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Revista Saberes Especial SPC 2016 46

A INSTRUÇÃO PRIMÁRIA EM PARIPIRANGA: (1870-1920):


Quando a escola não tinha professor, e o professor não
tinha escola

Ana Maria Ferreira de Oliveira1

RESUMO:

A proposta desse trabalho é analisar o movimento histórico de desenvolvimento das políticas púbicas
do Ensino Primário em Paripiranga, no início de sua formação triotrial e social; situando-a no cenário
regional do período, principalmente no que diz respeito ao estado da Bahia, em reorganização.
Partindo de um referencial teórico cujas premissas fundamentais residam na não linearidade do
processo histórico, mas na concepção da história como substrato para o entendimento de todo o
processo. Assim, as fontes básicas e constitutivas da pesquisa foram as leis e resoluções aprovadas
pela Assembleia Provincial da Bahia; os Relatório dos Presidentes de Província e as
correspondências oficiais entre setores da administração da província e suas vilas e cidades, de 1870
a 1920. Considerou-se para tanto as leis que interferiram diretamente no desenvolvimento do ensino
primário na Bahia e consequentemente em Paripiranga. Dessas fontes, puderam ser extraídos os
dados documentais essenciais ao estudo do processo de escolarização da população de Paripiranga
no final do século XIX, que se percebeu marcado por iniciativas individuais, precariedade estrutural e
elitização do acesso ao saber.

PALAVRAS-CHAVE: Paripiranga, escolarização, formação social, movimento histórico

RESUMEN:

El propósito de este estudio es analizar el movimiento histórico del desarrollo de las políticas
públicas de educación primaria en Paripiranga, al principio de su formación trriotrial y social;
colocándolo en la configuración regional de la época, especialmente en relación con el estado de
Bahía, en situación de reorganización. A partir de un marco teórico cuyas instalaciones
fundamental residir en la no linealidad del proceso histórico, sino en la concepción de la historia
como un sustrato para la comprensión de todo el proceso. Por lo tanto, las fuentes básicas y
cosntituitivas la investigación fueron las leyes y las resoluciones aprobadas por la Asamblea
Provincial de Bahía; la Provincia de presidentes de los sectores de la administración provincial
entrre informe y la correspondencia oficial y sus pueblos y ciudades, de 1870 a 1900. Se consideró
por tanto las leyes que interferían directamente en el desarrollo de la educación primaria en
Bahía y en consecuencia, en Paripiranga. Estas fuentes, podrían extraerse de las pruebas
documentales esencial para el estudio del proceso de escolarización de la población Paripiranga a
finales del siglo XIX, se observó marcada por iniciativas individuas, inestabilidad estructural y el
elitismo de acceso al conocimiento.

PALAVRAS CLABE: Paripiranga, la educación, la formación social, el movimiento histórico

1
Formanda em Letras Vernáculas pelo UniAGES. Licenciada em História pela Universidade Federal
de Sergipe; Pós- Graduanda em História de Cultura Afro-Brasileira pela FAVENI. Mestranda em
História pela Universidade Federal de Alagoas
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INTRODUÇÃO

A compreensão dos processos sociais e históricos que marcaram o


desenvolvimento da instrução primária da população de Paripiranga, perpassa pela
análise de importantes aspectos da história da educação no Brasil e na Bahia
oitocentista. Os olhares voltados para a educação pública e as medidas
administrativas adotadas desde a pós Independência até a Primeira República, se
refletem nos lugares mais longínquos da nação.
Os princípios liberais e democráticos que fundamentavam o novo regime
proclamado mediante o processo de independência; impulsionaram as
discussões acerca da educação popular brasileira durante o Império. Inflamaram-
se os discursos sobre a escassez de mestres, dada falta de incentivo financeiro e
condições propícias à sua boa formação, a precariedade das instalações
escolares ou a ausência delas; e a necessidade urgente de investimento na
instrução popular, considerando-a aspecto de grande importância para a
viabilidade de um governo constitucional.
Apesar dos discursos, primeira constituição brasileira, outorgada em 24 de
março de 1824, deu à educação, status de instrução popular; porém, limitou-se
apenas à formalização da educação como direito subjetivo dos cidadãos,
inserido no texto constitucional, sem especificar as incumbências efetivas do
Estado dentro do processo de organização e oferta de instrução pública. O texto
trata apenas do estabelecimento da gratuidade da instrução primária para todos
os cidadãos e prevê a criação de colégios e universidades, em seu artigo 179:

A inviolabilidade dos direitos civis e políticos dos cidadãos brasileiros, que


tem por base a liberdade, a segurança individual e a propriedade, é
garantida pela Constituição do Império, pela maneira seguinte:

XXXII - A instrução primária e gratuita a todos os cidadãos.


