Metodologias Ativas
Metodologias Ativas
Metodologias Ativas
1ª Edição
Indaial - 2020
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
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Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
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Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
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Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.
B273m
ISBN 978-65-5646-070-3
ISBN Digital 978-65-5646-071-0
CDD 371.3
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO.............................................................................5
CAPÍTULO 1
Metodologias Ativas e Ensino Híbrido....................................... 7
CAPÍTULO 2
Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa............................. 49
CAPÍTULO 3
Soluções de Problemas, Projetos para a Vida,
Personalização e a BNCC........................................................... 93
APRESENTAÇÃO
Olá! Você vai ver nesta disciplina o que são Metodologias Ativas,
compreender o porquê delas estarem tão em alta hoje em dia, conhecer alguns
exemplos de Metodologias Ativas, autores que já defendiam a centralidade do
aluno no processo de ensino-aprendizagem e qual o papel do professor quando
decide adotá-las.
Vale lembrar que as Metodologias Ativas fazem cada vez mais sentido no
mundo em que vivemos, com abundância de informação, cabendo ao professor
um novo papel: não mais de encher o aluno de conteúdo – que pode ser facilmente
buscado no mundo web – mas um facilitador, curador, orientador, a quem
caberá ensinar o “aprender a aprender”. Ou seja, diante de tanta informação, o
mais importante, atualmente, é estar preparado para saber buscar as melhores
fontes, transformar informação em conhecimento, saber aplicá-lo. E, para isso, é
necessário outro olhar do educador sobre o processo de aprendizagem e o papel
do aluno, que também muda quando se aplicam as Metodologias Ativas.
Com relação a esse ponto, inclusive, veremos que não é de hoje que as
teorias da aprendizagem mostram a importância e necessidade de se encarar o
aluno como protagonista, de se partir do conhecimento do aluno para que sua
aprendizagem seja mais significativa.
Podemos citar alguns autores que já defendiam esse olhar para o educando
como um sujeito a construir seu próprio percurso formativo, resolvendo problemas,
realizando projetos, planejando, aprendendo e experimentando, com o apoio do
professor, como Dewey (1859-1952), Ausubel (1918-2008) e Paulo Freire (1921-
1997) para ficar apenas em poucos nomes. Podemos ir mais longe e citar também
Sócrates e seu método, a Maiêutica, que veremos adiante.
A ideia é fazer com que você consiga levar para a sala de aula uma
comunicação mais horizontalizada, a mediação e curadoria como papel
fundamental do professor, o exercício da escuta do aluno e apoio a sua autonomia
na construção de seu percurso formativo, além de aplicar métodos de motivação
da aprendizagem cooperativa entre pares e grupos; desenvolver tarefas que
estimulem o protagonismo dos alunos na reflexão, construção de soluções,
testagem, aplicação e avaliação do conhecimento, criar projetos baseados em
gamificação e, além disso, personalize a aprendizagem do educando, realizando
atividades baseadas em Metodologias Ativas e que contemplem as competências
gerais da BNCC.
C APÍTULO 1
Metodologias Ativas
e Ensino Híbrido
• Aprender a trazer para a prática e o dia a dia da sala de aula uma comunicação
mais horizontalizada, a mediação e curadoria como papel fundamental do
professor.
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O único caminho direto para o aperfeiçoamento duradouro
dos métodos de ensinar e aprender consiste em centralizá-
los nas condições que estimulam, promovem e põem em
prova a reflexão e o pensamento. Pensar é o método de se
aprender inteligentemente, de aprender aquilo que se utiliza e
recompensa o espírito (DEWEY, 1959, p. 167).
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Metodologias Ativas
Tradução: aprender a usar o Google não é toda a educação que realmente preciso?
Por tudo isso, elas têm sido tão debatidas hoje em dia, apesar de não serem
propriamente novas, como veremos a seguir, na primeira seção deste capítulo,
que mostrará algumas origens das Metodologias Ativas.
2 AS ORIGENS
Segundo Moran (2018), as Metodologias Ativas são aquelas estratégias
de ensino em que os estudantes têm papel central na construção do seu
conhecimento e percurso formativo; são protagonistas nesse processo de
aprendizagem, com participação efetiva, reflexões, investigação, indagação,
análise e criação, seja em atividades dentro ou fora da sala de aula, seja em
atividades analógicas ou digitais.
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
Esse olhar para os educandos como protagonistas não é, porém, algo que
as Metodologias Ativas trazem de forma inaugural. Apesar do termo ser novo, se
olharmos para a história, veremos que Sócrates, com a Maiêutica, já tinha essa
concepção.
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Metodologias Ativas
em relação a si mesmas”.
Tudo isso também diz respeito aos modelos híbridos de aprendizagem, que
englobam atividades na sala de aula e fora dela, no ambiente analógico ou digital,
na realidade física e aumentada. Segundo Valente (2015, p. 13):
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
Metodologia Ativa
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Metodologias Ativas
Ensino Híbrido
• é modalidade de ensino;
• não é metodologia ativa;
• pode ocorrer por meio do uso de inúmeras metodologias e respectivas
estratégias/dinâmicas didático-pedagógicas.
• pode ser adotado em todos os tipos de currículos: padrão/conteudista;
interdisciplinar; práticas; personalizado (sobre este tema, falaremos mais
adiante).
