O Que Ensinar em Arte Do 6 Ao 9 Anopdf

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em-arte-do-sexto-ao-nono-ano

Publicado em NOVA ESCOLA 01 de Janeiro | 2010

Planejamento

O que ensinar em Arte do


6º ao 9º ano
Artes visuais, dança, teatro e música devem ser abordados
no ensino dessa disciplina, que se baseia na reflexão, na
apreciação e na produção
Neila Baldi

Fotos: Paulo Vitale

Foi-se o tempo em que a aula de Arte só tinha ênfase nas artes plásticas e se
resumia a desenhos e pinturas. Hoje, o bom currículo da disciplina deve
contemplar as quatro linguagens: artes visuais, música, teatro e dança - o que
nem sempre é cumprido em virtude da formação dos professores, muitos
deles especialistas em apenas uma das áreas (conheça as expectativas de
aprendizagem) . Assim, se o educador estudou Música, por exemplo, essa
linguagem acaba enfatizada no currículo. Para os especialistas, o ideal é
trabalhar as quatro de forma integrada.

O fazer pedagógico na disciplina é baseado na chamada metodologia ou


proposta triangular, defendida por Ana Mae Barbosa, da Escola de
Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo (USP), que contempla três
eixos norteadores: reflexão, apreciação e produção (leia uma proposta de
plano plurianual para a área). Priscila de Souza, professora da EE Gabriela
Mistral, em São Paulo, trabalha dentro dessa abordagem. "Por meio desse
tripé, o ser humano vivencia a arte em todas as suas dimensões,
independentemente da linguagem escolhida."

No Ensino Fundamental, cada conteúdo deve ser ensinado levando em


consideração os três eixos. A aprendizagem de temas como o Modernismo, o
Barroco e o Expressionismo requer do estudante reconstruir esses conceitos
em interações sucessivas, além de pesquisar, escutar narrativas, participar da
fruição de obras, executar trechos de peças musicais compostas nesses
períodos e ler e redigir textos, entre outras atividades.

Ao propor projetos, é preciso prever a apreciação e a pesquisa

Mirian Celeste Martins, docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie e


diretora do Rizoma Cultural, ambos em São Paulo, acrescenta que nessa fase
da escolarização o ideal é trabalhar com base em projetos e não de forma
estanque. "Cada um deve focalizar um conceito, que pode ser desenvolvido
numa determinada linguagem", afirma. É interessante que o trabalho provoque
o que a especialista chama de "nutrição estética", ou seja, que o mesmo
conceito possa ser ampliado em conexões com outros conceitos, obras e
linguagens.

Um exemplo citado por Mirian é o da materialidade. Para abordá-lo, o


professor levanta o que os alunos sabem sobre materiais, ferramentas e
suportes utilizados em arte. Feito isso, é possível pensar em ações expressivas,
de apreciação e de pesquisa, que podem ser implementadas para ampliar o
contato com uma ou mais linguagens artísticas.

Mesmo admitindo que as modalidades possam ser trabalhadas em séries


diferentes de um ciclo - se artes visuais e teatro forem eleitos nas primeiras,
por exemplo, e dança e música nas demais -, aquelas não contempladas em
determinada fase podem ser abordadas durante a apreciação de espetáculos
ou por meio da apreciação de produções em vídeos ou pôsteres, por exemplo.

Assim como em outras disciplinas, recomenda-se também que a aprendizagem


seja significativa. Por isso, Rosa Iavelberg, diretora do Centro Universitário
Maria Antonia, em São Paulo, lembra a importância de conhecer a realidade do
aluno. "Do que um adolescente gosta? O que interessa a ele?", questiona.

Desse modo, nas artes visuais, por exemplo, o grafite pode ser a porta de
entrada para alguns conceitos da área, pois é algo bem próximo do interesse
dos alunos nessa idade - assim como a integração de mídias. Rosa acrescenta
que nessa faixa etária a arte contemporânea interessa mais aos alunos e,
assim, com base nela, fica mais fácil trabalhar outros períodos históricos.
O importante nessa fase da vida é o aluno "fazer pensando" e "pensar
fazendo". Ou seja, não apenas priorizar a prática e deixar que a aula de Arte
seja "lazer", mas refletir sobre ela, das mais variadas formas. Veja a seguir
quatro situações didáticas essenciais para o ensino de Arte, do 6º ao 9º ano.

1. Produção inspirada em mestres consagrados

O que é Realização de atividades com


base em obras de e conteúdos de
artistas consagrados.

Quando propor Como parte de


sequências e projetos didáticos.

