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Extraordinário

O documento descreve como Deus criou os seres humanos para viverem vidas extraordinárias, realizando feitos notáveis, ao contrário da visão limitada que muitos têm do Cristianismo. Jesus deu aos cristãos potencial para uma vida extraordinária, não restrita a certas profissões. Satanás tenta distrair os cristãos de viverem segundo o propósito de Deus.

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Extraordinário

O documento descreve como Deus criou os seres humanos para viverem vidas extraordinárias, realizando feitos notáveis, ao contrário da visão limitada que muitos têm do Cristianismo. Jesus deu aos cristãos potencial para uma vida extraordinária, não restrita a certas profissões. Satanás tenta distrair os cristãos de viverem segundo o propósito de Deus.

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Extraordinário

“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que
Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1 Coríntios 2:9).
Essas palavras pintam o quadro de uma existência inimaginável e extraordinária, uma
existência muito além do que qualquer mortal conheceu ou experimentou. Você pode ter
ouvido essas palavras antes e talvez tenha relacionado-as somente à glória do céu.
Mas, na verdade, elas foram escritas para o aqui e agora! Seu escritor, o apóstolo Paulo,
continua: “Mas nós sabemos estas coisas porque Deus as revelou a nós pelo Seu Espírito”
(versículo 10, NLT).
Paulo, que viveu durante os primórdios da igreja, foi divinamente movido por Deus para
trazer à luz o que anteriormente havia sido oculto aos nossos olhos, ouvidos e imaginação.
Ele também escreveu as seguintes palavras para descrever o chamado de sua vida:
“Minha tarefa é trazer à luz e deixar claro o que Deus, que criou tudo isto originalmente,
está fazendo em segredo e por trás dos bastidores durante todo o tempo. Através dos
seguidores de Jesus como vocês que se reúnem nas igrejas, este plano extraordinário de
Deus está se tornando conhecido e sendo falado até entre os anjos!” (Efésios 3:9-10, MSG).
Existe Uma Pessoa acima de todas as outras que deseja uma vida extraordinária para você.
Ele é um Pai que tem prazer, como qualquer bom pai, nas realizações e na felicidade dos
Seus filhos. Seu nome é Deus! E nada agrada mais a Ele do que ver você atingir o seu mais
alto potencial.
O plano extraordinário de Deus é revelado quando vivemos extraordinariamente. Juntos,
vamos dar aos anjos algo do qual falar!
EXTRAORDINÁRIO
Extraordinário. O simples fato de ouvir essa tremenda palavra estimula o desejo de
sobrepujar a norma, de romper com o status quo. Sua definição é “além do usual, do
excepcional, que supera a medida do comum”. Os sinônimos dessa única palavra incluem
notável, impressionante, maravilhoso, e inimaginável. Para entender melhor o pleno
significado dessa palavra inspiradora, considere os seus antônimos: comum, normal, e
usual.
Reflita nisto por um instante: o contrário de extraordinário é normal! Se formos sinceros,
creio que todos nós queremos que nossas vidas signifiquem mais ou sejam mais do que
temos visto e conhecido. A não ser que seja reprimido, há um desejo inato em nós de nos
elevarmos acima do que é comum. Ansiamos pelo extraordinário.
Os filmes populares mais amados que cativaram o coração e a atenção do público
envolvem poderes extraordinários. Temos Homem Aranha, Super-Homem, O Incrível Hulk,
a saga de Guerra nas Estrelas, a trilogia de O Senhor dos Anéis, As Crônicas de Nárnia,
Matrix, Os Incríveis, X-men, Harry Potter, Piratas do Caribe, e estes não são todos.
Acrescente a esta mistura os filmes com heróis extraordinários que realizam feitos notáveis
e vivem vidas excepcionais, personagens como Batman, Homem de Ferro, Indiana Jones,
Zorro, William Wallace, Robin Hood, Spartacus, Sargento York, para mencionar apenas
alguns. Na verdade, desde 2009, dezessete dos vinte e cinco filmes de maior sucesso de
todos os tempos se encaixam nestas categorias. Isso representa quase setenta por cento, e
a porcentagem varia apenas ligeiramente se você estender a contagem para os cinquenta
filmes de maior sucesso.
É curioso o fato de que a maior parte dos filmes mais populares de todos os tempos não
sejam histórias de amor, mistérios de assassinatos, filmes de espionagem, filmes de guerra,
documentários, filmes de esporte, filmes de faroeste, histórias policiais, ou dramas de
amizade, família, ou da vida em geral. Os maiores sucessos de bilheteria são aqueles cuja
história está centralizada em personagens extraordinários realizando feitos notáveis, dos
quais um bom número possui habilidades ou poderes sobre-humanos. Por quê? Porque
fomos criados para viver o “extraordinário”. Era este o plano de Deus desde o princípio.
A IMAGEM DO CRISTIANISMO
Infelizmente, o plano de Deus e a execução desse plano pelo homem em geral não são a
mesma coisa. Uma das principais razões pela qual evitei o Cristianismo por anos foi a
imagem que via dele. Assim como muitas outras pessoas, eu via os homens de Deus como
críticos que empurravam a Bíblia goela abaixo e eram rápidos em julgar o erro dos outros.
Ou eles eram passivos, retrógrados e ignorantes. A ideia de que os cristãos eram pioneiros
que viviam e pensavam de forma anticonvencional, comportando-se de maneira
extraordinária, nunca passou pela minha mente. E a ideia sobre as mulheres cristãs? Bem,
essa era ainda pior. Eu observava que elas não tinham o que dizer nos assuntos
importantes, vestiam-se fora da moda, e eram negligentes com sua aparência. Uma mulher
piedosa que se aventurasse além de suas obrigações domésticas recebia olhares de
reprovação, e certamente nem se pensava na hipótese dela liderar de forma alguma. Como
jovem, eu não queria ver minha esposa ser proibida de pensar, nem sofrer restrições
quanto a se unir a mim nas aventuras da vida. Eu não queria uma mulher que fosse
reprimida — eu queria uma mulher cheia de vida!
Eu encarava o Cristianismo como algo destituído de vida. Tornar-me um crente significava
perder a minha individualidade e abdicar da minha criatividade, excelência, paixão e
capacidade de ter sucesso no mercado de trabalho, nos esportes, na política, na educação e
em outras áreas da vida. Eu não sabia disso na época, mas minha visão era o contrário da
maneira como Deus nos criou para viver, porque Ele é Aquele que soprou em nós o desejo
pelo extraordinário. Ouça o próprio Deus: Deus falou:
“Façamos os seres humanos à nossa imagem, façamo-los refletindo a nossa natureza Para
que eles possam ser responsáveis pelos peixes no mar, pelos pássaros no céu, pelo gado, E,
sim, pela própria Terra, e por todo animal que se move na face da Terra”. Deus criou os
seres humanos; semelhantes a Deus os criou, Refletindo a natureza de Deus. macho e
fêmea os criou. Deus os abençoou: “Prosperem! Reproduzam-se! Encham a Terra!
Assumam o controle!” (Gênesis 1:26-28, MSG).
Fomos feitos para refletir a natureza de Deus. Ele falou tanto a homens quanto a mulheres,
dizendo: “Prosperem! Reproduzam-se! Encham a Terra! Assumam o controle!”. Adão, o
primeiro homem, deu nome a todas as espécies de animais da terra (tenho certeza de que
sua mulher teria participado, mas ela ainda não havia sido criada!). Deus levou os animais
até Adão e deu a ele a responsabilidade de dar nome a eles. Existem mais de um milhão de
espécies de animais na terra. Adão não apenas teve a criatividade para dar nome a todas
elas, como também teve a capacidade de se lembrar de cada um. Foi um homem
extraordinário fazendo um ato notável!
