Caderno de Topografia - Planimetria
Caderno de Topografia - Planimetria
Caderno de Topografia - Planimetria
Por,
Setembro de 2020
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Sumário
1 Introdução ....................................................................................................................3
2 Planimetria ...................................................................................................................5
2.1 Métodos de Levantamentos Planimétricos ..........................................................6
2.1.1 Método de Trilateração....................................................................................7
2.1.2 Método do Caminhamento perimétrico aplicado apenas com instrumentos
simples............ .......................................................................................................................16
2.1.3 Método de Irradiação ou Coordenadas Polares .............................................37
2.1.4 Método de Levantamento por Intersecção ou Coordenadas Bipolares .........56
2.1.5 Levantamentos mistos usando os métodos de irradiação e intersecção ........73
2.1.6 Método do caminhamento perimétrico aplicado com o uso de aparelho
topográfico (Teodolito ou Estação Total)..............................................................................82
2.2 Metodologia usada no Levantamento planimétrico de uma propriedade rural
“Real” com aparelho topográfico (Estação total ou teodolito) ................................................132
2.2.1 Etapas do levantamento planimétrico de uma propriedade rural ................142
2.2.2 Cálculos realizados após o levantamento planimétrico de uma propriedade
rural......................................................................................................................................148
2.3 Cálculo analítico de uma poligonal levantada através do método de
irradiação........... ......................................................................................................................170
2.3.1 Cálculo analítico de uma poligonal levantada por irradiação a partir de um
polo................. .....................................................................................................................170
2.3.2 Cálculo analítico de uma poligonal levantada por irradiação a partir de dois
polos.....................................................................................................................................178
2.3.3 Exercícios propostos para o tema ................................................................183
2.4 Cálculo analítico de uma área levantada através do método de intersecção ou de
coordenadas bipolares..............................................................................................................184
2.4.1 Exercícios propostos para o tema ................................................................190
2.5 Cálculo analítico de uma poligonal levantada através de uma combinação dos
métodos de irradiação e de intersecção com três pontos de estação........................................190
2.5.1 Exercício propostos para o tema ..................................................................196
2.6 Planta Topográfica...........................................................................................196
2.7 Divisão de terras ..............................................................................................205
2.7.1 Cálculo de uma linha divisória composta por apenas um alinhamento
divisor............. .....................................................................................................................212
2.7.2 Cálculo de uma linha divisória composta por dois alinhamentos ...............224
2.7.3 Exercícios propostos paro o tema ................................................................230
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1 INTRODUÇÃO
O conteúdo deste documento foi escrito durante o período de março a setembro de 2020,
ou seja, durante o período do recesso causado em função da pandemia do Corona Vírus. O objetivo
do presente trabalho foi escrever um texto que sirva como referência para os alunos das disciplinas
de Topografia dos cursos de graduação de Agronomia e Engenharia Agrícola da UFPEL, cursos
estes atendidos pelo setor de Geomática do Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de
Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas (DER-FAEM-UFPEL).
O conteúdo deste documento ainda não cobre todos os assuntos tratados nas duas
disciplinas de Topografia I e II dos referidos cursos. O texto aqui escrito é parte de um projeto de
elaboração de um livro sobre Topografia que se pretende concluir e publicar via gráfica da UFPEL.
Este material, de antemão, deverá ser compartilhado, via ambiente de aprendizado virtual
E-aula da UFPEL, com o objetivo de auxiliar os alunos que venham a se matricular nas disciplinas
de Topografia no calendário acadêmico do segundo semestre letivo de 2020, no entendimento de
assuntos vinculados ao capítulo destas disciplinas caracterizado como Planimetria.
O texto cobre os assuntos vinculados aos métodos de levantamentos planimétrico, os
cálculos associados a este tipo de levantamento topográfico, bem como a representação gráfica em
escala das posições planimétricas dos pontos levantados (planta topográfica).
Em muitas seções foi dada ênfase a preocupação que o profissional da Topografia deve ter
com os erros de medições e suas respectivas propagações.
Parte do conteúdo deste trabalho corresponde a assuntos que são tratados da segunda
metade da disciplina de Topografia I. Isto é, a parte desta disciplina que fala sobre os métodos de
levantamento planimétrico de trilateração, caminhamento perimétrico aplicado somente com
trenas e balizas, irradiação e intersecção. Inicialmente estes métodos são detalhados dando-se
ênfase às operações de medição que devem ser efetuadas no terreno bem como o cuidado que se
deve ter na organização dos registros dos dados medidos. Simultaneamente são detalhados os
cálculos associados a estes levantamentos. Em um primeiro momento é mostrado os processos de
cálculos de áreas das poligonais através de princípios geométricos (assim como é visto na
disciplina de Topografia I). Embora este processo seja pouco profissional, o aprendizado destes
princípios, do ponto de vista didático, serve para o aluno relembrar e fixar conceitos de
trigonometria que são essenciais para entender o processo profissional de cálculo analítico da área
de uma poligonal. Vinculados ao estudo destes métodos de levantamentos são abordados alguns
conceitos mais aprofundados sobre propagação de erros. Estes assuntos, justamente pelo fato de
serem mais complexos, normalmente não são tratados nas disciplinas. No entanto, julgou-se
necessário incluir neste documento, pois entende-se ser o tópico importante para o profissional da
Topografia.
Depois de detalhar os métodos de levantamentos citados, adentra-se no programa da
disciplina de Topografia II caracterizando o método do caminhamento perimétrico aplicado no
terreno com o uso de aparelho topográfico (teodolito ou estação total). Este é o método de
levantamento mais importante que se dispõe na Topografia. Esta afirmação é decorrente tanto da
isenção de restrição de sua aplicabilidade como em função da possibilidade de prover o controle
total das operações de medição. Em seguida estuda-se todos os princípios utilizados no cálculo
analítico de uma poligonal fechada levantada por caminhamento perimétrico. Procura-se neste
momento enfatizar os princípios deste cálculo baseado nos conceitos da trigonometria e geometria
analítica desde o cálculo dos azimutes dos alinhamentos até a obtenção da dimensão da área da
poligonal. São detalhados os critérios que devem ser utilizados para limitar os erros cometidos
neste tipo de levantamento bem como os diferentes processos que podem ser utilizados para se
compensar os erros de fechamento das poligonais.
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Logo na sequência do estudo do cálculo analítico, é detalhado o processo de uso das
coordenadas retangulares dos vértices das poligonais para efetuar a representação gráfica em
escala das posições dos pontos na planta topográfica. Nesta seção é enfatizado o processo racional
de escolha da dimensão da escala numérica de tal forma que dê uma utilização razoável do espaço
gráfico disponível para efetuar o desenho, assim como o processo utilizado para centrar o desenho
no espaço útil da folha.
Na sequência são tratadas as especificidades do cálculo analítico de uma poligonal aberta
enquadrada.
Em seguida escrevemos uma seção dedicada à metodologia normalmente utilizada para
efetuar o levantamento planimétrico de uma propriedade rural. Detalha-se nesta seção o uso
combinado dos métodos de levantamento estudados (caminhamento perimétrico, irradiação e
intersecção) no levantamento de uma propriedade rural. Nesta seção inicialmente são estudados
alguns aspectos formais do levantamento como a organização dos registros de campo e o
tratamento que deve ser dado a eles como documento do trabalho do Topógrafo. Em seguida é
enfatizado o tratamento totalmente analítico dos dados tanto no cálculo da poligonal básica como
na determinação das coordenadas retangulares dos vértices reais da propriedade.
Posteriormente mostra-se como efetuar o cálculo analítico de poligonais levantadas através
dos métodos de irradiação e intersecção. Também são dados exemplos de como efetuar o cálculo
analítico de poligonais levantadas de forma mista através do uso dos métodos de irradiação e
intersecção. Todos os cálculos de áreas que foram efetuados através do princípio geométrico na
primeira parte do documento são refeitos aplicando-se o método analítico. Este estudo comparado
serve justamente para mostrar a praticidade e facilidade de obtenção dos resultados através do
cálculo analítico que é considerado o processo profissional de cálculo.
Posteriormente ao estudo do cálculo analítico foi dedicado uma seção para o assunto planta
topográfica. Nesta seção enfatiza-se o fato de que a planta topográfica é uma peça de desenho
técnico e como tal, deve obedecer às normas elaboradas pela ABNT para este assunto.
Finalmente é dedicada uma seção sobre a aplicação topográfica de divisão de terras. Nesta
seção inicialmente efetua-se alguns comentários vinculados ao cadastro de imóveis rurais.
Procurou-se enfatizar que embora o processo de cálculo de divisão de uma propriedade rural seja
feito por princípios topográficos (considerando a terra plana), foram introduzidas outras exigências
através da promulgação e normatização técnica da Lei 10.267 de 28 de agosto de 2001. Atualmente
os dados que servem de base para o processo de divisão de uma área necessariamente devem partir
do processo de georeferenciamento da propriedade. Em função disto, o profissional que desejar
trabalhar com este assunto deve conhecer outras disciplinas além da Topografia. Para o
profissional estar habilitado a efetuar este tipo de trabalho ele deve conhecer princípios vinculados
às disciplinas de Geodésia, Ajustamento de Observações, Cartografia Matemática e Métodos de
posicionamento por satélites.
Em cada seção foram propostos exercícios elaborados com o intuito de que o aluno fixe o
conteúdo trabalhado.
O conteúdo deste documento ainda não foi exaustivamente relido em busca de erros. Então
releva os prováveis erros que sejam encontrados (esperamos que não sejam muitos).
Podemos dizer que o material contido neste documento cobre cerca de metade dos
programas das disciplinas de Topografia I e II.
Esperamos que o material realmente sirva de auxílio para o aprendizado dos alunos das
disciplinas de Topografia I e II do DER-FAEM-UFPEL.
Sérgio leal Fernandes
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2 PLANIMETRIA
Nos itens anteriores foram estudados os métodos e equipamentos utilizados na medição de
distâncias e ângulos durante um levantamento topográfico. Neste capítulo trataremos de uma parte
importante da Topografia que é a chamada Planimetria. A Planimetria congrega uma série de
aplicações práticas da Topografia. É neste capítulo da Topografia que se estuda os métodos de
levantamentos e métodos de cálculos que devem ser efetuados com os dados coletados durante um
levantamento que tenha por objetivo último determinar a posição relativa planimétrica de pontos
da superfície física da terra.
Um levantamento planimétrico corresponde ao processo de efetuar no terreno um conjunto
de medições de distâncias e de ângulos que serão fundamentais para se determinar a posição da
projeção ortogonal dos pontos (de interesse) da superfície da terra sobre o plano horizontal da
região do levantamento. Quando se faz um levantamento planimétrico não se está interessado em
determinar a componente altimétrica, ou seja, a altura dos pontos em relação ao plano horizontal
sobre o qual os pontos serão projetados. A forma de obter a componente altimétrica será tratada
do capítulo sobre levantamentos altimétricos.
É possível afirmar que quando estivermos efetuando um levantamento planimétrico, as
distâncias que eventualmente medirmos entre os pontos de interesse deverá ser a distância
horizontal entre eles. Estas distâncias podem ser determinadas através de qualquer um dos métodos
vistos anteriormente, ou seja, é possível fazer a determinação de distância de forma direta através
do uso de uma trena (diastímetros flexíveis), ou ainda, é possível fazer a determinação de forma
indireta, seja através de processo óptico ou estadimétrico ou ainda por via eletrônica com um
distânciômetro eletrônico.
No que diz respeito aos ângulos medidos entre as direções, nos interessarão principalmente
os ângulos horizontais entre os alinhamentos. Estes ângulos normalmente serão medidos com
auxílio de teodolitos. Precisaremos, no entanto, medir ângulos verticais naquelas situações de
usarmos procedimentos de avaliação de distância indireta com o objetivo de reduzir a distância ao
plano horizontal da região. É possível comprovar isto nas expressões de obtenção das distâncias
horizontais seja através de medição de distância horizontal via estadimetria ou via eletrônica.
Realizadas estas observações iniciais, é preciso enfatizar que previamente ao realizar um
levantamento planimétrico propriamente dito, é necessário planejar a estratégia deste
levantamento. Este planejamento nos responderá a seguinte pergunta: “Quais os ângulos
horizontais e distâncias horizontais que devemos medir no terreno?”
A estas estratégias utilizadas para efetuar um levantamento planimétrico podemos chamar
de métodos de levantamentos planimétricos.
Existe uma quantidade considerável de métodos de levantamentos planimétricos tratados
na literatura. Dentre estes métodos podemos citar os seguintes: método de trilateração, método de
triangulação, método de irradiação ou coordenadas polares, método intersecção ou coordenadas
bipolares e método do caminhamento perimétrico ou do itinerário.
Neste documento, trataremos daqueles métodos de levantamento que são mais utilizados
na área rural, tendo em vista que este documento é direcionado para os alunos dos cursos de
Agronomia e Engenharia Agrícola.
Não podemos perder de vista o objetivo de tratar este assunto neste trabalho. O objetivo
último de um levantamento planimétrico é determinar a posição relativa da projeção ortogonal dos
pontos levantados sobre o plano horizontal da região do levantamento. Uma vez que se conheça a
posição de um conjunto de pontos de interesse sobre a área, será possível efetuar uma
representação gráfica em escala da posição destes pontos, ou seja, poderemos desenhar a planta
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topográfica da região do levantamento. Esta representação gráfica detalhada é uma ferramenta
valiosa que será usada pelos profissionais da área rural (Engenheiros Agrônomos, Engenheiros
Agrícolas, Engenheiro Florestal e Técnicos Agrícolas) para o planejamento de uso da propriedade
rural.
Uma vez que esta posição relativa está definida será possível, por exemplo, determinar a
distância horizontal entre quaisquer dois pontos que foram alvo do levantamento (mesmo que esta
distância não tenha sido medida no terreno), ou a dimensão da área de quaisquer polígonos
definido por um conjunto de pontos cuja posição relativa foi determinada no trabalho de medição.
Estas dimensões de distâncias e áreas são continuamente demandadas nas operações de uso da
propriedade rural.
Aliás, com relação ao dimensionamento da área de poligonais é possível afirmar que este
é um dos produtos importantes que um levantamento planimétrico pode prover. A dimensão da
superfície de propriedades rurais é um dos dados fundamentais para que o imóvel possa ser
cadastrado nos cartórios de registro de imóveis. Este dado está intimamente ligado ao valor de
mercado de um imóvel seja ele rural ou urbano. Logicamente na hora de fazer a avaliação de um
imóvel rural, não apenas a dimensão da área da superfície da terra que ela ocupa é levada em
consideração, mas também a caracterização física do ambiente da propriedade, ou seja, tipo de
solo, aspectos altimétricos (se área plana ou declivosa), quantidade de benfeitorias existentes no
seu interior (açudes, silos, casa, cercas, infraestrutura (energia elétrica, estradas), etc ..).
Voltando agora os olhos para as aplicações do dimensionamento de área para fins de
manejo da propriedade, é possível citar que este produto do levantamento planimétrico tem
aplicações das quais pode-se citar: cálculo da quantidade de insumos agrícolas a serem distribuídos
pela área (fertilizante, calcário, defensivos, etc..), cálculo de volume de água armazenado em uma
bacia hidráulica, cálculo hidrológicos para dimensionamento de vertedouros em barragens,
dimensionamento de divisões internas da propriedade rural, etc... . .
Apresentaremos na sequência alguns métodos de levantamentos planimétricos clássicos
considerados mais importantes para a área rural em função de sua utilização mais frequente. Os
métodos que serão tratados neste documento serão os seguintes: método de trilateração, método
de irradiação ou coordenadas polares, o método de intersecção ou coordenadas bipolares e o
método do caminhamento perimétrico ou do itinerário.
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Um aspecto bastante importante que será discutido a medida que formos detalhando os
métodos de levantamento é sobre o fato deles fornecerem ou não ao Topógrafo o que se chama de
controle das operações de medição.
Conceitua-se como controle das operações de medição à característica que um método
de levantamento possua de dar ao Topógrafo meios de identificar, se em determinado conjunto de
dados medidos no terreno durante o levantamento, existe erros grosseiros de medição.
O serviço Topográfico é um trabalho de reponsabilidade técnica. Isto significa que, no
Brasil, uma pessoa só pode efetuar um levantamento topográfico se ela possuir um título de
Engenheiro (Civil, Agrônomo. Agrícola, Florestal, de Agrimensura, Cartógrafo e outros) ou ainda
de Técnico de nível médio que tenha cobertura curricular na área do conhecimento. Desta forma,
se um técnico habilitado vier a realizar um trabalho de levantamento topográfico de forma
imprecisa ou de forma relapsa, ele terá que arcar com as sanções eventuais do órgão de fiscalização
profissional, podendo até ter cancelada sua habilitação para efetuar este tipo de trabalho.
Desta forma, é sempre importante que o método de levantamento forneça ao Topógrafo a
possibilidade de verificar a existência de erros grosseiros de medição ocorridos durante o processo
de medição. Ressalta-se que, a presença destes erros grosseiros de medição implicariam na
determinação da errônea da posição relativa de pontos e, por consequência, erros no
dimensionamento das áreas que venham a ser calculadas com estes dados.
Desta forma em função desta característica, será verificado pelo leitor que os métodos de
levantamento poderão ser classificados como:
- Métodos que não fornecem nenhum controle das operações de medição;
- Métodos que fornecem um controle parcial das operações de medição;
- Métodos que fornecem o controle total das operações de mediação;
Então, a medida que os métodos forem sendo detalhados , faremos comentários com
relação a esta característica.
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lados da mesma (12, ̅̅̅̅ ̅̅
23̅̅, ̅̅
34̅̅, ̅̅
45̅̅ , ̅̅
56̅̅, ̅̅
61̅̅) e em um segundo momento são medidas as diagonais
̅̅̅̅, ̅̅
(13 36̅̅, ̅̅
35̅̅).
As diagonais a serem medidas não precisam ser obrigatoriamente estas que foram citadas
anteriormente. É possível medir outras diagonais deste que se cumpra o objetivo de dividir a
poligonal de n vértices em n-2 triângulos contíguos e não sobrepostos. Seria possível realizar este
levantamento medindo-se, por exemplo, além das dimensões dos lados do polígono as diagonais
̅̅̅̅, ̅̅
(13 15̅̅ 𝑒 ̅̅
35̅̅).
Estas distâncias horizontais podem ser medidas através de qualquer dos processos
estudados anteriormente, no entanto, como este método normalmente é usado na situação de não
se dispor de aparelhos de medição (teodolito ou estação total), estas distâncias corriqueiramente
são avaliadas de forma direta, ou seja, com auxílio de trena.
Uma das questões bastante importante em levantamentos topográficos é a organização dos
registros de campo. Embora esse assunto será tratado com mais detalhes nas próximas seções deste
capítulo, cabe neste momento já introduzir o assunto. Os dados medidos no campo devem ser
registrados normalmente em tabelas de dados organizadas em cadernetas chamadas de cadernetas
de campo. Os dados anotados em uma caderneta de campo deve ser o mais claro, conciso e
intuitivo possível. Estas características devem ser satisfeitas em função do fato de que a pessoa
que irá processar os dados (fazer os cálculos) e efetuar as representações gráficas apropriadas a
cada levantamento, necessariamente não será a mesma pessoa que efetuará o levantamento em
campo. O estudante vai perceber ao longo da leitura deste documento que estas tabelas de registro
vão variar em função do tipo de dado coletado em campo, o que é função do tipo de levantamento
efetuado e tipo de instrumental e método de levantamento utilizados. Na Tabela 1 consta uma
sugestão de organização para armazenar os dados de um levantamento planimétrico efetuado
através do método de trilateração. Embora a tabela seja bastante intuitiva, não é demais fazer
alguns comentários sobre os termos que normalmente aparecerão neste tipo de anotação de campo.
Na primeira coluna do cabeçalho da tabela da tabela (ponto ou vértice) indica justamente o ponto
de partida da medição de uma distância. Na segunda coluna do cabeçalho da tabela aparece o termo
vante. Este termo se refere ao ponto na direção do qual a distância será medida. Assim em cada
linha da tabela será anotada na coluna DH (distância horizontal) a distância horizontal em metros
medida a partir do ponto ou vértice até o ponto de vante definido na linha. Desta forma, na primeira
linha da tabela está anotada a distância horizontal do ponto 1 até o ponto 2 (59m).
Como pode ser observado o método de trilateração é baseado puramente em medidas de
distância. Não é necessário medir nenhum ângulo.
Uma vez que conheçamos as dimensões destas nove distâncias, nesta poligonal de seis
vértices, é possível se afirmar que sabemos as posições relativas destes seis vértices. Esta
afirmação pode ser efetuada uma vez que, para cada ponto, se conhece a distância a outros dois
pontos levantados. Cada ponto faz parte de pelo menos um triângulo do qual se conhece as
dimensões dos três lados. E como se sabe, um triângulo plano é unicamente determinado quando
as dimensões dos seus três lados são conhecidas.
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Tabela 1 - Sugestão de organização de registro de dados coletados durante um levantamento
planimétrico em que método de trilateração é usado.
1 2 59
2 3 44,05
3 4 62,64
4 5 114,21
5 6 51,24
6 1 71,41
3 1 54,82
3 6 89,76
3 5 79,79
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Embora a precisão de um metro para mil metros medidos seja uma precisão bem aquém
daquela que podemos obter através do processo eletrônico de medida, é possível afirmar que, ainda
assim, ela nos conduzirá a um posicionamento na posição satisfatória dos pontos levantados. Da
mesma forma, se não houver erros grosseiros de medição, a dimensão da área da poligonal
calculada através destes dados medidos nos fornecerá valores bastante confiáveis.
Ainda que a precisão do processo seja satisfatória, o problema mais preocupante neste
método de levantamento é que ele não fornece ao técnico o controle das operações de medição.
O método de trilateração não fornece nenhum controle das operações de medição. Isto
significa dizer que, se apenas uma das distâncias medidas contiver um erro grosseiro, o Topógrafo
não terá como perceber a sua existência. Como consequência, todos os produtos do seu trabalho
estarão comprometidos em uma maior ou menor gravidade dependendo da dimensão dos erros
cometidos.
Neste método um erro de levantamento somente apareceria se não fosse satisfeita a
condição de formação de um dos triângulos levantados. Lembramos que para que um triângulo
possa ser formado, a soma de quaisquer dois lados do mesmo deve ser necessariamente maior que
a dimensão do terceiro lado. Como cada ponto da poligonal pertence à pelo menos um triângulo,
então somente nesta situação o erro poderia ser detectado. Mas afora esta situação, quaisquer
outros erros poderão existir e o Topógrafo não perceber.
Uma vez coletados os dados de campo, será possível efetuar a representação em escala dos
pontos levantados, ou seja, efetuar o desenho da planta topográfica.
Devemos enfatizar que neste momento não serão abordados detalhes da normatização
técnica para elaboração da Planta Topográfica. Este assunto será tratado na seção 2.6. Neste
momento faremos comentários sobre qual a técnica gráfica que será utilizada para plotar os pontos
de forma precisa em uma planta quando este método de levantamento for usado.
Para se efetuar a representação gráfica será necessário utilizar um compasso.
O processo gráfico que deve ser utilizado deverá ser o seguinte:
- Inicialmente escolhe-se uma orientação para o papel e se adota como a direção do norte
a linha perpendicular à direção do selo da planta conforme desenho abaixo (sempre apontando
para cima na folha).
- Posteriormente escolhe-se uma escala numérica de representação adequada. Uma escala
numérica adequada não deve ser grande demais que a área levantada não caiba no formato de papel
escolhido. Da mesma forma ela não deve ser pequena demais que o desenho fique muito reduzido
em comparação ao espaço gráfico que se dispõe para fazer o desenho. Com relação a escolha
adequada, este método não permite que se avalie a priori a escala adequada. Para isto será
necessário efetuar inicialmente um desenho rascunho em uma escala inicial qualquer
(normalmente pequena). Este desenho rascunho será efetuado através do mesmo processo de
plotagem que será explicado na sequência. Sobre este desenho rascunho será possível escolher
uma escala adequada para representar a poligonal em um espaço gráfico determinado.
- Após a definição da escala de representação, escolhe-se um alinhamento inicial para fazer
a representação. Vamos supor que para começar o desenho se escolha o alinhamento 12 ̅̅̅̅ da
poligonal. Para isto, toma-se o valor distância medida no terreno deste alinhamento, divide-se este
valor pelo módulo da escala numérica escolhida e com isso se obtém a distância gráfica
correspondente a este alinhamento na planta. Consideremos que a escala escolhida seja para
efetuar a representação gráfica seja de 1:1700. Neste caso a distância gráfica do alinhamento 12 ̅̅̅̅
será igual à 3,4 Cm (o resultado de 59m/1700 = 0,034 m ou 3,4 Cm). Então tudo que se tem a fazer
é desenhar no papel uma reta com 3,4 Cm de comprimento e que forme um ângulo com a direção
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do norte indicado na folha igual ao azimute do alinhamento. Enfatiza-se que este azimute deveria
ter sido determinado no campo na hora do levantamento. Caso este valor não tenha sido
determinado no campo, é possível adotar um valor de azimute convencional. Neste caso esta
informação deve constar da planta através da sigla NC (norte convencional ou arbitrário). Isto
significa que a poligonal não está orientada na direção do norte verdadeiro do local. Esta orientação
não afetará e absoluto a posição relativa dos vértices e nem a dimensão da área da poligonal.
- Nos extremos deste alinhamento ̅̅ ̅̅ estão posicionados os vértices 1 e 2 da poligonal.
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Parte-se agora para desenhar a posição do vértice 3 da poligonal. Sabe-se, pelos dados medidos no
terreno, que o ponto 3 está localizado a 3,2 Cm de distância do ponto 1 (resultado de 54,82m/1700
= 0,032 m ou 3,2 Cm) e a 2,5 Cm do ponto 2 (resultado de 40,05 m/1700 = 0,025 m ou 2,5 Cm).
Para o plotar o vértice 3 na planta basta abrir o compasso com uma distância entre a duas pontas
de 3,2 Cm (correspondente à distância gráfica entre o ponto 1 e o ponto 3), colocar a ponta seca
do compasso no ponto 1 e traçar um arco (arco vermelhos conforme é mostrado na Figura 2). Ao
traçar este arco estamos marcando no papel todos os pontos que estão localizados a uma distância
de 3,2 Cm do ponto 1. Na sequência, abre-se o compasso com uma distância entre as duas pontas
de 2,5 Cm, coloca-se a ponta seca do compasso no ponto 2 e mais uma vez traça-se o arco
correspondente. Ao se fazer isso se está marcando no papel todos os pontos que distam 2,5 Cm do
ponto 2. Os dois arcos traçados interceptam-se na posição onde deverá ser desenhado o ponto 3.
- O terceiro ponto a ser plotado é aquele cujas distâncias até os pontos já desenhados se
conhece. Este ponto é o ponto 6. Para plotar a posição do ponto 6 abre-se o compasso com uma
distância entre as pontas o correspondente à distância gráfica entre o ponto 1 e o ponto 6, ou seja,
4,2 Cm (resultado de 71,41 m/1700 = 0,042 m ou 4,2 Cm), coloca-se a ponta seca do compasso
no ponto 1 e traça-se um arco. Posteriormente, abre-se o compasso com uma distância entre a
pontas de 5,3 Cm (resultado de 89,76m/1700 = 0,053m ou 5,3Cm), coloca-se a ponta seca do
compasso no ponto 3 e traça-se o arco. O ponto 6 ficará posicionado no ponto de intersecção entre
os arcos traçados a partir dos pontos 1 e 3.
Figura 2 - Processo de plotagem dos pontos sobre uma planta topográfica quando o método de
levantamento é o de trilateração.
Finalmente são plotados de forma semelhante e na respectiva ordem os pontos 5 e 4.
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Abordaremos agora o processo de cálculo através do qual será possível determinar a
dimensão da área da poligonal levantada com o uso do método de trilateração.
O processo de cálculo utilizado neste caso pode ser caracterizado como método geométrico
de avalição de áreas. Entende-se por um método geométrico de avaliação de área aquele em que
uma figura mais complexa (no caso a poligonal de n vértices) é dividida em figuras geométricas
mais simples ou elementares das quais se conhece a fórmulas de cálculo da área.
Neste caso primeiramente serão calculadas individualmente as dimensões das áreas dos
quatro triângulos (T1, T2, T3 e T4) em que a poligonal foi dividida para efetuar o levantamento
(ver Figura 1). E em um segundo momento, as áreas dos quatro triângulos serão somadas para
obter a área da poligonal.
A questão agora é como determinar as dimensões das áreas de cada um dos quatro
triângulos.
Para este propósito é possível utilizar o fórmula de Heron (Equação 1), que é aquela que
nos permite a calcular a área de um triângulo do qual se conhece as dimensões dos três lados.
𝐴 𝑇 = √𝑝. (𝑝 − 𝑎). (𝑝 − 𝑏). (𝑝 − 𝑐)
Equação 1
Onde: 𝐴 𝑇 - Área do triângulo
a,b,c – São as dimensões dos três lados do triângulo;
p – É o semi perímetro do triângulo ( Equação 2)
(𝑎 + 𝑏 + 𝑐)
𝑝=
2
Equação 2
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Foquemos inicialmente a discussão em como obter uma expressão para calcular o erro
esperado para a área de um dos triângulos. Para se avaliar qual a variação no valor da área do
triângulo basta que apliquemos a equação geral de propagação de erro à Equação 3.
A equação geral de propagação de erro para uma variável dependente Y, função das
variáveis independentes X1,X2,X3, ..., Xn (matematicamente se escreve Y=f(X1,X2,X3, ..., Xn) é
apresentada abaixo (HALLERT,.1960):
2 2 2
𝜕𝑌 𝜕𝑌 𝜕𝑌
√
𝑚𝑌 = ± ( . 𝑚𝑋1 ) + ( . 𝑚𝑋2 ) + ⋯ + ( . 𝑚𝑋𝑛 )
𝜕𝑋1 𝜕𝑋2 𝜕𝑋𝑛
Equação 4
𝜕𝑌 𝜕𝑌 𝜕𝑌
Onde: 𝜕𝑋 , 𝜕𝑋 , … , 𝜕𝑋 − São as derivadas parciais da variável dependente (Y) em relação
1 2 𝑛
a cada uma das variáveis independentes (X1, X2, X3.... Xn)
𝑚𝑋1 , 𝑚𝑋2 , … , 𝑚𝑋𝑛 – São respectivamente os erros individuais das variáveis independentes
(X1, X2, X3.... Xn).
mY – Erro esperado ou erro padrão da variável Y.
Na Equação 4, os termos dentro do radical e entre parênteses representam as variações da
variável dependente Y em função da variação de cada uma das variáveis independentes (X1, X2,
X3.... Xn). Estas variações das variáveis independentes (X1, X2, X3.... Xn) podem estar associadas,
por exemplo, a um erro de medição. Quando as variáveis independentes são obtidas por um
processo de medição (que é o que normalmente acontece na Topografia), se espera que não existam
erros sistemáticos no processo de obtenção destas variáveis, restando, portanto, apenas erros
aleatórios nas mesmas. Em função disto, é de se esperar que cada uma das variáveis independentes
que vão contribuir para o valor da variável dependente, possam conter erros ora para mais ora para
menos. Supondo também que as variáveis independentes não guardem correlação entre si, ou seja,
o erro de uma não influencia no erro da outra, é de se esperar que os efeitos do erro de cada uma
das variáveis independentes tenha reflexo ora para mais ora para menos no valor da variável
dependente. Tudo isto para tentar explicar o porquê que a Equação 4 nos dá um valor esperado
para o erro da variável dependente em função dos erros eventuais nas variáveis independentes.
Se aplicarmos agora a equação geral de propagação à Equação 3, obteremos uma expressão
que nos fornecerá um valor de erro esperado para a dimensão da área de cada um dos triângulos
que compõem o polígono levantado.
Assim, obtém-se a equação
2 2 2
𝜕𝐴 𝑇 𝜕𝐴 𝑇 𝜕𝐴 𝑇
𝑚𝐴 𝑇 = ±√( . 𝑚𝑎) + ( . 𝑚𝑏) + ( . 𝑚𝑐)
𝜕𝑎 𝜕𝑏 𝜕𝑐
Equação 5
𝜕𝐴 𝜕𝐴 𝜕𝐴𝑇
Onde: 𝜕𝑎𝑇 , 𝜕𝑏𝑇 , - São as derivadas da Equação 3 (fórmula Heron) em relação aos lados
𝜕𝑐
do triângulo (a,b,c);
ma, mb e mc – São respectivamente os erros esperados para os valores numéricos dos lados
a,b e c do triângulo.
𝑚𝐴 𝑇 – Erro esperado ou erro padrão da área do triângulo
13
Para obter um valor para o erro da área teremos que efetuar alguma suposição sobre os
erros que serão cometidos na medição dos lados do triângulo. Como o parâmetro de erro de
medição direta de distância é de 1/1000, ou seja, 1 metro de erro para cada 1000 metros medidos,
é possível desta forma afirmar que os erros esperados para a dimensão dos lados do triângulo serão
dados pelas equações abaixo.
𝑎
𝑚𝑎 =
1000
Equação 6
𝑏
𝑚𝑏 =
1000
Equação 7
𝑐
𝑚𝑐 =
1000
Equação 8
14
Conhecidas agora o valor dos erros das áreas dos quatro triângulos passamos finalmente
para o cálculo do erro padrão ou esperado para a área do polígono. Sabe-se que a área do polígono
é dada por:
𝐴𝑃 = 𝐴 𝑇1 + 𝐴 𝑇2 + 𝐴 𝑇3 + 𝐴 𝑇4
Equação 13
Aplicando-se a lei de propagação de erro à Equação 13, obtém-se:
2 2 2 2
𝜕𝐴𝑃 𝜕𝐴𝑃 𝜕𝐴𝑃 𝜕𝐴𝑃
𝑚𝐴𝑃 = ±√( . 𝑚𝐴 𝑇1 ) + ( . 𝑚𝐴 𝑇2 ) + ( . 𝑚𝐴 𝑇3 ) + ( . 𝑚𝐴 𝑇4 )
𝜕𝐴 𝑇1 𝐴 𝑇2 𝜕𝐴 𝑇3 𝜕𝐴 𝑇3
Equação 14
Derivando a Equação 13 e substituindo na Equação 14, obtém-se:
Equação 15
Substituindo os valores de erros das áreas dos triângulos na Equação 15 chega-se a um
valor de erro padrão para área do polígono de ±6,47 𝑚2 (0,085% de erro relativo).
Reforça-se então que o método de trilateração é um método de levantamento que quando
aplicado com instrumentos simples (apenas trena, balizas e fixas) é um método interessante para
ser usado dentro da propriedade rural com as limitações de que área a ser levantada deva ser
pequena e com poucos obstáculos visuais que possam vir a dificultar o levantamento. O método,
no entanto, tem a desvantagem de não fornecer ao topógrafo nenhum tipo controle das operações
medição. Por esta razão deve-se ter muito cuidado na hora de se medir as distâncias no terreno.
Deve-se usar este método quando se precisar fazer estimativas de área para fins de cálculo da
quantidade de insumos necessários à referida área.
15
Tabela 2 - Registro de campo de uma poligonal de seis vértices levantada pelo método de
trilateração.
1 2 59
2 3 40,2
3 4 56
4 5 79
5 6 51,24
6 1 71,57
1 3 91
3 6 136,7
3 5 122,8
16
método do caminhamento perimétrico consiste em percorrer o perímetro da poligonal medindo as
dimensões dos lados da figura e um ângulo geométrico por vértice da mesma. Então, para a
poligonal da Figura 1 ser levantada através deste método devemos medir a dimensão dos seis lados
da poligonal (alinhamentos 12 ̅̅̅̅, ̅̅̅̅ 34, ̅̅̅̅
23, ̅̅̅̅ 45, ̅̅̅̅̅ ̅̅̅̅). Se a poligonal tivesse 50 vértices seria
56 𝑒 61
necessário medir a dimensão dos 50 alinhamentos que compõe o perímetro da figura. Além destas
distâncias, será necessário avaliar as dimensões de um dos ângulos geométricos em cada vértice
da poligonal. Estes ângulos, a rigor, poderiam ser os ângulos internos, os ângulos externos ou ainda
os ângulos de deflexão. Apenas um deles deve ser avaliado, pois, como vimos no capítulo de
ângulos topográficos, estes ângulos geométricos guardam relações entre si, ou seja, conhecendo
um deles é possível determinar as dimensões dos outros. Normalmente nestes casos são avaliados
a dimensão dos ângulos internos da poligonal. Desta forma seria necessário avaliar a dimensão
dos seguintes ângulos 𝐴𝑖1 (61̂2), 𝐴𝑖2 (12̂3), 𝐴𝑖3 (23̂4), 𝐴𝑖4 (345 ̂ ), 𝐴𝑖5 (45̂6) 𝑒 𝐴𝑖6 (56̂1).
Conhecendo-se a dimensão dos lados da poligonal e a dimensão de um ângulo geométrico por
vértice, a poligonal está perfeitamente definida, e como consequência, está assegurada a
determinação da posição relativa de todos os vértices.
As distâncias dos alinhamentos serão medidas através do processo direto, isto é, através de
trena, balizas e fixas.
Com relação à determinação dos valores dos ângulos geométricos em cada vértice da
figura, eles não serão avaliados através de um teodolito, mas sim através de um processo indireto
baseado apenas em medição de distâncias o qual será explicado na sequência. Aliás, é em função
da forma como serão avaliadas as dimensões dos ângulos que se pode creditar a já citada
imprecisão do método.
Cabe aqui um parêntese para fazer uma observação com relação a importância do método
de levantamento por caminhamento perimétrico. Este mesmo método aplicado no campo com a
utilização de aparelho topográfico, ou seja, teodolito ou estação total, é o método mais versátil,
seguro e preciso que se dispões na Topografia. Por isso voltaremos a falar dele mais na frente, só
que desta vez, aplicado no campo com do uso de aparelhos topográficos (teodolitos e estações
totais).
Voltemos agora nossa atenção para a forma como serão determinados os ângulos
geométricos em cada vértice da poligonal.
17
Figura 3 - Representação da forma como são coletados os dados para se calcularas dimensões dos
ângulos geométricos em casa vértice da poligonal.
Na Figura 3 é apresentada a mesma poligonal da Figura 1, mostrando a representação gráfica de
como serão coletados os dados para se calcular as dimensões dos ângulos geométricos em cada
vértice da poligonal.
É possível visualizar nesta Figura pequenos triângulos pretos que deverão ser construídos
a partir de cada vértice. Estes pequenos triângulos serão materializados no campo com auxílio dos
instrumentos simples que mencionamos anteriormente (trena e balizas). Se tomarmos como
exemplo o triângulo do vértice 1, ele será construído no terreno posicionando-se inicialmente uma
baliza ao longo do alinhamento 16 ̅̅̅̅ localizado a 10 metros (distância horizontal) do ponto 1
(conforme indica a Figura 3). Na sequência deverá ser posicionada uma segunda baliza ao longo
do alinhamento 12̅̅̅̅ localizada também 10 metros (distância horizontal) do ponto 1. Em um terceiro
passo a distancia horizontal entre estas duas últimas balizas (no caso 18,44m) deverá ser medida e
anotada em um croqui semelhante à Figura 3 (caso o levantamento seja pequeno), ou ainda é
possível efetuar em um croqui individual por cada vértice da poligonal. A terceira alternativa de
forma de registro é a organização dos dados coletados no campo através de uma tabela semelhante
àquela da Tabela 3. Esta última alternativa seria ideal para levantamento de um número maior de
vértices.
Desta maneira deverá ser materializado no terreno um triângulo pequeno para cada vértice
da poligonal. De cada um destes triângulos conhecer-se-á a dimensão dos três lados. Através da
dimensão destes três lados do triângulo pequeno calcularemos a dimensão do ângulo interno do
triângulo no vértice do mesmo que coincide com o vértice da poligonal. O ângulo interno destes
triângulos pequenos em cada vértice da poligonal será igual a um dos ângulos geométrico da
mesma. Este ângulo geométrico será igual ao ângulo interno da poligonal naquelas situações em
que o ângulo interno da poligonal for menor do que 1800. Este é o caso dos vértices 1,2, 4, 5 e 6
da poligonal da Figura 3.
18
Em todos estes cantos da figura o ângulo interno do triângulo pequeno neste vértice é igual
ao ângulo interno do polígono. Já no vértice 3, o ângulo interno do triângulo pequeno no vértice
da poligonal corresponde ao ângulo externo da mesma. Portanto, esta informação sobre a qual
ângulo geométrico da poligonal corresponde o ângulo interno do triângulo em cada vértice do
polígono deve ser anotada na hora da medição.
O processo de cálculo que deverá ser utilizado para se obter a dimensão dos ângulos
geométricos da poligonal em função das dimensões dos lados dos triângulos pequenos será
explicado na sequência. Antes disto, porém, serão dadas algumas explicações sobre a Tabela 3. É
muito importante que o aluno de Topografia ganhe experiência em planejar e interpretar os dados
de um levantamento topográfico organizados em tabela.
Nas três primeiras colunas do cabeçalho da Tabela 3, aparecem os termos ré, vértice e
vante. Estes termos identificam em cada linha da tabela o vértice da poligonal, o seu ponto anterior
(ré) e seu ponto posterior (vante). Assim no vértice 1 o ponto de ré é o vértice 6 e o ponto de vante
o ponto 2. Já no vértice 2 o ponto de ré é o ponto 1 e o ponto de vante é o ponto 3 e assim
sucessivamente. Nas quatro colunas posteriores (quarta, quinta e sexta e sétima colunas) são
posicionados os dados dos triângulos pequenos que serão utilizados para calcular a dimensão dos
ângulos geométricos dos vértices da poligonal. Na quarta coluna consta a distância horizontal
correspondente ao lado do triângulo pequeno a partir de cada vértice da poligonal na direção do
ponto anterior (ré). Na quinta coluna aparece a distância horizontal correspondente ao lado do
triângulo pequeno a partir de cada vértice da poligonal na direção do ponto de posterior (vante).
Na sexta coluna aparece a dimensão da distância horizontal do lado do triângulo pequeno oposto
ao ângulo geométrico da poligonal. Na sétima coluna é informado o tipo de ângulo geométrico da
poligonal que corresponde ao ângulo interno do triângulo pequeno em cada vértice da poligonal.
Se for igual ao ângulo interno do polígono aparecerá a informação Ai. Se o ângulo interno do
triangulo for igual ao ângulo externo do polígono aparecerá a informação Ae. Na oitava coluna é
informada em cada linha da tabela a dimensão da distância horizontal correspondente ao lado da
poligonal. Nesta coluna sempre será informada, em cada linha da tabela, a distância horizontal
contada do vértice do polígono (indicado na coluna vértice) até o ponto de vante. Isto significa que
na primeira linha da tabela é anotada a distância horizontal entre o vértice 1 e o vértice 2. Como
forma de organização incorporou-se nesta tabela as nona e décima colunas contendo dados que a
rigor não são dados de campo. Na nona coluna da Tabela consta o valor numérico calculado para
o ângulo interno de cada triângulo pequeno no vértice da poligonal. Na décima coluna foram
posicionados os valores dos ângulos internos do polígono. Esta coluna é quase uma repetição da
oitava coluna. O único valor da décima coluna que não coincide com o valor da nona coluna é
aquele valor de ângulo calculado para o vértice 3 da poligonal. Como está indicado no registro, o
ângulo interno do triângulo no vértice 3 da poligonal corresponde ao ângulo externo da poligonal.
Então, o valor de ângulo anotado na décima coluna, nesta linha da tabela, será o resultado da
subtração de 3600 – 94011´34 = 265048´26”. Este é o processo utilizado para calcular o ângulo
interno do polígono em função do ângulo externo no mesmo vértice. Finalmente na última linha
da tabela aparece o valor correspondente à soma dos ângulos internos determinados para esta
poligonal de seis vértices (719021´33”). Este valor é útil para determinarmos o erro angular
cometido no levantamento. Sabemos que a soma teórica dos ângulos internos de um polígono de
seis vértices é igual a 7200 (resultado de ∑𝑛𝑖=1 = 180° . (𝑛 − 2) sendo que n é número de vértices
do polígono). O erro angular cometido então foi então de 0038´27”(resultado da diferença entre
7200-719027´33”). Aqui então podemos notar a forma de efetuar parte do controle das operações
de medição. Ou seja, temos neste método como verificar erro grosseiro na avaliação dos ângulos.
Como relação ao controle na medição das distâncias abordaremos mais a frente.
19
Tabela 3- Sugestão de registro campo dos dados coletados em um levantamento planimétrico por
caminhamento perimétrico aplicado somente com instrumentos simples.
As dimensões dos ângulos internos do polígono em função das dimensões dos lados dos
triângulos pequenos podem ser obtidos genericamente através do uso da lei dos cossenos da
trigonometria plana. Lembrando que a lei dos cossenos são expressões que nos permitem resolver
dois problemas de triângulos. Estes problemas são os seguintes:
- Dadas as dimensões de dois lados do triângulo e a dimensão do ângulo formado por eles,
calcular a dimensão do terceiro lado.
- Dadas as dimensões dos três lados de um triângulo calcular a dimensão de qualquer um
dos ângulos internos do mesmo.
Estas expressões estão transcritas abaixo:
𝑎2 = 𝑏2 + 𝑐 2 − 2. 𝑏. 𝑐. 𝑐𝑜𝑠𝐴̂
Equação 16
𝑏2 = 𝑎2 + 𝑐 2 − 2. 𝑎. 𝑐. 𝑐𝑜𝑠𝐵̂
Equação 17
𝑐 2 = 𝑎2 + 𝑏2 − 2. 𝑎. 𝑏. 𝑐𝑜𝑠𝐶̂
Equação 18
Onde: a,b,c – são as dimensões dos lados do triângulo;
𝐴̂, 𝐵̂, 𝐶̂ – São as dimensões dos ângulos respectivamente opostos aos lados a, b, c (conforme
Figura 4);
20
Figura 4 - Ilustração da convenção que deve ser utilizada para nomear os lados, ângulos e vértices
de um triângulo para poder utilizar corretamente a lei dos cossenos e a lei dos senos.
Chama-se atenção para o fato de que quando formos usar as relações trigonométricas de
triângulos (lei dos senos e lei dos cossenos) devemos tomar o cuidado especial para nomear os
lados e ângulos do triângulo conforme Figura 4. Nesta figura é possível notar que os lados foram
nomeados através de letras minúsculas (a,b,c) e os ângulos através de letras maiúsculas com
circunflexo em cima. O ângulo 𝑨 ̂ é oposto ao lado a, o ângulo 𝑩
̂ é oposto ao lado b e o ângulo 𝑪
̂
é oposto ao lado c.
As equações (Equação 16, Equação 17, Equação 18) estão prontas para resolver o primeiro
problema, ou seja, dadas as dimensões de dois lados e a dimensão do ângulo formado por eles é
possível calcular a dimensão do terceiro lado. Por exemplo, a Equação 16 será utilizada para
calcular a dimensão do lado a em função das dimensões dos lados b e c e da dimensão do ãngulo
̂.
𝑨
Para a situação em que conheçamos a dimensão dos três lados e se desejarmos calcular a
dimensão de um dos ângulos, será necessário trabalhar algebricamente as equações (Equação 16,
Equação 17 e Equação 18) com o objetivo de isolar o termo correspondente à função
trigonométrica cosseno do ângulo que se deseja calcular. Fazendo-se, por exemplo, o trabalho
algébrico da Equação 17 com o objetivo de isolar a função cosseno do ângulo 𝐵̂, obtém-se a
Equação 19. Com a Equação 19 poderemos calcular a função Cosseno do ângulo 𝐵̂. De posse do
valor da função trigonométrica cosseno do ângulo, é possível obter a dimensão do ângulo com o
auxílio de uma calculadora científica.
𝑎2 + 𝑐 2 − 𝑏 2
𝐶𝑜𝑠 𝐵̂ =
2. 𝑎. 𝑐
Equação 19
Trabalho algébrico semelhante deve ser efetuado nas equações (Equação 16 e Equação 18)
para se obter respectivamente as dimensões respectivas dos cossenos dos ângulos 𝐴̂ 𝑒 𝐶̂ .
Voltando então à questão que nos conduziu a estes comentários. O nosso problema no
momento é como determinar as dimensões dos ângulos geométricos em cada vértice do polígono,
da Figura 3, conhecendo-se as três dimensões dos lados dos triângulos pequenos construídos em
cada vértice do polígono.
21
Figura 5– Destaque das dimensões dos lados do triângulo pequeno construído no vértice 1 da
poligonal da Figura 3.
Como pode ser visualizado na Figura 5, o ângulo interno 𝐵̂ do triângulo pequeno é igual
ao ângulo interno do polígono no vértice 1. Substituindo os valores das dimensões dos lados do
triângulo pequeno da Figura 5 na Equação 19, obteremos o valor -0,700168 que a rigor é o valor
da função trigonométrica cosseno do ângulo interno no primeiro vértice do polígono. Com o
auxílio da calculadora (função inversa do cosseno) se obtém o valor deste ângulo que será igual a
134o 26´25,7”. Este é o ângulo informado na terceira linha da Tabela 3 arredondado na casa dos
segundos de grau.
Este procedimento repetido em todos os triângulos pequenos da Figura 3, nos conduzirá
aos valores individuais de todos os ângulos geométricos do polígono (valores da nona coluna da
Tabela 3). Depois de calculados estes ângulos geométricos, foi necessário identificar que tipo de
ângulo geométrico foi calculado (se interno ou externo), e em função desta análise, unificar estes
valores de ângulos na décima coluna da Tabela 3.
Cabe aqui uma observação no uso da lei dos cossenos naquelas situações em que o triângulo
pequeno é isóscele (triângulo com dois lados iguais). Isto acontece nos triângulos pequenos dos
vértices 1,2 3, 4 e 6 do polígono. Nestas situações é possível efetuar uma simplificação na Equação
19 (lei dos cossenos) em função do fato de que os lados a e c são iguais. Substituindo-se então na
Equação 19 c por a obtém-se:
𝑎2 + 𝑎2 − 𝑏 2
𝐶𝑜𝑠 𝐵̂ =
2. 𝑎2
Equação 20
b2
̂ = 1−
Cos B
2. a2
𝑏2
1 − 𝐶𝑜𝑠 𝐵̂ =
2. 𝑎
Equação 21
Mas,
̂
1−cos (2.𝐵)
𝐶𝑜𝑠 𝐵̂ = √1 − 𝑆𝑒𝑛2 𝐵̂ e 𝑆𝑒𝑛2 𝐵̂ = 2
22
𝐵̂ 1−𝐶𝑜𝑠 ̂
𝐵 ̂
Por analogia 𝑆𝑒𝑛2 ( 2 ) = 2 então 𝐶𝑜𝑠 𝐵̂ = 1 − 2. 𝑆𝑒𝑛2 𝐵⁄2
𝐵̂
1 − 𝐶𝑜𝑠𝐵̂ = 2. 𝑆𝑒𝑛2
2
Equação 22
Substituindo a Equação 22 na Equação 21, obtém:
𝐵̂ 𝑏
𝑆𝑒𝑛 =
2 2. 𝑎
Equação 23
A Equação 23 é bastante mais rápida de ser aplicada para calcular a dimensão do ângulo
interno do polígono se comparada à lei dos cossenos completa. Ela, no entanto, só pode ser
aplicada se o triângulo pequeno for isóscele. Então, para desfrutar desta facilidade de cálculo, no
momento de realizar as medições, deve-se preferir a construção de triângulos isósceles. Esta
situação, portanto, é possível que não se consiga obter na hora da medição.
A pequena dedução efetuada anteriormente para obter a Equação 23 pode ser um pouco
confusa de ser entendida já que ela depende do conhecimento de algumas identidades
trigonométricas não muito comuns. Existe outra maneira de chegar à Equação 23. A Figura 6
ilustra a situação.
Figura 6– Ilustração que mostra as relações entre lados e ângulo de um triângulo isóscele.
O triângulo isóscele da Figura 6 simula um dos triângulos pequenos construídos em cada
vértice do polígono. Um triângulo isóscele tem a propriedade de que a bissetriz do ângulo
adjacente aos dois lados iguais (a e c) intercepta o lado oposto a este ângulo 𝐵̂ em ângulo igual à
900. Este ponto de intersecção da bissetriz do ângulo 𝐵̂ com o lado b divide este lado pela metade,
gerando assim dois triângulos retângulos de hipotenusas iguais à a=c. Neste triângulo retângulo o
cateto oposto ao ângulo 𝐵̂2 é igual à b/2.(metade de b). Finalmente, conhecendo-se do triângulo
retângulo a hipotenusa (a=c) e o cateto oposto ao ângulo que se quer determinar (b/2), usa-se a
Equação 23 para calcular a dimensão do seno da metade do ângulo 𝐵̂. Em um segundo momento
se obtém com auxílio da calculadora o valor da dimensão da metade do ângulo 𝐵̂. E finalmente
multiplica-se esse valor por 2 para determinar 𝐵̂.
No levantamento simulado pela Figura 3 apenas o triângulo pequeno no vértice 5 não é
isóscele. Esse, portanto, é o único do ângulo interno do polígono cujo valor terá que ser
determinado pela Equação 19 (lei cos cossenos completa).
23
Os valores dos ângulos que serão obtidos por cálculo, sejam através da lei dos cossenos
completa (Equação 19) ou através da Equação 23, são imprecisos uma vez que para pequenas
variações nas dimensões dos lados do triângulo pequeno (o que podemos associar a erros de
medição), haverá uma flutuação ou variação significativa no valor dos ângulos calculados. Em
outras palavras, nestes casos a propagação do erro será significativa. Se quisermos ter uma ideia
desta variação no valor do ângulo, ou, o que é o mesmo, ter uma ideia da incerteza do valor ângulo
calculado em função dos erros eventuais nas medições das distâncias dos lados do triângulo
pequeno, temos que aplicar a Equação 4 à Equação 23. Efetuando esta aplicação obtém-se:
𝑏
𝐵̂ = 2. 𝑎𝑟𝑐𝑠𝑒𝑛 ( )
2. 𝑎
Equação 24
2 2
𝜕𝐵̂ 𝜕𝐵̂
𝑚𝐵̂ = ±√( . 𝑚𝑎) + ( . 𝑚𝑏)
𝜕𝑎 𝜕𝑏
Equação 25
Onde: 𝑚𝐵̂ – Erro esperado no ângulo 𝐵̂;
𝜕𝐵̂ 𝜕𝐵̂
, − 𝑆ã𝑜 𝑟𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑡𝑖𝑣𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑠 𝑑𝑒𝑟𝑖𝑣𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑐𝑖𝑎𝑖𝑠 𝑑𝑒 𝐵̂ 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 à 𝑎 𝑒 𝑏
𝜕𝑎 𝜕𝑏
𝑚𝑎 𝑒 𝑚𝑏 − 𝑆ã𝑜 𝑟𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑡𝑖𝑣𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑜𝑠 𝑒𝑟𝑟𝑜𝑠 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝑎 𝑒 𝑏
Derivando a Equação 24 em relação à a e b e fazendo ma = mb = m, uma vez que os erros
na medição dos dois lados do triângulo podem ser iguais, já que o processo de medição é o mesmo,
obtém-se a Equação 26 que é aquela que nos fornecerá o erro esperado para o ângulo 𝐵̂ em
radianos.
𝑚
𝑚𝐵̂ = ± . √𝑏 2 + 𝑎2
2 𝐵̂⁄
𝑎 . 𝐶𝑜𝑠 ( 2)
Equação 26
Multiplicando a Equação 26 por 3437,746 transforma-se este valor de erro de radianos para
minutos de graus. Portanto o erro no ângulo 𝐵̂ em minutos de graus é dado por:
𝑚. 3437,746. √𝑎2 + 𝑏2
̂ =±
𝑚𝐵´
̂
𝑎2 . 𝐶𝑜𝑠 (𝐵⁄2)
Equação 27
Se aplicarmos a Equação 27 para o ângulo interno do primeiro vértice do polígono, temos
que neste caso a = 10m, b = 18,44 m e considerando que o erro nas medidas de a e de b sejam
iguais a 2 Cm ou 0,02m, obtém-se para o erro provável do ângulo interno do polígono um valor
de erro de 37,249´de grau ou ainda 00 37´15”. Pode-se notar, portanto, que para qualquer pequeno
erro na avaliação nas distâncias dos lados do triângulo pequeno existe uma variação grande no
valor do ângulo calculado. Lembramos que se este ângulo fosse medido com um teodolito teríamos
uma precisão na sua avaliação de pelo menos 1´de grau.
Outra aplicação da Equação 27 é a de mostrar a influência da dimensão dos lados do
triângulo pequeno na precisão do ângulo calculado. Se reduzirmos, por exemplo, pela metade a
dimensão dos lados do triângulo, conservando-se constante o erro provável na medição das
distâncias (2 Cm), poderemos perceber que o erro provável no valor do ângulo duplicará. Daí surge
24
justamente a recomendação de não se adotar triângulos muito pequenos para efetuar a avaliação
das dimensões dos ângulos do polígono sob pena de cometer erros cada vez maiores na avaliação
dos mesmos.
Uma situação crítica no erro do ângulo avaliado é quando o valor do ângulo interno do
triângulo tende a 1800. Nesta situação o valor do Cosseno da metade deste ângulo tende a zero,
fazendo o valor do erro tenderá ao infinito.
A título de exercício o leitor é desafiado a aplicar a Equação 4 na Equação 19. A ideia do
exercício é calcular uma expressão para o erro esperado do ângulo interno do polígono quando a
lei dos cossenos completa é utilizada para calcular a dimensão do ângulo geométrico do vértice.
Na última linha da Tabela 3 é apresentada a soma dos ângulos internos avaliados para o
polígono. Pode-se observar que o valor da soma dos ângulos internos obtido neste levantamento
foi de 719021´33”. A soma teórica dos ângulos internos de uma poligonal de 6 vértices deveria ser
de 7200. O erro angular cometido, portanto, foi de 0038´27”. O valor esperado para a soma dos
ângulos internos da poligonal pode ser estabelecido em função do seguinte raciocínio.
𝑛
Equação 28
Onde:
𝑛
Equação 29
Onde: 𝑚𝐴𝑖1 , 𝑚𝐴𝑖2 , … ., 𝑚𝐴𝑖𝑛 – São os erros esperados respectivamente para os ângulos
internos 1,2, ..,n da poligonal.
𝑚 ∑𝑛𝑖=1 𝐴𝑖𝑖 – Erro esperado para a soma dos ângulos internos da poligonal que é igual ao
erro angular do levantamento.
É possível simplificar a Equação 29 fazendo o 𝑚𝐴𝑖1 = 𝑚𝐴𝑖2 = ⋯ = 𝑚𝐴𝑖𝑛 = 𝑚𝐴𝑖. Isto
significa que estamos considerando constante o erro na avaliação de cada ângulo interno. Com isto
chega-se a Equação 30 que é aquela que poderá ser utilizada para calcular o valor do erro angular
esperado para o levantamento da poligonal e que é o mesmo erro esperado para a soma dos ângulos
internos da poligonal.
𝑛
𝐸𝐴 = 𝑚 ∑ 𝐴𝑖𝑖 = ±𝑚𝐴𝑖 √𝑛
𝑖=1
Equação 30
25
Se ao aplicarmos a Equação 30 considerando que o erro individual de cada ângulo seja
igual aquele calculado para o primeiro ângulo da poligonal (00 37´15”),o valor do erro angular
esperado do levantamento seria de 1033´42”, portanto, bem superior ao encontrado no exemplo.
Esta diferença poderia ser explicada por duas questões. A primeira delas seria de que o erro na
medida das distâncias dos lados dos triângulos pequenos está superestimado. Este erro foi
considerado como de 2 Cm para cada distância. Se na Equação 27 considerássemos que o erro na
avaliação das dimensões dos lados do triângulo pequeno fosse igual a 1 Cm, o erro estimado para
o valor do ângulo cairia pela metade, ou seja, 0 018´37”. Este número substituído na Equação 30
nos geraria um valor de erro angular esperado de 0 045´36”. Uma dimensão, portanto, um pouco
mais parecida com o erro angular obtido no levantamento. A outra explicação seria de que como
o erro angular só se verifica na soma de um determinado número de ângulos, é bem possível haver
uma maior ou menor compensação destes erros de avaliação. Isto significa que enquanto se
superestima um determinado ângulo é possível, com a mesma probabilidade, se subestimar o outro.
