Impacto Das Estratégias de Ensino Usadas No Tempo de Pandemia de Covd 19 em Moçambique. Caso EP1 e 2 de Milange - Sede.

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - ONE WORLD

Curso de Licenciatura em Pedagogia

Trabalho de Monografia

Tema
Impacto das estratégias de ensino usadas no tempo de pandemia de covd 19 em Moçambique.
Caso EP1 e 2 de Milange - sede.

Sérgio Sobrinho Andamais

Maputo
2021
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

CURSO DE PEDAGOGIA

Tema
Impacto das estratégias de ensino usadas no tempo de pandemia de covid 19 em Moçambique.
Caso EP1 e 2 de Milange - sede.

Trabalho de Monografia a ser


apresentado no Instituto Superior de
Educação e Tecnologia – One Wold
(ISET-OW) como requisito para defesa
do 4º ano do Curso de Pedagogia sob
supervisão do tutor: Ancelmo Armando
Sarmento.

Sérgio Sobrinho Andamais

Maputo
Maio de 2021
Declaração de honra

Eu, declaro por minha honra que o presente trabalho científico é resultado da minha investigação
pessoal e das orientações do meu Supervisor. O seu conteúdo é original e todas as fontes
consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.

E ainda, declaro que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para a
obtenção de qualquer grau académico.

Changalane Maio de 2021

----------------------------------------------------------
Sergio Sobrinho Andamais

i
Folha de Aprovação

Este trabalho foi aprovado aos _____ de ___________________2021, por nós membros de Júri,
examinador do Instituto Superior de Educação e Tecnologia com a nota de (_____) valores.

Membros do Júri

____________________________________

Presidente

_____________________________________

Supervisor

_______________________________________

Oponente

ii
Dedicatória

Aos meus filhos esposa e minha mãe por estarem


presente em todos momentos da minha vida, e pelo
apoio emocional.

iii
Agradecimentos

Agradeço a Deus, que sempre me guiou em todos os momentos e em todas as horas e


principalmente por este momento que tanto ainda almejo a minha formação académica
profissional e intelectual.

Ao supervisor Ancelmo Armando Sarmento por seu profissionalismo, paciência e humilde,


qualidade que fez com que seja essa pessoa querida e respeitada. Ao corpo docente desta
faculdade principalmente ao dr. Isaquias Nhaca e ao dr. Abdul Mucaniwa que de forma especial
com os seus conhecimentos me conduziram à uma formação cidadã e que me proporcionaram
durante o percurso académico do conhecimento que serão amadurecidos durante o decorrer da
minha vida intelectual e Profissional. Ainda para salientar ao dr. Isaquias Nhaca, que conduziu-
me desde o início desta trajectória com paciência e dedicação no caminho e os passos iniciais do
curso.

A todos os meus familiares e amigos, pelo apoio que directas ou indirectamente deram durante a
realização deste trabalho, o meu muito obrigado.

iv
Resumo

O presente trabalho com o tema “Impacto das estratégias de ensino usadas no tempo de
pandemia de Covid 19 em Moçambique” foi levado acabo através de Estudo de Caso na EP1 e 2
de Milange – sede, com objectivo de “Analisar o impacto das estratégias de ensino usadas
durante o período de pandemia de Covid-19” principalmente para as zonas com recursos
limitados como é o caso de Milange. Foi possível realizar esta pesquisa através de uma
abordagem indutiva com o procedimento de estudo de caso. Trata-se de um estudo misto, que na
sua abordagem envolve os métodos qualitativos e quantitativos. Através desta multiplicidade de
metodológica que foi aplicada, pesquisa concluiu que devido à influência da cultura local e ao
perfil dos pais e/ou encarregados de educação dos alunos que frequentam naquela instituição de
ensino, nem sempre têm o hábito de dar um acompanhamento aos seus educandos. Portanto com
a situação actual de confinamento por causa da covid-19, veio a piorar esse comportamento.
Quanto a estratégia escolhida foi a de levantamento de fichas de apoio e exercícios e foi oportuna
e viável para a realidade local, porém, a adesão demonstrou-se fraca no princípio, as outras
estratégias para além dessa, não eram uma opção pensável para a realidade desta comunidade por
vários factores como por exemplo: (i) fraco acesso a informação dos pais; (ii) falta de cobertura
da rede de electricidade nacional; (iii) fraca renda dos pais/encarregados de educação e (iv) fraco
acesso à informação. Diante das estratégias escolhidas pela escola, houveram factores que
ocasionaram fraco levantamento das fichas de apoio como por exemplo: (i) falta de a estratégia
de levantamento de fichas de apoio e exercícios não envolvia nenhuma forma de avaliação; (ii)
falta de compromisso sólido dos pais/encarregados com a educação dos filhos. Esses factores
originaram um abandono escolar de 147 alunos, dos quais 135 são mulheres e 12 homens. Mas
com a estratégia coordenada adaptada pela escola que envolvia a parceria entre a escola, a
liderança comunitária local e os agentes de saúde do posto administrativo, levou a escola a ter
essa taxa de abandono não superior a 10%. Porque teve que recuperar alguns dos alunos cujos
encarregados outrora não levantara as fichas por alegação de que não devesse confiar nos
professores que seriam agentes de disseminação da pandemia de Covid-19.

Palavras-chave: Estratégias de ensino; Abandono escolar; Aprendizagem e Estado de


Emergência.

v
Summary

The present work with the theme “Impact of the teaching strategies used in the time of the Covid
19 pandemic in Mozambique” was carried out by means of a Case Study in EP1 and 2 of
Milange - headquarters, with the objective of “Analyzing the impact of the strategies of
education used during the Covid-19 pandemic period” mainly for areas with limited resources
such as Milange. It was possible to carry out this research through an inductive approach with
the case study procedure. It is a mixed study, which in its approach involves qualitative and
quantitative methods. Through this multiplicity of methodologies that were applied, research
concluded that due to the influence of the local culture and the profile of the parents and / or
guardians of the students who attend that educational institution, they are not always in the habit
of monitoring their students. . Therefore, with the current situation of confinement due to covid-
19, this behavior has worsened. As for the strategy chosen was to raise support sheets and
exercises and it was opportune and feasible for the local reality, however, adherence was weak at
first, other strategies beyond that, were not a thinkable option for reality of this community due
to several factors such as: (i) poor access to parental information; (ii) lack of coverage of the
national electricity network; (iii) low income for parents / guardians and (iv) poor access to
information. In view of the strategies chosen by the school, there were factors that caused a weak
survey of support sheets, such as: (i) the lack of a strategy for raising support sheets and
exercises did not involve any form of assessment; (ii) lack of solid commitment from parents /
guardians to their children's education. These factors led to a dropout of 147 students, of whom
135 are women and 12 men. But with the coordinated strategy adapted by the school that
involved the partnership between the school, the local community leadership and the health
agents of the administrative post, it led the school to have this dropout rate of no more than 10%.
This is because the school had to retrieve some of the students whose tutors had not previously
raised the files on the grounds that he should not trust the teachers who would be agents of
dissemination of the Covid-19 pandemic.

Keywords: Teaching strategies; School dropout; Learning and State of Emergency.

vi
Lista de Abreviaturas

DAP Director Adjunto Pedagógico


DE Director da Escola
EàD Ensino à Distância
EP1 Ensino Primário do Primeiro Grau
EPC Escola Primaria Completa
INDE Instituto Nacional de Desenvolvimento de Educação
INE Instituto Nacional de Estatística
IOF Inquérito de Orçamento Familiar
ISET- Instituto Superior de Educação e Tecnologia
MINEDH Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano
MISSAU Ministério de Saúde
OEI Organização dos Estados Ibero-americanos
OEMESC Observatório do Ensino Médio em Santa Catarina
Pais/EE Pais e ou Encarregados de Educação
SNE Sistema Nacional de Educação
TV Televisão
UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural
UNICEF United Nations Children´s Fund

vii
Lista de tabelas e gráficos

Tabela 1 Selecção da amostra------------------------------------------------------------------------------ 18


Tabela 2 Alunos por classe e que permaneceram na escola até o ano subsequente 2020 -2021--- 22
Tabela 3 Responsável pelo apoio com os exercícios---------------------------------------------------- 28

Gráficos
Gráfico 1 Opinião dos professores sobre a modalidade do EàD----------------------------------------- 21
Gráfico 2 Frequência de levantamento das fichas por classe-------------------------------------------- 24
Gráfico 3 Situação da alfabetização dos pais/encarregados de educação------------------------------ 27
Gráfico 4 Acesso a informação dos pais/encarregados de educação------------------------------------ 28

viii
Índice

Declaração de honra .................................................................................................................... I


Folha de aprovação .................................................................................................................... II
Dedicatória................................................................................................................................ III
Agradecimentos ....................................................................................................................... IV
Resumo ...................................................................................................................................... V
Summary.................................................................................................................................. VI
Lista de abreviaturas ............................................................................................................... VII
Lista de tabelas e gráficos....................................................................................................... VIII

Capítulo I: INRODUÇÃO .........................................................................................................1


1.1 Delimitação do tema .........................................................................................................2
1.2 Problematização ...............................................................................................................2
1.3 Justificativa ......................................................................................................................4
1.4 Perguntas de pesquisa .......................................................................................................5
1.4.1 Pergunta geral...................................................................................................................5
1.4.2 Perguntas específicas ou questões de pesquisa ..................................................................5
1.5 Objectivos da pesquisa .....................................................................................................6
1.5.1 Geral ................................................................................................................................6
1.5.2 Específicos .......................................................................................................................6
1.6 Hipóteses ..........................................................................................................................6

Capítulo II: REVISÃO DA LITERATURA ...............................................................................7


2.1 Conceitualização ..............................................................................................................7
2.2 Estratégias de ensino ........................................................................................................7
2.3 Abandono escolar .............................................................................................................7
2.4 Aprendizagem ..................................................................................................................8
2.5 Estado de emergência .......................................................................................................9
2.6 Enquadramento teórico ................................................................................................... 10
2.6.1 Razões que influenciam no abandono escolar dos alunos em moçambique...................... 10
2.6.1.1 Factores institucionais ................................................................................................ 10
2.6.1.2 Casamentos prematuros .............................................................................................. 11
2.6.1.3 Factores culturais ....................................................................................................... 12
2.6.1.4 Factores económicos ................................................................................................... 12
2.7 O papel das escolas na retenção dos alunos no período da pandemia em moçambique .... 12
2.8 A relação entre a estratégia de ensino em meio à pandemia de covid-19 e o abandono
escolar....................................................................................................................................... 13

ix
Capítulo III: METODOLOGIA ............................................................................................... 15
3.1 Método de abordagem .................................................................................................... 15
3.2 Método de procedimento ................................................................................................ 15
3.3 Técnicas e instrumentos de pesquisa. .............................................................................. 16
3.4 Instrumentos ................................................................................................................... 16
3.4.1 Questionário ................................................................................................................... 16
3.5 Delimitação do universo ................................................................................................. 17
3.6 Tipo de amostragem ....................................................................................................... 18
3.7 Selecção da amostra ....................................................................................................... 18

Capítulo IV: APRESENTAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ................... 19


4.1 Sobre as estratégias de EàD em período da pandemia ..................................................... 19
4.2 Acerca da retenção dos alunos no período da pandemia .................................................. 22
4.3 Acerca da alfabetização dos pais e encarregados de educação ......................................... 26
4.4 Acerca da pessoa que dá apoio aom as fichas de apoio e os exercícios aos alunos ........... 27
4.5 Acesso a informação dos pais/encarregados de educação ................................................ 28
4.6 Sobre as opiniões dos pais em relação as estratégias de ensino ........................................ 29

Capítulo V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.............................................................. 30


5.1 Conclusões ..................................................................................................................... 30
5.2 Recomendações .............................................................................................................. 32
5.3 Referências Bibliográficas .............................................................................................. 33
5.4 Anexos ........................................................................................................................... 35

x
Capítulo I: INRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema “Impacto das estratégias de ensino no tempo de pandemia de
covid 19 em Moçambique”. O estudo de caso será efectuado na EP1 e 2 de Milange sede. O
objectivo principal é de “Analisar o impacto das estratégias de ensino usadas durante o período
de pandemia de covid-19”.

