Eletrostática

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Eletrostática

Dar o primeiro passo num caminho desconhecido é difícil, mas traz à tona duas necessi-
dades do ser humano: a descoberta e a aventura. Comecemos este capítulo com imaginação
que será, aliás, um dos grandes instrumentos para o estudo que ora iniciaremos.

1.1 Fenômenos Eletrostáticos

Se quiséssemos estudar as características e o comportamento de um pernilongo, poderí-


amos fazê-lo em duas etapas: a primeira seria uma análise estática do pernilongo, ou seja,
quando ele está parado, à qual daríamos o nome de pernilongostática (análise de suas dimensões
físicas, sentidos, formas, ferrão etc) e a segunda seria uma análise dinâmica do pernilongo, ou
ou seja, quando ele está voando, à qual daríamos o nome de pernilongodinâmica (análise de sua
velocidade, impulsão, reflexos, sua irritante sinfonia etc).

Figura 1.1 – Pernilongostática X Pernilongodinâmica

Eletricidade I Página 3 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Se quiséssemos, agora, estudar a água, poderíamos faze-lo também em duas etapas
denominadas hidrostática e hidrodinâmica .

Apresentamos estes dois companheiros, a água e o pernilongo, para que nos ajudem a
ilustrar os fenômenos elétricos, já que tais fenômenos, se nem sempre podem ser visualizados,
podem, ao menos, ser imaginados e, principalmente, sentidos, por exemplo, com os dedos.

Figura 1.2 – Desgraça Pouca é Bobagem

Por isso, costuma-se dizer que um estudioso em eletricidade deve ter, além de imagina-
cão, olhos nos dedos.

Com imaginação, água e pernilongo, certamente ficará fácil compreender primeiramente


a eletrostática – estudo das cargas elétricas paradas – e, posteriormente, a eletrodinâmica –
estudo das cargas elétricas em movimento.

Eletricidade I Página 4 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Princípios da Eletrostática

Embora os fenômenos elétricos tenham sido estudados cientificamente nestes últimos


séculos, um sábio grego chamado Tales de Mileto ( 640 - 546 a. C. ) já havia observado que o
âmbar, uma substância resinosa, quando atritado com a lã, passava a atrair corpos leves e de
pequenas dimensões. Era um fenômeno desconhecido, mas o nome eletricidade já despontava na
imaginação destes adoráveis filósofos curiosos.

Em tempo, âmbar em grego significa élektron


Muitas outras experiências e observações passaram, então, a ser feitas por cientistas e
curiosos.

Exemplos:
a) Atritando-se dois pedaços de vidro em um pedaço de seda, verificou-se que
aproximando-se os dois pedaços de vidro surgia entre eles uma força de repulsão, como
mostra a figura 3.3.

Atrito Repulsão

Figura 3.3 – Força de Repulsão

a) Atritando-se um pedaço de vidro e um de borracha em um pedaço de seda,


verficou-se que, aproximando-se o vidro da borracha, surgia entre eles uma força de atração,
como mostra a figura 3.4.

Eletricidade I Página 5 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Atrito Atração

Figura 3.4 – Força de Atração

Mas como seria possível explicar estes fenômenos? Na antiguidade atribuía-se aos
objetos qualidades como almas gêmeas ou incompatíveis ou, então, dizia-se que era a
manifestação dos deuses na natureza e no mundo dos homens. Para os cientistas
isto não era suficiente (não desmerecendo nossos ancestrais, é claro!). Eles precisavam explicar
as causas medindo-as, comprovando-as experimentalmente, criando modelos matemáticos etc.

Já, no século XVIII, muitos cientistas curiosos como Charles Augustin de Coulomb e
Benjamin Franklin chegaram, primeiramente, a algumas conclusões importantes:

• Os corpos podem se eletrizar;

• Os fenômenos de atração e repulsão entre corpos ocorrem devido à existência de


cargas elétricas;

• A carga elétrica é uma propriedade da matéria e pode ser positiva (+) ou negativa (-).

Após várias experiências, observações, análises e medidas, eles concluíram que existem
três princípios fundamentais da eletrostática:

Eletricidade I Página 6 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Princípio da Conservação das Cargas Elétricas

Num sistema eletricamente isolado, a soma algébrica das cargas elétricas positivas e negati-
vas é constante.

Sistema
eletricamente Apesar da transferência de cargas
isolado de um corpo para outro:

Q1 + Q2 = constante
Q2
Q1

Figura 3.5 – Princípio da Conservação das Cargas Elétricas

Princípio da Atração e Repulsão


Cargas elétricas de mesmo sinais repelem-se e de sinais contrários atraem-se.

Figura 3.6 – Princípio da Atração e Repulsão

Princípio da Força Eletrostática


Quanto menor a distância entre as cargas elétricas, maior é a força de atração ou repulsão
entre elas.

d1 d2

F1 F1 F2 F2

F1 F1 F2 F2

d1 > d2 F1 < F2
Figura 3.7 – Princípio da Força Eletrostática
Assim nasceu a Eletrostática!

Eletricidade I Página 7 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Diferença de Potencial (ddp) ou Tensão Elétrica

A descoberta destes três princípios da eletrostática foi importante, mas, ainda assim, as
causas da eletrização dos corpos e do surgimento de forças entre eles não estavam explicadas,
assim como não existia uma forma de medir a intensidade das cargas elétricas.

Ora, só seria possível descobrir as causas destes fenômenos penetrando-se no íntimo ou


no átomo da matéria, descobrindo-se sua estrutura, suas menores partes.

O Átomo

Os estudos e pesquisas continuaram até que Niels Henrik David Bohr, físico dinamar-
quês (1885-1962), desenvolveu uma teoria atômica com um modelo para o átomo, o que lhe
rendeu o Prêmio Nobel de Física em 1922.

Novamente, em tempo, o filósofo grego Demócrito de Abdera (460 – 352 a.C.), em sua
doutrina chamada atomismo, sustentava ser a matéria formada por partículas não divisíveis e,
em grego, não divisível significa a-tómos.

Modelo Atômico de Bohr

O modelo de Bohr tem uma estrutura muito semelhante à do sistema solar, onde os pla-
netas giram em torno do Sol, cada um em sua órbita. Ele representa o átomo com suas três partí-
culas fundamentais: elétrons, prótons e nêutrons, como mostra a figura 3.8.

níveis de energia

elétrons

prótons e nêutrons (núcleo)

Figura 3.8 – Modelo Atômico de Bohr


Os elétrons são partículas muito leves, tem carga elétrica negativa e giram em torno
do núcleo em níveis de energia (órbitas ou camadas) bem definidos.

Eletricidade I Página 8 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


O núcleo é formado por prótons, que têm carga elétrica positiva, e por nêutrons, que
não têm carga elétrica, ambos com a mesma massa, porém, muito maior que a do elétron.

Um átomo possui um número máximo de 7 (sete) órbitas denominadas K, L, M, N,


O, P e Q, sendo que em cada órbita existe um número máximo de elétrons, distribuídos da se-
guinte forma:

Órbitas K L M N O P Q
Elétrons 2 8 18 32 32 18 2

A órbita K é a que fica mais próxima do núcleo, sendo acompanhada pelas demais na
sequência apresentada acima.

Portanto, o número de órbitas de um átomo está relacionado ao número de elétrons que


ele possui.

O número de elétrons, prótons e nêutrons de um átomo define sua estrutura atômica e


varia de um elemento químico para outro. Na natureza existem aproximadamente 100 tipos dife-
rentes de átomos que, sozinhos, formam diversos tipos de materiais.

Exemplos:

Elemento Símbolo Elétrons Prótons Nêutrons


Hidrogênio H 1 1 0
Oxigênio O 8 8 8
Ferro Fe 26 26 30
Carbono C 6 6 6
Silício Si 14 14 14
Alumínio Al 13 13 14
Cobre Cu 29 29 34
Estanho Sn 50 50 70
Tusgstênio W 74 74 110

Um átomo, no estado em que é encontrado na natureza, tem um número de elétrons


igual ao de prótons e, portanto, sua carga total é nula, ou seja, ele é eletricamente neutro.

Eletricidade I Página 9 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Exemplo:
O átomo de cobre possui 29 elétrons distribuídos em vários níveis de energia em torno do
seu núcleo que, por sua vez, possui 29 prótons e 34 nêutrons, como mostra a figura 3.9.

Núcleo: 29 prótons e 34 nêutrons


Níveis de Energia:
Camada K: 2 elétrons
Camada L: 8 elétrons

Camada M: 18 elétrons
Camada N: 1 elétron

Figura 3.9 – Estrutura Atômica Plana do Cobre

Como o número de elétrons é igual ao de prótons, o átomo está eletricamente neutro.


Os elétrons que se encontram em órbitas próximas do núcleo, devido à grande força de atração
entre eles e os prótons, estão fortemente ligados ao átomo, enquanto que os elétrons que se encon
tram em órbitas mais distantes estão fracamente ligados ao átomo.

Isto quer dizer que um átomo pode ter a constituição de suas últimas órbitas facilmente
alterada com a retirada ou colocação de elétrons ficando, assim, eletrizado positiva ou negati-
vamente.

Ionização
Ionizar um átomo é alterar o número de elétrons de suas últimas órbitas.

Quando um elétron é retirado de um átomo, este passa a ser um íon positivo ou cátion,
pois o número de prótons fica maior que o de elétrons, como mostra a figura 3.10(a). Quando um
elétron é colocado em um átomo, este passa a ser um íon negativo ou ânion, pois o número de
elétrons fica maior que o de prótons, como mostra a figura 3.10(b).

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Átomo normal Perdeu um elétron

(a) – Íon Positivo ou Cátion

Átomo normal Ganhou um elétron

(b) – Íon Negativo ou Ânion

Figura 3.10 - Ionização

Corpos Eletrizados

A mesma análise pode ser feita com os corpos que são, afinal, constituídos por átomos.

Um corpo é eletricamente neutro quando tem número de prótons igual ao de elétrons, ou


quando todos os seus átomos são eletricamente neutros. Porém, se seus átomos estão ionizados,
ele está eletrizado positiva ou negativamente.

Conclui-se, portanto, que a carga elétrica de um corpo, seja ela positiva ou negativa,
corresponde a um múltiplo da carga elétrica do elétron ou do próton. Mas, quanto vale a carga
elétrica de um elétron ou de um próton?

Carga Elétrica Fundamental

Em 1910, o físico americano Robert Milikan conseguiu, através de experiências em la-


boratório, determinar um valor para a menor carga elétrica (este e outros trabalhos seus rende-
ram-lhe em 1923, o Prêmio Nobel de Física).

Eletricidade I Página 11 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Esta carga passou a se chamar carga elétrica fundamental que equivale à carga do
próton (positiva) e à do elétron (negativa) cuja unidade, no Sistema Internacional, é o Coulomb
(C), em homenagem a este cientista. Seus valores são:

carga elétrica do próton qp = 1,6x10-19C

carga elétrica do elétron qp = -1,6x10-19C

Portanto, a carga elétrica total Q de um corpo eletrizado pode ser calculada por:

Q = ± n.q

onde: Q = carga elétrica total do corpo eletrizado


n = número de prótons ou elétrons em excesso num corpo
q = carga elétrica fundamental (próton ou elétron)
Exemplo:
Um corpo eletrizado positivamente tem uma intensidade de carga elétrica total
Q = +1C e qp = + 1,6x10-19C

Q 1
n= = = 6,25 × 1018 prótons
q p 1,6 × 10 −19

OBSERVAÇÃO:

O número de prótons em excesso corresponde, na realidade, ao número de elétrons


retirados dos átomos do corpo.

