Apostila Terapia Cognitivo Comportamental para Depressão e Transtornos de Ansiedade e de Humor
Apostila Terapia Cognitivo Comportamental para Depressão e Transtornos de Ansiedade e de Humor
Apostila Terapia Cognitivo Comportamental para Depressão e Transtornos de Ansiedade e de Humor
1 INTRODUÇÃO..............................................................................................5
2 DEPRESSÃO...............................................................................................6
A neurobiologia da depressão...........................................................................................................7
Tipos de depressão 17
Sintomas psíquicos 19
Evidências comportamentais...........................................................................................................20
Sintomas fisiológicos 21
Diagnóstico 22
Episódio depressivo 38
Episódio maníaco 40
Episódio misto 43
Diagnóstico 47
Características diagnosticas............................................................................................................54
Terapia eletroconvulsiva 86
Prevenção de recaídas.....................................................................88
Técnicas cognitivas 95
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................100
11 BIBLIOGRAFIA......................................................................................106
3
INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI , esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão
respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos
para as atividades.
DEPRESSÃO
Fonte: pensamentoliquido.com
A neurobiologia da depressão
Tipos de depressão
Dores de barriga
Má digestão
Azia
Constipação
Flatulência
Tensão na nuca e nos ombros
Dores de cabeça
Dores no corpo
Pressão no peito.
Estes são alguns dos indícios da depressão.
A depressão é uma psicopatologia caracterizada por humor deprimido ou
falta de motivação, perda de interesse ou prazer (anedonia) e cansaço ou
fadiga. Além disso, alteração no peso corporal (ganho ou perda de peso
significativo
– 5%), prejuízo no sono (insônia ou hipersonia), agitação ou retardo
psicomotor, sentimento de inutilidade ou culpa, baixa capacidade de
concentração ou tomada de decisão e/ou ideação suicida são outros
sintomas relevantes no diagnóstico da depressão (APA, 2004; CID-10, 1993
apud Cardoso L. 2011).
Sintomas psíquicos
Evidências comportamentais
Retraimento social;
Crises de choro; e
Comportamentos suicidas.
Retardo psicomotor e lentificação generalizada, ou agitação psicomotora.
Constantemente os pacientes relatam à sensação de peso nos membros, ou ao
“manto de chumbo” que parecem estar transportando. Em atual revisão da literatura
sobre os estados depressivos, o item “retardo psicomotor” foi o consequente
comum, em nove sistemas classificatórios, como traço definidor da melancolia.
Na Austrália, Parker (et al.,1994 apud Del Porto,1999) indicaram, para o
diagnóstico da melancolia, um sistema baseado não em “sintomas” (subjetivos), mas
em “sinais” (características objetivas, observáveis). Na França, Widlöcher (et
al.,1983 apud Del Porto), na Salpêtrière, elaboraram uma escala especificamente
designada a medir o retardo psicomotor (“échelle de ralentissement dépressif” da
Salpêtrière). Precisa-se lembrar, que no diagnóstico das depressões, que
determinadas vezes o quadro mais típico pode ser disfarçado por queixas
proeminentes de dor crônica (cefaleia, dores vagas no tórax, abdome, ombros,
região lombar, etc.).
Sintomas fisiológicos
F40.0 Agorafobia
00 sem transtorno de pânico
01 com transtorno de pânico
A “agorafobia” é a evitação ou persistente apreensão a respeito de situações
das quais pode ser difícil escapar ou em que não há ajuda disponível em caso de
ataque de pânico ou no caso de se desenvolverem sintomas que poderiam
incapacitar ou constranger, como perda de controle intestinal ou vômito. As
situações da agorafobia são típicas e incluem shopping centers, esperar em filas,
cinemas, viajar de carro ou ônibus, restaurantes cheios e estar só.
A agorafobia “leve” pode ser exemplificada pela pessoa que hesita em dirigir
sozinha por longas distâncias, mas consegue ir e voltar de carro para o trabalho, que
prefere se sentar no corredor nos cinemas, mas segue indo ao cinema, e que evita
lugares lotados.