Quando surgiram os primeiros sinais de que o país poderia ser afectado por esta pandemia,
parecia que o sector da saúde é que teria de ser potenciado em curto espaço de tempo, mas com o
decorrer do tempo, foram surgindo desafios em outros sectores em particular o sector de
educação. O estudo surge no âmbito das estratégias adoptadas pelo Ministério de Educação e
Desenvolvimento Humano – MINEDH para continuidade de aprendizagem em período da
pandemia, que envolve o uso de plataformas EàD, como Whatssap, Telescola, rádio comunitária,
levantamento de fichas que eram semanalmente elaboradas pelos professores de cada escola e o
uso de plataforma classroom

É fundamental que se faça uma reflexão crítica do ponto de vista do funcionamento das
estratégias e os seus resultados, sejam eles negativos ou positivos, fazer um olhar de varredura a
partir da realidade das comunidades moçambicanas e as fragilidades que o nosso Sinstema
Nacional de Educação - SNE tem de antemão e qual pode ser a sua influência nessas estratégias.

A EP 1º e 2º Graus de Milange sede, encontra-se em uma zona remota sem a rede de


electricidade nacional, um perfil não favorável para algumas opções estratégicas de EàD. O
estudo foi aplicado no sentido de analisar a aplicabilidade das estratégias na realidade da escola.
Estruturalmente o presente trabalho é composto por sete (7) capítulos: Capítulo I: onde está
presente a introdução, a problematização, delimitação do tema, justificativa, objectivos e
hipóteses. No capítulo II. Revisão da literatura onde encontramos abordagens de estudos
bibliográficos e o marco teórico. No capítulo III: apresentam-se os procedimentos metodológicos,
as técnicas e instrumentos de Colheitas de dados. IV apresenta-se a análise e interpretação de
dados. No capítulo V: apresentam-se as conclusões e recomendações e por fim no capítulo VII,
encontramos as referências bibliográficas e anexos

1
1.1 Delimitação do tema

Impacto das estratégias de ensino usadas no tempo de pandemia de covid 19 em Moçambique.


Caso EP1 e 2 de Milange - sede.

1.2 Problematização

Desde o primeiro Decreto Presidencial nº11/2020, de 30 de Março que decretou o Estado de


Emergência em todo o território nacional que, aconteceu 3 semanas depois do início do ano lectivo
que, paralisava várias áreas de actividade incluindo a Educação, os governos do mundo inteiro têm
vindo a propor novas formas de um novo normal para a continuação da vida. Entre elas destaca-se a
continuidade das aulas por via de plataformas de EàD. Diante dessa realidade o Ministério da
Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), através do Instituto Nacional de
Desenvolvimento de Educação (INDE), orientou as direcções das escolas em colaboração com
professores a produzirem exercícios e textos de aperfeiçoamento da aprendizagem de modo que os
alunos continuassem a estudar em casa, cujo levantamento das fichas seria da responsabilidade dos
pais e encarregados de educação dos alunos assim como a mediação da aprendizagem e para
superação das dificuldades seriam feitas com os professores que leccionam a disciplina, (MINEDH –
IND, 2020).

Esta estratégia esperava-se que simplesmente funcionasse em um período reduzido, mas pelo
contrário, o estado de emergência teve que se estender por mais de 4 (quatro) meses devido o
número de novas infecções que o País apresentava. Mas a questão em causa é, fica difícil manter
um aluno usando uma realidade de ensino a que não estava habituado. Além disso, para Mambo
et al. (2019) cit. por UNICEF (2020), aponta que “dados relativos a outros países afectados por
pandemias de grande escala indicam também um risco acrescido de gravidez para as raparigas, o
que, por sua vez, aumenta a probabilidade de abandono escolar.”

As probabilidades das crianças não voltarem à escola quanto mais as escola estiverem fechadas,
são maiores, assim como aponta a UNICEF que…
…em Moçambique, 33,2 por cento das raparigas nas zonas
urbanas e 44,4 por cento nas zonas rurais engravidam antes dos
18 anos de idade. As novas condições familiares e escolares
expõem mais raparigas ao risco de gravidez, não lhes deixando

2
outra opção que não seja unir-se prematuramente para escapar à
pobreza e a mais humilhações na comunidade. As estratégias
prejudiciais de lidar com a situação florescem quando o emprego
e as oportunidades educativas são limitados e o bem-estar
económico da família está debilitado. (UNICEF, 2020).
Em consonância aos dados que Unicef nos apresenta, o estado de emergência propõe que as
pessoas fiquem em casa, isso reduz significativamente as opções de ocupação das crianças
principalmente para as zonas rurais e especificamente para famílias que não possuem energia
eléctrica, logo isso implica mais probabilidade das raparigas engravidarem e consequentemente
abandono escolar. Assim como refere a Unicef (2020), que “a insegurança económica e a
suspensão escolar prolongada pode exacerbar as tendências para uniões prematuras de crianças e
para o sexo transaccional como formas de lidar com a situação e mecanismos de protecção.”

As plataformas do EàD propostas para a continuidade de aprendizagem para além das fichas que
os pais e ou encarregados de educação devem levantar, envolve também o uso de Whatssap, a
Internet, a Rádio e Televisão, mas em Moçambique ainda não se atingiu um número significativo
de usuários dessas plataformas o que concorre para uma educação excludente. Numa das
conferências da imprensa, a Ministra de Educação e Desenvolvimento Humano, proferiu que os
exercícios propostos nas fichas fornecidas pelos professores não seriam de carácter qualitativo, o
que significa que não há necessidade de monitoria, isso leva aos alunos desde já a não tanto
valorizarem este modelo de aprendizagem.

No caso específico da EP 1 e 2 de Malange Sede, os pais e encarregados de Educação não levantaram


o material produzido com professores para ensino, e alguns pais e encarregados de educação e
próprios alunos da 6ª classe acreditam que o ano lectivo não existiu. Uma vez que para eles o
levantamento de fichas era a estratégia mais economicamente sustentável e acessível para todos.
Muitos dos pais e encarregados de educação, no acto de levantamento das fichas reclamam que estão
sendo impactados nas suas actividades e sendo colocados em risco ao serem solicitados para o
levantamento das fichas. Ainda acrescentam que não têm escolha no caso do uso das plataformas
como rádios, televisão e whatssap. Tendo em conta que whatssap é necessário que o aluno tenha um
smartphone, televisão é necessário que os pais/EE tenham electricidade em casa, para as
comunidades rurais essas plataformas são uma miragem. O que quer dizer que a opção mais viável
para Milange foi o uso das fichas.

3
Portanto, se numa e nem na outra estratégia não há aderência, a probabilidade destas influenciarem o
não retorno escolar dos alunos pode ser maior, muitos dos pais não levantam porque dispõem das
outras plataformas, muito pelo contrário esses e os seus filhos abandonaram de prosseguir com a
aprendizagem, o que faz acreditar que esses podem influenciar no abandono escolar dos filhos.
A questão de encerramento das escolas traz consigo consequências nas crianças, pode-se com
isso recordar que…

…“as lições recentemente aprendidas com o encerramento das escolas


em resposta ao Ébola, sabemos que quanto mais tempo as crianças ficam
fora da escola, menor é a probabilidade de elas lá voltarem, aumentando
o risco de caírem no analfabetismo. Em Moçambique, onde já mais de
um terço dos estudantes abandonam a escola antes da terceira classe e
menos de metade deles concluem o ensino primário, o impacto da
pandemia nos resultados da aprendizagem poderá ser catastrófico”
CHIPOSSI (2020).

De acordo com a descrição apresentada, sobre o uso das plataformas na EP1 e 2 de Milange,
surge a seguinte pergunta: Qual é o impacto das estratégias de ensino usadas durante o tempo de
pandemia, na EP1 e 2 de Milange- sede?

1.3 Justificativa

Do ponto de vista pessoal, este tema surge na ordem de contribuição com estratégias de ensino
que cada profissional deve fazer apara garantir a retenção dos alunos, na verdade, uma
preocupação de cada profissional da educação no que concerne a retenção de alunos na escola
após o período de suspensão das aulas presenciais face ao covid-19, uma vez que o país já vinha
registando abandonos escolares antes mesmo desta situação. No caso da escola em causa, nasce
uma preocupação enorme a partir do momento em que os próprios pais e ou encarregados de
educação mostram dificuldades no levantamento das fichas de exercícios propostos pelos
docentes para estudo com apoio dos pais e encarregados de educação dos alunos em casa,
influenciando assim a desistência e falta de aperfeiçoamento da aprendizagem do próprio aluno.
No âmbito social, falar de abandono escolar por conta da covid-19 não passa de uma realidade
óbvia julgando a partir das condições de acesso a informação e disponibilidade de alguns
recursos assim como refere a Unicef,
[…] a maioria das crianças em Moçambique não tem acesso aos canais
de informação básicos, o que torna a transição para o ensino à distância
extremamente difícil: 74 por cento das crianças vivem sem electricidade7

4
e apenas 2 por cento têm acesso à Internet, 35 por cento à rádio e 22 por
cento à televisão. O acesso à informação é ainda mais limitado para as
crianças das zonas rurais. (UNICEF 2020).
Diante dessa realidade, nos faz entender que a estratégia da continuidade de aprendizagem
através de plataformas de EàD, não passa de uma tentativa incerta, trazendo consigo várias
implicações partindo como base nos constrangimentos socioeconómicos que a UNICEF aponta.
O desenvolvimento das ciências é dada na base de problemas, ou seja, os problemas servem de
um ponto de partida para as ciências se desenvolverem, embora existam várias discussões
prático-científicas no ponto de vista da retenção dos alunos na escola especialmente as raparigas,
mas não bastante para situações de emergência. O enriquecimento e a criação de novas matérias
para o acervo bibliográfico ligado a esta temática é relevante no âmbito científico.