Talvez você pergunte: “Mas já que Adão caiu, essas habilidades não foram perdidas devido
à sua desobediência?” Não! Jesus reverteu os danos que Adão causou à humanidade. Paulo
escreveu:
“Eis aqui em poucas palavras: Assim como uma pessoa errou e nos meteu em todo este
problema com o pecado e a morte, outra pessoa fez o que era certo e nos tirou disso. Mas
mais do que simplesmente nos tirar do problema, Ele nos deu vida!” (Romanos 5:18, MSG).
A palavra vida não descreve simplesmente a maneira como viveremos no céu; ela também
significa o “aqui e agora”. Jesus não apenas recuperou o que Adão perdeu, como também
nos deu muito mais — o potencial para uma vida extraordinária!
A verdade é que Deus não apenas deseja que você viva extraordinariamente, como
também equipou você para fazer isso. Nunca se esqueça dessas palavras. Grave-as nas
tábuas do seu coração. Uma vida notável, impressionante, extraordinária não está restrita a
certos indivíduos ou a certas profissões. Não importa quem você é como você serve na
vida. Se você é um professor de escola, um homem de negócios, um líder governamental,
uma mãe e dona de casa, um atleta, um operário de fábrica, uma cabeleireira, um aluno ou
um pastor (a lista é interminável), não importa, porque você foi criado para empreender
realizações extraordinárias no papel que você exerce. O poder de realizar feitos notáveis e
viver uma vida excepcional não está ligado a uma ocupação, mas a uma disposição do
coração. Esta é não apenas a vontade de Deus como também o Seu grande prazer.
Os filmes de Hollywood, as pessoas religiosas, e a nossa cultura, haviam pintado para mim
uma imagem deturpada e limitada do povo de Deus. Por que eu tinha esta visão distorcida?
Deus, você e eu temos um inimigo comum chamado Satanás, que se chama “o príncipe
deste mundo”, “o príncipe da potestade do ar” e “o deus deste mundo”. Ele controla os
sistemas do mundo e influencia a mente daqueles que não pertencem a Deus. Ele tem
bilhões de anjos caídos e demônios para executarem a sua grandiosa estratégia. O triste
fato é que a igreja frequentemente limitou a principal estratégia de Satanás a certos
comportamentos, como tentar levar as pessoas a beberem álcool ou a assistirem a cenas de
sexo nos filmes. Ele é muito mais astuto que isso e usa uma ampla variedade de laços e
distrações. Ignoramos o seu propósito principal. Na verdade, o que ele mais teme é que os
cristãos descubram quem Deus os criou para ser — pessoas extraordinárias com
habilidades para executar feitos notáveis e incomuns. Essa deveria ser a imagem que a
sociedade tem dos cristãos.
Em contraste à atual reputação dos cristãos, uma das grandes dificuldades que a igreja
primitiva encontrou foi convencer as pessoas de que os crentes não eram super-heróis ou
deuses. Cornélio, um oficial do exército mais poderoso do mundo, curvou-se para adorar
Pedro e seus companheiros. Atônito, Pedro imediatamente respondeu: “Ergue-te, que eu
também sou homem” (Atos 10:26).
Em uma cidade chamada Listra, a multidão “alvoroçou-se, clamando em seu dialeto
licaônico: ‘Os deuses desceram! Estes homens são deuses!’”. Paulo os corrigiu
severamente: “O que vocês pensam que estão fazendo? Nós não somos deuses!” (Atos 14:
11, 14, MSG). Quando Paulo estava em Malta recolhendo madeira, uma serpente venenosa
mordeu-o. Ele a sacudiu, e os habitantes previam sua morte. “Mas, depois de muito
esperar, vendo que nenhum mal lhe sucedia, mudando de parecer, diziam ser ele um deus”
(Atos 28:6).
Os incrédulos diziam sobre a igreja primitiva: “Estes que têm transtornado o mundo
chegaram também aqui” (Atos 17:6). Os cristãos eram tidos em alta estima pela sociedade
da época. Está registrado que a atitude de toda a cidade de Jerusalém para com a igreja era
que “o povo lhes tributava grande admiração” (Atos 5:13). Que possamos viver de tal
maneira em nossa geração que possamos recuperar esse tipo de respeito pela igreja!

Você É Amado
Não podemos fazer nada para fazer com que Deus nos ame mais do que Ele já nos ama;
também não podemos fazer nada que faça com que Ele nos ame menos. Mas quanto
prazer Ele sente por nossa causa? Isso é outra história.

Agradando a Deus
Com o amor de Deus como fundamento, vamos seguir em frente e refletir sobre como
agradar a Ele. Reiterando, não podemos fazer nada para fazer com que Deus nos ame mais
do que Ele já nos ama, assim como não podemos fazer nada para que Ele nos ame menos.
No entanto, como disse, somos responsáveis pelo quanto Deus está satisfeito conosco. O
prazer Dele em nós baseia-se nas escolhas que fazemos na vida. É por isso que Paulo
escreve em termos bem diretos: “Por isso, temos o propósito de lhe agradar”
(2 Coríntios 5:9, NVI). Vamos examinar as palavras de Paulo atentamente. A palavra
propósito significa simplesmente “objetivo”. O objetivo da nossa vida como filhos de Deus
deve ser deixar o nosso Papai entusiasmado!
O Poder de Agradar a Deus
Correndo o risco de parecer redundante, deixe-me enfatizar novamente o ponto principal,
porque se você e eu não conseguirmos “captar” plenamente esta verdade, nossas vidas se
resumirão em esforço, dúvida e frustração.
Você e eu temos o que é preciso para agradar ao nosso Pai celestial. A versão The Message
da Bíblia diz: “Tudo que é necessário para uma vida que agrada a Deus nos foi dado
milagrosamente” (2 Pedro 1:3). A versão CEV (Contemporary English Version) diz:
“Temos tudo o que precisamos para viver uma vida que agrada a Deus. Tudo nos foi dado
pelo próprio poder de Deus”.
Sei qual é a próxima pergunta que você fará: “Qual foi o poder que nos foi dado
milagrosamente e que nos capacita a agradar a Deus?” A resposta é: “A Sua graça”.
Graça. Muito tem sido dito sobre a graça ultimamente, mas ela ainda não é plenamente
compreendida por muitos. A graça é sem dúvida uma das mais importantes verdades, se
não a mais importante, que um crente neotestamentário deve compreender, porque ela é
exatamente o fundamento da nossa salvação e da nossa vida em Cristo.
Com relação à salvação, é claro que somos salvos pela graça. Ela é um dom, o maior dom
disponível à humanidade. Não entramos em um relacionamento com Deus por guardarmos
as Suas leis, porque nesse caso a salvação poderia ser conquistada e consequentemente
merecida. A graça é realmente o favor imerecido de Deus. Somos ensinados que:
“Pois pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um
presente dado por Deus. A salvação não é o resultado dos esforços de vocês; portanto,
ninguém pode se orgulhar de tê-la” (Efésios 2:8-9, NTLH)
Isto resume a nossa salvação em poucas palavras. É pela graça de Jesus Cristo que os
nossos pecados foram erradicados e removidos para sempre para tão longe quanto o
Ocidente dista do Oriente. Quando comparecermos perante o tribunal de Cristo, se Deus
perguntar por que devemos entrar no Seu reino, certamente não será por causa do nosso
bom comportamento, da frequência semanal à igreja, pelo serviço fiel, pela vida de
ministério, ou por qualquer outra bondade de nossa parte. Teremos a aceitação de Deus
por causa do que Jesus fez na cruz há dois mil anos derramando o Seu próprio sangue real,
morrendo uma morte terrível, e sendo ressuscitado três dias depois para a nossa
libertação. Ele é o resgate divino pago para nos libertar da nossa escravidão. Nada mais
poderia ter nos libertado! Quando cremos no sacrifício de Jesus e comprometemos nossas
vidas com Seu senhorio, podemos comparecer diante de Deus com confiança.