A agorafobia “moderada” é exemplificada pela pessoa que só dirige em um
raio de 15 km de casa e somente se estiver acompanhada, que compra em horário
fora do pico e evita grandes supermercados, e que evita aviões ou trens.
A agorafobia “grave” está relacionada à mobilidade muito limitada, às vezes
até mesmo a ponto de não sair de casa.
F40.1 Fobias sociais
A fobia social (FS) representa um problema grave de saúde mental com
características incapacitantes em suas diferentes formas de apresentação. A mais
comum é o medo de ser humilhado ou ridicularizado em situações sociais por
apresentar atitudes inadequadas ou sintomas de ansiedade como tremor, rubor,
sudorese excessiva e desatenção. A interação social torna-se mais ameaçadora se
for associada a um descontrole motor observável em comportamentos como beber,
comer ou escrever.
F40.2 Fobias específicas (isoladas)
As fobias específicas são atualmente agrupadas em subtipos que incluem
fobias de animais, ambientes naturais (altura, tempestades e água), sangue e
ferimentos e fobias situacionais (aviões, elevadores, locais fechados etc.). O objetivo
desse tipo de classificação é facilitar o diagnóstico e evitar o uso desnecessário de
extensas listas de situações ou objetos.
No entanto, ao se adotar subtipos de fobias, supõe-se que os medos
colocados dentro de um mesmo grupo devam ser semelhantes entre si, tanto em
termos de mecanismos fisiopatológicos quanto em termos de resposta a
tratamentos. Esse cuidado é fundamental, pois muitos estudos acerca do tratamento
das fobias específicas são baseados em um ou outro tipo de sintoma (medo de
altura, por exemplo) e seus resultados são generalizados para os demais tipos de
fobia (Choy et al., 2007).
F40.8 Outros transtornos fóbico-ansiosos
F40.9 Transtorno fóbico-ansioso, não especificado
F41 Outros transtornos de ansiedade:
F41.0 Transtorno de pânico (ansiedade paroxística episódica)
O transtorno do pânico (TP) é caracterizado pela presença de ataques de
pânico recorrentes que consistem em uma sensação de medo ou mal-estar intenso
acompanhada de sintomas físicos e cognitivos e que se iniciam de forma brusca,
alcançando intensidade máxima em até 10 minutos. Estes ataques acarretam
preocupações persistentes ou modificações importantes de comportamento em
relação à possibilidade de ocorrência de novos ataques de ansiedade.
Grave
Com características psicóticas
Em remissão parcial
Em remissão completa
Não especificado
Episódio atual ou mais recente hipomaníaco
Em remissão parcial
Em remissão completa
Não especificado
Episódio atual ou mais recente depressivo
Leve
Moderado
Grave
Com características psicóticas
Em remissão parcial
Em remissão completa
Não especificado
Episódio atual ou mais recente não especificado
296.89 (F31.81) Transtorno Bipolar Tipo II, (132):
Especifica – se em episódio atual ou mais recente: Hipomaníaco, depressivo
Especificar o curso se todos os critérios para um episódio de humor não estão
atualmente satisfeitos: Em remissão parcial, em remissão completa.
Especificar a gravidade se todos os critérios para um episódio de humor estão
atualmente satisfeitos: Leve, Moderada, Grave.
301.13 (F34.0) - Transtorno Ciclotímico (139)
Especificar se: Com sintomas ansiosos
Transtorno Bipolar e Transtorno Relacionado Induzido por Substância/
Medicamento (142).
Nota: Ver o conjunto de critérios e os procedimentos de registro
correspondentes para códigos específicos para cada substância e codificação
da CID-9-MC e da CID-10-MC.
Especifica - se: Com início durante a intoxicação, com início durante a
abstinência.
As fases do transtorno
Episódio depressivo
Fonte: psicologia.pt
Episódio maníaco
O DSM define Mania como a presença por pelo menos uma semana de
humor irritável, expansivo ou elevado, associado a três ou mais dos seguintes
sintomas, com gravidade suficiente para causar prejuízo funcional (problemas no
trabalho,
Fonte: psicologia.pt
Episódio misto
Fonte: psicologia.pt
O transtorno bipolar (TB) constitui uma doença psiquiátrica comum, mas que
produz impacto significativo em diferentes segmentos de vida dos seus portadores.