Sob ponto de vista científico, este trabalho faz parte das várias pesquisas que nascem com intuito
de criar o espírito crítico-científico e construtivista para os professores e ou todos actores da área
de educação. Para os académicos também uma partida de reflexão, a partir das realidades locais e
as estratégias que podem ser localmente adaptáveis, ou seja, o que se deve fazer antes de uma
dada estratégia para que ela funcione sem precedentes.

1.4 Perguntas de pesquisa

Nesta secção apresentam-se perguntas que concorrem para a resposta do problema proposto com
propósito de alcançar os objectivos de pesquisa (geral e específicos) tendo como base o tema e as
perspectivas teóricas de pesquisa.

1.4.1 Pergunta geral

Até que ponto a estratégia da aprendizagem em meio à pandemia de COVID-19 podem


influenciar para o abandono escolar em Moçambique?

1.4.2 Perguntas específicas ou questões de pesquisa

 Quais foram as causas que influenciaram para o abandono escolar durante a pandemia
dos alunos na EP1 e 2 de Milange?

5
 Qual é o papel das escolas na retenção dos alunos no período da pandemia em
Moçambique?
 Que relação há entre a estratégia da aprendizagem em meio à pandemia de COVID-19 e
o de abandono escolar em Moçambique?

1.5 Objectivos da pesquisa

Este estudo visa responder os seguintes objectivos:

1.5.1 Geral

Analisar o impacto das estratégias de ensino usadas durante o período de pandemia de covid 19.

1.5.2 Específicos

 Identificar as consequências das estratégias de ensino usadas durante o período de


pandemia para a continuidade de aprendizagem na EP 1 e 2 de Milange – Sede;
 Descrever as estratégias de ensino usadas na EP1 e 2 de Milange – sede, durante o tempo
de pandemia no tempo de pandemia;
 Relacionar as estratégias de continuidade de aprendizagem em EàD e o risco do
abandono escolar.

1.6 Hipóteses

De acordo com o tema da pesquisa inferiu-se as seguintes pré-respostas:

1. A falta de compromisso dos pais e ou encarregados de educação para o levantamento das


fichas e condições para o uso de plataformas para a aprendizagem dos seus educandos
durante a pandemia pode influenciar para o abandono escolar, na Ep1 e 2 de Milange;
2. Algumas plataformas de ensino em tempo de pandemia adoptadas pelo ministério de
educação podem não ir de acordo com situação económica dos pais/EE, principalmente
para as zonas rurais;
3. As estratégias da continuidade de aprendizagem em EàD podem influenciam para o
abandono escolar.

6
Capítulo II: REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Conceitualização

Nesta secção define-se e discute-se os conceito-chave do estudo a saber: Estratégias de ensino,


Abandono escolar, Aprendizagem e Estado de Emergência

2.2 Estratégias de ensino

Bordenave e Pereira (1998) consideram “estratégias de ensino” como sendo um caminho


escolhido ou criado pelo professor para direccionar o aluno, pautado numa teorização a ser
aplicada na sua prática educativa.
Rodrigues (2005), alerta-nos na escolha das estratégias de ensino que as “adequadas são as que
ajudam o professor e o aluno a alcançarem os objectivos propostos. É possível afirmar, então,
que o ponto central, na escolha de uma estratégia, é o conhecimento dos objectivos que se
deseja alcançar.
Ademais, Masetto (2003) sintetiza em três pontos, a serem considerados pelo professor, para que
este possa alcançar seus objectivos:
1. Utilizar estratégias adequadas para cada objectivo pretendido;
2. Dispor de estratégias adequadas para cada grupo de alunos, ou para cada turma ou classe;
3. Variá-las no decorrer do curso.
Masetto (2003) amplia o conceito de estratégia de ensino e aprendizagem, considerando-as como
os meios utilizados pelo professor para facilitar o processo de aprendizagem dos alunos.
Para Rodrigues (2005), compreende estratégia de ensino como recursos que podem agregar
valores nos processos de ensino e aprendizagem e que só terão importância se estiverem ligados
directamente aos objectivos pretendidos.
Portanto, entende-se como estratégias de ensino as técnicas e meios que facilitam a o processo de
ensino e aprendizagem e que ajudem no alcance dos objectivos pretendidos.

2.3 Abandono escolar

Para Alvares & Estevão (2020, p4) defendem que se pode “agrupar as definições do abandono
escolar em duas categorias: as formais e as funcionais. As definições formais apoiam-se na
definição legal da escolaridade obrigatória. Estas podem incluir a referência a um nível de
escolaridade, mas este é habitualmente acessório: o cerne da definição está na idade ou no
7
número de anos que o indivíduo passou integrado no sistema de ensino, estando associado à
definição legal de escolaridade obrigatória. Nesse caso para os autores definem o abandono
escolar como “saída do sistema de ensino antes da conclusão da escolaridade obrigatória.”

Para Benavente (et al.,1994), o abandono escolar precoce é o abandono das actividades escolares
sem que o/a aluno/a tenha completado o percurso escolar obrigatório e/ou atingido a idade legal
para o fazer. Estes autores relacionam o abandono com a idade do individuo, ou seja, para ele
existe por lei uma idade em que um individuo pode decidir ou não o abandono.

Justino (2010), considera este conceito como a interrupção da frequência do sistema de ensino
por um tempo considerado suficiente para que essa ausência se transforme num afastamento
praticamente irreversível.

O abandono escolar significa que o/a aluno/a deixa a escola sem ter concluído o nível de ensino
em que estava matriculado e surge relacionado com os maus resultados escolares, fracas
expectativas no futuro, atrasos no percurso escolar e desajustamentos, fracassos, desinteresse e
rejeição pela escola (Garcia et al. 2000). Para Costa (1998), o abandono escolar é a última etapa
dos/as alunos/as que se tornaram progressivamente desinteressados da escola.

Estes autores acima priorizam como primeira etapa as causas, considerando que o abandono
simplesmente é a última etapa que acontece por conta das inúmeras causas. Uma vez que
Canavarro, (2007) ressalta que, […] “não existe uma definição de abandono escolar que seja
universalmente aceite.” Tendo em conta, a natureza da situação actual de educação e as formas
de ensino concernentes a continuação e aprendizagem em meio a pandemia, nos aliamos a
definição dos autores, Alvares & Estevão. Considerando nesse caso que o abandono escolar é
relativamente a interrupção dos estudos do aluno antes der ter terminado o nível em que no
Sistema Nacional de Educação (SNE) é considerado obrigatório.

2.4 Aprendizagem

A aprendizagem está envolvida em múltiplos factores, que se implicam mutuamente e que


embora os possamos analisar em separado fazem parte de um todo que depende, quer na sua

8
natureza, quer na sua qualidade, de uma série de condições internas e externas ao sujeito
(Malglaive, 1990).
Tavares e Alarcão (1990) definem a aprendizagem numa perspectiva cognitivo-construtivista
como uma construção pessoal resultante de um processo experiencial, interior à pessoa e que se
manifesta por uma modificação de comportamento relativamente estável.

1
A aprendizagem deve ser olhada como a actividade de indivíduos ou grupos humanos, que
mediante a incorporação de informações e o desenvolvimento de experiências, promovem
modificações estáveis na personalidade e na dinâmica grupal as quais revertem no manejo
instrumental da realidade.
De acordo com Giusta, (2013) aprendizagem é entendida como “mudança de comportamento
resultante do treino ou da experiência”. O que quer dizer que na definição da aprendizagem, há
dois aspectos importantes a considerar: a experiência e o treinamento. Podemos no entanto
definir a aprendizagem em consonância nesse autor que a aprendizagem é uma transformação
subjectiva do comportamento relativamente estava de um individuo por meio de treinamentos e
ou experiencias.

2.5 Estado de emergência

A 31 de Dezembro de 2019, a China reportou à Organização Mundial da Saúde um cluster de


pneumonia de etiologia desconhecida em trabalhadores e frequentadores de um mercado de
peixe, mariscos vivos e aves na cidade de Wuhan, província de Hubei, na China. A 09 de Janeiro
de 2020 as autoridades chinesas identificaram um novo vírus da família dos coronavírus (2019-
nCoV) como agente causador da doença. A sequenciação genómica do novo vírus foi feita em
tempo recorde e partilhada a nível internacional (MISSAU, 2020).

Segundo MISAU (2020), o director-geral da Organização Mundial de Saúde declarou, a 30 de


Janeiro de 2020, a doença por novo coronavírus como uma Emergência de Saúde Pública de
Âmbito Internacional. Desde esse momento, a doença foi evoluindo a nível global obrigando
vários países a adaptarem medidas restritivas.

1
VALECUP – Curso de aperfeiçoamento: Fundamentos da Psicopedagogia. (2017)
9
Nessa onda, no dia 30 de Março de 2020, o presidente da república Filipe Jacinto Nyusi,
declarou estado de emergência em todo território nacional, com duração de 30 dias com início
às 00 horas do dia 1 de Abril até 24 horas do dia 30 do mesmo mês. Limitando assim, direitos,
liberdade e garantias e, entre as medidas restritivas adoptadas pelo decreto incluía a suspensão
das aulas em todas as escolas públicas e privadas desde o ensino pré-primário até ao ensino
superior.

O estado de emergência estendeu-se por um longo tempo o que obrigou vários estados a
adoptarem novas formas de aprendizagem relativamente do EàD, onde os alunos podem
aprender estando em casa através das várias plataformas de comunicação à distância existentes.

O MINEDH também não ficou de fora, em resposta a essa corrida e com o receio de deteriorar-
se o ano lectivo também adoptou várias formas de aprendizagem à distância com destaque a
Telescola, rádio, fichas de apoio e whatssap. Mas acontece que o país apresenta várias
dificuldades no acesso a internet, a taxa de pessoas com rádio e TV são relativamente ínfimas e a
rede de energia não é tão abrangente para todos principalmente para as zonas rurais.

2.6 Enquadramento teórico

Esta secção encarrega-se pela apresentação de teorias que concernem na discussão teórica de
alguns autores acerca das: (i) razões que influenciam no abandono escolar dos alunos; (ii) o
papel das escolas na retenção dos alunos no período da pandemia e (iii) a relação entre a
estratégia de ensino em meio à pandemia de COVID-19 e o de abandono escolar em
Moçambique.

