em


grupo, de acordo com a vontade da criança. A criança não está presa a um lugar fixo na
sala de aula, portanto ela pode trabalhar com o material em uma mesa de forma
tradicional, ou em um tapete no chão. Com a prévia autorização da professora ela também
pode trabalhar em outra sala da escola.
No trabalho com esses materiais a concentração é um fator importante. As tarefas
são precedidas por uma intensa preparação, e, quando terminam, a criança se solta, feliz
com sua concentração, comunicando então com seus semelhantes num processo de
socialização.
A livre escolha das atividades pela criança é outro aspeto fundamental para que
exista a concentração e para que a atividade seja formadora e imaginativa. Essa escolha
realiza se com ordem, disciplina e com um relativo silêncio em consideração à perturbação
dos professores.
O silêncio também desempenha papel preponderante. A criança equilibrada
emocionalmente pelo próprio método, aprende a expressar se de modo natural e
adequado à situação. O professor também expressa se de forma natural, em tom
adequado. Como o professor não atua de forma frontal com sua classe, mas como

20
orientador individual ou de pequenos grupos, este não tem necessidade de trabalhar com
tom de voz elevado.
Pés e mãos tem grande destaque nos exercícios sensoriais não se restringem
apenas aos sentidos), fornecendo oportunidade às crianças de manipular os objetos ,
sendo que a coordenação se desenvolve com o manuseamento dos instrumentos

Material para Matemática:

"Material Dourado" é um dos materiais mais


conhecidos criado por Maria Montessori. O "Material
Dourado" desperta no aluno a concentração, o
interesse, além de desenvolver sua inteligência e
imaginação criadora, pois a criança, está sempre
predisposta ao jogo. Além disso, permite o
estabelecimento de relações de graduação e de
proporções, e finalmente, ajuda a contar e a calcular.

Material de linguagem

Os mais conhecidos são o alfabeto móvel e as letras de lixa

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Material Sensorial

As Barras vermelhas, a escada marrom cilindros coloridos caixas de cores tubinhos


de cheiro , caixa dos rumores placas do tato caixa das fazendas (com panos de diferentes
texturas sólidos geométricos , a torre rosa e muitos outros

Exercícios da vida prática

Para os exercícios da vida prática são usados todos os utensílios da vida prática
normal, tentando levar em consideração o tamanho da criança. Exemplo: jarras pequenas
para se aprender a servir água, sapatos infantis para se aprender a amarrar e engraxar
sapatos, etc. Deste método pedagógico vem a ideia de que os móveis no jardim de infância
devem ser adequados ao tamanho da criança, conceito este que usamos hoje no nosso
ensino tradicional.

22
Pilares da Educação Montessori

Segundo proponentes desta perspetiva pedagógica, o método Montessori contaria


com seis princípios responsáveis por formar a base da teoria e prática desta pedagogia.
Seriam eles:

