Techne 123
Techne 123
Techne 123
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téchne 123 junho 2007
www.revistatechne.com.br
apoio
IPT techne
Edição 123 ano 15 junho de 2007 R$ 23,00
BAUMA 2007
Máquinas
do futuro
■ Pan 2007 ■ Gruas ■ Drywall ■ Texturas acrílicas ■ Bauma ■ Casa eficiente ■ Tirantes ■ Gestão ■ Contenções
COMO CONSTRUIR
ENTREVISTA
Tirantes
Ivan Joppert fala
sobre fundações
e contenções
GRUAS
Opções para
içar cargas
CONTENÇÕES
Soluções
de reforço
Estádio
João Havelange
00123
SUMÁRIO
CAPA
44 Estádio João Havelange
As polêmicas obras realizadas para os
Jogos Pan-americanos de 2007
56 CONTENÇÕES
Terra firme
As técnicas para reforço de encostas
e taludes
60 ARTIGO
Construtoras e subempreiteiras:
quem ganha e quem perde?
Pesquisadores alertam para o risco
excessivo das terceirizações
Fotos: Marcelo Scandaroli
77 COMO CONSTRUIR
Tirantes
Como atirantar paredes-diafragma
e taludes
32 SUSTENTABILIDADE
Vitrine de tecnologias
Universidade e laboratórios juntam-se
para criar a Casa Eficiente
SEÇÕES
36 RECUPERAÇÃO Editorial 4
Contra-ataque químico Web 8
20 As obras de reparo da estrutura de uma
usina de álcool
Área Construída
Índices
10
12
ENTREVISTA IPT Responde 14
Fundação prática 40 GRUAS Carreira 16
Consultor critica prazos de obras Plano de cargas Melhores Práticas 18
de fundações e aponta riscos Como escolher o equipamento para P&T 66
içar materiais Obra Aberta 72
26 FEIRAS Agenda 74
Show de máquinas 52 DRYWALL
Confira os destaque da Bauma, Placa verde Capa
a maior mostra de equipamentos Como executar o fechamento das áreas Layout: Lucia Lopes
do mundo úmidas ou molháveis Foto: Marcelo Scandaroli
É parte integrante desta revista uma amostra da manta tipo III da Denver
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EDITORIAL
Como queremos ser encarados?
VEJA EM AU
uditoria do Tribunal de Contas da União aponta que uma
A única obra dos Jogos Pan-americanos, a do Estádio João
Havelange, será concluída a um preço seis vezes maior do que o
orçado. Dos R$ 60 milhões previstos inicialmente, o valor da obra
saltou para R$ 380 milhões. Além de identificar vários problemas
no orçamento geral do Pan, o relatório do TCU alerta para outras
conseqüências: os prazos poderão comprometer testes dos
equipamentos e até prejudicar competições. O objetivo de Téchne Casa de Marcio Kogan,
em São Paulo
ao publicar na capa desta edição a obra mais emblemática do Pan
Como Especificar:
2007 foi desvendar a tecnologia por trás da polêmica. Não divisórias piso–teto
podemos, entretanto, ignorar a frustração da sociedade brasileira Internacional: Hotel
Indigo, no Chile, de
com o atraso e o estouro do orçamento previsto. Com um Sebastián Irarrázaval e
Salão do Móvel de Milão
exemplo desses na cartola (ou seria de cartolas?), devemos nos
aventurar a organizar uma Copa do Mundo em 2014? O evento VEJA EM CONSTRUÇÃO
no Rio de Janeiro trará inegavelmente benefícios para a cidade e MERCADO
ficará marcado pela emoção do esporte. Além disso, ninguém
mais do que a indústria da construção anseia, necessita, precisa e
deve lutar por obras como as do Pan 2007. Não se trata, portanto,
de bloquear iniciativas saudáveis para o setor. A questão é o preço
que pagamos. Não bastam os relatos de "buracos do metrô",
"operações navalhas" e outros decepcionantes episódios de nossa
história recente? Cada uma dessas tristes novelas carrega
particularidades intrínsecas, falhas de naturezas díspares e
Aquecimento global
interesses difusos. Revelam, entretanto, muito de nossos vícios e Energia eólica
de nossa frágil estrutura como Nação. Há centenas de milhares de Green building
Crédito de carbonos
engenheiros e profissionais da construção que não toleram mais Marcio Fortes, ministro
das Cidades
serem encarados pela sociedade com desconfiança. Daí a
necessidade de nossas lideranças se comprometerem com um
profundo sentido de mudança ética. Não só dos outros. Mas,
principalmente, de cada um de nós.
´
techne
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Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos
publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista
Jogos Pan-americanos
Além do Estádio João Havelange, a cidade do Rio de Janeiro ganhou novos
Fórum Téchne
equipamentos esportivos. No site da revista, confira mais fotos da Arena Olímpica O recebimento de comissão para
Multiuso e do Parque Aquático Maria Menck. Veja também a planta baixa de um dos a especificação de materiais
prédios da Vila Pan-americana e o design que permite a ventilação de todos os (reserva técnica) é um
ambientes das unidades. procedimento correto?
Não, não é uma prática correta, mas
como fazer se cada vez mais a
ignorância é predominante no
mercado, com empresários,
construtores dando nenhum valor ao
trabalho de projeto?
AC Arquitetura e Consultoria Ltda.
23/05/2007 11:57
ÁREA CONSTRUÍDA
Segunda fase da recuperação da ponte Hercílio Luz Vidro laminado vira
Um dos cartões postais de Florianó- isolante e verniz para piso
polis (SC), a ponte Hercílio Luz está de madeira
sendo recuperada e deverá ser liberada Pesquisa desenvolvida na Escola
para trânsito de veículos em 2010. Em Divulgação: Secom Santa Catarina Politécnica da USP mostrou ser possível
setembro começa a segunda fase das transformar resíduos de vidro laminado
obras, que prevê duas etapas de execu- em material para tratamento de
ção paralelas – a reabilitação das fun- madeiras. Com a separação do vidro e
dações e blocos de ancoragem e a troca do filme de PVB (polivinil butiral) que
do sistema de fundação do vão pênsil. compõem o laminado, foi possível
Os trabalhos irão garantir a perma- utilizá-los como matérias-primas na
nência da estrutura, descartando ris- lhões. Já estão prontas as obras na ca- produção de verniz e de isolante para
cos de desabamento. As obras, que de- beceira insular, que incluem a reforma pisos. A engenheira Isabella Marini
verão durar até o início de 2009, têm o da estrutura metálica, recuperação de Vargas, que desenvolveu o processo em
custo estimado em cerca de R$ 80 mi- peças (jateamento e pintura) e substi- seu doutorado, conta que o material,
lhões. A primeira fase da recuperação tuição de rebites. Os mesmos traba- rejeitado pela indústria vidreira, teria
da Hercílio Luz será entregue em ou- lhos estão agora em execução na parte como destino aterros sanitários. "O PVB
tubro e teve um custo de R$ 21 mi- continental em direção ao vão central. levaria 500 anos para ser decomposto e
o vidro é praticamente indestrutível",
explica. O isolante foi obtido a partir da
Fórum de compradores aborda negociação, diluição em álcool do filme de PVB e sua
posterior mistura a outros materiais. A
TI e qualidade solução substituiu algumas resinas no
Realizado no final de maio na região serviços, além de cases de construtoras, processo de fabricação do isolante. Na
central de São Paulo, o "Fórum Com- foram os principais assuntos aborda- composição do verniz, o vidro entrou no
pras & Negociação na Construção dos no evento, organizado pela PINI, lugar do óxido de alumínio – substância
Civil" reuniu cerca de 200 diretores, com apoio das revistas Téchne e Cons- importada e cara. Os isolantes são
executivos, gerentes e profissionais de trução Mercado. Palestrantes convida- aplicados na madeira virgem para
compras e suprimentos de constru- dos: Maria Célia de Moraes Bourroul melhorar a flexibilidade das próximas
toras de diversas regiões do País. Es- (Bourroul Consultoria), Maria An- demãos de verniz que serão aplicadas
tratégias inovadoras de negociação, gélica Covelo Silva (NGI), José Pires sobre ela e devem ter alta aderência ao
tecnologia da informação, processos Alvim Neto (PINI), Márcio Grigolon material. As camadas de verniz são
de qualificação e relacionamento com (Construtora Cyrela), David Antonio responsáveis, além do brilho, pela
fornecedores de materiais, sistemas e Nonno (Sinco Engenharia). resistência à abrasão da madeira.
extensão e vai atravessar sete municí- cho sul será uma rodovia de classe
pios paulistas. Oito frentes de traba- zero – de alta velocidade, com poucos
lho estão operando nos cinco lotes acessos e tráfego controlado em toda
correspondentes aos consórcios que a extensão. Terá pista dupla, com três
atuam na obra – Andrade Gutier- ou quatro faixas de tráfego em cada
rez/Queiroz Galvão (lote 1), Norberto sentido, com 3,6 m de largura cada,
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area construida.qxd 1/6/2007 16:15 Page 11
Marcelo Scandaroli
do Sistema Confea/Crea, no Rio de Turístico do Estado de São Paulo),
Janeiro-RJ. Outro ponto polêmico a passarão por obras de restauração. O
ser abordado durante o evento refere- projeto é estimado em R$ 2,5 milhões
se à proposta da formação universitá- e receberá investimentos da Nossa
ria genérica em Engenharia, com dades e faculdades "que seguissem de- Caixa e do BNDES (Banco Nacional
opção de especialização nas áreas terminados critérios e diretrizes apro- de Desenvolvimento Econômico e So-
Civil, Mecânica, Ambiental, de Ali- vadas pelo Sistema Confea/Crea para a cial). A restauração contempla traba-
mentos etc. De acordo com o assessor formação dos alunos". A utilização da lhos de reparo nas estruturas do pré-
da presidência do Confea, Argemiro modalidade de pregão eletrônico para dio, a instalação de um novo sistema
Mendonça, "percebe-se um ambiente a contratação de serviços de engenha- de iluminação e a adequação do espa-
favorável para a adoção de um exame ria e arquitetura por órgãos públicos ço para deficientes, com a instalação
de ordem, capaz de filtrar a concessão constitui outro assunto polêmico que de elevadores e rampas de acesso. A
do registro para novos profissionais". ganhará espaço no congresso, assim construção receberá também trata-
Em recente fórum online no site como a eleição direta para os repre- mento contra a ação de cupins, águas
www.revistatechne.com.br, promovi- sentantes dos profissionais nos conse- pluviais e umidade ascendente. A área
do pela PINI, engenheiros civis, arqui- lhos regionais. Hoje, entidades profis- total a ser recuperada é de 8,9 mil m²,
tetos e tecnólogos dividiram opiniões sionais e instituições de ensino são res- entre fachada externa, paredes, forros,
sobre o tema. Uma alternativa ao ponsáveis pela indicação. Mais infor- telhados e imagens.
exame a ser discutida, segundo Men- mações: www.confea.org.br; fone:
donça, seria a certificação de universi- (61) 3348-3700; fax: (61) 3348-3739.
truídas de forma a receber a maior in- moldes plásticos. O encaixe dos tijolos é
cidência dos ventos e das chuvas domi- do tipo macho-e-fêmea e dispensa
nantes na região. São paredes de alve- argamassa de assentamento. A
naria de tijolos cerâmicos e de blocos resistência final do produto é
de concreto, acabadas com diferentes adquirida após três dias.
