Edição Março 2011
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PR ÉMIO
» PRÉMIO
MARÇO DE 2011 • ANO VIII • 0,01 EUROS • TRIMESTRAL • DIRECTOR ÁLVARO MENDONÇA
MARÇO 2011
unitel
Miguel Martins
O peso do mercado empresarial
tem tendência a crescer
cip
António Saraiva
ANÍBAL Restam as empresas para estimular
a economia portuguesa
2011
10 TEMA DE CAPA
Perfil de Aníbal Cavaco Silva,
Presidente da República
Álvaro Mendonça
M
ais de 6.500 colaboradores do
Millennium bcp permaneceram
em silêncio e no escuro do Pavi-
lhão Atlântico, em Lisboa, no passado dia
12 de Fevereiro, para serem surpreendidos
com o anúncio da contratação de um novo
colaborador. No enorme ecrã, instalado no
palco da mega-sala multiusos da capital,
surge um homem vestido de negro.
CATÓLICA A plateia, surpreendida, rejubila em
Global School of Law aplausos. No filme, o novo rosto
nomeia representante do banco dispara: “Há quem
no Brasil me ache arrogante por dizer
o que penso. Por me consi-
A Católica Global School of derar o melhor. O número 1.
Law, que foi recentemente Mas não é exactamente as-
seleccionada pelo Financial sim. Eu não sou o melhor,
Times para integrar a restrita mas ninguém é melhor
lista de prestigiadas escolas do que eu… Simples-
detentoras dos melhores mente me entrego de
programas mundiais de LL.M. alma e coração ao que
(Legum Magister), as pós- faço. É isso que temos
-graduações que permitem o em comum. Quero
acesso ao grau de Mestre em dizer-vos em primeira
Direito, nomeou o académico mão que a partir de
e advogado João Mattamouros hoje também eu sou
Resende seu representante no
Brasil. A nomeação deste repre-
sentante, efectiva desde 1 de
Janeiro, constitui um importan-
te reforço da rede internacional
da Católica Global School,
Corticeira Amorim lucra
O NÚMERO
“Já pensou que a sua ideia pode fazer a mesmas. A plataforma foi desenvolvida por
Mota-Engil diferença?”. Este é o mote de uma platafor- uma parceria entre a Mota-Engil Engenha-
ma de comunicação interna ‘online’, desen- ria e a WeListen, que forneceu consultoria
brilha com volvida pela Mota-Engil para dar voz a e o ‘software’, utilizando como base a
todos os colaboradores dispersos pelas várias tecnologia da Telligent, líder na área do
Innovcenter geografias em que o grupo está presente. ‘software’ colaborativo. A implementação
A plataforma Innovcenter foi distinguida da plataforma foi feita por departamento,
pela NIelsen Norman Grupo, como uma englobando mais de 500 colaboradores
das dez melhores intranets para 2011. O de oito direcções. Sete meses após a sua
sistema é aberto a todos os colaboradores implementação foram apresentadas mais
da empresa e possibilita a partilha de de 100 ideias, das quais 40 estão a ser
ideias, experiências e o desenvolvimento das desenvolvidas ou já foram implementadas.
euros, e as contribuições dos indicador com um crescimento mundial de veículos ligeiros entre Y
subscritores subiram 3%. na ordem dos 48%. O optimismo 6,5% e 7% e uma expansão da CM
EURONEXT
BANIF ENTRA NO PSI-20
ANCE
CORPORATE GOVERN
PELA WORLD FINANCE
INAPA GALARDOADA
foi considerada
Participações e Gestão
A Inapa – Investimentos, ”, a melhor empresa
orld Finance Magazine
pela revista britânica “W ce” . A atribuição do
da Corporate Governan
em Portugal no domínio é o rec onhecimento da
orl d Fin anc e Co rpo rate Governance,
prémi o “W das melhores práticas
nci a da no ssa com unicação e da adopção
transp arê iniciadas em 2007, e
da em pre sa, dec orrentes das alterações
de gov ern o ento nos mercados
irá à Ina pa um a ma ior visibilidade e reconhecim O PSI-20, o principal índice bolsista
confer
papel, José Morgado. português, passou a ter quatro bancos,
”, refere o CE O do grupo distribuidor de et, contabilizaram-
internacion ais
ma pri me ira fas e de votação, através da intern desde 21 de Março, com a troca entre a
es. Nu peito as
O concurso teve três fas empresas no que diz res Inapa e o Banif. A Inapa saiu do PSI-20
os em Po rtu gal , que elegeram as 10 melhores po sto po r assessores
se 4500 vot seg unda fase, um júri com um ano depois de ter integrado o cabaz
ver nan ce. Nu ma
boas práticas de Corporat
e Go eu e da OCDE,
ários e rep resent ant es do Banco Central Europ das principais cotadas da praça portu-
iversit cedor, o júri
jurídicos, professores un imo, para escolher o ven guesa, dando lugar ao Banif. Com esta
a lista par a qua tro em presas finalistas. Por últ rias : estrutura
reduziu seguintes catego alteração, o índice passou a ter quatro
u as res po sta s das em presas seleccionadas nas nsa bilidad es dos
pondero funções e respo bancos (Millennium bcp, BES, BPI e
a, com iss ões e respec tivo quórum, liderança, ulg açã o de informação e
governativ inis tra do res não executivos, div Banif), enquanto o número de empresas
eração do s adm
administradores, remun ligadas ao sector do papel desceu para
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A RODAGEM DE UM
PERCURSO, ENTRE
O ACASO E A ESTRATÉGIA
Cavaco Silva, o único líder partidário a conquistar duas maiorias absolutas
consecutivas e o primeiro-ministro português que mais tempo permaneceu
em funções, foi recentemente reeleito para Presidente da República.
E
m Maio de 1985, quando chegou à Figueira da Foz, Cavaco Foi assim nos anos de governação enquanto primeiro-ministro e
Silva “não tinha nenhuma intenção” em se candidatar à li- confirmou-se com a segunda reeleição para Presidente da República. Al-
derança do PSD. E em Fevereiro de 2002, quando lançou fredo Barroso garante que Cavaco é “um dos políticos mais previsíveis
a sua autobiografia na mesma cidade, também as presiden- que conheceu em toda a sua vida activa”, e para Adelino Cunha, Cavaco
ciais não estavam “nos seus planos”. Todavia, foi presidente foi cultivando uma imagem de um “economista que desceu na hora certa
do Partido Social Democrata entre Maio de 1985 e Fevereiro de 1995. Foi o para cumprir um destino colectivo”.
único líder partidário a conquistar duas maiorias absolutas consecutivas, Declarações como “não venho da cultura do ‘cocktail’” reforçaram a
o primeiro-ministro português que mais tempo permaneceu em funções imagem de uma origem modesta que agrada ao sentimento português
(dez anos) e regressou à política como Presidente da República, desde 9 que premeia aqueles que se esforçam, que singram na vida profissional à
de Março de 2006 até aos nossos dias. custa do seu trabalho. A vivência a dois na sua casa na Travessa do Posso-
Maria Alves da Silva Cavaco Silva também o acompanhou até à Figuei- lo, em Lisboa, a vida austera que gosta de destacar, o desapego às questões
ra da Foz e esteve presente em todos os momentos que o conduziram à mundanas, o rigor com que gere a vida familiar, não são indiferentes para
liderança do PSD em 1985. Dizer-se que Aníbal António Cavaco Silva es- os portugueses. Ridicularizou várias vezes o que denominou de “vanguar-
tava “apenas” a fazer a rodagem ao Citröen BX, quando resolveu ir ao con- da esclarecida”, a condescendência da burguesia ou o ar de superioridade
gresso do PSD na Figueira da Foz, é acreditar que nunca Cavaco delineou dos intelectuais. Intrometeu-se mesmo nas origens quase monásticas
estratégias, que esteve na política ao sabor dos acontecimentos ou que por por via familiar ou intelectual de líderes como Pinto Balsemão ou como
uma vontade divina acabou por ir parar aos cargos que desempenhou. Marcelo Rebelo de Sousa, Santana Lopes ou José Miguel Júdice. A 23 de
Se o assessor Fernando Lima acredita na versão de que Cavaco foi Janeiro deste ano, no discurso de vitória, nunca se esqueceu de reafirmar
para a liderança sem verdadeiramente o querer, também escreve, no que é “um português de trabalho e de palavra, um Presidente do povo”.
“Meu Tempo com Cavaco Silva”, que o Presidente costumava dizer que Ficou mais uma vez a ideia do “orgulho das minhas raízes e do espírito
“nada acontece por acaso e muito menos na governação”. Foi, conclui, em que fui formado”.
“sempre capaz de surpreender os que o subestimaram”.
Para o jornalista Adelino Cunha, na “Ascensão ao poder de Cavaco Escolha na primeira pessoa
Silva”, é “um exímio tacticista”, enquanto para o antigo Chefe da Casa Civil É, todavia, a capacidade de equidistância e descomprometimento com
de Mário Soares, Alfredo Barroso, “é um verdadeiro burocrata da política as correntes políticas internas ou externas, com os grupos de pressão ou
que dedica muito do seu tempo em Belém a coligir informação”. tendências intelectuais e políticas, que tem gerado a unanimidade entre
O que parece ser verdade, ou comummente aceite, é que Cavaco tem os vários sectores da sociedade e, em última análise, granjeado o apoio
uma extraordinária capacidade de se demarcar, aos olhos dos portugue- suficiente para eleições e reeleições. Mesmo no início da carreira políti-
ses, da imagem do político de profissão, equidistante, acima das questões ca, Cavaco não receava afrontar Sá Carneiro ou figuras incontornáveis do
partidárias, com um sentido de Estado capaz de gerar maiorias de apoio PPD/PSD, como Rui Machete ou o seu primeiro adversário no partido,
nunca antes vistas em Portugal. João Salgueiro.
cavaco silva
prometeu exercer uma
magistratura activa
Foi investigador da Fundação Calous- os livros “O Mercado Financeiro Portu- Roteiros III - 2008/2009.
te Gulbenkian e dirigiu o Gabinete de guês em 1966”, “Economic Effects of Pu- Aníbal Cavaco Silva cumpriu o serviço
Estudos do Banco de Portugal, instituição blic Debt”, “Política Orçamental e Estabili- militar como oficial miliciano do Exército,
à qual regressou posteriormente como zação Económica”, “A Política Económica entre 1962 e 1965, em Lourenço Marques
consultor. Exerceu o cargo de ministro do Governo de Sá Carneiro”, “Finanças (actual Maputo), Moçambique.
das Finanças e do Plano em 1980-81, no Públicas e Política Macroeconómica”, “As É casado com Maria Alves da Silva
governo do primeiro-ministro Francisco Reformas da Década, Portugal e a Moeda Cavaco Silva. O casal tem dois filhos e
Sá Carneiro, e foi presidente do Conselho Única”, “União Monetária Europeia”, cinco netos.
emblemáticas da década cavaquista. pronunciar sobre os temas que foram marcando a actualidade política no
O bloqueio da Ponte 25 de Abril, a 24 de Junho de 1994, marca o país. Na sua biografia oficial, este período é descrito com uma “marcante
que o próprio Aníbal Cavaco Silva definiu como “o tempo de partir”. participação cívica, nomeadamente através de intervenções pontuais so-
Após dez anos como primeiro-ministro, afasta-se da liderança do PSD, bre questões nacionais e internacionais”. Numa das mais recordadas, um
entretanto assumida por Fernando Nogueira, e vê, em 1995, António artigo de opinião no Diário de Notícias, em Fevereiro de 2002, apelidou
Guterres subir ao poder. de “monstro” o enorme défice público, criado por uma máquina do Es-
tado que alimentava organismos e entidades públicas e consumia quase
Do deserto à vitória metade da riqueza nacional.
O anúncio da sua candidatura à Presidência da República, como alternati- No dia 20 de Outubro de 2005, no Centro Cultural de Belém, Cavaco
va aos socialistas, conduziu-o à sua primeira derrota política, frente a Jorge Silva volta a apresentar-se oficialmente como candidato à Presidência da
Sampaio. O socialista ganhou as eleições logo na primeira volta, a 14 de República. E a 9 de Março de 2006 toma posse como o 18.º Presidente
Janeiro de 1996, com 53,91% dos votos, contra 46,09% de Cavaco Silva. da República Portuguesa, eleito com 50,59% dos votos, numa eleição em
Os anos seguintes de Cavaco são passados entre o Banco de Portu- que defrontou Jerónimo de Sousa, Mário Soares, Francisco Louçã, Garcia
gal, onde regressa, e a docência universitária, apesar de não deixar de se Pereira e Manuel Alegre.
Magistratura activa
No CCB, apesar de começar por dizer que “numa hora de
alegria e festa como a de hoje, não é tempo de recordar a for-
ma como os meus adversários procuraram denegrir o meu
carácter e a minha integridade pessoal”, Cavaco Silva não
deixou de dizer que foram “cinco contra um e a dignidade e
o respeito que devem envolver uma eleição presidencial não
foram respeitados”.
Outra questão que ficou em aberto, desde logo no dis-
curso de vitória, é, nas palavras de Cavaco Silva, a promes-
sa de que vai exercer “uma magistratura activa”. Apesar de
eleger “o combate ao desemprego,
maria cavaco silva a contenção do endividamento ex-
esteve sempre terno e o reforço da competitivida-
presente em todos de da economia” como principais
os momentos chave prioridades, os analistas estão ex-
da vida do marido pectantes sobre a forma como se
vai desenrolar a referida magistra-
tura activa.
É no domínio da coabitação
entre Presidência da República e
desafios aos políticos: a criação de condições para um crescimento mais Governo que surgem mais dúvidas. O final da crise económica não tem
forte da economia portuguesa e o combate ao desemprego, recuperação data marcada e fica a incógnita de como esta promessa de “magistratura
dos atrasos em matéria de qualificação dos recursos humanos, reforço da activa” irá marcar o segundo mandato de Cavaco Silva.
credibilidade e eficiência do sistema de justiça, sustentabilidade do siste- O sistema parlamentarista português não deixa muita margem ao
ma de segurança social e credibilização do sistema político. Presidente da República, visto como símbolo da continuidade e da repre-
sentação do Estado. Nesta altura, a chefia das Forças Armadas é pacífica
Uma presidência semi-aberta e quanto a esse assunto Cavaco limitou-se a prometer acompanhar de
O primeiro mandato de Cavaco Silva foi ainda marcado pelo que chamou perto o processo de reestruturação e modernização e “estimular o trabalho
de “roteiros”. Uma espécie de reinvenção das presidências abertas, criadas conjunto dos ramos, por forma a reforçar a operacionalidade das forças e
por Mário Soares, em que Cavaco alertou para assuntos como as Comuni- a promover uma adequada racionalização dos meios”.
dades Locais Inovadoras, Juventude, Património, Ciência e Inclusão. Das poucas certezas que se podem avançar é de que o segundo capí-
Iniciativas cobertas pela Imprensa, que no entanto prestou mais aten- tulo de Cavaco Presidente vai ficar para a história como o mais marcante
ção ao Presidente sempre que se pronunciou sobre diplomas do Governo. na carreira política do político algarvio. Foi assim com Eanes, recordado
Foi um dos presidentes que mais devolveu à Assembleia da República como Presidente e não como o “homem do 25 de Novembro”, com Má-
leis e alterações propostas. Foi o caso das uniões de facto, do diploma que rio Soares, cuja chefia do Governo se releva para segundo plano, tendo
alterava a lei do segredo de Estado, da lei do financiamento dos partidos, o mesmo acontecido com Jorge Sampaio, quase nunca lembrado como
da lei da não concentração dos meios de comunicação social, da alteração Presidente da Câmara de Lisboa.
