A. A. Hodge - Esboços de Teologia
A. A. Hodge - Esboços de Teologia
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Titulo original:
Outlines of Theology
Linguagem atualizada:
Odayr Olivetti e Azena Valim Olivetti
Revisao:
Antonio Poccinelli
Cooperador:
Jose Serpa
Capa:
Sergio Menga
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Indice
Capitulos ~ ; . ' !
Paginas ·
Prefacio ........................................................................... 7
1. A teologia crista: suas diversas divis6es; sua rela~ao
com outros ramos do conhecimento humano ............ 11
2. A origem da ideia de Deus; prova da Sua existencia 30
3. Os mananciais da teologia ........................................... 64
4. A inspira~ao da Biblia ................................................. 80
5. A regra de fee pratica; as Escrituras do Velho e do
Novo Testamentos; a unica regrade fee o unico juiz
nas con troversias ......................................................... 104
6. Compara~ao de sistemas ............................................ 122
7. Credos e confiss6es ..................................................... 146
8. Os atributos de Deus .................................................. 170
9. A Santissima Trindade ............................................... 220
10. Os decretos de Deus em geral.. .................................. 268
11. A predestina~ao .......................................................... 287
12. A cria~ao do mundo ................................................... 320
13. Os anjos ....................................................................... 337
14. A providencia ............................................................. 349
15. A constitui~ao da alma, a vontade, a liberdade, etc. 380
16. A cria~ao eo estado original do homem ................... 402
17. A alian~a das obras ..................................................... 421
18. A natureza do pecado eo pecado de Adao ............... 430
19. 0 pecado original - (Peccatum Habituale) ............... 445
20. A incapacidade ........................................................... 465
21. A imputa~ao do pecado original de Adao a sua
posteridade .................................................................. 480
22. A alian<:;:a da gra<:;:a ....................................................... 507
•
23. A Pessoa de Cristo ...................................................... 523
24. 0 oficio medianeiro de Cristo ................................... 542
25. A propicia<:;:ao; sua natureza, necessidade, perfei<:;:ao
e extensao .................................................................... 556
26. A intercessao de Cristo ............................................... 593
27. 0 reinado medianeiro de Cristo ................................ 596
28. A voca<:;:ao eficaz .......................................................... 619
29. A regenera<:;:ao ............................................................. 635
30. A fe .............................................................................. 648
31. A uniao dos crentes com Cristo ................................. 672
32. 0 arrependimento e a doutrina romanista das
penitencias .................................................................. 678
33. A justifica<:;:ao .............................................................. 691
34. A ado<:;:ao e a ordem observada pela gra<:;:a na aplica-
<:;:ao da reden<:;:ao, nas diversas partes da justifica-
<:;:ao, a regenera<:;:ao e da santifica<:;:ao ........................... 718
35. A santifica<:;:ao ....................... ;...................................... 725
36. A perseveran<:;:a dos santos .......................................... 756
37. A morte e o estado da alma depois da morte ............ 765
38. A ressurrei<:;:ao ............................................................. 782
39. 0 segundo advento eo juizo geral ............................ 791
40. 0 ceu e 0 inferno ······························· ......................... 806
41. Os sacramentos ........................................................... 822
42. 0 Batismo: sua natureza e prop6sito, seus objetos,
modo, efic:kia e necessidade ..................................... 843
43. A Ceia do Senhor ....................................................... 885
Indice de Autores e de Assuntos* ............................. 914
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7
alguns em que talvez haja falta de ilustrac;6es, casos que o lei tor,
sem duvida, notar:i.
-A.A. Hodge
Princeton, New Jersey
06 de agosto de 1878
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11
Capitulo 1
relas;6es organicas determinadas por sua genese e sua natureza
intima.
Metodologia teol6gica e a ciencia do metodo teol6gico.
Assim como cada divisao das investigas;6es humanas exige
urn modo de tratamento peculiar, e cada subdivisao de cada
divisao geral exige certas modificas;6es especiais de tratamento,
e que lhe sao pr6prias, assim tambem a metodologia teol6gica
tern por fim determinar cientificamente qual o verdadeiro
metodo geral e especial, pelo qual con vern estudar as ciencias
teol6gicas. Isso inclui duas categorias distintas: (a) OS metodos
pr6prios para a investigas;ao original e construs;ao das diversas
ciencias, e (b) OS metodos pr6prios para a instrus;ao elementar
nessas ciencias.
Tudo isso deve ser acompanhado de informas;6es criticas
e hist6ricas, e de instrus;6es sobre o modo de tirar proveito do
imenso material literario com que essas ciencias estao
ilustradas. -~·:r·t!LY; :· .·•:uU ~r:O~J !;·:s·: nT:k':f.' ;•: .:.·:
12
Teologia Crista
14
Teologia Crista
15
Capitulo 1
de Deus, e (c) a revela~ao sobrenatural contida nas Escrituras
Sagradas. · _, · J!.!O':= t ~jl}~ n:-i:, ···, _
6°. A filosofia - a base e mestra de todas as ciencias
meramente humanas. Abrange a hist6ria da origem e do
desenvolvimento de todas as diversas escolas de filosofia- as
antigas, as da idade mediae as modernas- o estudo critico e a
compara~ao dos prindpios, metodos e doutrinas, e da extensao
e carater da sua influencia respectiva sobre todas as outras
ciencias e institui~6es, especialmente sobre as que sao politicas
e religiosas, e mais especialmente ainda sobre as que sao
definitivamente cristas.
7°. A psicologia- ou essa divisao da ciencia experimental
que descobre as leis da a~ao da mente humana, como ela se
manifesta sob condi~6es normais (a) nos fenomenos da
consciencia e a~ao individuais, e (b) nos fenomenos da vida
social e poli rica. ' _., ,:. ,,, ,
8°.A estetica, ou a ciencia das leis do bela em todas as suas
formas de musica, ret6rica, arquitetura, pintura, etc., os
prindpios e a hist6ria de todas as diversas divis6es da arte.
9°. As ciencias fisicas, seus metodos gerais e especiais; sua
genese, desenvolvimento e tendencias atuais; sua rela~ao com
a filosofia, especialmente como Deismo e com a religiao natu-
ral, com a civiliza~ao e com a hist6ria e doutrinas consignadas
nas Escrituras.
10°. A estatistica, cujo fim e dar-nos elementos completos
sobre o estado atual da ra~a humana no mundo, a respeito de
tudo o que se pode sujeitar a compara~6es - quanta ao seu
numero e estado fisico, intelectual, religioso, social e politico
de civiliza~ao, comercio, literatura, ciencias, artes, etc.;
elementos dos quais estao sendo desenvolvidos gradualmente
as formas imaturas da ciencia social e da economia politica.
16
Teologia Crista
1°.A prova da existencia de Deus, isto e, de uma Pessoa extra-
-terrena, transcendente e ao mesmo tempo imanente; crian-
do, conservando e governando todas as coisas segundo o seu
plano eterno. Isto envolve a discussao e refutac;;ao de todos os
sistemas antiteistas, como sejam o ateismo, o panteismo, o
deismo naturalista, o materialismo, etc.
2°. 0 desenvolvimento da teologia natural, compreende a
relac;;ao em que Deus esta como Governador moral para com
os agentes inteligentes e responsaveis, e as indicac;;6es da Sua
vontade e prop6sito e, por conseguinte, dos deveres e destinos
dos homens ate onde e possivel descobri-los aluz da natureza.
3°.As provas do cristianismo, compreendendo ...
(1) A discussao do uso proprio da razao nas quest6es
religiosas.
(2) A demonstrac;;ao da possibilidade a priori de uma
revelac;;ao sobrenatural.
(3) A necessidade e probabilidade de tal revelac;;ao,
tomando-se em considerac;;ao o carater de Deus e o estado do
genero humano segundo no-lo revela a luz da natureza.
(4) A prova positiva do Jato real de que tal revelac;;ao foi
dada: (a) mediante os profetas do Velho Testamento (b)
mediante os profetas do Novo Testamento, e sobretudo, (c) na
Pessoa e obra de Cristo. Isto envolve naturalmente a discussao
critica de todas as provas que dizem respeito a este ponto, tanto
externas como internas, hist6ricas, racionais, morais e espiri-
tuais, naturais e sobrenaturais, te6ricas e praticas; e a refutac;;ao
de toda a critica hist6rica e racionalista que tern impugnado o
fato da revelac;;ao, ou a integridade dos escritos que a contem.
Muito daquilo que se acha mencionado aqui estara neces-
sariamente compreendido tambem sob os titulos de teologia
sistematica e teologia exegetica.
17
Capitulo 1
responder a pergunta: o que nos tem dito Deus? Teologia exe-
getica e 0 titulo geral daquela divisao da ciencia teol6gica que
tern por fim a interpreta<;:ao das Escrituras como a Palavra de
Deus, deixada por escrito em linguagem humana, e que nos
foi transmitida por canais humanos; e para conseguir esse fim,
o assunto de Interpreta<;:ao procura recolher e organizar todo o
conhecimento que para isso e necessariamente introdut6rio.
Isso inclui as respostas a duas perguntas: (l) Quais os livros
que formam o canon, e quais as palavras exatas contidas nos
registros originais dos escritores desses diversos livros? (2)
Qual o sentido dessas palavras divinas, assim averiguadas ?
As respostas a todas as perguntas preliminares a inter-
preta<;:ao, propriamente ditas, pertencem ao titulo introdw;ao,
e esta se divide em: (1) introdufiio geral, que inclui toda
informa<;:ao preliminar ainterpreta<;:ao que tern rela<;:ao com a
Biblia, como urn todo, ou com cada urn dos Testamentos, como
urn todo; e (2) introdufiio especial, que inclui toda a prepara<;:ao
necessaria para a interpreta<;:ao de cada urn dos livros da Biblia,
em separado.
A. lntrodufiio Geral compreende:
1°. A critica superior /alta critical, ou o exame das provas
que existem e de toda especie, em apoio da autenticidade de
cada urn dos livros do canon sagrado.
2°. A critica do texto/critica textual, a qual, por uma
compara<;;ao dos melhores manuscritos e das vers6es antigas,
pelas provas internas, e pela hist6ria critica do texto desde o
seu primeiro surgimento ate ao tempo presente, procura
determinar as ipsissima verba dos aut6grafos originais dos
escritores sagrados.
3°. A Filologia biblica, que da respostas as perguntas: por
que foram usadas diversas linguas nos escritos sagrados? Por
que as linguas hebraica e grega? Quais sao as caracteris-
ticas especiais dos dialetos dessas linguas realmente usados,
e qual a sua rela<;:ao para com as familias de linguas a que
elas pertencem? Quais eram as caracteristicas especiais dos
18
Teologia Crista
escritores sagrados individualmente, quanta ao dialeto, ao
estilo, etc.?
4°.Arqueologia biblica, compreendendo a geografia fisica e
politica dos paises biblicos, durante o transcurso da hist6ria
biblica e determinando a condic;;ao fisica, etnol6gica, social,
politica e religiosa do povo entre o qual se originaram as
Escrituras, junto com a descric;;ao de seus costumes e
instituic;;6es, e da relac;;ao em que estes estavam para com os de
seus antepassados e contemporaneos.
5°. Hermeneutica, ou a determinac;;ao cientifica dos
principios e regras de interpretac;;ao biblica, compreendendo
(1) os principios 16gicos, gramaticais e ret6ricos que deter-
minam a interpretac;;ao da linguagem humana, em geral; (2)
as modificac;;6es desses principios apropriadas ainterpretac;;ao
das formas especificas da linguagem humana, e.g., hist6ria,
poesia, profecia, parabola, simbolo, etc., e (3) as outras
modificac;;6es desses principios apropriados a interpretac;;ao
dos escritos inspirados sobrenaturalmente.
6°. Inspirafiio biblica. Depois de ter a apologetica esta-
belecido o fato de serem as Escrituras Sagradas o veiculo de
uma revelac;;ao sobrenatural, e necessaria que discutamos e
determinemos a natureza e a extensao da inspirafiiO biblica ate
onde esta e determinada pelo que as Escrituras mesmas dizem
sobre este ponto, e pelos fenomenos que elas representam.
7°. A Hist6ria da Interpretafiio, incluindo a hist6ria das
antigas e modernas vers6es e escolas de interpretac;;ao, ilustrada
por uma comparac;;ao critica dos mais importantes comentarios.
B. Introdufiio especial, trata de cada livro da Biblia por si e
fornece sobre o seu dialeto, autor, ocasiao, designio e recepc;;ao,
toda a informac;;ao necessaria para a sua interpretac;;ao acurada.
C. Exegese propria e a aplicac;;ao de todo o conhecimento
recolhido, e de todas as regras desenvolvidas nas precedentes
divis6es da introduc;;ao ainterpretac;;ao do texto sagrado, assim
como este se acha nas suas conex6es originais dos Testamentos,
livros, paragrafos, etc.
19
Capitulo 1
Seguin do as leis da gramatica, o usus loquendi das palavras,
a analogia das Escrituras e a dire<;ao do Espirito Santo, a exegese
procura discernir a mentalidade do Espirito como se acha
expressa nos periodos inspirados, arranjados na ordem em que
os achamos.
Ha diversas divis6es especiais classificadas sob o titulo
geral de teologia exegetica que envolvem, ate cerro ponto,
a classifica<;ao e a combina<;ao dos testemunhos biblicos
em t6picos e assuntos, que sao a caracteristica distintiva de
teologia sistematica. Essas divis6es sao:
1a. Tipologia, que compreende a determina<;ao cientifica
das leis dos simbolos e tipos biblicos e sua iriterpreta<;ao,
especialmente os do ritual mosaico relacionado com a Pessoa
e a obra de Cristo.
2a. Cristologia do Velho Testamento, a exposi<;ao critica da
ideia messianica, como vern desenvolvida no Velho Testa-
mento. ' ,.... :.;~c:•J'~'H~-· .·•, .: ·· ·
3a. Teologia biblica, que investiga a evolu<;ao gradual dos
diversos elementos das verdades reveladas, desde a sua primeira
sugestao, atraves de cada fase sucessiva, ate asua mais completa
manifesta<;ao no texto sagrado; e exibe as formas e conex6es
peculiares em que essas diversas verdades sao apresentadas
pelos diversos escritores inspirados.
4a. 0 desenvolvimento dos principios de interpretafiiO
projetica, e sua aplica<;ao a constru<;ao de urn esbo<;o das
profecias dos do is Testamentos. Notes on New Testament Litera-
ture, por Dr. J. A. Alexander.
20
Teologia Crista
21
Capitulo 1
22
Teologia Crista
23
Capitulo I
24
Teologia Crista
dos presbiteros regentes.
(ii) 0 oficio, qualifica<;ao, deveres, modo de elei<;ao
e ordena<;ao, e autoridade biblica do oficio de bispo
ou pastor, doN ovo Testamento.
(iii) A Junta de presbiteros /Conselho ou Consist6rio:
sua constitui<;ao e fun<;6es. A teoria, regras e metodos
praticos de disciplina na Igreja.
(iv) 0 presbiterio e sua constitui<;ao e fun<;6es. A
teoria, regras e precedentes praticos que regulam a
a<;ao dos tribunais eclesiasticos, no exercicio do
direito constitucional de revista e inquiri<;ao em tudo
o que diz respeito a processos, queixas e apela<;6es
eclesiasticos.
(v) 0 Sinodo e a Assembleia Geral- sua consti tui<;ao
e fun<;6es. Os principios e modos de proceder de
Comiss6es, Comissionarios, Mesas Administrativas,
etc.
Isso leva as fun<;6es da Igreja como urn todo, e a autori-
dade para distin<;6es denominacionais, aos usos e abusos dessas
distin<;6es, e as rela<;6es em que estao as diversas denomina<;6es,
umas para com outras.
1°. Estatistica eclesiastica, incluindo nossa propria Igreja,
as outras Igrejas eo mundo.
2°. Economia crista, social e eclesiastica, incluindo os
deveres de administra<;ao crista, consagra<;ao pessoal, e
beneficencia sistematica. A rela<;ao da Igreja com sociedades
voluntarias: associa<;6es de mo<;os cristaos, etc.
3°. A educa<;ao do ministerio, a dire<;ao, constitui<;ao e
administra<;ao de Seminarios teol6gicos.
4°. Miss6es internas, incluindo a evangeliza<;ao agressiva,
a sustenta<;ao de ministros entre os pobres, a extensao da
Igreja e a constru<;ao de edificios para Igrejas.
5°. A rela<;ao da lgreja como Estado, e a verdadeira rela<;ao
do Estado com a Igreja, e a condi<;ao real da lei comum e
estatuidade em rela<;ao a propriedade eclesiastica e a a<;ao
25
Capitulo 1
dos tribunais eclesiasticos no exerdcio da disciplina, etc. As
obriga<;6es dos cidadaos cristaos. A rela<;ao da Igreja com a
civiliza<;ao, as reformas morais, as artes, ciencias, cultura social,
etc.
6°. Miss6es no estrangeiro, em todos os seus ramos.
VejaLectures on Theological Encyclopedia and Methodology)
pelo Rev. John Me Clintock, D. D., L. L. D., editado por J. T
Short, R. D. Biblioteca Sacra, vol. 1, 1844; Theological Encyclo-
pedia and Methodology) pelo Prof. Tholuck, editado pelo Prof.
E. A. Park.
26
Teologia Crista
e eclesiastica. A primeira tern por fonte, principalmente, os
livros inspirados e continua ate o encerramento do canon
do Novo Testamento. A Segunda principia onde a primeira
acaba, e continua ate o tempo presente.
A hist6ria biblica subdivide-seem: 1°. Hist6ria do Velho
Testamento, e inclui as eras: (1) Patriarca!, (2) Mosaica e (3)
Profetica, juntamente com a (4) Hist6ria do povo escolhido
durante o intervalo entre o Velho eo Novo Testamentos. 2°. 0
Novo Testamento, incluindo (1) a vida de Cristo, (2) a fundac;ao
da Igreja Crista pelos ap6stolos, ate ao fim do primeiro seculo.
Para o estudo da hist6ria eclesiastica, como ciencia, sao
necessarios diversos ramos preliminares de estudo.
1°. Algumas das ciencias auxiliares ja enumeradas e preciso
citarmos como exigidas especificamente nesta conexao. Sao:
(1) geografia antiga, medieval e moderna. (2) cronologia. (3)
antigi.iidades de todos os povos incluidos na area pela qual se
estendeu, em qualquer tempo, a Igreja. (4) estatistica -
mostrando qual a condic;ao do mundo, em qualquer periodo
dado. (5) o curso inteiro de hist6ria geral.
2°. As fontes de on de se deriva a hist6ria eclesiastica devem
ser investigadas criticamente. (1) Fontes monumentais, como
sejam: (a) edificios (b) inscric;oes (c) moedas, etc. (2) Fontes
documentais, que sao: (a) publicas, como as atas de concilios,
as breves decretais e hulas de papas; os arquivos de governo,
os credos, confissoes, catecismos e liturgias de Igrejas, etc.; (b)
Documentos particulares, como literatura contemporanea de
toda qualidade, brochuras, biografias, anais, e relat6rios e
compilac;oes mais modernas.
3°. A hist6ria da literatura sobre a hist6ria eclesiastica,
desde Eusebio ate Neander, Schaff e Kurtz. Os metodos que
tern sido e devem ser seguidos na colocac;ao em ordem do
material da hist6ria eclesiastica.
0 metodo que sempre foi e provavelmente sempre sera
seguido e uma combinac;ao dos dois metodos naturais: (a) o
cronol6gico e (b) o t6pico.
27
Capitulo I
0 Dr. Me Clintock diz que o principia fundamental,
segundo o qual se devem arranjar os materiais de historia
eclesiastica, e a distinc;:ao entre a vida da lgreja e sua fe. As
duas divis6es sao, pois: (1) historia da vida da lgreja, ou historia
eclesiastica propriamente dita, e (2) historia do pensamento
da Igreja, ou historia das doutrinas.
1a. A historia da vida da lgreja trata de pessoas, comu-
nidades e eventos, e deve ser tratada segundo os metodos
ordinarios de composic;:ao his tori ca. ·,.
2a. A historia do pensamento da Igreja compreende:
( 1) patristica, ou a literatura dos chamados "Pais" da lgreja;
e patrologia, ou a exibic;:ao cientifica de sua doutrina.
Esses "Pais" da Igreja dividem-se em tres grupos: (a)
apostolicos, (b) antenicenos, e (c) pos-nicenos, terminando com
Gregorio, o grande, entre os latinos, 604 d.C., e com Joao
Damasceno, entre os gregos, 754 d. C. Este estudo envolve: (a)
a discussao do proprio uso dos escritos desses Pais da Igreja, e
sua autoridade legitima nas controversias modernas; (b) uma
historia completa de sua literatura e das edic;:6es principais de
suas obras, e (c) significado, valor e doutrina de cada urn desses
Pais, individualmente.
(2) Arqueologia crista, que trata dos costumes, culto e
disciplina da Igreja Primitiva, e da historia do culto, artes,
arquitetura, poesia, pintura, musica, etc., cristaos.
(3) Historia das doutrinas, ou a historia critica da genesee
do desenvolvimento de cada elemento do sistema doutrinario
da Igreja, ou de qualquer de seus ramos historicos, com a
historia tam bern de todas as formas hereticas de doutrina, das
quais a verdade tern sido separada, e a historia das controversias
por meio das quais foi efetuada a eliminac;:ao. A isto acompanha
naturalmente a historia critica de toda a literatura da historia
das doutrinas, dos principios aceitos, dos metodos seguidos e
do trabalho feito.
(4) Simbolica, que envolve: (a) a determinac;:ao cientifica
da necessidade e usos de Credos e Confiss6es publicos. (b) a
Teologia Crista
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30
Origem da I deia de Deus
empregado geralmente no sentido definido e permanente de
urn Espirito eterno, absolutamente perfeito, livre, pessoa1, que
existe por si mesmo, e e distinto do mundo que Ele criou e
sobre 0 qual e soberano.
0 homem que nega a existencia de tal Ser, nega a Deus.
I ..
31
Capitulo 2
32
Origem da I deia de Deus
Se tomarmos o termo "intui<;;:ao" no sentido estrito de visao
direta de uma verdade, vista a sua propria luz como verdade
necessaria, por urn ato intelectual que e impassive! resolver
em processos de pensar mais elementares, nesse caso, a
existencia de Deus nao e uma verdade apreendida intuitiva-
mente pelos homens. 0 processo pelo qual chegamos ao
conhecimento desta verdade, quer espontaneamente, quer
por meio de urn raciocinio elaborado, abrange como elementos
muitas intui<;;:6es indubitaveis, mas ninguem apreende a
Deus mesmo por uma intui<;;:ao direta, porque:
I 0 • Ainda que o reconhecimento da existencia divina seja
necessaria, no sentido de ser uma verdade aceita pela grande
maioria dos homens que nao podem deixar de crer nela,
mesmo quando querem; e embora ninguem possa deixar de
crer nela sem que fa<;;:a violencia a sua natureza, contudo nao e
uma verdade necessaria, no sentido de nao se poder conceber
a nao existencia de Deus.
2°. Porque Deus nao Se nos manifesta imediata, e sim,
mediatamente por meio de Suas obras. E, no ato pelo qual a
alma reconhece a Sua presen<;;:a e a<;;:ao, ha sempre, pelo menos
implicitamente, uma inferencia, uma dedu<;;:ao.
3°. Porque a verdadeira ideia de Deus e muito complexa,
e chega-se a ela por meio de urn processo complexo, o qual,
quer seja espontaneo quer nao, envolve diversos elementos
que se pode analisar e descrever.
Por outro lado, e certo que Deus Se manifesta nas opera-
<;;:6es de nossas almas e na natureza exterior de urn modo
analogo aquele pelo qual se nos manifestam as almas invisiveis
de nossos semelhantes, e reconhecemos a existencia dEle com
a mesma certeza com que reconhecemos a dessas almas. A
existencia dessas reconhecemos: (a) porque somas generica-
mente semelhantes aos outros, e (b) porque seus atributos se
manifestam em suas palavras e atos. E a existencia de Deus
reconhecemos: (a) porque fomos criados a Sua imagem, e este
fa to reconhecemos espontaneamente, (b) pela revela<;;:ao que
33
Capitulo2
34
Origem da Ideia de Deus
bern que causalidade nao pressup6e designio, nem designio
bondade; designio pressup6e causalidade, e bondade, tanto
causalidade como designio. As provas de inteligencia sao
tam bern provas de poder; e as provas de bondade o sao tam bern
de inteligencia e poder. Os principios da razao que nos obrigam
a pensar em Deus, na Suprema lnteligencia Moral como urn
ser auto-existente, eterno, infinito e imutavel, suplementam
as provas derivadas de outras fontes, e tornam consequente e
completa a doutrina do teismo" - Theism, Prof. Flint, pags.
73, 74.
Os argumentos comuns serao examinados sob os seguintes
titulos:
1°. Argumento Cosmol6gico, ou a prova da existencia de
Deus como causa primaria.
2°. Argumento Teleol6gico, ou as provas da existencia de
Deus fornecidas pela ordem e adapta<;:ao que reinam no
umverso.
3°. Argumento Moral, ou as provas fornecidas pela
consciencia morale pela hist6ria da ra<;:a humana.
4°. As provas fornecidas pelos fenomenos das Sagradas
Escritu'ras e pela hist6ria sobrenatural nela registrada.
5°. 0 Argurnentoa priori eo testernunho que a razao dade
Deus como o lnfinito e Absoluto.
··_.··1,:'
3S
Capitulo 2 .I ~
36
Origem da I deia de Deus
37
Capitulo 2
universo visivel procede,pari passu, com a agrega<;ao de mass a.
0 proprio faro, pois, de serem de tamanho finito as grandes
massas do universo visivel, torna certo que esse processo nao
pode ter continuado desde toda a eternidade ou, em outras
palavras, o universo visivel necessariamente teve principio no
tempo". Porque: (a) ainda ha energia em quantidades finitas e
nao difusa; e porque (b) a materia do universo existe ainda em
massas separadas. Assim pois, a propria lei da correla<;ao de
energia ou for<;a para a qual o sr. Mill apela, prova, quando
realmente aplicada, que o universo teve principio e tera fim
(Stewart e Tait, Unseen Universe, pag.166). (3) Tambem o seu
postulado de que a materia do universo, em seus ultimos
atomos, e eterna e imutavel, nao esta provado e esta em
contradi<;ao com a analogia cientifica. Clark Maxwell (em seu
discurso como presidente daBritishAssociationfor Advancement
of Science, 1870) diz: "A igualdade exata de cada molecula com
todas as demais moleculas da mesma substi1ncia, da-lhe, como
bern o disse Sir John Herschell, o carater essencial de urn objeto
fabricado; e isso e incompatfvel com a ideia de ser ela eterna e
auto-existente". (4) Como questao de fato, todas as teorias
evolutivas sobre a genese do universo postulam necessaria-
mente urn principio e uma neblina primordial e luminosa.
Mas essa neblina luminosa nao pode sera Primeira Causa que
o nosso juizo causal pede, porque nao e eterna e imutavel. Se
fosse eterna, estaria inteiramente desenvolvida; e se estivesse
inteiramente desenvolvida, nao poderia desenvolver-se ainda
para formar o universo. Se fosse imutavel, nao estaria sujeita a
mudanc;;as; e se nao e imutavel, e, assim como o universo que
se desenvolve dela, urn estado transit6rio da materia, pedindo
como todas as outras mudanc;;as, uma causa.
inteiros, dos meios aos fins e dos 6rgaos aos seus usos. E
chamado tambem argumento baseado no Designio; afinal e
baseado no reconhecimento das opera~6es de uma causa
inteligente na natureza. Pode ser apresentado sob duas formas,
baseadas respectivamente nas manifesta~6es mais gerais e mais
especiais dessa inteligencia.
PRIMEIRA FORMA. Premissa maior - Ordem e harmonia
universais na opera~ao concorrente de uma imensa multidao
de elementos separados, acham explica~ao s6 no postulado de
uma causa inteligente.
Premissa menor- 0 universo, no seu todo e em todas as
suas partes, e uma estrutura da ordem mais complexa e
simetrica.
Conclusiio- Logo, a causa eterna e absoluta do universo e
uma mente inteligente.
SEGUNDA FORMA. Premissa maior - 0 ajustamento das
partes e a adapta~ao dos meios para efetuar urn fim ou prop6sito,
podem ser explicados s6 referindo-os a uma inteligencia e
vontade que tinham em vista esse fim ou prop6sito.
Premissa menor - 0 universo esta cheio de semelhantes
ajustamentos de partes e de organismos compostos de partes
que concorrem para efetuar certos fins.
Conclusiio- Logo, a Primeira Causa do universo nao pode
deixar de ser uma mente e uma vontade inteligentes que
tinham em vista esses fins.
Se estes argumentos sao validos, provam que Deus e uma
Pessoa eterna e auto-existente. Trata-se de urn absurdo o
postulado de uma inteligencia inconsciente ou de uma
inteligencia que produza efeitos sem que opere vontade
alguma. Estas frases nao representam nenhuma ideia possivel;
e inteligencia e vontade, quando se acham juntas, constituem
personalidade.
Quanto aprimeira forma do argumento, e evidente que 0
proprio fato de ser a ciencia uma coisa possivel, e prova
indubitavel de ser intelectual a ordem da natureza. A ciencia e
39
Capitulo2
urn produto do espirito humano que e absolutamente incapaz
de passar alem das leis da sua constitui~ao. As intui~6es da
razao, OS proceSSOS 16gicos da analise, inferencias indutivas OU
dedutivas, a imagina~ao, a invenc;ao e todas as atividades da
alma e que organizam OS proceSSOS cientificos; e Se ve que
tudo isso corresponde perfeitamente anatureza exterior. Depois
de resolvidos ate os mais sutis problemas abstratos da materna-
rica e da mecanica, tem-se achado subsequentemente que as
solu~6es foram antecipadas na natureza. As leis da natureza
sao as express6es de harmonias numericas e geometricas, e
exemplos maravilhosos de uma razao superior e do belo perfeito.
Contudo, essas leis, embora sejam invariaveis nas mesmas
condi~6es, nem sao eternas nem inerentes a constitui~ao
elementar do universo. As propriedades da materia elementar
sao constantes, mas as leis que as organizam sao, elas mesmas,
efeitos complicados, o resultado de ajustamentos anteriores sob
as categorias de tempo, espa~o, quantidade e qualidade. A
medida que se mudam esses ajustamentos, mudam-se tam bern
as leis. E esses ajustamentos sao, pois, a causa dessas leis; e os
ajustamentos nao podem, por isso, deixar de ser o produto ou
do acaso, 0 que e absurdo, ou da inteligencia, 0 que e certo.
Esta ordem intelectual da natureza eo primeiro postulado
necessario de toda a ciencia, e e a essencia de todos os processos
do universo, desde 0 agrupamento de atomos ate a revolu~ao
dos mundos; desde a digestao de urn p6lipo ate aac;ao funcional
do cerebro humano.
Quanto asegunda forma deste argumento- 0 prindpio
de designio pressup6e a ordem intelectual geral do universo
e suas leis, e apresenta ja, antecipadamente, a afirmac;ao de
que o carater da Primeira Causa e manifestado mais ainda
pelas provas encontradas em toda parte, de serem essas leis
gerais obrigadas a concorrer para, por meio de ajustamentos
especiais, efetuar certos fins que evidentemente se deviam
efetuar. Este principio e ilustrado pelos ajustamentos mutuos
descobertos nas diversas providencias da natureza, e
40
Origem da I deia de Deus
41
Capitulo2
urn falso postulado de fato. Do inventor humano, da sua alma
nao temos conhecimento previo nem conhecimento algum, a
nao ser o que nos da o carater das obras pelas quais se manifesta
a n6s. E e exatamente do mesmo modo e na mesma extensao
que chegamos ao conhecimento do Autor da natureza. (2) 0
argumento baseia-se num falso postulado de principia. A
analogia das inven<;;6es do engenho humano nao e a base da
nossa convic~ao de que a ordem e a adapta~ao sao provas de
in teligencia. Ejuizo universal e necessaria da razao que a ordem
e a adaptac;ao s6 podem proceder de uma causa inteligente, ou
do acaso; e esta ultima suposic;ao e absurda.
za. Alguns cientistas, tendo adquirido o costume de
considerar o universo como uma unidade absoluta, cujos
processos sao todos executados por leis gerais, invariaveis (urn
modo de pensar em que a teologia agostiniana se antecipou
por seculos aciencia), fazem objec;ao que, tomando como prova
de intenc;ao o ajustamento das partes, em certos grupos ou
sistemas especiais o te6logo natural toma, por engano, uma
parte pelo todo e urn efeito incidental de uma lei geral,
resultado de condic;6es especiais e temporais, pelo fim real da
propria lei. Dizem que mesmo se fosse inteligente a Primeira
Causa do universo, os homens cometeriam urn absurdo infinito
nutrindo a presunc;ao de interpretar o Seu prop6sito, por meio
dos resultados especiais que eles veem proceder da opera~ao
de leis que ja tern estado operando desde toda a eternidade,
por todo o espa~o infinito e sobre urn sistema infinito de partes
concorrentes.
RESPONDEMOS: (1) Eevidente que as relac;6es das partes
de urn todo especial, concorrendo todas para produzir urn fim
especial, podem ser entendidas muito bern enquanto
permanec;am inteiramente desconhecidas as rela~6es desse todo
especial para com a totalidade do todo geral; ainda que a razao
e a revela~ao derramem muita luz mesmo sobre esta ultima
parte. Urn s6 osso de urn animal de especie desconhecida da
testemunho inegavel de adapta~ao especial, e pode ate, como
42
Origem da Ideia de Deus
dizem com toda a razao os cientistas, lan<;:ar muita luz para
alem de si, sobre a constitui<;:ao daquele todo a que pertenceu,
mas do qual nao temos outro conhecimento. (2) Confessamos
que essa critica, se bern que falhe quanto ao argumento tirado
do designio, tern for<;:a quanto ao modo pelo qual este argu-
mento tern, as vezes, sido aplicado. Os antigos te6logos naturais,
muitas vezes em grau urn tanto exaltado, abstrairam orga-
nismos individuais do grande todo dinamico do qual sao tanto
produtos como partes. 0 Dr. Flint (Theism, pag. 159) distingue
bern os fins intrinsecos, extrinsecos e supremos de qualquer
ajustamento especial. Assim, o fim intrinseco desse ajusta-
mento especial chamado olho, e a visao. Seus fins extrinsecos
sao os fins uteis para os quais esse 6rgao serve para o animal
que o possui, e os fins uteis para os quais o animal serve para
tudo o que esta com ele, em rela<;:ao imediata ou remota. Seu
fim supremo e 0 fim do proprio universo. "Quando afirmamos,
pois, que ha causas finais no sentido de fins intrinsecos em
quaisquer coisas, afirmamos s6 que as coisas sao unidades
sistematicas, cujas partes se acham relacionadas definitiva-
mente umas com outras, e coordenadas para produzirem
urn resultado comum; e quando afirmamos que ha em
quaisquer coisas, causas finais, no sentido de fins extrfnsecos,
afirmamos somente que as coisas nao sao sistemas isolados e
independentes, e sim, sistemas definitivamente relacionados
com outros sistemas, e ajustados de modo que sao partes
componentes de sistemas superiores e meios para produzir
resultados mais compreensiveis do que elas mesmas" -
Theism, pag. 163
E verdade que urn homem nao pode discernir o supremo
fim de uma parte, enquanto nao discerne o supremo fim do
todo, e que nao pode discernir todos OS fins extrfnsecos de
qualquer sistema especial, enquanto nao conhece todas as suas
rela<;:6es para com todos os demais sistemas especiais. Apesar
disso, porem, assim como urn homem, que nao sabe nada das
rela<;:6es que tern uma certa planta ou urn animal para com a
43
Capitulo 2
flora ou a fauna de urn continente, pode ter certeza absoluta
quanta as funs;6es da raiz ou de uma garra ou unha, na economia
da planta ou do animal, assim tambem podera entender
perfeitamente a maneira por que todas as partes que concorrem
para produzir urn todo especial sao adaptadas para esse fim,
sem que, por ora, nada saiba da rela<;:ao extrinseca em que esta
esse todo especial para com aquila que esta fora dele.
32 • Certa classe de cientistas tern afirmado, nestes ultimos
tempos, que o testemunho dado da existencia de Deus, pela
ordem e adaptas;ao manifestadas nos processos da natureza,
fica muito enfraquecido, senao invalidado absolutamente pela
probabilidade de ser verdadeira a hip6tese alternativa da
evolu<;:ao. Ha muitas teorias da evolll(;;ao, mas o termo, no
sentido geral, significa o juizo de que o estado do universo
como urn todo e em todas as suas partes, em qualquer
momenta tern sua causa no estado em que se achava o universo,
no momenta anterior; que as mudan<;:as notadas foram
produzidas pela agencia de for<;:as inerentes na natureza, e que
se pode notar a operas;ao dessas fon;as, de momenta para
momenta, sem solu<;:ao de continuidade causal, durante todo
o tempo passado.
Todas as possiveis teorias da evolu<;:ao, consideradas em
sua rela<;:ao com a teologia, podem ser assim classificadas: (1)
As que nao negam nem obscurecem o testemunho que a ordem
e a adapta<;:ao observadas na natureza dao da existencia de
Deus, da Sua imanencia nas Suas obras, e do Seu governo
providencial sabre elas. (2) As que, embora reconhe~am a
Deus como a causa original a Quem se deve referir no passado
remota a origem e os ajustamentos primarios do universo,
contudo negam a Sua imanencia e constante atividade
providencial nas Suas obras. (3) As que manifestam, ou vir-
tualmente obscurecem ou negam, o testemunho que a ordem
e adaptas;ao do universo dao da existencia e atividade de Deus,
tanto como Criador como tambem como Governador
providencial.
44
Origem da I deia de Deus
Para com aprimeira destas classes de teorias da evolu~ao, o
te6logo natural sente, naturalmente, s6 o mais amigavel inte-
resse.
Quanto asegunda classe, que admite que uma inteligencia
divina ideou e inaugurou o universo no principia absoluto,
mas nega que qualquer agente semelhante esteja imanente no
universo dirigindo seus processos, cabe-nos dizer: (1) Que o
ponto que estamos procurando estabelecer agorae a auto-exis-
tencia de uma Primeira Causa inteligente, e nao o modo da
Sua rela~ao para com o universo. Este ultimo ponto sera
elucidado em diversos cap:ftulos subseqiientes. (2) E muito
filos6fico e mais de acordo com a verdadeira interpreta~ao do
principia cient:ffico de continuidade, o conceber-se a Primeira
Causa como imanente no universo, e como concorrendo
organicamente com todas as causas secundarias e nao inteli-
gentes em todos OS procesSOS que sao ind:fcios de poder OU
inteligencia. Isso e reconhecido por todos os cientistas, e
caracteriza a grande maioria deles, que sao de:fstas ortodoxos
OU que referem todos OS fenomenos do universo f:fsico aa~ao
dinarnica da vontade divina. (3) Sao incontestaveis as provas
que a consciencia moral do hornern, a hist6ria e a revela~ao
fornecem, ern favor da imanencia e opera~ao eficaz de Deus,
ern todas as Suas obras.
Quanto a terceira classe de teorias da evolu~ao que
obscurecern ou negam, quer manifesta quer virtualrnente, o
testernunho que a ordern e a adapta~ao do universo sao de urna
inteligente Causa Prirnaria do universo, como, e.g., a teoria de
Darwin quanto a diferencia~ao de todos OS organismos, ern
virtude de varia~6es acidentais surgindo durante urn tempo
ilirni tado, cabe-nos dizer:
1°. Toda teoria sernelhante, quando proposta para explicar
o universo atual, deve fornecer urna explica~ao provavel de
todas as classes de fatos. Mas e not6rio que todas as teorias da
evolu~ao purarnente natural, deixarn inteiramente de explicar
os fatos seguintes: (1) A origem da vida. Nao poderia existir
45
Capitulo 2
na suposta neblina luminosa, e nao poderia ser gerada por
aquila que nao tern vida. A decisao madura da ciencia de hoje
(1878) e a que ja se acha expressa no axioma antigo omne vi-
vum ex vivo. (2) A origem da sensa<;:ao. (3) Tambem a da
inteligencia e da vontade. (4) Tambem ada consciencia. (5) 0
estabelecimento de tipos distintos, logicamente correlatados e
persistentes, em generos e especies, mantidos pela lei da
hibridade. (6) A origem do homem. 0 Prof. Virchow, de Bedim,
no seu recente discurso perante aSociedadeAlema de Naturalistas
e Medicos, em Munich, diz: "Saibam que me ocupo atualmente
com especialidade no estudo de Antropologia; mas sinto-
me obrigado a declarar que cada passo que temos dado para
diante na provincia de antropologia pre-hist6rica tern-nos
realmente afastado mais de qualquer prova de semelhante
conexao (isto e, de ser 0 homem descendente de qualquer tipo
inferior)".
2°. Mas mesmo se fosse possivel provar como fato a
evolw;;ao continua, isso de modo algum afetaria as provas que
nos fornecem a ordem inteligente e as adapta<;:6es notadas no
universo. Estabeleceria somente urn metoda ou sistema de
meios, porem em grau algum alteraria a natureza dos efeitos
ou os atributos da causa real, descoberta por meio desses efeitos.
(1) Seria preciso ainda explicar a origem das leis da abiogenese,
de reprodu<;:ao, de diferencia<;:ao e reprodu<;:ao sexuais, de
hereditariedade, de varia<;:ao das leis que, de atomos e energia
med'mica, possam desenvolver sensa<;:ao, razao, consciencia e
vontade. (2) Leis nunca sao causas, mas sempre modos
complicados de a<;:ao; o resultado da coa<;:ao de imimeros
agentes inconscientes. Em vez de serem explica<;:6es, sao elas
mesmas efeitos muito complexos dos quais a razao exige uma
causa intelectual. (3) Todas as leis fisicas sao o resultado das
propriedades originais da materia, operando sob a condi<;:ao
mutua de certos ajustamentos complicados. Alterados os
ajustamentos, alteram-se as leis. As que executam a evolw;;ao
ou antes aquelas em que eanalisado 0 processo da evolu<;:ao, e
46
Origem da I deia de Deus
47
Capitulo 2
natureza e que, por isso, esta foi dirigida inteligentemente: (a)
ou por uma inteligencia imanente nos seus elementos, ou em
seu to do organizado; (b) ou pelo ajustamento original do seu
maquinismo, ou por urn Criador inteligente.
. ._; .
49
Capitulo 2
de aten<;;ao ao bem-estar das criaturas dotadas de consciencia.
2°. Os sofrimentos dos animais irracionais. 3°. A existencia
geral de males morais e fisicos entre os homens. 4°. A partilha
desigual dos favores providenciais, e a ausencia de toda
propor<;;ao entre a soma de felicidade concedida eo caniter
moral dos que a recebem.
Estas dificuldades que de todos provam mais ou menos a
fe, sao, na maior parte dos casos, os motivos reais do ateismo
cetico. John Stewart Mill, em seu Essay on Nature (Three
Essays on Religion) assevera que e caracteristico da "Natureza"
infligir, sern piedade, sofrirnentos e a rnorte; e que, sea causa
da natureza e urna vontade pessoal, deve ser urn rnonstro de
crueldade e injusti<;;a. Ern seuEssay on Theism, Pt.2, argurnenta
como se fosse urna irnoralidade aborninavel afirrnar que o
au tor da natureza, assirn como nos a conhecernos, e onisciente
e onipotente, e ao rnesrno tempo, absolutarnente justo e
benevolo; que o iinico rneio de absolve-10 da acusa<;;ao de ser
cruel e injusto e negar que seja ilirnitado o Seu conhecimento
ou o Seu poder, ou rnesrno ambos. A conclusao que tira das
provas que cita, ele apresenta assirn: "Urn ser cujo poder e
grande mas lirnitado, e lirnitado de urn modo que nern
podernos conjecturar; cuja inteligencia e grande e talvez
ilirnitada, mas talvez rnais lirnitada ainda do que e o seu
poder; que deseja a felitidade de Suas criaturas e a isso presta
algurna aten~ao, porern, ao rnesrno tempo, parece ter outros
rnotivos para Suas as;oes, e rnotivos que tern para ele rnais
peso; e a cujo respeito e dificil crer que tenha criado o uni-
verso s6 para esse firn." Na sua Autobiography, ch.2, falando
de seu pai James Mill, ele diz: "Ouvi-o dizer que foi a leitura
da Analogy por Butler que produziu nele urna reviravolta
sobre esse ponto. E essa obra, sobre a qual continuava sernpre
a falar corn rnuito respeito, o conservou, por urn tempo
consideravel, crente na autoridade divina do cristianisrno,
provando-lhe que fossern quais fossern as dificuldades que se
opunharn a aceita<;;ao do Velho e do Novo Testamentos como
50
Origem da I deia de Deus
livros que procederam de urn ser perfeitamente sabio e born,
ou que estes livros registram os atos de tal ser, as mesmas
dificuldades ou maiores ainda se op6em a cren~a de que urn
ser de semelhante carater seja o Criador do universo. Ele
considerava os argumentos de Butler como concludentes
contra OS unicos oponentes aos quais sao dirigidos. Os que
admitem a existencia do Criador e Governador onipotente, e
tambem perfeitamente justo e benevolo de urn mundo como
este, pouco podem alegar contra o cristianismo que nao se
possa alegar, com pelo menos igual for~a, contra eles. Por
conseguinte, nao encontrando lugar de descanso no deismo,
ficou em estado de perplexidade ate que afinal, e sem duvida
depois de muitas lutas, cedeu aconvic~ao de que sobre a origem
das coisas, absolutamente nada se pode saber".
RESPONDEMOS: 1°. Ecerto que Deus nao criou o universo
como unico fim, nem mesmo como fim principal de promover
a felicidade de Suas criaturas. A nossa razao, a observa~ao e as
Escrituras Sagradas concorrem em revelar como fins muito
mais exaltados e mais dignos da a~ao divina, a manifesta~ao
da Sua propria gloria e a promo~ao da mais exaltada excel en cia
de Suas criaturas inteligentes, por meio da educa~ao e da
disciplina. E e evidente que a opera~ao de inexoraveis leis
gerais, a miseria e os sofrimentos incidentais desta vida podem
ser os meios mais eficazes para promover esses fins.
2°. A inten~ao direta de todos os orgaos de que se acham
providas as criaturas dotadas de consciencia e, evidentemente,
a promo~ao do seu bem-estar; adore a miseria sao incidentais.
Mesmo a morte subita e violenta dos animais irracionais
promove, provavelmente, a maior soma possivel de alivio no
campo dos sentido
3°. A consciencia tern ensinado aos homens, em todos os
seculos, que os sofrimentos a que estamos sujeitos nesta vida
sao as conseqiiencias diretas e merecidas dos pecados dos
homens, quer como penas, quer como castigos cuja inten~ao
benevola eo nosso melhoramento moral.
51
Capitulo 2
4°. A origem do pecado e confessadamente urn misterio,
atenuado em parte, porem, pela consideras;ao de que e o
resultado do abuso da dadiva melhor e mais valiosa que nos
foi concedida, a agencia livre e responsavel; e tambem pelo
fato, revelado nas Sagradas Escrituras, de que na providencia
divina ate o pecado tera de servir para manifestar mais
plenamente as perfeis;6es de Deus, e contribuir para prom over
a excelencia morale a felicidade da cria~ao inteligente.
5°. As desigualdades das cotas concedidas pela providencia
e a despropor~ao entre o bem-estar eo carater moral dos homens
nesta vida resultam do fato de nao ser este mundo lugar de
recompensas e castigos, e que os caracteres e destinos diversos
exigem disciplina diversa de educas;ao; e essas desigualdades
e despropors;6es apontam para reajustamentos futuros,
revelados na Biblia (Sal. 73, Almeida).
6°. Nem o argumento teleol6gico nem o moral envolvem
a asser~ao de podermos, no estado atual dos nossos conheci-
mentos, discernir no universo provas de uma sabedoria ou
bondade que fosse infinita ou mesmo perfeita. Estes atributos
sao indicados como fatos e caracteristicas gerais da natureza.
Mas o nosso discernimento deles e necessariamente limitado
pela imperfei~ao dos nossos conhecimentos. Mesmo no juizo
s6 da razao e infinitamente provavel que, quando tivermos
adquirido conhecimentos mais adequados, veremos que aquilo
que agora nos parece anomalo e incompativel tanto com a
sabedoria perfeita como com a bondade perfeita, ilustra essas
mesmas perfei~6es que fomos tentados a julgar obscurecidas
por certas anomalias.
52
Origem da Ideia de Deus
cronol6gica, interpretadas por uma ordem de profetas dota-
dos sobrenaturalmente e registradas nas Escrituras Sagradas,
suplementa a luz da natureza, explica os misterios da
Providencia e da-nos os principios de uma verdadeira teodiceia.
0 Deus que a natureza encobre, mesmo quando 0 revela, as
Sagradas Escrituras no-10 apresentam descoberto, em toda a
perfei~ao da sabedoria, santidade e am or, na Pes so a de Jesus
Cristo. Quem vern a Cristo vern a Deus. A verdade do teismo
e demonstrada na Pessoa de Jesus, e dai por diante nao mais
sera aceita senao por aqueles que lealmente reconhe~em Sua
soberania sobre a inteligencia, a consciencia e a vida.
53
Capitulo 2 , . .. · .
autoexistente, imutavel, da qual seja a essencia?
Temos visto que a nossa razao s6 se pode contentar com
uma causa que nao teve causa. Essa causa nao pode deixar de
ser eterna, autoexistente e imutavel. Temos, em nossas mentes,
as ideias e intui~oes da infinidade e perfei~ao, como tambem
as da eternidade, autoexistencia e imutabilidade. "Estas, a nao
ser que sejam inteiramente ilus6rias- suposi~ao que nao se
pode conceber - devem ser atribuiveis a algum ser. A (mica
questao e entao: de que Ser? Deve ser dAquele que ja pro-
vamos ser a Primeira Causa de tudo, a fonte de todo o poder,
sabedoria e bondade manifestados no universo. Nao podem
ser atribuidos ao universo, porque ja se mostrou que este nao
e senao urn efeito, e efeito de uma inteligencia, uma Pessoa.
Isso nao pode ser de n6s mesmos, nem de coisa alguma ao
alcance de nossos sentidos porque n6s, e tudo o que os nossos
sentidos podem alcan~ar, somos finitos, contingentes e
imperfeitos. S6 o Autor do universo, o Pai do nosso espirito,
Aquele de quem vern toda a boa dadiva e todo o dom perfeito,
pode ser nao criado, nao condicionado, infinito e perfeito. Isso
completa a ideia de Deus, ate onde pode alcan~ar a razao
natural, ou esta a pode formar; e da tambem consistencia a
ideia. As conclusoes dos argumentos a posteriori nao satisfazem
nem a inteligencia nem Q cora<;ao, enquanto nao sao ligadas a
intui~ao da razao sobre a infinitude e por esta suplementadas.
A concep<;ao de urn Deus que nao seja infinito, urn Deus que
nao seja ilimitado em todas as Suas perfei<;oes - e uma
concep<;ao autocontradit6ria que a inteligencia recusa-se a
aceitar" -Dr. Flint, Theism, pag. 291.
1°. Anselmo, Arcebispo de Canterbury (1093-1109), em
seus tratadosMonologion eProslogion, expoe o argumento assim:
temos a ideia de urn Ser infinitamente perfeito. Mas existencia
e urn elemento necessaria para a perfei<;ao infinita. Por isso
existe urn Ser infinitamente perfeito porque, de outro modo,
faltaria a perfei<;ao infinita, como n6s a concebemos, urn
elemento essencial aperfei<;ao.
54
Origem da ldeia de Deus
2°. Descartes (1596-1650), em suas Meditationes de prima
philosophia, prop. 2, pag. 89, o exp5e assim: "Nao podia ter
origem numa fonte finita, a ideia que temos de urn Ser
infinitamente perfeito, e por conseguinte, essa ideia nos foi
comunicada necessariamente por urn Ser infinitamente per-
feito". 0 mesmo fil6sofo, em conexao com outros assuntos,
diz tam bern que essa ideia representa uma realidade objetiva,
porque: (1) e ideia muito clara, e as ideias levam a conviq:ao
de corresponderem a verdade, na propon;:ao da sua clareza e
(2) porque e necessaria.
3°. 0 Dr. Samuel Clarke publicou em 1705 sua Demon-
stration of the Being and Attributes of God. Seu argumento e que
o tempo e o espa~o sao infinitos e existem necessariamente.
Contudo nao sao substancias. Logo, existe necessariamente
uma substancia eterna e infinita da qual sao propriedades.
55
Capitulo 2 - . ,\"":Jl'.\)
5.6
Origem da I deia de Deus
gn6sticas, no segundo seculo da era crista, e no sistema de
Manes, no terceiro seculo; e sua influencia no mundo oriental
manifestou-se na tendencia ascetica da Igreja Crista Primitiva.
Veja J. F. Clarke, Ten Religions; Hardwicke, Christ and other
Masters; Neander's, Church History; Pressense, Early Years of
Christianity; Tennemann,Manual Hist. Phil.
57
Capitulo 2
58
Origem da I deia de Deus
manifestac;6es do absoluto, infinito ou nao condicionado. Isso
e idealismo objetivo. No en tan to, Hegel me diz que todas estas
explicac;6es sao falsas. A unica coisa que existe (nesse fato da
vista) e a ideia, a relac;ao. 0 eu e a arvore s6 sao do is termos da
relac;ao, e lhe devem sua realidade. Isso e idealismo absoluto.
Segundo esse, nao ha nem espirito nem materia, nem ceu nem
terra, nem Deus nem homem. A doutrina oposta ao idealismo
e o realismo" - Vocabulary of the Philosophical Sciences) por
C. P. Krauth, D. D., 1878.
59
Capitulo 2
60
Origem da I deia de Deus
61
Capitulo 2
62
Origem da Ideia de Deus
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63
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Os Mananciais da Teologia
65
Capitulo 3
os Principios da Igreja Evangelica, 1821.
Ele tomava a religiao como uma especie de sentimento, e
1l
'
sustentava que ela se baseia em nossa consciencia constitucional
de Deus, a qual consiste, segundo ele, do lado intelectual numa
intui<;ao de Deus, e do lado emocional, num sentimento de
dependencia absoluta. 0 cristianismo consiste naquela forma
espedfica dessa consciencia religiosa constitucional que foi
gerada no peito de seus discipulos pelo Deus homem, Jesus
Cristo. E assim como a consciencia humana, em geral, e gerada
em cada individuo pelas suas rela<;:6es sociais, assirn, a cons-
ciencia crista, ern geral, e gerada ern cornunhao corn aquela
sociedade (a Igreja) que Cristo fundou e da qual Ele eo centro
da vida. E assirn como as institui<;:6es comuns dos hornens
sao aquilo para o que se apela ern ultimo recurso, ern todas as
quest6es dos conhecimentos naturais, assim tambem a com urn
consciencia crista da Igreja e aquilo para o que devemos apelar
em todas as quest6es da fe crista, a qual, na sua totalidade, e
nao as Escrituras, e a regrade fe.
OBJE(:OES: (1) Esta .doutrina nao condiz com a natureza
do cristianismo que, como sistema remediador, baseia-se em
certosfatos hist6ricos, os quais, e necessaria que saibamos para
que se tornem eficazes, e dos quais podemos ter conhecimento
certo s6 por meio de uma revela<;:ao sobrenatural. Nenhuma
forma de intui<;:ao no-los pode ensinar. (2) Nao condiz com a
convic<;ao uniforme dos cristaos: de que o cristianismo e urn
sistema de fatos e prindpios revelados divinamente. (3) Nao
nos da nenhum criteria da verdade. Se essa doutrina fosse
verdadeira, todas as diversas doutrinas dos diversos partidos
da Igreja seriam, necessaria e tao-somente, outras tantas
varia<;:6es concili:'iveis da mesma verdade fundamental. (4) Nao
condiz com o que ensinam as Escrituras Sagradas, que ela e a
Palavra de Deus; nem como que ensina explicitamente, quanto
a sua natureza - que ela e uma revela<;:ao, comunicando
verdades objetivas; e quanto anecessidade para a salva<;:ao das
verdades assim comunicadas.
66
Mananciais da Teologia
2a. A mistica doutrina da "luz interior", ou da inspira~ao
geral de todos os homens, ou, ao menos, de todos os cristaos,
mantida pelos Quacres. Esta doutrina difere do racionalismo
porque faz dos sentimentos, e nao da razao, o 6rgao das verdades
religiosas, e porque toma a "luz interior" como o testemunho
que o Espirito Santo da ao homem e como espirito do homem.
Difere da nossa doutrina da inspira~ao, por ensinar a dire~ao
pratica e a ilumina~ao do Espirito Santo no cora~ao de todos
os homens crentes, e nao s6 no dos fundadores oficiais e
primeiros mestres da lgreja. Difere da ilumina~ao espiritual
que, segundo cremos, experimentam todos os crentes
verdadeiramente regenerados, e s6 eles, porque (1) pretende
chegar ao conhecimento da verdade, independentemente da
sua revela~ao nas Escrituras, e (2) afirma que pertence a todos
os que queiram prestar-lhe aten~ao e obedecer-lhe.
OBJE<;6ES: (1) Esta doutrina contradiz as Escrituras. (a)
Elas nunca prometem uma ilumina~ao que leve os homens
alem do proprio ensino delas, e os torne independentes desse
ensino. (b) Ensinam que a revela~ao objetiva dada nelas e
absolutamente necessaria a salva~ao (Rom: 11:11-18). (2) E
refutada pela experiencia que (a) testifica que a "a luz inte-
rior" nao da nenhum criterio por meio do qual se possa
determinar a verdade de qualquer doutrina; (b) testifica que
essa "luz interior" nunca levou nenhum individuo ou
comunidade ao conhecimento da verdade salvadora, indepen-
dentemente da revela~ao objetiva; e (c) testifica que essa "luz"
produziu sempre uma deprecia~ao irreverente das Escrituras,
e no transcurso do tempo, desordem e confusao.
3a. A teoria de uma lgreja inspirada, isto e, inspirada nas
pessoas, ou ao menos no ensino oficial de seus pastores e mestres
principais. Esta teoria e refutada no Cap. 5.
4a. 0 postulado com urn de todos os racionalistas, de sera
razao a fonte e medida de todo o nosso conhecimento de Deus.
Esta teoria e considerada e refutada abaixo. Perguntas 7 a 10.
sa. A doutrina verdadeira e protestante, de que as
67
Capitulo]
Escrituras Sagradas do Velho e Novo Testamentos, sendo
inspiradas por Deus, sao para nos a Sua Palavra, e uma regra
de fe e prcitica infalivel e de autoridade, e a unica fonte
e norma autorizada da teologia crista, a exclusao de todas
as outras fontes e normas .
• ~ J ;": ; l ; ~ t' .• : • ; •• t ('~ :
5. Que eRacionalismo?
"Naturalista" e quem sustenta que a natureza e uma esfera
68
Mananciais da Teologia
69
Capitulo 3
"acomodas;:ao" as ideias geralmente aceitas entre os seus
contemporaneos - Hurst, History of Rationalism.
Esta tendencia, muito refors;:ada depois mediante a
influencia de Lessing e Reimarus o Fragmentista de Wolfen-
biittel, penetrou na massa da literatura teol6gica alema e
culminou nos ultimos anos do seculo 18 e nos primeiros do
seculo 19. Entre os seus principais representantes sobressaem j
os nomes de Bretschneider, Eichhorn e Paulus na teologia ~
biblica, e o de Wegscheider na teologia dogmatica. Foram
especialmente OS dois ultimOS que, admitindo 0 fatO de Ser 0 1
cristianismo uma revelas;:ao sobrenatural, ao mesmo tempo
mantiveram que e meramente uma republicas;:ao dos ele- '
mentos da religiao natural, e que a "razao" e o juiz supremo
quanto aos livros que se devem ter por canonicos e tambem
quanto ao que ensinam. Os milagres, eles rejeitaram como
indignos de credito. As narras;:oes de milagres, registradas nas
Escrituras, eles relacionavam a ignorancia, superstis;:ao ou
parcialidade dos escritores, e os milagres relacionavam a causas
naturais. A Jesus, tinham em conta de homem born, e o
cristianismo original eles consideravam como uma especie de
socianismo filos6fico. E isso o que, na Alemanha, tern sido
designado hist6ricamente pelo titulo deRacionalismo, e mais
especificamente por Rationalismus vulgaris, o racionalismo
antigo, ou do sensa comum.
Depois de levantarem-se as filosofias de Fitche, Schelling
e Hegel, receberam novo impulso a especulas;:ao teol6gica e a
interpretas;:ao biblica. Isso deu lugar, por urn lado, a uma reas;:ao
para a ortodoxia, por meio da "Teologia da Medias;:ao" de
Schleiermacher, e por outro, a uma escola nova do racionalismo
transcendental, a base do qual e urn modo panteista de pensar.
N ega necessariamente o sobrenatural e postula como principia
fundamental, a impossibilidade de urn milagre. Essa escola,
cujo quartel-general foi a cidade de Tubingen, tern sido
representada proeminentemente por Christiano Baur, com sua
teoria de Tendencias; Strauss, com sua teoriaMistica; e Renan,
70
Mananciais da Teologia
com sua teoriaLegendaria, para explicar a origem das Escrituras
do Novo Testamento, negando, ao mesmo tempo, sua base
hist6rica de fatos.
Essa tendencia, com diversos graus de for<,;a, tem-se
manifestado no caniter da opinifw teol6gica na Inglaterra e
America, principalmente na escola de Coleridge, Maurice,
Stanley, Jowett e Williams, e entre os latitudinarios em geral;
na Esc6cia, em Tulloch; e na America, no falecido Theodoro
Parker, na escola dos cristaos liberais e na relaxa<.;ao geral da
fe, que se nota em toda parte.
German Rationalism, por Hagenbach, Clarke Edinburgh
Library; History of German Protestantism, por Kahnis, Clarke
Ed. Lib.; Critical History ofFree Thought, por A. S. Farrar, New
York, D. Appleton & Co.; Germany: its Universities, Theology
and Religion, por Philip Schaff, D. D. History of Rationalism,
President Hurst, C. Scribner, New York.
71
Capitulo 3 . ~ ·.
n
Mananciais da Teologia
atributos de Deus, de Suas rela<;6es para com os homens
e de nosso estado moral, uma revela<;ao sobrenatural e
antecedentemente provavel. ~Jlt·. · --
40. Eurn fato hist6rico que o cristianismo e uma revela<;ao
sobrenatural.
5°. Etam bern urn fa to hist6rico que o canon atual do Velho
e Novo Testamentos s6 consta dos documentos autenticos
e genuinos que atualmente existem dessa revela<;ao e contem
todos esses documentos.
6°. Os livros de que se comp6e esse canon foram inspirados
de urn modo sobrenatural, de maneira que constituem a
Palavra de Deus, e uma regra infalivel e autorizada de fe e
pratica para OS hom ens.
'
;~· . ..
· . . : ._,
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i', ';,' ' ·
73
Capitulo 3
4a. 0 racionalismo e forte s6 para atacar e destruir. Nunca
mostrou-se muito apto para construir. Nao ha dois racionalistas
proeminentes que concordem quanta ao que sejam os
resultados positivos e certos do ensino da razao.
74
J Mananciais da Teologia
mais ativo e normal pela associa<;:ao com novos aspectos de
nossas rela<;:6es espirituais; pela maior parte, porem, ela narra
fatos objetivos e concretos, explica a aplica<;:ao de principios
intuitivos as nossas verdadeiras rela<;:6es e condi<;:6es hist6ricas;
e faz-nos saber os prop6sitos, exigencias e promessas de Deus.
3°. Ate novas ideias simples podem ser despertadas na
mente humana, por meio de uma ilumina<;ao interior,
sobrenatural e espiritual, operando nas mentes daqueles que
sao os objetos da experiencia religiosa. A obra do Espirito
Santo, acompanhando a palavra escrita, completa a revela<;:ao.
Urn cristao experimentado, sob o ensino do Espirito Santo
aplicando a Palavra de Deus, tern urn conhecimento tao claro
e certo da materia compreendida na sua experiencia como eo
que tern da materia que percebe por meio de seus sentidos
corporms.
l
Origin of the Bible, por Rogers; Modern Doubt and Christian
Belief, por Christlieb; Historical Evidence of the Truth of the
Scripture Records, por Rawlinson; Christianianity and Morality,
por Wace; Cautions for Doubters, por Titcomb; Prize Essay
on Infidelity, por Pearson; Witness of History to Christ, por F.
W. Farrar.
76
Mananciais da Teologia
2°. Por isso a razao, inclusive a natureza moral, emocional
e a experiencia, e necessariamente o instrumento por meio do
qual apreendemos e recebemos todas as revela<;6es
subseqiientes. Uma revela<;ao dirigida aos irracionais seria tao
inconseqiiente como a luz para os cegos. Este eo usus organicus
da razao.
3°. Segue-se que nenhuma revela<;ao subseqiiente pode
contradizer a razao, operando legitimamente dentro da sua
propria esfera. Porque, de outro modo, (1) Deus Se contradiria
a Si mesmo, e (2) a fe se tornar-ia impossivel. Quando cremos,
assentimos que uma coisa e verdadeira; mas quando essa coisa
contradiz a razao, vemos quenao everdadeira. Por conseguinte,
a razao, julgando pelas evidencias, ou interpretando os escritos
de uma revela<;ao sobrenatural, tern o oficio de exercer ojudi-
cium contradictionis. A razao tern, pois, que determinar duas
quest6es: (1) Seria Deus quem fala? (2) Que diz Ele? Isso,
porem, exige (a) a coopera<;ao de todas as faculdades do saber,
tanto as morais como as puramente intelectuais; (b) urn espirito
humilde e d6cil; (c) sinceridade perfeita e lealdade averdade;
(d) prontidao para a pnitica de toda verdade conhecida, e (e) a
ilumina<;ao e a assistencia do Espirito da verdade que nos e
prometido.
Esta e a antiga distin<;ao entre aquilo que e contrario a
razao e aquilo que esta acima dela. E evidente que o maior
absurdo que podemos cometer e alegarmos, como obje~ao a
uma revela<;ao acreditada por toda especie de provas, que a
nossa razao nao pode compreender o que essa revela<;ao ensina,
ou que ela contem elementos que parecem inconciliaveis com
outras verdades. Porque: (1) Essa obje<;:ao pressup6e que a razao
humana e a mais exaltada forma de inteligencia, 0 que e urn
absurdo. (2) Nao ha outro ramo em que os homens limitem a
sua fe por sua capacidade de compreender. Pergunto: o que
compreendem ou entendem os cientistas quanto a natureza
original dos atomos, da inercia, da gravidade, da energia ou
for<;a, e da vida ? No entanto, creem em tudo isso, e nao ha
77
Capitulo 3
momento em que nao se vejam obrigados a aceitar o incom-
preensivel como uma verdade e a reconhecer que o inexplicavel
e certo. ' ...
Toda a incredulidade especulativa tern sua origem no louco
orgulho do espirito humano, no desejo insaciavel de ver tudo
explicado, e, sobretudo, de ver todo o conhecimento reduzido
em aparencia aunidade 16gica. 0 senso com urn eo habito de
reduzir as opini6es apnitica conduzem a saude do corpo e do
espirito, e tambem, afe religiosa. ,. '!
78
Mananciais da Teologia
pr6prios principios, os que dizem respeito a substancia e causa,
a consciencia e o dever.
3°. A filosofia em voga em qualquer tempo reagiu e
necessariamente reagini ante a interpretac;ao das Escrituras e a
formac;ao de sistemas teol6gicos. Isso foi verdade quanto ao
Platonismo, ao Neo-Platonismo do segundo periodo; quanto
a filosofia aristotelica da ldade Media; aos sistemas de
Descartes e Leibnitz; de Kant, Fichte, Schelling e Hegel na
Europa continental, e de Locke, Ried, Coleridge, etc., na
lngla terra.
4°. 0 creme devoto, porem, que tern a certeza de ser a
Biblia a propria Palavra de Deus, nunca pode permitir que a
sua filosofia, derivada de fontes humanas, domine a sua
interpretac;ao da Bfblia, mas procurani com espfrito d6cil e
como auxilio do Espirito Santo, fazer sua filosofia harmoni-
zar-se perfeitamente com aquilo que e contido implicitamente
na Palavra de Deus. Ha de procurar, sem falta, ter uma filosofia
que seja serva genufna e natural daquilo que esta revelado
nessa Palavra.
Todo o pensar humano e toda a vida humana sao urn. Se,
pois, Deus fala com qualquer finalidade, Sua palavra deve ser
suprema; e ate on de diz respeito a qualquer ramo das opini6es
e ac;6es dos homens, deve ser aceita nesse ramo como autoridade
indiscutivel e como a Lei suprema.
As diversas sec;6es em que se divide a teologia crista ja
foram enumeradas no capitulo 1.
79
·i· ·•
81
Capitulo 4
escritos, em seu todo e em todas as suas partes, sao a Palavra
de Deus para n6s - uma revela<;ao de autoridade, que Deus
nos fez, aprovada por Ele e enviada a n6s como uma regra de
fee pratica. Os escritos originais da qual eram absolutamente
infaliveis, quando interpretados no sentido em que os autores
empregavam as palavras que escreveram com autoridade
divina absoluta.
,;•r·;·.;, :~· . · ·, .. · · .. ; .• :•-.1: 1 .
82
InspiraftiO das Escrituras
daquilo que escreviam), e sim, fazer com que nos documentos
fosse consignada infalivelmente a verdade. Todavia urn
documento consta de palavras, •L · H •~
· " ., ' " ' ' ' ''
83
Capitulo 4
84
Inspirafiio das Escrituras
85
Capitulo 4
1a. As assen;:6es das pr6prias Escrituras Sagradas.
2a. Os fenornenos das Escrituras quando exarninados
criticarnente.
86
Inspirafiio das Escrituras
testemunho divino nao s6 anima a crer, mas torna absoluta-
mente obrigat6rio o dever de crer. Deus nos manda crer
quando vemos urn sinal; mas nao podia mandar-nos crer em
coisa que nao fosse verdade pura comunicada de urn modo
infalivel.
87
Capitulo 4
testemunho uniforme dos primeiros cristaos, seus contem-
poraneos e seus sucessores imediatos.
89
Capitulo 4
90
Inspirafi:io das Escrituras
isso seus escritos estao repletos de metaforas e simbolos. E, se
bern que podemos confiar sempre na veracidade de suas
afirma<;;:6es, contanto que as limitemos, segundo a inten<;;:ao
dos autores, aquilo que tinham em vista como seu fim, eles
nunca visavam essa exatidao na enumerac;ao, ou em narrac;6es
cronol6gicas ou circunstanciais, que caracteriza as estatisticas
das modernas na<;;:6es ocidentais. Assim como todos os homens
puramente literatos, em todos OS secu}os, eles descrevem a
ordem e os fatos da natureza segundo parecem, e nao de
conformidade cientifica com suas leis ou causas abstratas.
Muitos pensadores superficiais tern dito que alguns dos
fatos que acabamos de mencionar nao condizem com o fato
alegado de serem os escritores sagrados dirigidos divinamente.
Mas, se refletirmos, parecer-nos-a evidente que, se Deus quiser
revelar-Se a n6s, nao ira faze-lo senao sob todas as limita<;;:6es
dos modos humanos de pensar e falar. E se Ele inspira homens
para comunicar Sua revelac;ao mediante escritos, e necessario
servir-Se dos hom ens de urn modo que condiga com a natureza
destes, como agentes racionais e espontaneos. E e evidente
que todas as distin<;;:6es entre os diversos graus de perfeic;ao do
conhecimento dos homens, e na elegancia do dialeto e estilo
humanos, nada sao quando olhados a luz das rela<;;:6es comuns
do hom em para com Deus. Eevidente que Deus podia revelar-
-Se tao bern por meio de urn campones como de urn fil6sofo;
e muito melhor, se por Sua gra<;:a e meios providenciais
ajustou, previamente, as caracteristicas pessoais do campones
para os fins especiais que tinha em vista.
91
Capitulo 4
uma previsao de eventos futuros, urn conhecimento perfeito
e intima dos segredos do cora~ao humano, uma luz que
esclarece a razao e uma autoridade que obriga a consciencia,
uma compreensao de todos os motivos da experiencia e vida
humanas, que nao podiam vir de fonte que nao fosse divina.
Tudo isso e caracteristica de grande parte das Escrituras, e em
toda a literatura tudo isso e caracteristico tao-somente das
Escrituras. E isso, juntamente como testemunho do Espirito
Santo, e, praticamente, o testemunho em que confia a maioria
dos verdadeiros crentes.
2a. No entanto, ha outra caracteristica das Escrituras, a
qual, tomada em conexao com o precedente, prova, incon-
testavelmente, a sua origem divina, em seu todo e em cada
uma de suas partes. As Sagradas Escrituras sao urn organismo,
isto e, urn todo composto de muitas partes diversificadas
entre si em materia, forma, e estrutura como os diversos
membros do corpo; e, ao mesmo tempo, cada parte se acha
ajustada as outras e ao todo, mediante as correla~6es, as mais
intricadas e delicadas, mas tendo em vista todas urn fim
co mum.
As Escrituras sao a hist6ria e a interpreta~ao da obra da
reden~ao. Essa e uma obra que Deus preparou e levou a efeito
por meio de muitos atos sucessivos durante urn processo
hist6rico que durou muitos seculos. Uma providencia
sobrenatural ia desenvolvendo, durante esse tempo, urn
sistema de interven~6es divinas, acompanhadas e interpretadas
por uma ordem de profetas instruidos e dirigidos de urn modo
sobrenatural. Cada urn dos escritores tinha sua propria ocasiao
especial e temporaria de escrever; e tambem seus pr6prios
temas e audit6rio especiais e temporarios. E, contudo, cada
urn contribuiu com parte daquilo que era necessaria para
construir o organismo comum, ao passo que progredia a
hist6ria providencial tomando cada documento, alem de servir
para o seu fim temporario, o seu lugar permanente como
membra do todo. De modo que o evangelho cumpriu a lei, o
92
Inspiraftio das Escrituras
antitipo correspondeu ao tipo eo cumprimento apredi<;,:ao, a
hist6ria foi interpretada pelas doutrinas e as doutrinas deram
leis ao dever e a vida. Quanto mais minuciosamente for
estudado o conteudo de cada livro a luz de seu fim especial,
tanto mais diversas e exatas se achara que sao suas articula<;,:6es
no sistema geral do todo, e tanto mais bern ordenada ver-se-a
que e a estrutura do todo. Isso constitui a melhor prova de
designio que nose possivel imaginar, e no caso das Escrituras,
e prova de uma influencia divina e sobrenatural compreen-
dendo o seu todo, e estendendo-se a todas as partes, durante
dezesseis seculos; compreendendo sessenta e seis escritos, e
cerca de quarenta cooperadores humanos. Assim, pois, a a<;,:ao
divina na genese de toda parte das Escrituras e determinada
tao claramente e com a mesma certeza como o e na genese
mais antiga dos ceus e da terra.
93
Capitulo 4
livre, mudando de expressao, e dando urn novo jeito ao
seu pensamento para adapta-lo, o mais perspicuamente, ao
fim que tern em vista, o Espirito Santo pode, por certo, fazer
o mesmo. 0 mesmo Espirito, que tornara infalfveis os
escritores do Velho Testamento para escreverem s6 a verdade
pura, naquela forma que estava melhor adaptada ao fim que
entao tinham em vista, tornou infalfveis os escritores do Novo
Testamento para usarem desse material ja disponivel de tal
modo que, enquanto tirassem dele urn sentido novo, ensinas-
sem s6 a verdade; e, alem disso, a propria verdade que Deus
tivera em vista desde o principia. E ensinaram essa verdade
com autoridade divina- Veja Hermeneutical Manual, Part 3,
por Fairbairn. Cada uma dessas cita~6es deve ser examinada
separadamente e em seus detalhes, como fez o Dr. Fairbairn.
94
Inspirafiio das Escrituras
considera~6es, porem, sao evidentemente bern fundadas, e sao
suficientes para acalmar todas as apreens6es a este respeito.
1a. A lgreja nunca ensinou a infalibilidade verbal de
nenhuma tradu~ao das Sagradas Escrituras,* nem a exatidao
perfeita de nenhum dos manuscritos das Escrituras, no origi-
nal hebraico e grego, que possuimos agora. Ereconhecido que,
nesses exemplares, ha muitas "discrepancias" como resultado
de muitas transcri<;;6es sucessivas. E, porem, testemunho
unanime dos cristaos letrados que, ainda que essas varia~6es
dificultem a interpreta~ao de muitos pormenores, nao
envolvem a perda, nem diminuem as provas de urn s6 fato ou
doutrina essencial do cristianismo. E e urn fato consolador
que os criticos cristaos, descobrindo e conferindo exemplares
das Escrituras, em manuscritos cada vez mais antigos e exatos,
estao constantemente progredindo no seu desempenho de dar
a lgreja urn texto mais perfeito das Escrituras, nas Hnguas
originais, que nenhum outro dos que possuiam desde os tem-
pos dos ap6stolos.
2a. A Igreja afirmou sempre a infalibilidade absoluta s6
dos registros originais das Escrituras, como eles sairam das
maos dos escritores inspirados. E mesmo a respeito destes
nunca afirmou que tivessem conhecimentos infinitos, mas s6
que eram infaliveis quanto aquilo que tinham 0 designio de
anunciar. U rna "discrepancia" pois, no sentido em que os novos
criticos afirmam e a Igreja nega sua existencia, e uma palavra,
frase ou passagem existindo no registro original de qualquer
parte das Escrituras, cujo fim evidente era de afirmar como
verdade alguma coisa que estava em manifesta e irreconciliavel
contradi<;;ao como que se dizia em outra qualquer parte desses
95
Capitulo 4
97
Capitulo 4
usada entre os homens; o que dizia era opiniao dos judeus,
nao a sua propria. Em Romanos 6:19 significa: "de urn modo
adaptado a compreensao humana"; e em Galatas 3:15,
significa: "sirvo-me de uma ilustra<;ao tirada das coisas
humanas", etc.
Em 1 Corintios 7:6: "Eu digo isto por permissao"
(segundo o original e avulgata, ((secundum indulgentia") "e nao
por mandamento", refere-se ao versfculo 2. 0 matrimonio
sempre era permitido, porem em certas circunstancias era
inoportuno.
"Aqueles que estao unidos em matrimonio mando, nao
eu, senao o Senhor"; ''Aos mais digo eu, nao o. Senhor" - 1
Cor. 7: 10,12. Aqui o ap6stolo refere- se aquilo que "o Senhor",
isto e, "Cristo" ensinou quando estava na terra, e distingue
entre aquilo que Cristo ensinou e o que o ap6stolo ensina. E
como Paulo, nesta passagem, poe suas palavras em igualdade
de autoridade com as de Cristo, este fato mostra que Paulo
reivindicava para si uma inspira<;;ao que tornava sua palavra
igual a de Cristo, em infalibilidade e autoridade.
"Julgo que tambem eu tenho o espirito de Deus" - 1 Cor.
7:40. "Julgo que tenho" e, segundo 0 uso da lingua grega, s6
urn modo regional de dizer: eu tenho. Sobre o uso deste verbo
no grego, confira-se Galatas 2:6 e 1 Corintios 12:22. Paulo
nao tinha nenhuma duvida de ser instrumento do Espirito
Santo - Hodge, Com. on First Corinthians.
98
Inspirafao das Escrituras
verdade como para que a escrevessem, distinguem entre
diversos graus de inspira~ao para acomodar a sua teoria aos
fatos do caso. Porque, em primeiro lugar, e evidente que parte
do conteudo das Escrituras podia bern ser conhecida dos
escritores, sem nenhum auxilio sobrenatural, enquanto que
outra parte nao podia ser conhecida deles; em segundo lugar,
os diversos escritores fizeram uso de suas faculdades naturais
e introduziram, nos seus escritos, suas peculiaridades indivi-
duais de pensamento, de sentimento e de estilo.
Por "inspira~ao de superintendencia", esses escritores
queriam dizer exatamente aquilo que demos acima como a
defini~ao de inspira~ao. Por "inspira~ao de eleva~ao" entendem
essa divina influencia que exaltava as qualidades naturais dos
escritores sagrados a urn grau de energia a que, de outro modo,
nao poderiam chegar.
Por "inspira~ao de dire~ao" entendiam essa influencia
divina que dirigiu os escritores sagrados na escolha e
disposi\ao do seu material.
Por "inspira\ao de sugestao" entendiam essa influencia
divina que sugeriu a suas mentes verdades novas e que, de
outro modo, estariam fora do seu alcance.
99
Capitulo 4
FALSAS DOUTRINAS SOBRE A INSPIRA(:AO
100
InspirafiiO das Escrituras
26. Quale a doutrina da "InspirafiiO da Grafa"?
Coleridge, em suas Confessions ofan Inquiring Spirit, Carta
7, mantem que as Escrituras, exceto a lei e os profetas, foram
produzidas por seus escritores auxiliados pelo "grau superior
daquela gra<;;a e comunhao com o Espirito que se ensina a
lgreja, em todas as circunstancias, e a todo o membro
regenerado da lgreja de Cristo, a esperar e pedir em orac;ao".
Esta e a doutrina de Maurice (Theological Essays, pag. 339) e,
virtualmente, a de Morell (Philosophy ofReligion, pag. 186), e
dos quacres. Estes admitem que ha uma revelac;ao objetiva
sobrenatural e que esta e contida nas Escrituras, as quais sao
muito uteis e a regra, de au tori dade, de fee pratica, no senti do
de nao poder ser verdadeira uma revelac;ao pretendida que
esteja em desacordo com as Escrituras; e que estas sao juiz,
em todas as controversias entre cristaos. Mas eles mantem,
tambem, que as Escrituras sao s6 "uma regra secundaria,
subordinada ao Espirito de quem receberam toda sua
excelencia", o qual Espirito ilumina a todo o homem e lhe
revela, ou pelas Escrituras, ou sem elas, se lhe forem desco-
nhecidas, todo esse conhecimento de Deus e da Sua vontade
que lhe e necessaria para sua salvac;ao e direc;ao, sob a condic;ao
de prestar obediencia constante a essa luz que lhe e assim
comunicada graciosamente a ele e a todos os homens.Barclay's
Apology, Theses Theological, proposic;6es 1, 2 e 3.
EXPOSic_;6ES AUTORIZADAS
101
Capitulo 4
102
Inspiraftio das Escrituras
J ap6stolos de cada urn dos Testamentos sao a verdadeira
Palavra de Deus, e que possuem autoridade suficiente
por si s6 e nao dos homens. Pois Deus mesmo falou aos
patriarcas, aos profetas e aos ap6stolos, e continua a falar
a nos, pelas Escrituras Sagradas."
A Confissao Belga. Art. 3. "Confessamos que esta Palavra
de Deus nao foi enviada nem entregue pela vontade do
hom em, e sim, que OS homens santos de Deus e que falaram,
inspirados pelo Espirito Santo, como diz o apostolos Pedro
(2 Ped. 1:21). E que depois Deus, levado a isso pelo cuidado
especial que tern por nos e nossa salva<;:ao, mandou Seus
servos, os profetas e apostolos, escreverem a Sua palavra
revelada, e Ele mesmo escreveu, com Seu proprio declo,
as duas tabuas da lei. Por isso chamamos santos, e
Escrituras divinas, a todos esses escritos."
A Confissiio de Fe, de Westminster. Cap. 1. "Por isso
aprouve ao Senhor revelar-Se e declarar essa Sua vontade
a Sua Igreja, em diversos tempos e de varios modos; e
depois, para melhor conserva<;:ao e propaga<;:ao da verdade
e para mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja
contra a corrup<;:ao da carne e a malicia de satanas e do
mundo, faze-la escrever toda inteira". A autoridade das
Escrituras Sagradas, as quais devem ser cridas e obedecidas,
nao depende do testemunho de nenhum homem ou igreja,
mas somente de Deus (que e a propria verdade), seu
Autor; e, por isso, deve ser recebida - por ser a Palavra de
Deus."
r .. '
• \·I,
103
5
104
A Regra de Fee Pratica
designada divinarnente para ser a depositaria e o juiz, tanto
das Escrituras como da tradi~ao -Decretos do Concilio de Trento,
Sess. 4, e Teologia de Deus, Tom. 2, N°. 80 e 81.' · · 1'0'' '
105
Capitulo 5
expressa pelo consenso cat6lico.
I
4. Par quais argumentos pode-se demonstrar a invalidade de
todas as tradifoes eclesiasticas, como parte de nossa regra de fi e
pratica?
1°. As Escriturasnao atribuem, como se afirma, autoridade
as tradi<;6es orais. As tradi<;6es de que Paulo fala nas passagens
citadas de 2 Tess. 2:14 (15); 3:6, foram todas as suas instrw;:6es,
orais e escritas, e comunicadas par ele a esses mesmos
tessalonicenses; nao foram transmitidas. Por outro lado, Cristo
repreendeu severamente esta mesma doutrina dos cat6licos
romanos, na pessoa dos predecessores destes- os fariseus. Mat.
15:3; Mar. 7:7 (8).
2°. E improvavel, a priori, que Deus suplementasse as
Escri turas com a tradi<;ao, como parte de nos sa regra de fe. ( 1)
Porque as Escrituras, como mostraremos abaixo (perguntas
7-14 ), sao certas, definidas, completas e perspfcuas. (2) Porque
a tradi<;ao, por sua propria natureza, e indeterminada e esta
sujeita a ser adulterada por todas as formas de erro. Alem disso,
como haveremos de demonstrar abaixo (pergunta 20), a
autoridade das Escrituras nao se acha baseada, em ultima
ins tan cia, na tradi<;ao.
3°. A base inteira em que os romanistas apoiam a autori-
dade de suas tradi<;6es, is toe, a hist6ria e a autoridade da igreja,
e invalida. (1) Eles nao tern apoio nenhum na hist6ria. Por
mais de trezentos anos, depois do tempo dos ap6stolos, eles
tern pouquissimas evidencias a favor de qualquer de suas
tradi<;6es, e as que tern contradizem-se mutuamente. Sao, por
isso, obrigados a recorrer ao postulado absurdo de que aquilo
que se ensinou no quarto seculo, foi ensinado no terceiro, e
por conseguinte, tam bern no segundo e no primeiro. (2) A igreja
(cat6lica) nao e infalivel, como demonstraremos abaixo
(pergunta 18).
4°. Sua pratica nao esta em conformidade com seus
principios. Os romanistas nao aceitam muitas das tradi<;6es
106
A Regra de Fee Pratica
mais antigas e mais bern atestadas; e muitas das suas preten-
sas tradi~6es sao inven~6es recentes e desconhecidas pelos
seus predecessores.
5°. Muitas de suas tradi~6es, como aquelas que dizem
respeito ao sacerd6cio, ao sacrificio da missa, etc., estao fla-
grantemente em oposi~ao direta ao ensino das Escrituras.
Nao obstante, essa igreja pretensamente infalivel afirma a in-
falibilidade das Escrituras! Uma casa dividida contra si mesma
nao subsistini.
107
Capitulo 5
agora, e que esta revela<;:ao e abundantemente suficiente para a
nossa dire<;:ao, em todas as quest6es de fe, pr:hica e modos de
prestar-Lhe culto, e exclui a necessidade eo direito de inven-
<;:6es humanas.
108
A Regrade Fee Pratica
porque muitas das profecias sao inteiramente enigmaticas,
enquanto nao explicadas pelos eventos a que se referem.
Afirmam, porem, que todo artigo essencial de fe e regra de
pratica e revelado claramente nelas, ou pode ser deduzido delas
com certeza. Tudo isso o cristao menos instruido pode aprender
nas Escrituras, sem dificuldade; por outro lado, e verdade
tambem que, com o progresso dos conhecimentos hist6ricos e
criticos, e por meio das controversias, a Igreja Crista esta
fazendo progresso constante na interpreta~ao exata das Escri-
turas e na compreensao, na sua integridade, do sistema nelas
ensinado.
Os protestantes afirmam e os romanistas negam que se
pode, sem perigo, conceder aos cristaos particulares e nao
instruidos, a licen~a de interpretar as Escrituras por si.
109
Capitulo 5
1: 1; e 4: 2; Gal. 1:2; Ef. 1 : 1; F il. 1: 1; Col. 1:2; Tia. 1: 1; 2 Ped.
1:1; 1 Joao 2:12, 14; Judas, vers.1; Apoc.1:3,4; 2:7. As (micas
excec;6es sao as Epistolas dirigidas a Tim6teo e Tito.
2°. Manda-se todos os cristaos, indistintamente, exami-
narem as Escrituras: 2 Tim. 3: 15,17; Atos 17:11; Joao 5:39.
3°. A experiencia universal. Temos provas tao claras do
poder das Escrituras de darem luz, como temos a respeito do
sol. Os argumentos contra isso sao urn insulto acompreensao
de todos os leitores da Biblia no mundo.
4°. A unidade essencial na fee pratica, apesar de algumas
diferenc;as circunstanciais em todas as comunidades cristas,
em todas as idades e nac;6es que aprendem sua religiao
diretamente nas Escrituras.
110
A Regra de Fee Pratica
Escrituras sao a (mica voz infalivel na Igreja, e devem ser
interpretadas a sua propria luz e com o auxilio gracioso do
Espirito Santo, prometido a todos os cristaos (1 Joao 2:20,27)
pelos individuos, cada urn de per si, com a ajuda, mas nao sob
a autoridade dos outros cristaos, seus irmaos. Os credos e
confiss6es, quanto asua forma, sao obrigat6rios somente para
os que os professam voluntariamente; quanto a sua materia,
sao obrigat6rios somente ate onde afirmam aquilo que a
Bib1ia ensina, e porque a Biblia ensina assim.
111
Capitulo 5
1°. As promessas de Cristo feitas, segundo dizem, aos
ap6stolos e seus sucessores oficiais, tornando-os infaliveis, e
suas decis6es e interpreta<;6es autorizadas- Mat. 16: 18;18: 18-
20; Luc. 24:48,49; Joao 16: 13;20:23.
2°. A comissao dada a igreja (romana) como mestra do
mundo- Mat. 28:19, 20; Luc. 10:16, etc.
3°. A igreja e declarada ser "coluna e firmamento da
verdade", e que "as portas do inferno nao prevalecerao contra
ela" - 1 Tim. 3: 15; Mat. 16:18.
4°. A igreia (romana) e dada o poder de ligar e desligar, e
a ordem de que aquele que nao a ouvir seja tido por "urn gentio
ou urn publicano"- Mat. 16: 19; 18:15-18.
5°. A igreja (romana) recebeu a ordem de discriminar
entre a verdade eo erro, e por isso deve ser qualificada e estar
autorizada a fazer isso -2 Tess.3:6; Rom.16: 17; 2 Joao, vers. 10.
6°. A necessidade. Os homens precisam e desejam urn
interprete e juiz infalivel, sempre vivo, visivel e contem-
poraneo.
7°. A analogia universal. Todas as comunidades entre os
homens tern juizes vivos, bern como a lei escrita, e esta seria
de pouco valor sem aqueles.
8°. Este poder e necessario para se conseguir unidade e
universalidade que todos reconhecem como atributos essenciais
da verdadeira igreja (a igreja cat6lica romana).
112
A Regrade Fee Pratica
113
CapituloS
como o oficio. (4) N enhum daqueles que se dizem sucessores
dos apostolos tern feito ver "os sinais do apostolado"- 2 Cor.
12: 12; 1 Cor. 9: 1; Gal. 1: 1,12; Atos 1:21,22.
6°. Esta reivindicac;:ao, quando baseada na autoridade do
papa, e totalmente antibiblica, pois as Escrituras nada sabem
sobre o papa. Devido ser baseada na autoridade do conjunto
total dos bispos, expressa no seu assentimento geral, e oposta
as Escrituras pelos motivos supra expostos, e e, alem disso,
impraticavel, porque seu juizo universal nunca foi e nunca
podera ser reunido e enunciado imparcialmente.
7°. Nao pode haver infalibilidade onde nao ha consistencia
propria. Mas, como questao de fato, a igreja papal nao tern
sido consistente consigo no seu ensino. (1) Tern ensinado
doutrinas diversas, em diversas partes e seculos. (2) Afirma a
infalibilidade das Escrituras e, ao mesmo tempo, ensina
doutrinas evidente e radicalmente irreconciliaveis com o
sentido claro das mesmas Escrituras, como por exemplo, as
doutrinas sobre o sacerdocio, a inissa, as penitencias, as boas
obras, o culto prestado a Maria e as imagens. Por isso e que a
igreja romana esconde as Escrituras do povo.
8°. Se o sistema religioso dos romanistas e verdadeiro, entao
e evidente que a religiao verdadeira e espiritual deve florescer
nos paises da sua comunhao e todo o resto do mundo ser urn
deserto moral. E notorio, porem, que os fatos sao exatamente
o inverso disso. Se, pois, admitimos que o sistema romano e
verdadeiro, subverteremos uma das principais provas do
proprio cristianismo, a saber, a luz auto-evidencial e a virtude
pratica da verdadeira religiao, e o testemunho do Espirito
Santo.
114
A Regrade Fee Pratica
1°. As Escrituras sao perspicuas: veja acima as perguntas
11-13. 1
_•i
115
Capitulo 5
116
A Regrade Fee Pratica
seu credo sirnplesrnente, e sern preconceitos da Biblia.
4°. A igreja cat6lica rornana, na sua exposi<;ao autorizada
feita pelo Condlio de Trento, provou ser juiz rnuito indefinido.
Suas decis6es doutrimirias precisarn de urn interprete infalivel,
infinitarnente rnais do que precisarn dele as Escrituras.
117
Capitulo 5
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A Regrade Fee Pratica
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Capitulo 5
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A Regra de Fee Pratica
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121
6
Compara~ao de Sistemas
122
Comparafiio de Sistemas
do pecado original e sustentando que o pecador tern o poder
de predispor-se e cooperar com a gra~a divina. E este, ainda
hoje, eo carater da antropologia grega. Os mesmos atributos
caracterizaram, tambem, as especula~6es dos mais antigos
escritores da Igreja Ocidental; mas, durante os seculos 3 e 4,
manifestou-se, entre os Pais latinos, uma tendencia notavel
para adotarem as opini6es mais corretas, que foram depois
vindicadas, tao assinaladamente, pelo grande Agostinho. Essa
tendencia pode ser notada, mais claramente, nas obras de
Tertuliano de Cartago, que morreu cerca do ano de 220, e de
Hilario de Poitiers Ct 368) e Ambrosio de Milao Ct 397).
123
Capitulo 6
de Calcedonia afirrnou, ern 451, que as duas naturezas ern
Cristo sao distintas. 0 sexto Concilio de Constantinopla, ern
680, afirrnou que o Senhor possuiu urna vontade hurnana,
como tarnbern urna vontade divina. Estas decis6es tern sido
aceitas pela Igreja inteira, grega e rornana, luterana e reformada.
As quest6es a respeito do pecado e da gra~a, incluidos no
titulo geral de antropologia, forarn rnais cornpletarnente
investigadas, ern prirneiro Iugar, por hornens de origem latina
que chegararn prirneiro a conclus6es definidas na controversia
de Agostinho corn Pelagio, ern rneados do seculo 5.
As quest6es sobre a reden~ao, eo rnetodo da sua aplica~ao,
abrangidas sob a grande divisao da soteriologia~ nao forarn
investigadas cornpletarnente ate o tempo da Reforma, e depois
pelos grandes te6logos da Alernanha e da Sui~a.
Muitas quest6es pertencentes agrande divisao de eclesio-
logia, ainda hoje esperarn sua solu~ao cornpleta no futuro.
124
Comparafiio de Sistemas
calvinismo. 2°. De outro lado ha o pelagianismo, completado
no socinianismo. E 3°, o arminianismo, que esta entre os dois,
e e urn sistema de compromissos, o semipelagianismo
desenvolvido.
No uso comum, o termo socinianismo e empregado para
designar esses elementos do falso sistema que dizem respeito
a Trindade e a Pessoa de Cristo. Os termos pelagianismo e
semipelagianismo sao aplicados aos desvios mais extremistas
ou mais moderados feitos das verdades de que trata a Antro-
pologia, e 0 termo arminianismo e empregado para designar OS
erros menos extremistas que neste sistema sao ensinados na
se~ao desoteriologia.
125
Capitulo 6
ensinado por Agostinho devia ser, quanto as coisas essen-
ciais, o mesmo que a fe da Igreja, em sua substancia, desde o
prindpio da era crista.
126
ComparafaO de Sistemas
qualquer boa obra, precisa da gra<;a cooperante. Como o
homem nao pode fazer nada sem a gra<;a, assim tambem nada
pode fazer contra ela. Eirresistivel. E como o homem nao tern,
por natureza, merecimento algum, Deus, dando a Sua gra<;a a
qualquer homem, nao 0 faz em aten<;ao a disposi<;ao moral
desse hom em, mas opera segundo a Sua propria livre vontade.
"Pelagianismo - Ainda que seja verdade que o homern,
por sua livre vontade que e urn dorn de Deus, tern capacidade
para querer e fazer o bern, sern o auxilio especial de Deus,
contudo para que o possa fazermaisfacilmente, Deus revelou a
lei, deu-lhe o ensino e exernplo de Cristo para o ajudar, e
concedeu-lhe ate rnesrno as opera<;6es sobrenaturais da gra<;a.
Esta, no seu sentido rnais lirnitado (influencia graciosa) e
concedida s6 aqueles que, ernpregando fielrnente suas pr6prias
for<;as, rnerecern que o seja. Mas o hornern pode resistir-lhe.
"4a. Quanto apredestina~ao e areden~ao:
'Ylgostinianismo - Desde toda a eternidade, Deus fez urn
decreto livre e incondicional de salvar alguns de toda a
hurnanidade que estava corrupta e sujeita a condena~ao.
Aqueles que predestinou para essa salva<;ao da os rneios
necessarios para conseguirern esse firn. Sobre os outros, porern,
que nao pertencern ao pequeno nurnero* dos eleitos, cai a
rnerecida ruina. Cristo veio ao mundo e morreu somente a
favor dos eleitos.
"Pelagianismo- 0 decreto divino de elei~ao e reprova~ao e
fundado na presciencia de Deus. Aqueles, a quem Deus previu
que guardariarn os mandamentos, predestinou para a salva~ao;
os outros, para a condena<;ao. A reden<;ao de Cristo e geral,
mas s6 aqueles que realmente pecaram precisarn da Sua
morte expiat6ria. Todos, porem, podern ser levados a urna
perfei<;ao e virtude superior, por meio do ensino e exemplo de
Cristo."
127
Capitulo 6
6. Qual foi a origem do sistema mediano ou semipelagiano?
Enquan to a controversia pelagiana estava no seu auge, Joao
Casiano, de descendencia siria, e educado na lgreja Oriental,
tendo ido para Marselha, Fran~a, com o fim de promover os
interesses do monasticismo nessa regiao, come~ou a dar
publicidade a urn sistema de doutrinas que ocupava posi~ao
media entre OS sistemas de Agostinho e Pelagio. Esse sistema,
a cujos advogados se deu o nome de massilianos, devido a
origem do seu chefe, chamados depois semipelagianos pelos
escolasticos, e, nos seus prindpios essenciais, o mesmo que
agora se chama arminianismo, uma exposi~ao do qual
falaremos numa parte subseqiiente deste capitulo. Fausto, bispo
de Riez, Fran~a, de 427 a 480, foi urn dos defensores mais
distintos e dos propagadores mais bern sucedidos dessa l
doutrina, a qual foi aceita permanentemente pela Igreja Ori- ~
ental, e por algum tempo, disseminada largamente tambem 1
na lgreja Ocidental, ate ser condenada pelos sinodos de
Orange e Valence, em 529.
128
Comparafiio de Sistemas
8. Como se achavam divididos os partidos, entre os escolasticos,
com respeito a esses grandes sistemas, e como se acham divididos
na moderna igreja papal?
Depois de decorrida a idade das trevas, durante a qual
permanecera entorpecida toda a especula9ao ativa, o grande
Tomas de Aquino, italiano por nascimento, 1124 d.C., monge
da ordem dominicana, "Doctor Angelicus", advogou com
habilidade consumada o sistema agostiniano, do modo
inc6modo e artificial que caracterizava os escolasticos. Joao
Duns Scotus, ingles por nascimento, 1265 d.C., monge da
ordem franciscana, "Doctor Subtilis", foi, naquele seculo, o
defensor mais habil do sistema que se chamava entao semi-
pelagiano. As controversias ressuscitadas assim continuaram
por muitos seculos, sustentando os dominicanos e tomistas,
em geral, a elei9ao incondicional e a graqa eficaz; e os francis-
canos e scotistas, em geral, a eleiqao condicional e o poder
inalienavel da vontade humana de cooperar com a graqa divina
ou resistir-lhe. As mesmas disputas, sob diversos nomes
partidarios, continuam ainda a agitar a igreja romana desde a
Reforma, se bern que o genio de seu sistema ritual e a
predominancia dos jesuitas nos seus condlios tenham feito
prevalecer, em quase toda essa igreja, o semipelagianismo.
0 Condlio Ecumenico de Trento, cujas sess6es comeqa-
ram em 1546 d.C., procurou formular urn credo indefinido
que satisfizesse aos adeptos de ambos os sistemas. A conse-
qi.iencia foi que tanto os dominicanos como os franciscanos
disseram que suas opini6es haviam sido sancionadas por aquele
concilio. A verdade e que, enquanto as exposiq6es gerais e
indefinidas de doutrina que se encontram nos seus canones
sao, muitas vezes, agostinianas na forma, as explicaq6es mais
detalhadas e exatas que se lhes seguem sao uniformemente
semipelagianas.
A ordem dos jesuitas, fundada em 1541 d.C. por Inacio
de Loyola, tem-se identificado sempre com a teologia semi-
pelagiana. Luiz Molina, jesuita espanhol, 1588 d.C., in-
129
Capitulo 6
130
ComparafiiO de Sistemas
gradualmente suas opini6es sobre a liberdade do homem e a
soberania da gra~a divina. Depois da morte de Lutero, na
conferencia de Leipzig, em 1548, declarou, explicitamente,
que concordava com os sinergistas que afirmam que, no ato
regenerador, a vontade humana coopera com a gra~a divina.
