Ebserh 2019 Tecnico de Enfermagem
Ebserh 2019 Tecnico de Enfermagem
Ebserh 2019 Tecnico de Enfermagem
EBSERH
Técnico em Enfermagem
AG101-N9
Todos os direitos autorais desta obra são protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/12/1998.
Proibida a reprodução, total ou parcialmente, sem autorização prévia expressa por escrito da editora e do autor. Se você
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OBRA
Técnico em Enfermagem
AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Legislação Aplicada a EBSERH - Profª Bruna Pinotti
Raciocíonio Lógico - Profº Bruno Chieregatti e Joao de Sá Brasil
Legislação Aplicada ao SUS -Profª Ana Luisa M. da Costa Lacida
Conhecimentos Específicos - Profª Ana Luisa M. da Costa Lacida
PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Leandro Filho
DIAGRAMAÇÃO
Thais Regis
Renato Vilela
Elaine Cristina
CAPA
Joel Ferreira dos Santos
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SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA
RACIOCÍNIO LÓGICO
Estruturas lógicas. Lógica de argumentação: analogias, inferências, deduções e conclusões. Lógica sentencial (ou
proposicional). Proposições simples e compostas. Tabelas verdade. Equivalências. Leis de Morgan. Diagramas
lógicos................................................................................................................................................................................................................ 01
Lógica de primeira ordem. Princípios de contagem e probabilidade....................................................................................... 28
Operações com conjuntos.......................................................................................................................................................................... 39
Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais................................................................. 42
SUMÁRIO
Evolução histórica da organização do sistema de saúde no Brasil e a construção do Sistema Único de Saúde
(SUS) – princípios, diretrizes e arcabouço legal.................................................................................................................................... 01
Controle social no SUS. Resolução nº 453/2012 do Conselho Nacional de Saúde.................................................................. 22
Constituição Federal, artigos de 194 a 200.............................................................................................................................................. 26
Lei nº 8.080/1990, Lei nº 8.142/1990 e Decreto Presidencial nº 7.508/2011.............................................................................. 01
Determinantes sociais da saúde. Sistemas de informação em saúde.......................................................................................... 28
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
LÍNGUA PORTUGUESA
Erros de interpretação
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e
relacionadas entre si, formando um todo significativo - Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
capaz de produzir interação comunicativa (capacidade contexto, acrescentando ideias que não estão no
de codificar e decodificar). texto, quer por conhecimento prévio do tema quer
pela imaginação.
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. - Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com ção apenas a um aspecto (esquecendo que um
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para texto é um conjunto de ideias), o que pode ser
a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa insuficiente para o entendimento do tema desen-
interligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento volvido.
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada - Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
de seu contexto original e analisada separadamente, contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con-
poderá ter um significado diferente daquele inicial. clusões equivocadas e, consequentemente, errar a
questão.
Intertexto - comumente, os textos apresentam
referências diretas ou indiretas a outros autores através Observação: Muitos pensam que existem a ótica do
de citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas
em uma prova de concurso, o que deve ser levado em
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação consideração é o que o autor diz e nada mais.
de um texto é a identificação de sua ideia principal.
A partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou Coesão e Coerência
fundamentações), as argumentações (ou explicações),
que levam ao esclarecimento das questões apresentadas Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
na prova. relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre
si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um
- Identificar os elementos fundamentais de uma ar- pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o
gumentação, de um processo, de uma época (nes- que se vai dizer e o que já foi dito.
te caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre
quais definem o tempo). eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome
- Comparar as relações de semelhança ou de diferen- oblíquo átono. Este depende da regência do verbo;
ças entre as situações do texto. aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer
- Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com também de que os pronomes relativos têm, cada um,
uma realidade. valor semântico, por isso a necessidade de adequação
- Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. ao antecedente.
- Parafrasear = reescrever o texto com outras pala- Os pronomes relativos são muito importantes na
vras. interpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros
de coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração
Condições básicas para interpretar que existe um pronome relativo adequado a cada
circunstância, a saber:
Fazem-se necessários: conhecimento histórico- que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente,
literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), mas depende das condições da frase.
leitura e prática; conhecimento gramatical, estilístico qual (neutro) idem ao anterior.
(qualidades do texto) e semântico; capacidade de quem (pessoa)
observação e de síntese; capacidade de raciocínio. cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído.
LÍNGUA PORTUGUESA
1
Dicas para melhorar a interpretação de textos
• Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do EXERCÍCIOS COMENTADOS
assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos
candidatos na disputa, portanto, quanto mais in- 1. (PCJ-MT – DELEGADO SUBSTITUTO – CESPE – 2017)
formação você absorver com a leitura, mais chan-
ces terá de resolver as questões. Texto CG1A1AAA
• Se encontrar palavras desconhecidas, não interrom-
pa a leitura. A valorização do direito à vida digna preserva as duas
• Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas faces do homem: a do indivíduo e a do ser político; a
forem necessárias. do ser em si e a do ser com o outro. O homem é inteiro
• Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma em sua dimensão plural e faz-se único em sua condição
social. Igual em sua humanidade, o homem desiguala-
conclusão).
se, singulariza-se em sua individualidade. O direito é o
• Volte ao texto quantas vezes precisar.
instrumento da fraternização racional e rigorosa.
• Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as
O direito à vida é a substância em torno da qual todos
do autor. os direitos se conjugam, se desdobram, se somam
• Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor para que o sistema fique mais e mais próximo da ideia
compreensão. concretizável de justiça social.
• Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de Mais valeria que a vida atravessasse as páginas da Lei
cada questão. Maior a se traduzir em palavras que fossem apenas
• O autor defende ideias e você deve percebê-las. a revelação da justiça. Quando os descaminhos não
• Observe as relações interparágrafos. Um parágra- conduzirem a isso, competirá ao homem transformar a
fo geralmente mantém com outro uma relação de lei na vida mais digna para que a convivência política seja
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi- mais fecunda e humana.
que muito bem essas relações. Cármen Lúcia Antunes Rocha. Comentário ao artigo
• Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja, 3.º. In: 50 anos da Declaração Universal dos Direitos
a ideia mais importante. Humanos 1948-1998: conquistas e desafios. Brasília:
• Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou OAB, Comissão Nacional de Direitos Humanos, 1998, p.
“incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora 50-1 (com adaptações).
da resposta – o que vale não somente para Inter-
pretação de Texto, mas para todas as demais ques- Compreende-se do texto CG1A1AAA que o ser humano
tões! tem direito
• Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia prin-
cipal, leia com atenção a introdução e/ou a con- a) de agir de forma autônoma, em nome da lei da sobre-
clusão. vivência das espécies.
• Olhe com especial atenção os pronomes relativos, b) de ignorar o direito do outro se isso lhe for necessário
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, para defender seus interesses.
etc., chamados vocábulos relatores, porque reme- c) de demandar ao sistema judicial a concretização de
tem a outros vocábulos do texto. seus direitos.
d) à institucionalização do seu direito em detrimento dos
direitos de outros.
SITES
e) a uma vida plena e adequada, direito esse que está na
Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos.
essência de todos os direitos.
com/materiais/portugues/como-interpretar-textos>
Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/
Em “a”, de agir de forma autônoma, em nome da lei da
09-dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em-
sobrevivência das espécies = incorreta
-provas>
Em “b”, de ignorar o direito do outro se isso lhe for
Disponível em: <http://www.portuguesnarede.
necessário para defender seus interesses = incorreta
com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um.
Em “c”, de demandar ao sistema judicial a concretiza-
html>
ção de seus direitos = incorreta
Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/cursi-
Em “d”, à institucionalização do seu direito em detri-
nho/questoes/questao-117-portugues.htm>
mento dos direitos de outros = incorreta
Em “e”, a uma vida plena e adequada, direito esse que
está na essência de todos os direitos.
LÍNGUA PORTUGUESA
2
2. (PCJ-MT - DELEGADO SUBSTITUTO – CESPE-2017) 3. (PCJ-MT – DELEGADO SUBSTITUTO – CESPE – 2017)
Segundo o parágrafo único do art. 1.º da Constituição da A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade,
República Federativa do Brasil, “Todo o poder emana do o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no
povo, que o exerce por meio de representantes eleitos coração das gerações que vêm nascendo a semente da
ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Em podridão, habitua os homens a não acreditar senão na
virtude desse comando, afirma-se que o poder dos juízes estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte; promove
emana do povo e em seu nome é exercido. A forma de a desonestidade, a venalidade, a relaxação; insufla a
sua investidura é legitimada pela compatibilidade com as cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.
regras do Estado de direito e eles são, assim, autênticos De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar
agentes do poder popular, que o Estado polariza e exerce. a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto
Na Itália, isso é constantemente lembrado, porque toda ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o
sentença é dedicada (intestata) ao povo italiano, em homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a
nome do qual é pronunciada. ter vergonha de ser honesto. E, nessa destruição geral das
Cândido Rangel Dinamarco. A instrumentalidade do nossas instituições, a maior de todas as ruínas, Senhores,
processo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, p. 195 é a ruína da justiça, corroborada pela ação dos homens
(com adaptações). públicos. E, nesse esboroamento da justiça, a mais grave
de todas as ruínas é a falta de penalidade aos criminosos
Conforme as ideias do texto CG1A1BBB, confessos, é a falta de punição quando ocorre um crime
de autoria incontroversa, mas ninguém tem coragem de
a) o Poder Judiciário brasileiro desempenha seu papel apontá-la à opinião pública, de modo que a justiça possa
com fundamento no princípio da soberania popular. exercer a sua ação saneadora e benfazeja.
b) os magistrados do Brasil deveriam ser escolhidos pelo Rui Barbosa. Obras completas de Rui Barbosa. Vol. XLI.
voto popular, como ocorre com os representantes dos 1914. Internet: <www.casaruibarbosa.gov.br> (com
demais poderes. adaptações).
c) os magistrados italianos, ao contrário dos brasileiros,
exercem o poder que lhes é conferido em nome de Infere-se do texto CG1A1CCC que
seus nacionais.
d) há incompatibilidade entre o autogoverno da magis- I - a injustiça faz que as “gerações que vêm nascendo”
tratura e o sistema democrático. sejam mais desonestas e rudes que as gerações passadas.
e) os magistrados brasileiros exercem o poder consti- II - a injustiça é considerada um empecilho à atuação
tucional que lhes é atribuído em nome do governo íntegra e idônea das gerações futuras.
federal. III - a injustiça é responsável pela degradação dos
homens, que, desanimados, ficam à mercê do destino.
Em “a”, o Poder Judiciário brasileiro desempenha seu
papel com fundamento no princípio da soberania po- Assinale a opção correta.
pular.
Em “b”, os magistrados do Brasil deveriam ser escolhi- a) Apenas o item I está certo.
dos pelo voto popular, como ocorre com os represen- b) Apenas o item II está certo.
tantes dos demais poderes = incorreta c) Apenas os itens I e III estão certos.
Em “c”, os magistrados italianos, ao contrário dos d) Apenas os itens II e III estão certos.
brasileiros, exercem o poder que lhes é conferido em e) Todos os itens estão certos.
nome de seus nacionais = incorreta
Em “d”, há incompatibilidade entre o autogoverno da
magistratura e o sistema democrático = incorreta I - a injustiça faz que as “gerações que vêm nascendo”
Em “e”, os magistrados brasileiros exercem o poder sejam mais desonestas e rudes que as gerações pas-
constitucional que lhes é atribuído em nome do go- sadas = incorreta
verno federal = incorreta II - a injustiça é considerada um empecilho à atuação
A questão deve ser respondida segundo o texto: (...) íntegra e idônea das gerações futuras.
“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio III - a injustiça é responsável pela degradação dos ho-
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos mens, que, desanimados, ficam à mercê do destino =
desta Constituição.” Em virtude desse comando, afir- incorreta
LÍNGUA PORTUGUESA
ma-se que o poder dos juízes emana do povo e em Com base na leitura do texto, a única afirmação cor-
seu nome é exercido (...). reta é a de que a injustiça impede a atuação honesta,
GABARITO OFICIAL: A idônea das gerações futuras, pois (...) semeia no co-
ração das gerações que vêm nascendo a semente da
podridão (...).
GABARITO OFICIAL: B
3
4. (SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA Em “e”, o medo nas metrópoles provocado pelo
PENITENCIÁRIA – CESPE – 2017) aumento da violência urbana e do desemprego =
incorreta
Texto 1A1AAA Ao texto: Após o processo de redemocratização,
com o fim da ditadura militar, em meados da década
Após o processo de redemocratização, com o fim da de 80 do século passado, era de se esperar que a
ditadura militar, em meados da década de 80 do século democratização das instituições tivesse como resultado
passado, era de se esperar que a democratização das direto a consolidação da cidadania — compreendida
instituições tivesse como resultado direto a consolidação de modo amplo, abrangendo as três categorias de
da cidadania — compreendida de modo amplo, direitos: civis, políticos e sociais. Sobressaem, porém,
abrangendo as três categorias de direitos: civis, políticos problemas que configuram mais desafios para a
e sociais. Sobressaem, porém, problemas que configuram cidadania brasileira, como a violência urbana — que
mais desafios para a cidadania brasileira, como a violência
ameaça os direitos individuais — e o desemprego —
urbana — que ameaça os direitos individuais — e o
que ameaça os direitos sociais (...). = problemas sociais
desemprego — que ameaça os direitos sociais.
que dificultam a consolidação da cidadania.
No Brasil, o crime aumentou significantemente a partir de
GABARITO OFICIAL: C
1980, impacto do processo de modernização pelo qual o
país passou. Isso sugere que o boom do consumo colocou
em circulação bens de alto valor e, consequentemente, 5. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMENTOS
aumentou as oportunidades para o crime, inclusive BÁSICOS – CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL – NÍVEL
porque a maior mobilidade de pessoas torna o espaço MÉDIO – CESPE – 2017)
social mais anônimo, menos supervisionado.
Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais Texto CB3A2AAA
dissociada de justiça social e reconstrução da sociedade.
O objetivo em relação à criminalidade torna-se bem Tinha chegado o tempo da colheita, era uma manhã
menos ambicioso: o controle. A prisão ganha mais risonha, e bela, como o rosto de um infante, entretanto eu
importância na modernidade tardia, porque satisfaz uma tinha um peso enorme no coração. Sim, eu estava triste,
dupla necessidade dessa nova cultura: castigo e controle e não sabia a que atribuir minha tristeza. Era a primeira
do risco. Essa postura às vezes proporciona controle, vez que me afligia tão incompreensível pesar. Minha filha
porém não segurança, pois o Estado tem o poder limitado sorria para mim, era ela gentilzinha, e em sua inocência
de manter a ordem por meio da polícia, sendo necessário semelhava um anjo. Desgraçada de mim! Deixei-a nos
dividir as tarefas de controle com organizações locais e braços de minha mãe e fui-me à roça colher milho. Ah!
com a comunidade. Nunca mais devia eu vê-la...
Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem Ainda não tinha vencido cem braças de caminho, quando
pública e garantia dos direitos individuais: os desafios um assobio, que repercutiu nas matas, me veio orientar
da polícia em sociedades democráticas. In: Revista acerca do perigo iminente que aí me aguardava. E logo
Brasileira de Segurança Pública. São Paulo, ano 5, 8.ª ed., dois homens apareceram e me amarraram com cordas.
fev. – mar./2011, p. 84-5 (com adaptações). Era uma prisioneira — era uma escrava! Foi embalde que
supliquei, em nome de minha filha, que me restituíssem
De acordo com o texto 1A1AAA, a restauração da a liberdade: os bárbaros sorriam-se das minhas lágrimas
democracia no Brasil evidenciou e me olhavam sem compaixão. Julguei enlouquecer,
julguei morrer, mas não me foi possível... a sorte me
a) a diminuição do controle social decorrente do aumen-
reservava ainda longos caminhos.
to da mobilidade de pessoas.
Meteram-me a mim e a mais trezentos companheiros
b) o crescimento da produção de bens de alto valor de-
de infortúnio e de cativeiro no estreito e infecto porão
corrente do aumento do poder de consumo.
c) a existência de problemas sociais que dificultam a con- de um navio. Trinta dias de cruéis tormentos e de falta
solidação da cidadania. absoluta de tudo quanto é mais necessário à vida
d) a modernidade do mercado interno e das instituições passamos nessa sepultura, até que aportamos nas praias
públicas brasileiras. brasileiras. Para caber a mercadoria humana no porão,
e) o medo nas metrópoles provocado pelo aumento da fomos amarrados em pé e, para que não houvesse receio
violência urbana e do desemprego. de revolta, acorrentados como os animais ferozes das
nossas matas, que se levam para recreio dos potentados
Em “a”, a diminuição do controle social decorrente do da Europa. Davam-nos a água imunda, podre e dada
aumento da mobilidade de pessoas = incorreta com mesquinhez; a comida má e ainda mais porca: vimos
LÍNGUA PORTUGUESA
Em “b”, o crescimento da produção de bens de alto morrer ao nosso lado muitos companheiros à falta de ar,
valor decorrente do aumento do poder de consumo de alimento e de água. É horrível lembrar que criaturas
= incorreta humanas tratem a seus semelhantes assim e que não
Em “c”, a existência de problemas sociais que dificultam lhes doa a consciência de levá-los à sepultura, asfixiados
a consolidação da cidadania. e famintos.
Em “d”, a modernidade do mercado interno e das Maria Firmina dos Reis. Úrsula. Florianópolis: Ed.
instituições públicas brasileiras = incorreta Mulheres, 2004, p. 116-7 (com adaptações)
4
No texto CB3A2AAA, o trecho “como o rosto de um De acordo com o texto CB3A2BBB, a condição necessária
infante” introduz uma ideia de para que os direitos humanos sejam reconhecidos e
efetivamente protegidos nos Estados é a
a) comparação.
b) contraste. a) soberania.
c) adição. b) lei.
d) compensação. c) democracia.
e) intensidade. d) cidadania.
e) paz.
(..) era uma manhã risonha, e bela, como o rosto de
um infante. A conjunção estabelece uma comparação
Ao texto: A paz, por sua vez, é o pressuposto
– manhã risonha e bela como (igual ao) rosto de um
infante. necessário para o reconhecimento e a efetiva proteção
GABARITO OFICIAL: A dos direitos humanos em cada Estado e no sistema
internacional.
6. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMENTOS GABARITO OFICIAL: E
BÁSICOS – CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL – NÍVEL
MÉDIO – CESPE – 2017) No texto CB3A2AAA, ao utilizar a 8. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMENTOS
expressão “Ah! Nunca mais devia eu vê-la...”, a narradora BÁSICOS – CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL –
manifesta NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2017) Depreende-se do texto
a) uma surpresa. CB3A2BBB que o avanço do processo de democratização
b) um lamento. do sistema internacional depende da
c) um desejo. a) flexibilização das fronteiras dos Estados.
d) uma recomendação. b) eliminação de regimes autoritários.
e) uma dúvida. c) manutenção de mecanismos que preservem interesses
ideológicos e materiais dos Estados.
No contexto: (...) Desgraçada de mim! Deixei-a nos d) sobreposição dos direitos humanos aos interesses
braços de minha mãe e fui-me à roça colher milho. individuais dos Estados.
Ah! Nunca mais devia eu vê-la... = representa tristeza,
e) existência, em todos os Estados, de condições mínimas
lamento.
para a solução pacífica de conflitos.
GABARITO OFICIAL: B
7. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMENTOS Em “a”, flexibilização das fronteiras dos Estados =
BÁSICOS – CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL – NÍVEL incorreta
MÉDIO – CESPE – 2017) Em “b”, eliminação de regimes autoritários = incorreta
Em “c”, manutenção de mecanismos que preservem
Texto CB3A2BBB interesses ideológicos e materiais dos Estados =
incorreta
O reconhecimento e a proteção dos direitos humanos Em “d”, sobreposição dos direitos humanos aos
estão na base das Constituições democráticas modernas. interesses individuais dos Estados.
A paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para Em “e”, existência, em todos os Estados, de condições
o reconhecimento e a efetiva proteção dos direitos mínimas para a solução pacífica de conflitos = incorreta
humanos em cada Estado e no sistema internacional. Texto! (...) o processo de democratização do sistema
Ao mesmo tempo, o processo de democratização do internacional, que é o caminho obrigatório para a
sistema internacional, que é o caminho obrigatório para busca do ideal da paz perpétua, não pode avançar
a busca do ideal da paz perpétua, não pode avançar sem uma gradativa ampliação do reconhecimento
sem uma gradativa ampliação do reconhecimento e da e da proteção dos direitos humanos, acima de cada
proteção dos direitos humanos, acima de cada Estado.
Estado.
Direitos humanos, democracia e paz são três elementos
As questões de Interpretação/compreensão textual,
fundamentais do mesmo movimento histórico: sem
muitas vezes, apresentam as respostas “explícitas”,
direitos humanos reconhecidos e protegidos, não há
democracia; sem democracia, não existem as condições bastando à (ao) candidata(o) voltar ao texto quando
mínimas para a solução pacífica dos conflitos. Em outras precisar - ou, então, destacar as ideias principais
palavras, a democracia é a sociedade dos cidadãos, e os durante a leitura.
GABARITO OFICIAL: D
LÍNGUA PORTUGUESA
5
9. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMENTOS 10. (TCE-PA – CONHECIMENTOS BÁSICOS – AUDITOR
BÁSICOS – CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL – NÍVEL DE CONTROLE EXTERNO – ÁREA ADMINISTRATIVA –
MÉDIO – CESPE – 2017) CESPE – 2016)
6
12. (TCE-PA – CONHECIMENTOS BÁSICOS – AUDITOR do ponto de vista institucional quanto da sociedade), no
DE CONTROLE EXTERNO – ÁREA ADMINISTRATIVA – estabelecimento de prioridades básicas (como o foco na
CESPE – 2016) Para o autor do texto, o descumprimento redução dos crimes contra a vida) e no intenso debate
das normas da LRF em alguns estados decorreu do fato com a sociedade civil. A implementação do Pacto Pela
de a própria lei ser pouco clara em relação aos gastos Vida foi responsável pela diminuição de quase 40% dos
públicos e também da incapacidade dos gestores do homicídios no estado entre janeiro de 2007 e junho de
dinheiro público de adaptar as contas estaduais à 2013.
realidade financeira do país. José Luiz Ratton et al. O Pacto Pela Vida e a redução de
homicídios em Pernambuco. Rio de Janeiro: Instituto
( ) CERTO ( ) ERRADO Igarapé, 2014. Internet: <https://igarape.org.br> (com
adaptações).
Texto: O verdadeiro problema é a dificuldade do setor
público de adaptar suas despesas às receitas em queda O Pacto pela Vida é caracterizado no texto CG1A01BBB
por causa da crise. como uma política exitosa porque
GABARITO OFICIAL: ERRADO
a) teve como objetivos a redução da criminalidade e o
13. (TCE-PA – CONHECIMENTOS BÁSICOS – AUDITOR controle da violência no estado de Pernambuco.
DE CONTROLE EXTERNO – ÁREA ADMINISTRATIVA – b) tratou a questão da violência como um problema so-
CESPE – 2016) Para o autor do texto, é um contrassenso cial complexo e inaugurou uma estratégia de contenção
a proposta de tornar a LRF mais rigorosa. desse problema compatível com sua complexidade.
c) definiu, no estado de Pernambuco, um novo paradig-
( ) CERTO ( ) ERRADO ma de segurança pública, embasado em uma rede de
ações de combate e de repressão à violência.
Resposta no texto: Por que, tendo descumprido algumas d) foi fruto de um plano acertado que elegeu a área da
dessas regras, estariam interessados em torná-las ainda segurança pública como prioridade.
e) resultou em uma redução visível no número de crimes
mais rigorosas?
contra a vida no estado de Pernambuco.
GABARITO OFICIAL: CERTO
Em “a”, teve como objetivos a redução da criminalidade
14. (PC-PE – CONHECIMENTOS GERAIS – AGENTE DE
e o controle da violência no estado de Pernambuco =
POLÍCIA – CESPE – 2016)
incorreta
Em “b”, tratou a questão da violência como um
Texto CG1A01BBB
problema social complexo e inaugurou uma estratégia
de contenção desse problema compatível com sua
Não são muitas as experiências exitosas de políticas complexidade = incorreta
públicas de redução de homicídios no Brasil nos Em “c”, definiu, no estado de Pernambuco, um novo
últimos vinte anos, e poucas são aquelas que tiveram paradigma de segurança pública, embasado em uma
continuidade. O Pacto pela Vida, política de segurança rede de ações de combate e de repressão à violência
pública implantada no estado de Pernambuco em 2007, = incorreta
é identificado como uma política pública exitosa. Em “d”, foi fruto de um plano acertado que elegeu a
O Pacto Pela Vida é um programa do governo do estado área da segurança pública como prioridade = incorreta
de Pernambuco que visa à redução da criminalidade e Em “e”, resultou em uma redução visível no número de
ao controle da violência. A decisão ou vontade política crimes contra a vida no estado de Pernambuco.
de eleger a segurança pública como prioridade é o Exitosa porque obteve êxito, como comprova o
primeiro marco que se deve destacar quando se pensa resultado: diminuição de quase 40% dos homicídios
em recuperar a memória dessa política, sobretudo no estado entre janeiro de 2007 e junho de 2013.
quando se considera o fato de que o tema da segurança GABARITO OFICIAL: E
pública, no Brasil, tem sido historicamente negligenciado.
Muitas autoridades públicas não só evitam associar-se TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL
ao assunto como também o tratam de modo simplista,
como uma questão que diz respeito apenas à polícia. A todo o momento nos deparamos com vários textos,
O Pacto pela Vida, entendido como um grande concerto sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença
de ações com o objetivo de reduzir a violência e, em do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo
especial, os crimes contra a vida, foi apresentado à que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes
sociedade no início do mês de maio de 2007. Em seu bojo, interlocutores são as peças principais em um diálogo ou
LÍNGUA PORTUGUESA
7
lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre ou seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são
alguém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente os locutores e os interlocutores, o meio disponível para
nessas situações corriqueiras que classificamos os nossos veicular o texto, etc.
textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a
e Dissertação. esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por
As tipologias textuais se caracterizam pelos exemplo, são comuns gêneros como notícias, reportagens,
aspectos de ordem linguística editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divulgação
científica são comuns gêneros como verbete de dicionário
Os tipos textuais designam uma sequência definida ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico, seminário,
pela natureza linguística de sua composição. São conferência.
observados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
relações logicas. Os tipos textuais são o narrativo, Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto
descritivo, argumentativo/dissertativo, injuntivo e Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –
expositivo. São Paulo: Saraiva, 2010.
A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de Português – Literatura, Produção de Textos &
ação demarcados no tempo do universo narrado, Gramática – volume único / Samira Yousseff Campedelli,
como também de advérbios, como é o caso de Jésus Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
antes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em
seu carro quando ele apareceu. Depois de muita SITE
conversa, resolveram... http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-
B) Textos descritivos – como o próprio nome textual.htm
indica, descrevem características tanto físicas
quanto psicológicas acerca de um determinado
indivíduo ou objeto. Os tempos verbais aparecem
demarcados no presente ou no pretérito EXERCÍCIO COMENTADO
imperfeito: “Tinha os cabelos mais negros como a
asa da graúna...” 01. (TJ-DFT – CONHECIMENTOS BÁSICOS – TÉCNI-
C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar CO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – CESPE –
um assunto ou uma determinada situação que 2015)
se almeje desenvolvê-la, enfatizando acerca das
razões de ela acontecer, como em: O cadastramento Ouro em Fios
irá se prorrogar até o dia 02 de dezembro, portanto,
não se esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o A natureza é capaz de produzir materiais preciosos,
benefício. como o ouro e o cobre - condutor de ENERGIA ELÉTRICA.
D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso.
uma modalidade na qual as ações são prescritas Enquanto cientistas e governos buscam novas fontes de
de forma sequencial, utilizando-se de verbos energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT:
expressos no imperativo, infinitivo ou futuro do - Desligue as luzes nos ambientes onde é possível usar a
presente: Misture todos os ingrediente e bata no iluminação natural.
liquidificador até criar uma massa homogênea. - Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado.
E) Textos argumentativos (dissertativo) – - Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do am-
Demarcam-se pelo predomínio de operadores biente.
argumentativos, revelados por uma carga - Utilize o computador no modo espera.
ideológica constituída de argumentos e contra- Fique ligado! Evite desperdícios.
argumentos que justificam a posição assumida Energia elétrica.
acerca de um determinado assunto: A mulher do A natureza cobra o preço do desperdício.
mundo contemporâneo luta cada vez mais para Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações)
conquistar seu espaço no mercado de trabalho, o que
significa que os gêneros estão em complementação, Há no texto elementos característicos das tipologias ex-
não em disputa. positiva e injuntiva.
São os textos materializados que encontramos em Texto injuntivo – ou instrucional – é aquele que passa
nosso cotidiano; tais textos apresentam características instruções ao leitor. O texto acima apresenta tal carac-
LÍNGUA PORTUGUESA
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Quando cheguei ao edifício, tomei o elevador que serve
do primeiro ao décimo quarto andar. Era pelo menos o DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL
que dizia a tabuleta no alto da porta.
— Sétimo — pedi.
A porta se fechou e começamos a subir. Minha atenção
se fixou num aviso que dizia: A ortografia é a parte da Fonologia que trata da
É expressamente proibido os funcionários, no ato da subi- correta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som
da, utilizarem os elevadores para descerem. devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma
Desde o meu tempo de ginásio sei que se trata de pro- língua são grafados segundo acordos ortográficos.
blema complicado, este do infinito pessoal. Prevaleciam A maneira mais simples, prática e objetiva de aprender
então duas regras mestras que deveriam ser rigorosa- ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras,
mente obedecidas. Uma afirmava que o sujeito, sendo familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras
o mesmo, impedia que o verbo se flexionasse. Da outra é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções
infelizmente já não me lembrava. e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de
Mas não foi o emprego pouco castiço do infinito pessoal etimologia (origem da palavra).
que me intrigou no tal aviso: foi estar ele concebido de 1. Regras ortográficas
maneira chocante aos delicados ouvidos de um escritor
que se preza. A) O fonema S
Qualquer um, não sendo irremediavelmente burro, en- São escritas com S e não C/Ç
tenderia o que se pretende dizer neste aviso. Pois um ti- Palavras substantivadas derivadas de verbos com
jolo de burrice me baixou na compreensão, fazendo com radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender
- pretensão / expandir - expansão / ascender -
que eu ficasse revirando a frase na cabeça: descerem, no
ascensão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /
ato da subida? Que quer dizer isto? E buscava uma forma
submergir - submersão / divertir - diversão / impelir
simples e correta de formular a proibição:
- impulsivo / compelir - compulsório / repelir -
É proibido subir para depois descer.
repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
É proibido subir no elevador com intenção de descer.
sentir - sensível / consentir – consensual.
É proibido ficar no elevador com intenção de descer, quan-
do ele estiver subindo.
São escritos com SS e não C e Ç
Se quiser descer, não tome o elevador que esteja subindo. Nomes derivados dos verbos cujos radicais
Mais simples ainda: terminem em gred, ced, prim ou com verbos
Se quiser descer, só tome o elevador que estiver descendo. terminados por tir ou - meter: agredir - agressivo
De tanta simplicidade, atingi a síntese perfeita do que / imprimir - impressão / admitir - admissão /
Nelson Rodrigues chamava de óbvio ululante, ou seja, a ceder - cessão / exceder - excesso / percutir -
enunciação de algo que não quer dizer absolutamente percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão
nada: Se quiser descer, não suba. / comprometer - compromisso / submeter –
Fernando Sabino. A volta por cima. Rio de Janeiro: submissão.
Record, Quando o prefixo termina com vogal que se
1995, p. 137-140. (Com adaptações.) junta com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a +
simétrico - assimétrico / re + surgir – ressurgir.
No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.
02. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE – Exemplos: ficasse, falasse.
2008) O gênero textual apresentado permite o emprego
da linguagem coloquial, como ocorre, por exemplo, em São escritos com C ou Ç e não S e SS
“Qualquer um, não sendo irremediavelmente burro” e “um Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
tijolo de burrice”. Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica:
cipó, Juçara, caçula, cachaça, cacique.
( ) CERTO ( ) ERRADO Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça,
uçu, uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer,
carniça, caniço, esperança, carapuça, dentuço.
Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção
O gênero é a crônica, conta fatos do dia a dia de / deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
maneira descontraída, o que permite a utilização de Após ditongos: foice, coice, traição.
uma linguagem mais próxima do leitor; a informalidade. Palavras derivadas de outras terminadas em
GABARITO OFICIAL: CERTO -te, to(r): marte - marciano / infrator - infração /
absorto – absorção.
LÍNGUA PORTUGUESA
B) O fonema z
São escritos com S e não Z
Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical
é substantivo, ou em gentílicos e títulos
nobiliárquicos: freguês, freguesa, freguesia, poetisa,
baronesa, princesa.
9
Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
metamorfose. chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche,
Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, salsicha.
quis, quiseste.
Nomes derivados de verbos com radicais E) As letras “e” e “i”
terminados em “d”: aludir - alusão / decidir - Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
decisão / empreender - empresa / difundir – difusão. Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar
- Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho. são escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue.
Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. Escrevemos com “i”, os verbos com infinitivo em
Verbos derivados de nomes cujo radical termina -air, -oer e -uir: trai, dói, possui, contribui.
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar
– pesquisar.
São escritos com Z e não S FIQUE ATENTO!
Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de Há palavras que mudam de sentido quan-
adjetivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – do substituímos a grafia “e” pela grafia “i”:
beleza. área (superfície), ária (melodia) / delatar
Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de (denunciar), dilatar (expandir) / emergir
origem não termine com s): final - finalizar / (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de
concreto – concretizar. estância, que anda a pé), pião (brinquedo).
Consoante de ligação se o radical não terminar
com “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
Exceção: lápis + inho – lapisinho.
#FicaDica
C) O fonema j
São escritas com G e não J Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto
Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, à ortografia de uma palavra, há a possibili-
gesso. dade de consultar o Vocabulário Ortográfi-
Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, co da Língua Portuguesa (VOLP), elaborado
gim. pela Academia Brasileira de Letras. É uma
Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com obra de referência até mesmo para a criação
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, de dicionários, pois traz a grafia atualizada
bege, foge. das palavras (sem o significado). Na Internet,
Exceção: pajem. o endereço é www.academia.org.br.
10
ALGUNS USOS ORTOGRÁFICOS ESPECIAIS 3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal
1. Por que / por quê / porquê / porque não compensa.
PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico) O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
para ligar os elementos de palavras compostas (como ex-
Usos: presidente, por exemplo) e para unir pronomes átonos
1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente
a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na para fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de
escrita (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa;
ponto final) = Compre agora, porque há poucas compa-/nheiro).
peças.
A) Uso do hífen que continua depois da Reforma
2. como conjunção subordinativa causal, substituível
Ortográfica:
por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu
1. Em palavras compostas por justaposição que
porque se antecipou.
formam uma unidade semântica, ou seja, nos termos
que se unem para formam um novo significado:
PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico)
tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-
coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva,
Usos:
arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro.
1. como substantivo, com o sentido de “causa”, 2. Em palavras compostas por espécies botânicas e
“razão” ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês). zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer,
Geralmente é precedido por artigo = Não sei o porquê abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde.
da discussão. É uma pessoa cheia de porquês. 3. Nos compostos com elementos além, aquém,
recém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-
2. ONDE / AONDE número, recém-casado.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas
Onde = empregado com verbos que não expressam algumas exceções continuam por já estarem
a ideia de movimento = Onde você está? consagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha,
mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia,
Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos queima-roupa, deus-dará.
que expressam movimento = Aonde você vai? 5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas
3. MAU / MAL combinações históricas ou ocasionais: Áustria-
Hungria, Angola-Brasil, etc.
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se 6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e
LÍNGUA PORTUGUESA
como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um super- quando associados com outro termo que é
mau elemento. iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-
racional, etc.
Mal = pode ser usado como 7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-
1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”, diretor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito.
“logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu. 8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-:
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação,
mal na prova? etc.
11
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
10. Nas formações em que o prefixo tem como Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
segundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-
hepático, geo-história, neo-helênico, extra-humano, SITE
semi-hospitalar, super-homem. http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo ortografia
termina com a mesma vogal do segundo elemento:
micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-
observação, etc.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
O hífen é suprimido quando para formar outros
termos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar. 1. (Polícia Federal – Escrivão de Polícia Federal – Cespe
– 2013 – adaptada)
#FicaDica
Lembrete da Zê! A fim de solucionar o litígio, atos sucessivos e concatenados
Ao separar palavras na translineação (mu- são praticados pelo escrivão. Entre eles, estão os atos
dança de linha), caso a última palavra a ser de comunicação, os quais são indispensáveis para que
escrita seja formada por hífen, repita-o na os sujeitos do processo tomem conhecimento dos atos
próxima linha. Exemplo: escreverei anti-in- acontecidos no correr do procedimento e se habilitem a
flamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. exercer os direitos que lhes cabem e a suportar os ônus
Na próxima linha escreverei: “-inflamatório” que a lei lhes impõe.
(hífen em ambas as linhas). Devido à diagra- Disponível em: <http://jus.com.br> (com adaptações).
mação, pode ser que a repetição do hífen na
translineação não ocorra em meus conteú- No que se refere ao texto acima, julgue os itens seguintes.
Não haveria prejuízo para a correção gramatical do
dos, mas saiba que a regra é esta!
texto nem para seu sentido caso o trecho “A fim de
solucionar o litígio” fosse substituído por Afim de dar
B) Não se emprega o hífen: solução à demanda e o trecho “tomem conhecimento
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo dos atos acontecidos no correr do procedimento” fosse,
termina em vogal e o segundo termo inicia-se em por sua vez, substituído por conheçam os atos havidos no
“r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas transcurso do acontecimento.
consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom,
microssistema, minissaia, microrradiografia, etc. ( ) CERTO ( ) ERRADO
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo
termina em vogal e o segundo termo inicia-se com Resposta: Errado. “A fim” tem o sentido de “com a
vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, intenção de”; já “afim”, “semelhança, afinidade”. Se
autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétrico, a primeira substituição fosse feita, o trecho estaria
plurianual, autoescola, infraestrutura, etc. incorreto gramatical e coerentemente. Portanto, nem
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos há a necessidade de avaliar a segunda substituição.
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h”
inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc.
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando Acentuação gráfica
o segundo elemento começar com “o”: cooperação,
coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, Quanto à acentuação, observamos que algumas
coedição, coexistir, etc. palavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia,
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram ora se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a
noção de composição: pontapé, girassol, outra. Por isso, vamos às regras!
paraquedas, paraquedista, etc.
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: 1. Regras básicas
benfeito, benquerer, benquerido, etc.
A acentuação tônica está relacionada à intensidade
Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas com que são pronunciadas as sílabas das palavras.
correspondentes átonas, aglutinam-se com o elemento Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se
seguinte, não havendo hífen: pospor, predeterminar, como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas
predeterminado, pressuposto, propor. com menos intensidade, são denominadas de átonas.
LÍNGUA PORTUGUESA
Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccioso, De acordo com a tonicidade, as palavras são
auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre- classificadas como:
humano, super-realista, alto-mar. Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre
Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma, a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju –
antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante, papel
ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus, Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi. sílaba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível
12
Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúltima 2.2 Regras especiais
sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
os chamados monossílabos. Estes são acentuados quando de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó - ré. palavras paroxítonas.
2 Os acentos
FIQUE ATENTO!
A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a”
e “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos aber-
letras representam as vogais tônicas de palavras tos estiverem em uma palavra oxítona (he-
como pá, caí, público. Sobre as letras “e” e “o” rói) ou monossílaba (céu) ainda são acen-
indica, além da tonicidade, timbre aberto: herói – tuados: dói, escarcéu.
céu (ditongos abertos).
B) acento circunflexo – (^) Colocado sobre as letras
“a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre Antes Agora
fechado: tâmara – Atlântico – pêsames – supôs.
assembléia assembleia
C) acento grave – (`) Indica a fusão da preposição “a”
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles idéia ideia
D) trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi geléia geleia
totalmente abolido das palavras. Há uma exceção:
é utilizado em palavras derivadas de nomes jibóia jiboia
próprios estrangeiros: mülleriano (de Müller) apóia (verbo apoiar) apoia
E) til – (~) Indica que as letras “a” e “o” representam
paranóico paranoico
vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã
2.3 Acento Diferencial
2.1 Regras fundamentais
Representam os acentos gráficos que, pelas regras
A) Palavras oxítonas: acentuam-se todas as oxítonas
de acentuação, não se justificariam, mas são utilizados
terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do
para diferenciar classes gramaticais entre determinadas
plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém.
palavras e/ou tempos verbais. Por exemplo:
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”,
perfeito do Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente
seguidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há do Indicativo do mesmo verbo).
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
terminadas em: para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição.
i, is: táxi – lápis – júri Os demais casos de acento diferencial não são
us, um, uns: vírus – álbuns – fórum mais utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax – (substantivo), pelo (preposição). Seus significados e
fórceps classes gramaticais são definidos pelo contexto.
ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos Polícia para o trânsito para que se realize a operação
ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo,
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória conjunção (com relação de finalidade).
#FicaDica #FicaDica
Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que Quando, na frase, der para substituir o
esta palavra apresenta as terminações das “por” por “colocar”, estaremos trabalhando
paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U com um verbo, portanto: “pôr”; nos de-
(aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim mais casos, “por” é preposição: Faço isso
ficará mais fácil a memorização! por você. / Posso pôr (colocar) meus livros
LÍNGUA PORTUGUESA
aqui?
C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona
quando a sua antepenúltima sílaba é tônica 2.4 Regra do Hiato
(mais forte). Quanto à regra de acentuação:
todas as proparoxítonas são acentuadas, Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos,
independentemente de sua terminação: árvore, segunda vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”,
paralelepípedo, cárcere. haverá acento: saída – faísca – baú – país – Luís
13
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato conter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles contêm,
quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z: Ra- ele obtém – eles obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém
ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz – eles convêm.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
estiverem seguidas do dígrafo nh: ra-i-nha, ven-to-i-nha. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto
vierem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u- Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –
ba São Paulo: Saraiva, 2010.
Antes Agora
bocaiúva bocaiuva EXERCÍCIOS COMENTADOS
feiúra feiura
1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Cespe
Sauípe Sauipe
– 2014) Os termos “série” e “história” acentuam-se em
conformidade com a mesma regra ortográfica.
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
abolido:
( ) CERTO ( ) ERRADO
14
Resposta: Errado. Pó = monossílaba terminada Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima-
em “o”; só = monossílaba terminada em “o”; céu = ginária – composta de termos e expressões – que une
monossílaba terminada em ditongo aberto “éu”. os diversos elementos do texto e busca estabelecer rela-
ções de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego
5. (ANATEL – Técnico Administrativo – CESPE/2012) de diferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição,
Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do acento substituição, associação), sejam gramaticais (emprego de
gráfico tem justificativas gramaticais diferentes.
pronomes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se
( ) CERTO ( ) ERRADO frases, orações, períodos, que irão apresentar o contexto
– decorre daí a coerência textual.
Resposta: ERRADO Um texto incoerente é o que carece de sentido ou
Análise = proparoxítona / mínimos = proparoxítona. o apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa
Ambas são acentuadas pela mesma regra incoerência é resultado do mau uso dos elementos de
(antepenúltima sílaba é tônica, “mais forte”). coesão textual. Na organização de períodos e de pará-
grafos, um erro no emprego dos mecanismos gramati-
6. (ANCINE – Técnico Administrativo – CESPE/2012) cais e lexicais prejudica o entendimento do texto. Cons-
Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” recebem truído com os elementos corretos, confere-se a ele uma
acento gráfico com base na mesma regra de acentuação unidade formal.
gráfica. Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enun-
ciado não se constrói com um amontoado de palavras e
( ) CERTO ( ) ERRADO
orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de
dependência e independência sintática e semântica, reco-
Resposta: CERTO
Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; diária bertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam
= paroxítona terminada em ditongo; paciência = estes princípios”.
paroxítona terminada em ditongo. Os três vocábulos Não se deve escrever frases ou textos desconexos –
são acentuados devido à mesma regra. é imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que as
frases estejam coesas e coerentes formando o texto. Re-
7. (IBAMA – Técnico Administrativo – CESPE/2012) lembre-se de que, por coesão, entende-se ligação, rela-
As palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de acordo ção, nexo entre os elementos que compõem a estrutura
com a mesma regra de acentuação gráfica. textual.
foi escrito – ou falado – são os referentes textuais, que móvel (mais genérico).
buscam garantir a coesão textual para que haja coerên- Emprego de hiperônimos - relações de um termo
cia, não só entre os elementos que compõem a oração, de sentido mais amplo com outros de sentido mais
como também entre a sequência de orações dentro do específico. Por exemplo, felino está numa relação
texto. Essa coesão também pode muitas vezes se dar de de hiperonímia com gato.
modo implícito, baseado em conhecimentos anteriores Substitutos universais, como os verbos vicários.
que os participantes do processo têm com o tema.
15
Verbo vicário é aquele que substitui outro já utilizado
no período, evitando repetições. Geralmente é o verbo
fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. Faço porque
EXERCÍCIOS COMENTADOS
preciso. O “faço” foi empregado no lugar de “estudo”,
evitando repetição desnecessária.
A coesão apoiada na gramática se dá no uso de co- 01. (SERCOMTEL S. A. TELECOMUNICAÇÕES – ANA-
LISTA – AOCP – 2016) Em “a gente simplesmente o en-
nectivos, como pronomes, advérbios e expressões ad-
contra”, o termo em destaque refere-se, no texto,
verbiais, conjunções, elipses, entre outros. A elipse jus-
tifica-se quando, ao remeter a um enunciado anterior,
a) a “um novo amor”.
a palavra elidida é facilmente identificável (Exemplo.: O b) ao “paradoxo”.
jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessitar de todas c) a “no último ano”.
as suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido e, d) a “um tropeção”.
assim, estabelece a relação entre as duas orações). e) a “bonito”.
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro- a gente simplesmente o encontra = “encontra ele =
priedade de fazer referência ao contexto situacional ou um novo amor”.
ao próprio discurso. Exercem, por excelência, essa fun- GABARITO OFICIAL: A
ção de progressão textual, dada sua característica: são
elementos que não significam, apenas indicam, remetem 02. (PCJ-MT – DELEGADO SUBSTITUTO – CESPE –
aos componentes da situação comunicativa. 2017)
Já os componentes concentram em si a significação.
Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito: Texto CG1A1CCC
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais in- A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestida-
dicam os participantes do ato do discurso. Os pronomes de, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia
demonstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, no coração das gerações que vêm nascendo a semente
bem como os advérbios de tempo, referenciam o momento da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na
da enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterio- estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte; promove
ridade ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste a desonestidade, a venalidade, a relaxação; insufla a cor-
momento (presente); ultimamente, recentemente, ontem, tesania, a baixeza, sob todas as suas formas.
há alguns dias, antes de (pretérito); de agora em diante, De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prospe-
no próximo ano, depois de (futuro).” rar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto
ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o
A coerência de um texto está ligada: homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra,
1. à sua organização como um todo, em que devem a ter vergonha de ser honesto. E, nessa destruição geral
estar assegurados o início, o meio e o fim; das nossas instituições, a maior de todas as ruínas, Se-
nhores, é a ruína da justiça, corroborada pela ação dos
2. à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um
homens públicos. E, nesse esboroamento da justiça, a
texto técnico, por exemplo, tem a sua coerência
mais grave de todas as ruínas é a falta de penalidade aos
fundamentada em comprovações, apresentação
criminosos confessos, é a falta de punição quando ocor-
de estatísticas, relato de experiências; um texto
re um crime de autoria incontroversa, mas ninguém tem
informativo apresenta coerência se trabalhar com coragem de apontá-la à opinião pública, de modo que a
linguagem objetiva, denotativa; textos poéticos, justiça possa exercer a sua ação saneadora e benfazeja.
por outro lado, trabalham com a linguagem figura- Rui Barbosa. Obras completas de Rui Barbosa. Vol. XLI.
da, livre associação de ideias, palavras conotativas. 1914. Internet: <www.casaruibarbosa.gov.br> (com
adaptações).
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa. No último parágrafo do texto CG1A1CCC, a forma prono-
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática – minal “la”, em “apontá-la”, retoma
volume único – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
a) “a ruína da justiça”.
SITE b) “autoria incontroversa”.
Disponível em: http://www.mundovestibular.com.br/ c) “ação dos homens públicos”.
articles/2586/1/COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/Paa- d) “falta de punição”.
LÍNGUA PORTUGUESA
16
modo que a justiça possa exercer a sua ação saneado-
ra e benfazeja = o pronome oblíquo em destaque re- EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS.
toma os termos “autoria incontroversa” – até porque,
DOMÍNIO DA ESTRUTURA
quanto à falta de punição, ela está bem clara à opinião
MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO.
pública, sem necessidade de ser apontada...
GABARITO OFICIAL: B EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS.
COLOCAR ESTRUTRUR DA PALAVRAS
03. (TCE-PA – CONHECIMENTOS BÁSICOS – AUDITOR
DE CONTROLE EXTERNO – ÁREA ADMINISTRATIVA –
CESPE – CESPE – 2016)
Classes de Palavras
Texto CB1A1BBB
Adjetivo
Estranhamente, governos estaduais cujas despesas com
É a palavra que expressa uma qualidade ou
o funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou que
característica do ser e se relaciona com o substantivo,
estouraram o limite de gastos com pessoal fixado pela
concordando com este em gênero e número.
Lei Complementar n.º 101/2000, denominada Lei de Res-
As praias brasileiras estão poluídas.
ponsabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando sua própria
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos
legislação destinada a assegurar, como alegam, maior ri-
(plural e feminino, pois concordam com “praias”).
gor na gestão de suas finanças. Querem uma nova lei de
responsabilidade fiscal para, segundo argumentam, for-
1. Locução adjetiva
talecer a estrutura legal que protege o dinheiro público
do mau uso por gestores irresponsáveis.
Locução = reunião de palavras. Sempre que são
Examinando-se a situação financeira dos estados que
necessárias duas ou mais palavras para falar sobre a
preparam sua versão da lei de responsabilidade fiscal,
mesma coisa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição
fica difícil aceitar a argumentação. Desde maio de 2000,
+ substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a
quando entrou em vigor a LRF, esses estados, como os
Locução Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo).
demais, estão sujeitos a regras precisas para a gestão do
Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem
dinheiro público, para a criação de despesas e, em par-
freio (paixão desenfreada).
ticular, para os gastos com pessoal. Por que, tendo des-
cumprido algumas dessas regras, estariam interessados
Observe outros exemplos:
em torná-las ainda mais rigorosas?
Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis
pelo dinheiro público que, por alguma razão, não a cum- de águia aquilino
priram. De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigoro- de aluno discente
sa, se nem nas condições atuais esses responsáveis estão
sendo capazes de cumpri-la? O problema não está na de anjo angelical
lei. Mudá-la pode ser o pretexto não para torná-la mais de ano anual
rigorosa, mas para atribuir-lhe alguma flexibilidade que
de aranha aracnídeo
a desfigure. O verdadeiro problema é a dificuldade do
setor público de adaptar suas despesas às receitas em de boi bovino
queda por causa da crise. de cabelo capilar
Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com
adaptações). de cabra caprino
de campo campestre ou rural
A construção “Não foi a lei que não funcionou” está asso-
de chuva pluvial
ciada a uma interpretação de contraste, significando que
outro elemento — e não a lei — não funcionou. de criança pueril
de dedo digital
( ) CERTO ( ) ERRADO
de estômago estomacal ou gástrico
Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis de falcão falconídeo
pelo dinheiro público = o texto apresenta o elemento
de farinha farináceo
responsável pela não funcionalidade da lei.
LÍNGUA PORTUGUESA
17
de homem viril ou humano
de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal
de lago lacustre
de leão leonino
de lebre l eporino
de lua lunar ou selênico
de madeira lígneo
de mestre magistral
de ouro áureo
de paixão passional
de pâncreas pancreático
de porco suíno ou porcino
dos quadris ciático
de rio fluvial
de sonho onírico
de velho senil
de vento eólico
de vidro vítreo ou hialino
de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico
Observação:
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo correspondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª série.
/ O muro de tijolos caiu.
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).
Alagoas alagoano
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
LÍNGUA PORTUGUESA
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:
18
África afro- / Cultura afro-americana
Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos
substantivos, classificam-se em:
A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano,
a moça norte-americana.
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-social.
B) Adjetivo Composto
É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas o
último elemento concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso
um dos elementos que formam o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto
ficará invariável. Por exemplo: a palavra “rosa” é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver qualificando um
LÍNGUA PORTUGUESA
elemento, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo composto; como é
um substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará invariável. Veja:
Camisas rosa-claro.
Ternos rosa-claro.
Olhos verde-claros.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
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Observação: Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, Observe alguns superlativos sintéticos:
vestidos cor-de-rosa.
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois benéfico - beneficentíssimo
elementos flexionados: crianças surdas-mudas.
bom - boníssimo ou ótimo
8. Grau do Adjetivo comum - comuníssimo
O ônibus chegou.
B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a O ônibus chegou ontem.
qualidade de um ser é intensificada, sem relação com
outros seres. Apresenta-se nas formas: Advérbio é uma palavra invariável que modifica o
Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de
palavras que dão ideia de intensidade (advérbios). tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e
Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado. do próprio advérbio.
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Estudei bastante. = modificando o verbo estudei constantemente, entrementes, imediatamente,
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio primeiramente, provisoriamente, sucessivamente,
(bem) às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um vez em quando, de quando em quando, a qualquer
adjetivo (claros) momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em
dia.
Quando modifica um verbo, o advérbio pode C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior,
acrescentar ideia de: depressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às
Tempo: Ela chegou tarde. claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos
Lugar: Ele mora aqui. poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em
Modo: Eles agiram mal. geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em
Negação: Ela não saiu de casa. vão e a maior parte dos que terminam em “-mente”:
Dúvida: Talvez ele volte. calmamente, tristemente, propositadamente,
1. Flexão do Advérbio pacientemente, amorosamente, docemente,
escandalosamente, bondosamente, generosamente.
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto,
apresentam variação em gênero e número. Alguns efetivamente, certo, decididamente, deveras,
advérbios, porém, admitem a variação em grau. Observe: indubitavelmente.
E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
A) Grau Comparativo de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente,
modo que o comparativo do adjetivo: provavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por
de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): certo, quem sabe.
Renato fala tão alto quanto João. G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em
de inferioridade: menos + advérbio + que (do excesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto,
que): Renato fala menos alto do que João. quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo,
de superioridade: nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo,
A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato extremamente, intensamente, grandemente, bem
fala mais alto do que João. (quando aplicado a propriedades graduáveis).
A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão,
fala melhor que João. somente, simplesmente, só, unicamente. Por
exemplo: Brando, o vento apenas move a copa das
B) Grau Superlativo árvores.
O superlativo pode ser analítico ou sintético: I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente,
B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: também. Por exemplo: O indivíduo também
Renato fala muito alto. amadurece durante a adolescência.
muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por
de modo exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer
B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala aos meus amigos por comparecerem à festa.
altíssimo.
Saiba que:
Observação: Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se
As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei
comuns na língua popular. o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
Maria mora pertinho daqui. (muito perto) tarde possível.
A criança levantou cedinho. (muito cedo) Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente,
em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu
2. Classificação dos Advérbios calma e respeitosamente.
De acordo com a circunstância que exprime, o 3. Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido
advérbio pode ser de:
A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, Há palavras como muito, bastante, que podem
atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aparecer como advérbio e como pronome indefinido.
aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro
LÍNGUA PORTUGUESA
nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito.
embaixo, externamente, à distância, à distância de, Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo
de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros.
ao lado, em volta.
B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
antes, doravante, nunca, então, ora, jamais,
agora, sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve,
21
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto
#FicaDica adverbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de
Como saber se a palavra bastante é advérbio intensidade e de tempo, respectivamente.
(não varia, não se flexiona) ou pronome
indefinido (varia, sofre flexão)? Se der, na REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
frase, para substituir o “bastante” por “muito”, Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto
estamos diante de um advérbio; se der para Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –
substituir por “muitos” (ou muitas), é um São Paulo: Saraiva, 2010.
pronome. Veja: Português: novas palavras: literatura, gramática,
1. Estudei bastante para o concurso. (estudei redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
2. Estudei bastantes capítulos para o concurso. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
(estudei muitos capítulos) = pronome indefinido
SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
morf75.php
4. Advérbios Interrogativos
Artigo
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como?
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja: se como o termo variável que serve para individualizar ou
Interrogação Direta Interrogação Indireta generalizar o substantivo, indicando, também, o gênero
(masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu. Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as
Onde mora? Indaguei onde morava. variações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns]).
Por que choras? Não sei por que choras. A) Artigos definidos – São usados para indicar seres
Aonde vai? Perguntei aonde ia. determinados, expressos de forma individual: O
concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam
Donde vens? Pergunto donde vens.
muito.
Quando voltas? Pergunto quando voltas. B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres
de modo vago, impreciso: Uma candidata foi
5. Locução Adverbial aprovada! Umas candidatas foram aprovadas!
Quando há duas ou mais palavras que exercem 1. Circunstâncias em que os artigos se manifestam:
função de advérbio, temos a locução adverbial, que
pode expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam Considera-se obrigatório o uso do artigo depois
ordinariamente por uma preposição. Veja: do numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal
A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, conteúdo.
para dentro, por aqui, etc. Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos)
B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc. admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de
C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, Janeiro, Veneza, A Bahia...
em geral, frente a frente, etc. Quando indicado no singular, o artigo definido pode
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde,
No caso de nomes próprios personativos, denotando
hoje em dia, nunca mais, etc.
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso
do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O
A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo, Pedro é o xodó da família.
o adjetivo e outro advérbio: No caso de os nomes próprios personativos estarem
Chegou muito cedo. (advérbio) no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
Joana é muito bela. (adjetivo) os Incas, Os Astecas...
De repente correram para a rua. (verbo) Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a)
Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do
mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio: artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”.
Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso! Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
LÍNGUA PORTUGUESA
O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
advérbio: Cheguei primeiro. (qualquer classe)
Quanto a sua função sintática: o advérbio e a Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é
locução adverbial desempenham na oração a função facultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso.
de adjunto adverbial, classificando-se de acordo com as A utilização do artigo indefinido pode indicar uma
circunstâncias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve
ao advérbio. Exemplo: ter é uns vinte anos.
22
O artigo também é usado para substantivar palavras Podemos separá-las por ponto:
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
porquê de tudo isso. / O bem vence o mal.
Temos acima um exemplo de conjunção (e,
2. Há casos em que o artigo definido não pode ser consequentemente, orações coordenadas) coordenativa
usado: – “mas”. Já em:
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas Espero que eu seja aprovada no concurso!
conhecidas: O professor visitará Roma. Não conseguimos separar uma oração da outra, pois
a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração
Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período
presença do artigo será obrigatória: O professor visitará temos uma oração subordinada substantiva objetiva
a bela Roma. direta (ela exerce a função de objeto direto do verbo da
oração principal).
Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria 3. Conjunções Coordenativas
sairá agora?
Exceção: O senhor vai à festa? São aquelas que ligam orações de sentido completo
Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: e independente ou termos da oração que têm a mesma
Esse é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o função gramatical. Subdividem-se em:
candidato cuja nota foi a mais alta.
A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto não), não só... mas também, não só... como também,
Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – bem como, não só... mas ainda.
São Paulo: Saraiva, 2010. A sua pesquisa é clara e objetiva.
Português: novas palavras: literatura, gramática, Não só dança, mas também canta.
redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras,
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. expressando ideia de contraste ou compensação.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto,
Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – no entanto, não obstante.
São Paulo: Saraiva, 2010. Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.
conjunções podem ser classificadas em coordenativas e São aquelas que ligam duas orações, sendo uma
subordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados delas dependente da outra. A oração dependente,
pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse introduzida pelas conjunções subordinativas, recebe o
isolamento, no entanto, não acarreta perda da unidade nome de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já
de sentido que cada um dos elementos possui. Já no tinha começado quando ela chegou.
segundo caso, cada um dos elementos ligados pela O baile já tinha começado: oração principal
conjunção depende da existência do outro. Veja: quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal)
Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo. ela chegou: oração subordinada
23
As conjunções subordinativas subdividem-se em F) Proporcionais: introduzem uma oração que
integrantes e adverbiais: expressa um fato relacionado proporcionalmente
à ocorrência do expresso na principal. São elas:
Integrantes - Indicam que a oração subordinada à medida que, à proporção que, ao passo que e
por elas introduzida completa ou integra o sentido as combinações quanto mais... (mais), quanto
da principal. Introduzem orações que equivalem menos... (menos), quanto menos... (mais), quanto
a substantivos, ou seja, as orações subordinadas menos... (menos), etc.
substantivas. São elas: que, se. O preço fica mais caro à medida que os produtos
Quero que você volte. (Quero sua volta) escasseiam.
Adverbiais - Indicam que a oração subordinada
Observação:
exerce a função de adjunto adverbial da principal. De
São incorretas as locuções proporcionais à medida
acordo com a circunstância que expressam, classificam-
se em: em que, na medida que e na medida em que.
A) Causais: introduzem uma oração que é causa da G) Temporais: introduzem uma oração que
ocorrência da oração principal. São elas: porque, acrescenta uma circunstância de tempo ao fato
que, como (= porque, no início da frase), pois que, expresso na oração principal. São elas: quando,
visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde enquanto, antes que, depois que, logo que, todas as
que, etc. vezes que, desde que, sempre que, assim que, agora
Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios. que, mal (= assim que), etc.
A briga começou assim que saímos da festa.
B) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
ideia contrária à da principal, sem, no entanto, H) Comparativas: introduzem uma oração que
impedir sua realização. São elas: embora, ainda expressa ideia de comparação com referência à
que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por oração principal. São elas: como, assim como, tal
mais que, posto que, conquanto, etc. como, como se, (tão)... como, tanto como, tanto
Embora fosse tarde, fomos visitá-lo. quanto, do que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem,
que (combinado com menos ou mais), etc.
C) Condicionais: introduzem uma oração que indica
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
a hipótese ou a condição para ocorrência da
principal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se,
a não ser que, desde que, a menos que, sem que, etc. I) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa
Se precisar de minha ajuda, telefone-me. a consequência da principal. São elas: de sorte que,
de modo que, sem que (= que não), de forma que, de
jeito que, que (tendo como antecedente na oração
#FicaDica principal uma palavra como tal, tão, cada, tanto,
Você deve ter percebido que a conjunção con- tamanho), etc.
dicional “se” também é conjunção integrante. Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do
A diferença é clara ao ler as orações que são exame.
introduzidas por ela. Acima, ela nos dá a ideia
da condição para que recebamos um telefo-
FIQUE ATENTO!
nema (se for preciso ajuda). Já na oração: Não
sei se farei o concurso. Não há ideia de Muitas conjunções não têm classificação
condição alguma, há? Outra coisa: o verbo da única, imutável, devendo, portanto, ser clas-
oração principal (sei) pede complemento (ob- sificadas de acordo com o sentido que apre-
jeto direto, já que “quem não sabe, não sabe sentam no contexto (destaque da Zê!).
algo”). Portanto, a oração em destaque exerce
a função de objeto direto da oração principal,
sendo classificada como oração subordinada REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
substantiva objetiva direta. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
D) Conformativas: introduzem uma oração que Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto
exprime a conformidade de um fato com outro. Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –
São elas: conforme, como (= conforme), segundo, São Paulo: Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática,
LÍNGUA PORTUGUESA
consoante, etc.
O passeio ocorreu como havíamos planejado. redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
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Interjeição I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá!
Queira Deus!
Interjeição é a palavra invariável que exprime J) Desculpa: Perdão!
emoções, sensações, estados de espírito. É um recurso da K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena!
linguagem afetiva, em que não há uma ideia organizada L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê!
de maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus!
sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz!
decorrente de uma situação particular, um momento ou N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios!
um contexto específico. Exemplos: Puxa! Pô! Ora!
Ah, como eu queria voltar a ser criança! O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!
Hum! Esse pudim estava maravilhoso! Viva! Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me,
hum: expressão de um pensamento súbito = Deus!
interjeição Q) Silêncio: Psiu! Silêncio!
O significado das interjeições está vinculado à maneira R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o Saiba que:
sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não
em que for utilizada. Exemplos: sofrem variação em gênero, número e grau como os
nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto
Psiu! e voz como os verbos. No entanto, em uso específico,
contexto: alguém pronunciando esta expressão algumas interjeições sofrem variação em grau. Não se
na rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te trata de um processo natural desta classe de palavra, mas
chamando! Ei, espere!” tão só uma variação que a linguagem afetiva permite.
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
Psiu!
2. Locução Interjetiva
contexto: alguém pronunciando em um hospital;
significado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma
silêncio!”
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus!
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
Toda frase mais ou menos breve dita em tom
puxa: interjeição; tom da fala: euforia exclamativo torna-se uma locução interjetiva,
dispensando análise dos termos que a compõem:
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte! Macacos me mordam!, Valha-me Deus!, Quem me dera!
puxa: interjeição; tom da fala: decepção 1. As interjeições são como frases resumidas,
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções: sintéticas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava
por essa!) / Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe)
A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo 2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição
alegria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito é o seu tom exclamativo; por isso, palavras de
interessante! outras classes gramaticais podem aparecer como
B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da interjeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) /
minha frente. Fora! Francamente! (Advérbios)
3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra-
As interjeições podem ser formadas por: frase” porque sozinha pode constituir uma
simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô mensagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me!
palavras: Oba! Olá! Claro! Silêncio! Fique quieto!
grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu 4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou
Deus! Ora bolas! imitativas, que exprimem ruídos e vozes. Por
exemplo: Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba!
1. Classificação das Interjeições Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc.
5. Não se deve confundir a interjeição de apelo
Comumente, as interjeições expressam sentido de: “ó” com a sua homônima “oh!”, que exprime
A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido! admiração, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa
Atenção! Olha! Alerta! depois do “oh!” exclamativo e não a fazemos
B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua! depois do “ó” vocativo. Por exemplo: “Ó natureza!
LÍNGUA PORTUGUESA
C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah!
E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ânimo! Adiante! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva! Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! Português – Literatura, Produção de Textos &
H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Gramática – volume único / Samira Yousseff Campedelli,
Francamente! Essa não! Chega! Basta! Jésus Barbosa Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
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SITE Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/ atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do
morf89.php esforço e conseguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
Numeral flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses
triplas do medicamento.
Numeral é a palavra variável que indica quantidade Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/
pessoas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa duas terças partes.
determinada sequência.
Os numerais traduzem, em palavras, o que os números Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
indicam em relação aos seres. Assim, quando a expressão dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se trata de É comum na linguagem coloquial a indicação de grau
numerais, mas sim de algarismos. nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem de sentido. É o que ocorre em frases como:
a ideia expressa pelos números, existem mais algumas “Me empresta duzentinho...”
palavras consideradas numerais porque denotam É artigo de primeiríssima qualidade!
quantidade, proporção ou ordenação. São alguns O time está arriscado por ter caído na segundona. (=
exemplos: década, dúzia, par, ambos(as), novena. segunda divisão de futebol)
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#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!
Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua
utilização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.
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quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.php
Preposição
Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece,
normalmente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes
na estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a
compreensão do texto.
1. Tipos de Preposição
A) Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com,
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja,
formadas por uma derivação imprópria: como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma
(preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em
frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.
A preposição é invariável e, no entanto, pode unir-se a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em
gênero ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + a = pela.
Essa concordância não é característica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir dos processos de:
Combinação: união da preposição “a” com o artigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Os
vocábulos não sofrem alteração.
Contração: união de uma preposição com outra palavra, ocorrendo perda ou transformação de fonema: de + o
= do, em + a = na, per + os = pelos, de + aquele = daquele, em + isso = nisso.
Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do
pronome “aquilo”).
LÍNGUA PORTUGUESA
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lugares: Alemanha, Portugal
#FicaDica sentimentos: amor, saudade
estados: alegria, tristeza
O “a” pode funcionar como preposição, prono- qualidades: honestidade, sinceridade
me pessoal oblíquo e artigo. Como distingui- ações: corrida, pescaria
-los? Caso o “a” seja um artigo, virá preceden-
do um substantivo, servindo para determiná-lo 1. Morfossintaxe do substantivo
como um substantivo singular e feminino: A
matéria que estudei é fácil! Nas orações, geralmente o substantivo exerce funções
diretamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo
do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto
Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda,
termos e estabelece relação de subordinação entre eles. funcionar como núcleo do complemento nominal ou do
Irei à festa sozinha. aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do objeto
Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é ou como núcleo do vocativo. Também encontramos
artigo; o segundo, preposição. substantivos como núcleos de adjuntos adnominais
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o e de adjuntos adverbiais - quando essas funções são
lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a desempenhadas por grupos de palavras.
apostila. = Nós a trouxemos.
2. Classificação dos Substantivos
2. Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas
por meio das preposições:
A) Substantivos Comuns e Próprios
Observe a definição:
Destino = Irei a Salvador.
Modo = Saiu aos prantos.
Lugar = Sempre a seu lado. Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas
Assunto = Falemos sobre futebol. casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil,
Tempo = Chegarei em instantes. toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma
Causa = Chorei de saudade. cidade (em oposição aos bairros).
Fim ou finalidade = Vim para ficar. Qualquer “povoação maior que vila, com muitas
Instrumento = Escreveu a lápis. casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será
Posse = Vi as roupas da mamãe. chamada cidade. Isso significa que a palavra cidade é um
Autoria = livro de Machado de Assis substantivo comum.
Companhia = Estarei com ele amanhã. Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
Matéria = copo de cristal. uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
Meio = passeio de barco. homem, mulher, país, cachorro.
Origem = Nós somos do Nordeste. Estamos voando para Barcelona.
Conteúdo = frascos de perfume.
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso. O substantivo Barcelona designa apenas um ser da
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais. espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio –
aquele que designa os seres de uma mesma espécie de
Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução
prepositiva por trás de. B) Substantivos Concretos e Abstratos
B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa o
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ser que existe, independentemente de outros seres.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Observação:
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto
Os substantivos concretos designam seres do mundo
Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –
real e do mundo imaginário.
São Paulo: Saraiva, 2010.
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Português: novas palavras: literatura, gramática,
redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. Brasília.
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água,
SITE fantasma.
LÍNGUA PORTUGUESA
http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa
Substantivo seres que dependem de outros para se manifestarem
ou existirem. Por exemplo: a beleza não existe por si só,
Substantivo é a classe gramatical de palavras não pode ser observada. Só podemos observar a beleza
variáveis, as quais denominam todos os seres que existem, numa pessoa ou coisa que seja bela. A beleza depende
sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e de outro ser para se manifestar. Portanto, a palavra beleza
fenômenos, os substantivos também nomeiam: é um substantivo abstrato.
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Os substantivos abstratos designam estados, junta médicos, bois, credores, exa-
qualidades, ações e sentimentos dos seres, dos quais minadores
podem ser abstraídos, e sem os quais não podem existir:
vida (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade júri jurados
(sentimento). legião soldados, anjos, demônios
Substantivos Coletivos
leva presos, recrutas
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, malta malfeitores ou desordeiros
outra abelha, mais outra abelha. manada búfalos, bois, elefantes,
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame. matilha cães de raça
molho chaves, verduras
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi
necessário repetir o substantivo: uma abelha, outra multidão pessoas em geral
abelha, mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram- nuvem insetos (gafanhotos, mosqui-
se duas palavras no plural. No terceiro, empregou-se tos, etc.)
um substantivo no singular (enxame) para designar um penca bananas, chaves
conjunto de seres da mesma espécie (abelhas).
O substantivo enxame é um substantivo coletivo. pinacoteca pinturas, quadros
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, quadrilha ladrões, bandidos
mesmo estando no singular, designa um conjunto de
seres da mesma espécie. ramalhete flores
rebanho ovelhas
Substantivo coletivo Conjunto de: repertório peças teatrais, obras musicais
assembleia pessoas reunidas réstia alhos ou cebolas
alcateia lobos romanceiro poesias narrativas
acervo livros revoada pássaros
antologia trechos literários selecionados sínodo párocos
arquipélago ilhas talha lenha
banda músicos tropa muares, soldados
bando desordeiros ou malfeitores turma estudantes, trabalhadores
banca examinadores vara porcos
batalhão soldados
3. Formação dos Substantivos
cardume peixes
caravana viajantes peregrinos A) Substantivos Simples e Compostos
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
cacho frutas
terra.
cancioneiro canções, poesias líricas O substantivo chuva é formado por um único
colmeia abelhas elemento ou radical. É um substantivo simples.
A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um
concílio bispos único elemento.
congresso parlamentares, cientistas Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc.
Veja agora: O substantivo guarda-chuva é formado por
elenco atores de uma peça ou filme
dois elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é
esquadra navios de guerra composto.
enxoval roupas A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por
dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-
falange soldados, anjos -flor, passatempo.
fauna animais de uma região
B) Substantivos Primitivos e Derivados
LÍNGUA PORTUGUESA
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4. Flexão dos substantivos 6. Formação do Feminino dos Substantivos
Biformes
O substantivo é uma classe variável. A palavra é
variável quando sofre flexão (variação). A palavra menino, Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
por exemplo, pode sofrer variações para indicar: - aluna.
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo: Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a
meninão / Diminutivo: menininho ao masculino: freguês - freguesa
A) Flexão de Gênero Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de três formas:
devendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz 1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
respeito a todos os substantivos de nossa língua, quer se 2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
refiram a seres animais providos de sexo, quer designem 3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
apenas “coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa. Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão -
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e sultana
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos
que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja Substantivos terminados em -or:
estes títulos de filmes: acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
O velho e o mar troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz
Um Natal inesquecível Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:
Os reis da praia cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta
- poetisa / duque - duquesa / conde - condessa /
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que profeta - profetisa
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas: Substantivos que formam o feminino trocando o
A história sem fim -e final por -a: elefante - elefanta
Uma cidade sem passado Substantivos que têm radicais diferentes no
As tartarugas ninjas masculino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
Substantivos que formam o feminino de maneira
5. Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes especial, isto é, não seguem nenhuma das regras
anteriores: czar – czarina, réu - ré
1. Substantivos Biformes (= duas formas):
apresentam uma forma para cada gênero: gato – 7. Formação do Feminino dos Substantivos
gata, homem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - Uniformes
prefeita
2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única Epicenos:
forma, que serve tanto para o masculino quanto Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
para o feminino. Classificam-se em:
A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo Não é possível saber o sexo do jacaré em questão.
se faz mediante a utilização das palavras “macho” Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma
e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré forma para indicar o masculino e o feminino.
macho e o jacaré fêmea. Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes para designar os dois sexos. Esses substantivos são
a pessoas de ambos os sexos: a criança, a chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando
testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se
o indivíduo. palavras macho e fêmea.
C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: A cobra macho picou o marinheiro.
indicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
colega e a colega, o doente e a doente, o artista e
a artista. 8. Sobrecomuns:
Entregue as crianças à natureza.
Substantivos de origem grega terminados em ema
ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo
sintoma, o teorema. masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse
Existem certos substantivos que, variando de caso, nem o artigo nem um possível adjetivo permitem
gênero, variam em seu significado: identificar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
LÍNGUA PORTUGUESA
o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça A criança chorona chamava-se João.
(líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro) A criança chorona chamava-se Maria.
e a capital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma
(cabeleira, juba); o lente (professor) e a lente (vidro de Outros substantivos sobrecomuns:
aumento); o moral (estado de espírito) e a moral (ética; a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma
conclusão); o praça (soldado raso) e a praça (área pública); boa criatura.
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora). o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
Marcela faleceu
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9. Comuns de Dois Gêneros: sobressalente), a estepe (vasta planície de vegetação), o
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. guia (pessoa que guia outras), a guia (documento, pena
grande das asas das aves), o grama (unidade de peso),
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma (recipiente, setor de pagamentos), o lente (professor),
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. a lente (vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral
A distinção de gênero pode ser feita através da (honestidade, bons costumes, ética), o nascente (lado onde
análise do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o nasce o Sol), a nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem
substantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; como locomotiva a vapor), maria-fumaça (locomotiva
um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa; movida a vapor), o pala (poncho), a pala (parte anterior
repórter francês - repórter francesa. do boné ou quepe, anteparo), o rádio (aparelho receptor),
A palavra personagem é usada indistintamente a rádio (emissora), o voga (remador), a voga (moda).
nos dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-
se acentuada preferência pelo masculino: O menino B) Flexão de Número do Substantivo
descobriu nas nuvens os personagens dos contos de Em português, há dois números gramaticais: o
carochinha. singular, que indica um ser ou um grupo de seres, e o
Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino: plural, que indica mais de um ser ou grupo de seres. A
O problema está nas mulheres de mais idade, que não característica do plural é o “s” final.
aceitam a personagem.
Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo 11. Plural dos Substantivos Simples
fotográfico Ana Belmonte.
Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
)pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural).
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o Exceção: cânon - cânones.
proclama, o pernoite, o púbis. Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, em “ns”: homem - homens.
a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural
libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa). pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.
(a cor cinzenta), a cinza (resíduos de combustão), o capital 1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações
(dinheiro), a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), 2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães
a coma (cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, 3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
canto em coro), a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo
sagrado, usado na administração da crisma e de outros Observação:
sacramentos), a crisma (sacramento da confirmação), Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam
o cura (pároco), a cura (ato de curar), o estepe (pneu dois – e até três – plurais:
32
aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos ancião – 14. Plural das Palavras Substantivadas
anciões/anciães/anciãos
charlatão – charlatões/charlatães corrimão – As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
corrimãos/corrimões classes gramaticais usadas como substantivo apresentam,
guardião – guardiões/guardiães vilão no plural, as flexões próprias dos substantivos.
– vilãos/vilões/vilães Pese bem os prós e os contras.
O aluno errou na prova dos noves.
Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
o látex - os látex.
Observação:
12. Plural dos Substantivos Compostos Numerais substantivados terminados em “s” ou “z”
não variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos
A formação do plural dos substantivos compostos seis e alguns dez.
depende da forma como são grafados, do tipo de
palavras que formam o composto e da relação que 15. Plural dos Diminutivos
estabelecem entre si. Aqueles que são grafados sem
hífen comportam-se como os substantivos simples: Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s”
aguardente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/ final e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
pontapés, malmequer/malmequeres.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos
pãe(s) + zinhos = pãezinhos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas
e discussões. Algumas orientações são dadas a seguir: animai(s) + zinhos = animaizinhos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos
A) Flexionam-se os dois elementos, quando
formados de: chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores farói(s) + zinhos = faroizinhos
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-
perfeitos tren(s) + zinhos = trenzinhos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis- colhere(s) + zinhas = colherezinhas
homens
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras flore(s) + zinhas = florezinhas
mão(s) + zinhas = mãozinhas
B) Flexiona-se somente o segundo elemento,
papéi(s) + zinhos = papeizinhos
quando formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e
funi(s) + zinhos = funizinhos
alto-falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco- túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
recos pai(s) + zinhos = paizinhos
C) Flexiona-se somente o primeiro elemento,
quando formados de: pé(s) + zinhos = pezinhos
substantivo + preposição clara + substantivo = água- pé(s) + zitos = pezitos
de-colônia e águas-de-colônia
substantivo + preposição oculta + substantivo = 16. Plural dos Nomes Próprios Personativos
cavalo-vapor e cavalos-vapor
substantivo + substantivo que funciona como Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
determinante do primeiro, ou seja, especifica a função ou sempre que a terminação preste-se à flexão.
o tipo do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, Os Napoleões também são derrotados.
bomba-relógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã, As Raquéis e Esteres.
peixe-espada - peixes-espada.
17. Plural dos Substantivos Estrangeiros
D) Permanecem invariáveis, quando formados de:
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora Substantivos ainda não aportuguesados devem ser
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os escritos como na língua original, acrescentando-se “s”
saca-rolhas (exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os
shorts, os jazz.
13. Casos Especiais
LÍNGUA PORTUGUESA
33
18. Plural com Mudança de Timbre Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo
indicador de diminuição. Por exemplo: casinha.
Certos substantivos formam o plural com mudança
de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
fato fonético chamado metafonia (plural metafônico). SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Singular Plural Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto
Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –
corpo (ô) corpos (ó) São Paulo: Saraiva, 2010.
esforço esforços CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
fogo fogos
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
forno fornos São Paulo: Saraiva, 2002.
fosso fossos
SITE
imposto impostos http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
olho olhos morf12.php
osso (ô) ossos (ó)
Pronome
ovo ovos
poço poços Pronome é a palavra variável que substitui ou
acompanha um substantivo (nome), qualificando-o de
porto portos alguma forma.
posto postos O homem julga que é superior à natureza, por isso o
homem destrói a natureza...
tijolo tijolos
Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é
superior à natureza, por isso ele a destrói...
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços,
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de
bolsos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros,
termos (homem e natureza).
etc.
Grande parte dos pronomes não possuem significados
Observação:
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação
Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar
molho (ó) = feixe (molho de lenha).
a referência exata daquilo que está sendo colocado
Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
por meio dos pronomes no ato da comunicação. Com
norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, exceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes. demais pronomes têm por função principal apontar para
Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do as pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando-
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade, lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude
bom nome) e honras (homenagem, títulos). dessa característica, os pronomes apresentam uma forma
Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas específica para cada pessoa do discurso.
com sentido de plural: Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
Aqui morreu muito negro. [minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala]
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
improvisadas. [tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se
fala]
C) Flexão de Grau do Substantivo A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir se fala]
as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
considerado normal. Por exemplo: casa variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em
2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho número (singular ou plural). Assim, espera-se que a
do ser. Classifica-se em: referência através do pronome seja coerente em termos
Analítico = o substantivo é acompanhado de um de gênero e número (fenômeno da concordância) com
o seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente
LÍNGUA PORTUGUESA
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[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = 2. Pronome Oblíquo Átono
concordância inadequada] São chamados átonos os pronomes oblíquos que
não são precedidos de preposição. Possuem acentuação
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, tônica fraca: Ele me deu um presente.
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. Lista dos pronomes oblíquos átonos
1.ª pessoa do singular (eu): me
1. Pronomes Pessoais 2.ª pessoa do singular (tu): te
3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
1.ª pessoa do plural (nós): nos
São aqueles que substituem os substantivos,
2.ª pessoa do plural (vós): vos
indicando diretamente as pessoas do discurso. Quem fala
3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
ou escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os
pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a
quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer FIQUE ATENTO!
referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala. Os pronomes o, os, a, as assumem formas es-
Os pronomes pessoais variam de acordo com as peciais depois de certas terminações verbais:
funções que exercem nas orações, podendo ser do caso 1. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o
reto ou do caso oblíquo. pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao
mesmo tempo que a terminação verbal é su-
A) Pronome Reto primida. Por exemplo:
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na fiz + o = fi-lo
sentença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos fazeis + o = fazei-lo
flores. dizer + a = dizê-la
Os pronomes retos apresentam flexão de número, 2. Quando o verbo termina em som nasal, o
gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa pronome assume as formas no, nos, na, nas.
última a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do Por exemplo:
discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é viram + o: viram-no
assim configurado: repõe + os = repõe-nos
1.ª pessoa do singular: eu retém + a: retém-na
2.ª pessoa do singular: tu tem + as = tem-nas
3.ª pessoa do singular: ele, ela B.2 Pronome Oblíquo Tônico
1.ª pessoa do plural: nós Os pronomes oblíquos tônicos são sempre
2.ª pessoa do plural: vós precedidos por preposições, em geral as preposições a,
3.ª pessoa do plural: eles, elas para, de e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos
exercem a função de objeto indireto da oração. Possuem
Esses pronomes não costumam ser usados como acentuação tônica forte.
complementos verbais na língua-padrão. Frases como Lista dos pronomes oblíquos tônicos:
“Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu 1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem 2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
ser evitadas na língua formal escrita ou falada. Na 3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela
língua formal, devem ser usados os pronomes oblíquos 1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, 2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
“Trouxeram-me até aqui”. 3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas
Frequentemente observamos a omissão do pronome
Observe que as únicas formas próprias do pronome
reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa
formas verbais marcam, através de suas desinências, as
(ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do
pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos caso reto.
boa viagem. (Nós)
As preposições essenciais introduzem sempre
B) Pronome Oblíquo pronomes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na do caso reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o
sentença, exerce a função de complemento verbal uso da língua formal, os pronomes costumam ser usados
(objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. desta forma:
(objeto indireto) Não há mais nada entre mim e ti.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
Não há nenhuma acusação contra mim.
LÍNGUA PORTUGUESA
Observação:
O pronome oblíquo é uma forma variante do Não vá sem mim.
pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica
a função diversa que eles desempenham na oração: Há construções em que a preposição, apesar de
pronome reto marca o sujeito da oração; pronome surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir
oblíquo marca o complemento da oração. Os pronomes uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos,
oblíquos sofrem variação de acordo com a acentuação o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um
tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos. pronome, deverá ser do caso reto.
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Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. C) Pronomes de Tratamento
Não vá sem eu mandar. São pronomes utilizados no tratamento formal,
cerimonioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor
A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!” (portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na
está correta, já que “para mim” é complemento de “fácil”. terceira pessoa. Alguns exemplos:
A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
para mim! Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e
A combinação da preposição “com” e alguns religiosos em geral
pronomes originou as formas especiais comigo, contigo, Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior
consigo, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos à de coronel, senadores, deputados, embaixadores,
tônicos frequentemente exercem a função de adjunto professores de curso superior, ministros de Estado
adverbial de companhia: Ele carregava o documento e de Tribunais, governadores, secretários de Estado,
consigo. presidente da República (sempre por extenso)
A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas: Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de
Ela veio até mim, mas nada falou. universidades
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores
inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
prova, até eu! (= inclusive eu) até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários
de igual categoria
As formas “conosco” e “convosco” são substituídas Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes
por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais de direito
são reforçados por palavras como outros, mesmos, Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento
próprios, todos, ambos ou algum numeral. cerimonioso
Você terá de viajar com nós todos.
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
Estávamos com vós outros quando chegaram as más
Também são pronomes de tratamento o senhor,
notícias.
a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora”
Ele disse que iria com nós três.
são empregados no tratamento cerimonioso; “você”
3. Pronome Reflexivo
e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são
São pronomes pessoais oblíquos que, embora
largamente empregados no português do Brasil; em
funcionem como objetos direto ou indireto, referem-
algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em
se ao sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e
recebe a ação expressa pelo verbo. outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito
Lista dos pronomes reflexivos: à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me
lembro disso. Observações:
2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo. 1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes
3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = de tratamento que possuem “Vossa(s)” são
Guilherme já se preparou. empregados em relação à pessoa com quem
Ela deu a si um presente. falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro,
Antônio conversou consigo mesmo. compareça a este encontro.
2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito
1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio. da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram
2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes que Sua Excelência, o Senhor Presidente da
com esta conquista. República, agiu com propriedade.
3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se 3. Os pronomes de tratamento representam uma
conheceram. / Elas deram a si um dia de folga. forma indireta de nos dirigirmos aos nossos
interlocutores. Ao tratarmos um deputado por
Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos
#FicaDica endereçando à excelência que esse deputado
supostamente tem para poder ocupar o cargo que
O pronome é reflexivo quando se refere à mes- ocupa.
ma pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu 4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à
me arrumei e saí. 2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita
É pronome recíproco quando indica recipro- com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes
cidade de ação: Nós nos amamos. / Olhamo- possessivos e os pronomes oblíquos empregados
LÍNGUA PORTUGUESA
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inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos 5. Pronomes Demonstrativos
a chamar alguém de “você”, não poderemos usar
“te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na São utilizados para explicitar a posição de certa
terceira pessoa. palavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação
pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso.
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
teus cabelos. (errado) A) Em relação ao espaço:
Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
pessoa que fala:
seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
Este material é meu.
ou
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos pessoa com quem se fala:
teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular Esse material em sua carteira é seu?
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Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou Note que:
invariáveis, observe: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), pronomes indefinidos adjetivos:
aquela(s).
Invariáveis: isto, isso, aquilo. algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito,
Também aparecem como pronomes demonstrativos: muitos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum,
o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” nenhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s),
e puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal,
aquilo. tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s),
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.) vários, várias.
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te Menos palavras e mais ações.
indiquei.) Alguns se contentam pouco.
38
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
Note que:
O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substituído
por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)
O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter várias classificações) são pronomes relativos.
Todos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas preposições:
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, geraria
ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou encantado (quem me deixou
encantado: o sítio ou minha tia?).
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utiliza-se
o qual / a qual)
O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou
de ser poeta, que era a sua vocação natural.
O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o consequente
(o ser possuído, com o qual concorda em gênero e número); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo” equivale
a do qual, da qual, dos quais, das quais.
Existem pessoas cujas ações são nobres.
(antecedente) (consequente)
Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pronome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-se a)
“Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
“Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa
onde morava foi assaltada.
Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em que: Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.
quando (= em que) – desde que tenha como antecedente um nome que dê ideia de tempo:
Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame.
LÍNGUA PORTUGUESA
Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gente
que conversava, (que) ria, observava.
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8. Pronomes Interrogativos
#FicaDica
São usados na formulação de perguntas, sejam
elas diretas ou indiretas. Assim como os pronomes Pronome Oblíquo é aquele que exerce a fun-
indefinidos, referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo ção de complemento verbal (objeto). Por isso,
impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual memorize:
(e variações), quanto (e variações). OBlíquo = OBjeto!
Com quem andas?
Qual seu nome?
Diz-me com quem andas, que te direi quem és. Embora na linguagem falada a colocação dos
pronomes não seja rigorosamente seguida, algumas
O pronome pessoal é do caso reto quando tem normas devem ser observadas na linguagem escrita.
função de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso
oblíquo quando desempenha função de complemento. Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. A próclise é usada:
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
lhe ajudar. Quando o verbo estiver precedido de palavras
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” que atraem o pronome para antes do verbo. São elas:
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao
caso reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo. jamais, etc.: Não se desespere!
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso. B) Advérbios: Agora se negam a depor.
O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta C) Conjunções subordinativas: Espero que me
para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não expliquem tudo!
sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe). D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou esforçou.
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a
diferentemente dos segundos, que são sempre oportunidade.
precedidos de preposição. F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o Orações iniciadas por palavras interrogativas:
que eu estava fazendo. Quem lhe disse isso?
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para Orações iniciadas por palavras exclamativas:
mim o que eu estava fazendo. Quanto se ofendem!
Orações que exprimem desejo (orações optativas):
Que Deus o ajude.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A próclise é obrigatória quando se utiliza o
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
pronome reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
o material amanhã. / Tu sabes cantar?
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto
Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –
Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
São Paulo: Saraiva, 2010.
verbo. A mesóclise é usada:
Português: novas palavras: literatura, gramática, Quando o verbo estiver no futuro do presente ou
redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. futuro do pretérito, contanto que esses verbos não
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, estejam precedidos de palavras que exijam a próclise.
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira Exemplos: Realizar-se-á, na próxima semana, um grande
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – evento em prol da paz no mundo.
São Paulo: Saraiva, 2002. Repare que o pronome está “no meio” do verbo
“realizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração
SITE alguma palavra que justificasse o uso da próclise, esta
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/ prevaleceria. Veja: Não se realizará...
morf42.php Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.
9. Colocação Pronominal (com presença de palavra que justifique o uso de
próclise: Não fossem os meus compromissos, EU te
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos acompanharia nessa viagem).
pronomes oblíquos átonos na frase.
LÍNGUA PORTUGUESA
40
Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não SITE
se inicia período com pronome oblíquo). http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao-
Vou-me embora agora mesmo. pronominal-.html
Levanto-me às 6h.
Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo VERBO
no concurso, mudo-me hoje mesmo!
Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número,
proposta fazendo-se de desentendida. tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
10. Colocação pronominal nas locuções verbais é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno
Após verbo no particípio = pronome depois do (choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).
verbo auxiliar (e não depois do particípio):
1. Estrutura das Formas Verbais
Tenho me deliciado com a leitura!
Eu tenho me deliciado com a leitura!
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
Eu me tenho deliciado com a leitura! os seguintes elementos:
Não convém usar hífen nos tempos compostos e A) Radical: é a parte invariável, que expressa o
nas locuções verbais: significado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei;
Vamos nos unir! fal-ava; fal-am. (radical fal-)
Iremos nos manifestar. B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que
Quando há um fator para próclise nos tempos indica a conjugação a que pertence o verbo. Por
compostos ou locuções verbais: opção pelo uso exemplo: fala-r. São três as conjugações:
do pronome oblíquo “solto” entre os verbos = 1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática
Não vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos - E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
preocupar”). C) Desinência modo-temporal: é o elemento que
11. Emprego de o, a, os, as designa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
falávamos (indica o pretérito imperfeito do indicativo)
Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, / falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo)
os pronomes: o, a, os, as não se alteram. D) Desinência número-pessoal: é o elemento que
Chame-o agora. designa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o
Deixei-a mais tranquila. número (singular ou plural):
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam
Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes (indica a 3.ª pessoa do plural.)
finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos:
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho. FIQUE ATENTO!
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa. O verbo pôr, assim como seus derivados
(compor, repor, depor), pertencem à 2.ª conju-
Em verbos terminados em ditongos nasais (am, gação, pois a forma arcaica do verbo pôr era
em, ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se poer. A vogal “e”, apesar de haver desapareci-
para no, na, nos, nas. do do infinitivo, revela-se em algumas formas
Chamem-no agora. do verbo: põe, pões, põem, etc.
Põe-na sobre a mesa.
41
canto falo Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
cantas falas Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
canta falas
4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando
cantamos falamos tempo: Já passa das seis.
cantais falais
cantam falam 5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição
“de”, indicando suficiência:
Basta de tolices.