XXXIII - Colégios e Universidades, aonde serão ensinados os elementos
das Sciencias, Bellas Letras e Artes. (CONSTITUIÇÃO DE DO IMPÉRIO DO
BRASIL. 1824. p. 54)

Assim firma, mas ao mesmo tempo permite-se a oferta de esclarecimento


acerca preceitos de cidadania, ou definições no que tange aos aspectos estruturais e
legais para a educação. A constituição, apesar das lacunas, gerou importantes
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discussões acerca do ensino, ao demonstrar interesse e preocupação com a


popularização da instrução primária; porém, na prática, o acesso à educação ficou
reduzido aos grupos das camadas sociais mais privilegiadas que dispunham de
recursos financeiros para ingressar no universo das primeiras letras.
Carneiro (2015) em seus estudos sobre os níveis de alfabetismo na Bahia
entre 1857-1878; tendo como foco a região nordeste da província; nos dá a
dimensão do nível de instrução da população de Bom Conselho 2, qual
Paripiranga estava interligada no período; ao verificar, a partir da análise de
Registros Eclesiásticos ou Paroquiais de Terras e Livros de Notas de
Municípios, a percentagem de gabinetes da região capazes de assinar o próprio
nome. Dados estes que, segundo a autora, mostram que havia uma prática de
escrita na região, realizada por uma classe social específica detentora de terras
e de poder aquisitivo elevado em consideração à maioria.

A capacidade de assinar dos indivíduos envolvidos na documentação


gerada no âmbito do registro de terras nas localidades de Bom
Conselho, 73/159 (45,91%), Tucano, 63/124 (50,80%) e
Itapicuru, 76/88 (86,36%) é relativamente alta em relação aos dados do
Censo de 1872 para a região Nordeste, o que parece indicar se tratar de
um grupo específico, com posses, representando uma especialização da
escrita e, também, uma escrita majoritamente escrita por homens
(64,08% - 207/323 e 10,4% - 5/48) (CARNEIRO, 2015. p. 153).

A autora traz ainda os resultados do censo de 1872, que apresentam um


índice de 25,44% de alfabetizados em Bom Conselho, e referem-se à capacidade
uso da escrita da população, escrita entre fazendeiros, configurando capacidade de
escrita não de dava na mesma proporção entre homens e mulheres; pois, ainda que
as mulheres representassem à quase metade dos inventariantes, representavam
manos de um terço das pessoas aptas para assinar.
Entendendo a educação como uma experiência e prática social histórica,
percebe-se que, na Bahia do final do século XIX, a educação se constituiu numa
necessidade geral, independente de sexo, porém com superioridade masculina,
dado o contexto sociocultural; como numa força impulsionada pelas
necessidades sociais de seu tempo. Assim, prática educativa, se produziu do
estabelecimento das relações que os gêneros estabeleceram entre si na cultura;

2
Denominação dada à cidade de Cicero Dantas, até 1905; quando teve seu nome alterado Pela Lei Estadual
nº. 583, de 30-05-1905; e desde então o Município de Bom Conselho passou a denominar-se Cícero Dantas,
em homenagem ao Barão de Jeremoabo (CERQUEIRA, 1989. p.88-89).
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sob o signo das ideologias e das relações de cultura e de poder, estabelecidas


entre os sexos, classes, etnias e gerações.
Os Relatórios de Trabalhos do Conselho Interino de Governo 3, mostram
que até a primeira República (1889); em quase todas as regiões brasileiras, em
especial no sertão baiano, a maioria das escolas funcionava em residências
particulares cedidas ou pertencentes ao próprio professor. As turmas eram
separadas sexualmente; sendo que o número de meninos era sempre muito
superior ao de meninas, dado o contexto cultural onde a figura feminina estava
associada ao recato, à maternidade ao serviço do lar. No início, o ensino era
ministrado por professores leigos, e aos poucos chegam os mestres formados
que, em sua maioria, se desdobram para atender às necessidades de instrução
de uma cidade inteira.

Nas ausências que, ao abrir a Assembléia Legislativa Provincial d’esta,


solicitei para dar ordem a este ramo de serviço e mediante as quaes
podesse conseguir melhor distribuição das escolas. Bom preparo dos
professores, prédioas, mobílias, livros e utensílios, e fiscalização local, que
é actualmente nulla, sou obrigado a dizer que a instrção definha e está
muito a quem das necessidades do cultivo intelectual dos habitantes d’esta
província, não passando de uma realidade puramente orçamentária.
(PORTELLA. 1889. p. 72-73).

Os Presidentes de Província tinham por obrigação de seus cargos,


apresentar anualmente à Assembleia Legislativa, relatando do ocorrido em sua
administração no ano anterior. Tais relatos constituem preciosas fontes de
informação acerca da estrutura social, política, cultural e administrativa da
província; de modo que os registros relacionados à instrução pública na Bahia
oitocentista, sobretudo na microrregião de Bom Conselho; apontam para à
existência de uma estrutura educacional bastante precária e muito abaixo do
vislumbrado pela administração provincial; que constantemente salientava a
necessidade de mais investimentos e a realizações práticas.
Os estudos historiográficos da educação brasileira nesse período, deixam
evidentes os esforços do Governo Imperial na instituição de leis que viabilizassem o
acesso ao ensino no país, a partir da promulgação da Lei de 15 de outubro de 1827;
apontada como a primeira lei da educação no Brasil; que vigorou por mais de cem