à lei eleitoral para a Assembleia da República que previa o fim do voto por Como sempre a condução da política externa está entregue ao Gover-
correspondência dos emigrantes, da revisão do Estatuto-Político Adminis- no. Ao presidente Cavaco Silva resta-lhe a influência e a palavra.
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Entrevista António Saraiva
PRESIDENTE DA CIP
“Os empresários acabam por relegar
o mercado para segundo plano”
Conhecidos que são os constrangimentos que as famílias enfrentam e os desafios
que se colocam ao Estado, restam as empresas para estimular a economia nacional.
E esta realidade não é, infelizmente, devidamente reconhecida, lamenta o primeiro
presidente da Confederação Empresarial de Portugal.
A
ntónio Saraiva, primeiro presidente da Confederação De que maneira é que a nova CIP pode ajudar a economia portuguesa no
Empresarial de Portugal (sigla CIP), tem um discurso previsível contexto de recessão?
agregador e bem estruturado. Para Portugal, tem cons- Com reflexão sobre os problemas e apresentando soluções concretas. Ain-
ciência das prioridades, que devem começar pelas con- da recentemente apresentámos uma proposta muito concreta para fazer
tas públicas e acabam na responsabilidade das empre- acontecer a regeneração urbana em Portugal. A dinamização do mercado
sas. Critica a perda de tempo com os custos de contexto, que impede o de arrendamento e a criação de um ambiente favorável ao investimento na
foco dos empresários no mercado. Lançou entretanto propostas novas, reabilitação urbana poderiam criar mais de meio milhão de empregos e
para a dinamização do mercado de arrendamento e a criação de con- potenciar um crescimento anual do PIB em cerca de 900 milhões de euros,
dições de investimento na reabilitação. Numa projecção a 20 anos, o durante 18 a 20 anos, o que representa um valor acumulado entre os 16 mil
impacto no crescimento do PIB poderá chegar aos 18 mil milhões de milhões e os 18 mil milhões de euros.
euros, garante.
Quais devem ser as prioridades da política económica para Portugal?
Não teme que os interesses da AEP, da AIP e da Confederação da Indús- No plano imediato, a prioridade é ultrapassar a crise financeira. Para tal, é
tria Portuguesa sejam inconciliáveis na CIP? necessário conquistar credibilidade orçamental, mas também confiança na
Muito pelo contrário. Os interesses que eram os interesses das três Economia, o que passa por compatibilizar a indispensável consolidação orça-
organizações são agora os interesses de uma única e mesma organi- mental, com base na redução da despesa pública, com o estímulo, coerente
zação. Temos entendimentos convergentes sobre os caminhos que de- e sustentado, à competitividade e ao investimento nos sectores abertos à con-
vemos trilhar, para tornar Portugal um país mais competitivo e econo- corrência internacional.
micamente mais desenvolvido. Enquanto instituição, falaremos a uma A redução do défice orçamental, pela via da diminuição da despesa pública,
voz unida. As associações que se congregaram na nova CIP abdicaram é o primeiro passo. É um sinal de querer caminhar no sentido certo. Mas a
do princípio de que cada um por si faz melhor que todos em conjunto. diminuição da despesa pública – que só será conseguida de forma sustentada
E abdicaram no momento certo. A agregação das três associações con- através da Reforma do Estado e da Administração Pública – e a promoção da
fere-nos maior peso institucional junto de todos os poderes públicos. competitividade, devem constituir duas faces da mesma moeda. Se o Estado
Em que consiste o “Acordo Social para o Desenvolvimento” que propôs na presarial e industrial e também sobre os melhores caminhos para os
sua tomada de posse? ultrapassar.
No cerne desta proposta encontra-se a constatação de que a redução do pa-
pel do Estado, no que respeita às relações laborais, será positiva para o País Que contributo se pode esperar das empresas para inverter a actual con-
e que compete em primeira instância aos legítimos representantes das em- juntura económica?
presas e dos trabalhadores a procura das melhores relações entre as partes. As empresas estão a desempenhar bem o seu papel. A dinâmica das ex-
Estamos profundamente convictos de que “com menos Estado” seremos portações é a prova disso mesmo. Se a economia portuguesa está a cres-
capazes de gerar as grandes bases de consenso nas áreas fundamentais do cer, ainda que muito timidamente, é sobretudo devido às exportações.
Direito do Trabalho. Não pretendemos qualquer esvaziamento do poder Uma chamada de atenção, neste ponto, também, para as associações sec-
sindical, mas sim tornar possível a aplicação de medidas essenciais para o toriais e regionais. Homenagem lhes seja feita porque o trabalho “de bas-
aumento da competitividade das nossas empresas, conciliando-as com os tidores” que têm vindo a desenvolver com as empresas está a dar frutos.
interesses reais e efectivos dos trabalhadores. Isso será possível se forem Conhecidos que são os constrangimentos que as famílias enfrentam e os
atribuídas, definitivamente, competências próprias para a negociação colec- desafios que se colocam ao Estado, restam as empresas para estimular
tiva às estruturas representativas dos trabalhadores na empresa. a economia nacional. E esta realidade não é, infelizmente, devidamente
reconhecida, com perdas evidentes para a economia nacional. As empre-
Uma das iniciativas anunciadas pela CIP para o futuro próximo é a rea- sas têm plena consciência da importância e da responsabilidade que têm
lização do Congresso das Empresas e da Actividade Económica. Qual a na sociedade. E não se irão furtar a essa mesma responsabilidade. Assim
motivação para a realização deste projecto? lhes saibam criar as condições para que possam trabalhar mais e melhor.
Pretende-se que esse seja um momento de convocação de todo o sec- Os empresários portugueses perdem tanto tempo com custos de contex-
tor, e das pessoas que se têm dedicado a estudar aprofundadamente a to no seu quotidiano que acabam por relegar, para segundo plano, o que
nossa realidade económica, para uma reflexão estratégica que permita é mais importante: o mercado. Ora, esta situação é inconcebível num
uma ponderação séria sobre os problemas que afectam o tecido em- contexto de globalização onde a concorrência não dá tréguas!
Raúl Marques
Economista
Crescimento,
Endividamento e Início
da Era da Desalavancagem
A
economia mundial percorreu ao longo das últimas 3 dé- a qual acelerou a quebra da inflação e das taxas de juro, que tinham
cadas um ciclo marcado por elevado crescimento econó- atingido máximos históricos em 1985 no final do ciclo de estabilização
mico, desinflação, quebra sustentada das taxas de juro e da economia portuguesa resultado do acordo com o Fundo Monetário
aumento dos níveis de endividamento das empresas, das Internacional em 1983. Contudo, se a economia portuguesa registou
famílias e dos Estados. De facto, nos anos 70/início dos efectivamente, entre 1986 e 1992, uma importante fase de crescimento
anos 80 a economia mundial atravessou um ciclo caracterizado pela in- e de aproximação à média de produtividade e poder de compra europeus
flação e taxas de juro elevadas, potenciadas pelos 2 choques petrolíferos (alavancada pelos fundos comunitários e pelo enquadramento econó-
registados nessa época. mico mundial positivos), conjugadamente com a rápida construção de
A década de 80 assistiu a profundas transformações na economia um Estado Social que a maioria dos seus parceiros europeus tinham
mundial, com realce para o sucesso das autoridades governamentais e consolidado desde o pós-guerra, o ciclo subsequente de elevado cresci-
monetárias no controlo da inflação, o que permitiu que se registasse mento da economia nacional a partir de 1995 (durante o qual se regis-
uma redução sustentada das taxas de juro. Em simultâneo, abriu-se um taram múltiplos êxitos, com destaque para a entrada na Zona Euro) foi
ciclo de abertura e globalização dos mercados, o qual permitiu a efectiva já caracterizado por um crescente endividamento dos agentes econó-
entrada dos mercados emergentes na economia mundial (salientem-se micos (embora muito canalizado para a aquisição de habitação própria
os casos da China, Índia e Europa de Leste, com reflexos extraordinários pelas famílias), o qual levou designadamente a níveis elevados de dívida
nos níveis de produtividade e crescimento económico à escala mundial externa e dívida pública que se têm vindo a agravar recentemente. As
nas últimas décadas. No entanto, as taxas de juro reduzidas que têm per- famílias e as empresas portuguesas foram baixando gradualmente a sua
manecido em quase todo o Mundo, conjugadas com o ciclo de inovação poupança a partir dos anos 80, situação que se reflecte presentemente
e desregulação no sistema financeiro mundial e a liquidez abundante numa reduzida taxa de poupança interna, insuficiente para financiar o
proporcionada pelos bancos centrais, originaram uma valorização gene- investimento produtivo.
ralizada dos preços dos activos financeiros e reais (com um forte ‘bull Com efeito, à medida que a economia portuguesa mantinha um
market’ na maioria dos mercados accionistas e imobiliários, nomeada- défice estrutural da balança comercial (neste quadro o défice ener-
mente no norte-americano) e conduziram a um aumento progressivo gético nacional, que só recentemente começa a reduzir-se, tem sido
dos rácios de endividamento da generalidade das economias mais de- especialmente gravoso), não compensado por remessas do exterior,
senvolvidas. Este crescente endividamento foi “viabilizado” pelas baixas os juros da dívida ao exterior começaram também a pesar cada vez
taxas de juro e alimentou frequentemente quer o investimento imobi- mais na balança corrente e de capital, estruturalmente deficitária. Por
liário quer o consumo das famílias, sendo esta situação especialmente outro lado, o Estado mantinha défices estruturais, acreditando na ca-
notória e significativa nas economias anglo-saxónicas e, recentemente, pacidade de o elevado investimento público potenciar o crescimento
em diversas economias europeias. económico e a produtividade nacional, situação que não se verificou
A economia portuguesa registou também um interessante ciclo de suficientemente, deixando a economia portuguesa em dificuldades no
crescimento e aumento do nível de vida e de protecção social a partir ciclo adverso que se veio a registar desde 2007. O aumento da dívida
da adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia em 1986, externa foi exponencial, tendo a dívida externa bruta atingido mais de
24 » PRÉMIO » Março2011
230% do PIB em 2010! Por outro lado, a dívida pública aumentou rápido possível a dívida pública relativamente ao PIB.
de cerca de 50% do PIB em 2000 para cerca de 85% em 2010. Em É essencial reduzir fortemente o défice da balança corrente e de
simultâneo com a alavancagem dos balanços das famílias, empresas capital e estabilizar o valor da dívida externa portuguesa relativamente
e Estado, também o sector bancário se alavancava, chegando a uma ao PIB.
situação onde, embora permanecendo eficiente e sólido a nível inter- É importante retomar uma trajectória de aumento da produtividade
nacional, o rácio de transformação de depósitos em crédito se cifrava e competitividade da economia portuguesa e voltar a níveis aceitáveis
em aproximadamente 150% em 2009. de crescimento económico, manifestamente inexistentes na última dé-
A crise financeira mundial de 2007/2008, ao evoluir para uma gra- cada, focando mais recursos nos sectores/empresas exportadores.
ve crise económica e de confiança dos agentes económicos privados à É importante desalavancar progressivamente os balanços das famí-
escala mundial em finais de 2008 e em 2009, obrigou os Governos lias, empresas e instituições financeiras nacionais.
de todo o Mundo a acelerarem os volumes de despesa pública, subs- A realidade é que o Mundo mudou e a economia portuguesa tem
tituindo assim a iniciativa privada e minimizando o impacto da que- que se adaptar rapidamente ao novo contexto. Depois de duas décadas
bra da procura global, mas, ao aumentar os défices e a dívida pública, de endividamento progressivo, que levou a uma Sociedade do Consu-
chegámos em 2010 a uma grave crise de confiança na dívida soberana mo e do Crédito, temos que construir uma Sociedade mais focada na
na Zona Euro, a qual tem exigido não só o apoio financeiro internacio- Poupança.
nal à Grécia e Irlanda, mas também a implementação de medidas de A Era da Desalavancagem já começou ao nível de diversas econo-
austeridade, com redução dos gastos públicos e privados em diversas mias desenvolvidas mas vai demorar a ser consolidada. No entanto,
economias, de entre as quais a portuguesa. esse processo permitirá conduzir a um modelo de crescimento segura-
É essencial reduzir fortemente o défice público e estabilizar o mais mente mais sustentável a longo prazo.
EXPANSÃO
A REVOLUÇÃO
DA BANCA ANGOLANA
O sector bancário angolano é hoje um dos mais modernos e desenvolvidos do
continente africano, em rota com o crescimento da economia do País. O aumento
da taxa de bancarização e a cobertura de todo o território são os grandes desafios
para os bancos instalados e para os novos ‘players’ que chegam.
2008 2009 rank var % 2008 2009 rank var % 2008 2009 rank var. % 2
BAI - Banco Africano de Investimentos 1997 573 246 739 063 1 28,9 375 929 592 531 1 57,6 131 872 272 122 1 106,4 23
BESA - Banco Espírito Santo Angola 2002 372 127 579 059 2 55,6 170 136 252 186 5 48,2 122 077 212 983 3 74,5 14
BFA - Banco de Fomento Angola 1993 474 023 528 802 3 11,6 225 154 447 046 2 98,6 130 563 155 076 5 18,8 28
BPC - Banco de Poupança e Crédito 1976 365 555 463 665 4 26,8 279 317 356 110 3 27,5 165 500 240 694 2 45,4 26
Banco BIC 2005 340 438 386 013 5 13,4 209 298 301 839 4 44,2 123 506 164 167 4 32,9 23
BPA - Banco Privado Atlântico 2006 106 784 136 885 6 28,2 20 112 102 060 6 407,5 13 883 36 088 9 159,9 3
BNI - Banco de Negócios Internacional 2006 57 175 106 788 7 86,8 45 273 87 583 7 93,5 27 499 61 922 6 125,2 3
Banco Sol 2001 83 018 103 650 8 24,9 40 005 77 145 8 92,8 47 242 38 472 8 -18,6 4
BMA - Banco Millennium Angola 2006 48 389 95 725 9 97,8 19 659 54 661 9 178,0 22 136 39 311 7 77,6 2
BCGTA - Banco Caixa Geral Totta Angola 1993 47 512 68 673 10 44,5 26 932 42 859 10 59,1 14 761 15 964 11 8,1 3
BRK - Banco Regional de Kewe 2003 33 102 37 442 11 13,1 20 836 35 094 11 68,4 12 631 17 985 10 42,4 3
Finibanco de Angola 2008 2 956 8 881 12 200,4 1 324 5 353 12 304,3 776 4 185 12 439,3
Banco VTB Africa 2007 2 057 13 933 13 113 13
No Banco Espírito Santo Angola (BESA), um aumento de capital magadora das instituições financeiras, foi alcançado pelo BAI, que em
possibilitou a entrada de investidores angolanos, que tomaram 48% do 2009 passou a cobrir a totalidade das 18 Províncias do País, juntando-se
capital social, enquanto no Banco Millennium Angola (BMA), a Sonan- a um grupo restrito que integra também o BPC, o BFA e o muito activo
gol tomou uma participação de 29,9% e o BPA angolano ficou com Banco BIC.
