Manual de Planeamento Urbano Actualizado

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MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM

GESTÃO AMBIENTAL

Disciplina: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

4º Ano
Código: ISCED41-CAMBCFE008
Total Horas/1o Semestre: 125
Créditos (SNATCA): 5
Número de Temas: 13

INSTITUTO SUPER

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCED


ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Direitos de autor (copyright)

Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e


contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total
deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico,
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto
Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED).
A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais
em vigor no País.

Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)


Direcção Académica
Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa
Beira - Moçambique
Telefone: +258 23 323501
Cel: +258 82 3055839
Fax: 23323501
E-mail: [email protected]
Website: www.isced.ac.mz

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Agradecimentos

O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) agradece a colaboração dos


seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:

Autor Eng° Osvaldo Felisberto Domingos – Licenciado em Engenharia


Civil pela Universidade Jean Piaget de Moçambique – Cidade da
Beira e Mestrando em Engenharia e Gestão de Aguas pela
Universidade Zambeze

Direcção Académica do ISCED


Coordenação
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)
Design
Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED)
Financiamento e Logística

Revisão Científica e Sualé Amade, MSc


Linguística

Ano de Publicação 2017

Local de Publicação ISCED – BEIRA

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Índice
Benvindo à Disciplina/Módulo de Planeamento Urbano e Meio Ambiente 1
Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1
Como está estruturado este módulo ................................................................................ 1
Ícones de actividade ......................................................................................................... 3
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 3
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 5
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 6
Avaliação ........................................................................................................................... 7
TEMA – I: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA E ACTIVIDADES, PLANEAMENTO URBANO EM
MOÇAMBIQUE 9
UNIDADE Temática 1.1. Processo histórico. ..................................................................... 9
Introdução ............................................................................................................... 9
Sumário ........................................................................................................................... 21
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................... 22
UNIDADE Temática 1.2. Municipalização, descentralização e poder local. ................... 23
Introdução ............................................................................................................. 23
Sumário ........................................................................................................................... 26
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................... 27
UNIDADE Temática 1.3. A globalização e as cidades. As grandes cidades
moçambicanas. ............................................................................................................... 28
Introdução....................................................................................................................... 28
Sumário ........................................................................................................................... 36
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................... 37
UNIDADE Temática 1.4. Processos de intervenção no espaço. Uso e ocupação do
solo. ................................................................................................................................. 38
Introdução....................................................................................................................... 38
Sumário ........................................................................................................................... 43
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................... 44
TEMA – II: PADRÕES GERAIS DA MORFOLOGIA URBANA 45
UNIDADE Temática 2.1. Identificação e análise de padrões de lugares centrais ........... 45
Sumário ........................................................................................................................... 51
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................... 52
UNIDADE Temática 2.2. Textura urbana......................................................................... 53
Introdução....................................................................................................................... 53
Sumário ........................................................................................................................... 58
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................... 59
UNIDADE Temática 2.3. Circulação de espaços abertos ................................................ 60
Introdução ............................................................................................................. 60

iii
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Sumário ........................................................................................................................... 64
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................... 65
TEMA – III: ESQUEMAS URBANOS UTÓPICOS 66
UNIDADE Temática 3.1. Analise de forma, intenção e estratégia .................................. 66
Introdução....................................................................................................................... 66
Sumário ........................................................................................................................... 70
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................... 71
TEMA – IV: MUDANÇA DE PARADIGMA EM TEORIA DE DESENHO URBANO 71
TEORIA E MODELO NORMATIVO 71
UNIDADE Temática 4.1. Teoria e cósmica e cidade como máquina............................... 72
Introdução....................................................................................................................... 72
Sumário ........................................................................................................................... 75
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................... 75
UNIDADE Temática 4.2. A cidade como organismo ....................................................... 76
Introdução ............................................................................................................. 76
Sumário ........................................................................................................................... 78
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................... 79
TEMA – V: ESTRUTURA URBANA 79
UNIDADE Temática 5.1. Forma e distribuição do espaço público e privado .................. 80
Introdução....................................................................................................................... 80
Sumário ........................................................................................................................... 85
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................... 86
UNIDADE Temática 5.2. Superficie de espaços públicos e alinhamentos ...................... 87
Introdução....................................................................................................................... 87
Sumário ........................................................................................................................... 92
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................... 93
UNIDADE Temática 5.3. Edificabilidade, densidade e actividade................................... 94
Introdução ............................................................................................................. 94
Sumário ........................................................................................................................... 98
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................... 99
TEMA – VI: ORDENAÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS .................................................... 100
UNIDADE Temática 6.1. Parques e jardins e área de ócio. ........................................... 100
Introdução..................................................................................................................... 100
Sumário ......................................................................................................................... 104
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................. 104
UNIDADE Temática 6.2. Estrada e zona de estacionamento........................................ 106
Introdução ........................................................................................................... 106

iv
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Sumário ......................................................................................................................... 108


Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................. 109
TEMA – VII: ORDENAÇÃO DOS ESPAÇOS PRIVADOS .................................................. 110
UNIDADE Temática 7.1. Condições e configurações de parcelas. ................................ 110
Introdução..................................................................................................................... 110
Sumário ......................................................................................................................... 112
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................. 112
UNIDADE Temática 7.2. Tipologias de edificações. ...................................................... 113
Introdução..................................................................................................................... 113
Sumário ......................................................................................................................... 119
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................. 120
UNIDADE Temática 7.3. Alinhamento e composicão de fachada ................................ 121
Introdução ........................................................................................................... 121
Sumário ......................................................................................................................... 123
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................. 123
TEMA – VIII: URBANIZAÇÃO E USO DE ESPAÇOS ABERTOS 125
UNIDADE Temática 8.1. Vegetação .............................................................................. 125
Introdução..................................................................................................................... 125
Sumário ......................................................................................................................... 128
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................. 129
UNIDADE Temática 8.2. Iluminação.............................................................................. 130
Introdução ........................................................................................................... 130
Sumário ......................................................................................................................... 131
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................. 132
UNIDADE Temática 8.3. Mobiliário urbano. ................................................................. 133
Introdução ........................................................................................................... 133
Sumário ......................................................................................................................... 136
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................. 136
UNIDADE Temática 8.4. Elemento de informação e circulação. .................................. 137
Introdução ........................................................................................................... 137
Sumário ......................................................................................................................... 138
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................. 139
TEMA – IX: SISTEMA DE PLANEAMENTO E INSTRUMENTOS NORMATIVO 140
UNIDADE Temática 9.1. Planos estratégicos e locais. .................................................. 140
Introdução..................................................................................................................... 140
Sumário ......................................................................................................................... 142
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................. 143
UNIDADE Temática 9.2. Plano director e estatuto de cidade ...................................... 143
Introdução ........................................................................................................... 143

v
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Sumário ......................................................................................................................... 150


Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................. 150
TEMA – X: SANEAMENTO AMBIENTAL 152
UNIDADE Temática 10.1. Saneamento ambiental........................................................ 152
Introdução..................................................................................................................... 152
Sumário ......................................................................................................................... 160
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................. 160
TEMA – XI: MEIO AMBIENTE URBANO 162
UNIDADE Temática 11.1. Meio ambiente urbano. ....................................................... 162
Introdução..................................................................................................................... 162
Sumário ......................................................................................................................... 166
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................. 166
TEMA – XII: ECOLOGIA URBANA 167
UNIDADE Temática 12.1. Poluição urbana. .................................................................. 167
Introdução..................................................................................................................... 167
Sumário ......................................................................................................................... 173
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................. 174
UNIDADE Temática 12.2. Agenda 21 local. ................................................................... 175
Introdução ........................................................................................................... 175
Sumário ......................................................................................................................... 178
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................. 179
TEMA – XIII: MUNICIPALIZAÇÃO DO MEIO AMBIENTE 180
UNIDADE Temática 13.1. Indicadores urbano-ambientais........................................... 180
Introdução..................................................................................................................... 180
Sumário ......................................................................................................................... 183
Exercícios de AVALIAÇÃO............................................................................................. 184
Bibliografia 194

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Visão geral
Benvindo à Disciplina/Módulo de Planeamento Urbano e Meio Ambiente
Objectivos do Módulo
Ao terminar o estudo deste módulo de Planeamento Urbano e Meio
Ambiente deverá ser capaz de:
 Descrever a fundamentação teórica referente ao planeamento
urbano e ao meio ambiente urbano;
 Conhecer os conceitos de planeamento, o suporte teórico das
linhas de planeamento urbano e regional, as interfaces do
planeamento e o processo de produção do espaço;
 Desenvolver as capacidades de apreensão, análise e
interpretação dos processos sócio espaciais em escalas diversas
e suas articulações.

 Entender a problemática urbano-ambiental de forma


integrada;

 Identificar a compreensão do processo de estruturação do


Objectivos urbano a partir da apresentação de análises integradas do
Específicos espaço;

 Discutir a problemática urbano-ambiental relacionada ao


processo de expansão urbana das grandes cidades.

Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para estudantes do 4º ano do curso de


licenciatura em Gestão Ambiental do ISCED. Poderá ocorrer,
contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar
seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-vindos, não
sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o
manual.

Como está estruturado este módulo

Este módulo de Planeamento Urbano e Meio Ambiente, para


estudantes do 4º ano do curso de licenciatura em Gestão

1
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Ambiental, à semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado


como se segue:
Páginas introdutórias

 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção
com atenção antes de começar o seu estudo, como componente
de habilidades de estudos.
Conteúdo desta Disciplina / módulo

Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente
unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma
introdução, objectivos, conteúdos.
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só
depois é que aparecem os exercícios de avaliação.
Os exercícios de avaliação têm as seguintes caracteristicas: Puros
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e
actividades práticas alguns incluindo estudo de caso.

Outros recursos

A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si,


num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de
dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta
uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você
explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro
de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso
como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste
material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter
acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as
possibilidades dos seus estudos.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Auto-avaliação e Tarefas de avaliação

Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final


de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios
de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro
apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo,
exercícios que mostram apenas respostam.
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo
a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção
e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do
módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de
avaliação é uma grande vantagem.
Comentários e sugestões

Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados


aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza diadáctico-
Pedagógica, etc., sobre como deveriam ser ou estar apresentadas.
Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de
confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser
melhorado.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas


margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança
de actividade, etc.

Habilidades de estudo

O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a


aprender. Aprender aprende-se.

Durante a formação e desenvolvimento de competências, para


facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar.

3
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro


estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos,
procedendo como se segue:

1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de


leitura.

2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).

3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação


crítica dos conteúdos (ESTUDAR).

4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua


aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão.

5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as


de estudo de caso se existirem.

IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,


respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo
reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo
melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à
noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana?
Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio
barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada
hora, etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada
ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando
achar que já domina bem o anterior.

Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e


estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos
de cada tema, no módulo.

Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por


tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-
se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das


actividades obrigatórias.

Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual


obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume
de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando
interferência entre os conhecimento, perde sequência lógica, por
fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em
insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente
incapaz!

Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma


avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda
sistemáticamente), não estudar apenas para responder a questões
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude
pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que
está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que


matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será


uma necessidade para o estudo das diversas matérias que
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos,
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a
margem para colocar comentários seus relacionados com o que
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
não conhece ou não lhe é familiar;

Precisa de apoio?

Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou
invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento
e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone,

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando


a preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante
– CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que você caro
estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do
seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED
indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza
pedagógica e/ou administrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30%
do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida
em que permite-lhe situar, em termos do grau de aprendizagem
com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver
hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos
programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade
temática, no módulo.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e


autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da
disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma


transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor,
sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade
científica e o respeito pelos direitos autoriais devem caracterizar a
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED).

Avaliação

Muitos perguntam: Como é possível avaliar estudantes à distância,


estando eles fisicamente separados e muito distantes do
docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma
avaliação mais fiável e consistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A
avaliação do estudante consta detalhada do regulamentado de
avaliação.
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de
frequência para ir aos exames.
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência,
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois)
trabalhos e 1 (um) (exame).
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados
como ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências bibliográficas
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de
Avaliação.

1
Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária,
propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

TEMA – I: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA E ACTIVIDADES, PLANEAMENTO URBANO EM


MOÇAMBIQUE
UNIDADE TEMÁTICA 1.1. Processo histórico.
UNIDADE TEMÁTICA 1.2. Municipalização, descentralização e poder
local.
UNIDADE TEMÁTICA 1.3. A globalização e as cidades. As grandes
cidades moçambicanas.
UNIDADE TEMÁTICA 1.4. Processos de intervenção no espaço. Uso e
ocupação do solo.
UNIDADE Temática 1.1. Processo histórico.
Introdução

O Governo definiu o distrito como a unidade territorial principal da


organização local do Estado e a base de planificação e do
desenvolvimento económico, social e cultural. A cada vez maior
participação das comunidades nas acções de desenvolvimento e a
realização de actividades baseadas a nível local torna-se indispensável,
sendo este objectivo materializado através da harmonização das
metodologias de planeamento distrital, que assume como pilares
chaves o Planeamento e Ordenamento territorial e gestão dos recursos
naturais e a Planificação e Finanças Distritais.

Ao completar esta unidade temática, deverá ter capacidade de:

 Conhecer os instrumentos de planeamento de cidades médias em


Moçambique.
 Conhecer formas de intervir mais apropriadas à qualificação das zonas
Objectivos suburbanas de cidades médias.
específicos
 Caracterizar e analisar as dinâmicas populacionais e territoriais das
cidades.
 Elaborar um Plano de acção e um Plano urbano.

A influência do urbanismo português sobre as cidades das antigas


colónias lusas é incontornável e Rossa (2002, p. 195) refere mesmo que
à “partida só o «sim» é a resposta para a questão há uma «cidade
portuguesa»?”. Teixeira e Valla (1999,p. 215) mencionam que, apesar
das características particulares de cada cidade colonial e da aparente
casualidade como se estruturaram e desenvolveram, os modelos e
tradição urbanos de referência partilhados asseguraram uma
identidade formal e estrutural comum, conferindo-lhes “um
inquestionável carácter português”. As dificuldades na definição do
urbanismo português influenciam por sua vez a determinação do seu
papel no desenvolvimento dessas cidades e da sua eventual
permanência no contexto actual, bem como da sua pertinência e
adequação às necessidades e

9
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

problemas urbanos que hoje se fazem sentir. O presente retoma essa


problemática em contexto africano, por meio da análise da cidade de
Maputo, procurando responder às questões: Qual é o significado do
urbanismo português na cidade actual? Que relação pode estabelecer
com o seu desenvolvimento futuro? Parte-se da análise histórica do
desenvolvimento de Moçambique, estruturada em dois momentos: o
que se inicia com a sua génese e abrange todo o período colonial
português em Moçambique, e o que começa após a independência
deste país, em 1975, e se prolonga até hoje. No primeiro enquadra-se o
desenvolvimento desta capital no contexto do urbanismo português e
analisa-se a evolução das características de ambos ao longo do tempo,
identificando as transformações operadas e as marcas deixadas. Com o
afastamento da influência directa de Portugal sobre a cidade após a
independência, apresenta-se a forma como Moçambique se continuou
a desenvolver à luz dos seus problemas mais prementes, identificando-
se os actores envolvidos. O confronto das situações encontradas nestes
dois momentos serve de base à reflexão sobre o papel do urbanismo
português no presente e futura sobre a sua relação com o diversificado
consórcio de ideias urbanas no mundo actual de língua portuguesa em
África.

Cidades e urbanização em Moçambique

As primeiras formas de povoamento que se pode considerar de cidades


em Moçambique pela concentração de população e pelas suas funções
administrativas e ou comerciais diferentes da aldeia rural eram capitais
de estados ou centros comerciais.

Citam-se a capital do Estado do Zimbabwe, a capital de Gaza e dos


Estados do Mataca e dos Mutapas. Diversos centros comerciais
permanentes foram constituídos através do contato comercial com os
árabes: Chibuene (em Vilanculos ao sul de Moçambique), Sofala (no
centro de Moçambique), Ilha de Moçambique e, provavelmente,
Somana na baía de Nacala na província de Nampula e Querimba e a ilha
de Vamizi ao sul da província de Cabo Delgado. Trata-se de cidades,
anteriores a chegada dos portugueses em Moçambique, onde os
comerciantes locais estabeleciam seus empórios de ligação com lugares
distantes e, ai, residiam com suas famílias.

Depois da separação administrativa de Moçambique da Índia


Portuguesa em 1752, foi introduzido o municipalismo português em
sete povoações em 1762/64 (Inhambane, Sofala, Sena, Tete,
Quelimane, Moçambique e Ibo). Em 1818, a capital na Ilha de
Moçambique foi elevada à categoria de “cidade”. Tinha nessa altura
cerca de 5.000 habitantes. A maioria [era africana], mas as elites eram
imigrantes da Europa e Índia incluindo alguns dos seus descendentes
locais (Serra, 2000: 23 e 239).

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

As cidades resultantes da implantação colonial portuguesa em


Moçambique foram caracterizadas pela coexistência de duas áreas:
uma que albergava população de origem europeia e asiática, com um
traçado geométrico que indicava preocupações com o planeamento
urbano e; outra, não planeada e com infra-estruturas precárias, onde
viviam os africanos como mão-de-obra necessária para os trabalhos de
construção civil, para os carregamentos no porto, para os trabalhos
domésticos (op.cit., 440).

O processo de urbanização reflete a ligação da dinâmica social, já


esboçada, no espaço; ou seja, trata-se da configuração espacial
resultante da penetração do modo de produção capitalista,
historicamente formado nos países ocidentais, nas restantes formações
sociais com diferentes níveis de desenvolvimento técnico, social e
cultural (Castells, 1979: 54-55) – tal como ocorre nas sociedades da
África meridional.

Na África meridional, e especificamente em Moçambique, o sistema


de dominação colonial portuguesa organizou-se em cidades
construídas, na sua maioria, a partir de centros de serviços que
mantinham uma estreita ligação com a metrópole colonial. Grande
parte das atuais cidades moçambicanas não só resultou de antigos
centros de negócios, mas também, e fundamentalmente, de
concentrações de serviços portuários. A função principal dos antigos
centros de negócios era a exportação de matérias primas do interior
de Moçambique e de outros países do hinterland para Portugal e
outras metrópoles europeias. Nesse contexto Castells (1979) refere
que se tratava de centros de negócios diretamente ligados às
metrópoles coloniais daí a inexistência de uma rede urbana de
interdependências funcionais no espaço nacional, escalas nas rotas
comerciais e centros comerciais para o consumo interior.

Mais tarde, as cidades assumiram funções administrativas como


espaços urbanos que reproduziam as cidades da metrópole. Desse
modo, o desenvolvimento do modo de produção capitalista e o
aumento do ritmo da industrialização vão influenciando a configuração
social e espacial das sociedades dominadas. Trata-se, antes, do impacto
do processo de industrialização através de uma relação de dependência
específica. O ritmo e as formas do crescimento das cidades nos países
dependentes, que é o caso de Moçambique, espelham a articulação das
relações econômicas e políticas relações de dominação; colonial,
capitalista-comercial e imperialista e financeira.

Depois da independência de Moçambique em 1975, Portugal deixou de


influenciar, pelo menos de forma directa, as políticas de
desenvolvimento territorial do país. A

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

adoção do modelo de desenvolvimento socialista introduziu novas


singularidades nas relações sociedade-espaço.

Mesmo considerando que Moçambique se encontrava numa fase


transitória para uma formação social socialista admite-se que a
propriedade privada dos meios de produção fora extinta e deixara de
ser o elemento estrutural da sociedade, as forças de mercado enquanto
estrutura subordinada ao político não influenciaram diretamente o
processo de urbanização à semelhança do que ocorria durante o
período colonial em que o Estado organizava e controlava a
urbanização, através de planos de urbanização concebidos pelas
câmaras municipais.

As interações espaciais de grande dimensão entre a cidade e o campo


ocorreram nas cidades-capitais provinciais. Pois, apesar dos
investimentos quase nulos no desenvolvimento das cidades, as capitais
provinciais continuaram a receber incrementos de população rural quer
como resultado das diferenças de desenvolvimento quer pela
insegurança no campo provocada pela propagação da guerra civil nos
anos 80.

Em Moçambique, as décadas de 70, 80 e 90 foram caracterizadas pela


ocorrência de factores conjunturais adversos (guerra colonial, guerra
civil e calamidades naturais) que alteraram o desenvolvimento normal
da distribuição territorial da população a partir dos centros urbanos.
Este fenômeno inverteu o sentido da expansão urbana, com todas as
consequências sociais, econômicas e ambientais daí decorrentes. Isto
sucedeu porque os fatores conjunturais referidos tornaram o meio rural
extremamente repulsivo e os espaços urbanos e urbanizados
adquiriram valores atrativos (Araújo, 2003:168).

Até 1986 o movimento da população alterava os modelos clássicos de


desenvolvimento urbano. O crescimento urbano estagnou-se e ao invés
de ocorrer à custa do espaço rural, era a população do campo que
avançava em direção a cidade, conferindo a esta características
marcantes do meio rural um fenômeno designado por implosão urbana
actualmente muito freqüente em África (op. cit: 169). A partir de 1986
o Estado decreta a inclusão de áreas periféricas – porque produziam
alimentos para os mercados urbanos dentro dos limites administrativos
das cidades. Outro factor que em África tem tido implicações directas
no processo urbano é aquele que diferentes autores designam por
reclassificação urbana. Esta consiste no aumento, por decreto, da área
das cidades, alterando os seus limites administrativos, com o
argumento de que a cidade necessita de novas áreas de expansão
(Araújo, 2003: 169).

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

O processo de inclusão de áreas agrícolas periféricas nos limites


administrativos das cidades designado por reclassificação urbana, e
cujos objetivos carecem de investigação, atribui novas especificidades
ao processo urbano em Moçambique: produz, politicamente, um
espaço urbano que contempla conteúdos sociais, econômicos e
culturais tipicamente característicos do mundo rural.

As áreas peri-urbanas das cidades moçambicanas, administrativamente


consideradas espaços urbanos, são cinturas de território onde as
características da sociedade rural se misturam com formas econômico-
sócio-culturais urbanas. Em vários bairros desta cintura peri-urbana, a
maioria dos seus habitantes sobrevive da actividade agrícola familiar,
tal como sucedia nas áreas rurais de origem, assim como o tipo
de habitação é semelhante àquele que tinham no campo (Araújo,
2003:168).

Segundo Araújo (2003), as áreas peri-urbanas funcionam como espaços


onde a população imigrante constrói residência transitória no seu
percurso a procura de inserção na economia urbana; são espaços
procurados, pela população com grande poder aquisitivo e vivendo no
centro da cidade, para fixação de uma segunda ou terceira residência –
num processo não isento de conflitos de posse de terra; e funcionam
como reservas para expansão urbana planificada pelo Estado e
reassentamento de população retirada de áreas impróprias para
habitação ou sujeitas a intervenções planificadas.

Os conflitos no direito de uso de terra surgem por razões de


diversa ordem:

(i) Dupla ou múltipla autorização resultante do facto dos


departamentos municipais não possuírem registos de
autorizações de pedidos anteriores de uso do solo.

(ii) Autorizações de direito de uso de terra em áreas já ocupadas


de forma espontânea dificultando a remoção das casas ai
construídas.

(iii) Ocupação de partes de terra pertencente a outrem,


frequentemente, em áreas sem loteamento e onde ocorre
a venda não-oficial de lotes. Dupla venda do mesmo lote para
compradores diferentes derivada da ausência de comprovante
de compra. (Malauene, 2005:22-23)

A influência da Escola de Chicago

Várias abordagens influenciaram os geógrafos urbanos nas suas


tentativas para compreender a estrutura espacial urbana. A primeira,

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essencialmente ecológica, procura explicar os padrões urbanos a partir


da competição, pela localização e pelo espaço na cidade, entre os
grupos sociais, uma competição que levaria ao surgimento de
chamadas áreas naturais em cada centro urbano.

A abordagem ecológica no estudo de comunidades urbanas está


intimamente relacionada aos estudos desenvolvidos, entre 1916 e
1940, pela Escola de Sociologia Urbana de Chicago, esta por sua vez
influenciada pelas análises de biólogos, no estudo ecológico das
plantas, por isso o uso de terminologia ecológica.

As teorias vigentes sobre as consequências sociais e comportamentais


do desenvolvimento urbano e que influenciaram a análise dos espaços
urbanos em Moçambique têm a sua origem nos estudos sobre a vida
rural e urbana realizada por sociólogos durante o séc. XIX. As
explicações sobre a vida urbana estavam, nessa época, associadas às
chamadas teorias de contraste as quais reconheciam dois tipos
diferentes de sociedade: a tradicional rural e a moderna urbana. Na
sequência, Durkheim (1893) concluía que a vida na cidade era
caracterizada pela competição pelo emprego; a competição pelo
emprego seria, portanto, um dos factores que criava um contexto em
que a importância da família entrava em declínio e, consequentemente
as interações sociais eram reorganizadas na base da racionalidade
e eficiência mais do que na tradição. Esta conceituação básica, sobre
as diferenças entre o mundo rural e o urbano, elaborada por Durkheim,
resulta das suas observações sobre a crescente divisão social do
trabalho derivada da industrialização, a qual via como um processo
histórico-biológico irreversível envolvendo o desenvolvimento da
civilização humana de uma forma segmentária para uma organizada.

A polarização das diferenças entre o rural e o urbano é superada pelas


correntes teóricas da Ecologia Humana da Escola de Chicago.

Às transformações e persistências de modos de vida, torna-se


pertinente referir a análise de Park segundo a qual em qualquer
sociedade os indivíduos procuram preservar o próprio respeito e ponto
de vista mediante o reconhecimento pelos outros o que vigoraria por
excelência no modo de vida do campo.

Urbanismo português e desenvolvimento da cidade de Maputo

A fixação portuguesa em Lourenço Marques iniciou-se com a criação de


um presídio em 1781, mas “só se efectivou depois de 1805 com a
chegada de uma força militar” e a constituição de “uma pequena
povoação fortificada, para quartel e feitoria, que ocupava, uma língua
de área, de cerca de 1200 metros de comprimento e 100 metros de
largura, rodeada de pântanos” (MENDES, 1985, p. 79-80). O seu

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surgimento no contexto do urbanismo português da fase de expansão


ultramarina é tardio, uma vez que a ocupação das ilhas atlânticas se deu
no século XV e o processo de urbanização do Brasil se iniciou com a
fundação da cidade de São Salvador da Baia em meados do século XVI.

Morais (2001) menciona que a ocupação se dava em pontos


estratégicos das zonas costeiras, em Lourenço Marques com o objetivo
de dominar o território ao sul do rio Save, sob a forma de presídios que
guardavam a rota marítima da Índia.

Essas características associam-se a outras, que podem identificar-se na


planta da povoação de Lourenço Marques de 1876 e no descrito por
Mendes (1985) e Morais (2001). A escolha do local de implementação,
numa baía abrigada virada a sul, com boas condições de porto natural
e protegida por um promontório, é um dos aspectos mencionados por
Teixeira e Valla (1999), ao qual pode acrescentar-se: o traçado
geométrico regular adaptado à topografia, mas não racionalizado; o
protagonismo urbanístico da rua, em que as vias principais mais largas
se dispõem paralelamente à costa, desenhando uma estrutura de
quarteirões lineares, com rua de ambos os lados, idênticos aos do
período medieval; a existência de uma praça estruturante de cariz mais
renascentista, articulando as vias e o acesso da língua de areia à
margem continental, onde se localizam os equipamentos prioritários,
apresentando uma constância e interação espacial; o espaço
hierarquizado e a independência morfológica relativamente ao cerco
muralhado (ROSSA, 2002; TEIXEIRA; VALLA, 1999). A Figura 1 sobrepõe
a planta de 1876 com a actual, identificando os elementos urbanos
permanecentes, embora alguns reconfigurados.

Figura 1 - Lourenço Marques em 1876 e Maputo actualmente

Legenda: 1 = Praça da Picota (actual Praça 25 de Junho); 2 = Fortaleza;


3 = Linha de defesa; 4 = Pântano; A = Lourenço Marque (1876); B =
Maputo (2012); C = Elementos urbanos permanecentes.

Fonte: Figura elaborada pela autora com base em cartografia


disponibilizada pela Faculdade de Arquitetura e Planeamento Físico da
Universidade Eduardo Mondlane

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(FAPF-UEM) e em fotografia da planta de Lourenço Marques de 1876,


em MORAIS, 2001, p. 63.

Em 1887, Lourenço Marques é elevada a cidade e em 1898 a capital da


Província Ultramarina de Moçambique. Essas mudanças devem-se a
fatores como: a localização numa baía de fácil acesso em
qualquer época do ano e a posição estratégica de entrada no território
sul-africano, que decretaram o importante papel que o porto
desempenharia; a descoberta de ouro em Lidemburgo, em 1873; e
eventos políticos a proclamação da sentença arbitral de Mac-Mahon,
em 1875, que reconhece a soberania portuguesa sobre Lourenço
Marques contra as pretensões da Inglaterra; a anexação do Transval por
esta última, em 1877 (MENDES, 1985); e a definição das fronteiras desta
região na Conferência de Berlim, em 1885 (ENDERS, 1997).

Em 1887, surge o primeiro plano de urbanização da cidade², que


procurava a modernização do território africano, através duma política
de obras públicas ao nível das infraestruturas, e que continuava a
basear-se na engenharia militar (MORAIS,2001).

Este é influenciado pelos planos de desenvolvimento urbano que


surgiram na “Metrópole” na segunda metade do século XIX,
particularmente os de Lisboa, de Ressano Garcia, que procuravam dar
resposta às situações criadas pela Revolução Industrial: um forte
crescimento urbano gerado pelo grande afluxo de população
maioritariamente rural, a introdução de novas funcionalidades e
necessidades de saneamento e provisão de infraestruturas adequadas
(viárias, ferroviárias, portuárias e de abastecimento de água,
eletricidade e gás).

A Figura 2 sobrepõe o plano de 1887 com o traçado atual da cidade. A


sua observação e o descrito por Mendes (1985) e Morais (2001)
evidenciam algumas dessas características, além de outras que
permanecem associadas ao urbanismo português anterior, tais como:

(1) Uma expansão que dá continuidade por via do traçado à estrutura


pré-existente (determinando a secagem dos pântanos envolventes) e
mantém a orientação do traçado paralelo à costa, propondo alterações
pontuais da malha antiga, como a regularização de vias e do edificado e
a demolição da linha de defesa;

(2) Adaptação à topografia, propondo a extensão do núcleo antigo ao


nível do mar mediante a ocupação de uma área de menor declive, que
estabelece a ligação com a zona de planalto entre os 40 e os 50 metros3;

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

(3) Implementação de estratégias do uso e ocupação do solo, por via


dum traçado regular em quadrícula, a que se submete a prática
edificatória e se adapta às preexistências e à topografia;

(4) Criação de um espaço hierarquizado através de vias de diferentes


larguras e da sua articulação com espaços públicos estruturantes, como
parques e praças, onde se localizam equipamentos importantes;

(5) Relação entre um traçado formal e certa informalização de


ocupação, sendo os quarteirões delimitados, mas não edificados.

Portas (2005, p. 20) refere que a escolha do traçado ortogonal deve-se


à sua “adaptabilidade – ou indiferença – aos diferentes sítios,
assegurando desde logo uma distribuição equitativa dos lotes urbanos
ou das quintas suburbanas e uma fácil reprodução face às necessidades
de extensão”, ressaltando uma “preocupação com os lotes de terreno
e as edificações e o apelo a que se deixassem ruas largas e direitas”. O
plano de 1887 prevê ainda a criação de um pequeno bairro indígena que
não foi construído. Essa população era geralmente pouco considerada
nos planos de urbanização da cidade colonial, a qual habitava
marginalmente, em assentamentos periféricos, junto às vias principais,
sem infraestruturas e com carácter semirrural (MORAIS, 2001), aqui
denominados semi-urbanizados.

Figura 2 - Plano de Lourenço Marques em 1887 e Maputo actualmente

Legenda: 1 = Praça da Estação (actual Praça dos Trabalhadores) junto à estação do caminho-de-
ferro; 2 = Praça D. Vasco da Gama, centro da nova cidade, destinado a edifícios públicos de
relevo (atual mercado central); 3 = Jardim Vasco da Gama (atual Jardim Tunduro); 4 = Bairro
indígena; 5 = Porto; 6 = Caminho-de-ferro; 7 = Áreas de declive acentuado; A = Lourenço
Marques (1887); B = Maputo (2012); C = Elementos urbanos permanecentes (1876); D =
Elementos urbanos permanecentes (1887).

Fonte: Figura elaborada pela autora com base em cartografia disponibilizada pela FAPF-UEM e
em fotografia do plano de Lourenço Marques de 1887, em MORAIS, 2001, p. 87
Até meados do século XX, o desenvolvimento de Lourenço Marques
está associado à economia ferro-portuária e sul-africana, dando-se a
um ritmo mais ou menos lento. Entre 1900 e 1940, a cidade cresce para
norte e oeste de forma faseada, seguindo vários projetos de ampliação

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que refletem os mesmos princípios urbanísticos do plano de 1887,


destacam-se algumas intervenções pontuais nas áreas consolidadas,
como a Praça Mouzinho de Albuquerque (atual Praça da
Independência, onde se localiza o Conselho Municipal e a Catedral) e a
ocupação da Praça D. Vasco da Gama pelo mercado central.
Trata-se também de um período de consolidação das estruturas
públicas surgem novos equipamentos de vulto, como o Hospital Central
e de áreas meramente residenciais, acentuando-se a separação entre
diferentes usos do solo, que remete para outra característica do
urbanismo português, nomeadamente uma ocupação diferenciada
segundo cotas altimétricas: a cidade alta, mais fresca e
arejada, destinada aos edifícios administrativos, às principais
instituições cívicas e religiosas e às residências das classes mais altas; e
a cidade baixa, destinada às atividades marítimas, aos serviços e ao
comércio, bem como às classes mais baixas, junto ao porto e aos locais
de emprego (MENDES, 1985; MORAIS, 2001; TEIXEIRA; VALLA, 1999).

É durante esse período que se consolidam também as áreas semi-


urbanizados, apelidadas de “caniço”, material em que era então
construída a maioria das suas habitações, por oposição à “cidade de
cimento” urbanizada. Segundo Morais (2001), a existência desses
assentamentos está contemplada pela legislação respeitante ao
edificado pelo menos desde 1912, mas a sua crescente expansão para
norte e nordeste da cidade era tida com apreensão, pelo que na década
de 1930 o Município proíbe a utilização de formas construtivas de
carácter permanente. Na tentativa de “estabelecer uma ‘ordem’ nos
subúrbios ainda só densamente ocupados junto à estrada de
Circunvalação”, surgem os bairros de Xipamanine e Munhuana,
“marcados por um traçado regulador”: o do primeiro, semelhante ao
dos bairros indígenas e idêntico ao projetado no plano de 1887,
equaciona “numa atitude colonial, a problemática da logística dos
autóctones”; e o do segundo, “um traçado mais complexo, radial,
centrado numa praça circular que constitui o centro da estrutura
pública do bairro” (idem, p. 149-150). Na Figura 3, onde se sobrepõe a
planta de Lourenço Marques em 1940 com o traçado da
cidade atual, assinalam-se alguns dos aspectos referidos e procura-se
identificar aproximadamente o “caniço”, dado que, segundo Morais
(2001), entre 1915 e 1940 os levantamentos que o contemplam
são poucos ou incompletos.

A partir da década de 1950, em pleno período do Estado Novo, inicia-se


uma política colonial marcada pela abertura ao capital estrangeiro, da
qual resultam novas iniciativas e projetos industriais e agrários; e pela
implementação de medidas que procuram atenuar as tensões sociais
existentes, como a abolição do indigenato e do trabalho forçado
(CABRAL, 2005), que não são alheias à luta armada pela independência
iniciada em 1964. Mendes et al.(2005)

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

referem que, durante esse período, o Estado português incentivou a


migração de colonos para Moçambique, para uma maior ocupação e
controlo do território, que resultou na criação e crescimento de
inúmeros aglomerados com função administrativa e no
desenvolvimento de projectos agrícolas sob forma de colonatos,
justificando também o surgimento de atividades industriais nos meios
urbanos, em face do aumento da população colona e das necessidades
de consumo.

Em termos urbanísticos, a política do Estado Novo promoveu a


concretização de espaços que consolidassem a imagem do poder e do
regime. À semelhança do urbanismo português dos períodos
anteriores, o traçado permanece como elemento regulador do
preexistente e das novas áreas a urbanizar, produzindo um espaço
hierarquizado, no qual as praças, parques e jardins assumem um papel
estruturante, mas verificam-se também diferenças. Algumas destas
decorrem da influência de urbanistas estrangeiros convidados a
trabalhar na “Metrópole”, como Alfred Donat-Agache e Etienne de
Gröer, que introduzem, entre outros aspectos: uma visão regional do
planeamento, em que grandes áreas urbanas se articulam através de
uma rede viária principal; a aplicação do zonamento às expansões
urbanas e os princípios urbanísticos da cidade-jardim; assim como
consolidam o desenho urbano formal e a valorização do espaço público
(LÔBO, 1995).

É nesse contexto que surge, em 1952, o Plano Geral de Urbanização de


Lourenço Marques, elaborado pelo arquiteto João Aguiar, subdiretor do
Gabinete de Urbanização Colonial, no qual este panorama se manifesta
de várias formas:

(1) Surge um zonamento funcional primário, evidenciando-se áreas


administrativas, de serviços, comércio, habitação e lazer;

(2) Distinguem-se espaços e equipamentos públicos mais importantes,


dotados de escala monumental à imagem da grandiosidade e ordem do
Estado, e espaços habitacionais de escala mais comedida, em que
predomina a habitação unifamiliar isolada, com reminiscências rurais
(COSTA, 2002; MORAIS, 2001);

(3) O traçado regulador abandona a ortogonalidade e as vias principais


que articulam os espaços desenham novas direções;

(4) A lógica dos quarteirões é desmontada e distorcida, surgindo vias


sinuosas e impasses, que continuam, todavia, confinada à geometria do
traçado.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Figura 3 - Planta de Lourenço Marques em 1940 e Maputo actualmente

Legenda: 1 = Praça Mousinho de Albuquerque (atual Praça da Independência); 2 =


Mercado Central; 3 = Hospital Central; 4 = Parque José Cabral (atual Parque dos
Continuadores); 5 = Bairros de Xipamanine e Munhuana; 6 = Áreas semiurbanizadas
(aproximação); 7 = Área planeada mas não construída; 8 = Áreas de declive
acentuado; A = Lourenço Marques (1940); B = Maputo (2012); C = Elementos urbanos
permanecentes (1876); D = Elementos urbanos permanecentes (1887); E =
Elementos urbanos permanecentes (1940).

Fonte: Figura elaborada pela autora com base em cartografia disponibilizada pela
FAPF-UEM, em fotografia da planta de Lourenço Marques em 1940, em Morais
(2001, p. 137) e nas fi guras 29 e 29A, em MENDES, 1985, p. 94-95.

Esse plano-imagem nunca chega a implementar-se na totalidade;


segundo Morais (2001), por limitações técnicas e administrativas,
podendo acrescentar-se a dificuldade financeira. Conforme as suas
propostas, traçam-se apenas algumas vias principais estruturantes e
expande-se a zona residencial pela área de Sommerschield a norte,
através da criação de alguns bairros, definindo-se em grande parte o
contorno final da “cidade de cimento”, atual centro urbanizado.