Seria a capacidade inata da criança para querer aprender. Por


compreender que a criança deseja absorver e compreender a
realidade que a circunda, e que por isso a criança a explora, investiga
AUTOEDUCAÇÃO e pesquisa o método Montessori proporcionaria um ambiente
adequado e materiais interessantes para que a criança possa se
desenvolver por seus próprios esforços, no seu ritmo e seguindo seus
interesses.
É uma maneira de organizar o conhecimento. De acordo com este
princípio, o educador deve levar o conhecimento à criança de forma
EDUCAÇÃO organizada cosmos significa ordem, em oposição a caos --,
CÓSMICA estimulando sua imaginação e evidenciando que tudo no universo
tem sua tarefa e que o ser humano deve ser consciente de seu papel
na manutenção e melhora do mundo
é a maneira de compreender a criança e o fenômeno educativo de
acordo com Montessori, e defendida pela ciência de hoje. Em
EDUCAÇÃO
Montessori, o professor utiliza o método científico de observações,
COMO CIÊNCIA
hipóteses e teorias para entender a melhor forma de ensinar cada
criança e para verificar a eficácia de seu trabalho no dia a dia.
é o local onde a criança desenvolve sua autonomia e compreende sua
liberdade em escolas e lares montessorianos O ambiente preparado é
AMBIENTE construído para a criança, atendendo às suas necessidades
PREPARADO biológicas e psicológicas. Em ambientes preparados encontram se
mobília de tamanho adequado e materiais de desenvolvimento para a
livre utilização da criança
É o nome que se dá , em Montessori, para o profissional que auxilia a
criança em seu desenvolvimento completo Esse adulto deve conhecer
ADULTO cientificamente as fases do desenvolvimento infantil e, por meio da
PREPARADO observação e do domínio de ferramentas educativas de eficiência
comprovada , guiar a criança em seu desabrochar , de forma que este
se dê nas melhores condições possíveis
O papel do professor na escola montessoriana é de guia e
PROFESSOR acompanhador de desenvolvimento infantil e não o que impõe ou dita
ACOMPANHADOR o que e como deve ser aprendido

É qualquer criança em seu desenvolvimento natural. Por meio da


utilização correta do ambiente e da ajuda do adulto preparado, as
CRIANÇA crianças expressam características que lhes são inatas Entre outras ,
EQUILIBRADA encontram se o amor pelo silêncio , pelo trabalho e pela ordem .
Todas as crianças nascem com estas características e as
desenvolvem melhor entre zero e seis anos

23
4.3. Decroly

Ovide Decroly nasceu em 1871, em Renaix, na Bélgica, filho de um industrial e de


uma professora de música. Como estudante, não teve dificuldade de aprendizagem, mas,
por causa do seu mau comportamento, foi expulso de várias escolas. Formou se em
medicina e estudou neurologia na bélgica e na Alemanha.
O desenvolvimento pedagógico didático de Decroly surge dentro da estrutura do
movimento ‘Escola Nova’. Esse movimento começou no final do século XIX e reúne uma
série de princípios que têm como objetivo a renovação das formas anteriores de educação
tradicional.
Assim como alguns dos princípios básicos do movimento da Escola Nova, a
proposta educacional de Decroly baseia se no respeito à criança e à sua personalidade.
Por isso, ele argumenta que a educação tem como objetivo a preparação das crianças para
que elas vivam em liberdade.
Decroly levanta a necessidade de uma base científica para a intervenção
educacional. Assim, as suas contribuições são baseadas em disciplinas relacionadas à
infância e à sociedade, tais como psicologia ou biologia. Ciências que ajudam a
desenvolver a sua metodologia específica com base nos ‘centros de interesse significativos
para a infância’.
Decroly argumenta que são o motor fundamental da educação e que devem ser
mobilizados para atender às necessidades próprias da fase infantil. Ou seja, é necessário
saber quais são as necessidades das crianças e quais são os seus interesses para atrair a
sua atenção e vontade de saber e aprender.

O conceito de interesse é fundamental no pensamento de Decroly. Segundo ele, a


necessidade gera o interesse e só este leva ao conhecimento.

Para Decroly, há quatro necessidades naturais fundamentais e é em torno delas


que os centros de interesse devem ser agrupados. Ele fala sobre as necessidades de:
• Alimentar se.
• Lutar contra o frio e o mau tempo
• Defender se dos perigos e inimigos.
• Agir e trabalhar de forma solidária, divertir se e melhorar.

Embora o autor coloque essas quatro como as principais, ele também menciona a
necessidade de luz, descanso e ajuda mútua.

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Os centros de interesse consistem na razão pela qual entra em jogo o que Decroly
chama de ‘ação globalizadora ou ‘princípio de globalização Isso constitui um procedimento
didático que também se aplica ao ensino da alfabetização.
Como consequência, o princípio de globalização baseia se na ideia de que a criança
percebe a realidade ao seu redor como um todo. Dessa forma, devemos, então, saber o
que chama a atenção dela e o que estimula o seu conhecimento, além de atender aos
seus conhecimentos anteriores. Portanto, para que a ação globalizada entre em ação, deve
haver um interesse, e esse interesse não surge se não houver uma necessidade.
Dessa forma, os estímulos ambientais adquirem importância para as crianças,
alcançando, assim, aprendizagens significativas que contribuem para o seu
desenvolvimento físico, psicológico e social.

