A História Musical E Os Processos de Aprendizagem Fora Da Escola
A História Musical E Os Processos de Aprendizagem Fora Da Escola
A História Musical E Os Processos de Aprendizagem Fora Da Escola
FORA DA ESCOLA.
Resumo: O artigo tem como objetivo analisar os processos de aprendizagem subjacente à prática
musical desenvolvida fora da escola. É um recorte da pesquisa de Mestrado “O Processo de
Aprendizagem Musical de Dominguinhos na Prática da Sanfona” que vem sendo desenvolvida no
Programa de Pós-graduação Educação Musical /UFBA. É uma pesquisa qualitativa em andamento e
desenvolvida através da metodologia estudo de caso. Neste recorte foi desenvolvido um estudo
bibliográfico que toma como fonte pesquisas e já desenvolvidas. Nas considerações finais fica
revelado a importância do meio social e familiar na construção da aprendizagem subjacente a prática
musical desenvolvida fora da escola e nesse sentido deu relevância a improvisação, o arranjo, o tocar
de ouvido, e deixou claro como nesse processo o musico se constitui com autonomia e criatividade.
Abstract: The article aims to analyze the learning processes underlying the practice of music out of
school. It is a part of the Master´s research “ The Dominguinho´s Musical Learning Process in the
Accordion Practice”, which has been developed by the Program of Graduation Musical
Education/UFBA. It is a running qualitative research developed through the methodology of case
study. In this piece, it was developed a bibliographical study, that has settled researches as source. On
the finals considerations, it becomes clear the relevance of the social and family environment in the
learning construction underlying the practice of music developed out of school, and in this context it
has given importance to the improvisation, the arrangement, the playing by ear method, and it has
made clear how the musician, in this process, constitutes himself with autonomy and creativity.
Introdução
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desvalorização da música popular e a priorização de alguns instrumentos em detrimento de
outros tem contribuído para formação de uma compreensão de músicas e instrumentos de
maior e/ou menos valor.
A discussão presente neste artigo é decorrente do estudo bibliográfico que vem sendo
desenvolvido a partir de diferentes pesquisas já realizadas. Para discorrer sobre este recorte o
artigo se tematiza a respeito da educação musical considerando ser, a música, uma linguagem
que revela o ser, na complexidade dos sentimentos, emoções e valores culturais, como afirma
Queiroz (2010, p.19) “a música constitui uma rica e diversificada expressão do homem, sendo
resultado de vivências, crenças e valores que permeiam a sua vida na sociedade” e nesse
artigo a relevância está em considerar os processos de aprendizagem subjacentes a prática
desenvolvida fora da escola.
A importância desse estudo está na convicção de que há uma história musical que antecede a
expressão musical de cada músico, cada expressão revela os valores, o modo de ouvi de tocar
vivenciado no seu contexto na sua ambiência musical e a sanfona principalmente por se
constituir um instrumento, na maioria das vezes ligado à performance, e tem como principal
veículo de transmissão a tradição oral, pelo fato de seus intérpretes/professores terem vindo
de classes populares - principalmente descendente do sertão - menos favorecidas, não
podendo muitas vezes, adquirir conhecimento através do ensino formal.
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sentido, a Educação Musical tomada aqui como referência se baseia na perspectiva colocada
por Arroyo (2002, p.18) que amplia sua significação além da iniciação musical formal,
dilatando esse processo desde a graduação e pós-graduação, defendendo que “é educação
musical o ensino e aprendizagem instrumental e outros focos; é educação musical o ensino e
aprendizagem informal de música”, valorizando e reconhecendo, assim, o processo formal e
informal da aprendizagem e prática musical de quem está na escolarização e no estado
autodidata de ser, sendo e se fazendo músico.