Desta forma os erros podem se compensar e com isso gerar um erro angular menor na soma destes
ângulos.
De qualquer maneira, é bom que se diga que os valores de erros obtidos através de
expressões deduzidas através da aplicação da Equação 4 (que é a lei geral de propagação de erro)
a uma identidade matemática qualquer terão alguma flutuação dentro de determinado intervalo de
confiança. Assim diz-se que, o valor numérico da variável de interesse poderá estar aumentado ou
reduzido de uma vez o erro padrão calculado pela aplicação da Equação 4, com um intervalo de
confiança de 68,26%. Isto significa dizer para o nosso caso que, para cada 100 poligonais de seis
vértices que viermos a efetuar o levantamento da forma explicitada, em 68,26 vezes obteremos um
valor para o erro angular dentro do valor explicitado pela Equação 29. Já, para o intervalo de
confiança de 95,44% o valor da variável será igual ao valor calculado mais ou menos duas vezes
o erro padrão calculado. Finalmente para intervalo de confiança de 99,73% a variável calculada
estará dentro do intervalo de mais ou menos três vezes o erro padrão calculado pela aplicação da
Equação 4.
Comentemos agora como faríamos a representação gráfica da poligonal levantada. Neste
caso, um dos processos de plotagem que pode ser utilizado é o mesmo aplicado para desenhar a
planta no método de levantamento por trilateração, ou seja, usando o compasso. Para usar este
processo de plotagem, no entanto, será necessário calcular as dimensões das diagonais do
polígono. Isto é fundamental uma vez que neste levantamento elas não são medidas no campo.
Lembramos que para usar este processo de plotagem precisamos saber a distância horizontal de
cada ponto a ser plotado a outros dois pontos já desenhados. No exemplo que será dado,
calcularemos as diagonais 13 ̅̅̅̅, 36 ̅̅̅̅. Ressalta-se mais uma vez que as diagonais que serão
̅̅̅̅, 35
calculadas não precisam ser necessariamente estas. Lembramos que o critério a ser levado em
consideração para se escolher quais as diagonais que serão calculadas é de que elas dividam a área
do polígono em triângulos contíguos e não sobrepostos. A razão para escolhermos as três diagonais
citadas é de que, desta forma, teremos como comparar os valores calculados com aqueles medidos
no campo quando o método de trilateração foi usado. A rigor o que estamos fazendo é dando um
exemplo de uma mesma poligonal que foi levantada através de dois métodos diferentes. Com isto
conseguiremos comparar valores de distâncias e de área. Para calcular as dimensões das diagonais
utilizaremos basicamente a lei dos cossenos equações (Equação 16,Equação 17 e Equação 18).
Antes de começarmos os cálculos é necessário efetuar uma compensação do erro angular
cometido. Para isto usaremos o critério de distribuição do erro angular de forma igual em todos os
vértices. Isto significa que o valor de ângulo a ser compensado no ângulo interno em cada vértice
da poligonal será o resultado do erro angular obtido, divido pelo número de vértices do polígono,
ou seja, 0038´27”/6 = 006´24,5” em cada ângulo da figura. Para compensar o erro angular então,
deveremos neste caso, já que a soma dos ângulos internos obtida foi menor do que a soma dos
ângulos internos teórica para esta poligonal, acrescentar 006´25” em cada ângulo interno da
26
mesma. Com esta compensação espera-se estar corrigindo parcialmente os erros de medição nos
ângulos. Quando então formos fazer os cálculos da diagonais deveremos usar os valores dos
ângulos internos corrigidos que aparecem na Tabela 4, e não os ângulos calculados.
Tabela 4 – Compensação ou distribuição do erro angular nos ângulos internos do polígono.
6 1 2 134026´26” 134032´51”
1 2 3 62015´45” 62022´10”
2 3 4 265048´26” 265054´51”
3 4 5 41057´18” 42003´43”
4 5 6 115026´6” 115032´30”
5 6 1 99027´32” 99033´56”
Voltando agora ao processo de cálculo, lembramos que o objetivo principal dos mesmos é
determinar o valor das diagonais ̅̅
13̅̅, ̅̅
36̅̅, ̅̅
35̅̅.
Iniciaremos o processo de cálculo efetuando a resolução do primeiro triângulo (T1). A
Figura 7 mostra a resolução do primeiro triângulo T1. O leitor irá verificar que, para simplificar a
notação das fórmulas nas próximas figuras nomearemos os lados do triângulo T1 como a1,b1 e c1,
os lados do triangulo T2 como a2, b2 e c2 e assim sucessivamente. Já os ângulos do triângulo T1
opostos respectivamente aos lados a1,b1 e c1, serão nomeados 𝐴1 ̂ , 𝐵1
̂ , 𝐶1̂ . Da mesma forma será
efetuado para os triângulos T2, T3 e T4. O processo de cálculo (como é apresentado na Figura 7)
se inicia pela determinação do valor da diagonal ̅̅
13̅̅ = 𝑐1 = 54,871 𝑚 usando a lei dos cossenos
(Equação 18). Ressalta-se que no início do processo conhecem-se do triângulo T1 os lados 𝑏1 =
̅̅̅̅
12 = 59 m e 𝑎1 = ̅̅ ̅̅ = 44,05 𝑚. Estes dois lados do triângulo T1 foram medidos no campo já
23
que eles são lados do polígono. Também é conhecida a dimensão do ângulo 𝐶1 ̂ = 12̂3 =
62°22´10". Lembramos que este é o ângulo interno no vértice 2 do polígono e foi calculado através
das três dimensões do triângulo pequeno construído neste vértice (ver Tabela 3 e posteriormente
corrigido em função do erro angular (ver Tabela 4). Na sequência são determinados os outros dois
ângulos internos do triângulo T1, ou seja, os ângulos 𝐵1 ̂ = 23̂1 = 72°17´38" 𝑒 𝐴1 ̂ = 31̂2 =
45°20´10". Estes dois últimos ângulos são fundamentais para que possamos calcular as dimensões
das outras diagonais. É importante que a medida que os cálculos sejam efetuados que topógrafo
vá efetuando algumas operações de verificação de cálculo para evitar de se carregar este erro para
os próximos triângulos. Neste momento, uma das operações de verificação possível é somar os
ângulos internos do triângulo T1 para saber se resulta em 180 0. No caso do triângulo T1 se
efetuarmos a soma dos três ângulos obteremos o valor de179 059´58”. Houve, portanto neste caso
uma diferença para 1800 de 2” de grau. Esta diferença se deu em função do arredondamento na
terceira casa decimal quando foi estabelecido o valor da distância 13 ̅̅̅̅ = 𝑐1. Esta diferença, no
entanto, pode ser negligenciada.
Uma discussão interessante a ser efetuada neste momento é com relação a diferença entre
̅̅̅̅ calculada através da lei dos cossenos (54,871 m) e a distância medida
a distância da diagonal 13
no levantamento por trilateração (54,82 m). Nota-se neste caso uma diferença entre estes dois
27
valores de aproximadamente 0,051 m ou 5,1Cm. A razão desta diferença está justamente na
imprecisão na avaliação do ângulo 12̂3 = 62°22´10".
Dando sequência ao cálculo, comenta-se agora o processo de obtenção da diagonal 36 ̅̅̅̅. . O
cálculo desta distância é efetuado através das relações trigonométricas do triângulo T2 constituído
pelos pontos 1, 3 e 6 como demonstra a Figura 8. Deste triângulo são conhecidos os lados ̅̅ 16̅̅ =
𝑏2 = 71,41𝑚 (que é um dos lados do polígono, e portanto, foi medido no terreno) e o lado 31 ̅̅̅̅ =
𝑐1 = 𝑐2 = 54,871𝑚 (que acabou de ser determinado no procedimento de cálculo anterior). Para
̅̅̅̅ = 𝑎2 precisamos determinar o valor numérico do ângulo
poder calcular a dimensão da diagonal 36
̂ ̂
613 = 𝐴2. Este ângulo, como pode ser observado na Figura 8 é determinado por diferença entre
o ângulo interno do polígono no vértice 1 (𝐴𝑖1 = 61̂2 = 134°32´50") e o ângulo 31̂2 = 𝐴1 ̂ =
45°20´10". Esta diferença resulta em 𝐴2 ̂ = 61̂3 = 89°12´40". Determinado este ângulo, aplica-
se a lei dos cossenos ao triângulo T2 (Equação 16) e obtém-se o valores da distância ̅̅ ̅̅ = 𝑎2 =
36
89,455 𝑚 e dos ângulo 36̂1 = 𝐶2 ̂ = 37°49´51" 𝑒 13̂6 = 𝐵2 ̂ = 52°57´32”.
28
Com a execução destes cálculos têm-se todos os dados para efetuar a representação gráfica
da poligonal. Temos também os dados para calcular a área da mesma. No entanto, o cálculo do
triângulo T4 é importante para efetuarmos a verificação da existência de erro grosseiro na medição
das distâncias dos alinhamentos da poligonal. O processo de verificação da existência ou não
destes erros grosseiros consiste em calcular através das relações trigonométricas do triângulo T4,
a dimensão do alinhamento ̅̅ 34̅̅ do polígono. Por um lado, se conhece a dimensão medida deste
alinhamento que é de 62,64 m (ver Tabela 3). Por outro lado é possível calcular a dimensão deste
alinhamento através da aplicação da lei dos cossenos usando-se a dimensão que foi medida para o
alinhamento ̅̅ ̅̅ = 114,21 𝑚 e das dimensões da diagonal ̅̅
45 ̅̅ = 79,287 𝑚 e do ângulo 45̂3 = 𝐴4
35 ̂
, que por sua vez, pode ser obtido através da subtração do ângulo interno no vértice 5 da poligonal
(𝐴𝑖5 = 115°32´30") e do ângulo 35̂6 = 𝐴3 ̂ = 83°34´17”. Ao calcular, em função destes dados,
a distância do alinhamento ̅̅ ̅̅, se obterá um valor para esta distância que não será exatamente
34
igual à distância medida. No entanto, ela deve se aproximar da distância medida. A Figura 10
mostra estes cálculos.
Ao se efetuar estas operações chegou-se a um valor numérico para a distância ̅̅ 34̅̅ =
62,981 𝑚 . A diferença entre este valor calculado e a distância medida foi de 0,341 m ou 34,1 Cm.
Esta diferença pode ser causada tanto por erro de cálculo ou erro de medição. Após verificação
dos cálculos, nos resta atribuir esta diferença a eventuais erros de medição. Como já foi
comprovado anteriormente que não existe erro acima do esperado nas dimensões dos ângulos
internos do polígono, nos resta creditar uma diferença grande entre estas duas distâncias a erro em
medição de um ou mais alinhamentos da poligonal. Se tivesse ocorrido uma diferença muito
grande entre estas duas distâncias, seria necessário retornar ao campo para verificar estas
medições. Esta diferença obtida de 34 Cm, entretanto, era esperada uma vez que os ângulos
internos do polígono foram avaliados com baixa precisão. Portanto, para este caso, considera-se
esta diferença de 34 Cm normal e descarta-se um erro grosseiro em medição dos alinhamentos do
polígono.
Mas aprofundando um pouco o raciocínio sobre esta diferença, podemos fazer os seguintes
comentários. É preciso lembrar o fato de que um dos lados do triângulo T4 (lado 35 ̅̅̅̅ ) e o ângulo
̂ ̂
interno 453 = 𝐴4 do mesmo triângulo, são afetados pelas dimensões do ângulos internos do
polígono nos vértices 1,2,5 e 6 (𝐴𝑖1, 𝐴𝑖2, 𝐴𝑖5 𝑒 𝐴𝑖6, ) e pelos alinhamentos ̅̅
12̅̅, ̅̅
23̅̅, ̅̅
56̅̅ 𝑒 ̅̅
61̅̅.. Quando
se resolve o triângulo T4, inclui-se neste rol de alinhamentos que influenciam no cálculo do
alinhamento 34̅̅̅̅ o alinhamento ̅̅̅̅. Isto significa que se um destes alinhamentos ou mesmo se um
45
destes ângulos contiver um erro grosseiro, este erro será transmitido para o valor do alinhamento
̅̅̅̅ . Conclui-se então por todas estas observações que a diferença entre o valor calculado para o
34
alinhamento ̅̅ ̅̅ e o seu valor medido deve ter como causa a medição incorreta em qualquer um
34
dos alinhamentos da poligonal. O processo de verificação não nos permite, portanto, determinar
em qual alinhamento está o erro de medida, mas nos indica que teremos que retornar ao campo
para refazer as medidas.
29
Figura 8– Resolução do triângulo T2, mostrando os cálculos dos ângulos (A2) ̂,(B2) ̂ e (C2) ̂ e da
distância a2=(36) ̅.
30
̅ c3 e dos ângulos 35 ̂6=(A3) ̂ e 63 5̂ =(B3) ̂.
Figura 9 - Demonstração do cálculo da distância (35) =
31
̅̅̅̅) em função das relações trigonométricas do triângulo T4
Figura 10 - Cálculo da distância (34
como forma de verificação de erro grosseiro de medição nas dimensões dos alinhamento da
poligonal.
Uma forma muito mais objetiva e clara de se obter a dimensão de erro de fechamento de
uma poligonal levantada por caminhamento perimétrico será vista quando estudarmos cálculo
analítico de uma área levantada por este método. Este processo de cálculo será detalhado nas
seções seguintes.
Para resumir a discussão sobre a precisão em dimensões de alinhamentos, foi elaborada a
Tabela 5. Nela podem ser visualizadas as comparações entre dimensões de alinhamentos medidas
diretamente e aquelas calculadas em função das resoluções dos quatro triângulos envolvidos. Nota-
se na tabela que a maior diferença entre distância medida e calculada aconteceu para a diagonal
̅̅̅̅ e foi igual a 50,3 Cm. Esta diferença é significativa em função do fato dela extrapolar e muito
35
a precisão o parâmetro de precisão de 1 para 1000 (1 metro de erro para cada 1000 metros medidos)
de medição de distância que se usa em Topografia. A dimensão medida para o alinhamento ̅̅ ̅̅ é
35
de79,79 metros. Nesta distância esperaríamos um erro máximo de 7,979Cm. Como dissemos no
início da secção, podemos classificar este método como expedito ou de baixa precisão. Veremos
mais na frente o efeito deste erro sobre a dimensão na área da poligonal.
32
Tabela 5 - Comparação entre as dimensões medidas de alinhamentos e dimensões calculadas
indiretamente.
̅̅̅̅
13 54,82 54,871 -5,1
̅̅̅̅
36 89,76 89,455 30,5
̅35
̅̅̅ 79,79 79,287 50,3
̅34
̅̅̅ 62,64 62,981 -34,1
Efetuados estes cálculos temos todos os dados necessários para proceder a representação
gráfica da poligonal exatamente da forma como foi explicado no método de levantamento por
trilateração (usando o método do compasso). Uma última observação que deve ser feita com
relação à plotagem dos pontos é de que ela poderia ser efetuada também usando transferidor e
régua. Isto é possível efetuar já que se conhecem os valores dos ângulos internos do polígono e as
distâncias dos alinhamentos do mesmo Embora isto seja possível, este processo é bem menos
preciso do que o método do compasso. A rigor alguém poderia argumentar de que efetuar o
desenho usando régua e transferidor nos faria evitar todo o transtorno de calcular as dimensões das
diagonais do polígono. O contra ponto deste argumento é de que vamos precisar dos valores das
diagonais do polígono para calcular a dimensão da área da mesma, conforme veremos na
sequência.
Abordemos agora o problema do cálculo da dimensão da área do polígono. O cálculo da
área neste caso,será efetuado de forma semelhante ao efetuado no método de trilateração. Ou seja,
faremos um cálculo geométrico, dividindo a área do polígono nos quatro triângulos T1, T2, T3 e
T4. Calcularemos inicialmente a área destes quatro triângulos. Em um segundo momento,
somaremos as áreas destes triângulos para obter a dimensão da área do polígono.
Depois que tivermos calculado as dimensões das diagonais é possível usar a fórmula de
Heron (Equação 1) para obter as áreas de cada triângulo.
Alternativamente, é possível utilizar uma expressão mais prática para obter a área de cada
triângulo. A Figura 11 ilustra a construção geométrica que ajuda na dedução dessa equação.
33
Figura 11 – Ilustração da fórmula alternativa para o cálculo da área de cada triângulo.
𝐵=𝑐
Equação 33
Onde : B – Base do triângulo;
a,b,c – são os lados do triângulo ABC.
Substituindo as equações (Equação 32 e Equação 33) na Equação 31, obtém-se:
34
𝑎. 𝑐. 𝑆𝑒𝑛 𝐵̂ 𝑏. 𝑐. 𝑆𝑒𝑛𝐴̂
𝐴𝑇 = =
2 2
Equação 34
É possível demostrar também através de uma mudança de base do triângulo que:
𝑏. 𝑎. 𝑆𝑒𝑛𝐶̂
𝐴𝑇 =
2
Equação 35
Resumindo, é possível determinar a dimensão da área de um triângulo desde que se
conheça a dimensão de dois lados do mesmo e do ângulo formado por estes dois lados através das
equações Equação 34 e Equação 35.
Para o cálculo da área da poligonal é possível organizar uma da tabela do tipo da Tabela 6. Nela
constam as dimensões dos três lados de cada triângulo, a dimensão do ângulo 𝐶̂ de cada triângulo
e os valores das áreas calculadas tanto pela Equação 35 como pela equação de Heron (Equação 1).
É possível observar que existem pequenas diferenças negligenciáveis entre as áreas dos triângulos
calculadas pelas duas fórmulas. Na última linha da tabela aparece a área do polígono que
corresponde à soma das áreas dos quatro triângulos.
Na Tabela 7 são apresentadas as comparações entre dimensões das áreas dos quatro
triângulos e do polígono definido pelos seis vértices (1,2,3,4,5 e 6) obtidos através dos
levantamentos efetuados por trilateração (AT Tri (m2)) e por caminhamento perimétrico (AT
CP(m2)). Pode ser observado na tabela que as diferenças absolutas e relativas entre as dimensões
das áreas dos triângulos e da área do polígono obtidas pelos dois métodos de levantamento são
pequenos. A máxima diferença aconteceu para o triângulo T3 e foi de 12,25 m 2 o que representou
um valor de diferença percentual de 0,6% do valor da área. A diferença entre as dimensões
determinadas para a área do polígono de seis vértices foi de 14,864 m 2 o que significa um erro
percentual da área de 0,19%. Baseados nestes dados é possível afirmar que, embora o método
provoque erros significativos nas dimensões das distâncias entre os pontos, o que afeta
significativamente a posição relativa dos mesmos, este erro, neste caso, não se transferiu para a o
erro na dimensão da área da poligonal. Donde conclui-se que se o objetivo do levantamento é
simplesmente determinar a área da poligonal para fins de cálculo de insumos necessários para a
mesma, o método pode ser perfeitamente aplicado.
Tabela 6 - Organização do cálculo da área dos triângulos T1, T2, T3, T4 e do polígono definido
pelos vértices 1,2,3,4,5 e 6.
35
Tabela 7– Comparação entre as áreas dos triângulos e do polígono obtidas nos levantamentos por
trilateração e caminhamento perimétrico aplicado com instrumentos simples
Tabela 8 - Dados de campo de um levantamento de uma poligonal de seis vértices levantada por
caminhamento perimétrico usando apenas instrumentos simples.
DH à DH à DH ré à Tipo de DH AHcalc. Ai
Ré Vértice Vante
ré(m) vante(m) vante(m) Angulo
6 1 2 10 10 18,29 Ai 59
1 2 3 10 10 18,23 Ai 44,05
2 3 4 10 10 16,3 Ai 62,64
3 4 5 10 10 18,3 Ai 114,12
4 5 6 12 10 18,52 Ai 51,24
5 6 1 10 10 15,48 Ai 71,417
36
deste levantamento são apresentados na Tabela 9. O leitor perceberá que o tipo de registro efetuado
nesta tabela é uma mistura das sugestões efetuadas nas Tabela 1 e Tabela 3. Assim naquelas linhas
da Tabela 9 em que não existe informação de ponto de ré significa que só foi medida a distância
do vértice até o ponto de vante. Apenas no vértice 4 é que foi aplicado o processo de montagem
do triângulo pequeno para se avaliar a dimensão do ângulo interno. Em função destes dados pede-
se:
- Efetuar os cálculos necessários para determinar a dimensão da área definida pelos vértices
1, 2,3, 4 e 5.
- Efetuar a representação gráfica da poligonal em escala em papel A4.
Tabela 9 –Dados do levantamento de uma poligonal de cinco vértices em que foi usado uma
combinação dos métodos de trilateração e de caminhamento perimétrico aplicado apenas com
instrumentos simples.
DH à DH à DH ré à Tipo de DH AHcalc. Ai
Ré Vértice Vante
ré(m) vante(m) vante(m) Angulo
- 1 2 105,24
- 2 3 61,10
- 3 4 82,50
3 4 5 10 10 11,22 Ai 45,80
- 5 1 40,36
- 2 5 91,48
38
O dados coletados durante o processo de medição podem ser armazenados em tabelas
semelhante as Tabelas (Tabela 10 e Tabela 11).
A Tabela 10 é o exemplo de como se registram os dados de um levantamento por irradiação
em que as distâncias são avaliadas por estadimetria. Nas três primeiras colunas desta tabela
constam os termos Ré, Estação e Vante. Na coluna Estação será informado o local de instalação
do aparelho topográfico (teodolito). No levantamento da Figura 12 teremos uma única estação de
instalação do aparelho (P – Polo). O ponto de Ré indica o ponto na direção do qual o limbo
horizontal do parelho foi zerado. O ponto de vante indica o ponto na direção do qual será efetuado
a leitura do ângulo horizontal. Então na primeira linha da tabela será anotado na coluna do ângulo
horizontal (AH) o valor do ângulo lido 1𝑃̂ 2, na segunda linha o ângulo 2𝑃̂3 e assim
sucessivamente. Na quarta, quinta e sexta colunas da tabela serão armazenados em cada linha da
mesma, os valores das leituras efetuadas na régua (mira estadimétrica), correspondente
respectivamente aos fios inferior (FI), médio (FM) e superior (FS) do retículo da luneta do
teodolito, com a mira posicionada no ponto de vante. Logicamente estas leituras são efetuadas a
partir do ponto de estação. As leituras na mira efetuadas nos fios estadimétrico (FI e FS), junto
com o valor do ângulo vertical (AV) serão utilizadas para calcular a distância horizontal do ponto
de estação do teodolito até o local onde está posicionada a mira. Com relação ao ângulo vertical é
importante que seja anotado nos registros de campo o tipo de ângulo vertical medido na hora do
levantamento. No caso da Tabela 10 o tipo de ângulo vertical anotado foi o ângulo zenital (AV(Z)).
Lembrando que a distância horizontal é calculada pela Equação 36 .
𝐷𝐻 = 100. 𝑆. 𝑆𝑒𝑛2 𝑍 = 100. 𝑆. 𝐶𝑜𝑠 2 𝛼
Equação 36
Onde: 𝑆 = 𝐹𝑆 − 𝐹𝐼 – É o chamado número gerador e corresponde a diferença entre os
valores de leitura na mira obtidas nos fios estadimétricos superior e inferior do retículo da luneta
do teodolito;
DH – Distância horizontal do ponto de estação do aparelho até o ponto onde a mira
estadimétrica está posicionada;
𝑍 , 𝛼 – São respectivamente os ângulos verticais zenital e de inclinação que definem a
posição da luneta no plano vertical correspondente aquelas leituras nos fios do retículo da luneta.
Na Tabela 10 consta o valor da leitura no fio médio do retículo que a rigor não é utilizado
para o calculo da distância, mas que é importante para a verificação da existência de erro grosseiro
de leitura na mira. A forma de verificar se houve ou não erro de leitura na mira é conferir se a
média aritmética das leituras dos fios estadimétricos superior e inferior se aproxima da leitura do
fio médio. A diferença entre esta média e a leitura no fio médio não deve ultrapassar de 2,5 mm.
Por essa razão é interessante que este valor conste na tabela de registro dos dados
É possível observar que os valores de distâncias horizontais das radiais calculadas através
das leituras na mira e do ângulo vertical não se equivalem aos valores anotados na Figura 12. Os
dados de distância que constam na figura são aquelas obtidas com uma estação total e aparecem
na Tabela 11. Os valores de distância obtidos por estadimetria são bem menos precisos que as
medições eletrônicas.
Na última linha das Tabelas (Tabela 10 e Tabela 11) consta o valor das soma dos ângulos
entre as radiais. Este valor seria igual a 3600 se não tivesse havido nenhum erro na medida dos
ângulos. No entanto, não existe medida perfeita. Neste caso o chamado erro angular é calculado
através da Equação 37. Para o nosso caso o valor do erro angular é de 3600-359058´53” = 001´7”.
𝑛
𝐸𝐴 = 360° − ∑ 𝐴𝐻
𝑖=1
39
Equação 37
Onde: ∑𝑛𝑖=1 𝐴𝐻 – é o somatório dos ângulos horizontais (ângulos entre as radiais) medidos
no levantamento;
EA – Erro angular;
Para estabelecer um limite para este erro angular, ou seja, para adotar um critério com
relação ao valor máximo aceitável para o erro angular, deve-se a rigor, consultar o manual do
aparelho para saber, através da informação do fabricante qual é a precisão de medida angular do
aparelho. Com este valor de precisão (p) esperado para a medida de cada ângulo, que é indicada
pelo fabricante, é possível determinar, através da aplicação da Equação 4 à Equação 37, a Equação
38 que pode ser utilizada para calcular em cada levantamento a tolerância para este erro.
𝑇𝐸𝐴 = 𝑝√𝑛
Equação 38
Onde: 𝑇𝐸𝐴 – Tolerância para o erro angular;
p – Precisão na medida de um ângulo informada pelo fabricante,
n – número de ângulos medidos;
Embora a precisão na medida angular de cada ângulo (p) varie de aparelho para aparelho,
existem outras variáveis que influenciam na acurácia de um ângulo horizontal que é medido
durante um levantamento topográfico. A não verticalização das balizas quando posicionadas sobre
os pontos de ré e de vante é uma das fontes de erro que independem da precisão do aparelho. Por
haver estas outras influências e levando em consideração as precisões requeridas em
levantamentos de áreas rurais, é possível adotar como precisão angular do aparelho (p) o valor fixo
de 0o1´ (ou seja, 1 minuto de grau). Desta a forma a expressão que pode ser utilizada para
determinar a tolerância do erro angular é aquela dada por
𝑇𝐸𝐴 = 0°1´. √𝑛
Equação 39
No caso do levantamento por irradiação da Figura 12, o número de ângulos medidos é igual
a cinco (n=5). Portanto, para este levantamento, a tolerância do erro angular seria igual a 002´14”.
Como o erro angular cometido de 001´7”é menor do que a tolerância desta variável considera-se
aceitável o erro cometido.
Um levantamento por irradiação só fornece ao topógrafo o controle na medição dos
ângulos. Ele não permite verificar erro nas medições de distâncias. Por esta razão se afirma que
este método oferece ao técnico um controle parcial das operações de medição. Isto significa que
se uma ou mais distâncias for medida de forma errônea, o erro não poderá ser percebido pelo
topógrafo.
40
Tabela 10– Registro de campo de um levantamento por irradiação em que as distâncias são
avaliadas por estadimetria.
Leituras na mira
Soma 359058´53”
dos AH
Para efetuar o cálculo da área desta poligonal, uma das alternativas é proceder de forma
semelhante já explicado para os métodos anteriores. Ou seja, dividimos a área da poligonal nos
triângulos (T1, T2, T3, T4 e T5) representados na Figura 12. O Triângulo T1 é composto pelos
pontos 1, P e 2, o triângulo T2 é composto pelos pontos 2, P e 3, assim sucessivamente até o último
triângulo que é composto pelos pontos 5, P e 1. Para efetuar este cálculo é possível organizar uma
tabela semelhante a Tabela 13.
42
Tabela 13 – Tabela para o cálculo da área e dos lados da poligonal.
Na Tabela 13 constam nas quarta e quinta colunas respectivamente os valores dos ângulos
horizontais lidos e corrigidos do erro angular cometido. Na sexta coluna constam os valores das
distâncias horizontais das radiais, que a rigor, correspondem aos lados dos triângulos T1 a T5
adjacentes aos ângulos medidos entre as radiais em cada triângulo. Na sétima coluna da mesma
tabela consta a informação do triângulo cuja área será calculada em cada linha da tabela. Na oitava
coluna constam os valores de área de cada um dos triângulos T1 a T5 em que a poligonal foi
dividida. A área de cada um dos triângulos é calculada usando as equações Equação 34 Equação
35. Assim a aplicação destas equações ao cálculo das áreas do triângulos T1 a T5 é dado por:
̅̅̅̅. 𝑃2.
𝑃1 ̅̅̅̅ 𝑆𝑒𝑛1𝑃̂ 2 ̅̅̅̅. 𝑃3.
𝑃2 ̅̅̅̅ 𝑆𝑒𝑛2𝑃̂3 ̅̅̅̅ ̅̅̅̅. 𝑆𝑒𝑛 5𝑃̂ 1
𝑃5. 𝑃1
𝐴 𝑇1 = , 𝐴 𝑇2 = … 𝐴 𝑇5 = 2
2 2 2
Equação 41
Enfatiza-se que os ângulos usados nas equações Equação 41 foram os ângulos corrigidos
cujos valores foram obtidos distribuindo do erro angular de forma igual em todos os ângulos.
Na última coluna da Tabela 13 aparecem os valores calculados para cada lado da poligonal,
que a rigor, correspondem aos lados opostos aos ângulos medidos entre as radiais nos triângulos
T1 a T5. Eles foram calculados pela lei dos cossenos (equações Equação 16, Equação 17 e Equação
18) que neste contexto assumem a seguinte forma:
̅̅̅̅ = √𝑃1
12 ̅̅̅̅2 + 𝑃2
̅̅̅̅2 − 2. 𝑃1
̅̅̅̅. 𝑃2
̅̅̅̅. 𝐶𝑜𝑠 1𝑃̂ 2
̅̅̅̅ = √𝑃2
23 ̅̅̅̅2 + 𝑃3
̅̅̅̅2 − 2. 𝑃2
̅̅̅̅. 𝑃3
̅̅̅̅. 𝐶𝑜𝑠 2𝑃̂ 3
⋮
̅̅
51̅̅ = √̅̅̅̅ 𝑃12 − 2. ̅̅̅̅
𝑃52 + ̅̅̅̅ 𝑃5. ̅̅̅̅
𝑃1. 𝐶𝑜𝑠 5𝑃̂ 1
Equação 42
43
As dimensões obtidas pelas equações Equação 42 são importantes para efetuar a
representação gráfica da poligonal pelo método do compasso.
A representação gráfica ou planta topográfica da poligonal pode ser efetuada de forma
semelhante à detalhada nos métodos anteriores. Alternativamente é possível efetuar o desenho da
planta com o auxilio de transferidor.
Finalmente na última linha da Tabela 13 consta a informação da área total da poligonal que
corresponde a soma das áreas dos cinco triângulos.
Quando a medição dos ângulos for efetuada por acumulação (caso da Tabela 12), para se
calcular as áreas dos triângulos será necessário, em função dos ângulos medidos no campo, obter,
por subtração as dimensões dos ângulos entre as radiais consecutivas da poligonal. Assim o ângulo
1𝑃̂ 2 temos diretamente. Já o ângulo 2𝑃̂ 3 será obtido subtraindo-se os ângulos 1𝑃̂ 3 do 1𝑃̂2. O
ângulo 3𝑃̂4 será obtido pela expressão 3𝑃̂ 4 = 1𝑃̂4 − 1𝑃̂ 3. O ângulo 4𝑃̂ 5 será obtido efetuando
4𝑃̂ 5 = 1𝑃̂ 5 − 1𝑃̂ 4. Finalmente o ângulo 5𝑃̂1 será obtido efetuando 5𝑃̂1 = 360° − 1𝑃̂ 5. Obtido
estes valores de ângulo é possível organizar uma tabela do tipo da Tabela 13 para proceder os
cálculos de áreas e de dimensões dos alinhamentos do polígono. Apenas se enfatiza que neste caso
não precisaremos efetuar a compensação do erro angular.
Com relação ao erro padrão esperado para a área de cada triângulo, é possível aplicar a
Equação 4 à Equação 35 e obter após desprezar os termos insignificantes e efetuar algumas
simplificações a Equação 43, que é aquela que pode ser utilizada para obter um valor numérico
para o erro padrão da área de cada triângulo.
ma. Sen𝐶̂
𝑚𝐴 𝑇 = ± . √ (𝑎 2 + 𝑏 2 )
2
Equação 43
Onde: mAT –Erro esperado para a dimensão da área de cada triângulo;
a,b – Dimensões dos dois lados do triângulo adjacente ao ângulo medido;
𝐶̂ – ângulo medido adjacente aos lados a e b do triângulo;
ma – Erro esperado para o valor medido para o lado a do triângulo, que neste caso é
considerado igual ao erro do lado b. Ou seja, ma = mb.
Os erros esperados para as medidas de cada lado do triângulo certamente serão diferentes
se eles forem medidos por estadimetria ou eletronicamente. O erro na medida da distância
estadimétrica é principalmente função do erro do valor de S= FS-Fi. Se considerarmos um erro de
2,5mm no valor da diferença entre a diferença de leitura entre os fios estadimétricos superior e
inferior, o erro nas distâncias será de aproximadamente 0,25 m. Isto acontece, pois o erro de S é
multiplicado por 100 na Equação 40. Então, se esperarmos um erro de 2,5 mm no valor de S, o
valor estimado para os erros nas medidas dos lados a e b do triângulo a serem substituídos na
Equação 43 seria de ma = mb = 0,25 m. Já se as medidas de distância forem efetuadas
eletronicamente, o erro nas distâncias seriam em torno de 5mm. Mas considerando um eventual
desvio de verticalidade da baliza no momento da medida da distância, digamos, exagerando, que
este erro na medição fique em torno de 0,1 m ou 10 Cm. Neste caso então, o valor que deve ser
substituído na Equação 43 (ma = mb= 0,1m). Se fizermos uma análise cuidadosa da Equação 43,
chegaremos a conclusão que a relação de erro nas áreas dos triângulos nas situações de medir
distâncias eletronicamente e por estadimetria, nas condições de erro citadas anteriormente seria
2,5 vezes que é igual a relação entre os valores de erros esperados nas avaliações de distâncias por
estadimetria e por princípios eletrônicos (0,25m/0,1m). Desta forma, a aplicação da Equação 43
ao triângulo T1 nos gera um valor de erro esperado para a área do mesmo de ±26,663 𝑚2 (0,51%)
44
se as distâncias forem medidas por estadimetria e de ±10,665 𝑚2 (0,20%) de erro se as distâncias
forem medidas eletronicamente.
Existem ainda algumas situações que acontecem em levantamentos por irradiação que o
topógrafo deve estar atento. Uma destas situações é aquela em que o polo está fora na área
levantada.
Figura 13 – Ilustração da situação de um polígono levantado por irradiação com o polo fora da
área.
A Figura 13 ilustra a situação do mesmo polígono da Figura 12 sendo levantado pelo
método de irradiação com o polo posicionado fora da área do polígono.
O processo de levantamento neste caso, não será alterado. Ou seja, tudo que o operador do
aparelho deve fazer é instalar o mesmo no polo (ponto P), zerar o limbo horizontal na direção do
ponto 1, e na sequência colimar o ponto 2 medindo o ângulo 1𝑃̂ 2 que neste caso passará a ser,
segundo a Figura 13, 30025´23”. Logo em seguida deve-se coletar os dados para determinar a
distância horizontal ̅̅̅̅
𝑃2. Depois zerar o limbo horizontal em 2 e colimar o próximo ponto que é o
ponto 3 medido o ângulo 2𝑃̂ 3 e os dados para determinar a distância horizontal 𝑃3 ̅̅̅̅, e assim
sucessivamente até medir o último ângulo 5𝑃̂ 1 e os dados para medir a distância 𝑃1
̅̅̅̅. É importante
lembrar que os ângulos horizontais medidos por um teodolito ou estação total, via de regra, são
ângulos medidos nos sentido de andamento dos ponteiros de um relógio contado a partir do ponto
de ré até o ponto de vante, tendo como ´vértice o ponto de estação do aparelho. Em função desta
situação é que o ângulo 2𝑃̂3 será um ângulo maior do que 1800, no caso, 267002´05”.O registro
dos dados de campo deste levantamento através de estação total constam da Tabela 14. É possível
observar pela tabela que o erro angular cometido neste caso foi de -002´ (resultado de 3600-3600
2´).
45
Tabela 14 – Registro de campo do levantamento por irradiação com estação total com polo fora
da poligonal.
O que vai mudar nestas situações em que o polo está fora da área é o processo de cálculo de área
da poligonal em função das áreas dos triângulos. Os triângulos cujas áreas serão calculadas neste
caso estão indicados na
e são: o triângulo T1 composto pelos pontos P,1 e 2, o triângulo T2 composto pelos vértices P,2
e 3, o triângulo T3 composto pelos P,3,4, o triângulo T4 composto pelos pontos P,4 e 5 e o triângulo
T5 composto pelos pontos P,5 e 1. Diferentemente da situação em que o polo estava dentro da
área, com o polo fora do polígono as áreas destes cinco triângulos estão sobrepostas como mostra
a Figura 14. Além disto, as áreas dos triângulos T1, T3, T4 e T5 tem parte de sua área no interior
do polígono e parte da área fora da área do polígono. Em contrapartida a área do Triângulo T2 está
todo fora da área do polígono. É possível observar que a área deste último triângulo corresponde
à soma das porções das áreas dos triângulos T1, T3, T4, e T5 que estão fora da área do polígono.
Donde se conclui que, para obtermos a dimensão da área do polígono composto pelos vértices 1,2
3, 4 e 5 precisamos somar as áreas dos triângulos T1, T3, T4 e T5 e subtrair esta soma da área do
triângulo T2. A visualização gráfica da situação como é mostrada na Figura 14 pode ficar
dificultada em levantamentos que envolva poligonais com número de vértices maior. No entanto
esta visualização gráfica pode ser dispensada, se na hora do levantamento, o operador do aparelho
adotar uma sequência de colimação dos pontos igual a ordem natural dos pontos na poligonal. Isto
significa que se ele zerar inicialmente o limbo horizontal do aparelho na direção do ponto 1, deve
colimar na sequência o segundo vértice da poligonal, depois o terceiro, quarto e assim
sucessivamente até voltar novamente no ponto 1. Se o levantamento for efetuado desta maneira,
acontecerá o que pode ser visualizado Tabela 15.
Esta tabela foi planejada para organizar o cálculo da compensação do erro angular, o
cálculo da área dos triângulos e da poligonal e a dimensão dos lados do polígono. O que se pode
perceber na Tabela 15, é que os sinais das áreas dos triângulo T1, T3, T4 e T5 são positivos e a
área do triângulo T2 é negativo. As áreas destes triângulos são calculadas pelas equações Equação
41.
46
Tabela 15 – Tabela de suporte ao cálculo da compensação angular e cálculo da área do polígono e
das dimensões dos alinhamentos das mesmas.
Soma Área da
36002´0” 3600 24473,224
ângulos poligonal
47
−0,9986555042 . Já o valor do 𝑆𝑒𝑛 92°58´19" = 0,9986555042 . Então neste caso, se
calcularmos a área do triângulo usando a função trigonométrica do ângulo corrigido, ou seja,
2𝑃̂ 3 = 267°01´41" obteremos o valor para a área do triângulo T2 negativa (como mostra a Figura
14), indicando que ela deverá ser subtraída das áreas dos outros triângulos. Desta forma então,
sempre que em um levantamento por irradiação tivermos um ângulo horizontal maior do que 180 0,
saberemos que a área do triângulo que será calculado em função deste ângulo será negativa. E que
deverá ser, portanto, subtraída das áreas dos demais triângulos cujos ângulos internos medidos no
polo sejam inferiores a 1800.
Finalmente então, para obtermos o valor da área do polígono, devemos fazer uma soma
algébrica das áreas dos cinco triângulos. Nas seções seguintes detalharemos como efetuar o cálculo
analítico de uma área levantada por irradiação, ou seja, cálculo da área da poligonal em função das
coordenadas retangulares de seus vértices. Este é um método muito mais profissional e que foge
desta situação de obtermos a área da poligonal através da soma algébrica de áreas de triângulos.
Até aqui se considerou o levantamento de irradiação a partir de um único polo ou ponto de
estação do aparelho topográfico. No entanto, o método pode ser aplicado utilizando-se mais de um
ponto de estação do aparelho (teodolito ou estação total). Este recurso pode ser necessário naquelas
situações em que não se consiga encontrar um único local a partir do qual se consiga visualizar
todos os pontos cuja posição relativa se deseja determinar. Isto pode acontecer em áreas que
apresentem um número considerável de obstáculos visuais ou ainda em áreas maiores.
Figura 15 – Ilustração de como uma poligonal de seis vértices seria levantada através do método
de irradiação com dois polos
.
A Figura 15 mostra os dados que deveriam ser medidos no campo para levantar uma
poligonal de seis vértices a partir de dois polos. Neste caso os polos seriam os pontos identificados
na figura como P1 e P2. O procedimento de medição inicia escolhendo-se a posição dos dois polos
tendo em vista quais os vértices que serão levantados a partir de cada um deles. É fundamental
que, uma vez escolhida a posição dos dois polos, se cumpra as seguintes condições: que os dois
polos (P1 e P2) sejam inter visíveis e que a partir de cada um dos polos, se consiga visualizar os
48
pontos que se deseja levantar a partir deles. No exemplo da Figura 15, os pontos 6,1,2 e P2 serão
levantados a partir do polo P1. Já os pontos 3,4 e 5 serão levantados a partir do polo P2.
A Tabela 16 mostra como seriam registrados estes dados no caso de as distâncias serem
avaliadas eletronicamente com uma estação total. O leitor deve observar que a forma de registro
dos dados na referida tabela guarda os mesmos princípios já explicados nos levantamentos
anteriores. Eventuais dúvidas no entendimento dos dados são passíveis de serem sanadas
confrontando-se a informação constante na tabela com as do desenho da Figura 15.
Escolhida a posição dos dois polos e marcados os mesmos com piqueta e estaca-
testemunha, instala-se o aparelho primeiramente no polo P1, colima-se o polo P2, zera-se o limbo
horizontal na direção do mesmo e na sequência colima-se o ponto 6, que é o primeiro ponto a ser
levantado a partir do polo P1 e que se encontra a direita da direção de P2. Uma vez colimado o
̂ 6 e coleta-se os dados para determinar o valor
ponto 6, faz-se a leitura do ângulo horizontal 𝑃2𝑃1
da distância horizontal (DH) ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 6. Posteriormente zera-se o limbo horizontal na direção do
ponto 6 e colima-se o ponto 1, medindo-se o ângulo horizontal 6𝑃1 ̂ 1 e coleta-se os dados para
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
determinar a distância 𝑃1 − 1. Em seguida zera-se o limbo horizontal na direção do ponto 1,
colima-se o ponto 2, medindo-se o ângulo horizontal 1𝑃1 ̂ 2 e coleta-se os dados para determinar a
DH ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 2. Finalmente zera-se o limbo horizontal na direção do ponto 2, colima-se o polo P2
medindo-se o ângulo horizontal 2𝑃1 ̂ 𝑃2 e coleta-se os dados para determinar a DH ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2,
encerrando-se assim as operações de medição no polo P1. Na descrição anterior exemplificou-se
a situação de medir os ângulos parciais no polo P1. Com isto se garante a possibilidade de obter o
controle das operações de medição dos ângulos horizontais. Em outras palavras, consegue-se
afastar a hipótese de ter havido erro grosseiro nas medidas dos ângulos horizontais medidos em
P1. O cálculo do erro angular corresponde a diferença entre 3600 e a soma dos ângulos horizontais
medidos no polo P1. A tolerância deste erro é obtida pela Equação 39. Neste caso são quatro
ângulos medidos (n=4) a tolerância do erro angular seria igual a 002´. No exemplo, o erro angular
no polo P1 foi de 001´20”, valor este, que pode ser visualizado na penúltima linha da Tabela 16.
Enfatiza-se que, alternativamente, poder-se-ia ter escolhido medir os ângulos acumulados a partir
da direção de P2, perdendo-se neste caso a possibilidade de ter o controle angular.
Encerrado o procedimento de medição no polo P1, instala-se o aparelho no polo P2,
colima-se e zera-se o limbo horizontal na direção de P1 e em seguida colima-se o ponto 3, que é o
primeiro ponto localizado a direita da direção de P1 e que será levantado a partir de P2, medindo-
se ângulo 𝑃1𝑃2̂ 3. Nesse mesmo momento coletam-se os dados para determinar a DH ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 3. Na
sequência zera-se o limbo horizontal na direção do ponto 3 e colima-se o ponto 4, medindo-se o
̂ 4, coletando-se os dados para determinar a DH ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
ângulo 3𝑃2 𝑃2 − 4. Posteriormente zera-se o limbo
horizontal na direção do ponto 4 e colima-se o ponto 5, medindo o ângulo 4𝑃2 ̂ 5, coletando-se os
dados para determinar a DH ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 5. Finalmente zera-se o limbo horizontal na direção do ponto 5
e colima-se o polo P1, medindo-se o ângulo horizontal 5𝑃2 ̂ 𝑃1. Com este último ângulo medido,
obtém-se o controle das operações de medição angular na estação P2. Mais uma vez, percebe-se
que foi cometido um erro angular na estação P2 correspondente à 360 0 -359059´=001´. Este erro
angular também é tolerável que é menor do que o máximo valor de erro admissível, que neste caso
seria igual a 0°1´. √4 = 0°2´.
49
Tabela 16 – Registro dos dados de campo de um levantamento por irradiação com dois polos no
caso em que as medidas de distâncias são efetuadas com estação total.
Soma dos AH em
P1 360001´20”
Soma dos AH em
360001´20” 3600
P1
Soma dos AH em
359059´0” 3600
P2
Agora podemos dar andamento aos cálculos extras nos triângulos T2 e T6.
51
Para o caso do triângulo T2, conhecemos apenas a distância ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 2. Necessitaremos então,
calcular a distância ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̂ 3. Isto será realizado inicialmente aplicando-se a lei
𝑃1 − 3 e o ângulo 2𝑃1
dos cossenos ao triângulo T3. Efetuando-se isto, obtém-se:
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 3 = √̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃22 + ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 32 − 2. ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2. ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̂3
𝑃2 − 3. 𝐶𝑜𝑠 𝑃1𝑃2
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 3 = √239,0842 + 175,7962 − 2.239,084.175,796. 𝐶𝑜𝑠 107°14´11" = 336,115 𝑚
Na sequência deveremos aplicar a lei dos cossenos ao mesmo triângulo T3, com o objetivo
̂ 𝑃2 . Este cálculo é apresentado abaixo.
agora de determinar o valor do ângulo 3𝑃1
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃22 + ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 32 − ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 32
̂ 𝑃2 =
𝐶𝑜𝑠 3𝑃1
2. ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2. ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 3
239,084 + 336,115 − 175,7962
2 2
̂
𝐶𝑜𝑠 3𝑃1𝑃2 = = 0,866293592
2.239,084.336,115
𝑃1𝑃2 ̂ 2 = 29°58´9"
̂ 3 é obtido da seguinte maneira:
O ângulo 2𝑃1
̂ 3 = 2𝑃1
2𝑃1 ̂ 𝑃2 − 3𝑃1
̂ 𝑃2 = 110°50´04"-29°58´9,31" = 80°51´55"
Efetuados estes cálculos temos todos os dados para determinar a área do triângulo T2.
Com relação ao triângulo T6 conhecemos apenas a distância ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 5. Para calcular a área
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
deste triângulo temos que determinar as dimensões da distância 𝑃2 − 6 e do ângulo 5𝑃2̂ 6.
A distância ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 6 consegue-se determinar aplicando a lei dos cossenos ao triângulo T7
da seguinte maneira.
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 6 = √̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃22 + ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 62 − 2. ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2. ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̂
𝑃1 − 6. 𝐶𝑜𝑠 𝑃2𝑃16
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 6 = √239,0842 + 223,032 − 2.239,084.223,03. 𝐶𝑜𝑠 96°11´58" = 344,122 𝑚
Na sequência devemos aplicar a mesma lei dos cossenos ao triângulo T7 para determinar a
̂ 𝑃1, ou seja,
dimensão do ângulo 6𝑃2
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃22 + ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 62 − ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 62
̂ 𝑃1 =
𝐶𝑜𝑠 6𝑃2
2. ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2. ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 6
239,084 + 344,122 − 223,032
2 2
̂ 𝑃1 =
𝐶𝑜𝑠 6𝑃2 = 0,764753329
2.239,084.344,122
𝑃1𝑃2̂ 2 = 40°06´54"
̂ 6 é obtido da seguinte maneira:
O ângulo 5𝑃2
̂ 6 = 5𝑃2
5𝑃2 ̂ 𝑃1 − 6𝑃2
̂ 𝑃1 = 113°15´59"-40°06´54" = 73°09´05"
Agora temos os dados necessários para calcular a área de cada um dos oito triângulos. O
cálculo das áreas dos triângulos e das dimensões dos alinhamentos da poligonal podem ser
efetuadas com o auxílio da Tabela 18.
Em cada linha desta tabela constam os ângulos horizontais medidos ou calculados em cada
vértice contados a partir do ponto de ré no sentido do andamento dos ponteiros de um relógio
(“sentido horário”) até o ponto de vante. Constam ainda em cada linha a distância horizontal do
ponto de estação até o ponto de vante. Na sexta coluna é posicionada a identificação do triângulo
cuja área será anotada na sétima coluna. A dimensão da área de cada triângulo será calculada
através da Equação 34. O calculista terá que estar atento para este cálculo, uma vez que, por
52
exemplo, área do triângulo T7, que aparece na primeira linha da tabela será calculada através da
seguinte equação:
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2𝑥𝑃1 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
− 6𝑥𝑆𝑒𝑛 𝑃2𝑃1̂ 6 239,084𝑥223,03𝑥𝑆𝑒𝑛 96°11´58"
𝐴 𝑇7 = = = 26505,536 𝑚2
2 2
Então, para fazer o cálculo da área do triângulo T7, o calculista terá que tomar a distância
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 6 e a função Seno do ângulo 𝑃2𝑃1 ̂ 6 que estão na mesma linha na tabela da área do triângulo,
e ainda buscar a distância ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2 que está posicionada na sexta linha da tabela (contando com
o cabeçalho da tabela) para poder fazer o cálculo correto. Pode ser observado pelo leitor que a área
de cada triângulo sempre é posicionada na linha da tabela em que está informado o ângulo
horizontal que será utilizado no cálculo e um dos lados do triângulo. Da mesma forma é possível
observar que não são em todas as linhas da tabela que contém informação de área.
Após calcular as dimensões das áreas dos triângulos, devemos somar as áreas dos mesmos
para obter a área do polígono. A soma destas áreas é mostrada na última linha da Tabela 18. A
dimensão da área da poligonal neste caso resultou um valor igual a 195.082,396 m2 ou 19,5082396
Hectares (Ha).
Na oitava coluna são anotados em cada linha da tabela os valores das distâncias horizontais
correspondentes aos lados do polígono definido pelo ponto de ré e pelo ponto de vante. Estes
valores são calculados aplicando-se a lei dos cossenos aos triângulos correspondentes. Assim, na
terceira linha da tabela é informada a distância do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
6 − 1 do polígono que obtido
através do seguinte cálculo:
̅̅̅̅̅̅̅
1 − 6 = √̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 62 + ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 12 − 2. ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 6. ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̂
𝑃1 − 1. 𝐶𝑜𝑠 6𝑃11
̅̅̅̅̅̅̅
1 − 6 = √223,032 + 250,00 − 2.223,03.250,00. 𝐶𝑜𝑠 89°26´41" = 333,409 𝑚
53
Tabela 18 – Tabela auxiliar no cálculo das áreas dos triângulos, no cálculo na área do polígono e
nas dimensões dos alinhamentos do polígono.
2 P1 P2 110050´04” 239,084 X X X
Área da
195.082,396
poligonal
- Calcule o erro angular e verifique se este erro está dentro de limites aceitáveis.
- Efetue a compensação deste erro angular;
- Calcule a área da poligonal definida pelos pontos 1, 2, 3, 4 e 5 pelo método geométrico.
- Efetue a representação gráfica e escala da poligonal em papel A4.
Tabela 19 - Dados de campo de um levantamento por irradiação com um único polo (P).
Ré E V AH FS FI AV (Z) S DH(m)
55
Tabela 20 - Dados do levantamento de uma poligonal de quatro vértices através do método de
irradiação a partir de dois polos.
P2 P1 3 287°06’00” 142,300 0°
c) Para levantar uma superfície de terras foi utilizado o método das coordenadas polares,
sendo os pontos levantados a partir de dois polos amarrados um ao outro. Os elementos
planimétricos constam na Tabela 21. Em função destes dados calcule pelo método geométrico a
área da poligonal definida pelos pontos 1, 2, 3 e 4. Efetue a representação gráfica desta poligonal
em escala em papel formato A4. Para isto considere que o azimute definido pelos pontos de estação
P1 e P2 seja igual a 1100.
Tabela 21 - Dados do levantamento de campo de uma poligonal levantada por irradiação a partir
de dois polos.
Ré E V AH FS FI Z S DH(m)
4 P2 P1 37°58’45”
56
levantamento. Esta mistura dos métodos de levantamento de uma área real será abordada
especialmente nas seções seguintes.
Voltemos ao método de intersecção. Este método de levantamento tem uma grande
vantagem sobre os outros pelo fato de possibilitar o levantamento da posição de pontos de difícil
acesso ou até inacessíveis.
Com o objetivo de caracterizar os princípios preconizados neste método de levantamento,
imaginemos a situação hipotética ilustrada pela Figura 17. Na figura é representado um curso
d´água de largura considerável (consideremos aproximadamente 100m de largura). Digamos que
o topógrafo e seus auxiliares estão sudoeste do curso d´água, ou seja, do lado dos pontos A e B. E
supomos que o ponto C, que está do outro lado do curso d´água, precisa ter sua posição
determinada. Este ponto C pode ser o vértice de uma propriedade rural. É possível visualizar o
ponto C a distância. Este ponto está materializado por um moirão de cerca, por exemplo. A
determinação da posição do ponto C, usando o método de irradiação a partir de um dos pontos A
ou B seria possível. Mas, lembremos que levantar a posição do ponto C usando o método de
irradiação a partir de B, por exemplo, consistiria em instalar o aparelho em B, colimar e zerar o
limbo horizontal em A e em seguida colimar o ponto C, efetuando a leitura do ângulo 𝐴𝐵̂𝐶 e
coletando-se os dados para avaliar a dimensão da distância 𝐵𝐶 ̅̅̅̅ . O problema no levantamento do
ponto C por irradiação reside no processo de avaliação da distância ̅̅̅̅𝐵𝐶 . A medida desta distância
é dificultada neste caso por conta do curso d´água. A medida direta da distância (com trena) é
completamente descartada por motivos óbvios. A medida da distância ̅̅̅̅ 𝐵𝐶 seja por estadimetria
ou por princípio eletrônico dependeria de levar respectivamente a mira estadimétrica ou o prisma
refletor até o ponto C. A questão é que para levar estes instrumentos até o ponto depende de
embarcação, o que não está disponível no momento. Mesmo se houvesse este recurso, existe uma
forma bem mais simples e rápida de resolver o problema. O processo consiste em determinar as
̅̅̅̅ 𝑒 𝐴𝐶
distâncias 𝐵𝐶 ̅̅̅̅ , usando-se as relações trigonométricas do triângulo formado pelos pontos A,
B, e C. Para isto precisamos medir a distância horizontal ̅̅̅̅
𝐴𝐵 que é chamada base da intersecção.
Será necessário também medir os dois ângulos horizontais que a direção do ponto C forma com a
base da intersecção. O processo de coleta dos dados então se inicia com a escolha da posição e
marcação com piqueta e estaca-testemunha dos extremos da base da intersecção (pontos A e B).
Marcados estes dois pontos, instala-se o aparelho (teodolito ou estação total) inicialmente no ponto
A, colima-se e zera-se o limbo horizontal do aparelho na direção do ponto B e neste momento
coleta-se os dados para medir a dimensão da distância horizontal da base da intersecção (DH ̅̅̅̅
𝐴𝐵 =
160,453 𝑚). Em seguida, colima-se o ponto C e faz-se a leitura do ângulo 𝐵𝐴̂𝐶 = 285°10´30".
Posteriormente, instala-se o aparelho no ponto B, colima-se e zera-se o limbo horizontal na direção
do ponto A e em seguida colima-se o ponto C efetuando a leitura do ângulo 𝐴𝐵̂𝐶 = 81°25´19".
O registro de campo desta operação de levantamento usando estação total pode ser efetuado
conforme a Tabela 22.
57
Tabela 22 – Registro de dados de campo no levantamento do ponto C usando método de
̅̅̅̅ ) .
intersecção a partir da base (𝐴𝐵
B A C 285010´30”
A B C 81025´19”
Figura 17 – Ilustração do ponto C sendo levantado por intersecção a partir dos pontos A e B.
Com estes dados levantados no campo é possível determinar, por cálculo, usando as
relações trigonométricas do triângulo definido pelos pontos A, B e C, as dimensões das distâncias
̅̅̅̅ e 𝐵𝐶
𝐴𝐶 ̅̅̅̅ . Para isto deveremos usar a chamada lei dos senos da trigonometria plana. A lei dos senos
estabelece relações que nos são uteis nas resoluções de triângulos dos quais conhecemos a
dimensão de um lado e dois ângulos adjacentes ao lado conhecido, com o objetivo de calcular
qualquer um dos outros dois lados do triângulo.
As relações estabelecidas pela chamada lei dos senos são apresentadas abaixo:
𝑎 𝑐 𝑏
= =
𝑆𝑒𝑛𝐴̂ 𝑆𝑒𝑛𝐶̂ 𝑆𝑒𝑛𝐵̂
Equação 44
Embora já tenha sido comentado antes, repete-se aqui que, quando formos usar as relações
trigonométricas de triângulos (lei dos senos e lei dos cossenos), devemos tomar o cuidado especial
para nomear os lados e ângulos do triângulo conforme a Figura 4. Nesta figura é possível notar
que os lados foram nomeados através de letras minúsculas (a,b,c) e os ângulos através de letras
maiúsculas com circunflexo em cima. O ângulo 𝑨 ̂ é oposto ao lado a, o ângulo 𝑩
̂ é oposto ao lado
̂
b e o ângulo 𝑪 é oposto ao lado c.
Coletado os dados de campo, partimos para os cálculos necessários para determinar as
dimensões das distâncias horizontais ̅̅̅̅̅
𝐴𝐶 𝑒 ̅̅̅̅
𝐵𝐶 . Inicialmente é necessário calcular o ângulo interno
58
𝐴̂ do triângulo. Este ângulo será obtido efetuando-se 𝐴̂ = 360° − 285°10´30" = 74°49´30". O
próximo passo é calcular o ângulo interno 𝐶̂ do triângulo oposto à base da intersecção ̅̅̅̅
𝐴𝐵 = 𝑐.
Este ângulo é calculado efetuando-se a seguinte operação 𝐶̂ = 180° − (𝐴̂ + 𝐵̂). Esta operação está
baseada no princípio teórico geométrico de que a soma dos ângulos internos de um triângulo é
igual a 1800. No caso específico, o resultado desta operação é 𝐶̂ = 180° −
(74°49´30+81°25´19") = 23°45´11".