Mendes (1985) acrescenta que esse plano evidencia um profundo


desconhecimento da realidade social de Lourenço Marques. Na década
de 1950, iniciou-se um crescimento acelerado da cidade, cujo maior
impacte se deu ao nível da consolidação e expansão das áreas semi-
urbanizados, devido a fatores identificados por Oppenheimer e Raposo
(2002), como:

(1) As condições do meio rural, que promovem a expulsão e o êxodo


das populações (fraco desenvolvimento, reformas agrárias, pressão
acrescida sobre a terra, aumento da taxa de fecundidade e diferença de
salários entre o campo e a cidade);

(2) O desenvolvimento industrial, portuário e ferroviário de Lourenço


Marques, que atrai uma crescente mão-de-obra rural e a imigração de
colonos portugueses nos anos 1960;

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

3) A redução do número de moçambicanos que emigravam para


trabalhar nas minas da África do Sul, contribuindo para
a sua fixação na capital. O plano de 1952 não atende a essa realidade e,
segundo Morais (2001), evidencia uma política de segregação, que
separa física e culturalmente a “cidade de cimento” e o “caniço”,
propondo a criação de uma área exterior, adjacente às vias de
acesso, para residência da população autóctone.

A cidade de Maputo pós-independência

Até meados da década de 1980 Moçambique o planeamento urbano


deste período é marcado por medidas estruturais como:

(1) No III Congresso da Frelimo (1977) são definidas diretrizes para o


planeamento e a intervenção no meio urbano e é criada a Direção
Nacional de Habitação (DNH)4, que desenvolveu algumas acções
inovadoras de melhoramento das áreas semi-urbanizadas;

(2) Na I Reunião Nacional sobre Cidades e Bairros Comunais (1979)


refletiu-se sobre os problemas urbanos e defenderam-se soluções de
autoconstrução, diante da baixa disponibilidade de recursos estatais
(Centro de Estudos de Desenvolvimento do Habitat, 2006);

(3) A DNH é convertida no Instituto Nacional de Planificação Física


(INPF) (1983), com a competência de definir políticas habitacionais e
urbanas e proceder ao planeamento territorial, ficando a sua
implementação e a gestão urbana para os então Conselhos Executivos
das cidades. Tomam-se também medidas com o objetivo de reduzir a
polarização social, como a nacionalização de diversos sectores
(educação, saúde, terra e prédios de rendimento), a instalação de
equipamentos sociais nos bairros semi-urbanizados, o fornecimento
estatal de habitações, a melhoria de infraestruturas básicas e algumas
intervenções de qualificação urbana (RAPOSO, 2007; ROSÁRIO, 1999).

Sumário
Nesta Unidade Temática 1.1. Discutiu-se basicamente cidades e
urbanização em Moçambique, influência da Escola de Chicago,
urbanismo português e desenvolvimento da cidade de Maputo e a
cidade de Maputo pós-independência.

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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. O que se inicia com a sua génese e abrange todo o período
colonial português em Moçambique. ( )
2. O que começa após a independência deste país, em 1975, e não
se prolonga até hoje. ( )
3. As primeiras formas de povoamento que se pode considerar de
cidades em Moçambique eram capitais de estados. ( )
4. As primeiras formas de povoamento que se pode considerar de
cidades em Moçambique eram centros comerciais. ( )

5. O processo de urbanização reflete a ligação da dinâmica social


sem esboço no espacial. ( )
Respostas‫׃‬
1. ( V )
2. ( F )
3. ( V )
4. ( V )
5. ( F )

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correcta e
risque a letra correspondente.
1. As razões dos conflitos no direito de uso de terra são…
A. Dupla ou múltipla autorização.
B. Ocupação de partes de terra não pertencente a outrem.
C. Autorizações de direito de uso de terra e áreas não ocupadas.
D. Dupla venda do mesmo lote para mesmos compradores.

2. As abordagens que influenciaram os geógrafos urbanos nas suas


tentativas para compreender a estrutura espacial urbana são:
A. Estudo de comunidades rurais.
B. Ausência das análises de biólogos.
C. Abordagem ecológica.
D. Não ecológica.

22
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

3. Qual é a origem da análise dos espaços urbanos em Moçambique?


A. Estudos sobre a vida rural.
B. Estudo sobre a vida urbana.
C. A tradicional urbana e a moderna urbana.
D. Estudo sobre a vida rural e urbana realizada por sociólogos.

4. A fixação portuguesa em Lourenço Marques iniciou-se com a


criação de um presídio em…
A. 1781.
B. 1671
C. 1805.
D. 1905

5. A criação de presídio Português em Maputo só se efectivou com a


chegada de uma força militar depois:
A. 1805.
B. 1804.
C. 1803.
D. 1802.

Respostas

1. (A)
2. (C)
3. ( D)
4. (A)
5. (A)

UNIDADE Temática 1.2. Municipalização, descentralização e poder local.

Introdução
As bases para uma governação local democrática foram criadas desde a
Constituição da República de 1994. Através da descentralização e da
desconcentração princípio pelo qual assenta a estruturação da
Administração Pública moçambicana.

Ao completar esta unidade temática, deverá ter capacidade de:


 Organizar a participação dos cidadãos na solução dos problemas
próprios da sua comunidade;
 Promover o desenvolvimento local;
Objectivos
 Aprofundar e consolidar a democracia.
específicos

23
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Criação de autarquias locais em Moçambique


Através da Lei 10/97, de 31 de Maio e da Lei 3/2008, de 2 de Maio,
foram criadas 43 municípios, sendo vinte e três de categoria de cidade
(de A a D) e vinte de categoria de vila. Conforme espelha a tabela 1, os
quarenta e três municípios distribuem-se da seguinte forma: 14 na
região norte, 16 na região centro e os restantes 13 na região sul. Ao
todo vivem em espaços municipalizados perto de 5.500.000 habitantes,
representando quase 26% da população de Moçambique (INE, 2007).

Fonte: Lei No 10/97, de 31 de Maio, que cria os primeiros 33 municípios de cidade e


de vila; Lei No 3/2008, de 2 de Maio, que cria 10 novos municípios de vila; Resolução
do Conselho de Ministros No 7/87, de 25 de Abril, que classifica as cidades em
quatro níveis; e Resolução do Conselho de Ministro No 55/2007, de 16 de Outubro,
que eleva a cidade da Matola a categoria B.

Da leitura do objectivo constitucional da criação das autarquias locais


em Moçambique identificam-se três elementos importantes:

(a) A organização dos cidadãos para facilitar o diálogo com o Estado ou


Governo, seu principal parceiro;

(b) O aprofundamento e consolidação da democracia como principal


meio de alcançar;

(c) O desenvolvimento local, sendo este um fim.

Na perspectiva do primeiro elemento, a sociedade moçambicana é, do


ponto de vista da capacidade auto-organizativa, entendida como sendo
fraca o que torna difícil a interacção e o diálogo com o Estado, cabendo
a este a iniciativa de organizar os seus cidadãos através das autarquias.
A ideia da fraqueza da sociedade civil moçambicana foi recentemente
reforçada pelo relatório de auto-avaliação de Moçambique através do
Mecanismo Africano de Revisão de Pares da NEPAD segundo o qual “a
qualidade da participação é ainda questionável uma vez que o processo
[da construção e organização da sociedade civil] é incipiente, o que se
reflecte na fraca qualidade técnica da intervenção da sociedade civil”
(Moçambique, 2008, p.61). Uma sociedade desorganizada e
desarticulada não só dificulta a interacção com os governantes, como
também obstrui o trilho do desenvolvimento. Efectivamente, a Lei 2/97,

24
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

que cria o quadro jurídico para implantação das autarquias locais,


concede poderes ao ministro que superintende a Administração Local
do Estado entenda-se para o caso, o ministro da Administração Estatal
de coordenar as políticas de enquadramento das autoridades
tradicionais e de formas de organização da comunidade a qual as
autarquias locais podem auscultar opiniões e sugestões sobre a
realização de actividades para a satisfação de necessidades específicas
das comunidades.

Em 2004, o ministro da Administração Estatal emitiu o Diploma


80/2004, de 14 de Maio que aprova o Regulamento de articulação dos
órgãos das autarquias locais com as autoridades comunitárias (chefes
tradicionais, secretários de bairros e outros líderes legitimados pela
respectiva comunidade). A lei 2/97 e o Diploma 80/2004 evocam a
auscultação como forma facultativa (não obrigatória, pelo menos nos
termos da lei) de o governo interagir com as comunidades locais. Ora,
como se discute mais adiante, a auscultação de opiniões está longe de
ser uma forma efectiva de participação dos cidadãos na governação,
tanto que em nada compromete ao gestor público que vincule tais
opiniões nas suas decisões.

As autarquias são uma forma de governo próximo aos cidadãos. A


aproximação do governo aos cidadãos pode melhorar a eficiência
alocativa dos recursos públicos na medida em que os recursos são
canalizados para atender necessidades objectivas localmente
identificadas, e quando de forma participativa, melhor ainda. Nestes
casos, podem aumentar os índices de confiança dos cidadãos aos
gestores públicos e facilitar a sua mobilização para participar do
desenvolvimento local. Também se entende que governos próximos
dos cidadãos sejam relativamente mais capazes de mobilizar recursos
(dos tributos cuja competência tributária detêm) primeiro pela
facilidade de adequação da estrutura tributárias às condições locais,
segundo, pela facilidade de fiscalização dos factos geradores da
obrigação tributária (Bahl, 1999; Bailey, 1999) e, por último, a facilidade
relativa que os governos locais devem ter de encorajar e mobilizar os
cidadãos através de construção de confiança mútua.

Portanto, para o Estado moçambicano está evidente que a comunidade


é um parceiro de desenvolvimento, pois “as autarquias apoiam-se na
iniciativa proactividade, empreendedorismo e na capacidade
intelectual, técnica, habilidades, financeira, económica das populações
em colaboração com as organizações de participação dos cidadãos”
(Moçambique, 2005). Retomando o relatório do MARP
(2008), a participação formal dos cidadãos e comunidades auto-
organizadas no desenvolvimento do país está condicionada ao registo
para além de que as organizações da sociedade civil que formalmente

25
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

participam no processo de desenvolvimento fazem-no com qualidade


questionável.

Fontes: População dos municípios de cidades capitais, incluindo Matola e Maxixe (INE,
2007); para os restantes municípios, população usada para o cálculo de transferências
fiscais pelo Governo (DNO, 2008). Levantamento de dados pelo autor.

Sumário
Nesta Unidade Temática 1.2. Discutiu-se basicamente Municipalização,
descentralização, poder local e criação de autarquias locais em
Moçambique.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
O objectivo constitucional da criação das autarquias locais em
Moçambique é:
1. A desorganização dos cidadãos para facilitar o diálogo com o
Estado ou Governo ( ).
2. O não aprofundamento e consolidação da democracia ( ).
3. O desenvolvimento local, sendo este um fim ( ).
4. A organização dos cidadãos para não facilitar o diálogo com o
Estado ou Governo ( ).
5. O desenvolvimento nacional ( ).

Respostas‫׃‬
1. ( F )
2. ( F )
3. ( V )
4. ( F )
5. ( F )

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correcta e
risque a letra correspondente.
1. As autarquias locais são uma forma de…
A. Governo não próximo aos cidadãos.
B. A aproximação do governo aos cidadãos.
C. Ineficiência alocativa dos recursos públicos.
D. Medida em que os recursos são canalizados para não atender
necessidades objectivas.

2. Para o estado moçambicano está evidente que a comunidade é um


parceiro de…
A. Desenvolvimento.
B. Pobreza.
C. Subdesenvolvimento.
D. Construção de confiança mútua.

3. Qual é a iniciativa que apoia autarquias?


A. Comunicação.
B. Empreendedorismo.
C. Capacidade não intelectual.
D. Fraca capacidade técnica.

4. A participação formal dos cidadãos e comunidades auto-


organizadas no desenvolvimento do país está condicionada…
A. Registo…
B. Organizações da sociedade civil.
C. Processo de desenvolvimento.
D. Capacidade de mobilizar recursos.

5. A organização dos cidadãos para facilitar o diálogo com o


Governo, a sociedade moçambicana é…
A. Entendida como sendo forte.
B. A que torna fácil a interacção e o diálogo com o Estado.
C. Uma sociedade organizada e articulada.
D. Ponto de vista da capacidade auto-organizativa.

Respostas

1. (B)
2. (A)
3. (B )
4. (A)
5. (D)

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

UNIDADE Temática 1.3. A globalização e as cidades. As grandes cidades


moçambicanas.

Introdução

O interesse por esta área de conhecimento prende-se com a noção que


quando se refere que a população mundial já é mais “urbana” que
“rural”, verifica-se que uma grande percentagem dessa dita população
“urbana” habita contextos de urbanização acelerada e extensiva,
resultantes não só da designada“globalização” (económica, política,
urbana), mas também muitas vezes de processos “informais” de
urbanização, em que os citadinos respondem à fragilidade estrutural de
territórios urbanos transformando os por via da acção directa que a
partir dos respectivos quotidianos impregnam nos espaços com os
quais se relacionam (modificando-os, alterando-os e ajustando-os a
constrangimentos que sentem).

Objectivos Ao completar esta unidade temática, deverá ter capacidade de:


específicos
 Interpretar a urbanização extensiva das cidades moçambicanas;
 Revelar o modo como a forma urbana foi adquirindo contornos;
 Verificar a coexistência de processos formais e informais de
urbanização;
 Conhecer a interacção de princípios de escalas macro para a
articulação da estrutura urbana.

São prementes releituras críticas e cruzadas sobre a transformação de


Maputo, cuja configuração se apresenta intrincada de reconhecer,
explicando os respectivos contrastes a partir de pontos de vista
colaborantes, nos quais se ensaie a interdependência, articulação e
interactuação entre qualidades urbanas formais e informais,
hibridizando-as conscientes da incerteza, indefinição, indeterminação,
inconstância o factor “in”, indicado por GAUSA (2007) e imprecisão, que
marcam cidades como a capital de Moçambique.

A temática pretende, reforçar o enfoque disciplinar, referenciado por


BAPTISTA (2012: 20), no papel do informal e da informalidade no
fenómeno urbanizador global, não apenas determinante para cidades
como Maputo, mas igualmente, embora de modo diferenciado, no
mundo dito“desenvolvido”, em que em suma, a nova economia

28
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

informal nas cidades globais faz parte do capitalismo avançado


(BAPTISTA, 2012: 20).

A metodologia de investigação tem assentado, grosso modo, na


pesquisa e revisão bibliográfica, na análise documental, na articulação,
sistematização e cruzamento de informação e dados obtidos a partir do
trabalho de campo, através de levantamentos desenhados, registo
fotográfico, comparação de plantas da cidade, redesenho de cartografia
e estruturação de mapeamentos temáticos, envolvendo diferentes
abordagens morfológicas qualitativas, quantitativas, contextualistas,
históricas, normativas, entre outras. Por esta via, almeja-se que a
temática contribua para uma percepção estrutural sobre a forma
urbana de Maputo, enquadrando a extensão da sua organização, em
que a articulação entre a planificação física da cidade, a pressão
demográfica, a conformação do tecido edificado e a relação com os usos
do solo conheceu circunstâncias diversas ao longo do respectivo
processo de configuração.

Imagem 1 A estrutura (sistemas, malhas e redes), densidades e o tecido edificado da


capital moçambicana (obtido por sobreposição à cartografia de Maputo, 2005).

Como indicado, a forma urbana de Maputo traduz contextos


morfológicos contrastantes cujo denominador comum é a urbanização
extensiva. Verifica-se a coexistência de processos formais e informais
de urbanização da capital moçambicana, os quais consubstanciam-se
sintetizando regras e padrões quer da designada «cidade de cimento»,
quer da dita «cidade de caniço». Esta "hibridização" de procedimentos
provenientes de matrizes distintas, a formal e a informal, reconhece-se
na crescente "cimentalização" da «cidade de caniço» e na ocorrência
de fenómenos de informalidade na «cidade de cimento» (ex.:
actividades e pequeno comércio informal que acontecem em espaços
públicos e/ou colectivos). Poder-se-á entender a referida urbanização
extensiva enquanto sistema combinatório entre o formal e o informal,
consequentemente, [in]formal ou seja, no qual é possível reconhecer a
interacção de princípios de escalas macro para a articulação da
estrutura urbana, medidas de actuação de escala intermédia (ex.:

29
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

operações de «reordenamento» e de «atalhoamento» e o apoio à


autoconstrução) e micro-estratégias de auto-organização, que também
participam na conformação do tecido edificado e na regeneração de
valores urbanos ao nível do uso e apropriação da cidade por parte dos
citadinos.

Interdependência entre infra-estruturas, talhões e habitação na


urbanização extensiva de Maputo

A cidade-capital de Moçambique desenvolveu-se, adaptando as


palavras de TARDIN (consulta 2008), enquanto composição urbana
contínua, revelando-se não só implexo interpretá-la, como também
intervir nela.

O acelerado crescimento da população urbana, acarretou desajustes


estruturais com os quais Maputo tem tido dificuldades em transpor, por
ex.: ao nível do parque habitacional; da repartição de equipamentos de
apoio social; do acesso a serviços urbanos; entre outros. Voltando a
parafrasear TARDIN (consulta 2008), perante este quadro de
debilidades, os citadinos ultrapassam a capacidade operativa dos
instrumentos de gestão e planificação da cidade, actuando eles próprios
sobre o espaço urbano, gerando densas redes de relações que
multiplicam microcentros e respectivas conexões com origem na
proximidade física e em renovados nexos funcionais, os quais alteram e
diversificam a distribuição, apropriação e usos do solo.

Conforme o Plano de Estrutura Urbana do Município de Maputo (2008:


159) Os solos designados como Urbano e Urbanizável correspondem
respectivamente aos espaços consolidados do Município (800ha) e aos
espaços ainda susceptíveis de adensamento (8.000ha), cujo uso
dominante é o residencial, ocupam 30%. Neste cálculo estão incluídos
as áreas ocupadas pelas rodovias e ferrovias em que, segundo
ANDERSEN (2010: 38), verifica-se a consolidação do tecido residencial
através da edificação com materiais mais duráveis. Acrescenta ainda
que, em termos de estruturação dos agregados, são, principalmente
formados por famílias nucleares seguindo-se os formados por famílias
alargadas. Aproximadamente metade dos agregados familiares foi
classificada como “pobre”, enquanto 1/3 foram classificados
“remediados” e 20% classificados como “ricos”. O tamanho dos
agregados familiares tem vindo a diminuir desde o estudo de 2000 e,
em 2010, a média dos residentes era de aproximadamente 6
pessoas/talhão.

De acordo com o Plano de Estrutura Urbana do Município de Maputo


(2008: 160), as áreas residenciais representam aproximadamente 1/3
do uso da superfície de Maputo, grande parte das quais são ocupadas
por habitações unifamiliares sem ordenamento urbano, com

30
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

desenvolvimento horizontal extensivo sem espaços destinados a


equipamentos e carentes de infra-estruturas básicas. A análise à
estrutura urbana da capital moçambicana revela ainda que continua a
ser importante manter o esforço de localizar (de modo mais
abrangente) dispositivos tipo-morfológicos públicos de proximidade,
para apoio directo às microcentralidades que se vão estabelecendo na
extensão de Maputo.

Na imagem a baixo é possível constatar como permanecem


relativamente concentrados equipamentos e infra-estruturas
importantes para a fruição da capital de Moçambique, encontrando-se
a maior parte deste tipo de oferta no designado «Espaço Urbanizado»,
correspondendo à área consolidada com infra estruturas completas
mas ocupando menos de 3% do Território Municipal (cf. Plano de
Estrutura Urbana do Município de Maputo, 2008: 160).

Imagem 2. Os equipamentos na estrutura urbana A.Vieira, 2012 – obtido por


sobreposição à cartografia de Maputo, 2005).

Recuando até ao Plano de Estrutura de 1999, havia já a referência à


necessidade de se encarar a problemática da melhoria das infra-
estruturas e da dotação de equipamentos e de serviços urbanos na
extensão do território urbano de modo não só físico, mas também
enquanto questão socioeconómica, dado grande parte da população
não possuir meios para suportar esses serviços.

Retrocedendo um pouco mais, até ao Plano de Estrutura da Cidade de


Maputo, de meados da década de 1980, constata-se que o diagnóstico
apresentado sobre a insuficiência estrutural da capital de Moçambique
destacava precisamente o desequilíbrio e assimetrias que
caracterizavam a extensão desapoiada do espaço urbano de Maputo.

Procurando avançar com estratégias que contribuíssem para conformar


uma capital mais ajustada ao seu real contexto sociocultural e
económico, definiram-se operativamente acções como o

31
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

reordenamento e o atalhoamento que consistia em reordenar os


talhões familiares formando blocos de casas e quarteirões articulados
por uma rede viária em quadrícula, configurando uma forma mais
«racional», que permitisse a instalação de serviços, infra-estruturas e
equipamento social. Por seu lado, o atalhoamento apoiado possibilitou
aos citadinos construir habitação permanente conforme a
disponibilidade dos materiais de construção. Os “espaços verdes”
deveriam fazer parte do processo de atalhoamento, constituindo um
complemento da área prevista para cada família. A questão da
densidade condicionou a planificação dos espaços livres públicos das
iniciativas de atalhoamento. Conforme ROXO (1979), às altas
densidades de construção deveriam estar associadas áreas livres
públicas de “descompressão” urbana.

As operações de reordenamento estavam mais direccionadas para


zonas habitacionais com maior densidade, enquanto o atalhoamento
estaria mais vocacionado para a organização de manchas de
expansão (ainda com pouca densidade de ocupação). Segundo o
Manual do Atalhoamento, de 1982, o atalhoamento estruturou
operações planificadas de criação de zonas ordenadas, dividindo
terrenos desocupados em talhões, blocos e quarteirões destinados à
construção, definindo o seguinte:

 Talhão – parcela do terreno planificado destinada a um fim


económico ou social, colectivo ou familiar (fabrica, mercado, escola,
hospital, casa);

Bloco de talhões – conjunto de talhões contíguos delimitado por
vias, para um pequeno número de famílias (até 12). Nas zonas
habitacionais estas unidades de terreno estavam interligadas num
sistema mais amplo, a saber:

 Parcela – área relativamente grande, propriedade de alguém,


murada ou vedada (ou não), sempre demarcada, transposta para
cadastro (registada graficamente);

 Bloco parcelar – grupo de parcelas contíguas delimitado por vias


públicas;
 Quarteirão – conjunto de blocos de talhões com as vias que os
interligavam aos espaços livres colectivos internos (no quarteirão
viviam, em média, 50 famílias, com uma população aproximada de
250 pessoas);

 Unidade comunal – conjunto de 4 ou 5 quarteirões com vias que os


interligavam aos espaços colectivos internos (nelas habitavam,
aproximadamente, 400 famílias, com cerca de 2.000 pessoas);

32
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

 Bairro comunal – conjunto de unidades comunais onde podiam


habitar, sensivelmente, 12.000 pessoas (o bairro comunal não
deveria ter mais do que 6 unidades comunais).

Ainda de acordo com o mesmo documento, nos espaços extensos das


áreas mais ruralizadas, os talhões (demarcados com construções) eram
maiores, comparativamente aos da zona suburbana próxima do núcleo
da cidade as parcelas eram, regra geral, de 12x15m, 12x20m e 12x25m.

No processo de parcelamento encetou-se o apetrechamento das infra-


estruturas sociais necessárias (arruamentos; escolas; fontanários;
edifícios da administração; edifícios comunitários). O número de
hab/ha passou a ser comparável ao do núcleo da cidade (na área dos
edifícios verticalizados).

Imagem 3. Organização de bairro “suburbano”: rede viária e equipamentos de apoio


(in ROXO. 1979. Documento 2, Anexo 5. Maputo).

O modelo “agropolitano” de crescimento da cidade identificava


prioridades entre a descentralização do desenvolvimento urbano e o
programa de apoio a distritos prioritários, indexando ao controlo
estatal o valor especulativo do solo urbano.
Procurou-se promover o progresso urbano permitindo o rural no tecido
da cidade, no qual muitos citadinos desenvolviam uma actividade
agrícola de poucos recursos e ambientalmente adequada. O campo e o
solo urbano mesclavam-se, fundiam-se sem limites totalmente
estabelecidos.

33
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Imagem 5. Reordenamento urbano sem demolição prévia de habitações e árvores


existentes (in ROXO. 1979. Documento 2, Anexo 4. Maputo).

O entendimento da forma urbana de Maputo, já muito mais resultante


de processos de urbanização extensiva e acelerada do que,
propriamente, de constituintes morfológicos da grelha colonial, exige
que se conheçam antecedentes urbanísticos como os que foram
referenciados nas páginas anteriores, na medida em que muito do que
se pode hoje percepcionar da composição urbana da capital
moçambicana consiste em marcas deste legado, importantes para a
urbanização da capital de Moçambique.

A estrutura urbana de Maputo é composta por «Áreas Planificadas» e


por áreas designadas de «Não Planeadas». Estas duas categorias estão
referenciadas no Plano de Estrutura Urbana do Município de Maputo
(2008: 161), o qual as caracteriza da seguinte maneira:

Áreas Planificadas: com algumas infra-estruturas e sistema viário


predominantemente em terra, apresentando (regra geral) média
densidade residencial, entre 20 e 60 casas/ha; verificam-se
pontualmente densidades mais altas, não obstante o facto de, na maior
parte dos casos, as habitações serem unifamiliares e de baixa altura.
Isto sucede porque, de forma não controlada, os talhões vão sendo
ocupados por mais de uma família.

 Os espaços com estas características localizam-se dispersos por


todo o território urbano do Município, com destaque para o
conjunto que agrega os Bairros Ferroviário, Laulane e 3 de Fevereiro
[todos no Distrito Municipal N.º 4 (DM4), com superfície de 922ha
e população estimada em 94.556 (2007)], o Bairro Hulene A
(também no DM4), partes dos Bairros Maxaquene e Polana Caniço
A (DM3), bem como os assentamentos recentes de Magoanine e
Zimpeto (DM5). A maior parte dos aglomerados desta categoria de
espaço tiveram os seus planos de urbanização elaborados nos
últimos 30 anos.

34
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Imagem 6. Limites e configuração morfológica dos Distritos Municipais DM4 e DM5


(desenho do autor, com A. Vieira, 2012 – obtido por sobreposição à cartografia de
Maputo, 2005).

Áreas Não Planeadas: de desenvolvimento «espontâneo», ocupando


60% das áreas urbanizáveis; existem casos de zonas com densidade
habitacional acima de 60 casas/ha, facto que dificulta iniciativas de
reordenamento e melhoramento das condições de vida da população.
Estes sectores concentram-se nos subúrbios mais antigos
especialmente no DM2 e 3, ocupando a quase totalidade dos Bairros
Chamanculo, Mafalala e Xipamanine.

Imagem 7. Limites e configuração morfológica dos Distritos Urbanos DM2 e DM3 (id.,
2012).

O Plano de Estrutura da década de 1990 sintetizava já deste modo a


estrutura urbana de Maputo no que se refere aos tipos de áreas
habitacionais: zonas residenciais formalmente demarcadas com infra-
estruturas bastante completas e baixa-média densidade; manchas
habitacionais formalmente demarcadas com infraestruturas bastante
completas e de média-alta densidade. Existem também áreas
formalmente demarcadas com infra-estruturas não completas e de
baixa-média densidade. Estas são as que apresentam configurações
“regulares”. Por outro lado, verifica-se igualmente a presença de
espaços residenciais informalmente demarcados com infra-estruturas
não completas e de baixa-média densidade. Para além destes, outros
são não demarcados, com infra-estruturas não completas e de baixa-
média densidade. Por fim, áreas habitacionais não demarcadas com
infra-estruturas não completas e de média-alta densidade. Estas estão

35
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

comummente associadas a conformações auto-organizadas.

A extensão urbana de Maputo assenta em estratégias “formais” (de


escalas macro e intermédia) e lógicas “informais” (indexadas a
microsistemas autoconfigurados de uso, apropriação e transformação
da cidade) pouco articuladas e nem sempre enlaçadas e/ou
convergentes, no qual – segundo JENKINS (2010: 16) – o uso residencial
é o segundo uso da terra mais importante [cerca de 9.200ha, 30% do
total (a área completa do Município é de 380 Km2, em que 1/3 é
denominado área de reserva ecológica)]. Ainda conforme o
mesmo autor, 9% dos referidos 9.200ha estão integralmente
consolidados e o resto está parcialmente consolidado ao nível da
disponibilização de infra-estruturas e habitação. Regressando ao Plano
de Estrutura Urbana do Município de Maputo (2008: 160), poder-se-á
acrescentar que o espaço destinado a actividades industriais, de
armazenagem ou de oficinas, ocupa 456ha. A agricultura, que sustenta
parte considerável da população da cidade, ocupa 25% do Espaço
Municipal, sabendo que as zonas integrantes na estrutura ecológica
ocupam 1/3 do Espaço Municipal, com destaque para as áreas na Inhaca
e Catembe. No espaço afecto à estrutura ecológica, incluem-se as áreas
húmidas e inundáveis (3.858ha), as áreas alagáveis com 758,03ha, os
cursos e planos de água com 91,2ha, áreas de vegetação natural (vulgo
mato) com 5.132ha, localizadas principalmente na Catembe e Inhaca.
Os parques e jardins desenvolvem-se em 257ha, sendo que 525ha são
ocupados pelo verde arborizado de protecção.

Sumário
Nesta Unidade Temática 1.3. Tratou-se basicamente da globalização e
as cidades, grandes cidades, interdependência entre infra-estruturas,
talhões e habitação na urbanização extensiva de Maputo e
reconhecimento da interacção de princípios de escalas macro para a
articulação da estrutura urbana.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as


quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. Parcela área relativamente grande, propriedade de alguém, vedada
ou não, sempre demarcada, transposta para cadastro ( ) ;

2. Bloco parcelar grupo de talhões contíguas delimitado por vias


públicas ( );

36
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

3. Quarteirão – conjunto de blocos de talhões com as vias que os


interligavam aos espaços livres colectivos ( );

4. Unidade comunal conjunto de 5 ou 6 quarteirões com vias que os


interligavam aos espaços colectivos internos ( );

5. Bairro comunal conjunto de unidades comunais onde podiam


habitar, sensivelmente, 5.000 pessoas ( ).

Respostas‫׃‬
1. ( V )
2. ( F )
3. ( V )
4. ( F )
5. ( F )

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correcta e
risque a letra correspondente.
1. Reordenamento significa:
A. Demarcação de talhões.
B. Demarcação de parcelas.
C. Ordenamento preliminar.
D. Ordenar de novo.

2. As categorias que estão referenciadas no Plano de Estrutura Urbana


do Município de Maputo são:
A. Áreas planificadas e não planeadas.
B. Área não planificadas.
C. Áreas planificadas.
D. Nenhuma.

3. Áreas Planificadas são todas aquelas com:


A. Características sem regra geral.
B. Média densidade residencial entre 30 e 70 casas/ha.
C. Infra-estruturas e sistema viário predominantemente em terra.
D. Habitações unifamiliares de altas.

4. Consideram-se de tipos de áreas habitacionais as:


A. Zonas residenciais formalmente demarcadas com infra-estruturas
bastante completas e baixa-média densidade;
B. Zonas com baixa-média densidade.

37
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

C. Manchas habitacionais não demarcadas com infraestruturas.


D. Infra-estruturas incompletas e baixa-média densidade.

5. As zonas integrantes na estrutura ecológica ocupam:


A. 1/4 do espaço municipal.
B. 1/2 do espaço municipal.
C. 1/5 do espaço municipal.
D. 1/3 do espaço municipal.
Respostas
1. ( D )
2. ( A )
3. ( C )
4. ( A )
5. ( D )

UNIDADE Temática 1.4. Processos de intervenção no espaço. Uso e ocupação


do solo.

Introdução

O actual sistema de planeamento moçambicano, procede do sistema de


planeamento português. A Política de Ordenamento do Território de
2007, que conduz o ordenamento territorial do país, inspira-se na Lei
de Bases da Política do Ordenamento do Território e do Urbanismo
português de1998. As autarquias foram criadas em 1998 com o
objectivo de descentralizar o poder, consolidar a democracia, promover
o desenvolvimento local e organizar a participação dos cidadãos na
solução dos problemas próprios das suas comunidades, num país que
passara por uma violenta guerra civil de catorze anos. Segundo a lei,
compete ao Estado e às autarquias locais, a promoção, orientação,
coordenação e monitorização do ordenamento do território e cabe a
estas últimas o estabelecimento dos programas, planos, projectos e o
regime de uso do solo urbano.

Ao completar esta unidade temática, deverá ter capacidade de:

Objectivos
 Estudar os processos de intervenção no uso de espaço;
específicos
 Conhecer os objectivos da criação de autarquias;
 Saber profundamente os elementos essenciais para ordenamento
do território;
 Conhecer a legislação sobre ordenamento do território.

38
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Planeamento e Autarquias em Moçambique


Enquadramento geral

Moçambique esta situado na costa sudeste de África. É possuidor de um


belo litoral, com 2.470 quilómetros de extensão, diversidade de
recursos naturais e tradição cultural rica. Tem aproximadamente 20
milhões de habitantes e a maioria vive em cidades ao longo do litoral.
A densidade da população é de 24 pessoas por quilómetro quadrado e
a população urbana é estimada em 36%, com o crescimento anual de
3,2 a 5 %1. O país é limitado a norte pela república da Tanzânia, a sul
pela república da África do sul, a leste pelas repúblicas da África do sul,
Suazilândia, Zimbabwe, Zâmbia e Malawi e a este pelo oceano Índico.

Figura 1. Mapa de localização de Moçambique (Fonte: autor)

Enquadramento institucional do planeamento em Moçambique

O processo de planeamento em Moçambique está subordinado ao


Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA), mas nos
primeiros anos de independência, esteve integrado primeiro no
Ministério das Obras Públicas e Habitação depois no Ministério de Plano
e Finanças.

Sistema de planeamento em Moçambique: olhar cruzado com


Portugal

O sistema de planeamento, faz uma breve reflexão sobre a situação do


planeamento em Moçambique, tentando perceber o funcionamento
dos instrumentos de gestão territorial em vigor no país, através de uma
directa comparação entre as principais leis e decretos que incidem
sobre o ordenamento do território em Moçambique e em Portugal. As
leis serão em parte transcritas para facilitar uma leitura comparativa e
uma análise do enquadramento geopolítico e da dimensão física e
territorial. O sistema de planeamento Moçambicano, emana do sistema

39
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

de planeamento Português. Em Portugal é a Assembleia da República


quem aprova a legislação que estabelece as bases da política de
ordenamento do território e de urbanismo. A Lei de Bases da Política do
Ordenamento do Território e do Urbanismo (lei nº 48/98, de 11 de
agosto de 1998) é o instrumento jurídico principal que orienta o
planeamento em Portugal. Estabelecendo as bases da política de
ordenamento do território e de urbanismo que integra as acções
promovidas pela Administração Pública, visando assegurar uma
adequada organização e utilização do território nacional, na perspectiva
da sua valorização, designadamente no espaço europeu, tendo como
finalidade o desenvolvimento económico, social e cultural integrado,
harmonioso e sustentável do País, das diferentes regiões e aglomerados
urbanos.

Em Moçambique é o conselho de ministros no programa quinquenal do


governo quem estabelece a política de ordenamento do território. A
Política de Ordenamento do Território (resolução nº18/2007 de 30 de
Maio) conduz o ordenamento territorial através de um conjunto de
directivas que permitem ao governo por processo de concertação,
integração e participação a todos os níveis, definir os objectivos gerais
a que devem obedecer os instrumentos de ordenamento territorial,
para alcançar uma melhor distribuição das actividades humanas no
território, a preservação de zonas de reservas naturais e de estatuto
especial e assegurar a sustentabilidade do desenvolvimento humano e
o cumprimento dos tratados e acordos internacionais, no âmbito
territorial. A política de ordenamento do território, considera o
conhecimento da realidade física, geográfica, social, económica e
cultural do país, em todos os seus aspetos, como base segura e
objectiva, para definir as linhas mestras da actividade do ordenamento
do território.

Em Portugal, estabelecidas as bases da política de ordenamento do


território e de urbanismo, na lei nº 48/98, procede-se ao seu
desenvolvimento através da publicação do Decreto-Lei n.º 380/99,
onde se define o regime de coordenação dos âmbitos nacional, regional
e municipal do sistema de gestão territorial, o regime geral de uso do
solo e o regime de elaboração, aprovação, execução e avaliação dos
instrumentos de gestão territorial.

A Lei de Ordenamento do Território em Moçambique elabora, em


conformidade com os princípios e objectivos gerais e específicos, o
enquadramento jurídico da Política de Ordenamento do Território, e
define no seu artigo 3º referente aos âmbitos, a aplicação a todo
território nacional, regulando as relações entre os diversos níveis da
administração pública, das relações desta com os sujeitos públicos e
privados, representantes dos diferentes interesses económicos, sociais
e culturais, incluindo as comunidades locais, para que se alcancem,

40
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

como objectivos essenciais, o aproveitamento racional e sustentável


dos recursos naturais, a preservação do equilíbrio ambiental, a
promoção da coesão nacional, a valorização dos diversos potenciais de
cada região, a promoção da qualidade de vida dos cidadãos, o equilíbrio
entre a qualidade de vida nas zonas rurais e nas zonas urbanas, o
melhoramento das condições de habitação, das infra-estruturas e dos
sistemas urbanos, a segurança das populações vulneráveis a
calamidades naturais ou provocadas.

Em Moçambique o sistema de gestão territorial é definido em 4 âmbitos


(artigo 8, Lei nº19/2007):

1. A nível nacional o Plano Nacional de Desenvolvimento Territorial


(PNDT), com correspondência ao PNPOT, define e estabelece as
perspectivas e as directrizes gerais que devem orientar o uso de todo o
território nacional e as prioridades das intervenções à escala nacional e
os Planos Especiais de Ordenamento do Território (PEOT), que
estabelecem os parâmetros e as condições de uso de zonas com
continuidade espacial, ecológica ou económica de âmbito
interprovincial.

2. A nível provincial os Planos Provinciais de Desenvolvimento


Territorial (PPDT), de âmbito provincial e interprovincial (PIDT), que
estabelecem a estrutura de organização espacial do território de uma
ou mais províncias e definem as orientações, medidas e as acções
necessárias ao desenvolvimento territorial assim como os princípios e
critérios específicos para a ocupação e utilização do solo nas diferentes
áreas, de acordo com as estratégias, normas e directrizes estabelecidas
ao nível nacional.

3. A nível distrital, os Planos Distritais de Uso da Terra (PD), de âmbito


distrital e interdistrital, que estabelecem a estrutura da organização
espacial do território de um ou mais distritos, com base na identificação
de áreas para os usos preferenciais e definem as normas e regras a
observar na ocupação e uso do solo e a utilização dos seus recursos
naturais.