20%, abrindo em contrapartida 10% do seu próprio capital ao BMA, Em 2009, o número total de agências cresceu 19%, com todas as
concretizando um acordo cujas primeiras linhas foram delineadas ao instituições a alargarem as suas redes. No final desse ano, BPC, BFA e
longo dos dois anos anteriores. Banco BIC contavam já com mais de uma centena de balcões, enquan-
Ainda em 2009, a banca angolana registou um primeiro movimen- to o esforço dos bancos com redes menores se reflectia em taxas de
to de consolidação, com a compra do Novo Banco pelo Banco Africano crescimento acima dos 10%. “Os bancos em Angola estão concentrados
de Investimentos (BAI). Depois da integração no BAI, o Novo Banco na capacidade de resposta às necessidades de bancarização”, confirma
mudou a sua denominação para Banco Bai Micro-Finanças, passando a Vítor Ribeirinho, Head of Audit da KPMG em Portugal. A bancarização
actuar no segmento do micro-crédito. Já em 2010, autoridades angola- vai implicar não só um esforço de expansão geográfica, mas também
nas concederam luz verde ao banco sul-africano Standard Bank, o maior uma maior diversificação dos serviços bancários. Um dos desafios será
banco do continente africano. “adequar esse esforço ao retorno esperado e dentro dos parâmetros de
O sistema financeiro nacional passou assim a ser constituído por 23 risco toleráveis”, adianta.
bancos comerciais, dois dos quais de capitais públicos: Banco de Pou-
pança e Crédito (BPC) e o Banco de Comércio e Indústria (BCI). A con- Explosão de caixas ATM
corrência crescente no sector resultou numa evolução muito positiva Os progressos na bancarização foram acompanhados por um crescimen-
da bancarização em Angola. A cobertura pelas redes da banca de todo to do número de cartões de pagamento automático e por um aumento
o território nacional, um dos objectibvos simbólicos assumidos pela es- de 38% no número de caixas ATM e de 185% no total de terminais de
2008 2009 rank var % 2008 2009 rank var % 2008 2009 rank var. % 2
BAI - Banco Africano de Investimentos 1997 12 451 20 654 1 65,9 31,45 36,35 4 4,90 2,94 3,15 8 0,21
BESA - Banco Espírito Santo Angola 2002 9 060 16 842 3 85,9 44,50 47,21 1 2,71 3,50 3,54 6 0,04 3
BFA - Banco de Fomento Angola 1993 16 847 19 886 2 18,0 39,79 40,10 3 0,31 4,55 3,97 3 -0,58 2
BPC - Banco de Poupança e Crédito 1976 7 288 11 130 5 52,7 34,03 23,74 10 -10,29 2,52 2,68 11 0,16 4
Banco BIC 2005 10 584 13 292 4 25,6 48,04 32,33 7 -15,71 4,11 3,66 5 -0,45 3
BPA - Banco Privado Atlântico 2006 1 204 3 437 7 185,5 51,12 28,56 9 -22,56 1,81 2,82 10 1,01 5
BNI - Banco de Negócios Internacional 2006 1 880 3 012 8 60,2 30,50 32,89 5 2,39 4,16 3,67 4 -0,49 3
Banco Sol 2001 1 597 2 943 9 84,3 46,08 47,20 2 1,12 2,70 3,15 8 0,45 4
BMA - Banco Millennium Angola 2006 433 1 590 10 267,2 9,66 11,29 13 1,63 1,17 2,21 12 1,04 6
BCGTA - Banco Caixa Geral Totta Angola 1993 2 085 4 050 6 94,2 21,92 18,98 11 -2,94 4,94 6,97 2 2,03 3
BRK - Banco Regional de Kewe 2003 1 139 1 170 11 2,7 19,70 16,83 12 -2,87 4,53 3,32 7 -1,21 3
Finibanco de Angola 2008 -34 607 12
Banco VTB Africa 2007 64 13 29,58 8 29,58 10,26 1 10,26
2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var % 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var%
23 980 42 623 2 77,7 39 587 56 813 1 43,5 1089 1276 3 17,2 60 69 4 15,0 83 125 3 50,6
14 431 24 695 5 71,1 4 485 14 084 7 214,0 419 432 7 3,1 28 31 6 10,7 22 8 -100,0
28 698 37 630 3 31,1 42 341 49 591 2 17,1 1598 1838 2 15,0 113 129 2 14,2 160 241 1 50,6
26 374 42 688 1 61,9 21 415 46 890 3 119,0 2278 2836 1 24,5 165 200 1 21,2 139 169 2 21,6
23 207 33 233 4 43,2 22 030 41 120 4 86,7 1112 1168 4 5,0 100 109 3 9,0 97 4 -100,0
3 902 8 887 6 127,8 2 355 12 034 8 411,0 10 10 10 0,0
3 788 7 312 7 93,0 6 164 9 158 9 48,6 191 314 8 64,4 12 21 9 75,0 23 55 6 139,1
4 599 7 224 8 57,1 3 466 6 235 11 79,9 515 648 5 25,8 53 65 5 22,6 40 76 5 90,0
2 716 6 613 9 143,5 20 358 35 673 5 75,2 311 499 6 60,5 16 23 8 43,8 15 31 7 106,7
foi redesenhado com novas e a entrada no mercado de novos ‘players’ e a agressividade da expansão
de alguns bancos médios, estão a agudizar a guerra pela conquista dos
novos ‘players’ ao mercado. crescimento e de performance, quer no que concerne à crescente matu-
ridade no enquadramento regulamentar e legistativo, aproximando-o a
passos largos de outras realidades mais maduras e sofisticadas”, conclui
a KPMG Angola, adiantando que as palavras-chave para os próximos
pagamento automático (TPA). “Em paralelo com esta democratização anos serão o crescimento, a gestão de riscos e o ‘compliance’.
do uso de meios de pagamento automáticos, também o número de tran- “Os bancos deverão estar atentos e preparados para as mudanças
sacções realizadas através desses meios aumentou, registando-se um regulatórias, nomeadamente ao nível dos requisitos de gestão de risco e
crescimento de 28% no total de levantamentos realizados nas ATM e controlo interno, da gestão de capital e liquidez e das políticas de comba-
de 88% no número de transacções em TPA,” refere o estudo da KPMG te ao branqueamento de capitais”, precisa Vítor Ribeirinho. Até porque o
Angola, sobre o sector bancário em Angola. BNA está a acompanhar de uma forma cada vez mais efectiva os bancos,
A maioria dos bancos está a crescer de forma orgânica, registando particularmente ao nível de gestão de riscos e ‘compliance’. O responsá-
um reforço dos seus capitais e um aumento dos activos. “A evolução ge- vel da KPMG prevê que, mesmo num ambiente mais restritivo e cada
ral em termos de captação de depósitos e de crédito é também ilustrativa, vez mais regulado, o sector financeiro continuará a crescer de forma a
com taxas de crescimento médias de dois dígitos”, avança a KPMG An- sustentada.
2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var % 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var%
26,11 23,34 2 -2,77 3,33 3,15 10 -0,18 22,02 32,40 2 10,38 35,08 45,93 8 10,85 2,06 3,57 7 1,51
32,22 23,96 4 -8,26 3,20 2,14 12 -1,06 34,44 56,96 1 22,52 93,89 84,45 1 -9,44 0,00
28,70 28,41 5 -0,29 4,86 3,27 9 -1,59 17,96 20,47 5 2,51 57,99 93,02 10 35,03 1,04 2,50 6 1,46
45,78 43,21 9 -2,57 5,65 5,78 2 0,13 11,58 15,05 8 3,47 59,61 67,59 5 7,98 4,49 4,99 8 0,50
31,49 23,79 3 -7,70 5,41 4,46 4 -0,95 20,87 28,45 4 7,58 59,01 54,39 6 -4,62 0,76 1,33 2 0,57
58,76 50,74 11 -8,02 3,73 4,16 5 0,43 3,51 -3,51 69,03 35,36 10 -33,67 1,15 1,43 3 0,28
32,29 38,35 7 6,06 5,20 3,44 8 -1,76 19,05 18,80 6 -0,25 68,74 80,27 2 11,53 4,01 1,67 4 -2,34
48,86 50,29 10 1,43 5,27 3,05 11 -2,22 8,93 11,15 10 2,22 28,83 24,83 12 -4,00 7,79 8,76 10 0,97
69,69 61,33 12 -8,36 3,77 4,08 6 0,31 8,73 13,25 9 4,52 112,60 72,41 4 -40,19 2,62 0,93 1 -1,69
Fonte: KPMG Angola
30,76 21,98 1 -8,78 5,57 3,61 7 -1,96 16,99 -16,99 54,81 37,25 9 -17,56 2,28 8,41 9 6,13
39,26 44,17 8 4,91 5,87 4,98 3 -0,89 13,83 16,91 7 3,08 60,63 51,25 7 -9,38 5,31 13,09 11 7,78
58,59 78,19 3 19,60 0,04 3,58 5 3,54
32,54 6 32,54 5,98 1 5,98 29,31 3 29,31 12,12 13 12,12 0,00
vai voltar a ter um crescimento forte e O Millennium Angola tem hoje o seu capital repartido entre três grandes
accionistas – o português Millennium bcp, o banco BPA angolano e a pe-
estimamos que o BMA também possa trolífera estatal Sonangol. Que contributo traz cada um dos accionistas
para o crescimento do banco?
continuar o seu desenvolvimento com Ter parceiros locais faz parte do modelo de negócio do Grupo Millen-
nium porque contribui para a obtenção de ‘know-how’ local e acesso ao
taxas de crescimento acima da média mercado duma forma mais eficiente, ajudando assim ao crescimento
mais rápido da base de clientes. Com os nossos accionistas, partilha-
rentabilidade, com o rácio ‘cost-to-income’ a descer de 62%, em 2009, Com a crescente sofisticação do mercado financeiro e o futuro arranque da
para 53%, em 2010, e a rendibilidade dos capitais próprios (ROE), a Bolsa de Valores, que novas áreas de negócio se poderão abrir ao banco?
subir de 13% para 20%. A abertura da Bolsa permitirá uma nova forma de financiamento para
as empresas, quer pela abertura de capital, quer pela emissão de dívida.
Quais as perspectivas para 2011? Poderá também criar um mercado secundário de títulos de dívida pú-
Para 2011, acreditamos que a economia angolana vai voltar a ter um blica, o que certamente permitirá melhorar o funcionamento do sector
crescimento forte e por isso estimamos que o BMA também possa financeiro angolano. Será normal que os principais bancos queiram
continuar o seu desenvolvimento com taxas de crescimento acima da ter um serviço de corretagem e de prestação de serviços de banca de
média do mercado. Assim, para este ano, as prioridades estratégicas investimento para oferecer aos seus clientes e, por isso, o Millennium
continuam a ser o crescimento rentável do negócio com grande en- Angola não deixará de estar presente no mercado.
foque na captação de novos clientes e depósitos. Pretendemos voltar
a dobrar o número de clientes activos, ultrapassando os 150 mil, con- O banco Millennium Angola foi recentemente galardoado pela revista
tinuar a ganhar quota de mercado nos recursos e crédito, abrir entre “The Banker” com o prémio “ Banco do Ano – Angola 2010”. O que repre-
20 e 25 balcões e ultrapassar os 40 milhões de dólares de resultados senta esta distinção?
líquidos. Estamos confiantes que, com as perspectivas de evolução do Este prémio atribuído pela “The Banker” é um dos prémios interna-
mercado e com a equipa que temos, podemos ambicionar em 2011 cionais mais relevantes no sector bancário e por isso é uma distinção
continuar a crescer com um ritmo elevado como nos últimos anos. muito importante para nós já que é um reconhecimento efectuado
por uma entidade externa de referência mundial do nosso desempe-
perfil
José Reino da Costa nasceu a 2 nistration) da Universidade Nova cargo de Director da Companhia
de Fevereiro de 1964 em Mo- de Lisboa. Iniciou o seu percurso de Seguros Bonança. Posterior-
çambique. É o Presidente da Co- profissional no sector automó- mente foi CEO (Chief Executive
missão Executiva do Banco Mil- vel, no grupo Mocar, passando Officer) da Companhia de
lennium Angola desde Junho de posteriormente pela consultora Seguros Macau e Administrador
2008. Licenciado em Engenharia estratégica Roland e pela Sonae Executivo do Banco Comercial de
Mecânica, pelo Instituto Superior Distribuição. Macau.
Técnico de Lisboa, tem ainda um Está no grupo Millennium bcp
MBA (Master in Business Admi- desde 1999, inicialmente com o
MILLENNIUM BIM
O BANCO QUE TROUXE A
INOVAÇÃO A MOÇAMBIQUE
Em 15 anos de existência, o Millennium bim, o primeiro banco privado
moçambicano do pós-independência, transformou-se no maior empregador e
na principal fonte de inovação financeira do País. Por João Bénard Garcia
Urban Larson
Director, Emerging Equities
ECONOMIA BRASILEIRA
EM ALTA EM 2010
A
economia do Brasil cresceu cerca de 7,5% em 2010, após o Brasil e onde a credibilidade da administração de Lula foi crucial para
período de recessão ligeira registado em 2009. A confiança conseguir a queda da inflação e a elevada taxa de crescimento verificada
dos consumidores e das empresas atingiu, entretanto, nos últimos anos.
níveis elevados. A reputação internacional do país está mais Os mercados que procuram sinais inequívocos de uma política
fortalecida do que nunca, apesar de em 2010 a Bolsa Brasileira ter tido fiscal restritiva, na sequência dos últimos dois anos de uma política
um dos piores desempenhos no universo dos mercados emergentes. O particularmente liberal, são os mais cépticos. No entanto, o Ministro
MSCI Brasil subiu apenas 3,8%, com referência a dólares americanos, das Finanças, Guido Mantega, comprometeu-se a reduzir a despesa, e a
face às subidas de dois dígitos registadas pelos demais mercados da inesperadamente reduzida subida do salário mínimo, este ano, é prova
América Latina, e à subida de 16,4% apresentada pela globalidade dos clara de um elevado nível de responsabilidade fiscal.