2.6.1 Razões que influenciam no abandono escolar dos alunos em Moçambique

Entre os factores que contribuem no abandono escolar podemos encontrar os seguintes:

2.6.1.1 Factores institucionais

De acordo com GIGA (2019. P. 20) os factores institucionais podem ser considerados aqueles
que estão do lado da oferta e que se referem à capacidade de as escolas receberem os alunos e
prestarem um serviço de qualidade. Em Moçambique, factores como a falta de salas de aula, de
carteiras escolares ou o absentismo e falta de qualificações dos professores, já referidos no

10
capítulo 1.2, são muito característicos do ensino primário, estando bastante mais atenuados ao
nível do ensino secundário.
A autora acima qual a credita que neste nível das estruturas a dificuldade parece estar mais
relacionada com a quantidade de escolas e a sua concentração nos grandes aglomerados
populacionais, do que a sua construção precária ou falta de salas de aula ou mobiliário, o que faz
com que a distância à escola seja um dos motivos apontados pelo Inquérito ao Orçamento
Familiar 2014/2015 (INE, 2015) onde o motivo “a escola fica muito longe” foi indicado por 7%
das pessoas inquiridas a nível nacional e 14,2% na província de Nampula.

2.6.1.2 Casamentos prematuros

A gravidez e o casamento prematuro (antes dos 18 anos) surgem mencionadas como motivo para
a não frequência da escola em Moçambique por pessoas entre os 5 e os 24 anos no IOF
2014/2015 por 23,9% (18,4% relativos ao casamento e 5,5% à gravidez11) (INE, 2015).
UNICEF Moçambique, (2014) diz que apesar destes números não estarem desagregados por
género nem por faixa etária, o que permitiria saber qual o seu significado para raparigas a partir
dos 12 anos, é possível perceber que estes dois factores têm um peso que não deve ser
menosprezado em relação à frequência ou não da escola. Também a UNICEF Moçambique
aponta o casamento prematuro como umas das principais causas de abandono escolar entre
adolescentes, mas revela que este é reduzido em raparigas com o nível secundário de
escolaridade.
(UNESCO, 2019), acredita que globalmente, cerca de 650 milhões de raparigas e mulheres
casaram quando eram crianças ou adolescentes e Moçambique apresenta das taxas mais altas: os
dados de 2011 referem que 48% das raparigas entre os 20 e os 24 anos casou antes dos 18, sendo
este valor de 62% na Província de Nampula (Ministério da Saúde et al., 2013).
A associação entre casamento prematuro e abandono escolar é frequentemente feita no caso das
raparigas…
… em países onde o casamento na adolescência é prevalente, as
raparigas são retiradas da escola assim que alcançam a
puberdade. São apontadas barreiras à educação a partir deste
momento como o estigma, a exclusão forçada da escola, e
normas sociais e morais que as confinam às suas casas
(UNESCO, 2019).

11
2.6.1.3 Factores culturais

Para Giga (2019) Os factores culturais agrupam aqui as relações entre a educação das raparigas e
o suporte familiar, a falta de valorização da educação e as práticas tradicionais da região, neste
caso os ritos de iniciação feminina.
Os ritos de iniciação sexual surgem neste trabalho por serem frequentemente referidos como um
ponto de viragem na vida das jovens adolescentes que, após a participação nestes ritos, perdem o
interesse na frequência da escola, segundo a crença generalizada e comentada nas entrevistas
feitas no âmbito deste trabalho. Durante os ritos de iniciação, as jovens mulheres são educadas
para serem especialistas sexuais, instruídas em como seduzir e ter relações sexuais com prazer
com os parceiros masculinos que elas precisam para engravidar.

2.6.1.4 Factores económicos

Para Psaki (2015), a pobreza e as normas culturais podem influenciar tanto o casamento
prematuro como a baixa frequência escolar, o que significa que as políticas que tenham em conta
o estatuto socioeconómico do agregado familiar podem levar a melhorias na educação e na idade
do casamento simultaneamente.
UIS (2018), a pobreza está directamente relacionada com as disparidades de género na educação:
nos países de baixo rendimento as raparigas têm maior probabilidade de estar fora da escola do
que os rapazes enquanto que acontece o oposto nos países de elevado rendimento, o que é mais
acentuado para jovens em idade de frequentar o nível 2 do ensino secundário.

2.7 O papel das escolas na retenção dos alunos no período da pandemia em Moçambique

A OEI (2019, p. 16) acredita que “uma das chaves do êxito é o compromisso dos pais com a
melhoria da formação dos seus filhos, independentemente do seu nível de escolaridade”. Como
mencionado, é essencial que os pais sejam os primeiros a estar comprometidos com a educação
dos seus filhos nestas circunstâncias extraordinárias e os ajudem a adaptar-se ao ensino a
distância. O compromisso dos pais com a melhoria da formação dos seus filhos,
independentemente do seu nível de escolaridade, é realmente importante.

12
Em consonância a essa teoria o ministério de educação adaptou um método em que “os
professores, em grupos pequenos, têm ido às escolas, elaborando textos de apoio assim como
fichas de exercícios e os pais e/ou encarregados de educação são contactados para irem lá buscar
e depois fazem chegar aos seus filhos”, 2explicou a porta-voz do pelouro da Educação, revelando,
igualmente, que foi definido que uma parte do valor do apoio directo às escolas será usado para
apoiar “os alunos que não tenham capacidade de poder reproduzir essas fichas”.
Algumas escolas localmente tiveram que adoptar algumas estratégias que seriam viáveis tendo
em conta as realidades económicas das zonas rurais.
 Activação do sistema de alfabetizadores voluntários;
 Criação de trios de estudos;
 Visitas domiciliárias;
 Selecção de matérias;
 Contribuição.

2.8 A relação entre a estratégia de ensino em meio à pandemia de COVID-19 e o abandono

escolar

Desde o enceramento das actividades em Moçambique por conta da pandemia, os cidadãos têm
sido bombardeados por um grande fluxo de informações sobre a pandemia, por conta das várias
plataformas de informação existentes, isto foi criando desinformação, ou seja, informações
contrárias das que oficialmente o ministério de saúde veiculava, criando assim pânico entre os
cidadãos. Fazendo com que desconfiássemos de tudo e de todos. Em muitas zonas do país basta
uma doença que se relaciona logo com “teorias conspiratórias”, principalmente para as zonas
rurais, assim como refere SERRA (2003)…

…a crença da cólera surge em 1998, quando o governo foi acusado de


introduzir a epidemia através do cloro, usado para tratamento de água,
que segundo os populares, o governo usava-o com o objectivo de matar o
povo. (SERRA, 2003).

2
Educação em Moçambique nos tempos de COVID-19: Uma Reflexão centrada nas Escolas Rurais. Disponível em:
http://crianca.mppr.mp.br/2020/06/296/MP-DEBATE-A-nova-educacao-em-tempos-da-pandemia-de-Covid-19.html Acessado
no dia 21 de agosto de 2020.

13
A população acreditou principalmente as da zona rural que havia “disseminação da cólera para
prejudicar as populações mais vulneráveis, como outros dos males profundamente enraizados
no tecido social moçambicano, são instrumentos usados pelas massas sociais para causar
pânico” (GUNGUNHANA 2019, p. 14).

Todavia, acredita-se que as comunidades podem ter pensado que essa é mais uma das doenças
trazidas pelo governo a fim de ser proliferada pela comunidade vulnerável, o que coloca os
funcionários de estado como alvos, principalmente os professores que estão sempre em contacto
directo com a comunidade. A questão da baixa escolaridade que integra a maioria dos
moçambicanos é um dos factores que faz com que se tenha uma percepção negativa de certas
situações como a de covid-19 nas zonas rurais.

Não só, OEMESC (2020, p. 3) nos trás algumas reflexões das realidades da educação trazendo à
tona o que deve ser mudado “pós-pandemia” como:

…a pandemia tem evidenciado a desigualdade que demarca nossa


sociedade, pois, enquanto algumas crianças têm acesso à tecnologias de
ponta, possuem acesso ilimitado à internet e recebem em casa o apoio
dos pais/responsáveis, tantas outras ficam à margem deste processo, seja
pela falta de equipamento tecnológico adequado em casa, seja pelo fato
de os responsáveis dedicarem-se à outras preocupações, seja por estes
não terem a formação escolar adequada para orientá-los em relação à
realização das actividades ou, ainda, por situações de extrema pobreza e
vulnerabilidade social (OEMESC (2020, p. 3).

OEI (2019, p. 16) a UNESCO alerta para o possível aumento do abandono escolar como
consequência do encerramento dos estabelecimentos de ensino. Pode ser difícil levar alguns
jovens a regressar à escola e permanecer no sistema quando as escolas reabrirem. Esse efeito foi
observado em cidades como Filadélfia, onde os professores da University of Pennsylvania
Steimberg y MacDonald documentam num artigo na Economics of Education Review que, além
dos efeitos académicos, o encerramento dos estabelecimentos de ensino afecta o comportamento
dos alunos, aumentando as ausências não justificadas, o que, a longo prazo pode-se traduzir em
abandono.

14
Capítulo III: METODOLOGIA

Quanto ao cunho metodológico, esta pesquisa recorreu numa primeira fase para a elaboração da
pesquisa, segundo os objectivos utilizou-se uma bibliografia diversificada sobre o assunto.

3.1 Método de Abordagem

Definir a metodologia significa realizar uma escolha de como se pretende investigar a realidade,
baseando-se num problema ou numa oportunidade real de uma situação. Neste caso o método de
abordagem que se escolheu para esta pesquisa é o “Indutivo”, que se traduz através de “um
processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente
constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida das partes examinadas.
Portanto, o objectivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais
amplo do que o das premissas nas quais se basearam.”(MARCONI & LAKATOS 2003, p.86)

Partindo de base do conceito dos autores acima, se teve dados particularmente de forma aleatória
sobre a existência de pais e ou encarregados de educação que não levantavam as fichas de apoio
e exercícios para os seus filhos, esta é uma atitude questionável o suficiente para iniciar uma
pesquisa, uma vez que a estratégia de continuidade das aulas via plataformas online visava
garantir a retenção escolar dos alunos.

3.2 Método de procedimento

Estas, segundo (Marconi & Lakatos, 2003, p.221), são etapas mais concretas da investigação,
com finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos fenómenos menos abstractos.
Pressupõem uma atitude concreta em relação ao fenómeno e estão limitadas a um domínio
particular. Portanto, dada essa natureza permitiu a escolha do método de estudo de caso.