GRAÇA PARA VIVER
Mas que papel a graça desempenha desde o momento em que recebemos a salvação até
que compareçamos perante o nosso Rei? Primeiramente, nunca devemos nos esquecer de
que graça para viver ainda é favor de Deus, o qual não pode ser conquistado. Ela não muda
depois que damos início a um relacionamento com Deus.
Infelizmente, muitas pessoas encaram suas vidas em Cristo após a conversão através da
lente da lei. Em vez de dependerem da graça de Deus para receberem favor e bênção, elas
confiam nos seus esforços. Frustrado, Paulo pergunta: “Vocês perderam a cabeça? Depois
de terem começado suas vidas cristãs no Espírito, por que agora estão tentando se tornar
perfeitos pelo seu esforço humano?” (Gálatas 3:3, NLT).
Mais tarde, Paulo passou a ser mais expositivo e enfatizou para esta mesma igreja: “Porque
se vocês estão tentando se justificar com Deus guardando a lei, vocês foram desligados de
Cristo! Vocês decaíram da graça de Deus” (5:4, NLT). Se tentarmos manter a nossa justiça
diante de Deus guardando as regras, regulamentos e exigências das leis do Antigo
Testamento, na verdade corremos o risco de perder a nossa comunhão com Cristo e os
benefícios da graça! Isso é sério. Devemos sempre nos lembrar de que é pela graça que
somos salvos, e pela graça continuamos a receber os benefícios da salvação.
Por este motivo, Paulo escreve em quase todas as suas cartas neotestamentárias: “A graça
de nosso Senhor Jesus Cristo seja com vocês”. Tenha em mente que as cartas dele foram
escritas a homens e mulheres que já estavam salvos, e não a pessoas que estavam perdidas
e necessitavam da graça salvadora.
O apóstolo Tiago escreveu aos crentes: “Ele nos dá mais e mais graça” (Tiago 4:6, AMP). Em
outras palavras, há mais graça disponível do que já temos!
Pedro leva as coisas para outro nível ao escrever: “Graça e paz vos sejam multiplicadas” (2
Pedro 1:2). Estas são notícias ainda melhores: a graça não apenas pode ser acrescentada às
nossas vidas, como também pode ser multiplicada! Se os apóstolos desejavam e oravam
ardentemente por mais graça, ela deve ser crucial para a nossa vida diária em Cristo
também.
Portanto, no que se refere à nossa vida em Cristo, não apenas somos salvos inicialmente
pela graça, como também somos mantidos salvos por ela. Sei que muitos crentes têm
dificuldades com o pensamento de que falharam tão gravemente depois de terem
assumido um compromisso com Jesus Cristo que Deus pode ter tirado a salvação deles. Isso
não é verdade! Aprendemos que:
“Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos
purificar de toda injustiça” (1 João 1:9).
Observe que o versículo não diz a maioria das injustiças. O sangue de Jesus purifica toda
injustiça. Ele nos perdoa e nos purifica de tudo que poderia nos manter fora da Sua
presença.
Ele é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar. Fiel significa todas as vezes; justo significa
que Ele será sempre fiel à promessa da Sua aliança. Ele nunca dirá: “Eu perdoo os outros
pelos erros deles, mas a você não”.
Você ainda não está convencido? Você está pensando: Pequei por vezes demais para ser
perdoado. Esgotei a misericórdia de Deus?
Não pense assim! As Escrituras dizem: “Rendei graças ao Senhor, porque ele é bom, porque
a sua misericórdia dura para sempre” (Salmo 136:1). A Sua misericórdia continua
eternamente e é inesgotável. Na verdade, a afirmação “A Sua misericórdia dura para
sempre” é repetida vinte e seis vezes somente neste salmo!
Se você está lutando para entender a enormidade do perdão de Deus, saiba que não está
sozinho. Até o apóstolo Pedro teve problemas em entender isso, de modo que um dia ele
perguntou a Jesus: “Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe
perdoe? Até sete vezes?” (Mateus 18:21). Pedro pensava que a sua suposição de perdoar
“sete vezes” fosse magnânima, porque a lei do Antigo Testamento estipulava “olho por
olho” (ver Êxodo 21:23-24). Pedro estava acostumado a ver as pessoas pagarem por seus
erros, pecados e transgressões.
A resposta de Jesus chocou-o: “Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete”
(Mateus 18:21). Isso soma 490 vezes! Entretanto, Jesus não estava querendo dizer que o
perdão se limita a 490 vezes porque no evangelho de Lucas Ele afirma: “Acautelai-vos. Se
teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes
no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-
lhe” (Lucas 17:3-4).
Somos ordenados a perdoar todos os dias até sete vezes. No entanto, se alguém pecar sete
vezes por dia por mais de setenta dias, ele ultrapassará as 490 vezes. Portanto, se fossem
apenas 490 vezes que pudéssemos pecar e ser perdoados, então Jesus teria dito “até 490
vezes” no evangelho de Lucas. Mas Ele não disse. Ele disse sete vezes por dia e não deu o
assunto por encerrado aí. Então, se alguém pecar sete vezes por dia em uma média de
oitenta anos de vida, o total seria 204.400 vezes! Isso ultrapassa em muito as 490 vezes.
Jesus está transmitindo a ideia de que o nosso perdão não deve se esgotar! Por que ele
deve ser inesgotável? Por que isso descreve o perdão de Deus para conosco, e nossas
ordens são: “Perdoem uns aos outros, assim como Deus, por meio de Cristo, perdoou
vocês” (Efésios 4:32, NTLH).
Então, se de algum modo você sente que esgotou o perdão de Deus, você está dando
ouvidos aos seus sentimentos ou a mentiras que não se alinham com a Palavra de Deus. Se
você peca, sente muito e se arrepende, então você está perdoado. Caso encerrado.
Juntamente com essa boa notícia, é importante que eu advirta você a evitar o pecado da
presunção. Se você diz em seu interior: “Sou salvo pela graça, então estou coberto,
independentemente do meu estilo de vida. Vou esquecer o domínio próprio e viver para o
prazer”, pare! Você está pisando em um terreno perigoso. Está enganado! Não se ofenda,
mas você precisa perguntar a si mesmo: “Será que sou salvo?” Paulo trata disso dizendo:
“Bem, então, devemos continuar pecando para que Deus possa nos demonstrar cada vez
mais bondade e perdão? É claro que não! Uma vez que morremos para o pecado, como
podemos continuar a viver nele?” (Romanos 6:1-2, NLT). Na verdade, Paulo adverte os
cristãos:
“É óbvio que tipo de vida se desenvolve quando tentamos fazer as coisas do nosso jeito o
tempo todo: sexo repetitivo, barato e sem amor; um acúmulo malcheiroso de lixo mental e
emocional; uma busca frenética e sem alegria pela felicidade; competição sem
misericórdia; desejos avassaladores mas que nunca satisfazem; um temperamento brutal;
impotência para amar e ser amado; lares divididos e vidas divididas; buscas mesquinhas e
desequilibradas; o hábito cruel de despersonalizar todos tornando-os rivais; vício
descontrolados e incontroláveis... Eu poderia continuar. Esta não é a primeira vez que
advirto vocês, vocês sabem. Se vocês usarem a sua liberdade deste modo, não herdarão o
reino de Deus” (Gálatas 5:19-20, MSG).