4. A nível autárquico há a considerar: “…os Planos de Estrutura Urbana


(PE) que estabelece a organização espacial da totalidade do território
do município ou povoação, os parâmetros e as normas para a sua
utilização, tendo em conta a ocupação actual, as infra-estruturas e os
equipamentos sociais existentes e a implantar e a sua integração na
estrutura espacial regional; os Planos Gerais de Urbanização (PGU) e
Planos Parciais de Urbanização (PPU) que determinam a estrutura e
qualifica o solo urbano, tendo em consideração o equilíbrio entre os
diversos usos e funções urbanas, definem as redes de transporte,
comunicações, energia e saneamento, os equipamentos sociais, com

41
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

especial atenção às zonas de ocupação espontânea como base sócio


espacial para a elaboração do plano; os Planos de Pormenor (PP),
definem com pormenor a tipologia de ocupação de qualquer área
específica do centro urbano, estabelecendo a concepção do espaço
urbano dispondo sobre usos do solo e condições gerais de edificações,
o traçado das vias de circulação, as características das redes de infra-
estruturas e serviços, quer para novas áreas ou para áreas existentes
caracterizando as fachadas dos edifícios e arranjos dos espaços livres.

Ainda em Moçambique, o Decreto nº 23/2008. Regulamento da Lei de


Planeamento Terrirorial, no seu Artigo 7, Hierarquização e
complementaridade, estabelece a hierarquização dos planos, e institui
a obrigatoriedade da elaboração de planos de nível Distrital e
Autárquico e no Artigo 8, Prazos para início elaboração e conclusão
dos instrumentos de ordenamento territorial, estabelece um prazo de
dois anos para o início da elaboração dos planos e também prevê que
os planos que serão iniciados, elaborados e concluídos à medida que
forem reunidas as condições técnicas, científicas, humanas, económicas
e sociais necessárias.”

A nível nacional os planos são elaborados pelo Conselho de Ministros, a


nível provincial são elaborados por iniciativa do Governo Provincial, a
nível distrital são elaborados por iniciativa do Governo Distrital e a nível
autárquico são elaborados pelos técnicos municipais, ou instituições
externas, mas mandatados e aprovados pelas assembleias municipais,
sob proposta da administração e do presidente do município.

As figuras de planos previstos na Lei 19/2007, marcam uma diferença


significativa com o que se vinha praticando até a data, onde apenas se
executavam dois níveis de planos, “Plano de Estrutura” e “Plano
parcial”. Todavia, mesmo para esses dois níveis de planos, faltavam
recursos humanos e financeiros para a sua elaboração, a todos os níveis,
tanto central como local. A introdução de novos níveis de planeamento,
como refere Battino (2012), vai requerer um esforço maior de
capacitação e mais recursos materiais.

42
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Tabela 1: Quadro comparativo dos sistemas de planeamentos Português e


Moçambicano (Fonte: autor)

Figuras 2 e 3: Mapas das divisões administrativa de Portugal continental e de


Moçambique (Fonte: autor)

Sumário
Nesta Unidade Temática 1.4. Tratou-se basicamente de processos de
intervenção no uso do espaço, planeamento e autarquias em
moçambique, enquadramento institucional do planeamento em
Moçambique e sistema de planeamento em Moçambique do olhar
cruzado com Portugal

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. A densidade da população moçambicana é de 24 pessoas por
quilómetro quadrado. ( )
2. A população urbana moçambicana é estimada em 46%. ( )
3. O crescimento anual moçambicano varia de 4 a 6 %. ( )
4. O país moçambicano é limitado pela república da Tanzânia. ( )
5. O país moçambicano é limitado pelo oceano Índico. ( )
Respostas‫׃‬
1. ( V )
2. ( F )
3. ( F )
4. ( F )
5. ( F )

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correcta e
risque a letra correspondente.
1. Em Moçambique o sistema de gestão territorial é definido a:
A. A nível nacional o Plano Nacional de Desenvolvimento Territorial;
B. A nível provincial os Planos Provinciais de Desenvolvimento
Territorial;
C. A nível nacional, provincial, distrital e autárquico;
D. A nível distrital, os Planos Distritais de Uso da Terra.

2. O sistema de gestão territorial enquadra o seguinte plano:


A. A nível nacional o Plano Nacional Territorial.
B. A nível provincial os Planos Provinciais Territorial.
C. A nível distrital, os Planos Distritais de Uso da Terra.
D. A nível autárquico, os Planos de Pormenores de Estrutura Urbana.

3. Os Planos de Pormenor definem com pormenor a tipologia de


ocupação de qualquer:
A. Área específica do centro urbano .
B. Concepção do espaço urbano ocupado.
C. Condições gerais de edificações livres.
D. Traçado das vias de circulação e fechadas.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

4. A nível nacional os planos são elaborados pelo(a):


A. Conselho de Ministros;
B. Iniciativa do Governo Provincial.
C. Iniciativa do Governo Distrital.
D. Técnicos municipais, ou instituições externas.

5. A nível distrital os planos são elaborados pelo(a):


A. Conselho de Ministros;
B. Iniciativa do Governo Provincial.
C. Iniciativa do Governo Distrital.
D. Técnicos municipais ou instituições externas.
Respostas
1. ( C )
2. ( C )
3. ( A )
4. ( A )
5. ( C )

TEMA – II: PADRÕES GERAIS DA MORFOLOGIA URBANA

UNIDADE Temática 2.1. Identificação e análise de padrões de lugares


centrais
UNIDADE Temática 2.2. Textura urbana.
UNIDADE Temática 2.3. Circulação espaços abertos.

UNIDADE Temática 2.1. Identificação e análise de padrões de lugares centrais


Introdução

As cidades constituem a mais importante experiência humana. Os


estudiosos são unânimes em afirmar que a revolução urbana, ocorrida
há mais de dez mil anos, determinou o desenvolvimento da nossa
espécie pelo simples facto de reunir no mesmo território fortes
diferenças culturais, religiosas e comportamentais. A diferença de
culturas e pensamentos produziu um desenvolvimento humano antes
impossível devido à ausência de percepção e compreensão do outro e
do diverso. A urbanização dos espaços pretende a universalização dos
serviços públicos. Ao suprimir as precariedades, permite o acesso e a
manutenção de padrões adequados à vida objectiva e prática que o
espaço da cidade configura. Portanto, a urbanização não muda as
especificidades locais; ao contrário, respeita as preexistências e
expande a consciência gregária que o lugar contém.

Ao completar este tema, você deverá ser capaz de:

45
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

 Analisar questões a serem observadas para identificação da sociabilidade.


 Conhecer parâmetros para avaliação de usos e atividades urbanas.

Objectivos  Caracterizar morfologicamente a estrutura urbana.


específicos  Construir os modelos urbanos.

Estrutura Morfológica

Entende-se por caracterização morfológica o levantamento e a


classificação dos elementos que definem espacialmente o espaço livre
investigado.

A relação a seguir enumera e define esses elementos morfológicos, cuja


função é configurar a paisagem e servir como suporte básico às
transformações a serem implementadas por meio do projecto.

1. Superfícies de implantação: geomorfologia; relevo; tipos de solo;


sistemas de drenagem; tipos de pavimentação presentes no local;
superfícies permeáveis (com ou sem vegetação); meios de circulação
vertical (rampas, escadas etc.).

2. Porção fundiária: dimensões e desenhos dos lotes; legislação edilícia;


presença de elementos da geomorfologia que determinam o desenho
do loteamento (cursos d’água, morros, pedras, litoral, fendas no solo
etc.).

3. Águas: presença e desenho de espelhos e cursos d’água; bacias


hidrográficas; litorais; margens de rios; lagoas; manguezais; etc.

4. Vias de circulação: malha viária espontânea, rígida, planejada ou


aleatória; malha ortogonal sobreposta ao sítio ou dependente da
geomorfologia; dimensões e hierarquia das vias; desenhos das caixas de
rolamento.
5. Quadras: dimensões; desenhos; densidade de ocupação; relações e
limites entre os espaços públicos e os espaços privados.

6. Edificações: tipologias arquitectônicas; linguagens arquitectônicas;


legislação edilícia; sistemas construtivos; sistemas estruturais;
materiais e técnicas construtivas; desempenho e distribuição funcional;
programas arquitectônicos; volumetrias; modenatura.

7. Fachadas: linguagem arquitectônica; materiais de acabamento;


fenestração; ritmos; cheios e vazios; luz e sombra; cores; funções e
usos.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

8. Espaços livres coletivos: ruas; calçadas; quadras esportivas; parques;


jardins públicos; largos; praças; hortas comunitárias; espaços de lazer;
estacionamentos.

9. Espaços livres internos aos lotes: acessos; caminhos; quintais,


garagens; jardins, pomares e hortas particulares.

10. Marcos e referências: monumentos; obras de arte; edifícios


comunitários; elementos de identidade comunitária; paisagens
significativas.

11. Mobiliário urbano: postes; bancas de jornal; quiosques comerciais;


bancos; lixeiras; telefones públicos; brinquedos; alambrados; trailers;
arte pública.

12. Vegetação: massas vegetais nativas e plantadas; vegetação


ornamental; alimentos e fármacos; reflorestamento; estratificação
vegetal (forrações, arbustos e árvores).

Estrutura Comportamental

Os espaços livres são, potencialmente, cenários de intercâmbio social e


cultural, nos quais ocorrem encontros, manifestações de identidade e
trocas de experiências vivenciais.
Configuram-se como recintos a céu aberto que abrigam interações
fundamentais para o habitar humano e, por este motivo, funcionam
melhor quanto mais materializam a condição sociocultural e o
comportamento das comunidades em que se localizam.

Na observação de variados e numerosos espaços públicos, em


Moçambique e em outros países, constatou-se que, em geral, os bem-
sucedidos são aqueles que apresentam quatro qualidades
fundamentais:

1. São lugares sociáveis, ou seja, nos quais as pessoas se encontram e,


além disto, convidam outros a visitá-los.

2. São de fácil acesso e bem articulados com os espaços adjacentes.

3. São cenário de atividades nas quais os usuários estão engajados.

4. Têm boas condições de conforto e boa imagem.

Estas quatro condições representam o cerne da estrutura


comportamental, a qual deve ser identificada e potencializada para

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

tornar-se a essência das configurações espaciais do projeto dos espaços


livres.

Para a identificação, análise e potencialização da estrutura,


comportamental, recomenda-se, portanto, que se elabore um
diagnóstico que descreva os quatro critérios sociabilidade,
acessibilidade, usos e atividades e conforto e imagem com base,
principalmente, no testemunho dos moradores e usuários do espaço
livre estudado.

Esse diagnóstico pode ser elaborado com base em questionários e


estudos realizados por projetistas, por representantes do poder público
ou mesmo pela própria comunidade, com objetivo de elaborar
propostas de intervenções ou reivindicações específicas.

As principais questões que podem direcionar as estratégias de atuação


referem-se a quatro critérios:

1º Critério: Sociabilidade

Trata-se de uma característica difícil de ser construída em um lugar.


A sociabilidade fomenta o apego à comunidade e ao espaço livre
quando este se qualifica como promotor das referidas manifestações
sociais.

Questões a serem observadas para identificação da sociabilidade

O local: é escolhido para construção de amizades? Tem características


que são apontadas com orgulho? É usado regularmente e por livre e
espontânea vontade? Concentra mistura de idades, gêneros, etnias e
culturas que refletem a comunidade em geral?

As pessoas: estabelecem grupos? Comunicam-se umas com as outras e


se reconhecem? Trazem amigos e parentes? Estão sorrindo? Recolhem
o lixo quando o veem?

2º Critério: Acessibilidade

Pode-se julgar a acessibilidade de um lugar por suas conexões com


áreas adjacentes, tanto visuais quanto físicas.

Um espaço público de sucesso, que cumpra bem sua função, é fácil de


acessar, atravessar e localizar, sendo visível tanto de longe quanto de
perto.

As bordas de um espaço também são importantes. Uma fileira de


estabelecimentos comerciais ao longo

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

de uma via, por exemplo, configura um lugar mais interessante e


geralmente mais seguro do que um plano vertical contínuo (muro,
paredes etc.) ou um lote vazio.

Questões a serem consideradas sobre acessibilidade


O local: pode ser visto a distância? Mostra seu interior claramente?
Articula-se bem com as edificações adjacentes? Cerca-se de paredes
cegas? É adaptado para pessoas com necessidades especiais? Tem
percursos e rotas claras e de fácil compreensão? Possui pontos de
ônibus e táxi, estações de trem e metrô convenientemente localizados?

As pessoas: usam o local quando ali trabalham e residem? Chegam ao


local e dele se distanciam por caminhada ou veículos diferenciados –
bicicleta, automóvel, ônibus, trem, metrô etc.?

3º Critério: Usos e Atividades

Os usos e atividades são os fatores básicos que promovem a setorização


de um lugar. Quando alguém tem algo para fazer em determinado local,
apresenta motivação para ir até o local e retornar mais vezes. Por outro
lado, quando não há nada para se fazer, o espaço apresenta-se na maior
parte do tempo vazio: sintoma de que algo está errado.

Parâmetros para avaliação de usos e atividades

1. As atividades que estão acontecendo no local devem ser acessíveis às


pessoas.

2. Deve existir um bom equilíbrio entre homens e mulheres (as


mulheres são mais seletivas sobre os espaços que usam).

3. Pessoas de diferentes idades e perfis devem usar o espaço


(aposentados e pessoas com crianças podem usar o local durante o dia,
enquanto os outros estão trabalhando).

4. Recomenda-se que o local seja utilizado ao longo do dia, durante o


maior tempo possível.

5. Um lugar que é usado tanto individualmente quanto por grupos é


melhor do que outro que seja usado apenas por pessoas sozinhas. Isso
porque no primeiro há mais socialização ele representa um recanto
propício ao encontro, é mais divertido.

6. O sucesso de um espaço é proporcional à facilidade de sua


administração e/ou gerenciamento, manutenção e controle.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Questões a serem consideradas para avaliação de usos e actividades

O local: é usado por pessoas de diferentes idades? Abriga diferentes


tipos de atividades (caminhar, brincar, comer, praticar esportes,
relaxar, conversar)?

É configurado por setores utilizados e não utilizados? Oferece opções


variadas de coisas para fazer? Possui um ou mais administradores que
possam ser identificados?

As pessoas: usam o local ou o mantêm vazio? Formam grupos? Sentem-


se responsáveis pela administração do espaço?

4º Critério: Conforto e Imagem


Um espaço que é confortável o suficiente e tem boa apresentação – ou
seja, possui uma boa imagem apresenta condições adequadas para

atingir sua total eficiência.

A condição de conforto inclui a sensação de segurança, limpeza e


disponibilidade de lugares para sentar. Opções de assento são
fundamentais, especialmente quando instaladas próximo aos locais em
que se deseja estar.

Questões a serem consideradas em termos de conforto e imagem

O local: causa boa impressão inicial? Possui bastantes assentos,


convenientemente localizados (sombra, silêncio)? Apresenta opções de
assento (sol ou sombra, agitação ou calma, multidão ou isolamento)? É
limpo e livre de lixo? Tem pessoas responsáveis pela manutenção e
segurança? É dominado por veículos, ou o acesso destes é controlado?
Oferece oportunidades de fotografia interessantes?

As pessoas: Há mais homens ou mulheres (geralmente as mulheres são


mais seletivas quando se trata de conforto e boa imagem)? Sentem-se
seguras no local? Tiram fotografias?

Definir
A caracterização morfológica refere-se ao registo, à descrição e ao
estudo do arranjo de elementos que configuram o ambiente urbano e
a paisagem. A análise comportamental avalia critérios socioculturais. Já
a análise das possibilidades (ou de potenciais paisagísticos), apesar de
também tratar das questões que dizem respeito ao desenho da
paisagem, ajusta seu foco para o espaço a ser transformado (o terreno,
a praça etc.) pelo projeto.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

A análise de potenciais paisagísticos aqui sugerida segue um método


pelo qual são inventariados aspectos físicos e topológicos do espaço e
de seu entorno imediato, as condições ambientais e funcionais e
também a distribuição das espécies vegetais existentes.

Do inventário fazem parte os seguintes procedimentos:

1. Levantamento topográfico, incluindo os elementos naturais e


artificiais existentes no terreno e no entorno.

2. Levantamento topológico, ou seja, das relações físicas e visuais entre


o espaço estudado e o observador, em diferentes pontos de
observação.

3. Levantamento de práticas e usos tradicionais e consolidados.

4. Levantamento das espécies vegetais que sobrevivem no local, suas


características botânicas e seu comportamento.

5. Levantamento das condições climáticas, especialmente em relação a


ventilação, pluviometria, permeabilidade do solo e insolação.

Esse levantamento deve ser realizado como indica a sequência:

a) Subdividir a planta do terreno e do entorno imediato em áreas


diferenciadas por seus aspectos físicos, ambientais, funcionais,
técnicos e/ou estéticos. Estas áreas ocupam, em seu conjunto e
obrigatoriamente, 100% da superfície estudada (Figura 10) e parte
do entorno do terreno.

b) Indicar perfis que representem as relações espaciais entre vários


pontos de observação, o terreno e o entorno.

c) Definir cenários.

Os cenários são imagens alternativas de futuro que facilitam a tomada


de decisões, além de serem ferramentas poderosas que melhoram o
processo de planeamento estratégico de um espaço. Este processo
incentiva o desenvolvimento de histórias divergentes sobre o futuro.

Sumário
Nesta Unidade Temática 2.1. Da identificação e análise de padrões de
lugares centrais discutiu-se basicamente estrutura morfológica,
estrutura comportamental, questões a serem observadas para

51
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

identificação da sociabilidade, questões a serem consideradas sobre


acessibilidade, parâmetros para avaliação de usos e actividade,
questões a serem consideradas para avaliação de usos e actividades e
questões a serem consideradas em termos de conforto e imagem.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. Superfícies de implantação engloba apenas superfícies permeáveis.
( )

2. Porção fundiária abrange presença de elementos da geomorfologia


que não determinam o desenho do loteamento. ( )

3. Águas: presença e desenho de espelhos e cursos de água, bacias


hidrográficas, litorais, margens de rios, lagoas, manguezais.

4. Vias de circulação não dependente da geomorfologia, dimensões e


hierarquia das vias, desenhos das caixas de rolamento. ( )

5. Quadras: dimensões, desenhos, densidade de ocupação, relações e


limites entre os espaços públicos e os espaços privados.( )

Respostas‫׃‬
1. ( F )
2. ( F )
3. ( V )
4. ( F )
5. ( V )

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correcta e
risque a letra correspondente.
1. Considera-se mobiliário urbano aos:
A. Redes de abastecimento de água;
B. Telefones individuais;
C. Bancas de jornal;
D. Habitação individual.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

2. Na observação de variados e numerosos espaços públicos, em


Moçambique e em outros países, constatou-se que, em geral, os
bem-sucedidos são aqueles que apresentam seguinte qualidade
fundamental:
A. São lugares, nos quais as pessoas não podem se encontrar.
B. São de fácil acesso e bem articulados com os espaços adjacentes.
C. São cenário de actividades nas quais os usuários não estão
engajados.
D. Não têm boas condições de conforto e boa imagem.

3. Quais são parâmetros para avaliação de usos e actividades?


A. As atividades que estão acontecendo no local devem ser
inacessíveis às pessoas.
B. Deve existir um desequilíbrio entre homens e mulheres.
C. Pessoas de diferentes idades e perfis não devem usar o espaço.
D. Recomenda-se que o local seja utilizado ao longo do dia, durante o
maior tempo possível:

4. Dos inventariados aspectos físicos e topológicos do espaço e de seu


entorno imediato fazem parte os seguintes procedimentos:
A. Levantamento topográfico.
B. Levantamento das relações físicas e visuais entre o espaço estudado
e o observador, no mesmo ponto de observação.
C. Levantamento de práticas e usos tradicionais não consolidados.
D. Levantamento das espécies vegetais que não sobrevivem no local.

5. Os levantamentos devem ser realizado como indica a sequência:


A. Subdividir a planta do terreno.
B. Indicar perfis que representem as relações espaciais num ponto de
observação.
C. Definir cenários.
D. Entorno imediato em áreas diferenciadas.
Respostas
1. ( C )
2. ( B )
3. ( D )
4. (A)
5. ( C )

UNIDADE Temática 2.2. Textura urbana

Introdução

O avanço dos ambientes computacionais tem permitido aperfeiçoar as


representações gráficas do espaço urbano, indicando a possibilidade da
prática da modelagem urbana retomar a trajectória de representação
icônica de ambientes urbanos, sem
53
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

que se percam as finalidades exploratórias e preditivas dos modelos. O


paradigma actual da Modelagem Urbana passa por articular as
possibilidades do CAD – Desenho Auxiliado pela Computação ao
potencial exploratório dos SIG Sistemas de Informações Geográficas.

Ao completar este tema, você deverá ser capaz de:

 Analisar as potencialidades e deficiências dos processos em representar


os dados.
 Aperfeiçoar as representações gráficas do espaço urbano.
Objectivos
específicos  Caracterizar morfologicamente a estrutura urbana.
 Construir os modelos urbanos.

Modelos urbanos

Representações do ambiente da cidade, onde através da captura de


uma determinada realidade, o fenômeno urbano pode ser reproduzido,
controlado e explorado. A ciência da modelagem urbana tem
apresentados significativos avanços nas últimas décadas,
principalmente a partir do desenvolvimento e popularização dos
sistemas computacionais.

Inicialmente entendidos como simples representações materiais da


realidade em si, modelos obtidos através de sistemas computacionais
têm possibilitado que a cidade passe a ser modelada de forma simbólica
a partir da tradução de determinadas características físicas em
linguagem matemática. O conceito de modelagem urbana passa a ser
complementar à ideia de teoria, onde ambientes computacionais
atuam como espécie de laboratório e o fenômeno urbano, após ser
capturado, pode ser reproduzido experimentalmente através de
simulações (Echenique, 1975, Batty, 2009).

A análise das potencialidades e deficiências destes dois processos em


representar os dados de entrada e saída dos modelos de simulação de
crescimento urbano, buscando-se avançar sobre o conceito que busca
a articulação das finalidades representativas ou icônicas, com as
finalidades preditivas ou exploratórias dos modelos urbanos.

Construção do Conceito de Modelos Urbanos

Modelos têm sido utilizados ao longo de todos os períodos da história


e trata-se de uma das ferramentas intelectuais mais antigas da
humanidade. Um modelo de uma determinada situação é uma
representação simplificada de uma situação real e concreta, são ideais
na medida em que incorporam alguma forma de simplificação da
complexidade observada e consequentemente ferramentas que
simplificam as operações de uma

54
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

determinada realidade
(Reif, 1978). Neste sentido, Echenique, (1975) define modelos urbanos
como representações de uma realidade, onde esta representação se faz
através da expressão de certas características relevantes da realidade
observada, que consiste nos objetos ou sistemas que existem, existiram
ou podem vir a existir no ambiente urbano. Para o autor, a modelagem

urbana envolve necessariamente certo grau de subjetividade, uma vez


que a finalidade do modelo determina o critério das características a
serem extraídas da realidade; somente sendo infiel em algum aspecto
um modelo pode ser capaz de representar a realidade, se não, seria a
realidade em si mesma.

A partir dos anos 60, a ideia de modelar a cidade passa a estar


intimamente relacionada com o desenvolvimento de plataformas
computacionais, a popularização dos computadores pessoais e a
recente operacionalização da rede mundial de computadores. Neste
sentido, modelos urbanos assumem ao longo da história diferentes
significados e possibilidades exploratórias distintas, para a ciência
urbana, o avanço significa a possibilidade de representação abstrata
através da linguagem matemática, o que permite que modelos passem
a ter um significado complementar e até mesmo sinônimo da ideia de
teoria (Batty, 2006). Bons modelos e boas teorias convergem como
diferentes maneiras de representar determinadas concepções dos
sistemas urbanos, ambos buscam maneiras simplificadas e eficientes de
fazer esta representação (Echenique, 1975).

Neste contexto, modelos são essenciais para articular o presente e o


futuro das cidades, são representações das funções e processos que
configuram a estrutura espacial urbana, geralmente relacionados a
programas computacionais que permitem alocar teorias a serem
testadas frente aos dados e explorar finalidades preditivas de padrões
locacionais emergentes (Batty, 2009).

Batty (2006) indica que modelos podem ser classificados a partir da


mídia utilizada para representá-lo, material ou digital, e destaca a
classificação dos modelos quanto a sua formalização, se icônicos ou
simbólicos. Modelos icônicos seriam modelos reais, de um sistema
real; representados geralmente em escalas reduzidas, através de outro
meio, que pode ser tanto material, quanto digital. Já modelos
simbólicos são aqueles em que substituem o sistema físico-material
pela lógica matemática, o surgimento deste tipo de modelagem estaria
intimamente ligado ao desenvolvimento de sistemas computacionais e
da abstração matemática, modelos assumem capacidades preditivas e
exploratórias.

Anterior ao advento da computação digital, modelos tratavam-se


principalmente de modelos icônicos,
55
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

construídos através de materiais tradicionais e utilizados como


representação estática de planeamentos físicos da cidade, entretanto,
se fazia presente a necessidade de desenvolvimento de ferramentas
com capacidades de planeamento urbano (Batty, 2006). Atualmente,
interage-se com ambientes computacionais quase exclusivamente
através de interfaces gráficas (Hudson-Smith, 2007), o que indica um
caminho a superar a classificação de modelos em icônicos e simbólicos,
modelos urbanos significam estruturas cada vez mais
diversas e ricas, com seus poderes analíticos e preditivos cada vez
maiores e buscam articular a abstração da lógica matemática a
representações gráficas digitais cada vez mais realistas (Batty, 2006).

O paradigma da modelagem urbana passa então a envolver a ideia de


simbolismo e de representação icônica, simultaneamente. O processo
de modelagem do ambiente da cidade contemporâneo deve então
corresponder a estas diferentes ideias de modelagem, porém o
desenvolvimento de modelos que efectivamente articulem estas ideias
ainda é um campo a ser amplamente explorado, com poucos avanços
operacionais.

Modelagem Tridimensional

Tradicionais mapas bidimensionais são representações reduzidas de um


determinado sistema complexo utilizados para a representação de
informações geográficas a partir de momentos específicos (Corso,
2004), o que lhes confere uma série de limitações, principalmente
devido as suas características estáticas, bidimensionais e à rigidez da
escala utilizada. A representação da realidade geográfica em mídias
bidimensionais é um dos problemas básicos das tradicionais técnicas
cartográficas. Neste sentido, a adopção de representações
tridimensionais digitais permitidas pelos Sistemas de Informação
Geográfica e por tecnologias de Computação Gráfica permitem novas
formas de visualização e representação das informações espaciais. Este
caminho tem sido perseguido por Sistemas de Informação Geográfica
3D, os quais visam o cruzamento de diversos planos de informação,
expressos na forma de cartografia, animações, visualização de modelos
3D, imagens, entre outros.

Martínez (2004) considera os modelos urbanos tridimensionais como


representação de todos os objectos do ambiente urbano, o que
caminha no sentido de um novo paradigma da modelagem urbana, que
procura articular finalidades simbólicas, exploratórias, analíticas e
representações icônicas da realidade.

56
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Figura 2. Um caminho da modelagem tridimensional urbana – Ambiente K2Vi


(Martínez, 2004).

Visualizações do Ambiente da Cidade

Ao longo da história, têm-se buscado diferentes formas de


representações da realidade, com diferentes propósitos, para
diferentes audiências e através de diferentes meios. A possibilidade de
representar a realidade através de meios digitais e virtuais, devido aos
grandes avanços computacionais das últimas décadas e a possibilidade
de uma ampla disponibilização destes modelos através da grande rede
mundial de computadores, nos permite hoje, replicar as experiências
visuais dos diferentes ambientes das cidades e facilmente
disponibilizarmos a outros usuários, em um fenômeno caracterizado
por “cidades visuais” (HudsonSmith, 2007).

Segundo o autor, “cidades visuais” seriam representações do ambiente


construído da cidade, através dos equivalentes digitas de tijolos e
argamassas em ambientes virtuais, que nada mais são que linhas,
polígonos, texturas e principalmente dados. Cidades visuais tratam-
se de uma nova possibilidade de representar o espaço da cidade de
forma cada vez mais rápida, cada vez com mais precisão.
Quando tratamos de cidades virtuais, estamos concentrados na busca
por formas de representações que nos permitam gerar uma melhor
compreensão do ambiente construído. A representação e distribuição
das cidades visuais passa pela revolução dos mundos digitais, a re-
emergência da geografia ou a neo-geografia, onde computadores
pessoais on-line na internet possibilitam usuários explorar o globo
terrestre através de web-based softwares como Google Maps, Google
Earth, Microsoft’s Virtual Earth, ESRI’s ArcExplorer, e NASA World Wind,
dentre outros (Hudson-Smith, 2007).

Seguindo adiante, a proposta é especular como a cidade pode ser


representada digitalmente, através de novas ferramentas e processos
que permitam explorar o ambiente construído de diferentes maneiras
e rapidamente disponibilizar estes
57
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

conjuntos na web, focando em ferramentas e processos que


possibilitam rapidamente representar a realidade e facilmente
distribuir através da internet.

Figura 3. Panorâmica 360x180° projetada em retângulo bidimensional.

Sumário
Nesta Unidade Temática 2.2. Da textura urbana Discutiu-se
basicamente de modelos urbanos, construção do conceito de modelos
urbanos, modelagem tridimensional e visualizações do ambiente da
cidade.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. Modelos obtidos através de sistemas computacionais têm
possibilitado que a cidade passe a ser modelada de forma
simbólica. ( )
2. Martínez (2004) considera os modelos urbanos tridimensionais
como representação de todos os objectos do ambiente urbano. ( )
3. Tradicionais mapas bidimensionais são representações reduzidas
de um determinado sistema complexo utilizados para a
representação de informações geográficas. ( )
4. Quando tratamos de cidades virtuais, estamos concentrados na
busca por formas de representações que nos permitam gerar uma
melhor compreensão do ambiente construído. ( )
5. O paradigma da modelagem urbana não passa a envolver a ideia
de simbolismo e de representação icônica, simultaneamente.
Respostas‫׃‬
1. ( V )
2. (V )
3. ( V)

58
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

4. (V )
5. ( F)

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correcta e
risque a letra correspondente.
1. Considera-se mobiliário urbano aos:
A. Redes de abastecimento de água;
B. Telefones individuais;
C. Bancas de jornal;
D. Habitação individual.

2. Na observação de variados e numerosos espaços públicos, em


Moçambique e em outros países, constatou-se que, em geral, os
bem-sucedidos são aqueles que apresentam seguinte qualidade
fundamental:
A. São lugares, nos quais as pessoas não podem se encontrar.
B. São de fácil acesso e bem articulados com os espaços adjacentes.
C. São cenário de actividades nas quais os usuários não estão
engajados.
D. Não têm boas condições de conforto e boa imagem.

3. Quais são parâmetros para avaliação de usos e actividades?


A. As atividades que estão acontecendo no local devem ser
inacessíveis às pessoas.
B. Deve existir um desequilíbrio entre homens e mulheres.
C. Pessoas de diferentes idades e perfis não devem usar o espaço.
D. Recomenda-se que o local seja utilizado ao longo do dia, durante o
maior tempo possível:

4. Dos inventariados aspectos físicos e topológicos do espaço e de seu


entorno imediato fazem parte os seguintes procedimentos:
A. Levantamento topográfico.
B. Levantamento das relações físicas e visuais entre o espaço estudado
e o observador, no mesmo ponto de observação.
C. Levantamento de práticas e usos tradicionais não consolidados.
D. Levantamento das espécies vegetais que não sobrevivem no local.

5. Os levantamentos devem ser realizado como indica a sequência:


A. Subdividir a planta do terreno.
B. Indicar perfis que representem as relações espaciais num ponto de
observação.
C. Definir cenários.
59
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

D. Entorno imediato em áreas diferenciadas.


Respostas
1. ( C )
2. ( B )
3. ( D )
4. (A)
5. ( C )

UNIDADE Temática 2.3. Circulação de espaços abertos

Introdução
Nas edificações e equipamentos urbanos todas as entradas devem ser
acessíveis, bem como as rotas de interligação às principais funções do
edifício. Na adaptação de edificações e equipamentos urbanos
existentes deve ser previsto no mínimo um acesso, vinculado através de
rota acessível à circulação principal e às circulações de emergência,
quando existirem.

Ao completar este tema, você deverá ser capaz de:

 Adquirir conhecimento da circulação de espaços abertos;


 Sinalizar situações que envolvem risco de segurança em pisos.

Objectivos  Saber que os corredores devem ser dimensionados de acordo com o fluxo
específicos de pessoas.

Acessos e Circulação

Pisos

Os pisos devem ter superfície regular, firme, estável e antiderrapante


sob qualquer condição, que não provoque trepidação em dispositivos
com rodas (cadeiras de rodas ou carrinhos de bebê). Admite-se
inclinação transversal da superfície até 2% para pisos
e 3% para pisos externos e inclinação longitudinal máxima de 5%.
Inclinações superiores a 5% são consideradas rampas e, portanto,
devem atender às informações oferecidas pela norma da ABNT NBR
9050.

Piso tátil de alerta

Este piso deve ser utilizado para sinalizar situações que envolvem risco
de segurança. O piso tátil de alerta deve ser cromo diferenciado ou deve
estar associado à faixa de cor contrastante com o piso adjacente,
conforme as recomendações da norma NBR 9050.

Piso táctil direcional

60
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Este piso deve ser utilizado quando da ausência ou descontinuidade de


linha-guia identificável, como guia de caminhamento em ambientes
internos ou externos, ou quando houver caminhos preferenciais de
circulação.

Desníveis

Desníveis de qualquer natureza devem ser evitados em rotas acessíveis.


Eventuais desníveis no piso de até 5 mm não demandam tratamento
especial. Desníveis superiores a 5 mm até 15 mm devem ser tratados
em forma de rampa, com inclinação máxima de 1:2
(50%), conforme imagem abaixo. Desníveis superiores a 15 mm devem
ser considerados como degraus e ser sinalizados conforme imagem
abaixo.

Tratamento de desníveis

Grelhas e juntas de dilatação

Conforme a norma da ABNT NBR 9050/2004, as grelhas e juntas de


dilatação devem estar preferencialmente fora do fluxo principal de
circulação. Quando instaladas transversalmente em rotas acessíveis, os
vãos resultantes devem ter, no sentido transversal ao movimento,
dimensão máxima de 15 mm, conforme imagem abaixo

Imagens – Desníveis e Instalação de Grelha, conforme NBR 9050/2004. Organização: GIUNTA.

Tampas de caixas de inspeção e de visita

As tampas devem estar absolutamente niveladas com o piso onde se


encontram e eventuais frestas devem possuir dimensão máxima de 15
mm. As tampas devem ser firmes, estáveis e antiderrapantes sob
qualquer condição e a eventual textura de sua superfície não pode ser
similar à dos pisos táteis de alerta ou direcionais, conforme as
recomendações da norma NBR 9050.

Acessos – Condições Gerais

61
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

A distância entre cada entrada acessível e as demais não pode ser


superior a 50 m. O percurso entre o estacionamento de veículos e a(s)
entrada(s) principal (is) deve compor uma rota acessível. Quando da
impraticabilidade de se executar rota acessível entre o estacionamento
e as entradas acessíveis, devem ser previstas vagas de estacionamento
exclusivas para pessoas com deficiência, interligadas à(s) entrada(s)
através de rota(s) acessível (is).

Quando existirem catracas ou cancelas, pelo menos uma em cada


conjunto deve ser acessível. Deve ser prevista a sinalização informativa,
indicativa e direcional da localização das entradas acessíveis.

Acessos – Condições Gerais Rotas de fuga

As rotas de fuga devem atender ao disposto na ABNT NBR 9077.


• Quando em ambientes fechados, as rotas de fuga devem ser
sinalizadas e iluminadas com dispositivos de balizamento de acordo
com a ABNT NBR 10898.

• Quando as rotas de fuga incorporarem escadas de emergência, devem


ser previstas áreas de resgate com espaço reservado e demarcado para
o posicionamento de pessoas em cadeiras de rodas, dimensionadas de
acordo com o módulo de referência. A área deve ser ventilada e fora do
fluxo principal de circulação, conforme imagem abaixo.

Os módulos de referência (1,20m x 0,80m) devem ser sinalizados.

• Nas áreas de resgate deve ser previsto o espaço para um módulo de


referência a cada 500 pessoas ou fracção.

Entradas e saídas

Circulação Horizontal

Na circulação horizontal deve-se garantir a movimentação segura e


autônoma de qualquer pessoa. Para isso, os percursos devem estar
livres de obstáculos atender às características referentes ao piso e
apresentar dimensões mínimas de largura na circulação (áreas de
rotação e de aproximação). Para a passagem de somente uma cadeira
de rodas a norma estabelece 0,80m de

62
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

largura mínima, todavia, pode-se adotar 0,90m de largura em percursos


de pequenas distâncias.

A largura para o deslocamento em linha recta de duas pessoas em


cadeiras de rodas está referenciada na norma com dimensão entre
1,50m a 1,80m.

Circulação interna

Corredores
Os corredores devem ser dimensionados de acordo com o fluxo de
pessoas, assegurando uma faixa livre de barreiras ou obstáculos. As
larguras mínimas para corredores em edificações e equipamentos
urbanos são:

a) 0,90 m para corredores de uso comum com extensão até 4,00 m;

b) 1,20 m para corredores de uso comum com extensão até 10,00 m;


e 1,50 m para corredores com extensão superior a 10,00 m;

c) 1,50 m para corredores de uso público;

d) Maior que 1,50 m para grandes fluxos de pessoas.

Circulação Vertical

Rampas – Dimensionamento

A inclinação das rampas, conforme imagem abaixo, deve ser calculada


segundo a seguinte equação:

Onde:

i é a inclinação, em percentagem;

h é a altura do desnível;

c é o comprimento da projeção horizontal.

63
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Quando não houver paredes laterais as rampas devem incorporar guias


de balizamento com altura mínima de 0,05 m, instaladas ou construídas
nos limites da largura da rampa e na projeção dos guarda-corpos,
conforme imagem abaixo.

Inclinação transversal e largura de rampas

Em edificações existentes, quando a construção de rampas nas larguras


indicadas ou a adaptação da largura das rampas for impraticável,
podem ser executadas rampas com largura mínima de 0,90 m com
segmentos de no máximo 4,00 m, medidos na sua projeção horizontal.
Para rampas em curva, a inclinação máxima admissível é de 8,33%
(1:12) e o raio mínimo de 3,00 m, medido no perímetro interno à curva,
conforme imagem abaixo.

Rampa em curva

Sumário
Nesta Unidade Temática 2.3. Circulação de espaços abertos Discutiu-te
basicamente acessos em condições gerais e rotas de fuga e circulação
interna, horizontal e vertical, pisos, piso tátil de alerta, piso táctil

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

direcional, desníveis, grelhas e juntas de dilatação, entradas e saídas,


corredores e rampas.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. Em acessos e circulação os pisos não devem ter superfície regular,
firme, estável e antiderrapante. ( )
2. Os pisos devem ter superfície apenas regular, firme e
antiderrapante. ( )
3. Os pisos não devem ter superfície antiderrapante. ( )
4. Os pisos devem ter apenas superfície regular, firme, estável. ( )
5. Os pisos devem ter superfície regular, firme, instável e derrapante.
( )
Respostas‫׃‬
1. ( F )
2. ( F )
3. ( F )
4. ( F )
5. ( F )

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correcta e
risque a letra correspondente.
1. As larguras mínimas para corredores em edificações e
equipamentos urbanos são:
A. 1,20 m para corredores de uso comum com extensão até 4,00 m;
B. 1,00 m para corredores de uso comum com extensão até 10,00 m;
C. 1,50 m para corredores com extensão superior a 10,00 m;
D. 1,60 m para corredores de uso público;

2. A distância entre cada entrada acessível e as demais não pode ser:


A. Superior a 20 m.
B. Superior a 30 m.
C. Superior a 40 m.
D. Superior a 50 m.

3. Para a passagem de somente uma cadeira de rodas a norma


estabelece:
A. 0,70m de largura mínima.
B. 0,80m de largura mínima.
C. 0,90m de largura mínima.
D. 0,60m de largura mínima

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

4. A largura para o deslocamento em linha recta de duas pessoas em


cadeiras de rodas está referenciada na norma com dimensão entre:
A. 1,20m a 1,50m.
B. 1,60m a 1,90m.
C. 1,50m a 1,80m.
D. 1,70m a 2,00m.