Agora aplicando a lei dos senos ao triângulo ABC, obtém-se:
̅̅̅̅
𝐵𝐶 163,453 𝑚 ̅̅̅̅
𝐴𝐶
= =
𝑆𝑒𝑛 74°49´30" 𝑆𝑒𝑛 23°45´11" 𝑆𝑒𝑛 81°25´19"
Equação 45
Donde se conclui que
163,453. 𝑆𝑒𝑛 74°49´30"
̅̅̅̅
𝐵𝐶 = 𝑎 = = 391,647 𝑚
𝑆𝑒𝑛 23°45´11"
e que,
163,453. 𝑆𝑒𝑛 81°25´19"
̅̅̅̅
𝐴𝐶 = 𝑏 = = 401,257𝑚
𝑆𝑒𝑛 23°45´11"
̅̅̅̅ 𝑒 𝐴𝐶
Mostramos, portanto então, como se obter as duas distâncias 𝐵𝐶 ̅̅̅̅ sem precisar medi-
las no campo. Desta forma o processo de determinação da posição relativa do ponto C em relação
aos outros dois pontos A e B está determinada. Este processo até poderia ser caracterizado como
um método indireto de avaliação de distância que se poderia caracterizar com o termo
determinação da distância por princípio trigonométrico.
Quando se usa o método de intersecção, mais uma vez surge o problema da propagação de
erro. Ou seja, ao medirmos a distância de um dos lados do triângulo e dois ângulos adjacentes a
esta distância medida, e na sequencia, usamos estas medidas, que contém erros, para calcular a
dimensão do terceiro ângulo do triângulo e as dimensões dos outros dois lados do mesmo,
enfrentamos o problema de determinar quais os erros esperados para as grandezas calculadas em
função dos erros eventuais cometidos nas grandezas medidas. Este estudo é importante para que
entendamos alguns cuidados que devemos ter na hora de aplicar este método de levantamento.
Está análise se inicia tentando determinar qual é o erro esperado para a determinação do
ângulo oposto a base da intersecção (𝐶̂ = 𝐵𝐶̂ 𝐴). Ora, o ângulo oposto a base é calculada pela
equação abaixo:
𝐶̂ = 180° − (𝐴̂ + 𝐵̂)
Equação 46
Aplicando-se a Equação 4 à Equação 46, obtém-se a expressão que nos permite calcular o
erro padrão para o ângulo oposto à base (𝐶̂ ). Efetuando esta operação obtém-se:
2 2
𝜕𝐶̂ 𝜕𝐶̂
𝑚𝐶̂ = √( . 𝑚𝐴̂) + ( . 𝑚𝐵̂) = √𝑚𝐴̂2 + 𝑚𝐵̂2
𝜕𝐴̂ 𝜕𝐵̂
Equação 47
Onde: 𝑚𝐶̂ – Erro esperado para o ângulo 𝐶̂ (ângulo oposto a base da intersecção);
59
𝑚𝐴̂, 𝑚𝐵̂ – São respectivamente os erros esperados para os valores dos dois ângulos
medidos 𝐴̂ 𝑒 𝐵̂.
𝜕𝐶̂ 𝜕𝐶̂
, - São as derivadas parciais do ângulo 𝐶̂ em relação respectivamente aos ângulos
𝜕𝐴̂ 𝜕𝐵̂
𝐴̂ 𝑒 𝐵̂.
Como os dois ângulos 𝐴̂ 𝑒 𝐵̂ serão medidos com o mesmo aparelho, fixemos este erro
esperado em 𝑚𝐴̂ = 𝑚𝐵̂ = 0°1´. Substituindo este valor na Equação 47, obtém-se a expressão que
permite calcular o erro esperado para o ângulo oposto a base que passa a ser de:
𝑚𝐶̂ = 0°1´. √2 = 0°1´25"
Equação 48
Calculado o erro esperado para o ângulo oposto a base, tentemos agora obter uma expressão
para calcular o erro padrão ou erro esperado para o lado b do triângulo. Extraindo da lei dos senos
a porção da equação que nos permite calcular este lado do triângulo obtém-se:
𝑐. 𝑆𝑒𝑛 𝐵̂
𝑏 = ̅̅̅̅
𝐴𝐶 =
𝑆𝑒𝑛𝐶̂
Equação 49
Agora, aplicando a Equação 4 à Equação 49 obtém-se:
2 2 2
𝜕𝑏 𝜕𝑏 𝜕𝑏
𝑚𝑏 = √( . 𝑚𝑐) + ( . 𝑚𝐵̂) + ( . 𝑚𝐶̂ )
𝜕𝑐 𝜕𝐵̂ 𝜕𝐶̂
Equação 50
Onde: mb – Erro esperado para o lado b do triângulo.
𝑚𝑐 – Erro padrão na medição da distância do lado c do triângulo (base de intersecção);
𝑚𝐵̂ 𝑒 𝑚𝐶̂ – São respectivamente os erros esperados para os ângulos 𝐵̂ 𝑒 𝐶̂ do triângulo em
radianos; (𝑚𝐵̂ = 2,9088𝑥10−4 𝑅𝑎𝑑𝑖𝑎𝑛𝑜𝑠 𝑒 𝑚𝐶̂ = 4,1209𝑥10−4 𝑅𝑎𝑑𝑖𝑎𝑛𝑜𝑠);
𝜕𝑏 𝜕𝑏 𝜕𝑏
, , – São respectivamente as derivadas parciais do lado b do triângulo em relação
𝜕𝑐 𝜕𝐵̂ 𝜕𝐶̂
ao lado c aos ângulos 𝐵̂ 𝑒 𝐶̂ .
Se a base da intersecção for medida com estação total, pelas características destes
aparelhos, elas podem, via de regra, garantir um erro em torno de ±(5mm+5ppm) (mais ou menos
5 milímetros mais 5 partes por milhão). Isto significa que a precisão de uma distância medida
eletronicamente apresenta uma parte fixa (5 milimetros) mais um erro relativo à dimensão da
distância medida. Um erro de 5 ppm correspondente à distância da base de 163,453 m corresponde
a um erro relativo de 0,817 mm. Então pelas características do aparelho teríamos um erro na
distância na base da intersecção de aproximadamente 6 mm, ou seja, mc = 6 mm. No entanto este
erro certamente será maior se o auxiliar que está segurando o bastão que contém o prisma refletor,
provocar uma inclinação do mesmo no instante que a medida for efetuada. Apenas para ter uma
ideia deste erro, se na hora da medição da distância o bastão estiver inclinado em relação a vertical
de um ângulo de 50, considerando que o prisma esteja a uma altura do solo de 1,25 m, o erro na
distância horizontal provocada por esta inclinação será igual chegar a 0,108 m ou 10,8 Cm.
Conforme mostra a Figura 18. Na figura a distância horizontal fica aumentada em função do fato
do bastão estar inclinado na direção contrária da posição da estação total. Este erro seria invertido
se o bastão estivesse inclinado na direção do aparelho. Neste caso a distância horizontal seria
reduzida. Embora esta inclinação do bastão possa ser evitada, uma vez que estes instrumentos
60
normalmente são equipados com nível de bolha de ar, consideremos que a inclinação do bastão
seja esta, e que como consequência disto, cometamos um erro de avaliação na distância horizontal
da base da intersecção de aproximadamente mc = 0,108 m. Analisaremos então o efeito que este
erro na medida da base promove nos valores calculados dos lados a e b do triângulo.
Derivando-se então a Equação 49 parcialmente em relação a c, obtém-se:
𝜕𝑏 𝑆𝑒𝑛𝐵̂ 𝑏
= =
𝜕𝑐 𝑆𝑒𝑛𝐶̂ 𝑐
Equação 51
62
- Tomar cuidado com a orientação da base. Ela não deve ser orientada na direção dos pontos
cuja posição iremos determinar.
Para obter o valor do erro para o lado a triângulo, necessitamos inicialmente extrair da lei
dos senos a porção da equação que nos permite calcular este lado do triângulo. Efetuando isto,
obtém-se:
𝑐. 𝑆𝑒𝑛 𝐴̂
̅̅̅̅ =
𝑎 = 𝐵𝐶
𝑆𝑒𝑛𝐶̂
Equação 56
Derivando-se a Equação 56 em relação ao lado c e em relação aos ângulo 𝐴̂ 𝑒 𝐶̂ , obtém-
se:
2 2
𝑎 𝑎 2 𝑎
𝑚𝑎 = ±√( ) . 8,4165𝑥10−8 + ( ) . 0,011664 + ( ) . 1,6981𝑥10−7
𝑡𝑔𝐴̂ 𝑐 𝑡𝑔𝐶̂
Equação 57
Substituindo na Equação 57 os valores das variáveis, obtém-se:
63
Figura 19 – Dados que precisam ser medidos no campo para levantar uma poligonal de cinco
vértices através do método de intersecção.
65
Tabela 23 – Registro de campo dos dados do levantamento por intersecção de um poligonal de
cinco vértices.
Ré E Vante AH DI AV(Z) DH
P2 P1 3 47058´
3 P1 4 4011´59”
4 P1 5 54039´15”
5 P1 1 150038´46”
1 P1 2 51002´00”
2 P1 P2 51031´30”
P1 P2 1 31057´07”
1 P2 2 68034´36”
2 P2 3 151006´15”
3 P2 4 36016´29”
4 P2 5 39018´05”
5 P2 P1 32046´40”
Soma AH 360001´30”
em P1
Soma AH 359059´12”
em P2
Executado o trabalho de campo, dá-se início os trabalhos de cálculo. O Leitor irá notar, que
embora o trabalho de campo neste método de levantamento seja mais rápido, o processo de cálculo
será um pouco mais demorado.
O processo de cálculo se inicia com a compensação do erro angular nas duas estações. Para
se efetuar esta compensação devemos distribuir o erro angular de forma igual em todos ângulos
medidos. Assim, no caso da estação P1, o valor a ser subtraído de cada ângulo lido deverá ser igual
a 000´15” (resultado de 001´30”/6). Já na estação P2, para efetuar a compensação angular
deveremos somar em cada ângulo lido o valor de 000´8” (resultado de 000´48”/6).
Nesta seção mostraremos o processo de cálculo da área de forma geométrica, assim como
foi enfatizado nos métodos de levantamento anteriores. Mais uma vez chama-se a atenção que o
cálculo analítico da área (em função das coordenadas retangulares dos vértices da poligonal) é um
método bem mais flexível e profissional que será tratado nas seções posteriores.
66
Para fazer o cálculo geométrico dividiremos a área da poligonal em cinco triângulos. Estes
cinco triângulos poderão ser formados a partir do ponto P1 ou a partir do ponto P2.
Se os triângulos forem formados a partir do ponto P1 eles serão os seguintes: O triângulo
T1 será composto será composto pelos pontos (P1,1,2), o triângulo T2 (P1,2,3) o triângulo T3
(P1,3,4), o triângulo T4 (P1,4,5) e o triângulo T5(P1,5,1). A soma das áreas destes triângulos é
igual a área do polígono definido pelos pontos 1,2,3,4 e 5.
Se fizermos uma analogia com o método de irradiação, o ponto P1, neste caso, fará o papel
de polo. As radiais seriam os alinhamentos definidos pelo polo (P1) e cada um dos vértices da
poligonal, ou seja, ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 1, ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 2, ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑃1 − 4 𝑒 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 3, ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑃1 − 5. Para calcular a área de cada um dos
cinco triângulos precisamos conhecer:
- Os ângulos horizontais entre as radiais consecutivas, ou seja, os ângulos
̂ ̂ 3, 3𝑃1
1𝑃12, 2𝑃1 ̂ 4, 4𝑃1
̂ 5, 5𝑃1
̂ 1; Destes cinco ângulos, o único que não foi lido diretamente
̂ 3. No entanto, se observarmos a Figura 19, chegaremos
durante o levantamento foi o ângulo 2𝑃1
̂
a conclusão que o ângulo 2𝑃13 pode ser determinado a através da soma dos ângulos
̂ 𝑃2 𝑒 𝑃2𝑃1
2𝑃1 ̂ 3.
- As distâncias entre o ponto P1 e cada um dos vértices do polígono. A distância entre o
ponto P1 e cada um dos cinco vértices será calculada através das relações trigonométricas dos
triângulos compostos pelos extremos da base (P1 e P2) e cada vértice específico do polígono.
Desta forma, por exemplo, a distância ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 1 será calculada aplicando-se a lei dos senos ao
triângulo formado pelos pontos P1, P2, 1. Já a distância ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 2 será calculada aplicando-se a lei
dos senos ao triângulo P1, P2, 2. Desta forma, no nosso caso, teremos que resolver 5 triângulos
para poder determinar as distâncias entre os pontos P1 e os vértices do polígono. Para efetuar este
cálculo, uma série de passos intermediários deverá ser realizada.
Alternativamente é possível considerar o polo como sendo o ponto P2. Neste caso, as
radiais seriam ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 1, ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 2, ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑃2 − 4 𝑒 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 3, ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑃2 − 5. Nesta situação, os cinco triângulos nos
quais a poligonal seria dividia são: o triângulo T6 definido pelos pontos (P2,1,2), o triângulo T7
(P2,2,3), o triângulo T8 (P2,3,4), o triângulo T9 (P2,4,5) e o triângulo T10 (P2,5,1). Neste caso,
para calcular a área de cada um destes triângulos precisaríamos conhecer:
- Os ângulos horizontais entre as radiais consecutivas, ou seja, os ângulos
̂ ̂ 3, 3𝑃2
1𝑃22, 2𝑃2 ̂ 4, 4𝑃2
̂ 5, 5𝑃2
̂ 1; Destes cinco ângulos, o único que não foi lido diretamente
̂ 1. No entanto, se observarmos a Figura 19, chegaremos
durante o levantamento foi o ângulo 5𝑃2
a conclusão que o ângulo 5𝑃2 ̂ 1 pode ser determinado a através da soma dos ângulos
̂ ̂
5𝑃2𝑃1 𝑒 𝑃1𝑃21.
.
67
Tabela 24 – Tabela auxiliar nos cálculos da área e dos lados da poligonal levantada pelo método de intersecção ou coordenadas bipolares.
Ré E Vante AH lidos AH comp. Ang pto vante Ai do Ângulo DH(m) Ang. Calc. Triâng. Area(m2) Lados
com a base triângulo oposto a base Área triângulo polígono (m)
P2 P1 P2 00 00 81,45
Área 24504,994
total P1
Área 24505,043
total P2
68
- As distâncias entre o ponto P2 e cada um dos vértices do polígono. A distância entre o
ponto P2 e cada um dos cinco vértices será calculada através das relações trigonométricas dos
triângulos compostos pelos extremos da base (P1 e P2) e cada vértice específico do polígono. Desta
forma, por exemplo, a distância ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 1 será calculada aplicando-se a lei dos senos ao triângulo
formado pelos pontos P1, P2, 1. Já a distância ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 2 será calculada aplicando-se a lei dos senos
ao triângulo P1,P2, 2. Desta forma, no nosso caso, teremos também que resolver 5 triângulos para
poder determinar as distâncias entre os ponto P2 e os vértices do polígono. Mais uma vez, o leitor
perceberá que para efetuar este cálculo, uma série de passos intermediários deverão ser realizados.
Para organizar o processo de cálculo planejou-se a Tabela 24 que comtempla todos os
passos e dados parciais que serão importantes no cálculo das distâncias entre os extremos da base
(P1 e P2) até cada um dos vértices do polígono. Expliquemos agora o que consta nesta tabela. Na
quarta coluna da tabela constam os valores dos ângulos horizontais lidos durante o levantamento.
Na quinta coluna constam os valores dos ângulos horizontais compensados do erro angular. Na
sexta coluna constam os valores dos ângulos horizontais que cada ponto de vante (vértice do
polígono) forma com a direção da base da intersecção. Este ângulo é contado sempre a partir de
um dos extremos da base (P1 ou P2) no sentido do andamento dos ponteiros do relógio até cada
um dos vértices. Estes ângulos precisam ser calculados em função do fato de que os ângulos foram
medidos de forma parcial. Note que, se os ângulos tivessem sido lidos de forma acumulada a partir
do outro extremo da base, não haveria sentido de conter na tabela a coluna de valores de ângulos
compensados (quinta coluna) e a coluna do ângulo que cada vértice forma com a base (sexta
coluna), uma vez que os ângulos medidos no campo já seriam iguais a estes ângulos. Assim, na
terceira linha da tabela, por exemplo, consta o valor do ângulo que o vértice 3 da poligonal forma
com a base (neste caso igual ao ângulo medido no campo corrigido do erro angular). Na quarta
linha da tabela consta o valor do ângulo que o pont 4 forma com a base, que corresponde, a soma
dos ângulos 𝑃2𝑃1 ̂ 3 + 3𝑃1
̂ 4 = 47°57´45"+4°11´44" = 52°09´29". Na quinta linha da tabela
consta o ângulo que o ponto 5 forma com a base. Este valor foi obtido somando-se 𝑃2𝑃1 ̂4 +
̂
4𝑃15 = 52°09´29"+54°39´ = 106°48´29". Quando o ângulo calculado na sexta coluna da tabela
é menor do que 1800 ele corresponde a um dos ângulos internos do triângulo definido pelos
extremos da base e o vértice informado na coluna de vante. Quando este ângulo é maior do que
1800 ele corresponde a um dos ângulos externos do referido triângulo. Para efetuar o cálculo da
distância precisamos conhecer a dimensão do ângulo interno do triângulo. Esta então, é a razão
para ter sido anexada a sétima coluna da Tabela 24. Os valores constantes na sétima coluna da
tabela são iguais aos valores de ângulos da sexta coluna quando os valores nesta última coluna são
menores do que 1800. Quando eles forem maiores do que 1800 , os valores constantes na sétima
coluna são iguais 3600 menos o valor de ângulo constante na sexta coluna. Esta última situação
aconteceu na estação P1, nos pontos de vante 1 e 2. Já para estação P2 aconteceu para os pontos de
vante 3, 4 e 5. Resumindo então, os valores constantes na sétima coluna correspondem aos ângulos
internos dos triângulos compostos pelos extremos da base (P1 e P2) e cada vértice da poligonal.
Desta forma, por exemplo o triângulo composto pelos extremos da base da intersecção (P1 e P2) e
o ponto 1, tem para ângulo interno no vértice P1 o valor igual a 102 033´ e no vértice P2 o valor
igual a 31057´15”. Para aplicarmos a lei dos senos a este triângulo com o objetivo de determinar as
distâncias ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 1 𝑒 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 1 precisamos ainda calcular a dimensão do terceiro ângulo do triângulo,
ou seja, aquele ângulo do triângulo oposto a base da intersecção. Para anotar os valores dos ângulos
opostos a base é que foi criada a oitava coluna da Tabela 24. Desta forma então, o ângulo interno
oposto a base no triângulo definido pelos pontos P1, P2 e 1 é calculado pela subtração de 180 0
menos a soma dos outros dois ângulos internos do triângulo, isto é, 𝑃21̂𝑃1 = 180° − (102°33´ +
69
31°57´15") = 45°29´45". Este último é o ângulo que consta na oitava coluna nas linhas em que o
ponto de vante é o ponto 1.
Obtido estes valores parciais, temos todos os dados para aplicar a lei dos senos a cada um
dos triângulos definidos pelos extremos da base e cada vértice do polígono com o objetivo de obter
as distâncias entre os pontos P1 e P2 e cada vértice da figura. Estes são os valores que constam da
nona coluna da Tabela 24. Para isto, vamos usar como exemplo a determinação das distâncias
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 1 𝑒 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 1. Aplicando-se a lei dos senos a este triângulo, obtém-se:
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 1 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 1
= =
𝑆𝑒𝑛 𝑃1𝑃2 ̂ 1 𝑆𝑒𝑛 𝑃21̂𝑃1 𝑆𝑒𝑛 1𝑃1 ̂ 𝑃2
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2. 𝑆𝑒𝑛 𝑃1𝑃2̂ 1 81,45. 𝑆𝑒𝑛 31°57´15"
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 1 = = = 60,44𝑚
𝑆𝑒𝑛 𝑃21̂𝑃1 𝑆𝑒𝑛 45°29´45"
Equação 58
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2. 𝑆𝑒𝑛 1𝑃1𝑃̂ 2 81,45. 𝑆𝑒𝑛 102°33´
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 1 = = = 111,475𝑚
𝑆𝑒𝑛 𝑃21̂𝑃1 𝑆𝑒𝑛 45°29´45"
Equação 59
O valor obtido pela Equação 58 é aquele informado na nona coluna, na linha em que o ponto
1 aparece como ponto de vante na estação P1 e corresponde a distância horizontal entre estes dois
pontos. Já o valor obtido através da aplicação da Equação 59 é anotado na tabela também na nona
coluna, na linha em que o ponto um é vante na estação P2 e corresponde a distância horizontal
entre os dois pontos.
Efetuado o cálculo das distâncias dos extremos da base até cada um dos cinco vértices do
polígono, podemos dar início ao cálculo da área do polígono.
Como foi citado anteriormente, a área do polígono pode ser efetuada através da composição
de triângulos a partir ou do ponto P1 ou do ponto P2. Qualquer um dos dois procedimentos
possíveis deverá conduzir a resultados não idênticos, mas próximos um do outro. A Tabela 24
mostra os resultados das duas situações. As áreas dos triângulos nas quais dividiremos a superfície
do polígono a partir do ponto P1 são os triângulos identificados na tabela como T1, T2, T3, T4 e
T5. As áreas destes triângulos são calculadas pela Equação 34. Já os triângulo formados a partir do
ponto P2, estão identificados na tabela como T6, T7, T8, T9 e T10. Para calcular as áreas destes
triângulos foi incluída a décima coluna na Tabela 24 contendo os ângulos entre as radiais
consecutivas considerando cada um dos polos P1 e P2. Os ângulos contidos nesta coluna são quase
todos iguais aos ângulos compensados (da quinta coluna) com exceção do ângulo 2𝑃1 ̂ 3 na estação
P1 e do ângulo 5𝑃2̂ 1 na estação P2. Desta forma, a área de cada triângulo identificado na décima
primeira coluna é anotado na décima segunda coluna. Desta forma, a dimensão da área do triângulo
T2 = 16244,237 m2 é informada na terceira linha e décima segunda coluna da tabela e foi obtido
através da aplicação da Equação 34 a este triângulo. O cálculo é mostrado abaixo.
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 2. ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̂3
𝑃1 − 3. 𝑆𝑒𝑛 2𝑃1
𝐴 𝑇2 =
2
170,872.192,499. 𝑆𝑒𝑛 99°29´00"
𝐴 𝑇2 = = 16221,5817 𝑚2
2
70
A soma das áreas dos cinco triângulos T1 a T5 e T6 a T10 correspondem a área do polígono.
Nas duas últimas linhas da Tabela 24 são informados os valores das somas das áreas dos triângulos
compostos a partir das estações P1 e P2. A área do polígono determinada através da soma das áreas
dos triângulos compostos a partir da estação P1 resultou em um valor de 24.504,994 m2. Já, a
dimensão da área do polígono determinada através da soma dos triângulos compostos a partir da
estação P2 foi igual a 24505,043 m2. A diferença entre elas foi de 0,049 m2 que pode ser creditada
a erros de arredondamentos.
O estudante pode perceber que o cálculo de área do polígono poderia ter sido efetuado
através dos triângulos compostos apenas a partir de um dos pontos de estação (P1 ou P2). O cálculo
através dos triângulos compostos a partir dos dois pontos de estação serve apenas para se ter uma
conferência de cálculo da área do polígono. Também é fácil perceber que apenas a distância de um
dos extremos da base até cada vértice da poligonal é estritamente necessária para o cálculo das
dimensões dos lados do polígono.
A área desta mesma poligonal levantada por irradiação com polo dentro da área (mostrada
na Tabela 13) resultou em um valor de 24464,074 m2. A diferença entre este valor de área e o
obtido através d levantamento por intersecção foi de 40,969 m2. Isto corresponde a uma diferença
relativa de 0,167%. Podemos afirmar neste caso que o levantamento por irradiação é mais preciso
em função das propagações de erro que existem no levantamento por intersecção.
Finalmente as dimensões dos alinhamentos da poligonal são mostradas na décima terceira
coluna da Tabela 24. Em cada linha é anotado o valor da distância entre o ponto de ré e o ponto de
vante. Assim, na quarta linha da tabela é informado o valor da distância do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
3−4=
99,238𝑚 da poligonal e foi obtido aplicando a lei dos cossenos ao triângulo T3. Na quinta linha
da tabela é informada a distância do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
4 − 5 = 77,698𝑚 da poligonal e foi obtida,
aplicando-se a lei dos cossenos ao triângulo T4. Apenas como exemplo mostra-se abaixo o cálculo
do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
3 − 4.
̅̅̅̅̅̅̅
3 − 4 = √̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 32 + ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 42 − 2. ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 3. ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̂4
𝑃1 − 4. 𝐶𝑜𝑠 3𝑃1
̅̅̅̅̅̅̅
3 − 4 = √192,4992 + 93,752 − 2.192,499.93,75. 𝐶𝑜𝑠 4°11´44" = 99,238𝑚
Apenas a distância do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
2 − 3 foi calculada através de um triângulo montado a
partir da estação P2. Isto foi assim feito apenas para manter a coerência da convenção, uma vez
que se estabeleceu que as distâncias dos alinhamentos da poligonal iriam constar nas linhas da
tabela definidas pelo ponto de ré e pelo ponto de vante. E na estação P1 estes dois pontos não
aparecem na tabela como ponto de re´e vante na estação P1. Esta distância foi determinada
aplicando-se alei dos cossenos ao triângulo T7. O cálculo da distância ̅̅̅̅̅̅̅
3 − 4 é mostrado abaixo.
̅̅̅̅̅̅̅
2 − 3 = √̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 22 + ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 32 − 2. ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 2. ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̂3
𝑃2 − 3. 𝐶𝑜𝑠 2𝑃2
̅̅̅̅̅̅̅
2 − 3 = √136,0572 + 150,6392 − 2.136,057.150,639. 𝐶𝑜𝑠 151°06´23" = 277,654𝑚
Na Tabela 25 é efetuada uma comparação das distâncias dos alinhamentos da poligonal
determinadas através dos levantamentos por irradiação e intersecção. É possível observar na tabela
que todas as dimensões dos alinhamentos da poligonal determinadas através do levantamento por
interseção são maiores do que as determinadas através do levantamento por irradiação. Isto pode
ser explicado por um erro de superestimação da dimensão da base da intersecção que é usada para
calcular estes alinhamentos. A base é a única distância medida no levantamento por intersecção.
71
Ela serve como um fator escalar das outras distâncias. Se ela for superestimada, todas as outras
distâncias serão aumentadas.
Se atentarmos para o erro relativo das distâncias, podemos observar que dois dos
alinhamentos (3 − 4 e ̅̅̅̅̅̅̅
̅̅̅̅̅̅̅ 4 − 5) superaram o limite de erro de 1 metro medido para 1000 metros
medidos. O alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
3 − 4 foi aquele que apresentou o maior erro relativo na distância com
um valor de 1,98 m/Km (metros por Kilômetro)
Tabela 25 – Comparação das dimensões dos alinhamentos do polígono determinados através de
levantamento por irradiação e intersecção.
̅̅̅̅̅̅̅
1 −2 140,883 140,924 -0,041 0,29
̅̅̅̅̅̅̅
2 −3 277,392 277,654 -0,262- 0,94
̅̅̅̅̅̅̅
3 −4 99,041 99,238 -0,197 1,98
̅̅̅̅̅̅̅
4 −5 77,612 77,698 -0,086 1,10
̅̅̅̅̅̅̅
5 −1 124,176 124,286 -0,11 0,88
Com relação a representação gráfica da área é possível faze-la tanto através do método do
compasso como através de transferidor e escala da maneira já explicada nos levantamentos
anteriores.
72
Tabela 26 - Dados de um levantamento planimétrico realizado através do método de intersecção.
RÉ E V AHlido DH (m)
P2 P1 1 210°33’15”
1 P1 2 78°07’00”
2 P1 3 41°25’25”
3 P1 4 17°54’30”
4 P1 P2 12°00’30” 187,45
P1 P2 1 13°47’20”
1 P2 2 57°06’10”
2 P2 3 74°13’45”
3 P2 4 8°01’20”
4 P2 P1 206°51’00”
73
-
Figura 20 – Representação gráfica dos dados que devem ser medidos no campo para levantar uma
poligonal de cinco vértices através de uma combinação dos métodos de irradiação e intersecção.
Efetuada esta definição, deve-se escolher a posição dos dois locais de estação do aparelho
topográfico (estação total ou teodolito). Na Figura 20 estes pontos de estação do aparelho estão
representados com P1 e P2. As condições que devem ser satisfeitas pelos locais de estação do
aparelho são as seguintes:
- A partir do ponto de estação P1 temos necessariamente que visualizar os cinco vértices da
poligonal e ainda o ponto P2.
- A partir do ponto de estação P2, além de P1, temos que visualizar os dois pontos que serão
levantados por intersecção (2 e 3).
74
- A dimensão da base não deve ser pequena quando comparada com as distâncias que vamos
calcular a partir dela. Estas distâncias que serão calculadas são as distâncias ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 2 𝑒 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 3. A
dimensão da base deve ser de pelo menos 1/3 destas distâncias.
- Deve-se evitar que a base seja orientada na direção dos pontos 2 e 3, uma vez estes pontos
serão levantados por intersecção. Desta forma se evita que os triângulos compostos pelos extremos
da base e estes dois pontos tenham ângulo internos próximos de 00 ou 1800.
Escolhida a posição dos dois pontos de estação, eles devem ser marcados no terreno com
piquetas e estacas-testemunha. Feita esta materialização dos pontos de estação, instala-se
inicialmente o aparelho topográfico na estação P1, colima-se e zera-se o limbo horizontal na
direção de P2, e neste momento, aproveita-se para coletar os dados necessários para determinar
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
distância horizontal da base da intersecção (𝑃1 − 𝑃2). Em seguida colima-se o primeiro ponto que
estiver a direita da base. No nosso caso é o ponto 3. Como o ponto 3 será levantado por intersecção,
o único dado que deve ser anotado na direção do ponto 3 é o ângulo 𝑃2𝑃1 ̂ 3, que de acordo com a
0
Figura 20 é igual a 47 58´. O leitor pode perceber pela Figura 20 que no levantamento em questão
optou-se por efetuar as leituras dos ângulos acumulados a partir das direções dos extremos da base
de intersecção. Desta forma, após anotar o valor do ângulo 𝑃2𝑃1 ̂ 3, ao invés de se zerar o limbo
horizontal do aparelho na direção do ponto 3, simplesmente colimou-se o ponto seguinte que é o
vértice 4 da poligonal, efetuando-se a leitura do ângulo 𝑃2𝑃1̂ 4. Neste momento, além de anotar o
valor deste ângulo, devemos coletar os dados para determinar a distância horizontal ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 4, que
segundo a figura é igual a 93,7 m. Esta distância deve ser medida uma vez que este ponto será
levantado usando o método de irradiação.
Tabela 27 – Registro dos dados de um levantamento planimétrico através do uso combinado dos
métodos de irradiação e intersecção.
P2 P1 3 47058´00”
P2 P1 2 308030´00”
P1 P2 2 100031´43”
P1 P2 3 251037´58”
Após colimar o ponto o ponto 4, colima-se o próximo ponto que é ponto 5, efetuando-se a
leitura do ângulo 𝑃2𝑃1 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
̂ 5 e coleta-se os dados para determinar a distância horizontal 𝑃1 − 5. Na
̂ 1 e os dados para determinar a distância
sequência colima-se o ponto 1, anotando-se o ângulo 𝑃2𝑃1
75
horizontal ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 1. Finalmente, colima-se o ponto 2, anotando-se apenas o ângulo horizontal
̂ 2, já que este ponto será levantado por intersecção. Encerram-se assim as operações de
𝑃2𝑃1
medição na estação P1.
Posteriormente instala-se o aparelho na estação P2, colima-se e zera-se o limbo horizontal
do aparelho na direção de P1 e colima-se os apenas os pontos 2 e 3 (que serão levantados por
̂ 2 e 𝑃1𝑃2
intersecção) efetuando a leitura dos ângulos horizontais 𝑃1𝑃2 ̂ 3.
Assim como os levantamentos anteriores, os dados deste levantamento devem ser
registrados em uma tabela do tipo da Tabela 27.
É possível deduzir através da observação da Tabela 27 que o aparelho topográfico utilizado
no levantamento foi uma estação total configurada para fornecer o valor do ângulo vertical zenital
(AV(Z)). Então, para aqueles pontos levantados por irradiação além da informação do ângulo
horizontal existe informação de distância inclinada e ângulo vertical medidos. A distância
horizontal é calculada em função destes dois valores através da Equação 40. Para os pontos
levantados por intersecção (pontos 2 e 3) é possível observar que não existe informação de
distância. Além disto, outra característica de um ponto levantado por intersecção é que ele deve
ser observado de dois locais de estação. Assim os pontos 2 e 3 aparecem na Tabela 27 como ponto
de vante tanto na estação P1 como na P2. Estes são detalhes que o estudante deve aprender a
observar nas tabelas de registro de levantamentos planimétricos para efetuar uma correta
interpretação dos dados
Outro detalhe importante que o leitor deve observar na Tabela 27 é que o ponto de ré na
estação P1, é sempre P2 em todos os pontos visados. Isto significa que o limbo horizontal do
aparelho foi zerado uma única vez na direção do ponto P2, e, a partir dai, os pontos foram
colimados, anotando-se os ângulos horizontais acumulados a partir da direção de P2 (conforme
pode ser visualizado na Tabela 27). Isto aconteceu também para os pontos visados na estação P2,
ou seja, neste caso, o único ponto de ré é o ponto P1. Isto significa que o limbo horizontal do
aparelho foi zerado uma única vez na direção de P1. Desta forma, foram anotados os ângulos
acumulados da direção de cada ponto visado nesta estação, a partir da direção de P1.
Chama-se atenção aqui que, embora os exemplos fornecidos anteriormente enfatizem o
levantamento de pontos que constituem vértices de uma poligonal, qualquer outra feição ou
acidente natural ou artificial do terreno pode ter sua posição relativa determinada através destes
métodos de levantamento. Estes pontos podem ser, por exemplo, detalhes internos da área como
pontos do perímetro de um açude ou pontos que definem o caminho de um curso de agua dentro
da área, pontos no perímetro de um prédio, etc ... . Quando este tipo de tema é alvo do levantamento,
o registro de campo deve ser mais detalhado e conter informações e croquis que explicitem
claramente do que se trata cada ponto levantado. Este assunto voltará a ser tratado nas seções
seguintes onde completaremos o assunto registro de campo..
Passemos agora para os cálculos da área do polígono e dos alinhamentos do mesmo.
O processo de cálculo, neste caso, se inicia com as resoluções das intersecções, isto é, com
o cálculo das distâncias dos extremos da base da intersecção até os dois pontos levantados por este
método (pontos 2 e 3). Neste caso como os pontos 1,4 e 5 foram levantados por irradiação a partir
do ponto P1, é mais lógico, como já conhecemos as distâncias deste ponto P1 aos pontos 1,4 e 5,
darmos prioridade no momento da resolução das intersecções aos cálculos das distâncias entre este
ponto P1 e os dois pontos 2 e 3, completando desta forma, todas as informações necessárias para
o cálculo da área da poligonal e dos lados da mesma.
76
Para isto termos que aplicar a lei dos senos aos triângulos compostos pelos pontos P1, P2,2
e P1, P2,3. Para auxiliar neste cálculo foi planejada a Tabela 28.
P2 P1 P2 00 81,45
De todos aqueles dados medidos no campo, apenas aparecem nesta tabela os dados que são
importantes para resolução da intersecção. Isto inclui os dados da base de intersecção (distância da
base) e os ângulos lidos na direção dos pontos 2 e 3 nas duas estações. Desta forma, na quarta
coluna da Tabela 28 são anotados os valores dos ângulos horizontais lidos no campo. Lembrando
que, neste caso, os ângulos lidos correspondem ao ângulo que os dois pontos 2 e 3 formam com a
direção da base. Enfatiza-se que estes ângulos são medidos, em cada estação, partindo do extremo
oposto da base, no sentido dos ponteiros de um relógio até o ponto visado. A quinta coluna
corresponde ao ângulo interno do triângulo composto pelos extremos da base (P1 e P2) e o ponto
de vante tendo como vértice o ponto de estação. Estes ângulos internos são iguais aos ângulos lidos,
quando estes últimos forem menor do que 1800. Quando o ângulo lido é maior que 1800 o valor do
ângulo na quinta coluna corresponde a diferença entre 360 0 e o ângulo lido.
Na sexta coluna da tabela são anotados os ângulos opostos a base nos triângulos formados
pelos pontos P1 e P2 e cada ponto levantado (2 e 3). Assim, por exemplo o ângulo oposto a base
que está anotado na linha em que o ponto de vante é o ponto 2, corresponde ao ângulo 𝑃22̂𝑃1 e é
obtido através da seguinte expressão:
𝑃22̂𝑃1 = 180° − (2𝑃1
̂ 𝑃2 + 𝑃1𝑃2
̂ 2) = 180° − (51°30´ + 100°31´43") = 27°58´17"
Já o ângulo oposto a base que é anotado na linha em que o ponto de vante é o ponto 3
corresponde ao ângulo 𝑃13̂𝑃2 e é calculado pela seguinte expressão:
𝑃13̂𝑃2 = 180° − (𝑃2𝑃1
̂ 3 + 3𝑃2
̂ 𝑃1) = 180° − (47°58´ + 108°22´02") = 23°39´58"
Na sétima coluna são anotadas, em cada linha, as distâncias entre o ponto de estação e os
pontos de vante. Na segunda linha e sexta coluna da tabela aparece o valor da distância horizontal
medida para a base da intersecção, e nas outras linhas desta coluna, aparecem os valores calculados
através da aplicação da lei dos senos aos dois triângulos compostos pelos extremos da base e os
pontos 2 e 3.
Desta forma a distância ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 2 foi obtida através do seguinte procedimento:
77
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2. 𝑆𝑒𝑛 𝑃1𝑃2̂ 2 81,45. 𝑆𝑒𝑛 100°31´43"
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 2 = = = 170,732𝑚
𝑆𝑒𝑛 𝑃22̂𝑃1 𝑆𝑒𝑛 27°58´17"
Já a distância ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 3 foi obtida através do seguinte cálculo:
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2. 𝑆𝑒𝑛 3𝑃2̂ 𝑃1 81,45. 𝑆𝑒𝑛 108°22´02"
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 3 = = = 192,575𝑚
𝑆𝑒𝑛 𝑃13̂𝑃2 𝑆𝑒𝑛 23°39´58"
Resolvidas as duas intersecções, temos todos os dados para calcular a dimensão da área da
poligonal e as dimensões dos alinhamentos da mesma.
A área da poligonal, neste caso, será calculada mais uma vez através do processo
geométrico. Ou seja, a área da poligonal será dividida em cinco triângulos. Primeiramente
calcularemos as dimensões das áreas destes cinco triângulos, e em um segundo momento,
somaremos as áreas destes últimos para obter a área da poligonal. Neste caso, os triângulos nos
quais a área da poligonal será dividida são: T1 compostos pelos pontos (P1,1,2), T2 (P1,2,3), T3
(P1,3,4), T4 (P1,4,5) e T5 (P1,5,1). A área de cada triângulo será calculada através da aplicação da
Equação 34. Para auxiliar no cálculo das áreas dos triângulos, da poligonal e da dimensões dos
alinhamentos do polígono criou-se a Tabela 29.
Área 24496,134
polígono
(m2)
Na quarta coluna da Tabela 29 estão anotados os valores dos ângulos medidos no campo na
estação P1. Na sexta coluna da tabela constam os valores angulares que as radiais consecutivas do
levantamento formam entre si e correspondem àqueles ângulos internos dos triângulos T1, T2, T3,
T4 e T5 que serão utilizados na Equação 34 para calcular a área de cada triângulo (medidos no
vértice P1). Também estes ângulos serão utilizados ao aplicarmos a lei dos cossenos para calcular
as dimensões dos lados do polígono. A outra forma de caracterizar estes ângulos é a seguinte são
78
os ângulos formados entre o ponto de estação e os dois vértices indicados na quarta coluna da
tabela. Os ângulos da sexta coluna da tabela foram calculados em função dos ângulos constantes
̂ 3, constante na segunda linha e sexta coluna
na quarta coluna. Assim , por exemplo, o ângulo 2𝑃1
da tabela foi obtido da seguinte maneira:
̂ 3 = 360° − 𝑃2𝑃1
2𝑃1 ̂ 2 + 𝑃2𝑃1
̂3
̂ 3 = 360° − 308°30´ + 47°58´ = 99°28´
2𝑃1
̂ 4, anotado na terceira linha e sexta coluna foi obtido por diferença entre os
Já o ângulo 3𝑃1
ângulos 𝑃2𝑃1̂ 4 e 𝑃2𝑃1
̂ 3, ou seja:
̂ 4 = 𝑃2𝑃1
3𝑃1 ̂ 4 − 𝑃2𝑃1
̂ 3 = 54°09´59" − 47°58´ = 4°11´59"
Os outros ângulos constantes na sexta coluna são obtidos da mesma forma que o ângulo
anterior, ou seja, através de subtração entre o ângulo lido na linha da tabela e o ângulo lido na linha
anterior. Dando mais um exemplo, o ângulo constante na quarta linha e sexta coluna é o ângulo
̂ 5 e será obtido da seguinte maneira:
4𝑃1
̂ 5 = 𝑃2𝑃1
4𝑃1 ̂ 5 − 𝑃2𝑃1
̂ 4 = 106°49´14"-52°09´59" = 54°39´15"
Feito o cálculo dos ângulos constantes na sexta coluna da tabela temos todos os dados para
calcular as dimensões das áreas dos triângulos e as dimensões dos lados do polígono.
Assim o valor da área do triângulo T2 (P1,2,3) é anotada na segunda linha e nona coluna
da Tabela 29 e foi obtida através do seguinte procedimento:
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 2. ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̂3
𝑃1 − 3. 𝑆𝑒𝑛 2𝑃1
𝐴 𝑇2 =
2
170,732.192,575. 𝑆𝑒𝑛 99°28´
𝐴 𝑇2 = = 16215,477 𝑚2
2
De forma semelhante é calculada a área dos demais triângulos. A título de mais um
exemplo, mostra-se abaixo o cálculo da área do triângulo T3 (P1,3,4).
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 3. ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̂4
𝑃1 − 4. 𝑆𝑒𝑛 3𝑃1
𝐴 𝑇3 =
2
192,575.93,70. 𝑆𝑒𝑛 4°11´59"
𝐴 𝑇3 = = 660,722 𝑚2
2
Calculada as áreas dos cinco triângulos, soma-se as mesmas para obter a dimensão da área
do polígono. Esta dimensão de área está informada na última linha da tabela (Área do polígono =
24496,134 m2).
Para obter as dimensões dos alinhamentos do polígono é necessário aplicar a lei dos
cossenos aos triângulos T1, T2, T3, T4 e T5. Aplicando então a lei dos cossenos ao triângulo T2
(P1,2,3), obtém-se a dimensão do segundo alinhamento da poligonal (alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅2 − 3) da
seguinte forma:
̅̅̅̅̅̅̅
2 − 3 = √̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 22 + ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 32 − 2. ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 2. ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̂3
𝑃1 − 3. 𝐶𝑜𝑠 2𝑃1
̅̅̅̅̅̅̅
2 − 3 = √170,7322 + 192,5752 − 2.170,732.192,575. 𝐶𝑜𝑠 99°28´ = 277,579𝑚
De forma semelhante são calculados os demais alinhamentos do polígono.
79
Com relação a representação em escala da poligonal ela pode se efetuada de forma
semelhante aso levantamentos anteriores seja através do método do compasso, se através de
transferidor e escala.
Demostrou-se então uma das combinações de métodos de levantamento possível de ser
adotada no levantamento de áreas pequenas. Esta combinação é interessante já que o método de
intersecção tem a propriedade de poder ser usado no levantamento de pontos de difícil acesso. No
entanto, o uso do mesmo para levantar um número grande de pontos fica dificultado em função de
questões vinculadas a orientação da base e dimensionamento da mesma para que se evitem
propagações de erros acentuadas. Usando esta combinação dos dois métodos, pode-se escolher de
forma adequada a base da intersecção para levantar aqueles pontos de difícil acesso. O
levantamento dos demais pontos que não tem dificuldade de medição da distância entre eles o
ponto de estação levanta-se usando o método de irradiação.
80
Tabela 30 - Dados do levantamento planimétrico de uma poligonal de cinco vértices levantada
através da combinação dos métodos de irradiação e intersecção.
RÉ E V AH FS FI AV() S DH(m)
B A 5 155°31’
B A 1 191°07’
A B 1 8°15’
A B 5 343°20’
81
Tabela 31- Dados do levantamento planimétrico de uma poligonal de quatro vértices em que foi
usado uma combinação dos métodos de irradiação e intersecção.
Ré E V AH DI (m) DH(m)
3 P1 4 61°39’
P1 P2 4 125°09’
82
Figura 21 – Representação gráfica dos dados que devem ser medidos no terreno quando uma
poligonal fechada de quatro vértices é levantada através do método do caminhamento perimétrico.
Para levantar uma poligonal fechada através do método do caminhamento perimétrico é
necessário percorrer o contorno da figura geométrica medindo as dimensões dos alinhamentos que
definem o seu perímetro. Além destes alinhamentos necessitamos também medir um ângulo
geométrico por vértice da poligonal. Embora não seja regra, normalmente o ângulo geométrico que
é medido em cada vértice é o ângulo interno. Para medir estes ângulos o aparelho deverá ser
instalado em cada vértice da poligonal.
Como normalmente se costuma definir a orientação da poligonal em relação ao norte, além
destes dados, será necessário determinar no terreno ou coletar dados que nos permitam determinar
a dimensão de um dos ângulos geográficos de um dos alinhamentos da poligonal. Este ângulo
alternativamente poderá ser ou o azimute ou o rumo de um dos alinhamentos da poligonal. Este
dado de azimute ou rumo de um dos alinhamentos é fundamental para que possamos dar um
tratamento analítico para a posição dos vértices da mesma.
Para a determinação deste ângulo geográfico é possível adotar várias metodologias. Cada
uma delas apresentam precisões diferentes. Assim, pode-se, por exemplo, com menos precisão na
orientação, determinar o azimute ou rumo de um dos alinhamentos através de uma bússola. É
possível também com precisão semelhante a da bússola usar uma declinatória. Alguns aparelhos
topográficos trazem consigo este instrumento acessório que é composto basicamente, assim como
a bússola, de uma agulha imantada, suspensa pelo seu centro de gravidade que é montada sobre um
83
tubo cilíndrico. Ao fixar o instrumento ao aparelho (teodolito ou estação total), o eixo do cilindro
fica orientado de forma paralela ao eixo de colimação da luneta do aparelho topográfico. A agulha
da declinatória, uma vez liberada, tende a se orientar na direção do norte magnético, assim como a
agulha de uma bússola. Desta forma quando o eixo de colimação da luneta não está orientado na
direção do norte, a agulha fica encostada em uma das laterais esquerda ou direita do tubo cilíndrico.
Ao efetuar um movimento de rotação em torno do eixo principal ou vertical do aparelho e
direcionarmos o eixo de colimação para o norte magnético, a agulha imantada deixará de ficar
encostada na lateral do tubo e se encaminhará para o centro do tubo, indicando desta forma a
direção do norte magnético. Desta forma então, se zerarmos o limbo horizontal do aparelho na
direção do norte magnético indicada pela agulha da declinatória e na sequência colimarmos o outro
extremo do alinhamento cujo azimute se desejar determinar, podemos fazer a leitura do azimute
magnético no limbo horizontal do aparelho. A imprecisão da orientação fica neste caso prejudicada
tanto por conta da sensibilidade de orientação da agulha na direção do norte magnético, como no
valor da declinação magnética que pode ser desconhecida para data e para o local de observação.
Lembrando que declinação magnética é a diferença entre a direção do norte verdadeiro e magnético
em um dado local. Este valor angular varia de local para local na superfície terrestre e também em
função do tempo. Uma das fontes onde será possível obter a informação sobre valor da declinação
magnética no local de observação, bem como sua variação anual é nas cartas topográficas seja do
IBGE ou ainda aquelas confeccionadas pelo Serviço Geográfico do Exército Brasileiro.
Alternativamente a determinação do azimute de um dos alinhamentos da poligonal poderia
ser efetuada através de observação do sol ou outra estrela qualquer através do aparelho topográfico
(teodolito ou estação total). O método usa princípios de outra ciência correlata às Ciências
Geodésicas que é a Astronomia. O ramo da Astronomia que estuda a posição dos astros na esfera
celeste e sua variação no tempo chama-se de Astrometria. A Astrometria estuda as variáveis que
são utilizadas no monitoramento da posição dos astros na esfera celeste. Em outras palavras a
Astrometria estuda os sistemas de coordenadas Astronômicas. É fundamental que conheçamos as
posições dos astros na esfera celeste para que, em função destes dados, se consiga determinar a
posição de um ponto da superfície terrestre ou mesmo a orientação de um alinhamento em relação
ao norte. A esta parte da Astronomia que estuda os métodos pelos quais é possível determinar a
posição de um ponto da superfície da terra (latitude ou longitude astronômicas) ou ainda a
orientação de um alinhamento (determinação de seu azimute astronômico) através da observação
de um astro na esfera celeste a partir de um local específico na superfície da terra chama-se
Astronomia de Posição ou Astronomia de Campo. O método não é tão complicado de se entender,
no entanto necessita de alguns conhecimentos que abordaremos em anexo a este trabalho neste
trabalho.
A terceira alternativa seria a coletar dados sobre dois vértices da poligonal com um receptor
de dados de satélites GNSS (acrônimo do termo inglês Global Navigation Satellite System ou em
português Sistema Global de Navegação por Satélites) através da técnica de observação da fase
integrada da portadora. Estes dados após processados em software específico nos conduziriam aos
valores de coordenadas geodésicas (latitude e longitude geodésicas) dos dois vértices. Uma vez
que se conheçam as coordenadas geodésicas elipsoidais curvilíneas dos dois pontos é possível
aplicar um algoritmo de cálculo chamado de solução do problema inverso da Geodésia Geométrica,
determinando desta forma o azimute geodésico do alinhamento definido pelos dois vértices
ocupados pelos receptores GNSS. Mas o detalhamento deste processo foge completamente do
objetivo deste trabalho. Estes assuntos são tratados normalmente em disciplinas de Geodésia
Geométrica e Geodésia Celeste. Cabe apenas uma observação que do ponto de vista conceitual
84
existem pequenas diferenças entre os azimutes astronômico (determinado via observação de um
astro) e o azimute geodésico (determinado via problema inverso da Geodésia). Estas diferenças
ficam por conta dos chamados desvios relativos da vertical nos pontos de observação. Mas na
grande maioria das vezes estas diferenças são pequenas, uma vez que que os desvios relativos da
vertical são da ordem de poucos segundos de grau na maior parte da superfície da terra.
A quarta alternativa seria usar um azimute convencional. Ou seja, é possível adotar um
valor de azimute arbitrário para um dos alinhamentos do polígono. Se isto for efetuado é importante
que seja explicitado na planta topográfica que a orientação é convencional ou o que é o mesmo, a
orientação doa alinhamentos que definem o polígono estará vinculada ao um chamado norte
convencional (NC). Desta forma, qualquer pessoa que visualizar a planta terá condições de
perceber que a área não está orientada segundo o norte verdadeiro do local, mas sim em relação a
uma direção arbitrária. A adoção de um azimute arbitrário ou convencional não afetará a posição
relativa dos vértices da poligonal nem a dimensão de sua área.
Definido como será resolvido o problema da orientação de um dos alinhamentos da
poligonal, o processo de levantamento se inicia com a materialização dos vértices da poligonal a
ser levantada através de piquetas e estacas-testemunhas. Depois de feitas as marcações dos vértices,
instala-se o aparelho (teodolito ou estação total) no primeiro vértice da poligonal, e na sequência,
efetua-se o procedimento para a determinação do azimute do primeiro ou do último alinhamento
da poligonal (a escolha do operador) através de um dos processos citados anteriormente. Feito isto,
colima-se e zera-se o limbo horizontal do aparelho na direção do último vértice da poligonal (no
caso do levantamento da Figura 21 o vértice 4) e em seguida colima-se o segundo vértice da
poligonal efetuando-se a leitura do ângulo interno no primeiro vértice da poligonal 𝐴𝑖1 = 41̂2, que
segundo a figura é igual a 58002´46”. Feita a leitura do ângulo interno no primeiro vértice aproveita-
se a colimação do vértice 2 para se coletar os dados para a determinação da dimensão da distância
horizontal do primeiro alinhamento da poligonal (1 ̅̅̅̅̅̅̅
− 2 = 206,73𝑚).
Na sequência muda-se o aparelho para o vértice 2. Instalado o aparelho neste vértice,
colima-se e zera-se limbo horizontal do aparelho na direção do vértice 1 em seguida colima-se o
vértice 3 efetuando-se a leitura do ângulo interno no segundo vértice da poligonal 𝐴𝑖2 = 12̂3 que
segundo a Figura 21 é igual a 122029´34”. Neste momento coleta-se os dados para determinar a
dimensão da distância horizontal ̅̅̅̅̅̅̅
2 − 3 = 159,59𝑚.
Desta forma, percorre-se toda a poligonal, encerrando o levantamento com a instalação do
aparelho no último vértice da poligonal com o objetivo de medir o ângulo interno no vértice 4
(𝐴𝑖4 = 34̂1 = 85°33´24") e a coleta dos dados para se determinar a dimensão da distância do
último alinhamento da poligonal (4̅̅̅̅̅̅̅
− 1 = 282,66𝑚). Estes dados devem ser registrados em uma
tabela do tipo a Tabela 32. No exemplo da tabela é possível perceber que o aparelho utilizado no
levantamento foi uma estação total configurada para mostrar o ângulo vertical de inclinação
(AV()).
85
Tabela 32 – Tabela de registro de dados de um levantamento por caminhamento perimétrico de
uma poligonal levantada por caminhamento perimétrico através de estação total.
Soma 359058´20”
dos Ai
87
Figura 22 – Representação gráfica do efeito dos erros cometidos nas medições dos alinhamentos
da poligonal no chamado erro linear de fechamento absoluto da poligonal.
Desta forma, a distância entre o ponto 1 (posição correta do primeiro vértice da poligonal)
e o ponto 1´, que é definido em função das combinações de erros nas avaliações de ângulos e
distâncias ao longo do perímetro da poligonal chama-se de Erro Linear Absoluto de Fechamento
da Poligonal (ELFA). Esta distância será tanto maior quanto maior forem os erros nas avaliações
dos ângulos e das distâncias medidas ao longo do perímetro. Embora este ELFA seja função tanto
dos erros nas avaliações dos ângulos como das distâncias medidas, uma vez que já descartamos a
priori erros grosseiros nas avaliações dos ângulos, se eventualmente houver um erro
excessivamente grande no valor do ELFA, podemos creditar este valor a erros grosseiros nas
avaliações das distâncias dos alinhamentos da poligonal.
Esta é a explicação para o fato do método do caminhamento perimétrico permitir o controle
total das operações de medição.
Podemos afirmar que o método do caminhamento perimétrico permite efetuar este controle
porque o levantamento é efetuado ao longo de um circuito fechado. Isto é, parte-se do primeiro
vértice do polígono e após percorrer todo o perímetro retorna-se ao ponto de partida.
Estes erros de fechamento normalmente são pequenos. Eles portanto, são difíceis de serem
detectados através de um processo gráfico como foi representado na Figura 22, pois os erros no
desenho certamente mascararão o problema.
Uma das formas de se determinar corretamente o erro linear de fechamento absoluto da
poligonal (ELFA) é efetuando uma rotina de cálculo denominada de cálculo analítico de uma
poligonal fechada levantada por caminhamento perimétrico.
88
Esta rotina de cálculo além de prover uma forma precisa de avaliar o ELFA da poligonal,
também nos proporciona outras grandes vantagens das quais podemos citar as seguintes:
- Oferece grande facilidade de cálculo na dimensão da área da poligonal se comparada aos
métodos geométricos estudados anteriormente. Os métodos geométricos (divisão da área da
poligonal em triângulos ou outras figuras geométricas) são exequíveis em pequenas poligonais. O
leitor poderá observar que o processo analítico de obtenção da dimensão de uma área dispensará a
necessidade da representação gráfica da área para efetuar o cálculo. Além disto, o método propicia
formas bem fáceis de elaborar softwares para a automatização do cálculo ou ainda efetuá-los em
planilhas eletrônicas (tipo Excel). Esta é uma questão particularmente importante, já que, as áreas
levantadas apresentam um número grande de vértices. Os cálculos computacionais nos trazem
vantagem de rapidez e precisão nos valores desejados e ainda exige muito menos desgaste físico
do técnico.
- Oferece um processo muito mais racional e direto para se proceder a representação gráfica
da área. O estudante perceberá que o processo utilizado para efetuar a representação gráfica usando
o produto do cálculo analítico permitirá efetuar a priori a determinação da escala numérica de
representação da área, uma vez especificado o tamanho do espaço gráfico onde será efetuado o
desenho. Proporcionará também métodos lógicos para centrar o desenho no espaço gráfico
disponível. Se a representação gráfica for efetuada em meio digital, é possível de forma muito mais
fácil migrar as informações das posições dos pontos para dentro dos softwares gráficos.
- O método permite obter, através de relações matemáticas simples, informações de
distâncias e orientações de alinhamentos que não foram medidas diretamente no terreno. Permite
ainda determinar as dimensões de outros polígonos definidos por quaisquer pontos levantados.
- Os processos de divisões de áreas também ficam tremendamente facilitados através do
cálculo analítico.
Feitas estas observações passa-se então para ao detalhamento desta rotina de cálculo.
89
positivos e negativos dependendo da posição do ponto em relação à origem do sistema. Desta forma
sempre que o ponto estiver localizado a direita da origem a coordenada X é positiva. Quando o
ponto estiver à esquerda da origem a coordenada X é negativa. Já a coordenada Y de um ponto é
positiva quando o mesmo estiver localizado acima da origem. Quando o ponto estiver localizado
abaixo da origem sua coordenada Y é negativa. É possível observar na Figura 23 que as
coordenadas X e Y do ponto 2 são negativas. Desta forma, da combinação de sinais das duas
coordenadas de um ponto se define sua posição em relação à origem. Assim se o ponto estiver
localizado no primeiro quadrante (caso do ponto 1 da Figura 23), as coordenadas X e Y são
positivas. Pontos localizados no segundo quadrante apresentam coordenada X negativa e a
coordenada Y positiva. Pontos localizados no terceiro quadrante (caso do ponto 2 da Figura 23)
apresentam coordenadas e Y negativas. Finalmente pontos localizados no quarto quadrante
apresentam coordenada X positiva e coordenada Y negativa.
Figura 23 – Ilustração de um sistema cartesiano plano definido em função dos eixos coordenados
X e Y e sua origem O.
Estabelecidos estes conceitos iniciais é possível efetuar a seguinte afirmação. O processo
de cálculo analítico de uma poligonal fechada levantada por caminhamento perimétrico terá como
objetivo vincular as posições dos vértices da poligonal levantada a um sistema cartesiano. Em
outras palavras, no final do cálculo analítico deveremos obter para cada vértice da poligonal um
par de coordenadas retangulares X e Y que definirão as posições destes vértices em relação a um
sistema cartesiano.
Se vamos vincular as posições dos vértices em relação a um sistema cartesiano será
necessário estabelecer algumas convenções para definir o sistema de eixos. Estas convenções
tratarão de resolver duas questões que são as seguintes:
- A orientação dos eixos do sistema no espaço;
- A posição da origem do sistema cartesiano;
90
Com relação à orientação do sistema, a primeira observação que se pode fazer é de que os
eixos X e Y estarão posicionados no plano horizontal da região do levantamento (direção esta
perpendicular à direção da vertical da região).