Primeiramente, Decroly sugere que, para que os centros de interesse funcionem


corretamente, as classes devem ser relativamente homogêneas. Ou seja, as crianças que
as compõem devem ter ritmos de aprendizagem semelhantes, além de mesmas idades e
níveis de desenvolvimento. E, em segundo lugar, não devem exceder 30 crianças.

Além disso, os centros de interesse devem seguir diferentes fases ou ser


organizados de acordo com três tipos de exercícios, que respondem ao nome de ‘tríptico
decrolyano ’ e são os:

• Observação. É essencial para despertar os sentidos e colocar as crianças em


contato com objetos, seres ou eventos. Esse é o ponto de partida para atividades
intelectuais realizadas a partir do conhecimento do meio ao seu redor.

• Associação. Trata se de um processo de associação e coordenação das. As


dimensões espaciais e temporais, como as relações de causa e efeito, por
exemplo, devem estar interrelacionadas. Além disso, também há comparações,
classificações e a definição de semelhanças e diferenças.

• Expressão. Para comunicar o que foi aprendido, os conhecimentos. Refere se a


dois tipos de expressão, a concreta e a abstrata. A primeira trata de trabalhos
manuais e desenhos, incluindo a música. E a segunda trata da tradução do
pensamento por meio de símbolos e códigos (letras, números, sinais, etc.

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É essencial que a aprendizagem seja organizada de acordo com os interesses das
crianças e que sejam o produto das suas necessidades. E não apenas isso, também
devem fazer com que os conhecimentos prévios que as crianças têm sejam considerados.
Essa foi uma grande contribuição que Decroly deu à educação atual.
Os centros de interesse concentram o ensino em torno de assuntos atraentes para
os alunos e que satisfazem as suas necessidades básicas. Necessidades como o descanso
e a diversão, por exemplo, ou relacionadas ao seu entorno, tais como a família ou o meio
ambiente.
Em suma, eles são unidades de trabalho que articulam toda a aprendizagem que a
criança deve realizar em torno de um núcleo operativo e de maneira global. Sem a
necessidade, portanto, de fragmentar o conteúdo em matérias ou disciplinas.
Além disso, colocar em primeiro plano o caráter, a individualidade, a personalidade
e o conhecimento das crianças, bem como o contacto com o seu ambiente, é algo
essencial para que o ensino possa ser eficaz.

4.4. Freinet

Freinet nasceu a 15 de outubro de 1896, em Gars, sul da França. Foi pastor de


rebanhos antes de estudar. Freinet lutou na Primeira Guerra Mundial em 1914, quando os
gases tóxicos do campo de batalha afetaram seus pulmões para o resto da vida.

Crítico da escola tradicional e das escolas novas, Freinet foi criador do movimento
da escola moderna.

O seu objetivo básico era desenvolver uma escola popular. Hoje em dia as suas
propostas continuam, ainda, a ser uma grande referência para a educação. A criança era
considerada o centro da educação, pois a educação não começa na idade da razão, mas
sim desde que a criança nasce.

Em 1920, começou a lecionar na aldeia de Bar-sur Loup, onde pôs em prática


algumas das suas principais experiências, como a aula - passeio e o livro da vida. No ano
de 1925, Freinet filiou-se ao Partido Comunista Francês. Em 1928, Freinet e sua esposa
(Élise Freinet, sua parceira e divulgadora) mudaram-se para Saint – Paul de Vence,
iniciando intensa atividade.