Está claro que temos liberdade por meio da graça de Deus. No entanto, esta liberdade não
é para ser usada para pecarmos por presunção. Uma pessoa que é realmente salva tem o
coração de Deus e não diz no seu íntimo: “Quanto posso pecar e me safar?” Ao contrário,
um crente que realmente nasceu de novo diz: “Não desejo pecar porque isso fere o coração
daquele que morreu por mim assim como por aqueles a quem Ele ama”. Mas, novamente,
se alguém pecar, não importa se for sete vezes ao dia, e realmente se arrepender, Deus
perdoa.
MUITO ALÉM DO PERDÃO
Somos salvos e continuamos salvos pela graça! Que coisa maravilhosa! Entretanto, há
muito mais! A graça vai muito além do perdão. A graça é o revestimento do poder de Deus.
É assim que podemos viver como Cristo.
Leia com atenção estas palavras: “Aquele que afirma que permanece nele, deve andar
como ele andou” (1 João 2:6, NVI). Observe que o apóstolo não diz deveria, mas deve.
Devemos andar como Jesus andou! Isso não é uma sugestão ou um objetivo; é o que Deus
espera. A boa notícia é que Deus nunca dá uma ordem no Novo Testamento sem nos dar o
poder para segui-la. De modo que podemos agir como Jesus através do poder da graça.
Ouça o testemunho de Paulo sobre isso: “Vós e Deus sois testemunhas do modo por que
piedosa, justa e irrepreensivelmente procedemos em relação a vós outros, que credes. E
sabeis, ainda, de que maneira, como pai a seus filhos, a cada um de vós, exortamos,
consolamos e admoestamos, para viverdes por modo digno de Deus, que vos chama para o
seu reino e glória” (1 Tessalonicenses 2:10-12). Paulo ordenava os crentes a andarem como
ele andava, de modo “digno de Deus”! Isso é possível — para ele e para nós — e podemos
fazer isso através do poder da graça.
É este aspecto da graça que muitas pessoas ignoram, em grande parte porque isso não é
ensinado com a mesma ênfase. Por este motivo, muitos crentes têm dificuldades na sua
caminhada cristã e não vivem uma vida extraordinária.
Vamos ver primeiro o significado da palavra graça em grego, a língua original. A palavra
grega para graça usada com mais frequência no Novo Testamento é charis, e ocorre
aproximadamente 150 vezes. O significado mais comum de charis é “um favor feito sem
expectativa de retorno”. Esta é a expressão absolutamente livre da ternura de Deus para
conosco. Ela é favor completamente imerecido e inconquistável.
Se tomarmos esta definição inicial de graça e a juntarmos a passagens bíblicas selecionadas
que Paulo escreveu em Efésios, Gálatas, Romanos, e outras epístolas com respeito à
salvação do pecado e da morte eterna, teremos a definição de graça com a qual a maioria
dos cristãos estão familiarizados. No entanto, este entendimento abrange apenas o motivo
e o resultado final do dom, mas não define a natureza presente da graça. Em outras
palavras, ele mostra a graça como um dom gratuito que nos salva com relação à vida que
está por vir, mas não define o seu poder nesta vida.
SALVO PELA ARMA
Permita-me ilustrar o que a graça realmente significa através da alegoria de uma arma.
Vamos voltar algumas centenas de anos, até 1717, o ano anterior à invenção da primeira
arma de fogo. Devido a um naufrágio, um sujeito a quem chamarei Homem da Ilha está
encalhado sozinho em uma ilha deserta no meio do oceano.
O interior da ilha tem um clima tropical normal; entretanto, devido a algumas condições
incomuns, a costa está sempre escondida por um denso nevoeiro. A ilha fica fora das rotas
normais de navios, mas se alguma embarcação passar ali por perto, ninguém a bordo pode
ver a ilha devido ao nevoeiro.
A ilha tem muita água potável e alguma vida selvagem, inclusive cervos e porcos do mato.
Há uma abundância de cocos, mas eles ficam pendurados no alto de palmeiras elevadas.
O Homem da Ilha aportou ali há vários dias e está com muita fome porque todas as suas
tentativas de caçar e capturar um animal fracassaram. Ele tentou fazer lanças com galhos,
mas não conseguiu atirá-las com força suficiente para ferir um animal em fuga. O Homem
da Ilha pensou em fazer uma atiradeira gigante, mas não encontrou nenhum material
elástico. Como último recurso, ele correu atrás de um cervo e de um porco, e atirou
grandes pedras neles — tudo em vão.
O Homem da Ilha também tentou colher os cocos subindo nas altas palmeiras, mas tudo
que isso lhe deu foram pernas ensanguentadas e braços machucados — e nenhum coco.
Para piorar as coisas, este sobrevivente solitário tinha de usar de extrema cautela o tempo
todo devido a outros ocupantes da ilha — ursos ferozes e astutos. Sem nunca estar
totalmente ciente de por onde eles andavam, ele precisava estar constantemente de
guarda porque parece que os ursos o estavam caçando. Na esperança de permanecer a
salvo, o Homem da Ilha encontrou uma pedra grande do tamanho de uma casa pequena
onde os ursos provavelmente não conseguem subir. Ele construiu uma escada provisória e
subiu até o topo, recolhendo a escada após si. O Homem da Ilha se sentia relativamente
seguro, mas também aprisionado — confinado à pedra durante a maior parte do dia e da
noite como proteção contra aqueles predadores famintos. Agora, não apenas faminto, o
Homem da Ilha também está muito cansado devido à falta de um sono tranquilo, uma vez
que a pedra tem uma superfície irregular que faz com que deitar-se ali seja muito
desconfortável.
A esta altura, esse homem desafortunado está extremamente frustrado, mas, o que é pior,
ele está sem esperança. A realidade do seu problema desesperador se instalou: ou ele vai
morrer de fome, ou espancado por um urso.
De repente, um homem aparece do nada. Ele é um viajante do tempo, vindo do século XXI.
Com a tecnologia, ele tinha a capacidade de olhar para trás, para o tempo e as condições do
Homem da Ilha. Ao fazer isso, ele descobriu o dilema do Homem da Ilha, e por amor e
preocupação, reuniu o conhecimento e os equipamentos necessários para salvá-lo, e foi
resgatá-lo através de uma máquina do tempo. O nome dele é Mensageiro.
Mensageiro conta a um entusiasmado Homem da Ilha que um navio passará próximo à ilha
dentro de exatamente sessenta e um dias. Depois ele informa ao homem que esta será a
sua única chance de chegar em casa, porque Mensageiro olhou para trás no tempo e
descobriu que décadas se passarão antes que outro navio passe próximo à ilha. Mensageiro
dá a hora exata do dia em que o navio passará e cria um relógio de sol para ajudar o
Homem da Ilha a ver as horas. “Você ouvirá o barulho das cornetas do navio quando ele
estiver próximo à ilha”, disse ele.
Então Mensageiro abre uma caixa estranha que trouxe com ele e que contém alguns
objetos estranhos. Um deles é uma arma, o que naturalmente o Homem da Ilha jamais
havia visto antes. Ele não faz a menor ideia do que aquele rifle de sete milímetros pode
fazer.
Mensageiro então diz com entusiasmo: “Isso se chama revólver e ele salvará a sua vida!”.