Com relação à orientação dos eixos X e Y no plano horizontal da região, define-se que o
semieixo positivo Y do sistema deverá ser direcionado para o norte da região. Do ponto de vista
prático a direção do eixo Y ficará materializada no momento que se determine o azimute de um
dos alinhamentos da poligonal. Dependendo então do processo utilizado para determinar o azimute
de um dos alinhamentos da poligonal o eixo Y será direcionado para o norte magnético (caso a
determinação do azimute de um dos alinhamentos da poligonal for efetuada com uma bússola ou
declinatória), para o norte astronômico (para caso do azimute ser determinado via observação de
um astro), ou convencional (caso o azimute for arbitrário). No momento que direcionarmos o
semieixo positivo Y para o norte, o semieixo positivo X ficará direcionado para o leste.
Definida a orientação dos eixos será necessário estabelecer uma posição para a origem do
sistema cartesiano. Em Topografia, normalmente a origem do sistema cartesiano é posicionada
arbitrariamente. Do ponto de vista prático ela será posicionada arbitrando-se um par de
coordenadas X e Y para um dos locais de estação do aparelho topográfico. Nos levantamentos por
caminhamento perimétrico, como todos os vértices serão locais de estação, é possível arbitrar as
coordenadas de qualquer vértice da mesma. Um exemplo bem comum é posicionar a origem do
sistema de eixos de forma coincidente com o primeiro vértice da poligonal. Isto significa que as
coordenadas retangulares do ponto 1 serão iguais a zero, ou seja, X1 = 0 e Y1= 0. A partir daí,
conhecidas as coordenadas do ponto 1, serão calculadas as coordenadas dos demais vértices.
Enfatiza-se que este é apenas um exemplo. Alternativamente alguns técnicos preferem adotar para
o par de coordenadas de um dos vértices valores grandes do tipo, X1 = 2500 m e Y1= 3000m.
Adotar estes valores grandes para um dos vértices da poligonal poderia ter como intensão evitar
trabalhar com coordenadas negativas.
Vamos agora a tratar de outras variáveis importantes no processo de cálculo analítico.
Estamos nos referindo às projeções de um alinhamento sobre os eixos cartesianos. A Figura 24 foi
inserida com o objetivo de tornar mais clara a definição destas variáveis.
Na Figura 24 é representado um alinhamento definido por um ponto inicial I e um ponto
final F (alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
𝐼 − 𝐹 ). Entenda que este alinhamento pode ser um dos alinhamentos da
poligonal que será levantada por caminhamento perimétrico. As posições dos pontos inicial (I) e
final (F) do alinhamento são definidas em função de suas respectivas coordenadas retangulares X
e Y do ponto inicial (𝑋𝐼 𝑒 𝑌𝐼 ) e do ponto final (𝑋𝐹 𝑒 𝑌𝐹 ). Cada alinhamento apresenta uma projeção
sobre o eixo dos X e uma projeção sobre o eixo dos Y. Desta forma, chama-se de projeção x de um
alinhamento à diferença entre as coordenadas do X ponto final do alinhamento menos a coordenada
X do ponto inicial. Define-se projeção Y de um alinhamento como a diferença entre as coordenadas
Y do ponto final menos a coordenada Y do ponto inicial do alinhamento. Ainda é possível observar
pela Figura 24 que as duas projeções do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅ 𝐼 − 𝐹 são dois catetos de um triângulo
retângulo cuja hipotenusa é igual à dimensão da distância horizontal do alinhamento (𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅ 𝐼−𝐹 ). Da
mesma forma, o ângulo interno deste triângulo retângulo adjacente à projeção Y é igual ao rumo
do alinhamento, que no caso da Figura 24, como o alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅ 𝐼 − 𝐹 está orientado segundo o
primeiro quadrante do círculo topográfico horizontal (região do plano topográfico onde os azimutes
variam entre 00 a 900) é igual ao azimute do alinhamento. A partir destas observações, podemos
escrever algumas expressões matemáticas que são o cerne do cálculo analítico, e que portanto, são
de fundamental entendimento por parte do leitor para que ele venha a dominar os assuntos
91
relacionados com este processo de cálculo. Estas expressões, a rigor, nada mais são do que as
relações trigonométricas de triângulos retângulos.
Figura 24 – Representação gráfica das projeções de um alinhamento definido por um ponto inicial
I e um ponto final F sobre os eixos coordendas.
Desta maneira é possível escrever que:
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 = 𝑋𝐹 − 𝑋𝐼 = 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 . 𝑆𝑒𝑛𝑅𝑢̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 = 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 . 𝑆𝑒𝑛𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹
Equação 60
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 = 𝑌𝐹 − 𝑌𝐼 = 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 . 𝐶𝑜𝑠𝑅𝑢̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 = 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 . 𝐶𝑜𝑠𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹
Equação 61
Através da Equação 60 é possível inferir que o valor da projeção x de um alinhamento é
possível determinar de três maneiras diferentes dependendo de quais os dados que dispomos. Uma
das opções é calcular através da diferença entre as coordenadas retangulares X dos extremos do
alinhamento. As duas outras opções são através da multiplicação da distância horizontal do
alinhamento vezes as funções Seno tanto do rumo como do azimute deste alinhamento. Com
relação a opção de cálculo através da multiplicação da distância horizontal do alinhamento vezes a
função Seno do rumo do mesmo, é preciso mencionar que ela não é vantajosa pela razão de que o
valor numérico dos rumos variam sempre entre 0 0 e 900. A função Seno de um ângulo desta
92
dimensão será sempre positiva. Portanto, o cálculo da projeção de um alinhamento através da
multiplicação da distância horizontal do alinhamento vezes a função Seno do rumo do alinhamento
nos conduzirá sempre a um valor positivo de projeção. Entretanto, a projeção x de um alinhamento,
pode apresentar sinal positivo ou negativo dependendo do quadrante do círculo topográfico
horizontal que o alinhamento se encontra. A opção de cálculo da projeção x do alinhamento através
da multiplicação da distância horizontal do alinhamento vezes a função Seno do azimute do
alinhamento nos conduz ao valor e ao sinal corretos da projeção x.
Já através da Equação 61 é possível inferir que o valor da projeção y também pode ser
determinado através de três maneiras diferentes. Uma das opções é calcular através da diferença
entre as coordenadas retangulares Y dos extremos do alinhamento. As duas outras opções são
através da multiplicação da distância horizontal do alinhamento vezes as funções Cosseno tanto do
rumo como do azimute deste alinhamento. Da mesma forma que a situação anterior, a opção de
cálculo da projeção y através da multiplicação da distância horizontal do alinhamento vezes a
função Cosseno do rumo do alinhamento nos conduzirá sempre a um valor de projeção y positiva.
No entanto, da mesma forma que a projeção x, a projeção y de um alinhamento pode apresentar
valor positivo ou negativo. De forma análoga ao cálculo das projeções x, a opção de cálculo da
projeção y do alinhamento através da multiplicação da distância horizontal do alinhamento vezes
a função Cosseno do azimute do alinhamento nos conduz ao valor e ao sinal corretos da mesma. É
importante o leitor notar que os valores absolutos das funções Seno e Cosseno do rumo de um
alinhamento e do azimute deste mesmo alinhamento são iguais, podendo vir a diferir apenas no
sinal.
Com relação aos sinais das projeções x e y dos alinhamentos é possível efetuar as seguintes
considerações. Através da Figura 24 é possível verificar que o alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
𝐼 − 𝐹 apresenta tanto
a projeção x como a projeção y positivas. A projeção x é positiva uma vez que a coordenada X do
ponto final do alinhamento é maior que a coordenada X do ponto inicial do alinhamento (𝑋𝐹 > 𝑋𝐼 ).
Já a projeção y do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
𝐼 − 𝐹 é positiva, pois a coordenada Y do ponto final do alinhamento
é maior que a coordenada Y do ponto inicial do alinhamento (𝑌𝐹 > 𝑌𝐼 ).
Na Figura 25 é representado um alinhamento no segundo quadrante do círculo topográfico
horizontal, ou seja, no quadrante em que os azimutes dos alinhamentos variam entre 900 e 1800.
Em função desta orientação é possível perceber que a coordenada X do ponto final (𝑋𝐹 ) do
alinhamento é maior que a coordenada X do ponto inicial (𝑋𝐼 ), e que por esta razão, a projeção x é
positiva. Já a coordenada Y do ponto final do alinhamento é menor (𝑌𝐹 ) é menor do que a
coordenada Y do ponto inicial (𝑌𝐼 ), em função disto a projeção y do alinhamento é negativa.
Na Figura 26 é representado um alinhamento posicionado no terceiro quadrante do círculo
topográfico horizontal, ou seja, aquela região em que os azimutes dos alinhamentos variam entre
1800 e 2700. Nesta situação é possível visualizar pela figura que tanto as projeções x e y são
negativas. Nesse caso a projeção x é negativa pelo fato da coordenada X do ponto final do
alinhamento (𝑋𝐹 ) ser menor do que a coordenada X do ponto inicial (𝑋𝐼 ) do alinhamento. Já a
projeção y do alinhamento é negativa em função do fato de que a coordenada Y do ponto final (𝑌𝐹 )
do alinhamento ser menor do que a coordenada Y do ponto inicial do alinhamento (𝑌𝐼 ).
93
Figura 25 – Representação gráfica dos sinais das projeções x e y dos alinhamentos no segundo
quadrante do círculo topográfico horizontal (90° < Az̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 < 180°).
94
Figura 26 - Representação gráfica dos sinais das projeções x e y dos alinhamentos no terceiro
quadrante do círculo topográfico horizontal (180° < Az̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 < 270°).
95
Figura 27 - Representação gráfica dos sinais das projeções x e y dos alinhamentos no terceiro
quadrante do círculo topográfico horizontal (270° < Az𝐼−𝐹
̅̅̅̅̅̅ < 360°).
.
Esclarecida as questões vinculadas aos sinais das projeções dos alinhamentos, mostraremos
agora uma outra equação que será útil em muitos casos.
Se aplicarmos o teorema de Pitágoras ao triângulo retângulo no qual os dois catetos
correspondem às projeções do alinhamento sobre os eixos coordenados e onde a hipotenusa
corresponde à distância horizontal do alinhamento, obtem-se o seguinte:
2 2
𝐼−𝐹 = √𝑃𝑟𝑜𝑥̅̅̅̅̅̅
𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅ 𝐼−𝐹 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹
Equação 62
Mas como 𝑃𝑟𝑜𝑥̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 = 𝑋𝐹 − 𝑋𝐼 e 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 = 𝑌𝐹 − 𝑌𝐼 , substituindo-se estas duas
expressões na Equação 62, obtém-se:
2 2
𝐼−𝐹 = √(𝑋𝐹 − 𝑋𝐼 ) + (𝑌𝐹 − 𝑌𝐼 )
𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
Equação 63
A Equação 63, corresponde à equação da distância entre dois pontos da geometria analítica
e permite que consigamos determinar a distância horizontal entre dois pontos desde que se
conheçam as coordenadas retangulares dos pontos extremos deste alinhamento. Após o cálculo
analítico da poligonal ter sido realizado, esta equação pode ser bastante útil para se obter a
dimensão de distâncias horizontais entre pontos não contíguos da poligonal. Lembremos que se o
levantamento foi efetuado através do método do caminhamento perimétrico, durante o
96
levantamento foram medidas apenas as dimensões das distâncias entre os vértices consecutivos da
poligonal. Se desejarmos, por exemplo, conhecer a distância entre o primeiro vértice da poligonal
e o trigésimo vértice de uma poligonal de 50 vértices, basta, após efetuado o cálculo analítico da
mesma e a consequente obtenção dos valores das coordenadas retangulares de todos os vértices,
substituir as coordenadas dos pontos 1 e 30 na Equação 63 para obter esta distância. Aqui é possível
comprovar a versatilidade do processo de cálculo analítico para obter dados sobre alinhamentos
que não foram diretamente medidos no campo.
Agora se o objetivo é conhecer a orientação (rumo ou azimute) de um alinhamento que não
tenha sido medido diretamente no terreno é possível aplicar o seguinte raciocínio. No triângulo
retângulo em que os dois catetos são as projeções do alinhamento e a hipotenusa é a distância
horizontal entre os dois pontos extremos do mesmo, foi mencionado que o ângulo adjacente à
projeção y é igual ao rumo do alinhamento. Nesta construção geométrica a projeção x corresponde
ao cateto oposto ao rumo do alinhamento. Desta forma se dividirmos o cateto oposto (projeção x
do alinhamento) pelo cateto adjacente (projeção y do alinhamento) obtermos o valor da tangente
trigonométrica do rumo do alinhamento. Matematicamente se escreve da seguinte maneira:
|𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝐼−𝐹
̅̅̅̅̅̅ | |(𝑋𝐹 − 𝑋𝐼 )|
𝑇𝑔 𝑅𝑢𝐼−𝐹
̅̅̅̅̅̅ = =
|𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 | |(𝑌𝐹 − 𝑌𝐼 )|
Equação 64
Na Equação 64 os valores das projeções x e y do alinhamento são colocadas entre travessões
verticais para indicar que devem ser utilizados, em um primeiro momento, os valores absolutos das
projeções. Esta exigência formal é justificável em função de que as projeções dos alinhamentos
podem apresentar sinais positivos e negativos. Dependendo da combinação de sinais das projeções,
poderíamos obter um valor para a tangente do rumo do alinhamento negativa, o que resultaria em
um sinal negativo para o valor do rumo do mesmo. Este sinal negativo do rumo geraria uma
incongruência com as convenções estabelecidas para valores de rumos que variam entre 0 0 e 900
(sempre positivos). Desta forma, incialmente resguarda-se os sinais das projeções e calcula-se a
tangente do rumo do alinhamento e o valor deste ângulo através dos valores absolutos das
projeções. Em um segundo momento, de posse do valor numérico do rumo do alinhamento, deve-
se analisar os sinais das projeções x e y do alinhamento para definir em qual quadrante do círculo
topográfico horizontal ele se encontra. Desta forma, se as projeções x e y do alinhamento forem
positivas, conclui-se que o alinhamento está orientado segundo o primeiro quadrante do círculo
topográfico horizontal (quadrante nordeste). Neste quadrante o rumo é igual ao azimute. Se a
projeção x do alinhamento for positiva e a projeção y do alinhamento for negativa, conclui-se que
o alinhamento está orientado no segundo quadrante do círculo topográfico horizontal (quadrante
sudeste). Neste caso o valor do azimute é igual a cento e oitenta graus menos o valor do rumo
𝐼−𝐹 = 180° − 𝑅𝑢̅̅̅̅̅̅
(𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅ 𝐼−𝐹 ). Caso tanto a projeção x como a projeção y forem negativas, conclui-se
que o alinhamento está orientado segundo o terceiro quadrante (quadrante sudoeste). Neste caso o
azimute do alinhamento é igual a cento e oitenta graus mais o rumo do alinhamento (𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅ 𝐼−𝐹 =
180° + 𝑅𝑢𝐼−𝐹 ̅̅̅̅̅̅ ). Finalmente se a projeção x for negativa e a projeção y for positiva, conclui-se que
o alinhamento está no quarto quadrante (quadrante noroeste). Neste caso o valor do azimute do
alinhamento é igual a trezentos e sessenta graus menos o rumo do alinhamento (𝐴𝑧𝐼−𝐹 ̅̅̅̅̅̅ = 360° −
𝑅𝑢̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 ).
Desta forma então é possível determinar a orientação de um alinhamento usando expressões
simples de serem aplicadas exigindo poucos cálculos.
97
Ressalta-se então que o arcabouço teórico do cálculo analítico reside na últimas cinco
equações apresentadas (Equação 60 a Equação 64).
Estabelecidos estes conceitos teóricos acima, podemos dar andamento a um exemplo
prático de cálculo analítico da poligonal de quatro vértices cujos dados de levantamento por
caminhamento perimétrico foram fornecidas pela Figura 21 e pela Tabela 32.
O processo de cálculo é bastante automatizado se for efetuado com o auxílio de uma tabela
do tipo a Tabela 33. Embora o cálculo fique bem mais organizado e sintético se for efetuado em
tabela, ele também gera a tendência do estudante mecanizar o cálculo. Por isso enfatiza-se a
necessidade de que a medida que os dados forem sendo preenchidos na tabela, o leitor ficar atento
aos princípios teóricos do cálculo e as relações entre os valores preenchidos e as variáveis já
estudadas.
Para que não haja confusão na interpretação dos dados da tabela algumas convenções são
necessárias ser estabelecidas. A razão da necessidade das convenções está no fato de que nas
células da tabela constarão dados ora relativos a alinhamentos ora relativos a pontos. Desta forma,
dados de azimutes, distâncias horizontais e projeções que são todas informações de alinhamentos,
estabelece-se que em cada linha da tabela serão anotados os valores dos alinhamentos definidos
pelo ponto de ponto de estação (indicado na segunda coluna da tabela) e pelo ponto de vante
(indicado na terceira coluna da tabela). Já dados de coordenadas retangulares, que são informações
que definem as posições de pontos, estabelece-se que em cada linha da tabela serão anotados os
valores das coordenadas do ponto de vante (indicado na terceira coluna da tabela).
Definidas estas convenções parte-se para a para prática do cálculo. O primeiro passo é
preencher a Tabela 33 com os dados medidos no campo. Estes dados correspondem às dimensões
dos ângulos internos medidos em cada vértice da poligonal, às dimensões das distâncias horizontais
dos alinhamentos da poligonal e ao azimute do primeiro alinhamento da poligonal determinado
durante o levantamento cujo valor foi de 𝐴𝑍1−2
̅̅̅̅̅̅ = 75°54´33".
Feito isto, a primeira operação de cálculo a ser realizada é a determinação do erro angular
do levantamento e a respectiva verificação se que este erro está dentro dos limites toleráveis. Em
caso afirmativo continua-se com os cálculos. Caso o erro angular supere o limite tolerável
interrompe-se o cálculo e retorna-se ao campo para verificar as dimensões dos ângulos. Como tinha
sido mencionado anteriormente, no exemplo da Tabela 33, o erro angular cometido foi igual a
001´40” e é menor do que o limite de erro para esta poligonal que seria igual a 002´. Isto nos permite
passar para o próximo passo que é o processo de compensação do erro angular, calculando-se assim
os valores de ângulos constantes na quinta coluna da Tabela 33. Estes valores foram obtidos
somando-se a cada ângulo medido o valor de 000´25” (resultado obtido da divisão do erro angular
pelo número de ângulos medidos).
Feita esta operação parte-se para o cálculo dos azimutes dos restantes alinhamentos da
poligonal. Este cálculo é efetuado conforme foi tratado no capítulo de ângulos topográficos.
Apenas relembra-se que estes azimutes são obtidos aplicando-se a seguinte expressão geral:
𝐴𝑍𝑖 = 𝐴𝑍𝑖−1 ± 𝐴𝑖𝑖 ± 180°
Equação 65
Onde: 𝐴𝑍𝑖 – Azimute do alinhamento de ordem i na poligonal,
𝐴𝑍𝑖−1 – Azimute do alinhamento de ordem imediatamente anterior ao alinhamento de
ordem i.
98
𝐴𝑖𝑖 – Ângulo interno de ordem i da poligonal;
Lembra-se também que neste caso usa-se o sinal positivo do 𝐴𝑖𝑖 (ângulo interno no vértice
i) pois o sentido do caminhamento é antihorário (ver Figura 21). Se o sentido do caminhamento
perimétrico fosse horário o sinal do 𝐴𝑖𝑖 deveria ser negativo.
Desta forma a título de exemplo se calcula abaixo o azimute do segundo alinhamento da
̅̅̅̅̅̅̅
poligonal (2 − 3), valor este que parece na quarta linha e sexta coluna da Tabela 33.
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅
2−3 = 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅
1−2 + 𝐴𝑖2 − 180° = 75°54´33+122°29´59" − 180° = 18°24´32"
Lembrando também que, no caso do cálculo anterior o sinal do 1800 é negativo, pois a soma
de (75°54´33+122°29´59"= 198°24´22")>180°.
O cálculo dos azimutes dos outros alinhamentos são efetuados sequencialmente com
mesma expressão, até obter o azimute do último alinhamento da poligonal. Após calcular o
azimute do último alinhamento é importante fazer a operação de verificação de cálculo dos
azimutes que consiste em recalcular o azimute do primeiro alinhamento da poligonal. Ou seja,
efetuando-se a seguinte operação:
𝐴𝑧1−2
̅̅̅̅̅̅ = 𝐴𝑧4−1
̅̅̅̅̅̅ + 𝐴𝑖1 ± 180° = 197°51´22"+58°03´11" − 180° = 75°54´33"
Como o valor obtido pela expressão anterior foi exatamente igual ao azimute medido no
campo para o primeiro alinhamento da poligonal, significa que não houve erro no processo de
cálculo dos azimutes e que o erro angular foi corretamente compensado.
Feito o cálculo dos azimutes de todos os alinhamentos, podemos calcular as dimensões das
projeções x e y dos alinhamentos da poligonal em função das dimensões as distâncias horizontais
dos alinhamentos (que foram medidos no terreno) e dos valores de azimutes que acabamos de
calcular. Para isto usa-se a Equação 60 (para o cálculo da projeção x) e a Equação 61 (para o cálculo
da projeção y). Do ponto de vista prático o que se tem que fazer para obter as dimensões das
projeções x de todos os alinhamentos da poligonal é multiplicar na mesma linha da Tabela 33 o
valor da distância horizontal (DH) pela função Seno do Azimute deste alinhamento. Este valor
calculado é anotado em cada linha da tabela na coluna de Projeções x calculadas. A título de
exemplo apresenta-se abaixo o cálculo da projeção x do primeiro alinhamento da poligonal (1 ̅̅̅̅̅̅̅
− 2).
𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥̅̅̅̅̅̅
1−2 = 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
1−2. 𝑆𝑒𝑛 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅
1−2 = 206,730 × 𝑆𝑒𝑛 75°54´33" = 200,510
∑ 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥𝑖 = 0
𝑖=1
Equação 66
n
∑ Proj yi = 0
i=1
Equação 67
A Equação 66 nos alerta para o fato de que o somatório algébrico das projeções x dos
alinhamentos de uma poligonal fechada deve ser igual a zero. Da mesma forma conclui-se através
da observação da Equação 67 que o somatório algébrico das projeções y dos alinhamentos de uma
poligonal fechada deve ser igual a zero.
100
Tabela 33 – Tabela de cálculo analítico de uma poligonal de quatro vértices levantada por caminhamento perimétrico onde a compensação do
erro de fechamento da poligonal foi efetuada de forma proporcional as dimensões das projeções dos alinhamentos.
Tabela 34 - Tabela de cálculo analítico de uma poligonal de quatro vértices levantada por caminhamento perimétrico onde a compensação do
erro de fechamento da poligonal foi efetuada de forma proporcional as dimensões dos alinhamentos da poligonal.
101
As equações (Equação 66 e Equação 67) são fáceis de serem demostradas.
A demonstração da Equação 66 pode ser efetuada da seguinte maneira. Se escrevermos
a definição de projeção x para cada um dos quatro alinhamentos da poligonal usada no nosso
exemplo (ver Figura 21) obteremos o seguinte.
𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥1−2
̅̅̅̅̅̅ = 𝑋2 − 𝑋1
Equação 68
𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥2−3
̅̅̅̅̅̅ = 𝑋3 − 𝑋2
Equação 69
𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥3−4
̅̅̅̅̅̅ = 𝑋4 − 𝑋3
Equação 70
𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥4−1
̅̅̅̅̅̅ = 𝑋1 − 𝑋4
Equação 71
Nas equações (Equação 68 a Equação 71) as projeções x dos quatro alinhamentos da
poligonal estão expressas em função das coordenadas retangulares X dos pontos extremos de
seus alinhamentos. Agora se somarmos estas quatro equações obteremos o seguinte:
4
∑ 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝑖 = 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅
1−2 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅
2−3 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅
3−4 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅
4−1
𝑖=1
Equação 72
4
∑ 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝑖 = 𝑋2 − 𝑋1 + 𝑋3 − 𝑋2 + 𝑋4 − 𝑋3 + 𝑋1 − 𝑋4 = 0
𝑖=1
Equação 73
O mesmo raciocínio pode ser aplicado para as projeções y, ou seja, inicialmente se
expressa as projeções y dos quatro alinhamentos da poligonal em função dos coordenadas Y
dos pontos extremos de cada alinhamento, da seguinte maneira:
𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑦1−2
̅̅̅̅̅̅ = 𝑌2 − 𝑌1
Equação 74
Proj y2−3
̅̅̅̅̅̅ = Y3 − Y2
Equação 75
Proj y3−4
̅̅̅̅̅̅ = Y4 − Y3
Equação 76
Proj y4−1
̅̅̅̅̅̅ = Y1 − Y4
Equação 77
Agora se somarmos as equações (Equação 74 a Equação 77), obtemos:
4
∑ 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝑖 = 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦1−2
̅̅̅̅̅̅ + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦2−3
̅̅̅̅̅̅ + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦3−4
̅̅̅̅̅̅ + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦4−1
̅̅̅̅̅̅
𝑖=1
Equação 78
102
4
∑ Projyi = Y2 − Y1 + Y3 − Y2 + Y4 − Y3 + Y1 − Y4 = 0
i=1
Equação 79
As equações (Equação 73 e Equação 79) resultam igual a zero, pois parte-se do
princípio de que o polígono é definido em função das coordenadas retangulares de seus vértices.
O raciocínio análogo pode ser efetuado para o número obtido para a soma algébrica das
projeções y dos alinhamentos da poligonal. O valor obtido para esta soma é chamado de erro
em y (Ey). No nosso caso o Ey =-0,114m (negativo) nos indica inicialmente que a soma dos
valores negativos das projeções y dos alinhamentos da poligonal é 0,114 m maior do que a
soma dos valores das projeções y positivas. Este número tem o significado de nos mostrar o
quanto o ponto 1´ (ver Figura 22 e Tabela 33) está deslocado na direção norte-sul em relação
ao ponto 1 (ponto de partida do levantamento). O fato de termos obtido um valor negativo para
o Ey significa que o ponto de chegada 1´está mais ao sul do que o ponto 1 de partida. Caso
tivéssemos obtido um valor positivo para o Ey isto indicaria que o ponto 1´estaria mais ao norte
do que o ponto 1.
103
𝑛
𝐸𝑥 = ∑ 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝑖
𝑖=1
Equação 80
n
Ey = ∑ Projyi
i=1
Equação 81
Figura 28 – Representação gráfica das duas componentes (Ex e Ey) do erro linear absoluto de
fechamento da poligonal (ELFA).
2 2
𝐸𝐿𝐹𝐴 = √(∑𝑛𝑖=1 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝑖 ) + (∑𝑛𝑖=1 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝑖 ) = √𝐸𝑥 2 + 𝐸𝑦 2
Equação 82
Aplicando a Equação 82 ao exemplo da Tabela 33 obtém-se:
𝐸𝐿𝐹𝐴 = √0,3822 + (−0,114)2 = 0,3986 𝑚
Isto significa que as combinações dos erros cometidos tanto nas medições das
dimensões das distâncias horizontais dos alinhamentos da poligonal bem como os erros
cometidos na medição dos ângulos internos da poligonal resultou um afastamento entre o ponto
104
de partida do levantamento (ponto 1) e o ponto de chegada (ponto 1´) de 0,3986 metros ou
39,86 Cm.
É importante chamar a atenção para o fato de que embora o ELFA seja função tanto dos
erros nas medições de distâncias como dos erros nas medições dos ângulos geométricos, como
já descartamos a priori a existência de erros grosseiros na medição dos ângulos através da
verificação da dimensão do erro angular, se eventualmente o ELFA for muito grande, pode-se
afirmar que a fonte de erros neste caso é a medição das distâncias.
Após a determinação do ELFA, é necessário adotar algum critério para se julgar se a
dimensão deste erro é ou não tolerável.
Com relação a este critério é necessário efetuar a seguinte observação. O ELFA tende a
ser maior quanto maior for a dimensão do perímetro da poligonal. Desta forma a utilização pura
e simples do valor do ELFA como critério de aceitação da precisão do levantamento não é
muito utilizado. O ELFA se manifesta através de um valor linear (de distância). Já vimos
anteriormente um critério balizador de aceitação de erros em medição de distâncias que
normalmente é caracterizado como critério de 1 para 1000, ou seja, a cada 1000 metros medidos
admite-se errar 1 metro. Desta forma então, é possível, de posse do ELFA e da dimensão do
perímetro da poligonal, calcular o chamado Erro Linear de Fechamento Relativo da
poligonal (ELFR) que nada mais é do que a proporção da dimensão do ELFA em relação ao
perímetro da poligonal expresso em 1000 metros. Para calcular o erro linear de fechamento
relativo da poligonal usa-se a seguinte expressão:
𝐸𝐿𝐹𝐴
𝐸𝐿𝐹𝑅 = × 1000
𝑃𝑒𝑟í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜
Equação 83
Através então do valor do ELFR é que se toma uma decisão com relação à aceitação ou
não dos erros cometidos no levantamento. Se o valor do ELFR for menor do que 1 m por 1000
metros medidos (ou ainda 1 m para cada Quilometro medido) considera-se aceitável os erros
cometidos durante o levantamento e por conta disto podemos continuar os cálculos. Caso a
dimensão do ELFR for maior do que 1 m/Km retorna-se ao campo para verificar as dimensões
das distâncias dos alinhamentos da poligonal.
Para o cálculo do valor do ELFR precisamos saber a dimensão do perímetro da
poligonal. É possível visualizar na sétima coluna e na sétima linha da Tabela 33 o valor da
dimensão do perímetro da poligonal levantada (Perímetro = 826,070m), que foi obtido através
da soma das dimensões dos alinhamentos da poligonal.
Aplicando-se então a Equação 83 aos dados do nosso levantamento, obtemos:
0,3986
𝐸𝐿𝐹𝑅 = × 1000 = 0,4825 𝑚/𝐾𝑚
826,070
Como o ELFR = 0,4825 m/Km obtido é menor do que 1 m/Km considera-se que o
levantamento foi efetuado com precisões aceitáveis. Isto nos autoriza a continuar os cálculos.
Naqueles casos em que exista um erro grosseiro (grande) na medição da distância de
apenas um alinhamento da poligonal, é possível efetuar a determinação do rumo do alinhamento
onde provavelmente este erro na medição foi cometido. Entende-se como erro grande, aqueles
oriundos de anotação errônea ou ainda no caso de medição direta de distância aqueles erros na
contagem do número de vezes que a trena foi distendida ao longo do alinhamento. Que fique
claro que o procedimento que será explicado na sequência serve apenas para direcionar o
processo de verificação das dimensões das distâncias no campo. Ou seja, o procedimento deve
ser utilizado para elencar alguns alinhamentos onde provavelmente este erro está concentrado
105
ao invés de efetuar a medição de todos os alinhamentos novamente. Assim, a dimensão do rumo
do alinhamento onde o erro na medição de distância pode estar mais provavelmente localizado
é calculado através da seguinte expressão:
|𝐸𝑥 |
𝑇𝑔 𝑅𝑢𝐴𝑂𝐸𝐶 =
|𝐸𝑦|
Equação 84
Onde: 𝑇𝑔 𝑅𝑢𝐴𝑂𝐸𝐶 – Tangente trigonométrica do rumo do alinhamento onde o erro
grosseiro na medição da distância provavelmente tenha ocorrido.
|𝐸𝑥 |- Valor absoluto do erro de fechamento paralelo ao eixo X da poligonal.
|𝐸𝑦|- Valor absoluto do erro de fechamento paralelo ao eixo Y da poligonal.
A próxima etapa do cálculo é efetuar uma compensação dos erros de levantamento. A
lógica por trás da necessidade de efetuar a compensação dos erros do levantamento é: se
partimos do ponto 1, e depois de uma certa trajetória, na tentativa de retornar ao mesmo ponto,
não tivemos êxito, ou seja, ao invés de chegarmos ao ponto 1 chegamos no ponto 1´que está
uma distância de 0,3986 m do ponto 1, isto significa que todos os outros vértices contém um
erro de posicionamento. A ideia da compensação dos erros é então fazer uma tentativa de
correção na posição de todos os vértices da poligonal. A forma utilizada para efetuar a
compensação dos erros é justamente propor uma modificação nos valores individuais das
projeções x e y calculadas para os alinhamentos da poligonal de tal forma que os novos valores
de projeção x e y satisfaçam as equações (Equação 73 e a Equação 79), ou seja, que a soma
algébrica tanto das projeções compensadas x como y dos alinhamentos da poligonal resultem
em valores iguais a zero.
Existem várias formas de se calcular o quanto cada projeção x e y será modificada para
obter o valor da projeção compensada.
Na literatura especializada são citadas as seguintes formas de compensação dos erros de
medição:
- Compensação do erro de fechamento de forma proporcional as dimensões das
distâncias dos alinhamentos da poligonal.
- Compensação do erro de fechamento de forma proporcional das dimensões das
projeções individuais x e y dos alinhamentos da poligonal.
- Através de um ajustamento dos dados pelos princípios dos mínimos quadrados.
A terceira opção, ou seja, efetuar um ajustamento alicerçado no princípio dos mínimos
quadrados é a opção tecnicamente mais adequada. Entretanto o assunto é muito complexo para
ser tratado neste documento. O método consiste em atribuir valores de correção para as
observações (distâncias e ângulos medidos) de tal forma que estas correções atendam o
princípio de que a soma dos quadrados destas correções seja a mínima possível. O método ainda
contempla mais de um processo de cálculo. É possível efetuar o ajustamento da poligonal
usando o método paramétrico ou de variação de coordenadas ou ainda é possível efetuar um
ajustamento pelo método das condições ou método dos correlatos. Este assunto normalmente é
tratado em disciplinas de Ajustamento de Observações Geodésicas
Com relação ao método de compensação do erro de fechamento de forma proporcional
as dimensões das distancias dos alinhamentos da poligonal é possível afirmar que ele consiste
em distribuir as maiores parcelas do erro tanto em x (Ex) como em y (Ey) nos maiores
alinhamentos da poligonal.
106
Neste método os valores individuais das correções das projeções x e y individuais de
cada alinhamento da poligonal são calculadas através das seguintes expressões:
𝐸𝑥
∆𝑥̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 = − × 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹
𝑃𝑒𝑟í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜
Equação 85
Ey
∆y̅̅̅̅̅
I−F = − × DH̅̅̅̅̅
I−F
Perímetro
Equação 86
Onde: ∆𝑥𝐼−𝐹 𝐼−𝐹 – São respectivamente os valores de correção das projeções x e y
̅̅̅̅̅̅ e ∆𝑦̅̅̅̅̅̅
de cada alinhamento da poligonal. Estes valores deverão ser somados algebricamente às
projeções calculadas de cada alinhamento para obtermos os valores das projeções x e y
compensadas dos respectivos alinhamentos da poligonal.
Ex e Ey – São respectivamente os erros em x e em y da poligonal.
𝐼−𝐹 – É a dimensão da distância horizontal de cada alinhamento.
𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
O sinal negativo nas equações (Equação 85 e Equação 86) faz parte das expressões para
indicar que o sinal de todas as correções ∆𝑥̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 terão o sinal contrário do erro em x (Ex). Da
mesma forma o sinal de todas as correções ∆𝑦̅̅̅̅̅̅ 𝐼−𝐹 terão o sinal contrário do erro em y (Ey).
Estes valores de correções nas projeções calculadas de forma proporcional as dimensões dos
alinhamentos da poligonal são mostradas na Tabela 34. Como exemplo operacional, apresenta-
se abaixo o cálculo das correções das projeções x e y do primeiro alinhamento da poligonal.
0,382
∆𝑥̅̅̅̅̅̅
1−2 = − × 206,73 = −0,096
826,070
(−0,114)
∆𝑦1−2
̅̅̅̅̅̅ = − × 206,73 = 0,029
826,070
De forma semelhante calculam-se os valores de correção para as projeções x e y de todos
os alinhamentos. Estes valores deverão ser anotados nas colunas das correções das projeções x
e y da Tabela 34. Do ponto de vista prático ao aplicar a Equação 85 nota-se que os dois termos
Ex o Perímetro aparecem no cálculo das correções de todas as projeções x. Esta relação entre
o Ex e o Perímetro (com sinal negativo) chama-se de coeficiente de correção das projeções x.
O calculista poderá então, calcular o valor do coeficiente de correção e se estiver efetuando o
cálculo manual, colocar o valor do coeficiente na memória da calculadora e ir multiplicando
este valor pelos valores absolutos das projeções x dos alinhamentos para obter os seus valores
individuais de correção. A mesma observação pode ser efetuada com relação Equação 86. Neste
caso o coeficiente de correção das projeções y corresponde ao sinal negativo da relação entre o
Ey e o Perímetro.
Depois de efetuado o cálculo de todas as correções de projeções, é importante efetuar a
verificação do cálculo destes valores. Se os cálculos estiverem certos a soma dos valores de
correções das projeções de x e de y necessariamente serão iguais aos valores simétricos (mesmo
valor absoluto mas com sinal contrário) dos erros respectivos em x (Ex) e em y (Ey). Esta
verificação é mostrada na Tabela 34 (na sétima linha nas colunas das correções das projeções
x e y).
Como pode ser observado na Tabela 34, como consequência do critério utilizado, os
maiores valores de correção coincidirão com as maiores dimensões dos alinhamentos. Isto
acontece independente da orientação do alinhamento (azimute). Esta é uma questão que é
importante ser discutida do ponto de vista conceitual da distribuição do erro.
107
Antes de efetuar esta discussão, no entanto, é preciso abordar o seguinte aspecto teórico:
dado uma alinhamento com dimensão (comprimento) e orientação (azimute) conhecidos, qual
é o efeito de um erro na avaliação do comprimento deste alinhamento sobre os erros nos valores
de projeção x e y deste alinhamento?
Para se obter uma expressão para calcular a variação nos valores de projeção x e y de
um alinhamento em função da variação numérica do comprimento deste alinhamento,
precisamos derivar as expressões (Equação 60 e Equação 61) em relação distância horizontal e
em seguida multiplicar e estas derivadas pelo erro na distância horizontal. Em outra palavras
temos que calcular a diferencias das funções 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝐼−𝐹 ̅̅̅̅̅̅ e 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 em relação à 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹
.Efetuando-se esta operação, obtém-se as seguintes expressões:
𝜕𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹
𝑚𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝐼−𝐹
̅̅̅̅̅̅ = . 𝑚𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 = 𝑆𝑒𝑛 𝐴𝑧𝐼−𝐹
̅̅̅̅̅̅ . 𝑚𝐷𝐻𝐼−𝐹
̅̅̅̅̅̅
𝜕𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹
Equação 87
∂ProjyI−F
̅̅̅̅̅
mProj y̅̅̅̅̅
I−F = . mDH̅̅̅̅̅
I−F = Cos Az̅̅̅̅̅
I−F . mDH̅̅̅̅̅
I−F
∂DH̅̅̅̅̅
I−F
Equação 88
𝜕𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 𝜕𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹
Onde: e - São respectivamente as derivadas das projeções x e y do
𝜕𝐷𝐻𝐼−𝐹
̅̅̅̅̅̅ 𝜕𝐷𝐻𝐼−𝐹
̅̅̅̅̅̅
alinhamento em relação a distância horizontal do alinhamento.
𝑚𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 - Erro cometido na distância horizontal do alinhamento.
108
deste alinhamento de 0,2 m (20 Cm). Neste caso o erro proporcionado nos valores de projeção
x e y do alinhamento são apresentados abaixo.
𝑚𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 = 𝑆𝑒𝑛 197°51´22". ±0,2 = ± 0,061 𝑚
𝑚𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅
𝐼−𝐹 = 𝐶𝑜𝑠 197°51´22". ±0,2 = ±0,190 𝑚
109
(−0,114)
∆𝑦1 = − × |50,330| = 0,0002119 × |50,330| = +0,011
537,970
Quando se faz o cálculo através deste critério, é possível observar pela Equação 89 que
a relação entre o 𝐸𝑥/ ∑𝑛𝑖=1|𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝑖 | = −7,618 × 10−4 é constante para o cálculo das correções
de todas as projeções x. A relação entre estes dois valores chama-se de coeficiente de correção
das projeções x. Este valor multiplicado individualmente pelos valores absolutos das projeções
x dos alinhamentos resultarão nos valores de correção de cada projeção x.
A mesma observação pode ser efetuada em relação a Equação 90. Neste caso o
coeficiente de correção das projeções y corresponde a relação 𝐸𝑦/ ∑𝑛𝑖=1|𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝑖 | =
2,119 × 10−4 . Este valor multiplicado individualmente pelos valores absolutos das projeções
y dos alinhamentos da poligonal dos fornecerão os valores individuais de correção dos valores
de cada projeção y.
Os valores de correção x e y de todos os alinhamentos devem ser anotados nas colunas
respectivas da Tabela 33. A verificação de cálculo dos valores de correção se faz através da
soma dos valores dos mesmos. Assim a soma dos valores de correção das projeções x deve ser
igual ao valor simétrico do Ex. Da mesma forma, a soma dos valores de correção das projeções
y deve ser igual ao valor simétrico do Ey.
Efetuado o cálculo dos valores de correção das projeções x e y, devemos efetuar agora
o cálculo dos valores das projeções compensadas. O processo de cálculo é muito simples tanto
para o cálculo dos valores de projeção x como para os de projeção y e é independente do critério
utilizado para calcular os valores de correção das projeções. Em outras palavras, o processo é
o mesmo tanto para a situação de termos calculado os valores de correção das projeções de
forma proporcional às dimensões das distâncias dos alinhamentos Tabela 34) como para a
situação de termos calculados as correções de forma proporcional à dimensão das projeções dos
alinhamentos (Tabela 33).
O processo de obtenção dos valores de projeções compensadas x consiste em efetuar a
soma algébrica entre os valores de projeção calculada x e os seus valores respectivos de
correção ∆𝑥. Já para efetuar a o cálculo das projeções compensadas y devemos somar os valores
de projeções calculadas y com seus respectivos valores de correção ∆𝑦. Matematicamente isto
se escreve da seguinte forma:
𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎𝑑𝑎 𝑥𝑖 = 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥𝑖 + ∆𝑥𝑖
Equação 91
Proj compensada yi = Proj yi + ∆yi
Equação 92
Onde: 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎𝑑𝑎 𝑥𝑖 , 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎𝑑𝑎 𝑦𝑖 – São respectivamente as
projeções compensadas x e y do alinhamento de ordem i da poligonal.
𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥𝑖 , 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑦𝑖 – São respectivamente as projeções calculadas x e y do alinhamento
de ordem i da poligonal.
∆𝑥𝑖 , ∆𝑦𝑖 – são respectivamente os valores de correção calculadas para as projeções x e
y do alinhamento de ordem i da poligonal.
A título de exemplo mostra-se abaixo o cálculo necessário para se obter os valores das
projeções compensadas do primeiro alinhamento da poligonal (Tabela 33).
𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎𝑑𝑎 𝑥1 = 200,51 − 0,153 = 200,357
𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎𝑑𝑎 𝑦1 = 50,330 + 0,011 = 50,341
110
De forma semelhante calculam-se os valores de projeções compensadas x e y de todos
os alinhamentos da poligonal e preenchem-se as colunas correspondentes das tabelas (Tabela
33 e Tabela 34). Uma vez preenchida as células das tabelas com os valores de projeções
compensadas x e y dos alinhamentos é possível verificar se houve erro de cálculo. Para isto
devemos lembrar que todo o trabalho que tivemos para efetuar a compensação do erro de
fechamento linear da poligonal tinha por objetivo fazer com que a soma algébrica das projeções
compensadas x e y resultasse em valores iguais a zero, satisfazendo, portanto, as equações
(Equação 66 e Equação 67). A forma de verificação então é justamente efetuar o cálculo das
somas algébrica das projeções compensadas x e y para confirmar se estas somas respectivas
resultam em valores iguais a zero. Nas sétimas linhas e nas colunas das projeções compensadas
das tabelas (Tabela 33 e Tabela 34) aparecem estes valores de verificação.
Uma questão interessante de ser abordada é a seguinte: durante o processamento de
compensação do erro linear de fechamento absoluto alteramos os valores das projeções dos
alinhamentos da poligonal. A estas alterações nas dimensões das projeções dos alinhamentos,
correspondem alterações nos valores de comprimento, nos valores de azimutes dos
alinhamentos bem como alteração nos valores dos ângulos internos da poligonal. É possível
com os valores de projeções compensadas, efetuar o que se chama de reconstituição da
poligonal. Esta reconstituição da poligonal consiste em calcular os novos valores dos
comprimentos e dos azimutes dos alinhamentos, bem como os novos valores dos ângulos
internos da poligonal. Este cálculo é efetuado através de expressões que já vimos anteriormente.
Assim para calcular os valores compensados dos comprimentos dos alinhamentos utiliza-se a
Equação 62, só que agora, vamos usar as projeções compensadas ou corrigidas dos
alinhamentos. A título de exemplo calculamos abaixo a distância compensada do primeiro
alinhamento da poligonal usando os dados de projeção compensada da Tabela 33.
2 2
̅̅̅̅̅̅ = √𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎𝑑𝑎 𝑥1−2
𝐷𝐻 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎𝑑𝑎1−2 ̅̅̅̅̅̅ + 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎𝑑𝑎 𝑦1−2
̅̅̅̅̅̅
2 2
1−2 = √200,357 + 50,341 = 206,584𝑚
𝐷𝐻 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎𝑑𝑎̅̅̅̅̅̅
Se confrontarmos o valor calculado acima com o valor da distância medida para o
primeiro alinhamento da poligonal que foi igual a 206,730 m, nota-se que existe uma diferença
entre estes dois valores de 0,146 m ou 14,6 Cm.
Usando a expressão acima podemos calcular as distâncias compensadas de todos os
alinhamentos da poligonal.
Para calcular os valores dos azimutes compensados dos alinhamentos da poligonal,
podemos substituir os valores das projeções compensadas dos alinhamentos na Equação 64.
Esta equação nos conduzirá inicialmente ao valor do rumo dos alinhamentos e com o
procedimento explicado anteriormente, em função dos sinais das projeções, define-se o
quadrante que está posicionado o alinhamento e em seguida calcula-se o azimute do mesmo.
Abaixo apresenta-se como exemplo de cálculo a obtenção do valor do azimute compensado do
primeiro alinhamento do polígono em função das projeções compensadas calculadas na Tabela
33.
|𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎𝑑𝑎 𝑥1−2
̅̅̅̅̅̅ |
𝑇𝑔 𝑅𝑢1−2
̅̅̅̅̅̅ =
|𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎𝑑𝑎 𝑦1−2
̅̅̅̅̅̅ |
|200,357|
𝑇𝑔 𝑅𝑢1−2
̅̅̅̅̅̅ = = 3,97999642439
|50,341|
𝑅𝑢1−2
̅̅̅̅̅̅ = 75°53´45,67" 𝑁𝐸
111
Como as projeções x e y do alinhamento são positivas, o alinhamento está posicionado
no quadrante Nordeste (NE). Nesta situação o rumo do alinhamento é igual ao valor do azimute
do alinhamento. Neste caso, portanto, o azimute compensado do primeiro alinhamento do
polígono é igual a 75053´45,67”. Este ângulo apresenta uma diferença para o azimute calculado
para este alinhamento de 000´47”.
Para efetuar o cálculo dos ângulos internos compensados de cada vértice da poligonal
precisamos conhecer os valores dos azimutes compensados dos dois alinhamentos adjacentes
ao ângulo interno da poligonal. Assim, para calcular a dimensão do ângulo interno compensado
no primeiro vértice da poligonal precisamos, além de conhecer o valor do azimute compensado
do primeiro alinhamento da poligonal, precisamos conhecer também o azimute compensado do
último alinhamento da poligonal. Apresenta-se abaixo o cálculo do azimute compensado do
último alinhamento da poligonal.
|−86,737|
𝑇𝑔 𝑅𝑢̅̅̅̅̅̅
4−1 = = 0,32245796265
|−268,987|
𝑅𝑢̅̅̅̅̅̅
4−1 = 17°52´20,39" 𝑆𝑊
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅
4−1 = 17°52´20,39" + 180° = 197°52´20,39"
112
Tabela 35 - Comparação entre os valores medidos e os valores compensados para as dimensões
dos comprimentos e azimutes dos alinhamentos da poligonal bem como a dimensão dos ângulos
internos da poligonal para a situação em que o erro linear de fechamento foi compensado de
forma proporcional à dimensão das projeções dos alinhamentos.
Na quarta coluna das tabelas (Tabela 35 e Tabela 36) são apresentados respectivamente
os valores das dimensões das distâncias compensadas para os alinhamentos da poligonal nas
duas situações de compensação do ELFA. Na quinta coluna destas duas tabelas é informado o
valor da diferença entre o valor de distância medida e o valor da distância compensada. Se
compararmos estes valores de diferenças de distâncias é possível notar que, embora os valores
da Tabela 36 sejam menores do que os valores da Tabela 35, os valores de diferença entre as
distâncias da Tabela 35 em nenhum momento ultrapassou o limite de erro para a distância
(1m/Km).
Na oitava coluna das tabelas (Tabela 35 e Tabela 36) são informados os valores das
diferenças entre o ângulo interno lido e o ângulo interno compensado (que foi calculado em
função das projeções compensadas dos alinhamentos da poligonal). Através da observação
desta coluna das tabelas é possível observar que os valores das diferenças são bem maiores na
Tabela 36. Estas diferenças atingem proximamente o dobro do limite de erro para a medição de
ângulos (1 minuto de grau) nos vértices 1,3 e 4. Isto só acontece para o caso do vértice 4 na
Tabela 35.
É necessário enfatizar que a reconstituição da poligonal é sempre importante ser
realizada, já que é em função das dimensões dos comprimentos e azimutes compensados bem
como em função dos ângulos internos compensados nos vértices da figura que devemos efetuar
cálculos posteriores de posições de outros pontos levantados a partir dos vértices da poligonal
seja por irradiação ou intersecção ou ainda para efetuar divisões de áreas. Estes assuntos serão
abordados nas seções posteriores deste documento.
Depois de efetuada as determinações das projeções compensadas dos alinhamentos da
poligonal, o próximo passo do cálculo analítico é determinar os valores das coordenadas
retangulares dos vértices da poligonal.
O procedimento de cálculo das coordenadas retangulares dos vértices é simples e
independente da forma como foi realizada a compensação do erro de fechamento da poligonal.
Como foi explicado anteriormente, para iniciar o procedimento de cálculo das coordenadas dos
113
vértices é necessário definir a posição para a origem do sistema cartesiano. Do ponto de vista
prático a origem do sistema fica definida indiretamente no momento que arbitrarmos um par de
coordenadas retangulares para um dos vértices da poligonal. Nos exemplos das tabelas (Tabela
33 e Tabela 34), foi arbitrado que a origem do sistema cartesiano coincide com a posição do
primeiro vértice da poligonal. Isto significa que foram arbitradas o valor zero para as
coordenadas retangulares do primeiro vértice da poligonal, ou seja, X1 = 0 e Y1 = 0. Estes dois
valores aparecem nas tabelas (Tabela 33 e Tabela 34), nas colunas das coordenadas retangulares
e na linha em que o vértice 1 é o ponto de vante. Lembremos que foi convencionado
anteriormente que todo dado referente a ponto ou vértice (que é o caso das coordenadas) seria
posicionado nas tabelas no local em que este vértice aparece como ponto de vante. Enfatiza-se
que este é só um exemplo, e que é possível adotar quaisquer pares de valores para as
coordenadas do ponto inicial. Apesar desta possibilidade, o fato de atribuir o valor zero para os
valores de coordenadas retangulares de um dos vértices da poligonal traz algumas vantagens no
momento que formos efetuar a representação gráfica da figura.
Uma vez definida as coordenadas retangulares do primeiro vértice, podemos raciocinar
da seguinte maneira: a partir do vértice 1 parte um alinhamento na direção do vértice 2, cujo
azimute compensado é igual a 75053´46” (ver Tabela 35). A projeção x compensada deste
alinhamento é igual a 200,357m e a projeção compensada y deste alinhamento é igual a
50,341m (ver Tabela 33). Já que conhecemos as coordenadas retangulares do ponto 1 e as
projeções compensadas do primeiro alinhamento, é possível aplicar as porções das equações
(Equação 60 e Equação 61) que fazem a vinculação da dimensão da projeção com as
coordenadas retangulares dos pontos extremos do alinhamento. Em outras palavras, vamos
aplicar o princípio de que as projeções de um alinhamento sobre os eixos coordenados,
correspondem às diferenças entre as coordenadas de seus pontos extremos. Matematicamente é
possível escrever estas relações para o primeiro alinhamento da poligonal da seguinte maneira:
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅
1−2 = 𝑋2 − 𝑋1 → 𝑋2 = 𝑋1 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅
1−2
𝑋2 = 0 + 200,357 = 200,357𝑚 𝑒
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅
1−2 = 𝑌2 − 𝑌1 → 𝑌2 = 𝑌1 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅
1−2
𝑌2 = 0 + 50,341 = 50,341𝑚
Isto significa que para efetuar os cálculos das coordenadas retangulares do segundo
vértice da poligonal (vértice 2) basta efetuarmos a soma algébrica entre as coordenadas do
vértice anterior (vértice 1) e as projeções do alinhamento definido pelos dois pontos.
Conhecidas as coordenadas retangulares do segundo vértice, pode-se calcular as
coordenadas retangulares do terceiro vértice. Para isto temos aplicar as equações (Equação 60
e Equação 61) ao alinhamento definido pelos vértices 2 e 3, ou seja:
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥2−3
̅̅̅̅̅̅ = 𝑋3 − 𝑋2 → 𝑋3 = 𝑋2 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥2−3
̅̅̅̅̅̅
114
𝑌4 = 201,796 + 67,191 = 268,987𝑚
Como forma de verificação do cálculo é possível recalcular as coordenadas retangulares
do primeiro vértice aplicando as equações (Equação 60 e Equação 61) ao último alinhamento
da poligonal. Desta forma se não houve erro de cálculo obteremos os mesmos valores adotados
para as coordenadas do ponto 1 no início do processo. Ou seja:
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅
4−1 = 𝑋1 − 𝑋4 → 𝑋1 = 𝑋4 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅
4−1
𝑋4 = 86,737 + (−86,737) = 0𝑚 𝑒
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅
4−1 = 𝑌1 − 𝑌4 → 𝑌1 = 𝑌4 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅
4−1
𝑌4 = 268,987 + (−268,987) = 0𝑚
Depois de entendido a lógica do processo de cálculo é fácil automatizar o mesmo,
efetuando-o diretamente nas tabelas (Tabela 33 e Tabela 34). Para isto, basta que se some
algebricamente o valor das coordenadas do ponto inicial com as projeções compensadas do
alinhamento que parte deste ponto inicial e vai até segundo ponto. Estas projeções compensadas
estão localizadas na linha seguinte à linha da tabela onde estão posicionadas as coordenadas do
ponto inicial. Desta forma repetitiva calculam-se as coordenadas de todos os pontos, inclusive
a verificação do erro de cálculo.
Uma vez calculados os valores das coordenadas retangulares dos vértices da poligonal,
nos resta ainda calcular os valores constantes das últimas nas quatro colunas das tabelas (Tabela
33 e Tabela 34). O preenchimento destas últimas colunas tem por objetivo determinar a
dimensão da área da poligonal em função dos valores de coordenadas retangulares dos vértices
e das dimensões das projeções compensadas dos alinhamentos. Antes de detalharmos este
algoritmo de cálculo da área, vamos discutir algumas atividades que já podem ser realizadas
com os dados obtidos até aqui. Dentre esta atividades dentre podemos citar as seguintes:
- Podemos efetuar a representação gráfica em escala através do processo de plotagem
das coordenadas retangulares (que será explicado na seção 2.1.6.1.1);
- Podemos obter informações de distâncias e de orientações (azimutes) de alinhamentos
que não formam medidos diretamente no campo.
Esta é uma das grandes vantagens do método analítico de cálculo, ou seja, a versatilidade
de nos fornecer expressões gerais para serem utilizadas com o objetivo de obter dados de
distâncias e de azimutes de alinhamentos que não foram alvos do processo de medição no
terreno. Para dar exemplo desta versatilidade propomos a solução do seguinte problema: qual é
a distâncias horizontal e o azimute do alinhamento definido pelos pontos 2 e 4 (2̅̅̅̅̅̅̅
− 4).
Este problema é fácil de ser resolvido. Para determinar a distância horizontal deste
alinhamento basta que apliquemos as equações (Equação 62 e Equação 63) a este alinhamento,
ou seja:
2 2
̅̅̅̅̅̅ = √𝑃𝑟𝑜𝑥2−4
𝐷𝐻2−4 ̅̅̅̅̅̅ + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦2−4
̅̅̅̅̅̅
Equação 93
Mas,
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥2−4
̅̅̅̅̅̅ = 𝑋4 − 𝑋2 e 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦2−4
̅̅̅̅̅̅ = 𝑌4 − 𝑌2 , então:
2 2
̅̅̅̅̅̅ = √(𝑋4 − 𝑋2 ) + (𝑌4 − 𝑌2 )
𝐷𝐻2−4
Equação 94
115
Substituindo então os valores da Tabela 33 na Equação 94, obtém-se:
2 2
̅̅̅̅̅̅ = √(86,737 − 200,357) + (268,987 − 50,341)
𝐷𝐻2−4
2 2
2−4 = √(−113,62) + (218,646) = 246,405𝑚
𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
Equação 95
Chega-se então facilmente ao valor da distância horizontal entre os vértices 2 e 4 da
poligonal. Note que este valor de distância já está compensado dos erros de levantamento uma
vez que, para chegar a este valor, usou-se os valores de coordenadas retangulares dos vértices
que por sua vez, foram obtidas em função dos valores das projeções compensadas dos
alinhamentos da poligonal.
É interessante notar também que os dois valores entre parênteses na Equação 95
̅̅̅̅̅̅̅
correspondem às duas projeções x e y do alinhamento (2 − 4). Estas duas projeções são usadas
na sequência para obter o rumo e o azimute do alinhamento. Para isto inicialmente obtém-se o
valor do rumo do alinhamento através da aplicação da Equação 64 ao alinhamento (2 ̅̅̅̅̅̅̅
− 4).
Apresenta-se abaixo este cálculo.
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅
2−4 (−113,62)
𝑇𝑔𝑅𝑢2−4
̅̅̅̅̅̅ = | |=| | = 0,519652772
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦2−4
̅̅̅̅̅̅ 218,646
𝑅𝑢2−4
̅̅̅̅̅̅ = 27°27´31,57"𝑁𝑊 𝑜𝑢 𝑁𝑂
Note que o alinhamento está posicionado no quadrante noroeste (NW ou NO). Chegou-
se a esta conclusão em função do fato de que a projeção x do alinhamento é negativa e a sua
projeção y é positiva. O azimute neste caso é obtido efetuando-se a subtração de 3600 menos o
rumo do alinhamento, ou seja, o azimute é dado por:
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅
2−4 = 360° − 27°27´31,57" = 332°32´28,4"
116
de uma figura é que, independentemente do número de vértices que ela apresente, o método
oferece uma fórmula geral fácil de ser aplicada. O processo facilita também a elaboração de
softwares para automatização do cálculo. Também será demonstrado que o processo de cálculo
da dimensão da área pode ser efetuado sem que se necessite estar visualizando a representação
gráfica da poligonal.
Para explicar os princípios do processo de cálculo inseriu-se a Figura 29 onde aparece
representada a mesma poligonal de quatro vértices da Figura 21.
Figura 29 - Representação gráfica dos trapésios que são obtidos através das projeções
ortogonais dos alinhamentos da poligonal sobre o eixo Y do sistema carteiano.
Na Figura 29, os quatro vértices da poligonal apresentam suas posições vinculadas a um
sistema cartesiano plano de origem O. O semieixo positivo Y está orientado na direção do norte
do local e o semieixo positivo X está orientado na direção do leste do local. É possível notar
que a origem O está posicionada um pouco a oeste e um pouco ao sul do que o primeiro vértice
da poligonal (ponto1) de tal forma que as coordenadas X e Y do ponto 1 sejam positivas. Esta
é a única diferença desta poligonal em relação aquelas cujos cálculos analíticos foram efetuados
nas tabelas (Tabela 33 e Tabela 34). Lembre-se que nestas duas tabelas, quando se efetuou os
cálculos das coordenadas da poligonal, arbitrou-se que o par de coordenadas retangulares do
ponto 1 eram iguais a zero. Esta pequena diferenciação nas situações é importante para que se
possa generalizar a fórmula do cálculo de área. A posição de cada vértice da poligonal em
relação ao sistema cartesiano é materializada na Figura 29 através de um par de coordenadas
retangulares (X e Y) que foram obtidas através dos processos de cálculo descritos
anteriormente. Outro detalhe que aparece na Figura 29 são os pontos 1´, 2´, 3´ e 4´ que são o
resultado das projeções ortogonais respectivamente dos vértices 1, 2, 3 e 4 sobre o eixo Y do
sistema.