Chega de promessas.
#FicaDica
Observe que, retirando os radicais, as 6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem,
desinências modo-temporal e número- Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem
pessoal mantiveram-se idênticas. Tente referência a sujeito expresso anteriormente (por
fazer com outro verbo e perceberá que se exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso,
repetirá o fato (desde que o verbo seja da classificar o sujeito como hipotético, tornando-se,
primeira conjugação e regular!). Faça com tais verbos, pessoais.
o verbo “andar”, por exemplo. Substitua o
radical “cant” e coloque o “and” (radical do 7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente
verbo andar). Viu? Fácil! de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?
B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca
alterações no radical ou nas desinências: faço, fiz,
E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito,
farei, fizesse.
conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do
singular e do plural. São unipessoais os verbos
Observação:
constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os
Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas que indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar,
para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/ miar, latir, piar).
corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais
alterações não caracterizam irregularidade, porque o Os verbos unipessoais podem ser usados como
fonema permanece inalterado. verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
C) Defectivos: são aqueles que não apresentam O que é que aquela garota está cacarejando?
conjugação completa. Os principais são adequar,
precaver, computar, reaver, abolir, falir. Principais verbos unipessoais:
D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito
e, normalmente, são usados na terceira pessoa do Cumprir, importar, convir, doer, aprazer,
singular. Os principais verbos impessoais são: parecer, ser (preciso, necessário):
Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos
1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, bastante)
realizar-se ou fazer (em orações temporais). Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia = É preciso que chova. (Sujeito: que chova)
Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram) Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo,
Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão) seguidos da conjunção que.
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz) Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei
à Europa)
2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo) Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a
Faz invernos rigorosos na Europa. vejo. (Sujeito: que não a vejo)
Era primavera quando o conheci. F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou
Estava frio naquele dia. mais formas equivalentes, geralmente no particípio,
em que, além das formas regulares terminadas em
-ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas
LÍNGUA PORTUGUESA
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Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular
Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago
FIQUE ATENTO!
Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/
dito, escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.
G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois,
fui) e ir (fui, ia, vades).
H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo
principal (aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é
expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar todos!
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)
Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.
LÍNGUA PORTUGUESA
43
4. Conjugação dos Verbos Auxiliares
Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês
44
4.6. ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo
haveres
haver
havermos
haverdes
Haverem
45
4.11. TER - Modo Indicativo
Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam
I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a
reflexibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de
reforço da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e
respectivos pronomes):
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem.
Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto
representado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre
ele mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com
os pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-
me.
Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente
pronominais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa
idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular.
5. Modos Verbais
LÍNGUA PORTUGUESA
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro.
Existem três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!
6. Formas Nominais
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Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo,
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:
A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de
substantivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por
exemplo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.
A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.
Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.
C) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente,
o resultado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os
exames, os candidatos saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.
(Ziraldo)
8. Tempos Verbais
LÍNGUA PORTUGUESA
Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
tempos.
A) Tempos do Modo Indicativo
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Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.
Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.
FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)
1. Modo Indicativo
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1.3. Pretérito mais-que-perfeito
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M
49
1.7. Presente do Subjuntivo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).
1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M
Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M
Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
LÍNGUA PORTUGUESA
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C) Modo Imperativo
1. Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:
2. Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.
No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem,
pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).
3. Infinitivo Pessoal
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).
51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php
VOZES DO VERBO
Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três as
vozes verbais:
A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo:
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)
C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.
#FicaDica
Não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção de reciprocidade:
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)
A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e sintético.
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte maneira:
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os alunos pintarão a escola)
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)
Observações:
O agente da passiva geralmente é acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a
preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados.
Pode acontecer de o agente da passiva não estar explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação
das frases seguintes:
Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)
52
B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, seguido
do pronome apassivador “se”. Por exemplo:
Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola.
Observação:
O agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética.
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o sentido da frase.
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo ativo
assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos mestres.
Eu o acompanharei.
Ele será acompanhado por mim.
Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não haverá complemento agente na passiva. Por exemplo:
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir, acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva,
porque o sujeito não pode ser visto como agente, paciente ou agente paciente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2012) As vitórias no jogo interior talvez não
acrescentem novos troféus, mas elas trazem recompensas valiosas, [...] que contribuem de forma significativa para
nosso sucesso posterior, tanto na quadra como fora dela.
Mantêm-se adequados o emprego de tempos e modos verbais e a correlação entre eles, ao se substituírem os elementos
sublinhados na frase acima, na ordem dada, por:
a) tivessem acrescentado − trariam − contribuírem
b) acrescentassem − têm trazido − contribuírem
c) tinham acrescentado − trarão − contribuiriam
d) acrescentariam − trariam− contribuíram
e) tenham acrescentado − trouxeram − Contribuíram
LÍNGUA PORTUGUESA
Resposta: Letra E.
Questão que envolve correlação verbal. Realizando as alterações solicitadas, segue como ficariam (em destaque):
Em “a”: tivessem acrescentado – trariam − contribuiriam
Em “b”: acrescentassem – trariam − contribuiriam
Em “c”: tinham acrescentado – trouxeram − contribuíram
Em “d”: acrescentassem – trariam − contribuíram
Em “e”: tenham acrescentado – trouxeram − Contribuíram = correta
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2. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO Resposta: Letra E.
ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO Temos um verbo na voz ativa, então teremos dois
TRABALHO – FCC – 2012) Está inadequado o emprego na passiva (auxiliar + o verbo da oração da ativa, no
do elemento sublinhado na seguinte frase: mesmo tempo verbal, forma particípio): A musa nunca
era alcançada por ela. O verbo “alcançava” está no
a) Sou ateu e peço que me deem tratamento similar ao pretérito imperfeito, por isso o auxiliar tem que estar
que dispenso aos homens religiosos. também (é = presente, foi = pretérito perfeito, era =
b) A intolerância religiosa baseia-se em preconceitos imperfeito, fora = mais que perfeito, será = futuro do
de que deveriam desviar-se todos os homens presente, seria = futuro do pretérito).
verdadeiramente virtuosos.
c) A tolerância é uma virtude na qual não podem 5. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO
prescindir os que se dizem homens de fé. ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO
d) O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito de nada TRABALHO – FCC – 2012) Aos poucos, contudo, fui
fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los. chegando à constatação de que todo perfil de rede social é
e) Respeito os homens de fé, a menos que deixem de um retrato ideal de nós mesmos.
fazer o mesmo com aqueles que não a têm. Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra
alteração seja feita na frase, o elemento grifado pode ser
Resposta: Letra C. substituído por:
Corrigindo o inadequado:
Em “a”: Sou ateu e peço que me deem tratamento a) ademais.
similar ao que dispenso aos homens religiosos. b) conquanto.
Em “b”: A intolerância religiosa baseia-se em c) porquanto.
preconceitos de que deveriam desviar-se todos os d) entretanto.
homens verdadeiramente virtuosos. e) apesar.
Em “c”: A tolerância é uma virtude na qual (de que)
não podem prescindir os que se dizem homens de fé.
RESPOSTA: Letra D.
Em “d”: O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito
Contudo é uma conjunção adversativa (expressa
de nada fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.
oposição). A substituição deve utilizar outra de mesma
Em “e”: Respeito os homens de fé, a menos que deixem
classificação, para que se mantenha a ideia do período.
de fazer o mesmo com aqueles que não a têm.
A correta é entretanto.
3. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO
6. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO
ADMINISTRATIVA – FCC – 2012) O verbo indicado
TRABALHO – FCC – 2012)
Transpondo-se para a voz passiva a construção Os ateus entre parênteses deverá flexionar-se no singular para
despertariam a ira de qualquer fanático, a forma preencher adequadamente a lacuna da frase:
verbal obtida será:
a) A nenhuma de nossas escolhas...... (poder) deixar de
a) seria despertada. corresponder nossos valores éticos mais rigorosos.
b) teria sido despertada. b) Não se...... (poupar) os que governam de refletir sobre
c) despertar-se-á. o peso de suas mais graves decisões.
d) fora despertada. c) Aos governantes mais responsáveis não...... (ocorrer)
e) teriam despertado. tomar decisões sem medir suas consequências.
d) A toda decisão tomada precipitadamente......
Resposta: Letra A. (costumar) sobrevir consequências imprevistas e
Os ateus despertariam a ira de qualquer fanático injustas.
Fazendo a transposição para a voz passiva, temos: A e) Diante de uma escolha,...... (ganhar) prioridade,
ira de qualquer fanático seria despertada pelos ateus. recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta
a dor humana.
4. (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA
ADMINISTRATIVA – ESPECIALIDADE SEGURANÇA Resposta: Letra C.
JUDICIÁRIA – FCC – 2012) Flexões em destaque e sublinhei os termos que
...ela nunca alcançava a musa. estabelecem concordância:
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma Em “a”: A nenhuma de nossas escolhas podem deixar
LÍNGUA PORTUGUESA
54
Em “d”: A toda decisão tomada precipitadamente 9. (TRT 14.ª REGIÃO-RO E AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO
costumam sobrevir consequências imprevistas e – FCC – 2016) “Isto pode despertar a atenção de outras
injustas. pessoas que tenham documentos em casa e se disponham
Em “e”: Diante de uma escolha, ganham prioridade, a trazer para a Academia, que é a guardiã desse tipo
recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta de acervo, que é muito difícil de ser guardado em casa,
a dor humana. pois o tempo destrói e aqui temos a melhor técnica de
conservação de documentos”, disse Cavalcanti.
O termo sublinhado faz referência a
7. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – ANALISTA JUDICIÁRIO
– ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2016 ) ... para a) pessoas.
quem Manoel de Barros era comparável a São Francisco b) acervo.
de Assis... c) Academia.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da d) tempo.
frase acima está em: e) casa.
a) estava organizando
Resposta: Letra A.
b) tinha organizado
“Era” = verbo “ser” no pretérito imperfeito do c) organizando-se
Indicativo. Procuremos nos itens: d) foi organizado
Em “a”: Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo e) está organizado
Em “b”: Porque não seria = futuro do pretérito do
Indicativo Resposta: Letra D.
Em “c”: Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfeito Temos: sujeito (o marechal), verbo na ativa (organizou)
do Indicativo e objeto (o acervo). Como há um verbo na ativa, ao
Em “d”: Quase meio século separa = presente do passarmos para a passiva teremos dois (o auxiliar no
mesmo tempo que o verbo da ativa + o particípio do
Indicativo
verbo da voz ativa = organizado). O objeto exercerá
Em “e”: para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar a função de sujeito paciente, e o sujeito da ativa será
elas) o agente da passiva (ufa!). A frase ficará: O acervo foi
organizado pelo marechal.
8. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – ANALISTA JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2016) Aí conheci o 11. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
escritor e historiador de sua gente, meu saudoso amigo FCC – 2016) Precisamos de um treinador que nos ajude
Alcino Alves Costa. E foi dele que ouvi oralmente a a comer...
história de Zé de Julião. Considerando-se a norma-padrão O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o
sublinhado acima está também sublinhado em:
da língua, ao reescrever-se o trecho acima em um único
período, o segmento destacado deverá ser antecedido a) [...] assim que conseguissem se virar sem as mães ou
de vírgula e substituído por as amas...
b) Não é por acaso que proliferaram os coaches.
a) perante ao qual c) [...] país que transformou a infância numa bilionária
b) de cujo indústria de consumo...
c) o qual d) E, mesmo que se esforcem muito [...]
d) frente à quem e) Hoje há algo novo nesse cenário.
e) de quem
RESPOSTA: Letra D.
que nos ajude = presente do Subjuntivo
Resposta: Letra E.
LÍNGUA PORTUGUESA
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12. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – TÉCNICO JUDICIÁRIO – Resposta: Letra E.
FCC – 2016) O modelo ainda dominante nas discussões Temos um verbo (no tempo presente) na ativa, então
ecológicas privilegia, em escala, o Estado e o mundo... teremos dois na passiva (auxiliar [no tempo presente] +
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma particípio de “marcam”) = Assim, a trajetória da utopia
verbal resultante será: do país é marcada pelos sessenta anos de história.
a) é privilegiado. 15. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO
b) sendo privilegiadas. – SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP – 2017)
c) são privilegiados. Considere as seguintes frases:
d) foi privilegiado. Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos.
e) são privilegiadas. Segundo, não memorize apenas por repetição.
Terceiro, rabisque!
Resposta: Letra C. Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos
Há um verbo na ativa, então teremos dois na passiva empregados nessas frases está em destaque em:
(auxiliar + o particípio de “privilegia”) = O Estado
e o mundo são privilegiados pelo modelo ainda a) [...] o acesso rápido e a quantidade de textos fazem
dominante. com que o cérebro humano não considere útil gravar
esses dados [...]
13. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – TÉCNICO JUDICIÁRIO b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem-
– FCC – 2016) Empregam-se todas as formas verbais de número de informações.
acordo com a norma culta na seguinte frase: c) [...] após discar e fazer a ligação, não precisamos mais
dele...
a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em
não poderia receber qualquer tipo de retificação. que morou quando era criança?
b) Os documentos com assinatura digital disporam de e) É o que mostra também uma pesquisa recente
conduzida pela empresa de segurança digital
algoritmos de criptografia que os protegeram.
Kaspersky [...]
c) Arquivados eletronicamente, os documentos poderam
contar com a proteção de uma assinatura digital.
Resposta: Letra D.
d) Quem se propor a alterar um documento criptografado
Os verbos das frases citadas estão no Modo Imperativo
deve saber que comprometerá sua integridade.
(expressam ordem). Vamos aos itens:
e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem
Em “a”: ... o acesso rápido e a quantidade de textos
comprometer a integridade dos documentos.
fazem = presente do Indicativo
Em “b”: Na internet, basta um clique = presente do
Resposta: Letra E. Indicativo
Em “a”: Para que se mantesse (mantivesse) sua Em “c”: ... após discar e fazer a ligação, não precisamos
autenticidade, o documento não poderia receber = presente do Indicativo
qualquer tipo de retificação. Em “d”: Pense rápido: = Imperativo
Em “b”: Os documentos com assinatura digital Em “e”: É o que mostra também uma pesquisa =
disporam (dispuseram) de algoritmos de criptografia presente do Indicativo
que os protegeram.
Em “c”: Arquivados eletronicamente, os documentos 16. (PC-SP – ATENDENTE DE NECROTÉRIO
poderam (puderam) contar com a proteção de uma POLICIAL – VUNESP – 2014) Assinale a alternativa em
assinatura digital. que a palavra em destaque na frase pertence à classe dos
Em “d”: Quem se propor (propuser) a alterar adjetivos (palavra que qualifica um substantivo).
um documento criptografado deve saber que
comprometerá sua integridade. a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de
Em “e”: Não é possível fazer as alterações que eutanásia...
convierem sem comprometer a integridade dos b)... o médico ou alguém causa ativamente a morte...
documentos = correta c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar
a morte.
14. (TRT 21.ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁRIO – d) Ela é proibida por lei no Brasil,...
FCC – 2017) Sessenta anos de história marcam, assim, a e) E como seria a verdadeira boa morte?
trajetória da utopia no país.
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma Resposta: Letra E.
verbal resultante será: Em “a”: Existe grande confusão = substantivo
LÍNGUA PORTUGUESA
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17. (PC-SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP Resposta: Letra C.
– 2014) As formas verbais conjugadas no modo Completemos as lacunas e depois busquemos o item
imperativo, expressando ordem, instrução ou comando, correspondente. A pegadinha aqui é a conjugação do
estão destacadas em verbo “manter”, no presente do Subjuntivo (mantiver):
a) Mas há outros cujas marcas acabam ficando bem
É comum que objetos sejam esquecidos em locais
nítidas na memória: são aqueles donos de qualidades
incomuns. públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados
b) Voltei uns cinquenta minutos depois, cauteloso, e se as pessoas mantivessem a atenção voltada para
quase não acreditei no que ouvi. seus pertences, conservando-os junto ao corpo.
c) – Ei rapaz, deixe ligado o microfone, largue isso aí, vá
pro estúdio e ponha a rádio no ar. 20. (PC-SP – ATENDENTE DE NECROTÉRIO
d) Bem, o fato é que eu era o técnico de som do horário, POLICIAL – VUNESP – 2013) Nas frases – Não vou
precisava “passar” a transmissão lá para a câmara, mais à escola!… – e – Hoje estão na moda os métodos
e o locutor não chegava para os textos de abertura, audiovisuais. – as palavras em destaque expressam,
publicidade, chamadas.
correta e respectivamente, circunstâncias de
e) ... estremecíamos quando ele nos chamava para
qualquer coisa, fazendo-nos entrar na sua sala imensa,
já suando frio e atentos às suas finas e cortantes a) dúvida e modo.
palavras. b) dúvida e tempo.
c) modo e afirmação.
Resposta: Letra C. d) negação e lugar.
Aos itens: e) negação e tempo.
Em “a”: há = presente / acabam = presente / são =
presente Resposta: Letra E.
Em “b”: Voltei = pretérito perfeito / acreditei = pretérito
“não” – advérbio de negação / “hoje” – advérbio de
perfeito
Em “c”: deixe / largue / vá / ponha = verbos no modo tempo.
imperativo afirmativo (ordens)
Em “d”: era = pretérito imperfeito / precisava = 21. (PC-SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP – 2013)
pretérito imperfeito / chegava = pretérito imperfeito Assinale a alternativa que completa respectivamente
Em “e”: fazendo-nos = gerúndio / suando = gerúndio as lacunas, em conformidade com a norma-padrão de
conjugação verbal.
18. (PC-SP – AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP – 2013) Há quem acredite que alcançará o sucesso profissional
Em – O destino me prestava esse pequeno favor: completava
quando __________ um diploma de mestrado, mas há
minha identificação com o resto da humanidade, que
tem sempre para contar uma história de objeto achado; aqueles que _________ de opinião e procuram investir em
– o pronome em destaque retoma a seguinte palavra/ cursos profissionalizantes.
expressão:
a) obtiver … divirgem
a) o resto da humanidade. b) obter … divergem
b) esse pequeno favor. c) obtesse … devirgem
c) minha identificação. d) obter … divirgem
d) O destino. e) obtiver … divergem
e) completava.
19. (PC-SP – AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP – 2013) 22. (PC-SP – AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP
Considere o trecho a seguir. – 2014) Considerando que o adjetivo é uma palavra
É comum que objetos ____________ esquecidos em locais
que modifica o substantivo, com ele concordando em
públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados
se as pessoas __________ a atenção voltada para seus gênero e número, assinale a alternativa em que a palavra
pertences, conservando-os junto ao corpo. destacada é um adjetivo.
Assinale a alternativa que preenche, correta e
LÍNGUA PORTUGUESA
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Resposta: Letra A.
Em “a”: um câncer de boca horroroso = adjetivo RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE
Em “b”: Ele tem dezesseis anos = numeral ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO.
Em “c”: Eu queria que ele morresse logo = advérbio RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO ENTRE
Em “d”: com a crueldade adicional de dar esperança às ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO.
famílias = substantivo
Em “e”: E o inferno não atinge só os terminais =
substantivo
Frase, oração e período
23. (DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO –
CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE – 2016) 1. Sintaxe da Oração e do Período
Saúde: direito de todos e dever do Estado. É assim Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para
que a Constituição Federal de 1988 inicia a sua seção estabelecer comunicação. Normalmente é composta por
sobre o tema. dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obriga-
Uma vez que muitas ações ou omissões vão de toriamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trove-
encontro a essa previsão, cotidianamente é possível jou muito ontem à noite.
observar graves desrespeitos à Carta Magna. A Defensoria Quanto aos tipos de frases, além da classificação em
Pública, importante instituição garantida por lei assim verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nomi-
como a saúde, busca sanar o problema por meio da nais (sem a presença de verbos), feita a partir de seus
via judicial quando a mediação não produz resultados. elementos constituintes, elas podem ser classificadas a
Recentemente, a Defensoria Pública em Foz do Iguaçu, partir de seu sentido global:
por exemplo, obteve três decisões liminares garantindo o A) frases interrogativas = o emissor da mensagem
direito à saúde a três pessoas por ela assistidas. formula uma pergunta: Que dia é hoje?
Em todos os casos, a Defensoria Pública fez B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou
intervenção judicial para suprir a negativa ou a má faz um pedido: Dê-me uma luz!
prestação do serviço público de saúde na localidade. C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um es-
Em um dos casos, atendeu uma gestante com tado afetivo: Que dia abençoado!
histórico de abortos decorrentes de doença trombofílica D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A
e que necessitava de uma medicação diária de alto custo. prova será amanhã.
A medicação, única opção na manutenção da gestação, Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo
havia sido negada pelo município e pelo estado, o que (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
colocava a gestante em sério risco de sofrer mais um sujeito e predicado.
aborto. Em mais uma intervenção judiciária do defensor O sujeito é o termo da frase que concorda com o ver-
público, foi deferida liminar em favor da assistida, tendo bo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara
o estado e o município sido obrigados a fornecer o algo”, “o tema do que se vai comunicar”; o predicado é a
medicamento necessário durante toda a sua gestação e parte da frase que contém “a informação nova para o ou-
enquanto houver prescrição médica, sob pena de multa vinte”, é o que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema,
diária. constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.
Internet: <www.defensoriapublica.pr.gov.br> (com Quando o núcleo da declaração está no verbo (que
adaptações). indique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo
significativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo
Sem prejuízo para a correção gramatical do texto estiver em um nome (geralmente um adjetivo), teremos
nem para seu sentido original, o trecho “a Defensoria um predicado nominal (os verbos deste tipo de predica-
Pública fez intervenção judicial” poderia ser reescrito do são os que indicam estado, conhecidos como verbos
da seguinte forma: a Defensoria Pública interviu de ligação):
judicialmente. O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
(predicado verbal)
( ) CERTO ( ) ERRADO A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
cleo é “fácil” (predicado nominal)
Não existe esta forma verbal (interviu). A conjugação Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
do verbo “intervir” segue a do verbo “vir” – interveio. por uma ou mais orações, formando um todo, com sen-
GABARITO OFICIAL: ERRADO tido completo. O período pode ser simples ou composto.
LÍNGUA PORTUGUESA
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Cantei, dancei e depois dormi. referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
Quero que você estude mais. “antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo
do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido
1.1. Termos da Oração pela desinência verbal ou pelo contexto.
Abolimos todas as regras. = (nós)
1.1.1 Termos essenciais Falaste o recado à sala? = (tu)
Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri-
O sujeito e o predicado são considerados termos es- meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se-
senciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os
para a formação das orações. No entanto, existem ora- pronomes não estejam explícitos.
ções formadas exclusivamente pelo predicado. O que Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implíci-
define a oração é a presença do verbo. O sujeito é o ter- to na desinência verbal “-mos”
mo que estabelece concordância com o verbo. Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de-
sinência verbal “-ais”
O candidato está preparado.
Os candidatos estão preparados.
Mas:
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós
to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno- Vós cantais bem! = sujeito simples: vós
minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo, O sujeito indeterminado surge quando não se quer -
estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo ou não se pode - identificar a que o predicado da oração
no singular: candidato = está). refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso
A função do sujeito é basicamente desempenhada contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
por substantivos, o que a torna uma função substantiva Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi-
da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quais- nado de duas maneiras:
quer outras palavras substantivadas (derivação impró-
pria) também podem exercer a função de sujeito. A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs- o sujeito não tenha sido identificado anteriormen-
tantivo) te:
Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem- Bateram à porta;
plo: substantivo) Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
Os sujeitos são classificados a partir de dois elemen- nistro.
tos: o de determinação ou indeterminação e o de núcleo Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
do sujeito. ou composto:
Os meninos bateram à porta. (simples)
Um sujeito é determinado quando é facilmente Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
identificado pela concordância verbal. O sujeito determi-
nado pode ser simples ou composto. B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típi-
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é ca dos verbos que não apresentam complemento
possível identificar claramente a que se refere a concor- direto:
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não Precisa-se de mentes criativas.
Vivia-se bem naqueles tempos.
interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração.
Trata-se de casos delicados.
Estão gritando seu nome lá fora.
Sempre se está sujeito a erros.
Trabalha-se demais neste lugar.
O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- de indeterminação do sujeito.
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abai- As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre-
xo, sublinhei os núcleos dos sujeitos: dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A
Nós estudaremos juntos. mensagem está centrada no processo verbal. Os princi-
A humanidade é frágil. pais casos de orações sem sujeito com:
Ninguém se move.
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma os verbos que indicam fenômenos da natureza:
derivação imprópria, tranformando-o em substantivo) Amanheceu.
As crianças precisam de alimentos saudáveis. Está trovejando.
LÍNGUA PORTUGUESA
O sujeito composto é o sujeito determinado que os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
apresenta mais de um núcleo. fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao
Alimentos e roupas custam caro. tempo em geral:
Ela e eu sabemos o conteúdo. Está tarde.
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda. Já são dez horas.
Faz frio nesta época do ano.
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a Há muitos concursos com inscrições abertas.
59
Predicado é o conjunto de enunciados que contém a A função de predicativo é exercida, normalmente, por
informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas um adjetivo ou substantivo.
orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado O predicado verbo-nominal é aquele que apresen-
é aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com ex- ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No
ceção do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir
difere do sujeito numa oração é o seu predicado. ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto).
Chove muito nesta época do ano.
Houve problemas na reunião. O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
nificativo, indicando processos. É também sempre por
Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi- intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com
cado. Na segunda oração, “problemas” funciona como o termo a que se refere.
objeto direto. O dia amanheceu ensolarado;
As questões estavam fáceis! As mulheres julgam os homens inconstantes.
Sujeito simples = as questões No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
Predicado = estavam fáceis
duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de
Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
ligação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois:
Sujeito = uma ideia estranha
um verbal e outro nominal.
Predicado = passou-me pelo pensamento
O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
Para o estudo do predicado, é necessário verificar
se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se con- o complemento homens com o predicativo “inconstan-
siderar também se as palavras que formam o predicado tes”.
referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da
oração. 1.2 Termos integrantes da oração
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres
de opinião. Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
Predicado complemento nominal são chamados termos integrantes
O predicado acima apresenta apenas uma palavra da oração.
que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se Os complementos verbais integram o sentido dos
ligam direta ou indiretamente ao verbo. verbos transitivos, com eles formando unidades signifi-
A cidade está deserta. cativas. Estes verbos podem se relacionar com seus com-
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere- plementos diretamente, sem a presença de preposição,
-se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como ou indiretamente, por intermédio de preposição.
elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o
sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta = O objeto direto é o complemento que se liga direta-
predicativo do sujeito). mente ao verbo.
Houve muita confusão na partida final.
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo Queremos sua ajuda.
significativo um verbo:
Chove muito nesta época do ano. O objeto direto preposicionado ocorre principal-
Estudei muito hoje! mente:
Compraste a apostila?
A) com nomes próprios de pessoas ou nomes co-
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
muns referentes a pessoas:
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
processos.
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
O predicado nominal é aquele que tem como nú- na-se: objeto direto preposicionado)
cleo significativo um nome; este atribui uma qualidade
ou estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a ou- de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero
tro nome da oração por meio de um verbo (o verbo de cansar a Vossa Senhoria.
ligação). C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a cri-
se. (sem preposição, o sentido seria outro: O povo
LÍNGUA PORTUGUESA
60
1.2.1 Objeto Pleonástico O aposto é um termo acessório que permite ampliar,
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um
É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos. termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se-
Normalmente, as frases em que ocorrem objetos gunda-feira, passei o dia mal-humorado.
pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem-
objeto, antecipado para o início da oração; em seguida, po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao
ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repe- termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se-
tição que se dá o nome de objeto pleonástico. gunda-feira passei o dia mal-humorado.
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu
“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçal- valor na oração, em:
ves Dias) A) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação
objeto pleonástico com o mundo.
B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
Ao traidor, nada lhe devemos. coisas: amor, arte, ação.
C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e so-
O termo que integra o sentido de um nome chama-se nho, tudo forma o carnaval.
complemento nominal, que se liga ao nome que com- D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fi-
pleta por intermédio de preposição: xaram-se por muito tempo na baía anoitecida.
A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a pala-
vra “necessária” O vocativo é um termo que serve para chamar, in-
Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo” vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não
mantendo relação sintática com outro termo da oração.
1.3 Termos acessórios da oração e vocativo A função de vocativo é substantiva, cabendo a substan-
tivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs-
Os termos acessórios recebem este nome por serem tantivadas esse papel na linguagem.
explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad- João, venha comigo!
junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o voca- Traga-me doces, minha menina!
tivo – este, sem relação sintática com outros temos da 1.4 Períodos Compostos
oração.
O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- 1.4.1 Período Composto por Coordenação
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função O período composto se caracteriza por possuir mais
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais de uma oração em sua composição. Sendo assim:
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
a pé àquela velha praça. oração)
Estou comprando um protetor solar, depois irei à
O adjunto adnominal é o termo acessório que de- praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas
termina, especifica ou explica um substantivo. É uma fun- orações)
ção adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um
que exercem o papel de adjunto adnominal na oração. protetor solar. (Período Composto = três verbos, três ora-
Também atuam como adjuntos adnominais os artigos, os ções).
numerais e os pronomes adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu Há dois tipos de relações que podem se estabelecer
amigo de infância. entre as orações de um período composto: uma relação
O adjunto adnominal se liga diretamente ao subs- de coordenação ou uma relação de subordinação.
tantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o Duas orações são coordenadas quando estão juntas
predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco
verbo. de informações, marcado pela pontuação final), mas têm,
O poeta português deixou uma obra originalíssima. ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
O poeta deixou-a. Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: (Período Composto)
adjunto adnominal) Podemos dizer:
O poeta português deixou uma obra inacabada. 1. Estou comprando um protetor solar.
LÍNGUA PORTUGUESA
61
A) Coordenadas Assindéticas A análise das orações continua sendo a mesma: “Que-
São orações coordenadas entre si e que não são li- ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração
gadas através de nenhum conectivo. Estão apenas jus- subordinada “ser aprovado”. Observe que a oração su-
tapostas. bordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além
Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci. disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas ora-
ções, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo
B) Coordenadas Sindéticas surge numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas particípio) são chamadas de orações reduzidas ou implí-
entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção citas (como no exemplo acima).
coordenativa, que dará à oração uma classificação. As
orações coordenadas sindéticas são classificadas em cin- Observação:
co tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e As orações reduzidas não são introduzidas por con-
explicativas.
junções nem pronomes relativos. Podem ser, eventual-
mente, introduzidas por preposição.
Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
A) Orações Subordinadas Substantivas
Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas:
A oração subordinada substantiva tem valor de subs-
suas principais conjunções são: e, nem, não só... mas tam-
bém, não só... como, assim... como. tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção in-
Nem comprei o protetor solar nem fui à praia. tegrante (que, se).
Comprei o protetor solar e fui à praia.
Não sei se sairemos hoje.
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: Oração Subordinada Substantiva
suas principais conjunções são: mas, contudo, to-
davia, entretanto, porém, no entanto, ainda, assim, Temos medo de que não sejamos aprovados.
senão. Oração Subordinada Substantiva
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante. Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) tam-
Li tudo, porém não entendi! bém introduzem as orações subordinadas substantivas,
Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: bem como os advérbios interrogativos (por que, quando,
suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; onde, como).
quer...quer; seja...seja.
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador. O garoto perguntou qual seu nome.
Oração Subordinada Substantiva
Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas:
suas principais conjunções são: logo, portanto, por Não sabemos quando ele virá.
fim, por conseguinte, consequentemente, pois (pos- Oração Subordinada Substantiva
posto ao verbo).
Passei no concurso, portanto comemorarei! 1.4.3 Classificação das Orações Subordinadas
A situação é delicada; devemos, pois, agir. Substantivas
Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: Conforme a função que exerce no período, a oração
suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a sa- subordinada substantiva pode ser:
ber, na verdade, pois (anteposto ao verbo).
1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do-
verbo da oração principal:
mingo.
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
Sujeito
1.4.2 Período Composto Por Subordinação
É fundamental que você compareça à reunião.
Quero que você seja aprovado! Oração Principal Oração Subordinada Substan-
Oração principal oração subordinada tiva Subjetiva
Observe que na oração subordinada temos o verbo
“seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singu-
lar do presente do subjuntivo, além de ser introduzida FIQUE ATENTO!
por conjunção. As orações subordinadas que apresentam
Observe que a oração subordinada subs-
verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo
LÍNGUA PORTUGUESA
62
Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na ora- 4. Completiva Nominal = completa um nome que
ção principal: pertence à oração principal e também vem marcada por
preposição.
Verbos de ligação + predicativo, em constru- Sentimos orgulho de seu comportamento.
ções do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Pa- Complemento Nominal
rece certo - É claro - Está evidente - Está comprovado
É bom que você compareça à minha festa. Sentimos orgulho de que você se comportou. (=
Sentimos orgulho disso.)
Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Oração Subordinada Substantiva
Soube-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi Completiva Nominal
anunciado, Ficou provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro. As orações subordinadas substantivas objetivas in-
diretas integram o sentido de um verbo, enquanto que
Verbos como: convir - cumprir - constar - admi-
orações subordinadas substantivas completivas nominais
rar - importar - ocorrer - acontecer
integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da
Convém que não se atrase na entrevista.
outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
Observação:
tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com-
Quando a oração subordinada substantiva é subjeti-
va, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o
do singular. segundo, um nome.
2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto 5. Predicativa = exerce papel de predicativo do su-
do verbo da oração principal: jeito do verbo da oração principal e vem sempre depois
Todos querem sua aprovação no concurso. do verbo ser.
Objeto Direto Nosso desejo era sua desistência.
Predicativo do Sujeito
Todos querem que você seja aprovado. (Todos Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo
querem isso) era isso)
Oração Principal Oração Subordinada Substanti- Oração Subordinada Substantiva
va Objetiva Direta Predicativa
As orações subordinadas substantivas objetivas dire- 6. Apositiva = exerce função de aposto de algum ter-
tas (desenvolvidas) são iniciadas por: mo da oração principal.
Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
e “se”: A professora verificou se os alunos estavam Aposto
presentes. Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às Oração subordinada
vezes regidos de preposição), nas interrogações substantiva apositiva reduzida de infinitivo
indiretas: O pessoal queria saber quem era o dono
do carro importado. (Fernanda tinha um grande sonho: isso)
Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às
vezes regidos de preposição), nas interrogações
Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )
indiretas: Eu não sei por que ela fez isso.
B) Orações Subordinadas Adjetivas
3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do
Uma oração subordinada adjetiva é aquela que pos-
verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
sui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equiva-
Meu pai insiste em meu estudo. le. As orações vêm introduzidas por pronome relativo e
Objeto Indireto exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.
Esta foi uma redação bem-sucedida.
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai Substantivo Adjetivo (Adjunto Ad-
insiste nisso) nominal)
Oração Subordinada Substantiva
O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adje-
LÍNGUA PORTUGUESA
Objetiva Indireta
Observação: tivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo
oração. papel:
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Esta foi uma redação que fez sucesso.
Oração Subordinada Subs- Oração Principal Oração Subordinada
tantiva Objetiva Indireta Adjetiva
63
Perceba que a conexão entre a oração subordinada limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos
adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é os homens, mas sim àquele que estava passando naque-
feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou le momento.
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempe-
nha uma função sintática na oração subordinada: ocupa Exemplo 2:
o papel que seria exercido pelo termo que o antecede O homem, que se considera racional, muitas vezes
(no caso, “redação” é sujeito, então o “que” também fun- age animalescamente.
ciona como sujeito). Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
Exemplo 1:
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvol-
passava naquele momento. vida, pois é introduzida por uma conjunção subordina-
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva tiva (quando) e apresenta uma forma verbal do modo
indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria
No período acima, observe que a oração em desta- possível reduzi-la, obtendo-se:
que restringe e particulariza o sentido da palavra “ho- Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de mi-
mem”: trata-se de um homem específico, único. A oração nha vida.
64
A oração em destaque é reduzida, apresentando uma D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo
das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não da oração principal, isto é, admitem uma contra-
é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por dição ou um fato inesperado. A ideia de conces-
uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”). são está diretamente ligada ao contraste, à quebra
de expectativa. Principal conjunção subordinativa
Observação: concessiva: embora. Utiliza-se também a con-
A classificação das orações subordinadas adverbiais junção: conquanto e as locuções ainda que, ainda
é feita do mesmo modo que a classificação dos adjun- quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar
tos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela de que.
oração. Só irei se ele for.
A oração acima expressa uma condição: o fato de
2. Classificação das Orações Subordinadas Adver- “eu” ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
biais Compare agora com:
Irei mesmo que ele não vá.
A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
àquilo que provoca um determinado fato, ao moti- A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
vo do que se declara na oração principal. Principal irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida.
conjunção subordinativa causal: porque. Outras A oração destacada é, portanto, subordinada adverbial
conjunções e locuções causais: como (sempre in- concessiva.
troduzido na oração anteposta à oração principal), Observe outros exemplos:
pois, pois que, já que, uma vez que, visto que. Embora fizesse calor, levei agasalho.
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
forte. bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
Já que você não vai, eu também não vou.
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a E) Comparativa= As orações subordinadas adver-
sindética explicativa é que esta “explica” o fato que acon- biais comparativas estabelecem uma comparação
teceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apre- com a ação indicada pelo verbo da oração princi-
senta a “causa” do acontecimento expresso na oração à pal. Principal conjunção subordinativa comparati-
qual ela se subordina. Repare: va: como.
1. Faltei à aula porque estava doente. Ele dorme como um urso. (como um urso dorme)
2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. Você age como criança. (age como uma criança age)
Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa)
que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o • geralmente há omissão do verbo.
fato de estar doente impediu-me de ir à aula. No F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou
exemplo 2, a oração sublinhada relata um fato que seja, apresenta uma regra, um modelo adotado
aconteceu depois, já que primeiro ela chorou, de- para a execução do que se declara na oração prin-
pois seus olhos ficaram vermelhos. cipal. Principal conjunção subordinativa conforma-
B) Consecutiva = exprime um fato que é consequên- tiva: conforme. Outras conjunções conformativas:
cia, é efeito do que se declara na oração principal. como, consoante e segundo (todas com o mesmo
São introduzidas pelas conjunções e locuções: que, valor de conforme).
de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas Fiz o bolo conforme ensina a receita.
estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que. Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
Principal conjunção subordinativa consecutiva: que direitos iguais.
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho)
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
concretizando-os. se declara na oração principal. Principal conjunção
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Redu- subordinativa final: a fim de. Outras conjunções
zida de Infinitivo) finais: que, porque (= para que) e a locução con-
juntiva para que.
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
como necessário para a realização ou não de um Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
fato. As orações subordinadas adverbiais condicio-
nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso seja, um fato simultâneo ao expresso na oração
LÍNGUA PORTUGUESA
65
À proporção que estudávamos mais questões acertá-
vamos.
À medida que lia mais culto ficava.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato 1. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2013 –
expresso na oração principal, podendo exprimir ADAPTADA) Jogadores de futebol de diversos times en-
noções de simultaneidade, anterioridade ou poste- traram em campo em prol do programa “Pai Presente”,
rioridade. Principal conjunção subordinativa tem- nos jogos do Campeonato Nacional em apoio à campanha
poral: quando. Outras conjunções subordinativas que visa reduzir o número de pessoas que não possuem o
temporais: enquanto, mal e locuções conjuntivas: nome do pai em sua certidão de nascimento. (...)
A oração subordinada “que não possuem o nome do pai
assim que, logo que, todas as vezes que, antes que,
em sua certidão de nascimento” não é antecedida por vír-
depois que, sempre que, desde que, etc.
gula porque tem natureza restritiva.
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter-
( ) CERTO ( ) ERRADO
minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
Resposta: Certo. A oração restringe o grupo que par-
3. Orações Reduzidas ticipará da campanha (apenas os que não têm o nome
do pai na certidão de nascimento). Se colocarmos uma
As orações subordinadas podem vir expressas como vírgula, a oração se tornará “explicativa”, generalizan-
reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas do a informação, o que dará a entender que TODAS as
nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem conec- pessoas não têm o nome do pai na certidão.
tivo subordinativo que as introduza.
É preciso estudar! = reduzida de infinitivo 2. (INSTITUTO RIO BRANCO – ADMISSÃO À CAR-
É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre- REIRA DE DIPLOMATA – CESPE – 2014 – ADAPTA-
sença do conectivo) DA)
Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam
“desenvolvidas” – como no exemplo acima. A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma
É preciso estudar = oração subordinada substantiva literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o
subjetiva reduzida de infinitivo brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos
É preciso que se estude = oração subordinada subs- e poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a
tantiva subjetiva um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mes-
4. Orações Intercaladas mo que a crônica é um gênero menor.
“Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque, sendo as-
São orações independentes encaixadas na sequência sim, ela fica mais perto de nós. E para muitos pode servir
do período, utilizadas para um esclarecimento, um apar- de caminho não apenas para a vida, que ela serve de
te, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou tra- perto, mas para a literatura. Por meio dos assuntos, da
vessões. composição solta, do ar de coisa sem necessidade que
Nós – continuava o relator – já abordamos este as- costuma assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo
dia. Principalmente porque elabora uma linguagem que
sunto.
fala de perto ao nosso modo de ser mais natural. Na sua
despretensão, humaniza; e esta humanização lhe permi-
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
te, como compensação sorrateira, recuperar com a outra
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
mão certa profundidade de significado e certo acaba-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. mento de forma, que de repente podem fazer dela uma
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, inesperada, embora discreta, candidata à perfeição.
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira Antonio Candido. A vida ao rés do chão. In: Recortes. São
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 23 (com adapta-
São Paulo: Saraiva, 2002. ções).
Resposta: Errado.
imagina uma literatura = transitivo direto
atribuir o Prêmio Nobel a um cronista = bitransitivo
(transitivo direto e indireto)
pode servir de caminho = intransitivo
66
Maria perguntou:
EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO - Por que você não toma uma decisão?
67
3. Para separar entre si elementos coordenados minha frente, por diversas vezes, me escoltaram até
(dispostos em enumeração): minha casa e passaram a ser companheiras de noites de
Era um garoto de 15 anos, alto, magro. insônia. Não havia outra solução a não ser escrever. Era
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e preciso colocar no papel e compartilhar a dor daquelas
animais. pessoas que, mesmo ao fim do processo e com a sentença
4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós prolatada, não me deixavam esquecê-las.
queremos comer pizza; e vocês, churrasco. Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães, filhas,
esposas, namoradas, companheiras, todas tendo em
5. Para isolar: comum a violência no corpo e na alma sofrida dentro de
A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole casa. O lar, que deveria ser o lugar mais seguro para essas
brasileira, possui um trânsito caótico. mulheres, havia se transformado no pior dos mundos.
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. Quando finalmente chegavam ao Judiciário e se sentavam
à minha frente, os relatos se transformavam em desabafos
Observações: de uma vida inteira. Era preciso explicar, justificar e muitas
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da vezes se culpar por terem sido agredidas. A culpa por ter
expressão latina et coetera, que significa “e outras coisas”, sido vítima, a culpa por ter permitido, a culpa por não
seria dispensável o emprego da vírgula antes dele. ter sido boa o suficiente, a culpa por não ter conseguido
Porém, o acordo ortográfico em vigor no Brasil exige manter a família. Sempre a culpa.
que empreguemos etc. predecido de vírgula: Falamos de Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma
política, futebol, lazer, etc. força externa como se somente nós, juízes, promotores e
As perguntas que denotam surpresa podem ter advogados, pudéssemos não apenas cessar aquele ciclo
combinados o ponto de interrogação e o de exclamação: de violência, mas também lhes dar voz para reagir àquela
Você falou isso para ela?! violência invisível.
Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis Marias: histórias
Temos, ainda, sinais distintivos: além das quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018 (com
a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), adaptações).
separação de siglas (IOF/UPC);
os colchetes ([ ]) = usados em transcrições O trecho “juízes, promotores e advogados” explica o
feitas pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como sentido de “nós”.
primeira opção aos parênteses, principalmente na
matemática; ( ) CERTO ( ) ERRADO
o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma
nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir Resposta: Certo. Ao trecho: (...) Aquelas mulheres
um nome que não se quer mencionar. chegavam à Justiça buscando uma força externa
como se somente nós, juízes, promotores e advogados,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS pudéssemos não apenas cessar aquele ciclo de violência
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto (...). Os termos entre vírgulas servem para exemplificar
Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – quem são os “nós” citados pela autora (juízes,
São Paulo: Saraiva, 2010. promotores, advogados).
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 2. (SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁ-
RIA – CESPE – 2017)
SITE
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/ Texto 1A1AAA
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-
virgula.htm Após o processo de redemocratização, com o fim da di-
tadura militar, em meados da década de 80 do século
passado, era de se esperar que a democratização das
instituições tivesse como resultado direto a consolidação
EXERCÍCIOS COMENTADOS da cidadania — compreendida de modo amplo, abran-
gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
1. (STJ – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O sociais. Sobressaem, porém, problemas que configuram
CARGO 1 – CESPE – 2018 – ADAPTADA) mais desafios para a cidadania brasileira, como a violên-
cia urbana — que ameaça os direitos individuais — e o
Texto CB1A1CCC
LÍNGUA PORTUGUESA
68
Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais O sinal de dois-pontos empregado imediatamente após
dissociada de justiça social e reconstrução da sociedade. “biblioteca” introduz um termo de natureza explicativa.
O objetivo em relação à criminalidade torna-se bem me-
nos ambicioso: o controle. A prisão ganha mais impor- ( ) CERTO ( ) ERRADO
tância na modernidade tardia, porque satisfaz uma dupla
necessidade dessa nova cultura: castigo e controle do (...) terem erguido uma grande biblioteca: a Real Livraria
risco. Essa postura às vezes proporciona controle, porém = os dois-pontos antecedem um termo explicativo.
não segurança, pois o Estado tem o poder limitado de GABARITO OFICIAL: CERTO
manter a ordem por meio da polícia, sendo necessário
dividir as tarefas de controle com organizações locais e 4. (INSS – TÉCNICO PREVIDENCIÁRIO – CESPE – 2003)
com a comunidade. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em seu
Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem discurso na reabertura do Congresso que o “vírus da in-
pública e garantia dos direitos individuais: os desafios da flação voltou a ser uma ameaça real”. Em sua fala de 21
minutos aos senadores e deputados, o presidente aler-
polícia em sociedades democráticas. In: Revista Brasileira
tou também para a piora do cenário econômico interna-
de Segurança Pública. São
cional e afirmou que o aperto fiscal de seu governo dura-
Paulo, ano 5, 8.ª ed., fev. – mar./2011, p. 84-5 (com
rá o “tempo necessário”. Segundo Lula, “teremos tempos
adaptações).
difíceis pela frente. O mundo entrou em um período de
No primeiro parágrafo do texto 1A1AAA, os dois-pontos maiores incertezas”.
introduzem Folha de S. Paulo, 18/2/2003, capa (Com adaptações.)
No texto, o uso de aspas serve para alertar o leitor de que
a) uma enumeração das “categorias de direitos”. as expressões destacadas têm duplo sentido.
b) resultados da “consolidação da cidadania”.
c) um contra-argumento para a ideia de cidadania como ( ) CERTO ( ) ERRADO
algo “amplo”.
d) uma generalização do termo “direitos”. No texto, o uso de aspas serve para transcrever a fala
e) objetivos do “processo de redemocratização”. do presidente, relatando o que realmente foi dito por
ele O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em
Em “a”, uma enumeração das “categorias de direitos”. seu discurso na reabertura do Congresso que o “vírus
Em “b”, resultados da “consolidação da cidadania” = da inflação voltou a ser uma ameaça real”.
incorreta GABARITO OFICIAL: ERRADO
Em “c”, um contra-argumento para a ideia de cidadania
como algo “amplo” = incorreta 5. (INSS – TÉCNICO PREVIDENCIÁRIO – CESPE – 2003)
Em “d”, uma generalização do termo “direitos” = Há 40 anos nos Estados Unidos da América (EUA), os
incorreta gaúchos Cláudio e Lourdes aposentaram-se pelo sistema
Em “e”, objetivos do “processo de redemocratização” de previdência norte-americano e recebem do governo o
= incorreta chamado seguro social. Cláudio recebe US$ 900 por mês
Recorramos ao texto (faça isso SEMPRE durante seu e Lourdes, US$ 450, benefícios que garantem as necessi-
concurso. O texto é a base para encontrar as respostas dades básicas.
para as questões!): (...) abrangendo as três categorias Assim como o casal de brasileiros, 44 milhões de apo-
de direitos: civis, políticos e sociais = os dois-pontos sentados recebem um seguro social nos EUA. Para se
introduzem a enumeração dos direitos; apresenta-os. aposentar, trabalhadores dos setores público e privado
seguem basicamente as mesmas regras. O benefício é
GABARITO OFICIAL: A
calculado de acordo com a contribuição do trabalhador
ao longo da vida ativa. É preciso contribuir durante 35
3. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016)
anos, com 6,2% do salário.
Bibliotecas sempre deram muito o que falar. Grandes A maioria dos trabalhadores se aposenta aos 62 anos. O
monarquias jamais deixaram de possuir as suas, e cui- valor médio do benefício mensal é de US$ 750.
davam delas estrategicamente. Afinal, dotes de prin- Mas o que garante uma aposentadoria tranquila não é
cesas foram negociados tendo livros como objetos de apenas o seguro social, explica um especialista em pre-
barganha; tratados diplomáticos versaram sobre essas vidência. O norte-americano tem que ter suas próprias
coleções. Os monarcas portugueses, após o terremoto economias ou um fundo de pensão complementar.
que dizimou Lisboa, se orgulhavam de, a despeito dos Já na Inglaterra, se fosse uma trabalhadora qualquer, a
destroços, terem erguido uma grande biblioteca: a Real rainha Elizabeth II, de 76 anos de idade, poderia estar
Livraria. D. José chamava-a de joia maior do tesouro real.
LÍNGUA PORTUGUESA
69
Além disso, todos são obrigados a pagar um plano de Finalmente, restava o combate à varíola. Autoritariamen-
aposentadoria particular, para complementar a pensão te, foi instituída a lei de vacinação obrigatória. A popula-
que o Estado garante. O desconto médio é de 8% sobre ção, humilhada pelo poder público autoritário e violento,
os vencimentos. Assim fica assegurado um rendimento não acreditava na eficácia da vacina. Os pais de família
de metade do salário da ativa. rejeitavam a exposição das partes do corpo a agentes
As vantagens da modernização do sistema todos os apo- sanitários do governo.
sentados britânicos percebem. Quem não tem onde mo- A vacinação obrigatória foi o estopim para que o povo, já
rar ganha casa do governo. Quando as pernas fraquejam, profundamente insatisfeito com o “bota-abaixo” e insu-
a condução da prefeitura leva os velhinhos para qualquer flado pela imprensa, se revoltasse. Durante uma semana,
lugar. E, se já não der mais para sair de casa, um assisten- enfrentou as forças da polícia e do exército até ser repri-
te social entrega comida na porta. mido com violência. O episódio transformou, no período
Internet: <http://jornalnacional.globo.com/semana>. de 10 a 16 de novembro de 1904, a recém-reconstruída
Acesso em 22 fev. 2003. (Com adaptações.) cidade do Rio de Janeiro em uma praça de guerra, onde
foram erguidas barricadas e ocorreram confrontos gene-
O sétimo parágrafo do texto pode ser reescrito da se- ralizados.
guinte forma, mantendo-se correta a pontuação: As van- Internet: <www.ccs.saude.gov.br>. (Com adaptações.)
tagens da modernização do sistema, todos os aposen-
tados britânicos percebem: quem não tem onde morar, Mantém-se o sentido do texto e a correção gramatical
ganha casa do governo; quando as pernas fraquejam, a caso se retire a vírgula que vem logo depois de “Este”.
condução da prefeitura leva os velhinhos para qualquer
lugar; e, se já não der mais para sair de casa, um assisten- ( ) CERTO ( ) ERRADO
te social entrega comida na porta. Ao trecho: (...) nomeou Francisco Pereira Passos para
o governo municipal. Este, por sua vez, chamou os
( ) CERTO ( ) ERRADO engenheiros Francisco Bicalho. “Este” se refere a
Francisco Passos, o qual nomeou outros. O termo
As pontuações estão corretas. “por sua vez” serve para explicar o que será descrito
GABARITO OFICIAL: CERTO posteriormente, portanto deve estar entre vírgulas.
GABARITO OFICIAL: ERRADO
6. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – CESPE
– 2010)
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
A Revolta da Vacina
70
1.1.1. Casos Particulares fizemos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso
não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de
A) Quando o sujeito é formado por uma expressão tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia.
partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de, Nos casos em que o interrogativo ou indefinido
metade de, a maioria de, a maior parte de, grande estiver no singular, o verbo ficará no singular.
parte de...) seguida de um substantivo ou pronome Qual de nós é capaz?
no plural, o verbo pode ficar no singular ou no Algum de vós fez isso.
plural.
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia. E) Quando o sujeito é formado por uma expressão
Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram que indica porcentagem seguida de substantivo, o
proposta. verbo deve concordar com o substantivo.
Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos 25% do orçamento do país será destinado à Educação.
dos coletivos, quando especificados: Um bando de 85% dos entrevistados não aprovam a administração
vândalos destruiu / destruíram o monumento. do prefeito.
1% do eleitorado aceita a mudança.
Observação: 1% dos alunos faltaram à prova.
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a Quando a expressão que indica porcentagem não
unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque é seguida de substantivo, o verbo deve concordar
aos elementos que formam esse conjunto. com o número.
25% querem a mudança.
B) Quando o sujeito é formado por expressão que 1% conhece o assunto.
indica quantidade aproximada (cerca de, mais
de, menos de, perto de...) seguida de numeral e Se o número percentual estiver determinado por
substantivo, o verbo concorda com o substantivo. artigo ou pronome adjetivo, a concordância far-
Cerca de mil pessoas participaram do concurso. se-á com eles:
Perto de quinhentos alunos compareceram à Os 30% da produção de soja serão exportados.
solenidade. Esses 2% da prova serão questionados.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas
últimas Olimpíadas. F) O pronome “que” não interfere na concordância;
já o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa
Observação: do singular.
Quando a expressão “mais de um” se associar a verbos Fui eu que paguei a conta.
que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório: Mais Fomos nós que pintamos o muro.
de um colega se ofenderam na discussão. (ofenderam um És tu que me fazes ver o sentido da vida.
ao outro) Sou eu quem faz a prova.
Não serão eles quem será aprovado.
C) Quando se trata de nomes que só existem no
plural, a concordância deve ser feita levando-se G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve
em conta a ausência ou presença de artigo. Sem assumir a forma plural.
artigo, o verbo deve ficar no singular; com artigo Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais
no plural, o verbo deve ficar o plural. encantaram os poetas.
Os Estados Unidos possuem grandes universidades. Este candidato é um dos que mais estudaram!
Estados Unidos possui grandes universidades.
Alagoas impressiona pela beleza das praias. Se a expressão for de sentido contrário – nenhum
As Minas Gerais são inesquecíveis. dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira. singular:
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou Nem uma das que me escreveram mora aqui.
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos,
muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou Quando “um dos que” vem entremeada de
“de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro substantivo, o verbo pode:
pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o
pronome pessoal. 1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa
Quais de nós são / somos capazes? o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio que
LÍNGUA PORTUGUESA
71
Vossas Excelências renunciarão? D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a
concordância é feita no plural. Observe:
I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se Abraçaram-se vencedor e vencido.
de acordo com o numeral. Ofenderam-se o jogador e o árbitro.
Deu uma hora no relógio da sala.
Deram cinco horas no relógio da sala. 1.2.1. Casos Particulares
Soam dezenove horas no relógio da praça.
Baterão doze horas daqui a pouco. Quando o sujeito composto é formado por
núcleos sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no
Observação: singular.
Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino, Descaso e desprezo marca seu comportamento.
torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito. A coragem e o destemor fez dele um herói.
O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
Soa quinze horas o relógio da matriz. Quando o sujeito composto é formado por
J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum núcleos dispostos em gradação, verbo no singular:
sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um
singular. São verbos impessoais: Haver no sentido segundo me satisfaz.
de existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que Quando os núcleos do sujeito composto são
indicam fenômenos da natureza. Exemplos: unidos por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural,
Havia muitas garotas na festa. de acordo com o valor semântico das conjunções:
Faz dois meses que não vejo meu pai. Drummond ou Bandeira representam a essência da
Chovia ontem à tarde. poesia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.
1.2. Sujeito Composto Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de
“adição”. Já em:
Juca ou Pedro será contratado.
A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver-
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima
bo, a concordância se faz no plural:
Olimpíada.
Pai e filho conversavam longamente.
Sujeito
Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam
no singular.
Pais e filhos devem conversar com frequência.
Sujeito
Com as expressões “um ou outro” e “nem um
nem outro”, a concordância costuma ser feita no singular.
B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas Um ou outro compareceu à festa.
gramaticais diferentes, a concordância ocorre da Nem um nem outro saiu do colégio.
seguinte maneira: a primeira pessoa do plural (nós)
prevalece sobre a segunda pessoa (vós) que, por Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural
sua vez, prevalece sobre a terceira (eles). Veja: ou no singular: Um e outro farão/fará a prova.
Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Primeira Pessoa do Plural (Nós) Quando os núcleos do sujeito são unidos por
Tu e teus irmãos tomareis a decisão. “com”, o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos
Segunda Pessoa do Plural (Vós) recebem um mesmo grau de importância e a palavra
Pais e filhos precisam respeitar-se. “com” tem sentido muito próximo ao de “e”.
Terceira Pessoa do Plural (Eles) O pai com o filho montaram o brinquedo.
O governador com o secretariado traçaram os planos
Observação: para o próximo semestre.
Quando o sujeito é composto, formado por um O professor com o aluno questionaram as regras.
elemento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele),
é possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se
(eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar a ideia é enfatizar o primeiro elemento.
de “tomaríeis”. O pai com o filho montou o brinquedo.
C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, O governador com o secretariado traçou os planos
passa a existir uma nova possibilidade de concor- para o próximo semestre.
dância: em vez de concordar no plural com a tota- O professor com o aluno questionou as regras.
LÍNGUA PORTUGUESA
72
“O governador traçou os planos para o próximo
semestre com o secretariado.” #FicaDica
“O professor questionou as regras com o aluno.”
Para saber se o “se” é partícula apassivadora
ou índice de indeterminação do sujeito, tente
Casos em que se usa o verbo no singular:
transformar a frase para a voz passiva. Se a fra-
Café com leite é uma delícia!
se construída for “compreensível”, estaremos
O frango com quiabo foi receita da vovó.
diante de uma partícula apassivadora; se não, o
“se” será índice de indeterminação. Veja:
Quando os núcleos do sujeito são unidos por
Precisa-se de funcionários qualificados.
expressões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não
Tentemos a voz passiva:
somente”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”,
Funcionários qualificados são precisados (ou
o verbo ficará no plural.
precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se” des-
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
tacado é índice de indeterminação do sujeito.
Nordeste.
Agora:
Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a
Vendem-se casas.
notícia.
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção
Quando os elementos de um sujeito composto são
correta! Então, aqui, o “se” é partícula apassi-
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância
vadora. (Dá para eu passar para a voz passiva.
é feita com esse termo resumidor.
Repare em meu destaque. Percebeu semelhan-
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da
ça? Agora é só memorizar!)
apatia.
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
na vida das pessoas. O Verbo “Ser”
73
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido. Adjetivo anteposto aos substantivos:
Duas semanas de férias é muito para mim. O adjetivo concorda em gênero e número com o
substantivo mais próximo.
Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo) Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
for pronome pessoal do caso reto, com este Encontramos caída a roupa e os prendedores.
concordará o verbo. Encontramos caído o prendedor e a roupa.
No meu setor, eu sou a única mulher.
Aqui os adultos somos nós. Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de
parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
Observação: As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
representados por pronomes pessoais, o verbo concorda
com o pronome sujeito. Adjetivo posposto aos substantivos:
Eu não sou ela. O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo
Ela não é eu. ou com todos eles (assumindo a forma masculina
plural se houver substantivo feminino e masculino).
Quando o sujeito for uma expressão de sentido A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
plural, o verbo SER concordará com o predicativo. A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A grande maioria no protesto eram jovens. A indústria oferece atendimento e localização perfeitos.
O resto foram atitudes imaturas.
Observação:
O Verbo “Parecer” Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza,
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos
locução verbal (é seguido de infinitivo), admite duas dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado
concordâncias: no plural masculino, que é o gênero predominante
Ocorre variação do verbo PARECER e não se quando há substantivos de gêneros diferentes.
flexiona o infinitivo: As crianças parecem gostar do Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o
desenho. adjetivo fica no singular ou plural.
A variação do verbo parecer não ocorre e o A beleza e a inteligência feminina(s).
infinitivo sofre flexão: O carro e o iate novo(s).
As crianças parece gostarem do desenho. C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:
(essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho O adjetivo fica no masculino singular, se o substantivo
aas crianças) não for acompanhado de nenhum modificador:
Água é bom para saúde.
O adjetivo concorda com o substantivo, se este
for modificado por um artigo ou qualquer outro
FIQUE ATENTO!
determinativo: Esta água é boa para saúde.
Com orações desenvolvidas, o verbo PARE-
CER fica no singular. Por exemplo: As pare- D) O adjetivo concorda em gênero e número com
des parece que têm ouvidos. (Parece que as os pronomes pessoais a que se refere: Juliana
paredes têm ouvidos = oração subordinada encontrou-as muito felizes.
substantiva subjetiva). E) Nas expressões formadas por pronome indefinido
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição
DE + adjetivo, este último geralmente é usado
Concordância Nominal no masculino singular: Os jovens tinham algo de
misterioso.
A concordância nominal se baseia na relação entre F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se função adjetiva e concorda normalmente com o
ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes nome a que se refere:
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se: Cristina saiu só.
normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um Cristina e Débora saíram sós.
termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as Observação:
seguintes regras gerais: Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou
LÍNGUA PORTUGUESA
A) O adjetivo concorda em gênero e número quando “apenas”, tem função adverbial, ficando, portanto,
se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas invariável: Eles só desejam ganhar presentes.
denunciavam o que sentia.
74
Bastante - Caro - Barato - Longe
#FicaDica
Estas palavras são invariáveis quando funcionam
Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”.
Se a frase ficar coerente com o primeiro, como advérbios. Concordam com o nome a que se
trata-se de advérbio, portanto, invariável; se referem quando funcionam como adjetivos, pronomes
houver coerência com o segundo, função de adjetivos, ou numerais.
adjetivo, então varia: As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio)
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho.
Ele está só descansando. (apenas descansan- (pronome adjetivo)
do) - advérbio Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio)
Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula As casas estão caras. (adjetivo)
depois de “só”, haverá, novamente, um ad- Achei barato este casaco. (advérbio)
jetivo: Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
Ele está só, descansando. (ele está sozinho e
descansando)
Meio - Meia
G) Quando um único substantivo é modificado por A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo,
dois ou mais adjetivos no singular, podem ser concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi
usadas as construções: meia porção de polentas.
O substantivo permanece no singular e coloca-se Quando empregada como advérbio permanece
o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura invariável: A candidata está meio nervosa.
espanhola e a portuguesa.
O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e
portuguesa. #FicaDica
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim
1. Casos Particulares saberei que se trata de um advérbio, não de
adjetivo: “A candidata está um pouco nervo-
É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É sa”.
permitido
75
2. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE –
2008)
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Como nasce uma história
1. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMENTOS (fragmento)
BÁSICOS – CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL – NÍVEL
MÉDIO – CESPE – 2017) Quando cheguei ao edifício, tomei o elevador que serve
do primeiro ao décimo quarto andar. Era pelo menos o
Texto CB3A2BBB que dizia a tabuleta no alto da porta.
— Sétimo — pedi.
O reconhecimento e a proteção dos direitos humanos
A porta se fechou e começamos a subir. Minha atenção
estão na base das Constituições democráticas modernas.
se fixou num aviso que dizia:
A paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para o re-
conhecimento e a efetiva proteção dos direitos humanos É expressamente proibido os funcionários, no ato da subi-
em cada Estado e no sistema internacional. Ao mesmo da, utilizarem os elevadores para descerem.
tempo, o processo de democratização do sistema in- Desde o meu tempo de ginásio sei que se trata de pro-
ternacional, que é o caminho obrigatório para a busca blema complicado, este do infinito pessoal. Prevaleciam
do ideal da paz perpétua, não pode avançar sem uma então duas regras mestras que deveriam ser rigorosa-
gradativa ampliação do reconhecimento e da proteção mente obedecidas. Uma afirmava que o sujeito, sendo
dos direitos humanos, acima de cada Estado. Direitos o mesmo, impedia que o verbo se flexionasse. Da outra
humanos, democracia e paz são três elementos funda- infelizmente já não me lembrava.
mentais do mesmo movimento histórico: sem direitos Mas não foi o emprego pouco castiço do infinito pessoal
humanos reconhecidos e protegidos, não há democra- que me intrigou no tal aviso: foi estar ele concebido de
cia; sem democracia, não existem as condições mínimas maneira chocante aos delicados ouvidos de um escritor
para a solução pacífica dos conflitos. Em outras palavras, que se preza.
a democracia é a sociedade dos cidadãos, e os súditos se Qualquer um, não sendo irremediavelmente burro, en-
tornam cidadãos quando lhes são reconhecidos alguns tenderia o que se pretende dizer neste aviso. Pois um ti-
direitos fundamentais; haverá paz estável, uma paz que jolo de burrice me baixou na compreensão, fazendo com
não tenha a guerra como alternativa, somente quando que eu ficasse revirando a frase na cabeça: descerem, no
existirem cidadãos não mais apenas deste ou daquele ato da subida? Que quer dizer isto? E buscava uma forma
Estado, mas do mundo. simples e correta de formular a proibição:
Norberto Bobbio. A era dos direitos. Trad. Carlos É proibido subir para depois descer.
Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 1 (com É proibido subir no elevador com intenção de descer.
adaptações). É proibido ficar no elevador com intenção de descer, quan-
do ele estiver subindo.
Preservando-se a correção gramatical do texto Se quiser descer, não tome o elevador que esteja subindo.
CB3A2BBB, os termos “não há” e “não existem” poderiam
Mais simples ainda:
ser substituídos, respectivamente, por
Se quiser descer, só tome o elevador que estiver descendo.
De tanta simplicidade, atingi a síntese perfeita do que
a) não existe e não têm.
Nelson Rodrigues chamava de óbvio ululante, ou seja, a
b) não existe e inexiste.
c) inexiste e não há. enunciação de algo que não quer dizer absolutamente
d) inexiste e não acontece. nada: Se quiser descer, não suba.
e) não tem e não têm. Fernando Sabino. A volta por cima. Rio de Janeiro:
Record,
Busquemos o contexto: 1995, p. 137-140. (Com adaptações.)
- sem direitos humanos reconhecidos e protegidos,
não há democracia = poderíamos substituir por “não O trecho das linhas 5 e 6 pode ser reescrito, com cor-
existe”, inexiste (verbo “haver” empregado com o reção gramatical, da seguinte maneira: É expressamente
sentido de “existir”) proibido a utilização dos elevadores que tiverem subindo
- sem democracia, não existem as condições mínimas pelos funcionários que desejarem descer.
para a solução pacífica dos conflitos = sentido de
“existir”. Poderíamos substituir por inexiste, mas no ( ) CERTO ( ) ERRADO
plural, já que devemos concordar com “as condições
mínimas”. A única “troca” adequada seria o verbo Quanto à correção gramatical haveria um erro, pois,
LÍNGUA PORTUGUESA
“haver” – que pode ser utilizado com o sentido de devido à presença do artigo “a”, a forma correta de
“existir”. Teríamos: sem direitos humanos reconhecidos escrever é: “É expressamente proibida a utilização...”
e protegidos, inexiste democracia; sem democracia, GABARITO OFICIAL: ERRADO
não há as condições mínimas para a solução pacífica
dos conflitos.
GABARITO OFICIAL: C
76
3. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – CESPE 4. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO
– 2010) SOCIAL – CESPE – 2016)
77
A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar, São verbos transitivos diretos, dentre outros:
contentar. abandonar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar,
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar acusar, admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar,
agrado ou prazer”, satisfazer. auxiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar,
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de defender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir,
“agradar a alguém”. prejudicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar,
ver, visitar.
O conhecimento do uso adequado das preposições Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência como o verbo amar:
verbal (e também nominal). As preposições são capazes Amo aquele rapaz. / Amo-o.
de modificar completamente o sentido daquilo que está Amo aquela moça. / Amo-a.
sendo dito. Amam aquele rapaz. / Amam-no.
Cheguei ao metrô. Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei no metrô.
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no Observação:
segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos
para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
A voluntária distribuía leite às crianças. adnominais):
A voluntária distribuía leite com as crianças. Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto carreira)
(objeto indireto: às crianças); na segunda, como transitivo Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau
direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto humor)
adverbial).
Para estudar a regência verbal, agruparemos os C) Verbos Transitivos Indiretos
verbos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, Os verbos transitivos indiretos são complementados
não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos
diferentes formas em frases distintas. exigem uma preposição para o estabelecimento da
relação de regência. Os pronomes pessoais do caso
A) Verbos Intransitivos oblíquo de terceira pessoa que podem atuar como
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos pessoas. Não se utilizam os pronomes o, os, a, as como
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los. complementos de verbos transitivos indiretos. Com os
objetos indiretos que não representam pessoas, usam-se
Chegar, Ir pronomes oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela)
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes.
adverbiais de lugar. Na língua culta, as preposições Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
usadas para indicar destino ou direção são: a, para. Consistir - Tem complemento introduzido pela
Fui ao teatro. preposição “em”: A modernidade verdadeira consiste em
Adjunto Adverbial de Lugar direitos iguais para todos.
empregar esses verbos, lembre-se de que os pronomes O verbo responder, apesar de transitivo indireto
oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses quando exprime aquilo a que se responde, admite voz
pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após passiva analítica:
formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, O questionário foi respondido corretamente.
nas (após formas verbais terminadas em sons nasais), Todas as perguntas foram respondidas
enquanto lhe e lhes são, quando complementos verbais, satisfatoriamente.
objetos indiretos.
78
Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos introduzidos pela preposição “com”.
Antipatizo com aquela apresentadora.
Simpatizo com os que condenam os políticos que governam para uma minoria privilegiada.
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados de um objeto direto e um indireto. Merecem destaque,
nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São verbos que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto
indireto relacionado a pessoas.
O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com particular cuidado:
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Informar
Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
Informe os novos preços aos clientes.
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos preços)
Na utilização de pronomes como complementos, veja as construções:
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre eles)
Observação:
A mesma regência do verbo informar é usada para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
Comparar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento
indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança.
Pedir
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma de oração subordinada substantiva) e indireto de
pessoa.
Pedi-lhe favores.
Objeto Indireto Objeto Direto
A construção “pedir para”, muito comum na linguagem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta.
No entanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver subentendida.
Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz uma oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo
(para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
Preferir
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indireto introduzido pela preposição “a”:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Prefiro trem a ônibus.
79
Observação: Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá
Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado chamá-la.
sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
prefixo existente no próprio verbo (pre). apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere
predicativo preposicionado ou não.
Mudança de Transitividade - Mudança de A torcida chamou o jogador mercenário.
Significado A torcida chamou ao jogador mercenário.
Há verbos que, de acordo com a mudança de A torcida chamou o jogador de mercenário.
transitividade, apresentam mudança de significado. O A torcida chamou ao jogador de mercenário.
conhecimento das diferentes regências desses verbos é Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
um recurso linguístico muito importante, pois além de Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
permitir a correta interpretação de passagens escritas,
Custar
oferece possibilidades expressivas a quem fala ou
Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
escreve. Dentre os principais, estão:
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial:
Agradar
Frutas e verduras não deveriam custar muito.
Agradar é transitivo direto no sentido de fazer
carinhos, acariciar, fazer as vontades de.
Sempre agrada o filho quando. No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
Aquele comerciante agrada os clientes. ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração
reduzida de infinitivo.
Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento Muito custa viver tão longe da família.
introduzido pela preposição “a”. Verbo Intransitivo Oração Subordinada
O cantor não agradou aos presentes. Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
O cantor não lhes agradou.
Custou-me (a mim) crer nisso.
O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indireto: Objeto Indireto Oração Subordinada
O cantor desagradou à plateia. Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
80
Proceder
Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial de modo.
As afirmações da testemunha procediam, não havia como refutá-las.
Você procede muito mal.
Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela
preposição “a”) é transitivo indireto.
O avião procede de Maceió.
Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito.
Querer
Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
Queremos um país melhor.
Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.
Visar
Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque.
No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.
Esquecer – Lembrar
Lembrar algo – esquecer algo
Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)
No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto,
transitivos indiretos:
Ele se esqueceu do caderno.
Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
alteração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)
Simpatizar - Antipatizar
São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.
A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.
LÍNGUA PORTUGUESA
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
81
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.
Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será
completiva nominal (subordinada substantiva).
Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de
Advérbios
Longe de Perto de
Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
paralelamente a; relativa a; relativamente a.
LÍNGUA PORTUGUESA
82
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS O verbo “visar” exige preposição, por isso o acento
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto grave indicativo de crase antes da palavra “garantia”.
Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – O trecho manteria o sentido e estaria gramaticalmente
São Paulo: Saraiva, 2010. correto.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa GABARITO OFICIAL: CERTO
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, 2. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA FEDE-
redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. RAL – CESPE – 2014 – ADAPTADA)
O uso indevido de drogas constitui, na atualidade, sé-
SITE ria e persistente ameaça à humanidade e à estabilidade
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61. das estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e
php culturais de todos os Estados e sociedades. Suas con-
sequências infligem considerável prejuízo às nações do
mundo inteiro, e não são detidas por fronteiras: avançam
por todos os cantos da sociedade e por todos os espaços
EXERCÍCIOS COMENTADOS geográficos, afetando homens e mulheres de diferen-
tes grupos étnicos, independentemente de classe social
1. (DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – e econômica ou mesmo de idade. Questão de relevân-
CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE – 2016) cia na discussão dos efeitos adversos do uso indevido
de drogas é a associação do tráfico de drogas ilícitas e
Maria Silva é moradora do Assentamento dos crimes conexos — geralmente de caráter transna-
Noroeste, onde moram cerca de cem pessoas cuja cional — com a criminalidade e a violência. Esses fato-
principal forma de renda é o trabalho com reciclagem.
res ameaçam a soberania nacional e afetam a estrutura
Ela é uma das líderes que lutam pelos direitos daquela
social e econômica interna, devendo o governo adotar
comunidade. Vinda do estado do Ceará, Maria chegou
uma postura firme de combate ao tráfico de drogas, ar-
a Brasília em 2002 e conheceu o trabalho da Defensoria
ticulando-se internamente e com a sociedade, de forma
Pública por meio do projeto Monitoramento da Política
a aperfeiçoar e otimizar seus mecanismos de prevenção
Nacional para a População em Situação de Rua, tendo
e repressão e garantir o envolvimento e a aprovação dos
seu primeiro contato com a defensoria ocorrido quando
ela precisou de novos documentos para substituir os que cidadãos.
haviam sido perdidos no período em que esteve nas ruas. Internet: <www.direitoshumanos.usp.br>.
O objetivo do referido projeto é o de ir até a
população que normalmente não tem acesso à Defensoria Nas linhas 12 e 13, o emprego da preposição “com”, em
Pública. “Nós chegamos de forma humanizada até essas “com a criminalidade e a violência”, deve-se à regência
pessoas em situação de rua. Com esse trabalho nós do vocábulo “conexos”.
estamos garantindo seu acesso à justiça e aos direitos
para que consigam se beneficiar de outras políticas ( ) CERTO ( ) ERRADO
públicas”, explica a coordenadora do Departamento de
Atividade Psicossocial. Resposta: Errado. Ao texto: (...) Questão de relevância
A mais recente visita de participantes de outro na discussão dos efeitos adversos do uso indevido de
projeto, o Atenção à População de Rua do Assentamento drogas é a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos
Noroeste, levou respostas às demandas solicitadas pelos crimes conexos — geralmente de caráter transnacional
moradores. O foco foram soluções e retornos de casos — com a criminalidade e a violência.
como o de um morador que tem problemas com a justiça O termo está se referindo à associação – associação
e que está sendo assistido por um defensor público e o do tráfico de drogas e crimes conexos (1) com a crimi-
de uma senhora que estava internada em um hospital nalidade (2) (associação daquilo [1] com isso [2])
público e conseguiu uma cirurgia por meio dos serviços
da defensoria.
As visitas acontecem mensalmente, sendo a maior EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE
demanda a solicitação de registro civil. “As certidões
de nascimento figuram entre as demandas porque
essas pessoas não as conseguiram por outros serviços,
e a defensoria teve que intervir. Nós entramos para A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
solucionar problemas: vamos até as ruas para informar idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a”
sobre o trabalho da defensoria, para que seus direitos com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente
sejam garantidos”, afirma a coordenadora. aos pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s),
Internet: <www.defensoria.df.gov.br.> (com
LÍNGUA PORTUGUESA
83
que exige complemento regido pela preposição “a”, e o Sua história é semelhante às que eu ouvia quando
termo regido é aquele que completa o sentido do termo criança. (àquelas que eu ouvia quando criança)
regente, admitindo a anteposição do artigo a(s). (preposição + pronome demonstrativo)
Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela
contratada recentemente. A letra “a” que acompanha locuções femininas
Após a junção da preposição com o artigo (destacados (adverbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento
entre parênteses), temos: grave:
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às
contratada recentemente. pressas, à vontade...
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, locuções prepositivas: à frente, à espera de, à
classifica-se como transitivo indireto, pois sempre procura de...
nos referimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da locuções conjuntivas: à proporção que, à medida
preposição a + o artigo feminino (à) e com o artigo que.
feminino a + o pronome demonstrativo aquela (àquela).
Cuidado: quando as expressões acima não exercerem
Observações importantes:
a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
Alguns recursos servem de ajuda para que possamos
confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns: Eu adoro a noite!
Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
crase está confirmada. objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
Os dados foram solicitados à diretora. preposição.
Os dados foram solicitados ao diretor.
Casos passíveis de nota:
No caso de nomes próprios geográficos, substitui-
se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte A crase é facultativa diante de nomes próprios
na expressão “voltar da”, há a confirmação da crase. femininos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
Também é facultativa diante de pronomes
Faremos uma visita à Bahia. possessivos femininos: O diretor fez referência a
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada) (à) sua empresa.
Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja
Não me esqueço da viagem a Roma. ficará aberta até as (às) dezoito horas.
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos Constata-se o uso da crase se as locuções
jamais vividos. prepositivas à moda de, à maneira de apresentarem-
Nas situações em que o nome geográfico se se implícitas, mesmo diante de nomes masculinos:
apresentar modificado por um adjunto adnominal, a Tenho compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à
crase está confirmada. moda de Luís XV)
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas Não se efetiva o uso da crase diante da locução
praias. adverbial “a distância”: Na praia de Copacabana,
observamos a queima de fogos a distância.
#FicaDica Entretanto, se o termo vier determinado, teremos
Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a pedestre foi arremessado à distância de cem metros.
Campinas. = Volto de Campinas. (crase pra De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade
quê?) -, faz-se necessário o emprego da crase.
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!) Ensino à distância.
Ensino a distância.
Em locuções adverbiais formadas por palavras
Quando o nome de lugar estiver especificado, repetidas, não há ocorrência da crase.
ocorrerá crase. Veja: Ela ficou frente a frente com o agressor.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo Eu o seguirei passo a passo.
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” Casos em que não se admite o emprego da crase:
Irei à Salvador de Jorge Amado.
Antes de vocábulos masculinos.
LÍNGUA PORTUGUESA
84
Antes de numeral.
O número de aprovados chegou a cem.
Faremos uma visita a dez países.
EXERCÍCIO COMENTADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
85
Resposta: CERTO 5. (TCE-PA – CONHECIMENTOS BÁSICOS – AUDITOR
Adequar o quê? – os objetivos (objeto direto) – adequar DE CONTROLE EXTERNO – ÁREA ADMINISTRATIVA –
o quê a quê? – a + as (=às) necessidades – objeto CESPE – 2016)
indireto. A explicação do enunciado está correta.
Texto CB1A1BBB
3. (EMPLASA/SP – Analista Jurídico – Direito – VU-
NESP/2014) Estranhamente, governos estaduais cujas despesas com
A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de traba- o funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou que
lho para proceder _____ medidas necessárias _____ exu- estouraram o limite de gastos com pessoal fixado pela
mação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart, Lei Complementar n.º 101/2000, denominada Lei de Res-
sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exumação ponsabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando sua própria
de Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presidente legislação destinada a assegurar, como alegam, maior ri-
morreu de causas naturais, ou seja, devido ____ uma pa- gor na gestão de suas finanças. Querem uma nova lei de
rada cardíaca – que tem sido a versão considerada oficial responsabilidade fiscal para, segundo argumentam, for-
talecer a estrutura legal que protege o dinheiro público
até hoje –, ou se sua morte se deve ______ envenenamen-
do mau uso por gestores irresponsáveis.
to.
Examinando-se a situação financeira dos estados que
(http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,governo-
preparam sua versão da lei de responsabilidade fiscal,
cria-grupo-exumar--restos-mortais-de- jango,1094178,0.
fica difícil aceitar a argumentação. Desde maio de 2000,
htm 07. 11.2013. Adaptado) quando entrou em vigor a LRF, esses estados, como os
demais, estão sujeitos a regras precisas para a gestão do
Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, as dinheiro público, para a criação de despesas e, em par-
lacunas da frase devem ser completadas, correta e ticular, para os gastos com pessoal. Por que, tendo des-
respectivamente, por cumprido algumas dessas regras, estariam interessados
em torná-las ainda mais rigorosas?
A. a ... à ... a ... a Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis
B. as ... à ... a ... à pelo dinheiro público que, por alguma razão, não a cum-
C. às ... a ... à ... a priram. De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigoro-
D. à ... à ... à ... a sa, se nem nas condições atuais esses responsáveis estão
E. a ... a ... a ... à sendo capazes de cumpri-la? O problema não está na
lei. Mudá-la pode ser o pretexto não para torná-la mais
Resposta: Letra A rigorosa, mas para atribuir-lhe alguma flexibilidade que
A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de a desfigure. O verdadeiro problema é a dificuldade do
trabalho para proceder a medidas (palavra no plural, setor público de adaptar suas despesas às receitas em
generalizando) necessárias à (regência nominal pede queda por causa da crise.
preposição) exumação dos restos mortais do ex- Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com
presidente João Goulart, sepultado em São Borja adaptações).
(RS), em 1976. Com a exumação de Jango, o governo
visa esclarecer se o ex-presidente morreu de causas O emprego do acento grave em “às receitas”
naturais, ou seja, devido a uma (artigo indefinido) decorre da regência do verbo “adaptar” e da presença
parada cardíaca – que tem sido a versão considerada do artigo definido feminino determinando o substantivo
oficial até hoje –, ou se sua morte se deve a (regência “receitas”.
verbal) envenenamento. A / à / a / a
( ) CERTO ( ) ERRADO
4. (Tribunal de Justiça/SE – Técnico Judiciário –
Texto: O verdadeiro problema é a dificuldade do setor
CESPE/2014 - adaptada) No trecho “deu início à sua
público de adaptar suas despesas às receitas em
caminhada cósmica”, o emprego do acento grave
queda por causa da crise = quem adapta, adapta algo/
indicativo de crase é obrigatório. alguém A algo/alguém.
GABARITO OFICIAL: CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
6. (DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CONHECI-
Resposta: Errado MENTOS BÁSICOS – CESPE –2016)
“deu início à sua caminhada cósmica” – o uso do
acento indicativo de crase, neste caso, é facultativo
LÍNGUA PORTUGUESA
86
com a defensoria ocorrido quando ela precisou de novos
documentos para substituir os que haviam sido perdidos REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS
no período em que esteve nas ruas.
DO TEXTO. SIGNIFICAÇÃO DAS
O objetivo do referido projeto é o de ir até a população
PALAVRAS. SUBSTITUIÇÃO DE
que normalmente não tem acesso à Defensoria Pública.
“Nós chegamos de forma humanizada até essas pesso- PALAVRAS OU DE TRECHOS DE TEXTO.
as em situação de rua. Com esse trabalho nós estamos REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE
garantindo seu acesso à justiça e aos direitos para que ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO TEXTO.
consigam se beneficiar de outras políticas públicas”, ex- REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES
plica a coordenadora do Departamento de Atividade Psi- GÊNEROS E NÍVEIS DE FORMALIDADE
cossocial.
A mais recente visita de participantes de outro projeto, o
Atenção à População de Rua do Assentamento Noroeste,
levou respostas às demandas solicitadas pelos morado- Semântica é o estudo da significação das palavras
res. O foco foram soluções e retornos de casos como o e das suas mudanças de significação através do tempo
de um morador que tem problemas com a justiça e que ou em determinada época. A maior importância está em
está sendo assistido por um defensor público e o de uma distinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia)
senhora que estava internada em um hospital público e e homônimos e parônimos (homonímia / paronímia).
conseguiu uma cirurgia por meio dos serviços da defen-
soria. Sinônimos
As visitas acontecem mensalmente, sendo a maior de-
manda a solicitação de registro civil. “As certidões de São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto
nascimento figuram entre as demandas porque essas - abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar -
pessoas não as conseguiram por outros serviços, e a de- abolir.
fensoria teve que intervir. Nós entramos para solucionar Duas palavras são totalmente sinônimas quando
problemas: vamos até as ruas para informar sobre o tra- são substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto
balho da defensoria, para que seus direitos sejam garan- (cara e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas
tidos”, afirma a coordenadora. quando, ocasionalmente, podem ser substituídas,
Internet: <www.defensoria.df.gov.br.> (com uma pela outra, em deteminado enunciado (aguadar e
adaptações). esperar).
Observação:
No trecho “respostas às demandas”, o emprego do sinal A contribuição greco-latina é responsável pela
indicativo de crase justifica-se pela regência do substan- existência de numerosos pares de sinônimos: adversário e
tivo “respostas”, que exige complemento antecedido da antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo;
preposição a, e pela presença de artigo feminino plural contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo;
que determina “demandas”. transformação e metamorfose; oposição e antítese.
No trecho “respostas às demandas”, o emprego do São palavras que se opõem através de seu significado:
sinal indicativo de crase justifica-se pela regência ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar;
do substantivo “respostas”, que exige complemento mal - bem.
antecedido da preposição a, e pela presença de artigo
feminino plural que determina “demandas”. Observação:
Não há o que explicar! A afirmação faz isso! A antonímia pode se originar de um prefixo de
GABARITO OFICIAL: CERTO sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer;
simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e
discórdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista
e anticomunista; simétrico e assimétrico.
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS
Homônimos e Parônimos
“Prezado Candidato, o tópico acima foi abordado no Homônimos = palavras que possuem a mesma
decorrer da matéria” grafia ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes.
Podem ser
LÍNGUA PORTUGUESA
87
B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
diferentes na escrita: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
acender (atear) e ascender (subir); concertar XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua
(harmonizar) e consertar (reparar); cela (compartimento) Portuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.
e sela (arreio); censo (recenseamento) e senso ( juízo); paço
(palácio) e passo (andar). SITE
Disponível em: <http://www.coladaweb.com/
C) Homógrafas e homófonas simultaneamente portugues/sinonimos,-antonimos,-homonimos-e-
(ou perfeitas): São palavras iguais na escrita e na paronimos>
pronúncia:
caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e POLISSEMIA
cedo (adv.); livre (adj.) e livre (verbo).
Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir
Parônimos = palavras com sentidos diferentes, multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
porém de formas relativamente próximas. São palavras um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
parecidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptáculo mas que abarca um grande número de significados
de vime; cesta de basquete/esporte) e sesta (descanso dentro de seu próprio campo semântico.
após o almoço), eminente (ilustre) e iminente (que Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo
está para ocorrer), osso (substantivo) e ouço (verbo), percebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade
sede (substantivo e/ou verbo “ser” no imperativo) e de algo. Possibilidades de várias interpretações levando-
cede (verbo), comprimento (medida) e cumprimento se em consideração as situações de aplicabilidade. Há
(saudação), autuar (processar) e atuar (agir), infligir uma infinidade de exemplos em que podemos verificar a
(aplicar pena) e infringir (violar), deferir (atender a) e ocorrência da polissemia:
diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emitir som), O rapaz é um tremendo gato.
aprender (conhecer) e apreender (assimilar; apropriar-
O gato do vizinho é peralta.
se de), tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
movimento, trânsito), mandato (procuração) e mandado
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
(ordem), emergir (subir à superfície) e imergir (mergulhar,
sobrevivência
afundar).
O passarinho foi atingido no bico.
Hiperonímia e Hiponímia
Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de
Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em
a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo comum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido
o hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
hiperônimo, mais abrangente. que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão”
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao ou “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões
hipônimo, criando, assim, uma relação de dependência é o formato quadriculado que têm.
semântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de
hiperonímia com carros, já que veículos é uma palavra de Polissemia e homonímia
significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões.
Veículos é um hiperônimo de carros. A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em comum. Quando a mesma palavra apresenta vários
quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A significados, estamos na presença da polissemia. Por
utilização correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, outro lado, quando duas ou mais palavras com origens
evita a repetição desnecessária de termos. e significados distintos têm a mesma grafia e fonologia,
temos uma homonímia.
Parônimos: São palavras parecidas na escrita e A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
na pronúncia: Coro e couro, cesta e sesta, eminente e significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não
iminente, tetânico e titânico, atoar e atuar, degradar é polissemia porque os diferentes significados para a
e degredar, cético e séptico, prescrever e proscrever, palavra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma
descrição e discrição, infligir (aplicar) e infringir palavra polissêmica: pode significar o elemento básico
(transgredir), osso e ouço, sede (vontade de beber) do alfabeto, o texto de uma canção ou a caligrafia de
e cede (verbo ceder), comprimento e cumprimento, um determinado indivíduo. Neste caso, os diferentes
deferir (conceder, dar deferimento) e diferir (ser diferente, significados estão interligados porque remetem para o
divergir, adiar), ratificar (confirmar) e retificar (tornar reto, mesmo conceito, o da escrita.
corrigir), vultoso (volumoso, muito grande: soma vultosa)
e vultuoso (congestionado: rosto vultuoso). Polissemia e ambiguidade
LÍNGUA PORTUGUESA
88
Pessoas que têm uma alimentação equilibrada A) Denotação
frequentemente são felizes. Uma palavra é usada no sentido denotativo quando
Neste caso podem existir duas interpretações apresenta seu significado original, independentemente
diferentes: do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significado
As pessoas têm alimentação equilibrada porque mais objetivo e comum, aquele imediatamente
são felizes ou são felizes porque têm uma alimentação reconhecido e muitas vezes associado ao primeiro
equilibrada. significado que aparece nos dicionários, sendo o
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, significado mais literal da palavra.
ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma A denotação tem como finalidade informar o receptor
interpretação. Para fazer a interpretação correta é muito da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um
caráter prático. É utilizada em textos informativos, como
importante saber qual o contexto em que a frase é
jornais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de
proferida.
medicamentos, textos científicos, entre outros. A palavra
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção
“pau”, por exemplo, em seu sentido denotativo é apenas
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, um pedaço de madeira. Outros exemplos:
comicidade. Repare na figura abaixo: O elefante é um mamífero.
As estrelas deixam o céu mais bonito!
B) Conotação
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes
interpretações, dependendo do contexto em que esteja
inserida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que
vão além do sentido original da palavra, ampliando sua
significação mediante a circunstância em que a mesma
é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbólico.
Como no exemplo da palavra “pau”: em seu sentido
conotativo ela pode significar castigo (dar-lhe um pau),
(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto- reprovação (tomei pau no concurso).
cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014). A conotação tem como finalidade provocar
sentimentos no receptor da mensagem, através da
Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras,
expressividade e afetividade que transmite. É utilizada
mas duas seriam:
principalmente numa linguagem poética e na literatura,
mas também ocorre em conversas cotidianas, em letras
Corte e coloração capilar de música, em anúncios publicitários, entre outros.
ou Exemplos:
Faço corte e pintura capilar Você é o meu sol!
Minha vida é um mar de tristezas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Você tem um coração de pedra!
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Cochar. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010. #FicaDica
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Procure associar Denotação com Dicionário:
trata-se de definição literal, quando o termo
é utilizado com o sentido que consta no di-
SITE
cionário.
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/
gramatica/polissemia.htm>
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Exemplos de variação no significado das palavras:
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto
Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –
literal)
LÍNGUA PORTUGUESA
89
― Visconde de Pirajá, 127 ― respondi, e seu Joaquim
desenhou o endereço na nota.
EXERCÍCIOS COMENTADOS ― Tudo bem, seu Ferreira. Dentro de um mês estará lá
sua estante.
1. (PCJ-MT – DELEGADO SUBSTITUTO – CESPE – 2017) ― Um mês, seu Joaquim! Tudo isso? Veja se reduz esse
prazo.
Texto CG1A1BBB ― A estante é grande, dá muito trabalho... Digamos, três
semanas.
Segundo o parágrafo único do art. 1.º da Constituição Ferreira Gullar. A estante. In: A estranha vida banal.
da República Federativa do Brasil, “Todo o poder emana Rio de Janeiro: José Olympio, 1989 (com adaptações)
do povo, que o exerce por meio de representantes elei-
tos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Em A expressão “armar ali a minha tenda” foi
virtude desse comando, afirma-se que o poder dos juízes empregada no texto em sentido figurado.
emana do povo e em seu nome é exercido. A forma de
sua investidura é legitimada pela compatibilidade com as ( ) CERTO ( ) ERRADO
regras do Estado de direito e eles são, assim, autênticos
agentes do poder popular, que o Estado polariza e exer- (...) mas dava para armar ali a minha tenda de reflexões
ce. Na Itália, isso é constantemente lembrado, porque e leitura = trecho empregado em sentido figurado.
toda sentença é dedicada (intestata) ao povo italiano, em GABARITO OFICIAL: Certo
nome do qual é pronunciada.