Por outro lado, as opini6es de Melanchthon quanto a rela~ao
do sinal significado nos sacramentos (ou seja, as ordenanc;as)
com a gra~a, estavam muito mais em conformidade com as
que mantinham os discipulos de Zwinglio e Calvino do que
com as que ensinava sua propria igreja. Sua posi~ao, em rela~ao
a esses dois pontos, ofendeu muito os "velhos luteranos", e
ocasionou controversias prolongadas e amargas. Afinal pre-
valeceu sobre seus antagonistas o partido "velho" ou dos
luteranos estritos, e fez-se de suas opini6es uma completa
exposic;ao cientifica na Formula Concordiae, publicada em
1580 d.C. Ainda que este documento notavel nao chegasse a
ocupar posic;ao igual a que ocupa a Confissao de Augsburgo
c sua Apologia, que sao a confissao reconhecida universal-
men te das igrejas luteranas, pode, com justi~a, ser considerada
como a melhor testemunha ao nosso alcance a respeito daquilo
que realmente e a teologia estritamente luterana, quando
desenvolvida num sistema completo.
As caracteristicas da teologia luterana quando contrastadas
com as das igrejas reformadas podem ser expostas sob os
seguintes pontos:
1°. Quanto a teo}ogia propria e a cristologia, OS (micos
pontos em que diferem do calvinismo sao os dois seguintes:
(1) Quanto aos atributos divinos ligados a preordena~ao
soberana, eles mantem que ate onde esta diz respeito as ac;6es
dos agentes morais, e limitada as ac;6es que sao boas moral-
mente, e que nao tem relac;ao determinante com as que sao
mas. Deus preve todos os eventos, sejam quais forem; Ele
prcordena todas as ac;6es dos agentes necessarios, e as boas
tu.;6cs dos agentes livres- mas nada mais.
(2 ) Quanto a cristologia, mantem que, em virtude da
~1')8qL,~(,_:nu;.:\ AUBREY CLARK
131
Capitulo 6
uniao hipostatica, o elemento humano da Pessoa de Cristo tern
parte com o divino em pelo menos alguns dos seus atributos.
Assim, Sua alma humana tern parte na onisciencia e onipo-
tencia da Sua deidade, e Seu corpo, na sua onipresen~a, e jun-
tos tern o poder de dar vida ao verdadeiro crente que recebe a
ordenan~a.
2°. Quanto a antropologia, suas opini6es sao identicas as
dos mais estrenuos proponentes da teologia reformada, como,
por exemplo, a imputa~ao antecedente e imediata do primeiro
pecado de Adao; a total deprava~ao moral de todos os seus
descendentes, por natureza e desde o nascimento; e sua inca-
pacidade absoluta de, por suas pr6prias for~as, fazerem, como
devem fazer, coisa alguma das que pertencem a sua rela~ao
com Deus.
3°. Quanto aos grandes elementos centrais da soteriologia,
concordam com muita exatidao com os reformados quanto a
natureza e a necessidade da obra expiat6ria de Cristo; quanto
a justifica~ao forense, mediante·a imputa~ao ao crente tanto
da obediencia ativa como da passiva de Cristo; quanto a
natureza e ao oficio da fe justificadora; quanto a a~ao somente
da gra~a divina na regenera~ao do pecador, com a qual gra~a a
alma, morta por seus delitos, nao pode,em principia, cooperar;
quanto a elei~ao eterna e soberana que Deus faz dos crentes
em Cristo, nao por causa de qualquer coisa neles, e sim em
virtude de Sua vontade graciosa e, por conseguinte, quanto ao
fato de dever-se atribuir a salva~ao de toda alma realmente
salva s6 e unicamente a gra~a de Deus, e de modo algum a
vontade cooperante do homem, ou ao seu merecimento.
Ao mesmo tempo ensinam, com 6bvia inconsequencia
16gica, que, na divina inten~ao, a gra~a do evangelho e
absolutamente universal- que Cristo morreu igualmente, e
no mesmo sentido, por todos os homens; da gra~a a todos
igualmente. Os que se perdem, perdem-se porque resistem a
gra~a. Os que sao salvos, devem sua salva~ao unicamente a
gra~a, a mesma que tern em comum com os perdidos - a
132
ComparafiiO de Sistemas
133
Capitulo 6
adeptos das duas confiss6es, abrange, provavelmente, mais
onze milh6es e meio. Seus livros simb6licos sao a Confissao de
Augsburgo e sua Apologia, os artigos de Esmalcalda, os Cate-
cismos, grandee pequeno, de Lutero e, recebida pelo partido
estrito deles, a Formula Concordiae. As igrejas CALVINISTAS
ou REFORMADAS abrangem, segundo o uso restrito do termo,
todas as igrejas protestantes que derivam sua teologia, de
Genebra; e entre elas, por causa de 6bvias condi~6es
modificadoras, as igrejas episcopais da lnglaterra, Irlanda e
America do Norte formam uma subdivisao separada; e os
metodistas wesleyanos, que sao comumente classificados com
os reformados por terem--se desenvolvido historicamente
daquele ramo, acham-se afastados mais ainda do que a lgreja
da lnglaterra, do tipo normal da classe geral. Num sentido
geral, porem, esta classe compreende todas aquelas igrejas da
Alemanha que aceitam o Catecismo de Heidelberg; as igrejas
protestantes da Sui~a, Fran<;:a, Rolanda; as igrejas nacionais
da lnglaterra e Esc6cia; as independentes e batistas da
lnglaterra e America do Norte; e os diversos ramos da lgreja
Presbiteriana da lnglaterra, Irlanda e America. Compreendem
cerca de oito milh6es de reformados alemaes; dois milh6es da
lgreja Reformada da Hungria; doze milh6es e meio de
episcopais; seis milh6es de presbiterianos; tres e meio milh6es
de metodistas; quatro e meio milh6es de batistas, e urn milhao
e meio de independentes - ao todo, cerca de trinta e oito
milh6es.
As confiss6es principais da lgreja Reformada sao as
Confiss6es Galicana, Belga; Segunda Helvetica e a Escocesa;
o Catecismo de Heidelberg; os trinta e nove Artigos da lgreja
da lnglaterra; os Canones do Sfnodo de Dort, e a Confissao e
Catecismos da Assembleia de Westminster.
134
Comparafiio de Sistemas
modernos, tern o nome de socinianos. Urn partido entre eles
chamava-seelkasitas. Suas ideias, com modifica~oes especiais,
acham-se expressas nasHomilias Clementinas, escritas cerca do
anode 150 d.C., na Siriaoriental. Os humanistas mais distintos
da lgreja Primitiva foram os dois Teodotos de Roma, ambos
leigos- Art em on (t 180), e Paulo de Samosata, bispo de An tio-
quia (260-270), deposto por urn concilio reunido em 269 d.C.
A maioria desses admitia o nascimento sobrenatural de Cristo,
mas afirmava que era meramente homem, honrado com uma
especial influencia divina. Eles admitiam uma apoteose ou
deifica~ao relativa de Cristo, subseqiiente a Sua vida e obra
neste mundo. .;, ,.,, u .· '"')
Cerinto, que viveu durante a ultima parte do primeiro
seculo e a primeira parte do segundo, sustentava que Jesus foi
mero homem, nascido de Maria e Jose, e que o Cristo ou Logos
desceu sobre Ele, na forma de uma pomba, no Seu batismo, e
que foi, entao, elevado adignidade de Filho de Deus, operou
milagres, etc. 0 Logos deixou o homem Jesus na crucificaqao
dEle. Negou, tambem, a ressurreiqao de Jesus.
A esses sucederam osarianos, no quarto seculo. Durante a
!dade Media, nao ficou nenhum partido, na Igreja, que negasse
abertamente a divindade suprema de Jesus. Nos tempos
modernos reviveu o unitarismo, no periodo da Reforma, por
meio dos trabalhos de Lelio Socino, da Inilia. Foi, por este,
levado para a Suiqa, e ali existiu como doutrina professada
por alguns hereges conspicuos, de 1525 a 1560 d.C. Os seus
professores mais proeminentes foram os Socino (Lelio e
Fausto), Serveto e Ochino. Existia como igreja organizada em
Rocow, Polonia, on de os hereges exilados acharam refugio, de
1539 a 1658, quando os socinianos foram expulsos da Polonia
pclos jesuitas e, passando para a Rolanda, ficaram absorvidos
pclas igrejas "remonstrantes" ou arminianas. Em 1609
Schmetz, com os materiais tirados do ensino de Fausto Socino,
sobrinho de Lelio e do de J. Crellio, compos o Catecismo
Racoviano, que ea obra normal do socianismo (veja a tradu~ao
135
Capitulo 6
de Rees, 1818). Depois da sua dispersao, Andre Wissowatis e
outros reuniram as obras mais importantes dos seus te6logos
mais ilustres sob o titulo deBibliotheca Fratrum Polonorum. Esses
escritores desenvolveram o socianismo com habilidade
consumada, deram-lhe uma forma perfeita e reduziram-no a
urn sistema 16gico. E puramente unitario na sua teologia,
humanista na sua cristologia,pelagiano na sua antropologia; e
sua soteriologia foi desenvolvida em perfeita coerencia 16gica
e etica com esses elementos. Uma exposi<;ao de suas posi<;6es
caracteristicas encontra-se abaixo.
Tornou a aparecer, com doutrina sustentada por alguns
homens isolados, na Inglaterra, no seculo 17. Durante o seculo
18, certo numero de igrejas presbiterianas da Inglaterra
decairam para o socianismo; enos fins do mesmo seculo, urn
numero maior de igrejas congregacionais, no leste do estado
de Massachussetts, seguiram o seu exemplo. E essas juntas
constituem a base da denomina<;ao unitaria moderna.
"Sua ultima forma e uma ·modifica<;ao do socianismo
antigo, devido apres sao da religiao evangelica de uma parte, e
da critica racionalista de outra. Priestly, Channing e J.
Martineau sao os exemplos das fases sucessivas do unitarismo
moderno. Priestly e exemplo do socianismo antigo, que se
edificava sobre uma filosofia sensacional; Channing e exemplo
de urn esfor<;o de se conseguir urn grande desenv()lvimento do
elemento espiritual; e Martineau e o da eleva<;ao de vista
induzida pela filosofia de Cousin, e pela introdu<;ao da ideia
de progresso hist6rico nas ideias religiosas"- Farrar Grit. Hist.
of Free Thought, Bampton Lecture, 1862.
136
Comparafiio de Sistemas
teol6gica que desde aquele tempo tern sido chamado por seu
nome. Suas opini6es difundiram-se rapidamente e foram, ao
mesmo tempo, combatidas pelos principais homens da Igreja.
Cerca de urn ano ap6s a morte de Arminio, seus discipulos
constituiram-se em partido organizado e, nessa forma, apresen-
taram aos Estados da Rolanda e Friesland ocidental uma
representa<;;ao (remonstrance), pedindo que se lhes permitisse
conservar seus lugares na Igreja sem que fossem sujeitos, pelos
tribunais eclesiasticos, a exames incomodos sobre sua ortodoxia.
Pelo fa to de sera apresenta<;;ao dessaremonstrance o seu primeiro
ato combinado como urn partido, ficaram, depois, sendo
conhecidos na hist6ria como remonstrantes. ··; ·:·'· ·
Pouco depois disso, os remonstrantes, com o fim de definir
bern a sua posi<;;ao, apresentaram as autoridades cinco artigos
em que exprimiam sua fe quanto a predestina~ao e a gra<;;a.
Essa foi a origem dos celebres "Cinco Pontos" na controversia
entre o calvinismo e o arminianismo. Em breve, porem, a
controversia estendeu-se a mais pontos; e os arminianos, por
se conservarem 16gicos, viram-se obrigados a ensinar doutrinas
radicalmente erroneas quanto a natureza do pecado, ao pecado
original, a imputa<;:ao, a natureza da propicia<;:ao, e a justifica-
<;:ao pela fe. Alguns de seus autores levaram o espfrito
racionalista inerente no seu sistema ate aos seus resultados
lcgitimos, num pelagianismo quase irrestrito, e alguns foram
ate suspeitos de socianismo.
Nao se tendo conseguido, por outros meios, impor silencio
aos inovadores, os Estados Gerais reuniram em Dort, Rolanda,
urn Sinodo geral, cujas sess6es ocorreram em 1618 e 1619.
Constava de pastores, presbiteros regentes e professores
rcol6gicos das igrejas da Rolanda, e de deputados das igrejas
da Inglaterra, Esc6cia, Hesse, Bremen, Palatinado e Sui<;;a-
nao se achando presente ninguem da Fran<;:a, por te-lo proibido
o seu rei. Os delegados estrangeiros presentes eram dezenove
prcsbiterianos das igrejas reformadas do continente, um da
Esc6cia e quatro episcopais da lgreja da Inglaterra, entre eles,
137
Capitulo 6
como chefe, o bispo de Llandaff. Este Sinodo condenou
unanimemente as doutrinas dos arminianos, enos seus Artigos
confirmou a comum fe calvinista das igrejas reformadas. Os
te6logos remonstrantes mais distintos que se sucederam a
Arminio foram Episc6pio, Curcelloea, Limborch, Le Clerc,
Wetstein eo ilustre jurisconsulto Grotio.
A denomina~ao dos metodistas na Gra-Bretanha e na
America e a unica grande entre OS protestantes do mundo
inteiro cujo credo e abertamente arminiano. Mas o seu armi-
nianismo, como este se acha exposto nas obras de Ricardo
Watson, seu escritor mais autorizado e te6logo incomparavel-
mente mais competente do que Wesley, esta muito menos
afastado do calvinismo da Assembleia de Westminster do que
o esta o sistema dos remonstrantes ulteriores, e deve sempre
ser designado pelo nome qualificado de "arminianismo
evangelico". Nas obras de Watson a antropologia e a sote-
riologia do arminianismo sao, em sentido geral, muito
semelhantes as divis6es correspondentes do luteranismo e do
calvinismo de Baxter, e da Escola Francesa do seculo 17.
139
Capitulo 6
por meio de sofrimentos vicarios.
ESCATOLOGIA
1°. No periodo intermediario entre a morte e a ressurrei<;;ao,
a alma permanece inconsciente.
2°. "Porque fica evidente, pelas autoridades citadas, que
eles ( os primeiros socinianos) igualmen te com ou tros
mantinham, constantemente, que haveria uma ressurrei<;;ao
tanto dos justos como dos injustos, e que os injustos seriam
condenados a urn castigo eterno, mas que os justos seriarn
adrnitidos avida eterna." B. Wissowatio.
''A doutrina sobre os tormentas eternos no inferno, a rnaior
parte dos unitarios de hoje (1818) rejeita, por ser, na sua
opiniao, inteirarnente inconciliavel corn a bondade divina, e
por nao ter base nas Escrituras. Com referencia ao destino
futuro dos impios, alguns sustentarn que, depois da ressur-
rei<;;ao, serao aniquilados ou que sofrerao a destrui<;;ao eterna,
no sentido literal das palavras. A maioria, porern, tern aceitado
a doutrina da restaura<;;ao universal, segundo a qual todos os
hornens, por rnais depravados que tenham sido seus caracteres
nesta vida, serao afinal, por rneio de urna disciplina corretiva
adaptada na sua severidade anatureza de cada caso particular,
levados a tornar-se bons e, por consequencia, felizes" -
Catecismo Beacoviano, de Rees- pags. 367, 368.
ECLESIOLOGIA
1°. A Igreja e sirnplesrnente urna sociedade voluntaria.
Seu firn e o aperfei<;;oarnento rnutuo. Seu la<;;o cornurn,
semelhan<;;a de sentirnentos e aspira<;;6es. Sua regra e a razao
hurnana.
2°. Os sacrarnentos sao sirnplesmente ordenan<;;as
comernorativas e instrutivas.
140
I Comparafiio de Sistemas
do que essencial, que pertence antes apolitica adrninistrativa,
e que nao e tanto urn principia necessaria.
2°. Adrnitern que Deus tern presciencia de todos os eventos
sern nenhurna exce~ao. Inventaram a distin~ao expressa pelo
termo Scientia Media para explicar a presciencia certa de
eventos futuros cuja ocorrencia, porem, nao fica determinada
nem por Deus, nem por qualquer outra causa antecedente.
3°. Negam que a preordena<;:ao de Deus se estenda as
voli<;:6es dos agentes livres, e mantem que a eleis;:ao dos homens
nao e absoluta, e sim condicionada a fee obediencia previstas.
ANTROPOLOGIA
1°. Urn carater moral nao pode ser criado, mas e deter-
minado so por decisao previa de quem o possui.
2°. Tanto a liberdade como a responsabilidade envolvem,
necessariamente, a possibilidade de poder fazer o contrario.
3°. Costumam negar a imputa~ao do primeiro pecado de
Adao a sua posteridade.
4°. Os arminianos estritos negam a deprava~ao total do
homem, e so admitem que e moralmente fraco por natureza.
Arminio e Wesley eram ortodoxos, mas menos conseqti.entes.
5°. Negam que o homem tenha capacidade moral para
principiar uma vida santa ou continuar nela, por sua propria
for<;:a e sem auxilio divino- mas afirmam que todos tern o
poder de cooperar com a grafa comum, ou de resistir-lhe.
Somente o que distingue o santo do pecador eo seu proprio
uso ou abuso da gra<;:a.
6°. Consideram a influencia graciosa de Deus como sen do
influencia moral e suasoria em vez de urn exercicio direto e
cficaz da energia recriadora de Deus.
JO. Mantem que qualquer santo pode cair da gra<;:a- em
qualquer periodo da sua vida terrestre.
SOTERIOLOGIA
1°. Admitem que Cristo fez urn sacrificio vicario de Si
como substituto dos pecadores mas, ao mesmo tempo, negam
que tenha sofrido a pena literal da lei ou uma pena plenamente
141
Capitulo 6
equivalente a ela, e mantem que os Seus sofrimentos foram
por gra~a aceitos como substitutos dessa pena.
2°. Mantem que nao s6 com respeito a suficiencia e
adapta~ao da morte de Cristo, mas tam bern na inten~ao do Pai
em dar Seu Filho, e na inten~ao do Filho em Se entregar,
Cristo morreu, no mesmo sentido, por todos os homens
igualmente.
3°. Que a aceita~ao, da parte do Pai, da satisfa~ao de Cristo
em vez da execu~ao da pena na propria pessoa do pecador,
envolve urn afrouxamento da lei divina.
4°. Que, em resultado da satisfa~ao feita por .Cristo, Deus
pode agora, de perfeita conformidade com Seu car:her e com
os interesses de Seu governo geral, oferecer a salva~ao sob
condi~6es mais f:keis. Por conseguinte, o evangelho e uma
nova lei, exigindo fe e obediencia evangelica em vez da
obediencia perfeita exigida originalmente.
5°. Por conseguinte, a obra de Cristo nao salva realmente
a ninguem - s6 torna possivel a ·salva~ao de todos- tirou os
obstaculos legais que exigiam - nao adquire fe para ninguem
mas torna possivel a salva~ao, sob a condi~ao da fe.
6°. A todos os homens sao concedidas influencias
suficientes do Espirito Santo, oportunidades e meios de gra~a
suficientes para serem salvos.
7°. Todos os homens podem e tern a obriga~ao de alcan~ar,
nesta vida, a perfei~ao evangelica. Esta, segundo as explica~6es
que eles dao a respeito dela, consiste em ser o cristao
perfeitamente sincero, em achar-se animado por urn amor
perfeito, e em fazer tudo o que de n6s e exigido nesta dispen-
sa~ao do evangelho.
8°. A respeito dos pagaos, alguns tern mantido que o
evangelho e, de urn ou de outro modo, pregado virtual, senao
formalmente, a todos os homens. Outros, que no mundo
futuro ha tres condi~6es correspondentes as grandes classes em
que se pode dividir a ra~a inteira, com rela~ao ao evangelho -
o Status Credentium; o Status Incredulorum, e oStatus Ignorantium.
142
Comparafiio de Sistemas
15. Eis um breve esbor;o das posir;oes principais do sistema
calvinista.
TEOLOGIA -· · .~.· · .. ,,
1°. Deus e urn soberano absoluto, infinitamente sabio, reto,
justo, benevolo e poderoso, determinando, desde toda
eternidade, a ocorrencia certa de todos os eventos, de qualquer
classe, que sejam segundo o conselho da Sua propria vontade.
2°. A justi<;a vindicativa e uma perfei<;ao essencial e
imutavel da natureza divina, que exige o castigo pleno de todo
e qualquer pecador, e Deus nao pode afrouxar o seu exercicio
nem deixar de exerce-lo.
CRISTOLOGIA , ·!J .... ·.. • ,: · · •
0 Mediador e uma s6 pessoa eterna e divina, ao mesmo
tempo verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Na unidade da
Pessoa teantr6pica as duas naturezas permanecem puras e nao
misturadas, e cada uma retem distintos seus atributos separados
e incomunicaveis. A personalidade e a do Logos eterno e
imutavel. A Sua natureza humana e impessoal. Todos OS Seus
atos medianeiros envolvem o exercicio concorrente das
energias das duas naturezas, segundo suas diversas proprie-
dades, na unidade da Sua Pessoa, que e uma s6.
ANTROPOLOGIA
1°. Deus criou o homem por urn ato imediato da Sua
onipotencia, e num estado em que nao havia defeito fisico,
intelectual ou moral, e com carater moral formado
posi ti vamen te.
2°. A culpa do pecado publico de Adao, Deus, por urn ato
judicial, poe aconta imediata de cada urn de seus descendentes,
desde o momento em que come~am a existir, e antes de
qualquer de seus atos.
3°. Os homens, por conseguinte, come<;am a existir num
estado de condena<;ao, privados daquelas influencias do
Espirito Santo das quais depende a sua vida morale espiritual.
4°. Segue-se disso que principiam a ser agentes morais
privados daquela retidao original que pertencia a natureza
143
Capitulo 6
humana como a mesma foi criada em Adao, e ja com uma ~
tendencia previa para o pecado; e essa tendencia que neles esta
e da natureza do pecado, e merece castigo.
5°. A natureza do homem, ainda depois da Queda,
conserva suas faculdades constitucionais de razao, consciencia
e livre vontade, e por isso o hom em continua a ser agente moral
e responsavel; mas, nao obstante, esta morro espiritualmente,
e totalmente avesso ao que e born espiritualmente, e e
absolutamente incapaz para mudar seu cora~ao ou cumprir,
de urn modo adequado, qualquer dos deveres que nascem da
sua rela~ao com Deus.
SOTERIOLOGIA
1°. A salva~ao do homem e absolutamente da gra~a de
Deus. Deus estava livre para, em conformidade com as
perfei~6es infinitas da Sua natureza, salvar todos ou muitos,
ou poucos ou ninguem, segundo a Sua soberana vontade.
2°. Cristo fez-Se Mediador em virtude de urn pacto eterno
feito entre o Pai eo Filho, segundo o qual tornou-Se o substituto
legal de Seu povo eleito, e como tal cumpriu, por meio da Sua
obediencia e sofrimentos, todas as obriga~6es que para esses
eleitos nasceram das Suas rela~6es federais para com a lei-
pagando vicariamente mediante Seus sofrimentos a sua divida
penal - cumprindo vicariamente, por Sua obediencia, todas
as condi~6es pactuadas das quais dependia sua felicidade
eterna- cumprindo, assim, tudo o que a lei exigia, satisfazendo
a justi~a de Deus e adquirindo a salva~ao eterna daqueles
por quem morreu.
3°. Por isso adquiriu, por Sua morte, as influencias
salvadoras do Espirito Santo para todos aqueles por quem
morreu. Eo Espirito Santo aplica, infalivelmente, a reden~ao
adquirida por Cristo a todos os que intencionava salvar, no
tempo exato e sob aquelas mesmas condi~6es que foram
predeterminadas no pacto eterno da gra~a - e isso faz pelo
exercicio imediato e intrinsecamente eficaz de Seu poder,
operando diretamente neles, e nas opera~6es da sua natureza
144
Comparm;iio de Sistemas
renovada levando-os afe, ao arrependimento e a obediencia.
4°. A justificas;ao e urn ato judicial de Deus, pelo qual,
imputando-nos a justis;a perfeita de Cristo na qual se acham
inclufdas sua obediencia ativa e passiva, comes;a a nos ver e
nos tratar de conformidade com essa justis;a, declarando que
estao satisfeitas todas as exigencias penais, e que nos, graciosa-
mente, temos direito a todas as imunidades e recompensas
condicionadas no pacto original com Adao, sob sua obediencia
perfeita.
5°. Embora nao seja possfve1 alcans;ar absoluta perfeis;ao
moral nesta vida, e a certeza nao seja da essencia da fe, e, nao
obstante, possivel e obrigatorio para todo crente esfors;ar-se
por chegar a ter certeza da sua propria salvas;ao pessoal, e
esquecendo-se do que para tnis fica, que se esforce por tornar-
-se perfeito em tudo.
6°. Apesar do fato que entregue a si proprio todo crente
cairia imediatamente, e embora a maioria dos crentes sofra
desvios temporais, todavia, por meio da operas;ao da Sua
gras;a no coras;ao, de conformidade com as provisoes do pacto
eterno da gras;a e como proposito de Cristo em morrer, Deus
impede infalivelmente que ate o crente mais fraco apostate
inteiramente ou peres;a eternamente.
'.:: r
145
7
Credos e Confissoes
146
Credos e Confiss6es
que, no uso de suas faculdades naturais e pelos meios comuns
de interpreta<;ao, chegue cada urn a certas conclus6es a respeito
daquilo que as Escrituras ensinam. Desde que todas as verdades
concordam entre si, em todas as suas partes, e desde que a razao
humana procura sempre e instintivamente reduzir a uma
unidade e coerencia logica todos os elementos dos conheci-
mentos que procura adquirir, segue-se que os homens sao como
que obrigados a construir, mais ou menos formalmente, urn
sistema de fe com os materiais apresentados nas Escrituras.
Todos os que estudam a Biblia fazem isso, necessariamente,
no proprio processo de compreender e coordenar o seu ensino;
e pela linguagem de que OS serios estudantes da Biblia se
servem, em suas oraq6es e outros atos de culto e na sua
costumeira conversa<;ao religiosa, todos tornam manifesto que,
de urn ou de outro modo, acharam nas Escrituras urn sistema
de fe tao completo como no caso de cada urn deles lhe foi
possivel. Se os homens recusarem o auxilio oferecido pelas
exposi<;,:6es de doutrina elaboradas e definidas vagarosamente
pela Igreja, cada um teni de fazer seu proprio credo, sem auxilio
e confiando so na propria sabedoria. A questao real entre a
Igreja e OS impugnadores de credos humanos nao e, como eles
muitas vezes dizem, uma questao entre a Palavra de Deus e os
credos dos hom ens, mas e questao entre a fe provada do corpo
coletivo do povo de Deus e o juizo provado e a sabedoria
desassistida do objetor individual. Assim, como era de supor-
-se, foi de fato assim que a Igreja procedeu, muito vagarosa-
mente e pouco a pouco, nesta obra de interpretar exatamente
as Escrituras e de definir as grandes doutrinas que comp6em
o sistema de verdades reveladas nessas mesmas Escrituras.
Muitas vezes a aten<;_:ao da Igreja era chamada para o estudo de
uma doutrina numa epoca, e numa epoca subseqiiente para o
de outra; e a medida que assim se fazia progresso gradual na
discrimina<;ao clara das verdades evangelicas, fez a Igreja, em
di versos periodos, exposi<;_:6es exatas do resultado das novas
aquisi<;_:6es e deu assim ao mundo novos credos ou confiss6es
147
Capitulo 7
de fe com o fim de conservar a verdade, de instruir nela o povo,
e de discrimina-la e defende-la contra as pervers6es dos hereges
e dos ataques dos incredulos e, tambem, com o fim de ter
nesses credos urn las;o comum de fee regra comum para o
ensino e a disciplina.
Os credos antigos da Igreja (universal) foram compostos
pelos primeiros quatro condlios ecumenicos ou gerais, exces-
sao feita daquele que e chamado Credo dos Ap6stolos, formado
gradualmente das confiss6es feitas nas ocasi6es de batismo
nas igrejas ocidentais, e do Credo Atanasiano, feito particular-
mente, nao se sabe por quem, nem onde. A grande confissao
autorizada pela igreja papal foi produzida pelo condlio
ecumenico reunido em Trento, 1545. A maioria das principais
confiss6es protestantes sao devidas a pessoas individuais,
ou a pequenos grupos de pessoas, e.g., a Confissao de Augsburgo
e a Apologia, a Segunda Confissao Helvetica, o Catecismo de
Heidelberg, a antiga Confissao Escocesa, os Trinta e Nove Artigos
da Igreja da Inglaterra, etc. Duas, porem, das mais valiosas e
mais geralmente aceitas confiss6es protestantes foram produ-
zidas por gran des e veneniveis assembleias de te6logos eruditos,
a saber: os Canones do Sinodo Internacional de Dart, e a
Confissao e as Catecismos da Assembleia Nacional de JfiJstminster.
148
Credos e Confissoes
A materia de todos esses credos e confiss6es obriga as
consciencias dos homens s6 ate onde esta em conformidade
com as Escrituras, e de acordo com essa conformidade. A forma,
porem, em que se acha exposta essa materia obriga s6 aqueles
que subscreveram voluntariamente a confissao, e porque a
subscreveram.
Em todas as igrejas faz-se uma distin<;ao entre as condi<;6es
nas quais se admitem membros a sua congrega<;ao e as
condi<;6es nas quais os oficiais sao admitidos a seu oficio
sagrado de ensinar e governar. Nenhuma igreja tern o direito
de impor a seus membros particulares uma condi<;ao que
Cristo nao fez condi<;ao da salva<;ao. A Igreja e o rebanho de
Cristo. As ordenan<;as sao os selos do Seu pacto. Todos aqueles,
pois, que professam a verdadeira religiao de urn modo que
mere<;a credito, is toe, todos OS que sao presumivelmente pOVO
de Deus tern o direito de admissao aIgreja. Essa profissao que
mere<;a credito envolve naturalmente urn conhecimento
competente das doutrinas fundamentais do cristianismo, uma
declara<;ao de fe pessoal em Cristo e de dedica<;ao ao Seu
servi<;o, e uma disposi<;ao de espirito e costumes de vida que
condigam com essa profissao. Por outro lado, a ninguem se
pode confiar nenhum oficio numa igreja se nao professa crer
na verdade e sabedoria da constitui<;ao e leis que ele tera o
dever de conservar e administrar. A nao ser assim, seriam
impossiveis toda harmonia de sentimentos e toda coopera<;ao
eficaz em a<;ao.
E urn prindpio de moral admitido universalmente que o
animus imponentis, o sentido em que as pessoas que imp6em
urn juramenta, uma prornessa ou obriga<;:ao o entendern, obriga
a consciencia das pessoas que se obrigarn pelo juramenta ou
pcla prornessa. Todos os candidatos, pois, a qualquer oficio na
Igreja Presbiteriana, ou creem pessoalmente no "sistema de
doutrinas" ensinado nos sirnbolos norrnais dessa Igreja, no
scntido ern que tern sido entendido historicamente ser a
vcrdade de Deus, ou eles rnentern solenernente diante de
149
Capitulo 7
Deus e dos homens.
150
Credos e ConfissiJes
ceu; e esta sentado a mao direita de Deus Pai todo-pode-
roso; donde ha de vir para julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espirito Santo; na santa Igreja cat6lica, na
comunhao dos santos, na remissao dos pecados, na
ressurrei<;:ao do corpo e na vida eterna. Amem".
151
Capitulo 7
que negaram a deidade do Espirito Santo. E certo que essas
mudan<;:as foram feitas mais ou menos naquela epoca; e as
diversas "clausulas" acrescentadas ja existiam anteriormente
em formularies propostos por te6logos individuais. No entanto,
niio existem provas de que essas mudan~as foram feitas pelo
Concilio de Constantinopla. Foram, porem, reconhecidas pelo
Concilio de Calcedonia, em 431.
E nesta segunda forma que 0 Credo Niceno e utilizado
agora na lgreja Grega.
(3) A terceira, ou forma latina deste credo, na qual e
utilizado nas igrejas romana, episcopal e luterna, difere da
segunda forma supramencionada s6 nos seguintes pontos:
(a) Restitui aprimeira clausula as palavras "Deus de Deus";
haviam pertencido ao Credo Niceno original, mas tinham
sido omitidas na sua forma grega niceno-constantinopolitana.
(b) Acrescentou-se o celebre termo Filioque a clausula que
afirmava que o Espirito procede do Pai. Este termo foi
acrescentado pelo concilio provincial de Toledo, Espanha,
em 589, e foi gradativamente aceito por toda a lgreja Ocidental,
e dai por todos os protestantes, sem nenhuma ratifica<;:iio
ecumenica. E rejeitado pela Igreja Grega. 0 texto deste credo,
recebido com reverencia por todos os cat6licos e protestantes,
ecomo segue:
"Creio em urn s6 Deus, Pai onipotente, Criador dos
ceus e da terra, e de todas as coisas visiveis e invisiveis; e
em urn s6 Senhor Jesus Cristo, Filho unigenito de Deus,
gerado de Seu Pai antes de todos os seculos; Deus de Deus,
Luz de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado
e nao feito, de uma s6 substancia com o Pai; por quem
foram feitas todas as coisas; o qual, por amor de n6s, os
homens, e pela nossa salva~ao, desceu do ceu, encarnou
por obra do Espfrito Santo, e nasceu da virgem, Maria, e
foi feito homem; foi tambem crucificado por amor de
n6s sob o poder de P6ncio Pilatos; padeceu e foi sepultado,
e ao terceiro dia ressuscitou, segundo as Escrituras; e subiu
ao ceu, e esta sentado a direita de Deus Pai. E tornara a
152
Credos e Confissoes
153
Capitulo 7
separando a substancia. 5. Porque a Pessoa do Pai e uma, a
do Filho outra, e a do Espfrito Santo outra. 6. Mas no Pai,
no Filho e no Espfrito Santo h:i uma s6 deidade, gloria
igual e majestade coeterna. 7. 0 que o Pai e, o Filho e, e o
Espfrito Santo e. 8. 0 Pai e incriado, o Filho e incriado, o
Espfrito Santo e incriado. 9. 0 Pai e imenso, o Filho e
imenso, o Espfrito Santo e imenso. 10. 0 Pai e eterno, o
Filho e eterno, o Espirito Santo e eterno. 11. E, contudo,
nao ha tres eternos, porem urn s6 eterno. 12. Assim
tambem nao ha tres incriados, nem tres imensos, mas urn
s6 incriado e urn s6 imenso. 13. Do mesmo modo, o Pai e
onipotente, o Filho e onipotente e o Espfrito Santo e
onipotente. 14. E, contudo, nao ha tres onipo'tentes, mas
urn s6 onipotente. 15. Assim o Pai e Deus, o Filho e Deus,
o Espirito Santo e Deus. 16. E, contudo, nao ha tres Deuses,
porem urn s6 Deus. 17. Assim o Pai e Senhor, o Filho e
Senhor, o Espfrito Santo e Senhor. 18. E, contudo, nao ha
tres Senhores, mas urn s6 Senhor. 19. Porque, assim como
somas obrigados pela verdade crista a confessar que cada
pessoa de per si e Deus e Senhor, assim tambem somos
proibidos pela religiao cat6lica de dizer que h:i tres Deuses
ou Senhores. 20. 0 Pai nao foi feito de ninguem, nem
criado, nem gerado. 21. 0 Filho e s6 do Pai, nao feito,
nem criado, mas gerado. 22. 0 Espirito Santo e do Pai e
do Filho, nao feito, nem criado, nem gerado, mas
procedente. 23. Por isso h:i urn s6 Pai, nao tres Pais, urn
s6 Filho, nao tres Filhos, urn s6 Espfrito Santo, nao
tres Espiritos Santos. 24. E nesta trindade nenhum e o
primeiro ou o ultimo, maior ou menor. 25. Todavia todas
as tres pessoas coeternas sao coiguais entre si; de modo
que, como se disse acima, deve-se adorar tanto a unidade
em trindade como a trindade em unidade. 26. Portanto,
quem quiser ser salvo, deve pensar assim a respeito da
Trindade. 27. Mas e necessaria para a salvac;:ao eterna que
tambem creia fielmente na encarnac;:ao de nosso Senhor
Jesus Cristo. 28. E, portanto, verdadeira fe que creiamos
e confessemos que o nosso Senhor Jesus Cristo e tanto
homem como Deus. 29. E Deus, gerado desde a eternidade
154
Credos e Confissi5es
da substancia do Pai; homem nascido no tempo, da
substancia de sua mae. 30. Perfeito Deus, perfeito homem,
subsistindo numa alma racional e em carne humana. 31.
lgual ao Pai com respeito a Sua deidade, menos do que o
Pai com respeito a Sua humanidade. 32. 0 qual, embora
sendo Deus e homem, nao e dois Cristos, e sim urn so. 33.
Urn s6, nao por conversao da Sua deidade em carne, mas
sim por ser assumida em Deus a sua humanidade. 34. Urn
s6, de modo algum por confusao de substancia, e sim pela
unidade da Pessoa. 35. Porque, assim como a alma racional
e a carne sao urn so homem, assim tambem Deus e o
homem sao urn so Cristo. 36. 0 qual padeceu pela nossa
salva~ao, desceu ao inferno, ao terceiro dia ressurgiu dos
mortos. 37. Subiu ao ceu, esta assentado a mao direita de
Deus Pai onipotente, donde vira para julgar os vivos e os
mortos. 38. Em cuja vinda todos os homens ressurgirao
com seus corpos, e darao conta de suas pr6prias obras. 39.
E os que tiverem praticado o bern entrarao na vida eterna;
os que tiverem praticado o mal irao para o fogo eterno.
40. Esta e a fe cat6lica, e se o homem nao a crer fiel e
firmemente, nao podera ser salvo.
155
Capitulo 7
.
segundo a humanidade; em tudo semelhante a n6s, mas
sem pecado; gerado do Pai antes de todos os seculos,
segundo a deidade, e nestes ultimos dias, por n6s e pela
nos sa sal va~ao, nasceu de Maria, a virgem mae de Deus
segundo a humanidade. E urn s6 eo mesmo Cristo, Filho,
Senhor, unigenito, existindo em duas naturezas sem
mistura, sem mudan~a, sem divisao, sem separa~ao; nao
sendo, de modo algum, destruida a diversidade das duas
naturezas por sua uniao, porem sendo conservadas as
propriedades peculiares de cada natureza, e concorrendo
para (formar) uma s6 pessoa e uma s6 subsistencia, nao
separadas ou divididas em duas pessoas, e sim urn s6 e o
mesmo Filho, e Unigenito, Deus o Verbo, o Senhor Jesus
Cristo; assim como os profetas, desde o principio,
declararam acerca dEle, e como o proprio Senhor Jesus
Cristo nos ensinou, e como o credo dos santos Pais nos
transmitiu".
Corn esse credo cornpletou-se o desenvolvirnento da
doutrina ortodoxa sobre a Trind<J,de de Pessoas no Deus (mico,
e sobre a dualidade de naturezas no Cristo unico. Perrnanece
como exposis,:ao universalrnente respeitada da fe cornurn da
Igreja.
156
Credos e Confissoes
2. 0 0 Catecismo Romano, ou Catecismo do Concilio de Trento,
que explica e confirma os canones do Concilio de Trento, foi
composto por ordem de Pio V, e promulgado por autoridade
de Pio V, em 1566.
3. 0 0 Credo do Papa Pio IV, tam bern chamado Professio
Fidei Tridentinae ouForma Professionis Fidei Catholicae, contem
urn sumario das doutrinas ensinadas nos Canones e Decretos
do Concilio de Trento, e foi promulgado numa bula pelo
papa Pio IV, em 1561. Subscrevem-no todos os mestres e
eclesiasticos cat61ico-romanos, seja qual for seu grau, e todos
os convertidos do protestantismo.
E como segue:
"Eu, F, creio e professo com fe firme todas e cada uma
das coisas contidas no simbolo de fe usado na santa igreja
cat6lica romana; a saber, creio num s6 Deus Pai, todo-
-poderoso, Criador do ceu e da terra, e de todas as coisas
visiveis e invisiveis; e em urn s6 Senhor Jesus Cristo,
Filho unigenito de Deus, gerado do Pai antes de todos os
seculos; Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus de
verdadeiro Deus, gerado, nao feito, consubstancial com o
Pai, por quem foram feitas todas as coisas; o qual, por
amor de n6s os homens e pela nossa salva~ao desceu do
ceu, encarnou por obra do Espirito Santo, e nasceu da
Virgem Maria, e se fez homem; foi crucificado por amor
de nos sob o poder de Poncio Pilatos, padeceu e foi
sepultado, e ao terceiro dia ressuscitou segundo as
Escrituras, e subiu ao ceu, esta sentado a mao direita do
Pai, e tornara a vir com gloria para julgar os vivos e os
mortos; cujo reino nao tera fim; e no Espirito Santo, o
Senhor e Doador da vida, que procede do Pai e do Filho,
o qual, junto com o Pai e o Filho, e adorado e glorificado,
o qual falou pelos santos profetas; e numa s6 igreja santa,
cat6lica e apost6lica. Confesso urn s6 batismo para a
remissao dos pecados, e espero a ressurrei~ao dos mortos
e a vida eterna no mundo futuro. Amem.
"Admito e abra~o firmissimamente as tradi~6es apos-
t6licas e eclesiasticas, e todas as outras constitui~6es e
157
Capitulo 7
institui~oes da mesma igreja. Admito tambem as Santas
Escrituras no sentido em que as abra~ou e abrac:;a a santa
madre igreja, a quem pertence julgar do verdadeiro sentido
e interpreta<;ao das Escrituras; e nunca hei de toma-las
ou interpreta-las de urn modo que nao seja de
conformidade com o unanime consenso dos padres.
Professo tambem que ha verdadeira e propriamente sete
sacramentos na lei nova, instituidos por Jesus Cristo nosso
Senhor, e necessarios para a salvac:;ao dos homens, se bern
que nem todos o sejam para todos - a saber, batismo,
confirmac:;ao, eucaristia, penitencia, extrema-unc:;ao,
ordem e matrimonio, e que conferem gra~a; e desses,
batismo, confirma~ao e ordem nao se pode reiterar sem
sacrilegio. Recebo tambem e admito as cerimonias da
igreja cat6lica romana, recebidas e aprovadas na adminis-
trac:;ao solene de todos os sacramentos supramencionados.
Recebo e abra<;o todas e cada uma das coisas definidas e
declaradas no santo Condlio de Trento a respeito do
pecado e da justifica~ao. Professo igualmente que na missa
se oferece a Deus urn sacrificio verdadeiro, proprio e
propiciat6rio pelos vivos e pelos mortos; e que no san-
tissimo sacramento da eucaristia estao verdadeira, real e
substancialmente o corpo e o sangue, junto com a alma e
a divindade de nosso Senhor Jesus Cristo, e que se faz
uma conversao da substfmcia inteira do pao em seu corpo,
e da substancia inteira do vinho em seu sangue, a qual
conversao a igreja cat6lica romana chama transubs-
tanciac:;ao. Confesso tambem que debaixo de cada uma das
especies separadamente se recebe o Cristo todo e inteiro,
e urn verdadeiro sacramento. Sustento com constancia
que ha urn purgat6rio, e que as almas detidas nele sao
ajudadas com o sufragio dos fieis. Tambem que os santos,
que reinam juntamente com Cristo, devem ser honrados
e invocados, que _oferecem ora~oes a Deus por n6s, e que
se deve venerar suas reliquias. Afirmo firmissimamente
que as imagens de Cristo, e da mae de Deus sempre
virgem, e tambem as dos demais santos, deve-se ter e
conservar, e se lhes deve tributar a devida honra e
158
Credos e L'onjzssoes
venera~ao. Afirmo tambem que o poder das indulgencias
foi deixado por Cristo na igreja, e que o uso delas e
sumamente saudavel ao povo cristao. Reconhe~o a santa
igreja cat6lica e apost6lica, mae e mestra de todas as
igrejas; e prometo e juro verdadeira obediencia ao bispo
romano, o sucessor de S. Pedro, principe dos ap6stolos e
vigario de Jesus Cristo. Professo tambem, e recebo
indubitavelmente todas as demais coisas estatuidas,
definidas e declaradas pelos santos canones e concilios
ecumenicos, e especialmente pelo santo Concilio de
Trento (e estatuidas, definidas e declaradas pelo Concilio
Ecumenico Vaticano, especialmente as que dizem respeito
a primazia e a infalibilidade do pontifice romano.*
"E condeno, rejeito e anatematizo igualmente todas as
coisas contnirias a isso, e todas as heresias, quaisquer que
sejam, condenadas, rejeitadas e anatematizadas pela igreja.
Esta verdadeira fe cat6lico-romana, fora da qual ninguem
pode ser salvo, que professo agora livremente e abra~o
verdadeiramente, eu, F., prometo, protesto e juro abra~ar
com toda a constancia e professar a mesma toda e inteira,
com a ajuda de Deus, ate ao fim da minha vida; e procurar,
ate onde chegarem as minhas for~as, que a mesma seja
abra~ada, ensinada e pregada por todos os que estao sob
minha autoridade, ou foram confiados ao meu cuidado,
em virtude do meu oficio, com a ajuda de Deus e destes
santos evangelhos de Deus - Amem".
4. 0 0 Santo Concilio Ecumenico Vaticano foi convocado por
Pio IX; reuniu-se na Basilica do Vaticano em 8 de dezembro
de 1869, e continuou suas sess6es ate ao dia 20 de outubro de
1870, depois do qual foi suspenso indefinidamente.
Os decretos desse concilio dividem-se em duas se~6es:
(1) "A Constitui~ao Dogmatica sobre a Fe Cat6lica". Esta
abrange quatro capitulos. 0 capitulo 1 trata de Deus como
Criador; o capitulo 2, da revela~ao; o capitulo 3, da fe; o capitulo
159
Capitulo 7
4, da fe e a razao. A estes seguem-se dezoito canones que con- '~
denam os erros do racionalismo e da incredulidade modernos.
(2) "Primeira Constitui~ao Dogmatica sobre a lgreja de
Cristo". Esta abrange tambem quatro capitulos. 0 capitulo 1
tern por titulo: "Da institui~ao da primazia apost6lica em Pedro
bem-aventurado"; o capitulo 2: "Da perpetuidade da primazia
de Pedro bem-aventurado nos pontifices romanos"; o capitulo
3: "Do poder e da natureza da primazia do pontifice romano". ~
A materia nova vern nos dois ultimos capitulos, que ensinam
o absolutismo papal, e a infalibilidade papal. Estas defini~6es
ja foram apresentadas em extensao suficiente no capitulo 5
deste livro.
Em conseqiiencia desse principio de infalibilidade Papal,
segue-se necessariamente que a serie inteira de bulas papais, e
especialmente as que foram dirigidas contra os jansenistas; o
Decreto de Pio IX "Sobre a imaculada concei~ao da bem-
-aventurada Virgem Maria", promulgado a 8 de dezembro de
1854, e seu Syllabus de erros, de 8 de dezembro de 1864, sao
todos infaliveis e irreformaveis, e sao partes dos espantosos
Simbolos de Fe que sao de autoridade indiscutivel na igreja
cat6lica romana!
160
Credos e Confissoes
produzidos na divisao oriental da lgreja Primitiva e na lingua
grega, e sao por isso, em sentido especial, a sua heran<;a; e
porque, sendo a sua teologia absolutamente estacionaria,
contenta-se ela com a repeti<;ao literal das formulas antigas.
Adere aos credos antigos e as decis6es doutrinais dos sete
primeiros condlios ecumenicos, e possui alguns catecismos e
confiss6es modernos. Os mais importantes deles sao:
1°. A "Confissao Ortodoxa da lgreja Grega Cat6lica e
Apost6lica", composta por Pedro Mogilas, metropolitano de
Kiev, na Russia, em 1643, e aprovada por todos os patriarcas
do Oriente.
2°. Os "Decretos do Condlio de Jerusalem", ou Confissao
de Dositeo, 1672.
3°. Os Catecismos Russos, que tenham a san<;ao do santo
Sinodo, especialmente o Catecismo Maior, de Philaret,
metropolitano de Moscou, 1820- 1867, aprovado unanime-
mente por todos os patriarcas orientais, e desde 1839 usado
geralmente nas igrejas e escolas da Russia.
Os decretos do Sinodo de Jerusalem ensinam substan-
cialmente, posto que menos definidamente, a mesma doutrina
que o Condlio de Trento quanta as Escrituras e a tradi<;ao, as
boas obras e a fe, a justifica<;ao, aos sacramentos, ao sacrificio
da missa, ao culto dos santos e ao purgat6rio.
0 Catecismo de Filareto aproxima-se mais do principia
evangelico da supremacia da Biblia em materias de fee vida
cristas, do que qualquer outra exposi<;ao feita pela lgreja
Oriental.
161
Capitulo 7
imperial, em Augsburgo, em 1530. E a mais antiga confissao
protestante, a base fundamental da teologia luterana, * e a (mica
norma doutrinaria universalmente aceita nas igrejas luteranas.
Consta de duas grandes divis6es. A primeira, que contem vinte
urn artigos, apresenta uma exposic;:ao positiva das doutrinas
cristas como os luteranos as entendem; a segunda, com sete
artigos, condena os principais erros caracteristicos do roma-
nismo. E evangelica, no sentido agostiniano, posto que nao
seja tao exata na exposic;:ao como o sao as confiss6es calvinistas
mais perfeitas, e contem naturalmente os germens das opini6es
peculiares dos luteranos quanta anecessidade dos sacramentos
para a salvac;:ao, e quanta arela~ao dos sinais sacrainentais com
a grac;:a que significam. Contudo, estas peculiaridades estao
tao lange de serem expostas explicitamente, que Calvina achou
esta confissao tao consoante com suas ideias sabre as verdades
divinas que a subscreveu durante a sua residencia em
Estrasburgo.
Em 1540, dez anos depois ·de adotada como simbolo
publico da Alemanha protestante, Melanchthon preparou e
publicou uma edi~ao em latim, na qual fizera diversas
alteras;6es e que, par isso, ficou conhecida como a Variata
enquanto se chamava Invariata a confissao original e (mica
autentica. As mudan~as principais introduzidas nessa edi~ao
tendem a opini6es sinergistas ou arminianas a respeito da grac;:a
divina de urn lado, e do outro, a ideias quanta aos sacramentos
que sao mais simples e mais de conformidade com a das igrejas
reformadas. Veja: History of Christian Doctrine, de Shedd, Liv.
7, cap. 2; e, tambem, a exata e erudita edi~ao ilustrada da Conf.
de Augsburgo, do Dr. Charles Krauth, D.D.
2°. AApologia (Defesa)da Confissiio deAugsburgo, preparada
por Melanchthon, em 1530, e subscrita pelos te6logos
162
, Credos e Confissoes
protestantes em 1537, em Esmalcalda.
3°. Os Catecismos Maior e Menor de Lutero, 1529 d.C., "o
prirneiro para uso dos pregadores e professores, eo outro para
guia dos jovens."
4°. Os Artigos de Esmalcalda, preparados por Lutero, ern
1536, e subscritos pelos te61ogos evange1icos, ern fevereiro de
15 37, na cidade cujo nome trazern.
5°. A Formula Concordia; (Forma de Acordo), preparada
ern 1577 por Jacob Andrese e Martinho Chernnitz e outros,
corn o firn de por terrno a certas controversias que se haviarn
suscitado na Igreja Luterana, especialrnente (1) a respeito da
a~ao relativa da gra~a divina e da vontade humana, na obra da
regenerac;ao; (2) a respeito da natureza da presenc;a do Senhor
na eucaristia. Esta Formula contern urna exposi<;ao rnais
cientifica e rnais bern desenvolvida da doutrina 1uterana do
que qua1quer outra que se possa achar nos seus sirnbolos
publicos. Sua autoridade, porern, ereconhecida s6 pe1o partido
extrema dos luteranos, isto e, por aque1e partido, na Igreja,
que leva conseqiienternente as peculiaridades da teologia
luterana ao seu rnais cornpleto desenvolvirnento 16gico.
Todos estes sirnbolos luteranos acharn-se editados,
acuradarnente, ern latirn emLibri Symbolici, pelo Dr. C. A. Hase,
l.cipzig, 1836, e ern Creeds of Christendom, pelo Dr. Schaff.
163
Capitulo 7
ao imperador na mesma Dieta de Augsburgo, em 1530, em
que foi apresentado o primeiro simbolo luterano. Dos te6logos
que se ocuparam em sua preparac;,:ao, o principal foi Martinho
Bucer, de Estrasburgo. Consta de vinte e dois artigos, e
concorda geralmente com a Confissao de Augsburgo. Os pontos
de diferenc;,:a pertencem a doutrina sobre os sacramentos.
Quanto a esse assunto e zuingliana. Em 1532, porem, essas
quatro cidades adotaram a Confissao de Augsburgo, de modo
que a Confessio Tetrapolitana deixou de ser o simbolo adotado
formalmente por qualquer ramo da lgreja Luterana.
2. 0 As confiss6es reformadas de maior autoridade entre
as igrejas sao as seguintes:
( 1) A Segunda Confissao Helvetica, preparada por Bullinger,
em 1564, e publicada em 1566, substituiu a Primeira Confissao
Helvetica de 15 36. Foi adotada por todas as igrejas reformadas
da Suic;a, com excec;,:ao da de Basileia (que conservou a
primeira), e pelas igrejas reformadas da Polonia, da Franc;a, da
Hungria e da Esc6cia, e tern sido considerada sempre por
todas as igrejas reformadas como da maior autoridade.
(2) 0 Catecismo de Heidelberg, preparado por Ursino e
Oleviano, em 1562. Foi estabelecido pela autoridade civil como
o simbolo normal de doutrina, como tambem como meio de
ensino religioso, para as igrejas do Palatinado - naquele tempo
urn Estado alemao que incluia as duas margens do Reno. Foi
aprovado pelo Sinodo de Dort, e e simbolo normal de doutrina
das igrejas reformadas (alemas e holandesas) da America do
Norte. Era usado na Esc6cia para ensino das crianc;as, antes da
adoc;ao dos Catecismos da Assembleia de Westminster, e seu
uso foi sancionado unanimamente pela primeira Assembleia
Geral da lgreja Presbiteriana Unida dos Estados Unidos, em
1870. Veja as Atas.
(3) Os Trinta e noveArtigos da Jgreja da Jnglaterra. Em 1552,
Cranmer, auxiliado por outros bispos, preparou os Quarenta e
dois Artigos de Religiiio que foram publicados por autoridade
do Rei, em 1553. Foram revistos e reduzidos ao numero de
164
Credos e ConfissiJes
165
Capitulo 7
"Ademais, devemos receber as promessas de Deus do
modo pelo qual nos sao, geralmente, propostas nas
Escrituras Sagradas; devemos seguir, em nossas obras, a
vontade divina que nos e declarada expressamente na
Palavra de Deus".
Estes artigos, purgados do seu calvinismo e reduzidos em
numero a vinte e cinco, inclusive urn novo artigo politico
(o vigesimo terceiro ), ado tan do como artigo de fe o sistema
politico do governo dos Estados Unidos, constituem o simbolo
normal de doutrina da Igreja Metodista Episcopal da America.
(4) Os Canones do Sinodo de Dart. Este celebre sinodo foi
convocado para reunir-se em Dort, Holanda, por autoridade
dos Estados Gerais, como fim de por termo as controversias
suscitadas pelos discipulos de Arminio. Suas sess6es tiveram
continuidade de 13 de novembro de 1618 a 9 de maio de 1619.
Constava de pastores, presbiteros regentes e professores
teol6gicos das igrejas da Holanda, e deputados das igrejas da
Inglaterra, da Esc6cia, de Hesse, de Bremen, da Sui~a e do
Palatinado. Os canones desse sinodo foram aceitos por todas
as igrejas reformadas como uma exibi~ao exata, verdadeira e
eminentemente revestida de autoridade do sistema calvinista
de teologia. Constituem, juntos com o Catecismo de Heidel-
berg, a confissao doutrinaria da Igreja Reformada da Holanda,
e de sua filha, a Igreja Reformada (holandesa) da America.
(S)A Confissiio e os Catecismos daAssembliia de m;stminster.
Esta assembleia de te6logos foi convocada por ato do
Parlamento Amplo, votado em 12 de junho de 1643. A convo-
ca~ao original abrangia dez membros da Camara Alta, ou dos
lordes, e vinte da Camara Baixa, ou doscomuns, como membros
leigos, e cento e vinte e urn te6logos, aos quais se acrescentaram
depois vinte ministros, ficando assim representadas as diversas
opini6es quanto ao governo da Igreja. Essa corpora~ao
continuou em sessao de 1ode julho de 1643 ate 22 de fevereiro
de 1649. A Confissao e os Catecismos que produziram foram
166
Credos e Confissoes
imediatamente adotados pela Assembh~ia Geral da Igreja da
Escocia. Tambem a Convenc;ao Congregacional, convocada por
Cromwell, que se reuniu em Savoy. Londres, em 1658, aprovou
a parte doutrinal da Confissao e dos Catecismos da Assembleia
de Westminster, e incorporou, quase inteiramente, em sua
propria confissao, aDeclarafiio de Savoy. ''A diferenc;a entre as
duas confiss6es e tao pequena que OS independentes rnodernos
tern, por assirn dizer, abandonado o uso dela (a Declarac;ao de
Savoy) ern suas farnflias, e concordado corn os presbiterianos
em usar os Catecisrnos da Assernbleia"- Neal, Puritans,
vol. 2, pag. 178. Essa Confissao, juntarnente corn os Catecisrnos
Maior e Menor, sao os sirnbolos norrnais de doutrina de
todas as igrejas presbiterianas no rnundo, de derivac;ao inglesa
ou escocesa. E tarnbern, de todos os credos, o que e rnais
' stimado por todas as igrejas dos congregacionalistas, na
I nglaterra e America.
Todas as assembleias que se reunirarn na Nova Inglaterra
corn o firn de estabelecer a base doutrinal de suas igrejas, ou
aprovararn ou adotararn, explicitarnente, essa Confissao e esses
<:arecisrnos como exposic;6es exatas da sua propria fe. Fez assirn
o Sinodo que se reuniu em Cambridge, Massachusetts, em
junho de 1647, e outra vez em agosto de 1648, e preparou a
Plataforma de Cambridge. Fe-lo tambem o Sinodo reunido em
Boston, ern setembro de 1679, e ern maio de 1680, e que
produziu a Confissiio de Boston. Tam bern o fez o Sino do reunido
·m Saybrook, Connecticut em 1708, o qual produziu a
fJfataforma de Saybrook.
3a. Ha ainda rnais algumas confiss6es reformadas que,
•mbora nao sejarn sirnbolos normais de doutrina de grandes
lenominac;6es de cristaos, sao, contudo, de muito interesse
1<1ssico e de autoridade por causa de seus autores ou das
i r unstancias ern que se originararn.
( 1) 0 Consensus Tigurinus ou Consensus de Zurich, ou "0
·onscnso mutuo dos pastores da Igreja de Zurich e de Joao
167
Capitulo 7
Calvino, pastor da igreja de Genebra, a respeito da doutrina
do sacramento." Constava de vinte e seis artigos, tratando
exclusivamente de quest6es que diziam respeito a Ceia do
Senhor, e foi preparado por Calvino, em 1549, como fim de
efetuar acordo mlituo entre todos os partidos da Igreja
Reformada a respeito das quest6es de que trata. Foi subscrito
pelas igrejas de Zurich, Genebra, St. Gall, Schaffhausen,
N eucha tel, Basileia e dos Grisons, e recebido favoravelmente
em todas as diversas partes da Igreja Reformada, e fica
monumento excelso da doutrina verdadeira da Igreja Refor-
mada sobre essa questao tao discutida. Ede valor especialmente
porque exp6e com muita clareza e com autoridade indubitavel,
as verdadeiras opini6es de Calvino sobre esta materia, expostas
deliberadamente depois de haver deixado de fazer esfon;:os
vaos, no intuito de conseguir a unidade do protestantismo por
meio de uma concessao as opini6es luteranas quanto a presen~a
do Senhor na eucaristia.
No apendice achar-se-a uma tradu~ao exata desse
documento importante.
(2) 0 Consensus Genevensis foi preparado por Calvino, em
1552, em nome dos pastores de Genebra, e e uma exposi~ao
completa das ideias de Calvino sobre a Predestinafiio. Tinha
por fim unir todas as igrejas sui~as em suas ideias a respeito
desse ponto. Fica como monumento proeminente dos
principios fundamentais do verdadeiro ca1vinismo.
(3) A Formula Consensus Helvetica, elaborada em Zurich,
em 1675, por Joao Henrique Heidegger, de Zurich, ajudado
por Francisco Turretino, de Genebra; e Lucas Gern1er, de
Basileia. Seu titulo e: "Forma de acordo das grejas reformadas
sui~as, a respeito da doutrina da gra~a universal, das doutrinas
ligadas a essa, e de alguns outros pontos". Tinha por fim unir
as igrejas sui~as em condenar e excluir a forma modificada do
calvinismo que naquele seculo emanava da Escola Teol6gica
de Saumur, e representada por Amyraldo, P1aceo, etc. Esta e a
168
Credos e Confissi5es
169
8
Os Atributos de Deus
170
Atributos de Deus
que e necessaria evitarmos:
1a. A primeira posis;ao extrema de supormos que as nossas
·onceps;6es de Deus sao, quer em especie quer em grau,
adequadas para representar a realidade objetiva de Suas
perfeis;6es. Deus e incompreensfvel por nos no sentido de que
(a) fica sempre uma parte imensuravel da Sua natureza e da
Sua excelencia da qual nao temos nem podemos ter conheci-
mento; e (b) mesmo aquila que sabemos dEle, sabemos muito
imperfeitamente e concebemos muito inadequadamente. A
esse respeito, a imperfeis;iio do conhecimento que os homens
tern de Deus e analoga em especie, em bora infinitamente maior
em grau aimperfeis;ao do conhecimento que uma crians;a pode
tcr da vida de urn grande fil6sofo ou estadista, morando na
rnesma cidade. A crians;a nao s6 sabe que o fil6sofo ou estadista
vive - mas sabe tambem, ate certo ponto real, a que eessa vida
e, contudo, o seu conhecimento e muito imperfeito, tanto
porque apreende s6 uma parte muito pequena dessa vida, como
1am be rn porque com preen de s6 muito imperfeitamente
mcsmo essa pequena parte.
za. A segunda posis;ao extrema que devemos evitar eo de
supor que o nosso conhecimento de Deus e ilus6rio, que nossas
·onceps;6es das perfeis;6es de Deus nao correspondem, em grau
nlgum, a realidade objetiva. "Sir" William Hamilton, o Sr.
Mansel e outros, depois de provarem que somas obrigados a
J ·nsar em Deus como "causa prirnaria", como "infinito" e
11
absoluto", procedem a dar definis;6es destes termos abstratos,
los quais tirarn, entao, a conclusao necessaria de que esses
1 ·rmos envolvem contradis;6es mutuas que a razao hurnana
uuo pode tolerar. Em seguida, tiram a conclusao de que as
nossas conceps;6es de Deus nao podem corresponder a real
·xist<! ncia objetiva do Ser divino. "0 pensarmos que Deus seja
I tuilo que pensamos que e, e blasfemia." A ultima e rnais
o· rna consagras;ao da verdadeira religiao nao pode ser outra
nisa que urn altar "ao Deus desconhecido e a quem nao nose
1nssfvcl conhecer" ("Sir" William Hamilton,Discussions, pag.
171
Capitulo 8
22). Sustentam eles que todas as representa~6es de Deus
comunicadas nas Escrituras, e as melhores concep~6es que n6s,
como auxilio das Escrituras, podemos formar dEle, de modo
algum correspondem a realidade objetiva, e que nao tern por
fim dar-nos conhecimento real e cientifico, e sim, servir-nos
'
como postulados reguladores "muito instrutivos para o
sentimento e para a a~ao", e suficientes, praticamente, para as
nossas necessidades atuais; "suficientes para dirigir a nossa
vida, mas nao para satisfazer anossa inteligencia -niio nos dizem
o que Deus eem Si, e sim o que Ele quer que pensemos a Seu respeito"
-Mansel, Limits of Religious Thought, pag. 132.
Esse modo de pensar leva realmente ao ceticismo, se nao
ao ateismo dogmatico, se bern que nao era esse o fim que
tinham em vista esses autores. (1) Baseia-se numa definis;ao
artificial e inaplicavel de certas no~6es abstratas mantidas por
alguns fil6sofos a respeito do "absoluto" e do "infinito". Como
mostraremos logo afrente (Pergunta 6) uma defini~ao verda-
deira do absoluto e do infinito, no sentido em que as Escrituras
e OS homens nao sofisticados dizem que Deus e absoluto e
infinito, nao envolve contradi~ao ou absurdo algum. (2)
Demonstrar-se-a abaixo (Pergutas 3 e 5) que temos born funda-
mento para o postulado segundo o qual, como seres morais e
inteligentes, fomos real e verdadeiramente criados a imagem
de Deus, e que por isso podemos conhece-10 como Ele
realmente e. (3) Sea nossa consciencia intimae as Escrituras
Sagradas nos apresentam conceps;6es ilus6rias quanto ao que
Deus e, nao temos motivo algum para confiar nelas quando
nos dizem que Deus e, ou que existe. (4) Esse principia leva
ao ceticismo absoluto. Se o nosso Criador quer que pensemos
nEle de urn modo diverso da verdade, nao temos motivo para
confiar em nossos instintos ou faculdades constitutivas quanto
aos outros ramos do conhecimento. (5) Esse principia eimoral,
porque faz de falsas representa~6es dos atributos divinos o
principia regulador da vida morale religiosa dos homens. (6)
Os ditames mais exaltados e mais certos da razao humana
172
Atributos de Deus
produzem necessariamente a convic~ao de que OS princfpios
marais e a natureza essencial de quaisquer atributos marais
nao podem deixar de ser os mesmos em todos os mundos e em
todos os seres possuidores, em qualquer sentido, de urn carater
moral. A verdade, a justi~a, o am ore a benevoH~ncia nao podem
deixar de ser no Criador aquila mesmo que sao na criatura, e
em Deus aquila mesmo que sao no homem.
173
Capitulo 8
mesma especie que os atributos que tern esses nomes e que
pertencem aos homens, mas, em Deus, em perfei~ao absoluta
e sem limites.
zo. A palavra e empregada em mau sentido quando utilizada
para designar urn modo de pensar em Deus como se houvesse
nEle qualquer imperfei~ao ou limita~ao. Pensar em Deus, por
exemplo, como se tivesse maos ou pes, ou experimentasse em
Si as perturba~6es das paix6es humanas, ou de qualquer outro
modo semelhante, seria urn antropomorfismo falso e indigno
dEle.
174
Atributos de Deus
teologia e toda a religiao e que Deus fez o homem alma viva, a
Sua propria imagem. A nao ser assim, o homem nao poderia
compreender mais das obras de Deus do que da Sua natureza,
e todas as rela<;6es de pensamentos e sentimentos entre eles
seriam impossiveis. Que o homem tern o direito de pensar em
Deus como a fonte original e totalmente perfeita das qualidades
morais e racionais que nEle se acham, provam os seguintes
fatos:
1°. E determinado assim pelas leis necessarias da nossa
natureza. (1) E materia da nossa consciencia intima. Se cremos
em Deus, e-nosforfoso crer nEle como espirito pessoal, racional
e reto. (2) Mesmo nas adultera<;6es aviltantes da mitologia paga
as concep<;6es que se fazem de Deus sao universalmente
semelhan tes a essa. ;I,.·: · · · t· •
2°. Nao ha outro modo possivel de conhecermos a Deus.
Haveremos sempre de fazer a nossa escolha entre o principia
que sustentamos eo ateismo absoluto.
3°. 0 mesmo e determinado tambem pelas leis necessarias
de nossa natureza moral. A natureza moral do homem, inata e
indestrutivel, inclui o sentimento de sujei<;ao a uma vontade
reta superior a nossa, e de responsabilidade perante urn
Governador moral. Mas isso seria urn absurdo se o Governador
moral nao fosse, no nosso sentido das palavras, urn espirito
pessoal inteligente e reto. '·
4°. 0 argumento mais duravel e satisfat6rio para estabelecer
o fa to da existencia de Deus, eo argumento a posteriori baseado
nas provas de "designio" que vemos nas obras de Deus. E se
este argumento e valido para estabelecer o fato da existencia
de Deus, e valido tam bern para provar que Ele possui e exerce
inteligencia, inten<;ao benevola e a faculdade de escolher, ou
seja, que Ele e, em nosso sentido dos termos, urn espirito
pessoal e inteligente.
5°. As Escrituras atribuem caracteristicamente esses
mesmos atributos a Deus, e em toda parte propugnam Sua
existencia. ·· :.• !.i.;<'(Jl
j " ••• :;.'··
175
Capitulo 8
6°. Deus, manifestado na Pessoa de Jesus Cristo, que e a
1
imagem expressa da Pessoa do Pai, exibiu em todas as situa~6es
esses mesmos atributos, e tambem o fez de tal modo que
demonstrou sempre ser Deus tao verdadeiramente como era
;
hom em. 1
176
Atributos de Deus
"Infinito" quer dizer o que nao tern limites. Quando
dizemos que Deus e infinito no Seu Ser, conhecimento, ou
poder, queremos dizer que Sua essen cia e as propriedades ativas
desta nao tern limita~6es que envolvam imperfei~6es de
qualquer especie que seja. Ele transcende todas as limita~6es
do tempo e do espa~o, e conhece todas as coisas de urn modo
absolutamente perfeito. Pode fazer tudo quanto quer por
intermedio de meios ou sem eles, e com facilidade e sucesso
perfeitos. Quando OS homens dizem que Deus e infinito na
Sua justi~a, bondade ou verdade, isso significa que na Sua
natureza inexaurivel e imutavel possui esses atributos em
perfei~ao absoluta.
''Absoluto", quando aplicado a Deus, quer dizer que Ele e
uma Pessoa eterna e auto-existente, que existia antes de todos
os demais seres, e que e a causa inteligente e voluntaria de
tudo quanto mais existiu, existe agora, ou em qualquer tempo
ha de existir em todo o universo, etc., e que por isso Ele niio
mantem relar;iio necessaria com nada que existia fora dEle. Tudo
quanto existe esta condicionado a Deus, assim como o drculo
esta condicionado a seu centro; mas Deus, seja quanto a Sua
existencia, seja quanto a qualquer dos modos dela, nao esta
condicionado a nenhuma das Suas criaturas, nem a cria~ao
como urn todo. Deus eo que eporque e, e Ele quer aquilo que
quer porque "assim e do seu agrado". Tudo o que mais existe
e o que e porque Deus queria que fosse o que e. Toda rela~ao
que Ele sus tern para com aquilo que esta fora dEle foi por Ele
tomada voluntariamente.
177
Capitulo8
8. Qual a etimologia e a significafao dos diversos names dados
a Deus nas Escrituras?
1°. JEOVA, do hebraicoHayah, ser. Exprime auto-existencia
e imutabilidade; e 0 nome incomunicavel de Deus que OS
l
judeus, por motivo supersticioso, nunca pronunciam,
substituindo-o, na sua leitura do Velho Testamento, no origi-
nal, pelo nomeAdonai, SENHOR. E este ultimo nome substitui
o de J eova tam bern na vulgata e em diversas outras vers6es.
JAH, provavelmente abreviatura de Jeova, e empregado
principalmente nos Salmos.- Sal. 68:4, no original. Ea ultima
sllaba da palavra "aleluia" , louvai a Jeova.
A Moises Deus deu a conhecer Seu nome peculiar - EU
SOU 0 QUE SOU- Ex. 3:14, da mesma raiz que Jeova, e com a
mesma significa~ao fundamental.
2°. EL, poder, forfa, traduzindo Deus, e aplicado tanto a
deuses falsos como ao Deus verdadeiro- Is. 44:10.
3°. ELOIM e ELOAH, sen do os do is o mesmo nome, o ultimo
sendo a forma singular, eo primeiro, a forma plural. Ederivado
de Alah, temer, reverenciar. N a sua forma singular e usa do s6
nos livros poeticos enos menos antigos. Na sua forma plural e
usado, as vezes, no sentido plural de deuses; mais comumente,
porem, como umpluralis excellentice, aplicado a Deus. Eaplicado
tambem a deuses falsos, mas de preferencia, a Jeova como o
grande objeto de adora~ao.
4°. ADONA!, o Senhor pluralis excellentice aplicado
exclusivamente a Deus, exprimindo possessao e dominio
absoluto, equivalente a Senhor, aplicado tantas vezes a Cristo
noN ovo Testamento.
5°. SADDAI, onipotente, urn pluralis excellentice. As vezes
aparece s6, como em J 6 5: 17; e, as vezes, e precedido de EL,
como em Gen. 17:1.
6°. ELY ON, o EZEBAexcelso, adjetivo verbal de alach- subir
-Sal. 9:2; 21:7. . . <i' ·1l.1~; .
7°. 0 termo TZEBAOTH, dos exercitos, e usado freqi.iente-
mente como epiteto qualificativo de urn dos names
8
Atributos de Deus
supramencionados de Deus, como: Jeova dos Exercitos, Deus
dos Exercitos,JeovaDeus dos Exercitos- Amos 4: 13; Sal. 24:10.
Alguns tomam isso como o equivalente de: Deus das batalhas.
Mas o verdadeiro sentido e: "Soberano das estrelas, dos
exercitos materiais do ceu, e dos anjos, seus habitantes"- Dr.
J. A. Alexander, Com. on the Psalms, 24:10, e Gesenius, Heb.
Lex. 1 ···-~r;p /! ~t~. £ ~, ·_, · •
179
Capitulo 8
como a Sua eternidade e imensidade- }611:7-9; 26:14; Sal.
139:5,6; Is. 40:28. Os elementos morais da Sua natureza
gloriosa sao a norma ou o tipo original de nossas faculdades
morais; e assim e que nose possivel compreender os supremos
prindpios de verdade e justi~a sobre os quais Ele opera. A
verdade, a justi~a e a bondade sao naturalmente os mesmos
atributos, quer em Deus, quer nos anjos, quer no homem. Ao
mesmo tempo, aquilo que Deus faz, de conformidade com
esses principios, e, muitas vezes, uma prova para a nossa fe, e
da ocasiao para 0 adorarmos maravilhados - Rom . 11 :33-36;
Is. 55:8,9.
180
Atributos de Deus
sao relacionadas com a essencia divina como as propriedades
das coisas criadas sao relacionadas com as coisas dotadas com
elas. Outros levam tao longe a ideia de simplicidade que negam
haver distin<;;ao alguma nos pr6prios atributos divinos, e
sup6em que a unica diferen~a entre eles esta no modo pelo
qual se manifestam externamente, enos efeitos produzidos.
Ilustram sua ideia pelos diversos efeitos que o mesmo raio de
luz do sol produz em diversos objetos.
Para evitar estes dois extremos, os te6logos costumam
dizer que os atributos divinos diferem uns dos outros e da
essencia divina, 1°. naorealiter, ou assirn como urna coisa difere
de outra, ou de qualquer modo que irnplique composi<;;ao ern
Deus. Nern, 2°. meramentenominaliter, como se niio houvesse
em Deus coisa alguma que corresponda realrnente a nossas
concep<;;6es de Suas perfei<;;6es. Mas, 3°. diz-se que diferern
virtualiter, de modo que ha nEle base ou rnotivo adequado
para todas as representa<;;6es feitas nas Escrituras a respeito
das perfei<;;6es divinas, e para as concep<;;6es que por isso nos
ternos delas- Turretino,Institutio Theologicce, Locus 3; Quaes.
5 e 7; e Dr. C. Hodge, Lectures.
181
Capitulo8
Urn atributo afirmativo euma qualidade que exprime alguma
perfeic;ao positiva da essencia divina: e.g., onipresenc;a,
onipotencia, etc. Urn atributo negativo e uma qualidade que
nega qualquer defeito ou limitac;ao de qualquer modo nas
perfeic;6es divinas: e.g., irnutabilidade, infinidade, incompre-
ensibilidade, etc.
3°. Distinguern-se cornocomunicaveis eincomunicaveis. Os
atributos cornunicaveis sao aqueles corn os quais os atributos
do espirito hurnano tern algurna analogia: e.g., poder, conhe-
cimento, vontade, bondade e retidao. Os incomunicaveis sao
aqueles quanta aos quais nao ha na criatura nada que lhes seja
analogo: e.g., eternidade, irnensidade, etc. Esta distinc;ao,
porem, necessariarnente nao deve ser levada lange demais.
Deus e infinito em relac;ao ao espac;o e ao tempo; nos somos
finitos ern relac;ao a urn e a outro. Mas Ele nao emenos infinito
quanta ao Seu conhecimento, a Sua vontade e a Sua retidao
ern todos os Seus rnodos, enos somas finitos em todos estes
aspectos. Todos os atributos divinos que conhecemos ou que
podernos conceber sao cornunicaveis, por terern suas analogias
ern nos; entretanto todos sao igualrnente incomunicaveis, por
serern todos infinitos ern Deus.
4°. Os atributos de Deus distinguern-se como naturais e
morais. Os naturais sao todos os que Lhe pertencern por ser
Ele urn Espirito infinito e racional: e.g., eternidade, irnensi-
dade, inteligencia, vontade, poder. Os marais sao os dernais
atributos, que Lhe pertencern por ser Ele Espirito infinito e
reto: e.g., justic;a, misericordia, verdade.
Eu proporia, sern rnuita seguranc;a, a classificac;ao
seguinte:
(1) Os atributos que qualificarn igualrnente todos os outros
- injinidade, aquila que nao tern lirnites: absolutidade, *aquila
que nao e deterrninado, nern quanta a Sua existencia, nern
182
Atributos de Deus
quanto ao modo da Sua existencia ou da Sua a9ao, por coisa
alguma que haja fora dEle proprio. Isso inclui a imutabili-
dade. ' ·' .r :· t r '1 i t':{ 1 _-; ¥ ' ~ .- •' • .I ••• " _; ~ ~
;- • ;-;_.. ><"
183
Capitulo 8
15. Que argumenta se tira da harmonia da criafiiO a favor da
unidade divina?
A cria<;ao inteira entre os dois extremos, ate onde chega a
observa<;ao telesc6pica e microsc6pica, e manifestamente urn
s6 sistema indivisivel. Ja provamos, porem (Cap. 2), a existencia
de Deus, pelos fenomenos do universo; e argumentamos agora,
partindo do mesmo principia, que, se urn efeito e prova da
opera9ao previa de uma causa, e se evidencias de inten9ao e
designio provam a existencia de quem tencionava, entao a
singeleza e a unidade de urn plano e sua operas;ao nesse designio
e na sua execu<;ao provam tambem que quem teve o designio
foi UMS6.
184
Atributos de Deus
seriam assim urn s6 e o mesmo ser identico. E certo que a
ideia da coexistencia de dois seres infinitamente perfeitos
repugna tanto a razao humana como as Escrituras. ''!
- } ' • :. • , J"·l> Jl ~ . J!,J> .• - ! ~
A ESPIRITUALIDADE DE DEUS
e e
19. Que que se ajirma, e tambem que que se nega na proposifGO
segundo a qual Deus eEspirito?
N ada sabemos de uma substancia, senao o que se manifesta
por suas propriedades. Materia e a substancia cujas proprie-
dades se manifestam diretamente aos nossos sentidos corporais.
Espirito ea substancia cujas propriedades se manifestam a nos
diretamente na autoconsciencia, e s6 inferencialmente por meio
de palavras e outros sinais ou modos de expressao, mediante
os nossos sentidos.
Quando dizemos que Deus e Espirito, o sentido e:
1°. Negativamente, que Ele nao possui partes nem paix6es
corporais; que nao Se comp6e de elementos materiais; que
nao esta sujeito a nenhuma das condi<;:6es que limitam a
existencia material; e que, por conseguinte, nao pode ser
apreendido por nenhum de nossos sentidos corporais.
2°. Positivamente, que Ele e urn ser racional que distingue
com precisao infinita entre o verdadeiro eo falso; que e urn
ser moral, que distingue entre o born e o mau; que e agente
185
Capitulo8
livre, cujas a<;:6es sao determinadas s6 por Sua propria vontade;
e, enfim, que todas as propriedades essenciais de nossos
espiritos podem tambem realmente ser asseveradas a respeito
dEle, e em grau infinito.
Esta grande verdade e inconciliavel com a doutrina
segundo a qual Deus e a alma do mundo (anima mundi), uma
for<;:a plastica, organizadora, inseparavel da materia; e tam bern
com a doutrina gn6stica da emana~ao, e com todas as formas
do materialismo e do panteismo modernos.
186
Atributos de Deus
Nao se acha presente assim em virtude de alguma
multiplica~ao infinita do Seu Espirito, porque o Espirito e
eternamente urn so e individual; nem e isso resultado de
alguma difusao infinita da sua essencia pelo espa~o imenso,
assim como o ar esta difuso sobre a superficie da terra; porque,
sen do Espirito, nao ecomposto de partes, nem se pode estender;
mas a Deidade inteira, em Sua essencia (mica e indivisivel,
esta sempre presente igualmente, a todo momento da dura~ao
eterna, em todo o espa~o infinito e em cada parte dele.
187
Capitulo 8
24. Como provar que Deus eonipresente quanta aSua essencia?
Que Deus e onipresente quanto aSua essencia fica provado:
1°. Pelas Escrituras (1 Reis 8:27; Sal. 139:7-10; Is. 66: 1; Atos
17:27,28). 2°. Pe1a razao. (1) E conseqiiencia necessaria da
Sua infinidade. (2) Pelo fato de que o Seu conhecimento e
Sua essencia conhecendo, e Suas a~6es sao Sua essencia agindo.
Contudo, o Seu conhecimento eo Seu poder estendern-se a
todas as coisas.
188
Atributos de Deus
muito que a inteligencia humana possa afirmar ditatorial-
mente que e uma ideia Hio verdadeira quanto sublime" -
McCosh,Intuitions of the Mind, pag. 212.
189
Capitulo8
29. Quando dizemos que Deus eeterno, que eque afirmamos, e
que eque negamos? ~
Afirmamos, JO. que, quanto a Sua existencia, nunca teve
principia e nunca teni fim; 2°. que, quanto ao modo da Sua
existencia, Seus pensamentos, emo~6es, prop6sitos e atos, eles
sao invariaveis, unos e inseparaveis, sempre os mesmos; e 3°.
Que Ele e imutavel. J
Negamos, 1°. Que Deus teve principia ou que tera fim;
2°. que ha varia~ao nos Seus estados ou modos de ser; e 3°.
que a Sua essencia, os Seus atributos e os Seus prop6sitos em
qualquer tempo mudadio.
30.Em que sentido eque sefala nos atos de Deus como passados,
presentes efuturos?
No tocante a Deus, os Seus atos nunca sao passsados,
presentes ou futuros, senao somente quanto aos objetos e aos
efeitos produzidos na criatura. 0 prop6sito eficiente,
compreendendo o objeto, o tempo e todas as circunstancias,
estava-Lhe presente sempre e sem mudan~a; o evento, porem,
sucedendo no tempo, eassim passado, presente ou futuro para
nos.
190
Atributos de Deus
A IMUTABILIDADE DE DEUS
191
Capitulo 8
1°. Quanta acria<;:ao. 0 proposito eficaz, a determina<;:ao e
o poder de criar o mundo residiram em Deus desde a
eternidade, mas esse mesmo proposito eficaz era ode produzir
efeito no tempo e na ordem apropriados. 0 efeito foi produzido
por Deus, porem isso nao implica nem sombra de mudan<;:a
em Deus, pois nada Lhe foi tirado nem acrescentado.
2°. Quanta aencarna~ao. 0 Filho divino assumiu, numa
uniao pessoal conSigo, uma natureza humana criada. Sua
essencia incriada nao sofreu mudan<;:a alguma. Sua Pessoa
eterna nao mudou, mas so entrou numa nova rela<;:ao. A
mudan<;:a efetuada por esse even to estupendo ocorreu somente
na natureza criada do hom em Jesus Cristo.
192
Atributos de Deus
perfeitamente nos recordamos do passado, enquanto que do
futuro nada sabemos. Deus, porem, conhece perfeitamente
todas as coisas presentes, passadas e futuras por urn olhar
total, nao sucessivo e totalmente compreensivo.
193
Capitulo 8
existido, quer nao existam e nunca venham a existir, vistos a
luz da Sua propria razao infinita.
3°. Todas as coisas reais que ja existiram, existem agora,
ou virao a existir, Ele compreende num so ato eterno e simul-
tanaeo de conhecimento, como atualidades sempre presentes
a Ele, e conhecidos como tais aluz de Seu proprio proposito
soberano e eterno.
194
Atributos de Deus
nao sao, de modo algum, contingentes; e os da segunda Ele
"preconhece" como contingentes quanto acausa, todavia nem
por isso com menor certeza de que venham a suceder.
Que Ele preconhece todos os esses eventos e certo -
1°. Porque as Escrituras o afirmam -1 Sam. 23: 11,12; Atos
2:23; 15:18; Is. 46:9,10.
2°. Muitas vezes Ele predisse eventos contingentes futuros,
e as profecias cumpriram-se- Mar. 14:30.
3°. Deus e infinito em todas as Suas perfei~6es; por isso o
Seu conhecimento deve ser (1) perfeito, e pode compreender
todas as coisas futuras como tambem passadas; (2) independente
das criaturas. Ele conhece todas as coisas em si mesmas a Sua
propria luz, e de maneira nenhuma depende da vontade de
qualquer criatura tornar o conhecimento de Deus mais certo
ou mais completo.
195
Capitulo 8
liberdade, a certeza moral nao o e, como sera demonstrado
detalhadamente no Cap.l5, Perg. 25.
... ·. 43. Par quem foi introduzida essa distinfiio, e com que fim?
Pelo jesuita Luiz Molina, que nasceu em 1535 e faleceu
em 1601, e foi professor de teologia na Universidade de Evora,
Portugal, em sua obra intituladaLiberi arbitrii cum gratice donis,
divina prescientia, prcedestinatione et reprobatione concordia.* Foi
excogitada com o fim de explicar como Deus podia pre-
conhecer com certeza o que as Suas criaturas livres fariam na
ausencia de qualquer preordena<;ao soberana da parte dEle,
determinando as suas a<;6es; fazendo assim a preordena<;ao
divina dos homens para a felicidade ou para a infelicidade
depender da presciencia divina da fe e da obediencia dos
hom ens, e negando que a presciencia de Deus dependa da Sua
preordena<;ao soberana.
196
Atributos de Deus
1 Sam. 23:9-12; Mat. 11:22,23. (2) Que essa distin~ao eobvia-
mente necessaria para tornar o modo da presciencia de Deus
conciliavel com a liberdade do homem.
Ao primeiro argumento respondemos que os eventos
mencionados nas passsagens supracitadas das Escrituras niio
eram futuros. Ensinam simplesmente que Deus, conhecendo
todas as causas, tanto as livres como as necessarias, sabe o que
qualquer criatura fara em quaisquer condi~6es. Mesmo n6s
sabemos que se pusermos fogo a p6lvora, seguir-se-a uma
explosao. Este conhecimento pertence, pois, aprimeira classe
das citadas acima (Perg. 38), ou seja, ao conhecimento de todas
as coisas possiveis. Ao segundo argumento respondemos que
a presciencia certa de Deus envolve tanto a certeza do futuro
a to livre da criatura como o envolve a Sua preordena~ao; e que
a preordena~ao soberana de Deus, com respeito aos atos livres
dos homens, s6 torna certamente futuros esses atos, e de modo
algum determina que sejam praticados, a nao ser pela livre
vontade da criatura agindo livremente.
2°. Essa scientia media e desnecessaria, porque todos OS
objetos possiveis do conhecimento, todas as coisas possiveis, e
todas as coisas que realmente hiio de ser, ja foram compreendidas
nas duas classes ja citadas (Pergs. 38, 39).
3°. Se Deus preconhece com certeza qualquer evento fu-
turo, entao e com certeza futuro, e Ele o preconheceu como
futuro com certeza, ou porque ja era certo anteriormente, ou
porque a Sua presciencia o tornou certo. Se a Sua presciencia
o tornou certo, en tao a presciencia envolve a preordena~ao. Se
ja era certo anteriormente, entao gostariamos de saber o que
foi que o podia tornar certo, se nao foi o decreta de Deus
determinando uma de tres coisas. (1) Sera que Deus mesmo
causaria o evento imediatamente? (2) Sera que o causaria por
meio de alguma segunda causa necessaria? (3) Sera que algum
agente livre o causaria livremente? S6 temos a escolha entre a
preordena~ao de Deus e uma fatalidade cega.
4°. Esta teoria faz o conhecimento de Deus depender dos
197
Capitulo 8 1
1
mas tambem preordena os atos livres dos homens. Is. 10:5-15;
Atos 2:23; 4:27,28.
198
Atributos de Deus
absoluta exprime a onipotencia de Deus considerada absoluta-
mente em si mesma - e especificamente essa reserva infinita
de poder que permanece nEle como urn livre atributo pessoal,
acima e alem de todas as for~as da natureza e Suas ordimirias
opera~6es providenciais sobre elas e por meio delas. Cria~ao,
milagres, etc., sao opera~6es deste poder de Deus. A potestas
ordinata, porem, e o poder de Deus que Ele exerce no sistema
estabelecido de causas secundarias no curso ordinario da
Providencia, e por meio desse sistema. Os racionalistas e os
defensores do mero naturalismo, que negam os milagres e toda
interferencia divina no sistema estabelecido da natureza,
naturalmente admitem s6 esta segunda, e negam a primeira
forma do poder divino. ~'· ' · / ' · .. -'·
199
Capitulo 8
seria uma perfeifiiO ou um defeito? E ela existe em Deus?
Objeta-se que, se o nosso poder fosse igual aos nossos
designios, e se cada voli<;:ao tivesse como resultado imediato a
obra desejada, nao estariamos conscios de nenhuma diferen<;:a
entre o poder e a vontade. Admitimos que e urn defeito no
homem quando seu poder nao esta comensurado asua vonta-
de, e que este nunca eo caso com Deus. Por outro lado, porem,
quando urn homem esta conscio de possuir for~as que podia
empregar, mas nao quer empregar, esta conscio de que isto e
uma excelencia, e de que a sua natureza esta roais perfeita por
possuir essa reserva de for<;:as, do que estaria se nao a possuisse.
Dizer-se, pois, que o poder nao se estende alem da Sua vontade
de exerce-lo, que nao ha em Deus nada que nao exer~a, e o
mesmo que dizer que Ele nao e maior do que a Sua cria<;:ao.
Os atos de urn grande homem nos impressionam,
principalmente quando olhados como os indicios de for<;:as
muito maiores que ele guarda, em reserva. Assim e com Deus
tam bern.
A VONTADE DE DEUS
200
Atributos de Deus
sabia, poderosa e reta de Deus exercendo o Seu querer. Em
nossa concep<;ao dela e aquele atributo da Deidade ao qual
referimos os Seus prop6sitos e decretos, como seu principio.
201
Capitulo 8
maior parte nos fica oculta.
A vontade claramente revelada de Deus e Sua vontade
preceptiva, que nos erevelada sempre como a regra do nosso
dever- Deut. 29:29.
203
Capitulo 8
diversa do que dizer que a fe que Paulo tinha foi a condic;:ao do
prop6sito eterno de Deus de salva-lo; porque o mesmo
prop6sito determinou tanto a fe, a condic;:ao, como a salvac;:ao,
a sua consequencia. Veja algo mais no Cap. 10, sobre os
decretos.
- - . ,., .. )
204
Atributos de Deus
A JUSTI<:;A ABSOLUTA DE DEUS ..
• .··-,--Lr•
. ·' ~
205
Capitulo 8
206
Atributos de Deus
62. Quais as provas derivadas dos principios universais da
natureza humana que mostram que a justifa de Deus niio pode deixar
de ser um principia fundamental e imutavel da Sua natureza,
determinando-o a castigar o pecado por causa do demerito intrinseco
deste?
A obrigafiio que todo governador justo tern de castigar o
pecado, o demerito intrinseco do pecado, eo principia de que
opecado deve ser punido, sao fatos determinantes da consciencia
moral. Nao podem ser reduzidos a outros principios, quaisquer
que sejam. Prova-se isso -
1°. Porque estao envolvidos na consciencia do seu proprio
demerito que tern todo pecador despertado- " ... fiz o que a
teus olhos parece mal, para que sejas justificado quando falares,
e puro quando julgares" (Sal. 51: 4.) No seu grau superior, este
sentimento vern a ser o remorso, e este s6 pode ser apaziguado
por uma expiac;ao. Por isso e que muitos assassinos nao tiveram
paz enquanto nao se entregaram as autoridades, sentindo entao
alfvio imediato. E milh6es de almas tern achado paz na
aplicac;ao do sangue de Cristo a suas consciencias perturbadas.
2°. Todos os homens julgam assim os pecados dos outros.
As consciencias de todos os homens bons sao gratificadas
quando a pena justa caiu sobre o ofensor, e tais homens ficam
irados quando ele escapa. · , .· ·
3°. Esse principia e testemunhado por todos OS ritos
sacrificiais comuns a todas as religi6es antigas, pelas peni-
tencias que, numa ou noutra forma, sao quase universais ainda
nos tempos modernos, por todas as leis penais, e pelos
sin6nimos das palavras culpa, castigo, justic;a, etc., comuns a
todos os idiomas.
4°. E auto-evidente que a aplica<;ao de urn castigo injusto
e urn crime, nao importa quao benevolo seja 0 motivo que 0
inspirou, nem quao born seja o resultado que o segue. E nao e
menos auto-evidente que e a justic;a de urn castigo merecido
que torna born o seu efeito na sociedade, e nao e este efeito que
torna justo o castigo. A execuc;ao da pena capital num homem
207
Capitulo 8
pelo bern da sociedade sera urn crime, urn grave erro, a nao
ser que essa execuc;ao seja justificada pelo demerito do homem.
Nesse caso seu demerito sera vista por toda a sociedade como
o motivo real da sua execuc;ao.
208
Atributos de Deus
Deus eatributo essencial da Sua natureza?
0 conceito de que o Ser de Deus e obrigado pelas exigencias
exteriores da Sua cria~ao a seguir qualquer curso de a~ao e
inconciliavel com os Seus atributos essenciais. Existem nEle,
necessariamente, tanto o motivo dos Seus atos como os fins
que Ele tern em vista- Col. 1: 16; Rom. 11 :36; Ef. 1 :5,6; Rom.
9 :22,23. Se Ele castiga o pecado porque assim o determinam
os principios da Sua propria natureza, E1e age indepen-
dentemente. Masse recorre ao castigo somente como o meio
necessario para refrear e governar as Suas criaturas, entao os
Seus atos dependem dos atos delas.
65. Como se pode provar a mesma verdade pelo amor que Deus
tern a santidade e pelo 6dio que tern ao pecado?
Nas Escrituras o amor que Deus tern asantidade eo odio
que tern ao pecado sao representados como essenciais e
I intrfnsecos nEle. Ele ama a santidade por amor dela propria, e
odeia o pecado e tern a determina<;;ao de castiga-lo por causa
do seu proprio demerito intrinseco. Ele odeia o pecado nos
rna us todos os dias - Sal. 5: 6; 7: 11. ''A mim me pertence a
vingan<;;a, a retribui~ao, a seu tempo ... " - Deut. 32:35. Ele
rctribui a cada urn segundo as suas obras- Is. 59:18; 2 Tess.
1:6: "Se de fa toe justo diante de Deus que de em paga tribula~ao
I
aos que vos atribulam"- Rom. 1:32: " ... conhecendo a justi~a
de Deus que sao dignos de morte os que tais coisas praticam,
l nao somente as fazem, mas tambem consentem aos que as
l~1zem"- Deut. 7:5,6; 21:22.
210
Atributos de Deus
211
Capitulo 8
dos seus suditos; nao castiga segundo uma escala exata de
merecimentos, porque, sem uma revela<;:ao divina, nao
pode saber quais sao os merecimentos dos individuos, nem
0 que e a culpa relativa que OS diverSOS atOS provocam nas
diferentes pessoas." *
212
Atributos de Deus
infinito, a felicidade deles, sendo que eles merecem
positivamente o castigo divino, por serem criaturas peca-
mmosas.
213
Capitulo 8
3a. As assen;:6es diretas das Escrituras - Sal. 145:8,9;
1 Joao 4:8.
214
Atributos de Deus
condi<;6es da liberdade e da responsabilidade humanas (veja
abaixo, Cap.l5); e mais, que limita de urn modo indigno o
poder de Deus, representando-0 como querendo e procurando
fazer o que nao consegue efetuar, e tambem que 0 torna
dependente das suas criaturas.
2°. Quanto asegunda teoria acima, devemos estar sempre
lembrados de que a gloria de Deus, e nao o bern supremo do
universo, eo fim supremo de Deus na cria<;ao e na providencia.
3°. A permissao do pecado, em sua rela<;ao tanto com a
religiao como com a bondade de Deus, e urn misterio inson-
davel, e todas as tentativas de solve-lo so servem para misturar
palavras com discursos de ignorantes (Jo 38:2). E urn dos
privilegios da nossa fe, porem, sabermos que, embora a nossa
filosofia nao 0 possa compreender, e uma permissao muito
sabia, reta e misericordiosa; e que redundara na gloria de Deus
e no bern dos Seus escolhidos.
215
Capitulo 8
A VERDADE ABSOLUTA DE DEUS
216
Atributos de Deus
ao principia geral de que o verdadeiro arrependimento e
a fe livram de todas as amea<;:as e alcan<;:am todas as ben<;:aos
prometidas.
77. Como se prova que esse dire ito eafirmado nas Escrituras?
Dan. 4:25, 35; Apoc. 4:11; 1 Tim. 6:15; Rom. 9:15-23.
217
Capitulo 8
gloria e segundo a Sua propria boa vontade- Rom. 11:36.
3°. Os beneffcios infinitos que Ele nos concede, e a nossa
dependencia dEle, bern como a nossa bem-aventurans;a nEle,
sao motivos para que nos nao so reconhes;amos essa verdade
gloriosa, como tam bern nos regozijemos nela. 0 Senhor reina;
regozije-se a terra!
218
Atributos de Deus
perfei~ao moral, e sim perfei~ao da natureza criada de agentes
morais segundo a sua especie, em uniao e em comunhao
espirituais como Criador infinito- 1 Joao 1:3.
A palavra santidade, aplicada a Deus nas Escrituras,
representa, 1°. pureza moral - Lev. 11:44; Sal. 145:17; 2°.
majestade transcendentemente augusta e venenivel - Is. 6.3;
Sal. 22:3; Apoc. 4:8.
"Santificar ao Senhor" e faze-10 santo, quer dizer, declarar
e adorar a Sua santidade venerando a Sua majestade augusta
em toda parte e em tudo aquilo em que e por que a Sua Pessoa
ou o Seu caniter e representado - Is. 8:13; 29:23; Ez. 38:23;
Mat. 6:9; 1 Ped. 3:15 .
... _· ;;:;:· ...,_. .,
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219
9
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A Santissima Trindade
220
A Santissima Trindade
221
Capitulo 9
primario, como equivalente ao termo substancia. Eempregada
neste sentido no Credo publicado pelo Concilio Niceno, em
325, e tambem nos decretos do Concilio de Sardica, na IHria,
em 347. Estes concordaram em afirmar que, na Dei dade,
ha s6 uma hypostasis. Como porem, alguns, naquele tempo,
tomassem a palavra no sentido de pessoa, seu uso foi mudado,
por consenso geral, principalmente gra~as ainfluencia de
Atanasio e, dai por diante, seu sentido, na linguagem teol6gica,
e o mesmo que pessoa, em distin<_,;ao da palavra grega que
significa essen cia. Foi transferida para a lingua portuguesa
na forma de urn adjetivo, para designar a uniao hipostatica,
ou pessoal, de duas naturezas no Deus--homem, Jesus
Cristo.
223
Capitulo 9
da mesma essencia numerica.
2°. Os arianos, que mantinham que o Filho de Deus e a
maior de todas as criaturas, mais semelhante a Deus do que
qualquer outra, o unigenito Filho de Deus, criado antes de
todos os seculos, por quem Deus criou todas as coisas, e di-
vinos6 nesse sentido. Sustentavam que o Filho era "heteroousion"
- de essencia diferente, ou genericamente dissemelhante do
Pai.
3°. 0 partido medio, chamado semiarianos, que man-
tinham que o Filho nao e criatura, mas negavam que fosse
Deus no mesmo sentido em que eo Pai, afirmavam que o Pai
e o (mico Deus absoluto e auto-existente; e que, ao mesmo
tempo e desde toda a eternidade, fez proceder de Si, da Sua
propria livre vontade, uma Pessoa divina, com amesma natureza
e as mesmas propriedades que Ele mesmo possui. N egavam, pois,
que o Filho fosse da mesma substancia (homoousios) como
Pai, mas admitiam que e de uma essencia realmente semelhante
e derivada do Pai ("homoiousio's", de semelhante, e "ousia",
substancia) urn s6, genericamente, mas nao numericamente.
N aquele concilio prevaleceram as opinioes do primeiro
partido, ou seja, do partido ortodoxo, e desse tempo em diante
tern sido representadas sempre pelo termo tecnico - opini6es
homoousianas.
Quanto ao credo promulgado por esse concilio, veja o
cap.7.
224
A Santissima Trindade
de que ocasiona (1) o uso dos pronomes pessoais Eu, Tu, Ele,
(2) uma concorrencia em conselho e urn amor mutuo, e (3)
uma ordem distinta de opera~ao.
4a. Havendo s6 uma essencia divina, e sendo todos os
atributos ou todas as propriedades ativas inerentes na essencia
a que pertencem, e inseparaveis dela, segue-se que todos os
atributos divinos devem ser identicamente comuns a cada uma
das tres Pessoas que subsistem em comum na unica essencia
divina. Entre as criaturas, cada pessoa distinta e uma distinta
substancia numerica, e possui uma inteligencia distinta, uma
vontade distinta, etc. Na Deidade, porem, ha s6uma substan-
cia,uma inteligencia,uma vontade, etc., e, contudo, co-existem
eternamente nessa (mica essencia tres Pessoas, cuja inteligencia,
vontade, etc., e uma s6. Em Cristo, pelo contrario, ha dois
espiritos, duas inteligencias, duas vontades, e, contudo, ao
mesmo tempo, s6 uma indivisivel Pessoa.
sa. Sendo essas Pessoas divinas urn s6 Deus, todos OS
atributos divinos sao comuns a cada uma dElas no mesmo
sentido; nao obstante isso, porem, revela-se-nos nas Escrituras
que existe entre Elas uma certa ordem de subsistencia e
operafaO. (1) Desubsistencia, de modo que 0 Pai nem e gerado,
nem procede, enquanto o Filho e eternamente gerado pelo
Pai, eo Espirito procede eternamente do Pai e do Filho; (2)
De operafiio, de modo que a primeira Pessoa envia a segunda,
e opera por meio dEla, e a primeira e a segunda enviam a
terceira e operam por meio dEla.