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
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Metodologias Ativas
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
“Aprender é próprio
Segundo Dewey, a educação deveria formar cidadãos criativos,
do aluno: só ele
competentes e capazes de gerir sua liberdade. Ele apostava no aprende, e por
aprender fazendo, na aprendizagem pela ação. “Aprender é próprio si; portanto, a
do aluno: só ele aprende, e por si; portanto, a iniciativa lhe cabe. O iniciativa lhe cabe. O
professor é um guia, um diretor; pilota a embarcação, mas a energia professor é um guia,
propulsora deve partir dos que aprendem” (DEWEY, 1979, p. 43). um diretor; pilota a
embarcação, mas a
energia propulsora
Esse “movimento” chegou ao Brasil, foi traduzido e divulgado pelo deve partir dos que
educador brasileiro Anísio Teixeira e acabou inspirando o Manifesto aprendem” (DEWEY,
dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932, e também os Colégios 1979, p. 43).
de Aplicação mantidos pelas faculdades de filosofia, após o Estado
Novo. Ele acabou por não vingar muito pela rejeição de parte dos professores e
alunos, e por ter coincidido com o período dos vestibulares e a necessidade que
essas provas demandavam de um ensino enciclopédico e muita memorização
(CORTELAZZO et al., 2018). O desenvolvimento das tecnologias da informação e
comunicação, porém, com uma maior necessidade de diversificação no processo
de ensino, acabou trazendo à tona novamente a demanda de uma educação
centrada no aluno.
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Metodologias Ativas
A PBL acabou por chegar a outras áreas, como a engenharia, que colocou o
foco mais em projetos do que em problemas e, também, o Design que, trabalhando
com produto, trouxe o Design Thinking, metodologias que você conhecerá nos
próximos capítulos!
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
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Metodologias Ativas
FONTE: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4830029/course/
section/5866916/Metodologias%20ativas.jpg>. Acesso em: 1º jul. 2020.
Para você ter uma ideia do contexto atual que vivemos em termos de
conectividade e cultura digital, apresentamos alguns dados em termos global e
nacional. Diz-se, inclusive, que vivemos a era do FOMO (Fear of Missing Out) ou
um constante medo de perder algo, por causa do enorme fluxo de informações
que nos chega a todo instante.
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
Fica mais fácil perceber o quanto a escola fica longe do contexto dos alunos
se não trabalhar alguns recursos e a própria educação midiática, apoiando os
alunos numa formação mais crítica, criativa, autônoma em suas relações com os
meios de comunicação e diversas tecnologias. Essa formação também é uma
demanda urgente em tempos de pós-verdade e fake news/desinformação, para
que os alunos aprendam a selecionar melhor as informações, a diferenciar fontes
com e sem credibilidade, tenham mais cuidado com seu comportamento digital e
com o que produzem, publicam – já que todos somos consumidores e produtores
de informação – e compartilham.
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
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Metodologias Ativas
Além disso, vale a pena pensar em quais os seus benefícios. Entre eles,
destacamos maior autonomia dos alunos e desenvolvimento de mais confiança
em si próprios, já que passam a gerir seu processo de aprendizagem e buscar
soluções para problemas apresentados; maior qualificação dos alunos, que
passam a valorizar mais o conhecimento; mais tempo para o professor dedicar-
se a cada aluno individualmente e conhecer suas realidades e demandas; uma
escola mais criativa e mais próxima da comunidade escolar, entre outros. Entre as
principais Metodologias Ativas – que veremos mais detalhadamente – podemos
citar algumas:
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
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Metodologias Ativas
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
3 ALUNOS NO CENTRO DO
PROCESSO
O que as Metodologias Ativas têm de diferente? O fato de colocar os alunos
no centro do processo de aprendizagem, despertando sua curiosidade, possibilitando
que eles sejam inseridos na construção do conhecimento e consigam levar para a
sala de aula novos olhares, horizontes e conteúdos ainda não tratados nas aulas,
enriquecendo as trocas no ambiente da escola, que deve ser sempre um local de
pesquisa, troca, curiosidade e conhecimento.
A partir do momento em que sentem que estão contribuindo para a aula, a tendência
é que os alunos se tornem mais engajados, mais persistentes nos estudos, percebam
sua competência e sintam-se mais pertencentes ao grupo, segundo Berbel (2011).
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Metodologias Ativas
FONTE: <http://2.bp.blogspot.com/-cb-uzhTCvR4/UuAihjMhDII/AAAAAAAAASw/
tnck6DhY3E4/s1600/piramide-da-aprendizagem.jpg>.Acesso em: 1º jul. 2020.
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
FONTE: <https://medium.com/@renatho/pir%C3%A2mide-de-william-glasser-
ou-cone-da-aprendizagem-49a4670afc9a>. Acesso em: 16 jul. 2020.
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Metodologias Ativas
Essa posição mais ativa dos alunos tem a ver também com a
Quanto mais quantidade de informações disponíveis a partir das TDIC. Não faz
liberdade de
sentido, portanto, um professor querer ensinar tudo ao aluno, porque
acessar e produzir
informações, mais não é possível e porque o aluno pode obter informações por si
responsabilidade só nas redes, por exemplo. Isso faz com que a postura de ambos
devemos ter deva ser alterada na educação, com o aluno sendo mais autônomo,
nessa produção e investigador, crítico e um produtor de informações com ética e noção
compartilhamento. do que é plágio, direito à privacidade, direito à imagem etc. Afinal,
quanto mais liberdade de acessar e produzir informações, mais
responsabilidade devemos ter nessa produção e compartilhamento.
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
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Metodologias Ativas
4 O PAPEL DO PROFESSOR
Se pensarmos em termos históricos o professor sempre teve um papel de
autoridade em sala de aula, era o centro do processo educativo. Essa é a base
dos métodos tradicionais de ensino que ainda impera em algumas escolas. A
partir de Dewey, porém, a discussão acerca do aluno ser o centro é fortalecida,
a educação passa a ser voltada ou direcionada ao interesse e à experiência
do aluno e o ensino tradicional perde força. Ele foi um dos pioneiros a propor
uma educação que levasse em conta o fazer e o desenvolvimento de atividades
práticas, pensadas como projetos.