Trata-se de um problema grave cujo tratamento depende de diversas abordagens
relacionadas, como intervenções psicológicas e com psicofármacos.
Sua principal característica diz respeito à constantes oscilações no humor
intercaladas, que também acabam culminando em alta reatividade comportamental,
agitação, impulsividade, hipervigilância, curso de pensamento acelerado e o
envolvimento em comportamentos de risco (APA, 2002; CORDIOLI; ZIMMERMANN;
KESSLER, 2004; DELL’ AGLIO JÚNIOR et al., 2003; FIGUEIREDO et al., 2009;
JURUENA, 2004; OLIVEIRA; LIMA, 2000).
Existe uma subdivisão dos episódios de humor que caracterizam o TB,
podendo ser de cunho maníaco ou hipomaníaco. Ambos configuram- se como
períodos de humor elevado ou irritável, apresentando diminuição na necessidade de
sono, aumento da libido, distração, taquilalia ou logorreia.
A principal distinção implicada entre esses dois episódios está no nível de
severidade apresentado pelos sujeitos durante o episódio maníaco, podendo haver
inclusive quebras no contato com a realidade. Segundo as classificações
diagnósticas, este componente psicótico não é encontrado em episódios
hipomaníacos (APA, 2002; CORDIOLI; ZIMMERMANN; KESSLER, 2004; DELL ‘
AGLIO JÚNIO et al., 2003; OLIVEIRA; LIMA, 2000).
A utilização de abordagens Cognitivo-Comportamentais coadjuvantes em
pacientes com TB promove a adesão ao tratamento medicamentoso e o
enfraquecimento de algumas cognições que podem vir a desencadear novos
episódios de humor. Salienta – se ainda a importância da TCC no tratamento do TB,
a fim de diminuir fatores de risco ao desenvolvimento de novos episódios de humor.
Sabe – se ainda que quando não contidos adequadamente, em função do erro de
diagnóstico ou pela contenção química inadequada ou insuficiente, estes pacientes
podem apresentar dificuldades em manter os estados de humor eutímico (DELL’
AGLIO JÚNIOR et al., 2003; FIGUEIREDO et al., 2009; SAFFI; ABREU; LOTUFO
NETO, 2011; SUDAK, 2008).
Um estudo realizado por Judd et al. (2005) estima que em uma média de 13
anos, pacientes com diagnóstico de TB podem passar cerca de 85% do tempo
apresentando sinais e sintomas sindrômicos e subsindrômicos da doença. No
entanto, esse dado estatístico chega a diminuir para 50% em pacientes em processo
de psicoterapia (GONÇALVES; SANTIN; KAPCZINSKI, 2008).
O objetivo da TCC para TB consiste em: psicoeducação (educar o paciente e
seus familiares sobre a doença), ensinar métodos para monitorar o humor do
paciente; oportunizar técnicas não medicamentosas para lidar com sintomas da
doença e problemas do cotidiano; melhorar adesão ao tratamento medicamentoso.
Para monitorar os sintomas podem ser utilizadas as seguintes técnicas:
Mapeamento da vida:
O mapeamento da vida é uma técnica muito utilizada no tratamento do
Transtorno Bipolar pela TCC, pois auxilia a oferecer uma visão mais ampla do curso
da doença. A mesma identifica desencadeadores de recaídas, fatores de estresse e
estratégias que apresentaram eficácia e ineficácia no controle de sintomas e
prevenção de recaídas.
Nessa técnica o paciente coloca em uma linha do tempo sequencial eventos
relacionados com a doença, como por exemplo, os períodos de doença e saúde, os
tratamentos, hospitalizações, acontecimentos importantes e históricos de outras
doenças, além de identificar os altos e baixos do curso da sua vida e doença.
Destacando o número, sequência, intensidade e duração das fases de mania e
depressão, o impacto do tratamento e de acontecimentos importantes (BASCO,
2009).