Cândido Rangel Dinamarco. A instrumentalidade do 3. (INSS - TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016)
processo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, p. 195 O verbo dever (“deve ser 227”) foi empregado no sentido
(com adaptações). de ser provável.
ainda o número do prédio. Tanto que, quando seu Joa- aposentada há 16 anos. Em um país onde os chefes de
quim, ao preencher a nota de encomenda, perguntou- Estado costumam permanecer no trono até a morte, as
-me onde seria entregue a estante, tive um momento de súditas têm o direito de se aposentar com 60 anos de
hesitação. Mas foi só um momento. Pensei rápido: “Se o vida. Os súditos, com 65 anos.
prédio do Mário é 228, o meu, que fica quase em frente, Funcionários públicos e trabalhadores comuns recebem
deve ser 227”. Mas lembrei-me de que, ao ir ali pela pri- 350 libras de pensão por mês, metade do salário mínimo
meira vez, observara que, apesar de ficar em frente ao do na Inglaterra. Para ter direito a esse benefício, os britâni-
Mário, havia uma diferença na numeração. cos descontam em média 10% do que recebem.
90
Além disso, todos são obrigados a pagar um plano de Texto: (...) Da parte de um juiz tão competente em ma-
aposentadoria particular, para complementar a pensão térias literárias este ato é honroso para o Sr. Oliveira.
que o Estado garante. O desconto médio é de 8% sobre Estamos ansiosos por ler a peça do Sr. Oliveira, e fica-
os vencimentos. Assim fica assegurado um rendimento mos certos de que ela fará a fortuna de qualquer te-
de metade do salário da ativa. atro. O termo “fortuna” pode ter o sentido de riqueza
As vantagens da modernização do sistema todos os apo- material e, também, o de literária, ambos denotarão
sentados britânicos percebem. Quem não tem onde mo- sucesso ao Sr. Oliveira.
rar ganha casa do governo. Quando as pernas fraquejam, GABARITO OFICIAL: CERTO
a condução da prefeitura leva os velhinhos para qualquer
lugar. E, se já não der mais para sair de casa, um assisten-
6. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010)
te social entrega comida na porta.
A pobreza é um dos fatores mais comumente responsáveis
Internet: <http://jornalnacional.globo.com/semana>.
Acesso em 22 fev. 2003. (Com adaptações.) pelo baixo nível de desenvolvimento humano e pela
origem de uma série de mazelas, algumas das quais
A expressão “vitalícia” tem o sentido de assegurada de- proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso do
pois da morte do genitor. trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas
sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde
( ) CERTO ( ) ERRADO o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga
crianças e adolescentes a participarem do processo de
A expressão “vitalícia” significa “para a vida toda”, produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem
portanto é assegurada mesmo depois da morte, e não e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de
apenas “depois”. hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do
GABARITO OFICIAL: ERRADO Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil
foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado,
5. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO ele continua sendo grave problema nos países mais
SOCIAL – CESPE – 2016) pobres.
Levantou-se da cama o pobre namorado sem ter conse- Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com
guido dormir. Vinha nascendo o Sol. adaptações).
Quis ler os jornais e pediu-os.
Já os ia pondo de lado, por haver acabado de ler, quan-
A palavra “chaga”, empregada com o sentido de ferida
do repentinamente viu seu nome impresso no Jornal do
Comércio. social, refere-se, na estrutura sintática do parágrafo, a
Era um artigo a pedido com o título de Uma Obra-Prima. “pobreza”.
Dizia o artigo:
Temos o prazer de anunciar ao país o próximo apareci- ( ) CERTO ( ) ERRADO
mento de uma excelente comédia, estreia de um jovem
literato fluminense, de nome Antônio Carlos de Oliveira. (...) É o caso do trabalho infantil. A chaga encontra
Este robusto talento, por muito tempo incógnito, vai en- terreno = refere-se a “trabalho infantil”.
fim entrar nos mares da publicidade, e para isso procu- GABARITO OFICIAL: ERRADO
rou logo ensaiar-se em uma obra de certo vulto.
Consta-nos que o autor, solicitado por seus numerosos 7. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CARGO
amigos, leu há dias a comédia em casa do Sr. Dr. Estêvão 33 – TÉCNICO ADMINISTRATIVO - Nível Médio –
Soares, diante de um luzido auditório, que aplaudiu mui- CESPE-2013)
to e profetizou no Sr. Oliveira um futuro Shakespeare. Há um dispositivo no Código Civil que condiciona a
O Sr. Dr. Estêvão Soares levou a sua amabilidade ao pon- edição de biografias à autorização do biografado ou
to de pedir a comédia para ler segunda vez, e ontem ao descendentes. As consequências da norma são negativas.
encontrar-se na rua com o Sr. Oliveira, de tal entusiasmo Uma delas é a impossibilidade de se registrar e deixar
vinha possuído que o abraçou estreitamente, com gran-
para a posteridade a vida de personagens importantes
de pasmo dos numerosos transeuntes.
na formação do país, em qualquer ramo de atividade.
Da parte de um juiz tão competente em matérias literá-
Permite-se a interdição de registros de época, em
rias este ato é honroso para o Sr. Oliveira.
Estamos ansiosos por ler a peça do Sr. Oliveira, e ficamos prejuízo dos historiadores e pesquisadores do futuro.
certos de que ela fará a fortuna de qualquer teatro. Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo,
O amigo das letras. o relato da vida do poeta Manoel Bandeira e dos
escritores Mário de Andrade e Guimarães Rosa. Tanto no
LÍNGUA PORTUGUESA
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O alegado “direito à privacidade” é argumento frágil para justificar o veto a que a historiografia do país seja
enriquecida, como se não bastasse o fato de o poder de censura concedido a biografados e herdeiros ser um atentado
à Constituição.
O Globo, 23/9/2013 (com adaptações).
( ) CERTO ( ) ERRADO
(...) Permite-se a interdição de registros de época, em prejuízo dos historiadores e pesquisadores do futuro.
Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o relato da vida do poeta Manoel Bandeira e dos escritores Mário de
Andrade e Guimarães Rosa = o sentido é o de “impedido”.
GABARITO OFICIAL: ERRADO
A figura de palavra consiste na substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, seja
por uma relação muito próxima (contiguidade), seja por uma associação, uma comparação, uma similaridade. São
construções que transformam o significado das palavras para tirar delas maior efeito ou para construir uma mensagem
nova.
Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro
significativo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Quem com ferro fere com ferro será ferido.
Assonância - Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos: “Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”
Onomatopeia - Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade: Os sinos faziam
blem, blem, blem.
Paranomásia – é o uso de sons semelhantes em palavras próximas: “A fossa, a bossa, a nossa grande dor...” (Carlos
Lyra)
LÍNGUA PORTUGUESA
1.2.1. Metáfora
Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em
virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa e percebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da
palavra fora de seu sentido normal.
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Observação: Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir
Toda metáfora é uma espécie de comparação implíci- às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram
ta, em que o elemento comparativo não aparece. chamadas, não apenas uma mulher).
Seus olhos são como luzes brilhantes. Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (=
O exemplo acima mostra uma comparação evidente, Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone).
através do emprego da palavra como. Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Al-
Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes. guns astronautas foram à Lua).
Neste exemplo não há mais uma comparação (note a Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá
para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado).
ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja,
qualidade do que é semelhante.
1.2.3. Catacrese
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me.
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contí-
Esta é a verdadeira metáfora. nuo, cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando,
Outros exemplos: por falta de um termo específico para designar um con-
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando ceito, toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a
Pessoa) empregar algumas palavras fora de seu sentido original.
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que Exemplos: “asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do
o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio rosto”, “pé da mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do aba-
subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando caxi”.
a fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.).
1.2.4. Perífrase ou Antonomásia
Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar
algum. Trata-se de uma expressão que designa um ser atra-
Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na fra- vés de alguma de suas características ou atributos, ou de
se acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão um fato que o celebrizou. É a substituição de um nome
que indica uma alma rústica e abandonada (e angustia- por outro ou por uma expressão que facilmente o iden-
tifique:
damente inútil), há uma comparação subentendida: Mi-
A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua
nha alma é tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma
atraindo visitantes do mundo todo.
estrada de terra que leva a lugar algum. A Cidade-Luz (=Paris)
O rei das selvas (=o leão)
A Amazônia é o pulmão do mundo.
Em sua mente povoa só inveja. Observação:
Quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o
1.2.2. Metonímia (ou sinédoque) nome de antonomásia. Exemplos:
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida prati-
É a substituição de um nome por outro, em virtude de cando o bem.
existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito
pode acontecer dos seguintes modos: jovem.
Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções.
Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis).
Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= 1.2.4. Sinestesia
As lâmpadas iluminam o mundo).
Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen-
cruz. (= Não te afastes da religião). sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
cruzamento de sensações distintas.
Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso
Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito =
Havana. (= Fumei um saboroso charuto).
auditivo; áspero = tátil)
Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócra- No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte-
tes tomou veneno). cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual)
Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil)
trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que pro-
duzo). 1.2.5. Antítese
Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (=
Bebeu todo o líquido que estava no cálice). Consiste no emprego de palavras que se opõem
Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones quanto ao sentido. O contraste que se estabelece serve,
LÍNGUA PORTUGUESA
foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos en-
dos jogadores). volvidos que não se conseguiria com a exposição isolada
Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressada- dos mesmos. Observe os exemplos:
mente. (= Várias pessoas passavam apressadamente). “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem O corpo é grande e a alma é pequena.
nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse “Quando um muro separa, uma ponte une.”
mundo). Não há gosto sem desgosto.
93
1.2.6. Paradoxo ou oximoro Moça, que fazes aí parada?
“Pai Nosso, que estais no céu”
É a associação de ideias, além de contrastantes, con- Deus, ó Deus! Onde estás?
traditórias. Seria a antítese ao extremo.
Era dor, sim, mas uma dor deliciosa. 1.3.2. Gradação (ou clímax)
Ouvimos as vozes do silêncio.
Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni-
1.2.7. Eufemismo mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descen-
dente (anticlímax). Observe este exemplo:
É o emprego de uma expressão mais suave, mais no- Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana
bre ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa com seus olhos claros e brincalhões...
áspera, desagradável ou chocante. O objetivo do narrador é mostrar a expressividade
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Se- dos olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se
nhor. (= morreu) refere ao céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e
O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou) seus olhos. Nota-se que o pensamento foi expresso em
Fernando faltou com a verdade. (= mentiu) ordem decrescente de intensidade. Outros exemplos:
Faltar à verdade. (= mentir) “Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu
amor”. (Olavo Bilac)
1.2.8. Ironia “O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, co-
lheu-se.” (Padre Antônio Vieira)
É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do
que as palavras ou frases expressam, geralmente apre- 1.3.3. Elipse
sentando intenção sarcástica. A ironia deve ser muito
bem construída para que cumpra a sua finalidade; mal Consiste na omissão de um ou mais termos numa
construída, pode passar uma ideia exatamente oposta à
oração e que podem ser facilmente identificados, tanto
desejada pelo emissor.
por elementos gramaticais presentes na própria oração,
Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota
quanto pelo contexto.
mínima.
A catedral da Sé. (a igreja catedral)
Parece um anjinho aquele menino, briga com todos
Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao es-
que estão por perto.
tádio)
O governador foi sutil como um elefante.
É a expressão intencionalmente exagerada com o in- Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
tuito de realçar uma ideia. a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
Faria isso milhões de vezes se fosse preciso. Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
“Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac) português)
O concurseiro quase morre de tanto estudar! Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só
modernos. (só havia móveis)
1.2.10. Prosopopeia ou Personificação Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
que pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza- com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence
-se pelo chamamento do receptor da mensagem, seja ele ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo
imaginário ou não. A introdução da apóstrofe interrompe (a cidade de Porto Velho).
a linha de pensamento do discurso, destacando-se assim B) Vossa Excelência está preocupado.
a entidade a que se dirige e a ideia que se pretende pôr O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes-
em evidência com tal invocação. Realiza-se por meio do soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vos-
vocativo. Exemplos: sa Excelência.
94
Silepse de Número - Os números são singular e Assim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o
plural. A silepse de número ocorre quando o verbo da pronome “lo” classificado como objeto direto pleonástico.
oração não concorda gramaticalmente com o sujeito da Outro exemplo:
oração, mas com a ideia que nele está contida. Exemplos: Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto
de Salvador.
O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto. Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o
pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleo-
Note que nos exemplos acima, os verbos andaram e nástico.
gritavam não concordam gramaticalmente com os sujei-
tos das orações (que se encontram no singular, procissão Observação:
e povo, respectivamente), mas com a ideia que neles está O pleonasmo só tem razão de ser quando confere
contida. Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um pleonas-
isso que os verbos estão no plural. mo vicioso:
Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: Vi aquela cena com meus próprios olhos.
eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles Vamos subir para cima.
(as três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há Ele desceu pra baixo.
um desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não
concorda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa 1.3.8. Anáfora
que está inscrita no sujeito. Exemplos:
O que não compreendo é como os brasileiros persista- É a repetição de uma ou mais palavras no início de
mos em aceitar essa situação. várias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho. coerência. Pela repetição, a palavra ou expressão em cau-
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jar- sa é posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar
dins públicos.” (Machado de Assis) determinado elemento textual. Os termos anafóricos po-
dem muitas vezes ser substituídos por pronomes.
Observe que os verbos persistamos, temos e somos Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te co-
não concordam gramaticalmente com os seus sujeitos nhecia.
(brasileiros, agricultores e cariocas, que estão na terceira “Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo aca-
pessoa), mas com a ideia que neles está contida (nós, os ba.” (Padre Vieira)
brasileiros, os agricultores e os cariocas).
1.3.9. Anacoluto
1.3.6. Polissíndeto / Assíndeto
Consiste na mudança da construção sintática no meio
Para estudarmos as duas figuras de construção é ne- da frase, ficando alguns termos desligados do resto do
cessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre período. É a quebra da estrutura normal da frase para a
período composto. No período composto por coordena- introdução de uma palavra ou expressão sem nenhuma
ção, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A ligação sintática com as demais.
oração coordenada ligada por uma conjunção (conecti- Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
vo) é sindética; a oração que não apresenta conectivo é Morrer, todo haveremos de morrer.
assindética. Recordado esse conceito, podemos definir as Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
duas figuras de construção:
A) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela re- A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo,
petição enfática dos conectivos. Observe o exem- deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma
plo: O menino resmunga, e chora, e grita, e nin- interrupção da frase e esta expressão fica à parte, não
guém faz nada. exercendo nenhuma função sintática. O anacoluto tam-
B) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela au- bém é chamado de “frase quebrada”, pois corresponde
sência, pela omissão das conjunções coordenati- a uma interrupção na sequência lógica do pensamento.
vas, resultando no uso de orações coordenadas
assindéticas. Exemplos: Observação:
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família. O anacoluto deve ser usado com finalidade expressi-
“Vim, vi, venci.” (Júlio César) va em casos muito especiais. Em geral, evite-o.
Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da
mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o
realçar a ideia, torná-la mais expressiva. sujeito venha depois do predicado:
O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo. Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O
amor venceu ao ódio)
Nesta oração, os termos “o problema da violência” Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria:
e “lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto. Eu cuido dos meus problemas)
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#FicaDica
O nosso Hino Nacional é um exemplo de hipérbato, já que, na ordem direta, teríamos: “As margens plá-
cidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico”.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
a) metonímia.
b) eufemismo.
c) hipérbole.
d) metáfora.
e) catacrese.
Resposta: Letra D. A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e trans-
portá-la para um novo campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma simila-
ridade existente entre as duas.
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)
a) metonímia
b) prosopopeia
c) hipérbole
d) eufemismo
e) onomatopeia
Resposta: Letra D. “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para
comunicar alguma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da tirinha, é utilizada a expressão “deram suas
vidas por nós” no lugar de “que morreram por nós”.
3. (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE – SUPERIOR - COPEVE/UFAL/2014)
Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto.
O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, horário
do dia em que o calor é mais intenso, a temperatura do asfalto, medida com um termômetro de contato, chegou a
65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local alcançasse aproximadamente 90ºC.
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso em: 22 jan. 2014.
LÍNGUA PORTUGUESA
O texto cita que o dito popular “está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de lingua-
gem. O autor do texto refere-se a qual figura de linguagem?
a) Eufemismo.
b) Hipérbole.
c) Paradoxo.
d) Metonímia.
e) Hipérbato.
96
Resposta: Letra B. A expressão é um exagero! Ela ser- A Ordem dos Termos na Frase
ve apenas para representar o calor excessivo que está
fazendo. A figura que é utilizada “mil vezes” (!) para Leia novamente a frase contida no item 2. Note que
atingir tal objetivo é a hipérbole. ela é organizada de maneira clara para produzir sentido.
Todavia, há diferentes maneiras de se organizar grama-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ticalmente tal frase, tudo depende da necessidade ou da
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa vontade do redator em manter o sentido, ou mantê-lo,
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. porém, acrescentado ênfase a algum dos seus termos.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- Significa dizer que, ao escrever, podemos fazer uma série
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. de inversões e intercalações em nossas frases, confor-
– São Paulo: Saraiva, 2010. me a nossa vontade e estilo. Tudo depende da maneira
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, como queremos transmitir uma ideia, do nosso estilo.
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira Por exemplo, podemos expressar a mensagem da frase
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
2 da seguinte maneira:
São Paulo: Saraiva, 2002.
No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-
sando desemprego.
SITES
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
coes/estil/estil8.php> Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma,
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- apenas mudamos a ordem das palavras para dar ênfase
coes/estil/estil5.php> a alguns termos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repa-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- re que, para obter a clareza tivemos que fazer o uso de
coes/estil/estil2.php> vírgulas.
Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado
REESCRITA DE TEXTOS/EQUIVALÊNCIA DE ESTRU- e o que mais nos auxilia na organização de um período,
TURAS pois facilita as boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a
vírgula ajuda-nos a não “embolar” o sentido quando pro-
“Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase duzimos frases complexas. Com isto, “entregamos” frases
leva-nos a refletir sobre a organização das ideias em um bem organizadas aos nossos leitores.
texto. Significa dizer que, antes da redação, naturalmente O básico para a organização sintática das frases é a
devemos dominar o assunto sobre o qual iremos tratar e, ordem direta dos termos da oração. Os gramáticos es-
posteriormente, planejar o modo como iremos expô-lo, truturam tal ordem da seguinte maneira:
do contrário haverá dificuldade em transmitir ideias bem SUJEITO + VERBO+ COMPLEMENTO VERBAL+
acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação de textos e CIRCUNSTÂNCIAS
a experiência de vida antecedem o ato de escrever. A globalização + está causando+ desemprego + no
Obtido um razoável conhecimento sobre o que ire- Brasil nos dias de hoje.
mos escrever, feito o esquema de exposição da matéria,
é necessário saber ordenar as ideias em frases bem es- Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem
truturadas. Logo, não basta conhecer bem um determi- todas contêm todos estes elementos, portanto cabem
nado assunto, temos que o transmitir de maneira clara algumas observações:
aos leitores. A) As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.)
O estudo da pontuação pode se tornar um valioso
normalmente são representadas por adjuntos adverbiais
aliado para organizarmos as ideias de maneira clara em
de tempo, lugar, etc. Note que, no mais das vezes, quan-
frases. Para tanto, é necessário ter alguma noção de sin-
do queremos recordar algo ou narrar uma história, existe
taxe. “Sintaxe”, conforme o dicionário Aurélio, é a “parte
da gramática que estuda a disposição das palavras na a tendência a colocar os adjuntos nos começos das fra-
frase e a das frases no discurso, bem como a relação ló- ses:
gica das frases entre si”; ou em outras palavras, sintaxe “No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas
quer dizer “mistura”, isto é, saber misturar as palavras de minhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os verbos
maneira a produzirem um sentido evidente para os re- e outros elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil
ceptores das nossas mensagens. Observe: existe…”
1. A desemprego globalização no Brasil e no na está
Latina América causando. Observações:
2. A globalização está causando desemprego no Brasil Tais construções não estão erradas, mas rompem com
e na América Latina. a ordem direta;
É preciso notar que em Língua Portuguesa, há mui-
LÍNGUA PORTUGUESA
Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma tas frases que não têm sujeito, somente predicado. Por
frase, as palavras estão amontoadas sem a realização exemplo: Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Fri-
de “uma sintaxe”, não há um contexto linguístico nem burgo. São quatro horas agora;
relação inteligível com a realidade; no caso 2, a sintaxe Outras frases são construídas com verbos intransiti-
ocorreu de maneira perfeita e o sentido está claro para vos, que não têm complemento:
receptores de língua portuguesa inteirados da situação O menino morreu na Alemanha. (sujeito +verbo+ ad-
econômica e cultural do mundo atual. junto adverbial)
97
A globalização nasceu no século XX. (idem) A globalização causa desemprego, e isto é lamentável,
Há ainda frases nominais que não possuem verbos: no Brasil…
cada macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a or- Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não
dem direta faz-se naturalmente. Usam-se apenas os ter- pertence ao assunto: globalização, da frase principal, tal
mos existentes nelas. oração é apenas um comentário à parte entre o comple-
mento verbal e os adjuntos).
Levando em consideração a ordem direta, podemos
estabelecer três regras básicas para o uso da vírgula: Observação:
Se os termos estão colocados na ordem direta não A simples negação em uma frase não exige vírgula: A
haverá a necessidade de vírgulas. A frase 2 é um exem- globalização não causou desemprego no Brasil e na Amé-
plo disto: rica Latina.
A globalização está causando desemprego no Brasil e
na América Latina. C) Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-
-a, tal quebra torna a vírgula necessária. Esta é a regra n.º
3 da colocação da vírgula.
Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da ora-
No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-
ção por três vezes ou mais, então é necessário usar a vír-
sando desemprego…
gula, mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta No fim do século XX, a globalização causou desempre-
é a regra básica n.º1 para a colocação da vírgula. Veja: go no Brasil…
A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira”
causam desemprego… Nota-se que a quebra da ordem direta frequente-
(três núcleos do sujeito) mente se dá com a colocação das circunstâncias antes
do sujeito. Trata-se da ordem inversa. Estas circunstân-
A globalização causa desemprego no Brasil, na Améri- cias, em gramática, são representadas pelos adjuntos ad-
ca Latina e na África. verbiais. Muitas vezes, elas são colocadas em orações
(três adjuntos adverbiais) chamadas adverbiais que têm uma função semelhante
a dos adjuntos adverbiais, isto é, denotam tempo, lugar,
A globalização está causando desemprego, insatisfa- etc. Exemplos:
ção e sucateamento industrial no Brasil e na América Lati- Quando o século XX estava terminando, a globalização
na. (três complementos verbais) começou a causar desemprego.
Enquanto os países portadores de alta tecnologia de-
B) Em princípio, não devemos, na ordem direta, sepa- senvolvem-se, a globalização causa desemprego nos paí-
rar com vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu ses pobres.
complemento, nem o complemento e as circunstâncias, Durante o século XX, a Globalização causou desempre-
ou seja, não devemos separar com vírgula os termos da go no Brasil.
oração. Veja exemplos de tal incorreção:
O Brasil, será feliz. Observação:
A globalização causa, o desemprego. Quanto à equivalência e transformação de estruturas,
um exemplo muito comum cobrado em provas é o enun-
Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre ciado trazer uma frase no singular e pedir a passagem
para o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo é a
os termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas,
mudança de tempos verbais.
assim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é
a regra básica n.º 2 para a colocação da vírgula. Dito em
SITE
outras palavras: quando intercalamos expressões e frases Disponível em: <http://ricardovigna.wordpress.
entre os termos da oração, devemos isolar os mesmos com/2009/02/02/estudos-de-linguagem-1-estrutura-
com vírgulas. Vejamos: -frasal-e-pontuacao/>
A globalização, fenômeno econômico deste fim de sé-
culo XX, causa desemprego no Brasil. NÍVEIS DE LINGUAGEM
Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o
sujeito e o verbo. A língua é um código de que se serve o homem
para elaborar mensagens, para se comunicar. Existem
Outros exemplos: basicamente duas modalidades de língua, ou seja, duas
A globalização, que é um fenômeno econômico e cul- línguas funcionais:
tural, está causando desemprego no Brasil e na América A) a língua funcional de modalidade culta, língua
Latina. culta ou língua-padrão, que compreende a lín-
Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada. gua literária, tem por base a norma culta, forma
LÍNGUA PORTUGUESA
As orações adjetivas explicativas desempenham fre- linguística utilizada pelo segmento mais culto e
quentemente um papel semelhante ao do aposto expli- influente de uma sociedade. Constitui, em suma,
cativo, por isto são também isoladas por vírgula. a língua utilizada pelos veículos de comunicação
A globalização causa, caro leitor, desemprego no Bra- de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais,
sil… revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de
Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o serem aliados da escola, prestando serviço à socie-
seu complemento. dade, colaborando na educação;
98
B) a língua funcional de modalidade popular; lín- Considera-se momento neutro o utilizado nos
gua popular ou língua cotidiana, que apresenta veículos de comunicação de massa (rádio, televisão,
gradações as mais diversas, tem o seu limite na gí- jornal, revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem
ria e no calão. deslizes ou transgressões da norma culta na pena ou na
boca de jornalistas, quando no exercício do trabalho, que
Norma culta deve refletir serviço à causa do ensino.
A norma culta, forma linguística que todo povo O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
civilizado possui, é a que assegura a unidade da língua poética, caracterizado por construções de rara beleza.
nacional. E justamente em nome dessa unidade, tão
Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
importante do ponto de vista político--cultural, que é
Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
ensinada nas escolas e difundida nas gramáticas. Sendo
de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta
mais espontânea e criativa, a língua popular afigura-se
mais expressiva e dinâmica. Temos, assim, à guisa de o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico
exemplificação: registro de linguagem definitivamente consagrado pelo
Estou preocupado. (norma culta) uso, ainda que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
Tô preocupado. (língua popular) Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir)
Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos
Não basta conhecer apenas uma modalidade de vamos dispersar e Não vamos dispersar-nos)
língua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu:
espontaneidade, expressividade e enorme criatividade, Tenho de sair daqui bem depressa)
para viver; urge conhecer a língua culta para conviver. O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das no seu posto)
normas da língua culta.
As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos
O conceito de erro em língua impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são
exemplos também de transgressões ou “erros” que se
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto
tornaram fatos linguísticos, já que só correm hoje porque
nos casos de ortografia. O que normalmente se comete
a maioria viu tais verbos como derivados de pedir, que
são transgressões da norma culta. De fato, aquele que,
tem início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou
num momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou
ele falar”, não comete propriamente erro; na verdade, para se arcaizarem as formas então legítimas impido,
transgride a norma culta. despido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-
Um repórter, ao cometer uma transgressão em escolarizada tem coragem de usar.
sua fala, transgride tanto quanto um indivíduo que Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário
comparece a um banquete trajando xortes ou quanto um escolar palavras como corrigir e correto, quando nos
banhista, numa praia, vestido de fraque e cartola. referimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão
Releva considerar, assim, o momento do discurso, que deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas
que pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento frases da língua popular para a língua culta”.
íntimo é o das liberdades da fala. No recesso do lar, na Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
fala entre amigos, parentes, namorados, etc., portanto, uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada
são consideradas perfeitamente normais construções do conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a
tipo: norma culta.
Eu não vi ela hoje.
Ninguém deixou ele falar. Língua escrita e língua falada - Nível de linguagem
Deixe eu ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuse!
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos
Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
falada.
Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação
norma culta, deixando mais livres os interlocutores. (melodia da frase), as pausas (intervalos significativos
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que no decorrer do discurso), além da possibilidade de
é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se gestos, olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada
por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou a modalidade mais expressiva, mais criativa, mais
espontânea e natural, estando, por isso mesmo, mais
LÍNGUA PORTUGUESA
99
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades,
mostrando as características e as vantagens de uma
e outra, sem deixar transparecer nenhum caráter de
HORA DE PRATICAR!
superioridade ou inferioridade, que em verdade inexiste.
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na
língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação 1. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016)
de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de
dialetos, consequência natural do enorme distanciamento Texto I
entre uma modalidade e outra.
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem- Naquele novo apartamento da rua Visconde de Pirajá
elaborada que a língua falada, porque é a modalidade pela primeira vez teria um escritório para trabalhar. Não
que mantém a unidade linguística de um povo, além era um cômodo muito grande, mas dava para armar ali a
de ser a que faz o pensamento atravessar o espaço e o minha tenda de reflexões e leitura: uma escrivaninha, um
tempo. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida sofá e os livros. Na parede da esquerda ficaria a grande
será possível sem a língua escrita, cujas transformações, e sonhada estante onde caberiam todos os meus livros.
por isso mesmo, processam-se lentamente e em número Tratei de encomendá-la a seu Joaquim, um marceneiro
consideravelmente menor, quando cotejada com a que tinha oficina na rua Garcia D’Ávila com Barão da Tor-
modalidade falada. re.
Importante é fazer o educando perceber que o nível O apartamento não ficava tão perto da oficina. Era quase
da linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo em frente ao prédio onde morava Mário Pedrosa, entre a
com a situação em que se desenvolve o discurso. Farme de Amoedo e a antiga Montenegro, hoje Vinicius
O ambiente sociocultural determina o nível da de Moraes. Estava ali havia uma semana e nem decorara
linguagem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a ainda o número do prédio. Tanto que, quando seu Joa-
pronúncia e até a entoação variam segundo esse nível. quim, ao preencher a nota de encomenda, perguntou-
Um padre não fala com uma criança como se estivesse -me onde seria entregue a estante, tive um momento de
em uma missa, assim como uma criança não fala como hesitação. Mas foi só um momento. Pensei rápido: “Se o
um adulto. Um engenheiro não usará um mesmo prédio do Mário é 228, o meu, que fica quase em frente,
discurso, ou um mesmo nível de fala, para colegas e deve ser 227”. Mas lembrei-me de que, ao ir ali pela pri-
para pedreiros, assim como nenhum professor utiliza o meira vez, observara que, apesar de ficar em frente ao do
mesmo nível de fala no recesso do lar e na sala de aula. Mário, havia uma diferença na numeração.
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre ― Visconde de Pirajá, 127 ― respondi, e seu Joaquim
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o desenhou o endereço na nota.
cotidiano, a que já fizemos referência. ― Tudo bem, seu Ferreira. Dentro de um mês estará lá
sua estante.
― Um mês, seu Joaquim! Tudo isso? Veja se reduz esse
prazo.
― A estante é grande, dá muito trabalho... Digamos, três
semanas.
Ferreira Gullar. A estante. In: A estranha vida banal. Rio de
Janeiro: José Olympio, 1989 (com adaptações)
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
LÍNGUA PORTUGUESA
( ) CERTO ( ) ERRADO
100
4. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016) Em suma, não é muito comum encontrarem-se vestígios
materiais do passado nas cidades brasileiras, mesmo na-
Bibliotecas sempre deram muito o que falar. Grandes mo- quelas que já existem há bastante tempo. Há, entretan-
narquias jamais deixaram de possuir as suas, e cuidavam to, algo novo acontecendo em todas elas. Independen-
delas estrategicamente. Afinal, dotes de princesas foram temente de qual tenha sido o estoque de materialidades
negociados tendo livros como objetos de barganha; tra- históricas que tenham conseguido salvar da destruição,
tados diplomáticos versaram sobre essas coleções. Os
as cidades do país vêm hoje engajando-se decisivamen-
monarcas portugueses, após o terremoto que dizimou
Lisboa, se orgulhavam de, a despeito dos destroços, te- te em um movimento de preservação do que sobrou de
rem erguido uma grande biblioteca: a Real Livraria. D. seu passado, em uma indicação flagrante de que muita
José chamava-a de joia maior do tesouro real. D. João VI, coisa mudou na forma como a sociedade brasileira se
mesmo na correria da partida para o Brasil, não se esque- relaciona com as suas memórias.
ceu dos livros. Em três diferentes levas, a Real Biblioteca Mauricio Abreu. Sobre a memória das cidades. In:
aportou nos trópicos, e foi até mesmo tema de disputa. Ana Fani Alessandri Carlos et al (Orgs.). A produção do
Internet: <http://observatoriodaimprensa.com.br> (com espaço urbano: agentes e processos, escalas e desafios.
adaptações). São Paulo: Editora Contexto, 2013, p. 21-2 (com
adaptações).
A Real Livraria foi erguida com os destroços resultantes
do terremoto que atingiu Lisboa, como símbolo da força
de Portugal na superação da tragédia que acabava de De acordo com as informações presentes no texto I,
assolar o país.
a) as cidades brasileiras não guardam vestígios materiais
( ) CERTO ( ) ERRADO relevantes de seu passado.
b) a forma como a sociedade brasileira se relaciona com
suas memórias mantém-se inalterada desde a funda-
ção das cidades mais antigas do país.
5. (PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP – ASSISTENTE DE
GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – CESPE – 2016) c) observa-se nas cidades brasileiras um movimento no
sentido da preservação dos vestígios que sobraram de
Texto I sua história.
d) as cidades brasileiras mais antigas tendem a conservar
O Brasil é um país de cidades novas. A maior parte de menos vestígios materiais de seu passado.
seus núcleos urbanos surgiu no século passado. Há cida- e) as cidades brasileiras fundadas recentemente, por se-
des, entretanto, que já existem há bastante tempo. Con- rem novas, conservam poucos vestígios materiais de
temporâneas dos primeiros tempos da colonização, algu- sua história.
mas delas já ultrapassaram inclusive a marca do quarto
centenário. Poucas são as cidades brasileiras, contudo,
6. (PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP – ASSISTENTE DE
que ainda apresentam vestígios materiais consideráveis
do passado. GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – CESPE – 2016)
Se hoje o Rio de Janeiro, fundado em 1565, vangloria- Considerando as informações apresentadas no texto I,
-se de seu “corredor cultural”, que preserva edificações assinale a opção correta.
da área central construídas na virada do século XIX para
o XX, é importante lembrar que as edificações aí situadas a) O patrimônio histórico-arquitetônico existente em Sal-
substituíram inúmeras outras antes existentes no mes- vador foi preservado graças a um movimento antigo e
mo local. Nem mesmo o berço histórico da cidade existe consciente de valorização, preservação e restauração
mais, arrasado devido à destruição do Morro do Castelo dos vestígios materiais de sua história.
em 1922. E o que falar de São Paulo, fundada em 1554? b) O título de patrimônio cultural da humanidade foi
Da pauliceia colonial e imperial quase mais nada existe,
concedido à cidade de Olinda como reconhecimen-
e, se ainda temos uma boa noção do que foi a cidade da
primeira metade do século XX, é porque contamos com a to pelo seu esforço de preservação e de valorização
paisagem eternizada das fotografias e com os belíssimos do que sobrou de suas paisagens urbanas do período
trabalhos realizados pelos geógrafos paulistas por oca- colonial.
sião do quarto centenário da cidade. c) O Morro do Castelo e algumas construções da pas-
Há outros exemplos. Olinda, fundada em 1537, orgulha- sagem do século XIX para o XX são exemplos de ma-
-se de ser patrimônio cultural da humanidade, mas esse terialidades históricas que foram sacrificadas para a
título não lhe foi conferido em razão dos testemunhos construção do ‘corredor cultural’ do Rio de Janeiro.
que sobraram da cidade antiga, em grande parte subs- d) O período de longa decadência econômica por que
LÍNGUA PORTUGUESA
tituída por construções em estilo eclético ou art déco do passaram Salvador e Ouro Preto serviu para minimizar
início do século passado. E se Salvador, criada em 1549, e as agressões ao patrimônio histórico-arquitetônico
Ouro Preto, fundada em 1711, podem gabar-se de man-
dessas cidades.
ter ainda um patrimônio histórico-arquitetônico apreciá-
vel, isso se deve muito mais à longa decadência econômi- e) O papel dos fotógrafos e dos geógrafos foi fundamen-
ca pela qual passaram, que atenuou os ataques ao parque tal para a preservação de inúmeros registros da histó-
construído, do que a qualquer veleidade preservacionista ria colonial e imperial da cidade de São Paulo, assim
local. como de sua história mais recente.
101
7. (PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP – ASSISTEN- 9. (PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP – ASSISTENTE DE
TE DE GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – CESPE GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – CESPE – 2016)
– 2016) Entre as cidades citadas no texto I, a cidade
brasileira mais antiga na qual existe patrimônio históri- Texto IV
co-arquitetônico apreciável é
A metrópole de São Paulo vem se tornando mais hetero-
a) Rio de Janeiro. gênea econômica, social e espacialmente e menos desi-
b) Salvador. gual quanto à renda, inserção no mercado de trabalho e
c) São Paulo. condições de vida de seus habitantes, mesmo nas áreas
mais precárias. A imagem emerge dos treze ensaios que
d) Olinda.
compõem o livro A Metrópole de São Paulo no Século
e) Ouro Preto.
XXI – Espaços, Heterogeneidades e Desigualdades, os
quais abordam temas específicos, a partir de um diag-
nóstico comum, para construir um panorama atual da re-
8. (PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP – ASSISTENTE DE
gião metropolitana. Tal retrato resulta das mudanças de
GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – CESPE – 2016) diversas dimensões pelas quais a metrópole passou na
última década, do perfil da pobreza às dinâmicas migra-
Texto III tórias e ligadas ao crescimento demográfico, dos moldes
de segregação social à produção habitacional e à mobi-
A história do grafite no Brasil iniciou-se na década de lidade urbana.
70 do século XX, precisamente na cidade de São Paulo, A fisionomia da metrópole, central na economia do país,
em uma época conturbada da história do Brasil, época reflete a conjuntura de modo especial, segundo o orga-
essa silenciada pela censura resultante da chegada dos nizador. Assim, tiveram impactos particulares na região
militares ao poder. metropolitana a redemocratização, na década de 80 do
Paralelamente ao movimento que despontava em Nova século XX (com a volta das eleições regulares e com a
York, o grafite surgiu no cenário da metrópole brasilei- constituição de sistemas nacionais de políticas públicas),
ra como uma arte transgressora, a linguagem da rua, da a estabilização econômica, a abertura do mercado inter-
marginalidade, que não pedia licença e que gritava nas no da década de 90 e o crescimento econômico vigoroso
paredes da cidade os incômodos de uma geração. da primeira década do século XXI.
A partir disso, a arte de grafitar se transformou em um Internet: <www.fflch.usp.br> (com adaptações).
importante veículo de comunicação urbano, corrobo-
rando, de alguma maneira, a existência de outras vozes, De acordo com o texto IV,
de outros sujeitos históricos e ativos que participam da
cidade. a) a transformação da sociedade brasileira atinge a re-
É importante ressaltar que o grafite, inicialmente, foi uma gião metropolitana de São Paulo com um atraso de
arte caracterizada pela autoria anônima, por meio da cerca de uma década.
qual o grafiteiro transformava a cidade em um importan- b) a transformação urbana da metrópole de São Paulo
te suporte de comunicação artística sem delimitação de está relacionada à conjuntura econômica brasileira.
espaço, de mensagem ou de mensageiro. c) a cidade de São Paulo é especial por refletir as trans-
Portanto, o que importava naquele momento era a arte formações do Brasil.
em si e não o nome de seu autor. Por esse motivo, os d) não há relação entre as transformações ocorridas na
ditos “cânones” são retirados de sua posição central e metrópole paulistana e as transformações ocorridas
imperativa para dar lugar a uma arte de todos e para no Brasil.
todos; arte da rua, na rua e para a rua; arte da cidade, na e) a capital paulista determinou as transformações so-
cidade e para a cidade: o grafite. Nesse sentido, a arte se ciais do Brasil, dada a sua importância política.
funde com a vida do cidadão da metrópole por meio do
10. (DPU-AGENTE ADMINISTRATIVO – CONHECI-
movimento mútuo de transformação e de identificação
MENTOS BÁSICOS – CESPE – 2016)
de seus sujeitos.
Internet: <www.todamateria.com.br> (com Saúde: direito de todos e dever do Estado. É assim que
adaptações). a Constituição Federal de 1988 inicia a sua seção sobre
o tema. Uma vez que muitas ações ou omissões vão de
De acordo com o texto III, o grafite encontro a essa previsão, cotidianamente é possível ob-
servar graves desrespeitos à Carta Magna. A Defensoria
a) faz denúncias sociais, usando uma forma de lingua- Pública, importante instituição garantida por lei assim
gem padronizada. como a saúde, busca sanar o problema por meio da via
LÍNGUA PORTUGUESA
b) caracterizou-se pela clara marca de autoria. judicial quando a mediação não produz resultados. Re-
c) materializa-se nas paredes e muros das cidades. centemente, a Defensoria Pública em Foz do Iguaçu, por
d) nasceu desvinculado da realidade, com foco na arte exemplo, obteve três decisões liminares garantindo o di-
em si. reito à saúde a três pessoas por ela assistidas.
e) constitui um importante meio de comunicação que Em todos os casos, a Defensoria Pública fez intervenção
conecta diversas pessoas em lugares públicos e pri- judicial para suprir a negativa ou a má prestação do serviço
vados. público de saúde na localidade.
102
Em um dos casos, atendeu uma gestante com histórico Conforme o texto, a Defensoria Pública deve atuar sem-
de abortos decorrentes de doença trombofílica e que ne- pre que direitos dos cidadãos são negligenciados, por
cessitava de uma medicação diária de alto custo. A me- isso atua na defesa das pessoas em situação de rua.
dicação, única opção na manutenção da gestação, havia
sido negada pelo município e pelo estado, o que colo-
cava a gestante em sério risco de sofrer mais um aborto. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Em mais uma intervenção judiciária do defensor público,
foi deferida liminar em favor da assistida, tendo o estado
e o município sido obrigados a fornecer o medicamento 12. (TJ-DFT – CONHECIMENTOS BÁSICOS – TÉCNI-
necessário durante toda a sua gestação e enquanto hou- CO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – CESPE –
ver prescrição médica, sob pena de multa diária. 2015)
Internet: <www.defensoriapublica.pr.gov.br> (com
adaptações). Ouro em Fios
Conclui-se do texto que, a despeito do que prevê a Cons- A natureza é capaz de produzir materiais preciosos,
tituição Federal, muitos cidadãos encontram dificuldades como o ouro e o cobre - condutor de ENERGIA ELÉTRICA.
em conseguir atendimento na rede pública de saúde e O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso.
acabam por recorrer à Defensoria Pública para que seus Enquanto cientistas e governos buscam novas fontes de
direitos sejam respeitados e garantidos. energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT:
- Desligue as luzes nos ambientes onde é possível usar a
( ) CERTO ( ) ERRADO iluminação natural.
- Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado.
- Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do am-
11. (DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CONHECI- biente.
MENTOS BÁSICOS – CESPE –2016) - Utilize o computador no modo espera.
Fique ligado! Evite desperdícios.
Maria Silva é moradora do Assentamento Noroeste, onde Energia elétrica.
moram cerca de cem pessoas cuja principal forma de ren- A natureza cobra o preço do desperdício.
da é o trabalho com reciclagem. Ela é uma das líderes que Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações)
lutam pelos direitos daquela comunidade. Vinda do estado
A expressão “Fique ligado”, típica da oralidade, é empre-
do Ceará, Maria chegou a Brasília em 2002 e conheceu o
gada no texto com o significado de fique atento e fun-
trabalho da Defensoria Pública por meio do projeto Moni-
ciona como uma estratégia para estabelecer uma relação
toramento da Política Nacional para a População em Situ-
de proximidade com o interlocutor.
ação de Rua, tendo seu primeiro contato com a defensoria
ocorrido quando ela precisou de novos documentos para
substituir os que haviam sido perdidos no período em que ( ) CERTO ( ) ERRADO
esteve nas ruas.
O objetivo do referido projeto é o de ir até a população que
normalmente não tem acesso à Defensoria Pública. “Nós
chegamos de forma humanizada até essas pessoas em situ- Instrução: Cada um dos itens a seguir apresenta uma
ação de rua. Com esse trabalho nós estamos garantindo seu proposta de reescritura do período “A vacinação obri-
acesso à justiça e aos direitos para que consigam se benefi- gatória foi o estopim para que o povo, já profundamente
ciar de outras políticas públicas”, explica a coordenadora do insatisfeito com o ‘bota-abaixo’ e insuflado pela imprensa,
Departamento de Atividade Psicossocial. se revoltasse.”. Julgue-os quanto à correção gramatical e
A mais recente visita de participantes de outro projeto, o à coerência com as ideias do texto.
Atenção à População de Rua do Assentamento Noroeste,
levou respostas às demandas solicitadas pelos moradores. 13. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – CES-
O foco foram soluções e retornos de casos como o de um PE – 2010) O fato de haver vacinação compulsória, foi
morador que tem problemas com a justiça e que está sen- apenas mais um dos elementos para que a população
do Rio, insatisfeita com o “bota-abaixo” e insuflada pela
do assistido por um defensor público e o de uma senhora
imprensa, se revoltasse.
que estava internada em um hospital público e conseguiu
uma cirurgia por meio dos serviços da defensoria.
As visitas acontecem mensalmente, sendo a maior deman- ( ) CERTO ( ) ERRADO
da a solicitação de registro civil. “As certidões de nascimen-
to figuram entre as demandas porque essas pessoas não
LÍNGUA PORTUGUESA
103
15. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – CES- Temos o prazer de anunciar ao país o próximo apareci-
PE – 2010) A vacinação obrigatória foi o elemento es- mento de uma excelente comédia, estreia de um jovem
sencial para que ocorresse a Revolta da Vacina, embora literato fluminense, de nome Antônio Carlos de Oliveira.
a população já estivesse muito insatisfeita com o “bota- Este robusto talento, por muito tempo incógnito, vai en-
-abaixo” e sendo insuflada pela imprensa. fim entrar nos mares da publicidade, e para isso procu-
rou logo ensaiar-se em uma obra de certo vulto.
Consta-nos que o autor, solicitado por seus numerosos
( ) CERTO ( ) ERRADO
amigos, leu há dias a comédia em casa do Sr. Dr. Estêvão
16. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – CES- Soares, diante de um luzido auditório, que aplaudiu mui-
PE – 2010) O fato de a vacinação contra a varíola ser to e profetizou no Sr. Oliveira um futuro Shakespeare.
obrigatória levou o povo a se revoltar, embora houvesse O Sr. Dr. Estêvão Soares levou a sua amabilidade ao pon-
outros motivos, tais como o “bota-abaixo”, além da mo- to de pedir a comédia para ler segunda vez, e ontem ao
tivação da imprensa. encontrar-se na rua com o Sr. Oliveira, de tal entusiasmo
vinha possuído que o abraçou estreitamente, com gran-
de pasmo dos numerosos transeuntes.
( ) CERTO ( ) ERRADO Da parte de um juiz tão competente em matérias literá-
rias este ato é honroso para o Sr. Oliveira.
Estamos ansiosos por ler a peça do Sr. Oliveira, e ficamos
17. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016) certos de que ela fará a fortuna de qualquer teatro.
Bibliotecas: Sempre deram muito o que falar. Grandes O amigo das letras.
monarquias jamais deixaram de possuir as suas, e cui- Machado de Assis. A mulher de preto. In: Contos
davam delas estrategicamente. Afinal, dotes de prin- fluminenses.
cesas foram negociados tendo livros como objetos de São Paulo: Globo, 1997. (Com adaptações.)
barganha; tratados diplomáticos versaram sobre essas
coleções. Os monarcas portugueses, após o terremoto
que dizimou Lisboa, se orgulhavam de, a despeito dos Depreende-se do texto que Antônio Carlos de Oliveira
destroços, terem erguido uma grande biblioteca: a Real vai iniciar uma atividade profissional ligada à propagan-
Livraria. D. José chamava-a de joia maior do tesouro real. da, para a qual tem muito talento.
D. João VI, mesmo na correria da partida para o Brasil,
não se esqueceu dos livros. Em três diferentes levas, a
Real Biblioteca aportou nos trópicos, e foi até mesmo ( ) CERTO ( ) ERRADO
tema de disputa.
Internet: <http://observatoriodaimprensa.com.br>.
(Com adaptações.)
20. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO
SOCIAL – CESPE – 2016)
O sinal de dois-pontos empregado imediatamente após Designado para fazer a crítica dos espetáculos líricos de
“biblioteca” introduz um termo de natureza explicativa. setembro de 1846 a outubro do ano seguinte no Jornal
do Comércio, Martins Pena se revelou um profundo co-
nhecedor da arte cênica, tanto no que se refere à prática
( ) CERTO ( ) ERRADO teatral (cenário, representação, maquinarias) quanto a
sua história, sendo não raro seus incisivos argumentos
a causa de grandes polêmicas no teatro representado na
18. (INSS – ATIVIDADE TÉCNICA DE SUPORTE: ENGE-
corte brasileira.
NHARIA ELÉTRICA – CESPE – 2010) Entre os principais
benefícios que o carro elétrico trará aos consumidores, Pena ganhou evidência como comediógrafo a partir de
está o financeiro, uma vez que o novo veículo será mais 1838, ano em que foi encenada sua peça O Juiz de Paz
econômico e com valor de mercado menor que o dos na Roça. Embora tenha produzido alguns dramas (que
automóveis convencionais. lhe renderam duras críticas), destacou-se de fato pelas
suas comédias e farsas, nas quais retratou a cultura e os
costumes da sociedade do seu tempo.
( ) CERTO ( ) ERRADO Nas suas obras, Pena buscou uma tomada de consciência
de um momento da história de nosso país, que recém
adquiria uma limitada independência, e tentou pensar
19. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO criticamente nossa cultura, com as restrições que o con-
SOCIAL – CESPE – 2016) texto impunha ao trabalho intelectual, desvencilhando-
LÍNGUA PORTUGUESA
Levantou-se da cama o pobre namorado sem ter conse- -se da tradição clássica, das comédias francesas, do tea-
guido dormir. Vinha nascendo o Sol. tro lírico e do melodrama, para criar uma nova comédia
Quis ler os jornais e pediu-os. com traços muito pessoais, o que lhe garantiu sucesso
Já os ia pondo de lado, por haver acabado de ler, quan- imediato em seu tempo e um significado ímpar na histó-
do repentinamente viu seu nome impresso no Jornal do ria do teatro brasileiro.
Comércio. Internet: <www.questaodecritica.com.br>. (Com
Era um artigo a pedido com o título de Uma Obra-Prima. adaptações.)
Dizia o artigo: Depreende-se do texto que Martins Pena começou a fa-
104
zer sucesso imediatamente após começar a escrever para 23. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016)
o Jornal do Comércio.
Texto I
( ) CERTO ( ) ERRADO
Naquele novo apartamento da rua Visconde de Pirajá
pela primeira vez teria um escritório para trabalhar. Não
21. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016) era um cômodo muito grande, mas dava para armar ali a
minha tenda de reflexões e leitura: uma escrivaninha, um
Texto I sofá e os livros. Na parede da esquerda ficaria a grande
e sonhada estante onde caberiam todos os meus livros.
Naquele novo apartamento da rua Visconde de Pirajá Tratei de encomendá-la a seu Joaquim, um marceneiro
pela primeira vez teria um escritório para trabalhar. Não que tinha oficina na rua Garcia D’Ávila com Barão da Tor-
era um cômodo muito grande, mas dava para armar ali a re.
minha tenda de reflexões e leitura: uma escrivaninha, um O apartamento não ficava tão perto da oficina. Era quase
sofá e os livros. Na parede da esquerda ficaria a grande
em frente ao prédio onde morava Mário Pedrosa, entre a
e sonhada estante onde caberiam todos os meus livros.
Farme de Amoedo e a antiga Montenegro, hoje Vinicius
Tratei de encomendá-la a seu Joaquim, um marceneiro
que tinha oficina na rua Garcia D’Ávila com Barão da Tor- de Moraes. Estava ali havia uma semana e nem decorara
re. ainda o número do prédio. Tanto que, quando seu Joa-
O apartamento não ficava tão perto da oficina. Era quase quim, ao preencher a nota de encomenda, perguntou-
em frente ao prédio onde morava Mário Pedrosa, entre a -me onde seria entregue a estante, tive um momento de
Farme de Amoedo e a antiga Montenegro, hoje Vinicius hesitação. Mas foi só um momento. Pensei rápido: “Se o
de Moraes. Estava ali havia uma semana e nem decorara prédio do Mário é 228, o meu, que fica quase em frente,
ainda o número do prédio. Tanto que, quando seu Joa- deve ser 227”. Mas lembrei-me de que, ao ir ali pela pri-
quim, ao preencher a nota de encomenda, perguntou- meira vez, observara que, apesar de ficar em frente ao do
-me onde seria entregue a estante, tive um momento de Mário, havia uma diferença na numeração.
hesitação. Mas foi só um momento. Pensei rápido: “Se o ― Visconde de Pirajá, 127 ― respondi, e seu Joaquim
prédio do Mário é 228, o meu, que fica quase em frente, desenhou o endereço na nota.
deve ser 227”. Mas lembrei-me de que, ao ir ali pela pri- ― Tudo bem, seu Ferreira. Dentro de um mês estará lá
meira vez, observara que, apesar de ficar em frente ao do
sua estante.
Mário, havia uma diferença na numeração.
― Um mês, seu Joaquim! Tudo isso? Veja se reduz esse
― Visconde de Pirajá, 127 ― respondi, e seu Joaquim
desenhou o endereço na nota. prazo.
― Tudo bem, seu Ferreira. Dentro de um mês estará lá ― A estante é grande, dá muito trabalho... Digamos, três
sua estante. semanas.
― Um mês, seu Joaquim! Tudo isso? Veja se reduz esse Ferreira Gullar. A estante. In: A estranha vida banal.
prazo. Rio de Janeiro:
― A estante é grande, dá muito trabalho... Digamos, três José Olympio, 1989. (Com adaptações.)
semanas.
Ferreira Gullar. A estante. In: A estranha vida banal. De acordo com as informações do texto, Vinicius de Mo-
Rio de Janeiro: raes passou a morar no apartamento onde antes residia
José Olympio, 1989. (Com adaptações.) Mário Pedrosa.
que seu Joaquim era analfabeto, uma vez que ele “dese-
nhou o endereço na nota”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
105
25. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016) O termo introduzido pela preposição “para” em “levou
Bibliotecas sempre deram muito o que falar. Grandes a sua amabilidade ao ponto de pedir a comédia para ler
monarquias jamais deixaram de possuir as suas, e cui- segunda vez” exerce a função de complemento do verbo
davam delas estrategicamente. Afinal, dotes de prin- “pedir”.
cesas foram negociados tendo livros como objetos de
barganha; tratados diplomáticos versaram sobre essas ( ) CERTO ( ) ERRADO
coleções. Os monarcas portugueses, após o terremoto
que dizimou Lisboa, se orgulhavam de, a despeito dos
destroços, terem erguido uma grande biblioteca: a Real 27. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO
Livraria. D. José chamava-a de joia maior do tesouro real. SOCIAL – CESPE – 2016)
D. João VI, mesmo na correria da partida para o Brasil,
não se esqueceu dos livros. Em três diferentes levas, a Levantou-se da cama o pobre namorado sem ter conse-
Real Biblioteca aportou nos trópicos, e foi até mesmo guido dormir. Vinha nascendo o Sol.
tema de disputa. Quis ler os jornais e pediu-os.
Internet: <http://observatoriodaimprensa.com.br>. Já os ia pondo de lado, por haver acabado de ler, quan-
(Com adaptações.) do repentinamente viu seu nome impresso no Jornal do
Comércio.
Era um artigo a pedido com o título de Uma Obra-Prima.
A Real Livraria foi erguida com os destroços resultantes Dizia o artigo:
do terremoto que atingiu Lisboa, como símbolo da força Temos o prazer de anunciar ao país o próximo apareci-
de Portugal na superação da tragédia que acabava de mento de uma excelente comédia, estreia de um jovem
assolar o país. literato fluminense, de nome Antônio Carlos de Oliveira.
Este robusto talento, por muito tempo incógnito, vai en-
( ) CERTO ( ) ERRADO fim entrar nos mares da publicidade, e para isso procu-
rou logo ensaiar-se em uma obra de certo vulto.
Consta-nos que o autor, solicitado por seus numerosos
amigos, leu há dias a comédia em casa do Sr. Dr. Estêvão
26. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO Soares, diante de um luzido auditório, que aplaudiu mui-
SOCIAL – CESPE – 2016) to e profetizou no Sr. Oliveira um futuro Shakespeare.
O Sr. Dr. Estêvão Soares levou a sua amabilidade ao pon-
Levantou-se da cama o pobre namorado sem ter conse- to de pedir a comédia para ler segunda vez, e ontem ao
guido dormir. Vinha nascendo o Sol. encontrar-se na rua com o Sr. Oliveira, de tal entusiasmo
Quis ler os jornais e pediu-os. vinha possuído que o abraçou estreitamente, com gran-
Já os ia pondo de lado, por haver acabado de ler, quan- de pasmo dos numerosos transeuntes.
do repentinamente viu seu nome impresso no Jornal do Da parte de um juiz tão competente em matérias literá-
Comércio. rias este ato é honroso para o Sr. Oliveira.
Era um artigo a pedido com o título de Uma Obra-Prima. Estamos ansiosos por ler a peça do Sr. Oliveira, e ficamos
Dizia o artigo: certos de que ela fará a fortuna de qualquer teatro.
Temos o prazer de anunciar ao país o próximo apareci- O amigo das letras.
mento de uma excelente comédia, estreia de um jovem Machado de Assis. A mulher de preto. In: Contos
literato fluminense, de nome Antônio Carlos de Oliveira. fluminenses.
Este robusto talento, por muito tempo incógnito, vai en- São Paulo: Globo, 1997. (Com adaptações.)
fim entrar nos mares da publicidade, e para isso procu-
rou logo ensaiar-se em uma obra de certo vulto.
Consta-nos que o autor, solicitado por seus numerosos O vocábulo “que” classifica-se como conjunção e intro-
amigos, leu há dias a comédia em casa do Sr. Dr. Estêvão duz o sujeito da oração “Consta-nos”.
Soares, diante de um luzido auditório, que aplaudiu mui-
to e profetizou no Sr. Oliveira um futuro Shakespeare.
O Sr. Dr. Estêvão Soares levou a sua amabilidade ao pon- ( ) CERTO ( ) ERRADO
to de pedir a comédia para ler segunda vez, e ontem ao
encontrar-se na rua com o Sr. Oliveira, de tal entusiasmo
28. (PC/GO – Delegado – CESPE – 2017)
vinha possuído que o abraçou estreitamente, com gran-
de pasmo dos numerosos transeuntes.
Da parte de um juiz tão competente em matérias literá- Texto CB1A1BBB
LÍNGUA PORTUGUESA
106
Modernamente, o IP deixou de ser o procedimento ab- Para combater o compartilhamento de fotos íntimas por
solutamente inquisitorial e discricionário de outrora. A terceiros, são necessárias ações preventivas, afirma a ad-
participação das partes, pessoalmente ou por seus ad- vogada. Jovens e adolescentes devem ser educados, de
vogados ou defensores públicos, vem ganhando espaço forma que tenham dimensão do problema que a divul-
a cada dia, com o objetivo de garantir que o IP seja um gação desse tipo de imagem pode acarretar.
instrumento imparcial de investigação em busca da ver- Internet: <https://jornaldosdez.wordpress.com> (com
dade dos fatos. adaptações)
Acrescente-se que o estigma provocado por uma ação
penal pode perdurar por toda a vida e, por isso, para ser No texto CB1A2AAA, a oração “Para combater o
promovida, a acusação deve conter fundamentos fáticos compartilhamento de fotos íntimas por terceiros” (R. 19 e
e jurídicos suficientes, o que, em regra, se consegue por 20) expressa ideia de
meio do IP.
Carlos Alberto Marchi de Queiroz (Coord.). Manual de a) finalidade.
polícia judiciária: doutrina, modelos, legislação. 6.ª ed. b) explicação.
São Paulo: c) consequência.
Delegacia Geral de Polícia, 2010 (com adaptações). d) conformidade.
e) causa.
Nas orações em que ocorrem no texto CB1A1BBB, os
elementos “assim” (R.4) e “por isso” (R.15) expressam, 31. (PC/GO – Delegado – CESPE – 2017) Mantendo-
respectivamente, as ideias de se a correção gramatical e o sentido original do texto
CB1A2AAA, a forma verbal “afirma” (R.20) poderia ser
a) consequência e consequência. substituída por
b) finalidade e proporcionalidade.
c) causa e consequência. a) prescreve.
d) conclusão e conclusão. b) propõe.
e) restrição e conformidade. c) destaca.
d) participa.
29. (PC/GO – DELEGADO – CESPE – 2017) e) assevera.
No texto CB1A1BBB, uma ação que se desenvolve
gradualmente é introduzida pela 32. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência –
CESPE-2018) No trecho “para testar possíveis soluções”
a) forma verbal “implicam” (R.5). (R. 16 e 17), o emprego da preposição “para”, além de
b) locução “vem ganhando” (R.11). contribuir para a coesão sequencial do texto, introduz,
c) forma verbal “garantir” (R.12). no período, uma ideia de finalidade.
d) locução “pode perdurar” (R.15).
e) forma verbal “reunir” (R.2). ( ) CERTO ( ) ERRADO
30. (PC/GO – Delegado – CESPE – 2017) 33. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência –
CESPE-2018) A vírgula logo após o termo “máquina”
Texto CB1A2AAA (R.12) poderia ser eliminada sem prejuízo para a correção
gramatical do período no qual ela aparece.
O termo nude é do inglês e vem sendo utilizado na Inter-
net por usuários de redes sociais para designar fotos ínti- ( ) CERTO ( ) ERRADO
mas que retratam a pessoa sem roupa. O envio e a troca
de nudes são facilitados em aplicativos de celular, o que 34. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência –
torna essa prática popular entre seus usuários, incluindo- CESPE-2018) A correção gramatical e o sentido do
-se menores de idade, e facilita o compartilhamento das texto seriam preservados caso o período “Após quatro
fotos. anos de trabalho, Turing conseguiu quebrar a Enigma,
Havendo vazamento de fotos íntimas, há violação do di- ao perceber que as mensagens alemãs criptografadas
reito de imagem da pessoa prejudicada, que, por isso, continham palavras previsíveis, como nomes e títulos dos
terá ainda pode ser considerada branda, sendo um pou- militares” (R. 17 a 20) fosse reescrito da seguinte forma:
co mais severa quando se trata de um crime contra a Turing conseguiu quebrar a Enigma, depois de quatro anos
infância. “Quando se trata de crianças e adolescentes, de trabalho, quando notou que haviam, nas mensagens
LÍNGUA PORTUGUESA
há um agravante, pois, no art. 241 do Estatuto da Crian- alemãs criptografadas, palavras previsíveis, tais como,
ça e do Adolescente, é qualificada como crime grave a nomes e títulos dos militares.
divulgação de fotos, gravações ou imagens de crianças
ou adolescentes, sendo prevista a pena de três a seis 16 ( ) CERTO ( ) ERRADO
anos de prisão, além de pagamento de multa, para os
que cometem esse crime”, diz a advogada presidente da
Comissão de Direitos Humanos da OAB/AC.
107
35. (SEDUC/AL - Professor de Português – CESPE-2018) as causas e os efeitos. O que falta a essa racionalidade
Infere-se do terceiro verso do poema que o eu lírico é, evidentemente, a ideia das funções complexas, a ima-
considera-se um homem incompleto. ginação de um desdobramento longínquo dos determi-
nismos, de uma solidariedade entre os acontecimentos,
( ) CERTO ( ) ERRADO que a tradição materialista sistematizou sob o nome de
totalidade.
36. (SEDUC/AL - Professor de Português – CESPE-2018) Roland Barthes. O usuário da greve. In: R. Barthes.
Tanto em “recebeu Camilo este bilhete de Vilela” (R. 1 e 2) Mitologias. Tradução de Rita Buongermino, Pedro de
quanto em “tirou um cacho destas” (R.7), os pronomes Souza e Rejane Janowitzer. Rio de Janeiro: DIFEL, 2007, p.
demonstrativos foram empregados para retomar termos 135-6 (com adaptações).
antecedentes.
Seriam mantidos os sentidos e a correção gramatical
( ) CERTO ( ) ERRADO do texto 1A1AAA caso se substituísse o trecho
108
dinheiro público, para a criação de despesas e, em par- 43. (DPU - Agente Administrativo - Conhecimentos
ticular, para os gastos com pessoal. Por que, tendo des- Básicos – CESPE-2016)
cumprido algumas dessas regras, estariam interessados
em torná-las ainda mais rigorosas? Maria Silva é moradora do Assentamento Noroeste,
Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis onde moram cerca de cem pessoas cuja principal forma
pelo dinheiro público que, por alguma razão, não a cum- de renda é o trabalho com reciclagem. Ela é uma das
priram. De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigoro- líderes que lutam pelos direitos daquela comunidade.
sa, se nem nas condições atuais esses responsáveis estão Vinda do estado do Ceará, Maria chegou a Brasília em
sendo capazes de cumpri-la? O problema não está na 2002 e conheceu o trabalho da Defensoria Pública por
lei. Mudá-la pode ser o pretexto não para torná-la mais meio do projeto Monitoramento da Política Nacional
rigorosa, mas para atribuir-lhe alguma flexibilidade que para a População em Situação de Rua, tendo seu primeiro
a desfigure. O verdadeiro problema é a dificuldade do contato com a defensoria ocorrido quando ela precisou
setor público de adaptar suas despesas às receitas em de novos documentos para substituir os que haviam
queda por causa da crise. sido perdidos no período em que esteve nas ruas.
Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com O objetivo do referido projeto é o de ir até a população
adaptações). que normalmente não tem acesso à Defensoria Pública.
“Nós chegamos de forma humanizada até essas pessoas
O emprego do acento grave em “às receitas” decorre da em situação de rua. Com esse trabalho nós estamos
regência do verbo “adaptar” e da presença do artigo de- garantindo seu acesso à justiça e aos direitos para que
finido feminino determinando o substantivo “receitas”. consigam se beneficiar de outras políticas públicas”,
explica a coordenadora do Departamento de Atividade
( ) CERTO ( ) ERRADO Psicossocial.
A mais recente visita de participantes de outro projeto,
42. (INSS - Técnico Seguro Social – CESPE-2016) o Atenção à População de Rua do Assentamento
Noroeste, levou respostas às demandas solicitadas
Texto I pelos moradores. O foco foram soluções e retornos de
casos como o de um morador que tem problemas com
Naquele novo apartamento da rua Visconde de Pirajá pela a justiça e que está sendo assistido por um defensor
primeira vez teria um escritório para trabalhar. Não era um público e o de uma senhora que estava internada em
cômodo muito grande, mas dava para armar ali a minha um hospital público e conseguiu uma cirurgia por meio
tenda de reflexões e leitura: uma escrivaninha, um sofá e dos serviços da defensoria.
os livros. Na parede da esquerda ficaria a grande e sonha- As visitas acontecem mensalmente, sendo a maior
da estante onde caberiam todos os meus livros. Tratei de demanda a solicitação de registro civil. “As certidões
encomendá-la a seu Joaquim, um marceneiro que tinha de nascimento figuram entre as demandas porque
oficina na rua Garcia D’Ávila com Barão da Torre. essas pessoas não as conseguiram por outros serviços,
O apartamento não ficava tão perto da oficina. Era quase e a defensoria teve que intervir. Nós entramos para
em frente ao prédio onde morava Mário Pedrosa, entre a solucionar problemas: vamos até as ruas para informar
Farme de Amoedo e a antiga Montenegro, hoje Vinicius sobre o trabalho da defensoria, para que seus direitos
de Moraes. Estava ali havia uma semana e nem decorara sejam garantidos”, afirma a coordenadora.
ainda o número do prédio. Tanto que, quando seu Joa- Internet: <www.defensoria.df.gov.br.> (com
quim, ao preencher a nota de encomenda, perguntou- adaptações).
-me onde seria entregue a estante, tive um momento de Acerca dos aspectos linguísticos e das ideias do texto
hesitação. Mas foi só um momento. Pensei rápido: “Se o acima, julgue os itens seguintes.
prédio do Mário é 228, o meu, que fica quase em frente, No trecho “respostas às demandas”, o emprego do
deve ser 227”. Mas lembrei-me de que, ao ir ali pela pri- sinal indicativo de crase justifica-se pela regência
meira vez, observara que, apesar de ficar em frente ao do do substantivo “respostas”, que exige complemento
Mário, havia uma diferença na numeração. antecedido da preposição a, e pela presença de artigo
― Visconde de Pirajá, 127 ― respondi, e seu Joaquim feminino plural que determina “demandas”.
desenhou o endereço na nota.
― Tudo bem, seu Ferreira. Dentro de um mês estará lá ( ) CERTO ( ) ERRADO
sua estante.
― Um mês, seu Joaquim! Tudo isso? Veja se reduz esse 44. (DPU - Agente Administrativo - Conhecimentos
prazo. Básicos – CESPE-2016) Seria mantida a correção do texto
― A estante é grande, dá muito trabalho... Digamos, três caso o trecho ‘para que seus direitos sejam garantidos’
LÍNGUA PORTUGUESA
( ) CERTO ( ) ERRADO
109
45. INSTITUTO AOCP - 2016 - EBSERH - Técnico em Enfermagem - Saúde do Trabalhador (CH-UFPA)
Em “Que faz com seus resíduos tóxicos?”, o termo em destaque recebe acento, porque é uma palavra
46. INSTITUTO AOCP - 2016 - EBSERH - Técnico em Enfermagem - Saúde do Trabalhador (CH-UFPA)
d) apenas um dígrafo.
e) apenas um encontro consonantal.
110
47. INSTITUTO AOCP - 2016 - EBSERH - Técnico em Enfermagem - Saúde do Trabalhador (CH-UFPA)
Texto associado
Texto 1
A origem etimológica da palavra “pesadelo” diz muito sobre o sentimento que temos ao despertar de um sonho
apavorante. Em português, é derivada da palavra “pesado”, ou seja, remete àquela sensação de peso sobre o peito
que só um pesadelo dos bons pode causar. Em inglês, a origem da palavra é ainda mais interessante: é uma conjunção
de “night” (noite) e “mare”, que faz referência a espíritos malignos que, para os antigos, possuíam as pessoas durante
o sono. Por muito tempo, foi assim que a ciência encarou os pesadelos: como algo negativo, assombroso e estranho
criado pelo cérebro. Mas estudos recentes vêm mostrando que é hora de repensar o papel dos pesadelos na nossa
sociedade.
Em um estudo recente publicado na New Scientist, a pesquisadora Michelle Carr, que estuda sonhos na Universida-
de de Montreal, explica que existem duas teorias dominantes para o surgimento dos pesadelos. Uma é que eles são
uma reação a experiências negativas que acontecem enquanto estamos acordados. A outra é a “teoria de simulação
de risco”, a ideia de que usamos os pesadelos para “treinar” adversidades, de forma que estejamos mais preparados
quando coisas ruins realmente acontecerem. Seja como for, os pesadelos trazem realmente alguns benefícios reais. Um
estudo de 2013, por exemplo, descobriu que pessoas que sofrem com pesadelos de forma recorrente são, em geral,
mais empáticas. Elas também demonstraram mais tendência a bocejar quando outra pessoa boceja na frente delas, o
que é um indicador de empatia.
Além disso, Carr descobriu que pessoas que têm pesadelos constantes costumam pensar mais “fora da caixa” em ta-
refas de associação de palavras. Essa é mais uma pesquisa que relaciona sonhos ruins à criatividade; durante os anos
80, o pesquisador do sono Ernest Hartmann, que trabalhou como psiquiatra em uma universidade de medicina em
Boston, descobriu que pessoas que buscavam ajuda para ter noites mais tranquilas não eram necessariamente mais
assustadiças ou ansiosas, mas tinham maior sensibilidade emocional em geral. Segundo o Science of Us, ele concluiu
que sensibilidade é a força motriz por trás de sonhos intensos. Uma sensibilidade mais alta a ameaças ou medo durante
o dia pode resultar em sonhos ruins, enquanto paixão e empolgação causarão sonhos mais felizes. E ambos os casos
acabam criando impacto na vida real, seja aumentando níveis de estresse após um pesadelo ou criando laços sociais
mais fortes após um sonho positivo com alguém que você conhece.
Mas os efeitos vão além. O estudo de Hartmann aponta que a sensibilidade influencia percepções e pensamentos
acordados. Pessoas que têm muitos pesadelos passam a ter pensamentos mais parecidos com sonhos, fazendo
conexões inesperadas. É aí que entra a criatividade: estudos anteriores mostram que essas pessoas têm mais aptidão
para a criatividade e a expressão artística. Para comprovar isso, Carr realizou o teste com uma série de voluntários, entre
eles uma pintora e um músico. Batata: ambos tiraram notas altas no teste de criatividade e, curiosamente, revelaram
que sonham constantemente. Para Carr, “a riqueza da imaginação não fica confinada ao sono, mas permeia o pensa-
mento e os sonhos acordados”.
Outra conclusão de Carr é que pessoas que têm mais pesadelos acabam tendo mais sonhos positivos que a média
geral. Seria uma compensação do cérebro? Só mais pesquisa dirá.
a) Substantivo e adjetivo.
b) Substantivo e substantivo.
c) Adjetivo e substantivo.
d) Verbo e substantivo.
LÍNGUA PORTUGUESA
e) Verbo e adjetivo.
111
48. CESPE - 2018 - EBSERH - Conhecimentos Básicos - Cargos de Nível Superior - Área Médica
LÍNGUA PORTUGUESA
Os vocábulos “mosquito” (ℓ.18) e “patógeno” (ℓ.39) têm o mesmo referente no texto: “Aedes aegypti” (ℓ. 6 e 11).
( ) CERTO ( ) ERRADO
112
49. CESPE - 2018 - EBSERH - Conhecimentos Básicos - Cargos de Nível Superior - Área Médica
A inserção de uma vírgula imediatamente após o vocábulo “Logo” (ℓ.18) alteraria os sentidos do texto, apesar de manter
sua correção gramatical.
( ) CERTO ( ) ERRADO
113
50. CESPE - 2018 - EBSERH - Conhecimentos Básicos - Cargos de Nível Superior - Área Médica
Segundo o texto, realizava-se a delimitação de foco, medida de prevenção à reprodução do Aedes aegypti, no caso de
serem identificados os pontos estratégicos de ocorrência do mosquito em São José do Rio Preto.
LÍNGUA PORTUGUESA
( ) CERTO ( ) ERRADO
114
51. CESPE - 2018 - EBSERH - Conhecimentos Básicos - Cargos de Nível Médio]
Com referência às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CB2A1BBB, julgue o item que se segue.
A correção gramatical e o sentido original do texto seriam preservados caso o trecho “o açúcar pode causar, ainda, pro-
blemas metabólicos, como diabetes, hipertensão e aumento do colesterol ruim” (ℓ. 18 a 20) fosse reescrito da seguinte
forma: problemas metabólicos, como por exemplo diabetes, hipertensão e aumento do colesterol ruim, também tem
origem no consumo de açúcar.
( ) CERTO ( ) ERRADO
LÍNGUA PORTUGUESA
115
43 Certo
GABARITO 44 Certo
1 Errado
2 Errado
3 Errado
4 Errado
5 C
6 D
7 B
8 C
9 B
10 Certo
11 Errado
12 Certo
13 ERRADO
14 Errado
15 CERTO
16 CERTO
17 CERTO
18 Errado
19 Errado
20 Errado
21 Certo
22 Errado
23 Errado
24 Errado
25 Errado
26 Errado
27 Certo
28 D
29 B
30 A
31 E
32 Certo
33 Errado
34 Errado
35 Certo
36 Errado
37 Certo
LÍNGUA PORTUGUESA
38 C
39 B
40 B
41 Certo
42 Certo
116
ÍNDICE
A Lei nº 12.550/2011 autoriza o Poder Executivo a criar a empresa pública denominada Empresa Brasileira de
Serviços Hospitalares - EBSERH. “A criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) integra um con-
junto de ações empreendidas pelo Governo Federal no sentido de recuperar os hospitais vinculados às universidades
federais.
Desde 2010, por meio do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), criado
pelo Decreto nº 7.082, foram adotadas medidas que contemplam a reestruturação física e tecnológica das unidades,
com a modernização do parque tecnológico; a revisão do financiamento da rede, com aumento progressivo do orça-
mento destinado às instituições; a melhoria dos processos de gestão; a recuperação do quadro de recursos humanos
dos hospitais e o aprimoramento das atividades hospitalares vinculadas ao ensino, pesquisa e extensão, bem como à
assistência à saúde.
Com a finalidade de dar prosseguimento ao processo de recuperação dos hospitais universitários federais, foi
criada, em 2011, por meio da Lei nº 12.550, a Ebserh, uma empresa pública vinculada ao Ministério da Educação. Com
isso, a empresa passa a ser o órgão do MEC responsável pela gestão do Programa de Reestruturação e que, por meio
de contrato firmado com as universidades federais que assim optarem, atuará no sentido de modernizar a gestão dos
hospitais universitários federais, preservando e reforçando o papel estratégico desempenhado por essas unidades de
centros de formação de profissionais na área da saúde e de prestação de assistência à saúde da população integral-
mente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)”1.
Os seguintes organogramas representam o mapa estratégico e o grupo de clientes atendidos pela EBSERH2:
1
“São competências da Ebserh:
- administrar unidades hospitalares, bem como prestar serviços de assistência médico-hospitalar, ambulatorial e
de apoio diagnóstico e terapêutico à comunidade, integralmente disponibilizados ao Sistema Único de Saúde;
- prestar, às instituições federais de ensino superior e a outras instituições públicas congêneres, serviços de apoio ao
ensino e à pesquisa e à extensão, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas no campo da saúde publica,
em consonância com as diretrizes do Poder Executivo;
- apoiar a execução de planos de ensino e pesquisa de instituições federais de ensino superior e de outras institui-
ções públicas congêneres, cuja vinculação com o campo da saúde pública ou com outros aspectos da sua ativi-
dade torne necessária essa cooperação, em especial na implementação de residência médica ou multiprofissional
e em área profissional da saúde, nas especialidades e regiões estratégicas para o SUS;
- prestar serviços de apoio à geração do conhecimento em pesquisas básicas, clínicas e aplicadas nos hospitais
universitários federais e a outras instituições públicas congêneres;
- prestar serviços de apoio ao processo de gestão dos hospitais universitários e federais e a outras instituições pú-
blicas congêneres, com a implementação de sistema de gestão único com geração de indicadores quantitativos
e qualitativos para o estabelecimento de metas;
- coordenar o processo de certificação dos Hospitais de Ensino de forma articulada com os Ministérios da Educação
e da Saúde.
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
A Ebserh possui órgãos de administração e de fiscalização e está organizada a partir da seguinte estrutura de go-
vernança:
* ÓRGÃOS DE ADMINISTRAÇÃO
- Diretoria Executiva
- Conselho de Administração
- Conselho Consultivo
* ÓRGÃOS DE FISCALIZAÇÃO
- Conselho Fiscal
- Auditoria Interna”3.
3 Informações extraídas do site oficial: http://www.ebserh.gov.br/web/portal-ebserh
2
A Lei nº 12.550/2011 pode ser acessada no link adian- na implementação das residências médica, multipro-
te, sendo estudada adiante em seus principais aspectos: fissional e em área profissional da saúde, nas especia-
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- lidades e regiões estratégicas para o SUS;
2014/2011/Lei/L12550.htm IV - prestar serviços de apoio à geração do conheci-
mento em pesquisas básicas, clínicas e aplicadas nos
Analisando o corpo da lei, denota-se no artigo 1o a hospitais universitários federais e a outras instituições
natureza jurídica da EBSERH: trata-se de pessoa jurídica congêneres;
de direito privado, que é dotada de patrimônio próprio V - prestar serviços de apoio ao processo de gestão dos
(empresas públicas possuem sempre personalidade jurí- hospitais universitários e federais e a outras institui-
dica de direito privado e patrimônio próprio, cujo capital ções congêneres, com implementação de sistema de
é integrado pela União, conforme artigo 2o). No dispo- gestão único com geração de indicadores quantitati-
sitivo, também se prevê sua vinculação ao Ministério da vos e qualitativos para o estabelecimento de metas; e
Educação, além de sua sede e foro em Brasília/DF, sem VI - exercer outras atividades inerentes às suas finali-
prejuízo da criação de escritórios, representações, de- dades, nos termos do seu estatuto social.
pendências e filiais em outras unidades da Federação.
Ainda, o artigo 1o autoriza que a EBSERH crie subsidiárias. Adiante, o artigo 5o estabelece a dispensa de licitação
Merecem atenção especial os artigos 3o e 4o, que fi- para contratações feitas pela administração pública
xam, respectivamente, a finalidade e a competência da da EBSERH. Por exemplo, se o hospital da UFG quiser
EBSERH: contratar os serviços da EBSERH, não precisa licitar. A
possibilidade de entabulamento de contrato entre a
Art. 3º A EBSERH terá por finalidade a prestação de EBSERH e as instituições federais de ensino ou institui-
serviços gratuitos de assistência médico-hospitalar, ções congêneres, inclusive permitindo-se a cessão de
ambulatorial e de apoio diagnóstico e terapêutico à servidores públicos, se regula nos artigos 6o e 7o:
comunidade, assim como a prestação às instituições
públicas federais de ensino ou instituições congêneres Art. 6º A EBSERH, respeitado o princípio da autonomia
de serviços de apoio ao ensino, à pesquisa e à exten- universitária, poderá prestar os serviços relacionados
são, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas às suas competências mediante contrato com as insti-
no campo da saúde pública, observada, nos termos do tuições federais de ensino ou instituições congêneres.
art. 207 da Constituição Federal, a autonomia univer- § 1º O contrato de que trata o caput estabelecerá, en-
sitária. tre outras:
§ 1º As atividades de prestação de serviços de assis- I - as obrigações dos signatários;
tência à saúde de que trata o caput estarão inseridas II - as metas de desempenho, indicadores e prazos de
integral e exclusivamente no âmbito do Sistema Único execução a serem observados pelas partes;
de Saúde - SUS. III - a respectiva sistemática de acompanhamento e
§ 2º No desenvolvimento de suas atividades de assis- avaliação, contendo critérios e parâmetros a serem
tência à saúde, a EBSERH observará as orientações da aplicados; e
Política Nacional de Saúde, de responsabilidade do IV - a previsão de que a avaliação de resultados obti-
Ministério da Saúde. dos, no cumprimento de metas de desempenho e ob-
§ 3º É assegurado à EBSERH o ressarcimento das des- servância de prazos pelas unidades da EBSERH, será
pesas com o atendimento de consumidores e respec- usada para o aprimoramento de pessoal e melhorias
tivos dependentes de planos privados de assistência estratégicas na atuação perante a população e as ins-
à saúde, na forma estabelecida pelo art. 32 da Lei nº tituições federais de ensino ou instituições congêneres,
9.656, de 3 de junho de 1998, observados os valores visando ao melhor aproveitamento dos recursos des-
de referência estabelecidos pela Agência Nacional de tinados à EBSERH.
Saúde Suplementar. § 2º Ao contrato firmado será dada ampla divulga-
ção por intermédio dos sítios da EBSERH e da entidade
Art. 4º Compete à EBSERH: contratante na internet.
I - administrar unidades hospitalares, bem como pres- § 3º Consideram-se instituições congêneres, para efei-
tar serviços de assistência médico-hospitalar, ambula- tos desta Lei, as instituições públicas que desenvolvam
torial e de apoio diagnóstico e terapêutico à comuni- atividades de ensino e de pesquisa na área da saúde e
dade, no âmbito do SUS; que prestem serviços no âmbito do Sistema Único de
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
3
§ 2º A cessão de que trata o caput ocorrerá com ônus cio da implantação da EBSERH (primeiros 2 anos) auto-
para o cessionário. rizou-se a realização de processo simplificado para con-
tratação por tempo determinado (limite de 5 anos para a
Além da possibilidade de cessão de servidores por par- soma de 2 períodos) (artigo 11). Além disso, permite-se
te das instituições públicas federais de ensino e insti- a celebração de contratos temporários de emprego nos
tuições congêneres, também se autoriza a cessão, por casos de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifi-
parte delas, de bens e direitos necessários à sua exe- que a predeterminação do prazo e de atividades empre-
cução dos objetivos da EBSERH (artigo 13). Ainda nes- sariais de caráter transitório (artigo 445, CLT c/c artigo
ta relação entre as instituições de ensino e a EBSERH, 12 da lei). Para fins de regime de previdência, a EBSERH
prevê o artigo 16: pode patrocinar entidade fechada de previdência privada
(artigo 15).
Art. 16. A partir da assinatura do contrato entre a EB- Em se tratando de empresa pública e, como tal, en-
SERH e a instituição de ensino superior, a EBSERH dis- tidade da administração pública indireta, a EBSERH se
porá de prazo de até 1 (um) ano para reativação de sujeita a controle interno (Poder Executivo federal) e
leitos e serviço inativos por falta de pessoal. externo (Congresso Nacional, auxiliado pelo Tribunal de
Contas da União) (artigo 14).
O patrimônio da EBSERH, como se trata de empresa
pública, é integralizado pela União, a qual utilizará não
apenas recursos de dotações de seu orçamento como #FicaDica
também receitas que decorram de prestação de servi-
ços compreendidos em seu objeto; alienação de bens e No artigo 17 está prevista a possibilidade
direitos; aplicações financeiras que realizar; direitos patri- de que empresas públicas semelhantes se-
moniais, tais como aluguéis, foros, dividendos e bonifica- jam criadas em Estados, isto é, outras unida-
ções; e acordos e convênios que realizar com entidades des federativas podem criar empresas que
nacionais e internacionais. Sem prejuízo, os recursos po- operem como a EBSERH. Ex.: Estado de São
dem vir de doações, legados, subvenções e outros recur- Paulo cria uma empresa pública que confira
sos a ela destinados e de outras fontes (artigo 8o). suporte a instituições de ensino ou congê-
Adiante, os artigos 9o e 10 fixam a base para a estru- neres que existam naquele Estado, como é
tura da EBSERH: o caso da UNESP, dentre outras).
específicas editadas pelo Conselho de Administração. lada ao Ministério da Saúde e tem prazo de duração
Parágrafo único. Os editais de concursos públicos para de 20 anos.
o preenchimento de emprego no âmbito da EBSERH e) Tem personalidade jurídica de direito privado, é vincu-
poderão estabelecer, como título, o cômputo do tempo lada ao Ministério da Saúde e tem prazo de duração
de exercício em atividades correlatas às atribuições do indeterminado.
respectivo emprego.
Resposta: Letra C. Preconiza a lei que criou a EBSERH:
Destaca-se que os funcionários da EBSERH serão “Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a criar em-
empregados públicos e, como tais, se sujeitam a regime presa pública unipessoal, na forma definida no inciso
celetista, mas eles apenas podem se vincular a EBSERH II do art. 5o do Decreto-Lei no 200, de 25 de fevereiro
mediante concurso público (artigo 10). Entretanto, no iní- de 1967, e no art. 5o do Decreto-Lei no 900, de 29
4
de setembro de 1969, denominada Empresa Brasileira a essas subsidiárias o disposto nos arts. 2º a 8º, no
de Serviços Hospitalares - EBSERH, com personalidade caput e nos §§ 1º, 4º e 5º do art. 9º e, ainda, nos arts.
jurídica de direito privado e patrimônio próprio, vincu- 10 a 15 desta Lei”. Em “a”, a natureza é de empresa
lada ao Ministério da Educação, com prazo de duração pública (artigo 1o). Em “c”, poderá manter escritórios,
indeterminado”. representações, dependências e filiais em outras uni-
dades da Federação (artigo 1o). Em “d”, o capital é in-
2. (INSTITUTO AOCP/2017 - EBSERH - Assistente Ad- tegralizado apenas pela União (artigo 2o). Em “e”, se
ministrativo - Administração - HUJB – UFCG) De acor- vincula ao Ministério da Educação (artigo 1o).
do com o estabelecido na Lei 12.550/2011, compete à
EBSERH:
sentações, dependências e filiais em outras unidades pelo artigo 9º, §1º, cabe ao estatuto definir “[...] a com-
da Federação. posição, as atribuições e o funcionamento dos órgãos
d) a EBSERH terá capital social da União e da iniciativa referidos no caput”, que são o Conselho de Administra-
privada. ção, o Conselho Fiscal, o Conselho Consultivo e a Direto-
e) a EBSERH não é vinculada a qualquer Ministério. ria Executiva. Referido estatuto social deveria ser aprova-
do por ato do Poder Executivo federal (art. 9º, §5º), isto
Resposta: Letra B. Disciplina o artigo 1o, § 2o, Lei nº é, decreto. Cumprindo tal finalidade, foi promulgado o
12.550/2011: “Fica a EBSERH autorizada a criar subsi- Decreto nº 7.661/2011 (tópico do último edital de con-
diárias para o desenvolvimento de atividades ineren- cursos públicos da EBSERH), mas depois disso foi aprova-
tes ao seu objeto social, com as mesmas característi- do novo Estatuto, o qual estudamos aqui, em relação ao
cas estabelecidas no caput deste artigo, aplicando-se qual ainda não existe Decreto executivo correspondente.
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CAPÍTULO I XII – prestar serviços delegados pelo Governo Federal
DA RAZÃO SOCIAL, NATUREZA JURÍDICA, SEDE, com vistas ao cumprimento do seu objeto social; e
REPRESENTAÇÃO GEOGRÁFICA E PRAZO XIII – exercer outras atividades inerentes às suas fina-
lidades.
No geral, se repetem as disposições dos artigos 1o e § 1o As atividades de prestação de serviços de assistên-
2 da Lei nº 12.550/2011, já comentadas anteriormente.
o cia à saúde desenvolvidas pela EBSERH estarão inse-
Especifica-se que o prazo de duração da EBSERH é inde- ridas integral e exclusivamente no âmbito do Sistema
terminado (artigo 3o). único de Saúde – SUS.
§ 2o No desenvolvimento de suas atividades de assis-
CAPÍTULO II tência à saúde, a EBSERH observará as orientações da
DO OBJETO SOCIAL Política Nacional de Saúde, de responsabilidade do
Ministério da Saúde.
O artigo 4o compõe o capítulo II e é um dos mais im-
portantes do novo Estatuto, pois descreve qual o objeto CAPÍTULO III
social da EBSERH, nos seguintes termos: DO CAPITAL SOCIAL E RECURSOS
Art. 4o A EBSERH tem por objeto social: O capital social da EBSERH é de R$ 5.000.000,00 (cin-
I – prestar serviços gratuitos de assistência médico- co milhões de reais), integralmente sob a propriedade
-hospitalar, ambulatorial e de apoio diagnóstico e te- da União, podendo ser alterado conforme previsão le-
rapêutico à comunidade, no âmbito do SUS; gal (artigo 5o). No mais, repete-se o artigo 8o da Lei nº
II – administrar unidades hospitalares; 12.550/2011 sobre a composição dos recursos.
III – prestar serviços de apoio à gestão hospitalar, com
otimização de processos e serviços, implementação de #FicaDica
sistema de gestão, monitoramento de resultados, bem
como o desenvolvimento de outras atividades afins; O artigo 9º da lei nº 12.550/2011 prevê al-
IV – prestar serviços de consultoria e assessoria em sua guns órgãos que irão compor a EBSERH:
área de atuação; Conselho de Administração (funções
V – participar de iniciativas de promoção da inovação, deliberativas), Diretoria Executiva, Con-
como incubadoras, centros de inovação e aceleradoras selho Fiscal e Conselho Consultivo. Con-
de empresas; tudo, nada impede que sejam criados no-
VI – prestar serviços de apoio ao ensino, pesquisa e vos órgãos pelo Estatuto da EBSERH, desde
extensão, inovação, ensino-aprendizagem e formação que compatíveis com estes. De fato, o novo
de pessoas no campo da saúde pública, inclusive me- estatuto da EBSERH o faz. Além de instituir
diante intermediação e apoio financeiro, observada, a Assembleia Geral, também cria outros
nos termos do art. 206 da Constituição, a autonomia órgãos estatutários, sendo eles quatro Co-
universitária e as políticas acadêmicas estabelecidas mitês (de Auditoria; de Elegibilidade, Indi-
no âmbito das instituições de ensino; cação e Remuneração; de Compras e Con-
VII – promover, estimular, coordenar, apoiar e execu- tratações; e de Partes Relacionadas) e uma
tar programas de formação profissional contribuindo Comissão de Ética.
para qualificação profissional no campo da saúde pú-
blica no País; CAPÍTULO IV
VIII – apoiar a execução de planos de ensino e pes- DA ASSEMBLEIA GERAL
quisa, cuja vinculação com o campo da saúde pública
torne necessária a cooperação, em especial na imple- A Assembleia Geral é o órgão máximo da EBSERH e
mentação de residência médica, uniprofissional ou tem poderes para deliberar sobre todos os negócios re-
multiprofissional, no campo da saúde, nas especiali- lativos ao seu objeto social, contando com competência
dades e regiões estratégicas para o SUS; para alterar o estatuto social da EBSERH e alterar seu ca-
IX – prestar serviços de apoio à geração do conhe- pital social, dentre outras (artigos 7o e 11). Ela se reunirá
cimento em pesquisas básicas, clínicas e aplicadas, uma vez ao ano ordinariamente e extraordinariamente
promovendo, estimulando, coordenando, apoiando e exe- sempre que necessário (artigo 8o). Ela será convocada
cutando atividades de pesquisa, desenvolvimento e inova- pelo Conselho de Administração ou, quando a lei admi-
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
ção, com o objetivo de produzir conhecimentos e tecno- tir, pela Diretoria Executiva, pelo Conselho Fiscal ou pela
logia para o desenvolvimento da saúde pública do País; União (artigo 9o). Suas deliberações são registradas no
X – realizar, na forma fixada pela Diretoria Executiva livro de atas (artigo 10).
e aprovada pelo Conselho de Administração, aplica-
ções não reembolsáveis ou parcialmente reembolsá- CAPÍTULO V
veis destinadas a apoiar projetos de ensino, pesquisa, DOS ÓRGÃOS ESTATUTÁRIOS
extensão e inovação na área de saúde;
XI – atuar em projetos e programas de cooperação São eles, conforme artigo 12, estando em negrito
técnica nacional e internacional com vistas ao desen- os originariamente previstos na Lei nº 12.550/2011 e já
volvimento de suas atividades e ao aprimoramento da abordados no antigo Estatuto Social:
formação profissional e da saúde pública;
6
I - Conselho de Administração (administra e orienta); Art. 47. Compete ao Conselho de Administração:
II - Diretoria Executiva; I – fixar a orientação geral dos negócios da empresa;
* Os membros destes 2 órgãos acima se consideram II – eleger e destituir os membros da Diretoria Executi-
administradores (conforme artigo 15, os quais devem va da empresa, fixando-lhes as atribuições;
preencher requisitos do artigo 17 e não estarem impe- III – fiscalizar a gestão dos membros da Diretoria Exe-
didos de exercer as funções, de acordo com vedações cutiva, examinar, a qualquer tempo, os livros e papéis
do artigo 18 – assinarão termo de posse, conforme ar- da companhia, solicitar informações sobre contratos
tigos 21 e 22). celebrados ou em via de celebração, e quaisquer ou-
III - Conselho Fiscal; tros atos;
IV - Conselho Consultivo; IV – manifestar-se previamente sobre as propostas a
V - Comitê de Auditoria; serem submetidas à deliberação dos acionistas em as-
* Os membros do Conselho Fiscal e do Comitê de Au- sembleia;
ditoria estão investidos a partir da data de eleição, in- V – aprovar a inclusão de matérias no instrumento de
dependente de termo de posse (artigo 24). convocação da Assembleia Geral, não se admitindo a
VI - Comitê de Elegibilidade, Indicação e Remunera- rubrica “assuntos gerais”;
ção; VI – convocar a Assembleia Geral;
VII - Comitê de Compras e Contratações; VII – manifestar-se sobre o relatório da administração
VIII - Comitê de Partes Relacionadas; e as contas da Diretoria Executiva;
IX - Comissão de Ética. VIII – manifestar-se previamente sobre atos ou contra-
tos relativos à sua alçada decisória;
* Os membros dos incisos I, III e V serão remunerados,
IX – autorizar a alienação de bens do ativo não cir-
conforme definido pela Assembleia Geral.
culante, a constituição de ônus reais e a prestação de
QUÓRUM DE DELIBERAÇÕES – Maioria simples (ar-
garantias a obrigações de terceiros;
tigo 27).