Por is so e que se diz sempre que o Pai e a primeira Pessoa,
o Filho asegunda eo Espirito Santo aterceira.
6a. Apesar do fato de que todos OS atributos divinos sao
igualmente comuns as tres Pessoas, e que todas as opera~6es
divinas realizadas ad extra, tais como a criac;:ao, a providencia e
a reden~ao, sao atribuidas ao unico ser divino- ao Deus unico,
considerado em sentido absoluto- e tambem em separado ao
Pai, ao Filho e ao Espirito Santo, contudo, as Escrituras atri-
buem algumas operac;:6es divinas realizadas ad intra
225
Capitulo 9
1. DEUS E UM SO E HA UM SO DEUS
226
A Santissima Trindade
2. JESUS DE NAZARE, QUANTO A SUA
NATUREZA DIVIN A, ERA VERDADEIRAMENTE
DEUS E, AO MESMO TEMPO,
PESSOA DISTINTA DO PAl
227
Capitulo 9
3°. Pelas passagens que declaram que "veio ao mundo",
"desceu do ceu"- Joao 3:13,31; 13:3; 16:28; 1 Cor. 15:47.
228
A Santissima Trindade
3°. Jeova, que era ao mesmo tempo o anjo ou o enviado da
economia antiga, foi tambem exposto pelos profetas como o
Salvador de Israel eo Autor da nova dispensa~ao. Em Zac.
2:11,12 vemos que urn Jeova e enviado de outro. Veja Miq.
5:2. Em Mal. 3:1 declara-se que "o SENHOR", "o Anjo da
alian~a", vira ao Seu proprio templo; e is to e aplicado a Jesus
em Mar. 1:2. Comparem Sal. 97:7 com Heb. 1:6 e Is. 6:1-5
com Joao 12:41.
4°. Referindo-se a passagens do Velho Testamento, algumas
passagens do Novo parecem implicar diretamente esse fato.
Compare Sal. 78:15,16,35 com 1 Cor. 10:9.
5°. A lgreja euma s6 sob ambas as dispensa~6es, e desde o
principia Jesus eo Redentor e a Cabe~a da Igreja; e, por isso,
mais coerente com tudo o que nos foi revelado a respeito dos
oficios das tres Pessoas divinas na obra da reden~ao, que se
acate a opiniao agora apresentada. Veja tam bern Joao 8:56,58;
Mat. 23:37; 1 Ped. 1:10,11.
229
Capitulo 9
alian~a, a quem v6s desejais ... "; aplicado a Cristo em Mar. 1:2.
230
A Santissima Trindade
231
Capitulo 9
24. Provas de que o Novo Testamento da titulos divinos a Cristo:
Joao 1:1; 20:28; Atos 20:28; Rom. 9:5; 2 Tess. 1: 12; 1 Tim.
3:16; Tito 2:13; Heb.l:8; 1 Joao 5:20.
27. Provas de que o N avo Testamento ensina que se deve pres tar
culto supremo a Cristo:
Mat. 28:19;Joao 5:22,23; 14:1; Atos 7:59,60; 1 Cor.1:2; 2
Cor. 13:14; Fil. 2:9,10; Heb. 1:6; Apoc. 1:5,6; 5:11,14; 7:10.
232
A Santissima Trindade
Cristo foi enviado pelo Pai, veio dEle, voltou para Ele,
recebeu mandamentos dEle, fez a Sua vontade, ama-0, e dEle
amado, dirigiu-Se a Ele em ora<;:ao, empregou os pronomes Tu
e Ele quando falava a Ele ou a respeito dEle. Isso tambem os
titulos relativos, Pai e Filho, implicam necessariamente. Veja
o Novo Testamento todo.
Ao estabelecer a doutrina da Trindade, no que diz respeito
a segunda Pessoa, o ponto principal e provar a deidade absoluta
de Cristo, pois tao 6bvia e a Sua personalidade distinta que
praticamente nao ha discussao sobre isso. Quando, porem, se
quer estabelecer a veracidade da doutrina a respeito da terceira
Pessoa, o ponto principal e que se prove a Sua personalidade
distinta, por ser revelada tao claramente a Sua divindade
absoluta que a respeito dela nao ha controversia.
233
Capitulo 9
das a referencia simples que o credo antigo fazia ao Espirito
Santo. Veja o Credo do Condlio de Constantinopla, Cap.7.
234
A Santissima Trindade
135
Capitulo 9
em Cristo", etc.- Ef. 5:30; Rom. 13:14; Gal. 3:27.
40. Como conciliar com Sua deidade expressi5es como "ele nao
fa lara de si mesmo "?
Essa expressao e outras semelhantes devemos entender
como se referindo aobra oficial do Espirito; do mesmo modo
como entendemos o que se diz de Cristo, que "foi enviado"
pelo Pai e que Lhe esta subordinado. 0 fim que o Espirito
Santo tern em vista em Sua obra oficial nos corac;,:6es dos
homens nao e o de revelar as relac;,:6es da Sua Pessoa com as
outras Pessoas da Deidade, e sim simplesmente o de revelar o
carater e a obra mediatarias de Cristo.
236
A Santissima Trindade
4. AS ESCRITURAS ENSINAM DIRETAMENTE
QUE HA UMA TRINDADE DE PESSOAS
NUMA SO DEIDADE •
1
t
••
:
237
Capitulo 9
Nessa passagem tambem temos tres Pessoas distintas
mencionadas ao mesmo tempo, e afirmada a Sua a~ao relativa.
0 Filho e a Pessoa que fala sobre o Pai e sobre o Espirito, e
que esta reivindicando a respeito de Si o direito de enviar o
Espirito. 0 Pai e a Pessoa de quem procede o Espirito. A
respeito do Espirito o Filho diz que Ele "vira", que "sera
enviado", que "procede", que "testificara".
238
A Santissima Trindade
47. Que passagens do Velho Testamento falam do Filho como
Pessoa distinta do Pai e, ao mesmo tempo, como Deus?
No Salrno 45:6,7 ternos o Pai dirigindo-Se ao Filho como
Deus e ungindo-0. Veja tarnbern Salrno 110:1 e Isaias
45:6,7,14.
Nas profecias fala-se do Filho sernpre como urna Pessoa
distinta do Pai e, ao rnesrno tempo, Ele e charnado "Deus
Forte", etc.- Is. 9:6; Jer. 23:6.
239
Capitulo 9
hebraico. 0 mesmo idiotismo acha-se tambem no grego do
Novo Testamento. Veja Gesenius,Heb. Lex.
240
A Santissima Trindade
241
Capitulo 9
Suas rela<;:6es eternas dentro da Deidade. Suas referencias
bfblicassaoMat.16:16;Joao 1:49,etc.
3°. Que no Sal. 2:7 e declarado expressamente que Cristo
foi constituido "Filho de Deus" no tempo, contrariamente a
sua coexistencia como tal desde a eternidade com o Pai por
necessidade da Sua natureza.
4°. Tiram o mesmo argumento de Rom. 1:4.
242
A Santissima Trindade
como o Cristo, isto e,como o Mediador, mas que, sendo o Filho
eterno de Deus, e o Cristo, o Rei de Israel, etc.
57. Prove que nem o Salrno 2 nem Rornanos 1:4 ensinam que
Cristo foi feito filho de Deus.
Quanto ao Salrno 2:7, o Dr. Alexander (veja Com. on
Psalms), afirrna que significa sirnplesrnente: "Tu es rneu Filho,
sou hoje, agora, sernpre, eternarnente Teu Pai. Mesrno que
relacionernos "hoje" com o principia da rela~ao filial, a
prirneira clausula do versiculo, por sua forma de rerninisd~ncia
ou de narra~ao, lan~a isso para urn passado indeterrninado. "0
Senhor me disse", mas quando? Se entendermos que o disse
desde a eternidade, deveni ver-se que a forma da expressao
seria perfeitarnente analoga as outras forrnas figuradas por cujo
rneio as Escrituras representarn verdades realmente inefaveis
na linguagern hurnana".
Quanto a Rornanos 1:4, diz o texto: "Declarado (horisthen-
tos, de horizo) Filho de Deus em poder, segundo o Espirito de
santifica~ao, pela ressurrei~ao dos rnortos". (A versao utilizada
pelo tradutor da edi~ao de 1895 (que e a de Figueiredo) diz:
"Que foi predestinado Filho de Deus ... ) A palavra horizo,
ernpregada oito vezes no Novo Testamento, significa sernpre
constituir, designar, ao passo que aqui se insiste em que
significa rnanifestar. Seu significado restrito elirnitar, definir,
e bern pode ser tornada no sentido depropor, caracterizar, e este
o sentido ern que o Dr. Hodge (Com. on Rom.) inforrna que o
terrno e tornada pela grande rnaioria dos cornentadores, alguns
dos charnados Pais gregos inclusive. Mas, rnesrno que se
conceda a interpreta~ao que os nossos oponentes dao a essa
passagem, ficarao intactas as provas indubitaveis que rnuitas
outras passagens dao a favor da doutrina ortodoxa. Nao seriam
inconciliaveis OS dois motivos pelos quais Cristo e charnado 0
Filho de Deus. y; <JI.1
E muito evidente que Cristo charna-Se a Si mesmo Filho
de Deus e que foi reconhecido como tal por Seus disdpulos
243
Capitulo 9
antes da ressurrei~ao, e por isso esta 0 podia revelar ou
manifestar como sendo o Filho de Deus, mas nao 0 podia
constituir em Filho de Deus.
58. Demonstre que Atos 13:32,33 niio prova que Jesus foi
feito Filho de Deus.
Des sa passagem tira-se o argumento segundo o qual Jesus,
por Sua ressurrei~ao, foi constituido em Filho de Deus como
o primeiro passo na Sua exalta~ao oficial. Isso nao pode ser:
1°. Porque Ele foi enviado ao mundo como o Filho de
Deus.
2°. Porque a palavra anastesis, tendo suscitado (tendo dado
surgimento ), nao ressuscitado (a Jesus), refere-se a suscita~ao
de Jesus no Seu nascimento, e nao aSua ressurrei~ao dentre os
mortos. Quando a palavra e empregada para designar a
ressurrei~ao de Jesus, e quase sempre acompanhada da frase
dentre os mortos, como no versiculo 34. 0 versiculo 32 declara
que foi cumprida a promessa a que se faz referencia no versiculo
23. Veja Alexander, Com. on Acts.
244
A Santissima Trindade
nem criado, mas gerado". ·' J
Confissao de Westminster: "0 Pai nao e de ninguem- nao
e gerado, nem procedente; o Filho e eternamente gerado
do Pai; o Espirito Santo e eternamente procedente do Pai e do
Filho". A traduc;ao que consta no "Livro de Confiss6es",
publicado pela Missao Presbiteriana do Brasil Central,
principia a parte pertinente dizendo: "0 Pai nao e nem gerado,
nem procedente de ninguem ... " (Capitulo 2, Sec;ao 3).
245
Capitulo 9
1°. Que a inteira essen cia divina, sem divisao ou mudans;:a,
e par isso todos os atributos divinos, lhes era comunicada.
2°. Que essa comunicas;:ao era operada par urn a to eterno e
necessaria do Pai, e nao da Sua livre vontade. Em todos os
antigos credos essa identidade quanta a essencia, e subor-
dinas;:ao quanta ao modo de subsistencia e comunicas;:ao, e
expressa do modo indicado acima: "Deus de Deus; Luz de
Luz"; "do Pai"; "verdadeiro Deus de verdadeiro Deus";
"gerado, nao feito"; "da mesma substancia como Pai".
246
A Santissima Trindade
e Filho sao o mesmo em substancia, e sao iguais pessoalmente;
que o Pai eprimeiro eo Filho e segundo na ordem de revela~ao
e opera~ao, que o Filho e a imagem expressa da Pessoa do Pai,
nao o Pai a da Pessoa do Filho, e que o Filho nao e do nem
pelo Pai, e sim no Pai, e o Pai no Filho.
247
Capitulo 9
das opera<;:6es da Sua energia e a manifesta<;:ao da Sua Pessoa
fora do seio da Deidade, na esfera da cria<;:ao externa, etc. -
Col. 1:15.
3°. Por Sua gera<;:ao mundanal entendiam Seu nascimento
sobrenatural em carne- Luc. 1:35.
248
A Santissima Trindade
verdade, que a frase logos endiathetos, quando aplicada a
Cristo, ensina puro sabelianisrno, porque nao indica distin<;ao
pessoal, e nada rnais significa senao unicarnente o proprio
intelecto do Pai.
249
Capitulo 9
E evidente que nestas duas passagens 0 termo Filho e
empregado para designar a natureza divina da segunda Pessoa
da Trindade em Sua rela<;:ao aprimeira. 0 Filho, como Filho,
conhece o Pai e e conhecido do Pai, como Pai. E infinito em
conhecimento, e por isso conhece o Pai. Einfinito em Seu Ser, 1
e por isso nao pode ser conhecido por ninguem, senao pelo 1,,
Pai. j
250
A Santissima Trindade
251
Capitulo 9
252
A Santissima Trindade
sentido primario evento, ar em movimento, Gen. 8:1; dai, 2°.
sopro, respira~ao, Gen. 6:17; J6 17:1; 3°. alma animal, prin-
cipia vital nos homens enos animais, 1 Sam. 30:12; 4°. alma
racional do homem, Gen. 41:8, e dai, metaforicamente,
disposi~ao, indole, Num. 5:14; 5°. Espirito de Jeova, Gen.
1:2;Sal.Sl:ll. I!;;
253
Capitulo 9 ·'''\ ,
82. Par que Ele echamado Espirito Santo?
Sendo a santidade urn atributo da essencia divina, e a
gloria tanto do Pai e do Filho como do Espirito Santo, o termo
Santo nao pode ser aplicado a terceira Pessoa em nenhum
sentido proeminente como Sua caracterfstica pessoal. E, por
conseguinte, indicativa da natureza peculiar de Suas opera<;6es.
Edesignado Espirito Santo porque e 0 au tor da santidade por
todo o universo. Assim como o Filho e tambem chamado
Logos, ou Deus Revelador, assim tambem o Espirito Santo e
Deus Operador, o fito e gloria de cuja obra no mundo morale
a santidade, como no mundo fisico eo belo.
254
A Santissima Trindade
man tern com a primeira e a segunda, rela~ao na qual, por urn
ato eterno e necessaria, is to e, nao decorrente de uma a~ao da
vontade do Pai e do Filho, Sua inteira e identica essencia divina,
sem alhea~ao, divisao ou mudan~a, e comunicada ao Espirito
Santo.
,,
86. Que distinfiiO os te6logos estabelecem entre processiio e
gerafiio?
Como este assunto inteiro transcende infinitamente a
medida de nossas faculdades, apenas podemos classificar e
COntrastar OS predicados que a inspira~ao tern aplicado arela~ao
do Espirito como Pai eo Filho. !'-:·;_: . ~; ·
Assim diz Turretino, vol. 1, L. 3, Q. 31: Diferem -
" 1°. Quanto aSua origem; o Filho pro vern s6 do Pai, mas o
Espirito procede do Pai e do Filho ao mesmo tempo.
"2°. Quanto ao modo. 0 Filho provem por gera~ao, que
nao s6 efetua personalidade, mas tambem semelhan~a, em
virtude da qual o Filho e chamado imagem do Pai, e em
conseqiiencia da qual recebe a propriedade de comunicar a
mesma essencia aoutra Pessoa; mas o Espirito, por "spira~ao"
(espira~ao *), que s6 efetua personalidade, e em conseqiiencia
da qual a Pessoa que procede nao recebe a propriedade de
comunicar a outra Pessoa a mesma essencia.
"3°. Quanto aordem. 0 Filho e a segunda Pessoa, eo Espirito
e a terceira; e, embora ambos sejam eternos, sem principia
nem sucessao, contudo, segundo o nosso modo de conceber as
coisas, a gera~ao precede a processao". Os termos tecnicos
utilizados para exprimir estes dois misterios sao generatio,
"gera~ao" ;processio missio, "processao".
"Os escolasticos procuraram em vao fun dar uma distin~ao
entre gera~ao e espira~ao sobre as opera~6es diferentes da
255
Capitulo 9
inteligencia divina e da vontade divina. Dizem que o Filho e
gerado per modum intellectus, e que por isso echamado Verbo
de Deus. 0 Espirito, per modum voluntatis, e que por isso e
chama do Am or." *
256
A Santissima Trindade
que e evidente- (1) Que nao envolve nenhuma distin<;ao de
tempo, porque todos, o Pai, o Filho e o Espirito Santo, sao
igualmente eternos. (2) Nao depende de nenhuma a<;ao
voluntaria, porque isto tornaria a segunda Pessoa dependente
da primeira, e a terceira da primeira e da segunda, sen do certo
que todas sao "iguais em poder e gloria". (3) Euma rela<;ao tal
que a segunda Pessoa e eternamente o Filho unigenito da
primeira Pessoa, e a terceira e eternamente o Espirito da
primeira e da Segunda Pessoas.
257
Capitulo 9
tempo contentaram-se com o compromisso: "0 Espirito 1
procedente do Pai mediante o Filho" (Spiritum Sanctum qui
a Patre per Filium procedit); mas isso foi afinal rejeitado por
ambos os partidos. 0 credo constantinopolitano, conforme a
emenda feita no Condlio de Toledo, e o atualmente adotado
pela igreja romana, e tambem por todos os protestantes. Tern
o titulo de "credo niceno".
89. Como se pode provar, ate onde nose revelado, que o Espirito
Santo tem como Filho exatamente a mesma relafiiO que tem com
o Pai?
0 epiteto "Espirito" e a designa<;;ao pessoal caracteristica
da terceira Pessoa. Tudo quanta nos e revelado da Sua eterna e
necessaria rela<;;ao pessoal com o Pai ou com o Filho e indicado
por essa palavra. Contudo e chamado Espirito do Filho como
igualmente Espirito do Pai. Possui a mesma essencia, identica,
do Filho como do Pai. 0 Filho envia o Espirito e opera por
meio dEle, assim como o faz tambem o Pai. Onde quer que
esteja o Seu Espirito, ai revelam e manifestam o Seu poder
tanto o Filho como o Pai- Joao 14: 16,26; 15:26; 16:7. Com a
unica exce<;;ao da frase "que procede do Pai" * (Joao 15:26), as
Escri turas aplicam a rela<;;ao do Espiri to com o Filho
exatamente os mesmos predicados que aplicam aSua rela<;;ao
como Pai.
258
A Santissima Trindade
chamado, nesta rela<;:ao, "o Senhor e Doador de vida". (Veja
resposta mais detalhada no Cap.24, "0 Oficio Medianeiro de
Cristo", Perg. 9).
C. AS PROPRIEDADES PECULIARES A CADA UMA DAS
TRES PESSOAS DA DEIDADE, E SUA ORDEM DE OPERA<;AO
''AD EXTRA:'.
259
Capitulo 9
92. Que especie de subordinafiiO as escritores antigos atribuiam
a segunda e aterceira Pessoas em relafiiO a primeira?
Afirmavam, como mostramos acima, que a gera<;iio eterna
do Filho pelo Pai, e a processao eterna do Espirito, vindo do
Pai e do Filho, envolviam em ambos os casos deriva<;ao da
essencia. Ilustravam sua ideia deste ato eterno e necessario de
comunica<;ao como exemplo de urn corpo luminoso que lan~a
raios de luz durante o tempo inteiro de sua existencia. Assim
o credo niceno define o Filho como "Deus de Deus, Luz de
Luz". Assim como o brilho do sole coevo com sua existencia
e tern a mesma essencia do sol como fonte, eles queriam por
meio desta ilustra~ao dar expressao da sua fe na identidade e
consequente igualdade das Pessoas divinas quanto a Sua
essencia, e na subordina<;ao relativa da segunda a primeira e
da terceira a segunda, quanto a Sua subsistencia pessoal e
consequente ordem de opera~ao.
93. Que e que se exprime pelo usa dos termos primeira, segunda
e terceira, em referencia as Pessoas da Trindade?
Estes termos sao aplicados as Pessoas da Trindade, por-
que- 1°. As Escrituras dao sempre Seus nomes nesta ordem.
2°. As designa<;6es pessoais de Pai, Filho e Espirito do Pai e
do Filho, indicam esta ordem de subsistencia pessoal. 3°. Seus
respectivos modos de opera~ao estao sempre nesta ordem. 0
Pai envia o Filho e opera por meio dEle; e o Pai e o Filho
enviam o Espirito e operam por meio dEle. As Escrituras
nunca, nem direta nem indiretamente, indicam ordem
diferente.
Quanto a rela<;ao externa da Deidade com a criatura, parece
que o Pai nos e revelado s6 como o vemos no Filho, que e o
Logos eterno ou o Verbo divino, a imagem expressa da Pessoa
do Pai. "Ninguem jamais viu a Deus: o Filho unigenito, que
esta no seio do Pai, equem o revelou"- Joao 1:18. Eo Pai eo
Filho operam diretamente sobre a criatura somente mediante
o Espirito.
260
A Santissima Trindade
"0 Pai e toda a plenitude da Dei dade invisivel, sem forma,
a quem ninguem viu nem pode ver."
"0 Filho e toda a plenitude da Deidade manifestada."
"0 Espirito e toda a plenitude da Deidade operando
imediatamente sobre a criatura e tornando assim manifesto o
Pai na imagem do Filho, e pelo poder do Espirito."
261
Capitulo 9
nenhuma mudan<;a nem na essencia divina, nem na rela<;ao
pessoal do Filho com o Pai e com o Espirito Santo.
OPINIOES HERETICAS
262
A Santissima Trindade
tendencia heretica e a de levar tao longe a unidade divina que
o Pai e o Filho e o Espirito Santo tornam-Se uma essencia
identica, s6 se admitindo que sao tres diversos nomes, aspectos
ou func,;:6es da unica Pessoa divina.
263
Capitulo 9 ., , .
za. Osgn6sticos, em geral, afirmavam que o Deus supremo
e urn s6, tanto em essencia como em Pessoa, e que dEle
emanavam diversas ordens de seres espirituais, sendo que
nenhum deles e realmente Deus e, contudo, sao divinos, por
procederem dEle mediante emana<;:ao. Chamavam-nos aeons,
e destes Cristo era o maior. A soma total desses aeons constituia,
na opiniao dos gn6sticos, o pan to pleroma tes theotetos, a soma
inteira de todas as auto-revela<;:6es ou auto-comunica<;:6es atuais
ou possiveis da Dei dade inacessivel, e que, segundo o ap6stolo
Paulo, se haviam realizado (mica e plenamente em Cristo -
Col. 2:9.
3a. Os primeiros trinitarios nominais. "Na sua constru<;:ao
da doutrina da Trindade, o Filho nao e uma subsistencia na
essencia, mas somente uma efluencia ou energia procedendo
dela; por isso nao podiam afirmar logicamente a uniao da
natureza divina, ou da propria substancia da Deidade com a I
humanidade de Jesus. Uma simples energia efluente, proce- 1
dendo de Deus e entrando na humanidade de Cristo, nao seria
mais do que uma inspira<;:ao imanente semelhante a dos
profetas"- Shedd, Hist. Christ. Doc., Liv. 3, Cap. 5, § l.
4a. Os arianos, nome proveniente de Ario, presbitero de
Alexandria durante a primeira parte do quarto seculo, o grande
oponente de Agostinho. Afirmava que a Deidade consiste
numa s6 Pessoa eterna a qual, no principia, antes de todos os
seculos, criou aSua imagem urn ser sobreangelico (heteroousion,
de essencia diversa), seu Filho unigenito, o principia da cria-
<;:ao de Deus, por meio de quem tambem fez os mundos. A
primeira e maior das criaturas assim criadas pelo Filho foi o
1
Espirito Santo. No cumprimento do tempo, esse Filho
encarnou na Pessoa de Jesus de Nazare.
sa. A doutrina dos semiarianos. Este partido foi chamado
assim por ocupar urn terreno intermedio entre os arianos e os
ortodoxos. Sustentavam que o Deus absoluto e auto-existente
e uma s6 Pessoa, porem que o Filho e pessoa divina, de uma
essencia gloriosa e semelhante mas nao identica a do Pai, e
264 t
A Santissima Trindade
que foi gerado desde a eternidade pelo Pai no livre exercicio
da Sua vontade e do Seu poder, e, por isso, e subordinado ao
Pai e dEle dependente. Esta foi a ideia disseminada primeiro
por Origenes e defendida com muita eloquencia no Concilio
Niceno por Eusebio, bispo de Cesareia, e por Eusebio, bispo
da Nicomedia.
Parece que alguns dos semiarianos concordavam com os
arianos em considerar o Espirito Santo como a primeira e mais
gloriosa criatura do Filho, mas que a maioria deles tomava as
palavras "Espirito Santo" como o nome de uma energia de
Deus ou como sinonimo da palavra "Deus".
99. Qual era a posifiio daqueles que foram tiio lange em sua
defesa da unidade divina, em oposifiio aos triteistas, que levaram a
ideia de que o Pai, eo Filho eo Espirito Santo siio uma s6 Pessoa
como tambem uma s6 essencia?
Os monarquianos, assim chamados porque rejeitavam a
triada e mantinham a monada ou a unidade absoluta quanta
as Pessoas como tambem a essencia da Deidade, eram de
diversas classes; alguns, como, e.g., os alogi, eram muito
semelhantes aosunitarios modernos, devendo estes dois termos
exprimir a mesma ideia. Outros, como Praxeas, da Asia Menor,
265
Capitulo 9
de cerca de 200 d. C., Noeto, de Esmirna, de cerca de 230 d.C.,
e Berilo, de Bostra, na Arabia, de cerca de 250 d. C., sustentavam 1
que essa (mica Pessoa divina encarnou no homem Cristo, e
por isso se lhes deu o nome depatripassianos. Sabelio, presbitero
de Ptolomais, em meados do terceiro seculo, adotou as ideias
dos monarquianos e, em oposi<,;iio a doutrina promulgada por ·
Origenes e seus disdpulos, afirmava que os titulos de Pai, Filho
e Espirito Santo eram tao-somente outros tantos nomes e
manifesta<,;6es de urn so e do mesmo Ser divino. Converteu
assim a distin<,;ao real e objetiva de Pessoas (uma Trindade de
essencia) numa distin<,;iio meramente subjetiva e modal
(Trindade de manifesta<,;6es). "Afirmavam que· so ha uma
iinica Pessoa divina. Esta Pessoa unica, entendida em Sua
simplicidade e em Sua eternidade abstratas, chama-Se Deus o
Pai; mas em Sua encarna<;:ao chama-Se Deus o Filho. As vezes
era empregado urn modo diverso de apreender e de expor a
doutrina. Deus, em Sua natureza e em Seu modo de ser ocultos
e nao revelados, chama-Se Deus o Pai, e quando sai das profun-
didades da Sua essencia, criando o universo e revelando-Se e
comunicando-Se a este, toma assim sobre Si uma rela<,;iio
diversa e tam bern urn nome diverso, que eo de Deus o Filho,
ou o Logos."
266
A Santissima Trindade
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··-:-"
267
10
268
Os Decretos de Deus
sucessivamente no tempo, como sejam os atos de Deus na
cria<;:ao, na providencia e na gra<;:a.
3°. A terceira classe e semelhante a primeira, por serem
imanentes e intrinsecas, essenciais a perfei<;:ao da natureza
divina e aos estados permanentes do animo divino, mas ao
mesmo tempo diferem das a<;:6es da primeira dasse por dizerem
respeito ainteira cria<;:ao dependente, exterior aDeidade. Esses
atos sao os decretos eternos e imut<iveis de Deus a respeito de
todos os seres e eventos exteriores em rela<;:ao a Ele.
269
Capitulo 10
compreensao, abrangendo todos os pormenores. Se Ele tern
urn plano agora, e evidente que teve esse mesmo plano sem
nenhuma altera<;;:ao desde o principia. 0 decreta de Deus e,
portanto, o ato de urn Ser pessoal soberano, infinito, absoluto,
eterno e imutavel, compreendendo urn plano que inclui todas
as obras, sejam quais forem, grandes e pequenas, desde o
principia da cria<;;:ao ate aeternidade sem fim. Por isso tem que
ser incompreensivel, e niio pode depender de coisa alguma
exterior a Deus mesmo, porque ja estava formado antes que
existisse coisa alguma fora Deus, e por is so abrange e determina
todas as coisas exteriores e todas as suas respectivas condi<;;:6es,
para sempre.
270
Os Decretos de Deus
preordena<;ao de Deus se estendam aos atos voluntarios dos
agentes livres, e dizem que tais atos sao, por sua propria
natureza, contingentes e s6 podem ser conhecidos depois de
praticados.
271
Capitulo 10
ao mesmo tempo, estes ultimos eventos o decreta to rna tao ·. ·
certamente futuros como qualquer dos outros.
I
4°. Deus decretou os fins como tambern os meios, as causas
como tambem os efeitos, as condi~oes e os instrumentos como
tambem os eventos que deles dependem.
5°. 0 decreta de Deus determina so a futuri~ao certa dos
eventos, e de modo algum efetua ou causa urn evento. Mas o
proprio decreta em todos os casos determina que o even to seja
efetuado por causas operando de uma maneira perfeitamente
em harmonia com a natureza do evento que vai ser efetuado.
Assim, por exemplo, no caso dos atos livres de urn agente
moral, o proprio decreta determina ao mesmo tempo - (1)
Que o agente seja livre. (2) Que os seus antecedentes e tambem
todos os antecedentes do ato em questao sejam o que sao ou
foram. (3) Que todas ascondifi5es atuais do ato sejam o que sao.
(4) Que o a to seja inteiramente espontaneo e livre da parte do
agente. (5) Que seja com certeza futuro.
6°. Os prop6sitos de Deus, dizendo respeito a todos os
eventos de qualquer especie, constituem uma so inten~ao todo-
compreensiva, abrangendo todos os eventos, os livres como
livres, os necessarios como necessarios, bern como todas as suas
causas, condi~oes e rela~oes, como urn so sistema indivisivel
de coisas, sendo cada elo essencial a integridade do sistema
to do.
272
Os Decretos de Deus
certas rela<;:6es, esse agente agiria livremente de certo modo,
mesmo assim, com essa previsao certa, criou esse mesmo agente
livre eo colocou precisamente nessas rela<;:6es, e evidente que
Deus, agindo assim, predeterminaria a futuri<;:ao certa do ato
previsto. E impossivel que Deus, na realiza<;:ao de Sua obra,
seja em qualquer tempo obrigado a escolher entre dois males,
porque o sistema inteiro, e cada finalidade, cada causa par-
ticular, e cada condi<;:ao, foram previstos claramente e, por
escolha deliberada, admitidos por Ele mesmo ..
273
Capitulo 10
infinito de eventos em todas as suas rela~6es e conex6es, somos
obrigados a contemplar os eventos em grupos parciais, e
concebemos o prop6sito de Deus em rela~ao a eles como atos
distintos e sucessivos. Por isso as Escrituras falam dos con-
selhos, prop6sitos e jufzos de Deus no plural, e, para indicar a
rela~ao que Deus quer que urn evento tenha com outro, elas
falam como se Deus Se propusesse a fazer suceder urn even to
como o meio ou a condic;ao do qual outro depende. Isso tudo e
verdade, porque esses eventos todos tern essas relac;6es entre
si; mas, ao mesmo tempo, todos se acham inclufdos, e nenhum
esta fora, desse prop6sito unico e eterno de Deus que abrange
igualmente todas as causas e todos os efeitos, todos 'os eventos
e todas as suas condifoes.
Todos os erros especulativos dos homens a respeito deste
ponto nascem da tendencia da mente humana de prestar
atenc;ao exclusiva s6 a uma parte do prop6sito eterno de Deus
e de considerar essa parte isolada das demais. Os decretos de
Deus nao separam even to algum de suas causas ou condi<;:6es,
como tambem nao estao separados na natureza. E-nos tao
impossivel abranger por urn s6 ato compreensivo da
inteligencia todas as obras realizadas por Deus na natureza
como no-lo e abranger todos os Seus decretos. Somos obrigados
a estudar Suas obras parte por parte. Mas nenhum observador
inteligente que estuda a natureza julga que haja even to isolado.
Assim tam bern somos obrigados a estudar Seus decretos parte
por parte; porem nenhum te6logo inteligente deve supor que
neles ha elos quebradas ou conexao imperfeita em parte alguma.
27S
Capitulo 10
4°. Mesmo a respeito das mas a<;;:6es dos homens. "A este
1
J
276
Os Decretos de Deus
277
Capitulo 10
de pecar e nem da salva~ao de homens individuais.
Os arminianos, admitindo que Deus preve com certeza
os atos de agentes livres, como tambem todos os demais
eventos, sustentam que Deus decretou absolutamente criar o
homem, e, prevendo que ele cairia, decretou absolutamente
preparar uma salva~ao para todos e salvar realmente todos os
que se arrependem e creem, e que decretou condicionalmente
a salva~ao de hom ens individuais, sob a condi~ao, prevista mas
nao decretada, da sua fe e obediencia.
278
Os Decretos de Deus
279
Capitulo 10
dos homens- Atos 4:27,28; Ef. 2;10.
7°. E Deus mesmo quem opera no Seu povo a fe e a
obediencia, as chamadas condi~6es da sua salva~ao - Fil.
2: 13; Ef. 2:8; 2 Tim. 2:25.
20. Ate onde sao eficazes os decretos de Deus, e ate onde sao
permissivos?
Todos os decretos de Deus sao igualmente eficazes no
sentido de determinarem infalivelmente a futuric;ao certa do
even to decretado. Os teologos, porem, classificam os decretos
de Deus assim: 1°. Eficazes, corn respeito aos eventos que Ele
determinou efetuar por meio de causas necessarias,' ou por Sua
propria ac;ao imediata; 2°. Permissivos, com respeito aos
eventos que Ele determinou permitir que agentes livres
efetuassem.
280
Os Decretos de Deus
como fatalismo, e este e em sustentar que os eventos em questao
sao com certeza futuros. Mas a doutrina arminiana da pres-
ciencia divina faz exatamente o mesmo. Em todos os outros
aspec-tos a nossa doutrina difere da doutrina paga do destino
cego.
0 fatalismo ensina que todos os eventos sao determinados
com certeza por uma lei universal de causa~ao necessaria,
operando cegamente e, por meio de uma for<;a simples e nao
inteligente, efetuando seus fins, irresistivel e irrespectivamente
da livre vontade dos agentes livres envolvidos. Nao deixa lugar
para fins ou prop6sitos finais, nem para motivos e escolha,
meios ou condi~6es, mas e simplesmente uma evolu<;ao
necessaria.
A doutrina calvinista dos decretos, porem, postula o plano
infinito e totalmente abrangente de urn Pai infinitamente sabio,
reto, poderoso e benevolo, cujo plano nao e determinado por
mera vontade, e sim segundo "o conselho da sua vontade",
alcan~ando os melhores fins e adotando os melhores meios
para alcan~ar esses fins - e cujo plano nao e executado s6 por
for~a e sim por meio de todo tipo de causas secundarias, tanto
livres como tambern necessarias, sen do cada uma pre-adaptada
para o seu lugar e fun<;ao, e operando cada uma sem constran-
gimento, segundo a sua natureza.
Ha uma diferen<;a infinita entre uma maquina e urn
homem, entre a opera~ao de motivos, inteligencia, livre escolha,
e as for~as mecanicas que operam sobre a materia. E ha
exatamente a mesma diferen~a entre o sistema de decretos
divinos e a doutrina paga do destino cego.
281
Capitulo 10
ou efetuar o evento, o que e inconciliavel com a agencia livre
doshomens.
RESPONDEMOS: e evidente que e s6 aexecufiiO do decreto,
e nao o decreto em si mesmo, que pode impedir a livre agencia
dos homens. Sobre o assunto geral do modo como Deus
executa Seus decretos, veja abaixo, os capitulos sobre a
providencia, a voca~ao eficaz e a regenera~ao.
Temos espa~o aqui s6 para a seguinte exposi~ao geral:
1°. As Escrituras atribuem a Deus tudo quanto hade born
no homem; isso Ele opera em nos o querer eo fazer segundo o
Seu beneplacito. Todos os pecados que os homens cometem,
as Escrituras atribuem totalmente aos mesmos homens.
Contudo, o decreto permissivo de Deus realmente determina
a futuris;ao certa do ato; porque Deus, sabendo com certeza
que o homem em questao, colocado em certas circunstancias,
agiria desse modo, colocou-o nessas mesmas circunstancias em
que agiu assim e cometeu o pecado. No en tanto, em caso algum,
nem quando opera em nos o que eborn, nem quando nos poe
onde sabe que com certeza havemos de fazer o mal, Ele nem
viola nem restringe, na execu~ao do Seu prop6sito, a perfeita
liberdade do agente.
2°. Temos o fato distintamente revelado que Deus
decretou os atos livres de homens, e que, ao mesmo tempo, os
homens nao eram menos responsaveis, nem menos livres nos
atos que praticaram- Atos 2:23; 3: 18; 4;27,28; Gen. 50:20;
etc. Nunca poderemos compreendercomo e que o Deus infinito
opera sobre o espfrito finito do homem, mas nem por isso e
menor o nosso dever de o crer.
3°. Segundo a teoria da vontade, que faz a liberdade do
homem consistir naliberdade da indiferenfa, is toe, que em todos
os casos em que a vontade faz uma escolha, ela esta em estado
de equilfbrio perfeito, igualmente independente de todos os
motivos pr6 ou contra, e tao livre para escolher em oposis;ao a
todos os desejos como em harmonia com eles, e evidente que
neste caso a propria essencia da liberdade consistiria em
282
Os Decretos de Deus
283
Capitulo 10
3°. Pela natureza do homem, que e agente responsavel e
livre, e origina os seus pr6prios atos. As Escrituras atribuem
sempre a gra<;:a divina as a<;:6es moralmente boas, e ao mau
cora<;:ao as a<;:6es pecaminosas dos homens.
284
Os Decretos de Deus
_;. ·. ~ j t: .l '
285
Capitulo 10
tempo, verdadeiramente contingente na apreensao dos homens
e na sua rela<;;:ao com os meios de que depende.
30. Que distinfiio sempre devemos fazer entre as objefoes
contra a prova de uma doutrina e as ob}efoes contra uma doutrina
comprovada?
E evidente que sao legitimas as obje<;;:6es razoaveis, quer
biblicas quer outras, que se possa fazer contra as provas em
que se baseia qualquer doutrina; e sempre se deve dar o devido
peso a essas obje<;;:6es contra as provas alegadas a favor da
doutrina. Entretanto, uma vez provado que uma doutrina e
ensinada nas Escrituras, e igualmente evidente que todas as
obje<;;:6es feitas contra essa doutrina nao terao peso algum,
enquanto nao tiverem for<;;:a bastante para provar que as
Escrituras Sagradas nao sao a Palavra de Deus. Nao chegando
a fazer isso, as obje<;;:6es feitas contra uma doutrina biblica-
mente comprovada, se nao afetarem as provas em que ela se
fundamenta (e a maioria das obje<;;:6es feitas contra a doutrina
calvinista dos decretos sao dessa natureza), so servirao para
ilustrar a verdade obvia segundo a qual o intelecto finito do
homem nao pode compreender plenamente as coisas
parcialmente reveladas e parcialmente escondidas na Palavra
de Deus.
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286
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Predestina~ao
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487
Capitulo 11
divina de individuos para a vida eterna, e a respeito da qual se
nos diz em outras passagens que nao e "segundo as nossas obras,
mas segundo o Seu proprio proposito e gra~a", "segundo o
benephicito de sua vontade"- 2 Tim. 1 :9; Rom. 9: 11; Ef. 1:5.
Prognosis encontra-se somente duas vezes no Novo Testa-
mento, em Atos 2:23 e 1 Ped. 1:2, e em ambos os casos significa
evidentemente aprova~ao, ou escolha previa. 0 termo e
explicado pela frase equivalente "decretado conselho" ou
"determinado conselho".
288
PredestinafiiO
Protithemi, encontra-se tres vezes noN ovo Testamento. Em
Romanos 1: 13 significa urn prop6si to de Paulo, e em Romanos
3:25 e Efesios 1:9, urn prop6sito de Deus.
Proetomazein, encontra-se duas vezes, em Romanos 9:29 e
Efesios 2:10, significando preparar ou designar anteriormente.
289
Capitulo 11
8. Em que consiste a doutrina arminiana da eleifao?
Os arminianos admitem a presciencia de Deus, mas negam
a Sua preordenac;ao absoluta em referencia a salvac;ao de
individuos. Sua doutrina distintiva e que Deus nao escolheu
certas pessoas desde a eternidade, determinando que fossem
sal vas, mas sim escolheu certos caracteres, os que fossem santos,
crentes e obedientes; ou certas classes de pessoas que tivessem
semelhantes caracteres, e.g., crentes que perseverassem ate o
fim.
No entanto, visto que admitem que Deus preve desde a
eternidade com certeza absoluta quais as pessoas que haveriam
de arrepender-se, crer e perseverar na fee na obediencia ate o
fim, segue-se que a sua doutrina e equivalente ao seguinte:
prevendo Deus que certas e determinadas pessoas haveriam
de arrepender-se, crer e perseverar na fee na obediencia ate 0
fim, Ele predestinou desde a eternidade essas pessoas para a
vida e para a salvac;ao, por causa da sua fie perseveranfa assim
previstas. . ....
;
290
Predestinar;iio
tal, diferem entre si quanta ao modo pelo qual procuram
harmonizar as declara~6es das Escrituras com esse principia.
Diferem entre si quanta aos objetos, aos fins e aos motivos da
elei~ao. Quanta aosobjetos da elei~ao de que falam as Escrituras,
as teorias calvinista, arminiana e do "Individualismo Ecle-
siastico" concordam em dizer que sao indivfduos. A teoria da
"Elei~ao N acional" afirma que os objetos sao na~6es ou
comunidades.
Quanta ao objetivo da elei~ao, as teorias calvinista e
arminiana dizem que e a salva~ao eterna dos individuos eleitos.
As teorias do "Individualismo Eclesiastico" e da "Elei~ao
Nacional" dizem que o objetivo da elei~ao e a admissao ao
uso dos meios de gra~a. Quanta ao motivo da elei~ao de que
falam as Escrituras, os defensores das teorias calvinista, da
"Elei~ao Nacional" e do "lndividualismo Eclesiastico"
concordam em dizer que e a boa vontade soberana de Deus,
enquanto que os arminianos dizem que os eleitos sao tais por
causa da sua fe, seu arrependimento e sua perseveran~a
previstos com certeza em cada caso individual.
Eevidente que a doutrina calvinista dos decretos inclui a
elei~ao absoluta tanto de comunidades e na~6es como de
indivfduos para o uso dos meios de gra~a e para os privilegios
exteriores da lgreja. E evidente tambem que todos os
arminianos tern que admitir ate esse ponto, bern como os
calvinistas, o principia da elei~ao absoluta, e por isso essa
admissao s6 nao discrimina entre os dois grandes sistemas
opostos. A (mica questao realmente em disputa entre os
calvinistas e OS arminianos, quanta a elei~ao, e esta: qual 0
motivo da predestina~ao eterna de certos e determinados
indivfduos para a vida eterna? Sao a fe e o arrependimento
previstos dos pr6prios indivfduos, ou e a boa vontade soberana
de Deus? E for~oso que todo cristao tome lugar de urn ou do
outro lado desta questao. Se disser que o motivo e a sua fe
prevista, sera arminiano, sejam quais forem as doutrinas que
sustentar alem dessa; se disser que o motivo da sua elei~ao foi
291
Capitulo 11
a boa vontade soberana de Deus, sera calvinista.
Esta divisao entre si, e esta concordancia das suas posi~6es
com os calvinistas, alternando com divergencias, sao uma
ilustra~ao muito sugestiva da dificuldade extrema com que os
defensores dos prindpios arminianos tern que lutar em suas
tentativas de acomodar as palavras das Escrituras asua doutrina.
De urn ponto de vista polemico, os calvinistas gozam da
vantagem capital de poderem dividir os seus oponentes e refuta-
-los separadamente. - . ,. ~ . 1 1 r 1
292
Predestinafiio
que concordam com os arminianos na sua oposic;ao intensa
aos principios calvinistas, mas nao se acham restringidos por
nenhuma fe na inspirac;ao divina da Bfblia, tern, contudo,
bastante franqueza para admitir que esse Livro s6 pode ser
logicamente interpretado no sentido calvinista. Eis, pois, o
testemunho imparcial de inimigos: Wegscheider, em suas
Instituciones Theologice Christiance Dogmaticce, Parte 3, cap. 3, §
145, a maior autoridade que ha quanta aos resultados a que
chegaram os racionalistas alemaes em teologia dogmatica,
declara que as passagens citadas de Paulo ensinam a doutrina
calvinista, porem que esse ap6stolo foi levado ao erro pelas
noc;6es erroneas e imperfeitas do seu seculo, e muito
especialmente pelo espirito acanhado do particularismo
judaico. Veja tam bern Gibbon, Decline and Fall of the Roman
Empire, Cap. 33, Nota 31: "Talvez alguem que raciocine com
mais independencia chegue a rir quando le urn comentario
arminiano da Epistola aos Romanos".
293
Capitulo 11
13. Como se pode mostrar que essa eleir;iio niio se fundamenta
em obras, quer previstas quer niio?
Isto segue-se- 1°. Da doutrina geral dos decretos, estabe-
lecida no capitulo anterior. Se os decretos de Deus referem-se
a todos os eventos, de qualquer especie que sejam, e os
determinam, segue-se que nao restam mais eventos que
pudessem constituir a condi~ao dos decretos ou de qualquer
elemento neles presente, e segue-se tam bern que Deus decretou
a fee o arrependimento dos eleitos como tambem a salva~ao
da qual sao a condi~ao.
2°. As Escrituras declaram explicitamente que os decretos
nao tern por condi~ao obras de nenhuma especie -Rom. 9:4-
7; 2 Tim. 1:9; Rom. 9:11.
1
Esta e a versao de Figueiredo; mas nao e fiel, nem segundo o grego,
nem mesmo segundo a Vulgata. A tradw;ao fiel do grego e da Vulgata e:
"Elegeu-nos nele mesmo antes do estabelecimento do mundo, para que>>
294
PredestinafiiO
16. Fafa-se a exposifiiO do mesmo argumento derivado do Jato
de serem a je e o arrependimento chamados dons de Deus.
Sea fee o arrependimento sao "dons de Deus", o fato de
urn homem os possuir e resultante de urn ato de Deus. Se sao
resultantes de urn ato de Deus, sao resultantes do Seu prop6sito
eterno. Se sao resultantes do Seu prop6sito, nao podem ser as
condi~6es de que depende esse prop6sito. As Escrituras
afirmam que a fe e o arrependimento sao "dons de Deus" em
Ef. 2:8; Atos 5:31 e 1 Cor. 4:7.
295
Capitulo 11
No capitulo 24 sera provado que as Escrituras ensinam:
(1) que a regenera<;:ao e ato de Deus; (2) que, com respeito ao
referido ato, a alma e passiva; (3) que ela e absolutamente
necessaria no caso de todos os homens vivos. Disso segue-se
que, sea regenera<;:ao em nenhum senti doe obra realizada pelo
homem, e sim, em todos os sentidos, e obra realizada
unicamente por Deus, nao pode sera condi<;:ao de que dependa
o prop6sito de Deus, mas e uma obra determinada por esse
prop6sito.
296
PredestinafiiO
concordam em pedir a Deus que os salve, e em render-Lhe
grac;as quando o faz.
•:.
297
Capitulo 11
apelar para a razao humana, e sim, afirma simplesmente (1) a
soberania de Deus como Criador, e a dependencia do homem
como criatura, e (2) o fa to de estarem todos os homens expostos
com toda a justi~a a ira, por serem pecadores (versiculos 20-
24). Veja a analise de Rom. 9:6-24 no Commentary on Romans,
por Hodge.
298
Predestinafiio
incondicionalmente os que Lhe apraz. Ele tern que preordenar
os que nao creem como tambem os que creem, embora estes
eventos sejam resultantes de causas bern diversas.
299
Capitulo 11
oleiro. No caso de Jac6 e Esau (9-13), o ponto ilustrado e que
urn dos filhos era tao born como o outro, que nao havia neles
diferen<;a alguma, e que a diferen<;a posterior entre eles era
devida ao "decreta de Deus segundo a elei<;ao" - "Porque, niio
tendo eles ainda nascido, nern tendo feito bern au mal (para que o
prop6sito de Deus, segundo a eleifiio, ficasse firrne, niio par causa
das obras, mas par aquele que chama ... - versiculo 11, ARC.
300
Predestinar;iio
301
Capitulo 11
responsaveis pelo pecado original, nern por nenhurna de suas
conseqiiencias, porque o seu estado foi deterrninado inevita-
velrnente por urn ato que nao era seu. No estado atual das coisas,
ern conseqiiencia do dorn de Cristo, todos os hornens sao
responsaveis, porque todos tern a gra<;;:a suficiente.
Desta doutrina segue-se: 1°. Que a obra de reden<;;:ao nao
foi urna obra da gra<;;:a infinita, e sirn urn simples ato de
justi~a ern cornpensa<;;:ao pelos males que Adao trouxe sobre
a nossa natureza. 2°. Que is so e devido a todos os hom ens,
sern nenhurna exce~ao. "Rejeito", diz Joao Wesley (Doctrinal
Tracts, pags. 25,26), "a asser<;;:ao de que Deus corn justi<;;:a me
podia ter passado por alto, a rnirn e a todos os hornens, como
asser<;;:ao atrevida e prediria, que nao e sustentada pelas
Escrituras Sagradas." 3°. Segue-se rnais, que o auxilio do
Espirito Santo, por Sua gra<;;:a, e tao necessario para tornar OS
homens "pecadores responsaveis" como 0 e para traze-los a
salva<;;:ao. 4°. Segue-se ainda que ea gra<;;:a que envia OS homens
para 0 inferno, assirn como OS leva para 0 CCU, e que a ela e
devida a condena<;;:ao de maior numero de almas do que ode
almas que por ela foram salvas.
302
PredestinafiiO
nao sao responsaveis por nada? Nao seria uma impertinencia
falar, no caso delas, em "reden~ao" e em "gra~a"?
·. ·;;.
303
Capitulo 11
muitos, a poucos ou a ninguem. Ou a salva~ao de nenhum
individuo e compativel com a justi~a ou o sacrificio de Cristo
foi o pagamento de uma divida, e nao uma gra~a. E a salva<;ao
de urn pecador que nao a merece, evidentemente nao pode
tornar-se motivo pelo qual outro pecador igualmente culpado
possa exigi-la como urn direito seu.
304
Predestinar;iio
mas tam bern dos meios essenciais asalva'Sao. Urna crian'Sa nasce
para a saude, para honras e riquezas, para a posse de urn cora'.;aO
e de uma consciencia suscetiveis, e para todos os melhores meios
de gra'.;a, como sua heran'.;a segura e certa. Muitas outras nascem
para molestias, para a vergonha, a pobreza, a posse de urn
cora'.;aO duro e de uma consciencia obtusa, e para as trevas
absolutas do paganismo e da ignorancia a respeito de Cristo.
Se Deus nao pode ser parcial para com individuos, por que e
que o pode ser para com na<;_:6es, e como se pode explicar o Seu
proceder para com as na($6es pagas e para com as crian'.;aS das
classes criminosas de paises nominalmente cristaos?
0 arcebispo Whately dirige a seguinte admoesta'.;aO
excelente a seus amigos arminianos: "Sugiro cautela no uso
que se fizer de uma serie de obje($6es tiradas dos atributos
marais de Deus, feitas freqiientemente contra os calvinistas.
Devemos acautelar-nos muito para nao empregarmos armas
que podem virar-se contra n6s. Euma verdade terrivel, porem
inegavel, que grandes multid6es, mesmo nos paises evangeli-
zados, nascem e sao criadas em circunstancias que nao somente
tornam improvavel, mas ate impassive!, que obtenham
qualquer conhecimento de verdades religiosas, ou adquiram
o habito de comportamento moral, e sao ate criadas, desde
crian($as, em erros supersticiosos e na pior deprava'Sao. Por que
e que isso epermitido, nem OS calvinistas nem OS arminianos
podem explicar; realmente, por que e que o Todo-poderoso
nao faz morrer no ber'.;O toda crian'.;a cuja malvadez e miseria,
se viver, Ele preve, e coisa que nenhum sistema de religiao,
quer natural quer revelado, nos habilita a explicar de modo
satisfat6rio" - Essays on some of the Difficulties of St. Paul,
Ensaio 3°, sabre a elei<:;ao.
305
Capitulo 11
da verdade". _ ··"'> <'- -
A palavra querer tern dois sentidos- (a)desejar; (b )propor-
-se, ter a intenfiiO de, determinar-se a. Em contextos como o da
passagem acima e evidente que 0 sentido nao pode ser que
Deus tern a inten<;:ao de salvar ou que Ele Se determinou a
salvar a todos, porque (a) nem todos sao salvos, e nenhuma
das inten<;:6es ou prop6sitos de Deus pode falhar (b) porque a
afirma<;:ao e que Elequer que todos "venham ao conhecimento
da verdade" no mesmo sentido em que "quer que todos sejam
salvos" - e, apesar disso, deixa que a imensa maioria dos
homens nas<;:a, viva e morra nas trevas do paganismo, indepen-
dentemente da Sua participa<;:ao ativa no caso deles.·
Passagens como essa declaram simplesmente a bene-
valencia essencial de Deus. Ele nao tern prazer na morte dos
impios, e tern muito prazer na salva<;:ao dos homens. E, ao
mesmo tempo, e em perfeita consonancia com a Sua
benevolencia, por motivos suficientes mas que nao nos sao
revelados, nao proveu reden<;:ao para os anjos caidos, nem gra<;:a
eficaz para OS nao eleitos entre OS homens. As passagens dessa
natureza afirmam simplesmente que, se nao fossem aqueles
motivos, seria do agrado da Sua natureza benevola que todos
os homens fossem salvos.
35. Como provar que a nos sa doutrina niio injlui no animo dos
pecadores, tirando-lhes o incentivo para fazerem usa de meios?
Objeta-se que, se Deus determinou desde toda a eternidade
que urn homem seja convertido e seja salvo e que outro seja
deixado a perecer em seus pecados, nao ha mais lugar para o
uso de meios. Assim e que Joao Wesley, na obra Methodist
Doctrinal Tracts, representa falsamente a doutrina de Toplady,
dizendo: "Ha, suponhamos, vinte homens, dos quais dez
foram preordenados para que sejam salvos, fa<;am o que
fizerem, e os outros dez foram preordenados para serem
condenados, fa<;:am o que fizerem". Is so e, porem, uma
caricatura da doutrina, tao absurda quanto perversa.
306
Predestinafiio
CONSIDEREMOS:
1°. 0 decreto da elei~ao nao assegura a salva~ao sem a fee
a santidade, e sim, a salva~aomediante a fee a santidade, sendo
decretados tanto os meios como o fim. Os calvinistas creem
tao firmemente como os arminianos que todo o que praticar o
mal sera condenado, independentemente da consideras;ao see
eleito ou nao.
2°. A doutrina da eleis;ao nao ensina que Deus constrange
os homens de urn modo incompativel com a sua liberdade. Os
nao eleitos Ele simplesmente deixa fazer o que for de
conformidade com os impulsos dos seus pr6prios coras;6es
maus. Os eleitos Ele, no dia do Seu poder, faz com que 0
queiram. Opera neles tanto o querer como o efetuar, segundo a
Sua boa vontade. (Fil. 2: 13). E certo e que Deusfazer que urn
homem queira nao o to1he de sua liberdade!
3°. 0 decreto da eleis,:ao s6 torna certos o arrependimento
e a fe dos eleitos. Todavia, a certeza antecedente de urn ato
livre nao e incompativel com a sua liberdade, de outro modo
seria impossivel a presciencia de urn ato livre. 0 decreto da
eleis,:ao nao produz a fe, e de modo algum tolhe a as,:ao do agente,
e tampouco o exime da pratica de obras.
307
Capitulo II
Em confirmac;ao disso temos o exemplo de Paulo (2 Tim.
1: 12) eo de muitos cristaos.
308
Predestinaftio
pessoa, seja eleita ou nao, sera salva se aceitar essas ofertas. Os
nao eleitos Deus simplesmente deixa fazer aquilo que seus
pr6prios cora<;:6es lhes determina que fa<;:am.
Nao e menor a transparente dificuldade que se encontra
na tentativa de conciliar a presciencia certa de Deus da
impenitencia final da grande maioria daqueles a quem Ele
oferece o Seu amor e por toda forma de argumentos procura
persuadir a aceita-10, como fa to de Lho oferecer; especialmente
a vista da considera<;:ao de que Ele preve que os Seus ofere-
cimentos aumentam muito e com toda a certeza a culpae a
miseria final dos que os rejeitam. . •i'~,-~,,·,;;'J!I'.'';
309
Capitulo 11
com este sistema baseado na gra~a de Deus, e sim, faz parte
integrante dele. Fazem parte deste sistema os prindpios
igualmente certos da liberdade e da responsabilidade moral
dos homens, e as ofertas livres do evangelho feitas a todos.
2°. Que a nos sa (mica regra de clever e a que se comp6e
dos mandamentos, das amea~as e das promessas de Deus
expressos claramente nas Escrituras, e nao o decreta da elei~ao,
o qual Ele nunca revela, exceto nos seus elementos conse-
qi.ientes de voca~ao eficaz, fee vida santa.
Quando e sustentada nesses termos, a doutrina da
predestina~ao ...
1°. Exalta a majestade e a soberania absoluta de Deus e, ao
mesmo tempo, ilustra as riquezas da Sua gra~a e o Seu justo
desprazer pelo pecado.
2°. Imp rime em n6s com mais for~a a verdade essencial
de que a salva~ao e inteiramente obra da gra~a de Deus,
e que ninguem pode queixar-se se for passado por alto, nem
jactar-se se for salvo. ~'-· ·. ,'i .- ·
3°. Leva ao inquiridor a desesperar absolutamente de si e
a aceitar cordialmente a oferta livre de Cristo.
4°. No caso do crente que tern o testemunho em si, esta
doutrina o torna mais humilde e, ao mesmo tempo, aumenta a
sua confian~a, chegando aesperan~a certa e segura.
310
Predestinafiio
s6 ato da sua inteligencia reconhece uma maquina complicada
que lhe e familiar, e no mesmo ato distingue acuradamente
suas diversas partes e compreende a sua unidade, as suas
rela<;6es no sistema, e a inten<;ao do todo. Por isso, a questao
quanto a ordem dos decretos niio e questao quanto a ordem
dos atos de Deus ao decretar, e sim, e questao quanto a
verdadeira rela<;ao que sustentam entre si as diversas partes do
sistema decretado. Isto e, que rela<;ao estabeleceu o unico
prop6sito eterno de Deus entre cria<;ao, predestina~ao e
reden<;ao? Que ensinam as Escrituras a respeito do prop6sito
de Deus no sentido de dar Seu Filho, e a respeito do fim e
motivo da elei<;ao? Do motivo e fim da elei<;ao ja tratamos por
extenso acima. Do designio que Deus tinha em vista ao dar-
-nos Cristo, trataremos na divisao 4 do capitulo 25.
311
Capitulo 11
franceses Cameron, Amyrant e outros?
Estes professores teologicos em Saumur, durante o
segundo quarto do seculo 17, ensinaram que Deus decretou-
1°. Criar o homem. 2°. Permitir que ele caisse. 3°. Preparar, na
medias;ao de Cristo, salvas;ao para todos. 4°. Mas, prevendo
que, se os homens fossem deixados a si mesmos, nenhum deles
se arrependeria nem creria, por isso elegeu soberanamente
alguns, aos quais decretou conceder as gras;as necessarias do
arrependimento e da fe.
313
Capitulo II
47. Como expor os argumentos contra a teoria supralapsariana?
Nao ha duvida de que esta e a teoria mais 16gica de todas.
E postulada sobre o princfpio de que aquilo que se faz por
ultimo tencionava-se fazer desde 0 prindpio, e isso, sem duvida
nenhuma, e verdade em todas as esferas compreendidas na
experiencia humana. Argumenta-se, pois, que, se o resultado
final da questao toda e a glorifica~ao de Deus na salva~ao dos
eleitos e na perdi~ao dos nao eleitos, este resultado deve ter
sido o prop6sito deliberado de Deus desde o prindpio. Mas a
causa em apre~o edemasiado elevada para que se lhe apliquem
a priori as regras ordinarias do jufzo humano, :muito menos
para que se insista nelas; a seu respeito s6 podemos saber aquilo
que nose positivamente revelado.
As obje~6es contra a teoria supralapsariana sao as
seguintes ...
1a. 0 homem capaz de ser criado e uma nonentidade,*
coisa que nao existe. Nao poderia ser amado nem eleito, a nao
ser que fosse considerado como ja cfiado.
za. A linguagem inteira das Escrituras em rela~ao a este
assunto implica em que "os eleitos" o foram como objetos do
amor eterno, nao do numero de homens criaveis, capazes de
ser criados, e sim do numero inteiro de homens pecadores
realmente existentes- Joao 15: 19; Rom. 11:5,7.
3a. As Escrituras declaram que os eleitos o foram para a
santifica~ao e para a aspersao do sangue de Cristo. Segue-se,
pois, que, quando foram eleitos eram como culpados e
manchados pelo pecado- 1 Ped. 1:2; Ef. 1:4-6.
4a. A predestina~ao inclui a reprova~ao. A teoria supra-
lapsariana representa Deus como reprovando os nao eleitos
314
Predestinafiio
por urn ato soberano, nao por causa dos pecados deles, e sim
para a Sua propria gloria. Isto parece incompativel com a
retidao divina e tambem com o ensino das Escrituras. Os nao
eleitos foram preordenados por Deus para a desonra e ira
par causa de seus pecados e para louvor de Sua gloriosa justifa.
Conf de Fe, Cap. 3, Se'!6es 3-7; Cat. Maior, Perg. 13;Breve Cat.,
Perg. 20.
315
Capitulo 11
alguns. Isso e realmente uma tentativa de reunir num s6 sistema
o arminianismo eo calvinismo. 2°. As Escrituras declaram
que a finalidade para a qual Cristo veio foi executar o prop6sito
da elei<;ao. Veio para dar a vida eterna a todos quantos o Pai
Lhe desse- Joao 17:2,9; 10:15. Por conseguinte, a reden<;ao
nao pode preceder a elei<;ao. 3°. A verdadeira doutrina da
propicia<;ao (veja Cap. 25) nao e que Cristo veio para tornar
possiyel a salva<;ao, e sim para efetmi-la para todos aqueles por
quem Ele morreu. Para esses a propicia<;;ao alcan<;;a a remissao
dos pecados, a fe, o arrependimento e todos os frutos do
Espirito. Por isso, todos os que sao remidos arrependem-se e
creem. ''\ ~
316
Predestinafiio
acabamos de mencionar. Os elei tos o foram "nele", niio par amor
de Cristo, e sim porque a alian~a eterna da gra~a inclui todos os
eleitos como membros do corpo do qual Ele e a cabe~a. As
Escrituras apresentam sempre o amor de Deus como o motivo
do dom de Cristo, e nao a obra realizada por Cristo como o
motivo do amor de Deus- Joao 3:16; 1 Joao 4:10.
317
Capitulo 11
318
PredestinafiiO
319
12
A Cria~ao do Mundo
320
organizar da materia o mundo, e, por conseguinte, em consi-
derar o universo assim organizado como eterno, como tambem
considerava eterna a materia da qual e formado. ·'
321
Capitulo 12
2°. Deus chamou a existencia, do nada, todas as coisas,
is to e, os prindpios originais e causas de todas as coisas. Assim,
pois, tudo quanto existe, venha a existir ou pode existir, exte-
rior a Dei dade, deve a sua existencia e a sua subs tan cia, como ~-:
tambem a sua forma, a Deus.
3°. Esse ato criativo foi urn ato de vontade livre e auto-
determinada. Nao foi urn ato necessaria e constitucional
analogo aos atos imanentes e eternos da gera<;:ao do Filho e da
processao do Espirito Santo.
4°. Nao foi necessaria esse ato para completar a excelencia
e a felicidade divinas, as quais sao eternas, completas e
insepaniveis da essen cia divina. Mas foi executado no exerdcio
de uma discri<;:ao abso1uta e por motivos infinitamente sabios
- Dr. Charles Hodge.
Esta doutrina e essencial ao teismo. Todas as teorias quanto
aorigem do mundo opostas a esta sao essencialmente panteistas
ou ateistas.
322
2:3,4; Is. 43:1,7; 45:7,18; Sal. 51:12; Jer. 31:22; Amos 4:13.
Niphal, 1°. Ser criado- Gen. 2:4; 5:2. 2°. Nascer- Sal. 102: 18;
Ez. 21:35. Piel, 1°. Talhar, derrubar, e.g., uma floresta- Jos.
17:15,18. 2°. Derrubar (com espada), matar - Ez. 23:47. 3°.
Parmar, esculpir, demarcar - Ez. 21:24 - Gesenius, Lexicon
(presumivelmente uma edi~ao antiga).
323
Capitulo 12
precedentes de cria~ao. Em todos os casos as Escrituras
relacionam toda a a~ao causal da cria~ao s6 e unicamente a
"Palavra", ao mandado deJeova- Sal. 33:6 e 148:5,6. "Pela fe
e que nos entendemos que foram formados OS mundos (o
universo) pela palavra de Deus, para que o visivel fosse feito
do invisivel" (Heb. 11:3, Figueiredo). Veja Rom. 4:17; 2 Cor.
4:6.
9. De que maneira esta inferida nas Escrituras esta doutrina
da criafiiO absoluta do mundo par Deus?
1°. Em todas as passagens que ensinam que Deus eo Sobe-
rano absoluto e que as criaturas dependem dEleabsolutamente,
sendo que "nele vivemos, enos movemos, e existimos" - Atos
17:28; Nee. 9:6; Rom. 9:36; 1 Cor. 8:6; Col. 1:16; Apoc. 4:11.
Ora, e evidente que, se os elementos essenciais e os
principios primordiais de todas as coisas nao sao criados
imediatamente por Deus do nada, mas existem eternamente
por si e independentemente dEle, segue-se entao que Ele, em
Seus oficios de Criador e Governador providencial, esta
condicionado e limitado pelas propriedades efor~as essenciais
e preexistentes desses elementos primordiais, e Ele nem seria
o Soberano absoluto, nem as coisas feitas dependeriam
absolutamente da Sua vontade.
2°. Em todas as passagens que ensinam que o cosmos, isto
e, que "todas as coisas" tiveram principia- Sal. 90:2; Joao
17:5,24.
324
A Criafiio
movemos, e existimos" (Atos 17 :28), se Ele nao fosse absolu-
tamente o Criador e tambem o Formador de todas as coisas.
2°.0 testemunho da consciencia torna manifesto: (1) Que
as nossas almas sao entidades individuais e distintas, e nao
partes ou particulas de Deus; (2) que nao sao eternas. Segue-
-se, pois, que foram criadas. E uma vez que se admita a cria<;:ao
ex nihilo dos espiritos dos hornens, nao havera rnais dificuldade
especial quanto acria<;:ao absoluta da materia.
3°. Ernbora nos seja inconcebivel a cria<;:ao absoluta de
algurna coisa do nada, nao 0 e rnais do que 0 e a rela<;:ao da
presciencia infinita de Deus, ou da Sua preordena<;:ao, ou do
Seu governo providencial, corn a liberdade da a<;ao dos homens,
e nem o e mais do que inconcebiveis sao muitas outras verdades
que todos se veern obrigados a crer.
4°. Adrnitida a auto-existencia necessaria de urn Espirito
pessoal infinitarnente sabio e poderoso, cuja existencia, na
hip6tese de que Ele possui o poder de criar absolutarnente, e
suficiente para explicar a existencia de todos os fenomenos do
universo, nao e filos6fico rnultiplicar causas gratuitarnente,
como se faz na suposi<;:ao de que a materia e eterna, auto-exis-
tente e independente.
5°. Depois que o fil6sofo rnaterialista analisou a materia
ate aos seus atornos finais e determinou as suas propriedades
prirnarias e essenciais, achou neles provas tao fortes de urna
causa antecedente e poderosa, e de urna inteligencia corn
designios sabios, como as encontra nas organiza~6es rnais
cornplexas da natureza; pois que outra coisa seriarn as pro-
priedades fundarnentais da materia senao os constituintes
elementares das leis universais da natureza, e as condi<;:6es finais
de todos os fenornenos? Se inten~ao ou designio, descoberto
na constitui<;:ao do universo concluido, prova a existencia de
urn Forrnador divino, en tao corn igual razao a rnesrna inten~ao
ou designio, descoberto na constitui~ao elementar da materia
prova a existencia de urn Criador divino.
Segundo a afirrna<;:ao de Sir John Herschel, todos os
325
Capitulo 12
atomos da mesma substancia elementar, por serem todos iguais,
parecem "objetos fabricados".
"Quer seja autocontradit6ria a concep~ao de uma multi-
dao de seres existentes desde toda a eternidade, quer nao seja,
essa concep~ao torna-se palpavelmente absurda quando
atribuimos uma rela~ao de igualdade quantitativa a todos esses
seres. N esse caso, somas obrigados a olhar para alem deles e
ver alguma causa comum, ou alguma origem comum, como
explica~ao do motivo pelo qual existe essa rela~ao singular...
Temos chegado ao limite extrema das nossas faculdades de
pensar quando admitimos que, por nao poder ser eterna e auto-
existente, a materia teve necessariamente urn Criador"- Prof.
].Clerk-Maxwell, artigo ''Atom", Encyclopcedia Britannica, 9a.
edi~ao.
,,._.
326
baseiam em razi5es marais a auto-existencia da materia?
Aqueles dentre os pensadores teistas que se sentiram
tentados a tomar a materia como eterna e auto-existente,
foram levados a isso pela va esperan~a de explicar assim a
existencia do mal moral em harmonia com a santidade de
Deus.
Queriam referir todos os fenomenos do pecado a urn
principia essencialmente mau, inerente a materia, e assim
justificar Deus, sustentando que Ele tinha feito tudo quanto
Lhe era possivel para limitar esse mal. Ora, alem da incon-
seqti.encia da tentativa que faz essa teoria de vindicar a
santidade de Deus acusta da Sua independencia, OS principios
sabre os quais ela opera sao absurdos, como se tornarao
evidentes nas seguintes considera~6es:
1°. 0 mal morale, na sua essencia, urn atributo do espi-
rito. 0 referi-lo a uma origem material conduz logicamente ao
mais crasso materialismo.
2°. 0 inteiro sistema cristao de religiao, e o exemplo de
Cristo, estao em oposic;ao a esse ascetismo e "mau tratamento
do corpo", cuja conseqti.encia sera necessariamente a ideia de
que a materia e a base do pecado- Col. 2:16, Figueiredo.
3°. Tendo Deus criado o universo material, disse que era
muito born- Gen. 1:31.
4°. A Segunda Pessoa da santissima Trindade tomou urn
corpo real e material em uniao conSigo.
5°. A cria~ao material, por ora "sujeita a vaidade" em
conseqti.encia do pecado dos homens, havera de ser renovada e
tornada o templo em que habite o Deus-homem para sempre.
Veja abaixo, Cap. 39, Perg. 17.
6°. A obra realizada por Cristo para salvar Seu povo dos
seus pecados nao contempla a renuncia da parte material da
nos sa natureza, mas os nossos corpos, que sao agora "membros
de Cristo" e "templos do Espirito Santo", serao transformados
na ressurrei~ao asemelhan~a do Seu corpo glorioso. E, contudo,
nada poderia ser mais absurdo do que a ideia de que o soma
327
Capitulo 12
pneumatikon, traduzido "corpo espiritual", nao e coisa tao
literalmente material como o e o soma psyquikon, traduzido
"corpo animal" - 1 Cor. 15:44. Se a causa do mal e essencial-
mente inerente a materia, e se no passado este desenvolveu-se
sempre, apesar dos esfon;;os feitos por Deus para limita-lo, que
motivo de confian~a pode qualquer de noster para o futuro?
328
A Criafiio
Esta nao e pergunta de va curiosidade. E evidente que,
sendo Deus eterno, imutavel e de inteligencia absolutamente
perfeita, Ele invariavelmente haveria de manter em vista o
grande fim ou prop6sito final para o qual criou todas as coisas
no principia, de forma que todas as Suas obras devem ser, mais
direta ou mais remotamente, meios para esse fim. Ora, n6s
somas constituidos de tal modo que podemos entender urn
sistema somente quando entendemos o seu fim ou o seu
prop6sito final. Assim,e.g., podemos compreender as diversas
pe~as de urn rel6gio ou de uma maquina a vapor, suas rela~oes
e fun~oes, somente depois de compreendermos o fim a que
deve servir o rel6gio ou a maquina por inteiro. E, em bora Deus
nos tenha ocu1tado muitos dos Seus prop6sitos secundarios,
cremos que Ele nos revelou esse grande designio final, sem o
conhecimento do qual nunca poderiamos compreender o
verdadeiro carater da sua administra~ao geral. Ninguem pode
negar que, se Ele revelou o prop6sito final da Sua cria~ao,
deve ser para n6s ponto da maior importancia sabermos
qual e.
Epor si mesmo evidente quen6s nunca poderemos chegar
a uma generaliza~ao tao sublime como essa por nenhum
processo de indu~ao daquilo que sabemos ou podemos saber
das obras de Deus. E-nos necessaria, pois, extrair todas as nossas
conclus6es a esse respeito, em primeiro lugar, ao menos,
daquilo que sabemos dos atributos de Deus e do ensino
explicito da Sua Palavra.
329
Capitulo 12
e a Origem do Mal, publicada em 1710.
330
em vista na crias;ao foi a Sua propria gloria. Gloria e excel en cia
manifestada. A excelencia dos atributos de Deus e manifestada
por Sua operas;ao. Por conseguinte, esse fim nao foi o aumento,
nem da Sua excelencia nem da Sua felicidade, e sim Sua
manifestas;aoad extra.
''Ao principia aprouve a Deus o Pai, o Filho e o Espirito
Santo, para manifestas;ao da gloria de Seu eterno poder,
sabedoria e bondade, criar ou fazer do nada, no espas;o de
seis dias, e tudo muito born, o mundo e tudo o que nele ha,
quer as coisas visiveis quer as invisiveis" - Confissiio de Fe,
Cap.4, § I. Ela afirma tambem que a Sua gloria e o fim prin-
cipal que Deus tern em vista em todos os Seus propositos
e nas obras da providencia e da reden~ao- Cap. 3, § 3,5,7;
Cap. 5, § 1; Cap. 6, § 1; Cap.33, § 2; CatecismoMaior, Pergs. 12
e 18; Breve Cat., Per g. 7.
331
Capitulo 12
criatura em exceH~ncia e bem-aventuran<;a.
4°. As Escrituras declaram explicitamente que esse e o
fim principal de Deus na cria<;ao- Prov. 16:4; Col. 1:16, e das
coisas como criadas- Rom. 11: 36; Apoc. 4:11.
5°. Elas ensinam que esse e tambem o fim principal de
Deus nos seus decretos- Ef. 1:5,6,12.
6°. Elas tambem ensinam sobre Seu governo e Sua dire<;ao ~
providenciais de Suas criaturas, por Sua gra<;a - Rom. ~
9: 17,22,23; Ef. 3:10.
7°. As Escrituras imp6em como dever a toda criatura
moral que adotem esse mesmo fim como o seu fim pessoal em
todas as coisas -1 Cor. 10:31; 1 Ped. 4:11.
332
todas as tentativas, como, e.g., a que fez Hugh Miller em sua
obra Testimony of the Rocks (0 Testemunho das Rochas), de
acomodar a hist6ria bfblica em todos os seus pormenores as
conclus6es mais ou menos certas da geologia.
Quanto a relaqao entre aquilo que diz a ciencia a respeito
da antigiiidade do homem e a cronologia bfblica, veja abaixo,
Cap.l6. Em geral, porem, ha concordancia muito notavel en-
tre a narraqao mosaica e os resultados dos estudos da geologia
quanto aos seguintes pontos: a narraqao concorda com aquilo
que a ciencia diz, ensinando - (a) A criaqao dos elementos
num passado muito remoto. (b) A existencia intermedia do
caos. (c) 0 passar o mundo por diversas mudanqas antes de
chegar a sua atual condiqao fisica. (d) As criaq6es sucessivas
de diversos generos e especies de seres organizados - dos
vegetais antes dos animais- das formas inferiores antes das
formas superiores - em adaptaqao as condiq6es cada vez
melhores da terra - e do homem como 0 ultimo de todos.
Se lembrarmos quando, onde e para que fim essa narraqao
bfblica foi escrita e a compararmos com todas as demais
cosmogonias antigas, ficaremos convencidos de que essa
concordancia maravilhosa com os ultimos resultados dos
estudos da ciencia moderna e uma contribuiqao muito
importante para as provas da sua origem divina. Ve-se com
certeza que, mesmo quando se le essa narraqao aluz da mais
severa critica moderna, ela e suficiente para o fim que o seu
Autor divino teve em vista, a saber, que servisse como
introduqao geral da hist6ria da reden<;:ao, a qual, embora tivesse
suas rafzes na cria<;:ao, foi em seguida levada avante como urn
sistema de revela<;:6es e influencias sobrenaturais.
333
Capitulo 12
igualmente sagradas, e devem ser tratadas com igual reverencia.
E absolutamente impossivel que haja conflito entre as duas
revelac.;:6es, quando adequadamente interpretadas. Preferencia
da nossa parte de uma ou de outra e traic.;:ao contra o Autor e
Senhor de ambas.
2°. A ciencia, como interpretac.;:ao das obras de Deus, e,
portanto, urn ramo legitimo e obrigat6rio dos estudos
humanos. Tern seus direitos que devem ser respeitados, e seus
deveres que ela deve observar. Todas as ciencias tern o direito
de prosseguir nas suas investigac.;:6es legitimas segundo os seus
pr6prios metodos legitimos. Nao podemos exigir que o
quimico prossiga nas suas pesquisas segundo os m~todos do
fil6logo, nem do ge61ogo que va procurar seus fatos na hist6ria,
quer sagrada quer profana. Contudo e tambem dever dos
estudantes de qualquer ciencia que se conservem dentro dos
seus limites, e que reconhec.;:am o fato de que a sua ciencia e
uma provincia apenas no imenso imperio da verdade, e que,
por isso, devem respeitar todas as diversas ordens de verdades,
tanto as verdades hist6ricas e inspiradas como as cientificas, e
tanto as verdades mentais e espirituais como as materiais.
3°. Da limitac.;:ao das faculdades humanas segue-se como
conseqiiencia pratica que os homens que se dedicam a urn ramo
especial de pesquisas adquirem habitos especiais de pensar,
como tambem peculiares associac.;:6es de ideias, segundo os
quais tornam-se propensos a medir e julgar todas e quaisquer
verdades. Sucede assim que o homem cientifico primeiro
interpreta male en tao tern ciumes do te6logo, e este tam bern
interpeta male entao tern ciume do homem cientifico. Isso,
porem, e acanhamento, e nao conhecimento superior; e
fraqueza, e nao forc.;:a.
4°. Sendo a ciencia tao-somente uma interpretac.;:ao humana
das obras de Deus, e sempre imperfeita e comete muitos erros.
Os interpretes da Biblia sao humanos tambem, e por isso
podem cometer erros, e nunca devem afirmar que as suas
interpretac.;:6es sao realmente as ideias que Deus quis revelar.
334
5°. Todas as ciencias, em sua condis;ao imatura, tern sido
consideradas como opostas aPalavra de Deus. No entanto, ao
passo que se tornaram mais amadurecidas, achou-se que
estavam em perfeita harmonia com essa Palavra. As vezes e a
ciencia que se emenda e se torna assim combinada com as ideias
dos te6logos; outras vezes sao as opini6es dos te6logos que se
emendam e se tornam assim combinadas com a ciencia
aperfeis;oada e demonstrada, como, e.g., foi o caso do sistema
astron6mico de Copernico, sistema primeiro odiado pela igreja,
mas depois aceito universalmente por ela, e com gratidao.
6°. No caso de muitas ciencias, particularmente no da
geologia, ainda nao chegou o tempo para que se procure ajustar
suas conclus6es a revelas;ao das Escrituras. Assim como
acontece com a hist6ria contemporanea em sua relas;ao com as
profecias, a geologia, em sua relas;ao com a narras;ao mosaica
da crias;ao, esta in transitu (em transis;ao ). Suas conclus6es ainda
sao incertas. Quando todos os ge6logos estiverem de acordo
entre si, todos os fatos acessiveis da ciencia tiverem sido
observados, analisados e classificados, a generalizas;ao estiver
completa, todos os seus resultados tiverem sido recolhidos e
se tiverem tornado parte indubitavel e permanente da herans;a
intelectual dos homens, ver-se-a en tao exposta por si mesma a
concordancia entre a ciencia e a revelas;ao, e que a ciencia
sustenta e ilustra a Palavra escrita de Deus, em vez de lhe ser
oposta.
7°. Ha, pois, duas tendencias opostas que sao igualmente
prejudiciais acausa da religiao, e que mostram a fraqueza da
fe que caracteriza muitos dos seus amigos professos. Aprimeira
e a fraqueza de se aceitar imediatamente como verdade liquida
e certa qualquer conclusao hostil a Palavra de Deus, se for
anunciada por especuladores cientificos; a constante confis-
sao que assim se faz de que a luz da revelas;ao e inferior a luz
da natureza, e a certeza das conclus6es da exegese biblica
e da teologia crista inferior a dos resultados dos trabalhos da
ciencia moderna; os constantes esfors;os para acomodar as
335
Capitulo 12
336
... ~ ~. _·· ;
. ·, -'· ': . ! .~ ~
13
Os Anjos
337
Capitulo 13
3. Quem eram os querubins?
Eram criaturas idealizadas, compostas de quatro partes, a
saber, as de urn hom em, de urn boi, de urn leao e de urn a aguia.
Sua aparencia predominante era a de homem, mas o numero
de rostos, pes e maos diferia segundo as circunstancias - Ez.
1:6 comp. com Ez. 41:18,19, e Ex. 25:20.
As mesmas criaturas idealizadas aplica-se tambem o
designativo "seres viventes" (ARA), traduzido por "animais" nas
vers6es de Almeida, Revista e Corrigida, e outras - Ez. 1:5-
22; 10: 15,17; Apoc. 4:6-9; 5:6-14; 6: 1-7; 7: 11; 14:3; 5:7; 19:4.
Os querubins eram seres simb6licos das propriedades
mais elevadas da vida das criaturas, e delas como indicios e
l
manifesta\S6es da vida divina; e eram seres tipicos do estado do .
homem redimido e glorificado, ou representa\S6es profeticas
dele, como o estado em que essas propriedades seriam
combinadas e manifestadas. Foram colocados no jardim do
Eden imediatamente depois da queda de Adao, cabendo-lhes
guardar o caminho da arvore da vida- Gen. 3:24.
Outra conexao, e mais com urn, em que aparece o querubim
e quando se fala no trono da habita\SaO peculiar de Deus. No
mais santo lugar do tabernaculo, Ex. 25:22; Jeova era chamado
o Deus que estava assentado sobre, ou entre, os querubins, 1
Sam. 4:4; Sal. 80:1; Ez. 1:26,28; cuja gloria estava sobre os
querubins. No Apoc. 4:6 fala-se nos animais (seres vivos) que
estavam no meio do trono e ao redor dEle.
Que significa tudo isso, senao o fato maravilhoso, revelado
mais claramente na historia da reden<;:ao, de que a natureza
humana haveni de ser exaltada a habita<;:ao da Deidade? Em
Cristo ela ja foi assunta, por assim dizer, ao proprio seio de
Deus; e por ser honrada tanto assim em Cristo, havera de, nos
seus membros, alcan\Sar uma gloria maior do que ados anjos
-Fairbairn, Tjpology, Part. 2, Ch. 1, Sec. 3.
338
OsAnjos
A palavra serafim significa ardente, brilhante, refulgente.
Encontra-se na Biblia somente em Isaias 6:2,6. Eprovavel que
seja outro designativo, sob aspecto diverso, dos seres idealizados
chamados comumente querubins e seres vivos.
339
Capitulo 13
1°. A respeito do seu numero as Escrituras s6 ensinam
que e mui to grande: "milh6es de milh6es"- Dan. 7: 10; "mais
de doze legi6es de anjos"- Mat. 26:53; "uma multidao dos
exercitos celestiais"- Luc. 2: 13; "muitos milhares de anjos"-
Heb. 12:22.
2°. A respeito do seu poder as Escrituras ensinam que e
muito grande, tanto quando exercitado no mundo material
como no espiritual. Sao chamados anjos do poder de Jesus em
2 Tessalonicenses 1:7, e no Salmo 103:20, "magnificos em
poder"; veja tambem 2 Reis 19:35. Nao tern, porem, o poder
de criar, e assim como os homens, s6 podem exercer o seu
poder conectivamente com as leis gerais da natureza, no sentido
absoluto dessa palavra.
340
OsAnjos
9. Os anjos tern corpos? E como se pode explicar o seu
aparecimento? · ,; ' ~ .
Nas Escrituras OS anjos sao chamados "espfritos" (Heb.
1: 14), palavra empregada tambem para designar as almas dos
homens quando separadas dos corpos- Luc. 8:55. Mas nao ha
nada no sentido dessa palavra, nem nas opini6es dos judeus
do tempo de Cristo, nem em coisa alguma do que nos dizem
as Escrituras a respeito das ocupa~6es dos anjos, que prove
que os anjos nao tern corpos de especie nenhuma. E como se
diz que o Filho de Deus tern agora urn "corpo glorioso", urn
"corpo espiritual" para sempre, e como todos os remidos hao
de afinal ter corpos como o de Cristo, e os anjos sao associados
com os homens remidos como membros do mesmo reino
infinitamente exaltado, parece provavel que os anjos tenham
sido criados com organiza~ao fisica nao totalmente disse-
melhante desses "corpos espirituais" dos remidos. Nos tem-
pos biblicos anjos apareceram e falaram aos homens sempre
na forma corporal de homens, e tambem a semelhan~a de
homens comuns comeram e abrigaram-se em casas- Gen. 18:8;
19:3.
Alguns sup6em, por conseguinte, que os anjos tern corpos
semelhantes aos atuais corpos "naturais" ou animais dos
homens- 1 Cor. 15:44, compostos de carne, ossos e sangue,
com cabe~a e fei~6es, pes e maos, e que, quando urn anjo
aparecia a qualquer pessoa, nao havia mudan~a ne1e, e sim ele
simplesmente entrava na esfera da percep~ao dos sentidos dessa
pessoa, apresentando-se-lhe assim como habitualmente e.
Isso, porem, e inconciliavel com os fatos narrados nas
Escrituras. Segundo esta, os anjos "apareceram" as vezes
exatamente como homens comuns, outras vezes, porem, de
modos bern diversos- Niim. 22:31; Atos 12:7-10, passando
atraves de muros de pedra, aparecendo e desaparecendo a
vontade, etc. Alem disso, urn dos tres hom ens que apareceram
a Abraao em Manre, cujos pes ele lavou e que comeram o que
lhes havia preparado, era Jeova, a segunda Pessoa da Trindade,
341
Capitulo 13
que nao tinha corpo antes de o tomar seculos depois no ventre
da virgem Maria. Se, pois, o corpo humano de uma dessas
pessoas nao era corporeal, nao somos autorizados a concluir,
dos fatos ali registrados, que os das outras o eram- Gen. 18:4-
33.
Ademais, a teoria manifesta absurda confusao de pensa-
mentos. 0 corpo humano animal, assim como o conhecemos,
e uma organiza<;ao fisica que esta em equilibrio com certas
condi<;6es fisicas definidas e exatamente ajustadas, e pode
existir s6 nessas condi<;6es. Os animais vertebrados, dos quais
o homem e a forma superior, foram mudados sempre quando
se mudaram as condi<;6es fisicas da terra, e deixam sempre de
existir quando essas condi~6es se mudam muito. A concep~ao
de urn corpo humano vivendo na agua ou no fogo seria absurda,
e mais absurda ainda parece sera concep<;ao de uma criatura
com sangue como o do homem, e comendo alimento, existindo
indiferentemente na terrae no ceu, atravessando avontade 0
espa<;o entre as estrelas, e como verdadeiro cosmopolita
vivendo alternada e indiferentemente em todos os mundos e
em todos OS elementos, 0 eter, 0 ar e a agua, e em todas as
temperaturas, desde a temperatura de milhares de graus do
sol, ate ao zero absoluto do vacuo entre as estrelas.
A aparencia corporal dos anjos deve, pois, ter sido alguma
coisa nova que assumiram, ou entao alguma coisa preexis-
tente e permanente, mas bastante modificada com o fim de
torna-los capazes de manifestar-se em forma humana aos
homens.
342
OsAnjos
etc., isto e, veneraram suplicantemente, a reis. Se, pois, reis,
por cujo ministerio Deus governa o mundo, sao tratados com
tanta honra, nao daremos aos espiritos angelicas uma honra
tanto maior em propor~ao quanta esses seres felizes excedem
aos reis em dignidade; (a esses espiritos angelicas) os quais
aprouve a Deus constituir Seus ministros; de cujo ministerio
Se serve nao s6 no governo da Igreja, mas tambem no do res to
do universo; por cuja assistencia, ainda que nao os vejamos,
somos libertos diariamente dos maiores perigos da alma e do
corpo? Acrescentai a isso o amor com que nos amam, e que os
leva, segundo nos dizem as Escrituras -Dan. 2: 13,* a oferecer
suas ora~6es pelos paises sabre os quais a Providencia os
colocou, e sem duvida tam bern por aqueles cujos guardas sao,
porque apresentam diante do trona de Deus as nossas ora<;:6es
e higrimas- ]6 3:25; 12:12; Apoc. 8:3. Por isso nosso Senhor
nos ensinou no evangelho a nao escandalizar os pequeninos,
porque nos ceus os seus anjos incessantemente estiio vendo a
face de seu Pai, que esta nos ceus- Mat. 18:10.
"Sua intercessao devemos, pois, invocar, porque veem
sempre a Deus, e recebem dEle com muito boa vontade a defesa
da nossa salva<;:ao. Desta sua invoca<;:ao as Sagradas Escrituras
dao testemunho"- Gen. 48:15,16.
343
Capitulo 13
com exces;ao dos saduceus, criam nisso, e os mus;ulmanos creem
nisso ainda. Os antigos pagaos criam nessa ideia sob uma forma
modificada - pois os gregos tinham seus demonios tutelares
(bons ou maus) e os romanos seus genios. N a Bfblia, porem,
nao ha nada que ap6ie essa ideia. As passagens que costumam
citar a seu favor (Sal. 34:7; Mat. 18:10) e certo que nao
significam nada disso. A primeira simplesmente ensina que
Deus Se serve do ministerio dos anjos para livrar Seu povo de
aflis;6es e perigos; e a segunda, que os filhos dos crentes,
enquanto crians;as, ou os mais pequenos entre os disdpulos
de Cristo, dos quais os ministros da Igreja poderiam estar
inclinados a descuidar-se, sao tidos em tao alta estima em outra
parte que nem os anjos julgam abaixo da sua dignidade
ministrar-lhes"- Kitto,Bib. Encyclop.
344
OsAnjos
345
Capitulo 13
Assim como todos os seres finitos, satamis s6 pode estar
num lugar a qualquer tempo; mas, sendo-lhe atribuido tudo o
que fazem os seus agentes, parece praticamente ubiquo.
E certo que ao menos as vezes exerceram uma influencia
inexplicavel sobre os corpos dos homens, porem inteiramente
sujeita ao dominio de Deus- J6 2:7; Luc. 13:16; Atos 10:38.
Eles tern produzido e agravado molestias, e excitado apetites e
paix6es- 1 Cor. 5:5. Em alguns casos, satan as tern poder sobre
amorte-Heb. 2:14.
Com relas;:ao as almas dos homens, satanas e seus anjos
nao tern poder nenhum para mudar o coras;:ao ou coagir a
vontade; sua influencia e simplesmente moral, e exercida
mediante sedus;:6es enganosas, sugestao, embaimento e
persuasao. As frases descritivas da sua operas;:ao, empregadas
nas Escrituras, sao como as que se seguem - "poder, e sinais e
prodigios de mentira", "o engano da injusti<;a", 2 Tess. 2:9,10;
"se transfigura em anjo de luz", 2 Cor. 11:14. Quando pode
enganar, emprega "ciladas", Ef. 6:11; "las;:o", 1 Tim. 3:7;
"profundezas", Apoc. 2:24; "cegou os entendimentos", 2 Cor.
4:4; mantem presos a sua vontade os que nao se desprendem
dos seus la~os, 2 Tim. 2:26; e assim "engana todo o mundo",
Apoc. 12:9. Quando nao pode persuadir, lans;:a mao de "dardos
inflamados", Ef. 6:16, e de bofetadas, 2 Cor. 12:7.
Como exemplos da sua influencia em tentar os homens
ao pecado, as Escrituras citam os casos de Adao, Gen. capitulo
3; Davi, 1 Cron. 21: 1; Judas, Luc. 22:3; Ananias e Safira, Atos
5:3; e a tentas;:ao a que se submeteu o nosso bendito Salvador,
Mat. capitulo 4.
346
OsAnjos
-Sal. 106:36,37,e Paulo, que as coisas sacrificadas pelos gentios,
estes as sacrificam aos demonios, e nao a Deus -1 Cor. 10:20.
Moises, falando dos israelitas ap6statas- Deut. 32:17, diz:
"Sacrificios ofereceram aos demonios, nao a Deus; a deuses
que nao conheceram, novos deuses que vieram ha pouco dos
quais nao se estremeceram seus pais" (ARA). (Figueiredo:
" ... deuses novos e recentes, que seus pais nao tinham adorado.")
347
Capitulo 13
Dizem tambem que essa doutrina e inconciliavel com os
seguintes principios claramente revelados: 1°. Que as almas
dos falecidos vao imediatamente para 0 ceu ou para 0 inferno.
2°. Que os anjos decaidos ja estao presos "as cadeias da
escuridao, ficando reservados para o juizo" -2 Ped 2:4; Jud.,
vers. 6.
Procuram dar outro sentido as palavras de Cristo e Seus
ap6stolos, dizendo que, nao tendo sido parte do designio deles
ensinar aos homens a verdadeira ciencia da natureza e das
molestias, adotaram nesses aspectos a linguagem comum dos
seus contemporaneos, e chamaram as molestias por seus nomes
populares, sem quererem, porem, dar assim o seu apoio a teoria
comurn quanto anatureza da causa produtora dessas molestias.
348
,.-.
,~. ....
14
A Providencia
349
Capitulo 14
A preserva~ao e aquela opera~ao continua da energia divina
ern virtude da qual o Criador rnantern todas as criaturas ern
existencia e na posse de todas essas propriedades e qualidades
inerentes de que as dotou ern sua cria<;ao, e tarnbern na posse
daquelas que porventura tenharn adquirido depois, ern virtude
dos seus habitos ou do seu desenvolvirnento. Isto e, tanto a
existencia como os atributos de toda especie, bern como a forma
e as faculdades de toda criatura individual sao rnantidas
constanternente ern existencia por Deus.
350
A Providencia
sistema de causas secundarias como dependentes da Causa
Primaria somente no principia do longo curso dos aconteci-
mentos, num passado infinitamente remoto. Eles sustentam
que no principia Deus criou todas as coisas, dotou-as de suas
diversas fon;:as como causas secundarias, e ajustou-as num
sistema equilibrado, mas entao as deixou operar independente-
mente de todo suporte ou direc;:ao de fora, segundo a sua
natureza, em suas diversas relac;:6es, assim como urn homem
deixa urn rel6gio ao qual acaba de dar corda.
351
Capitulo 14
segundo o testemunho da hist6ria, esta tern sido sempre a
influencia exercida por ela.
4a. Esta obviamente em oposi~ao ao espirito inteiro das
Escrituras, da qual vemos exemplos nos textos especiais acima
citados.
352
A Providencia
imagens das coisas que vemos num espelho, enquanto conser-
vamos os olhos fixos nelas, parecem sempre as mesmas, e
parecem conservar uma identidade perfeita e continua. Mas e
sabido que nao e assim. Os fil6sofos sabem muito bern que
essas imagens sao renovadas constantemente pela impressao e
reflexao de novos raios de luz; de modo que a imagem
produzida por raios anteriores esta sempre desaparecendo e
uma nova imagem e produzida por novos raios a cada instante,
tanto no espelho como nos olhos ... A imagem que existe neste
momento nao foi derivada daquela que existiu no momento
anterior... a existencia passada da imagem nao tern influencia
alguma para mante-la nem por urn instante ... Assim e com os
corpos como com essas imagens ... sua existencia atual nao e,
falando em termos restritos, efeito da sua existencia passada, e
sim inteiramente, a cada instante, efeito de uma nova agencia
ou opera~ao de causa poderosa da sua existencia".
e
7. Como se pode mostrar que essa doutrina falsa e perigosa?
1°. Se Deus esta continuamente criando de novo cada
criatura em cada momento em seus estados e a<;6es sucessivos,
e se o estado ou ato de uma criatura num momento nao tern
rela<;ao causal com o seu estado ou ato no momento posterior,
e evidente que Deus eo unico Agente real no universo, e causa
unica e imediata de tudo quanto sucede. E evidente que isso
envolve logicamente o panteismo, e, como fato hist6rico,
conduz asua ado<;ao.
2°. E inconciliavel com as nossas intui~6es originais e
necessarias de toda especie de verdades, quer sejam fisicas, quer
intelectuais, quer morais. Nossas intuiq6es originais certificam-
-nos da existencia real e permanente de substancias espirituais
e materiais exercendo for<;as, e dade nossos pr6prios espiritos
como causas reais e autodeterminantes de a<;ao, e, em conse-
qiiencia, como agentes morais. Mas, se fosse verdadeira essa
doutrina, en tao as nossas intuiq6es primitivas e constitucionais
nos enganariam, o universo inteiro seria uma ilusao, nossa
353
Capitulo 14
propria natureza uma falsidade e o ceticismo universal seria 1
!
inevitavel. l
354
A Providencia
9. Como expor a doutrina biblica do GOVERNO providencial
de Deus?
Tendo Deus decretado absolutamente e desde a eternidade
tudo o que sucede; tendo no prindpio criado do nada todas as
coisas, pela palavra do Seu poder, e continuando depois a estar
presente em cada :itomo da Sua cria<;ao, mantendo todas as
coisas em existencia e na posse e exercicio de todas as suas
propriedades, Ele TAMBEM governa e dirige as a<;6es de todas
as criaturas assim preservadas, de modo que, sem nunca violar
as leis de suas diversas naturezas, faz, contudo, que cada urn e
todos os eventos e a<;6es sucedam segundo o plano eterno e
imutavel abrangido em Seu decreto. Ha designio na provi-
dencia. Deus escolheu Sua grande finalidade- a manifestac;;ao
da Sua propria gloria - mas, para alcan<;ar esse fim, escolheu
tam bern inumeraveis fins subordinados; estes sao fixos; e Ele
determinou todos os eventos e a<;6es nas suas diversas rela<;6es
para esses fins, e dirige continuamente e de tal modo as a<;6es
de todas as criaturas que esses fins gerais e especiais efetuam-
-se exatamente no tempo, pelos meios estabelecidos, da
maneira e nas condi<;6es que Ele determinou desde a
eternidade.
Turretino,L.6.Quaes.l, diz: "0 termo providencia abrange
tres aspectos expressos pelos vocabulos gregos prognosin,
prothesin e disikesin- o pre-conhecimento da mente, o decreto
da vontade e a administra<;ao eficaz das coisas decretadas- o
conhecimento dirigindo, a vontade ordenando e o poder
executando ... Por conseguinte, pode-se considerar a provi-
dencia, ou no decreto antecedente, ou na execu<;ao subseqi.iente:
aprimeira e a destina<;ao eterna de todas as coisas; asegunda e 0
governo temporal de todas as coisas segundo esse decreto; a
primeira eurn ato imanentedentro de Deus; asegunda eurn ato
transitorio fora de Deus. Tratamos aqui da providencia, na
maior parte, no segundo sentido do tenno". Veja aConf. de Fe,
Cap. 5, o Cat. Maior, Perg. 18 eo Breve Cat., Perg. 11.
355
Capitulo 14
10. Que prova a considerafiio das perfeifi5es divinas fornece a
favor do Jato de que h(t semelhante governo universal?
Prova-se pelas seguintes considera~6es:
1a. 0 fa to estupendo de que Deus e infinito em Seu Ser,
em Sua relac;ao com o tempo e o espac;o, e em Seu poder e
sabedoria, torna evidente que Lhe e possivel exercer provi-
dencia universal, e que devemos atribuir a capacidade muito
limitada de nossa compreensao todas as dificuldades e
contradic;6es aparentes que para n6s parecem achar-se
envolvidas em semelhante providencia.
za. A sabedoria infinita de Deus certifica que Ele tinha
em vista certa finalidade quando criou o mundo; e que nao
deixara de empregar os melhores meios para alcanc;ar esse fim
em todas as suas partes.
3a. Sua bondade infinita torna certo que Ele nao deixara
Suas criaturas sensiveis e inteligentes entregues aos la~os de
urn destino mecanico e cego; nem que as Suas criaturas
religiosas sejam isoladas dEle, sendo que a sua vida mais
elevada consiste na comunhao com Ele.
4a. Sua retidao infinita garante que Ele continuara a
governar, recompensar e punir as criaturas que Ele fez sujeitas
a obrigac;6es marais.