Como a unidade Coulomb refere-se a valores muito pequenos dada a ordem de grande-
za da carga elétrica fundamental (10-19), é muito comum o uso de seus submúltiplos:

Submúltiplo Unidade Valor


milicoulomb mC 10-3 C
microcoulomb µC 10-6 C
nanocoulomb nC 10-9 C
picocoulomb pC 10-12 C

Eletricidade I Página 12 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Condutores e Isolantes

Existem materiais condutores e isolantes nos três estados da matéria: sólidos, líquidos e
gasosos. Porém, em eletricidade, os condutores mais utilizados são os sólidos, principalmente os
metais e, no caso dos isolantes, os três têm grande aplicação. Portanto, a definição de condutor fi
cará restrita ao metais.

Condutores
Os materiais condutores são aqueles que conduzem facilmente eletricidade.

No caso dos metais, seus átomos, além de possuírem poucos eletrons na última camada,
estes encontram-se fracamente ligados ao núcleo. Assim, ao receberem qualquer quantidade de
energia, mesmo muito pequena como o calor à temperatura ambiente, eles se libertam dos áto-
mos tornando-se elétrons livres, podendo movimentar-se facilmente conduzindo eletricidade.

Figura 3.11 – Elétrons Livres num Condutor Metálico

Exemplos:

Ferro Latão Estanho

Alumínio Prata Níquel

Cobre Aço Ouro

Isolantes
Os materiais isolantes são aqueles que não conduzem eletricidade ou o fazem com
muitíssima dificuldade.

Isto se justifica pelo fato de os isolantes possuírem pouquíssimas cargas livres, que
que podem ser elétrons ou íons dependendo se são sólidos, líquidos ou gasosos.

Eletricidade I Página 13 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Figura 3.12 – Material Isolante

Exemplos:
● borracha ● ar seco ● madeira
● plástico ● porcelana ● PVC
● papel ● vidro ● água pura

Responda se Puder:
● Por que os eletricistas usam botas de borracha e suas ferramentas têm os cabos prote-
gidos com plástico ou borracha?

● Por que os canos de PVC são atualmente mais utilizados nas construções que os
canos metálicos?

● Tapetes de borracha sob o chuveiro elétrico é um belo elemento de decoração e serve


para evitar escorregões. Mas é só isso?

● Se o ar é isolante, como explicar as descargas atmosféricas (raios) entre as nuvens e a


Terra?

Se você não conseguiu responder a todas estas perguntas, não esquente a cabeça. Estu-
daremos juntos para encontrar as respostas, certo?!

Uma importante propriedade do condutor é que, quando eletrizado, os elétrons livres distri-
buem-se na sua superfície externa pois, devido à repulsão mútua entre eles e por poderem se mo-
vimentar facilmente, eles buscam o maior afastamento relativo possível entre si.

Figura 3.13 – Distribuição dos Elétrons na Superfície de um Condutor Eletrizado

Eletricidade I Página 14 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


No isolante, ocorre o inverso. Quando ele está eletrizado, devido à dificuldade das cargas
elétricas se locomoverem em seu interior, estas permanecem no local, pois a força de repulsão não
é suficiente para causar o afastamento entre elas.

Figura 3.14 – Corpo Isolante Eletrizado numa Determinada Região

Processos de Eletrização
Pelo que já foi exposto até aqui, tem-se que um corpo eletrizado é aquele que possui um nú-
mero de elétrons diferente do número de prótons.

Existem três processos fundamentais para se eletrizar um corpo: atrito, contato e indução.

Eletrização por Atrito


Dois corpos A e B isolantes, diferentes e eletricamente neutros, quando atritados entre si,
o calor produzido pode fazer com que o corpo A perca elétrons para o corpo B. Assim, quando
separados, A fica eletrizado positivamente com carga +QA (falta de elétrons) e B fica eletrizado
negativamente com carga –QB (excesso de elétrons).

Na eletrização por atrito, os corpos ficam, portanto, eletrizados com a mesma intensidade
de carga elétrica em módulo, porém, com sinais contrários, ou seja, ‫׀‬QA‫׀ = ׀‬-QB‫׀‬. Porém, a car
ga total continua sendo nula, conforme o princípio da conservação de cargas elétricas, isto é,
QA + (QB) = 0.

Eletrização por Contato


Neste processo de eletrização, aparecem dois conceitos importantes: equilíbrio eletrostáti-
co e potencial elétrico.

Para uma melhor compreensão destes conceitos e desse processo de eletrização, será feita
uma analogia com a hidrostática.

Eletricidade I Página 15 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Experimento Hidrostático – Vasos Comunicantes

O sistema da figura 3.15 é conhecido pelo nome de vasos comunicantes. Este sistema é for
mado por dois vasos A e B de volumes diferentes e interligados por um condutor hidráulico no
qual existe um registro que pode permitir ou não a comunicação entre eles.

hA hB = 0

Figura 3.15 – Vasos Comunicantes com registro fechado

Inicialmente o vaso A contém água até a altura há e o vaso B encontra-se vazio, ou seja,
hB = 0. Abrindo-se o registro, a água flui do vaso A para o vaso B numa velocidade proporcio-
nal à diferença de altura ( ∆h = hA – hB ), ou seja, a velocidade diminui à medida que a diferença
de altura da água dos vasos diminui, como mostra a figura 3.16

Quando a diferença de altura é nula (∆h = 0), o fluxo da água cessa fazendo com que o siste
ma entre em equilíbrio hidrostático, isto é, nos dois vasos a altura da água é a mesma ( h` ), co-
mo mostra a figura 3.16 (b). Nota-se também que no equilíbrio hidrostático, embora a altura da
água seja a mesma nos dois vasos, a quantidade de água não é a mesma, mas proporcional aos
seus volumes.

Eletricidade I Página 16 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Um fenômeno semelhante ocorre no processo de eletrização por contato entre um corpo
condutor eletrizado e outro corpo condutor eletricamente neutro. Através do contato físico, se
um corpo está eletrizado positivamente (com falta de elétrons), ele recebe elétrons do corpo
neutro, eletrizando-o positivamente.

Porém, se um corpo está eletrizado negativamente (com excesso de elétrons), através do


contato físico, ele doa elétrons para o corpo neutro, eletrizando-o negativamente.

Potencial elétrico V é uma grandeza associada a um corpo carregado eletricamente, cujo


valor depende da quantidade de cargas elétricas, das dimensões do corpo e das características do
meio onde ele se encontra, como será visto mais adiante.

A transferência de cargas elétricas entre dois condutores em contato físico só existe enquan-
to houver diferença de potencial elétrico, sendo que, ao atingirem o mesmo potencial, o siste-
ma entra em equilíbrio eletrostático, mesmo que suas cargas finais sejam diferentes entre si.

Experimento eletrostático – Eletrização por Contato

Tomando-se dois corpos A e B com dimensões diferentes, estando A carregado inicial-


mente com uma carga elétrica +QA e potencial elétrico +VA e B inicialmente neutro
(QB = O e VB=0), como mostra a figura 3.17(a), a eletrização do corpo B, por contato, ocorre da
seguinte forma:

Colocando os corpos A e B em contato, o corpo A, carregado positivamente (com falta de


elétrons) ou com potencial elétrico positivo, atrai elétrons do corpo B que estava inicialmente neu
tro ou com potencial elétrico nulo, como mostra a figura 3.17(b).

O fluxo de elétrons de B para A começa em alta velocidade devido à diferença de potencial


elétrico entre eles e decresce até parar, quando o sistema entra em equilíbrio eletrostático, ou se
ja , seus potenciais elétricos se igualam (+VA` = +VB`), como mostra a figura 3.17(c).

Quando os corpos são novamente isolados um do outro, verifica-se que o corpo A ficou
com uma carga final +QA` (menor que a carga inicial) e que o corpo B carregou-se com uma car
ga positiva +QB`, sendo +QA` ≠ +QB`, em função das dimensões dos corpos A e B serem dife-
rentes, como mostra a figura 3.17(d).

Eletricidade I Página 17 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


+QA +VA
QB=0 VB=0

(a) Corpos Isolados (b) Corpos em Contato

+QA` ≠ +QB`
+VA` = +VB` +V
+V +VA` = +VB`
+V

(c) Equilíbrio Eletrostático (d) Corpos Isolados

Figura 3.17 – Processo de Eletrização por Contato

Na eletrização por contato, apesar de as cargas iniciais e finais de cada corpo serem diferen-
tes entre si, a carga total do sistema permanece a mesma em qualquer momento do processo de
eletrização, conforme o princípio da conservação de cargas elétricas, ou seja,
QA + QB = QA`+ QB`.

Exemplo:

Dois corpos A e B têm cargas iniciais QA = -4µC e QB = 0. Colocando-os em contato,


após o equilíbrio eletrostático, verifica-se que QA` = -1µC. Qual a carga final QB e qual corpo
tem a maior dimensão?

Inicialmente tem-se: QA = -4µC e QB = 0


Portanto: Qtotal = QA + QB = -4x10-6 + 0 = -4µC

Após o equilíbrio eletrostático e pelo princípio da conservação de cargas elétricas, tem-se:

Qtotal = QA` + QB` = -4x10-6 + 0 = -1µCx10-6 + QB` QB` = -3µC

Como a carga final do corpo B é maior em módulo que a do corpo A, conclui-se que o
corpo B tem dimensão maior.

Eletricidade I Página 18 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Eletrização por Indução
Para a análise deste processo de eletrização, convém explicar algo muito importante em ele-
tricidade.

O planeta Terra comporta-se como um condu tor de grandes dimensões eletricamente


neutro ou com potencial elétrico nulo, com capacidade de fornecer ou receber elétrons infinita-
mente, sem, no entanto, perder estas características. Por isso é possível a utilização de pára-raios
como receptores de descargas atmosféricas ou sistemas de aterramento para proteção de instala
cões elétricas.

Em eletricidade, Terra é o nome genérico de um pólo eletricamente neutro ou com


potencial elétrico nulo tomado como referência nos circuitos elétricos, cujos símbolos mais utili
zados são:

O processo de eletrização por indução ocorre entre corpos condutores sem a necessi-
dade de contato físico entre eles e baseia-se na interação entre cargas elétricas conforme o
princípio da atração e repulsão.

Experimento eletrostático – Eletrização por Indução

Um corpo condutor A eletricamente neutro encontra-se apoiado numa base isolante, como
mostra a figura 3.18(a).

Aproximando-se um corpo B carregado positivamente à extremidade direita do corpo A


(sem que haja contato físico entre os dois), observa-se que os elétrons livres do corpo A são
atraídos para esta extremidade, ficando a extremidade esquerda com falta de elétrons, fazendo
com que o corpo A fique polarizado, isto é, com excesso de elétrons na extremidade direita
( pólo com potencial negativo ) e com falta de elétrons na extremidade esquerda ( pólo com pó-
tencial positivo ), embora ele permaneça eletricamente neutro, já que o número de elétrons contí-
nua sendo igual ao número de prótons, como mostra a figura 3.18(b).