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
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Metodologias Ativas
5 METODOLOGIAS ATIVAS E O
PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Para nos encaminharmos ao final desta unidade, vale a pena lembrar
mais algumas contribuições que nos ajudam a perceber a dimensão que as
Metodologias Ativas têm em nosso processo de aprendizagem, como quando
analisamos a Taxonomia de Bloom.
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
FONTE: <https://engenhariae.com.br/editorial/engenharia-em-pauta/sera-viavel-falar-
se-em-ensino-de-empreendedorismo-segunda-parte>. Acesso em> 16 jul. 2020.
1. Conhecimento.
2. Compreensão.
3. Aplicação.
4. Análise.
5. Síntese.
6. Avaliação.
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Metodologias Ativas
Outro pesquisador que também criou uma taxonomia foi Dee Fink. Sua
Taxonomia da Aprendizagem Significativa também converge com as Metodologias
Ativas e o Ensino Híbrido. Especialmente, por elas servirem de base para o
planejamento das atividades escolares e pelo fato de haver critérios de qualidade
da aprendizagem, que devem se basear em desafios aos estudantes com
relação à aprendizagem significativa; ao uso de aprendizagens ativas; deve
haver professores preocupados com o processo de aprendizagem para além do
conteúdo que é dado; uma boa interação professor-aluno e uma avaliação de
qualidade, com feedbacks para os alunos.
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
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Metodologias Ativas
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Vimos, neste capítulo, as origens das Metodologias Ativas, as mudanças que
elas provocam em sala de aula na forma de ensinar e aprender, a importância
do ensino híbrido que reflete o mundo em que vivemos e o papel de alunos e
professores neste novo contexto.
PROFESSOR
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
ALUNO
Não toma notas, procura e acha.
Pesquisa e encontra soluções.
Aprende sobre qualidade e rigor com o professor.
Refina e melhora as respostas, adicionando rigor, contexto e qualidade.
FONTE: Prensky (2010 apud CORTELAZZO et al., 2018, p. 95)
REFERÊNCIAS
AUSUBEL, D. P. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São
Paulo: Moraes, 1982.
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FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. 36. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007.
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Capítulo 1 Metodologias Ativas e Ensino Híbrido
VALENTE, J. O ensino híbrido veio para ficar (Prefácio). In: BACICH, L; TANZI
NETO, A. TREVISANI, F. de M. (Orgs.). Ensino híbrido: personalização e
tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015.
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Metodologias Ativas
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C APÍTULO 2
Aprendizagem Cooperativa
e Colaborativa
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Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Já vimos que os métodos tradicionais de ensino encaram o professor como
a figura central e de autoridade na sala de aula. Com as mudanças na sociedade,
provocadas em parte pelo avanço das tecnologias digitais da informação e da
comunicação, que possibilitaram novas formas de ser, estar e relacionar-se no
mundo, a percepção sobre o processo educativo de ensino-aprendizagem altera-
se e o que já era defendido por alguns pensadores, sobre o papel do aluno em
seu percurso formativo, acaba por fazer cada vez mais sentido, com a valorização
das metodologias ativas e de uma aprendizagem cooperativa e colaborativa, com
foco nos alunos – sujeitos que aprendem, enquanto protagonistas do processo de
aprendizagem.
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Metodologias Ativas
Neste capítulo, vamos ver algumas metodologias ativas que tornam os alunos
responsáveis pela própria aprendizagem, o que implica que eles desempenham
uma série de tarefas que vão de resolução de problemas a criação de projetos,
busca de soluções, aplicação do conhecimento, estabelecimento de metas de
aprendizagem, experimentação, avaliação, entre outras. Ressaltamos, porém,
que elas podem ou não fazer o uso das Tecnologias Digitais da Informação
e Comunicação - TDIC, já que o foco não é o uso de tecnologias, mas o
desenvolvimento da autonomia e do protagonismo do estudante. Isso não quer
dizer que não devam ser usadas, até porque, de acordo com Moran (2015), as
metodologias ativas quando associadas às TDIC, oferecem mais possibilidades
de uma aprendizagem personalizada às necessidades de cada estudante, bem
como mais oportunidades de colaboração entre quem está próximo ou distante.
2.1 INSTRUÇÃO/APRENDIZAGEM
POR PARES (PEER-INSTRUCTION)
Conhecida também por Instrução/Aprendizagem por Pares, a Peer Instruction
é uma metodologia colaborativa criada no final dos anos 90 pelo professor Eric
Mazur, da Universidade de Harvard, para o curso de física. Seu objetivo é envolver
ativamente os alunos na aula a partir de atividades nas quais eles possam aplicar
o que aprenderam e, ao mesmo tempo, explicar para seus pares, seus colegas,
sendo todos mediadores e corresponsáveis pela aprendizagem uns dos outros.
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Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
MINIAULA
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Metodologias Ativas
Uma das opções de baixo custo – apesar de ter limitações – para responder
as perguntas conceituais é usar cartões marcados com as letras “a” e “e”, caso não
haja possibilidade de um sistema automatizado de respostas. Após o professor
lançar o desafio e dar o tempo necessário para a reflexão, os alunos levantam
os cartões com a letra que acham que é a resposta correta. As respostas são
anotadas e depois comentadas pelo professor.
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Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
Vale ressaltar, porém, como afirma Wanis (2015), que a aplicação do JITT
apesar de ser muito vantajosa, implica em esforço extra do professor e demanda
uma infraestrutura que nem todos os estudantes possuem, como o acesso a uma
internet rápida e estável para a resposta dos questionários.