Depois de fazer uma pausa para ver se haveria alguma reação, ele continua: “Quando a
arma estiver carregada e você puxar este gatilho, ela fará um barulho muito alto”. Para
demonstrar isso, Mensageiro procura na caixa e pega outro objeto estranho, uma bala,
carrega-a no tambor, aponta o cano para o céu, e aperta o gatilho. O Homem da Ilha dá um
salto diante da grande explosão.
“O som desta arma viajará quilômetros sobre a água”, diz Mensageiro. “Quando o capitão
do navio ouvir o tiro, ele se aventurará a entrar no nevoeiro para descobrir a costa leste da
ilha. Você deve atirar mais algumas vezes quando vir o navio. Você será descoberto, subirá
a bordo, e será levado para casa em segurança!”
O Homem da Ilha está extático e agradece ao Mensageiro sem parar.
“Não há de quê”, responde ele, “mas há outra coisa que você precisa saber. A arma não faz
apenas um barulho alto, mas a bala sai do cano em alta velocidade e pode matar qualquer
urso, cervo, ou cão selvagem desta ilha. Então você não viverá mais com medo de ser
espancado até à morte por um urso. E o melhor de tudo é que você terá muita comida até à
chegada do navio. Você não terá apenas carne de cervos e de cães selvagens para comer,
como também poderá suplementar sua alimentação atirando nos cocos que estão nas
árvores”.
Então Mensageiro mostra ao Homem da Ilha como usar o rifle, que possui uma mira
poderosa. Depois de atirar em diversas conchas em alvos aleatórios na floresta, a mira do
homem perdido melhora. “Você conseguiu!” diz Mensageiro com um sorriso, e depois diz
entusiasmado: “E ainda tem mais!”.
De volta à praia, ele leva o Homem da Ilha a uma caverna cujo chão é de areia. Pouco
depois de ser lançado em terra firme, o Homem da Ilha havia descoberto essa caverna e
havia desejado dormir ali, mas tinha medo que os ursos pudessem atacá-lo durante a noite.
Mensageiro diz: “Você poderá cobrir a entrada desta caverna com peles de cervos. Agora
você pode dormir na areia macia, e se matar alguns ursos, poderá usar a pele deles como
colchão e cobertor. Assim você ficará aquecido durante as noites frias, e a caverna também
lhe dará abrigo durante as chuvas torrenciais”.
Mensageiro abre a caixa da arma para mostrar o suprimento de balas. Havia centenas
delas. “Use a munição com sabedoria”, ele adverte, “mas você deve ter mais do que o
suficiente para sessenta e um dias”.
A esta altura, o Homem da Ilha está radiante de gratidão. De repente, um pensamento
importante lhe vem à mente, e ele pergunta cautelosamente: “Mensageiro, o que devo lhe
dar pela arma?”.
Com um sorriso, ele responde: “Sei que você não tem nenhum dinheiro, então você não
pode comprá-la, e mesmo se tivesse, não foi por pagamento que fiz isso por você. Eu o vi
através da máquina do tempo e quis ajudá-lo. A arma não está à venda; pegue-a. Além
disso, o meu patrão, um homem muito rico no meu mundo que na verdade é o dono da
máquina do tempo, deu-me este rifle para lhe dar. Tive a alegria de entregar-lhe este
presente por ele”.
“Ah, obrigado, obrigado!” O Homem da Ilha está extremamente grato e chocado com a
preocupação e a generosidade de Mensageiro e de seu patrão. Ele aceita a arma, e o
estrangeiro benevolente desaparece em segundos. O Homem da Ilha é deixado com uma
arma que salvará a sua vida assim como o sustentará confortavelmente durante os dois
meses restantes na ilha. Ele está salvo!
Como você deve ter imaginado, o Mensageiro desta alegoria representa um servo de Jesus
Cristo que fala ao Homem da Ilha sobre o caminho da salvação. Ele poderia ser um
evangelista, um pastor, um membro da família, um amigo, ou um completo estranho. O
patrão de Mensageiro representa o Senhor, que enviou Mensageiro para aquela missão de
resgate. A arma representa a graça de Deus, o Seu dom imerecido. A salvação de uma
morte terrível na ilha não veio pelos atos do Homem da Ilha, mas pelo presente do patrão
de Mensageiro. Os sessenta e um dias restantes na ilha representam a vida restante do
Homem da Ilha aqui na terra, e o navio que viria pegá-lo representa a partida dele para o
céu.
UM FATO IMPORTANTE DEIXADO DE FORA
Agora, quero recontar a história e ver a diferença se um elemento importante for alterado.
Nesta segunda versão, Mensageiro aparece e declara que a arma salvará a vida do Homem
da Ilha. Como antes, ele diz que dar um tiro com o rifle é a única maneira do capitão do
navio saber que uma pessoa se encontra em meio àquele nevoeiro. Mensageiro novamente
aponta o rifle para o céu e atira, e depois deixa que o Homem da Ilha carregue a arma e
atire várias vezes para o ar. Como na versão anterior, este é o único caminho para sair da
ilha.
No entanto, desta vez Mensageiro não fala ao Homem da Ilha sobre as outras capacidades
da arma. Ele não explica que além de provocar uma enorme explosão, um projétil duro sai
do cano em alta velocidade o qual pode matar os animais para gerar alimento, proteção e
calor. Erroneamente, Mensageiro supõe que o Homem da Ilha sabe o que a arma pode
fazer. Ele se esquece do fato de que o homem perdido vive em uma época anterior à
invenção das armas de fogo. Como antes, o Homem da Ilha agradece a Mensageiro pelo
presente, e Mensageiro imediatamente desaparece, voltando à sua época. O Homem da
Ilha é deixado com um meio de escape, mas sem a informação de que precisa para
sobreviver na ilha durante os próximos sessenta e um dias.
Neste cenário, o Homem da Ilha sente um misto de emoções depois do desaparecimento
repentino de Mensageiro. O nosso protagonista está feliz agora por saber que há um meio
de sair da ilha, mas ele também percebe que está prestes a ter grandes problemas. O que
vai comer durante os próximos sessenta e um dias? Será que poderá sobreviver tanto
tempo sem comida? O Homem da Ilha fracassou em todas as tentativas de matar apenas
um dos animais. As chances são zero de que ele possa evitar morrer de inanição ou em
virtude do ataque de um urso antes que os sessenta e um dias expirem, e ele ainda não
tem uma maneira de dormir bem à noite, nem tem proteção alguma contra as chuvas
torrenciais ou contra as noites frias. Será que o Homem da Ilha vai conseguir sobreviver?
Sua mente se enche de medo com relação à realidade de que ele talvez não dure até que o
navio chegue dentro de dois meses.
A frustração novamente se instala. O Homem da Ilha ignora o potencial daquilo que está
em suas mãos. Como este homem que foi tão bondoso em prover uma maneira de escapar
da ilha poderia deixar de dar a informação necessária para que ele pudesse sobreviver
durante o tempo que lhe restava na ilha?
Agora que observamos duas apresentações desta alegoria, o que quero provar? Muitos de
nós aprendemos que a graça é um favor imerecido e que por ela recebemos a vida eterna
no céu. No entanto, o que tem sido negligenciado em muitos círculos evangélicos é o
entendimento de como a graça nos dá poder para vivermos — extraordinariamente — uma
vida bem sucedida que agrada a Deus antes da eternidade. O ponto principal é: não
informamos o que “a arma” pode fazer antes da chegada do navio. Por causa desta falta de
conhecimento sobre a graça, inúmeras pessoas na igreja ainda estão vivendo relativamente
da mesma maneira que viviam antes da salvação e são derrotadas em muitas áreas da vida.