Eletricidade I Página 19 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


(a) Corpos Condutor Isolado do Solo (b) Polarização do Corpo A

(c) Aterramento do Corpo A (d) Corpo A Eletrizado Negativamente

Figura
Figura 3.173.18 – Eletrização
– Processo por Indução
de Eletrização por Contato

Aterrando-se a extremidade esquerda do corpo A através de um fio condutor, esta, que en-
contra-se polarizada positivamente, atrai elétrons do pólo terra até se tornar neutra, igualando-se
ao potencial nulo do pólo terra, como mostra a figura 3.18(c).

Interrompendo-se o aterramento do corpo A e afastando-o do corpo B para que não haja


mais indução, verifica-se que o corpo A ficou com excesso de elétrons (recebidos do pólo terra)
que espalham-se em sua superfície, ou seja, o corpo A ficou eletrizado negativamente, como
mostra a figura 3.18(d).

Nota-se, portanto, que no processo de eletrização por indução, o corpo inicialmente neu-
tro, denominado induzido, eletriza-se com carga de sinal contrário em relação ao corpo que pro-
vocou o fenômeno, denominado indutor.

Eletricidade I Página 20 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Campo Elétrico

Neste tópico, analisaremos o conceito de Campo Elétrico, facilitando, assim, a com-


preensão da Lei de Coulomb que, por sua vez, ajudará a desvendar os mistérios daqueles fenô-
menos registrados no início deste livro, a saber, os primeiros fenômenos elétricos observados por
nossos heróis ancestrais.

O campo elétrico é um fenômeno que, embora não possa ser visualizado, pode ser ob-
servado por experiências, e a sua compreensão é tão importante para a eletricidade quanto a do
campo gravitacional para a compreensão da queda dos corpos.

Portanto, para facilitar o entendimento de campo elétrico, este estudo será iniciado por
uma breve análise do campo gravitacional.

O campo gravitacional foi explicado por observações e estudos realizados sobretudo por
Copérnico (1473-1543), Galileu (1564-1642), Kepler (1571-1638) e Newton (1642-1727), che-
gando-se às seguintes conclusões:

● Todo corpo cria ao seu redor um campo gravitacional diretamente proporcional à


sua massa e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre ele e o ponto
considerado.

● A interação dos campos gravitacionais de dois corpos faz surgir entre eles uma
força gravitacional de atração.

Responda se Puder:
● Um corpo caindo significa que ele está sendo atraído em direção ao centro da Terra.
Não estaria também a Terra sendo atraída em direção a este corpo?

● Por que a força de atração entre os planetas não faz com que eles se choquem?

Na eletrostática, ocorre um fenômeno análogo. Uma carga elétrica Q produz ao seu re-
dor uma região afetada por sua presença denominada campo elétrico, como mostra a figura
3.19.

Eletricidade I Página 21 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Q

Figura 3.19 – Campo Elétrico Gerado por uma Carga Elétrica

Para efeito de estudo, a carga elétrica Q que gera este campo elétrico é chamada de
puntiforme, ou seja, suas dimensoões são tão pequenas que se confundem com um ponto.

Através de experiências com corpos eletrizados, chegou-se às seguintes conclusões:

● O campo elétrico E gerado por uma carga puntiforme é uma grandeza vetorial e tem
direção radial, podendo ser representado graficamente através de linhas imaginárias
denominadas linhas de campo ou linhas de força.

● Se a carga elétrica é positiva, o sentido do campo elétrico é divergente e se a carga


elétrica é negativa, o sentido do campo elétrico é convergente, como mostra a figura
3.20.

Figura 3.20 - Direção e Sentido do Campo Elétrico

Eletricidade I Página 22 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


A intensidade do campo elétrico E num ponto é diretamente proporcional ao módulo
da carga elétrica Q, inversamente proporcional ao quadrado da distância d entre ela e o ponto
considerado e depende da característica do meio denominada constante eletrostática K, ou se-
ja:

K. Q N . m2
E= onde: K = 9 × 10 9 (no vácuo)
d2 C2

OBSERVAÇÃO:

● A constante K pode assumir outros valores, já que depende do meio, análise que será
feita mais adiante no estudo dos dispositivos denominados capacitores.

A unidade de medida de campo elétrico é N/C, o que pode ser demonstrado através da
análise dimensional de sua equação:

[E ] = [K ]. [Q ] N . m 2 . C N
= =
[d ]2 C 2. m2 C

Exemplo:
a) Determinar o campo elétrico num ponto P situado a uma distância d = 40cm de uma
carga puntiforme Q = +3µC colocada no vácuo.

Q = 3 µC P

d = 40cm

Intensidade:

K . Q 9 .10 9 × 3 .10 −6 27 .10 3 N


E= 2 = = = 168,75 .10 3
d 40 .10( − 2 2
) 1600 .10 −4
C

Direção: radial da carga ao ponto P

Sentido: divergente (carga positiva)

Eletricidade I Página 23 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


b) Determinar o campo elétrico no ponto P situado no ponto médio entre as cargas
puntiforme Q1 = + 4,5µC e Q2 = - 2,5µC, separadas por 30cm, no vácuo.

Q1 = 4,5µC P Q2 = - 2,5µC

d = 30cm

Como existem duas cargas puntiformes, o campo elétrico EP no ponto P corresponde à


soma vetorial dos campos E1 e E2 gerados, respectivamente, pelas cargas Q1 e Q2.

Direção: horizontal para os campos E1, E2 e EP

Intensidade de E1:

K . Q1 9 .10 9 × 4,5 .10 −6 40,5 .10 3 N


E1 = = = = 1,8 .10 6
d 2
(
15 .10 − 2 2
) 22,5 .10 −3
C

Sentido de E1: divergente, da esquerda para a direita (carga positiva)

Q1 P Q2
E1

Intensidade de E2:

K . Q2 9 .10 9 × 2,5 .10 −6 22,5 .10 3 N


E2 = = = = 1.10 6
d 2
(
15 .10 − 2
2
) 22,5 .10 − 3
C

Sentido de E2: convergente, da esquerda para a direita (carga negativa)

Q1 P Q2
E2

Intensidade da resultante:
N
E P = E1 + E 2 = 1,8 × 10 6 + 1 × 10 6 = 2,8 × 10 6
C

Sentido da resultante: da esquerda para a direita

Q1 P Q2
EP

Eletricidade I Página 24 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Comportamento das Linhas de Campo
As linhas de campo ou linhas de força, formadas a partir dos infinitos pontos tangen-
ciais aos vetores campo elétrico resultantes, podem se comportar de formas diferentes em fun-
cão da natureza das cargas elétricas envolvidas.

(a) Cargas Iguais de Sinais Contrários (b) Cargas Iguais de Mesmo Sinal

Figura 3.21 - Linhas de Campo

A análise das linhas de campo é uma das formas de se compreender por que cargas de
sinais contrários se atraem (linhas de campo se unem) e de mesmos sinais se repelem (linhas de
campo se afastam mutuamente).

Campo Elétrico num Condutor Esférico Carregado


Eletricamente

Como já foi visto anteriormente, no interior de um condutor carregado eletricamente, as


cargas elétricas em excesso se repelem mutuamente, ficando na sua superfície.

Experimentalmente, pode-se verificar que, devido a esta repulsão mútua, o campo elé-
trico em qualquer ponto no interior de um condutor esférico em equilíbrio eletrostático é nulo,
como mostra a figura 3.22, referente a um condutor esférico carregado positivamente.

Eletricidade I Página 25 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


p
E d
k ⋅Q
E0 0 E=
R d2
E → campo elétrico
E0 → campo na periferia da esfera
d → distância do ponto ao centro
R → raio do condutor
E

Figura 3.22 - Campo Elétrico no Interior de um Condutor Esférico Carregado Positivamente


Aproveitando-se esta propriedade do campo elétrico ser nulo no interior de um condutor
uma forma de proteger um equipamento de influências elétricas é colocá-lo dentro de uma malha
metálica, isolando-o de qualquer efeito elétrico exterior, uma vez que no interior da malha o cam
pó elétrico é nulo. Desta forma, se um carro, cuja estrutura é metálica, é atingido por um raio, as
pessoas no seu interior teoricamente nada sofrem.

Exemplo de Aplicação: Blindagem Eletrostática

CRB1954

Figura 3.23 - Blindagem Eletrostática


Na prática, as pessoas podem se machucar e até morrer por causa do incêndio, explosão
ou susto, mas não por causa do campo elétrico,

Eletricidade I Página 26 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Campo Elétrico Uniforme
Um campo elétrico é uniforme quando em todos os seus pontos o vetor E é constante,
ou seja, tem a mesma intensidade, a mesma deireção e o mesmo sentido. É o que ocorre entre pla
cas planas paralelas eletrizadas com cargas de sinais contrários. Neste caso, as linhas de campo
são retas paralelas, como mostra a figura 3.24.

+ + + + + + + +++ + + + + +

- - - - - - - --- - - - - - - - - -

Figura 3.24 - Campo Elétrico Uniforme entre Placas Planas Eletrizadas

Lei de Coulomb

Voltando ao campo gravitacional, sabe-se que um corpo dentro dele está submetido a
uma força, chamada comumente de peso.

Charles Augustin de Coulomb observou que algo semelhante ocorre com uma carga
elétrica imersa num campo elétrico.

Através de várias experiências, comprovou-se que, se numa região do espaço existe um


campo elétrico E criado por uma carga elétrica qualquer, uma outra carga elétrica puntiforme Q,
imersa neste campo elétrico, fica submetida a uma força F caracterizada da seguinte forma:

• Intensidade – diretamente proporcional à carga elétrica Q e ao campo elétrico E,


isto é:

F = Q.E

• Direção – igual à direção do campo elétrico.

• Sentido – Se a carga elétrica é positiva, ela fica submetida a uma força no mesmo
sentido do campo elétrico e, se a carga elétrica é negativa, fica
submetida a uma força no sentido contrário ao do campo elétrico,
como mostra a figura 3.25.

Eletricidade I Página 27 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Q Q
F E

Figura 3.25 - Sentido da Força em Cargas Elétricas Imersas num Campo Elétrico

Mas, se esta carga elétrica Q imersa num campo elétrico E, gerado por outra carga fica
fica submetida a uma força F, é de se esperar que seu campo elétrico faça o mesmo com a outra
carga, ou seja, que ela também fique submetida a uma força, correto?

Intuitivamente sabemos que sim e, portanto, busquemos uma resposta científica!

Uma carga elétrica Q1 positiva gera um campo elétrico divergente E1 a uma distância
d , como mostra a figura 3.26.

Q1
E1

Figura 3.26 - Campo Elétrico E1 Gerado por Uma Carga Elétrica Q1

Este campo elétrico pode ser calculado por:

K . Q1
E1 = (Equação I )
d2

Uma carga elétrica Q2 positiva colocada neste ponto, fica submetida a uma força F2 na
mesma direção e sentido do campo elétrico, como mostra a figura 3.27.

Q1 Q2
F2
E1

Figura 3.27 - Força F2 na Carga Elétrica Q2 Imersa em E1

Eletricidade I Página 28 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Esta força pode ser calculada por:

F2 = Q2 . E1 ( Equação II )

Substituindo E1 da equação II por E1 da equação I, tem-se:

K . Q1 . Q2
F2 = ( Equação III )
d2

Da mesma forma, esta carga elétrica Q2 gera um campo elétrico E2 no ponto onde se
encontra a carga elétrica Q1, fazendo com que ela fique submetida a uma força F1 no mesmo sen-
tido do campo elétrico, como mostra a figura 3.28.