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FONTE: <https://performancereporting.workforcegps.org/-/media/Global-Site/
Images/Events/human-head-educational-icon.ashx>. Acesso em: 5 jul. 2020.
Vale lembrar que a ideia do Peer Instruction é fazer com que o aluno participe
mais das aulas, de forma ativa, se envolvendo com o conteúdo, questionando,
interagindo, ensinando e aprendendo colaborativamente, o que reforça os
resultados que podem ser obtidos a partir das metodologias ativas e confirma as
tendências educacionais e demandas profissionais atuais, ou seja, aprendizado
rápido e eficaz para o mercado de trabalho.
2. 2 APRENDIZAGEM BASEADA EM
TIMES (TEAM-BASED LEARNING –
TBL)
Segundo a plataforma internacional Team-Based Learning, uma organização
de educadores de todo o mundo que incentiva e apoia o uso da Aprendizagem
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Metodologias Ativas
Para a fase da preparação, cada grupo precisa ler um texto (ou outro material)
sobre o tema que será tratado na sala de aula. Pode ser um assunto novo ou que
já foi debatido em outras aulas ou disciplinas. Nesta fase, o conhecimento prévio
dos alunos é valorizado e acaba por ser potencializado no momento de troca e
interação com o grupo, quando todos estão buscando responder as questões
levantadas para apresentar essas respostas ao restante da turma.
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Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
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Metodologias Ativas
FONTE: <https://metodologiasativasblog.wordpress.com/2016/08/25/
aprendizagem-baseada-em-times-team-based-learning-tbl/>. Acesso
em: 5 jul. 2020.
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Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
Como mostra a figura anterior, tanto a Rotação por Estações como a Sala
de Aula Invertida fazem parte do Modelo de Rotação, ou seja, é um modelo no
qual os alunos aprendem a partir de uma espécie de revezamento de atividades,
de acordo com a orientação do professor ou de um horário fixo. Essas atividades
podem ser de leitura, escrita, debates, com ou sem a presença do professor, mas
devem ter necessariamente uma atividade on-line para assim ser caracterizado o
ensino híbrido.
Uma forma de se trabalhar com a Rotação por estações foi a que Santos
(2015) usou com alunos do 1º ano do Ensino Médio (foto a seguir). A ideia era que
eles pudessem estudar as diferenças entre as sociedades de Atenas e Esparta.
Para isso, eles deveriam passar por quatro estações. Na primeira, a azul, os
alunos recebiam uma tabela para preencher com dados a serem pesquisados,
comparando a organização social nas duas cidades; na estação amarela, a
segunda, eles viam um vídeo sobre a educação das crianças nos dois locais e,
depois, precisavam responder a questões abertas; a terceira estação, a verde,
tinha como tarefa a leitura de um texto em um livro digital e a resposta a questões
de múltipla escolha.
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Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
Por fim, aqueles que conseguissem terminar as três antes da aula acabar,
poderiam ir a uma estação extra com questões de vestibulares para que eles
pudessem praticar o que tinham acabado de aprender. Houve alunos que
precisaram de ajuda do professor e outros ainda que tiveram que levar alguma
atividade para casa, para terminar. Isso ajudou o professor a ver qual conteúdo
estava gerando mais dúvida e/ou dificuldade, precisando de um reforço.
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Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
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Metodologias Ativas
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Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
O que era uma iniciativa antes restrita a um grupo, acabou sendo ampliada
para todos os alunos, que podiam ver os vídeos nos horários e locais mais
adequados para sua rotina e quantas vezes quisessem, de acordo com seu ritmo
de estudo. O encontro com os professores servia não para ouvir uma exposição
do conteúdo, mas para atividades práticas (como realização de desafios, projetos
e resolução de problemas), uso de laboratórios, trabalhos colaborativos, para
aprofundar e aplicar o conteúdo visto (SCHNEIDER et al., 2013).
Para Christensen, Horn e Staker (2013), a Sala de Aula Invertida, assim como
o modelo de Rotação por Estações, são “inovações híbridas sustentadas”, ou
seja, são um tipo de modalidade de ensino híbrido que busca usar o que tem para
criar melhores produtos ou serviços, incorporando o melhor da aula tradicional e
do ensino on-line. Além dessa classificação, os autores também usam o termo
“inovações híbridas disruptivas”, que seriam os modelos que redefinem o conceito
de bom, criando novos produtos mais baratos, simples e convenientes. Como
exemplos, eles citam os modelos de Rotação Individual, entre outros.
Ou seja, a Sala de Aula Invertida permite, com o uso essencial das tecnologias
digitais, a aprendizagem ativa ao favorecer uma atitude proativa do estudante de
buscar informações, pesquisar, processar, refletir, elaborar e ressignificar o que
aprendeu de forma personalizada, o que difere de simplesmente ouvir o professor
sem a chance da troca, do processamento, do trabalho colaborativo em sala de
aula. Importante ressaltar também que há outros tipos de sala de aula invertida,
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Metodologias Ativas
que não se restringem a um vídeo gravado pelo professor, mas esta forma é a
mais usada. Valente (2018) destaca que na abordagem da Sala de Aula Invertida,
o conteúdo e as instruções recebidas são estudados on-line, antes de o aluno
frequentar a aula. Essa metodologia faz uso das TDIC e, mais especificamente,
dos ambientes virtuais de aprendizagem.
A sala de aula também ganha uma nova dimensão porque passa a estar em
qualquer lugar e em qualquer suporte, já que o aluno pode ver vídeos e fazer os
exercícios em seu tablet, smartphone, computador, em casa, na rua, na escola,
individual ou em grupo, entre outras possibilidades.
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Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
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Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
FONTE: <https://tlc.uic.edu/files/2016/02/Flipped-Classroom-
Field-Guide.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2020.