O REVESTIMENTO DE PODER DE DEUS PARA VIVER
Vamos voltar e dar outra olhada na palavra graça. O dicionário de grego de Strong traz à luz
o poder da graça (charis) definindo-a como “a influência divina sobre o coração e o seu
reflexo na vida”. Observe as palavras “reflexo na vida”. É óbvio que há mais no significado
de graça do que estar ligado ao céu. Com base nesta definição, pareceria que existe uma
diferença externa entre uma pessoa que tem a graça e outra que não a tem. Em outras
palavras, a graça é refletida, ou pode ser vista, na vida de um crente. Vemos isso no livro de
Atos:
“A notícia a respeito deles chegou aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e
enviaram Barnabé até Antioquia. Tendo ele chegado e, vendo a graça de Deus, alegrou-se e
exortava a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor” (Atos 11:22-
23).
Barnabé percebeu a evidência externa da graça de Deus na vida dos crentes que encontrou
em Antioquia. A versão New Living Translation deixa isso ainda mais claro: “Quando ele
chegou e viu esta prova...”. A graça de Jesus Cristo foi derramada no coração deles, e
Barnabé pôde ver a prova disso — o reflexo externo.
A Enciclopédia Zondervan de Palavras Bíblicas declara: “Esta graça é uma força dinâmica
que faz mais do que afetar a nossa posição com Deus nos conferindo justiça. A graça afeta
também a nossa experiência. A graça é marcada sempre pela obra capacitadora de Deus
dentro de nós para vencer a nossa impotência”. Essa definição certamente é apoiada por
esta passagem do Novo Testamento:
“Portanto, já que estamos recebendo um Reino inabalável, sejamos agradecidos e, assim,
adoremos a Deus de modo aceitável” (Hebreus 12:28, NVI).
Está notavelmente claro que a graça nos dá o poder para servirmos a Deus de modo
aceitável. A Amplified Bible vai além da palavra aceitável e afirma: “Portanto... ofereçamos
a Deus um serviço agradável”. O que era impossível na nossa própria força, uma vida
aceitável e agradável a Deus, agora é possível, e a graça nos dá a capacitação para isso.
Recebemos poder para vencer as nossas deficiências.
A palavra grega usada em Hebreus 12:28, charis, é a mesma palavra que é encontrada em
Efésios 2:8: “Porque pela graça [charis] sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é
dom de Deus”. Então a mesma palavra grega usada no versículo que identifica mais
claramente o nosso dom gratuito da salvação também e usada para mostrar que ela nos
confere poder para vivermos uma vida que não apenas é aceitável, como também
agradável a Deus.
A graça não é apenas o favor de Deus que não pode ser merecido, mas também a presença
de Deus que confere poder e que nos dá a capacidade para fazer o que agrada a Ele. A
graça nos dá a capacidade de ultrapassarmos a nossa própria capacidade. Ela nos dá a
capacidade para vivermos extraordinariamente!
Acho isso eletrizante! Deus não apenas nos resgatou; Ele nos deu poder para podermos ser
bem sucedidos na vida aqui neste mundo. Ele não quis filhos que tivessem o título de
justiça, mas não tivessem a capacidade para vencer os pecados e fraquezas que nos
seduziram inicialmente. Na verdade, Ele projetou a salvação para ser completa — vida
triunfante neste mundo assim como no mundo que está por vir.

Nunca Deixe a Desejar


A novidade fabulosa é que Deus nos deu os recursos de que precisamos para vivermos uma
vida santa que lhe agrada! Não há necessidade de virmos deixar a desejar. Considere o que
o escritor de Hebreus nos diz:
“Segui... a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, atentando, diligentemente, por
que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus” (12: 14-15).
O ponto principal aqui está claro: precisamos da graça de Deus para andar em verdadeira
santidade. Poderíamos perguntar: “Se, como fomos ensinados, a graça tem a ver apenas
com perdão, então o que significa ‘ser faltoso’ (ou deixar a desejar) neste versículo?” A
palavra grega aqui é hustereo. A concordância de Strong define-a como “ser inferior, deixar
a desejar (ser deficiente), deter o avanço, estar destituído, falhar”. O Lexicon de Thayer vai
mais fundo, afirmando que o significado desta palavra é “ser deixado para trás na corrida e
assim falhar em atingir o objetivo; não alcançar o alvo”.
O Homem da Ilha foi deixado para trás, e ele falhou em atingir o alvo da liberdade que lhe
foi dada gratuitamente pelo patrão de Mensageiro. Ele poderia ter atingido facilmente o
objetivo, mas desperdiçou o que lhe foi dado e não alcançou a linha de chegada. A
santidade é crucial para completarmos bem a nossa corrida. Ouça as palavras do profeta
Isaías:
“Haverá ali uma estrada que será chamada de ‘Caminho da Santidade’. Nela, não
caminharão os impuros, pois ela pertence somente ao povo de Deus. Até os tolos andarão
nela e não se perderão. Nesse caminho, não haverá leões, animais selvagens não passarão
por ele; ali andarão somente os salvos. Aqueles a quem o SENHOR salvar voltarão para
casa, voltarão cantando para Jerusalém e ali viverão felizes para sempre. A alegria e a
felicidade os acompanharão, e não haverá mais tristeza nem choro” (35:8-10, NTLH).
Antes de prosseguir, quero enfatizar uma falha na alegoria do Homem da Ilha. Se a história
tivesse realmente acontecido no nosso mundo, ainda haveria uma chance do urso ter
matado Homem da Ilha, embora ele pudesse realmente usar a sua arma. Há muitos
cenários possíveis — um urso poderia ter surpreendido Homem da Ilha de modo que ele
não conseguisse erguer o rifle a tempo. Ou talvez ele atirasse, mas a arma falhasse. Ou a
bala poderia ferir, mas não matar o urso e em fúria cega ele devorasse o Homem da Ilha.
No entanto, Deus diz que quando andamos no poder da graça de Deus, dando os frutos de
santidade, somos invencíveis por causa Dele. Isaías diz que nenhum animal feroz, como um
urso ou um leão, será capaz de nos ferir! (Isso inclui o nosso inimigo supremo, Satanás, que
anda em derredor como “um leão que ruge, buscando alguém para devorar”, como diz 1
Pedro 5:8.) Então, diferentemente de Homem da Ilha, não temos motivos para falhar
quando produzimos os frutos de santidade através do poder da graça de Deus — não por
causa de nós, mas por causa Dele. Entretanto, esta promessa não se aplica aos crentes que
não andam em verdadeira santidade. Ouça o que Pedro diz sobre isso:
“Pois aqueles que falham em desenvolver estas virtudes [de santidade] são cegos, ou, pelo
menos, têm a visão muito curta. Eles já se esqueceram de que Deus os purificou da sua
velha vida de pecado. Assim, queridos irmãos, trabalhem com esforço para provar que
vocês realmente estão entre aqueles a quem Deus chamou e escolheu. Fazendo isto, vocês
nunca tropeçarão nem se desviarão. E Deus abrirá as portas do céu para vocês entrarem no
Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pedro 1:9-11, NLT).
Pedro diz que nunca tropeçaremos nem nos desviaremos. Somos invencíveis, não por causa
da nossa própria capacidade, mas por causa da capacidade que a graça provê. Então, na
essência, a graça nos dá o poder de andar na estrada da santidade, que nos garante a
promessa de terminarmos bem a corrida. Ela nos impede de naufragar na nossa fé e deixar
a desejar.