356
A Providencia
moral supremo e universal, presente no mundo, protegendo
os bons e restringindo e castigando os maus. Se Deus nao
cstivesse real e imediatamente presente na natureza e na hist6ria
da humanidade, nao 0 poderiamos conhecer, e tampouco Ele
nos dirigiria enos protegeria, e, em conseqiiencia, a obediencia
a Ele nao Lhe seria devida nem seria possivel, e a moralidade,
a religiao e a ora<;ao, todas estas igualmente nao passariam de
ilus6es.
357
Capitulo 14
beneficos. E, assim como o espirito que tern o designio nao
pertence a nenhum dos elementos, e evidente que tampouco
pertence areuniao de todos eles. S6 pode pertencer a urn Deus
pessoal, presente, totalmente sabio e todo-poderoso, que dirige
e governa todas as coisas pelo exerdcio presente do seu poder
inteligente nas criaturas e por intermedio delas.
358
r A Providencia
dirige as pequenas providencias dos homens.
361
Capitulo 14
espiritualmente, e influindo tanto no corpo como na alma e ·.
nas relac;6es externas do indivfduo- 2 Cor. 12:9,10; Gal. 5:22-
I
25; Ef. 2: 10; Fil. 2: 13; 4:13.
Devemos estar lembrados, porem, de que, embora uma
causa material possa ser analisada e decomposta na interac;ao
mutua de dois ou mais corpos, a alma humana age espon-
taneamente, isto e, gera ac;ao. E tambem de que a alma, em
todos os seus atos voluntarios, e determinada por seus pr6prios
desejos e disposic;6es predominantes.
Quando, pois, as Escrituras atribuem a Deus todas as boas
ac;6es dos homens, isso nao quer dizer, 1°. que Ele as cause,
nem, 2°. que Ele determine o homem a pratica-las indepen-
dentemente da livre vontade do mesmo homem; e sim que
Deus opera de tal modo sobre o hom em, de dentro e espiritual-
mente, e por fora, por meio de influencias morais, que produz
a disposic;ao livre e boa. Ele opera primeiro em n6s o querer,
e entao tambem o fazer a Sua boa vontade.
362
A Providencia
1°. Quanta ao comefo do pecado. ( 1) Deus o permi te
livremente. Mas essa permissao nem e moral, is toe, em bora o
permita, nao o aprova nunca; nem meramentenegativa, isto e,
Ele nao concorda simplesmente com o resultado, mas
determina positivamente que, para certos fins sabios e santos,
seja permitido aos maus homens que ajam segundo suas
naturezas mas- Sal. 81: 12; Atos 4:27,28. (2) Abandona OS que
pecam, ou tirando-lhes a gra<;:a de que abusaram, ou nao lhes
dando mais. Esse abandono pode ser (a) parcial, para provar o
cora<;:ao do homem- 2 Cron. 32:31, ou (b) corretivo, ou (c)
penal- Jer. 7:29; Rom. 1:24-26. (3) Deus ordena as
circunstancias providenciais de modo que a maldade inerente
aos homens se manifeste como Ele determinou permitir que o
fa<;:a- Atos 2:23; 3:18. (4) Deus entrega os homens a satanas,
(a) como tentador- 2 Tess. 2:9-11, ou (b) como atormentador
- 1 Cor. 5:5.
2°. Quanta ao progresso do pecado, Deus limita a sua
intensidade, a sua dura<;:ao e a sua influencia sobre outros. Isso
Ele efetua tanto por influencias internas sobre o cora<;:ao, como
pela dire<;:ao das circunstancias externas- Sal. 76:10.
3°. Quanta ao jim ou ao resultado do pecado, Deus sempre o
dominae o dirige para o bern- Gen. 50:20; J6 1: 12; 2:6-10;
Atos 3: 13; 4:27,28.
363
Capitulo 14
universal e eficaz de Deus, pela qual, em perfeita conformidade
com os atributos da Sua natureza, e com as diversas proprie-
dades de Suas criaturas, Ele determina e disp6e todos os eventos
e todas as a~6es segundo o Seu prop6sito soberano.
364
A Providencia
por conseqi.H~ncia, nao ha milagres na natureza". · -:.:1 . · 1~. ·'
27. Como se pode demonstrar que esta teoria efalaz? --~ "fi·';,,
1o. Esta em oposic;ao ao ensino claro da Palavra de Deus,
exposto nas respostas as perguntas 15-21. 2°. Eessencialmente
irreligiosa e materialista. Deixa de reconhecer que a educac;ao
e a disciplina de agentes inteligentes e livres e 0 grande fim ao
qual esta adaptado o universe como urn sistema de meios.
Separa de Deus as almas dos homens, torna irris6ria a orac;ao,
impossivel a revelac;ao, a responsabilidade moral em pre-
conceito, e a religiao em ilusao. 3°. Baseia-se numa ideia
antropom6rfica de Deus, antropom6rfica e nimiamente
mesquinha. Concebe o universo simplesmente como urn
sistema med'mico de causas e como se tivesse com Deus a
mesma relac;ao que uma maquina humana tern com o seu
fabricante, que esta necessariamente fora da sua obra. Deixa
inteiramente- (1) De apreender a imanencia do Criador na
criac;ao como espirito onipresente e sempre ativo e diretor,
como agente pessoal, que faz leis operando segundo leis como
fim de efetuar prop6sitos por Ele escolhidos; (2) De apreender
a verdadeira natureza do universo em relac;ao aos seus fins
supremos como sistema moral estabelecido com a intenc;ao de
instruir e desenvolver agentes morais, livres e pessoais, criados
a imagem de Deus.
Urn sistema que envolva uma ordem estabelecida da
natureza, e que proceda com sabia adaptac;ao dos meios para
efetuar certos fins, e necessario como meio de comunicac;ao
entre o Criador e a criac;ao inteligente, e para efetuar a educac;ao
morale intelectual dessa criac;ao. Esomente assim que se pode
exercitar e manifestar os atributos divinos de sabedoria, retidao
e bondade, e esomente assim que os anjos e os homens podem
compreender o carater de Deus e antecipar a Sua vontade, ou
cooperar inteligente e voluntariamente como Seu plano.
Parece necessario, porem, que em conexao com urn
sistema geral de meios e leis haja ocasionalmente exerdcios
diretos de poder, nao s6 "no prindpio, para criar causas
365
Capitulo 14
secundarias e inaugurar a sua opera<;:ao, mas tambem subse-
qiientemente, para dar aos suditos do Seu governo moral a
revela<;:ao da Sua personalidade livre e de Seu interesse imediato
nos afazeres deles. Em todo caso, tal a<;:ao direta e ocasional e
necessaria para a educa<;:ao do homem no seu estado atual. Urn
milagre, embora efetuado pelo poder divino sem meios, e em
si mesmo urn meio para efetuar urn fim, e faz parte de urn
plano. Todas as leis naturais tiveram origem na razao divina, e
sao express6es da vontade de levar a efeito urn prop6sito -Apud
Duque de Argyle, em sua obra Reign of Law. A "ordem da
natureza" e tao-somente urn instrumento da vont.ade divina,
instrumento utilizado em subordina<;:ao a esse governo moral
superior em cujos interesses sao realizados os milagres. Assim,
pois, "a ordem da natureza", a providencia comum de Deus, e
os milagres, em vez de estarem em conflito entre si, sao os
elementos intimamente correlacionados de urn s6 sistema
universalmente compreensivo.
366
A Providencia
quanto sabemos que ocorre na alma humana e uma serie de
exercicios ligada a urn fio obscuro de consciencia. Deus e a
causa real, criando em cada momenta cada urn desses exerdcios
em suas sucess6es, tanto os maus como os bons, do mesmo
modo como urn musico produz num instrumento de sopro as
notas sucessivas, a Sua vontade.
A esta classe de especula<;6es pertence a teoria do "con-
curso", que por tanto tempo esteve em voga na lgreja.
367
Capitulo 14
30. Qual a doutrina representada pela frase "CONCURSUS
simultaneo e imediato"?
Esta frase exprime urn ato de Deus em que Ele coopera
com a criatura no ato dela, como concausa, na produc;ao do ato
como entidade. Nesta teoria, e na oposic;ao ao "CONCURSUS geral
e indiferente" acima explicado, concordaram os disdpulos de
Tomaz de Aquino na igreja romana e todos os te6logos luteranos
e reformados. Ainda restava, porem, como ponto dificil e de
divergencia, a questao a respeito de quem e 0 fator determi-
nante nessa causalidade dual. Seria Deus quem determina a
criatura em todos os casos a agir, e a agir do modo como age e
nao de outro modo, ou seria a criatura que se determina a si
mesma?
368
A Providencia
os seus modos de a<;ao. "Desde que, pois, a Providencia nao
concorre com a vontade humana, nem por via de coa<;ao,
obrigando uma vontade que nao o queira, nem por via de
determina<;ao fisica, como se fosse coisa brutal e cega, sem juizo
algum, e sim racionalmente, dirigindo a vontade de uma
maneira congruente com ela, para que se possa determinar a
si mesma, segue-se que, achando-se a causa proxima da a<;ao
de cada homem no juizo da sua propria inteligencia e na
escolha espont:1nea da sua propria vontade, a Providencia nao
constrange a liberdade de ninguem, mas antes a sustem" -
Turretino, L. 6, perg. 6.
"Moveri voluntarie est moveri ex se, i.e., a principia
intrinseco. <<Sed illud principium intrinsecum potest esse ab alia
principia extrinseco. Et sic moveri ex se non repugnat si, quod move-
tur ex alia. Illud quod movetur ab alia dicitur cogi, si moveatur
contra inclinationem propriam; sed si moveatur ab alia quod sibi
dat propriam inclinationem, non dicitur cogi. Sic igitur Deus maven-
do voluntatem non cogit ipsam, quira dat ei ejus propriam inclina-
tionem"- Tomaz, vol. 1, pags. 105,4, citado por Dr. Charles
Hodge.
Quanto a santidade de Deus em rela<;ao as a<;6es pecami-
nosas das criaturas, esses teologos sustentavam - 1°. Que a
origem do pecado esta num defeito ou numa causa secreta. 2°.
Que ha uma diferen<;a entre urn ato de per si como entidade, e
sua qualidade moral. Deus e a concausa eficaz daquele, mas
nao desta, sese tratar de urn ato mau. Citavam como ilustra<;ao
disso o caso de urn instrumento musical mal afinado nas maos
de urn musico peri to. 0 musico e a causa de cada urn dos sons
produzidos em sua ordem, porem o desarranjo no instrumento
e o unico fator causante da desarmonia. 3°. Segue-se que a
rela<;ao da providencia de Deus com as a<;:6es mas dos homens
e muito diversa da sua relaqao com as aqoes boas. No caso
destas, Deus nao somente coopera na sua produqao, mas da
tambem a gra<;a que lhes comunica a sua qualidade moral. No
caso das mas a<;6es, porem, o concursus e limitado ao ato, e a
369
Capitulo 14
qualidade rna e derivada unicamente da criatura.
370
A Providencia
6°. Seu fim principal e a gloria de Deus, e, subordi-
nadamente a isso, o bern supremo da Sua Igreja redimida
-Rom.8:28; 9:17; 11:36.
7°. As Escrituras ensinam que e impossivel que a maneira
pela qual Deus executa o Seu governo providencial nao seja
conciliavel com as Suas proprias perfei<;6es, porque Deus "nao
pode negar-se a si mesmo"- 2 Tim. 2:13.
8°. Etambem congruente com a natureza de toda criatura
sujeita a esse governo, porque todos os agentes livres continuam
livres e igualmente responsaveis.
9°. As Escrituras ensinam tambem que, no caso das boas
a<;6es dos homens, Deus da a gra<;a e o motivo, e coopera nos
atos desde o principia ate ao fim- Fil. 2:13. E, no caso das
mas a<;6es dos homens, permite-as simplesmente, restringe-
-as, e domina sabre elas para a Sua propria gloria e o bern
supremo da criac;ao.
371
Capitulo 14
mais igualmente neste mundo do que a principia parece
num exame superficial.
3°. Como regra geral, a virtude e recompensada eo vicio
e punido mesmo neste mundo.
4°. A dispensa~ao atual e tempo de educa~ao, prepara~ao
e prova, e nao de recompensas e castigos- Veja Sal. 73.
PROVIDENCIAS EXTRAORDINARIAS
E MILAGRES
372
A Providencia
extraordinarias definidas sob a Perg. 37? ;.·;., : iifJ
0 milagre e (1) urn evento·que sucede no mundo fisico e
que pode ser notado e discriminado com certeza pelos sentidos
corporais de testemunhas humanas (2) de car:her tal que nao
possa ser referido racionalmente a nenhuma causa que nao seja
a voli<;ao imediata de Deus, (3) essa voli<;ao acompanhando
urn mestre religioso como fim de autenticar a sua comissao
divina e a veracidade do seu ensino.
373
Capitulo 14
que o efetuam. A vontade humana nao viola nenhuma lei
quando opera, e nao aniquila nenhuma for~a; simplesmente
combina em condi~6es especiais diversas for~as naturais, e
interp6e na soma das concausas uma concausa nova- a voli~ao
humana.
Quando Eliseu "cortou urn pau, eo lan~ou ali, e fez nadar
o ferro"- 2 Reis 6:6, nao foram mudados os pesos espedficos
nem do ferro nem da agua, nem foi suspensa a lei da gravita<;ao.
0 milagre consistiu unicamente na interposi~ao, por uma
voli<;ao divina, de uma nova for<;a transit6ria, igual adiferen~a
dos pesos especificos da agua e do ferro, e agindo no sentido
oposto ao da gravita~ao. Isso e exatamente analogo a a~ao da
vontade humana sobre objetos fisicos - com esta exce~ao - a
vontade do homem atua sobre objetos exteriores s6 indireta-
mente, mediante o mecanismo de seu corpo, e diretamente s6
sobre os seus musculos voluntarios; enquanto que a vontade
de Deus opera diretamente sobre todos os elementos do mundo
que Ele criou. E poder-se-ia mostrar que aquilo que e realmente
verdade neste milagre simples, tambem o e nos mais
complexos, como, e.g., a ressurrei~ao de Lazaro, se tivessemos
conhecimento suficiente da quimica e da fisiologia da vida
humana.
John Stuart Mill (Essay on Theism, Parte 4) diz: "Pode-se
dizer que "o poder da voli~ao sobre OS fenomenos e tambem
uma lei, e uma das leis da natureza de que os homens adqui-
riram primeiro o conhecimento e de que primeiro se serviram ...
S6 nao e uma exce~ao alei a interferencia da vontade humana
no curso da natureza quando incluimos entre as leis a rela~ao
de motivos para a voli~ao; e, segundo a mesma regra, a
interferencia da vontade divina nao seria tampouco uma
exce~ao, porque nao podemos deixar de supor que a Deidade,
em todos os Seus atos, e determinada por motivos". A analogia
alegada e boa; mas 0 que ela prova e s6 0 que tenho sustentado
desde o principia- que se poderia provar a interferencia divina
no curso da natureza se tivessemos a seu favor a mesma especie
374
A Providencia
de pro vas que temos a favor das interferencias humanas".
Isto e, o maior de todos os racionalistas filos6ficos sustenta
que nao ha motivos a priori para que se julgue impossfvel o
milagre. Esimplesmente uma questao de suficiencia de provas.
Todo cristao esta perfeitamente convencido de que as provas
(hist6ricas, morais e espirituais) a favor da cren<;;a na ressur-
rei<;;ao de Jesus Cristo e dos milagres associados historicamente
a esse evento sao completas e suficientes.
375
Capitulo 14
materia nos centros de atra~ao.
376
A Providencia
mente curas de moh~stias, atos cuja tendencia e cujo espirito
implicam a restaura~ao e a confirma~ao, nao a viola~ao, da lei.
0 melhor sentido da palavra LEI e ordem, disposi~ao
ordenada, atribui~ao de alguma fun~ao, com o jim de levar a
efeito um prop6sito.
Segue-se que a suprema essencia de toda lei eo prop6sito
eterno de Deus. Nao ocorreu nenhuma interven~ao miraculosa
em conseqi.iencia de urn pensamento posterior. Urn s6 ato
eterno de voli~ao absolutamente inteligente abrangeu o sistema
inteiro de seres e eventos em todo o espa~o e em toda a dura~ao,
instituindo ao mesmo tempo todos os fins, meios e metodos,
os necessarios e os livres, os fisicos e os morais, os atos das
criaturas em obediencia a lei e as interven<_;6es do Criador
impondo a lei.
377
Capitulo 14
necessaria que o mensageiro e sua mensagem estejam em har-
monia, hist6rica e doutrinariamente, como organismo inteiro
de revela<;;:6es e interven<;;:6es divinas que os precederam.
3°. E necessaria, em terceiro lugar, que o milagre seja "de
carater tal que nao possa ser referido racionalmente a nenhuma
causa que nao seja a voli<;;:ao imediata de Deus".
Aqui se tern objetado que nunca podemos ter a certeza de
que urn evento e realmente urn milagre, mesmo que o seja,
porque- (1) Nenhum ser humano conhece todas as leis da
natureza, nem sabe onde esta exatamente a linha de separa<;;:ao
l
entre o natural e o sobrenatural. Aquila que e novo e inex-
plicavel e relativamente sobrenatural, isto e, e incapaz de ser
por n6s reduzido as categorias da natureza. (2) Os maus espiritos j
muitas vezes realizaram obras sobrenaturais- e, por conse-
guinte, e-nos impossivel determinar seem qualquer caso dado
a causa do evento e ou nao uma voli<;;:ao direta de Deus.
fj ~ I
379
15
A Constitui~ao da Alma,
a Vontade, a Liberdade, etc.
380
A Constituifiio ...
desempenhar, simultanea ou sucessivamente, as diversas
fun<;6es envolvidas, e nunca devemos concebe-las como se
fossem partes ou 6rgaos que existem separadamente. Essas
diversas fun<;6es exercidas pela alma sao tao variadas e
complexas que e necessaria que se fa<;a uma analise minuciosa
delas, para que tenhamos uma ideia definida da sua natureza.
Ao mesmo tempo, convem que estejamos lembrados de que
grande parte dos erros em que cairam os fil6sofos em suas
interpreta<;6es da constitui<;ao moral do homem, foram o
resultado do abuso desse mesmo processo de analise. Isso e
verdade especialmente com respeito a interpreta<;ao dos atos
voluntaries da alma humana. Na prossecu<;ao da sua analise, o
fil6sofo chega a reconhecer separadamente as diferen<;as e as
semelhan<;as dessas varias fun<;6es da alma, e muitas vezes nao
se lembra de que essas mesmas fun<;6es nunca estao assim em
opera<;ao isoladamente, e sim concorrentemente, por sera alma
urn s6 agente indivisivel, e que, por isso, as suas fun<;6es
diversas sempre se restringem mutuamente. Assim tambem
nao e, de fato, verdade que a inteligencia raciocina, que 0
cora<;ao sente, a consciencia aprova ou condena e a vontade
decide do mesmo modo como os diversos membros do corpo
operam juntos, e os diversos membros de urn conselho
deliberam e decidem mediante a<;ao conjunta de suas partes;
porem a verdade e que a alma, que e uma s6 e indivisivel,
racional, sensivel, morale autodeterminante, raciocina, sente,
aprova ou condena e decide.
0 poder autodeterminante da vontade, como faculdade
abstrata, e urn absurdo como doutrina, e seria funesto como
experiencia; mas o poder autodeterminante da alma humana
como urn agente fatual, racional e sensivel, e urn fato de
consciencia universal e uma doutrina fundamental da filosofia
moral e da teologia crista. A questao real nao versa sobre a
liberdade da vontade, e sim sobre a liberdade do homem em
determinar-se ou em escolher. E6bvio que somos livres se temos
a liberdade de nos determinarmos como nos convem, isto e,
381
Capitulo IS
segundo nos parece bern, tomando tudo em considera<;ao.
382
A ConstituifiiO ...
4. Que ea vontade?
0 termo "vontade" e empregado muitas vezes para
designar a simples faculdade da volic;:ao, mediante a qual a
alma escolhe, ou se recusa, ou se determina a agir, designando
tambem o exerdcio dessa faculdade. E empregado tambem
em sentido lato, e e neste que o emprego aqui, para incluir a
faculdade da volic;:ao junta com todos os estados espontaneos
da alma (que Sir William Hamilton, em Lectures on Metaphys-
ics, Lect.ll, chama faculdades de conac;:ao, excitativas, procu-
rantes, e que possuem, como caracteristica comum, "uma
tendencia para a realizac;:ao do seu fim"), as disposic;:6es, os
afetos, os desejos, que determinam o homem no exerdcio da
sua livre faculdade da volic;:ao. Devemos lembrar-nos, porem,
de que estes dois sentidos da palavra {{vontade" sao essencial-
mente distintos. E necessaria que se distinga essencialmente
entre a vontade, como incluindo todas as faculdades de conac;:ao
(as disposic;:6es e os desejos), e a faculdade singela da alma,
cuja operac;:ao tern como resultado uma volic;:ao, isto e, uma
escolha ou urn ato que esta de acordo com o seu desejo
prevalecente. -~ ;·)~ ... ,. .,, ... ,,. ·
0 termo "vontade" e utilizado no sentido extenso neste
capitulo. 0 homem e perfeitamente livre nas suas deter-
minac;:6es,* isto e, exerce sempre a sua volic;:ao em conformi-
dade com a disposic;:ao ou com o desejo da vontade que
383
Capitulo 15
prevalece no momento da voli<;ao. Esta e a rnaior de todas as
liberdades, e a unica que condiz com a racionalidade e com a
responsabilidade moral.
6. Que ea consciencia?
A consciencia, como faculdade, compreende (a) urn
sentido ou uma intui<;ao moral, urn poder de discernir entre o
berne o mal, poder que, em combina<;ao como entendimento,
ou seja, com a faculdade de comparar e julgar, faz o jufzo
quanto a serem bons ou maus os nossos atos livres e as nossas
disposi<;6es morais, e tambem as disposi<;6es morais e os atos
voluntarios de outros agentes livres. (b) Esta faculdade julga
segundo uma lei divina do bern e do mal, e essa lei se acha
dentro de si (e uma lei para si mesma, a lei original escrita no
cora<;ao, Rom. 2:14,15), e (c) esta acompanhada de emoc;6es
vi vas, agradaveis avista do que e born, e penosas avista do que
e mau, especialmente quando a nossa consciencia esta ocupada
em rever os estados ou as a<;6es de nossa propria alma. Esta
faculdade e soberana em sua esfera, e nao pode ter nada nem
ninguem superior que nao seja a Palavra revelada de Deus.
Veja McCosh, Divine Government, Livro 3, Cap. 1, sec. 4.
384
A Constituifiio ...
385
Capitulo 15
determinam as voli<;6es para o bern, e quando sao maus,
determinam-nas para o mal.
386
A ConstituifiiO ...
Ef. 4:18; Apoc. 3:17; Mat. 23:17; Luc. 24:25.
387
Capitulo 15
agonias do remorso. (2) Porque esse remorso ou consciencia
acusadora constitui o tormento essencial das almas dos
perdidos. Este e o bicho que r6i e nunca morre. Se nao fora
assim, o seu castigo perderia o seu carater moral.
2°. Quanto a sua infalibilidade. No ato pelo qual a
consciencia julga estados ou atos morais acha-se envolvida a
ac;;ao conjunta do entendimento e do sentido moral. 0
entendimento e sempre falivel, especialmente quando afetos e
desejos depravados influem em sua ac;;ao. Assim, de fato, a
consciencia esta constantemente dando decis6es erroneas,
devido a urn mau juizo dos fatos e relac;;6es do caso, e esse jufzo
erroneo pode ser causado por uma propensao egoistica, sen-
sual ou maligna. Daf existirem consciencias enganadoras, como
tambem consciencias latentes. Apesar disso, porem, o
sentimento de que ha uma distinc;;ao entre o bern e o mal e
uma lei eterna para o proprio ser moral, e indestrutivel mesmo
nos corac;;6es mais depravados, e assim como nao pode ser
destrufdo tampouco pode ser mudado. Quando despertado para
agir, e niio sendo enganado quanto ao verdadeiro estado do
caso em foco, sua linguagem e sempre a mesma. Veja McCosh,
Divine Government, Livro 3, Cap.2, Sec. 6, e Dr. A. Alexander,
Moral Science, Caps. 4 e 5.
38.8
, A Constituifiio ...
Este ponto e de grande importancia, porque e aqui que
muita filosofia falsa perverte muitas vezes a verdade, e porque
csta e a unica teoria, quanta ao bern moral, que esta em
conformidade com a doutrina biblica de recompensas e
castigos, e sobretudo com ada propicia~ao realizada por Cristo.
A ideia de virtu de e que se trata de uma intui~ao simples
e final; a tentativa de analisa-la a destruiria. 0 que e born e
born porque e born. E sua propria razao suprema. Tern sua
norma na natureza imutavel de Deus.
389
Capitulo 15
virtuoso; porque neste caso os proprios demonios e as almas
perdidas seriam muito virtuosos. Mas o homem virtuoso e
aquele cujo corafao e cujos atos, na linguagem das Escrituras,
o u cujas disposifi5es, afetos e volifoes, na lingua gem dos filosofos, ~~
estao em harmonia com a lei de Deus.
390
A Constituifiio ...
E, contudo, os seus desejos nao sao necessariamente nem
racionais nem retos, porem se formam sob a luz da razao e da
consciencia, ou de conformidade com elas ou contnirios a elas,
segundo as disposic;6es permanentes e habituais do homem,
isto e, segundo o seu car:iter.
391
Capitulo 15
liberdade quando a lei que esta no cora<;ao do sudito corres-
ponde perfeitamente alei do Governador moral.
No caso dos anjos e dos homens decaidos, porem, as
disposi<;6es dominantes da vontade op6em-se a razao, a
consciencia e a lei de Deus; e em geral se diz que o agente,
apesar de ser livre, porque se determina como lhe apraz, esta
sob a escravidao de uma natureza rna, e que "e escravo do
pecado" porque e impelido por suas disposi<;6es corrompidas
a escolher aquilo que ve e sente que e prejudicial, e porque as
amea<;as da lei de Deus tendem a constranger a vontade pelo
medo.
As Escrituras nao ensinam que o homem irregenerado nao
e livre em seu pecado, porque, neste caso, ele nao seria
responsavel. Mas o contraste entre a liberdade dos regenerados
e a escravidao dos irregenerados deve-se ao fato de que nos
regenerados os desejos e tendencias habitualmente dominantes
nao estao em conflito com os ditames da consciencia e da lei
de Deus. Os nao regenerados, considerados psicologicamente,
sao livres quando pecam, porque se determinam do modo que,
tudo considerado, lhes apraz; porem, considerados teologica-
mente em sua rela<;ao para com a lei de Deus, aprovada pela
razao e pela consciencia, pode-se dizer que estao sob a
escravidao dos maus desejos e disposi<;6es de seu proprio
cora<;ao, que eles veem que e mau e insensato, mas que, apesar
disso, sao incapazes de mudar.
392
A Constituifiio ...
da Queda como o era antes dela, porque se determina como
apraz ao seu mau cora<;ao. Entretanto perdeu toda a capacidade
de obedecer alei de Deus, porque o seu mau cora<;ao nao esta
sujeito a essa lei, nem pode o homem muda-lo.
393
Capitulo 15
22. Quais os dois sentidos em que se emprega a palavra motivo,
como influindo sabre a vontade? E qual o sentido em que everdade
que a vontade esta sempre em conformidade com o motivo mais
forte?
1°. Urn motivo para agir pode ser alguma coisa que se
acha fora da alma, como sejam o valor do dinheiro, os desejos
de urn amigo, a sensatez ou a insensatez, a bondade ou a
malvadez de urn ato considerado em si mesmo, ou os apetites
ou impulsos do corpo. Neste senti do eevidente que os hom ens
nem sempre agem segundo o mesmo ou o melhor motivo.
Aquilo que atrai uma pessoa pode repelir outra, ou a pessoa
pode repelir a forc;:a atrativa de urn motivo externo pela forc;:a
superior de alguma considera<;;ao tirada de dentro da propria
alma. Assim, pois, everdadeiro 0 dito: "E 0 homem que faz 0
motivo, nao o motivo que faz o homem".
2°. Urn motivo para agir pode ser o estado de animo do
proprio homem, isto e, 0 desejo ou a aversao a vista do objeto
exterior; ou seja, motivo no primeiro sentido. Eevidente que
este motivo interno influi necessariamente na voli<;;ao, e
igualmente evidente e0 fato de que isso de modo algum torna
o homem menos livre em sua autodetermina<;;ao, porque o
motivo interno e nada mais que o homem mesmo desejando
ou recusando, segundo a sua propria disposi<;;ao ou o seu caniter.
394
A Constituifiio ...
muito calmos, e, contudo, o motivo calmo muitas vezes
manifesta-se como o mais forte e atrai a vontade para o seu
lado. Mas isso depende do carater do agente. E este conflito
interno de principios opostos que constituem a luta da vida
crista. E e esta mesma experiencia que ocasiona grande parte
dessa confusao de consciencia que se encontra entre os homens
a respeito do problema da vontade e das condi<;:6es da agencia
livre (ou do sujeito da a<;:ao). Muitas vezes os homens agem em
oposi<;:ao a certos motivos que tern, porem nunca sem motivos;
eo motivo que afinal determina a vontade num dado caso pode
bern ser o motivo menos claramente apreendido pelo intelecto
eo que se manifesta menos vivamente nos sentimentos. Este e
o caso especialmente das surpresas subitas e das coisas de pouca
importancia; pois nestes a voli<;:ao e determinada constante-
mente e quase automaticamente por impulsos vagos ou pela
for<;:a do costume. Nao obstante, seem qualquer caso refletir-
mos bern em tudo o que se passou em nossa mente na ocasiao
em que decidimos fazer alguma coisa, descobriremos que
determinamos fazer aquilo a luz de todas as circunstancias que
o nosso entendimento nos apresentou a respeito do caso.
395
Capitulo 15
incerteza quanto ao seu ato, e sim no fato de que a sua alma
inteira, como agente indivisivel, inteligente, sensitivo e moral,
determina seus proprios atos como lhe apraz.
396
A Constituifiio ...
397
Capitulo 15
preferencia numa ocasiao e outra em ocasiao diversa; e pode
ter em a~ao ao mesmo tempo diversos sentimentos e prindpios
opostos e em conflito mutuo, porem nao pode ter ao mesmo
tempo preferencias opostas e em conflito mutuo."
4°. A teoria do "poder autodeterminante da vontade"
considera a faculdade da vontade ou da voli~ao como isolada
das outras faculdades da alma, como urn agente independente
dentro de outro agente. Mas a alma e uma unidade. Tanto a
consciencia como as Escrituras ensinam que o homem e urn
agente livre e responsavel. Desligando-se a faculdade de voli~ao
das disposi~6es e desejos morais, as voli~6es nao teriam mais
carater moral; e desligando-se essa faculdade da razao, as
voli~6es nao teriam mais carater racional. Se nao forem
determinadas pelo estado interno do proprio homem, serao
fortuitas e estarao fora do seu dominio. 0 homem nao podera
ser livre, se a sua vontade estiver independente tanto da sua
inteligencia e da sua razao como do estado do seu cora:~ao, e
nao devera ser tido como responsavel.
27. Par que o homem eresponsavel par suas afoes externas, par
suas volifoes e par seus afetos e desejos? Como se prova que ele e
responsavel par seus afetos?
0 homem e responsavel por suas a~6es externas por serem
determinadas por sua vontade; e responsavel por suas voli~6es
por serem determinadas pelos principios, sentimentos e desejos
do proprio homem; e e responsavel por seus principios, senti-
memos e desejos por causa da sua natureza de bons ou rna us, e
porque sao dele e constituem o seu caniter.
As Escrituras ensinam e eo juizo universal dos homens
que "o homem born tira" ou produz " boas coisas do seu born
tesouro" e que "o homem mau do mau tesouro tira coisas mas".
Urn ato deriva o seu carater moral do estado do cora~ao do
qual provem, e o homem e respons:ivel pelo estado do seu
cora~ao, seja esse estado inato, ou formado pela gra~a regene-
radora, ou adquirido.
398
A ConstituifiiO ...
1°. Por causa da natureza obrigat6ria daquilo que e
moralmente borne por causa do desmerecimento do pecado.
2°. Porque os afetos e desejos do corac;;ao do homem sao
ele mesmo amando ou recusando aquilo que e born. Eopiniao
de todos que urn homem profano ou malevolo merece
desaprovac;;ao, seja qual for a causa que o leva a ser assim.
399
Capitulo 15
titulo de justa compensac;ao, porem, pelo grande infortunio
de serem pecadores inocentes, o Dr. Whedon afirma que Deus
em Cristo da a todos os homens grac;a suficiente e, por
conseguinte, capacidade, advinda dessa grac;a, de obedecer a
lei evangelica. Se urn homem fizer uso da capacidade advinda
dessa grac;a, sera salvo e sua fee obediencia evangelica lhe seriio
imputadas como justic;a perfeita; se, porem, niio fizer uso dessa
capacidade advinda da grafa, sera condenado como responsavel
por esse abuso (ou mau uso) da capacidade, e, por is so, como
responsavel tambem por todos os seus sentimentos e ac;6es
pecaminosas, e pela incapacidade subseqiien~e em que
redunda esse abuso.
Respondemos que dessa teoria arminiana segue-se:
1°. Que a salvac;ao alcanc;ada para n6s por Cristo nao foi
obra da grac;a livre, e sim uma compensac;ao tardia e
incompleta concedida aos homens pelos males imerecidos que
em conseqiiencia do pecado de Adao vieram sobre eles ao
nascerem.
2°. A "grac;a" concedida a todos e tao necessaria para tornar
OS pecadores puniveis como 0 e para salva-los. Assim, pois,
segundo este prindpio, a grac;a, tornando os homens
responsaveis, porque opera neles a sua capacidade, en via para
0 inferno maior numero de almas do que leva para 0 ceu
mediante a fe em Cristo.
3°. Nao sendo responsaveis pela culpa original, e por isso
nao puniveis, OS que morrem na infancia vao para 0 CeU em
virtude do seu direito natural.
Sustentamos, pelo contrario, que todo homem, a nao ser
que seja urn louco, e responsavel pelos seus afetos, desejos e
disposic;oes morais, seja qual for a sua origem; e que este e urn
fato final da consciencia, confirmado pelas Escrituras e pelo
juizo universal dos homens. Urn ato deriva seu carater moral
do estado do corac;ao de on de origina, mas o estado do corac;ao
nao adquire do atoo seu carater moral; pois a qualidade moral
do estado do corac;ao lhe e inerente, e responsabilidade moral
400
A Constituifiio ...
e insepad.vel de qualidade moral.
Assim e-
1°. Em con sequencia da natureza essencial do bern e do
mal. A essencia do bern, isto e, no sentido moralmente born, e
que deve ser - obriga a vontade. A essencia do mal - daquilo
que e moralmente mau - e que niio deve ser, que a vontade e
obrigada ao contnirio e que o pratica-lo merece castigo.
2°. Porque os afetos e desejos morais de urn homem nada
mais sao do que o homem mesmo amando ou aborrecendo a
bondade. E opiniao de todos os homens que urn individuo
profano ou malevolo merece reprova<;;ao, sejam quais forem as
causas que o levam a ser assim. Eo car:iter e niio a origem da
disposi~ao moral do cora~ao que ea questao verdadeira. Cristo
disse: "0 homem born do born tesouro do seu cora<;;iio tira o
bern, e o homem mau do mau tesouro do seu cora<;;iio tira o
mal"- Luc. 6:45.
J . ~ • • _) ' • h ·., .t
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~ . ';- ).J
. 1' . ! . ; .': {
401
16
1. Como provar que a rafa humana teve origem num ato direto
de crim;ao da parte de Deus? ·~
1a. As Escrituras o afirrnarn explicitarnente- Gen. 1:26;
2:7.
za. Esse fato acha-se irnplicito no abisrno irnensuravel que
separa o hornern no seu fnfirno estado brutal da ordem rnais
proxima da cria<;,:ao inferior, indicando urna superioridade J
rnaravilhosa quanto as qualidades ern que o hornern e os ani- 1
rnais irracionais sao cornparaveis, e urna diferen<;a absoluta de
especie quanto a natureza intelectual, moral e religiosa do
hom em e a sua capacidade para urn progresso irrestrito. Mesrno
o Prof. Huxley, que sustenta ternerariarnente urna posi<;ao
extrema a respeito das rela<;,:6es anatornicas do hornern para
corn os anirnais inferiores, admire que quando se torna ern
considera<;ao a natureza superior do hornern, existe entre ele e
os irracionais rnais pr6xirnos "urn abisrno enorrne, urna
divergencia irnensuravel e praticarnente infinita"- Primeval
Man, de autoria do Duque de Argyle.
3a. Esta irnplicito no fato revelado nas Escrituras e realizado
na hist6ria que o hornern estava destinado a exercer dorninio
universal sobre todas as outras criaturas e sobre o sistema da
natureza. Nao podia, pois, ser urn rnero produto da natureza,
urn de urna serie de entes coordenados.
4a. Esta irnplicito no fato de serern os hornens charnados
402
Criafiio e Estado Original
"filhos de Deus" e de serem tratados como tais no sistema
inteiro da providencia e da reden<;ao. A natureza moral e
religiosa do homem tambem da testemunho disso univer-
salmente, e tanto mais quanto mais se acham esclarecidos e
desenvolvidos esses elementos da sua natureza. E essa verdade
foi assinalada proeminentemente pela uniao pessoal da nossa
natureza com a Deidade.
Eobvio que, sendo transmitidos por descendencia natural
tanto as naturezas e os habitos intelectuais, morais, religiosos
e sociais dos homens, como o e a sua estrutura anat6mica, nao
somente e uma arbitrariedade mas e tambem urn absurdo
tomar em considera<;ao apenas esta e deixar de considerar
aqueles, numa investigaqao cientifica da origem do homem,
ou do seu lugar e das suas rela<;oes na ordem da natureza.
403
Capitulo 16
Green, D. D., de Princeton, diz (Pentateuch Vindicated, pag. 128)
- "Nao devernos esquecer que ha urn elernento de incerteza
nurna cornputa<;ao de tempo baseada ern genealogias, como e
o caso ern tao alto grau da cronologia sagrada. Quem nos podera
certificar de que as genealogias antediluvianas e das gera<;;6es
anteriores a Abraao nao forarn condensadas do rnesrno modo
que o forarn as de gera<;6es posteriores a Abraao? Se Mateus
ornitiu alguns nornes dos avoengos do nosso Senhor Jesus Cristo
para tornar iguais OS tres grandes periodos que rnenciona, nao
podia Moises fazer o rnesrno, a firn de apresentar sete gera<;;6es
de Adao ate Enoque e dez de Adao ate Noe? Nossa cr9nologia
cornurn e baseada na impressaoprimafacie dessas genealogias.
A ela aderiremos enquanto nao tivermos bons motivos para
abandona-la. Mas, seas indica<;;6es recenternente descobertas,
da antigiiidade do hornern, a cujo respeito os circulos
cientificos se acharn tao entusiasrnados, dernonstrarern, depois
de bern investigadas e ponderadas, tudo o que se tenha
irnaginado que dernonstrarn, qual seria o resultado? Dernons-
trariarn sirnplesrnente que a cronologia popular se baseia nurna
interpreta<;;ao errada, e que urn registro parcial das gera<;6es
anteriores a Abraao foi por engano considerado registro
cornpleto".
3°. As pesquisas rnodernas tern trazido a luz urna soma
irnensa e sernpre crescente de provas de que a ra<;a hurnana
existia na terra rnuitos seculos antes da data fixada para a
cria<;ao do hornern rnesrno na cronologia deduzida do texto da
Septuaginta. As classes principais ern que se pode dividir essas
pro vas sao as seguintes:
(1) Nos rnonumentos egipcios tern-se descoberto pin-
turas etnol6gicas, rnostrando que todas as peculiaridades
divergentes dos tipos caucasiano e africano ja se achavarn
desenvolvidas cornpletarnente como eles estao agora, e isso
mais de 1.900 anos antes de Cristo. Durante todo o tempo
hist6rico nenhurna rnudan9a de clirna ou de costumes tern
produzido rnudan9a apreciavel em qualquer variedade da
404
CriafiiO e Estado Original
ra~a humana e, por isso, devemos concluir que muitos seculos
e tam bern gran des mudan~as foram necessaries para produzir
tao gran des varia~6es permanentes nos descendentes de urn s6
casal. 0 duque de Argyle diz muito bern: "Exatamente na
mesma propon;ao em que avaliamos a nossa fe na unidade da
ra~a humana, devemos estar prontos a aceitar quaisquer provas
da sua antigiiidade. Quanta mais antiga se provar que a rac;,:a
humana e, tanto mais possivel e provavel sera que ela descende
de urn s6 casal"- Primeval Man, pag. 128.
(2) A filologia, ciencia que estuda em grande amplitude
as linguas, prova que em tempos muito remotos deviam ter
vivido juntas e ter falado a mesma lingua as nac;,:6es que agora
falam linguas analogas, e que as nac;,:6es e suas linguas se
dividiram no transcurso dos seculos em diversos ramos. Para
se desenvolverem, porem, tantos e tao diversos dialetos devem
ter sido necessaries muitos e muitos seculos.
(3) A geologia, ciencia que, entre outras coisas, estuda a
origem, a formac;,:ao e as transformac;,:6es sucessivas do globo
terrestre, tem descoberto restos de corpos humanos e de obras
de arte humana em depositos de aluviao e cascalho, enterrados
fundo, e em cavernas e covas, junto com os restos de animais
de especies desde ha muito extimas, o que prova suficiente-
mente que, depois da criac;,:ao do homem, grupos inteiros de
grandes quadrupedes foram extintos; e tambem que o clima
da zona temperada do norte passou por uma transformac;,:ao
revolucionaria, e que a geografia fisica de todos os paises
examinados a este respeito sofreu mudanc;,:as radicais depois
de criado o homem.
405
Capitulo 16
Ele afirma, par conseguinte, que a ra<;a humana e urn genera,
e que foi criado originariamente em diversas variedades
espedficas. A mesma teoria esustentada com muita habilidade
numa obra recente que tern atraido a aten~ao na Inglaterra;
tern por titulo- The Genesis of the Earth and of Man.
Que o homem, genericamente diverso de todas as demais
criaturas, e de uma s6 especie, prova-se-
1°. Pelas Escrituras - Atos 17:26; Rom. 5: 12; 1 Cor.
15:21,22.
2°. Pela propaga~ao de Adao, pela imputa'5ao e pela
descendencia, da culpa e da corrup~ao. 0 fato de ser Cristo o
Cabe~a representativo do Seu povo, e de Sua obediencia e Seus
sofrimentos vicarios, implica essencialmente a unidade
absoluta da ra~a humana e sua descendencia de urn s6 casal.
3°. A natureza moral e religiosa de todas as variedades da
ra'5a humana e especificamente identica.
4°. 0 mesmo fato e indicado geralmente pela hist6ria e
pela ciencia chamada filologia comparativa.
5°. No processo de domestica'5ao de diversos ramos da
mesma especie de animais irracionais, e. g., pombas e caes,
tern se verificado, como resultado, diferen~as maiores do que
as que existem entre as diversas variedades da ra~a humana.
6°. Efa to admitido universalmente pelos naturalistas que
a uniao entre animais de especies diversas nem sempre e fertil,
e que o produto de tal uniao rarissimas vezes pode propagar-
-se - talvez nunca! Entre as homens, porem, par maior que
seja a diferen'5a nas variedades a que os pais pertencem, isso
em nada influi no numero de seus filhos, e estes, par sua vez,
podem propagar-se indefinidamente.
406
Criafiio e Estado Original
As Escrituras ensinarn que o hornern e cornposto de dois
elementos, charnados respectivarnente ern hebraico, grego,
latirn e portugues, biisiir, soma, corpus, corpo; e ruach, psyche,
pneuma, pnoe, dzoe, animus, mente, animo, alma, espirito. Is so
eclaramen te revelado:
1°. Na narrativa da cria~ao- Gen. 2:7. 0 corpo foi forrnado
da terra e, entao, Deus insuflou no homem urn sopro de vida,
e assim ele se tornou alma vivente.
2°. No que se diz a respeito da rnorte, Eel. 12:7, e do estado
da alma imediatamente depois da morte, enquanto os corpos
estao se corrompendo na terra- 2 Cor. 5:4-8; Fil. 1:23,24; Atos
7:59.
3°. Em toda a linguagem usual das Escrituras sao pos-
tulados esses dois elementos, e nao sao mencionados outros.
407
Capitulo 16
0 uso que os ap6stolos fizeram desses tres termos prova
somente que empregaram palavras no seu sentido comum e
popular para exprimir ideias divinas. A palavra pneuma
designa a alma, acentuando sua qualidade racional. A palavra
psyche designa a mesma alma, acentuando sua qualidade como
o principia vital e animador do corpo. As duas sao empregadas
juntas para designar em linguagem popular o homem por
inteiro.
Nao pode ser doutrina do Novo Testamento que pneuma e
psyche sejam duas coisas distintas, porque sao trocadas
habitualmente uma pela outra, sendo muitas vezes ernpregadas
indistintamente. Assim, a palavra psyche, como tambem
pneuma, e empregada para designar a alma como sede das
faculdades intelectuais e superiores- Mat. 10:28; 16:26; 1 Ped.
1:22. E assim tambem a palavra pneuma e empregada, como
igualmente a palavra psyche, para designar a alma como o
principia animador do corpo- Tia. 2:26. Pessoas falecidas sao
chamadas indistintamente psychai, Atos 2:27,31; Apoc. 6:9;
20:4; epneumata, Luc. 24:37,39; Heb. 12:23.
408
CriafiiO e Estado Original
quanto a perfei~ao da sua natureza- no conhecimento, Col.
3:10, na retidao, justi~a e verdadeira santidade, Ef. 4:24. 3°.
Foi criado semelhante a Deus quanto ao poder, expresso em
seu dominio sobre a natureza, Gen. 2:28.
409
Capitulo 16
Teria sido propagada sempre se o homem nao tivesse caido, do
mesmo modo como agora a depravas;ao inata e propagada, por
descendencia natural. Por outro lado, porem, nao era natural
no mesmo sentido em que a razao, a consciencia e a agencia
livre sao elementos especiais criados para constituir alguem
em homem real. Como qualidade, e essencial a perfeis;ao da
natureza humana, mas como elemento, nao e essencial a
realidade dessa natureza.
I .' :: •
410
CriafiiO e Estado Original
de Sua mae foi chamado "o Santo"- Luc. 1:35.
411
Capitulo 16
Admite que uma inclina~ao "criada" pode ser boa ou rna, e,
por isso, amavel ou odiosa, entretanto nega que no primeiro
destes casos o agente possa ser com razao recompensado ou no
segundo castigado, par sua disposi<;:ao, o caniter da qual ele
nao determinou para si por previas voli<;:6es nao influenciadas.
Se Adao tivesse formado para si urn carater santo, seria borne
digno de premia; e, tendo formado para si urn carater mau,
tornou-se mau e mereceu castigo. Mas os seus descendentes
sao gerados com natureza corrompida sem culpa sua, e par
isso sao maus e corruptos, porem nao merecem castigo por
causa disso.
Em oposi<;:ao a esses conceitos, os que tern posi<;:ao
doutrinaria ortodoxa afirmam - 1°. Que ha disposi<;:6es e
inclina<;:6es permanentes que determinam as voli<;:6es. 2°.
Muitas dessas inclina<;:6es sao boas, muitas sao mas, e outras
muitas sao moralmente indiferentes na sua natureza essencial.
3°. Essas disposi<;:6es marais podem ser inatas bern como
adquiridas, mas em qualquer dos casos o agente e tao
responsavel por elas como o e par outro qualquer estado ou
ato da sua vontade. 4°. Adao foi criado com disposi<;:6es santas,
que o incitavam a a<;:6es santas. Nao se tornou santo, porem foi
feito assim par Deus.
413
Capitulo 16
vontade (ou o corafiio, veja Mat. 7:17-20 e 12:33) que torna o
a to born ou mau, nao o ato que torna esse estado born ou mau.
Os motivos pelos quais o homem faz uma coisa podem ser
muito bans, e, apesar disso, por ignorfmcia ou loucura, pode
estar em grande erro quanta a natureza dessa coisa; contudo,
se todas as disposic;6es e desejos que prevalecem no corac;ao
em qualquer caso dado forem bans, a volic;ao necessariamente
sera moralmente boa; se forem maus, a volic;ao sera neces-
sariamente rna; se for em indiferentes, a volic;ao sera forc;osamente
indiferente tambem. Isso mostra o absurdo das posic;6es acima
indicadas. Se, como dizem os pelagianos, Adao foi c;riado com
uma vontade igualmente disposta para o bern e para o mal,
seu primeiro ato nao podia ter canher moral de nenhuma
qualidade. E, nao obstante, dizem que o primeiro ato de Adao,
que nao tinha caniter moral, determinou o carater moral do
proprio homem, eo de todos os seus atos e do seu destino para
todo o tempo futuro. Se isso fosse verdade, teria sido irijusto
da parte de Deus, porque envolve a imposic;ao de uma pena
terrivel por urn ato que em si nao foi nem born nem mau.
Como teoria e absurda, vista que faz evoluir toda moralidade
daquilo que e moralmente indiferente.
Ricardo Watson, vol. 2, pag. 16, diz muito bern: "Em Adao
aquela retidao da qual emanaram boa escolha e bans atos, ou
foi criada com ele, ou emanou de suas pr6prias volic;6es. Se se
afirmar a ultima hip6tese, seguir-se-a que Adao determinou-
-se para 0 bern antes de ter urn principia de retidao - 0 que e
absurdo; sese afirmar a primeira hip6tese, ficara estabelecido
que ele foi criado em estado de retidao, com aptid6es e
disposic;6es para o bern".
414
CriafiiO e Estado Original
tambem, entao as condi~6es de uma agencia livre, nesses
supostos casos, devem ser diversas das de uma agencia livre,
no caso de todos os homens e mulheres adultos, cuja cons-
ciencia e a (mica fonte de onde podemos recolher os fatos
necessarios para deduzirmos deles alguns conhecimentos
corretos a respeito deste ponto. Todos os que tern pensado ou
escrito sobre esta questao estavam conscios de que s6 pode
existir liberdade sob as condi~6es de urn carater moral ja
formado. Mesmo que a teoria pelagiana fosse verdadeira, nunca
poderiamos ter certeza disso, porque nunca estivemos
cientemente em tal estado de indiferentismo. Nada mais eque
uma hip6tese imaginada para que os interessados pudessem
sair de uma dificuldade - dificuldade que e resultado do fato
de que o nosso poder de pensar e limitado. Veja Sir William
Hamilton, Discussions, pag. 587 etc.
415
Capitulo 16 4
16. Que ensina o Catecismo do Concilio de Trento quanta ao
estado em que Adiio foi criado? ~
Veja abaixo, no fim deste capitulo, as doutrinas das diversas
igrejas sobre este ponto. 4
17. Quale a doutrina romana a respeito dos dona naturalia e
dona supernaturalia?
Segundo essa doutrina: 4
1°. Deus dotou o homem, em sua cria~ao, dedona naturalia,
isto e, de todos os poderes e faculdades naturais e constitu-
tivos do corpo e da alma sem pecado, em estado de inocencia
perfeita.
2°. Deus ajustou devidamente esses poderes uns aos outros,
pondo os inferiores na devida subordina~ao aos superiores. E
a esta harmonia dos poderes que se chamava]ustitia- retidao
natural.
3°. Ravia, porem, pela propria natureza das coisas, nos
apetites e paix6es inferiores, uma tendencia natural para
rebelar-se contra a autoridade dos poderes superiores da razao
e da consciencia. Essa tendencia em si nao e pecado; torna-se
pecado somente quando a vontade consente nela, e ela se
manifesta em algum ato. Isso e concupiscencia: nao e pecado,
mas e suprimento e ocasiao para o pecado.
4°. Para impedir a desordem que seria o resultado dessa
tendencia natural de se rebelarem os elementos inferiores da
constitui~ao humana contra os superiores, Deus concedeu ao
homem 0 dom adicional, isto e osdona supernaturalia, ou dons
extraconstitutivos. Consistem na retidao ou justi~a original,
que era urn dom extraordinario, acrescentado a constitui~ao
do homem, por meio do qual ele podia conservar na devida
sujei~ao e ordem os seus poderes naturais devidamente
ajustados. Alguns dos te6logos romanos sustentam que esses
dons sobrenaturais foram concedidos ao homem imediata-
mente, em sua cria~ao, no mesmo momenta em que lhe foram
dados os seus poderes naturais. A opiniao geral, porem, e mais
416
Criafiio e Estado Original
coerente com essa doutrina, eque lhe foram concedidos depois,
como recompensa pelo born uso dos seus poderes naturais.
Veja Mohler, Symbolism, pags. 117,118.
5°. Tanto a justitia como os dona supernaturalia eram
propriedades acidentais e acrescentadas anatureza humana de
Adao, e ele os perdeu em conseqtiencia da Queda.
417
Capitulo 16
homem, criou-a a Sua imagem e semelhan~a: dotou-a com
vontade livre, e de tal modo ajustou todos os seus apetites
e atividades que estivessem sempre sujeitos ao dominio
da razao. Acrescentou entao o dom admiravel de justi~a
original; e depois deu-lhe o dominio sobre todos os demais
animais". Tambem Parte 2, Cap.2, Perg. 42, e Parte 4,
Cap.l2, Perg. 3.
Belarmino- Gratia Primi Hominis, 5- "Deve-se entender,
em primeiro lugar, que o homem consta naturalmente de
carne e espirito, e que por isso sua natureza assemelha-se
em parte aos animais e em parte aos anjos; e, em
consequencia da sua carne e semelhan~a aos animais, tern
uma certa propensao para o bern corp6reo e sen.sivel, ao
qual e induzido por seus sentidos e apetites; e, em
consequencia do seu espirito e semelhan~a aos anjos, tern
uma propensao para o bern espiritual e racional, ao qual e
induzido por sua razao e vontade. Mas, em consequencia
dessas propens6es diversas e contnirias, existe no mesmo
homem urn certo conflito, e, em resultado desse conflito,
o homem acha muita dificuldade em agir, enquanto uma
propensao op6e-se a outra. Deve-se entender, em segundo
lugar, que a divina providencia, no principia da cria~ao,
como remedio desta molestia ou languidez da natureza
humana, devida a condi~ao da sua "materia", acrescentou
o excelente dom da justi~a original, a qual, como freio de
ouro, conservasse a parte inferior em sujei~ao a parte
superior, e esta em sujei(,:ao a Deus; posto que a carne
estivesse de tal modo sujeita ao espirito, que nao podia
mover-se contra a vontade do espirito, nem rebelar-se
contra o espirito, a nao ser que esse se rebelasse contra
Deus; contudo, estava no poder do espirito rebelar-se ou
nao rebelar-se".
Quanto a doutrina de Belarmino sobre a atual condi<;;ao
moral em que nascem os descendentes de Adao, veja
adiante, no fim do Cap.l9.
DOUTRINA LUTERANA- Formula Concordice (Hase),
pag. 640. (Pecado original) "e a priva(,:iio daquela justi(,:a
com a qual a natureza humana foi criada no Paraiso, ou
418
CriafiiO e Estado Original
419
Capitulo 16
nem havia ainda sido sujeito a nenhuma ocasiao para
pecar; ao menos nao e possivel afirmar que era certamente
justa, porque nao consta que por qualquer motivo se
houvesse abstido de pecar. No entanto, ha quem diga que
a justi~a original do primeiro homem consistia nisso, que
possuia uma razao dominando sabre seu apetite e seus
sentidos e cobrindo-os, e que nao havia divergencia entre
eles. Mas isso dizem sem razao, porque o pecado cometido
por Adao torna evidente que seu apetite e seus sentidos
dominaram sabre sua razao, e nem antes disso havia
perfeito acordo entre des".
Cathecismo Racov., Perg. 18: "Desde o principia o
homem foi criado mortal, isto e, de modo que nao s6 podia,
em harmonia com sua natureza, morrer, como tambem
nao podia fazer outra coisa senao morrer, se fosse deixado
a sua natureza, embora fosse possivel que, em virtude de
uma ben~ao divina especial, fosse conservado sempre em
vida".
420
17
421
Capitulo 17
3. Como se pode mostrar que a constituifiio sob a qual Adiio
foi posto por Deus na sua criafiiO pode com raziio ser chamada
alianfa?
A narrativa inspirada daquilo que se passou entre Deus e
Adao apresenta claramente todos os elementos essenciais de
uma alianc;a como coexistentes nessa constituic;ao. Veja:
1°. As "partes contratantes" - (1) Deus, o Governador
moral, exigindo, por necessidade de Sua natureza e relac;ao,
conforrnidade absoluta a lei moral. (2) Adao, o livre agente
moral, por necessidade de sua natureza e relac;ao, sob a
obrigac;ao inalienavel de obedecer alei moral. .
2°. As "prornessas", vida e favor - Mat. 19: 16,17; Gal. 3:12.
3°. As "condic;;6es", de que estavam suspensas as promessas,
obediencia perfeita; no caso de Adao, sujeito sornente aprova
especial de que ele nao cornesse do fruto da "arvore da ciencia".
4°. A "pena", para o caso de nao se curnprirem as condic;6es.
"No dia ern que dela comeres, certamente morreras" - Gen.
2:16,17. .
Essa constituic;ao e chamada concerto (pacto, alianc;a) -
Os.6:7.
422
A A lianfa das Obras
3°. Destas palavras, principalmente o termo "alian<;a"
I utodcrnamente), muitas vezes e aplicado a outras constitui-
11 s sobcranas e de car:her semelhante aque o Criador impos
111. · homcns. Se Deus pode fazer alian<;as com N oe, caido e
ulpado, Gen. 9:11,12, e com Abraao, Gen. 17:1-21, por que
11 to pod ria fazer uma alian<;a com Adao nao caido?
423
Capitulo 17
para com os Seus escolhidos - Rom. 5: 12-19; 1 Cor. 15:22,47.
2°. Pelo fato de que a pena denunciada contra Adao, se
desobedecesse, tern se tornado efetiva no caso de cada urn dos
seus descendentes- Gen. 2: 17; 3:17,18.
3°. Pela declara<;ao biblica de que o pecado, a morte e todo
o mal penal vieram sobre o mundo em conseqiiencia do pecado
de Adao- Rom. 5:12; 1 Cor. 15:22. Veja o Cap. 21, sobre ''A
lmputa<;ao do Pecado de Adao".
424
A Alianfa das Obras
5°. Porque a vida prometida devia corresponder a morte
prcnunciada, e essa morte envolvia separa<;ao eterna de Deus e
I ·strui<;ao irremediavel do pecador.
6°. Porque a vida que nose oferecida no "Segundo Adao"
dcssa natureza.
10. Qual foi a condifiiO des sa alianfa? E por que foi escolhida
como prova a arvore da ciencia do hem e do mal?
Perfeita conformidade do cora<;ao avontade inteira de Deus
ate on de fora revelada, e perfeita obediencia a essa vontade nos
atos- Deut. 27:26; Gal. 3: 10; Tia. 2:10. 0 mandamento de
abs ter-se de comer do fruto proibido foi dado simplesmente
como prova especial e decisiva dessa obediencia geral. Como
era moralmente indiferente em si a coisa proibida, o manda-
mento estava muito bern adaptado para servir como prova clara
e absoluta da prontidao de Adao para submeter-se a vontade
absoluta de Deus s6 porque era Sua vontade. A arvore vedada
foi sem duvida chamada arvore da ciencia do bern e do mal
porque, comendo do seu fruto em desobediencia a Deus, os
425
Capitulo 17
homens chegaram pela experiencia a conhecer o valor da
bondade eo mal infinito do pecado.
A obediencia exigida pela lei como regra do dever e
naturalmente perpetua. Mas a exigencia de obediencia, feita
pela lei como condi<;;ao da alian<;;a das obras, fora limitada ao
perfodo da prova<_;ao. A palavra "perpetua", na Conf de Fe, Cap.
19, § 1, e Cat. Maior, Perg. 20, foi admitida sem duvida por
inadvertencia.
426
A Alianfa das Obras
mesmo instante em que a alma separa-se de Deus, morre,
torna-se sujeita a Sua ira e maldis;ao, e a pessoa inteira- corpo
e alma- fica envolvida numa serie sem fim de mas condis;6es.
2°. As Escrituras declaram que o salario do pecado e a
morte- Rom. 6:23; Ez. 18:4.
A natureza des sa morte e determinada- (1) Pela narras;ao
dos efeitos produzidos em nossos primeiros pais, e.g., vergonha
por se reconhecerem nus, medo, alheas;ao de Deus, increduli-
dade, e, depois de algum tempo, a dissolus;ao do corpo, etc. (2)
Pela perceps;ao experimental dos seus efeitos nos seus
descendentes,e.g., corrups;ao da natureza, mortalidade do corpo,
as miserias da vida, segunda morte.
427
Capitulo 17
2°. Mais adiante, Capitulos 37 e 40, sera demonstrado
que as Escrituras nao admitem, nem a no<;:ao do sono da alma
durante o intervalo entre a morte eo Juizo Final, nem ada
aniquila<;:ao dos maus depois do J uizo.
13. Que quer dizer o selo de uma alianfa, e qual foi o selo da
alianfa das obras?
0 selo de uma alian<;:a e urn sinal exterior e visivel,
instituido por Deus como penhor da Sua fidelidade, e das
ben<;:aos prometidas na alian<;:a.
Assim, o arco-iris e o selo da alian<;:a fei ta com N oe - Gen.
9:12,13. A circuncisao foi o selo original da alia~<;:a feita com
Abraao (Gen. 17:9-11; Rom. 4: 11), em substitui<;:ao da qual
foi depois instituido o batismo - Col. 2: 11,12; Gal. 3:26,27. A
arvore da vida foi o sinal e selo exterior e visivel da vida
prometida na alian<;:a das obras, e da qual o homem foi excluido
por causa do pecado, e aqual e de novo admitido mediante 0
segundo Adao no Paraiso celeste: Compare Gen. 2:9 e 3:22,24
com Apoc. 2:7; 22:2-14.
428
A Alianr;a das Obras
15. Em que sentido se acha revogada a alianr;a das obras, e
em que sentido esta ainda em pe?
Tendo sido quebrada esta alian<;a por Adiio, nern urn s6
de todos os seus descendentes naturais pode jarnais curnprir
suas condi<;6es; e, tendo Cristo curnprido todas as suas
condi<;6es a favor do Seu povo, a salva<;iio e oferecida agora sob
a condi<;iio da fe.Neste sentido a alian<;a das obras foi revogada
sob o evangelho, porque Cristo curnpriu as suas condi<;6es.
Niio obstante isso, sendo baseado nos principios irnutaveis
da justi<;a, essa alian<;a e ainda obrigat6ria sobre todos os que
nao se recolherarn ao refUgio que nos e oferecido ern Cristo.
Ainda hoje e verdade que "o que observar estes preceitos,
achara neles vida", e "a alma que pecar, essa morrera". Neste
sentido essa lei ainda esta ern pe, e condena os hornens por
causa dos seus pecados; e, ao rnesrno tempo, ern conseqiH~ncia
da sua incapacidade absoluta de cumprir os seus preceitos,
opera como pedagogo (aio ou preceptor) para conduzi-los a
Cristo. Porque Cristo, tendo curnprido tanto a condi<;iio ern
que Adiio falhou, como tarnbern tendo sofrido a pena ern que
Adiio incorreu, tornou-Se o fim dessa alian<;a para justificar a
todo aquele que ere e que nEle e tido e tratado como se
houvesse guardado a alian<;a e rnerecido a recornpensa nela
prornetida.
429
,
18
A Natureza do Pecado
e o Pecado de Adao
430
A Natureza do Pecado ...
(Intui~6es da Mente), Livro 1, cap.2: § § 4 e 5, e Livro 4, cap.
3: § § 1-3. . ' .'
e
2. Que necessaria que uma verdadeira definifiiO da natureza
do pecado abranja?
E necessaria que uma defini~ao do pecado abranja-
1°. Tudo o que a Palavra de Deus e a consciencia esclarecida
declaram ser pecado.
2°. Nao deve abranger mais nada. Sea defini~ao nao estiver
de conformidade com estas duas regras, sera falsa.
431
Capitulo 18
1°. Urn fato geral, e.g., o fato geral de que todos os corpos
se atraem mutuamente na razao inversa dos quadrados das
distancias.
2°. Uma ordem estabelecida da sequencia em que certos
eventos sucedem, como, e.g., as esta~6es do ano, e qualquer
ordem estabelecida da natureza.
3°. 0 modo de opera~ao de uma forma especifica, como a
lei da indu~ao eletrica, etc.
4°. Uma ordem espontanea de desenvolvimento, como a
lei interna e auto-operativa do crescimento dos animais e
plantas dos seus germes ou sementes.
A lei moral de Deus, porem, nao e urn principio interno e
auto-regulador da natureza moral do homem, como a fingida
luz interna dos quacres, e sim urn padrao imperativo de
excelencia moral imposto aos homens de fora e de cima, pela
autoridade suprema de urn Governador morale pessoal sobre
suditos morais e pessoais. Envolve (a) urn certo grau de
esclarecimento quanto averdade eao dever, (b) uma regrade
a~ao que regula a vontade e obriga a consciencia, (c) san~6es
ou motivos imperativos que constrangem a obediencia.
432
A Natureza do Pecado ...
"Todo o que comete pecado, comete igualmente ten anomian,
a ilegalidade, porque 0 pecado e ilegalidade" - 1 Joao 3:4.
"Porque on de nao ha lei tam bern nao ha transgressao"- Rom.
4:15.
433
Capitulo 18
respeito de cada parte como do todo. Por conseguinte, qualquer
grau de falta de plena conformidade com o bern moral no mais
alto grau e da natureza do pecado, "Porque qualquer que
guardar toda a lei, e trope<;:ar em urn s6 ponto, tornou-se
culpado de todos"- Tia. 2:10. E verdadeira a antiga maxima:
omne minus bonum habet rationem mali.
Deste principia segue-se evidentemente que a doutrina
romana de obras de supererroga<;:ao nao e somente impia, mas
tambem absurda; porque se essas obras sao obrigat6rias, nao
sao supererrogat6rias; e se nao sao obrigat6rias, nao sao morais,
e se nao sao morais, nao podem ter valor moral.. E segue-se
tambem que todos os perfeccionistas que, embora admitam
que os homens nesta vida nao sao capazes de guardar per-
feitamente a lei de absoluta perfei<;:ao moral, sustentam ao
mesmo tempo que os cristaos podem nesta vida viver sem
pecado, empregam, evidentemente, linguagem incorreta e
enganadora.
434
A Natureza do Pecado ...
cspiritualmente e manchados, impotentes e insensiveis para
as coisas divinas, e por isso merecedores da condena~ao. Todo
verdadeiro cristao ja tern dito com Paulo: "Miseravel homem
que eu sou! Quem me livrara do corpo desta morte?"- Rom.
7:24. Este sentimento acha expressao, e deste principia da-se
testemunho em todas as ora~6es, suplicas e confiss6es, enos
hinos e na literatura devocional dos cristaos de todos os seculos
e de todas as igrejas.
3°. As Escrituras chamam explicitamente "pecado" a todos
os estados permanentes da alma quando nao estao de confor-
midade com a lei de Deus. Diz que o pecado e suas paix6es
reinam no corpo mortal; que os membros do corpo sao os
instrumentos do pecado; que os irregenerados sao os servos do
pecado- Rom. 6:12-17. A disposi~ao ou "tendencia" perma-
nente para pecar chama-se "carne, em oposi~ao ao "espirito",
Gal. 5:17; tambem "concupisd~ncia", Tia.1:14,15; "homem
velho", "corpo do pecado", "ignorancia", "cegueira do cora~ao",
"aliena~ao da vida de Deus", Ef. 4:18-22.
435
Capitulo 18
membros", e "o pecado que habita em mim" e que, sem o
meu consentimento, agiu produzindo "em mim toda a con-
cupisd~ncia", etc.- Rom. 7:5-24.
436
A Natureza do Pecado ...
infinitude e soberania de Deus; (b) com a natureza do pecado,
que e essencialmente a rebeliao contra Deus de uma livre
vontade (livre-arbitrio) criada. 0 pecado e urn elemento de
agencia moral pervertida. Considera-lo atributo da materia e
nega-lo. Todos os chamados "santos pais" unanimemente se
opuseram ao maniqueismo, e sustentaram a doutrina ortodoxa
de que o pecado neste mundo s6 e produto do livre-arbitrio do
homem.
437
Capitulo 18
e que esta sempre com obrigac,;:6es morais, urn defeito moral
nao pode senao tornar-se imediatamente em vicio positive.
Nao amar a Deus e odia-10. Nao estar conformado em tudo
a Sua vontade e rebelar-se contra Ele e violar a Sua lei
em todos os pontos. Veja Edwards, Original Sin (0 Pecado
Original), Parte 3, sec. 2.
438
A Natureza do Pecado ...
0 PECADO DE ADAO
439
Capitulo 18
440
A Natureza do Pecado ...
441
Capitulo 18
pelo fruto atraente. 2°. Desejo natural de adquirir ciencia (ou
conhecimento). 3°. 0 poder persuasivo de satanas sobre Eva,
junto com a conhecida influencia de uma inteligencia e de
uma vontade superiores. 4°. 0 poder persuasivo de satanas e
de Eva juntos sobre Adao. Seu terrivel pecado, infere-se,
consistiu essencialmente- 1°. Na incredulidade: trataram
virtualmente a Palavra de Deus como mentira. 2°. N a desobe-
diencia, cometida deliberadamente; arvoraram em lei a sua
vontade, em vez da vontade de Deus.
442
A Natureza do Pecado ...
Sao elas-
1a. Que a responsabilidade legal desse pecado pesa
443
Capitulo 18
444
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19 ,,
0 Pecado Original
(Peccatum H abituale)
445
Capitulo 19
Deus, desvia o entendimento e assim engana a consciencia,
conduz a juizos morais errados, acegueira do entendimento, a
urn a sensibilidade deficiente e pervertida em rela~ao as coisas
morais, a a~ao desordenada da natureza sensual e, assim, a
corrup<;:ao da alma inteira.
3°. Que apresenta dois aspectos: (1) A perda do original
habito reto da vontade. (2) A presen<;:a de urn habito positiva-
mente mau.
4°. Contudo, do fato de nao abranger esta deprava~ao inata
uma disposi<;:ao positiva para o mal, nao se segue que nao tenha
sido infundida na alma uma qualidade rna positiva. Porque,
da natureza essencialmente ativa (dinamica) da 'a lma, e da
natureza essencial da virtude, como aquilo que obriga a
vontade, segue-se evidentemente que e impossivel que a alma
seja indiferente moralmente; e assim essa deprava<;:ao que,
como diz o Presidente Edwards*, "vern de uma causa defectiva
e privativa", toma imediatamente uma forma positiva. Nao
amar a Deus e rebeWio contra Ele;e nao obedecer avirtude e
calca-la aos pes. 0 amor por nos mesmos em breve nos leva a
temer, e depois a odiar o vingador da justi<;:a- Edwards, Origi-
nal Sin (0 Pecado Original), Parte 4, sec. 2.
446
0 Pecado Original
moralmente corrompido da alma, em distin~ao do pecado
imputado e do pecado efetivo.
447
Capitulo 19
2°. Pelo fato de nao terem nenhum elemento sensoria-
sensual os pecados mais graves, e.g ., o orgulho, a 1ra, a
malevolencia, e a A VERSAO A DEUS .
448
0 Pecado Original
3°. As Escrituras lhe atribuem carater positivo quando lhe
nplicam termos como "carne", "concupiscencia", "homem
vclho", "lei nos meus membros", "corpo do pecado", "o pecado
tomando ocasiao", "me enganou", e "obrou toda a concupis-
cencia''- Romanos, capitulo 7.
449
Capitulo 19
ficara poluida pelos materiais amontoados das experiencias
corruptoras, e delas a imagina~ao tam bern tirara material para
o seu uso.
4°. 0 corpo tambem se tornara corrompido. (1) Seus
apetites naturais, na falta de dire~ao e governo apropriados, se
tornarao desordenados. (2) Seus poderes ativos serao empre-
gados como "instrumentos de iniqiiidade".
5°. As Escrituras ensinam - (1) Que o entendimento do
"homem natural" e depravado, bern como os seus afetos - 1
Cor. 2: 14; 2 Cor. 4:4; Ef. 4: 18; Col. 1:21. (2) Que a regenera~ao
envolve nao somente a renova~ao do cora~ao, mas tambem a
sua ilumina~ao- Atos 26: 18; Ef. 1: 18; 5:8; 1 Ped. 2:9. (3) Que
a verdade dirigida ao entendimento eo meio principal de que
se serve o Espirito Santo nas obras de regenera~ao e de
santifica~ao- Joao 17: 17; Tia. 1:18.
450
0 Pecado Original
das disposis;6es da vontade corn a lei de Deus, e que a propria
alma da virtude consiste ern sera alma leal a Deus, segue-se
que todo hornern, por natureza, esta, ern sua disposis;ao geral,
separado de Deus e que, por conseguinte, todos os seus atos,
quer sejarn rnoralrnente indiferentes, quer sejarn conforrnados
a principios subordinados do bern, sao viciados pelo estado de
rebeliao contra Deus ern que se acha o agente.
2°. Que esse estado da vontade da como resultado urn cisrna
na alma, e a perversao moral de todas as faculdades da alma e
do corpo (veja a resposta aPerg. irnediatarnente anterior).
3°. Que esse estado tende a resultar ern rnais corrups;ao,
ern progressao sern firn, ern todas as partes da nossa natureza,
e que esta deterioras;ao seria incalculavelrnente rnais rapida
do que e, se Deus nao a restringisse por rneio do Seu Espirito.
4°. Nao resta rnais nenhurn elernento recuperativo na alma.
0 hornern s6 pode tornar-se cada vez rnais e para sernpre pior,
se nao experirnentar urna recrias;ao rniraculosa.
451
Capitulo 19
seu entendimento, coras;ao, vontade, consc1encia, corpo e
as;6es- Rom. 3: 10-23; 8:7; }614:4; 15: 14; Gen. 6:5; 8:21; Mat.
15:19; Jer. 17:9; Is. 1:5,6. Diz-se que essa depravas;ao diz
respeito, 1°. aos atos; 2°. ao coras;ao; 3°. que e desde o nasci-
mento, e que e por natureza; 4°. que afeta a todos os homens,
sem exces;ao - Sal. 51 :5; Joao 3:6; Ef. 2:3; Sal. 58:3.
452
0 Pecado Original
ao mesmo tempo santo e falivel, e que tal criatura, entregue a
si m esma,pode pecar; mas, quanto asua posteridade, a questao
·: qual e a causa uniforme e universal por que todos, sem
·xce<;ao, pecam logo que se tornam agentes morais? No caso
de Adao, a questao e: como ele p6de pecar? No de seus descen-
den tes: por que eque todos com certeza pecam des de crianfas?
453
Capitulo 19
Em resposta, referimo-nos a Perg. 4, acima. E, ademais,
essa explica~ao nao somente e imperfeita, porem tambem
admite virtualmente o fato da deprava~ao inata e hereditaria.
Pois tal ordem de desenvolvimento, dando em resultado
conseqiiencias tao uniformes, e em si mesma uma corrup~ao
total da natureza.
454
0 Pecado Original
17. Como se pode provar esta doutrina pelo que as Escrituras
dizem a respeito da redenfiio?
A respeito da reden~ao as Escrituras afirrnarn-
1°. Quanta a sua natureza, que o designio do sacrificio de
Cristo e seu efeito elivrar todo o Seu povo, por rneio de urna
propicia~ao, tanto do poder como da culpa do pecado- Ef.
5:25-27; Tito 2:14; Heb. 9:12-14; 13:12.
2°. Quanta a sua necessidade, que era absolutarnente
necessaria para todos - nao sornente para os adultos, mas
tarnbern para as crian~as que nunca corneterarn pecado efetivo
- Atos 4: 12; Rom. 3:25,26; Gal. 2:24; 3:21,22; Mat. 19: 14;
Apoc. 1:5; 5:9.
Alguns dizern que Cristo s6 rerniu as crian~as libertando-
-as da sujei~ao ao pecado. No entanto, sendo a reden~ao urna
propicia~ao feita por sangue, ern que sofreu "o Justo pelos
injustos", se as crian~as nao sao pecadoras, nao podern ser
rernidas. 0 estado de inocencia resultante da liberta~ao da
sujei~ao ao pecado nao adrnite reden~ao. Veja Dr. Taylor, Cancio
ad Clerum (New Haven, 1828), pags. 24,25; tarnbern Harvey's
Review, do rnesrno autor (Hartford, 1829), pag. 19.
455
Capitulo 19
essa natureza originariamente, como saiu das maos de Deus.
Mas sabemos, 1°. que o pecado teve origem no livre ato
do homem, criado santo, porem ao mesmo tempo falivel; 2°.
que a corrup~ao inteira da nossa natureza veio do pecado; e,
3°. que, em conseqiiencia do pecado e com toda justi~a, Deus
tirou de n6s as influencias conservadoras do Seu Espirito
Santo e deixou os homens entregues as conseqiiencias naturais
e penais do seu pecado. Veja Calvino, Instit., Lib. 2, Cap. 1,
sec. 6 e 11.
456
0 Pecado Original
457
Capitulo 19
ou para arrepender-se e obedecer sempre que lhe aprouver.
4°. A responsabilidade esta na razao exata da capacidade;
e as exigencias de Deus estao na razao das diversas capacidades
(marais e constitutivas) e circunstancias dos homens.
458
r 0 Pecado Original
tambem a continuar e levar a efeito essa obra; mas que, ao
mesmo tempo, todos os homens realmente tern a mesma gra<;a
comum operando neles, a qual, porem, nada efetua enquanto
o homem nao coopera voluntariamente com ela, quando entao
essa gra<;a comurn se torna eficaz em virtude dessa coopera<;ao.
A Igreja Grega ocupa a mesma posi<;ao geral a respeito do
pecado original, e sustenta-
1°. Que 0 pecado original nao e voluntario e por isso nao e
verdadeiramente pecado.
2°. Que a influencia de Adao estende-se somente anatureza
sens6rio-sensual dos seus descendentes, e nao a sua natureza
racional, nem asua natureza espiritual, estendendo-se, por isso,
asua vontade somente mediante a natureza sens6rio-sensual.
3°. As crian<;as estao sem pecado, porque possuem s6 uma
natureza fisica e propagada.
4°. A vontade humana tern a iniciativa na regenera<;ao,
mas precisa do auxilio divino. Isso e semipelagianismo;
enquanto a posi<;ao correspondente do arminianismo e que a
gra<;a tern a iniciativa na regenera<;ao, porem que a sua eficacia
depende da coopera<;ao humana.
459
Capitulo 19
memente rna escolha moral, e que o pecado original e, assim,
por natureza, somente no sentido de que a vontade o comete
livremente, apesar de uniformemente, como ocasionado por
natureza, mas que a propria natureza, ou sua tendencia inerente
de ocasionar o pecado, nao eem si pecado nem merece castigo.
Veja Cancio ad Clerum, New Haven, 1828, e Harvey's Review,
do mesmo autor.
EXPOSH;6ES AUTORIZADAS
DAS DOUTRINAS DAS DIVERSAS IGREJAS
460
0 Pecado Original
homens pela prevarica<;ao de Adao perdido a inocencia e
se tornado imundos ... em tal forma sao servos do pecado,
e sujeitos ao poder do diabo e da morte ... posto que o livre
arbitrio nao ficou neles extinto, e sim atenuado de for<;as
e inclinado". lb. Sess. 6: Can. 5. "Se alguem disser que o
livre arbitrio depois do pecado de Adao foi perdido e
extinguido ... - anathema sit". Can. 7. "Se alguem disser
que todas as obras que se fazem antes da justifica<;ao
(regenera<;ao), de qualquer modo que se fa~am, verdadei-
ramente sao pecados, ou merecem o 6dio de Deus; e que
com quanto maior veemencia forceja alguem em se dispor
para a gra<;a, tanto mais gravemente peca- anathema sit".
Belarmino, '?'!miss. Gratia", 3:1 - "A penalidade pro-
priamente imposta em conseqiiencia do primeiro pecado
foi a perda da retidao original e dos dons sobrenaturais
que Deus tinha concedido a nossa natureza" - "De Gratia
primi Hom." 1: "Eles (os cat6licos romanos) ensinam que
pelo pecado de Adao o homem inteiro ficou deteriorado,
mas nao perdeu nem o livre-arbitrio nem nenhum dos
dona naturalia, mas unicamente os dona supernaturalia". lb.
C. 5 - Por isso o estado do homem depois da queda de
Adao nao difere do seu estado in puris naturalibus (isto e, o
estado em que foi criado e em que estava antes de receber
os dona supernaturalia - veja as "Exposi<;6es" no fim do
Cap. 16) mais do que o estado de urn homem a quem
roubaram a roupa difere do estado de urn homem origi-
nalmente nu, nem e pior a natureza humana (se tirardes a
culpa original), nem labora ela em maior ignorancia e
enfermidade do que era e laborava quando criada in puris
naturalibus. Dai seguir-se que a corrup<;ao da natureza nao
e o resultado da perda de dom algum, nem a do acrescimo
de nenhuma qualidade rna, e sim unicamente o resultado
da perda do dom sobrenatural em conseqiiencia do pecado
de Adao".
Amiss. Gra., 5, 5: "A questao entre n6s e nossos
adversarios nao e se a natureza humana ficou gravemente
depravada em conseqiiencia do pecado de Adao: porque
isso confessamos livremente. Nem e se essa deprava<;ao
461
Capitulo 19
462
0 Pecado Original
pecado original que habita na natureza ou na essencia
do homem e a corrompe; como no corpo do leproso, o
corpo leproso e a lepra que esta no corpo nao sao uma e
a mesma coisa".
DOUTRINA REFORMADA - "Conf Belga", Art. 15:
"(Peccatum originis) e essa corrup~ao da natureza inteira e
esse vicio hereditario que os torna corruptos mesmo no
ventre de suas maes, e que, como raiz, produz toda especie
de pecados no homem e e por isso tao vil e execravel a
vista de Deus, que e suficiente para condenar a ra~a
humana".
"Conf Gallica", Art. 11: "Cremos que este vicio (originis)
e verdadeiramente pecado, que torna a todo e qualquer
homem, sem exce~ao mesmo das crian~as escondidas
ainda no ventre de suas maes, reus diante de Deus, da
morte eterna".
"Os 39 Artigos da Igreja Anglicana. ", Art. 9: "(0 pecado
original) e urn vicio e corrup~ao da natureza de todo
homem da gera~ao de Adao; pelo que o homem esta distan-
ciado muitissimo da justi~a original, e e de sua propria
natureza inclinado ao mal; de forma que a carne tern
sempre desejos sensuais contrarios ao espirito; e por isso
toda pessoa que nasce neste mundo merece a ira de Deus
e a condena~ao".
DOUTRINA REMONSTRANTE - "Apol. Conf Remon-
strante", pag. 84: "Eles (os remonstrantes) nao consideram
o pecado original como pecado propriamente dito, nem
como urn mal que, como pena, no sentido restrito dessa
palavra, passe de Adao para a sua posteridade, e sim como
urn mal, uma enfermidade ou vicio ou qualquer nome que
se lhe queira dar, que de Adao, privado da sua justi~a
original, vern por propaga~ao sobre a sua posteridade".
Limborch, "Theol. Christ.", 3, 3,4: "Confessamos
tambem que as crian~as nascem menos puras do que era
Adao quando foi criado, e com uma certa propensao para
pecar, mas isso nao lhes advem tanto de Adao como de
seus pais imediatos, porque, se viesse de Adao, devia ser
igual em todos OS homens. Contudo e agora desigual no
463
Capitulo 19
mais alto grau, e os filhos pendem comumente para os
pecados de seus pais".
DOUTRINA SOCINIANA - "Cat. Racoviano", pag. 294:
"E a queda de Adao, tendo sido urn so ato, nao podia ter o
poder de corromper nem a natureza do proprio Adao, e
muito menos a da sua posteridade. Nao negamos, porem,
que, em consequencia do costume constante de pecar, a
natureza do homem esta agora infeccionada de uma certa
queda e de uma tendencia excessiva para pecar. Mas
negamos que isso seja pecado per se, ou que seja da natureza
do pecado".
464
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Incapacidade
465
Capitulo 20
influencia divina de que 0 homem precisa e que ecompativel
com o seu caniter como agente autodeterminado e uma
influencia externa, providencial e educativa.
2°. 0 tipo semipelagiano - (a) A natureza do homem ficou
enfraquecida pela Queda de modo que, nas coisas espirituais,
ele nao pode agir bern sem auxilio divino. (b) Esse estado moral
enfraquecido que as crian<;as herdam de seus pais ea causa do
pecado, mas niio eem si mesmo pecado no sentido de merecer
a ira de Deus. (c) Enecessaria que o homem procure cumprir
todos os seus deveres e, neste caso, Deus lhe da a Sua gra~a
cooperativa e to rna bem-sucedidos os seus esfor<;os. (d) 0
homem s6 eresponsavel pelos pecados cometidos por ele depois
de receber e abusar das influencias da gra<;;a.
3°. 0 tipoagostiniano - Este foi adotado por todas as igrejas
protestantes originais, luteranas e reformadas. (a) 0 homem e
por natureza tao inteiramente depravado que e totalmente
incapaz de fazer alguma coisa e.spiritualmente boa, ou de
come<;;ar ou dispor-se em qualquer grau para isso. (b) Mesmo
sob as influencias incitantes e persuasivas da gra<;a divina, a
vontade do homem e totalmente incapaz de agir bern, em
coopera<;;ao com a gra<;;a, enquanto a propria vontade nao e,
radical e permanentemente, renovada pela energia da gra<;;a.
(d) Mesmo depois de renovada, a vontade fica sempre
dependente da gra<;a divina, no sentido de que ela o incite,
dirija e habilite a fazer qualquer boa obra.
466
I Incapacidade
exatamente a mesma doutrina que os antjgos; mas julgam que
e mais judicioso fazer uma distin~ao no uso dos dois termos.
Entendem, pois, pelo termo "liberdade" a propriedade
inaliemivel de qualquer agente morale livre, seja born ou mau,
de exercer voli~6es segundo lhe apraz; isto e, segundo as
disposi~6es e tendencias predominantes da sua alma. Por
"capacidade", porem, entendem o poder de uma alma humana
depravada, e indisposta por natureza para qualquer bern
espiritual, de mudar suas disposi~6es e tendencias predomi-
nantes por meio de qualquer voli~ao, por mais que procure
muda-las assim, ou de obedecer aos preceitos da lei na ausencia
de quaisquer disposi~6es santas. Os afetos permanentes da
alma governam as voli~6es; mas estas nao podem mudar os
afetos. E quando dizemos que ninguem depois da Queda tern
capacidade para prestar a obediencia espiritual que a lei exige,
o sentido e (a) que as radicais disposi~6es marais de todos
op6em-se por natureza a essa obediencia, e (b) que o homem e
absolutamente incapaz de muda-las, ou (c) de exercer volic;6es
contrarias a elas.
467
Capitulo 20
nas suas rela~6es com os seus semelhantes. Muitas vezes isso e
admitido nas confiss6es protestantes e nas obras chissicas dos
seus te6logos, onde se concede que o homem, mesmo depois
da Queda, ainda tern capacidade para a humana justitia, o bern
civil, etc.
Mas a doutrina ortodoxa ensina -
..
1°. Que, depois da Queda, a incapacidade do hom em diz
respeito as coisas que envolvem as nossas rela~6es, como seres
espirituais, para com Deus- a apreensao e amor da excelencia ,.I
espiritual e uma vida em conformidade com ela. Nas confiss6es ,
de fe essas coisas sao chamadas "coisas de Deus", "coisas do
Espirito", "coisas que dizem respeito a salva~ao".
2°. Que 0 homem, depois da Queda, e inteiramente incapaz
de saber, sentir ou agir em conformidade com essas coisas. Urn
hom em natural pode estar esclarecido intelectualmente, porem
espiritualmente esta cego. Pode possuir afetosnaturais, mas o seu
cora~ao esta morto para com Deus e einvencivelmente avesso
a Sua Pessoa e a Sua Lei. Pode obedecer a letra desta, entretanto
nao pode obedece-la em espfrito e em verdade.
468
Incapacidade
natureza do homem como foi criado. Ele foi criado com plena
capacidade de fazer tudo quanto lhe era exigido, e a posse dessa
capacidade esempre necessaria para a perfei<;ao moral da sua
natureza. Pode ser urn homem real sem ela, contudo nao
hom em perfeito. A capacidade concedida ao homem pela gra<;a
de Deus na regenera~ao nao e urn dote extranatural, mas
consiste numa parcial restaura~ao da sua natureza a sua con-
di<;ao de integridade original.
4°. Ntio e natural ainda noutro sentido- porque nao e de
modo algum resultado de qualquer deficiencia da natureza
humana, como existe agora, nas faculdades morais e racionais
da alma.
5°. Essa incapacidade epuramente moral, porque, enquanto
todo homem responsavel possui todas as faculdades, tanto
morais como racionais e intelectuais, necessarias para agir bern,
0 estado moral dessas faculdades e tal que e impossivel ao
homem agir bern. Sua essencia esta na incapacidade da alma
de conhecer, escolher e amar o que e espiritualmente born, e
seufundamento esta nessa corrup<;ao moral da alma que a torna
cega, insensivel e totalmente avessa a tudo quanto e espiri-
tualmente born.
469
Capitulo 20
470
Incapacidade
uma coisa pode ser ao mesmo tempo naturale moral. A incapa-
cidade do homem, como demonstramos acima, e com certeza
inteiramente moral, porem e ao mesmo tempo, e num sentido
importante, natural, istoe, pertence asua natureza no seu estado
atual e assim e transmitida dos pais aos filhos.
5°. A linguagem empregada nao exprime acuradamente a
distin<;:ao importante que se quer assinalar. A incapacidade e
moral, e nao e nem fisica nem constitutiva. Nao tern seu
fundamento na falta de nenhuma faculdade, mas sim no estado
moral e corrompido das faculdades, na desinclina<;:ao inve-
terada dos afetos e disposi<;:6es da natureza voluntaria.
471
Capitulo 20
o amor, a fe, a paz, a alegria etc., sao "fruto do Espirito"- Gal.
5:22,23. "Deus eo que opera em vos tanto o querer como o
efetuar,* segundo a sua boa vontade"- Fil. 2:13.
Quanto a sua necessidade, ensinam que esta mudan~a
radical dos estados e propens6es predominantes da propria
vontade e, no caso de todo filho de Adao, sem nenhuma
exce~ao, absolutamente necessaria para a salva~ao .
Eclaro, pois, que, antes dessa mudan~a operada nele pelo
poder divino, o homem so pode estar absolutamente impotente
espiritualmente, e que toda capacidade que em qualquer tempo
possa ter, mesmo para cooperar com a gra~a que o salva, so
pode ser conseqi.iencia dessa mudan~a.
* Figueiredo, seguin do a Vulgata, tern aqui "perfazer". Mas ede no tar que
no original a palavra traduzida aqui "perfazer" por Figueiredo e''perficere"
na Vulgata. Acha-se ainda, no Novo Testamento, em Mat.14: 12; Mar. 6: 14;
Rom. 7:5; 1 Cor. 12:6,11; 2 Cor. 1:6; 4.12; Gal. 2:8; 3:5; 5:6; Ef. 1: 11,20; 2:2;
3:20; Fil. 2: 13; Col. 1:29; 1 Tess. 2: 13; 2 Tess. 2:7; Tia. 5:16, e em nenhuma
outra passagem; e que em todas essas passagens, excec;:ao feita de Fil. 2:13
e Tia. 5: 16, a Vulgata traduz a palavra grega por "operari "; e Figueiredo
a traduz por "obrar", com excec;:ao de Ef. 1:20, onde a traduzpor "effeituam"
(efetuam), Ef. 2:2, por "exercitam o seu poder", e Tia. 5:16, onde a Vulgata
traduz a palavra, que no original esta na forma de partidpio passivo, por
"assidua", e Figueiredo por "fervorosa". E e de notar ainda que em Fil.
2: 13, na primeira parte do versfculo, a Vulgata traduz o original grego por
"operatur" e Figueiredo por "obra", a mesmissima palavra grega que na
segunda parte do mesmo versiculo, e s6 e unicamen te neste lugar- de to do
o Novo Testamento - a Vulgata o traduz por "perficere" e Figueiredo por
"perfazer", evidentemente por motivos doutrinarios. Nota do Tradutor.
472
I ncapacidade
completa convicc,;:ao da nossa impotencia moral e inteira
dependencia tanto da grac,;:a divina para habilitar-nos como dos
merecimentos de Cristo para justificar-nos. E necessaria que
o pecador chegue nos dois sentidos, isto e, a respeito da sua
culpa e tambem a respeito da sua completa impotencia
espiritual, a desesperar-se inteiramente de si- ou nao podera
ser conduzido a Cristo.
2°. Pela experiencia de todo cristao verdadeiro. Sua
convicc,;:ao mais intima e (a) que estava absolutamente sem
forc,;:as espirituais e que foi salvo por uma intervenc,;:ao divina,
ab extra, (b) que as forc,;:as que agora ele goza, por mais fracas
que sejam, sao sustentadas s6 e unicamente mediante as
comunicac,;:6es constantes do Espirito Santo, e que ele s6 vive
espiritualmente na medida em que se apega a Cristo.
3°. Pela experiencia universal da familia humana. Con-
cluimos que todo homem esta absolutamente sem nenhuma
capacidade espiritual porque nunca, desde que o mundo existe,
se descobriu caso algum de urn unico homem que exercesse
essa capacidade.
473
Capitulo 20
mas estiver irremediavelmente sem luz, nao pode ser moral-
mente obrigado aver. Assim tambem urn homem sem
intelecto, ou sem consciencia natural, ou sem qualquer das
outras faculdades constitutivas e essenciais para agencia moral,
nao pode ser responsavel por nao agir como agente moral.
E e evidente tambem que essa ausencia de responsabili-
dade vern s6 e unicamente do simples fato da incapacidade.A
este respeito nao importa nada se a incapacidade e devida a urn
ato voluntario ou a urn ato praticado por outrem, contanto que
a incapacidade seja real. Por exemplo, urn homem que
arrancasse os pr6prios olhos para eximir-se ao recrutamento,
poderia com justi~a ser responsabilizado por esse aio, mas nao
por nao ver, isto e, por nao empregar olhos que ja nao tern.
Por outro lado, porem, nao e menos evidente que quando
a incapacidade consiste unicamente na falta de disposi~6es
e afetos convenientes e pr6prios, em vez de ser, neste caso,
incompativel com a responsabilidade, ela se torna motivo de
uma justa condena~ao. Nada ha que seja mais certo ou mais
universalmente concedido do que os fatos de que os nossos
afetos e disposi<;;:6es (1) nao estao sob o governo da nossa von- .
tade. Uma voli~ao nossa nao os pode mudar mais do que pode
mudar a nossa natureza. (2) Apesar disso, somos responsaveis
por eles.
Os que sustentam que a nossa responsabilidade e limitada
por nos sa capacidade devem, por conseguin te, sus ten tar ( 1)
que todo homem, por mais degradado que seja, pode imedi-
atamente, por urn ato de voli<;;:ao, conformar-se, e de cora~ao,
ao mais sublime padrao da virtude, o que e absurdo; ou (2)
que o padrao de obriga~ao moral fica rebaixado mais e mais a
medida que o homem peca, e em consequencia dos seus
pecados torna-se cada vez mais incapaz de obedecer, isto e,
que a obriga<;;:ao moral diminui amedida que a culpa aumenta,
ou, por outra, que OS direitos de Deus diminuem a medida
que aumenta a nossa rebeliao contra Ele - o que tambem e
absurdo, porque este prindpio acabaria evidentemente com a
474
Incapacidade
Lei, tornando de nenhum efeito tanto os seus preceitos como
a sua penalidade; pois o pecador, rebaixando-se mais e mais,
rebaixaria consigo tambem a Lei. 0 prindpio acima tiraria a
lei das maos de Deus e a colocaria nas do pecador, que
determinaria sempre a extensao das exigencias da Lei segundo
a extensao da sua propria apostasia.
475
Capitulo 20
condi~ao de impotencia moral e de responsabilidade. Segue-
-se, pois, que as duas coisas nao podem ser incompativeis.
476
Incapacidade
racional esta em confiar imediatamente e sem reserva na gra~a
soberana de Deus em Cristo. 3°. Esta verdade leva o cristao,
depois de convertido, a desconfiar habitualmente de si, a ser
diligente e vigilante, e a confiar habitualmente em Deus e ser-
-Lhe grato.
EXPOSI<;OES AUTORIZADAS
DAS DIVERSAS IGREJAS
477
Capitulo20
DOUTRINAREFORMADA- Os Trinta e Nove Artigos
da lgreja Anglicana, Art. 10: "A condi<;:ao do hornern,
depois da queda de Adao, e tal que ele nao pode mover-
-se nern preparar-se a si rnesrno por sua propria for<;:a
natural e boas obras, para a fe e a invoca<;:ao de Deus;
portanto, nao ternos poder para fazer boas obras
agradaveis e aceitaveis a Deus, sern a gra<;:a divina a n6s
provinda por rneio de Cristo, para que tenharnos vontade
realrnente boa, e agindo conosco quando ternos essa boa
vontade."
Conf Helvetica Posterior: "No hornern nao renovado
nao ha vontade livre para o bern, nem for<;:a para o fazer...
Ninguern nega que a respeito de coisas exteriores tanto
os nao regenerados como os regenerados tenharn do
rnesrno modo a vontade livre; porque o hornern tern esta
constitui<;:ao ern cornurn corn os outros anirnais, que
algumas coisas ele se deterrnina a fazer e ou tras
deterrnina-se a nao fazer... A respeito deste ponto, conde-
narnos os rnaniqueus, que negarn que o mal tenha sua
origem no exercicio da livre vontade (livre-arbitrio) de
urn hornern born. Condenarnos tarnbern os pelagianos,
que dizern que ate os hornens rnaus possuern livre
vontade suficiente para fazer o bern que Deus nos rnanda
fazer."
Formula Consensus Helvetica, Cass. 22: "Sustentarnos,
pois, que falarn corn pouca exatidao e nao sern perigo os
que charnarn a esta incapacidade de crer incapacidade
moral, e que nao a considerarn natural, acrescentando que
o hornern, seja qual for a condi<;:ao ern que seja colocado,
pode crer, contanto que queira, e que a fe realrnente e de
algurn modo produto do proprio hornern; enquanto o
ap6stolo rnuito distintarnente afirrna que e dorn de Deus
(Ef. 2:8)."
Artigos do Sinodo de Dart, Cap. 8, sec. 3, Art. 3: "Todos
os hornens sao concebidos ern pecado e nascern filhos
478
~
Incapacidade
da ira, indispostos para qualquer bern salvador, propen-
sos para o mal, estao mortos nos pecados e sao escravos
I
do pecado, e sem a gra<;a do Espirito Santo regenerador
nem querem nem podem voltar para Deus, corrigir sua
natureza depravada, nem dispor-se para a sua corre<;ao."
Conf de Fe (de Westminster), Cap.9, § 3: "0 homem,
por sua queda e por seu estado de pecado, perdeu
totalmente todo o poder de vontade para qualquer bern
espiritual que acompanhe a salva<;ao; de maneira que o
homem natural, por ser inteiramente avesso a esse bern,
e por estar morto no pecado, nao pode, por seu proprio
poder, converter-se nem preparar-se para a sua
conversao."
DOUTRINA REMONSTRANTE - Limborch, Thea!.
Christ., Lib. 4, cap. 14, § 21: ''A gra<;a de Deus ea causa
primaria da fe, sem a qual o hom em nao pode fazer born
uso da sua livre vontade ... Portanto, a livre vontade
coopera com a gra<;a, de outro modo a obediencia ou a
desobediencia do homem nao teria lugar... A gra<;a nao
e a unica causa, e sim a causa primaria da salva<;ao ...
porque a propria coopera<;ao da livre vontade com a gra<;a
vern da gra<;a como causa primaria; porque, se a livre
vontade nao fosse incitada pela gra<;a preveniente, nao
poderia cooperar com a gra<;a."
DOUTRINA SOCINIANA- Cat. Racoviano, Perg. 422:
"Nao nos seria concedida vontade livre para que
obede<;amos a Deus? Sem duvida; porque ecerto que o
primeiro homem foi constituido por Deus de tal modo
que se achava dotado de uma vontade livre; nem, por
certo, tern sobrevindo causa alguma pela qual Deus
privasse o homem daquela livre vontade depois da sua
queda."
479
,
21
480
A Imputafiio do Pecado Original
i 2. Como podemos mostrar que e nestes fatos incontestaveis
que esta a verdadeira dificuldade na conciliafiiO dos caminhos de
Deus para com o homem; e mais, que o reconhecimento destes fatos
em sua inteireza ede muito maior importancia doutrinaria do que
pode ser qualquer explicafiio da sua origem?
0 fato de que, antes de nos ser possfvel qualquer ac.;:ao
pessoal, comec.;:amos a existir com uma natureza que com justic,;:a
nos exp6e a condenac.;:ao e infalivelmente nos predisp6e para o
pecado, e urn misterio assombroso, urn mal indizfvel e,
contudo, urn fato certo e universal. Nenhuma teoria possfvel
quanto a sua origem pode agravar o misterio ou sua significac.;:ao
terri vel. Nao dizemos que na doutrina de sermos responsaveis
pelo pecado original de Adao nao haja dificuldades muito
graves. Dizemos, porem, (a) que ela e ensinada nas Escrituras,
e (b) que ela e mais satisfat6ria a nos sa razao e aos nossos
sentimentos morais do que qualquer outra explicac.;:ao dada
em qualquer tempo.
Nem e menos evidente que o pleno conhecimento desses
fatos e de muito maior importancia doutrinaria e pratica do
que o pode ser qualquer explicac.;:ao da sua origem ou causa.
Nossas opini6es a respeito desses fatos determinarao imediata
e necessariamente a nossa relac.;:ao com Deus, o carater inteiro
da nossa experiencia religiosa, e tambem as nossas ideias sobre
a natureza do pecado e da grac.;:a, a necessidade e natureza da
redenc,;:ao, da regenerac.;:ao e da santificac.;:ao; e qualquer
explicac.;:ao destes ultimos fatos s6 servira para esclarecer e
expandir as nossas ideias quanto a conformidade que existe
entre as perfeic,;:6es de Deus e o modo como Ele trata a rac.;:a
humana; e tambem quanto as relac,;:6es em que estao umas com
as outras as diversas partes do plano divino.