3
Criado em 20 de agosto de 1822, a partir da união administrativas das Vilas da província, como forma de
fortalecimento do processo de Independência, consolidação e organização administrativa da Regência e do
Império do Brasil. (ALMEIDA, 1822. p. 04).
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anos, e regulamentou a tomada de importantes medidas educacionais; como a


construção de prédios escolares, remuneração de mestres, definição do Método
Lancaster3 como padrão de ensino, estruturação curricular e admissão e escolas do
sexo feminino; esforços estes, que favoreceram implantação de uma educação
elitizada e voltada para a formação de bacharéis, deixando à margem da educação
nacional.
Paripiranga, nesse período de constantes mudanças administrativas e
reformas educacionais; surge como povoação, em meados do século XIX; como
resultado de um processode ocupação das terras do sertão baiano, marcado pela
doação de terras e prática da pecuária extensiva. De início, as terras de Malhada
Vermelha (hoje Paripiranga) integravam a totalidade do território Jeremoabo;
passando; depois passou a pertencer a Bom Conselho, e compunha dos dados de
alfabetização apresentado por Carneiro (2015); até sua emancipação política em
1886.
Silva (1982), historiador paripiranguense, em sua obra Roteiro de Vida e
Morte; um estudo sobre a expansão do catolicismo no sertão baiano; nos apresenta
dados que sobre o povoamento de Malhada Vermelha em meados do XVII, e
descreve traços da população que habitou região de Jeremoabo a qual Paripiranga
pertencia no período, ao relatar a existência de população muito pequena, em
relação à ares de terra, assim como o estado de pobreza e servidão em que viviam:

Todos entregues à roça de mantimentos para a dieta ordinária,


plantando a mandioca, o milho , e o feijão; espalhando pequenos
cafezais no sombreado da mata ou no cinturão das árvores fruteiras
adjacentes às moradias e destinados ao consumo doméstico; aplicados
à cultura da mamona para o lume, e do algodão para roupa grosseira, e
quando o comércio abriu condições, passaram a fornecer para fora...
Trata-se evidentemente de um mundo rural, cujos limites naturais e
sociais estiveram sempre agravados pela peculiaridade ecológica e por
instituições inadequadas. Uma população que vive do campo ou em
função dele. Os censos de 1872 e 1892 apenas registram o cômputo
geral, respectivamente 13 034 e 17 278 habitantes. (SILVA, 1982. p. 11-
12).

O contexto apresentado por Silva (1982) nos traz uma noção da precariedade
da vida da população de Paripiranga, no início de sua formação; em um ambiente
rural, desprovido das estruturas administrativas e sociais que permeiam o universo
urbano. Um ambiente em que as reformas educacionais promovidas pelo governo
ainda não haviam chegado, e a população vivia em condições de extrema
simplicidade e analfabetismo; uma vez que o conhecimento da leitura e da escrita
era privilégio dos mais abastados donos de terras, que gozavam de condições
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financeiras e base familiar que sustenta a formação educacional de sua prole; um


reflexo do que ocorria no grande sertão da Bahia Imperial.

As reformas da educação primária no império e seus reflexos na


escolarização população de paripiranga

Historiando o processo de escolarização da população de Paripiranga no


final do século XIX; nos primeiros tempo de sua organização territorial e
administrativa; quando era conhecida como Arraial de Malhada Vermelha; vemos
que, assim como ocorria em quase todos os arraiais e vilas so sertão da Bahia,
o processo de estruturação da instrução pública da população foi marcado pela
precariedade em todos os aspectos de sua estrutura; em um período em que os
olhos do Estado ainda não haviam alcançado os mais distantes recantos do
sertão. Os registros de documentos, correspondência e imprensa local,
demonstram o desejo latente da população pela instrução de seus filhos, e a
inquietação diante das faltas de prédios públicos, e de mestres que
condicionassem o acesso da maioria de baixo poder aquisitivo ao universo da
educação formal.
O decreto 1.331A, de 17 de fevereiro de 1854, traz a proposta se
uniformização do ensino, como forma de suprir as carências de uma estrutura
educacional nacional verdadeiramente eficiente. O decreto de 1854 contempla a
regulamentação da Instrução Primária e Secundária pública e privada , que ficam
sob a vigilância da Inspetoria Geral da Instrução Primária e secundária (PERES,
2005). Desde então o ensino primário divide-se em elementar caracterizado pela
educação moral e religiosa e outras quatro matérias consideradas básicas e
fundamentais para a construção do conhecimento; e o superior, que contempla
as disciplinas básicas e outras dez. (PILETTI, 2006).
As reformas ficaram inicialmente restritas ao Município da Corte, e somente
após intensificação de protestos reivindicações a sua aplicação, foi estendida a
todas as províncias e houve então a uniformização das medidas e do ensino a nível
nacional; para o qual também foi estendido alcance da Inspetoria Geral; ampliando
assim o rigor e as exigência sobre magistério público e particular.
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Como nos aponta Peres (2005. p. 16-17), entre 1878-1789, ocorreram


novas modificações na normatização do ensino primário, secundário e superior;
que estabeleceram a não obrigatoriedade de frequência aos exames
preparatórios aos cursos superiores e de participação nas aulas de ensino
religioso, reforçando em conformidade com a proposta de laicidade do Estado
Brasileiro. Entre às ações educacionais trazidas pela reforma de 1854, estão
ainda: a liberdade para abrir escolas e o livre exercício da docência, sem a
obrigatoriedade das provas de capacidade. Porém segundo a autora, “muito
pouco do que contava no Decreto de 1879, foi executado”.