Pedro aborda o oposto a andar na graça igualmente bem. Aqueles que não andam no poder
da graça fracassam em desenvolver as virtudes da santidade. O resultado é cegueira e o
esquecimento de que Deus os purificou da sua antiga vida de pecado. Esta cegueira torna
muito difícil, quase impossível, permanecer no caminho estreito da santidade. Eles se
aventurarão com muita facilidade a voltar a um estilo de vida cativo do pecado (e na maior
parte do tempo ainda acreditando que estão cobertos e protegidos pela graça de Deus).
Mais adiante em sua carta, Pedro lamenta essas escolhas:
“E quando as pessoas escapam dos caminhos malignos do mundo aprendendo sobre o
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, e depois se enredam com o pecado e se tornam
novamente seus escravos, elas se tornam piores do que antes. Seria melhor que elas nunca
tivessem conhecido a maneira correta de viver do que conhecê-la e depois rejeitarem os
santos mandamentos que lhes foram dados. Eles fazem com que estes provérbios se
tornem verdadeiros: ‘O cão volta ao seu vômito’, e ‘A porca lavada volta para a lama’” (2
Pedro 2:20-22, NLT).
Como é sério! Isso me lembra novamente as palavras do apóstolo Paulo aos cristãos:
“Vocês não sabem que são escravos de qualquer um a quem obedecem? Vocês podem ser
escravos da mentira e morrer” (Romanos 6:16, CEV). Quando seguimos voluntariamente e
repetitivamente os desejos do pecado, ficamos enredados nele e somos novamente seus
escravos. Assim como Homem da Ilha pereceu, um crente também pode perecer. Por este
motivo, Paulo adverte: “Assim, pois, irmãos, somos devedores, não à carne como se
constrangidos a viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais
para a morte” (Romanos 8:12-13).
Ora, vocês podem se perguntar como o apóstolo Paulo pode escrever aos cristãos e dizer
que eles vão morrer. O apóstolo João, de forma semelhante, instrui: “Se alguém vir a seu
irmão cometer pecado não para morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam
para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue” (1 João 5:16). De que
tipo de morte ele está falando que pode afetar um irmão cristão?
O apóstolo Judas escreveu sobre aqueles que transformam a graça de Deus em lascívia,
usando-a como uma cobertura na sua prática de um estilo de vida imoral. Embora
frequentem os cultos das igrejas regularmente, Judas adverte: “Eles são como árvores sem
frutos na época da colheita. Eles não apenas estão mortos, mas duplamente mortos, pois
foram arrancados pelas raízes” (Judas 1:12, NLT). O apóstolo fala de pessoas que estão
vivas fisicamente, frequentando os cultos das igrejas, mas que são chamadas não apenas de
“mortas”, mas de “duplamente mortas”. De que tipo de morte ele está falando?
Há muitos debates teológicos sobre o significado desse versículo, mas eu perguntaria: “Por
que discutir sobre isto?” Ora, você não quer se ver morto de maneira alguma. Os resultados
da morte nunca são bons ou promissores. Falando claramente, você não quer descobrir o
significado da morte em primeira mão. Proponho que nos distanciemos da possibilidade de
estarmos mortos tanto quanto possível e que permaneçamos na graça de Deus a fim de
vivermos vidas extraordinárias.
Mais uma vez, a novidade fabulosa é que Deus realmente nos deu a Sua graça. Recebemos
a natureza de Jesus Cristo e fomos libertos do domínio do pecado! Por que alguém que foi
liberto da tirania do pecado iria querer se aventurar a voltar para o cativeiro e flertar com a
morte?
Assim, meu amigo, não lute pelo seu direito de viver habitualmente em pecado e ainda
conseguir chegar ao céu. Essa é a maneira errada de encarar a vida. Em vez disso, entenda
que Deus lhe deu um dom impressionante — a liberdade! Você não precisa mais pecar;
aquilo de que você não podia se libertar antes, é algo do qual você pode viver livre agora
através do poder da Sua maravilhosa graça!
A GRAÇA REALMENTE FUNCIONA
Recebi Jesus Cristo como meu Senhor em 1979 e experimentei a realidade da nova
natureza de Jesus, e ela transformou minha vida. Imediatamente, perdi o desejo pelo
álcool, e embora costumasse falar palavrões como um marinheiro bêbado, meu linguajar
foi limpo. Outras práticas pecaminosas gradualmente desapareceram à medida que eu lia,
meditava e declarava a Palavra de Deus sobre minha vida.
No entanto, havia uma área de pecado que não desapareceu tão facilmente. Eu tinha
problemas com a luxúria e era viciado em pornografia. Se assistisse a filmes pornográficos,
aquilo tomava conta de mim e eu era arrastado para aquelas práticas. Eu tinha períodos de
liberdade, mas com o tempo era arrastado de volta àquilo. A luxúria definitivamente tinha
uma forte influência sobre minha alma — ela me prendia fortemente.
Em 1985, um homem me ofereceu seu apartamento para que eu pudesse me afastar para
orar por um período prolongado. No final daqueles quatro dias de jejum, em seis de maio
de 1985, depois de uma intensa batalha em oração, fui liberto da fortaleza da pornografia e
da luxúria. Graças a Deus, por Sua graça, ainda sou livre hoje.
Entretanto, mesmo estando liberto das garras da pornografia, eu ainda tinha de resistir ao
desejo de me envolver com ela. Antes de seis de maio, parecia que eu não podia resistir
com sucesso. Depois de seis de maio, eu podia resistir, mas tinha de cooperar com a graça
para lutar contra o ímpeto de olhar para a pornografia. O seu poder sobre mim foi
quebrado depois do jejum e de intensa oração, mas eu ainda tinha de resistir firmemente à
atração que ela exercia.
Com o tempo, à medida que continuei a orar e a permitir que a Palavra de Deus enchesse
minha mente, um dia percebi que meus desejos haviam mudado. Eu não tinha mais de me
obrigar a me afastar da pornografia, mas em vez disso, sentia repulsa por ela. Se uma
imagem sexual de algum modo aparecesse diante de meus olhos, eu via a mulher sendo
exibida como a filhinha de alguém. Eu lamentava o fato de que aquela vida preciosa
estivesse sendo reduzida de uma pessoa criada à imagem e semelhança de Deus a um
pedaço de carne. A graça de Deus havia me transformado completamente de dentro para
fora. Eu havia sido renovado no espírito da minha mente e era realmente livre. Meus
sentidos haviam sido transformados pelo poder da Sua graça. O escritor de Hebreus
descreve esta bem-aventurança:
“Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é
criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as
suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal”
(Hebreus 5:13-14).
Percebi que a Palavra de Deus, que eu estava constantemente lendo, citando, refletindo e
estudando, havia alinhado meus sentidos e minhas faculdades mentais com os desejos e
pensamentos Dele. Lembre-se, santidade é pensar, falar e viver como Ele. É subir até o nível
de vida de Deus.
É exatamente por este motivo que arde em meu coração a paixão por escrever este livro:
muitos filhos de Deus estão vivendo de leite. Eles não estão sendo ensinados sobre a
verdade de que a divina natureza de Deus foi colocada neles. Domingo após domingo, eles
são ensinados que são pecadores perdoados e que todos nós temos fraquezas, mas de
alguma forma conseguiremos chegar até à linha de chegada da vida. Este evangelho
socialmente aceitável não revestirá a vida deles de poder. Suas vidas estão sendo
controladas por seus sentimentos e sentidos, e não pela fé.