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Esse “lembrete” também é dado por Moran (2018) que critica o olhar
reducionista com o qual a Sala de Aula Invertida, às vezes, é vista, reduzindo-a
a assistir vídeos antes, e fazer atividades presenciais depois. Para o autor,
essa é apenas uma das formas de inversão, que ganha maior alcance quando
é combinada com estratégias de personalização e individualização, como
a flexibilização e a autonomia e também quando o processo começa com
experimentação e projetos e não com um material já pronto com textos e vídeos:
“o aluno pode partir de pesquisas, projetos e produções para iniciar-se em um
assunto e, a seguir, aprofundar seu conhecimento e competências com atividades
supervisionadas” (MORAN, 2018, p. 13).
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Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
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Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
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Metodologias Ativas
4 .1 DESIGN THINKING
Design Thinking ou simplesmente DT é o nome dado a uma
A partir do Design
Thinking é possível metodologia ativa usada pelos designers para criar e aprimorar
encontrar de forma produtos, ideias, soluções, a partir de um processo com etapas
colaborativa, soluções definidas e com foco no usuário ou, no caso da educação, no aluno. A
mais criativas e partir do Design Thinking é possível encontrar de forma colaborativa,
assertivas para vários soluções mais criativas e assertivas para vários desafios cotidianos.
desafios cotidianos.
Segundo Rocha (2018), foi em 2009 que a designer indiana Kiran Bir Sethi,
a partir de um Ted Talk, tornou público o que viria a se transformar mais tarde no
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Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
Nesse mesmo ano, o então diretor executivo da IDEO, Tim Brown, escreveu
o livro Design Thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das
velhas ideias, traduzido para a língua portuguesa em 2010, buscando ampliar o
uso do conceito. Em 2011, a IDEO publica um material (Design Thinking para
Educadores, traduzido para o português em 2014) voltado à área educacional,
mostrando uma abordagem pedagógica do Design Thinking para ser usada
nas escolas e, em 2012, o Brasil passa a ter suas primeiras experiências com a
metodologia, de acordo com Rocha (2018).
Essa preocupação, porém, não é de agora. Podemos dizer que, pelo menos
desde a década de 1990, ela vem sendo discutida oficialmente, como no Relatório
Jacques Delors da Unesco (Educação – Um Tesouro a Descobrir), que mostra
a importância da escola do século XXI desenvolver habilidades para além das
cognitivas. Isso fica claro nos quatro pilares da Educação da Unesco, fruto desse
relatório e que prega a importância de “Aprender a Conhecer” (ou Aprender a
Aprender); “Aprender a Fazer”; “Aprender a Conviver” e “Aprender a Ser”, sendo
que, em geral, essas últimas duas foram negligenciadas pelas escolas, que ainda
viviam, em sua maioria, em um sistema de ensino tradicional e conteudista no
qual a habilidade mais importante era a cognitiva.
E Kiran Sethi com o vídeo Teacher for All, em que conta como
sua escola desenvolve projetos de design thinking: www.youtube.
com/watch?v=MWjmzFgq0WU7Y2sj_G4Njg.
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Metodologias Ativas
E por que o Design Thinking seria uma resposta a essa demanda atual por
habilidades socioemocionais? Porque o primeiro princípio do Design Thinking é
justamente a empatia, a escuta, bucar compreender a situação e o lugar do outro.
O foco é o usuário do produto, do processo ou da solução que você vai criar; é a
transformação, a escuta e o diálogo tão defendidos por Paulo Freire. Além disso,
alguns autores têm destacado que entre as principais características ou princípios
do Design Thinking é possível citar, para além da empatia, a colaboração, a
criatividade e o otimismo.
Para Rocha (2018, p. 156), “mais do que atuar como um instrumento para a
resolução de problemas, o Design Thinking é um processo centrado nas pessoas,
que busca aproximá-las para pensarem juntas nos desafios cotidianos e em
formas possíveis de superá-los”. A autora também afirma que:
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Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
FONTE: <https://www.shutterstock.com/image-vector/design-thinking-
process-illustration-icons-over-570914842>. Acesso em: 5 jul. 2020.
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Metodologias Ativas
FONTE: <http://www.passa.com.br/opiniao/estudo-mostra-como-os-youtubers-impactam-
as-emocoes-da-audiencia/attachment/mapa-empatia/>. Acesso em: 5 jul. 2020.
FONTE: <https://cdn.pixabay.com/photo/2016/03/27/23/11/post-it-
notes-1284667_960_720.jpg>. Acesso em: 5 jul. 2020.
80
Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
81
Metodologias Ativas
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Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
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Metodologias Ativas
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Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
[...]
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Metodologias Ativas
[...]
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Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
( ) Princípio do trabalho.
( ) Princípio do prazer.
( ) Princípio da estética.
( ) Princípio da empatia.
( ) Princípio da matemática.
5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, você conheceu algumas metodologias ativas e percebeu que
elas têm sido aplicadas para dar respostas a um contexto digital, de avanço das
tecnologias e mudança de comportamentos, em que os métodos tradicionais de
ensino, que encaram o professor como a figura central e de autoridade na sala
de aula, já não conseguem mais interessar e envolver os alunos ou dar conta da
evasão em alguns níveis de ensino.
87
Metodologias Ativas
as que vimos neste capítulo, como Sala de Aula Invertida, Peer Instruction,
Design Thinking, Team-Based Learning e Estudo de Caso, cada uma delas com
vantagens e benefícios específicos a depender do conteúdo, do tamanho da
turma, dos recursos e dos objetivos de aprendizagem.