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Passado cinco anos, foi exonerado do cargo de professor. No ano de 1935, o casal
Freinet construiu uma escola própria em Vence. Durante a Segunda Guerra Mundial o
educador foi preso e adoeceu num capo de concentração alemão. Após um ano, foi
libertado e reorganizou a escola.

Proposta Pedagógica

Para Freinet, a educação deveria proporcionar ao aluno a realização de um


trabalho real. A sua carreira como docente teve início construindo os princípios educativos
da sua prática. Ele propunha uma mudança da escola, pois a considerava teórica e,
portanto, desligada da vida.
As suas propostas de ensino estão baseadas em investigações a respeito da
maneira de pensar da criança e de como ela construía o seu conhecimento. Através da
observação constante ele percebia onde e quando tinha que intervir e como despertar a
vontade de aprender do aluno. De acordo com Freinet, a aprendizagem através da
experiência seria mais eficaz, porque se o aluno fizer uma experiência e isso der certo,
repeti-lo-á e avançará no processo; porém, não avançará sozinho, pois precisará da
cooperação do professor.
As suas propostas de ensino estão baseadas em investigações a respeito da
maneira de pensar da criança e de como ela construía o seu conhecimento. Através da
observação constante ele percebia onde e quando tinha que intervir e como despertar a
vontade de aprender do aluno. De acordo com Freinet, a aprendizagem através da
experiência seria mais eficaz, porque se o aluno fizer uma experiência e isso der certo,
repeti-lo-á e avançará no processo; porém, não avançará sozinho, pois precisará da
cooperação do professor.
Há princípios no saber Pedagógico que Freinet considerava invariáveis, ou seja,
independentemente do local ou período histórico, certos pressupostos deveriam sempre
ser levados em conta na prática educativa. Desta forma, postulou as chamadas
"Invariantes Pedagógicas", consideradas como pilares de sua proposta pedagógica.
Há princípios no saber Pedagógico que Freinet considerava invariáveis, ou seja,
independentemente do local ou período histórico, certos pressupostos deveriam sempre
ser levados em conta na prática educativa. Desta forma, postulou as chamadas
"Invariantes Pedagógicas", consideradas como pilares de sua proposta pedagógica.

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Há princípios no saber Pedagógico que Freinet considerava invariáveis, ou seja,
independentemente do local ou período histórico, certos pressupostos deveriam sempre
ser levados em conta na prática educativa. Desta forma, postulou as chamadas
"Invariantes Pedagógicas", consideradas como pilares de sua proposta pedagógica.
Há princípios no saber Pedagógico que Freinet considerava invariáveis, ou seja,
independentemente do local ou período histórico, certos pressupostos deveriam sempre
ser levados em conta na prática educativa. Desta forma, postulou as chamadas
"Invariantes Pedagógicas", consideradas como pilares de sua proposta pedagógica.

Invariantes pedagógicas

A obra de Freinet que apresenta as invariantes pedagógicas foi originalmente


publicada em 1964. Com esta obra ele pretendia realizar um guia de iniciação para novos
professores… “que não varia nem pode variar, quaisquer que sejam as atitudes pessoais.
[...] A invariante constitui a base mais sólida, evita tanto as deceções como os erros”
Freinet considerava que apenas transmitir conselhos técnicos para os professores
poderia ser insuficiente e por este motivo resolveu dar instruções mais exatas. Com este
intuito elaborou as invariantes pedagógicas, estabelecendo uma nova gama de valores
escolares, numa busca pela verdade, que deveria ser feita a partir da experiência e do bom
senso.
Freinet considerava que apenas transmitir conselhos técnicos para os professores
poderia ser insuficiente e por este motivo resolveu dar instruções mais exatas. Com este
intuito elaborou as invariantes pedagógicas, estabelecendo uma nova gama de valores
escolares, numa busca pela verdade, que deveria ser feita a partir da experiência e do bom
senso.