Historicamente, esse desinteresse das Universidades pelo ensino informal vem sendo
constatado e segundo Arroyo essa resistência pode ser entendida a partir da sua análise:
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e o que deveria ser ensinado e aprendido era o que na visão evolucionista era
tomado como o ápice da produção musical da humanidade: a música de
concerto dos séculos XVIII e XIX da tradição europeia. (ARROYO,
2011,p.19)
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sanfoneiro cearense Chico Justino relata sua experiência de como aprendia a tocar uma
música na sanfona:
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Nessa perspectiva os estudos desenvolvidos através das pesquisas confirmam a significação
do conceito de “enculturação” na naturalidade da constituição social da aprendizagem
familiar, com amigos, músicos etc. como revela Lacorte (2007) a partir dos seus estudos sobre
os processos de aprendizagem de músicos populares. A esse respeito ela evidencia que nos
resultados das pesquisas de Prass (2004) e Pinto (2002) os autores pontuam a naturalidade da
aprendizagem musical em práticas da educação informal quando numa relação social festas,
encontros os músicos mais experientes socializam seus conhecimentos para os iniciantes,
revelando, assim, um processo natural de aprendizagem na prática do tocar, cantar e ouvir
outros músicos.
Outro aspecto importante do processo da aprendizagem da educação musical informal
vivenciado nos ensaios de bandas, a aprendizagem por meio das gravações e audições, é
abordado por Campos (apud LACORTE, 2007, P. 17) enfatizando que “essa prática é
frequentemente conhecida como tirar música de ouvido”. Analisando esta prática, Lacorte
(2007, p. 17) coloca que “nesse contexto, o “ouvir” é parte fundamental da enculturação, que
permeia o desenvolvimento dos músicos populares, desde as suas tentativas iniciais de fazer
música até a carreira profissional”. Trazendo contribuições importantes para essa discussão
Couto (2009, p.100) acrescenta que:
Tais práticas envolve tocar, compor vivenciar, sentir internalizar pela audição as músicas, os
jeitos e as formas de tocar, observadas e vivenciadas no contexto social mais próximo, de fato
frente ao que se vivencia como aprendizagem na academia, essa metodologia se faz desafiante
a aprendizagem da musica e aprofundar este estudo será de grande contribuição à formação
do musico. “Para a cultura da música popular, a notação seria desejável e até mesmo casual,
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por não ser determinante na sua produção e aprendizagem. Aqui o crítico é a oralidade, que,
por sua vez, na música erudita é desejável” como afirma Arroyo (2002, p. 65).
Considerações finais
A partir dessas revelações, se faz essencial a importância de uma profunda reflexão sobre o
ensino e aprendizagem da educação musical que seja centrada no aprender, no aprender da
oralidade, no aprender das práticas vivenciadas no cotidiano. É fundamental considerar que o
olhar sobre o processo de aprendizagem de cada indivíduo reflete em uma valorização, em um
reconhecimento e significação da importância do papel deste no ato pedagógico e na atuação
do processo educativo. Além do que, independentemente do ambiente, da presença de uma
pessoa que possa representar alguém que o oriente no estudo, cada indivíduo está em
constante busca de conhecimento e isso reforça a autonomia no movimento de aprender e a
significação de uma educação centrada na valorização de como cada um aprende. Portanto, é
fundamental investigar e somatizar ferramentas, através do desenvolvimento de pesquisa, de
novos recursos, para educação musical advindas, nesse sentido, da tradição musical oral e das
práticas musicais diárias do contexto social.
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Argumentando em defesa da educação como “oportunidade de ascensão social” da classe
popular Almeida (2009, p.52) esclarece que “essa consciência se traduz em movimentos
sociais que postulam a adoção de processos não-formais de ensino como alternativa mais
ampla para alcançar o contingente da população sem acesso à escolarização básica formal
oferecida pela rede pública” e, na relevância desta questão, o autor ressalta o crescente
número de estudos e discussões na ABEM, assim como argumenta em favor de que o
desenvolvimento dessas pesquisas contribua para a realização dessa prática.
Notas
Referências bibliográficas.
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QUEIROZ, Luis Ricardo Silva. Implicações para o estudo da transmissão musical em culturas
de tradição oral. XVII Encontro da ABEM, São Paulo, 2010.
SANTIAGO, Patrícia. A integração da prática deliberada e da prática informal no
aprendizado da música instrumental. Per musi, Belo Horizonte, n. 13, 2008, p. 52-62.