Segundo Basco (2009) essa técnica tem como finalidade fornecer ao paciente
uma visão mais ampla do curso da doença, dos fatores estressores e da influência
do tratamento. As representações gráficas de episódios ao longo da vida permitem
paciente, terapeuta e familiar a compreender interações entre os episódios do
transtorno, o início e abandono dos tratamentos, acontecimentos significativos da
vida, seus efeitos, além de um acompanhamento do curso do transtorno desde seu
surgimento até o momento presente.
Técnica: Gráfico de Humor e Afetivograma
De acordo com Neto (2004) para essa técnica sugere-se montar um gráfico
chamado de humor e afetivograma, onde tem objetivos de monitorar os sintomas,
identificando o início de sintomas enquanto ainda podem ser controlados. O autor
ressalta ainda, que durante a fase da mania a pessoa apresenta sintomas, tais como
diminuição da necessidade de dormir, hipersensibilidade à rejeição e à crítica
irritabilidade seguida de agressividade.
Assim, é possível detectar o início da fase antes que ela saia do controle,
estabelecendo uma agenda de atividades incluindo sono e alimentação, determinar
prioridades e avaliar o gasto de energia, criar um programa de higiene do sono,
estimular hábitos adequados, evitar estímulos excessivos (como por exemplo,
exercício, cafeína, etc.).
Técnica: Reestruturação Cognitiva
Para Wright, Basco e Thase (2008), a reestruturação cognitiva é uma
estratégia que identifica pensamentos automáticos e esquemas nas sessões, ensina
habilidades para mudar cognições, utilizando-se de uma série de exercícios
intersessões
planejadas para expandir o aprendizado na terapia diante de situações do cotidiano.
São utilizados os registros de pensamentos, para identificar os pensamentos
automáticos de forma escrita, identificar erros cognitivos, examinar as evidências
(análise pró e contra), listas alternativas racionais e ensaio cognitivo, sendo uma
técnica que consiste em praticar uma nova maneira de pensar por meio de geração
de imagens mentais ou role-play.
A técnica de reestruturação cognitiva sendo utilizada no tratamento do TB
poder ter aplicabilidade em casos de pacientes com hipomania, uma vez que nessa
fase o paciente possa estar com as cognições distorcidas. Assim, o paciente irá
avaliar os pensamentos distorcidos e modificá-los adequadamente (BASCO &
RUSH, 2009).
De acordo com Neto (2004) durante a fase de mania e de depressão ocorre
uma série de mudanças cognitivas. Embora, as distorções cognitivas são
mais frequentes na fase maníaca e levam comportamentos inadequados,
tais como: levar a pessoa a subestimar riscos; exagerar possibilidades de
ganhos ou acertos; achar que está com mais sorte; superestimar
capacidades; e minimizar problemas da vida e valorizar gratificação
imediata. Na fase depressiva os pacientes geralmente apresentam
pensamentos automáticos, regras e crenças distorcidas, que geram
desesperança e ideação suicida (Neto 2004 apud Vieira T; 2016).
Tratamento farmacológico
Terapia eletroconvulsiva
Entre 1917 e 1935, quatro métodos para produzir choque fisiológico foram
descobertos, testados e utilizados na prática psiquiátrica, todos eles na
Europa: Febre induzida pela malária, para tratar a paresia neurossilítica,
descoberta em Viena por Julius Wagner-Jauregg, em 1917; Coma e
convulsões induzidas por insulina, para tratar a esquizofrenia, descoberta
em
Berlim por Manfred J. Sakel, em 1927; Convulsões induzidas por metrazol,
para tratar a esquizofrenia e psicoses afetivas, descobertas em Budapeste
por Ladislaus J. von Meduna, em 1934, e Terapia de choque
eletroconvulsiva, descoberta por Ugo Cerletti e Lucio Bini em Roma, em
1937. (SABBATINI, 1997 apud Corrêa A ;2017).
Prevenção de recaídas
Fonte: lume.ufrgs.br
Fonte: lume.ufrgs.br
Revista da Escola de Enfermagem USP, São Paulo, v. 37, n.2, p.43-50, 2003.