117
Visualizemos agora na Figura 29 quatro trapézios que são formados através da projeção
ortogonal de cada alinhamento da poligonal sobre o eixo dos Y. Os quatro são seguintes:
- O primeiro trapézio é aquele resultado da projeção ortogonal do primeiro alinhamento
̅̅̅̅̅̅̅
da poligonal (1 − 2) sobre o eixo dos Y. Ele é composto pelos pontos 1,2, 2´e 1´.
- O segundo trapézio é aquele resultado da projeção ortogonal do segundo alinhamento
̅̅̅̅̅̅̅
da poligonal (2 − 3) sobre o eixo Y. Ele é composto pelos pontos 2, 3, 3´ e 2´.
- O terceiro trapézio é aquele resultado da projeção ortogonal do terceiro alinhamento
̅̅̅̅̅̅̅
da poligonal (3 − 4) sobre o eixo Y. Ele é composto pelos pontos 3, 4, 4´ e 3´.
- O quarto trapézio é aquele resultado da projeção ortogonal do quarto alinhamento da
̅̅̅̅̅̅̅
poligonal (4 − 1) sobre o eixo Y. Ele é composto pelos pontos 4, 4´,1´ e 1.
Atento para a necessidade de generalização da fórmula que será obtida, é preciso que se
observe que se tivéssemos uma poligonal de cem vértices para calcular a área, teríamos que
projetar os cem alinhamentos da poligonal sobre o eixo dos Y, compondo desta forma cem
trapézios.
Apenas uma observação: Trapézio é uma figura geométrica plana que apresenta dois
lados paralelos. Na Figura 30 é apresentado dois trapézios com seus respectivos elementos
geométricos.
118
Onde: B – Base maior do trapézio.
b – Base menor do trapézio.
h– Altura do trapézio.
Dando sequência ao raciocínio, temos agora que calcular as áreas destes quatro trapézios
em função dos dados obtidos durante o processo de cálculo analítico da poligonal.
Se observarmos com cuidado a Figura 29, notaremos que as bases maiores e menores
destes quatro trapézios correspondem às coordenadas X dos vértices consecutivos da poligonal
e a altura destas figuras correspondem às projeções y de cada alinhamento da poligonal. Se
tomarmos como exemplo o primeiro trapézio, a sua base maior corresponde à coordenada X do
vértice 2 (X2) e a sua base menor corresponde à coordenadas X do ponto 1 (X1). Já a projeção
y do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
1 − 2 corresponde à altura deste trapézio. De forma semelhante é possível
efetuar esta associação para os outros trapézios. Desta maneira é possível calcular as áreas dos
quatro trapézios em função dos dados obtidos durante o processo de cálculo analítico da
poligonal através das seguintes expressões.
(𝑋1 + 𝑋2 ). 𝑃𝑟𝑜𝑦1−2
̅̅̅̅̅̅
𝐴𝑇1 =
2
Equação 98
(𝑋2 + 𝑋3 ). 𝑃𝑟𝑜𝑦̅̅̅̅̅̅
2−3
𝐴𝑇2 =
2
Equação 99
(𝑋3 + 𝑋4 ). 𝑃𝑟𝑜𝑦3−4
̅̅̅̅̅̅
𝐴𝑇3 =
2
Equação 100
(𝑋4 + 𝑋1 ). 𝑃𝑟𝑜𝑦4−1
̅̅̅̅̅̅
𝐴𝑇4 =
2
Equação 101
Onde: X1, X2, X3 e X4 – São respectivamente as coordenadas X dos vértices 1, 2, 3 e 4
na poligonal;
𝑃𝑟𝑜𝑦1−2
̅̅̅̅̅̅ , 𝑃𝑟𝑜𝑦2−3
̅̅̅̅̅̅ , 𝑃𝑟𝑜𝑦3−4 ̅̅̅̅̅̅ – São respectivamente as projeções y do
̅̅̅̅̅̅ 𝑒 𝑃𝑟𝑜𝑦4−1
primeiro, segundo, terceiro e quarto alinhamentos da poligonal.
É importante notar que as expressões (Equação 98 a Equação 101) podem nos conduzir
à valores positivos ou negativos das áreas de cada trapézio. Isto pode acontecer, pois tanto os
valores de coordenadas X dos vértices, como os valores de projeções y dos alinhamentos podem
apresentar sinais positivos ou negativos. Dependendo então da combinação algébrica dos sinais
destas variáveis, obteremos valores positivos ou negativos para a área dos trapézios. Se este
cálculo for efetuado para a poligonal cujos valores de coordenadas dos vértices e projeções de
alinhamentos constam nas tabelas (Tabela 33 e Tabela 34), notaremos que, por um lado as
coordenadas X de todos os vértices são positivas. Por outro lado a única projeção y que é
negativa é a do último alinhamento da poligonal. Em função desta situação, ao aplicarmos as
expressões (Equação 98 a Equação 101), obteremos valores de área positiva para os três
primeiros trapézios e valor negativo para a área do quarto trapézio. Desta forma então se
conclui, que basta o calculista efetuar o cálculo das áreas dos trapézios envolvidos (respeitando
seus devidos sinais) e em um segundo momento efetuar uma soma algébrica destes valores de
áreas para obter a dimensão da área do polígono. Isto pode ser efetuado de forma automática
119
sem necessitar se preocupar em saber qual o trapézio cuja área deve ser somada e qual deve ter
sua área subtraída.
Se voltarmos agora a nossa atenção novamente para as tabelas (Tabela 33 e Tabela 34),
podemos notar que a décima sexta coluna destas tabelas (aquelas em cujos cabeçalhos aparecem
o termo somas binárias e logo abaixo Xi+Xi+1), foi inserida na tabela justamente para que em
cada linha seja inserido o valor correspondente à soma algébrica da coordenadas X dos vértices
consecutivos da poligonal. Fazendo agora uma associação dos valores contidos nesta coluna
das tabelas (Tabela 33 e Tabela 34), com as expressões (Equação 98 a Equação 101), percebe-
se que estes valores anotados nas tabelas correspondem à soma das bases maior e menor de
cada trapézio. Assim, o valor contido nesta coluna, na primeira linha após o cabeçalho,
considerando-se que inicialmente i=1, então, Xi+Xi+1=X1+X2. Para efetuar o cálculo correto o
calculista terá saber que a coordenadas X do ponto 1 está posicionado nas tabelas onde este
ponto aparece como ponto de vante, ou seja, lá na última linha da tabela na coluna das
coordenadas X. No nosso caso, pelo exemplo da Tabela 33, X1=0, que somado a coordenada
X2=200,357, resulta o valor X1+X2=200,357 que é o valor armazenado na primeira linha de
somas binárias das coordenadas X na Tabela 33. Na segunda linha após o cabeçalho, i passa a
ser igual a 2, então , Xi+Xi+1=X2+X3. Sendo X2=200,357 e X3=250,716, então X2+X3=451,07.
E assim sucessivamente, até o último valor em que i=4, então, X i+Xi+1=X4+X1. Ou seja, como
a poligonal tem quatro vértices o último valor de somas binárias corresponderá a soma algébrica
da coordenada X do último vértice mais a coordenada X do primeiro vértice (ver Equação 101).
Calculados os valores das somas binárias das coordenadas X é possível efetuar uma
verificação dos dados calculados. A forma de verificar é efetuando a soma algébrica dos valores
de somas binárias das coordenadas X. Esta soma deve ser igual ao dobro da soma dos valores
de coordenadas X dos vértices. Esta verificação é apresentada nas tabelas (Tabela 33 e Tabela
34).
O próximo passo é efetuar a multiplicação dos valores armazenados na coluna de soma
binária das coordenadas X com os valores de projeção compensada y dos respectivos
alinhamentos. Desta forma, os valores armazenados na décima oitava coluna das tabelas
(Tabela 33 e Tabela 34), coluna esta, que tem como cabeçalho identificador os termos duplas
áreas (Projyi.(Xi+Xi+1)), são justamente o resultado do produto entre o valores armazenados na
coluna da soma binária das coordenadas X com o valor da projeção compensada em cada linha
das referidas tabelas. Estes produtos correspondem ao dobro da área de cada um dos quatro
trapézios (por isso caracterizado como valores de duplas áreas) e podem apresentar sinais
positivos ou negativos como já tinha sido mencionado. Na primeira linha após o cabeçalho e na
décima oitava coluna da Tabela 33 está anotado o valor 10.086,19 m2 que é o resultado da
multiplicação da projeção y compensada do primeiro alinhamento (50,341 m) vezes o primeiro
valor de somas binária das coordenadas X (200,357m). As demais linhas desta coluna são
preenchidas de forma semelhante. Feito o cálculo das duplas áreas dos trapézios, precisamos
efetuar a soma algébrica destes valores para obter o dobro da área do polígono. Efetuada a soma
das duplas áreas e , dividindo por dois este valor, obteremos a dimensão da área da poligonal
em m2. Os resultados destas operações são apresentados na porção inferior das tabelas (Tabela
33 e Tabela 34).
Muito bem, mas se já obtivemos o valor da área da poligonal, qual a razão da existência
das décima sétima e décima nona colunas das tabelas (Tabela 33 e Tabela 34)? A resposta para
esta pergunta é que estas duas colunas servem apenas como uma forma de verificação de cálculo
da área da poligonal e é interessante usá-las na situação de estarmos efetuando o cálculo manual
(o que hoje em dia, com os recursos computacionais que dispomos, é desnecessário). De
qualquer forma é importante explicar os princípios de cálculos destas colunas. Assim como
compusemos os quatro trapézios projetando os alinhamentos da poligonal sobre o eixo Y,
120
podemos fazer uma operação análoga, só que projetando agora, os alinhamentos da poligonal
sobre o eixo dos X. Ao compor os trapézios, projetando os alinhamentos da poligonal sobre o
eixo dos X, a base maior e menor de cada trapézio passam a ser as coordenadas Y dos vértices
consecutivos da poligonal e as projeções x dos alinhamentos passam a ser as alturas dos
trapézios. Desta forma então, para operacionalizar este cálculo adicionam-se às tabelas (Tabela
33 e Tabela 34) a décima sétima coluna contendo os valores de soma binária das coordenadas
Y (Yi+Yi+1) e a décima nona coluna contendo os valores das duplas áreas dos trapézios
(Projxi.(Yi+Yi+1)). Os valores das somas binárias das coordenadas Y são obtidos de maneira
semelhante à forma com que foram obtidos os valores das somas binárias das coordenadas X.
Já os valores das duplas áreas dos trapézios formados através da projeção dos alinhamentos da
poligonal sobre o eixo dos X, obtém-se multiplicando na mesma linha das tabelas os valores
contidos nas somas binárias das coordenadas Y pelos valores das projeções compensadas x dos
alinhamentos da poligonal. Finalmente a soma algébrica destas duplas áreas dos trapézios
resultará no dobro da área do polígono. O sinal da soma algébrica destas duplas áreas terá sinal
contrário daquele obtido para a soma algébrica das duplas áreas dos trapézios construídos sobre
o eixo dos X. No entanto, deverá ter o mesmo valor absoluto, caracterizando desta forma, a
correção do cálculo.
Os valores das áreas do polígono aparecem nas porções inferiores das tabelas (Tabela
33 e Tabela 34). É possível visualizar na Tabela 33 que a dimensão da área da poligonal para a
situação de se ter compensado os erros de levantamento proporcional a dimensões das projeções
dos alinhamentos foi igual a 38.873,088 m2. Já a área da poligonal na situação em que os erros
de levantamento foram compensados de forma proporcional à dimensão dos alinhamentos da
poligonal foi 38.875,167 m2. Apesar de existir questões teóricas importantes na forma com que
o erro de fechamento da poligonal é compensado, a diferença de procedimentos na
compensação destes erros, neste caso, terminou não repercutindo de forma significativa na
dimensão da área (diferença de 0,005%).
Cabe ainda sobre esta questão de determinação da área da poligonal efetuar algumas
discussões adicionais. O procedimento explicado até aqui nos fornece uma forma para calcular
a dimensão da área de uma poligonal, desde que se conheçam os valores das coordenadas
retangulares dos vértices da poligonal bem como a dimensão das projeções x ou y dos
alinhamentos da mesma. O objetivo que nos conduzirá a partir deste ponto, é obter uma
expressão matemática que nos permita calcular a dimensão da área apenas em função dos
valores das coordenadas retangulares dos vértices, ou seja, sem necessitar conhecer a dimensão
das projeções dos alinhamentos. Isto nos será útil em várias situações que serão estudadas nas
seções seguintes.
O processo para se obter esta expressão não é nada complicado.
Vimos anteriormente que a área de um polígono de n vértices pode ser obtido pela soma
algébrica dos trapézios constituídos a partir da projeção destes alinhamentos sobre o eixo dos
Y, ou seja,
𝐴𝑝𝑜𝑙í𝑔𝑜𝑛𝑜1,2,3,…,,𝑛 = 𝐴𝑇1 + 𝐴𝑇2 + 𝐴𝑇3 + ⋯ + 𝐴𝑇𝑛
Equação 102
Onde: 𝐴𝑝𝑜𝑙í𝑔𝑜𝑛𝑜1,2,3,…,,𝑛 - Área do polígono definido pelos n vértices.
𝐴𝑇1, 𝐴𝑇, 𝐴𝑇3 , … , 𝐴𝑇𝑛 - São as áreas dos n trapézios originados das projeções dos n
alinhamentos da poligonal sobre o eixo dos Y.
Mas como vimos, as áreas destes n trapézios podem ser calculadas pelas seguintes
expressões:
121
(𝑋1 + 𝑋2 ). 𝑃𝑟𝑜𝑦1−2
̅̅̅̅̅̅
𝐴𝑇1 =
2
Equação 103
(𝑋2 + 𝑋3 ). 𝑃𝑟𝑜𝑦̅̅̅̅̅̅
2−3
𝐴𝑇2 =
2
Equação 104
(𝑋3 + 𝑋4 ). 𝑃𝑟𝑜𝑦3−4
̅̅̅̅̅̅
𝐴𝑇3 =
2
Equação 105
⋮
(𝑋𝑛 + 𝑋1 ). 𝑃𝑟𝑜𝑦𝑛−1
̅̅̅̅̅̅
𝐴𝑇𝑛 =
2
Equação 106
Agora, substituindo as expressões (Equação 103 a Equação 106) na Equação 102 obtém-
se:
Equação 107
No entanto,
̅̅̅̅̅̅ = (𝑌2 − 𝑌1 ), 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦2−3
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦1−2 ̅̅̅̅̅̅ = (𝑌3 − 𝑌2 ), … , 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝑛−1
̅̅̅̅̅̅ = (𝑌1 − 𝑌𝑛 )
Equação 108
A sequência de expressões apresentadas na Equação 108 apenas nos lembram que as
projeções Y de cada alinhamento pode ser obtida através da diferença de coordenadas Y do
ponto final do alinhamento menos a coordenadas Y do ponto inicial do alinhamento.
Substituindo agora as expressões contidas nas Equação 108 na Equação 107 obtém-se:
2. 𝐴𝑝𝑜𝑙í𝑔𝑜𝑛𝑜1,2,3,…,,𝑛 = (𝑋1 + 𝑋2 ). (𝑌2 − 𝑌1 ) + (𝑋2 + 𝑋3 ). (𝑌3 − 𝑌2 ) + … + (𝑋𝑛 + 𝑋1 ). (𝑌1 − 𝑌𝑛 )
Equação 109
A Equação 109 já nos mostra uma opção para determinar o valor da área do polígono
em função apenas dos valores de coordenadas retangulares dos vértices, ou seja, sem necessitar
dos valores das projeções dos alinhamentos. Vamos apenas trabalhar algebricamente esta
expressão para obter uma equação mais fácil de apresentar.
2. 𝐴𝑝𝑜𝑙í𝑔𝑜𝑛𝑜1,2,3,…,,𝑛 = 𝑋1 . 𝑌2 − 𝑋1 . 𝑌1 + 𝑋2 . 𝑌2 − 𝑋2 . 𝑌1 + 𝑋2 . 𝑌3 − 𝑋2 . 𝑌2 + 𝑋3 . 𝑌3 − 𝑋3 . 𝑌2 +
+ ⋯ + 𝑋𝑛 . 𝑌1 − 𝑋𝑛 . 𝑌𝑛 + 𝑋1 . 𝑌1 − 𝑋1 . 𝑌𝑛
Eliminando os termos Xi.Yi que aparecem duplicados e com sinais trocados e reescrevendo a
equação obtém-se:
2. 𝐴𝑝𝑜𝑙í𝑔𝑜𝑛𝑜1,2,3,…,,𝑛 = 𝑋1 . 𝑌2 − 𝑋2 . 𝑌1 + 𝑋2 . 𝑌3 − 𝑋3 . 𝑌2 + ⋯ + 𝑋𝑛 . 𝑌1 − 𝑋1 . 𝑌𝑛
Equação 110
122
Colocando em evidências X1, X2, X3, ...e Xn, obtém-se a chamada fórmula de Gauss para o
cálculo da área de uma poligonal de n vértices em função das coordenadas retangulares de seus vértices:
Equação 112
Com relação a fórmula de Gauss é possível efetuar ainda alguns comentários. É muito
citado na bibliografia o chamado processo matricial de determinação da área de um polígono
em função das coordenadas retangulares dos vértices. Ela é muito usada por prover uma forma
gráfica de solução do problema e por esse motivo é facilmente memorizável. Este processo de
cálculo consiste em montar uma matriz de ordem (n+1)x2, onde n corresponde ao número de
vértices da poligonal. Em cada linha desta matriz são posicionadas as coordenadas X e Y de
cada vértice (ver Equação 113). Depois de posicionadas as coordenadas de todos os vértices na
matriz, na última linha da mesma, repetem-se novamente as coordenadas do primeiro vértice
da poligonal. Montada esta matriz, efetua-se um cálculo semelhante à forma como se calcula o
determinante de uma matriz a de ordem 2. Como pode ser visualizado na Equação 113, com
este processo de cálculo são gerados os mesmos termos da Equação 111, mostrando, portanto,
que é possível usar esta forma gráfica para se obter os termos corretos para se calcular a
dimensão da área de um polígono qualquer, em função das coordenadas de seus vértices. O
processo se presta bem para calcular não só o valor da área da poligonal original (aquela
levantada por caminhamento perimétrico), mas qualquer sub polígono composto por uma
sequência qualquer de vértices que se tenha interesse em determinada situação prática. Isto
mostra aquela versatilidade que tínhamos mencionado com relação à generalização do processo
de cálculo e a facilidade de se automatizar o mesmo através de meios computacionais
Equação 113
Chama-se a atenção que a operação realizada na Equação 113 resulta do dobro do valor
da área do polígono (perceba o termo a esquerda do sinal de igualdade).
Apenas para dar um exemplo numérico de aplicação da Equação 113, supomos que
depois de realizado o cálculo analítico da poligonal da Tabela 33, deseja-se, por alguma razão,
calcular, a dimensão da área definida pelos vértices 2,3 e 4 da poligonal. Aplicando-se a
Equação 113 a esta situação obtém-se:
123
𝑋2 𝑌2
𝑋3 𝑌3
2. 𝐴𝑝𝑜𝑙í𝑔𝑜𝑛𝑜2,3,4 = [ ] = 𝑋2 . 𝑌3 + 𝑋3 . 𝑌4 + 𝑋4 . 𝑌2 − (𝑋3 . 𝑌2 + 𝑋4 . 𝑌3 + 𝑋2 . 𝑌4 )
𝑋4 𝑌4
𝑋2 𝑌2
Equação 114
Substituindo então os valores das coordenadas dos pontos 2,3 e 4 calculadas na Tabela
33, obtém-se na Equação 114:
2. 𝐴𝑝𝑜𝑙í𝑔𝑜𝑛𝑜2,3,4 = 200,357𝑥201,796 + 250,716𝑥268,987 + 86,737𝑥50,341 − (250,716𝑥50,341 + 86,737𝑥201,796
+ 200,357𝑥268,987)
2. 𝐴𝑝𝑜𝑙í𝑔𝑜𝑛𝑜2,3,4 = 112237,281 − 84018,084
28219,134
𝐴𝑝𝑜𝑙í𝑔𝑜𝑛𝑜2,3,4 = = 14019,567 𝑚2 = 1,4019567 𝐻𝑒𝑐𝑡𝑎𝑟𝑒𝑠
2
2.1.6.1.1 Representação gráfica da poligonal usando o processo de plotagem das
coordenadas retangulares dos vértices
Depois de ter efetuado todo o cálculo analítico da poligonal, é possível usar os dados
obtidos durante este cálculo para efetuar a representação gráfica da mesma em escala. Os dados
que normalmente são utilizados para a plotagem dos pontos na planta topográfica são as
coordenadas retangulares dos pontos. Em síntese o processo consiste em desenhar o sistema
cartesiano na folha de papel. Com o sistema cartesiano desenhado, tomam-se os valores de
coordenadas retangulares dos pontos, reduz-se estes valores segundo uma escala numérica
escolhida previamente, obtendo-se o que se chama de coordenadas retangulares gráficas dos
pontos. Com estes valores gráficos de coordenadas, mede-se com uma régua, a partir da origem
do sistema, o valor de coordenada gráfica X identificando a projeção ortogonal do vértice sobre
o eixo dos X. Faz-se a mesma coisa com o valor de coordenada gráfica Y. Finalmente traçam-
se retas perpendiculares aos respectivos eixos, identificando desta forma a posição dos vértices
no ponto de intersecção destas duas retas.
No entanto, antes de iniciar a plotagem, será necessário efetuar duas operações. São
elas`
- Escolher a escala numérica de representação que fará um uso racional do espaço
gráfico disponível para o desenho. Isto significa que, fornecido o espaço para o desenho deve-
se escolher uma escala numérica de representação que ao mesmo tempo seja pequena o
suficiente para caber todos os pontos que precisam ser representados. No entanto ela não pode
ser excessivamente pequena que aconteça a situação de termos um espaço gráfico enorme e os
pontos representados ocupando uma pequena área do mesmo.
- Depois de definida a escala de representação, precisamos determinar a posição da
origem do sistema cartesiano na folha, de tal forma que, após todos os pontos serem plotados,
o desenho fique perfeitamente centrado no espaço útil da folha.
A primeira operação a ser realizada deve ser a escolha da escala numérica de
representação. A escolha da escala numérica de representação vai depender do espaço gráfico
disponível para o desenho, confrontado com as dimensões reais da área a ser representada. Aqui
aparece mais uma vantagem do processo analítico de cálculo. Uma vez que conheçamos as
coordenadas retangulares de todos os pontos a serem representados no papel, é possível
determinar as dimensões reais de um retângulo envolvente de toda a área a ser representada.
Esse retângulo envolvente seria um retângulo perfeitamente circunscrito na área a ser
representada. Na Figura 31 é ilustrado o retângulo envolvente de uma poligonal a ser
representada. A largura deste retângulo é obtida efetuando-se a diferença entre o maior valor
124
de coordenadas X entre os pontos a serem representados menos o menor valor de coordenadas
X entre os pontos a serem representados. Matematicamente isso se escreve da seguinte forma:
𝐿𝑅𝐸 = 𝑋𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 − 𝑋𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎
Equação 115
Onde: LRE – Largura do retângulo envolvente
𝑋𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 - Maior valor de coordenada X entre os pontos a serem representados;
𝑋𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎 - Menor valor de coordenada X entre os pontos a serem representados;
Já a altura do triângulo envolvente corresponderá à diferença entre o maior valor de
coordenada Y entre os pontos a serem representados menos o menor valor de coordenada Y
entre os pontos a serem representados, ou seja:
𝐻𝑅𝐸 = 𝑌𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 − 𝑌𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎
Equação 116
Onde : 𝐻𝑅𝐸 – Altura do retângulo envolvente;
𝑌𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 - Maior valor de coordenada Y entre os pontos a serem representados;
𝑌𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎 - Menor valor de coordenada Y entre os pontos a serem representados;
No exemplo da Figura 31 a dimensão da largura do retângulo envolvente é igual 250,716
m e a altura do retângulo é igual a 268,987 m.
Para determinar racionalmente a escala numérica de representação de tal forma que o
desenho ocupe razoavelmente o espaço gráfico disponível para efetuar o desenho, devemos
efetuar a confrontação das dimensões do retângulo envolvente da área a ser representada com
o retângulo gráfico disponível para efetuar o desenho. O retângulo disponível para efetuar o
desenho depende a rigor do formato de papel escolhido para realizar a representação gráfica.
Os formatos de papel utilizados em desenho técnicos no Brasil bem como as dimensões das
margens dos formatos são especificados por uma norma da ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas) caracterizada nos arquivos da ABNT como NBR 10.068 (Norma Brasileira).
Esta norma será detalhada nas seções seguintes. Por enquanto, vamos apenas citar que,
especificadas as dimensões do formato de papel e descontadas as dimensões das margens e a
largura do selo, nos resultará um retângulo útil para efetuar o desenho. Apenas chama-se a
atenção de que o selo de uma folha de desenho técnico corresponde a um retângulo,
normalmente posicionado no canto inferior direito da folha de desenho. Neste retângulo devem
constar informações importantes para identificar o desenho técnico.
O retângulo útil disponível para o desenho apresentará uma dada largura medida na
mesma direção do texto do selo que chamaremos de espaço útil paralelo ao eixo X (EUX). Para
efetuar a escolha da escala numérica que melhor ocupe este EUX deveremos confrontar este
valor gráfico com a largura do triângulo envolvente (LRE). De forma análoga, a dimensão do
retângulo útil perpendicular à orientação do texto do selo será chamada de espaço útil paralelo
ao eixo Y (EUY). Para determinar a escala numérica que melhor fará uso do EUY, deveremos
confrontar esta dimensão gráfica com a altura do retângulo envolvente (HRE). Serão então
determinadas inicialmente duas escalas: uma na direção do eixo X e outra na direção do eixo
Y. Em um segundo momento em função destes dois valores de escala determinadas, será
escolhida uma escala definitiva única para as duas direções como é explicado na sequencia.
Consideremos para efeito de exemplo que o EUX = 148 mm e o EUY = 179 mm. Este espaço
útil é apenas um exemplo (fora das normas de desenho). Ele foi adotado para que seja possível
fazer a impressão em escala do desenho neste documento.
125
Figura 31 - Representação e cálculo das dimensões do triângulo envolvente da poligonal a ser
representada.
O procedimento da escolha da escala deverá ser efetuada da seguinte maneira:
Sabemos por definição que a escala numérica de representação é a relação constante que
deve existir em um desenho técnico entre uma distância gráfica e a distância real correspondente
do objeto a ser representado. Esta relação é normalmente representada por uma fração, que nas
escalas de redução, o numerador é igual a 1 e o denominador é o chamado módulo da escala,
ou seja,
𝑑 1
𝐸= =
𝐷 𝑀
Equação 117
Onde: d – Distância gráfica (ou distância no desenho)
D- Distância real do objeto representado.
E – Escala numérica de representação.
M – Módulo da escala.
O módulo da escala representa, nas escalas de redução, o número de vezes que uma
distância real do objeto é reduzida para ser representada no desenho.
Se invertermos a Equação 117 obtemos:
𝐷
𝑀=
𝑑
Equação 118
126
O que temos que efetuar agora é determinar a dimensão dos módulos das escalas que
dariam o aproveitamento total tanto do espaço paralelo ao eixo X como o espaço paralelo ao
eixo Y. Para isto calculemos inicialmente o módulo da escala paralela ao eixo X (Mx),
considerando que a distância real seja igual a LRE e a distância gráfica igual ao EUX. Efetuando
este cálculo obtém-se:
𝐿𝑅𝐸 250,716 𝑚
𝑀𝑥 = = = 1.694,027
𝐸𝑈𝑋 0,148 𝑚
Equação 119
Note que no cálculo efetuado acima devemos ter o cuidado para colocar as duas
distâncias na mesma unidade. Feito este cálculo, chega-se a conclusão que a escala que daria o
aproveitamento total do espaço disponível paralelo ao eixo X seria de 1:1.694,027. Dar
aproveitamento total do espaço paralelo ao eixo X significa que o ponto que estiver posicionado
mais a direita (aquele de maior coordenada X entre todos) ficará posicionado sobre o lado
direito do retângulo útil. Da mesma forma, o ponto mais a esquerda (aquele de menor
coordenada X) ficará posicionado no lado esquerdo do retângulo útil.
Façamos agora o cálculo do módulo da escala paralela ao eixo Y (My). Para isto
consideremos que a distância real seja igual a HRE e a distância gráfica seja o EUY, ou seja:
𝐻𝑅𝐸 268,987𝑚
𝑀𝑦 = = = 1502,7206
𝐸𝑈𝑌 0,179𝑚
Equação 120
Com o cálculo acima, chega-se a conclusão de que a escala numérica que daria o
aproveitamento total do espaço paralelo ao eixo Y seria de 1:1.502,7206. Mais uma vez, dar
aproveitamento total do espaço paralelo ao eixo Y significa que o ponto que estiver posicionado
mais acima (aquele de maior coordenada Y) ficará posicionado sobre o lado superior do
retângulo útil. Da mesma forma, o ponto mais abaixo (aquele de menor coordenada Y) ficará
posicionado no lado inferior do retângulo útil.
Como devemos escolher uma única escala para representar tanto as coordenadas X
como as Y, entre as duas escalas que foram determinadas usaremos como referência aquela
cujo módulo foi maior, ou seja, a escala paralela ao eixo X (que corresponde à menor escala).
Se escolhêssemos como referência a escala maior (aquela paralela ao eixo Y), notaríamos que
o espaço útil paralelo ao eixo X não seria grande o suficiente para caber todos os pontos a serem
representados. Muito bem, então a escala a ser escolhida, neste caso, deverá apresentar módulo
necessariamente maior do que o módulo calculado na Equação 119 e ao mesmo tempo que
apresente um valor arredondado e que esteja dentro daqueles mais usados em desenho técnico.
Neste caso, poderíamos usar, por exemplo, o módulo 1750. Isto significa que a escala numérica
a ser escolhida seria igual a 1:1.750. Esta escala dará o aproveitamento quase total do espaço
paralelo ao eixo X. Na direção do eixo Y, no entanto, ficará sobrando um pouco de espaço.
Escolhida a escala de representação que dará o aproveitamento racional do espaço
gráfico útil, devemos nos preocupar agora, com o posicionamento da origem do sistema
cartesiano na folha do papel. A origem do sistema cartesiano deve ser posicionada de tal forma
que, após todos os pontos estarem plotados no papel, o desenho fique perfeitamente centrado
no espaço útil disponível. Para isto devemos executar os seguintes procedimentos. Inicialmente
devemos calcular os espaços paralelos aos eixos X e Y que realmente serão ocupados com o
desenho. À porção do espaço útil paralelo ao eixo X que será realmente ocupado com o desenho
chamaremos de EOX e à porção do espaço útil paralelo ao eixo Y que será utilizado
chamaremos de EOY. A determinação destes dois valores se efetua calculando as distâncias
127
gráficas correspondentes aos valores reais de LRE (largura do retângulo envolvente) e HRE
(altura do retângulo envolvente) na escala 1:1500. Isto se efetua da seguinte maneira
𝐿𝑅𝐸 250,716 𝑚
𝐸𝑂𝑋 = = = 0,1433 𝑚 𝑜𝑢 143,3 𝑚𝑚
𝑀 1750
Equação 121
HRE 268,987m
EOY = = = 0,1537 m ou 153,7mm
M 1750
Equação 122
O resultado da Equação 121 nos alerta para o fato de que, dos 148 mm do espaço útil
paralelo ao eixo X disponível, utilizaremos com o desenho 143,3 mm. A diferença entre estes
dois valores será igual à porção do espaço útil paralelo ao eixo X que ficará sem uso, ou seja,
4,7 mm. Se quisermos centrar o desenho no espaço útil paralelo ao eixo X, devemos dividir este
espaço por dois para determinarmos qual a distância que os pontos mais a esquerda (aquele de
menor coordenada X) e mais a direita (aquele de maior coordenada X) deverão ficar
posicionados dos limites esquerdo e direito respectivamente do retângulo útil. Esta divisão
resulta em 2,4 mm. Donde se conclui que, para o desenho ficar centrado no espaço paralelo ao
eixo X o ponto mais a esquerda (aquele de menor coordenada X, que pelo exemplo da Figura 1
é o ponto 1) deverá estar posicionado a 2,4 mm do limite esquerdo do retângulo útil da folha.
Esta informação será útil para definirmos a posição do eixo Y na folha. Como sabemos que este
ponto 1 apresenta uma coordenada X real igual a -150 m (ver Figura 31), a distância do eixo Y
do limite esquerdo do espaço útil dever ser igual a soma dos 2,4 mm mais a distância gráfica
correspondente à coordenada X do ponto 1 na escala 1:1750 (85,7 mm). Ou seja, a distância do
eixo Y do limite esquerdo do espaço útil deve ser igual a 88,1 mm. Este cálculo pode ser
automatizado pela expressão abaixo:
(𝐸𝑈𝑋 − 𝐸𝑂𝑋) 𝑋𝑀í𝑛𝑖𝑚𝑎 . 1000 (−150.1000)
𝐷𝑌𝐿𝐸 = −( ) = 2,4 − = 88,1 𝑚𝑚
2 𝑀 1750
Equação 123
Onde: DYLE – Distância em milímetros do eixo Y ao limite esquerdo do retângulo útil.
EUX – Espaço útil paralelo ao eixo X em milímetros.
EOX – Espaço ocupado pelo desenho paralelamente ao eixo X em milímetros.
Xmínima – Coordenada X mínima em metros.
M – Módulo da escala da planta.
Se quisermos automatizar o processo todo em uma única expressão, podemos substituir
a Equação 121 na Equação 123 e trabalhar algebricamente a expressão obtendo:
1
𝐷𝑌𝐿𝐸 (𝑚𝑚) = . [𝑀. 𝐸𝑈𝑋 − 1000. (𝐿𝑅𝐸 + 2. 𝑋𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎 )]
2. 𝑀
Equação 124
1
𝐷𝑌𝐿𝐸 (𝑚𝑚) = . [1750.143 − 1000. (250,716 + 2. (−150))] = 88,1 𝑚𝑚
2.1750
Chama-se a atenção que na Equação 124 as variáveis LRE e Xmínima são colocadas em
metros e a variável EUX é colocada em milímetros.
O resultado da Equação 122 nos alerta para o fato de que, dos 179 mm do espaço útil
paralelo ao eixo Y disponível, utilizaremos com o desenho apenas 153,7 mm. A diferença entre
128
estes dois valores será igual à porção do espaço útil paralelo ao eixo Y que ficará sem uso, ou
seja, 25,3 mm. Se quisermos centrar o desenho no espaço útil paralelo ao eixo Y, devemos
dividir este espaço por dois para determinarmos qual a distância que os pontos mais inferior
(aquele de menor coordenada Y) e mais superior (aquele de maior coordenada Y) deverão ficar
posicionados dos limites inferior e superior respectivamente do retângulo útil. Esta divisão
resulta em 12,7 mm. Donde se conclui que, para o desenho ficar centrado no espaço paralelo
ao eixo Y o ponto mais a inferior (aquele de menor coordenada Y, que pelo exemplo da Figura
1 também é o ponto 1) deverá estar posicionado a 12,7 mm do limite inferior do retângulo útil
da folha. Esta informação será útil para definirmos a posição do eixo X na folha. Como sabemos
que este ponto 1 apresenta uma coordenada Y real igual a -100 m (ver Figura 31), a distância
do eixo X do limite inferior do espaço útil dever ser igual a soma dos 12,7 mm mais a distância
gráfica correspondente à coordenada Y do ponto 1 na escala 1:1750 (57,14mm). Ou seja, a
distância do eixo Y do limite inferior do espaço útil deverá ser igual a 69,8mm. Este cálculo
pode ser automatizado pela seguinte expressão:
(𝐸𝑈𝑌 − 𝐸𝑂𝑌) 𝑌𝑀í𝑛𝑖𝑚𝑎 . 1000 (−100.1000)
𝐷𝑋𝐿𝐼 = −( ) = 12,7 − = 69,8 𝑚𝑚
2 𝑀 1750
Equação 125
Onde: DXLI – Distância em milímetros do eixo X ao limite inferior do retângulo útil.
EUY – Espaço útil paralelo ao eixo Y em milímetros.
EOY– Espaço ocupado pelo desenho paralelamente ao eixo Y em milímetros.
Ymínima – Coordenada Y mínima em metros.
M – Módulo da escala da planta.
Se quisermos automatizar o processo todo em uma única expressão, podemos substituir
a Equação 122 na Equação 125 e trabalhar algebricamente a expressão obtendo:
1
𝐷𝑋𝐿𝐼 (𝑚𝑚) = . [𝑀. 𝐸𝑈𝑌 − 1000. (𝐻𝑅𝐸 + 2. 𝑌𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎 )]
2. 𝑀
Equação 126
1
𝐷𝑋𝐿𝐼 (𝑚𝑚) = . [1750.179 − 1000. (268,987 + 2. (−100))] = 69,8 𝑚𝑚
2.1750
Chama-se a atenção mais uma vez que na Equação 126 as variáveis HRE e Ymínima são
colocadas em metros e a variável EUX é colocada em milimetros.
Feito estes cálculos podemos desenhar com traços bem finos os eixos X e Y do sistema
cartesiano na folha. Apenas repetindo para deixar bem claro, no exemplo dado, o eixo Y será
desenhado a 88,1 mm do limite esquerdo do retângulo útil da folha e o eixo X será desenhado
a 69,8 mm do limite inferior do retângulo útil. A origem do sistema ficará posicionada,
logicamente, no ponto de intersecção dos dois eixos desenhados. Os eixos deverão ser traçados
ocupando todo o limite dos espaços uteis paralelos aos respectivos eixos como mostra a Figura
32. Estes dois traços que representarão os eixos X e Y serão a origem do chamado Canevá.
Chama-se Canevá a uma série de linhas paralelas aos respectivos eixos cartesianos que são
desenhados nas folhas. Estas linhas normalmente apresentam um espaçamento gráfico de 5
centímetros entre elas na folha. As linhas paralelas ao eixo Y são cotadas com a informação do
valor de coordenada X (em metros) que os pontos representados ao longo delas apresentarão
no terreno. Assim a primeira linha, distanciada de 5 Cm do eixo Y e a direita do referido eixo,
será cotada, no nosso exemplo, com o valor de 87,5m (que corresponde à distância real de 5
Cm na escala 1:1750). A segunda linha paralela ao eixo Y a direita deste eixo seria cotado com
129
o valor de 175 m A primeira linha paralela ao eixo Y a esquerda deste eixo seria cotado com o
valor de -87,5 m. Da mesma forma são desenhadas retas paralelas ao eixo X acima e abaixo
deste eixo distanciadas de 5 Cm uma da outra. De forma análoga estas retas seriam cotadas com
o valor de coordenada Y (em metros) que os pontos representados ao longo delas apresentarão
no terreno. Assim a primeira linha paralela ao eixo X acima deste eixo e distanciada dele de 5
Cm seria cotado com o valor de 87,5m. Estas informações de distâncias são desenhadas na
intersecção destas retas com o limite do espaço útil conforme mostra a Figura 32.
A partir daí é possível começar a plotagem dos pontos. Para plotar cada ponto necessita-
se calcular as distâncias gráficas correspondentes às coordenadas X e Y de cada ponto. Esta
operação se faz aplicando a Equação 118 onde as distâncias reais (D) corresponderão às
coordenadas retangulares X e Y de cada ponto, obtidas durante o cálculo analítico da área. O
módulo da escala é aquele determinado durante o processo de escolha da escala e a coordenada
gráfica é o que se quer determinar (d). Determinados os valores de coordenadas gráficas é
possível plotar a posição dos mesmos no papel. Ao plotar cada ponto não se deve esquecer de
identificá-los com o seu número de ordem que foi dado a ele durante o levantamento. No
momento que concluirmos a plotagem de todos os pontos, será possível perceber o desenho
perfeitamente centrado no espaço útil da folha.
Como exemplo de plotagem calcula-se abaixo as coordenadas gráficas do ponto 4 do
exemplo da Figura 31:
𝑋4 −63,263𝑚
𝑋4𝑔 = = = −0,0361 𝑚 𝑜𝑢 − 36,1 𝑚𝑚
𝑀 1750
𝑔 𝑌4 168,987𝑚
𝑌4 = = = 0,0965 𝑚 𝑜𝑢 96,5 𝑚𝑚
𝑀 1750
Onde: 𝑋4𝑔 , 𝑌4𝑔 – São respectivamente as coordenadas gráficas X e Y do ponto 4.
Como pode ser observado o ponto 4 deverá ser desenhado a esquerda da origem (sinal
negativo da coordenada X gráfica) a 36,1 mm de distância da origem. Ao mesmo tempo será
plotado acima da origem (coordenada Y positiva) a uma distância da mesma de 96,5 mm.
É importante o leitor notar que o fato de usarmos os valores de coordenadas retangulares
para desenhar a posição dos pontos no papel faz com que as posições dos pontos sejam aquelas
já compensadas dos erros de levantamento. Este processo de plotagem também é facilitado se
formos efetuar o desenho através de softwares gráficos.
130
Figura 32- Figura ilustrativa do esquema de uma planta topográfica com canevá.
.
131
2.1.6.2 Exercícios propostos para o tema
a)Na Tabela 37 constam os dados do levantamento de uma poligonal fechada de seis
vértices levantada por caminhamento perimétrico no sentido anti-horário. Com estes dados
pede-se que se façam as seguintes atividades:
- Efetuar o cálculo analítico completo da poligonal. Este cálculo deverá ser em tabela
(planilha). Apenas devem ser destacados da planilha os cálculos dos erros angular e lineares de
fechamento contendo uma observação sobre a razão pela qual estes erros podem ser
considerados toleráveis. Esta afirmação deve estar acompanhada de justificativa. O azimute do
primeiro alinhamento da poligonal está informado na Tabela 37. A compensação do erro linear
de fechamento da poligonal deve ser efetuada de forma proporcional as dimensões das
projeções dos alinhamentos. Considere que as coordenadas retangulares do primeiro vértice da
poligonal tenham valores iguais a zero.
- Efetue a reconstituição da poligonal a partir das projeções compensadas dos
alinhamentos (cálculo das distâncias horizontais e dos azimutes dos alinhamentos bem como
dos ângulos internos compensados).
- Calcular analiticamente as distâncias e os azimutes dos alinhamentos 2-5 e 3-6;
- Calcular analiticamente através fórmula matricial a área do sub polígono definido
pelos pontos 2,4,5 e 6;
- Efetuar a representação gráfica da poligonal em escala em papel formato A4. Para a
plotagem dos pontos use o método das coordenadas retangulares dos vértices.
Tabela 37 -Dados do levantamento planimétrico de uma poligonal de seis vértices efetuado
através do método do caminhamento perimétrico no sentido anti horário.
133
O estudo que fizemos até agora com relação às restrições de uso dos diversos métodos de
levantamento nos indica que o método mais adequado para levantar esta área seria o método do
caminhamento perimétrico. Pois é este método que não apresenta restrição de uso nestas
situações. Além disto, é o único método que oferece o controle total das operações de medição.
No entanto, para levantar a poligonal real através do método do caminhamento perimétrico, os
vértices desta figura devem ser ocupados pelo aparelho topográfico, ou seja, para medir os
ângulos geométricos (ângulos internos) da poligonal real bem como a dimensão dos
alinhamentos da mesma, seria necessário que o aparelho fosse instalado em todos os vértices
da poligonal real. Esta instalação, via de regra, não é possível de ser realizada, uma vez que,
em cada vértice da poligonal real (se ela é uma área cercada) existe um moirão de cerca. Mesmo
que a instalação do aparelho sobre cada vértice da poligonal real fosse possível, provavelmente
não existiria visibilidade entre os vértices consecutivos desta poligonal para que pudéssemos
medir a dimensão dos ângulos geométricos e a dimensão dos alinhamentos da mesma. Por estas
e por outras razões de ordem prática é que se termina definindo uma outra poligonal que será
levantada através do método do caminhamento perimétrico e que está identificada na Figura 33
como poligonal básica. A poligonal básica será uma poligonal cujas posições dos vértices serão
definidas e materializadas (com piqueta e estaca-testemunha) no terreno pelo topógrafo. A
poligonal básica deverá ter como requisito fundamental que o seu perímetro acompanhe
proximamente os limites da poligonal real. A poligonal básica, como mostra a Figura 33, pode
passar ora por dentro da poligonal real ora por fora. Outra questão interessante de notar é que o
número de vértices da poligonal básica, no caso da Figura 33, é bem maior do que o número de
vértices da poligonal real. No exemplo da Figura 33, para levantar uma poligonal real de seis
vértices, foi necessário efetuar o levantamento por caminhamento perimétrico de uma poligonal
básica de 18 vértices. Em outras situações, no entanto, o número de vértices da poligonal básica
poderá será menor ou até igual ao número de vértices da poligonal real.
O leitor deve estar ponderando, muito bem, vamos definir uma poligonal básica de tal
forma que ela acompanhe proximamente os limites da poligonal de real interesse, vamos
levantar esta poligonal básica através do método do caminhamento perimétrico. Este
levantamento por caminhamento perimétrico vai nos permitir executar o cálculo analítico desta
poligonal básica e, como produto deste cálculo, poderemos verificar e compensar os erros de
levantamento. Em um segundo momento, poderemos chegar aos valores de coordenadas
retangulares dos vértices desta figura. Em função destes dados poderíamos até determinar a
dimensão da área da poligonal básica. No entanto, não é a área da poligonal básica que nos
interessa. Estamos interessados especificamente na posição dos vértices e na dimensão da área
da poligonal real. Neste momento é que entra o uso dos outros métodos de levantamento como
métodos auxiliares ao método do caminhamento perimétrico. Os métodos de levantamento que
são utilizados como auxiliares ao método do caminhamento perimétrico são os métodos de
irradiação (ou coordenadas polares) e o de intersecção (ou coordenadas bipolares). Estes
métodos serão utilizados para efetuar o levantamento das posições dos vértices da poligonal
real em relação a alguns vértices da poligonal básica.
Para que fique claro o procedimento de levantamento no campo e o uso consorciado
destes métodos, expliquemos como se dá a sequência de operações de medição. O processo de
medição começa com a escolha da posição e respectiva materialização ou marcação (com
piquetas e estacas-testemunhas) dos vértices da poligonal básica. Feito isto se instala o aparelho
na estação E1 da poligonal básica. Após a instalação, zera-se o limbo horizontal do aparelho na
direção do último vértice da poligonal básica (E18) e em seguida colima-se o vértice 1 da
poligonal real efetuando-se a leitura e anotando-se o valor do ângulo 𝐸18 𝐸1̂ 1. Imediatamente
após efetuar a leitura deste ângulo, coletam-se os dados para determinar a distância horizontal
entre a estação E1 e o ponto 1. Com a medição destes dados é possível afirmar que se está
utilizando o método de irradiação para levantar a posição do vértice 1 da poligonal real a partir
134
da estação E1 da poligonal básica. Neste caso a estação E1 faz o papel de polo do levantamento
por irradiação. A dimensão do ângulo horizontal 𝐸18 𝐸1 ̂ 1 e a distância horizontal 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝐸1−1
definem de forma inequívoca a posição do vértice 1 da poligonal real em relação à estação E1
da poligonal básica e são chamados no linguajar técnico de dados de “amarração” do vértice 1
da poligonal real em relação a estação E1 da poligonal básica. Será visto nas seções seguintes
que, com estes dados de amarração dos vértices reais (vértice da poligonal real) coletados será
possível calcular as coordenadas retangulares de cada vértice da poligonal real. Após coletar os
dados de “amarração” do vértice 1 da poligonal real, colima-se a estação E2 e faz-se a leitura e
anotação do ângulo interno da poligonal básica na estação E1 (ângulo 𝐸18 𝐸1 ̂ 𝐸2) e coleta-se
e anota-se os dados para a determinação da distância horizontal do primeiro alinhamento da
poligonal básica (𝐷𝐻𝐸1−𝐸2
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ). Com isto fica claro que a medição dos dados de amarração dos
vértices reais e os dados da poligonal básica são efetuados em sequência, aproveitando desta
forma a instalação do aparelho em cada estação da poligonal básica. Feito estas observações,
muda-se o aparelho topográfico para a segunda estação da poligonal básica (E2). Após o
aparelho estar instalado nesta estação, colima-se e zera-se o limbo horizontal do aparelho na
direção do vértice anterior da poligonal básica (E1), e, como não existe nenhum vértice real
para levantar nas proximidades da estação 2, apenas necessitamos colimar a próxima estação
da poligonal básica (E3), efetuando a leitura e anotando o valor do ângulo interno neste segundo
vértice da poligonal básica. Da mesma forma precisamos coletar e anotar os dados para
determinar a distância horizontal do segundo alinhamento da poligonal (𝐷𝐻𝐸2−𝐸3 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ). E assim o
levantamento vai sendo realizado. Nas estações E3, E4, E5 e E6 apenas necessitaremos medir
os ângulos internos da poligonal básica e as distâncias horizontais dos alinhamentos da mesma.
Quando chegarmos à estação E7, entretanto, além dos dados da poligonal básica (ângulo interno
̂ 𝐸8 e distância 𝐷𝐻𝐸7−𝐸8
𝐸6 𝐸7 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ), devemos também coletar os dados de amarração do vértice 2
da poligonal real em relação à estação E7 da poligonal básica. Na estação E7 então, após o
aparelho estar instalado, devemos colimar e zerar o limbo horizontal na direção da estação
anterior (E6) e em seguida colimar o vértice 2 da poligonal real efetuando a leitura e anotando
o valor do ângulo horizontal 𝐸6 𝐸7 ̂ 2. Em seguida coleta-se e anota-se os dados para determinar
a distância horizontal entre a estação E7 e o vértice 2 da poligonal real (𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅̅𝐸7−2). Na sequência
colima-se a estação E8 e mede-se o ângulo interno da poligonal básica e a distância horizontal
do sétimo alinhamento da mesma.
Nas estações E8, E9 e E10, mais uma vez, não existe nenhum vértice real para levantar.
Nestas estações então, devemos coletar apenas os dados de ângulos internos e de distâncias dos
alinhamentos da poligonal básica. Já nas proximidades da estação E11 aparece o terceiro vértice
da poligonal real (vértice 3).
Note que o procedimento de medição em cada estação da poligonal básica se repete, ou
seja, instala-se o aparelho na estação, colima-se e zera-se o limbo horizontal do aparelho na
direção do vértice anterior da poligonal básica e a partir dai colima-se cada ponto cuja posição
se deseja levantar a partir deste local de estação, anotando os valores de ângulos horizontais e
distâncias horizontais na direção do ponto de interesse.
Assim, instalado o aparelho da estação E11, colimamos e zeramos o limbo horizontal
na direção da estação E10 e em seguida colimamos o vértice 3 da poligonal real efetuando a
̂ 3. Na sequência coletam-se e anotam-se os dados
leitura anotando o ângulo horizontal 𝐸10 𝐸11
para se determinar a distância horizontal 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸11−3 . Posteriormente se colima a estação E12 e
se faz a medição do ângulo interno da poligonal básica nesta estação (𝐸10 ̂
𝐸11 𝐸12) e coletam-
se os dados para determinar a dimensão da distância horizontal correspondente ao décimo
primeiro alinhamento da poligonal básica (𝐷𝐻𝐸11−𝐸12
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ).
135
Nas estações E12, E13 e E14, novamente não existem vértices reais para levantar. Desta
forma então, o trabalho de medição nestas três estações se resumiria à medição dos dados da
poligonal básica em cada um destes vértices.
Quando chegamos à estação E15, notamos uma situação particular (ver Figura 33).
Neste caso, é possível notar que a poligonal básica se distanciou mais do que o normal dos
limites da poligonal real (especificamente em relação aos vértices 4 e 5 da poligonal real). É
possível perceber também que existe um curso d´água separando as posições das estações da
poligonal básica destes dois vértices da poligonal real. Esta situação particular foi
propositadamente simulada para dar um exemplo de como o método de levantamento por
interseção ou coordenadas bipolares pode ser utilizada como método auxiliar ao método do
caminhamento perimétrico. Como vimos anteriormente, o método de levantamento por
intersecção se aplica muito bem em levantamentos de pontos de difícil acesso. O curso d´água,
neste caso, serve como dificultador do acesso a estes dois pontos. Apesar da dificuldade de
acesso, em cada um destes pontos existe um moirão de cerca que podem ser visualizados a
partir das estações E15 e E16 da poligonal básica. Aliás, as posições destas duas estações da
poligonal básica foram escolhidas de forma que estes dois pontos pudessem ser visualizados a
partir das mesmas. Desta forma, então, é possível usar o método de intersecção para levantar as
posições destes dois pontos. Se o leitor não está lembrado deste método de levantamento, é
necessário que retorne à seção 2.1.4 para reler a mesma. Desta forma, então todas as condições
são satisfeitas para que os vértices reais 4 e 5 sejam levantados por intersecção a partir da
estações E15 e E16 da poligonal básica. O alinhamento definido por estes dois pontos de estação
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
(𝐸15 − 𝐸16) fará o papel de base da intersecção. O processo de coleta dos dados para efetuar
o levantamento destes dois pontos através do método de intersecção é explicado na sequência.
Inicialmente instalamos o aparelho topográfico na estação E15 da poligonal básica, em seguida
colimamos e zeramos o limbo horizontal na direção do vértice anterior da poligonal básica
(E14). Na sequência colima-se o vértice real 4, efetuando-se a leitura e a anotação apenas do
ângulo 𝐸14 𝐸15 ̂ 4. Note que a distância horizontal 𝐷𝐻𝐸15−4 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ não será medida. Se esta distância
fosse medida o ponto 4 estaria sendo levantado através do método de irradiação. Em seguida
colima-se o ponto 5 efetuando a leitura e anotando apenas o valor do ângulo horizontal
𝐸14 𝐸15̂ 5. Finalmente, colima-se a próxima estação da poligonal (E16) e efetua-se a leitura e
anotação do ângulo interno da poligonal básica (𝐸14𝐸15 ̂ 𝐸16) e coletam-se os dados para
determinar a dimensão da distância horizontal do décimo quinto alinhamento da poligonal
básica (𝐷𝐻𝐸15−𝐸16
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ). Com estes dados coletados encerramos o processo de medição na estação
E15. É importante o leitor notar que quando medimos apenas o ângulo horizontal que a direção
dos pontos 4 e 5 formam com a direção do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝐸15 − 𝐸14 da poligonal básica, os
dados para a determinação das posições destes dois pontos estão incompletas. Estes dois
ângulos a rigor definem as direções ou orientações dos alinhamentos ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝐸15 − 4 e ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸15 − 5, mas
não definem as distâncias que os dois pontos 4 e 5 estão da estação E15. Por esta razão, estes
dois pontos devem ser observados na estação seguinte (E16).
O processo de medição na estação E16 da poligonal básica é a seguinte: após instalar o
aparelho na estação E16, colima-se e zera-se o limbo horizontal na direção da estação anterior
da poligonal básica (E15) e, em seguida colima-se os vértices reais 4 e 5 efetuando-se a leitura
e a anotação dos ângulos 𝐸15 𝐸16 ̂ 4 e 𝐸15 𝐸16 ̂ 5 respectivamente. Para encerrar as operações
de medição nesta estação, colima-se a estação E17, medindo-se o ângulo interno da poligonal
básica na estação E16 e coletando-se os dados para determinar a distância horizontal do décimo
sexto alinhamento da poligonal básica (𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸16−𝐸17). Com esta sequência de operações temos
todos os dados necessários para efetuar a determinação das distâncias que não foram medidas
no terreno e que são fundamentais para se determinar as posições dos vértices reais 4 e 5, ou
seja, as distâncias horizontais 𝐷𝐻𝐸15−4
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ , 𝐷𝐻𝐸15−5
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ , 𝐷𝐻𝐸16−4
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ e 𝐷𝐻𝐸16−5
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ . As distâncias 𝐷𝐻𝐸15−4
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
136
e 𝐷𝐻𝐸16−4
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ serão determinadas através da aplicação da lei dos senos no triângulo definido pelos
pontos E15, E16 e 4. Já as distâncias 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸15−5 e 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸16−5 são determinadas através do uso da
lei dos senos ao triângulo definido pelos pontos E15, E16 e 5.
Vejamos agora como seria efetuado o cálculo das distâncias 𝐷𝐻𝐸15−4
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ e 𝐷𝐻𝐸16−4
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ . Para
isto destacamos e ampliamos a porção da Figura 33 onde aparecem as estações E15, E16 e o
vértice real 4. Esse destaque mostrado na Figura 34.
Figura 34 - Detalhamento dos dados do levantamento do ponto 4, por intersecção a partir das
estações E15 e E16 da poligonal básica.
Para aplicar a lei dos senos ao triângulo definido pelos pontos E15, E16 e 4, é preciso
obter os valores dos ângulos internos deste triangulo em função dos ângulos medidos durante o
processo de levantamento. Assim é possível visualizar pela Figura 34 que o ângulo interno deste
triângulo no vértice E15, ou seja, o ângulo 𝐸16 ̂ 𝐸15 4 pode ser obtido pela diferença entre o
ângulo de amarração do ponto 4 medida na estação E15 e o ângulo interno da poligonal básica
na estação E15. Matematicamente é possível escrever então que:
̂ 4 = 𝐸14 𝐸15
𝐸16 𝐸15 ̂ 4 − 𝐸14 𝐸15
̂ 𝐸16
Equação 127
Já o ângulo interno do triângulo no vértice E16 pode ser obtido pela diferença entre 3600
e o ângulo de amarração do vértice 4 na estação E16, ou seja:
̂ 𝐸15 = 360° − 𝐸15 𝐸16
4 𝐸16 ̂ 4
Equação 128
Conhecido os ângulos internos do triângulo nos vértices E15 e E16, o terceiro ângulo
do triângulo (aquele oposto a base da intersecção), calcula-se pela diferença entre 1800 e a soma
dos outros dois ângulos, ou seja:
̂ 4 + 4 𝐸16
𝐸15 4̂ 𝐸16 = 180° − (𝐸16 𝐸15 ̂ 𝐸15)
Equação 129
Agora temos todos os dados para aplicar a lei dos senos ao triângulo definido pelos
pontos E15, E16 e 4 com o objetivo de determinar as distâncias 𝐷𝐻𝐸15−4
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ e 𝐷𝐻𝐸16−4
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ . Aplicando
então a lei dos senos ao triângulo obtém-se:
137
𝐷𝐻𝐸15−4
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝐷𝐻𝐸15−𝐸16
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝐷𝐻𝐸16−4
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
= =
̂ ̂
𝑆𝑒𝑛 4 𝐸16 𝐸15 𝑆𝑒𝑛 𝐸15 4 𝐸16 𝑆𝑒𝑛 𝐸16 𝐸15 ̂ 4
Equação 130
Isolando-se as duas distâncias que precisamos calcular na Equação 130, obtém-se:
𝐷𝐻𝐸15−𝐸16 ̂ 𝐸15
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ . 𝑆𝑒𝑛 4 𝐸16
𝐷𝐻𝐸15−4
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ =
𝑆𝑒𝑛 𝐸15 4̂ 𝐸16
Equação 131
E
𝐷𝐻𝐸15−𝐸16 ̂ 4
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ . 𝑆𝑒𝑛 𝐸16 𝐸15
𝐷𝐻𝐸16−4
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ =
𝑆𝑒𝑛 𝐸15 4̂ 𝐸16
Equação 132
Apenas volta-se a mencionar que o alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸15 − 𝐸16 faz o papel, neste caso, de
base da intersecção.
Processo semelhante de cálculo pode ser efetuado para se determinar as distâncias
𝐷𝐻𝐸15−5
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ e 𝐷𝐻𝐸16−5
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ . A título de exercício sugere-se que o leitor elabore o caminho matemático
para chegar aos valores destas distâncias.