Q1 Q2
F1

E2

Figura 3.28 – Força F1 na Cargs Elétrica Q1 imersa em E2

O campo elétrico E2 e a força F1 podem ser calculados por:

K . Q2
E2 = ( Equação IV )
d2

F1 = Q1 . E2 ( Equação V )

Substituindo E2 da equação V por E2 da equação IV, tem-se:

K . Q1 . Q2
F1 = ( Equação VI )
d2

Comparando-se as equações III e VI, observa-se que ambas resultaram no mesmo va-
lor, ou seja, F1 = F2, tendo as forças a mesma direção, porém sentidos contrários, gerando
assim, uma repulsão entre as duas cargas elétricas positivas.

A generalização deste fenômeno para quaisquer cargas elétricas é conhecida como


Lei de Coulomb.

Eletricidade I Página 29 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Lei de Coulomb
Duas cargas elétricas Q1 e Q2 interagem entre si com forças de mesma intensidade F,
cujo valor é diretamente proporcional à constante eletrostática do meio K e ao produto das
cargas elétricas e inversamente proporcional ao quadrado da distância d entre elas. As forças
têm a mesma direção e sentidos contrários, havendo atração se têm sinais contrários
e repulsão se têm mesmos sinais.

K . Q1 . Q2
F=
d2

OBSERVAÇÃO:

● Como o sentido das forças (atração ou repulsão) é determinado em função da natureza


das cargas elétricas, na equação da Lei de Coulomb utiliza-se apenas os seus módulos para o cal-
culo da intensidade da força.

Finalmente foi elucidado o mistério das almas gêmeas e das almas incompatíveis.

Exemplo:
a) Determinar a intensidade, direção e sentido das forças que atuam nas cargas
Q1 = 23µC e Q2= -8µC quando as mesmas encontram-se no vácuo e distantes 2m uma da
outra.

Direção: horizontal Sentido: atração

K . Q1 . Q2 9 × 10 9 × 23 × 10 −6 × 8 × 10 −6
Intensidade: F= = = 0,414 N
d2 22

b) Três cargas elétricas Q1, Q2 e Q3 estão alinhadas conforme a figura abaixo:

Q1 = 8µC Q2 = -4µC Q3 = -10µC

d1 = 2m d2 = 3m
P1 P2 P3

Calcular o campo elétrico resultante nos pontos onde está situada cada uma destas
cargas e a força resultante em cada uma delas.

Eletricidade I Página 30 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


▪ Cálculo dos Campos Elétricos

Representação utilizada: Exy Campo elétrico no ponto Px gerado pela carga Qy

k . Q2 9.10 9 . 4 .10 −6
E12 = 2
⇒ E12 = ⇒ E12 = 9000 N / C
d1 22
Q2
P1 E12

k . Q3 9.10 9 . 10 .10 −6
E13 = ⇒ E13 = ⇒ E13 = 3600 N / C
(d1 + d 2 )2 52
Q3
P1 E13

ER1 = E12 − E13 ⇒ ER1 = 9000 + 3600 ⇒ ER1 = 12600 N / C

P1 ER1

k . Q1 9.109 . 8 .10 −6
E21 = 2
⇒ E 21 = ⇒ E21 = 18000 N / C
d1 22
Q1
P2 E21

k . Q3 9.109 . 10 .10 −6
E23 = ⇒ E23 = ⇒ E23 = 10000 N / C
(d 2 )2 32
Q3
P2 E23

ER 2 = E21 + E23 ⇒ ER 2 = 18000 + 10000 ⇒ ER 2 = 28000 N / C

P2 ER2

Eletricidade I Página 31 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


k . Q1 9.109 . 8 .10 −6
E31 = ⇒ E = ⇒ E31 = 2880 .10 6 N / C
(d1 + d 2 )2 31
5 2

Q1
P3 E31

k . Q2 9.109 . 4.10 −6
E32 = ⇒ E32 = ⇒ E23 = 4000 N / C
(d 2 )2 32

Q2
E32 P3

ER 3 = E32 − E31 ⇒ ER 3 = 4000 − 2880 ⇒ ER 3 = 1120 N / C

ER3 P3

Cálculo das Forças

Representação utilizada: Fxy Força na carga Qx devido à interação com a carga Qy

k . Q1 . Q2 9.10 9 . 8 .10 −6 . 4 .10 −6


F12 = ⇒ F12 = ⇒ F12 = 0,072 N
(d1 )2 22

Q1 Q2
F12

k . Q1 . Q3 9.10 9 . 8 .10 −6 .10 .10 −6


F13 = ⇒ F13 = ⇒ F13 = 0,0288 N
(d1 + d 2 )2 52

Q1 Q3
F13

FR1 = F12 + F13 ⇒ FR1 = 0,072 + 0,0288 ⇒ FR1 = 0,1008 N

Q1
FR1

Eletricidade I Página 32 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


F21 = F12 = 0,072 N

Q1 Q2
F21

k . Q2 . Q3 9.109 . 4 .10−6 .10 .10 −6


F23 = ⇒ F = ⇒ F23 = 0,04 N
(d 2 )2 23
32

Q2 Q3
F23

FR 2 = F21 + F23 ⇒ FR 2 = 0,072 + 0,04 ⇒ FR 2 = 0,112 N

Q2
FR2

F31 = F13 = 0,0288 N

Q1 Q3
F31

F32 = F23 = 0,04 N


Q2 Q3
F32

FR 3 = F32 − F31 ⇒ FR 3 = 0,04 − 0,0288 ⇒ FR 3 = 0,0112 N

Q3
FR3

1.2 Tensão Elétrica

Comecemos este tópico com uma analogia ...

Durante a realização de um trabalho, um corpo pode transformar um tipo de energia em


outro, mantendo, porém, a energia total constante, pois como disse Lavoisier: “na natureza,
nada se cria e nada se perde, tudo se transforma”.

Eletricidade I Página 33 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos


Uma mola em repouso não tem potencial para realizar trabalho. Porém, se ela for
pressionada por uma força qualquer, esta força realiza um trabalho, que pode ser entendido como
a energia cinética da mola ( energia do movimento ) transformando-se em energia potencial
elástica, como mostra a figura 3.29.

Figura 3.29 – Força Causando Transformação de Energia

Quando esta força deixa de existir, a energia acumulada pela mola faz com que ela volte
a realizar um trabalho, transformando a energia potencial elástica em energia cinética, porém, no
sentido contrário, como mostra a figura 3.30.

Figura 3.30 – Energia Acumulada Realizando Trabalho

Em Física, o trabalho realizado por uma força num corpo é representado pela letra grega
τ (tau), e corresponde ao produto da força aplicada F pelo deslocamento d causado no corpo ou
seja τ = F . d. A distância d é medida em relação a um referencial que, no caso da mola, é o
ponto de repouso.

Eletricidade I Página 34 Eletrostática – Tensão Elétrica


Fazendo-se a análise da equação acima, vê-se que a unidade de medida de τ é N.m
(Newton x metro) que foi denominado Joule (J), em homenagem a este cientista.

Trabalho Realizado por uma Força Elétrica

Sabe-se, pela Lei de Coulomb, que se uma carga de prova Q é colocada em uma região
do espaço onde existe um campo elétrico (gerado por uma carga q), surge nesta carga uma força
capaz de movimentá-la. Ora, tem-se assim, a força elétrica realizando um trabalho τ = F.d.

Assim, se esta força estiver deslocando a carga Q de um ponto A para um ponto B, a


expressão do trabalho realizado poderia ser:

τAB = F.(dB – dA) Poderia, mas não é!

Surge aqui um pequeno problema: se a carga de prova Q está em movimento, a


distância (dB – dA) está aumentando e, pela Lei de Coulomb, a força está diminuindo, já que
ela é inversamente proporcional ao quadrado da distância, como mostra o gráfico da figura 3.31.

K . Q.q
F=
d2

Figura 3.31 – Relação Força Elétrica x Distância entre Cargas Elétricas

Portanto, como chegar a uma equação que mostre o trabalho realizado pela força
elétrica, se esta força não é constante? E mais, como o que nos interessa é o fenômeno elétrico,
como relacionar este trabalho com as cargas elétricas?

Sentimos muito, caros leitores, mas, como estamos falando de algo que precisa de uma
matemática superior, muito mais complexa, seremos obrigados a apresentar-lhes esta
expressão final, sem nos preocuparmos em demonstrá-la matematicamente. Mas não se
desiludam, pois, as conclusões a que chegaremos poderão ser facilmente demonstradas
experimentalmente.

Eletricidade I Página 35 Eletrostática – Tensão Elétrica


O trabalho realizado por uma força atuando numa carga elétrica Q imersa num campo
elétrico, criado por outra carga elétrica q, pode ser expresso matematicamente como:

1 1
τ AB = K .Q.q  − 
 A dB 
d

Energia Potencial Elétrica

Um corpo, a uma certa altura h do chão, possui energia potencial gravitacional Ep. Se
o corpo é largado, a sua energia potencial gravitacional, na medida em que ele cai,
transforma-se em energia cinética Ec. Quando o corpo atinge o chão (h=0), ele não tem mais
energia potencial gravitacional (Ep=0) e a energia cinética (que é máxima) é transformada em
calor e deformação devido ao choque. O chão, ponto mais baixo que o corpo pode atingir e no
qual a energia potencial é nula, é considerado uma referência para a medida desta energia.

Portanto, é justo que encontremos uma referência para nossa carga de prova para que
possamos calcular a energia potencial em jogo.

A figura 3.32 representa a força elétrica movimentando uma carga Q do ponto A até
o ponto B.

Q F

A B

Figura 3.32 – Movimento da Carga Q do Ponto A até o ponto B

Imaginando-se o ponto B no infinito (dB = ∞), é fácil perceber que a força elétrica que
atua na carga neste ponto é nula. Não havendo força, não existe mais movimento e, não
havendo movimento, não existe mais energia e, não havendo energia, não existe mais trabalho.

Então, é isso! O infinito é a referência que procurávamos!

Eletricidade I Página 36 Eletrostática – Tensão Elétrica


Neste caso, o trabalho necessário para que a força F desloque esta carga do ponto A
até o infinito pode ser calculado pela expressão:

1 1
τ A∞ = K .Q.q  − 
 A d∞ 
d

1 1
→ 0 , tem-se:
Mas, como
∞ τ A∞ = K .Q.q.
dA

Qual é o significado físico desta expressão?

Certamente, este só pode ser o maior trabalho que a força F pode realizar, já que
desloca a carga do ponto A até o infinito (que é o ponto mais distante possível).

Mas, como energia é a capacidade de realizar trabalho, pode-se afirmar que a energia
potencial elétrica Ep, armazenada pela carga Q no ponto A, é igual ao trabalho necessário
para deslocá-la do ponto A ao infinito, ou seja, EpA = τA∞ ou, então:

K .Q. q
EpA =
dA

É fácil perceber que a unidade de energia potencial elétrica é a mesma unidade de


trabalho, ou seja, Joule (J).

Puxa! Você deve estar cansado de tanto “trabalho”. Mas espera só um pouquinho, pois
a parte mais legal já está chegando!

Potencial Elétrico

Potencial elétrico é um dos principais conceitos no estudo da eletricidade. É, na


verdade quase que o ponto de partida de toda análise teórica e experimental que será vista daqui
para frente, e essencial para se compreender o funcionamento dos dispositivos e circuitos
eletrônicos.