O estudo de caso é o estudo de um caso, seja ele simples e específico, ou complexo e abstracto.
O estudo de caso, quando qualitativo, se desenvolve numa situação natural, é rico em dados
descritivos, tem um plano aberto e flexível e focaliza a realidade de forma complexa e
contextualizada (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p.18).

15
Para o desenvolvimento deste trabalho, na parte referente ao estudo de caso, primeiramente será
efectuada uma visita à Instituição de Ensino para uma conversa com a Direcção da escola para
estabelecer-se os horário para evitar contradições temporais no que diz respeito ao trabalho
normal dos professores e a pesquisa.

3.3 Técnicas e instrumentos de pesquisa.

Esta parte corresponde, portanto, à parte prática de colecta de dados. Que serão usadas duas
grandes divisões: documentação indirecta, abrangendo a pesquisa documental e a bibliográfica e
documentação directa.
 Documentação indirecta - será solicitada dados de alunos do ano passado e dos presente
de classes diferentes ano para determinar-se o impacto. Fazendo uma comparação dos
alunos matriculados no ano passado com os que ainda continuam na escola no ano em
curso.
 Documentação directa – será feita observação directa extensiva e intensiva utilizando-se
entrevistas na base de formulário para a direcção da escola e também serão feitos
questionários que serão respondidos sem a presença do pesquisador pelos professores.
Os dados obtidos serão codificados de acordo com as directrizes da escola e MINEDH e serão
feitos ou resumidos em tabelas de forma resumida e simples de compreensão e caso seja
necessário, a demostração gráfica também será feita.

3.4 Instrumentos

Os instrumentos usados para esta pesquisa são os seguintes:

 Questionários
 Entrevista semi-estruturada

3.4.1 Questionário

Para ASSIS (2007, p. 29) é o instrumento ou programa de colecta de dados confeccionado pelo
pesquisador, cujo preenchimento é realizado pelo informante. Deve apresentar linguagem
simples e directa, para que o informante compreenda com clareza o que está sendo perguntado.

16
Quanto a este instrumento será usado para 23 professores da escola que por sua vez irão
preencher sem a presença do pesquisador.

3.4.2 Entrevista semi-estruturada

Conversação com a finalidade de obter determinadas informações onde o pesquisador estabelece


um roteiro não fixo de perguntas que pode sofrer alterações no todo ou em parte, no momento da
entrevista. Possibilita a colecta de dados subjectivos, além de ampliar as possibilidades de
compreensão da realidade, (ASSIS 2007, p. 29).
Este instrumento vai servir para levantamento de dados por via de entrevista para o director e
director adjunto da escola e aos pais/EE. Optou-se por este tipo, por os pais e encarregados de
educação serem elementos chaves no levantamento das fichas de apoio, todavia as perguntas
previamente feitas podem não ser suficientemente sólidas para a compreensão da realidade.

A entrevista aos visados nesta pesquisa será feita de seguinte forma:


1ªParte: estabelecimento de horário com a direcção para evitar constrangimentos
temporais;
2ª Parte: 2 dias de entrevista com o director e o director pedagógico;
3ª Parte: entrega de formulários para os professores que irão preencher em 2 dias;
4ªParte: através dos alunos localização dos pais e encarregados de educação e
estabelecimento de horário de visita para as entrevistas;
5ª Parte: 10 dias de entrevista com os pais e encarregados de educação.

3.5 Delimitação do universo

Este estudo de caso será feito na EP1 e 2 de Milange Sede fica situada na província da Zambézia,
concretamente no noroeste da capital provincial da Zambézia – Quelimane. E o Distrito de Milange
localiza-se no noroeste da Província da Zambézia, e dista 324 Km da Cidade Capital Quelimane. A
EP1 e 2 de Milange Sede é uma das Escolas que se localiza no Distrito de Milange, Posto
Administrativo Sede, na Vila municipal, Bairro um de Junho.
A EP1 e 2 de Milange Sede foi feita de tijolos e coberta com chapas de zinco, com um universo de
3045 alunos sendo: 1970 do sexo masculino e 1075 do sexo feminino distribuídos de 1ª a 7ª classes
com sessenta e sete (67) professores inclusive o Director da Escola e Director adjunto da escola.

17
3.6 Tipo de amostragem

Por conta da complexidade do tema, ou seja, por tratar-se especificamente de estudo de caso, a
escolha dos elementos deve ser transparente para evitar-se a máxima distorção das informações
sobre a qualidade e quantidade dos elementos e sem influência de factores a favor, usar-se-á
amostragem probabilista simples, assim como refere Marconi & Lakatos, (2013. P. 224), que
baseia-se na escolha aleatória dos pesquisados, significando o aleatório que a selecção se faz de
forma que cada membro da população tinha a mesma probabilidade de ser escolhido. Esta
maneira permite a utilização de tratamento estatístico, que possibilita compensar erros amostrais
e outros aspectos relevantes para a representatividade e significância da amostra.

3.7 Selecção da amostra

No que diz respeito a amostra foram seleccionados através dos alunos das 6ª e 7ªs classes, 60
pais e encarregados de educação para perceber-se o real motivo do problema abarcado na
pesquisa, a director da escola e o seu adjunto, por fim os professores que leccionam essas classes
como se pode observar na tabela a seguir.

Tabela 1 -- Selecção da amostra


Elementos M H HM
Director da escola 0 1 1
Director pedagógico 0 1 1
Professores da 6ª a 7ªs classes 11 12 23
Pais e encarregados de educação 10 10 20
Total 21 24 45
Adaptado pelo autor

18
Capítulo IV: APRESENTAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

Neste capítulo são apresentados os resultados e as análises dos dados colectados na base das
questões formuladas, com o objectivo de descrever e analisar o impacto das estratégias de ensino
usadas durante o período de pandemia de covid-19. Os resultados obtidos referem-se a
caracterização do impacto da estratégia escolhida pela escola de acordo com o contexto local, a
aderência pelos pais/EE e alunos, a sua eficácia para o contexto local e as implicações para
abandono escolar. Desde já estes dados foram colhidos minunciosamente na base da metodologia
apresentada no capítulo anterior.

4.1 Sobre as estratégias de EàD em período da pandemia

De acordo com a entrevista aplicada aos directores da escola e pedagógico, afirmam que a escola
simplesmente militou pela estratégia de produção semanal de fichas que posteriormente eram
levantadas pelos pais/encarregados de educação e, em alguns casos pelos próprios alunos mas
que a escola apenas permitia para aqueles acima de 12 anos. O director da escola justifica a
escolha desta modalidade que,

… olhando para as implicações económicas e sociais que a


Covid-19 nos sujeitou, e considerando que estamos a operar
dentro duma comunidade distante do uso das novas tecnologias
muito menos tem a rede nacional de energia, achamos melhor
usar a modalidade que nos foi mutuamente afectiva e
financeiramente favorável, falo da produção semanal de fichas
para que posteriormente os pais levantassem, (DIRECTOR DA
ESCOLA).
Para o director pedagógico, esta foi uma escolha eficaz e oportuna do ponto de vista local
evitando desencadear uma educação desigual.

Adicionalmente o questionário aplicado aos 23 professores, para essa questão da estratégia


escolhida, 100% deles manifestaram na opção da produção e levantamento de fichas, que era a
escolhida e a viável para o contexto da localização da escola. Este último comentário
automaticamente responde a questão 1.2, a de estratégia viável.

Em relação a pergunta 1.3, ligada ao nível da aderência da modalidade escolhida, a direcção e


100% dos professores afirmam que mesmo que tenha sido favorável para o contexto local, no
princípio os pais/encarregados e alunos que levantavam as fichas, não chegavam 20 por turma,

19
considerando que em média da 1ª a 7ª classes as turmas eram compostas por 67 alunos. Para a
pergunta 1.4, que indaga o desafio do EàD, diante da direcção, afirma não ser uma tarefa fácil
manter um contacto com os alunos a distância assim dizendo que…

…os nossos professores não foram formados para uma educação


sem cara a cara, diante desta situação não nos resta mais nada
que encarrar essa realidade, agora estamos a sentir que
futuramente serão necessárias na educação contínua, abordagens
de ensino usando várias plataformas e modalidades, (DE).
Comungado pelo director adjunto pedagógico na qual afirma que, nos seminários sempre que
falassem de métodos de ensino à distância nunca deu muita importância, uma vez que trabalhou
sempre presencialmente, não via a necessidade de dar atenção, mas agora entende que nenhuma
aprendizagem é desnecessária.

Para 21 elementos correspondente a 90% dos professores afirmam não ser fácil a tarefa de criar
ficheiros para aluno que já estava habituado a ter aulas presenciais, considerando que essas
fichas devem ser auto-explicativas para facilitar a compreensão dos alunos. Os (2)
correspondentes a 10% dos professores, acharam isso como um desafio que se podia ultrapassar
e encarraram como uma oportunidade de aprendizagem.

A pergunta 1.5, acerca da opinião da direcção sobre o EàD, afirmam ser muito interessante mas
que para realidade de algumas famílias moçambicanas, julgam por hora, não ser aplicável
justificando que,

…aqui onde trabalhamos os pais/encarregados de educação


poucos são alfabetizados e economicamente fracos, muitos deles
não conhecem informática e sequer um dia tiveram um
smartphone muito menos sabem o que é isso, e foi um dos
aspectos que nos levou a optar a 100% pela modalidade de
produção de fichas de apoio e exercícios, (DAP).
Para o director da escola, afirma que a partir desse momento passará a respeitar os professores
que trabalham na modalidade de EàD, pois sentiu muito desafiado, aprendeu um pouco mais e
abriu-lhe mais uma curiosidade pedagógica em aprender mais sobre a Educação à Distância. Mas
acredita que essa modalidade se se estendesse um pouco mais, a taxa do abandono seria
imensurável afirmando que,

20
…eu às vezes tenho ido ao domicílio para mobilizá-los a
voltarem para a escola nas vezes que esses abandonam ajudando
os pais nas actividades domésticas… imagine agora com o
distanciamento social onde o professor fisicamente deve se
manter longe deles…? Realmente para eles é uma oportunidade
de desfazerem-se da escola, e é desde já, nossa responsabilidade
mantê-los no sistema, esse é o real e enorme desafio para nós,
(DE).
A posição do director da escola é de quem acredita que com a pandemia as chances dos alunos
abandonarem sejam maiores pela experiência que tem com as crianças da zona rural. E é uma
das estratégias que o director adapta para garantir a permanência dos alunos na escola em tempos
diferentes deste, o que quer dizer, com a situação da pandemia, esta por hora não é uma opção
aplicável.