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indices 123.qxd 1/6/2007 16:15 Page 12
ÍNDICES
Alta em maio Índice PINI de Custos de Edificações (SP)
Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior
Reajustes salariais elevam custos das 35
edificações em São Paulo IPCE materiais
30 IPCE global
m maio, o IPCE (Índice PINI de
E Custos de Edificações) registrou
alta de 3,09%, impulsionada pelo au-
25
IPCE mão-de-obra
IPT RESPONDE
Envie sua pergunta para a Téchne.
Utilize o cartão-resposta encartado
na revista.
Recuperação de armaduras
Pode-se recuperar uma armadura corrosivo à base de tetróxido de madura, poderia ser a aplicação de
corroída pintando-a com zarcão e depois chumbo. Quando adquirimos um tintas epóxi ricas em zinco ou outras
recobrir o trecho danificado da estrutura fundo protetor de cor laranja ou ligei- do gênero. Cuidados devem ser toma-
com argamassa estrutural polimérica? ramente amarronzada, poderemos dos para que a região anteriormente
Henrique Sirtoli Neto estar adquirindo uma tinta alquídica corroída não passe a funcionar como
Balneário Camboriú (SC) com pequeno teor ou com alto teor de cátodo, induzindo a criação de outras
Pb3O4; neste segundo caso, pode ser zonas anódicas na armadura, ou seja,
O termo zarcão significa tetróxido de considerada adequada a aplicação do não haveria mais corrosão no trecho
chumbo (Pb3O4), material com boa ca- material de proteção. Mais adequada pintado, mas sim em outros trechos.
pacidade de oferecer proteção anódica ainda, após completa remoção dos Ercio Thomaz
ao aço. Também significa fundo anti- produtos de corrosão presentes na ar- Cetac (Centro de Tecnologia do Ambiente Construído)
Piso frio
Quais materiais se enquadram na licos (chapa xadrez etc.) seriam pisos
designação "piso frio"? extremamente frios. Embora não
Fernando Fernandes apresentem a elevadíssima condutibi-
Cambuí (MG) lidade térmica dos metais, são conside-
rados pisos frios aqueles constituídos
Marcelo Scandaroli
"Pisos frios" são aqueles que produzem por: concretos de cimento Portland,
forte sensação de friagem ao serem to- concretos asfálticos, argamassas, ci-
cados por partes do corpo humano. A mento queimado, granilite, placas ce-
sensação de frio acontece no contato râmicas, pavimentos intertravados,
com materiais com boa condutibilida- frio. Ao contrário, se o material tocado mosaico português, placas de mármo-
de térmica, ou seja, esses materiais rou- for mau condutor de calor (madeira, re, granito e outros materiais similares.
bam e conduzem rapidamente o calor carpete etc.), não se tem a sensação de Ercio Thomaz
do corpo, produzindo a sensação de frio. Nessa conceituação, os pisos metá- Cetac (Centro de Tecnologia do Ambiente Construído)
CARREIRA
á faz 17 anos que Lauro Modesto, vida: Wanda Pieruccetti. Foi destina-
J ex-professor da Escola Politécnica
da USP, não leciona mais. Mas o enge-
da a ela a dedicatória de um dos livros
técnicos do engenheiro, "Sub-Roti-
nheiro definitivamente não parou de nas Básicas do Dimensionamento do
trabalhar quando sua aposentadoria Concreto Armado", de 1994.
veio em 1990. Pelo contrário, ele reu- Na cidade, ficou por cerca de um
niu os conhecimentos acumulados ano e meio, pois seu pai conseguiu
em seus 37 anos de experiência para transferir-se de volta para Uberaba. Lá,
aplicá-los no desenvolvimento de freqüentou o Colégio Diocesano de
novos softwares de dimensionamento Uberaba, onde estudou até concluir o
Marcelo Scandaroli
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melhores praticas 123x.qxd 1/6/2007 16:13 Page 18
MELHORES PRÁTICAS
Estaca hélice contínua
Recursos tecnológicos auxiliam na atenção a detalhes essenciais para
a obtenção do desempenho esperado desses elementos de fundação
Equipamentos Controle da
Solos mais resistentes exigem que os perfuração
dentes da extremidade da hélice sejam
O torque deve ser coerente com a
substituídos por pontas de vídia. É
resistência oferecida pelo terreno, que varia
importante verificar a presença da
de acordo com a profundidade, e o avanço
tampa que impede a entrada de solo no
é sempre inferior a um passo por volta. A
tubo central. A produtividade, entre 150
pressão vertical decorre apenas do peso
e 400 m/dia, varia de acordo com o
próprio da hélice e do solo nela contido. A
diâmetro da hélice, a profundidade da
perfuração é uma operação contínua, o que
estaca, o tipo e a resistência do terreno
indica que a hélice não pode ser içada a fim
e o torque do equipamento utilizado.
de evitar alívios no terreno.
Fotos: Marcelo Scandaroli
Qualidade do concreto
Recomenda-se que o concreto utilizado
nesse tipo de fundação apresente uma
relação água/cimento de, no máximo,
0,6, fck de 20 MPa, brita 1, com dimensão
máxima de 12,5 mm, slump entre 200 e
240 mm e consumo de cimento de, pelo
menos, 400 kg/m3. Um traço adequado
ao bombeamento, com o uso de aditivos
plastificantes. Para especificação,
informar a quantidade máxima de água a
ser adicionada em obra, considerando
aquela retida na central e estimando
perdas por evaporação.
Controle da injeção
Simultânea à retirada da hélice, a preenchimento com concreto pode
injeção do concreto é determinada pela cessar num nível inferior à superfície,
pressão e pelo sobreconsumo do caso o furo seja estável e seja possível
material, visando a evitar colocar a armadura sem prejuízo à
estrangulamentos ou seccionamentos estaca. Durante a retirada, é
em seu comprimento. A hélice pode ser recomendável limpar as lâminas
retirada sem girar ou girando manualmente ou com uso de
lentamente no sentido da perfuração. O equipamento hidráulico acoplado.
Norma de referência: NBR 6122 – Projeto e Execução de Fundações, em vigor desde abril de 1996
Colaboração: engenheiros Frederico Falconi, da Zaclis, Falconi e Engenheiros Associados, Miguel Ferreira, da Fundesp (Fundações
Especiais), Waldemar Hachich, Cyro Pessôa, arquiteto Rodrigo Mindlin Loeb e Geosonda
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entrevista.qxd 1/6/2007 16:11 Page 20
ENTREVISTA
Fundação prática
IVAN DE OLIVEIRA
JOPPERT JR.
O estágio na Themag Engenharia,
iniciado em 1980, foi encerrado na
mesma época da formatura pela
Escola de Engenharia da
Universidade Mackenzie, em 1982.
De lá, Joppert foi para a MAG
Projesolos Engenheiros Associados,
onde ficou até 1986. Na Geostática
Engenharia assumiu a direção
técnica, mesmo cargo exercido na
MG&A Consultores de Solos, até
2002. A partir daí dedica-se à
Infraestrutura Engenharia, da qual
é sócio-fundador e diretor presidente
Marcelo Scandaroli
e comercial. Na área acadêmica,
leciona fundações aos engenheiros
formados pelo Mackenzie desde
1985. Até 2005 ensinava mecânica
dos solos para os arquitetos da
as palavras de Ivan de Oliveira montada apenas na velocidade, e
mesma universidade. É autor de
artigos técnicos, entre eles "Método
D Joppert Jr., entrevistado deste mês
da Téchne, uma das conclusões possí-
mesmo na postura de fornecedores,
principalmente os de concreto. Nada
de Cálculo para Estimativa de Carga
veis afirma que, quanto mais avança de diminuir o ritmo das obras, garan-
de Ruptura de Tirantes
em técnicas e tecnologias, mais a enge- te, mas sim investir em conhecimento
Autoperfurantes Tipo Tubular".
nharia sente faltar seus princípios bási- e tecnologias que permitam trabalhar
cos. Se considerarmos que a prática – e melhor com prazos impostos e não in-
mesmo a existência – dessa área do co- correr em riscos demasiados, como
nhecimento humano só se justifica em eventualmente vem ocorrendo. A for-
virtude da existência de problemas ou mação dos profissionais nos bancos
da ânsia de evoluir, parece lógico e in- das faculdades também foi alvo de crí-
teressante evitar a ocorrência de novas ticas do professor da Escola de Enge-
dificuldades. É imperativo, portanto, nharia do Mackenzie. Para ele, se é
resgatar o tripé sobre o qual se sustenta amplo o campo de visão do recém-for-
a disciplina, até mesmo para que a in- mado, por outro lado não há aprofun-
cessante busca por resultados financei- damento suficiente para facilitar a ini-
ros não seja afetada por colapsos ou ciação prática. Joppert é autor do livro
outros eventos inesperados que acar- recém-lançado pela Editora PINI
retem em prejuízos. O entrevistado de- "Fundações e Contenções de Edifícios
fende uma alteração na forma de cons- – Qualidade Total na Gestão do Proje-
truir dos empreendedores, atualmente to e Execução".
O entrevistado da edição passada Um exemplo típico de patologia de- sabe o que dá certo. No entanto,
(Téchne 122), o engenheiro e perito corre da eliminação de tirantes duran- quem, sem demérito nenhum, não
Mauricio Marcelli, afirmou que a te uma escavação de subsolo para ace- tem experiência está muito mais su-
maior parte dos sinistros que ocorrem lerar a execução. Ou seja, há tirantes jeito a errar. Daí, é necessário condu-
durante a obra concentra-se na fase em determinada altura, mas escava-se zir o profissional para que não erre, e
de escavações. Por que esses totalmente a prumo. A parede não está a única forma é lhe dar elementos ta-
problemas são tão recorrentes? dimensionada para isso e a obra cai. É belados, pois engenheiro não gosta
Uma obra sustenta-se num tripé for- uma decisão tomada na obra para de ler. Temos que seguir um raciocí-
mado pelo projeto, pelos materiais uti- diminuir custos e prazos. nio lógico, com verificações e deci-
lizados e pelo controle da qualidade da sões a tomar em cada passo.
execução. No entanto, as obras estão Irresponsabilidades desse tipo são
muito rápidas e o cliente exige respos- comuns? É possível conciliar qualidade e
tas e ritmo rápidos, pois obra rápida sai Esse exemplo não é inventado, acon- rapidez tanto de projeto quanto de
mais barato. Por vezes escapam deta- tece realmente. Como acontece de co- execução ou a saída é desacelerar?
lhes, e como sempre se quer andar mais meçar a construção sem projeto, Quanto mais rápido, maior a possibili-
rápido nas fundações, que ninguém vê, principalmente quando há um proje- dade de errar, mas é questão de organi-
é lá que estão as maiores patologias. A to básico, como é o caso de hipermer- zação e de colocar limites. Ao tentar
principal meta do livro é estimular o cados. A obra começa mesmo que economizar, o fator de segurança di-
controle de projeto e materiais, mas seja necessário mudar fundações, por minui. Não adianta falar para o cliente
principalmente de execução. exemplo, o que é feito sem planta de ir mais devagar se existem prazos, com
cargas, com a obra andando. Quando multas decorrentes do não-cumpri-
Na prática, o que a velocidade, se for o engenheiro tem experiência, tira de mento deles. É como se trabalha hoje
demais, afeta a obra? letra porque já fez muito daquilo e em dia e é necessário se adaptar.
entrevista.qxd 1/6/2007 16:11 Page 22
ENTREVISTA
Marcelo Scandaroli
minimizar os riscos, principalmente No dia seguinte o concreto já endu-
para os terceiros? receu. Acho que houve um aqueci-
Nunca acredito em má-fé. É difícil mento e as concreteiras não dão
definir a probabilidade de haver pa- Com equipamentos tão atuais quanto os conta de atender bem a todos.
tologias no caso de usar um ou europeus, a engenharia de fundações,
outro tipo de fundação ou conten- também por ser uma etapa pouco Por que erros de projeto são poucos
ção. Se for bem executado, empre- visível, está entre as principais afetadas comuns?
gando material de boa qualidade, pela velocidade imposta às obras atuais O computador ajuda muito hoje em
conforme especificado em projeto, dia. O cálculo é rápido e com menor
com fiscalização, não tem por que possibilidade de erro. Basta estar
ocorrem patologias. Dentre as patologias que costumam ciente e carregar os dados no compu-
ocorrer numa obra de fundações, os tador de forma correta.