Uma observação importante é necessária que seja feita. No processo de cálculo das
distâncias entre as estações E15 e E16 e os pontos 4 e 5 é necessário usar tanto a distância do
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ) como o ângulo interno da poligonal na
décimo quinto alinhamento da poligonal (𝐷𝐻𝐸15−𝐸16
estação E15. Com relação a isto é importante que se diga que os valores destas duas variáveis
que deverão ser usadas na resolução da intersecção, são aqueles obtidos pelo processo de
reconstituição da poligonal, ou seja, aqueles obtidos em função das projeções compensadas dos
alinhamentos da poligonal básica.
Esclarecido o processo de levantamento dos vértices 4 e 5 por intersecção a partir das
estações E15 e E16, parte-se para o levantamento do último vértice da poligonal real (vértice
6).
Pela Figura 33 é possível notar que o vértice real 6 é levantado por irradiação a partir da
estação E17 da poligonal básica. Desta forma então, o processo de medição na estação E17
consiste em inicialmente instalar o parelho nesta estação. Em seguida deve-se efetuar a
colimação e a zeragem do limbo horizontal do aparelho na direção da estação E16. Na sequência
deve-efetuar a colimação do vértice 6, procedendo-se a leitura e anotação do ângulo 𝐸16 𝐸17 ̂ 6
. Deve-se também coletar os dados para se determinar a distância horizontal do alinhamento
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸17 − 6. Em seguida deve-se colimar a estação E18 medindo o ângulo interno da poligonal na
estação E17 e coletar também os dados para calcular a distância horizontal do décimo sétimo
alinhamento da poligonal (𝐸17̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
− 𝐸18 ).
Finalmente o levantamento se encerra instalando-se o aparelho na última estação da
poligonal básica (E18) para medir-se o ângulo interno da poligonal básica nesta estação e para
coletar os dados para avaliar a distância horizontal do último alinhamento da poligonal básica
(𝐷𝐻𝐸18−𝐸1
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ).
138
outras feições naturais e artificiais presentes no interior e na vizinhança da propriedade. Como
exemplo destas feições na vizinhança da propriedade é possível citar a estrada de acesso à
propriedade que na Figura 33 é representada ao longo do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅ 1 − 2 da propriedade.
Como exemplos de feições internas à propriedade é possível citar a casa, fontes de água (cursos
de água e açudes), divisões internas da propriedade, poligonais caracterizadas por um dado uso
específico da terra (áreas com reflorestamento, áreas cultivadas com arroz, áreas ocupadas com
pomar, pecuária, etc...). Muitos destes detalhes podem ser levantados a partir dos vértices da
poligonal básica. O processo de levantamento seria efetuado de forma semelhante à forma como
foram levantados os vértices reais da propriedade. Para dar um exemplo, quando o aparelho
está instalado na E2 da poligonal básica, depois de colimado e zerado o limbo horizontal do
aparelho na direção do vértice anterior da poligonal (E1), é possível colimar um ponto
localizado sobre o eixo da estrada, e determinar, portanto, a posição deste ponto, coletando
exatamente os mesmos tipos de dados coletados para determinar a posição de um vértice real.
Isto é, devemos efetuar a leitura do ângulo horizontal que a direção do ponto forma com o
alinhamento anterior da poligonal básica e coletar os dados para determinar a distância
horizontal entre o ponto de estação E2 e o ponto localizado no eixo da estrada (ver ponto 7 na
Figura 35). Se o eixo da estrada é reto, assim como mostra a sua representação gráfica na Figura
35, para poder representar a posição desta estrada na planta topográfica, basta que levantemos,
de forma semelhante outro ponto do eixo da estrada na estação E6, por exemplo (ver ponto 8
na Figura 35).
Outro exemplo que poderíamos dar é o levantamento da casa. Quando o aparelho estiver
instalado na estação E3 da poligonal básica, é possível colimar pelo menos três cantos da
mesma, medindo um ângulo e uma distância para cada um deles. Com as posições de três cantos
do perímetro da casa definidos é possível representar não só a posição da casa mas também as
dimensões da área construída (logicamente se a casa apresentar um formato retangular).
139
Figura 35 - Representação gráfica de uma poligonal interna enquadrada em dois vértices da
poligonal básica, com alguns detalhes da propriedade sendo levantados a partir dos vértices
desta poligonal interna.
Desta forma então, a medida que o levantamento for avançando, todos os detalhes que
forem possível ser visualizados a partir dos vértices da poligonal básica devem ter sua posição
determinada seja através do método de irradiação seja através do método de intersecção.
O levantamento de detalhes internos da área que não possam ser visualizados a partir
dos vértices da poligonal básica deverá ser efetuado em um segundo momento depois de
encerrado o levantamento do perímetro da área. Este processo consiste em desenvolver
poligonais internas, partindo de um vértice da poligonal básica e chegando-se a outro vértice
da poligonal básica do outro lado da propriedade. Assim poder-se-ia, por exemplo, como mostra
a Figura 35, criar uma poligonal interna partindo da estação E3 da poligonal básica e chegando
do outro lado da propriedade na estação E13. Entre estes dois pontos extremos, seriam
materializados (com piquetas e estacas-testemunhas) vários vértices desta poligonal interna
sendo numeradas de forma sequencial em relação a última estação da poligonal básica (como
as estações E19, E20, E21, E22 e E23 da Figura 35). Durante este processo de levantamento
será necessário medir a dimensão dos ângulos geométricos desta poligonal bem como a
dimensão das distâncias horizontais de seus alinhamentos. Além disso, à medida que os vértices
desta poligonal sejam ocupados pelo aparelho topográfico, será possível coletar os dados
necessários para a determinação da posição relativa de detalhes da área cuja posição relativa
seja requerida e que possam ser visualizados a partir dos vértices desta poligonal interna. Em
outras palavras os pontos cuja posição seja de interesse podem ser, mais uma vez, levantados
por irradiação ou intersecção a partir dos vértices desta poligonal interna. A Figura 35 mostra
140
alguns pontos que foram levantados a partir dos vértices da poligonal interna usando-se o
método de irradiação. Estes pontos estão indicados na Figura 35 como: o ponto 11 (canto da
casa levantado a partir estação E19), o ponto 12 (vértice da área cultivada com Eucaliptus
levantada da estação E20), o ponto 13 (um dos vértices da área de Eucaliptus só que levantada
da E21), os pontos 14 e 15 (pontos do perímetro inundado pelo açude que também foram
levantados da estação E21), os pontos 16 e 17 (também vértices da área de Eucaliptus só que
levantadas da estação E22), os pontos 18 e 19 (pontos sobre os extremos do eixo da taipa do
açude levantados também a partir da estação E22).
O levantamento de uma poligonal interna saindo de um vértice da poligonal e chegando
a outro vértice da poligonal básica é também chamada de poligonal enquadrada, sobre a qual é
possível, assim como uma poligonal fechada sobre si mesma, determinar o seu erro de
fechamento linear absoluto. Isto é possível já que se parte de um ponto de coordenadas
conhecidas (E3 no exemplo da Figura 35) e se chega a outro ponto de coordenadas também
conhecidas (E13 no exemplo da Figura 35). Desta forma então, assim como no caso poligonal
básica, sobre os dados destas poligonais internas teremos como efetuar o controle das operações
de medição e também proceder à compensação dos erros de levantamento usando os mesmos
princípios utilizados no cálculo analítico da poligonal básica. A única diferença entre as duas
situações é que a condição que deve ser satisfeita para a verificação do erro, no caso da
poligonal básica (fechada), é que a somas das projeções calculadas dos alinhamentos deve
resultar em um valor igual a zero. No caso da poligonal enquadrada, a condição a ser
estabelecida é que a soma algébrica das projeções dos alinhamentos da poligonal segundo um
mesmo eixo devem ser iguais as diferenças de coordenadas entre os pontos extremos da
poligonal. Matematicamente esta condição se escreve da seguinte maneira:
𝑛
∑ 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝑖 = 𝑋𝐶 − 𝑋𝑃
𝑖=1
Equação 133
E,
𝑛
∑ 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝑖 = 𝑌𝐶 − 𝑌𝑃
𝑖=1
Equação 134
Onde: ∑𝑛𝑖=1 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝑖 e ∑𝑛𝑖=1 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝑖 – São respectivamente o somatório algébrico das
projeções x e y dos alinhamentos da poligonal enquadrada;
𝑋𝐶 , 𝑌𝐶 – São as coordenadas retangulares do ponto de chegada da poligonal enquadrada
(no exemplo dado na Figura 35 o ponto de chegada é a estação E13 da poligonal básica);
𝑋𝑃 , 𝑌𝑃 - São as coordenadas retangulares do ponto de partida da poligonal enquadrada
(no exemplo dado na Figura 35 o ponto de partida é a estação E3 da poligonal básica);
Como as condições estabelecidas pelas equações (Equação 133 e Equação 134) só
seriam satisfeitas se não houvesse erro algum no levantamento, a diferença entre os termos dos
dois lados destas equações (Equação 133 e Equação 134) nos conduz aos valores das duas
componentes (Ex e Ey) do erro de fechamento linear absoluto da poligonal enquadrada. Ou
seja:
𝑛
𝐸𝑥 = ∑ 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝑖 − 𝑋𝐶 + 𝑋𝑃
𝑖=1
Equação 135
141
n
Ey = ∑ Projyi − YC + YP
i=1
Equação 136
142
devidamente arquivados pelo técnico que realizou o trabalho topográfico. Lembramos que o
serviço topográfico é um trabalho de responsabilidade técnica, e que, portanto, a qualquer
momento pode estar sujeito a pericia por parte dos órgãos que regulam as atribuições
profissionais. Uma das razões para que se instaure um processo investigativo sobre a imperícia
técnica de um dado profissional pode advir da discordância entre os dados de dimensão da área
de uma propriedade determinada por um profissional e aquele dado de dimensão de área que
consta nos arquivos do cartório de registro de imóveis da comarca ao qual o imóvel pertence.
Este tipo de problema é bastante comum principalmente naquelas situações em que os
levantamentos que originaram a descrição do imóvel nos registros dos cartórios são muito
antigos. Muitos destes levantamentos podem ter sido efetuados ainda em uma época aonde não
existia uma vigilância maior sobre a atribuição profissional ou ainda quando eram efetuados
com instrumentos pouco precisos. Todos estes problemas estão sendo muito mais
eficientemente sanados com a promulgação da nova lei de cadastro de imóveis rurais (Lei
10.297 de 2001). Esta lei passou a exigir que os imóveis sejam georeferenciados ao sistema
geodésico brasileiro com uma precisão melhor do que 0,5 metro. Embora este trabalho de
georeferenciamento, via de regra, seja efetuado através de método de posicionamento por
satélites, o levantamento clássico, ou seja, via medições de ângulos e distâncias na superfície
da terra pode ser utilizado.
Uma das questões que envolvem os registros de campo de um levantamento topográfico
é em que tipo de caderneta efetuá-los. Um tipo de caderneta que se adequa muito bem a este
tipo de registro de dados é a que tenha as seguintes características:
- Caderneta de capa dura;
- Dimensões aproximadas de 10 Cm x 15 Cm (formato A6);
- Encadernação tipo brochura;
- A caderneta deve ter suas páginas pautadas;
O fato de ser capa dura confere um suporte firme para que as anotações sejam efetuadas.
As dimensões de 10 Cm x 15 Cm e a encadernação tipo brochura facilitam o transporte da
caderneta no campo, pois ela pode ser colocada no bolso enquanto se estiver efetuando a
mudança de estação do aparelho. O fato de ser pautada facilita a organização dos dados
coletados no campo. Uma caderneta deste tipo também é flexível para que se possa organizá-la
de acordo com o tipo de dado que será coletado no campo, ou seja, os cabeçalhos dos dados
medidos serão organizados previamente a ida a campo, levando em consideração o tipo de
levantamento e o instrumental que será utilizado no mesmo.
Os registros de campo devem demonstrar a organização e o capricho do profissional e
não deve conter apenas dados de medição. É importante que conste também a informação do
tipo de trabalho topográfico realizado, os dados sobre a propriedade, a metodologia utilizada
no levantamento bem como a descrição do instrumental utilizado. Desta maneira, então, os
registros de campo de um dado levantamento sempre se inicia em uma página nova na caderneta
com a informação do tipo de levantamento topográfico que será realizado. Na primeira linha da
página deve constar então se o trabalho de levantamento é planimétrico (que é o caso de nosso
interesse nesta seção deste trabalho), ou se é um levantamento planialtimétrico (nivelamento de
perfil ou nivelamento de superfície) ou ainda se é apenas altimétrico (transferências de
referência de nível). Após a identificação do tipo de trabalho deve constar uma série de
informações que podem ser agrupadas em cinco seções do registro de campo. Estas cinco seções
nas quais se sugere dividir um registro de campo de um levantamento topográfico são:
1a Seção) Dados da propriedade.
2a Seção) Metodologia de levantamento.
143
3a Seção) Instrumental utilizado.
4a Seção) Croqui geral da área.
5a Seção) Tabelas com os dados medidos.
Na 1a Seção deve constar todos aqueles dados importantes para se identificar de qual
propriedade são os dados anotados na caderneta, bem como conter algumas informações
importantes que devem constar na planta topográfica. Desta forma, as seguintes informações
devem estar contidas nesta seção:
- Nome da propriedade;
- Nome do proprietário;
- Localização do imóvel e vias de acesso. Neste item, antigamente se anotava apenas o
município e distrito de localização do imóvel. Além disto, se efetuava uma descrição do trajeto
que deveria ser percorrido pelo profissional, a partir de seu local de trabalho, para chegar ao
local, acompanhado da distância total a ser percorrida. Estes dados ajudam a computar os custos
de transporte para efetuar o levantamento. Hoje em dia, em função de existir ferramentas tipo
a do Google Earth, seria possível, por exemplo, com a ajuda do proprietário, localizar o imóvel
nas imagens de satélite constantes neste aplicativo e a partir desta localização, coletar os dados
do retângulo envolvente da propriedade através dos dados de latitude e longitude extremas do
imóvel. A distância total a ser percorrida pode ser obtida através da programação de uma rota
neste aplicativo.
- Nomes dos proprietários dos imóveis confrontantes ao imóvel a ser levantado. Os
dados dos proprietários confrontantes são importantes e devem constar na planta topográfica.
Na 2a Seção, o profissional deve demostrar, através de termos técnicos, a forma como o
imóvel será levantado. Esta é uma seção importante, pois dará a ideia clara para um eventual
julgador do trabalho do profissional, se o mesmo tem a clareza sobre a metodologia usada
durante o levantamento. Então, nesta seção devem constar as seguintes informações:
- Métodos de levantamento usados. Neste item o profissional deve demostrar a noção
clara da hierarquização dos métodos de levantamentos utilizados. Isto quer dizer que se a
metodologia de levantamento foi aquela descrita na seção anterior, o método de levantamento
principal é o método do caminhamento perimétrico. Da mesma forma usaremos como métodos
auxiliares ao método do caminhamento perimétrico os métodos de irradiação e de intersecção.
De forma sucinta isto poderia ser assim descrito:
- Método principal: método do caminhamento perimétrico utilizado para a determinação
das posições dos vértices da poligonal básica.
- Métodos auxiliares: métodos de irradiação e intersecção utilizados para a determinação
dos posições dos vértices da poligonal real e detalhes internos da propriedade.
Após a transcrição dos métodos de levantamento utilizados alguma informações
complementares devem ser informadas. Dentre elas é possível citar:
- Sentido do caminhamento perimétrico: horário ou anti horário. Lembrando que esta
informação influencia na fórmula que deverá ser utilizada para calcular os azimutes da
poligonal básica.
- Ângulos geométricos medidos: Como exemplo podemos citar que foram medidos os
ângulos internos da poligonal básica e ângulos positivos na amarração dos vértices reais e
detalhes internos da propriedade. Lembrando que os ângulos positivos são ângulos geométricos
formados entre os alinhamentos de uma poligonal aberta contado a partir do alinhamento
anterior, no sentido dos ponteiros de um relógio até o vértice seguinte da poligonal.
144
- Tipo de ângulo geográfico determinado no campo. Neste caso poderíamos afirmar que
foi determinado, por exemplo, o azimute astronômico (via método das distâncias zenitais
absoluta do sol) do último alinhamento da poligonal básica. Lembrando ainda, como vimos
anteriormente, que outras opções determinação a direção do norte poderiam ser adotadas.
- Tipo de processo de avaliação de distâncias utilizadas (se eletrônica, por estadimetria
ou medidas diretas dos alinhamentos).
Na 3a Seção se deve simplesmente descrever o instrumental utilizado no levantamento.
Parte deste instrumental não necessita maiores detalhes. Apenas é necessário fornecer mais
detalhes sobre o aparelho topográfico utilizado. Desta forma então, se dá na sequência, como
exemplo, a seguinte descrição do material:
- Piquetas ou piquetes;
- Estacas-testemunhas;
- Marreta;
- Balizas;
- Estação total marca Sokkia, modelo 630rk, precisão angular horizontal e vertical 10”,
precisão na medição de distâncias 5𝑚𝑚 ± 6𝑝𝑝𝑚;
- Bastão com prisma refletor;
Na 4a Seção, recomenda-se efetuar um croqui geral da propriedade. O croqui deve
ocupar duas páginas inteiras da caderneta de campo. Este croqui servirá para relembrar o
profissional a forma aproximada da propriedade. Neste desenho ainda, na medida do possível,
deve mostrar as posições relativas de algumas estações da poligonal básica. Quando a área for
muito grande ou ainda quando houver um número muito grande de vértices, uma solução
interessante seria a impressão de parte de uma imagem de satélite do Google Earth na qual
apareça a área da propriedade. Sobre esta imagem impressa seria possível então efetuar o
croqui. Como sugestão esta folha impressa pode ser colada na caderneta.
A 5a e última seção da caderneta de campo é constituída pelas tabelas onde serão
anotados os dados medidos. Um primeiro aspecto que deve ser considerado nestas tabelas é que
elas devem ser planejadas de acordo com o tipo de levantamento e o instrumental utilizado para
efetuar o levantamento. Desta forma, então, se o levantamento for planimétrico e as distâncias
forem ser avaliadas utilizando princípios estadimétricos (isto caracteriza o uso de um teodolito
para fazer as medições), devemos prever colunas para anotar os valores das leituras sobre a
mira estadimétrica correspondentes aos fios médio e estadimétricos do retículo da luneta do
aparelho. Da mesma forma, deve constar uma coluna para anotar o ângulo vertical e outra para
armazenar o valor da distância horizontal calculada. Contendo, portanto, estas colunas, a tabela
é flexível para a situação de medirmos as distâncias por estadimetria ou de forma direta (isto é
com trena). Quando a distância for medida com trena, anota-se o valor medido diretamente na
coluna das distâncias horizontais. A medição direta (com trena) é realizada, por exemplo,
quando vamos coletar os dados de amarração de um vértice real que esteja próximo a uma
estação da poligonal básica. Quando esta distância é inferior ao comprimento da trena, nos
parece mais fácil distender a trena e determinar esta distância diretamente se comparada com a
operação de posicionar a mira sobre o ponto e efetuar as leituras nos três fios do retículo e mais
o ângulo vertical.
145
Figura 36 - Ilustração da distribuição do espaço da caderneta de campo quando as distâncias
são avaliadas vias estadimetria e trena.
A Figura 36 foi anexada para dar uma ideia da distribuição das colunas da tabela em
duas páginas contíguas da caderneta (os retângulos pretos representam as páginas da caderneta).
Vários comentários podem ser efetuados sobre os dados constantes na tabela da Figura
36. O primeiro deles é que os dados de medição que aparecem na figura são os dados coletados
na estação E3 da poligonal básica definida durante o levantamento da propriedade das figuras
(Figura 33 e Figura 35). O cabeçalho da tabela contida na Figura 36 inicia pelas três colunas ré,
estação e vante, aonde são anotados respectivamente o ponto na direção do qual é zerado o
limbo horizontal do aparelho, o local onde o aparelho está instalado e o ponto na direção do
qual é efetuada a leitura do ângulo horizontal. Na quarta coluna da tabela são anotados os
ângulos horizontais medidos com o parelho instalado no ponto de estação. Desta forma na
primeira linha de dados é anotado o ângulo 𝐸2 𝐸3 ̂ 𝐸19 (ângulo medido no sentido do
deslocamento dos ponteiros do relógio partindo do ponto de ré até o ponto de vante). Sendo E2
e E3 vértices da poligonal básica e E19 o vértice da poligonal interna (ver Figura 35). É possível
observar também que a exceção do ponto 9, as distâncias foram avaliadas através do processo
estadimétrico, já que, a tabela contém leituras na mira estadimétrica. Lembremos que, por
convenção, em cada linha da caderneta de campo devem-se anotar os dados que vão nos
permitir determinar a distância entre o ponto de estação e o ponto de vante. Desta forma então,
imediatamente após colimar a baliza posicionada sobre o ponto E19 e efetuar a leitura do ângulo
̂ 𝐸19 = 95°12´, posicionou-se a mira estadimétrica sobre a piqueta instalada
horizontal 𝐸2 𝐸3
na estação E19 para poder efetuar as leituras sobre ela. Estes dados de leitura na régua, mais o
ângulo vertical (zenital neste caso) anotado na oitava coluna, nos permitirão calcular o valor da
distância horizontal entre as estações E3 e E19.
146
Note que o ponto de ré na estação E3 da poligonal básica é sempre o mesmo para todos
os pontos visados (E2). Isto significa que após o aparelho ter sido instalado na estação E3, foi
zerado o limbo horizontal do aparelho uma única vez na direção da estação E2 da poligonal
básica. Depois de se ter medido os dados referentes à estação E19, colimou-se o ponto 9 (canto
da casa) e fez-se a leitura e anotação do ângulo horizontal 𝐸2 𝐸3 ̂ 9 = 126°25´ e mediu-se
diretamente (com trena) a distâncias entre a estação E3 e o ponto 9 (𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅̅𝐸3−9 = 19,25 𝑚),
anotando-se este valor diretamente na nona coluna da tabela. Esta é a razão, portanto, para não
existir, nesta linha da tabela, leituras na mira e valor de ângulo vertical. Na sequência foram
colimados respectivamente os pontos10 (canto da casa) e a estação E4 (estação da poligonal
básica) anotando-se os ângulos horizontais que a direções destes pontos formam com a direção
da estação E2 e coletando-se os dados para determinar as distâncias horizontais entre o ponto
de estação E3 e estes dois pontos de vante.
Cabe ainda efetuar alguns comentários sobre a última coluna da tabela da Figura 36
(coluna de observações e croqui). Esta coluna é muito importante, pois, em um dado local de
estação do aparelho, dependendo do nível de detalhamento do levantamento, podem-se ter
vários pontos colimados. É muito importante que se tenha anotado na caderneta de campo a
identificação do tipo de acidente natural ou artificial do terreno que corresponde a cada ponto
levantado. Lembremos que o objetivo do levantamento topográfico é determinar a posição
relativa dos pontos levantados para que, em um segundo momento, se possa representar a
posição dos mesmos através de um desenho em escala (planta topográfica). Desta forma, não
adianta sabermos a posição de todos os pontos levantados, se, na hora da representação gráfica,
não soubermos a que acidente natural ou artificial do terreno corresponde cada ponto levantado.
Uma das formas mais ágeis e intuitivas de fazer esta relação entre o ponto levantado e a feição
que ele representa no terreno é através de um croqui. Por esta razão é que, para a última coluna
da tabela de registro de dados é reservado um espaço maior. Este espaço é destinado para se
efetuar um croqui detalhado de cada ponto de estação do aparelho topográfico. Neste croqui
devem necessariamente estar representados o ponto de ré, o ponto de estação e todos os pontos
de vante da referida estação do aparelho. Se ainda o topógrafo julgar que o croqui não é
suficientemente claro, ele pode acrescentar observações como mostrado abaixo do croqui da
Figura 36. Como o croqui ocupa bastante espaço é comum, mesmo que em uma dada estação o
número de pontos levantados não seja muito grande, isolar-se os dados desta estação em uma
página da caderneta de campo. Desta forma, tem-se uma reserva de linhas em branco na
caderneta para registrar dados de pontos adicionais que podem vir a ser levantados
posteriormente.
Caso o levantamento seja efetuado através de uma estação total, as colunas de leitura de
mira devem ser substituídas por uma única coluna onde deverá ser anotado o valor da distância
inclinada. Neste caso o formato da tabela fica de acordo com o que mostra a Figura 37. Como
pode ser visualizado na figura as demais colunas serão exatamente as mesmas.
147
Figura 37 - Ilustração da distribuição do espaço da caderneta de campo em levantamento
planimétrico efetuado com estação total.
148
- Em terceiro lugar deve-se efetuar o cálculo analítico dos vértices das poligonais
internas enquadradas;
- Por último deve-se efetuar o cálculo das coordenadas retangulares dos pontos
levantados a partir dos vértices das poligonais internas;
Figura 38 - Posições relativas dos vértices reais 1, 2, 3 e 4 em relação aos vértices da poligonal
básica (E1, E2, E3, e E4).
Os dados de levantamento ou de amarração dos vértices reais em relação aos vértices da
poligonal básica são apresentados na Tabela 38.
149
Tabela 38 - Dados de amarração dos vértices da poligonal real em relação aos vértices da
poligonal básica.
E1 E2 2 195027´34”
E2 E3 2 317039´36”
150
30 passo) No terceiro passo se obtém os valores das coordenadas retangulares do vértice
real, efetuando-se uma soma algébrica entre as coordenadas X e Y do vértice da poligonal
básica a partir do qual o vértice real foi levantado (obtidas no cálculo analítico da poligonal
básica) e as projeções do alinhamento definido pelo vértice da poligonal básica e o vértice real
(calculadas no passo anterior).
Tabela 39 - Dados extraídos do cálculo analítico da poligonal básica e que serão necessários
para calcular as coordenadas dos vértices reais.
Coordenadas
Ré E V Ai Comp DH comp (m) Azimute Comp. X Y
0
E4 E1 E2 58 01´25” 206,584 75053´46” 200,357 50,341
0 0
E1 E2 E3 122 29’46” 159,608 18 23’32” 250,716 201,796
0 0
E2 E3 E4 93 53´21” 177,211 292 16´53” 86,737 268,987
0 0
E3 E4 E1 85 35´27” 282,626 197 52´21” 0,000 0,000
A representação geométrica dos três passos que devem ser efetuados para se obter as
coordenadas retangulares de um vértice real genérico VR que foi levantado a partir de um vértice
de uma poligonal básica Ei é ilustrada na Figura 39.
151
𝐸𝑖−1 𝐸̂𝑖 𝑉𝑅), determinar o valor do azimute do alinhamento definido pelo ponto de estação Ei e
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
o vértice real VR (𝐸 𝑖 − 𝑉𝑅). A expressão matemática que resolve este problema é:
𝐸𝑖
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸𝑖−𝑉𝑅 = 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸𝑖−1 −𝐸𝑖 + 𝐴𝑃𝑉𝑅 ± 180°
Equação 137
Chama-se a atenção de que ao aplicar a Equação 137, o sinal dos 1800 será positivo
quando a soma dos dois primeiros ângulos for menor do que 1800. O sinal dos 1800 deverá ser
negativo quando a soma dos dois primeiros ângulos for maior do que 1800. Existe ainda um
detalhe sobre a aplicação da Equação 137. Existirão situações em que aplicada esta a Equação
137 o valor do azimute do alinhamento calculado resultará em valor superior a 360 0. Nestas
situações deve-se subtrair o resultado obtido pela aplicação da Equação 137 de 3600.
Equação 138
ProjyE̅̅̅̅̅̅̅̅̅
i −VR
= DHE̅̅̅̅̅̅̅̅̅
i −VR
xCos Az̅̅̅̅̅̅̅̅̅
Ei −VR
Equação 139
Onde: 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝐸𝑖 −𝑉𝑅 – São respectivamente as projeções x e y do
𝐸𝑖 −𝑉𝑅 , 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅̅̅̅
alinhamento definido pela estação Ei da poligonal básica e o vértice real VR.
𝐸𝑖 −𝑉𝑅 – Distância horizontal entre o ponto de estação Ei e o vértice real VR. Esta
𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅̅̅
distância pode ter sido medida diretamente no campo (caso o ponto tenha sido levantado através
do método de irradiação) ou pode ter sido obtida por cálculo (caso o ponto tenha sido levantado
através do método de intersecção).
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸𝑖 −𝑉𝑅 - Azimute do alinhamento definido pelo ponto de estação Ei e pelo vértice real
VR (ângulo obtido no primeiro passo).
Uma vez conhecidos os valores de projeção x e y do alinhamento definido pela estação
da poligonal básica Ei e o vértice real VR, o terceiro passo consiste em aplicar novamente as
equações (Equação 60 e Equação 61), só que desta vez, expressa-se as projeções em função
das diferenças de coordenadas dos pontos extremos do alinhamento. O alinhamento cujas
projeções foram calculadas no passo anterior tem como ponto inicial a estação Ei da poligonal
básica e como ponto final o vértice real VR. Igualando-se então o valor de projeção x calculado
no passo anterior à diferença entre as coordenadas X do ponto final do alinhamento menos a
coordenada X do ponto inicial do alinhamento, obtém-se:
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸𝑖 −𝑉𝑅 = 𝑋𝑉𝑅 − 𝑋𝐸𝑖
Equação 140
Como já conhecemos o valor da projeção x do alinhamento definido pela estação da
poligonal básica Ei e pelo vértice real VR (calculado no passo anterior) e também conhecemos
a coordenada X da estação Ei da poligonal básica (determinada durante o processo de cálculo
analítico da poligonal básica), tudo que temos que fazer é isolar a coordenada X do vértice real
(XVR) na Equação 140 obtendo a seguinte expressão:
𝑋𝑉𝑅 = 𝑋𝐸𝑖 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸𝑖 −𝑉𝑅
Equação 141
A Equação 141 nos alerta para o fato de que o valor da coordenada X do vértice real VR
(XVR) é obtido de forma geral efetuando-se a soma algébrica entre a coordenada X do vértice da
poligonal básica a partir da qual ele foi levantado (XEi) e a projeção x do alinhamento definido
pelo vértice da poligonal básica Ei e o vértice real VR (𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸𝑖 −𝑉𝑅 ).
Equação 142
153
Como já conhecemos o valor da projeção y do alinhamento definido pela estação da
poligonal básica Ei e pelo vértice real VR (calculado no passo anterior) e também conhecemos
a coordenada Y da estação Ei da poligonal básica (determinada durante o processo de cálculo
analítico da poligonal básica), tudo que temos que fazer é isolar a coordenada Y do vértice real
(YVR) na Equação 142, obtendo a seguinte expressão:
𝑌𝑉𝑅 = 𝑌𝐸𝑖 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸𝑖 −𝑉𝑅
Equação 143
A Equação 143 nos alerta para o fato de que o valor da coordenada Y do vértice real VR
(YVR) é obtido de forma geral efetuando-se a soma algébrica entre a coordenada Y do vértice da
poligonal básica a partir da qual ele foi levantado (YEi) e a projeção y do alinhamento definido
pelo vértice da poligonal básica Ei e o vértice real VR (𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸𝑖 −𝑉𝑅 ).
Para o cálculo das coordenadas dos quatro vértices levantados no exemplo da Figura 38
necessitaremos conhecer os valores das distâncias horizontais entre os vértices da poligonal
básica e os vértices reais. Para aqueles pontos que foram levantados por irradiação basta
multiplicarmos o valor da distância inclinada medida pela estação total pela função cosseno do
ângulo de inclinação em cada linha da Tabela 38. Desta forma obtemos as distâncias horizontais
de amarração dos vértices 1,3 e 4.
154
Figura 40 - Representação gráfica e solução matemática da intersecção do ponto 2.
E1 E2 2 195027´34” 118,909
E2 E3 2 317039´36” 168,799
Agora temos todos os dados prévios necessários para calcular as coordenadas dos quatro
vértices reais.
Onde: 𝐴𝑃1𝐸1 – Ângulo positivo de amarração do vértice real 1 medido na estação E1.
155
Aplicando-se as equações (Equação 138 e Equação 139) obtém-se as projeções x e y do
alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸1 − 1 (segundo passo). Assim:
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝐸1−1
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐷𝐻𝐸1−1
̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑥𝑆𝑒𝑛 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅
𝐸𝑖 −1 = 65,412𝑥𝑆𝑒𝑛 228°08´07" = −48,714 𝑚
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝐸1−1
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸1−1𝑥𝐶𝑜𝑠 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅
𝐸𝑖 −1 = 65,412𝑥𝐶𝑜𝑠 228°08´07" = −43,654 𝑚
Com o raciocínio análogo se faz o cálculo das coordenadas de todos os outros vértices.
Onde: 𝐴𝑃2𝐸2 – Ângulo positivo de amarração do vértice real 2 medido na estação E2.
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸2−2 = 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸2−2 𝑥𝑆𝑒𝑛 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸2−2 = 118,909𝑥𝑆𝑒𝑛 91°21´20" = 118,876 𝑚
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝐸2−1
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐷𝐻𝐸2−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑥𝐶𝑜𝑠 𝐴𝑧𝐸2−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 118,909𝑥𝐶𝑜𝑠 91°21´20" = −2,813 𝑚
𝑋2 = 𝑋𝐸2 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸2−2 = 200,357 + 118,876 = 319,233 𝑚
Onde: 𝐴𝑃2𝐸3 – Ângulo positivo de amarração do vértice real 2 medido na estação E3.
156
Aplicando as equações (Equação 138 e Equação 139) a este alinhamento, obtém as
projeções x e y do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸3 − 2 (segundo passo). Assim:
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝐸3−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐷𝐻𝐸3−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑥𝑆𝑒𝑛 𝐴𝑧𝐸3−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 168,799𝑥𝑆𝑒𝑛 156°03´08" = 68,516 𝑚
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸3−2 = 𝐷𝐻𝐸3−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑥𝐶𝑜𝑠 𝐴𝑧𝐸3−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 168,799𝑥𝐶𝑜𝑠 156°03´08" = −154,268 𝑚
𝑋2 = 𝑋𝐸3 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝐸3−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 250,716 + 68,516 = 319,232𝑚
Onde: 𝐴𝑃3𝐸3 – Ângulo positivo de amarração do vértice real 3 medido na estação E3.
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝐸3−3
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐷𝐻𝐸3−3
̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑥𝑆𝑒𝑛 𝐴𝑧𝐸3−3
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 91,477𝑥𝑆𝑒𝑛 67°14´56" = 84,359 𝑚
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝐸3−3
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐷𝐻𝐸3−3
̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑥𝐶𝑜𝑠 𝐴𝑧𝐸3−3
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 91,477𝑥𝐶𝑜𝑠 67°14´56" = 35,377 𝑚
𝑋3 = 𝑋𝐸3 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝐸3−3
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 250,716 + 84,359 = 335,075 𝑚
𝑌3 = 𝑌𝐸3 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸3−3 = 201,796 + 35,377 = 237,173 𝑚
Onde: 𝐴𝑃4𝐸4 – Ângulo positivo de amarração do vértice real 4 medido na estação E4.
Como o azimute calculado resultou em um valor superior a 3600, neste caso, devemos
subtrair o valor encontrado acima de 3600, obtendo-se , portanto:
𝐴𝑧𝐸4−4
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 403°57´13" − 360° = 43°57´13"
157
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸4−4 = 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸4−4 𝑥𝑆𝑒𝑛 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸4−4 = 48,743𝑥𝑆𝑒𝑛 43°57´13" = 33,831 𝑚
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝐸4−4
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐷𝐻𝐸4−4
̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑥𝐶𝑜𝑠 𝐴𝑧𝐸4−4
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 48,743𝑥𝐶𝑜𝑠 43°57´13" = 35,090 𝑚
𝑋4 = 𝑋𝐸4 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸4−4 = 86,737 + 33,831 = 120,568 𝑚
𝑌4 = 𝑌𝐸4 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸4−4 = 268,987 + 35,090 = 304,077 𝑚
Após entendido o processo, a aplicação dos três passos para calcular as coordenadas dos
vértices reais e de outros detalhes da propriedade levantados a partir dos vértices da poligonal
básica pode ser automatizado e muito mais facilmente organizado através de uma planilha do
tipo a que é apresentada na Tabela 41. É possível observar que nesta planilha constam todos os
dados parciais necessários para se chegar aos valores das coordenadas retangulares dos vértices.
Logicamente para efetuar o procedimento devemos estar com a planilha de cálculo analítico da
poligonal básica em mãos, uma vez que teremos que extrair alguns dados da mesma para fazer
o cálculo.
Tabela 41 - Planilha com o cálculo das coordenadas reatngulares do vértices reais da
propriedade.
Projeções Coordenadas
158
das projeções segundo um mesmo eixo destes alinhamentos, neste caso, não nos conduzem ao
valor do erro de fechamento linear absoluto.
De posse dos valores de coordenadas retangulares dos vértices reais da propriedade
(1,2,3 e 4) é possível, em função destes valores , aplicar a Equação 113 para obter o valor
numérico da dimensão da área da propriedade. A aplicação da Equação 113 em um polígono
de quatro vértices resulta a seguinte expressão:
Equação 144
Onde: 𝐴 𝑃𝑜𝑙í𝑔𝑜𝑛𝑜1,2,3,4 – Área do polígono definido pelos pontos 1, 2, 3 e 4.
Xi, Yi – São as coordenadas retangulares dos vértices do polígono que podem ser
extraídas da Tabela 41.
O leitor irá verificar que a aplicação da Equação 144 com os valores de coordenadas
constantes na Tabela 41 nos conduzirá a um valor para a dimensão da área definida pelos
vértices 1, 2, 3, e 4 igual a 92.897,9046 m2 ou 9,28979046 Hectares. Apenas a título de
curiosidade, ao se comparar a dimensão da área da poligonal real (92.287,9046 m2) com a área
da poligonal básica (38.873,0884 m2) obtida no cálculo analítico da mesma (valor extraído da
Tabela 33), nota-se que a área da primeira poligonal é 2,389 vezes maior que a última.
Em função das coordenadas retangulares dos vértices reais da propriedade, é importante
obter ainda as dimensões das distâncias horizontais dos alinhamentos da poligonal real e os
azimutes dos mesmos. Estes são dados que devem constar do memorial descritivo do imóvel.
Além disto, as dimensões dos alinhamentos normalmente são transcritos na planta topográfica.
As dimensões das distâncias horizontais dos alinhamentos são obtidas facilmente
aplicando-se a Equação 63. Efetuando este cálculo para os quatro alinhamentos do polígono
obtém-se:
2 2 2 2
̅̅̅̅̅̅ = √(𝑋2 − 𝑋1 ) + (𝑌2 − 𝑌1 ) = √(319,233 − (−48,714)) + (47,528 − (−43,654)) = 379,077 𝑚
𝐷𝐻1−2
2 2 2 2
̅̅̅̅̅̅ = √(𝑋3 − 𝑋2 ) + (𝑌3 − 𝑌2 ) = √(335,075 − 319,233) + (237,173 − 47,528) = 190,306𝑚
𝐷𝐻2−3
2 2 2 2
̅̅̅̅̅̅ = √(𝑋4 − 𝑋3 ) + (𝑌4 − 𝑌3 ) = √(120,568 − 335,075) + (304,077 − 237,173) = 224,698𝑚
𝐷𝐻3−4
2 2 2 2
̅̅̅̅̅̅ = √(𝑋1 − 𝑋4 ) + (𝑌1 − 𝑌4 ) = √(−48,714 − 120,568) + (−43,654 − 304,077) = 386,747 𝑚
𝐷𝐻4−1
O cálculo do rumo de cada alinhamento pode ser obtido através da Equação 64. Em um
segundo momento, analisando-se- os sinais das projeções x e y de cada alinhamento, define-se
em qual quadrante do círculo topográfico planimétrico se encontra o mesmo. Através desta
análise, calcula-se o valor do azimute do alinhamento em função do rumo do mesmo.
Aplicando-se então inicialmente a Equação 64 ao primeiro alinhamento da poligonal real
obtém-se:
|𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅
1−2 | |𝑋2 − 𝑋1 | |319,233 − (−48,714)| |367,947|
𝑇𝑔 𝑅𝑢̅̅̅̅̅̅
1−2 = = = = = 4,03530302
|𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅
1−2 | |𝑌2 − 𝑌1 | |47,528 − (−43,654)| |91,182|
𝑅𝑢1−2
̅̅̅̅̅̅ = 76°4´54"𝑁𝐸
Como as duas projeções são positivas, conclui-se que o alinhamento está posicionado
no primeiro quadrante. Neste caso o azimute do alinhamento é igual ao rumo do alinhamento.
Então:
159
𝐴𝑧1−2
̅̅̅̅̅̅ = 𝑅𝑢1−2
̅̅̅̅̅̅ = 76°4´54"
̅̅̅̅̅̅ = 25°57´28" 𝑆𝑊 𝑜𝑢 𝑆𝑂
R𝑢4−1
O fato das projeções x e y do alinhamento serem negativas indica que o alinhamento
está posicionado no terceiro quadrante do círculo topográfico planimétrico. Neste caso:
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅
4−1 = 180° + 𝑅𝑢̅̅̅̅̅̅
4−1 = 180° − 25°57´28" = 205°57´28"
Todos estes cálculos podem ser automatizados através de uma planilha tipo a que é
apresentada na Tabela 42. Nesta tabela, inicialmente, a partir dos valores de coordenadas dos
vértices calculam-se os valores de projeções dos alinhamentos (Equação 60 e Equação 61). Em
seguida, através dos valores de projeções dos alinhamentos calculam-se as dimensões dos
alinhamentos da poligonal (Equação 63) e na sequência calculam-se os rumos dos alinhamentos
(Equação 64) e os azimutes dos mesmos.
Tabela 42 - Planilha de cálculo das dimensões das distâncias horizontais dos alinhamentos da
poligonal real e dos azimutes dos mesmos.
160
interesse. Esta poligonal real é definida por sete vértices nomeados neste exercício com os
números 1, 2, 3, 4, 5, 6, e 7.
Estes sete vértices reais foram levantados ora por irradiação ora por intersecção a partir
dos vértices daquela poligonal básica fechada. Os dados de amarração dos vértices reais da
propriedade em relação aos vértices da poligonal básica são apresentados na Tabela 43. Em
função dos dados contidos nesta tabela e nos resultados do cálculo analítico da poligonal básica
reconstituída a partir das projeções compensadas da mesma poligonal, pede-se que se calculem
as coordenadas retangulares destes sete vértices reais, bem como a área da poligonal real, as
dimensões de seus alinhamentos e os azimutes dos mesmos. Da mesma forma pede-se que se
faça a representação gráfica em escala em papel tamanho A4 do perímetro da propriedade.
Utilize o processo de coordenadas retangulares de plotagem dos pontos.
Tabela 43 - Dados de campo de amarração dos sete vértices da poligonal real aos vértices
poligonal básica.
E3 E4 5 178048´20”
E4 E5 5 310022´
161
Figura 41 - Poligonal enquadrada partindo da estação E2 da poligonal básica e chegando na
poligonal E4 da poligonal básica.
Este levantamento tem início na estação E2 da poligonal básica. Uma vez instalado o
aparelho topográfico nesta estação, colima-se e zera-se o limbo horizontal na direção da estação
anterior da poligonal básica (E1), e em seguida, colima-se a estação E5 medindo-se o ângulo
̂ 𝐸5. Na sequência coletam-se os dados para determinar a 𝐷𝐻𝐸2−𝐸5
horizontal 𝐸1 𝐸2 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ (distância
horizontal entre as estações E2 e E5).
Feita esta operação, muda-se o aparelho para a estação E5, e depois de instalado o
aparelho nesta estação, colima-se e zera-se o limbo horizontal na direção da estação E2. A partir
dai a colimou-se alguns detalhes internos da área dentro os quais podemos citar: os pontos 5 e
6 (pontos extremos do eixo da barragem do açude) e os pontos 7 e 8 (pontos do canto da casa).
Para cada um destes pontos deve ser medido o ângulo horizontal que define a direção dos
mesmos em relação ao primeiro alinhamento da poligonal interna, bem como as distâncias
horizontais entre o ponto de estação E5 e estes pontos. Com estas operações podemos afirmar
que estamos levantando a posições destes pontos através do método de irradiação a partir da
estação E5 da poligonal interna. O último ponto a ser visualizado na estação E5 deve ser o
próximo vértice da poligonal interna (E6), efetuando-se a leitura do ângulo horizontal
̂ 𝐸6 e coletando-se os dados para a determinação da distância horizontal entre a estação
𝐸2 𝐸5
E5 e a E6 (𝐷𝐻𝐸5−𝐸6
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ).
162
Tabela 44 - Dados de campo do levantamento da poligonal enquadrada que partiu do vértice
E2 da poligonal básica e chegou no vértice E4 da poligonal básica.
163
𝐸2
. 𝐴𝑝𝐸5 – Ângulo horizontal positivo de amarração do vértice E5 da poligonal interna
̂ 𝐸5).
medido na estação E2 da poligonal básica (𝐸1 𝐸2
Tabela 45 - Planilha de cálculo analítico da poligonal interna enquadrada.
E,
𝐸6
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸6−𝐸4 = 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸5−𝐸6 + 𝐴𝑝𝐸4 ± 180° = 319°14´31"+207°54´ + 180° = 347°08´31"
De posse dos azimutes dos alinhamentos e das distâncias horizontais dos alinhamentos
da poligonal interna calcula-se o par de projeções x e y de cada alinhamento através das
equações (Equação 60 e Equação 61).
Calculados os valores de projeções dos alinhamentos precisamos calcular os erros
lineares de fechamento absoluto e relativo da poligonal interna enquadrada. Neste caso as
componentes Ex e Ey do erro linear de fechamento absoluto são calculadas respectivamente
através das equações (Equação 135 e Equação 136). Para o cálculo do erro de fechamento da
poligonal interna necessitaremos também os valores das coordenadas retangulares da estação
E4 da poligonal básica que é o ponto de chegada da poligonal interna enquadrada. Estes valores
aparecem na última linha da Tabela 45 nas colunas das coordenadas. Então, aplicando-se as
equações (Equação 135 e Equação 136), obtém-se para este caso, os seguintes valores para as
componentes do erro de fechamento da poligonal interna:
𝑛
𝐸𝑥 = ∑ 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥𝑖 − 𝑋𝐸4 + 𝑋𝐸2 = −113,708 − 86,737 + 200,357 = −0,088
𝑖=1
𝑛
𝐸𝑦 = ∑ 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑦𝑖 − 𝑌𝐸4 + 𝑌𝐸2 = 218,692 − 268,987 + 50,341 = +0,046
𝑖=1
Tabela 46 - Valores compensados dos ângulos, distâncias horizontais e azimutes bem como a
diferença entre os valores observados no campo e os compensados.
166
como E7, E8 e E9. Os dados de campo de levantamento desta poligonal interna enquadrada
encontram-se na Tabela 47. Em função dos dados de reconstituição da poligonal fechada de
seis vértices e dos dados de campo contidos na Tabela 47 efetue o cálculo analítico completo
da poligonal interna enquadrada determinando os erros de fechamento linear, verificando sua
admissibilidade, compensando os erros de fechamento de forma proporcional a dimensão das
projeções dos alinhamentos, efetuando o cálculo das coordenadas de seus vértices e finalmente
reconstituindo a poligonal em função da projeções compensadas de seus alinhamentos.
Tabela 47- Dados de campo do levantamento da poligonal interna enquadrada.
2.2.2.3 Cálculo das coordenadas retangulares dos pontos que foram levantados
a partir dos vértices da poligonal interna enquadrada.
A última etapa de processamento que deve ser efetuada sobre os dados medidos durante
o levantamento planimétrico de uma propriedade rural é o cálculo das coordenadas retangulares
dos pontos levantados através dos métodos de irradiação ou intersecção a partir dos vértices das
poligonais internas enquadradas.
No exemplo da Figura 41 os pontos que foram levantados a partir dos vértices da
poligonal interna foram os pontos 5,6,7,8,9,10 e 11.
O processo de obtenção das coordenadas retangulares destes detalhes do terreno segue
exatamente o mesmo rito que foi obedecido quando calculamos as coordenadas dos pontos
levantados a partir dos vértices da poligonal básica. Este cálculo normalmente é efetuado em
planilha semelhante a Tabela 41. Mais uma vez, pelas mesmas razões que já havíamos
explicado anteriormente, neste caso, a tabela de cálculo analítico não terá as colunas de ângulos
horizontais corrigidos, de correções de projeções de alinhamentos e de projeções compensadas.
Desta foram então, apresenta-se o cálculo das coordenadas destes pontos na Tabela 48.
O processo de cálculo se inicia com a transferência dos dados de medição dos pontos
levantados a partir dos vértices da poligonal interna da caderneta de campo para a Tabela 46
(dados de ângulos horizontais e de distâncias horizontais).
A primeira operação de cálculo consiste em determinar os valores dos azimutes dos
alinhamentos definidos pelos vértices da poligonal interna e pelos pontos levantados a partir
deles. Os valores dos azimutes dos alinhamentos que partem da estação E5 serão obtidos pelas
seguintes expressões:
𝐸5
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸5−5 = 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸2−𝐸5 + 𝐴𝑝5 ± 180° = 333°10´03"+91°15´ − 180° = 244°25´03"
𝐸5
𝐴𝑧𝐸5−6
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐴𝑧𝐸2−𝐸5
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ + 𝐴𝑝6 ± 180° = 333°10´03"+99°25´ − 180° = 252°35´03"
𝐸5
𝐴𝑧𝐸5−7
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐴𝑧𝐸2−𝐸5
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ + 𝐴𝑝7 ± 180° = 333°10´03"+174°40´ − 180° = 327°50´03"
𝐸5
𝐴𝑧𝐸5−8
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐴𝑧𝐸2−𝐸5
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ + 𝐴𝑝8 ± 180° = 333°10´03"+181°12´ − 180° = 334°22´03"
167
Note que para o cálculos dos azimutes dos alinhamentos que partem da estação E5, o
alinhamento considerado como referência de direção é sempre o alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸2 − 𝐸5, pois,
foi na direção deste alinhamento que foi zerado o limbo horizontal do aparelho topográfico no
momento em que foram medidos os ângulos de amarração dos pontos 5, 6, 7, e 8.
Tabela 48 - Planilha de cálculo das coordenadas retangulares dos detalhes do terreno levantados
a partir dos vértices da poligonal interna enquadrada.
Projeções Coordenadas
Os valores dos azimutes dos alinhamentos que partem da estação E6 serão obtidos
através das seguintes expressões:
𝐸6
𝐴𝑧𝐸6−9
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐴𝑧𝐸5−𝐸6
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ + 𝐴𝑝9 ± 180° = 319°15´28"+40°17´ − 180° = 179°32´28"
𝐸6
𝐴𝑧𝐸6−10
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐴𝑧𝐸5−𝐸6
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ + 𝐴𝑝10 ± 180° = 319°15´28"+61°23´ − 180° = 200°38´28"
𝐸6
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸6−11 = 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸5−𝐸6 + 𝐴𝑝11 ± 180° = 319°15´28"+316°31´ − 180° = 455°46´28"
Na sequência, em função dos valores dos azimutes dos alinhamentos e das distâncias
horizontais dos mesmos obtém-se através das equações (Equação 60 e Equação 61) os valores
das projeções x e y destes alinhamentos.
Finalmente, as coordenadas retangulares dos pontos levantados a partir dos vértices da
poligonal interna enquadrada efetuam-se, mais uma vez, aplicando-se o princípio de que os
valores de projeções dos alinhamentos obtidos no passo anterior correspondem às diferenças
entre as coordenadas retangulares dos pontos inicial e final do alinhamento. Nestes casos, o
ponto inicial de cada um destes alinhamentos corresponde ao ponto de estação e o ponto final
corresponde ao detalhe do terreno levantado a partir do vértice da poligonal interna. Desta
forma é possível escreve as seguintes relações que serão utilizadas para calcular as coordenadas
do ponto 5:
𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥𝐸5−5
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑋5 − 𝑋𝐸5
𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑦𝐸5−5
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑌5 − 𝑌𝐸5
168
da poligonal (calculada durante o processo de cálculo analítico da poligonal interna
enquadrada). Portanto, o trabalho que se deve efetuar é isolar nas duas equações anteriores as
coordenadas do ponto 5, obtendo-se:
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 170,959 + (−65,706) = 105,253 𝑚
𝑋5 = 𝑋𝐸5 + 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥𝐸5−5
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 108,457 + (−31,457) = 77,00 𝑚
𝑌5 = 𝑌𝐸5 + 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑦𝐸5−5
Este então deve ser o procedimento a ser aplicado para a obtenção das coordenadas
retangulares dos pontos levantados a partir da estação E5, ou seja, devem-se somar
algebricamente as projeções dos alinhamentos que partem do ponto E5 às coordenadas
retangulares da estação E5. Aplicando-se este procedimento, obtém-se então:
𝐸5−6 = 170,959 + (−36,258) = 134,701 𝑚
𝑋6 = 𝑋𝐸5 + 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸5−6 = 108,457 + (−11,374) = 97,083 𝑚
𝑌6 = 𝑌𝐸5 + 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑦̅̅̅̅̅̅̅̅
⋮
𝐸5−8 = 170,959 + (−16,587) = 105,253 𝑚
𝑋8 = 𝑋𝐸5 + 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑌8 = 𝑌𝐸5 + 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑦̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸5−8 = 108,457 + 34,570 = 143,027 𝑚
Para o cálculo das coordenadas retangulares dos pontos levantados a partir da estação
E6 adota-se o mesmo procedimento, ou seja, as projeções calculadas dos alinhamentos
definidos pelo vértice E6 da poligonal interna e os pontos 9, 10 e 11 correspondem à diferença
entre as coordenadas da estação E6 e cada um destes pontos. Este princípio aplicado ao
alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸6 − 9 resulta:
𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥𝐸6−9
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑋9 − 𝑋𝐸6
𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑦𝐸6−9
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑌9 − 𝑌𝐸6
Mais uma vez, nas expressões acima conhecemos os valores das projeções x e y do
alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸6 − 9 (calculadas no passo anterior) e as coordenadas retangulares da estação E6
(calculadas durante o cálculo analítico da poligonal interna). Desta forma o que precisamos
fazer é isolar as coordenadas do ponto 9 nas duas expressões acima, obtendo-se:
𝑋9 = 𝑋𝐸6 + 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥𝐸6−9
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 106,212 + 0,457 = 106,669 𝑚
169
no espaço útil da folha, seja para efetuar a plotagem propriamente dita dos pontos sobre a folha.
Todos estes procedimentos são efetuados conforme procedimento explicado na seção 2.1.6.1.1.
2.2.2.3.1 Exercício proposto para o tema
a)Considere que a partir dos vértices da poligonal interna enquadrada do exercício a da
seção 2.2.2.2.1 foram levantados alguns detalhes internos da propriedade rural usando o método
de irradiação. Estes pontos estão identificados no levantamento como os pontos número 8,9,10
e 11. Os dados de levantamento destes pontos constam da Tabela 49. Em função destes dados
e dos dados obtidos no cálculo analítico da poligonal interna enquadrada determine os valores
das coordenadas retangulares dos detalhes internos da área.
Tabela 49 - Dados de campo do levantamento de detalhes internos da área a partir dos vértices
da poligonal interna enquadrada.
171
Tabela 50 - Tabela de cálculo analítico de uma poligonal levantada por irradiação em que os
ângulos foram medidos de forma parcial.
Projeções Coordenadas
359058´53” 3600
172
Figura 42- Poligonal de cinco vértices levantada por irradiação, vinculada a um sistema
cartesiano cuja origem coincide com o polo da irradiação e o norte é coincidente a direção da
radial definida pelo polo e o ponto 1.
Um olhar atento para a Figura 42 nos conduz a conclusão que os azimutes das demais
radiais podem ser obtidos através das seguintes operações:
𝐴𝑧𝑃−3
̅̅̅̅̅̅ = 𝐴𝑧𝑃−2 ̂ 3 = 79°26´56"+131°15´05" = 210°42´01"
̅̅̅̅̅̅ + 2𝑃
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅
𝑃−4 = 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅
̂
𝑃−3 + 3𝑃 4 = 210°42´01"+23°26´18" = 234°08´19"
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅
𝑃−5 = 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅
̂
𝑃−4 + 4𝑃 5 = 234°08´19"+45°16´23" = 279°24´38"
De posse dos azimutes das radiais e das dimensões de suas distâncias horizontais é
possível calcular as projeções x e y das radiais em relação aos respectivos eixos cartesianos.
Esta operação se efetua aplicando as equações (Equação 60 e Equação 61) a cada um destes
alinhamentos. Isto é, multiplicando-se em cada linha da Tabela 49 as funções seno e cosseno
do azimute da radial pela dimensão de sua distância horizontal obtém-se os valores das
projeções x e y das mesmas.
No momento do cálculo das coordenadas retangulares dos vértices, assim como
aconteceu para o cálculo analítico de uma poligonal por caminhamento perimétrico, é
necessário arbitrar a posição da origem do sistema cartesiano. De forma prática isto é efetuado
arbitrando-se um par de coordenadas para um dos pontos envolvidos no levantamento. Neste
caso é vantajoso, do ponto de vista do cálculo, que sejam arbitradas as coordenadas do ponto
de estação (polo). Uma das alternativas bastante vantajosa neste caso é arbitrar que o polo esteja
posicionado na origem do sistema cartesiano. Isto significa dizer que o par de coordenadas do
polo são iguais a zero (XP = 0 e YP = 0).
Uma vez conhecidas as coordenadas retangulares do polo (P) e conhecidas as projeções
das radiais que são alinhamentos que tem como ponto inicial o próprio polo e como pontos
173
finais os respectivos vértices da poligonal, é possível aplicar a estes alinhamentos o principio
de que as projeções destes alinhamentos correspondem às diferenças entre as coordenadas
retangulares do seu ponto final menos de seu ponto inicial. Este raciocínio aplicado para o
alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
𝑃 − 1 resulta no seguinte par de equações:
𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥̅̅̅̅̅̅
𝑃−1 = 𝑋1 − 𝑋𝑃
𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑦̅̅̅̅̅̅
𝑃−1 = 𝑌1 − 𝑌𝑃
𝑌1 = 𝑌𝑃 + 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑦̅̅̅̅̅̅
𝑃−1 = 0,0 + 81,41 = 81,41
Se aplicarmos o mesmo princípio para as outras radiais chegaremos a regra geral para a
obtenção das coordenadas retangulares de um ponto, ou seja, o par de coordenadas de um
vértice da poligonal será obtida através da soma algébrica entre o par de coordenadas do ponto
de estação e as projeções respectivas das radiais, ou seja:
𝑋𝑖 = 𝑋𝑃 + 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥𝑃−𝑖
̅̅̅̅̅
𝑌𝑖 = 𝑌𝑃 + 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑦𝑃−𝑖
̅̅̅̅̅
174
Tabela 51 - Cálculo analítico das dimensões das distâncias horizontais e dos azimutes dos
alinhamentos da poligonal de cinco vértices levantada por irradiação.
175
Figura 43 - Poligonal de cinco vértices levantada através do método de irradiação com o polo
fora da área, vinculada a um sistema cartesiano cuja a origem foi posicionada de forma
coincidente com o polo (P) do levantamento.
Projeções Coordenadas
36002´0” 3600
A medida que os azimutes são calculados sequencialmente são anotados na Tabela 52.
176
De posse dos azimutes das radiais e das dimensões de suas distâncias horizontais é
possível calcular as projeções x e y das radiais em relação aos respectivos eixos cartesianos.
Esta operação se efetua aplicando as equações (Equação 60 e Equação 61) a cada um destes
alinhamentos. Isto é, multiplicando-se em cada linha da Tabela 52 as funções seno e cosseno
do azimute da radial pela dimensão de sua distância horizontal obtêm-se os valores das
projeções x e y das mesmas.