X – autorizar a alienação de bens do ativo não circu-
lante, a constituição de ônus reais e a prestação de
CAPÍTULO VI
garantias a obrigações de terceiros;
DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
X – autorizar e homologar a contratação de auditores
O órgão de orientação superior da EBSERH é o Con- independentes, bem como a rescisão dos respectivos
selho de Administração, composto por nove mem- contratos;
bros, eleitos pela Assembleia Geral, obedecendo a se- XI – aprovar as Políticas de Controle Interno, Con-
guinte composição, conforme artigo 41: formidade e Gerenciamento de Riscos, Dividendos e
- três membros indicados pelo Ministro de Estado Participações societárias, bem como outras políticas
da Educação, sendo que um será o Presidente do gerais da empresa;
Conselho e outro substituto nas suas ausências e XII – aprovar as Políticas de Controle Interno, Con-
impedimentos; formidade e Gerenciamento de Riscos, Dividendos e
- o Presidente da Empresa, que não poderá exercer a Participações Societárias, bem como outras políticas
Presidência do Conselho, ainda que interinamente; gerais da empresa;
- um membro indicado pelo Ministro de Estado do XIII – analisar, ao menos trimestralmente, o balancete
Planejamento, Desenvolvimento e Gestão; e demais demonstrações financeiras elaboradas perio-
- dois membros indicados pelo Ministro de Estado da dicamente pela empresa, sem prejuízo da atuação do
Saúde; Conselho Fiscal;
- um representante dos empregados; e XIV – determinar a implantação e supervisionar os sis-
- um membro indicado pela Associação Nacional dos temas de gestão de riscos e de controle interno esta-
Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Su- belecidos para a prevenção e mitigação dos principais
perior - ANDIFES, sendo reitor de universidade fe- riscos a que está exposta a Ebserh, inclusive os riscos
deral ou diretor de hospital universitário federal. relacionados à integridade das informações contábeis
e financeiras e os relacionados à ocorrência de corrup-
A função é pessoal e não se admite substituto tempo- ção e fraude;
rário ou suplente (artigo 44). XV – definir os assuntos e valores para sua alçada de-
O prazo de gestão dos membros do Conselho de Ad- cisória e da Diretoria Executiva;
ministração será de dois anos contados a partir da data XVI – identificar a existência de ativos não de uso pró-
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
de publicação do ato de nomeação, podendo ser recon- prio da empresa e avaliar a necessidade de mantê-los;
duzidos por igual período por até 3 (três) vezes (artigo XVII – deliberar sobre os casos omissos do estatuto so-
42). cial da empresa, em conformidade com o disposto na
O Conselho de Administração reunir-se-á, ordinaria- Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976;
mente, mensalmente e, extraordinariamente, sempre XVIII – aprovar o Plano Anual de Atividades de Audi-
que necessário (artigo 45). toria Interna – PAINT e o Relatório Anual das Ativida-
O artigo 47 fixa a competência do Conselho de Ad- des de Auditoria Interna – RAINT, sem a presença do
ministração, que envolve, dentre outras: fixar as orien- Presidente da empresa;
tações gerais das atividades da empresa, aprovar seu XIX – criar comitês de suporte ao Conselho de Ad-
regimento interno, convocar a Assembleia Geral, criar ministração, para aprofundamento dos estudos de
Comitês de suporte e etc. assuntos estratégicos, de forma a garantir a decisão
7
a ser tomada pelo Colegiado seja tecnicamente bem XL – autorizar a formalização dos contratos de gestão,
fundamentada; previstos no art. 6o da Lei 12.550/2011.
XX – eleger e destituir os membros de comitês de su-
porte ao Conselho de Administração; CAPÍTULO VI
XXI – atribuir formalmente a responsabilidade pelas DA DIRETORIA EXECUTIVA
áreas de Controle Interno, Conformidade e Gerencia-
mento de Riscos a membros da Diretoria Executiva; Trata-se de órgão de administração e representação,
XXII – realizar a avaliação anual, individual e coletiva, devendo assegurar o funcionamento regular da empresa
de seu desempenho, observados os quesitos mínimos: (artigo 48). É composta pelo Presidente e até seis Direto-
a) exposição dos atos de gestão praticados, quanto à res, eleitos pelo Conselho da Administração (artigo 49). O
licitude e à eficácia da ação administrativa; prazo do mandato é de 2 (dois) anos, aceitas até 3 (três)
b) contribuição para o resultado do exercício; reconduções consecutivas (artigo 51). A Diretoria reunir-
c) consecução dos objetivos estabelecidos no plano de -se-á, ordinariamente, uma vez por semana e, extraordi-
negócios e atendimento à estratégia de longo prazo; nariamente, sempre que necessário (artigo 52).
XXIII – nomear e destituir os titulares da Auditoria Com efeito, o artigo 57 fixa as competências do ór-
Interna, após aprovação da Controladoria Geral da gão, ao passo que o artigo 58 fixa a competência do Pre-
União; sidente e o artigo 59 a competência de seus membros.
XXIV – conceder afastamento e licença ao Presidente
da Empresa, inclusive a título de férias; Art. 57. Compete à Diretoria Executiva, no exercício
XXV – aprovar o Regulamento Interno de Licitações e das suas atribuições e respeitadas as diretrizes fixadas
Contratos; pelo Conselho de Administração:
XXVII – aprovar a prática de atos que importem em I – gerir as atividades da empresa e avaliar os seus
renúncia, transação ou compromisso arbitral; resultados;
XXVIII – discutir, aprovar e monitorar decisões envol- II – monitorar a sustentabilidade dos negócios, os ris-
vendo práticas de governança corporativa, relaciona- cos estratégicos e respectivas medidas de mitigação,
mento com partes interessadas e Código de Conduta elaborando relatórios gerenciais com indicadores de
e Integridade dos agentes; gestão;
XXIX – subscrever Carta Anual de que trata o § 1o do III – elaborar os orçamentos anuais e plurianuais da
art. 13 do Decreto 8.945/2016; empresa e acompanhar sua execução;
XXX – estabelecer política de porta-vozes visando a IV – definir a estrutura organizacional da empresa e
mitigar o risco de contradição entre informações de a distribuição interna das atividades administrativas;
diversas áreas e as dos executivos da empresa; V – aprovar as normas internas de funcionamento da
XXXI – avaliar os membros da Diretoria Executiva empresa;
da empresa, nos termos do inciso III do art. 13 da Lei VI – promover a elaboração, em cada exercício, do re-
13.303, de 30 de junho de 16, podendo contar com latório da administração e das demonstrações finan-
apoio metodológico e procedimental do Comitê de ceiras, submetendo-os à Auditoria Independente e aos
Elegibilidade, Indicação e Remuneração; Conselhos de Administração e Fiscal e ao Comitê de
XXXII – aprovar a fiscalizar o cumprimento das me-
Auditoria;
tas e resultados específicos a serem alcançados pelos
VII – autorizar previamente os atos e contratos relati-
membros da Diretoria Executiva;
vos à sua alçada decisória;
XXXIII – promover anualmente análise de atendimen-
VIII – indicar os representantes da empresa nos órgãos
to das metas e resultados na execução do plano de
estatutários de suas participações societárias;
negócios e da estratégia de longo prazo, sob pena de
IX – submeter, instruir e preparar adequadamente os
seus integrantes responderem por omissão, devendo
assuntos que dependam de deliberação do Conse-
publicar suas conclusões e informa-las ao Congresso
Nacional e ao Tribunal de Contas; lho de Administração, manifestando-se previamente
XXXIX 0 manifestar sobre remuneração dos membros quando não houver conflito de interesse;
da Diretoria Executiva; X – cumprir e fazer cumprir este Estatuto, as delibe-
XXXV – autorizar a constituição de subsidiárias; rações da Assembleia Geral e do Conselho de Admi-
XXXVI – aprovar o Regulamento de Pessoal, bem nistração, bem como avaliar as recomendações do
como quantitativo de pessoal próprio e de cargos em Conselho Fiscal;
comissão, acordos coletivos de trabalho, programa de XI – colocar à disposição dos outros órgãos societá-
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
participação dos empregados nos lucros ou resulta- rios pessoal qualificado para secretariá-los e prestar o
dos, plano de cargos e salários, plano de funções, be- apoio técnico necessário;
nefícios de empregados e programa de desligamento XII – aprovar o seu Regimento Interno;
de empregados; XIII – deliberar sobre os assuntos que lhe submeta
XXXVII – aprovar o patrocínio a plano de benefícios; qualquer Diretor;
XXXVIII – estabelecer a Política de Seleção para os XIV – apresentar, até a última reunião ordinária do
titulares das unidades de auditoria interna, área de Conselho de Administração do ano anterior, plano de
controle interno, conformidade a gestão de riscos, e negócios para o exercício anual seguinte e estratégia
ouvidoria; de longo prazo atualizada com análise de riscos e
XXXIX – estabelecer política de divulgação de infor- oportunidades para, no mínimo, os próximos 5 (cinco)
mações visando a transparência, clareza e equidade; e anos;
8
XV – propor a constituição de subsidiárias; e XIII – acompanhar a execução patrimonial, financeira
XVI – convocar assembleia geral, nas hipóteses admi- e orçamentária, podendo examinar livros, quaisquer
tidas em lei. outros documentos e requisitar informações; e
XIV – fiscalizar o cumprimento do limite de participa-
CAPÍTULO VIII ção da empresa no custeio dos benefícios de assistên-
CONSELHO FISCAL cia à saúde e de previdência complementar.
9
O Conselho de Administração pode convidar o Comi- CAPÍTULO XIV
tê da Auditoria para assistir suas reuniões (artigo 74). Ao DO EXERCÍCIO SOCIAL, DAS DEMONSTRAÇÕES FI-
menos um membro sempre deverá estar presente (artigo NANCEIRAS E DOS LUCROS
82). O Conselho também pode destituir membros do Co-
mitê mediante voto justificado da maioria absoluta dos O exercício social da EBSERH coincidirá com o ano
membros (artigo 76). civil (01/01 a 31/12), conforme artigo 96. Deverá fazer
O mandato é de 3 (três) anos e é permitida uma única demonstrações financeiras trimestrais e divulga-las na
reeleição (artigo 75). internet (artigo 97). Outras questões financeiras e orça-
O comitê se reunirá ao menos 2 (duas) vezes ao mês mentárias são abordadas do artigo 98 a 101.
(artigo 79).
As atas do Comitê serão disponibilizadas no site da CAPÍTULO XV
EBSERH (artigo 80). DA ORGANIZAÇÃO INTERNA E DO PESSOAL
Entre outras competências, o Comitê supervisiona as
atividades dos auditores e de controle interno (artigo 81). A estrutura organizacional da EBSERH e a respectiva
O Comitê de Auditoria deve ter meios para receber distribuição de competências serão estabelecidas pelo
denúncias (artigo 83). Conselho de Administração, mediante proposta da Dire-
toria Executiva (artigo 102). Os empregados se sujeitam à
CAPÍTULO XI CLT (artigo 103), mas se exige a aprovação em concurso
DO COMITÊ DE ELEGIBILIDADE, INDICAÇÃO E RE- (artigo 104). Contudo, existem cargos em comissão na
MUNERAÇÃO estrutura da empresa (artigo 105).
10
REGIMENTO INTERNO DA EBSERH – 3ª
EXERCÍCIOS COMENTADOS REVISÃO.
sitária.
§ 1º Para a execução de suas finalidades, a Ebserh de-
verá:
I – planejar, implantar, coordenar, monitorar, avaliar
e criar condições para aperfeiçoar continuamente a
autoadministração, em um sistema unificado entre a
Sede, as filiais ou outras unidades descentralizadas, e
a prestação de serviços de atenção à saúde da popu-
lação, integralmente disponibilizados ao Sistema Úni-
co de Saúde (SUS), por meio dessas filiais e unidades
descentralizadas;
11
II – criar condições para o aperfeiçoamento da realiza- 35); Consultoria Jurídica (assessoria jurídica e advocacia –
ção e o desenvolvimento dos programas de residência artigo 36); Assessoria (assistência – artigo 37); Assessoria
em todos os campos da saúde, particularmente nas Parlamentar (representação, inclusive junto ao Congres-
especialidades e regiões estratégicas para o trabalho e so – artigo 38); Assessoria Técnica-Parlamentar (colabo-
o desenvolvimento do SUS, em função das necessida- ra com a Assessoria Parlamentar – artigo 39); Coorde-
des da população; nadoria de Formação Profissional (capacitação – artigo
III – criar, juntamente com as universidades, condições 40); Coordenadoria de Pesquisa e Inovação Tecnológica
de apoio para o aperfeiçoamento do ensino e da pro- (ensino e pesquisa no campo da tecnologia – artigo 41);
dução de conhecimento em pesquisas básicas, clínicas, Ouvidoria-Geral (recebimento e apuração de sugestões e
tecnológicas ou aplicadas, nos hospitais universitários denúncias – artigos 42 e 43); e Corregedoria-Geral (con-
federais, assim como em unidades descentralizadas da trole e correição – artigo 44).
Ebserh, de acordo com as diretrizes do Poder Executivo O Presidente da EBSERH tem suas competências des-
e em conformidade com as atribuições de outros ór- critas no artigo 33 do Regimento:
gãos dos sistemas universitário e de saúde;
IV – integrar, articular e otimizar os processos de aten- Artigo 33. Ao Presidente da Ebserh compete:
ção à saúde e de gestão dos hospitais universitários fe- I – dirigir, coordenar e controlar as ações desenvolvi-
derais e instituições públicas congêneres, por meio de das pela instituição, de forma que sua atuação esteja
um sistema de informação, monitoramento, avaliação continuamente orientada para os objetivos institucio-
e aperfeiçoamento unificado, em consonância com as nais, conforme previsto na Lei de criação, no Estatuto
finalidades das instituições federais de ensino superior Social, neste Regimento e nas disposições resultantes
(Ifes) e com as necessidades, condições e possibilida- do Conselho de Administração;
des regionais e institucionais; II – representar a Ebserh, em juízo ou fora dele, po-
V – exercer outras atividades inerentes às suas finali- dendo delegar, em casos específicos, essa atribuição,
dades, nos termos da Lei nº 12.550, de 15 de dezem- e, em nome da entidade, constituir mandatários ou
bro de 2011, do seu Estatuto Social e deste Regimento. procuradores;
§ 2º Para os fins deste Regimento, considera-se: III – convocar e presidir as reuniões da Diretoria Exe-
I – Sede: o conjunto das unidades integrantes da ad- cutiva e do Conselho Consultivo;
ministração central da Ebserh, cujas competências IV – coordenar e articular o trabalho em relação às
prioritárias são a articulação, a coordenação, o mo- unidades da Ebserh, tanto na Sede quanto nas suas
nitoramento, a avaliação, o planejamento e a gestão filiais e unidades descentralizadas, podendo delegar
das finalidades da empresa; competência executiva e decisória e distribuir, entre os
II – Filiais: o conjunto de unidades descentralizadas da Diretores, a coordenação e articulação dos serviços da
Ebserh, constituído pelos hospitais universitários fede- Empresa;
rais que estão sob gestão da empresa, cujas compe-
V – editar normas necessárias ao funcionamento dos
tências prioritárias são o apoio e a prestação direta da
órgãos e serviços da Ebserh, de acordo com a organi-
atenção à saúde, bem como a integração respectiva
zação interna e a respectiva distribuição de competên-
ao ensino e à pesquisa;
cias da Sede e das filiais ou unidades descentralizadas,
III – Unidades descentralizadas: unidades ou conjuntos
estabelecidas por este Regimento e pela Diretoria Exe-
de unidades descentralizadas da Ebserh, na forma de
cutiva;
escritórios, representações ou subsidiárias.
§ 3º As atividades de prestação de serviços de atenção VI – admitir, promover, punir, dispensar e praticar os
à saúde de que trata o caput deste artigo estarão in- demais atos compreendidos na administração de pes-
seridas integral e exclusivamente no âmbito do SUS, soal, de acordo com as normas e critérios previstos em
observadas as diretrizes e políticas estabelecidas pelo Lei, neste Regimento e na avaliação da Comissão de
Ministério da Saúde. Ética da Ebserh, podendo delegar essas atribuições no
§ 4º A execução das atividades da Ebserh, por intermé- todo ou em parte;
dio de suas filiais e unidades descentralizadas, dar-se- VII – designar substitutos para os membros da Direto-
-á por meio da celebração de contrato específico para ria, em seus impedimentos temporários, que não pos-
esse fim, nos termos da Lei nº 12.550/11. sam ser atendidos mediante redistribuição de tarefas,
e, no caso de vaga, até o seu preenchimento;
[...] VIII – submeter, por critério de relevância, matérias da
Diretoria Executiva ao Conselho de Administração;
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
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Comissão de Ética cumpra suas funções, inclusive para II – prestar assistência direta e imediata ao Presidente,
que, do exercício das atribuições de seus integrantes na preparação, na análise e no despacho do expedien-
não lhes resulte qualquer prejuízo ou dano; te;
XIII – monitorar, em seu âmbito de responsabilidade, a III – coordenar os trabalhos da Secretaria-Geral;
avaliação da gestão da ética, conforme processo coor- IV – organizar as agendas interna e externa;
denado pela Comissão de Ética da Ebserh; V – subsidiar e auxiliar o Presidente na preparação de
XIV – emitir Portarias necessárias ao cumprimento dos documentos para apresentação em eventos internos e
objetivos e metas da Ebserh; externos à Ebserh, com a participação da Coordena-
XV – constituir comissões especiais, integradas por doria de Comunicação Social, quando for necessário;
conselheiros ou especialistas, para realizar estudos de VI – participar e monitorar grupos de trabalho e reuni-
interesse da Ebserh; ões de interesse imediato da Presidência, em conjunto
XVI – operacionalizar a criação de subsidiárias, es- com os órgãos da Presidência, quando for necessário;
critórios, representações, dependências e filiais em VII – redigir, revisar, tramitar e organizar a correspon-
quaisquer Unidades da Federação, para o desenvol- dência e outros documentos da Presidência da Ebserh;
vimento de atividades inerentes ao seu objeto social, VIII – manter em bom funcionamento a gestão interna
conforme §1º e §2º do art. 1º da Lei no 12.550, de do Gabinete da Presidência, quanto à infraestrutura
15 de dezembro de 2011, bem como extingui-los, nos e ao suporte necessários ao seu funcionamento, em
termos da legislação vigente; articulação com os demais órgãos da Presidência;
XVII – instituir e normatizar a utilização de instrumen- IX – coordenar a gestão documental na empresa; e
tos administrativos internos de monitoramento, con- X – gerenciar a operação dos órgãos colegiados, man-
trole e avaliação de gestão, desempenho, aplicação ter os registros das reuniões e resoluções.
dos recursos públicos e da guarda dos bens públicos,
nos termos do art. 17, do Decreto nº 3.591, de 6 de Artigo 36. Compete à Consultoria Jurídica:
setembro de 2000; I – assessorar juridicamente o Presidente, a Diretoria
XVIII – instituir a Comissão de Controle Interno da Eb- Executiva, o Conselho de Administração, o Conselho
serh e designar seus membros; Fiscal e o Conselho Consultivo;
XIX – assinar, juntamente com um Diretor, os contra- II – realizar advocacia preventiva na Ebserh, anteci-
tos que a Ebserh celebrar ou em que vier a intervir, pando e propondo soluções jurídicas para a Sede e
bem como os atos que envolvam obrigações ou res- para as filiais e unidades descentralizadas;
ponsabilidades por parte da Empresa; III – assessorar as Diretorias da Sede, bem como as
XX – assinar os títulos ou documentos emitidos em Superintendências e Gerências das filiais, em relação a
decorrência de obrigações contratuais, bem como os assuntos jurídicos específicos relativos a seus campos
cheques e outras obrigações de pagamento, podendo de atuação;
delegar essa atribuição; IV – avaliar a legalidade e regularidade de atos e pro-
XXI – emitir Portaria com os valores dos limites de al- cedimentos submetidos à Consultoria Jurídica pelas
çada da Ebserh, estabelecidos no Regulamento de Al- Diretorias, Superintendências e Gerências da Ebserh;
çada e na Norma Operacional proposta pela Diretoria V – formular e supervisionar as teses jurídicas da Sede,
de Orçamento e Finanças; assim como as das filiais e unidades descentralizadas;
XXII – exercer outras atribuições previstas no Estatuto VI – representar a Empresa judicial e extrajudicialmen-
Social e no Regimento Interno da Ebserh. te, com a outorga do Presidente, por meio do exercício
Parágrafo Único. Na hipótese de delegação da atribui- e coordenação da representação ativa e passiva da
ção referida no Item XX deste artigo, os títulos, docu- Ebserh, nas vias judicial e administrativa;
mentos, cheques e outras obrigações deverão conter VII – analisar, avaliar e emitir parecer relativo à lega-
as assinaturas de, pelo menos, dois Diretores da Eb- lidade e conformidade de editais, bem como quanto à
serh. formalização de contratos, convênios, acordos, ajustes
e instrumentos congêneres, e aos aspectos de legali-
Cabe ao Vice-Presidente Executivo, que também é dade e conformidade da instrução processual;
um dos Diretores da EBSERH, substituir o Presidente em VIII – elaborar informações em mandado de seguran-
suas ausências e impedimentos temporários ou, em caso ça;
de vacância definitiva, até que se realizem novas eleições IX – analisar e emitir parecer jurídico referente à le-
(artigo 34). galidade de conclusões de relatórios de apurações de
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
Vale reproduzir em inteiro teor o conteúdo dos arti- responsabilidade, bem como das consequentes propo-
gos que tratam da competência de cada um dos órgãos sições de medidas administrativas ou imputações de
da Presidência, eis que bastante incidentes em concur- responsabilidade administrativa ou civil;
sos: X – defender os integrantes e ex-integrantes dos Con-
selhos de Administração e Fiscal e da Diretoria Exe-
Artigo 35. Compete à Chefia de Gabinete da Presi- cutiva em processos judiciais e administrativos contra
dência: eles instaurados pela prática de atos no exercício do
I – auxiliar a Presidência da Ebserh na condução e ges- cargo ou função, nos casos em que não houver incom-
tão da instituição, em consonância com as diretrizes patibilidade com os interesses da Empresa;
estabelecidas para a realização dos objetivos institu- XI – propor a contratação de serviços jurídicos espe-
cionais; cializados;
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XII – responder ou prestar informações solicitadas pelo V – monitorar e avaliar as atividades desenvolvidas
Ministério Público, Instituto de Defesa do Consumidor pelas Gerências de Ensino e Pesquisa da Rede Ebserh
(Procon), Defensorias Públicas, Delegacias de Polícia, no âmbito da Formação Profissional;
Tribunal de Contas da União, Controladoria-Geral da VI – apoiar o processo de articulação dos hospitais da
União e outros órgãos de controle externo à Ebserh, Rede Ebserh junto às instâncias acadêmicas das uni-
com subsídios prestados pelas unidades da Empresa; e versidades;
XII – monitorar a execução dos compromissos firma- VII – articular, junto às instâncias de gestão do Sis-
dos nos Contratos de Gestão firmados com as Ifes, tema Único de Saúde e da Educação estratégias de
com o apoio da Coordenadoria de Gestão Estratégica apoio e incentivo a adoção de metodologias pedagó-
da DVPE. gicas inovadoras que integrem atenção à saúde, ensi-
no, pesquisa e extensão na Rede Ebserh;
Artigo 37. Compete à Assessoria: VIII – apoiar no processo de certificação dos hospitais
I - dispensar assistência direta e imediata ao Presi- da Rede Ebserh como hospitais de ensino, em confor-
dente; e midade com legislação vigente;
II - estudar e emitir parecer nos assuntos que lhe fo- IX – formular e implementar programas de capacita-
rem submetidos, para que contribuam com a tomada ção para o aprimoramento das atividades de ensino
de decisões. e extensão desenvolvidas no âmbito da Rede Ebserh;
X – divulgar as atividades de ensino e extensão desen-
Artigo 38. Compete à Assessoria Parlamentar: volvidas pela rede Ebserh; e
I – dispensar assistência direta e imediata ao Presi- XI – representar a Ebserh, por delegação do Presiden-
dente em sua representação política; te, conforme inciso II do artigo 32, nas instâncias de
II – acompanhar, junto ao Congresso Nacional, os pro- ensino e extensão.
jetos de lei de interesse da empresa;
III – analisar e elaborar respostas a requerimentos de Artigo 41. Compete à Coordenadoria de Pesquisa e
informação de parlamentares; Inovação Tecnológica:
IV – acompanhar a Presidência em audiências com I – coordenar o planejamento da área de Pesquisa e
parlamentares; Inovação Tecnológica da Rede Ebserh, coerente com as
V – atender a parlamentares e assessores parlamen- políticas e diretrizes gerais da empresa e suas respecti-
tares; vas diretorias e áreas técnicas, considerando os hospi-
VI – organizar e acompanhar pronunciamentos públi- tais como Instituições Científicas e Tecnológicas (ICT);
cos da Presidência, com a participação da Coordena- II – elaborar normativas que orientem os hospitais na
doria de Comunicação Social, quando for necessário; estruturação, organização e gestão das atividades de
VII – monitorar matérias de interesse da Empresa re- Pesquisa e Inovação Tecnológica na Rede Ebserh;
lativas a assuntos legislativos e orientar as ações da III – apoiar às Gerências de Ensino e Pesquisa para
Ebserh, em articulação com a Consultoria Jurídica; e o desenvolvimento das condições técnicas necessárias
VIII – estudar e emitir parecer nos assuntos que lhe fo- para o desenvolvimento de Pesquisa e Inovação na
rem submetidos, para que contribuam com a tomada Rede Ebserh;
de decisões. IV – zelar pelo cumprimento da legislação referente à
Pesquisa e Inovação Tecnológica no âmbito da Rede
Artigo 39. Compete à Assessoria Técnica-Parlamentar: Ebserh;
I - dispensar assistência direta e imediata ao Assessor V – monitorar e avaliar as atividades desenvolvidas
Parlamentar; e pelas Gerências de Ensino e Pesquisa da Rede Ebserh
II - estudar e emitir parecer nos assuntos que lhe fo- no âmbito da Pesquisa e Inovação Tecnológica no âm-
rem submetidos, para que contribuam com a tomada bito da Rede Ebserh;
de decisões. VI – articular, junto às instâncias de gestão do Sistema
Único de Saúde, da Educação e da Ciência e Tecnolo-
Artigo 40. Compete à Coordenadoria de Formação gia, estratégias de apoio e incentivo à pesquisa e ino-
Profissional: vação tecnológica na Rede Ebserh;
I – coordenar o planejamento da área de Formação VII – promover a participação da rede Ebserh no Sis-
Profissional da Rede Ebserh, coerente com as políticas tema Nacional de Inovação em Saúde (SNIS), fomen-
e diretrizes gerais da empresa e suas respectivas dire- tando pesquisas clínicas, acadêmicas e de desenvolvi-
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
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TS), com a implantação ou aprimoramento dos Nú- III – apoiar, quando comprovada a necessidade, a re-
cleos de Avaliação de Tecnologias em Saúde (NATS); alização de inspeções preventivas e a requisição de
XI – formular e implementar programas de capacita- perícias e laudos periciais;
ção para o aprimoramento das atividades de pesquisa IV – receber denúncias envolvendo desvio de conduta
e inovação tecnológica na Rede Ebserh; de empregados, lesão ou ameaça de lesão ao patri-
XII – divulgar as atividades de ensino e extensão de- mônio público e adotar os procedimentos correcionais
senvolvidas pela rede Ebserh; e cabíveis, dando ciência das medidas adotadas aos
XIII – representar a Ebserh, por delegação do Presiden- agentes que as formularam;
te, conforme inciso II do artigo 32, nas instâncias de V – coordenar a adoção dos procedimentos correcio-
pesquisa e inovação tecnológica. nais, acompanhando o cumprimento de cronograma,
prazos, decisões e aplicação de penalidades;
Artigo 42. Compete à Ouvidoria-Geral da Ebserh: VI – coordenar e acompanhar a realização dos traba-
I – registrar as manifestações recebidas da sociedade lhos das Comissões Internas de Averiguação;
relacionadas à Sede, que contenham sugestões, recla- VII – instruir processos disciplinares e de apuração que
mações, denúncias, elogios, pedidos de informação e/ lhe forem encaminhados, bem como demais expe-
ou esclarecimentos de dúvidas sobre quaisquer atos dientes relativos ao assunto;
praticados ou de responsabilidade das unidades da VIII – orientar as filiais e unidades descentralizadas
Empresa; a formular e expedir instruções sobre procedimentos
II – encaminhar, monitorar e avaliar as ações e provi- correcionais; e
dências adotadas pelos setores e unidades competen- IX – executar outras atividades específicas, por decisão
tes em relação a manifestações dos cidadãos; da Presidência, relacionadas ao processo de correição.
III – encaminhar ao Presidente, ou disponibilizar a ele
por meio eletrônico, as demandas que não forem re- A diretoria vice-presidência executiva é abordada na
solvidas pelo setor responsável, após o vencimento do seção II. São órgãos a ela vinculados, conforme artigo
prazo de resposta; 45: Chefia de Gabinete da DVPE (auxílio na condução,
IV – manter atualizados os registros e o acompanha- gestão e atividades – artigo 47); Assessoria da DVPE
mento das demandas recebidas, com os respectivos (assistência – artigo 48); Coordenadoria de Gestão
encaminhamentos e respostas; Estratégica – CGE (apoio na gestão estratégica e in-
V – gerir e coordenar o Serviço de Informação ao Ci- tegrada – artigo 49); Coordenadoria de Comunicação
dadão (SIC) e prestar informações ao público quanto Social – CCS (atividades de comunicação – artigo 50).
aos serviços e ao funcionamento da Ebserh, de acordo Já no artigo 46 se fixam as atribuições do Diretor Vice-
com a legislação em vigor; -Presidente Executivo:
VI – padronizar procedimentos referentes à elabora-
ção e utilização de formulários, guias e outros docu- Artigo 46. Ao Diretor Vice-Presidente Executivo da Eb-
mentos utilizados para orientar e informar o cidadão, serh compete:
nos termos da legislação em vigor; e I – assistir o Presidente na Supervisão, Coordenação,
VII – assessorar, coordenar e articular a instalação, a Monitoramento e Avaliação das ações desenvolvidas
organização e o funcionamento das ouvidorias das fi- pelas Diretorias e das Filiais;
liais e unidades descentralizadas, assim como as pes- II – planejar e coordenar as ações integradas de gestão
quisas de satisfação junto aos usuários dos serviços e desenvolvimento institucional;
prestados, nos termos da legislação em vigor. III – substituir o Presidente, em suas ausências e im-
pedimentos;
Artigo 43. As ouvidorias das filiais, ou unidades des- IV – auxiliar o Presidente na definição de diretrizes e
centralizadas, se reportarão ao respectivo Superinten- na implementação das ações da área de competência
dente e integrarão uma Rede de Ouvidorias com atua- da Empresa;
ção descentralizada, mas articulada na padronização V – dirigir a gestão estratégica e a comunicação orga-
dos processos e na unificação dos dados nacionais nizacional; e
para a produção de relatórios estatísticos e de gestão, VI – presidir o Comitê Interno de Gestão do Rehuf.
por meio da Ouvidoria-Geral.
As demais diretorias são objeto da seção III, cada qual
Artigo 44. Compete à Corregedoria-Geral: elaborando seu regulamento e os submetendo à Pre-
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
I – coordenar, orientar, controlar e avaliar as ativida- sidência para aprovação pela Diretoria Executiva (ar-
des de correição no âmbito da Sede, filiais e unidades tigo 51). Dos artigos 52 a 56 se descrevem atribuições
descentralizadas, inclusive no que se refere às ações de cada uma destas diretorias.
preventivas, objetivando a melhoria do padrão de
qualidade no processo de gestão e, como consequên- Artigo 52. Compete à Diretoria de Atenção à Saúde:
cia, na prestação de serviços à sociedade; I – coordenar a implantação do modelo de atenção
II – estudar e propor a revisão de normas e procedi- hospitalar, centrado no usuário, considerando as ne-
mentos administrativos, quando constatadas fragili- cessidades de saúde da população e de formação pro-
dades nas metodologias de fiscalização que poderiam fissional, em consonância com as políticas nacionais
possibilitar eventuais riscos e desvios de conduta fun- de Educação e Saúde;
cional e irregularidades;
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II – promover a integração das ações assistenciais com III – planejar, estabelecer diretrizes e normas de ge-
o ensino, a pesquisa e a inovação tecnológica; renciamento e fiscalização de contratos e convênios
III – coordenar a implantação da gestão da clínica no âmbito da Sede, filiais e unidades descentralizadas;
junto às filiais, dentre os quais, as linhas de cuidado, IV – gerenciar o patrimônio da Sede e monitorar sua
humanização da atenção e regulação assistencial; manutenção nas filiais e unidades descentralizadas;
IV – definir, em conjunto com as filiais, protocolos clí- V – gerenciar o almoxarifado, a infraestrutura física e
nicos, assistenciais e diretrizes terapêuticas, a serem os serviços administrativos da Sede;
adotados pelas filiais, visando qualificar a assistência VI – planejar, estabelecer diretrizes e normas, avaliar e
e a formação profissional; controlar a emissão de passagens e diárias necessárias
V – coordenar a implementação, junto às filiais, das para a realização de trabalhos no âmbito da Sede, fi-
ações de vigilância em saúde e dos padrões técnicos liais e unidades descentralizadas;
de qualidade assistencial e de segurança do paciente; VII – articular com a DGPTI o desenvolvimento e a
VI – coordenar, junto às filiais, a estruturação da assis- implantação do Sistema Informatizado de Gestão
tência farmacêutica hospitalar em consonância com Hospitalar da Ebserh, no tocante a processos e proce-
as diretrizes da Política Nacional de Assistência Far- dimentos, infraestrutura, tecnologias da informação e
macêutica; serviços, assim como indicadores para monitoramen-
VII – coordenar, em conjunto com as filiais, o planeja- to;
mento de ações e serviços de saúde, de forma articu- VIII – planejar, coordenar e implementar, em conjun-
lada ao ensino e à pesquisa, e apoiar as filiais na sua to com as demais Diretorias da Ebserh, o processo de
implementação; especificação técnica para o provimento de infraestru-
VIII – definir, em conjunto com as filiais, a padroniza- tura física da Sede, filiais e unidades descentralizadas,
ção de medicamentos, equipamentos e produtos para de acordo com normas e legislação vigentes; e
saúde a ser adotada nas filiais; IX – monitorar e avaliar a gestão de infraestrutura
IX – coordenar, em conjunto com a DAI, o planeja- física da Sede, filiais e unidades descentralizadas, de
mento de aquisição centralizada de medicamentos,
forma orientada para a qualificação das áreas físicas
produtos para saúde e equipamentos para as filiais,
e instalações prediais.
objetivando a eficiência;
X – definir, em conjunto com as filiais, as bases de
Artigo 54. Compete à Diretoria de Orçamento e Fi-
negociação da contratualização hospitalar e pactuar,
nanças:
junto aos gestores do SUS, a sua efetivação;
I – planejar, implementar e controlar as políticas e di-
XI – apoiar a implantação das políticas de e-saúde, no
retrizes de gestão orçamentária, financeira e contábil
âmbito de sua atuação;
no âmbito da Sede, filiais e unidades descentralizadas;
XII – contribuir com a formulação e implementação de
programas de capacitação necessários ao aprimora- II – subsidiar a Presidência, o Conselho de Administra-
mento da atenção hospitalar nas filiais; ção, o Conselho Fiscal e a Diretoria Executiva com as
XIII – monitorar e avaliar o desempenho da atenção informações necessárias para as decisões relacionadas
hospitalar nas filiais, por intermédio de indicadores à execução e ao desempenho do orçamento da Sede,
estratégicos, para apoiar a tomada de decisão; filiais e unidades descentralizadas;
XIV – contribuir com a formulação e qualificação de III – apoiar e monitorar as filiais e unidades descentra-
políticas de saúde no âmbito do SUS; lizadas da Ebserh no planejamento, implementação e
XV – propor, no âmbito de sua atuação, ações referen- controle de seus respectivos orçamentos e desempe-
tes à assistência hospitalar e à vigilância em saúde, nhos institucionais, de acordo com as características
no que se refere a eventos de importância em saúde definidas no planejamento de cada unidade;
pública; e IV – planejar, gerenciar e controlar a execução orça-
XVI – gerenciar o Programa de Certificação de Hos- mentária e financeira da Sede, filiais e unidades des-
pitais de Ensino, no âmbito da Ebserh, em interface centralizadas, com as medidas necessárias à manu-
com a Coordenadoria de Formação Profissional da tenção do equilíbrio financeiro da Empresa;
Presidência. V – realizar a execução orçamentária e financeira no
âmbito da Sede;
Artigo 53. Compete à Diretoria de Administração e VI – estabelecer diretrizes para a gestão de custos da
Infraestrutura: Empresa, bem como monitorar e avaliar a implanta-
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
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II – planejar, administrar e desenvolver a força de tra- sidência, de acordo com as necessidades e pessoal
balho própria e cedida da Ebserh, em articulação com necessário ou existente na Sede, em cada filial ou uni-
as demais Diretorias e de acordo com as necessidades dade descentralizada;
de serviço no âmbito de cada uma das unidades da XVI – estabelecer instrumento formal de comunicação
instituição; permanente entre os empregados da Ebserh e servido-
III – articular com todas as instâncias de gestão da Eb- res a ela cedidos e a Diretoria de Gestão de Pessoas,
serh, de acordo com as respectivas atribuições, o pro- relacionado a demandas referentes ao ambiente e às
cesso de planejamento, desenvolvimento de atividades condições de trabalho;
e avaliação das ações relativas à gestão de pessoas; XVII – articular, no âmbito de suas atribuições, com
IV – articular, desenvolver e implementar, em conjunto órgãos de classe e sindicais, informações e condições
com outras entidades públicas ou privadas, projetos e relacionados ao trabalho na Ebserh;
ações, bem como quaisquer outras contribuições que XVIII – negociar acordos coletivos de trabalho da Eb-
possibilitem melhoria dos processos de gestão de pes- serh, com órgãos de classe e sindicais, em articulação
soas na Ebserh; com a Consultoria Jurídica da instituição; e
XIX – gerir Programa de Estágio não obrigatório da
V – identificar, sistematizar e padronizar os processos
Ebserh.
de trabalho relacionados à gestão de pessoas, no âm-
bito do funcionamento da Ebserh, em articulação com
Artigo 56. Compete à Diretoria de Gestão de Processos
a DGPTI;
e Tecnologia da Informação:
VI – dimensionar, de acordo com as necessidades dos
I – propor e gerir a Política de Gestão de Processos,
processos de trabalho a serem realizados, e em arti-
Segurança e Tecnologia da Informação da Ebserh, em
culação com as demais Diretorias e Equipes de Go-
articulação com as demais Diretorias e órgãos da Pre-
vernança das filiais ou unidades descentralizadas, as
sidência;
características e quantidades de recursos humanos;
II – elaborar e submeter o Plano Estratégico de Tecno-
VII – formular, propor e implementar política e pro-
logia da Informação (PETI) e o Plano Diretor de Tecno-
cessos de contratação de recursos humanos para a
logia da Informação (PDTI) à aprovação da Diretoria
Ebserh, incluindo a elaboração de editais de concurso
Executiva da Ebserh, em consonância com o planeja-
público, realização de processos seletivos e divulgação
mento institucional;
dos respectivos resultados, em articulação com as de-
III – implementar, monitorar, avaliar e aperfeiçoar as
mais Diretorias e a Consultoria Jurídica;
características e a execução do Plano Estratégico de
VIII – elaborar, propor e regulamentar os Planos de
Tecnologia da Informação (PETI) e do Plano Diretor de
Cargos, Carreiras e Salários; de Benefícios; e de Cargos
Tecnologia da Informação (PDTI) na Ebserh, de acordo
em Comissão e Funções Gratificadas para a Ebserh,
com o planejamento institucional;
em articulação com as demais Diretorias e os órgãos
IV – mapear, propor, avaliar e aperfeiçoar os fluxos de
da Presidência;
processos de atenção à saúde e administrativos, em
IX – coordenar, monitorar, avaliar e aperfeiçoar a apli-
articulação com as respectivas Diretorias e demais
cação dos Planos de Cargos, Carreiras e Salários; de
unidades descentralizadas da Ebserh;
Benefícios; e de Cargos em Comissão e Funções Grati-
V – coordenar, planejar, desenvolver ou propor a con-
ficadas da Ebserh;
tratação de infraestrutura tecnológica e de sistemas
X – formular e propor a política de formação e capaci-
de informação necessários para auxiliar os processos
tação de recursos humanos para a Ebserh, assim como
de trabalho na Ebserh;
de unidades descentralizadas, em consonância com o
VI – coordenar o desenvolvimento, implantação e ma-
Regimento e o planejamento da instituição, e de acor-
nutenção dos sistemas informatizados com foco nos
do com as necessidades da instituição;
processos de atenção à saúde, de ensino e pesquisa e
XI – coordenar, monitorar, avaliar e aperfeiçoar os
de gestão para o campo da saúde;
processos e procedimentos de formação, capacitação
VII – avaliar e autorizar a aquisição e implantação de
e avaliação de recursos humanos para a Ebserh, de
soluções tecnológicas, equipamentos ou sistemas in-
acordo com a política formulada na instituição;
formatizados, no âmbito da Ebserh, que atendam às
XII – desenvolver a integração dos empregados da
necessidades das filiais ou unidades descentralizadas;
Ebserh, em articulação com as demais Diretorias, os
VIII – desenvolver procedimentos operacionais infor-
órgãos da Presidência e as Equipes de Governança das
matizados na Ebserh, para o monitoramento prévio e
filiais;
efetivo dos serviços e da gestão da instituição;
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
17
XI – integrar as redes de dados e sistemas informati- d) um Gerente de Ensino e Pesquisa, quando se tratar
zados e de telecomunicações entre filiais ou unidades de hospitais universitários ou de ensino.
descentralizadas e a Sede; § 1º Os cargos de Superintendente do Hospital e de
XII – integrar, quando couber, os sistemas de infor- Gerentes serão de livre nomeação.
mações da Ebserh com os sistemas de informações § 2º O Superintendente, nos casos dos hospitais uni-
congêneres federais, de forma a qualificar os sistemas versitários, será selecionado e indicado pelo Reitor,
internos da instituição; sendo do quadro permanente da universidade contra-
XIII – assessorar e prestar suporte em questões tecno- tante da Ebserh, obedecendo a critérios estabelecidos
lógicas que envolverem telessaúde e telemedicina, no de titulação acadêmica e comprovada experiência em
âmbito da Ebserh; gestão pública no campo da saúde, definidos conjun-
XIV – planejar, implementar e monitorar a logística tamente entre a reitoria e a Ebserh, nos termos do ar-
de equipamentos de informática, a infraestrutura de tigo 6º da Lei n°. 12.550, de 15 de dezembro de 2011.
Tecnologia da Informação e Telecomunicações, as § 3º As Gerências serão ocupadas por pessoas selecio-
tecnologias das redes e os sistemas de informação da nadas por uma comissão composta por membros da
Ebserh; Diretoria Executiva da Ebserh e pelo Superintendente
XV – assessorar o desenvolvimento e a capacitação de da unidade hospitalar, indicados a partir de análise
pessoal para a implementação de mudanças ou aper- curricular que comprove qualificação para o atendi-
feiçoamentos necessários nos meios e processos de in- mento das competências específicas de cada Gerên-
formatização da Ebserh; cia, de acordo com a normativa interna que trata do
XVI – desenvolver, implantar e sustentar os Sistemas assunto.
de Gestão Hospitalar da Empresa, com as Diretorias § 4º A estrutura de governança indicada no caput po-
envolvidas, no que tange às responsabilidades de ne- derá ser alterada em caso de complexo hospitalar ou
gócio envolvidas; de alguma excepcionalidade detectada nas unidades
XVII – realizar estudos, em conjunto com a Coordena- hospitalares, mediante aprovação do Conselho de Ad-
doria de Gestão Estratégica e com representantes das ministração, a partir de proposta da Diretoria Execu-
Diretorias pertinentes, a respeito de processos ou pro- tiva.
cedimentos existentes ou necessários à Sede, às filiais § 5º As pessoas selecionadas para as Gerências serão
ou unidades descentralizadas da Ebserh, que tenham nomeadas pelo Presidente da Ebserh.
que ser implantados, corrigidos ou aperfeiçoados; e
XVIII – consolidar e submeter à Diretoria Executiva os Artigo 61. O Colegiado Executivo, composto pelo Su-
dados, indicadores e sinalizadores para o monitora- perintendente e Gerentes de cada unidade hospitalar
mento e avaliação contínuos das unidades e órgãos vinculada à Ebserh, será responsável pela direção e
componentes da Ebserh, em conjunto com a Coorde- administração de todas as atividades da unidade, em
nadoria de Gestão Estratégica, a partir de propostas consonância com as diretrizes, coordenação e monito-
das demais Diretorias da instituição ou em articulação ramento da Ebserh e, no que for pertinente ao ensino
e avaliação conjunta com elas. e à pesquisa, de acordo com as necessidades e orien-
tações da universidade a qual a unidade hospitalar
Adiante, a seção IV aborda as reuniões e os conse- estiver vinculada.
lhos, fixando já no artigo 57 que a inclusão de matérias
nas pautas das reuniões do Conselho de Administração, Artigo 62. Ao Colegiado Executivo de cada unidade
do Conselho Fiscal e do Conselho Consultivo deve ser so- hospitalar compete:
licitada à Secretaria-Geral até 6 (seis) dias úteis antes da I – propor, implementar, monitorar, gerir e avaliar,
data de realização. Além disso, no artigo 59 fixa-se que de forma integrada, o planejamento de atividades
as reuniões da Diretoria Executiva serão semanais, ordi- de atenção à saúde, de ensino e de pesquisa a serem
nariamente, ou sempre que convocadas pelo Presidente, desenvolvidas no âmbito do hospital, em consonância
extraordinariamente, sendo suas deliberações tomadas com as diretrizes estabelecidas pela Ebserh, as orien-
por maioria dos votos. tações da universidade a qual o hospital estiver vincu-
lado e as políticas de Saúde e Educação do País;
CAPÍTULO IV II – administrar a execução das diretrizes da Ebserh e
DA ESTRUTURA DE GOVERNANÇA DAS UNIDADES dos contratos firmados;
HOSPITALARES ADMINISTRADAS PELA EBSERH III – monitorar a atuação de cada setor e avaliar os
serviços realizados em conjunto com as Diretorias da
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
O Colegiado Executivo será o responsável por admi- Ebserh e com a universidade, de acordo com os indi-
nistrar as filiais, tendo sua composição regulada no arti- cadores, instrumentos e procedimentos desenvolvidos
go 60. Conforme artigo 61, a ele caberá dirigir e admi- para essas funções;
nistrar todas as atividades da unidade, nos termos das IV – participar dos estudos a respeito dos dados de
competências delimitadas no artigo 62. avaliação e das proposições para aperfeiçoamento
dos serviços e condições da respectiva unidade hospi-
Artigo 60. As filiais serão administradas por um cole- talar e das relações com a Sede;
giado executivo composto por: V – implementar as soluções propostas para aperfei-
a) Superintendente do hospital; çoamento ou desenvolvimento dos serviços ou condi-
b) um Gerente de Atenção à Saúde; ções da unidade hospitalar em conjunto com as Dire-
c) um Gerente Administrativo; e torias da Sede;
18
VI – estabelecer normas e delegar poderes no âmbito 2. (CESPE/2018 – EBSERH – Conhecimentos Básicos
de suas respectivas competências; – Cargos de Nível Médio) Com relação ao Regimento
VII – intermediar o relacionamento da unidade hospi- Interno da EBSERH, julgue o item a seguir.
talar com a universidade e com a Sede; A gestão e a coordenação do Serviço de Informação
VIII – atualizar os dados relacionados aos sistemas ao Cidadão para prestação de informações ao público
implantados pela Ebserh, para monitoramento e ava- quanto aos serviços e funcionamento da empresa são
liação dos serviços, equipamentos, condições e insta- competências da Ouvidoria-Geral da EBSERH.
lações da unidade hospitalar;
IX – fornecer todas e quaisquer informações e dados
( ) CERTO ( ) ERRADO
solicitados pela Sede; e
X – instituir as respectivas Comissões Hospitalares
Resposta: Certo. Conforme artigo 42, V, Regimento,
previstas, nos termos da legislação vigente.
“compete à Ouvidoria-Geral da Ebserh: [...] V – gerir e
coordenar o Serviço de Informação ao Cidadão (SIC) e
CAPÍTULO V prestar informações ao público quanto aos serviços e
DO PESSOAL ao funcionamento da Ebserh, de acordo com a legis-
lação em vigor”.
Quanto ao quadro de pessoal, compõem a EBSERH
os empregados públicos admitidos na forma da Lei nº
12.550/2011. Em regra, ingressarão por concurso públi-
co, permitindo-se excepcionalmente a contratação tem- CÓDIGO DE ÉTICA E CONDUTA DA EBSERH
porária (artigos 63 e 64). Além disso, devem ser vedadas – PRINCÍPIOS ÉTICOS E COMPROMISSOS
práticas de nepotismo (artigo 65 - nomeações, contra- DE CONDUTA – 1ª EDIÇÃO – 2017
tações ou designações de cônjuge, companheiro ou pa-
rente em linha reta ou colateral, por consanguinidade ou
afinidade até terceiro grau, dos membros dos Conse-
“As relações de valor que existem entre o ideal mo-
lhos, da Diretoria Executiva, e ocupantes de cargos de
ral traçado e os diversos campos da conduta humana
livre provimento).
podem ser reunidas em um instrumento regulador. Tal
conjunto racional, com o propósito de estabelecer linhas
CAPÍTULO VI ideais éticas, já é uma aplicação desta ciência que se con-
DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS substancia em uma peça magna, como se uma lei fosse
entre partes pertencentes a grupamentos sociais. Uma
Caberá ao Conselho de Administração resolver casos
espécie de contrato de classe gera o Código de Ética Pro-
omissos e dúvidas não solucionados no âmbito da Dire-
fissional e os órgãos de fiscalização do exercício passam
toria Executiva (artigo 66).
a controlar a execução de tal peça magna. Tudo deriva,
pois, de critérios de condutas de um indivíduo perante
seu grupo e o todo social. O interesse no cumprimen-
EXERCÍCIOS COMENTADOS to do aludido código passa, entretanto, a ser de todos.
O exercício de uma virtude obrigatória torna-se exigível
de cada profissional [...], mas com proveito geral. Cria-
1. (CESPE/2018 – EBSERH – Conhecimentos Básicos –
-se a necessidade de uma mentalidade ética e de uma
Cargos de Nível Superior) Com relação ao Regimento
educação pertinente que conduza à vontade de agir, de
Interno da EBSERH, julgue o item a seguir.
acordo com o estabelecido. Essa disciplina da atividade é
Órgão da EBSERH responsável por receber denúncias
antiga, já encontrada nas provas históricas mais remotas,
que envolvam desvio de conduta de empregados, a Ou-
e é uma tendência natural na vida das comunidades. É
vidoria-Geral é obrigada a dar ciência aos denunciantes
inequívoco que o ser tenha sua individualidade, sua for-
acerca das medidas adotadas em relação às denúncias.
ma de realizar seu trabalho, mas também o é que uma
norma comportamental deva reger a prática profissional
( ) CERTO ( ) ERRADO
no que concerne a sua conduta, em relação a seus seme-
lhantes” 4. Logo, embora se reconheça que o indivíduo
Resposta: Errado. Conforme artigo 44, IV, Regimento,
tem particularidades no desempenho de suas funções,
“compete à Corregedoria-Geral: [...] IV – receber de-
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
19
legas, a classe e a nação. As virtudes básicas são comuns CAPÍTULO I
a todos os códigos. As virtudes específicas de cada pro- DOS OBJETIVOS
fissão representam as variações entre os diversos estatu-
tos éticos. O zelo, por exemplo, é exigível em qualquer Art. 1º - O Código de Ética e Conduta da Empresa Bra-
profissão, pois representa uma qualidade imprescindível sileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) tem por ob-
a qualquer execução de trabalho, em qualquer lugar. O jetivo estruturar os princípios e valores que norteiam
sigilo, todavia, deixa de ser necessário em profissões que as ações e os compromissos de conduta institucionais,
não lidam com confidências e resguardos de direitos” 5. nas relações internas e externas à Rede Ebserh. Busca-
Por exemplo, o servidor público tem o dever de zelo, ge- -se, por meio deste documento, estabelecer um meca-
nérico, e o dever de sigilo, específico, já que tem acesso a nismo de fortalecimento institucional e de princípios
informações privilegiadas no exercício do cargo. éticos efetivos que representem os valores preconiza-
O Decreto nº 1.171/92 obrigou que todos os órgãos dos pela Ebserh.
da administração direta e indireta instituíssem uma Co-
missão de Ética: Art. 2º - Este Código de Ética e Conduta é de obser-
vância obrigatória por todos os membros do Conse-
Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública lho de Administração, do Conselho Fiscal, da Direto-
Federal direta e indireta implementarão, em sessenta ria Executiva, profissionais do quadro permanente da
dias, as providências necessárias à plena vigência do Empresa, ocupantes de cargos de confiança, profissio-
Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da nais ou servidores requisitados ou cedidos de outros
respectiva Comissão de Ética, integrada por três ser- órgãos públicos, profissionais de empresas prestado-
vidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou ras de serviços, servidores públicos que encontram-se
emprego permanente. desempenhando suas atividades nas unidades da Eb-
Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética serh, pessoas físicas e jurídicas prestadoras de serviços
será comunicada à Secretaria da Administração Fede- à Ebserh, estagiários, residentes e todos aqueles que,
ral da Presidência da República, com a indicação dos de forma individual ou coletiva, por força de lei, con-
respectivos membros titulares e suplentes. trato ou qualquer outro ato jurídico, prestem serviços
à Empresa, sejam de natureza permanente, temporá-
A EBSERH se vincula a esta determinação e possui ria ou excepcional, ainda que sem retribuição finan-
uma Comissão de Ética, a qual será responsável por ceira, direta ou indiretamente.
zelar pela aplicação do Código de Ética que a própria
empresa elaborou. A respeito deste, a própria EBSERH CAPÍTULO II
assim apresenta: “O Código de Ética e Conduta da Em- DOS PRINCÍPIOS E VALORES FUNDAMENTAIS
presa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) baliza
os princípios e valores requerido de seus colaboradores. Art. 3º - A Ebserh observará os princípios constantes
É o norteador principiológico de ações, buscando asse- no artigo 37 da Constituição Federal vigente, zelan-
gurar, em um patamar superior de ética e valores, a todas do pela predominância da probidade administrativa,
as categorias e níveis hierárquicos, uma conduta integra da integridade, da dignidade da pessoa humana, da
no relacionamento com pacientes e seus familiares, co- urbanidade, da transparência, da honestidade, da
legas, fornecedores e público em geral. Neste sentido, lealdade, do repúdio ao preconceito e ao assédio, do
trata-se de um documento norteador das condutas pes- respeito à diversidade, da responsabilidade social e do
soais e profissionais de todos os empregados da Ebserh, desenvolvimento sustentável, do interesse público, do
independente do cargo ou da função que ocupem. Este sigilo profissional, sem prejuízo dos demais princípios
documento tem como inspiração a visão, a missão e os norteadores da Administração Pública Federal.
valores institucionais, entrelaçados com a ética nas con- Parágrafo único. As Informações confidenciais ou es-
dutas em suas diferentes dimensões, objetivando uma tratégicas sejam limitadas a pessoas com necessidade
construção de identidade e imagem de uma organização de conhecimento, incluindo divulgação interna junto a
reconhecida, com foco no trabalho inovador e de exce- outros colaboradores bem como a terceiros.
lência, alinhado às boas práticas de governança corpora-
tiva e à comunicação transparente com todos os públicos Art. 4º - Os princípios éticos, tais como o decoro, o
com os quais a rede Ebserh se relaciona. Busca-se, nesse zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais,
código, destacar os princípios e valores que são espera- deverão ser considerados em todas as decisões dos
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
dos dos colaboradores no exercício de suas atividades gestores, bem como em todos os relacionamentos
e na convivência, com a inibição de ações antiéticas e empreendidos no âmbito da empresa, com o objetivo
atitudes inapropriadas”. de contribuir para a construção e a consolidação da
Abaixo transcreve-se na íntegra o Código de Ética, identidade da Ebserh como uma instituição que pre-
diante de seu relevante conteúdo normativo: za pela preservação da ética em todos os seus atos e
instâncias.
5 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010.
20
CAPÍTULO III CAPÍTULO IV
DOS COMPROMISSOS DE CONDUTA DOS RELACIONAMENTOS NO ÂMBITO INTERNO
Art. 5º - Os compromissos de conduta constantes nes- Art. 9º - A Ebserh buscará adotar medidas para que
te Código de Ética e Conduta são fundamentados e não haja distinção de tratamento entre as pessoas que
decorrem dos princípios e valores fundamentais su- atuam na Empresa, com respeito à hierarquia e ao de-
pracitados. No exercício da governança corporativa, a sempenho das competências de cada um, e em con-
Ebserh irá pautar sua atuação e suas decisões em con- formidade com os princípios e valores fundamentais
formidade com os princípios e valores fundamentais
orientadores deste Código de Ética e Conduta. Art. 10 - Todas as pessoas que atuam no âmbito da
Ebserh deverão contribuir para o estabelecimento e a
Art. 6º - Os princípios e valores norteadores da atua- manutenção de um ambiente de trabalho em que pre-
ção da Ebserh, bem como seus compromissos de con- valeçam a cooperação, eficiência, dedicação, iniciativa,
duta, devem estar refletidos nos relacionamentos nos justiça, responsabilidade, transparência e a urbanidade.
âmbitos interno e externo à Empresa, em conformida-
de com o que dispõem os artigos 3° e 4° deste Código Art. 11 - Todos os que atuam na Ebserh devem se com-
de Ética e Conduta, sempre zelando pela imagem, re- prometer no sentido de não serem coniventes com
putação e integridade da Ebserh. qualquer infração a este Código de Ética e Conduta,
Parágrafo único. A marca da empresa e o conheci- bem como aos demais atos normativos da Empresa.
mento produzido internamente no desenvolvimento
de suas atividades ou em parceria são patrimônios CAPÍTULO V
institucionais e devem ser sempre protegidos por to- DOS RELACIONAMENTOS NO ÂMBITO EXTERNO
dos colaboradores. A propriedade intelectual da em-
presa diz respeito ao seu direito de proteção às ideias Art. 12 - A Ebserh se pautará, em suas relações exter-
nas, pelo mais elevado padrão ético, bem como pelos
e criação desenvolvidas internamente ou em parceria
princípios e valores fundamentais orientadores deste
e inclui sua marca, patentes, direitos autorais, registro
Código de Ética e Conduta, assumindo o compromis-
de software, dentre outros. Deve-se proteger a mar-
so de regular tais relações por meio de procedimentos
ca e a propriedade intelectual do mau uso, desvios ou
imparciais, isonômicos, transparentes, idôneos e em
utilização para benefícios pessoais. O mesmo cuidado
conformidade com a legislação pertinente.
e respeito deve ser observado com relação à proprie-
dade intelectual de terceiros.
Art. 13 - A atuação da Ebserh se pautará pelo compro-
misso com os projetos e as políticas governamentais
Art. 7º - O agente público da empresa, ao manifestar vigentes, buscando a prestação de serviços de forma
suas opiniões sobre as atividades da Ebserh, no exer- responsável e em consonância com o interesse públi-
cício da liberdade de expressão, deve deixar claro se co, com foco no paciente.
tratar de opinião pessoal, resguardando à reputação
da empresa e de seus agentes. Art. 14 - A Ebserh atuará permanentemente na pre-
Parágrafo único. O empregado pode discordar de venção e repressão ao surgimento e manutenção de
práticas ou políticas adotadas pela empresa, devendo práticas que possam resultar em vantagens ou bene-
discutir suas ideais com chefe imediato e apresentar fícios pessoais que caracterizem conflito de interesse
sugestões. A empresa estimula o clima de abertura para os envolvidos, bem como participação em prá-
como forma de impedir a estagnação, encorajando a ticas claramente ilegais, desleais ou contrárias aos
criatividade e o não conformismo. As críticas feitas às princípios éticos.
claras e pelos os canais de comunicação adequados
são bem-vindas e consideradas demonstração de le- Art. 15 - Na prestação de serviços de saúde pelos Hos-
aldade à empresa. pitais Universitários (HUs) filiais, a Ebserh buscará o
compromisso com a satisfação dos pacientes e o res-
Art. 8º - A preservação ambiental e iniciativas de sus- peito aos seus direitos, em atenção às questões apon-
tentabilidade serão levadas em consideração pela Eb- tadas pelos usuários dos HUs.
serh nas ações, projetos e relações de que sejam parte. Parágrafo único. A Ebserh deve nortear suas ações
com intuito de preservar o bom relacionamento com
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
21
CAPÍTULO VI Art. 20 - A Ebserh estabelecerá mecanismo de prote-
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS ção que impeça qualquer espécie de retaliação a pes-
soa que utilize os canais de denúncias.
Art. 17 - Constituem-se em referências, e devem ser
utilizados conjunta ou subsidiariamente na aplicação Art. 21 - Todas as pessoas que atuam no âmbito da
do Código de Ética e Conduta, os seguintes normati- Ebserh devem tomar conhecimento e implementar as
vos. orientações estabelecidas neste Código.
I. Constituição Federal;
II. Código de Ética e Conduta Profissional do Servidor Art. 22 - A Ebserh disponibilizará treinamento periódi-
Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado co, no mínimo anual, sobre o Código de Ética e Con-
pelo Decreto nº 1.171, de 1994; duta, para empregados e administradores.
III. Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Fe-
deral, instituído pelo Decreto nº 6.029, de 1º de feve- Art. 23 - No ato da contratação, será disponibilizada
reiro de 2007; ao empregado contratado cópia do Código de Ética e
IV. Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013; Conduta.
V. Código de Conduta da Alta Administração Federal,
aprovado em 21 de agosto de 2000; Art. 24 - Este Código entra em vigor na data de sua
VI. Resolução nº 10, de 29 de setembro de 2008, da publicação.
Comissão de Ética Pública, da Presidência da Repú-
blica;
VII. Códigos de Ética das categorias profissionais que
atuam na Ebserh; EXERCÍCIOS COMENTADOS
VIII. Regulamento de Pessoal da Ebserh;
IX. Regimento Interno da Ebserh; 1. (CESPE/2018 – EBSERH – Conhecimentos Básicos –
X. Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016; Cargos de Nível Superior) À luz do Código de Ética e
XI. Decreto 8.945, de 27 de dezembro de 2016. Conduta da EBSERH, julgue o item que se segue.
Os agentes públicos que integrarem a Comissão de Ética
Art. 18 – Compete à Comissão de Ética da Ebserh (CEE) da EBSERH, assim como seus suplentes, serão indicados
a divulgação, implementação e atualização deste Có- pela presidência da empresa.
digo de Ética e Conduta, a resposta a consultas éticas,
bem como a apuração de denúncias de descumpri- ( ) CERTO ( ) ERRADO
mento de conduta ética. Qualquer pessoa poderá en-
trar em contato com a CEE, pelos canais de comunica- Resposta: Certo. Nos termos do artigo 23, “o Presi-
ção indicados na intranet e internet, sendo assegurado dente da Ebserh constituirá Comissão de Ética com-
total sigilo e confidencialidade das informações. posta por três servidores ou empregados titulares de
§ 1o A Ebserh terá como compromisso fundamental a cargo efetivo ou emprego permanente, e seus respec-
formação ética de seu pessoal, de modo que as condu- tivos suplentes, conforme Decreto nº 1.171, de 22 de
tas não desprezem o elemento ético. Para isso, serão junho de 1994”.
adotadas medidas de orientação, estimulando o seu
integral cumprimento. 2. (CESPE/2018 – EBSERH – Conhecimentos Básicos –
§ 2o A CEE será composta, na forma do seu regimento Cargos de Nível Superior) À luz do Código de Ética e
interno, por 3 agentes públicos da Ebserh e respectivos Conduta da EBSERH, julgue o item que se segue.
suplentes, todos indicados pela Presidência da Empre- Serão assegurados total sigilo e confidencialidade das in-
sa, contando com o apoio de representantes indicados formações à pessoa que entrar em contato com a Comis-
pelos Colegiados Executivos nas filiais. são de Ética da EBSERH pelos canais de comunicação da
Internet para relatar descumprimento de conduta ética
Art. 19 - O tratamento de denúncias referentes à dos empregados da empresa.
transgressão deste Código de Ética e Conduta será
feito precipuamente conforme disciplinado nos nor- ( ) CERTO ( ) ERRADO
mativos referenciados no inciso III do artigo 17, princi-
palmente os editados pela Comissão de Ética Pública,
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
22
a liberdade e igualdade com relação a dignidade e os
LEI Nº 13.146/2015 E SUAS ALTERAÇÕES direitos. Constituição Federal Brasileira de 1988 garante
(LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO DA PESSOA que todos são iguais perante a lei, podendo garantir uma
COM DEFICIÊNCIA – ESTATUTO DA PESSOA verdadeira tutela da pessoa humana (LOUSADA, 2015).
COM DEFICIÊNCIA) O Estatuto da Pessoa com Deficiência (2015) foi divi-
do em 2 (dois) livros, sendo eles I e II. O livro I (parte ge-
ral) subdivide-se em 4 (quatro) títulos, já o livro II (parte
Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com especial) subdivide-se em 3 (três) títulos.
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). O título I traz os 9 (nove) primeiros artigos, divididos
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- em 2 (dois) capítulos, incluindo ainda uma seção única.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: O capítulo I apresenta as disposições gerais distribuídos
nos 3 (três) primeiros artigos. O artigo 1º do Estatuto ga-
É possível dividir em quatro fases a história da cons- rante que a lei foi introduzida no ordenamento jurídico
trução da dignidade das pessoas com deficiência, fase brasileiro com o intuito de assegurar e promover os di-
da Intolerância em que a pessoa com deficiência era reitos já em vigência no país, reconhecendo a igualdade
considerada símbolo de impureza e castigo divino; fase entre as pessoas, proporcionando o exercício dos direi-
da Invisibilidade em que o indivíduo era tolerado, mas tos e das liberdades fundamentais pelas pessoas com
excluído da sociedade, fase assistencialista em que há deficiência, buscando a inclusão social e cidadania. Os
cuidados para com a vida do deficiente, mas apenas nas artigos 2º e 3º traz a definição de Pessoa com Deficiên-
casas de misericórdia e a fase atual a humanista em que cia, acessibilidade, desenho universal, barreiras, dentre
se trabalha para inserção e a igualdade pela dessas pes- outros conceitos que estão presentes no dia a dia do in-
soas no convívio social6. A fase humanista é orientada divíduo com deficiência.
pelo paradigma dos direitos humanos, na qual emergi- O capítulo II (artigos 4º a 8º), trata da questão da
ram os direitos à inclusão social, com ênfase na relação igualdade e da não discriminação, são propósitos já de-
da pessoa com deficiência e do meio em que ela se in- fendidos pela Convenção sobre os Direitos da Pessoa
sere, além da necessidade de eliminar obstáculos e bar- com Deficiência e seu Protocolo facultativo, devendo os
reiras (culturais, físicos ou sociais) que possam ser supe-
Estados Partes criarem normas internas para diminuir ou
rados. Destaca-se a inovação promovida pela Convenção
mesmo eliminar a discriminação entre as pessoas, além
da ONU, que reconhece a deficiência como resultado da
de proporcionar a plena igualdade de condições peran-
interação entre indivíduos e seu meio ambiente, não re-
te a sociedade, possibilitando a essas pessoas uma con-
sidindo apenas intrinsecamente no indivíduo7. A Lei nº
vivência social digna. Devendo a sociedade denunciar
13.146/2015 é o estopim nacional da fase humanista da
a autoridade qualquer forma de ameaça ou mesmo de
proteção da pessoa com deficiência, vindo elaborada em
violação de direitos da pessoa com deficiência. A seção
consonância com a Constituição Federal de 1988 e com
única (artigo 9º) garante ao deficiente o atendimento
a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados prioritário em todos os campos da sua vida.
em Nova York, em 30 de março de 2007, e promulgados O título II (artigos 10 a 52) dispõe sobre os direitos
pelo Decreto nº 6.949 de 25 de agosto de 2009, os quais fundamentais como direito à vida, à saúde, à educação,
são dotados de força de normativa constitucional. à moradia, declarados pela Constituição Federal de 1988,
Com efeito, veda-se a discriminação das pessoas por- que garante a todas as pessoas não só aos deficientes.
tadoras de deficiência, o que não significa que é impedi- Dispõe ainda sobre direitos fundamentais de extrema
do que a lei garantia distinções que permitam um trata- importância para que o deficiente esteja em igualdade
mento igualitário destas pessoas na vida em sociedade com os demais como à habilitação e a reabilitação, ca-
– pois não basta garantir a igualdade formal na lei sem pacitando-o para uma disputa inclusive para o mercado
a criação de instrumentos e políticas voltados aos gru- de trabalho.
pos vulneráveis como o das pessoas portadoras de defi- O título III (artigos 53 a 76) traz um dos temas mais
ciência. Na tentativa de propiciar esta igualdade material importantes e discutidos da atualidade, a questão da
surge o Estatuto da Proteção da Pessoa com Deficiência. acessibilidade. Visto que garante a pessoa com deficiên-
Em 6 de julho de 2015 foi assinada a lei 13.146/2015, cia ou com mobilidade reduzida viver da forma mais in-
Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, po- dependente possível para exercer seus direitos de cida-
dendo ser também chamado de Estatuto da Pessoa com dania, podendo ter participação ativa na sociedade.
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
Deficiência. Entrou em vigor em janeiro deste ano. Deven- O título IV (artigos 77 e 78) aborda as questões da
do sempre preservar o princípio da dignidade humana. ciência e tecnologia, deve o poder público investir no de-
O princípio da dignidade humana foi positivado, em senvolvimento científico e tecnológico com o intuito de
várias Constituições do pós-guerra, assim como a Decla- melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiên-
ração das Nações Unidas, que em seu artigo 1º garante cia tanto profissional, quanto pessoal.
6 TISESCU, Alessandra Devulsky da Silva; SANTOS, Jackson Passos. O título I (artigos 79 a 87) da segunda parte dispõe
Apontamentos históricos sobre as fases de construção dos Di- sobre o acesso a justiça, deve o poder público garantir a
reitos Humanos das Pessoas com Deficiência. Disponível em:<h- pessoa com deficiência o seu pleno acesso à justiça, em
ttp://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=24f984f75f37a519>. igualdade de oportunidades com as demais pessoas da
Acesso em: 20 fev. 2016. sociedade, além de garantir a pessoa deficiente o exercí-
7 PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional
internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
cio de sua capacidade legal.
23
O título II (artigos 88 a 90) trata dos crimes e das in- e promulgados pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agos-
frações administrativas, punindo quem por algum mo- to de 2009, data de início de sua vigência no plano
tivo praticar, induzir ou mesmo incitar discriminação de interno.
pessoa com deficiência, aquele que desviar bens, pro-
ventos, benefícios, abandonar pessoa com deficiência, ou Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela
mesmo utilizar cartão magnético ou outros mecanismos que tem impedimento de longo prazo de natureza fí-
para tentar prejudicar e obter vantagem indevida para si sica, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em inte-
ou para outrem. ração com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua
O título III (artigos 92 a 125) trata das disposições fi- participação plena e efetiva na sociedade em igualda-
nais e transitórias, é criado pelo estado um cadastro na- de de condições com as demais pessoas.
cional de inclusão da pessoa com deficiência (cadastro- § 1º A avaliação da deficiência, quando necessária,
-inclusão), para que haja por parte do Estado um maior será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofis-
controle sobre a real situação do deficiente seja ele físico, sional e interdisciplinar e considerará:
mental ou intelectual no Brasil. I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do
Dentro do título III existe um “Título IV em que trata corpo;
da alteração na redação do Código Civil de 2002, com II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
relação a capacidade civil das pessoas com deficiência, III - a limitação no desempenho de atividades; e
após a vigência do Estatuto da Pessoa com deficiência, o IV - a restrição de participação.
indivíduo não será mais caracterizado como pessoa ab- § 2º O Poder Executivo criará instrumentos para ava-
solutamente incapaz e sim plenamente capaz. liação da deficiência.
O Estatuto foi criado sob forte influência da Conven-
Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se:
ção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu
I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance
Protocolo Facultativo, seguido pelo Brasil desde 2009.
para utilização, com segurança e autonomia, de espa-
Sendo sua criação necessária para que o protocolo seja
ços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações,
de fato regularizado internamente, já que o Estado Parte transportes, informação e comunicação, inclusive seus
deve criar normas internas que possibilitem colocar em sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e
prática aquilo estabelecido no tratado. instalações abertos ao público, de uso público ou pri-
vados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na
rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade
#FicaDica reduzida;
O Estatuto da Pessoa com Deficiência con- II - desenho universal: concepção de produtos, am-
solida a perspectiva humanista acerca da bientes, programas e serviços a serem usados por to-
pessoa com deficiência, corroborando a das as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de
Convenção sobre os Direitos das Pessoas projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia
com Deficiência e seu Protocolo Facultativo. assistiva;
III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos,
equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias,
estratégias, práticas e serviços que objetivem promo-
LIVRO I ver a funcionalidade, relacionada à atividade e à par-
PARTE GERAL ticipação da pessoa com deficiência ou com mobilida-
de reduzida, visando à sua autonomia, independência,
TÍTULO I qualidade de vida e inclusão social;
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou
comportamento que limite ou impeça a participação
CAPÍTULO I social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exer-
DISPOSIÇÕES GERAIS cício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de
movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso
à informação, à compreensão, à circulação com segu-
Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pes-
rança, entre outros, classificadas em:
soa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiên-
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos
cia), destinada a assegurar e a promover, em condições
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
24
e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos XII - atendente pessoal: pessoa, membro ou não da fa-
que impeçam ou prejudiquem a participação social da mília, que, com ou sem remuneração, assiste ou presta
pessoa com deficiência em igualdade de condições e cuidados básicos e essenciais à pessoa com deficiência
oportunidades com as demais pessoas; no exercício de suas atividades diárias, excluídas as
f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impe- técnicas ou os procedimentos identificados com pro-
dem o acesso da pessoa com deficiência às tecnolo- fissões legalmente estabelecidas;
gias; XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que exerce
V - comunicação: forma de interação dos cidadãos atividades de alimentação, higiene e locomoção do es-
que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive tudante com deficiência e atua em todas as atividades
a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de escolares nas quais se fizer necessária, em todos os ní-
textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comu- veis e modalidades de ensino, em instituições públicas
nicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos e privadas, excluídas as técnicas ou os procedimentos
multimídia, assim como a linguagem simples, escrita identificados com profissões legalmente estabelecidas;
e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digita- XIV - acompanhante: aquele que acompanha a pes-
lizados e os modos, meios e formatos aumentativos e soa com deficiência, podendo ou não desempenhar as
alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias funções de atendente pessoal.
da informação e das comunicações;
VI - adaptações razoáveis: adaptações, modificações Os dispositivos são dotados de caráter conceitual e
e ajustes necessários e adequados que não acarretem são bastante relevantes, podendo ser um dos mais co-
ônus desproporcional e indevido, quando requeridos brados na prova. Entre os conceitos destaca-se o de
em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa com “pessoa com deficiência” como aquela que apenas está
deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade de impedida de ser incluída em igualdade na vida social de-
condições e oportunidades com as demais pessoas, to- vido a “barreiras”, que devem ser eliminadas por técnicas
dos os direitos e liberdades fundamentais; de “acessibilidade” e “desenho universal”.
VII - elemento de urbanização: quaisquer componen-
tes de obras de urbanização, tais como os referentes a
pavimentação, saneamento, encanamento para esgo- #FicaDica
tos, distribuição de energia elétrica e de gás, ilumina-
ção pública, serviços de comunicação, abastecimento Pelo conceito de pessoa com deficiência
e distribuição de água, paisagismo e os que materiali- trazido pelo estatuto, o problema não é da
zam as indicações do planejamento urbanístico; deficiência em si, mas das barreiras sociais
VIII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes que dificultam a inclusão. Sendo assim a eli-
nas vias e nos espaços públicos, superpostos ou adicio- minação de barreiras gerará inclusão social
nados aos elementos de urbanização ou de edificação, e reduzirá os efeitos negativos que a defici-
de forma que sua modificação ou seu traslado não ência gera para a pessoa que a possui.
provoque alterações substanciais nesses elementos,
tais como semáforos, postes de sinalização e simila- CAPÍTULO II
res, terminais e pontos de acesso coletivo às teleco- DA IGUALDADE E DA NÃO DISCRIMINAÇÃO
municações, fontes de água, lixeiras, toldos, marqui-
ses, bancos, quiosques e quaisquer outros de natureza Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à
análoga; igualdade de oportunidades com as demais pessoas e
IX - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que te- não sofrerá nenhuma espécie de discriminação.
nha, por qualquer motivo, dificuldade de movimenta- § 1º Considera-se discriminação em razão da deficiên-
ção, permanente ou temporária, gerando redução efe- cia toda forma de distinção, restrição ou exclusão, por
tiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação ação ou omissão, que tenha o propósito ou o efeito
motora ou da percepção, incluindo idoso, gestante, de prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou
lactante, pessoa com criança de colo e obeso; o exercício dos direitos e das liberdades fundamen-
X - residências inclusivas: unidades de oferta do Ser- tais de pessoa com deficiência, incluindo a recusa de
viço de Acolhimento do Sistema Único de Assistência adaptações razoáveis e de fornecimento de tecnolo-
Social (Suas) localizadas em áreas residenciais da co- gias assistivas.
munidade, com estruturas adequadas, que possam § 2º A pessoa com deficiência não está obrigada à
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
contar com apoio psicossocial para o atendimento das fruição de benefícios decorrentes de ação afirmativa.
necessidades da pessoa acolhida, destinadas a jovens
e adultos com deficiência, em situação de dependên- As ações afirmativas são políticas públicas ou progra-
cia, que não dispõem de condições de autossusten- mas privados criados temporariamente e desenvolvidos
tabilidade e com vínculos familiares fragilizados ou com a finalidade de reduzir as desigualdades decorren-
rompidos; tes de discriminações ou de uma hipossuficiência econô-
XI - moradia para a vida independente da pessoa mica ou física, por meio da concessão de algum tipo de
com deficiência: moradia com estruturas adequadas vantagem compensatória de tais condições.
capazes de proporcionar serviços de apoio coletivos e Quem é contra as ações afirmativas argumenta que,
individualizados que respeitem e ampliem o grau de em uma sociedade pluralista, a condição de membro de
autonomia de jovens e adultos com deficiência; um grupo específico não pode ser usada como critério
25
de inclusão ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma- à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência
-se que elas desprivilegiam o critério republicano do mé- familiar e comunitária, entre outros decorrentes da
rito (segundo o qual o indivíduo deve alcançar determi- Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos
nado cargo público pela sua capacidade e esforço, e não das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Faculta-
por pertencer a determinada categoria); são medida ina- tivo e das leis e de outras normas que garantam seu
propriada, imediatista, e podem ser utilizadas como meio bem-estar pessoal, social e econômico.
de “politicagem barata” (ou seja, por tal argumento, há
outros meios mais adequados para obter esse resultado); O Estatuto da Pessoa com Deficiência deixa claro que
fomentariam o racismo e o ódio; favoreceriam negros de a deficiência não pode gerar limitações existenciais da
classe média alta; bem como ferem o princípio da isono- pessoa. É possível restringir alguns aspectos de tomada
mia por causar uma discriminação reversa. de decisões, especialmente em matéria patrimonial. En-
Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas tretanto, questões existenciais como casamento, família
defende que elas representam o ideal de justiça com- e fertilidade não podem ser afetadas pelo fato da pessoa
pensatória (o objetivo é compensar injustiças passadas, possuir alguma deficiência. Caberá à sociedade, à família
dívidas históricas, como uma compensação aos negros e ao Estado resguardar estes direitos.
por tê-los feito escravos, p. ex.); representam o ideal de
justiça distributiva (a preocupação, aqui, é com o presen-
te. Busca-se uma concretização do princípio da igualda- #FicaDica
de material); bem como promovem a diversidade.
A deficiência não pode gerar limitações
Art. 5º A pessoa com deficiência será protegida de existenciais da pessoa. Ser pessoa com de-
toda forma de negligência, discriminação, exploração, ficiência não retira os direitos de participar
violência, tortura, crueldade, opressão e tratamento da sociedade, de contrair matrimônio, de
desumano ou degradante. tomar decisões sobre tratamento de saúde,
Parágrafo único. Para os fins da proteção mencionada etc. No máximo, as limitações podem pos-
no caput deste artigo, são considerados especialmente suir caráter patrimonial.
vulneráveis a criança, o adolescente, a mulher e o ido-
so, com deficiência.
Seção Única
Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil Do Atendimento Prioritário
da pessoa, inclusive para:
I - casar-se e constituir união estável; Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a receber
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade
III - exercer o direito de decidir sobre o número de fi- de:
lhos e de ter acesso a informações adequadas sobre I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
reprodução e planejamento familiar; II - atendimento em todas as instituições e serviços de
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterili- atendimento ao público;
zação compulsória; III - disponibilização de recursos, tanto humanos
V - exercer o direito à família e à convivência familiar quanto tecnológicos, que garantam atendimento em
e comunitária; e igualdade de condições com as demais pessoas;
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e IV - disponibilização de pontos de parada, estações
à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade e terminais acessíveis de transporte coletivo de pas-
de oportunidades com as demais pessoas. sageiros e garantia de segurança no embarque e no
desembarque;
Art. 7º É dever de todos comunicar à autoridade com- V - acesso a informações e disponibilização de recur-
petente qualquer forma de ameaça ou de violação aos sos de comunicação acessíveis;
direitos da pessoa com deficiência. VI - recebimento de restituição de imposto de renda;
Parágrafo único. Se, no exercício de suas funções, os VII - tramitação processual e procedimentos judiciais
juízes e os tribunais tiverem conhecimento de fatos e administrativos em que for parte ou interessada, em
que caracterizem as violações previstas nesta Lei, de- todos os atos e diligências.
vem remeter peças ao Ministério Público para as pro- § 1º Os direitos previstos neste artigo são extensivos
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
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segmentos sociais descritos na Constituição devem pri- CAPÍTULO II
meiramente proteger e defender as pessoas com defi- DO DIREITO À HABILITAÇÃO E À REABILITAÇÃO
ciência na busca da concretização dos seus direitos.
Art. 14. O processo de habilitação e de reabilitação é
TÍTULO II um direito da pessoa com deficiência.
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Parágrafo único. O processo de habilitação e de rea-
bilitação tem por objetivo o desenvolvimento de po-
tencialidades, talentos, habilidades e aptidões físicas,
#FicaDica cognitivas, sensoriais, psicossociais, atitudinais, profis-
A acessibilidade é direito que garante à sionais e artísticas que contribuam para a conquista
pessoa com deficiência ou com mobilida- da autonomia da pessoa com deficiência e de sua par-
de reduzida viver de forma independente e ticipação social em igualdade de condições e oportu-
exercer seus direitos de cidadania e de par- nidades com as demais pessoas.
ticipação social. Inclui direito à inclusão por
meio do acesso à informação, tecnologias Art. 15. O processo mencionado no art. 14 desta Lei
assistivas e participação política. baseia-se em avaliação multidisciplinar das necessi-
dades, habilidades e potencialidades de cada pessoa,
observadas as seguintes diretrizes:
CAPÍTULO I I - diagnóstico e intervenção precoces;
DO DIREITO À VIDA II - adoção de medidas para compensar perda ou limita-
ção funcional, buscando o desenvolvimento de aptidões;
Art. 10. Compete ao poder público garantir a dignida- III - atuação permanente, integrada e articulada de
de da pessoa com deficiência ao longo de toda a vida. políticas públicas que possibilitem a plena participa-
Parágrafo único. Em situações de risco, emergência ção social da pessoa com deficiência;
ou estado de calamidade pública, a pessoa com defi- IV - oferta de rede de serviços articulados, com atua-
ciência será considerada vulnerável, devendo o poder ção intersetorial, nos diferentes níveis de complexida-
de, para atender às necessidades específicas da pessoa
público adotar medidas para sua proteção e seguran-
com deficiência;
ça.
V - prestação de serviços próximo ao domicílio da pes-
soa com deficiência, inclusive na zona rural, respei-
Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá ser obri-
tadas a organização das Redes de Atenção à Saúde
gada a se submeter a intervenção clínica ou cirúrgica,
(RAS) nos territórios locais e as normas do Sistema
a tratamento ou a institucionalização forçada.
Único de Saúde (SUS).
Parágrafo único. O consentimento da pessoa com de-
ficiência em situação de curatela poderá ser suprido, Art. 16. Nos programas e serviços de habilitação e de
na forma da lei. reabilitação para a pessoa com deficiência, são garan-
tidos:
Art. 12. O consentimento prévio, livre e esclarecido da I - organização, serviços, métodos, técnicas e recursos
pessoa com deficiência é indispensável para a reali- para atender às características de cada pessoa com
zação de tratamento, procedimento, hospitalização e deficiência;
pesquisa científica. II - acessibilidade em todos os ambientes e serviços;
§ 1º Em caso de pessoa com deficiência em situação III - tecnologia assistiva, tecnologia de reabilitação,
de curatela, deve ser assegurada sua participação, no materiais e equipamentos adequados e apoio técnico
maior grau possível, para a obtenção de consentimen- profissional, de acordo com as especificidades de cada
to. pessoa com deficiência;
§ 2º A pesquisa científica envolvendo pessoa com de- IV - capacitação continuada de todos os profissionais
ficiência em situação de tutela ou de curatela deve que participem dos programas e serviços.
ser realizada, em caráter excepcional, apenas quan-
do houver indícios de benefício direto para sua saúde Art. 17. Os serviços do SUS e do Suas deverão pro-
ou para a saúde de outras pessoas com deficiência e mover ações articuladas para garantir à pessoa com
desde que não haja outra opção de pesquisa de efi- deficiência e sua família a aquisição de informações,
cácia comparável com participantes não tutelados ou orientações e formas de acesso às políticas públicas
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
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CAPÍTULO III II - promoção de práticas alimentares adequadas e
DO DIREITO À SAÚDE saudáveis, vigilância alimentar e nutricional, preven-
ção e cuidado integral dos agravos relacionados à ali-
Art. 18. É assegurada atenção integral à saúde da mentação e nutrição da mulher e da criança;
pessoa com deficiência em todos os níveis de comple- III - aprimoramento e expansão dos programas de
xidade, por intermédio do SUS, garantido acesso uni- imunização e de triagem neonatal;
versal e igualitário. IV - identificação e controle da gestante de alto risco.
§ 1º É assegurada a participação da pessoa com de-
ficiência na elaboração das políticas de saúde a ela Art. 20. As operadoras de planos e seguros privados
destinadas. de saúde são obrigadas a garantir à pessoa com defi-
§ 2º É assegurado atendimento segundo normas éti- ciência, no mínimo, todos os serviços e produtos ofer-
cas e técnicas, que regulamentarão a atuação dos tados aos demais clientes.
profissionais de saúde e contemplarão aspectos rela-
cionados aos direitos e às especificidades da pessoa Art. 21. Quando esgotados os meios de atenção à saú-
com deficiência, incluindo temas como sua dignidade de da pessoa com deficiência no local de residência,
e autonomia. será prestado atendimento fora de domicílio, para fins
§ 3º Aos profissionais que prestam assistência à pes- de diagnóstico e de tratamento, garantidos o trans-
soa com deficiência, especialmente em serviços de ha- porte e a acomodação da pessoa com deficiência e de
seu acompanhante.
bilitação e de reabilitação, deve ser garantida capaci-
tação inicial e continuada.
Art. 22. À pessoa com deficiência internada ou em ob-
§ 4º As ações e os serviços de saúde pública destinados
servação é assegurado o direito a acompanhante ou a
à pessoa com deficiência devem assegurar:
atendente pessoal, devendo o órgão ou a instituição
I - diagnóstico e intervenção precoces, realizados por de saúde proporcionar condições adequadas para sua
equipe multidisciplinar; permanência em tempo integral.
II - serviços de habilitação e de reabilitação sempre § 1º Na impossibilidade de permanência do acompa-
que necessários, para qualquer tipo de deficiência, nhante ou do atendente pessoal junto à pessoa com
inclusive para a manutenção da melhor condição de deficiência, cabe ao profissional de saúde responsável
saúde e qualidade de vida; pelo tratamento justificá-la por escrito.
III - atendimento domiciliar multidisciplinar, trata- § 2º Na ocorrência da impossibilidade prevista no § 1o
mento ambulatorial e internação; deste artigo, o órgão ou a instituição de saúde deve
IV - campanhas de vacinação; adotar as providências cabíveis para suprir a ausência
V - atendimento psicológico, inclusive para seus fami- do acompanhante ou do atendente pessoal.
liares e atendentes pessoais;
VI - respeito à especificidade, à identidade de gênero e Art. 23. São vedadas todas as formas de discriminação
à orientação sexual da pessoa com deficiência; contra a pessoa com deficiência, inclusive por meio de
VII - atenção sexual e reprodutiva, incluindo o direito cobrança de valores diferenciados por planos e segu-
à fertilização assistida; ros privados de saúde, em razão de sua condição.