Para sinalizar os resultados destes testes, foi utilizado o código pedagógico criado
por Freinet, como código de trânsito:
• Verde para quando estivessem de acordo com a invariante em questão
• amarelo para quando uma prática estivesse em desacordo com a invariante
• vermelho para quando a atitude for circunstancialmente benéfica, ou “quando
mais se afastam das invariantes”.

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As invariantes pedagógicas de Freinet:

1. A criança é da mesma natureza que o adulto.


2. Ser maior não significa necessariamente estar acima dos outros.
3. O comportamento escolar de uma criança depende do seu estado fisiológico, orgânico e
constitucional.
4. A criança e o adulto não gostam de imposições autoritárias.
5. A criança e o adulto não gostam de uma disciplina rígida, quando isto significa obedecer
passivamente uma ordem externa.
6. Ninguém gosta de fazer determinado trabalho por coerção, mesmo que, em particular,
ele não o desagrade. Toda atitude imposta é paralisante.
7. Todos gostam de escolher o seu trabalho mesmo que essa escolha não seja a mais
vantajosa.
8. Ninguém gosta de trabalhar sem objetivo, atuar como máquina, sujeitando-se a rotinas
nas quais não participa.
9. É fundamental a motivação para o trabalho.
10. É preciso abolir a escolástica. - Todos querem ser bem-sucedidos. O fracasso inibe,
destrói o ânimo e o entusiasmo. - Não é o jogo que é natural na criança, mas sim o
trabalho.
10. Não são a observação, a explicação e a demonstração - processos essenciais da escola
- as únicas vias normais de aquisição de conhecimento, mas a experiência tateante, que
é uma conduta natural e universal.
11. A memória, tão preconizada pela escola, não é válida, nem preciosa, a não ser quando
está integrada no tateamento experimental, onde se encontra verdadeiramente a
serviço da vida.
12. As aquisições não são obtidas pelo estudo de regras e leis, como às vezes se crê, mas
sim pela experiência. Estudar primeiro regras e leis é colocar o carro na frente dos bois.
13. A inteligência não é uma faculdade específica, que funciona como um circuito fechado,
independente dos demais elementos vitais do indivíduo, como ensina a escolástica.
14. A escola cultiva apenas uma forma abstrata de inteligência, que atua fora da realidade
fica fixada na memória por meio de palavras e ideias.
15. A criança não gosta de receber lições autoritárias.
16. A criança não se cansa de um trabalho funcional, ou seja, que atende aos rumos de
sua vida.

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17. A criança e o adulto não gostam de ser controlados e receber sanções. Isso caracteriza
uma ofensa à dignidade humana, sobretudo se exercida publicamente. 18.As notas e
classificações constituem sempre um erro.
19. Fale o menos possível.
20. A criança não gosta de sujeitar-se a um trabalho em rebanho. Ela prefere o trabalho
individual ou de equipe numa comunidade cooperativa.
21. A ordem e a disciplina são necessárias na aula.
22. Os castigos são sempre um erro. São humilhantes, não conduzem ao fim desejado e
não passam de paliativo.
23. A nova vida da escola supõe a cooperação escolar, isto é, a gestão da vida pelo
trabalho escolar pelos que a praticam, incluindo o educador.
24. A sobrecarga das classes constitui sempre um erro pedagógico.
25. A conceção atual das grandes escolas conduz professores e alunos ao anonimato, o
que é sempre um erro e cria barreiras.
26. A democracia de amanhã prepara-se pela democracia na escola. Um regime autoritário
na escola não seria capaz de formar cidadãos democratas.
27. Uma das primeiras condições da renovação da escola é o respeito à criança e, por sua
vez, a criança ter respeito aos seus professores; só assim é possível educar dentro da
dignidade.
28. A reação social e política, que manifesta uma reação pedagógica, é uma oposição com
o qual temos que contar, sem que se possa evitá-la ou modificá-la.
29. É preciso ter esperança otimista na vida.

