Artigo Cientifico - Luxação de Patela Lateral, Congênita, Bilateral em Cão
Artigo Cientifico - Luxação de Patela Lateral, Congênita, Bilateral em Cão
Artigo Cientifico - Luxação de Patela Lateral, Congênita, Bilateral em Cão
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pequenas e miniaturas (Hayes et al., 1994, Slatter, membros pélvicos, relutância em saltar,
2007). dificuldade para subir degraus e postura
moderadamente encurvada. Na idade adulta,
A correção cirúrgica exige o alinhamento do
deambulava anormalmente, com os membros
mecanismo extensor - quadríceps femoral e a
arqueados, pés voltados para fora e região
estabilização da patela na tróclea femoral
posterior levemente agachada. Visivelmente,
(Villanova Júnior and Caron, 2010).
havia pouco desenvolvimento bilateral do
Anormalidades que gerem tensões anatômicas
quadríceps femoral, de forma mais acentuada no
com tendência à luxação patelar, devem ser
membro esquerdo, sobre o qual também
corrigidas para evitar recidivas e insucesso
apresentava menor apoio do peso corporal.
cirúrgico. Sugerem-se intervenções associadas
Quanto à postura, demonstrava maior sustentação
com a correção dos tecidos moles periarticulares e
do peso nos membros torácicos. Não demonstrava
a correção de tecido ósseo nos casos de alterações
dor ao exame físico das articulações
ósseas torcionais e angulares (Arthurs and
coxofemorais, femorotibiopatelares, tarsocrurais
Langley-Hobbs, 2006, Piermattei and Flo, 2009,
ou qualquer alteração em coxins e falanges. As
Fossum, 2014). Nesse contexto recorrem-se a
patelas apresentavam-se deslocadas lateralmente
técnicas como trocleoplastia ou condroplastia
em relação ao sulco troclear, podendo ser
(Piermattei and Flo, 2009, Souza et al., 2010). O
reposicionadas manualmente quando em
prognóstico depende da severidade dos sinais
extensão, mas tornando a luxar de forma
clínicos, da idade do paciente no momento da
espontânea à flexão do membro, caracterizando o
intervenção e do grau de luxação patelar (Fossum,
quadro de luxação patelar lateral bilateral, grau 3,
2014).
congênita. Após o diagnóstico, foi recomendado
Este trabalho relata o caso de um cão, macho, cirurgia corretiva no membro pélvico esquerdo,
2 anos de idade, da raça Poodle com luxação que apresentava maiores alterações
patelar lateral, congênita, bilateral, grau 3 que musculoesqueléticas.
evoluiu ao grau 4 após o tratamento cirúrgico.
Como protocolo pré-anestésico foi
administrado Acepromazina e Cloridrato de
Relato de caso
Tramadol. Propofol para indução anestésica;
Foi atendido no Hospital Veterinário Mario Isofluorano para manutenção e o bloqueio
Dias Teixeira da Universidade Federal Rural da epidural com Lidocaína e Morfina.
Amazônia um cão, macho, da raça Poodle, 2 anos
de idade, castrado. Aos 5 meses de idade Ao primeiro acesso cirúrgico, foi observada a
apresentava marcha instável com pouco apoio nos tróclea rasa, feita a condroplastia e o
pregueamento do retináculo medial (Figura 1).
Figura 1. Transoperatório em cão. A. Tróclea rasa. B. Condroplastia troclear – elevação de retalho cartilaginoso. C.
Pregueamento do retináculo medial.
Cinco meses após, constatou-se a reluxação da tuberosidade tibial em sua nova localização com
patela lateralmente, encaminhando o animal a fio de aço número 0 (Figura 2).
novo procedimento cirúrgico. Nesse momento, foi
Dez dias após, notou-se a reluxação com
observado o desalinhamento entre o sulco troclear
evolução do quadro de Grau 3 ao Grau 4. As
e a crista tibial, promovendo-se então a sua
alterações articulares foram evidenciadas nas
transposição medialmente com a estabilização da
radiografias dispostas na figura 3.