Achamos, portanto- (1) Que as Escrituras insistem mais
e falam mais freqiientemente nesses fatos que dizem respeito
ao estado inato de pecado do homem, do que em nossa
responsabilidade pelo a to de apostasia de Adao. (2) Que todos
os grupos da Igreja Crista, em todos os periodos, tern definido
481
Capitulo 21
e concordado nesses fatos, enquanto que, a respeito da nossa ..
conexao com Adao tern sempre havido opini6es muito vagas
e contrarias umas as outras- Thea. of the Ref, "Essay" 7:1, de
autoria do Diretor Cunningham.
482
A Imputafiio do Pecado Original
4. Como poderiamos expor as duas questoes distintas que dai
se derivam e que, embora muitas vezes confundidas, precisamos
conservar separadas?
1a. Como e que se origina uma natureza rna, inata, em
cada ser humano no come~o da sua exisH~ncia, e de modo que
o Criador do hom em nao e a causa do pecado? Se essa corrup~ao
da natureza originou-se em Adao, como nose transmitida?
za Por que, e sob que fundamento de justi~a, inflige Deus
esse mal terrivel, a raiz eo motivo de todos os demais males,
logo no come~o da nossa existencia pessoal? Qual a prova equi-
tativa pela qual foi permitido as crian~as passarem? Quando e
por que perderam elas seus direitos como criaturas que
acabaram de ser criadas?
E auto-evidente que estas quest6es sao distintas e que
devem ser tratadas como tais. Para a primeira talvez se possa
achar resposta em base fisiol6gica. A segunda, porem, diz
respeito ao governo moral de Deus e a justi~a de Suas
dispensa~6es. A indevida desaten~ao a essa distin~ao, e porque
nem sempre foi conservada proeminente, resultaram em muita
confusao na hist6ria da teologia de todas as epocas e escolas.
483
Capitulo 21
eles enredados com a materia. E 6bvio que este sistema destr6i
o carater moral do pecado, e sofreu zelosa oposi~ao de todos os
antigos "Pais" da lgreja Crista.
za. A teoria panteista, segundo a qual o pecado eo incidente
necessaria de uma natureza limitada e finita. Alguns escritores,
nao absolutamente panteistas, tern o pecado na conta de urn
incidente inevitavel num certo grau de desenvolvimento e
como o meio determinado para produzir uma perfei~ao
supenor.
3a. Os pelagianos e outros racionalistas, negando que
haja corrup~ao inata, atribuem a liberdade da VOJ;ltade (ao
livre-arbitrio), ainfluencia dos rnaus exemplos, etc., o fa to geral
de que todos os homens pecam logo que se tornam agentes
livres.
4a. Outros atribuem essa corrup~ao culpavel da nossa
natureza, inerente a toda alma humana desde o nascimento, a
uma apostasia efetiva de cada alma, cometida antes do
nascimento, ou num estado de preexistencia individual, como
ensinam Origenes e, modernamente, o Dr. Edward Beecher
em sua obra intitulada The Conflict of the Ages (0 Conflito das
Eras); ou como transcendental e fora do tempo, como ensina
Julio Muller no livro de sua autoria, The Christian Doctrine of
Sin (A Doutrina Crista do Pecado), vol. 2, pag. 157. Esta e,
evidentemente, uma pura especulas;ao nao apoiada nem por
fatos da consciencia nem da observa~ao; tern contra si o
testemunho das Escrituras, Rom. 5:12 e Gen. capitulo 3, e
nunca foi aceita pela lgreja.
484
A ImputafiiO do Pecado Original
485
Capitulo 21
T. Ridgely (Londres, 1667-1734) diz (em sua obra teol6gica),
vol. 1, pags. 413, 414: "Deus cria os hom ens sem dons celestiais
e sem luz sobrenatural; e, com justi~a, porque Adao perdeu
esses dons para si e para a sua posteridade".
Alguns poucos criacionistas, como Lampe (Utrecht, 1683-
1729), Tom. 1, pag. 572, ensinam que o corpo derivado dos
pais "e corrompido por emo~6es desregradas e perversas, por
meio do pecado", e que assim comunica aalma colocada nele
por Deus iguais afetos desregrados. Essa teoria, porem, nunca
prevaleceu, porque 0 pecado nao pertence amateria e s6 pode
pertencer ao corpo em virtu de de ser este o 6rgao instrumental
da alma. Contudo, muitos criacionistas atribuem a propaga~ao
de pecados habituais a gera~ao natural; num sentido geral,
como uma lei estabelecida por Deus, em virtude da qual os
filhos serao como os pais, sem indagarem sobre o modo. Assim
De Moer, Cap. 15, § 33, e "Canones do Sinodo de Dortrecht".
486
A I mputar;iio do Pecado Original
experimentam, e que restitui a todos a capacidade de fazer o
bern e, por isso, plena responsabilidade pessoal. Por conse-
guinte, as crian<;;as nao estao sob a condena<;;ao; esta nao pesa
sobre nenhum ser humano enquanto nao tiver abusado da gra<;;a
que lhe e concedida. No dom de Cristo, Deus retifica o mal
que sofremos permitindo Ele que Adao usasse da sua natureza
depravada como o meio pelo qual gerar filhos pecadores. - Cf.
Dr. D. D.Whedon, em Bibliotheca Sacra, abril 1862, Conf
Rem.,7: 3; Limborch, Theol. Christ., 3:3, 4, 5, 67.
OBJETAMOS contra essa doutrina afirmando- 1°. Que a
nossa condena<;;ao em Adao e dejustir;a, e que a nossa reden<;;ao
em Cristo vern da GRA<;A. 2°. Que o remedio do sistema
compensador nao e aplicado a muitos gentios, etc. 3°. Que essa
teoria nao concorda com as doutrinas das Escrituras sobre o
pecado, a incapacidade humana, a regenera<;;ao, etc.
487
Capitulo 21
desses te6logos e afirmar (1) que essa constituic;ao nao e justa,
ou (2) que e s6 a vontade divina que a torna justa, e que o fato
de ser soberana e 0 fundamento sobre 0 qual podemos declarar
que e reta, protestamos contra a teoria como uma heresia grave.
488
A Imputafiio do Pecado Original
Ar\f\
A Imputafiio do Pecado Original
corrup<;;ao, que eo castigo desse pecado, e que caiu sobre Adao
e toda a sua posteridade. 3. Pecados pr6prios".
Teodoro de Beza (1519-1605), sobre Romanos, capitulo 12
etc., diz: "Assim como Adao, pela comissao do pecado, tornou-
-se primeiro culpado da ira de Deus e, depois, por ser culpado,
sofreu como castigo do seu pecado a corrup<;;ao da alma e do
corpo, assim tambem transmitiu a sua posteridade uma
natureza em primeiro lugar culpada, e em segundo depravada".
J. Arminio, de Leyden (1560-1609) - "0 mesmo castigo,
pois, que foi infligido a nossos primeiros pais, desceu para
toda a sua posteridade e pesa agora sobre esta; de modo que
todos sao, por natureza, filhos da ira, sujeitos acondena<;;ao ... e
a uma priva<;;ao da retidao e da santidade verdadeira", falta-
-lhes a justi<;;a original, pena geralmente chamada perda da
imagem divina, e pecado original".
G. J. V6ssio, Leyden (1577-1649),Hist. Pelag., Lib., 1 -1:
"A igreja cat6lica romana tern sempre decidido assim, que o
pecado original e imputado a todos; isto e, que OS seus efeitos
sao, segundo o justo juizo de Deus, transmitidos a todos os
fil hos de Adao ... por cuja causa nascemos sem a justi<;;a
original".
Sfnodo de Dort (1618) - Tal como foi o homem depois da
Queda, tais os filhos que gerou ... pel a propaga<;;ao de uma
natureza viciada, segundo o justo juizo de Deus".
Francisco Turretino, Genebra (1623-1687),Locus 9, Q. 9,
§§ 6, 14.*
Amesio, Medulla Theolog., Lib., prim., cap. 17: "2. Esta
propaga<;;ao do pecado consta de duas partes, deimputafiio e de
com unicafiio real. 3. Pela imputafiio esse ato unico de
• Turretino, apud Hodge, System. Theol., 2, p. 211: "Recaiu sobre n6s a pena
do pecado de Adao, tanto de priva~ao como de puni~ao positiva. Primeiro e
a falta e priva~ao da justi~a original; depois a morte, nao s6 temporal mas
tambem eterna, e para todo o genero humano pecaminoso, que imita os
pecados". Em latim no original. Acrescimo e tradw;;ao de Odayr Olivetti.
LI.Ol
Capitulo 21
desobediencia que Adao cometeu e tornado nosso tambern. 4.
Pela comunicafiiO real, nao somente pelo pecado unico. 5. 0
pecado original, vis to que consiste essencialmente na priva~ao
da justi~a original, e visto que essa priva~ao segue ao primeiro
pecado como urn castigo, entao o pecado original tern em
primeiro lugar a natureza de urn castigo, mais do que a de urn
pecado. E urn castigo, porque a justi~a de Deus nos nega essa
justi~a original; mas e tam bern urn pecado, porque essa justi~a
deveria achar-se presente, e acha-se ausente por culpa humana.
6. Por conseguinte, essa priva~ao nos vern de Adao como
demerito ate onde e castigo, e como causa eficiente real ate
on de se acha ligada a ela a natureza do pecado".
H. Witsio (1636-1708), Economy, Liv. 1, cap: 8, §§ 33 e
34: "E,pois, necessaria que, em virtude da alian~a das obras, o
pecado de Adao seja de tal modo carregado sobre os seus
descendentes, que se achava incluida com ele na mesma
alian~a, que, por causa do demerito do seu pecado, eles nas~am
sem a justi~a original, etc."
Formula Consensus Helvetica (1675), Canone 10: "Parece,
porem, que de modo algum a corrup~ao hereditaria poderia
cair, como morte espiritual, sobre toda a ra~a humana pelo
justo juizo de Deus, se nao fosse precedida por algum pecado
des sa ra~a trazendo sobre ela a pena des sa morte. Porque Deus,
o Juiz supremamente justo de toda a terra, s6 castiga os
culpados."
Confissiio e Catecismos de Westminster- Confissiio, cap. 7, §
2, e cap. 6, § 3; Cat. Maior) Pergs. 22 e 25;Breve Cat., Perg. 18.
0 Presidente Witherspoon, Works (Obras), vol. 4, pag. 97:
"Parece claro que o estado de corrup~ao e maldade em que os
homens se acham agora e, segundo as declara~6es das
Escrituras, efeito e castigo do pecado original de Adao".
Veja tambem a verdade desta doutrina afirmada pelo Dr.
Thomas Chalmers,lnstitutes of Theology, Parte 1, Cap. 6; pelo
Dr. William Cunningham, Theology of the Reformation, Ensaio
7, § 2; pelo Dr. James Thornwell, Collected Writings, Vol. 1,
492
A JmputafiiO do Pecado Original
pags. 479, 559, 561, etc.; e urn artigo de alta erudi<;_:ao escrito
pelo Prof. George P. Fisher, de New Haven, no "New Eng-
lander" de julho de 1868.
Temos, pois, o consenso de catolicos romanos e protestan-
tes, luteranos e reformados, supralapsarios e infralapsarios, de
Gomar e Arminio, do Sinodo de Dortrecht e da Assembleia
de Westminster, da Escocia e da Nova lnglaterra.
493
Capitulo 21
reconhecimento da culpae urn ato judiciale nao impasto pela
soberania de Deus.
"Imputa~ao"( o termo hebraico hasab e o grego logizomai
encontram-se freqiientemente e sao traduzidos por "ter em
conta", "reputar como", "imputar", etc.) e simplesmente levar
alguem sabre os seus ombros urn delito como motivo justo
para que contra ele se proceda segundo a lei, quer o delito
imputado tenha sido cometido pela pessoa que o leva sabre si,
quer haja outro motivo valido para fazer dele, com justi~a,
responsavel por esse deli to. Assim, pois, nao imputar o pecado
a quem o cometeu e deixar, como urn ato da gra~a, de fazer
pesar sobre essa pessoa a culpa do seu ato ou do seu estado
como fundamento para o castigo; e imputar a justi~a sem obras
e por a credito do crente uma justi~a que nao e pessoalmente
dele. -Rom. 4:6,8; 2 Cor. 5:19. Veja Num. 30:15; Lev. 5:17,18;
7: 18; 16.22; (2 Sam. 19: 19; Sal. 32:2); Rom. 2:26; 2 Tim. 4:16,
etc.
A imputa~ao a n6s do pecado de Adao, isto e, a coloca~ao
dele sobre n6s judicialmente, deve ser considerada como se
Deus contemplasse a ra~a humana como urn s6 todo, como
urn s6 corpo moral, antes do que como uma serie de indivfduos.
A ra~a foi condenada como urn s6 todo, e por isso cada indivf-
duo nasce num estado de rufna pre-natal e justa. Turretino o
chama commune peccatum, communis culpa, L.9, Quaes.9. Isso,
e somente isso, eo que a lgreja entende por esta doutrina. A
imputa~ao a n6s em comum do ato de apostasia de Adao leva
o homem, judicialmente, ao desamparo espiritual em parti-
cular, e este o leva, como conseqiiencia necessaria, adeprava~ao
inerente. Por outro lado, a imputa~ao dos nossos pecados em
comum a Cristo resultou em Seu desamparo (Mat. 27:46), mas
o Seu desamparo temporario nao trouxe consigo nenhuma
tendencia para pecado inerente, porque Cristo e o Deus-
-homem. A imputa~ao a n6s da justi~a de Cristo e a condi~ao
da restitui~ao do Espfrito Santo, e essa restitui~ao leva, como
conseqiiencia necessaria, a regenera~ao e asantifica~ao. "E s6
494
r
,
A I mputafiiO do Pee ado Original
enquanto a justijicatio forensis manH~m a posi~ao que teve na
Reforma, precedendo o processo da salva~ao que (esta verdade
doutrinaria) ocupa lugar firme e seguro"- Hist. Prot. Theol.,
de autoria do Dr.]. A. Dorner, vol. 2, pag. 160.
495
Capitulo 21
ao juizo justo de Deus o abandono da ra~a humana aopera~ao
da lei naturale hereditaria.
2°. Essa doutrina euma nega~ao da doutrina universal da
lgreja de que o pecado de Adao foi imposto com justi~a aos
seus descendentes como sobre ele mesmo, e que neles epunido
por deprava~ao como o foi nele. Aquela imputa~ao, fosse qual
fosse o seu motivo, foi evidente e puramente imediata e
antecedent e.
3°. E evidente que o pecado de Adao nao pode ser
imputado mediata e imediatamente ao mesmo tempo e para o
mesmo efeiro. Seria quase urn absurdo supor que os homens
sao punidos judicialmente tendo a corrup<;:ao inerente como
castigo justo do pecado de Adao, e que, ao mesmo tempo, te-
-los como culpados desse pecado porque sofrem aquele castigo.
E por isso que tantos defensores da doutrina da Igreja quanto
a imputa~ao imediata negam que em algum sentido a
imputa<;:ao possa ser mediata.
4°. Mas a pena do pecado de Adao foi a "morte"; isto e,
todos os males penais, tanto os temj:)Orais como os eternos. Os
defensores mais estrenuos da imputa<;:ao imediata, para
explicarem a infli<;:ao do pecado inato e inerente, admitem que
todos os demais elementos da pena imposta a Adao vieram sobre
nos por causa de nossos pr6prios pecados inerentes e realmente
cometidos - Veja Turretino, L. 9, Quaes. 9, § 14, e Princeton
Essays (Ensaios de Princeton).
5°. A culpa do pecado de Adao eimputada imediatamente
ara<;:a como urn s6 todo, e essa imputa~ao diz respeito a cada
individuo anteriormente a sua existencia em uma condi~ao
depravada. Quando se considera cada homem individual em
si mesmo, pessoal e subseqiientemente a seu nascimento, todos
concordam em que econdenado junto com Adao por causa de
uma comum deprava<;:ao e vida inerentes.
6°. Muitos tern dificuldade em conceber como e que a
corrup~ao inerente e herdada pode ser ao mesmo tempo culpa
e corrup~ao. Pensam que urn estado pecaminoso deve ter
496
.
r A Imputafiio do Pecado Original
497
Capitulo 21
segunda, pode-se dizer que a pena positiva e imputada
mediatamente, porque lhe ficamos expostos s6 depois de
nascermos enos acharmos corrompidos".
Segue-se- (1) Que todos admitem efetivamente a impu-
ta~ao imediata e negam que haja somente imputa~ao mediata.
(2) Muitos nao fazem caso da distin<;;:ao, na qual nunca se falou
antes do tempo de Pla~ceo. (3) Alguns afirmam uma e outra,
no sentido explicado acima.
498
A I mputafiiO do Pecado Original
15. Como tem explicado os te6logos ortodoxos o MOTIVO ou o
FUNDAMENTO desta imputafiiO judicial, universalmente
pressuposta, da culpa do pecado original de Adiio aos seus
descendentes?
Concordam geralmente que a ra~a e com justi~a respon-
savel pelas consequencias judiciais desse pecado. Afora isso,
as explica~6es dadas do caso tern sido diversas e muitas vezes
vagas. Veja:
1°. Agostinho entendeu a ra~a como essencialmente uma
s6 unidade. Ate onde se considera Adao como uma pessoa,
seu pecado foi s6 dele; mas ate onde a ra~a inteira estava nele
em sua forma de existencia essencial, nao distribuida e nao
individualizada, o seu ato de apostasia foi a apostasia da ra~a
inteira e, sendo culpada e tambem depravada a natureza
comum, esta e com justi~a distribuida nesta condi~ao e sob a
co ndena~ao a cada individuo. A ra~a inteira coexistia e era
coativa em Adao, nao pessoal ou individualmente, e sim virtual
ou potencialmente. Veja o que dizem o Dr. Philip Schaff, no
Comentario de Lange sabre Romanos, pags. 191-196, eo Dr.
Jorge P. Fisher, em New Englander, julho de 1860. Este e urn
mo do de pensar que ao menos pressup6e a verdade do
realismo; e a linguagem empregada neste sentido tornou-se
tradicional na lgreja e tern sido empregada num sentido geral
por muitos que estavam lange de serem realistas em filosofia,
quando tratavam da nossa rela~ao com Adao. Ate entre te6logos
que rejeitaram explicitamente o realismo e o substituiram
definitivamente por outra explica~ao dos fatos, tern sido
conservadas formas de expressao que tiveram origem nesse
realismo. A ra~a inteira tern sido considerada como uma s6
unidade organica, e tem-se dito que estivemos em Adao como
os ramos estao numa arvore, etc. Explica~6es como esta e
outras tern continuado ate aos tempos ulteriores, e tern sido
mescladas com outras essencialmente diversas, como, por
exemplo, a da representa~ao, etc. Esta, por pouco satisfat6ria
que seja como explica~ao da nossa culpa, e muito ortodoxa,
499
Capitulo 21
nao s6 pelo numero e pela autoridade dos escritores que a
adotaram, mas tambem porque nela se acha incluido, no mais
alto grau concebivel, o motivo da imputa<;ao imediata. 0 ato
de apostasia de Adao nose imputada como foi a Adao "porque
fomos co-agentes culpados com ele nesse ato" - Essays
(Ensaios ), de Shedd.
2°. A teoria federal pressup6e a rela<;ao natural. Adao era,
diante de Deus no Paraiso, urn agente moral, livre, responsavel,
falivel, com urn corpo animal e uma natureza geradora,
procriadora. Se nao interviesse urn milagre, levaria seus filhos
consigo em seus destinos. Tomando-se em considera<;ao
somente a lei, o seu estado dependia, e nao podia deixar de
depender sempre, da sua livre vontade (do seu livre-arbitrio).
Por isso Deus, como o Curador benevolo e justo de todas as
criaturas morais, por Sua gra<;a constituiu Adao como cabe<;a
e representante federal da ra<;a como urn todo e lhe prometeu,
para ele e para todos, a vida eterna, ou seja, a santidade e a
felicidade confirmadas, sob a condi<;ao de obediencia
temporaria em condi<;6es favoniveis, e o amea<;ou, para ele e
para todos, com a pena de morte, ou seja, a condena<;ao e o
desamparo, se desobedecesse. Este foi urn ato de gra<;a em favor
de Adao, porque substituiu uma prova<;ao eterna por uma
temporaria. E foi tambem urn ato de gra<;a em nosso favor,
pelas raz6es mencionadas abaixo.
Esta "teologia federal" foi desenvolvida e introduzida em
toda a sua plenitude de pormenores e rela<;6es por Cocceio
( 1602-1669), lente em Franecker e em Leyden. Foi considerada
como urn sistema muito biblico, substituiu o escolasticismo
tanto em voga, destruiu para sempre a influencia das especu-
la<;6es supralapsarias e, com certas modifica<;6es, foi aceita
gradativamente tanto por luteranos e arminianos como por
calvinistas.
Duas coisas, porem sao historicamente certas:
1a. Que a ideia de uma alian<;a com Adao, seus descen-
dentes inclusive, havia sido concebida claramente e proposta
500
A I mputafiiO do Pee ado Original
enfaticamente muito tempo antes dessa ocorrencia. Isso fora
feito por Catherina diante do Condlio de Trento (Hist. Cone.
de Trento, de autoria do padre Paul, pags. 175, 177), e entre os
protestantes por homens como Hyperio Ct 1567), Oleviano
(cerca de 1563) e Rafael Eglin (Hist. Prot., Theol., de Dorner,
vol. 2, pags. 31 -45).
za. Que as ideias essenciais da teoria da representa~ao
fed eral prevaleceram muito geralmente entre os te6logos
protestantes desde o principia. 0 Dr. Carlos P. Krauth, falan-
do da teologia luterana como urn todo, diz: "Os motivos
assinalados para a irnputa~ao e a transrnissao tern como centro
o carater representativo de Adao (e Eva). As rninudencias
tecnicas da ideia federal aparecerarn rnais tarde, mas a ideia
essencial ern si existia ja no corne~o da nossa teologia".
Melanchthon disse: "Adao e Eva rnerecerarn culpae deprava~ao
para sua posteridade, porque os nossos prirneiros pais haviarn
sido dotados de integridade, para que a conservassern para a
sua posteridade inteira, e nesta prova~ao representaram a ra~a
hurnana inteirarnente" - Explicatio Symboli Niceni, Corp.
Refor.23: 403 e 583.
Chernnitz (1522-1586),Loci theol., fol. 213,214, diz: "Deus
depositou ern Adao os dons corn os quais quis adornar a
natureza hurnana, sob a condi~ao de que, se Adao os guardasse
para si, guarda-los-ia para a sua posteridade; e que, se os per-
desse e se tornasse depravado, geraria filhos a sua irnagern".
H utter, Ct 1616),Lb. Chr. Com. Expli. 90, Wittenberg, diz: ''Adao
representou a ra~a hurnana toda inteira" . Assirn tarnbern Tiago
Arrnfnio Ct 1609) - (Disp. 31, Thes. 9); Joao Owen (1616-1683)
- (Justification, pag. 286); a Confissiio de westminster, Cap. 7, § 2,
e Cat. Maior, 22 (1646 e 1647).
Parece, pois, que quando os escritores teol6gicos, poste-
riorrnente ao predornfnio da filosofia realista, explicarn a nossa
unidade moral corn Adao por rneio das frases gerais e nao
interpretadas de "que n6s pecarnos nele estando na sua coxa",
ou "sendo ele a nossa raiz", nao se deve entender estas frases
501
Capitulo 21
como se excluissem toda referencia a representac;;ao ou a
responsabilidade que pesava sobre ele em virtude da alianc;;a.
Essa linguagem exprime a verdade segundo qualquer das duas
teorias, ou mesmo quando as duas sao combinadas numa s6
noc;;ao. E pela substitui~ao indiscriminada dos termos ve-se
que muitas vezes as duas teorias estavam latentes debaixo de
uma no~ao geral.
502
A I mputafiio do Pecado Original
civiliza~ao e de toda interven~ao de carater missionario,
tornam-se fundadores de uma ra~a decaida. As iniquidades
dos pais sao visitadas nos filhos". E ainda: "Uma das conse-
quencias inevitaveis da natureza do homem que o Criador lhe
deu e que, tendo deixado livre a sua vontade, a vontade do pai
se tornasse o destino do filho".
503
Capitulo 21
504
A I mputafdo do Pecado Original
J mesma forma como foi o todo de onde essa parte foi separada?
Nao sera isso confundir os atributos de espirito e materia, e
cxplicar o pecado como material? E nao eo pecado eminente-
mente espiritual e pessoal?
505
Capitulo 21
pelagianos sup6em que foi adotado. 0 terceiro e, sem
compara~ao, o plano mais vantajoso para os homens." -
Syllabus (Sumario) do Dr. Robert L. Dabney. A prova~ao
separada das almas nascentes das crian~as nao era de certo
preferivel.
3a. Deus, decerto, como materia de fato, sujeitou Adao a
uma prova especial e temporariamente limitada, e fez-lhe uma
promessa de "Vida" eo amea~ou de "Morte". E esta mesma
pena, da qual ele foi amea~ado, em seu sentido geral e em seus
termos especiais (Gen. 2: 17; 3: 16-19) tern sido infligida a toda
a sua posteridade.
4a. Esta teoria e confirmada tambem pela anaiogia que as
Sagradas Escrituras afirmam existir entre a imputa~ao a nos
do pecado original de Adao e a imputa~ao a Cristo dos nossos
pecados e da Sua justi~a a nos. Isso mostra que a ra~a e uma
unidade com Adao e que os eleitos sao uma unidade com
Cristo. Esta analogia e por certo mais completa segundo a teoria
federativa da uniao intima entre Adao e a ra~a do que segundo
qualquer teoria que nao fa~a caso dessa uniao. Tanto a alian~a
da gra~a, que incluiu os eleitos, como a alian~a das obras, que
incluiu a ra~a, vieram da gra~a divina. Cristo, pelo amor que
nos teve, tornou-se voluntariamente o Cabe~a do Seu povo;
Adao, pela obediencia que devia a Deus, e por interesse e
dever, nao se recusou a tornar-se o cabe~a federal da ra~a
humana. Deus, por Sua gra~a, escolheu os eleitos pelo amor
que lhes tern, e tambem por Sua gra~a incluiu os descen-
dentes de Adao em sua representa~ao, como ato de beneficencia
para com eles.
Nao sera verdade que o que restar de misterioso nesta
doutrina perde-se nesse abismo aberto pelo Jato da permissao
para que entrasse opecado, diante do qual todas as diversas escolas
de tefstas deste lado do veu severn obrigados a prostrar-se em
silencio?
506
I
22
A Alian~a da Gra~a
A ALIAN(:A DA GRA(:A
E evidente-
1°. Que, sendo Deus uma inteligencia infinita, eterna e
imutavel, deve, desde o prindpio, ter formado urn plano
totalmente abrangente e imutavel, de tudo quanto iria fazer
no tempo, plano no qual deviam achar-se incluidas Suas obras
de Criac;ao, Providencia e Redenc;ao.
2°. U m plano forma do pelas tres Pessoas, e que, nas suas
diversas partes redprocas, devia ser distribuido entre Elas e
por Elas ser executado, como Aquele que enviou e Aquele
que foi enviado, como Dirigente e Mediador, como Executor
e Aplicador, deve necessariamente possuir todos os atributos
essenciais de uma alianc;a eterna entre essas Pessoas.
3°. Desde que Deus, em todos os diversos ramos do Seu
governo moral, trata o homem como urn ser moral, inteligente,
voluntario e responsavel, segue-se que a execuc;ao do plano da
507
Capitulo 22
reden~ao deve ser etica e nao magica em seu carater geral, deve
proceder pela revela~ao de verdades e pelas influencias de
motivos, eo plano deve ser apropriado voluntariamente por
aqueles que lhe estao sujeitos, como uma gra~a oferecida a eles,
e lhe devem obedecer como a urn dever imposto, sob pena de
reprova~ao. Dai se segue que a sua aplica~ao deve possuir todos
os atributos essenciais de uma alian~a feita no tempo entre
Deus e Seu povo.
508
A Alianfa da Grafa
7°. A alian~a feita com Arao, de urn sacerd6cio eterno ou
perpetuo- Num. 25:12,13.
8°. A alian~a feita com Davi- Jer. 33:21,22; Sal. 89:4,5.
509
Capitulo 22
510
opiniao, Cristo nao euma das partes da alianc.;:a, e e, sim, o seu
Mediador a favor dos Seus eleitos, e seu Fiador; isto e, Ele
garante que todas as condic.;:6es exigidas dos eleitos serao
cumpridas por eles mediante a grac.;:a divina.
2a. Conforme a segunda opiniao, houve duas alianc.;:as, das
quais a primeira, chamada alianc.;:a da redenc.;:ao, foi feita desde
toda a eternidade entre o Pai eo Filho como partes. Nela o
Filho prometeu obedecer e sofrer, e o Pai prometeu dar-lhe
urn povo e conceder a este, no Filho, todas as benc.;:aos espiri-
tuais e a vida eterna. A segunda, chamada alianc.;:a da grac.;:a, e
feita por Deus com os eleitos como partes, sendo Cristo o
Mediador e o Fiador a favor do Seu povo.
3a. Falando as Escrituras em dois Adaos, dos quais urn
representa a rac.;:a inteira na economia da natureza, eo outro o
corpo inteiro dos eleitos numa economia baseada na grac.;:a,
parece mais simples considerar como o fundamento de todo o
proceder de Deus em relac.;:ao aos homens, somente as duas
alianc.;:as contrastadas, das obras e da grac.;:a. A primeira destas,
feita por Deus no jardim do Eden com Adao como cabec.;:a e
representante federal de toda a sua posteridade. Das promessas,
condic,;:6es, penas e resultados dessa alianc.;:a ja falei sob titulo
anterior (veja o Capitulo 17). A segunda, ou seja, a alianc.;:a da
grac.;:a, feita nos conselhos da eternidade entre o Pai eo Filho
como partes contratantes. Segundo esta opiniao, o Filho entrou
nesta alianc.;:a na qualidade de segundo Adao, representou todo
o Seu povo como seu Mediador e Fiador, assumiu o seu lugar
e tomou sobre Si todas as obrigac,;:6es que eles tinham debaixo
da alianc.;:a das obras, violada, e tomou sobre Si o aplicar-lhes
todos os beneficios alcanc.;:ados por esta eterna alianc.;:a da grac.;:a
e fazer com que eles cumprissem todos os deveres envolvidos
nesta mesma alianc.;:a. Assim, pois, sob urn aspecto, esta alianc.;:a
pode ser considerada como se fosse feita pela cabec,;:a para a
salvac.;:ao dos membros, e, sob outro, como se fosse feito com os
membros em sua cabec.;:a e seu abonador. Porque aquila que e
uma grac.;:a vinda de Deus e para n6s urn clever, como ora
511
Capitulo 22
512
asseguram aqueles a quem pertencem.
Para as exposis;6es de nossos livros simb61icos (nossos
simbolos de fe) sabre este assunto, comparem-se a Confzssiio de
Fe, cap.7, ses;ao 3, como Catecismo Maior, Pergs. 30-36.
513
Capitulo 22
514
A Alianfa da Grafa
515
Capitulo22
alian~a,enquanto que sob a "primeira" e "antiga" ou "velha"
dispensa~ao Ele estava oculto. Veja Comm. on Hebrews, de
Sampson.
6°. Como Mediador Cristo obriga-Se tambem a dar a Seu
povo a fe, o arrependimento e todas as gra~as, e garante por
eles que da sua parte exercerao a fe, arrepender-se-ao e
cumprirao todos os seus deveres.
517
Capitulo 22
nos une a Cristo e, assim, eo antecedente necessaria, mas nunca
,
a causa merecedora da salva~ao gratuita que se segue. A fe,
como condi~ao, e naturalmente fe viva, que necessariamente
produz "confissao" e obediencia.
518
5°. As institui~6es cerimoniais de Moises eram simbolos
e tipos da obra realizada por Cristo; como simbolos, elas
figuravam para os antigos, e para a sua salva~ao, os mereci-
mentos e a gra~a de Cristo; e como tipos, elas profetizavam a
substancia daqui1o que haveria de vir - Heb. 10: 1-10; Col.
2:17.
6°. Cristo eo Jeova (lave) da antiga dispensa~ao. Veja
acima, Cap. 9, Perg. 14.
519
Capitulo 22 '
3°. Por meio de revela<;;6es imediatas e manifesta<;;6es
pessoais de Jeova (lave) ou do Mediador divino. Assim "o
Senhor" e representado nos onze primeiros capftulos de
Genesis como "falando" aos homens. Que essas promessas e
sacriffcios eram entendidos em sua verdadeira significas:ao
espiritual fica provado pelo que se le em Heb. 11 :4-7. E que
essa administra<;;ao da alianc;a da grac;a estendeu-se a muitos
povos da terra durante esse periodo fica provado pela hist6ria
de J 6, na Arabia, de Abraao, na Mesopotamia, e de Melquise-
deque, em Canaa.
520
sistema todo tinha referencia a essa rela<;:ao. ·1 •
2°. Sob outro aspecto, foi urn pacto legal, porque a lei
moral, obediencia aqual foi a condi<;:ao imposta na alian<;:a das
obras, figurou nele proeminentemente, e conformidade a essa
lei foi imposta como a condic;ao de gozarem os israelitas do
favor divino e de todas as benc;aos nacionais. Mesmo o sistema
cerirnonial, no seu aspecto rneramente literal, e sern referencia
a seu aspecto simb61ico, foi tambern uma regrade obras; porque
"maldito aquele que nao confirmar as palavras desta lei, nao
as cumprindo"- Deut. 27:26.
3°. Na significa<;:ao simb6lica e tipica de todas as insti-
tui<;:6es mosaicas, elas foram uma revela<;:ao mais clara e mais
completa do que nenhuma anterior, das provisoes da alian~a
da gra<;:a. Isso e cornprovado abundantemente por toda a
Epistola aos Hebreus. Veja Hodge on Romans (Hodge sobre
Romanos).
521
Capitulo 22
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23
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A Pessoa de Cristo
523
Capitulo23
Essa profecia refere-se explicitamente ao Messias e a Sua
obra peculiar e exclusiva. Que as setenta semanas mencionadas
aqui devem ser interpretadas como semanas de anos, e certo,
1°. Porque era costume judaico dividir assim o tempo; 2°.
Porque eo uso comum nos livros profeticos. Veja Ez. 4:6; Apoc.
12:6; 13:5; e 3°. Porque a interpreta~ao literal das palavras,
como setenta semanas, e impraticavel. ~
A profecia e que em sete semanas de anos, ou em quarenta
e nove anos depois de findo o cativeiro, a cidade seria reedifi-
cada; que em sessenta e duas semanas de anos, ou quatrocentos
e trinta e quatro anos depois de reedificada a cidade, apareceria
o Messias; que Ele, durante o periodo de uma semana de anos,
confirmaria a alian~a, e que, no meio da semana, seria cortado.
Ha alguma duvida quanto a data exata da qual se deve
come~ar calcular; mas a maior diferen~a nao e mais de dez
anos, e a data mais provavel faz a profecia coincidir exatamente
com a hist6ria de Cristo.
524
A Pessoa de Cristo
desprezo e o ultimo dos hom ens, urn varao de do res", e ser
"cortado da terra dos viventes" - Is. cap. 53 (Figueiredo).
Deveria ser uma luz para os gentios e sob a Sua administra~ao
deveria mudar-se a condi~ao moral do mundo inteiro- Is.
42:6; 49:6; 60:1-7. Sua morte deveria ser expiat6ria- Is.
53:5,9,12. Ele deveria entrar na cidade montado num
jumentinho - Zac. 9:9, e ser vendido por trinta moedas de
prata.- Zac. 11:12,13. Suas vestes deveriam ser repartidas por
sorteio.- Sal. 22:19. Deveriam dar-lhe vinagre a heber- Sal.
49:22. As pr6prias palavras que deveria pronunciar na cruz
foram preditas- Sal. 22:2. Poi predito tambem que Ele seria
traspassado, Zac. 12:10, e que a Sua morte e a Sua sepultura
seriam com os impios e com os ricos- Is. 53:9. VejaEvidences
of Christianity (Evidencias do Cristianismo ), do Dr. Alexander.
525
Capitulo 23
que Cristo possui ao mesmo tempo, na unidade da Sua Pessoa,
dois espfritos, com todos os seus atributos essenciais, a
consciencia, a mente, os sentimentos e a vontade humanos, e a
consciencia, a mente, os sentimentos e a vontade divinos.
CGemina substancia, gem ina mens, gem ina sapientia robur et virtus"
- Admonitia Neostadtiensis, 1581, da qual Ursinus foi o au tor
principal). Mas nao convem que procuremos explicar a
maneira pela qual os dois espiritos afetam mutuamente urn ao
outro, nem ate onde eles se unem numa s6 consciencia, nem
como as duas vontades cooperam numa s6 atividade na uniao
da Pessoa (mica.
4°. Nao obstante isso, eles, unidos assim, constituem uma
s6 Pessoa, e a esta (mica Pessoa pertencem os atributos das duas
naturezas.
5°. Esta Personalidade nao e personalidade nova consti-
tuida pela uniao das duas naturezas no ventre da virgem, mas
e a Pessoa eterna e imunivel dologos,_a qual no tempo assumiu
uma nascente natureza humana e sempre depois abrange a
natureza humana com a divina na Personalidade que pertence
eternamente adivina.
526
A Pessoa de Cristo
disdpulo que estavarecostado em Seupeito- Joao 11 :5; 13:23.
A absoluta deidade de Cristo ja foi provada acima, Cap.9.
527
Capitulo23
chama para a vida OS mortos, ainda e homem.
As a<;:6es mediatarias pertencem a ambas as naturezas.
Devemos lembrar, porem, que, enquanto a Pessoa e uma s6, as
naturezas, como tais, sao distintas. 0 que pertence a qualquer
das naturezas e atribuido aPessoa unica, aqual as duas naturezas
pertencem; mas o que e peculiar a uma delas nunca e atribuido
a outra. Deus, isto e, a Pessoa divina, que e ao mesmo tempo
Deus e homem, deu Seu sangue por Sua Igreja, isto e, morreu
quanta a sua natureza humana (Atos 20:28). Mas nunca se
afirma que as a<;:6es e os atributos humanos sao da natureza
divina de Cristo, nem que as a<;:6es e os atributos divinos sao
da Sua natureza humana.
1
I
528
A Pessoa de Cristo
por esta uniao. A inteira essencia divina e imunivel continuou
a subsistir como o eterno Verba pessoal, abrangendo entao uma
perfeita natureza humana na unidade da Sua Pessoa e como o
orgao da Sua vontade. Contudo, em conseqiiencia desta uniao,
foi alterada a rela~ao da natureza divina com a cria~ao toda,
porque Cristo tornou-se, assim, Emanuel, "Deus conosco",
"Deus que se manifestou em carne".
529
Capitulo 23
foi tentado; (b) praticamente inexaurivel, apesar de tudo
quanto se Lhe pede no exerdcio constan~e das fun~6es
mediatarias que envolvem ambas as naturezas.
Dai vern a doutrina da lgreja a respeito da "communicatio
idiomatum vel proprietatum" (comunicac;ao de peculiaridades ou
de propriedades) das duas naturezas de Cristo. Esta doutrina e
afirmada no concreto a respeito da Pessoa, mas negada noabstrato
a respeito das naturezas; e afirmada utrius naturce ad personam
(das duas naturezas para com a Pessoa), mas e negada utrius
naturce ad naturam (das duas naturezas para com esta ou aquela
natureza).
530
A Pessoa de Cristo
das naturezas, sendo que aquilo que se afirma e proprio da
outra. , - ·· ·· ,
4°. 0 espirito ea pessoa. Quando ele deixa 0 corpo, este e
sepultado como cadaver, enquanto que o espirito vai para o
Juizo. Na ressurrei~ao, o espirito reassumira o corpo correspon-
dente asua pessoa.
5°. Enquanto estes se acham unidos, a pessoa possui e
manifesta os atributos de ambas as naturezas; e, em virtude
da uniao, o espirito sem extensao acha-se presente onde quer
que o corpo esteja, com extensao, e a materia inerte e insen-
sfvel dos tecidos nervosos exulta com sensa~6es e palpita com
desejos pois esses nervos sao sensores da alma que sente e
deseja.
531
Capitulo23
Estes sustentavam que o proprio ato de encarna~ao efetuou,
como sendo a essencia da uniao pessoal, que cada uma das
naturezas participasse das propriedades da outra. Desde a sua
conceps:ao no ventre da virgem, a natureza humana de Cristo
foi dotada inalienavelmente de toda a majestade divina e de
todas as propriedades que a constituem. Estas estavam
necessariamente em exerdcio desde o prindpio, mas nao se
manifestaram durante a Sua vida terrestre, estando ocultas. Os
fatos da vida de Cristo durante o Seu estado de humilha<;;ao
tern, portanto, sua explica~ao numakrypsis voluntaria, ou seja,
num ocultamento das propriedades divinas da Sua natureza
humana. ·
za. A outra opiniao, menos extrema, e a representada por
Martinho Chemnitz e os teologos de Giessen. Eles tambem
sustentavam que, pelo proprio ato de encarna~ao, a humani-
dade de Cristo foi dotada de perfei~6es divinas. Que, quanto a
sua rela~ao ao espas_:o, Logos non extra carnem, et caro non extra
Logon (ou seja, o Logos nao sai dos limites da carne, e esta nao
sai dos limites do Logos). Ensinavam, contudo, que o exerdcio
dessas perfeis;6es nao era necessario (no sentido filosofico da
palavra), e, sim sujeito avontade da Pessoa divina, a qual fazia
a Sua natureza humana achar-se presente onde e quando quer
que o quisesse, e a qual, durante o periodo da Sua humilhas_:f10
na terra, voluntariamente esvaziou (kenosis) a Sua natureza
humana do seu uso e do exerdcio de seus atributos divinos.
Diz o Prof. A. B. Bruce, D.D., em Humiliation of Christ, Lect. 3
(A Humilha~ao de Cristo, Pales. 3) - "Os luteranos sustentaram
a exalta~ao da humanidade de Cristo para encontrar a Sua
deidade e (enquanto estava na terra) a kenosis da Sua huma-
nidade. Os reformados insistiram na realidade da vida humana
de Cristo e no auto-esvaziamento(kenosis) da Sua deidade para
encontrar a Sua humanidade. Os luteranos sustentaram a vida
dupla da Sua humanidade glorificada (a presen~a local e a
onipresen~a nao local). A tendencia reformada foi reconhecer
a vida dupla do Logos - totus extra Jesum e totus in Jesus"
532
A Pessoa de Cristo
(totalmente fora de Jesus e totalmente em Jesus). 'i !
Nos rejeitamos a opinHio luterana:
1°. Porque nao eensinada na Biblia. Funda-se realmente
em sua erronea interpreta~ao das palavras de Cristo: "Is to eo
meu corpo".
2°. E impossivel concilia-la com os fenomenos da vida
terrena de Cristo. Aumenta a dificuldade do problema para
cuja explica~ao ela foi inventada.
3°. Ela virtualmente destr6i a encarna~ao, porque, segundo
essa doutrina, a natureza divina assimila a natureza humana
atribuindo a esta certas propriedades daquela, ab-rogando-a
assim virtualmente e deixando efetivamente s6 a divina.
4°. Envolve a falacia de se conceber que as propriedades
sao sepaniveis das substancias das quais elas sao as for~as ativas,
e assim se exp6e as mesmas criticas a que se exp6e a doutrina
da transubstancia~ao.
533
Capitulo 23
18. Quais os credos em que esta doutrina tern sido mais
acuradamente definida? E por quais concilios?
1°. 0 Credo do Concilio de Niceia, ernendado pelo Concilio
de Constantinopla, como tarnbern o Credo de Atamisio eo de
Calcedonia, sao exposic;6es acuradas e autorizadas de toda a
Igreja quanto a esta doutrina. Eles se acharn no Cap. 7, acirna.
2°. A decisao do Concilio de Efeso a respeito, 431 d.C.,
condenando os nestorianos e afirrnando a unidade da Pessoa;
a decisao do Concilio de Calcedonia (451) contra Eutico,
afirrnando a distinc;ao das naturezas (contra a ideia de fusao,
de Eutico).
3°. A decisao do Concilio de Constantinopla (681) contra
os rnonotelitas (que afirrnavarn urna s6 vontade na Pessoa (mica
de Cristo), afirrnando que a natureza hurnana de Cristo retern
na cornpleta integridade urna vontade separada como tam bern
urna inteligencia separada. Essas decis6es conciliares
concluirarn a definic;ao, aperfeic;oada pouco a pouco, da Igreja
sobre a Pessoa de Cristo, e tern sido aceitas por todos OS
protestantes.
534
A Pessoa de Cristo
21. Quais partidos negam a verdadeira humanidade de
Cristo) e par quais motivos?
Estas especula<;:6es tiveram todas uma origem gn6stica.
Dai veio a convic<;:ao de que a materia e rna em si mesma, e
que inumerosceons, ou grandes emana<;:6es espirituais de Deus,
que eo Absoluto, medeiam entre Este eo mundo. Ospneumata
vern de Deus, mas a materia existe por si mesma e as almas
animais vern de urn ser men or do que Deus. Por is so os docetce
(docetistas; dedokeo, supor, pensar, parecer) sustentavam que
a natureza humana (corpo e alma) de Cristo era urn mero
fantasma ou aparencia, sem nenhuma existencia real e
substancial; que nao passava de uma visao ou fantasma atraves
do qual o Logos quis manifestar-se aos homens por algum
tempo.
535
Capitulo23
de Cristo que se torna obscuro o fato igualmente revelado
da unidade da Sua Pessoa.
Essa tendencia foi mais conspicua nos escritos de Teodoro
de Mopsuestia, chefe da escola antioquiana, e, em razao da sua
influencia, ela tornou-se a caracteristica geral dessa escola. A
teologia da Igreja Oriental dos seculos quarto e quinto estava
dividida entre as duas grandes escolas rivais de Alexandria e
de Antioquia. "Na escola de Alexandria predorninava urn
modo intuitivo de pensar, inclinando-se para o misticisrno;
na de Antioquia predorninava uma inclinas;ao 16gica e
reflexiva da inteligencia"- Neander,Hist., Tradw;ao de Torrey,
vol. 2, pag. 352.
Nest6rio, que havia sido rnonge ern Antioquia, veio a ser
patriarca de Constantinopla. Ele censurou a aplica<;;ao da frase
"Mae de Deus" a virgern, afirrnando que Maria dera a luz ao
Cristo e nao a Deus. Cirilo, patriarca de Alexandria, contestou-
-o, e ambos lans;ararn-se anaternas rnutuos. Nest6rio, segundo
o modo antioquiano de pensar, julgiJ.Va que se devia distinguir
clararnente entre as naturezas divina e hurnana de Cristo e
adrnitia sornente umasynafeia (jun<;;fw) de urna e outra, e urna
enoikesis (presen<;;a permanente) da deidade. Cirilo, ao contrario,
foi levado pelas tendencias da escola egipcia (de Alexandria) a
sustentar a perfeita uniao das duas naturezas. Nest6rio, como
representante do seu partido, foi condenado pelo Concilio de
Efeso, ern 431 d.C. -Hist. ofDoct., de Hagenbach, Vol. 1, § 100.
536
A Pessoa de Cristo
Flaviano, patriarca de Constantinopla: "Totus in suis, totus in
nostris"(que afirma a totalidade da natureza divina e a totalidade
da natureza humana na Pessoa de Cristo).
537
Capitulo 23
0 termo kenosis significa urn despejar voluntario de Si
,
mesmo, da Sua deidade, pelo Logos. E derivado de Fil. 2:7:
"aniquilou-se a si mesmo", e tern o apoio de declarac;;6es como
a de Joao 1:14: "o Verbose fez carne, e habitou entre n6s".
1. 0 Pai s6 e de Si mesmo. Ele comunica eternamente a
plenitude da Sua essencia e das perfeic;;6es divinas ao Filho,
dando-Lhe assim o ter vida em Si mesmo. 0 Filho, dimanando
assim eternamente do Pai, une-Se ao Pai na comunicac;;ao da
Sua plenitude ao Espirito, e ea vida do mundo.
2. "Mas o Logos e Deus; tern vida em Si assim como a
tern o Pai; a Sua volic;;ao quanto a receber a vida .do Pai e a
fonte da Sua vida; Sua consciencia de Si e Seu proprio ato.
Daqui se segue que Ele pode suspender Sua consciencia de
Si."
3. Condescendendo em ser concebido no ventre da vir-
gem, o Logos despiu-Se temporariamente da Sua consciencia
de Si e com ela da comunicac;;ao davida do Pai ao Filho, pela
qual o Filho tern vida em Si assim como a tern o Pai, e por isso
estiveram suspensas a Sua onisciencia, a Sua onipresenc;;a eo
Seu governo onipotente do mundo.
4. Quando a substancia do Logos recobrou a Sua cons-
ciencia de Si como o menino Jesus, o foi como urn verdadeiro
menino humano, e Ele cresceu e se desenvolveram o Seu
conhecimento e as Suas faculdades como urn verdadeiro
homem sem pecado, dotado de grac;;a preeminente e da
plenitude do Espirito de Deus que nEle habitava.
5. Quando Jesus foi glorificado, tornou a comec;;ar a eterna
e anteterrena comunicac;;ao da plenitude da vida divina, do Pai
ao Filho, e Este, embora continue a ser verdadeiramente
humano, nao e menos verdadeiramente Deus. E outra vez
eterno, onisciente, onipresente, onipotente. ''Assim urn homem
eadmitido a vida trinitaria da Deidade, da glorificac;;ao do Filho
e por ela"- Reubelt, Script. Doct. Per. Christ.- Gess.
Essa doutrina- 1°. Euma ofensa fei ta as infini tas perfeic;;6es
e a imutabilidade da natureza divina.
538
A Pessoa de Cristo
2°. Nao ecompatfvel como fato de que Cristo, quando na
terra, era Deus real e absoluto.
3°. Tampouco e compatfvel com o fato de que a
humanidade de Cristo foi uma humanidade real, gerada da
semente de Abraao.
4°. Admite-se em geral que e uma doutrina diversa da fe
imemorial e universal da lgreja.
Para uma discussao completa, veja Humiliation of Christ
(A Humilha<;:ao de Cristo), de autoria do Dr. A. B. Bruce.
EXPOSH_;6ES AUTORIZADAS ,
540
A Pessoa de Cristo
natureza divina em Cristo tenha sofrido, nem que Cristo,
segundo a Sua natureza humana, tenha ate agora estado
no mundo e assim em toda parte."
Confissiio de U7estminster, Cap. 8, § 2: "0 Filho de Deus,
a segunda Pessoa da Trindade, sendo verdadeiro e eterno
Deus, da mesma substancia e igual ao Pai, tomou sabre
Si, quando havia chegado a plenitude do tempo, a natureza
do homem e todas as suas propriedades essenciais e suas
enfermidades comuns, mas sem pecado; sendo concebido
pelo poder do Espirito Santo no ventre da virgem Maria,
da sua substancia. De modo que duas naturezas inteiras,
perfeitas e distintas, a deidade e a humanidade, foram
unidas inseparavelmente em uma s6 pessoa, sem con-
versao, composi~ao ou confusao. A qual Pessoa e
verdadeiro Deus e verdadeiro homem, e, contudo, urn s6
Cristo, o (mica Mediador entre Deus e o homem."
/1.1
541
24
542
0 Oficio Medianeiro de Cristo
Pessoa, acima de toda a lei, e sendo, quanta adignidade da Sua
natureza, infinito, pudesse, a favor do Seu povo, prestar a lei
uma obediencia voluntaria e que nao lhe devia por Sua pro-
pria conta, e para que a Sua obediencia e os Seus sofrimentos
tivessem valor infinito. (4) Para que possuisse a sabedoria, o
conhecimento eo poder necessarios para a administrac,;ao dos
reinos infinitos da providencia e da grac,;a que se acham
entregues nas Suas maos como o Principe medianeiro.
2°. Era evidentemente necessaria que fosse homem. (1)
Para que representasse verdadeiramente os homens como o
segundo Adao. (2) Para que fosse feito debaixo da lei, a fim de
tornar possiveis a Sua obediencia, os seus sofrimentos e as Suas
tentac,;6es- Gal. 4:4,5; Luc. 4:1-13. (3) "Foi conveniente que
ele se fizesse em tudo semelhante a seus irmaos, para vir a ser
urn pontifice* compassivo e fiel no seu ministerio ... " (Figuei-
redo)- Heb. 2:17,18; 4:15,16. (4) Para que, em Sua
humanidade glorificada, fosse o cabec,;a da lgreja glorificada,
e exemplo e modelo ao qual os que pertencem ao Seu povo
foram predestinados "para serem conformes aimagem de seu
Filho; a fim de que ele seja o primogenito entre muitos irmaos"
-Rom. 8:29.
*sumo sacerdote
543
Capitulo 24
4. Como se pode classificar os atos de Cristo com referencia
a Suas duas naturezas?
Os te6logos tern distinguido com propriedade (veja
Turretino, in loco) entre a Pes so a que age e a natureza ou a
energia interna pela qual ela age. Afirmamos assim a respeito
do proprio homem, que pensa e que anda. Neste caso, a mesma
pessoa faz estas duas classes de a~6es tao radicalmente distintas,
em virtude das duas naturezas abrangidas por ela. Assim
tambem a Pessoa unica do Deus-homem realiza todos OS atos
que envolvem os atributos de uma natureza divina, em virtude
da Sua natureza divina, e todos os atos que envolvem os
atributos de uma natureza humana, em virtude da Sua natureza
human a.
544
0 Oficio Medianeiro de Cristo
6. Qual o sentido em que os cat6licos romanos tem os santos e
os anjos na conta de mediadores?
Eles nao atribuem, nem aos santos nem aos anjos, a obra
de propicia~ao propriamente dita. Contudo, afirmam que os
merecimentos dos santos sao o motivo e a medida da efic:icia
da sua intercessao, da mesma forma como se da no caso de
Cristo. ·•r;~ :'.~~J ,.;. ~··· .·
545
Capitulo 24
3°. Porque, em virtude da dignidade da Sua Pessoa e da
perfei~.;aoda Sua natureza, todas essas fun~oes foram por Ele
desempenhadas exaustivamente- Heb. 10: 14; Col. 2:10.
4°. Porque nEle ha salva<_;ao perfeita, nao ha salva<;ao em
nenhum outro, e ninguem pode vir ao Pai senao por Ele -
Joao 14:6; Atos 4:12.
5°. Nao ha lugar para nenhum outro mediador entre o
individuo e Cristo- (1) porque Ele e nosso "irmao" e "sacer-
dote compassivo", que convida todos a chegar-se a Ele
imediatamente, (diretamente), Mat. 11 :28; (2) porque a obra
de atrair os homens trazendo-os a Cristo pertence a~ Espirito
Santo- Joao 6:44; 16:14.
546
0 Oficio Medianeiro de Cristo
5°. Enquanto se diz que Cristo, como Mediador, e nosso
"advogado" para como Pai- 1 Joiio 2:4, tambem se diz que o
Espirito Santo e nosso "advogado", traduzido "Consolador",
sobre a terra, para ficar conosco para sempre, mostrar-nos as
coisas de Cristo, e ter controversia como mundo- Joiio 14:16,
26; 15:26; 16:7-9.
6°. Enquanto se diz que Cristo e nosso Mediador para
interceder por n6s no ceu, Heb. 7:25; Rom. 8:34, tambem se
diz que o Espirito Santo, formando dentro de n6s pensamentos
e desejos segundo a vontade de Deus, intercede por n6s, orando
por n6s com gemidos inexprimiveis- Rom. 8:26,27.
7°. A soma de tudo e que temos acesso ao Pai, mediante o
Filho, pelo Espirito- Ef. 2:18.
547
Capitulo24
supremo Profeta dos profetas".
13. Como se pode provar que Ele agiu como tal antes da Sua
encarnafiio?
1°. Por Seu titulo divino de Logos, "Verbo", como o eterno
Revelador por natureza e tambem por oficio.
2°. Ja foi provado (Cap.23, Perg. 11, e Cap. 9, Perg. 14)
que Ele e 0 J eova (lave) da economia do Velho Testamento. E
chamado Conselheiro- Is. 9:6. Anjo do testamento (alian~a)-
548
0 Oficio Medianeiro de Cristo
Mal. 3:1. Interprete*- J6 33:23. -, · ;l, ~
3°. 0 fato e afirmado diretamente no Novo Testamento-
1 Ped. 1:11.
549
Capitulo 24
3°. Toda a significac;ao e virtude do templo, do seu servic;o,
e do sacerd6cio levftico estava no fa to de serem tipicos de Cristo
e da Sua obra como Sacerdote. lsto a Epfstola aos Hebreus
prova claramente.
550
0 Oficio Medianeiro de Cristo
vive sempre para interceder por n6s- Heb. 7:24,25; 9:12,24.
551
Capitulo 24
20. Em que sentido Cristo foi sacerdote segundo a ordem de
Melquisedeque?
0 sacerd6cio araonico foi tfpico de Cristo; mas em dais
principais aspectos deixou de representar o grande Antftipo.
1°. Constava de sucessivas geras:oes de homens mortais.
'
2°. Constava de sacerdotes que nao eram de linhagem real.
Por outro lado, o Espfrito Santo nos apresenta subitamente,
na hist6ria patriarcal, Melquisedeque, sacerdote real, com os
names significativos de "Rei de Justis:a"e "Rei de Paz", Gen.
14:18-20, e tambem subitamente o retira. De onde verne para
onde vai nao sabemos. Como homem particular, ele tinha uma
hist6ria nao escrita, assim como a tern os outros. Mas, como
sacerdote real, ele permanece para sempre sem pai, sem mae,
sem origem, sucessiio ou fim; e par isso, como diz o Espfrito
Santo em Heb. 7:3, foi suscitado antecipadamente, como tipo
exato da eternidade do sacerd6cio de Cristo- Sal. 110:4. A
profecia foi: "Tu es (ou seras) urn sacerdote eterno, segundo a
ordem de Melquisedeque".
Foram duas, pais, as verdades prefiguradas a respeito de
Cristo neste tipo: (1) urn sacerd6cio eterno; (2) a uniao das
fun<;;oes reais e sacerdotais numa s6 pessoa. - Fairbairn,
Typology, Vol. 2, Parte 3, Cap. 3.
552
0 Oficio Medianeiro de Cristo
abrir-nos caminho para Cristo, porque as Escrituras nos
ensinam que e somente por Cristo que podemos chegar ao Pai,
J oao 14:6, e com igual enfase nos ensinam que nos e neces-
saria chegar direta e imediatamente a Cristo- Mat. 11 :28; Joao
5:40; 7.37; Apoc. 3:20; 22:17.
4°. No Novo Testamento nunca se atribui nenhuma fun-
~ao sacerdotal a qualquer dos oficiais nele mencionados, quer
inspirados quer nao, quer ordinarios quer extraordinarios.
Todos os deveres de todos esses oficiais constavam s6 das
fun~6es de ensinar e governar- 1 Cor. 12:28; Ef. 4: 11,12; 1
Tim. 3;1-3; 1 Ped. 5:2.
5°. Sao chamados constantemente por nomes indicativos
de uma classe inteiramente diversa de fun~6es, tais como
"mensageiros, atalaias, arautos da salva~ao, mestres, governa-
dores, administradores, pastores e presbiteros". Veja Bibl.
Repertory, Janeiro, 1845.
553
Capitulo 24
EXPOSI<:;OES AUTORIZADAS
554
0 Oficio Medianeiro de Cristo
sacerdotal, e nove (Se<;ao 7) com a discussao do Seu oficio
real. Sua morte e a maneira pela qual ela contribui para a
nossa salva<;ao sao discutidas (Se<;:ao 5 do cap. 8) sob o
titulo de Seu oficio profetico, enquanto que a Sua obra
sacerdotal, discutida muito vagamente, e representada
como constando principalmente da Sua apresenta<;ao de
Si no ceu como nosso Advogado, sendo eficaz para com
Deus a Sua intercessao em decorrencia de Suas virtudes e
de Seus sofrimentos como martir.
·.·;,
) : ~ ... k. :·' . • ,•
555
25
A NATUREZA DA PROPICIA<;AO
556
A PropiciafiiO ...
2°. A palavra antiga empregada pelos te6logos do seculo
17 era "SA TISF A<;AO". Des sa forma se expressa a cur ada e
adequadamente o que Cristo fez. Como o segundo Adao, Ele
cumpriu todas as condi~6es da quebrada alian~a das obras,
como foi deixada pelo primeiro Adao. (a) Ele sofreu a pena da
transgressao. (b) Prestou a obediencia que foi a condi~ao para
que houvesse "vida".
3°. Distin~ao entre SATISFA<;AO PENAL e SATISFA<;Ao
PECUNIARIA. A primeira diz respeito a crimes e pessoas; a
segunda a dividas e coisas. Elas diferem: (1) Em crimes a
exigencia de se fazer expia~ao termina na pessoa do criminoso;
em dividas, na coisa devida. (2) Em crimes exige-se urn sofri-
mento que, em qualidade, grau e dura~ao, a razao esclarecida
julga exigida pela justi~a; em dividas exige-se exata e
unicamente a coisa devida, urn quid pro quo* exato. (3) Em
crimes e admissivel urn sofrimento vicario somente adiscri~ao
absoluta do soberano; e a conseqi.iente soltura do criminoso e
questao de gra~a; em dfvidas o pagamento da coisa devida,
seja quem for que o fa<;;a, livra ipso facto; e sua aceita<;;ao e a
soltura do devedor nao sao questao de gra<;;a. (Turretino, L.l4;
Qs. 10).
4°.0 significado do termo PENA, e a distin<;;ao entre
CALAMIDADES, CASTIGOS e MALES PENAIS. Calamidades sao
sofrimentos considerados sem referencia alguma ao designio
com que sao infligidos ou permitidos. Castigos sao sofrimentos
como fim de melhorar moralmente o sofredor. Males penais
sao sofrimentos infligidos com o desfgnio de satisfazer as
exigencias da justi<;;a e da lei. Pena e essa especie e grau de
sofrimento que o legislador e juiz supremo determina como
legalmente e, com justi<;;a, devido no caso de qualquer crimi-
noso espedfico. Se urn substituto submeter-se a esses sofrimen-
tos, nao deixarao de ser a pena da lei, se de fato satisfizerem a
* Isto por aquilo (urn pelo outro). Em latim no original. Nota de Odayr
Olivetti.
557
Capitulo 25
lei. A natureza e o grau dos sofrimentos podem com justi~a
ser mudados com a mudan~a da pessoa que os padece, porem
o carater deles como pena permanece, ou o substituto incorre
em falta.
5°. Significado das palavras SUBSTITUI<;Ao e VICARIO.
Substitui~ao eo a to de gra~a de urn soberano, quando permite
que uma pessoa nao obrigada desempenhe urn servi~o ou sofra
urn castigo no lugar de uma pessoa obrigada. 0 desempenho
desse servi~o e o padecimento da pena pelo substituto, e o
substituto que desempenha o servi~o e padece a pena sao
vicarios, is toe, em vez de (vice), como tam bern a favor ~a pessoa
originalmente obrigada. .~
6°. EXPIA<;,AO e PROPICIA<;AO. Estas duas palavras repre-
sentam o termo gregohilaskethai. Quando empregado com ton
the6n, taus theous, como eo caso constantemente nos classicos,
significa fazer propicia~ao pelo pecado por meio de urn
sacrificio de expia~ao. No Novo Testamento e empregado com
tas hamartias- Heb.2: 17, e significa expiar a culpa do pecado.
Expia~ao tern referencia arela~ao da satisfa~ao com o pecado
ou com o pecador. Propicia~ao tern referencia ao efeito
produzido pela satisfa~ao em remover assim o desprazer
judicial de Deus.
7°. IMPETRA<;Ao e APLICA<;Ao. Impetra~ao significa a
obten~ao merit6ria, por meio de sacrificio, dessa salva~ao que
Deus prepara para Seu povo, e aplica~ao refere-se aos atos pelos
quais Deus aplica a salva~ao a Seu povo no processo que
principia com a justifica~ao e a regenera~ao, e termina com a
glorifica~ao.
8°. 0 uso das palavras PROPICIA<::AO e REDEN<::AO. (1) Durante
os seculos 16 e 17 as palavras reden~ao e propicia~ao foram
empregadas por todos, calvinistas e arminianos, como
equivalentes, como, e.g., nos tratados de Baxter e do Dr. Isaac
Barrows sobre Universal Redemption. (Veja Cunningham, Hist.
Theol., Vol. 2, pag. 327, eo Dr. H. B. Smith, em Hist. ofDoct.,
por Hagen bach, Vol. 2, pags. 356, 357. Tam bern a Confissiio de
558
A PropiciafiiO ...
Fe, cap.8, § 1, eo Catecismo Maior, Perg. 59.) (2) Nos tempos
modernos alguns defensores calvinistas de uma propicia<;;:ao
indefinida distinguem assim entre os dois termos: dizem que
a propicia<;;:ao, ou a impetra<;;:ao sacrificial da salva<;;:ao, foi feita
indefinidamente a favor de todos os homens; mas que a
reden<;;:ao, entendendo-se por este termo a aplica<;;:ao que Deus
tencionava fazer da salva<;;:ao, como tam bern a sua impetra<;;:ao,
e limitada aos eleitos (Dr. W B. Weeks, em Atonement, por
Park, pag. 579). (3) Nas Escrituras propicia<;;:ao (kippurim)
significa a expia<;;:ao da culpa por meio de uma pama vicaria, a
fim de propiciar a Deus. Mas o uso biblico da palavra reden<;;:ao
e menos definido e mais compreensivo. Significa livramento
de perda ou de ruina pelo pagamento de urn resgate, que o
nosso substituto (Cristo) fez por nos. Por isso ela pode significar
ou, (a) o ato de urn so substituto pagando esse resgate, e en tao
significa o mesmo que propicia<;;:ao - Gal. 3: 13; ou, (b) pode
significar o nosso conseqiiente livramento especial do nosso
estado de perdidos, como a "morte" ou o "diabo" -Col. 2:15;
Os. 13: 14; ou, (c) o nosso completo revestimento da plena
salva<;;:ao assim alcan<;;:ada- Ef. 1:14; 4:30; Rom. 8:23; etc.
9°. MERITUM e SATISFACTIO. Esta distin<;;:ao foi primei-
ramente assinalada por Tomas de Aquino (l227-l274),Summa
Theologit£, Parte. 3: Q. 48,49. Cristo, como o segundo Adao,
cumpre por nos todas as condi<;;:6es da alian<;;:a das obras, que
fora rompida.Satisfactio exprime a qualidade eo efeito de toda
a Sua obra terrena de obediencia sofredora, mesmo ate a morte,
considerada como urn padecimento da pena, a fim de livrar
dela o Seu povo. Meritum exprime a qualidade eo efeito da
mesma obra considerada como a presta<;;:ao daquela obediencia
que era para o Seu povo a condi<;;:ao para terem a vida. N a
teologia protestante exprime-se esta distin<;;:ao empregando-se
as express6es obediencia ativa e passiva, ou referindo-se a uma
so obra vicaria de Cristo, considerada (a) como urn sofrimento
de males penais, e (b) como obediencia as exigencias da alian<;;:a.
559
Capitulo 25
2. Qual a diferenfa entre as relafoes "natural", "federal" e
"penal" que os homens mantem com a lei divina?
1°. Toda criatura moral, no momento da sua cria<;;ao e em
conseqiiencia da sua natureza, fica necessariamente obrigada
a conformar-se em estado e em ato a lei divina de perfei<;;ao
moral absoluta, e qualquer falta de conformidade e pecado.
Esta rela<;;ao e"natural", perpetua e inalienavel, e e impossivel
que uma pessoa a tome sobre si em lugar de outra, ou como
seu representante.
2°. Aprouve a Deus, por Sua gra<;;a, por o homem, quando
da sua cria<;;ao, sob uma alian<;;a especial, na qual, sob a condi<;;ao
de obediencia perfeita, para a qual estabeleceu uina prova
especial, em condi<;;6es favoraveis e por urn periodo limitado,
Ele prometeu do tar a ra<;;a humana de "vida eterna", com o
estabelecimento, inclusive, de urn carater indefectivel e santo,
e de uma heran<;a celeste para sempre, sendo a alternativa a
pena de "morte" imediata. Esta e a rela<;;ao "federal" com a lei,
da qual a ra<;;a in teira, representada ·por Adao, cai u original-
mente, e na qual os eleitos, representados por Cristo, sao
subseqiientemente habilitados a conservar-se firmes.
3°. Pela queda de Adao todos os homens se encontram
numa rela<;;ao "penal" a Lei, da qual os eleitos estao isentos,
devido ao fato que Cristo a assumiu voluntariamente a favor
deles.
560
A Propiciafiio ...
561
Capitulo 25
4. Como se pode mostrar que a perfeita satisfafiio realizada par
Cristo abrange tanto a Sua obediencia "ativa" como a "passiva", e
tambem a relafiio de cada um destes elementos com a nossa
justificafiio?
Cristo, conquanto fosse hornern, foi urna pessoa divina.
Como tal, Ele voluntariarnente subrneteu-Se a condi<;ao de
"nascido sob a lei", e toda a Sua obediencia terrestre a lei ern
condi<;6es hurnanas foi tao vicaria como o forarn os Seus
sofrirnentos. Sua obediencia "ativa" abrange Sua vida inteira e
Sua rnorte, consideradas como urna obediencia vicaria. Sua
obediencia "passiva" abrange Sua vida inteira e especialrnente
a Sua rnorte sacrificial, considerada como urn padecirnento
vicario.
Adao representava a ra<;a sob a alian<;a original das obras,
feita segundo a gra~a de Deus. Ele caiu, perdendo o direito a
vida eterna, cuja condi<;ao era obediencia perfeita, e incorreu
na pena de rnorte, que era a pena irnposta a desobediencia.
Cristo, o segundo Adao, assurniu por Seus eleitos a alian<;a
que Adao tinha abandonado. Cristo (a) sofreu a pena- "a alma
que pecar, essa rnorrera", (b) adquiriu o prernio- "aquele que
fizer estas coisas vivera por elas". Toda a Sua obediencia
sofredora e vic:iria, como tarnbern os Seus sofrirnentos obedi-
entes sao urna s6 justi~a. Como obediencia "passiva", a justi<;a
de Cristo "satisfaz" a exigencia penal da Lei. Como obediencia
"ativa", ela adquiriu para n6s a vida eterna, desde a regenera<;ao
ate a glorifica<;ao. A irnputa<;ao a n6s dessa justi<;a e nossa
justifica<;ao.
562
A Propiciafiio ...
exato; mas foi uma verdadeira satisfa<;;:ao penal, sendo urn
substituto a pessoa que a sofreu. (3) Nao foi urn mero exemplo
de castigo. (4) Nao foi urn a simples exibi<;;:ao de am or ou de
consagra<;;:ao heroica.
2°. Positivamente: ( 1) Seu MOTIVO foi o am or inefavel que
Deus tern para com os eleitos- Joao 10: 16; Gal.2:20. (2) Quanto
a sua NATUREZA, (a) Cristo e Pessoa divina, mas tomou sobre
Si as responsabilidades legais de Seu povo nas condi<;;:6es de
urn ser humano. (b) Ele obedeceu e sofreu como seu Substituto.
Sua obediencia e Seus sofrimentos foram vicarios. (c) A culpa,
ou a justa responsabilidade legal de nossos pecados, foi-Lhe
imputada, isto e, foi imposta a Ele e punida nEle. (d) Ele nao
passou pelos mesmos sofrimentos, nem quanto a qualidade,
nem quanto ao grau ou dura<;;:ao, que teriam sido infligidos a
nos pecadores, porem passou precisamente pelos sofrimentos
exigidos pela justi<;;:a divina de Sua Pessoa sofrendo em nosso
Iugar. (e) Seus sofrimentos foram os de uma Pessoa divina
sofrendo numa natureza human a. (3) Quanto aos seus EFEITOS,
(a) Foi o efeito, e nao a causa do amor de Deus. Satisfez Sua
justi<;;:a e tornou o exerdcio do Seu amor compativel com Sua
justi<;;:a. (b) Expiou a culpa do pecado e reconciliou Deus
conosco como Governador justo. (c) Alcan<;;:ou a salva<;;:ao
daqueles por quem Ele morreu, adquirindo para eles o dom
do Espirito Santo, os meios de gra<;;:a e a aplica<;;:ao e consuma<;;:ao
da salva<;;:ao. (d) Nao livra ipso facto, como seria no caso de uma
satisfa<;;:ao pecuniaria, mas, como uma satisfa<;;:ao penal e vicaria,
os seus beneficios sao aplicados as pessoas nos tempos e sob as
precondi<;;:6es prescritos pela alian<;;:a feita entre o Pai eo Filho.
Sua aplica<;;:ao e ass unto de direito da parte de Cristo, entretanto
de gra<;;:a, no que diz respeito a nos. (e) Sendo ela uma execu<;;:ao
de justi<;;:a perfeita e castigo vicario, e exemplo muito eficaz e
real de castigo para o universo moral. (f) Sendo ela urn exerdcio
de amor imenso, produz legitimamente a mais profunda
impressao moral, amolecendo o cora<;;:ao, subjugando a rebeliao
e dissipando os receios dos pecadores convictos.
563
Capitulo25
PROVA BIBLICA DA DOUTRINA j
6. Como expor o argumento derivado da natureza da justifa
divina, em apoio desta doutrina?
E evidente que Deus pune o pecado (1) por causa do
demerito intrfnseco dele, que e oposto a retidao essencial e
imutavel da natureza divina; ou, (2) por causa do mal que o
pecado faz as criaturas de Deus, sendo Ele levado a fazer isso
por urn principia de sabia benevolencia que 0 leva a restringir
o pecado, fornecendo motivos dissuasivos; ou, (3) de Sua pura
soberania.
Mas, ja temos provado (veja acima, Cap. 8, Pergs. 59-66)-
(1) Que a perfeifao moral de Deus eessencial e fundamental, e
nao produto da Sua autodetermina~ao. (2) Que em Sua essencial
perfei~ao moral se acha inclufdo urn principia de justi~a que
faz da puni~ao do pecado urn fim em si mesmo. (3) Que a
virtude, e especialmente a justi~a, nao pode ser concebida
como benevolencia desinteressada. ·
Os atributos essenciais de justi~a e benevolencia nao se
acham em conflito. Benevolencia para os que nada merecem e
grafa, que essencialmente da lugar a uma Opfao. A justifa e
livre, mas nao da lugar a uma op~ao.
564
A Propiciafiio ...
cerimonial e imutavel, a fortiori a lei moral 0 e. . .
2°. E declarado que Cristo veio cumprir, e nao suspender
ou rebaixar, a Lei- Mat. 5: 17,18; Rom.3:31; 10.4
3°. E afirmado que Deus ha de punir o pecado- Gen.
2: 17; Ez. 18:4; Rom.3:26.
566
A PropiciafiiO ...
567
Capitulo 25
5°. Esta e a exposi~ao que todos OS judeus instruidos fazem
destes ritos em todos os tempos subsequentes. Veja Outram,
De Sac., Div. 1., Caps. 20-22.
0 SACERDOCIO
568
A PropiciafiiO ...
nomes de todas as tribos. Impunha as maos sobre o bode de
propicia~ao (ou "da expia~ao") que levava o pecado, e confessava
os pecados de to do o povo - Lev. 16: 15 ,21.
2°. Tinha o direi to de se apresentar a Deus, e to do o povo
s6 tinha acesso a Deus por meio dos sacerdotes, especialmente
do sumo sacerdote. Num. 16:5.
3°. Isso os sacerdotes efetuavam por meio de sacrificios
propiciat6rios e de intercessao. Veja acima, Perg. 10. Heb. 5:1-
3; Num. 6:22-27.
2. E declarado que Cristo salva o Seu povo na qualidade
de Sumo Sacerdote.
1°. Tanto no Velho como no Novo Testamento se diz
expressamente que Ele e Sacerdote- Sal. 110:4; Zac. 6: 13;
Heb. 5:6.
2°. Ele possui todas as qualifica~6es necessarias para esse
oficio. (1) Foi escolhido dentre os homens para representa-los.
Comparar Heb. 5:1 com 2:14-18 e 4:15. (2) Foi escolhido por
Deus-Heb. 5:4-6. (3) Foi santo-Reb. 7:26. (4) Tinhao direito
de aproximar-Se de Deus- Heb. 1 :3; 9:11-14.
3°. Ele exerceu todas as fun~6es de urn sacerdote. Dan.
9:24-26; Ef. 5:2; Heb. 9:26; 10:12; 1 Joao 2:1.
4°. No momento em que se consumou a obra realizada
por Cristo, rasgou-se o veu do templo e acabou-se todo o tipico
sistema sacrificial como functus officio (como missao cumprida)
-Mat. 27:50,51.
569
Capitulo 25
em nossas Bfblias por fazer propiciafiio ou expiafiio, aplacar,
reconciliar, perdoar, purgar, limpar, Ez. 16:63; Gen. 32:20,21; Sal.
45:4,5; 78:38; 1 Sam. 3:14; Num. 35:31,32;resgatar, Sal. 49:8;
fazer satisfafiio (receber prefo), Num. 35:31. (3) Katallasso,
reconciliar - pela morte de Cristo, nao imputando as trans-
gress6es, justificando por sangue, etc., Rom. 5:9,1 0; 2 Cor. 5:18-
20.
2°. No que estes efeitos dizem respeito ao pecado, declara-
-se que constituem umaexpiafiio, oupropiciafiiO- Reb. 2: 17; 1
Joao 2:2; 4.10; Lev. 16:6-16.
3°. No que dizem respeito ao pecador, decla~a-se que
consti tuem redenfiio, is to e, livramento median teresgate- 1 Cor.
7:23; Apoc. 5:9; Gal. 3:13; 1 Ped.1:18,19; 1Tim. 2:5; Sal. 51:11;
62:12.
Nas mesmas frases declara-se que a obra realizada por
Cristo e(1) uma ob1as;ao expiat6ria, (2) o pres;o de urn resgate,
e (3) uma satisfas;ao dada a Lei. Portanto, somos "remidos (au
resgatados) pelo sangue precioso de Cristo como de um cordeiro
imaculado e sem contaminafiio alguma". Cristo "deu sua vida em
redenfiiO por muitos". E1e "nos remiu da maldifiio da lei, feito ele
mesmo maldifiiO por nos". '?'lquele que niio havia conhecido o
pecado, Deus fez pecado (is to e, sacrificio pelo pecado) par nos,
para que nos fossemos feitos justifa de Deus nele" (Figueiredo).
Assim, pois, nao se diz que Cristo foi feito urn sacrificio, resgate
e objeto da maldis;ao da Lei, e sim que Ele eesse genera especial
de sacrificio que e urn res gate- que a Sua obra de redens;ao e
de tal natureza que eefetuada pelo fato dEle levar a maldis;ao
da lei em nosso lugar, e que Ele nos resgata oferecendo-Se como
sacrificio cruento a Deus.
570
A PropiciafiiO ...
providenciasse os meios necessarios para alcan<;a-la; mas, se
Deus determinou salvar pecadores, qual o sentido em que,nesse
caso, a satisfa<;:ao prestada por Cristo foi necessaria?
1°. Os defensores da teoria sociniana ou da influencia
moral dizem que ela foi necessaria s6 contingente ou relativa-
mente, como o melhor meio imaginavel de comprovar o amor
de Deus e veneer a oposi<;:ao dos pecadores.
2°. Os defensores da teoria governamental da propicia<;ao
sustentam que ela foi relativamente necessaria unicamente
porque era o melhor exemplo que, para desviar-nos do pecado,
Deus podia dar da Sua determina<;:ao de puni-lo. · ' " ·
3°. Alguns supralapsarios, como o Dr. Twisse, presidente
da Assembleia de Westminster, a fim de exaltarem a soberania
de Deus, tern mantido que havia somente uma necessidade
hipotetica, isto e, que a satisfa<;:ao foi necessaria unicamente
porque Deus tinha determinado perdoar o pecado s6 sob essa
condi<;:ao.
4°. A doutrina verdadeira e que foiabsolutamente necessaria
como ounico meio possivel de satisfazer a justi<;:a de Deus com
referencia ao perdao do pecado. E evidente que os motivos
para uma necessidade absoluta da parte de Deus s6 podem
estar na justi<;:a imutavel da Sua natureza, justi<;:a que esta por
tras da Sua vontade e a determina.
Que a satisfa<;:ao foi absolutamente necessaria fica pro-
vado-
(1) Se fosse possivel alcan<;:ar-nos a salvac;ao de qualquer
outra maneira, Cristo teria morrido em vao- Gal. 2:21; 3:24.
(2) Deus declarou que a Sua dadiva de Jesus Cristo e a
medida do Seu grande amor ao Seu povo. Sendo assim, e
evidente que nao havia outra alternativa, porque de outro modo
o Seu amor nao teria sido o motivo do sacrificio- Rom. 5:8;
Joao 3: 16; 4:9.
(3) Paulo afirma que foi necessaria como justifica<;:ao da
justi<;:a de Deus em rela<;:ao aos pecados passados - Rom.
3:25,26.
571
Capitulo 25
E clara que, se era absoluta a necessidade de satisfa<;;ao,
deveria ter seu motivo na natureza de Deus. Sen do assim, nao
poderia ser outra coisa senao, em sua essencia, uma satisfa<;;ao
dada a justi<;;a ou retidao essencial dessa natureza. Mas uma
satisfm;iio a justi<;;a ofendida e sofrimento penal.
14. Como se pode provar que a satisfa~iio dada par Cristo inclui
tanto a Sua obediencia "ativa" como a "passiva"?
Veja acima, Perg. 1 § 8. Cristo, como o segundo Adao,
toma sabre Si as obrigas,:6es que a alians;a das obras imp6e sabre
o Seu povo no estado em que foram deixadas pela queda do
primeiro Adao. As sans;6es dessa alians;a eram- (1) "0 homem
que fizer estas coisas vivera por elas"- Lev. 18:5, comparado
com Rom. 10:5; Gal. 3:12 e Mat. 19:17. (2) A pena de morte.
Se Cristo sofresse somente a pena de morte e nao prestasse a
obediencia federal exigida de Adao, seguir-se-ia necessaria-
mente, ou (1) que Deus rnudou as condi<;;6es da lei e da "a vida
eterna" sem que fosse curnprida a condi<;;ao irnposta; ou (2)
que n6s nunca poderiarnos alcan<;;ar essa vida; ou (3) que n6s
teriarnos que comes;ar como Adao antes da sua apostasia e
curnprir ern nossas pessoas as condis,:6es da alians;a das obras.
Isso, porem, nos e impossivel, e por isso Cristo as cumpriu
por n6s por Sua obediencia.
Isso e provado -
1°. Pelas Escrituras, que declaram que Ele nao so mente
sofreu a pena, mas tambem, por Seus merecimentos, adquiriu
para n6s "a vida eterna", "a ado<;;ao de filhos" e uma "herans;a
eterna"- Gal. 3:13,14; 4:4,5; Ef. 1:3-13; 5:25-27; Rom. 8:15-
17.
2°. Pela declaras;ao expressa de que Ele nos salva tanto por
Sua obediencia como por Seus sofrimentos- Rom. 5:18,19.
572
A Propiciafiio ...
tern sido sustentado- ··,uc.'i';;.·. t.·. ,ru,.y~ ;~·.:~, -: ·
1°. Por Duns Scotus Ct 1308), que referiu a necessidade de
propicia<_;ao a vontade e nao a natureza, afirmando que cada
obla<_;ao criada tern o valor que a Deus apraz dar~lhe". Aprouve
a Deus, em Sua gra<_;a, aceitar os sofrimentos da natureza
humana de Cristo como suficientes, segundo o principia de
accepti latio, "tamar, segundo a vontade e voluntariamente,
nada por alguma co is a, ou urn a parte por tudo".
2°. Grotio Ct 1645), em sua grande obra De Satisfactione,
etc., afirmou que, por sera lei urn produto da vontade divina,
Deus tinha a prerrogativa inalienavel de relaxa-la (relaxatio), e
que por Sua gra<_;a relaxou-a, aceitando nos sofrimentos de
Cristo alguma coisa diversa e menor do que aquila que a lei
exigia, urn aliud pro quo, e nao urn quid pro quo.
3°. Limborch e Curceloea (t 1712 e t 1659) -Apol. Thea!.,
3:21,6, elnst. Rel. Christi, vol. 5, cap.19: § 5- sustentaram que
Cristo niio sofreu a pena da Lei, mas nos salva como urn
sacrificio que nao foi o pagamento de uma divida e, sim, uma
condi<_;ao que Deus em Sua gra<_;ajulgou suficiente, perdoando,
entao, por Suagrafa, a pena.
4°. As igrejas romana, luterana e reformada sempre tern
sustentado que a satisfa<_;ao dada por Cristo foi a de uma Pessoa
divina e, por isso, foi (1) supererrogat6ria, nao devida a Ele
proprio e podendo ser creditada a outros; (2) de valor infinito.
Desde os tempos de Tomas de Aquino, a igreja cat6lica romana
tern sustentado que e de valor superabundante e, por conseguinte,
satisfaz as exigencias da lei no estrito rigor da justi<_;a.
573
Capitulo 25 J
Seu povo e a sua completa salva~ao. ~~
2°. Os romanistas sustentam que, por meio do batismo, os .
merecimentos de Cristo (1) anulam a culpa de todos os pecados
originais e pr6prios cometidos antes do batismo, e (2) alteram
a pena dos pecados cometidos depois do batismo de morte
eterna para penas temporais. Contudo, as pessoas que depois
de batizadas cometem pecados, tern que expia-los mediante
penitencias ou obras de caridade neste mundo, ou mediante
penas sofridas no purgat6rio, no outro- Cone. de Trento, Sess.
14, cap.S, e Sess. 6, canones 29, 30.
3°. Os arminianos sustentam que a satisfa~ao dada por
Cristo torna possivel a salva~ao de todos OS homens eadquiriu
para eles gra~a suficiente, mas que o seu pleno efeito depende
da livre escolha que eles fizerem.
A verdade da doutrina reformada fica provada ( 1), pelo
fato de que as Escrituras referem o livramento da condena~ao
unicamente a morte de Cristo, e que representam como
disciplinares todos os sofrimentos dos crentes- Rom. 8:1-34;
Heb. 12:5-11. (2) Elas declaram que o sangue de Cristo "nos
purifica de todo pecado" e que "estamos perfeitos nele" que,
por "urn unico sacrificio" nos aperfei~oa - Col. 2:1 0; Heb.
10: 12-14; 1 Joao 1:7. (3) Aunica condi~ao imposta para a nossa
salva~ao e que tenhamos confian~a na obra realizada por Cristo,
e esta mesma confian~a (fe) nose dada como urn resultado dos
merecimentos de Cristo- Ef. 2:7-10. (4) Provamos acima (Perg.
14) que a satisfa~ao dada por Cristo, e como merecimento dela,
adquiriu real e perfeita salva~ao sob certas condi~6es. Veja
abaixo, Perg. 21.
574
A PropiciafiiO ...
RESPONDEMOS- (1) Que nos perdoamos o mal que se nos
faze nada temos a fazer com a puni<;:ao dos pecados, enquanto
Deus pune o pecado e nao pode sofrer males. (2) Provamos
acima (Cap.8, Pergs. 53-58), que nao se pode resolver toda
virtude em benevolencia, que a justi<;:a eatributo essencial de
Deus e que o pecado edesmerecimento intrinseco.
2°. Socino (1539-1604) e outros sustentavam que, se o
pecado epunido, nao pode ser perdoado, e se eperdoado, nao
pode ser punido, e que por isso a nossa doutrina exclui o
exerdcio da gra<;:a livre da parte de Deus em nossa salva<;:ao.
RESPONDEMOS: (1) A livre gra<;:a manifesta-se na soberana
admissao e aceita<;:ao, da parte de Deus, da substitui<;:ao feita
por Cristo, e (2) na soberana imputa~ao de Seus merecimentos
aoa pecador individual. (3) 0 fato de serem livres o amor de
Deus e Sua gra<;:a que levou Cristo a oferecer-Se, e mil vezes
mais conspicuo, a vista dos fatos de que os homens sao con-
denados com justi<;:a e de que ela inexoravelmente exigiu satis-
fac:;ao na auto-humilha<;:ao do nosso Substituto, do que poderia
ser em qualquer soberana relaxa<;:ao da lei ou por qualquer
simples perdao concedido aos arrependidos.
3°. Outra obje<;:ao e que Cristo nao sofreu a pena da lei,
porque nela foram incluidos essencialmente (a) o remorso, (b)
a morte eterna.
RESPONDEMOS: a pena da lei e essencialmente o simples
desprazer divino, envolvendo a retirada da comunhao vivifi-
cadora do Espirito Santo. Tal pena, no caso de toda criatura,
tern por conseqiiencia (a) a morte espiritual, (b) e por isso e
naturalmente eterna. Cristo sofreu esse desprazer e abandono,
Mat. 27:46, mas, sendo Pessoa divina, era impossivel que
sofresse a morte espiritual.
Ele sofreu exatamente esse genero, grau e durac:;ao de dor
que a sabedoria divina, interpretando a justi<;:a divina, exi-
giu de uma Pessoa divina sofrendo vicariamente a pena
dos pecados humanos; pela mesma razao, o sofrimento tem-
ponirio de uma s6 Pessoa divina eurn pleno equivalente legal
575
Capftulo25
do desmerecimento de toda a rac;:a humana.
4°. A objec;:ao feita por Piscator (Professor em Herborn,
1584-1625) e outros contra o reconhecimento da obediencia
ativa de Cristo como elemento componente da satisfac;:ao por
Ele prestada consiste em afirmar: (1) Que, segundo a lei, obe-
diencia e sofrimentos penais eram alternativas. Sese obedece
ao preceito, nao se deve sofrer a pena. (2) Que Cristo, como
hom em, precisava da Sua justic;:a ativa para Si proprio, como a
qualificac;:ao essencial do Seu carater pessoal.
RESPONDEMOS: (1) Como se mostrou acima, Pergs. 2 e
14, Cristo foi o nosso Representante em nossa relac;:aofederal a
lei, e nao em nossa relac;:ao natural. A Sua obediencia ativa e
passiva tern fins diversos, merecendo a primeira os premios
positivos que tern por condic;:ao a obediencia, e a segunda a
benc;:ao negativa da remissao da pena. (2) Cristo, conquanto
homem, e Pessoa divina e, por isso, nunca esteve sujeito
pessoalmente a alianc;:a das obras feita com Adao. Sendo
essencialmente jus to, nasceu debaixo da lei unicamente como
nosso Representante, e Sua obediencia debaixo das condic;:6es
da Sua vida terrestre, assumida voluntariamente, foi pura-
mente vicaria.
5°. Outra objec;:ao dos arminianos e de outros e que a
doutrina segundo a qual Cristo satisfez por n6s as exigencias
preceptivas da lei por Sua obediencia ativa, e tambem sofreu
as suas penas, conduz ao antinomismo.
A RESPOSTA a isso acha-se acima, Perg. 3.
6°. Socino e todos os demais oponentes da doutrina
ortodoxa objetam ainda que, quando a justic;:a exige satisfac;:ao
penal, essa exigencia e essencialmente pessoal. 0 que a justic;:a
ofendida exige e especificamente a punic;:ao da pessoa que
pecou. Como, entao, podem os sofrimentos infligidos a uma
pessoa que substitui arbitrariamente, pela vontade divina, o
criminoso, satisfazer as exigencias da natureza divina? Como
podem os sofrimentos de urn homem inocente substituir, aos
olhos da justic;:a, os do homem culpado?
576
A Propiciafiio ...
RESPOSTA- A substitui<;ao de Cristo, realizada a favor de
pecadores eleitos, nao foi urn ato arbitrario. Ele deu satisfa<;ao
por eles como o Cabe<;a verdadeiramente responsavel de uma
comunidade que constitui uma corpora<;ao moral, constitufda
de pessoas morais. Esta uniao responsavel com Seu povo foi
estabelecida (a) tomando Ele sobre Si, voluntariamente, as suas
responsabilidades legais, (b) reconhecendo Deus, a fonte de
toda a Lei no universo, a Cristo como Fiador, e (c) assumindo
Ele a nossa natureza. Esse e, ao menos, o testemunho da
revela<;ao, testemunho que, se nao pode ser explicado, nao pode
ser desmentido.
0 DESIGNIO DA PROPICIA<:;AO
577
Capitulo25
universal de alguns dos beneffcios adquiridos por Cristo. Os
calvinistas creem que toda a dispensac;ao de longanimidade ~
sob a qual vive a rac;a humana depois da Queda, abrangendo
justOS e injustos para benc_;aos temporais e OS meios de grac_;a, e
parte do que em nosso favor o sangue de Cristo adquiriu. Eles
admitem tambem que Cristo morreu por todos os homens
num sentido tal que por Sua morte Ele tirou todos os obstaculos
legais que impediriam a salvac;ao de todo e qualquer homem
e que a satisfac;ao dada por Ele pudesse ser aplicada a qualquer
pecador, se Deus assim quiser.
2. Mas, positivamente, a questao e qual foi o desfgnio, o
prop6sito, que o Pai eo Filho tiveram em vista na morte vicaria
de Cristo? Esse prop6sito foi tornar certa a salvac;ao dos eleitos,
ou s6 tornar possfvel a salvac;ao de todos? Sua satisfac;ao
abrange a todos indiferentemente, tanto a urn homem como a
qualquer outro? Essa satisfac;ao adquiriu e tornou certa a sua
propria aplicac;ao e todos os meios necessarios para isso, para
todos aqueles em favor dos quais foi especificamente dada? A
impetrac;ao e a aplicac;ao desta propiciac;ao abrangeram a
mesma classe de objetos? Na ordem do prop6sito divino, foi
ela urn meio para alcanc;ar o prop6sito da eleic;ao, ou e esta urn
meio para levar a efeito a satisfac;ao de Cristo, de outro modo
inoperante?
A nossa Confissao de Fe responde-
Cap. 8, § 5: "0 Senhor Jesus, por Sua perfeita
obediencia e pelo sacrificio de si mesmo ... nao somente
adquiriu a reconciliac;:ao, mas tambem uma heranc;:a
perduravel no reino dos ceus para todos os que o Pai Lhe
deu" - Cap. 8, § 6. "Como Deus tern destinado os eleitos
para a gloria, assim tambem, pelo eterno e muito livre
prop6sito da sua vontade, Ele preordenou todos os meios
para isso. Portanto, OS que sao eleitos, tendo caidos em
Adao, sao remidos por Cristo ... Nem ha outros quaisquer
que sejam remidos em Cristo ... senao s6 os eleitos."
Cap. 8, § 8. ''A TODOS aqueles para quem Cristo adqui-
riu a salvac;:ao, ele com certeza e eficazmente aplica e
578
A Propiciar;iio ...
comunica a mesma." Tambem os Artigos do Sinodo de
Dort, Cap. 2, §§ 1, 2, 8.
0 prop6sito com que Cristo morreu foi efetuar aquila que
realmente efetua no resultado. 1°. Incidentalmente, tirar todos
os obstaculos legais do caminho de todos os homens e tornar
objetivamente possivel a salvac;ao de todos os que ouvem o
evangelho, de modo que cada urn tern o direito de apropriar-
-se dela avontade; impetrar benc;aos temporais para todos e OS
meios de grac;a para todos os que deles sao supridos na
providencia divina. Todavia, 2°.Especificamente, Seu prop6sito
foi impetrar a efetiva salvac;ao do Seu povo, em todos os seus
meios, condic;6es e partes, e torna-la infalivelmente certa.
Segundo a maneira dos escolasticos agostinianos, Calvino diz
sabre Joao 2:2: "Cristo morreu suficientemente por todos, mas
eficientemente s6 pelos eleitos". Assim tambem o arcebispo
Usher, numeros 22 e 23 das Cartas publicadas por seu capelao,
Ricardo Parr, D.D.
579
Capitulo25
Diziam que Cristo nao morreu por todos, mas que e morto,
isto e, e aproveinivel, por todos. "Deus deu o dom de Cristo a
todos os homens", diziam eles. Eles distinguiam entre o Seu
"amor que da", que e universal, eo Seu "amor que elege", que
e especial (Marrow of Mod. Divinity). 0 Dr. John Brown disse
perante o Sfnodo da United Secession Church (lgreja Dissidente
Unida), em 1845: "No sentido dos universalistas, que dizem
que Cristo morreu para adquirir a salva~ao, eu sustento que
Ele morreu so pelos eleitos. No sentido dos arminianos, que
dizem que Cristo morreu para alcan~ar condi~oes mais faceis
de salva~ao, e gra~a comum para habilitar os h()mens a
cumprirem essas condi~oes, mantenho que Ele nao morreu
por ninguem. No sentido da maioria dos calvinistas, que dizem
que Cristo morreu para tirar os obstaculos legais do caminho
da salva~ao humana, dando satisfa~ao perfeita pelo pecado, eu
sustento que Ele morreu por todos os homens" - Rev. A.
Robertson, History of Atonement Controversy in Secess. Church
(Hist6ria da Controversia sabre a Expia~ao na lgreja Dissi-
dente).
580
A PropiciafiiO ...
o sinodo frances de 1637, e foram virtualmente condenadas.
Vcja Richard Baxter, Universal Redemption of Mankind by the
Lord Jesus Christ (A Reden<;;iio Universal da Humanidade pelo
Senhor Jesus Cristo) e a resposta de John Owen em sua obra
Death of Christ (A Morte de Cristo), etc.
581
Capitulo25
de vida, e sim a vida mesma que e prometida.
3°. As Escrituras declaram em toda parte que o designio e
o efeito legal da obra de Cristo nao foram para que se tornasse
possivel a salva~ao do pecador, e sim salva-lo efetivamente;
reconcilia-lo com Deus, e nao sornente torna-lo reconciliavel
-Mat. 18:11; Rom. 5:10; 2 Cor. 5:21; Gal. 1:4; 3:13; Ef. 1:7;
2:16.
4°. As Escrituras ensinarn ern toda parte que Cristo, por
Sua obediencia e rnorte, adquiriu a fe, o arrependirnento e as
influencias do Espirito Santo. Segue-se que deve ter adquirido
estes dons para aqueles por quem Ele obedeceu e sofreu, e por
conseguinte, nao podern ser as condi~6es de que depende o
gozo dos beneficios da Sua rnorte. "Deus ... nos aben~oou corn
todas as benfdos espirituais nos lugares celestiais em Cristo." 0
Espirito Santo "abundanternente Ele derrarnou sobre n6spor
Jesus Cristo nosso Salvador"- Tito 3:5,6; Gal. 3: 13,14; Fil. 1:29;
Tito 2: 14; Ef. 5:25,27; 1 Cor. 1:30.
5°. Cristo rnorreu ern conforrnidade corn os terrnos de urna
alian~a eterna entre Ele eo Pai. Isso e certo- (1) Porque tres
Pessoas eternas e inteligentes s6 podern ter tido urn plano
rnutuo compreendendo todas as Suas obras, prescrevendo a
cada urna delas a Sua parte nele. (2) As Escrituras referern-se
rnuitas vezes a essa alian~a- Sal. 89:4,5; Is. 42:6,7; 53:10,12.
(3) Cristo referiu-Se constanternente a ela enquanto a executava
- Luc. 22:29; Joao 6:38; 10:18. (4) Cristo reivindica o prernio
ou recornpensa estipulada- Joao 17:4-9. (5) Cristo fala sobre
os que Lhe haviarn sido dados pelo Pai- Joao 10:25-29; Joao
17:11 etc. Portanto, Jesus Cristo rnorreu especificarnente por
aqueles que o Pai Lhe dera.
6°. Declara-se sernpre que aquilo que rnotivou esse
sacrificio de Si rnesmo ea rnais exaltada forma de amor pessoal
- Joao 15:13; Rom. 5:8; 8:32; Gal. 2:20; Ef. 3:18,19; 1 Joao
3:16; 4:9,10. ~/'".:·' '
7°. A doutrina de que Cristo rnorreu especificarnente pelos
eleitos acha-se exposta ern toda parte nas Escrituras - Joao
582
A Propiciafiio ...
10:11,15; Atos 20:28; Rom. 8:32-35; Ef. 5:25-27.
583
Capitulo 25
rejeitarem a Cristo com a doutrina de que Ele s6 morreu pelos eleitos?
Uma salva~ao totalmente suficiente e exatamente adaptada
as suas necessidades e oferecida de boa fe a todo homem
a quem chega o evangelho, e nao ha como nao seja dele, se
ele crer, senao unicamente por sua propria rna disposi~ao. E
claro que ele nada tern a fazer com o designio que Deus teve
em vista provendo essa salva~ao, alem da promessa positiva
de que Deus a tenciona dar-lhe, se crer. Se urn homem e res-
ponsavel por seu maucora~aoe pelo exercicio detodas as suas
faculdades, e por certo digno de condena~ao por rejeitar
urn Salvador tao bondoso.
584
A Propiciafiio ...
Tais passagens sao hipoteticas e exp6em com verdade a
natureza e tendencia do ato contra o qual nos admoestam, e
sao meios utilizados por Deus, sob a administra~ao do Seu
Espfrito, para cumprir Seus prop6sitos. Deus trata os homens
sempre dirigindo motivos asua inteligencia e asua vontade, e
assim cumpre Seus pr6prios designios por meio dos homens.
No caso do naufragio de Paulo, era certo que ninguem
pereceria; contudo, todos pereceriam se os marinheiros nao
permanecessem no navio- Atos 27:24-31. Segundo o mesmo
principio se deve explicar passagens como Heb.10:27-30; 1
Cor. 8: 11 e todas as demais semelhantes a essas.
585
Capitulo25
conquistado. Essa teoria fundava-se em passagens como Col.
2:15 e Heb. 2:14.
586
A Propiciar,;iio ...
587
Capitulo25
Governamental acima expostas. Foi analisada e exposta de
maneira cientifica primeiro por Anselmo, arcebispo de
Cantaria ( 1093-11 09), em seu celebre livro Cur Deus Homo (Por
que Deus Homem?), e tern formado a base das doutrinas sote-
riol6gicas de todos os credos e da literatura teol6gica classica
de todas as igrejas hist6ricas, desde o tempo em que foi
originariamente formulada ate agora. Foi exposta e comprovada
suficientemente na primeira parte deste capitulo.