Gráfico 1 -- Opinião dos professores sobre a modalidade do EàD

Frequencia Não Sim

Inaplicável para criancas do Ensino primario 35%


modalidade do EaD

Seria preciso preparar o público alvo primeiro


O que acha sobre a

48%
Aplicável para as zonas rurais 100%

É possivel as crianças adaptarem-se 17%


Não aplicável para as zonas rurais 35%
Uma modalidade complicada 52%
Uma modalidade complexa 35%

Adaptado pelo autor

Dos (8) correspondentes a 35% dos professores que preencheram o questionário, afirmam que o
Ensino à Distância é uma modalidade complexa e complicada que, não devia ter sido aplicada a
crianças do ensino primário muito menos para uma zona rural, para 17% concorda que a
modalidade seja complicada mas partem do princípio que não se podem subestimar as
capacidades de aprendizagem da criança, apesar de serem alunos que se encontram em um
ambiente rural, podem muito bem se adaptar. Para 48% a modalidade do EàD precisa de um
certo preparo do público a quem é dirigido, no entanto se nem o professor foi preparado para isso,
muito menos o aluno terá a aprendizagem esperada e automaticamente esse se desmotivará com
risco de abandonar o sistema.

21
Com os dispostos acima, percebe-se que estamos diante de uma zona remota com recursos
totalmente limitados do ponto de vista das opções de plataformas de ensino em período de
pandemia. E ainda isso nos leva a confirmar que essa escola não teve opção na escolha das
plataformas de ensino para o período de pandemia além de fichas e exercícios de apoio. Os
professores não só, não foram formados para essa modalidade de ensino, mas também isso os
colocou diante de um grande desafio, e que tiveram que se adaptar num curto período tempo.

4.2 Acerca da retenção dos alunos no período da pandemia

Tabela 2 -- Alunos por classe e que permaneceram na escola para o ano subsequente 2020-2021.
Classes Frequência
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª H M H/M %
Alunos por classe ano 2020 200 200 200 262 200 400 * 812 650 1462 100
Alunos por classe ano 2021 * 190 185 191 218 160 371 800 515 1315 90
Fonte: EPC de Milange. (*) A 7ª classe do ano 2020 passou para o ensino secundário e a 1ª classe do ano 2021
é nova, por isso não poderam fazer parte da permanência da escola.

A tabela acima apresenta o número de alunos que permaneceram e os que não para classes
subsequentes. Para a 1ª classe, dos 200 alunos do ano 2020 apenas permaneceram para 2ª classe
191 para o 2021, o que faz uma taxa de 4% de abandono, a 2ª classe teve 200 alunos em 2020 e
caiu para 185 alunos para 3ª classe do ano 2021, o que faz uma taxa de 7,5% e a 3ª classe que em
2020 teve igualmente 200 alunos permaneceram 190 alunos para 4ª classe em 2021 o que faz
uma percentagem de 4,5% de abandono.

Para a 4ª classe, dos 262 alunos do ano 2020, apenas permaneceram para 5ª classe 218 para o ano
2021, o que faz uma taxa de 17% de abandono, a 5ª classe teve 200 alunos em 2020 e caiu para
160 alunos para 6ª classe do ano 2021 o que faz uma taxa de 20% e a 6ª classe que em 2020 teve
igualmente 400 e alunos permaneceram 371 alunos para 7ª classe em 2021 o que faz uma
percentagem de 7%. Em média a taxa de abandono do ano passado para o corrente ano é de 10%.
Estes resultados respondem as perguntas 2.1 e 2.2 sobre os alunos que permaneceram para classe
subsequente.

Esses dados nos dão a perceber que a escola perdeu significativamente 147 alunos que faz uma
taxa de abandono igual a 10%. Esta taxa é muito significativa para escola, uma vez que a escola
tem feito uma mobilização contínua dos alunos e aos pais/encarregados de educação.

22
Em relação as formas de supervisão o director da escola afirma não ter qualquer tipo de
avaliação para os educandos porque as estratégias estão cheias de incertezas, e para além de que
teria que se adaptar uma forma de controlo presencial. Para os 100% dos professores também
respondem que não havia nenhuma forma de supervisão.
Acreditamos que um dos grandes factores que tanto contribuiu para a abandono dos 10% de
alunos é factor supervisão da parte dos professores, principalmente como trata-se a maioria de
crianças abaixo de 12 anos, é sempre necessário a mobilização contínua e supervisão,
principalmente aquelas cujos pais/encarregados de educação não são alfabetizados, a pressão
sobre os seus filhos acerca da escola pode ter sido muito menor.
Para a pergunta 2.4 acerca da existência de situações de abandono escolar o director da escola
refere que infelizmente este é um dilema nacional do ponto de vista cultural e socioeconómico
dizendo que,
Olha, esse não é um problema simplesmente local, esse é um
problema do nível global e os factores são vários, mas para o
nosso contexto os factores são óbvios, muitos dos
pais/encarregados de educação qui são pobres e eles vêm os
filhos como recurso ou mais reforço para as suas actividades de
renda submetendo os a trabalhos domésticos como ajuda nas
machambas, venda de alguns produtos da machamba, para as
raparigas usam como recurso levando as para casamentos
prematuros para ajudar nas despesas da família ou mesmo para
descongestionar, (DE).
O DAP, por sua vez afirma que não só, alguns os pais/EE usam os seus filhos como recursos ou
reforço nas actividades como também não os incentivam a ir a escola alegando que a escola é
coisa de famílias abastadas, as famílias cujas suas origens são desfavorecidas não têm a menor
das oportunidades de se tornar alguém. Adicionalmente acrescenta que,
… pior agora com a situação da covid-19 que nem podemos
fazer supervisão, se antes os pais/encarregados de educação não
podiam mobilizar muito menos agora o farão, e a probabilidade
de já aproveitar a presença inteira da criança em casa para
submetê-las a trabalhos domésticos é cada vez maior, (DAP).
Os 18 professores, correspondente a 80%, igualmente acreditam que factor da falta de
mobilização é a principal causa das desistências e 20% acreditam nos factores de falta de
mobilização e envolvimento nos trabalhos domésticos.

Ligada a pergunta 2.5 que indagava a frequência de levantamento das fichas de apoio pelos pais-
encarregados de educação, o director da escola juntamente ao pedagógico, afirmam não ter sido

23
fácil no princípio, que o número dos pais-encarregados que levantavam as fichas era
extremamente menor. Pode-se perceber melhor com o gráfico a seguir.

Gráfico 2 -- Frequência de levantamento das fichas por classe

Antes Depois

52 54

39 40

23 20 20 20

4ª 5ª 6ª 7ª

Adaptado pelo autor

O gráfico representa a frequência de levantamento das fichas assim como demonstra no gráfico o
levantamento das fichas era moroso, ou seja, para uma escola que em média tinha 67 alunos por
turma, os pais/encarregados de educação que levantavam as fichas em média não passavam dos
20 por turma., Esse cenário veio a mudar que depois em média por turma não passava de 45 por
turma de pais-encarregados de educação que levantavam as fichas de apoio, isso deveu-se a
aplicação de estratégia coordenada da escola.
A questão 2.6 acerca da razão do fraco levantamento das fichas, o (DE) afirma que a comunidade
quando acompanhou sobre o confinamento advindo de covid-19, todos os pais/encarregados de
educação ficaram assustados argumentando que:

…não é um segredo que a comunidade principalmente as menos


informadas, acredita que o governo introduz epidemias desde a
cólera, com o objectivo de matar os desfavorecidos… agora
covid-19 mal que começou a comunidade iniciou com
desconfianças, até mesmo nós professores, já não éramos bem
vistos, acreditavam que fazíamos parte da disseminação da
pandemia, (DE).
O DAP, igualmente argumenta que basta uma pandemia que logo criam uma teoria de
conspiração contra as famílias desfavorecidas, e acredita que a falta de informação e
alfabetização em particular, seja o factor principal.

24
Igualmente (9) professores correspondentes a 39%afirmam que, no princípio da covid-19 os
pais/encarregados de educação „ tinham medo, (7) professores correspondentes a 30,5% afirmam
que alguns pais era mesmo uma questão da falta de compromisso pela educação dos filhos e por
último (7) também correspondentes a 30,5% afirmam que era desconfiança não só, dos
professores mas também a qualquer um, uma vez que eram bombardeados diariamente com
especulações cada dia diferentes. Hora como se vê, essa realidade mostra que os PEE tinham
medo de aproximarem-se a escola alegando que os professores eram agentes da disseminação da
pandemia, e eis a razão de aderência em termos de levantamento de fichas ter sido fraca.

Essa realidade que nos é apresentada pela escola nos leva a nos recordarmos dos linchamentos e
assassinatos aos líderes nas províncias do centro e norte, com as desculpas os líderes eram
responsáveis pela disseminação da cólera e a história de chupa-sangue.

[…] a história de Chupa-sangue pode ter nascida entre 1974 e


1975, na Província da Zambézia (centro de Moçambique), numa
época pós-colonial, em que grupos dinamizadores se formavam
para fazer face aos problemas de saúde. Nessa altura, nasce o
boato de que aqueles grupos iriam chupar sangue às pessoas,
mas que na verdade eram campanhas de vacinação e doação de
sangue. Porém, 1978/79 que a crença se vai desenvolver
plenamente nas comunidades rurais da Zambézia, numa altura
em que o governo no poder procurava criar um Homem Novo,
em que as tais campanhas de vacinação e de doação de sangue
tiveram sua efetivação, (SERRA, 2003, p. 51).
Nesta senda, trata-se de uma questão em que a escola era desafiada a carregar duas
responsabilidades grandes que são: (i) informar oficialmente a comunidade e convencer que se
tratava de uma doença real e que qualquer um podia contrair; (ii) mobilizar os pais/encarregados
de educação a aderirem a estratégia de ensino em período de pandemia.

Portanto as plataformas de comunicação jogam um papel muito importante na disseminação de


informação, porque obviamente o factor alfabetização pode ser preponderante, mas a informação
dada através de meios disponivelmente oficiais é mais importante, principalmente para as zonas
rurais, mas infelizmente algumas das zonas remotas, ainda funcionam as formas rudimentares de
comunicação, (informação dada de boca em boca).

25
Para questão 2.7, em relação as alternativas que foram criadas para contornar a situação do fraco
levantamento de fichas dos pais/encarregados de educação, o DE e o DAP, afirmam que tiveram
que envolver uma estratégia coordenada intersectorial como por exemplo:

 Envolvimento de profissionais de saúde;


 Envolvimento das autoridades locais e líderes comunitários;
 Envolvimento dos membros do Conselho da Escola, representantes dos pais e a
comunidade.

Para o director da escola, esta estratégia coordenada permitiu com que os pais/encarregados de
educação tivessem:

 Mobilização para que aderissem a estratégia;


 Informação clara a cerca das especulações;
 Informações sobre a prevenção e sintomas da covid-19.