Aspectos da população de paripiranga no início do século xix e a


organização da educação com professores sem escolas e escolas sem
professores

Em meio a tantas outras povoações surgidas a partir da ocupação do sertão


Baiano no início do século XIX; num processo marcado pela imposição da pecuária
extensiva, e pela violência no trato com indígenas; o Arraial de Malhada Vermelha 4
desenvolvia-se na lavoura. Abatiam-se as matas para o arroteamento dos terrenos,
e Erguia-se o Arraial a cada edificação construída, a cada melhoramento social
alcançado. De modo que já pelo idos de 1840; por necessidade e desejo de seus
habitantes, representados pelo Major José Antônio de Menezes, em solicitação ao
Vigário de Bom Conselho dos Montes do Boqueirão, se fez construir a Capela de
Nossa Senhora do Patrocínio.
O processo civilizatório que ali se desenvolvia e a situação de abandono
intelectual em que viviam os habitantes de Malhada Vermelha, fomentava a
necessidade de um sistema de instrução pública. Como o modelo de
colonização Portuguesa não contemplava grandes investimentos na educação dos
colonos, deixada a cargo da igreja católica desde o início da ocupação da terra; que
apesar da forte atuação os jesuítas, não abarcavam a todas as localidades; até
meados do século XVIII, o que se via nas pequenas povoações como Malhada

4
Primeira denominação dada à cidade de Paripiranga, no início do processo de povoamento,
em decorrência das condições geográficas do lugar e da coloração avermelhada de suas terras
(SILVA, 1982, p. 05)
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Vermelha, onde a presença da igreja se fazia através da figura do vigário,


acumulando funções de líder espiritual e político, sem que houvesse maior atenção à
educação escolar; as crianças eram iniciadas nas letras por professores leigos com
instrução mínima, que lecionavam em casa, a meninos e meninas cujos pais
possuíam condições financeiras para o financiamento das aulas; aos demais,
restavam às lições que a vivência social cotidiana lhes proporcionava.
As mudanças na instrução pública efetivadas pela Carta Régia de
06/11/1772, e posteriormente a organização das Escolas Públicas Primárias,
também tiveram reflexo no já Distrito de Malhada Vermelha; que 1869, não possuía
ainda uma escola pública, e o ensino primário era ainda mínimo e continuava a
cargo de educadores leigos; havia uma escola pública na sede da Freguesia, em
Bom Conselho, 15 léguas distante, como nos mostra o Jornalista paripiranguense
Francino Silveira Déda, em seus textos de memórias publicados no jornal local.

Em 1869, o Distrito de Malhada Vermelha não possuía ainda uma escola


pública, o ensino primário era em parte mínima, ministrado por leigos; havia
uma escola pública na sede da Freguesia, a 15 léguas distante. Por isso,
em 15-2-1869, os Irmãos Paulo Cardoso de Menezes, Vitor Marculino de
Menezes e Lourenço Justino de Menezes, com apoio de Estanisláo Garcia
de Carvalho e outros, pediram ao Governo da Bahia a criação de uma
escola no Povoado Malhada Vermelha onde residiam e no pedido,
ofereciam uma casa pronta, com todos os utensílios necessários. Grande
gesto daqueles conterrâneos e parentes e afinal, veio à primeira escola
primária. (DÉDA 1953. P. 04).

O cenário descrito por Déda (1953), caracteriza a realidade educacional de


Paripiranga na primeira metade do Século XIX, onde o processo educativo de se
dava por iniciativas particulares, com aula ministradas por leigos em residências
cedidas por membros da população ou pelos próprios professores que ministravam
aulas em suas casas. Em suas crônicas recheadas de memórias da antiga Malhada
Vermelha ou da Villa de Patrocínio do Coité.

Voltando à nossa quase mania de recordar o passado de nossa terra,


vamos relembrar aquele velho método de ensino rotineiro de Patrocínio do
Coité, de Professores Públicos ou particulares, com escolas em casa
inaptáveis, onde se viam bancos toscos, compridos e duros, sem encosto e
sem apoiamento para o busto das crianças, que por vezes, escreviam nos
acentos dos próprios bancos, ajoelhadas no piso batido e fio do alojamento.
O Mestre-Escola, sentado numa banca ordinária, onde ficavam lápis,
papéis, um tinteiro de barro, e uma pedra redonda que os meninos
conduziam quando saíam para necessidade fisiológicas. Uma régua
grossam, com a qual o professor avivava os alunos com pancadas na
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cabeça e a célebre palmatória para os castigos corporais que consistiam em


“bolos” ou palmatoadas contadas por dúzias, e, os alunos humilhados
enfezados, olhavam o professor, mais como uma fera humana duque um
Mestre amigo; estudavam pelo receio, com aquele barulho infernal, com
as pernas penduradas nos bancos altos, em movimentos de balanço e a
vozeria ensurdecedora, que ai se estabelecia, com a cantilenas
ritimadas do; - “Ym B cum A… B. A…ba…Um B cum E…B. E…be…” Ou
o “2 e 1…3 e 2…e 2…4” Até o “2 e 7…9… noves for a nada”. Outros
mais adeantados cantava com voz mudada: “– Antão, Ana
Andei…Bento, Brito, Buscar…”. Adeante, um ou dois decuriões
apóntavam com palitos aos iniciantes o: …”A…B…C…D…E”. Esse
barulho infernal era comandado pelo professor rotineiro que, com
reguadas e palmatoadas estridentes sobre o lastro da banca sobre o
lastro da banca, amedrontava os alunos para ativarem os estudos.
(DÉDA. 1954. p. 02)