LITERATURA.- Hase, Libri Symbolici Eccle. Evangelicae;
Niemeyer, Collectio Confessionum etc.; Streitwolf,Libri Symbolici
Eccle. Catholicae, De Sacrijiciis, Gulielmo Outramo Auctores;
Neander e Schaff, Church Histories; Archb. Magee, The
Atonement; Shedd, History of Christian Doctrine; Owen, Works,
vol. lO,Redemption; Ritschl, Crit. Hist. of the Christ. Doctrine
of Reconciliation; Candlish, The Atonement; Watson,Institutes.
588
A Propiciar;ao ...
589
Cap£tulo25
fracas so total e meu inteiro malogro". · '· 1 • - · •
CONFISSAO ORTODOXA DA IGREJA ORIENTAL
CATOLICA E APOSTOLICA, composta por Petrus Mogilas,
Metropolitano de Kiev, em 1642, e sancionada pelo Sinodo
de Jerusalem em 1672, pag. 85. A morte de Cristo foi morte
muito diversa da morte de todos os demais homens, nestes
aspectos: primeiro, por causa do peso dos nossos pecados;
em segundo Iugar, porque Ele cumpriu o sacerd6cio
completo, mesmo ate a cruz; Ele Se ofereceu a Deus o Pai
para resgate da ra~a humana. Por isso ate a cruz Ele
cumpriu a media~ao entre Deus e os homens".
DOUTRINA ROMANA- Cone. de Trento, Sess. 6, cap. 7:
"Cristo que, sendo n6s inimigos, pela nimia caridade com
que nos amou, adquiriu por n6s a justificat;:ao e satisfez
por n6s ao Pai eterno, com Sua santissima paixao no lenho
da cruz ... ". Catecismo do Cone. de Trento, Parte 2, cap. 5,
Perg. 60: "A primeira e mais excelente satisfa~ao e aquela
pela qual tudo quanta e devido por n6s a Deus por causa
de nossos pecados, foi pago abundantemente, ainda que
Ele nos tratasse segundo o restrito rigor da Sua justic;:a.
Esta e aquela satisfa~ao que n6s dizemos que aplacou a
Deus e no-10 tornou propicio, e isso devemos somente a
Cristo o Senhor que, tendo pago na cruz o pre~o dos nossos
pecados, muito plenamente satisfez a Deus".
CONFISSOES LUTERANAS - Hase, Collection, pag. 684,
Formula Concordice: "Aquela justi~a que, diante de Deus,
somente por Sua gra~a e imputada a fe, ou ao crente, e a
obediencia, o sofrimento e a ressurrei~ao de Cristo, pelos
quais Ele, por amor de n6s, satisfez a lei e expiou os nossos
pecados. Porque, sendo Cristo nao somente homem, e sim
Deus e homem numa s6 Pessoa nao dividida, nao estava
sujeito a Lei nem ao sofrimento e morte por causa de Si
mesmo, porque era o Senhor da Lei. Por isso a Sua
obediencia (nao somente em que Ele obedeceu ao Pai nos
Seus sofrimentos e morte, mas tambem em que Ele, por
amor de n6s, fez-Se voluntariamente sujeito a Lei e
cumpriu-a por Sua obediencia) nos e imputada, de modo
que Deus, por causa des sa inteira obediencia (que Cristo
590
A Propiciafiio ...
591
Capitulo 25
592
...
: '
26
A Intercessao de Cristo
593
Capitulo 26
livre quanto a nos, o cumprimento de todas as promessas da
Sua a1ian~a -1 Joao 2: 1; Joao 17:24; 14:16; Atos 2:33; Heb.
7:25.
3°. Tendo comunhao de natureza com Seu povo e expe-
riencia pessoa1 das mesmas tribula~6es e tenta~6es que as que
os afligem agora, Ele tern empatia com eles, vela por eles e
socorre-os em todas as suas diversas circunstancias, e adapta as
Suas incessantes intercess6es ao curso inteiro da Sua experiencia
-1 Ped. 2:5; Ef. 1:6; Apoc. 8:3; Heb. 4:14-16.
594
A Intercessiio de Cristo
Advogado dentro de n6s, age sabre o nosso entendimento eo
nosso cora~ao, iluminando e vivificando, e assim determinando
os nossos desejos "segundo a vontade de Deus". A obra de urn
e o complemento da do outro, e juntas formam urn todo
completo- Rom. 8:26,27; Joao 14:26.
· .....
595
27
596
Reinado Medianeiro de Cristo
e judicial. Seu fim e a sujei<;ao dos Seus inimigos,(Heb.
10:12,13; 1 Cor. 15:25), a vindica<;ao da justi<;a divina (Joao
5 :22-27; 9:39) eo aperfei<;oamento da Sua Igreja. (2) Seu reino
degrafa, que eespiritual tanto a respeito de Seus suditos, como
de Suas leis, modos de administra<;ao e meios empregados. (3)
Seu reino de gloria, que e a consuma<;:ao da Sua administra<;:ao
providencial e pela gra<;:a, e ha de permanecer para sempre.
597
Capitulo 27
trona literal de Davi, e de Jerusalem, como sua capital, consti-
tuira Seu reino.
2°. A verdade, como e sustentada por todos os ramos da
Igreja his to rica, e que, conquanto Jesus tenha sido virtualmente
Rei medianeiro, como tambem Profeta e Sacerdote desde a
queda de Adao, contudo, a ocasiao em que tomou posse publica
e formal do Seu trona e inaugurou Seu reino espiritual foi
quando subiu ao ceu e assentou-Se a destra de Seu Pai. A prova
disso e que as predi~6es do Velho Testamento sabre o Seu reino
(Sal. 2:6; Jer. 23:5; Is. 9:6; Dan. 2:44) sao aplicadas no Novo
Testamento ao primeiro advento. Joao Batista declarou que o
reino dos ceus estava proximo. Cristo declarou que e"chegado
a v6s o reino de Deus" e o assemelhou ao campo em que
cresciam juntos o trigo e a cizania, etc.- Mat. 12:28; Atos 2:29-
36.
599
Capitulo 27
Seu reino, as fun<:;6es de urn grande comandante, Apoc.
19:11,19, e de urn soberano reinando assentado em seu trona-
Apoc. 21:5,22,23.
0 trona em que esta assentado e de onde reina nos e
apresentado em tres aspectos diversos, correspondendo as
diversas rela<:;6es que Cristo mantem com Seu povo e com o
mundo; como urn trono de gra<:;a, Heb. 4: 16; urn trono de juizo,
Apoc. 20: 11-15; e urn trona de gloria- Comp. Apoc. 4:2-5
com Apoc. 5:6.
600
Reinado Medianeiro de Cristo
cvangelho do reino a toda a criatura humana- Is. 8:20; Deut.
4:2; Mat. 28:18-20; Heb. 13:17; 1 Ped. 2:4.
601
Capitulo 27
obediencia a seus decretos, e e declarado nulo o casamento
daqueles que se recusam a aceitar o sacramento romano do
matrimonio. (Veja as proposi<;;6es afirmativas publicadas, com
a aprova<;;ao do papa, por P. Clemens Schrader).
0 proprio Pio IX, em sua resposta aMensagem daAcademia
da Religiiio Cat6lica (21 de julho de 1873) declarou que o papa
possui o direito, do qual se vale com propriedade, de, em
circunstancias favor:lveis, "poder passar juizo mesmo sobre os
neg6cios civis e sobre os atos dos principes e das na<;;6es".
0 arcebispo Manning, em Ccesarism and Ultramontanism,
p. 35, diz: "Se, pois, o poder civil nao e competente p~ra definir
os limites do poder espiritual, e se o poder espiritual pode,
com certeza divina, definir os seus pr6prios 1imites, este e
evidentemente divino. Ou, por outra, o poder espiritual
conhece, com certeza divina, os limites da sua propria }uris-
di<;;ao, e por isso conhece os limites e a competencia do poder
civil". E mais: "Qualquer poder que seja independente e o
unico que pode fixar OS limites da .SUa propria jurisdi<;;ao, e
que, assim, pode fixar os limites de outra jurisdi<;;ao qualquer,
e ipso facto supremo". Veja ''The Vatican Decrees in their bearing
on Civil Allegiance", de autoria de Wm. E. Gladstone, e sua
'?! nswer to Reproofs and Replies".
602
Reinado Medianeiro de Cristo
12. Qual e a doutrina comum das igrejas reformadas sabre
esteponto? .-;,:/~·:~ ~_!_.:·~~:. 4~,;~~.s~ ·._.
·l ;;:~~·):.= ·
Que a Igreja e o Estado sao ambos institui<;:6es divinas,
tendo fins diversos e, em todos os aspectos, independentes uma
da outra. Os membros e os oficiais da Igreja sao, como homens,
membros do Estado e tern o dever de serem bons cidadaos; e
os membros e os oficiais do Estado, se sao cristaos, sao
membros da Igreja e, como tais, sujeitos as suas leis. Mas, nem
os oficiais nem as leis de qualquer das duas institui<;:6es tern
qualquer autoridade dentro da esfera da outra.
603
Capitulo 27
dos senhores", Apoc.19:16; Mat. 28:18; Fil. 2:9-11; Ef. 1:17-
23; e as Escrituras Sagradas sao regra infalivel de vida e fe para
todos os homens em todas as condi~6es.
Segue-se, pois-
1°. Que todas as na~6es deveriam reconhecer expli-
citamente ao Cristo de Deus como o Governador supremo, e
Sua vontade revelada como a lei suprema do pais, aos
principios gerais da qual se deveria conformar toda a legisla~ao
~~. I
604
Reinado Medianeiro de Cristo
que professavam certas doutrinas religiosas.
B. FATOS ATUAIS-
1°. A Constitui~ao dos Estados Unidos declara que "Nunca
sera exigida uma prova religiosa como qualifica~ao para
qualquer oficio ou emprego publico sob a chancela dos Estados
Unidos, e o Congresso nao fara lei alguma a respeito do
estabelecimento de religiao ou proibindo seu livre exerdcio".
As constitui~6es dos diversos estados contem declara~6es no
mesmo sentido.
2°. Num sentido geral, o cristianismo e, como fato hist6-
rico, elemento essencial da lei comum da Inglaterra, bern
como da dos Estados Unidos (com exce~ao de alguns estados,
como os de Luisiana, Texas, Novo Mexico, e California),
incorporado em nossos costumes, prindpios, precedentes, etc.*
3°. 0 cristianisrno e reconhecido pela lei civil como a
religiao hist6rica e atual de irnensa rnaioria dos cidadaos dos
Estados Unidos. A fe crista e as institui~6es pelas quais se
rnanifesta devern, portanto, ser respeitadas e protegidas pela
lei civil.
4°. A lei civil reconhece, pois, a Igreja, e tarnbern que ela
tern urn carater hist6rico e que e urn elernento irnportante da
sociedade. Reconhece e protege seu direito de existir e de gozar
da posse de seus privilegios e poderes legitirnos. Assirn a lei
civil reconhece e protege (1) a autonornia da Igreja quanto a
(a) seu modo geral de governo e (b) sua disciplina das pessoas;
(2) os direitos de cada igreja, como organiza~ao, sobre seus
bens.
5°. Os tribunais civis reconhecern como finais as decis6es
dos tribunais eclesiasticos quanto (1) aos que devarn ser
considerados como rnernbros da igreja, e (2) aos que devarn
ser considerados como oficiais espirituais da igreja. Os tribunais
605
Capitulo 27
civis nao tern a pretensao de reformar as decis6es de nenhum
tribunal eclesiastico, com o fim de determinar (1) se foi
devidamente constitufdo (isto e, se o tribunal eclesiastico em
questao e reconhecido pela autoridade superior existente na
igreja), nem (2) se, depois de constituido, observou e confor-
mou-se em tudo a suas pr6prias regras~
0 Juiz Rogers, do Supremo Tribunal da Pensilvania, no
caso da Igreja Alema Reformada do Condado de Lebanon,
Pensilvania, disse: "As decis6es dos tribunais eclesiasticos,
como as de qualquer outro tribunal judicial, sao finais, porque
eles sao os melhores juizes para a determina~ao do que constitui
uma ofensa contra a Palavra de Deus e contra a constitui~ao da
Sua Igrej a".
0 Supremo Tribunal dos Estados Unidos, quanta ao caso
que envolveu a Igreja da Rua Walnut, Louisville, Kentucky,
1872, decidiu-
(1) Quando a disputa versar sabre materia estrita e
puramente eclesiastica em seu carater, materia que diga respeito
a controversias teol6gicas, a disciplina da Igreja, ao governo
eclesiastico ou a conduta moral dos membros, e sabre a qual
os tribunais eclesiasticos disserem que tern jurisdi~ao, os
tribunais civis nao assumirao jurisdi~ao - nem mesmo
inquirirao do direito de jurisdi~ao do (respectivo) tribunal
eclesiastico.
(2) Urn tribunal espiritual eo juiz exclusivo da sua propria
jurisdi<;ao; sua decisao sabre essa questao compromete os
tribunais seculares. Veja Dr. Wm. E. Moore, em Presbyterian
Digest, pag. 251.
6°. A lei civil reconhece o direito da Igreja de disciplinar
seus membros. Mesmo a declara~ao publica, feita de
conformidade com as regras de ordem (govern a) de uma igreja
da qual urn membra tenha sido excomungado (excluido) por
ter cometido uma ofensa tida como infame pela lei, e justificada,
e perante a lei tal publica~ao nao e injuria.
7°. A igreja ou "sociedade eclesiastica" propriamente dita
606
J Reinado Medianeiro de Cristo
cdistinta da "sociedade religiosa", criada e incorporada como
fim de possuir bens para uso daquela. Estas sociedades
religiosas incorporadas sao regidas segundo as suas cartas de
incorpora<;:ao e os regulamentos internos formulados de
conformidade com as cartas; elas possuem bens por meio de
curadores, e sao virtualmente sociedades civis, tanto como os
bancos ou as companhias de estradas de ferro. Estao sujeitas a
lei como as outras corpora<;:6es. Estao sujeitas a serem visitadas.
Ha remedio legal contra a intrusao nos seus escrit6rios, mas
elas podem sofrer restri<;:ao por administrarem mal ou
empregarem mal os bens a seu cuidado. Seus artigos de
associa<;:ao e os regulamentos feitos de conformidade com suas
cartas de incorpora<;:ao, providenciando sobre elei<;:6es, reuni6es,
e sobre a dire<;:iio de seus neg6cios temporais, podem ser
mudados, contanto que nada se fa<;:a contnirio as cartas de
incorpora<;:iio; porem, enquanto existirem (tais artigos), seriio
obrigat6rios para todos os membros. Conformidade substancial
com eles e indispensavel para a validade das transa<;:6es seculares
e podem ser revistos pelos tribunais civis.
8°. Quando o "Testamento" ou a "Escritura de Doa<;:iio"
ou os "Termos de Subscri<;:ao", ou a carta de incorpora<;:ao de
uma igreja nao prescrever nem (1) alguma doutrina especifica,
nem (2) alguma forma especial de governo eclesiastico, nem
(3) conexao com alguma denomina<;:ao religiosa definida, a
maioria dos membros dessa igreja dirigira o emprego dos bens
seculares e, no caso de mudan<;:a de doutrina, disciplina ou
conexiio denominacional, levara consigo a posse da
propriedade.
Mas quando a doutrina, a forma de governo ou a conexao
eclesiastica se achar definida pelos donos originais ou pela carta
de incorpora<;:ao da igreja, os tribunais civis farao respeitar todos
os termos e condi<;:6es mencionados nas diversas escrituras
publicas. Em tal caso, se a maioria dos membros fizer qualquer
mudan<;:a em qualquer desses pontos essenciais, ela, por maior
que seja, perdera todos os direitos sobre a dire<;:iio dos bens da
607
Capitulo27
igreja, e a minoria, por menor que seja, sera mantida na posse
deles. E, em todos os casos semelhantes, os tribunais se
conformarao, em suas decis6es, as dos tribunais eclesiasticos
superiores como finais. Veja Lectures by Wm. Strong, LL.D.,
Juiz do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, 1875.
608
Reinado Medianeiro de Cristo
culto, e que, por isso, era s6 a sessao que podia nomear o
organista. Os tribunais civis mantem com muita firmeza os
direitos e privilegios do culto religioso e das igrejas, e exigem
fidelidade aos compromissos aceitos.
609
Capitulo27
21. Em que sentido Cristo foi sujeito a lei, e como isso foi um
ato de humilhac;ao?
Em Sua encarna<;ao, Cristo nasceu substituindo exata-
mente o Seu Povo em sua rela<;ao com a lei, e manteve com a
lei exatamente a mesma rela<;ao mantida por Seu povo. Nasceu,
pois, sujeito a lei, como se ve , I o. Como regra de dever; 2o.
Como alian<;a de vida; 3°. Como alian<;a violada, em cuja
maldi<;ao a ra<;a humana ja incorrera. Assumir Ele volun-
tariamente essa posi<;ao foi proeminentemente urn ato de
humilha<;ao: 1°. 0 ato pelo qual Ele assumiu a natureza
humana foi voluntario. 2°. Depois da Sua encarna<;ao, Sua
Pessoa permaneceu divina, e, cumprindo as exigencias da lei
sobre pessoas e nao sobre naturezas, Sua submissao a essas
exigencias foi PUramente gratuita. 3°. Esta Sua condescendencia
ereal<;ada infinitamente pelo fato dEle aceitar a maldi<;ao da
lei como alian<;a de vida ja violada- Gal. 3: 10-13; 4:4,5.
610
Reinado Medianeiro de Cristo
pecados. Portanto, a ira de Deus, que Cristo levou sabre Si, foi
o desagrado infinito de Deus causado pelos nossos pecados, e
esse desagrado concretizou-se vicariamente na Pessoa de Cristo,
porque sabre Ele foi pasta a iniquidade de todos n6s - Mat.
26:42,54; Luc. 24:44-46; Joao 19:30.
611
Capitulo 27
4°. Calvino (Jnstitutas, Liv. 2, cap.16, § 10) interpreta essa
frase metaforicamente, dizendo que exprime os sofrimentos
penais de Cristo na cruz. Nossa Conf. de Fe afixa ao Credo a
clausula explicativa, "permaneceu no estado dos mortos", e a
Igreja Episcopal Americana afixa a clausula equivalente, "foi
ao lugar dos espiritos dos mortos". Isto e, Cristo era verdadeiro
homem, consistindo de corpo e alma, e Sua morte foi uma
verdadeira morte, e, deixando Seu corpo, a alma foi para o
mundo invisivel dos espiritos, onde teve uma existencia
separada mas conscia, ate a Sua ressurrei~ao.
612
Reinado Medianeiro de Cristo
como tinha feito anteriorrnente, posto que corn rnenor poder,
por rneio de Noe e de todos os profetas, quando os espiritos
cram desobedientes; sob o rninisterio de Noe forarn salvas s6
oito alrnas; porern depois de vivificado Cristo no espirito, is to
e, depois de rnanifestado como o Salvador perfeito, rnultid6es
tern crido.
26. Como era possivel que o Filho coigual a Deus fosse exaltado?
Como Filho coigual a Deus era irnpossivel, mas a Sua
Pessoa, como Deus homem, podia ser exaltada em diversos
aspectos. Veja:
1°. Em consequencia da uniao de Suas naturezas divina e
humana, a manifesta~ao externa da gloria da Sua Pessoa tinha
sido escondida aos olhos das criaturas.
2°. Como Mediador, Ele ocupou oficialmente uma posi~ao
inferior a do Pai, pois condescendeu em ocupar o lugar dos
pecadores. Tinha sido hurnilhado rnais do que podemos
conceber e, como premia da Sua auto-hurnilha~ao voluntaria,
o Pai 0 exaltou muitissirno- Fil. 2:8,9; Heb. 12:2; Apoc. 5:6.
3°. Sua alma humana e Seu corpo foram exaltados em grau
para n6s inconcebivel- Mat. 17:2; Apoc. 1: 12-16; 20:11.
613
Capitulo 27 ,
extraordinarios de Cristo, o evento em apre<;o nao tinha contra ·
si nenhuma improbabilidade antecedente.
4°. 0 testemunho dos onze ap6stolos. Os escritos destes
homens provam que eles eram bons, inteligentes e serios, e
cada urn deles teve muitas oportunidades para verificar o fa to;
e eles selaram o seu testemunho como seu sangue- Atos 1:3.
5°. 0 testemunho independente de Paulo. Este, como
quem nasceu fora do tempo devido, viu seu Senhor ressuscitado
e recebeu dEle, pessoalmente, Sua revela<;fw e Sua comissao -
1 Cor. 15:8; Gal. 1:12; Atos 9:3-8.
6°. Foi visto por mais de quinhentos irmaos juntos, e Paulo
apela para eles- 1 Cor. 15:6.
7°. A mudan<;a do dia de descanso semanal do ultimo para
o primeiro dia da semana e urn monumento do testemunho
concorde de toda a primeira gera<;ao de cristaos do fa to da sua
fe na ressurrei<;ao de Cristo.
8°. Os milagres operados pelos ap6stolos foram os selos
postos por Deus no testemunho dado por eles de que Ele
ressuscitou a Cristo- Heb. 2:4.
9°. 0 testemunho do Espirito Santo, acompanhando a
prega<;ao dos ap6stolos e honrando a sua doutrina e os seus
trabalhos, nao somente por meio de milagres, e sim tambem
por Seu poder de santificar, elevar e consolar- Atos 5: 32 (Dr.
Hodge).
614
Reinado Medianeiro de Cristo
29. Qual o fundamento da declarafiio feita pelo ap6stolo de
que a nossa fie vii se Cristo niio ressuscitou (1 Cor. 15: 14 )?
1°. Se Cristo ressuscitou, Ele eo verdadeiro Messias e todas
as profecias de ambas as dispensa~6es tern nesse fato urn
penhor do seu cumprimento. Se Ele nao ressuscitou, todas elas
sao falsas.
2°. Por Sua ressurrei~ao ficou provado que Ele eo Filho
de Deus, Rom. 1:4, porque (1) Ele ressurgiu por Seu proprio
poder, e (2) Sua ressurrei~ao autenticou tudo quanto Ele dissera
a respeito de Si mesmo.
3°. Em Sua ressurrei~ao o Pai manifestou publicamente a
Sua aprova~ao e aceita~ao da obra realizada por Ele, Seu Filho,
como fiador do Seu povo.- Rom. 4:25.
4°. Se Cristo ressurgiu, temos urn advogado junto ao Pai-
Rom. 8:34; Heb. 9:11,12,24.
5°. Se Cristo ressurgiu, temos certeza da vida eterna; se
Ele vive, n6s tambem viveremos- Joao 14:19; 1 Ped. 1:3-5.
6°. Em conseqiiencia da uniao entre Cristo e Seus
membros, que e tanto federal como espiritual, a Sua ressur-
rei~ao e penh or certo e seguro da nos sa, ( 1) porque, assim como
morremos em Adao, seremos vivificados em Cristo, 1 Cor.
15:21,22; e (2) em razao do Seu Espirito, que mora em n6s-
Rom. 8:11; 1 Cor. 6:15; 1 Tess. 4:14.
7°. A ressurrei~ao de Cristo elucida e determina a nossa, e
a torna certa e segura-1 Cor. 15:49; Fil. 3:21; 1 Joao 3:2- Dr.
Hodge.
615
Capitulo 27
tambem de anjos celebrando Sua vitoria sobre o pecado, e Sua
exalta9ao ao Seu trono de Mediador- Luc. 24:50,51; Mar.
16:19; Atos 1:9-11; Ef. 4:8; Col. 2:13-15; Sal. 24:8-11; 78:19.
i
1
616
Reinado Medianeiro de Cristo
CRISTO, ASSENTADO SOBRE ESSE TRONO, DURANTE A
l'RESENTE DISPENSA<;AO, COMO MEDIADOR, APLICA EFI-
<:AZMENTE AO SEU POVO, POR MEIO DO SEU ESPIRITO, A
SALVA<;AO QUE PREVIAMENTE HAVIA ADQUIRIDO PARA ELES
EM SEU ESTADO DE HUMILHA<;AO.
617
Capftulo27
618
28
VOCA<;Ao EFICAZ
619
l
Capitulo 28
3°. Dos chamados eficazmente- Rom. 1:7; 8:28; 1 Cor.
1: 2,24; Jud., vers. 1; Apoc. 17:14.
A propria palavra ekklesia (igreja), designando a compa-
nhia dos fieis, os herdeiros das promessas, significa, etimolo-
gicamente, a companhia chamada para fora, a corpora~ao
constitufda pela "voca<;:ao".
620
A Aplicafiio da Redenfiio ...
l 1c1 provado-
1°. Pela declara~ao expressa das Escrituras- Mat. 22:14.
2°. Pelo mandamento que ordena pregar o evangelho a
toda criatura- Mar. 16: 15.
3°. Pela promessa feita a todos os que o aceitam- Apoc.
22:17.
4°. Pelo juizo terri vel pronunciado sobre os que o rejeitam
- Joao 3:19; 16:9.
E dirigida de igual modo aos nao eleitos como aos eleitos
porque e de igual modo seu dever e do seu interesse aceitar o
cvangelho; porque as provisoes de salvac;ao sao de igual modo
adaptadas ao seu caso, e sao abundantemente suficientes para
todos; porque Deus quer que nos beneficios do evangelho
tcnham parte todos os que o aceitarem.
621
Capitulo28
6. Quale a ideia pelagiana sabre a vocar;ao interna?
Os pelagianos negam que haja pecado original e sustentam
que os termos born e mau so podem ser aplicados aos atos
executives da vontade. Afirmam, pois-
l
1°. Que como o homem tern perfeita liberdade da vontade,
pode a qualquer tempo tanto deixar o pecado como continuar
na pnitica dele.
2°. Que a unica mudan~a interna efetuada pelo Espirito
Santo no cora~ao dos que sao convertidos edevida aos fatos de
ser Ele o Autor das Escrituras e delas apresentarem estas
verdades e motivos morais que, por sua propria natureza,
exercem influencia moral sobre a alma. Eles negam inteira-
mente a existencia da "gra~a" no sentido biblico.
622
A Aplicm~iio da Redenfiio ...
9. Qual a doutrina ensinada sobre este assunto pelos simbolos
da lgreja Luterana?
Concordarn absolutarnente corn os dos reforrnados ou
l:alvinistas ern ensinar-
1°. Que todos os hornens estfio por natureza rnortos
cspiritualrnente e que sao totalrnente incapazes tanto de
cornec;;ar a voltar-se para Deus como de cooperar corn a Sua
grac;;a para isso antes da sua regenerac;;ao.
2°. Que a operac;;ao que o Espirito Santo por Sua grac;;a
rcaliza na alma hurnana e a (mica e exclusiva causa eficiente
que vivifica a alma marta. Por isso -
3°. 0 fundarnento ern que descansa a salvac;;ao dos que
creern ea eleic;;ao eterna que por Sua gra<;:a Deus realizou para
a salva<;:ao. Eles se recusarn, porern, a dar o passo que se segue
logicarnente, que e 0 de reconhecer que a razao pela qual OS
que nao creern nao sao vivificados e que Deus, corn igual
soberania, nao lhes da a grac;;a regeneradora. Eles insistern ern
atribuir isso unicarnente aresistencia crirninosa contra a gra<;:a,
que todos recebern nos graus iniciais - Hase, Formula
Concordice, pags. 579-583, 662-666 e 817-821.
Fulano e Sicrano sao igualrnente pecadores; F. ere e S.
perrnanece reprobo. Os pelagianos dizern que e porque F.
deterrninou-se a crer e S. a recusar-se. Os sernipelagianos
dizern que e porque F. cornec;;ou a procurar crer e foi ajudado,
cnquanto S. nao fez esforc;;o algurn. Os arrninianos dizern que
c porque F. cooperou corn a gra<;a cornurn a todos e S. nao
cooperou. Os luteranos dizern que e porque ambos erarn
totalrnente incapazes de cooperar, mas que S. resistiu
persistenternente a gra<;a, enquanto que F. cedeu afinal. Os
calvinistas dizern que e porque F. foi regenerado pelo poder
regenerador do Espirito de Deus e S. nao foi.
623
Capitulo 28
A convite de Mauricio, o entao novo Eleitor da Saxonia,
os teologos de Wittenberg e de Leipzig reuniram-se em
conferencia em Leipzig, em 1548 d.C., e foi nessa ocasiao que
se susci tou a controversia sinergista. A palavra significa
coopera~ao. Os sinergistas eram teologos luteranos que sobre
este (mico ponto se afastaram do seu proprio sistema e adotaram
a posi<;ao arminiana. Melanchthon ensinou que "concorrem
tres causas de uma boa a~ao - a Palavra de Deus, o Espirito
Santo e a vontade humana anuindo e nao resistindo a Palavra
de Deus"- Loci Communes, pag. 90.
624
A Aplicafiio da Redenfiio ...
tambem a resistir-lhes. Todavia, de maneira geral, a gra~a tern
valor preservativo, e finalmente ela vence e salva. Os te6logos
reformados chamam a regenera~ao Conversio habitualis seu
passiva, is toe, a mudan~a de carater, em cuja efetiva~ao a alma
eo objeto, e nao o agente da a~ao. Aconversao eles chamam
Conversio actualis seu activa, isto e, a mudan<;a instantaneamente
subsequente de a~ao, em que a alma, sugerindo ainda e
ajudando a gra~a, e 0 unico agente.
625
Capitulo28
pecado, do dever e do interesse proprio.
Que Deus realmente opera desse modo sobre o coras;ao
dos nao regenerados fica provado -1°. Pelas Escrituras, Gen.
6:3; Atos 7:51; Heb. 10:29; 2°. Pela experiencia e pela
observas;ao universais.
626
A Aplicafiio da Redenfiio ...
3°. Ha tambem os que mostram que a santifica~ao, a
justifica~ao e todos os beneficios temporais e eternos da uniao
~om Cristo sao efeitos da voca~ao eficaz -1 Cor. 1 :2; Ef. 2:5;
Rom. 8:30.
627
Capitulo28
Joao 14:16; 1 Cor. 3:16; 6:19; Ef. 4:30.
5°. A natureza desta influencia eevidentemente diferente
da natureza da influencia produzida pela verdade- Ef. 1:19;
3:7. Eo efeito echamado "nova criac;;ao" (ou "nova criatura"),
"novo nascimento", etc.
6°. Os hom ens estao por natureza mortos no pecado e
precisam de tal intervenc;;ao direta dopoder divino- Turretino,
Theol. Instits., Lo.l5, Quaes. 4. ·~
628
A Aplicafiio da Redenfiio ...
r
podem resistir, e constantemente resistem, por causa da lei do
pccado remanescente em seus membros. A segunda classe de
influencias e certamente eficaz, mas nem sao resistiveis nem
irresistiveis, porque operam de dentro e levam espontanea-
mente a vontade consigo. Elamentavel que a expressao "grac;a
irresistivel" seja de uso corrente, porque sugere a ideia de uma
influencia medinica e coerciva sobre uma criatura contra a sua
vontade, enquanto que e realmente urn ato transcendente do
Criador infinito, que faz com que a criatura deseje espon-
taneamente a grac;a divina. *
629
Capitulo 28
por Belarmino (veja acima, Perg. 19), dizemos que a gra<;a
eficaz e "congruente com a natureza humana como tal, no
sentido de que o Espirito de Deus, posto que exer<;a na alma
uma influencia imediata e regeneradora, opera contudo em
perfeita harmonia com a integridade daquelas leis da nossa
natureza livre, racional e moral, que Ele mesmo constituiu.
Mesmo na obra miraculosa do novo nascimento Ele opera em
nossa razao e em nossa vontade de perfeito acordo com a
constitui<;ao de cada uma delas. Isto ecerto:
1°. 0 mesmo Deus cria e regenera; Seu objetivo nao e
destruir, e sim restaurar Sua propria obra.
2°. As Escrituras e a nossa propria experiencia ensinam
que os atos da alma que se seguem imediatamente depois da
implanta<;ao da gra<;a sao eminentemente livres e racionais. 0
fato e que nunca antes a alma havia operado normalmente -
Sal. 110:3; 2 Cor. 3:17; Fil. 2:13. 3°. Esta influencia divina
acha- se descrita por termos como "atrair", "ensinar",
"iluminar"- Joao 6:44,45; Ef. 1:18.
630
A Aplicafiio da Redenfiio ...
Negativamente: a Biblia nao apresenta base para a
csperan~a de tal extensao da gra~a, e nem nela nem em nossa
cxperiencia entre os gentios modernos encontram-se casos de
scmelhante obra.
Positivamente: as Escrituras associam sempre toda a
influencia espiritual com a verdade, e declaram que a prega~ao
(da verdade revelada) enecessaria para a salva~ao dos pecadores
-Rom. 10:14.
632
A Aplicafiio da RedenfiiO...
lb., pag. 589: "0 que escreveu o Dr. Lutero - ''A vontade
do homem conserva-se puramente passiva na conversao",
e necessaria recebe-la reta e convenientemente, a saber,
com respeito a grat;a divina fazer surgir os novos
movimentos, isto e, deve-se entender no sentido de que,
quando o Espirito de Deus opera na vontade do homem
pela Palavra ouvida, ou pelo uso dos sacramentos, produz
no homem a conversao e a regenerat;ao. Porque, depois
de o Espirito Santo produzir isso mesmo, e depois de,
unicamente por Sua energia, mudar e renovar a vontade
do homem; entao, sim, esta nova vontade e urn instru-
mento do Espirito Santo de Deus, de modo que ela nao so
pode lant;ar mao da grat;a, mas tambem cooperar com o
Espirito nas obras subsequentes".
DOUTRINA REFORMADA- Conf de Fe, Cap. 10, § 1:
"Todos aqueles que Deus predestinou para a vida, e
somente aqueles, aprouve a Ele, no tempo por Ele deter-
minado e aceito, chamar eficazmente por Sua Palavra e
por Seu Espirito, daquele estado de pecado e morte em
que se acham por natureza, para a grat;a e a salvat;ao por
Jesus Cristo; iluminando espiritualmente e de urn modo
salvador o entendimento deles para compreenderem as
coisas de Deus, tirando-lhes o corat;ao de pedra e dando-
-lhes urn corat;ao de carne; renovando-lhes a vontade e
por Seu poder onipotente determinando-os para aquilo
que e born, e atraindo-os eficazmente para Cristo; mas ao
mesmo tempo de tal modo que eles vern muito livremente,
sen do para is so dispostos por Sua grat;a". § 2: "E esta
vocat;ao eficaz e s6 da grat;a livre e especial de Deus, e nao
de coisa alguma que fosse de qualquer modo prevista no
homem, 0 qual em tudo isso e inteiramente passivo, ate
que, sendo vivificado e renovado pelo Espirito Santo, fica
assim habilitado a corresponder a esta vocat;ao e a receber
a grat;a oferecida e comunicada nela" - Cat. Maior, Perg.
67. Breve Cat., Pe:rg. 31.
Canones do Sinodo de Dort, Caps. 3 e 4, Rejec. Er., Eno.
4: "(Sao rejeitados aqueles) que ensinam que o homem
nao regenerado nao esta estrita e totalmente morto nos
633
Capitulo 28
pecados, nem vazio de toda a for~a quanto ao que e born
espiritualmente; mas que pode ter fome e sede de justi~a e
oferecer o sacrificio de urn espirito quebrantado e contrito
que seja aceito por Deus". Art.l2: "(A regenera~ao) e
claramente sobrenatural, uma opera~ao muito poderosa e
ao mesmo tempo muito suave, maravilhosa, secreta e
inefavel, nao inferior a uma cria~ao, nem menor do que
uma vivifica~ao dos mortos; de modo que todos aqueles
em cujo cora~ao Deus opera desta maneira maravilhosa,
sao com certeza regenerados infalivel e eficazmente, e
manifestam fe. E entao a vontade, sendo renovada, nao
s6 tern operado Deus sabre ela e e por Ele movida, mas
sendo movida assim por Ele, ela mesma se move. Por isso
tambem se diz com razao que e o proprio homem que,
por meio desta gra~a recebida, ere e se arrepende".
DOUTRINA REMONSTRANTE- Conf Remonstr., 17,6:
"Decidimos, pois, que a gra~a de Deus e o principia, o
progresso e 0 remate de tudo 0 que e born, de modo que
mesmo a pessoa regenerada nao pode pensar, determinar
nem fazer coisa boa e salvadora, sem esta gra~a previa,
preveniente, estimulante, subseqiiente e cooperativa".
Apol. Conf Remonstr., pag. 162, b: "A gra~a e chamada
eficaz por causa do resultado, o que, porem se pode tomar
em sentido duplo: primeiro, do modo que se julga que a
gra~a nao tern, de per si, poder algum para produzir
consentimento na vontade, mas que toda a sua eficacia
pode depender da vontade humana; ou em segundo lugar,
do modo que se julga que a gra~a tern, de per si, poder
suficiente para produzir consentimento na vontade,
porem, por ser parcial este poder, nao pode manifestar-se
em atos sem a coopera~ao da livre vontade humana, e por
isso ela, para produzir efeitos, depende da livre vontade
(do livre-arbitrio). Os remonstrantes desejam que se tome
o segundo como o seu modo de entender".
634
29
A Regenera~ao
635
Capitulo 29
culpa dos nossos pecados e nos livra do poder inerente ao
pecado original e tarnbern da sua macula - Cone. de Trento,
Sessao 6, cap.7.
2°. Eles sustentam a doutrina de que a regenera<:;ao e
operada unicamente por meio do batismo. Este e eficaz em
todos os casos da sua aplica<:;ao a crian<:;as. No caso dos adultos,
estes podem resistir asua eficacia ou anula-la. No batismo (1)
OS pecados SaO perdoados; (2) a natureza moral do batizado e
renovada; (3) ele e feito filho e herdeiro de Deus- Cat. Rom.,
Parte 2, Cap.2.
636
A RegenerafiiO
637
Capitulo 29 I
como o seu bern supremo sob a convic~ao da sua inteligencia
e impelido por urn motivo natural, mas nao pecaminoso, de
amor proprio, que se deve distinguir do egoismo, sendo este a
essen cia do pecado. Veja Christian Spectator, dezembro de 1829,
p~gs.693,694,etc.
638
A Regenerafiio
639
Capitulo29
espontanea e imediatamente em Deus como sua por~ao como
se regozija na percep~ao do belo".
"Se o nosso Criador nao somente nos dotou de susceti- ~
bilidade geral para amar, mas tambem da disposi~ao especifica ~
para amar nossos filhos, somente Ele nos pode dar discer-
nimento e suscetibilidade para a percep~ao da beleza natural,
e pode dar-nos tambem gosto pela beleza moral. E se este gosto,
por causa do pecado, esta viciado e pervertido, Ele o pode
restaurar por Seu Espfrito na regenera~ao"- Hodge, Essays.
640
A Regenerafiio
11. Qual a diferenfa entre a regenerafiiO e a conversiio?
0 termo conversao e empregado muitas vezes num sentido
lato, incluindo tanto a mudanc;;a da natureza como tambem o
cxerdcio dessa natureza depois de mudada. Mas, quando se
faz distinc;;ao entre ela e a regenerac;;ao, significa o primeiro
cxerdcio da nova disposic;;ao implantada na regenerac;;ao, isto
c, o ato de voltar-se livremente para Deus.
I A regenerac;;ao e ato de Deus; a conversao e ato nosso. A
regenerac;;ao e a implantac;;ao de urn principia concedido pela
grac;;a; a conversao eo exercicio desse principia. A regenerac;;ao
nunca e materia de consciencia direta de quem eregenerado;
a conversao o e para o convertido. A regenerac;;ao e urn s6 a to,
completo em si, e nunca repetido; a conversao, sendo o comec;;o
de uma vida santa, eo comec;;o de uma serie constante de atos,
sem fim e progressiva. "Leva-me tu, correremos (correrei) ap6s
ti" - Cant. 1 :4. Esta distinc;;ao e assinalada pelos te6logos do
seculo 17 (e.g., Turretino, Lo. 15, Qures. 4, § 13) com as frases
conversio habitualis seu passiva, isto e, a infusao feita por Deus
de urn habito na alma, fruto da grac;;a, a cujo respeito ela e
passiva; e conversio actualis seu activa, isto e, os atos de fe e
arrependimento, que sao a conseqiiencia, produzidos pela grac;;a
cooperativa e que, ao mesmo tempo, sao atos do homem
mesmo.
641
Capitulo 29
ao Espirito Santo-Ef.1:19,20; Tito 3:5.
5°. Pela compara~ao entre o estado do homem na gra~a e
seu estado como e por natureza - Rom. 6: 13; 8:6-10; Ef. 5:8.
6°. Pela experiencia de todos os cristaos e pelo testemunho
de sua vida.
642
A Regenerafiio
com diligencia e ora~ao, nem conduz a interpreta~6es fanta-
siosas das Escrituras, e alheias ao sentido claro da letra: ela
simplesmente conduz a percep~ao e a aprecia~ao da beleza
natural e do poder espiritual da Palavra inspirada e das
vcrdades nela reveladas.
643
Capitulo 29
assim, em contraste com a pureza e com a justic;:a divinas, a
corrupc;:ao do proprio corac;:ao, que ele merece a condenac;:ao, e
que, em todas as suas relac;:6es com Deus, etotalmente incapaz
de fazer algo que seja born - J6 42:5,6. Este eurn conhecimento
pratico e experimental - produzido pela luta do Espirito Santo
como homem (Joao 16:8) - da sua culpa, da sua corrupc;:ao e
da sua impotencia morale espiritual.
644
A Regenerafiio
nos seus objetos por serem santos. Por outro lado, os afetos dos
homens nao regenerados, por mais puros e ate religiosos que
scjam, sao apenas naturais em sua origem e terminam u n ica-
mente em objetos naturais. Tais homens podem ser gratos a
Deus pelos beneficios dEle recebidos, mas nunca 0 amam
simplesmente pelas perfei<;6es da Sua natureza.
645
Capitulo 29
1
20. As crians;as podem ser regeneradas? Se podem, qual a
natureza da sua regeneras;ao? · r.1
As crian~as, bern como os adultos, sao agentes racionais e
morais, e por natureza totalmente depravadas. A diferen~a e
que nas crian~as as faculdades estao em germen, ao passo que
nos adultos se acham desenvolvidas. Sendo a regenera<;ao uma
mudan~a operada pelo poder criador na inerente condi<;;ao
moral da alma, e claro que essa mudan<;;a pode ser efetuada
nas crian<;;as exatamente no mesmo sentido em que se efetua
nos adultos; em ambos os casos a opera<;;ao emiraculosa e, por
isso, inescrun1vel.
0 fato eestabelecido pelo que as Escrituras ensinam quanto
a deprava<;;ao inata, a salva<;;ao das crian<;;as que morrem, a
circuncisao e ao batismo de crian<;;as- Luc. 1: 15; 18: 15,16;
Atos 2:39. Veja abaixo, Cap.42.
·· DECLARA(:OES AUTORIZADAS
646
A Regenerafiio
647
30
A Fe
648
APe
credito a Moises e a outros que ensinaram a verdade, mas
podemos crer s6 em Deus ou em Cristo. Em Deus, J oao 14: 1;
Rom. 4:24; 1 Ped. 1:21. Em Cristo,Joao 14:1; Atos 16:31; Joao
3: 15-18.
649
Capitulo 30
intrinseca excelencia, beleza e adapta~ao as nossas necessidades.
Esta e fe espiritual, que e dom de Deus"- Hodge, Way of Life.
Fe religiosa e «crenr;a na verdade sob o testemunho de Deus".
Abrange, (l)Notitia, conhecimento; (2)Assensus, assentimento;
(3)Fiducia, confian~a. · '
651
Capftulo30
daquilo em que se ere e essencial afe. Os cat61icos romanos
inventaram, entao, a distin~ao entre fe explicita, que termina
em urn objeto distintamente apreendido pela inteligencia, e
fe implicita, que e a de quem ere na verdade de uma proposi~ao
a cujo respeito nada sabe. Eles sustentam que aquele que exerce
fe expllcita numa proposi~ao geral, exerce assim fe implicita
em tudo quanto se acha incluido nela, quer saiba o que e, quer
nao o saiba. Se, por exemplo, urn hom em tern fe explicita em
que a igreja cat6lica e mestra infalivel, ele exerce desse modo
fe virtual ou implicita em todas as doutrinas ensinadas pela
igreja, mesmo seas ignorar. Alem disso, eles distinguem entre
as verdades que e preciso considerar com fe explicita, e as que
podem ser sustentadas implicitamente. Seu ensino comum e
que o povo precisa crer explicitamente somente em tres
doutrinas: 1a. que ha Deus; 2a. que Ele eremunerador, inclu-
sive de recompensas e castigos futuros; 3a. que e salvador.
"Esta doutrina foi recentemente ressuscitada pelos puse-
itas, sob o titulo de reserva. Diziam eles que as verdades
distintivas do evangelho, em vez de serem claramente apre-
sentadas, deveriam se escondidas ou mantidas em reserva. 0
povo pode olhar para a cruz como o simbolo da reden~ao, mas
nao e necessario que saiba see asua forma, ao seu material ou
ao grande sacrificio que foi oferecido uma vez por todas sobre
ela que se deve a eficacia da reden~ao. ''A luz religiosa sao trevas
intelectuais", dizia o Dr. Newman. Essa teoria baseia-se na
mesma suposi~ao falsa de que e possivel haver fe sem
conhecimento"- Dr. Hodge.
652
, taz parte. Conhecemos a doutrina da Trindade quando as suas
A Fe
653
Capitulo30 ·~.
verdade. Cristo eo grande instrutor. Os ministros do evange-
lho sao instrutores-1 Cor. 4:1; 1 Tim. 3:2; 4:13. Os cristaos
sao gerados pela verdade, sao santificados pela verdade -
Joao 17: 19; Tiago 1:18- Dr. Hodge.
654
r
no testemunho de Deus. Este erefon;ado por provas mor~::
a fe nessas verdades envolve conhecimento moral e espiritual
delas e gozo nelas. Provas morais so podem ser devidamente
apreciadas por quem possui sensibilidade moral; e a insen-
sibilidade moral que leva a cegueira quanto a distin~ao entre
o bern e o mal, e ela mesma urn estado de deprava~ao extrema.
As Escrituras, pois, luminosas pela sua propria luz
evidencial, apresentam a verdade a todos a quem chega o seu
conhecimento, e exigem que eles aceitem a verdade ao
receberem o testemunho de Deus. Se alguem sentir que a
evidencia nao e conclusiva para ele, a causa nao pode deixar
de ser a cegueira pecaminosa do seu espirito. Por isso Jesus
Cristo diz; "Nao quereis vir a mim para terdes vida"- Joao
5:40. E a incredulidade e sempre lan~ada a culpa do "cora~ao
mau".
655
Capitulo30 ,
espiritual, experimental, racional- Joao 6:63; 7:17,26; Jer.
33:29.
2a. A evidencia abonadora da presen<;a e do poder de Deus
acompanhando a propaga<;ao da verdade e provando que esta
veio dEle. Consta de milagres, dispensa<;6es providenciais,
cumprimento de profecias, etc.- Joao 5:36; Heb. 2:4.
656
APe
purificando o cora~ao nem vencendo o mundo; 2°. tempor:iria.
t
' 16. Qual a evidencia especifica em que se funda a fi salva-
dora?
t E a luz que o cora~ao recebe do Espirito Santo em Sua
obra de ilumina~ao espiritual. Assim sao apreendidas a beleza,
a excelencia e a adapta<;ao da verdade as suas necessidades
pr:iticas por quem d:i entrada a essa luz. Com isso o testemunho
do Espirito Santo coopera com a verdade e por meio dela- 1
Cor. 2:4,5; Rom. 8: 16; 2 Cor. 4:6; Ef. 2:8.
657
Capitulo 30
que a sua ongem deve ser espiritual."
658
APe
19. Como se pode provar pela linguagem das Escrituras que
11 fi salvadora inclui em si a confianfa?
A condic;ao uniforme e (mica que as Escrituras imp6em
omo necessaria asalvac;ao e a expressa nas palavras "ere em
Cristo" - Joao 7:38; Atos 9:42; 16:31; Gal. 2:16.0 ato de crer
m uma pessoa envolve necessariamente confianc;a bern como
·redito.
0 mesmo fica provado abundantemente pelo uso da frase
"pela fe em Cristo"- 2 Tim. 3: 15; Atos 26: 18; Gal. 3:26; He b.
11:1 . A fe e a substfmcia das coisas esperadas, mas o funda-
mento da fe e a confianc;a.
659
Capitulo 3D
isso, necessariamente envolve confian~a- Heb. 10:23, e todo o
capitulo 11.
660
r a beleza do objeto, e o cora~ao ama-o espo:ntaneamente. E
A Fe
assim que "a fe obra pelo am or", porque esses afetos sao a
origem dos motivos que dirigem a vontade.
E impossivel conciliar a doutrina roU:J.anista com os
principios essenciais do evangelho. A fe nao e obra, e nao pode
ter merecimento algum, quer formada quer nao formada; e
essencialmente urn ato em que nos despejamos inteiramente e
que nos salva porque nos valemos dos merecimentos de Cristo.
Ela nos leva a fazer boas obras e manifesta-se nos seus frutos,
mas em sua rela~ao com a justifica~ao e, em sua propria
natureza, urn protesto solene contra o merito de todas as obras
humanas- Gal. 3:10,11; Ef. 2:8,9.
A doutrina protestante, de que o amor e fruto da fe, fica
estabelecida pelo que as Escrituras declaram a respeito da fe,
no sentido de que ela "santifica", "obra pelo amor" e "vence o
mundo"- Gal. 5:6; Atos 26: 18; 1 Joao 5:4. Isso e efetuado do
seguinte modo - pela fe somos unidos a Cristo, Ef. 3: 17, e
assim somos feitos participante do Seu Espirito, 1 Joao 3:24,
urn dos frutos do Espirito eo amor, Gal. 5:22, eo amor leva a
obediencia- Rom. 13:10.
661
Capitulo 30
Os cat6licos sustentam que todo cristao e obrigado, sob
pena de condena<_;ao eterna, a crer como artigo de fe, fe explicita
se lhe for conhecido, fe implicita se nao lhe for conhecido,
todo e qualquer dogma decidido pela igreja (cat61ica) como
verdadeiro, quer seja derivado das Escrituras, quer da tradi<_;ao.
Por outro lado, a respeito de todas as quest6es nao decididas
pela igreja, todos sao livres para crer ou nao, como materia de
opiniao.
662
A Fe
663
Capitulo 30 4
como e compreendida conforme as decisoes da igreja, eo objeto.,
da fe justificadora. Isso, porem, e refutado por tudo quanto
temos estabelecido por meio das Escrituras, a respeito da
justifica~ao, da santifica~ao e da fe.
664
APe
,
,· seu Pai e perder a convic~ao de que esta perdoado, como
tambem perder a sua satisfa~ao moral na perfei~ao da
prop1c1a~ao.
~
I
I
32. Quais seriam as tres classes de opiniao nutridas a respeito
I
da relafiio entre fie certeza?
1°. Os reformadores sustentaram geralmente que a fe
justificadora consiste na apropria~ao das promessas de salva~ao
por Cristo, feitas no evangelho, isto e, consiste em conside-
rarmos Deus como propicio a nos por amor de Cristo.
2°. Ha quem tenha sustentado que a certeza da salva~ao e
inatingivel nesta vida. Os catolicos, sustentando que a fe crista
e principalmente o assentimento implicito ao ensino de uma
sociedade infalivel e visivel chamada igreja, e a conformidade
obediente com esse ensino, negaram estrenuamente que os
indivfduos particulares tenham qualquer autoridade bfblica
para nutrirem uma persuasao segura de que sao objetos
especiais do favor divino. Costumavam asseverar que nem e
"obrigatorio", nem "possfvel", nem "desejavel", que alguem
nutra tal convic~ao sem alguma revela~ao especial e sabre-
natural. Veja Belarmino, etc., abaixo citados.
3°. A verdadeira doutrina e que "posto que esta conviq:ao
infalivel nao perten~a de tal modo aessencia da fe que nao seja
possfvel que urn crente verdadeiro tenha que esperar muito
tempo e lutar com muitas dificuldades antes de possui-la,
contudo, sendo habilitado pelo Espirito a conhecer as coisas
dadas gratuitamente por Deus, ele pode alcan~a-la, sem
nenhuma revela~ao extraordinaria, no uso devido dos meios
ordinarios. E, pois, dever de todos agir diligentemente para
tornarem certa a sua voca~ao e elei~ao". Todos concordam em
que a verdadeira fe nao pode admitir nenhuma duvida quanto
ao seu objeto. 0 que se ere, cre-se com certeza. Mas o objeto da
fe salvadora e Cristo e Sua obra como Mediador garantida a
nos nas promessas do evangelho, sob a condi~ao da fe. A
verdadeira fe, pois, inclui essencialmente a convic~ao segura
665
Capitulo 30 '
de- 1°. Que Cristo nos pode salvar. 2°. Que Ele efiel enos ha
de salvar, se crermos. Queremos dizer que isso e da essencia da
fe, nao que todo crente verdadeiro esteja sempre em tal estado
de espirito que exclua toda duvida quanta ao poder ou ao amor
de Cristo; porque a ilumina<;;ao espiritual de que depende a fe
emuitas vezes imperfeita em grau e variavel em seu exercicio. •
Contudo, toda duvida semelhante e do pecado, e e alheia a
natureza da fe. No entanto, a condi~ao se crermos, da qual
depende toda convic<;;ao segura da nos sa salva<;;ao, nao e materia
de revela<;;ao, e sim de experiencia, nao de fe, e sim de
consciencia intima. I
Os te6logos distinguem, pais, entre a conviG<;;ao segura da
fe- Heb. 10:22; e a convic<;;ao segura da esperan~a- Heb. 6:11.
A primeira e da essencia da fe salvadora e e a convic~ao intima
de que Cristo e tudo quanta diz que e, e fara tudo quanta
promete. A segunda e a convic<;;ao intima da nossa salva<;;ao
pessoal, e e uma das aquisi<;;6es superiores da vida crista.
666
.c · APe
667
Capitulo 30
EXPOSH_;6ES AUTORIZADAS
668
A Fe
instruido apreenda s6 muito confusamente os tres nomes
(da Trindade), e, nao obstante isso, pode crer nela verda-
deiramente. Mas o jufzo ou assentimento e duplo, seguindo
urn a razao e a evidencia de uma coisa, e o outro a
autoridade de quem prop6e; o primeiro chama-se conhe-
cimento; o segundo, fe. Por isso os misterios da fe, que
transcendem a razao, n6s os cremos embora nao os
compreendamos, de modo que a fe e distinguida como
oposta a ciencia e e mais definida como ignorancia do
que como conhecimento".
Cone. de Trento, Sessao 6, Cap. 9: "Porque, assim como
nenhuma pessoa piedosa deve duvidar da misericordia
de Deus, do merecimento de Cristo, da virtude e eficacia
dos sacramentos; assim tambem, quando cada urn olha
para si mesmo, para a sua fraqueza e falta de disposis;ao,
pode recear, pode temer por sua gras;a; pois ninguem pode
saber com certeza de fe (a qual niio pode estar com
falsidade) que conseguiu a amizade de Deus".
Belarmino, ]ustif., 3, 3, diz: "A questiio debatida entre
os cat6licos e os reformados foi: se alguem deve ou pode,
sem uma revelas;ao especial, ter a certeza de uma fe divina,
sobre a qual niio pode incidir erro nenhum de que os seus
pecados tern sido perdoados".
A DOUTRINA PROTESTANT£ DA FE E DA
CERTEZA INABALAVEL
Calvi no, Institutas, Liv. 3, Cap. 2, 87: "Teremos uma
completa definis;ao de fe se dissermos que e urn
conhecimento firme e certo da benevolencia divina para
conosco, o qual, sendo fundado na verdade da promessa
gratuita em Cristo, niio s6 e revelado ao nosso espirito,
mas e tambem confirmado aos nossos coras;6es pelo
Espirito Santo".
Cat. de Heidelberg, Perg. 21: "Que e fe verdadeira? Niio
s6 e urn mero conhecimento, pelo qual concordo
firmemente com tudo quanto Deus nos tern revelado na
Sua Palavra, mas e tambem uma plena confians;a, acesa
no meu coras;iio pelo Espfrito Santo, mediante o
669
Capitulo30
evangelho, que nao s6 a outros, senao a mim tambem, o
perdao dos pecados, a justi<;a e a vida eterna foram dados
gratuitamente pela misericordia de Deus, unicamente por
causa dos merecimentos de Jesus Cristo".
Apol. da Conf de Augsburgo, Perg. 68: "Mas a fe que
justifica niio e meramente o conhecimento da hist6ria; e
sim assentimento a promessa de Deus em que, por amor
de Cristo, sao oferecidas gratuitamente a remissao dos
pecados e a justifica<;ao... Esta fe especial, pois, pela qual
cada urn ere que os seus pecados lhe foram perdoados por
amor de Cristo, e que Deus e reconciliado e tornado
propicio por Cristo (e a fe que) alcan<;a a remissiio dos
pecados e (que) justifica".
Conf de Fe de Westminster, Cap. 18, § 2: "Esta certeza
nao e uma mera persuasao conjectural e provavel, fundada
numa esperan<;a falivel, e sim uma convic<;iio infalivel de
fe, fundada (a) na verdade divina das promessas, (b) na
evidencia interna daquelas gra<;as a que sao feitas essas
promessas, (c) no testemunho do Espirito Santo... § 3:
Esta convic<;ao infalivel niio pertence de tal modo a
essencia da fe que nao seja possivel que urn verdadeiro
crente tenha de esperar muito tempo e lutar corn rnuitas
dificuldades antes de participar dela ... Contudo, ele pode
adquiri-la sem nenhuma revela<;ao extraordinaria, no uso
dos meios comuns. E por isso e dever de todos aplicar-se
diligentemente a fazerern certa a sua voca<;ao e elei<;ao".
Turretino, Livro 15, Quaes. 10: "A diversidade (de
express6es) que se encontra entre os ortodoxos proveio
da diversidade de sentidos em que se ernpregou a palavra
fiducia (confian<;a), que pode ser tomada em tres sentidos:
1. No sentido de assentimento seguro, ou persuasao, que
tern por origem o juizo pnitico da inteligencia, a respeito
da verdade e da bondade das promessas evangelicas, e a
respeito do poder, da vontade e da fidelidade de Deus em
Suas promessas. Neste sentido, peismone (persuasao), Gal.
5:8, e termo empregado como seu sinonimo, e a plerofia
(plena certeza) e atribuida a fe, Col. 2:2; Heb. 10:22. 2. No
sentido do ato de fugir para e de aceitar a Cristo, pelo qual o
670
A Fe
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671
31
672
A Uniiio dos Crentes com Cristo
2°. 0 segundo aspecto desta unHio eseu caniter espiritual
c vital, cuja natureza e cujas conseqiiencias havemos de discutir
neste capitulo.
673
Capitulo 31
5. Qual a natureza essencial desta uniao?
Por urn lado, esta uniao nao envolve nenhuma confusao
misteriosa da Pessoa de Cristo com as pessoas do Seu povo; e,
por outro, nao e uma simples associa~ao de pessoas semelhante
a que existe nas sociedades humanas. Mas e uma uniao que,
1°. determina ter o nosso estado ou posi~ao legal a mesma base
que tern o seu; 2°. vivifica e sustem, pela influencia do Seu
Espfrito morando em nos, a nossa vida espiritual, da fonte da
vida de Cristo, e transforma os nossos corpos e as nossas almas
para terem semelhan~a com a Sua humanidade glorificada.
E, pois-
1°. Uma uniao espiritual. Sua fonte ativa e seu vinculo
sao o Espiri to de Cristo, a Cabe~a, que mora e opera nos
membros- 1 Cor. 6: 17; 12: 13; 1 Joao 3:24; 4:13.
2°. Uma uniao viva, isto e, a nossa vida espiritual e
mantida e determinada em sua natureza pela vida de Cristo
por meio da morada em nos do Seu Espiri to - J oao 14: 19; Gal.
2:20.
3°. Abrange a nossa pessoa inteira, o nosso corpo
mediante o nosso espirito -1 Cor. 6:15,19.
4°. E uniao legal ou federal, de modo que todas as
obriga~oes legais ou federais estao sobre Cristo, enos recebemos
o beneficia de todos os Seus merecimentos legais ou federais.
5°. E uniao indissoluvel - Joao 10:28; Rom. 8:35,37;
1 Tess. 4:14,17.
6°. E uma uniao entre o crente e a Pessoa do Deus-
-homem em Seu offcio como Mediador. Seu orgao imediato e
o Espirito Santo, que mora em nos, e por Ele somos unidos a
Deidade inteira e temos comunhao com Ela, porque Ele e o
Espirito do Pai bern como do Filho- Joao 17:21,23.
674
A Uniiio dos Crentes com Cristo
rela<;6es atuais, antes da sua voca<;ao eficaz pelo Espfrito,
nasceram e foram "por natureza filhos da ira, como os outros
tambem", e "estranhos aos concertos da promessa"- Ef. 2:3,12.
No tempo determinado por Deus esta uniao e estabelecida
mutuamente com cada urn dos Seus escolhidos. -1°. Pelo inicio
das opera<;6es eficazes e permanentes do Espirito Santo dentro
deles (da-lhes vida juntamente com Cristo); no ato do novo
nascimento, abrindo-lhes os olhos e renovando-lhes a vontade;
e lan<;ando assim em sua natureza o fundamento para o
exercicio da fe salvadora. 2°. A fe salvadora eo segundo vinculo
pelo qual e estabelecida esta uniao mutua, por cujas opera<;6es
continuas e sustentada a sua comunhao com Cristo e sao
desenvolvidas as suas ditosas conseqiH~ncias- Ef. 3:17. Assim
"chegamo-nos a ele", "recebemo-lo", "comemos a sua carne e
bebemos o seu sangue", etc.
7
Capitulo 31
gra<;:a", Joao 1:16. Isto e verdade (1) com respeito anossa alma,
Rom. 8:9; Fil. 2:5; 1 Joao 3:2; (2) com respeito ao nosso corpo,
fazendo com que seja agora templo do Espirito Santo, 1 Cor.
6: 17,19; e que a Sua ressurrei<;:ao seja a causa da nossa res-
surrei<;:ao eo Seu corpo glorioso o tipo do nosso corpo.- Rom.
6:5; 1 Cor. 15:47,49; Fil. 3:21. E assim os crentes se tornam
frutiferos em Cristo, tanto em seu corpo como em seu espirito,
que sao dEle - Joao 15:5; 2 Cor. 12:9; 1 Joao 1:6.
3a. 0 resultado disso e sua comunhao com Cristo em sua
experiencia e em seus trabalhos, sofrimentos, tenta~6es e morte
-Gal. 6:17; Fil. 3:10; Heb. 12:3; 1 Ped. 4:18; desse modo
tornando ate mesmo a nossa vida terrena sagrada e gloriosa.
4a. Conduz tambem acomunhao justa de Cristo com eles
em tudo quanto possuam- Prov. 19:17; Rom. 14:8; 1 Cor.
6:19,20.
sa. Conduz tambem a conseqi.iencia de que, na recep<;:ao
espiritual das santas ordenan<;:as, eles realmente tenham
comunhao com Ele. Sao "batizados com Cristo" - Gal. 3:27.
"Porventura o calice de ben<;:ao, que aben<;:oamos, nao e a
comunhao do sangue de Cristo? 0 pao que partimos nao e
porventura a comunhao do corpo de Cristo?" - 1 Cor. 10: 16;
11:26; Joao 6:51,56.
6a. Conduz tambem a comunhao dos crentes uns com os
outros, por Ele, isto e, acomunhao dos santos.
676
A Uniiio dos Crentes com Cristo
6rgaos tern parte na mesma vida geral e, ao mesmo tempo,
cada urn tern uma adaptas;ao individual e especial, diversa dos
outros e, conseqiientemente, urn dever diverso: "Porque
tambem o corpo nao e urn s6 membro, mas muitos" - 1 Cor.
12:4-21; Ef. 4:11-13.
2°. Tern comunhao uns com os outros em seus dons e
gras;as complementares, contribuindo cada urn com a sua
beleza especial para a beleza do todo- Ef. 4:15,16.
3°. Esses deveres redprocos dizem respeito ao corpo e aos
interesses temporais dos irmaos, bern como aos interesses de
sua alma- G:H. 2:10; 1 Joao 3:16-18.
4°. Tern comunhao na fee na doutrina- Atos 2:42; Gal.
2:9.
5°. No respeito e na subordinac;ao miituos- Rom. 12: 10;
Ef. 5:21; Heb. 13:17.
6°. No amor e na simpatia miituos- Rom. 12:10; 1 Cor.
12:26.
7°. Essa comunhao existe sem interrups;ao entre os crentes
na terra e no ceu. E uma s6, de "toda a familia nos ceus e na
terra"- Ef. 3:15.
8°. Na gloria a comunhao dos santos sera perfeita, quando
havera "urn rebanho e urn pastor", e todos os santos serao urn,
como o Pai eo Filho sao urn- Joao 10:16; 17:22.
677
32
0 Arrependimento e a Doutrina
Catolico-Romana das Penitencias
678
0 Arrependimento ... Penitencias
3. Como se pode provar que o arrependimento edam de Deus?
1°. Isso e evidente pela propria natureza do arrependi-
mento. Este inclui: (1) urn sentimento da odiosidade do
pecado; (2) urn sentimento da beleza da santidade; (3) a apre-
ensao da misericordia de Deus em Cristo. Pressup6e, portanto,
a fe, que e dom de Deus- Gal. 5:22; Ef. 2:8.
2°. As Escrituras afirmam-no expressamente-Zac.l2:10;
Atos 5:31; 11:18; 2 Tim. 2:25.
679
Capitulo 32
quando pensamos em n6s.
A confissao do pecado, tanto em particular, diante de Deus,
como tambem diante dos homens, e urn modo natural e
indispensavel pelo qual este sentimento de pecado se
manifestara legitirnarnente- Sal. 32:5,6; Prov. 28:13; Tia. 5: 16;
1 Joao 1:9.
A unica prova incontestavel de que tal sentirnento e
verdadeiro e genuino eo desejo de ver-se livre do pecado e
esfon;:os sinceros e perrnanentes nesse sentido.
680
0 Arrependimento ... Penitencias
ajudados por Sua gra~a, viver em obediencia a Seus man-
damentos. '·'t···i ,
681
Capitulo 32
regresso para Deus, que acompanham a fe como conseqiiencia
dela. 2a. A palavra conversiio e empregada geralmente para
designar somente as primeiras opera<;:6es da nova natureza no
come<;:o de uma vida religiosa, ou, quando muito, os primeiros
passos para Deus depois de uma reincidencia notavel no
pecado, Luc. 22:32, enquanto que a palavra arrependimento e
empregada para exprimir a constante a<;:ao de levar a cruz, que
e uma das principais caracterfsticas da vida do crente na terra
-Sal. 19:13,14; Luc. 9:23; Gal. 6:14; 5:24.
682
.
r
0 Arrependimento ... Peniteneias
Cristo; isso, contudo, assim sucede, nesta justifica~ao do impio,
cnquanto pelo merito dessa mesma sacratissima paixao o
Espirito Santo derrama a caridade de Deus no cora~ao daqueles
que sao justificados, sendo ela inerente a paixao" - Cone. de
Trento, Ses. 6, cap. 7. Is so e efetuado pelo batismo, e a cada
passo dado pressup6e a satisfa~ao e OS meritos de Cristo. Sua
satisfa~ao faz propicias;ao por todos os pecados cometidos antes
do batismo e pelo castigo eterno de todos os pecados dos
batizados. Os meritos dEle alcans;am gras;a preveniente, a
regeneras;ao batismal, e sao a base posta para os cremes mere-
cerern, por sua obediencia graciosa e seus sofrimentos
temporais, o perdao dos pecados, a perrnanencia, a restauras;ao
eo aurnento da gras;a, bern como as recornpensas do ceu.
Justificados assirn, e feitos arnigos de Deus, eles vfw
adiante, de virtude ern virtude, e sao renovados de dia em dia
mediante a observancia dos rnandarnentos de Deus e da igreja
(catolica), e estas suas boas obras merecern verdadeiramente, e
recebern, como premio justo, aurnento de gras;a e justificas;ao
(santificas;ao) cada vez mais perfeita. Aprimeira justificas;ao do
cristao, efetuada no batisrno, o foi por amor de Cristo, sern a
coopera~ao do seu proprio rnerito, em bora pela coopera~ao da
sua vontade (se for adulto ). Mas a sua justifica~ao (santificas;ao)
eontinuada e cada vezaumentando e efetuada por arnor de Cristo
mediante seu proprio rnerecirnento e na propon;ao deste, cres-
cendo este rnerecirnento a propors;ao (a) da sua santidade, e (b)
da sua obediencia as regras rnorais e eclesiasticas - Cone. de
Trento, Sess. 6, Cap. 10, Can. 32.
No caso daqueles que pelo pecado cairam da gra~a
recebida da "justificas;ao", o SACRAMENTO DA PENITENCIA,
concedido como segunda prancha (de salvarnento ), depois do
naufragio da gras;a perdida, recobra essa gra~a pelos rneritos
de Cristo. Essa penitencia inclui (1) pesar pelo pecado, (2) a
confissao desses pecados, (3) a absolvis;ao sacerdotal, (4) uma
satisfa~ao, consistindo (a) neste mundo ern jejuns, esrnolas,
ora~6es, etc., e (b) depois da rnorte, no fogo do purgatorio.
683
Capitulo 32
Eles distinguem a penitencia - 1°. Como uma virtude,
equivalente adoutrina protestante da gra<;;a do arrependimento.
2°. Como urn sacramento. A penitencia, como uma virtude, e
interna; e uma mudan<;;a de espirito, incluindo pesar pelo
pecado e regresso para Deus. A penitencia externa, ou a
expressao externa desse estado interno, e o que constitui o
SACRAMENTO DA PENITENCIA. 0 que constitui a materia desse
sacramento sao os atos praticados pelo penitente por via de
contri<;;ao, confissao e satisfa<;;ao. Contrift:io epesar pelos pecados
passados e aversao por eles, junto como prop6sito de nao pecar
mais. Confissao e a acusa<;;ao de si mesmo feita a urn sacerdote
que tern a respectiva jurisdi<;;ao eo poder das chaves.Satisfaft:io
e alguma pena imposta pelo sacerdote e cumprida pelo
penitente para dar satisfa<;;ao ajusti<;;a pelos pecados cometidos.
Essas praticas efetuarn (a) a expia<;;ao da culpa dos pecados
passados, e (b) a disciplina eo crescirnento da vida espiritual
da alma. A forma do sacramento e a absolvi<;;ao proferida
judicialmente, e nao s6 declarativarnente, pelo sacerdote. Eles
sustentarn que "e sornente por rneio deste sacramento que
podern ser perdoados os pecados cornetidos depois do batisrno"
- Cat. Rom., Parte 2, Cap. 5, Pergs. 12 e 13; Cone. de Trento,
Sess. 6, Caps. 14-16; Sess. 14, Caps. 1- 9, Sess. 6, Can. 30.
685
Capitulo 32
romanistas tiram. A absolvi<;;ao e ato soberano e nao sacer-
dotal. Isso fica provado claramente pela defini<;;ao do sacerd6cio,
dada em He b. 5:1-6, pela pratica levitica, e pela propria
natureza do ato.
3°. A concessao do poder das chaves, seja ele qual for, nao
foi feita ao ministerio como tal; porqueem Mat. 18:1-18 Cristo
nao Se dirigiu ao corpo dos disdpulos (note especialmente
Mat. 18:15-22), e os ministros da Igreja Primitiva nunca
reivindicaram para si, nem exerceram tal poder.
4°. 0 poder de perdao absoluto e incomunicavel em si, e
de fa to nunca foi dado; as palavras em questao nao podem ser
entendidas nesse sentido, e nao foram entendidas assim. A
pratica dos ap6stolos prova que eles as entenderam como
comunicando simplesmente o poder de declararem as condi-
<;;6es sob as quais Deus perdoaria o pecado, e, de conformidade
com essa declara<;;ao, admitirem os homens aIgreja de Cristo
ou exclui-los dela. : ,
5°. S6 esse principia falso ja torna Cristo sem nenhum
efeito, e perverte o evangelho inteiro- "Bib. Rep .",janeiro de
1845.
686
0 Arrependimento ... Penitencias
687
Capitulo32
tesouro infinito dos meritos de Cristo e dos santos". Os "moti-
vos" sao dinheiro dado para fins piedosos, ora<;6es especiais,
peregrina~6es a certos lugares santos, etc.
3°. As indulgencias sao de diversas classes. (l)Gerais, para
toda a igreja, concedidas unicamente pelo proprio papa a todos
os fieis em todo o mundo; ou particulares, concedidas pela
competente autoridade a certas pessoas. (2) Podem serplenarias,
concedendo remissao de todos os castigos temporais neste
mundo e no purgat6rio; ouparciais, remitindo somente parte
das penas devidas. (3) Podem sertemporarias, para urn numero
especificado de dias ou meses. (4) Perpetuas, sem nenhuma
limita~ao de tempo. (5) Locais, legadas a certas igrejas ou a
outros lugares. (6)Reais, ligadas a certos objetos portateis, tais
como rosarios, medalhas, etc. (7)Pessoais, concedidas a certas
pessoas ou comunidades. Veja Enciclopedia, por McClintock
e Strong, e abaixo, Cone. de Trento, etc.
EXPOSH_;6ES AUTORIZADAS
688
I 0 Arrependimento ... Penitencias
exigidos do penitente, para a inteireza do sacramento, e
para perfeita remissiio dos pecados, se chamam partes da
penitencia. Mas (3) o intento, o efeito deste sacramento,
quanta ao que pertence a sua virtude e eficacia, e a
reconcilia<;:iio com Deus".
lb. Cap. 4: "A contri<;:iio, que tern o primeiro lugar entre
OS mencionados atOS do penitente, e uma tristeza da alma,
e aversiio pelo pecado cometido, com o prop6sito de nao
tornar a pecar".
lb. Cap. 5: "Os penitentes devem relatar na confissiio
todos os pecados mortais que, depois de diligente exame,
tiverem na consciencia, ainda que sejam os mais ocultos,
e cometidos somente contra os dois ultimos preceitos do
Decalogo ... Quanta aos veniais, pelos quais niio somas
excluidos da gra<;:a de Deus, em que frequentemente
caimos, posto que seja conveniente e util, e de nenhum
modo presun<;:oso, confessa-los, contudo, pode-se calar a
respeito deles sem culpa, e podem ser expiados com outros
remedios ... Quanta aos demais pecados (mortais) que nao
ocorrem a quem faz esta diligente considera<;:ao, se
entendem geralmente que sao incluidos na mesma
confissiio: pelos quais dizemos fielmente com o profeta:
"purifica-me, Senhor, de meus ocultos delitos".
!d. Cap. 6: "(0 concilio) declara tambem que os
sacerdotes, ainda que estejam em pecado mortal, pela
virtude do Espirito Santo, dada na ordem, exercitam como
ministros de Cristo a fun<;:iio de perdoar os pecados ...
Ainda que a absolvi<;:ao do sacerdote seja a dispensa<;:iio de
urn beneficia alheio, contudo, nao e s6 urn mero
ministerio de anunciar o evangelho, ou de declarar que
estao perdoados os pecados; mas uma semelhan<;:a de ato
judicial, no qual ele, a maneira de juiz, pronuncia
senten<;:a... Nem a fe sem a penitencia causaria remissao
alguma dos pecados; nem deixaria de ser negligentissimo
na materia da sua salva<;:ao aquele que, sabendo que o
sacerdote o tenha absolvido por zombaria, deixasse de
buscar com todo o cuidado outro que agisse seriamente".
lb. Cap. 8: "Enfim, quanta a satisfa<;:iio, que, assim como
689
Capitulo32
entre todas as partes da penitencia, foi sempre e em todo
o tempo por nossos pais recomendada ao po'!o crisHio ... ".
Cap. 9: "Nao s6 podemos satisfazer a Deus Pai por Cristo
Jesus, com as penas que de livre vontade aceitamos em
vingaw;;a do pecado, ou impostas por arbitrio do sacerdote
a medida do delito, mas tambem (o que e maior prova de
amor) com castigos temporais, que Deus nos da, sofridos
por nos com paciencia".
Sessao 6, Cone. 29: "Se alguem disser que aquele que
caiu depois do batismo nao pode se levantar com a gra<;;a
de Deus, ou que na verdade o pode, mas que com a fe
somente recupera a justi<;;a que perdera, sem o sacramento
da penitencia... seja anatema. Can. 30. - Se alguem disser
que, depois de recebida a gra<;;a da justifica<;;ao, a qualquer
pecador penitente e perdoada a culpa, e a puni<;;ao eterna
e apagada de tal modo que nao lhe fica resquicio algum de
pena temporal a ser paga ou neste mundo ou no purgat6rio,
antes que possa entrar no reino do ceu, seja anatema".
INDULGENCIAS - Cone. de Trento, Sess. 25, "De
Indulgentiis".
0 papa Leao X, Bulla "De Indulgentiis" (1518)- "Para
que ninguem no futuro possa alegar ignorancia da doutrina
da igreja cat6lica romana a respeito das indulgencias e
sua eficacia ... o pontifice romano, vigario de Cristo sobre
a terra, pode, por motivos razoaveis, em virtude do poder
das chaves, da superabundancia dos meritos (expres-
samente chamados tesouro) de Cristo e dos santos,
conceder indulgencias aos fieis, quer nesta vida, quer no
purgat6rio; e que os que tern verdadeiramente alcan<;;ado
essas indulgencias, (sao) aliviados tanto do castigo
temporal devido por seus pecados reais a justi<;;a divina,
quanta e equivalente a indulgencia concedida e alcan<;;ada".
690
r
33
A Justifica~ao
J
1. Em que sentido a palavra dfkaios, justa, e empregada no
N avo Testamento?
Sua ideia fundamental e a de perfeita conformidade com
todas as exigencias da lei moral. Consideremos:
1°. Dito a respeito de coisas ou pessoas- Mat. 20:4; Col.
4:L
2°. Di to a respei to de Pessoas (1) como pessoalmen te san tas,
conformadas em seu carater a lei - Mat. 5:45; 9:13. (2) A
respeito de possufrem elas uma s6 qualidade exigida pela lei-
Mat. 1: 19; Luc. 23:50. (3) Como justas no sentido forense,
isto e, como conformadas as exigencias da Lei consideradas
como condic;ao da alianc;a de vida - Rom. 1:17. (4) Dito a
respeito de Deus como possuindo os atributos de justi<;a
distributiva na administra<;ao das provisoes da Lei e das
alian<;as- Rom. 3:26; 1 Joao 1:9. (5) Dito de Cristo, com respeito
ao Seu car:her como o unico homem perfeito, e a Sua posi<;ao
representativa em satisfazer todas as exigencias da Lei a favor
do Seu povo- Atos 3: 14; 7:52; 22:14.
691
Capitulo 33
respeito, foram satisfeitas todas as exigencias da Lei, tida
como a condis;ao de vida- Atos 13:39; Rom. 5: 1,9; 8:30-33; 1
Cor. 6: 11; Gal. 2:16; 3:11.
692
A Justificafiio
Substituto, alcan~ando assim para nos uma justi~a que,
sendo-nos imputada, torna-a nossa, ou faz dela a base da
nossa justificac;ao, Rom. 4:6; 10:4; 1 Cor. 1:30, e e por nos
recebida e aceita mediante a fe, Rom. 3:22; 4: 11; 10:5-10; Gal.
2:21; Heb. 11:7.
A frase "justi~a de Deus" encontra-se em Mat. 6:33; Rom.
1:17; 3:5,21,22,25,26; 10:3; 2 Cor. 5:21; Fil. 3:9; Tia. 1:20; 2
Ped. 1:1.
Significa evidentemente aquela perfeita justi~a ou
satisfa~ao dada aLei inteira, tanto a seus preceitos como a suas
penas, que Deus proveu e que Ele aceitara, em contraste com
os nossos servi~os imperfeitos ou penitencias infligidas a nos
mesmos, que Deus rejeitara se forem oferecidos como base
para a nossa justifica~ao.
693
Capitulo 33
porque esta justi<;a vicaria e exatamente aquila que, em todos
os aspectos, a Lei exige e pelo qual ela e cumprida. Veja abaixo,
Perg. 28.
694
A JustificafiiO
Os pelagianos admitem que as obras de obediencia a lei
cerimonial sao dessa natureza, mas afirmam que as obras de
obediencia a lei moral sao a propria e unica base para a
justifica<;ao. Os cat6licos admitem que as obras praticadas pelas
fon;;:as naturais do homem, antes da sua regenera<;ao, nao tern
merito e nada val em para a justifica<;ao, mas, ao mesmo tempo,
sustentam que, tendo sido perdoados por amor a Cristo, no
batismo, o pecado original e as transgress6es pr6prias pre-
viamente cometidas, as boas obras praticadas depois, mediante
a gra<;a, tern a virtude, em conseqiiencia dos meritos de Cristo,
de 1°. merecer o ceu, e 2°. dar satisfas;ao pelos pecados. Somos,
pois, justificados pel a obediencia evangelica- Cat. Rom., Parte
2, Cap. 5; Cone. de Trento, Sess. 6, Canones 24 e 32. Os protes-
tantes negam a eficacia justificadora de todas e quaisquer obras.
695
Capitulo 33
boas obras, essas se nos tornam possiveis somente em virtude
da nova rela~ao para com Deus em que a justifica~ao nos
introduz- Ef. 2:8-10; Rom., capitulos 6 e 7.
696
A Justificar;iio
1°. A condi<;ao da alian<;a das obras era a obediencia
perfeita. Tendo fa1hado essa alian<;a na pessoa de Adao, foi
necessaria que o segundo Adao cumprisse essa condi<;ao,
porque na alian<;a da gra<;a Cristo assumiu todas as obriga<;6es
nao cumpridas que o Seu povo tinha sob a alian<;a das obras.
Ele, por Seus sofrimentos, tirou a pena, mas somente Sua
obediencia ativa cumpriu a condi<;ao.
2°. Todas as promessas de salva<;ao acham-se ligadas a
obediencia e nao a sofrimentos- Mat. 19:16,17; Gal. 3:12.
3°. Cristo veio cumprir a Lei toda- Is. 42:21; Rom. 3:31;
1 Cor. 1:30.
4°. A obediencia de Cristo e expressamente contrastada
com a desobediencia de Adao- Rom. 5:19.
697
Capitulo33
resgatou da maldi~ao da lei, fazendo-se maldi~ao por nos"
-Gal. 3:13. "Aquele que nao conheceu pecado, o fez pecado
por nos; para que nele fossemos feitos justi~a de Deus" - 2
Cor. 5:21; Joao 1:29. (2) Ele torna nossa a justi<;;:a de Cristo
(isto e, torna nosso 0 direito legal arecompensa pela alian<;;:a da
gra<;;:a, cuja condi<;;:ao foi a justi<;;:a), e entao nos trata como pessoas
que fazem legalmente jus a esses direitos. ''Assim tambem Davi
declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a
justi<;;:a sem as obras"- Rom. 4:6. "Porque o fim da lei e Cristo
para justi<;;:a de todo aquele que ere" - Rom. 10:4; 1 Cor. 1:30;
2 Cor. 5:21; Fil. 3:9.
"lmputa<;ao" e creditar ou por na conta de alguem alguma
coisa como o motivo pelo qual se lhe da tratamento judicial.
"Culpa" ea obriga<;ao justa de sofrer castigo. Oreatus pamce,
ou "acusac;ao para castigo", e imputado a Cristo em nosso lugar.
0 reatus culpce, ou "acusac;ao de culpa", permanece nos so.
"Justic;a imputada" e 0 cumprimento vicario de todas as
exigencias da alianc;a que constituem a condic;ao para rece-
bermos a vida eterna.
"Merito" e aquila que merece recompensa por causa das
promessas feitas numa alianc;a. 0 merecimento da recompensa
nose imputado em func;ao de Cristo, ode ser digno de louvor
Lhe pertence para sempre.
Da mesma maneira como Cristo nao se to rna pecador pela
imputa<;ao a Ele dos nossos pecados, tambem nao nos tornamos
santos pela imputac;ao a nos da Sua justic;a. A transferencia e
unicamente da nossa culpa para Ele e do Seu merito para n6s.
Ele com justi<;;:a sofreu o castigo devido aos nossos pecados, e
nos com justic;a recebemos a recompensa devida a Sua justic;a
- 1 Joao 1:9. Para a explica<;;:ao de "imputac;ao", veja acima,
Cap. 21, Perg. 12, e Cap. 25, Perg. 9.
698
A Justificafiio
699
Capitulo 33
dos pecados; e 2°. o reconhecirnento e tratarnento dele como
pessoa a cujo respeito forarn curnpridas todas as condi<;6es da
alian<;a das obras e que tern direito legal a todas as suas
prornessas e vantagens. Veja abaixo, Perg. 28.
700
A JustificafiiO
original e reais ou fatuais; mas o seu sistema nao faz provisao
para o perdao dos pecados cometidos depois.
Muitos protestantes tern sustemado que no primeiro ato
da justifica<;:ao se perdoam someme os pecados passados e
presemes, e que os pecados cometidos depois da regenera~ao
sao perdoados a medida que sao cometidos, depois de novos
atos de fe.
A verdadeira opiniao, porem, e que, em conseqiiencia da
imputa<;:ao da justi<;:a de Cristo ao creme, este esta emancipado
da sua previa rela<;:ao federal com a Lei, e, por isso, dai por
diante nenhum pecado e mais lan<;:ado em sua conta com o
fi m de condena<;:ao judicial. Isso segue-se da natureza da
imputa<;:ao, como foi anteriormente exposta, e fica ilustrado
pela experiencia registrada de Paulo, o qual, posto que
lamentasse que uma lei nos seus membros repudiava a lei do
seu espirito, todavia nunca duvidou da sua rela<;:ao filial com
Deus, nem do perdao dos seus pecados.
701
Capitulo33
simplesmente o meio pelo qual participamos da justi<;:a de
Cristo, sendo esta a verdadeira base da nossa justifica<;:ao.
702
r, creia igualmente em toda aPalavra de Deus conh:;:,:::::
o ato espedfico da fe, pelo qual somas justificados, tern como
objeto a Pessoa de Cristo e Sua obra como Mediador.
Prova-se isso- )-., .·"
1°. Pelas declara<;;6es terminantes das Escrituras- Rom.
3:22,25; Gal. 2:16; Fil. 3:9.
2°. Pelas declara<;;6es de que somas salvos pela fe nEle-
Atos 10:43; 16:31; Joao 3:16,34.
3°. Por aquelas express6es figuradas que ilustram o ato de
fe salvadora como "olhando para Cristo" etc.- Is. 45:22; Joao
1:12; 6:35,37; Mat. 11:28.
4°. Incredulidade e recusar aceitar a justi<;;a que Deus
proveu, isto e, Cristo- Rom. 10:3,4.
703.
Capitulo 33
RESPOSTAS A OBJE<;OES
704
A ]ustificarao
(4) proposis;:ao: este metodo de justificas;:ao, longe de levar
a licenciosidade, adquiriu as (micas condis;:6es sob as quais
podemos ser Santos. (a) Este metodo de justificas;:ao, devido a
mudans;:a que opera em nossa relas;:ao com Deus, habilita-nos
a retornar a Ele prestando-Lhe urn servis;:o espontaneo e feito
por am or- Romanos 6: 14; 7: 1-6. (b) So mente este metodo de
justificas;:ao nos liberta de urn espfrito de escravidao e de temor,
enos dao deados;:ao edeamor-Romanos 8:1-17; 13:10; Galatas
5:6; 1 Joao 4: 18; 2 Joao, versiculo 6.
705
Capitulo 33
zo. Que ha uma diferen<;a evidente entre uma rela<;ao fede-
ral com a Lei como condi<;ao da salva<;iio e uma rela<;iio
natural com ela como regrade vida. Com a Lei como con-
dis;iio, Cristo a cumpriu como nosso Representante federal;
porem, como regra de vida, ela e obrigat6ria para o creme e
para todas as criaturas marais para sempre.
A justifica<;iio e mais que perdiio -
1°. Porque a propria palavra "justificar" o prova. "Perdoar"
e desistir, no exerdcio de uma prerrogativa soberana, da
execu~iio das sans;6es penais da Lei. "Justificar" e declarar que
as exigencias da Lei sao satisfeitas, niio que se desistiu delas. 0
perdiio e ato soberano; a justificas;iio eato judiciaL'
2°. Como ja provamos no capitulo 25, Cristo, no rigor
estrito da justi~a, satisfez vicariamente por n6s as exigencias
da Lei. Sua satisfas;iio e a base requerida para a nossa justi-
fica~iio. Mas perdao e remissiio da pen a sem satisfa<;iio.
3°. Se a justifica<;iio fosse mero perdiio, livrar-nos-ia
simplesmente dos sofrimentos pemiis, todavia niio nos proveria
nenhum outro bern. Mas "a justificas;iio pela fe em Cristo" niio
somente traz como resultado o perdiio, porem tambem a paz,
a gras;a, a reconcilias;iio, a ados;iio de filhos, a bens;iio de sermos
co-herdeiros com Cristo, etc. Veja acima, Perg. 13, e Rom. 5:1-
10; Atos 26: 18; Apoc. 1:5,6.
No caso dos cremes justificados, a "justifica<;iio" inclui o
"perdiio". A nossa justificas;ao tern por fundamento uma
"satisfa<;iio", e, por is so, niio e mero perdiio, e sim uma satisfa<;iio
"vicaria", lan~ada pela gra<;a de Deus a credito de indignos, e,
por isso, efetua o perdiio de n6s pecadores que cremos em Cristo.
706
A JustificafiiO
romanistas, que ensinavam que a "justifica~ao consiste na
remissao dos pecados e na infusao da gra~a". Em oposi~ao a
isso, ele argumentava que a justifica~ao consiste na remissao,
contudo nao inclui a infusao.
2°. Do fato conclusivo de que as suas defini<;6es completas
de "justifica~ao" compreendem a verdade toda, definida mais
acuradamente nos simbolos das igrejas luterana e reformada.
Entretanto, vejamos:
Joao Calvina, Institutas, Livro 3, Cap. 2, § 2: "Diz-se
que urn homem e justificado diante de Deus quando, no
juizo de Deus, ele e decretado justa e e aceito por causa da
sua justi~a... Do mesmo modo dir-se-a que urn homem e
justificado par abras, se em sua vida, ou pela perfei~ao de
suas obras, ele pode responder e satisfazer a justi~a divina.
Se, porem, urn homem quiser justificar-se pela fe, quando
excluido da justi~a de obras, ele pela fe lan~a mao da justi~a
de Cristo e, dela revestido, nao aparece diante de Deus
como pecador, e sim como justa. Assim, pais, n6s
interpretamos a justifica~ao simplesmente como a
aceita~ao pela qual Deus nos recebe em Seu favor, e
dizemos que esta justifica~ao consiste no perdao dos
pecados e na imputa~ao da justi9a de Cristo.
Calvina, Com., 1 Cor. 1:30 - "Cristo nos e feito justi9a,
e por estas palavras ele (o ap6stolo) entendeu que somas
aceitos por Deus em Seu nome (de Cristo), porque Ele
expiou os nossos pecados, e Sua obediencia nos e imputada
como justi9a. Porque, consistindo a justi9a da fe na
remissao dos pecados e na aceitac;ao gratuita, n6s obtemos
as duas coisas por Cristo".
107
Capitulo 33
que Ele pusesse de lado a Lei no caso dos cremes. E mero
perdao, urn ato de clemencia executiva.
2°. Devido Cristo nao ter morrido como urn substituto,
segue-se que Sua justi~a nao e imputada; e a ocasiao, mas nao
a base da justifica~ao.
3°. Devido Cristo nao ter morrido como urn substituto,
nao ha uniao estritamente federal entre Ele e Seu povo, e a fe
nao pode ser o meio da salva~ao, unindo-nos a Cristo, mas e
tao-somente a condi~ao arbitraria sob a qual se nos concede a
justifica~ao, ou eo meio de recomendar-nos a Deus.
4°. Sendo a justifica<;ao mero perdao, s6 poe de lado a
condena~ao, e assim to rna possivel a salva~ao. Contudo, nada
faz para conseguir a posi~ao futura do crente e suas rela~6es
com Deus, sob a alian~a da salva~ao.
0 Dr. Emmons (1745-1840), urn dos mais habeis te6logos
da Escola da Nova Inglaterra, diz (Sermons, Vol. 3., pags. 3-67)
- (1) "A justifica~ao, no sentido do evangelho, nao significa
nem mais nem menos que o perdao ou remissao dos pecados".
(2) "Perdao eo unico favor que Deus concede aos homens por
amor de Cristo". (3) "A plena ou final justifica~ao dos cremes,
ou o seu direito a heran~a eterna, e condicional. E: necessaria
que eles fa~am certas coisas, que Ele especificou como termos
ou condi~6es, cumprindo os quais eles podem tomar posse
dos seus diversos legados". (4) "Deus com efeito promete a
vida eterna a todos os que obedecem a Seus mandamentos ou
exercem os santos e benevolos afetos que os Seus mandamentos
exigem".
708
A ]ustificafiio
'
Limborch, Apol. Theol., 3, 22, 5. 2°. Que essa satisfac;:ao nao
foi estritamente a substituic;:ao dos eleitos por Cristo, mas an-
tes, que Ele sofreu a ira de Deus a favor de todos os homens, a
fim de fazer com que fosse compativel com a justic;:a, para que
Deus pudesse oferecer a salvac;:ao a todos os homens sob a
condic;:ao da fe.
Consideram, pois, a justificac;:ao como urn ato soberano e
nao judicial- 1°. Em aceitar Deus os sofrimentos de Cristo
como suficientes para habilini-10, sem quebra das Suas
perfeic;:6es, a oferecer aos homens a salvac;:ao sob condic;:6es da
nova alianc;:a de grac;:a, is toe, a condic;:ao da fe. 2°. Em imputar
ao crente a sua fe como justic;:a, por amor de Cristo.
Esta fe, segundo eles- 1°. Inclui obediencia evangelica,
isto e, o inteiro principia de religiao no corac;:ao e na vida. 2°.
Eles a consideram mais como a base admitida pela grac;:a, do
que como simplesmente o meio de justificac;:ao, sendo a fe
imputada como justic;:a, pela qual Cristo morreu- Limborch,
Theol. Christ., 6:4, 22 e 6: 4, 26.
Essa teoria (arminiana) tern contra si todos os argumentos
que acima apresentamos estabelecendo a doutrina ortodoxa,
mas alem disso labora sob as seguintes objec;:6es-
1a. Ela deixa de tornar claro como e que a satisfac;:ao dada
por Cristo tornou compativel com a justic;:a divina que os
homens sejam salvos sob a condic;:ao da fe. Se Cristo nao
obedeceu nem sofreu estritamente como o Substituto de Seu
povo, e dificil entender como, quanto ao que lhes diz respeito,
a justic;:a de Deus poderia ser aplacada; e se se disser que Ele
realmente cumpriu assim em seu lugar as exigencias da justic;:a,
isto sera admitir a teoria ortodoxa, acima exposta.
2a. Ela deixa de tornar clara a relac;:ao da fe com a
justificac;:ao- (1) Porque a fe em Cristo, incluindo a confianc;:a,
necessariamente implica que os meritos de Cristo, nos quais
se deposita finalmente a confianc;:a, constituem o fundamento
da justificac;:ao. (2) A fe deve ser ou o fundamento ou
simplesmente o meio da justificac;:ao. See o meio, a justic;:a de
709
Capitulo 33
Cristo, que e o objeto da fe, e o fundamento. Todavia se a fe e
o fundamento, onde ficam os meritos de Cristo em que a fe
se baseia?
710
A Justificafiio
,
beneficiada pela gra~a na justifica~ao para a perfei~ao, e (d) a
restaura~ao do cristao batizado a urn estado de gra~a depois de
ter voltado para o pecado.
. Veja:
1°. A prepara~ao do pecador para a justifica~ao procede
J da gra~a preveniente de Deus, sem nenhum merecimento da
i parte do preparando. Essa gra~a, operando pelo ato de ouvir a
Palavra, conduz aconvic~ao do pecado, ao arrependimento, a
apreensao da misericordia de Deus em Cristo, (a igreja), e assim
adetermina~ao de receber o batismo e levar vida nova- Cone.
de Trento, Sess. 6, Caps. 5 e 6. · ··
2°. A justifica~ao efetiva do pecador e a infusao de habitos
mediante a gra~a, depois de haver sido limpo da corrup~ao do
pecado pelo poder de Deus, por amor dos meritos de Cristo,
por meio do batismo, que produz seus efeitos em virtude de
uma energia inerente a ele, segundo a sua institui~ao por Deus.
Depois disso, estando removido o pecado inerente, a remissao
da culpa segue-se necessariamente como seu efeito imediato.
Culpa e a rela~ao do pecado com a justi~a de Deus. Sendo
removida a causa (o pecado ), a rela~ao deixa de existir ipso
facto- Belarmino, De Amiss. Gratice etc., v: 7.
3°. Tendo sido justificado assim e tendo sido feito amigo
de Deus, o cristao vai adiante, de virtude em virtude, e e
renovado dia a dia mediante a observancia dos mandamentos
de Deus e da igreja (catolica), cooperando a fe com as boas
obras, tornadas possiveis entao em virtude da previa justi-
fica~ao, e merecendo elas realmente, e recebendo como sua
justa recompensa, aumento de gra~a e justifica~ao cada vez
mais perfeita. Aprimeira justifica~ao do pecador foi por amor
de Cristo, sem nenhuma coopera~ao de seu proprio mereci-
mento, mas como consentimento da sua vontade. A suasegunda
justifica~ao, ou a justifica~ao continuada e aumentando sempre,
e por amor de Cristo, por meio e a propor~ao do seu proprio
merecimento, e este merece aumento de gra~a e aceita~ao a
medida (a) da sua santidade pessoal, e (b) da sua obediencia as
711
Capitulo 33
regras eclesiasticas- Cone. de Trento, Sess. 6, Cap. 10 e Can. 32.
4°. No caso dos que pecaram, depois de justificados, a grac;:a
perdida da justificac;:ao e restaurada, por amor de Cristo,
mediante o sacramento da penitencia, provido como segunda
tabua para aqueles em quem a grac;:a naufragou. Esta penitencia
inclui (a) pesar pelo pecado, (b) confissao feita a urn sacerdote
da respectiva jurisdic;:ao, (c) absolvic;:ao sacerdotal, (d) satisfac;:ao,
constando de esmolas, jejuns, etc., e se esta satisfac;:ao nao for
toda dada nesta vida, completar-se-a nas chamas do purgat6rio.
Todas estas satisfac;:6es, terrenas e purgatoriais, sao satisfac;:6es
merit6rias dadas ajustic;:a divina, cancelam os castigostemporais
devidos pelos pecados em cuja remissao se penitenciam, e cujo
castigo eterno ja foi perdoado gratuitamente, ou no proprio
sacramento ou no sincero desejo de participar dele- Cone. de
Trento, Sess. 6, Caps. 14 e 16, Can. 30, e Sess. 14, Caps. 1 a 9.
712
r 34. Quais OS principais argumentos contra a te::.U::::::
sabre este assunto?
1°. A doutrina catolico-romana e toda confusa. (1) Ela
confunde numa so definiqao duas coisas inteiramente distintas,
a saber, a nossa remissao forense da condenaqao que merecem
os pecados, com a nossa purificaqao do pecado inerente, e a
nos sa introduqao num estado em que, em consequencia da Sua
alianqa com Cristo, gozamos do favor de Deus, com a infusao
da graqa inerente. (2) Deixa de dar uma explicaqao satisfatoria
da maneira pela qual o merito de Cristo nos propicia a justiqa
divina.
2°. A definiqao catolico-romana e refutada por todas as
provas acima apresentadas de que os termos "justificaqao" e
"justiqa" sao empregados nas Escrituras em sentido forense.
3°. Essa teoria, dizendo que a nossa graqa inerente, operada
pelo Espirito Santo, por amor de Cristo, e a base, o motivo, de
sermos aceitos por Deus, subverte o evangelho todo. E da
propria essencia do evangelho que a base da nossa aceitaqao
por parte do Pai seja a obra medianeira do Filho, sendo que
Ele, e nao a nossa graqa inerente, eo fim da Lei para a justiqa
em nosso favor.
4°. A teoria romanista do merecimento das obras prati-
cadas por nos, mediante a graqa divina, depois do batismo,
nao condiz com aquilo que as Escrituras e a propria igreja
catolica romana ensinam a respeito do pecado e da culpa
originais, e a respeito da gratuidade essencial da salvaqao
operada por Cristo. 0 proprio Tomas de Aquino diz (Summa,
Quaes. 114, Art. 5): "Sea graqa for tomada no sentido de urn
dom gratuito, todo o merecimento sera excluido pela graqa".
Logo, cai por terra todo o sistema papal de justificaqao.
5°. E legal em seu espirito e em seu metodo, e assim, ou
induz ao orgulho espiritual ou ao desespero, mas nunca pode
nutrir a verdadeira e segura confianqa evangelica, que e ao
mesmo tempo humilde e inabalavel.
6°. As Escrituras declaram que Deus, por causa dos meritos
713
Capitulo 33 IJ
de Cristo, justifica o creme em sua condit;;:ao defmpio, e nao de
santificado. Certamente nao poderia haver necessidade de uma
propiciat;;:ao para que Deus Se tornasse jus toe ao mesmo tempo
santijicador dos impios- Rom. 4:5.
7°. As express6es imputar, con tar como ou por pecado ou
justi~a sao compativeis absoluta e unicamente com uma
interpretat;;:ao forense. Imputar justit;;:a sem obras no sentido
forense, e visto como racional no capitulo 4 da Epfstola aos
Romanos. Imputar gra~a inerente sem obras eabsurdo.
8°. A defini~ao romanista e refutada por todos os
argumentos que estabelecem a verdadeira teoria a respeito
da natureza e do oficio da fe justificadora. Veja acima, Pergs.
21-23.