Para o DAP, essa estratégia melhorou a percentagem de pais/encarregados que levantavam as


fichas, da média dos 20 por turma passou para uma média de 45 pais/encarregados de educação
que levantavam as fichas por turma. Alguns alunos com acima de 12 anos passaram igualmente a
levantar.

4.3 Acerca da alfabetização dos pais e encarregados de educação

Esta secção é referente aos pré-requisitos dos pais/encarregados de educação em termos da


valorização da escola ou mesmo entendimento da sua importância para influenciar aos filhos ou
seja, quanto mais os pais/encarregados de educação forem alfabetizados, maiores são as chances
de influenciarem a aprendizagem dos filhos.

26
Gráfico 3 -- Situação da alfabetização dos pais/encarregados de educação

Sem escola 76
Formação profissional 2
Ensino superior 0
De 11ª a 12ª Classe 3
De 8ª a 10ª Classe 2
De 6ª a 7ª Classe 10
De 1ª a 5ª Classe 7

0 10 20 30 40 50 60 70 80
Frequencia percentual

Adaptado pelo autor

Dos pais/encarregados de educação entrevistados 76% revelarem-se sem alfabetização, isso


significa que esses não podem dar apoio nas lições das fichas e exercícios de apoio, a
probabilidade desses também não influenciarem ao gosto pela escola é igualmente maior.
Julgando pelo nível de estudo, estamos diante de 18% de pais/encarregados de educação que
podem ser capazes de influenciar a aprendizagem dos seus filhos, e 7% podem não ser capazes
de influenciar na aprendizagem mas podem influenciar no gosto pela escola e mesmo entender a
sua importância e capaz de darem força levantando as fichas.

Esse dado fez parte da pesquisa por se acreditar que muitos dos pais/encarregados de educação,
podem não dar tanta importância a escola se não tiverem passado por alguma experiência escolar
e, os que passaram podem influenciar os filhos por conhecerem a importância da educação
escolar. E com certeza fez todo sentido muitos dos pais que no princípio não levantavam as
fichas de apoio a maioria não é alfabetizada.

4.4 Acerca da pessoa que dá apoio com as fichas de apoio e os exercícios aos alunos

Acredita-se que para além de alguns pais/encarregados de educação darem apoio aos filhos nas
lições, igualmente alguns membros da família também podem o fazer, desde que tenham sido
alfabetizados, portanto esse dado foi importante para buscar a informação sobre quem de forma
alternativa pode dar apoio se os pais não podem.

27
Tabela 3 -- Responsável pelo apoio com os exercícios.

Frequência
Ordem Responsál pelo apoio No. %
1 Pai 3 15
2 Mãe 0 0
3 Irmão/a 2 10
4 Primo/a 0 0
5 Tio/a 0 0
6 Explicador particular (Contratado) 0 0
7 Nenhum 15 75
Adaptado pelo autor

Dos pais/encarregados que participaram na pesquisa 15% assumem que pessoalmente dão apoio
com os exercícios e fichas de apoio e, para além de que nas lições também têm dado, ao passo
que 75% afirma que ninguém dá apoio aos seus filhos, e por último 10% são irmãos. Portanto
estamos diante de pais/encarregados de educação que não têm muita alternativa quanto ao apoio
que os filhos podem receber.

4.5 Acesso a informação dos pais/encarregados de educação

Acredita-se que o acesso a informação dos pais/encarregados de educação seja um pré-requisito


para adesão às estratégias de aprendizagem à distância, ou seja, aceitação do novo para
indivíduos com acesso de informação limitado é pouco provável.

Gráfico 4 -- Acesso a informação dos pais/encarregados de educação

Nenhum 30
Energia eléctrica 0
Computador/Laptop/Tablet 0
SmartPhone (Android) 10
Televisão, 0
Rádio, 60
0 10 20 30 40 50 60

Frequencia percentual

Adaptado pelo autor

Os dados acima nos mostram uma realidade lamentável em relação ao acesso a informação, essa
escola localiza-se numa zona relativamente remota e sem a rede nacional de electricidade,
portanto nenhum pai dispõe de televisão e muito menos computador. Um dado importante é de

28
60% dos pais/encarregados de educação dispõem de receptor de rádio, o único constrangimento é
que para o fazer funcionar é necessário que tenham pilhas.

4.6 Sobre as opiniões dos pais em relação as estratégias de ensino

Os pais que fizeram parte da pesquisa, para a questão 5.1 acerca do levantamentos das fichas, 70%
assumem não ter levantado nos primeiros dias, inclusive um dos pais argumenta que,

nos primeiros dias eu não ia levantar nenhuma ficha, porque


circulava uma informação que não podíamos confiar em
ninguém e os professores estavam entre aquelas pessoas
desconfiadas na comunidade e, pensávamos que eles
disseminavam a doença para as populações pobres.. mas depois
que os agentes do posto de saúde do posto administrativo
vieram e falaram sobre como nos prevenirmos de coronavírus,
começamos a confiar nos professores e eu comecei a levantar as
fichas, (PEE09).
Este pai não só afirma que não levantava no princípio, mas também afirma que circulava
informação de que os professores eram os agentes da disseminação, e é óbvio que desencorajava
o filho também a não confiar no professor o que consequentemente levaria o filho a abandonar a
escola sem precedentes. Mas os 40% confirmam que levantavam desde o princípio.

Em relação a questão número 5.2 que indagava sobre a frequência do levantamento das fichas
100% dos pais/encarregados de educação afirmam que, depois que se resolveu a confusão da
falta de confiança nos professores, mesmo assim não levantavam com muita frequência por conta
das suas actividades diárias, portanto essa faz única dificuldade que os pais/encarregados de
educação alegam como entrave no levantamento das fichas, o que automaticamente responde a
questão no 5.3, a de dificuldade no levantamento das fichas de apoio.

Esses dados nos conduzem ao entendimento da grande influência que os pais/encarregados de


educação tiveram no fraco levantamento das fichas, mas também, o factor acesso a informação
pontual que muitas das comunidades rurais carecem. Muitos dos pais nas zonas rurais não
valorizam tanto a educação escolar dos filhos isso pode-se perceber pelos dispostos acima em
que os pais/encarregados de educação afirmam não ter levantado fichas por conta das suas
actividades diárias.

29
Capítulo V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1 Conclusões

A presente pesquisa desenvolveu-se no sentido de “Analisar o impacto das estratégias de ensino


usadas durante o período de pandemia de covid 19 na EPC de Milange – Zambézia,” tendo em
conta o trabalho de campo realizado, a pesquisa concluiu que devido à influência da cultura local
e ao perfil dos pais e/ou encarregados de educação dos alunos que frequentam naquela instituição
de ensino, nem sempre têm o hábito de dar um acompanhamento aos seus educandos. Portanto
com a situação actual de confinamento por causa da covid-19, veio a piorar esse comportamento.

Muitos dos pais/encarregados de educação nessa comunidade não mantêm um compromisso


sólido com a educação dos filhos, priorizam mais as suas actividades diárias em detrimento dos
estudos dos seus filhos, este factor deve-se a falta de alfabetização e ao fraco acesso a
informação dos mesmos. Estes aspectos ocasionaram o fraco levantamento das fichas de apoio e
exercícios para os educandos, para os que totalmente não chegaram a levantar as fichas, os seus
filhos abandonaram de vez a escola e, muito menos renovaram a matrícula para o ano
subsequente.

A estratégia escolhida de levantamento de fichas de apoio e exercícios para aquela escola, foi
oportuna e viável para a realidade local, porém, a adesão é que se demonstrou fraca no princípio,
as outras estratégias para além dessa, não eram uma opção pensável para esta comunidade, o que
favoreceu a isso, são várias razões como por exemplo: fraco acesso a informação dos pais, falta
de cobertura da rede de electricidade nacional, fraca renda dos pais/encarregados de educação e
fraco acesso à informação.

A situação cultural que caracteriza a comunidade onde essa escola se encontra é praticamente de
difícil moldagem, quando se trata de aceitação de algo novo, ou seja, para que uma comunidade
com dificuldades de acesso à informação pontual aceite uma situação nova, é preciso um grande
processo. Geralmente a informação deve vir de fontes oficialmente orais, através dos líderes
locais, mas mesmo com isso quando se trata de epidemias ou pandemias até mesmo as
autoridades locais são desconfiadas de serem agentes que disseminam a doença. Esta realidade
fez com que os professores tivessem muita dificuldade em convencer os pais/encarregados de

30
educação a aderirem ao levantamento das fichas de apio e exercícios, o que resultou em
abandono escolar de 147 alunos, dos quais 135 são mulheres e 12 homens.

Não deve ser uma novidade que a taxa entre as mulheres seja alta, nas zonas rurais ainda
prevalece o paradoxo cultural de diferenciação do papel, onde para as mulheres lhes cabem as
tarefas de domínio doméstico, onde consequentemente também a prática de casamentos
prematuros é um caso recorrente.

O factor supervisão também teve o seu contributo neste processo, a estratégia de levantamento
de fichas de apoio e exercícios não envolvia nenhuma forma de avaliação, ou seja, o mínimo que
se devia fazer era de se corrigir os exercícios dados aos alunos, para no mínimo os alunos
sentirem a presença do professor, do mesmo jeito que os pais levantavam as fichas de apoio e
exercícios, também no mesmo acto deviam portar consigo os exercícios dados anteriormente
para o professor poder os corrigir.

Os alunos sempre gostam que o professor corrija aquilo que fizeram nos exercícios
principalmente os alunos com idade abaixo de 12 anos, é sempre necessário a mobilização
contínua e supervisão, principalmente aquelas cujos pais/encarregados de educação não são
alfabetizados, a pressão sobre os seus filhos acerca da escola é menor. O factor supervisão
contribui na motivação dos alunos, porém, isso levou a muitos alunos a não valorizarem esse
forma de ensino e consequentemente desmotivados para continuar a estudar.

Mas com a estratégia coordenada adaptada pela escola que envolvia a parceria entre a escola, a
liderança comunitária local e os agentes de saúde do posto administrativo, levou a escola a ter
essa taxa de abandono não superior a 10%. Porque teve que recuperar alguns dos alunos cujos
encarregados outrora não levantara as fichas por alegação de que não devesse confiar nos
professores que igualmente seriam agentes de disseminação da pandemia de Covid-19.

