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Mayara Rossi1
Lilian Regina Simões²
Estêveno de Freitas Rodrigues³
RESUMO
Com o processo de democratização escolar aprofunda-se o debate em torno da gestão
democrática e participativa. As instituições de ensino deixam o estilo tradicional de
administrar, para adotar um novo modelo de administração totalmente voltado e integrado à
esfera pedagógica. Assim o gestor escolar da atualidade deve priorizar a função social da
escola enquanto socializadora do conhecimento científico; embasada no compromisso político
e de competência teórica aliada a prática. A garantia de estudos permanentes e a oportunidade
de participação coletiva na tomada de decisões quer seja no planejamento, execução,
acompanhamento e avaliação das questões administrativas e pedagógicas garantem a
transparência do processo e com a participação efetiva nas atividades desenvolvidas a gestão
vivenciará um permanente processo de reflexão, discussão e decisão sobre os problemas
existentes. Na ótica atual de Gestão surge o modelo de administração escolar em que os
gestores dividem as atividades com a equipe pedagógica e funcionários preparados para a
função, mesmo que não atuem diretamente n escola como é o caso do psicólogo, geralmente
professores de carreira, e que conhecem a fundo a realidade da instituição. Essa é uma nova
forma de administrar e algo impensável até bem pouco tempo atrás. Neste enfoque é que o
assunto ganha destaque e a gestão participativa torna-se uma das grandes metas da
democratização do ensino no Brasil.
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Palavras-chaves: Gestão democrática; Gestão participativa; Ensino superior; Educação.
ABSTRACT
With the process of school democratization the debate on democratic and participative
management is deepened. The educational institutions leave the traditional style of
administering, in order to adopt a new model of administration totally focused and integrated
to the pedagogical sphere. Thus, the school manager of today must prioritize the social
function of the school as a socializer of scientific knowledge; based on political commitment
and theoretical competence allied to practice. The guarantee of permanent studies and the
opportunity for collective participation in decision making, whether in the planning,
execution, monitoring and evaluation of the administrative and pedagogical issues guarantee
the transparency of the process and with the effective participation in the developed activities
the management will experience a permanent process of reflection, discussion and decision on
existing problems In the current perspective of Management, there is a school administration
model in which managers divide the activities with the pedagogical team and employees
1
Especialista em Psicopedagogia Escolar pela FAVENI, Graduada em Pedagogia pela FAEL, Professora Efetiva
do Estado do Mato Grosso, Juína-MT, e-mail: [email protected].
² Especialista em Psicologia Escolar pela FASA, Graduada em Letras pela UNIR, Professora Efetiva do Estado
do Mato Grosso, Sapezal-MT, e-mail: [email protected].
³ Graduando em Ciências Biológicas pelo IFMT, Juína-MT, e-mail: [email protected].
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prepared for the function, even if they do not act directly in the school, as is the case with the
psychologist, usually career teachers know the reality of the institution. This is a new way of
managing and something unthinkable until very recently. In this approach, the subject is
highlighted and participatory management becomes one of the great goals of the
democratization of education in Brazil.
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Keywords: Democratic management; Participative management; University education;
Education.
INTRODUÇÃO
Para que a escola concretize os ideais de qualidade de ensino e para que todos
aprendam de fato, é necessário que o gestor seja articulador, atuante e participativo nas
questões que envolvam o campo pedagógico da escola. O maior responsável pelas áreas
administrativa, financeira e pedagógica da instituição de ensino é o gestor. Todavia, o
pedagógico é a razão de ser de uma escola e uma organização bem gerenciada é quem
direciona e dá qualidade ao ensino através de planejamento, acompanhamento, avaliação do
rendimento da proposta pedagógica, além de acompanhar o desempenho dos alunos, do
corpo docente e de todos da equipe escolar.
Esse novo gestor divide as responsabilidades e delega poderes aos outros parceiros
para compartilhar as funções da escola, passa a discutir com a comunidade e a participação
dos pais torna-se um dos pontos chaves do processo administrativo e pedagógico, pois estes
acompanham o desempenho de alunos e professores, além de participar da elaboração e
execução de projetos discutindo, dando sugestões, fiscalizando e em alguns casos tomados
decisões.