Vemos no texto, uma descrição com detalhes ricos sobre o ambiente das
salas de aulas, dos recursos e da metodologia de ensino empregada pelos chamado
Mestre-Escola; em uma época onde a figura do professor era dotada de respeito e
autoridade fornecida pelo sistema educacional vigente e pelo prestígio social dado á
figura do professor, apesar da baixa remuneração e das péssimas condições de
trabalho as quais estava submetido.
Como mencionado por Déda (1953), a instalação da Primeira escola pública
na povoação ocorreu em 15 (quinze) de fevereiro de 1869, por iniciativa de alguns
jovens como os irmãos Paulo Cardoso de Meneses, Victor Marcionillo de Meneses e
Lourenço Justiniano de Meneses, que dignaram-se em escrever ao Conselho
Municipal de Geremoabo ao qual pertencia o Distrito, pedindo a criação de uma
escola onde residiam e no pedido, ofereciam uma casa pronta, com todos os
utensílios necessários; conforme ofícios transcritos abaixo:

Illmo. Srs. Presidente e Senadores da Câmara Municipal.

Os abaixo assinados moradores na povoação denominada Malhada


Vermelha, (Coité), compreensiva dos districtos do Coité e Sabão, na
Freguesia de Nossa Senhora do Bom Conselho deste município, convictos
de que a instrução pública é uma das necessidades mais palpitantes de
que devem curar as autoridades constituídas, como o primeiro complemento
da sociedade e felicidade dos seus membros, pois muita vez a ignorância é
a causa efficiente dos desvios do homem, que por ella não compreende os
deveres que tem consigo mesmo, para com seus semelhantes e para
consigo mesmo, para com seus semelhantes e com Deus, á esta
Illustríssima Câmara, como fiel e legítima representante de seus munícipes,
se dirigem, pedindo pelos termos competentes a criação de uma escola
primaria na referida povoação. Distando ela da sede da Freguesia 15
léguas, onde existe uma escola e sendo a sua população de muitos
habitantes, e absolutamente impossível que os abaixo assinados e mais de
famílias deem o devido ensino a seus filhos, que por essa forma ficam
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privados desse beneficio tão salutar e eficaz, quanto necessário. Para


consecução desse fim, os abaixo assinados oferecem ao governo uma casa
pronta de todos os utensílios precisos para funcionar a escola e esperam
que esta Illustríssima Câmara, compenetrada do que vem eles expor, se
digne de fazer chegar esta sua solicitação no Exmo. Governo da Província
para prover essa necessidade tão urgente reclamada Pede a V. S.
deferimento. (LIMITES DO ESTADO DA BAHIA. 1916. P. 406)

O ofício emitido pela Câmara de Geremoabo em 18 e março de 1869,


transmitindo ao governo do Estado o pedido feito pelos habitantes do districto de
Malhada Vermelha (Coité) a respeito da necessidade de construção de uma
escola para instrução da população, e informando a favor, por pertencer o
districto ao termo da citada Villa, conforme Lei da Regência de 1831:

Illmo. Exmo. Conselheiro Presidente da Província.

A Câmara Municipal desta Villa, acompanhando a justa solicitação de seus


munícipes os habitantes da Povoação de Malhada Vermelha (Coité), faz
chegar à alta presença de V. Exª a inclusa petição em original que os
mesmos lhe dirigiram, afim de que V. Exª se digne provê-la com a creação
de uma cadeira para o ensino público primário da referida povoação. Não é
preciso que esta Câmara mostre os resultados benéficos a salutares que se
colhem do ensino do povo e por isso, sem addir mais palavras. Requer e
pede a V. Exª deferimento. (LIMITES DO ESTADO DA BAHIA. 1916. Pag. 407.
of. Nº. 161)

Enquanto a população aguardava a chegada de um Mestre enviado pelo


governo da província, as aulas na nova escola eram ministradas pelos próprios
irmãos Menezes em residência da família. Finalmente em 1879, chega o tão
aguardado mestre, designado pelo estado, para a cadeira de escola primária do
sexo masculino criada para Malhada Vermelha. Conforme consta no Relatório dos
Trabalhos do Conselho Interino do Governo da Província da Bahia Dados da
Secretaria Geral da Instrução Pública, publicado em 31 de dezembro 1878, onde foi
registrada a nomeação o Professor Marcionillo Pedrilliano de Vasconcelos, para a
cadeira de professor regente da então Freguesia; que se tornou mestre de várias
gerações; de Malhada Vermelha a Patrocínio do Coité.
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Imagem: Nomeação do Professor Marcionillo Pedreliano de Vasconcelos, registrana no Relatório


Oficial do conselho interino de estado – Cessão Educação.
Fonte: Arquivo Digital da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro. Brasil. Ed. 00001. 1879. Pag. 6.
Serviço de Reprografia. http://hemerotecadigital.bn.br/, acesso em 28 de janeiro de 2012.