No Brasil temos tecnologia e erros mais comuns estão no cálculo
equipamentos adequados para ou na execução? Justamente por isso o pessoal de
executar fundação? Concreto com resistência abaixo do estruturas reclama de profissionais
Sem dúvida. Na Bauma [feira alemã especificado e execução malfeita são menos experientes.
de construção], (veja cobertura tam- maioria. Projeto dificilmente apre- No ramo de fundações e contenções
bém nesta edição), os equipamentos senta erros. Estamos passando por é difícil ter engenheiros recém-for-
expostos eram os mesmos que te- uma má fase em termos de concreto. mados. Para começar a bater bola
mos para fundações especiais aqui, Pede-se uma determinada resistência nessa área tem que ter no mínimo
por exemplo. Os empreiteiros brasi- e quando se aplica descobre-se que dez anos de experiência. O compu-
leiros têm equipamentos de primei- não tem aquela resistência. tador faz o cálculo, mas, com expe-
ra qualidade. riência, o profissional tem sensibili-
E na execução, quais os erros? dade para saber o que está errado
Relativamente, projetos de fundação Fazer locação é um exemplo bem ou certo. No caso de estruturas, o
e contenção são caros para uma claro. Antigamente lançava-se uma engenheiro sai da faculdade, com-
construtora? tábua em torno da obra, o topógrafo pra um programa, uma ferramenta
Não absurdamente. Chegam a 5 ou marcava com prego cada eixo dos pi- excelente, entra com os dados e
7% do total da obra. Então, por que lares, esticava um arame, descia um obtém, para um vão de 3 m, uma
economizar tanto? Vou raciocinar prumo e locava a estaca. Antes de viga de 1,5 m de altura, com um
como o empreendedor, sabendo que executar, checava de novo. Hoje ferro de uma polegada embaixo.
ele tem que respeitar um custo máxi- marca um monte de piquetes no Não tem sensibilidade para saber se
mo por metro quadrado. Dentro chão. Se alguém dá um toque e ele sai está certo. Já na área de fundações e
desse valor existe a porcentagem des- do lugar, haverá excentricidades. A mecânica dos solos temos um mix
tinada a cada etapa, sobrando aquele fundação será executada 20 cm longe de projeto e obra.
quinhão para as fundações. Se desti- de onde era para ser, exigirá reforços
nar mais, a filosofia fica errada, pois e travamentos, que custam dinheiro E por que os recém-formados
gasta mais do que a verba destinada e tempo. Onde foi o erro? Na escolha não se aventuram nesse campo?
para aquilo. do tipo de locação. Porque não têm experiência. Se na
ENTREVISTA
soal saiu do ramo. Agora, a qualquer da qualidade. Ou seja, coloca-se o Com cinco ou seis obras na mesma
aquecida do mercado, não há profis- lobo pra cuidar dos cordeiros. Em região, sabemos que algumas
sionais de projeto pra contratar. O São Paulo ou Rio de Janeiro há um construtoras deixam de realizar
pessoal quer ir para a área de plane- pouco mais de consciência. Contra- sondagem por considerar que o solo
jamento e gerenciamento. ta-se um escritório especializado em da região é homogêneo.
fundações para desenvolver o proje- É por isso que só projetamos e execu-
O que falta na formação para dar to. No resto do País, se houver pato- tamos se houver sondagem. O solo
mais experiência prática aos logias, o empreiteiro vai brigar com não tem regra nenhuma. Num ponto
profissionais e para abrir os olhos o empreendedor, pois o responsável é de um jeito e 20 m para o lado pode
para esses campos que estão técnico pela obra não tem como ser completamente diferente.
carentes? controlar. Empurra-se a responsabi-
Haver uma integração maior entre lidade para o empreiteiro, não im- O controle de materiais também é
escolas e empresas para que os está- portando se vai gastar mais ou se vai fonte de problemas?
gios fossem levados mais a sério. Nas dar algum problema. É complicadíssimo, principalmente
escolas técnicas federais os alunos para materiais que trabalham com
são obrigados a fazer estágio para se Quais os itens a controlar durante base na resistência, como concreto e
formar. O estudante tem um monte a execução? aço. Este tem controle melhor, exceto
de informação, mas não se aprofun- Se o projeto condiz com a obra, e se quando definimos um tipo de aço para
da em nada. Isso principalmente nas é tecnicamente viável o material a cravar perfil e o cliente compra outro
escolas com nível técnico melhor, utilizar. Não adianta especificar um para economizar.Ainda assim, o maior
que absorve o aluno a ponto de ele tipo de aço e comprar um que não problema é a resistência do concreto.
ficar o dia todo na faculdade. atinge a resistência. Durante a exe-
cução, verificar desde locação até se O livro fala de qualidade total. O que
Com tanta informação a ser as condições do solo condizem com é isso?
passada, como aprofundar? a sondagem. É o tripé formado por projeto, execu-
A faculdade de engenharia deveria ção e o material empregado e que ga-
ter seis anos. A grade é a mesma E ao final? rante a segurança. Se os três estiverem
desde sempre, com as mesmas cadei- Verificar o desempenho ao ser carre- bons, eis a qualidade total. Para cada
ras, mas há muita informação nova, e gada. É possível fazer, durante a cra- um desses critérios o livro tem um
para encaixá-las diminui-se a carga vação de uma estaca pré-moldada, checklist. Quais informações um pro-
horária de matérias que eram vistas por exemplo, uma prova de carga di- jeto tem que apresentar para poder
com mais profundidade, como es- nâmica para saber qual é a carga de controlar a execução? Tem que ter
truturas. O sujeito sai com uma visão ruptura. Acompanhar a fundação in sondagem, levantamento planoal-
maravilhosa, mas sem especializa- loco é fundamental para o sucesso. timétrico do terreno, as contenções
ção. Daí as escolas viram a necessida- definidas. Qual é a cota de apoio, a
de dos cursos de pós-graduação, mas Há novidades em termos de tensão ou carga unitária? Isso tudo
isso é ruim. O aluno tinha que sair já segurança para a execução tem que estar definido no projeto de
para trabalhar. de tubulões? fundações para ser controlado de-
Continua sendo uma execução que pois. São itens a cobrar do escritório
Quais as ferramentas disponíveis incorre em alguns riscos. É a funda- contratado para que o engenheiro
para controlar a qualidade? ção mais barata e a mais segura em responsável controle a execução.
São bem poucas, e o objetivo do livro termos de desempenho que existe. Bruno Loturco
é realmente esse, pois os livros que Em meu escritório só executamos tu-
temos de mecânica dos solos e fun- bulão se tiver 100% de segurança. As
dações são muito teóricos. Mesmo o condições são que o solo seja coesivo,
LIVRO
que foi brilhantemente editado pela o lençol freático não esteja muito alto
PINI, com a participação dos melho- e não haja presença de areia. Antes de Fundações e Contenções de
res profissionais do mercado. Têm executar, fazemos um poço de inspe- Edifícios – Qualidade Total na
que ser mais acessíveis, mais simples. ção pra ver como se comporta a esca- Gestão do Projeto e Execução
vação. Afinal, nós também vamos Ivan Joppert Jr.
Como é feito até agora? descer no tubulão para verificar se o 224 páginas
Vou lhe dar dois panoramas. Fora de operário abriu a base. Por isso, Editora PINI
São Paulo, por exemplo em Brasília, vamos até determinado limite e dali Vendas pelo portal www.piniweb.com
as fundações são encomendadas pra frente é outra metodologia. ou pelos telefones 4001-6400
para um empreiteiro, que desenvol- Mesmo que seja mais barato, não dá (regiões metropolitanas) ou
ve o projeto, executa e faz o controle pra fazer ou vai matar alguém. 0800-5966400 (demais regiões)
FEIRAS
Show de máquinas
A Bauma refletiu, neste ano, a tendência mundial de crescimento da
construção. Confira alguns lançamentos e novidades da maior exposição
de máquinas e equipamentos
Gustavo Mendes
resume Maria Alice Moreira, diretora
comercial da SH. Para ela, que tam-
bém participou da Bauma 2004, a edi-
A caravana da SH Fôrmas contou com 76 participantes. No total, 2.099 visitantes
ção atual teve mais fôlego. "Em todos
brasileiros visitaram a Bauma
os aspectos a feira cresceu", avalia.
A empresa, que neste ano está in-
vestindo R$ 15 milhões em equipa- obtido aos outros profissionais da dústria e Comércio. O estande brasi-
mentos, também foi à Bauma para co- empresa. "Chamou nossa atenção a leiro ficou localizado no Pavilhão A3,
nhecer novas tecnologias, conta Ruth evolução das soluções construtivas e destinado a máquinas e ferramentas
de Castro, presidente da SH. "Manti- tecnológicas das fôrmas pré-fabri- para construção. Cinco empresas fize-
vemos contato com a Hünnebeck, cadas para concreto. Resta-nos agora ram parte do pavilhão: Electro Aço
que foi sócia da SH durante dez anos, fazer com que nós aqui no Brasil pos- Altona, Eurobrás Construções Modu-
e que tem inspirado nossos últimos samos usufruir pelo menos de parte ladas, Proficenter Planejamento de
investimentos em equipamentos de de toda essa tecnologia já disponível Obras, Turbo Service Brasil e Unitec
alta tecnologia. Em geral, a Bauma no mundo", afirma. Metalúrgica do Pó. Outras duas em-
nos ajuda no benchmark com concor- Pela primeira vez a Bauma contou presas brasileiras, Metalúrgica Wolf e
rentes internacionais – e também para com um pavilhão brasileiro, resultado Cló Zironi Indústria, também partici-
estudar as soluções européias e ver se da parceria da Sobratema com a Câ- param da feira em outros pavilhões.
são viáveis no Brasil." mara Brasil-Alemanha, com apoio da
Levi Vasconcellos dos Santos, ge- Apex (Agência de Promoção de Ex- Novas tecnologias
rente de suprimentos e logística da portações e Investimentos), ligada ao A Bauma 2007 foi dividida em
Hochtief, visitou a feira em busca de Ministério do Desenvolvimento, In- sete setores que englobaram pratica-
equipamentos para aquisição ou loca- mente todos os segmentos de máqui-
ção. As áreas de interesse da empresa nas, ferramentas, peças e serviços para
foram basicamente movimentação construção. A feira também contou,
horizontal e vertical de cargas (eleva-
Bauma em números pela primeira vez, com uma área ex-
dores, gruas, guindastes, manipula- Visitantes: 500 mil clusiva para o segmento de minera-
dores telescópicos etc.) e equipamen- Visitantes estrangeiros: 160 mil ção. Os estandes estavam distribuídos
tos para processamento de agregados. Visitantes brasileiros: 2.099 em 16 pavilhões, totalizando 180 mil
"A diversidade encontrada foi real- Países representados pelos visitantes: 190 m², e também em uma área externa de
mente grande. Na maioria dos itens Países representados pelos expositores: 49 impressionantes 360 mil m². No total,
conhecemos novos fornecedores, como Expositores: 3.041 o evento contou com 3.041 exposito-
os asiáticos, por exemplo. O mais Área interna: 180 mil m² res de 49 países, com predominância
marcante não foi o volume de novida- Área externa: 360 mil m² de empresas alemãs, italianas e britâ-
des, mas sim o número de fornecedo- nicas. De acordo com pesquisa inde-
res encontrados", avalia. pendente encomendada pela organi-
A Fortes Engenharia, construtora zação da feira, 91% dos participantes
capixaba, enviou seis profissionais de apresentaram inovações.