EXPOSH;6ES AUTORIZADAS
714
A Justificaffio
nao pode levantar-se com a gra<;a de Deus; ou que na
verdade pode, mas que com a fe somente recupera a justi<;a
que perdera, sem o sacramento da penitencia ... seja
anatema". Can. 30: "Se alguem disser que, depois de
recebida a gra<;a da justifica<;ao, a qualquer pecador
penitente e perdoada a culpa, e a puni<;ao eterna e apagada,
de tal modo que nao lhe fica nenhum resquicio de pena
temporal a ser paga, ou neste seculo ou no futuro, no
purgat6rio, antes de poder entrar no reino do ceu: seja
anatema". Can. 32: "Se alguem disser que as boas obras
do homem justificado de tal modo sao dons de Deus que
nao sao tambem bans merecimentos do mesmo
justificado; ou que este, com as boas obras que pratica,
pela gra<;a de Deus e pelos meritos de Jesus Cristo, de Quem
ele e urn membra vivo, nao merece verdadeiramente
aumento de gra<;a, a vida eterna e, se morrer em gra<;a, a
consecu<;ao da mesma vida eterna e aumento de gloria:
seja amitema".
Belarmino, "De Justificatione", 5, 1: "A opiniao comum
de todos os catolicos sustenta que todas as boas obras das
pessoas justificadas sao verdadeira e propriamente
meritorias, e nao somente merecem alguma recompensa,
mas a propria vida eterna". 4, 7. - "Dizemos que as boas
obras sao necessarias ao homem justificado para a sua
salva<;ao, nao so de modo que estejam presentes, mas
tambem porque sao eficazes; porque elas efetuam a
salva<;ao, e sem elas a fe nao a efetua". lb. 5, 5: "Os meritos
das pessoas justificadas nao estao opostos aos de Cristo,
porem tern nestes a sua origem, e todo o louvor que
mere<;am os merecimentos dos justificados, redunda
inteiramente no louvor dos merecimentos de Cristo".
DOUTRINA LUTERANA- Apologia Confessionis -
"Justificar significa neste lugar (Rom. 5:1) absolver, em
sentido forense, uma pessoa acusada e declara-la justa, mas
por causa da justi<;a de outrem, isto e, de Cristo; sendo
que esta justi<;a de outrem e lan<;ada em nossa conta
mediante a fe".
Form. Concordia:! (Edi<;ao de Hase), pag. 685: "Nesta
715
Capitulo33
transa<;:ao o termo justifica<;:ao significa declarar justos,
absolver dos pecados e do castigo eterno os pecadores,
por causa da justi<;:a de Cristo, que e imputada por Deus a
fe". lb., pag. 684: "0 homem pecador pode ser justificado
diante de Deus ... sem nenhum merecimento nosso, e
independentemente de quaisquer obras, precedendo ou
acompanhando a mera gra<;:a de Deus ou desta decor-
rendo". lb., pag. 584: "Confessamos que unicamente a fe
e o meio ou instrumento com que apreendemos a Cristo,
nosso Salvador e, em Cristo, aquela justi<;:a que pode
suportar o juizo de Deus". lb., pag. 689: "Nem o arrepen-
dimento, nem o amor, nem outra virtude qualquer~ mas
sim somente a fe e 0 unico meio e instrumento com que
somos capazes de apreender e aceitar a gra<;:a de Deus, os
meritos de Cristo e a remissao dos pecados".
DOUTRINA REFORMADA -Conf. de Fe, de Westminster,
Cap. 11.
Cat. de Heidelberg, Perg. 60: "Todavia, posso agora
aceitar todos esses beneffcios com yerdadeira ousadia de
espirito; sem nenhum merecimento meu, somente da
gra~a de Deus, a perfeita satisfa~ao, justi~a e santidade de
Cristo me sao imputadas e dadas como se eu mesmo nunca
houvesse pecado ou me houvesse manchado; sim, como
se eu mesmo tivesse prestado essa perfeita obediencia
que Cristo prestou par mim".
DOUTRINA REMONSTRANTE- Limborch, Christ.
Theol., 6: 4, 22: "Entenda-se que, quando dizemos que
somas justificados pela fe, nao excluimos as obras, que a
fe exige e, como mae prolifica, produz, mas n6s as
incluimos ... nem se deve entender pela fe uma mera fe,
em contrastante distin<;:ao das obras que a fe produz, e
sim, junto com a fe, toda aquela obediencia que Deus
prescreve no Novo Testamento, e que e suprida pela fe
em Jesus Cristo ... " pag. 31. Mas a fee a condi<;:ao em n6s
e de n6s exigida para que obtenhamos a justifica<;:ao. E,
pois, urn ato que, quando considerado em si mesmo, de
modo algum e perfeito, e sim defeituoso em muitos
aspectos; todavia, e aceito gratuita e livremente por Deus
716
A Justificafiio
-.; l ;
717
34
718
A Adofiio ...
719
Capitulo 34
nova cria~ao da origem a mna nova vida espiritual no cora~ao
do regenerado. 0 primeiro a. toe o imediato dessa nova criatura,
depois da sua regenera~ao, e FE, ou seja, a aceita~ao genuina e
confiante da Pessoa e obra de Cristo. Quando entao a pessoa
regenerada exerce fe, segue~se a]USTIFICA(:AO como ato ime-
diato de Deus, com base naquela justi~a perfeita que a fe
habilitou o pecador a apreender, e Deus o declara livre de toda
a condena~ao e com direito a todas as rela~6es e beneficios
prometidos na alian~a que Cristo cumpriu a seu favor. A
SANTIFICA(:AO e o crescimento progressivo para a maturi-
dade aperfei~oada da nova vida implantada na regenera~ao. A
ADO(:AO apresenta a nova criatura em suas novas rela~6es,
exercendo-as de todo o seu cora~ao, desenvolvendo sua nova
vida no meio de uma familia congenial, cercada de rela~6es
que promovam o seu crescimento e a coroem com a bem-
-aventuran~a. A justifica~ao e tao-somente urn ato forense, e
s6 diz respeito a rela~6es, imunidades e direitos. A regenera~ao
e a santifica~ao sao obras totalmente marais e espirituais, e s6
dizem respeito a qualidades e estados inerentes. A ado~ao
compreende a condi~ao complexa do crente ao mesmo tempo
como regenerado e como justificado.
720
AAdofilo ...
tornados bons para que sejamos perdoados. ·: ~~rm;
"E evidente que era necessaria que Deus mesmo ja fosse
em secreta favoravelmente disposto, por Sua gra<;a, para com
o homem, e que ja o tivesse perdoadoforum divinum, por amor
de Cristo e da Sua rela~ao com a natureza humana, para que
lhe pudesse conceder o dom da regenera<;;ao. De fato,
considerada a regenera~ao como actus Dei forensis, havia
necessidade de que fosse considerada como existindo ja antes
do homem ser conscio dela, e ate ja antes da sua fe"- Dr. J. A.
Dorner, Hist. Prot. Theology, Vol. 2, pags. 156, 160.
zo. Dai vern o aparente circulo (vicioso) na ordem da gra~a.
Diz-se que a justi~a de Cristo e imputada aocrente, e ao mesmo
tempo que a justificaqao e pela ji. Mas a fo e ato da alma
regenerada, e a regenera~ao e somente possivel no caso da alma
ja reconciliada com Deus pela aplicac;ao da satisfac;ao prestada
por Cristo.
Assim, a satisfac;ao e os meritos de Cristo sao a causa
antecedente da regenera<;:ao e, por outro lado, a participa<;:ao
do crente na satisfa<;:ao enos meritos de Cristo (sua justifica~ao ),
tern como condi<;:ao sua fe, que e urn efeito da regenera<;:ao. E
necessaria que tenhamos parte em Cristo, para que sejamos
regenerados, a fim de que tenhamos parte nEle para alcan<;:ar a
justifica~ao.
Nao se trata de ordem cronol6gica, porque a regenera<;:ao
e a justifica<;:ao sao atos da grac;a de Deus absolutamente
sincronicos. A questao versa somente sobre a verdadeira ordem
das causas: seria imputada a n6s a justi<;:a de Cristo para que
possamos crer, ou ela nos e imputada porque cremos? Seria a
justificac;ao urn juizo analitico, no sentido de que o homem e
justificado como crente, apesar de ser pecador, ou seria ela urn
juizo sintetico, no sentido de que esse pecador e justificado
por amor de Cristo?
3°. A solu<;:ao acha-se no fato de que Cristo impetrou que
a Sua salva<;:ao e todos os seus meios, condi<;:6es e passos, fossem
aplicados aos "Seus", e que isso se fez em conseqiiencia de
721
Capitulo 34
uma alianc;a em que Ele entrou como Pai e na qual se pro-
videnciou que a redenc;ao fosse aplicada a pessoas especificas
em certos tempos e debaixo de certas condic;6es. A relac;ao em
que, des de o seu nascimento, uma pessoa eleita esta com Adao,
o pecado e a condenac;ao, e exatamente a mesma em que estao
todos os demais homens. Mas a sua relac;ao com a satisfac;ao e
com os meritos de Cristo, como tambem com as grac;as que
tudo isso outorga, e analoga a de urn herdeiro com a heranc;a
que lhe e legada num testamento. Enquanto o herdeiro e
menor, 0 testamento da-lhe de jure 0 direito em principia a
heranc;a. Para prepara-lo para ela, o proprio testamento faz
pro vi sao para a sua educac;ao, a expensas da heranc;a; determina
quais os pagamentos em prestac;6es que os executores dotes-
tamento lhe devem fazer; determina em certo sentido a sua
condic;ao atual como herdeiro em perspectiva; e determina
quando e sob que condic;6es se lhe pode entregar a posse
absoluta da propriedade. Ele possui certos direitos e goza de
certos beneficios desde o prindp.io; mas tern os direitos e os
poderes absolutos de proprietario somente quando chega a
idade propria e cumpre as condic;6es prescritas no testamento.
E assim tambem que OS meritos de Cristo sao imputados ao
herdeiro eleito desde o seu nascimento, ate onde eles constituem
a base para 0 tratamento que pela grac;a lhe e dado como
preparac;ao para a sua plena posse.
Os teologos protestantes dizem que a justificac;ao eo ato
final de Deus como Juiz, pelo qual Ele declara que o herdeiro
esta de plena posse dos direitos a sua heranc;a, e que, dai por
diante, ele deve ser reconhecido e tratado como herdeiro de
posse, ainda que a consumac;ao do ato de dar-lhe posse so
seja efetuada no dia da ressurreic;ao. Cristo e Sua justic;a nao
sao dados ao crente por causa da sua fe. Ela e a conscia e
confiante aceitac;ao daquilo que ja lhe foi dado. 0 nossoBreve
Catecismo diz, Perg. 33: "A justificac;ao e urn ato da livre grac;a
de Deus, no qual Ele perdoa todos os nossos pecados, e nos
aceita como justos diante dEle, unicamente pela justic;a de
722
AAdofiio...
Cristo (1) imputada a n6s e (2) aceita somente pela fe".
A regenera~ao e, por conseguinte, a fe sao operadas em
n6s por am or de Cristo e como resultado que tern por condi~ao
uma previa imputa~ao da Sua justi~a para este fim. A
justifica~ao sobrevem a fe e implica uma tal imputa~ao da
justi~a de Cristo que ela efetua uma mudan~a radical e
permanente nas rela~6es do justificado com a lei como condi~ao
de vida.
723
CapituW34 ,
5. Qual a relafiiO das tres Pessoas da Trindade com esta adofiio,
e em que relafiio ela nos introduz com cada uma das tres Pessoas
respectivamente?
Esta ado<;:ao procede do eterno proposito do Pai, em
considera<;:ao aos meritos do Filho e e efetuada pela opera<;:ao
eficaz do Espirito Santo- Joao 1: 12,13; Gal. 4:5,6; Tito 3:5,6.
Por ela Deus o Pai torna-Se nosso Pai, o Deus-homem
encarnado torna-Se nosso irmao mais velho, enos nos tornamos
- (1) semelhantes a Ele; (2) intimamente associados com Ele
em comunidade de vida, posi<;:ao, rela<;:6es e privilegios; (3)
co-herdeiros com Ele da Sua gloria- Rom. 8: 17,29; Heb. 2: 17;
4:15. 0 Espirito Santo mora em nos como Mestre, Guia,
Advogado, Consolador e Santificador. Todos os crentes
recebem a mesma ado<;:ao e, por conseguin te, sao todos irmaos
- Ef. 3;6; 1 Joao 3: 14; 5: I.
724
' .. ~ '
35
A Santifica~ao
725
Capitulo 35
726
A SantificafiiO
727
Capitulo 35
de reconcilia~ao com Deus e comunhao como Espirito Santo,
que ficamos emancipados da escravidao e do temor legal, e
revestidos daquele espirito de confian~a e amor fi1iais que eo
principia essencial de toda obediencia aceitavel. Alem disso,
somas justificados em virtude da nossa uniao federal com
Cristo pela fe, que e a base daquela uniao viva e espiritual da
alma com Ele - da qual procede a nossa santifica~ao. Veja
acima, Cap.31, Perg. 3.
728
A Santificaf.iio
8. Em que sentido esantificado o corpo?
1°. Como consagrado: (1) por ser templo do Espirito Santo,
1 Cor. 6:19; (2) por ser membra de Cristo -1 Cor. 6:15.
2°. Como santificado: sendo o corpo parte integrante da
nossa pessoa, seus instintos e apetites operam imediatamente
sabre as paix6es da alma, e, por isso, e necessaria que os
sujeitemos a direc;:ao da alma santificada e que fac;:amos de
todos os membros, como 6rgaos da alma, instrumentos de
justic;:a para Deus- Rom. 6:13; 1 Tess. 4:4.
3°. Nossos corpos hao de tornar-se semelhantes ao corpo
glorificado de Cristo- 1 Cor. 15:44; Fil. 3:21.
729
Capitulo 35
730
A SantificafiiO
12. Na santificafiio, que oficio as Escrituras atribuem aje?
Quanto ao numero de ordem, a fe e a primeira gra~a
exercida pela alma depois de regenerada; quanto ao principio,
e a raiz de todas as demais- Atos 15:9; 26:18. E0 instrumento
pelo qual obtemos a santifica~ao. Portanto ...
1°. 0 de conseguir que se mude a rela~ao do crente com
Deus e com a Lei, como a condi~ao de obter a vida e o favor.
Veja acima, Perg. 6.
2°. 0 de conseguir a uniao do crente com Cristo- 2 Cor.
13:5; Gal. 2:20; Col. 3:3.
3°. Por sua propria natureza a fe nos santifica, porque, em
seu sentido mais lato, a fee aquele estado espiritual da alma
em que ela tern comunhao viva e ativa com a verdade espiritual.
"Por esta fe o cristao ere que e verdadeiro tudo quanto e
revelado na Palavra, pela autoridade do proprio Deus falando
nela; e atua diferentemente, segundo aquilo que cada passa-
gem dela contem; prestando obediencia aos mandamentos,
tremendo as amea~as e aceitando as promessas de Deus para
esta vida e para a que hade vir- Conf de Fe, Cap.14, § 2.
731
Capitulo 35
e sua observancia como necessaria asalvac;ao. Seus conselhos,
porem, obrigam somente aqueles que, buscando urn grau mais
exaltado de perfeic;ao e uma recompensa mais excelente,
assumem-nos voluntariamente. Sao tais como o celibato, a
pobreza voluntaria, etc., e a obediencia a regras (monasticas)-
Belarmino, De Monachis, Cap.7.
A impiedade desta distin~ao e evidente.-
1°. Porque Cristo exige a consagrac;ao total de todos os
cristaos: depois de termos feito tudo, somos servos inuteis. As
obras de supererrogac;ao sao, pois, impossfveis.
2°. Todo culto semelhante e indevido e e uma abominac;ao
para Deus- Col. 2:18-23; 1 Tim. 4:3. ·
15. Que juizo se deve fazer das boas obras dos niio regenerados?
Os homens nao regenerados retem algumas disposic;6es e
alguns afetos relativamente bons em si e fazem muitas coisas
que em si sao boas e estao em harmonia com a letra da lei.
Todavia -
1°. Quanta asua pessoa, todo homem nao renovado esta
sob a ira e maldic;ao de Deus e, por conseguinte, nada pode
fazer que Lhe seja agradavel. 0 rebel de com armas nas maos e
rebelde em tudo, enquanto nao se submete a quem e seu
soberano legal.
2°. Amor a Deus e respeito por Sua autoridade nunca sao
o motivo supremo dos atos do homem nao regenerado. Assim
e que, posto que muitos dos seus atos sejam civilmente bons
com respeito a seus semelhantes, todavia nenhum deles pode
ser espiritualmente born com respeito a Deus. 0 pecador, antes
da justificac;ao e renovac;ao, e rebelde; cada urn dos seus atos e
ato de urn rebelde, ainda que, considerado em si, qualquer
dos atos possa ser born, indiferente ou mau.
732
A Santificafiio
733
Capitulo 35
condi~ao possivel em que o pecador pode aprender a produzir
boas obras como frutos do amor filial. 0 proprio fim que
Cristo teve em vista foi remir para Si urn povo peculiar, ze-
loso de boas obras, e isso Ele efetuou livrando-os do cativeiro
federal da Lei, a fim de tormi-los capazes de conformar-se
moralmente a ela, como libertos do Senhor, cada vez mais
nesta vida e absolutamente na vida que ha de vir.
19. Que distinfiio a igreja cat6lica romana quer assin alar com
as expressoes ((merecimento de condignidade" e ((merecimento de
congruencia"?
Essa igreja ensina que "merecimento de condignidade"
s6 pertence a obras feitas depois da regenera~ao como auxilio
da gra~a divina, e que esse auxilio e aquele grau de mereci-
mento que intrinsecamente e por eqti.idade, e nao so mente por
causa de uma promessa ou alian~a, merece a recompensa que
recebe das maos de Deus. 0 "merecimento de congruencia",
ensinam OS romanistas, pertence as boas disposi~6es e as obras
que o homem, antes de sua regenera~ao, pode nutrir e praticar
sem auxilio da gra~a divina e que fazem com que seja
congruente com Deus ou especialmente conveniente que Ele
recompense o autor infundindo a gra~a em seu cora~ao.
E muito dificil determinar a posi~ao exata da igreja
734
A SantificafdO
catolica romana a respeito deste assunto, porque as diversas
escolas de seus teologos divergem muito e as decis6es do Con-
cilia de Trento sao de proposito ambiguas. Parece que a cren<;a
geral eque a capacidade de praticar boas obras tern sua origem
na gra<;a infundida no cora<;ao do pecador por am or de Cristo,
por meio dos sacramentos, mas que depois estas boas obras
merecem, isto e, colocam para nos uma base para exigirmos
com justi<;a a salva<;ao e a gloria. Alguns, entre eles Belarmino,
De]ustific., 5, 1 e 4, 7, dizem que este merecimento pertence
intrinsecamente as boas obras dos cristaos, bern como em
conseqiiencia das promessas divinas; outros dizem que estas
obras merecem a recompensa somente porque Deus prometeu
a recompensa sob a condi<;ao da pnitica de boas obras- Cone.
de Trento, Sess. 6, Cap. 16 e Cans. 24 e 32.
20. Que enecessaria para que uma obra seja merit6ria no conceito
verdadeiro deste termo?
Segundo Turretino, ha cinco condi<;6es necessarias para
esse fim. 1°. Que a obra nao seja devida, ou que a pessoa que a
pratica nao tenha a obriga<;ao de pratica-la- Luc. 17:10. 2°.
Que seja uma obra propriamente nossa, isto e, praticada por
nossas for<;as naturais. 3°. Que seja perfeita. 4°. Que seja igual
a recompensa merecida. 5°. Que a recompensa seja de justi<;a
devida a tal obra - Turretino, Loc.17, Ques. 5.
Conforme essa defini<_;ao, e claro que, em conseqiH~ncia
da absoluta dependencia e obriga<;ao da criatura, ela nunca
pode merecer recompensa alguma por qualquer obediencia
que possa pres tar aos mandamentos de seu Criador. 1°. Porque
toda a for<_;a com que 0 homem age lhe e dada gratuitamente
por Deus. 2°. To do o servi<_;o que ela possa pres tar, ja o deve a
Deus. 3°. N ada que ela possa fazer pode ser igual a recompensa
do favor de Deus e da bem-aventuran<_;a eterna.
N a alian<_;a das obras, Deus graciosamente prometeu
recompensar a obediencia de Adao com a vida eterna. Mas
essa recompensa nao foi por merecimento, e sim, da livre gra<_;a
735
Capitulo 35
e da promessa. Sob aquela constitui~ao, tudo dependia da
posi~ao que a pessoa ocupava diante de Deus. Enquanto Adao
permaneceu sem pecado, os seus servi~os foram acei tos e
recompensados segundo a promessa. Todavia, desde o momento
em que perdeu 0 direito acoisa prometida e perdeu a posi~ao
que ocupava diante de Deus, nenhuma obra sua, fosse qual
fosse o carater dela, podia merecer coisa alguma das maos de
Deus.
736
A S antificar;iio
2°. Para assinalar que o dom da bem-aventuranc;a eterna e
urn ato de estrita justic;a legal (1) com respeito aos meritos ou
merecimentos perfeitos de Cristo, (2) com respeito a fidelidade
com que Deus ad ere as Suas pr6prias promessas livres- 1 Joao
1:9.
3°. Para indicar que a recompensa celestial, pela gras;a
divina, esta numa certa proporc;ao com a grac;a dada para a
obediencia na terra, (1) porqueDeus assim o quer, Mat. 16:27;
1 Cor. 3:8; (2) porque a gra<;a dada na terra prepara a alma
para receber a grac;a dada no ceu, 2 Cor. 4:17.
137
Capitulo 35
que Ele nos colocou. Assim, na lgreja Crista, e de posse da
revela~ao crista, os homens acham-se de fato colocados nas
circunstancias mais propicias para serem persuadidos a
cumprirem os seus deveres. Desse sistema segue-se direta-
mente que todo aquele que quiser podera com certeza alcan~ar
a perfei~ao, se usar com o devido cuidado as suas for~as ou
faculdades naturais e as vantagens da sua posi~ao- Wigger's
Hist., View ofAugustinianism andPelagianism.
738
A Santificafao
As decis6es do Condlio de Trento sobre este assunto, assim
como sobre todos os pontos crfticos, sao deprop6sito ambiguas.
Elas enunciam o prindpio de que a guarda da Lei deve ser
possivel aqueles a quem a Lei obriga, porque Deus nao manda
fazer impossibilidades. Os justificados (santificados) podem,
pela gra<;a de Deus habitando neles, satisfazer alei divina,pro
hujus vitce statu, isto e, pela gra~a de Deus ajustada, por amor
de Cristo, as nossas capacidades atuais. Mas ao mesmo tempo
confessam que os justos podem todos os dias cair em pecados
veniais e que, enquanto estamos na carne, ninguem pode viver
inteiramente sem pecado (salvo por especial privilegio conce-
dido por Deus); e, todavia, que os renovados podem nesta vida
guardar perfeitamente a Lei divina; e observando os conselhos
evangelicos, podem ate fazer mais do que Deus manda e, dessa
maneira, entesourar, como o fizeram muitos santos, urn fundo
de merecimento supererrogat6rio -Cone. de Trento, Sess. 6. Cf.
Caps. 11 e 16, e Cans. 18,23 e 32. Veja acima, Perg. 14.
739
Capitulo 35
exigir de n6s o que e impossivel, Sua Lei foi bondosamente
ajustada anossa capacidade presente, ajudada por Sua gra<;:a, e
que e essa Lei pro hujus vitce statu que podemos cumprir.
Quanta aos meios pelos quais se pode alcan<;:ar esta perfei<;:fw,
eles sus ten tam que a gra<;:a divina precede, acompanha e segue
a todas as nossas boas obras, e que esta gra<;:a devemos conseguir
por meio dos canais sacramentais e sacerdotais que Cristo
instituiu em Sua igreja, e especialmente por meio da ora<;:ao,
do jejum, das esmolas e da aquisi<;:ao de meritos supererroga-
t6rios, seguindo OS conselhos de Cristo quanto a castidade, a
obediencia e a pobreza voluntaria- Cone. de Trento, Sess. 14,
Cap. 5; Sess. 6, Caps. 11 e 12; Sess. 5, Can. 5; Cat. Rom., Parte
2, Cap. 2, Perg. 32; Parte 2, Cap. 6, Perg. 59; e Parte 3, Cap. 10,
Pergs. 5-10.
740
A Santificar;iio
29. Qual a doutrina wesleyana sabre este assunto?
1°. Que, posto que todo crente seja regenerado logo que e
justificado, e de os passos iniciais na santificac;ao, todavia is so
nao exclui os restos de muito pecado inerente, nem o combate
da carne contra o Espirito, que pode continuar durante longo
tempo, mas que nao pode deixar de cessar algum tempo antes
do homem estar preparado para 0 ceu.
2°. Este estado de santificac;ao progressiva nao e de persia
perfeic;ao, que e propriarnente chamada "santificac;ao inteira"
ou "perfeita". Desta e necessaria que, mais cedo ou mais tarde,
cada herdeiro da gloria tenha experiencia, e, posto que a maioria
nao a alcance muito tempo antes da morte, todavia alguns a
alcanc;am em plena vida e, por isso, e dever e privilegio de
todos procura-la e esperar que a alcancem agora.
3°. Este estado de perfeic;ao evangelica nao consiste na
capacidade de guardar perfeitamente a Lei original e absoluta
de santidade sob a qual Adao foi criado, nem exclui toda a
possibilidade de errar, de estar sujeito as enfermidades (ou
fraquezas) da carne e do temperamento natural, porem exclui,
sim, toda disposic;ao in tern a de ceder ao pecado, bern como a
comissao externa dele, porque ela consiste num estado em que
uma fe perfeita em Cristo e urn amor perfeito a Deus enchem
a alma inteira e governam a vida toda, e cumprem assim todas
as exigencias da "lei de Cristo", a (mica sob a qual o cristao
passa a sua provac;ao.
741
Capitulo 35 I
que exclua estas transgress6es involuntarias, que me parecem ~
ser conseqiiencias naturais da ignorancia e dos erros inse-
paraveis da mortalidade". Declarou tambem que a obediencia ,
do cristao perfeito "nao pode suportar o rigor da justi~a de
Deus, mas precisa do sangue expiador", e, por conseguinte, os
mais perfeitos "tern sempre motivo para dizer: "Perdoa-nos os
nossos pecados"; eo Dr. Peck afirma que "quanto mais santos
sao os homens, tanto mais se detestam e se aborrecem a si
mesmos". Mas, por outro lado, eles sustentam que o cristao
pode nesta vida chegar a urn estado de amor perfeito e cons-
tame, o que cumpre perfeitamente todas as exigencias da
alian~a evangelica. Viola~6es da lei original e absoluta de
Deus nao sao imputadas ao crente como pecados, por haver
Cristo sido feito em seu favor o fim dessa lei para justi~a, e
ele foi libertado dessa lei por amor de Deus e foi feito sujeito
a "lei de Cristo", e, pecado, para o cristao, e s6 aquilo que e
viola~ao desta lei do amor. Veja o tratado de Wesley sobre
Christian Perfection (A Perfei~ao Crista), na obra sobreMethodist
Doctrinal Tracts (Tratados Doutrinarios Metodistas), pags. 294,
310,312, e a obra do Dr. Peck intitulada The Christian Doctrine
of Perfection (A Doutrina Crista da Perfei~ao ), pag. 204.
742
A Santificafiio
para sermos aceitos. Em conseqi.iencia do pecado, tornou-se
impossivel aos homens obterem a salva~ao pela Lei, e, por
isso, Cristo veio e ofereceu a essa lei em nosso lugar uma
satisfa~ao perfeita, e assim Ele e, em nosso favor, o fim da Lei
para justi~a. Esta Lei, pois, posto que permane~a para sempre
como regra de dever, foi ab-rogada por Cristo como condi<;ao
da nossa aceita~ao.
"N em e hom em vivo algum obrigado a guardar a lei
adamica mais que a mosaica (quero dizer que ela nao e a
condi<;ao quer da salva<;ao presente quer da futura)." -Doctrinal
Tracts (Tratados Doutrinarios), pag. 332.
"0 evangelho, que e a lei do amor, 'a lei da liberdade',
oferece a salva<;ao sob outros termos e ao mesmo tempo prove
a vindica<;ao da lei quebrada. A condi~ao da justifica<;ao e, a
principio,somente afi, e a condi<;ao da aceita<;ao permanente e
a fi agindo pelo amor. Ha diversos graus de fee tambern de
amor... Fe perfeita e amor perfeito sao a perfei<;ao crista."
"0 carater cristao envolve o perfeito cumprimento dessas
condi<;oes, e mais nada."
743
Capitulo 35
33. Quale a doutrina oberlinense da santijiCafiiO?
"Eo plena e perfeito cumprimento do nosso clever inteiro,
de todas as nossas obrigac;6es para com Deus e para com todos
OS outros Seres. E obediencia perfeita a lei moral." Esta e a lei
original e universal de Deus, a qual, porem, nao devido agrac;a
e sim simplesmente devido a justic;a, sempre ajusta as suas
exigencias a medida da capacidade presente dos que estao
debaixo dela. A lei de Deus nao pode com justic;a exigir agora
que amemos a Deus tanto como 0 poderiamos amar se
tivessemos sempre empregado bern o nosso tempo, etc. Con-
tudo, o cristao pode agora alcanc;ar urn estado de "benevolencia
perfeita e nao interesseira"; pode ser, "segundo 0 seu conhe-
cimento, tao reto como Deus o e"; e pode estar "conformado
perfeitamente a vontade de Deus igualmente como o esta a
vontade dos habitantes do ceu". E isso, Finney parece ensinar,
e essencial ate nos primeiros passos da experiencia crista. Em
suma, tudo parece ser que Deus tern o direito de exigir somente
aquila que temos o poder de fazer; e dai se segue, pois, que
temos o plena poder de fazer tudo o que Deus exige, e, por
isso, podemos estar conformados tao perfeitamente avontade
de Deus a nosso respeito como seres celestais o estao a seu J
respeito. Pres. Mahan, Scripture Doctrines ofChristian Perfection, I
(Doutrinas Biblicas sabre a Perfeic;ao Crista), e Finney, Oberlin
Evangelist (0 Evangelista de Oberlin), Vol4, N°. 19, e Vol. 4,
N°. 15. Citado pelo Dr. Peck.
!
34. Quais os pontos de ac01·do e de desacordo entre as teorias J
pelagiana, cat6lico-romana, arminiana e oberlinense? j
1°. Todas concordam em sustentar que e possivel aos 1
homens chegarem nesta vida a urn estado em que podem l
habitual e perfeitamente cumprir todas as suas obrigac;6es, isto
e, ser e fazer tudo o que Deus exige que sejam ou fac;am agora.
2°. A teo ria pelagiana difere de todas a outras em negar a
deteriorac;ao das nossas forc;as marais naturais, e, por con-
seguinte, em negar a necessidade da intervenc;ao de qualquer
744
A Santificafiio
gra~a sobrenatural, a fim de tornar os homens perfeitos. ·
3°. As teorias pelagiana e oberlinense concordam em tomar
como padrao a original lei moral de Deus. Os te6logos ober-
linenses, porem, enquanto admitem que as nossas for~as estao
deterioradas por causa do pecado, sustentam que a lei de Deus,
como materia de simples justi~a, ajusta as suas exigencias as
for~as presentes dos que estao debaixo dela. A teoria cat6lico-
-romana toma a mesma Lei como padrao de perfei~ao, mas
difere da teoria pelagiana em sustentar que as exigencias dessa
Lei foram ajustadas as for~as deterioradas dos homens, e da
teoria oberlinense difere em sustentar que a acomoda~ao as
for~as enfraquecidas do homem nao foi questao de simples
justi~a, mas decorre da gra~a, por amor dos meritos de Cristo.
A teoria arminiana difere de todas as outras em negar que
a Lei original seja o padrao da perfei~ao evangelica, e em
sustentar que, tendo sido cumprido essa Lei por Cristo, o
cristao tern agora somente a obriga~ao de cumprir as exigencias
da alian~a evangelica da gra~a. Isso, porem, parece diferir
mais em forma do que em essencia da teoria romanista a
respeito disso.
4°. As teorias cat6lico-romana e arminiana concordam-
(1) Em admitir que o cristao perfeito ainda esta sujeito ao perigo
de transgredir as provisoes da lei moral original e que esta
sujeito a erros e fraquezas. 0 cat6lico romano chama-os pecados
veniais; o arminiano, erros e fraquezas. (2) Em referir toda a
obra de tornar OS homens perfeitos a efi.cacia do Espirito Santo,
que e dado por amor de Cristo. Mas, por outro lado, diferem,
(1) quanto a natureza da fe pela qual e efetuada a santifica~ao,
e (2) quanto ao merito das boas obras.
745
Capitulo 35
- Mat. 5:48. (2) 0 fato de que no evangelho foram feitas
abundantes provisoes para se conseguir a santificac;;ao perfeita
do povo de Deus; fez-se, com efeito, tudo o que se poderia
fazer neste sentido em qualquer tempo. (3) As promessas que
Deus fez de remir Israel de todas as suas iniqiiidades, etc. -
Sal. 130:8; Ez. 36:25-29; 1 Joao 1:7,9. (4) As orac;;6es dos santos
registradas nas Escrituras com aprovac;;ao implicita- Sal. 51 :2;
Heb. 13:21.
2°. Os argumentos no senti do de que esta perfei~ao foi de
fato alcanc;;ada sao: (1) Exemplos biblicos, como Davi- Atos
13:22. Veja tambem Gen. 6:9; J61:1; Luc. 1:6. (2) Exemplos
modernos- Peck, Christian Perfection, pags. 365-396.
RESPONDEMOS:
1°. As Escrituras nunca dizem que urn cristao pode nesta
vida alcan~ar urn estado em que possa viver sem pecado.
2°. E preciso interpretar o sentido de passagens especiais
de conformidade como testemunho global das Escrituras.
3°. A linguagem das Escritunis nunca implica que o
homem possa viver aqui sem pecado. Os mandamentos de
Deus estao ajustados a nossa responsabilidade, e as aspira~6es
e ora~6es dos san tos remetem o hom em a seus deveres e
privilegios, e nao a sua capacidade atual. A perfei~ao eo verda-
deiro alvo dos esfor~os do cristao em todos os periodos do seu
crescimento e em todos os seus atos. Os termos "perfeito" e
"irrepreensivel" muitas vezes sao relativos, ou sao empregados
para significar simples sinceridade ou verdade. Isso se torna
evidente pelo seguinte fato registrado:
4°. Todos OS homens perfeitos, segundo as Escrituras, as
vezes pecavam; disso dao testemunho as hist6rias de Noe, J6,
Davie Paulo. Compare o lei tor Gen. 6:9 com Gen. 9:21; J6 1:1
comJ6 3:1 e9:20. Veja tambem Gal. 2:11,14; Sal.l9:13; Rom.,
capitulo 7; Gal. 5:17; Fil. 3:12-14.
746
A Santificafiio
Essa teoria faz parte de urn sistema inteiramente anti-
cristao. Seus elementos constituintes sao a negac;ao do
testemunho biblico a respeito do pecado original e da obra do
Espirito Santo na vocac;ao eficaz, e a assen;ao do poder do
homem de salvar-se a si mesmo. Envolve uma teoria fraca a
respeito da culpa e da torpeza do pecado, e da extensao,
espiritualidade e imutabilidade da santa lei de Deus. Ea unica
teoria da perfeic;ao perfeitamente coerente em todos os tempos,
e, na mesma proporc;ao, e a mais anticrista.
747
Capitulo35
!
748
A Santificafiio
luta com as falsas premissas da filosofia arminiana. ':">l''l ,.,.
CONSIDEREMOS: :-,~i'i' · :, ,
1°. Conquanto insistam e tornem a insistir na distin~ao
de estar a lei original de Deus numa rela~ao dupla com os
homens (1) como uma regra de carater e de conduta, e (2)
como uma condi~ao de alcan~arem o favor de Deus, sua teoria
inteira esta baseada numa confusao logica dessas duas coisas
tao distintas. 0 Dr. Peck ensina com solicitude, e confirma
com muitos testemunhos wesleyanos, excelente doutrina
calvinista quanto aos seguintes pontos: a lei original de Deus
e universal e imutavel, e suas exigencias nunca podem ser
alteradas nem comprometidas. A obediencia a esta Lei foi a
condi~ao da alian~a original das obras. Esta condi~ao foi violada
por Adao, mas foi cumprida perfeitamente a nosso favor por
Cristo, e assim foi conservada a inteireza da lei imutavel de
Deus. Por isso, continua ele a argumentar, o crente nao esta
mais debaixo da Lei, mas sim debaixo da alian~a da gra~a,
isto e, para servir-nos do parentese qualificador ou restritivo
do proprio Wesley, "como a condi~ao da salva~ao presente ou
futura". Com certeza, respondemos nos, Cristo nos eo fim da
Lei para justi~a em seu senti do forense, is to e, para alcan~ar a
nossa justifica~ao, porem e certo que Cristo nao satisfez em
nosso lugar aquela Lei imutavel em sentido tal que ela nao
seja mais para n6s a regra de vida, e a qual nao seja mais nos so
clever conformar-nos pessoalmente. A questao da perfei~ao e
questao que diz respeito ao nosso carater pessoal e nao as nossas
rela~6es: e morale inerente, e nao forense. Provar, pois, que a
lei original de Deus, sob a alian<;;a do evangelho, nao e mais a
condifiio da nossa salva~ao, o que n6s tambem nos regozijamos
em crer, nao serve de nada absolutamente para provar que
Deus, estando n6s debaixo do evangelho, exige somente uma
obediencia ajustada a urn padrao mais facil do que o anterior.
2°. Essa teoria faz parte da teoria arminiana da alian~a da
gra~a, que julgamos estar em grande desarmonia com o
evangelho e que Watson (vejalnstitutes, Parte 1, Cap.23) parece
749
Cap£tulo35
procurar evitar, recusando-se ao mesmo tempo a admitir a
imputa~ao da justi~a de Cristo ao crente. Diz essa teoria que,
tendo Cristo cumprido a lei original de Deus, por Sua
propicia~ao, e agora compative1 com a justi~a divina apre-
sentar-nos a salva~ao sob condi~6es mais Hiceis, que se resumem
na obediencia evangelica, nao exigindo a perfei~ao crista mais
do que o cumprimento perfeito destas novas condi~6es
benevolas. Ora, essa teoria, alem de confundir as ideias de lei e
alian~a, de regra e condi~ao, de fundamento da justifica~ao e
padrao de justifica~ao, e incompativel com os ensinos gerais
do evangelho a respeito da justi~a de Cristo e do oficio da fe na
justifica~ao. Torna os meritos de Cristo, de urn modo incerto e
distante, em simples ocasiiio da nossa sa1va~ao, e torna a fee a
obediencia evangelica, em vez de obediencia perfeita sob a
alian~a antiga, no fundamento, em vez de simples meio e fruto
da nossa justifica~ao. Desenvolvida logicamente, essa teoria
nao pode deixar de levar adoutrina cat6lico-romana do merito
das boas obras.
3°. Essa teoria nega que os erros e fraquezas, que resultam
dos efeitos do pecado original, sejam em si mesmos pecados, e
ao mesmo tempo admite que devem ser confessados, que se
deve pedir perdao deles, que e necessaria que lhes seja aplicada
a propicia~ao do sangue de Cristo e que, quanto mais santo se
torna urn homem, tanto mais ele aborrece o seu estado interior.
Isso de certo e uma confusao de linguagem e urn abuso da
palavra pecado. Que sera pecado senao (1) uma transgressao
da lei original de Deus, (2) que precisa da propicia~ao de Cristo,
(3) que deve ser confessada e precisa de perdao, (4) e e urn
motivo proprio para o homem ter horror de si mesmo?
750
A Santificafiio
41. Como se pode provar que esta em oposifiio a experiencia
dos santos, como se acha registrada nas Escrituras?
Veja o que Paulo diz de si mesmo, Rom. 7: 14-25; Fil. 2:12-
14. Veja o caso de Davi, Sal. 19: 12; 51; ode Moises, Sal. 90:8;
ode Jo, 42:5,6; ode Daniel, 9:20. Veja Luc. 18:13; Gal. 1:11-
13; 6:1; Tia. 5:16.
751
Capitulo 35 ~
EXPOSI<;OES AUTORIZADAS DE DOUTRINAS
DE DIVERSAS IGREJAS
752
A SantificafiiO
753
Capitulo 35
754
A Santificafiio
755
36
1
A Perseveran~a dos Santos
756
Perseverenfa dos Santos
todos seria abalado, Sal. 53:6,11; Mat. 20:28; 1 Ped. 2:24; (5)
da justifica~ao, que declara cumpridas todas as condi~6es da
alian~a de vida, e coloca o justificado para sempre numa nova
rela~ao com Deus, de modo que ele nao pode cair sob conde-
na~ao, porque nao esta mais debaixo da lei mas sim debaixo
da grac;:a, Rom. 6.14; (6) da habitac;:ao do Espirito Santo nos
que comp6em o povo de Deus, (a) como selo assinalando que
pertencem a Deus, (b) como penh or ou primeira prestac;:ao da
redenc;:ao prometida, em penhor do cumprimento completo,
Joao 14:16; 2 Cor. 1:21,22; 5:5; Ef. 1:14; (7) da eficacia da
intercessao de Cristo- Joao 11 :42; 17: 11,15,20; Rom. 8:34.
757
Capitulo 36 l
finalmente e perecer, masse os "verdadeiramente regenerados
e justificados" o podem. ~
758
Perseverenfa dos Santos
de que se acham seguros em sua posi~ao atual, e de confiarem
em que Deus osha de salvar afinal, independentemente dos
seus pr6prios esfor~os.
Posto que seja certo que, da parte de Deus, se somos eleitos
e fomos chamados, seremos salvos, sao todavia necessarias, da
nossa parte, vigilancia, diligencia e ora~ao constantes, para que
se torn em firmes para n6s essa elei~ao e voca~ao- 2 Ped. 1:10.
0 fato de que Deus age poderosamente conosco e assim nos
assegura a vit6ria em nossa Iuta contra o pecado e apresentado
nas Escrituras como motivo poderoso, nao para que sejamos
pregui<;:osos, e sim diligentes- Fil. 2:13. A doutrina ortodoxa
nao afirma a certeza da salva~ao daqueles que uma vez creram,
e sim a perseveran<;:a na santidade dos que creram ou creem
verdadeiramente; e esta perseveran~a na santidade, pois, em
oposi~ao a todas as suas fraquezas e tenta~6es, que e a (mica
prova certa da verdade da experiencia crista passada do crente,
e da validade da sua confian~a a respeito da sua salva~ao futura,
e por certo o fa to de termos uma certeza como esta nao pode de
modo algum promover nem o descuido nem a imoralidade.
759
Capitulo 36
e a possibilidade de cairem.
2°. Deus garante a perseveranc;a na san tidade de Seu
verdadeiro povo pelo emprego de meios adaptados a sua
natureza como criaturas racionais, morais e livres. Vistos em
si mesmos, sao sempre, como Deus lhes diz, instaveis, e por
isso Ele os exorta a que se apeguem com diligencia aSua grac;a.
E tambem sempre verdade que, se apostatarem, estarao
perdidos; mas e por meio, em parte, de tais ameac;as que o
Espirito de Deus, por Sua gra~a, os preserva, impedindo-lhes
a apostasia.
760
Perseverenfa dos Santos
a uma ou outra de duas classes: ou, 1°. Eles nunca sentiram
em seu sera virtude real da piedade, apesar de parecer tao bela
sua vida aos olhos dos seus semelhantes, Rom. 2:28; 9:5; 1
Joao 2:19; Apoc. 3:1; ou, 2°. Sao cremes verdadeiros que, em
conseqiiencia de urn afastamento temporario da gra~a restrin-
gente, desviaram-se por algum tempo, mas, nao obstante isso,
sao todos restaurados pela gra<;:a divina, e isso geralmente por
meio de corre<;:6es- Apoc. 3:9. A esta classe pertenceram Davi
e Pedro. N enhum cristao verdad~iro e capaz de apostasia
proposital; e o seu maior desvio da justi~a e ocasionado por
impulsos subitos de paixao ou medo- Mat. 24:24; Luc. 22:31.
EXPOSI(:OES AUTORIZADAS
DA DOUTRINA ECLESIASTICA
761
Capitulo 36
762
Perseverenra dos Santos
misericordiosamente, e poderosamente os conserva nela,
ate o fim. Can. 4: "Mas, apesar desse poder de Deus, que
confirma os fieis na gra~a e os conserva, ser maior do que
o que pode ser vencido pela carne, contudo, os convertidos
nero sempre sao de tal modo influenciados e movidos por
Deus que nao possam desviar-se, em certas a~oes especiais,
da dire~ao e da gra~a e ser seduzidos pelas paix6es da
carne, e obedecer-lhes. Podem ate cair em pecados graves
e atrozes ... " Can. 5: "No entanto, com esses pecados
enormes, eles ofendem muito a Deus, incorrem em culpa
de morte, entristecem o Espfrito Santo, interrompem o
exercfcio da fe, ferem gravemente a consciencia, e as vezes
perdem por algum tempo a consciencia de estarem na
gra~a, ate que, voltando para o caminho com arrepen-
dimento sincero, o rosto paternal de Deus torne a brilhar
para eles." Can. 6: "Porque Deus, que e rico em mise-
ricordia, por causa do Seu imutavel proposito de elei~ao,
nao tira inteiramente o Espfrito Santo dos que Lhe per-
tencem, mesmo nas quedas lamentaveis, nero permite que
escorreguem de tal modo que caiam da gra~a da ado~ao e
do estado de justifica~ao, ou que cometam o pecado que e
para morte, ou contra o Espfrito Santo, para que, aban-
donados por Ele, se lancem a perdi~ao eterna ... " Can. 8:
"De modo que nao e por seus proprios merecimentos ou
for~as, e sim pela gratuita misericordia de Deus, que eles
(os eleitos) alcan~am tal posi~ao que nero caem totalmente
da fe e da gra~a, nero permanecem ate o fim em suas
quedas e assim pere~am".
Conf de Fe, de U!estminster, Cap. 17 § P: "Os que Deus
aceitou em Seu Filho amado, os que Ele chamou
eficazmente e santificou pelo Seu Espfrito, nao podem
cair do estado de gra~a, nero total, nero finalmente; mas
com toda a certeza perseverarao nesse estado ate o fim e
serao eternamente salvos." § 2: "Essa perseveran~a dos
santos nao depende do seu livre-arbftrio, porem da
imutabilidade do decreta da elei<;:ao, que brota do livre e
imutavel amor de Deus Pai, da eficacia do merito e
intercessao de Jesus Cristo, da permanencia do Espfrito e
763
Capitulo 36
da semente de Deus neles, e da natureza da alian~a da
gra~a; de todas estas coisas vern a sua certeza e a sua
infalibilidade".
/ d .
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,.
764
... ;
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37
3. Que ea morte?
A morte e a suspensao da uniao pessoal entre o corpo e a
alma, seguida da resolu<;ao do corpo em seus elementos
quimicos, e da introdu<;ao da alma naquele estado separado
de existencia que lhe seja designado por seu Criador e Juiz-
Eel. 12.7.
765
Capitulo 37
4. Qual a relafiio existente entre a morte e o pee ado?
A plena pena da lei, inclusive todas as conseqi.iencias
eternas do pecado - espirituais, fisicas e penais, e charnada
rnorte nas Escri turas. A senten<;a foi: "No dia ern que del a
co meres, certarnente rnorrenis" - Gen. 2: 17; Rom. 5: 12. Que
isso incluiu a rnorte natural fica provado por Rom. 5: 13,14; e
tarnbern pelo fato de que, quando Cristo tornou sobre Si
a pena da lei, foi necessario que rnorresse- Heb. 9:22.
766
A Mortee ...
anal6gico tern aplica~ao, ele confirma decisivamente a cren~a
.em que uma substancia espiritual e, como tal, imortal. Nao ha
; . arte alguma do campo da experiencia humana que nos de
onhecimento de urn s6 caso de aniquila~ao de urn atomo de
' ateria, isto e, da materia como tal. Vemos quecorpos materiais,
(brganizados ou compostos quimicamente, ou formados por
simples agrega<;:oes mecanicas, estao constantemente entrando
em existencia e por sua vez desaparecendo, mas nunca pelo
aniquilamento de suas partes elementares constituintes ou
componentes, por simples dissolu<;:ao da rela<;:ao que essas
partes haviam mantido umas com as outras. 0 que e espirito,
porem, e essencialmente simples e uno, por isso incapaz
daquela dissolu<;:ao das partes a que estao sujeitos os corpos
materiais. Inferimos, portanto, que OS espiritos sao imortais
porque nao podem estar sujeitos a unica forma da morte da
qual temos conhecimento.
767
Capitulo 37
8. Que argumento sabre este ponto pode ser tirado da justifa
distributiva de Deus?
E urn juizo invariavel da razao natural e uma doutrina
fundamental da Biblia que o bern moral esta associado a
felicidade, e o mal moral a infelicidade, pela natureza e pelo
prop6sito invariaveis de Deus. Mas a hist6ria, tanto de todos
os homens como de todas as comunidades, estabelece o fato de
que esta vida nao constitui urn estado de retribui~ao; que
aqui a maldade muitas vezes se acha associada aprosperidade,
e a excelencia moral a afli<;ao; devemos, pois, tirar dai a
conclusao de que ha urn estado (numa esfera transcendental) a
ser conhecido por nos no futuro em que sera ajusnido tudo o
que aqui parece incompativel com a justi<;a de Deus . Veja
Salmo 73.
768
A Mortee ...
origem que nao a constitui~ao da natureza do hom em, que eo
testemunho do seu Criador. ',,m. ,
769
Capitulo 37
Quanto aos bons, porem, a sua residencia no sheol era
considerada como algo intermediario entre a morte e uma
1
ressurrei~ao feliz- Sal. 49:16. Quando tratam deste assunto,
as Escrituras do Velho Testamento falam antes como se a
existencia continua da alma fosse coisa concedida, e nao a
afirmam explicitamente- Fairbairn, Hermeneutical Manual;
Josefo, Antiguidades, 18.1.
770
A Mortee ...
3a. Em seu sistema simb61ico, a terra de Canaa representa
a heran~a permanente do povo de Cristo, e todo o prop6sito da
revela~ao completa do Velho Testamento, como foi apreendida
pe1os crentes daquela dispensa~ao, dizia respeito a uma
existencia futura e a uma heran~a depois da morte. Isso e
asseverado diretamente no Novo Testamento- Atos 26:6-8;
Heb. 11:10-16; Ef. 1:14.
771
Capitulo37
permanecem durante todo o periodo.
7°. Este estado intermediario difere do estado final dos
remidos - (1) Por causa da ausencia do corpo. (2) Porque a
reden<;:ao ainda nao se consumou de maneira completa.
772
A Marte e...
em que esta a "arvore da vida", junto ao rio que sai do trono
de Deus e do Cordeiro- Apoc. 22:1,2.
Geena e palavra hebraica composta, transcrita na Septua-
ginta e no Novo Testamento com letras gregas, e significa "vale
de Hinom, J os. 15:8, o vale que ladeia Jerusalem ao sui e segue
do vale de Josafa para o oeste, ao pe do monte Siao. Ali se
estabelecera o culto de Moloque, falso deus ao qual eram
sacrificadas crians;as pelo fogo- 1 Reis 11:7. Josias deu cabo
desse culto e dessacralizou o lugar - 2 Reis 23:10-14. Depois
disso, consta que esse lugar tornou-se o receptaculo para toda
a imundicie da cidade, e para os corpos dos animais mortos e
dos malfeitores justis;ados. Para a queima dessas coisas faziam-
-se ali de tempos a tempos grandes fogos. Por essa razao deram
ao lugar o nome de Tofete, que significa abominas;ao, vomito,
J er. 7: 31,"- Robinson, Greek Lexicon. Como uma figura muito
natural foi, pois, empregada essa palavra como designativo do
lugar do castigo final, sugerindo com muita fors;a a ideia de
degradas;ao e infelicidade. Encontra-se doze vezes no Novo
Testamento, e sempre para designar o lugar dos tormentos finais
-Mat. 5:22,29,30; 10:28; 18:9; 23:15,33; Mar. 9:43,47; Luc.
12:5; Tia. 3:6.
773
Capitulo 37
intermediario. (2) Em afirmar que esse lugar se acha "embaixo"
em rela<;:ao a este mundo. (3) Em sustentar que nao se trata de
"os mais altos ceus", onde Deus manifesta a Sua presen<;:a
especial e onde Cristo habitualmente reside. Veja Yesterday,
To-day and Forever, pelo Rev. E.H. Bickersteth, e Hades and
Heaven, or The State of the Blessed, pelo mesmo autor. ~
2°. Quanto a exposi<;:ao completa da doutrina dos roma-
nistas, veja abaixo, Perg. 22.
3°. As seitas de enfase materialista e alguns socinianos
sustentam que as almas dos homens ficam em estado
inconsciente ou de vida interrompida desde a morte ate ao
momenta da ressurrei<;:ao.
4°. Essa opinii:io e sustentada tambem pelos defensores da
aniquila<;:ao final dos maus, e e defendida muito habilmente
por C. F. Hudson na America, e provavelmente pelo falecido
arcebispo Whately na Inglaterra- View ofScripture Concerning
a Future State. .v·;~;r '··'- · · ,,, l
Os argumentos sao: (1) Nao temos experiencia e nem
podemos formar ideia de uma atividade mental consciente
num estado separado do corpo. (2) Sao obscuras e nao conclu-
sivas as provas biblicas apresentadas em apoio da doutrina das
igrejas. (3) 0 significado original e simples da palavra morte
e "extin<;:ao de existencia". Deus disse a Adao: "No dia em que
dela comeres, certamente morreras"; nao o teu corpo, mas tu
mesmo morreras. Veja Mat. 10:28. (4) Que a grande
proeminencia dada noN ovo Testamento afutura ressurrei<;:ao
do corpo, como efeito da reden<;:ao e como objeto da esperan<;:a
crista, prova que a (mica vida futura esperada pelos ap6stolos
era posterior aressurrei<;:ao e dependia dela. Veja 1 Cor. 15: 14.
(5) Citam muitas passagens para provar que, segundo as
Escrituras, os mortos ficam por enquanto em estado de
inatividade corporal e espiritual. Veja Sal. 6:5: "Pois, na morte,
nao ha recorda~ao de ti; no sepulcro (sheol), quem te clara
louvor?"- Sal. 146:4; Jer. 51:57.
5°. Essa doutrina foi ensinada primeiro por certos hereges
774
A Marte e...
da Arabia, chamados tanatopsiquitas, no tempo de Origenes.
Ressuscitou depois como opiniiio de alguns te6logos nos seculos
13 e 14, mas foi condenada pela Universidade de Paris em
1240, e pelo papa Benedito XII em 1366. Foi ressuscitada outra
vez por alguns anabatistas e refutada por Calvina em sua obra
Psicopaniquia, etc. Nunca foi sustentada por nenhuma igreja
ou escola permanente de te6logos.
Isaac Taylor, em sua Physical Theory ofAnother Life, Cap.
17, tira a conclusiio, fundada somente nas Escrituras, de que o
estado intermediario das almas remidas "niio e urn estado
realmente inconsciente, mas de relativa inatividade e de energia
suspensa- urn estado de transic;iio durante cuja permanencia
devem acordar antes as faculdades passivas da natureza que as
ativas". - · ·' - "'"''
775
Capitulo 37
21. Como se pode mostrar que o estado intermediario niio
I
l
constitui mais tempo de provafiio para os que sairam desta vida sem
terem sido unidos a Cristo?
Entre algumas classes de protestantes esta se tornando em
voga* a opiniao de que entre a morte e a ressurrei~ao as almas
nao unidas a Cristo terao mais uma oportunidade para arre-
pender-se e alcan~ar a fe nEle. Que isso nao tern fundamento
ve-se-
1°. Do fato de nao ser ensinado em parte alguma das
Escrituras. E, quando muito, uma esperan~a sugerida pelo
desejo, mas sem fundamento algum na Palavra de Deus.
Mesmo que o fa to de Jesus Cristo ter pregado "aos espiritos
em prisao" (1 Ped. 3: 19) significasse realm en te o ministerio
pessoal de Cristo na esfera do estado intermediario, e certo
que nao teria aplica~ao aos que 0 tinham rejeitado como seu
Salvador aqui na terra, e, nesse caso, provavelmente s6 teria
aplica~ao aos verdadeiros crentes que viveram sob a dispensa-
~ao do Velho Testamento, como a igreja cat6lica romana sempre
tern ensinado.
2°. A teoria funda-se no prindpio fortemente anticristao
de que Deus tern o dever de conceder a todos os homens ocasiao
propicia para conhecerem e aceitarem a Cristo. Se isso fosse
verdade, o evangelho seria uma divida, e nao uma GRA(_;A.
3°. To do o en sino de Cristo e dos ap6stolos envolve o
contrario. "Aos homens esta ordenado morrerem uma s6 vez,
vindo, depois disto, o juizo" - Heb. 9:27. "Disse-lhes, pois,
Jesus outra vez: Eu retiro-me, e buscar-me-eis, e morrereis no
vosso pecado. Para on de eu vou, nao podeis v6s vir" - Joao
8:21. "E, alem disso, esta posto urn grande abismo entre n6s e
v6s, de sorte que os que quisessem passar daqui para v6s nao
776
A Marte e...
poderiam, nem tampouco OS de la passar para ca"- Luc.
16:26; Apoc. 22:11.
4°. A lei do habito e do carater moral confirmado tornaria
naturalmente o estado moral do pecador muito mais insensivel
e baldo de esperan<;;a no estado intermediario do que estivera
durante a sua vida terrena, mesmo que lhe fossem oferecidas
condi<;;6es de arrependimento. A razao nao e melhor funda-
mento para a "Esperan<;;a" do que sao as Escrituras.
777
Capitulo 37
Abraao", onde ficaram sem a visao beatifica de Deus, mas
tambem sem sofrimento, ate ao tempo em que Cristo, durante
os tres dias em que Seu corpo estava no sepulcro, foi
liberta-los -1 Ped. 3:19,20. Cat. Rom., Parte 1, Cap. 6, Perg. 3;
Cone. De Trento, Sess. 25, do Purgat6rio.
Quanto ao purgat6rio, o Condlio de Trento s6 decidiu dois
pontos: 1°. Que ha purgat6rio; 2°. "que as almas ali detidas
sao ajudadas com os sufragios dos fieis, e principalmente com
o gratissimo sacrificio do Altar".
E opiniao geral, porem, que as suas penas sao tanto
negativas como positivas. Que o meio instrumental dos seus
sofrimentos e fogo material. Que estes sao terriveis e iridefinidos
em extensao. Que os termos pelos quais se pode fazer satisfa~ao
neste mundo sao muito mais faceis de cumprir. Que no
purgat6rio as almas nem podem incorrer em culpa nem ganhar
merecimento algum; s6 podem expiar seus pecados por meio
de sofrimentos passivos.
Confessam que essa doutrina nao se acha ensinada
diretamente nas Escrituras, mas afirmam, 1°. Que se deduz
necessariamente da sua doutrina geral quanto a satisfa~ao
devida pelo pecado; 2°. Que Cristo e os ap6stolos a ensinaram
incidentalmente, assim como ensinaram a doutrina do batismo
das crian~as, etc. Fazem referencia a Mat. 12:32; 1 Cor. 3:15.
778
A Mortee ...
penitencia aqui ou das penas do purgat6rio. Isso e contrario a
tudo quanto as Escrituras ensinam, como ja provamos acima,
sob os seus respectivos titulos. (1) quanto a satisfa~ao dada a
justi~a divina por Cristo; (2) a natureza da justifica~ao; (3) a
natureza do pecado; (4) a rela~ao que tern com a lei os
sofrimentos e as boas obras dos justificados; (5) ao estado das
almas dos fieis depois da morte, etc. etc.
3°. E doutrina paga, derivada dos egipcios por via dos
gregos e romanos, e corrente em todo o imperio romano -
Eneida, de Virgilio, Liv. 6, pags. 739, 43.
4°. Seus efeitos praticos sempre tern sido (1) sujei~ao abjeta
do povo ao sacerd6cio; (2) vergonhosa desmoraliza~ao do povo.
A igreja e o autonomeado depositario e despenseiro dos
merecimentos superabundantes de Cristo, e dos merecimentos
supererrogat6rios de seus santos proeminentes. Tomando isso
por fundamento, ela dispensa das penas do purgat6rio os que
pagam por seus pecados ja cometidos, ou vende indulgencias
aos que pagam pela licen~a de cometer pecados no futuro.
Assim o povo vai pecando e pagando, e o sacerdote vai rece-
bendo o dinheiro e remitindo a pena. A fic~ao de urn purgat6rio
do qual o sacerdote tern as chaves e a origem principal da
influencia que ele tern sobre o povo por via dos seus temores.
Veja Cap.32, Perg. 19.
119
Capitulo 37
780
A Mortee ...
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781
38
A Ressurrei~ao
782
A RessurreiftiO
evidentemente urn corpo dotado de vida animal e adaptado ao
estado atual da alma e a presente constitui<;;ao fisica da esfera
em que ela se acha. Urn soma pneumatik6n, traduzido corpo
espiritual, eurn corpo adaptado ao uso da alma em seu estado
futuro glorificado, e as condi<;;6es morais e fisicas do mundo
celeste, e com este fim assemelhado pelo Espirito Santo, que
nele habita, ao corpo glorificado de Cristo- 1 Cor. 1S:4S-48.
783
Capitulo 38
miraculosa da verdade da Sua missao; se o Seu corpo nao tivesse
ressuscitado literalmente, nao haveria nada de miraculoso no
fato dEle viver depois da crucifixao.
3°. Toda a linguagem das narrativas inspiradas necessa-
riamente envolve isso, quando falam de haver-se tirado a pedra,
de haver estado dobrado o len~ol, etc.
4°. Ressurgiu somente no terceiro dia, o que prova que foi
uma mudan~a fisica, e nao uma simples continua~ao de uma
existencia espiritual-1 Cor. 15:4.
5°. Seu corpo foi visto, tocado e examinado, durante o
espa~o de quarenta dias, para que se estabelecesse precisamente
esse fato- Luc. 24:39. Veja Dr. Hodge. ·
784
A Ressurrei~:iio
15: 21,22; 1 Tess. 4:14.
3°. Gra<;as ao Seu Espirito, que habita em n6s (Rom. 8: 11),
tornando nossos corpos em membros de Cristo - 1 Cor. 6: 15.
4°. Porque Cristo, em virtude da alian<;a com o Pai, e
Senhor tanto dos mortos como dos vivos- Rom. 14:9. Esta
mesma uniao federal e viva do cristao com Cristo (veja acima,
Cap. 31) tambem fad. com que a ressurrei<_;ao do creme seja
semelhante a de Cristo, e nao s6 a conseqiiencia dela- 1 Cor.
15:49; Fil. 3:21; 1 Joao 3:2.
785
Capitulo 38
hade corroborar sempre a revela~ao corretamente interpretada.
786
A Ressurreifiio
condi~ao, e sofre diversas vezes uma mudan~a total das suas
particulas constitutivas. Tudo isso e certo; mas nao e menos
certo que, apesar de todas essas mudan~as, o homem possui o
mesmo e identico corpo desde a juventude ate a velhice. Isso
prova que, nem a identidade do mesmo homem desde a
juventude ate avelhice, nem a identidade do nosso corpo atual
com o da ressurrei~ao, consistem em serem as mesmas
particulas. Se estamos certos da nossa identidade num caso,
nao e necessaria trope~ar nas dificuldades do outro.
787
Capitulo 38
Sua Palavra inspirada, que o nosso corpo ressuscitado em
gloria sera identico ao nosso corpo semeado em desonra, apesar
de poderem terse espalhado ate aos confins do mundo as suas
partfculas constitutivas.
788
A Ressurreifiio
compreendamos agora ascondifoesfisicas da identidade do nosso
"corpo espiritual" corn o nosso "corpo animal", porque nao
ternos nern a experiencia, nern a observa~ao, nern a revela~ao
dos fatos que tal conhecimento envolve. Os seguintes pontos,
porern, sao certos, quanta ao resultado- (1) 0 corpo da ressur-
rei~ao sera tao estritarnente identico ao corpo corn que
rnorrerrnos quanta este e identico ao corpo com que nascernos.
(2) Cada alma tera o conhecimento intuitivo e indubitavel de
que o seu novo corpo e identico ao velho. (3) Cada amigo
reconheceni as caracteristicas individuais da alma na expressao
perfeitarnente transparente do novo corpo- Dr. Hodge.
789
Capitulo 38
gn6sticas e que, debaixo de diversos nomes espedficos,
incorporaram em sua doutrina o fermento da filosofia oriental
que infeccionou a Igreja Crista durante muitos seculos, desde
os seus primeiros dias, criam: 1°. Que a materia e essencial-
mente rna e constitui a origem de todo pecado e de toda a
miseria para a alma; 2°. Que a santifica~ao perfeita e consu-
mada unicamente na dissolu~ao do corpo e na emancipa~ao
da alma; 3°. Que, por conseguinte, qualquer ressurrei~ao lite-
ral do corpo e repugnante ao espirito e destruiria o prop6sito
global do evangelho.
790
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39
791
Capitulo 39
Luc. 7:19,20; 19:38; Joao 3:31; Apoc. 1:4; 4:8; 11:17.
792
0 Segundo Advento...
"1 a. Quando seriam destruidos o templo e a cidade.
"2a. Quais seriam os sinais da vinda de Cristo.
"3a. A terceira pergunta refere-se ao fim do mundo. A
dificuldade esn1 na separa~ao das partes da resposta concer-
nentes a cada uma destas perguntas. Ha tres metodos adotados
para a explica~ao destes capitulos. (1) 0 primeiro entende que
eles se referem exclusivamente ao derrubamento do Estado e
da religiao judaicos e ao estabelecimento e progresso do
evangelho. (2) 0 segundo entende que aquilo que se diz ali
cumpriu- se em certo senti do na destrui~ao de Jerusalem, e se
cumprira num sentido superior no ultimo dia. (3) 0 terceiro
sup6e que algumas partes referem-se exclusivamente ao
primeiro desses eventos, e outras partes exclusivamente ao
segundo. :E claro que a primeira destas tres teorias e insus-
tentavel, e quer se adote a segunda, quer a terceira, as
dificuldades que se encontram nestes capitulos nao devem
levar-nos a rejeitar o ensino claro e constante do Novo
Testamento a respeito do segundo advento pessoal e visivel do
Filho de Deus" - Dr. Hodge.
y .-
793
Capitulo39 I
Durante a vida de Cristo eles esperavam que Ele estabelecesse
o Seu reino em sua gloria naquele tempo, Luc. 24:21; e depois
da Sua ressurrei<;;ao a primeira pergunta que Lhe fizeram foi:
"Senhor, sera este o tempo em que restaures o reino a Israel?"
-Atos 1:6.
2°. Em seus escritos inspirados os ap6stolos nunca ensi-
naram que a segunda vinda do Senhor haveria de acontecer
durante a vida deles, nem a qualquer tempo determinado.
Ensinaram somente (1) que devemos deseja-la habitualmente,
e (2) que, por ser indeterminada quanto ao tempo, deve ser
sempre considerada como iminente.
3°. Amedida que lhes foram concedidas revela<;;6es mais
completas, eles aprenderam e ensinaram explicitamente que
nao somente era incerto o tempo do segundo advento, mas
tambem que antes dele aconteceriam muitos eventos, entao
ainda futuros, e.g., a apostasia anticrista, a prega~ao do
evangelho a todas as na<;;6es, a plenitude dos gentios, a conversao
dos judeus, a prosperidade milenaria da lgreja e a destrui~ao
final (da presente ordem de coisas)- Rom. 11:15-32; 2 Cor.
3: 15,16; 2 Tess. 2:3. Isso esta claro, mesmo porque se declara
que a vinda de Cristo sera acompanhada da ressurrei~ao dos
mortos, do juizo geral, da conflagra<;;ao geral e da restitui<;;ao
(ou renova<;;ao) de todas as coisas. Veja abaixo, logo a seguir.
794
0 Segundo Adventa...
795
Capitulo 39
796
0 Segundo Advento...
(d) que as ben<;aos do Reino sao puramente espirituais, sendo
o perdao, a santifica<;ao, etc., Mat. 3:2,11; Col. 1:13,14. (2)
Quanto ao fato de que o reino de Cristo ja veio. Desde a Sua
ascensao ate agora Ele esta assentado sobre o trono do patriarca
Davi -Atos 2:29-36; 3: 13-15; 4:26-28; 5:29-31; Heb. 10: 12,13;
Apoc. 3:7-12. Segue-se que as profecias do Velho Testamento
que predizem este reino referem-se apresente dispensa<;ao da
gra<;a, e nao a urn reino futuro de Cristo exercido por Sua
propria Pessoa entre os homens em carne na terra.
3°. 0 segundo advento nao se dara antes da ressurrei<;ao,
quando todos os mortos, tanto maus como bons, ressuscitarao
ao mesmo tempo- Dan. 12:2; Joao 5:28,29; 1 Cor. 15:23; 1
Tess. 4: 16; Apoc. 20:11,15. Ha somente uma passagem (Apoc.
20:1-10) que, na aparencia, da a impressao de que esta em
desarmonia com o fa to aqui afirmado. Para a verdadeira inter-
preta<;ao dessa passagem, veja a pergunta subseqiiente.
4°. 0 segundo advento nao se clara antes do julgamento de
todos os homens, dos bons e dos maus juntos- Mat. 7:21-23;
13:30-43; 16:24,27; 25:31-46; Rom. 2:5,16; 1 Cor. 3:12-15; 2
Cor. 5:9-11; 2 Tess. 1:6-10; Apoc. 20:11-15.
5°.0 segundo advento sera acompanhado da conflagra<;ao
geral e da gera<;ao de "novos ceus e nova terra"- 2 Ped. 3:7-13;
Apoc. 20:11; 21:1. Brown, sobre o segundo advento.
797
Capitulo39
nao tornarao a florescer ate que sejam cumpridos os mil anos,
quando tornara a florescer por urn pouco de tempo.
Considera~6es a favor dessa interpretac;;ao:
I a. Acha-se num dos livros mais figurativos ou simb6licos
da Biblia.
2a. Essa interpretac;;ao esta em perfeito acordo com aquila
que noutras passagens as Escrituras ensinam mais explicita-
mente sobre os diversos pontos envolvidos.
3a. A mesma figura, isto e, a de tornar o morto a vida, e
empregada muitas vezes nas Escrituras para exprimir a ideia
de revivificac;;ao espiritual da Igreja- Is. 26: 19; Ez ..37: 12-14;
Os. 6:1-3; Rom. 11:15; Apoc. 11:11.
Considera~6es contrarias a interpretac;;ao literal dessa
passagem:
1a. A pretensa doutrina de duas ressurreic;;6es, primeiro a
dos justos e, depois de urn intervalo de mil anos, a dos maus,
nao se acha ensinada em nenhuma outra parte da Biblia, e essa
(mica passagem em que (aparentemente) se encontra e pouco
clara. Este e urn forte pressuposto contra a veracidade da
doutrina contra a qual nos opomos.
2a. Esta em desacordo com o que as Escrituras ensinam
uniformemente quanta a natureza do corpo da ressurrei~ao,
isto e, que sera "espiritual", nao "animal", nem de "carne e
sangue"- 1 Cor. 15:44. Contrariamente a esse ensino das
Escrituras, constitui parte essencial da doutrina associada a
interpreta~ao literal da referida passagem, que os santos, ou ao
menos os martires, deverao ressurgir e reinar com Cristo
durante mil anos em sua carne e neste mundo, como este se
acha constituido presentemente.
3a. A interpretac;;ao literal dessa passagem contradiz o claro
e uniforme ensino das Escrituras de que todos os mortos, bons
e maus, ressurgirao e serao julgados juntos (ou concomitante-
mente) por ocasiao da segunda vinda de Cristo e da completa
subversao da presente ordem da criac;;ao. Veja os testemunhos
biblicos reunidos sob a pergunta anterior.
798.
0 Segundo Advento...
11. Como se pode mostrar que a futura conversiio dos judeus e
ensinada nas Escrituras? r· ·
799
Capitulo 39
800
0 Segundo Advento ...
801
Capitulo 39
2 Tim. 2:12. Ele julgara e condenani os Seus inimigos como
Cabec;a e Campeao da Sua Igreja, e todos os Seus membros
darao assentimento ao Seu juizo e se gloriarao em seu triunfo
-Apoe. 19: 1-5. Hodge, Comm. on First Corinthians. (Comentario
de 1 Corintios).
802
0 Segundo Advento...
vantagens especiais de qualquer genero que cada qual gozou-
Mat.ll:20-24;Joao3:19.
Os segredos de todos os cora~6es, o estado interno de cada
urn e os mais bern ocultos motivos de suas a~6es, bern como
cstas mesmas, tudo isso sera apresentado como materia de
julgamento, Eel. 12: 14; 1 Cor. 4:5, e sera declarado publica-
mente para vindicar a justi~a do Juiz e tornar manifesta a
vergonha a qual sera levado o pecador- Luc. 8:17; 12:2,3;
Mar. 4:22. Se os pecados dos santos serao ou nao apresentados
no Juizo e ponto nao decidido pelas Escrituras, embora seja
muito discutido por certos teologos. Se forem apresentados,
temos a certeza de que sera feito isso unicamente com a
finalidade de aumentar a gloria do Salvadore a consola~ao
dos salvos.
803
Capitulo 39
do Deus-homem para sempre-Ef. 1:14; Apoc. 5:9,10; 21:1-5.
Veja tarnbern Fairbairn, Tjpology, Vol. 1, Parte 2, Cap. 2,
Se<;ao 7.
804
0 Segundo Advento...
Conf Belgica, Art. 37: "Em ultimo lugar, cremos, segundo
a Palavra de Deus, que o nosso Senhor Jesus Cristo voltara
corporal e visivelmente do ceu, na maior gloria, quando
chegar o tempo predeterminado por Deus, porem nao
conhecido por nenhuma criatura, quando estiver completo
o numero dos eleitos ... Naquele tempo todos os que terao
morrido no mundo ressurgirao".
Conf de Westminster, Cap. 32 e 33; Cat. Maior, Pergs. 87-
89. Estes (simbolos de fe) ensinam - 1. No ultimo dia
havera uma ressurrei~ao geral, tanto dos justos como dos
injustos. 2. Todos OS que estiverem vivos serao trans-
formados imediatamente. 3. Logo depois da ressurrei~ao
acontecera o julgamento geral e final dos homens e dos
anjos bons e maus. 4. A data desse dia e hora Deus de
prop6sito mantem em segredo. Nas Perguntas 53-56 ainda
nos e ensinado que a segunda vinda de Cristo s6 ocorrera
no "ultimo dia", no "fim do mundo", e que Ele vira entao
"para julgar o mundo com justi~a".
; ~ .
0 T t
. ~ i . J.-
. r, ,
805
40
0 Ceu e o Inferno 1
1. Qual o sentido em que os ,termos ouran6s, "ceu", e ta
epourania, "lugares celestiais", sao empregados no Novo
Testamento? ~
Ouran6s e termo empregado principalmente em tres
sentidos-
1°. A atmosfera em que voam os passaros - Mat. 8:20;
24:30.
2°. A regiao em que revolvem as estrelas.- Atos 7:42; Heb.
11:12.
3°. A morada da natureza humana de Cristo, o teatro da
manifesta<;iio especial da gloria divina e da bem-aventuran<;a
eterna dos Santos- Heb. 9:24; 1 Ped. 3:22. Este e chamado as
vezes "terceiro ceu" - 2 Cor. 12:2. As frases "novos ceus" e
"nova terra", em contraste com 0 "primeiro ceu" e a "primeira
terra", 2 Ped. 3:7,13; Apoc. 21:1, referem-se a alguma mudan<;a
niio explicada, que dar-se-a na catastrofe final, quando Deus
vai revolucionar a nossa parte do universo fisico, limpa-la da
mancha do pecado e prepara-la para ser morada dos bem-
-aventurados.
Quanta ao uso da frase "reino dos ceus", veja acima,
Cap.27, Perg. 5.
Afrase ta epourania e traduzida "coisas celestiais" em Joiio
3:12, onde significa os misterios do mundo invisivel. Em Ef.
1:3; 2:6 e 6:12 e traduzida "lugares celestiais", e significa o
estado em que o crente e introduzido pela regenera<;iio; veja
806
0 Ceu eo Inferno
tam bern Ef. 1:20, on de a tradu~ao e "nos ceus". A referencia e
sempre ao universo extraterreno.
807
Capitulo 40 ~
I
urn mundo espiritual, isto e, urn mundo adaptado para ser o
teatro dos espiritos glorificados dos santos aperfei~oados. Assim
como a natureza foi amaldi~oada por causa do homem, e a
criatura esta, por culpa dele, "sujeita avaidade", pode ser que j
elas tambern tenham parte com ele em sua reden~ao e exalta~ao.
Veja TYpology, Parte 2, Cap. 2, Sec. 7, de Fairbairn.
808
0 Ceu e o Inferno
moral que a esperan~a do ceu deveria ter sobre o nosso cora~ao
e a nossa vida, tornando vagas as ideias que formarmos sobre
ele e, por conseguinte, distante e fraca a nossa simpatia por
suas caracteristicas. Para evitarmos tanto urn como o outro
extremo, Cnecessaria que fixemos OS limiteS dentro dos quais
devem conter-se as nossas ideias sobre a existencia futura dos
santos, distinguindo entre aqueles elementos da natureza do
homem e das suas rela~6es com Deus e com os outros hom ens,
que sao essenciais e imutaveis, e aqueles que terao que ser
modificados para que se torne perfeita a sua natureza em suas
rela~6es. : ... : l. ·', ;,; ; 1
CONSIDEREMOS: ~. ;;, .;,,.- ,1 c.~:;.;.: .';
1°. Ocorrerao necessariamente as seguintes mudan~as: (1)
Todo o pecado e suas conseqiiencias terao que ser tirados; (2)
"Corpos espirituais" terao que substituir nossa carne e nosso
sangue; (3) Os novos ceus e a nova terra terao que substituir os
ceus e a terra atuais como teatro da vida do homem; (4) As leis
da organiza~ao social terao que ser mudadas radicalmente,
porque no ceu nao havera casamentos, porem sera introduzida
uma ordem social analoga a dos anjos de Deus.
2°. Os seguintes elementos sao essenciais, e por isso
imutaveis: (1) 0 homem continuara a existir sempre como
composto de duas naturezas, espiritual e material. (2) Ele e
essencialmente intelectual, e necessariamente vive pelo conhe-
cimento. (3) E tambem essencialmente ativo, e e necessaria
que tenha alguma coisa para fazer. (4) 0 hom em, como criatura
que e, so pode conhecer a Deus indiretamente, isto e, por meio
de Suas obras de cria~ao e providencia, da experiencia da Sua
obra de gra~a em nossos cora~6es, e por meio de Seu Filho
encarnado, que e a imagem da Sua Pessoa e a plenitude da
Dei dade, corporalmente. Segue-se que no ceu Deus continuara
a ensinar os homens por meio de Suas obras, e a operar neles
por meio de motivos dirigidos a sua vontade mediante a sua
inteligencia. (5) A memoria do homem nunca perde para
sempre nem a mais leve impressao, e sera parte da perfei~ao
809
Capitulo 40
celestial o fato de que toda a experiencia adquirida estara t
sempre perfeitamente a servi~o da vontade. (6) 0 homem e ~
essencialmente urn ser social. Isso, tornado em conexao como
ponto anterior, indica que as associa~6es, bern como a expe-
riencia da nossa vida terrena, levarao consigo para o novo modo 1
de existencia todas as suas conseqiiencias, exceto onde forem ·
necessariamente modificadas (nao perdidas) pela mudan~a.
(7) A vida do homem e essencialmente urn progresso eterno
para a perfei~ao infinita. (8) Todas as conhecidas analogias das
obras de Deus na cria~ao, na Sua providencia, nos mundos
material e espiritual, e na Sua dispensa~ao da gra~a (1 Cor.
12:5,28), indicam que entre os santos no ceu haveni diferen~as
quanto as suas capacidades e qualidades inerentes e tambem
quanto a sua ordem relativa e aos seus oficios. Essas diferen~as
serao, sem duvida, determinadas (a) por diferen~as consti-
tucionais de capacidade natural; (b) por recompensas providas
pela gra~a de Deus no ceu correspondendo em grau e genero a
fidelidade, sob a gra~a, do individuo na terra, e (c) pela
soberania absoluta do Criador-Mat. 16:27; Rom. 2:6; 1 Cor.
12:4-28.
810
0 Ceu eo Inferno
cxteriores", o Iugar onde ha "choro e ranger de dentes", Mat.
8:12; "estouatormentadonestachama",Luc.16:24; "fogo que
nunca se apaga", Luc. 3: 17; "fornalha de fogo", Mat. 13:42; "a
negrura das trevas", Judas, vers. 13; "atormentado com fogo e
enxofre", Apoc. 14: 10; "o fumo do seu tormento sobe para todo
o sempre; e nao tern repouso nem de dia nem de noite", Apoc.
14: 11 -Bib. Ency., de Kitto.
811
Capitulo 40
2°. Posta que sejam empregados as vezes no Novo
Testamento para designar uma dura~ao limitada, todavia, na
maioria imensa dos casas, evidentemente designam dura~ao
ilimitada.
3° Sao empregados para exprimir a dura~ao sem fim de
Deus. (1) A palavraai6n eassim empregada em 1 Tim. 1:17, e
eaplicada a Cristo em Apoc.1: 18. (2) A palavraai6nias e assim
empregada em Rom. 16:26, e aplicada ao Espirito Santo- Heb.
9:14.
4°. Ambos os termos sao empregados para exprimir a
dura~ao sem fim da felicidade futura dos santos. (1) 0 vocabulo
ai6n e assim empregado em Joao 6:57,58; 2 Cor. 9:9. (2) 0
vocabuloai6nios eassim empregado em Mat. 19:29; Mar. 10:30;
Joao 3: 15; Rom. 2:7.
5°. Em Mat. 25:46 a mesmissima palavra e empregada
numa s6 clausula para definir tanto a dura~ao da felicidade
futura dos santos como da miseria dos perdidos. Assim, pois,
as Escrituras declaram explicitamente que a dura~ao da miseria
futura sera sem fim, no mesmo sentido em que sao sem fim a
vida de Deus e a bem-aventuran~a dos santos. Veja o exame
erudito, independente, critico e conclusivo que do uso dessas
palavras no Novo Testamento fez o falecido professor Moses
Stuart, na obra Stuart's Essays on Future Punishment (Ensaios
de Stuart sabre o Castigo Futuro- ou, sabre as penas eternas).
812
0 Ceu eo Inferno
813
Capitula40
linguagem no sentido de sofrimento interminavel, e isso ape-
sar da pressao constante e tremenda dos desejos humanos a
favor de uma conclusao contraria.
11. Quais as duas tearias que sabre esta questiia tem sida
SUStentadas par diversas pessaas, em apasiftiO aji proclamada par
toda a lgreja Cristti e aa clara ensina da Palavra de Deus?
1°. Ada extin~ao total da existencia dos reprobos, como a
senten~a da "segunda morte", depois do juizo final. Essa
doutrina, popularmente descrita em termos de "aniquila~ao
dos maus", e por seus defensores, "imortalidade condicional",
814
0 Ceu e o Inferno
815
Capitulo40
se interprete cada classe de textos biblicos com referencia a
outros, e e evidente que 0 explicito e definido e a regra para 0
que e geral e indefinido. :E axiomatico que as palavras "tudo"
e "todas as coisas" abrangem mais elementos ou menos, segundo
o assunto de que se trata. Admitimos com prazer - (a) que
TO DOS os que estao em Cristo serao vivificados, e (b) que Ele
Se tornara o Cabe<;;a de TODAS AS COISAS, absolutamente sem
exce<;;ao, no sentido de que o universo inteiro, incluindo os
amigos e os inimigos do Senhor, se tornarao sujeitos a Sua
supremacia real, que toda revolta sera vencida, e que a cada
classe sera atribuida a sua propria esfera. Veja abaixo, Perg. 14.
(2) Quanto a "intui<;;ao" ou as "intui<;;6es" em que se funda a
doutrina em apre<;;o, abaixo se mostrarii que nao merecem
confian<;;a (Pergs. 12 e 13). (3) Assim como a esperan<;;a de
uma reforma moral, numa outra vida, nao esta de acordo com
as apresenta<;;6es das Escrituras, assim tampouco e confirmada
pelo que ensinam a razao e a experiencia. Veja acima, Perg. 10.
816
0 Ciu eo Inferno
seria uma divida paga, e nao uma GRA<;A concedida.
2°. Nenhum pecado de uma criatura finita pode merecer
uma pena infinita; mas urn castigo sem fim e uma pena infinita.
RESPONDEMOS - A palavra infinito nesta conexao induz
ao erro. E claro que pecado sem fim merece castigo sem jim, e
isso e tudo o que as Escrituras e a Igreja ensinam. Urn s6 pecado
merece a ira e a maldi~ao procedentes de Deus. Ele nao tern,
em justi<;;a, a obriga~ao de prover reden~ao. No momento em
que uma alma peca, ela e cortada da comunhao e da vida de
Deus. Enquanto permanecer nesse estado, continuara a pecar.
Enquanto continuar a pecar, continuani a merecer a ira e a
maldi~ao que procedem de Deus. E evidente que as mas
disposi<;;6es nutridas e os maus atos praticados no inferno
merecerao e receberao tao estritamente o devido castigo como
o mereceram e receberam os praticados e nutridos nesta vida.
Se nao fosse assim, seria verdadeiro o principio monstruoso
de que quanto pi or se tornar urn pecador, tanto menos merecera
e1e censura e castigo.
3°. 0 infinito nao admite graus, todavia a culpa dos
diversos pecadores e maior ou menor. < '":;'i "' .,.;, :;
817
Capitulo 40
quanto esta em Seu poder para promover a felicidade de Suas
criaturas; e que, como nao temos nenhum direito de limitar
esse poder, temos o direito de esperar que Ele afinal pro-
porcionara a felicidade de todos.
RESPONDEMOS- (1) A benevolencia de Deus 0 leva a
proporcionar a felicidade de todas as Suas criaturas ate onde
isso ecompativel com estes Seus outros atributos- sabedoria,
santidade e justi<;,:a. (2) Sabemos pela experiencia de todos que
Ele inflige sobre Suas criaturas males que nao tern nenhuma
tendencia nerri influencia alguma para prom over finalmente
a felicidade dos individuos que os sofrem. (3) A benevolencia
do supremo Governador Moral, interessado que e na paz e na
pureza do universo, esta de acordo com Sua justi<;,:a em exigir a
execu<;,:ao da pena total da lei sobre todos os que quebrantam a
lei, e especialmente sobre todos os que aumentam a sua culpa
rejeitando o Filho de Deus que morreu na cruz.
2°. Que as apuradas intui<;,:6es dos cristaos lhes asseguram
que e incompativel com as perfei<;,:6es morais de Deus,primeiro
trazer a existencia seres imortais sob as condi~6es comuns a
maioria dos homens, edepois condena-los a uma vida posterior
de miseria eterna.
RESPONDEMOS - (1) A permissao para que o pecado
entrasse no mundo e um grande misterio. Que os seres
humanos, ja antes de nascerem, perdessem sua inocencia em
Adao e urn grande misterio. Todavia, todo ser humano
esclarecido sabe que esta sem desculpa e que merece a ira de
Deus. (2) Deus, por meio da pena que executou em Seu proprio
Filho, quando Ele sofreu em nosso lugar, mostrou em que
conta Ele tinha a terri vel culpa dos homens. (3) Eurn absurdo
dizer que as nossas intui<;,:6es sao adequadas para determinar o
que sera justo que o Governador Moral de todo o universo
fa<;,:a com os pecadores que permanecem impenitentes ate ao
fim. Sem duvida, a justi~a nEle e exatamente a mesma que a
justi<;,:a num homem perfeitamente justo. Mas nos nao sabemos
todas as condi<;,:6es do caso, e as nossas "intui<;,:6es" acham-se
818
0 Ceu e o Inferno
obscurecidas pelo pecado- Heb. 3: 13. Por conseguinte, a unica
fonte de conhecimento seguro que temos e a Palavra de Deus,
e ela, como ja vimos, nao nos da fundamento algum para a
esperan<;a de que haja arrependimento no alem-tumulo. (4) E
uma grande crueldade seguir o exemplo do diabo quando
enganou Eva, e persuadir o povo de que afinal de contas pode
ser que Deus seja mais benevolo do que a linguagem da Sua
Palavra da a en tender- Gen. 3:3,4.
819
Capitulo40
refutada pelos muitos testemunhos que temos citado ante-
riormente das Escrituras. ·· · ··· . · ·
2°. Que ela e incompativel como escopo do assunto de
que o ap6stolo trata nessa passagem. Ele declara que desde a
'·1 ,
eternidade ate a ascensao Deus reinou absolutamente. Da
ascensao ate a restaura~ao de todas as coisas, Deus reina na
Pessoa do Deus-homem como Mediador. Da restaura~ao ate a
eternidade, Deus tornara a reinar como Deus absoluto.
Tamhem de Efesios 1: 10 e Colossenses 1: 19,20 tira-se urn
argumento a favor da salva~ao final de todas as criaturas.
Respondemos que em ambas as passagens a expressao ."todas
as coisas" significa toda a companhia dos anjos e dos homens
remidos e reunidos sob o dominio de Cristo. Porque, 1°. Em
ambas as passagens o assunto do discurso nao eo universo,
mas sima Igreja; 2°. Em ambas as passagens as palavras "todas
as coisas" sao limitadas pelas frases qualificativas "os predes-
tinados", "nos fez agradaveis a si no Amado", "n6s, os que
primeiro esperamos em Cristo", "se, na verdade, permane-
cerdes fundados e firmes na fe", etc. (nos respectivos contextos).
Veja os comentarios sobre Romanos, 1 Corintios e Efesios, por
Dr. Hodge.
.,.,.
15. Quais as opinioes que sobre este assunto tern prevalecido
entre os arminianos extremistas?
Os seus principios fundamentais a respeito da rela~ao da
capacidade com a responsabilidade os obrigam a sustentar que
nao pode perecer ninguem que nao tenha tido, sob uma ou
outra forma, e num ou noutro grau, alguma ocasiao para valer-
-se da salva~ao mediante Cristo.
Para evitarem as inferencias 6bvias que se poderia tirar
dos fatos evidentes do caso, alguns tern suposto que Deus talvez
estenda o tempo da prova de alguns para alem da vida presente
-Scot., Christian Life.
Limborch (Lib. 4, Cap. 11) julga provavel que se sal vern
todos os que neste mundo fazem born uso da luz que tern; mas
820
0 Ceu eo Inferno
que, se rejeitarrnos esta ideia, dando preferencia a crer que a
bondade divina condenaria estes (os ignorantes) ao fogo do
inferno, parece que seria rnelhor sustentar que, assirn como
ha tres estados para os hom ens neste mundo- o dos crentes, o
dos incredulos eo dos ignorantes- assim tam bern hade haver
tres estados no mundo futuro: o da vida eterna para os fieis,
o das penas do inferno para os incredulos, e, alern desses, o
status ignorantium (o estado dos ignorantes).
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821
41
Os Sacramentos
822
Os Sacramentos
sentido inteiramente diverso de uma verdade revelada, ou de
urn sinal ou simbolo que revela uma verdade que de outro
modo permaneceria oculta. Este fato deu ao uso da palavra
sacramentum, na teologia escolastica, uma danosa latitude de
significa<;;ao e a tornou muito indefinida. Assim, em Ef. 3:3,9;
5:32; 1 Tim. 3:16; Apoc. 1:20, a palavra mysterion tern verda-
deiramente o sentido de "revela<;;ao de uma verdade que a razao
nao poderia descobrir, e e traduzida por mystery na versao
inglesa e sacramentum na Vulgata Latina (em Almeida, por
misterio ). Assim e que a igreja cat6lica romana emprega a
mesma palavra em dois sentidos inteiramente diversos, pois a
aplica indiferentemente ao Batismo e a Ceia do Senhor como
"ordenan<;;as que obrigam", e a uniao dos fieis com Cristo
como uma verdade revelada- Ef. 5:32. Dessa forma tiram a
absurda inferencia de que o matrimonio e urn sacramento.
823
Capitulo 41
con firma a nos sa fe nele".
5a. Do Catecismo Maior da Assembleia de "Westminster, Pergs.
162 e 163: "0 sacramento e uma santa ordenan~a instituida
por Cristo na Sua Igreja, para significar, selar e conferir aos
que estao dentro da alian~a da gra~a, os beneffcios da Sua
media~ao; para os fortalecer e aumentar a sua fee todas as suas
outras gra~as; para obriga-los a obediencia, para testificar e
nutrir sua comunhao uns com os outros, e para distingui-los
dos que estao fora"; ''As partes de urn sacramento sao duas:
uma o sinal exterior sensivel utilizado segundo a institui~ao
de Cristo, e a outra uma gra~a interior e espiritual por ele
representada".
824
Os Sacramentos
Quaes. 62, Art. 5, apud Hagenbach. A verdadeira questao e,
pois: haveria outras ordenanfas divinas que tenham as caracte-
risticas essenciais que siio comuns ao Batismo e aCeia do Senhor?
825
Capitulo 41
vinho na Ceia do Senhor. A forma e a pa1avra divina pro-
nunciada pelo ministro quando administra os elementos,
dedicando-os assim ao oficio de significar uma gra<;a.
* Termo empregado nos textos em ingles. Na Perg. 162 do Cat. Maior, e.g.,
temos em portugues o verba "conferir" em lugar de "exibir". Nota de Odayr
Olivetti. •.. ,
826
i Os Sacramentos
Cf. Conf De Fe, Cap.27, Sec. 3, e Cap. 28, Sec .. 6, e Cat.
Maior, Perg. 162.
Essa palavra vern do verbo latinoexhibeo, que tinha os dois
sentidos, de comunicar e de descobrir ou revelar. E evidente
que o termo exibir tern em nossos simbolos o primeiro desses
sentidos: ode comunicar, conferir.
827
Capitulo 41
de Gen., Sec;. sa.De Sacramentis; Con! da !gr. Francesa, Art. 34;
Antiga Conf Escocesa, Sec;. 21.
828
Os Sacramentos
1°. De ser ele autorizado canonicamente. No caso dos
sacramentos de ordem e confirma<;;ao, enecessaria que ele seja
urn bispo em comunhao como papa. No caso dos outros sacra-
memos, que seja urn sacerdote papal devidamente ordenado.
0 carater pessoal do bispo ou sacerdote, ainda que esteja em
pecado mortal, nao impede a realiza<;;ao do efeito- Cone. de
Trento, Sess. 7,De Sacr., Can. 12.
2°. E necessaria que o administrador tenha, no ato de
administrar o sacramento, a inten<;;ao positiva de fazer o que a
igreja tern a inten<;;ao de fazer quando celebra cada sacramento.
0 te6logo cat6lico-romano Pedro Dens (Vol. 5, pag. 127)
diz: "Para que a celebra<;;ao do sacramento seja valida, e
necessaria que o ministro celebrante tenha a inten<;;ao de fazer
o que a igreja faz. A inten<;;ao necessaria no ministro consiste
num ato da sua vontade, pelo qual ele se determina a realizar o
ato externo com a inten<;;ao de fazer o que faz a igreja"; isto e,
celebrar urn sacramento valido. A nao ser assim, o ato enulo,
mesmo quando se realizam regularmente todos os atos
externos. Veja Cone. De Trento, Sess. 7, Can. 11. Isso deixa o
participante inteiramente amerce do ministro, por depender
a validade do ato inteiro da sua inten<;;ao secreta, vindo a ser
isto uma das muitas inven<;;6es daquela igreja anticrista para
tornar o povo dependente do sacerdote.
829
Capitulo 41
2°. Da parte dos adultos, a unica condic;;ao e que eles nao
se lhe oponham com incredulidade absoluta ou com resisten-
cia da vontade (non ponentibus obicem). Sendo a fe e o
arrependimento possiveis a alma nao regenerada, eles sao
tambem exigidos como necessarios para produzir o efeito do
batismo (Cat. Rom., Parte 2, Cap. 2, Perg. 39). Belarmino,De
Sacram., 2, 1, diz que a vontade de ser batizado, a fee o arrepen-
dimento sao disposic;;6es necessarias para tornar o sacramento
capaz de produzir seus efeitos, exatamente como estar seca a
lenha e a condic;;ao para o fogo poder queima-1a, mas nunca e a
causa do fogo.
830
Os Sacramentos
haverem cumprido as condi<_;6es da alian~a. No entanto, essa
alian<_;a declara que a salva<_;ao e toda ben<_;ao espiritual
dcpendem da fe como sua condi<_;ao.
2°. Conhecimento e fe sao exigidos como as condi<_;6es
previas, e e necessaria que se achem em todos os que desejam
participar dos sacramentos, como as qualifica<_;6es essenciais
para recebe-los- Atos 2:41; 8:37; 10:47; Rom. 4:11.
3°. A fee essencial para tornar eficazes os sacramentos-
Rom. 2:25-29; 1 Cor. 11:27-29; 1 Ped. 3:21.
4°. Muitos que recebem os sacramentos estao notoriamente
sem a gra<_;a que eles significam. Atente-se para o caso de
Simao, o mago, Atos 8:9-21, e para os de muitos dos corintios
e dos galatas, e para a maioria dos cristaos nominais do tempo
atual.
5°. Muitos tern tido a gra<_;a sem os sacramentos. Disso
dao testemunho os casos de Abraao, do ladrao na cruz, de
Cornelio, o centuriao, e de uma multidao de cristaos proemi-
nentes entre os quacres.
6°. Essa doutrina amarra blasfemamente a gra<_;a do Deus
soberano e sempre vivo, e a coloca completamente adisposi<_;ao
das maos de homens fallveis e muitas vezes maus.
7°. Essa doutrina e urn elemento essencial daquele sistema
cerimonial e sacerdotal que prevalecia entre os fariseus, e contra
o qual to do o Novo Testamento e urn protesto.
8°. 0 efeito uniforme desse sistema tem sido ode aumentar
o poder dos sacerdotes e de confundir todo o conhecimento a
respeito da natureza da religiao verdadeira. Como os batizados
nem sempre e geralmente nao produzem de fato os frutos do
Espirito, todos os ritualistas concordam em nao considerar esses
frutos como essenciais para a salva<_;ao. Onde prevalece esse
sistema, morre a piedade.
Jll!II~ILJOTECA AUBBEY ClABIC
831
Capitulo 41
A DOUTRINA DAS IGREJAS PROTESTANTES
QUANTO A EFICACIA DOS SACRAMENTOS
832
Os Sacramentos
em consequencia da rea~ao contra as teorias extremas dos
romanistas e dos ritualistas em geral. Para uma exposi~ao geral
desse modo de pensar veja acima, Perg. 7.
833
Capitulo 41
834
Os Sacramentos
A NECESSIDADE DOS SACRAMENTOS
835
Capitulo 41
22. Qual a doutrina protestante quanta a necessidade dos
sacramentos?
1°. Que os sacramentos do Batismo e da Ceia do Senhor
foram instituidos por Cristo e que sua observancia perpetua e
obrigat6ria para a Igreja em razao do preceito divino. Isso se
torna evidente (1) da narrativa que temos da sua institui<;:ao,
Mat. 28:19; 1 Cor. 11:25,26; (2) do exemplo dos ap6stolos-
Atos 2:41; 8:36,37; 1 Cor. 11 :23-28; 10:16-21.
2°. Que, nao obstante isso, a gra<;:a oferecida na alian<;:a
evangelica nao reside fisicamente nesses sacramentos, nem esta
ligada inseparavelmente a eles, de modo que, posto que sejam
obrigat6rios como deveres, e ajudem muito como meios aos
que estao preparados para recebe-los, todavia nao sao em
sentido algum os meios essenciais sem os quais seria impossivel
alcan<;:ar a salva<;:ao. Isso fica provado pelos argumentos apresen-
tados acima, sob a Perg. 16.
836
Os Saeramentos
verdadeira ninguem que nao creia na deidade suprema de
Cristo, no Seu oficio como Redentor e na personalidade do
Espirito Santo. Por isso a Assembleia Geral, em 1814 (Moore's
Digest, pag. 660) decidiu: "E opiniao decidida e unanime desta
Assembleia que os que renunciam as doutrinas fundamentais
da Trindade e negam que Jesus Cristo eo mesmo em subs tan cia
e igual em poder e gloria ao Pai, nao podem ser reconhecidos
como ministros do evangelho, e que as suas ministra<;6es
(batismo etc.) nao sao validas". Todas as igrejas concordam que
"a eficacia de urn sacramento nao depende da piedade de quem
o administra" -Conf de Fe, Cap. 27, § 3; Cone. de Trento, Sess.7,
Can. 11. E a Conf Galica, Art. 28, exp6e a opiniao e a pratica
comuns de todas as igrejas protestantes com respeito ao batismo
cat6lico romano: "Nao obstante isso, permanecendo ainda no
romanismo alguns vestigios da verdadeira Igreja, e especial-
mente a substancia do batismo, cuja eficacia nao depende de
quem o administre, reconhecemos que os que foram batizados
por eles nao precisam ser rebatizados, embora, por causa da
corrup<;ao contagiosa, ninguem possa oferecer seus filhos para
serem por eles batizados sem que tambem quem o fizer se
con tamine".
Com rela<;ao as qualifica<;oes das pessoas que administram
os sacramentos, os papistas sustentam que, para a validade de
urn sacramento e essencial que seja administrado por urn
ministro ordenado canonicamente; para os da ordem e da
confirma<;ao e essencial que o administrador seja bispo; para
os demais, que seja sacerdote. Mas, por ser o batismo absoluta-
mente necessaria (como eles dizem) para a salva<;ao, eles admi-
tem que "todos, mesmo de entre os leigos, quer seja homem
quer seja mulher, e seja qual for a seita que professe (podem
batizar). Porque isso e permitido quando a necessidade obriga,
mesmo aos judeus, aos incredulos e aos hereges, con tanto, po-
rem, que o fa<;am como prop6sito de fazer aquila que a igreja
cat6lica romana faz nesse ato de seu ministerio" -Cat. do Cone.
de Trento, e Cone. de Trento, Sess. 7, "Do batismo", Can. 4.