Mercados Emergentes. Porquê? A política monetária é, também, no Brasil, um grande desafio,
Numa palavra, política: grandes dúvidas pois o sobreaquecimento da economia levou
quanto às políticas fiscal e monetária e a a inflação aos 5.9% em 2010, questão que se
inábil gestão governamental de uma enorme complicou devido ao facto de o real Brasileiro
colocação de acções pela Petrobrás, o gigante ter sido uma das moedas mais fortes, em
petrolífero controlado pelo Estado. termos globais, ao longo do ano transacto, uma
A nova presidente do Brasil, Dilma Rousseff, vez que a robustez económica atraiu fluxos de
do Partido Trabalhista, foi eleita com o forte investimento internacional. Para travar um
apoio do seu antecessor Lula da Silva. Durante
os dois mandatos de Lula da Silva, a economia
Dilma Rousseff maior fortalecimento do real, o governo decretou
uma subida dos impostos sobre os fluxos de
do Brasil apresentou o mais elevado índice
de crescimento desde o período anterior à
prometeu a investimento externo, limitando também a
capacidade de os bancos locais tomarem posições
crise do petróleo da década de 70. Por outro
lado, a inflação manteve os níveis mais
continuidade do curtas no dólar Norte Americano. Neste contexto,
a subida das taxas de juro torna-se um tema
baixos registados no período histórico mais
recente. Taxas de juro em mínimos históricos
legado de Lula e está delicado.
Após um ano de baixo desempenho relativo,
– embora ainda altas face aos padrões globais –
estimularam o investimento das empresas e a
a cumprir. o Mercado Brasileiro está a negociar com
as valorizações mais baixas dos mercados
procura dos consumidores. emergentes, com expectativas de crescimento dos
A Presidente Rousseff prometeu aos eleitores a continuidade rendimentos da ordem dos 18% para o ano em curso. Se o novo governo
deste legado, e até agora parece estar a cumprir. No entanto, enfrenta for capaz de concretizar as suas palavras encorajadoras no que se refere
numerosos desafios e terá ainda de construir a sua credibilidade junto às políticas fiscal e monetária, tudo indica que o mercado de acções
dos mercados financeiros; terá também que estabelecer um equilíbrio venha a reagir muito positivamente.
entre as pressões opostas dos seus aliados políticos e dos mercados.
As políticas fiscal e monetária são, neste momento, os desafios mais As posições expressas são as do autor e não necessariamente da F&C Investments,
importantes, pois foram, no passado, os aspectos que correram mal no não constituindo aconselhamento financeiro.
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MY
CY
CMY
MIGUEL MARTINS,
DIRECTOR-GERAL E ADMINISTRADOR UNITEL
O
administrador e director-geral da Unitel, a maior opera- Onde está hoje o maior potencial de crescimento do negócio? Nos serviços
dora angolana de comunicações móveis, garante que o de voz ou dados? Que expectativas têm para os serviços de banda larga
peso do mercado empresarial tem tendência para cres- móvel?
cer nos próximos anos. Em entrevista à Prémio, Miguel O potencial existe em ambos os mercados, mas com maior peso para os
Martins destaca o papel da empresa nas áreas da respon- dados. A nossa ambição é chegar a 2012 com 1 milhão de clientes.
sabilidade social, com o apoio a escolas e a instituições de saúde. Sobre a
parceria local com a portuguesa PT, o responsável da Unitel avança que Como correu o ano à Unitel?
ela “dificilmente se estenderá a outros mercados”. Foi um ano de significativas mudanças para a empresa, não apenas em
termos de presença territorial, onde expandimos a rede a 15 novos muni-
Como evoluiu o mercado das telecomunicações móveis em Angola, no cípios do País, mas também em termos de expansão da rede de lojas, com
último ano? Qual é a taxa de cobertura actual e quantos utilizadores de um total de 26 inaugurações.
telefonia móvel existem neste momento em Angola? É de realçar, também, o lançamento de serviços pioneiros e verdadei-
A cada ano que passa, o mercado das telecomunicações tem conheci- ramente inovadores na área da internet, como é o caso do serviço de inter-
do melhorias consideráveis, a oferta de serviços e produtos tem aumenta- net no estrangeiro, o que nos permite estar ainda mais próximos dos nos-
do substancialmente e segundo o Inacom, a rede de serviços de telefonia sos clientes e com maior capacidade para responder rápida e eficazmente
móvel no país está bastante avançada, atingindo já um valor de teledensi- às suas necessidades.
dade superior a 60%. Os números indicam existir em actividade mais de A expansão da fibra óptica a quase todo o País, com um grande in-
nove milhões de linhas ou telefones móveis no conjunto das operadoras vestimento, desempenhou um papel muito relevante, prometendo para
nacionais. os próximos tempos uma melhoria da qualidade da nossa rede e propor-
cionarmos serviços e produtos aos nossos clientes. Fechámos o exercício
O facto dos mercados africanos estarem ainda numa fase de crescimento com uma quota de 64,2%.
acelerado e de estarem agora a expandir-se a franjas da população de me-
nores rendimentos, faz do pré-pago uma solução ideal para a evolução do Qual o peso relativo do mercado de particulares face ao segmento empre-
negócio? sarial? Como evoluirá esta relação no futuro?
Sem dúvida. O pré-pago tem um peso muito significativo no nosso mer- O peso do segmento empresarial ainda é pequeno, mas com tendência a
cado, o que não foge à regra dos mercados africanos e de outros. crescer muito rapidamente com a aposta que estamos a fazer.
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uma altura em que os consumidores repartem já as suas simpatias e desagrados. “Nunca em comunicação tínhamos assisti-
suas fontes de informação entre quatro ecrãs - televisão, do a uma relação tão bidirecional e transparente. Há que aproveitar essa
computador, telemóvel e tablet - o grande desafio das transparência para quebrar certas barreiras. A Internet transformou-se
marcas passa por conquistar-lhes a atenção e, depois de no canal mais próximo de sempre do destinatário da mensagem”, adianta
a conseguirem, mantê-la. Isto porque, à informação di- Ricardo Salvo.
vulgada por meios especialistas, acresce agora a que é colocada online “As empresas e os cidadãos têm de saber como utilizar com o melhor
por consumidores que não deixam as marcas cometer mais erros. proveito possível esta nova e poderosíssima ferramenta e uma consultora
Hoje, impera a relação 1-9-90 -- 90% que lêem, 9 que distribuem e de comunicação, como a CV&A, tem a responsabilidade de saber guiar
apenas um que produz. os seus clientes neste processo. Quem subestimar esta interactividade
Uma realidade a que a Cunha Vaz & Associados (CV&A) está aten- está a cometer um erro crasso e, garantidamente, terá uma estratégia de
ta e que justifica o investimento na área de Comunicação Digital. Ri- comunicação que lhe trará dissabores”, defende.
cardo Salvo, o responsável da CV&A por esta área, explica que “com as Num ano, a mudança mais vincada na forma de pensar “foi passar-se
novas tecnologias, a que cada vez mais pessoas têm acesso, a Internet de uma atitude de não se querer usar redes sociais, por se achar que não
deixou de ser um exclusivo dos computadores pessoais. Hoje respira-se se conseguem controlar, para, mais recentemente, querer usar-se redes so-
Internet quase sem se dar por isso, num gesto básico no telemóvel, em ciais para garantir que se controlam distorções de mensagem. Em muitos
equipamentos de entretenimento, ou até mesmo em simples suportes casos não se tratou de um caminho confortável, porque há ainda muitas
de comunicação na rua e em espaços comerciais”. A isto, acresce a pos- empresas que só aderiram a novos formatos por, achando-os perigosos,
sibilidade de, através da Internet, se comentar abertamente tudo o que terem a necessidade de os vigiar. Nestes casos não é uma adesão simpática.
se vê, lê ou ouve. Com um simples clique, os consumidores revelam as Mas não é este o caminho que se pretende”, refere o responsável da CV&A.
À CONVERSA COM.... O que levou a CV&A a abraçar esta nova área? Quais são as expectativas
de crescimento?
RICARDO SALVO, A CV&A está apenas a garantir que as estratégias de comunicação que
desenha seguem os caminhos naturais das novas tendências. Não é
RESPONSÁVEL PELA ÁREA DE COMUNICAÇÃO DIGITAL CV&A fácil estimar o crescimento da comunicação digital. Está a usar-se me-
“Facturação
nos do que se devia. Há inúmeras empresas que não estão ainda a
usar os novos formatos de comunicar com a devida naturalidade e
com estratégias de qualidade. O potencial de crescimento é portanto
da comunicação
exponencialmente. No caso da CV&A, acredito que a percentagem da
facturação proveniente da comunicação digital possa mais do que du-
plicar este ano.
PODCASTS
Filmes e ficheiros de áudio de curta duração • Webconference para públicos vastos;
adaptados para distribuição pela Internet • Comunicação para distribuição por accionistas e
mediante as ferramentas mais utilizadas para o investidores;
efeito. • Mensagens para analistas financeiros;
• Divulgação de resultados da Imprensa;
Um novo formato de comunicação que foi
• Anúncio de operações;
especialmente desenhado a pensar nas
• Comunicação de balanço de actividade aos
necessidades actuais das empresas mais
‘stakeholders’ de interesse;
dinâmicas no mercado, nomeadamente:
• Esclarecimentos ao mercado;
• Comunicação interna para distribuição por
• Combate à contra-informação;
e-mail para colaboradores;
• Apresentação de novos produtos e serviços;
• Comunicações para distribuição por bases
• Conteúdos para TV corporativa.
de dados de clientes;
CM
MY
CY
CMY
REPUTATION
as expectativas de todos os seus stakeholders conseguem ter uma
Reputação forte.
INDEX 2011
A MYBRAND e o Instituto Português de Corporate Governance
têm o prazer de anunciar o lançamento do MYBRAND REPUTATION
INDEX 2011. A edição deste ano contará com um substancial reforço
amostral e analisará um maior número de empresas. Este será mais
um passo para a afirmação da ferramenta de referência da análise de
Reputação em Portugal, contribuindo para a promoção dos valores
essenciais do sucesso das empresas e da economia portuguesa.
www.mybrandconsultants.com
CASA DA AMÉRICA
LATINA APOSTA
NA ECONOMIA
A estratégia da Casa da
América Latina para
2011 vai ao encontro do
grande desígnio actual:
Q
empresariais.
uando daqui por dois
anos, a Casa da Amé-
O objectivo é a
rica Latina mudar internacionalização das
do bonito, mas
acanhado edifício PME.
amarelo da Avenida 24 de Julho
em Lisboa, para a Avenida da Índia,
junto ao futuro Museu dos Coches,
terá um espaço à altura da estratégia Para prosseguir este objectivo, a Casa da América Latina propõe-se
que acaba de definir para o futuro. levar a cabo um conjunto de iniciativas, que visam explicitar aos em-
Reunida no início de Janeiro, a Co- presários portugueses quais são as potencialidades desta região, dos
missão Executiva aprovou para 2011, seus países e vice-versa, “promovendo a aproximação entre as vontades
além do reforço da consolidação das comerciais dos dois lados do Atlântico”. Uma estratégia alinhada com
relações culturais, linguísticas, diplo- os desígnios da política externa portuguesa, que definiu a internacio-
máticas e políticas com os países latino- nalização da economia, no geral, e das suas empresas, em particular,
-americanos, uma nova rota para o aprofun- como um dos seus pilares mais importantes. “A estratégia da Casa da
damento destas relações: a Economia. “A priori- América Latina vai ao encontro do esforço de Portugal de aumentar o
dade para os próximos anos é a diplomacia económi- nível das suas exportações e de reduzir o défice da balança de transac-
ca”, sublinha o secretário-geral, Alberto Laplaine Guimarãis. ções correntes”, confirma Laplaine Guimarãis, salientando que, devido
Com esta estratégia, a instituição quer alargar horizontes, tornando a ao facto da base produtiva do País estar essencialmente nas pequenas
sua actividade mais abrangente de forma a posicionar-se como interlo- e médias empresas (PME) é para elas que se deve apontar. “Há muitas
cutor privilegiado no âmbito da actividade económica e comercial entre PME com capacidade exportadora e com alguma capacidade de inves-
Portugal e os países da América Latina. timento”, sublinha.
O potencial da economia longe. Como exemplo de proximidade histórica muitas vezes esque-
Assente em três eixos fundamentais – O eixo atlântico, através das rela- cida, Laplaine Guimarãis cita o Uruguai, que adquiriu a sua indepen-
ções com a NATO e os EUA; o eixo europeu, consagrado na sua integra- dência não de Espanha, mas do Brasil, que entretanto se tornara por
ção na União Europeia; e o eixo lusófono, assente no relacionamento sua vez independente de Portugal. “O relacionamento com a América
com os PALOP -, a política externa portuguesa tem no Magrebe e na Latina tem uma componente histórica muito importante, uma compo-
América Latina dois outros parceiros fundamentais. nente cultural muito importante, uma componente política muito forte
O Brasil é a âncora deste relacionamento. No entanto, a influência e uma componente económica que ainda não é forte, mas que pode ser
histórica e cultural de Portugal na América Latina vai bastante mais potencializada”.
Associados
O CLUBE LATINO EM LISBOA
Podem ser associados da Casa da América da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, El EMEL, EPUL, Estoril Sol, Galp Energia, Grupo
Latina todas as pessoas singulares ou colecti- Salvador, Equador, México, Panamá, Para- Pestana, KPMG, Metropolitano de Lisboa, PT,
vas em Portugal ou em outros países, incluindo guai, Peru, República Dominicana, Uruguai Somague, Turismo de Lisboa, REN e Repsol. Os
organizações, que queiram contribuir para a e Venezuela. O grupo de 21 membros prove- associados cooperantes são cinco: TAP, Banif,
prossecução dos seus fins. Existem quatro nientes da área empresarial inclui basicamente Santander Totta, Abreu Advogados e Cunha Vaz
categorias de associados: os efectivos, os hono- empresas de natureza municipal de Lisboa e & Associados. Os associados apoiam a activi-
rários, os cooperantes e os aderentes. grandes empresas. A saber: Amorim – Inves- dade da instituição nas vertentes universitária,
São associados efectivos o Ministério de timentos e Participações, Banco Comercial cultural, institucional, diplomática e económica.