Para calcular as coordenadas retangulares dos vértices é necessário definir a posição da
origem do sistema cartesiano. Isto se efetua arbitrando-se um par de coordenadas para um dos
pontos do levantamento. Sempre em levantamentos por irradiação é vantajoso arbitrar as
coordenadas retangulares para um dos pontos de estação. Neste caso, conforme indicado na
Figura 43, posicionou-se a origem do sistema cartesiano no polo. Isto significa dizer que as
coordenadas X e Y do polo são iguais a zero (XP = 0 e YP = 0). Se efetuarmos então, a soma
das coordenadas do polo com as projeções x e y das radiais que são alinhamentos que
apresentam como ponto inicial o polo e ponto final os vértices da poligonal, obteremos as
coordenadas dos vértices da poligonal. Neste caso, mais uma vez, como as coordenadas do polo
são iguais à zero, a soma deste par de coordenadas com as projeções das radiais resultarão
valores numéricos para as coordenadas dos vértices iguais aos valores de projeções das radiais
(como mostra a Tabela 52).
De posse dos valores das coordenadas dos vértices é possível aplicar a Equação 113
para determinar dimensão da área da poligonal. A aplicação desta equação com os valores de
coordenadas constantes na Tabela 52 nos conduz a um valor para a área da poligonal definida
pelos cinco vértices igual a -24.473,0057 m2. Mais uma vez este sinal negativo para o valor da
área aparece em função de que a ordem de posicionamento das coordenadas dos vértices na
matriz de cálculo de área apresenta o mesmo sentido de deslocamento dos ponteiros de um
relógio. Este sinal pode ser ignorado, pois não tem sentido físico. Então a área da poligonal de
cinco vértices calculada pelo método analítico é igual a 24.473,0057 m2. A dimensão da área
desta poligonal como os mesmos dados de campo, calculada através do processo geométrico na
seção 2.1.3 resultou em um valor igual a 24.473,224 m2 (ver Tabela 15). A diferença entre estes
dois valores (0,218 m2) pode ser creditado a arredondamentos.
De posse dos valores de coordenadas retangulares dos vértices da poligonal é possível
através de uma tabela semelhante a Tabela 42 automatizar o cálculo das dimensões das
distâncias horizontais dos alinhamentos da poligonal e também dos valores dos azimutes dos
mesmos. Estas variáveis calculadas através das equações (Equação 63 e Equação 64) são
mostradas na Tabela 53.
Tabela 53 - Cálculo analítico das dimensões das distâncias horizontais dos alinhamentos da
poligonal e dos azimutes dos mesmos.
177
2.3.2 Cálculo analítico de uma poligonal levantada por irradiação a partir
de dois polos
Vejamos agora como efetuar o cálculo analítico da poligonal de seis vértices cuja
representação gráfica foi apresentada na Figura 15. Esta poligonal foi levantada a partir de dois
polos nomeados P1 e P2. Os dados de campo deste levantamento foram apresentados na Tabela
16.
O cálculo analítico efetuado sobre um levantamento deste tipo segue exatamente os
mesmos procedimentos de um levantamento com apenas um polo. Alguns detalhes, entretanto,
deverão ser levados em consideração para que o cálculo fique correto. Veremos que o cálculo
será bem menos trabalhoso e, portanto, mais prático de ser executado se comparado ao
procedimento que foi efetuado da seção 2.1.3.
O processo de cálculo tem como ponto de partida a organização dos dados em tabela.
Para isto foi planejada a Tabela 54. Nela constam os ângulos horizontais já compensados do
erro angular cometido, as distâncias horizontais das radiais (linhas horizontais definidas pelos
polos e pelos pontos levantados a partir delas) bem como colunas para armazenar os valores
dos azimutes e projeções das radiais e um par de colunas para conter os valores das coordenadas
dos pontos envolvidos no levantamento. Se o leitor não lembra como foi efetuado o processo
de levantamento desta poligonal bem como o processo utilizado para compensação do erro
angular sugere-se que retorne a seção 2.1.3 para dar uma relida no assunto.
Distribuído o erro angular entre os ângulos lidos, o próximo passo é calcular os valores
de azimutes das radiais. Para efetuar este cálculo, o azimute de um dos alinhamentos deveria
ter sido determinado no campo. Se isto não foi efetuado, é possível arbitrar o azimute de um
dos alinhamentos do levantamento. Na resolução deste exercício, arbitrou-se que o azimute do
alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2 (definido pelos dois pontos de estação do aparelho topográfico) seja igual
a 1000 (𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1−𝑃2 = 100°). Este valor de azimute está então anotado na Tabela 54 na linha de
em que o ponto de estação é P1 e que o ponto de vante é P2. Este azimute será o valor de
referência para calcular os azimutes de todas as outras radiais.
A Figura 44 mostra esta poligonal vinculada a um sistema cartesiano plano cuja origem
coincide com o ponto P1 e o semi-eixo positivo Y está direcionado para o norte. A figura mostra
também o azimute de referência (azimute do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2) e as vinculações deste
ângulo com os demais ângulos geométricos horizontais medidos durante o levantamento (na
figura são mostrados os ângulos horizontais já compensados do erro angular).
178
Tabela 54 - Tabela de cálculo analítico de uma poligonal de seis vértices que foi levantada
através do método de irradiação com dois a partir de dois polos.
Projeções Coordenadas
179
O cálculo dos azimutes das radiais que partem da estação P1 (ou ainda que tem como
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
ponto inicial a estação P1) começa com a determinação do valor de azimute da radial 𝑃1 − 6,
̂
pois o primeiro ângulo medido na estação P1 é justamente o ângulo 𝑃2 𝑃1 6 = 96°11´58”.
Como conhecemos o azimute do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2 = 100°, fica claro pela representação
gráfica da Figura 44 que o azimute do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 6 será determinado pela simples soma
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
do azimute do alinhamento 𝑃1 − 𝑃2 com o ângulo 𝑃2 𝑃1 ̂ 6, ou seja:
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1−6 = 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
̂
𝑃1−𝑃2 + 𝑃2 𝑃1 6 = 100° + 96°11´58" = 196°11´58"
O cálculo dos azimutes das radiais que partem da estação P2 tem início com o cálculo
do azimute da radial ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 3. Quando se levantou a posição do vértice 3, instalou-se o parelho
na estação P2, colimou-se e zerou-se o limbo horizontal do aparelho topográfico na direção da
estação P1 e em seguida colimou-se o ponto 3, efetuando-se a leitura do ângulo horizontal
𝑃1 𝑃2̂ 3 ( no sentido dos ponteiros de um relógio tendo como origem a direção do ponto P1
até a direção do ponto 3). Como este ângulo medido parte da direção do ponto P1 estando o
aparelho instalado em P2, o azimute de referencia para calcular o azimute do alinhamento
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 3 é justamente o azimute do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2. No entanto, é importante o leitor notar
que este azimute de ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2 corresponde ao azimute da direção que tem como origem o ponto
P1 e que vai na direção de P2. Para efetuar simplesmente a soma do azimute de referência com
o ângulo horizontal medido na estação P2, seria necessário, em função do azimute de ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2
(𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1−𝑃2 ) (que é o azimute a vante do alinhamento), calcular o azimute a ré do alinhamento
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2 que seria aquele azimute da direção que parte de P2 e vai na direção de P1 (𝐴𝑧𝑃2−𝑃1
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ).
Estes dois azimutes a ré e a vante tem valores que diferem aproximadamente em 1800. O
processo de cálculo do azimute a ré e a vante de um alinhamento de pequenas dimensões
(desprezando-se, portanto, em função de sua pequenez, o valor da convergência de meridianos)
é obtido da seguinte forma:
𝐴𝑧𝑃2−𝑃1
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐴𝑧𝑃1−𝑃2
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ± 180°
Equação 145
180
Figura 45 - Relações entre os ângulos 𝐴𝑧𝑃2−𝑃1
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ , 𝐴𝑧𝑃1−𝑃2 ̂ 3 e 𝐴𝑧𝑃2−3
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ , 𝑃1 𝑃2 ̅̅̅̅̅̅̅̅ .
Desta forma então fica claro pela Figura 45 que uma das expressões que podem ser
utilizadas para calcular o azimute do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 3 é a seguinte:
𝐴𝑧𝑃2−3
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐴𝑧𝑃1−𝑃2 ̂ 3 ± 180°
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ + 𝑃1 𝑃2
𝐴𝑧𝑃2−3
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 100° + 107°14´11" − 180° = 27°14´11"
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2−3 = 100° + 180° + 107°14´11" = 387°14´11"
Como o azimute calculado foi maior do que 3600, isto significa que ao somar os ângulos
foi dado mais de um giro no plano horizontal. Quando isto acontece o valor determinado pela
expressão acima fornece o valor da soma do azimute do alinhamento mais 3600. Para se obter
então o valor do azimute do alinhamento, deve-se subtrair o ângulo obtido de 3600, ou seja:
𝐴𝑧𝑃2−3
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 387°14´11" − 360° = 27°14´11"
E,
181
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2−5 = 𝐴𝑧𝑃2−4
̂ 5 = 93°39´17"+73°04´44" = 166°44´01"
̅̅̅̅̅̅̅̅ + 4 𝑃2
De posse dos azimutes das radiais e das dimensões de suas distâncias horizontais é
possível calcular as projeções x e y das radiais em relação aos respectivos eixos cartesianos.
Esta operação se efetua aplicando as equações (Equação 60 e Equação 61) a cada um destes
alinhamentos. Isto é, multiplicando-se em cada linha da Tabela 54 as funções seno e cosseno
do azimute da radial pela dimensão de sua distância horizontal obtêm-se os valores das
projeções x e y das mesmas.
Para calcular as coordenadas retangulares dos vértices é necessário definir a posição da
origem do sistema cartesiano. Isto se efetua arbitrando-se um par de coordenadas para um dos
pontos do levantamento. Sempre em levantamentos por irradiação é vantajoso arbitrar as
coordenadas retangulares para um dos pontos de estação. Neste caso, conforme indicado na
Figura 44, posicionou-se a origem do sistema cartesiano no polo P1. Isto significa dizer que as
coordenadas X e Y do polo P1 são iguais a zero (XP1 = 0 e YP1 = 0). Se efetuarmos então, a
soma das coordenadas do polo com as projeções x e y das radiais que são alinhamentos que
apresentam como ponto inicial o polo P1 e ponto final os vértices da poligonal e o próprio ponto
P2, obteremos as coordenadas dos vértices 6,1, 2 e também do polo P2. Neste caso, como as
coordenadas do polo P1 são iguais à zero, ao somarmos este par de coordenadas com as
projeções das radiais ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 6, ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 1, ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 2 𝑒 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2, obteremos para as coordenadas dos
pontos finais destes alinhamentos (pontos 6,1,2 e P2) valores iguais as projeções das respectivas
projeções (como pode ser observado na Tabela 54.
As coordenadas retangulares dos pontos levantados a partir do polo P2 ( pontos 3,4 e 5)
serão obtidos usando-se o mesmo princípio utilizado para o cálculo das coordenadas dos pontos
levantados a partir do polo P1, ou seja, através da aplicação do princípio de que as projeções x
e y de um alinhamento corresponde às diferenças de coordenadas do ponto final menos as
coordenadas do ponto inicial deste alinhamento. Se aplicarmos este principio ao alinhamento
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 3, obteremos:
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2−3 = 𝑋3 − 𝑋𝑃2
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2−3 = 𝑌3 − 𝑌𝑃2
Das duas equações acima conhecemos os valores das projeções do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 3
e conhecemos o valor das coordenadas do polo P2. Enfatiza-se que as coordenadas do ponto P2
já foram calculadas em função das coordenadas do ponto P1 e das projeções do alinhamento
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 𝑃2. Portanto, o trabalho que temos que efetuar é isolar as duas coordenadas do ponto 3
nas equações acima, obtendo:
𝑋3 = 𝑋𝑃2 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2−3 = 235,452 + 80,455 = 315,907
𝑌3 = 𝑌𝑃2 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2−3 = −41,517 + 156,305 = 114,788
182
incluir as coordenadas dos pontos P2 e P1, uma vez que, estes pontos não fazem parte da
poligonal cuja área deseja-se calcular. As coordenadas dos pontos de estação (P1 e P2) foi
necessário calcular para podermos chegar aos valores das coordenadas dos vértices da
poligonal, no entanto eles não fazer parte da poligonal de interesse. A aplicação da Equação
113 com as coordenadas dos pontos 1, 2, 3, 4 e 5 (constantes na Tabela 54) resulta em uma
valor de dimensão para a área da poligonal definida pelos cinco pontos igual a -195.082,7379
m2. Ignorando-se o sinal negativo chega-se a conclusão que a dimensão da área da poligonal é
igual a 195.082,7379 m2. O valor da área deste mesmo polígono calculado de forma geométrica
na Tabela 18 foi de 195.082,396 m2. A diferença entre estes dois valores(0,3419 m 2) pode ser
creditado a erros de arredondamento.
De posse dos valores de coordenadas retangulares dos vértices da poligonal é possível
através de uma tabela semelhante a Tabela 42 automatizar o cálculo das dimensões das
distâncias horizontais dos alinhamentos da poligonal e também dos valores dos azimutes dos
mesmos. Estas variáveis são calculadas segundo a seguinte sequência de procedimentos:
inicialmente, em função das coordenadas retangulares dos pontos extremos de cada
alinhamento calcula-se o par de projeções x e y de cada alinhamento através das equações
(Equação 60 e Equação 61). Em seguida, em função das dimensões das projeções dos
alinhamentos calculam-se as dimensões das distâncias horizontais dos lados do polígono e o
rumo de cada alinhamento através respectivamente das equações (Equação 63 e Equação 64).
Finalmente em função do rumo e dos sinais das projeções define-se em qual quadrante do
círculo topográfico horizontal está posicionado o alinhamento e calcula-se o azimute deste
alinhamento em função do rumo do mesmo. Os valores destas variáveis para a poligonal de seis
vértices é mostrada na tabela abaixo.
Tabela 55 - Cálculo das dimensões dos alinhamentos do polígono e dos azimutes dos mesmos.
183
2.4 CÁLCULO ANALÍTICO DE UMA ÁREA LEVANTADA ATRAVÉS DO MÉTODO DE
INTERSECÇÃO OU DE COORDENADAS BIPOLARES
Na seção 2.1.4 caracterizou-se o método de levantamento de intersecção ou de
coordenadas bipolares. Nesta seção foi especificado como proceder para aplicar o método de
levantamento, quais os dados devem ser coletados no campo para caracterizar o uso deste
método de levantamento e quais os cuidados que se deve ter na hora de escolher a orientação
da base da intersecção bem como a sua dimensão para não cometer significativas propagações
de erros. Sugere-se então, para aquele leitor que não se lembra do método, retornar a seção 2.1.4
pra relê-la.
Na seção 2.1.4 foi visto ainda como aplicar um processo geométrico para determinar a
dimensão da área de uma poligonal que foi levantada através deste método de levantamento.
Lembrando que processo geométrico de determinação da área de uma poligonal é aquele em
que se divide a área da poligonal em figuras geométricas mais simples cuja fórmula da área se
conheça. Neste processo, inicialmente, com os dados que se dispõe, calcula-se a dimensão
destas áreas mais simples (no caso triângulos), e, em um segundo momento, somam-se ou
subtraem-se as áreas destas figuras com o objetivo de obter a dimensão da área da poligonal.
Nesta seção vamos ver como aplicar o método analítico para, em um primeiro momento,
vincular as posições dos vértices de uma poligonal levantada através do método de intersecção
a um sistema cartesiano plano. Do ponto de vista prático, esta vinculação se efetua através da
determinação das coordenadas retangulares dos vértices da poligonal em relação a este sistema.
De posse destes valores de coordenadas retangulares será possível determinar, em função destas
variáveis, a dimensão da área da poligonal bem como a dimensão das distâncias horizontais dos
alinhamentos da poligonal e dos azimutes dos mesmos. Ainda em função das coordenadas dos
vértices poderemos efetuar a representação gráfica em escala da figura (planta topográfica).
O processo de calculo analítico de uma poligonal levantada através do método de
intersecção não tem mudanças significativas em relação ao cálculo efetuado para as áreas
levantadas por irradiação. O único procedimento que se diferencia entre áreas levantadas por
intersecção em relação àquelas levantadas por irradiação é de que, quando se aplica este último
método de levantamento, já trazemos do campo os dados para, de uma forma rápida, determinar
as distâncias horizontais entre os pontos de estação do aparelho topográfico e os pontos cujas
posições relativas nos interessam determinar. Por outro lado, quando o método de intersecção
ou de coordenadas bipolares é usado, é necessário, anteriormente ao início do cálculo analítico
propriamente dito, aplicar a lei dos senos aos triângulos definidos pelos extremos da base de
intersecção e os pontos que foram levantados com o objetivo de calcular as distâncias
horizontais entre os pontos de estação e os pontos levantados. Após resolver este problema das
distâncias entre os pontos de estação e os pontos visados, o processo de determinação das
coordenadas dos pontos levantados segue exatamente o mesmo rito que já foi aplicado no
processo de determinação das coordenadas retangulares de pontos levantados através do
método de irradiação.
Para se exemplificar o processo de cálculo, usaremos a poligonal de cinco vértices
levantada por intersecção cuja representação gráfica é mostrada na Figura 19 e cujo registro de
campo consta da Tabela 23. Trata-se de uma poligonal de cinco vértices em que as posições
dos mesmos foram levantadas a partir dos extremos de uma base de intersecção nomeados de
P1 e P2. Consideraremos que as intersecções já foram resolvidas e que, portanto, já conhecemos
as distâncias entre os extremos da base e os vértices levantados. Para os detalhes de como foram
calculadas as distâncias dos extremos da base da intersecção e os cinco vértices retorne a seção
2.1.4.
184
Para efetuar o cálculo das coordenadas dos vértices da poligonal foi montada a Tabela
56 que contempla todas as variáveis intermediárias que devem ser calculadas para a
determinação das coordenadas retangulares dos vértices.
Tabela 56 - Calculo analítico de uma poligonal de cinco vértices levantada através do método
de intersecção ou coordenadas bipolares.
Projeções Coordenadas
Apenas lembrando rapidamente os cálculos que já foram efetuados para chegar aos
dados da Tabela 56. Inicialmente, de posse dos dados de campo foi calculada a dimensão dos
erros angulares cometidos nas duas estações, e, uma vez verificada a sua admissibilidade, foi
efetuada a distribuição destes erros entre os ângulos medidos em cada estação, originando os
valores dos ângulos horizontais compensados que constam da Tabela 56. Em seguida, em
função dos ângulos compensados e da dimensão da base da intersecção (𝐷𝐻𝑃1−𝑃2̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ = 81,45 𝑚),
foram calculadas as distâncias entre os extremos da base e cada vértice da poligonal (através da
lei dos senos).
Uma observação detalhada da Tabela 56 revelará que assim como foi efetuado na Tabela
24, trabalho duplo foi efetuado. Isto é, na Tabela 24 foi efetuado o cálculo da área dos triângulos
formados a partir dos vértices P1 e P2. Tanto a soma dos triângulos formados a partir de P1
como a soma dos triângulos formados a partir de P2 resultou na dimensão da área da poligonal.
Aqui, da mesma forma, é possível calcular as coordenadas dos vértices da poligonal a partir das
radiais que partem tanto de P1 como de P2. As coordenadas dos pontos levantados devem, no
entanto, resultarem em valores iguais independente do caminho adotado. Como pode ser
visualizado na Tabela 56 as coordenadas retangulares dos respectivos pontos de vante
185
independente do ponto de estação são iguais. Embora seja estritamente necessário o cálculo das
coordenadas dos pontos a partir de apenas uma das radiais, do ponto de vista didático, esta
situação é interessante para que o leitor fixe os princípios do cálculo analítico. Da mesma forma
o trabalho duplo serve como verificação dos procedimentos de cálculo. Ou seja, se tudo tiver
sido realizado corretamente os valores de coordenadas dos respectivos pontos deverão ser
iguais.
186
arbitrar que o azimute do alinhamento definido pelos extremos da base ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅𝑃1 − 𝑃2 seja igual a
1350 (𝐴𝑧𝑃1−𝑃2̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ = 135°). Este, portanto, será o azimute de referência que servirá de base para
determinar o azimute de todos os outros alinhamentos envolvidos no levantamento. A Figura
46 mostra a representação gráfica da poligonal de cinco vértices levantada através do método
de intersecção e a vinculação da mesma a um sistema cartesiano cuja origem está posicionada
no ponto P1 (um dos extremos da base da intersecção). O semieixo positivo Y do sistema está
direcionado para o norte. A figura ainda mostra as vinculações entre o azimute de referência
𝑃1−𝑃2 = 135°) e os ângulos geométricos medidos com o aparelho topográfico e
(𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
compensados dos erros de levantamento.
É possível observar pela Figura 46 que os azimutes dos alinhamentos definidos pelo
ponto de estação P1 e seus respectivos pontos de vante constantes da Tabela 56 são calculados
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ = 135°) é posicionado diretamente sobre
sequencialmente. O azimute de referência (𝐴𝑧𝑃1−𝑃2
a tabela na linha em que o ponto de estação é P1 e o ponto de vante é P2 (terceira linha da
Tabela 56). O primeiro azimute calculado é o do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 3, pois, o primeiro ângulo
medido após o aparelho ser instalado no ponto P1 foi justamente o ângulo 𝑃2𝑃1 ̂ 3. Fica claro
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
pela figura que se conhecemos o azimute do alinhamento 𝑃1 − 𝑃2 (que é o ângulo com vértice
em P1, contado a partir da direção do norte no sentido de deslocamento dos ponteiros de um
relógio até a direção de P2) e também o ângulo medido com o aparelho topográfico 𝑃2𝑃1 ̂3
(que é o ângulo horizontal também com vértice em P1 contado a partir da direção de P2 no
sentido de deslocamento dos ponteiros de um relógio até a direção do ponto 3), que o azimute
do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1 − 3 poderá ser determinado através da simples soma destes dois ângulos,
ou seja:
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃1−3 = 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
̂
𝑃1−𝑃2 + 𝑃2𝑃13 = 135° + 47°57´45" = 182°57´45"
𝐴𝑧𝑃1−1
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐴𝑧𝑃1−5 ̂ 1 = 241°48´29" + 150°38´31" = 392°27´00"
̅̅̅̅̅̅̅̅ + 5𝑃1
De posse dos valores dos azimutes e as respectivas dimensões das distâncias horizontais
das radias que partem do ponto P1, calculam-se através das equações (Equação 60 e Equação
61) as projeções x e y de cada radial. Ou seja, as dimensões das projeções x e y de cada
alinhamento definido pelo ponto de estação P1 e pelos seus pontos de vante constantes da
Tabela 56 serão obtidas através da multiplicação respectivamente das funções seno e cosseno
dos azimutes pelas dimensões das distâncias horizontais destes alinhamentos.
Para a obtenção das coordenadas retangulares dos pontos a partir das radiais que partem
do ponto P1 é necessário inicialmente posicionar a origem do sistema cartesiano. Isto é efetuado
187
arbitrando-se um par de coordenadas para um dos pontos do levantamento. Neste exercício
resolveu-se posicionar que a origem do sistema cartesiano coincidentemente com a posição do
ponto de estação P1. Isto significa que o par de coordenadas do ponto P1 é igual à zero, ou seja,
XP1 = 0 e YP1 = 0.
Agora, aplicando o principio de que as projeções x e y dos alinhamentos correspondem
às diferenças entre as coordenadas dos pontos final e inicial das radiais que partem do ponto
P1, obtêm-se as seguintes expressões que nos permitem calcular as coordenadas dos pontos
finais das radiais:
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝑃1−𝑃2
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑋𝑃2 − 𝑋𝑃1 ⟹ 𝑋𝑃2 = 𝑋𝑃1 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝑃1−𝑃2
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ = 0,0 + 57, 594 = 57,594
⋮
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝑃1−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑋2 − 𝑋𝑃1 ⟹ 𝑋2 = 𝑋𝑃1 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝑃1−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 0,0 + 169,767 = 167,767
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝑃1−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑌2 − 𝑌𝑃1 ⟹ 𝑌2 = 𝑌𝑃1 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝑃1−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 0,0 + 19,404 = 19,404
Como se pode perceber acima, as coordenadas dos pontos finais das radiais que partem
de P1 (que são os pontos P2, 3, 4, 5, 1 e 2), serão iguais às projeções destas radiais. Isto acontece
porque estes alinhamentos apresentam como ponto inicial o ponto P1 que está posicionado na
origem no sistema de eixos (XP1 = 0 e YP1 = 0).
O cálculo das coordenadas dos pontos a partir das radiais que partem de P2 tem início
com a determinação dos valores dos azimutes dos alinhamentos que ligam P2 a cada um dos
vértices da poligonal. O primeiro azimute a ser calculado é do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑃2 − 1, pois o
primeiro ângulo que foi medido após o aparelho ser instalado em P2 foi o ângulo 𝑃1𝑃2 ̂ 1. Ou
seja, logo após a instalação do aparelho na estação P2, foi colimado e zerado o limbo horizontal
do mesmo na direção do ponto P1 e em seguida colimado o ponto 1 (que é o primeiro ponto
localizado a direita de P1) e efetuada a leitura do ângulo 𝑃1𝑃2 ̂ 1. Este ângulo apresenta como
vértice P2, tem origem de contagem a direção de P1, e ainda, é medido no sentido dos ponteiros
de um relógio até a direção do ponto 1. Por todas estas razões, o azimute de referência para
calcular o azimute do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 1 é justamente o azimute do alinhamento na direção
da qual foi zerado o limbo horizontal do aparelho (𝑃2 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
− 𝑃1). Como se conhece o azimute a ré
deste alinhamento, ou seja, 𝐴𝑧𝑃1−𝑃2
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ = 135° , a expressões que nos permitem calcular o azimute
do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2 − 1, são:
𝐴𝑧𝑃2−1
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐴𝑧𝑃1−𝑃2 ̂ 1 ± 180°
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ + 𝑃1𝑃2
𝐴𝑧𝑃2−1
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 135° + 31°57´15" + 180° = 346°57´15"
Lembrando que neste caso a soma dos dois primeiros ângulos resulta em valor inferior
a 180 , por esta razão o sinal dos 1800 é positivo.
0
188
𝐴𝑧𝑃2−1
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐴𝑧𝑃2−𝑃1 ̂1
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ + 𝑃1𝑃2
Mas,
𝐴𝑧𝑃2−𝑃1
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐴𝑧𝑃1−𝑃2
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ± 180°
𝐴𝑧𝑃2−𝑃1
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐴𝑧𝑃1−𝑃2
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ + 180° = 135° + 180° = 315°
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2−1 = 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
̂
𝑃2−𝑃1 + 𝑃1𝑃21 = 315° + 31°57´15" = 346°57´15"
Na sequência:
𝐴𝑧𝑃2−3
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐴𝑧𝑃2−2 ̂ 3 = 55°31´59" + 151°06´23" = 206°38´22"
̅̅̅̅̅̅̅̅ + 2𝑃2
𝐴𝑧𝑃2−4
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐴𝑧𝑃2−3 ̂ 4 = 206°38´22" + 36°16´37" = 242°54´59"
̅̅̅̅̅̅̅̅ + 3𝑃2
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑃2−5 = 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅
̂
𝑃2−4 + 4𝑃25 = 242°54´59" + 39°18´13" = 282°13´12"
De posse dos valores dos azimutes e as respectivas dimensões das distâncias horizontais
das radias que partem do ponto P2, calculam-se através das equações (Equação 60 e Equação
61) as projeções x e y de cada radial.
O cálculo das coordenadas dos vértices da poligonal são obtidas aplicando-se o principio
de que as projeções x e y dos alinhamentos correspondem às diferenças entre as coordenadas
dos pontos final e inicial das radiais que partem do ponto P2. As expressões que nos permitem
então calcular as coordenadas retangulares dos vértices do polígono a partir das projeções dos
alinhamentos das radias que partem de P2 são as seguintes:
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝑃2−1
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑋1 − 𝑋𝑃2 ⟹ 𝑋1 = 𝑋𝑃2 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝑃2−1
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 57, 594 + (−25,163) = 32,431
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝑃2−1
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑌1 − 𝑌𝑃2 ⟹ 𝑌1 = 𝑌𝑃2 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝑃2−1
̅̅̅̅̅̅̅̅ = −57,594 + 108,597 = 51,003
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝑃2−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑋2 − 𝑋𝑃2 ⟹ 𝑋2 = 𝑋𝑃2 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝑃2−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 57,594 + 112,173 = 169,767
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝑃2−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑌2 − 𝑌𝑃2 ⟹ 𝑌2 = 𝑌𝑃2 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝑃2−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = −57,594 + 76,999 = 19,405
⋮
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝑃2−5 ̅̅̅̅̅̅̅̅ = 57,594 + (−117,548) = −59,954
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑋5 − 𝑋𝑃2 ⟹ 𝑋5 = 𝑋𝑃2 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝑃2−5
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝑃2−5
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑌5 − 𝑌𝑃2 ⟹ 𝑌5 = 𝑌𝑃2 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝑃2−5
̅̅̅̅̅̅̅̅ = −57,594 + 25,458 = −32,136
Como podem ser observadas pela Tabela 57, as distâncias dos alinhamentos da
poligonal calculados analiticamente são idênticas àquelas calculadas via lei dos cossenos na
Tabela 24.
190
denominados E1, E2 e E3. Como estes três locais de estação tiveram que ser ocupadas pelo
aparelho, naturalmente, elas tiveram que ser materializadas ou marcadas no campo através de
piquetas e estacas-testemunhas.
Tabela 58 - Registros de campo de uma poligonal real de quatro vértices levantada através de
uma combinação dos métodos de irradiação e intersecção.
E1 E2 2 140018´
E2 E3 2 42055´
aparelho topográfico, via de regra, é o ângulo com vértice no ponto de estação do aparelho
medido na direção de deslocamento dos ponteiros de um relógio, contado a partir do ponto de
ré, até a direção do ponto de vante. Note, que na Tabela 58 não existe informação de distância
entre o ponto de estação E2 e o ponto 2. Isto significa que optou-se por levantar a posição do
ponto 2 através do método de intersecção. Da mesma forma é importante que se perceba, que
apenas as informações coletadas na estação E2 não são suficientes da definir de forma
inequívoca a posição do ponto 2. Para que possamos saber a exata posição do ponto 2, ele deve
ser observado de outro ponto de estação. Se observarmos mais para baixo na Tabela 58,
perceberemos que este ponto 2 também foi visado a partir da estação seguinte (E3). Notaremos
191
também que lá na estação E3, a única informação que consta com relação ao ponto 2 é de
̂ 2 = 42°55´. Fica assim caracterizado o
direção, ou seja, a fornecida pelo ângulo medido 𝐸2𝐸3
uso do método de intersecção para o levantamento do ponto 2. A base da intersecção, neste
caso, é o alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸2 − 𝐸3 que tem sua distancia medida ainda na estação E2. Na linha
seguinte da Tabela 58 onde constam os dados de levantamento do ponto 2 na estação E2,
̂ 𝐸3 = 225°14´ e os
aparece os dados de levantamento da estação E3 (ângulo horizontal 𝐸1𝐸2
dados para calcular a 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸2−𝐸3).
Figura 47 - Representação gráfica de uma poligonal real de quatro vértices, levantada a partir
de três pontos de estação através de uma combinação dos métodos de irradiação e intersecção.
192
A interpretação correta dos dados constantes na Tabela 58 nos permite efetuar o croqui
da posição dos pontos envolvidos no levantamento (efetuado a mão livre) que é mostrado na
Figura 47.
A Figura 47 além de mostrar as posições relativas dos pontos envolvidos no
levantamento, também mostra a vinculação destes pontos a um sistema cartesiano plano cuja
origem está posicionada de forma coincidente com a estação E1 e o semieixo positivo Y está
direcionado para o norte. A figura também mostra que foi efetuada uma determinação de
azimute do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸1 − 𝐸2. Segundo a Figura 47 o azimute deste alinhamento é igual a
0
𝐸1−𝐸2 = 70°). A mesma figura finalmente mostra as relações entre o azimute do
70 (𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸1 − 𝐸2 e os demais ângulos geométrico medidos durante o levantamento.
Antes de começar o cálculo analítico propriamente dito, temos que, em função dos dados
medidos no terreno, calcular as distâncias horizontais entre os pontos de estação e os pontos de
vante da Tabela 58. Para aquelas linhas da tabela que contém informação de distâncias inclinada
e de ângulo vertical, as dimensões das distâncias entre os pontos de estação e os pontos de vante
serão obtidas simplesmente através da multiplicação da distância inclinada medida pela função
cosseno do ângulo de inclinação que consta em cada linha da tabela. Já para as duas linhas em
que o ponto 2 aparece como ponto de vante, tanto na estação E2 com na estação E3, a dimensão
das distâncias serão obtidas através da aplicação da lei dos senos ao triângulo composto pelas
estações E2 e E3 e o próprio ponto 2. A representação gráfica dos dados que são utilizados para
a solução da intersecção bem como a solução matemática é mostrada na Figura 48.
Figura 48 - Representação gráfica dos dados utilizados para a solução da intersecção relativa
ao ponto 2 bem como o procedimento matemático que deve ser realizado.
É possível verificar pela Figura 48 que a aplicação da lei dos senos ao triângulo definido
pelos pontos E2, E3 e o ponto 2, resultou para a distância horizontal entre a estação E2 e o
ponto 2 um valor de 142,961 m. Já para a distâncias horizontal entre a estação E3 e o ponto 2
um valor de 209,129 m.
193
De posse destes dados, efetuemos agora o processo de cálculo analítico deste
levantamento.
Para efetuar o cálculo analítico deste levantamento propõe-se a Tabela 59 que contém
todos os dados parciais necessários para a determinação das coordenadas retangulares dos
pontos envolvidos no levantamento.
Tabela 59 - Planilha de cálculo analítico de uma poligonal de uma poligonal real de quatro
vértices levantada a partir de três pontos de estação através de uma combinação dos métodos
de irradiação e intersecção.
Projeções Coordenadas
Como os outros exemplos, o cálculo analítico tem início com a determinação dos valores
dos azimutes dos alinhamentos definidos pelos pontos de estação e os pontos de vante
constantes na Tabela 59. O azimute do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸1 − 𝐸2 = 70°, que foi determinado no
terreno, é o azimute de referência que servirá de base para a determinação dos azimutes de todos
os outros alinhamentos envolvidos no levantamento. Como pode ser observado pela Tabela 59
este valor de azimute consta anotado na linha da tabela em que o ponto de estação é E1 e o
ponto de vante é E2.
A Figura 47 mostra que o azimute do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸1 − 1 pode ser determinado pela
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
simples soma do azimute do alinhamento 𝐸1 − 𝐸2 com o ângulo 𝐸2 𝐸1̂ 1, ou seja:
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸1−1 = 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
̂
𝐸1−𝐸2 + 𝐸2 𝐸1 1 = 70° + 258°10´ = 328°10´
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸2−𝐸3 = 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
̂
𝐸1−𝐸2 + 𝐸1 𝐸2 𝐸3 ± 180° = 70° + 225°14´ − 180° = 115°14´
𝐴𝑧𝐸3−3
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐴𝑧𝐸2−𝐸3 ̂ 3 ± 180° = 115°14´ + 198°15´ − 180° = 133°29´
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ + 𝐸2 𝐸3
𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸3−4 = 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
̂
𝐸2−𝐸3 + 𝐸2 𝐸3 4 ± 180° = 115°14´ + 265°28´ − 180° = 200°42´
194
Efetuado o cálculo dos azimutes dos alinhamentos definidos pelos pontos e estação e
pelos pontos de vante, é possível calcular as projeções x e y de cada um destes alinhamentos
através da multiplicação das funções seno e cosseno dos azimutes pelas dimensões das
distâncias horizontais dos mesmos (Equação 60 e Equação 61).
Na hora do cálculo das coordenadas é preciso fixar a posição para a origem do sistema
cartesiano. Isto se efetua arbitrando-se um par de coordenadas retangulares para um dos pontos
de estação. Neste exercício foi arbitrado que a origem do sistema cartesiano coincide com a
estação E1. Isto significa que XE1 = 0 e YE1 = 0. Este par de coordenadas não consta da Tabela
59 pelo fato de que a estação E1 não aparece como ponto de vante em nenhuma linha da tabela.
Para calcular as coordenadas retangulares dos pontos levantados a partir da estação E1
que são os pontos E2 e o ponto 1, temos que aplicar o conceito de que as projeções dos
alinhamentos ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸1 − 1 𝑒 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸1 − 𝐸2, correspondem às diferenças entre as coordenadas
retangulares dos pontos finais dos alinhamentos menos as coordenadas do ponto inicial do
alinhamentos. Aplicando este princípio, obtém-se:
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝐸1−𝐸2
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑋𝐸2 − 𝑋𝐸1 ⟹ 𝑋𝐸2 = 𝑋𝐸1 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝐸1−𝐸2
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ = 0,0 + 128,510 = 128,510𝑚
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸1−𝐸2 = 𝑌𝐸2 − 𝑌𝐸1 ⟹ 𝑌𝐸2 = 𝑌𝐸1 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸1−𝐸2 = 0,0 + 46,774 = 46,774𝑚
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝐸1−1
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑌1 − 𝑌𝐸1 ⟹ 𝑌1 = 𝑌𝐸1 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝐸1−1
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 0,0 + 109,908 = 109,908𝑚
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝐸2−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑌2 − 𝑌𝐸2 ⟹ 𝑌2 = 𝑌𝐸2 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝐸2−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 46,774 + 123,432 = 170,206𝑚
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝐸2−𝐸3
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑋𝐸3 − 𝑋𝐸2 ⟹ 𝑋𝐸3 = 𝑋𝐸2 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝐸2−𝐸3
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ = 128,510 + 149,961 = 278,471𝑚
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝐸3−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑌2 − 𝑌𝐸3 ⟹ 𝑌2 = 𝑌𝐸3 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝐸3−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = −23,899 + 194,105 = 170,206𝑚
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝐸3−3
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑋3 − 𝑋𝐸3 ⟹ 𝑋3 = 𝑋𝐸3 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝐸3−3
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 278,471 + 94,897 = 373,368𝑚
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝐸3−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑋2 − 𝑋𝐸3 ⟹ 𝑋2 = 𝑋𝐸3 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥𝐸3−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 278,471 + (−74,353) = 204,118𝑚
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝐸3−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑌2 − 𝑌𝐸3 ⟹ 𝑌2 = 𝑌𝐸3 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦𝐸3−2
̅̅̅̅̅̅̅̅ = −23,899 + (−196,771) = 220,670𝑚
195
De posse dos valores de coordenadas retangulares dos vértices que fazem parte da
poligonal real (pontos 1, 2, 3 e 4), é possível aplicar a Equação 113 e determinar a dimensão da
área desta poligonal. A aplicação desta equação com os valores de coordenadas dos quatro
vértices resulta um valor de dimensão para a área da figura composta pelos quatro vértices igual
a 85.916,5794 m2 ou 8,591657 hectares (ha).
Da mesma forma, em função das coordenadas dos vértices 1, 2, 3 e 4 é possível calcular
as projeções x e y dos alinhamentos e com elas obter as dimensões das distâncias horizontais,
os rumos e os azimutes dos mesmos. Os valores destas grandezas encontram-se transcritas na
tabela.
Tabela 60 - Dimensões das distâncias horizontais, dos rumos e dos azimutes dos quatro
alinhamentos da poligonal real.
197
𝑋
= √2
𝑌
Equação 146
E,
𝑋. 𝑌 = 1 𝑚2
Equação 147
Isolando-se Y na Equação 146 obtém-se:
𝑋
𝑌=
√2
Equação 148
Substituindo o valor de Y na Equação 148 na Equação 147 obtém-se:
𝑋 4
𝑋. = 1 𝑚2 ⇒ 𝑋 2 = √2 ⇒ 𝑋 = √2 = 1,189 𝑚 𝑜𝑢 1189 𝑚𝑚
√2
Equação 149
Donde se conclui que a largura do formato A0 deve ser de 1189 mm.
Substituindo-se agora o valor de X na Equação 147 obtém-se a dimensão de Y (altura
do formato A0), ou seja:
1 𝑚2
𝑋. 𝑌 = 1 𝑚2 ⇒𝑌= = 0,8408 𝑚 ≅ 0,841 𝑚 𝑜𝑢 841 𝑚𝑚
1,189 𝑚
Então o formato A0 apresenta as dimensões 1189 mm x 841 mm que satisfaz as duas
condições, ou seja, a dimensão da área é igual a 1 m2 e a relação entre o lado maior X e o lado
Y, é igual à √2.
O formato A0 é o maior formato da série A. Os formatos menores são originados a partir
do formato A0. Desta forma, o formato imediatamente menor ao A0 é o chamado formato A1,
que é originado a partir da divisão do tamanho A0 através de uma linha de corte paralela ao
lado menor deste último formato de tal forma que divida pela metade a dimensão
correspondente ao lado maior do mesmo (conforme mostra a Figura 50). Assim a dimensões
do formato A1 são iguais a 841 mm x 594,5 mm (594,5 mm é o resultado de 1189/2).
O formato A2 é gerado de forma semelhante, só que agora a partir da divisão do formato
A1 através de uma linha de corte paralela ao lado menor deste último formato e que divida pela
metade o lado maior do mesmo. Isto determina que as dimensões do formato A2 são iguais a
594,5 mm x 420,5 mm.
O formato A3 é gerado através da divisão do formato A2 através de uma linha de corte
paralela ao lado menor deste último formato e que divida pela metade o lado maior do mesmo.
Isto determina que as dimensões do formato A3 que são iguais a 420,5 mm x 297 mm.
Finalmente o formato A4 é obtido dividindo-se o formato A3 através de uma linha de
corte paralela ao lado menor deste último formato traçada na metade do maior lado do formato.
Desta forma as dimensões do formato A4 são 297 mm x 210 mm.
Na Tabela 61 consta os valores das dimensões dos lados dos formatos da série A.
198
Tabela 61 - Dimensões dos formatos da série A.
A0 1189 841
A1 841 594,5
A2 594,5 420,5
A3 420,5 297
A4 297 210
Figura 50 - Geração sequencial dos formatos A1, A2, A3 e A4 a partir do formato A0.
Outra questão que a NBR 10.068 fixa são as dimensões das margens das folhas de
desenho. As dimensões destas margens segundo a norma são:
- Nos formatos A0 e A1 as margens devem ter as seguintes dimensões: margem esquerda
(ME) igual a 25 mm e margens inferior (MI), margem direita (MD) e margem superior (MS)
devem ser iguais a 10 mm.
- Nos demais formatos (A2, A3 e A4) a margem esquerda (ME) deve ser igual a 25 mm
e as margens direita, inferior e superior devem ser iguais a 7 mm.
199
Uma vez que as margens estejam desenhadas a partir dos limites da folha, ela definem
o chamado quadro que é o espaço que deve ser utilizado para o desenho.
Outro elemento importante que deve estar presente em qualquer desenho técnico é o
selo ou legenda. O selo é um retângulo que deve ser posicionado no canto inferior direito da
folha de desenho. Neste retângulo deve constar uma série de informações que identificam o
propósito do desenho técnico. Quando o desenho for topográfico as informações que devem
Constar no selo são as que seguem.
Na primeira linha do selo deve constar, normalmente em letras maiúsculas, o tipo de
trabalho topográfico. Os textos que podem rotular o tipo de trabalho topográfico podem ser
vários. Eles podem ser mais genéricos ou mais específicos dependendo da preferência do
técnico. Assim por exemplo, um desenho que conste a planta planimétrica de uma determinada
área poderia ser titulada com os seguintes rótulos: LEVANTAMENTO PLANIMÉTRICO, ou
ainda, PLANTA TOPOGRÁFICA PLANIMÉTRICA, ou LEVANTAMENTO
TOPOGRÁFICO PLANIMÉTRICO, ou simplesmente, PLANTA TOPOGRÁFICA. Caso a
planta topográfica contiver informações altimétricas os rótulos que poderiam caracterizar o
trabalho poderiam ser: PLANTA PLANILATIMÉTRICA, LEVANTAMENTO
PLANIALTIMETRICO ou LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO PLANIALTIMÉTRICO.
Existe outro tipo de representação gráfica topográfica bastante utilizada que é o
chamado Perfil Topográfico de uma direção da superfície da terra. A representação gráfica do
perfil da superfície da terra ao longo de uma direção ou sequências de direções é originada a
partir de um levantamento topográfico planialtimétrico realizado ao longo de uma direção ou
sequências de direções que será caracterizado no capítulo sobre Altimetria. Este desenho tem
por objetivo representar um corte na superfície da terra, mostrando justamente as variações de
inclinações da superfície da terra na direção levantada. Neste caso, o tipo de trabalho poderia
ser caracterizado com os seguintes rótulos: NIVELAMENTO DE PERFIL,
LEVANTAMENTO DE PERFIL, ou simplesmente PERFIL DO EIXO DE ESTRADA, OU
DO EIXO DE BARRAGEM, ETC... .
Após o título do trabalho nas linhas abaixo da primeira devem ser distribuídas conforme
o espaço as seguintes informações: nome da propriedade e nome do proprietário, localização
do imóvel (município e distrito), data do levantamento (mês e ano de realização), escala
numérica de representação, dimensão da área total (caso for um dos objetivos do trabalho),
responsável técnico (nome completo, título (Eng. Agrônomo, Eng. Florestal, Eng, Civil, Eng,
Agrícola , etc...),número de registro no CREA e assinatura).
Caso o levantamento se tratar de um planta com curvas de nível ainda deve ser
informada a equidistâncias vertical das curvas de nível.
Caso se tratar de um levantamento de perfil deverá constar informações as informações
do exagero vertical utilizado. Este detalhe se especifica através das dimensões das escalas
horizontal e vertical utilizadas (detalhes serão vistos no capítulo de altimetria quando
estivermos detalhando nivelamento de perfil).
É importante que se diga que a NBR 10.068 não dita regra sobre a orientação que será
dada à folha. Isto significa que é possível escolher uma orientação específica da mesma em
função das características da área que se deseja representar (com exceção ao formato A4) e após
esta definição desenhar as margens conforme a orientação escolhida.
Com relação às dimensões do selo é importante que se diga que a NBR não fixa altura
máxima para o mesmo. Portanto ele deve ter uma altura suficiente para caber todas as
informações citadas anteriormente. No entanto, a NBR 10.068 fixa a largura do selo. Esta
largura é dada pela seguinte expressão:
200
𝐿𝑆 = 210 𝑚𝑚 − (𝑀𝐸 + 𝑀𝐷)
Equação 150
Onde: LS – Largura do selo.
ME e MD – São respectivamente as dimensões das margens esquerda e direta da folha.
210 mm – Corresponde a largura do formato A4.
Aplicação da Equação 150 aos diferentes formatos resulta para a largura do selo nos
formatos A0 e A1 o valor de 175 mm. Já, para os demais formatos, o valor da largura fornecida
pela Equação 150 é de 178 mm.
A razão para fixar esta largura do selo é a seguinte. Para que as folhas de desenho sejam
anexadas a documentos encadernados (relatórios, dossiês), elas devem ser dobradas de tal forma
que o tamanho final dobrado seja igual ao tamanho do formato A4 (que corresponde ao tamanho
das demais folhas do documento). Ao efetuar estas dobras da folha é preciso ter o cuidado de
que, após a folha estar dobrada, o selo fique totalmente exposto. O fato do selo ficar totalmente
exposto facilita para as pessoas que folharem o documento verificar de que se trata o desenho
e, se assim o desejar, desdobrar a folha para o ver o mesmo na íntegra. Esta largura do selo
somada à dimensão da margem direita define, a rigor, a distância da margem direita aonde deve
ser efetuada a primeira dobra da folha (linha de dobra paralela as margens direita e esquerda).
Se esta é a justificativa, não existiria razão para a largura do selo não poder ser menor do que
esta dimensão. Neste caso, esta dimensão especificada para o selo, poderia ter sido caracterizada
na NBR como a largura máxima do selo. No entanto a NBR 10.068 cita, como regra, que esta
deve se a largura do selo ou legenda.
Embora não seja uma norma estabelecida pela NBR 10.068, sugere-se em caso de
desenhos topográficos, que a porção superior ao selo seja reservada para abrigar as convenções
utilizadas no desenho e para carimbos de instituições públicas e cartórios.
Como consequência da escolha do formato da folha (A0, A1, A2, A3 ou A4), da
definição das dimensões das margens segundo a NBR 10.068 e especificada a largura do selo,
ficam indiretamente definidos os espações úteis paralelos ao eixo X e ao eixo Y
(respectivamente EUX e EUY representados na Figura 49) disponíveis para conter o desenho
topográfico. Estas duas grandezas gráficas que devem ser dimensionadas são fundamentais
tanto para definir a escala numérica que será utilizada como no processo de centragem do
desenho (ver seção 2.1.6.1.1). Estas duas dimensões gráficas podem então ser determinadas
através das seguintes expressões:
𝐸𝑈𝑋 = 𝑋 − (𝑀𝐸 + 𝑀𝐷 + 𝐿𝑆)
Equação 151
Onde: X – Largura do formato;
ME, MD, LS – São respectivamente as dimensões da margem esquerda, margem direita
e a largura do selo;
E,
𝐸𝑈𝑌 = 𝑌 − (𝑀𝑆 + 𝑀𝐼 )
Equação 152
Onde: Y – Altura do formato;
MS e MI – São respectivamente as dimensões das margens superior e inferior;
201
A confecção da planta topográfica é a rigor o último estágio de um levantamento
topográfico planimétrico. Portanto, para desenhá-la é necessário estar com os cálculos
analíticos todos efetuados. Lembrando que o produto deste trabalho são as dimensões das
coordenadas retangulares de todos os pontos levantados. Estes valores serão utilizados para
plotar a posição de cada ponto do levantamento sobre a folha do papel. Anteriormente a
plotagem destes pontos, entretanto, é necessário efetuar o processo de escolha da escala
numérica de representação e o posicionamento do sistema cartesiano sobre a folha de tal forma
que, depois que todos os pontos estiverem plotados sobre a mesma, o desenho fique
perfeitamente centrado no espaço útil do papel. Estes procedimentos foram explicitados na
seção 2.1.6.1.1. Depois de efetuada a escolha da escala e posicionado o sistema cartesiano na
folha, são plotados no papel todos os pontos em função de suas coordenadas retangulares
gráficas. À medida que são plotados os pontos, é importante que cada um deles seja identificado
no papel através do seu identificador de campo (número ou nome dado durante o levantamento
de campo).
Encerrado o processo de plotagem, o que se dispõe é uma nuvem de pontos com seus
respectivos identificadores posicionados sobre o papel. A partir daí então, dá-se início ao
processo de acabamento do desenho. Esta etapa do desenho, embora contenha um aspecto
técnico, que fica por conta da clareza de identificação dos elementos representados, apresenta
também uma componente artística, pois deve existir também uma preocupação com os a estética
do produto final. A ideia é dar um tipo de acabamento ao desenho, de tal forma, que depois de
concluídos os trabalhos, ele passe a impressão de que o que se está visualizando é uma da
paisagem de parte da superfície física da terra. O processo de acabamento do desenho consiste
em adotar simbologias específicas capaz de dar a ideia perfeita para o usuário da planta a que
corresponde cada feição natural ou artificial do terreno representada no desenho. A simbologia
utilizada pode caracterizar três tipos de feições bem distintas que são: feições do tipo ponto,
feições do tipo linhas ou feições do tipo área. Assim como exemplos de feições do tipo ponto é
possível citar: vértices de uma poligonal real, vértices de uma poligonal básica, postes ou torres
de redes elétricas, etc ... . Como exemplos de símbolos que podem ser utilizados para
representar as feições do tipo ponto é possível citar: pequenos triângulos para representar
vértices da poligonal real e pequenos círculos com uma cruz no centro para representar os
vértices de uma poligonal básica.
Não é objetivo deste trabalho esgotar o assunto de simbologia de documentos
cartográficos. O objetivo é apenas dar uma noção de como efetuar o acabamento da planta de
tal forma que ela fique clara o suficiente e esteticamente apresentável. Para maiores detalhes o
leitor pode consultar a NBR 13.133 que no seu Anexo B detalha a simbologia mais comum
usada em plantas topográficas.
Como feições do tipo linha é possível citar eixos de estradas, eixos de barragens, linhas
delimitadoras de um imóvel rural, perímetro molhado de um açude, linha que define os locais
por onde passam cursos de água (rios, córregos). Qualquer feição do tipo linha é composta de
uma sequência de pontos. Quando estas feições do tipo linha são levantadas no terreno, são
determinadas as posições de um conjunto de pontos ao longo delas e que sejam representativas
dos locais por onde passam as mesmas. Assim durante a etapa de acabamento do desenho será
preciso unir estes pontos que representam uma feição do tipo linha, com um determinado tipo
de traçado que fique claro a identificação da feição. Como exemplo destes tipos de traços é
possível citar:
- Traço e ponto para caracterizar eixo de estrada;
- Linhas contínuas com pequenas cruzes ao longo das mesmas para caracterizar limites
de propriedade rural em que a linha divisória esteja materializada com cerca.
202
A utilização de cores nos documentos cartográficos ajuda sobremaneira a identificação
dos objetos representados. Existem certas convenções bem estabelecidas para a utilização de
cores que são as seguintes: cor azul utilizadas para representar corpos de água (curso d´água,
áreas alagadas), a cor verde para caracterizar vegetação, cor preta para definir linhas divisórias
de propriedades rurais e para identificar acidentes artificiais do tipo linhas estradas e barragens.
Como exemplo de feições do tipo área podem ser mencionadas: áreas inundadas de
barragens ou açudes, áreas caracterizadas por um tipo específico de uso de cultivo da terra
(reflorestamento, mata nativa, uso com cultivo de soja de arroz, etc...). A caracterização de
feições do tipo área ou polígono podem ser simbolizados em documentos cartográficos através
de hachuras diferentes combinadas com cores adequadas.
O que se precisa enfatizar é que toda a simbologia utilizada em um documento
cartográfico deve ser detalhada em uma seção da planta chamada de Convenções. Esta seção
normalmente é posicionada no espaço reservado acima do selo ou legenda. A seção de
Convenções é constituída de uma lista de símbolos utilizados no documento cartográfico
acompanhado de seu significado (conforme ilustra a Figura 51).
Efetuado o acabamento do desenho, ou seja, unido os pontos que definem os eixos de
uma estrada, traçado o caminho dos cursos d´água, traçados os perímetros das feições do tipo
área (já com seus hachurados característicos), é possível suprimir as identificações dos pontos
que foram utilizados para efetuar estes traçados. Isto torna o desenho menos poluído. Os
identificadores que devem permanecer no desenho são aqueles que definem os vértices da
poligonal real e os locais de estação do aparelho topográfico (estações da poligonal básica). Os
pontos de estação da poligonal básica não devem ser unidos, uma vez que não existe
materialização física alguma no campo que justifique esta união.
Apesar da planta topográfica ser uma peça de desenho técnico, muitas vezes ela é
manuseada por pessoas que não apresentam formação técnica. Exemplo destas pessoas são os
proprietários dos imóveis. Por esta razão é que se recomenda, sempre que houver um espaço
gráfico suficiente, que as dimensões dos alinhamentos da poligonal que definem a propriedade
sejam informados no desenho (em metros), ao longo dos mesmos, conforme é ilustrado na
Figura 51. Estas distâncias devem ser calculadas analiticamente em função das coordenadas
retangulares dos vértices da poligonal real (Equação 63).
Desta forma então, entende-se que, com o texto escrito acima, cobriu-se com o
detalhamento suficiente o assunto de planta topográfica para que o profissional da área produza
suas próprias plantas topográficas de acordo com as normas brasileiras de desenho técnico. A
Figura 51 foi inserida no documento como forma de ilustração do layout deste tipo de
documento cartográfico. Nesta figura está representada o quadro de desenho com o respectivo
selo, convenções, a poligonal básica, a direção do norte, a poligonal real da propriedade
contendo os nomes de seus proprietários confrontantes bem como alguns detalhes internos do
imóvel que foram levantados.
203
Figura 51 - Representação gráfica do layout de uma planta topográfica.
204
2.7 DIVISÃO DE TERRAS
O processo de divisão ou de parcelamento de uma propriedade rural em dois ou mais
lotes é uma das aplicações muito requisitadas para os profissionais que trabalham com
Topografia. Este tipo de processo divisório de uma propriedade acontece na realidade em duas
situações bem características que são:
- Processos de desmembramento de imóveis rurais;
- Processos de divisão entre herdeiros por ocasião do falecimento do proprietário titular
de um imóvel;
Fica determinada a necessidade do desmembramento de um imóvel rural naquelas
situações em que o proprietário do imóvel rural decide vender parte da propriedade. Usemos o
seguinte exemplo, um proprietário detém os títulos de uma propriedade cuja dimensão é de 400
ha. Ele decide vender a metade da propriedade, ou seja, 200 ha. Nestes casos o Topógrafo é
chamado para inicialmente efetuar os levantamentos, os cálculos, as representações gráficas
necessárias e em um segundo momento proceder no campo à demarcação da linha divisória
entre as duas novas propriedades. Todas estas operações são efetuadas de acordo com as
diretrizes ditadas pelas pessoas envolvidas na transação imobiliária. Como última tarefa o
Topógrafo deve redigir o memorial descritivo dos dois novos imóveis para que eles possam ser
registrados nos Cartórios de Registros de Imóveis da comarca ao qual o imóvel pertence.
Com relação a estas questões registrais é interessante que se faça alguns comentários. O
ato legal que confere a propriedade de um imóvel a uma pessoa física ou jurídica é o registro
da propriedade do imóvel no Cartório de Registro de Imóvel da comarca ao qual ele pertence.
No território brasileiro existe uma infinidade de Cartórios de Registro de Imóveis. Cada um
destes Cartórios detém a responsabilidade de manter e conservar organizados os registros de
propriedade de todos os imóveis localizados dentro de um determinado território da superfície
do país O território de reponsabilidade de um dado cartório é juridicamente denominado de
comarca.
Cada imóvel registrado nos Cartórios Registrais é identificado segundo um número de
matrícula. Sob este número de matrícula são localizados todos os dados sobre este imóvel.
Dentre estes dados, os mais importantes são o nome do proprietário e o memorial descritivo do
perímetro do imóvel. Até o ano de 2001 (quando foi promulgada a lei de 10.267 que trata do
novo cadastro de imóveis rurais), os imóveis eram caracterizados nos memoriais descritivos
através das dimensões das distâncias horizontais de seus alinhamentos, acompanhados das
orientações dos mesmos (valor do rumo ou azimute) e complementados com as informações
dos nomes dos proprietários dos imóveis confrontantes. Outra informação importantíssima que
também consta no memorial é a informação da dimensão da área total do imóvel.
Nestes registros é muito comum se encontrar erros seja na descrição dos perímetros das
propriedades seja na dimensão da área projetada do imóvel sobre o plano horizontal da região.
As razões para que estes erros ou imprecisões existam, principalmente nos registros mais
antigos, é que muitas vezes os dados para gerar os memoriais tinham como fontes profissionais
práticos, sem uma formação teórica, e que trabalhavam sem muita preocupação com eventuais
erros grosseiros de medição. Ainda, estes levantamentos eram frequentemente realizados com
equipamentos pouco precisos. Isto sem falar naquelas situações em que os memoriais
descritivos são muito vagos, desprovido de dimensões e de orientações de alinhamentos sendo
descrito em função de acidentes naturais (cursos d´água, divisores de águas, linhas de vale,
etc...) ou artificiais (estradas, linhas férreas), que deixaram de existir ou mudaram de posição.
Da mesma forma a ideia de tentar dar um posicionamento aproximado do imóvel em função
205
dos nomes dos proprietários confrontantes é tremendamente ineficiente, já que, os nomes dos
confrontantes mudam ao longo do tempo.
A existência de todos estes problemas associado com a popularização dos sistemas de
posicionamento geodésico através de satélites artificiais (GNSS – Global Navigation Satellite
Systems) propiciaram o ambiente necessário para a promulgação e regulamentação técnica da
lei 10.267 de 28 de agosto do ano 2001 que trata do Novo Cadastro de Propriedades Rurais no
território brasileiro.
A partir desta data, qualquer alteração em dados registrais de um imóvel rural somente
deverá ser efetuada mediante o processo de georeferenciamento da propriedade ao Sistema
Geodésico Brasileiro. Isto significa que para o imóvel ser desmembrado ou dividido, é
necessário previamente, que um profissional habilitado efetue os levantamentos geodésicos
com o objetivo de determinar, para cada vértice da propriedade, as coordenadas geodésicas
elipsoidais (latitude geodésica, longitude geodésica e altitude geométrica). Embora o trabalho
de determinação das coordenadas geodésicas dos vértices de uma propriedade não seja
exclusivamente efetuado via técnica de posicionamento por satélites artificiais, esta passou a
ser, em função das facilidades dos trabalhos de campo, a metodologia predominantemente
usada.