Supondo-se que uma carga positiva q tem várias cargas de prova diferentes e positivas
QA , QB , QC e QD em sua volta, mas todas a uma mesma distância d, como mostra a figura
3.33.

Eletricidade I Página 37 Eletrostática – Tensão Elétrica


QA QB

qq
d

QC QD

Figura 3.33 – Cargas de Prova ao Redor de uma Carga Elétrica q

As energias potenciais elétricas nos pon tos A, B, C e D devido à carga q são, respecti
vamente:

K ⋅ q ⋅ QA K ⋅ q ⋅ QB K ⋅ q ⋅ QC K ⋅ q ⋅ QD
EP A = ; EP B = ; EP C = ; EP D =
d d d d

Pelas equações, pode-se observar que a energia potencial em cada ponto é diferente,
pois as cargas de prova têm intensidade diferentes entre si, apesar das distâncias em relação à car
ga q e o campo gerado por ela serem iguais.

Por outro lado, existe um fator igual em todas as equações que vale K.q/d, já que
depende apenas da carga geradora do campo elétrico ( a mesma para todas as cargas de prova ) e
da distância entre as cargas de prova e a carga geradora do campo elétrico (a mesma distância pa
ra todas as cargas de prova).

Este fator é definido como potencial elétrico, representado pela letra V, e é uma carac
terística do ponto considerado, e não da carga de prova localizada neste ponto, além de ser uma
grandeza escalar.

Portanto, num campo elétrico, cada ponto possui um potencial elétrico V que é dire
tamente proporcional ao produto entre a característica do meio K e a intensidade da carga elétri
ca q, geradora deste campo elétrico, e inversamente proporcional à distância d entre a carga ge-
radora do campo elétrico e o ponto considerado, ou seja:

K ⋅q EP
V = ou , ainda : V =
d Q

Pela segunda equação acima, vê-se que a unidade de medida de potencial elétrico é J/C
que, no SI é chamada de Volt (V) em homenagem ao cientista Alessandro Volta.

Eletricidade I Página 38 Eletrostática – Tensão Elétrica


Portanto, um Volt corresponde ao potencial elétrico de um ponto que fornece uma
energia potencial elétrica de um Joule a uma carga de um Coulomb.

a) Qual o potencial elétrico de um ponto que está a 10cm de uma carga elétrica
q = +1,5µC localizada no vácuo?
Exemplos:
q = +1,5µC P
d = 10cm

K .q 9 × 10 9 × 1,5 × 10 −6
V = ⇒V = ⇒ V = 135 × 10 3 V
d 10 × 10 − 2

b) Duas cargas elétricas, q1 = +2µC e q2 = -7µC, estão colocadas no vácuo separadas


por uma distância de 8m. Qual o potencial elétrico num ponto P localizado na linha
imaginária entre q1 e q2, a 3m da carga q1?

q1 = +2µC P q2 = -7µC

d1 = 3m d2 = 5m

O potencial neste ponto é a resultante da soma dos potenciais devidos a cada uma das
cargas. Portanto

K . q1 9 × 10 9 × 2 × 10 −6
V P1 = ⇒ V P1 = ⇒ V P1 = 6000 V
d1 3

VP 2 =
K . q2
⇒ VP 2 =
(
9 × 10 9 × − 7 × 10 −6 )
⇒ V P 2 = −12600 V
d2 5

VP = VP1 + VP 2 ⇒ VP = 6000 − 12600 ⇒ VP = −6600V

Superfícies Equipotenciais
A partir do que foi exposto, tem-se que em volta de uma carga elétrica (positiva ou
negativa) existem infinitas regiões esféricas imaginárias, cada uma formada por infinitos pontos
com o mesmo potencial elétrico. Estes pontos formam as superfícies equipotenciais, sendo as
linhas de campo sempre perpendiculares a elas, como mostra a figura 3.34 para uma carga
positiva.

Eletricidade I Página 39 Eletrostática – Tensão Elétrica


Linhas
de Campo

Superfícies
Equipotenciais

Figura 3.34 – Superfícies Equipotenciais numa Carga Positiva

Considerando-se , agora, duas cargas elétricas de mesma intensidade mas com


polaridades opostas, as superfícies equipotenciais assumem o seguinte aspecto:

Potencial Zero

Linhas
de Campo

Superfícies
Equipotenciais

Potenciais Positivos Potenciais Negativos

Figura 3.35 – Superfícies Equipotenciais entre Duas Cargas de mesma


Intensidade e Polaridades Opostas

Neste caso, a superfície que passa pelo ponto médio 0 possui potencial zero, já que os
demais pontos eqüidistantes dela possuem potenciais positivos à esquerda (sobre influência da
carga positiva) e, com mesmas intensidades, mas negativos, à direita (sobre influência da carga
negativa).

Finalmente, em relação às placas planas paralelas e eletrizadas, tem-se o seguinte:

Superfícies
Linhas Equipotenciais
de Campo

Figura 3.36 - Superfícies Equipotenciais entre Placas Planas Paralelas

Eletricidade I Página 40 Eletrostática – Tensão Elétrica


Neste caso, como o campo elétrico é uniforme, as superfícies equipotenciais são planas.

Diferença de Potencial (ddp) ou Tensão Elétrica

A figura 3.37 mostra um campo elétrico gerado por uma carga q positiva e os pontos
A e B, respectivamente, a uma distância dA e dB desta carga.

q(+)
A B

dA
dB

Figura 3.37 – Pontos A e B num Campo Elétrico

O potencial elétrico nos pontos A e B são:

K ⋅q K ⋅q
VA = VB =
dA dB

Como o ponto A está mais próximo da carga do que o ponto B, tem-se que:

VA > VB

Esta diferença de potencial entre dois pontos é de extrema importância para o estudo
de tudo o que está relacionado à eletricidade.

A diferença de potencial (ddp) é comumente chamada de tensão ou voltagem e pode


ser representado por VAB ou simplesmente V, sendo sua unidade de medida o Volt.

Assim, matematicamente, a tensão entre os pontos A e B pode ser expresso por:

VAB = VA - VB

Eletricidade I Página 41 Eletrostática – Tensão Elétrica


Exemplos:
Qual a ddp entre os pontos P e Q situados, respectivamente, a 20cm e 45cm de uma
carga de 50nC no vácuo?
Exemplos:
q = 50nC
P Q
d = 20cm
d = 45cm

K .q 9 × 109 × 50 × 10 −9
VA = ⇒ VA = ⇒ VA = 2250V
dA 0,2

K .q 9 × 10 9 × 50 × 10 −9
VB = ⇒ VB = ⇒ V B = 1000 V
dB 0,45

V A − VB = 2250 − 1000 ⇒ V A − V B = 1250V

Mas afinal, qual a razão da importância da ddp? A resposta é simples!

• Se uma outra carga positiva q' for colocada neste campo elétrico, ela se movimentará
no mesmo sentido do campo, ou seja, do potencial maior para o menor, devido à força de
repulsão entre as cargas, como mostra a figura 3.38(a).

• Se uma outra carga negativa q' for colocada neste campo elétrico, ela se movimentará
no sentido contrário do campo, ou seja, do potencial menor para o maior, devido à força de
atração entre as cargas, como mostra a figura 3.38(b).

q(+) q' q(+)


q''

A B A B
VA > VB VA > VB

(a) – Carga positiva (b) – Carga negativa

Figura 3.38 – Movimento de Cargas Devido à Diferença de Potencial

Esta análise permite concluir que uma diferença de potencial elétrico produz um
movimento de cargas elétricas.

Eletricidade I Página 42 Eletrostática – Tensão Elétrica


Vamos agora fazer um exercício de especulação:

Imagine um dispositivo que forneça constantemente uma diferença de potencial ou


tensão elétrica entre dois terminais. Agora, imagine um condutor com muitos elétrons livres
ligado a estes terminais. O que acontece? Muitas cargas se movimentando num único sentido,
não é verdade?

Voltemos agora à realidade, para mostrarmos que esta especulação é a pura


realidade.

A este movimento de cargas elétricas, dá-se o nome de corrente elétrica, objeto de


estudo da eletrodinâmica. Ou seja, as grandezas tensão e corrente são as responsáveis por tudo
o que se conhece em termos de equipamentos eletro-eletrônicos, desde uma simples lâmpada até
o mais complexo computador.

O dispositivo que fornece tensão a um circuito elétrico é conhecido por : gerador de


tensão, bateria ou fonte de alimentação. Este pode fornecer tensão contínua (CC-de corrente
contínua) ou tensão alternada (CA-de corrente alternada). A tensão contínua é aquela que tem
valor constante e a alternada é aquela que muda de polaridade numa determinada freqüência.

Exemplos:
Fontes de Alimentação CC:
Exemplos:
• pilha elétrica - 1,5V

• bateria de automóvel - 12V

• fonte de tensão ajustável - 0 a 30V

Fontes de Alimentação CA:

• gerador de usina hidrelétrica - 300.000V/60Hz/Senoidal

• gerador de áudio - 0 a 10V/10 a 50kHz/Senoidal

A figura 3.39 mostra os símbolos elétricos e os gráficos das fontes de alimentação CC


e CA senoidal.
V(V)
V(V) Vmáx

E V t
E

Vmin
t

Fonte de Alimentação CC Fonte de Alimentação CA Senoidal

Figura 3.39 – Símbolos e Gráficos das Fontes de Alimentação CC e CA Senoidal

Eletricidade I Página 43 Eletrostática – Tensão Elétrica


Por convenção, na fonte de alimentação o ponto de maior potencial é denominado
potencial positivo (pólo +) e o de menor potencial é denominado potencial negativo (pólo -).

Como a eletricidade e a eletrônica trabalham com faixas muito distintas de tensão


(de alguns milionésimos de volts até milhares de volts), esta grandeza pode ser expressa por seus
múltiplos e submúltiplos:

Submúltiplos Unidade Valor


microvolt µV 10-6 V
milivolt mV 10-3 V
Múltiplos Unidade Valor
quilovolt kV 103 V
Megavolt MV 106 V

Curiosidades:
● Por que tomamos choques?

Nós tomamos choques quando ficamos sujeitos a uma ddp, fazendo com que uma corren
te elétrica circule por uma parte de nosso corpo. Esta ddp surge, por exemplo, quando estamos
com os pés no chão ( potencial da terra é nulo ) e colocamos uma mão num ponto metálico de
uma geladeira mal aterrada (com potencial elétrico).

● Por que os passarinhos não tomam choque quando pousam num fio de alta tensão
desencapado?

Os passarinhos não tomam choque porque não ficam sujeitos a uma ddp (todo o fio
está no mesmo potencial elétrico), ou seja, não há corrente elétrica passando por seus corpos.

Eletricidade I Página 44 Eletrostática – Tensão Elétrica


3.3 Voltímetro

Como a tensão elétrica é uma grandeza que faz parte dos circuitos elétricos, é necessário
saber medi-la.

Eis aqui nosso primeiro instrumento de medida elétrica que, com um pouco mais de
estudo, você estará apto a utilizá-lo.

O instrumento utilizado para medir uma tensão elétrica é o voltímetro, cujos símbolos
estão representados a seguir:

V V
~

Tensão Contínua (CC) Tensão Alternada (CA)


Figura 3.40 – Símbolos do Voltímetro

O voltímetro para medida de tensão contínua possui um pólo positivo (vermelho) e um


negativo (preto), nos quais são colocadas as pontas de prova, utilizadas para conectá-lo nos
pontos entre os quais se deseja medir a tensão. Já, nos voltímetros utilizados para medida de tensão
alternada, não há problema de polaridade.