Ao diretor ainda cabe à missão de identificar e mobilizar os diferentes talentos para
que as metas sejam cumpridas e, principalmente conscientizar todos da importância da
contribuição individual para o sucesso geral da administração, cabe a ele desenvolver as
competências de buscar parcerias, pensar em longo prazo, trabalhar com as diferenças e
mediar conflitos, procurar soluções alternativas, enfim estar em sintonia com as mudanças da
área e não perder de vistas as metas educacionais.
Nesse sentido, cabe aos gestores a clareza sobre estes aspectos que se entrelaçam e
repercutem nas suas práticas. Assim concebida e desenvolvida a gestão educacional torna-se
limitada, pois os aspectos fundamentais da gestão que visam à promoção da democracia são
suprimidos em virtude de tais concepções.
Com isso percebe-se que a autora, traz à tona a resistência existente em muitas
instituições públicas de educação contra essa iniciativa de dividir o poder com os Conselhos
de Escola, possibilitando a estes o poder de atuar juntamente com toda a equipe a fim de
tornar o espaço escolar auto gerenciável, onde todos são capazes de diagnosticar os problemas
e encaminhar soluções.
A partir dos anos 90 a revalorização da gestão educacional, ou escolar, assumiu o
caráter de emergência evidenciado nos estudos da área, entretanto, isto não produz um
conhecimento propriamente dito. MACHADO (2001, p.18), assim exemplifica o fato: “a
literatura oficial promove um movimento de síntese por vezes de retrocesso, pelo resgate
maquiado das escolas de pensamentos anteriores com forte componente de técnicas de
controle”.
Na análise a autora, diz que as transformações sociais, em especial as decorrentes do
crescimento econômico excludente, com ênfase na evolução tecnológica têm provocado
mudanças profundas nos mercados de trabalho em todo mundo. Entre as prioridades está a
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necessidade de atender a crescente demanda por parte das economias de trabalhadores
adaptáveis capazes de adquirir novos conhecimentos sem dificuldade e deve contribuir a
constante expansão do saber.
(LÜCK, 2000, p.94) relata que a tarefa dos gestores educacionais visa dirigir e
coordenar o andamento dos trabalhos, o clima do trabalho, a eficácia na utilização dos
recursos e os meios, em função dos objetivos da escola. Nesse sentido o movimento da gestão
em educação reconhece a necessidade de unir algumas mudanças estruturais e de
procedimentos que, de acordo com LUCK (2000) são os seguintes: a) participação da
comunidade escolar na seleção dos diretores da escola; b) criação de um colegiado ou
Conselho Escola que tenha tanto autoridade deliberativa quanto poder decisório; c) repasse de
recursos financeiros as escolas e consequentemente aumento de sua autonomia.
A autora, é categórica ao afirmar que no Brasil alguns Estados tem avançado no
sentido de combinar o mapeamento de candidatos potenciais para a função de diretor com
base em critérios profissionais, com a definição de uma lista contendo o nome de três
candidatos qualificados que se submetem a uma eleição durante uma assembleia escolar que
define, por meio de votos de pais, mestres, alunos e demais funcionários, o futuro diretor,
porém em outras ocasiões, quando a escolha ocorre por afinidade o processo acaba gerando
desconforto e insegurança na instituição. “Este avanço combina a competência profissional do
candidato com uma forte participação da comunidade e de todos os funcionários e professores
da escola”. (LÜCK, 2000, p.94).
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Sua existência está defendida através de Leis e Decretos e principalmente estipulada
pela Constituição Federal de 1988 que no seu artigo 205, destaca a importância da escola no
seio da sociedade, reforçando a relevância de esforços sociais, sendo assim descrita:
(...) a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho
(BRASIL, 2004, p. 121).
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Cabe aos órgãos governamentais criar meios para que as escolas possam ser
administradas de forma coerente e com os recursos necessários. Para tanto é preciso que a
gestão escolar aconteça de forma satisfatória e equilibrada, sendo uma tarefa compartilhada
entre diretor, equipe pedagógica e demais profissional da educação e ainda contando com a
colaboração de todos os envolvidos no processo de ensino.