A escola pública, primeira


existente na época, localizada na
sede do município, regida pelo Prof.
Marcionillo a partir de 1879, veio
curar os anseios daqueles que
tinham vontade de aprender.
Marcionillo enfrentou problemas
estruturais, como falta de estrutura
física adequada, já que não havia
prédio público com instalações
específicas para funcionamento da
escola; e as aulas continuaram a ser
ministradas em espaços cedidos e
adaptados com mobilha alguns
materiais fornecidos pela Imagem: Professor Marcionillo ao centro.
Fonte: Acervo do Espaço Cultural AGES
população.
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Já velho e no final da carreira, aposentou- se, como após 30 anos de


serviços prestados à educação dos paripiranguenses. Enquanto não vinha o seu
sucessor, ministrou seus ensinamentos a jovem Professora Emerentina Maria de
Meneses; que anos depois, dedicou seus esforços à educação dos moradores
do recém-surgido povoado Maritá.
Déda (1953) relata a existência de apenas dois mestres e de duas escolas
públicas na povoação, no final do século XIX; ambas funcionando em espaços
improvisados, e exalta a figura da Professora leiga Olímpia Garcia as Silva, sua tia-
avó; falecida em 12 de setembro de 1923, que ministrou aulas particulares e por
décadas à parcela da população que possuía condições de pagar por suas
aulas, transcrevendo em sua coluna, nota publicada pelo semanário local, O
Paladino, na ocasião se sua morte, noticiou aos seus assinantes, com extremo
pesar, a passagem da Professora Olímpia; exaltando de forma bastante
enfática, seus atributos enquanto educadora e cidadã, e um exemplo de mestra
a ser admirado e seguido.

Era professora particular, e naquela época, a imprensa local publicava o seu


falecimento com a seguinte nota: “A Extinta evercia o magistério particular e
gozava de gerais simpatias pelo seu bom Coração efetivamente aquele boa
criatura gozava de real estima por parte de toda a população da vila, dado
o seu caráter sem jaça e a sua lhaneza de trato; e muito devemos ao
magistério particular de D. Olímpia Garcia as Silveira, principalmente
naqueles tempos em que na vila existiam duas escolas públicas e mui
particularmente a uma professora particular como era a solteirona D.
Olímpia, possuidora de uma moral irrepreensível e bôa educação. Era
ela leiga em pedagogia, mas possuidora de um espírito rico em
compreensão, esclarecida e inteligente, sabia pela moral e pela prática,
ministrar o ensino primário adequado áqueles tempos, e muitos são os
velhos de hoje que devem o que sabem a D. Olímpia Garcia da Silveira.
Coração magnânimo, espírito lúcido, critério irrepreensível e
francamente religiosa, não se limitava unicamente ao ensino do B-a-bá,
e das quarto operações de aritmética, ensinava a ler e escrever
corretamente amestrava os discípulos em redação de cartas, ensinava
moral e religião; e os seus inúmeros discípulos tinham pela mestra
verdadeira admiração e respeito. (DÉDA.1953 p. 03)

Nota-se no discurso transcrito por Déda (1953), a importância da á figura do


professore na sociedade Paripiranguense do período. Um misto de exemplo de
retidão moral, ética e capacidade intelectual. No caso da mulher, a imagem da
educadora se mistura à figura maternal, e símbolo do dos valores femininos
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defendidos na época, marcados pela


delicadeza, a pureza e o recato, bem como o
maternalismo presente na metodologia de
ensino aplicada.
No início do ano de 1909, para maior
desenvolvimento do ensino primário e em
substituição ao professor Marcionillo, chegou
vindo de Mirandela, para a então Patrocínio
do Coité, o Professor Francisco de Paula
Abreu. Com o Professor Abreu, o ensino
primário tomou novos rumos. Português,
Geografia, Aritmética, História do Brasil, eram
matrículas do currículo, além de noções de Imagem: Professor Francisco de Paula Abreu.
Fonte: Foto extraída do Jornal O Ideal, edição
História Natural. n° 02, de 10 de maio de 1953, p, 02

O Professor Abreu como era


conhecido, conforme biografia publicada no semanário local, O Ideal de 1953,
nasceu na cidade de Salvador, em 16 de março de 1879, na antiga Rua da
Poeira. Filho do Sr. Inocêncio Joaquim Abreu e de Úrsula Maria de Abreu; órfão de
pai e mãe aos quinze anos de idade foi obrigado a trabalhar, começando sua
vida como empregado na Fábrica de Cigarros Leite e Alves. Após conclusão do
Curso Preparatório para estudar Direito já lecionava particularmente, para
completar a renda, e custear a compra de livros e os gastos com os estudos.