Técnicas desenvolvidas por Freinet

A técnicas da pedagogia freinetiana respeitam a livre expressão, sendo esta uma


postura pedagógica que torna a escola “um verdadeiro lugar de vida e produção, onde se
faz a aprendizagem da democracia pela participação cooperativa”.
A técnicas da pedagogia freinetiana respeitam a livre expressão, sendo esta uma
postura pedagógica que torna a escola “um verdadeiro lugar de vida e produção, onde se
faz a aprendizagem da democracia pela participação cooperativa”.

As técnicas se feitas separadamente ou fora do contexto da cooperativa escolar


não podem ser consideradas pedagogia Freinet. Devemos entendê-las como parte de uma
totalidade. As técnicas são:

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• A Aula-Passeio: aulas de campo, voltadas para os interesses dos estudantes
• A Autoavaliação: fichas criadas por Freinet, preenchidas pelos alunos, como forma de
registar a própria aprendizagem
• A Autocorreção: modalidade de correção de textos feita pelos próprios autores, no caso
os alunos, sob a orientação do educador
• A Correspondência Interescolar: atividade largamente utilizada por Freinet, na qual os
alunos se comunicavam com outros estudantes de escolas diferentes
• O Fichário de consulta: fichas criadas por alunos e professores, para suprir as lacunas
deixadas pelos livros didáticos convencionais
• A Imprensa escolar: os textos escritos pelos alunos tinham uma função social real, já
que não serviam meramente como forma avaliativa, já que eram publicados e lidos
pelos colegas
• O Livro da vida: caderno no qual os alunos registam as suas impressões, sentimentos,
pensamentos em formas variadas, o qual fica como um registo de todo o ano escolar de
cada turma
• O Plano de trabalho: atividade realizada em pequenos grupos que sob a orientação do
educador, com base em um dado tema, desenvolvem um plano a ser realizado num
certo intervalo de tempo
• O Texto Livre: tipo de texto em que o aluno não é obrigado a escrever como nas escolas
tradicionais. É livre em formato e em tema. Relaciona-se com a técnica da Imprensa
Escolar, Livro da vida e Correspondência Interescolar.
• Cantos de atividades: divisões no espaço físico com diferentes propostas de trabalhos,
onde os alunos possam executar de maneira autônoma, socializando com outros
alunos. “Este tipo de organização possibilita a formação de grupos menores e assim há
um aprofundamento maior dos contatos. Sem a interferência direta dos adultos, a
sociabilização das crianças ganha um ritmo próprio.”
• O Jornal Mural: Mural feito pelas crianças em criação coletiva, fica em exposição na
escola e conta com os factos significativos para os alunos, acontecimentos, exposição
de trabalhos e projetos.
• Estudo do meio: Freinet levava os seus alunos para fora de sala de aula para
conhecerem o ambiente, as pessoas, a cultura local e para descobrir novos interesses
que surgissem no caminho. A aula passeio faz parte de uma proposta de estudo do
meio que envolve muitas outras ações pedagógicas.

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4.5. Piaget

Jean Piaget, nasceu em 9 de agosto 1896, na Suíça, cidade de Neuchâtel, filho de


uma família abastada e culta. Aos sete anos de idade, Piaget já revelava sua capacidade
científica e, aos 10, publica um artigo sobre o Pardal Branco, na revista da Sociedade dos
Amigos da Natureza de Neuchâtel. Aos 11 anos, torna-se assessor do Museu de História
Natural Local de sua cidade natal.
Desde o ensino ginasial, Piaget mostrava -se interessado por Filosofia e Psicologia,
mas é em Biologia que ele se forma, em 1915. Em 1918, defende sua tese de doutorado
sobre moluscos e inicia, em Zurique, estudos sobre Psicologia, especialmente Psicanálise.
No ano seguinte, ingressa na Universidade de Paris, onde é convidado a trabalhar
com testes de inteligência infantil. Em 1921, passa a fazer pesquisas destinadas à
formação de professores no Instituto Jean Jacques Rousseau, em Genebra. Em 1923,
lança seu primeiro livro, intitulado A linguagem do pensamento da criança.