VIII - informação adequada e acessível à pessoa com
deficiência e a seus familiares sobre sua condição de Art. 24. É assegurado à pessoa com deficiência o aces-
saúde; so aos serviços de saúde, tanto públicos como priva-
IX - serviços projetados para prevenir a ocorrência e o dos, e às informações prestadas e recebidas, por meio de
desenvolvimento de deficiências e agravos adicionais; recursos de tecnologia assistiva e de todas as formas de
X - promoção de estratégias de capacitação perma- comunicação previstas no inciso V do art. 3o desta Lei.
nente das equipes que atuam no SUS, em todos os
níveis de atenção, no atendimento à pessoa com defi- Art. 25. Os espaços dos serviços de saúde, tanto pú-
blicos quanto privados, devem assegurar o acesso da
ciência, bem como orientação a seus atendentes pes-
pessoa com deficiência, em conformidade com a le-
soais;
gislação em vigor, mediante a remoção de barreiras,
XI - oferta de órteses, próteses, meios auxiliares de
por meio de projetos arquitetônico, de ambientação
locomoção, medicamentos, insumos e fórmulas nutri-
de interior e de comunicação que atendam às especi-
cionais, conforme as normas vigentes do Ministério da
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
28
do, que lhe cause morte ou dano ou sofrimento físico IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o
ou psicológico. desenvolvimento dos aspectos linguísticos, culturais,
vocacionais e profissionais, levando-se em conta o ta-
O estabelecimento de garantias da pessoa com defi- lento, a criatividade, as habilidades e os interesses do
ciência no âmbito do atendimento médico-hospitalar é estudante com deficiência;
posto em prol da preservação da igualdade de acesso. X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos
Com efeito, planos privados não podem opor-se. programas de formação inicial e continuada de pro-
fessores e oferta de formação continuada para o aten-
CAPÍTULO IV dimento educacional especializado;
DO DIREITO À EDUCAÇÃO XI - formação e disponibilização de professores para o
atendimento educacional especializado, de tradutores
Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com e intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de pro-
deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo fissionais de apoio;
em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e
vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento de uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma
possível de seus talentos e habilidades físicas, senso- a ampliar habilidades funcionais dos estudantes, pro-
riais, intelectuais e sociais, segundo suas característi- movendo sua autonomia e participação;
cas, interesses e necessidades de aprendizagem. XIII - acesso à educação superior e à educação profis-
Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da co- sional e tecnológica em igualdade de oportunidades e
munidade escolar e da sociedade assegurar educação condições com as demais pessoas;
de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos
salvo de toda forma de violência, negligência e discri-
de nível superior e de educação profissional técnica e
minação.
tecnológica, de temas relacionados à pessoa com defi-
ciência nos respectivos campos de conhecimento;
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar,
XV - acesso da pessoa com deficiência, em igualdade
desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e
avaliar: de condições, a jogos e a atividades recreativas, espor-
I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e tivas e de lazer, no sistema escolar;
modalidades, bem como o aprendizado ao longo de XVI - acessibilidade para todos os estudantes, traba-
toda a vida; lhadores da educação e demais integrantes da comu-
II - aprimoramento dos sistemas educacionais, vi- nidade escolar às edificações, aos ambientes e às ati-
sando a garantir condições de acesso, permanência, vidades concernentes a todas as modalidades, etapas
participação e aprendizagem, por meio da oferta de e níveis de ensino;
serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem XVII - oferta de profissionais de apoio escolar;
as barreiras e promovam a inclusão plena; XVIII - articulação intersetorial na implementação de
III - projeto pedagógico que institucionalize o aten- políticas públicas.
dimento educacional especializado, assim como os § 1º Às instituições privadas, de qualquer nível e mo-
demais serviços e adaptações razoáveis, para atender dalidade de ensino, aplica-se obrigatoriamente o dis-
às características dos estudantes com deficiência e ga- posto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII,
rantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste artigo, sendo
igualdade, promovendo a conquista e o exercício de vedada a cobrança de valores adicionais de qualquer
sua autonomia; natureza em suas mensalidades, anuidades e matrícu-
IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como pri- las no cumprimento dessas determinações.
meira língua e na modalidade escrita da língua por- § 2º Na disponibilização de tradutores e intérpretes da
tuguesa como segunda língua, em escolas e classes Libras a que se refere o inciso XI do caput deste artigo,
bilíngues e em escolas inclusivas; deve-se observar o seguinte:
V - adoção de medidas individualizadas e coletivas I - os tradutores e intérpretes da Libras atuantes na
em ambientes que maximizem o desenvolvimento educação básica devem, no mínimo, possuir ensino
acadêmico e social dos estudantes com deficiência, fa- médio completo e certificado de proficiência na Libras;
vorecendo o acesso, a permanência, a participação e a
II - os tradutores e intérpretes da Libras, quando dire-
aprendizagem em instituições de ensino;
cionados à tarefa de interpretar nas salas de aula dos
VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
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I - atendimento preferencial à pessoa com deficiência V - elaboração de especificações técnicas no projeto
nas dependências das Instituições de Ensino Superior que permitam a instalação de elevadores.
(IES) e nos serviços; § 1º O direito à prioridade, previsto no caput deste
II - disponibilização de formulário de inscrição de exa- artigo, será reconhecido à pessoa com deficiência be-
mes com campos específicos para que o candidato neficiária apenas uma vez.
com deficiência informe os recursos de acessibilidade § 2º Nos programas habitacionais públicos, os critérios
e de tecnologia assistiva necessários para sua partici- de financiamento devem ser compatíveis com os ren-
pação; dimentos da pessoa com deficiência ou de sua família.
III - disponibilização de provas em formatos acessíveis § 3º Caso não haja pessoa com deficiência interessa-
para atendimento às necessidades específicas do can- da nas unidades habitacionais reservadas por força do
didato com deficiência; disposto no inciso I do caput deste artigo, as unidades
IV - disponibilização de recursos de acessibilidade e de não utilizadas serão disponibilizadas às demais pes-
tecnologia assistiva adequados, previamente solicita- soas.
dos e escolhidos pelo candidato com deficiência;
V - dilação de tempo, conforme demanda apresentada Art. 33. Ao poder público compete:
pelo candidato com deficiência, tanto na realização I - adotar as providências necessárias para o cumpri-
de exame para seleção quanto nas atividades acadê- mento do disposto nos arts. 31 e 32 desta Lei; e
micas, mediante prévia solicitação e comprovação da II - divulgar, para os agentes interessados e benefici-
necessidade; ários, a política habitacional prevista nas legislações
VI - adoção de critérios de avaliação das provas escri- federal, estaduais, distrital e municipais, com ênfase
tas, discursivas ou de redação que considerem a sin- nos dispositivos sobre acessibilidade.
gularidade linguística da pessoa com deficiência, no
domínio da modalidade escrita da língua portuguesa; CAPÍTULO VI
VII - tradução completa do edital e de suas retificações DO DIREITO AO TRABALHO
em Libras.
Seção I
A pessoa com deficiência deve ser educada por mé- Disposições Gerais
todos que respeitem as suas necessidades especiais, não
devendo ter um acesso inferior à educação em razão de Art. 34. A pessoa com deficiência tem direito ao tra-
limitações motoras, sensoriais ou afins. balho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente
acessível e inclusivo, em igualdade de oportunidades
CAPÍTULO V com as demais pessoas.
DO DIREITO À MORADIA § 1º As pessoas jurídicas de direito público, privado ou
de qualquer natureza são obrigadas a garantir am-
Art. 31. A pessoa com deficiência tem direito à mora- bientes de trabalho acessíveis e inclusivos.
dia digna, no seio da família natural ou substituta, com § 2º A pessoa com deficiência tem direito, em igual-
seu cônjuge ou companheiro ou desacompanhada, ou dade de oportunidades com as demais pessoas, a con-
em moradia para a vida independente da pessoa com dições justas e favoráveis de trabalho, incluindo igual
deficiência, ou, ainda, em residência inclusiva. remuneração por trabalho de igual valor.
§ 1º O poder público adotará programas e ações es- § 3º É vedada restrição ao trabalho da pessoa com
tratégicas para apoiar a criação e a manutenção de deficiência e qualquer discriminação em razão de sua
moradia para a vida independente da pessoa com de- condição, inclusive nas etapas de recrutamento, se-
ficiência. leção, contratação, admissão, exames admissional e
§ 2º A proteção integral na modalidade de residên- periódico, permanência no emprego, ascensão profis-
cia inclusiva será prestada no âmbito do SUS à pessoa sional e reabilitação profissional, bem como exigência
com deficiência em situação de dependência que não de aptidão plena.
disponha de condições de autossustentabilidade, com § 4º A pessoa com deficiência tem direito à participação e
vínculos familiares fragilizados ou rompidos. ao acesso a cursos, treinamentos, educação continuada,
planos de carreira, promoções, bonificações e incentivos
Art. 32. Nos programas habitacionais, públicos ou profissionais oferecidos pelo empregador, em igualdade
subsidiados com recursos públicos, a pessoa com de- de oportunidades com os demais empregados.
ficiência ou o seu responsável goza de prioridade na § 5º É garantida aos trabalhadores com deficiência
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
aquisição de imóvel para moradia própria, observado acessibilidade em cursos de formação e de capacitação.
o seguinte:
I - reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) das uni- Art. 35. É finalidade primordial das políticas públicas
dades habitacionais para pessoa com deficiência; de trabalho e emprego promover e garantir condições
II - (VETADO); de acesso e de permanência da pessoa com deficiência
III - em caso de edificação multifamiliar, garantia de no campo de trabalho.
acessibilidade nas áreas de uso comum e nas unidades Parágrafo único. Os programas de estímulo ao em-
habitacionais no piso térreo e de acessibilidade ou de preendedorismo e ao trabalho autônomo, incluídos
adaptação razoável nos demais pisos; o cooperativismo e o associativismo, devem prever a
IV - disponibilização de equipamentos urbanos comu- participação da pessoa com deficiência e a disponibi-
nitários acessíveis; lização de linhas de crédito, quando necessárias.
30
Seção II I - prioridade no atendimento à pessoa com deficiên-
Da Habilitação Profissional e Reabilitação Profis- cia com maior dificuldade de inserção no campo de
sional trabalho;
II - provisão de suportes individualizados que atendam
Art. 36. O poder público deve implementar serviços e a necessidades específicas da pessoa com deficiência,
programas completos de habilitação profissional e de inclusive a disponibilização de recursos de tecnologia
reabilitação profissional para que a pessoa com defici- assistiva, de agente facilitador e de apoio no ambiente
ência possa ingressar, continuar ou retornar ao campo de trabalho;
do trabalho, respeitados sua livre escolha, sua vocação III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pes-
e seu interesse. soa com deficiência apoiada;
§ 1º Equipe multidisciplinar indicará, com base em IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos em-
critérios previstos no § 1o do art. 2o desta Lei, progra- pregadores, com vistas à definição de estratégias de
ma de habilitação ou de reabilitação que possibilite inclusão e de superação de barreiras, inclusive atitu-
à pessoa com deficiência restaurar sua capacidade e dinais;
habilidade profissional ou adquirir novas capacidades V - realização de avaliações periódicas;
e habilidades de trabalho. VI - articulação intersetorial das políticas públicas;
§ 2º A habilitação profissional corresponde ao pro- VII - possibilidade de participação de organizações da
cesso destinado a propiciar à pessoa com deficiência sociedade civil.
aquisição de conhecimentos, habilidades e aptidões
para exercício de profissão ou de ocupação, permi- Art. 38. A entidade contratada para a realização de
tindo nível suficiente de desenvolvimento profissional processo seletivo público ou privado para cargo, fun-
para ingresso no campo de trabalho. ção ou emprego está obrigada à observância do dis-
§ 3º Os serviços de habilitação profissional, de reabi- posto nesta Lei e em outras normas de acessibilidade
litação profissional e de educação profissional devem vigentes.
ser dotados de recursos necessários para atender a
toda pessoa com deficiência, independentemente de CAPÍTULO VII
sua característica específica, a fim de que ela possa DO DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL
ser capacitada para trabalho que lhe seja adequado
e ter perspectivas de obtê-lo, de conservá-lo e de nele Art. 39. Os serviços, os programas, os projetos e os
progredir. benefícios no âmbito da política pública de assistên-
§ 4º Os serviços de habilitação profissional, de reabili- cia social à pessoa com deficiência e sua família têm
tação profissional e de educação profissional deverão como objetivo a garantia da segurança de renda, da
ser oferecidos em ambientes acessíveis e inclusivos. acolhida, da habilitação e da reabilitação, do desen-
§ 5º A habilitação profissional e a reabilitação profis- volvimento da autonomia e da convivência familiar e
sional devem ocorrer articuladas com as redes públi- comunitária, para a promoção do acesso a direitos e
cas e privadas, especialmente de saúde, de ensino e de da plena participação social.
assistência social, em todos os níveis e modalidades, § 1º A assistência social à pessoa com deficiência, nos
em entidades de formação profissional ou diretamen- termos do caput deste artigo, deve envolver conjunto
te com o empregador. articulado de serviços do âmbito da Proteção Social
§ 6º A habilitação profissional pode ocorrer em em- Básica e da Proteção Social Especial, ofertados pelo
presas por meio de prévia formalização do contrato Suas, para a garantia de seguranças fundamentais no
de emprego da pessoa com deficiência, que será con- enfrentamento de situações de vulnerabilidade e de
siderada para o cumprimento da reserva de vagas risco, por fragilização de vínculos e ameaça ou viola-
prevista em lei, desde que por tempo determinado e ção de direitos.
concomitante com a inclusão profissional na empresa, § 2º Os serviços socioassistenciais destinados à pessoa
observado o disposto em regulamento. com deficiência em situação de dependência deverão
§ 7º A habilitação profissional e a reabilitação profis- contar com cuidadores sociais para prestar-lhe cuida-
sional atenderão à pessoa com deficiência. dos básicos e instrumentais.
31
Para ter direito, é necessário que a renda por pessoa e assentos para a pessoa com deficiência, de acordo
do grupo familiar seja menor que 1/4 do salário-mínimo com a capacidade de lotação da edificação, observado
vigente. o disposto em regulamento.
Por se tratar de um benefício assistencial, não é ne- § 1º Os espaços e assentos a que se refere este artigo
cessário ter contribuído ao INSS para ter direito a ele. No devem ser distribuídos pelo recinto em locais diversos,
entanto, este benefício não paga 13º salário e não deixa de boa visibilidade, em todos os setores, próximos aos
pensão por morte. corredores, devidamente sinalizados, evitando-se áre-
as segregadas de público e obstrução das saídas, em
CAPÍTULO VIII conformidade com as normas de acessibilidade.
DO DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL § 2º No caso de não haver comprovada procura pelos
assentos reservados, esses podem, excepcionalmente,
Art. 41. A pessoa com deficiência segurada do Regime ser ocupados por pessoas sem deficiência ou que não
Geral de Previdência Social (RGPS) tem direito à apo- tenham mobilidade reduzida, observado o disposto
sentadoria nos termos da Lei Complementar no 142, de 8 em regulamento.
de maio de 2013. § 3º Os espaços e assentos a que se refere este artigo
devem situar-se em locais que garantam a acomoda-
CAPÍTULO IX ção de, no mínimo, 1 (um) acompanhante da pessoa
DO DIREITO À CULTURA, AO ESPORTE, AO TURIS- com deficiência ou com mobilidade reduzida, resguar-
MO E AO LAZER dado o direito de se acomodar proximamente a grupo
familiar e comunitário.
Art. 42. A pessoa com deficiência tem direito à cul- § 4º Nos locais referidos no caput deste artigo, deve
tura, ao esporte, ao turismo e ao lazer em igualdade haver, obrigatoriamente, rotas de fuga e saídas de
de oportunidades com as demais pessoas, sendo-lhe emergência acessíveis, conforme padrões das normas
garantido o acesso: de acessibilidade, a fim de permitir a saída segura da
I - a bens culturais em formato acessível; pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida,
II - a programas de televisão, cinema, teatro e outras em caso de emergência.
atividades culturais e desportivas em formato acessí- § 5º Todos os espaços das edificações previstas no ca-
vel; e put deste artigo devem atender às normas de acessi-
III - a monumentos e locais de importância cultural e bilidade em vigor.
a espaços que ofereçam serviços ou eventos culturais § 6º As salas de cinema devem oferecer, em todas as
e esportivos. sessões, recursos de acessibilidade para a pessoa com
§ 1º É vedada a recusa de oferta de obra intelectual deficiência.
em formato acessível à pessoa com deficiência, sob § 7º O valor do ingresso da pessoa com deficiência
qualquer argumento, inclusive sob a alegação de pro- não poderá ser superior ao valor cobrado das demais
teção dos direitos de propriedade intelectual. pessoas.
§ 2º O poder público deve adotar soluções destinadas
à eliminação, à redução ou à superação de barreiras Art. 45. Os hotéis, pousadas e similares devem ser
para a promoção do acesso a todo patrimônio cultu- construídos observando-se os princípios do desenho
universal, além de adotar todos os meios de acessibili-
ral, observadas as normas de acessibilidade, ambien-
dade, conforme legislação em vigor.
tais e de proteção do patrimônio histórico e artístico
§ 1º Os estabelecimentos já existentes deverão dis-
nacional.
ponibilizar, pelo menos, 10% (dez por cento) de seus
dormitórios acessíveis, garantida, no mínimo, 1 (uma)
Art. 43. O poder público deve promover a participa-
unidade acessível.
ção da pessoa com deficiência em atividades artísti-
§ 2º Os dormitórios mencionados no § 1o deste artigo
cas, intelectuais, culturais, esportivas e recreativas,
deverão ser localizados em rotas acessíveis.
com vistas ao seu protagonismo, devendo:
I - incentivar a provisão de instrução, de treinamento CAPÍTULO X
e de recursos adequados, em igualdade de oportuni- DO DIREITO AO TRANSPORTE E À MOBILIDADE
dades com as demais pessoas;
II - assegurar acessibilidade nos locais de eventos e
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
32
§ 2º São sujeitas ao cumprimento das disposições des- Art. 50. O poder público incentivará a fabricação de
ta Lei, sempre que houver interação com a matéria veículos acessíveis e a sua utilização como táxis e vans,
nela regulada, a outorga, a concessão, a permissão, a de forma a garantir o seu uso por todas as pessoas.
autorização, a renovação ou a habilitação de linhas e
de serviços de transporte coletivo. Art. 51. As frotas de empresas de táxi devem reservar
§ 3º Para colocação do símbolo internacional de aces- 10% (dez por cento) de seus veículos acessíveis à pes-
so nos veículos, as empresas de transporte coletivo de soa com deficiência.
passageiros dependem da certificação de acessibilida- § 1º É proibida a cobrança diferenciada de tarifas ou
de emitida pelo gestor público responsável pela pres- de valores adicionais pelo serviço de táxi prestado à
tação do serviço. pessoa com deficiência.
§ 2º O poder público é autorizado a instituir incentivos
Art. 47. Em todas as áreas de estacionamento aberto fiscais com vistas a possibilitar a acessibilidade dos ve-
ao público, de uso público ou privado de uso coletivo ículos a que se refere o caput deste artigo.
e em vias públicas, devem ser reservadas vagas pró-
ximas aos acessos de circulação de pedestres, devi- Art. 52. As locadoras de veículos são obrigadas a ofe-
damente sinalizadas, para veículos que transportem recer 1 (um) veículo adaptado para uso de pessoa com
pessoa com deficiência com comprometimento de deficiência, a cada conjunto de 20 (vinte) veículos de
mobilidade, desde que devidamente identificados. sua frota.
§ 1º As vagas a que se refere o caput deste artigo de- Parágrafo único. O veículo adaptado deverá ter, no
vem equivaler a 2% (dois por cento) do total, garanti- mínimo, câmbio automático, direção hidráulica, vidros
da, no mínimo, 1 (uma) vaga devidamente sinalizada elétricos e comandos manuais de freio e de embreagem.
e com as especificações de desenho e traçado de acor-
do com as normas técnicas vigentes de acessibilidade.
#FicaDica
§ 2º Os veículos estacionados nas vagas reservadas
devem exibir, em local de ampla visibilidade, a creden- • Vida
cial de beneficiário, a ser confeccionada e fornecida • Habilitação e reabilitação
pelos órgãos de trânsito, que disciplinarão suas carac- • Saúde
terísticas e condições de uso. • Educação
§ 3º A utilização indevida das vagas de que trata este • Moradia
artigo sujeita os infratores às sanções previstas no in- • Trabalho
ciso XVII do art. 181 da Lei nº 9.503, de 23 de setem- • Assistência social
bro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro). • Previdência social
§ 4º A credencial a que se refere o § 2º deste arti- • Cultura, esporte, turismo e lazer
go é vinculada à pessoa com deficiência que possui • Transporte e mobilidade
comprometimento de mobilidade e é válida em todo o
território nacional.
TÍTULO III
Art. 48. Os veículos de transporte coletivo terrestre, DA ACESSIBILIDADE
aquaviário e aéreo, as instalações, as estações, os
portos e os terminais em operação no País devem ser CAPÍTULO I
acessíveis, de forma a garantir o seu uso por todas as DISPOSIÇÕES GERAIS
pessoas.
§ 1º Os veículos e as estruturas de que trata o caput Art. 53. A acessibilidade é direito que garante à pes-
deste artigo devem dispor de sistema de comunicação soa com deficiência ou com mobilidade reduzida viver
acessível que disponibilize informações sobre todos os de forma independente e exercer seus direitos de cida-
pontos do itinerário. dania e de participação social.
§ 2º São asseguradas à pessoa com deficiência priori-
dade e segurança nos procedimentos de embarque e Art. 54. São sujeitas ao cumprimento das disposições
de desembarque nos veículos de transporte coletivo, desta Lei e de outras normas relativas à acessibilida-
de acordo com as normas técnicas. de, sempre que houver interação com a matéria nela
§ 3º Para colocação do símbolo internacional de aces- regulada:
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
33
IV - a concessão de aval da União para obtenção de § 1º As construtoras e incorporadoras responsáveis
empréstimo e de financiamento internacionais por en- pelo projeto e pela construção das edificações a que se
tes públicos ou privados. refere o caput deste artigo devem assegurar percentu-
al mínimo de suas unidades internamente acessíveis,
Art. 55. A concepção e a implantação de projetos que na forma regulamentar.
tratem do meio físico, de transporte, de informação § 2º É vedada a cobrança de valores adicionais para a
e comunicação, inclusive de sistemas e tecnologias aquisição de unidades internamente acessíveis a que
da informação e comunicação, e de outros serviços, se refere o § 1º deste artigo.
equipamentos e instalações abertos ao público, de uso
público ou privado de uso coletivo, tanto na zona ur- Art. 59. Em qualquer intervenção nas vias e nos espa-
bana como na rural, devem atender aos princípios do ços públicos, o poder público e as empresas conces-
desenho universal, tendo como referência as normas sionárias responsáveis pela execução das obras e dos
de acessibilidade. serviços devem garantir, de forma segura, a fluidez do
§ 1º O desenho universal será sempre tomado como trânsito e a livre circulação e acessibilidade das pesso-
regra de caráter geral. as, durante e após sua execução.
§ 2º Nas hipóteses em que comprovadamente o de-
senho universal não possa ser empreendido, deve ser Art. 60. Orientam-se, no que couber, pelas regras de
adotada adaptação razoável. acessibilidade previstas em legislação e em normas
§ 3º Caberá ao poder público promover a inclusão de técnicas, observado o disposto na Lei nº 10.098, de 19
conteúdos temáticos referentes ao desenho universal de dezembro de 2000, nº 10.257, de 10 de julho de
nas diretrizes curriculares da educação profissional e 2001, e nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012:
tecnológica e do ensino superior e na formação das I - os planos diretores municipais, os planos diretores
carreiras de Estado. de transporte e trânsito, os planos de mobilidade ur-
§ 4º Os programas, os projetos e as linhas de pesqui- bana e os planos de preservação de sítios históricos
sa a serem desenvolvidos com o apoio de organismos elaborados ou atualizados a partir da publicação des-
públicos de auxílio à pesquisa e de agências de fo- ta Lei;
mento deverão incluir temas voltados para o desenho II - os códigos de obras, os códigos de postura, as leis
universal. de uso e ocupação do solo e as leis do sistema viário;
§ 5º Desde a etapa de concepção, as políticas públicas III - os estudos prévios de impacto de vizinhança;
deverão considerar a adoção do desenho universal. IV - as atividades de fiscalização e a imposição de san-
ções; e
Art. 56. A construção, a reforma, a ampliação ou a
V - a legislação referente à prevenção contra incêndio
mudança de uso de edificações abertas ao público, de
e pânico.
uso público ou privadas de uso coletivo deverão ser
§ 1º A concessão e a renovação de alvará de funcio-
executadas de modo a serem acessíveis.
namento para qualquer atividade são condicionadas
§ 1º As entidades de fiscalização profissional das ati-
à observação e à certificação das regras de acessibi-
vidades de Engenharia, de Arquitetura e correlatas, ao
lidade.
anotarem a responsabilidade técnica de projetos, de-
§ 2º A emissão de carta de habite-se ou de habilitação
vem exigir a responsabilidade profissional declarada
de atendimento às regras de acessibilidade previstas equivalente e sua renovação, quando esta tiver sido
em legislação e em normas técnicas pertinentes. emitida anteriormente às exigências de acessibilidade,
§ 2º Para a aprovação, o licenciamento ou a emis- é condicionada à observação e à certificação das re-
são de certificado de projeto executivo arquitetônico, gras de acessibilidade.
urbanístico e de instalações e equipamentos tempo-
rários ou permanentes e para o licenciamento ou a Art. 61. A formulação, a implementação e a manuten-
emissão de certificado de conclusão de obra ou de ção das ações de acessibilidade atenderão às seguin-
serviço, deve ser atestado o atendimento às regras de tes premissas básicas:
acessibilidade. I - eleição de prioridades, elaboração de cronograma e
§ 3º O poder público, após certificar a acessibilidade reserva de recursos para implementação das ações; e
de edificação ou de serviço, determinará a colocação, II - planejamento contínuo e articulado entre os seto-
em espaços ou em locais de ampla visibilidade, do res envolvidos.
símbolo internacional de acesso, na forma prevista em
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
legislação e em normas técnicas correlatas. Art. 62. É assegurado à pessoa com deficiência, me-
diante solicitação, o recebimento de contas, boletos,
Art. 57. As edificações públicas e privadas de uso cole- recibos, extratos e cobranças de tributos em formato
tivo já existentes devem garantir acessibilidade à pes- acessível.
soa com deficiência em todas as suas dependências e
serviços, tendo como referência as normas de acessi- CAPÍTULO II
bilidade vigentes. DO ACESSO À INFORMAÇÃO E À COMUNICAÇÃO
Art. 58. O projeto e a construção de edificação de uso Art. 63. É obrigatória a acessibilidade nos sítios da
privado multifamiliar devem atender aos preceitos de internet mantidos por empresas com sede ou repre-
acessibilidade, na forma regulamentar. sentação comercial no País ou por órgãos de governo,
34
para uso da pessoa com deficiência, garantindo-lhe Art. 69. O poder público deve assegurar a disponibi-
acesso às informações disponíveis, conforme as me- lidade de informações corretas e claras sobre os di-
lhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas ferentes produtos e serviços ofertados, por quaisquer
internacionalmente. meios de comunicação empregados, inclusive em
§ 1º Os sítios devem conter símbolo de acessibilidade ambiente virtual, contendo a especificação correta de
em destaque. quantidade, qualidade, características, composição e
§ 2º Telecentros comunitários que receberem recursos preço, bem como sobre os eventuais riscos à saúde e
públicos federais para seu custeio ou sua instalação e à segurança do consumidor com deficiência, em caso
lan houses devem possuir equipamentos e instalações de sua utilização, aplicando-se, no que couber, os arts.
acessíveis. 30 a 41 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990.
§ 3º Os telecentros e as lan houses de que trata o § 2º § 1º Os canais de comercialização virtual e os anún-
deste artigo devem garantir, no mínimo, 10% (dez por cios publicitários veiculados na imprensa escrita, na
cento) de seus computadores com recursos de aces- internet, no rádio, na televisão e nos demais veículos
sibilidade para pessoa com deficiência visual, sendo de comunicação abertos ou por assinatura devem dis-
assegurado pelo menos 1 (um) equipamento, quando ponibilizar, conforme a compatibilidade do meio, os
o resultado percentual for inferior a 1 (um). recursos de acessibilidade de que trata o art. 67 desta
Lei, a expensas do fornecedor do produto ou do servi-
Art. 64. A acessibilidade nos sítios da internet de que ço, sem prejuízo da observância do disposto nos arts.
trata o art. 63 desta Lei deve ser observada para ob- 36 a 38 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990.
tenção do financiamento de que trata o inciso III do § 2º Os fornecedores devem disponibilizar, mediante
art. 54 desta Lei. solicitação, exemplares de bulas, prospectos, textos ou
qualquer outro tipo de material de divulgação em for-
Art. 65. As empresas prestadoras de serviços de tele- mato acessível.
comunicações deverão garantir pleno acesso à pessoa
com deficiência, conforme regulamentação específica. Art. 70. As instituições promotoras de congressos,
seminários, oficinas e demais eventos de natureza
Art. 66. Cabe ao poder público incentivar a oferta de científico-cultural devem oferecer à pessoa com defi-
aparelhos de telefonia fixa e móvel celular com aces- ciência, no mínimo, os recursos de tecnologia assistiva
sibilidade que, entre outras tecnologias assistivas, previstos no art. 67 desta Lei.
possuam possibilidade de indicação e de ampliação
sonoras de todas as operações e funções disponíveis. Art. 71. Os congressos, os seminários, as oficinas e
os demais eventos de natureza científico-cultural pro-
Art. 67. Os serviços de radiodifusão de sons e imagens movidos ou financiados pelo poder público devem ga-
devem permitir o uso dos seguintes recursos, entre ou- rantir as condições de acessibilidade e os recursos de
tros: tecnologia assistiva.
I - subtitulação por meio de legenda oculta;
II - janela com intérprete da Libras; Art. 72. Os programas, as linhas de pesquisa e os pro-
III - audiodescrição. jetos a serem desenvolvidos com o apoio de agências
de financiamento e de órgãos e entidades integrantes
Art. 68. O poder público deve adotar mecanismos de da administração pública que atuem no auxílio à pes-
incentivo à produção, à edição, à difusão, à distribui- quisa devem contemplar temas voltados à tecnologia
ção e à comercialização de livros em formatos acessí- assistiva.
veis, inclusive em publicações da administração públi-
ca ou financiadas com recursos públicos, com vistas a Art. 73. Caberá ao poder público, diretamente ou em
garantir à pessoa com deficiência o direito de acesso à parceria com organizações da sociedade civil, promo-
leitura, à informação e à comunicação. ver a capacitação de tradutores e intérpretes da Libras,
§ 1º Nos editais de compras de livros, inclusive para o de guias intérpretes e de profissionais habilitados em
abastecimento ou a atualização de acervos de biblio- Braille, audiodescrição, estenotipia e legendagem.
tecas em todos os níveis e modalidades de educação e
de bibliotecas públicas, o poder público deverá adotar CAPÍTULO III
cláusulas de impedimento à participação de editoras DA TECNOLOGIA ASSISTIVA
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
35
com oferta de linhas de crédito subsidiadas, específi-
cas para aquisição de tecnologia assistiva; #FicaDica
II - agilizar, simplificar e priorizar procedimentos de
importação de tecnologia assistiva, especialmente as A acessibilidade é direito que garante à
questões atinentes a procedimentos alfandegários e pessoa com deficiência ou com mobilida-
sanitários; de reduzida viver de forma independente e
III - criar mecanismos de fomento à pesquisa e à pro- exercer seus direitos de cidadania e de par-
dução nacional de tecnologia assistiva, inclusive por ticipação social.
meio de concessão de linhas de crédito subsidiado e de Inclui direito à inclusão por meio do acesso
parcerias com institutos de pesquisa oficiais; à informação, tecnologias assistivas e parti-
IV - eliminar ou reduzir a tributação da cadeia produ- cipação política.
tiva e de importação de tecnologia assistiva;
V - facilitar e agilizar o processo de inclusão de no-
vos recursos de tecnologia assistiva no rol de produtos TÍTULO IV
distribuídos no âmbito do SUS e por outros órgãos go- DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
vernamentais.
Parágrafo único. Para fazer cumprir o disposto neste Art. 77. O poder público deve fomentar o desenvolvi-
artigo, os procedimentos constantes do plano especí- mento científico, a pesquisa e a inovação e a capaci-
fico de medidas deverão ser avaliados, pelo menos, a tação tecnológicas, voltados à melhoria da qualidade
cada 2 (dois) anos. de vida e ao trabalho da pessoa com deficiência e sua
inclusão social.
CAPÍTULO IV § 1º O fomento pelo poder público deve priorizar a
DO DIREITO À PARTICIPAÇÃO NA VIDA PÚBLICA E geração de conhecimentos e técnicas que visem à pre-
POLÍTICA venção e ao tratamento de deficiências e ao desenvol-
vimento de tecnologias assistiva e social.
Art. 76. O poder público deve garantir à pessoa com § 2º A acessibilidade e as tecnologias assistiva e social
deficiência todos os direitos políticos e a oportunidade devem ser fomentadas mediante a criação de cursos
de exercê-los em igualdade de condições com as de- de pós-graduação, a formação de recursos humanos e
mais pessoas. a inclusão do tema nas diretrizes de áreas do conhe-
§ 1º À pessoa com deficiência será assegurado o di- cimento.
reito de votar e de ser votada, inclusive por meio das § 3º Deve ser fomentada a capacitação tecnológica de
seguintes ações: instituições públicas e privadas para o desenvolvimen-
I - garantia de que os procedimentos, as instalações, to de tecnologias assistiva e social que sejam voltadas
os materiais e os equipamentos para votação sejam para melhoria da funcionalidade e da participação so-
apropriados, acessíveis a todas as pessoas e de fácil cial da pessoa com deficiência.
compreensão e uso, sendo vedada a instalação de se- § 4º As medidas previstas neste artigo devem ser rea-
ções eleitorais exclusivas para a pessoa com deficiên- valiadas periodicamente pelo poder público, com vis-
cia; tas ao seu aperfeiçoamento.
II - incentivo à pessoa com deficiência a candidatar-se
e a desempenhar quaisquer funções públicas em todos Art. 78. Devem ser estimulados a pesquisa, o desen-
os níveis de governo, inclusive por meio do uso de no- volvimento, a inovação e a difusão de tecnologias vol-
vas tecnologias assistivas, quando apropriado; tadas para ampliar o acesso da pessoa com deficiência
III - garantia de que os pronunciamentos oficiais, a às tecnologias da informação e comunicação e às tec-
propaganda eleitoral obrigatória e os debates trans- nologias sociais.
mitidos pelas emissoras de televisão possuam, pelo Parágrafo único. Serão estimulados, em especial:
menos, os recursos elencados no art. 67 desta Lei; I - o emprego de tecnologias da informação e comu-
IV - garantia do livre exercício do direito ao voto e, nicação como instrumento de superação de limitações
para tanto, sempre que necessário e a seu pedido, per- funcionais e de barreiras à comunicação, à informa-
missão para que a pessoa com deficiência seja auxilia- ção, à educação e ao entretenimento da pessoa com
da na votação por pessoa de sua escolha. deficiência;
§ 2º O poder público promoverá a participação da II - a adoção de soluções e a difusão de normas que
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
pessoa com deficiência, inclusive quando instituciona- visem a ampliar a acessibilidade da pessoa com defi-
lizada, na condução das questões públicas, sem discri- ciência à computação e aos sítios da internet, em es-
minação e em igualdade de oportunidades, observado pecial aos serviços de governo eletrônico.
o seguinte:
I - participação em organizações não governamentais
relacionadas à vida pública e à política do País e em
atividades e administração de partidos políticos;
II - formação de organizações para representar a pes-
soa com deficiência em todos os níveis;
III - participação da pessoa com deficiência em orga-
nizações que a representem.
36
LIVRO II § 2º É facultado à pessoa com deficiência a adoção de
PARTE ESPECIAL processo de tomada de decisão apoiada.
§ 3º A definição de curatela de pessoa com deficiência
TÍTULO I constitui medida protetiva extraordinária, proporcio-
DO ACESSO À JUSTIÇA nal às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e
durará o menor tempo possível.
CAPÍTULO I § 4º Os curadores são obrigados a prestar, anualmen-
DISPOSIÇÕES GERAIS te, contas de sua administração ao juiz, apresentando
o balanço do respectivo ano.
Art. 79. O poder público deve assegurar o acesso da
pessoa com deficiência à justiça, em igualdade de Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos rela-
oportunidades com as demais pessoas, garantindo, cionados aos direitos de natureza patrimonial e ne-
sempre que requeridos, adaptações e recursos de tec- gocial.
nologia assistiva. § 1º A definição da curatela não alcança o direito ao
§ 1º A fim de garantir a atuação da pessoa com de- próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à priva-
ficiência em todo o processo judicial, o poder público cidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto.
deve capacitar os membros e os servidores que atuam § 2º A curatela constitui medida extraordinária, de-
no Poder Judiciário, no Ministério Público, na Defen- vendo constar da sentença as razões e motivações de
soria Pública, nos órgãos de segurança pública e no sua definição, preservados os interesses do curatelado.
sistema penitenciário quanto aos direitos da pessoa § 3º No caso de pessoa em situação de institucionali-
com deficiência. zação, ao nomear curador, o juiz deve dar preferência
§ 2º Devem ser assegurados à pessoa com deficiência a pessoa que tenha vínculo de natureza familiar, afe-
submetida a medida restritiva de liberdade todos os tiva ou comunitária com o curatelado.
direitos e garantias a que fazem jus os apenados sem
deficiência, garantida a acessibilidade. Art. 86. Para emissão de documentos oficiais, não
§ 3º A Defensoria Pública e o Ministério Público to- será exigida a situação de curatela da pessoa com de-
marão as medidas necessárias à garantia dos direitos ficiência.
previstos nesta Lei.
Art. 87. Em casos de relevância e urgência e a fim
Art. 80. Devem ser oferecidos todos os recursos de de proteger os interesses da pessoa com deficiência
tecnologia assistiva disponíveis para que a pessoa com em situação de curatela, será lícito ao juiz, ouvido o
deficiência tenha garantido o acesso à justiça, sempre Ministério Público, de oficio ou a requerimento do in-
que figure em um dos polos da ação ou atue como tes- teressado, nomear, desde logo, curador provisório, o
temunha, partícipe da lide posta em juízo, advogado, qual estará sujeito, no que couber, às disposições do
defensor público, magistrado ou membro do Ministé- Código de Processo Civil.
rio Público.
Parágrafo único. A pessoa com deficiência tem garan- Ficou claro com o novo Estatuto da Pessoa com Defi-
tido o acesso ao conteúdo de todos os atos processuais ciência (Lei nº 13.146/15), não há que se falar em incapa-
de seu interesse, inclusive no exercício da advocacia. cidade em decorrência da deficiência. A pessoa deficien-
te, caracterizada por possuir deficiência física, sensorial
Art. 81. Os direitos da pessoa com deficiência serão ou psíquica a longo prazo, de acordo com o artigo 2º da
garantidos por ocasião da aplicação de sanções pe- lei acima mencionada não pode ser tecnicamente consi-
nais. derada civilmente incapaz.
Apesar do artigo 6º, caput (Lei nº 13.146), garantir que
Art. 82. (VETADO). “a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa
[...]”, nos casos em que a pessoa não consiga de fato expri-
Art. 83. Os serviços notariais e de registro não podem mir sua vontade ou não consiga se autogovernar será ne-
negar ou criar óbices ou condições diferenciadas à cessário ser submetida a curatela (art. 84, Lei nº 13.146/15).
prestação de seus serviços em razão de deficiência do Dentre outros objetivos, o que se busca através da
solicitante, devendo reconhecer sua capacidade legal nova lei, é que o deficiente possa ter o direito de exercer
plena, garantida a acessibilidade. a sua capacidade legal, plena em igualdade de condições
Parágrafo único. O descumprimento do disposto no com relação a sociedade.
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
caput deste artigo constitui discriminação em razão A nova redação do Código Civil em seu artigo 3º,
de deficiência. caput, deixa claro que apenas os menores de 16 são con-
siderados absolutamente incapazes, pois não possuem
CAPÍTULO II legitimidade para expressar sua vontade, necessitando
DO RECONHECIMENTO IGUAL PERANTE A LEI assim de alguém com capacidade civil plena que os re-
presente. Logo em seguida vem o artigo 4º caput e seus
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o incisos, classificando os relativamente incapazes, dentro
direito ao exercício de sua capacidade legal em igual- dessa classificação estão os maiores de dezesseis anos e
dade de condições com as demais pessoas. menores de dezoito anos, os ébrios habituais e a os vi-
§ 1º Quando necessário, a pessoa com deficiência será ciados em tóxico e aqueles que não puderam por algum
submetida à curatela, conforme a lei. motivo não puderem exprimir a sua vontade.
37
O que se presa definitivamente é a inexistência de in- outros, conhecido como sistema misto, são os casos dos
capacidade seja ela relativa ou absoluta em decorrência atos patrimoniais; a terceira e ultima classificação, são os
de uma deficiência física, psíquica ou sensorial. Com as casos em que o curador será apenas um assistente, neste
novas legislações em vigor, a regra é a capacidade jurí- caso o curatelado apresenta condições de praticar todos
dica deixando a incapacidade como algo excepcional. O os atos, necessitando apenas de um acompanhamento
que se nota é o distanciamento entre o conceito de inca- para sua proteção9.
pacidade civil e de deficiência, sendo elas consideradas Existe uma grande importância na sentença de cura-
pensamentos completamente autônomos e distintos. tela para a proteção da pessoa humana, já que com a
Uma pessoa pode ser considerada incapaz independente nova regra a sentença de curatela deverá apresentar uma
de deficiência ou não. forte carga argumentativa para justificar se há realmente
Apenas em casos excepcionais será possível a utiliza- a necessidade de tal assistência ou mesmo de represen-
ção da curatela, o que passa a ser regra geral é a capaci- tação, regulamentando assim a extensão da intervenção
dade plena da pessoa com deficiência. O simples fato de sobre a autonomia privada da pessoa humana que ne-
uma pessoa possuir algum tipo de deficiência não é su- cessite de tal auxilio. Cada caso será analisado individual-
ficiente para caracterizar incapacidade jurídica de acordo mente, ou seja, cada curatelado terá um grau de curatela,
com o atual Estatuto da Pessoa com Deficiência. de acordo com as suas particularidades.
Segundo Faria; Cunha e Pinto8, ao se analisar os ar- Mesmo que exista um curador para auxiliar nos atos
tigos 3º e 4º após as mudanças impostas pela nova lei da vida jurídica, deve mesmo assim ser preservado o in-
(13.146/15), é possível observar a existência de dois cri- teresse, a vontade do curatelado.
térios determinantes da incapacidade, o primeiro objeti-
vo, considerado o critério etário, já o segundo subjetivo
#FicaDica
considerado psicológico. Quando se trata de incapaci-
dade decorrente de incapacidade decorrente de critério O Estatuto da Pessoa com Deficiência con-
cronológico (etário), é de fácil percepção, já que é consi- sagra a interdição excepcional da pessoa
derado um requisito objetivo, neste caso a comprovação com deficiência.
da idade será feita de forma induvidosa. Comprovada a
idade, consequentemente, os efeitos jurídicos da inca-
pacidade decorrem, estando estes vinculados a todos os TÍTULO II
atos praticados pelo titular. Um exemplo deste tipo de DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATI-
incapacidade são os menores de 16 (dezesseis anos) que VAS
são considerados absolutamente incapazes para os atos
da vida civil, a partir do momento em que se comprava Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de
tal idade. pessoa em razão de sua deficiência:
Entretanto, quando se fala em incapacidade basea- Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
da em critérios subjetivos, neste caso trata-se do fator § 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se a ví-
psicológico, classificando a incapacidade como excep- tima encontrar-se sob cuidado e responsabilidade do
cional, assim sendo é exigível o reconhecimento judicial agente.
da causa, motivo gerador da incapacidade devendo ser § 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput deste
reconhecida através de uma decisão judicial proferida artigo é cometido por intermédio de meios de comu-
em ação especifica, por meio de procedimento especial nicação social ou de publicação de qualquer natureza:
chamado de jurisdição voluntaria. Denominada ação de Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
curatela e não mais ação de interdição, para que garanta § 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o juiz poderá
o objetivo do Estatuto da Pessoa com Deficiência. Como determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido
já falado é o caso da incapacidade relativa das pessoas deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de
que possuam deficiência ou não, mas que por algum pe- desobediência:
ríodo fiquem impossibilitados de exprimirem a sua von- I - recolhimento ou busca e apreensão dos exemplares
tade. do material discriminatório;
Para se aplicar a curatela é necessário avaliar o grau II - interdição das respectivas mensagens ou páginas
de deficiência (física, mental ou intelectual), já que a de informação na internet.
mesma pode apresentar diferentes extensões. De acordo § 4º Na hipótese do § 2º deste artigo, constitui efeito
com os autores do livro é possível classificar a curatela da condenação, após o trânsito em julgado da decisão,
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
em três tipos, a primeira são os casos em que o curador a destruição do material apreendido.
pode se colocar como representante da pessoa relativa-
mente incapaz para todos os atos jurídicos, já que este Art. 89. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos,
não possui condições de praticar qualquer ato que seja, pensão, benefícios, remuneração ou qualquer outro
nem mesmo em conjunto, um exemplo seria o caso das rendimento de pessoa com deficiência:
pessoas que se encontram em coma; o segundo caso a Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
pessoa passa a ter maior independência, já que será re- Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um ter-
presentada em alguns atos e recebera assistência para ço) se o crime é cometido:
8 FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, 9 FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO,
Ronaldo Batista. Estatuto da pessoa com deficiência comentado Ronaldo Batista. Estatuto da pessoa com deficiência comentado
artigo por artigo. 1. ed. Salvador: Juspodivm, 2016. artigo por artigo. 1. ed. Salvador: Juspodivm, 2016.
38
I - por tutor, curador, síndico, liquidatário, inventarian- II - realização de estudos e pesquisas.
te, testamenteiro ou depositário judicial; ou § 6º As informações a que se refere este artigo devem
II - por aquele que se apropriou em razão de ofício ou ser disseminadas em formatos acessíveis.
de profissão.
Art. 93. Na realização de inspeções e de auditorias
Art. 90. Abandonar pessoa com deficiência em hos- pelos órgãos de controle interno e externo, deve ser
pitais, casas de saúde, entidades de abrigamento ou observado o cumprimento da legislação relativa à
congêneres: pessoa com deficiência e das normas de acessibilidade
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e vigentes.
multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem não Art. 94. Terá direito a auxílio-inclusão, nos termos da
prover as necessidades básicas de pessoa com defici- lei, a pessoa com deficiência moderada ou grave que:
ência quando obrigado por lei ou mandado. I - receba o benefício de prestação continuada previsto
no art. 20 da Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993,
Art. 91. Reter ou utilizar cartão magnético, qualquer e que passe a exercer atividade remunerada que a en-
meio eletrônico ou documento de pessoa com defici- quadre como segurado obrigatório do RGPS;
ência destinados ao recebimento de benefícios, pro- II - tenha recebido, nos últimos 5 (cinco) anos, o be-
ventos, pensões ou remuneração ou à realização de nefício de prestação continuada previsto no art. 20 da
operações financeiras, com o fim de obter vantagem Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e que exerça
indevida para si ou para outrem: atividade remunerada que a enquadre como segurado
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
obrigatório do RGPS.
multa.
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um ter-
Art. 95. É vedado exigir o comparecimento de pessoa
ço) se o crime é cometido por tutor ou curador.
com deficiência perante os órgãos públicos quando
TÍTULO III seu deslocamento, em razão de sua limitação fun-
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS cional e de condições de acessibilidade, imponha-lhe
ônus desproporcional e indevido, hipótese na qual se-
Art. 92. É criado o Cadastro Nacional de Inclusão da rão observados os seguintes procedimentos:
Pessoa com Deficiência (Cadastro-Inclusão), registro I - quando for de interesse do poder público, o agen-
público eletrônico com a finalidade de coletar, proces- te promoverá o contato necessário com a pessoa com
sar, sistematizar e disseminar informações georreferen- deficiência em sua residência;
ciadas que permitam a identificação e a caracterização II - quando for de interesse da pessoa com deficiência,
socioeconômica da pessoa com deficiência, bem como ela apresentará solicitação de atendimento domiciliar
das barreiras que impedem a realização de seus direitos. ou fará representar-se por procurador constituído para
§ 1º O Cadastro-Inclusão será administrado pelo Po- essa finalidade.
der Executivo federal e constituído por base de dados, Parágrafo único. É assegurado à pessoa com deficiên-
instrumentos, procedimentos e sistemas eletrônicos. cia atendimento domiciliar pela perícia médica e so-
§ 2º Os dados constituintes do Cadastro-Inclusão se- cial do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pelo
rão obtidos pela integração dos sistemas de informa- serviço público de saúde ou pelo serviço privado de
ção e da base de dados de todas as políticas públicas saúde, contratado ou conveniado, que integre o SUS e
relacionadas aos direitos da pessoa com deficiência, pelas entidades da rede socioassistencial integrantes
bem como por informações coletadas, inclusive em do Suas, quando seu deslocamento, em razão de sua
censos nacionais e nas demais pesquisas realizadas no limitação funcional e de condições de acessibilidade,
País, de acordo com os parâmetros estabelecidos pela imponha-lhe ônus desproporcional e indevido.
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Defici-
ência e seu Protocolo Facultativo. Art. 96. O § 6º-A do art. 135 da Lei nº 4.737, de 15 de
§ 3º Para coleta, transmissão e sistematização de da- julho de 1965 (Código Eleitoral), passa a vigorar com
dos, é facultada a celebração de convênios, acordos,
a seguinte redação:
termos de parceria ou contratos com instituições pú-
“Art. 135. [...]
blicas e privadas, observados os requisitos e procedi-
§ 6º-A. Os Tribunais Regionais Eleitorais deverão, a
mentos previstos em legislação específica.
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
§ 4º Para assegurar a confidencialidade, a privacidade cada eleição, expedir instruções aos Juízes Eleitorais
e as liberdades fundamentais da pessoa com defici- para orientá-los na escolha dos locais de votação, de
ência e os princípios éticos que regem a utilização de maneira a garantir acessibilidade para o eleitor com
informações, devem ser observadas as salvaguardas deficiência ou com mobilidade reduzida, inclusive em
estabelecidas em lei. seu entorno e nos sistemas de transporte que lhe dão
§ 5º Os dados do Cadastro-Inclusão somente poderão acesso. [...]” (NR)
ser utilizados para as seguintes finalidades:
I - formulação, gestão, monitoramento e avaliação Art. 97. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
das políticas públicas para a pessoa com deficiência aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio
e para identificar as barreiras que impedem a realiza- de 1943, passa a vigorar com as seguintes alterações:
ção de seus direitos; “Art. 428. [...]
39
§ 6º Para os fins do contrato de aprendizagem, a com- § 3º Incorre nas mesmas penas quem impede ou difi-
provação da escolaridade de aprendiz com deficiência culta o ingresso de pessoa com deficiência em planos
deve considerar, sobretudo, as habilidades e compe- privados de assistência à saúde, inclusive com cobran-
tências relacionadas com a profissionalização. ça de valores diferenciados.
[...] § 4º Se o crime for praticado em atendimento de ur-
§ 8º Para o aprendiz com deficiência com 18 (dezoito) gência e emergência, a pena é agravada em 1/3 (um
anos ou mais, a validade do contrato de aprendiza- terço).” (NR)
gem pressupõe anotação na CTPS e matrícula e fre-
quência em programa de aprendizagem desenvolvido Art. 99. O art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de
sob orientação de entidade qualificada em formação 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso
técnico-profissional metódica.” (NR) XVIII:
“Art. 20. [...]
“Art. 433. [...] XVIII - quando o trabalhador com deficiência, por
I - desempenho insuficiente ou inadaptação do apren- prescrição, necessite adquirir órtese ou prótese para
diz, salvo para o aprendiz com deficiência quando promoção de acessibilidade e de inclusão social. [...]”
desprovido de recursos de acessibilidade, de tecnolo- (NR)
gias assistivas e de apoio necessário ao desempenho
de suas atividades; Art. 100. A Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990
[...]” (NR) (Código de Defesa do Consumidor), passa a vigorar
com as seguintes alterações:
Art. 98. A Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, “Art. 6º [...]
passa a vigorar com as seguintes alterações: Parágrafo único. A informação de que trata o inciso
“Art. 3º As medidas judiciais destinadas à proteção de III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa
interesses coletivos, difusos, individuais homogêneos com deficiência, observado o disposto em regulamen-
e individuais indisponíveis da pessoa com deficiência to.” (NR)
poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela
Defensoria Pública, pela União, pelos Estados, pelos “Art. 43. [...]
Municípios, pelo Distrito Federal, por associação cons- § 6º Todas as informações de que trata o caput deste
tituída há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, artigo devem ser disponibilizadas em formatos acessí-
por autarquia, por empresa pública e por fundação ou veis, inclusive para a pessoa com deficiência, mediante
sociedade de economia mista que inclua, entre suas fi- solicitação do consumidor.” (NR)
nalidades institucionais, a proteção dos interesses e a
promoção de direitos da pessoa com deficiência. [...” (NR)
Art. 101. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, passa
a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 2
(dois) a 5 (cinco) anos e multa:
“Art. 16. [...]
I - recusar, cobrar valores adicionais, suspender, pro-
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho
crastinar, cancelar ou fazer cessar inscrição de aluno
não emancipado, de qualquer condição, menor de 21
em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou
grau, público ou privado, em razão de sua deficiência; (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência
II - obstar inscrição em concurso público ou acesso de intelectual ou mental ou deficiência grave;
alguém a qualquer cargo ou emprego público, em ra- [...]
zão de sua deficiência; III - o irmão não emancipado, de qualquer condição,
III - negar ou obstar emprego, trabalho ou promoção menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que
à pessoa em razão de sua deficiência; tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência
IV - recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar grave;
de prestar assistência médico-hospitalar e ambulato- [...]” (NR)
rial à pessoa com deficiência;
V - deixar de cumprir, retardar ou frustrar execução “Art. 77. [...]
de ordem judicial expedida na ação civil a que alude § 2º [...]
esta Lei; II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão,
VI - recusar, retardar ou omitir dados técnicos indis- de ambos os sexos, pela emancipação ou ao comple-
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
pensáveis à propositura da ação civil pública objeto tar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido
desta Lei, quando requisitados. ou tiver deficiência intelectual ou mental ou deficiên-
§ 1º Se o crime for praticado contra pessoa com defici- cia grave;
ência menor de 18 (dezoito) anos, a pena é agravada [...]
em 1/3 (um terço). § 4º (VETADO).
§ 2º A pena pela adoção deliberada de critérios subje- [...]” (NR)
tivos para indeferimento de inscrição, de aprovação e
de cumprimento de estágio probatório em concursos “Art. 93. (VETADO):
públicos não exclui a responsabilidade patrimonial I - (VETADO);
pessoal do administrador público pelos danos causa- II - (VETADO);
dos. III - (VETADO);
40
IV - (VETADO); II - bens e serviços produzidos ou prestados por em-
V - (VETADO). presas que comprovem cumprimento de reserva de
§ 1º A dispensa de pessoa com deficiência ou de be- cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou
neficiário reabilitado da Previdência Social ao final de para reabilitado da Previdência Social e que atendam
contrato por prazo determinado de mais de 90 (no- às regras de acessibilidade previstas na legislação.
venta) dias e a dispensa imotivada em contrato por [...]” (NR)
prazo indeterminado somente poderão ocorrer após a
contratação de outro trabalhador com deficiência ou “Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V do
beneficiário reabilitado da Previdência Social. § 2º e no inciso II do § 5º do art. 3º desta Lei deverão
§ 2º Ao Ministério do Trabalho e Emprego incumbe cumprir, durante todo o período de execução do con-
estabelecer a sistemática de fiscalização, bem como trato, a reserva de cargos prevista em lei para pessoa
gerar dados e estatísticas sobre o total de empregados com deficiência ou para reabilitado da Previdência
e as vagas preenchidas por pessoas com deficiência Social, bem como as regras de acessibilidade previstas
e por beneficiários reabilitados da Previdência Social, na legislação.
fornecendo-os, quando solicitados, aos sindicatos, às Parágrafo único. Cabe à administração fiscalizar o
entidades representativas dos empregados ou aos ci- cumprimento dos requisitos de acessibilidade nos ser-
dadãos interessados. viços e nos ambientes de trabalho.”
§ 3º Para a reserva de cargos será considerada somen-
te a contratação direta de pessoa com deficiência, ex- Art. 105. O art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro
cluído o aprendiz com deficiência de que trata a Con- de 1993, passa a vigorar com as seguintes alterações:
solidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. “Art. 20. [...]
§ 4º (VETADO).” (NR) § 2º Para efeito de concessão do benefício de presta-
ção continuada, considera-se pessoa com deficiência
“Art. 110-A. No ato de requerimento de benefícios aquela que tem impedimento de longo prazo de na-
operacionalizados pelo INSS, não será exigida apre- tureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual,
sentação de termo de curatela de titular ou de benefi- em interação com uma ou mais barreiras, pode obs-
ciário com deficiência, observados os procedimentos a truir sua participação plena e efetiva na sociedade em
serem estabelecidos em regulamento.” igualdade de condições com as demais pessoas.
[...]
Art. 102. O art. 2º da Lei nº 8.313, de 23 de dezembro § 9º Os rendimentos decorrentes de estágio supervi-
de 1991, passa a vigorar acrescido do seguinte § 3º: sionado e de aprendizagem não serão computados
para os fins de cálculo da renda familiar per capita a
“Art. 2º [...] que se refere o § 3º deste artigo.
§ 3º Os incentivos criados por esta Lei somente serão [...]
concedidos a projetos culturais que forem disponibili- § 11. Para concessão do benefício de que trata o caput
zados, sempre que tecnicamente possível, também em deste artigo, poderão ser utilizados outros elementos
formato acessível à pessoa com deficiência, observado probatórios da condição de miserabilidade do grupo
o disposto em regulamento.” (NR) familiar e da situação de vulnerabilidade, conforme
regulamento.” (NR)
Art. 103. O art. 11 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de
1992, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso IX: Art. 106. (VETADO).
“Art. 11. [...] Art. 107. A Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995, passa
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de a vigorar com as seguintes alterações:
acessibilidade previstos na legislação.” (NR)
“Art. 1º É proibida a adoção de qualquer prática discri-
Art. 104. A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, passa minatória e limitativa para efeito de acesso à relação
a vigorar com as seguintes alterações: de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de
sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar,
“Art. 3º [...] deficiência, reabilitação profissional, idade, entre ou-
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
41
“Art. 4º [...] VI - 2,7% (dois inteiros e sete décimos por cento) da
I - a reintegração com ressarcimento integral de todo arrecadação bruta dos concursos de prognósticos e
o período de afastamento, mediante pagamento das loterias federais e similares cuja realização estiver su-
remunerações devidas, corrigidas monetariamente e jeita a autorização federal, deduzindo-se esse valor do
acrescidas de juros legais; montante destinado aos prêmios;
[...]” (NR) [...]
§ 1º Do total de recursos financeiros resultantes do
Art. 108. O art. 35 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro percentual de que trata o inciso VI do caput, 62,96%
de 1995, passa a vigorar acrescido do seguinte § 5º: (sessenta e dois inteiros e noventa e seis centésimos
por cento) serão destinados ao Comitê Olímpico Bra-
“Art. 35. [...] sileiro (COB) e 37,04% (trinta e sete inteiros e quatro
§ 5º Sem prejuízo do disposto no inciso IX do parágra- centésimos por cento) ao Comitê Paralímpico Brasilei-
fo único do art. 3º da Lei nº 10.741, de 1º de outubro ro (CPB), devendo ser observado, em ambos os casos,
de 2003, a pessoa com deficiência, ou o contribuinte o conjunto de normas aplicáveis à celebração de con-
que tenha dependente nessa condição, tem preferên- vênios pela União.
cia na restituição referida no inciso III do art. 4º e na [...]” (NR)
alínea “c” do inciso II do art. 8º.” (NR)
Art. 111. O art. 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro
Art. 109. A Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação:
(Código de Trânsito Brasileiro), passa a vigorar com as
seguintes alterações: “Art. 1º As pessoas com deficiência, os idosos com ida-
de igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestan-
“Art. 2º [...] tes, as lactantes, as pessoas com crianças de colo e
Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são os obesos terão atendimento prioritário, nos termos
consideradas vias terrestres as praias abertas à circu- desta Lei.” (NR)
lação pública, as vias internas pertencentes aos con-
domínios constituídos por unidades autônomas e as Art. 112. A Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000,
vias e áreas de estacionamento de estabelecimentos passa a vigorar com as seguintes alterações:
privados de uso coletivo.” (NR)
“Art. 2º [...]
“Art. 86-A. As vagas de estacionamento regulamen- I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance
tado de que trata o inciso XVII do art. 181 desta Lei para utilização, com segurança e autonomia, de espa-
deverão ser sinalizadas com as respectivas placas in- ços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações,
dicativas de destinação e com placas informando os transportes, informação e comunicação, inclusive seus
dados sobre a infração por estacionamento indevido.” sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e
instalações abertos ao público, de uso público ou pri-
“Art. 147-A. Ao candidato com deficiência auditiva é vados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na
assegurada acessibilidade de comunicação, mediante rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade
emprego de tecnologias assistivas ou de ajudas téc- reduzida;
nicas em todas as etapas do processo de habilitação. II - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou
§ 1º O material didático audiovisual utilizado em au- comportamento que limite ou impeça a participação
las teóricas dos cursos que precedem os exames pre- social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exer-
vistos no art. 147 desta Lei deve ser acessível, por meio cício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de
de subtitulação com legenda oculta associada à tra- movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso
dução simultânea em Libras. à informação, à compreensão, à circulação com segu-
§ 2º É assegurado também ao candidato com deficiên- rança, entre outros, classificadas em:
cia auditiva requerer, no ato de sua inscrição, os ser- a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos
viços de intérprete da Libras, para acompanhamento espaços públicos e privados abertos ao público ou de
em aulas práticas e teóricas.” uso coletivo;
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios
“Art. 154. (VETADO).” públicos e privados;
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
42
mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e somente à circulação de pedestres e, quando possível,
efetiva na sociedade em igualdade de condições com à implantação de mobiliário urbano e de vegetação.”
as demais pessoas; (NR)
IV - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que te-
nha, por qualquer motivo, dificuldade de movimenta- “Art. 9º [...]
ção, permanente ou temporária, gerando redução efe- Parágrafo único. Os semáforos para pedestres insta-
tiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação lados em vias públicas de grande circulação, ou que
motora ou da percepção, incluindo idoso, gestante, deem acesso aos serviços de reabilitação, devem obri-
lactante, pessoa com criança de colo e obeso; gatoriamente estar equipados com mecanismo que
V - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa emita sinal sonoro suave para orientação do pedestre.”
com deficiência, podendo ou não desempenhar as (NR)
funções de atendente pessoal;
VI - elemento de urbanização: quaisquer componen- “Art. 10-A. A instalação de qualquer mobiliário urba-
tes de obras de urbanização, tais como os referentes a no em área de circulação comum para pedestre que
pavimentação, saneamento, encanamento para esgo- ofereça risco de acidente à pessoa com deficiência de-
tos, distribuição de energia elétrica e de gás, ilumina- verá ser indicada mediante sinalização tátil de alerta
ção pública, serviços de comunicação, abastecimento no piso, de acordo com as normas técnicas pertinen-
e distribuição de água, paisagismo e os que materiali- tes.”
zam as indicações do planejamento urbanístico;
VII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes “Art. 12-A. Os centros comerciais e os estabelecimen-
nas vias e nos espaços públicos, superpostos ou adicio- tos congêneres devem fornecer carros e cadeiras de
nados aos elementos de urbanização ou de edificação, rodas, motorizados ou não, para o atendimento da
de forma que sua modificação ou seu traslado não pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.”
provoque alterações substanciais nesses elementos,
tais como semáforos, postes de sinalização e simila- Art. 113. A Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001 (Es-
res, terminais e pontos de acesso coletivo às teleco- tatuto da Cidade), passa a vigorar com as seguintes
municações, fontes de água, lixeiras, toldos, marqui- alterações:
ses, bancos, quiosques e quaisquer outros de natureza
análoga; “Art. 3º [...]
VIII - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, III - promover, por iniciativa própria e em conjunto
equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
estratégias, práticas e serviços que objetivem promo- programas de construção de moradias e melhoria das
ver a funcionalidade, relacionada à atividade e à par- condições habitacionais, de saneamento básico, das
ticipação da pessoa com deficiência ou com mobilida- calçadas, dos passeios públicos, do mobiliário urbano
e dos demais espaços de uso público;
de reduzida, visando à sua autonomia, independência,
IV - instituir diretrizes para desenvolvimento urbano,
qualidade de vida e inclusão social;
inclusive habitação, saneamento básico, transporte e
IX - comunicação: forma de interação dos cidadãos
mobilidade urbana, que incluam regras de acessibili-
que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive
dade aos locais de uso público;
a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de
[...]” (NR)
textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comu-
nicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos
“Art. 41. [...]
multimídia, assim como a linguagem simples, escrita
§ 3º As cidades de que trata o caput deste artigo de-
e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digita- vem elaborar plano de rotas acessíveis, compatível
lizados e os modos, meios e formatos aumentativos e com o plano diretor no qual está inserido, que dis-
alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias ponha sobre os passeios públicos a serem implanta-
da informação e das comunicações; dos ou reformados pelo poder público, com vistas a
X - desenho universal: concepção de produtos, am- garantir acessibilidade da pessoa com deficiência ou
bientes, programas e serviços a serem usados por to- com mobilidade reduzida a todas as rotas e vias exis-
das as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de tentes, inclusive as que concentrem os focos geradores
projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia de maior circulação de pedestres, como os órgãos pú-
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
43
“Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pes- “Art. 1.769. O Ministério Público somente promoverá
soalmente os atos da vida civil os menores de 16 (de- o processo que define os termos da curatela:
zesseis) anos. I - nos casos de deficiência mental ou intelectual;
I - (Revogado); [...]
II - (Revogado); III - se, existindo, forem menores ou incapazes as pes-
III - (Revogado).” (NR) soas mencionadas no inciso II.” (NR)
“Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou “Art. 1.771. Antes de se pronunciar acerca dos termos
à maneira de os exercer: da curatela, o juiz, que deverá ser assistido por equipe
[...] multidisciplinar, entrevistará pessoalmente o interdi-
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; tando.” (NR)
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente,
não puderem exprimir sua vontade; “Art. 1.772. O juiz determinará, segundo as potencia-
[...] lidades da pessoa, os limites da curatela, circunscritos
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será re- às restrições constantes do art. 1.782, e indicará cura-
gulada por legislação especial.” (NR) dor.
“Art. 228. [...] Parágrafo único. Para a escolha do curador, o juiz le-
II - (Revogado); vará em conta a vontade e as preferências do interdi-
III - (Revogado); tando, a ausência de conflito de interesses e de influ-
[...] ência indevida, a proporcionalidade e a adequação às
circunstâncias da pessoa.” (NR)
§ 1º [...]
§ 2º A pessoa com deficiência poderá testemunhar “Art. 1.775-A. Na nomeação de curador para a pes-
soa com deficiência, o juiz poderá estabelecer curatela
em igualdade de condições com as demais pessoas,
compartilhada a mais de uma pessoa.”
sendo-lhe assegurados todos os recursos de tecnologia
assistiva.” (NR)
“Art. 1.777. As pessoas referidas no inciso I do art.
1.767 receberão todo o apoio necessário para ter pre-
“Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os
servado o direito à convivência familiar e comunitária,
pais ou tutores revogar a autorização.” (NR)
sendo evitado o seu recolhimento em estabelecimento
que os afaste desse convívio.” (NR)
“Art. 1.548. [...]
I - (Revogado); Mesmo que a pessoa possua algum tipo de deficiên-
[...]” (NR) cia, isso não quer dizer que esta esteja impedida ou mes-
mo impossibilitada de expressar a sua vontade e de se
“Art. 1.550. [...] autogovernar.
§ 1º [...] A nova redação do artigo 3º acima mencionado esta-
§ 2º A pessoa com deficiência mental ou intelectual belece que a única e exclusiva hipótese de incapacidade
em idade núbia poderá contrair matrimônio, expres- absoluta é o menor de dezesseis anos de idade, já que o
sando sua vontade diretamente ou por meio de seu mesmo necessita de representação para responder pelos
responsável ou curador.” (NR) seus atos da vida civil, já que não possui legitimidade10.
Com relação aos relativamente incapazes, o artigo 4º
“Art. 1.557. [...] já exposto traz a tona uma nova compreensão, reconhe-
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito cendo um rol de relativamente incapazes (incisos I ao IV).
físico irremediável que não caracterize deficiência ou Ao analisar tais incisos é possível perceber que em mo-
de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por mento algum a legislação tem a intenção de relacionar
herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro côn- as causas de incapacidade ao estado mental em que se
juge ou de sua descendência; encontra o indivíduo. Não pode em momento algum de
IV - (Revogado).” (NR) acordo com a legislação em vigência impor a alguém a
condição de incapaz por se tratar de uma pessoa com
“Art. 1.767. [...] deficiência.
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, A possibilidade de incapacidade relativa só será acei-
não puderem exprimir sua vontade; ta pelo ordenamento jurídico brasileiro, com relação a
II - (Revogado); pessoa com deficiência física, mental ou intelectual que
III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; não puder exprimir sua vontade (CC, art. 4º, III). A inca-
IV - (Revogado); pacidade decorre da impossibilidade de manifestar sua
[...]” (NR) vontade, não em decorrência da deficiência, um exemplo
seria os casos de discernimento mental11.
“Art. 1.768. O processo que define os termos da cura- 10 FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO,
tela deve ser promovido: Ronaldo Batista. Estatuto da pessoa com deficiência comentado
[...] artigo por artigo. 1. ed. Salvador: Juspodivm, 2016.
11 FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO,
IV - pela própria pessoa.” (NR)
Ronaldo Batista. Estatuto da pessoa com deficiência comentado
44
É preciso entender que a causa da incapacidade pode res, inclusive o prazo de vigência do acordo e o respei-
ser definitiva ou transitória. Como já falado a impossibili- to à vontade, aos direitos e aos interesses da pessoa
dade de expor a sua vontade não está ligada diretamen- que devem apoiar.
te, a uma pessoa com deficiência seja ela física, mental § 2º O pedido de tomada de decisão apoiada será re-
ou intelectual. Um exemplo de impossibilidade tempo- querido pela pessoa a ser apoiada, com indicação ex-
rária são os casos em que a pessoa está internada na pressa das pessoas aptas a prestarem o apoio previsto
Unidade de Terapia Intensiva (UTI), não possui portanto no caput deste artigo.
a capacidade de exprimir suas vontades ou anseios. Uma § 3º Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada
pessoa com deficiência fortuitamente pode não conse- de decisão apoiada, o juiz, assistido por equipe mul-
guir explicitar a sua vontade, como no caso do individuo tidisciplinar, após oitiva do Ministério Público, ouvirá
que possui discernimento mental, que não consegue ex- pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe pres-
por sua vontade12. tarão apoio.
Os atos praticados pelo curatelado, sem representa- § 4º A decisão tomada por pessoa apoiada terá valida-
ção ou nos casos em que não houver assistência do cura- de e efeitos sobre terceiros, sem restrições, desde que
dor, serão nulos ou passíveis de anulação, uma vez que esteja inserida nos limites do apoio acordado.
irá depender do grau de incapacidade de cada indivíduo. § 5º Terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha
Nos casos de incapacidade absoluta, automaticamente relação negocial pode solicitar que os apoiadores con-
os atos serão nulos, nos casos de incapacidade relativa tra-assinem o contrato ou acordo, especificando, por
os atos serão passíveis de anulação. Como a pessoa com escrito, sua função em relação ao apoiado.
deficiência está enquadrada nos casos de incapacidade § 6º Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco
relativa, seus atos jamais serão nulos, apenas passiveis ou prejuízo relevante, havendo divergência de opini-
de anulação, independe portanto do grau da deficiên- ões entre a pessoa apoiada e um dos apoiadores, de-
cia. Mesmo que a pessoa possua momentos de lucidez, verá o juiz, ouvido o Ministério Público, decidir sobre
conhecidos como ‘intervalos lúcidos’ serão irrelevantes a questão.
para caracterizar a capacidade, visto que uma pessoa § 7º Se o apoiador agir com negligência, exercer pres-
curatelada não tem capacidade intermitente, podendo são indevida ou não adimplir as obrigações assumi-
reavê-la através de uma decisão judicial, em procedi- das, poderá a pessoa apoiada ou qualquer pessoa
mento especifico de suspensão da curatela13. apresentar denúncia ao Ministério Público ou ao juiz.
§ 8º Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o
Art. 115. O Título IV do Livro IV da Parte Especial da apoiador e nomeará, ouvida a pessoa apoiada e se
Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), for de seu interesse, outra pessoa para prestação de
passa a vigorar com a seguinte redação: apoio.
§ 9º A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, so-
“TÍTULO IV licitar o término de acordo firmado em processo de
Da Tutela, da Curatela e da Tomada de Decisão tomada de decisão apoiada.
Apoiada” § 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão de
sua participação do processo de tomada de decisão
Art. 116. O Título IV do Livro IV da Parte Especial da apoiada, sendo seu desligamento condicionado à ma-
Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), nifestação do juiz sobre a matéria.
passa a vigorar acrescido do seguinte Capítulo III: § 11. Aplicam-se à tomada de decisão apoiada, no
que couber, as disposições referentes à prestação de
“CAPÍTULO III contas na curatela.”
Da Tomada de Decisão Apoiada
Independentemente de sua condição a pessoa com
Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o pro- deficiência tem o direito de exprimir a sua vontade, pre-
cesso pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo valecendo sempre a sua autonomia. O ser humano mes-
menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais man- mo possuindo algum tipo de deficiência, pode indepen-
tenha vínculos e que gozem de sua confiança, para dente de sua condição expor a sua vontade, afastando
prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da assim qualquer possibilidade de absoluta incapacidade,
vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações podendo inclusive praticar atos jurídicos, não necessitan-
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
necessários para que possa exercer sua capacidade. do para tais representação ou de assistência.
§ 1º Para formular pedido de tomada de decisão Quando a deficiência acarreta ao indivíduo algum
apoiada, a pessoa com deficiência e os apoiadores de- tipo de limitação no exercício do seu autogoverno, mas
vem apresentar termo em que constem os limites do ainda sim prevalece uma precária aptidão para expressar
apoio a ser oferecido e os compromissos dos apoiado- as suas vontades e de se fazer compreender, não há que
se falar em pessoa relativamente incapaz, sendo necessá-
artigo por artigo. 1. ed. Salvador: Juspodivm, 2016. rio seguir o caminho da interdição (curatela). Necessitam
12 FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO,
apenas de uma proteção do Estado mais abrangente,
Ronaldo Batista. Estatuto da pessoa com deficiência comentado
artigo por artigo. 1. ed. Salvador: Juspodivm, 2016. não o enquadramento em um modelo jurídico de inca-
13 FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, pacidade14.
Ronaldo Batista. Estatuto da pessoa com deficiência comentado 14 FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO,
artigo por artigo. 1. ed. Salvador: Juspodivm, 2016. Ronaldo Batista. Estatuto da pessoa com deficiência comentado
45
A tomada de decisão apoiada surgiu como um novo portanto a obrigação de criar meios através de sua legis-
método de proteção intermediaria, é notório que uma lação interna que possibilitem ao deficiente a viabilidade
pessoa que pode exprimir suas vontades, mesmo que de exercer de forma plena a sua capacidade.
possua certo grau de deficiência, seja ela psíquica, física A legislação brasileira estava carente de uma lei, nor-
ou intelectual. Exige, portanto que o Estado tenha uma ma que apoiasse o deficiente plenamente capaz, entre-
atenção diferenciada para com essas pessoas asseguran- tanto vulnerável em decorrência de alguma circunstância
do que os princípios inerentes a dignidade e a igualdade pessoal, física, psíquica ou intelectual.
substancial sejam de fato aplicados. A tomada de decisão Diferentemente dos institutos da tutela e da curatela,
apoiada é contemplada no artigo 1.783-A do Código Ci- a Tomada de Decisão Apoiada é considerada de acordo
vil, como um tertium genus protetivo (ao lado da curate- com a lei nº 13.146/15 um processo, no qual a pessoa
la e da tutela), auxiliando na assistência da pessoa com com deficiência escolhe no mínimo 2 (duas) pessoas idô-
deficiência preservando a plenitude da sua capacidade neas, as quais possui vínculos e que seja digna de sua
civil15. confiança para lhe prestar apoio na tomada de decisão
Este modelo jurídico tem o intuito de ser um equilí- sobre atos da vida civil, priorizando sempre o exercício
brio, se colocando como um intermediário entre aquelas da plena capacidade. Em momento algum significa que
pessoas sem deficiência (sob a perspectiva física, sen- exista qualquer tipo de restrição da plena capacidade,
sorial e psíquica) e aquelas com um grau de deficiência pelo contrário há neste caso o respeito principalmente
elevado, sendo classificadas pela impossibilidade de ex- ao princípio da liberdade, em que Estado tem a obriga-
pressar a sua vontade, consequentemente precisam ser ção de realizar ações que possibilitem a autonomia de
curateladas e consideradas relativamente incapazes16. fato do indivíduo. Portanto, sempre que necessitar do
Sendo assim é perceptível a intervenção do Estado na auxílio, o sistema prevê a nomeação de pelo menos dois
autonomia privada, buscando sempre preservar o prin- apoiadores, que fique bem claro que não são represen-
cípio da dignidade humana. As pessoas sem deficiência tantes ou assistentes, já que não há que se falar neste
consideradas pela legislação brasileira plenamente capa- caso de incapacidade. Um exemplo de aplicabilidade são
zes para seus atos da vida civil e as pessoas com deficiên- os casos em que há uma dificuldade (física, sensorial ou
cia moderada seja ela física, mental ou intelectual, mas psíquico), seja ele permanente ou temporário, e que sinta
que podem expressar sua vontade e possui condições de a necessidade de ser acompanhada tanto nas decisões
autogovernar podem a qualquer tempo usufruir da to- jurídicas, quanto no cotidiano, enfim a tomada de deci-
mada de decisão apoiada, para que assim tenham a pos- são será aplicada em diversos casos seja para tetraplé-
sibilidade de exercer a capacidade plena em pé de igual- gicos, pessoas com impossibilidade física ou sensorial
dade com os demais, com absoluta proteção do Estado dentre outras, inclusive para enfermidades que possam
em relação a seus interesses existenciais e patrimoniais. privar de certa forma a prática de certos negócios e atos
Há ainda aqueles indivíduos com deficiência classi- jurídicos.
ficados pela curatela em virtude da impossibilidade de A tomada de decisão será determinada pelo juiz por
se autogovernar e de expressar a sua vontade, caracte- meio de procedimento de jurisdição voluntaria, sendo de
rizando assim a incapacidade relativa. Neste caso há um competência da vara da família. De acordo com o arti-
go 723, parágrafo único do Novo Código de Processo
regime especial de curatela em que se leva em conta as
Civil: “O juiz não é obrigado a observar critério de lega-
crenças, desejos e vicissitudes do sujeito, a curatela será
lidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução
aplicada apenas em casos em que o sujeito não possuir a
que considerar mais conveniente ou oportuna”. O § 1º
condição de expressar a sua vontade de forma plena, uti-
do art.1.783-A afirma que para realizar o pedido de to-
lizando-se assim da representação e da assistência para
mada de decisão apoiada, a pessoa com deficiência e os
determinados atos.
apoiadores deverão apresentar termo em que conste os
Este modelo de proteção das pessoas com deficiên-
limites do apoio a ser oferecido juntamente com o com-
cia foi criado objetivando resguardar a capacidade plena
promisso dos apoiadores, não deixando de citar o prazo
do indivíduo em situação de vulnerabilidade, em conse- de vigência do acordo e o compromisso dos apoiadores,
quência de uma deficiência. Além dos institutos da tu- além de respeitar à vontade, os direitos e os interesses
tela e da curatela já existentes na legislação brasileira, da pessoa que devem apoiar. O objetivo de tal ação é
a tomada de decisão apoiada entra em vigor amplian- trabalhar para melhorar a qualidade de vida das pessoas
do os direitos decretado pelo decreto nº 6.949 de 2009 com deficiência, preservando sempre sua autonomia e
(Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
46
Deve-se perceber que não apenas a pessoa a ser apoiada “Art. 1º É assegurado à pessoa com deficiência visu-
possa reivindicar tal direito, assim como aquelas pessoas al acompanhada de cão-guia o direito de ingressar e
que são legitimadas para a ação de curatela, também es- de permanecer com o animal em todos os meios de
tão aptos para a Tomada de Decisão Apoiada, tal modelo transporte e em estabelecimentos abertos ao público,
jurídico garante que o princípio da Dignidade Humana de uso público e privados de uso coletivo, desde que
posse ser visto sob duas concepções, tanto a protetiva observadas as condições impostas por esta Lei.
quanto a promocional das situações existenciais18. [...]
Após receber a petição inicial, o juiz deve designar § 2º O disposto no caput deste artigo aplica-se a todas
uma equipe multidisciplinar para realizar uma avaliação as modalidades e jurisdições do serviço de transporte
da pessoa interessada, realizando ainda uma entrevista coletivo de passageiros, inclusive em esfera interna-
pessoal com ela e com as pessoas que se disponibiliza- cional com origem no território brasileiro.” (NR)
ram a prestar o apoio. Agirá o Ministério Público como
fiscal da ordem jurídica (custos juris), por expressa dis- Art. 118. O inciso IV do art. 46 da Lei no 11.904, de
posição legal, apesar de não haver incapaz (CPC, art.178, 14 de janeiro de 2009, passa a vigorar acrescido da
caput). O juiz não está adstrito à nomear os apoiadores seguinte alínea “k”:
apontados na petição inicial, podendo optar por outros
após analisar o caso individualmente, desde que possua “Art. 46. [...]
fundamentação suficiente para tal ato. A decisão judicial IV – [...]
deverá indicar a validade, além de apresentar os limites k) de acessibilidade a todas as pessoas.
do apoio a ser prestado àquela pessoa, considerando [...]” (NR)
suas vontades, anseios e preferências19.
É comum que os próprios apoiadores ou terceiro inte- Art. 119. A Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012,
ressado, solicite que se encerrem a atuação judicial para passa a vigorar acrescida do seguinte art. 12-B:
realizar atos que vinculem o interesse da pessoa apoiada.
São os casos em que pode ocorrer divergência de ideias “Art. 12-B. Na outorga de exploração de serviço de
podendo causar riscos de potencial prejuízo a pessoa táxi, reservar-se-ão 10% (dez por cento) das vagas
apoiada. Portanto para reservar o interesse da pessoa para condutores com deficiência.
em situação de vulnerabilidade, após ouvir o Promotor § 1º Para concorrer às vagas reservadas na forma do
de Justiça, podendo ainda analisar o laudo realizado pela caput deste artigo, o condutor com deficiência deve-
equipe multidisciplinar poderá o magistrado delibera, rá observar os seguintes requisitos quanto ao veículo
em procedimento de jurisdição voluntária20. utilizado:
Caso o apoiador agir de forma negligente, exercer I - ser de sua propriedade e por ele conduzido; e
pressão indevida e desnecessária ou não cumprir com as II - estar adaptado às suas necessidades, nos termos
cláusulas acordadas no acordo, poderá a pessoa apoiada da legislação vigente.
ou mesmo um terceiro interessado apresentar denúncia § 2º No caso de não preenchimento das vagas na
ao Ministério Público ou ao Juiz (art. 116, § 7º). Após pro- forma estabelecida no caput deste artigo, as rema-
ceder a denúncia, poderá o juiz destituir o apoiador atual nescentes devem ser disponibilizadas para os demais
e nomear caso seja do desejo da pessoa apoiada outra concorrentes.”
pessoa para prestar o apoio.
Pode ainda a tomada de decisão se converter em me- Art. 120. Cabe aos órgãos competentes, em cada esfe-
dida protetiva, nada impede que uma pessoa que seja ra de governo, a elaboração de relatórios circunstan-
submetida a tomada de decisão apoiada de forma pre- ciados sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos
ventiva, possa posteriormente ser reconhecida a sua in- por força das Leis no 10.048, de 8 de novembro de
capacidade relativa, em procedimento judicial devendo 2000, e no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, bem
as partes ou o terceiro interessado apresentar efetivas como o seu encaminhamento ao Ministério Público e
provas de que a pessoa não possa de forma alguma ex- aos órgãos de regulação para adoção das providên-
primir a sua vontade, consequentemente será submetida cias cabíveis.
ao regime de curatela21. Parágrafo único. Os relatórios a que se refere o caput
deste artigo deverão ser apresentados no prazo de 1
Art. 117. O art. 1º da Lei nº 11.126, de 27 de junho de (um) ano a contar da entrada em vigor desta Lei.
2005, passa a vigorar com a seguinte redação:
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
47
Art. 122. Regulamento disporá sobre a adequação do
disposto nesta Lei ao tratamento diferenciado, simpli-
ficado e favorecido a ser dispensado às microempresas EXERCÍCIOS COMENTADOS
e às empresas de pequeno porte, previsto no § 3o do
art. 1o da Lei Complementar no 123, de 14 de dezem- 1. (CESPE/2018 - EBSERH - Conhecimentos Básicos -
bro de 2006. Cargos de Nível Superior - Área Médica) Com base no
disposto no Estatuto da Pessoa com Deficiência, julgue o
Art. 123. Revogam-se os seguintes dispositivos: item a seguir.
I - o inciso II do § 2º do art. 1o da Lei nº 9.008, de 21 A pessoa com deficiência não poderá sofrer nenhuma espé-
de março de 1995; cie de discriminação pela sua condição, mas não será obri-
II - os incisos I, II e III do art. 3º da Lei nº 10.406, de 10 gada à fruição de benefícios decorrentes de ação afirmativa.
de janeiro de 2002 (Código Civil);
( ) CERTO ( ) ERRADO
III - os incisos II e III do art. 228 da Lei nº 10.406, de 10
de janeiro de 2002 (Código Civil);
Resposta: Certo. Disciplina o artigo 4o, caput e § 2o:
IV - o inciso I do art. 1.548 da Lei nº 10.406, de 10 de
“Toda pessoa com deficiência tem direito à igualda-
janeiro de 2002 (Código Civil); de de oportunidades com as demais pessoas e não
V - o inciso IV do art. 1.557 da Lei nº 10.406, de 10 de sofrerá nenhuma espécie de discriminação. [...] § 2º A
janeiro de 2002 (Código Civil); pessoa com deficiência não está obrigada à fruição de
VI - os incisos II e IV do art. 1.767 da Lei nº 10.406, de benefícios decorrentes de ação afirmativa”.
10 de janeiro de 2002 (Código Civil);
VII - os arts. 1.776 e 1.780 da Lei nº 10.406, de 10 de 2. (CESPE/2018 - EBSERH - Conhecimentos Básicos -
janeiro de 2002 (Código Civil). Cargos de Nível Superior - Área Médica) Com base no
disposto no Estatuto da Pessoa com Deficiência, julgue o
Art. 124. O § 1º do art. 2º desta Lei deverá entrar em item a seguir.
vigor em até 2 (dois) anos, contados da entrada em Em processos seletivos para ingresso nos cursos oferecidos
vigor desta Lei. pelas instituições de ensino superior, o candidato com defi-
ciência terá direito à disponibilização de provas em forma-
Art. 125. Devem ser observados os prazos a seguir tos acessíveis à sua necessidade, sendo vedada a concessão
discriminados, a partir da entrada em vigor desta Lei, de dilatação de tempo para a realização de tais provas.
para o cumprimento dos seguintes dispositivos:
I - incisos I e II do § 2º do art. 28, 48 (quarenta e oito) ( ) CERTO ( ) ERRADO
meses;
II - § 6º do art. 44, 48 (quarenta e oito) meses; Resposta: Errado. Disciplina o artigo 30, IV e V: “Nos
III - art. 45, 24 (vinte e quatro) meses; processos seletivos para ingresso e permanência nos
IV - art. 49, 48 (quarenta e oito) meses. cursos oferecidos pelas instituições de ensino superior
e de educação profissional e tecnológica, públicas e
Art. 126. Prorroga-se até 31 de dezembro de 2021 a privadas, devem ser adotadas as seguintes medidas: [...]
vigência da Lei nº 8.989, de 24 de fevereiro de 1995. IV - disponibilização de recursos de acessibilidade e de
tecnologia assistiva adequados, previamente solicitados
e escolhidos pelo candidato com deficiência; V - dilação
Art. 127. Esta Lei entra em vigor após decorridos 180
de tempo, conforme demanda apresentada pelo candi-
(cento e oitenta) dias de sua publicação oficial.
dato com deficiência, tanto na realização de exame para
seleção quanto nas atividades acadêmicas, mediante
Brasília, 6 de julho de 2015; 194º da Independência e prévia solicitação e comprovação da necessidade; [...]”.
127º da República.
3. (CESPE/2018 - EBSERH - Conhecimentos Básicos - Car-
#FicaDica gos de Nível Médio - Área Assistencial) Acerca do Estatu-
to da Pessoa com Deficiência, julgue o item que se segue.
O procedimento de tomada de decisão A avaliação da deficiência de uma pessoa deverá ser
apoiada supre o procedimento de interdi- biopsicossocial, com equipe multiprofissional e interdis-
ção quando ele não for cabível, diante do ciplinar, considerando seus fatores socioambientais, psi-
cológicos e pessoais.
LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
48
6. (CESPE/2018 - EBSERH - Conhecimentos Básicos -
Cargos de Nível Médio) No que diz respeito ao Código
HORA DE PRATICAR! de Ética e Conduta da EBSERH, julgue o próximo item.
Para realizar uma denúncia à Comissão de Ética da EB-
1. (INSTITUTO AOCP/2016 - EBSERH - Técnico em En- SERH, o cidadão menor de idade terá de ser representa-
fermagem) São recursos da EBSERH, conforme a Lei nº do por seu responsável.
12.550/2011, EXCETO:
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) os oriundos de dotações consignadas no orçamento
da União, dos Estados e dos Municípios.
b) as receitas decorrentes da prestação de serviços com- 7. (CESPE/2018 - EBSERH - Assistente Social) Com
preendidos em seu objeto. base na Lei nº 13.146/2015, que trata da inclusão da pes-
c) as receitas da alienação de bens e direitos. soa com deficiência, julgue o item a seguir.
d) as receitas das aplicações financeiras que realizar. O consentimento prévio de pessoa com deficiência é dis-
e) as receitas dos direitos patrimoniais, tais como alu- pensável para a realização de tratamento, procedimento,
guéis, foros, dividendos e bonificações. hospitalização e pesquisa científica.
( ) CERTO ( ) ERRADO
49
ANOTAÇÕES
GABARITO
1 A ________________________________________________
2 Certo _________________________________________________
3 Certo _________________________________________________
4 Errado
_________________________________________________
5 Certo
6 Errado _________________________________________________
7 Errado _________________________________________________
8 Certo _________________________________________________
9 Certo
_________________________________________________
10 Errado
_________________________________________________
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LEGISLAÇÃO APLICADA A EBSERH
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ÍNDICE
RACIOCÍNIO LÓGICO
Estruturas lógicas. Lógica de argumentação: analogias, inferências, deduções e conclusões. Lógica sentencial (ou
proposicional). Proposições simples e compostas. Tabelas verdade. Equivalências. Leis de Morgan. Diagramas lógicos. 01
Lógica de primeira ordem. Princípios de contagem e probabilidade..................................................................................................... 28
Operações com conjuntos....................................................................................................................................................................................... 39
Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais............................................................................... 42
É importante ressaltar que objetivo fundamental de uma
ESTRUTURAS LÓGICAS. LÓGICA proposição é transmitir uma tese, que afirmam fatos ou
DE ARGUMENTAÇÃO: ANALOGIAS, juízos que formamos a respeito das coisas.
INFERÊNCIAS, DEDUÇÕES E Sabendo disso, uma questão importante tem que ser
CONCLUSÕES. LÓGICA SENTENCIAL (OU respondida: como realmente podemos identificar uma
PROPOSICIONAL). PROPOSIÇÕES SIMPLES proposição? A única técnica direta que temos é verificar
se podemos atribuir o valor de verdadeiro ou falso a elas.
E COMPOSTAS. TABELAS VERDADE.
Entretanto, existe uma técnica indireta que facilita muito
EQUIVALÊNCIAS. LEIS DE MORGAN. o trabalho de identificação de uma proposição e é fre-
DIAGRAMAS LÓGICOS. quentemente cobrada em concursos públicos.
A técnica consiste em sabermos o que não é propo-
sição e por eliminação, achar a proposição. A seguir, se-
Conceito Fundamental: A Preposição guem exemplos do que não é proposição e a recomen-
dação é que se memorizem esses tipos para facilitar na
No ensino fundamental, nos ensinam que os seres hora da prova:
humanos são diferentes dos outros animais e a justifica-
tiva é que os humanos pensam e os animais não pensam. i.) Sentenças Imperativas: Todas as declarações que
Porém, temos animais com inteligência suficiente para remeterem a uma ordem não são proposições.
serem treinados a executar tarefas, como os chimpanzés Ex: “Apague a luz.”, “Observe aquele painel”, “Não
e os golfinhos. Assim, qual é o real motivo que nos dife- faça isso”.
renciam de todos os outros seres vivos?
A resposta envolve não somente o ato se pensar ii.) Sentenças Interrogativas: Perguntas não são defi-
como também o de se comunicar. Primeiro, aprendemos nidas como proposições:
a falar, depois, a escrita dividiu nossa existência em Pré- Ex: “Olá, tudo bem?”, “Qual a raiz quadrada de 5?”,
-História e História. Os registros por escrito guardaram “Onde está minha carteira?”
os pensamentos de nossos antepassados, proporcionan-
do as gerações futuras, dados importantíssimos para se iii.) Sentenças Exclamativas:
ir além daquilo que já foi feito. Ex: “Como o dia está lindo!”, “Isto é um absurdo!”,
Porém, acabou surgindo o grande desafio que nor- “Não concordo com isto!”
teou a disciplina de lógica: Como interpretar esses re-
gistros? iv.) Sentenças que não tem verbo:
A grande diferença do ser humano em relação aos Ex: “A bicicleta de Bruno”, “O cartão de João”.
outros seres vivos está nesse ponto, pois tão importante v.) Sentenças abertas: Este tipo de sentença possui
é o ato se interpretar uma informação quanto é elaborar uma grande quantidade de exemplos e os exem-
a mesma. Assim, nossa mente é capaz de receber dados plos são importantes para sabermos identifica-las:
e deles extrair uma conclusão. Essa habilidade está dire- Ex: “x é menor que 7 ou x < 7” – Essa expressão por
tamente ligada ao raciocínio lógico. si só é genérica pois não temos informações de x
Muitos pensam que essa disciplina está voltada ape- para saber se ele é ou não menor que 7.Entretanto,
nas para as pessoas de “exatas”, mas ela é voltada para caso seja atribuído um valor a x, essa sentença se
o público em geral e aqui seguem alguns exemplos que tornará uma proposição, pois será possível atribuir
provam nosso conceito: VERDADEIRO ou FALSO a sentença original. Assim,
- Um advogado reúne todas as informações dos au- a expressão “Para x=5, tem-se que: 5 é menor que
tos do processo e através do Raciocínio Lógico, 7” é uma proposição e é VERDADEIRA. Por outro
elabora sua tese de acusação ou defesa; lado, “Para x=9, tem-se que: 9 é menor que 7” é
- Um médico ao estudar todos os exames consegue a uma proposição mas é FALSA.
partir de raciocínio lógico, elaborar um diagnostico Ex: “z é a capital da França” – As sentenças abertas
e propor um tratamento; não necessariamente são números, como mostra
- Um CEO de uma empresa, através dos relatórios o exemplo. Se substituirmos “z” por “Toulouse”, a
mensais consegue definir o plano de ação para es- sentença virará proposição e será FALSA. Se z = Pa-
timular o crescimento da companhia. ris, a proposição será VERDADEIRA.