88
Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
Hoje, mais do que nunca, a sala de aula pode estar em qualquer lugar, em
qualquer suporte e pode ser acessada em qualquer momento, por isso, estar
a par das metodologias ativas é estar antenado com uma educação do século
XXI, que deve estimular o aprender a aprender, o aprender a fazer, o aprender a
conviver e o aprender a ser.
REFERÊNCIAS
BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. de M. (Orgs.) Ensino híbrido:
personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015.
DAROS, T. Por que inovar na educação? In: CAMARGO, F.; DAROS, T. (Org.). A
sala de aula inovadora. Porto Alegre: Penso, 2018.
FLIPPED classroom field guide. Portal Flipped Classroom Field Guide, 2016.
Disponível em: https://tlc.uic.edu/files/2016/02/Flipped-Classroom-Field-Guide.
pdf. Acesso em: 20 mar. 2020.
89
Metodologias Ativas
KINK, A. From Sage on the Stage to Guide on the Side. College Teaching,
Winter, v. 41, n. 1, p. 30-35, 1993. Disponível em: https://www.jstor.org/
stable/27558571?origin=JSTOR-pdf&seq=1. Acesso em: 8 abr. 2020
90
Capítulo 2 Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
PIRES, C. F. F. O estudante e o ensino híbrido. In: BACICH, L.; TANZI NETO, A.;
TREVISANI, F. de M. (Orgs.). Ensino híbrido: personalização e tecnologia na
educação. Porto Alegre: Penso, 2015.
91
Metodologias Ativas
WATKINS, J.; MAZUR, E. Using Jitt with Peer Instruction. In: SIMKINS, S.;
MAIER, M. (Eds.). Just in Time Teaching Across the Disciplines. Sterling:
Stylus Publishing, 2010.
92
C APÍTULO 3
Soluções de Problemas, Projetos
para a Vida, Personalização e a
BNCC
94
Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Já vimos que quando falamos de Metodologias Ativas o professor assume
a posição de facilitador, orientador, mediador do conhecimento, enquanto os
estudantes passam a ter um papel mais ativo. Com isso, alunos e professores
têm a possibilidade de dialogar mais e criar novas ações para o cotidiano e as
práticas pedagógicas, de forma conjunta, assim como os alunos têm a chance de
construírem seu percurso formativo de maneira mais significativa para suas vidas.
Como afirma Berbel (2011), quando as contribuições dos alunos são valorizadas,
há mais engajamento e pertencimento por parte desse grupo.
95
Metodologias Ativas
2 APRENDIZAGEM BASEADA EM
PROJETOS E APRENDIZAGEM
BASEADA EM PROBLEMAS
Qual a diferença entre Aprendizagem Baseada em Projeto e Aprendizagem
Baseada em Problemas? São a mesma coisa? Desde quando elas são usadas
e como isso passou a acontecer? Essas são apenas algumas respostas que
daremos neste capítulo.
96
Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
A ideia da ABP é partir de uma questão, uma tarefa, uma situação ou problema
real, motivador e instigante para os alunos, de forma que eles possam aprender
o conteúdo acadêmico cooperativamente e solucionar questões que lhes dizem
respeito, gerando sentido para sua aprendizagem. A ABP também possibilita que
os alunos demonstrem o conhecimento adquirido a partir dos projetos e artefatos
por eles produzidos e que podem, inclusive, extrapolar os muros da escola.
Segundo o Buck Institute for Education (BIE) (2008), uma das formas
dos alunos aprenderem habilidades fundamentais para o século XXI é a partir
da aplicação da Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) por parte de seus
professores, o que permite monitorar seu desempenho, avaliar suas contribuições
ao grupo, assim como os coloca diante de novos problemas e a possibilidade
de se aprofundarem nas reflexões sobre o tema proposto e buscarem soluções.
Isso significa uma nova postura tanto dos educadores quanto dos educandos,
que devem tornar-se mais responsáveis por sua própria aprendizagem.
97
Metodologias Ativas
O Buck Institute for Education (BIE, 2008) também distingue alguns critérios
que diferem a ABP de outras atividades. Entre eles, colocar os alunos no centro
do processo de ensino-aprendizagem, reconhecendo seu impulso para aprender
e de fazer trabalhos importantes e de qualidade (o que já é uma característica
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Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
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Metodologias Ativas
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Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
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Metodologias Ativas
Artefatos previstos:
1 – Um resumo de uma página para cada estágio do ciclo de vida da planta,
ilustrado por imagens ou vídeo mostrando o estágio respectivo.
2 – Um vídeo em tempo acelerado do crescimento da planta (obtenha-o na
internet, se for possível).
3 – Uma apresentação organizada, incluindo apresentações de slides ou em
vídeo que resuma(m) os estágios da vida da planta (BENDER, 2014, p.
27).
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Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
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Metodologias Ativas
Importante ressaltar que quando essa metodologia surge, não havia ainda
as TDIC e as atividades eram realizadas a partir da exploração do ambiente, a
partir do uso de recursos da época, experimentação e atividades significativas
para os alunos. Quando surgem as TDIC e essas começam a ser usadas, isso
não acontece de forma espontânea, mas com a orientação dos professores, que
auxiliam os alunos a atingirem um novo nível de conhecimento explorando as
potencialidades que as tecnologias oferecem.
Essas tecnologias podem ser usadas nas várias etapas das atividades,
como na elaboração de artefatos e testes e, também, na parte avaliativa de forma
processual, ao longo de toda a atividade, com possibilidade, inclusive, dos alunos
compartilharem o que descobriram, realizaram e/ou solucionaram.
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Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
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Metodologias Ativas
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Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
O ensino por meio de projetos, assim como o ensino por meio da solução de
problemas são exemplos típicos de metodologias ativas de aprendizagem. Isso
nos lembra o que dizia Freire (2003) em seu livro A pedagogia da autonomia:
“ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua
própria produção ou a sua construção... o conhecimento precisa ser vivido e
testemunhado pelo agente pedagógico” (FREIRE, 2003, p. 47).