Negócios Estrangeiros, 14 embaixadas e 21 Português, Banco Espírito Santo, Banco BPI,
empresas. Entre as embaixadas contam-se as Banco Itaú Europa, Carris, CP, EDP, EGEAC,
uma componente política muito forte nadores dos países da América Latina
– Mercosul (já em Abril ou Maio), Pacto Andino e América central. O
e uma componente económica que quarto será um Fórum de natureza política, com forte componente eco-
nómica, à semelhança de um desenvolvido no ano passado com o apoio
PASSAGEM DE TESTEMUNHO
TERÁ DILMA PULSO PARA
AGARRAR ESTE GIGANTE
O Brasil, outrora uma sociedade violenta e pobre, hoje um País vibrante
e optimista, trocou o metalúrgico Lula da Silva pela ex-guerrilheira Dilma
Rousseff, agora transformada em economista e tecnocrata. Lula abriu-lhe o
caminho da prosperidade. Dilma terá que o manter, reformando ao mesmo
tempo o Estado. Por João Bénard Garcia
O
politólogo Francisco Ferraz, que em tempos foi rei- balhadores (PT) venceu o preconceito e as Eleições Presidenciais à quarta
tor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tentativa, e, em apenas oito anos, através do crescimento do consumo,
vaticinou a poucos dias de Dilma Rousseff, 63 anos, do aumento da produção industrial e agrícola e de múltiplos programas
vencer nas urnas o seu opositor José Serra – e sema- sociais, tirou quase 24 milhões de brasileiros da miséria e fê-los engrossar
nas antes de subir a rampa do Palácio do Planalto e nas fileiras da classe média. Conseguiu, com políticas progressistas e so-
se tornar na primeira mulher a conduzir os destinos ciais, em plena e grave crise financeira mundial, colocar o País no restrito
do Brasil – que Dilma iniciaria o seu mandato com um estilo próximo clube das nações com maior potencial de crescimento económico.
do Presidente Lula e que o terminaria com o do ex-Presidente Fernando Ainda sem o carisma e os níveis de popularidade de Lula da Silva, que
Henrique Cardoso. E como pensa este estudioso da política que governa- em 2011 será um forte candidato a Prémio Nobel da Paz e que em 2010
rá Dilma dentro de quatro anos? “Terá de se aproximar de um Governo constava na lista das 25 personalidades mundiais com maior influência,
mais pragmático, mais ordenado, com menos despesa”, afirma Ferraz, da economista Dilma Rousseff é esperado que mantenha a linha do seu
que também prevê um divórcio entre Dilma e Lula caso este tente exer- antecessor e que continue a aposta num forte crescimento económico
cer uma influência exagerada sobre a sua governação. com repercussões dessa riqueza na distribuição social, particularmente
De facto, não será tarefa fácil para Dilma Rousseff desatrelar da ima- no combate às discrepâncias entre ricos e pobres, no atendimento médico
gem do carismático líder “petista” que deixou o Governo do Brasil com e na educação. De Dilma espera-se que seja capaz de negociar e mostrar,
níveis de popularidade (segundo sondagens da Data Folha) na ordem dos já nos três primeiros meses de governação, que tem capacidade de lutar
83%. O operário metalúrgico nordestino que liderava o Partido dos Tra- contra os interesses instalados e imprimir as reformas urgentes.
I II III IV
A batalha por milhões Reformas políticas para O problema da Travar a violência urbana e
de casas condignas combater interesses Formação e Educação mudar a imagem do país
É que não obstante o facto de No plano político, Dilma arranca A educação, o grande calcanhar A violência urbana e o tráfico de
Lula ter arrancado da pobreza para quatro anos de governação de Aquiles do Brasil, continua drogas são outro dos dramas que
24 milhões de brasileiros, o País com uma boa plataforma de medíocre, especialmente ao nível Dilma terá de enfrentar com vigor.
continua a ter 30 milhões de apoio popular e uma maioria do ensino básico e secundário, Mais ainda quando será o Brasil a
pobres, entre uma população de governamental e parlamentar impossibilitando-o de formar a receber em 2014 o Mundial de Fute-
quase 190 milhões. O Governo que lhe permite, se assim en- mão-de-obra qualificada de que bol e em 2016 os Jogos Olímpicos.
estimou em seis milhões a ca- tender, alterar a Constituição da precisa para as suas exigências À nova Presidente caberá a missão
rência de habitações condignas. República. Lula empenhou-se ao nesta fase de grande cresci- de modernizar as infra-estruturas
Um terço dos brasileiros não longo de oito anos no combate mento económico. Os analistas degradadas e saturadas do país,
tem esgotos, água potável ou à pobreza, mas, devido a vários esperam que seja o Governo de nomeadamente estradas, portos e
condições mínimas de higiene compromissos partidários que Dilma a provocar uma verdadei- aeroportos, as portas de entrada dos
nos locais onde reside. teve de assumir para atingir esse ra revolução ao nível do ensino milhões de visitantes esperados para
fim, não foi capaz de dar a volta básico. Tudo porque não basta os dois megaeventos desportivos. Só
a problemas tão graves como a ter uma rede que cubra 100% há um pequeno senão: o Governo Fe-
corrupção ou a burocracia, ou das crianças em idade escolar, deral não tem dinheiro para todas as
estabelecer uma reforma política, mas importa que os alunos, obras e deverá apostar nas parcerias
definindo regras claras para o além de estarem dentro da sala público-privadas.
financiamento público dos parti- de aula, tenham professores
dos políticos. Terá Dilma múscu- qualificados que os consigam
lo suficiente para combater esses ensinar a ler e a escrever.
interesses instalados?
V VI VII VIII
Acabar com a desigualdade Reforma tributária Aposta forte na Pegar de caras
nos cuidados de saúde ciência e tecnologia os cortes na despesa
A Saúde, tal como a Educação, foi um A fama de boa gestora deverá Dilma e o seu antecessor estão Dilma terá que fazer ajustes no
sector onde o Governo não conseguiu facilitar a vida a Dilma quando afinados no que concerne aos investimento público, travar
dar a volta aos indicadores negativos. A começar a pegar nas pastas chamados grandes projectos na- o galopante défice, os custos
qualidade dos equipamentos e dos pro- mais polémicas. Especialmente cionais de que o Brasil necessita. fiscais destas políticas e conter
fissionais de saúde, o acesso a medica- quando avançar com reformas Ambos sabem que só é possível a inflação. Consciente dessa
mentos de alto custo e a procedimentos políticas, tributárias e fiscais, que elevar o padrão de vida da popula- realidade, uma das primeiras
sofisticados, além do tempo de espera fechem os canos e as torneiras ção se o país desenvolver as suas reuniões de Dilma com os seus
nos serviços públicos, são o principal e impeçam o sangramento dos forças produtivas, com base na ministros teve como objectivo
fosso entre ricos e pobres. Lula tentou recursos financeiros da Fazenda ciência e tecnologia, com o Estado fazer um “ajuste fiscal” que
diminuir as diferenças, mas falhou em Federal, medidas que travem o como indutor e parceiro desse pretende que seja “severo”
muitas áreas. Dilma chega ao Palácio enriquecimento ilícito e permi- desenvolvimento. O que inclui in- mantendo o Brasil dentro dos
do Planalto tendo entre as mãos para tam melhor redistribuição dos dustrializar o país tendo por base limites dos 3,1% do défice em
combater, além dos indicadores negati- rendimentos das famílias, com parâmetros científicos e tecnológi- relação ao seu Produto Interno
vos da saúde, um dos maiores flagelos políticas de inclusão e mobilida- cos, sempre com o compromisso Bruto (PIB).
do mundo rico ocidental: a obesidade. de social. Terá de cortar e estan- do equilíbrio ambiental.
Dados de 2009 revelavam que 46,6% da car gastos ao mesmo tempo que
população tem excesso de peso, 13,9% é investe em políticas de apoio.
obesa, os ataques cardíacos dispararam
70% em apenas 10 anos.
INVESTIMENTO
COLÔMBIA, OPORTUNIDADE
PARA ÓCIO E NEGÓCIO
A América Latina tem vindo a converter-se, nos últimos tempo, num dos focos
de atenção mais recorrentes para investidores e analistas a nível mundial.
Por Daniel Feged Mor*
milhões (11,5% do total), correspondiam ao co- novo governo logrou manter e fortalecer as ex-
mércio de Portugal com a América Latina. pectativas de crescimento e desenvolvimento,
O caso da Colômbia é um dos mais des- que se vinham implementando nos últimos
tacados no contexto latino-americano. Tanto o anos.
seu ambiente político, como os reconhecidos
progresos no controlo das condições de segu- Política de Segurança
rança interna, bem como o crescimento da sua O conflito interno foi uma das problemáticas
economia, fazem da Colômbia um dos países mais difíceis que a Colômbia teve de enfrentar
mais atractivos da Região. e, adicionalmente, uma das mais reconhecidas
no exterior. Durante a maior parte do século
40 anos de Democracia XX, e sem excluir os últimos dez anos, forças
A Colômbia tem a boa imagem de ser uma das violentas provocadas originalmente por movi-
democracias mais estáveis da Região. No de- mentos sociais e diferenças entre partidos polí-
curso dos últimos 40 anos a transição de poder ticos, foram infiltradas pelo narcotráfico. Estas
Fotos gentilmente cedidas por Proexport
A
A recente mudança de governo, mediante investidor. Esta política foi denominada “Segu-
estabilidade revelada durante a qual o ex-presidente Álvaro Uribe Vélez foi ridad Democrática (Segurança Democrática)”.
a crise financeira dos últimos sucedido pelo ex-ministro do Comércio Exte- Com uma maioria significativa, o presi-
três anos, a persistente parti- rior, Economia e Defesa, Juan Manuel Santos dente Uribe foi eleito nesse ano e reeleito em
cipação de vários dos países da Calderón, é mais uma prova de maturidade 2006, com o mandato de atacar directamente
Região nas listas de economias institucional do quadro político colombiano. os focos de violência que afectavam a socie-
emergentes mais atractivas – como o Brasil e Depois de oito anos de governo de Álvaro dades colombiana. Dessa maneira, através do
a Colômbia – e o crescimento estável dos seus Uribe, o País recebeu com grande expectativa fortalecimento das forças militares e do acom-
mercados e do investimento directo estran- a nova Administração. O presidente Juan Ma- panhamento por parte da justiça e dos progra-
geiro, justificam o protagonismo recente da nuel Santos conta com um índice de aprova- mas sociais do governo, o objectivo principal
América Latina. ção de 72%, de acordo com uma sondagem foi recuperar o controlo da segurança no País.
De acordo com dados do Eurostat, o gabi- da Invamer-Gallup, realizada em Dezembro. A campanha empreendida neste campo
nete estatístico da União Europeia, o comércio A elevada popularidade do actual presidente é deu resultado. Os índices de segurança, bem
externo (importações e exportações) com a motivada pela escolha da sua equipa de gover- como o poder, o tamanho e o controlo territo-
América Latina representou, para a Penínsu- no, pela experiência internacional acumulada rial que os grupos à margem da lei tinham al-
la Ibérica, um total de 186 milhões de euros, como ministro e pela continuidade dos seus cançado, - tanto à esquerda (FARC, ELN) como
entre 2000 e 2009. Deste total, cerca de 21,5 esforços em matéria de segurança. O perfil do à direita (Paramilitares) - estão hoje reduzidos
INFRA-ESTRUTURAS
MOÇAMBIQUE,
UM POTENTADO
ENERGÉTICO
A abundância de recursos energéticos em Moçambique é conhecida.
Uma nova mega-barragem e o potencial da exploração de petróleo vão
permitir caminhar para a auto-suficiência.
Por Vítor Norinha
A
assinado entre o ministro moçambicano da Energia, Salvador Nambure-
captura e a distribuição dos recursos energéticos de Mo- te, e o presidente da hidroeléctrica, Egídio Leite, especifica que o arran-
çambique tem sido um problema estrutural do País. que das obras deverá acontecer entre o final deste ano e o início de 2012,
À recente decisão do Governo moçambicano de ad- com um prazo de conclusão de cinco anos.
judicar a nova mega-barragem de Mphanda Nkuwa a al- O empreendimento terá capacidade para gerar 1500 Mw de energia
gumas dezenas de quilómetros da maior obra dos portu- hidroeléctrica, sendo que 20% estão destinados ao mercado interno e
gueses em África, Cahora Bassa, está associada a necessidade de grande o restante para exportação. O projecto – que será do tipo fio de água –
potência energética para os mega-projectos industriais que o País quer lan- localiza-se a 61 quilómetros a jusante da barragem de Cahora Bassa e
çar e reforçar nos próximos anos. Falamos dos grandes investimentos no a 70 quilómetros da cidade Tete. A obra contará com quatro turbinas
alumínio ou nos cimentos, mas também a necessidade de electrificação do de 375 Mw cada, terá um paredão de 400 metros de comprimento e 86
País, gerando uma melhoria substancial do nível de vida das populações. metros de largura acima da fundação, com 13 comportas para a descarga
O grande volume de reservas ao nível dos recursos energéticos (ver de água.
caixa) consubstancia-se num investimento previsto a 10 anos equiva- Esta obra será o primeiro mega-projecto infra-estruturante de ener-
lente a metade do Produto Interno Bruto (PIB) actual do País, ou seja, gia construído depois da independência e no comparativo com Caho-
qualquer coisa como cinco mil milhões de euros. A China tem sido ra Bassa é nítida a evolução tecnológica e o modelo de aproveitamento
um dos países que mais tem contribuído para
o financiamento da economia moçambicana.
O País pode ser um potentado energético
e a nova barragem de Mphanda Nkuwa é a A nova barragem de Mphanda
coqueluche das grandes infra-estruturas que
vão arrancar entre o final deste ano e o início Nkuwa é a coqueluche das grandes
do próximo.
O projecto de construção e exploração da infra-estruturas dos próximos tempos.
Hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa (HMNK),
no rio Zambeze, na Província de Tete, foi
concessionado a um consórcio constituído pela Electricidade de Mo- da água para a produção de energia. Contrastando com a barragem de
çambique (EDM), a empresa pública de energia moçambicana, e que Cahora Bassa, que ocupa uma área de 250 Km2, Mphanda Nkuwa fica-
integra ainda a Insitec, uma empresa privada também moçambicana e -se por uma área duas vezes e meia inferior, ou seja, por 97 Km2.
a construtora brasileira Camargo Corrêa, cujo responsável para o con- O custo real do projecto, somando a construção e a função financei-
tinente africano é o gestor português Armando Vara. Mphanda Nkuwa ra, ascenderá aos 2,9 mil milhões de dólares, o equivalente a cerca de 2,2
(HMNK) constituirá o maior projecto da Camargo Corrêa em África. mil milhões de euros. Tudo indica que o financiamento será assegurado
No consórcio, a EDM detém 20% do capital e os dois parceiros priva- pela banca local e por várias instituições financeiras mundiais, num mo-
dos ficaram com 40% cada. delo de ‘project finance’, não tendo comparticipação pública. O reem-
Energias renováveis Índia, num projecto que prevê a transferência gradual de tecnologia
O aproveitamento dos recursos hídricos de Moçambique mantém-se para Moçambique.
como a grande aposta, existindo, a este nível, sete grandes projectos. O
potencial hídroeléctrico permitirá aumentar a capacidade de geração Electrificação rural
de energia dos actuais 2 mil Mw de potência para mais de 6 mil Mw. O Conselho Coordenador do Ministério da Energia reafirmou, no final
Na zona envolvente de Cahora Bassa, existe a possibilidade de do ano passado, o objectivo da electrificação rural. O Governo moçam-
construção de duas novas barragens, uma a norte, expandindo a actual bicano continua comprometido com a electrificação de todas as sedes
hidroeléctrica, até aos 2,9 mil Mw, e a de Mphanda Nkuwa, a edificar distritais até 2014. O ministro da Energia, Salvador Namburete, aponta
entre a actual hidroeléctrica e Tete, e com uma capacidade potencial que o acesso à energia eléctrica passa ainda pelo uso de energias renová-
de 2,4 mil Mw. Para esta obra será relevante a reabilitação das estações veis e pela expansão e construção de infra-estruturas de armazenagem,
hidroeléctricas de Chicamba, com 45 Mw, junto ao rio Mavuzi, e ainda de transporte e de distribuição de combustíveis líquidos e gás natural.
a construção de uma estação terminal na Província de Tete. Uma das obras de referência é a linha de transporte de energia eléctrica
As energias renováveis são outra aposta e a sul-africana Eskom Tete/Maputo, a espinha dorsal da rede do país. O reforço e a expansão da rede
criou o primeiro sistema de energia eólica, na Província de Inham- de distribuição de energia eléctrica estão orientados, numa primeira aborda-
bane, devendo rapidamente ligar-se à rede eléctrica nacional como gem, para os grandes centros urbanos. O objectivo é atingir a qualidade e a
produtor alternativo. Em Agosto passado foi anunciada a vitória da fiabilidade no fornecimento, o que atrairá novos consumidores. Recorde-se o
britânica Fortune CP num concurso que visava adjudicar os serviços primeiro semestre do ano passado, a EDM manteve o nível de trabalhos do
de supervisão do fornecimento e instalação de sistemas solares foto- projecto da linha Tete/Maputo, num investimento avaliado em 1,7 mil mi-
voltaicos para a electrificação de distritos nas províncias de Nampula, lhões de dólares na primeira fase, e que consumirá mais 700 milhões de
Cabo Delgado e Niassa. Foi ainda anunciado o arranque da fábrica dólares na segunda fase. Esta linha permitirá distribuir a energia produzida
de painéis solares no Parque Industrial de Beluluane, em Maputo, nas centrais de Mphanda Nkuwa, Cahora Bassa Norte, Boroma, Lupata, Mo-
num investimento de 7,5 milhões de euros. O objectivo é produzir atize e Benga. Os investimentos industriais de pequena e média dimensão
sistemas fotovoltaicos, sendo que os primeiros componentes virão da serão os primeiros a beneficiarem desta democratização da energia eléctrica.