Todos os exemplos acima mostram como será o estu- Valores Lógicos das proposições – Leis de Pensa-
do da disciplina, onde receberemos informações e delas mento
extrairemos respostas ou em outras palavras, conclusões.
No Raciocínio Lógico, essas informações terão uma Definido o que é preposição, podemos aprofundar
RACIOCÍNIO LÓGICO
particularidade: Elas sempre serão declarações onde po- o conceito apresentando as leis fundamentais (axiomas)
deremos classificá-las de duas maneiras, VERDADEIRA ou que norteiam a lógica:
FALSA. Essas declarações serão chamadas de PROPOSI-
ÇÕES. 1) Princípio do Terceiro Excluído: “Toda proposição
As proposições são a base do pensamento lógico. ou é verdadeira ou é falsa, isto é, verifica-se sem-
Este pensamento pode ser composto por uma ou mais pre um destes casos e nunca um terceiro”.
sentenças lógicas, formando uma idéia mais complexa.
1
Pode parecer óbvio, mas às vezes as pessoas se con-
fundem em questões de concursos públicos quan-
do aparecem as alternativas “VERDADEIRO”, “FAL-
SO” ou “NENHUMA DAS ANTERIORES”. Qualquer
proposição lógica será verdadeira ou falsa, não
existe uma terceira opção.
Existem dois tipos de proposições: Simples e Com- Como visto rapidamente no capítulo anterior, os
postas conectivos lógicos são estruturas usadas para formar
As proposições simples são aquelas que não contêm proposições compostas a partir da junção de proposi-
nenhuma outra proposição como parte de si mesma. ções simples. As proposições compostas são linhas de
São, geralmente, designadas por letras minúsculas do raciocínio mais complexas e permitem se formular te-
alfabeto (p,q,r,s,...). Uma definição equivalente é de uma ses lógicas com vários níveis de pensamento. Observe o
proposição que não se consegue dividi-la em partes exemplo a seguir:
menores, de tal maneira que as partes divididas gerem “Otávio gosta de jogar futebol e seu irmão não gos-
novas proposições. ta de jogar futebol”
Exemplos: Facilmente conseguimos separar essa sentença em
p – O rato comeu o queijo; duas: “Otávio gosta de jogar futebol” e “O irmão de
q – Astolfo é advogado; Otávio não gosta de jogar futebol”. Entretanto, ao in-
r – Hermenegildo gosta de pizza; vés de tratarmos as duas proposições simples separada-
s – Raimunda adora samba. mente, ligamos as mesmas com a palavrinha “e”, que é
um dos conectores lógicos que iremos estudar a seguir.
Já as proposições compostas são formadas por Logo, com esse vínculo, poderemos estudar se a
uma ou mais proposições que podem ser divididas, proposição composta é inteiramente verdadeira ou in-
formando proposições simples. São, geralmente, teiramente falsa, dependendo do valor lógico de cada
designadas por letras maiúsculas do alfabeto (P,- proposição simples, ou seja, cada proposição simples in-
Q,R,S,...).Exemplos: terfere no valor a ser atribuído na proposição composta.
P – O rato é branco e comeu o queijo; As seções a seguir irão estudar os cinco conectivos
Q – Astolfo é advogado e gosta de jogar futebol; lógicos, apresentando suas características principais e as
R – Hermenegildo gosta de pizza e de suco de uva; combinações possíveis entre duas proposições simples.
S – Raimunda adora samba e seu tênis é vermelho.
A Negação – Conectivo “Não”
Veja que as proposições acima podem ser divididas
RACIOCÍNIO LÓGICO
2
i) Se uma proposição for VERDADEIRA, sua negação 𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton e Pablo
será FALSA. tomou suco de maçã.
ii) Se uma proposição for FALSA, sua negação será
VERDADEIRA. Seguindo as definições do capítulo 1, a proposição
composta será indicada com uma letra maiúscula, neste
Aqui conseguimos observar a importância do “Prin- 𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒indica a conjunção, ou seja, quando
caso, R. O símbolo
cípio do terceiro excluído”, explicado no capítulo 1. Se ele aparecer, estaremos usando o conectivo “e”.
tivéssemos mais do que dois valores lógicos, a negação Se invertermos a ordem das proposições simples, for-
se tornaria impossível pois não conseguiríamos criar um maremos outra proposição composta:
vínculo de “ida e volta” entre os valores lógicos. 𝑺 = 𝒒 ∧ 𝒑 : Pablo tomou suco de maçã e Carlos gosta
O conectivo NÃO possui dois símbolos e recomenda- de jogar badminton.
-se que o leitor conheça ambos pois as bancas de con-
cursos não possuem um padrão em qual símbolo usar. No caso da conjunção, o valor lógico da proposição
Observe o exemplo a seguir: composta não se altera com a inversão das proposições
p : A secretária foi ao banco esta tarde. simples, mas outros conectivos que veremos a seguir po-
dem ter alterações dependendo da ordem das proposi-
O exemplo acima já usa os conceitos vistos no capí- ções simples.
tulo 1, onde temos uma proposição simples e chamare- Vamos agora analisar quais os valores lógicos possí-
mos essa proposição com uma letra minúscula “p” (Lê- veis para uma proposição composta formada pelo co-
-se “proposição p”). Vamos agora negar essa proposição nectivo “e”. No capítulo 3 aprenderemos sobre as tabe-
usando os dois símbolos possíveis: las-verdade e elas ajudarão (e muito!) na memorização
~ p : A secretária não foi ao banco esta tarde. das combinações possíveis dos conectivos lógicos. Por
¬ p : A secretária não foi ao banco esta tarde. enquanto, vamos enumerar todos os casos para familia-
rização:
Os símbolos “~” e “¬” são os símbolos que indicam i) Uma proposição composta formada por uma con-
negação. É Importante frisar que os símbolos de nega- junção será VERDADEIRA se todas as proposições
ção não indicam a presença da palavra “não” na frase. simples forem VERDADEIRAS.
Observe este outro exemplo: ii) Uma proposição composta formada por uma con-
q : Bráulio não comprou detergente junção será FALSA se uma ou mais proposições
simples forem FALSAS.
Observe que a proposição q possui a palavra “não” e
quando negarmos a mesma, ficaremos com a frase afir- Recuperando o exemplo anterior:
mativa: 𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton e Pablo
~ q : Bráulio comprou detergente. tomou suco de maçã.
¬ q : Bráulio comprou detergente. Termos que R será VERDADEIRO somente se p e q
forem VERDADEIROS. Se uma (ou as duas) proposições
simples for (forem) falsa(s), R será FALSO.
FIQUE ATENTO!
No Raciocínio Lógico, pode-se existir a A DISJUNÇÃO – Conectivo “OU”
“negação da negação” que chamaremos de
Dupla Negação e veremos isso mais adian- O conectivo “ou”, também conhecido como disjun-
te no capítulo 4. O que você precisa saber ção, segue a mesma linha de pensamento que o conecti-
neste momento é que negando uma nega- vo “e”, relacionando duas proposições simples, forman-
ção, voltaremos a uma frase afirmativa, ou do uma proposição composta. Vamos manter o exemplo
na linguagem coloquial: “O não do não é da seção anterior:
o sim”. p : Carlos gosta de jogar badminton.
q : Pablo tomou suco de maçã
A CONJUNÇÃO – Conectivo “e”
Temos acima duas proposições simples e vamos for-
O próximo conectivo lógico certamente é um dos mais mar agora uma proposição composta usando o conec-
usados dentro do raciocínio lógico e é também um dos tivo “ou”:
mais conhecidos. O “e” também é chamado de conjunção 𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton ou Pablo
e segue a mesma classificação da própria língua portugue- tomou suco de maçã.
sa.
Diferentemente do conectivo “não”, a conjunção irá 𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒indica a disjunção, ou seja, quando ele
O símbolo
RACIOCÍNIO LÓGICO
relacionar duas proposições simples, formando uma pro- aparecer, estaremos usando o conectivo “ou”. Observe
posição composta. Vamos ao exemplo: que ele é o símbolo do conectivo “e” invertido, então,
p : Carlos gosta de jogar badminton. muita atenção na hora de identificar um ou o outro.
q : Pablo tomou suco de maçã Se invertermos a ordem das proposições simples,
formaremos outra proposição composta:
Temos acima duas proposições simples e podemos 𝑺 = 𝒒 ∨ 𝒑 : Pablo tomou suco de maçã ou Carlos
formar uma proposição composta usando o conectivo “e”: gosta de jogar badminton.
3
No caso da disjunção, o valor lógico da proposição inclusivo), porém, o símbolo é sublinhado para indicar
composta também não se altera com a inversão das pro- exclusividade:
𝑹=𝒑∨𝒒 . Os casos possíveis para o “ou exclusi-
posições simples (igual a conjunção). vo” são:
Vamos agora analisar quais os valores lógicos possí- i) Uma proposição composta formada por uma dis-
veis para uma proposição composta formada pelo co- junção exclusiva será VERDADEIRA se apenas uma
nectivo “ou”. Novamente vale lembrar que no capítulo 3 das proposições for VERDADEIRA.
aprenderemos sobre as tabelas-verdade e elas ajudarão ii) Uma proposição composta formada por uma dis-
(e muito!) na memorização das combinações possíveis junção exclusiva será FALSA se todas as proposi-
dos conectivos lógicos. Por enquanto, vamos enumerar ções simples forem FALSAS ou se as duas proposi-
todos os casos para familiarização: ções forem VERDADEIRAS.
i) Uma proposição composta formada por uma dis-
junção será VERDADEIRA se uma ou mais proposi- Perceba que a diferença é sutil entre os casos inclusi-
ções forem VERDADEIRAS. vo e exclusivo e ela se dá no caso das duas proposições
ii) Uma proposição composta formada por uma dis- simples serem VERDADEIRAS. No caso exclusivo, isso é
junção será FALSA se todas as proposições simples uma contradição e assim a proposição composta deve
forem FALSAS. ser FALSA. Usando o exemplo:
𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Ou Diego nasceu no Brasil ou na Argentina
Comparando com a conjunção, observa-se que hou-
ve uma certa “inversão” em relação as combinações das Temos que R é VERDADEIRO se p for VERDADEIRO e
proposições simples. Enquanto na conjunção precisá- q FALSO ou p FALSO e q VERDADEIRO. R é FALSO se p e
vamos de todas as proposições simples VERDADEIRAS q forem ambas VERDADEIRAS ou ambas FALSAS.
para que a proposição composta ser VERDADEIRA, no
operador “ou” precisamos de apenas 1 delas para tornar A CONDICIONAL – Conectivo “SE...ENTÃO”
a proposição composta VERDADEIRA.
No caso do valor lógico FALSO também há inversão, O conectivo “Se...então”, conhecido como condicio-
onde no conectivo “e” basta 1 proposição simples ser nal não é tão conhecido quanto o “e” e o “ou”, porém é
FALSA e na disjunção, precisamos de todas FALSAS. o que normalmente gera mais dúvidas e o que contém
as famosas “pegadinhas” que confundem o candidato
Assim: durante a prova. A principal característica dele é que se
𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton ou Pablo você inverter a ordem das proposições simples, o valor
tomou suco de maçã. lógico da proposição composta muda, o que não acon-
Termos que R será VERDADEIRO se uma (ou as duas) tecia na conjunção e na disjunção. Vamos recuperar o
proposição (ões) sejam VERDADEIRAS e R será FALSO se mesmo exemplo das seções 2.2.3 e 2.2.4:
p e q forem FALSOS. p : Carlos gosta de jogar badminton.
q : Pablo tomou suco de maçã
A DISJUNÇÃO exclusiva – Conectivo “OU exclusivo” Temos acima duas proposições simples e vamos for-
mar agora uma proposição composta usando o conecti-
O conectivo “ou” possui um caso particular que nor- vo “Se...então”:
malmente é cobrado em concursos públicos de maior 𝑹 = 𝒑 → 𝒒 : Se Carlos gosta de jogar badminton en-
complexidade, porém é importante que o leitor tenha tão Pablo tomou suco de maçã.
conhecimento do mesmo pois pode se tornar um dife-
rencial importante em concursos públicos de maior dis- Observe que agora temos uma condição para que
puta. Pablo tome o suco de maçã. A frase em si pode parecer
Este caso particular é chamado de “ou exclusivo” pois sem nexo, mas no Raciocínio Lógico nem sempre fará
implica que as proposições simples são eliminatórias, ou sentido a conexão de duas proposições e até por isso
seja, quando uma delas for VERDADEIRA, a outra será nós montamos esses exemplos para o leitor ficar mais
necessariamente FALSA. Veja o exemplo: familiarizado com essa situação!
p: Diego nasceu no Brasil 𝑹 = 𝒑“ → ”𝒒 indica a condicional, mostrando que
O símbolo
q: Diego nasceu na Argentina a proposição da esquerda condiciona o acontecimento
da proposição da direita. As combinações possíveis para
Temos duas proposições referentes a nacionalidade esse conector são:
de Diego. Fica claro que ele não pode ter nascido em i) Uma proposição composta formada por uma condi-
dois locais diferentes, ou seja, se p for VERDADEIRO, q cional será VERDADEIRA se ambas as proposições
é necessariamente FALSO e vice-versa. Assim, quando forem VERDADEIRAS ou a proposição a esquerda
montarmos a disjunção, temos que indicar essa questão do conector for FALSA.
RACIOCÍNIO LÓGICO
e será feito da seguinte forma: ii) Uma proposição composta formada por uma condi-
𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Ou Diego nasceu no Brasil ou na Argen- cional será FALSA se a proposição a esquerda (ante-
tina cedente) do conector for VERDADEIRA e a proposi-
ção a direita (consequente) do conector for FALSA.
A leitura da proposição lógica acrescente mais um
“ou” no início e o restante é como se fosse um operador
“ou” convencional (que para diferenciar, é chamado de
4
Observe agora que a posição da proposição em rela- iii) Modus Tollens: Nessa linha de raciocínio, esta-
ção ao conector lógico importa no resultado da proposi- mos negando que o consequente (q) ocorreu e se
ção composta. Considerando os casos observados, certa- olharmos os casos possíveis da condicional, isso
mente deve haver dúvidas do leitor em relação a situação só será possível se o antecedente (p) também não
onde a proposição a esquerda do conector ser falsa e ocorrer:
isso implicar que a proposição composta seja verdadeira.
A explicação é a seguinte: Na condicional, limitamos
apenas ao caso da proposição da esquerda do conector
em si e não em relação a sua negação, ou seja, quan-
do montamos 𝑹 = 𝒑 → 𝒒 , estamos condicionando apenas ao
caso de p ocorrer, ou em outras palavras, p ser VERDA- Exemplo:
DEIRO. Se p for FALSO, não há nenhuma condição para
q, ou seja, não importa o que acontecer com q, já que
p não é VERDADEIRO. Assim, define-se 𝑹 = 𝒑 → 𝒒 sempre
VERDADEIRO quando p for FALSO. Logo:
𝑹 = 𝒑 → 𝒒 : Se Carlos gosta de jogar badminton en-
tão Pablo tomou suco de maçã. iv) Falácia de negar o antecedente: Novamente um
erro de pensamento referente aos casos possí-
Temos R VERDADEIRO se p for FALSO ou se p for veis da condicional. Se você nega o antecedente
VERDADEIRO e q VERDADEIRO e R é FALSO apenas se p (p) não é garantia que o consequente (q) não irá
for VERDADEIRO e q FALSO. ocorrer pois a partir do momento que temos ~p, o
valor lógico de q pode ser qualquer um e a condi-
Pegadinhas da condicional cional se manterá VERDADEIRA:
ii) Falácia de afirmar o consequente: Pode-se dizer A BI-CONDICIONAL – Conectivo “SE E SOMENTE SE”
que é a pegadinha mais clássica da condicional
pois induz a pessoa a considerar que se o conse- O conectivo “Se e somente se”, conhecido como bi
quente ocorreu (q), pode-se afirmar que o antece- condicional elimina justamente o limitante da condicio-
dente (p) também ocorreu: nal de não ser possível inverter a ordem das proposições
sem perder o valor lógico da proposição composta. Ago-
Esse raciocínio está INCORRETO. Para justificar, lem- ra, os dois valores lógicos serão limitantes, tanto se a
bre-se dos casos em que a condicional é VERDADEIRA. proposição a esquerda do conector for VERDADEIRA ou
Em um desses casos, se o antecedente (p) for FALSO, não FALSA. Novamente vamos ao mesmo exemplo:
importa o valor lógico de q, a proposição com condicio- p : Carlos gosta de jogar badminton.
nal será VERDADEIRA. Assim, se q ocorrer não é garantia q : Pablo tomou suco de maçã
RACIOCÍNIO LÓGICO
5
O símbolo
𝑹=𝒑↔𝒒 indica a bi condicional, ou seja, os dois TABELA-VERDADE DE PROPOSIÇÃO SIMPLES:
sentidos devem ser satisfeitos. Em outras palavras, a bi NEGAÇÃO
condicional será VERDADEIRA apenas se os valores lógi-
cos das duas proposições forem iguais: Nós iremos seguir a ordem do capítulo anterior e
i) Uma proposição composta formada por uma bi apresentar a montagem das tabelas-verdade para os
condicional será VERDADEIRA se ambas as propo- operadores lógicos descritos. Inicia-se pele negação,
sições forem VERDADEIRAS ou se ambas as propo- que é uma proposição simples e terá apenas duas linhas
sições forem FALSAS. na tabela-verdade:
ii) Uma proposição composta formada por uma bi
condicional será FALSA se uma proposição for
p ~p
VERDADEIRA e outra for FALSA e vice-versa.
V F
Assim: F V
𝑹 = 𝒑 ↔ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton se e
somente se Pablo tomou suco de maçã. Observe que a tabela possui duas colunas. A primei-
A proposição R será VERDADEIRA se p e q forem VER- ra contém os valores possíveis para a proposição sim-
DADEIROS ou p e q forem FALSOS e R será FALSO se p for ples, que pela fundamentação da lógica, é o VERDADEI-
VERDADEIRO e q FALSO ou p FALSO e q VERDADEIRO. RO (V) e o FALSO (F).
Já a segunda coluna possui o operador lógico ne-
TABELAS VERDADE gação. O operador foi aplicado em casa linha da tabela,
gerando o resultado correspondente. Ou seja, se a pro-
A tabela-verdade é um dispositivo prático muito usa- posição p é V, sua negação será F e vice-versa.
do para a organizar os valores lógicos de proposições É importante frisar que as operações da tabela-ver-
compostas pois ela ilustra todos os possíveis valores ló- dade ocorrem de linha em linha, ou seja, se na primeira
gicos da estrutura composta, correspondentes a todas as linha temos que a proposição p é V, esse valor perma-
possíveis atribuições de valores lógicos às proposições necerá assim até que todas as operações daquela linha
simples. correspondente tenham terminado.
Para se construir uma tabela verdade, são necessá-
rias três informações iniciais: O número de proposições TABELA-VERDADE PARA 2 PROPOSIÇÕES SIMPLES
que compõem a proposição composta, o número de
linhas que a tabela-verdade irá ter e a variação dos va- Chegamos as seções onde a tabela-verdade fará
lores lógicos. mais sentido, pois ela é aplicada em proposições com-
A primeira informação é puramente visual, basta postas. Iniciando com uma estrutura de duas proposi-
olhar a proposição composta e verificar quantas propo- ções simples, vamos primeiramente explicar a organiza-
sições simples a compõem, contando a quantidade de ção destas proposições.
letras distintas que existem nela, vejam os exemplos: Como já sabemos que são duas proposições sim-
𝒑 ∧ 𝒒 : Temos as proposições simples p e q, ou seja, a ples, que chamaremos de p e q, temos que a tabela-ver-
proposição composta possui duas proposições; dade terá quatro linhas:
(𝒑 ∧ 𝒒) → (~𝒒 ↔ 𝒑) : Esta estrutura possui duas pro-
posições simples também, p e q. Não se deve considerar
a repetição das proposições que no caso de p e q, repe- p q
tiram duas vezes;
𝒓 ↔ (𝒑 ∨ 𝒒) : Neste caso, com a presença da propo-
sição r, temos três proposições simples distintas, p,q e r.
A segunda informação, que é o número de linhas da ta-
bela verdade, deriva do número de proposições simples que
a estrutura composta possui. Usando essa conta simples:
𝐿 = 2𝑛
FIQUE ATENTO!
Onde L é o número de linhas da tabela-verdade e n Observe que além das linhas correspon-
é o número de proposições simples que ela possui. Ou dentes da tabela-verdade, nós inserimos
seja, para duas proposições simples, temos 4 linhas na uma linha inicial indicando qual a proposi-
tabela-verdade, para 3 proposições simples, 8 linhas na ção que estamos atribuindo o valor lógico.
tabela e para 4 proposições simples, a tabela possui 16 Isso é de suma importância para se domi-
RACIOCÍNIO LÓGICO
linhas. Além disso, para o caso de uma proposição sim- nar esse conteúdo.
ples, pode-se aplicar a fórmula também, e teremos duas
linhas na tabela-verdade. Agora temos que combinar os dois valores lógicos
Esses valores são derivados da organização da tabela, possíveis entre as proposições, formando as quatro li-
para que tenhamos todos os casos possíveis avaliados. nhas. Para isso, recomenda-se que sigam os seguintes
Com essa informação, podemos organizar a tabela e isso passos:
será apresentado caso a caso nas seções seguintes.
6
i) Na coluna da primeira proposição, atribua o valor A segunda linha possui p = V e q = F. Para a conjun-
de V para a primeira metade das linhas e F para a ção é necessário que as duas proposições sejam V para
segunda metade. Ou seja, as duas primeiras linhas ela ser V, logo, ela será FALSA:
são V e as duas últimas são F:
p q
p q
V V V
V
V F F
V
F V
F
F F
F
Seguindo o mesmo raciocínio, a terceira linha possui
ii) Para a segunda coluna, repita o mesmo procedimento p = F e q = V, o que faz a conjunção ser FALSA:
dentro de cada valor lógico atribuído para a coluna
anterior. Ou seja, como temos V nas duas primeiras
p q
linhas de p, vamos colocar V na primeira linha e F na
segunda. Da mesma forma, vamos fazer o mesmo V V V
procedimento para as duas linhas de p que contém F: V F F
F V F
p q
F F
V V
V F Finalmente, a quarta linha possui as duas proposições
F V simples com valor lógico FALSO, o que faz a conjunção
ser FALSA também:
F F
p q F F
V V V
A primeira, segunda e terceira linhas possuem ao me-
V F
nos 1 valor lógico VERDADEIRO, ou seja, condição sufi-
F V ciente para o operador lógico ser VERDADEIRO:
F F
7
p q p q
V V V V V
V F V V F
F V V F V
F F F F
Já a última linha, possui ambas proposições simples com Montaremos a tabela usando sua lógica simples: Ele
o valor lógico FALSO, o que faz a disjunção ser FALSA tam- será VERDADEIRO se as duas proposições simples tive-
bém: rem o mesmo valor lógico e FALSO se tiverem valores
diferentes:
p q
V V V p q
V F V V V V
F V V V F F
F F F F V F
F F V
Esta é a tabela da disjunção é também deve ser me-
morizada. Com essas informações memorizadas é possível
montar QUALQUER tabela-verdade.
Tabela Verdade da Condicional (“Se...então”)
Montagem de tabelas usando mais de um operador
O próximo conector lógico é a condicional (“Se...en- lógico
tão”) e montaremos a tabela-verdade do mesmo jeito
que os anteriores: Obviamente que as seções acima introduziram as ta-
belas-verdade fundamentais, que vão auxiliar na mon-
p q tagem de tabelas mais complexas. Vamos apresentar
um exemplo onde isso será aplicado. Considere a se-
V V guinte proposição composta:
V F
(𝒑 ∧ 𝒒) ↔ ~𝒑 ∨ 𝒒
F V
F F Observe que a proposição possui duas proposições
simples mas possui três operações lógicas. Para mon-
O princípio deste operador lógico está na relação en- tar a tabela-verdade desta proposição, deveremos fazer
tre o antecedente (p) e o consequente (q). Ele será FAL- combinações dos resultados fundamentais vistos ante-
SO apenas se 𝑝 = 𝑉 e 𝑞 = 𝐹 , o que ocorre na segunda riormente.
linha. Nos outros casos, ele será VERDADEIRO. Em caso Iniciando, vamos montar a estrutura inicial, com as
de dúvidas deste operador, recomenda-se a releitura do colunas de p e q:
capítulo 2.
p q
p q
V V V
V V
V F F
V F
F V V
F V
F F V
F F
Tabela Verdade da Condicional (“Se...então”)
Agora, vamos analisar a expressão: temos dois pa-
O último operador é o Bicondicional (“Se e somente rênteses separados por uma bicondicional, portanto, te-
RACIOCÍNIO LÓGICO
se”) e a tabela será montada da mesma forma: remos que saber os valores lógicos de cada parêntese
antes de resolver o “se e somente se”. Para isso, vamos
criar colunas específicas na tabela para cada informação
e depois agrupá-las.
Começando com a conjunção no primeiro parêntese
e atribuindo os valores lógico de cada linha, cria-se uma
terceira coluna a partir da primeira e da segunda:
8
p q Na terceira linha, temos ambos VERDADEIROS, o que
faz a disjunção VERDADEIRA:
V V V
V F F p q ~p
F V F V V V F V
F F F V F F F F
F V F V V
Agora, vamos resolver o segundo parêntese. Para
isso, precisaremos da negação de p para fazer uma dis- F F F V
junção com q. Logo, vamos criar primeiro uma coluna da
negação e depois faremos a disjunção: E na quarta linha, temos a quarta coluna VERDADEI-
RA e a segunda coluna FALSA, o que faz a disjunção ser
p q ~p VERDADEIRA:
V V V F
p q ~p
V F F F
V V V F V
F V F V
V F F F F
F F F V
F V F V V
Observe que esta quarta coluna é a negação da pri- F F F V V
meira, como deve ser, já que estamos negando a proposi-
ção p. Criaremos agora uma quinta coluna, onde faremos
a disjunção de ~p (quarta coluna) e q (segunda coluna):
FIQUE ATENTO!
Fizemos uma disjunção entre a quarta e a
p q ~p segunda coluna, NESTA ORDEM. No caso
V V V F da disjunção, se fizéssemos invertido, não
haveria problemas, mas nem sempre isso
V F F F
acontece. A recomendação é que se man-
F V F V tenha a ordem da operação lógica.
F F F V
Finalmente, vamos criar a sexta coluna que será a bi-
Nós temos que utilizar os valores lógicos da quarta e condicional da terceira e quinta colunas:
segunda colunas em cada linha correspondente da tabe-
la. É aqui que muitos candidatos se confundem e acabam p q ~p
usando colunas diferentes. Na primeira linha, temos que
a quarta coluna tem valor F e a segunda coluna tem valor V V V F V
V, assim a disjunção entre elas será V: V F F F F
F V F V V
F F F V V
p q ~p
Na primeira linha, temos a terceira coluna VERDA-
V V V F V DEIRA e a quinta também, que pela bicondicional, gera
V F F F um valor VERDADEIRO:
F V F V
F F F V p q ~p
V V V F V V
Na segunda linha, temos a quarta e a segunda coluna V F F F F
com valores lógicos FALSO, o que faz a disjunção FALSA:
F V F V V
RACIOCÍNIO LÓGICO
p q ~p F F F V V
V V V F V Na segunda linha, temos ambas as colunas FALSAS,
V F F F F que pela bicondicional, gera um valor VERDADEIRO:
F V F V
F F F V
9
p q ~p F
V V V F V V F
V F F F F V
Na segunda coluna, vamos subdividir cada bloco da
F V F V V primeira coluna em dois novamente, colocando VER-
F F F V V DADEIRO na primeira parte e FALSO na segunda, desta
maneira:
Na terceira e quarta linhas temos o mesmo caso,
com a terceira coluna FALSA e a quinta VERDADEIRA, o p q r
que gera um valor FALSO na bicondicional:
V V
p q ~p V V
V V V F V V V F
V F F F F V V F
F V F V V F F
F F F V V F F
F
Pronto, esses são os resultados possíveis da propo- F
sição composta, variando os valores lógicos das propo-
sições simples p e q que a compõem. Veja que o primeiro bloco da primeira coluna, que é
VERDADEIRO foi dividido em dois blocos de duas linhas
TABELA VERDADE PARA 3 PROPOSIÇÕES SIMPLES cada, em um, colocamos duas linhas VERDADEIRO e nas
outras duas linhas, FALSO. Fazendo o mesmo para o blo-
Vamos agora aumentar a complexidade do proble- co seguinte:
ma inserindo uma terceira proposição, que chamare-
mos de r. Pela relação de número de linhas da tabela,
teremos então L=23=8 linhas. A tabela fica na seguinte p q r
forma: V V
V V
p q r
V F
V F
F V
F V
F F
F F
F V V
V
F V F
V
F F V
V
F F F
F
F
10
Como exemplo, vamos montar a tabela-verdade da seguinte proposição composta: ~𝑝 → 𝑞 ∧ 𝑟 ↔ 𝑝 ∨ 𝑟 . Com a
tabela acima, vamos organizar quais informações precisamos para montar a expressão final. Observando o primeiro
parênteses, precisaremos da negação de p, ou seja, ~p. Criando uma quarta coluna e preenchendo em função da pri-
meira:
p q r ~p
V V V F
V V F F
V F V F
V F F F
F V V V
F V F V
F F V V
F F F V
Agora precisaremos fazer a conjunção entre q e r no primeiro parênteses para poder combinar com a negação de
p. Montando a quinta coluna com , que é a combinação entre a segunda e a terceira coluna, temos que:
p q r ~p 𝒒∧𝒓
V V V F V
V V F F F
V F V F F
V F F F F
F V V V V
F V F V F
F F V V F
F F F V F
Interessante observar que ficamos apenas com duas linhas com o valor lógico VERDADEIRO e isso não é nenhum
problema, pois quando se realiza operações lógicas não teremos sempre a divisão de 50% VERDADEIRO e 50% FALSO.
Combinando a quarta e quinta colunas, podemos formar o primeiro parênteses, que é ~𝑝 → 𝑞 ∧ 𝑟 :
p q r ~p 𝒒∧𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓
V V V F V V
V V F F F V
V F V F F V
V F F F F V
F V V V V V
F V F V F F
F F V V F F
F F F V F F
Antes de montarmos a bicondicional entre os dois parênteses, precisamos montar a coluna relativa ao segundo
RACIOCÍNIO LÓGICO
11
p q r ~p 𝒒∧𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 𝒑∨𝒓
V V V F V V V
V V F F F V V
V F V F F V V
V F F F F V V
F V V V V V V
F V F V F F F
F F V V F F V
F F F V F F F
Finalmente, a oitava coluna é montada a partir da combinação entre a sexta e a sétima colunas:
V V V F V V V V
V V F F F V V V
V F V F F V V V
V F F F F V V V
F V V V V V V V
F V F V F F F V
F F V V F F V F
F F F V F F F V
O resultado é interessante pois apenas a sétima linha da proposição completa possui valor lógico FALSO. Isso pode
ser facilmente uma questão de concurso, onde pergunta-se quais são os valores lógicos para que a proposição acima
seja FALSA. A resposta correta é p e q FALSOS e r VERDADEIRO.
Os problemas envolvendo 4 proposições simples são mais trabalhosos pois envolvem 16 linhas de análise. Entre-
tanto, a resolução é a mesma dos problemas de duas ou três proposições simples. Considerando as proposições p, q,
r e s, a tabela fica da seguinte maneira:
p q r s
RACIOCÍNIO LÓGICO
12
A primeira coluna é dividida em dois blocos de oito p q r s
linhas, atribuindo V ao primeiro bloco e F ao segundo.
V V V
p q r s V V V
V V V F
V V V F
V V F V
V V F V
V V F F
V V F F
V F V V
V F V V
F F V F
F F V F
F F F V
F F F V
F F F F
F F F F
F
A quarta coluna basta intercalar V e F:
F
p q r s
A segunda coluna subdivide a primeira novamente
em dois, formando blocos de quatro linhas, intercalando V V V V
os valores V e F: V V V F
V V F V
p q r s
V V F F
V V
V F V V
V V
V F V F
V V
V F F V
V V
V F F F
V F
F V V V
V F
F V V F
V F
F V F V
V F
F V F F
F V
F F V V
F V
F F V F
F V
F F F V
F V
F F F F
F F
F F
CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES SEGUNDO A TA-
F F
BELA-VERDADE
RACIOCÍNIO LÓGICO
F F
Após a montagem de qualquer proposição composta
na tabela-verdade, podemos classificar seu resultado de
A terceira coluna subdivide a segunda em blocos de três maneiras:
duas linhas, intercalando V e F:
13
Tautologia Contradição
p q ~q 𝑝𝑝 ↔
↔ ~𝑞
~𝑞 ∧∧ (𝑝
(𝑝 ∧∧ 𝑞).
𝑞). 𝑝 ↔ ~𝑞 ∧ (𝑝 ∧ 𝑞).
p q 𝑝∧𝑞 → 𝑝∨𝑞
V V F F V F
V V V V
V F V V F F
V F F V
F V F V F F
F V F V
F F V F F F
F F F F
Como todas as linhas do resultado final são FALSAS,
Aplicando a condicional entre a terceira e quarta co- temos uma contradição.
lunas:
Contingência
p q 𝑝𝑝∧∧𝑞𝑞 →→ 𝑝𝑝∨∨𝑞𝑞 𝑝∧𝑞 → 𝑝∨𝑞
A contingência é o caso mais simples de todos pois
V V V V V são as tabelas-verdade que não são tautologia ou con-
tradição, ou seja, possui os dois valores lógicos (V e F) no
V F F V V resultado final.
F V F V V
PROPOSIÇÕES LÓGICAS
F F F F V
As proposições categóricas são formadas basicamen-
O resultado da proposição composta mostra que
te por três palavras: Todo, Nenhum e o Algum. Desta úl-
todas as linhas geraram um valor lógico VERDADEIRO.
tima, deriva-se também o “Algum Não” para completar
Assim, podemos classificar essa proposição composta
as quatro proposições fundamentais. Assim, vamos inter-
como Tautologia.
pretar e representar as seguintes expressões:
classificação é válida também para três ou tos que pertencem ao grupo (ou na nossa linguagem,
mais proposições simples. conjunto) A também pertencem ao conjunto B. Para este
caso, temos duas representações possíveis:
14
Além disso, são quatro diagramas possíveis para in-
terpretar essa proposição:
FIQUE ATENTO!
Os dois primeiros casos remetem ao conjunto A ser
Observe que quando falamos que “Todo A é subconjunto de B ou vice-versa. Em ambos consegui-
B” não é necessariamente verdade que “Todo mos afirmar que existe ao menos um elemento de A que
B é A” pois o primeiro caso da figura acima pertence a B. O terceiro caso é o mesmo de “Todo A é
justifica que nem todos os elementos de B B” pois, como dissemos, essa proposição afirma que te-
podem pertencer ao conjunto A.”. mos no mínimo um elemento de A que está em B, en-
tão logicamente todos os elementos de A pertencerem
Nenhum A é B a B atendem a “Algum A é B”. E o último caso é aquele
onde temos termos exclusivos de A e B, mas uma região
A segunda proposição categórica é a mais simples de de interseção onde há elementos pertencentes aos dois
se observar através do diagrama de conjuntos pois quan- conjuntos, satisfazendo a proposição.
do falamos que “Nenhum A é B”, conclui-se que nenhum Além disso, é possível inverter os conjuntos de posi-
elemento do conjunto A pertence ao conjunto B, ou seja, ção e manter a lógica correta, ou seja, se falarmos que
são dois conjuntos distintos sem nenhuma intersecção: “Algum A é B”, pode-se afirmar que “Algum B é A”
Algum A não é B
Algum A é B
15
No primeiro caso, como temos elementos exclusivos As proposições que são contraditórias entre si, ou
de A e B, esses elementos exclusivos satisfazem a propo- seja, aquelas ligadas pela diagonal do problema serão
sição. No segundo caso, temos B como subconjunto de justamente as negações lógicas da proposição categóri-
A sem serem coincidentes, o que também deixam alguns ca considerada, ou seja:
elementos de A não pertencendo a B. Finalmente o ter- - A negação de “Todo A é B” é “Algum A não é B”
ceiro caso, onde A e B não possuem intersecção (coinci- - A negação de “Nenhum A é B” é “Algum A é B”
dente com “Nenhum A é B”), temos que os elementos de - A negação de “Algum A é B” é “Nenhum A é B”
A não pertencem a B, bastava apenas 1 mas nesse caso - A negação de “Algum A não é B” é “Todo A é B”
foram todos.
Ou seja, nas proposições categóricas, negar uma pro-
CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS posição universal é transformá-la em uma proposição
particular de afirmação contrária e vice-versa. Isso refor-
As quatro proposições categóricas também possuem ça o que foi dito no início do capítulo que a negação
nomes formalizados que são de importante conheci- de “Todo A é B” não é “Nenhum A é B” e agora fica fácil
mento para se interpretar enunciados de concursos que de entender pois para que “Todo A é B” seja falso, basta
utilizarem essas definições. Vamos a elas apenas um único elemento de A não pertencer a B, o
caracteriza a proposição “Algum A não é B”.
Proposição Universal Afirmativa
No caso das relações “subalternas”, quando temos o
A proposição universal afirmativa é equivalente a ex- valor lógico definido da proposição universal, podemos
pressão “Todo A é B”, ou seja, todo o universo do con- expandi-lo para a sua correspondente proposição parti-
junto A pertence a B. cular, ou seja:
Proposição Universal Negativa - O valor lógico da proposição particular afirmativa será
o mesmo que o da proposição universal afirmativa.
- O valor lógico da proposição particular negativa será
A proposição universal negativa é equivalente a ex-
o mesmo que o da proposição universal negativa.
pressão “Nenhum A é B”, ou seja, todo o universo do
conjunto A não pertence a B.
ANÁLISE COM MAIS DE UMA PROPOSIÇÃO CATE-
GÓRICA ENVOLVIDA
Proposição Particular Afirmativa
Os problemas envolvendo proposições categóricas
A proposição particular afirmativa é equivalente a ex-
podem ser simples de se revolver como visto no exercí-
pressão “Algum A é B”, ou seja, algum caso de todo o cio comentado acima, porém, existem casos mais elabo-
universo do conjunto A pertence a B. rados, onde pode haver 3 ou mais conjuntos para serem
analisados. Observe esse exemplo extraído de uma ban-
Proposição Particular Negativa ca que aborda muito o raciocínio lógico, a ESAF:
Se é verdade que “Alguns A são R” e que “Nenhum G
A proposição particular negativa é equivalente a ex- é R”. então é necessariamente verdadeiro que:
pressão “Algum A não é B”, ou seja, algum caso de todo a) Algum A não é G
o universo do conjunto A não pertence a B. b) Algum A é G
c) Nenhum A é G
RELAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS d) Algum G é A
e) Nenhum G é A.
As proposições categóricas possuem relações entre si
para aplicarmos valores lógicos quando necessário. Para Observem neste caso que temos 3 conjuntos: A,R e
ajudar na memorização, construiu-se um diagrama com G e eles estão relacionados através de proposições cate-
as definições apresentadas abaixo: góricas. Para resolver esse tipo de problema, temos que
utilizar dos diagramas de conjuntos para entende-lo. A
ordem de aplicação das proposições determina seu êxi-
to no exercício, onde recomenda-se começar pelas pro-
posições universais e depois partir para as particulares.
Iniciando então por “Nenhum G é R”, o diagrama fica da
seguinte forma:
RACIOCÍNIO LÓGICO
16
Nesse caso, G e R não possuem intersecções. Feito
isso, deve-se analisar a proposição “Algum A é R”, que
possui 4 casos distintos. Além disso, não sabemos se A
intersecta ou não o conjunto G, portanto teremos que
considerar ambos os casos:
EQUIVALÊNCIA LÓGICA
17
Dupla Negação Ou seja, para a disjunção, conjunção e bicondicional é
possível inverter a ordem das proposições simples, man-
A dupla negação já foi introduzida quando se definiu tendo o resultado final da proposição composta. Usando
o operador lógico negação, ou o “não” e se apresentou novamente frases como exemplo, temos que se p = “An-
que “a negação da negação é a própria afirmação”. Em dei 5km” e q = “Tomei um suco”:
outras palavras, a dupla negação anula dois operadores Andei 5km e tomei um suco = Tomei um suco e andei 5 km
“não” que estão juntos, como no exemplo a seguir: Andei 5km ou tomei um suco = Tomei um suco ou
andei 5 km
Andei 5km se e somente se tomei um suco = Tomei
~ ~𝑝 = 𝑝 um suco se e somente se andei 5 km
p 𝑝 ∨𝑝 ∨𝑞 ∨𝑞 𝑟∨ 𝑟= =𝑝 ∨𝑝𝑞∨ 𝑞∨ 𝑟∨ 𝑟
𝑝∧𝑝=𝑝 𝑝∨𝑝=𝑝
O que a propriedade nos mostrou é que podemos
V V V fazer a operação entre p e q antes de realizar a operação
F F F entre q e r.
A propriedade comutativa da equivalência lógica é aná- Observe novamente que essa propriedade também
loga a propriedade de mesmo nome da matemática. Ela é válida APENAS para os operadores disjunção (“e”) e
descreve que podemos mudar a ordem das proposições conjunção (“ou”), sendo incorreto aplicar na condicional
simples sem afetar o resultado final. Existem três casos: e na bicondicional. Usando frases como exemplo, consi-
dere que: p = “Almir é biólogo”, q = “Joseval é escri-
tor” e r = “Arlequina é bandida”, assim:
𝑝𝑝 ∧∧𝑝𝑞𝑞∧=𝑞 =𝑞∧𝑝
= 𝑞𝑞 ∧∧ 𝑝𝑝
RACIOCÍNIO LÓGICO
𝑝𝑝 ∨∨𝑝𝑞𝑞∨=
𝑞=𝑞∨𝑝 A propriedade 𝑝 ∧ 𝑞 ∨ 𝑟 = 𝑝 ∧ 𝑞 ∨ (𝑝 ∧ 𝑟) nos
= 𝑞𝑞 ∨∨ 𝑝𝑝 permite dizer que a proposição:
𝑝↔𝑞𝑞 =𝑞↔ 𝑝 𝑝 ∨ 𝑞 ∧ 𝑟 “Almir
= 𝑝 ∨é 𝑞biólogo, e Jo-
∧ (𝑝 ∨ 𝑟)
𝑝𝑝 ↔
↔ 𝑞𝑞 =
= 𝑞↔
↔ 𝑝𝑝 seval é médico ou Arlequina é bandida” é equivalente
à proposição: “Almir é biólogo e Joseval é escritor, ou
Almir é biólogo e Arlequina é bandida”
18
𝑝 ∧ 𝑞 ∨ 𝑟 = 𝑝 ∧ 𝑞 ∨ (𝑝 ∧ 𝑟)
Este tópico provavelmente é o mais importante deste capítulo pois apresentará as negações das proposições ló-
gicas mais utilizadas: “Disjunção”, “Conjunção”, “Condicional” e “Bicondicional”
As negações da conjunção e da disjunção são conhecidas como Regras de De Morgan e são fáceis de memorizar
pela sua estrutura simples:
∼ 𝑝 ∧ 𝑞 = ~𝑝 ∨∼ 𝑞
A regra nos diz que ao negar uma conjunção, podemos negar individualmente cada proposição simples trocando
o operador “e” por um operador “ou”. A prova desta relação se dá na tabela-verdade a seguir:
p q ∼ 𝑝 ∧ 𝑞 =~~𝑝𝒑∨∼
∧ 𝒒𝑞 ~p
∼ 𝑝 ∧~q
𝑞 = ~𝑝 ∨∼ 𝑞
V V V F F F F
V F F V F V V
F V F V V F V
F F F V V V V
Observando a quarta e a sétima coluna, verifica-se o mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a equi-
valência.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Eu sei nadar” e q = “Eu sei correr”, a negação correta de
“Eu sei nadar e sei correr” será “Eu não sei nadar ou não sei correr”
A regra nos diz que ao negar uma disjunção, podemos negar individualmente cada proposição simples trocando o
operador “ou” por um operador “e”. A prova desta relação se dá na tabela-verdade a seguir:
p q ∼ 𝑝 ∧ 𝑞 = ~𝑝
~ 𝒑∨∼
∧𝒒𝑞 ~p
∼ 𝑝 ∧~q
𝑞 = ~𝑝 ∨∼ 𝑞
V V V F F F F
V F V F F V F
F V V F V F F
F F F V V V V
Observando a quarta e a sétima coluna, verifica-se o mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a equi-
valência.
RACIOCÍNIO LÓGICO
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Andei de bicicleta” e q = “joguei futebol”, a negação cor-
reta de “Eu andei de bicicleta ou joguei futebol” será “Eu não andei de bicicleta e não joguei futebol”.
19
Negação da Condicional
A negação da condicional é uma expressão que vem derivada de outras duas equivalências lógicas: Regra de De
Morgan e Implicação material (apresentada nos tópicos seguintes). Como a idéia não é apresentar deduções, vamos
mostrar a equivalência e prova-la através da tabela-verdade:
∼ 𝑝 → 𝑞 = 𝑝 ∧∼ 𝑞
Montando a tabela-verdade:
p q 𝒑→𝒒 ~ 𝒑→𝒒 ~q 𝒑 ∧∼ 𝒒
V V V F F F
V F F V V V
F V V F F F
F F V F V F
Comparando a quarta e sexta colunas, podemos observar que todas as linhas possuem os mesmos valores lógicos,
comprovando a equivalência desta negação.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Fiz muitos gols” e q = “Sou o artilheiro”, a negação correta
de “Se fiz muitos gols então sou o artilheiro” será “Fiz muitos gols e não sou o artilheiro”.
Negação da Bicondicional
Certamente a negação da bicondicional é a expressão mais difícil dentre as apresentadas na equivalência lógica. Ela
não é simples de deduzir e usaremos a mesma abordagem da negação da condicional, que é apresentar a expressão
e provar com a tabela-verdade:
∼ 𝑝 ↔ 𝑞 = (𝑝 ∧∼ 𝑞) ∨ (𝑞 ∧ ~𝑝)
Montando a tabela-verdade:
p q∼ 𝑝 ↔ 𝑞 =∼(𝑝𝑝∧∼
↔ 𝑞) ~p
𝑞 ∼∨=(𝑞
𝑝
(𝑝↔ 𝑞~q𝑞)
∧∧∼
~𝑝) =∨(𝑝(𝑞∧∼
∧ ~𝑝)
𝑞) ∨∼(𝑞𝑝∧↔
~𝑝)
𝑞 = (𝑝 ∧∼ 𝑞) ∨ (𝑞 ∧ ~𝑝)
V V V F F F F F F
V F F V F V V F V
F V F V V F F V V
F F V F V V F F F
Observando a quarta e nona colunas, verifica-se o mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a equiva-
lência lógica.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Passei de ano” e q = “Tirei 10 na prova”, a negação correta
de “Passei de ano se e somente se tirei 10 na prova” será “Passei de ano e não tirei 10 na prova ou tirei 10 na prova e
não passei de ano”.
Além das negações dos operadores lógicos condicional e bicondicional, existem outras equivalências lógicas impor-
tantes que estatisticamente são cobradas com certa frequência nos concursos públicos e serão apresentadas a seguir:
Implicação Material
RACIOCÍNIO LÓGICO
A implicação material é uma equivalência lógica aplicada ao operador condicional que transforma esse operador
em uma disjunção (“ou”):
𝑝 → 𝑞 = ~𝑝 ∨ 𝑞
20
Montando a tabela-verdade:
p q ~p
𝑝 → 𝑞 𝑝 =→~𝑝
𝑞 ∨=𝑞~𝑝 ∨ 𝑞
V V V F V
V F F F F
F V V V V
F F V V V
A terceira e quinta colunas possuem os mesmos valores lógicos em todas as linhas, podendo afirmar que são, por-
tanto, proposições equivalentes.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Andei distraído” e q = “Tropecei na calçada”, uma expres-
são equivalente a “Se andei distraído então tropecei na calçada” será “Não andei distraído ou tropecei na calçada”
Transposição
A transposição, como o próprio nome diz, é aplicada ao operador condicional, trocando de posição as proposições
simples, algo que não é permitido diretamente pela propriedade comutativa apresentada anteriormente. A equivalên-
cia é a seguinte:
𝑝 → 𝑞 = ~𝑞 → ~𝑝
Ou seja, nega-se e inverte-se as proposições simples para formar a equivalência. Comprovando pela tabela-verdade:
p q ~p →𝑝 ~𝑝
𝑝 → 𝑞 = ~𝑞 →~q𝑞 = ~𝑞 → ~𝑝
V V V F F V
V F F F V F
F V V V F V
F F V V V V
Assim, como a terceira e sexta colunas são idênticas, temos a equivalência lógica comprovada.
Usando as frases da implicação material como exemplo novamente, se considerarmos p = “Andei distraído” e q
= “Tropecei na calçada”, uma expressão equivalente a “Se andei distraído então tropecei na calçada” será “Se não
tropecei na calçada, então não andei distraído”
FIQUE ATENTO!
Sempre que no enunciado de um exercício de equivalência tivermos o operador condicional, desconfie se
não será aplicada as regras de implicação material ou transposição, normalmente elas que serão utilizadas
para resolver a questão!
Equivalência Material
A equivalência material é a última relação que veremos neste capítulo e envolve o operador bicondicional que sem-
pre irá proporcionar expressões maiores para memorização. Além disso, são dois casos para se analisar: O primeiro,
transforma-se a bicondicional em duas operações condicionais:
𝒑↔𝒒 = 𝒑→𝒒 ∧ 𝒒→𝒑
RACIOCÍNIO LÓGICO
Intuitivamente essa expressão não é difícil pois o próprio nome “bicondicional” já se refere a “duas condicionais”.
O importante é lembrar que as duas condicionais são ligadas por um operador “e” e não por um operador “ou”. A
tabela-verdade fica:
21
p q 𝒑𝒑 ↔
↔ 𝒒𝒒 =
= 𝒑𝒑 →
→ 𝒒𝒒 ∧∧ 𝒒𝒒
𝒑→→
↔𝒑𝒑𝒒 = 𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒒 → 𝒑
V V V V V V
V F F F V F
F V F V F F
F F V V V V
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “A bolsa é azul” e q = “O estojo é vermelho”, uma expressão
equivalente para “A bolsa é azul se e somente se o estojo é vermelho” será “Se a bolsa é azul então o estojo é vermelho
e se o estojo é vermelho então a bolsa é azul”.
O outro caso de equivalência material é a conversão da bicondicional em operadores “ou” e “e”:
𝒑 ↔ 𝒒 = 𝒑 ∧ 𝒒 ∨ ~𝒑 ∧ ~𝒒
Essa expressão não é tão intuitiva como o primeiro caso mas dá para se criar um raciocínio imaginando que a bi-
condicional foi separada em duas conjunções das afirmações e negações ligadas por uma disjunção. A tabela-verdade
fica desta maneira:
p q 𝒑 ↔ 𝒒 = ~p
𝒑𝒑→↔𝒒~q
𝒒∧ =𝒒 𝒑
→∧𝒑𝒒 ∨ ~𝒑
𝒑↔∧ ~𝒒
𝒒 = 𝒑 ∧ 𝒒 ∨ ~𝒑 ∧ ~𝒒
V V V F F V F V
V F F F V F F F
F V F V F F F F
F F V V V F V V
Com a terceira e oitava coluna idênticas, temos a equivalência comprovada. Usando as mesmas frases como exem-
plo, se considerarmos p = “A bolsa é azul” e q = “O estojo é vermelho”, uma outra expressão equivalente para “A
bolsa é azul se e somente se o estojo é vermelho” será “A bolsa é azul e o estojo é vermelho ou a bolsa não é azul e
o estojo não é vermelho”.
LÓGICA DA ARGUMENTAÇÃO
Tanto o argumento, quanto a proposição, formam as bases para o estudo da lógica. Todavia, a proposição ainda
continua sendo o elemento fundamental, pois a partir dela que são construídos os argumentos. Mas afinal de contas, o
que é um Argumento? Essa definição é importante para o seguimento do capítulo e será apresentada a seguir.
Um argumento é feito de uma composição de duas ou mais proposições. Diferentemente de uma proposição
composta, o argumento apresenta as proposições de maneira separada, classificando-as em dois tipos: Premissas e
Conclusão. As premissas são as bases e as informações que irão nortear a Conclusão (que é única, apenas 1 proposição
pode ser a conclusão). Assim, a estrutura básica de um argumento é: Premissas Conclusão.
Normalmente, os argumentos são apresentados na forma vertical, separando as premissas e a conclusão por um
traço, desta maneira:
As três premissas informam que há uma característica genética de olhos azuis na família, onde seu pai e você pos-
suem olhos azuis. Dadas essas informações, concluiu-se que seu filho terá a mesma característica, ou seja, olho azul.
Como este argumento é mais genérico, vamos a um mais direto que vocês irão lidar em seus concursos:
RACIOCÍNIO LÓGICO
A argumentação apresenta que o grupo denominado “brasileiros” pertence em sua integralidade ao conjunto “de-
vedores”. Assim, se eu pertenço ao grupo dos “brasileiros”, naturalmente estarei no grupo “devedores”.
22
Um ponto importante a se ressaltar neste exemplo Diagramas de Conjuntos (Euler)
é a estrutura particular dele. Quanto tivermos um argu-
mento composto por 2 (duas) premissas e a conclusão, A análise de argumentos usando os diagramas de
ele será considerado um caso particular e terá o nome conjuntos só é efetivamente vantajosa se os argumentos
de silogismo. forem montados com proposições categóricas (capítulo
Ambos os argumentos foram conclusões verdadei- 5). Ou seja, as premissas devem conter as expressões que
ras das premissas que consideramos. Neste caso, iremos designam este tipo, como todo, nenhum, algum e al-
classifica-los como argumentos válidos, ou seja, as pre- gum não. Algumas variações podem existir, como pelo
missas levam a esta conclusão. menos um e cada um, mas sempre serão remetidas as
A oposição disso é justamente uma ou mais premis- proposições que aprendemos no capítulo anterior.
sas falharem na conclusão, e isso tornará o argumento Este método prevê que desenharemos as premissas
inválido, pois não atende integralmente todas as premis- dentro de cada conjunto correspondente, procurando as
sas. interseções entre eles. Após a construção do diagrama,
Outro caso de argumentos que podem ser cobrados verifica-se a validade do argumento.
são aqueles que envolvem conectivos lógicos, como por Exemplo:
exemplo, neste exercício que caiu em um concurso:
FIQUE ATENTO!
Vocês encontrarão exercícios onde mais de
uma técnica pode ser usada para sua reso-
lução. Esta apostila será uma referência para
sugestão de qual técnica utilizar. Caso con-
RACIOCÍNIO LÓGICO
23
Assim, a conclusão torna-se válida pois o conjunto
mulheres também não possui intersecção com o conjun-
tos “cantoras”, tornando assim o argumento válido. É im-
portante frisar que sabemos que parte das mulheres não
são morenas mas isso não pode interferir na validade do
argumento. A única coisa que devemos ver sob o ponto
de vista lógico é que se as premissas forem verdadeiras,
temos que ter a conclusão verdadeira.
Vamos agora com um exemplo de argumento inváli-
do. Observem:
ou
ou
ou
( ) CERTO ( ) ERRADO
24
Resposta: Errado. Montando as premissas dentro do
diagrama de Euler, se o conjunto “pagam impostos”
e “honestos” não forem coincidentes, não há como EXERCÍCIO COMENTADO
garantir que Carlos está necessariamente dentro do
conjunto “honestos”. Portanto, o argumento torna-se 2. (TCE/AC – ANALISTA – CESPE, 2008). Considere que
inválido. as seguintes proposições são premissas de um argumento:
Tabela verdade
Na terceira proposição, temos que R é verdadeiro e O método de resolução do argumento por tabela ver-
a partir disso, para a segunda premissa ser verdadeira, dade é utilizado quando não se consegue resolver pe-
temos que ter ~Q=V, ou seja Q=F. los dois métodos anteriores, ou seja, quando não temos
Esse resultado implica na primeira premissa, pois se proposições categóricas ou quando não temos premis-
Q=F, para a condicional ser verdadeira, precisaremos ter sas sob a forma de proposições simples ou uma delas
que P seja falso, ou seja, P=F . sendo uma conjunção. Entretanto, mesmo para o caso
Com os três valores lógicos, podemos avaliar a con- onde o método de premissas verdadeiras é aplicável, a
clusão, onde se P=F, temos ~P=V, tornando a conclusão tabela verdade pode ser utilizada, tornando um método
verdadeira e o argumento válido. mais genérico.
Se após essas associações tivéssemos encontrado A resolução se baseia na construção da tabela verda-
~P=F, teríamos uma contradição, o que tornaria o argu- de e temos que olhar as linhas correspondentes a todas
mento inválido. as premissas possuírem o valor VERDADEIRO. Se nessa
linha, a conclusão também for VERDADEIRA, temos um
RACIOCÍNIO LÓGICO
25
FIQUE ATENTO!
Lembre-se que a quantidade de linhas da tabela-verdade é calculada em função da quantidade de propo-
sições simples que formam as premissas. Quanto maior o problema, mais trabalhoso será a sua resolução!
Observe que este argumento possui duas premissas e uma conclusão, porém é formado por três proposições sim-
ples. Assim, a tabela-verdade terá 8 linhas e não 4. Construindo a base da tabela:
p q r
V V V
V V F
V F V
V F F
F V V
F V F
F F V
F F F
p q r
V V V V V
V V F V F
V F V F V
V F F F V
F V V F V
F V F F V
F F V F V
F F F F V
p q r ~𝒓 ∨ 𝒒~𝒓 ∨ 𝒒
RACIOCÍNIO LÓGICO
V V V V V F V
V V F V F V V
V F V F V F F
V F F F V V V
F V V F V F V
26
F V F F V V V
F F V F V F F
F F F F V V V
p q r ~𝒓 ∨ 𝒒
~𝒓 ∨ 𝒒 ~𝒑
~𝒑∨∨~𝒒
~𝒒 ~𝒑 ∨ ~𝒒
V V V V V F V F F F
V V F V F V V F F F
V F V F V F F F V V
V F F F V V V F V V
F V V F V F V V F V
F V F F V V V V F V
F F V F V F F V V V
F F F F V V V V V V
Com a tabela construída, temos que identificar as linhas que possuem ambas as premissas verdadeiras, ou seja, te-
mos que analisar a quinta e sétima colunas, procurando as linhas em que ambas são V. Se observarmos, encontraremos
a primeira, quarta, quinta, sexta e oitava linhas nesta configuração:
p q r ~𝒓 ∨ 𝒒~𝒓 ∨ 𝒒 ~𝒑
~𝒑∨∨~𝒒
~𝒒 ~𝒑 ∨ ~𝒒
V V V V V F V F F F
V V F V F V V F F F
V F V F V F F F V V
V F F F V V V F V V
F V V F V F V V F V
F V F F V V V V F V
F F V F V F F V V V
F F F F V V V V V V
Observando essas cinco linhas, temos que a conclusão (última coluna) é VERDADEIRA em quatro delas, excetuan-
do-se apenas a primeira linha, onde a conclusão, assim, como nem todos os casos foram atendidos, o argumento é
inválido. Vale lembrar que basta 1 caso FALSO para o argumento não ser válido.
EXERCÍCIO COMENTADO
3. (PF – ESCRIVÃO – CESPE, 2009). A sequência de proposições a seguir constitui uma dedução correta:
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Certo. Considerando as três primeiras linhas como premissas e a última como conclusão, chamaremos de
a: Carlos estudou, b: Carlos fracassou na prova de Física e c: Carlos jogou futebol. Construindo a tabela-verdade com
a ordem estudada nesta apostila, teremos que apenas a linha 4 terá as 3 premissas VERDADEIRAS simultaneamente
e nesta linha temos também a conclusão VERDADEIRA. Logo, este argumento é válido.
27
Conclusão Falsa A afirmação: “Começo do mês é tempo de receber salá-
rio, porém a alegria dura pouco”, é uma conclusão válida
Para os casos onde temos um número de proposi- a partir das premissas apresentadas acima.
ções simples maior (acima de 3), uma alternativa ao invés
de se aplicar uma tabela verdade que terá muitas linhas ( ) CERTO ( ) ERRADO
será o método da conclusão Falsa, ou seja, considera-se
o valor lógico FALSO na conclusão além de considerar A afirmação: “Se as contas chegam, então a alegria dura
as premissas VERDADEIRAS. Se este caso existir, teremos pouco” é uma conclusão válida a partir das premissas
um argumento inválido, caso contrário, ele será válido. apresentadas acima.
Este método funciona bem quando a conclusão é uma
condicional ou uma conjunção, pois conseguiremos atri- ( ) CERTO ( ) ERRADO
buir valores lógicos a todas as proposições simples que
a compõe. Resposta: Certo e Certo. Chamando de p: Começo
Observe o exemplo a seguir, extraído do livro Racio- do mês é tempo de receber salário, q: As contas che-
cínio Lógico Simplificado, de Sérgio Carvalho e Weber gam; r: O dinheiro (salário) sai, s: A conta fica no ver-
Campos, um dos livros que usamos como referência para melho muito rapidamente e t: A alegria dura pouco,
montar esta apostila: vamos resolver a primeira afirmação (𝑝 ∧ 𝑡) utilizan-
do apenas premissas verdadeiras: Como q=V na quin-
ta premissa, a segunda premissa só será VERDADEI-
RA se r=V. Isso vale para a terceira premissa, fazendo
s=V e na quarta premissa, fazendo t=V. Assim, como
a primeira premissa é o valor lógico de p=V, temos
que 𝑝 ∧ 𝑡 = 𝑉 . Na segunda afirmação, vamos usar a
Temos 4 proposições simples formando o argumento, conclusão FALSA, ou seja, 𝑞 → 𝑡 = 𝐹 . Como a quinta
o que faria a tabela-verdade ter 16 linhas. Se tentarmos premissa é q=V, temos que ter t=F, mas isso contradiz
pelo método de premissas verdadeiras, teríamos muitos justamente a quarta premissa, onde t=V, mostrando
casos a analisar, uma vez que as mesmas são condicionais. que há contradição na conclusão FALSA, tornando-a
Para facilitar, vamos então adotar também a conclusão VERDADEIRA ou um argumento válido.
FALSA, o que para a condicional, tem-se apenas um caso,
que é a proposição da esquerda VERDADEIRA e da direi-
ta FALSA, assim temos que 𝑨 = 𝑽 e ~𝑫 = 𝑭 ⟹ 𝑫 = 𝑽.
Com esses valores lógicos definidos, podemos ir para LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM. PRINCÍPIOS
a segunda premissa, onde sabemos o valor de ~𝑨 = 𝑭 . DE CONTAGEM E PROBABILIDADE.
Para essa premissa ser verdadeira, teremos que ter 𝑩 = 𝑭.
Na primeira premissa, a condicional será verdadeira, dado
que 𝑨 = 𝑽 se 𝑩 ∨ 𝑪 = 𝐕. Como 𝑩 = 𝑭., temos que A análise combinatória surgiu na matemática para re-
ter 𝑪 = 𝑽 para atender a primeira premissa. Finalmen- solver um problema que pode parecer banal no começo,
te, como 𝑫 = 𝑽 , temos que ter ~𝑪 = 𝑽 ⟹ 𝑪 = 𝑭 , mas mas é de suma relevância no dia a dia: “Aprender a con-
isso contradiz a primeira premissa que determinou que tar”. O leitor pode achar que é uma brincadeira, já que
𝑪=𝑽. aprendemos a contar quando ainda somos pequenos.
Como houve falha em provar que a conclusão é FAL- Porém, vamos provar para vocês que “contar” pode se
SA com as premissas VERDADEIRAS, temos que a conclu- tornar complicado.
são é VERDADEIRA o que faz o argumento VÁLIDO! Imagine o seguinte problema: Você possui 3 camise-
tas (vermelha, preta e verde) e 2 bermudas (azul e verde).
Quantas maneiras distintas você pode se vestir?
A resolução é simples, primeiro você veste a bermuda
EXERCÍCIO COMENTADO azul e varia as três camisetas:
28
Como são 3 casos para cada bermuda, temos um to-
tal de 6 possibilidades.
29
Finalmente, multiplicamos os números: Ou seja, 720 maneiras de se montar um prato.
Outra variação dos problemas de princípio multipli-
cativo são os que possuem alguma restrição, ou seja, al-
guns casos devem ser descartados por não atenderem
algum critério dado no enunciado. Veja o exemplo:
Assim, João tem 180 possibilidades diferentes de se “Uma empresa de propaganda pretende criar panfle-
montar um prato. tos coloridos para divulgar certo produto. O papel pode
ser laranja, azul, preto, amarelo, vermelho ou roxo, en-
Agora que aprendeu o princípio multiplicativo, você quanto o texto é escrito no panfleto em preto, vermelho
consegue resolver o exemplo das camisetas, bermudas e ou branco. De quantos modos distintos é possível esco-
tênis da seção anterior? lher uma cor para o fundo e uma cor para o texto se, por
Se temos 5 camisetas, 3 bermudas e 3 tênis distintos, uma questão de contraste, as cores do fundo e do texto
a quantidade de jeitos de se vestir será 5𝑥3𝑥3 = 45 . não podem ser iguais? ”
Os problemas de princípio multiplicativo são simples
quando os grupos são fáceis de se identificar e se retira Resolução: O problema parece seguir o mesmo pa-
apenas 1 elemento de cada grupo. Agora, vamos apro- drão do princípio multiplicativo, onde se separa os gru-
fundar um pouco mais, considerando que podemos tirar pos e faz a multiplicação. Porém temos uma restrição
mais de um elemento por grupo. Veja o exemplo do res- onde não podemos ter papel e letra do texto iguais. Para
taurante novamente, mas com uma pergunta diferente: resolver este problema a estratégia é simples: Calcula-
“João foi almoçar em um restaurante no centro da -se o total de casos, sem restrições, depois quantifica a
cidade, ao chegar no local, percebeu que oferecem 3 ti- quantidade de casos que não podem ser contabilizados
pos de saladas, 2 tipos de carne, 6 bebidas diferentes e e realiza-se a subtração. Veja como fica:
5 sobremesas diferentes. De quantas maneiras distintas
ele pode fazer um pedido, pegando 1 salada, 1 carne, 1
bebida e 2 sobremesas diferentes? ”
Resolução: Agora, a montagem do problema ganha
uma atenção especial pois não iremos retirar apenas 1 Sem restrições, temos 18 possibilidades. Olhando as
elemento do grupo sobremesa, e sim 2. Neste caso, a cores dos papéis e dos textos, percebe-se que não se
montagem fica desta maneira: pode escolher o papel preto com o texto preto e o papel
vermelho e o texto vermelho, o que totaliza 2 restrições.
Logo, o número de casos possíveis será o total subtraído
das restrições: 18-2=16.
Temos que adicionar uma linha, referente a segunda
sobremesa e diferenciar da primeira, já que o enunciado
fala que são sobremesas diferentes. Em relação aos valo-
res a serem colocados, os grupos salada, carne e bebida EXERCÍCIO COMENTADO
seguem a mesma linha do exercício anterior, tirando 1
elemento de cada, logo: 1. (UNESP-SP – VESTIBULAR – VUNESP, 2009). Uma
rede de supermercados fornece a seus clientes um car-
tão de crédito cuja identificação é formada por 3 letras
distintas (dentre 26), seguidas de 4 algarismos distintos.
Uma determinada cidade receberá os cartões que têm L
Para a primeira sobremesa, temos a 5 disponíveis, como terceira letra, o último algarismo é zero e o penúl-
logo: timo é 1. A quantidade total de cartões distintos ofere-
cidos por tal rede de supermercados para essa cidade é:
a) 33600
b) 37800
Já para a segunda sobremesa, devemos ficar atentos c) 43200
ao enunciado pois ele trata as mesmas como diferentes, d) 58500
ou seja, a que foi retirada anteriormente não pode entrar e) 67600
na contagem, assim, ao invés de 5 possibilidades, a se-
gunda sobremesa terá 4, logo: Resposta: Letra A. Como são algarismos e letras dis-
tintas, temos que ter atenção na hora de avaliar quan-
RACIOCÍNIO LÓGICO
30
FATORIAL Simplificamos os termos comuns e ficamos com:
8! 8⋅7⋅6 8⋅ 7⋅6
Antes de definirmos casos particulares de contagem, 5! 3!
=
3!
=
3⋅ 2⋅1
= 8 ⋅ 7 = 56
iremos definir uma operação matemática que será uti-
lizada nas próximas seções: o fatorial. Define-se o sinal Essa estratégia será muito utilizada quando abordar-
de fatorial pelo ponto de exclamação, ou seja, “!“. Assim, mos as seções seguintes, que envolvem fatorial em suas
quando encontrarmos 2! Significa que estaremos calcu- operações.
lando o “fatorial de 2” ou “2 fatorial”. A definição de fato-
rial está apresentada a seguir:
n! = n ⋅ n − 1 ⋅ n − 2 ⋅ n − 3 … 3 ⋅ 2 ⋅ 1 EXERCÍCIO COMENTADO
Ou seja, o fatorial de um número é caracterizado pelo 2. (ESFCEX – PROFESSOR – ESFCEX, 2006). Para 𝑛 ≥ 2, a
produto deste número e seus antecessores, até se chegar expressão 𝑛 − 2 !. 1 − 𝑛 vale:
1
8! 8⋅7⋅6⋅ 5⋅4⋅3⋅2⋅1
Calcule = Logo, eu posso posicionar as pessoas de 120 manei-
5! 3! 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 ⋅ 3!
ras diferentes na fileira de cadeiras.
Vamos abrir os fatoriais de 8 e 5: Observe que a fórmula geral da permutação é utiliza-
8! 8⋅7⋅6⋅ 5⋅4⋅3⋅2⋅1 da quando não há repetição de elementos, mas e quan-
5! 3!
=
5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 ⋅ 3! do temos elementos repetidos? A seção seguinte tratará
disso.
31
Entretanto, temos a repetição da letra A. Veja o que
acontece quando montarmos um anagrama qualquer da
EXERCÍCIO COMENTADO palavra:
a) 15
b) 30
c) 180
d) 360
e) 720
32
Resposta: Letra C. Trata-se de um problema de per-
mutação com repetição, além de termos restrições em
algumas posições. Como as letras C e T estão travadas
na primeira e última posições, sobram as 6 posições
entre as duas. Dessas 6 posições, temos que colocar
as letras O,N,J,U,N,O, onde temos a letra O repetindo
duas vezes e a letra N repetindo duas vezes também.
6!
Calculando a permutação: = 180 .
2! 2!
PERMUTAÇÃO CIRCULAR
EXERCÍCIO COMENTADO
a) 6
Agora, vamos colocar cada elemento na sua cadeira a b) 12
esquerda, desta maneira: c) 18
d) 24
e) 36
33
Resposta: Letra E. Atenção a este problema pois ele
não envolve apenas permutação circular. Quando
se tem a restrição que as amigas devem ficar juntas, EXERCÍCIO COMENTADO
podemos considera-la um grupo só, restando assim
4 elementos (outras 3 pessoas mais o grupo) para 4 5. (BANRISUL – ESCRITURÁRIO - FCC, 2019). Ana e Be-
posições. Sendo uma permutação circular, calcula-se atriz são as únicas mulheres que fazem parte de um gru-
P4C = 4 − 1 ! = 3! = 6 . Porém, o grupo das três amigas po de 7 pessoas. O número de comissões de 3 pessoas
pode permutar internamente, já que a restrição diz que poderão ser formadas com essas 7 pessoas, de ma-
apenas que elas devem estar juntas e não especifica neira que Ana e Beatriz não estejam juntas em qualquer
uma ordem. Assim, as 3 amigas permutam 3 posições comissão formada, é igual a
no grupo, chegando a 𝑃3 = 3! = 6 . Multiplicando os
resultados pelo principio multiplicativo, chega-se a 36. a) 20
b) 15
c) 30
COMBINAÇÃO SIMPLES d) 18
e) 25
A combinação simples, juntamente com o arranjo
simples, se difere da permutação por serem casos onde Resposta: Letra C. Problema envolvendo restrição
o número de elementos é maior que o número de posi- onde a estratégia é a mesma, calculando o total de
ções para serem ocupadas, ou seja, restarão elementos possibilidades e subtraindo a quantidade de ca-
que não serão posicionados. sos restritos. O total de comissões de 3 pessoas que
Assim, não se pode aplicar simplesmente a formula podem ser formadas a partir de um número de 7 é
7!
𝑃𝑛 = 𝑛! . Porém, é possível a partir dela, deduzir a fór- C7,3 = = 35 . Os casos que não podem são
3! 7 − 3 !
mula da combinação. Vamos considerar um problema
as comissões formadas por Ana, Beatriz e mais uma
onde temos n elementos distintos para se posicionar em
pessoa dentre as 5 possíveis, ou seja, 5 grupos. Logo:
n posições:
35-5=30.
ARRANJO SIMPLES
34
Outra abordagem é considerar que o problema de Considerando um outro exemplo, o lançamento de
Arranjo é simplesmente um problema de combinação, um dado não viciado (ou seja, no lançamento todo nú-
permutando os elementos que foram posicionados, logo: mero tem a mesma chance de ser o resultado), o espaço
𝑛! 𝑛! amostral é: S={1, 2, 3, 4, 5, 6} e, portanto, n(S)=6.
𝐴𝑛,𝑝 = 𝐶𝑛,𝑝 � 𝑃𝑝 = � 𝑝! =
𝑝! 𝑛 − 𝑝 ! 𝑛−𝑝 !
EVENTO
35
𝑛 𝐸 3
𝑃 𝐸 = = = 0,5 = 50% FIQUE ATENTO!
𝑛 𝑆 6 Geralmente utiliza-se essa regra quando no
enunciado há o conectivo “e”, quando se
deseja calcular a probabilidade de que am-
FIQUE ATENTO! bos os eventos ocorram.
A resposta de uma probabilidade pode ser
dada tanto na forma de uma fração ou de
uma porcentagem. A seguir um exemplo.
Considere um dado não viciado. Qual a probabilidade
de que, em dois lançamentos consecutivos, os dois nú-
Veja um outro exemplo. meros sejam pares?
Considere um baralho completo (52 cartas, 13 de
cada naipe – paus, espadas, ouros e copas). Desse bara- Solução
lho será sorteada uma carta qualquer. Calcule as seguin- O enunciado deseja calcular a probabilidade de que o pri-
tes probabilidades: meiro número seja par e o segundo, também (note o destaque
a) probabilidade da carta sorteada ser o número 6 no conectivo “e”). Assim, são considerados os dois eventos:
Solução: A: resultado do lançamento ser um número par
O espaço amostral corresponde a todas as cartas do B: resultado do lançamento ser um número par
baralho (não serão todas escritas aqui para não Nesse caso, ambos os eventos são iguais então basta
poluir o texto). Ou seja, n(S)=52, que é o total de calcular a probabilidade de um deles para utilizar a re-
cartas do baralho. Já o evento (carta ser igual ao gra do produto. Vale destacar que não necessariamente
número 6), pode ter quatro possibilidades pois em as probabilidades dos eventos independentes serão as
um baralho completo há 4 cartas de cada número mesmas, afinal não é sempre que os eventos serão iguais.
ou letra, sendo uma de cada naipe,, n(E)=4. Logo, a Como já visto em exemplos anteriores, o espaço
probabilidade pedida é igual a: amostral no lançamento de um dado é S={1, 2, 3, 4 ,5,
6} e n(S)=6. Já para o evento “resultado ser par”, tem-se
𝑛 𝐸 4 1 A={2, 4, 6} e, portanto, n(A)=3. Logo, a probabilidade da
𝑃 𝐸 = = = ocorrência do evento A (e consequentemente do even-
𝑛 𝑆 52 13
𝑛 𝐴 3 1
to B) é igual a: 𝑃 𝐴 = = = . Agora, aplica-se a
𝑛 𝑆 6 2
b) a probabilidade da carta sorteada ser uma letra regra do produto, para calcular a probabilidade de que
Solução: ambos os eventos ocorram:
No baralho há cartas com números e letras, sendo 1 1 1
𝑃 𝐴∩𝐵 = 𝑃 𝐴 �𝑃 𝐵 = � = = 0,25 = 25%
elas J, Q e K (valete, rainha e rei, respectivamen- 2 2 4
te). Para cada naipe há três cartas que são letras
e como há quatro naipes no baralho, o total de A seguir, um outro exemplo.
cartas que são letras é igual a 4 � 3 = 12 . Assim, Considere uma urna com 4 bolas verdes e 5 bolas
n(E)=12 e a probabilidade pedida é igual a: amarelas. Uma pessoa irá retirar duas bolas dessa urna,
𝑛 𝐸 12 3 sem reposição, ou seja, após retirada a bola não retorna
𝑃 𝐸 = = = para a urna. Calcule a probabilidade de, em um mesmo
𝑛 𝑆 52 13 sorteio, ambas as bolas sorteadas serem amarelas.
Solução
PROBABILIDADE DE EVENTOS INDEPENDENTES Problemas com sorteio de objetos são comuns. Aqui
é sempre importante saber se há ou não reposição entre
Eventos são independentes quando a ocorrência de um sorteio e outro pois isso afeta diretamente o cálcu-
um não interfere na chance do outro ocorrer. Por exem- lo. Nesse caso não há reposição e, portanto, o espaço
plo, ao lançar um dado não viciado duas vezes consecu- amostral muda para cada evento. O exercício deseja sa-
tivas, o resultado do primeiro lançamento não interfere ber a probabilidade de que a primeira bola seja amarela
em nada o resultado do segundo lançamento. Assim, e a segunda, também. Para o primeiro sorteio, há 9 bolas
dois lançamentos de um mesmo dado são eventos in- na urna e, portanto, n(S)=9. O total de bolas amarelas é
dependentes. igual a 5. Logo, a probabilidade de, no primeiro sorteio, a
Aqui tem origem o cálculo de probabilidades de bola sorteada ser amarela é igual a 𝑃 𝐴 =
𝑛 𝐴 5
= . Para
eventos independentes e a regra para esse cálculo é 𝑛 𝑆 9
RACIOCÍNIO LÓGICO
conhecida por “regra do produto”. Sejam dois eventos o segundo sorteio, como não há reposição, há 8 bolas
independentes A e B. A probabilidade da ocorrência de na urna sendo 4 delas amarelas. Assim, o espaço amos-
ambos é denotada por 𝑃 𝐴 ∩ 𝐵 = e o𝑃 seu
𝐴 �cálculo
𝑃 𝐵 é dado tral desse evento é igual a n(S)=8 e o total de possibili-
por: dades para o evento é igual a n(B)=4. A probabilidade
de uma bola sorteada no segundo sorteio ser amarela é:
4
𝑃 𝐴∩𝐵 = 𝑃 𝐴 �𝑃 𝐵 𝑃 𝐵 = ..
8
36
Assim, a probabilidade de que ambas as bolas sortea- apresentada acima, o último termo é nulo, 𝑃 𝐴 ∩ 𝐵 = 0 .
das sejam amarelas é igual a: Portanto a probabilidade pedida será, simplesmente:
𝑃 𝐴 ∪ 𝐵 = 𝑃 𝐴 + 𝑃(𝐵)
5 4 20 5
𝑃 𝐴∩𝐵 =𝑃 𝐴 �𝑃 𝐵 = � = =
9 8 72 18 Em um baralho de 52 cartas (n(S)=52), há 4 valetes
(n(A)=4) e 4 ases (n(B)=4). Assim, a probabilidade de
cada um dos eventos será igual a:
EXERCÍCIO COMENTADO 𝑃 𝐴 =𝑛
𝑛 𝐴 4 1
= 52 = 13 e 𝑃 𝐵 =
𝑛 𝐵 4 1
= 52 = 13
𝑆 𝑛 𝑆
1. (AL-RO – ASSISTENTE LEGISLATIVO – FGV, 2018).
Em uma caixa há 4 cartões amarelos e 6 cartões verme- Portanto, a probabilidade pedida será igual a:
lhos. Foram retirados, aleatoriamente, 2 cartões da caixa. 1 1 2
A probabilidade de os dois cartões retirados serem ver- 𝑃 𝐴∪𝐵 = + =
melhos é de 13 13 13
37
Resposta: Letra E. Há duas possibilidades nesse caso:
2 1
ou ambas as clientes são mulheres ou ambos são 𝑃 𝐴∩𝐵 = =
homens. A probabilidade de um cliente ser homem 20 10
ou mulher é de 50%, ou .Assim, a probabilidade de
1 1 1 A probabilidade de que ele tenha especialização em
ambas serem mulheres é 𝑃 = 2 � 2 = 4 , que é a mes- finanças é igual a
ma probabilidade de ambos serem homens. Como
não é possível que um cliente seja homem e mulher
8 2
𝑃 𝐵 = =
ao mesmo tempo, a probabilidade pedida é igual a 20 5
1 1 2 1
𝑃 = 𝑃 ℎ𝑜𝑚𝑒𝑛𝑠 + 𝑃 𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟𝑒𝑠 .→ 𝑃 = + = = → 𝑃Assim, = 0,5 = 50%.
a probabilidade de um membro ter especiali-
4 4 4 2
1 1 2 1
+ 𝑃 𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟𝑒𝑠 → 𝑃 = + = = 2 → 𝑃 = 0,5 = 50%. zação em marketing sabendo que ele possui especializa-
4 4 4 ção em finanças é dada por:
𝑃 𝐴∩𝐵 1⁄10 1 5 5 1
PROBABILIDADE CONDICIONAL 𝑃 𝐴⁄𝐵 = = = � = =
𝑃 𝐵 2⁄5 10 2 20 4
Entende-se por probabilidade condicional a probabi-
lidade da ocorrência de um evento, sabendo-se que um
outro evento dependente já ocorreu. Sejam os eventos EXERCÍCIO COMENTADO
A e B, a probabilidade do evento A ocorrer sabendo-se
da ocorrência de B é denotada por P(A|B) e lê-se “proba- 3. (CÂMARA DE CURRAIS NOVOS – AGENTE – COM-
bilidade de A dado B”. O cálculo dessa probabilidade é PERVE, 2017). Em uma pesquisa realizada com 1.100
dado por: moradores da cidade de Currais Novos, identificou-se
𝑃 𝐴∩𝐵 que 650 consomem queijo manteiga e 600 consomem
𝑃 𝐴⁄𝐵 = queijo coalho. Sabendo que nesse grupo de moradores
𝑃 𝐵
existem aqueles que consomem os dois tipos de quei-
jos e que todos os pesquisados consomem pelo menos
Um problema que envolve o cálculo de uma proba- um dos tipos, ao se escolher aleatoriamente um morador
bilidade condicional pode ser resolvido com o auxílio do que gosta de queijo manteiga, a probabilidade de que
Diagrama de Venn. A seguir, um exemplo: ele também consuma queijo coalho é de
Em uma equipe, todos são formados em administra-
ção, porém cada um tem uma especialização diferente. a) 3/22
Dos 20 membros da equipe, 12 possuem especialização b) 3/13
em marketing, 8 possuem especialização em finanças e 2 c) 3/10
possuem ambas as especializações. Calcule a probabili- d) 3/25
dade de um membro da equipe que possui a especializa-
ção em finanças também possuir em marketing. Resposta: Letra B. Trata-se de um problema de pro-
babilidade condicional pois deseja-se saber a proba-
Solução: bilidade de um morador consumir queijo de coalho
É um problema de probabilidade condicional pois de- sabendo-se que ele gosta de queijo manteiga. O
seja-se saber a probabilidade de um membro da equipe diagrama de Venn do problema é o seguinte (não é
possuir a especialização em marketing sabendo que ele conhecida a quantidade de moradores que consome
possui especialização em finanças. Para auxiliar, monta- ambos os queijos):
-se o diagrama de Venn do problema:
38
Conjunto Unitário
Compreensão
Conjunto Infinito
39
Conjunto X={1, 5, 10, 15, 20} OPERAÇÕES ENTRE CONJUNTOS
O elemento 1 pertence ao conjunto X. O símbolo que
indica essa relação é: ∈ . Assim, a relação é expressa por UNIÃO DE CONJUNTOS
1 ∈ X:
O elemento 4 não pertence ao conjunto X. O símbolo Para explicar a união de conjuntos, será utilizado
que indica essa relação é: ∉ . Assim, a relação é expressa um exemplo. Sejam dois conjuntos X={10, 20, 30, 40} e
por: 4 ∉ X. Y={30, 40, 50, 60}. A união desses dois conjuntos resulta
em um terceiro conjunto, Z, que é expresso por: Z={10,
RELAÇÃO ENTRE CONJUNTOS 20, 30, 40, 50, 60} . Note que o conjunto Z contém todos
os elementos de X e Y, sem repetir os elementos em co-
Quando se analisa a relação entre dois conjuntos, há mum. Essa operação é representada por: 𝑋 ∪ 𝑌 .
duas possibilidades: ou um conjunto está contido em É possível visualizar a operação utilizando o diagrama
outro ou não está contido. A essa relação dá-se o nome de Venn:
de continência. Para explicar essa relação, é necessário
definir o conceito de subconjunto. A seguir um exemplo:
Sejam dois conjuntos Y={1, 2, 3} e Z={1, 2, 3, 7, 8, 9}.
Nota-se que todos os elementos do conjunto Y per-
tencem ao conjunto Z. Assim, diz-se que Y é um subcon-
junto de Z e, portanto, Y está contido em Z. O símbolo
que indica essa relação é: ⊂ . Assim a relação é expressa
por: Y ⊂ Z.
Sejam, agora, dois outros conjuntos W={1, 3, 5} e INTERSECÇÃO DE CONJUNTOS
T={1, 2, 3, 8, 10}.
Nota-se que nem todos os elementos do conjunto Para explicar a intersecção de conjuntos, será o exem-
W pertencem ao conjunto T. Assim, W não está contido plo anterior. Sejam dois conjuntos X={10, 20, 30, 40} e
em T (pelo menos um elemento de W não pertence a T). Y={30, 40, 50, 60} . A intersecção desses dois conjun-
tos resulta em um terceiro conjunto, Z, que é expresso
O símbolo que indica essa relação é: ⊄ . Assim, a relação
por: Z={30, 40}. Note que o conjunto Z contém todos
é expressa por: W ⊄ T.
os elementos que pertencem tanto ao conjunto X quan-
to ao conjunto Y. Essa operação é representada por:
FIQUE ATENTO! 𝑍 =𝑋∩𝑌 .
A relação de um conjunto unitário e outro É possível visualizar a operação utilizando o diagrama
conjunto é de continência e não de perti- de Venn:
nência. Seja: A={2, 4, 6,}, diz-se que {4} ⊂ A
e não que {4} ∈ A..
Subconjuntos
Diz-se que dois conjuntos são iguais se e somente Ou seja, o número de elementos do conjunto união
se ambos possuem os mesmos elementos. Se houver ao consista na soma do número de elementos de cada um
menos um elemento diferente em um dos conjuntos, não dos conjuntos subtraído do número de elementos da
se pode dizer que ambos são iguais. A seguir, um exem- intersecção entre os dois conjuntos. Como os elemen-
plo: tos em comum a ambos pertencem aos dois conjuntos,
Sejam os conjuntos: X={1, 2, 3, 4}, Y={1, 2, 3, 4, 5,} e é necessário subtrair 𝑛 𝑋 ∩ 𝑌 para não contar esses
RACIOCÍNIO LÓGICO
40
nessa ordem (ou seja, X-Y), resulta em um terceiro con-
junto, Z, que é expresso por: Z={10, 20}. Note que o con-
junto Z contém todos os elementos que pertencem tanto
ao conjunto X excluídos os elementos em comum com
o conjunto Y. Essa operação é representada por: Z=X-Y.
Se a diferença fosse Z=Y-X, o resultado seria .Z={50,
60}. Em resumo, o conjunto diferença contém todos os
elementos do primeiro conjunto excluindo-se os ele-
mentos em comum com o segundo conjunto.
Se o segundo conjunto (Y) for um subconjunto do
primeiro (X), a diferença é expressa por CXY, onde lê-se
complementar de Y em relação a X.
PROBLEMAS
É comum encontrar em diversas provas problemas 44 funcionários comem carne vermelha e frango.
que precisam de noções de conjuntos para serem resol- Dessas 44 pessoas, 15 comem carne vermelha, frango e
vidos. São problemas que requerem o uso do diagrama peixe. Então, 44-15=29 pessoas comem somente carne
de Venn e têm uma mecânica característica de solução. A vermelha e frango.
seguir será apresentado um exemplo: 43 funcionários comem frango e peixe. Dessas 41
Uma pesquisa foi feita com os funcionários de uma pessoas, 15 comem carne vermelha, frango e peixe. En-
empresa, para ver quais eram as preferências alimentícias tão, 43-15=28 pessoas comem somente frango e peixe.
de cada um deles. Para isso, foi perguntado se o funcio- 41 funcionários comem carne vermelha e peixe. Des-
nário come carne vermelha, frango, peixe ou não come sas 41 pessoas, 15 comem carne vermelha, frango e pei-
nenhum tipo de carne. Após entrevistar os 200 funcioná- xe. Então, 41-15=26 pessoas comem somente carne ver-
rios, chegou-se aos seguintes resultados: melha e peixe.
110 funcionários comem carne vermelha
100 funcionários comem frango Agora, coloca-se todos os valores encontrados no
80 funcionários comem peixe diagrama:
44 funcionários comem carne vermelha e frango
43 funcionários comem frango e peixe
41 funcionários comem carne vermelha e peixe
15 funcionários comem carne vermelha, frango e pei-
xe
15-26=11 funcionários
O próximo passo é preencher os campos do diagra- Agora, coloca-se todos os valores encontrados no
ma. Quando houver o dado, o primeiro espaço a ser diagrama:
preenchido é a intersecção dos três conjuntos. Nesse
caso, corresponde à quantidade de funcionários que co-
mem os três tipos de carne.
41
a) 95
b) 75
c) 85
d) 80
e) 90
Ex: O sucessor de 0 é 1.
EXERCÍCIO COMENTADO Ex: O sucessor de 1 é 2.
Ex: O sucessor de 19 é 20.
RACIOCÍNIO LÓGICO
42
Ex: 5 e 6 são números consecutivos.
3 2 5
Ex: 50 e 51 são números consecutivos. + =
𝑇𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑠𝑎 𝑃𝑒𝑔𝑢𝑒𝑖 𝑛𝑜 𝑞𝑢𝑖𝑛𝑡𝑎𝑙 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜
c) Vários números formam uma coleção de números
naturais consecutivos se o segundo for sucessor
do primeiro, o terceiro for sucessor do segundo, o Como toda operação matemática, a adição possui al-
quarto for sucessor do terceiro e assim sucessiva- gumas propriedades, que serão apresentadas a seguir:
mente. Observe os exemplos a seguir:
a) Fechamento: A adição no conjunto dos números
Ex: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 são consecutivos. naturais é fechada, pois a soma de dois números
Ex: 5, 6 e 7 são consecutivos. naturais será sempre um número natural.
Ex: 50, 51, 52 e 53 são consecutivos.
d) Analogamente a definição de sucessor, podemos b) Associativa: A adição no conjunto dos números na-
definir o número que vem imediatamente antes turais é associativa, pois na adição de três ou mais
ao número analisado. Este número será definido parcelas de números naturais quaisquer é possível
como antecessor. Seja m um número natural qual- associar as parcelas de quaisquer modos, ou seja,
quer, temos que seu antecessor será sempre de- com três números naturais, somando o primeiro
finido como m-1. Para ficar claro, seguem alguns com o segundo e ao resultado obtido somarmos
exemplos: um terceiro, obteremos um resultado que é igual à
soma do primeiro com a soma do segundo e o ter-
Ex: O antecessor de 2 é 1. ceiro. Apresentando isso sob a forma de números,
Ex: O antecessor de 56 é 55. sejam A,B e C, três números naturais, temos que:
Ex: O antecessor de 10 é 9.