sua equipe técnica ao evento. O obje- O leque de tecnologias em exposi-
Divulgação: Bauma
tivo, segundo conta Ivana Có Rodri- ção foi tão grande quanto as dimen-
gues Netto, gerente de engenharia, era sões da feira. No segmento de veículos
gerar formadores de opinião que pu- para canteiro, um dos mais represen-
dessem disseminar o conhecimento tativos da feira, a redução de emissões
27
materia_bauma.qxd 1/6/2007 16:24 Page 28
FEIRAS
de gases poluentes e causadores do americanas Tier III para redução na nesse segmento apresentavam inova-
efeito estufa foi uma das tônicas. Um emissão de gases foi apresentado. Em ções para melhorar o conforto do
grande número de máquinas (cami- muitos casos, os modelos das máqui- operador e a manobrabilidade.
nhões, escavadeiras, carregadeiras, nas eram os mesmos, apenas os moto- Em relação ao porte das máqui-
compactadores) com motores que res foram substituídos. Ademais, pra- nas, o leque de opções cresceu nos
estão de acordo com as exigências ticamente todos os novos modelos dois sentidos. Foi grande o número de
expositores lançando maquinários de
pequeno porte como miniescavadei-
ras e minicarregadeiras, segmento
ainda pouco desenvolvido no Brasil.
Algumas empresas de outras fatias de
mercado, inclusive, aproveitaram o
evento para anunciar seus primeiros
modelos para esse segmento. Na
outra ponta, uma série de máquinas
de grande porte, muitas batendo re-
cordes de capacidade, também foram
lançadas. Nesse caso, a demanda a ser
atendida era a redução de custos e au-
mento da produtividade.
No segmento de equipamentos
para transporte vertical, o porte das
máquinas também aumentou para
atender grandes obras, como as da Pe-
nínsula Arábica, Índia e Rússia, re-
giões destacadas pela VDMA (Federa-
ção Alemã de Engenharia) como as
que mais estão demandando máqui-
nas e equipamentos. Precisão, mano-
brabilidade e facilidade de manuten-
ção também foram elementos cons-
tantes nos lançamentos. A feira tam-
bém contou com um pavilhão desti-
nado às tecnologias de escoramento,
Alex Schelbert
Tecnologias
DPU 130 Bobcat Europe, Ingersoll Rand Compact a diesel, com 159 kW, tem tecnologia
Vehicle Technologies common rail e certificado Tier III.
167 Dreve Richelle Case Construction Equipment
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Micro
29
materia_bauma.qxd 1/6/2007 16:24 Page 30
FEIRAS
Tecnologias
domésticas e de paisagismo. Para Novo sistema de tratamento de piso da Ecoply P
alcançar espaços restritos, a Micro é sueca HTC, possui duas cabeças de
dotada de chassis extensíveis. Com essa polimento que comportam seis discos
tecnologia, o chassi pode ser de 340 mm. O equipamento é uma versão
compactado para acessar espaços mais compacta do HTC 2500 iX, com
Neuson 9503
O equipamento é indicado para
substituição de tubulações de água e de
esgoto. O HB125 utiliza a plataforma
Vermeer Navigator HDD e tem 250 mil
libras de força. É capaz de substituir tubos
de 4 a 20" de diâmetro. Com peso
reduzido, pode ser comandado por apenas
um operador. O método, não destrutivo,
evita interrupções no trânsito e outros A nova pá-carregadeira tem suspensão
transtornos. a ar (sistema Full Adjustment), fácil
Earth Tool Company LLC acesso para o operador e uma série de De acordo com o fabricante, a 9503 é a
PO Box 3, Oconomowoc, WI 53066 ajustes do banco para melhorar o escavadeira de 9 t mais veloz no mercado.
Fone: 1-800-331-6653 conforto e a produtividade do operário. Para garantir estabilidade, a máquina
E-mail: [email protected] O motor, um CNH 6TAA-6802 common possui garras com controle individual e
www.hammerheadmole.com rail de quatro válvulas, pode operar suportes que operam automaticamente.
com duas potências: 127 ou 138 kW, O acesso a todos os componentes para
HTC 1500 iT com rotação de 2.000 rpm. Possui, manutenção pode ser realizado por meio
ainda, sistema de diagnóstico para da inclinação da cabina, exclusividade
reduzir os custos e o tempo necessário desse modelo. Atinge até 40 km/h de
para manutenção. velocidade e tem motor de 75 kW.
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30 Veja mais produtos e contatos de empresas em www.bauma.de TÉCHNE 123 | JUNHO DE 2007
materia_bauma.qxd 1/6/2007 16:24 Page 31
casa inteligente.qxd 1/6/2007 16:22 Page 32
SUSTENTABILIDADE
Vitrine de tecnologias
O projeto Casa Eficiente reúne o que há de mais avançado em eficiência
energética no Brasil
Projeto inteligente
Manta Isolante de Se uma parte dos equipamentos
geotêxtil poliestireno ainda não é uma realidade de merca-
extrudado do, medidas simples e inteligentes
podem reduzir (e muito) a conta de
Seixo rolado
luz e o impacto ambiental provocado
pela produção de energia. Todo o pro-
Manta
jeto foi longamente estudado em ter-
impermeabilizante +
mos de adequação climática. Softwa-
camada separadora
res criados pelo LabEEE (disponíveis
Laje de concreto
em papel kraft
para download gratuito no site do la-
boratório) compilaram informações
sobre a incidência de luz solar, predo-
minância dos ventos, temperatura e
33
casa inteligente.qxd 1/6/2007 16:22 Page 34
SUSTENTABILIDADE
Estudo do sombreamento
Edificação residencial com 206 m² para uma família de quatro
pessoas comsala de estar, sala de jantar, dois quartos, cozinha,
banheiro, área para recepção e área de serviço coberta
21 de junho
15h
21 de dezembro
15h
Cartas solares
N
Planta do térreo
umidade na região, guiando a ocupa- técnicas construtivas integra o rol conforto térmico e o desempenho
ção do terreno, a distribuição dos cô- de possibilidades de aumento da ambiental da construção.
modos e a instalação de equipamen- eficiência energética. Na casa, as pa- A casa conta ainda com tecnologias
tos. Aberturas estrategicamente colo- redes duplas de tijolos maciços con- de uso racional da água,que inclui cap-
cadas permitem a entrada do ar frio tam com lã de rocha entre uma e tação de água de chuva para uso no
no verão e treliças de madeira e tijolo outra. A cobertura leva três grupos vaso sanitário, lavanderia e irrigação,
dispersam os ventos frios do inverno. de materiais. Nas laterais, telhas ce- além do reúso de água no jardim.
A adequação climática requer pla- râmicas, isolante térmico em polie- "Aqui nós estamos testando tec-
nejamento, mas proporciona ganhos tileno aluminizado, lã de rocha e nologias de ponta. Não é para se sair
de eficiência energética a baixos cus- forro de placas de OSB. Na parte por aí construindo casas iguais a essa,
tos. Apesar disso, esse é um aspecto frontal da casa, que recebeu os pai- até porque uma casa com menos
pouco considerado nos projetos bra- néis fotovoltaicos, o telhado com equipamentos também pode ser
sileiros. "Infelizmente pouca gente estrutura de madeira laminada co- muito eficiente", afirma Roberto
consulta a norma 15220, da ABNT lada conta com telha metálica e iso- Lamberts.
(Associação Brasileira de Normas lante térmico de lã de rocha (veja Giuliana Capello
Técnicas), que indica os parâmetros ilustração). Por último, o beiral no
para o zoneamento bioclimático em entorno da casa recebeu um jardim
todo o País", lamenta Lamberts. suspenso (telhado verde), com laje
PARA SABER MAIS:
de concreto, manta impermeabili-
Técnicas construtivas zante e isolante de polietileno ex- www.labeee.ufsc.br
A escolha dos materiais e das trudado. Tudo para aumentar o www.eletrosul.gov.br/casaeficiente
RECUPERAÇÃO
Contra-ataque químico
Após sofrer ataques ácidos, estrutura foi recomposta e reforçada, inclusive com
dispositivo para evitar novas contaminações
Resistência de volta
Assim sendo, a primeira provi-
dência tomada foi a de descobrir to-
talmente as armaduras que já esta-
vam expostas. Utilizando disco dia-
mantado, toda a superfície do con-
creto que ainda estava bom foi fresa-
da, uma camada de aproximadamen-
te 2 mm de espessura. Para compensar a perda de seção e de resistência, os pilares foram aumentados em
Com as ferragens à mostra, deci- 10 cm para cada lado e tiveram a taxa de armadura aumentada, além de ganharem
diu-se pela aplicação de tela galvânica proteção catódica
nos pilares para interromper o pro-
cesso corrosivo. Nas vigas, também
nos pontos em que as armaduras esta-
vam descobertas, a escolha foi pela
aplicação de fio galvânico, com carac-
terísticas semelhantes às das telas.
Após garantir que as armaduras e
o próprio concreto não mais sofre-
riam com a deterioração provocada
pela corrosão, foi necessário aumen-
tar a resistência estrutural. A reconsti-
tuição das armaduras se beneficiou
do fato de ser a mesma Projex a res-
ponsável pelo projeto e execução ori-
ginais. Assim, as novas ferragens
foram montadas seguindo os mesmos
critérios das já existentes. Com isso, os
pilares ganharam – além da taxa de
aço – um incremento também na
Recuperados, os pilares passaram a contar com lados de 100 cm. As armaduras
seção. Cada lado, até então com 80
adicionais partem dos blocos de fundação e vão até as vigas, garantindo a
cm, ganhou mais 10 cm, resultando
recuperação efetiva da resistência
em pilares com 100 cm de lado.