837
Capitulo 41
Os protestantes consideram os sacramentos (as ordenan~as)
como uma prega~ao da Palavra, tambem como selos auto-
rizados e insignias que atestam que se pertence a igreja. Por
conseguinte, a sua administra~ao deve ser limitada aqueles
oficiais da igreja que possuam, por comissao divina, o oficio
de ensinar e governar, "nem urn nem outro dos quais (sacra-
memos) pode ser celebrado por quem nao for ministro da
Palavra, legalmente ordenado" -Con! de Fe, Cap. 27, § 4. Nao
considerando o batismo como essencial para a salva~ao, os
protestantes em geral nao fazem nenhuma exce~ao a favor do
batismo leigo- Diret6rio para o Culto Divino, .Cap. 7, § 1;
Calvina, Institutas, Livro 4, Cap. 15, § 20.
838
Os Sacramentos
839
Capitulo 41
i40
Os Sacramentos
sem nenhuma a<;:iio pos1t1va do participante. Mas os
sacramentos sao sinais de promessas, e, por isso, e preciso
que a fe esteja presente em sua celebra<;:iio ... Falamos aqui
da fe especial que confia numa promessa presente, niio
somente crendo em geral que Deus existe, mas que ere
que a remissiio dos pecados e oferecida".
Quenstedt (Wittenberg,~ 1688), Vol. 1, pag. 169: "A Palavra
de Deus, pela vontade e pela institui<;:iio do proprio Deus,
tern, antes mesmo e alem de todo uso legitimo, urn poder
divino, que e intrinseco e COillUill a todos OS homens, e
suficiente para produzir imediata e propriamente efeitos
espirituais e divinos, tanto de ben<;:iio da gra<;:a como de
puni<;:iio". , 1 ' ,,,
Conf de Augsb., Art. 9: "Eles condenam os anabatistas,
que desaprovam o batismo de crian<;:as e afirmam que as
crian<;:as podem ser salvas sem o batismo".
Apol. da Conf de Augsb., pag. 156: "Aprova-se o nono
artigo, em que confessamos que 0 batismo e necessaria
para a salva<;:iio, que as crian<;:as devem ser batizadas, e que
0 batismo de crian<;:as niio e ocioso, e sim necessaria e
eficaz para a salva<;:iio".
Art. de Esmalcalda, Part. 3, Cap. 8: "E, quanto as coisas
que dizem respeito a Palavra falada ou externa, deve-se
manter firmemente que Deus niio concede a ninguem o
Seu Espirito ou a Sua gra<;:a, a niio ser por meio da Palavra
e com a Palavra externa precedendo ... Portanto, e neces-
saria que perseveremos nisso constantemente, porque
Deus niio quer tratar conosco por outro modo que niio seja
pela Palavra falada e pelos sacramentos (ordenan<;:as), e
porque tudo aquilo de que as pessoas se gabem como sendo
do Espirito sem a Palavra e os sacramentos, e o proprio
diabo".
DOUTRINA REFORMADA- Cat. de Genebra, pag. 519:
"0 sacramento e urn atestado externo da benevolencia
divina para conosco, o qual, por urn sinal visivel, repre-
senta gra<;:as espirituais para selar em nossos cora<;:6es as
promessas de Deus, podendo assim a sua virtude ser mais
bern confirmada. Voces pensam que a virtude e eficacia
841
Capitulo 41
do sacramento nao se acham no elemento externo mas
que vern unicamente do Espirito de Deus? Eu verdadei-
ramente assim julgo, porque agrada mais ao Mestre exercer
o Seu proprio poder por Seus pr6prios instrumentos, seja
qual for o prop6sito para o qual Ele os destinou".
Cat. de Heidelberg, Perg. 66: "Os sacramentos sao sinais
visfveis e santos estabelecidos por Deus, para que, por meio
do seu uso, a promessa do evangelho se nos torne mais
clara e seja selada; a saber, que Deus, por amor da oblas;ao
(mica de Cristo, da-nos o perdao dos pecados e a vida
eterna".
Os Trinta e Nove Artigos, Art. 25: "Os sacramentos
instituidos por Cristo nao sao unicamente designas;6es ou
indicios da profissao (de fe) dos cristaos, mas, antes, sao
testemunhos firmes e certos, e sinais eficazes da gras;a e
da boa vontade de Deus para conosco, pelos quais Ele age
invisivelmente em n6s, e nao somente vivifica, porem
tambem fortalece e confirma a nossa fe nEle. ... e somente
nas pessoas que os recebem dignamente que produzem
saudavel efeito ou as;ao; todavia os que os recebem indig-
namente adquirem para si mesmos condenas;ao, como diz
o ap6stolo Paulo".
Conf de Fe, de W'estminster, Cap. 27; Cat. Maior, Pergs.
161-168; Breve Cat., Pergs. 91-93.Veja acima, Perg. 2.
DOUTRINA ZWINGLIANA E REMONSTRANTE -
Limborch, Christ. Theol., 5, 66, 31: "Resta dizer que Deus,
por meio dos sacramentos, exibe-nos a Sua gras;a, nao
conferindo-a de fato por meio deles, mas representando-a
e colocando-a diante de nossos olhos por meio deles como
sinais claros e evidentes ... E essa eficacia nao e mais que
objetiva, exigindo (da nossa parte) uma faculdade cognitiva
que possa apreender aquilo que o sinal apresenta
objetivamente a (nossa) mente ... Eles operam sobre n6s
como sinais, representando a mente a coisa da qual sao
sinais. Nao se deve procurar neles nenhuma outra eficacia".
842
42
843
Capitulo 42
2. 0 batismo de Joiio foi cristiio?
0 Concilio de Trento (Sess. 7, "De Baptismo': Can. 1) deci-
diu que, "Se alguem disser que o batismo de Joao Batista
teve a mesma efid.cia que o batismo de Cristo, seja amitema".
Por motivos controversiais, muitos protestantes, principal-
mente os das escolas de Zwinglio e de Calvino, tomaram
partido conwirio e decidiram que os dois eram identicos
(Institutas, Livro 4, Cap. 15 §§ 7-18; Turretino,Jnstit., Loc. 19,
Qmes. 16).
Cremos que Calvino e os demais laboraram em erro, pelos
seguintes motivos -
1o. J oao Batista pertenceu aeconomia do Velho Testamento,
e nao ado Novo. Ele viera "no espirito e virtude de Elias",
vestido como urn dos antigos profetas, com os modos deles e
ensinandoadoutrinadeles-Mat.11:13,14; Luc.1:17.
2°. Seu batismo foi o ''de arrependimento", obrigando os
batizandos ao arrependirnento, mas nao a fe em Cristo e a
obediencia a Ele.
3°. A igreja judaica ainda ficava em sua forma antiga. A
lgreja Crista, como tal, ainda nao existia. Joao pregava, "e
chegado o reino dos ceus", Mat. 3:2, mas ele nao reuniu nem
selou, por meio do batismo, suditos desse reino numa
sociedade visivel e separada.
4°. Seu batismo nao era ministrado em nome da Trindade.
5°. Alguns dos que foram batizados por ele foram
rebatizados pelo ap6stolo Paulo- Atos 18:24-19:7.
844
OBatismo...
doutrina da Trindade, nao eram ainda percebidas clara-
mente, e a Igreja Crista, como comunidade, nao estava ainda
organizada. Ele pregou, como Joao pregara: ''Arrependei-vos,
porque e chegado o reino dos ceus", Mat. 4:17, e enviou Seus
disdpulos para que pregassem: "E chegado a v6s o reino de
Deus"- Luc. 10:9.
Cremos, pois, que o batismo ministrado pelos disdpulos
de Cristo antes da Sua crucifixao foi, como ode J oao, simples-
mente urn rito preparat6rio e purificador, obrigando ao
arrependimento.
845
Capitulo 42
3°. A razao de ser e a necessidade da ordenan<;a, que
determinaram a sua existencia no principia, permanecem e
sao universais.
4°. A pratica uniforme da Igreja, toda e1a, em todos os
seus ramos, desde o principia.
846
I o batizando reconhece seus deveres para com Deus e promete
OBatismo ...
847
Capitulo42
10. Qual e 0 prop6sito do batismo?
0 batismo tern por prop6sito-
1°. Primariamente, significar, selar e comunicar aqueles a
quem pertencerem, os beneficios da alian<;:a da gra<;:a. Assim,
pois, (1) Simboliza a "lavagem da regenera<;:ao" (Tit. 3:5,
lavacrum, segundo a Vulgata), a "renova<;:ao do Espirito Santo",
que une o crente a Cristo e assim o torna participante da vida
de Cristo e de todos os demais beneficios. - 1 Cor. 12: 13; Gal.
3:27. (2) No batismo Cristo sela, de urn modo visivel, as Suas
promessas aqueles que 0 recebem com fe, e lhes da a gra<;:a
prometida.
2°. Tern por prop6sito, em segundo lugar: · (1) Ser uma
insignia visivel do nosso voto de pertencermos ao Senhor, isto
e, de aceitarmos a Sua salva<;:ao e de nos dedicarmos a Seu
servi<;:o. (2) E, por isso, ser uma insignia da nossa profissao
publica, da nossa separa<;:ao do mundo e da nossa inicia<;:ao na
Igreja Visivel. Como insignia, assinala-nos como pertencentes
ao Senhor e, por conseguinte, (a) o batismo nos distingue do
mundo, e (b) simboliza a nossa uniao com os cristaos, nossos
irmaos.
848
OBatismo ...
*In unum Spiritu ... in unum corpus, segundo a Vulgata, da qual Figueiredo
se afasta muito. Nota do tradutor. (Figueiredo diz: "fomos batizados todos
n6s, para sermos urn mesmo corpo"; Almeida (Revista e Corrigida): "fomos
batizados em urn Espirito formando urn corpo"; Almeida, Atualizada:
"em urn s6 Espirito, todos n6s fomos batizados em urn corpo"; Versao
Autorizada, inglesa: "por urn s6 Espirito somos todos batizados num s6
corpo"; Grego: "kai gar en eni pneumati hemefs, pantes eis hen soma
ebaptisthemen". Acrescimo de Odayr Olivetti.
849
Capitulo42
851
Capitulo 42
0 MODO DE BATIZAR
852
OBatismo ...
W Dale. Consideremos as referidas causas:
1a. As principais obras ch1ssicas foram escritas no dialeto
atico. Mas a lingua em geral usada pelos povos que falavam
grego no come~o da era crista era o dialeto comurn ou helenico
do grego do tempo de Cristo, que resultou da fusao dos diversos
dialetos que existiam anteriormente. ··
za. 0 idioma utilizado pelos escritores doNovo Testamento
veio a ser mais modificado ainda por estes fatos: sua lingua
vernacula era uma forma do hebraico- o siro-caldaico (ou ara-
maico ); o uso constante que fizeram da tradus;:ao das Escrituras
hebraicas para o grego, a Septuaginta, influiu muito em seu
modo de falar e escrever em grego, particularmente quando
tratavam de assuntos religiosos; e, no proprio ato de comporem
o Novo Testamento, eles estavam ocupados na exposi<;ao de
ideias religiosas, e na inaugura<;ao de institui<;6es religiosas
que tiveram seus tipos e simbolos na velha dispensa<;ao, como
essa se achava revelada na lingua sagrada das Escrituras
hebraicas.
3a. Os escritos do Novo Testamento sao a publica~ao de
novas ideias e revela<;6es, e, por isso, as palavras e frases pelas
quais esses novos pensamentos sao comunicados tern que ser
muito modificados quanto ao seu sentido etimol6gico anterior
e seu uso pagao, e, "se quisermos apreender a profundidade e
o alcance completo da significa~ao que elas tern em sua nova
aplica~ao, e preciso que procuremos isso noN ovo Testamento,
conferindo passagem com passagem e examinando a lin-
guagem empregada aluz das gran des coisas que ela traz anossa
apreensao".
Como exemplos desse contraste entre os usos biblico e
classico de muitas palavras, examinem-se angelos, anjo,
presbyteros, presbitero ou anciao,ekklesia igreja; basileia tau Theou,
ou ton ouranon, reino de Deus ou dos ceus, palinguenesia,
regenera~ao, charis, gra~a, etc.- Fairbairn,Herm. Manual, Parte
1, Se~. 2.
853
Capitulo 42
13. Qual a posir;iio das igrejas batistas com respeito ao significado
da palavra biblica baptizo, e por quais argumentos elas procuram
provar que a imersiio e0 unico modo valido de ministrar 0 batismo?
" ... ela significa sempre imergir, e nunca exprime outra
coisa senao o modo"- Carson, on Baptism, pag. 55. Quanta a
essa afirma~ao ele confessa: "Tenho contra mim TODOS os
lexic6grafos e comentadores". Os batistas insistem, portanto,
em traduzir sempre as palavrasbaptizo ebaptisma pelas palavras
imergir e imersao.
Os argumentos com os quais procuram provar que a
imersao e 0 unico modo valido de batizar sao-
1°. 0 significado constante da palavrabaptizo.
2°. 0 significado simb6lico do rito, como sendo emble-
matico do sepultamento e ressurrei~ao.
3°. A pratica dos ap6stolos.
4°. A hist6ria da lgreja Primitiva.
854
OBatismo ...
envolvem a aplica~ao de agua em nome da Trindade, como
emblema de purifica~ao ou de regenera~ao espiritual, e nunca,
no seu uso biblico, significam coisa alguma a respeito do modo
pelo qual se deva aplicar a agua.
Este eo ponto exato em discussao: os batistas insistem em
que o mandamento que Cristo deu para a ministra~ao do
batismo e urn mandarnento para "irnergir". Todos OS dernais
cristaos* sustentarn que 0 rnandarnento e para "lavar ern agua",
como sirnbolo de purifica~ao espiritual.
Dos argurnentos dos batistas expostos sob a Perg. 13 dei
resposta ao segundo sob a Perg. 11; ao prirneiro e ao terceiro
darei resposta ern seguida. , . . ·.. .. . . . . -· . ·.
15. Como se pode provar, por seu uso biblico, que as palavras
baptizo e baptisrna niio significam imersiio e sim LAVAGEM para
significar PURIFICA<;Ao, sem referencia alguma ao modo?
1°. 0 verbo encontra-se quatro vezes na Septuaginta
(tradu~ao grega do Velho Testamento), e ern tres desses casos
refere-se ao batisrno corn agua. Veja: 2 Reis 5: 14 - 0 profeta
man dar a dizer aN aama: "Vai, e lava-te ... e ficaras purificado".
E ele "rnergulhou (literalrnente: batizou-se) no J ordao ... e ficou
purificado". Eclesiastico 34:30 (Matos Soares) - "Se alguern
se lava depois deter tocado urn rnorto ... " (literalrnente: "Se
alguern se batiza ... ") Essa purifica<;:ao se fazia borrifando ou
espargindo "a agua da separa~ao"- Nurn. 19:9,13,20. Judite
12:7 (Matos Soares) - Judite "lavava-se nurna fonte de agua"
(literalrnente: batizava-se). Entre aqueles povos nao se tornava
banho irnergindo-se na agua; e as circunstancias ern que Judite
se achava aurnentarn a irnprobabilidade ern seu caso. Lavava-
-se (batizava-se) para purifica~ao. "E, entrando, perrnanecia
pura ... " (versiculo 9).
855
Capitulo 42
2°. A questao agitada entre alguns dos discipulos de Joao
e os judeus, J oao 3:22-30; 4: 1-3, a respei to do batismo era acerca
da purifica<;ao, peri katharismou.
3°. Mat. 15:2; Mar. 7: 1-5; Luc. 11:37-39- Nessas passagens
a palavra baptizo e empregada (1) para designar 0 costumeiro
ato de lavar as maos antes das refei<;6es, para limpa-las (ou
purifica-las), e se fazia habitualmente derramando agua sabre
elas, 2 Reis 3: 11 . (2) E trocada pela palavra nipto, que sempre
significa urn lavar parcial. (3) Declara-se que o seu efeito era
purificar, katharizein. (4) As maos batizadas, ou lavadas, acham-
-se opostas as imundas ou impuras, koinais.
4°. Marcos 7:4,8, " .. .lavar os capos (grego: "b~nismos de"),
e os jarros, e os vasos de metal, e as camas" - klinai, camilhas
dispostas em roda da mesa, nas quais os judeus se recostavam
enquanto comiam, varias pessoas em cada uma delas. Esses
batismos tinham por fim a purifica<;ao e, no caso das mesas,
das camilhas, etc., nao podiam ser "batizadas" por imersao.
5°. Em Hebreus 9:8,10 lemos que no "primeiro taber-
naculo" havia "manjares, e bebidas, e varias ablu<;6es" (literal-
mente: varios batismos). Nos versiculos 13, 19 e 21 sao
especificados alguns desses "varios batismos" ou dessas "varias
ablu<;6es": "Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza
duma novilha esparzida sabre os imundos os santifica quanta
a purifica<;ao da carne; Moises "tomou o sangue dos bezerros
e dos bodes, com agua, la purpurea e hissopo, e aspergiu tanto
o livro como todo o povo"; e ainda: "E semelhantemente
aspergiu com o sangue o tabernaculo e todos os vasos do
ministerio".- Doctrine ofBaptisms, Parte 1, do Dr. Armstrong.
856
OBatismo ...
aplicavel ao uso figurado que nessas passagens se faz dela. Mas
sc, como nos dizemos, ela significa purificar, limpar, entao o
batismo com agua, como urn ato de lavar, porem nunca como
uma imersao, pode bern representar a obra purificadora
realizada pelo Espirito Santo. Veja a Perg. subsequente.
857
Capitulo 42
o modo usual de tomar banho naqueles paises. Os sacerdotes,
porem, deviam lavar as maos e os pes sempre que ministras-
sem perante o Senhor, Ex. 30:18-21, e suas ablw;6es pessoais
eles faziam junto do "mar de fundi<;ao", 2 Cron. 4:2-6, de onde
a agua corriapor tubos ou torneiras-1 Reis 7:38-45. Poroutro
lado, havia muitos preceitos que mandavam efetuar purifi-
ca<;6es borrifando ou aspergindo sangue ou agua, ou espa-
lhando cinza- Lev. 8:30; 14:7 e 51; Ex. 24:5-8; Num. 8:6,7;
Heb. 9:12-22. Ora, sen do o batismo cristao uma purifica<;ao, e
tendo sido instituido dentre os judeus, acostumados aos modos
judaicos de purificar, segue-se que o conhecil:llento desses
modos deve lan<;ar muita luz sobre a natureza essencial e sobre
o modo proprio de administrar o rito cristao.
858
OBatismo ...
que uma pessoa tocasse antes da sua purifi.ca<;:ao tornava-se
imundo, Num. 19:21,22. Ravia "fontes, cisternas e depositos
de agua", Lev. 11:36, mas nao no deserto onde Joao Batista
pregou. Depois da introdu<;:ao da dispensa<;:ao evangelica,
nada ouvimos sobre os ap6stolos batizarem em rios ou de
precisarem de "muita agua" para a administra<;:ao do sacra-
mento do batismo.
2°. Em nenhuma das narrativas ha urn s6 caso em que se
diga que Joao batizou por imersao. A linguagem empregada
tern aplica<;:ao natural e exata ao batismo ministrado por
aspersao (o batizando em pe na agua pouco funda, e o
ministrante derramando agua sobre ele com a mao). Neste caso,
as frases "batizou no Jordao", "sairam da agua", etc., tern
aplica<;:ao de igual peso tanto ao batismo por imersao como
por aspersao. Que o batismo de Joao foi mais provavelmente
ministrado por meio de aspersao ve-se (1) pelo fato de que era
uma purifica<;:ao feita por urn judeu em judeus, e que as
ablu<;:6es judaicas eram feitas derramando agua com as maos.
Era costume geral, e esse costume tern permanecido ate aos
nossos tempos. (2) Aspersao ou derramamento eo modo mais
provavel, em vista das grandes multi does batizadas por urn s6
homem. -Mat. 3:5,6; Mar.l;S; Luc. 3:3-21. (3)As mais antigas
obras de arte crista ainda existentes representam o batismo de
Cristo, ministrado por J oao, como ministrado por afusao * -
Doctrine of Baptisms, Parte 2, Cap. 3, do Dr. Armstrong.
859
Capitulo42
860
OBatismo ...
Atos 9:17,18; 22:12-16. Ananias lhe disse: "0 Senhor Jesus ... ,
me enviou, para que tornes aver e sejas cheio do Espirito Santo.
E logo ... recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado". (c)
0 batismo de Cornelio- Atos 10:44-48. (d) 0 do carcereiro de
Filipos- Atos 16:32-34. Em todos esses casos o batismo foi
administrado imediatamente no mesmo lugar em que os
convertidos aceitaram o evangelho. Nada se diz de rios nem
de muita agua, mas multid6es ao mesmo tempo, e familias
inteiras, e individuos foram batizados em suas casas, ou no
carcere, on de quer que se achassem na ocasiao.
861
Capitulo42
Igreja Crista, negar a validade do batismo por imersao. A
oposi~ao da maioria das igrejas a esse modo de batizar tern sua
origem nas pretens6es acanhadas e arrogantes dos batistas (em
geral) e na sua teoria errada a respeito da significa~ao emble-
matica ou figurada do batismo, fazendo dele urn "sepulta-
mento" em vez de urn "ato de lavar"; e contra isso que n6s
protestamos.
862
OBatismo...
863
Capitulo 42
Abraao-Gen.12:1-3; 17:1-14.
4°. Cristo tern administrado essa alianc;:a por tres modos,
ou em tres dispensac;:6es sucessivas. (1) No periodo entre Abraao
e Moises, durante o qual lhe afixou o selo comprobat6rio,
ratifi,cando a circuncisao. (2) No periodo entre Moises eo Seu
advento (porque a lei que lhe foi acrescentada temporariamente
nao tornou nula a promessa, mas antes administrou-a de urn
modo especial, Gal. 3:17, acrescentou-lhe urn novo selo, a
Pascoa, emblematica da obra propiciat6ria da semente
prometida, como exposta na revelac;:ao mais clara que entao
lhe foi concedida. (3) No periodo entre Cristo eo fim do mundo,
em que, sen do a promessa explicada por meio de unia revelac;:ao
muito mais perfeita, os selos originais se acham substituidos
pelo Batismo e pela Ceia do Senhor. Veja abaixo, Perg. 27.
5°. Segundo o prop6sito divino, a alian~a feita com Abraao
abrangia a Igreja visivel de Cristo, e nao somente sua poste-
ridade natural em seu carater de familia ou nac;:ao. Isto se ve
claramente pelas seguintes pondera~6es: (1) Nessa alianc;:a Deus
prometeu salva<;:iio mediante Cristo e tendo a fe como condi<;:ao.
Comparar Gen. 12:3 com Gal. 3:8,16; Atos 3:25,26. (2) 0 sinal
e selo afixado a ela simbolizava benc;:aos espirituais e selava a
justificac;:ao pela fe - Deut. 10: 15,16; 30:6; Jer. 4:4; Rom.
2:28,29; 4:11. (3) A alianc;:a feita com Abraao como o
representante da Igreja vis1vel e universal tinha estas carac-
teristicas: (a) Foi feita com ele como o "pai de muitas nac;:oes",
e Paulo afirma que Deus o constituiu "herdeiro do mundo" e
"pai de todos OS que creem"' Rom. 4:11,13, e que todos OS que
creem em Cristo agora, quer judeus quer gentios, sao "des-
cendencia de Abraao, e herdeiros conforme a promessa", Gal.
3:29. (b) Continha provisao para que fossem incluidos em seus
privilegios outras pessoas nao nascidas como posteridade
natural de Abraao- Gen. 17:12. Multid6es de tais proselitos
haviam sido introduzidas dessa forma (na esfera da alianc;:a)
antes do advento de Cristo, e muitos deles achavam-se presentes
em Jerusalem como membros da lgreja em sua forma antiga,
864
OBatismo ...
865
Capitulo 42 ~
de sua vida. Debaixo da velha dispensa~ao eles eram chamados ,
proselitos,- Atos 2: 10; Num. 15:15. (2) Todos os nascidos dentro
da alian~a tinham parte em todos os beneficios pr6prios do j
fato de pertencerem por heran<;;a aIgreja visivel. A alian<;;a foi ,
fei ta com Abraao para si e para os seus "vindouros no decurso
das suas gerafoes, como alianfa eterna", e por isso eles receberam
o sacramento que era o sinal e o selo dessa alian<;;a. Por isso
tam bern o clever de ensinar e de educar foi impasto na alian~a
-Gen. 18: 18,19; e a Igreja ficou sendo escola ou institui~ao de
educa<;;ao, Deut. 6:6-9. De conformidade com essa verdade,
Cristo deu a Seus ap6stolos a comissao ou incumbencia de J
fazer disdpulos de todas as na~6es, batizando-as e ensinando- ~
-as- Mat. 28:19,20. Vemos, pois, que a Igreja e representada
sob a figura de urn rebanho que inclui cordeiros e ovelhas, Is.
40:11, e sob a de uma videira de cujos renovos se cuida,
podando-se e cultivando-se a planta infrutifera ou cortando-a,
se for de to do imprestavel- Is. 5: 1-7; Luc. 3:7 ,8.
866
r OBatismo...
carne", e ao batisrno Paulo chama "circuncisao de Cristo"-
Col. 2:11,12. Ate os ritos da lei rnosaica nao erarn senao urna
revela<;ao sirnb6lica do evangelho.
2°. Elas tern exatarnente o rnesrno nome. A expressao
ekklesia kyriou, igreja do Senhor' e a tradu<;aO exata para 0 grego
das palavras hebraicashal Yave, traduzidas ern nossa versao (a
versao utilizada pelo au tor) por "congrega<;:ao do Senhor". *
Comparar o Salmo 22:22 com Hebreus 2:12. Vemos, pois, que
Estevao chamou acongrega<;ao do povo de Israel que estava ao
pe do Sinai "a congregafiio (ou igreja) no deserto"- Cornparar
Atos 7:38, no grego, com Ex., cap. 32. Assim tambem Cristo e
a forma grega deMessias, e osanciiios oupresbiteros da Igreja do
Novo Testamento sao identicos, ern fun~ao e nome, aos das
sinagogas.
3°. Nos escritos apost6licos nao se acha prova algurna de
haver sido abolida a Igreja antiga e de haver sido organizada
em lugar dela uma Igreja novae diferente. Os ap6stolos nunca
dizern uma s6 palavra a respeito de sernelhante organiza<;ao
nova. A preexistencia de tal sociedade visivel e sernpre pres-
suposta como urn fato. Seus disdpulos sempre forarn
acrescentados a"igreja", ou a"corpora<;:ao" ja existente- Atos
2:47. Verdade e que estava abolida a lei cerimonial de Moises,
por rneio da qual o carater abraamico da Igreja havia sido
administrado durante cerca de mil e quinhentos anos. Mas
Paulo argumenta que a introdu<;ao dessa lei, quatrocentos e
trinta anos depois, nao podia fazer nula a promessa, Gal. 3:17,
e, por conseguinte, a anula<;ao da lei s6 podia dar lugar a urna
adrninistra<;:ao mais perfeita da alian<;a e a urn maior desen-
volvimento da Igreja nela compreendida.
4°. Ha rnuitas provas positivas de que a Igreja antiga,
baseada em sua constitui<;:ao original, nao foi abolida pela nova
dispensa<;:ao.
867
Capitulo42
(1) Muitos dos profetas do Velho Testamento declaram
explicitamente que a Igreja visivel que em sua epoca existia,
em vez de ser ab-rogada pelo advento do Messias, ficaria, em
conseqiiencia disso, fortalecida e aumentada gloriosamente,
de molde a abranger tambem os gentios- Is. 49: 13-23; 60:1-
14. Eles declaram tambem que a constitui~ao federal, abran-
gendo o filho com o pai, haveria de permanecer sob a nova
dispensa~ao da Igreja, quando viesse o "Redentor a Siao"- Is.
59:20,21. Pedro, em Atos 3:22,23, explica aprofecia de Moises
(Deut. 18:15-19) no senti do de que toda alma que nao quisesse
ouvir aquele Profeta (o Messias) seria "exterminada dentre o
povo", is to e, cortada da Igreja, dan do assim a conhecer que
permanece a Igreja da qual tal pessoa haveria de ser cortada.
(2) De perfeito acordo com essas profecias, Paulo declara
que a Igreja judaica nao foi ab-rogada, mas que os judeus
incredulos foram cortados da sua propria oliveira e que os
ramos gentilicos foram enxertados em seu Iugar; e prediz que
chegara o tempo em que Deus totnara a enxertar os judeus na
sua propria oliveira, e nao noutra - Rom. 11:18-26. Diz ele
tambem que OS gentios adventicios sao feitos cidadaos junto
com os judeus crentes, e domesticos de Deus na antiga familia
dafe-Ef. 2:11-22.
(3) A alian~a que constituiu a Igreja antiga constituiu
tambem a Abraao pai de muitas na~6es. A promessa da alian~a
foi que Deus seria "o seu Deus e o da sua posteridade depois
dele". Essa alian~a abrangia, pois, as "muitas na~6es" junto
com seu pai Abraao. Por conseguinte, nunca poderia ter sido
cumprida antes do advento do Messias e da aboli<_;;ao da lei
restritiva, e a alian~a feita com Abraao, em vez de haver sido
substituida pelo evangelho, esta so agora principiando a
cumprir-se realmente. Por isso foi que, no dia de Pentecoste,
Pedro exortou a todos a se arrependerem e a que fossem
BATIZADOS, PORQUE A ALIAN(:A FEITA COM ABRAAO AINDA
ERA VALIDA para todos os judeus, e para seus filhos, e para
todos OS que estavam Ionge, isto e, OS gentios, quantos 0 Senhor
868
OBatismo ...
haveria de chamar a Si- Atos 2:38,39. Por isso e tambem que
Paulo argumenta com tanta seriedade que, sendo ainda valida
a alian<;:a feita com Abraao, por essa razao, por seus pr6prios
termos, os gentios que criam em Cristo tinham o mesmo direito
que os judeus tinham a urn Iugar naquela antiga lgreja que
nEle tinha o seu fundamento. "Todas as na<;:6es serao benditas
em ti. DE SORTE QUE" (ou ASSIM QUE"), diz Paulo, "os que
sao da fe sao benditos como crente Abraao", e todos os que
creem em Cristo, quer judeus quer gentios, sao, segundo a
inten<;:ao da alian<;:a, "descendencia de Abraao, e herdeiros
conforme a promessa" - Gal:l 3.6-29. E essa promessa foi:
"SEREI 0 TEU DEUS E 0 DA TUA DESCENDENCIA DEPOIS DE
Tr'.
Esse argumento tern aplica<;:ao direta e conclusiva aquestao
do batismo de crian<;:as. Veja:
1°. Em rela<;:ao a alian<;:a e algreja, o batismo ocupa agora
o mesmo Iugar que a circuncisao ocupava. (1) Ambos os ritos
representam a mesma gra<;:a espiritual, a saber, a regenera<;:ao-
D eut. 30:6; Col. 2: 11; Rom. 6:3,4. (2) 0 batismo e agora o que
a circuncisao foi: o selo ou sinal comprobat6rio da alian<;:a feita
com Abraao. Diz o ap6stolo Pedro, em resumo: "Sede bati-
zados, PORQUE A PROMESSA e para v6s e para vossos filhos"-
Atos 2:38,39. Paulo diz explicitamente que o batismo eo sinal
daquela alian<;:a, "Porque todos quantos fostes batizados em
Cristo ... sois descendencia de Abraao, e herdeiros conforme a
promessa", Gal. 1 3:27,29; e que o batismo e a circuncisao de
Cristo- Col. 2:10,11. (3) Ambos os ritos foram estabelecidos
para, nas eras sucessivas, servirem de meio de entrada na lgreja,
e esta, como ja provamos, e a mesma sob as duas dispensa<;:6es.
2°. Sendo a lgreja a mesma, e nao havendo mandamento
contrario, os membros sao os mesmos. Os filhos dos crentes
eram membros da lgreja antiga, e, por isso, devem ser
reconhecidos como membros agorae devem receber o rito de
inicia<;:ao. Isso os ap6stolos pressupunham como evidente e
universalmente concedido; urn mandamento explicito de
869
Cap£tulo42
batizar as crian<_;;:as teria sugerido duvidas quanta ao seu antigo
~I
direito na lgreja.
3°. Sendo declarado expressamente que a alian<;:a, com sua
promessa, "serei o Deus do crente e de sua posteridade", ainda
esta firme debaixo do evangelho, os filhos dos crentes tern
direito ao selo des sa promessa- Dr. John M. Mason,Essays on
the Church.
~I
870
~
OBatismo ...
batizadas multid6es de pessoas no mesmo lugar onde fizeram
sua profissao de fe. Em quatro dos cinco casos restantes e dito
expressamente que as familias foram batizadas. Sao os casos
de Lidia, de Tiatira (em Filipos), do carcereiro de Filipos, de
Crispo e de Estefanas- Atos 16:15, 32, 33; 18:8; 1 Cor. 1:16.
No unico caso que resta, o de Cornelio, a narrativa da a entender
que sua familia foi batizada com ele. Assim, pois, os ap6stolos,
sem que seja mencionada uma s6 exce'Sao, batizavam imedi-
atamente os que professavam fe em Cristo, onde quer que se
achassem, e, quando tinham familias, tambem batizavam estas,
como tais.
Note-se ainda que eles, em suas Epistolas, dirigiram-se a
meninos como membros da Igreja. Comparem-se Ef. 1:1 e
Col. 1:1,2 com Ef. 6:1-3 e Col. 3:20; e Paulo declarou que,
mesmo nos casos em que somente urn dos pais fosse crente, os
filhos deveriam ser considerados "santos", ou consagrados ao
Senhor, isto e, como membros da Igreja- 1 Cor. 7:12-14.
871
Capitulo 42
872
r
OBatismo...
32. Como se deve responder aobjefiiO de que a fee necessaria
para o batismo?
Os batistas argurnentarn-
1°. Que, tendo o Senhor dito, "Ide, pregai ... quern crer e
for batizado sera salvo; mas quem nao crer sera condenado",
Mar. 16:15,16, por isso as crian~as nao devem ser batizadas,
porque nao podem crer.
2°. Que, sendo o batismo o sinal de urna gra~a espiritual e
o selo de uma alian<:;a, por isso as crian<:;as nao devern ser
batizadas, por nao poderern entender o sinal nern fazer urna
alian~a.
-~ t.'.- -.-
RESPONDEMOS- .
~
-
873
Capitulo 42
33. Como devemos evitar a conclusao de que devemos admitir
as crianfas aCeia do Senhor, seas admitirmos ao Batismo?
Nao tern aplica<;ao aos dois sacramentos os motivos acima
exarados. Vejamos por que:
1°. 0 Batismo e urn ato que reconhece e sela o fato de que
o batizado pertence aIgreja; a Ceia do Senhor e urn ato come-
morativo.
2°. No Batismo quem recebe o sacramento e passivo; na
Ceia e ativo.
3°. As crian<;as nunca foram admitidas aPascoa, enquanto
nao fossem capazes de compreender a natureza da qrdenan<;a.
4°. Os ap6stolos batizaram familias, mas nunca admitiram
famllias, como tais, aCeia do Senhor.
874
OBatismo ...
o pai, ou a mae, ou os dais, se comprometam expressamente
diante de Deus e da Igreja "a orar com a crian~a e par ela, que
lhe sirvam de born exemplo de piedade e religiao", etc. E o
Sinodo Geral de 1735 afirma que, se fosse permitido a outros
que nao os pais assumirem esses compromissos, "o selo seria
afixado como que num papel em branco" (Moore's Digest, pags.
665 e 666). Par isso e evidente que as condi~6es necessarias
para que alguem tenha seus filhos batizados sao exatamente as
mesmas que sao necessarias para que ele proprio seja batizado
ou admitido a Ceia do Senhor, as quais se resumem numa
profissao digna de credito de verdadeira fe. " ' ' ' c!:;;, .•
2°. Padrinhos que nao sejam os pais ou tutores efetivos, e
que provavelmente nunca 0 serao, evidentemente nao sao OS
representantes providencialmente designados da crian~a, e nao
estao em condi~6es de cumprir suas promessas.
3°. Aqueles que, tendo sido batizados, nao cumprem, pela
fee obediencia, seus votos batismais quando chegados aidade
madura, estao ipso facto suspensos os privilegios da alian~a, e
par isso (seus pais ou responsaveis) nao podem recorrer a eles
a favor de seus filhos.
4°. Os ap6stolos batizaram somente as familias daqueles
que professavam fe em Cristo.
A EFICACIA DO BATISMO
875
Capitulo 42
(3) consegue a infusao da gra~a santificadora; (4) une a Cristo;
(5) imprime na alma urn canher indelevel; (6) abre as portas
do ceu - Newman, Lectures on Justification, p:ig. 257; Cat. Rom.,
Parte 2, Cap. 2, Pergs. 32-44.
2°. Que a eficacia da ordenan~a e inerente a ela mesma em
virtude da institui~ao divina. Seu poder nao depende, nem do
merecimento do ministro oficiante, nem do de quem recebe o
sacramento, e sim do proprio ato sacramental, como urn opus
operatum. No caso das crian~as, a unica condi~ao da sua efic:icia
e que o sacramento seja devidamente administrado. No caso
dos adultos, sua efid.cia depende da condi~ao adicional de que
0 batizando nao esteja em pecado mortal e que nao resista de
von tade oposta - Pedro Dens, De Baptismo.
876
OBatismo ...
4°. Sua eficacia, no caso dos adultos, depende da fe do
batizando -Conservative Reformation, de Krauth, pags.545-584.
37. Quale a doutrina zwingliana sabre este assunto?
Que o rito externo e urn mero sinal, uma representa~ao
objetiva da verdade por meio de urn simbolo, mas sem ter
eficacia alguma alem da que e devida a verdade representada.
877
Capitulo 42 ~
(1) o uso devido da ordenan<;a; (2) o prop6sito secreto de Deus"
-Dr. Hodge.
39. Em que consiste a doutrina da regenerafao batismal,
1.
geralmente assim conhecida? Em que fundamento se baseia? Como
se pode mostrar que efalsa? l
Os defensores protestantes da regenera<;aob-atismal, sem i
admitir a teoria cat6lico- romana de umopus operatum, susten-
tam que o batismo eo meio que Deus instituiu para comunicar
os beneficios da reden<;ao em primeiro lugar. Que qualquer
experiencia da gra<;a desfrutada pelos nao batizados e ben~ao
decorrente de uma misericordia nao prometida em alian<;a
alguma. Que a culpa do pecado original e tirada eo Espfrito
Santo e dado no batismo, e seus efeitos ficam como semente
na alma, para ser depois desenvolvida pela livre vontade da
pessoa batizada, ou, sendo negligenciada, tornar-se inoperante.
Toda crian~a e regenerada pelo batismo. Se morrer na inffincia,
a semente desenvolve-se no paraiso. Se chegar aidade adulta,
o resultado dependera do uso que dela fizer- Diet. of Theology,
de Blunt, Art. "Baptism". Veja acima, Cap. 29, Perg. 4.
Fundam essa doutrina numa numerosa classe de passagens
das Escrituras, como sejam: "Cristo amou a igreja, e a si mesmo
se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a
lavagem da agua, pela palavra",* Ef. 5:25,26; "Levanta-te, e
batiza-te, e lava os teus pecados", Atos 22:16. E tam bern Joao
3:5; 1 Ped. 3:21; Gal. 3;27; etc.
Os reformados explicam essas passagens segundo os
seguintes prindpios:
1°. Em todo sacramento ha duas coisas: (1) urn sinal
externo e visivel; (2) uma gra<;a interna e invisfvel, significada
pelo sinal. Entre essas duas coisas existe uma rela<;ao sacra-
mental ou simb6lica que da lugar a urn modo de falar pelo
878
OBatismo ...
879
Capitulo 42
seculos e as comunidades em que essa doutrina tern estado
mais arraigada tern sido os que se tornaram mais conspicuos
por sua esterilidade espiritual.
5°. 0 grande mal do sistema do qual faz parte a doutrina
da regenera~ao batismal esta em sua tendencia de tornaca
religiao uma coisa de formas externas e magicas, de criar e
nutrir assim urn ceticismo racionalista entre os inteligentes e
uma supersti~ao entre os ignorantes e os m6rbidos, como
tambem de efetuar, entre todas as classes, o div6rcio entre a
religiao e a moralidade.
A NECESSIDADE DO BATISMO
880
OBatismo ...
a privas;ao, mas sim o desprezo do batismo, que condena o
homem, e (b) pelo fa to de que todas as bens;aos sao prometidas
sob a condis;ao da fe. (4) 0 batismo nem sempre eseguido pela
regeneras;ao, e ela nem sempre eprecedida pelo batismo, e os
homens podem ser salvos mesmo sem o batismo. (5) Todas as
crians;as que se acham dentro da igreja sao salvas, mesmo que
nao sejam batizadas. (6) Quanta as crians;as entre os pagaos, o
ponto fica sem decisao, porque nao esta revelado, mas nutrem-
se esperans;as- Conserv. Reform., por Dr. Krauth, pags. 557-
564.
881
'
Capitulo 42
1
882
OBatismo ...
883
Capitulo 42
DOUTRINA SOCINIANA- Socino acreditava que o
batismo tinha sido praticado pelos ap6stolos depois da
morte de Cristo, e que era aplicado somente aos conver-
tidos, vindos de fora da lgreja. Os socinianos em geral
sustentavam que o batismo e apenas uma insignia da
profissao de seguir a Cristo, que s6 o batistno por imersao
e valido e que s6 OS adultos devem ser batizados - Cat.
Rae., Se~. 5, Cap. 3.
.:f.
i._
' ~ ' ; ,~.
884
43
• . --~. -, · .''T · ~i;F' • .
A Ceia do Senhor
885
Capitulo 43
sido instituido na ocasiao dessa refei<;,:ao. Chama-se "do Senhor" l
porque foi por Ele instituido, para comemorar Sua morte e ~.~
significar e selar a Sua gra<;,:a.
2a. "0 calice de ben<;,:ao" -1 Cor. 10:16.0 calice foi aben-
<;,:oado por Cristo, e a ben<;,:ao de Deus e agora invocada sabre
ele pelo ministro oficiante- Mat. 26:27.
3a. ''A mesa do Senhor"- 1 Cor. 10:21. "Mesa", aqui, por
uma figura comum, representa as provisoes pastas em cima
dela. E a mesa para a qual o Senhor convida Seus h6spedes e a
qual Ele preside.
4a. ''A comunhao" -1 Cor. 10:16. 0 a to de participar deste
sacramento, em que se da e se recebe mutuamente, estabelece
e exerce a comunhao do crente com Cristo e, por conseguinte,
tambem ados cremes uns com os outros, por Cristo.
sa. "0 partir do pao"- Atos 2:42. Aqui o ato simb6lico do
ministro oficiante e usado para designar o ato completo da
celebra<;,:ao.
887
Capitulo 43
Seu Espirito, "de modo que aqueles que o recebem dignamente
tornam-se participantes do corpo e do sangue de Cristo, com
todos os seus beneficios, nao de uma maneira corporal e carnal,
e sim pela fe, para seu alimento espiritual e crescimento na
gras;a".
888
A Ceia do Senhor
889
Capitulo 43
fazem ao sacramento nas Episto1as- 1 Cor. 10: 16. Todo o oficio
e designado pelo nome deste (mico ato- Atos 2:42.
3a. Pertence a significa~ao simb61ica do sacramento. (1)
Representa o corpo de Cristo quebrado por n6s -1 Cor. 11:24.
(2) Representa a comunhao dos crentes, sendo eles muitos num
s6 corpo - 1 Cor. 10:17. Isso a Igreja Luterana nega, susten-
tando que "o partir e somente urn ato preparat6rio para a
distribui~ao". Veja Conservative Reformation, por Dr. Krauth,
pags. 719-722.
890
A Ceia do Senhor
que sera derr~mado por v6s e por muitos para a remissao
dos pecados" -"Cat. do Cone. de Trento, Parte 2, Cap. 4, Pergs.
19-26. . .· -<,' ._ .•_.·_:;,·~;urJt;::;c-
891
Capitulo 43
ato e simb6lico, representando a apropria~ao pessoal por
parte de cada comungante.
Sendo este sacramento uma ''comunhao" (1 Cor. 10: 16,17)
dos membros uns com os outros e de todos com Cristo, e urn
abuso do rito enviar os elementos a pessoas ausentes da
companhia em que e celebrado, e urn absurdo a comunhao
particular de ministros ou leigos. Em caso de necessidade, todas
as igrejas reformadas permitem que os seus pastores e
presbiteros, acompanhados de tantos irmaos em Cristo quantos
as circunstancias permitirem, celebrem a comunhao nas casas
de crentes enfermos ou de outro modo incapacitados de
comparecer ao culto publico -Gen. Assemb., 0. S., 1863,Moore's
Digest, pag. 668.
892
A Ceia do Senhor
A RELA<;AO DO SINAL
COM A GRA<;A SIGNIFICADA
893
Capitulo 43 J
3°. Que somente as especies, ou qualidades sensiveis do ~
pao e do vinho permanecem, accidentia sine subjecto, e que a
substancia da carne e do sangue esta presente sem seus
acidentes.
4°. Que esta conversao das substancias e permanente, de
modo que a carne eo sangue permanecem para sempre e devem
ser conservados e adorados como tais. Baseiam essa doutrina
nas Escrituras (Hoc est corpus meum), na tradic;;ao e na au tori dade
de certos condlios.
894
A Ceia do Senhor
895
Capitulo 43
Cap. 41, Perg. 2. Mas a doutrina da transubstancia~ao confunde
essas cmsas.
4°. Os sentidos, dentro da esfera que lhes e propria, sao
uma forma de revela~ao de Deus como qualquer outra.
Nenhum dos milagres narrados na Biblia contradizia os
sentidos, mas, ao contrario, a realidade dos milagres ficava
estabelecida pelo testemunho dos sentidos. Veja a trans-
forma~ao da agua em vinho- Joao 2:1-10, e tambem Luc.
24:36-43. Mas a doutrina da transubstancia~ao contradiz
absolutamente os sentidos, porque para a vista, o cheiro, o sabor
e o tato os elementos sao pao e vinho depois da qmsagra~ao
como o eram antes.
5°. Tambem a razao, na esfera que lhe e propria, e uma
forma de revela~ao divina; e, posto que outra revela~ao, quer
sobrenatural quer nao, possa transcende-la, nunca pode estar
em contradi~ao com ela. Veja acima, Cap. 3, Perg. 14. Mas a
doutrina da transubstancia~ao COntradiz OS principios da razao
(1) com respeito anatureza do corpo de Cristo, ensinand~ que,
apesar de ser material, pode estar, sem divisao, no ceJ e em
muitos lugares diferentes deste mundo ao mesmo tempo. (2)
Sustentando que o corpo eo sangue de Cristo estao presentes
no sacramento, sem nenhuma de suas qualidades sensiveis, e
que todas as qualidades sensiveis de pao e de vinho estao
presentes, apesar de se acharem ausentes as substancias a que
elas pertencem. Todavia qualidades nao podem ter existencia
aparte dos corpos a que pertencem.
6°. A doutrina da transubstancia~ao e parte insepanivel
de urn sistema de astucia sacerdotal que e inteiramente
anticristao e que inclui a adora~ao da hostia, o sacrificio da
missa, e assim a substitui~ao completa de Cristo e Sua obra
pelo sacerdote e suas obras. Essa doutrina tambem sujeita de
maneira blasfema a majestosa divindade de nosso Salvador ao
dominio de Suas criaturas pecadoras, para que a seu bel-prazer
0 fas;am vir do ceu, e 0 deem ou se recusem a da-lo ao povo.
896
A Ceia do Senhor
15. Como se pode expor a teoria luterana quanta a natureza
da presenga de Cristo na eucaristia?
Os luteranos sustentam -1°. A communicatio idiomatum,
ou seja, que a uniao pessoal das naturezas divina e humana
envolve ao menos o fato de a humanidade participar da
onipresen<;:a da Deidade. Por isso a Pessoa inteira do Deus
encarnado, em corpo, alma e deidade, esta presente em toda
parte. 2°. Que se deve entender literalmente a linguagem de
que se serviu o nosso Senhor na institui<;:ao: "Este (pao) eo
meu corpo".
Logo, eles afirmam- 1°. Que a Pessoa inteira, o corpo eo
sangue de Cristo, esta real e corporalmente presente em, com
e sob os elementos sensiveis. 2°. Que sao recebidos na boca. 3°.
Que tanto o incredulo como o crente os recebem, com a ressalva
de que o incredulo os recebe para sua propria condena~ao.
Por outro lado, eles negam - 1°. A transubstancia<;:ao,
sustentando que o pao eo vinho permanecem (quanto a sua
substancia) o que parecem ser. 2°. Que a presen<;:a de Cristo no
sacramento e efetuada pelo ministro oficiante. 3°. Que a
presen<;:a de Cristo nos elementos e permanente. Afirmam que,
sendo sacramental, cessa quando se conclui o sacramento. 4°.
Que o pao eo vinho s6 representam o corpo de Cristo. 5°. Que
a presen~a do corpo e do sangue verdadeiros e "espiritual", no
sentido de ser mediada ou (a) pelo Espirito Santo, ou (b) pela
fe daquele que recebe o sacramento.
. . ~
897
Capitulo 43
simplesmente memoriais do corpo de Cristo ausente, no ceu.
Esta sua opiniao prevaleceu primeiro entre as igrejas
1
reformadas e foi incorporada na obraFidei Ratio, de Zwinglio,
enviada adieta (assembleia) realizada em Augsburgo, em 1530;
na Confessio Tetrapolitana, de Martinho Bucer, 15 30; naPrimeira
Confissiio de Basileia, de Oswaldo Mic6nio, 1532; e naPrimeira j
Confissiio Helvetica, de Bullinger, Mic6nio e outros, 1536. I
2°. Calvina situou-se num terreno intermediario entre os
zwinglianos e os luteranos. Sustentava- (1) Em comum com
Zwinglio e com todas as igrejas reformadas que as palavras,
"Este e o meu corpo", significam "este pao representa o meu
corpo". (2) Que neste sacramento Deus oferece a todos, e a todos
os comungantes da, mediante o seu ato de comerem o pao e
beberem o vinho, todos os beneficios sacrificiais da reden~ao
realizada por Cristo. (3) Ensinava tambem que, alem disso, o
proprio corpo e sangue de Cristo, posto que ausentes, no ceu,
comunica ao crente, no ato de receber os elementos, uma
influencia vivificadora. Essa influencia e real e viva, mas (a) e
mistica, nao fisica; (b) e comunicada por intermedio do I
898
A Ceia do Senhor
1562, e na Confissiio de Fe, de "Westminster, 1648.
Todas elas estao de acordo-
1°. Quanto a "presens;a" da carne e do sangue de Cristo,
(1) Sua natureza humana esta somente no ceu. (2) Sua Pessoa
como De.us-home.m e <mipre.se.nte. e., portanto, e.sta em toda
parte e sempre, e a nossa comunhao e com Sua Pessoa inteira,
e nao (somente) com Sua carne e sangue. (Veja acima, Cap.13,
Pergs. 13 e 16.) (3) A presens;a da Sua carne e do Seu sangue no
sacramento nao e fisica nem local, e sim somente pelo Espirito
Santo, que pela gras;a influencia neste sentido a alma.
2°. Quanto aquila que o crente come e de que se sustenta,
elas (as Confiss6es) todas concordam em que nao e a
"substancia", mas sim a virtude (poder) e a efid.cia do Seu
corpo e do Seu sangue, isto e, sua virtude sacrificial, como
quebrado e derramado pelo pecado.
3°. Quanto aos crentes "comerem" esse "corpo e sangue",
elas concordam em que- (1) Nao e de modo algum com a
boca. (2) E sornente com a alma. (3) E pela fe, que e a boca ou
a mao da alma. (4) Pelo ou mediante o poder do Espirito Santo.
(5) Nao se limita a celebras;ao do sacramento, mas acontece
sempre que se exerce fe ern Cristo.- Bib. Rep., abril de 1848.
A EFICACIA DO SACRAMENTO
DA CEIA DO SENHOR
899
Capitulo 43
reconhecimento do Seu dominio supremo, sob a aparencia de
pao e de vinho mostrados visive1mente por urn ministro
legitimo, com o acrescimo de certas ora~oes e cerimonias
prescritas pela igreja para assim dar-se melhor culto a Deus e
edificar-se mais o povo"- Pedro Dens, vol. 5, pag. 358.
Com respeito asua finalidade, esta deve distinguir-se nos
seguintes atos e aspectos:
1°. Latreuticum, ato de adora~ao suprema oferecida a Deus.
2°. Eucharisticum, a~ao de gra~as.
3°. Propitiatorium, expia~ao dos pecados e propicia~ao de
Deus, efetuadas pelo sacrificio que se torna a fazer do corpo e
do sangue de Cristo. ·
4°. Imperatorium, porque por meio dele alcan~arnos rnuitas
ben<;aos espirituais e ternporais- Pedro Dens, vol. 5., pag. 368.
A diferen~a entre a eucaristia como sacramento e como
sacrificio e muito grande e e dup1a. Como sacramento, a
consagra~ao p6e-lhe firn; como sacrificio, toda a sua eficacia
consiste ern sua obla<;ao (oferecimen to). Como sacramento, e
fonte de merito para o comungante digno; como sacriffcio,
nao s6 e fonte de merito, mas tambem de satisfa~ao, porque
expia os pecados dos vivos e dos mortos- Cat. Rom., Parte 2,
Cap. 4, Perg. 55; Cone. de Trento, Sess. 22.
Fundamentam essa doutrina na autoridade da igreja e
recorrem absurdamente a Malaquias 1:11, como se houvesse
ai uma profecia deste sacriffcio repetido perpetuamente, e a
declara<;ao encontrada em Hebreus 7:17, de que Cristo e
"sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque",
o qual, dizem eles, desempenhou as fun<;6es de sacerdote
oferecendo pao e vinho a Abraao- Gen. 14:18.
900
l A Ceia do Senhor
da transubstancia<;ao, a qual foi refutada acima, Perg. 14.
~, 3°. 0 sacrificio de Cristo na cruz foi sacrificio perfeito e,
por sua propria natureza essencial, exclui todos e quaisquer
outros- Heb. 9:25,28; 10:10-14,18,26,27.
4°. Nao esta em harmonia com as palavras da institui<;ao
proferidas por Cristo- Luc. 22:19; 1 Cor. 11:24-26.0 sacra-
mento comemora o sacrificio de Cristo na cruz, e, por
conseguinte, nao pode ser, ele mesmo, urn novo sacrificio
propiciatorio. Pela mesma razao, a essencia de urn sacramento
e diferente dade urn sacrificio. Os dois nao podem coexistir
na mesma ordenan<;a.
5°. Pertencia a propria essencia de todos OS sacrificios
propiciat6rios, tanto dos sacrificios tipicos do Velho Testamento
como do sacrificio totalmente perfeito de Cristo, que se tirasse
vida, que se derramasse sangue, porque a vitima sofria vica-
riamente a pena da lei- Heb. 9:22. Mas os pr6prios papistas
chamam amissa urn sacrificio incruento, e nela ninguem sofre
dor ou morte.
6°. On de ha sacrificio deve haver sacerdotes para o
oferecerem; mas o ministerio crisHio nao e sacerd6cio. Veja
acima, Cap. 24, Perg. 21. 'nr: ,Hnmlr;~!., rJ, r·.'
901
Capitulo43
20. Qual a teoria chamada zwingliana, remonstrante e soci-
niana quanto aeficacia da eucaristia?
Zwinglio faleceu prematuramente. Sua teoria a respeito
dos sacramentos era, sem duvida alguma, muito imperfeita.
Se nao morresse tao cedo, teria por certo acompanhado seus
disdpulos em unir-se a Calvina na aceita<_;ao do Consensus
Tigurinus. A doutrina conhecida por seu nome e realmente
sustentada pelos socinianos e pelos remonstrantes, difere da
dos reformados- 1°. Em fazer dos elementos meros sinais; e
em negar que Cristo esteja presente na eucaristia de algum
modo. 2°. Em negar que os sacramentos sao meios de gra<_;a, e
em sus ten tar que sao apenas atos de comemora<_;ao e insignias
da prf!ssao crista.
902
A Ceia do Senhor
gra~a depende inteiramente, como sucede com a Palavra, da
coopera<;:ao do Espirito Santo. Segue-se que essa virtude nao
esta de modo algum ligada ao sacramento, e pode ser exercida
sem ele; nao o acompanha sempre, e nao se limita ao tempo e
ao lugar onde se celebra o sacramento, enema este-Bib. Ref,
abril de 1848; veja Conf Gal., Arts. 36 e 37; Helv., ii, c.21;
Conf Escocesa, Art. 21; Os Trinta e Nove Artigos da Igreja
Anglicana, Arts. 28 e 29; e tambem os nosso simbolos, e. g.,
Conf de Fe, Cap. 29, § 7.
903
Capitulo43
E necessaria deixar isso ao criterio da sessao da igreja (o
conselho)" -Diret6rio para o Culto, Cap. 9.
l
participar urna profissao digna de credito de fe ern Cristo e a
prornessa de Lhe obedecerern. (1) As igrejas batistas, negando
inteiramente as crian~as o direito de serern rnernbros da igreja, j
904
A Ceia do Senhor
primeiros, presume-se que virao a mesa do Senhor quando
chegarem "a idade da discri~ao, se nao tiverem dado motivo
para escandalo, parecerem s6brios e cordatos, e tiverem
conhecimento suficiente para discernir o corpo do Senhor".
No caso dos mundanos nao batizados, presume-se que sao
estranhos enquanto nao fizerem profissao digna de credito de
que foram transformados. ,. · ··.- ~~,
905
Capitulo43
vida e uma profissao digna de credito de fe em Cristo. (Por
"digna de fe" nao se entende aquilo que convence, e sim aquilo
que se pode considerar como verdadeiro.) E de seu dever exa-
minar o candidato quanto ao seu conhecimento, observar a
sua vida e indagar a respeito dela, explicar-lhe com fidelidade
quais as qualifica~6es espirituais e internas necessarias para
se comungar dignamente, e ouvir a sua profissao de fee o seu
prop6sito espirituais. A responsabilidade do ato fica entao com
a pessoa que (az a profissao, e nao com a sessao ou conselho da
igreja, a cujo tespeito nunca se deve entender que OS oficiais
passam juizo ~obre as provas apresentadas, ou sobre a validade
delas.
906
I A Ceia do Senhor
907
Capitulo43
quando se recebe, e nem antes nem depois; e que nas
h6stias ou particulas sagradas, que se guardam, ou sobejam,
nao fica o verdadeiro corpo do Senhor; seja am1tema".
Can. 6 - "Se alguem disser que o Unigenito Filho de
Deus no santo sacramento da eucaristia nao se deve adorar
com culto de latria tambem externo; e que por isso nem
se deve venerar com festividade particular, nem se deve
levar solenemente nas procissoes, segundo o louvavel rito
e costurhe da igreja universal (cat61ica); ou que se nao
deve e~por publicamente ao povo, para ser adorado, e que
seus adoradores sao id6latras; seja anatema".
Can. 7- "Se alguem disser que nao e licito reservar no
sacrario a sagrada eucaristia, mas que imediatamehte ap6s
a consagrac;ao deve ser distribuida aos circunstantes; ou
que nao e licito leva-la aos enfermos pomposamente; seja
anatema".
Can. 8 - "Se alguem disser que Cristo, na eucaristia, s6
e comido espiritualmente, e nao tambem sacramental e
realmente; seja anatema".
Can. 10 - "Se alguem disser que nao e licito ao sacerdote
que celebra, dar a Comunhao a si mesmo; seja anatema".
Sessao 21, Can. 1 - "Se alguem disser que todos e cada
urn dos fieis de Cristo, por preceito de Cristo, e necessidade
de salvac;ao, devem receber ambas as especies do ss.
sacramento da eucaristia; seja anatema".
Can. 2 - "Se alguem disser que a santa igreja cat6lica,
sem ter justas causas e raz6es, se resolvera a conceder a
comunhao aos leigos e aos clerigos que nao celebram,
debaixo da especie de pao somente, ou que nisto errara;
seja anatema".
Can. 3 - "Se alguem negar que Cristo, todo inteiro, fonte
e autor de todas as grac;as, se recebe debaixo da especie s6
de pao; porque, como muitos afirmam com falsidade, nao
se recebe conforme a instituic;ao de Cristo, debaixo de
ambas as especies; seja anatema".
Sessao 22, Can. 1 - "Se alguem disser que na missa nao
se oferece a Deus verdadeiro sacrificio; ou que oferece-lo
nao e outra coisa do que dar Cristo a n6s para o comun-
908
A Ceia do Senhor
909
Capitulo 43
de Cristo estao verdadeira e substancialmente presentes e
que se distribuem e se recebem verdadeiramente junto com
o pao e o vinho. § 2. As palavras de Cristo (isto e o meu
corpo) devem ser entendidas somente no seu sentido
estritamente literal; de maneira que, nem o pao significa
o corpo ausente de Cristo, nem o vinho o sangue ausente
de Cristo, e sim de modo que, por causa da unHio
sacramental, o pao e o vinho sao verdadeiramente o corpo
e o sangue de Cristo. § 3. - Quanto ao que diz respeito a
consagrac;ao, nos cremos, etc., que nenhum ato humano,
e nenhuma das palavras pronunciadas pelo ministro da
igreja, sao a causa da presenc;a do corpo e do sangue de
Cristo na Ceia, mas que isso deve ser atribuido unicamente
ao poder onipotente de nosso Senhor Jesus Cristo". § 5:
"Os motivos, porem, pelos quais contendemos a este
respeito contra os sacramentalistas, sao estes ... 0 primeiro
motivo e urn artigo da nossa fe crista, e vern a ser que
Jesus Cristo e verdadeiro, essencial, natural e perfeito Deus
e homem, e em unidade de pessoa inseparavel e indivisivel.
0 segundo e que a destra de Deus esta em toda parte;
mas ai Cristo foi posto real e verdadeiramente, quanto a
Sua humanidade, e, por conseguinte, achando-Se presente,
Ele reina e tern em Suas maos e debaixo de Seus pes todas
as coisas que estiio no ceu e na terra. 0 terceiro e que a
Palavra de Deus niio pode ser falsa. 0 quarto e que Deus
conhece e tern em seu poder diversos modos pelos quais
lhe e possivel estar num lugar (presente), e nao esta limi-
tado a urn (mico modo de presenc;a, a que os fil6sofos
costumam chamar local ou circunscrito. § 6: Nos cremos,
etc., que o corpo e o sangue de Cristo nao sao recebidos
so espiritualmente mediante a fe, mas tambem pela boca,
nao de uma maneira fisica, e sim de uma maneira sabre-
natural e celeste, em virtude de uma uniao sacramental...
§ 7: Nos cremos, etc., que nao somente os que creem em
Cristo se aproximam dignamente da Ceia do Senhor, mas
tambem os incredulos e indignos recebem o verdadeiro
corpo e sangue de Cristo, de tal modo, porem, que eles nao
tiram dai ne;m consolac;ao nem vida, mas, antes, de modo
910
A Ceia do Senhor
que esta recep~ao vini a ser para seu juizo, a nao ser que
sejam convertidos e se arrependam".
DOUTRINA DAS IGREJAS REFORMADAS -Conf Galica,
Art. 36: "Ainda que Cristo esteja agora no ceu para ficar ali
ate quando vier para julgar o mundo, cremos, todavia, que
Ele, pelo poder oculto e incompreensivel do Seu Espirito,
nos nutre e nos vivifica com a substancia do Seu corpo
e do Seu sangue, apreendidos pela fe".
Conf Escocesa: "E ainda que haja grande distancia de
lugar entre o Seu corpo glorificado, que esta agora no ceu,
e nos mortais, que estamos agora na terra, todavia cremos,
apesar disso, que o pao que partimos e a comunhao do Seu
corpo, e que 0 calice que aben~oamos e a comunhao do
Seu sangue ... Assim tambem confessamos que os crentes,
no uso devido da Ceia do Senhor, comem assim o corpo
e bebem o sangue de Jesus Cristo; e cremos firmemente
que Ele permanece neles e eles nEle, e, mais ainda, que se
tornam de tal modo carne da Sua carne e osso dos Seus
ossos que, assim como a Deidade da vida e imortalidade a
carne de Jesus Cristo, assim tambem a Sua carne quando
comida, eo Seu sangue, quando bebido por nos, conferem-
-nos os mesmos privilegios".
Conf Belga, Art. 35.
Institutas, de Calvina, Livro 4, Cap. 17, § 10: "Em suma,
a carne e o sangue de Cristo alimentam a nossa alma do
mesmo modo que o pao e o vinho mantem e sustentam a
nossa vida corporal... Mas, ainda que pare~a coisa incrivel
que a carne e o sangue de Cristo, embora tao distantes de
nos quanto a lugar, sejam alimento para nos, lembremos
quanto o poder secreto do Espirito Santo excede a nossa
debil capacidade. Aquilo, pois, que o nosso espirito nao
compreende, conceba-o a fe; e e que o Espirito Santo une
verdadeiramente coisas separadas pelo espa~o. Aquela
sagrada comunhao de carne e sangue pela qual Cristo nos
comunica Sua vida, exatamente como se ela penetrasse
os nossos ossos e a nossa medula, Ele testifica e sela em
Sua Ceia; e isso Ele nao faz apresentando-nos urn sinal
vao e vazio, mas o faz exercendo no sacramento uma
911
Capitulo 43
eficacia do Espirito pela qual Ele cumpre o que promete.
E verdadeiramente a coisa ai significada ela mostra e
oferece a todos os que se assentam para tomar parte naquele
festim espiritual, ainda que somente pelos crentes recebida
com proveito".
Os Trinta e Nove Artigos, Art. 28: "A Ceia do Senhor e
urn sacramento da nossa reden~ao pela morte de Cristo;
de modo que, para os que reta e dignamente, e com fe, o
recebem, o pao que partimos e uma participa~ao do corpo
de Cristo; e, do mesmo modo, o Gilice de ben~ao e uma
participa~ao do sangue de Cristo... 0 corpo de Cristo da-
-se, toma-se e come-se na Ceia de urn modo unicamente
celestial e espiritual. E o meio pelo qual se recebe e se come
o corpo de Cristo na Ceia e a fe. 0 sacramento da Ceia do
Senhor nao se reserva, nem se leva em procissao, nem se
exp6e, nem se adora, em virtude do mandamento de
Cristo".
Cat. de Heidelberg, Perg. 76: "Que e comer o corpo
crucificado de Cristo e beber o Seu sangue derramado? E
nao somente apropriar-nos com cora~ao grato da paixao
de Cristo, e receber assim o perdao dos pecados e a vida
eterna, mas tambem ficarmos, por esse ato, mediante o
Espirito Santo, que habita em Cristo e em nos, unidos
mais e mais ao Seu corpo bendito, de modo que, conquanto
esteja Ele no ceu e nos na terra, nos, apesar disso, somas
carne da Sua carne e ossa dos Seus ossos, e vivemos sempre
urn so espirito com Ele".
Conf de Fe, de W'estminster, Cap. 29, § 5: "Os elementos
exteriores deste sacramento, devidamente consagrados aos
usos ordenados por Cristo, tern tal rela~ao com Cristo
crucificado que, verdadeira mas so sacramentalmente, sao
as vezes chamados pelos names das coisas que representam,
a saber, o corpo e o sangue de Cristo; porem em substancia
e natureza conservam-se verdadeira e somente pao e
vinho, como eram antes". !d., § 7: "Os que comungam
dignamente, participando exteriormente dos elementos
visiveis deste sacramento, tambem recebem interiormente,
pela fe, a Cristo crucificado e todos os beneficios da
912
A Ceia do Senhor
. I , • .) I_·. ,
' ( 0
913
indice
""
Indice de Autores e de A~suntos
A Priori, Argumento - Veja Deus
Abelardo - 586
Absoluto, 0- 171, 176, 177
Acaso, ultima prova que mostra ser absurda a hip6tese da
evolw;:ao - 47
Ado~ao -718-724
a palavra definida - 718-720
vantagens - 723
Advento, Segundo- Veja Segundo Advento
Agricola, Joao - 561
Ainsworth - 822
Alexander, Dr A - 75, 388, 525
Alexander, Dr J A - 20, 29, 243, 244
Alexander, Dr Lindsay W - 889
Alian~a da Gra~a- 507-522
Cristo como mediador- 514-516
emprego da palavra berith- 508-510
fe como condi~ao - 517
hist6ria da administra~ao - 519-522
ideia arminiana - 517
opini6es diferentes sustentadas por calvinistas -
510-513
Alian~a das Obras - 421-429
Adao representou a ra~a - 423, 424
diferentes sentidos da palavra - 421
doutrina definida- 421-425
doutrina provada - 422, 423
em que sentido ainda em vigor - 428, 429
natureza da morte prenunciada - 426, 427
partes e condi~6es - 423-426
selo da alian~a - 428
Alogi - 263, 265
Ambrosio de Milao- 123
Amesio- 491, 719
914
r Amyrant- 312
indice
Aniquilacionismo - 427
depois do juizo final- 814-816
durante estado intermediario - 774
Anjos- 337-348
arcanjo - 339
corpos- 341, 342
da guarda - 343
doutrina romana quanta ao culto prestado - 342
mau- 344-346
natureza, carateres, titulos, oficios, ordens e poder -
337-340
personalidade de satanas- 344, 345
possessao demoniaca - 34 7, 348
Anselmo - 54, 585, 587
Antinomianismo- 560, 561, 733, 734
Antropologia- 22, 132, 138, 141, 143, 380
da Igreja Grega- 123
Antropomorfismo: born e mau sentidos - 173, 174
textos biblicos explicados - 174
Antroponianos - 263
Apol. Conf. Remonstrante - 463, 622
Apolinariana, Heresias - 535
Apolinario - 535
Apologetica- 16
Apologia da Confissao de Augsburgo- 163, 490, 670, 753, 762,
825,840,841,880,881
Ap6stolos nao tiveram sucessores - 113
Aquino, Tomas de- 129, 559, 573, 713, 824, 894
Arcanjo - Veja Anjos
Argyle, Duque de - 366, 402, 405
Arianos - 135,224,241,264
Ario- 233
Arminianismo- 125, 128, 300-302, 311, 140-143
voca<;:ao eficaz - 622, 628, 631
fe justificadora - 701
perfei<;:a - 439
pecado original- 458, 459
915
indice
justi<;:a original - 414
perseveran<;:a - 757
propicia<;:ao - 573, 576
doutrina da vontade - 399-401
justi<;:a de Deus e os seres humanos perdidos antes de
nascerem - 486
justifica<;:ao - 708-710, 716, 717
puni<;:ao futura- 820, 821
Arminianos- 202, 203, 271, 278
Arminio, J - 491, 501, 740
Arminius, James- 136
Armstrong, Dr Wm- 851, 859
Arnaulos - 130
Arqueologia - 15
biblica - 19
Arrependimento e a doutrina cat61ico-romana das penitencias
-678-690
a respeito da confissao - 684, 685
a respeito de absolvi<;:ao - 686 .
apreensao da misericordia de Deus em Cristo - 680
dom de Deus - 679
doutrina cat6lico-romana de penitencia - 682-684
doutrina de indulgencias- 687, 688
exposi<;:ao - 682-684
exposi<;:6es autorizadas - 688-690
frutos - 679, 680
provas - 679, 680
refuta<;:ao da doutrina cat6lico-romana - 685-687
Artigos de Esmalcalda - 134, 163, 780, 841, 882
Artigos, 39 da lgreja da Inglaterra - 134, 148, 165, 318, 463, 478,
591,754,780,823,842,882,883,898,912
Ascensao de Cristo - Veja Cristo
Atanasio - 588
Ateismo -55, 56
Atributos divinos - 141, 170-219
Averroes - 63
916
fndice
Barclay, Robert - 845
Barnabe - 795 ·.
:~
917
fndice
obje<;;6es declaradas e respondidas - 871-873
pratica da lgreja Primitiva - 871, 872
regenera<;;ao batismal - 878-880
Batistas - 851, 854
Baur, Cristiano - 70
Baxter, Richard- 138,558,580
Beecher, Dr Edward - 484
Belarmino- 415, 418, 461,489,625,628,665,668,669,711,715,
730,732,752,762,780,826,830,839,840,881,882,909
Berilo- 266
Bernardo de Claraval - 588
Bevan- 889
Beza- 313, 491
Bickersteth, Rev E H- 774
Bingham- 861, 872
Bissel, E Cone- 76
Blunt- 878
Bolingbroke- 57 '·•~•. :. .\::,. :.. · ,..
Bossuet- 62
Boston, Thomas - 579
Brentz, Joao -531
Bretschneider - 70
Brown, Dr - 797
Brown, Dr John- 580, 612
Bruce, DrAB- 532, 539
Bruno, Giordano - 62
Bucer, Martino - 898
Buchanan, Dr James - 56, 63
Bula, Unigenitus- 625
Bullinger- 898
Bushnell - 586
Butler, Bispo - 58
918
indice
881,882,898,911,912 . ,·' :lr'<}~~:-- _ .'_~:,;1:-r;·fi'.:i
Cambridge, plataforma - 167 · r -; ., ;;\ ,.:_-:;; ·:;: ;~, r·''
Cameron, J- 312,469 ., ~: .; '"'·'-' ') u~·, ... ,:_:; ,_,
Candlish, Dr- 588 · · · ,·, · . ···:.· ·
Capacidade e liberdade distinguidas - 466, 467 ·, ·' • : -
Carater virtuoso - 389, 390
responsabilidade moral - 398-401
Carlyle- 57
Carson, Dr A - 849, 852, 854
Caso da Igreja da Rua Walnut - 606
Catecismos:
Assembh~ia de Westminster- 134, 148, 150, 268, 331, 349,
355,419,422,426,431,445,492,501,513,558,559,613,
678, 719, 722, 726, 781, 874, 887, 888
Concilio de Trento -157,417,418,439,636,668,684,685,
686,695,702,778,779,826,830,838-840,881,888,891
Genebra - 827, 841, 882
Escoces - 827
Grandee Pequeno de Lutero- 134, 163, 882
Heidelberg- 134, 148, 164,591,669,716,754,842,898,912
Maior, da Igreja Oriental - 780
Racoviano - 135, 420, 464, 479, 554, 555, 592, 701, 702, 717,
884
Russos de Philaret- 161
Catherina, A- 493, 501
Cat6lico-romana, doutrina:
autoridade e infalibilidade do papa- 119, 120
concomitancia- 894, 907-909
conselhos de Cristo - 731, 752, 753
"descida ao inferno" por Cristo - 611, 617
eficacia e necessidade do batismo - 875-884
fe- 658, 660, 663
gra~a- 631, 632
incapacidade - 477
merecimento de condignidade e de congruencia - 734, 735
missa- 899, 900, 907-909
pecado- 439
pecado original - 460-462
919
fndice
perfeic;ao- 738-740, 744, 747
perseveranc;a- 757, 761, 762
purgat6rio e estado intermediario - 777-779
regenerac;ao - 682-690
sacerd6cio cristao - 554
sacramentos- 825, 826, 828-831, 834-840
/ sacramentos, sua eficacia - 828, 829
transubstanciac;ao - 890-896, 907-909
Ceia do Senhor- 885-913
designac;6es bib1icas e eclesiasticas - 885-887
distribuic;ao dos elementos, essencial - 891,892
doutrina cat61ico-romana (transubstanciac;ao), exposta e
refutada - 893-896
doutrina cat6lico-romana, como sacramento e sacrificio
(missa), exposta e refutada - 899-901
doutrina de concomitancia - 894
doutrina luterana - 897
doutrina luterana da presenc;a de Cristo na- 897
doutrina reformada- 897-899, 902,903
doutrina zwingliana - 902
eficacia de - 899-907
exposic;6es autorizadas - 907-913
instituic;ao e obrigac;ao perpetua - 885
maneira correta de ministni-la -892
motivos por recusar 0 calice ao povo - 894
o partir do pao - 889, 890
qualificac;6es necessarias para admissao - 903-907
relac;ao do sinal com a grac;a significada - 893-899
tipo de pao e vinho a serem usados - 888, 889
Celestio - 125
Cerinto - 135
Certeza da fe - 665-667
Ceu e Inferno- 806-821
ceu- 806-810
eternos- 811-814 ' ,- · .t
natureza da punic;ao futura- 811
0 estado do reprobo- 810, 811
objec;6es expressas e refutadas - 816-821
920
indice
teoria de aniquila~ao ou imortalidade condicional - 814
teoria de restaura~ao - 815, 816
termos biblicos- 806, 807, 810, 811
urn lugar - 807
uma condi~ao- 807, 810 - L .., . ·' .~.l
921
indice
Conferencia de Leipzig- 131
Confiss6es:
Augburgo- 131, 133, 134,148, 162, 163,477,682,804,840,
841,880,897,909-911
Basilt~ia - 898
Belga- 103, 134,463, 805, 898,911
Igreja Grega Ortodoxa- 160, 589
Remonstrantes - 634, 757
Escocesa - 134, 148, 898, 903
Galica- 134, 463, 490, 837, 898, 903, 911
Inglesa de Eduardo VI - 804
Primeira Helvetica - 898
Segunda Helvetica- 102, 134, 148, 164, 478,490, 540, 554,
754,903,
Tetrapolitana- 164, 898
Westminster- 103, 166, 244, 245, 268, 315, 331, 349, 355,
419,422,426,431,445,479,492,501,513,541,558,559,
578,591,633,670,676,678,716,726,755,756,771,795,
805,824,826,827,828,837,842,846,874,877,881,883,
891,903,912,913
Consciencia - 384-388
Consensus:
Genevensis - 168
Tigurinus- 167, 898, 902
Constable, Rev Henry- 815
Conviq;ao de elei~ao possivel - 307
Cosmol6gico, Argumento - Veja Deus
Cousin - 63, 136
Credos:
Atanasiano- 148, 153, 154, 155,245
Calcedonia - 15 5
dos ap6stolos- 148, ISO
Papa Pio IV- 157-159
Credos e Confiss6es- 146-169
autoridade - 148, 149
como produzidos?- 146
por que necessarios?- 146
usos- 148
922
fndice
Crellio, J- 135 ,,:-p,.
923
indice
Cristo, Seu estado de exalta<;ao - 613-617
Sua "sessao" a direita de Seu Pai- 616, 617
Sua ascensao - 615, 616
Sua ressurrei<;ao- 613-615
Cristo, Seu estado de humilha<;ao- 613-617
Sua descida ao inferno - 611,612
Cristo, uniao dos crentes com - 672-677
base- 674, 675
comunhao dos santos- 676, 677
conseqi.H~ncias - 675, 676
natureza- 672, 673, 674
Cristo, intercessao de - 593-595
Cristo, Sua deidade- 227-233
Cristologia- 131, 138, 143
Critica, alta, - 18
Critica, textual - 18
Cunningham, Dr Wm- 482,492, 558
Curceloea - 138, 573 .1 •• - .• • •• ···
' <
924
fndice
santidade de Deus - 283, 284
soberanos - 277
urn prop6sito- 273, 274 • ; ,i· q~·-~J.f ~' •!_: I n .
Deismo-57,58 ·,·;·) J
Dens - 829, 876, 900
Descartes- 54, 79, 352, 366 · · · ··
Descida ao inferno- 611,612
Designio, Argumento de- Veja Deus
Deus, Seus atributos- 141, 143, 170-219
bondade abso1uta- 212-215
classifica~ao - 181-183
espiritualidade- 185, 186 _l •.
imutabilidade- 191,192
(·.· f
in teligencia infini ta - 192-198 ~ . . ~
925
indice
/ argumentos formais, valor e classifica~ao - 34, 35
defini~ao nominal - 30
em que sentido inata e em que sentido intuitiva - 32-34
ideia, ate onde se deve tradi~ao - 31
origem da ideia - 30
teorias antiteistas - 55-63
Deus, decretos de - Veja decretos
Deus, Seus atos classificados - 268, 269
nao 0 autor do pecado - 283, 284
Dick, Dr John- 514
Dollinger - 63
Dominicanos - 129, 130
Dona Naturalia e Supernaturalia- 416, 417
Dorner, Dr J A- 58,495, 501,721
Doutrina reformada - 368, 369
Pessoa de Cristo - 540, 541
Doutrina zwing1iana:
Ceia do Senhor, sua eficacia - 902
sacramentos - 827, 832
batismo e sua eficacia - 877
Doutrinas, Hist6ria das - 23
Dualismo - 56, 57
Dwight- 587
926
indice
Erigena, Scotus - 62, 586
Erskine, Ebenezer- 75, 579
Erskine, Ralph - 579
Escatologia - 22, 140, 765
Escolasticos, Teologia dos - 128, 129
Escri turas:
acessfveis - 110
autoridade nao vern da igreja- 115, 116
completas- 107, 108
doutrina cat6lico-romana quanta a interpreta~ao - 118
inspira~ao - 80-103, 107
interpreta~ao nao vern da igreja- 115, 116 II:
927
indice
definida- 648-650
distinc;ao cat6lico-romana entre fe implicita e explicita -~
651,652
doutrina cat6lico-romano - 658, 660, 663
doutrina provada - 659
exposic;6es autorizadas - 668-671 .·~
Filosofia - 16
sua relac;ao com teologia - 78, 79
.!
Filosofia Aristotelica - 79
Finney, Prof - 744
Fisher, Dr G P - 76, 493, 499
Flatt- 587
Fletcher - 522
Flint, Prof Robert - 34, 43, 54, 56
Formula Concordiae- 102, 131, 163, 318, 418,462,477,489,
539, 590,617,618, 623,632,633,647, 716,753, 762, 891,
909-911,
Formula Consensus Helvetica- 168, 169, 478, 492, 591
Franciscanos - 129
Frederico o Grande - 69
928
fndice
Green, Prof Wm H - 403, 404
Gregorio, o Grande - 588
Grotio- 138, 208, 573, 587 . .. '~ t I.
Hermeneutica- 19
Hermes- 795
Hersch ell, Sir John - 325
Hetherington - 76
Hilario de Poitiers - 123
Hildeberto de Tours - 893
Hist6ria: .: ~
biblica- 27 I.,·
das doutrinas - 28
eclesiastica - 27
fontes da - 27
Hist6ria Universal - 15
Hobbes- 57
Hodge, Dr Charles- 181, 243, 369, 521, 583, 614, 615, 620, 640,
652,654,784,792,820
Hoffman, Dr- 537
Hogg, Tiago - 579
Homem, criac;ao e estado original - 402-420
antigtiidade- 403-405
arminiano- 411, 412 .·. ·
criado justa- 408-410 .._,:,,.,,,.
diretamente criado por Deus - 402, 403
distinc;ao entre imagem e semelhanc;a de Deus - 415
929
indice
doutrina romana do estado original do homem - 416, 417
exposi<;;6es autorizadas - 417-420
responsabilidade por disposis;6es inatas - 411-415
teoria pelagiano de justi<;;a original- 411, 414
"-_tricotomia desprovada - 407
unidade da ras;a provada - 405, 406
Homilias Clementinas - 135
Hopkins, Dr- 76, 485, 487
Hudson, C F- 774, 815
Humanitarianos - 263
Hume, David- 41
Humilias;ao, estado de- Veja Cristo
Hurst- 58, 70
Hutter- 501
Huxley- 47
Hyperio - 501
ldealismo - 58, 59
lgreja:
doutrina cat6lico-romana de infalibilidade da igreja,
expressa - 111
sem fundamento- 112
ideia, constitui<_;;ao, oficiais, etc. - 23, 24, 25
identica sob as duas dispensas;6es - 866-870
visivel - 863-866
Igreja da lnglaterra e lgreja Episcopal dos EUA, doutrina
delas em relas;ao a "descida ao inferno" - 611, 612
lgreja e Estado- 601-610
lgreja Grega, doutrina quanta ao modo de batismo- 861
quanta a gras;a - 632
doutrina de pecado original- 459
lgreja Oriental, doutrina de, quanta ao estado intermediario
-780
lgrejas:
arminianas - 135
batistas - 134
independentes - 134
luteranas - 133
930
indice
presbiterianas- 134 r ;_ ,-,;.1 1:! r-nnwob f.b ~:~·,.rrrq
reformadas- 134 -,,::'- !>-\;;; t'J;on''i ·,h n~:?c'1~r 11i!:
unitarias - 136
Imortalidade da alma- 767-772
lmputa~ao do pecado original de Adao- 480-506
dos nossos pecados para Cristo - 565, 566
imputa<;:ao definida - 493, 494
justi<;:a de Cristo para nos - 697-700
mediata - 495
Incapacidade - 465-479
distin<;:ao entre capacidade e liberdade - 466, 467
distin<;:ao entre capacidade moral e natural- 469-471 ·
doutrina agostiniana - 466 : ';_,; n~; n~ ·
doutrina pelagiana- 465, 466 ·-~ ,·· '
doutrina provada- 471-473 ,._ . ,,,,. ·:··•·
doutrina semipelagiana - 466
doutrinas expostas- 465, 466
exposi<;:6es eclesiasticas autorizadas - 477-479
obje<;:6es declaradas e respondidas - 473-475
Indulgencias - 687, 688
Inferno - Veja Ceu e Inferno
Infinito, 0 - 171, 176
Infralapsarianos - 312
Inocencio III - 893
Inspira<;:ao - 19, 80-103
"plena", 0 que e?- 82 :,i
"verbal", 0 que e? - 82
a a<;:ao providencial de Deus - 83
a doutrina provada - 85, 86
como difere da ilumina<;:ao espiritual? - 85
como difere da revela<;:ao? - 84
declara<;:6es defeituosas da doutrina- 98
doutrina da igreja- 81
exposi<;:6es autoritarias- 101-103
falsas doutrinas sobre inspira<;:ao - 100 • •.t:'
Jacobi- 62
Jamblico - 62
J ansenio - 130
Jansenistas - 130, 625
Jesuitas- 129, 367
Joao Ascusuages- 265
Joao Filopono - 265
Josefo- 403
Jowett, Prof- 71, 586
Judeus, futura conversao e restaurac;ao - 799, 800
·'
Jufzo Final- 801-805 ,;
J ufzo Particular - 117
Juliano - 125
Justificar;ao - 691-717
Calvina justificado - 707
doutrina cat6lico-romana- 683, 684, 694, 695, 710-712
expressa e refutada- 710-714
doutrina definida e provada - 693-699
doutrina errada - 704-714
efeitos - 703
exposi96es eclesiasticas autorizadas - 714-717
imputac;ao de justic;a provada- 697-700
mas pela justic;a ativa e passiva de Cristo - 696, 697
modificado pela teoria governamental da propiciac;ao e
pela teoria arminiana- 707-710
nao baseado em obras- 694
objec;6es expostas e respondidas - 704
objeto espedfico da fe justificadora - 702, 703
relac;ao com fe- 701
932
fndice
teoria de Piscator - 705
uso noetestamentario de - 691-693
Kahnis- 71
Kant -79
Kitto- 337, 807, 811
··/
Knox, Joao- 898
Krauth, Dr C P- 59, 163, 501, 832, 876, 881, 890, 901
Kurtz- 27
:. ; .. ) 'j'J ~'
Lampe- 486 j • '
Le Clerc - 138
Leao, o Grande- 536
Leathes, Stanley- 76
Leibnitz - 79, 329 ~;~oo -- oq.
: ._,
Leipzig, Conferencia de - 624
Leland- 58
Lessing- 58
Limborch -138,419,463,479,487, 573, 591,622,701,709, 716,
820,842
Livre Agencia- 380-401
consistente com certeza - 396 ., I
distin9ao entre liberdade e capacidade- 392, 393 .nl;, . ·
falsas teorias de contingencia- 396-398 :u.;; J'.J. ,H' · ·, -··
motivos definidos - 394
teoria arminiana incompativel com o evangelho - 399-401
vontade definida - 383
. ,:
Livre-arbitrio - 126 __
933
fndice
pecado original - 462
perseveran~a - 762
Pessoa de Cristo- 531-533, 539, 540
predestina~ao - 317, 318
presen~a de Cristo na eucaristia- 897, 909-911
regenera~ao - 647
voca~ao eficaz - 623
Lutero- 130, 133, 489, 531, 561, 618, 876, 897
Luz interior - 67
Macedonia - 233
Mahan, Prof - 744
Malebranche- 352
Manes - 56, 483
Manning, Arcebispo - 602
Manning, Cardeal - 120
Mansel- 171, 176
"Marrow Men" - 579, 580
Marburgo, Col6quio de - 897
Martensen - 537
Martineau, James - 136
Martir, J ustino - 872
Martir, Pedro - 490
Mason, Dr John M- 870
Materia, niio eterna - 325-328
Materialismo - 59-61
Maurice -70
Mauricio - 624
Max Muller- 57, 63
McClintock, Dr John- 26, 27, 29, 688
McCosh, Dr James- 189, 384, 388, 430
Melanchthon- 130, 489, 501, 624, 897, 898
Merecimento:
conceito verdadeiro- 735, 736
doutrina cat6lico-romana de merecimento de
condignidade e de congruencia - 734, 735
Metodistas wesleyanos - 134, 138
Metodologia - 11
934
indice
Miconio, Oswald- 898 .('f .·'-~-c.\(~":"· :~~·
.· ...-
Milagres- 372-379
ate onde consistentes com perfei<;6es divinas - 376, 377
ate onde pode ser reconhecido- 377-379
possiveis - 373-375
Milenio, doutrina biblica do - 794, 795
Mill, J S- 37, 50, 56, 374
Mill, James - 50
Miller, Hugh- 502
Missa, doutrina da- 887, 899, 900, 907-909
Moehler - 417
Molina, Luiz- 129, 196
Molinistas - 130
Monarquianos - 234, 265, 266
Monofisitas - 537 '";;-
Monotelitas - 537
Moore, Dr Wm E- 606, 836, 875, 892
Moral, Argumento - Veja Deus
Morte eo estado da alma depois da mo:t:te- 765-781
doutrina anglicana - 773
doutrina cat6lico-romana- 777-779
doutrina da alma, descanso ou aniquila<;ao - 773, 774
doutrina do Velho Testamento- 769-771
doutrina neotestamentaria - 771
doutrina refutada - 775
: l
estado intermediario - 771-779
Geena - 772, 773 .. -;:.. -' •-"
( .i
Hades -772
•.• :,i
imortalidade da alma- 767-772
morte definida - 765
nao ha segunda proba<;ao - 776
paraiso - 772
por que morrem os justificados? - 766
qual a relac.,:ao entre morte e pecad()?- 766
~ ~
uso biblico de sheol - 769, 770 ,• (, . .I ) •
.' ~
~: .;~ ~!.
Muller, Julio - 484 '' j
935
indice
Neander, Augustus- 27, 57, 233,415, 536, 585, 861 ,,
N eo-platonicos - 62, 79 ,,
Nestoriana, Heresia- 535, 536 ,. ·
Nest6rio- 536
New Haven doutrina de pecado original- 459, 460
Newman, J H- 876
Newton, Sir Isaac- 188 .'
Niceno, Credo- Veja Credos ,',.,
Nicole- 130 . I/,
Paine, Thomas- 58
Paley -75
Panteismo- 61-63
Papa:
Alexandre VII - 130
Clemente XI- 130
Inocencio - 125
Inocencio X - 130
Leao X- 690
Pia IX- 602
Z6simo- 125
Papa, infalibilidade e autoridade- 119, 120
Papias- 795 ~'- . _ .
1 ;
1
Pareus, D - 485
Park, Prof Ed A - 206, 587
Parker, Teodoro- 58, 71
Parsons, Dr Theophilus - 790
936
indice
Pascal - 62, 130
Patripassianos - 234
Paulo de Samosata - 135
Paulo, Padre - 493 . ~· .}
Paulus - 58, 70 1 :· !
937
indice
l
teoria federal- 500-506
·..~.' .
Pecado, original- 126, 445-464
afeta o homem inteiro- 449, 450
·- ~ .
doutrina definida- 445, 446
doutrina provada - 451
doutrinas pelagiana e semipelagiana - 457-459
e verdadeiramente pecado - 448
em que sentido "total" - 450, 451
exposi<;6es eclesiasticas autorizadas - 460-464
nao envolve corrup<;ao da substancia - 447
nao simplesmente perda de retidao original - 448, 449
New Haven, doutrina de- 459, 460
pecado contra o Espirito Santo - 457
Peck, Dr. George- 740, 742, 743, 744, 746, 749
Pelagianismo:
de pecado original - 453, 454, 458, 459
de regenera<;ao - 635
doutrina da justi<;a original- 411, 414 · . ·'''; -, · ., ,
incapacidade - 465, 466
pecado- 438
perfei<;ao- 737, 738
voca<;ao eficaz - 622
Pelagianismo, comparado com Agostinianismo - 124, 125
Pelagia- 125, 872
Penitencia - Veja Arrependimento
Perfeccionismo - Veja Santifica<;ao
Perfei<;ao, doutrina cat6lico-romana - 738-740, 744, 747
Perkins, Dr Justin- 889
Perseveran<;a dos santos - 756-764
arminiano - 757
doutrina cat6lico-romana - 757, 761, 762
doutrina exposta e provada - 756, 757
exposi<;6es autorizadas - 761-764
luterano - 762
obje<;6es declaradas e respondidas - 758-764
Pighio, Alberto - 493
Piscator - 575, 705 :,
Pla~ao, Josue - 495
938
fndice
Plotino- 62
Polernica - 23
Politeisrno - 57
Porfirio - 62
Posi~ao de igrejas batistas quanto ao modo batisrnal, e a de
todas as outras igrejas - 854, 855
Possessao dernoniaca - Veja Anjos
Pnixeas - 265
Predestina~ao- 127, 287-319
diferentes sentidos da palavra - 287
doutrina arrniniana - 290 ...... ry
• oJ... ,:, ,
939
indice
obje<_;:oes expressas e respostas - 583-585 )• '
perfeic;ao - 572-574
teoria da satisfac;ao - 587, 588
teorias mistica, da influencia moral e governamental
-586-588
termos definidos - 556-559
Provas do cristianismo - 17 I
Providencia - 349-379
caracterfsticas expostas pelas Escrituras - 370
doutrina biblica do governo providencial expressa e
provada- 355-361
extende-se a ac;oes livres e pecaminosas - 361-363
ideia dos deistas - 350, 351
preserva<_;:ao - 349, 350
providencia particular - 360, 361
providencias extraordimirias e milagres - 372-379
teoria da cria<_;:ao continua - 352, 353
teoria das causas ocasionais - 366, 367
teoria de concursus- 367, 368 · r,.,l' · ;:
teoria mecanica da providencia - 364-366
verdadeira doutrina da preservac;ao exposta - 354
Psicologia - 16
Puni<_;:oes, futuras, eternas- 811-821
Purgat6rio - 777-779
Pusey, Dr - 700
Racionalismo - 8-71
Racionalistas - 234
Radberto, Paschasio - 893
Ratramno - 893
Rawlinson- 76
Razao: '.,
diferentes sentidos - 68
940
fndice
niio e, em ultima instancia, argumento de verdade
religiosa - 72, 73
Realismo- 499-502
Redens;iio - 127
Regeneras;iio - 635-647
absoluta necessidade da - 645
'. , .... .. -
distinta da conversiio - 640, 641
doutrina cat6lico-romana - 682-690
doutrinas corretas - 638-642
. 1:
doutrinas erradas - 635-638 .. .., ;,.•
Reimarus - 58, 70
Reinado de Cristo - Veja Cristo
Religiiio:
0 que e?- 11 ... -..
comparativa, ciencia da - 15
crista: 0 que e? - 11
Remonstrance: . . ...
doutrina da predestinas;iio - 319
doutrina da propicias;iio - 591, 592
doutrina de eficacia dos sacramentos - 832, 842 - iJ.,<;>•,_;
doutrina da incapacidade- 479
doutrina de justis;a original - 419
doutrina do pecado original - 463
Remonstrantes- 137, 367
i. ' ,-
Renan -70
Responsabilidade moral- 398-401
Ressurreis;iio 782-790
condis;oes de identidade pessoal - 788, 789 "-1 i·nuoL
doutrina dos judeus- 789
doutrinas hereticas - 789, 790
objes;oes cientificas expressas e respostas - 785-787
ressurreis;iio de Cristo - 783-785 ·~h · ::1 •!.:: •") .... :·'
941
indice
simultanea e geral - 783
Revela~ao, sobrenatural, necessaria, possivel e provavel
-73-76
sua natureza - 84
Ridgely, Dr T - 486
Ritschl- 588
Ritter- 63
Robertson, Rev A- 580
Robinson, Dr Ed- 566, 619, 648, 773
Rogers, Henry- 76
Rogers, Juiz, Supremo Tribunal de Pensilvania- 606
Row -76 -'
Sabelio - 266
Sacramentos - 822-842
definic;ao de - 822-824
doutrina cat6lico-romana da eficacia - 828-831
doutrina protestante- 831-834 o~·-~ ·- r;r::''l ) )~J
doutrina zwingliana - 827, 832 · • ·
etimologia e uso da palavra - 822, 823
exposi~oes autorizadas - 838-842
necessidade de - 834-836
rela~ao do sip.al com a grac;a significada- 827 .>i
'
validade -836-838
veja Batismo e Ceia do Senhor
Saisset- 63
Sampson- 221
Sandemanianos- 658 ;;
Santificac;ao- 725-755 ;,_,
boas obras, sua natureza e necessidade - 732, 733
conceito verdadeiro de merecimento - 735, 736
diferentes conceitos - 725, 726
doutrina antinomiana - 733, 734
doutrina cat6lico-romana- 731, 732, 738-740
doutrina definida - 725, 726
e fe- 730, 731
exposic;oes autorizadas - 752-755
merecimento de condignidade e congruencia - 735
942
fndice
opera<;;ao da verdade- 729, 730 ~s. i -· ~t-,;n-,;-
opera<;;ao dos sacramentos (orde11an<;;as) - 730
perfeita santifica<;;ao- 737-755 __ .. ,
teoria arminiana - 740-743 · ·'
teoria arminiana, refutada- 744~751
teoria cat6lico-romana, refutada- 744-751
teoria pelagiana de, declarada- 737, 738 f' ,·:)
943
fndice
Serveto - 135
Shaftesbury - 57
Shedd, Dr Wm G T -162, 264, 500, 504, 588
Shedd, Rev J H - 889
Silabo Papal- 601
Simb6lica - 28
Simbolos doutrinarios:
da igreja de Roma- 156-160
da lgreja Grega- 160
da igreja luterana- 161-163
da igreja reformada- 163-169
Sinergismo - 623, 624
Sinergistas - 131
Sinodo:
de Charenton - 495
de Dort- 137, 578
canones e decretos- 148, 166, 318, 319, 478, 479, 486,
491,633,634,762,763 ~Ji':JJ.(l t;;~\'·'·;·~
944
indice
Streitwolf- 588 - (IJil
945
indice
de advento premilemirio - 795-797
mistica da propicia~ao - 586
utilitaria da moral - 390
Teorias antiteistas - 55-63
Tertuliano - 220, 796, 872
Tertuliano de Cartago- 123
Tholuck, Prof- 26
Thomasius, Dr Gottfried- 537
Thornwell, Dr James- 493
Tillemont - 130
Tipologia - 20
Tischendorf- 76
Titcomb- 76
Tradi~ao, doutrina cat6lico-romana- 104-107, 119
Traducionismo - 484-486
Transubstancia~ao, doutrina cat6lico-romana - 890-896,
907-909
Trindade: ',:._- '-· _ ·: __ ,,_
doutrina da- 220-267
defini~ao de termos - 220-224
deidade e personalidade separada do Espirito Santo
-233-236
deidade e personalidade separada do Logos- 227-233
doutrina ensinada diretamente nas Escrituras - 237-239
doutrina fundamental do evange1ho- 266
eterna gera~ao do Filho- 239-252
opinioes hereticas - 262-267
processao eterna do Espirito Santo- 252-259
proposi~6es envolvidas - 224-226
significado da palavra - 220
Tubingen - 70
Tulloch - 56, 71
Turretino, Francisco- 168, 181, 193, 203, 221, 245, 255, 349, 355,
362, 369, 393, 431,490, 491, 496, 497, 522, 557, 628, 641, 670,
671,692,702,718,719,734,735,827,844,887
Twisse- 482, 571
Tyler, Prof- 57
Tyndal- 60 '.
-;'
946
fndice
Ulrici- 56
Underdonk, Bispo H U- 636
Uniao com Cristo- Veja Cristo
Unitarios- 134, 234, 265 . :-
Universalismo condicional - 580 ..
, :!·
·.
Updegraff, Caso de- 605
Ursino - 490, 526, 898 I i";
Valdenses- 589
Van Mildert, Wm- 58
Virchow- 46
Virtude- 388, 389
Vitringa- 431 ~(".:_
-- _ .. l.jJ •• ' ..:YY
Vocac;;ao:
conceitos de diferentes facc;;oes expressas e comparadas
-622-625
congruente com a nossa natureza - 629, 630
doutrina arminiana- 631
doutrina reformada de, explicada e provada - 624-630
eficaz- 619-634
exposic;;oes eclesiasticas autorizadas da doutrina - 631-634
vinculo com a verdade - 630
vocac;;ao externa- 620 \-1 ; ,, ..· .· ·n•..·
vocac;;ao interna provada- 621
Vocac;;ao Eficaz- Veja Vocac;;ao
Voltaire- 58
Von Bres - 898
Vossio, G J - 491
Wace- 76
Wall, Dr Wm - 872
Wardlaw, G - 76
Watson, Ricardo- 138, 413, 414, 522, 579, 581, 588, 749
Weeks, Dr W B - 559
Wegscheider - 58, 70, 293
Wesley- 138, 302,413,439,741,742,743
Wessel, John- 589
947
indice
Westcott, Rev B F- 76
Westein - 138
Whately, Arcebispo- 289, 305, 774, 815
Whedon, Dr D D- 300, 399,411,487
White, Rev Ed- 815
Wiggers, Dr G F- 458, 489, 738
Williams - 71
Wissowatis, Andre - 135
Witherspoon, Presidente- 492
Witsio, H - 428, 492, 522
Wolf- 69
Wolfenbiittel, o Fragmentista - 70
Woolsey, President Theodore D - 210-212
Wycliffe- 589
Zoroastro - 56
Zwinglio- 131, 897, 898
948