𝐴 + 𝐵 + 𝐶 = 𝐴 + (𝐵 + 𝐶)
43
5 3 2 multiplicarmos o primeiro fator com o segundo e
− = depois multiplicarmos por um terceiro número na-
𝑇𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑠𝑎 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜 𝑎𝑚𝑖𝑔𝑜 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜
tural, teremos o mesmo resultado que multiplicar
A subtração de números naturais também possui o terceiro pelo produto do primeiro pelo segundo.
suas propriedades, definidas a seguir: Sejam os números naturais m,n e p, temos que:
a) Não fechada: A subtração de números naturais não
é fechada, pois há um caso onde a subtração de 𝑚 𝑥 𝑛 𝑥 𝑝 = 𝑚 𝑥 (𝑛 𝑥 𝑝)
dois números naturais não resulta em um número
natural. Sejam dois números naturais A,B onde A < c) Elemento Neutro: No conjunto dos números na-
B, temos que: turais também existe um elemento neutro para a
A−B< 0 multiplicação mas ele não será o zero, pois se não
repetirmos a multiplicação nenhuma vez, o resulta-
Como os números naturais são positivos, A-B não é do será 0. Assim, o elemento neutro da multiplica-
um número natural, portanto a subtração não é fechada. ção será o número 1. Qualquer que seja o número
natural n, tem-se que:
b) Não Associativa: A subtração de números naturais
também não é associativa, uma vez que a ordem 𝑛𝑥1=𝑛
de resolução é importante, devemos sempre sub-
trair o maior do menor. Quando isto não ocorrer, o d) Comutativa: Quando multiplicamos dois números
resultado não será um número natural. naturais quaisquer, a ordem dos fatores não altera
c) Elemento neutro: No caso do elemento neutro, a o produto, ou seja, multiplicando o primeiro ele-
propriedade irá funcionar se o zero for o termo a mento pelo segundo elemento teremos o mesmo
ser subtraído do número. Se a operação for inver- resultado que multiplicando o segundo elemento
sa, o elemento neutro não vale para os números pelo primeiro elemento. Sejam os números natu-
naturais: rais m e n, temos que:
d) Não comutativa: Vale a mesma explicação para a
subtração de números naturais não ser associativa. 𝑚𝑥𝑛 = 𝑛𝑥𝑚
Como a ordem de resolução importa, não pode-
mos trocar os números de posição e) Prioridade sobre a adição e subtração: Quando se
depararem com expressões onde temos diferentes
Multiplicação: É a operação que tem por finalidade operações matemática, temos que observar a or-
adicionar o primeiro número denominado multiplicando dem de resolução das mesmas. Observe o exemplo
ou parcela, tantas vezes quantas são as unidades do se- a seguir:
gundo número denominadas multiplicador. Veja o exem-
plo: Ex: 2 + 4 𝑥 3
Ex: Se eu economizar toda semana R$ 6,00, ao final de Se resolvermos a soma primeiro e depois a multipli-
5 semanas, quanto eu terei guardado? cação, chegamos em 18.
Se resolvermos a multiplicação primeiro e depois a
Pensando primeiramente em soma, basta eu somar soma, chegamos em 14. Qual a resposta certa?
todas as economias semanais: A multiplicação tem prioridade sobre a adição, por-
6 + 6 + 6 + 6 + 6 = 30 tanto deve ser resolvida primeiro e assim a resposta cor-
reta é 14.
Quando um mesmo número é somado por ele mes-
FIQUE ATENTO!
mo repetidas vezes, definimos essa operação como mul-
tiplicação. O símbolo que indica a multiplicação é o “x” e Caso haja parênteses na soma, ela tem
assim a operação fica da seguinte forma: prioridade sobre a multiplicação. Utilizan-
do o exemplo, temos que: .
6+6+6+6+6
=
6𝑥5
= 30
(2 + 4)𝐱3 = 6 𝐱 3 = 18 Nesse caso, rea-
𝑆𝑜𝑚𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑝𝑒𝑡𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑚𝑢𝑙𝑡𝑖𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑝𝑒𝑡𝑖çõ𝑒𝑠
liza-se a soma primeiro, pois ela está den-
A multiplicação também possui propriedades, que tro dos parênteses
são apresentadas a seguir:
f) Propriedade Distributiva: Uma outra forma de re-
RACIOCÍNIO LÓGICO
a) Fechamento: A multiplicação é fechada no conjun- solver o exemplo anterior quando se a soma está
to dos números naturais, pois realizando o produ- entre parênteses é com a propriedade distributiva.
to de dois ou mais números naturais, o resultado Multiplicando um número natural pela soma de
será um número natural. dois números naturais, é o mesmo que multiplicar
o fator, por cada uma das parcelas e a seguir adi-
b) Associativa: Na multiplicação, podemos associar cionar os resultados obtidos. Veja o exemplo:
três ou mais fatores de modos diferentes, pois se
44
2 + 4 x 3 = 2x3 + 4x3 = 6 + 12 = 18
Veja que a multiplicação foi distribuída para os dois EXERCÍCIO COMENTADO
números do parênteses e o resultado foi o mesmo que
do item anterior. 1. (Pref. De Bom Retiro – SC) A Loja Berlanda está com
promoção de televisores. Então resolvi comprar um tele-
Divisão: Dados dois números naturais, às vezes neces- visor por R$ 1.700,00. Dei R$ 500,00 de entrada e o res-
sitamos saber quantas vezes o segundo está contido no tante vou pagar em 12 prestações de:
primeiro. O primeiro número é denominado dividendo e
o outro número é o divisor. O resultado da divisão é cha- a) R$ 170,00
mado de quociente. Nem sempre teremos a quantidade b) R$ 1.200,00
exata de vezes que o divisor caberá no dividendo, poden- c) R$ 200,00
do sobrar algum valor. A esse valor, iremos dar o nome de d) R$ 100,00
resto. Vamos novamente ao exemplo das pedras:
Resposta: Letra D Dado o preço inicial de R$ 1700,00,
basta subtrair a entrada de R$ 500,00, assim: R$
1700,00-500,00 = R$ 1200,00. Dividindo esse resulta-
do em 12 prestações, chega-se a R$ 1200,00 : 12 = R$
100,00
45
1.2 Definições Importantes dos Números inteiros +8 = Ganhar 8
-5 = Perder 5
Módulo: chama-se módulo de um número inteiro a
distância ou afastamento desse número até o zero, na Logo: (Ganhar 8) + (Perder 5) = (Ganhar 3)
reta numérica inteira. Representa-se o módulo pelo sím-
bolo | |. Vejam os exemplos: Se observarem essa operação, vocês irão perceber
que ela tem o mesmo resultado que 8 − 5 = 3. Basica-
Ex: O módulo de 0 é 0 e indica-se |0| = 0 mente ambas são as mesmas operações, sem a presença
Ex: O módulo de +7 é 7 e indica-se |+7| = 7 dos parênteses e a explicação de como se chegar a essa
Ex: O módulo de –9 é 9 e indica-se |–9| = 9 simplificação será apresentado nos itens seguintes deste
capítulo.
a) O módulo de qualquer número inteiro, diferente de Agora, e se a perda for maior que o ganho? Veja o
zero, é sempre positivo. exemplo:
E se tivermos um número positivo e um negativo? Va- - Temos duas quantidades e queremos saber quanto
mos ver os exemplos: falta a uma delas para atingir a outra.
Ex: (+8) + (−5) = ? A subtração é a operação inversa da adição.
Neste caso, temos um ganho de 8 e uma perda de 5,
que naturalmente sabemos que resultará em um ganho
de 3:
46
Observe que: 9 – 5 = 4 4+5=9 nifica ganhar 30 objetos e esta repetição pode ser indi-
cada por um x, isto é: 1 + 1 + 1 ... + 1 + 1 = 30 x 1 = 30
diferença Se trocarmos o número 1 pelo número 2, obteremos:
subtraendo 2 + 2 + 2 + ... + 2 + 2 = 30 x 2 = 60
Se trocarmos o número 2 pelo número -2, obteremos:
minuendo (–2) + (–2) + ... + (–2) = 30 x (-2) = –60
Observamos que a multiplicação é um caso particular
Considere as seguintes situações: da adição onde os valores são repetidos.
Na multiplicação o produto dos números a e b, pode
1- Na segunda-feira, a temperatura de Monte Sião ser indicado por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal
passou de +3 graus para +6 graus. Qual foi a variação da entre as letras.
temperatura? Para realizar a multiplicação de números inteiros, de-
Esse fato pode ser representado pela subtração: (+6) vemos obedecer à seguinte regra de sinais:
– (+3) = +3 (+1) x (+1) = (+1)
(+1) x (-1) = (-1)
2- Na terça-feira, a temperatura de Monte Sião, du- (-1) x (+1) = (-1)
rante o dia, era de +6 graus. À Noite, a temperatura bai- (-1) x (-1) = (+1)
xou de 3 graus. Qual a temperatura registrada na noite
de terça-feira? Com o uso das regras acima, podemos concluir que:
Esse fato pode ser representado pela adição: (+6) +
(–3) = +3 Sinais dos números Resultado do produto
Se compararmos as duas igualdades, verificamos que Iguais Positivo
(+6) – (+3) é o mesmo que (+5) + (–3). Diferentes Negativo
Daí podemos afirmar: Subtrair dois números inteiros Associativa: Para todos a,b,c em Z:
é o mesmo que adicionar o primeiro com o oposto do a x (b x c) = (a x b) x c
segundo. 2 x (3 x 7) = (2 x 3) x 7
47
Vamos aplicar esses conhecimentos para estudar a di- Propriedades da Potenciação:
visão exata de números inteiros. Veja o cálculo:
Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se
(–20) : (+5) = q (+5) . q = (–20) q = (–4) a base e somam-se os expoentes. (–7)3 . (–7)6 = (–7)3+6 =
Logo: (–20) : (+5) = +4 (–7)9
Considerando os exemplos dados, concluímos que, Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-
para efetuar a divisão exata de um número inteiro por -se a base e subtraem-se os expoentes. (+13)8 : (+13)6 =
outro número inteiro, diferente de zero, dividimos o mó- (+13)8 – 6 = (+13)2
dulo do dividendo pelo módulo do divisor. Daí:
Potência de Potência: Conserva-se a base e multipli-
- Quando o dividendo e o divisor têm o mesmo si- cam-se os expoentes. [(+4)5]2 = (+4)5 . 2 = (+4)10
nal, o quociente é um número inteiro positivo.
- Quando o dividendo e o divisor têm sinais diferen- Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (+9)1
tes, o quociente é um número inteiro negativo. = +9 (–13)1 = –13
- A divisão nem sempre pode ser realizada no con-
junto Z. Por exemplo, (+7) : (–2) ou (–19) : (–5) são Potência de expoente zero e base diferente de zero: É
divisões que não podem ser realizadas em Z, pois igual a 1. Exemplo: (+14)0 = 1 (–35)0 = 1
o resultado não é um número inteiro.
- No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é 1.7. Radiciação de Números Inteiros
associativa e não tem a propriedade da existência
do elemento neutro. A raiz nésima (de ordem n) de um número inteiro a
é a operação que resulta em outro número inteiro não
1- Não existe divisão por zero. negativo b que elevado à potência n fornece o número a.
Exemplo: (–15) : 0 não tem significado, pois não O número n é o índice da raiz enquanto que o número a
existe um número inteiro cujo produto por zero é o radicando (que fica sob o sinal do radical).
seja igual a –15. A raiz quadrada (de ordem 2) de um número inteiro
2- Zero dividido por qualquer número inteiro, dife- a é a operação que resulta em outro número inteiro não
rente de zero, é zero, pois o produto de qualquer negativo que elevado ao quadrado coincide com o nú-
número inteiro por zero é igual a zero. mero a.
Exemplos: a) 0 : (–10) = 0 /b) 0 : (+6) = 0 /c) 0 : (–1)
=0 Observação: Não existe a raiz quadrada de um nú-
mero inteiro negativo no conjunto dos números inteiros.
1.6. Potenciação de Números Inteiros
Erro comum: Frequentemente lemos em materiais
A potência an do número inteiro a, é definida como didáticos e até mesmo ocorre em algumas aulas apare-
um produto de n fatores iguais. O número a é denomi- cimento de:
nado a base e o número n é o expoente.
an = a x a x a x a x ... x a 9 = ±3
a é multiplicado por a n vezes
mas isto está errado. O certo é:
Exemplos:
33 = (3) x (3) x (3) = 27 9 = +3
(-5)5 = (-5) x (-5) x (-5) x (-5) x (-5) = -3125
(-7)² = (-7) x (-7) = 49 Observamos que não existe um número inteiro não
(+9)² = (+9) x (+9) = 81 negativo que multiplicado por ele mesmo resulte em um
- Toda potência de base positiva é um número intei- número negativo.
ro positivo.
Exemplo: (+3)2 = (+3) . (+3) = +9 A raiz cúbica (de ordem 3) de um número inteiro a
é a operação que resulta em outro número inteiro que
- Toda potência de base negativa e expoente par é elevado ao cubo seja igual ao número a. Aqui não res-
um número inteiro positivo. tringimos os nossos cálculos somente aos números não
Exemplo: (– 8)2 = (–8) . (–8) = +64 negativos.
(b)
3
−8 = –2, pois (–2)³ = -8.
(c)
3
27 = 3, pois 3³ = 27.
48
Observações:
(d)
3
− 27 = –3, pois (–3)³ = -27.
- Todo número natural é múltiplo de si mesmo.
Observação: Ao obedecer à regra dos sinais para o - Todo número natural é múltiplo de 1.
produto de números inteiros, concluímos que: - Todo número natural, diferente de zero, tem infini-
(a) Se o índice da raiz for par, não existe raiz de núme- tos múltiplos.
ro inteiro negativo. - O zero é múltiplo de qualquer número natural.
- Os múltiplos do número 2 são chamados de nú-
(b) Se o índice da raiz for ímpar, é possível extrair a meros pares, e a fórmula geral desses números
raiz de qualquer número inteiro. é . Os demais são chamados de núme-
ros ímpares, e a fórmula geral desses números é
MULTIPLICIDADE E DIVISIBILIDADE .
Ex: Conjunto dos múltiplos de 7. Para encontrar esse b) 653524 é divisível por 4, pois termina em 24, e 24
conjunto basta multiplicar por 7 cada um dos números é divisível por 4.
da sucessão dos naturais:
7x0=0 c) 76315 não é divisível por 4, pois termina em 15, e
7x1=7 15 não é divisível por 4.
7 x 2 = 14
7 x 3 = 21 Divisibilidade por 5: Um número é divisível por 5
7 x 4 = 28 quando termina em 0 ou 5.
7 x 5 = 35
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exs:
O conjunto formado pelos resultados encontrados a) 35040 é divisível por 5, pois termina em 0.
forma o conjunto dos múltiplos de 7: M(7) = {0, 7, 14,
21, 28,...}. b) 7235 é divisível por 5, pois termina em 5.
49
b) 67024 é divisível por 8, pois seus três últimos alga-
rismos formam o número 24, que é divisível por 8.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
c) 34125 não é divisível por 8, pois seus três últimos
1. Escreva os elementos dos conjuntos dos múltiplos de algarismos formam o número 125, que não é divi-
5 positivos menores que 30. sível por 8.
Divisibilidade por 6: Um número é divisível por 6 2. Escreva os elementos dos conjuntos dos múltiplos de
quando é divisível por 2 e por 3. 8 compreendidos entre 30 e 50.
quando termina em 000 ou quando o número formado 15 – 4 = 11→ A diferença divisível por 11. Logo 43813
pelos três últimos algarismos for divisível por 8. é divisível por 11.
50
Os algarismos de posição ímpar são os algarismos Exemplos:
nas posições 1, 3, 5 e 7. Ou seja, 8, 4, 5 e 2. A soma desses a) 13 = 1×1×1 = 1
algarismos é 8+4+5+2 = 19 b) 17 = 1×1×1×1×1×1×1 = 1
Os algarismos de posição par são os algarismos nas Propriedade 2: potenciação com expoente nulo
posições 2, 4 e 6. Ou seja, 3, 1 e 7. A soma desses algaris- Se n é um número natural não nulo, então temos que
mos é 3+1+7 = 11 nº=1.
51
FIQUE ATENTO! 440 22 40 280
= = = 280−1 = 279
2 2 2 .
Dada uma potência xa , onde o número real
A é negativo, o resultado dessa potência Note que para resolver esse exercício utilizamos as
propriedades 6 e 7.
é igual ao inverso de x elevado a A, isto é,
1
𝑥𝑎 = se a<0. 2. (FAUEL-PR – Agente Administrativo – 2017) Qual é
𝑥𝑎
Por exemplo, 2 −3 1 1
= 3 , 5−1 = 1 . o resultado da expressão 2³-3² ?
2 5
a) 0
b) 5
Propriedade 7: potência de potência c) 2
Quando uma potência está elevado a outro expoen- d)-1
te, o expoente resultante é obtido multiplicando-se os e) -2
expoentes
Em resumo: (xa )b=xa×b Resposta: Letra D. Aplicando o conceito de potência,
tem-se:
Exemplos: 23=2 ∙2∙2=8
a) (25 )3 = 25×3=215 32=3 ∙3=9
b) (39 )2 = 39×2=318
c) (612 )4= 612×4=648 Logo:3=9
Logo: 23-32=8-9=-1
Propriedade 8: potência de produto
Quando um produto está elevado a uma potência, o
resultado é um produto com cada um dos fatores eleva- NÚMEROS PRIMOS, MDC E MMC
do ao expoente
Em resumo: (x×y)a=xa×ya O máximo divisor comum e o mínimo múltiplo co-
mum são ferramentas extremamente importantes na
Exemplos: matemática. Através deles, podemos resolver alguns
a) (2×3)3 = 23×33 problemas simples, além de utilizar seus conceitos em
b) (3×4)2 = 32×42 outros temas, como frações, simplicação de fatoriais, etc.
c) (6×5)4= 64×54 Porém, antes de iniciarmos a apresentar esta teoria, é
importante conhecermos primeiramente uma classe de
números muito importante: Os números primos.
#FicaDica 1. Números primos
Em alguns casos podemos ter uma multi-
plicação ou divisão potência que não está Um número natural é definido como primo se ele tem
na mesma base (como nas propriedades 5 exatamente dois divisores: o número um e ele mesmo.
e 6), mas pode ser simplificada. Por exem- Já nos inteiros, p ∈ ℤ é um primo se ele tem exatamente
plo, 43×25 =(22 )3×25= 26×25= 26+5=211 e quatro divisores: ±1 e ±𝑝 .
33:9 = 33 : 32 = 31.
FIQUE ATENTO!
Por definição, 0, 1 e − 1 não são números
primos.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Existem infinitos números primos, como demonstra-
1. (MPE-RS – 2017) A metade de 440 é igual a: do por Euclides por volta de 300 a.C.. A propriedade de
ser um primo é chamada “primalidade”, e a palavra “pri-
a) 220 mo” também são utilizadas como substantivo ou adje-
b) 239 tivo. Como “dois” é o único número primo par, o termo
c) 240 “primo ímpar” refere-se a todo primo maior do que dois.
d) 279 O conceito de número primo é muito importante
RACIOCÍNIO LÓGICO
52
que utilizaremos no MDC e MMC. Para caráter de me- Ex. Encontrar o MDC entre 18 e 24.
morização, seguem os 100 primeiros números primos Divisores naturais de 18: D(18) = {1,2,3,6,9,18}.
positivos. Recomenda-se que memorizem ao menos os Divisores naturais de 24: D(24) = {1,2,3,4,6,8,12,24}.
10 primeiros para MDC e MMC: Pode-se escrever, agora, os divisores comuns a 18 e
2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53, 24: D(18)∩ D (24) = {1,2,3,6}.
59, 61, 67, 71, 73, 79, 83, 89, 97, 101, 103, 107, 109, 113, Observando os divisores comuns, podemos identifi-
127, 131, 137, 139, 149, 151, 157, 163, 167, 173, 179, 181, car o maior divisor comum dos números 18 e 24, ou seja:
191, 193, 197, 199, 211, 223, 227, 229, 233, 239, 241, 251, MDC (18,24) = 6.
257, 263, 269, 271, 277, 281, 283, 293, 307, 311, 313, 317, Outra técnica para o cálculo do MDC:
331, 337, 347, 349, 353, 359, 367, 373, 379, 383, 389, 397,
401, 409, 419, 421, 431, 433, 439, 443, 449, 457, 461, 463, Decomposição em fatores primos: Para obter o
467, 479, 487, 491, 499, 503, 509, 521, 523, 541 MDC de dois ou mais números por esse processo, proce-
de-se da seguinte maneira:
2. Múltiplos e Divisores Decompõe-se cada número dado em fatores primos.
O MDC é o produto dos fatores comuns obtidos, cada
Diz-se que um número natural a é múltiplo de outro um deles elevado ao seu menor expoente.
natural b, se existe um número natural k tal que:
𝑎 = 𝑘. 𝑏 Exemplo: Achar o MDC entre 300 e 504.
mos.
MDC - O MMC é o produto dos fatores comuns e não-
-comuns, cada um deles elevado ao seu maior ex-
Agora que sabemos o que são números primos, múl- poente.
tiplos e divisores, vamos ao MDC. O máximo divisor co-
mum de dois ou mais números é o maior número que é Ex. Achar o MMC entre 18 e 120.
divisor comum de todos os números dados.
53
Números Racionais: Frações, Números Decimais e
suas Operações
1. Números Racionais
54
- Elemento oposto: Para todo q em Q, existe -q em 1.4. Divisão de Números Racionais
Q, tal que q + (–q) = 0
A divisão de dois números racionais p e q é a própria
1.2. Subtração de Números Racionais operação de multiplicação do número p pelo inverso de
q, isto é: p ÷ q = p × q-1
A subtração de dois números racionais e é a própria De maneira prática costuma-se dizer que em uma di-
operação de adição do número com o oposto de q, isto visão de duas frações, conserva-se a primeira fração e
é: p – q = p + (–q) multiplica-se pelo inverso da segunda:
Observação: É possível encontrar divisão de frações
1.3. Multiplicação (Produto) de Números Racio- da seguinte forma: a . O procedimento de cálculo é o
c.
b
nais mesmo.
d
Como todo número racional é uma fração ou pode 1.5. Potenciação de Números Racionais
ser escrito na forma de uma fração, definimos o produto
𝐧
de dois números racionais b e d , da mesma forma que o A potência q do número racional é um produto
a c
O produto de dois números com o mesmo Toda potência com expoente 0 é igual a 1.
sinal é positivo, mas o produto de dois
0
números com sinais diferentes é negativo. 2
+ = 1
5
1.3.1. Propriedades da Multiplicação de Números
Racionais - Toda potência com expoente 1 é igual à própria
base.
O conjunto Q é fechado para a multiplicação, isto é, 9
1
9
o produto de dois números racionais resultaem um nú- − =−
mero racional. 4 4
- Associativa: Para todos a,b,c em Q: a ∙ ( b ∙ c ) = ( a
∙b)∙c - Toda potência com expoente negativo de um núme-
- Comutativa: Para todos a,b em Q: a ∙ b = b ∙ a ro racional diferente de zero é igual a outra potência que
- Elemento neutro: Existe 1 em Q, que multiplicado tem a base igual ao inverso da base anterior e o expoente
por todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: igual ao oposto do expoente anterior.
q∙1=q a b
- Elemento inverso: Para todo q = b em Q,
q−1 =
a di-
3 5
−2
25 2
b a
- Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo
- Distributiva: Para todos a,b,c em Q: a ∙ ( b + c ) = ( a
sinal da base.
∙ b ) + ( a∙ c )
3
2 2 2 2 8
= . . =
3 3 3 3 27
55
- Toda potência com expoente par é um número po-
sitivo.
2
1 1 1 1
− = − .− =
5 5 5 25
3 3 3 3 3 −
100
5 . . . . 2 5− 2 3
O número 9 não tem raiz quadrada em Q, pois
3 3
2 2 2 2 2 3 3
: = = = tanto − 10 como + 10 , quando elevados ao quadrado, dão
2 2 3 3 2 2 100 . 3 3
. 9
2 2
Um número racional positivo só tem raiz quadrada no
- Potência de Potência. Para reduzir uma potência de conjunto dos números racionais se ele for um quadrado
potência a uma potência de um só expoente, conserva- perfeito.
mos a base e multiplicamos os expoentes. 2
O número 3 não tem raiz quadrada em Q, pois não
existe número racional que elevado ao quadrado dê
2.
3
Frações
1.6. Radiciação de Números Racionais
Frações são representações de partes iguais de um
Se um número representa um produto de dois ou todo. São expressas como um quociente de dois núme-
x
mais fatores iguais, então cada fator é chamado raiz do ros y , sendo x o numerador e y o denominador da
número. Vejamos alguns exemplos: fração, com y ≠ 0 .
Ex:
4 Representa o produto 2. 2 ou 22. Logo, 2 é a raiz
1. Frações Equivalentes
quadrada de 4. Indica-se 4 = 2.
São frações que, embora diferentes, representam a
Ex:
2 mesma parte do mesmo todo. Uma fração é equivalente
1 1 1 1 a outra quando pode ser obtida multiplicando o nume-
Representa o produto . ou .
9 3 3 3 rador e o denominador da primeira fração pelo mesmo
número.
1 1 1 1
Logo, é a raiz quadrada de .Indica-se =
3 9 9 3 Ex: 3 e 6 .
5 10
A segunda fração pode ser obtida multiplicando o
Ex:
numerador e denominador de 3 por 2:
RACIOCÍNIO LÓGICO
56
2. Operações com Frações Deste modo, é importante lembrar que na adição e
na subtração de duas ou mais frações que têm os deno-
2.1. Adição e Subtração minadores diferentes, reduzimos inicialmente as frações
ao menor denominador comum, após o que procedemos
2.1.1. Frações com denominadores iguais: como no primeiro caso.
Na adição e subtração de duas ou mais frações que Representa 2/3 de 4/5 do conteúdo da caixa.
têm denominadores iguais, conservamos o denominador
comum e somamos ou subtraímos os numeradores. Repare que o problema proposto consiste em calcular
Outro Exemplo: o valor de
2
3 de
4
5 que, de acordo com a figura, equivale
a do total de frutas. De acordo com a tabela acima, 2
8
15
3 5 7 3+5−7 1 3
+ − = = de 4 equivale a 2 � 4 . Assim sendo:
2 2 2 2 2 3 5
5
guida, encontramos as frações equivalentes com o novo O produto de duas ou mais frações é uma fração cujo
denominador: numerador é o produto dos numeradores e cujo deno-
minador é o produto dos denominadores das frações
dadas.
3 5 9 20
mmc (8,6) = 24 = = = Outro exemplo:
2 4 7 2�4�7 56
8 6 24 24 � � = =
3 5 9 3 � 5 � 9 135
24 ∶ 8 � 3 = 9
24 ∶ 6 � 5 = 20 #FicaDica
Devemos proceder, agora, como no primeiro caso, Sempre que possível, antes de efetuar a
simplificando o resultado, quando possível: multiplicação, podemos simplificar as
frações entre si, dividindo os numeradores
9 20 29 e os denominadores por um fator comum.
+ =
24 24 24 Esse processo de simplificação recebe o
RACIOCÍNIO LÓGICO
nome de cancelamento.
3 5 9 20 29
Portanto: + = + =
8 6 24 24 24
57
2.3. Divisão 1. Operações com Números Decimais
Duas frações são inversas ou recíprocas quando o nu- 1.1. Adição e Subtração
merador de uma é o denominador da outra e vice-versa.
Vamos calcular o valor da seguinte soma:
Exemplo
5,32 + 12,5 + 0, 034
2 é a fração inversa de 3
3 2
5 Transformaremos, inicialmente, os números decimais
5 ou 1 é a fração inversa de 1
em frações decimais:
5
58
#FicaDica #FicaDica
Na prática, a multiplicação de números Na prática, a divisão entre números deci-
decimais é obtida de acordo com as mais é obtida de acordo com as seguintes
seguintes regras: regras:
- Multiplicamos os números decimais - Igualamos o número de casas decimais
como se eles fossem números naturais. do dividendo e do divisor.
- No resultado, colocamos tantas casas - Cortamos as vírgulas e efetuamos a divi-
decimais quantas forem as do primeiro são como se os números fossem naturais.
fator somadas às do segundo fator.
Ex: 2 ∶ 16
RACIOCÍNIO LÓGICO
59
2. Representação Decimal das Frações
p 9
Tomemos um número racional q tal que p não seja 0,9 =
múltiplo de q. Para escrevê-lo na forma decimal, basta 10
efetuar a divisão do numerador pelo denominador.
Nessa divisão podem ocorrer dois casos:
57
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula,
5,7 =
10
um número finito de algarismos. Decimais Exatos:
2 76
= 0,4 0,76 =
5 100
1
= 0,25
4
35 348
= 8,75 3,48 =
4 100
153
= 3,06
50
5 1
0,005 = =
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, 1000 200
infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se pe-
riodicamente. Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas: 2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada;
para tanto, vamos apresentar o procedimento através de
1
= 0,333 … alguns exemplos:
3
Ex:
1 Seja a dízima 0,333...
= 0,04545 … Façamos e multipliquemos ambos os membros por
22
10:
167 10x = 0,333
= 2,53030 …
66
Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade
da segunda:
FIQUE ATENTO!
Se após as vírgulas os algarismos não são pe- 3
10x – x = 3,333 … – 0,333. . . 9x = 3 x =
riódicos, então esse número decimal não está 9
contido no conjunto dos números racionais.
3
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração .
Ex: 9
3.Representação Fracionária dos Números Deci- Seja a dízima 5,1717...
mais Façamos x = 5,1717. . . e 100x = 517,1717. . .
Trata-se do problema inverso: estando o número ra- Subtraindo membro a membro, temos:
cional escrito na forma decimal, procuremos escrevê-lo
na forma de fração. Temos dois casos: 99x = 512 x = 512⁄99
512
1º) Transformamos o número em uma fração cujo Assim, a geratriz de 5,1717... é a fração .
numerador é o número decimal sem a vírgula e o deno- 99
minador é composto pelo numeral 1, seguido de tantos Ex:
zeros quantas forem as casas decimais do número deci- Seja a dízima 1,23434...
mal dado:
Façamos
RACIOCÍNIO LÓGICO
60
Introdução a Geometria
1222 Plana
990x = 1234,34. . . – 12,34 … 990x = 1222 x =
990
1. Ponto, Reta e Plano
1222
4. . . – 12,34 … 990x = 1222 x = A definição dos entes primitivos ponto, reta e plano
990
é quase impossível, o que se sabe muito bem e aqui será
611 o mais importante é sua representação geométrica e es-
Simplificando, obtemos x = , a fração geratriz pacial.
da dízima 1,23434... 495
1.1. Representação, (notação)
Analisando todos os exemplos, nota-se que a idéia → Pontos serão representados por letras latinas
consiste em deixar após a vírgula somente a parte pe- maiúsculas; ex: A, B, C,…
riódica (que se repete) de cada igualdade para, após a → Retas serão representados por letras latinas minús-
subtração membro a membro, ambas se cancelarem. culas; ex: a, b, c,…
→ Planos serão representados por letras gregas mi-
núsculas; ex: β,∞,α,...
a) 300
b) 360
c) 400
d) 450
e) 480
Resposta: Letra D.
61
- Três pontos determinam um único plano.
62
Ex: AB é um segmento de reta que denotamos por AB.
Segmentos Proporcionais
Ângulos
não colineares.
Teorema de Tales: Um feixe de retas paralelas de-
termina sobre duas transversais quaisquer, segmentos
proporcionais. A figura abaixo representa uma situação
onde aparece um feixe de três retas paralelas cortadas
por duas retas transversais.
63
Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do
que 90º.
Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do
que 90º.
Ângulo Central
Ângulo Reto:
64
Ângulos Congruentes: São ângulos que possuem a Ângulos colaterais internos: O termo colateral signifi-
mesma medida. ca “mesmo lado” e sua propriedade é que a soma destes
ângulos será sempre 180°
65
Assim, o ângulo 1 é igual ao ângulo 5, o ângulo 2 é
igual ao ângulo 6, o ângulo 3 é igual ao ângulo 7 e o
ângulo 4 é igual ao ângulo 8.
Assim, o ângulo 4 é igual ao ângulo 6 e o ângulo 3 é
igual ao ângulo 5
FIQUE ATENTO!
Ângulos alternos externos: O termo alterno significa Há cinco classificações distintas para os
lados diferentes e sua propriedade é que eles sempre se- ângulos formados por duas retas paralelas
rão congruentes que intersectam uma transversal. Então,
procure visualizar bem as imagens para
associá-las a cada classificação existente.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
a) 120°
Assim, o ângulo 1 é igual ao ângulo 7 e o ângulo 2 é b) 126°
igual ao ângulo 8 c) 135°
d) 150°
Ângulos correspondentes: São ângulos que ocupam
RACIOCÍNIO LÓGICO
uma mesma posição na reta transversal, um na região Resposta: Letra B. Considerando que cada hora equi-
interna e o outro na região externa. vale a um ângulo de 30° (360/12 = 30) e que a cada
15 min o ponteiro da hora percorre 7,5°. Assim, as 3h
e 40 min indica um ângulo de aproximadamente 126°.
66
2. Na imagem a seguir, as retas u, r e s são paralelas e cortadas por uma reta transversal. Determine o valor dos ângu-
los x e y.
50° + y = 180°
y = 180° – 50°
y = 130°
Portanto,os ângulos procurados são y = 130° e x = 50°
POLÍGONOS
Um polígono é uma figura geométrica plana limitada por uma linha poligonal fechada. A palavra “polígono” advém
do grego e quer dizer muitos (poly) e ângulos (gon).
Linha poligonal é uma sucessão de segmentos consecutivos e não-colineares, dois a dois. Classificam-se em:
67
Linha poligonal aberta
não-simples:
FIQUE ATENTO!
Polígono é uma linha fechada simples. Um polígono divide o plano em que se encontra em duas regiões
(a interior e a exterior), sem pontos comuns.
Elementos de um polígono
Lados: Cada um dos segmentos de reta que une vértices consecutivos: AB, BC, CD, DE, EA.
68
n − 2 � 180°
ai =
n
A medida do ângulo externo de um polígono regular
de n lados (ae ) é dada por:
360°
ae =
n
Si = n − 2 � 180°
360°
Se =
n
Em um polígono convexo de n lados, o número de
RACIOCÍNIO LÓGICO
69
d) 2 + 1
e) 2
Resposta: Letra D.
COMENTÁRIO:
70
Características: Losango
71
O perímetro é calculado como a soma das medidas
de todos os quatro lados:
Perímetro = AB + BC + CD + DA = 4L
Trapézio
Características:
A medida relevante da circunferência é o raio (R) que
é a distância de qualquer ponto da circunferência em re-
lação ao centro C.
A área é calculada em função do raio: Área = πR2
Características: O perímetro, também chamado de comprimento da
Possuirá apenas um par de lados paralelos que serão circunferência, é calculado em função do raio também:
chamados de bases maior e menor: Perímetro = 2πR
AD// BC, AB: base maior = B e CD: base menor = b
A altura será definida como a distância entre as bases: Setor Circular
BG: altura = h
Um Setor Circular é uma região de um círculo com-
preendida entre dois segmentos de reta que se iniciam
A área é calculada em função das bases e da altura:
no centro e vão até a circunferência.
B+b
Área = �h
2
#FicaDica
O perímetro é calculado como a soma das medidas
de todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA Em termos práticos, um setor circular é um
“pedaço” de um círculo.
Circunferência e Círculo
Características:
O ângulo α é definido como ângulo central απR2
Área do Setor Circular (para α em graus): A =
360
αR2
Área do Setor Circular (para α em radianos): A =
RACIOCÍNIO LÓGICO
72
Reta Secante: Reta e circunferência possuem dois
pontos em comum (dOP < R)
Características:
A Área do Setor Circular (para α em radianos):
R2
A= α − sen α
2 EXERCÍCIOS COMENTADOS
3. Posições Relativas entre Retas e Circunferências
1.(SEEDUC-RJ – Professor – CEPERJ/2015) O quadrado
Dado uma circunferência de raio R e uma reta ‘r’ cuja MNPQ abaixo tem lado igual a 12cm. Considere que as
distância ao centro da circunferência é ‘d’, temos as se- curvas MQ e QP representem semicircunferências de diâ-
guintes posições relativas: metros respectivamente iguais aos segmentos MQ e QP.
a) 30
b) 36
c) 3 46π − 2
d) 6(36π − 1)
e) 2(6π − 1)
73
Bissetriz: É a semi-reta que divide um ângulo em duas
partes iguais. O ângulo B está dividido ao meio e neste
caso Ê = Ô.
Resposta: Aplicando as relações geométricas referen-
tes ao losango, tem-se:
x = 15
y = 20
AC = 20 + 20 = 40
BD = 15 + 15 = 30
BMC = 15 + 20 + 25 = 60
Ângulo Interno: É formado por dois lados do triângu-
lo. Todo triângulo possui três ângulos internos.
TRIÂNGULOS E TEOREMA DE PITÁGORAS Ângulo Externo: É formado por um dos lados do triân-
gulo e pelo prolongamento do lado adjacente (ao lado).
Definição
a) Vértices: A,B,C.
b) Lados: AB,BC e AC.
c) Ângulos internos: a, b e c.
Mediana: É o segmento que une um vértice ao ponto Triângulo Escaleno: Todos os três lados têm medidas
médio do lado oposto. BM é uma mediana. diferentes.
74
Seguindo a regra dos polígonos, a soma dos ângu-
los internos de qualquer triângulo é sempre igual a 180
graus, isto é: a + b + c = 180°
Ex: Considerando
o triângulo abai-
xo, podemos achar o
valor de x, escrevendo:
Classificação dos triângulos quanto às medidas 70º + 60º + x = 180º e dessa forma, obtemos
dos ângulos x = 180º − 70º − 60º = 50º
75
Se o triângulo ABC é congruente ao triângulo RST, LAAo (Lado, Ângulo, Ângulo oposto): Conhecido um
escrevemos: A�~R � , B� ~ S� , C� ~ �T lado, um ângulo e um ângulo oposto ao lado. Dois triân-
gulos são congruentes quando têm um lado, um ângulo,
um ângulo adjacente e um ângulo oposto a esse lado
FIQUE ATENTO! respectivamente congruente.
Dois triângulos são congruentes, se os
seus elementos correspondentes são or-
denadamente congruentes, isto é, os três
lados e os três ângulos de cada triângulo
têm respectivamente as mesmas medidas.
Deste modo, para verificar se um triângulo
é congruente a outro, não é necessário sa-
ber a medida de todos os seis elementos,
Semelhança de Triângulos
basta conhecerem três elementos, entre
os quais esteja presente pelo menos um
Duas figuras são semelhantes quando têm a mesma
lado. Para facilitar o estudo, indicaremos
forma, mas não necessariamente o mesmo tamanho. Se
os lados correspondentes congruentes
duas figuras R e S são semelhantes, denotamos: .
marcados com símbolos gráficos iguais.
Ex: As ampliações e as reduções fotográficas são figu-
ras semelhantes. Para os triângulos:
Casos de Congruência de Triângulos
76
Como m(AB) ⁄ m(EF) = m(BC) ⁄ m(FG) = 2 ,
então ABC =
� EFG
Ex: Na figura abaixo, observamos que um triângulo pode ser “rodado” sobre o outro para gerar dois triângulos
semelhantes e o valor de x será igual a 8.
Três lados proporcionais: Se dois triângulos têm os três lados correspondentes proporcionais, então os triângulos
são semelhantes.
Teorema de Pitágoras
Dizem que Pitágoras, filósofo e matemático grego que viveu na cidade de Samos no século VI a. C., teve a intuição
do seu famoso teorema observando um mosaico como o da ilustração a seguir.
RACIOCÍNIO LÓGICO
77
Observando o quadro, podemos estabelecer a seguinte tabela:
Onde os catetos são os segmentos que formam o ângulo de 90° e a hipotenusa é o lado oposto a esse ângulo. Cha-
mando de “a” e “b” as medidas dos catetos e “c” a medida da hipotenusa, define-se um dos teoremas mais conhecidos
da matemática, o Teorema de Pitágoras:
c 2 = a2 + b2
Onde a soma das medidas dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.
Aplicando o teorema de Pitágoras, podemos estabelecer uma relação importante entre a medida d da diagonal e a
medida l do lado de um quadrado.
d= medida da diagonal
l= medida do lado
d² = l² + l²
d = √2l²
d=l 2
78
Teorema de Pitágoras no triângulo equilátero
l= medida do lado
h= medida da altura
79
A diferença entre a altura da maior estaca e a altura da
menor estaca, nessa ordem, em cm, é:
HORA DE PRATICAR!
a) 95.
b) 75. 01. (ABIN – Agente de Inteligência – CESPE/2018) As
c) 85. seguintes proposições lógicas formam um conjunto de
d) 80. premissas de um argumento:
e) 90. • Se Pedro não é músico, então André é servidor da ABIN.
• Se André é servidor da ABIN, então Carlos não é um
Resposta: Letra D. Note que x é exatamente a dife- espião.
rença que queremos, e podemos calculá-lo através do • Carlos é um espião.
Teorema de Pitágoras: A partir dessas premissas, julgue o item a seguir, acerca de
lógica de argumentação.
1,72 = 1,52 + x 2 Se a proposição lógica “Pedro é músico.” for a conclusão
desse argumento, então, as premissas juntamente com
2,89 = 2,25 + x 2
essa conclusão constituem um argumento válido.
x 2 = 2,89 – 2,25
x² = 0,64x = 0,8 m ou 80 cm ( ) Certo ( ) Errado
( ) Certo ( ) Errado
80
05. (SERES/PE – Agente de Segurança Penitenciária – CESPE/2017) De uma urna que continha 20 bolas idênticas,
identificadas por números de 1 a 20, foi extraída aleatoriamente uma bola. Esse evento define o espaço amostral Ω =
{1, 2, 3, ..., 20}. Considere os seguintes eventos: A = {a bola retirada da urna é identificada por um número múltiplo de
4}; B = {a bola retirada da urna é identificada por um número múltiplo de 5}. A partir das probabilidades P(A), P(B) e
P(A∪B) — que são, respectivamente, as probabilidades de os eventos A, B e A∪B ocorrerem —, considere o argumento
formado pelas premissas P1 e P2 e pela conclusão C, em que
06. (PC/MA – Escrivão de Polícia – Nível Superior – CESPE/2018) A qualidade da educação dos jovens sobe ou a
sensação de segurança da sociedade diminui.
Proposição CG1A5AAA
A qualidade da educação dos jovens sobe ou a sensação de segurança da sociedade diminui.
A quantidade de linhas da tabela-verdade correspondente à proposição CG1A5AAA é igual a
A. 2.
B. 4.
C. 8.
D. 16.
E. 32.
07. (EBSERH – Cargos de nível Superior – CESPE/2018) Se P, Q e R forem proposições simples e se ~R indicar a
negação da proposição R, então, independentemente dos valores lógicos V = verdadeiro ou F = falso de P, Q e R, a
proposição P→Q∨(~R) será sempre V.
( ) Certo ( ) Errado
08. (ABIN – Oficial Técnico de Inteligência – CESPE/2018) Julgue o item a seguir, a respeito de lógica proposicional.
A proposição “Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário devem estar em constante estado de alerta sobre as ações
das agências de inteligência.” pode ser corretamente representada pela expressão lógica PΛQΛR, em que P, Q e R são
proposições simples adequadamente escolhidas.
( ) Certo ( ) Errado
09. (ABIN – Oficial Técnico de Inteligência – CESPE/2018) Julgue o item a seguir, a respeito de lógica proposicional.
A proposição “A vigilância dos cidadãos exercida pelo Estado é consequência da radicalização da sociedade civil em
suas posições políticas.” pode ser corretamente representada pela expressão lógica P→Q, em que P e Q são proposições
simples escolhidas adequadamente.
RACIOCÍNIO LÓGICO
( ) Certo ( ) Errado
81
10. (TRF 1ª REGIÃO – cargos de nível superior – CES- C. Se a empresa alegou ter pago suas obrigações pre-
PE/2017) Em uma reunião de colegiado, após a apro- videnciárias, mas não apresentou os comprovantes
vação de uma matéria polêmica pelo placar de 6 votos de pagamento, então o juiz julgou procedente a ação
a favor e 5 contra, um dos 11 presentes fez a seguinte movida pelo ex-empregado.
afirmação: “Basta um de nós mudar de ideia e a decisão D. A empresa alegou ter pago suas obrigações previden-
será totalmente modificada.” ciárias, mas não apresentou os comprovantes de pa-
Considerando a situação apresentada e a proposição cor- gamento, mas o juiz julgou procedente a ação movida
respondente à afirmação feita, julgue o próximo item. pelo ex-empregado.
A tabela-verdade da referida proposição, construída a par-
tir dos valores lógicos das proposições simples que a com- 14. (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/AL – Soldado
põem, tem mais de 8 linhas. Combatente – CESPE/2018) A proposição Se determi-
nado candidato foi aprovado nas provas objetivas do
( ) Certo ( ) Errado concurso e no curso de formação de praças, ele se tor-
nou soldado combatente do corpo de bombeiros local.
11. (PC/MA – Escrivão de Polícia – CESPE/2018) Propo- é equivalente à seguinte proposição: Se determinado
sição CG1A5AAA candidato não se tornou soldado combatente do corpo
A qualidade da educação dos jovens sobe ou a sensação de bombeiros local, então ele foi reprovado nas provas
de segurança da sociedade diminui. objetivas do concurso e no curso de formação de praças.
Assinale a opção que apresenta uma proposição equiva-
lente à proposição CG1A5AAA. ( ) Certo ( ) Errado
A. Se a qualidade da educação dos jovens não sobe, então 15. (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/AL – Oficial
a sensação de segurança da sociedade diminui. Combatente – CESPE/2018) A respeito de proposições
B.Se qualidade da educação dos jovens sobe, então a sen- lógicas, julgue os itens a seguir.Considere que P e Q se-
sação de segurança da sociedade diminui.
jam as seguintes proposições:
C. Se a qualidade da educação dos jovens não sobe, então
P: Se a humanidade não diminuir a produção de material
a sensação de segurança da sociedade não diminui.
plástico ou não encontrar uma solução para o problema
D. Se a sensação de segurança da sociedade diminui, en-
do lixo desse material, então o acúmulo de plástico no
tão a qualidade da educação dos jovens sobe.
meio ambiente irá degradar a vida no planeta.
E. Se a sensação de segurança da sociedade não diminui,
Q: A humanidade diminui a produção de material plásti-
então a qualidade da educação dos jovens não sobe.
co e encontra uma solução para o problema do lixo desse
12.. (TRF1ª região Analista Judiciário – CESPE/2017) Em material ou o acúmulo de plástico no meio ambiente de-
uma reunião de colegiado, após a aprovação de uma ma- gradará a vida no planeta.
téria polêmica pelo placar de 6 votos a favor e 5 contra, um Nesse caso, é correto afirmar que as proposições P e Q
dos 11 presentes fez a seguinte afirmação: “Basta um de são equivalentes.
nós mudar de ideia e a decisão será totalmente modificada.”
Considerando a situação apresentada e a proposição cor- ( ) Certo ( ) Errado
respondente à afirmação feita, julgue o próximo item.
A proposição é equivalente, sob o ponto de vista da lógica 16. (EBSERH – Cargos de nível Superior – CESPE/2018)
sentencial, à proposição “Desde que um membro mude A respeito de lógica proposicional, julgue o item que se
de ideia, a decisão será totalmente modificada”. segue.
A negação da proposição “Se o fogo for desencadeado
( ) Certo ( ) Errado por curto-circuito no sistema elétrico, será recomendá-
vel iniciar o combate às chamas com extintor à base de
13.. (TRT 7ª Região - Analista Judiciário – CESPE/2017) espuma.” é equivalente à proposição “O fogo foi desen-
Texto CB1A5AAA – Proposição P cadeado por curto-circuito no sistema elétrico e não será
A empresa alegou ter pago suas obrigações previdenciá- recomendável iniciar o combate às chamas com extintor
rias, mas não apresentou os comprovantes de pagamento; à base de espuma.”
o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo ex-em-
pregado. ( ) Certo ( ) Errado
Assinale a opção que apresenta uma proposição equiva-
lente, sob o ponto de vista da lógica sentencial, à proposi- 17. (PC/MA – Escrivão de Polícia – CESPE/2018) Pro-
ção P do texto CB1A5AAA. posição CG1A5AAA
A qualidade da educação dos jovens sobe ou a sensação
A. A empresa alegou ter pago suas obrigações previden- de segurança da sociedade diminui.
RACIOCÍNIO LÓGICO
ciárias, mas não apresentou os comprovantes de paga- Assinale a opção que apresenta uma proposição que
mento, ou o juiz julgou procedente a ação movida pelo constitui uma negação da proposição CG1A5AAA.
ex-empregado.
B.Se o juiz julgou procedente a ação movida pelo ex-em- A. A qualidade da educação dos jovens não sobe e a sen-
pregado, então a empresa alegou ter pago suas obri- sação de segurança da sociedade não diminui.
gações previdenciárias, mas não apresentou os com- B. A qualidade da educação dos jovens desce ou a sensa-
provantes de pagamento. ção de segurança da sociedade aumenta.
82
C. A qualidade da educação dos jovens não sobe ou a A negação da proposição Q pode ser expressa por
sensação de segurança da sociedade não diminui.
D. A qualidade da educação dos jovens sobe e a sensa- A. A empresa não alegou ter pago suas obrigações pre-
ção de segurança da sociedade diminui. videnciárias ou apresentou os comprovantes de pa-
E. A qualidade da educação dos jovens diminui ou a sen- gamento.
sação de segurança da sociedade sobe. B. A empresa alegou ter pago suas obrigações previden-
ciárias ou não apresentou os comprovantes de paga-
18. (SERES/PE – Agente de Segurança Penitenciária mento.
– CESPE/2017) Assinale a opção que corresponde a C. A empresa alegou ter pago suas obrigações previden-
uma negativa da seguinte proposição: “Se nas cidades ciárias e apresentou os comprovantes de pagamento.
medievais não havia lugares próprios para o teatro e as D. A empresa não alegou ter pago suas obrigações pre-
apresentações eram realizadas em igrejas e castelos, en- videnciárias nem apresentou os comprovantes de pa-
tão a maior parte da população não era excluída dos gamento.
espetáculos teatrais”.
21. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência – CES-
A. Nas cidades medievais havia lugares próprios para o PE/2018) Como forma de melhorar a convivência, as
teatro ou as apresentações eram realizadas em igrejas famílias Turing, Russell e Gödel disputaram, no parque
e castelos e a maior parte da população era excluída da cidade, em um domingo à tarde, partidas de futebol
dos espetáculos teatrais. e de vôlei. O quadro a seguir mostra os quantitativos de
B.Se a maior parte da população das cidades medievais membros de cada família presentes no parque, distribuí-
era excluída dos espetáculos teatrais, então havia lu- dos por gênero.
gares próprios para o teatro e as apresentações eram
realizadas em igrejas e castelos. Família Masculino Feminino
C. Se nas cidades medievais havia lugares próprios para Turing 5 7
o teatro e as apresentações não eram realizadas em
igrejas e castelos, então a maior parte da população Russel 6 5
era excluída dos espetáculos teatrais. Gödel 5 9
D. Se nas cidades medievais havia lugares próprios para
o teatro ou as apresentações eram realizadas em igre- A partir dessa tabela, julgue o item subsequente.
jas e castelos, então a maior parte da população era Considere que, em eventual sorteio de brindes, um nome
excluída dos espetáculos teatrais. tenha sido retirado, ao acaso, do interior de uma urna
E. Nas cidades medievais não havia lugares próprios para que continha os nomes de todos os familiares presentes
o teatro, as apresentações eram realizadas em igrejas no evento. Nessa situação, sabendo-se que o sorteado
e castelos e a maior parte da população era excluída não é uma mulher da família Gödel, a probabilidade de
dos espetáculos teatrais. ser uma mulher da família Russel será superior a 20%.
to; o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo -fonte, ou seja, de nunca usar 2 ou mais medições de um
mesmo paciente-fonte.
ex-empregado.
Com referência a essa situação hipotética, julgue os itens
A Proposição Q: A empresa alegou ter pago suas obri-
seguintes.
gações previdenciárias, mas não apresentou os compro-
vantes de pagamento.
A proposição Q, anteriormente apresentada, está presen-
te na proposição P do texto CB1A5AAA.
83
22. Se fosse adotada a estratégia de falsificar laudos
seguindo-se a ordem sucessiva de medições referentes
aos compostos A, B, C e D e, em seguida, as medições
referentes ao composto E, a quantidade de laudos falsos
distintos que poderiam ser gerados pelo laboratório se-
ria superior a 800.
( ) Certo ( ) Errado
23 Com relação ao composto E, a quantidade de laudos
falsos distintos constituídos com dados dos exames de
Amanda, Bárbara e Carlos que poderia ser produzida é
superior a 50
( ) Certo ( ) Errado
84
GABARITO
ANOTAÇÕES
_________________________________________________
01 Certo
02 C __________________________________________________
03 Errado _________________________________________________
04 Errado __________________________________________________
05 C
__________________________________________________
06 B
07 Errado __________________________________________________
08 Errado __________________________________________________
09 Errado
__________________________________________________
10 Errado
__________________________________________________
11 A
12 Errado __________________________________________________
13 C __________________________________________________
14 Errado
__________________________________________________
15 Certo
16 Certo __________________________________________________
17 A __________________________________________________
18 E __________________________________________________
19 Errado
__________________________________________________
20 A
21 Errado __________________________________________________
22 Certo __________________________________________________
23 Errado
__________________________________________________
24 Certo
__________________________________________________
25 C
26 Certo __________________________________________________
27 Errado __________________________________________________
28 Errado
__________________________________________________
29 Errado
30 Errado __________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
RACIOCÍNIO LÓGICO
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85
ANOTAÇÕES
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RACIOCÍNIO LÓGICO
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ÍNDICE
Evolução histórica da organização do sistema de saúde no Brasil e a construção do Sistema Único de Saúde (SUS) –
princípios, diretrizes e arcabouço legal........................................................................................................................................................................ 01
Controle social no SUS. Resolução nº 453/2012 do Conselho Nacional de Saúde.................................................................................... 22
Constituição Federal, artigos de 194 a 200................................................................................................................................................................. 26
Lei nº 8.080/1990, Lei nº 8.142/1990 e Decreto Presidencial nº 7.508/2011................................................................................................. 01
Determinantes sociais da saúde. Sistemas de informação em saúde............................................................................................................... 28
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL E A
CONSTRUÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) – PRINCÍPIOS, DIRETRIZES E
ARCABOUÇO LEGAL. LEI Nº 8.080/1990, LEI Nº 8.142/1990 E DECRETO PRESIDENCIAL Nº
7.508/2011DO BRASIL; DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS (ART. 5.º AO ART. 17 DA
CF); DAS FORÇAS ARMADAS (ART. 142 E ART. 143 DA CF); DA SEGURANÇA PÚBLICA (ART.
144 DA CF)
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
A primeira e maior novidade do Sistema Único de Saúde é seu conceito de saúde. Esse “conceito ampliado de saú-
de”, resultado de um processo de embates teóricos e políticos, como visto anteriormente, traz consigo um diagnóstico
das dificuldades que o setor da saúde enfrentou historicamente e a certeza de que a reversão deste quadro extrapolava
os limites restritos da noção vigente.
Encarar saúde apenas como ausência de doenças evidenciou um quadro repleto não só das próprias doenças, como
de desigualdades, insatisfação dos usuários, exclusão, baixa qualidade e falta de comprometimento profissional.
Para enfrentar essa situação era necessário transformar a concepção de saúde, de serviços de saúde e, até mesmo,
de sociedade. Uma coisa era se deparar com a necessidade de abrir unidades, contratar profissionais, comprar medica-
mentos. Outra tarefa é conceber a atenção à saúde como um projeto que iguala saúde com condições de vida.
Ao lado do conceito ampliado de saúde, o Sistema Único de Saúde traz dois outros conceitos importantes: o de
sistema e a ideia de unicidade. A noção de sistema significa que não estamos falando de um novo serviço ou órgão
público, mas de um conjunto de várias instituições, dos três níveis de governo e do setor privado contratado e conve-
niado, que interagem para um fim comum.
Na lógica do sistema público, os serviços contratados e conveniados são seguidos dos mesmos princípios e das
mesmas normas do serviço público. Os elementos integrantes do sistema referem-se, ao mesmo tempo, às atividades
de promoção, proteção e recuperação da saúde.
Esse sistema é único, ou seja, deve ter a mesma doutrina e a mesma forma de organização em todo país. Mas é
preciso compreender bem esta ideia de unicidade. Em um país com tamanha diversidade cultural, econômica e social
como o Brasil, pensar em organizar um sistema sem levar em conta essas diferenças seria uma temeridade.
O que é definido como único na Constituição é um conjunto de elementos doutrinários e de organização do Sis-
tema Único de Saúde, os princípios da universalização, da equidade, da integralidade, da descentralização e da par-
ticipação popular. Esses elementos se relacionam com as peculiaridades e determinações locais, por meio de formas
previstas de aproximação de gerência aos cidadãos, seja com descentralização político-administrativa, seja por meio
do controle social do sistema.
O Sistema Único de Saúde pode, então, ser entendido a partir da seguinte imagem: um núcleo comum (único), que
concentra os princípios doutrinários, e uma forma de organização e operacionalização, os princípios organizativos. A
construção do SUS norteia-se, baseado nos seus preceitos constitucionais, pelas seguintes doutrinas:
• Universalidade: É a garantia de atenção à saúde, por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão (“A saúde é
direito de todos e dever do Estado” – Art. 196 da Constituição Federal de 1988).
Com a universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso a todos os serviços públicos de saúde, assim como
aqueles contratados pelo poder público de saúde, independente de sexo, raça, renda, ocupação ou outras ca-
racterísticas sociais ou pessoais. Saúde é direito de cidadania e dever do Governo: Municipal, Estadual e Federal.
• Equidade: O objetivo da equidade é diminuir desigualdades. Mas isso não significa que a equidade seja sinônima
de igualdade. Apesar de todos terem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e por isso têm necessidades
diferentes. Então, equidade é a garantia a todas as pessoas, em igualdade de condições, ao acesso às ações e
serviços dos diferentes níveis de complexidade do sistema.
O que determinará as ações será a prioridade epidemiológica e não o favorecimento, investindo mais onde a ca-
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
rência é maior. Sendo assim, todos terão as mesmas condições de acesso, more o cidadão onde morar, sem privilégios
e sem barreiras. Todo cidadão é igual perante o SUS e será atendido conforme suas necessidades até o limite do que
o sistema pode oferecer para todos.
• Integralidade: As ações de promoção, proteção e reabilitação da saúde não podem ser fracionadas, sendo assim,
os serviços de saúde devem reconhecer na prática que: se cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma
comunidade, as ações de promoção, proteção e reabilitação da saúde também não podem ser compartimenta-
lizadas, assim como as unidades prestadoras de serviço, com seus diversos graus de complexidade, configuram
um sistema capaz de prestar assistência integral.
1
Ao mesmo tempo, o princípio da integralidade pres- 5) O governo estadual implementa políticas nacio-
supõe a articulação da saúde com outras políticas públi- nais e estaduais, além de organizar o atendimento
cas, como forma de assegurar uma atuação intersetorial à saúde em seu território.A porta de entrada do
entre as diferentes áreas que tenham repercussão na sistema de saúde deve ser preferencialmente a
saúde e qualidade de vida dos indivíduos. atenção básica (postos de saúde, centros de saúde,
Para organizar o SUS a partir dos princípios doutriná- unidades de Saúde da Família, etc.). A partir desse
rios apresentados e considerando-se a ideia de segurida- primeiro atendimento, o cidadão será encaminha-
de social e relevância pública existem algumas diretrizes do para os outros serviços de maior complexidade
que orientam o processo. Na verdade, trata-se de formas da saúde pública (hospitais e clínicas especializa-
de concretizar o SUS na prática. das).
• Regionalização e hierarquização: Os serviços devem 6) O sistema público de saúde funciona de forma re-
ser organizados em níveis de complexidade tecno- ferenciada. Isso ocorre quando o gestor local do
lógica crescente, dispostos em uma área geográ- SUS, não dispondo do serviço de que o usuário
fica delimitada e com a definição da população a necessita, encaminha-o para outra localidade que
ser atendida. oferece o serviço. Esse encaminhamento e a refe-
Planejados a partir de critérios epidemiológicos, rência de atenção à saúde são pactuados entre os
implica na capacidade dos serviços em oferecer a uma municípios
determinada população todas as modalidades de assis- 7) Não há hierarquia entre União, estados e municí-
tência, bem como o acesso a todo tipo de tecnologia dis- pios, mas há competências para cada um desses
ponível, possibilitando alto grau de resolutividade (solu- três gestores do SUS. No âmbito municipal, as po-
líticas são aprovadas pelo CMS – Conselho Munici-
ção de problemas).
pal de Saúde; no âmbito estadual, são negociadas
A rede de serviços, organizada de forma hierarqui-
e pactuadas pela CIB – Comissão IntergestoresBi-
zada e regionalizada, permite um conhecimento maior
partite (composta por representantes das secreta-
da situação de saúde da população da área delimitada,
rias municipais de saúde e secretaria estadual de
favorecendo ações de atenção ambulatorial e hospitalar
saúde) e deliberadas pelo CES – Conselho Estadual
em todos os níveis de complexidade.
de Saúde (composto por vários segmentos da so-
Deve o acesso da população à rede se dar por in-
ciedade: gestores, usuários, profissionais, entida-
termédio dos serviços de nível primário de atenção, que des de classe, etc.); e, por fim, no âmbito federal,
devem estar qualificados para atender e resolver os prin- as políticas do SUS são negociadas e pactuadas na
cipais problemas que demandam os serviços de saúde. CIT – Comissão Intergestores Tripartite (compos-
Os demais deverão ser referenciados para os serviços de ta por representantes do Ministério da Saúde, das
maior complexidade tecnológica. Estes caminhos somam secretarias municipais de saúde e das secretarias
a integralidade da atenção com o controle e a racionali- estaduais de saúde).
dade dos gastos no sistema 8) Os medicamentos básicos são adquiridos pelas
secretarias estaduais e municipais de saúde, de-
Sistemas de Saúde no Brasil pendendo do pacto feito na região. A insulina hu-
mana e os chamados medicamentos estratégicos
1) Todos os estados e municípios devem ter conse- - incluídos em programas específicos, como Saúde
lhos de saúde compostos por representantes dos da Mulher, Tabagismo e Alimentação e Nutrição -
usuários do SUS, dos prestadores de serviços, dos são obtidos pelo Ministério da Saúde. Já os medi-
gestores e dos profissionais de saúde. Os conse- camentos excepcionais (aqueles considerados de
lhos são fiscais da aplicação dos recursos públicos alto custo ou para tratamento continuado, como
em saúde. para pós-transplantados, síndromes – como Doen-
2) A União é o principal financiador da saúde pública ça de Gaucher – e insuficiência renal crônica) são
no país. Historicamente, metade dos gastos é fei- comprados pelas secretarias de saúde e o ressar-
ta pelo governo federal, a outra metade fica por cimento a elas é feito mediante comprovação de
conta dos estados e municípios. A União formula entrega ao paciente. Em média, o governo federal
políticas nacionais, mas a implementação é feita repassa 80% do valor dos medicamentos excep-
por seus parceiros (estados, municípios, ONGs e cionais, dependendo dos preços conseguidos pe-
iniciativa privada) las secretarias de saúde nos processos licitatórios.
3) O município é o principal responsável pela saúde Os medicamentos para DST/Aids são comprados
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
pública de sua população. A partir do Pacto pela pelo ministério e distribuídos para as secretarias de
Saúde, assinado em 2006, o gestor municipal passa saúde.
a assumir imediata ou paulatinamente a plenitude 9) Com o Pacto pela Saúde (2006), os estados e mu-
da gestão das ações e serviços de saúde oferecidos nicípios poderão receber os recursos federais por
em seu território. meio de cinco blocos de financiamento: 1 – Aten-
4) Quando o município não possui todos os servi- ção Básica; 2 – Atenção de Média e Alta Complexi-
ços de saúde, ele pactua (negocia e acerta) com dade; 3 – Vigilância em Saúde; 4 – Assistência Far-
as demais cidades de sua região a forma de aten- macêutica; e 5 – Gestão do SUS. Antes do pacto,
dimento integral à saúde de sua população. Esse havia mais de 100 formas de repasses de recursos
pacto também deve passar pela negociação com financeiros, o que trazia algumas dificuldades para
o gestor estadual sua aplicação.
2
Há hierarquia no Sistema Único de Saúde entre as • Em setembro de 2000, foi editada a Emenda Cons-
unidades da Federação? titucional nº 29.
• O texto assegura a co-participação da União, dos
A relação entre a União, estados e municípios não estados, do Distrito Federal e dos municípios no
possui uma hierarquização. Os entes federados nego- financiamento das ações e serviços de saúde pú-
ciam e entram em acordo sobre ações, serviços, organi- blica.
zação do atendimento e outras relações dentro do sis- • A nova legislação estabeleceu limites mínimos de
tema público de saúde. É o que se chama de pactuação aplicação em saúde para cada unidade federativa.
intergestores. Ela pode ocorrer na Comissão Intergestora • Mas ela precisa ser regulamentada por projeto de
Bipartite (estados e municípios) ou na Comissão Inter- lei complementar que já está em debate no Con-
gestora Tripartite (os três entes federados). gresso Nacional.
O novo texto definirá quais tipos de gastos são da
Qual a responsabilidade financeira do governo fe-
área de saúde e quais não podem ser considerados
deral na área de saúde?
gastos em saúde.
Quanto a União, os estados e municípios devem in-
• A gestão federal da saúde é realizada por meio do
Ministério da Saúde. vestir?
• O governo federal é o principal financiador da rede • A Emenda Constitucional nº 29 estabelece que os
pública de saúde. Historicamente, o Ministério da gastos da União devem ser iguais ao do ano ante-
Saúde aplica metade de todos os recursos gastos rior, corrigidos pela variação nominal do Produto
no país em saúde pública em todo o Brasil. Estados Interno Bruto (PIB).
e municípios, em geral, contribuem com a outra • Os estados devem garantir 12% de suas receitas
metade dos recursos. para o financiamento à saúde.
• O Ministério da Saúde formula políticas nacionais de • Já os municípios precisam aplicar pelo menos 15%
saúde, mas não realiza as ações. Para a realização de suas receitas.
dos projetos, depende de seus parceiros (estados,
municípios, ONGs, fundações, empresas, etc.). Quais são as receitas dos estados?
• Também tem a função de planejar, criar normas,
avaliar e utilizar instrumentos para o controle do Elas são compostas por:
SUS. A) Impostos Estaduais: ICMS, IPVA e ITCMD (sobre he-
• Os estados possuem secretarias específicas para a rança e doações).
gestão de saúde. B) Transferências da União: cota-parte do Fundo de
• O gestor estadual deve aplicar recursos próprios, in- Participação dos Estados (FPE), cota-parte do IPI-
clusive nos municípios, e os repassados pela União. -Exportação, transferências da Lei Complementar
• Além de ser um dos parceiros para a aplicação de nº 87/96 – Lei Kandir.
políticas nacionais de saúde, o estado formula suas C) Imposto de Renda Retido na Fonte.
próprias políticas de saúde. D) Outras Receitas Correntes: receita da dívida ativa
• Ele coordena e planeja o SUS em nível estadual, res- de impostos e multas, juros de mora e correção
peitando a normatização federal. monetária de impostos;
• Os gestores estaduais são responsáveis pela orga-
nização do atendimento à saúde em seu território.
Para onde vão e como são fiscalizados esses recursos?
Qual a responsabilidade do governo municipal na
A Emenda Constitucional nº 29 estabeleceu que de-
área de saúde?
veriam ser criados pelos estados, Distrito Federal e mu-
• A estratégia adotada no país reconhece o município
como o principal responsável pela saúde de sua nicípios os fundos de saúde e os conselhos de saúde. O
população. primeiro recebe os recursos locais e os transferidos pela
• A partir do Pacto pela Saúde, de 2006, o gestor União. O segundo deve acompanhar os gastos e fiscali-
municipal assina um termo de compromisso para zar as aplicações.
assumir integralmente as ações e serviços de seu O que quer dizer transferências “fundo a fundo”?
território. Com a edição da Emenda Constitucional nº 29, fica
• Os municípios possuem secretarias específicas para clara a exigência de que a utilização dos recursos para a
a gestão de saúde. saúde somente será feita por um fundo de saúde. Trans-
• O gestor municipal deve aplicar recursos próprios e ferências fundo a fundo, portanto, são aquelas realiza-
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
os repassados pela União e pelo estado. das entre fundos de saúde (ex.: transferência repassada
• O município formula suas próprias políticas de saú- do Fundo Nacional de Saúde para os fundos estaduais e
de e também é um dos parceiros para a aplicação municipais.
de políticas nacionais e estaduais de saúde. Quem faz parte dos conselhos de saúde?
• Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, Os conselhos são instâncias colegiadas (membros
respeitando a normatização federal e o planeja- têm poderes iguais) e têm uma função deliberativa. Eles
mento estadual. são fóruns que garantem a participação da população na
• Pode estabelecer parcerias com outros municípios fiscalização e formulação de estratégias da aplicação pú-
para garantir o atendimento pleno de sua popu- blica dos recursos de saúde. Os conselhos são formados
lação, para procedimentos de complexidade que por representantes dos usuários do SUS, dos prestadores
estejam acima daqueles que pode oferecer. de serviços, dos gestores e dos profissionais de saúde.
3
Como funciona o atendimento ao SUS? Há um piso para o recebimento de recursos da
atenção básica?
O sistema de atendimento funciona de modo descen-
tralizado e hierarquizado. Trata-se do Piso da Atenção Básica (PAB), que é cal-
culado com base no total da população da cidade. Além
O que quer dizer descentralização? desse piso fixo, o repasse pode ser incrementado con-
forme a adesão do município aos programas do governo
Significa que a gestão do sistema de saúde passa federal. São incentivos, por exemplo, dados ao programa
para os municípios, com a conseqüente transferência de Saúde da Família, no qual cada equipe implementada re-
recursos financeiros pela União, além da cooperação téc- presenta um acréscimo no repasse federal. As transferên-
nica. cias são realizadas fundo a fundo.
Os municípios, então, devem ter todos os serviços de
saúde? Como são feitos os repasses para os serviços hos-
Não. A maior parte deles não tem condições de ofer- pitalares e ambulatoriais?
tar na integralidade os serviços de saúde. Para que o
sistema funcione, é necessário que haja uma estratégia A remuneração é feita por serviços produzidos pelas
regional de atendimento (parceria entre estado e muni- instituições credenciadas no SUS. Elas não precisam ser
cípios) para corrigir essas distorções de acesso. públicas, mas devem estar cadastradas e credenciadas
para realizar os procedimentos pelo serviço público de
Como é feita essa estratégia de atendimento? saúde. O pagamento é feito mediante a apresentação de
• No Sistema Único de Saúde, há o que se chama de fatura, que tem como base uma tabela do Ministério da
referencialização. Na estratégia de atendimento, Saúde que especifica quanto vale cada tipo de procedi-
para cada tipo de enfermidade há um local de re- mento.
ferência para o serviço. A entrada ideal do cidadão Pode-se, então, gastar o quanto se quiser nesse tipo
de procedimento?
na rede de saúde é a atenção básica (postos de
saúde, equipes do Saúde da Família, etc.).
Não. Há um limite para o repasse, o chamado teto
• Um segundo conceito básico do SUS é a hierarqui-
financeiro.
zação da rede. O sistema, portanto, entende que
O teto é calculado com base em dados como popula-
deve haver centros de referência para graus de
ção, perfil epidemiológico e estrutura da rede na região.
complexidade diferentes de serviços.
E os convênios? O que são?
Quanto mais complexos os serviços, eles são organi-
Esse tipo de repasse objetiva a realização de ações
zados na seguinte seqüência: unidades de saúde, muni-
e programas de responsabilidade mútua, de quem dá o
cípio, pólo e região. investimento (concedente) e de quem recebe o dinhei-
ro (convenente). O quanto o segundo vai desembolsar
Como se decide quem vai atender o quê? depende de sua capacidade financeira e do cronograma
físico-financeiro aprovado. Podem fazer convênios com
Os gestores municipais e estaduais verificam quais o Ministério da Saúde os órgãos ou entidades federais,
instrumentos de atendimento possuem (ambulâncias, estaduais e do DistritoFederal, as prefeituras municipais,
postos de saúde, hospitais, etc.). Após a análise da po- as entidades filantrópicas, as organizações não-gover-
tencialidade, traçam um plano regional de serviços. O namentais e outros interessados no financiamento de
acerto ou pactuação irá garantir que o cidadão tenha projetos específicos na área de saúde. Os repasses por
acesso a todos os tipos de procedimentos de saúde. Na convênios significam transferências voluntárias de recur-
prática, uma pessoa que precisa passar por uma cirurgia, sos financeiros (ao contrário das transferências fundo a
mas o seu município não possui atendimento hospita- fundo, que são obrigatórias) e representam menos de
lar, será encaminhada para um hospital de referência em 10% do montante das transferências.
uma cidade vizinha.
Conceito de Saúde
Os municípios têm pleno poder sobre os recursos?
Segundo a Organização Mundial de Saúde- OMS,
Os municípios são incentivados a assumir integral- Saúde é um estado de completo bem estar. A OMS é
mente as ações e serviços de saúde em seu território.
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
4
trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilita-
ção da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e
agravos advindos das condições de trabalho.
Assistência Farmaceútica: Conjunto de ações voltadas
à promoção, proteção e recuperação da saúde individual
e coletiva, tendo os medicamentos como insumos es-
senciais e visando à visibilização do acesso aos mesmos,
assim como de seu uso racional. Envolve a pesquisa, o
desenvolvimento e a produção de medicamentos e in-
sumos, bem como a seleção, programação, aquisição,
distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos
produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de
sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados
concretos e da melhoria da qualidade de vida da popu-
lação.
Lei nº 8.080
nam direta ou indiretamente com a saúde. minantes e condicionantes, entre outros, a alimenta-
ção, a moradia, o saneamento básico, o meio ambien-
Vigilância Epidemiológica: Conjunto de ações que te, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física,
proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços
de qualquer mudança nos fatores determinantes e con- essenciais.
dicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finali- (Redação dada pela Lei nº 12.864, de 2013)
dade de recomendar e adotar as medidas de prevenção
e controle das doenças ou agravos. Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as
Saúde do Trabalhador: Conjunto de atividades que se ações que, por força do disposto no artigo anterior, se
destina, através das ações de vigilância epidemiológica e destinam a garantir às pessoas e à coletividade condi-
vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos ções de bem-estar físico, mental e social.
5
TÍTULO II § 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto
DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR à saúde e de intervir nos problemas sanitários decor-
rentes do meio ambiente, da produção e circulação de
Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, pres- bens e da prestação de serviços de interesse da saúde,
tados por órgãos e instituições públicas federais, esta- abrangendo:
duais e municipais, da Administração direta e indireta I - o controle de bens de consumo que, direta ou in-
e das fundações mantidas pelo Poder Público, consti- diretamente, se relacionem com a saúde, compreen-
tui o Sistema Único de Saúde (SUS). didas todas as etapas e processos, da produção ao
§ 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as ins- consumo; e
tituições públicas federais, estaduais e municipais de II - o controle da prestação de serviços que se relacio-
controle de qualidade, pesquisa e produção de insu- nam direta ou indiretamente com a saúde.
mos, medicamentos, inclusive de sangue e hemoderi- § 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um
vados, e de equipamentos para saúde. conjunto de ações que proporcionam o conhecimento,
§ 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos
Único de Saúde (SUS), em caráter complementar. fatores determinantes e condicionantes de saúde indi-
vidual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e
CAPÍTULO I adotar as medidas de prevenção e controle das doen-
Dos Objetivos e Atribuições ças ou agravos.
§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins
Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS: desta lei, um conjunto de atividades que se destina,
I - a identificação e divulgação dos fatores condicio- através das ações de vigilância epidemiológica e vigi-
lância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos
nantes e determinantes da saúde;
trabalhadores, assim como visa à recuperação e rea-
II - a formulação de política de saúde destinada a
bilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos
promover, nos campos econômico e social, a obser-
riscos e agravos advindos das condições de trabalho,
vância do disposto no § 1º do art. 2º desta lei;
abrangendo:
III - a assistência às pessoas por intermédio de ações
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de
de promoção, proteção e recuperação da saúde, com
trabalho ou portador de doença profissional e do tra-
a realização integrada das ações assistenciais e das
balho;
atividades preventivas.
II - participação, no âmbito de competência do Sis-
tema Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas,
Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à
Sistema Único de Saúde (SUS): saúde existentes no processo de trabalho;
I - a execução de ações: III - participação, no âmbito de competência do Siste-
a) de vigilância sanitária; ma Único de Saúde (SUS), da normatização, fiscaliza-
b) de vigilância epidemiológica; ção e controle das condições de produção, extração,
c) de saúde do trabalhador; e armazenamento, transporte, distribuição e manuseio
d) de assistência terapêutica integral, inclusive far- de substâncias, de produtos, de máquinas e de equi-
macêutica; pamentos que apresentam riscos à saúde do traba-
II - a participação na formulação da política e na exe- lhador;
cução de ações de saneamento básico; IV - avaliação do impacto que as tecnologias provo-
III - a ordenação da formação de recursos humanos cam à saúde;
na área de saúde; V - informação ao trabalhador e à sua respectiva en-
IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar; tidade sindical e às empresas sobre os riscos de aci-
V - a colaboração na proteção do meio ambiente, dentes de trabalho, doença profissional e do trabalho,
nele compreendido o do trabalho; bem como os resultados de fiscalizações, avaliações
VI - a formulação da política de medicamentos, equi- ambientais e exames de saúde, de admissão, perió-
pamentos, imunobiológicos e outros insumos de inte- dicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética
resse para a saúde e a participação na sua produção; profissional;
VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e VI - participação na normatização, fiscalização e con-
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
substâncias de interesse para a saúde; trole dos serviços de saúde do trabalhador nas institui-
VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e ções e empresas públicas e privadas;
bebidas para consumo humano; VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças
IX - a participação no controle e na fiscalização da originadas no processo de trabalho, tendo na sua ela-
produção, transporte, guarda e utilização de substân- boração a colaboração das entidades sindicais; e
cias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de re-
X - o incremento, em sua área de atuação, do desen- querer ao órgão competente a interdição de máquina,
volvimento científico e tecnológico; de setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho,
XI - a formulação e execução da política de sangue e quando houver exposição a risco iminente para a vida
seus derivados. ou saúde dos trabalhadores.
6
CAPÍTULO II Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é
Dos Princípios e Diretrizes única, de acordo com o inciso I do art. 198 da Consti-
tuição Federal, sendo exercida em cada esfera de go-
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os ser- verno pelos seguintes órgãos:
viços privados contratados ou conveniados que in- I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;
tegram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desen- II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela
volvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e
198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secreta-
seguintes princípios: ria de Saúde ou órgão equivalente.
I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em
todos os níveis de assistência; Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios
II - integralidade de assistência, entendida como con- para desenvolver em conjunto as ações e os serviços
junto articulado e contínuo das ações e serviços pre- de saúde que lhes correspondam.
ventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos § 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermu-
para cada caso em todos os níveis de complexidade nicipais o princípio da direção única, e os respectivos
do sistema; atos constitutivos disporão sobre sua observância.
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa § 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde
de sua integridade física e moral; (SUS), poderá organizar-se em distritos de forma a in-
IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconcei- tegrar e articular recursos, técnicas e práticas voltadas
tos ou privilégios de qualquer espécie; para a cobertura total das ações de saúde.
V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre
sua saúde; Art. 11. (Vetado).
VI - divulgação de informações quanto ao potencial
dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âm-
VII - utilização da epidemiologia para o estabele- bito nacional, subordinadas ao Conselho Nacional de
cimento de prioridades, a alocação de recursos e a Saúde, integradas pelos Ministérios e órgãos compe-
orientação programática; tentes e por entidades representativas da sociedade
VIII - participação da comunidade; civil.
IX - descentralização político-administrativa, com di-
reção única em cada esfera de governo: Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a
a) ênfase na descentralização dos serviços para os finalidade de articular políticas e programas de inte-
municípios; resse para a saúde, cuja execução envolva áreas não
b) regionalização e hierarquização da rede de serviços compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde
de saúde; (SUS).
X - integração em nível executivo das ações de saúde,
meio ambiente e saneamento básico; Art. 13. A articulação das políticas e programas, a car-
XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, go das comissões intersetoriais, abrangerá, em espe-
materiais e humanos da União, dos Estados, do Distri- cial, as seguintes atividades:
to Federal e dos Municípios na prestação de serviços I - alimentação e nutrição;
de assistência à saúde da população; II - saneamento e meio ambiente;
XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia;
níveis de assistência; e IV - recursos humanos;
XIII - organização dos serviços públicos de modo a evi- V - ciência e tecnologia; e
tar duplicidade de meios para fins idênticos. VI - saúde do trabalhador.
XIV – organização de atendimento público específico
e especializado para mulheres e vítimas de violência Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes
doméstica em geral, que garanta, entre outros, aten- de integração entre os serviços de saúde e as institui-
dimento, acompanhamento psicológico e cirurgias ções de ensino profissional e superior.
plásticas reparadoras, em conformidade com a Lei nº Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por
12.845, de 1º de agosto de 2013. (Redação dada finalidade propor prioridades, métodos e estratégias
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
pela Lei nº 13.427, de 2017) para a formação e educação continuada dos recursos
humanos do Sistema Único de Saúde (SUS), na esfera
CAPÍTULO III correspondente, assim como em relação à pesquisa e
Da Organização, da Direção e da Gestão à cooperação técnica entre essas instituições.
Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e Tri-
Sistema Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou partite são reconhecidas como foros de negociação e
mediante participação complementar da iniciativa pactuação entre gestores, quanto aos aspectos ope-
privada, serão organizados de forma regionalizada e racionais do Sistema Único de Saúde (SUS). (Incluído
hierarquizada em níveis de complexidade crescente. pela Lei nº 12.466, de 2011)
7
Parágrafo único. A atuação das Comissões Interges- VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento
tores Bipartite e Tripartite terá por objetivo: (Incluído de padrões de qualidade para promoção da saúde do
pela Lei nº 12.466, de 2011) trabalhador;
I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e VII - participação de formulação da política e da exe-
administrativos da gestão compartilhada do SUS, em cução das ações de saneamento básico e colaboração
conformidade com a definição da política consubstan- na proteção e recuperação do meio ambiente;
ciada em planos de saúde, aprovados pelos conselhos VIII - elaboração e atualização periódica do plano de
de saúde; (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011) saúde;
II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e IX - participação na formulação e na execução da po-
intermunicipal, a respeito da organização das redes de lítica de formação e desenvolvimento de recursos hu-
ações e serviços de saúde, principalmente no tocante à manos para a saúde;
sua governança institucional e à integração das ações X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema
e serviços dos entes federados; (Incluído pela Lei nº Único de Saúde (SUS), de conformidade com o plano
12.466, de 2011) de saúde;
III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito XI - elaboração de normas para regular as atividades
sanitário, integração de territórios, referência e con- de serviços privados de saúde, tendo em vista a sua
trarreferência e demais aspectos vinculados à integra- relevância pública;
ção das ações e serviços de saúde entre os entes fede- XII - realização de operações externas de natureza fi-
rados. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011) nanceira de interesse da saúde, autorizadas pelo Se-
Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saú- nado Federal;
de (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Mu- XIII - para atendimento de necessidades coletivas, ur-
nicipais de Saúde (Conasems) são reconhecidos como gentes e transitórias, decorrentes de situações de pe-
entidades representativas dos entes estaduais e mu- rigo iminente, de calamidade pública ou de irrupção
nicipais para tratar de matérias referentes à saúde e de epidemias, a autoridade competente da esfera ad-
declarados de utilidade pública e de relevante função ministrativa correspondente poderá requisitar bens e
social, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas,
12.466, de 2011) sendo-lhes assegurada justa indenização;
§ 1º O Conass e o Conasems receberão recursos do or- XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue,
çamento geral da União por meio do Fundo Nacional Componentes e Derivados;
de Saúde, para auxiliar no custeio de suas despesas XV - propor a celebração de convênios, acordos e pro-
institucionais, podendo ainda celebrar convênios com tocolos internacionais relativos à saúde, saneamento
a União. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011) e meio ambiente;
§ 2º Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde XVI - elaborar normas técnico-científicas de promo-
(Cosems) são reconhecidos como entidades que re- ção, proteção e recuperação da saúde;
presentam os entes municipais, no âmbito estadual, XVII - promover articulação com os órgãos de fisca-
para tratar de matérias referentes à saúde, desde que lização do exercício profissional e outras entidades
vinculados institucionalmente ao Conasems, na forma representativas da sociedade civil para a definição e
que dispuserem seus estatutos. (Incluído pela Lei nº controle dos padrões éticos para pesquisa, ações e ser-
12.466, de 2011) viços de saúde;
XVIII - promover a articulação da política e dos planos
CAPÍTULO IV de saúde;
Da Competência e das Atribuições XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde;
Seção I XX - definir as instâncias e mecanismos de controle
Das Atribuições Comuns e fiscalização inerentes ao poder de polícia sanitária;
XXI - fomentar, coordenar e executar programas e
Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os projetos estratégicos e de atendimento emergencial.
Municípios exercerão, em seu âmbito administrativo,
as seguintes atribuições: Seção II
I - definição das instâncias e mecanismos de contro- Da Competência
le, avaliação e de fiscalização das ações e serviços de
saúde; Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
8
b) de rede de laboratórios de saúde pública; Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde
c) de vigilância epidemiológica; e (SUS) compete:
d) vigilância sanitária; I - promover a descentralização para os Municípios
IV - participar da definição de normas e mecanismos dos serviços e das ações de saúde;
de controle, com órgão afins, de agravo sobre o meio II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierar-
ambiente ou dele decorrentes, que tenham repercus- quizadas do Sistema Único de Saúde (SUS);
são na saúde humana; III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios
V - participar da definição de normas, critérios e pa- e executar supletivamente ações e serviços de saúde;
drões para o controle das condições e dos ambientes IV - coordenar e, em caráter complementar, executar
de trabalho e coordenar a política de saúde do traba- ações e serviços:
lhador; a) de vigilância epidemiológica;
VI - coordenar e participar na execução das ações de b) de vigilância sanitária;
vigilância epidemiológica; c) de alimentação e nutrição; e
VII - estabelecer normas e executar a vigilância sa- d) de saúde do trabalhador;
nitária de portos, aeroportos e fronteiras, podendo a V - participar, junto com os órgãos afins, do controle
execução ser complementada pelos Estados, Distrito dos agravos do meio ambiente que tenham repercus-
Federal e Municípios; são na saúde humana;
VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para VI - participar da formulação da política e da execu-
o controle da qualidade sanitária de produtos, subs- ção de ações de saneamento básico;
tâncias e serviços de consumo e uso humano; VII - participar das ações de controle e avaliação das
IX - promover articulação com os órgãos educacionais condições e dos ambientes de trabalho;
e de fiscalização do exercício profissional, bem como VIII - em caráter suplementar, formular, executar,
com entidades representativas de formação de recur- acompanhar e avaliar a política de insumos e equipa-
sos humanos na área de saúde; mentos para a saúde;
X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na IX - identificar estabelecimentos hospitalares de refe-
execução da política nacional e produção de insumos
rência e gerir sistemas públicos de alta complexidade,
e equipamentos para a saúde, em articulação com os
de referência estadual e regional;
demais órgãos governamentais;
X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde
XI - identificar os serviços estaduais e municipais de
pública e hemocentros, e gerir as unidades que per-
referência nacional para o estabelecimento de pa-
maneçam em sua organização administrativa;
drões técnicos de assistência à saúde;
XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para
XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
o controle e avaliação das ações e serviços de saúde;
substâncias de interesse para a saúde;
XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Esta- XII - formular normas e estabelecer padrões, em ca-
dos, ao Distrito Federal e aos Municípios para o aper- ráter suplementar, de procedimentos de controle de
feiçoamento da sua atuação institucional; qualidade para produtos e substâncias de consumo
XIV - elaborar normas para regular as relações entre humano;
o Sistema Único de Saúde (SUS) e os serviços privados XIII - colaborar com a União na execução da vigilância
contratados de assistência à saúde; sanitária de portos, aeroportos e fronteiras;
XV - promover a descentralização para as Unidades XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação
Federadas e para os Municípios, dos serviços e ações dos indicadores de morbidade e mortalidade no âm-
de saúde, respectivamente, de abrangência estadual e bito da unidade federada.
municipal;
XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Siste- Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde
ma Nacional de Sangue, Componentes e Derivados; (SUS) compete:
XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os
serviços de saúde, respeitadas as competências esta- serviços de saúde e gerir e executar os serviços públi-
duais e municipais; cos de saúde;
XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional II - participar do planejamento, programação e orga-
no âmbito do SUS, em cooperação técnica com os Es- nização da rede regionalizada e hierarquizada do Sis-
tados, Municípios e Distrito Federal; tema Único de Saúde (SUS), em articulação com sua
XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e direção estadual;
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
coordenar a avaliação técnica e financeira do SUS em III - participar da execução, controle e avaliação das
todo o Território Nacional em cooperação técnica com ações referentes às condições e aos ambientes de tra-
os Estados, Municípios e Distrito Federal. (Vide Decreto balho;
nº 1.651, de 1995) IV - executar serviços:
a) de vigilância epidemiológica;
Parágrafo único. A União poderá executar ações de vi- b) vigilância sanitária;
gilância epidemiológica e sanitária em circunstâncias c) de alimentação e nutrição;
especiais, como na ocorrência de agravos inusitados d) de saneamento básico; e
à saúde, que possam escapar do controle da direção e) de saúde do trabalhador;
estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou que re- V - dar execução, no âmbito municipal, à política de
presentem risco de disseminação nacional. insumos e equipamentos para a saúde;
9
VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio § 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo
ambiente que tenham repercussão sobre a saúde hu- terá como base os Distritos Sanitários Especiais Indí-
mana e atuar, junto aos órgãos municipais, estaduais genas. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
e federais competentes, para controlá-las; § 2o O SUS servirá de retaguarda e referência ao Sub-
VII - formar consórcios administrativos intermunicipais; sistema de Atenção à Saúde Indígena, devendo, para
VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocen- isso, ocorrer adaptações na estrutura e organização
tros; do SUS nas regiões onde residem as populações indí-
IX - colaborar com a União e os Estados na execução genas, para propiciar essa integração e o atendimento
da vigilância sanitária de portos, aeroportos e fron- necessário em todos os níveis, sem discriminações. (In-
teiras; cluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar § 3o As populações indígenas devem ter acesso garan-
contratos e convênios com entidades prestadoras de tido ao SUS, em âmbito local, regional e de centros es-
serviços privados de saúde, bem como controlar e ava-
pecializados, de acordo com suas necessidades, com-
liar sua execução;
preendendo a atenção primária, secundária e terciária
XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos servi-
à saúde. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
ços privados de saúde;
Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a
XII - normatizar complementarmente as ações e servi-
ços públicos de saúde no seu âmbito de atuação. participar dos organismos colegiados de formulação,
Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições acompanhamento e avaliação das políticas de saúde,
reservadas aos Estados e aos Municípios. tais como o Conselho Nacional de Saúde e os Conse-
lhos Estaduais e Municipais de Saúde, quando for o
CAPÍTULO V caso. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
Do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (In-
cluído pela Lei nº 9.836, de 1999) CAPÍTULO VI
DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO E INTERNA-
Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para ÇÃO DOMICILIAR
o atendimento das populações indígenas, em todo o (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
território nacional, coletiva ou individualmente, obe-
decerão ao disposto nesta Lei. (Incluído pela Lei nº Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema
9.836, de 1999) Único de Saúde, o atendimento domiciliar e a interna-
ção domiciliar. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à § 1º Na modalidade de assistência de atendimento e
Saúde Indígena, componente do Sistema Único de internação domiciliares incluem-se, principalmente,
Saúde – SUS, criado e definido por esta Lei, e pela Lei os procedimentos médicos, de enfermagem, fisiotera-
nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, com o qual fun- pêuticos, psicológicos e de assistência social, entre ou-
cionará em perfeita integração. (Incluído pela Lei nº tros necessários ao cuidado integral dos pacientes em
9.836, de 1999) seu domicílio. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios, § 2º O atendimento e a internação domiciliares serão
financiar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. realizados por equipes multidisciplinares que atuarão
(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) nos níveis da medicina preventiva, terapêutica e rea-
Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsis- bilitadora. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
tema instituído por esta Lei com os órgãos responsá-
§ 3º O atendimento e a internação domiciliares só
veis pela Política Indígena do País. (Incluído pela Lei
poderão ser realizados por indicação médica, com
nº 9.836, de 1999)
expressa concordância do paciente e de sua família.
Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições
(Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
governamentais e não-governamentais poderão atuar
complementarmente no custeio e execução das ações.