Dessa forma, as autoras URBAN, SCHEIBEL e MAIA (2009, P. 87), ao tratar da
didática na organização do trabalho, evidenciam que:
É necessário pensar a didática para além das simples renovação das formas de
ensinar e aprender. O desafio não reside apenas no surgimento ou criação de novos
procedimentos de ensino, ou em mais uma forma de facilitar o trabalho do educador
e a aprendizagem do educando. Mais do que isso, a didática tem como
compromisso buscar práticas pedagógicas que promovam um ensino realmente
eficiente, com significado e sentido para os educandos, e que contribuam para uma
transformação social.
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o homem como um ser autônomo da sociedade, capaz de realizar suas escolhas de maneira
isolada como demonstra as Teorias Tradicionais liberais, o indivíduo internaliza a cultura
historicamente construída pela sociedade.
A análise da trajetória dos orientandos permite compreender como as escolhas são
construídas na vida das pessoas e possibilitam o entendimento de como um Programa de
Orientação educacional e pessoal de base sócio-histórica participa desse processo.
De acordo com Bock (2002), essa atitude visa proporcionar ao sujeito, meios de se
autoconhecer, pois desta forma o jovem possuirá ferramentas necessárias para buscar uma
profissão numa área com a qual se identifica, seja ela: humanas, exatas ou biológicas.
Nesse entendimento o autor deixa claro que as escolhas nem sempre são assertivas e
que não deve se pesar sobre o sujeito o medo de fracassar por ter feito uma escolha errada.
Bock, S. (1995, p. 63), afirma que:
A ideologia diz que, se houver harmonia entre o indivíduo e seu trabalho, ele será
mais “feliz”. Entretanto, sabemos que o que está por trás desta visão é sua maior
produtividade. Cabe a cada indivíduo ajustar-se à estrutura social que já está pronta
e acabada.
Entende-se ainda que o trabalho doo psicólogo com enfoque sócio histórico, é crítica
em relação a noção de vocação ou habilidades inatas, portanto, necessita de reflexão sobre as
ações realizadas e as consequências destas na vida prática, sendo que o psicólogo não ensina o
caminho a seguir, mas sim faz com que o indivíduo tenha meios de escolher e definir um
caminho de acordo com as suas reais expectativas (BOCK,2002).
Nesse sentido, o conhecimento frente à transição de paradigmas passa a ser um tópico
importante a ser entendido no contexto docente: as mudanças nos pressupostos teóricos e
científicos são constantes, o que atinge sobremaneira a prática profissional deste e dos
professores. A crise do profissionalismo, que constantemente coloca em xeque a maneira de
ensinar, discutindo a necessidade de desenvolver o ensino voltado para a realidade concreta,
traz, por sua vez a dicotomia entre a experiência docente e a experiência aplicada dos
docentes. São questões que envolvem o dia-a-dia de todos os sujeitos envolvidos no ensino e
certamente influenciam os encaminhamentos da gestão, aspectos que devem ser, portanto,
conhecidos, discutidos e encaminhados em todas as dimensões que envolvem o ambiente
universitário (OLIVEIRA, 2016).
Com isso se pretende estabelecer os princípios da equidade, e não da igualdade, o que
consiste em apenas diminuir as tensões entre os grupos e as classes sociais.
Embora as políticas públicas de educação tenham sido geradas a partir do resultado
das demandas sociais, elas têm exercido o papel de atenuar as desigualdades sociais,
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mantendo o caráter da exploração dos trabalhadores, o que não rompe com a lógica
capitalista.
De acordo com (CEPAL & UNESCO, 1995 p. 127). O fato trata-se de ter como
princípio a estreita vinculação entre sistema de ensino e empresa, como podemos observar:
[...] infere-se que os princípios básicos que orientam uma política educacional bem
sucedida parecem ser comuns nos diferentes casos nacionais: altos níveis de
qualidade, respeito e valorização dos professores e estreita articulação entre sistemas
de ensino e empresa.
Conforme (CEPAL & UNESCO, 1995 p.175).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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6. REFERÊNCIAS
LÜCK, Eloísa et al. A Escola Participativa: o trabalho do gestor escolar. 4 ed. Rio de
Janeiro: DP&A, 2000.
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Manifesto do partido comunista. Martin Claret. São
Paulo. 2001.
URBAN, Ana Claudia. SCHEBEL, Maria Fani. MAIA, Cristiane Martinatti. Didática:
Organização do Trabalho Pedagógico. IESDE. Brasil 1999.
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