Imagem: Professor Francisco de Paula Abreu com alunos da turma do sexo masculino
Fonte: Acervo Digital do LEPH – Laboratório de Ensino e Pesquisa em História
Revista Saberes Especial SPC 2016 59

Formou-se professor aos 22 anos, em 1901. Lecionou durante um ano como


professor na cidade de Pojuca. A primeira nomeação para exercer sua nobre função
foi para o Arraial de Mirandela, onde conheceu e casou-se com D. Cantionila de
Carvalho Abreu, com quem teve cinco filhos.
Chegou a Paripiranga em 30 de abril de 1909, onde ministrou seus
ensinamentos a três gerações. Homem de fina inteligência e um talento
excepcional. Astrônomo, botânico, geógrafo, jornalista e filosofo; por várias vezes
foi convidado a ministrar seus ensinamentos na capital. Membro da sociedade
astronômica do Brasil era um intransigente admirador da França. Jornalista de
mérito e com estilo de pura erudição, dirigiu como redator-chefe do jornal O
Paladino, da então Patrocínio do Coité, até a sua última publicação.
Até os anos 40, o sistema educacional municipal estruturava-se a partir da
proliferação das chamadas escolas ou salas avançadas, que funcionavam em
residências de particulares, e contavam com o reconhecimento e o controle do
Estado, para aluguel do espaço físico e remuneração dos professores. Nesse
período, tem início a construção do Grupo Escolar de Paripiranga; obra concluída e
completamente instalada para o pronto funcionamento, com auxílio do Estado,
somente em 1950, na última gestão do prefeito Jonathas Lima de Menezes, (1948-
1951); quando foi solenemente inaugurada em 05 de março e Em 1950.

Imagem: Grupo escolar de Paripiranga - 1954


Fonte: Acervo Digital do LEPH – Laboratório de Ensino e Pesquisa em História
Revista Saberes Especial SPC 2016 60

O Grupo Escolar de Paripiranga surge na


década de 50, como primeira grande obra pública
destinada à educação dos paripiranguenses. Passa
a agrupar as salas avançadas em um único prédio.
Uma estrutura arquitetônica imponente, que não
devia em nada aos prédios escolares públicos das
scidades vizinhas. A imagem acima traz a fachada
do Grupo Escolar com seu coreto reservado aos
discursos das atoridades locais em momento
solenes, bem como os célebres discursos do
Professor Francisco de Paula Abreu, durantes

Imagem: Símbolo das Escolas festividades comemorativas, como dia da criança, e


Reunidas Professor Francisco de a Semana da Pátria, que sempre contava com
Paula Abreu.
Fonte: Acervo do Espaço Cultural desfiles cívicos e a rebuscada oratória do Professor
AGES.
Abreu, como tambéme ra conhecido.
Francisco de Paula Abreu teve sua aposentadoria oficializda em em 1937,
após mais de 30 anos de magistério público. A partir de então dedicou-se às
aulas particulares de português, francês e latim; como forma de complementar sua
renda, até que sua saúde já debilitada pela idade, excesso de álcool e cigarro, não
mais o permitiu. Faleceu em Paripiranga, no dia 14 de janeiro de 1958, aos 79 anos.
Anos mais tarde, mais precisamente em 1959; como um gesto que contava om o
apoio maciço da opinião pública; foi lançado e aprovado de forma unânime o projeto
de mudança do nome do Grupo Escolar de Paripiranga, para Escolas Reunidas
Professor Francisco de Paula Abreu.

Em homenagem ao mestre
Atendendo a uma indicação subscrita pelos vereadores Rosalva Correia de
Andrade, Milton Seixas de Oliveira, José Menezes de Carvalho, Abílio
Correia de Andrade, José Menezes Lima, João Ribeiro Leal e aprovada por
unanimidade dos seus pares, Dr. Secretário de Educação e Cultura de
nosso Estado, em portaria nº 4548 de 19 de junho último, publicado no
Diário Oficial de 21/06/1959, denominou Prof. Francisco de Paula Abreu as
Escolas Reunidas desta cidade (Grupo Escolar). Perpetuando assim a
memória do saudoso mestre, com esta denominação ao nosso principal
estabelecimento de ensino. Presta o povo de Paripiranga através de sua
Câmara de Vereadores, uma justa e merecia homenagem ao insigne
homem de letras, que foi o inesquecível Prof. Francisco de Paula Abreu.
Nada mais justo do que dar o seu nome a um estabelecimento de ensino,
mister em que, devotou inteiramente toda a sua existência.5

5
O Ideal. Ano VI. Nº 3011. Pag. 03. Paripiranga, Bahia. 05 de julho de 1959. Acervo Digital do
Revista Saberes Especial SPC 2016 61

Em 1953 e 1954, em suas crônicas publicadas no semanário local intitulada O


Ideal, o Jornalista Francisco Silveira Deda discorre sobre o processo de estruturação
da educação em Paripiranga. Relembrando os tempos precários de Malhada
Vermelha e destacando pela apresentação do movimento escolar anual, a evolução
ocorrida após a criação do grupo escolar e a reorganização das Escolas ou Salas
Avançadas a partir da implantação das Delegacias Escolares no município:

Instrução Pública/ Movimento escolar


Colaboração da Delegacia Escolar residente em Paripiranga.
Escolas funcionando: 07, incluindo o Grupo Escolar.

01 – Grupo Escolar de Paripiranga


Regentes: Professora: Maria Zélia Dias Carregosa. Maria de Lourdes
Ferreira. Andréa Dias Carregosa. Elisete da Trindade Lima (Diretora), Maria
Tereza carvalho Lima, Vandiva Aquino de Cerqueira.