A fim de proporcionar um ganho
real de resistência, os arranques das ar- Embora apenas oito dos 14 pilares se esperar que as condições de traba-
maduras adicionais nascem dos blo- apresentassem problemas, todos tive- lho fossem restritas, além de o prazo
cos de fundação e se fixam às vigas. ram as dimensões aumentadas para ser apertado. Afinal, manter a usina
Além disso, o novo concreto apresenta que não houvesse prejuízos estéticos. parada ou operando apenas parcial-
resistência à compressão de 30 MPa, Também as fôrmas foram as mesmas mente representa prejuízos. Por isso, a
ante fck 20 MPa do original.A intenção, – chapas de madeira compensada re- obra foi executada entre 22 de janeiro
resume Christiane Matachana Thomé, sinada – para assegurar o mesmo aca- e 28 de fevereiro deste ano.
também da Projex, era "consolidar a bamento ao concreto aparente. Quanto às restrições, um dos de-
estrutura, transformando-a em um Por se tratar de uma recuperação safios era garantir que não houvesse
monobloco de concreto armado". – e não de uma nova construção – é de vazios no novo concreto aplicado,
37
recuperacao usina.qxd 1/6/2007 16:20 Page 38
RECUPERAÇÃO
GRUAS
Plano de cargas
Veja os equipamentos mais comuns para içar,
como preparar a logística do canteiro e como fazer
estudos de produtividade do equipamento
Checklist
Itens de segurança obrigatórios em gruas segurança para acesso à torre, lança e
Limitador de momento máximo contralança. Para movimentação vertical
Limitador de carga máxima para na torre da grua é obrigatório o uso de
bloqueio do dispositivo de elevação dispositivo trava-quedas
Limitador de fim de curso para o carro Limitador de giro, quando a grua não
da lança nas duas extremidades dispuser de coletor elétrico
Limitador de altura que permita Anemômetro
frenagem segura para o moitão Dispositivo nas polias que impeça a
Alarme sonoro para ser acionado pelo saída acidental do cabo de aço
operador em situações de risco e alerta, Proteção contra a incidência de raios
bem como de acionamento automático solares para a cabina do operador
quando o limitador de carga ou momento Limitador de curso para o movimento
estiverem atuando de translação de gruas instaladas
Placas indicativas de carga admissível sobre trilhos
ao longo da lança Guarda-corpo, corrimão e rodapé nas
Luz de obstáculo (lâmpada piloto) transposições de superfície
Trava de segurança no gancho Limitadores de curso para o movimento
do moitão da lança (aplicável a gruas de lança móvel
Cabos-guia para fixação dos cabos de ou retrátil)
Fonte: NR-18
41
materia_grua.qxd 1/6/2007 16:21 Page 42
GRUAS
Modelo certo
Gruas Em construção civil, os guindastes
mais requisitados têm entre 70 e 100 t
TORRE FIXA Altura: de 18 a 40 m de torre mais
e, num contexto alternativo, de 200 a
edificação
250 t. A espera por esses modelos nas
Ancoragem: não aplicável
empresas locadoras pode chegar a até
Tempo de montagem: de 3 a 5 dias
quatro dias.
Por outro lado, no caso de neces-
AUTOMONTANTE
sidades especiais, de elevadíssimo
Fotos: divulgação Locabens
Guindastes
SOBRE CAMINHÃO MONTADO SOBRE CAMINHÃO GUINDASTE SOBRE ESTEIRA
DE FÁBRICA
Fotos: divulgação/I. V. Transportes e Guindastes
43
materia de capa.qxd 1/6/2007 16:30 Page 44
CAPA
Marcelo Scandaroli
Marcelo Scandaroli
investimentos da prefeitura. É um
valor 6,3 vezes maior que o previsto
em 15 de janeiro de 2003, quando o
Diário Oficial do Município divulgava
Corredores largos facilitam fluxo dos torcedores no estádio. Tempo total de
a autorização para a execução do Está-
evacuação previsto pelos projetistas do estádio João Havelange é de 11 minutos
dio e seu orçamento, então estimado
em R$ 60 milhões. O "sutil" erro de es-
timativa ocorreu não apenas no está- também "falta de planejamento e um até 80 t. Mas o destaque do Engenhão,
dio, mas na construção e reforma de certo grau de improviso que parece como também é conhecido o estádio
outros equipamentos para o Pan, que estar presente em todo o processo". municipal construído no bairro En-
também recebiam investimentos fede- O presidente da empresa munici- genho de Dentro, é a cobertura metá-
rais. Por isso, desde o início de 2007 o pal de urbanismo, Riourbe, João Luís lica circular de 4.200 t, sustentada por
TCU (Tribunal de Contas da União) Reis da Silva, conta que, no Estádio quatro grandes arcos metálicos que
vem acompanhando de perto o anda- João Havelange, grande parte dos vencem vãos de até 220 m.
mento das obras, emitindo relatórios atrasos no cronograma da obra se deu
trimestrais até o final da competição. em função de entraves burocráticos Estrutura
O primeiro relatório, apresentado na liberação dos terrenos onde está O primeiro projeto do Engenhão
em abril, afirma que a participação do localizado o estádio. "Nós tivemos previa a construção de 160 pórticos
Governo Federal no custeio dos Jogos, que aguardar a liberação da área de de concreto armado moldados in
previsto em R$ 680 milhões, passou um trecho do terreno do Museu do loco. No entanto, dois motivos leva-
para mais de R$ 1,9 bilhão, segundo Trem, além de outra área, no acesso ram os construtores a repensar a
valores de fevereiro de 2007. Apesar de leste do estádio, onde havia um execução da estrutura: o cronogra-
o valor investido ser quase três vezes campo de futebol. É uma situação ma e o consumo de fôrmas. "Com
maior que o orçado, as obras atrasa- muito complexa, com diversas desa-
ram e, segundo o relator, Marcos Viní- propriações, que fogem do nosso con-
cios Vilaça, houve descumprimento do trole e param no judiciário", justifica.
Acordo de Responsabilidades e Obri- "A última desapropriação foi feita no
gações para o Pan – assinado em 2002, início do mês de maio."
Acervo pessoal César Pereira Lopes
45
materia de capa.qxd 1/6/2007 16:30 Page 46
CAPA
N
Planta
Corte A-A 0 15
Acervo pessoal César Pereira Lopes
Transformada em
peça pré-moldada,
a laje dos camarotes
Peça de 60 t, montada a cerca de 30 m de precisou ser
altura, era apoiada apenas no pilar e pendurada à
Marcelo Scandaroli
47
materia de capa.qxd 1/6/2007 16:30 Page 48
CAPA
Novos em folha
As principais características dos equipamentos construídos especialmente para o Pan 2007
Eliane Carvalho
Velódromo
Marcelo Scandaroli
49
materia de capa.qxd 1/6/2007 16:31 Page 50
CAPA
Marcelo Scandaroli
sustenta um dos setores de cobertura,
que são independentes entre si. No
caso brasileiro, os arcos sustentam
uma única estrutura em formato de
foi realizado pelo escritório para- anel, que cobre os quatro setores de
naense Andrade Rezende. Para a arquibancada – fato que muda drasti-
obra, a empresa consorciou-se a ou- camente a maneira de projetar e,
tros dois escritórios: o Alpha Proje- principalmente, executar a cobertura.
tos, do arquiteto Flávio D'Alambert, "A estrutura não tem estabilidade
Divulgação: Andrade Rezende
que elaborou o projeto básico da es- parcial, ela só fica estável quando está
trutura; e o Tal Projetos, empresa montada e solidarizada", explica An-
portuguesa que já havia participado drade. Além de suportar as cargas ver-
da construção do Estádio da Luz, em ticais da cobertura, os arcos absor-
Portugal, e que supervisionou a ela- vem, também, seus esforços horizon-
Complexidade do projeto da cobertura do
boração do projeto da cobertura. tais. Dessa forma, a estabilidade no
Engenhão exigiu a produção de mais de
A concepção arquitetônica do está- sentido norte-sul é dada pelos arcos
60 mil peças, todas diferentes entre si
dio foi inspirada em um projeto da dé- das laterais, que vencem os vãos de
cada de 40, criado por Oscar Niemeyer 220 m; e a estabilidade no sentido
savam ser posicionadas a até 30 m de para o Estádio do Maracanã. Na oca- leste-oeste, pelos arcos transversais,
altura.Por isso,o projeto estrutural dos sião, o trabalho ficou em segundo lu- que vencem vãos de 180 m.
elementos deve levar em consideração gar na concorrência pela obra, não foi A etapa de montagem foi bastan-
não apenas os esforços que suportarão utilizado e havia sido abandonado. te cuidadosa. Primeiro, foram execu-
em sua utilização final, mas também Carlos Porto remodelou-o para o Está- tadas estruturas laterais (leste e
aqueles resultantes de sua movimenta- dio João Havelange: quatro arcos me- oeste). Em cada uma delas, 14 torres
ção. Lopes conta que os esforços de fle- tálicos que sustentam uma cobertura treliçadas, apoiadas sobre macacos
xão resultantes do transporte das peças circular também metálica que envolve hidráulicos, sustentavam o conjunto
implicariam um projeto com alto con- todas as arquibancadas. composto por arco e cobertura.
sumo de aço. A solução, relativamente Segundo Jeferson Luiz Andrade, Quando esses setores eram concluí-
simples, foi utilizar apoios metálicos diretor técnico da Andrade Rezende, dos, os macacos eram acionados e as
que carregavam os elementos a suas o projeto da cobertura apresentava torres, retiradas – com o cuidado de
posições finais. Elementos metálicos grande complexidade geométrica. "A manter o sistema escorado até a con-
também foram utilizados como "ta- cobertura não está toda no mesmo clusão dos setores norte e sul. Com os
las", que temporariamente sustenta- nível, ela descreve parábolas, tem par- segmentos prontos e a estrutura soli-
vam as peças de concreto recém-soli- tes mais altas, outras mais baixas." A darizada, o controle do descimbra-
darizadas. "Na emenda você aplica o conseqüência disso era que nenhuma mento precisou ser mais rígido. "Era
graute, mas o que segura até aquilo peça era igual à outra – segundo An- preciso que o descimbramento das 22
virar uma estrutura monolítica é a drade, poderiam ser bastante pareci- torres nas duas pontas fosse feito ao
'tala' metálica", explica o projetista. das, mas sempre havia pequenas dife- mesmo tempo", afirma Andrade.
renças, ainda que milimétricas. O de- Manômetros instalados nos macacos
Cobertura talhamento de cada peça deu bastante permitiram acompanhar com preci-
O projeto executivo da cobertura trabalho, já que os desenhos eram são a evolução do trabalho.
metálica do Estádio João Havelange únicos e não podiam ser aproveitados Renato Faria
DRYWALL
Placa verde
Com exceção de áreas externas, gesso acartonado pode ser usado em áreas
molháveis, inclusive boxes de banheiros
s placas de gesso acartonado re- gesso acartonado, as placas RU devem uso indevido pode acarretar na perda
A sistentes à umidade (RU) se dife-
renciam das placas padrão por sua
apresentar uma taxa de absorção de
água máxima de 5%. "Nas placas
da garantia do produto. A utilização
dessas placas é permitida em áreas su-
coloração esverdeada. No processo de Standard, sob as mesmas condições jeitas ao vapor e à projeção de água,
fabricação dessas chapas, são incluí- de ensaios, a absorção pode chegar a desde que ocorram de forma não sis-
dos na mistura do gesso alguns aditi- 70%", conta Duarte. temática. Por isso, apesar dos precon-
vos hidrofugantes – normalmente à Mas, apesar da resistência do ma- ceitos de alguns construtores, são tec-
base de silicone – que reduzem a taxa terial, não é em qualquer ambiente nicamente viáveis inclusive nas áreas
de absorção da água pelo material. molhável que se pode utilizar as cha- de boxes dos banheiros.
Salvador Duarte, membro da comis- pas resistentes à umidade. Segundo Dependendo do dimensiona-
são técnica da Associação Brasileira Duarte, a ação dos intemperismos em mento das cargas da parede, pode
dos Fabricantes de Chapas para Dry- áreas externas é agressiva demais haver a necessidade de reduzir os es-
wall, explica que, de acordo com a mesmo para as placas verdes. "Algu- paçamentos entre os montantes. A
norma NBR 14.717, que define as ca- mas fachadas são verdadeiras ca- aplicação de revestimentos mais pe-
racterísticas físicas das chapas de choeiras", afirma, ressaltando que esse sados, como granitos, pode exigir es-
Produtos no mercado
Confira as especificações técnicas das
chapas dos principais fabricantes do Brasil.