Pólo
Positivo
Pilha

Pólo Pólo
Negativo Positivo
Pólo
Negativo

Figura 3.41 – Voltímetro Medindo a Tensão de uma Pilha

Eletricidade I Página 45 Eletrostática – Voltímetro


A figura 3.41 mostra, também, que o voltímetro deve ser ligado em paralelo com o
dispositivo no qual deseja-se medir a tensão, já que ela corresponde à ddp entre dois pontos.

Em algum lugar do passado...

No Capítulo 2, falamos que não bastava ter o instrumento para se fazer uma medida, era
preciso ter o instrumento adequado. Assim, uma régua de 30cm não é adequada para se medir o
comprimento de um terreno.

De volta para o futuro...

Para que as medidas sejam feitas com a maior precisão possível, o voltímetro possui
vários valores máximos denominados fundos de escala, que podem ser escolhidos através de um
seletor, conforme a ordem de grandeza do valor a ser medido, como mostra a figura 3.42.

2V

20V

200V

2000V

Figura 3.42 – Seletor de Escalas de um Voltímetro

Assim, um voltímetro ajustado para um fundo de escala de 20V (que pode medir no
máximo 20V) não pode ser utilizado para medida de tensões maiores que 20V, pois pode se
danificar (a escala correta é a de 200V), nem é adequado para se medir com precisão tensões
menores que 2V (a escala correta é a de 2V).

Eletricidade I Página 46 Eletrostática – Voltímetro


Exemplo:
A figura a seguir, representa um voltímetro com quatro escalas. Sabendo-se que ele está
medindo corretamente a tensão entre os terminais de três pilhas ligadas em série, qual escala
está sendo utilizada e qual o valor da tensão total das pilhas?

10
5 15
Escalas:
0 20

2V
20V
200V
2000V

Figura 3.43 – Voltímetro Medindo a Tensão de Três Pilhas Ligadas em Série

Três pilhas em série, em bom estado, forneceriam uma tensão total de:

VT = 3 x 1,5 = 4,5V

Portanto, a escala utilizada é a de 20V mas ele está marcando 3,8V (o algarismo 8 foi
estimado, vide Capítulo 2). Isto significa que uma ou mais pilhas estão um pouco gastas.

Eletricidade I Página 47 Eletrostática – Voltímetro


3.4 Capacitância e Capacitores

Veremos, neste momento, o primeiro dispositivo elétrico, o capacitor, cujo funciona-


mento está baseado num fenômeno eletrostático, a capacitância.
Só para se ter idéia da importância deste dispositivo, é ele o responsável pela sintonia
das estações nos rádios AM e FM.

Capacitância

Ao enchermos um pneu, temos que tomar cuidado para que ele não estoure, já que seu
material pode não ser muito resistente, suas dimensões podem não ser muito grandes e, por isso
não podemos enchê-lo com uma quantidade de ar acima de sua capacidade.

É isto, a capacitância é um conceito associado à capacidade de um condutor em arma-


zenar cargas elétricas e, da mesma forma que o pneu, esta capacidade depende de suas dimen-
sões e do material com que é feito, como será visto mais adiante.

A figura 3.44 representa uma esfera condutora de raio R, recebendo cargas elétricas de
um outro condutor eletrizado, aqui chamado de gerador de cargas, num meio com constante ele-
trostática K.

Condutor (raio R)

gerador de cargas

Figura 3.44 – Condutor Esférico sendo Carregado por um Condutor Eletrizado

Considerando-se, para efeito de análise, que toda a carga Q esteja concentrada no centro
do condutor esférico, o potencial V em sua superfície pode ser calculado por:

K ⋅Q Q R
V = de onde tira-se a relação =
R V K

Esta relação pode ser interpretada como segue: conforme a carga do condutor esférico
aumenta, seu potencial aumenta proporcionalmente, já que R e K são constantes, ou seja:

= C (cons tan te )
Q1 Q2 Q3 Q R
= = = ... = =
V1 V2 V3 V K

Eletricidade I Página 48 Eletrostática – Capacitância e Capacitor


Esta constante de proporcionalidade é chamada de capacitância, representada pela letra
C, e pode ser expressa por:

Q R
C= ou C=
V K

No SI, a unidade de medida de capacitância (Coulomb/Volt) é denominada Farad (F),


em homenagem a este cientista. Assim, pode-se dizer que:

Capacitância

Capacitância é a capacidade de carga que um condutor pode armazenar por unidade de


tensão.

Também, pela equação C= R/K, pode-se verificar que a capacitância depende das di-
mensões do condutor (raio R) e das características do meio onde ele se encontra (constante ele-
trostática do meio K).

Farad – Você é capaz de imaginar as dimensões de um condutor esférico com capaci-


tância de 1F?
Leitor(a) – Ora, é só aplicar a fórmula!
Farad – Então aplique!
Leitor(a) – Esse cara pensa que sou besta e não sei fazer contas:

R
C= ⇒ R = C ⋅ K ⇒ R = 1 × 9 × 109 ⇒ R = 9 × 109 m
K

Farad – Pronto?
Leitor(a) – Claro! O raio tem 9 milhões, não, 9bilh..., não trilh....Ah! Um monte de me-
tros!
Farad – Foi por isso que eu perguntei se você era capaz de imaginar as dimensões des-
te condutor. Ele é muito maior que o Sol.

Justamente por isso, somente são possíveis valores muito pequenos de capacitância, que
são dados por submúltiplos do Farad, ou seja:

Submúltiplo Unidade Valor


milifarad mf 10-3 F
microfarad µF 10-6 F
nanofarad nF 10-9 F
picofarad pF 10-12 F

Eletricidade I Página 49 Eletrostática – Capacitância e Capacitor


Exemplo:
Qual a capacitância de um condutor esférico de raio 9cm e qual a sua carga sabendo-
se que o seu potencial elétrico é de 1000V?

rr
r =9
cm
V= 1000V

R 9 × 10 −2
C= ⇒C = ⇒ C = 10 pF
K 9 × 10 9

Q
C= ⇒ Q = C ⋅ V ⇒ Q = 10 ⋅ 10 −12 × 1000 ⇒ Q = 10 nC
V

C a p a c i t o r e s

Para os circuitos elétricos, são de fundamental importância dispositivos que possam


armazenar cargas elétricas ou energia na forma eletrostática, e que sejam especificados para
amplas faixas de capacitância e tensão. Estes dispositivos são denominados capacitores ou
condensadores.

Os capacitores podem ser polarizados ou não polarizados e fixos ou variáveis, cujos


símbolos estão mostrados na fig.3.45.

Não Polarizado Polarizados Variável

Figura 3.45 – Símbolos Elétricos dos Capacitores

O mais simples destes dispositivos é chamado de capacitor de placas paralelas.

Eletricidade I Página 50 Eletrostática – Capacitância e Capacitor


Capacitor de Placas Paralelas

A figura 3.46(a) representa um capacitor de placas paralelas formado por duas armadu-
ras P1 e P2 (placas paralelas), cada uma com área A e separadas por uma distância d por uma ca-
mada isolante de vácuo denominada dielétrico.

dielétrico E
P1 P2 P1 + P2 P1 + - P2
+ +Q + - -Q
+ O + -
+ + -
A A + + -
d d
d

(a) (b) (c)

Figura 3.46 – Carga de um Capacitor de Placas Paralelas

Considerando-se inicialmente a placa P1 eletrizada positivamente e a placa P2 neutra co-


nectada a um ponto de terra, devido ao fenômeno de indução, os elétrons do ponto de terra mo-
vem-se para a placa P2 eletrizando-a negativamente, como mostra a figura 5.3(b). Quanto menor
a distância d, mais elétrons fluem para a placa P2. Porém, as placas não podem se tocar , caso
contrário não ocorreria o acúmulo de cargas, daí a necessidade do dielétrico.

Quando este fluxo de elétrons cessa, tem-se as duas placas carregadas, P1 com carga +Q
e P2 com carga –Q, ou seja, as placas têm cargas de mesma intensidade, mas com sinais contrá-
rios. Neste momento, o capacitor encontra-se totalmente carregado, mas a carga total do sistema
passa a ser nula (+Q – Q = 0). Assim, pode-se considerar que o capacitor carregou-se com carga
Q, fazendo com que entre suas placas apareça um campo elétrico uniforme E , como na figura
4.46(c).

Desta forma, pode-se calcular a tensão (ddp) entre as placas e a capacitância do disposi-
tivo, conforme segue:

Q
V12 = V1 − V2 = E ⋅ d e C=
V12

Mas, como a carga Q distribui-se numa área A, pode-se, também, calcular a capacitân-
cia em função da densidade superficial de cargas σ (sigma):

Assim: σ =
Q
A
[
C / m2 ] ou , ainda Q = σ ⋅ A

Eletricidade I Página 51 Eletrostática – Capacitância e Capacitor


Q σ⋅A
Portanto : C= ⇒C =
E ⋅d E⋅d

É possível demonstrar que o campo elétrico entre duas placas paralelas no vácuo é dado
Por: E = 4 . π . K0 . σ , onde:

E é valor do campo elétrico uniforme entre as placas paralelas


9 2 2
K0 é a constante eletrostática do vácuo (9x10 N.m /C )
σ é a densidade superficial de cargas nas placas

Esta equação pode ser ainda expressa da seguinte forma:

σ 1
=
E 4 ⋅ π ⋅ K0

Por esta equação, percebe-se que a relação σ/E é constante e foi denominada permissi-
-12
vidade absoluta ε (epsílon), sendo que para o vácuo ela vale aproximadamente: ε =8,9x10 F/m.

Logo, a capacitância C no vácuo pode ser determinada por qualquer uma das equações
abaixo, dependendo das variáveis disponíveis:

σ ⋅A A ε0 ⋅ A
C= ou C= ou C=
E⋅d 4 ⋅ π ⋅ K0 ⋅ d d

É importante verificar que, qualquer que seja a expressão, a capacitância de um capacitor


de placas paralelas depende das características do dielétrico presente entre as placas e é sempre
diretamente proporcional à distância entre elas.

Observação:

• Para a eletrostática, o ar tem características próximas às do vácuo e, portanto, tanto o


valor da constante eletrostática K0 como da permissividade absoluta ε0 podem ser utilizados para
o ar.

Eletricidade I Página 52 Eletrostática – Capacitância e Capacitor


Exemplos:

a) Um capacitor é formado por duas placas paralelas de áreas 20cm2, separadas


por uma distância de 1cm com dielétrico de ar. Calcular a capacitância deste capacitor.

1cm

ε0 ⋅ A 8,9 × 10 −12 × 20 × 10 −4
C= ⇒C = ⇒ C = 1,78 pF
d 1 × 10 − 2

b) Qual deve ser a tensão entre as placas deste capacitor para que ele se carregue com
uma carga de 100nC?

Q = 100nC
C = 1,78pF
V=?

Q Q 100 × 10−9
C= ⇒V = ⇒V = ⇒ V = 56,18kV
V C 1,78 × 10−12

Por este exemplo, deu para se ter uma idéia de que um capacitor com tais dimensões
tendo o ar como dielétrico, possui uma pequena capacitância e precisa de uma altíssima tensão
para uma carga também muito pequena.