5. Para rampas em curva, a inclinação máxima admissível é de:


A. (1:12).
B. (1:11).
C. (1:10).
D. (1:9).
Respostas
1. ( C )
2. ( D )
3. ( B )
4. (C )
5. ( C )

TEMA – III: ESQUEMAS URBANOS UTÓPICOS

UNIDADE Temática 3.1. Análise de forma, intenção e estratégia


UNIDADE Temática 3.1. Analise de forma, intenção e estratégia
Introdução
Os movimentos utópicos e vanguardistas mais relevantes da história
da cidade moldaram o mundo em que vivemos das mais variadas
formas.
Impossibilitado de relatar minuciosamente toda a grande diversidade
de Utopias ao longo dos tempos, caso em que estaria a criar uma
enciclopédia do «Utopismo», o que só literariamente seria justificável,
debrucei-me sobre o tema a partir de alguns dados que entendi
relevantes da história das Utopias do Urbanismo.
Todas as metrópoles e culturas, do Ocidente ao Oriente, tiveram e têm
planos utópicos para as suas cidades. A utopia é uma força criadora,
responsável por movimentos filosóficos, artísticos, sociais, políticos e,
em síntese, pelo desejo em criar, inovar, mudar, melhorar.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

 Conhecer como e quando a Cidade e a Utopia se tornam inseparáveis;


 Criar cidades reais e imaginárias e os paradigmas dos desenvolvimentos
urbanos.
Objectivos
específicos  Avaliar a sabedoria e os erros dos «Utopistas», antigos e modernos.

Definir a Cidade – Designações Históricas


A cidade “é uma casa grande, e vice-versa, a casa é uma pequena
cidade”. Esta visão obriga a olhar a cidade como um todo, uma grande
família, uma comunidade que se reflecte dentro dos seus núcleos
individuais; casas, divisões, sonhos, tudo estruturado segundo as
necessidades de quem nela habita, em cumplicidade com o exterior e
com a urbe.

Uma cidade é um local de união rodeado por muralhas, onde as pessoas


vivem cooperantes todas as partes do conjunto se destinam ao
encontro, utilidade e comodidade dos habitantes, garantindo melhores
condições de vida, protecção contra inimigos e produção de bens
essenciais.

A sua estrutura é uma espécie de ordem dentro do caos, propícia a


grandes vias, cruzamentos, malhas urbanas, edifícios, praças e espaços
verdes, variados e libertinos; a multiplicidade torna a cidade mais bela
e majestosa, propicia à existência de ordem e extravagância, ritmo e
variedade.

A cidade prolonga-se para além dos seus limites urbanos; “A cidade e o


território formam um corpo inseparável”, depende dos recursos e
vivências que a circundam. Ela é também um símbolo cultural e a
memória espacial do seu povo.

Torre de Babel – Pintura. fonte/autor: Pieter Elder @

67
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Plano urbano Vitruviano – 1383 d.C.

Definir Utopia – Ideal Social


A analogia entre criação de uma sociedade ideal e o conceito de Utopia
é forte, principalmente desde Thomas Morus (1478-1535 d.C.), graças
à sua obra ‘’Utopia’’.

Platão (427-347 a.C.) já no seu tempo concentrara-se na Utopia da


governação da cidade. Thomas Morus vai mais longe
no seu ideal Utópico juntando a realidade sócio-política à construção
de uma cidade ideal. As Utopias nascem desde sempre da vontade de
criar e inovar a nossa forma de viver na urbe.

A Utopia Apresenta-se sobre um esquema espacial em uma sociedade


impossível enquanto projecta a realidade num universo sem história,
no entanto, indica de maneira iluminadora (quando não se trata de uma
simples extravagancia) uma direcção de transformação.” (Gregotti,
Vittorio, El Território de la Arquitectura, Editorial Gustavo Gili,
Barcelona -1972).

Inovar, desenvolver a cidade, modernizá-la, implica a criação de


hipóteses, Utopias. As novas estruturas e ideais dos últimos séculos
nascem desta procura, sendo o séc. XIX, de que trataremos mais à
frente, intitulado pelos historiadores como a idade de ouro das Utopias.

Imagem do Livro Utopia. fonte/autor: Thomas Morus @

68
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

As ideias utópicas surgem como verdadeiras obras urbanas e as suas


preocupações atingem todas as áreas da comunidade, sendo cúmplices
ao longo da história para com as revoluções filosóficas e políticas, desde
a implantação das repúblicas às doutrinas sociais da Igreja, liberalismos,
socialismo e marxismo, influenciando também os movimentos
artísticos e, genericamente, todas as grandes obras e maravilhas criadas
pelo Homem.

As utopias urbanas que em grande parte não saíram do ‘’papel’’;


serviram também de termo de comparação e de críticas aos sistemas
pré-estabelecidos, fruto da necessidade de revolucionar a sociedade,
obrigando a comunidade a tomar consciência dos seus defeitos e
propondo soluções para o seu melhoramento.

A utopia pode ser entendida como um modelo de cidade na fase de


protótipo, ainda não testado que, quando posto finalmente em prática
se desprende da sua postura artística e conceptual e caminha para um
contexto científico e estético que, se por ventura for aceite na
totalidade, se pode vir a tornar num modelo.

Ecocidade Flutuante. fonte/autor @

Utopias e Modelos Urbanos da Antiguidade

Vitrúvio, um arquitecto influente do período romano, mostra no seu


tratado de arquitectura «De Architectura Libri Decem», preocupações
urbanas, quanto à sua forma, ordenada segundo as referências culturais
assumidas e o entendimento das sinergias do ecossistema e dos
recursos da natureza, com especial relevância, neste caso, ao vento e
ao acesso marítimo.

A estrutura urbana de Vitruvio é no entanto utópica pela implantação


da malha octogonal, das oito «portas» da cidade, entre outras soluções,
com base em conceitos numerológicos sagrados.

Disposição Psico-Energética da Urbe

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

O poder intencional psico-energético deverá funcionar a favor do


colectivo, valorizando os centros representativos da comunidade,
partindo da criação de um espaço central público na cidade, e vários
espaços estratégicos públicos: praças, miradouros, parques, entre
outros, onde as pessoas possam usufruir da cidade positivamente e
produzir eventos dinâmicos saudáveis.

Estes espaços funcionarão melhor, rodeados de vibrações harmónicas


relacionadas com fertilidade, bem-estar, desenvolvimento e harmonia,
facilmente atingível com espaços verdes, equipamentos sociais e
culturais eficazes, estudados ergonomicamente para o efeito.

Sumário
Nesta Unidade Temática 3.1. Da Analise de forma, intenção e estratégia
estudou-se basicamente o conceito da cidade designações histórica e
Utopia Ideal Social, Utopias e Modelos Urbanos da Antiguidade e
disposição Psico-Energética da Urbe.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. Uma cidade é um local de união. ( )
2. Uma cidade não é rodeada por muralhas. ( )
3. Uma cidade é um local onde as pessoas vivem cooperantes. ( )
4. Uma cidade é um local onde há utilidade e comodidade dos
habitantes. ( )
5. Uma cidade é um local onde não há protecção contra inimigos e
produção de bens essenciais. ( )
Respostas‫׃‬
1. ( V )
2. ( F )
3. ( V )
4. ( V )
5. ( F )

70
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correcta e
risque a letra correspondente.
1. Estrutura da cidade é uma espécie de ordem dentro de caos e
propícia a:
A. Pequenas vias;
B. Vias sem cruzamentos;
C. Malhas urbanas;
D. Habitação individual.

2. Estrutura da cidade é uma espécie de ordem dentro de caos e


propícia a:
A. Grandes vias;
B. Vias sem cruzamentos;
C. Cintura urbanas;
D. Habitação.

3. A estrutura urbana de Vitruvio é no entanto utópica pela


implantação da malha:
A. Triangular, das três «portas» da cidade.
B. Hexagonal, das seis «portas» da cidade.
C. Quadrangular, das quatro «portas» da cidade.
D. Octogonal, das oito «portas» da cidade.

4. O poder intencional psico-energético deverá funcionar a favor:


A. Colectivo.
B. Individual.
C. Colectivo individual.
D. Singular.

5. As ideias utópicas surgem como verdadeiras obras:


A. Suburbanas.
B. Semi-urbanas.
C. Rurais.
D. Urbanas.
Respostas
1. ( C )
2. ( A )
3. ( D )
4. (A)
5. ( D )

TEMA – IV: MUDANÇA DE PARADIGMA EM TEORIA DE DESENHO URBANO


TEORIA E MODELO NORMATIVO

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

UNIDADE Temática 4.1. Teoria e cósmica e cidade como máquina.


UNIDADE Temática 4.2. A cidade como organismo.
UNIDADE Temática 4.1. Teoria e cósmica e cidade como máquina.
Introdução
A cidade, tal como a sociedade, não é uma realidade estática, está em
constante mudança. As transformações sociais influenciam de forma
muito relevante a cidade reflectem-se na maneira como a cidade é
vivida, traduzem-se em novas necessidades, expõem realidades
obsoletas. Actualmente, fruto de uma realidade cada vez mais
dinâmica, regista-se uma rápida mudança nos paradigmas da sociedade

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Conhecer o processo da criação, crescimento e transformação da cidade.


 Avaliar e considerar novas realidades que sugerem uma diversificação e
flexibilização das soluções.
Objectivos
específicos  Conhecer a escala urbana como a escala da habitação.

Alterações demográficas e da estrutura familiar


Tanto as transformações demográficas como as mudanças na estrutura
das famílias têm de ser tidas em conta no processo da criação,
crescimento e transformação da cidade, para perceber quais são as
necessidades actuais da população e assim se procurar (re)ajustar a
construção e os programas à nova procura, os principais novos
paradigmas, e que devem ser tidos em conta, são:
 Alterações demográficas e da estrutura familiar;
 Mobilidade laboral;
 Nova revolução tecnológica.

Paralelamente, o padrão das vivências domésticas também se altera,


tornando a típica organização espacial da casa modernista
desadequada para uma parte da população.

A avaliação e consideração destas novas realidades sugerem uma


diversificação e flexibilização das soluções, tanto à escala urbana como
à escala da habitação, adequadas à sociedade contemporânea e aos
novos e diversos padrões de mercado.

À escala da habitação torna-se útil uma diversificação e flexibilização na


composição e estruturação dos fogos, com tipologias de habitacionais
alternativas adequadas à procura dos novos utilizadores (indivíduos
solteiros até mais tarde, ou divorciados, núcleos familiares com poucos
ou nenhuns filhos, pessoas idosas que

72
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

são independentes e ficam sozinhas, ou outros) ou capazes de evoluir,


isto é, de permitir facilmente
adaptações mesmo que o contexto dos utilizadores mude (um núcleo
familiar que tenha tido mais um filho, ou que tenha que acolher um
idoso, por exemplo, poderia, com poucas alterações, acrescentar um
quarto. Também o inverso é aconselhável).

Aqui, o conceito de flexibilização prolonga-se no tempo, ou seja, da


mesma maneira que é pertinente actualmente, também o será no
futuro. Se os edifícios de hoje são pensados para durar 100 anos ou
mais, estes devem, na sua concepção, ser suficientemente flexíveis para
corresponderem a necessidades que só mais tarde conheceremos.

Mobilidade e instabilidade laboral

Hoje em dia tem-se consciência que o mercado de trabalho está a


mudar: acabou o “emprego para a vida” e à porta de casa. Assim, a
mobilidade laboral torna-se uma necessidade para combater o
desemprego e aumentar a empregabilidade.

A mobilidade laboral pode concretizar-se a pequena ou grande escala,


indo de movimentos pendulares (movimentações regulares nos
mesmos espaços geográficos), mobilidade residencial (com mudança de
espaço sem quebra dos laços básicos com a comunidade local), a
migração (deslocação duradoura que implica uma ruptura do espaço
social).
A resposta a esta solicitação pode ser encontrada, por exemplo, através
da implementação de habitação flexível e temporária, no centro da
cidade, pois a boa localização prevalece sobre as dimensões do fogo
como critérios de escolha, através da diversificação e flexibilização das
tipologias habitacionais.

Nova revolução tecnológica

A nova revolução tecnológica relaciona-se com o desenvolvimento e


disseminação das tecnologias de comunicação, da televisão e da
cibernética, não só na vertente lúdica e pessoal das nossas vidas, mas
também na vertente laboral.

Verifica-se que “a proximidade já não é apenas uma questão de espaço,


mas de tempo”, e a mobilidade nas relações sociais e espaciais tornou-
se a base das dinâmicas sociológicas contemporâneas. Alcançou-se,
assim, uma autonomia espacial deslocalização e temporal
desinstantaneização que abre inúmeras possibilidades nos processos de
escolha das pessoas e organizações.

73
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

O impacto dessas inúmeras possibilidades no campo laboral dá-se, por


exemplo, pela mobilidade crescente de homens, bens e capital, e
consequente maior liberdade de escolha relativamente à localização
de, por exemplo, empresas e fontes de informação.

Simultaneamente também se possibilita que “mais e mais pessoas


possam trabalhar em casa, pelo menos durante uma parte da semana
e, ainda assim, continuarem a ser membros activos de sistemas
produtivos de grande escala.”

Na vertente pessoal verifica-se que a revolução tecnológica contribui


para que “a sociabilidade de vizinhança esteja a ser substituída por
outra, organizada por afinidades, dispersa num território cada vez mais
vago”. Os territórios sociais são abertos e múltiplos. Isto é, passou-se de
uma rede de relações consolidada maioritariamente numa pequena
escala, do bairro e do quarteirão, para redes de sociabilidade que se
estabelecem a uma grande escala, apresentando poucas ou nenhumas
restrições espaciais. As novas tecnologias abrem novos caminhos, mais
versáteis e repletos de possibilidades, aumentando a quantidade de
relações sociais a cada habitante e permitindo-lhe compor a sua própria
rede de sociabilidade, com base nos seus interesses específicos. Os
laços sociais são assim numerosos, variados e especializados.

A facilidade e rapidez na comunicação permitem essa multiplicação dos


laços sociais, mas no entanto estes perdem intensidade
comparativamente às da cidade antiga, pois “quanto maior é o numero
de pessoas em estado de interacção, menor é o nível de
intercomunicação”. Ou seja, precisamente por ser fácil e rápido o
acesso e criação de novas redes de socialização, estas correm o risco de
ser mais circunstanciais, superficiais ou frágeis.

Assim, se a possibilidade de escolha em termos de localização para


pessoas ou empresas perdeu muitas das suas restrições, a cidade tem
que ter mecanismos para oferecer algo de único e insubstituível, e
consequentemente continuar a ser atractiva, manter-se viva e vibrante.

Essa atractividade pode ser dada por programas ou actividades que


exijam a co-presença e que fomentem o encontro de pessoas, os
contactos cara a cara e as experiências directas.

Assim sendo, é necessária uma reflecção sobre quais os programas com


que queremos dotar a cidade e que podem promover essa atracção, e
quais as infra-estruturas necessárias para tal acontecer.

74
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Sumário
Nesta Unidade Temática 4.1. Teoria e cósmica e cidade como máquina
abordou-se basicamente as alterações demográficas e da estrutura
familiar, mobilidade e instabilidade laboral e nova revolução
tecnológica.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.

1. A mobilidade laboral torna-se uma necessidade para não combater


o desemprego. ( )
2. A mobilidade laboral torna-se uma necessidade para diminuir a
empregabilidade. ( )
3. A mobilidade laboral torna-se uma necessidade para combater o
desemprego e aumentar a empregabilidade. ( )
4. Na mobilidade a migração é a deslocação duradoura que não
interfere na ruptura do espaço social. ( )
5. A mobilidade laboral pode concretizar-se a pequena ou grande
escala, indo de movimentos pendulares. ( )

Respostas‫׃‬
1. ( F )
2. ( F )
3. ( V )
4. ( F )
5. ( V )

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correcta e
risque a letra correspondente.
1. Os principais novos paradigmas e que devem ser tidos em conta são:
A. Alterações demográficas e da estrutura familiar;
B. Mobilidade não laboral;
C. Antiga revolução tecnológica.
D. Mobilidade não laboral e antiga revolução tecnológica ;

75
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

2. Os principais novos paradigmas e que devem ser tidos em conta são:


A. Alterações da estrutura familiar;
B. Mobilidade não laboral;
C. Nova revolução tecnológica.
D. Mobilidade laboral e antiga revolução tecnológica ;

3. A estrutura urbana de Vitruvio é no entanto utópica pela


implantação da malha:
A. Triangular, das três «portas» da cidade.
B. Hexagonal, das seis «portas» da cidade.
C. Quadrangular, das quatro «portas» da cidade.
D. Octogonal, das oito «portas» da cidade.

4. O poder intencional psico-energético deverá funcionar a favor:


A. Colectivo.
B. Individual.
C. Colectivo individual.
D. Singular.

5. As ideias utópicas surgem como verdadeiras obras:


A. Suburbanas.
B. Semi-urbanas.

C. Rurais.
D. Urbanas.

Respostas

1. (A)
2. (C)
3. (D )
4. (A)
5. (D )

UNIDADE Temática 4.2. A cidade como organismo

Introdução
As visões históricas da cidade, elemento importante que dá a noção de
simultaneidade de passado, presente e futuro, dar-se-iam tanto no
estudo dos lugares dos cidadãos, isto é, suas cidades, quanto das outras
cidades.

76
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Estudar e discernir o seu grau de evolução.


 Explicar os traços sociais.

Objectivos
específicos

Organicismo
Na corrente organicista, ou do organicismo, destacam-se o biólogo
Patrick Geddes e seus sucessores Lewis Mumford e Marcel Poète. A
concepção orgânica de cidade de Geddes é pioneira na visão sistêmica
do planeamento e da cidade. A cidade é considerada um organismo
vivo. É com a (re)leitura e o (re)conhecimento do passado que deve-se
fazer uma melhor crítica do presente e desejar-designar um futuro
melhor (GEDDES, 1915).

Pode-se dizer que Geddes (citado por CARVALHO, 2004, p.10) foi
pioneiro na ideia do compromisso inter-gerações do desenvolvimento
sustentável quando acata o juramento da juventude ateniense
“...transmitiremos essa Cidade, não menor, porém maior, melhor e
ainda mais bela do que nos foi transmitida”.

A abordagem vitalista da cidade de Poète (citado por CHOAY, 1979, p.


282) se aproximou muito da cidade de Geddes. Poete defendia que:

A cidade é um ser sempre vivo, cujo passado temos de estudar para


poder discernir seu grau de evolução; um ser que vive sobre a terra e
da terra, o que significa que, aos dados geográficos, é preciso
acrescentar os dados históricos, geológicos e econômicos. E os traços
econômicos do passado servem para explicar os traços sociais, assim
como a estes estão ligados os traços políticos e administrativos.

Arquitetura Orgânica
A chamada arquitetura orgânica ou arquitetura organicista, foi uma
escola da arquitetura moderna influenciada pelas ideias de Frank Lloyd
Wright (1867 - 1959). O conceito do orgânico foi desenvolvido através
das pesquisas de Frank Lloyd Wright, que acreditava que uma casa deve
nascer para atender às necessidades das pessoas e do caráter do país
como um organismo vivo. Sua convicção era de que os edifícios
influenciam profundamente as pessoas que neles residem ou
trabalham, e por esse motivo o arquitecto é um modelador de homens
(FIG.4.3.1).

77
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

FIGURA 4 – Casa da Cascata, Pensilvânia, EUA, arquiteto Frank Lloyd Wright, 1936.
Fonte: FRYSINGER, 2006.

Sumário
Nesta Unidade Temática 4.2. A cidade como organismo discutiu-se
basicamente do organicismo e arquitetura orgânica

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. Na corrente organicista, destacam-se o biólogo Patrick Geddes. ( )
2. Na corrente do organismo, destacam-se os sucessores Lewis
Mumford e Marcel Poète. ( )
3. Pode-se dizer que Geddes não foi pioneiro na ideia do compromisso
inter-gerações do desenvolvimento sustentável. ( )
4. Poete defendia a cidade com um ser sempre vivo. ( )
5. Os traços econômicos do passado servem para explicar os traços
sociais. ( )
Respostas‫׃‬
1. ( V )
2. ( V )
3. ( F )
4. ( V )
5. ( V )

78
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correcta e
risque a letra correspondente.
1. Os dados geográficos da cidade é preciso acrescentar…
A. Os dados químicos.
B. Os dados geológicos.
C. Os dados biológicos.
D. Os dados econômicos de mobilidade laboral.

2. Os traços econômicos do passado servem para explicar…


A. Traços sociais.
B. Traços independentes.
C. Traços social administrativos.
D. Traços social político.

3. O conceito do orgânico foi desenvolvido através das pesquisas de,


que acreditava que uma casa deve nascer para:
A. Atender às necessidades das pessoas.
B. Atender o caráter das pessoas como um organismo vivo.
C. Atender todos ser vivo.
D. Atender o caráter da sociedade como um organismo vivo.

4. Na arquitectura orgânica a convicção era de que os edifícios


influenciam profundamente as:
A. Pessoas não residentes.
B. Pessoas vizinhas.
C. Pessoas que nele não trabalham.
D. Pessoas que nele residem.

5. As ideias utópicas surgem como verdadeiras obras:


A. Suburbanas.
B. Semi-urbanas.
C. Rurais.
D. Urbanas.
Respostas
1. ( B )
2. ( A )
3. ( A )
4. (D)
5. (D )

TEMA – V: ESTRUTURA URBANA


UNIDADE Temática 5.1. Forma e distribuição do espaço público e
privado

79
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

UNIDADE Temática 5.2. Superficie de espaços públicos e alinhamentos


UNIDADE Temática 5.3. Edificabilidade, densidade e actividade
UNIDADE Temática 5.1. Forma e distribuição do espaço público e privado
Introdução
As formas de povoamento estão inevitavelmente relacionadas com
factores naturais e humanos que condicionaram o desenvolvimento
dos territórios. A análise das formas de povoamento e a
sistematização das fases de crescimento (quando existem dados que o
tornam possível) têm como principal objectivo perceber as tendências
e perspectivar caminhos de crescimento urbano sustentável.

O estudo da estruturação do território pressupõe o conhecimento do


povoamento, ou seja, das formas de apropriação dos territórios:

O cruzamento das duas abordagens permitirá definir estratégias de


requalificação do espaço construído, prever tipologias de ocupação de
novas áreas, introduzir elementos de qualificação territorial, e definir
quais as estratégias a seguir.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Conhecer os ramos da teoria que se esforçam por explicar a cidade como


fenómeno espacial.
 Analisar as formas de povoamento e a sistematização das fases de
Objectivos crescimento.
específicos
 Circunscrever à forma urbana, que corresponde à avaliação do modo
como o espaço público foi dando resposta às necessidades dos
habitantes.
 Definir as tipologias do espaço público em função do seu uso.

O Sistema da Forma Urbana

“Contemplar Cidades pode ser especialmente agradável, por mais


vulgar que o panorama possa ser” [Lynch - 1960].

A evolução da cidade na história seguiu sempre estreitamente a


evolução da própria humanidade, continuamente redefinindo a sua
estrutura de modo a constituir em cada momento o suporte
perfeitamente adaptado às características do corpo social e da sua
intervenção no processo histórico geral.

É um processo permanente desta evolução que remete a cidade para o


estatuto de suporte privilegiado da civilização, enquanto sede do seu
assentamento, veículo para a sua difusão, catalisador da dinâmica do

80
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

seu devir próprio e agente da sua transformação qualitativa, no âmbito


da quase perfeita coincidência que justifica a noção da Civilização
Urbana e garante a suavidade em variados momentos e contextos.

Segundo Lynch (1981), existem três ramos da teoria que se esforçam


por explicar a cidade como fenómeno espacial.

- Teoria do Planeamento, ou mais geral, Teoria de Decisão, reivindica


como são ou como deveriam ser tomadas as complexas decisões públicas
relativas ao desenvolvimento da cidade. Uma vez que este critério se
aplica a todos os empreendimentos políticos e económicos complexos,
o domínio desta teoria estende-se bem para além do âmbito do
planeamento da cidade e tem sido substancialmente desenvolvido
nesses outros domínios;

- Teoria Funcional, concentra-se mais especificamente nas cidades,


uma vez que tenta explicar por que razão é que elas assumem a forma
que assumem e como é que essa forma funciona. É um ramo teórico,
ainda que, não tão consistente como a teoria da decisão;

- Teoria Normativa, trata das ligações generalizáveis entre os valores


humanos e a forma dos aglomerados populacionais, ou de como se
reconhece uma boa cidade quando se encontra uma.

Em relação ao planeamento urbano, identifica-se a Função


Estruturante enquanto factor de caracterização do estatuto da obra e
da escala que ele se associa:

- Estatuto da Obra e Escala são os factores operativos primários na


instituição dos modos significativos que enquadram a conformação do
espaço edificado e que qualificam a opção de base no que se refere à
tipologia edificatória, em particular no meio urbano. Aumentar a
pluralidade, a complexidade e a mudança do meio ambiente urbano é
facilitar a sua identificação e a sua estruturação visuais. Os elementos –
vias, espaços exteriores, limites, elementos marcantes, cruzamentos e
regiões são os blocos construtores no processo de construção de
estruturas firmes e diferenciadas em escala urbana. É aí que a
articulação sistemática entre os diferentes edificados elementares
remete para uma outra noção, a de Morfologia Urbana. [Lynch - 1981],

O Espaço Público e o Espaço Privado

O espaço público é considerado como aquele que, dentro do território


urbano tradicional (especialmente nas cidades capitalistas, onde a
presença do privado é predominante), seja de uso comum e posse
colectiva (pertencente ao poder público).

A rua é considerada o espaço público por excelência.

81
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

A definição clara do limite entre os espaços públicos e privados, porém,


perdeu-se em vários momentos ao longo da história. As cidades
europeias medievais construíram-se através de uma constante
apropriação da terra pública e da definição desordenada de ruas,
normalmente estreitas e insalubres. Tal situação repetiu-se, grosso
modo, até o advento do urbanismo sanitarista no século XIX, através
das intervenções de alguns autores em Paris e em Barcelona.
Ainda que baseados em um discurso muito mais estatizador que
público, estas intervenções colocaram o desenho das áreas públicas
(grandes avenidas, especialmente) como prioritárias
na definição da paisagem urbana. O Movimento Moderno na
arquitectura e no urbanismo (no início do século XX) representou uma
releitura da ideia de público. Segundo vários de seus
representantes, todo o solo existente dentro dos perímetros urbanos
deveria ser de propriedade pública, sendo pertencentes à esfera
privada apenas fracções ideais destes terrenos correspondentes aos
apartamentos particulares.

A caracterização de um espaço público é bastante variada:

• Os espaços públicos livres podem definir-se como espaços de


circulação (como a rua ou a praça), espaços de lazer e recreação (como
uma praça ou parque urbano), de contemplação (como um jardim
público) ou de preservação ou conservação (como um grande parque
ou mesmo uma reserva ecológica). Nestes locais, o direito de ir e vir é
total.

• Existem ainda os espaços que, ainda que possuam uma certa restrição
ao acesso e à circulação, pertencem à esfera do público: portanto,
nestes espaços, a presença do privado deve ser teoricamente
controlada e, até mesmo, evitado. São, em geral, os edifícios e
equipamentos públicos, como instituições de ensino, hospitais, centros
de cultura etc.

Os Espaços Públicos (de Lazer) na Cidade

No imaginário colectivo, a cidade continua ainda associada a um


universo feito de betão e de barulho, em que as ruas se transformaram
em enormes garagens, onde a participação do cidadão é diminuta e a
população, mais apressada que outrora, corre anónima pelo meio do
tráfego, sem parar. Se este é o quadro geral existente na maior parte
das cidades do mundo, é necessário reconhecer, no entanto, que outras
cidades, têm vindo, há cerca de duas décadas a esta parte, a integrar no
seu seio novas dimensões de humanidade, de harmonia e mesmo de
convivência. Pressionadas por parte dos cidadãos pela procura de
espaços livres, do verde, de comunicação e de sociabilização, as
municipalidades tomaram «consciência» da necessidade de colocar à
sua disposição um quadro espacial de vida agradável, desafogado, onde
a natureza, os espaços e os
82
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

equipamentos lúdicos, a liberdade e a cidadania são valores urbanos


fundamentais. [Lopes, 1999]

A necessidade dos espaços públicos urbanos está relacionada com a


evolução que as cidades tem sofrido ao longo dos tempos, devem
essencialmente ser espaços de lazer, isto é, lugares de dinâmica cultural
onde o lúdico faça ressaltar um conjunto de expressões ou rituais,
sinónimos do direito à cidade e de usufruto de lugares graciosos para
viver Lugares que ofereçam uma grande escolha de actividades e que,
ao prolongarem a vida interior, sirvam de receptor de muitas aspirações
por vezes contraditórias, mas onde os cidadãos procurem sempre, mais
ou menos conscientemente, estar em sintonia com a sua unidade de
vizinhança, o seu bairro, a sua cidade. O ordenamento é actualmente
um dos aspectos vitais para a revitalização e a qualidade de vida no
meio urbano. Eles interessam a todas as pessoas, independentemente
do tempo livre e do grau de acessibilidades de cada um.

Equipamentos e práticas, outrora inimagináveis fora do seu «território


regulamentar» começam, especialmente por parte dos jovens, a sair
dos seus ghettos: uso de paredes de escalada, práticas dos skaters e
patinadores, exigência de ciclovias, como alternativa às congestionadas
ruas de automóveis, são alguns exemplos de tímidas formas de
participação de alguns habitantes e que uma grande parte da população
começa a aceitar, construindo-se a ideia de que estes cidadãos não são
pessoas irresponsáveis e marginais como muitas vezes o poder local
tenta fazer passar. Confrontados com estes movimentos na cidade, aos
responsáveis pedem-se respostas abertas, práticas e métodos de
planeamento estratégico adaptados à vida de hoje e à organização de
cidades viradas para o futuro. É preciso ter a coragem de redesenhar os
espaços públicos urbanos destinados aos cidadãos, de descongelar
muitos deles, insípidos e desajustados em pelo menos 20 ou 30 anos,
de diferenciar os públicos e aceitar a diversidade das práticas,
recreativas ou não, tolerando as diferentes perspectivas dos
utilizadores do espaço citadino. [Lopes, 1999].

Espaços Públicos e Uso Colectivo de Espaços Privados

As nossas cidades sofrem actualmente de novas formas de evolução e


expansão. Encontramo-nos perante uma cidade impulsionada por
dinâmicas e processos divergentes, que se dissolve pelo território,
resultado da adição de densidades concentradas, acessos viários e
acumulações comerciais. Sentimos como os processos de periferização
e suburbanização, conduzem ao desaparecimento da vivência do
espaço público, quando a praça ou o largo não são mais o lugar de
encontro, quando o passeio público é reduzido a um percurso pedonal
e o automóvel monopoliza a paisagem urbana. Paralelamente a um
novo urbanismo fragmentário e hostil que emerge nas periferias das
nossas cidades, vemos surgir novas formas de simular e de viver cidade.

83
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Construídos imitando os espaços tradicionais da cidade, os novos


espaços comerciais que crescem nas zonas suburbanas actuais copiam
também os seus usos e as suas tipologias.» [Miguel Silva Graça].

A renovação recente dos métodos de urbanismo é o sinal e a


consequência de as lógicas profundas que orientam a evolução das
cidades se terem transformado profundamente. Para se colocar
correctamente a questão do futuro das cidades, é “necessário” começar
por identificar as causas da mutação e sobre os desafios que elas
comportam. Poder-se-á encontrar, uma nova urbanidade, novos
hábitos e novos usos. Num espaço que oscila entre a propriedade
privada e o uso colectivo, descobre-se uma envolvente onde tudo está
organizado, o ambiente e a temperatura controlados, onde se os
utentes se sentem seguros. Numa altura em que cidade e território se
fundem, o objectivo será tentar traçar o perfil dos espaços e usos
públicos e privados que se estão a construir no início deste novo século.

O Território
Macro-escala

Antes de avançar para uma caracterização mais detalhada do espaço


urbano concelhio importa perceber as causas e efeitos deste
povoamento numa perspectiva generalista. Isto é, importa estruturar
uma caracterização à escala concelhia percebendo a rede urbana
existente, as complementaridades e descontinuidades que se foram
vincando ao longo dos anos e que se equacionará a vantagem de
manter ou contrariar.

Figura 5 - Factores preponderantes para a compreensão da estrutura e forma


urbana

A Hidrografia e Topografia, regra geral, ditaram a apropriação


humana original do território. As sucessivas pressões de
crescimento levaram ao desrespeito destas duas componentes
naturais fundamentais para o equilíbrio da ocupação humana. Nos
territórios metropolitanos assiste-se cada vez em maior escala ao
comprometimento do equilíbrio dos sistemas naturais pondo em
risco a ocupação humana.

84
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Havendo numa região um grau de homogeneidade dos factores


naturais assinalável, são os Factores Humanos que introduzem
especificidades e desencadeiam processos de especialização com
consequente necessidade de interdependências e funcionamento
em rede.

Os factores humanos são determinantes na estruturação dos


aglomerados, cuja influência é recíproca. Ou seja, elementos como:
acessibilidades, usos e estrutura fundiária, são factores que
influenciam o crescimento dos aglomerados, mas também são
Influenciados por esse mesmo crescimento, são assim causa e
consequência dos modelos ocupacionais instalados.

Os Factores Regulamentares induzem/determinam o modelo de


ocupação espacial existente. Refiram-se as condicionantes e
servidões administrativas legalmente em vigor (REN, RAN, rede
eléctrica, Imóveis classificados, Protecção a Infra-estruturas, etc.) e
os planos de Ordenamento do Território que vigoram no concelho
Plano Director Municipal, Planos de Urbanização e Planos de
Pormenor e elaboração do mesmo.

Sumário
Nesta Unidade Temática 5.1. Forma e distribuição do espaço público e
privado tratou-se basicamente o sistema da forma urbana, espaço
público e o espaço privado, espaços públicos de Lazer na cidade,
espaços públicos e uso colectivo de espaços privados e do território.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as


quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. Teoria do Planeamento reivindica como deveriam ser tomadas as
complexas decisões públicas relativas ao subdesenvolvimento da
cidade. ( )
2. Teoria Normativa, trata das ligações não generalizáveis entre os
valores humanos e a forma dos aglomerados populacionais. ( )
3. Estatuto da Obra e Escala são os factores operativos secundários
na instituição. ( )

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

4. Diminuir a pluralidade, a complexidade e a mudança do meio


ambiente urbano é facilitar a sua identificação e a sua estruturação
visuais. ( )
5. Aumentar a pluralidade, a complexidade e a mudança do meio
ambiente urbano é facilitar a sua identificação e a sua
estruturação visuais. ( )

Respostas‫׃‬
1. ( F)
2. ( F )
3. ( F )
4. ( F )
5. (V )

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correcta e
risque a letra correspondente.
1. O espaço público é considerado como aquele que, dentro do
território urbano tradicional seja de uso …
A. Individual.
B. Individual e posse colectiva.
C. Comum e posse colectiva.
D. Comum e posse singular.

2. Os espaços públicos livres podem definir-se como espaços de


circulação como…
A. Rua ou a praça.
B. Parque urbano privado.
C. Jardim privado.
D. Reserva ecológica privada.

3. Os fatores humanos são determinantes na estruturação dos


aglomerados com seguintes elementos…
A. Acessibilidades, usos e estrutura fundiária
B. Usos e estrutura fundiária.
C. Crescimento.
D. Modelos ocupacionais instalados.

4. Os Factores Regulamentares determinam o modelo de ocupação


espacial …
A. Não existentes.
B. Existente.
C. Condicionantes e servidões não administrativas.
D. Servidões administrativas.

86
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

5. Nos planos de Ordenamento do Território podemos encontrar…


A. Plano Director Municipal.
B. Planos de talhões.
C. Planos de parcelas.
D. Planos de blocos.
Respostas
1. ( C )
2. ( A )
3. ( A )
4. ( D )
5. ( A )

UNIDADE Temática 5.2. Superficie de espaços públicos e alinhamentos

Introdução

A forma de percepção assenta em dois tempos diferentes, o de


movimento e o de estada e na sua transposição para a cidade, baseada
numa leitura ao nível do seu traçado, pode-se transformar
morfologicamente estes dois momentos sensoriais em,
respectivamente, espaços lineares e espaços não lineares

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Conhecer os ramos da teoria que se esforçam por explicar a cidade como


fenómeno espacial.
 Analisar as formas de povoamento e a sistematização das fases de
Objectivos crescimento.
específicos
 Circunscrever à forma urbana, que corresponde à avaliação do modo
como o espaço público foi dando resposta às necessidades dos
habitantes.
 Definir as tipologias do espaço público em função do seu uso.

Definição de tipologias do espaço público em função do seu uso


Para poder estudar a eficácia do pavimento no espaço público da
cidade, a descrição tipológica que faz sentido apresentar é baseada no
modo como esses espaços são utilizados e percepcionados pelas
pessoas. A forma de percepção assenta em dois tempos diferentes, o
de movimento e o de estada (Seixas, 1997) e na sua transposição para
a cidade, baseada numa leitura ao nível do seu traçado, pode-se
transformar morfologicamente estes dois momentos sensoriais em,
respectivamente, espaços lineares e

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

espaços não lineares. Os lineares, simbolizados pela tipologia de rua,


são espaços dinâmicos cuja relação entre a largura e comprimento em
planta é, segundo Carmona, igual ou superior a 1 para 3,
respectivamente, uma vez que quando há uma dominância de um dos
eixos sobre o outro começa a ser perceptível pelo utilizador a noção de
movimento. Sendo assim, 1 para 3 será também o limite máximo para
que o espaço seja considerado não linear e para que seja visualizado
pelo utente como espaço de estada e encontro, como praça (Carmona,
2003).

Figura 5.3.1 – Relações de Largura e Comprimento de um Espaço Público


A. Ratio 1:3, Leitura como espaço não linear | Carmona – Public Places, Urban Spaces
B. Ratio 1:5, Leitura como espaço linear | Carmona – Public Places, Urban Spaces

Espaços lineares
A função primária dos espaços lineares, independentemente da sua
morfologia, é ser o suporte das movimentações e deslocações de
pessoas e veículos, dando acesso a outras áreas, sejam elas exteriores
ou interiores. No entanto, também é importante servir de suporte para
a permanência de pessoas e estacionamento de veículos, na maioria das
vezes conjuntamente (Brandão, 2002).

Estes espaços de circulação, genericamente designados por ruas,


representam um conjunto de espaços lineares e tridimensionais, muitas
vezes definidos e limitados nos dois lados ao longo do eixo. Quanto à
forma, pode ser analisada através de qualidades comparativas opostas
como dinâmica/estática, fechada/aberta, curta/comprida,
larga/estreita, recta/sinuosa, etc. ou por considerações sobre escala,
proporção, ritmo e relações com outros espaços (Carmona, 2003). Esta
análise formal é a base para a definição das várias subcategorias que
derivam desta categoria de circulação, influenciando e definindo
também as diferentes actividades complementares e formas de
apropriação que surgem paralelamente à sua função principal. O
traçado, a rua, existem como elementos morfológicos nos vários níveis
ou escalas da forma urbana. Desde a rua de peões à travessa, à avenida
ou à via rápida, encontra-se uma correspondência hierárquica dos
traçados e a hierarquia das escalas da forma urbana.