Precisamos nos lembrar de que a carne pode ser treinada, mas ela gosta dos padrões
habituais. É por isso que as pessoas geralmente não gostam de mudanças. A boa notícia é
que assim como a nossa carne pode ser treinada na injustiça, ela também pode ser treinada
na justiça. O escritor de Hebreus sustenta isso — “...para aqueles que, pela prática, têm as
suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal”
(Hebreus 5:14). Podemos assumir o domínio da nossa mente e da nossa carne através do
poder da graça e retreinar as nossas faculdades mentais e os nossos sentidos com a Palavra
de Deus. A nossa carne responde àquilo com o que ela se alimenta.
Embora a graça de Deus tenha me libertado, eu podia reverter a situação voltando a olhar
pornografia. Se eu passasse a fazer isso repetidamente, sem qualquer verdadeiro
arrependimento no coração, com o tempo seria novamente enlaçado e ficaria viciado. E o
meu último estado me deixaria pior do que antes. Eu escolho não fazer isso por causa do
meu amor a Deus e do meu temor de Deus.
A Sua graça é mais do que suficiente! Ela é impressionante!
UMA ENTREVISTA ESCLARECEDORA
Há alguns anos, enquanto dava uma entrevista no rádio para uma estação em uma grande
cidade do sul dos Estados Unidos, eu falava sobre justiça e sobre treinar a carne. Eu não
havia dito nada sobre a minha libertação da pornografia, mas estava enfatizando a
importância da verdadeira santidade na vida de um crente.
Depois de trinta minutos mais ou menos, o entrevistador abriu as linhas telefônicas. A
primeira chamada foi de um homem irado que me atacou: “Como você pode falar sério ao
mencionar essas coisas? E quanto ao homem que é escravo de algo ou tem vícios em sua
vida? Você quer dizer que ele está indo para a morte?”.
“Não estou dizendo isso, senhor,” respondi. “É a Palavra de Deus que diz isso”. Então,
perguntei: “O senhor poderia me esclarecer melhor o que está querendo dizer?”.
“Sim!” Ele ainda estava muito zangado.
“Então, deixe-me entender bem”, disse eu. “O senhor está dizendo que existem alguns
pecados dos quais o sangue de Jesus e a graça de Deus podem nos libertar, mas que há
outros pecados ‘especiais’ que são grandes demais para a graça de Deus? É isto mesmo?”
O homem ficou completamente mudo. De repente, ele viu a tolice do seu argumento.
Finalmente, quebrei o silêncio. “Senhor, fui escravo da luxúria, e a graça de Deus me
libertou em 1985. O senhor não pode me dizer que existem vícios ou áreas de cativeiro que
são poderosos demais para a graça de Deus. Eu fui completamente cativo, e hoje sou livre”.
TEMPOS DIFÍCEIS
O apóstolo Paulo escreveu a Timóteo e falou sobre os tempos em que estamos vivendo
agora: “Nos últimos dias vai ser muito difícil ser cristão” (2 Timóteo 3:1, ABV). Estamos
vivendo nos últimos dias. Não há dúvidas a respeito disso, porque todas as Escrituras
proféticas mostram que Jesus em breve voltará. Paulo previu que os nossos dias seriam os
tempos mais difíceis para ser um cristão. Por quê?
Na época de Paulo, ele enfrentou uma grande oposição. Em cinco ocasiões diferentes, ele
foi açoitado brutalmente com trinta e uma chicotadas. Por três vezes em momentos
diferentes, ele foi espancado com varas. Foi apedrejado uma vez. E passou anos na prisão.
Em toda parte para onde Paulo se voltava, ele enfrentava uma terrível perseguição. Mas ele
escreveu que no nosso tempo seria ainda mais difícil ser cristão! Eis os motivos:
“Pois muitos serão egoístas, avarentos, orgulhosos, vaidosos, xingadores, ingratos,
desobedientes aos seus pais e não terão respeito pela religião. Não terão amor pelos outros
e serão duros, caluniadores, incapazes de se controlarem, violentos e inimigos do bem.
Serão traidores, atrevidos e cheios de orgulho. Amarão mais os prazeres do que a Deus” (2
Timóteo 3:2-4, NTLH).
Depois de ler isto talvez você ainda se pergunte por que Paulo achava que o nosso tempo
seria diferente do dele. As pessoas da sociedade no tempo de Paulo tinham as mesmas
características — elas amavam a si mesmas e ao dinheiro, eram ímpias, não perdoavam, e
daí por diante. Pedro havia dito no dia de Pentecoste: “Salvai-vos desta geração perversa”
(Atos 2:40). Então, por que Paulo está apontando para a nossa geração como sendo o
tempo mais difícil da história para ser cristão? Em seu seguinte comentário, ele diz a razão:
“Eles agirão como se fossem religiosos, mas rejeitarão o poder que poderia torná-los
piedosos” (2 Timóteo 3:5, NLT).
Então é isto — estamos vivendo em um tempo (isso é comprovado também por muitas
outras referências no Novo Testamento) em que existem muitas pessoas que professam ser
salvas pela graça e nascidas de novo, mas que não cooperam com a graça de Deus para
produzirem as qualidades de alguém que é semelhante a Cristo em suas vidas. Elas rejeitam
o poder da graça que poderia torná-las santas enquanto se agarram à convicção de que são
salvas pela graça. Elas ainda são donas da sua vida e vivem como lhes agrada, sem se
renderem ao senhorio de Cristo. Esses “crentes” são perigosos porque através do seu estilo
de vida, eles transmitem um evangelho falsificado de Jesus Cristo. É por este motivo que
Paulo diz: “Vocês precisam ficar longe de pessoas assim” (2 Timóteo 3:5, NLT).
Creio que a maior batalha que os pais da igreja primitiva lutaram foi a batalha contra o
legalismo. Muitas pessoas estavam tentando fazer com que os novos crentes voltassem a
se submeter à lei em vez de confiarem na graça de Deus para salvação. Hoje, depois de
estar no ministério em tempo integral por mais de vinte e cinco anos, concluí que a nossa
maior batalha agora é a ilegalidade — pessoas na igreja que acreditam serem salvas, mas
que não vivem de modo diferente das pessoas do mundo. Elas não são sujeitas à
autoridade de Deus.
Falando dos últimos dias, Jesus adverte:
“E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que
perseverar até o fim, esse será salvo” (Mateus 24:12-13).
Se o pecado também estava desenfreado nos dias de Jesus, então, o que torna os nossos
dias tão diferentes? O mais chocante é que ao falar sobre o nosso tempo, Jesus não está
falando da sociedade em geral, mas daqueles que afirmam segui-lo. Ele está dizendo que
nos nossos dias o pecado estará desenfreado entre os que se declaram cristãos. De outro
modo, por que Ele terminaria Sua afirmação dizendo: “Aquele, porém, que perseverar até o
fim, esse será salvo”? Não dizemos a um não crente: “Se você completar a corrida, será
salvo”, pois ele nem mesmo a começou. Entretanto, diríamos isto a alguém que já está na
fé, que já começou a corrida.
O ponto principal é que andar em verdadeira santidade é mais importante agora do que
nunca, por causa da natureza enganadora do pecado que Jesus disse que estaria
desenfreado em nossos dias. A notícia extremamente boa, porém, é que Deus nos deu o
poder através da graça para vivermos uma vida santa em meio à corrupção.
Precisamos ser luz nestes dias escuros por dois motivos: primeiro, para o nosso próprio
bem, e segundo, por amor aos perdidos. Muitos neste mundo estão clamando para ver
Deus. Nós somos ossos dos Seus ossos e carne da Sua carne, portanto, vamos imitar Deus
como Seus filhos amados, para que o mundo possa ver a Sua luz.
Nós temos aquilo que é preciso ter, e o seu nome é graça. Vamos andar no seu
extraordinário poder!

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