No Brasil, o órgão responsável por elaborar a norma técnica de como efetuar os
trabalhos de georeferenciamento, manter uma banco de dados de propriedades e de fornecer o
documento de homologação dos trabalhos de georeferenciamento das mesmas, ou seja, fornecer
o documento de certificação das propriedades rurais é o INCRA (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária). O trabalho de georeferenciamento dos vértices dos imóveis
rurais com precisão posicional de 0,5 m (conforme Norma Técnica publicada pelo INCRA) tem
por objetivo definir a posição do imóvel no globo terrestre. Em palavras mais técnicas, isto
significa definir as projeções ortogonais dos vértices de cada propriedade em relação ao
elipsóide de revolução (sólido geométrico regular que simula do ponto de vista prático a forma
física da terra). A vinculação da localização das propriedades ao globo terrestre permite um
controle muito mais consistente dos erros eventuais de levantamento. Pois, à medida que os
imóveis passam a ser registrados no sistema do INCRA, é possível verificar se a área da
propriedade que está sendo cadastrada hoje não se sobrepõe às áreas das outras propriedades já
cadastradas anteriormente. Estabelece-se, portanto, desta forma, um controle muito mais rígido
sobre os dados cadastrais dos imóveis.
A partir da promulgação desta lei surgiu uma discussão dentro do Sistema CONFEA-
CREAS (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia e Conselhos Regionais de Engenharias
e Agronomia) sobre quais os profissionais teriam atribuição para efetuar os trabalhos de
georeferenciamento dos imóveis rurais no território brasileiro para atender a lei 10.267. Depois
de muita discussão foi determinada através da seção plenária do CONFEA PL 2087/2004 o
seguinte texto:
“O Plenário do Confea, apreciando a Deliberação1561/2004-CEP - Comissão de
Exercício Profissional, que trata do dossiê em epígrafe, relativo a reformulação da Decisão
PL-0633/2003, e considerando consulta do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária – INCRA, acerca dos profissionais habilitados a desenvolverem atividades definidas
pela Lei 10.267, de 28 de agosto de 2001, no tocante à regularização de propriedades rurais
junto ao INCRA; considerando os avanços tecnológicos das profissões do Sistema e os casos
de sombreamento constantes, e que a Decisão Plenária PL-0024, de 21 de fevereiro de 2003,
definiu os profissionais habilitados a realizar as atividades da consulta em pauta, definindo as
disciplinas que dão tal atribuição, proporcionando àqueles que não têm atribuições em sua
totalidade, habilitar-se através de curso de educação continuada, aperfeiçoamento,
206
especialização, pós-graduação e ou comprovando experiência profissional específica na área,
sobre as atividades atinentes à determinação dos vértices dos limites definidores dos imóveis
rurais para fins de inclusão no Cadastro Nacional de Imóveis Rurais – CNIR; considerando
que a Decisão PL-0633, de 29 de agosto de 2003, reeditou as conclusões contidas na Decisão
PL-0024 de 2003; considerando a tramitação do projeto de resolução que disciplina a
concessão de atribuições e títulos aos profissionais do Sistema Confea/Crea, com rito
processual definido pela Resolução 1000/2002, do Confea, e em fase de conclusão;
considerando os questionamentos sobre a Decisão PL-633, de 2003, inclusive de ordem
jurídica; considerando a conveniência de se disciplinar a questão do georeferenciamento
através de ato normativo adequado, DECIDIU: 1) Revogar a Decisão PL-0633, de 2003, a
partir desta data. 2) Editar esta decisão com o seguinte teor: I. Os profissionais habilitados
para assumir a responsabilidade técnica dos serviços de determinação das coordenadas dos
vértices definidores dos limites dos imóveis rurais para efeito do Cadastro Nacional de Imóveis
Rurais – CNIR são aqueles que, por meio de cursos regulares de graduação ou técnico de nível
médio, ou por meio de cursos de pós-graduação ou de qualificação/aperfeiçoamento
profissional, comprovem que tenham cursado os seguintes conteúdos formativos: a) Topografia
aplicadas ao georeferenciamento; b) Cartografia; c) Sistemas de referência; d) Projeções
cartográficas; e) Ajustamentos; f) Métodos e medidas de posicionamento geodésico. II. Os
conteúdos formativos não precisam constituir disciplinas, podendo estar incorporadas nas
ementas das disciplinas onde serão ministrados estes conhecimentos aplicados às diversas
modalidades do Sistema; III. Compete às câmaras especializadas procederem a análise
curricular; IV. Os profissionais que não tenham cursado os conteúdos formativos descritos no
inciso I poderão assumir a responsabilidade técnica dos serviços de determinação das
coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais para efeito do Cadastro
Nacional de Imóveis Rurais – CNIR, mediante solicitação à câmara especializada competente,
comprovando sua experiência profissional específica na área, devidamente atestada por meio
da Certidão de Acervo Técnico – CAT; V. O Confea e os Creas deverão adaptar o sistema de
verificação de atribuição profissional, com rigorosa avaliação de currículos, cargas horárias
e conteúdos formativos que habilitará cada profissional; VI. A atribuição será conferida desde
que exista afinidade de habilitação com a modalidade de origem na graduação, estando de
acordo com o art. 3º, parágrafo único, da Lei 5.194, de 24 de dezembro de 1966, e serão as
seguintes modalidades: Engenheiro Agrimensor (art. 4º da Resolução 218, de 1973);
Engenheiro Agrônomo (art. 5º da Resolução 218, de 1973); Engenheiro Cartógrafo,
Engenheiro de Geodésica e Topografia, Engenheiro Geógrafo (art. 6º da Resolução 218, de
1973); Engenheiro Civil, Engenheiro de Fortificação e Construção (art. 7º da Resolução 218,
de 1973); Engenheiro Florestal (art. 10 da Resolução 218, de 1973); Engenheiro Geólogo (art.
11 da Resolução 218, de 1973); Engenheiro de Minas (art. 14 da Resolução 218, de 1973);
Engenheiro de Petróleo (art. 16 da Resolução 218, de 1973); Arquiteto e Urbanista (art. 21 da
Resolução 218, de 1973); Engenheiro de Operação - nas especialidades Estradas e Civil (art.
22 da Resolução 218, de 1973); Engenheiro Agrícola (art. 1º da Resolução 256, de 27 de maio
de 1978); Geólogo (art. 11 da Resolução 218, de 1973); Geógrafo (Lei 6.664, de 26 de junho
de 1979); Técnico de Nível Superior ou Tecnólogo - da área específica (art. 23 da Resolução
218, de 1973); Técnico de Nível Médio em Agrimensura; Técnicos de Nível Médio em
Topografia; e Outros Tecnólogos e Técnicos de Nível Médio das áreas acima explicitadas,
devendo o profissional anotar estas atribuições junto ao Crea. VII. Os cursos formativos
deverão possuir carga horária mínima de 360 horas contemplando as disciplinas citadas no
inciso I desta decisão, ministradas em cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação; VIII.
Ficam garantidos os efeitos da Decisão PL-633, de 2003, aos profissionais que tiverem
concluído ou concluírem os cursos disciplinados pela referida decisão plenária e que,
comprovadamente, já tenham sido iniciados em data anterior à presente decisão.”
207
Através desta resolução foi tomada a decisão correta de dar a habilitação para efetuar os
trabalhos de georeferenciamento de imóveis rurais àqueles profissionais que realmente tenham
estudado além das disciplinas de Topografia, as disciplinas de Geodésia Geométrica, Geodésica
Celeste (mais especificamente métodos de posicionamento por satélites), Cartografia
Matemática e Ajustamento de Observações.
Além dos trabalhos de desmembramento de um imóvel rural o processo de divisão de
terras precisa ser aplicado naquelas situações em que o proprietário de um imóvel vem a falecer.
Nestas situações todos os bens de propriedade da pessoa que faleceu devem ser distribuídos,
conforme cláusulas especificas ditadas em lei, entre os seus herdeiros. Nestes casos, a primeira
questão que deve ser resolvida é a questão do inventário. O processo de inventário consiste em
efetuar o levantamento de todos os bens da pessoa que faleceu, valorando-se os mesmos em
moeda corrente nacional. Depois de haver se efetuado o levantamento dos bens do proprietário
passa-se a fase de divisão deles entre os herdeiros.
Quando existem propriedades rurais entre os bens da pessoa que faleceu, estes imóveis
devem ser avaliados de uma forma detalhada. Do ponto de vista de valoração de uma
propriedade rural é preciso levar em consideração que além do preço da terra em si, cada
benfeitoria existente sobre a propriedade tem valor diferenciado. Cada um destes bens deve ser
avaliado individualmente. Para tentar explicar melhor o tema usemos o exemplo, em uma
situação hipotética, que a propriedade da pessoa que faleceu apresenta uma dimensão em área
de 500 hectares. Digamos que o valor da terra na região da propriedade seja de R$ 15.000,00
por hectare. Então só da avaliação da terra o proprietário tem um patrimônio valorado em moeda
nacional de R$ 7.500.000,00 (resultado de 500 vezes o preço do hectare). Além da terra digamos
que existe construído na propriedade uma casa de alvenaria de 300 m2. Esta casa tem um valor
específico que poderia ser avaliada em função do valor do CUB (custo unitário básico de
construção). O CUB corresponde ao custo para construir 1 m 2 de uma edificação. Digamos que
em função do tipo de acabamento da casa o valor do CUB seja de R$1.500,00. Neste caso então
o valor da casa em moeda corrente nacional seria de R$450.000,00. Digamos ainda que na
propriedade tenha um açude construído. Da mesma forma é preciso valorar este bem, já que
existe um custo para construí-lo. Digamos que o valor do açude em moeda corrente nacional
seja igual a R$ 100.000,00. Supomos ainda que sobre a área existe 50 hectares de mato de
Eucaliptus de 10 anos de idade. Neste caso é preciso fazer um inventário florestal para estimar
a quantidade de madeira existente na área para pode dar valor à mesma. Digamos que avaliação
do inventário florestal indicou que existe um total de 17.500 m 3 de madeira. Supomos que
vendida esta madeira, e descontada dos custos de extração resulte para o dono do bem um
rendimento de R$ 50,00 /m3. Esta operação renderá então para o herdeiro que ficar com este
mato de Eucaliptus um valor de R$17.500,00/ha.
Realizado este inventário resume-se a avaliação do patrimônio da pessoa que faleceu
através da Tabela 62. A partir da visualização desta tabela chega-se à conclusão que o
patrimônio total da pessoa que faleceu é de R$ 8.925.000,00 (oito milhões novecentos e vinte
e cinco mil reais). Digamos que este patrimônio deva ser dividido igualmente entre três
herdeiros. Então, para ser justa a divisão deveria caber para cada herdeiro um valor total de
R$2.975.000,00 (dois milhões novecentos e cinquenta mil reais). Agora então é necessário
dividir os bens de tal forma que cada um dos herdeiros receba este valor.
A partir desta avaliação é necessário que os herdeiros cheguem a um acordo com relação
aos bens que cada um vai receber.
Existem duas modalidades de inventário: o amigável e o judicial.
O inventário amigável é aquele em que os herdeiros entram em um acordo com relação
à divisão dos bens e em relação à nomeação de um Topógrafo que seja confiança de todos e
208
que irá efetuar os levantamentos, cálculos, representações gráficas e locação das linhas
divisórias dos imóveis. Da mesma forma concordem em dividir os custos das operações do
inventário de forma geral.
Tabela 62- Avaliação do patrimônio da pessoa que faleceu e que deve ser distribuída entre seus
herdeiros.
Caso não houver acordo nestas questões, o processo de inventário passa a ser judicial,
uma vez que, será necessária intervenção de um Juiz para arbitrar este processo. O fato de haver
menores ou incapacitados entre os herdeiros obriga o processo a ser judicial, já que os menores
ou incapacitados não apresentam discernimento para decidir sobre o que lhes convém.
No caso dos inventários judiciais, o juiz irá indicar um Agrimensor e dois peritos para
acompanhar os trabalhos do primeiro (Espartel, 1960).
Para efetuar o processo de divisão de uma propriedade rural é necessário que se tenha
clareza e precisão nas definições dos limites da propriedade. Da mesma forma é necessário que
se tenha a posição de todos os detalhes internos da propriedade que sejam relevantes para o
processo de divisão. É fundamental também ter em mãos a planta topográfica da propriedade
onde todos estes detalhes encontram-se representados. No exemplo dado acima é necessário
saber a exata posição e contornos da casa, do açude e do mato de Eucaliptus.
Digamos, a título de exercício, que no exemplo acima os herdeiros tenham entrado no
seguinte acordo:
- Herdeiro 1 – do total de R$ 2.975.000,00 a que tem direito concorda em ficar com a
casa no valor de R$ 450.000,00, mais um pequeno valor da terra que a casa ocupa no valor de
R$450,00 e mais uma diferença de R$ 2.524.550,00 em terra (que equivale 168,30333
hectares);
- Herdeiro 2 – do montante de R$ 2.975.000,00 ao qual tem direito concorda em ficar
com a área do mato de Eucaliptus ( cujo valor em madeira é de R$ 875.000,00 mais 50 hectares
de terra ao valor de R$ 15.000,00/Ha que totaliza R$ 750.000,00), mais um saldo de terra
restante para completar o valor ao qual ele tem direito de 90 hectares de terras (que não estão
ocupadas com o mato de Eucaliptus). Este herdeiro fica então com 140 hectares de terra
incluindo a terra do mato de Eucaliptus.
- O herdeiro 3 – do montante de R$ 2.975.000,00 concorda em ficar com o açude de R$
100.000,00 mais um pequeno valor de terra correspondente à área que o açude ocupa (digamos
0,5 ha o que equivale em valor R$ 7.500,00) e mais um saldo em terra de 191,1666 hectares de
terra. Isto totaliza uma área total incluindo a área do açude de 191,66666 Hectares.
Desta forma então se tem a partilha justa conforme os valores dos bens associados.
209
O exemplo dado é bem simplificado e se está desconsiderado, por exemplo, que dentro
da propriedade poderão existir diferentes glebas de terras, que do ponto de vista de sua
capacidade ou aptidão de uso sejam mais ou menos rentáveis para a produção agrícola. Com
relação a isto, é possível afirmar, que uma área mais declivosa, a qual deve ser destinada a um
tipo de uso mais conservacionista, apresenta um valor menor do que uma área plana destinada
para a agricultura ou pecuária. Por estas razões, é interessante que a planta do imóvel que servirá
de base para efetuar o processo de divisão, seja a mais detalhada possível, inclusive, se for
possível, com dados altimétricos.
Existem algumas diretrizes que devem ser levadas em consideração no momento de
propor a divisão de uma propriedade rural. É importante, por exemplo, que na medida do
possível, cada uma das novas propriedades que serão geradas tenha acesso à água (acesso à
cursos d´água). Devemos considerar que a água é um fator importante no processo de produção
agrícola. Desta forma então, o levantamento da posição dos cursos d´água dentro da
propriedade é importante para que se possa representá-los na planta e assim realizar o projeto
de divisão de tal forma que contemple esta diretriz. Um pouco menos importante do que a água,
mas também com sua relevância é o acesso à estrada. Na medida do possível cada uma das
novas propriedades deve ter acesso à estrada. Caso isto não ocorra, será necessário efetuar
estradas internas dentro das propriedades, partilhando a área a ser ocupada por estas estradas
igualmente entre os entre os herdeiros. Por esta razão as vias de acesso à propriedade também
devem constar da planta topográfica.
O inventário dos bens das propriedades rurais, resumido através da Tabela 62, nos leva
a definir, como já foi comentado, à dimensão de área que deve ser distribuída a cada um dos
herdeiros.
Uma vez conhecidas as dimensões de área que deve caber a cada herdeiro (no caso de
inventários) ou a dimensão da área a ser vendida (no caso de desmembramento de terras), o
problema da divisão consiste em uma aplicação do cálculo analítico de área. Para efetuá-lo é
necessário dispor dos seguintes dados:
- A planta topográfica detalhada da propriedade.
- As coordenadas retangulares planimétricas dos vértices que definem esta propriedade
no sistema topográfico local;
Atualmente, por força da Lei 10.267, os dados necessários para se efetuar a divisão de
uma propriedade rural devem ser aqueles originados no processo de georeferenciamento do
imóvel e certificados ou homologados pelo INCRA. Eles são o produto de um levantamento
geodésico em que são determinadas as coordenadas geodésicas elipsoidais latitude e longitude
geodésicas e a altitude geométrica de cada um dos vértices da propriedade. Em função destes
dados é possível se efetuar os seguintes procedimentos e na seguinte ordem:
- Obter os valores das coordenadas retangulares geocêntricas de todos os vértices da
propriedade em função dos valores de coordenadas elipsoidais.
- Transformar as coordenadas retangulares geocêntricas dos pontos através três
translações e duas rotações para o sistema cartesiano topográfico local. Segundo o Manual de
Posicionamento publicado pelo INCRA a origem deste Sistema Topográfico Local (Sistema
Topocêntrico) deve ser posicionada no ponto médio da propriedade (ponto de coordenadas
retangulares geocêntricas média).
Abordar em detalhes estes cálculos foge do objetivo deste documento, já que estes
assuntos são pertinentes à disciplina de Geodésia. Para o leitor que estiver interessado em ter
acesso ao formulário utilizado nestas operações sugere-se consultar o Manual Técnico de
210
Posicionamento 1a Edição publicado pelo INCRA em 2013. Estes assuntos também são tratados
nas disciplinas de Geodésia dos cursos superiores.
Em que pese o fato de se ter a necessidade de efetuar estas transformações de dados de
posicionamento Geodésico dos pontos para dados topográficos, é importante o leitor notar que
o objetivo destas operações é obter as posições dos vértices da propriedade vinculadas a um
sistema cartesiano em que a origem será um ponto central da propriedade. Os eixos X e Y
estarão posicionados no plano horizontal do ponto origem, ou seja, perpendicularmente à
direção da normal ao elipsoide no ponto origem. O semieixo positivo Y estará direcionado para
o norte do ponto origem e o semieixo positivo X estará direcionado para o leste. O eixo Z é
posicionado de forma coincidente com a normal ao elipsóide no ponto origem. Neste sistema
cartesiano as coordenadas X e Y dos vértices definem as posições das projeções ortogonais dos
vértices da propriedade sobre o plano horizontal local e as diferenças de coordenadas Z dos
vértices correspondem ao valor aproximado das diferenças de altitudes geométricas dos
mesmos (só não iguais às diferenças de altitudes geométricas em virtude do efeito da curvatura
terrestre). Em outras palavras, do ponto de vista planimétrico, esta transformação mostra como,
a partir de um levantamento Geodésico, consegue-se obter as posições dos pontos análogas
àquelas que seriam obtidas através de um levantamento topográfico planimétrico efetuado
através de medições de distâncias e ângulos na superfície da terra.
Como as coordenadas Z (informação altimétrica) dos pontos não interessam para o
processo de divisão, já que esta operação é uma operação planimétrica, para se efetuar os
cálculos de divisão basta se conhecer a lista de coordenadas X e Y (coordenadas planimétricas
dos vértices da propriedade) vinculadas ao sistema topográfico local. Estas coordenadas são
caracterizadas com as letras n e e nas fórmulas apresentadas no Manual Técnico de
Posicionamento do INCRA.
A partir deste ponto, o problema geral da divisão de terras consiste em um problema de
aplicação do cálculo analítico de áreas e de posição de pontos. É importante que se diga que o
processo de divisão de áreas, via de regra, se resolve no plano topográfico local, isto é, se efetua
considerando a superfície da terra plana. Isto é a mesma coisa que afirmar que o processo de
cálculo de uma divisão de áreas é um problema Topográfico e não Geodésico. Isto deve ocorrer,
pelo menos, naquelas situações em que as dimensões áreas das propriedades envolvidas no
processo de divisão sejam inferiores a de um círculo na superfície da terra de 10 Km de raio, o
que correspondem a uma dimensão de área de aproximadamente 31.416 hectares, o que
convenhamos, é uma valor de área extremamente grande para uma propriedade rural.
Depois de determinadas (via princípios topográficos) as coordenadas retangulares
planas X e Y dos novos vértices das propriedades vinculadas ao sistema topográfico local será
preciso locar a posição destes pontos no terreno. Esta locação pode ser efetuada via topografia
convencional (medições de ângulos e distâncias) ou através da ocupação dos pontos com
receptor GNSS-RTK (Global Navigation Satellite System - Real Time Kinematic).
Independentemente do processo usado, no momento da ocupação aproveita-se para determinar
a componente altimétrica (altitude geométrica) do novo vértice.
Se o processo de locação acontecer através da ocupação dos pontos com receptor GNSS
RTK será necessário previamente obter os valores de coordenadas geodésicas latitude e
longitude destes pontos. O processo de obtenção destas coordenadas consiste inicialmente em
transformar as coordenadas retangulares topográficas locais em coordenadas retangulares
geocêntricas. Para se efetuar este cálculo será necessário saber o valor da coordenada
topocêntrica Z do novo vértice. Como uma aproximação, é possível considerar a coordenada
topocêntrica Z destes vértices iguais a zero. Isto significa que consideraríamos a altitude destes
pontos aproximadamente igual à altitude do ponto médio da propriedade (com uma diferença
211
em função do efeito da curvatura terrestre). Com este valor “aproximado”, determina-se
sequencialmente as coordenadas retangulares geocêntricas usando exatamente o caminho
inverso adotado para chegar nos valores das coordenadas retangulares no sistema topográfico
local. De posse dos valores de coordenadas retangulares geocêntricas calcula-se, através das
fórmulas estudadas na Geodésia os valores de coordenadas Geodésicas elipsoidais. Enfatiza-se
que a aproximação da coordenada Z do vértice novo terá pequena influência sobre a variação
dos valores de latitude e longitude que em muitas situações poderão ser consideradas
desprezíveis já que serão inferiores aos erros de medição. No momento da ocupação determinar-
se-ia com maior precisão a altitude geométrica dos novos pontos.
Caso não se dispuser de receptor GNSS RTK é possível locar os novos vértices por via
topográfica, ou seja, através de medições de ângulos e distâncias na superfície da terra. Para
efetuar a locação através deste processo será necessário inicialmente marcar e ocupar, com
receptor GNSS topográfico ou geodésico, dois pontos de apoio inter visíveis e posicionados
relativamente próximos do vértice que se deseja locar e de tal forma que a partir de um deles
consiga-se visualizar o novo vértice. Após coletado os dados GNSS e efetuado o pós-
processamento dos dados coletados sobre os dois pontos de apoio, obtém-se as coordenadas
retangulares geocêntricas dos mesmos. Como procedimentos adicionais será necessário
calcular as coordenadas retangulares dos pontos de apoio no sistema topográfico local. A partir
daí, conhecendo-se tanto as coordenadas dos pontos de apoio como do vértice a ser locado todas
vinculadas ao sistema topográfico local é possível calcular os dados de locação que a rigor
corresponderiam ao ângulo horizontal a ser medido em um dos pontos de apoio e a distância
horizontal entre o ponto de apoio sobre o qual será instalado a estação total e o novo vértice.
1 -65,473 53,517
2 -63,391 -931,177
3 937,854 -930,481
4 890,718 325,336
5 598,144 326,027
6 539,292 56,933
212
consistem basicamente das dimensões das distâncias horizontais dos alinhamentos da poligonal
e de seus respectivos rumos e azimutes. Isto pode ser rapidamente realizado através de uma
tabela do tipo a Tabela 60. A construção deste tipo de tabela, embora não seja estritamente
necessário, pode facilitar a obtenção de alguns dados que precisaremos para efetuar os cálculos
das divisões. Assim, apresentam-se na Tabela 64 os dados descritivos do perímetro da
propriedade reconstituídos em função das coordenadas retangulares dos vértices da mesma.
Tabela 64 - Reconstituição dos dados do memorial descritivo do imóvel em função dos valores
de coordenadas retangulares dos vértices reais da propriedade.
213
40) Determinar as coordenadas retangulares do ponto 3´.
50) Calcular os dados de locação da nova linha divisória.
A primeira etapa do cálculo, então, consiste em determinar as coordenadas retangulares
do ponto 1´ (ponto de partida da linha divisória). O que se sabe sobre a posição do ponto 1´?
Imediatamente responde-se, sabe-se que é um ponto localizado ao longo do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
1−2
situado a 500 metros do ponto 1. A representação gráfica destes três pontos 1,2 e 1´ encontram-
se ampliados na Figura 52. A figura também mostra a vinculação destes três pontos em relação
ao sistema cartesiano topográfico local.
É possível perceber pela Figura 52 que o triângulo definido pelos pontos 1,2, 2´ é
semelhante ao triângulo 1,1´, 1”.
Sendo assim, apliquemos aos dois triângulos as relações de semelhança:
̅̅̅̅̅̅̅̅
2´ − 2 1 − 2 ̅̅̅̅̅̅̅̅
̅̅̅̅̅̅̅ 1 − 2´
= =
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
1" − 1´ ̅̅̅̅̅̅̅̅
1 − 1´ ̅̅̅̅̅̅̅̅
1" − 1
Equação 153
Mas,
̅̅̅̅̅̅̅
1 − 2 = 𝐷𝐻1−2 = 984,696 𝑚
̅̅̅̅̅̅̅̅
1 − 1´ = 𝐷𝐻1−1´
̅̅̅̅̅̅̅ = 500 𝑚
Equação 154
214
Figura 52 - Representação gráfica dos pontos 1,2 e 1´.
Fazendo as substituições estabelecidas no conjunto de expressões identificadas do texto
como Equação 154 na Equação 153 obtém-se:
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥 ̅̅̅̅̅̅
1−2 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
1−2 𝑝𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅
1−2
= =
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥1−1´
̅̅̅̅̅̅̅ 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅
1−1´ 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑦̅̅̅̅̅̅̅
1−1´
Equação 155
Equação 156
215
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦1−1´
̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑌1´ − 𝑋1
Equação 157
Nas equações (Equação 156 e Equação 157 ) conhecemos os valores das coordenadas
do ponto 1 (ver Tabela 63) Da mesma forma conhecemos as projeções do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅
1 − 1´
que foram determinados através da Equação 155. Isolando-se então, nas equações (Equação
155 e Equação 156) as coordenadas do ponto 1´, obtém-se:
𝑋1´ = 𝑋1 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥1−1´
̅̅̅̅̅̅̅ = −65,473 + 1,057 = −64,416
216
𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅
3−3´ 𝑥𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅
̂
1´−3𝑥 𝑆𝑒𝑛 1´3 𝑃
𝐴𝑇1´,3,3´ =
2
Equação 159
Onde: 𝐴𝑇1´,3,4, 𝐴𝑇1´,3,𝑃 – São respectivamente as áreas dos triângulos 1´,3,4 e 1´, 3, 3´;
𝐷𝐻3−4
̅̅̅̅̅̅ , 𝐷𝐻1´−3 ̅̅̅̅̅̅̅ – São respectivamente as distâncias horizontais dos alinhamentos
̅̅̅̅̅̅̅ , 𝐷𝐻3−3´
3 − 4, ̅̅̅̅̅̅̅̅
̅̅̅̅̅̅̅ 1´ − 3 𝑒 ̅̅̅̅̅̅̅̅
3 − 3´;
Figura 53 - Ilustração da posição do ponto 3´ e das entidades geométricas que serão utilizadas
para o cálculo do afastamento (ou seja, a distância horizontal ̅̅̅̅̅̅̅̅
3 − 3´ = 𝑑).
É importante notar que, como o ponto 3´ está localizado ao longo do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
3 − 4,
̂ ̂
os ângulos 1´3 3´ 𝑒 1´3 4 são iguais. Então se dividirmos a Equação 159 pela Equação 158,
conseguiremos eliminar uma série de termos comuns às duas equações. Efetuando-se então esta
operação obtém-se:
𝐴𝑇1´,3,3´ 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅
1´−3 𝑥 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅
̂
3−3´ 𝑥 𝑆𝑒𝑛1´3 4 2
= 𝑥
𝐴𝑇1´,3,4 2 𝐷𝐻1´−3
̅̅̅̅̅̅̅ 𝑥 𝐷𝐻3−4 ̂ 3´
̅̅̅̅̅̅ 𝑥 𝑆𝑒𝑛 1´3
Restando, portanto:
𝐴𝑇1´,3,3´ 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅
3−3´
=
𝐴𝑇1´,3,4 𝐷𝐻3−4
̅̅̅̅̅̅
Equação 160
217
Isolando-se o afastamento na Equação 160 obtém-se:
𝐴𝑇1´,3,3´. 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
3−4
𝑑(𝑎𝑓𝑎𝑠𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜) = 𝐷𝐻3−3´
̅̅̅̅̅̅̅ =
𝐴𝑇1´,3,4
Equação 161
Nota-se então que através da Equação 161 que a dimensão do afastamento do ponto 3´
em relação ao ponto 3 ao longo do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
3 − 4 pode ser obtido através da relação entre
as áreas do triângulo 1´,3,3´ e a área do triângulo 1´, 3 ,4 multiplicada pela dimensão do
alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
3 − 4.
A área do triângulo 1´,3, 4 pode neste caso ser calculada pela diferença entre a área do
polígono 1´,2 , 3 e 4 menos a área do triângulo 1´, 2 ,3.As dimensões destas duas figuras já
tinham sido calculadas anteriormente. Efetuando esta operação obtém-se:
𝐴𝑇1´,3,4 = 𝐴𝑃1´,2 ,3,4 − 𝐴𝑇1´,2,3 = 860.576,48695 𝑚2 − 242.649,6382 𝑚2
= 617.926,8487 𝑚2 𝑜𝑢 61,79268487 ℎ𝑎
Já a área do triangulo definido pelos pontos 1´,3, 3´ deve ser igual à diferença entre a
dimensão da área que se quer separar na porção sul, ou seja, 50 ha ou 500.000 m2 menos a área
do triângulo definido pelos pontos 1´, 2, 3. Isto é:
𝐴𝑇1´,3,3´ = 500.000 𝑚2 − 𝐴𝑇1´,2,3 = 500.000 𝑚2 − 242.649,6382 𝑚2
= 257.350,3618 𝑚2 𝑜𝑢 25,73503618 ℎ𝑎
O outro dado que precisaremos para calcular a dimensão do afastamento é a distância
horizontal entre os vértices 3 e 4 da poligonal. Este dado já está calculado na Tabela 64
( 𝐷𝐻3−4 = 1256,701 𝑚). Caso o calculista tenha preferido não construir a Tabela 64, é
possível determinar esta distância a qualquer tempo aplicando-se a Equação 63, ou seja:
2 2
̅̅̅̅̅̅ = √(𝑋4 − 𝑋3 ) + (𝑌4 − 𝑌3 )
𝐷𝐻3−4
𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅ 2 2
3−4 = √(890,718 − 937,854) + (325,336 − (−930,481)) =1256,701 m
218
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥 3−4
̅̅̅̅̅̅ 𝐷𝐻3−4
̅̅̅̅̅̅ 𝑝𝑟𝑜𝑗𝑦3−4
̅̅̅̅̅̅
= =
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥3−3´
̅̅̅̅̅̅̅ 𝐷𝐻3−3´
̅̅̅̅̅̅̅ 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑦3−3´
̅̅̅̅̅̅̅
Equação 162
Isolando-se na Equação 162 as projeções x e y do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅
3 − 3´, obtém-se:
𝐷𝐻3−3´
̅̅̅̅̅̅̅
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥3−3´
̅̅̅̅̅̅̅ = . 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥 3−4
̅̅̅̅̅̅
𝐷𝐻3−4
̅̅̅̅̅̅
Equação 163
𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅
3−3´
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦3−3´
̅̅̅̅̅̅̅ = . 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦 3−4
̅̅̅̅̅̅
𝐷𝐻3−4
̅̅̅̅̅̅
Equação 164
O cálculo das projeções x e y do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅
3 − 3´ através das equações (Equação 163
e Equação 164), é entretanto, o caminho mais longo para se chegar às projeções deste
alinhamento.
O outro caminho mais curto para se chegar a estes valores de projeção dispensa até o
cálculo da dimensão do afastamento. Para isto, para calcular a projeção x do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅
3 − 3´
basta substituir a expressão do afastamento dada pela Equação 161 na Equação 163. Ao se
efetuar esta operação obtém-se:
𝐴𝑇1´,3,𝑃 . 𝐷𝐻3−4
̅̅̅̅̅̅ . 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥3−4
̅̅̅̅̅̅ 𝐴𝑇1´,3,𝑃 . 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥3−4
̅̅̅̅̅̅
𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥̅̅̅̅̅̅̅
3−3´ = =
𝐴𝑇1´,3,4 . 𝐷𝐻3−4̅̅̅̅̅̅ 𝐴𝑇1´,3,4
Equação 165
Nota-se pela Equação 165 que é possível determinar o valor da projeção x do
alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅
3 − 3´ sem nem mesmo precisar calcular a dimensão deste alinhamento.
Poderíamos ainda reescrever a Equação 165, substituindo o valor da projeção do alinhamento
̅̅̅̅̅̅̅
3 − 4 pela diferença das coordenadas X4 (Coordenada X do ponto final do alinhamento) menos
a coordenada X3 (coordenada X do ponto inicial do alinhamento),obtendo-se:
𝐴𝑇1´,3,3´ . 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅
3−4 𝐴𝑇1´,3,3´. (𝑋4 − 𝑋3 )
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅̅
3−3´ = =
𝐴𝑇1´,3,4 𝐴𝑇1´,3,4
Equação 166
Então, aplicando a Equação 166, obtém-se o seguinte valor para a projeção x do
alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
3 − 𝑃:
𝐴𝑇1´,3,3´ . (𝑋4 − 𝑋3 ) 257.350,618 × (890,718 − 937,854)
𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑥̅̅̅̅̅̅̅
3−3´ = = = −19,631 𝑚
𝐴𝑇1´,3,4 617.926,8487
Que seria exatamente o mesmo valor que obteríamos calculando a projeção x do
alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅
3 − 3´ através da Equação 163, ou seja:
𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
3−𝑃 523,383
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅̅
3−3´ = . 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥 3−4
̅̅̅̅̅̅ = × (890,718 − 937,854) = −19,631 𝑚
𝐷𝐻3−4
̅̅̅̅̅̅ 1256,701
Da mesma forma, se substituirmos a expressão do afastamento dada pela Equação 161
na Equação 164, obtém-se a seguinte expressão que nos permite calcular a dimensão da
projeção y do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅
3 − 3´ sem mesmo precisar calcular a dimensão do afastamento:
219
𝐴𝑇1´,3,3´ × 𝐷𝐻3−4
̅̅̅̅̅̅ 𝑥 × 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑦3−4
̅̅̅̅̅̅ 𝐴𝑇1´,3,3´ × 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑦3−4
̅̅̅̅̅̅
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦3−3´
̅̅̅̅̅̅̅ = =
𝐴𝑇1´,3,4 × 𝐷𝐻3−4 ̅̅̅̅̅̅ 𝐴𝑇1´,3,4
Equação 167
Mais uma vez, substituindo na Equação 167 a projeção y do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅3 − 4 pela
diferença entre as coordenadas Y4 (coordenada Y do ponto final do alinhamento) e a coordenada
Y3 (coordenada Y do ponto inicial do alinhamento)função cosseno do azimute deste
alinhamento pela projeção y do alinhamento, obtém-se:
𝐴𝑇1´,3,3´ × 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦3−4
̅̅̅̅̅̅ 𝐴𝑇1´,3,3´
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅̅
3−3´ = = × (𝑌4 − 𝑌3 )
𝐴𝑇1´,3,4 𝐴𝑇1´,3,4
Equação 168
Aplicando-se a Equação 168 ao nosso caso, obteríamos o seguinte valor para a dimensão
da projeção y do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅
3 − 3´:
257.350,3618
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅̅
3−3´ = × (325,336 − (−930,481)) = 523,015 𝑚
617.926,8487
Que seria o mesmo valor obtido se a projeção y do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅
3 − 3´ fosse calculada
pela Equação 164, ou seja:
𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅
3−3´ 523,383
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦3−3´
̅̅̅̅̅̅̅ = . 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦 3−4
̅̅̅̅̅̅ = × (325,336 − (−930,481)) = 523,015 𝑚
𝐷𝐻3−4
̅̅̅̅̅̅ 1256,701
Determinadas as projeções x e y do alinhamento 3 ̅̅̅̅̅̅̅̅
− 3´, é possível calcular as
coordenadas do ponto 3´ aplicando-se o princípio de que as projeções de um alinhamento
correspondem às diferenças de coordenadas do ponto final do alinhamento (ponto 3´) menos as
coordenadas do ponto inicial do alinhamento (ponto 3). Aplicando-se este princípio obtém-se:
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅̅
3−3´ = 𝑋3´ − 𝑋3 ⟹ 3−3´ = 937,854 + (−19,631) = 918,223 𝑚
𝑋3´ = 𝑋3 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅̅
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅̅
3−3´ = 𝑌3´ − 𝑌3 ⟹ 𝑌3´ = 𝑌3 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅̅
3−3´ = −930,481 + 523,015 = −407,466 𝑚
221
𝑋𝐴1 , 𝑌𝐴1 , 𝑋𝐴2 , 𝑌𝐴2 , 𝑋𝐴3 𝑒 𝑌𝐴3 – São respectivamente as coordenadas retangulares dos três
pontos de apoio A1, A2 e A3;
Note que as equações (Equação 171, Equação 170 e Equação 171) compõem um sistema
de equações em que as incógnitas são as duas coordenadas XE e YE do local de estação. As
observações são as distâncias horizontais medidas com o aparelho instalado em E, dos
alinhamentos ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸 − 𝐴1 , ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸 − 𝐴2 𝑒 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐸 − 𝐴3. Os dados conhecidos de levantamento anterior
seriam os valores de coordenadas retangulares dos pontos de apoio. Estes pontos de apoio
deveriam ser vértices da propriedade uma vez que são as coordenadas destes pontos que se
conhece a priori. Aqui vem a dificuldade. Os vértices da propriedade normalmente podem ser
distantes um do outro, o que impossibilitaria a visualização simultânea dos mesmos a partir de
um único ponto de estação do aparelho. Ainda que existissem três vértices da propriedade que
pudessem ser visados a partir de um único local de estação do aparelho, provavelmente este
local estaria distante dos novos vértices a serem locados. Então, na sequência do trabalho, seria
necessário ainda, a partir deste local de estação inicial, levantar uma poligonal aberta medindo-
se ângulos e distâncias até chegar próximo ao ponto que se deseja locar. O número de equações
necessárias para resolver o sistema de equações deve ser no mínimo três, já que as equações de
observação do sistema são do segundo grau. Lembre-se que equações do segundo grau tem duas
soluções possíveis e reais. Então para definir quais das duas soluções é a correta precisamos no
mínimo três equações. Ao mesmo tempo, como são duas as incógnitas e três equações é possível
efetuar um ajustamento pelo princípio dos mínimos quadrados. Isto nos permite avaliar a
precisão nos valores das incógnitas. Aqui entra em jogo outro braço das Ciências Geodésicas
alicerçada na estatística que é o Ajustamento de Observações. Infelizmente, em função da
extensão assunto, não será possível, neste documento, tratar dos detalhes sobre a rotina de
cálculo necessária para efetuar a determinação dos valores das incógnitas através de um
ajustamento pelo método paramétrico dos mínimos quadrados. Todos estes comentários foram
efetuados para caracterizar a dificuldade na solução totalmente topográfica para efetuar a
locação da linha divisória.
Outra solução que é mais viável e que poderia ser caracterizada como uma solução
mista, ou seja, usando princípios topográficos e geodésicos seria aquela em que se determinaria
inicialmente as coordenadas geodésicas de dois pontos de apoio próximos aos vértices que
precisam ser locados. Esta determinação seria efetuada através de receptor GNSS topográfico
ou geodésico de dados pós-processados. Este seria um processo a ser usado naquelas situações
em que não se dispuser de receptor GNSS RTK. Os dois pontos de apoio cujas coordenadas
seriam determinadas via GNSS pós-processado deveriam satisfazer as seguintes condições:
- Eles devem ser inter visíveis;
- O primeiro ponto de apoio deve estar próximo do vértice que desejamos locar e ter
visada a ele;
- O segundo ponto de apoio não deve estar muito próximo do primeiro ponto de apoio.
Isto se justifica em função do fato de que o alinhamento definido pelos pontos de apoio servirá
de referência de azimute para determinarmos os azimutes dos alinhamentos que vierem a ser
levantados a partir dele. Como existe um erro na determinação das coordenadas geodésicas dos
dois pontos de apoio e considerando ainda que o erro no valor do azimute é inversamente
proporcional à distância entre os pontos sugere-se que a distância entre eles seja de pelo menos
200m. Nesta situação um erro na posição dos dois pontos de apoio de 0,05 m ou 5 Cm resultará
em um erro de azimute, na pior das hipóteses de 00 1´43”. Este erro máximo de azimute pode
ser obtido através da seguinte expressão:
2. 𝐸𝑃𝑃𝐴
𝑇𝑔 𝑚𝑎𝑥𝐴𝑧 =
𝐷𝐻𝐴1−𝐴2
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
222
Equação 172
Onde: 𝐸𝑚𝑎𝑥𝐴𝑧 – Erro máximo do azimute do alinhamento definido pelos dois pontos
de apoio;
EPPA – Erro na posição dos pontos de apoio A1 e A2;
𝐴1−𝐴2 – Distância horizontal entre os dois pontos de apoio A1 e A2;
𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
Para a escolha da posição dos pontos de apoio é necessário que tenhamos uma
aproximação razoável da posição do vértice que queremos locar. Como conhecemos a priori as
coordenadas geodésicas latitude e longitude deste vértice, podemos definir no terreno
aproximadamente a posição deste ponto com um receptor GNSS de navegação. Através deste
equipamento, embora não tenhamos a precisão necessária para definir sua posição definitiva, é
possível obter uma aproximação razoável da sua localização (precisão de aproximadamente 3
metros). A partir da localização aproximada deste ponto podemos escolher a posição dos pontos
de apoio de tal forma que satisfaçam as condições mencionadas. Escolhidas as posições dos
pontos de apoio, devemos marcá-los com piquetas e estaca-testemunha e em seguida ocupá-los
com o receptor GNSS topográfico ou geodésico de dados pós-processados durante o tempo
necessário para obter as coordenadas geodésicas com precisão satisfatória. Feita a coleta dos
dados, eles deverão ser pós-processados para se obter as coordenadas geodésicas compensadas
parcialmente dos erros sistemáticos de observação. Obtidas as coordenadas geodésicas destes
pontos deve-se efetuar a transformação destas coordenadas para o sistema topográfico local. De
posse das coordenadas retangulares planas X e Y, no sistema cartesiano topográfico local, tanto
do vértice a ser locado como dos pontos de apoio, é possível calcular os dados de locação. Estes
dados consistiriam do ângulo horizontal entre o alinhamento definido pelos pontos de apoio e
o alinhamento definido pelo primeiro ponto de apoio e o vértice a ser locado e da distância
horizontal entre o primeiro ponto de apoio e o vértice a ser locado.
Podemos dar o seguinte exemplo numérico aplicado na locação do ponto 1´ (X1´=
-64,416 m ; Y1´=-446,482 m) , que é o ponto de partida da linha divisória da Figura 53.
Suponhamos que foram marcados e determinadas as coordenadas geodésicas de dois pontos de
apoio A1 e A2 através de receptor GNSS geodésico pós-processado atendendo as condições
estabelecidas anteriormente. As coordenadas retangulares planas no sistema topográfico local
calculadas em função das coordenadas geodésicas elipsoidais destes pontos são apresentadas
abaixo:
𝑋𝐴1 = −44,565 𝑚 𝑒 𝑌𝐴1 = −475,48 𝑚
𝑋𝐴2 = −10,975 𝑚 𝑒 𝑌𝐴2 = −771,284 𝑚
Note que a distância horizontal entre os pontos de apoio A1 e A2 calculada em função
da Equação 63 é de 297,705 m. Já a distância horizontal entre o ponto A1 e o ponto 1´obtida
pela mesma equação é de 35,142 m.
O rumo do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐴1 − 𝐴2 calculada com o auxílio da Equação 64 é de a
6 28´42”SE ou o que é o mesmo dizer que seu azimute é igual a 173031´18”. Já o rumo do
0
alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐴1 − 1´ calculado pela mesma expressão é igual a 34023´39”NO ou o que é o
mesmo dizer que seu azimute é igual a 325036´21”. É possível determinar o ângulo horizontal
entre os dois alinhamentos através da diferença entre os azimutes dos mesmos. Isto significa
que o ângulo horizontal entre os dois alinhamentos é igual a 152005´03”. Então, se instalarmos
a estação total no ponto de apoio A1, zerarmos o limbo horizontal do aparelho na direção do
ponto de apoio A2, teremos a definição da direção do ponto 1´ quando o limbo horizontal do
aparelho estiver mostrando no display o valor 152005´03”. Se ao longo desta direção
posicionarmos o prisma refletor e medimos a distância horizontal, podemos por tentativa e erro
ir medindo a distância horizontal reiteradamente, sinalizando para o operador do prisma para
223
se deslocar mais para perto ou para longe da estação até que ele esteja na direção correta e
simultaneamente a uma distância de 35,142 metros do aparelho ( distância horizontal). Quando
visar o ponto 1´é interessante anotar a altura do instrumento, a altura do prisma e o ângulo
vertical. Com estes dados podemos calcular a diferença de nível entre o ponto de apoio A1 e o
ponto 1´. Esta diferença de nível somada à altitude geométrica do ponto de apoio A1 nos fornece
o valor da altitude geométrica do ponto 1´.
Este processo pode se repetir para a locação de todos os novos vértices das novas
propriedades.
No exemplo de divisão proposto, o alinhamento divisor das duas novas propriedades,
isto é, aquele definido pelo ponto 1´e pelo ponto 3´ deve ser estaqueado, digamos, de 100 em
100 m. O estaqueamento deste alinhamento tem como objetivo sinalizar para os novos
proprietários o caminho onde deve ser construída a cerca ou outro tipo de linha divisória que
individualize as duas novas propriedades. Para locar estes pontos ao longo do alinhamento
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
1´ − 3´, basta efetuar processo semelhante ao que já foi realizado. Inicialmente seriam
calculadas as coordenadas retangulares destes novos pontos ao longo o alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
1´ − 3´ e
em seguida seria calculados os elementos de locação (ângulos e distâncias).
Como pode ser observado na explanação anterior, o processo de cálculo das divisões de
uma propriedade envolve as disciplinas de Topografia e Geodésia. Assim passou a ser a partir
da promulgação e regulamentação técnica da Lei 10.267 de 28 de agosto de 2001. Fica
estabelecida então a necessidade de que os profissionais que venham trabalhar com qualquer
rotina que envolva mudança de dados cadastrais do perímetro de um imóvel rural, conheçam
não só a disciplina de Topografia mas também as disciplina de Geodésia, de Ajustamento de
Observações, de métodos de posicionamento por satélites e de Cartografia Matemática.
224
O cálculo das coordenadas retangulares do ponto 4´ é efetuado de forma semelhante a
que foram calculadas as coordenadas retangulares do ponto 1´ na divisão explanada na seção
anterior.
Inicialmente calcula-se as projeções x e y do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
4 − 4´. Estes valores são
obtidos através das expressões abaixo.
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥 4−4´
̅̅̅̅̅̅̅ 𝐷𝐻4−4´
̅̅̅̅̅̅̅ 𝑝𝑟𝑜𝑗𝑦4−4´
̅̅̅̅̅̅̅
= =
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅
4−5 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
4−5 𝑃𝑟𝑜𝑗 𝑦̅̅̅̅̅̅
4−5
Equação 173
Donde se tira que:
𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅
4−4´ 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅
4−4´
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥 ̅̅̅̅̅̅̅
4−4´ = × 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅
4−5 = × (𝑋5 − 𝑋4 ) = 0,5 ∗ (598,144 − 890,718) = −146,287 𝑚
𝐷𝐻4−5
̅̅̅̅̅̅ 𝐷𝐻4−5
̅̅̅̅̅̅
𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅
4−4´ 𝐷𝐻4−4´
̅̅̅̅̅̅̅
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦 ̅̅̅̅̅̅̅
4−4´ = × 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅
4−5 = × (𝑌5 − 𝑌4 ) = 0,5 ∗ (326,027 − 325,336) = 0,346 𝑚
𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
4−5 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
4−5
225
Figura 54 - Representação gráfica dos elementos envolvidos na sparação de 50 ha na porção
sudeste da propriedade.
Conhecidas as coordenadas do ponto de partida da linha divisória (4´), e do ponto P,
ponto este por onde deve passar a mesma, resta-nos agora definir entre quais vértices reais a
linha divisória deve chegar no outro lado da propriedade de tal forma que separe os 50 hectares
na porção sudeste da propriedade. Esta definição se efetua através da determinação de áreas de
sub polígonos formados pelos vértices da propriedade. Podemos chegar à conclusão que a linha
divisória deve chegar então em um ponto 1´ localizado ao longo do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅ 1 − 2 da
propriedade em função do fato de que a área calculada analiticamente do polígono formado
pelos pontos P, 2, 3, 4 e 4´ é igual a 439.981,4412 m2 ou 43,99814412 ha. Esta área é menor do
que os 50 ha que queremos separar. Já a avaliação analítica da área do polígono composto pelos
pontos P,1,2,3,4 e 4´ resultou em um valor igual a 766.811,4781 m 2 ou 76,68114781 ha. Esta
dimensão de área é maior do que os 50 ha que queremos separar. Precisamos agora então
determinar qual é a posição do ponto 1´ (ponto de chegada da linha divisória).
A posição do ponto 1´ pode ser determinada através do seguinte raciocínio. Escrevamos
as expressões que nos permitem calcular as áreas dos triângulos P, 1, 2 e P, 1´, 2:
𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅
2−1´ × 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
̂
1−𝑃 × 𝑆𝑒𝑛 1´2𝑃
𝐴𝑇𝑃,1´,2 =
2
Equação 174
226
𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
1−2 × 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
̂
1−𝑃 × 𝑆𝑒𝑛 12𝑃
𝐴𝑇𝑃,1,2 =
2
Equação 175
Dividindo a Equação 174 pela Equação 175 consegue-se eliminar o denominador das
duas equações e os termos 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅ ̂ ̂ ̂
1−𝑃 , 𝑆𝑒𝑛 1´2𝑃 𝑒 𝑆𝑒𝑛 12𝑃. Note que os ângulos 1´2𝑃 𝑒 12𝑃
̂
̅̅̅̅̅̅̅
são iguais, já que, o ponto 1´está localizado ao longo do alinhamento 1 − 2 .Com esta operação
obtém-se a seguinte expressão:
𝐴𝑇𝑃,1´,2 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅
2−1´
=
𝐴𝑇𝑃,1,2 𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅
1−2
Equação 176
Isolando-se na Equação 176 o termo 𝐷𝐻2−1´
̅̅̅̅̅̅̅ que corresponde ao afastamento do ponto
1´a partir do vértice 2, obtém-se:
𝐴𝑇𝑃,1´,2 × 𝐷𝐻1−2
̅̅̅̅̅̅
𝐷𝐻2−1´
̅̅̅̅̅̅̅ =
𝐴𝑇𝑃,1,2
Equação 177
A Equação 177 nos permite calcular a distância horizontal que o ponto 1´ deve ficar do
ponto vértice 2. Para calcular esta distância precisaremos saber a distância horizontal do
alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
1 − 2 que é igual a 984,695 m (ver Tabela 64). Precisaremos também conhecer a
dimensão da área do triângulo P, 1´, 2. Este valor é obtido em função da diferença entre a área
do polígono composto pelos pontos 2, 3, 4, 4´ e P e a dimensão da área que queremos separar
na região sudeste da propriedade (50 ha). Então a dimensão da área do triângulo é igual a
60018,5588 m2. Da mesma forma precisaremos também saber a dimensão da área do triângulo
P,1,2. Área deste triângulo pode ser obtida ou via fórmula matricial (Equação 113), ou através
da diferença entre as áreas dos polígonos P,1, 2, 3, 4, 4´ e a área do polígono definido pelos
pontos P,2,3,4 e 4´. Adotando-se um dos dois caminhos chega-se à conclusão de que a dimensão
da área do triângulo P,1,2 é igual a 326.830,0369 m2.
Substituindo-se estes valores na Equação 177 obtém-se:
60018,5588 × 984,695
𝐷𝐻2−1´
̅̅̅̅̅̅̅ = = 180,827 𝑚
326830,0369
Donde se conclui que o ponto de chegada da linha divisória deverá estar posicionado ao
longo do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
1 − 2, especificamente localizado a 180,827 m de distância do ponto 2
(distância horizontal). Isto é a mesma coisa dizer que o afastamento ponto 1´ em relação ao
vértice 1 é de 803,868 m. Este valor se obtém efetuando a diferença entre o comprimento do
alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
1 − 2 e a dimensão do afastamento do ponto 1´em relação ao vértice 2. Estes dados
de afastamentos servem mais para informar na planta a dimensão dos novos alinhamentos das
novas propriedades. As informações que precisamos determinar para calcular os dados de
locação do novo vértice 1´são as coordenadas retangulares dele.
O cálculo das coordenadas retangulares do ponto 1´pode ser efetuado tanto em função
do afastamento do ponto 1´em relação ao ponto 2 como em relação ao ponto 1.
Façamos primeiro o cálculo das coordenadas do ponto 1´em função do afastamento
deste ponto em relação ao ponto 2. Se multiplicarmos os dois lados da Equação 177 pela função
seno do azimute do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
2 − 1 obtém-se:
227
𝐴𝑇𝑃,1´,2 × 𝐷𝐻1−2
̅̅̅̅̅̅ × 𝑆𝑒𝑛 𝐴𝑧2−1
̅̅̅̅̅̅
𝐷𝐻2−1´
̅̅̅̅̅̅̅ × 𝑆𝑒𝑛 𝐴𝑧2−1
̅̅̅̅̅̅ =
𝐴𝑇𝑃,1,2
Equação 178
Mas,
𝐷𝐻2−1´
̅̅̅̅̅̅̅ × 𝑆𝑒𝑛 𝐴𝑧2−1
̅̅̅̅̅̅ = 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥2−1´
̅̅̅̅̅̅̅
Equação 179
E,
𝐷𝐻2−1
̅̅̅̅̅̅ × 𝑆𝑒𝑛 𝐴𝑧2−1
̅̅̅̅̅̅ = 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥2−1
̅̅̅̅̅̅ = (𝑋1 − 𝑋2 )
Equação 180
Note bem aqui a sutileza da notação. Quando multiplicamos os dois lados da equação
pelo seno do azimute do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
2 − 1, estamos nos referindo a função seno do azimute
da direção do alinhamento que tem como ponto inicial o vértice 2 e como ponto final o vértice
1. O azimute deste alinhamento não é o mesmo que está informado na Tabela 64. O azimute do
alinhamento que consta nesta Tabela 64 é o azimute do alinhamento que tem como ponto inicial
o ponto 1 e como ponto final ponto 2 (chamado azimute a vante do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
1 − 2). Da
mesma forma, na Equação 180 estabelecemos o fato de que a multiplicação da função seno do
azimute do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
2 − 1 pela distância deste alinhamento, corresponde ao valor da
projeção x deste alinhamento. Como projeção x é igual à diferença entre a coordenadas X do
ponto final do alinhamento menos a coordenada X do ponto inicial do alinhamento, neste caso,
o valor de projeção corresponde à diferença entre a coordenada X do ponto 1 (ponto final do
alinhamento) menos a coordenada X do ponto 2 (ponto inicial do alinhamento).
Feito estes comentários, continuemos o raciocínio. Se agora substituirmos as equações
(Equação 179 e Equação 180) na Equação 178, obtemos:
𝐴𝑇𝑃,1´,2 × 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅
2−1 𝐴𝑇𝑃,1´,2 × (𝑋1 − 𝑋 2 )
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥2−1´
̅̅̅̅̅̅̅ = =
𝐴𝑇𝑃,1,2 𝐴𝑇𝑃,1,2
Equação 181
𝐴𝑇𝑃,1´,2 × 𝐷𝐻1−2
̅̅̅̅̅̅ × 𝐶𝑜𝑠𝐴𝑧2−1
̅̅̅̅̅̅
𝐷𝐻̅̅̅̅̅̅̅
2−1´ × 𝐶𝑜𝑠 𝐴𝑧̅̅̅̅̅̅
2−1 =
𝐴𝑇𝑃,1,2
Equação 182
Mas,
228
𝐷𝐻2−1´
̅̅̅̅̅̅̅ × 𝐶𝑜𝑠 𝐴𝑧2−1
̅̅̅̅̅̅ = 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦2−1´
̅̅̅̅̅̅̅
Equação 183
E,
𝐷𝐻2−1
̅̅̅̅̅̅ × 𝐶𝑜𝑠 𝐴𝑧2−1
̅̅̅̅̅̅ = 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦2−1
̅̅̅̅̅̅ = (𝑌1 − 𝑌2 )
Equação 184
Substituindo-se as equações (Equação 183 e Equação 184) na Equação 182 obtém-se:
𝐴𝑇𝑃,1´,2 × 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦2−1
̅̅̅̅̅̅ 𝐴𝑇𝑃,1´,2 × (𝑌1 − 𝑌 2 )
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦2−1´
̅̅̅̅̅̅̅ = =
𝐴𝑇𝑃,1,2 𝐴𝑇𝑃,1,2
Equação 185
Substituindo-se os valores na Equação 185, obtém-se:
60.018,5588 × (53,517 − (−931,177))
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦̅̅̅̅̅̅̅
2−1´ = = 180,828 𝑚
326.830,0369
Aplicando agora o princípio de que valor de projeção y de um alinhamento corresponde
a diferença entre as coordenadas Y do ponto final menos a coordenada Y do ponto inicial,
obtém-se:
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦2−1´
̅̅̅̅̅̅̅ = 𝑌1´ − 𝑌2 ⇒ 𝑌1´ = 𝑌2 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦2−1´
̅̅̅̅̅̅̅ ⇒ 𝑌1´ = −931,177 + 180,828 = −750,349 𝑚
Equação 186
Isolando-se na Equação 186 as projeções x e y do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅̅
1 − 1´, e substituindo-
se as projeções do alinhamento ̅̅̅̅̅̅̅
1 − 2 pela diferença de coordenadas entre os pontos extremos
deste alinhamento obtém-se:
𝐷𝐻1−1´
̅̅̅̅̅̅̅ × 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥 1−2
̅̅̅̅̅̅ 𝐷𝐻1−1´
̅̅̅̅̅̅̅ × (𝑋2 − 𝑋1 )
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅̅
1−1´ = =
𝐷𝐻1−2
̅̅̅̅̅̅ 𝐷𝐻1−2
̅̅̅̅̅̅
Equação 187
𝐷𝐻1−1´
̅̅̅̅̅̅̅ × 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦 1−2
̅̅̅̅̅̅ 𝐷𝐻1−1´
̅̅̅̅̅̅̅ × (𝑌2 − 𝑌1 )
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦1−1´
̅̅̅̅̅̅̅ = =
𝐷𝐻1−2
̅̅̅̅̅̅ 𝐷𝐻1−2
̅̅̅̅̅̅
Equação 188
Substituindo os valores das variáveis nas equações (Equação 187 e Equação 188)
obtém-se:
803,868 × (−63,391 − (−65,473))
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅̅
1−1´ = = 1,700 𝑚
984,696
E,
229
803,868 × (−931,177 − 53,517)
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑦1−1´
̅̅̅̅̅̅̅ = = −803,866 𝑚
984,696
Aplicando agora que o valor de projeção x de um alinhamento corresponde a diferença
entre as coordenadas X do ponto final menos a coordenada X do ponto inicial, obtém-se:
𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅̅
1−1´ = 𝑋1´ − 𝑋1 ⇒ 𝑋1´ = 𝑋1 + 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑥̅̅̅̅̅̅̅
1−1´ ⇒ 𝑋1´ = −65,473 + 1,700 = −63,773 𝑚
230