88
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Deste modo, como espaços de circulação, podem-se identificar, por


ordem hierárquica:

As estradas existem como ligação entre aglomerados, ao nível regional,


nacional ou internacional e criam muitas vezes situações de
exclusividade ao trânsito motorizado, excluindo qualquer outro tipo de
circulação e por conseguinte qualquer outra função, caso das
autoestradas e vias rápidas.
As avenidas inserem-se no contexto urbano, normalmente
estabelecem as ligações entre diferentes zonas ou bairros da cidade.
Têm a característica de serem bastante largas com tráfego intenso e
rápido, predominantemente automóvel. Os tipos de circulação estão
marcadamente separados e quando as vias automóveis são muito
largas recorre-se a separadores centrais, por vezes arborizados e
utilizados para circulação pedonal.
As alamedas surgem da necessidade de integrar vegetação em
avenidas, conjugando a necessidade de circulação expedita com
espaços de qualidade para funções de lazer. Tratamse portanto de
amplas avenidas de circulação viária, com placas centrais largas
arborizadas ou relvadas que permitem a utilização pedonal mais
descontraída.

As ruas são o espaço de circulação da cidade por excelência,


tradicionalmente albergando actividades de encontro e comércio daí
resultantes. É a este nível hierárquico que começam a aparecer
soluções de ruas mistas, peão e automóvel, embora a maioria recorra
ainda à segregação. Surgem zonas de estacionamento, permitindo ao
utilizador parar e interagir com o local por onde passa, mesmo sendo a
função principal a circulação. Existem ainda as ruas pedonais de trânsito
exclusivo para peões, em que tudo se processa mais lentamente,
propiciando o desenvolvimento de outros usos mais casuais, embora
circular seja a principal actividade.
As travessas são ruas mais estreitas e curtas que fazem a ligação
transversal entre ruas, encontram-se ao nível do bairro.
Os becos são ruas ainda mais estreitas, normalmente sombrias,
vulgarmente associadas a troços sem saída;
A calçada é definida no dicionário da seguinte forma: «rua ou caminho
pavimentado com pedras (e/ou), rua ou ladeira íngreme».

89
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Figura 6 – Espaços Lineares: Subcategorias

Espaços não lineares


Se a rua é o lugar de circulação, a praça é o lugar intencional do
encontro, da permanência, dos acontecimentos, de práticas sociais, de
manifestações de vida urbana e comunitária e de prestígio (Lamas,
2007:102).

Os espaços não lineares são espaços livres, centrípetos por excelência


na cidade tradicional uma vez que representam o conceito de coração,
de vida. Têm uma grande diversidade na forma e dimensão embora
sejam visualmente abarcáveis no seu todo e a maior parte do seu
contorno é delimitado por edifícios (Brandão, 2002). A relação deste
vazio com os planos que as envolvem e contêm, as fachadas e o
pavimento, é muito importante na sua definição.

O conjunto de espaços não lineares da malha urbana, genericamente


designados por praça, contém várias subcategorias que se diferenciam
precisamente pela sua forma orgânica ou racional e pela sua dimensão.
Muitos destes espaços eram vazios ou alargamentos da estrutura
urbana que foram sendo apropriados como praças, embora nunca
sejam realmente praças por não terem sido desenhados
intencionalmente como tal (Lamas, 2007). Dependendo de algumas das
suas características, este grande grupo pode ser fraccionado em várias
subcategorias, com diferentes definições, que por vezes se relacionam
com aspectos históricos e outras com o seu uso.

A praça funciona como pólo agregador de vivências urbanas, desde


sempre desempenhando um papel muito importante nos aglomerados.
Na sua tradição é o espaço por excelência de implantação de edifícios
de uso colectivo, como igrejas e paços do concelho, de edifícios
representativos de estatuto social e económico, como palácios, e são
ainda estes pólos que apresentam o local privilegiado para o comércio
e os serviços de prestígio. É lugar não só de edifícios importantes, como
também de símbolos do poder através de elementos escultóricos.
São também os espaços da cidade capazes de albergar as grandes
reuniões públicas, sejam manifestações ou mercados (Seixas, 1997).

90
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

O largo, é um dos espaços não lineares que Lamas descreve como não
intencionais, ou seja, embora reúnam frequentemente funções
idênticas às da praça, resultam da reciclagem de um espaço urbano
residual e, portanto, não têm o mesmo simbolismo que as praças.
Foram criados por uma necessidade de desafogo em locais de
confluência de ruas, por exemplo, de onde surgem as mais diversas
formas e tamanhos (Seixas, 1997). Os largos e praças, além de terem
sido espaços públicos com funções importantes na vida local
dos aglomerados medievais, foram também elementos significativos na
estrutura e composição dos seus traçados. Enquanto a praça
correspondia a uma área determinada por regras e condicionantes de
ordem funcional e tinha por base um modelo formal, o largo assentava
em objectivos menos definidos e apresentava uma estrutura mais fluida
(Seixas, 1997:39).
As pracetas, como os largos, são formas irregulares, distinguindo-se dos
largos pela sua menor acessibilidade e permeabilidade, sendo que
podem resultar de impasses e situações sem saída (Brandão, 2002).
Os terreiros são fáceis de reconhecer uma vez que têm características
bastante singulares. Tratam-se de plataformas regulares bastante
extensas e relativamente planas, cujo pavimento é, como o nome
indica, terra ou outro material permeável. Destinados a acolher
actividades populares periódicas como festas, feiras, mercados, podem
também acolher outro tipo de funções na base diária, como por
exemplo estacionamento (Brandão, 2002).

Figura 8– Espaços Não-Lineares: Subcategorias

As cidades são também compostas por espaços públicos “verdes”,


vocacionados essencialmente para recreio e lazer, desempenham um
papel muito importante na cidade, quer pelo equilíbrio que
proporcionam no ciclo hidrológico com a sua permeabilidade, quer pela
preservação de várias espécies, incluindo a nossa, já que são também
estes espaços que ajudam a controlar a temperatura e a qualidade do
ar (pulmões da cidade). São espaços livres constituídos principalmente
por estruturas naturais ou ajardinadas que dependendo da sua
dimensão podem ser parques urbanos, jardins públicos ou apenas áreas
ajardinadas de enquadramento.

Os parques urbanos são de grande dimensão e servem não só bairros


como toda a cidade, abrangem os vários grupos etários uma vez que
englobam infraestruturas de recreio e repouso para todos. Muitas vezes
são também programados para usos desportivos (Brandão, 2002).

91
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Os jardins públicos são normalmente espaços vedados, constituídos


por áreas pedonais intercaladas com grandes extensões de zonas
ajardinadas, têm uma dimensão mais moderada e a sua área de
influência é sobretudo ao nível do bairro (Brandão, 2002).
Quanto às áreas ajardinadas de enquadramento na sua maioria são
apenas zonas verdes ornamentais, sem qualquer uso especificado
(Brandão, 2002).

Figura 9 – Espaços Públicos Verdes: Subcategorias

A. Parque – Parque
B. Jardim Público
C. Área ajardinada de enquadramento

Sumário
Nesta Unidade Temática 5.2. Superficie de espaços públicos e
alinhamentos, abordou-se basicamente a definição de tipologias do
espaço público em função do seu uso, espaços lineares e não lineares

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as


quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. A função primária dos espaços lineares é ser o suporte das
movimentações e deslocações de pessoas e veículos. ( )
2. Os espaços lineares servem de suporte para a permanência de
pessoas e estacionamento de veículos, na maioria das vezes
conjuntamente. ( )
3. As estradas existem como ligação entre aglomerados, ao nível
regional, nacional ou internacional. ( )
4. As travessas são ruas mais estreitas e curtas que fazem a ligação
transversal entre avenidas e ruas. ( )
5. Os becos são ruas ainda mais largas, normalmente sombrias,
vulgarmente associadas a troços sem saída. ( )
Respostas‫׃‬
1. ( V )
2. ( V )
3. ( V )
4. ( F )

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

5. ( F )

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correcta e
risque a letra correspondente.
1. Os espaços de circulação, podem-se identificar, por ordem
hierárquica como …
A. Estrada
B. Alamedas
C. Avenidas
D. Travessia

2. Os espaços públicos livres podem definir-se como espaços de


circulação como…
A. Rua ou a praça.
B. Parque urbano privado.
C. Jardim privado.
D. Reserva ecológica privada.

3. Os factores humanos são determinantes na estruturação dos


aglomerados com seguintes elementos…
A. Acessibilidades, usos e estrutura fundiária
B. Usos e estrutura fundiária.
C. Crescimento.
D. Modelos ocupacionais instalados.

4. Os Factores Regulamentares determinam o modelo de ocupação


espacial …
B. Não existentes.
C. Existente.
D. Condicionantes e servidões não administrativas.
E. Servidões administrativas.

5. Nos planos de Ordenamento do Território podemos encontrar…


A. Plano Director Municipal.
B. Planos de talhões.
C. Planos de parcelas.
D. Planos de blocos.
Respostas
1. ( A )
2. (A )
3. (A )
4. ( B )
5. (A )

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

UNIDADE Temática 5.3. Edificabilidade, densidade e actividade

Introdução
A densidade urbana é um indicador que pode ser construído a partir de
relações bastante diversas, tais como o número de habitantes, o
número de fogos, as superfícies construídas e pavimentadas e a as
funções da ocupação do solo. Dado ser relativamente comum que a
percepção do conceito de densidade urbana se discuta, sobretudo, com
base na dicotomia alta/baixa densidade e que a estas sejam associados
modelos de ocupação urbana distintos, nem sempre é tido em
consideração que morfotipologias distintas podem apresentar valores
de densidade semelhantes.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Utilizar os instrumentos de Gestão Territorial, e constituem disposições


normativas e reguladoras da ocupação urbana;
 Diversificar o número de habitantes ao número de fogos.
Objectivos
específicos  Diversificar as superfícies construídas e pavimentadas.

Densidade e forma da cidade


Quais são as densidades apropriadas às áreas residenciais? A resposta
para isso é algo como a resposta que Abraham Lincoln deu à questão
“Qual deve ser o comprimento das pernas de um homem? Longas o
suficiente para alcançarem o chão, disse Lincoln”. As densidades são
muito baixas, ou muito altas, quando frustram a diversidade da cidade
ao invés de estimulá-la. Nós temos que olhar para a densidade da
mesma maneira que olhamos para as calorias e as vitaminas. As
quantidades são certas pelo modo como actuam.

No seu conjunto, integram o conjunto de “conceitos técnicos


fundamentais” (fonte: DGOTDU) a utilizar nos Instrumentos de Gestão
Territorial, e constituem disposições normativas e reguladoras da
ocupação urbana em todos os Planos Municipais de Ordenamento do
Território (PMOTS), de acordo com a sua utilidade relativamente ao
âmbito de cada plano, sendo que neste aspecto os índices urbanísticos
assumem uma maior preponderância por se relacionarem
directamente com as questões da edificabilidade dos projectos.

Tabela 1 – Métodos para o cálculo das densidades

94
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Tabela 3 – Índices de densidades de ocupação edificada

Zonas habitacionais

As Zonas Habitacionais destinam-se predominantemente ao uso


habitacional e, complementarmente, ao comércio, equipamentos
colectivos, turismo, armazéns e outros usos desde que compatíveis
com o uso habitacional.

1 - As Zonas Habitacionais subdividem-se nas seguintes categorias,


conforme delimitação constante da Planta de Ordenamento:
a) Alta Densidade
b) Média Densidade
c) Baixa Densidade
d) De Habitação Dispersa
e) A Recuperar

Habitação Cooperativa, de custos controlados ou de promoção social

Para as zonas de Média e Baixa Densidade, quando se pretender


promover a habitação cooperativa, de custos controlados ou de
promoção social, e caso não sejam definidas Regras Supletivas, os
índices de construção, líquidos e brutos, são bonificados de 25 %, desde
que a área de intervenção seja igual ou superior a 4000 m2.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Zonas habitacionais de alta densidade

Planos e Projectos de Loteamento

1 - Nas Zonas Habitacionais de Alta Densidade os Planos de


Urbanização, Planos de Pormenor e Projectos de Loteamento que
venham a ser elaborados ficam sujeitos aos seguintes
condicionamentos:

a) Índice de Implantação (Bruto) – 0,40


b) Índice de Construção (Bruto) – 1,30
c) (Suspensa.)

Edificabilidade

1 - Nas Zonas Habitacionais de Alta Densidade as obras de construção


ficam sujeitas aos seguintes condicionamentos:
a) A tipologia admitida é a Habitação Colectiva;
b) (Suspensa)
c) A cércea máxima é de 19 m;
d) A profundidade máxima da empena é de 15 m;

Zonas Habitacionais de Média Densidade

Planos e Projectos de Loteamento

1 - Nas Zonas Habitacionais de Média Densidade os Planos de


Urbanização, Planos de Pormenor e Projectos de Loteamento que
venham a ser elaborados ficam sujeitos aos seguintes
condicionamentos:

a) O Índice de Implantação Bruto máximo é de 0,30;


b) O Índice de Construção Bruto máximo é de 0,60;
c) A área mínima de lote é de 250 m2, no caso de Habitação Unifamiliar
em Banda, de 300m2, no caso de Habitação Unifamiliar Geminada, e de
400 m2, no caso de Habitação Unifamiliar Isolada;
d) (Suspensa.)

Edificabilidade
1 - Nas Zonas Habitacionais de Média Densidade as obras de construção
ficam sujeitas aos seguintes condicionamentos:

a) As tipologias admitidas são a Habitação Colectiva, Habitação


Unifamiliar em Banda, Unifamiliar Geminada e Unifamiliar Isolada;
b)(Suspensa.)
c)(Suspensa.)

96
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

d) A cércea máxima é de 10 m, no caso de Habitação Colectiva ou


Unifamiliar em Banda, e de 7 m no caso de Habitação Unifamiliar
Geminada ou Isolada;
e) O Índice de Implantação (Líquido) máximo é de 0,60 no caso de
Habitação Colectiva; é 0,50, no caso de Habitação Unifamiliar em
Banda; de 0,40, no caso de Habitação Unifamiliar Geminada, e de
0,30, no caso de Habitação Unifamiliar Isolada;
f) O Índice de Construção (Líquido) máximo é de 1,25, no caso de
Habitação Colectiva; de 1,00, no caso de Habitação Unifamiliar em
Banda; de 0,80, no caso de Habitação Geminada, e de 0,60, no caso
de Habitação Isolada;
g) A percentagem máxima de solo impermeabilizado, no logradouro, é
de 20%

Zonas Habitacionais de Baixa Densidade


Planos e Projectos de Loteamento

1 - Nas Zonas Habitacionais de Baixa Densidade os Planos de


Urbanização, Planos de Pormenor e Projectos de Loteamento que
venham a ser elaborados ficam sujeitos aos seguintes
condicionamentos:
a) O Índice de Implantação (Bruto) máximo é de 0,15;
b) O Índice de Construção (Bruto) máximo é de 0,30;
c) A área mínima de lote é de 750 m2;
d) (Suspensa.)

Edificabilidade
1 - Nas Zonas Habitacionais de Baixa Densidade as obras de construção
ficam sujeitas aos seguintes condicionamentos:
a) A tipologia admitida é a Habitação Isolada;
b) (Suspensa.)
c) (Suspensa.)
d) A cércea máxima é de 7 m;
e) O Índice de Implantação (Líquido) máximo é 0,20;
f) O Índice de Construção (Líquido) máximo é de 0,40;
g) A percentagem máxima de solo impermeabilizado, no logradouro, é
de 20%.

Zonas de habitação dispersa

Planos e Projectos de Loteamento


1 - Nas Zonas de Habitação Dispersa os Planos de Urbanização, Planos
de Pormenor e Projectos de Loteamento que venham a ser elaborados
ficam sujeitos aos seguintes condicionamentos:

a) O Índice de Implantação (Bruto) máximo é de 0,08;

97
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

b) O Índice de Construção (Bruto) máximo é de 0,15;


c) A área mínima de lote é de 1.500 m2;
d) (Suspensa.)

Edificabilidade
1 - Nas Zonas de Habitação Dispersa as obras de construção ficam
sujeitas aos seguintes condicionamentos:
a) A tipologia admitida é a Habitação Isolada;
b) (Suspensa.)
c) (Suspensa.)
d) A cércea máxima é de 7 m;
e) O Índice de Implantação (Líquido) máximo é 0,10;
f) O Índice de Construção (Líquido) máximo é de 0,20;
g) A percentagem máxima de solo impermeabilizado, no logradouro, é
de 10%.

Zonas habitacionais a recuperar

Planos
1 - As Zonas Habitacionais a Recuperar serão objecto de Planos de
Urbanização ou de Pormenor visando a reconversão, infra-estruturação
e requalificação do tecido urbano existente.

2 - Só é permitido o loteamento nos prédios rústicos com acesso


automóvel e com infraestruturas básicas, ficando sujeite aos seguintes
condicionamentos:
a) O Índice de Implantação (bruto) máximo é de 0.10;
b) O Índice de Construção (bruto) máximo é de 0.20;
c) A área mínima do lote é de 750 m2;
d) (Suspensa.)

Sumário
Nesta Unidade Temática 5.3. Edificabilidade, densidade e actividade
abordou-se basicamente a densidade e forma da cidade, zonas
habitacionais, habitação Cooperativa de custos controlados ou de
promoção social, zonas habitacionais de alta densidade, baixa
densidade, dispersa e recuperar e edificabilidade.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. Densidade Bruta corresponde ao quociente entre o número de
fogos ou habitantes e a superfície de referências em causa. ( )

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

2. Densidade Liquida corresponde quociente entre o número de fogos


ou habitantes e a superfície em causa, excluindo as áreas afetadas
a equipamentos públicos ( )
3. Densidade ao lote corresponde ao quociente entre o número de
fogos ou habitantes e o somatório de áreas lotes. ( )
4. Edificação é a atividade ou o resultado da construção, reconstrução,
ampliação, alteração ou conservação de um imóvel ( )
5. Lote é a área de terreno que não resulta de uma operação de
loteamento licenciada nos termos da legislação em vigor ( )
Respostas‫׃‬
1. ( V )
2. ( V )
3. ( V )
4. ( V )
5. ( F )

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correta e
risque a letra correspondente

1. Índice de Implementação corresponde ao…


A. Quociente entre somatórios de áreas de implementação das
construções e a área de superfície de referências
B. Construção, reconstrução, ampliação, alteração ou conservação de
um imóvel destinado a utilização humana,
C. Requalificação do tecido urbano existente
D. Todos estão certos.

2. Indice de Construção Corresponde ao…


A. Muros ou vedações com o plano horizontal dos arruamentos
adjacentes;
B. Ao quociente entre somatorios das areas de construção e a area de
superfiecie de referencias;
C. Dimensão vertical da construção, medida a partir do ponto da cota
média do terreno margina;
D. Todos estão errados;

3. Indice de Impermeabilização corresponde ao…


A. Quociente entre area de Impermeabilização e a superficie de
referencia;
B. Área de território físico ou juridicamente autonomizada não
resultante de uma operação de loteamento;

99
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

C. área de terreno resultante de uma operação de loteamento


licenciada nos termos da legislação em vigor;
D. Todos estão certos;

4. Indice Medio de Utilização Corresponde ao…


A. Somatório dos solos urbanizados
B. Divisões e seus anexos, num edifício de caracter permanente, ou
numa parte distinta do edifício
C. Construção, reconstrução, ampliação, alteração ou conservação de
um imóvel destinado a utilização humana,
D. Quociente entre a soma superficie brutas de todos pisos acima e
abaixo do solo destinados a edificacao independentemete dos usos
existente.

5. Indice Volumétrico corresponde ao…


A. Quociente entre o vulume do espaço ocupado pelos edificios acima
do nivel do terreno e a superfice de referencia;
B. Quociente entre a área de impermeabilização e a superfície de
referência onde se pretende aplicar de forma homogénea o índice;
C. Quociente entre a área total de implantação e a área urbanizável;
D. Todos estão certos;
Respostas
1. ( A )
2. ( B )
3. ( A )
4. ( D )
5. ( A )

TEMA – VI: ORDENAÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS

UNIDADE Temática 6.1. Parques e jardins e área de ócio.


UNIDADE Temática 6.2. Estrada e zona de estacionamento.
UNIDADE Temática 6.1. Parques e jardins e área de ócio.
Introdução
O meio natural bruto foi sempre hostil e inadequado à vida do homem.
A sociedade, num esforço organizado de sobrevivência e
desenvolvimento, tem estado a construir o seu próprio meio, um acto
que requer uma intervenção e transformação em grande medida da
natureza.

Uma das técnicas que foi desenvolvida pelo homem para permitir esta
transformação é o planeamento físico. O planeamento físico permite
ordenar, organizar, estabelecer normas, requalificar, conceber novos
espaços funcionais.

100
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Concentrar os parques em áreas residências.


 Estabelecer densidades e emprazamento das estradas residenciais em
função das dimensões desejadas para os blocos e parcelas.
Objectivos
específicos  Integrar nas avenidas e estradas o maior número de espaços de
encostamento.

Os parques e jardins são espaços públicos com especificidades próprias


cuja preservação e conservação urge ser assegurada de modo a permitir
que os munícipes e utentes possam usufruir e beneficiar dos mesmos
em condições adequadas que reflictam as actuais preocupações com a
natureza e o meio ambiente.

Com efeito, estes espaços assumem hoje em dia uma relevância


fundamental na qualidade de vida das populações, e surgem como uma
necessidade de um equilíbrio ecológico saudável no meio urbano.

Como tal, a criação, preservação e promoção dos espaços verdes e sua


inserção numa estrutura ecológica constituem factores essenciais de
gestão ambiental e planeamento estratégico desse meio urbano.

Parques:
Concentrar os parques em áreas residências
Concentração de crianças e anciãos que usam com intensidade
-Relação inversa entre o uso e distancia da sua moradia-

 Estruturar áreas residenciais em sectores com boa disposição a


térreos aptos para formar parques;

 Emprazamento central com máxima acessibilidade global a o


sistema geral sim criar grandes vazios na textura urbana;

 Se opta por pequenos parques pertos da população a grandes


extensões de parques afastados da maior parte da população.

Esquemas de ordenação
emprazamento de espaços livres gerais
 excêntrico
 perimetral
 central
 sectorial lineal
 sectorial central
 curva comunicados
101
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Ordenação com parque excêntrico Ordenação com parque perimetral

Ordenação com parque central Ordenação com parque sectorial e linear

Ordenação com parque Ordenação com parque


sectorial central curva comunicado

 excêntrico – dificulta acesso


 perimetral – acessível mas menos profundas
 central - melhora acesso global
 sectorial lineal -melhora acesso mas reduz profundidades
 sectorial central - melhor acesso sectorial e global maximo
superfície e mínimo perímetro
 curva comunicados - menos rígido permite responder a situações
topográficas e unifica sistemas

Distribuição de espaços livres deve:


 assegurar equilibro entre acessibilidade e consistência dimensional
 deve ter a capacidade de acolher diversos conjuntos de atividades
recreativas

102
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

A acessibilidade de um parque alargado se reduz si se considerar que


esta composto por uma serie de actividades localizadas em (que
acontece nos extremos.)

Ressalta as vantagens de esquemas circulares


 max superfície e mínimo perímetro

Parques deportivos:
 Integrar as dotações de parques desportivos com o sector do
parque correspondente
Incrementar a superfície do conjunto de espaços livres;
Reduzir distancia;
Reforçar mutumente os sistemas de actividades;
Incluir nos parques os equipamentos sociais de cada sector (centros
docentes, normalmente incorporan gran superfice de espaco livre,
casa de terceira idade, guarderias, etc);

Planear a distribuição do parque deportivo em sectores, diferentes


pistas deportivas com a sua própria denominação.

Esquema gerador indicativo

Parques e parques deportivos:

parques:
Estabelecer uma superfície em base a:
2
5m x habitante previsto em o sector correspondente
dependera na superfície delimitada por as avenidas e a
densidade asignada na área especificada

parques desportivos:
Estabelecer uma superfície em base a:

Modulo minimo de reserva x moradias previstas no sector


correspondente
6m2 x moradia em secotres entre 250 e 1.000 moradias
8m2 x moradis em sectores mas de 1.000 moradias

Praças
Articular cada sector por meio de um conjunto de praças e pracetas
arborizadas ditribuidas uniformemente em áreas próximas as moradias.

Distribuir superfície do solo destinado em cada sector a jardim – áreas


peônias – áreas de jogo e recreio.

103
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

A diversidade é boa tanto para acessibilidade a os espaços públicos


como identificação do lugar.

Sumário
Nesta Unidade Temática 6.1. Discutimos basicamente Parques, jardins
e área de ócio, concentração de parques em áreas residências,
distribuição de espaços livres e integração as dotações de parques
desportivos com o sector do parque correspondente.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as


quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. Os parques e jardins são espaços públicos com especificidades
próprias. ( )
2. A acessibilidade de um parque alargado se reduz si se considerar que
esta composto por uma serie de actividades ( )
3. Curva comunicados são menos rígido, permite responder as situações
topográficas e unifica sistemas ( )
4. O planeamento físico permite ordenar, organizar, estabelecer
normas, requalificar, conceber novos espaços funcionais. ( )

5. O meio natural bruto foi sempre hostil e inadequado à vida do


homem. ( )
Respostas‫׃‬
1. ( V )
2. ( V )
3. ( V )
4. ( V )
5. ( V)

Exercícios de AVALIAÇÃO

Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correta e


risque a letra correspondente
1. Ao concentrar os parques em áreas residências toma se em conta
seguintes regras…
A. Estruturar áreas residenciais em sectores com boa disposição a
térreos aptos para formar parques;

104
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

B. Emprazamento central com máxima acessibilidade global a o


sistema geral sim criar grandes vazios na textura urbana;
C. Se opta por pequenos parques pertos da população a grandes
extensões de parques afastados da maior parte da população.
D. Todos estão certos.

2. Fazem parte de Esquemas de Ordenação, emprazamento de


espaços livres gerais…
A. Excêntrico, perimetral
B. Central, sectorial lineal
C. Sectorial central, curva comunicados
D. Todos estao certos

3. Distribuição de espaços livres deve…


A. Assegurar equilibro entre acessibilidade e consistência dimensional
B. Deve ter a capacidade de acolher diversos conjuntos de atividades
recreativas
C. A opção A e B estão certos

D. Todos estão errados.

4. As vantagens de esquemas circulares são :


A. Não permite uma análise eficiente quando se quer dados
específicos
B. Max superfície e mínimo perímetro
C. Não se obtém uma análise relativamente eficaz, quando se tem os
dados muito próximos.
D. Permite uma análise eficiente

5. Difine-se como praça.


A. Qualquer espaço público urbano livre de edificações e que propicie
convivência e/ou recreação para seus usuários
B. Local de venda ou mercado
C. Locais históricos
D. Locais turísticos
Respostas
1. ( D)
2. (D )
3. ( C )
4. ( B )
5. ( A)

105
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

UNIDADE Temática 6.2. Estrada e zona de estacionamento

Introdução
A promoção da acessibilidade constitui um elemento fundamental na
qualidade de vida das pessoas, sendo um meio imprescindível para o
exercício dos direitos que são conferidos a qualquer membro de uma
sociedade democrática, contribuindo decisivamente para um maior
reforço dos laços sociais, para uma maior participação cívica de todos
aqueles que a integram e, conseqüentemente, para um crescente
aprofundamento da solidariedade no Estado social de direito.

Do conjunto das pessoas com necessidades especiais fazem parte


pessoas com mobilidade condicionada, isto e, pessoas em cadeiras de
rodas, pessoas incapazes de andar ou que não conseguem percorrer
grandes distancias, pessoas com dificuldades sensoriais, tais como as
pessoas cegas ou surdas, e ainda aquelas que, em virtude do seu
percurso de vida, se apresentam transitoriamente condicionadas, como
as grávidas, as crianças e os idosos.

 Promover implantações de tipologias para certas fachadas exteriores.


 Limitar máxima profundidade de tipologia em fila.

Objectivos  Implantar tipologia residenciais de baixa altura.


específicos  Favorecer áreas protegidas por vegetação ou cobertura.

Estradas de acesso

Dividir cada sector num polígono de execução mediante estradas de


acesso.

Projectar estradas de acesso para uma velocidade máxima de 30 km/h.

Comunicar estradas de acesso entre si com encontros em forma de T


o bifurcações.
 minimizar perspectivas axiais
 minimizar pontos de conflitos
 induzir circulação lenta de veículos

Estradas residenciais
Articular cada polígono de execução por meio de uma rede de
estradas residenciais
 dificultem o passo de trafego
 tenham em conta as alienações propostas para os edifícios no
sector.

106
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Estabelecer densidades e emprazamento das estradas residenciais em


função das dimensões desejadas para os blocos e parcelas.
Estabelecer a profundidade dos blocos tendo em conta:
 prédios perimetrais;
 previsão de espaços livres privados;
 em função de soleamento previsto para cada uso;
 orientação solar;
 altura dos prédios

Estabelecer a longitude de blocos


 em função da permeabilidade desejada;
 tratar de reduzir longitude a ser menor de 150m ;
 reduzir obstáculos a circulação de peones e veículos

Rede viária-estrada

Imagem 1. Ilustra os tipos de redes viárias. Fonte: autor

Estacionamento de veículos

107
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Integrar nas avenidas e estradas o maior número de espaços de


encostamento

Distribuir uniformemente as cargas de veículos gerando áreas de


encostamento perto de portões e acesso a parques e equipamentos e
áreas de concentrações da população permitindo zona de manobra
dentro da superfície da via com a idéia de reduzir superfícies
pavimentadas.

Espaços para estacionamento de viaturas

O número de lugares reservados para veículos em que um dos


ocupantes seja uma pessoa com mobilidade condicionada deve ser pelo
menos de:
1) Um lugar em espaços de estacionamento com uma lotação não
superior a 10 lugares;
2) Dois lugares em espaços de estacionamento com uma lotação
compreendida entre 11 e 25 lugares;
3) Três lugares em espaços de estacionamento com uma lotação
compreendida entre 26 e 100 lugares;
4) Quatro lugares em espaços de estacionamento com uma lotação
compreendida entre 101 e 500 lugares;
5) Um lugar por cada 100 lugares em espaços de estacionamento com
uma lotação superior a 500 lugares.

Os lugares de estacionamento reservados devem:


1) Ter uma largura útil não inferior a 2,5 m;
2) Possuir uma faixa de acesso lateral com uma largura útil não inferior
a 1 m;
3) Ter um comprimento útil não inferior a 5 m;
4) Estar localizados ao longo do percurso acessível mais curto ate a
entrada/saida do espaço de estacionamento ou do equipamento que
servem;
5) Se existir mais de um local de entrada/saida no espaço de
estacionamento, estar dispersos e localizados perto dos referidos
locais;
6) Ter os seus limites demarcados por linhas pintadas no piso em cor
contrastante com a da restante superfície;
7) Ser reservados por um sinal horizontal com o símbolo internacional
de acessibilidade, pintado no piso em cor contrastante com a da
restante superfície e com uma dimensão não inferior a 1 m de lado, e
por um sinal vertical com o símbolo de acessibilidade,visivel mesmo
quando o veiculo se encontra estacionado.

Sumário
Nesta Unidade Temática 6.2. Estrada e zona de estacionamento
abordou-se basicamente de estradas
108
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

de acesso, estradas residenciais, estacionamento de veículos, espaços


para estacionamento de viaturas

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. A promoção da acessibilidade constitui um elemento fundamental
na qualidade de vida das pessoas. ( )
2. Das pessoas com necessidades especiais fazem parte pessoas com
mobilidade condicionada. ( )
3. Paragem é a imobilização de um veículo pelo tempo estritamente
necessário, para a entrada ou saída de passageiros. ( )
4. Considera-se estacionamento a imobilização de um veículo que não
constitua paragem e que não seja motivada por circunstâncias
próprias da circulação. ( )
Respostas‫׃‬
1. (V )
2. ( V )
3. ( V )
4. (V )

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correta e
risque a letra correspondente.
1. O número de lugares reservados para veículos em que um dos
ocupantes seja uma pessoa com mobilidade condicionada deve ser
pelo menos de:
A. Um lugar em espaços de estacionamento com uma lotação não
superior a 10 lugares;
B. Dois lugares em espaços de estacionamento com uma lotação
compreendida entre 11 e 25 lugares;
C. Três lugares em espaços de estacionamento com uma lotação
compreendida entre 26 e 100 lugares;
D. Todos estão certos

2. Os lugares de estacionamento reservados devem…


A. Ter uma largura útil não inferior a 2,5 m;
B. Possuir uma faixa de acesso lateral com uma largura útil não
inferior a 1 m;

109
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

C. Ter um comprimento útil não inferior a 5 m;


D. Todos estão certos

3. Para estabelecer a profundidade dos blocos deve se ter em conta:


A. prédios perimetrais; orientação solar;
B. previsão de espaços livres privados; altura dos prédios
C. Em função de soleamento previsto para cada uso;
D. Todos estão certos

4. Para se estabelecer a longitude de blocos deve se ter em conta


A. Em função da permeabilidade desejada;
B. tratar de reduzir longitude a ser menor de 150m ;
C. reduzir obstáculos a circulação de peones e veículos
D. Todos estão certos
Respostas
1. ( D) 2. (D)
2. ( D ) 4. ( D )

TEMA – VII: ORDENAÇÃO DOS ESPAÇOS PRIVADOS


UNIDADE Temática 7.1. Condições e configurações de parcelas.
UNIDADE Temática 7.2. Tipologias de edificações.
UNIDADE Temática 7.3. Alinhamento e composicão de fachada.
UNIDADE Temática 7.1. Condições e configurações de parcelas.
Introdução
Para a implantação de qualquer tipo de obra, seja habitacional,
industrial e mesmo centros comerciais requer-se um determinado
espaço que compõem-se por blocos com dois ou três fiadas de tipos de
moradia e, em base a tipologia que quer implementar, deve ter em
conta a profundidade máxima em relação as delimitações e tamanho
das parcelas.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Definir a configuração das parcelas composta em U ou L.


 Limitar máxima profundidade de tipologia em relação as delimitações e
tamanho das parcelas.
Objectivos
específicos  Definir o tipo de objecto a implantar num determinado espaço.

Tipos de blocos que compõem a textura urbana e densidades


consideradas.

Tipos de blocos em relação a parcela

110
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Três primeiros mostram maior ligação as condicionantes da parcela e as


suas alienações como o máximo fundo.

Figura 1.Tipos de blocos em relação a parcela (Fonte: autor)

Composição dos blocos


Compõem os blocos com dois ou três fiadas de tipos de moradia e, em
base a tipologia que quer implementar, deve ter em conta a
profundidade máxima em relação as delimitações e tamanho das
parcelas.

30m: duas parcelas uni-familiares com pátio interior.


37m: duas parcelas uni-familiares com pátio e garagem comunitário em
fila interior.
45m: duas parcelas uni-familiares com pátio e garagem comunitário em
bateria interior.
50m: duas parcelas uni-familiares com pátio e jardim.
60m: duas parcelas uni-familiares com garagem e cave no interior, ou
duas parcelas pluri-familiares com garagem no subterrâneo.

Fraqueza de polígonos de blocos isolados :

111
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Falta de tipologias de usos mistos, locais de negócios, concentração de


actividades em prédio de uso especifico segregado.
Concentração em centros cívicos, grandes equipamentos e prédios de
escritórios.

Sumário
Nesta Unidade Temática 7.1 Condições e configurações de parcelas,
discutimos basicamente Tipos de blocos em relação a parcela
Composição dos blocos.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. Duas parcelas uni-familiares com pátio interior tem de medir 30m.()
2. Duas parcelas uni-familiares com pátio e garagem comunitário em
fila interior mede 37m.( );
3. Duas parcelas uni-familiares com pátio e garagem comunitário em
bateria interior é de 45m.( )
4. Duas parcelas uni-familiares com pátio e jardim mede 50 m.( )
5. Duas parcelas uni-familiares com garagem e cave no interior, ou
duas parcelas pluri-familiares com garagem no subterrâneo 60m. ( )
Respostas‫׃‬
1. ( V )
2. ( V )
3. ( V )
4. ( V )
5. ( V )

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correta e risque
a letra correspondente.
1. A configuração das parcelas é composta em…
A. K
B. V
C. U e L
D. Z

2. Os tipos de blocos em relação as parcelas são …


A. Irregulares;
B. Com parcela lateral;
C. Com uma parcela;
D. Com parcela Americana.

3. Duas parcelas uni-familiares com pátio interior medem…

112
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

A. 20m
B. 30m
C. 45m
D. 50m

4. Duas parcelas uni-familiares com pátio e garagem comunitário em


fila interior medem...
A. 37m;
B. 35m;
C. 32m;
D. 31m.

5. Duas parcelas uni-familiares com pátio e jardim medem…


A. 50 m;
B. 40m;
C. 30m;
D. 20m.
Respostas
1. ( C )
2. ( C )
3. ( B )
4. ( A )
5. ( A )

UNIDADE Temática 7.2. Tipologias de edificações.

Introdução

Tipologia é uma maneira de descrever um conjunto de fenômenos


distinguindo-os em tipos, de acordo com suas características. A escolha
dessas características define a tipologia, isto é, a lógica de relação entre
os tipos, sempre multifacetada e não hierárquica, ainda que as facetas
possam ter diferentes níveis de generalidade ou especificidade.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Descrever e caracterizar diferentes tipos de espaços cotidianos.


 Caracterizar os tipos de parcelamentos.

Objectivos
específicos

Conjuntos

113
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

O grupo dos conjuntos inclui as situações em que uma instância única


planeador, equipe técnica, empreendedor define arruamento,
parcelamento, espaços e equipamentos públicos ou coletivos e
edificações, numa única operação ou em operações conjugadas. O
empreendimento assim planeado define, por si só, um ambiente
urbano, uma vizinhança ou, enfim, um espaço cotidiano. Portanto,
trata-se de um espaço que não resulta de um processo histórico ou
orgânico de produção, mas de deliberações feitas principalmente no
momento do planeamento com o pressuposto de que, uma vez
construído, o empreendimento estará ‘pronto’ e não precisará ser
modificado. Há características comuns aos três tipos deste grupo, assim
como características típicas de cada um deles.

Parcelamentos tendem a ser:


 De parcelas e arruamentos geometricamente homogêneos;
 Diversificados, pois ocupados por edificações e usos variados;
 Diretamente pressionados pela dinâmica imobiliária e por
transformações de usos;
 Ocupados por população de todas as faixas de renda;
 Produzidos heteronomamente pelo poder público ou pelo capital
privado;
 Ocupados sob todas as formas de produção (principalmente
heterónoma e autoprodução);
 De regularização complexa, cujos problemas variam desde o próprio
parcelamento até as edificações.

(1) Parcelamento de lotes pequenos (< 360m2)

 Moradores com renda baixa e média-baixa.


 Áreas periféricas, ambientes frágeis e de risco.
 Produzidos pelo poder público ou pelo capital privado.
 Uso familiar e comercial de pequeno porte.
 Uma ou mais edificações horizontais, autoproduzidas.
 Poucos espaços públicos além da rua.
 Arborização acanhada.
 Pouca fiscalização de parâmetros urbanísticos.
 Muita irregularidade de parcelamento e edificações
 Alta taxa de vacância de lotes

Mobilização para melhorias

114
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Figura 11: Conjuntos. Fonte: PDDI-RMBH, Produto 6, 2010.