O que o aluno aprende A reconhecer


conteúdos, estilos e conceitos de Arte,
ganhando instrumentos para o próprio
fazer artístico.

Como propor É preciso buscar as


principais referências no conteúdo a ser
INSPIRAÇÃO O uso de obras
desenvolvido em sala de aula. A
consagradas ensina a reconhecer
possibilidade de que os estudantes já
conteúdos, estilos e conceitos
tenham tido contato com os temas é
maior e, consequentemente, o interesse deles também. A ideia de uma
parceria com grandes artistas consagrados faz com que os alunos aprendam
novos estilos, traçados etc. É importante variar conceitos, movimentos
artísticos e técnicas empregadas. Quadros famosos, como a Mona Lisa, de
Leonardo da Vinci (1452-1519), e O Grito, de Edvard Munch (1863-1944),
podem ser utilizados num exercício em que são apresentados sem o rosto do
personagem retratado para que os estudantes completem a obra de um jeito
próprio. Em teatro, os jovens podem ser instigados a reproduzir trechos de
peças famosas, como Romeu e Julieta, de William Shakespeare (1564-1616),
com linguagem moderna e mais próxima do universo deles. Em música,
reescrever a letra de canções consagradas é um exercício precioso para
desenvolver noções de ritmo e fraseado.

2. Percurso de criação pessoal

O que é A hora em que, apoiado nos mais diversos suportes das linguagens, o
aluno pode criar uma obra.
Quando propor Semanalmente.

O que o aluno aprende A fazer um


trabalho de autoria, usando diferentes
recursos artísticos para expor suas
ideias.

Como propor O estudante deve ser


CRIAÇÃO PESSOAL Trabalhos de
apresentado a diferentes meios,
autoria auxiliam o aluno a expor suas
suportes e ferramentas e estimulado a
ideias e percepções por meio da arte
usá-los e descobrir combinações entre
eles. O ideal é que ele ganhe consciência das escolhas feitas e dos resultados
alcançados.

3. Interpretação de sons e imagens

INTERPRETAÇÃO A fruição da obra artística forma a capacidade de produzir,


criticar e apreciar a arte

O que é Em artes visuais, leitura de reproduções e de originais (leia a


sequência didática). Em dança, fotos e vídeos de apresentações. Em música,
audições guiadas de diferentes estilos - ópera, canto orfeônico, concerto etc.
Em teatro, apreciação de peças ao vivo e/ou exibidas em vídeo. Os estudantes
devem perceber questões ligadas a luz, som, cenário e figurino como
produtores de sinais enriquecedores da linguagem teatral. A fruição da obra
artística é um elemento formador da capacidade de produzir, criticar e
desfrutar de arte - um momento precioso para que os jovens articulem
sentimentos e pensamentos.

Quando propor Como parte inicial de qualquer projeto ou sequência didática.

O que o aluno aprende A ampliar o repertório para utilizar nas produções


artísticas de sua autoria, expondo ideias e percepções próprias.
Como propor Levando para a sala reproduções, promovendo visitas virtuais a
museus e exposições na internet e levando a turma a exposições, peças
teatrais e espetáculos musicais e de dança.

4. Fala, leitura e escrita sobre Arte

O que é Expressão de ideias diante de obras e do contato com artistas - ao


vivo ou por meio de vídeos e biografias.

Quando propor Durante o ano todo, depois do contato com alguma obra de
qualquer linguagem.

O que o aluno aprende A expressar ideias por escrito e oralmente,


incorporando novos conceitos, e a desenvolver o senso crítico - fundamental
para avaliar o que está produzindo.

Como propor É preciso se valer de textos de diversos gêneros, incluindo


críticas, biografias e entrevistas com artistas, bem como a encomenda de
críticas em que os jovens tomem posição sobre aquilo que viram, leram e
ouviram. A promoção de debates e seminários deve explorar efeitos, intenções
e interpretações de obras e ou de seus autores. É importante incentivar o
estudante a utilizar as vivências para definir, para si, os conceitos relacionados
à arte - por exemplo, os diferentes estilos de dança, como o balé clássico e a
dança contemporânea, com base em experiências corporais com essas
técnicas ou de vídeos sobre o tema. Essa definição, independentemente da
linguagem, faz com que os jovens passem a utilizar com mais segurança o
vocabulário e os termos específicos da área.

Quer saber mais?

BIBLIOGRAFIA
Didática de Ensino de Arte, Mirian Celeste Martins, Gisa Picosque e
Terezinha Telles Guerra, 200 págs., Ed. FTD, tel. (11) 3598-6200, 80,30 reais

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