Placa RU Knauf
Espessuras: 9,5, 12,5 e 15 mm
Dimensões: 1.200 x 1.800 mm a
1.200 x 3.600 mm
Peso/área: 6,5 a 14 kg/m2, dependendo
da espessura da placa
Placa RU Placo
Espessuras: 12,5 e 15 mm
Dimensões: 1.200 x 2.400 mm (padrão)
Peso/Área: 10 e 12,5 kg/m²
Manual de Montagem de Sistemas de Drywall – Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas para Drywall/Editora PINI
os perfis. Acabamentos tradicionais –
como a pintura sobre o próprio dry-
wall ou até mesmo revestimento ce-
râmico – são mais leves e permitem o
posicionamento mais distante dos
perfis verticais, a até 60 cm.
As tubulações são colocadas du-
rante a execução da estrutura metáli-
ca da parede, e alguns cuidados na
etapa devem ser observados. Algu-
mas obras têm tubulações de água
quente em cobre ou bronze. Esses
materiais são altamente reativos se
encostados no aço galvanizado dos
perfis metálicos da parede. O contato
prolongado entre os elementos, por-
tanto, prejudica a proteção catódica
conferida ao aço galvanizado, expon-
do-o mais rapidamente a ataques
corrosivos. Dessa forma, alerta Duar-
te, é obrigatório isolar a tubulação
metálica com espumas ou borracha. Esquema de impermeabilização da interface piso-drywall: à esquerda, constituição de
Em caso de passagem de tubula- membrana a frio; a direita, impermeabilização com manta asfáltica, feita com maçarico
ção plástica, é importante colocar
protetores plásticos nos furos dos
montantes. Essa região possui extre-
midades muitas vezes cortantes, que
podem funcionar como "navalhas" e
danificar o encanamento, causando
vazamentos ou expondo a fiação elé-
trica. "É uma proteção tanto para ele-
trodutos quanto para a tubulação de
água", explica.
Os pontos de saída das tubula-
ções devem ser fixados à estrutura da
parede – diretamente nos montantes
ou em travessas horizontais metálicas
ou de madeira tratada. As frestas da
região de contato entre os pontos de
saída e a chapa de gesso devem ser ve-
dadas com selantes elastoméricos.
"Uma prática errada é a vedação com
Tubulação recebe protetores Impermeabilização com emulsões
gesso ou massa corrida", explica
plásticos na região dos furos dos dispensam uso de rodapé metálico.
Duarte. Esses pontos de saída devem
montantes. A extremidade cortante Deve-se apenas deixar 1 cm entre a
avançar cerca de 2 mm para fora do
dos perfis metálicos pode danificar chapa de gesso e o piso para aplicação
revestimento da parede.
os materiais plásticos de selante (mástique ou similar)
Para amenizar o ruído resultante
da passagem de líquidos, o isolamen-
to acústico pode ser feito com lã mi- Cortes na lã podem ser feitos para o aplicada no local, o esquema de
neral, de preferência posicionada envolvimento da tubulação passante. montagem do sistema pode apre-
após o fechamento de um dos lados Segundo Duarte, a área mais sentar uma pequena variação. Caso
da parede. Colocadas entre os mon- sensível das paredes de drywall é a a opção do construtor seja por im-
tantes, devem preencher uniforme- base do sistema, na interface com o permeabilização com manta asfálti-
mente o espaço, evitando-se vazios piso. Dependendo do projeto e do ca, aplicada com maçarico, é neces-
que permitam a passagem do som. tipo de impermeabilização que será sária a utilização de um rodapé
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drywall.qxd 1/6/2007 16:29 Page 54
DRYWALL
Fotos: Marcelo Scandaroli
Lã mineral deve preencher todo o espaço entre os montantes. Furos podem ser feitos para passagem de tubulação
Estrutura do drywall deve receber Interface entre piso e parede drywall é a mais sensível em áreas molháveis.
reforços nas regiões de fixação de Para garantir estanqueidade, impermeabilização deve avançar, no mínimo,
lavatórios, vasos sanitários e armários 20 cm parede acima
CONTENÇÕES
Terra firme
Conheça os vários métodos de contenção dos terrenos inclinados e veja quais
as soluções para calcular ou reforçar os taludes
ortar ou aterrar terrenos pode ser "Não há uma única fórmula que indi- que pode ser feita com drenos fibroquí-
C um grande desafio à física e à ma-
temática: muitas vezes, de acordo com
que qual o melhor sistema de conten-
ção de taludes para cada uma dessas si-
micos, horizontais profundos (DHP)
ou trincheiras drenantes e materiais
a resistência ao cisalhamento e a umi- tuações", afirma o engenheiro e pro- permeáveis, como a areia", exemplifica.
dade que permeia o terreno, o rompi- fessor da Escola de Engenharia Mauá É bastante provável também que
mento de um talude pode fazer com Nélcio Azevedo Júnior. seja necessário alterar a geometria do
que as idéias de um projeto de enge- Ele reúne as diferentes soluções em terreno, caso ele esteja pouco inclina-
nharia de solos escorreguem pelas en- três grupos básicos. O primeiro consis- do, ou vertical demais. Criar uma
costas. Contudo, para a prevenção de te em métodos de redução da pressão berma ou tirar o peso excessivo de
deslizamentos em rodovias, encostas, neutra, já que a água é, geralmente, a cima do talude são alguns dos méto-
rios e canais, ou até mesmo nas pare- principal causa de rupturas. "O grande dos indicados.
des de garagens subterrâneas, a tecno- problema das encostas é a água; e a al- "Em muitos casos, contudo, não se
logia já encontrou diversas soluções. ternativa é, sem dúvida, a drenagem, tem espaço físico nem acesso suficien-
Sofia Mattos
Os tirantes estão entre as soluções mais modernas de contenção de taludes; entretanto, seus custos são mais elevados
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taludes.qxd 1/6/2007 16:32 Page 58
CONTENÇÕES
sempre atenção às novidades que o dos solos argilosos moles e pouco per- feita com concreto projetado.Normal-
mercado e os pesquisadores oferecem. meáveis, permitindo aumento da re- mente leva placas pré-moldadas ou
Em linhas gerais, os processos para sistência ao cisalhamento. O processo simplesmente grama.
estabilização de encostas consistem de consolidação começa quando o ter- O mesmo vale para os solos gram-
em: eliminação da água, atenuação da reno, ao ser comprimido, filtra a água peados, onde barras de aço são inseri-
pressão de água e dos efeitos de gravi- contida entre os poros das partículas das, sem tração, ou chumbadores são
dade, e controle da erosão. sólidas, reduzindo seu volume e dimi- instalados no solo em corte com o re-
A eliminação da água dá-se pela nuindo sensivelmente o percurso a ser vestimento na face do talude. A inje-
captação de fontes e bolsões aqüífe- tomado pela água até uma região per- ção da argamassa é realizada por um
ros, regularização do escoamento ou meável e sem pressões. tubo (perdido) e a extremidade pode
drenagem superficial. Esses métodos A execução do dreno vertical, ser simplesmente dobrada ou fixada
tendem a baixar o nível da água para que pode chegar a 40 m de profundi- com placa, rosca e porca. Ao mesmo
um ponto abaixo da provável linha dade, é feita com a ajuda de um tempo, drenos profundos (tubos PVC
de ruptura. guindaste e com a introdução de um rígidos 1 ½'' a 2'', envoltos por telas de
Tubos metálicos perfurados po- material de elevado coeficiente de comprimentos que variam entre 6 e
dem ser verticalmente instalados no permeabilidade e capacidade de re- 18 m), canaletas ou descidas de água
solo e estarem ligados a bombas de sistir aos esforços pelo adensamento são executados. A armação, na maio-
sucção na superfície. A dificuldade e execução de aterros. ria das vezes, é uma tela soldada, se-
maior, nesse caso, é manter o funcio- Para a atenuação de efeitos de gravi- guida de concreto projetado. Alterna-
namento da bomba, o que pode invia- dade,opta-se por aliviar o peso com ter- tiva a essa última seria a aplicação do
bilizar a solução. raceamento ou escavações no alto do ta- concreto com fibras.
As DHPs (drenagens horizontais lude, ou ainda por bermas de equilíbrio
profundas) consistem em tubos hori- ao lado ou no pé dos mesmos. Jet-grouting
zontais perfurados (normalmente de A redução da declividade também O jet-grouting é uma técnica de re-
PVC enrolados em material geotêx- pode ser uma solução viável. forço do solo com misturas líquidas
til), envoltos por areia ou material Pode ser necessário que o solo seja de cimento jateadas. Primeiramente o
permeável, que ajuda a água a encon- reforçado já durante a execução. Nesse bico penetra o solo injetando água,
trar o caminho mais fácil de saída caso, fitas metálicas ou geossintéticos para revolver o solo, para depois subir
para bem longe da superfície externa são usados como armadura, dando formando uma coluna de solo-ci-
da contenção. origem ao nome 'terra armada', como mento. A formação de paredes com
Não se pode, contudo, esquecer da também é conhecida. Os geossintéti- uma seqüência de colunas permite
drenagem superficial, com valetas nas cos são geogrelhas, geomalhas, geo- que se façam as escavações posterior-
cristas ou plataformas,nem de regulari- membranas, geocompostos ou geocé- mente. Pode-se entender uma coluna
zar o escoamento, com terraceamento, lulas, inseridos em camadas de solo em jet-grouting como elemento de
valeteamento ou aterro de depressões. compactado na construção do aterro, contenção (parede de solo-cimento)
Já os geodrenos verticais fibroquí- para equilibrar uma provável ruptura. ou coluna de reforço (estaca). As dife-
micos eliminam rapidamente a água A proteção do solo reforçado não é rentes tecnologias no mercado permi-
Divulgação: Macaferri
Os gabiões são um dos sistemas mais utilizados para contenções: a pedra britada envolvida por gaiolas garante que a estrutura
seja drenável e deformável
tem que as colunas cheguem a ter 190 utilização de pré-moldados de concre- de ruptura. Assim, impede-se que
cm de diâmetro. to armado ou protendido na execução tudo venha abaixo.