(2) Parcelamento de lotes médios (360m2 a 1000m2)

 Moradores de todas as faixas de renda


 Ocorrem em todas as regiões e ambientes urbanos
 Produzidos pelo poder público ou pelo capital privado
 Usos e edificações heterogêneos e flexíveis
 Produção heterónoma e autoprodução
 Poucos espaços públicos além da rua
 Arborização depende dos moradores
 Mais irregularidades de edificações
 Muita pressão imobiliária com adensamento
 Pode haver altas taxas de vacância de lotes
 Mobilização centrada nos interesses particulares

Figura 12: Conjuntos. Fonte: PDDI-RMBH, Produto 6, 2010.

(2) Parcelamento de lotes grandes (>1000m2)

 Moradores com renda média-alta a alta.


 Boa localização, não sempre bem articulada.
 Produzidos pelo capital privado.
 Casas de final de semana, restrições para comércio.
 Produção heterônoma e autônoma.
 Áreas de lazer coletivas, fechadas ao público.
 Arborização mais generosa.
 Parâmetros urbanísticos restritivos.
 Irregularidade pouco relevante para políticas públicas.
 Vacância elevada.

115
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

 Mobilização ativa e bem articulada.

Figura 13: Conjuntos. Fonte: PDDI-RMBH, Produto 6, 2010

Parcelamentos
Este é o grupo mais comum na malha urbana da RMBH, com o maior
número de variações. Sua principal característica está no fato de a
estrutura urbana e as parcelas com suas respectivas edificações serem
decididos por instâncias diferentes e em tempos diferentes. A estrutura
urbana é fruto de um planeamento mais ou menos completo realizado
por técnicos e encomendado pelo poder público, por um loteador
privado ou até pelos próprios (futuros) moradores. Já a parcela é uma
porção da terra urbana sobre a qual o proprietário ou usuário dispõe
com certa autonomia. Dentro das limitações postas pela legislação mais
ou menos efetiva ou pela vizinhança, as edificações nas parcelas estão
a cargo de inúmeras iniciativas e decisões individuais, que se fazem ao
longo do tempo.

Essa lógica promove uma diversidade de proprietários, usos e


interesses e, ao mesmo tempo, significa certa inércia em relação a
novas ações planejadas pelo poder público e em relação à produção
capitalista do espaço. É mais difícil alterar parâmetros urbanísticos,
arruamentos ou espaços públicos em áreas parceladas do que em áreas
de expansão, pois as alterações na estrutura urbana implicam acordos
com muitos proprietários diferentes. A ocupação das parcelas, pelo
contrário, tem relativa flexibilidade, especialmente as de dimensões
médias (entre 360m2 e 1000m2): há mudanças de usuários e usos,
alteração e substituição das edificações e até alterações na morfologia
das parcelas, com subdivisão ou remembramento de lotes. Assim, as
parcelas absorvem, acomodam ou pelo menos amortecem mudanças
condicionadas pela dinâmica urbana mais amplas; o que se reflete em
preços de venda e aluguel, grau de ocupação ou vacância, construção
de barracos de fundos, novas instalações comerciais, reformas ou
degradação nas unidades etc. Enquanto isso, a estrutura urbana tende
a permanecer a mesmo por muito tempo, sem ampliação de ruas,
sistemas de água e esgoto, áreas públicas disponíveis etc. Os espaços
desse grupo, encontrados na RMBH, apresentam as características
gerais relacionadas na Figura 14

116
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Figura 14: Parcelamentos. Fonte: PDDI-RMBH, Produto 6, 2010.

Aglomerados

À diferença do grupo anterior de estruturas urbanas planeadas com


parcelas e edificações independentes, Aglomerados são situações em
que a estrutura urbana tem um grau de flexibilidade mais próximo ao
de suas parcelas, que em muitos casos não estão sequer formalizadas
como lotes. Isso inclui as cidades históricas, tanto quanto as ocupações
mais recentes que não tiveram planeamento técnico prévio. Assim, os
Aglomerados de todos os tipos se caracterizam menos ausência total de
planeamento e mais pelo planeamento aberto, coletivo e contínuo,
enquanto as diferenças entre seus tipos estão sobretudo no grau de
consolidação (Figura 15).

Na RMBH do século XX, pelo contrário, esse desenvolvimento paulatino


e sem planeamento centralizado ficou reservado aos pobres e exposto
a toda espécie de cataclisma, enquanto os recursos para a urbanização
se concentraram em instâncias que operam via planeamento
centralizado, tais como o poder público e o grande capital privado.
Embora muitas das ocupações informais já tenham se consolidados
como bairros de população de renda baixa e média, isso nem sempre
significou a eliminação de suas precariedades.

117
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Figura 15: Conjuntos. Fonte: PDDI-RMBH, Produto 6, 2010.

Moradias rurais
A relativa dispersão espacial das moradias rurais faz com que as
decisões de um indivíduo ou uma família acerca do espaço privado e
seu entorno imediato pouco ou nada afetem seus vizinhos. Por isso, as
compreendemos como situações em que uma instância única (a família
ou um grupo pequeno) produz o espaço ao longo do tempo. A forma
como se dá essa produção está diretamente vinculada à própria relação
entre a moradia e o trabalho, mais do que ao tamanho da unidade rural
em que a moradia está implantada. Nesse sentido, o grupo das
moradias rurais inclui, em princípio, três tipos (Figura 16). No entanto,
os dados acerca das moradias rurais que obtivemos em entrevistas,
oficinas participativas e pesquisas acadêmicas existentes são muito
mais escassos do que os dados acerca das moradias urbanas. Assim,
mais do que qualquer outra coisa, os apontamentos que seguem
indicam a necessidade de investigações mais sistemáticas sobre esse
tema, que é essencial a quaisquer políticas habitacionais
metropolitanas.

118
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Figura 16: Moradias rurais. Fonte: PDDI-RMBH, Produto 6, 2010

Sumário
Nesta Unidade Temática 7.2. Tipologias de edificações discutimos
basicamente, tipos de parcelamento, parcelamento de lotes pequenos,
parcelamento de lotes médios, parcelamento de lotes grandes,
glomerados e moradias rurais.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. Tipologia é uma maneira de descrever um conjunto de fenômenos
distinguindo-os em tipos, de acordo com suas características. ( )
2. O grupo dos conjuntos inclui as situações em que uma instância
única planeador, equipe técnica, empreendedor define
arruamento, parcelamento, espaços e equipamentos públicos. ( )
3. Parcelamentos tendem a ser de regularização complexa, cujos
problemas variam desde o próprio parcelamento até as
edificações. ( )

119
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

4. Parcelamentos tendem a ser não ocupados por população de


todas as faixas de renda; ( )

5. A relativa dispersão espacial das moradias rurais faz com que as


decisões de um indivíduo ou uma família acerca do espaço privado
e seu entorno imediato pouco ou nada afetem seus vizinhos. ( )
Respostas‫׃‬
1. ( V )
2. ( V )
3. ( V )
4. ( F )
5. (V )

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correta e
risque a letra correspondente.

1. Fazem parte de Parcelamentos os seguintres elementos:


A. De parcelas e arruamentos geometricamente homogêneos;
B. Diversificados, pois ocupados por edificações e usos variados;
C. Diretamente pressionados pela dinâmica imobiliária e por
transformações de usos;
D. Todos estão certos

2. Fazem parte de Parcelamento de lotes pequenos (< 360m2) os


seguintes intens:
A. Moradores com renda baixa e média-baixa.
B. Áreas periféricas, ambientes frágeis e de risco.
C. Produzidos pelo poder público ou pelo capital privado.
D. Todos estão certos

3. Fazem parte de Parcelamento de lotes grandes (>1000m2) os


seguintes intens
A. Moradores com renda média-alta a alta. Produzidos pelo capital
privado.
B. Boa localização, não sempre bem articulada.
C. Apção A, B estão certos
D. Nenhuma opção esta certa

4. A estrutura urbana é

120
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

A. Fruto de um planeamento mais ou menos completo realizado por


técnicos e encomendado pelo poder público, por um loteador
privado ou até pelos próprios (futuros) moradores.
B. conjunto das instalações dos processos individuais de produção
C. O aparecimento da cidade, Distritos e Localidades
D. O processo de transformação de algumas aldeias em cidades.

5. Parcela é
A. Uma porção da terra urbana sobre a qual o proprietário ou usuário
dispõe com certa autonomia
B. Divisão de cidades
C. Separação de Distritos
D. Divisão de uma quota, herança ou dote ou de bairro
Respostas
1. ( D )
2. ( D)
3. ( C)
4. (A )
5. (A )

UNIDADE Temática 7.3. Alinhamento e composicão de fachada

Introdução
Para alinhar e compor fachadas passa-se necessariamente por
promover implantações de tipologias para ter fachadas exteriores,
limitando máxima profundidade de tipologia em fila e fazendo coincidir
alturas e alienações de fachadas.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Formar superfície de assentos lisos e com inclinação para favorecer


drenagem.
 Formar plataformas horizontais para banco em térreos inclinados ou
Objectivos plataformas elevadas para bancos situados detrás de elementos que
específicos bloqueiam as vistas.
 Instalar mesas em parque e praças com assentos confortáveis para
desarrolhar jogos de mesa e poder comer.

121
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Para alinhar e compor fachadas passa-se necessariamente por


Promover implantações de tipologias para ter pelo menos duas
fachadas exteriores segundo as seguintes regras:

 Limitar máxima profundidade de tipologia em fila a 12m.


 Implantar tipologia residenciais de baixa altura (2 a 3 andares).
 Faz coincidir alturas e alienações de fachadas.
 Prever ruas mais amplas (3m) em áreas de aglomerações.
 Favoreces áreas protegidas por vegetação o cobertura.
 Favorecer acessibilidade nos espaços públicos e privados. (sem
barreiras).
 Situar contentores e instalações nas fachadas para facilitar acesso.

Diretrizes para Obras:

 Diferenciar espaço público do privado (sem a limitação da


visibilidade);
 Implantar muros protectores durante obras;
 Penalizar a permanência das falhas depois dar obras;
 Dispor de passos protegidos de 180x250 min. Em obras de
fachadas na beira de ruas.

Muitas das novas construções tem fachadas que não harmonizam com
o entorno devido a que não tem em conta as regras de composição,
material ou cores dominantes.

Instrumentos de regulamento urbano em composição de fachada:


Sólidos e vazios – complexidade compositiva

Imagem 1. Ilustra as novas construções que não há harmonização


(Fonte: autor)

122
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Imagem 2. Ilustra as novas construções que não há harmonização


(Fonte: autor)

Sumário
Nesta Unidade Temática 7.3. Alinhamento e composição de fachada
discutimos como promover implantações de tipologias para ter pelo
menos duas fachadas exteriores, limitação máxima profundidade de
tipologia em fila e diretrizes para obras

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. Promover implantações de tipologias para ter pelo menos duas
fachadas exteriores para o alinhamento e composição de fachada ().
2. Prever ruas mais amplas de 3m em áreas de aglomerações para o
alinhamento e composição de fachada ( )
3. Favoreces áreas protegidas por vegetação o cobertura para o
alinhamento e composição de fachada ( )
4. Favorecer acessibilidade nos espaços públicos e privados sem
barreiras para o alinhamento e composição de fachada ( )
5. Situar contentores e instalações nas fachadas para facilitar acesso
para o alinhamento e composição de fachada ( ).

Respostas‫׃‬
1. ( V )
2. ( V )
3. ( V )
4. ( V )
5. ( V )

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correta e
risque a letra correspondente.

1. As diretrizes para obras tem como objectivo…

123
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

A. Diferenciar espaço público do privado sem a limitação da


visibilidade;
B. Implantar muros protectores durante obras;
C. Penalizar a permanência das falhas depois dar obras.;
D. Todos estão certos.

2. As diretrizes para obras tem como objectivo…


A. Diferenciar espaço público do privado com a limitação da
visibilidade;
B. Não implantar muros protectores durante obras;
C. Penalizar a permanência das falhas antes de dar obras.;
D. Todos estão errados.

3. As diretrizes para obras tem como objectivo…


A. Diferenciar espaço público do privado com a limitação da
visibilidade;
B. Implantar muros protectores apos obras;
C. Penalizar a permanência das falhas depois dar obras.;
D. Todos estão certos.

4. As diretrizes para obras tem como objectivo…


A. Diferenciar espaço público do colectivo sem a limitação da
visibilidade;
B. Implantar muros protectores durante obras;
C. Não penalizar a permanência das falhas depois dar obras.;
D. Todos estão certos.

5. As diretrizes para obras tem como objectivo…


A. Diferenciar espaço público do privado sem a limitação da
visibilidade;
B. Implantar muros protectores depois as obras;
C. Penalizar a permanência das falhas durante dar obras.;
D. Todos estão certos.

Respostas
1. (D)
2. (D)
3. (C)
4. (B )
5. ( A)

124
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

TEMA – VIII: URBANIZAÇÃO E USO DE ESPAÇOS ABERTOS


UNIDADE Temática 8.1. Vegetação.
UNIDADE Temática 8.2. Iluminação.
UNIDADE Temática 8.3. Mobiliário urbano.
UNIDADE Temática 8.4. Elemento de informação e circulação.
UNIDADE Temática 8.1. Vegetação
Introdução
A urbanização rápida e a concentração de serviços, indústrias, renda e,
consequentemente, de pessoas tem transformado as cidades. Para
tentar suprir as necessidades básicas desse contingente humano, criam-
se áreas edificadas, sistemas de transporte e espaços livres que dão
suporte à infraestrutura básica e modelam o tecido urbano. Espaços
maioritariamente verdes, delimitados no tecido urbano, que formam a
estrutura ecológica urbana. As áreas verdes são áreas em que se
privilegiam a protecção de recursos naturais e a salvaguarda de valores
culturais, paisagísticos e urbanísticos, e o apoio ao recreio e lazer da
população.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Entender e prever as necessidades hídricas de cada espécie.
 Plantar em agrupações para gerar diferentes estratos nos parques e
jardins.

Objectivos  Prever e projectar sistemas de rego ecológicos e sistemas de controlar


específicos quantidade de rego.

A vegetação é de suma importância no âmbito do desenho urbano dado


a sua capacidade de qualificar um espaço textura, variação de volume e
cor. Escolher plantas em função do clima, solo, e disponibilidade de
água.

Evitar espécies que requerem fertilizantes.

Imagem 1. Ilustra o rio Chiveve- Beira (Fonte: autor)

125
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Utilizar vegetação para a consolidação de térreos com declive


pronunciado.

Utilizar grama resistente e com necessidades hídricas mínimas.

Asilvestrar o grama esparzindo semente de flora autóctone de variações


rasteiras.

Imagem 2. Ilustra da vegetação e grama (Fonte: autor)

Arbustos:

Utilizam-se como o nível intermédio entre os árvores e o grama para


introduzir massa e cor ao nível do olho, criar limites ou pantalhas,
proteger dos elementos climáticos como o frio ou vento.

Problemas são de extrema necessidades para fazer pantalha efectiva


(Seca ou morte de um rompe ou sistema).

Disposição em rotundas ou isletas reduz a visibilidade dos condutores e


os peatones.

Disposição de arbustos com um sobre crescimento das suas áreas


designadas invadem áreas funcionais (passeios e estradas).

Imagem 3. Ilustra disposição de arbustos com um sobre crescimento


nas áreas de passeios e estradas. (Fonte: autor)

126
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Arvores:

A plantação de árvores na cidade pode ser problemático dependendo


das características das espécies utilizadas e o seu emprazamento. As
árvores estão sujeitas a lesões e deformações, tanto no tronco, ramos
e raízes.

Imagem 4. Ilustra plantação das árvores nas cidades. (Fonte: autor)

Plantação em fila:

 Preparar secções de 2x1m com terra apta para a espécie bem


areada 15%

Plantação pontual:

 Área de 5m3 com uma profundidade de 1m mínimo.


 Assegurar drenagem inferior e cobertura vegetal ou permeável na
superfície.

Preparação para a plantação

Imagem 5. Ilustra a Introdução de grelhas ou tampas perfuradas


transitáveis com ocos centrais. (Fonte: autor)

127
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Imagem 6. Ilustra a protecção as bordas das áreas das árvores para não
ser invadidas por carros ou peões. (Fonte: autor)

Sumário
Nesta Unidade Temática 8.1. Vegetação abordou-se basicamente a
consolidação, asilvestramento, proteção de arbustos e plantação de
árvores.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. A vegetação é de suma importância no âmbito do desenho urbano
dado a sua capacidade de qualificar um espaço textura, variação de
volume e cor ( )
2. Asilvestrar o grama esparzindo semente de flora autóctone de
variações rasteiras. ( )
3. Proteger as bordas das áreas das árvores para não ser invadidas
por carros ou peões. ( )
4. Os arbustos utilizam-se como o nível intermédio entre as árvores e
o grama. ( )
5. Os arbustos são de extrema necessidades para fazer pantalha
efectiva. ( )
Respostas‫׃‬
1. ( V )
2. ( V )
3. ( V)
4. ( V )
5. ( V )

128
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correta e
risque a letra correspondente.

1. Preparação para a plantação deve se ter em conta…


A. Introduzir grelhas ou tampas perfuradas transitáveis com ocos
centrais ampliáveis para não interferir com o crescimento natural
da árvore.
B. Indução de grelhas ou tampas perfuradas transitáveis com ocos
centrais ampliáveis para não interferir com o crescimento natural
da árvore.
C. Tambores, tampas perfuradas transitáveis com ocos centrais
ampliáveis para não interferir com o crescimento natural da
árvore.
D. Todos estão certos

2. Os Espaços livre públicos…


A. Trazem inúmeros benefícios para a melhoria da habitabilidade
do ambiente urbano, entre eles a possibilidade do
acontecimento de práticas sociais, momentos de lazer, encontros
ao ar livre e manifestações de vida urbana.
B. Favorece o bem estar humano
C. Melhora condições sociopolíticas
D. Nenhuma opção está certa

3. As áreas verdes são consideradas um indicador na avaliação da


qualidade ambiental urbana e também obrigatórias por…
A. Governo
B. Lei
C. Ambientalista
D. Todas certas

4. A falta de arborização, pode trazer…


A. Avalia a qualidade ambiental da cidade;
B. Desconforto térmico e possíveis alterações no microclima;
C. Melhoria da qualidade de vida da população.
D. Todos estão certos

5. A falta de vegetação nas áreas traz consequências negativas para o


meio ambiente urbano como…
A. Alterações do clima local, enchentes, deslizamentos e falta de
áreas de lazer para a população
B. Falta de oxigenio, enchentes
C. Problemas ambientais

129
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

D. Desabamento das arvores e deslizamentos

Respostas

1. (A)
2. (A )
3. ( B)
4. ( B)
5. ( A)

UNIDADE Temática 8.2. Iluminação.

Introdução
A iluminação artificial de espaços abertos tem uma importância
fundamental para facilitar o seu uso. Os problemas surgem com a
deficiência ou inexistência de iluminação em espaços públicos, a
consequência e que os espaços tronam-se inseguros.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Interpretar o fluxo luminoso, intensidade luminosa, luminância,


iluminância, temperatura de cor;
 Indicar a importância do uso da iluminação artificial;
Objectivos
específicos  Interpretar índice de reprodução de cores e a curva de distribuição
luminosa.

Cada fonte artificial emite uma certa quantidade de luz, ou seja, uma
certa quantidade de ondas electromagnéticas, dentro do espectro para
nós visível. Para além destas, pode também emitir ondas em outros
comprimentos. Por exemplo, as lâmpadas incandescentes transformam
grande parte da energia, não em luz, mas em calor (radiação infra-
vermelha). Daí a sua baixa eficiência energética relativamente à
produção de luz.

Existem várias noções básicas de iluminação que têm que ser


compreendidas antes da abordagem a um planeamento de iluminação
pública, sendo estas, o fluxo luminoso, intensidade luminosa,
luminância, iluminância, temperatura de cor, índice de reprodução de
cores e a curva de distribuição luminosa.

130
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Iluminação tradicional: Luz incandescente torna cálida versus


fluorescente fria com distorção cromática.

Uso de prédios para suportar iluminação e fios para proporcionando


iluminação uniforme e continua, versus focos de iluminação
pontual/concentrada prioridade a estrada. Ultrapassam altura das
copas das árvores e iluminam dentro das janelas de prédios próximos.
Uma característica comum da iluminação artificial e que não
varia/gradua em função do tempo, espaço e uso.

Autopista e autovias iluminadas incluso sem trafego.

Uniformidade de iluminação indiferente da zona/ interseções /pontos


conflito. (passos de peões e cruzamentos)
Insuficiência de iluminação em passeios e áreas peônias perto da
estrada.

Sumário
Nesta Unidade Temática 8.2. Discutimos basicamente sobre a
iluminação onde destacamos os elementos da iluminação tradicional

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. A iluminação artificial de espaços abertos tem uma importância
fundamental para controlar o seu uso. ( )
2. Os problemas nos espaços públicos surgem com a deficiência de
iluminação.( )
3. Os problemas nos espaços públicos surgem com a inexistência de
iluminação. ( )
4. Com os problemas de iluminação, os espaços públicos, tronam-se
seguros. ( )
5. A iluminação artificial de espaços abertos tem uma importância
fundamental para dificultar o seu uso. ( )
Respostas‫׃‬
1. ( F )
2. ( V )
3. ( V )
4. ( F )
5. ( F )

131
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correta e
risque a letra correspondente.
1. Cada fonte artificial emite uma certa quantidade de luz, para além
destas, pode também emitir ondas em outros comprimentos
como…
A. as lâmpadas incandescentes;
B. as lâmpadas fluorescentes;
C. radiação;
D. baixa eficiência energética relativamente à produção de luz.

2. Existem várias noções básicas de iluminação que são …


A. fluxo luminoso;
B. intensidade não luminosa;
C. Luz não luminoso;
D. Todos estão errados.

3. Antes da abordagem a um planeamento de iluminação pública


temos….
A. temperatura;
B. índice de reprodução de cores;
C. recta de distribuição luminosa;
D. fluxo não luminoso.

4. Conceptualizar uma luz duradoira é ter em conta inúmeros


princípios fundamentais que deverão estar presentes e ter
aplicabilidade na fase de elaboração do projecto de iluminação, tais,
como…
A. Utilizar a iluminação existente ou não actualizá-la;
B. Resistência ao vandalismo e outras agressões exteriores;
C. Aumentar os níveis de iluminação procurados e as durações de
serviço;
D. utilizar fontes de alto consumo e energias renováveis.

5. Conceptualizar uma luz duradoira é ter em conta inúmeros


princípios fundamentais que deverão estar presentes e ter
aplicabilidade na fase de elaboração do projecto de iluminação,
tais, como…
A. Evitar não prejudicar as espécies animais;
B. Evitar não prejudicar as espécies vegetais;
C. Restringir a poluição luminosa;
D. Restringir a poluição iluminosa

132
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Respostas
1. ( A )
2. ( A )
3. ( B )
4. ( B )
5. ( C )

UNIDADE Temática 8.3. Mobiliário urbano.

Introdução
Para se considerar acessível, o mobiliário urbano deve proporcionar ao
usuário segurança e autonomia de uso, assegurar dimensão e espaço
apropriado para aproximação, alcance, manipulação e uso, postura e
mobilidade do usuário, ser projetado de modo a não se constituir em
obstáculo suspenso, ser projetado de modo a não possuir cantos vivos,
arestas ou quaisquer outras saliências cortantes ou perfurantes, estar
localizado junto a uma rota acessível, estar localizado fora da faixa livre
para circulação de pedestre e ser sinalizado.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Formar superfície de assentos lisos e com inclinação para favorecer


drenagem.
 Formar plataformas horizontais para banco em térreos inclinados ou
Objectivos plataformas elevadas para bancos situados detrás de elementos que
específicos bloqueiam as vistas.
 Instalar mesas em parque e praças com assentos confortáveis para
desarrolhar jogos de mesa e poder comer.

Dentro da secção considera-se mobiliário urbano o seguinte:


Assentos, mesas, cubos de lixo, fontes de beber, jardineiras, barreiras e
suporte para bicicletas, corrimãos exteriores, aparatos de jogo, fontes
ornamentais, estatuas e monumentos, cabinas telefônicas, caixas
postais, armários de instalações, postes de instalações, contendedores
e cubos.

Cada grupo de elementos analisa-se em função do emprazamento,


desenho, execução, manutenção e uso.

133
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Assentos e mesas:
Condicionam o limite de tempo de permanência nos espaços abertos. A
falta dos mesmos torna-se mais agravado se não se prever em áreas de
espera como paragens de chapa ou machibombo.

Contemplar a melhor configuração para estimular relações sociais.

Gerar máxima versatilidade.

Conforto (ergonômico e térmico).


Manutenção (vandalismo, exposição aos elementos).

Permitir em espaços controlados cadeiras individuais.

Admitir o 25% de dotações de bancos que formem parte anexa aos


prédios, muros o bordes horizontais com altura entre 45 a 50cm e
largura superior a 50cm.

Permitir em espaços livres no perímetro de assentos fixos para manobra


e estacionamento de cadeiras de rodas.

Construir assentos sólidos com materiais neutros, de pouca inércia


térmica.

Formar superfície de assentos lisos e com inclinação para favorecer


drenagem.

Formar plataformas horizontais para banco em térreos inclinados ou


plataformas elevadas para bancos situados detrás de elementos que
bloqueiam as vistas.

Instalar mesas em parque e praças com assentos confortáveis para


desarrolhar jogos de mesa e poder comer.

134
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Imagem 1. Ilustra os assentos e mesas em locais públicos. (Fonte: autor)

Cubos de lixo

Principal problema e na irregularidade de sua distribuição (mais densa


em sectores centrais que nos subúrbios.

A escassez de cubos de lixo torna-se mais evidente em espaços públicos


situados diante de estabelecimentos que despacham artículos de
consumo rápido.

Situação de cubos de lixo em lugares onde se concentre circulação de


peões, como embocaduras de passeios, portões de parques, áreas de
espera (paragens de machibombo e chapa), portões de equipamentos
ou lugares recreativos, áreas onde se produz consumo de alimentos ou
bebidas.

Colocar cubos em cores vivos anexado a prédios com volumes únicos


do chão ate encima, com boca acessíveis a maiores e crianças.

Fontes de beber:

O principal problema e a inexistência em espaços estacionais. Limita o


conforto do usuário do espaço.

O emprazamento normalmente localiza estes elementos fora dos


passeios principais ou em áreas de atividade. Segregando a espaços
específicos de difícil acesso ou afastados de itinerários de passo.

Difícil manutenção tanto na drenagem como no abastecimento


(mecanismo da torneira e perdas de água).

Localizar fontes anexas a elementos principais dentro do itinerário de


actividades mais fora do entorpecimento do passeio, sendo acessível
para crianças e cadeiras de rodas de materiais sólidos, resistentes e
inoxidáveis.

135
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Sumário
Nesta Unidade Temática 8.3. Discutimos basicamente sobre algum
elementos que diz respeito a Mobiliário urbano, Assentos e mesas e
Cubos de lixo

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. Para se considerar acessível, o mobiliário urbano deve proporcionar
ao usuário segurança e autonomia de uso. ( )
2. Para se considerar acessível, o mobiliário urbano deve assegurar
dimensão e espaço apropriado para aproximação, alcance,
manipulação e uso. ( )
3. Para se considerar acessível, o mobiliário urbano não deve ter
postura e mobilidade do usuário. ( )
4. Para se considerar acessível, o mobiliário urbano deve ser projetado
de modo a não se constituir em obstáculo suspenso. ( )
5. Para se considerar acessível, o mobiliário urbano deve ser projetado
de modo a não possuir cantos vivos. ( )

Respostas‫׃‬
1. ( V )
2. ( V )
3. ( F )
4. ( V )
5. ( V )

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correta e
risque a letra correspondente.

1. Dentro da secção considera-se mobiliário urbano o seguinte…


A. Assentos dos condomineos;
B. Mesas dos condomineos;
C. cubos de lixo dos condomineos;
D. fontes de beber.
2. Dentro da secção não considera-se mobiliário urbano o
seguinte…
A. Jardineiras;
B. barreiras e suporte para bicicletas;

136
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

C. corrimãos exteriores;
D. Camas dos condomineos.
3. Dentro da secção considera-se mobiliário urbano e suburbano
o seguinte…
A. fontes ornamentais das casas habitacionais;
B. estatuas e monumentos das casas habitacionais;
C. telefônes das casas habitacionais,
D. caixas postais,
4. Faz parte de mobiliario urbano o seguinte….
A. armários de instalações habitacionais;
B. postes de instalações habitacionais;
C. contentores e cubos habitacionais;
D. armários de instalações.
5. Só é permitido cubos de lixo em locais como…
A. Onde se concentre circulação de peões;
B. Como embocaduras de estradas;
C. Fora de portões de parques;
D. Fora das paragens de machibombo e chapa.

Respostas

1. ( D )

2. (D)
3. (D)
4. (D)
5. (A)

UNIDADE Temática 8.4. Elemento de informação e circulação.

Introdução
As informações devem ser completas, precisas e claras. Devem ser
dispostas segundo o critério de transmissão e o princípio dos dois
sentidos. A circulação pode ser horizontal e vertical. A circulação
vertical pode ser realizada por escadas, rampas ou equipamentos
eletromecânicos e é considerada acessível quando atender no mínimo
a duas formas de deslocamento vertical.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Conceituar os elementos de informação e circulação;


 Identificar os elementos de informação e circulação.

Objectivos

137
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

específicos

Transmissão
As informações podem ser transmitidas por meios de sinalizações
visuais, táteis e sonoras

Princípio dos dois sentidos


A informação deve ocorrer através do uso de no mínimo dois sentidos
visual e tátil ou visual e sonoro.

O principal problema com estas instalações que faz com que se tornasse
escasso em zonas onde são mais precisada e seu entorpecimento das
áreas circulatórias é a falta de manutenção, acessibilidade, sinalização
e emprazamento.

Imagem 1. Ilustra elementos de informação (Fonte: autor)

Elementos de separação e proteção


Estes são utilizados para distinguir zonas de peões a zonas rodadas ou
impedir o trânsito em certas áreas.

São causa de problemas quando causam perturbações aos itinerários


peônias (Com especial condicionante aos cegos).

Sumário
Nesta Unidade Temática 8.4. Discutimos basicamente aspectos
inerente a elemento de informação e circulação, cabinas telefônicas,
caixas postais, armários de instalações e elementos de separação e
proteção.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.

138
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

1. A circulação pode ser obliquo. ( )


2. A circulação pode ser vertical. ( )
3. A circulação não pode ser vertical. ( )
4. A informação pode ser sonora. ( )
5. A informação pode ser visual. ( )

Respostas‫׃‬
1. ( F )
2. ( V )
3. ( F )
4. ( V )
5. ( V )

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correta e
risque a letra correspondente.
1. As informações devem ser completas, precisas e claras, devem
ser dispostas segundo….
A. O critério de intransmissão;
B. O princípio dos dois sentidos;
C. A horizontalidade;
D. A verticalidade.

2. A circulação vertical pode ser realizada por…


A. Escadas;
B. passeios e/ou equipamentos mecânicos;
C. acesso quando atender no mínimo a uma forma de
deslocamento vertical;
D. acesso quando atender no mínimo a uma forma de
deslocamento horizontal.

3. As informações podem ser transmitidas por…


A. meios de sinalizações não visuais,
B. Táteis;
C. Sinalização horizontal;
D. Sinalização vertical

4. O principal problema que faz com que os elementos de


informacao e circulacao se tornasse escasso em zonas onde são
mais precisada e seu entorpecimento das áreas circulatórias é…
A. falta de manutenção;
B. Acessibilidade;
C. Sinalização;

139
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

D. emprazamento.

5. Elementos de separação e proteção são utilizados para…


A. distinguir zonas de peões a zonas rodadas;
B. distinguir zonas de peões;
C. distinguir zonas rodadas;
D. facilitar o trânsito em certas áreas.

Respostas

1. ( B )
2. ( A )

3. ( B )
4. ( A )
5. ( A )

TEMA – IX: SISTEMA DE PLANEAMENTO E INSTRUMENTOS NORMATIVO


UNIDADE Temática 9.1. Planos estratégicos e locais.
UNIDADE Temática 9.2. Plano director e estatuto de cidade.
UNIDADE Temática 9.1. Planos estratégicos e locais.
Introdução
Na história recente do planeamento urbano em geral observam-se
diferentes tentativas de compreensão e de ordenamento do espaço de
nossas cidades. Alternam-se conceitos, mecanismos, legislações e
prioridades. A mudança de enfoques sobre um mesmo problema,
sobretudo aquele que tanto preocupou a questão urbana nas décadas
recentes, é emblemática, indicando até mesmo uma mudança
referencial no modo de ver a cidade. Utopias urbanas agora parecem
dirigir-se não mais a uma urgente equidade na apropriação daquilo que
a cidade tem a oferecer e daquilo que constitui o mínimo para aí se
habitar, dirigem-se também, sem ignorar os objetivos anteriores, para
tentativas de agregar aspectos naturais em um espaço que sempre se
caracterizou pela desconstrução da natureza.

As questões físico-territoriais, econômicas, financeiras, políticas, socio-


ambientais e de gestão têm constantemente desafiado os municípios,
requerendo um avanço nas técnicas de planeamento até então
desenvolvidas pelo governo local.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Demarcar adequadamente o papel do Plano Diretor como instrumento de


planeamento e norteador da política de desenvolvimento e expansão
urbana.

140
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Objectivos  Avaliar a implementação dos instrumentos de regulamentação


específicos urbanística e ordenamento territorial.
 Construir cidades com uma qualidade urbana para todos, evitando a
formação de assentamentos irregulares e informais.
 Propor formas de actuação municipal diferenciadas e com maiores
chances de adequabilidade.
O plano director municipal (PDM) e o planeamento estratégico
municipal (PEM) são instrumentos de planeamento e gestão de
municípios, considerados, actualmente, de importância inquestionável.
A realização de tais instrumentos deve mesmo ser compatibilizada com
regulamentos de ordem superior, tais como a própria Constituição, a
Lei de Responsabilidade Fiscal e o Estatuto da Cidade. No caso do PDM,
o Estatuto da Cidade (2001) impõe não apenas o que se deve buscar
com esse instrumento, mas avança inclusive para determinações de
ordem metodológica e operacional.

Para o caso do Plano Estratégico Municipal, há uma maior liberdade na


sua elaboração, permitindo aos técnicos elaboradores e seus munícipes
propor formas de atuação municipal diferenciadas e com maiores
chances de adequabilidade. Conciliar as potencialidades de diagnóstico,
de participação popular, de envolvimento dos diversos agentes sociais
e de liberdade propositiva é um dos ganhos maiores ao se combinar os
princípios de cada uma das duas tipologias de plano.

A prática do planeamento nos municípios visa corrigir distorções


administrativas, facilitar a gestão municipal, alterar condições
indesejáveis para a comunidade local, remover empecilhos
institucionais e assegurar a viabilização de propostas estratégicas,
objetivos a serem atingidos e ações a serem trabalhadas. O
planeamento é, de facto, uma das funções clássicas da administração
científica indispensável ao gestor municipal. Planear a cidade é
essencial, é o ponto de partida para uma gestão municipal efectiva
diante da máquina pública, onde a qualidade do planeamento ditará os
rumos para uma boa ou má gestão, com reflexos diretos no bem-estar
dos munícipes (Andrade et al., 2005).

A despeito das mudanças impostas pelo Estatuto da Cidade, que vê o


PDM como um instrumento de ordenamento das relações sociais sobre
o espaço de todo o território de um município, este ainda é, na prática,
elaborado a partir de uma visão reducionista e mais direcionado para o
planeamento físico-territorial. O PEM, por sua vez, tradicionalmente
não trabalha essas questões, mesmo porque seu objetivo de resultados
é pensado em um período mais curto
141
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

de tempo, com impactos mais a curto prazo. Porém, ambos devem ter
caráter integral e integrado, abordando múltiplas questões na área
urbana e na área rural, com todas as dimensões compatibilizadas entre
si, produzindo e com uma abordagem equilibrada entre elas.

Se, por um lado, o suporte legal sobre o qual o PDM é elaborado pode
gerar generalizações entre realidades diferentes, por outro, pode
também garantir maiores chances de implementação. A partir de
determinações da Constituição Federal (1988) que já atribuem
importância e obrigatoriedade ao plano diretor, observam-se avanços,
se não na implementação de todas as suas diretrizes, no arcabouço legal
capaz de garantir um referencial importante para o caso de defesa de
interesses da sociedade.

Sumário
Nesta Unidade Temática 9.1. Discutimos basicamente sobre os Planos
estratégicos e locais e a prática do planeamento nos municípios

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. Utopias urbanas agora parecem dirigir-se não mais a uma urgente
equidade na apropriação daquilo que a cidade tem a oferecer
2. As questões físico-territoriais, econômicas, financeiras, políticas,
socio-ambientais e de gestão têm constantemente desafiado os
municípios, ( )
3. A realização de tais instrumentos deve mesmo ser
compatibilizada com regulamentos de ordem superior e do
estado ( )
4. Planear a cidade é essencial, é o ponto de partida para uma
gestão municipal efectiva diante da máquina pública. ( )
5. A partir de determinações da Constituição Federal (1988) que já
atribuem importância e obrigatoriedade ao plano diretor. ( )

Respostas‫׃‬
1. ( V )
2. ( V )
3. (F )
4. ( V)
5. ( V)

142
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correta e
risque a letra correspondente.
1. O plano director municipal (PDM) e o planeamento estratégico
municipal (PEM) são…
A. Instrumentos de planeamento e gestão de municípios
B. Instrumentos de planeamento e gestão do governo
C. Instrumentos de planeamento e gestão de localidade
D. Instrumentos de planeamento e gestão de cidades

2. A prática do planeamento nos municípios visa…


A. Contradizer as distorções administrativas, facilitar a gestão
municipal, alterar condições indesejáveis para a comunidade
local
B. Corrigir distorções administrativas, facilitar a gestão municipal,
alterar condições indesejáveis para a comunidade local,
C. Facilitar a gestão municipal, alterar condições indesejáveis para
a comunidade local
D. Auxiliar a administração , facilitando a gestão municipal, alterar
condições indesejáveis para a comunidade local

3. O planeamento é, de facto…
A. Uma das funções clássicas da administração científica
indispensável ao gestor municipal.
B. Uma das Funções ao gestor municipal
C. Uma das Funções o vereador municipal
D. Uma das Funções tradicionais da administração científica
indispensável ao gestor municipal

Respostas

1. (A )
2. (B )

3. (A )

UNIDADE Temática 9.2. Plano director e estatuto de cidade

Introdução
O Plano Diretor pode ser definido como um conjunto de preceitos e
regras orientadoras da ação dos diversos agentes que além de

143
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

construírem também utilizam o espaço urbano. Ele faz parte da leitura


da cidade real, envolvendo tanto questões relativas aos aspectos
urbanos quanto aos aspetos sociais, econômicos e ambientais. A
finalidade do Plano Diretor não é somente resolver os problemas da
cidade, mas também a de ser um instrumento com definições de
estratégias para futuras intervenções, sendo estas a curto, médio e
longo prazos, e servindo também como base para uma gestão
democrática da cidade.
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Demarcar adequadamente o papel do Plano Diretor como instrumento de


planeamento e norteador da política de desenvolvimento e expansão
urbana.
Objectivos  Avaliar a implementação dos instrumentos de regulamentação
específicos urbanística e ordenamento territorial.
 Construir cidades com uma qualidade urbana para todos, evitando a
formação de assentamentos irregulares e informais.
 Propor formas de actuação municipal diferenciadas e com maiores
chances de adequabilidade.