CONFERÊNCIA
M
oura vai instalar um labo- de instalações de microgeração”, explica o Pre- e cultural entre FCTER e a Lógica, com vista ao
ratório de energia solar sidente da Câmara Municipal de Moura, José desenvolvimento de actividades relacionadas
fotovoltaica no Brasil. Este Pós-de-Mina. Outro dos compromissos do acor- com a pesquisa, desenvolvimento tecnológico
é um dos vários compro- do é um plano de estágios, a concretizar já este e inovação em áreas de mútuo interesse das
missos de um acordo assi- ano, que passa pelo intercâmbio de estudantes e partes, nomeadamente no domínio da energia
nado entre a Lógica, E.M., Sociedade Gestora técnicos portugueses e brasileiros, em estágios solar, tanto fotovoltaica quanto térmica.
do Parque Tecnológico de Moura e a Fundação em instalações indicadas pela Lógica e em labo-
Científica e Tecnológica em Energias Renová- ratórios de energia solar de entidades associadas
veis (FCTER), do Estado de Santa Catarina, no da FCTER. Neste âmbito, vão ainda ser desen-
Brasil. O protocolo de colaboração, que vigorará volvidos esforços para implantar no Brasil duas
até 2012, foi assinado no encerramento da pri- fábricas de painéis fotovoltaicos. Mais de 200 pessoas no Sustentar 2010
meira edição nacional da conferência Sustentar, O protocolo inclui também a continuida- A primeira edição do Fórum Sustentar,
que decorreu no final do ano passado em Mou- de da realização da conferência Sustentar em que teve como tema central as Energias
ra. Ao longo de três dias estiveram em debate Moura, nos próximos anos, transformando este Sustentáveis, reuniu mais de 200
evento num Fórum participantes. Ao longo de três dias
verificou-se uma troca de experiências
Nos próximos anos, Moura privilegiado para a
discussão dos proble-
entre empresas, técnicos e académicos
de Portugal e do Brasil, tendo ainda o
vai continuar a receber a mas da sustentabili-
dade entre países da
debate sido alargado a representantes de
quase todos os PALOP.
A ESCOLA
ONDE O INGLÊS É REI
Com sede na Fundição de Oeiras, a escola prepara a mudança para novas
instalações na histórica Quinta de Nossa Senhora da Conceição, em Barcarena.
A
inda recentemente, Oeiras foi distinguido como “Melhor aulas e todo o funcionamento da instituição utilizar como língua o inglês.
Município para Estudar”, no âmbito dos Prémios de Re- Para aqueles que não possuem bases no idioma, há aulas especiais de for-
conhecimento à Educação 2010”. E o facto é que, entre ma a colocá-los num nível de conhecimento que lhes permita concluírem
muitas outras iniciativas, o concelho tem dado todo o seu os seus estudos sem percalços.
apoio à sua primeira escola internacional - a Oeiras Inter- As escolas IB são conhecidas pelo seu grau de exigência e a OIS não
national School. Que segue os programas do International Baccalaureate foge à regra. A nível curricular, a OIS dá realce ao ensino científico. À mar-
(IB), já reconhecidos pelo Ministério da Educação. Esta escola, onde se gem dos programas oficiais, aposta na transmissão de valores sociais, co-
estuda do 6.º ao 13.º ano, nasceu fruto da vontade de um grupo de pais e locando os seus alunos ao serviço da comunidade local e enfatizando todos
cidadãos preocupados com a educação e a formação dos seus filhos. Jun- os aspectos relacionados com uma sociedade sustentável. Ou seja, além
tos, formaram uma associação sem fins lucrativos e empreenderam este daquilo que as matérias curriculares possam e devem incutir, a escola pre-
projecto, pioneiro no concelho. tende formar cidadãos exemplares.
Concluído o 13.º e último ano da escola, os alunos que pretendam ser No final do ano lectivo a Oeiras Internacional School irá mudar-se para
admitidos na universidade poderão fazê-lo, como aliás podem transitar a sua morada definitiva, a histórica Quinta de Nossa Senhora da Concei-
sempre ao longo dos anos, bastando para isso que peçam as equivalências. ção, em Barcarena, mandada construir no início do Séc. XVII pelo Rei D.
Mas assim sendo, o que tem a OIS de diferente? Desde logo, o facto de as Filipe II para receber dignitários estrangeiros.
Angola
Apoiamos o seu negócio de Cabinda ao Cunene
Angola
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PEDRO REZENDE
NOVO “PILOTO”
PARA A A.T. KEARNEY
PORTUGAL
O novo presidente da consultora americana em Portugal
é engenheiro, mas deixou-se seduzir pela gestão, deixando para trás
o sonho de ser um dia piloto de competição.
escolhas
equipa na Comissão Executiva da EDP. Deixa a própria”.
consultoria para trás e regressa à indústria. “O Com um ritmo de vida bastante intenso, em
desafio de conseguir fazer uma grande mudança média, e com alguma frequência com períodos
na EDP era muito atractivo e o João tinha reuni- “mesmo muito intensos”, lamenta apenas não
do uma boa equipa”, contextualiza. Livro conseguir conciliar tão bem quanto gostaria o
Um desafio, contudo, que se esgotaria em três Novelas históricas (qualquer um de Ken seu dia-a-dia na consultora com o ritmo fami-
anos, após os quais toda a equipa sai. Decide arris- Follet por exemplo) liar. Sempre que pode, contudo, os tempos mais
car e, a meias com João Talone, criam a Hyperion livres são para as filhas. E, claro, para os carros…
para investir em renováveis chegando a desenvol- Música “São, para mim, uma forma de descarregar
ver vários projectos em Espanha e Portugal. “As Ligeira comercial com ritmo adrenalina e de me sentir bem”, conta.
perspectivas de grande crescimento tiveram que Quanto ao futuro, Pedro Rezende sublinha
ser substituídas por um período de desenvolvi- Filme desde logo os dois projectos interessantes que
mento bastante mais lento devido à crise finan- “O Caçador” e “As Good as It Gets” tem pela frente: “desenvolver a ATKearney em
ceira de 2008 e, sobretudo, à crise económica e Portugal para que ocupe o lugar que merece
de credibilidade dos estados de 2010”, conta hoje, Hobbies e que tem lá fora e atravessar esta crise com a
lembrando ainda que neste contexto apareceu Corridas de carros, ténis e praia Hyperion para que depois possa vir a recuperar
uma boa oportunidade na área da consultoria de um maior desenvolvimento”.
Saraiva, Carlos Santos Ferreira e Pedro dente da CIP - Confederação Empresarial de Portugal, no decorrer do
mês de Abril. António Mota, presidente do Conselho de Administração
Rebelo de Sousa. da Mota-Engil SGPS, encerrará esta segunda edição das Conferências
do Palácio, a 9 de Maio.
Por Susana Baptista Dias
A iniciativa foi inaugurada por Alberto da Ponte, CEO da Central
a selecção de gestores convidada para este segundo ciclo das “conferências do palácio”, intitulado “a situação actual das
empresas portuguesas”, vai expor as suas perspectivas sobre a conjuntura actual das empresas nacionais. alberto da ponte,
presidente da SCC, e pedro rebelo de sousa, presidente do IPCG , foram os dois primeiros representantes
de Cervejas e Bebidas, em Novembro, a que se seguiu Pedro Rebelo Uma iniciativa que vai ao encontro do estatuto da Associação Co-
de Sousa, advogado e presidente do Instituto Português de Corporate mercial do Porto, “que como Fórum de reflexão e Senado da cidade, tem
Governance, já em Janeiro de 2011. procurado contribuir para o desenvolvimento sustentado da região do
Um painel constituído por gestores de peso do actual quadro econó- Norte”, adianta.
mico português, que Rui Moreira, presidente da Associação Comercial As “Conferências do Palácio” são produzidas pela Cunha Vaz & As-
do Porto, que é responsável pela organização das “Conferências do Pa- sociados e contam com o patrocínio do Millennium bcp e o apoio da
lácio”, acredita serem “aqueles que decidem o nosso futuro”. Por isso, Central de Cervejas e Bebidas, através da sua marca Sagres Bohemia.
cabe-lhe a eles o desafio de “explicar o ‘macro’ a partir do ‘micro’ com Aberta aos associados da Associação Comercial do Porto, contam-se por
visões – necessariamente, pessoais e subjectivas -, e experiências em várias centenas os participantes até agora nesta iniciativa.
diferentes sectores da economia”, acrescenta Rui Moreira.
No seguimento do sucesso da primeira iniciativa, realizada em 2009, Novas ideias em debate
e cujo enfoque esteve sobre o estado das relações bilaterais portuguesas, Os trabalhos iniciaram-se com Alberto da Ponte, que foi o primeiro a
com a participação de embaixadores estrangeiros em Portugal, a Associa- apresentar a sua perspectiva estratégica para a economia nacional, assente
ção Comercial do Porto decidiu avançar com este segundo ciclo de confe- numa análise do papel das empresas e nos constrangimentos que lhes cria
rências, “abrangendo novas temáticas e individualidades que estão a mar- a actual política orçamental. Para os ultrapassar, o CEO da Central da Cer-
car a diferença no universo empresarial português”, explica Rui Moreira. vejas e Bebidas insistiu na necessidade de Portugal reforçar a sua competi-
A SELECÇÃO NACIONAL
Sob o mote da situação actual das empresas, o segundo ciclo das Conferências do Palácio traz ao Porto uma parte importante
da elite da gestão em Portugal. Conheça os oradores convidados, que formam parte da Selecção Nacional da Economia e dos Negócios.
BARCLAYS
DESAFIA PORTUGUESES
A MOSTRAR TALENTO
Ao longo de vários meses, a instituição financeira mostrou aos empresários os
melhores exemplos no enquadramento da economia portuguesa. E, no fim,
elegeu um projecto de excelência internacional que inspirasse para o futuro.
U
ma ideia de negócio ou um projecto empresarial que merecem umas boas horas de debate nas melhores salas de aula de
se quer bem sucedido raramente comporta limita- economia e gestão do mundo. E por isso mesmo, quando um negócio
ções geográficas nos tempos presentes. Motivos para leva o carimbo do sucesso internacional, mais do que uma palmadi-
assim ser pode haver muitos: ou porque o mercado nha nas costas aos seus mentores, é necessário dar a conhecer os seus
local é sempre pequeno; ou porque há necessidades formatos de gestão para que possam servir, mais do que de exemplo,
em outros países com uma roupagem de oportunidade; ou, pura e de inspiração para os futuros empresários e para aqueles que têm na
simplesmente, porque em Portugal temos muito talento para exportar lista dos seus afazeres garantir às suas empresas e accionistas um bom
e para mostrar ao mundo. Razões não faltam para no ‘business plan’ caminho para os mercados internacionais.
de qualquer organização constar algures, em letras gordas, a palavra Da necessidade de promoção das melhores práticas de internacio-
“Internacionalização”. Diz-se mesmo que, no actual cenário das eco- nalização nasceu a ideia: juntar empresários, economistas e persona-
nomias globais, quem não puser os olhos na internacionalização po- lidades com um amplo conhecimento do enquadramento económico
derá ter a sua estratégia condenada. português para avaliar e escolher os melhores exemplos. E está, assim,
No caso particular dos portugueses, já se demonstrou por diversas criado o principal racional do Prémio Barclays Líderes da Internacio-
vezes que este raciocínio está muito perto da verdade. Há provas dadas. nalização, que foi apresentado ao país ao longo de várias conferências
Há casos de estudo protagonizados por empresários portugueses que durante mais de meio ano (ver caixa). O objectivo explica-se em traços
CISCO É A MELHOR
EMPRESA PARA TRABALHAR
Há três anos presente nos lugares cimeiros do ‘ranking’ nacional, elaborado pelo
“Great Place to Work Institute”, a Cisco foi agora considerada a “Melhor Empresa
para Trabalhar em Portugal”.