No caso das cortinas atirantadas, dessas paredes. Eles podem ser gabiões ou crib-
que são construídas a partir do topo walls (elementos vazados de concreto,
em faixas horizontais, à medida que o Estacas raiz aço ou madeira, preenchidos com o
corte é executado, as ancoragens são Outro meio de conter os empuxos próprio material do corte), sacos de
barras ou tirantes embutidos no pró- horizontais são as estacas raiz, que areia, cimento ou até mesmo pneus.
prio maciço que será arrimado, e também são concretadas in loco, com Embora todas as soluções, inclu-
podem funcionar à tração de até 1.500 diâmetro que vai de 80 a 450 mm. sive os retaludes, devam apresentar
kN. Em aterros, após cada uma das Executadas em direção vertical ou in- um sistema de drenagem adequado,
etapas, os tirantes são instalados. Caso clinada, utiliza-se de rotação ou roto- o espaço físico disponível, as condi-
a cortina atinja o lençol freático, dre- percussão com circulação de água, ções de acesso, o material disponível,
nos profundos deverão ser instalados. lama betonítica ou ar comprimido e os custos e o tipo de solo devem ser
As paredes-diafragma também pode atravessar qualquer tipo de ter- estudados para conseguir-se um sis-
podem ser construídas de cima para reno. A concretagem é feita de baixo tema eficiente.
baixo: elas são executadas em painéis para cima, aplicando-se pressão con- O princípio de funcionamento das
ou lamelas (sucessivos ou alternados), trolada, de acordo com a natureza do estruturas de contenção é o mesmo,
de continuidade assegurada por tubo solo. A evolução tecnológica permitiu independente do método. Todas pro-
ou chapa-junta, colocado após o início que o processo de perfuração não movem, ativa ou passivamente, resis-
do endurecimento do concreto. Versá- provocasse vibrações ou descompres- tência ao deslocamento de terra e rup-
til, esse sistema aplica-se bem a servi- são do terreno. A estaca raiz resiste a tura ocasionados pelo corte.A diferen-
ços de subfundação e de proteção de cargas de tração muito altas e os equi- ça principal diz respeito ao local de
obras ameaçadas por ação das águas, pamentos mais modernos permitem apoio de tais estruturas. Enquanto o
grandes obras hidráulicas, obras de ca- executá-las com uso de cargas de até muro de arrimo é um peso indepen-
nalização, buracos subterrâneos, 1.500 kN. dente, que lança mão apenas da gravi-
como no caso de construções para Há muros de arrimo, contudo, dade para funcionar, o método deno-
metrô ou garagens. Feito in loco, o dia- que só podem ser construídos de minado solo grampeado e as cortinas
fragma nada mais é que um muro baixo para cima, como é o caso dos atirantadas procuram a zona resistente
contínuo e vertical de concreto arma- pesos aplicados na base dos taludes, para se fixarem, penetrando no
do com espessura que pode chegar a para que um contra-empuxo seja mesmo solo que devem estabilizar.
120 cm. Hoje é possível encontrar a maior que o empuxo ativo, no ponto Giovanny Gerolla
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Construtoras e
subempreiteiras: quem
ganha e quem perde?
subcontratação de serviços na senvolvidas. Analisando-se a estrutura
A construção brasileira é uma prática
irreversível, acompanhando uma ten-
Alberto Casado Lordsleem Jr.
Doutor em engenharia de construção
organizacional dessas empresas con-
cluiu-se que:
civil pela Epusp, professor da Escola
dência mundial de imprimir flexibilida- As empresas A, B, C e D não apresen-
Politécnica da Universidade de
de à produção. Porém, chamadas em- tam departamentos formalizados e os
Pernambuco
presas subempreiteiras, subcontratadas sócios ficam responsáveis pela totalida-
[email protected]
ou especializadas têm tido dificuldades de das atividades; enquanto as E, F, G e
para responder às exigências da legisla- H apresentam departamentos formali-
Mercia Maria Bottura de Barros
ção vigente e do próprio mercado. zados,com responsáveis bem definidos.
Doutora em engenharia de construção
Neste artigo busca-se identificar Uma vantagem associada ao pe-
civil pela Epusp, professora da Escola
essas dificuldades e possíveis soluções,a queno porte das empresas A, B, C e D
Politécnica da Universidade de São Paulo
partir de uma pesquisa com oito su- é a maior agilidade na resolução de
[email protected]
bempreiteiras de São Paulo, para as problemas; são poucos níveis hierár-
quais foram identificados e analisados quicos. Porém, apresentam macro-
sua estrutura organizacional e seus ma- nico especializado disponível; nenhu- processos cujas atividades são excessi-
croprocessos de produção, bem como ma dispõe de recursos de informática. vamente informais e nem sempre
os pontos críticos a serem alterados. As empresas não apresentam estraté- possuem o controle necessário.
gia competitiva definida. Pouco in- A criação de "equipes de produ-
Caracterização das empresas estudadas fluenciam nas cláusulas contratuais que ção", no caso da G, com os líderes par-
Na tabela 1 as empresas identifica- lhes são impostas pelas contratantes, ticipando do planejamento e da pro-
das de "A" a "H" são caracterizadas. principalmente as empresas A, B, C e D. dução resulta em maior nível organi-
Da caracterização das empresas As empresas E e F utilizam contratos zacional e de produtividade.
pode-se concluir: próprios; enquanto G e H dizem anali-
As empresas A,B,C e D não têm enge- sar os contratos propostos. O principal Identificação dos principais macro-
nheiros ou técnicos especializados; a G dessas empresas é sobreviver no merca- processos e problemas enfrentados
possui um engenheiro ou técnico espe- do, principalmente em função da con- na prestação do serviço
cializado para cada 17 operários da pro- corrência predatória e do baixo poder A tabela 3 apresenta os problemas
dução;as empresas E,F e H possuem um de barganha junto às construtoras. identificados tanto pelos autores
técnico especializado para 40 operários. como apresentados pelos dirigentes
A formação escolar e técnica dos só- Estrutura organizacional das empresas em seus principais ma-
cios das empresas E, F, G e H permite O organograma das empresas es- croprocessos. Destaca-se que nem
utilizar melhor os recursos tecnológi- tudadas é apresentado na tabela 2 e ob- todos existem em todas as empresas.
cos disponíveis, dentre os quais, os de serva-se que a estrutura predominante Analisando-se os principais pro-
informática. A baixa escolaridade dos é do tipo funcional, em que ocorre o blemas identificados nos macropro-
proprietários das empresas A, B, C e D agrupamento de atividades e tarefas de cessos, tem-se que:
dificulta o acesso ao conhecimento téc- acordo com as funções principais de- Há problemas generalizados em
todos os macroprocessos das subem- cimento dos materiais e equipamen- dicados e são brevemente treinados
preiteiras. Alguns aparecem com mais tos quanto a subempreiteira atrasa pelos contratantes.
intensidade e freqüência em algumas na produção dos serviços. A ausência de ações para a capaci-
organizações que em outras. Ausência da participação das su- tação da mão-de-obra é uma situa-
Quanto ao macroprocesso comer- bempreiteiras no planejamento, pro- ção recorrente na maioria das em-
cial, há o predomínio da concorrência gramação e projeto; não pela falta de presas especializadas.
por preço, em detrimento dos demais interesse, mas por não serem chama- Os problemas identificados nos diver-
critérios de seleção (qualidade, orga- das pelo contratante.A sua não partici- sos macroprocessos geram problemas
nização, treinamento, capacitação); pação resulta, quase sempre, na defini- de execução e resultam numa relação
há, também, muita informalidade na ção de prazos incompatíveis com o ser- conflituosa entre funcionários da su-
contratação dos serviços, sem apoio viço a ser realizado, ocasionando pro- bempreiteira e desta com a construtora.
de regras contratuais. blemas no relacionamento subemprei- Inexiste controle que permita me-
Falhas na programação de abaste- teira–construtora. dir facilmente os serviços executados,
cimento de suprimentos, acarretan- Inexiste corpo técnico da subem- gerando discordância entre a subem-
do atrasos nos prazos acordados. preiteira voltado à segurança; usual- preiteira e seus funcionários e, tam-
Tanto a construtora atrasa no forne- mente seguem os procedimentos in- bém, com a construtora.
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ARTIGO
Tabela 2 – RESULTADOS DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL PELOS ORGANOGRAMAS DAS EMPRESAS DO ESTUDO DE CASO
Legenda: DIR: diretoria; ADM: administrativa; FIN: financeira; GER: gerência; COM: comercial; CON: contabilidade TÉC: técnica; PROJ: projeto; DES: desen-
volvimento; MAT: materiais; ALM: almoxarifado; OBR: obras; SUP: suprimentos; PES: pessoal; PLAN: planejamento; ENG: enga.; COMP: compras; TRA:
transporte; ORÇ: orçamento; SEG: segurança; TRAB: trabalho; CONT: contratos; CPR: contas a pagar/receber
As empresas E e F utilizam recursos das construtoras que pertencem a seus diretores, em particular infra-estrutura e pessoal dos departamentos
de suprimentos e técnico. Esse suporte facilita a organização das atividades administrativas.
do pelas subempreiteiras. Há ações No atual estágio tecnológico da Cabe também estimular e imple-
simples, que exigem apenas maior maioria das empresas especializadas é mentar recursos por meio de ações se-
organização; há as que talvez não fundamental que haja o apoio das toriais dessa cadeia. Uma alternativa é a
consigam implementar sozinhas. construtoras, muitas vezes realizando junção de empresas subempreiteiras
Nesses casos, o estabelecimento de investimentos para o desenvolvimento pequenas na forma de cooperativas
parceria subempreiteira x construto- das que lhes prestam serviços, para que para terem maior poder de negociação.
ra poderá ser um caminho. toda a cadeia possa se desenvolver. Cabe lembrar, porém, que empre-
63
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ARTIGO
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foscas não-cortantes. O produto, ampla gama de peças cerâmicas
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67
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INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS
68
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LOCAÇÃO E VENDA
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obra aberta-modelo.qxd 1/6/2007 16:39 Page 72
OBRA ABERTA
Livros
Sites
73
agenda123.qxd 1/6/2007 16:33 Page 74
AGENDA
Seminários e 1o a 4/8/2007 25 a 29/9/2007
10a Construsul – Feira da Indústria da Intercon
conferências Construção Joinville (SC)
25/7/2007 Porto Alegre Reúne fabricantes, distribuidores,
Seminário da Construção em Aço – Visto atualmente como um dos principais revendedores, construtores, engenheiros,
62o Congresso Anual da ABM – eventos da região Sul direcionado à arquitetos e entidades de todo o Brasil e
Internacional construção civil, a Feira acontece do exterior, promovendo a divulgação e,
Vitória paralelamente à Expo Máquinas, que sobretudo, a realização de negócios. Em
O evento deve apresentar os benefícios da apresenta uma grande exposição de sua sétima edição, a Intercon terá sua
construção em aço, a partir de palestras, plataformas elevatórias, retroescavadeiras, área ampliada e deverá contar com a
com apresentação de obras importantes e gruas, perfuratrizes e equipamentos e participação de mais de 200 expositores,
produção das empresas locais, além de máquinas para construção pesada. superando o número de 30 mil visitantes
teses sobre a experiência com o material. Fone: (51) 3225-0011 registrados no evento anterior.