Plano Director
O Plano Diretor é uma lei municipal a ser elaborada com a participação
de toda a sociedade, por isso leva a denominação de Plano Diretor
Participativo. Tem como função principal a organização do crescimento
do município, planejando também o futuro de toda a cidade. O Plano
engloba tanto as áreas urbanas como as rurais, definindo diretrizes a
serem seguidas por cada uma das partes do município.

O Estatuto tem como principal instrumento o Plano Director e diz como


ele deverá ser aplicado em cada município, sendo um marco na
aplicação de normas e programas para garantir o foco da
sustentabilidade no desenvolvimento urbano e municipal. Segundo
consta no Estatuto, o Plano Diretor deve conter objetivos e estratégias
para os municípios, estabelecendo instrumentos para a implementação
destes.

O Estatuto estabelece também o conteúdo mínimo exigido para o Plano


Diretor; a determinação de como será o acompanhamento desse Plano
e o controle de sua aplicação; o caráter obrigatório para a formulação
do Plano para todos os municípios:

 Que possuam mais de 20 mil habitantes;


 Que sejam integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações
urbanas;

144
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

 Que integrem áreas de especial interesse turístico;


 Que estejam inseridos na área de influência de empreendimentos
ou atividades com significativo impacto ambiental de âmbito
regional ou nacional.

Além disso, os municípios que já possuem Plano Director há mais de 10


anos deverão revisá-los ou elaborá-los novamente.

O principal objetivo do Plano Diretor é estabelecer a função social da


propriedade, de forma a garantir à população o acesso à terra
urbanizada e regularizada, reconhecendo a todos o direito à moradia e
também aos serviços urbanos. Dessa forma não é apenas um
instrumento para o controle do uso do solo, mas um instrumento para
o desenvolvimento sustentável das cidades. Com isso, é indispensável
que certos espaços sejam assegurados para a provisão de moradias
sociais, atendendo à demanda da população de baixa renda, assim
como sejam garantidas boas condições para as micro e pequenas
empresas, pré-requisitos de valiosa importância para haver um
crescimento urbano equilibrado e para que a ocupação urbana se dê de
maneira regular em todo o território do município.

Uma componente importante do Plano Director para a organização


territorial se baseia na definição de princípios, diretrizes e metas. Isso
se torna importante para, além de reconhecer as aptidões dos
municípios, garantirem direitos aos cidadãos como direito à moradia e
à terra, e o direito à cidade.

De acordo com as diretrizes presentes no Estatuto da Cidade, os Planos


Directores devem obrigatoriamente contar com a participação da
população e de associações representativas dos vários segmentos
econômicos e sociais. Isso deve ocorrer não somente durante o
processo elaborativo, mas especialmente na implementação e na
gestão das disposições previstas nele. Dessa forma, o resultado
esperado vai além de um documento técnico, podendo ficar muitas
vezes longe dos reais conflitos da cidade. Ele passa a ser um documento
de expressão e contestação dos próprios cidadãos, com formas de
intervenção no território previstas por quem mais entende dele, por
quem vivencia diariamente aquele espaço, como um processo de
mudança e construção coletiva da cidade.

O planeamento dos municípios deve estar de acordo com o


desenvolvimento sustentável, não apenas ligado às questões
ambientais, mas também com o lado social, sabendo que normalmente
essas duas questões estão diretamente ligadas. Por isso deve-se
procurar gerar mais emprego e renda para a população, diminuindo as
desigualdades sociais e buscando

145
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

principalmente mudanças nos padrões de consumo, com um novo


modelo de gestão democrática do espaço urbano. As formas de
participação no Plano envolvem a equipe técnica, definida pelo
município, a consultoria externa, normalmente sendo uma empresa
contratada pela prefeitura, a população, nas formas de associações de
bairro, e o poder local, exercido pelo prefeito, vereadores e demais
autoridades. A participação deve se dar ao longo
do processo de elaboração do Plano, especificamente nas audiências
públicas específicas.

Etapa para a elaboração do Plano Director

Identificação da realidade municipal e urbana

O processo participativo para a elaboração do Plano Director deve se


dar pelo envolvimento de representantes dos diversos segmentos da
sociedade, como pede o Estatuto da Cidade. Deve ser realizado um
diagnóstico sociopolítico, buscando identificar os pontos de maior
conflito no município e averiguando quem são os detentores de
controlo e autonomia sobre determinado setor, assim como também
os grupos que estão excluídos desse processo, buscando incluí-los.

O diagnóstico sociopolítico é parte do processo participativo, buscando


a interpretação de como se dá a dinâmica do município entre os
diversos segmentos sociais, ou seja, a identificação das lideranças
populares e os grupos que possuem capacidade organizativa para maior
participação nas políticas e ações governamentais. Isto se mostra
importante, pois a administração municipal nem sempre consegue
representar todos esses segmentos integralmente, visto que cada
classe possui diferentes objetivos e interesses perante o município.

Definição da temática a ser desenvolvida


A visão da população sobre os problemas e potencialidades do
município, com sua exata localização, vem a ser um importante
orientador dos eixos de atuação do Plano Diretor. Durante sua
elaboração, devem ser organizadas diversas reuniões audiências
públicas nas mais diversas regiões e comunidades que agregam certo
número de moradores, para que todos expressem seus anseios,
procurando levantar dessa forma as questões que agradam e
desagradam a população.

Aprovação das propostas pela Câmara de Vereadores


A consolidação das propostas e a formatação do projeto de lei são feitas
pelo encaminhamento destes à Câmara Municipal. Quanto maior for a
participação do Poder Legislativo em todo o processo, maior será a
facilidade de aprovação do Plano,

146
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

resguardando todas as questões debatidas e pactuadas pela sociedade


durante a elaboração deste. O resultado, formalizado como Lei
Municipal, é a expressão do pacto firmado entre a sociedade e os
Poderes Executivo e Legislativo.

Estabelecimento de prazos para a prática do Plano


Na Lei do Plano Diretor devem ser estabelecidas as formas de
implementação e monitoramento das diversas questões abordadas,
etapa chamada de Plano de Ação. Nessa etapa devem ser realizadas
constantes avaliações e atualizações, todas fixadas em lei. Devem ser
definidas também as instâncias de discussão e decisão, como os
diversos Conselhos Municipais, com suas específicas composições e
atribuições.

Revisão do Plano
A conclusão do Plano Director não deve encerrar o processo de
planeamento do município. Segundo o Estatuto da Cidade, a lei que
institui o Plano Director deverá ser revista pelo menos a cada 10 anos,
com revisões e ajustes sempre acordados em fóruns de discussão
atuantes no município, consolidados na elaboração do Plano, em
reuniões municipais articuladas com os diferentes níveis de governo.

Metodologia para o desenvolvimento do Plano Director


O planeamento municipal e urbano requer um disciplinamento para o
seu desenvolvimento, além de ser levado em conta o processo de
planeamento que deve ser instalado na Prefeitura Municipal a partir da
Elaboração do Plano Diretor. Esse planeamento é de fundamental
importância para a implementação do Plano.

Uma metodologia básica, adequada para o desenvolvimento da parte


técnica do Plano, pressupõe: o levantamento de informações, a análise
dos dados obtidos, um diagnóstico da situação atual, o estabelecimento
de cenários futuros através de um prognóstico e a elaboração de
proposições. Deve-se também levar em consideração as especificidades
de cada município, os aspectos da sua localização regional, sua
realidade ambiental e socioeconômica, as condições da infra-estrutura
do sistema rodoviário municipal e do sistema viário urbano, a situação
dos transportes e dos serviços públicos.

Conteúdo do Termo de Referência

1.ª Fase – Metodologia e plano de trabalho


Onde deve constar definição dos objetivos e atividades a serem
desenvolvidas em cada uma das fases seguintes. Deve conter também
os métodos e técnicas a serem utilizados com seu cronograma físico
definido. A metodologia a ser utilizada deverá prever a viabilização da

147
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

participação dos técnicos da prefeitura, chamada de equipe técnica, e


também de representantes de vários segmentos da sociedade civil.

2.ª Fase – Leitura, diagnóstico e prognóstico


Essa fase compreende uma leitura técnica da realidade do município,
tendo como produto final o diagnóstico municipal e as tendências do
cenário atual, definindo os principais eixos estratégicos que nortearão
a elaboração do Plano.

3.ª Fase – Diretrizes e propostas


Tendo como base a fase anterior, serão então definidas diretrizes para
o desenvolvimento integrado do município, com curto, médio e longo
prazos. Devem ser definidas proposições para as diversas ações
municipais, como institucionais, socioeconômicas, ambientais, físico-
territoriais, de infra-estrutura e serviços públicos.

É também nessa fase que deve ser definido o macrozoneamento


municipal, embasando o futuro zoneamento urbano, onde cada zona
dará origem a distintos usos e ocupações definidos, subsidiando então
a ocupação ordenada do município e da cidade.

4.ª Fase – Legislação básica


O Plano Diretor deve ser apresentado ao Poder Legislativo – Câmara
Municipal, sob a forma de projeto de lei, incluindo os objetivos, a
política de desenvolvimento municipal e urbana, a gestão participativa
e o sistema de acompanhamento e controle do Plano. A legislação
básica do Plano deve incluir: a Lei do Plano Director, a Lei do Perímetro
Urbano, a Lei de Parcelamento do Solo, a Lei de Zoneamento de Uso e
Ocupação do Solo, a Lei do Sistema Viário, o Código de Obras e o Código
de Posturas do Município. Todos esses aspectos visam auxiliar a
implantação dos equipamentos e serviços urbanos assim como as áreas
onde o município irá exercer seus direitos legais como seu poder de
polícia e da tributação municipal.

5.ª Fase – Priorização para investimentos


O Plano de Ação contido no Plano Diretor indica os investimentos a
serem realizados pelo município, com a hierarquização definida destes.
São estimados os custos dos diversos investimentos como infra-
estrutura e serviços urbanos, normalmente durante os próximos cinco
anos, incluindo a capacidade de endividamento municipal, de acordo
com sua arrecadação de tributos e as principais fontes de arrecadação
de recursos.

148
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

A figura a seguir retrata de macrozoneamento municipal, constante do


Plano Director.

Como o Plano Director deve abranger toda a área municipal, na figura


aparece toda a área do município.

Este macrozoneamento sintetiza o que foi relatado anteriormente e


mostra a divisão da área municipal de acordo com suas características.

Imagem 1. Ilustra rodovias e limites de macrozonas (Fonte: autor)

MZ 1 – Área de Proteção Ambiental – APA


MZ 2 – Área de Controle Ambiental – ACA
MZ 3 – Área de Urbanização Controlada – AUC
MZ 4 – Área de Urbanização Prioritária – AUP
MZ 5 – Área Prioritária de Requalificação – APR
MZ 6 – Área de Vocação Agrícola – AGRI
MZ 7 – Área de Influência Aeroportuária – AIA
MZ 8 – Área de Urbanização Específica – AURBE
MZ 9 – Área de Integração Noroeste – AIN – NO

O Plano Director prevê que a implementação da política urbana/rural


de desenvolvimento municipal seja realizada mediante a utilização das
seguintes categorias de instrumentos:
 Instrumentos da execução da política de desenvolvimento
municipal;
 Instrumentos de planejamento e ordenação do espaço urbano e
rural;
 Instrumentos de indução do desenvolvimento urbano;
 Instrumentos de viabilização financeira do desenvolvimento
urbano;
 Instrumentos de gestão;
 Instrumentos jurídicos e políticos.

149
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Sumário
Nesta Unidade Temática 9.2. Abordou se basicamente alguns aspectos
sobre o Plano Director, Etapa para a elaboração do Plano Director,
Definição da temática a ser desenvolvida, Estabelecimento de prazos
para a prática do Plano, Metodologia para o desenvolvimento do Plano
Director e Conteúdo do Termo de Referência.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. O Plano Diretor pode ser definido como um conjunto de preceitos e
regras orientadoras da ação dos diversos agentes que além de
construírem também utilizam o espaço urbano. ( )
2. A finalidade do Plano Diretor não é somente resolver os problemas
da cidade, mas também a de ser um instrumento
3. O processo participativo para a elaboração do Plano Director deve
se dar pelo envolvimento de representantes dos diversos
segmentos da sociedade. ( )
4. O Plano de Ação contido no Plano Diretor indica os investimentos a
serem realizados pelo município, com a hierarquização definida
destes. ( )
5. Quanto maior for a participação do Poder Legislativo em todo o
processo, menor será a facilidade de aprovação do Plano. ( )
Respostas‫׃‬
1. ( V )
2. ( V )
3. ( V )
4. ( V )
5. ( F)

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correta e
risque a letra correspondente.
1. O Plano Diretor é….
A. uma lei municipal a ser elaborada com a participação de toda a
sociedade, por isso leva a denominação de Plano Diretor
Participativo.

150
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

2. O plano Diretor tem como função principal…


A. Organização do crescimento do município, planejando também
o futuro de toda a cidade.
B. Organizar as áreas urbanas como as rurais,
C. Planificar, planejando o crescimento da cidade
D. Orientar os municipes

3. O Plano Director prevê que a implementação da política


urbana/rural de desenvolvimento municipal seja realizada
mediante a utilização das seguintes categorias de instrumentos:
A. Instrumentos da execução da política de desenvolvimento
municipal;
B. Instrumentos de planejamento e ordenação do espaço urbano e
rural;
C. Instrumentos de indução do desenvolvimento urbano;
D. Todos estão certos

4. De acordo com as diretrizes presentes no Estatuto da Cidade, os


Planos Directores devem obrigatoriamente contar com a
participação…
A. Da população e de associações representativas dos vários
segmentos econômicos e sociais.
B. De sindicatos e associações económicas
C. Associações, Sindicatos e população
D. Da população e Governo

5. A consolidação das propostas e a formatação do projeto de lei


são feitas pelo …
A. Gestor municipal
B. Encaminhamento destes à Câmara Municipal
C. Presidente Municipal
D. Vereadores

Respostas

1. ( A)

2. (A )

3.( D )

4.( A )

5.(B )

151
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

TEMA – X: SANEAMENTO AMBIENTAL


UNIDADE Temática 10.1. Saneamento ambiental.
UNIDADE Temática 10.1. Saneamento ambiental.
Introdução
O saneamento ambiental deve ser entendido como instrumento
transformador e participativo, a serviço de todos os cidadãos,
introduzindo em cada município novos padrões administrativos mais
equilibrados, valorizando as oportunidades únicas de uma natureza que
nos oferece muito mais do que podemos utilizar. Cuidar da natureza é
um assunto que diz respeito a todos nós e o melhor caminho é fazer o
uso correcto e equilibrado do patrimônio natural que possuímos, que
está se perdendo pelo consumo excessivo de alguns e pelo desperdício
de outros. Logo, o saneamento ambiental deve focalizar a integração
mundial para o desenvolvimento sustentável, garantindo a
sobrevivência da biodiversidade e questões prioritárias como o bem
estar da população e a preservação ambiental.

Ao completar este tema, você deverá ser capaz de:

 Alcançar níveis de Salubridade Ambiental, por meio de abastecimento de


água potável.
 Estabelecer um controle das instalações e uma vigilância contínua da
Objectivos qualidade das águas de abastecimento, principalmente as não
específicos procedentes da rede;
 Identificar o déficie e as prioridades no fornecimento dos serviços de água
e de esgoto;
 Estabelecer um controle periódico dos lançamentos nos corpos de água e
fossas;
 Conceituar os elementos que compõem o saneamento ambiental.

Conceitos

Saneamento Ambiental

É o conjunto de ações sócio-econômicas que têm por objetivo alcançar


níveis de Salubridade Ambiental, por meio de abastecimento de água
potável, coleta e disposição sanitária de resíduos sólidos, líquidos e
gasosos, promoção da disciplina sanitária de uso do solo, drenagem
urbana, controle de doenças transmissíveis e demais serviços e obras
especializadas, com a finalidade de proteger e melhorar as condições
de vida urbana e rural.

152
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Meio Ambiente

A lei 6.938, de 31/08/81, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio


Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação no Brasil,
define: “Meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas”.

Salubridade Ambiental

É o estado de higidez em que vive a população urbana e rural, tanto no


que se refere a sua capacidade de inibir, prevenir ou impedir a
ocorrência de endemias ou epidemias veiculadas pelo meio ambiente,
como no tocante ao seu potencial de promover o aperfeiçoamento de
condições mesológicas favoráveis ao pleno gozo de saúde e bem-estar.

Sistemas Ambientais

A poluição do meio ambiente é assunto de interesse público em todas


as partes do mundo. Não apenas os países desenvolvidos vêm sendo
afetados pelos problemas ambientais, como também os países em
desenvolvimento. Isso decorre de um rápido crescimento econômico
associado à exploração de recursos naturais. Questões como:
aquecimento da temperatura da terra; perda da biodiversidade;
destruição da camada de ozônio; contaminação ou exploração
excessiva dos recursos dos oceanos; a escassez e poluição das águas; a
superpopulação mundial; a baixa qualidade da moradia e ausência de
saneamento básico; a degradação dos solos agricultáveis e a destinação
dos resíduos (lixo), são de suma importância para a humanidade.

As considerações econômicas exercem um grande papel quando se


trata de definir a melhor tecnologia disponível, que até certo ponto é
influenciada por fatores relativamente independentes das necessidades
de controlo da poluição. Existem indícios,

Figura 17 – Meio Ambiente

Fonte: TEIXEIRA, 1996.

Os grandes problemas ambientais ultrapassam as fronteiras territóriais


e devem ser tratados de forma global, pois afetam a vida de todos no

153
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Planeta. Daí se explica por que países mais desenvolvidos colocam


barreiras à importação de produtos resultantes de processos
prejudiciais ao meio ambiente.

A situação exposta se verifica especialmente nos cinturões de miséria


das grandes cidades, onde se aglomeram multidões em espaços
mínimos de precária higiene. Estudos do Banco Mundial (1993)
estimam que o ambiente doméstico inadequado é responsável por
quase 30% da ocorrência de doenças nos países em desenvolvimento.
O quadro a seguir ilustra a situação.

Quadro 10.2 - Estimativa do Impacto da Doença Devido à Precariedade do Ambiente


Doméstico nos Países em Desenvolvimento – 1990

Fonte: BANCO MUNDIAL, 1993

A seguir passaremos a tratar destes assuntos segundo sua subdivisão


no ambiente (água, ar e solo), embora devamos admitir que esta é uma
divisão puramente didática, pois, na Natureza, não existe a separação
absoluta entre esses elementos. Eles formam um todo inseparável em
que qualquer alteração de um reflete no outro. Além disso, problemas
ambientais não se restringem a um espaço definido pois podem atingir
grandes áreas do planeta, como o caso da contaminação nuclear, a
contaminação dos oceanos e a destruição da camada de ozônio.
Chamamos também a atenção para o fato de que a maior parte dos
problemas ambientais acontecem no nível local.

Água

Todas as reações nos seres vivos necessitam de um veículo que as


facilite e que sirva para regular a temperatura devido ao grande
desprendimento de calorias resultante da oxidação da matéria
orgânica. A água que é fundamental à vida, satisfaz completamente a
estas exigências e se encontra presente em proporções elevadas na
constituição de todos os seres vivos,
154
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

inclusive no homem, onde atinge cerca de 75% de seu peso. Sua


influência foi primordial na formação das aglomerações humanas. O
homem sempre se preocupou com o problema da obtenção da
qualidade da água e em quantidade suficiente ao seu consumo e desde
muito cedo, embora sem grandes conhecimentos, soube distinguir uma
água limpa, sem cor e odor, de outra que não possuísse estas
propriedades atrativas.

 Ciclo Hidrológico

A água presente em nosso ambiente encontra-se em constante


movimento. O processo de transporte de massa tem lugar na
atmosfera, em terra e nos oceanos. O conjunto desses processos é
chamado de ciclo hidrológico e a energia necessária para seu
funcionamento é de origem solar – mais precisamente, a diferença
entre a radiação emitida pelo Sol e a refletida pela atmosfera terrestre.
O insumo básico, em termos hídricos, constitui-se pela precipitação.

O homem sempre procurou entender os fenômenos do ciclo


hidrológico e mensurar as suas fases, na medida em que se capacitava
tecnologicamente. Entretanto, em que pese o actual conhecimento
sobre o ciclo, há o caráter aleatório inerente ao mesmo, que nos obriga
a trabalhar sempre com estatística.

 A Utilização da Água e as Exigências de Qualidade

A água pode ser considerada sob três aspectos distintos, em função de


sua utilidade, conforme apresentado a seguir:

Quadro 10.3 - Usos da Água

Fonte: BARROS et al., 1995

Esse processo de captação e devolução por sucessivas cidades em uma


bacia resulta numa reutilização indireta da água. Durante as estiagens,
a manutenção da vazão mínima em muitos rios pequenos dependem,
fundamentalmente, do retorno destas descargas de esgotos efetuadas

155
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

a montante. Assim, o ciclo artificial da água integrado ao ciclo


hidrológico natural é:

 Captação de água superficial, tratamento e distribuição;


 Coleta, tratamento e disposição em corpos receptores dos esgotos
gerados;
 Purificação natural do corpo receptor; e
 Repetição deste esquema por cidades a jusante.

Para abordar esses problemas a OPAS (1998), através do Programa


Marco de Atenção ao Meio Ambiente, propõe medidas de controle e
vigilância a serem empreendidas por Sistemas Locais de Saúde que
permitam uma gestão correta da água cujos objetivos específicos são:

 Estabelecer um controle das instalações e uma vigilância


contínua da qualidade das águas de abastecimento,
principalmente as não procedentes da rede;
 Identificar o déficit e as prioridades no fornecimento dos
serviços de água e de esgoto;
 Estabelecer um controle periódico dos lançamentos nos corpos
d’água e fossas;
 Estabelecer uma vigilância e controle das piscinas e áreas para
banho e recreativas;
 Estabelecer um sistema de previsão de danos causados por
catástrofes;
 Estabelecer um controle periódico da qualidade da água para
irrigação de hortaliças;
 Estabelecer, quando necessário, um sistema de desinfecção de
água nos domicílios.

Ar

Uma das necessidades vitais para o ser humano é o ar. Ele atua quer
envolvendo o homem quer agindo como elemento de ligação, por assim
dizer, de homem para homem e de homem para animal.

O ar leva em suspensão substâncias animadas ou não. Dentre as


substâncias inanimadas existem as poeiras, os fumos e os vapores;
muitas são naturais e outras resultam das atividades humanas. Algumas
são inócuas; outras, pela composição química ou pela ação
física, podem tornar o ar prejudicial ao homem. Identicamente, dentre
as substâncias animadas que o ar leva em suspensão, existem certas
bactérias e vírus denominados patogênicos, que podem provocar
doença quando introduzidas no organismo do homem, através do ato
respiratório.

A atmosfera é o invólucro gasoso da Terra que se dispõe em camadas


que se diferenciam pela temperatura e por sua constituição.

156
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

O ar atmosférico é de vital importância para a sobrevivência da maioria


dos organismos da Terra, sendo constituído por uma mistura de gases:
oxigênio (20,95%), nitrogênio (78,08%), dióxido de carbono (0,03%) e
ainda ozônio, hidrogênio e gases nobres como o neônio, o hélio e o
criptônio. Contém ainda vapor d’água e partículas de matérias
derivadas de fontes naturais e de atividades humanas.

Tal constituição tem-se mantido estável por milhões de anos. Todavia,


como resultado de suas atividades, o homem tem causado alterações
significativas nestas proporções, cujos efeitos nocivos são gravíssimos.

 Processos de Poluição do Ar

A poluição do ar é definida como sendo a alteração da qualidade do ar,


resultante de atividades que direta ou indiretamente:

Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

Afetem desfavoravelmente a qualidade do ar;

Lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais


estabelecidos por lei.

As causas da poluição atmosférica podem ser classificadas como:

De origem natural (vulcões, queimadas, etc.);

Resultante das atividades humanas (indústrias, transporte, calefação,


destruição da vegetação, etc.);

Em conseqüência dos fenômenos de combustão.

Um dos problemas graves decorrentes da poluição atmosférica refere-


se ao aumento da temperatura média da Terra, que é causada pelo
lançamento de gases na atmosfera, principalmente o dióxido de
carbono, o metano, os óxidos de nitrogênio e os hidrocarbonetos
halogenados. Este aumento de temperatura é conhecido como “efeito
estufa”.

Controle da Poluição do Ar

O controlo da poluição do ar visa, por um lado, evitar que as substâncias


nocivas, animadas ou não, consigam alcançar o ar (prevenção).
Falhando a primeira barreira, procura se evitar que as substâncias
nocivas atinjam o homem e lhe provoquem danos (proteção).
Excepcionalmente, e apenas no microambiente, consegue-se remover
substâncias nocivas (tratamento).

No estudo dos problemas da poluição do ar são consideradas quatro


etapas: a produção, a emissão, o

157
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

transporte e a recepção de poluentes. Em cada etapa, para a redução


dos riscos de poluição, são aplicadas, dentre outras, as técnicas
mostradas a seguir:

Quadro - Técnicas de Controle da Poluição do Ar

Técnicas Aspectos a Serem Considerados


Planeamento territorial e Estabelecer critérios para implantação
zoneamento. de atividades industriais em áreas
determinadas;
Limitar o número de fontes em função
dos padrões de emissão e qualidade do
ar;
Implantar áreas de proteção sanitária
(cinturão verde).
Eliminação e minimização Usar matérias-primas e combustíveis
de poluentes. de baixo potencial poluidor;
Alterar processos visando menor
emissão de poluentes;
Adequar a manutenção e operação de
Equipamentos e dos processos;
Definir disposições adequadas (“lay
out”) e manter os edifícios industriais.
Concentração dos Usar sistemas de exaustão local como
poluentes na fonte, para meio para juntar os poluentes que,
tratamento antes do após tratados, serão lançados na
lançamento. atmosfera.
Diluição e mascaramento Usar chaminés elevadas e empregar
dos poluentes. substâncias que possibilitem reduzir a
emissão de poluentes indesejáveis.
Instalação de Instalar equipamentos que visem à
equipamentos de controle remoção dos poluentes antes que os
de poluentes. mesmos sejam lançados na atmosfera.
Fonte: BARROS et al., 1995.

Solo

O solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da


crosta da Terra, resultado da interação dos processos físicos, químicos
e biológicos sobre as rochas, e que tem como característica importante
o fato de permitir o desenvolvimento da vegetação. O lançamento
inadequado de resíduos industriais sejam sólidos ou líquidos no meio
ambiente, a ocorrência de chuva ácida, associada ao manejo
inadequado do solo para agricultura levando à desertificação, são
exemplos de agressões que o solo experimenta.

 Principais Processos Poluidores do Solo

158
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

A poluição do solo é a alteração prejudicial de suas características


naturais, com eventuais mudanças na estrutura física, resultado de
fenômenos naturais: terremotos, vendavais e inundações ou de
atividades humanas: disposição de resíduos sólidos e líquidos,
urbanização e ocupação do solo, atividades agropecuárias e extrativas
e acidentes no transporte de cargas.

A contaminação do solo pode ser de origem orgânica ou inorgânica:


materiais contaminados ou em decomposição presentes no lixo;
substâncias químicas perigosas; pesticidas empregados na produção
agropecuária. Alguns mais cedo ou mais tarde chegam ao corpo
humano, não somente por respiração da poeira, como principalmente
através da água que se contamina pelo solo e através dos alimentos
produzidos.

O principal dano decorrente da utilização do solo é a erosão, que ocorre


na natureza causada pela ação das águas e do vento, com consequente
remoção das partículas do solo, tendo como efeitos:

Alterações no relevo;

Riscos as obras civis;

Remoção da camada superficial e fértil do solo;

Assoreamento dos rios;

Inundações e alterações dos cursos d’água.

Também a ação do homem pode causar processos erosivos ainda mais


perigosos por atividades tais como: desmatamento, agricultura,
mineração e terraplanagem.

A disposição indiscriminada de resíduos no solo é outro uso que tem se


mostrado inadequado em função da geração de líquidos e gases
percolados e da presença de metais nos resíduos aplicados no solo,
provocando sua contaminação.

A imposição de certas limitações e restrições no uso e ocupação do solo


pode constituir-se num importante elemento no controle da erosão.
Deve-se identificar as áreas de risco, a partir da análise das
características geológicas e topográficas locais e estabelecer restrições
de ocupação.

A lei de uso e ocupação do solo, que regulamenta a utilização do solo,


é de competência exclusiva do município e nela devem ser fixadas as
exigências fundamentais de ordenação do solo para evitar a degradação
do meio ambiente e os possíveis conflitos no exercício das atividades
urbanas.

159
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

O desenvolvimento da agricultura tem contribuído para a poluição do


solo e das águas. Fertilizantes sintéticos e os agrotóxicos (inseticidas,
fungicidas e herbicidas), usados em quantidades abusivas nas lavouras,
poluem o solo e as águas dos rios, onde intoxicam e matam diversos
seres vivos dos ecossistemas. A contaminação de um lençol freático por
agrotóxicos coloca em risco a vida da população que se beneficia dessa
água subterrânea.

Sumário
Nesta Unidade Temática 10.1. Discutimos basicamente o conceito e
alguns aspetos inerente a saneamento ambiental, Sistemas Ambientais,
Meio Ambiente, Salubridade Ambiental, Principais Processos
Poluidores do Solo Ciclo Hidrológico e processo de poluição de ar.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. A poluição do solo é a alteração prejudicial de suas características
naturais, com eventuais mudanças na estrutura física, resultado de
fenômenos naturais. ()
2. A lei de uso e ocupação do solo, que regulamenta a utilização do
solo, é de competência exclusiva do município ( )
3. O desenvolvimento da agricultura tem contribuído para a poluição
do solo e das águas. ( )
4. A imposição de certas limitações e restrições no uso e ocupação do
solo pode constituir-se num importante elemento no controle da
erosão. ( )
5. A contaminação do solo pode não ser de origem orgânica ou
inorgânica. ( )

Respostas‫׃‬
1. (V )
2. (V)
3. (V)
4. (V)
5. (F)

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correta e risque
a letra correspondente.

160
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

1. Saneamento Ambiental é
A. O conjunto de ações socioecónomicas que têm por objetivo
alcançar níveis de Salubridade Ambiental, por meio de
abastecimento de água potável, coleta e disposição sanitária de
resíduos sólidos, líquidos e gasosos.
B. O conjunto de ações socioeconômicas que têm;
C. Conjunto de condições que visa a higiene na cidade
D. Todos estão errados

2. Meio ambiente é
A. O conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas”.
B. É um conjunto de unidades ecológicas alinhado a sistema natural
C. Fenómenos Físicos
D. A manutenção do meio ambiente do planeta Terra

3. Salubridade Ambiental é
A. A ocorrência de doenças ocasionadas
B. O Estado de higidez em que vive a população urbana e rural, tanto
no que se refere a sua capacidade de inibir, prevenir ou impedir a
ocorrência de endemias ou epidemias veiculadas pelo meio
ambiente
C. A Promoção e o melhoramento da saúde pública
D. Todos estão errados

4. Aspetos a serem considerados no Planeamento territorial e


zoneamento são:
A. Estabelecer critérios para implantação de atividades industriais em
áreas determinadas;
B. limitar o número de fontes em função dos padrões de emissão e
qualidade do ar;
C. implantar áreas de proteção sanitária (cinturão verde).
D. Todos estão certos
5. Aspetos a ser considerado na eliminação e minimização de
poluentes são:
A. usar matérias-primas e combustíveis de baixo potencial poluidor;
B. alterar processos visando menor emissão de poluentes;
C. adequar a manutenção e operação de Equipamentos e dos
processos;
D. Todos estão certos

161
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Respostas

1. ( A )
2. ( A )

3. ( B )
4. ( D )
5. ( D)

TEMA – XI: MEIO AMBIENTE URBANO


UNIDADE Temática 11.1. Meio ambiente urbano.
UNIDADE Temática 11.1. Meio ambiente urbano.
Introdução
Nas cidades, os problemas ambientais resultam principalmente da falta
de utilização de critérios adequados para a utilização do meio físico. Na
maioria das vezes, não se considera, no planeamento urbano, a
capacidade de suporte do ambiente físico.
Ao modificar a natureza, sem considerar a capacidade de suporte do
ambiente, por meio da construção de estradas, casas e indústrias, por
exemplo, a população das cidades sofre com a diminuição da qualidade
ambiental, o que pode interferir na qualidade de vida das pessoas.
Tanto nas grandes e médias cidades como nas pequenas é comum
encontrar nas periferias ou mesmo nas áreas centrais, inúmeros bairros
com vários problemas sócio-ambientais que são mais intensos nos
assentamentos irregulares.
A incorporação de aspectos físicos no planeamento urbano é um
instrumento fundamental para evitar e/ou minimizar os impactos
ambientais.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Conhecer os instrumentos de planeamento de cidades médias em


Moçambique.
 Conhecer formas de intervir mais apropriadas à qualificação das zonas
Objectivos suburbanas de cidades médias.
específicos
 Caracterizar e analisar as dinâmicas populacionais e territoriais das
cidades.

162
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

 Elaborar um Plano de acção e um Plano urbano.

Ambiente urbano e instrumentos para a sustentabilidade

Não há dúvidas de que já se pode falar de um Direito Ambiental Urbano,


pois, como em qualquer vertente jurídica, ao se tentar tratar de um
ramo amplo do Direito, como no caso, do Direito Ambiental, esbarrar-
se-ia em demasiada generalidade, o que, de certa forma, prejudica a
análise dos problemas próprios das cidades, objecto deste estudo.

Vários são os instrumentos previstos na legislação pátria que devem ser


utilizados para a proteção ambiental e salutar desenvolvimento da
cidade, sendo o principal deles o Plano Director.

A Lei 6.938/81 estabeleceu, em seu art. 9º e incisos, os instrumentos


direcionados da Política Nacional do Meio Ambiente, sendo alguns mais
diretamente ligados à proteção do meio ambiente urbano, como o
zoneamento ambiental, a avaliação de impactos ambientais, o
licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras, a criação de espaços territoriais especialmente protegidos
pelo Poder Público, dentre outras de caráter genérico e administrativo.

De modo complementar, a Lei 10.257/01 trouxe, em seu art. 4º, caput,


incisos e alíneas, os instrumentos da política urbana, tais como os
planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território, o
planeamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões e, no âmbito do planeamento municipal, e que mais
diretamente diz respeito ao presente estudo, o plano diretor, a
disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo, o
zoneamento ambiental, dessa forma também considerado instrumento
da política urbana, a instituição de unidades de conservação, instituição
de zonas especiais de interesse social, abarcando ainda o estudo prévio
de impacto ambiental, absorvido das normas ambientais e o estudo
prévio do impacto de vizinhança.

É inolvidável, portanto, o vínculo entre as citadas leis e a necessidade


do entendimento de tais instrumentos para que se estabeleça a relação
entre o planeamento urbano e a proteção ao meio ambiente.

Isso é corroborado pelo previsto no art. 2º da lei 10.257/01 o qual


elenca, em seu texto, as diretrizes gerais para o desenvolvimento dos
Municípios, dentre estas a proteção ao meio ambiente: “art. 2º A
política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as
seguintes diretrizes gerais: – ordenação e controle do uso do solo, de
forma a evitar: [...] g) a poluição e degradação do meio ambiental; –
proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e

163
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e


arqueológico.

Quanto ao licenciamento ambiental e o estudo prévio de impacto


ambiental, ambos estão previstos na Lei 6.938/81. O primeiro encontra-
se definido pela Resolução Conama nº 237/97, em seu art. 1º, I, como
sendo: o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação
de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que,
sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.

Quanto ao estudo prévio de impacto ambiental (EPIA ou EIA), nada mais


é do que a avaliação, através de estudos realizados por uma equipe
técnica multidisciplinar, da área onde o postulante pretende instalar a
indústria ou exercer a atividade causadora de significativa degradação
ambiental, procurando ressaltar os aspectos negativos e/ou positivos
dessa intervenção humana. Tal estudo analisará a viabilidade ou não da
instalação da indústria ou do exercício da atividade, apresentando,
inclusive, alternativas tecnológicas que poderiam ser adotadas para
minimizar o impacto negativo ao meio ambiente Prossegue o autor
(SIRVINSKAS, 2003).

No que diz respeito ao zoneamento ambiental, o mesmo pode ser


dividido em zoneamento para pesquisas ecológicas; parques públicos;
áreas de proteção ambiental; e industrial.

O primeiro tipo de zoneamento, de acordo com Fiorillo (2001, p. 79),


determina que “dentro das estações ecológicas é possível que pelo
menos 10% da sua área seja destinada a pesquisas ecológicas, podendo
haver modificações no ambiente que mereçam proteção, desde que
exista um prévio zoneamento promovido pela autoridade
competente”.

Já o zoneamento dos parques públicos se torna necessário como


melhor forma de preservação dos mesmos (FIORILLO, 2001).

No que diz respeito às áreas de proteção ambiental, estão previstas na


Lei 6.902/81, que define as estações ecológicas e estabelece, em seu
art. 8º que “o Poder Executivo, quando houver relevante interesse
público, poderá declarar determinadas áreas do Território Nacional
como de interesse para a proteção ambiental, a fim de assegurar o bem-
estar das populações humanas e conservar ou melhorar as condições
ecológicas do local”.

Todas essas áreas e zoneamentos influem diretamente sobre o


planeamento urbano, devendo fazer parte de seu desenvolvimento
para que as cidades cresçam de modo sustentável, não agredindo o
meio ambiente natural ou artificial.

164
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Por esse mesmo motivo, há ainda dois tipos de zoneamento


característicos das cidades e imprescindíveis para sustentabilidade
urbana, quais sejam as Zonas Especiais de Interesse Social e o
Zoneamento Industrial, pois vinculados a alguns dos problemas mais
sérios que assolam as cidades, respectivamente: o surgimento e/ou
desenvolvimento das favelas e das áreas de habitação sem
planeamento e à poluição industrial.

No que tange ao zoneamento industrial, citado anteriormente reveste-


se tal instrumento de grande importância para a manutenção de um
ambiente urbano sadio, tendo em vista que, via de regra, as indústrias
possuem alta capacidade de poluição.

Tal espécie de zoneamento está prevista em lei própria, qual seja a Lei
6.803/80, a qual define em seus arts. 2º, 3º e 4º, respectivamente, as
zonas de uso estritamente industrial, as zonas de uso
predominantemente industrial e as zonas de uso diversificado.

Dessa forma, encontram-se bem definidas as zonas de utilização


industrial, cabendo ao plano diretor acompanhar os requisitos legais e
os critérios necessários para o estabelecimento de tais zonas, como
forma de proteger o meio ambiente e a qualidade de vida dos
habitantes das cidades.

Por fim, o Estatuto da Cidade criou, conforme Sirvinskas (2003, p. 282),


“uma nova modalidade de estudo preliminar de avaliação de impacto
ambiental, denominado Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV)”,
previsto nos arts. 4º, VI, 36 e 37 do aludido Estatuto; o EIV será
executado de forma a contemplar os efeitos positivos e negativos do
empreendimento ou actividade quanto à qualidade de vida da
população residente na área e suas proximidades, incluindo a análise,
no mínimo, das seguintes questões: I – adensamento populacional; II –
equipamentos urbanos comunitários; III – uso e ocupação do solo; IV –
valorização imobiliária; V – geração de tráfego e demanda por
transporte público; VI – ventilação e iluminação; VII – paisagem urbana
e patrimônio natural e cultural (SIRVINSKAS, 2003).

