Atuação Fonoaudiologica Na Apneia
Atuação Fonoaudiologica Na Apneia
Atuação Fonoaudiologica Na Apneia
RESUMO
mento para tal. Realizou-se treino funcional com ali- A paciente em estudo encontrava-se deprimida,
mento, assim como relatado na literatura, buscando desanimada e com medo de vir a óbito devido às
uma harmonia muscular já que os músculos orofa- paradas respiratórias durante o sono, visto que a
ciais possuem uma interrelação e interdependência SAHOS é um fator de risco independente para a
funcional 14. morte 8. Realizava atividades domésticas diárias
Durante todo o tratamento a paciente realizou com dificuldade, necessitando de pausas entre as
com grande empenho todos os exercícios pro- mesmas além de sentir grande fadiga ao realizar
postos e seguiu cuidadosamente as orientações pequenas caminhadas, tendo que suspendê-las.
recebidas. Nas últimas sessões começou a relatar melhoras
A literatura caracteriza a SAHOS acima de 5 gradativas na sonolência e no cansaço diurno,
eventos de apnéia por hora, valor em adultos 1. tornando-se menos ansiosa em relação à sua
No exame de polissonografia realizado após o tér- doença e muito mais disposta na realização das
mino do tratamento fonoaudiológico, verificou-se atividades domésticas diárias, inclusive voltando
que o índice de apnéia e hipopnéia passou de 44 a realizar trabalhos artesanais fora de casa. Ao
para 3 eventos por hora, não mais caracterizando adequar-se a musculatura da orofaringe, diminui-
a SAHOS. Cabe ressaltar que, em média, 75% dos se os despertares noturnos e ronco aumentando-
pacientes que realizam polissonografia têm diag- se a disposição para desenvolver atividades 14. Ao
nóstico de SAHOS 11, indicando que a intervenção
final do tratamento a paciente relatou melhora em
fonoaudiológica foi eficaz neste caso. A polissono-
vários aspectos da sua vida, estando seus familia-
grafia é considerada um exame fundamental para
res satisfeitos em vê-la bem disposta e com ânimo
controle da SAHOS, determinando a eficácia das
para viver. Este dado demonstra que a redução
intervenções realizadas 10.
dos sintomas iniciais proporciona qualidade de
Em estudos realizados em pacientes com
vida melhor num curto espaço de tempo nos casos
SAHOS percebeu-se que os mesmos apresentam
de SAHOS 14.
saturação de oxigênio abaixo de 90% 20. Os dados
da primeira polissonografia demonstram que a satu- Diante dos resultados deste caso sugere-se mais
ração média de oxigênio foi de 93%, chegando a estudos do tratamento fonoaudiológico em pacien-
uma mínima de 83%, já na segunda polissonografia tes com SAHOS, incluindo amostra maior. É impor-
a saturação média foi de 99%, chegando à mínima tante também que a Fonoaudiologia consiga definir
de 92%. as técnicas mais eficazes para o tratamento destes
Em estudo fonoaudiológico realizado anterior- casos, uma vez que não há na literatura descrição
mente notou-se melhora de 40 a 50% no número das técnicas empregadas. Apesar disso, a terapia
de paradas respiratórias, diminuição considerável fonoaudiológica miofuncional mostra-se importante
do ronco e sonolência diurna 14. No presente estudo no tratamento da síndrome da apnéia e hipopnéia
notou-se melhora de 93% no número de paradas obstrutiva do sono 15.
respiratórias, bem como diminuição do ronco e
ausência de sonolência diurna. CONCLUSÃO
Na primeira avaliação fonoaudiológica obser-
vou-se posição elevada do osso hióide com dorso
de língua elevado e com tensão aumentada. De Com base nas evidências clínicas encontradas
acordo com a literatura, geralmente os pacientes e no resultado da polissonografia verificou-se que,
com SAHOS de grau grave apresentam o osso com técnicas específicas de fonoterapia, apesar dos
hióide mais baixo que aqueles com SAHOS de fatores agravantes, foi possível diminuir o número
grau leve a moderado, apesar de todos terem o de apnéias e hipopnéias durante o sono do caso em
posicionamento do osso hióide mais inferiorizado 21. estudo, chegando a um nível não mais considerado
Acredita-se que a posição elevada do osso hióide como síndrome da apnéia e hipopnéia obstrutiva
observada no presente estudo esteja relacio- do sono. O sono da paciente tornou-se tranqüilo
nada com a grande tensão encontrada na região e reparador, melhorando consideravelmente sua
cervical. qualidade de vida e de seus familiares.
ABSTRACT
Purpose: to check the contribution of speech therapy in the treatment of a patient with obstructive
sleep apnea-hypopnea syndrome. Methods: case description of a sixty-year old, female patient
with severe obstructive sleep apnea-hypopnea syndrome that underwent speech therapy treatment
for improvement of the apnea/ hypopnea condition, snoring, and day fatigue. Clinical evaluation of
orofacial myology and a polysomnography were performed before and after speech therapy. Based on
the clinical evaluation, a therapeutic plan was elaborated to provide the patient with cervical relaxation
and relaxation of the suprahyoid muscles, for improvement in nasal aeration, tongue strength and
position, strengthening of the soft palate muscles and their mobility, as well as the mastication muscles.
Alternate bilateral mastication training and lowering of the hyoid bone were included. Results: after
twelve-forty-minute sessions of speech therapy, a decrease of cervical tension and relaxation of the
suprahyoid muscles were observed. The position of the hyoid bone had been adjusted as well as
tongue normotension with the dorsal lowered. The soft palate had normal mobility with adequate
mastication. The patient reported important improvement in day fatigue. The result of the second
polysomnography indicated a decrease from 44 to 3 events per hour of apnea and hypopnea during
sleep, lowering the severe level to an index of breathing disturbance which no longer characterized
the disease as sleep apnea. Conclusion: speech therapy was effective in the treatment for this case
of obstructive sleep apnea-hypopnea syndrome.
IQ, Zorzi JL, Gomes ICD. Tópicos em fonoaudiologia para pacientes com diagnóstico de rinite alérgica:
1997/1998. São Paulo: Lovise; 1998. p. 489-501. relato de caso. Rev CEFAC. 2005; 7(3):336-9.
17. Sociedade Brasileira do Sono. Sociedade Bra- 20. Skatvedt O, Akre H, Godtlibsen OB. Nocturnal
sileira de Rinologia. Sociedade Brasileira de Otor- polysomnography with and without continuous pha-
rinolaringologia. I Consenso em ronco e apnéia do ryngeal and esophageal pressure measurements.
sono. São Paulo: Sociedade Brasileira do Sono; Sleep. 1996; 19(6):485-90.
2000. 21. Chaves CBJ. Estudo cefalométrico radiográfico
18. Bacha SMC, Ríspoli CFM. Terapia miofuncional das características crânio-faciais em pacientes com
com limitação: uma proposta sistematizada. Rev síndrome da apnéia do sono obstrutiva [mestrado].
Soc Bras Fonoaudiol. 2001; 6:65-8. São Paulo (SP): Faculdade de Ciências Biológicas e
19. Junqueira P, Parro FM, Toledo MR, Araújo RLT, da Saúde do Instituto Metodista de Ensino Superior
Di Francesco R, Rizzo MC. Conduta fonoaudiológica da Federação de Escolas Superiores do ABC; 1997.