Ora, esta alta tensão gera um campo elétrico altíssimo levando, fatalmente, a uma ruptu-
ra da rigidez dielétrica do ar entre as placas do capacitor, fazendo com que o ar se ionize e se tor-
ne um condutor, criando um arco voltaico entre as placas, ou seja, curto-circuitando-as, danifican-
do o capacitor.

---------------------

+++++++++++++++

Figura 3.47 – Ruptura da Rigidez Dielétrica do Ar

Eletricidade I Página 53 Eletrostática – Capacitância e Capacitor


Leitor(a) – Ah! Então isto explica as descargas atmosféricas ou raios. Quando uma
nuvem carrega-se positivamente pelo atrito com o ar, estando o pára-raios ligado à terra, se a
ddp e o campo elétrico entre eles tornam-se muito grandes, a rigidez dilétrica do ar rompe-se e
o pára-raios começa a enviar elétrons para a nuvem tentando neutralizar a sua carga.

São Pedro – Muito bem, caro leitor! Você acaba de tirar um sentimento de culpa que
sempre tive. O raio não é fruto de minha raiva pois não sou eu quem o envia, e sim o
pára-raios construído por vocês aí embaixo. Ou seja, o raio não cai. Sobe!

Influência do Dielétrico

Muitos circuitos elétricos necessitam de grandes capacitâncias. Para isso, pose-se au-
mentar a área das placas do capacitor e diminuir a distância entre elas. No entanto, aumentar
muito a área das placas implica na construção de capacitores muito grandes.

Quem não se lembra do tamanho dos rádios antigos?

Por outro lado, diminuir muito a distância entre as placas facilita a ruptura do dielétri-
co.
Uma forma de se resolver este problema é utilizar outros tipos de dielétricos, ou seja,
isolantes que fazem com que o campo elétrico entre as placas diminua. Ora, a diminuição do
campo elétrico faz diminuir a tensão entre as placas que, por sua vez, aumenta a capacitân-
cia do capacitor. Analisando pelas equações:

V =E ⋅ d ∴ ↓ E ⇒↓V

Q
C = ∴ ↓V ⇒ ↑C
V

A tabela abaixo, mostra vários isolantes normalmente utilizados como dielétricos na


construção de capacitores. O valor kd significa a constante dielétrica do material em relação
à do vácuo:

Dielétrico Constante Dielétrico kd


Vácuo 1
Ar 1
Papel 3,5
Vidro 8
mica 6
porcelana 6,5
polietileno 2,3
baquelite 4,8

Eletricidade I Página 54 Eletrostática – Capacitância e Capacitor


Desta forma, para se calcular a capacitância de um capacitor com outro dielétrico, uti-
liza-se a seguinte equação:

C = k d ⋅ C0

onde: Co é a capacitância do capacitor com dielétrico de vácuo


kd é a constante do dielétrico utilizado
C é a capacitância do capacitor com dielétrico utilizado

Exemplo:
Um capacitor tem capacitância de 220nF com dielétrico de vácuo. Qual sua capaci-
tância se o dielétrico for mudado para porcelana (kd = 6,5)?

C = k d ⋅ C o ⇒ C = 6,5 × 220 × 10 −9 ⇒ C = 1,43µF

Capacitores Comerciais

Comercialmente, existem capacitores fabricados através de várias tecnologias e utili-


zando diversos tipos de materiais dielétricos, de forma a abrangerem uma faixa bastante ampla
de capacitâncias (de alguns pF até dezenas de mF) e tensões (de alguns V até dezenas de kV),
sendo as capacitâncias sempre múltiplos ou submúltiplos dos valores apresentados na tabela a
seguir:

Série de Valores Comerciais de Capacitores


1 1,2 1,5 1,8 2,2 2,7 3,3 4,7 5,6 6.8 8,2

Exemplos:

C = 150 Pf C = 15nF C = 4,7µF C = 22nF

A tabela a seguir mostra os principais capacitores comerciais com suas características


mais importantes e aspectos físicos:

Eletricidade I Página 55 Eletrostática – Capacitância e Capacitor


Capacitor Valores Características Aspecto Físico

•Não-polarizado
pf ⇔ nF •Dielétrico: cerâmica
Cerâmico •Placas: alumínio
V ⇔ kV

•Não-polarizado
nf ⇔ µF •Dielétrico: poliéster
Poliéster •Placas: vaporização
Metalizado V de alumínio nas duas
faces do dielétrico

•Polarizado
•Dielétrico: óleo ele-
µf ⇔ mF trolítico
Eletrolítico •Placas: papel
V alumínio enrolado

•Polarizado
Tântalo nf ⇔ µF •Dielétrico: tântalo
Anodo sinterizado e
V Eletrólito seco

•Não-polarizado
•Dielétrico: ar
Variável pf ⇔ nF •Placas: alumínio
Conjunto de placas
V fixas intercaladas por
placas móveis

Eletricidade I Página 56 Eletrostática – Capacitância e Capacitores


Associação de Capacitores

Como fazer para se obter capacitâncias com valores específicos e diferentes dos en-
contrados comercialmente, caso sejam necessários num circuito ou num experimento? A asso-
ciação de capacitores é uma solução prática para este problema!

Associação Série de Capacitores

A figura 3.48(a) representa dois capacitores associados em série:

V1 V2

+ - + -
C1 C2 C1 C2
V

(a) (b)

Figura 3.48 – Associação Série de Capacitores

As placas externas dos capacitores C1 e C2 por estarem ligadas aos pólos positivo e
negativo da fonte, carregam-se, respectivamente, positiva e negativamente com carga Q. Assim
por indução, as placas internas dos capacitores carregam-se com polaridades contrárias, também
com carga Q. Isto significa que Q1 = Q2 =Q.

Porém, para que isto ocorra, a tensão da fonte deve se dividir entre os capacitores, ou
seja: V = V1 + V2, como mostra a figura 3.48(b).

Q Q Q
Como V = , tem − se que V = + .
C C1 C2

V 1 1
Dividindo-se os dois lados da equação por Q, tem-se: = +
Q C1 C2

V 1
Mas, corresponde ao inverso da capacitância, ou seja, .
Q C

Eletricidade I Página 57 Eletrostática – Associação de Capacitores


A esta capacitância resultante da associação série dá-se o nome de capacitor equiva-
lente Cep e corresponde ao valor de um capacitor que pode substituir C1 e C2 sem alterar as
características de carga do circuito.

Assim, generalizando para qualquer quantidade de capacitores, o capacitor equiva-


lente da associação série pode ser calculado por:

1 1 1 1 1
= + + + ... +
Ceq C1 C2 C3 Cn

Particulamente, para dois capacitores, esta expressão pode ser simplificada para:

C1 ⋅ C2
Ceq =
C1 + C2

OBSERVAÇÕES:

• Na associação série, o capacitor quivalente é sempre menor que qualquer capacitor


do circuito.

• Na associação série, o capacitor equivalente a dois capacitores iguais a C correspon-


de à C/2, o capacitor equivalente a três capacitores iguais a C corresponde à C/3, e
assim por diante.

Exemplos:
1) Qual o valor do capacitor equivalente da associação série entre C1 = 18µF,
C2 = 27µF e C3 = 33µF?

1 1 1 1 1 1 1 1
= + + ⇒ = −6
+ −6
+
Ceq C1 C2 C3 Ceq 18 × 10 27 × 10 33 × 10− 6

1
Portanto: = 122,9 × 10 3 ⇒ C eq = 8,14µF
C eq

Eletricidade I Página 58 Eletrostática – Associação de Capacitores


2) Tem-se dois capacitor, C1 = 33nF e C2 = 47nF, ligados em série e alimentados
por uma fonte de tensão de 12V. Determinar:

a) Capacitor equivalente:

C1 ⋅ C2 33 × 10−9 × 47 × 10 −9
Ceq = ⇒ Ceq = ⇒ Ceq = 19,4nF
C1 + C2 33 × 10 − 9 + 47 × 10 − 9

b) Carga de cada capacitor:

Q = V ⋅ C eq ⇒ Q = 12 × 19,4 × 10 −9 ⇒ Q = 232,8nC

c) Tensão em cada capacitor:

Na associação série, a tensão em cada capacitor é inversamente proporcional à sua


capacitância. Portanto:

Q 232,8 × 10 −9
V1 = ⇒ V1 = ⇒ V1 = 7,05V e
C1 33 × 10 − 9
Q 232,8 × 10 − 9
V2 = ⇒ V2 = = V2 = 4,95
C2 47 × 10 − 9

Associação Paralela de Capacitores

A figura 3.49(a) representa dois capacitores associados em paralelo.

Q1 Q2
V V1 V2
C1 C2

(a) (b)

Figura 3.49 – Associação Paralela de Capacitores

Eletricidade I Página 59 Eletrostática – Associação de Capacitores


Nesta configuração, os dois capacitores carregam-se até ficarem com a mesma tensão
da fonte, ou seja, V1 = V2 = V, como mostra a figura 5.6(b). Assim, a carga de cada capacitor
depende de sua capacitância e a carga total do circuito equivalente é a soma das cargas indivi-
duais, isto é, Q = Q1 + Q2.

Como Q = C . V, tem-se que C . V = C1 . V + C2 . V.


Dividindo-se os dois lados da equação por V, tem-se:

Ceq = C1 + C2

Assim, generalizando para qualquer quantidade de capacitores, o capacitor equiva-


lente da associação paralela pode ser calculado por:

Ceq = C1 + C2 + C3 + ... + Cn

Exemplo:
Determinar o valor do capacitor equivalente da associação paralela entre C1 = 33µF e
C2 = 0,56mF, a carga de cada capacitor e a carga total do circuito, considerando-se que C1 e
C2 estão ligados a uma fonte de 9V.

O capacitor equivalente vale:

Ceq = C1 + C2 + ⇒ Ceq = 33 × 10−6 + 0,56 × 10−3 ⇒ Ceq = 593µF

Na associação paralela, as tensões sobre os capacitores são iguais à da fonte, porém


suas cargas são proporcionais às suas capacitâncias. Assim:

Q1 = V ⋅ C1 ⇒ Q1 = 9 × 33 × 10 −6 ⇒ Q1 = 297 µC

Q2 = V ⋅ C2 ⇒ Q2 = 9 × 0,56 × 10−3 ⇒ Q2 = 5040 µC

Portanto, a carga total do circuito pode ser calculada por qualquer uma das formas
abaixo:

Q = Q 1 + Q 2 ⇒ Q = 297 × 10 −6
+ 5040 × 10 −6
⇒ Q = 5337 µ C ou

Associação Mista de Capacitores


Q = V ⋅ C eq ⇒ Q = 9 × 593 × 10 − 6 ⇒ Q = 5337 µ C

Na associação mista, tem-se capacitores associados em série e em paralelo. Neste caso,


o capacitor equivalente deve ser obtido, resolvendo-se o circuito por partes, conforme a sua
configuração.