Depreende-se, da leitura desse dispositivo, que a principal diferença


entre o Estudo de Impacto de Vizinhança e o Estudo de Impacto
Ambiental é que o primeiro preocupa-se de modo mais efetivo com o
meio ambiente artificial propriamente dito, a questão urbana e de
edificação, ao passo que o último trata dos efeitos dessa urbanização
no meio ambiente natural previamente existente. Por esse mesmo
motivo é que o EIV não substitui o EIA, conforme dicção do art. 38 da
Lei 10.257/01.

165
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Sumário
Nesta Unidade Temática 11.1. Discutimos basicamente sobre o Meio
ambiente e Urbano e instrumentos para a sustentabilidade

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. Vários são os instrumentos previstos na legislação pátria que
devem ser utilizados para a proteção ambiental. ( )
2. A Lei 6.938/81 estabeleceu, em seu art. 9º e incisos, os
instrumentos
direcionados da Política Nacional do Meio Ambiente. ( )
3. De modo complementar, a Lei 10.257/01 trouxe, em seu art. 4º,
caput, incisos e alíneas, os instrumentos da política urbana, tais
como os planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação
do território. ( )
4. Quanto ao licenciamento ambiental e o estudo prévio de
impacto ambiental, ambos estão previstos na Lei 6.938/81. ( )
5. No âmbito do planeamento municipal, e que mais diretamente
diz respeito ao presente estudo, o plano diretor. ( )
Respostas‫׃‬
1. ( V )
2. ( V)
3. ( V )

4. ( V )
5. ( V )

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correta e
risque a letra correspondente.
1. No que diz respeito ao zoneamento ambiental, o mesmo pode
A. Ser dividido em zoneamento para pesquisas ecológicas; parques
públicos; áreas de proteção ambiental; e industrial.
B. Ser dividido em áreas de proteção ambiental; e industrial.
C. Ser dividido em zoneamento para pesquisas ecológicas;
D. Ser divido em parques públicos; áreas de proteção ambiental; e
industrial.

Respostas
1. ( A )
2. ( )
3. ( )

166
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

4. ( )
5. ( )

TEMA – XII: ECOLOGIA URBANA

UNIDADE Temática 12.1. Poluição urbana.


UNIDADE Temática 12.2. Agenda 21 local.
UNIDADE Temática 12.1. Poluição urbana.
Introdução
A descrição das formas de ocupação e apropriação do espaço em meio
urbano foi promovida pela chamada escola de Chicago. Aplicando os
princípios da ecologia vegetal e animal às comunidades humanas.

A ecologia urbana é um campo da ecologia que visa estudar o ambiente


e os sistemas naturais dentro das áreas urbanas, avaliando as
interações entre plantas, animais e seres humanos, tratando as cidades
como parte de um ecossistema vivo.

O desafio do novo milênio é encontrar novas perspectivas para os


centros urbanos a fim de viabilizar a sua existência.

Ecologia urbana, um campo da ecologia, é uma nova área de estudos


ambientais que procura entender os sistemas naturais dentro das áreas
urbanas. Ela lida com as interações de plantas, animais e de seres
humanos em áreas urbanas. Ecologistas urbanos estudam árvores, rios,
vida selvagem e áreas livres encontrados nas cidades para entender até
que ponto esses recursos são afetados pela poluição, urbanização e
outras formas de pressão.

Estudos em ecologia urbana podem ajudar as pessoas a verem as


cidades como parte de um ecossistema vivo.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Conhecer os instrumentos de planeamento de cidades médias em


Moçambique, identificando princípios, estratégias e práticas das
administrações públicas, ao nível do poder local, e perceber a sua eficácia
Objectivos na gestão do território tendo em conta o quadro legislativo em vigor.
específicos  Conhecer formas de intervir mais apropriadas à qualificação das zonas
suburbanas de cidades médias.
 Caracterizar e analisar as dinâmicas populacionais e territoriais das
cidades, reconhecendo os factores subjacentes ao crescimento dos
bairros e à sua degradação ambiental, identificando as políticas e
instrumentos de planeamento e gestão da cidade, seus principais
factores, sua implementação e seu impacto no ordenamento urbano e na
melhoria da qualidade de vida dos habitantes.

167
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

 A partir de um diagnóstico de um bairro suburbano de uma cidade,


elaborar um Plano de acção e um Plano urbano para o mesmo visando a
sua qualificação, explicitando a metodologia utilizada como base para
intervenções em bairros similares.
A poluição dos corpos de água nem sempre são causadas somente pelos
esgotos domésticos e despejos industriais não tratados. Actualmente
sabe-se que parte dessa poluição gerada em áreas urbanas tem origem
no escoamento superficial em áreas impermeáveis (pavimentação,
construções, impermeabilização, etc.). Dessa maneira, uma parcela
significativa de poluição é carregada pelo escoamento ao encontro dos
corpos de água. Além disso, a impermeabilização eleva a velocidade de
escoamento, gerando maior capacidade de arraste e, portanto, maiores
cargas poluidoras. As redes de drenagem urbanas são responsáveis pela
veiculação dessas cargas que são grandes fontes de degradação de rios,
lagos e estuários.

A origem da poluição difusa é bastante diversificada, podendo vir do


desgaste das ruas pelos veículos, lixo acumulado nas ruas e calçadas,
atividades de construção civil, resíduos de combustíveis e óleos e graxas
deixadas por veículos. Eventos de precipitações podem elevar as
concentrações de metais tóxicos no corpo receptor até níveis altos.

Poluição difusa

A poluição gerada pelo escoamento superficial da água em zonas


urbanas é dita de origem difusa, uma vez que provém de atividades que
depositam poluentes de forma esparsa, sobre a área de contribuição da
bacia hidrográfica. A fonte da poluição difusa é caracterizada por cinco
condições:

• Lançamento da carga poluidora é intermitente e está relacionado à


precipitação.

• Os poluentes são transportados a partir de extensas áreas.

• As cargas poluidoras não podem ser monitoradas a partir de seu ponto


de origem, mesmo porque não é possível identificar a sua origem.

• O controlo de poluição difusa, obrigatoriamente, deve incluir ações


sobre a área geradora de poluição, ao invés de incluir apenas, o controle
do efluente quando do lançamento.

• É difícil o estabelecimento de padrões de qualidade para o


lançamento do efluente, uma vez que a carga poluidora lançada varia
de acordo com a intensidade e duração do evento meteorológico, a
extensão da área de produção e outros fatores que tornam a correlação
vazão x carga poluidora praticamente impossível de ser estabelecida.

168
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

É difícil estabelecerem-se diferenças nas produções das cargas de


poluição entre zonas urbanas residenciais, industriais ou comerciais.
Isso se deve a diferentes taxas de ocupação, assim como zonas
industriais podem ser formadas por indústrias leves ou mais poluidoras.
Sendo assim de fácil constatação que em zonas residenciais de baixa
densidade de ocupação, há uma menor contribuição de volumes
gerados no escoamento.

A correta avaliação dos problemas causados pelas cargas difusas e a


consequente escolha das medidas mitigadoras a serem implantadas são
dificultadas pelo possível efeito conjunto com outras descargas
poluidoras, que tendem a mascarar o problema, pela irregularidade e
imprevisibilidade do processo, pela variação temporal e espacial dos
impactos causados e pela dificuldade da coleta de dados. Além disso, as
medidas de controlo das cargas difusas devem contemplar toda a bacia
produtora e, por serem distribuídas, têm sua eficiência difícil de ser
avaliada. Os melhores resultados são alcançados quando o
gerenciamento e controle da poluição difusa são incorporados já na
implantação de novos loteamentos ou distritos industriais.

Principais fontes geradoras da carga difusa e seus respectivos


poluentes

Deposição atmosférica
A “deposição seca” é formada pela deposição dos poluentes do ar sobre
telhados, ruas e demais superfícies da área urbana. A chuva “lava” essas
superfícies e, assim, tais poluentes são carregados até os corpos da
água. Os que estão pressente com maior frequência são enxofre,
metais, pesticidas, compostos orgânicos, fungos, pólen, solo,
nutrientes, asfalto, cinzas e compostos químicos como óxidos, nitritos
e nitratos, cloretos, fluoretos e silicatos.

Os poluentes podem ser carreados pelo escoamento superficial, após


usa deposição seca, ou podem ser trazidos pela própria chuva, naquilo
que é chama de deposição húmida. Nesse caso, gases e partículas
presentes na atmosfera dissolvem-se ou são arrastados pela
chuva e trazidos ao solo.

A indústria e os veículos são as principais fontes de poluição do ar,


sendo que veículos são responsáveis principalmente por óxidos de
nitrogênio, monóxido de carbono e hidrocarbonetos voláteis, e as
indústrias, por material particulado e óxidos de enxofre.

Talvez, o problema mais importante associado à poluição atmosférica,


no que se refere às cargas difusas, seja a chamada chuva ácida, isto é, a
diminuição do pH da água da chuva. O menor valor de pH esperado para

169
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

água pura é de 5,6. Em locais com concentrações elevadas de dióxido


de enxofre e óxido de nitrogênio na atmosfera, podem reduzir o valor
para aproximadamente 2,7.

Deposição de poluentes nas ruas

A acumulação de poluentes nas ruas podem ser gerados por desgaste


da pavimentação, resíduos deixados por veículos, resto de vegetação,
dejetos de animais, lixo e partículas de solo como areia e argila. Esses
materiais acumulam-se nas guias e sarjetas.

1. Desgaste do pavimento
Pedaços de asfalto, partículas de cimento e de qualquer outro material
utilizado na pavimentação soltam-se, devido ao desgaste, e são
carreados pela chuva; o material do pavimento asfáltico solta-se mais
do que o do pavimento de concreto. A quantidade gerada dessas
partículas é proporcional às condições dos pavimentos e pelas
condições meteorológicas.

2. Veículos
Os veículos contribuem com o derrame de combustível, óleo
lubrificante, fluído de freio, líquido refrigerante, partículas que se
soltam com desgaste de freios e pneus, além de ferrugem, partículas de
tinta e etc. Apesar de representarem menos do que 5% do total de
poluentes, estes poluentes são os mais tóxicos e potencialmente
prejudiciais à vida aquática.

3. Lixo

Estes podem ser caracterizados como: embalagens, matéria orgânica


como cascas de fruta, dejetos de animais, folhas secas, grama cortada e
lixos deixados por descuido na coleta. A quantidade de lixo depende da
densidade de ocupação das áreas, do movimento de pedestres e de
veículos e, principalmente, da educação da população.

Tóxicos
Pode-se dividir os tóxicos que mais freqüentemente aparecem nas
cargas difusas de poluição de origem urbana nos grupos: metais
pesados, pesticidas organoclorados e bifelinas policloradas (PCB´s), que
apesar de banidos, ainda estão presentes no ambiente.

Os metais pesados como cádmio, zinco, chumbo, cromo e etc são os


que aparecem com mais freqüência. Sua principal fonte são os veículos,
mas também estão presentes nas tintas, materiais galvanizados e
tubulações metálicas.

170
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Pesticidas organoclorados são utilizados no controle de insetos e


pragas, que danificam jardins e parques. Apesar de aparecerem em
pequenas quantidades, são tóxicos e acumulam-se na cadeia alimentar.

Erosão
A urbanização leva taxas aceleradas de erosão, principalmente devido
a obras de construção civil. A erosão depende das características do
solo, do clima, da topografia e outros. Maiores taxas de erosão
significam maior arraste e, portanto, maior quantidade de
sedimentos que chegará aos cursos de água.

Excesso de sedimentos é a mais visível forma de poluição gerada de


forma difusa. Resultando no assoreamento ou alteração das
características hidráulicas do corpo de água, mudanças na fauna e flora
aquáticas e respectivas fontes de alimento e deterioração dos
aspectos estéticos do corpo de água, aumentando a turbidez e
transportando outros poluentes como metais, amônia e outros tóxicos.

Impactos sobre a qualidade de água do corpo receptor

É vantajosa a preservação da várzea natural dos cursos de água e da


vegetação ribeirinha, já que representam uma forma de controlo de
enchentes e também da qualidade da água, por ser mantida a
capacidade assimilativa natural do ecossistema.

Método de controlo da poluição por cargas difusas

O controlo da poluição difusa deve ser feito através de ações sobre a


bacia hidrográfica, de modo a se ter redução das cargas poluidoras
antes do lançamento da drenagem no corpo receptor. Essas medidas
baseiam-se em práticas como educação da população, limpeza da
cidade e estruturas de controlo.

Medidas não-estruturais
São aquelas relativas a programas de prevenção e controle de emissão
dos poluentes e apresenta a maior relação benefício/custo. Ainda
englobam medidas de planeamento urbano, ordenando a ocupação da
área, espaços livres, etc. Como se vê, são medidas que requerem a
participação da população e, para isso, é necessário haver programas
de esclarecimento e conscientização do público em geral.

As medidas não estruturais mais comuns para a prevenção desse tipo


de poluição são:
• Controle do uso do solo urbano;
• Regulamentação para áreas em construção;

171
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

• Áreas verdes;
• Controle de ligações clandestinas;
• Varrição de ruas;
• Controle de coleta e disposição final do lixo;
• Educação da população;

Medidas estruturais
São aquelas construídas para reduzir o volume e/ou remover os
poluentes do escoamento.
Deve-se levar em conta se a área está em processo de urbanização.
Sendo assim, a implementação dessas medidas é mais viável do que em
áreas já urbanizadas.
A gestão da qualidade da água do escoamento urbano será mais
eficiente quanto mais cedo se iniciar a implantação das medidas de
controlo.
Deve-se salientar que as medidas não estruturais e estruturais são
sempre complementares.
As medidas estruturais mais comuns para a prevenção desse tipo de
poluição são:
 Remoção eficiente dos poluentes presentes no escoamento
superficial;
 Minimizar os impactos do lançamento da drenagem urbana no
corpo receptor;
 Apresentar uma relação custo/benefício aceitável;
 Selecionar alternativas que apresentem necessidades futuras de
operação e manutenção viáveis em longo prazo;
 Associar essas alternativas a soluções com usos múltiplos, como
áreas de recreação e parques;
 Minimização da área diretamente conectada, isto é, direcionar o
escoamento gerado em superfícies impermeáveis como telhados,
para áreas gramadas e jardins. Esta prática reduz o volume de
escoamento superficial e aumenta a oportunidade de infiltração,
retendo sólidos em suspensão e outros poluentes;
 Valetas gramadas: utilizadas para coletar o escoamento superficial
urbano ao longo de ruas e estradas, substituindo guias e sarjetas.
São projetadas para permitir o escoamento a baixas velocidades e
pequenas lâminas, de forma a diminuir as vazões para lançamento
no corpo receptor. Não são muito eficientes para remoção de
poluentes para eventos de chuva intensa. A manutenção dessas
valetas de drenagens é essencial e deve ser feita com frequência,
elevando os custos.

 Pavimento poroso: substituição da tradicional pavimentação


asfáltica ou de concreto por blocos porosos pode ser feita em áreas
externas de zonas comerciais, edifícios e áreas de estacionamento,
sendo uma forma de diminuir a área diretamente conectada à rede

172
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

de drenagem. É um tipo de pavimentação mais caro;


 Bacias de detenção secas: a ideia é que a bacia armazene o
escoamento superficial e vá liberando aos poucos, através de
pequeno orifício de saída, as vazões a jusante. Sugere-se um tempo
de resistência de 40 horas para que se aumente a eficiência da

Remoção dos poluentes.


 Bacias de detenção alagadas: permanecem com a parte inferior
inundada constantemente. Quando chove, o escoamento é retido
no espaço deixado como volume de espera. A vazão que entra
mistura-se com a água ali armazenada, e aos poucos, o excesso vai
sendo descarregado. A taxa de remoção de poluentes é alta. Porém,
pode ocorrer o aparecimento de mosquitos e a retirada do acúmulo
de sedimentos apresente grande dificuldade.

 Alagadiços: são criados como forma de reter sedimentos e


poluentes do escoamento superficial. É necessário que haja um
pequeno escoamento de base, para manter a lâmina sempre no
fundo. São eficientes para remover compostos de fósforo de
nitrogênio, alguns metais, compostos orgânicos e sedimentos.

Os principais mecanismos de remoção de poluentes que atuam nas


medidas estruturais são:
 Sedimentação: bacias de detenção que armazenam o escoamento
por períodos maiores de tempo removem quantidades maiores de
sedimentos e poluentes adsorvidos;
 Filtração: utilização de filtros de areia;
 Infiltração: filtração pelo solo;
 Remoção biológica: plantas e microorganismos usam nutrientes
como fósforo e o nitrogênio.

Sumário
Nesta Unidade Temática 12.1. Discutimos sobre Poluição urbana,
principais fontes geradoras da carga difusa e seus respectivos
poluentes, Impactos sobre a qualidade de água do corpo receptor e
Método de controlo da poluição por cargas difusas.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. A origem da poluição difusa é bastante diversificada, podendo
vir do desgaste das ruas pelos veículos,

173
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

2. A origem da poluição difusa é bastante diversificada, podendo


vir do desgaste do lixo acumulado nas ruas e calçadas,
3. A origem da poluição difusa é bastante diversificada, podendo
vir do desgaste da actividades de construção civil,
4. A origem da poluição difusa é bastante diversificada, podendo
vir do desgaste dos resíduos de combustíveis e óleos e graxas
deixadas por veículos.
5. Eventos de precipitações podem elevar as concentrações de
metais tóxicos no corpo receptor até níveis altos.

Respostas‫׃‬
1. ( V )
2. (V )
3. ( V )
4. ( V )
5. ( V )

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correta e
risque a letra correspondente
1. As medidas não estruturais mais comuns para a prevenção da
poluição são…
A. O não controlo do uso do solo urbano;
B. Regulamentação para áreas em construção;
C. Áreas edificadas;
D. Controle de ligações não clandestinas;

2. As medidas estruturais mais comuns para a prevenção da poluição


são….
A. Remoção eficiente dos poluentes presentes no escoamento
superficial;
B. Maximizar os impactos do lançamento da drenagem urbana no
corpo receptor;
C. Não apresentar uma relação custo/benefício aceitável;
D. Selecionar alternativas que não apresentem necessidades futuras
de operação e manutenção viáveis em longo prazo;

3. Deposição de poluentes nas ruas podem ser gerados por ….


A. Rejuvenescimento do pavimento,
B. resíduos deixados por peões,
C. resto de vegetação, dejetos de animais,
D. lixo e partículas de britas.

174
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

4. A minimização da área diretamente conectada por…


A. Direcção do escoamento gerado em superfícies impermeáveis;
B. Direcção do escoamento gerado em superfícies permeáveis;
C. áreas de àrvores.
D. A minimização de área aumenta o volume de escoamento
superficial.

Respostas
1. ( B )
2. ( A )

3. ( C )
4. ( A )

UNIDADE Temática 12.2. Agenda 21 local.

Introdução
Hoje o planeamento urbano admite e reconhece as cidades com se
fossem ecossistemas. Como estruturas que favorecem uma relação de
equilíbrio entre suas partes, criando uma cadeia harmônica de
"alimentação". Neste contexto, o incentivo à consolidação de arranjos
produtivos locais em bases sustentáveis, que devem agregar valor às
atividades geradas localmente, são fundamentais na produção de
cidades sustentáveis, sempre e quando apoiadas em estruturas
deliberativas e democráticas, devidamente institucionalizadas,
atemporais, suprapartidárias e paritárias, entre sociedade civil e
instituições governamentais, como são os Fóruns das Agendas 21
Locais.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Conhecer os instrumentos de planeamento de cidades médias em


Moçambique, identificando princípios, estratégias e práticas das
administrações públicas, ao nível do poder local, e perceber a sua eficácia
Objectivos na gestão do território tendo em conta o quadro legislativo em vigor.
específicos  Conhecer formas de intervir mais apropriadas à qualificação das zonas
suburbanas de cidades médias.
 Caracterizar e analisar as dinâmicas populacionais e territoriais das
cidades, reconhecendo os factores subjacentes ao crescimento dos
bairros e à sua degradação ambiental, identificando as políticas e
instrumentos de planeamento e gestão da cidade, seus principais
factores, sua implementação e seu impacto no ordenamento urbano e na
melhoria da qualidade de vida dos habitantes.
Agenda 21 e a Sustentabilidade das Cidades

175
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

A transformação do modelo atual de cidade requer um esforço coletivo,


pois passa pelo pressuposto maior de transformação em sociedades
sustentáveis, com todas suas particularidades sócio ambientais,
produtivas e essencialmente culturais preservadas. Este eixo
estratégico não desestimula a execução de atividades e ações menores
em prol do sonho, que tem como ferramenta preciosa a educação
formal e não formal.

Tanto os Governos precisam assumir os princípios da sustentabilidade,


como eixo estratégico norteador das políticas públicas, quanto os
cidadãos precisam mudar hábitos e atitudes. É necessário aprender a
reduzir o consumo de água e energia, escolher produtos locais, optar
pelo transporte coletivo, gerar menos lixo, etc..

Mas a participação democrática precisa ser assegurada por normas


legitimadas pelo processo político e empoderadas pela sociedade local,
permitindo que sejam colocadas em prática pelas instituições públicas,
trabalhando integradas a partir do seus focos setoriais ou corremos o
risco de não ver incluídas como prioridades no âmbito da
sustentabilidade demandas por justiça social e ambiental.

Instrumentos de Implementação: Orçamento Participativo, Certificação


de Sustentabilidade e Plano Diretor.

A Agenda 21 é um processo que contribui para a reconstrução da


qualidade de vida da sociedade civil e para sua reorganização sobre
patamares da ética para responder a novos desafios.

O papel dos governos locais na implementação da Agenda 21 é


fundamental, pois para que ela seja efetivamente um instrumento para
a transformação de nossas cidades é necessário que sejam criados
mecanismos que permitam sua implantação e que a Agenda 21 seja
considerada como um eixo estruturador e um canal de controlo social
dos diferentes instrumentos de ação das políticas públicas setoriais nos
três níveis de governo.

Nas cidades aonde já existe, o Plano Diretor pode ser constantemente


aperfeiçoado de acordo com a análise dos indicadores sócio ambientais
propostos e sua revisão, a cada dez anos, apresentando ainda a
possibilidade de validação social do Plano Diretor, pelos Fóruns da
Agenda 21. Este prazo parece algo longo para avaliar a atual dinâmica
urbana das nossas cidades, podendo como alternativa, por meio do
Fórum da Agenda 21 local ou similar, estabelecer caminhos cautelares
aos possíveis desvios de percurso, propondo uma data de revisão
antecipada e atrelada, por exemplo, ao cronograma dos mandatos
políticos locais.

Outro caminho pode ser constituído pela proposta de Certificação de


Sustentabilidade, onde as forças deliberativas locais, instituídas pelo

176
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Fórum da Agenda 21Local, podem orientar o desenvolvimento de ações


que incluam no seu escopo os conceitos da sustentabilidade, facilitando
aos gestores públicos a priorização e destinação dos recursos públicos,
apoiados em consensos construídos pelas próprias comunidades locais.

Finalmente, cabe ressaltar, mais uma vez, que a Agenda 21 é um roteiro


indicativo rumo à sustentabilidade. Ela implica na construção de
acordos e compromisso ético das gerações atuais em relação ao futuro
e como este é apenas uma possibilidade, um sonho, é preciso induzir
permanentemente a participação dos atores sociais para que as
políticas públicas reflitam os interesses de todos os setores e possam
adotar a sustentabilidade como meta. A transformação das cidades
actuais em cidades sustentáveis demanda necessariamente um
processo democrático que indique de forma legítima a cidade que os
cidadãos desejam. O processo de Agenda 21 Local possibilita a criação
de acordos aceitos por todos e adotados como um compromisso
coletivo com um futuro em harmonia com o ambiente e com as
condições necessárias para que uma vida digna e saudável.

A proposta do governo de controlo social e a realização da I Conferência


Nacional das Cidades com o objetivo de eleger um Conselho Nacional
das Cidades é uma oportunidade única para que sejam incluídos nas
diretrizes da política nacional para as cidades os princípios e valores que
demandam que a proteção ao meio ambiente, o desenvolvimento
econômico e a justiça social sejam tratados conforme suas
particularidades de forma mais equilibrada e harmônica, favorecendo a
legitimação de uma política nacional voltada para a sustentabilidade
das cidades.

Agenda 21 estabeleceu o desafio do milênio seguinte como um


instrumento de planeamento estratégico que visa implementar um
novo modelo de desenvolvimento sócioe-conômico e ambiental,
construído "de baixo para cima", orientado a melhorar e resguardar a
qualidade de vida das gerações futuras.

O maior avanço da Agenda 21 é sua elaboração como processo


amplamente participativo para construção de consensos e cenários de
futuro. Propõe padrões mínimos aceitos pelos seus signatários para
harmonizar as questões sócio-econômicas e ambientais, com a
assinatura de compromissos em regime de co-responsabilidade entre
os diversos atores sociais, concretizados em um Plano de
Desenvolvimento Sustentável ou similar.

O slogan ambientalista "Pensar Globalmente, Agir Localmente" serviu


de inspiração para o capítulo 28 da Agenda 21, que pede maior atenção
com as cidades, já que estas são fundamentais para a implementação
das políticas propostas no documento. Muitos dos problemas e das
soluções listados na Agenda 21 têm raízes em atividades locais, assim,
as autoridades locais e seus planos de
177
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

governo são um fator-chave para fazer o desenvolvimento sustentável


acontecer.

O envolvimento dos moradores e outros sectores da sociedade


organizada junto ao governo local é condição indispensável para lidar
com os desafios básicos do desenvolvimento, tais como moradia,
desemprego, lixo, água e poluição do ar, para citar apenas alguns e pode

Mobilizar novos recursos para a solução destes problemas e criar uma


cultura participativa, transparente, responsável e comprometida com
processos permanentes de sensibilização e capacitação.

O objetivo maior da Agenda 21 Local é servir de subsídio à elaboração


e implementação de políticas públicas, orientadas para o
desenvolvimento sustentável. Os processos em andamento mostram
que a Agenda 21, além de ser um instrumento de promoção do
desenvolvimento sustentável, é também um poderoso instrumento de
gestão democrática das cidades e validação social das propostas do
Estatuto da Cidade e seus Planos Directores.

Sumário
Nesta Unidade Temática 12.2. Discutimos basicamente sobre a Agenda
21 local e a Sustentabilidade das Cidades

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.
1. Os processos em andamento mostram que a Agenda 21, além de
ser um instrumento de promoção do desenvolvimento sustentável,
é também um poderoso instrumento de gestão democrática ( )
2. O envolvimento dos moradores e outros sectores da sociedade
organizada junto ao governo local é condição indispensável para
lidar com os desafios básicos do desenvolvimento ( )
3. O slogan ambientalista "Pensar Globalmente, Agir Localmente"
serviu de inspiração para o capítulo 28 da Agenda 21, ( )
4. Muitos dos problemas e das soluções listados na Agenda 21 têm
raízes em atividades locais. ( V)
5. A proposta do governo de controlo social e a realização da I
Conferência Nacional das Cidades com o objetivo de não eleger um
Conselho Nacional das Cidades
Respostas‫׃‬
1. ( V)

178
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

2. ( V )
3. ( V)
4. ( V )
5. ( F )

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correta e
risque a letra correspondente
1. O objetivo maior da Agenda 21 Local é…
A. Servir de subsídio à elaboração e implementação de políticas
públicas, orientadas para o desenvolvimento sustentável
B. Não servir de subsídio à elaboração e implementação de políticas
públicas, orientadas para o desenvolvimento sustentável
C. Servir de subsídio na implementação de políticas públicas do
estado
D. Subsidiar as cidades.

2. O maior avanço da Agenda 21 é ….


A. Sua elaboração como processo amplamente participativo para
construção de consensos e cenários de futuro
B. Sua colaboração como processo amplamente participativo para
construção de consensos e cenários de futuro
C. Sua participação como processo amplamente participativo para
construção de consensos e cenários de futuro
D. Sua contribuição como processo amplamente participativo para
construção de consensos e cenários de futuro

3. Agenda 21 estabeleceu o desafio do milênio seguinte como um


instrumento de planeamento estratégico que visa…
A. Planificar um novo modelo de desenvolvimento sócioe-conômico e
ambiental,
B. implementar um novo modelo de desenvolvimento sócioe-
conômico e ambiental, construído "de baixo para cima", orientado
a melhorar e resguardar a qualidade de vida das gerações futuras,
C. Desenvolver um novo modelo de desenvolvimento sócioe-
conômico e ambiental
D. Monitorar um novo modelo de desenvolvimento sócioe-conômico
e ambiental

4. O processo de Agenda 21 Local possibilita….


A. A criação de acordos aceitos por todos e adotados como um
compromisso coletivo ,
179
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

B. A criação de acordos não aceitos por todos e adotados como um


compromisso coletivo ,
C. A criação de acordos aceitos por todos e implemetado com
diretores,
D. Todos estao errados

5. Fazem parte de Instrumentos de Implementação…


A. Palno de diretor e planificação,
B. Orçamento Participativo, Certificação de Sustentabilidade e Plano
Diretor.
C. Orçamento Participativo, Certificação de Sustentabilidade e Plano
Diretor e receita do estado
D. Todos estão certos
Respostas
1. ( A )
2. (A )
3. (B )
4. ( A )
5. ( B )

TEMA – XIII: MUNICIPALIZAÇÃO DO MEIO AMBIENTE


UNIDADE Temática 13.1. Indicadores urbano-ambientais.
UNIDADE Temática 13.1. Indicadores urbano-ambientais.
Introdução
Com o agravamento das condições socio ambientais, associado ao
avanço da reforma do Estado e aos processos de descentralização da
gestão de políticas passaram a exigir, nas últimas décadas, que os
governos locais assumissem o papel de formuladores de políticas
públicas de promoção da qualidade ambiental e da sustentabilidade das
cidades.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Conhecer os instrumentos de planeamento de cidades médias em


Moçambique, identificando princípios, estratégias e práticas das
administrações públicas, ao nível do poder local, e perceber a sua eficácia
Objectivos na gestão do território tendo em conta o quadro legislativo em vigor.
específicos  Conhecer formas de intervir mais apropriadas à qualificação das zonas
suburbanas de cidades médias.
 Caracterizar e analisar as dinâmicas populacionais e territoriais das
cidades.

180
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

Quando se deseja trabalhar com um sistema de indicadores ou com


indicadores sintéticos de meio ambiente, para uma cidade com as
dimensões de São Paulo e a complexidade de seus problemas, dois
desafios emergem num debate em aberto: o que importa medir e como
medir.

Será preciso uma medida que mostre como se comporta a qualidade do


ar, da água e do solo? Que avalie a qualidade dos serviços de infra
estrutura urbana? Que quantifique a exploração dos recursos naturais
disponíveis em seu território? Que caracterize e monitore sua
biodiversidade? Ou será que esses indicadores devem avaliar a
qualidade de vida das populações ou, ainda, todos os fenômenos
anteriores de forma conjunta?

Actualmente, fala-se, em todo o planeta, sobre ecologia, meio


ambiente e manejo sustentado de recursos provenientes de fontes
naturais renováveis. No entanto, apenas uma pequena parcela da
população possui conhecimento suficientemente capaz de entender e
dinamizar as inter-relações que ocorrem entre os diferentes
ecossistemas que existem no mundo. É importante trabalhar no sentido
de levar informações sobre o meio ambiente a todas as camadas sociais,
com o intuito de que cada indivíduo seja atingido por uma consciência
ecológica possível de reverter o processo de degradação assustadora
que estamos passando.

Indicadores como apoio ao desenvolvimento de políticas públicas


Há consenso entre especialistas, órgãos de governo e agências
internacionais de que o uso de um sistema de indicadores é uma
ferramenta essencial para o planeamento das políticas públicas
(GUIMARÃES E JANUZZI, 2004; JANUZZI, 2002; TORRES, FERREIRA e
DINI, 2003). Indicadores são entendidos como uma forma simplificada
de reflectir fenômenos complexos que, assim, produzem ganhos de
interpretação. Além disto, a construção de um sistema de indicadores
com séries históricas permite não só o diagnóstico da situação como
também o seu acompanhamento ao longo do tempo, servindo como
suporte à tomada de decisão e, em alguns casos ainda, como forma de
avaliação de impacto de ações implementadas ou de resultados de
políticas (ARRETCHE, 2001).

Nos últimos vinte anos, a produção de indicadores sintéticos tem


ganhado a atenção do público nacional e internacional. O IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano) do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) é provavelmente o mais conhecido no mundo
contemporâneo.

181
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

É um indicador sintético e relativamente simples de produzir e tornar


pública a informação. Seu sucesso está justamente na sua simplicidade
de reprodução para outros países, cidades e até mesmo para diferentes
territórios das grandes cidades, na sua capacidade comparativa e de
acompanhamento ao longo do tempo. Por outro lado, o próprio IDH é
objecto de críticas de especialistas em indicadores sociais, como será
discutido mais à frente.

O Índice de Desenvolvimento Humano - IDH surge num ambiente de


discussões sobre a inadequação da utilização do PIB (produto interno
bruto) percapita como medida de bem-estar das populações. O
desconforto com o uso do PIB era de que o crescimento econômico de
um país não é (ou não deveria ser) uma meta em si mesma, mas sim
estar orientado à promoção do desenvolvimento humano ou a melhora
de condições de vida das populações.

O IDH é construído a partir da aglutinação de indicadores


representativos das três dimensões básicas citadas do
Desenvolvimento Humano e para as quais se dispõe de informações
com maior regularidade nos diversos países. O índice varia de zero
(nenhum desenvolvimento humano) até 1 (desenvolvimento humano
total), sendo os países classificados deste modo:

 Quando o IDH de um país está entre 0 e 0,499, é considerado baixo;


 Quando o IDH de um país está entre 0,500 e 0,799, é considerado
médio;
 Quando o IDH de um país está entre 0,800 e 1, é considerado alto.

Esta unidade apresenta os indicadores sintéticos de meio ambiente


produzidos com base no marco conceitual PEIR (Pressão, Estado,
Impacto e Resposta). Dada a complexidade da realidade socio-
ambiental e problemas associados de uma cidade do porte e
características, cinco indicadores foram são extraídos. Cada um desses
indicadores sintéticos expressa condições socio-ambientais
diferenciadas existentes no território da cidade e, nesse sentido,
apontam para demandas específicas quando se pensa em qualidade e
sustentabilidade do meio ambiente, tanto do ponto de vista das ações
esperadas do poder público como da sociedade em geral.

Esses indicadores refletem as seguintes dimensões ambientais nos


distritos administrativos de cidades: dois indicadores distintos entre si
apontam para os fatores que exercem Pressão sobre o meio ambiente,
um indicador capta o Estado da biodiversidade na cidade e dois, as
Respostas dadas pelo poder público no período recente. No que se
refere à dimensão de Impacto sobre o meio ambiente, não foi possível
chegar a um indicador sintético confiável, sendo, portanto, excluída da
modelagem estatística. Como

182
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

detalhado no capítulo anterior, do universo de indicadores disponíveis,


um subconjunto de cerca de 100 variáveis foi selecionado para ser
submetido a uma análise estatística (análise fatorial), após as etapas de
validação e de actualização do sistema de indicadores.

Os indicadores sintéticos finais são os seguintes:


• Pressão 1 – Adensamento Vertical
• Pressão 2 – Precariedade Urbana
• Estado – Cobertura Vegetal
• Resposta 1 – Controle Urbano da Secretaria
• Resposta 2 – Conservação da Biodiversidade

Em duas das quatro dimensões, a análise factorial produziu mais de um


indicador sintético, ou seja, a análise estatística captou fenômenos
distintos dentre as variáveis que estavam classificadas numa mesma
dimensão do modelo PEIR. Esse resultado condiz com a observação da
realidade, já que na cidade existem diferentes naturezas de dinâmicas
que pressionam de formas distintas e as respostas do Poder Público
tradicionalmente também são distribuídas de forma heterogênea no
território.

O agravamento das condições socio-ambientais, associa- do ao avanço


da reforma do Estado Brasileiro e aos processos de descentralização da
gestão de políticas passaram a exigir, nas últimas décadas, que os
governos locais assumissem o papel de formuladores de políticas
públicas de promoção da qualidade ambiental e da sustentabilidade das
cidades.

Ao tradicional planeamento urbano, que se cristaliza na figura do plano


diretor, faz-se necessário incorporar a dimensão ambiental para que a
gestão urbana possa ser capaz de enfrentar os desafios que estão
postos: a reestruturação do espaço pela vigência de novas dinâmicas
econômicas e sociais e a adaptação das cidades aos efeitos das
mudanças climáticas.

Sumário
Nesta Unidade Temática 13.1. Discutimos basicamente dos Indicadores
urbano-ambientais e Indicadores como apoio ao desenvolvimento de
políticas públicas

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e coloque (V) nas afirmações as
quais concorda e (F), nas que não concorda.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 40 Ano Disciplina/Módulo: PLANEAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE

1. O IDH é construído a partir da aglutinação de indicadores


representativos das três dimensões básicas citadas do
Desenvolvimento Humano. ( )
2. A reestruturação do espaço pela vigência de novas dinâmicas
econômicas e sociais e a adaptação das cidades aos efeitos das
mudanças climáticas. ( )
3. Os indicadores sintéticos de meio ambiente produzidos com
base no marco conceitual PEIR (Pressão, Estado, Impacto e
Resposta).
4. O Índice de Desenvolvimento Humano - IDH surge num
ambiente de discussões sobre a inadequação da utilização do
PIB. ( )
5. É um indicador sintético e relativamente simples de produzir e
tornar pública a informação

Respostas‫׃‬
1. ( V )
2. ( V )
3. ( V )
4. ( V )
5. (V )

Exercícios de AVALIAÇÃO
Leia as afirmações que se seguem e escolha alternativa correta e
risque a letra correspondente
1. Os indicadores sintéticos finais são…
A. Pressão 1 – Adensamento Vertical
B. Pressão 2 – Precariedade Urbana
C. Estado – Cobertura Vegetal
D. Todos estão certos

2. O IDH é construído a partir da aglutinação de indicadores


representativos das três dimensões nomeadamente….
A. Quando o IDH de um país está entre 0 e 0,499, é considerado baixo;
B. Quando o IDH de um país está entre 0,500 e 0,799, é considerado
médio;
C. Quando o IDH de um país está entre 0,800 e 1, é considerado alto.
D. Todos estão certo

3. Indicadores são ….
A. Entendida como uma forma simplificada de reflectir fenômenos
complexos que, assim, produzem ganhos de interpretação.
B. Medidas de avaliação em relações entre sociedade e natureza,
C. Regulamentação a Lei Municipal
D. As dificuldades e limitações

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4. IDH é….
A. Objecto de críticas, sugestões, reclamações de especialistas em
indicadores sociais, como será discutido mais à frente.
B. Objecto de críticas de especialistas em indicadores sociais, como
será discutido mais à frente.
C. Objecto de críticas e de sugestões de especialistas em indicadores
sociais, como será discutido mais à frente.
D. Objecto de críticas de especialistas, académicos e indicadores
sociais.
Respostas
1. ( D )
2. (D )
3. ( A )
4. (B )

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Bibliografia

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