Em 1925, começa a lecionar Psicologia, História da Ciência e Sociologia, na cidade


em Neuchâtel. Em 1929, passa a lecionar História do Pensamento Científico, em Genebra,
e assume o Gabinete Internacional de Educação dedicado a estudos pedagógicos.
Na década de 30, escreve vários trabalhos sobre as fases do desenvolvimento por
meio de observações diretas de seus filhos. Na década de 40, Piaget torna -se sucessor de
Claperède e assume como professor-diretor, o Laboratório de Psicologia.
Em 1941, com a colaboração de alguns pesquisadores, publica trabalhos sobre a
formação de conceitos matemáticos e físicos. Em 1946, participa da constituição da
UNESCO, tornando-se membro do Conselho Executivo e assumindo, diversas vezes, a
subdireção geral do Departamento de Educação.
Nos anos 50, publica a Epistemologia Genética, sua primeira tese sobre teoria do
conhecimento. Em 1955, assume o lugar do filósofo Merleau-Ponty, lecionando na
Universidade de Sorbonne Paris. No mesmo ano, na cidade de Genebra, Piaget funda o
Centro Internacional de Epistemologia Genética, destinado a pesquisas interdisciplinares
sobre a formação da inteligência.
Em 1967, Piaget escreve Biologia e Conhecimento, considerada a principal obra de
sua maturidade. Em 16 de setembro de 1980, na cidade de Genebra, morre Jean Piaget.

32
A teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget

A teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget foi um avanço na época ao colocar


o ser humano como sujeito ativo em sua aprendizagem. O seu foco principal era investigar
o processo pelo qual as pessoas adquirem o conhecimento, não em o quanto adquirem.
A teoria de Piaget introduziu um conceito revolucionário nas teorias de
aprendizagem contemporâneas. Apresentou as crianças como agentes ativas da sua
aprendizagem, que interagem com seu ambiente para interpretá-lo. Esta interação
recíproca dá -se de forma pré-determinada através de diversos estágios evolutivos, que
irão se desenvolver progressivamente conforme o amadurecimento e interação da criança
com seu ambiente. O interesse principal de Piaget concentrou -se em como as pessoas
processam a informação ao longo de sua vida.
O desenvolvimento cognitivo seria o processo pelo qual o ser humano obtém
conhecimento, através de sua interação com o meio que o rodeia. Segundo a teoria de
Piaget, este processo se dá através das várias etapas evolutivas que vão se sucedendo no
ser humano, desde seu nascimento até a fase adulta.

Os princípios básicos que regem o desenvolvimento cognitivo e a evolução


progressiva de um estágio até o outro são:

• Organização e adaptação. De maneira inata, as pessoas organizam em mapas


mentais a informação que recebem e, assim, adaptam-se às exigências do ambiente em
que nos desenvolvemos.
• Assimilação e acomodação. Moldamos a informação que recebemos para
acomodá-la aos esquemas mentais do momento. Se ela diverge de nossos esquemas
mentais atuais, os ajustamos para acomodarem a informação nova.
• Mecanismos de desenvolvimento. Os mecanismos que condicionam o
desenvolvimento cognitivo e a passagem pelos diferentes estágios, serão determinados
pela maturação das estruturas físicas herdadas, pelas experiências físicas com o
ambiente, pela transmissão social de informação e pela busca contínua de equilíbrio, que
se dará através dos processos de assimilação e acomodação.