Eletricidade I Página 60 Eletrostática – Associação de Capacitores


Exemplo:

Dado o circuito abaixo, determinar:


C1

C2
10µF 12µF C4
V = 50V 6,8µF
C3
15µF

a) O capacitor equivalente total:


Primeiramente, deve-se calcular o capacitor equivalente entre C2 e C3, que será cha-
mado de CA, ficando o circuito como segue:

C1

10µF
V=50V CA C4
6,8µF

C2 ⋅C3 12 × 10 − 6 × 15 × 10 −6
CA = ⇒ CA = ⇒ C A = 6 , 67 µ F
C2 + C3 12 × 10 − 6 × 15 × 10 −6

Associando-se CA com C4 e chamando o equivalente de CB, tem-se:

C1

10µF

V=50V CB

C B = C A + C 4 ⇒ C B = 6 , 67 × 10 − 6 + 6 ,8 × 10 − 6 ⇒ C B = 13 , 47 µ F
Finalmente, associando-se C1 com CB, tem-se o capacitor equivalente total:

V=50V Ceq

C1 ⋅ CB 10 × 10 −6 × 13,47 × 10 −6
Ceq = ⇒ Ceq = ⇒ Ceq = 5,74 µF
C1 + C B 10 × 10 − 6 + 13,47 × 10 − 6

Eletricidade I Página 61 Eletrostática – Associação de Capacitores


b) Carga total do circuito:

Q = V ⋅ Ceq ⇒ 50 × 5,74 × 10−6 ⇒ Q = 287µC

c) Tensão nos capacitores C1 e C4:

Analisando-se o circuito original e os circuitos equivalentes do item (a), percebe-se


que a tensão em C4 é igual a tensão em CA que, por sua vez, é igual à tensão em CB. Como
CB encontra-se em série com C1, a carga total é a mesma que a carga em C1 e CB, mas a
tensão da fonte divide-se entre eles. Assim:

Q 287 × 10 −6
V1 = ⇒ V1 = ⇒ V1 = 28,7V e
C1 10 × 10 − 6

V4 = V − V1 ⇒ V4 = 50 − 28,7 ⇒ V4 = 21,3 V

Eletricidade I Página 62 Eletrostática – Associação de Capacitores


Exercícios Propostos

Fenômenos Eletrostáticos
3.1 Faça uma pesquisa e elabore uma lista com os nomes das pessoas mais importantes que
realizaram estudos e descobertas na área da eletrostática, desde a antiguidade até nossos
dias.

3.2 Qual o significado da palavra eletrostática?

R= _____________________________________________________________________

3.3 Como Tales de Mileto fez para observar os fenômenos de atração e repulsão? E como ele
explicou estes fenômenos?

R= _____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

3.4 Faça uma pesquisa sobre as descobertas de Charles Augustin Coulomb e Benjamin
Franklin em eletrostática.

R= “PESQUISA”

3.5 Quais são os três princípios básicos da eletrostática? Explique-os.

R= _____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

3.6 Qual o significado da palavra átomo?

R= _____________________________________________________________________

3.7 Explique o modelo atômico de Bohr?

R= _____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

Eletricidade I Página 63 Eletrostática – Exercícios Propostos


3.8 Pesquise e desenhe o modelo atômico de Bohr para os seguintes elementos:

a) Germânio b) Silício c) Arsênio

R=
Ge As
Si

3.9 O que significa ionizar um corpo?:

R= _____________________________________________________________________

3.10 O que é um ânion e um cátion?:

R= _____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

3.11 Mostrar, esquematicamente, a ionização positiva ( -2 elétrons ) de um átomo de silício e


negativa ( +3 elétrons) de um átomo de germânio.

R=
Ge
Si

Eletricidade I Página 64 Eletrostática – Exercícios Propostos


3.12 De um corpo inicialmente neutro são retirados 200 milhões de elétrons. Com que carga
este corpo ficou eletrizado?.

R=

3.13 Um corpo eletrizado com -250nC recebe 450 milhões de elétrons. Com que carga este
corpo ficou eletrizado?.

R=

3.14 Um corpo está eletrizado com uma carga de 2,5C. Quantos elétrons ele precisa receber
para ficar eletrizado com -1C?

R=

Eletricidade I Página 65 Eletrostática – Exercícios Propostos


3.15 Um corpo está eletrizado com uma carga de -1440pC. O que se deve fazer para deixar
este corpo eletrizado com uma carga de 280nC?

R=

3.16 Explique as diferenças entre os materiais condutores e isolantes.

R= _____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

3.17 Por que nos condutores, os elétrons livres distribuem-se na sua superfície externa?

R= _____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

3.18 Explique a eletrização por atrito

R= _____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

Eletricidade I Página 66 Eletrostática – Exercícios Propostos


3.19 Um corpo A está eletrizado com carga de 4µC e um corpo B com carga nula. O corpo
A é colocado em contato com o corpo B e em seguida os dois corpos são afastados. Qual
a nova carga do corpo B se o corpo A ficou eletrizado com 2,5µC?

R=

1º ) Roteiro de Cálculos
A B

Elétrons flui de
B para A

2º )
A B

+QA’ ≠ QB’
+VA’ = +VB’

3º )
A B

3.20 Um cubo de ferro está eletrizado com carga Q. Um outro cubo de ferro, inicialmente neu-
tro e com as mesmas dimensões, é colocado em contato com o cubo de ferro. Qual a car-
ga elétrica de cada cubo depois de serem afastados?

R=

3.21 Explique o processo de eletrização por indução.

R= _____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

Eletricidade I Página 67 Eletrostática – Exercícios Propostos


3.22 Qual o módulo do vetor campo elétrico criado por uma carga de 25mC num ponto situ-
ado no vácuo a 5m desta carga?

R=

3.23 Qual o módulo do vetor campo elétrico criado por uma carga de -25mC num ponto situ-
ado no vácuo a 5m desta carga?

R=

3.24 Tem-se no vácuo, uma carga de 12mC. Determine a intensidade, direção e sentido do
vetor campo elétrico num ponto a 50cm da carga.

R=
Dados:
N .m2
k = 9 .10 9

c2
Q = 12 mC
D = 50 cm

Q = 12mC P

d = 50cm

Intensidade:
k. Q
E= 2
d

Direção: radial da carga ao ponto P.


Sentido: divergente ( carga positiva )

Eletricidade I Página 68 Eletrostática – Exercícios Propostos


3.25 Uma carga colocada no vácuo cria, num ponto situado a 20cm, um campo elétrico de in-
tensidade 4x106N/C. Qual o módulo desta carga?

R=

3.26 Duas cargas, Q1 = 20µC e Q2 = -45µC, estão no vácuo separadas por 60cm. Calcule o ve-
tor campo elétrico no ponto situado exatamente no meio das cargas.
R=

Q1 = 20µC -Q1 = 45µC


P

60cm

Direção: radial ao ponto.

Intensidade de E1:

k . Q1
E1 =
d2

Sentido de E1:

Q1 Q2
P

Intensidade de E2:

k . Q2
E2 =
d2

Sentido de E2:

Q1 Q2
P

Intensidade da resultante:

E P = E1 + E 2
Sentido de resultante:
Q1 Q2
P

Eletricidade I Página 69 Eletrostática – Exercícios Propostos


3.28 Uma carga recebe, devido a um campo elétrico de 2600N/C, uma força elétrica de 120N.
Qual o valor desta carga?

R=

3.30 Para a figura a seguir, calcule e desenhe os vetores força elétrica e campo elétrico resul-
tante em cada uma das cargas.

Cálculo dos Campos Elétricos

Q1= -100µC Q2= -15µC Q3= 60µC

4cm 2cm

k . Q2
E12 = 2
d1
Q2
P1

k . Q3
E13 =
(d1 + d 2 )2
Q3
P1

E R1 = E13 − E12

P1

Eletricidade I Página 70 Eletrostática – Exercícios Propostos


k . Q1
E 21 = 2
d1
Q1
P2

k . Q3
E 23 =
(d 2 )2
Q3
P2

E R 2 = E 21 + E 23

P2

k . Q1
E 31 =
(d1 + d 2 )2

Q1
P3

k . Q2
E32 =
(d 2 )2
Q2
P3

ER 3 = E31 + E32

P3

Eletricidade I Página 71 Eletrostática – Exercícios Propostos


Cálculo das Forças
k . Q1 . Q2
F12 =
(d1 )2
Q1 Q2

k . Q1 .Q3
F13 =
(d1 + d 2 )2
Q1 Q3

FR1 = F13 − F12

Q1
FR1

F21 = F12 = 8437,5 N


Q1 Q2

k . Q2 .Q3
F23 =
(d 2 )2
Q2 Q3

FR 2 = F21 + F23

Q2

F31 = F13 = 15000 N


Q1 Q3

F32 = F23 = 20250 N


Q2 Q3

FR 3 = F31 + F32

Q3

Eletricidade I Página 72 Eletrostática – Exercícios Propostos


Exercícios Propostos

Tensão Elétrica
3.31 Na figura a seguir, determine o potencial elétrico em cada ponto indicado, supondo que a
carga está no vácuo.

R=

Q=0,45mC P1 P2 P3 P4

d1=5cm d2=10cm d3=20cm d4=15cm

k .q k .q k .q k .q
V= V= V= V=
d d1 + d 2 d1 + d 2 + d 3 d1 + d 2 + d 3 + d 4

3.32 Analisando a figura a seguir, que mostra as superfícies equipotenciais nas proximidades
de uma carga q, escreva os símbolos: > , < e =, para cada caso.

R=
3.32 –
b
a
d
Vb Vd c

Va Vd
e
Vd Vc
Ve Vf
Vf Vg f

Eletricidade I Página 73 Eletrostática – Exercícios Propostos


3.34 Na figura a seguir, Q1=4nC e Q2= -1,5nC. Qual a ddp entre os pontos R e S?

R=

R Q1 S Q2

d1=15cm d2=8cm d3=5cm

k . q1
VR =
d1

k . q2
VR =
d1 + d 2 + d 3

k . q1
VS =
d2

k . q2
VS =
d3

VR ( RES .) = VR ( Q1 ) + VR ( Q2 )
VS ( RES .) = VS (Q1 ) + VS (Q2 )

VRS = VR ( RES .) − VS ( RES .)

Eletricidade I Página 74 Eletrostática – Exercícios Propostos


Exercícios Propostos

Capacitância e Capacitores

3.37 Qual a capacitância de um condutor que ao receber uma carga de 2000µC, adquire um
potencial de 5000V?

R=

3.38 Qual o raio de uma esfera condutora de capacitância 30pF colocada no vácuo?

R=

3.40 Um capacitor de capacitância 25µF está carregado com 400µC. Qual sua tensão?

R=

3.41 Um capacitor de capacitância 25µF está carregado com 400µC. Qual sua tensão?

R=

Eletricidade I Página 75 Eletrostática – Exercícios Propostos


3.43 Calcule a capacitância equivalente para cada uma das associações a seguir:

R=

a) C1

10µF
V=10V C2 C3
5µF 5 µF 5µF

Eletricidade I Página 76 Eletrostática – Exercícios Propostos


b) C1

10µF
C2 C3 C4 CA
CEQ
V=20V 2µF 3µF 5µF 5µF V=20V 10µF

C5 C5

10 µF 10 µF

Eletricidade I Página 77 Eletrostática – Exercícios Propostos


c) C1 C2

100µF 50µF
C3
V=30V
100 µF 100µF

C4
50 µF

Eletricidade I Página 78 Eletrostática – Exercícios Propostos


C2
d)

100µF
C1 C3 C4
V=40V 20µF 5µF 0,5mF

Eletricidade I Página 79 Eletrostática – Exercícios Propostos


Bibliografia

LOURENÇO, A.C. Circuitos em Corrente Contínua. São Paulo: Érica, 1996

CRUZ, E. C.A. Circuitos em Corrente Contínua. São Paulo: Érica, 1996

JUNIOR, S.C. Circuitos em Corrente Contínua. São Paulo: Érica, 1996

Eletricidade I Página 80 Eletrostática – Bibliografia

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