A
Cisco Systems Portugal foi considerada pelo estudo do “Gre- entreajuda, muitos benefícios e a formação e oportunidades de carrei-
at Place to Work Institute” a melhor empresa para trabalhar ra além fronteiras.
em Portugal. A subsidiária portuguesa da Cisco tem ganho Esta preocupação permanente com os colaboradores garantiu
um lugar de destaque no universo da gigante tecnológica também à Cisco o estatuto de melhor empresa para trabalhar para as
norte-americana, nestes últimos anos, com a inauguração de vários cen- mulheres, aliando ainda a menção honrosa no capítulo da Responsa-
tros de suporte e apoio para a Europa. Conta actualmente com cerca de bilidade Social. “Sendo eu mulher e mãe, com uma experiência profis-
200 colaboradores em Portugal, onde está presente desde 1997. sional que me permitiu conhecer outras realidades, reconheço a Cisco
O trabalho de equipa e o excelente ambiente que se respira na como a melhor empresa para trabalhar. Saliento as tecnologias que
empresa são alguns dos aspectos elogiados pelos colaboradores da contribuem para uma maior integração das pessoas com limitações
empresa. “Nos momentos de ‘stress’, encontramos sempre colegas visuais e motoras e a total flexibilidade de horários e regime de traba-
dispostos a ajudar para conseguirmos, em equipa, atingir os nossos lho, ideal para quem tem crianças para acompanhar nas mais diversas
objectivos”, refere um dos quadros inquiridos. Apesar da dimensão situações imprevistas”, refere uma colaboradora. A companhia permi-
da empresa, é muito comum ouvirmos a expressão “Cisco Family” te aos seus colaboradores trabalharem a partir de casa com todas as
por parte dos colaboradores. “Somos mesmo uma grande família, condições que teriam nos seus locais de trabalho, garantindo-lhes o
multicultural, multisocial, multiracial e diversa, mas procurando ser acesso remoto à rede interna e às ferramentas fundamentais.
sempre inclusiva. Como em todas as famílias, há dias melhores do O “Great Place to Work Institute” norte-americano é especializa-
que outros, mas afinal de contas é disto que são feitas as verdadeiras do na análise de ambientes de trabalho e todos os anos leva a cabo o
famílias”, confessa com emoção outro colaborador. estudo sobre as melhores empresas para trabalhar em 46 países, com
Entre as vantagens que oferece aos seus trabalhadores, conta-se a a participação de mais de 5500 companhias espalhadas pelo mundo.
total flexibilidade de trabalho, através de ferramentas que garantem a Em Portugal, no ‘ranking’ das 30 melhores empresas, os quatro
eficácia, a partir de onde e quando o colaborador quiser trabalhar. A primeiros lugares foram ocupados por empresas no sector da tecnolo-
esta funcionalidade, a Cisco Portugal adiciona ainda um espírito de gia: a Cisco, seguida pela Microsoft, Everis Portugal e ROFF.
Uma iniciativa
Conferências
do Palácio
2011
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EM QUATRO RODAS
Uma ideia simples transformada num bom
negócio: aproveitar o tempo que os passageiros
passam dentro de um táxi para a publicidade.
O sistema funciona em ecrãs instalados nos
encostos de cabeça de 300 táxis de
Lisboa e tem a assinatura da
Taxinteractivo.
S
e durante uma viagem de táxi temos o passageiro sentado e sendo-lhes possível receber, via SMS (para campanhas do grandes Anun-
sem nada para fazer, porque não ocupar o tempo a este con- ciantes) ou Bluetooth (para os anunciantes do Directório), conteúdos
sumidor precioso? Esta foi a ideia que presidiu ao lançamen- seleccionados, como ‘vouchers’ de descontos, convites ou informações
to da Taxinteractivo, um serviço de informações e publicidade complementares sobre os produtos e serviços publicitados. O sistema
destinado aos passageiros de táxis. Através de um ecrã inte- está também disponível em inglês, bastando seleccionar o ícone com a
ractivo, instalado na parte de trás do encosto de cabeça do passageiro da bandeira do País.
frente, a Taxinteractivo oferece ao cliente do táxi um menu de informa- A ligação do sistema via telecomunicações móveis de banda larga
ções úteis, que vão desde a meteorologia a moradas de hotéis, restauran- permite, por um lado, a actualização constante dos conteúdos de modo
tes e mapas GPS com detalhes sobre o percurso. Pelo meio, vão surgindo a torná-los mais dinâmicos e atractivos para os passageiros e, por ou-
‘spots’ dos anunciantes, que são a base do negócio. tro lado, a monitorização remota dos equipamentos, produzindo assim
Um estudo apresentado pela Taxinteractivo prova a qualidade do pas- garantias para os anunciantes do funcionamento da rede. O passageiro
sageiro de táxi como ‘target’ da publicidade. Os utilizadores de táxi em pode desligar o som e o ecrã se assim o desejar.
Lisboa são sobretudo jovens dos estratos sociais mais altos e com um
nível de instrução elevada. Um terço deles usa o táxi pelo menos uma Um negócio em expansão
vez por semana, em lazer (42% das vezes) ou trabalho (31%). Os trajec- A Taxinteractivo é controlada a 100% por capitais portugue-
tos duram uma média de 19 minutos. Uma eternidade de tempo que os ses e baseia-se num modelo de negócio já comprovado em
passageiros utilizavam, até agora, para falar ao telemóvel ou não fazer várias partes do mundo. Serviços semelhantes já são usados
nada, refere o estudo. em Espanha, no Canadá e na Austrália. Existem outras ofer-
Para captar a atenção do cliente, a Taxinteactivo preparou uma es- tas menos sofisticadas nos EUA, Reino Unido, Itália e China.
pécie de rede fechada de televisão interactiva, com sete canais temáticos Para já, o serviço está activo em cerca de 300 táxis de Lisboa,
com textos e elementos multimédia animados. A navegação entre pági- ao abrigo de uma parceria estabelecida com a Associação
nas é feita através de toques no ecrã (tecnologia touchscreen). Nacional de Transportadores em Automóveis Ligeiros.
Os passageiros têm também acesso a serviços de valor acrescentado,
EXPOSIÇÃO
RETROSPECTIVA DE PAULA
REGO EM SÃO PAULO
A Fundação Paula Rego e a Casa das Histórias emprestaram
cerca de 50 obras da artista portuguesa para uma exposição
retrospectiva na Pinacoteca do Estado de São Paulo, no Brasil.
A mostra vai decorrer até ao próximo dia 5 de Junho.
D
epois da apresentação em Monterrey (México) é a vez A exposição tem como comissário Marco Livingstone, prestigiado
da Pinacoteca do Estado de São Paulo, um dos mais historiador artístico inglês, e está patente ao público entre 19 de Março
importantes museus da maior cidade brasileira, pro- e 5 de Junho de 2011.
mover uma exposição retrospectiva de Paula Rego. Tal como na exposição no Museu de Arte Contemporânea de
É a primeira vez que o Brasil recebe uma exposição Monterrey (MARCO), a Fundação Paula Rego e a Casa das Histórias
individual de Paula Rego. A mostra reúne cerca de 110 obras da artista, contribuíram para esta homenagem, emprestando um núcleo de 50
entre pinturas, gravuras, desenhos e colagens, que percorrem mais de trabalhos da artista, dos quais se destacam o tríptico “The Pillowman”,
50 anos da sua trajectória artística. Apresentada por ordem cronológi- “The Company of Women”, “Anjo” e “Love”.
ca, as obras exibem todas as fases de produção de Paula Rego. Começa Esta é uma parceria que vai ao encontro de um dos principais pro-
com as primeiras pinturas realizadas nos anos 1950, quando era uma pósitos da Fundação, que passa por promover a divulgação e o estudo
jovem estudante de arte, e passa pelos desenhos, gravuras, até os pas- das obras de Paula Rego e o intercâmbio com instituições congéneres
téis em grandes formatos. nacionais e internacionais.
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a expansão do seu negócio
Está a pensar na internacionalização do seu negócio em Angola,
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para que tenha uma entrada com sucesso num mercado competitivo e em forte crescimento.
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PÓVOA DÃO
UM DESTINO NATUREZA
POR EXCELÊNCIA
A Póvoa Dão é pioneira no turismo de aldeia. Depois de alguns anos ao
abandono, esta aldeia beirã converteu-se ao turismo pelas
mãos do Grupo Catarino.
A
aldeia de Póvoa Dão é um dos mais antigos povoa- estava à venda, visitou-a e foi como um amor à 1ª vista, adquiriu-a com
dos da freguesia de Silgueiros, no concelho de Vi- a certeza de que tinha que lhe dar vida”.
seu. Atravessada por uma via romana, que integra as Hoje, após um processo de recuperação rigoroso, terminado em
Rotas Romanas do Dão, pertenceu à família fidalga 2004, as ruínas deram lugar a um verdadeiro refúgio, que proporciona
Santos Lima durante mais de 700 anos e estava pra- um modo de vida diferente, longe do bulício das cidades e perto da
ticamente abandonada desde os anos 30. Em 1995, autenticidade portuguesa. O restauro respeitou a traça e os materiais
a Póvoa Dão, S.A., empresa do Grupo Catarino, adquiriu esta aldeia originais (granito, madeira e cana de telhudo). As casas individuais
beirã com o intuito de lhe devolver os seus usos e costumes. Como possuem lareira, estão decoradas com requinte e equipadas para uma
conta José Alberto Rodrigues, actual director hoteleiro de Póvoa Dão, total autonomia.
“a administração do Grupo Catarino tomou conhecimento que a aldeia Recuperada a aldeia com mais de sete séculos de existência e re-
descobertos os costumes de outros tempos – no forno comunitário, no mantém viva esta povoação, gradualmente abandonada por quem ou-
lavadouro público ou no granito que marca todo o casario -, a Póvoa trora nela viveu. Actualmente estão afectas ao Turismo de Aldeia oito
Dão aposta também em mostrar a riqueza de fauna e flora da Região, casas com tipologias que variam entre o T1 e o T3. De acordo com o
afirmando-se como um destino Natureza por excelência. O cenário director hoteleiro, a grande percentagem de clientes de Póvoa Dão são
natural e quase intocado, dos cerca de 120 hectares de propriedade ru- portugueses (95%).
ral onde a aldeia se insere, tornou-se o habitat de uma diversidade de O investimento inicial desta recuperação foi de 5 milhões de euros
espécies de animais e vegetais, que convivem harmoniosamente com e contemplou a criação de todas as infra-estruturas básicas inexisten-
o turismo cuidado e de respeito pela Natureza, de que a aldeia Póvoa tes até então, desde electricidade a águas pluviais. No futuro, perspec-
Dão quer ser ícone. tiva-se a afectação de outras casas ainda disponíveis na aldeia também
Embora Póvoa Dão tenha também a vertente de imobiliário, é a para o Turismo, o que representará mais um grande investimento por
vertente turística, fortemente valorizada com a afectação de casas ao parte do Grupo proprietário.
Turismo de Aldeia, a criação de infra-estruturas de lazer e a abertu- Situada numa região de grande riqueza histórica, cultural e paisa-
ra de um restaurante que é já uma referência na Região Centro, que gística, a Póvoa Dão oferece vários tipos de atractivos. Além das inú-
Póvoa Dão
3500-546 Silgueiros
o restauro das
Viseu-Portugal
casas de póvoa dão
biodiversidade de fauna e flora locais com a Tel. :
respeitou a traça
elaboração de um estudo por parte de uma (351) 232958 557
e os materiais
equipa de biólogos das Universidades de Fax: (351) 232 957 322
originais: granito,
Coimbra e Aveiro das espécies existentes. madeira e cana de
E-mail:
O grupo, apesar da internacionalização [email protected]
telhudo
com abertura de escritórios e estruturas em
Lisboa, Funchal, Madrid e Salvador da Baía, Coordenadas GPS:
faz questão de manter a sede em Febres, vila Long. 7º 56’39’’ W
de onde é originário. Lat. 40º 32’51’’ N
meras estruturas de lazer e desporto que o concelho de Viseu oferece, marcadamente regionais”. De entre as especialidades, este responsável
a própria aldeia dispõe de piscina, ‘court’ de ténis, campo polivalente, privilegia a gastronomia típica local: bacalhau com broa, galo velho
trilhos aprovados pela Federação Portuguesa de Campismo e Carava- da quinta, cabrito à serrana, favas da beira, espetada de porco preto,
nismo, restaurante, bar e loja com produtos criados pelos artesãos da rojões da beira, naco na telha, linguado na grelha ou petinguinha de
região. escabeche. Depois do almoço ou jantar, impõe-se uma visita ao bar,
José Alberto Rodrigues explica que, “o restaurante Póvoa Dão é no piso superior, num ambiente recatado onde no Inverno o calor da
uma mais-valia para a aldeia e para a região. Já distinguido com o pré- lareira aquece o espírito e fortalece as relações e onde, nos dias mais
mio de “Melhor Restaurante do concelho de Viseu” na primeira edi- quentes, o terraço permite desfrutar de todo o ambiente da aldeia.
ção do concurso de gastronomia e vinhos “Dão com Sabor 2007”, foi Segundo José Alberto Rodrigues, “neste momento não está previs-
ainda agraciado com o segundo melhor prémio da região Dão Lafões. to o investimento em nenhum outro projecto do género. A prioridade
O restaurante dispõe de sete salas distintas, onde a decoração cruza o será avançar para uma segunda fase na Póvoa Dão, que inclui a recu-
rústico do forno a lenha com uma zona mais requintada, um conceito peração de mais de uma dúzia de outras casas que também faziam
que se estende também à gastronomia que aposta em especialidades parte da aldeia, embora localizadas de forma menos central à aldeia”.
“TOP 10 VINHOS
PORTUGUESES”
O Palácio da Bolsa acolheu entre 3 e
6 de Março a “principal experiência de
vinho em Portugal”, numa organização
da empresa Essência do Vinho e da
Associação Comercial do Porto.
O
Quinta da Romaneira Reserva tinto 2008 (Douro), o
Vinha do Contador branco 2009 (Dão) e o Quinta
do Noval Vintage 2008 (Vinho do Porto) foram os
grandes vencedores do “TOP 10 Vinhos Portugue-
ses”. O Palácio da Bolsa foi palco de um dos eventos
de referência dos Vinhos Portugueses - O Essência do Vinho -, que
decorreu entre 3 e 6 de Março, onde entusiastas, apreciadores e enó-
filos tiveram a oportunidade de provar cerca de 3000 vinhos de 350
produtores nacionais e estrangeiros e escolher os melhores.
A prova internacional, realizada anualmente no nosso país, reu-
niu no Porto um conceituado leque de especialistas oriundos de paí-
ses como Espanha, Alemanha, Reino Unido, Países Nórdicos, Brasil,
Canadá, Estados Unidos e Portugal.
Foram pré-seleccionados um total de 47 vinhos (sete brancos de
2009; 31 tintos de 2008; e nove Porto Vintage de 2008), pelo Pai-
O
s momentos de crise são também momentos de ao mestre George Beau Brummel para desenhar o primeiro fato civil
oportunidade. E foi no meio de uma severa crise, masculino; e, por fim, a confecção industrial em série das fardas ne-
acelerada por epidemias, que o Rei Carlos II de In- cessárias para a Guerra da Secessão, na América, que impulsionaram
glaterra, em meados do século XVII, decretou dis- a produção de roupa a preços razoáveis.
crição e austeridade na indumentária dos nobres Foram contudo os novos conceitos de fabrico dos tecidos, o corte
da sua corte e nas vestes da média e alta burguesia. das peças de fazenda, o despojamento do agora copiado ADN da farda
Impôs a simplificação e uniformização da roupa masculina e abriu a militar e a importância atribuída à silhueta masculina que catapulta-
porta ao aparecimento do fato, obviamente ainda longe dos modelos ram George Brummel e o fizeram conquistar na História o título de
actuais. Esta foi a mudança de paradigma que faltava para se universa- “Pai do Fato Moderno”. Foi ele quem inverteu todo o conceito de moda
lizar o modo de vestir do homem ocidental: poder e ‘status’ social eram masculina e a uniformizou, defendendo sempre que “se as pessoas se
agora incompatíveis com laços, rendas e plumas. viram na rua para olhar para si é porque está mal vestido”.