Os estágios do desenvolvimento cognitivo de Piaget

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Piaget acreditava que o conhecimento evoluía no decorrer de uma série de
estágios, diferentes qualitativa e quantitativamente, e que compartilham quatro
características:
•A sequência de aparição segue uma ordem fixa pré - determinada
•Cada estágio apresenta uma estrutura de conjunto e um modo de funcionamento
próprios
•Os estágios são hierarquicamente inclusivos, isto é, cada estágio inclui os
anteriores
•A transição entre os estágios é gradual, não abrupta e apresenta uma grande
variabilidade individual

As quatro etapas ou estágios que Piaget identificou são os seguintes:

Estágio sensório-motor (0-2 anos aprox.) O bebê interage com seu ambiente
através dos sentidos e das ações motoras que realiza através de seu corpo. A repetição
dos reflexos inatos permite que ele interaja com seu corpo, inicialmente, e com o exterior,
posteriormente, através dos sentidos e de ações concretas. Começa a criar os primeiros
esquemas internos para estruturar as aprendizagens que vai adquirindo do mundo que o
rodeia

Estágio pré-operacional (2-7 anos) Nesta etapa inicia-se uma integração mental de
todas as ações/reações realizadas no período anterior. Deste modo, começa a abstrair
toda esta informação, criando esquemas mentais que permitem à criança ir desenvolvendo
a linguagem e os jogos simbólicos (utilizando gestos, palavras, números e imagens). O
egocentrismo segue presente nesta etapa, mas pouco a pouco vai evoluindo para uma
abertura até o outro.

Estágio das operações concretas (7-11 anos) Neste estágio os processos de


racionalização tornam-se lógicos e podem ser aplicados para solucionar problemas
concretos. Alguns dos processos cognitivos que se desenvolvem neste período são a
seriação, o ordenamento mental de conjuntos e a classificação dos conceitos de
casualidade, espaço, tempo e velocidade. A nível social, as crianças já dispõem de
desenvolvimento maduro o suficiente para interagir socialmente e são precisamente suas
novas estruturas lógicas que permitem a elas solucionar problemas sociais concretos. O

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egocentrismo da etapa anterior, vai transformando-se em um comportamento cada vez
mais empático.

Estágio das operações formais (a partir dos 11 anos) De acordo com a teoria de
Piaget, nesta etapa, que continua durante toda a vida adulta, os adolescentes já são
capazes de realizar abstrações de problemas concretos e utilizá-los em racionalizações
lógicas indutivas e dedutivas. Isto permite que eles desenvolvam, de maneira mais
profunda, a percepção de si mesmos, dos outros e do mundo, o que os leva a se
interessarem e desenvolver os valores morais.

Apesar das críticas feitas posteriormente à teoria de Piaget , e sem desconsiderá-


las, vale ressaltar que ela gerou uma mudança de paradigma no que diz respeito à
aprendizagem que as crianças têm de suas experiências de vida. Comparado com a
passividade que era atribuída a elas, sendo modeladas unicamente através de sua relação
com o ambiente ou condicionadas exclusivamente por seus atributos genéticos, Piaget
introduziu um modelo inovador que integra ambas as influências.

Sua abordagem da criança como agente ativa de sua aprendizagem e a descrição


de seus estágios iluminaram a pedagogia, que orientou boa parte das aplicações
educativas realizadas a partir deste momento. Sendo assim, nunca devemos baixar a
guarda; e revisar e repensar as teorias e aplicações são uma parte primordial do processo
educativo para garantir a nossos filhos uma educação com cada vez mais qualidade.

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Referências bibliográficas

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problemas de comportamento dos 2 aos 8 anos. Psiquilibrios.

Costa J. e Santos, A. L. (2003). A falar como os bebés. O desenvolvimento linguístico das


crianças. Primeiros passos. Editorial Caminho, SA. Lisboa.

Diane E. Papalia, Ruth Duskin Feldman e Sally Wendkos Olds (2001). O Mundo da Criança.
Mc Graw-Hill.

Eduardo Sá (2017). Más Maneiras de Sermos Bons Pais. BIS

Formosinho, J. O. (2008). Modelos Pedagógicos para a Educação em Creche. Porto Editora.

Freire, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São


Paulo: Paz e Terra, 1996.

Isabel Lopes da Silva (coord.) (2016). Orientações Curriculares para a Educação Pré-
Escolar. Ministério da Educação/Direção-Geral da Educação (DGE).

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