107
Metodologias Ativas
109
Metodologias Ativas
FONTE: <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-
40362014000200002&script=sci_arttext>. Acesso em: 20 jul. 2020.
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Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
3 APRENDIZAGEM BASEADA EM
JOGOS E GAMIFICAÇÃO
Prensky e Gee foram os pioneiros no campo da Aprendizagem Baseada em
Games /Jogos (Game-Based Learning) e, depois deles, esse campo tem crescido
ano a ano, envolvendo áreas que vão do design, desenvolvimento a jogos digitais,
voltados tanto para o entretenimento como para a educação (seja ela escolar ou
corporativa).
111
Metodologias Ativas
“a Gamificação
Ainda, de acordo com Pimenta e Teles (2015, p. 107), é
não consiste na
criação ou utilização importante deixar claro que “a Gamificação não consiste na criação
de games com ou utilização de games com fins educativos, mas na utilização de
fins educativos, elementos, princípios e dinâmicas de jogos, tais como recompensas,
mas na utilização medalhas e níveis (entre outros) no contexto dos alunos”.
de elementos,
princípios e
A Gamificação é uma metodologia que usa as estratégias
dinâmicas de
jogos, tais como de jogo para envolver indivíduos em uma aprendizagem ou em
recompensas, realização de tarefas a serem cumpridas, como se fossem etapas
medalhas e níveis de um jogo e não atividades comuns do cotidiano. Essa metodologia
(entre outros) aproveita-se dos instintos de competitividade do ser humano, do
no contexto dos gosto por premiações e recompensas quando alcançamos metas
alunos”.
e objetivos, do uso da criatividade para buscar soluções e superar
obstáculos (passar fases como em um jogo) etc.
Além disso, segundo Prensky (2012), mesmo sabendo que cada pessoa
aprende de forma diferente, o que significa o uso diverso de métodos e estilos de
ensino, a “diversão” deve estar presente em todo o processo e a Aprendizagem
baseada em jogos (digitais), por exemplo, é motivadora pelo fato do ensino ser
feito de forma diferente de outros métodos. Importante ressaltar, porém, que ela
não pode ser vista como solução fácil para todos os problemas de educação, mas
uma metodologia a ser combinada com outros métodos de aprendizagem.
Prensky (2012) defende que esse tipo de aprendizagem deve ser usado nas
escolas e justifica sua afirmação com três motivos. Referindo-se à aprendizagem
baseada em jogos digitais – que segundo ele enxerga a aprendizagem como
algo interativo e de alto envolvimento – ela estaria de acordo com o estilo de
aprendizagem da geração atual e futura e também suprimiria suas necessidades.
Outro motivo é a ludicidade dessa metodologia e, por causa disso, seria
motivadora para os alunos. Por fim, ele destaca sua versatilidade e possibilidade
de ser usada em praticamente todas as disciplinas, sendo muito eficaz se aplicada
corretamente, afirmação corroborada por Santos e Ferreira (2015), que alertam
para o fato de não confundirmos Gamificação com jogos eletrônicos. Os autores
defendem que o fato de os jogos sempre terem existido acaba por facilitar os
processos de Gamificação:
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Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
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Metodologias Ativas
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Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
Segundo Pimenta e Teles (2015), a ideia dos jogos pode ser uma maneira de
induzir novas formas de compromissos, ao mesmo tempo em que traz a reflexão
sobre a forma como os conteúdos podem ser apresentados no contexto da
aprendizagem colaborativa on-line. A partir do momento em que eles conseguem
despertar o interesse dos alunos e motivá-los a pesquisar sobre o conteúdo que
estão estudando, podemos vislumbrar estudantes mais autônomos e participativos
em relação ao próprio aprendizado.
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Metodologias Ativas
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Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
Sobre esse tema vale a pena ler o artigo O uso de jogos digitais
no atendimento educacional especializado de alunos com deficiência
intelectual: um estudo de caso”, de Santos e Souza (2019), disponível
em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/36127.
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Metodologias Ativas
Algo que não devemos esquecer nesse processo é do diálogo com os pais,
com as famílias dos estudantes que precisam ser informadas da utilização das
metodologias de Aprendizagem baseada em jogos e de Gamificação, para que
possam compreender seus objetivos, sua potencialidade e venham a ser parceiros
e não um obstáculo a sua implementação.
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Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
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Metodologias Ativas
Veja a imagem com atenção e imagine, se você for professor, de que forma
poderia usar alguma das metodologias ativas que conheceu neste curso para
estimular esse aluno a ir para a escola. Como criar uma aprendizagem significativa
para ele, de forma que se sinta motivado a estar na sala de aula? Tendo em vista
a sua turma de alunos, que metodologia ativa você usaria primeiro e por quê?
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Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
Importante ressaltar que o fato dos usuários de internet estarem cada vez mais
presentes nas redes sociais também acaba por contribuir com a popularização
da Gamificação, já que fica mais fácil sua recomendação e interação com as
empresas que produzem ou utilizam a metodologia.
121
Metodologias Ativas
FONTE: <https://www.grupoadapta.com.br/artigo/o-
conceito-as-vantagens-e-a-aplicacao-no-contexto-
educacional-do-gamification>. Acesso em: 22 jul. 2020.
122
Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-
de-concurso/questao/733038>. Acesso em: 22 jul. 2020.
123
Metodologias Ativas
a) ( ) V – F – F – F – V.
b) ( ) F – V – V – V – F.
c) ( ) V – F – V – V – V.
d) ( ) V – F – F – V – V.
e) ( ) F – V – V – F – F.