Outros factores se somariam, século e meio depois, para justifi- Brummel redesenhou calças e casacos por encomenda régia. Usou
car o aparecimento do fato masculino moderno. Quatro deles foram uma paleta de cores para focar a atenção nas formas e nas linhas. Em-
fundamentais: a Revolução Francesa e as suas ideias de igualitarismo bora as tenha introduzido como conjunto, duvida-se que tenha sido
(em eterno confronto com as de liberdade) que visavam apagar os re- ele a inventar as calças compridas até aos pés – a sua moda de calças
quisitos da elegância cortesã; o estabelecimento de mestres alfaiates vagueia entre a teoria de que as copiou dos militares de cavalaria; a
refugiados de toda a Europa invadida por Napoleão Bonaparte em Sa- defendida pelo alfaiate Patrick Grant de que foram desenvolvidas pelos
vile Row, Londres; a encomenda que o Rei George IV de Inglaterra fez cavaleiros cossacos que as prendiam nas botas de montar; e os regis-
e por isso lhe deverá corresponder. Com uma enorme vantagem: exis- os mestres alfaiates defendiam serem estes os fatos mais elegantes (e
tem modelos que permitem criar uma imagem mais tradicional e cons- por norma mais raros e vistosos) e porque impediam os seus donos de
truída e outros que transmitem um ‘look’ mais ‘casual’, descontraído. meter as mãos nos bolsos, um gesto considerado como de mau hábito
e falta de educação pelos povos germânicos. Casacos com apenas um
Casacos para todos os Gostos botão são mais raros e mais adequados a traje de ‘smoking’ ou fato
Com os tradicionais fatos de três peças em desuso, por razões de custo de gala.
de fabrico a deixar cair o colete do conjunto, o fato divide-se agora em
duas peças, sendo desde os anos 60 do século XX o casaco de dois Nos Detalhes é que Está o Ganho
botões e duas rachas atrás o modelo mais vendido. Esta nova arquitec- O número de botões e de rachas nas costas não são os únicos requisitos
tura do fato masculino, com a banda em V a abrir o peito e a destacar de elegância para determinar a qualidade ou a modernidade de um fato.
a gravata, ganhou força e tornou-se moda durante a acirrada campa- A presilha na lapela era um detalhe nos casacos
nha presidencial que opôs John F. Kennedy a Richard Nixon e que o feitos por medida que entretanto se generalizou
primeiro venceu. aos fatos de confecção de pronto-a-vestir. Se o
internacional, a verdade é que, hoje em dia, permitiam uma maior liberdade de movimentos.
Com a restauração da monarquia inglesa, Carlos II regressou a
Inglaterra para reivindicar o seu trono e consigo levou a “cravata”,
a qual uma década depois já era usada em toda a Inglaterra. Estas
primeiras “cravatas” eram uma faixa de renda cara, de musselina ou
cambraia, cujas extremidades tinham uma orla de renda.
Em finais do século XVII, a “cravata” estava firmemente estabelecida
como acessório indispensável da indumentária masculina por toda
a Europa e colónias na América do Norte.
Ao longo dos tempos, esta peça de vestuário sofreu alterações
profundas a nível de corte e de tecido, transformando-se numa peça
usual do vestuário masculino.
Actualmente, existem mais de 80 formas diferentes de fazer nós
de gravata, dos quais os mais usuais são o simples (o grande
clássico dos nós de gravata), o duplo (o nó ideal para a maioria das
camisas), o windsor (volumoso e usado em colarinhos afastados),
o semi-windsor (adequa-se à maior parte dos colarinhos) e o de
é utilizado tanto por homens como por mulheres e tenta satisfazer as necessida- borboleta (para ocasiões mais formais).
des estéticas básicas da própria sociedade a cada mudança de estação.
A alfaiataria masculina, agora também usada pela mulher, é um dos simples duplo windsor semi-windsor
marcos gigantes da história do vestuário no séc. XX. A pioneira da in-
trodução do modelo e termo ‘tailleur’ na moda feminina foi a estilista
Gabriele “Coco” Chanel, a primeira criadora a “invadir” o universo mas-
culino para construir as suas criações. Foi ela quem inventou a versão
feminina do fato, tanto quanto foi a actriz e cantora alemã Marlene Die-
trich que desde 1932 o imortalizou como sua imagem de marca.
Impulsionado por estilos que se produziam com detalhe na indu-
mentária dos protagonistas masculinos dos filmes norte-americanos, o
chamado “à moda de…” seguido do nome do actor, o fato passou, em
pouco mais de 150 anos, de traje de maior distinção da burguesia a peça
fundamental do guarda-roupa do homem urbano. Transformou-se na far-
da do capitalismo, uniforme de executivos, conquistou os armários dos
políticos e dos empresários de todo o mundo. E quando acompanhado
de camisa e gravata é a armadura perpétua do homem contemporâneo.
FÁTIMA LOPES
A LOJA DE LUANDA
É UMA APOSTA GANHA
Ao fim de apenas três meses, a estilista já festeja o seu sucesso em Angola, um
país com “o culto do muito bom e em que o preço está sempre em segundo
plano”. Os fatos de homem com pano inglês tecido com fios de ouro, de
platina e de pó de diamantes são um dos produtos exclusivos deste mercado.
Por João Bénard Garcia
T
rês meses apenas depois de ter aberto as portas da sua mantes”, um produto exclusivo para Angola, que a estilista não vende
loja, no Hotel de Congressos de Talatona, a primeira de em Portugal ou em Paris.
uma estilista internacional em Luanda, Fátima Lopes não Com roupa de alta-costura, adereços e joalharia apreciadas por
tem a menor dúvida do sucesso do seu investimento no clientes angolanos há pelo menos dez anos, Fátima Lopes compreen-
mercado de moda angolano: “Esta loja já é uma aposta deu o desejo de qualidade dos seus já fiéis clientes e dos potenciais no-
ganha. Os resultados obtidos em três meses são a garantia de que foi vos compradores nesta parte do continente africano. Encontrou o que
uma boa opção. Acredito muito neste mercado”, sustenta. classifica como “parceiros certos” e decidiu avançar com uma presença
O hotel onde a loja está inserida localiza-se no bairro onde se estão física em Angola. “Há alguns anos que muitos clientes angolanos, na
a sedear algumas das principais empresas internacionais e é o único sua maioria mulheres, vinham a Portugal ter comigo para fazer peças
hotel de cinco estrelas de Luanda. especiais de alta-costura, vestidos de gala exclusivos, vestidos de noiva
Sabendo de antemão estar perante uma clientela que tem “o culto únicos. Clientes para quem o preço está sempre em segundo plano”,
do muito bom”, Fátima Lopes não se fez rogada e levou para Luanda o salienta.
que de melhor produz. Como é o caso dos “fatos de homem em tecidos Com a abertura do espaço Fátima Lopes no Hotel de Talatona –
ingleses fabricados com fio de ouro, de platina e de resíduos de dia- um local que classifica como “fantástico e muito aberto” –, a estilista
CORTICEIRA AMORIM
UM CHÃO
“MADE IN PORTUGAL”
A escolha do revestimento do chão
da Sagrada Família, em Barcelona,
recaiu sobre a portuguesa
Corticeira Amorim.
M
ais de dois tas quiseram cumprir a vontade
milhões de do génio Antoni Gaudí, o pai
turistas, qua- da obra monumental: “a opção
tro milhões pela cortiça justifica-se pelo total
de pés, pisar alinhamento com a filosofia de
de muletas, rolar de carrinhos Gaudí – que defendia e utilizava,
de bebé e circulação de cadeiras fundamentalmente, materiais
de rodas aos milhares – por ano naturais”, explicam os actuais
– são alguns dos maiores desa- responsáveis pela conclusão do
fios à resistência a que os pavi- templo.
mentos da Corticeira Amorim já Contudo, esta não é a primeira
estiveram sujeitos. Os milhões vez que Jordi Bonet i Armengol
de visitantes são os da centenária opta pela cortiça como material
Basílica da Sagrada Família, em de excelência para revestimento
Barcelona, classificada como Pa- nas suas criações arquitectóni-
trimónio Cultural da Humanida- cas. “Sempre considerei a cortiça
de pela UNESCO – e consagrada um excelente material, tanto que
pelo Papa Bento XVI a 7 de No- o utilizei em diversas obras mi-
vembro de 2010. Quem desafia nhas”, considera Bonet, que ex-
é a equipa do mestre-arquitecto plica, rematando, a sua escolha:
catalão Jordi Bonet i Armengol. “não apodrece, é asséptica, con-
À “prova de esforço” estarão dois fortável ao caminhar, apresenta
mil metros quadrados do chão da níveis de conforto térmico supe-
cripta do templo cobertos com re- riores aos do mármore, o que evi-
vestimentos Wicanders, da linha ta instalar aquecimento artificial.
CorkComfort, a marca ‘premium’ Além disso, num projecto desta
da corticeira portuguesa. dimensão, a acústica é importan-
Boa absorção acústica, elevados tíssima”.
padrões de conforto térmico, re- A escolha recaiu sobre a Cor-
sistência, estética, higiene e con- ticeira Amorim, do Grupo Amo-
forto ao pisar foram argumentos rim, a maior empresa mundial
que renderam aos benefícios da de produtos de cortiça e uma das
cortiça os arquitectos catalães na mais internacionais de todas as
hora de escolher o revestimento empresas portuguesas, com ope-
da cripta da Basílica. Além das rações em curso em dezenas de
vantagens técnicas, os especialis- países, em todos os continentes.
BENTLEY CONTINENTAL GT
Dê-se a este luxo
É, como todos os Bentley, uma obra de arte que combina ‘design’ com
tecnologia, sempre respeitando a tradição de uma marca emblemática.
Por Álvaro de Mendonça
O
Continental GT foi o primeiro modelo que a Bentley R-Type, que abrilhantou as estradas europeias em meados da década de
lançou, depois de ter passado para a órbita do grupo cinquenta.
Volkswagen, em 2003. Hoje, é a estrela e o símbolo O novo Continental GT mantém o DNA do seu antecessor, apresentan-
da recuperação da marca britânica, respondendo por do-se como um luxuoso coupé de 2+2 lugares. A grelha frontal é agora
40% das suas vendas. Após um percurso de sucesso, mais vertical, para respeitar as normas de protecção de peões, e os faróis
a Bentley decidiu actualizar o modelo, melhorando- dianteiros foram redesenhados e passaram a incorporar luzes de circula-
-o em termos de desempenho e actualizando-lhe o ‘design’, agora mais ção diurna. Na traseira há uma aproximação estética ao Bentley Mulsane.
anguloso, mas mantendo o ar de família com o histórico Continental As luzes LED abraçam as partes laterais, fazendo sobressair uns ombros
musculados. Os enormes tubos de escape confirmam o carácter desporti- 1700 rotações por minuto, justificando as extraordinárias performan-
vo deste novo Continental GT. ces do modelo: aceleração dos zero aos 100 km/h em 4,6 segundos, ao
Face ao modelo anterior, o novo Continental GT está 65 Kg mais leve nível de um Porsche Carrera 4S, e 318 km/h de velocidade de ponta.
devido à maior utilização do alumínio no chassis, na carroçaria e na tampa Uma curiosidade é o facto do depósito tanto poder ser enchido com
do porta-bagagens. gasolina, com Bioetanol E85, ou com uma combinação de ambos. A
O motor 12 cilindros em W (dois motores V6 de origem VW acopla- caixa automática de seis velocidades está dotada do sistema Quickshift,
dos) viu a sua potência reforçada em 15 Cv, para uns impressionantes que permite a redução dupla de velocidades.
575 Cv. O binário subiu para 700 Nm, disponíveis logo a partir das O interior também foi renovado, embora mantendo o luxo, o conforto e
CM
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ESCOLAS PRIVADAS E
SERVIÇO PÚBLICO DE ENSINO
A
actualidade nacional tem sido marcada por um debate das propinas: mil euros por ano no escalão mais favorável) e meca-
público intenso em torno do financiamento do Esta- nismos de financiamento para tornar o ensino gratuito em estabeleci-
do às escolas particulares com contrato de associação. mentos de ensino privado situados em zonas onde não havia escolas
Trata-se de um instrumento jurídico criado há cerca públicas (contratos de associação). Passámos então a ter em Portugal
de trinta anos – e que tem sido usado ao longo desse um mecanismo de “cheque escolar” de valor muito baixo e um me-
tempo – que prevê que o Estado possa financiar
a escolaridade obrigatória em estabelecimentos
de ensino privado, garantindo assim um serviço
público de educação em zonas onde não havia
Não é racional o Ministério querer
escolas públicas: as crianças e jovens que fre-
quentam estas escolas fazem-no em total gra-
tirar alunos de escolas privadas para os
tuitidade e nas mesmas condições de acesso à
escola estatal.
colocar em escolas estatais.
O Governo, a pretexto da crise, promoveu
cortes abusivos no apoio financeiro a estes es-
tabelecimentos de ensino, o que pode comprometer a sua viabilidade canismo de financiamento integral onde não houvesse escola estatal.
num futuro próximo. Alunos, pais e professores e inúmeras comuni- Desde então o país mudou. Muito. Por um lado, o Estado construiu
dades educativas por todo o país saíram à rua em defesa das suas es- escolas em todo o país. Por outro, os portugueses têm hoje mais poder
colas e da estabilidade dos percursos educativos das crianças e jovens. de compra que na altura. Consequentemente, os defensores de que é
Esta é uma situação que importa analisar no âmbito das relações entre ao Estado que compete ter escolas e que todos devem frequentar uma
o Estado e a sociedade civil no sistema educativo português. escola do Estado defendem que estes contratos já não são necessários.
Em primeiro lugar, a questão do papel do Estado na educação. Na Mas esquecem que também a ideologia e a sociedade mudaram.
nossa tradição centralista e estatizante, o Estado Central é o “Grande Do PREC aos dias de hoje passaram já 36 anos. Por isso, a discussão
Educador”, competindo-lhe gerir os docentes, os não docentes, os ho- que hoje importa ter não é sobre quem é o dono da escola, mas sim
rários, os ‘curricula’, chegando-se ao absurdo de determinar a forma como é possível termos escolas cada vez melhores, com um custo cada
como devem decorrer as reuniões que ocorrem nas escolas! Neste con- vez menor. Haverá quem discorde deste paradigma?
texto, o ensino particular foi sempre considerado uma opção reservada Não é racional o Ministério querer retirar alunos de escolas priva-
a quem pudesse pagar o seu custo. Em 1980, com o Estatuto do Ensi- das para os colocar em escolas estatais. O Estado deve pagar o custo do
no Particular e Cooperativo, foram criados mecanismos de apoio aos aluno à escola que tiver melhor relação custo/benefício! A melhoria
filhos de famílias carenciadas para frequência de estabelecimentos de substancial e sustentada dos resultados escolares dos alunos portugue-
ensino privado (os contratos simples, que cobrem uma pequena parte ses exige boas escolas. Que fechem as más, sejam estatais ou privadas.
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