02 – Escola Bairro do Oriente (sede): Professora Maria José dos Santos


Lima.
03 – Escola Estadual Rural de L. Preta – Professora Gércia da Paz.
04 – Escola Estadual L. Preta - Professora Celmisia carvalho.
05 - Escola Estadual Rural de Adustina: Professora Valdete de Seixas
Oliveira.
06 – Escola de Conceição do Saco: Professora Maria José dos Santos.
07 – Escola Estadual da Taquara: Professora Marisete Santana

Matrícula inicial nas diversas escolas do município (mês de março) 516


alunos. Frequência média das escolas deste município (mês de março) 389
alunos.
Atividade extraclasse em funcionamento: Biblioteca Escolar Monteiro
Lobato, do Grupo Escolar. Ainda no Grupo Escolar, as seguintes atividades:
Correio Escolar e o Jornal “O Ipiranga”. 6

“Hoje, Possui grande número de escolas – Escolas Primárias Reunidas em


moderno Grupo Escolar; Escolas Primárias nos povoados e núcleos;
Escolas Rurais, nos centros mais populosos, Escolas Supletivas nos arraiais
e arrebaldes. A boa semente do ensino público primário aqui vindo a pedido
dos irmãos Menezes, continua assim a progresso pelo esforço ainda de um
Menezes da mesma estirpe; e como naquela época fazia o meu avô
Estanisláo Garcia de Carvalho, aderindo ao pedido dos irmãos Menezes,
ainda hoje eu bendigo também a dignidade de Jonathas Lima de Menezes,
que nunca esmoreceu na luta incessante em prol de nossa terra”.

DEDA, Francisco Silveira. O IDEAL. Ano I. Nº 05.


Pag. 4. Paripiranga, Bahia. 31 de maio de 1953.
Acervo do Espaço Cultural AGES.

Laboratório de Ensino e Pesquisa em História – LEPH. UniAGES, Paripiranga/BA.


6
Suplemento do jornal O IDEAL. Ano I nº 53. Pag. 06. 02 de maio de 1954. Acervo do Espaço
Cultural AGES.
Revista Saberes Especial SPC 2016 62

O processo de estruturação da educação em Malhada Vermelha teve início na


segunda metade do século XIX. O cenário socioeconômico era marcado pela prática
da agricultura, e um comércio eu supria as necessidades básicas da população de
grande maioria analfabeta; que de forma lenta, tratou de organizar estruturas
educacionais pela iniciativa de representantes da parcela mas abastada da
população, ansiosa pela presença de um mestre formado e apto ao exercício do
magistério, já até então contavam com os esforços de leigos que ministravam aulas
particulares, para os filhos daqueles que podiam pagar.
Durante décadas, dois mestres se destacaram na tarefa de iniciar as crianças
de Patrocínio do Coité no universo da Educação Formal. Peloumenos duas gerações
de Coiteenses ou Paripiranguenses tiveram acesso ao conhecimento das letras
através dos professores Marcionillo Pedriliano de Vasconcelos e do Professor
Francisco de Paula Abreu. Este último com grande participação na formação de uma
elite intelectual da cidade; colaborando nas discussões políticas e no
desenvolvimento da imprensa local.
Pela ausência de escolas de ensino secundário e de cursos profissionalizantes;
diversos jovens representantes dessas gerações, cujas famílias possuíam situação
financeira privilegiada; tiveram que completar seus estudos em cidades vizinhas, ou
até mesmo em outro estado; sendo que muitos deles retornaram depois de
formados, e substituíram seus mestres, dandoinício a um novo ciclo de
desenvolvimento do processo de desenvolvimento da educação formal em
Paripiranga.

Considerações finais

O processo de estruturação da educação em Malhada Vermelha teve início na


segunda metade do século XIX. O cenário socioeconômico era marcado pela prática
da agricultura, e um comércio eu supria as necessidades básicas da população
de grande maioria analfabeta; que de forma lenta, tratou de organizar estruturas
educacionais pela iniciativa de representantes da parcela mais abastada da
população, ansiosa pela presença de um mestre formado e apto ao exercício do
magistério, já até então contavam com os esforços de leigos que ministravam
Revista Saberes Especial SPC 2016 63

aulas particulares, para os filhos daqueles que podiam pagar.


Durante décadas, dois mestres se destacaram na tarefa de iniciar as crianças
de Patrocínio do Coité no universo da Educação Formal. Pelo menos duas gerações
de Coiteenses ou Paripiranguenses tiveram acesso ao conhecimento das letras
através dos professores Marcionillo Pedriliano de Vasconcelos e do Professor
Francisco de Paula Abreu. Este último com grande participação na formação de uma
elite intelectual da cidade; colaborando nas discussões políticas e no
desenvolvimento da imprensa local.
Pela ausência de escolas de ensino secundário e de cursos
profissionalizantes; diversos jovens representantes dessas gerações, cujas famílias
possuíam situação financeira privilegiada; tiveram que completar seus estudos em
cidades vizinhas, ou até mesmo em outro estado; sendo que muitos deles
retornaram depois de formados, e substituíram seus mestres, dando início um novo
ciclo de desenvolvimento do processo de desenvolvimento da educação formal em
Paripiranga.
Revista Saberes Especial SPC 2016 64

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