4 OUTROS CAMINHOS,
PERSONALIZAÇÃO, O QUE ESTÁ
POR VIR E A BNCC
Que outras metodologias ativas tem sido usadas nas salas de aula e
de forma corporativa? Olhando para tudo até aqui, qual a importância da
personalização do ensino? O que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e
suas dez competências gerais têm a ver com tudo que falamos até aqui? É o que
queremos desenvolver no final deste capítulo.
4.1 JIGSAW
Ainda, pouco conhecido no Brasil em relação às outras metodologias
ativas que já citamos, o Jigsaw existe desde 1978, quando foi desenvolvido no
Texas (EUA), pelo psicólogo social Elliot Aronson tendo a perspectiva do ensino
cooperativo. Os alunos compartilham o que sabem entre eles e, mais do que
isso, ensinam aos colegas o que mais sabem ou aquilo no qual se tornaram
“especialistas”.
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Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
Vale ressaltar que, quando o método foi desenvolvido por Aronson, a ideia
era tentar acabar ou minimizar com as questões racistas que imperavam em
algumas escolas.
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Metodologias Ativas
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Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
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Metodologias Ativas
FONTE: <https://images.unsplash.com/photo-1579616043939-
95d87a6e8512?ixlib=rb-1.2.1&ixid=eyJhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto
=format&fit=crop&w=500&q=60>. Acesso em: 22 jul. 2020.
Quanto à Realidade Virtual (Virtual Reality - VR), ela baseia-se, sobretudo,
em experiências de imersão e, para isso, faz uso de óculos específicos, a partir
dos quais o usuário pode interagir com um cenário virtual em 360º.
FONTE: <https://images.unsplash.com/photo-1538388149542-
5e24932d11a8?ixlib=rb-1.2.1&ixid=eyJhcHBfaWQiOjEyMDd9&auto
=format&fit=crop&w=500&q=60>. Acesso em: 22 jul. 2020.
128
Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
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Metodologias Ativas
130
Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
FONTE: <https://canaltech.com.br/gadgets/qual-a-diferenca-
entre-realidade-virtual-e-realidade-aumentada-56265/>. Acesso
em: 23 jul. 2020.
131
Metodologias Ativas
4.4 A PERSONALIZAÇÃO DA
APRENDIZAGEM E A BNCC
Resumindo e finalizando nosso capítulo, relembramos o quanto as
Metodologias Ativas ajudam a personalizar a aprendizagem dos alunos, fazendo
com que cada estudante seja protagonista do próprio processo de construção
de conhecimento e trace seu próprio caminho formativo, especialmente
com a parceria das tecnologias digitais da informação e comunicação. Essa
aprendizagem acontece respeitando o ritmo de cada aluno, que é constantemente
desafiado e incentivado a encontrar significado no que estuda.
132
Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
133
Metodologias Ativas
Vale a pena ler a parte introdutória da base que fala das dez competências
gerais que devem ser adquiridas pelos estudantes ao longo da sua formação.
Essa talvez seja a parte mais inovadora da base.
FONTE: <http://inep80anos.inep.gov.br/inep80anos/media/tz_portfolio/
article/cache/istock-79_L.jpg>. Acesso em: 23 jul. 2020.
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Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
O que a BNCC acaba por recuperar, de certa forma, e que está presente
nas Metodologias Ativas, são os quatro pilares da educação do século XXI, que
podemos encontrar no livro Educação: um tesouro a descobrir, da Unesco, sob a
coordenação de Jacques Delors, citado no início desta capítulo.
FONTE: <https://www.linkedin.com/pulse/os-pilares-da-
educa%C3%A7%C3%A3o-para-o-s%C3%A9culo-xxi-e-de-andr%C3%A9a-
lindner/?originalSubdomain=pt>. Acesso em: 23 jul. 2020.
135
Metodologias Ativas
que ela representa) e aprender a ser (que revela o papel do cidadão). A BNCC
traz algumas possibilidades para que possamos colocar essas aprendizagens em
prática, inclusive com o uso das metodologias tivas.
136
Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
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Metodologias Ativas
5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Conseguimos ver, neste capítulo, exemplos muito criativos de uso das
metodologias ativas, tratadas, aqui, no sentido de motivar a aprendizagem do
aluno. De diferentes formas, os exemplos que apresentamos mostram como
nossos alunos ou colaboradores podem, a partir de um novo olhar para o processo
de ensino-aprendizagem, resolver problemas, encontrar caminhos e soluções para
uma situação real, produzir artefatos e processos que melhorem seus contextos,
usar as TDIC de forma a ampliar as possibilidades de conhecimento do mundo e
percorrer de forma autônoma um caminho formativo significativo para eles.
Esperamos que você se sinta capaz de ousar, inovar, criar com seus alunos,
pares e/ ou colaboradores, novas formas de aprender. Não tenha medo do erro. O
erro e o acerto são parte do nosso amadurecimento e essas metodologias trazem
esse processo como componente. Não tenha receio de pedir ajuda e de aprender
junto. Aprenda a aprender, aprenda a fazer, aprenda a conviver e aprenda a ser,
especialmente neste mundo conectado e digital de hoje.
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Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, D. et al. Tecnologias e currículo: trajetórias convergentes ou
divergentes? São Paulo: Paulus, 2011.
139
Metodologias Ativas
GEE, J. P. Good video games and good learning. Phi Kappa Phi Forum, v. 85,
n. 2, p. 34-37, 2010.
GIRMAN, P.; KAYA, M. F. Skills and Enriching Activities: Digital Stories and
Games 1, v. 12, n. 1, p. 555-572, 2019.
140
Capítulo 3 Soluções de Problemas, Projetos para
a Vida, Personalização e a BNCC
141