31
5.2 Recomendações

Tendo em conta as conclusões acima apresentadas, a pesquisa considera que as estratégias


colocadas em acção para continuação da aprendizagem a distância são situacionais com várias
lacunas e, há muito que se fazer para garantir aprendizagem válida e a retenção dos alunos, daí
que a pesquisa recomenda:

 Capacitação dos professores nas matérias de ensino à distância para acentuar as


possibilidades de gestão de uma turma a distância;
 Adopção de formas de supervisão para quaisquer que sejam as formas de ensino para
garantir que os alunos sintam a presença do professor e isso garanta igualmente a sua
permanência no sistema;
 Que se adaptem medidas coordenadas para a divulgação de informações pertinentes,
como envolvimento de uma brigada provincial ou distrital e não deixar-se simplesmente
na responsabilidade das autoridades locais;
 A escola deve criar capacitação de alguns membros voluntários da comunidade para dar
apoio aos alunos com dificuldades fora do ambiente escolar como por exemplo
(alfabetizadores voluntários), isso criará pais e encarregados de educação preocupados
com a educação dos filhos;
 Envolver os pais/encarregados de educação na concepção das ideias sobre a continuidade
de educação em tempos de emergência para evitar discrepância de ideias.

32
5.3 Referências Bibliográficas

ALARCÃO, I. & TAVARES, J. (1987). Supervisão da prática pedagógica. Uma Perspectiva de


Desenvolvimento e Aprendizagem. Editora . Almedina. Coimbra:

ÁLVARES, M. & ESTÊVÃO, P., (2012). Do que falamos quando falamos de abandono
escolar. Centro de Investigação e Estudos de Sociologia CIES-IUL.
ASSIS, M. C. (2007): Metodologia Do Trabalho Científico. São Paulo: ed. Atlas.
BENAVENTE, A. et al.. (1994). Renunciar à Escola: O Abandono Escolar no Ensino Básico.
Fim do Século. Lisboa.
BOLETIM DA REPUBLICA: (2020). Decreto Presidencial No. 11/2020, PUBLICACAO
OFICIAL DA REPUBLICA DE MOCAMBIQUE, SERIE NUMRO 61 30 DE MARCO.
Maputo.

BORDENAVE, J. D.; PEREIRA, A. M. (1998). Estratégias de ensino-aprendizagem. Petrópolis:


Ed. Vozes,
CANAVARRO, J. (2003). A Sociedade, o Estado, e o Sistema de Educação e Formação numa
Perspectiva ao longo da vida – algumas notas reflexivas em torno dos conceitos de
competências base e de novas competências. Psychologica Coimbra.
CHIPOSSE, falta inicial de nome, (2020). Educação em Moçambique nos tempos de COVID-
19: Uma Reflexão Centrada nas Escolas Rurais. Disponível em:
http://www.jornaltxopela.com/category/opiniao Acessado no dia 10/02/2021
Ed. Summus,

FONTAINE, A. M., (1990). – Motivation pour la Réussite scolaire. Lisboa : INIC.

GARCIA, falta inicial de nome et al. (2000). Estranhos, Juventude e dinâmicas de exclusão
social em Lisboa. Oeiras, Celta..
JUSTINO, D, (2010). Difícil é educá-los. Lisboa, Colecção Ensaios da Fundação, FFMS -
Fundação Francisco Manuel dos Santos.
MASETTO, M. T. (2003). Competência pedagógica do professor universitário. São Paulo:
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, (2020) Plano Nacional de Preparação e Resposta a
Pandemia do Covid-19. MINISTÉRIO DE SAÚDE, MAPUTO,.

33
Rodrigues, R. C. (2005). Estratégias de Ensino e Aprendizagem para Modalidade de Educação
à Distância. Faculdade Sumaré. Disponível em: [email protected] a cessado no dia 26
de Março de 2021.
TAVARES, J.; ALARCÃO, I. (1990).– Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem.
Coimbra: Livraria Almedina,
UNICEF-MOÇAMBIQUE, (2020). Os impactos da COVID-19 nas crianças em Moçambique -
COVID – 19 Nota Política No 01.
VALECUP, (2017). – Curso de aperfeiçoamento: Fundamentos da Psicopedagogia.

34
5.4 ANEXOS

Formulário de entrevista para pedagógico e director da escola.

Este formulário tem como objectivo, recolher informação por meio de entrevista para a realização de um
Trabalho de Conclusão de Curso (monografia) norteado pelo tema (Impacto das estratégias de ensino no tempo de
pandemia de covd 19 em Moçambique. Caso EP1 e 2 de Milange - sede.) para obtenção do grau de Licenciatura do
curso de Pedagogia. A população "alvo" é a EP1 e 2 de Milange - sede. Os dados fornecidos são absolutamente
confidenciais e anónimos e serão exclusivamente utilizados para fins de investigação científica.

Agradece-se, desde já, o seu contributo!

Nos quadros a seguir, (1) correspondem a verdade e (0) nos que não correspondem.

1. Sobre as estratégias de ensino


1.1 Das estratégias que o MINEDH adoptou para o ensino no tempo de pandemia, qual das plataformas a escola
optou?

______________________________________________________________________________________

1.2 Qual foi o nível de aderência da plataforma adoptada?

_______________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________

1.3 Na sua opinião, para além da plataforma adoptada pela direcção, qual delas achou a mais viável?
_______________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________

1.4. Qual é sua opinião acerca de do Ensino a Distância?


_______________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
1.5. Qual foi o seu maior desafio no ensino no período de pandemia?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________

2. Acerca da retenção dos alunos em tempo de pandemia

2.1. Quantos alunos foram matriculados no ano passado? (_____________).


2.2. Será que renovaram todos os matriculados no ano passado? (_________________)

35
2.3. A escola tem uma forma de supervisionar os alunos? (__________________)
2.3.1. Se sim, de que forma fazem a supervisão?

_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

2.4. A escola tem tido situações de abandono escolar? (_____________)


2.4.1. Qual tem sido o factor principal de abandono escolar? (__________________)

2.5. Dada a realidade financeira diferenciada dos pais encarregados de educação a estratégia das fichas e tem sido
eficaz para os alunos dessa escola?

_______________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________

2.6. Os pais e encarregados de educação têm levantado as fichas de apoio?

_______________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________

2.7. Se não levantam qual tem sido a dificuldade?

_______________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________

2.8. Já localmente criaram alternativas para contornar essa situação?

_______________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________

36
Formulário de entrevista para os pais e encarregados de educação da escola.

Este formulário tem como objectivo, recolher informação por meio de entrevista para a realização de um
Trabalho de Conclusão de Curso (monografia) norteado pelo tema (Impacto das estratégias de ensino no tempo de
pandemia de covd 19 em Moçambique. Caso EP1 e 2 de Milange - sede.) para obtenção do grau de Licenciatura do
curso de Pedagogia. A população "alvo" é a EP1 e 2 de Milange - sede. Os dados fornecidos são absolutamente
confidenciais e anónimos e serão exclusivamente utilizados para fins de investigação científica.

Agradece-se, desde já, o seu contributo!

Nos quadros a seguir, (1) correspondem a verdade e (0) nos que não correspondem.

1. Acerca da alfabetização dos pais e encarregados de educação

Frequencia
Educação dos Pais/EE
(1) ou (0)
De 1ª a 5ª Clases
De 6a a 7a Classes
De 8a a 10a Classes
De 11ª a 12ª Classes
Ensino superior
Formação profissional

2. Acerca da pessoa que da apoio com as fichas de apoio e os exercicios aos alunos

Frequência
Ordem Responsável pelo apoio
(1) ou (0)
1 Pai
2 Mãe
3 Irmão/a
4 Primo/a
5 Tio/a
6 Explicador particular (Contratado)
7 Nenhum

37
3. Sobre a acesso a informação

Frequencia
Itens na posse dos Pais/EE
(1) ou (0)
Rádio,
Televisão,
SmartPhone (Android)
Computador/Laptop/Tablet,
Energia eléctrica

5. Sobre as apiões dos pais em relação as estratégias de ensino

5.1. Sempre recolheu as fichas de apoio e de exercícios para os seus filhos?

_______________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________

5.2. Com qual frequência recolheu?

_______________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________

5.3. Alguma dificuldade no levantamento das fichas apoio e exercícios?

_______________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________

38
Formulário de questionário para os professores da escola.

Este formulário tem como objectivo, recolher informação através de questionário para a realização de um
Trabalho de Conclusão de Curso (monografia) norteado pelo tema (Impacto das estratégias de ensino no tempo de
pandemia de covd 19 em Moçambique. Caso EP1 e 2 de Milange - sede.) para obtenção do grau de Licenciatura do
curso de Pedagogia. A população "alvo" é a EP1 e 2 de Milange - sede. Os dados fornecidos são absolutamente
confidenciais e anónimos e serão exclusivamente utilizados para fins de investigação científica. Peço-lhe, assim,
que seja o mais rigoroso possível no seu preenchimento.

Agradece-se, desde já, o seu contributo!

Nos quadros a seguir, (1) correspondem a verdade e (0) nos que não correspondem.

1. Sobre as estratégias de ensino


1.1. Das estratégias que o MINEDH adoptou para o ensino no tempo de pandemia, qual das plataformas a escola
optou?

 Whatsaap?  Transmissão de aulas pela rádio?


 Facebook?  Telescola?
 Website?  Fichas de apoio e exercícios?

1.2. Qual foi o nível de aderência da plataforma adoptada?


_______________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________

1.3. Na sua opinião, para além da plataforma adoptada pela direcção, qual delas achou a mais viável?
_______________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________

1.4. Qual é a sua opinião acerca de do Ensino a Distância?


_______________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
1.5. Qual foi o seu maior desafio no ensino no período de pandemia?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________

39
2. Acerca da retenção dos alunos em tempo de pandemia

2.1. Quantos alunos foram matriculados no ano passado? (_____________).


2.2. Será que renovaram todos os matriculados no ano passado? SIM NÃO
2.3. A escola tem uma forma de supervisionar os alunos? SIM NÃO
2.3.1. Se sim, de que forma fazem a supervisão?

_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

2.4. A escola tem tido situações de abandono escolar? SIM NÃO


2.4.1. Qual tem sido o factor principal de abandono escolar?

Envolvimento das crianças em Trabalhos Casamentos prematuros


domésticos
Falta de mobilização
Falta de interesse
Outro

2.5. O que a escola fez para além das plataformas adoptadas pelo MINEDH, para retenção dos alunos?

_______________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________

2.5.1. Se fez alguma coisa qual foi o resultado?

_______________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________

2.6. Qual foi o papel do Conselho da Escola - CE nesse processo de retenção?

_______________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________

2.7. Dada a realidade financeira diferenciada dos pais encarregados de educação a estratágia das fichas e tem sido
eficaz para os alunos dessa escola?

_______________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________

2.8. Os pais e encarregados de educação têm levantado as fichas de apoio?

_______________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________

40
2.9. Se não levantam qual tem sido a dificuldade?

_______________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________

2.10. Já localmente criaram alternativas para contornar essa situação?

_______________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________

41

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