Fone: (21) 2141-0001 www.feiraconstrusul.com.br Fone: (11) 3451-3000
www.cbca-ib.com.br E-mail: [email protected]
14 a 18/8/2007
Expo Construção – Feira de 23 a 25/10/07
Feiras e exposições Tecnologia, Máquinas e Equipamentos ConstruTech 2007 – O encontro
27/6 a 1o/7/2007 da Indústria da Construção Civil internacional dos profissionais da
Fenahabit Salvador construção
Blumenau A Feira agrega os vários segmentos do São Paulo
A Feira promete apresentar novidades do setor, aborda da estrutura ao paisagismo, O evento promovido pela PINI promete
setor da construção, contemplando as novas com produtos para serem utilizados reunir os profissionais mais importantes e
tecnologias disponíveis. Destinado a lojistas, desde a concepção do projeto até o influentes do setor da construção civil para
arquitetos, engenheiros, síndicos e acabamento de uma obra, passando da exposição e debate de idéias inovadoras
condôminos, o evento terá mais de 110 climatização à arquitetura. Deve reunir sobre tecnologia e modelos construtivos.
empresas do País. cerca de 250 expositores, incluindo São esperados cerca de 2.000 profissionais
Fone: (47) 3336-3314 grandes marcas nacionais. das empresas envolvidas com a cadeia
E-mail: [email protected] Fone: (11) 3044-4410 produtiva da construção civil, desde
www.construacerto.com.br www.expoconstrucao.com.br executivos e profissionais das construtoras
e incorporadoras, fornecedores de
10 a 13/7/2007 15 a 17/8/2007 materiais, tecnologias de sistemas
Equipo Multiconstrução 2007 Concrete Show South América construtivos, representantes do setor
Sorocaba (SP) São Paulo financeiro, do governo, de entidades de
O objetivo do evento é promover o setor A Feira promete atingir empresas e classe e profissionais autônomos. Durante
de construção industrial, montagem e profissionais com exposição, seminários três dias os participantes terão contato com
manutenção apresentando as novas e conferências técnicas. Com apoio de construtoras nacionais e estrangeiras que
tecnologias, além de divulgar os entidades importantes do setor, como a irão apresentar cases de obras e
desenvolvimentos recentes de ABCP (Associação Brasileira de Cimento empreendimentos que se tornaram
tecnologias para a infra-estrutura urbana. Portland), Abesc (Associação Brasileira referências em tecnologia, inovação e
Por ser realizado em uma área aberta, a das Empresas de Serviço de gestão estratégica. As 12 palestras que
Feira deve possibilitar demonstrações de Concretagem) e a Ficem (Federação fazem parte da programação irão abordar
diversos segmentos do setor, como Interamericana do Cimento), o evento os principais aspectos dos
pavimentação, movimentação de terra, deve se tornar um ponto de encontro empreendimentos desde sua concepção:
estruturas metálicas, movimentação de internacional de negócios e tecnologia da análise de mercado, busca dos locais
cargas, transporte vertical, entre outros. cadeia de concreto e seus usuários. adequados, estudo de viabilidade, seleção
Fone: (11) 3783-8990 Fone: (11) 4689-1935 das equipes de projeto e execução,
www.equipomulticonstrucao.com.br Site: www.concreteshow.com.br pesquisa sobre tecnologias construtivas de
ponta, desenvolvimento e coordenação de O curso tem como objetivo possibilitar ao desenvolveram projetos diferenciados e de
projetos inovadores, comparativos de participante um conjunto de qualidade, traz uma inovação nesta quinta
custos, escolha dos fornecedores, conhecimentos e informações para edição: uma categoria para obras de
execução e planejamento das intervenções aprimorar a dinâmica e formação pessoal e pequeno porte e estruturas especiais, que
pós-ocupação e/ou entrega do profissional, proporcionando uma visão deve valorizar não só os grandes projetos,
empreendimento. O objetivo desse grande mais ampla sobre a complexidade da mas também os menores. Promovida pela
encontro é oferecer ao participante, em licitação, preparando-o adequadamente Abece (Associação Brasileira de Engenharia
apenas três dias, acesso às melhores para resolver as questões que surgem e Consultoria Estrutural) e pelo Grupo
soluções implementadas e aprovadas em junto ou na administração federal, Gerdau, a comissão julgadora será
obras no Brasil e no mundo, estimulando estadual, municipal, empresas públicas e composta pelas duas instituições e por um
o desenvolvimento de novos conceitos de economia mista, autarquias e outras. representante da Editora PINI. O prazo para
e idéias para sua prática. Direcionado a executivos, servidores as inscrições vai até 31 de julho. CDs e
Fone: (11) 2173-2395 públicos, comunidade discente e docente, materiais impressos devem ser enviados aos
E-mail: [email protected] profissionais de empresas privadas que cuidados de Eduardo Castro Silva para a rua
www.piniweb.com/construtech participam de licitações e contratações. Cenno Sbrighi, 170, Edifício II, 6o andar,
Fone: (11) 3739-0901 05036-010, Água Branca, São Paulo-SP.
5 a 10/11/2007 www.aeacursos.com.br Fone: 3097-8591
Batimat 2007 www.abece.com.br
Paris 24 a 28/9/2007 www.gerdau.com.br
A comunicação e as demonstrações dessa Resistência à Corrosão – Teoria e
edição irão abordar os grandes temas Prática Outubro/2007
específicos a esse setor: domínio da energia, Rio de Janeiro Prêmio MasterInstal
segurança, acessibilidade e conforto. Com abordagem teórico-prática, o curso São Paulo
Direcionada a construtores e fabricantes de promete apresentar discussões sobre Com o objetivo de destacar cases de
equipamentos e materiais, a Feira é ainda diversos temas, como a importância sucesso, reunindo as diversas empresas e
um canal de comunicação para diversos econômica e aspectos ambientais da profissionais do setor de instalações, o
profissionais e deve receber este ano cerca corrosão das estruturas e coberturas prêmio intenta ampliar as soluções e
de 400 mil visitantes de 141 países e reunir metálicas, o mecanismo eletroquímico da experiências de destaque do setor.
2.800 expositores de 45 países. corrosão, as formas de corrosão e como Realizado pela Abrinstal (Associação
Fone: (11) 3168-1868 fazer a proteção – aço inox e aço carbono. Brasileira pela Conformidade e Eficiência
E-mail: [email protected] Fone: (21) 3325-9942 das Instalações), a premiação é
www.promosalon-brazil.com E-mail: [email protected] destinada às empresas construtoras,
www.abcem.com.br incorporadoras, instaladoras,
concessionárias, fabricantes e
Cursos e treinamentos fornecedores de materiais e
28/6, 26/7, 27/9, 25/10 e 29/11
Concursos equipamentos para instalações.
Treinamento Teórico e Prático: 15/7/2007 Inscrições até 30 de julho.
Tecnologias de Impermeabilização Prêmio Holcim Antac – Excelência Fone: (11) 3865-0944
Tamboré (SP) em Construção Sustentável E-mail:
Oferecido gratuitamente pela Lwart Proasfar Brasil [email protected]
Química, empresa especializada em A Holcim Brasil vai premiar a melhor www.premiomasterinstal.com.br
impermeabilizantes, o curso tem o objetivo dissertação de mestrado e tese de
de agregar conhecimentos aos profissionais doutorado sobre construção sustentável Novembro/2007
da construção civil sobre patologias, no País. Entre os objetivos da premiação Prêmio Alcoa de Inovação em
produtos e suas diversas aplicações, está levar o conceito de construção Alumínio
discutindo temas relevantes, dentre eles, sustentável para o dia-a-dia dos São Paulo
projetos e comparativo de custos, o código profissionais desde a universidade. Com o objetivo de estimular a
civil e sanitário e casos de obras. Fone: (51) 3316-4084 criatividade e a conscientização
Fone: 0800-7274343 www.antac.org.br ecológica, a sexta edição do prêmio conta
E-mail: [email protected] agora com a modalidade profissional, que
17/10/2007 agregará estudantes de qualquer curso
26 e 27/7/2007 V Prêmio Talento Engenharia superior, além de alunos de pós-
Licitação, Contratação e Fiscalização Estrutural graduação latu sensu e profissionais que
de Obras e Serviços de Engenharia – São Paulo atuam com projetos e planejamento de
Lei 8.666 e Crea A premiação, que destaca profissionais de gestão. Inscrições até 16 de julho.
Curitiba engenharia de estruturas que www.alcoa.com.br
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COMO CONSTRUIR
engenheiro Geraldo Guedes Andrade
diretor técnico da Tecnogeo
Engenharia e Fundações
[email protected]
Tirantes
irantes são elementos lineares capa-
T zes de transmitir esforços de tração
entre suas extremidades. Nas aplica-
ções geotécnicas de tirantes, a extremi-
dade que fica fora do terreno é a cabeça
de ancoragem e a extremidade que fica
enterrada é conhecida por trecho anco-
rado e designada por comprimento ou
bulbo de ancoragem. O trecho que liga
a cabeça ao bulbo é conhecido por tre-
cho livre ou comprimento livre.
A Norma Brasileira "NBR-5629/77
– Estruturas Ancoradas no Terreno,
Ancoragens Injetadas no Terreno",
bem como a sua revisão a "NBR-
5629/96 – Estruturas de Tirantes An-
corados no Terreno", apresentam basi-
camente o conceito acima exposto, Figura 1 – Detalhe típico de um tirante
conforme pode ser visto na figura 1.
O campo de utilização de tirantes
na engenharia geotécnica é bastante do pelo projeto,na proteção anticorrosi- metálicos com pranchões de madeira
amplo, mas de forma sintética os ti- va do corpo e da cabeça do tirante e nos ou concreto e outros) que serão supor-
rantes classificam-se em dois grupos: testes de protensão, conforme preconiza tados, à medida que a escavação no in-
permanentes e provisórios. a norma brasileira NBR 5629. terior do terreno avança, por linhas de
Tirantes permanentes são aqueles As aplicações mais comuns e usuais, tirantes em cotas predeterminadas pelo
que se incorporam a uma estrutura tanto dos tirantes permanentes quanto projeto. O espaçamento entre tirantes
definitiva, como é o caso das cortinas dos provisórios, são em contenções de de uma mesma linha e as cargas de tra-
atirantadas, lajes de subpressão, fun- escavações para obras enterradas ou em balho dos tirantes, bem como seus
dação de torres etc. e que, portanto, situações em que é necessário cortar um comprimentos livre e ancorado, tam-
deverão ter vida útil compatível com maciço de terra que não é autoportante, bém são definidos pelo projetista.
o fim a que se destinam. para implantar uma obra como uma Nesses casos, a utilização de tiran-
Tirantes provisórios são aqueles de rodovia, ferrovia, ou outra. tes como apoio das paredes de conten-
utilização temporária, como é o caso Dentre essas aplicações, cabe desta- ção representa a forma mais eficaz de
das paredes de contenção das obras de que à de tirantes provisórios para con- garantir segurança às benfeitorias
infra-estrutura de edifícios residen- tenção de maciços de terra, escavados existentes nos terrenos vizinhos, já que
ciais, comerciais, estações enterradas para implantação de subsolos de edifí- pelo fato de ser protendido, quando
de metrô etc. em que, após a constru- cios residenciais e comerciais, aplicação instalado em cada fase de escavação, o
ção das lajes da estrutura do edifício, os comum nos centros urbanos e com as tirante minimiza deslocamentos e de-
tirantes são desativados e os esforços quais convivemos rotineiramente. formações do paramento de conten-
transferidos para a estrutura. Nessas obras são executados, no ção. Conseqüentemente, edificações e
As diferenças fundamentais entre ti- perímetro do terreno de implantação benfeitorias que nele se apóiam esta-
rantes permanentes e provisórios estão do empreendimento, paramentos de rão protegidas dos efeitos de alívio
no coeficiente de segurança determina- contenção (paredes-diafragma, perfis provenientes da escavação lindeira.
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COMO CONSTRUIR
Foto 1 – Estação de metrô em São Paulo Foto 2 – Cortina atirantada Foto 3 – Parede-diafragma atirantada
Materiais
Os tirantes são elementos de alta
resistência à tração e normalmente
são compostos por cordoalhas, fios ou
barras de aço apropriado, podendo
ser protendidos ou tracionados.
Todo tirante deve ser de material
que permita sua ancoragem no inte-
Montagem do tirante
O tirante deve ser montado pre-
viamente, de acordo com a especifica-
ção do projeto. Os materiais para con-
fecção dos tirantes serão comprados e
preparados previamente e sua monta-
gem deve ser feita na obra sobre ban-
cada de madeira preparada para esse
fim. Os tirantes montados devem ser
armazenados sobre cavaletes a fim de
mantê-los limpos para a instalação.
Foto 7 – Obra concluída realizada na Imigrantes
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COMO CONSTRUIR