(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) CAPÍTULO VII
Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em con- DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO DU-
sideração a realidade local e as especificidades da cul- RANTE O TRABALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-
tura dos povos indígenas e o modelo a ser adotado -PARTO IMEDIATO (Incluído pela Lei nº 11.108, de
2005)
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
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§ 2º As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de
dos direitos de que trata este artigo constarão do regu- forma suplementar, com base nas relações de medica-
lamento da lei, a ser elaborado pelo órgão competente mentos instituídas pelos gestores estaduais do SUS, e
do Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada
Art. 19-L. (Vetado) (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) na Comissão Intergestores Bipartite; (Incluído pela Lei
nº 12.401, de 2011)
CAPÍTULO VIII
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) III - no âmbito de cada Município, de forma suple-
DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E DA INCORPORA- mentar, com base nas relações de medicamentos ins-
ÇÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE tituídas pelos gestores municipais do SUS, e a responsa-
bilidade pelo fornecimento será pactuada no Conselho
Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se Municipal de Saúde. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
refere a alínea d do inciso I do art. 6o consiste em:
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração
I - dispensação de medicamentos e produtos de in- pelo SUS de novos medicamentos, produtos e proce-
teresse para a saúde, cuja prescrição esteja em con- dimentos, bem como a constituição ou a alteração de
formidade com as diretrizes terapêuticas definidas em protocolo clínico ou de diretriz terapêutica, são atri-
protocolo clínico para a doença ou o agravo à saúde buições do Ministério da Saúde, assessorado pela Co-
a ser tratado ou, na falta do protocolo, em conformi-
missão Nacional de Incorporação de Tecnologias no
dade com o disposto no art. 19-P; (Incluído pela Lei nº
SUS. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
12.401, de 2011)
§ 1o A Comissão Nacional de Incorporação de Tecno-
II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime
domiciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de ta- logias no SUS, cuja composição e regimento são defi-
belas elaboradas pelo gestor federal do Sistema Único nidos em regulamento, contará com a participação de
de Saúde - SUS, realizados no território nacional por 1 (um) representante indicado pelo Conselho Nacional
serviço próprio, conveniado ou contratado. de Saúde e de 1 (um) representante, especialista na
Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são área, indicado pelo Conselho Federal de Medicina. (In-
adotadas as seguintes definições: cluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próte-
ses, bolsas coletoras e equipamentos médicos; § 2o O relatório da Comissão Nacional de Incorpo-
II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento ração de Tecnologias no SUS levará em considera-
que estabelece critérios para o diagnóstico da doen- ção, necessariamente: (Incluído pela Lei nº 12.401, de
ça ou do agravo à saúde; o tratamento preconizado, 2011)
com os medicamentos e demais produtos apropriados, I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia,
quando couber; as posologias recomendadas; os me- a efetividade e a segurança do medicamento, produ-
canismos de controle clínico; e o acompanhamento to ou procedimento objeto do processo, acatadas pelo
e a verificação dos resultados terapêuticos, a serem órgão competente para o registro ou a autorização de
seguidos pelos gestores do SUS. (Incluído pela Lei nº uso; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
12.401, de 2011) II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios
Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes te- e dos custos em relação às tecnologias já incorpora-
rapêuticas deverão estabelecer os medicamentos ou das, inclusive no que se refere aos atendimentos do-
produtos necessários nas diferentes fases evolutivas miciliar, ambulatorial ou hospitalar, quando cabível.
da doença ou do agravo à saúde de que tratam, bem (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
como aqueles indicados em casos de perda de eficá-
cia e de surgimento de intolerância ou reação adversa Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a
relevante, provocadas pelo medicamento, produto ou que se refere o art. 19-Q serão efetuadas mediante
procedimento de primeira escolha. (Incluído pela Lei
a instauração de processo administrativo, a ser con-
nº 12.401, de 2011)
cluído em prazo não superior a 180 (cento e oitenta)
Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos
dias, contado da data em que foi protocolado o pedi-
ou produtos de que trata o caput deste artigo serão
aqueles avaliados quanto à sua eficácia, segurança, do, admitida a sua prorrogação por 90 (noventa) dias
efetividade e custo-efetividade para as diferentes fases corridos, quando as circunstâncias exigirem. (Incluído
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
evolutivas da doença ou do agravo à saúde de que tra- pela Lei nº 12.401, de 2011)
ta o protocolo. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) § 1o O processo de que trata o caput deste artigo ob-
servará, no que couber, o disposto na Lei no 9.784, de
Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz 29 de janeiro de 1999, e as seguintes determinações
terapêutica, a dispensação será realizada: (Incluído especiais: (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
pela Lei nº 12.401, de 2011)
I - com base nas relações de medicamentos instituídas I - apresentação pelo interessado dos documentos e,
pelo gestor federal do SUS, observadas as competên- se cabível, das amostras de produtos, na forma do re-
cias estabelecidas nesta Lei, e a responsabilidade pelo gulamento, com informações necessárias para o aten-
fornecimento será pactuada na Comissão Intergesto- dimento do disposto no § 2o do art. 19-Q; (Incluído
res Tripartite; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) pela Lei nº 12.401, de 2011)
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II – (Vetado); (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital espe-
cializado, policlínica, clínica geral e clínica especiali-
III - realização de consulta pública que inclua a divul- zada; e (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
gação do parecer emitido pela Comissão Nacional de b) ações e pesquisas de planejamento familiar; (In-
Incorporação de Tecnologias no SUS; (Incluído pela Lei cluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
nº 12.401, de 2011) III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrati-
IV - realização de audiência pública, antes da toma- va, por empresas, para atendimento de seus emprega-
da de decisão, se a relevância da matéria justificar o dos e dependentes, sem qualquer ônus para a segurida-
evento. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) de social; e (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
IV - demais casos previstos em legislação específica.
§ 2o (Vetado). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insu-
do SUS: (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) ficientes para garantir a cobertura assistencial à po-
I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de pulação de uma determinada área, o Sistema Único
medicamento, produto e procedimento clínico ou ci- de Saúde (SUS) poderá recorrer aos serviços ofertados
rúrgico experimental, ou de uso não autorizado pela pela iniciativa privada.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA;
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Parágrafo único. A participação complementar dos
II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou serviços privados será formalizada mediante contra-
o reembolso de medicamento e produto, nacional ou to ou convênio, observadas, a respeito, as normas de
importado, sem registro na Anvisa.” direito público.
Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo forneci-
mento de medicamentos, produtos de interesse para Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades
a saúde ou procedimentos de que trata este Capítulo filantrópicas e as sem fins lucrativos terão preferência
será pactuada na Comissão Intergestores Tripartite. para participar do Sistema Único de Saúde (SUS).
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de
serviços e os parâmetros de cobertura assistencial serão
TÍTULO III estabelecidos pela direção nacional do Sistema Único de
DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙ- Saúde (SUS), aprovados no Conselho Nacional de Saúde.
DE CAPÍTULO I
Do Funcionamento § 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de rea-
juste e de pagamento da remuneração aludida neste
Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde artigo, a direção nacional do Sistema Único de Saúde
caracterizam-se pela atuação, por iniciativa própria, (SUS) deverá fundamentar seu ato em demonstrativo
de profissionais liberais, legalmente habilitados, e de econômico-financeiro que garanta a efetiva qualidade
pessoas jurídicas de direito privado na promoção, pro- de execução dos serviços contratados.
teção e recuperação da saúde. § 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às nor-
mas técnicas e administrativas e aos princípios e di-
Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa pri- retrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), mantido o
vada. equilíbrio econômico e financeiro do contrato.
§ 3° (Vetado).
Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistên- § 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de
cia à saúde, serão observados os princípios éticos e as entidades ou serviços contratados é vedado exercer
normas expedidas pelo órgão de direção do Sistema cargo de chefia ou função de confiança no Sistema
Único de Saúde (SUS) quanto às condições para seu Único de Saúde (SUS).
funcionamento.
TÍTULO IV
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
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III – (Vetado) § 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Úni-
IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços co de Saúde (SUS) serão creditadas diretamente em
do Sistema Único de Saúde (SUS). contas especiais, movimentadas pela sua direção, na
esfera de poder onde forem arrecadadas.
Parágrafo único. Os serviços públicos que integram § 3º As ações de saneamento que venham a ser exe-
o Sistema Único de Saúde (SUS) constituem campo cutadas supletivamente pelo Sistema Único de Saúde
de prática para ensino e pesquisa, mediante normas (SUS), serão financiadas por recursos tarifários espe-
específicas, elaboradas conjuntamente com o sistema cíficos e outros da União, Estados, Distrito Federal,
educacional. Municípios e, em particular, do Sistema Financeiro da
Habitação (SFH).
Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e as- § 4º (Vetado).
sessoramento, no âmbito do Sistema Único de Saúde § 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento
(SUS), só poderão ser exercidas em regime de tempo científico e tecnológico em saúde serão co-financiadas
integral. pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pelas universida-
des e pelo orçamento fiscal, além de recursos de ins-
§ 1° Os servidores que legalmente acumulam dois tituições de fomento e financiamento ou de origem
cargos ou empregos poderão exercer suas atividades externa e receita própria das instituições executoras.
em mais de um estabelecimento do Sistema Único de § 6º (Vetado).
Saúde (SUS).
§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se tam- CAPÍTULO II
bém aos servidores em regime de tempo integral, com Da Gestão Financeira
exceção dos ocupantes de cargos ou função de chefia,
direção ou assessoramento. Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de
Saúde (SUS) serão depositados em conta especial, em
Art. 29. (Vetado). cada esfera de sua atuação, e movimentados sob fis-
calização dos respectivos Conselhos de Saúde.
§ 1º Na esfera federal, os recursos financeiros, origi-
Art. 30. As especializações na forma de treinamento nários do Orçamento da Seguridade Social, de outros
em serviço sob supervisão serão regulamentadas por Orçamentos da União, além de outras fontes, serão
Comissão Nacional, instituída de acordo com o art. 12 administrados pelo Ministério da Saúde, através do
desta Lei, garantida a participação das entidades pro- Fundo Nacional de Saúde.
fissionais correspondentes. § 2º (Vetado).
§ 3º (Vetado).
TÍTULO V § 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de
DO FINANCIAMENTO seu sistema de auditoria, a conformidade à programa-
CAPÍTULO I ção aprovada da aplicação dos recursos repassados a
Dos Recursos Estados e Municípios. Constatada a malversação, des-
vio ou não aplicação dos recursos, caberá ao Ministé-
Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará rio da Saúde aplicar as medidas previstas em lei.
ao Sistema Único de Saúde (SUS) de acordo com a Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição
receita estimada, os recursos necessários à realização da receita efetivamente arrecadada transferirão au-
de suas finalidades, previstos em proposta elaborada tomaticamente ao Fundo Nacional de Saúde (FNS),
pela sua direção nacional, com a participação dos observado o critério do parágrafo único deste artigo,
órgãos da Previdência Social e da Assistência Social, os recursos financeiros correspondentes às dotações
tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a
na Lei de Diretrizes Orçamentárias. projetos e atividades a serem executados no âmbito
Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).
provenientes de: Parágrafo único. Na distribuição dos recursos finan-
I – (Vetado) ceiros da Seguridade Social será observada a mesma
II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da proporção da despesa prevista de cada área, no Orça-
assistência à saúde; mento da Seguridade Social.
III - ajuda, contribuições, doações e donativos; Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
13
VI - previsão do plano qüinqüenal de investimentos § 7º (Vetado).
da rede; § 8º O acesso aos serviços de informática e bases de
VII - ressarcimento do atendimento a serviços presta- dados, mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Mi-
dos para outras esferas de governo. nistério do Trabalho e da Previdência Social, será asse-
gurado às Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde
§ 1º (Revogado pela Lei Complementar nº 141, de ou órgãos congêneres, como suporte ao processo de
2012) (Vide Lei nº 8.142, de 1990) gestão, de forma a permitir a gerencia informatizada
§ 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a no- das contas e a disseminação de estatísticas sanitárias
tório processo de migração, os critérios demográficos e epidemiológicas médico-hospitalares.
mencionados nesta lei serão ponderados por outros
indicadores de crescimento populacional, em especial Art. 40. (Vetado).
o número de eleitores registrados.
§ 3º (Vetado). Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das
§ 4º (Vetado). Pioneiras Sociais e pelo Instituto Nacional do Cân-
§ 5º (Vetado). cer, supervisionadas pela direção nacional do Sistema
§ 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a Único de Saúde (SUS), permanecerão como referencial
atuação dos órgãos de controle interno e externo e nem a de prestação de serviços, formação de recursos huma-
aplicação de penalidades previstas em lei, em caso de irre- nos e para transferência de tecnologia.
gularidades verificadas na gestão dos recursos transferidos.
Art. 42. (Vetado).
CAPÍTULO III
Do Planejamento e do Orçamento Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde
fica preservada nos serviços públicos contratados, res-
Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sis- salvando-se as cláusulas dos contratos ou convênios
tema Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível local estabelecidos com as entidades privadas.
até o federal, ouvidos seus órgãos deliberativos, compati-
bilizando-se as necessidades da política de saúde com a Art. 44. (Vetado).
disponibilidade de recursos em planos de saúde dos Mu-
nicípios, dos Estados, do Distrito Federal e da União.
Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universi-
tários e de ensino integram-se ao Sistema Único de
§ 1º Os planos de saúde serão a base das atividades
Saúde (SUS), mediante convênio, preservada a sua
e programações de cada nível de direção do Sistema
autonomia administrativa, em relação ao patrimônio,
Único de Saúde (SUS), e seu financiamento será pre-
aos recursos humanos e financeiros, ensino, pesquisa
visto na respectiva proposta orçamentária.
e extensão nos limites conferidos pelas instituições a
§ 2º É vedada a transferência de recursos para o finan-
que estejam vinculados.
ciamento de ações não previstas nos planos de saúde,
exceto em situações emergenciais ou de calamidade § 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e
pública, na área de saúde. municipais de previdência social deverão integrar-se
à direção correspondente do Sistema Único de Saúde
Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá (SUS), conforme seu âmbito de atuação, bem como
as diretrizes a serem observadas na elaboração dos quaisquer outros órgãos e serviços de saúde.
planos de saúde, em função das características epi- § 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os
demiológicas e da organização dos serviços em cada serviços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-
jurisdição administrativa. -se ao Sistema Único de Saúde (SUS), conforme se dis-
Art. 38. Não será permitida a destinação de subven- puser em convênio que, para esse fim, for firmado.
ções e auxílios a instituições prestadoras de serviços de Art. 46. O Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá
saúde com finalidade lucrativa. mecanismos de incentivos à participação do setor pri-
vado no investimento em ciência e tecnologia e estimu-
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS lará a transferência de tecnologia das universidades e
institutos de pesquisa aos serviços de saúde nos Estados,
Art. 39. (Vetado). Distrito Federal e Municípios, e às empresas nacionais.
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
§ 1º (Vetado).
§ 2º (Vetado). Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com
§ 3º (Vetado). os níveis estaduais e municipais do Sistema Único de
§ 4º (Vetado). Saúde (SUS), organizará, no prazo de dois anos, um
§ 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do sistema nacional de informações em saúde, integrado
Inamps para órgãos integrantes do Sistema Único de em todo o território nacional, abrangendo questões
Saúde (SUS) será feita de modo a preservá-los como epidemiológicas e de prestação de serviços.
patrimônio da Seguridade Social.
§ 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior se- Art. 48. (Vetado).
rão inventariados com todos os seus acessórios, equi- Art. 49. (Vetado).
pamentos e outros
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Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os § 4° A representação dos usuários nos Conselhos de
Municípios, celebrados para implantação dos Sistemas Saúde e Conferências será paritária em relação ao
Unificados e Descentralizados de Saúde, ficarão res- conjunto dos demais segmentos.
cindidos à proporção que seu objeto for sendo absor- § 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saú-
vido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). de terão sua organização e normas de funcionamento
definidas em regimento próprio, aprovadas pelo res-
Art. 51. (Vetado). pectivo conselho.
Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, cons- Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS)
titui crime de emprego irregular de verbas ou rendas serão alocados como:
públicas (Código Penal, art. 315) a utilização de recur- I - despesas de custeio e de capital do Ministério da
sos financeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) em Saúde, seus órgãos e entidades, da administração di-
finalidades diversas das previstas nesta lei. reta e indireta;
Art. 53. (Vetado). II - investimentos previstos em lei orçamentária, de
iniciativa do Poder Legislativo e aprovados pelo Con-
Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publi-
gresso Nacional;
cação.
III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do
Art. 55. São revogadas a Lei nº 2.312, de 3 de setem- Ministério da Saúde;
bro de 1954, a Lei nº 6.229, de 17 de julho de 1975, e IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem im-
demais disposições em contrário. plementados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal.
Brasília, 19 de setembro de 1990; 169º da Indepen-
dência e 102º da República. Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV
FERNANDO COLLOR deste artigo destinar-se-ão a investimentos na rede de
Alceni Guerra serviços, à cobertura assistencial ambulatorial e hos-
pitalar e às demais ações de saúde.
LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO 1990 Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° des-
ta lei serão repassados de forma regular e automática
Dispõe sobre a participação da comunidade na ges- para os Municípios, Estados e Distrito Federal, de acor-
tão do Sistema Único de Saúde (SUS} e sobre as transfe- do com os critérios previstos no art. 35 da Lei nº 8.080,
rências intergovernamentais de recursos financeiros na de 19 de setembro de 1990.
área da saúde e dá outras providências.
O Presidente da República, faço saber que o Congres- § 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos
so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: critérios previstos no art. 35 da Lei nº 8.080, de 19 de
setembro de 1990, será utilizado, para o repasse de
Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata recursos, exclusivamente o critério estabelecido no §
a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, 1° do mesmo artigo.
em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções § 2° Os recursos referidos neste artigo serão destina-
do Poder Legislativo, com as seguintes instâncias co- dos, pelo menos setenta por cento, aos Municípios,
legiadas: afetando-se o restante aos Estados.
I - a Conferência de Saúde; e § 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para
II - o Conselho de Saúde. execução de ações e serviços de saúde, remanejando,
entre si, parcelas de recursos previstos no inciso IV do
§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada qua-
art. 2° desta lei.
tro anos com a representação dos vários segmentos
Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art.
sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as
diretrizes para a formulação da política de saúde nos 3° desta lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Fe-
níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executi- deral deverão contar com:
vo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho
de Saúde. I - Fundo de Saúde;
§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente II - Conselho de Saúde, com composição paritária de
e deliberativo, órgão colegiado composto por repre- acordo com o Decreto nº 99.438, de 7 de agosto de 1990;
III - plano de saúde;
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
15
Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial
ou pelos Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requi- à saúde do usuário no SUS;
sitos estabelecidos neste artigo, implicará em que os IV - Comissões Intergestores - instâncias de pactuação
recursos concernentes sejam administrados, respecti- consensual entre os entes federativos para definição
vamente, pelos Estados ou pela União. das regras da gestão compartilhada do SUS;
V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da distri-
Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do buição de recursos humanos e de ações e serviços de
Ministro de Estado, autorizado a estabelecer condições saúde ofertados pelo SUS e pela iniciativa privada,
para aplicação desta lei. considerando-se a capacidade instalada existente, os
investimentos e o desempenho aferido a partir dos in-
Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publi- dicadores de saúde do sistema;
cação. VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e
serviços de saúde articulados em níveis de complexi-
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário. dade crescente, com a finalidade de garantir a inte-
gralidade da assistência à saúde;
Brasília, 28 de dezembro de 1990; 169° da Indepen- VII - Serviços Especiais de Acesso Aberto - serviços de
dência e 102° da República. saúde específicos para o atendimento da pessoa que,
FERNANDO COLLOR em razão de agravo ou de situação laboral, necessita
Alceni Guerra de atendimento especial; e
VIII - Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica - docu-
Decreto Presidencial no 7.508, de 28 de junho de mento que estabelece: critérios para o diagnóstico da
2011 doença ou do agravo à saúde; o tratamento preconi-
zado, com os medicamentos e demais produtos apro-
Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de priados, quando couber; as posologias recomendadas;
os mecanismos de controle clínico; e o acompanha-
1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de
mento e a verificação dos resultados terapêuticos, a
Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saú-
serem seguidos pelos gestores do SUS.
de e a articulação interfederativa, e dá outras providências.
CAPÍTULO II
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição
DA ORGANIZAÇÃO DO SUS
que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e
tendo em vista o disposto na Lei no 8.080, 19 de setem-
Art. 3o O SUS é constituído pela conjugação das ações
bro de 1990, e serviços de promoção, proteção e recuperação da
saúde executados pelos entes federativos, de forma di-
DECRETA: reta ou indireta, mediante a participação complemen-
tar da iniciativa privada, sendo organizado de forma
CAPÍTULO I regionalizada e hierarquizada.
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Seção I
Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 8.080, de 19 Das Regiões de Saúde
de setembro de 1990, para dispor sobre a organização
do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da Art. 4o As Regiões de Saúde serão instituídas pelo Es-
saúde, a assistência à saúde e a articulação interfe- tado, em articulação com os Municípios, respeitadas
derativa. as diretrizes gerais pactuadas na Comissão Intergesto-
Art. 2o Para efeito deste Decreto, considera-se: res Tripartite - CIT a que se refere o inciso I do art. 30.
§ 1o Poderão ser instituídas Regiões de Saúde interes-
I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo cons- taduais, compostas por Municípios limítrofes, por ato
tituído por agrupamentos de Municípios limítrofes, de- conjunto dos respectivos Estados em articulação com
limitado a partir de identidades culturais, econômicas os Municípios.
e sociais e de redes de comunicação e infraestrutura § 2o A instituição de Regiões de Saúde situadas em
de transportes compartilhados, com a finalidade de áreas de fronteira com outros países deverá respeitar
integrar a organização, o planejamento e a execução as normas que regem as relações internacionais.
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
de ações e serviços de saúde; Art. 5o Para ser instituída, a Região de Saúde deve
II - Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde conter, no mínimo, ações e serviços de:
- acordo de colaboração firmado entre entes federa-
tivos com a finalidade de organizar e integrar as ações I - atenção primária;
e serviços de saúde na rede regionalizada e hierarqui- II - urgência e emergência;
zada, com definição de responsabilidades, indicadores III - atenção psicossocial;
e metas de saúde, critérios de avaliação de desempe- IV - atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e
nho, recursos financeiros que serão disponibilizados, V - vigilância em saúde.
forma de controle e fiscalização de sua execução e Parágrafo único. A instituição das Regiões de Saúde
demais elementos necessários à implementação inte- observará cronograma pactuado nas Comissões Inter-
grada das ações e serviços de saúde; gestores.
16
Art. 6o As Regiões de Saúde serão referência para as Art. 13. Para assegurar ao usuário o acesso universal,
transferências de recursos entre os entes federativos. igualitário e ordenado às ações e serviços de saúde do
SUS, caberá aos entes federativos, além de outras atri-
Art. 7o As Redes de Atenção à Saúde estarão compre- buições que venham a ser pactuadas pelas Comissões
endidas no âmbito de uma Região de Saúde, ou de vá- Intergestores:
rias delas, em consonância com diretrizes pactuadas
nas Comissões Intergestores. I - garantir a transparência, a integralidade e a equi-
dade no acesso às ações e aos serviços de saúde;
Parágrafo único. Os entes federativos definirão os se- II - orientar e ordenar os fluxos das ações e dos servi-
guintes elementos em relação às Regiões de Saúde: ços de saúde;
III - monitorar o acesso às ações e aos serviços de saú-
I - seus limites geográficos; de; e
II - população usuária das ações e serviços; IV - ofertar regionalmente as ações e os serviços de
III - rol de ações e serviços que serão ofertados; e saúde.
IV - respectivas responsabilidades, critérios de acessi-
bilidade e escala para conformação dos serviços. Art. 14. O Ministério da Saúde disporá sobre critérios,
diretrizes, procedimentos e demais medidas que auxi-
Seção II liem os entes federativos no cumprimento das atribui-
Da Hierarquização ções previstas no art. 13.
17
CAPÍTULO IV Art. 27. O Estado, o Distrito Federal e o Município
DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE poderão adotar relações específicas e complementares
de medicamentos, em consonância com a RENAME,
Art. 20. A integralidade da assistência à saúde se respeitadas as responsabilidades dos entes pelo finan-
inicia e se completa na Rede de Atenção à Saúde, me- ciamento de medicamentos, de acordo com o pactua-
diante referenciamento do usuário na rede regional e do nas Comissões Intergestores.
interestadual, conforme pactuado nas Comissões In-
tergestores. Art. 28. O acesso universal e igualitário à assistência
farmacêutica pressupõe, cumulativamente:
Seção I I - estar o usuário assistido por ações e serviços de
Da Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde saúde do SUS;
II - ter o medicamento sido prescrito por profissional
- RENASES
de saúde, no exercício regular de suas funções no SUS;
III - estar a prescrição em conformidade com a RENA-
Art. 21. A Relação Nacional de Ações e Serviços de
ME e os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
Saúde - RENASES compreende todas as ações e servi-
ou com a relação específica complementar estadual,
ços que o SUS oferece ao usuário para atendimento da distrital ou municipal de medicamentos; e
integralidade da assistência à saúde. IV - ter a dispensação ocorrido em unidades indicadas
pela direção do SUS.
Art. 22. O Ministério da Saúde disporá sobre a RE-
NASES em âmbito nacional, observadas as diretrizes § 1o Os entes federativos poderão ampliar o acesso do
pactuadas pela CIT. usuário à assistência farmacêutica, desde que ques-
tões de saúde pública o justifiquem.
Parágrafo único. A cada dois anos, o Ministério da § 2o O Ministério da Saúde poderá estabelecer regras
Saúde consolidará e publicará as atualizações da RE- diferenciadas de acesso a medicamentos de caráter
NASES. especializado.
Art. 23. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Art. 29. A RENAME e a relação específica complemen-
Municípios pactuarão nas respectivas Comissões In- tar estadual, distrital ou municipal de medicamentos
tergestores as suas responsabilidades em relação ao somente poderão conter produtos com registro na
rol de ações e serviços constantes da RENASES. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA.
18
II - diretrizes gerais sobre Regiões de Saúde, integração § 1o O Ministério da Saúde definirá indicadores na-
de limites geográficos, referência e contrarreferência e cionais de garantia de acesso às ações e aos serviços
demais aspectos vinculados à integração das ações e de saúde no âmbito do SUS, a partir de diretrizes esta-
serviços de saúde entre os entes federativos; belecidas pelo Plano Nacional de Saúde.
III - diretrizes de âmbito nacional, estadual, regional e § 2o O desempenho aferido a partir dos indicadores
interestadual, a respeito da organização das redes de nacionais de garantia de acesso servirá como parâme-
atenção à saúde, principalmente no tocante à gestão tro para avaliação do desempenho da prestação das
institucional e à integração das ações e serviços dos ações e dos serviços definidos no Contrato Organiza-
entes federativos; tivo de Ação Pública de Saúde em todas as Regiões de
IV - responsabilidades dos entes federativos na Rede Saúde, considerando-se as especificidades municipais,
de Atenção à Saúde, de acordo com o seu porte demo- regionais e estaduais.
gráfico e seu desenvolvimento econômico-financeiro,
estabelecendo as responsabilidades individuais e as Art. 36. O Contrato Organizativo da Ação Pública de
solidárias; e Saúde conterá as seguintes disposições essenciais:
V - referências das regiões intraestaduais e interes-
taduais de atenção à saúde para o atendimento da I - identificação das necessidades de saúde locais e re-
integralidade da assistência. gionais;
II - oferta de ações e serviços de vigilância em saúde,
Parágrafo único. Serão de competência exclusiva da promoção, proteção e recuperação da saúde em âm-
CIT a pactuação: bito regional e inter-regional;
III - responsabilidades assumidas pelos entes federa-
I - das diretrizes gerais para a composição da RENASES; tivos perante a população no processo de regionali-
II - dos critérios para o planejamento integrado das zação, as quais serão estabelecidas de forma indivi-
ações e serviços de saúde da Região de Saúde, em ra- dualizada, de acordo com o perfil, a organização e a
zão do compartilhamento da gestão; e
capacidade de prestação das ações e dos serviços de
III - das diretrizes nacionais, do financiamento e das
cada ente federativo da Região de Saúde;
questões operacionais das Regiões de Saúde situadas
IV - indicadores e metas de saúde;
em fronteiras com outros países, respeitadas, em todos
V - estratégias para a melhoria das ações e serviços
os casos, as normas que regem as relações interna-
de saúde;
cionais.
VI - critérios de avaliação dos resultados e forma de
monitoramento permanente;
Seção II
VII - adequação das ações e dos serviços dos entes
Do Contrato Organizativo da Ação Pública da Saú-
de federativos em relação às atualizações realizadas na
RENASES;
Art. 33. O acordo de colaboração entre os entes fede- VIII - investimentos na rede de serviços e as respecti-
rativos para a organização da rede interfederativa de vas responsabilidades; e
atenção à saúde será firmado por meio de Contrato IX - recursos financeiros que serão disponibilizados
Organizativo da Ação Pública da Saúde. por cada um dos partícipes para sua execução.
Art. 34. O objeto do Contrato Organizativo de Ação Parágrafo único. O Ministério da Saúde poderá ins-
Pública da Saúde é a organização e a integração das tituir formas de incentivo ao cumprimento das metas
ações e dos serviços de saúde, sob a responsabilidade de saúde e à melhoria das ações e serviços de saúde.
dos entes federativos em uma Região de Saúde, com
a finalidade de garantir a integralidade da assistência Art. 37. O Contrato Organizativo de Ação Pública de
aos usuários. Saúde observará as seguintes diretrizes básicas para
Parágrafo único. O Contrato Organizativo de Ação fins de garantia da gestão participativa:
Pública da Saúde resultará da integração dos planos
de saúde dos entes federativos na Rede de Atenção à I - estabelecimento de estratégias que incorporem a
Saúde, tendo como fundamento as pactuações esta- avaliação do usuário das ações e dos serviços, como
belecidas pela CIT. ferramenta de sua melhoria;
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
19
Art. 39. As normas de elaboração e fluxos do Contrato
Organizativo de Ação Pública de Saúde serão pactua- #FicaDica
dos pelo CIT, cabendo à Secretaria de Saúde Estadual
coordenar a sua implementação. A lei 8080 e 8142 são de extrema impor-
tância por serem as Leis Orgânicas de Saú-
Art. 40. O Sistema Nacional de Auditoria e Avalia- de que regulamentam o Sistema Único de
ção do SUS, por meio de serviço especializado, fará o Saúde (SUS).Essa lei aborda as condições
controle e a fiscalização do Contrato Organizativo de para promover, proteger e recuperar a
Ação Pública da Saúde. saúde, além da organização e o funciona-
§ 1o O Relatório de Gestão a que se refere o inciso IV mento dos serviços também relacionados
do art. 4o da Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990,
à saúde.
conterá seção específica relativa aos compromissos
assumidos no âmbito do Contrato Organizativo de
Ação Pública de Saúde.
§ 2o O disposto neste artigo será implementado em
conformidade com as demais formas de controle e fis-
calização previstas em Lei. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Art. 41. Aos partícipes caberá monitorar e avaliar a 1. (Pref. Itupeva/SP- 2016 -Técnico de Enfermagem-
execução do Contrato Organizativo de Ação Pública BIORIO) De acordo com a Lei 8080/90, as afirmativas a
de Saúde, em relação ao cumprimento das metas es- seguir estão corretas, EXCETO:
tabelecidas, ao seu desempenho e à aplicação dos re-
cursos disponibilizados.
a) A saúde é um direito fundamental do ser humano, de-
Parágrafo único. Os partícipes incluirão dados sobre vendo o Estado prover as condições indispensáveis ao
o Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde seu pleno exercício.
no sistema de informações em saúde organizado pelo
Ministério da Saúde e os encaminhará ao respectivo b) O dever do Estado de garantir a saúde consiste na for-
Conselho de Saúde para monitoramento. mulação e execução de políticas econômicas e sociais
que visem à redução de riscos de doenças e de outros
CAPÍTULO VI agravos e no estabelecimento de condições que as-
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS segurem acesso universal e igualitário às ações e aos
serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 42. Sem prejuízo das outras providências legais, o c) O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família,
Ministério da Saúde informará aos órgãos de controle das empresas e da sociedade.
interno e externo: d) Os níveis de saúde não expressam a organização social
e econômica do País.
I - o descumprimento injustificado de responsabilida- e) A saúde tem como determinantes e condicionantes,
des na prestação de ações e serviços de saúde e de entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento
outras obrigações previstas neste Decreto;
básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educa-
II - a não apresentação do Relatório de Gestão a que
se refere o inciso IV do art. 4º da Lei no 8.142, de ção, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso
1990; aos bens e serviços essenciais.
III - a não aplicação, malversação ou desvio de recur- Resposta: Letra D. Os níveis de saúde expressam mui-
sos financeiros; e to a organização social e econômica do País.
IV - outros atos de natureza ilícita de que tiver conhe-
cimento. 2. (Pref. Itupeva/SP- 2016- Técnico de Enfermagem-
BIORIO) De acordo com o Art. 6º da Lei 8080/90, estão
Art. 43. A primeira RENASES é a somatória de todas as incluídas no campo de atuação do Sistema Único de Saú-
ações e serviços de saúde que na data da publicação de (SUS), entre outras, EXCETO:
deste Decreto são ofertados pelo SUS à população, por
meio dos entes federados, de forma direta ou indireta. a) a execução de ações de vigilância sanitária.
b) a execução de ações de vigilância epidemiológica.
Art. 44. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as c) execução de ações de assistência terapêutica integral,
diretrizes de que trata o § 3o do art. 15 no prazo de cen- excluída a farmacêutica.
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
to e oitenta dias a partir da publicação deste Decreto. d) a participação na formulação da política e na execução
de ações de saneamento básico.
Art. 45. Este Decreto entra em vigor na data de sua
e) a vigilância nutricional e a orientação alimentar.,
publicação.
Brasília, 28 de junho de 2011; 190o da Independência Resposta: Letra C. Art. 6º Estão incluídas ainda no
e 123o da República. campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS):
DILMA ROUSSEFF I - a execução de ações:
Alexandre Rocha Santos Padilha a) de vigilância sanitária;
b) de vigilância epidemiológica;
Este texto não substitui o publicado no DOU de c) de saúde do trabalhador; e
29.6.2011 d) de assistência terapêutica integral, inclusive farma-
cêutica;
20
II - a participação na formulação da política e na exe- IV - avaliação do impacto que as tecnologias provo-
cução de ações de saneamento básico; cam à saúde;
III - a ordenação da formação de recursos humanos na V - informação ao trabalhador e à sua respectiva en-
área de saúde; tidade sindical e às empresas sobre os riscos de aci-
IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar; dentes de trabalho, doença profissional e do trabalho,
V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele bem como os resultados de fiscalizações, avaliações
compreendido o do trabalho; ambientais e exames de saúde, de admissão, periódi-
VI - a formulação da política de medicamentos, equi- cos e de demissão, respeitados os preceitos da ética
pamentos, imunobiológicos e outros insumos de inte- profissional;
resse para a saúde e a participação na sua produção; VI - participação na normatização, fiscalização e con-
VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e trole dos serviços de saúde do trabalhador nas insti-
substâncias de interesse para a saúde; tuições e empresas públicas e privadas;
VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças
VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e
originadas no processo de trabalho, tendo na sua ela-
bebidas para consumo humano;
boração a colaboração das entidades sindicais; e
IX - a participação no controle e na fiscalização da pro-
VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de re-
dução, transporte, guarda e utilização de substâncias e querer ao órgão competente a interdição de máquina,
produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; de setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho,
X - o incremento, em sua área de atuação, do desen- quando houver exposição a risco iminente para a vida
volvimento científico e tecnológico; ou saúde dos trabalhadores.
XI - a formulação e execução da política de sangue e
seus derivados. 3. (Pref. Itupeva/SP-2016/Técnico de Enfermagem/
§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto BIORIO) Avalie, com base na Lei 8080/90, se as ações e
de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos serviços públicos de saúde e os serviços privados contrata-
à saúde e de intervir nos problemas sanitários decor- dos ou conveniados que integram o Sistema Único de Saú-
rentes do meio ambiente, da produção e circulação de de (SUS) obedecem, entre outros, aos seguintes princípios:
bens e da prestação de serviços de interesse da saúde,
abrangendo: I.Universalidade de acesso aos serviços de saúde em to-
I - o controle de bens de consumo que, direta ou in- dos os níveis de assistência.
diretamente, se relacionem com a saúde, compreen- II. Integralidade de assistência, entendida como conjunto
didas todas as etapas e processos, da produção ao articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e
consumo; e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso
II - o controle da prestação de serviços que se relacio- em todos os níveis de complexidade do sistema.
nam direta ou indiretamente com a saúde. III. Preservação da autonomia das pessoas na defesa de
§ 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um sua integridade física e moral.
conjunto de ações que proporcionam o conhecimen-
to, a detecção ou prevenção de qualquer mudança IV. Igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos
nos fatores determinantes e condicionantes de saúde ou privilégios de qualquer espécie.
individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar
e adotar as medidas de prevenção e controle das do- Estão corretos os itens:
enças ou agravos.
a) I e III, apenas.
§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins
b) II e IV, apenas.
desta lei, um conjunto de atividades que se destina,
c) II, III e IV, apenas.
através das ações de vigilância epidemiológica e vigi- d) I, II e III, apenas.
lância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos e) I, II, III e IV.
trabalhadores, assim como visa à recuperação e rea-
bilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos Resposta: Letra E. Esta Lei regula em todo o territó-
riscos e agravos advindos das condições de trabalho, rio nacional as ações e serviços de saúde, executados
abrangendo: isolada ou conjuntamente, em caráter permanente,
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito
trabalho ou portador de doença profissional e do tra- público ou privado.
balho; 4. (IDECAN – MG - Concurso público de Técnico de
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
21
Resposta: Letra B. Lei nº 8080 – 1990: dispõe sobre a Conselhos de Saúde – no artigo 1º da 8142/90 pará-
organização e funcionamento do SUS. “.o conjunto de grafo 2º diz:
ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e ins- - O Conselho de Saúde, é um órgão colegiado de
tituições públicas federais, estaduais e municipais, da caráter permanente e deliberativo do Sistema Único de
administração direta e indireta e das fundações man- Saúde- SUS. O colegiado do Conselho de Saúde é com-
tidas pelo poder público, constitui o Sistema único de posto por:
saúde (SUS). “art 4 Lei 8080-1990. - 25% de representantes do governo e prestadores de
serviços, 25% de profissionais de saúde e 50% de usuá-
5. (DANTE PAZZANESE – Enfermeiro – QUADRIX - rios, atua na formulação e proposição de estratégias e
2013) As regiões de saúde serão instituídas pelo estado, no controle da execução das políticas de saúde, inclusive
em articulação com os municípios, respeitadas as diretri- nos aspectos econômicos e financeiros, cuja decisões se-
zes gerais pactuadas na Comissão Intergestores Tripartite rão homologadas pelo chefe do poder legalmente cons-
(CIT).Para ser instituída a Região de Saúde deve conter, tituído em cada esfera de governo.
no mínimo, ações e serviços de: A Resolução nº 333 de 04/11/2003, do Conselho Na-
cional de Saúde aprova diretrizes para a Criação , refor-
a) Atenção primária; urgência e emergência; atenção psi- mulação , estruturação e funcionamento dos Conselhos
cossocial; atenção ambulatorial e hospitalar, além da de Saúde.
Vigilância em Saúde.
b) Atenção primária; urgência e emergência; Direitos dos Usuários do SUS
c) Atenção primária; urgência e emergência; população
usuária das ações e serviços; A “Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde” traz in-
d) Vigilância em saúde, somente; formações para que você conheça seus direitos na hora
e) Atenção primária; atenção secundária; vigilância sani- de procurar atendimento de saúde. Ela reúne os seis prin-
tária e epidemiológica; e acesso aberto. cípios básicos de cidadania que asseguram ao brasileiro
o ingresso digno nos sistemas de saúde, seja ele público
Resposta: Letra A. O decreto nº 7.508, de 28 de junho
ou privado. A Carta é uma importante ferramenta para
de 2011, que regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de
que você conheça seus direitos e, assim, ajude o Brasil a
setembro de 1990, para dispor sobre a organização
ter um sistema de saúde ainda mais efetivo.
do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da
saúde, a assistência à saúde e a articulação interfede-
Os princípios da Carta são:
rativa, e dá outras providências. No art 5º diz: “Para ser
1. Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e or-
instituída, a Região de Saúde deve conter, no mínimo,
ganizado aos sistemas de saúde
ações e serviços de:
2. Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e
I - atenção primária;
II - urgência e emergência; efetivo para seu problema
III - atenção psicossocial;
IV - atenção ambulatorial especializada e hospitalar; 3. Todo cidadão tem direito ao atendimento humani-
e V - vigilância em saúde. e no parágrafo único diz: “ A zado, acolhedor e livre de qualquer discriminação
instituição das Regiões de Saúde observará cronograma 4. Todo cidadão tem direito a atendimento que res-
pactuado nas Comissões Intergestores.” peite a sua pessoa, seus valores e seus direitos
5. Todo cidadão também tem responsabilidades para
que seu tratamento aconteça da forma adequada
6. Todo cidadão tem direito ao comprometimento
CONTROLE SOCIAL NO SUS. RESOLUÇÃO dos gestores da saúde para que os princípios ante-
Nº 453/2012 DO CONSELHO NACIONAL DE riores sejam cumpridos.
SAÚDE
RESOLUÇÃO Nº 453, DE 10 DE MAIO DE 2012
ção da população na gestão do Sistema Único de Saú- competências regimentais e atribuições conferidas pela
de – SUS: Conferências de Saúde e Conselhos de Saúde. Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, e pela Lei no
Conferências de Saúde – no artigo 1º da 8142/90 pará- 8.142, de 28 de dezembro de 1990, e pelo Decreto no
grafo 1º diz:- A Conferência de Saúde reunir-se-á cada 5.839, de 11 de julho de 2006, e
4(quatro) anos com a representação dos vários segmen- Considerando os debates ocorridos nos Conselhos de
tos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as Saúde, nas três esferas de Governo, na X Plenária Na-
diretrizes para a formulação da política de saúde nos cional de Conselhos de Saúde, nas Plenárias Regionais
níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo e Estaduais de Conselhos de Saúde, nas 9a, 10a e 11a
ou, extraordinariamente, por este ou pelo Conselho de Conferências Nacionais de Saúde, e nas Conferências Es-
Saúde. taduais, do Distrito Federal e Municipais de Saúde;
22
Considerando a experiência acumulada do Contro- A ORGANIZAÇÃO DOS CONSELHOS DE SAÚDE
le Social da Saúde à necessidade de aprimoramento do
Controle Social da Saúde no âmbito nacional e as reite- Terceira Diretriz: a participação da sociedade orga-
radas demandas dos Conselhos Estaduais e Municipais nizada, garantida na legislação, torna os Conselhos de
referentes às propostas de composição, organização e Saúde uma instância privilegiada na proposição, discus-
funcionamento, conforme o § 5o inciso II art. 1o da Lei são, acompanhamento, deliberação, avaliação e fiscali-
no 8.142, de 28 de dezembro de 1990; zação da implementação da Política de Saúde, inclusive
Considerando a ampla discussão da Resolução do nos seus aspectos econômicos e financeiros. A legisla-
CNS no 333/92 realizada nos espaços de Controle Social, ção estabelece, ainda, a composição paritária de usuá-
entre os quais se destacam as Plenárias de Conselhos de rios em relação ao conjunto dos demais segmentos re-
Saúde; presentados. O Conselho de Saúde será composto por
Considerando os objetivos de consolidar, fortalecer, representantes de entidades, instituições e movimentos
ampliar e acelerar o processo de Controle Social do SUS,
representativos de usuários, de entidades representati-
por intermédio dos Conselhos Nacional, Estaduais, Mu-
vas de trabalhadores da área da saúde, do governo e de
nicipais, das Conferências de Saúde e Plenárias de Con-
entidades representativas de prestadores de serviços de
selhos de Saúde;
saúde, sendo o seu presidente eleito entre os membros
Considerando que os Conselhos de Saúde, consagra-
dos pela efetiva participação da sociedade civil organiza- do Conselho, em reunião plenária. Nos Municípios onde
da, representam polos de qualificação de cidadãos para não existem entidades, instituições e movimentos orga-
o Controle Social nas esferas da ação do Estado; e nizados em número suficiente para compor o Conselho,
Considerando o que disciplina a Lei Complementar a eleição da representação será realizada em plenária no
no 141, de 13 de janeiro de 2012, e o Decreto nº 7.508, Município, promovida pelo Conselho Municipal de ma-
de 28 de junho de 2011, que regulamentam a Lei Orgâ- neira ampla e democrática.
nica da Saúde, resolve: I - O número de conselheiros será definido pelos Con-
Aprovar as seguintes diretrizes para instituição, refor- selhos de Saúde e constituído em lei.
mulação, reestruturação e funcionamento dos Conselhos II - Mantendo o que propôs as Resoluções nos 33/92
de Saúde: e 333/03 do CNS e consoante com as Recomendações
da 10a e 11a Conferências Nacionais de Saúde, as va-
DA DEFINIÇÃO DE CONSELHO DE SAÚDE gas deverão ser distribuídas da seguinte forma:
a)50% de entidades e movimentos representativos de
Primeira Diretriz: o Conselho de Saúde é uma ins- usuários;
tância colegiada, deliberativa e permanente do Sistema b)25% de entidades representativas dos trabalhadores
Único de Saúde (SUS) em cada esfera de Governo, in- da área de saúde;
tegrante da estrutura organizacional do Ministério da c)25% de representação de governo e prestadores de
Saúde, da Secretaria de Saúde dos Estados, do Distrito serviços privados conveniados, ou sem fins lucrativos.
Federal e dos Municípios, com composição, organização
e competência fixadas na Lei no 8.142/90. O processo III - A participação de órgãos, entidades e movimen-
bem-sucedido de descentralização da saúde promoveu tos sociais terá como critério a representatividade, a
o surgimento de Conselhos Regionais, Conselhos Locais, abrangência e a complementaridade do conjunto da
Conselhos Distritais de Saúde, incluindo os Conselhos dos sociedade, no âmbito de atuação do Conselho de Saú-
Distritos Sanitários Especiais Indígenas, sob a coordena- de. De acordo com as especificidades locais, aplicando
ção dos Conselhos de Saúde da esfera correspondente.
o princípio da paridade, serão contempladas, dentre
Assim, os Conselhos de Saúde são espaços instituídos de
outras, as seguintes representações:
participação da comunidade nas políticas públicas e na
a)associações de pessoas com patologias;
administração da saúde.
Parágrafo único. Como Subsistema da Seguridade So- b)associações de pessoas com deficiências;
cial, o Conselho de Saúde atua na formulação e pro- c)entidades indígenas;
posição de estratégias e no controle da execução das d)movimentos sociais e populares, organizados (movi-
Políticas de Saúde, inclusive nos seus aspectos econô- mento negro, LGBT...);
micos e financeiros. e)movimentos organizados de mulheres, em saúde;
f)entidades de aposentados e pensionistas;
DA INSTITUIÇÃO E REFORMULAÇÃO DOS CONSE- g)entidades congregadas de sindicatos, centrais sin-
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
23
n)entidades públicas, de hospitais universitários e hospi- I - cabe ao Conselho de Saúde deliberar em relação
tais campo de estágio, de pesquisa e desenvolvimento; à sua estrutura administrativa e o quadro de pessoal;
o)entidades patronais; II - o Conselho de Saúde contará com uma secretaria-
p)entidades dos prestadores de serviço de saúde; e -executiva coordenada por pessoa preparada para a
q)governo. função, para o suporte técnico e administrativo, su-
IV - As entidades, movimentos e instituições eleitas no bordinada ao Plenário do Conselho de Saúde, que de-
Conselho de Saúde terão os conselheiros indicados, finirá sua estrutura e dimensão;
por escrito, conforme processos estabelecidos pelas III - o Conselho de Saúde decide sobre o seu orçamen-
respectivas entidades, movimentos e instituições e de to;
acordo com a sua organização, com a recomendação IV - o Plenário do Conselho de Saúde se reunirá, no
de que ocorra renovação de seus representantes. mínimo, a cada mês e, extraordinariamente, quando
V - Recomenda-se que, a cada eleição, os segmentos necessário, e terá como base o seu Regimento Interno.
de representações de usuários, trabalhadores e pres- A pauta e o material de apoio às reuniões devem ser
tadores de serviços, ao seu critério, promovam a re- encaminhados aos conselheiros com antecedência mí-
novação de, no mínimo, 30% de suas entidades repre- nima de 10 (dez) dias;
sentativas. V - as reuniões plenárias dos Conselhos de Saúde são
VI - A representação nos segmentos deve ser distin- abertas ao público e deverão acontecer em espaços e
ta e autônoma em relação aos demais segmentos horários que possibilitem a participação da sociedade;
que compõem o Conselho, por isso, um profissional VI - o Conselho de Saúde exerce suas atribuições
com cargo de direção ou de confiança na gestão do mediante o funcionamento do Plenário, que, além
SUS, ou como prestador de serviços de saúde não das comissões intersetoriais, estabelecidas na Lei no
pode ser representante dos(as) Usuários(as) ou de 8.080/90, instalará outras comissões intersetoriais e
Trabalhadores(as). grupos de trabalho de conselheiros para ações tran-
VII - A ocupação de funções na área da saúde que inter- sitórias.As comissões poderão contar com integrantes
não conselheiros;
firam na autonomia representativa do Conselheiro(a)
VII - o Conselho de Saúde constituirá uma Mesa Di-
deve ser avaliada como possível impedimento da re-
retora eleita em Plenário, respeitando a paridade ex-
presentação de Usuário(a) e Trabalhador( a), e, a juízo
pressa nesta Resolução;
da entidade, indicativo de substituição do Conselhei-
VIII - as decisões do Conselho de Saúde serão adotadas
ro( a).
mediante quórum mínimo (metade mais um) dos seus
VIII - A participação dos membros eleitos do Poder
integrantes, ressalvados os casos regimentais nos quais
Legislativo, representação do Poder Judiciário e do Mi-
se exija quórum especial, ou maioria qualificada de votos;
nistério Público, como conselheiros, não é permitida a) entende-se por maioria simples o número inteiro
nos Conselhos de Saúde. imediatamente superior à metade dos membros pre-
IX - Quando não houver Conselho de Saúde constituí- sentes;
do ou em atividade no Município, caberá ao Conselho b) entende-se por maioria absoluta o número intei-
Estadual de Saúde assumir, junto ao executivo munici- ro imediatamente superior à metade de membros do
pal, a convocação e realização da Conferência Muni- Conselho;
cipal de Saúde, que terá como um de seus objetivos a c) entende-se por maioria qualificada 2/3 (dois terços)
estruturação e composição do Conselho Municipal. O do total de membros do Conselho;
mesmo será atribuído ao Conselho Nacional de Saú- IX - qualquer alteração na organização dos Conse-
de, quando não houver Conselho lhos de Saúde preservará o que está garantido em lei
Estadual de Saúde constituído ou em funcionamento. e deve ser proposta pelo próprio Conselho e votada
X - As funções, como membro do Conselho de Saú- em reunião plenária, com quórum qualificado, para
de, não serão remuneradas, considerando-se o seu depois ser alterada em seu Regimento Interno e ho-
exercício de relevância pública e, portanto, garante a mologada pelo gestor da esfera correspondente;
dispensa do trabalho sem prejuízo para o conselhei- X - a cada três meses, deverá constar dos itens da pau-
ro. Para fins de justificativa junto aos órgãos, entida- ta o pronunciamento do gestor, das respectivas esfe-
des competentes e instituições, o Conselho de Saúde ras de governo, para que faça a prestação de contas,
emitirá declaração de participação de seus membros em relatório detalhado, sobre andamento do plano de
durante o período das reuniões, representações, capa- saúde, agenda da saúde pactuada, relatório de gestão,
citações e outras atividades específicas. dados sobre o montante e a forma de aplicação dos
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
XI - O conselheiro, no exercício de sua função, respon- recursos, as auditorias iniciadas e concluídas no perí-
de pelos seus atos conforme legislação vigente. odo, bem como a produção e a oferta de serviços na
rede assistencial própria, contratada ou conveniada,
ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DOS CONSE- de acordo com o art. 12 da Lei no 8.689/93 e com a
LHOS DE SAÚDE Lei Complementar no 141/2012;
XI - os Conselhos de Saúde, com a devida justificativa,
Quarta Diretriz: as três esferas de Governo garantirão buscarão auditorias externas e independentes sobre as
autonomia administrativa para o pleno funcionamento contas e atividades do Gestor do SUS; e
do Conselho de Saúde, dotação orçamentária, autono- XII - o Pleno do Conselho de Saúde deverá manifestar-
mia financeira e organização da secretaria-executiva com -se por meio de resoluções, recomendações, moções e
a necessária infraestrutura e apoio técnico: outros atos deliberativos.
24
As resoluções serão obrigatoriamente homologadas XII - avaliar e deliberar sobre contratos, consórcios e
pelo chefe do poder constituído em cada esfera de go- convênios, conforme as diretrizes dos Planos de Saúde
verno, em um prazo de 30 (trinta) dias, dando-se-lhes Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais;
publicidade oficial. Decorrido o prazo mencionado e XIII - acompanhar e controlar a atuação do setor pri-
não sendo homologada a resolução e nem enviada vado credenciado mediante contrato ou convênio na
justificativa pelo gestor ao Conselho de Saúde com área de saúde;
proposta de alteração ou rejeição a ser apreciada na XIV - aprovar a proposta orçamentária anual da saú-
reunião seguinte, as entidades que integram o Con- de, tendo em vista as metas e prioridades estabeleci-
selho de Saúde podem buscar a validação das reso- das na Lei de Diretrizes Orçamentárias, observado o
luções, recorrendo à justiça e ao Ministério Público, princípio do processo de planejamento e orçamento
quando necessário. Quinta Diretriz: aos Conselhos de ascendentes, conforme legislação vigente;
Saúde Nacional, Estaduais, Municipais e do Distrito XV - propor critérios para programação e execução
Federal, que têm competências definidas nas leis fe- financeira e orçamentária dos Fundos de Saúde e
derais, bem como em indicações advindas das Confe- acompanhar a movimentação e destino dos recursos;
rências de Saúde, compete: XVI - fiscalizar e controlar gastos e deliberar sobre
I - fortalecer a participação e o Controle Social no critérios de movimentação de recursos da Saúde, in-
SUS, mobilizar e articular a sociedade de forma per- cluindo o Fundo de Saúde e os recursos transferidos
manente na defesa dos princípios constitucionais que e próprios do Município, Estado, Distrito Federal e da
fundamentam o SUS; União, com base no que a lei disciplina;
II - elaborar o Regimento Interno do Conselho e ou- XVII - analisar, discutir e aprovar o relatório de gestão,
tras normas de funcionamento; com a prestação de contas e informações financeiras,
III - discutir, elaborar e aprovar propostas de operacionali- repassadas em tempo hábil aos conselheiros, e garan-
zação das diretrizes aprovadas pelas Conferências de Saú- tia do devido assessoramento;
de; XVIII - fiscalizar e acompanhar o desenvolvimento das
IV - atuar na formulação e no controle da execução ações e dos serviços de saúde e encaminhar denúncias
da política de saúde, incluindo os seus aspectos eco- aos respectivos órgãos de controle interno e externo,
nômicos e financeiros, e propor estratégias para a sua conforme legislação vigente;
aplicação aos setores público e privado; XIX - examinar propostas e denúncias de indícios de
V - definir diretrizes para elaboração dos planos de
irregularidades, responder no seu âmbito a consultas
saúde e deliberar sobre o seu conteúdo, conforme as
sobre assuntos pertinentes às ações e aos serviços de
diversas situações epidemiológicas e a capacidade or-
saúde, bem como apreciar recursos a respeito de deli-
ganizacional dos serviços;
berações do Conselho nas suas respectivas instâncias;
VI - anualmente deliberar sobre a aprovação ou não
XX - estabelecer a periodicidade de convocação e or-
do relatório de gestão;
ganizar as Conferências de Saúde, propor sua con-
VII - estabelecer estratégias e procedimentos de
vocação ordinária ou extraordinária e estruturar a
acompanhamento da gestão do SUS, articulando-se
comissão organizadora, submeter o respectivo regi-
com os demais colegiados, a exemplo dos de segu-
ridade social, meio ambiente, justiça, educação, tra- mento e programa ao Pleno do Conselho de Saúde
balho, agricultura, idosos, criança e adolescente e correspondente, convocar a sociedade para a partici-
outros; pação nas pré-conferências e conferências de saúde;
VIII - proceder à revisão periódica dos planos de saú- XXI - estimular articulação e intercâmbio entre os
de; Conselhos de Saúde, entidades, movimentos popula-
IX - deliberar sobre os programas de saúde e aprovar res, instituições públicas e privadas para a promoção
projetos a serem encaminhados ao Poder Legislativo, da Saúde;
propor a adoção de critérios definidores de qualidade XXII - estimular, apoiar e promover estudos e pesqui-
e resolutividade, atualizando-os face ao processo de sas sobre assuntos e temas na área de saúde perti-
incorporação dos avanços científicos e tecnológicos nente ao desenvolvimento do Sistema Único de Saúde
na área da Saúde; (SUS);
X - a cada quadrimestre deverá constar dos itens da XXIII - acompanhar o processo de desenvolvimento e
pauta o pronunciamento do gestor, das respectivas incorporação científica e tecnológica, observados os
esferas de governo, para que faça a prestação de padrões éticos compatíveis com o desenvolvimento
sociocultural do País;
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
25
XXVI - incrementar e aperfeiçoar o relacionamento a) a folha de salários e demais rendimentos do traba-
sistemático com os poderes constituídos, Ministério lho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa
Público, Judiciário e Legislativo, meios de comunica- física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo em-
ção, bem como setores relevantes não representados pregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
nos conselhos; 20, de 1998)
XXVII - acompanhar a aplicação das normas sobre éti- b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda
ca em pesquisas aprovadas pelo CNS; Constitucional nº 20, de 1998)
XXVIII - deliberar, encaminhar e avaliar a Política de c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
Gestão do Trabalho e Educação para a Saúde no SUS; 20, de 1998)
II - do trabalhador e dos demais segurados da previ-
XXIX - acompanhar a implementação das propostas
dência social, não incidindo contribuição sobre apo-
constantes do relatório das plenárias dos Conselhos
sentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de
de Saúde; e previdência social de que trata o art. 201; (Redação
XXX - atualizar periodicamente as informações sobre dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
o Conselho de Saúde no Sistema de Acompanhamen- III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
to dos Conselhos de IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou
Saúde (SIACS). de quem a lei a ele equiparar. (Incluído pela Emenda
Fica revogada a Resolução do CNS no 333, de 4 de Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
novembro de 2003. § 1º As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios destinadas à seguridade social constarão
dos respectivos orçamentos, não integrando o orça-
mento da União.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ARTIGOS DE § 2º A proposta de orçamento da seguridade social
194 A 200 será elaborada de forma integrada pelos órgãos res-
ponsáveis pela saúde, previdência social e assistência
social, tendo em vista as metas e prioridades estabele-
cidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a
CAPÍTULO II cada área a gestão de seus recursos.
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da se-
DA SEGURIDADE SOCIAL
guridade social, como estabelecido em lei, não poderá
SEÇÃO I contratar com o Poder Público nem dele receber bene-
DISPOSIÇÕES GERAIS fícios ou incentivos fiscais ou creditícios. (Vide Medida
Provisória nº 526, de 2011) (Vide Lei nº 12.453, de
Art. 194. A seguridade social compreende um conjun- 2011)
to integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públi- § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a
cos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos garantir a manutenção ou expansão da seguridade
relativos à saúde, à previdência e à assistência social. social, obedecido o disposto no art. 154, I.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos ter- § 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social
mos da lei, organizar a seguridade social, com base poderá ser criado, majorado ou estendido sem a cor-
nos seguintes objetivos: respondente fonte de custeio total.
I - universalidade da cobertura e do atendimento; § 6º As contribuições sociais de que trata este artigo
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e servi- só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias
ços às populações urbanas e rurais; da data da publicação da lei que as houver instituído
III - seletividade e distributividade na prestação dos ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no
benefícios e serviços; art. 150, III, “b”.
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; § 7º São isentas de contribuição para a seguridade
social as entidades beneficentes de assistência social
V - eqüidade na forma de participação no custeio;
que atendam às exigências estabelecidas em lei.
VI - diversidade da base de financiamento;
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário
VII - caráter democrático e descentralizado da admi- rurais e o pescador artesanal, bem como os respecti-
nistração, mediante gestão quadripartite, com par- vos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime
ticipação dos trabalhadores, dos empregadores, dos de economia familiar, sem empregados permanentes,
aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. contribuirão para a seguridade social mediante a apli-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
26
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de re- I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem
cursos para o sistema único de saúde e ações de assis- transferidas aos respectivos Municípios; (Incluído pela
tência social da União para os Estados, o Distrito Fede- Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
ral e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o pro-
observada a respectiva contrapartida de recursos. (In- duto da arrecadação dos impostos a que se refere o art.
cluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159,
§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das inciso I, alínea b e § 3º.(Incluído pela Emenda Constitu-
contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II cional nº 29, de 2000)
deste artigo, para débitos em montante superior ao § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos
fixado em lei complementar. (Incluído pela Emenda a cada cinco anos, estabelecerá:(Incluído pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998) Constitucional nº 29, de 2000)
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômi- I - os percentuais de que trata o § 2º; (Incluído pela
ca para os quais as contribuições incidentes na forma Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulati- II - os critérios de rateio dos recursos da União vincula-
vas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de dos à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus res-
19.12.2003)
pectivos Municípios, objetivando a progressiva redu-
§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese
ção das disparidades regionais; (Incluído pela Emenda
de substituição gradual, total ou parcial, da contribui-
Constitucional nº 29, de 2000)
ção incidente na forma do inciso I, a, pela incidente so- III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das
bre a receita ou o faturamento. (Incluído pela Emenda despesas com saúde nas esferas federal, estadual, dis-
Constitucional nº 42, de 19.12.2003) trital e municipal; (Incluído pela Emenda Constitucio-
nal nº 29, de 2000)
SEÇÃO II IV - as normas de cálculo do montante a ser aplicado
DA SAÚDE pela União.(Incluído pela Emenda Constitucional nº
29, de 2000)
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde po-
garantido mediante políticas sociais e econômicas que derão admitir agentes comunitários de saúde e agen-
visem à redução do risco de doença e de outros agravos tes de combate às endemias por meio de processo sele-
e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços tivo público, de acordo com a natureza e complexidade
para sua promoção, proteção e recuperação. de suas atribuições e requisitos específicos para sua
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços atuação. .(Incluído pela Emenda Constitucional nº 51,
de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos de 2006)
da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e contro- § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico e a re-
le, devendo sua execução ser feita diretamente ou atra- gulamentação das atividades de agente comunitário
vés de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de saúde e agente de combate às endemias. (Incluído
de direito privado. pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006) (Vide Me-
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram dida provisória nº 297. de 2006) Regulamento
uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e
um sistema único, organizado de acordo com as se- no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor
guintes diretrizes: que exerça funções equivalentes às de agente comuni-
I - descentralização, com direção única em cada esfera tário de saúde ou de agente de combate às endemias
poderá perder o cargo em caso de descumprimento
de governo;
dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu
II - atendimento integral, com prioridade para as ativi-
exercício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51,
dades preventivas, sem prejuízo dos serviços assisten-
de 2006)
ciais; Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa pri-
III - participação da comunidade. vada.
§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos ter- § 1º - As instituições privadas poderão participar de
mos do art. 195, com recursos do orçamento da seguri- forma complementar do sistema único de saúde, se-
dade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e gundo diretrizes deste, mediante contrato de direito
dos Municípios, além de outras fontes. (Parágrafo único público ou convênio, tendo preferência as entidades
renumerado para § 1º pela Emenda Constitucional nº filantrópicas e as sem fins lucrativos.
29, de 2000) § 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- auxílios ou subvenções às instituições privadas com
pios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públi- fins lucrativos.
cos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação § 3º - É vedada a participação direta ou indireta de
de percentuais calculados sobre: (Incluído pela Emenda empresas ou capitais estrangeiros na assistência à
Constitucional nº 29, de 2000) saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.
I - no caso da União, na forma definida nos termos § 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos
da lei complementar prevista no § 3º; (Incluído pela que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substân-
Emenda Constitucional nº 29, de 2000) cias humanas para fins de transplante, pesquisa e tra-
II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto tamento, bem como a coleta, processamento e trans-
da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 fusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo
e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso tipo de comercialização.
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Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de
medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;
V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas
para consumo humano;
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psi-
coativos, tóxicos e radioativos;
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
Entender os fatores que determinam o estado de saúde ou doença é uma preocupação que existe desde a década
de 1970.
Desenvolvido no Canadá em 1976, o modelo holístico de Laframbroise acreditava que a saúde de uma pessoa ou
população era determinada por fatores, como:
a) estilo de vida e condutas de saúde;
b) biologia humana;
c) meio ambiente;
d) assistência sanitária.
Outro modelo proposto no final da década de 1990 por Tarlov, atentava para cinco níveis de determinação social da
doença, seguindo do nível individual para o coletivo:
a) biológico, físico e psíquico;
b) estilo de vida;
c) determinantes ambientais e comunitários (família, escola, emprego, entre outros);
d) determinantes ambientais físicos, climáticos e de contaminação ambiental;
e) estrutura macro social, política e percepção populacional.
#FicaDica
Para Tarlov, a assistência à saúde é considerada apenas uma estratégia reparadora, não um determinante
da saúde.
Bastante estudado no Brasil, o modelo de Dahlgreen e Whitehead apresenta níveis de determinantes que vão do
individual ao macro social, conforme ilustrado a seguir.
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
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Os determinantes sociais permitem compreender Sistemas de informação em saúde
como a saúde é sensível ao ambiente social, servindo
como um elemento de justiça social. Baseados nesse A informação é instrumento essencial para a tomada
pensamento, Wilkinson e Marmot classifica os determi- de decisões. Nesta perspectiva, representa imprescindí-
nantes sociais em: vel ferramenta à vigilância epidemiológica, por constituir
a) Gradiente social: quanto mais baixa a posição na fator desencadeador do processo “informação-decisão-
escala social da sociedade, menor a expectativa de -ação”, tríade que sintetiza a dinâmica de suas ativida-
vida e maior a ocorrência de doenças. des que, como se sabe, devem ser iniciadas a partir da
b) Estresse: situações estressantes do dia a dia fazem informação de um indício ou suspeita de caso de alguma
com que as pessoas se sintam constantemente doença ou agravo.
preocupadas, ansiosas e incapazes e enfrentar tais Dado − é definido como “um valor quantitativo refe-
problemas. Os sentimentos de ansiedade, insegu- rente a um fato ou circunstância”, “o número bruto que
rança e baixa autoestima, assim como o isolamen-
ainda não sofreu qualquer espécie de tratamento estatís-
to social e o descontrole sobre a vida podem pro-
tico”, ou “a matéria-prima da produção de informação”.
duzir efeitos negativos sobre a saúde e, inclusive,
Informação − é entendida como “o conhecimento
levar à morte prematura.
obtido a partir dos dados”, “o dado trabalhado” ou “o re-
c) Infância: ter um bom início de vida faz toda a di-
ferença para o desenvolvimento do indivíduo nos sultado da análise e combinação de vários dados”, o que
anos seguintes. Gestantes que vivem em situação implica em interpretação, por parte do usuário. É “uma
de pobreza possuem maiores chances ter proble- descrição de uma situação real, associada a um referen-
mas no desenvolvimento do feto em função da ca- cial explicativo sistemático”.
rência nutricional, do estresse materno e da falta Não se deve perder de vista que a informação em
de acompanhamento pré-natal. saúde é o esteio para a gestão dos serviços, pois orienta
d) Rede social x exclusão social: refugiados, pes- a implantação, acompanhamento e avaliação dos mo-
soas desabrigadas, deficientes físicos, indivíduos delos de atenção à saúde e das ações de prevenção e
desempregados, subempregados e grupos étnicos controle de doenças. São também de interesse dados/
minoritários tendem a ter uma vida mais estressan- informações produzidos extra-setorialmente, cabendo
te e, consequentemente, com maior risco de morte aos gestores do Sistema a articulação com os diversos
prematura. órgãos que os produzem, de modo a complementar e
e) Trabalho x desemprego: a segurança proporcio- estabelecer um fluxo regular de informação em cada ní-
nada por um emprego contribui com a melhora vel do setor saúde.
da saúde, do bem estar e da satisfação. Por outro Oportunidade, atualidade, disponibilidade e cober-
lado, o desemprego aumenta as chances de adoe- tura são características que determinam a qualidade da
cimento e morte prematura. informação, fundamentais para que todo o Sistema de
f) Suporte social: contar com amizades, boas rela- Vigilância Epidemiológica apresente bom desempenho.
ções sociais e fortes redes de apoio em casa, no Dependem da concepção apresentada pelo Sistema de
ambiente de trabalho e na comunidade pode au- Informação em Saúde (SIS), e sua sensibilidade para cap-
mentar a saúde das pessoas. tar o mais precocemente possível as alterações que po-
g) Comportamentos ou escolhas pessoais: manter dem ocorrer no perfil de morbimortalidade de uma área,
hábitos prejudiciais à saúde, muitas vezes influen- e também da organização e cobertura das atividades de-
ciados pelo ambiente social, contribui com o ado- senvolvidas pela vigilância epidemiológica.
ecimento e morte.
saúde são circunstâncias nas quais a popu- • “reunião de pessoas e máquinas, com vistas à ob-
lação cresce, vive, trabalha e envelhece, as- tenção e processamento de dados que atendam
sim como os sistemas utilizados para lidar à necessidade de informação da instituição que o
com as doenças. implementa”;
• “conjunto de estruturas administrativas e unidades
de produção, perfeitamente articuladas, com vis-
Em 2010, a OMS estabeleceu, a partir do modelo pro- tas à obtenção de dados mediante o seu registro,
posto por Solar e Irwin, um novo marco conceitual sobre coleta, processamento,análise, transformação em
os DSS. Nesse modelo, os determinantes sociais da saú- informação e oportuna divulgação”.
de são classificados em estruturais e intermediários.
29
Em síntese, um sistema de informação deve dispo- nacional de doenças de notificação compulsória, mas é
nibilizar o suporte necessário para que o planejamento, facultado a estados e municípios incluir outros proble-
decisões e ações dos gestores, em determinado nível mas de saúde regionalmente importantes Por isso, o nú-
decisório (municipal, estadual e federal), não se baseie mero de doenças e agravos contemplados pelo Sinan,
em dados subjetivos, conhecimentos ultrapassados ou vem aumentando progressivamente desde seu processo
conjecturas. de implementação, em 1993, sem relação direta com a
O SIS é parte dos sistemas de saúde; como tal, inte- compulsoriedade nacional da notificação, expressando
gra suas estruturas organizacionais e contribui para sua as diferenças regionais de perfis de morbidade registra-
missão. É constituído por vários sub sistemas e tem como das no Sistema.
propósito geral facilitar a formulação e avaliação das No Sinan, a entrada de dados ocorre pela utilização
políticas, planos e programas de saúde, subsidiando o de alguns formulários padronizados:
processo de tomada de decisões. Para tanto, deve contar Ficha Individual de Notificação (FIN) − é preenchi-
com os requisitos técnicos e profissionais necessários ao da para cada paciente, quando da suspeita de proble-
planejamento, coordenação e supervisão das atividades ma de saúde de notificação compulsória (Portaria GM
relativas à coleta, registro, processamento, análise, apre- nº 2.325, de 8 de dezembro de 2003) ou de interesse
sentação e difusão de dados e geração de informações. nacional, estadual ou municipal, e encaminhada pelas
Um de seus objetivos básicos, na concepção do Sis- unidades assistenciais aos serviços responsáveis pela in-
tema Único de Saúde (SUS), é possibilitar a análise da formação e/ou vigilância epidemiológica.
situação de saúde no nível local tomando como referen-
cial microrregiões homogêneas e considerando, neces- É também utilizada para a notificação negativa.
sariamente, as condições de vida da população na deter-
minação do processo saúde-doença. O nível local tem, Notificação negativa − é a notificação da não-ocor-
então, responsabilidade não apenas com a alimentação rência de doenças de notificação compulsória na área
de abrangência da unidade de saúde. Indica que os pro-
do sistema de informação em saúde mas também com
fissionais e o sistema de vigilância da área estão alertas
sua organização e gestão. Deste modo, outro aspecto
para a ocorrência de tais eventos.
de particular importância é a concepção do sistema de
A notificação de surtos também deve ser feita por
informação, que deve ser hierarquizado e cujo fluxo as-
esse instrumento, obedecendo os seguintes critérios:
cendente dos dados ocorra de modo inversamente pro-
• casos epidemiologicamente vinculados de agravos
porcional à agregação geográfica, ou seja, no nível local
inusitados. Sua notificação deve estar consoante
faz-se necessário dispor, para as análises epidemiológi-
com a abordagem sindrômica, de acordo com as
cas, de maior número de variáveis. seguintes categorias: síndrome diarreica aguda,
Felizmente, os atuais recursos do processamento ele- síndrome ictérica aguda, síndrome hemorrágica
trônico estão sendo amplamente utilizados pelos siste- febril aguda, síndrome respiratória aguda, síndro-
mas de informação em saúde, aumentando sua eficiência me neurológica aguda e síndrome da insuficiência
na medida em que possibilitam a obtenção e processa- renal aguda, dentre outras;
mento de um volume de dados cada vez maior, além de • casos agregados, constituindo uma situação epidê-
permitirem a articulação entre diferentes subsistemas. mica de doenças não de notificações operacional-
Entre os sistemas nacionais de informação em saúde mente inviabiliza o seu registro individualizado.
existentes, alguns se destacam em razão de sua maior
relevância para a vigilância epidemiológica: Ficha Individual de Investigação (FII) − na maio-
ria das vezes configura-se como roteiro de investigação,
Sistema de Informação de Agravos de Notificação distinto para cada tipo de agravo, devendo ser utilizado,
(Sinan) preferencialmente, pelos serviços municipais de vigilân-
cia ou unidades de saúde capacitadas para a realização
O mais importante sistema para a vigilância epide- da investigação epidemiológica. Esta ficha, como referi-
miológica foi desenvolvido entre 1990 e 1993, visando do no tópico sobre investigação de surtos e epidemias,
sanar as dificuldades do Sistema de Notificação Compul- permite obter dados que possibilitam a identificação
sória de Doenças (SNCD) e substituí-lo, tendo em vista da fonte de infecção e mecanismos de transmissão da
o razoável grau de informatização disponível no país. O doença. Os dados, gerados nas áreas de abrangência dos
Sinan foi concebido pelo Centro Nacional de Epidemio- respectivos estados e municípios, devem ser consolida-
logia, com o apoio técnico do Datasus e da Prefeitura dos e analisados considerando aspectos relativos à or-
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
Municipal de Belo Horizonte para ser operado a partir ganização, sensibilidade e cobertura do próprio sistema
das unidades de saúde, considerando o objetivo de co- de notificação, bem como os das atividades de vigilância
letar e processar dados sobre agravos de notificação em epidemiológica.
todo o território nacional, desde o nível local. Mesmo Além notificação compulsória;
que o município não disponha de microcomputadores • casos agregados das doenças constantes da lista de
em suas unidades, os instrumentos deste sistema são notificação compulsória, mas cujo volume.
preenchidos neste nível e o processamento eletrônico acompanhamento de surtos, reproduzidos pelos mu-
é feito nos níveis centrais das secretarias municipais de nicípios, e os boletins de acompanhamento de
saúde (SMS), regional ou secretarias estaduais (SES). É hanseníase e tuberculose, emitidos pelo próprio
alimentado, principalmente, pela notificação e investiga- sistema.
ção de casos de doenças e agravos constantes da lista
30
A impressão, distribuição e numeração desses formu- A partir da alimentação do banco de dados do Sinan,
lários é de responsabilidade do estado ou município. O pode-se calcular a incidência, prevalência, letalidade e
sistema conta, ainda, com dessas fichas, o sistema tam- mortalidade, bem como realizar análises de acordo com
bém possui planilha e boletim de constantes da lista de as características de pessoa, tempo e lugar, particular-
módulos para cadastramento de unidades notificadoras, mente no que tange às doenças transmissíveis de notifi-
população e logradouros, dentre outros. cação obrigatória, além de outros indicadores epidemio-
Após o preenchimento dos referidos formulários, as lógicos e operacionais utilizados para as avaliações local,
fontes notificadoras deverão encaminhá-los para o pri- municipal, estadual e nacional.
meiro nível informatizado. A partir daí, os dados serão As informações da ficha de investigação possibili-
enviados para os níveis hierárquicos superiores por meio tam maior conhecimento acerca da situação epidemio-
magnético (arquivos de transferência gerados pelo Sis- lógica do agravo investigado, fontes de infecção, modo
de transmissão e identificação de áreas de risco, dentre
tema).
outros importantes dados para o desencadeamento das
Casos de hanseníase e tuberculose, além do preen-
atividades de controle. A manutenção periódica da atua-
chimento da ficha de notificação/investigação, devem lização da base de dados do Sinan é fundamental para
constar do boletim de acompanhamento, visando a atua- o acompanhamento da situação epidemiológica dos
lização de seu acompanhamento até o encerramento agravos incluídos no Sistema. Dados de má qualidade,
para avaliação da efetividade do tratamento, de acordo oriundos de fichas de notificação ou investigação com a
com as seguintes orientações: maioria dos campos em branco, inconsistências nas in-
• o primeiro nível informatizado deve emitir o Boletim formações (casos com diagnóstico laboratorial positivo,
de Acompanhamento de Hanseníase e Tubercu- porém encerrado como critério clínico) e duplicidade de
lose, encaminhando-o às unidades para comple- registros, entre outros problemas frequentemente iden-
mentação dos dados; tificados nos níveis estadual ou federal, apontam para a
• os meses propostos para a alimentação da informa- necessidade de uma avaliação sistemática da qualida-
ção são, no mínimo: janeiro, abril, julho e outubro, de da informação coletada e digitada no primeiro nível
para a tuberculose; janeiro e julho, para a hanse- hierárquico de entrada de dados no Sistema, que torna
possível a obtenção de dados confiáveis, indispensáveis
níase.
para o cálculo de indicadores extremamente úteis, tais
• cabe ao 1º nível informatizado emitir o boletim de como as taxas de incidência, letalidade, mortalidade e
acompanhamento para os municípios não-infor- coeficiente de prevalência, entre outros.
matizados; Roteiros para a realização da análise da qualidade
da base de dados e cálculos dos principais indicadores
• após retornar das unidades os boletins devem ser epidemiológicos e operacionais estão disponíveis para
analisados criticamente e as correções devem ser os agravos de notificação compulsória, bem como toda
solicitadas de imediato à unidade de saúde; a documentação necessária para a correta utilização do
• a digitação das informações na tela de acompanha- Sistema (dicionário de dados e instrucionais de preenchi-
mento e arquivamento dos boletins deve ser reali- mento das fichas Manual de Normas e Rotinas e Opera-
zada no 1º nível informatizado. cional).
Preconiza-se que em todas as instâncias os dados Para que o Sinan se consolide como a principal fonte
de informação de morbidade para as doenças de noti-
aportados pelo Sinan sejam consolidados e analisa-
ficação compulsória, faz-se necessário garantir tanto a
dos e que haja uma retroalimentação dos níveis que o cobertura como a qualidade das informações. Sua uti-
precederam, além de sua redistribuição, segundo local lização plena, em todo o território nacional, possivel-
de residência dos pacientes objetos das notificações. mente possibilitará a obtenção dos dados indispensáveis
No nível federal, os dados do Sinan são processados, ao cálculo dos principais indicadores necessários para o
analisados juntamente com aqueles que chegam por monitoramento dessas doenças, gerando instrumentos
outras vias e divulgados pelo Boletim Epidemiológico para a formulação e avaliação das políticas, planos e pro-
do SUS e informes epidemiológicos eletrônicos, gramas de saúde, subsidiando o processo de tomada de
disponibilizados no site www.saude.gov.br. decisões e contribuindo para a melhoria da situação de
Ao contrário dos demais sistemas, em que as críti- saúde da população.
cas de consistência são realizadas antes do seu envio a Indicadores são variáveis susceptíveis à mensuração
qualquer outra esfera de governo, a necessidade de de- direta, produzidos com periodicidade definida e critérios
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
sencadeamento imediato de uma ação faz com que, nes- constantes. A disponibilidade de dados, simplicidade téc-
nica, uniformidade, sinteticidade e poder discriminatório
se caso, os dados sejam remetidos o mais rapidamente
são requisitos básicos para sua elaboração. Os indicado-
possível, ficando a sua crítica para um segundo momento
res de saúde refletem o estado de saúde da população
− quando do encerramento do caso e, posteriormente, o de determinada comunidade.
da análise das informações para divulgação. No entanto,
apesar desta peculiaridade, esta análise é fundamental Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)
para que se possa garantir uma base de dados com qua-
lidade, não podendo ser relegada a segundo plano, ten- Criado em 1975, este sistema iniciou sua fase de des-
do em vista que os dados já foram encaminhados para os centralização em 1991, dispondo de dados informatiza-
níveis hierárquicos superiores. dos a partir de 1979.
31
Seu instrumento padronizado de coleta de dados é prontuário do falecido. Nos óbitos de causas naturais
a Declaração de Óbito (DO), impressa em três vias co- ocorridos fora do estabelecimento de saúde, mas com
loridas, cuja emissão e distribuição para os estados, em assistência médica, o médico que fornecer a DO deverá
séries prénumeradas, é de competência exclusiva do Mi- levar a primeira e terceira vias para a SMS, entregando
nistério da Saúde. Para os municípios, a distribuição fica a segunda para os familiares do falecido. Nos casos de
a cargo das secretarias estaduais de saúde, devendo as óbitos de causas naturais, sem assistência médica, em
secretarias municipais se responsabilizarem por seu con- locais que disponham de Serviço de Verificação de Óbi-
trole e distribuição entre os profissionais médicos e insti- tos (SVO), estes serão responsáveis pela emissão da DO,
tuições que a utilizem, bem como pelo recolhimento das obedecendo o mesmo fluxo dos hospitais. Em lugares
primeiras vias em hospitais e cartórios. onde não exista SVO, um médico da localidade deverá
O preenchimento da DO deve ser realizado exclusi- preencher a DO obedecendo o fluxo anteriormente re-
vamente por médicos, exceto em locais onde não exis- ferido para óbitos ocorridos fora do estabelecimento de
tam, situação na qual poderá ser preenchida por oficiais saúde, com assistência médica.
de Cartórios de Registro Civil, assinada por duas teste- As SMS realizarão a busca ativa dessas vias em todos
munhas. A obrigatoriedade de seu preenchimento, para os hospitais e cartórios, evitando a perda de registro de
todo óbito ocorrido, é determinada pela Lei Federal n° óbitos no SIM, com consequente perfil irreal da mortali-
6.015/73. Em tese, nenhum sepultamento deveria ocorrer dade da sua área de abrangência. Nas SMS, as primeiras
sem prévia emissão da DO. Mas, na prática, sabe-se da vias são digitadas e enviadas em disquetes para as Re-
ocorrência de sepultamentos irregulares, em cemitérios gionais, que fazem o consolidado de sua área e o enviam
clandestinos (e eventualmente mesmo em cemitérios para as secretarias estaduais de saúde, que consolidam
oficiais), o que afeta o conhecimento do real perfil l de os dados estaduais e os repassam para o Ministério da
mortalidade, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. Saúde.
O registro do óbito deve ser feito no local de ocor- Em todos os níveis, sobretudo no municipal, que está
rência do evento. Embora o local de residência seja a mais próximo do evento, deve ser realizada a crítica dos
informação comumente mais utilizada, na maioria das dados, buscando a existência de inconsistências como,
análises do setor saúde a ocorrência é fator importan- por exemplo, causas de óbito exclusivas de um sexo sen-
te no planejamento de algumas medidas de controle, do registradas em outro, causas perinatais em adultos,
como, por exemplo, no caso dos acidentes de trânsito e registro de óbitos fetais com causas compatíveis apenas
doenças infecciosas que exijam a adoção de medidas de com nascidos vivos e idade incompatível com a doença.
controle no local de ocorrência. Os óbitos ocorridos fora A análise dos dados do SIM permite a construção de
do local de residência serão redistribuídos, quando do importantes indicadores para o delineamento do perfil
fechamento das estatísticas, pelas secretarias estaduais de saúde de uma região. Assim, a partir das informações
e Ministério da Saúde, permitindo, assim, o acesso aos contidas nesse Sistema, pode-se obter a mortalidade
dados tanto por ocorrência como por residência do fa- proporcional por causas, faixa etária, sexo, local de ocor-
lecido. rência e residência e letalidade de agravos dos quais se
conheça a incidência, bem como taxas de mortalidade
O SIM constitui importante elemento para o Sistema geral, infantil, materna ou por qualquer outra variável
Nacional de Vigilância Epidemiológica, tanto como fonte contida na DO, uma vez que são disponibilizadas várias
principal de dados, quando há falhas de registro de casos formas de cruzamento dos dados. Entretanto, em mui-
no Sinan, quanto como fonte complementar, por tam- tas áreas, o uso dessa rica fonte de dados é prejudicada
bém dispor de informações sobre as características de pelo não preenchimento correto das DO, com omissão
pessoa, tempo e lugar, assistência prestada ao paciente, de dados como, por exemplo, estado gestacional ou
causas básicas e associadas de óbito, extremamente re- puerperal, ou pelo registro excessivo de causas mal defi
levantes e muito utilizadas no diagnóstico da situação de nidas, prejudicando o uso dessas informações nas diver-
saúde da população. sas instâncias do sistema de saúde. Estas análises devem
As informações obtidas pela DO também possibilitam ser realizadas em todos os níveis do sistema, sendo sub-
o delineamento do perfil de morbidade de uma área, no sídios fundamentais para o planejamento de ações dos
que diz respeito às doenças mais letais e às doenças gestores.
crônicas não sujeitas à notificação compulsória, repre-
sentando, praticamente, a única fonte regular de dados. Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc)
Para as doenças de notificação compulsória, a utilização
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
eficiente desta fonte de dados depende da verificação O número de nascidos vivos constitui relevante infor-
rotineira da presença desses agravos no banco de dados mação para o campo da saúde pública, pois possibilita a
do SIM. Deve-se também checar se as mesmas constam constituição de indicadores voltados para a avaliação de
no Sinan, bem como a evolução do caso para óbito. riscos à saúde do segmento materno-infantil, a exemplo
Uma vez preenchida a DO, quando se tratar de óbitos dos coeficientes de mortalidade infantil e materna, nos
por causas naturais, ocorridos em estabelecimento de quais representa o denominador. Antes da implantação
saúde, a primeira via (branca) será da secretaria munici- do Sinasc, em 1990, esta informação só era conhecida no
pal de saúde (SMS); a segunda (amarela) será entregue Brasil por estimativas realizadas a partir da informação
aos familiares do falecido, para registro em Cartório de censitária. Atualmente, são disponibilizados pela SVS,
Registro Civil e emissão da Certidão de Óbito (ficando no site www.datasus.gov.br, dados do Sinasc referentes
retida no cartório); a terceira (rosa) ficará arquivada no aos anos de 1994 em diante. Entretanto, até o presente
32
momento, só pode ser utilizado como denominador, no via deverá ser enviada para a SMS e a segunda e terceira
cálculo de alguns indicadores, em regiões onde sua co- vias entregues ao responsável, que utilizará a segunda
bertura é ampla, substituindo deste modo as estimativas via para registro do nascimento em cartório e a terceira
censitárias. para apresentação em unidade de saúde onde realizar
O Sinasc tem como instrumento padronizado de co- a primeira consulta da criança. Nos partos domiciliares
leta de dados a Declaração de Nascido Vivo (DN), cuja sem assistência médica, a DN será preenchida no Car-
emissão, a exemplo da DO, é de competência exclusiva tório de Registro Civil, que reterá a primeira via, a ser
do Ministério da Saúde. Tanto a emissão da DN como o recolhida pela SMS, e a segunda, para seus arquivos. A
seu registro em cartório serão realizados no município terceira via será entregue ao responsável, que a destinará
de ocorrência do nascimento. Deve ser preenchida nos à unidade de saúde do primeiro atendimento da criança.
hospitais e outras instituições de saúde que realizam par- Também nesses casos as primeiras vias da DN deve-
rão ser recolhidas ativamente pelas secretarias munici-
to, e nos Cartórios de Registro Civil, na presença de duas
pais de saúde, que após digitá-las envia o consolidado
testemunhas, quando o nascimento ocorre em domicílio
para as SES, onde os dados são processados e distribuí-
sem assistência de profissional de saúde. Desde 1992 sua dos segundo o município de residência e, a seguir, en-
implantação ocorre de forma gradual. Atualmente, vem viados para o MS, que os reagrupa por estados de resi-
apresentando em muitos municípios um volume maior dência, sendo disponibilizados pela SVS através do site
de registros do que o publicado nos anuários do IBGE, www.datasus.gov.br e em CD-ROM. Em todos os níveis do
com base nos dados dos Cartórios de Registro Civil. sistema, os dados deverão ser criticados. As críticas rea-
A DN deve ser preenchida para todos os nascidos vi- lizadas visam detectar possíveis erros de preenchimento
vos no país, o que, segundo conceito definido pela OMS, da Declaração de Nascido Vivo ou da digitação de dados.
corresponde a “todo produto da concepção que, inde- Sua validação é feita pelo cruzamento de variáveis para
pendentemente do tempo de gestação ou peso ao nas- verificação de consistência, como, por exemplo, o peso
cer, depois de expulso ou extraído do corpo da mãe, res- do bebê com o tempo de gestação ou a idade da mãe
pire ou apresente outro sinal de vida tal como batimento com a paridade.
cardíaco, pulsação do cordão umbilical ou movimentos A utilização dos dados deste sistema para o planeja-
efetivos dos músculos de contração voluntária, estando mento e tomada de decisões nas três esferas de governo
ou não desprendida a placenta”. A obrigatoriedade desse ainda é incipiente. Na maioria das vezes, como denomi-
registro é também dada pela Lei n° 6.015/73. No caso nador para o cálculo de taxas como as de mortalidade
de gravidez múltipla, deve ser preenchida uma DN para infantil e materna, por exemplo. Apesar disso, alguns
indicadores vêm sendo propostos − a grande maioria
cada criança nascida viva.
voltada à avaliação de risco da mortalidade infantil e a
É sabida a ocorrência de uma proporção razoável qualidade da rede de atenção à gravidez e ao parto.
de subnotificação de nascimentos, estimada em até Entre os indicadores de interesse para a atenção à saú-
35% para alguns estados, em 1999, particularmente de materno-infantil, são imprescindíveis as informações
nas regiões Norte e Nordeste − que nesse ano contidas na DN: proporção de nascidos vivos de baixo
apresentaram cobertura média em torno de 80% peso, proporção de nascimentos prematuros, proporção
do número de nascidos vivos estimado para cada de partos hospitalares, proporção de nascidos vivos por
região, motivo que levou as áreas responsáveis pelas faixa etária da mãe, valores do índice Apgar no primeiro
estatísticas vitais a realizarem uma busca ativa nas e quinto minutos, número de consultas pré-natal realiza-
unidades emissoras de DNs. Entretanto, nesse mes- das para cada nascido vivo, dentre outros. Além desses,
mo período, a captação de nascimentos pelo Sinasc podem ainda ser calculados indicadores clássicos volta-
encontrava-se igual ou superior a 100% em relação às dos à caracterização geral de uma população, como
estimativas demográficas nas regiões Sul, Sudeste e Cen- a taxa bruta de natalidade e a taxa de fecundidade
tro-Oeste, com índices mínimos de 87%, 90% e 96% em geral.
três estados. Tais dados revelam progressiva melhoria da
cobertura desse sistema, o que favorece sua utilização Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS)
como fonte de dados para a confecção de alguns indi-
O SIH/SUS, que possui dados informatizados desde
cadores.
1984, não foi concebido sob a lógica epidemiológica,
Igualmente à DO, os formulários de Declaração de
mas sim com o propósito de operar o sistema de pa-
Nascido Vivo são pré numerados, impressos em três vias gamento de internação dos hospitais contratados pelo
coloridas e distribuídos às SES pela SVS/MS. As SES en- Ministério da Previdência. Posteriormente, foi estendido
carregavam se, até recentemente, e sua distribuição aos aos hospitais filantrópicos, universitários e de ensino e
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
estabelecimentos de saúde e cartórios. Apesar da pre- aos hospitais públicos municipais, estaduais e federais.
conização de que as SMS devem assumir esse encargo, Nesse último caso, somente aos da administração indire-
isto ainda não está acontecendo em todo o território na- ta e de outros ministérios.
cional. Reúne informações de cerca de 70% dos internamen-
Nos partos ocorridos em estabelecimentos de saúde, tos hospitalares realizados no país, tratando-se, portan-
a primeira via (branca) da DN preenchida será para a SMS; to, de grande fonte das enfermidades que requerem in-
a segunda (amarela) deverá ser entregue ao responsável ternação, importante para o conhecimento da situação
pela criança, para a obtenção da Certidão de Nascimento de saúde e gestão de serviços. Ressalte-se sua gradativa
no Cartório de Registro Civil, onde ficará retida; a tercei- incorporação à rotina de análise e informações de alguns
ra (rosa) será arquivada no prontuário da puérpera. Para órgãos de vigilância epidemiológica de estados e muni-
os partos domiciliares com assistência médica, a primeira cípios.
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Seu instrumento de coleta de dados é a Autorização Contudo, ao contrário do que ocorre nos bancos de
de Internação Hospitalar (AIH), atualmente emitida pe- dados dos sistemas descritos anteriormente, os dados
los estados a partir de uma série numérica única defini- do SIH/SUS, não podem ser corrigidos após terem sido
da anualmente em portaria ministerial. Este formulário enviados, mesmo após investigados e confirmados er-
contém, entre outros, os dados de atendimento, com ros de digitação, codificação ou diagnóstico. O Sistema
os diagnósticos de internamento e alta (codificados de também não identifica reinternações e transferências de
acordo com a CID), informações relativas às característi- outros hospitais, o que, eventualmente leva a duplas ou
cas de pessoa (idade e sexo), tempo e lugar (procedência triplas contagens de um mesmo paciente.
do paciente) das internações, procedimentos realizados, Apesar de todas as restrições, essa base de dados é
valores pagos e dados cadastrais das unidades de saúde, de extrema importância para o conhecimento do perfil
que permitem sua utilização para fins epidemiológicos. dos atendimentos na rede hospitalar. Adicionalmente,
As séries numéricas de AIHs são mensalmente não pode ser desprezada a agilidade do Sistema. Os da-
fornecidas pelo Ministério da Saúde às secretarias dos por ele aportados tornam-se disponíveis aos gesto-
estaduais de saúde , de acordo com o quantitativo anual res em menos de um mês, e cerca de dois meses para a
estipulado para o estado, que desde o início de 1995 é disponibilização do consolidado Brasil. Para a vigilância
equivalente ao máximo de 9% da população residente epidemiológica, avaliação e controle de ações, esta é
(estimada pelo IBGE). Quando se trata de município em uma importante qualidade para o estímulo à sua análise
gestão plena do sistema, a cota de AIH definida pela Pro- rotineira.
gramação Pactuada e Integrada (PPI) é repassada dire-
tamente pelo Ministério da Saúde para o município. O Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS
banco de dados do prestador envia as informações para (SIA/SUS)
o Datasus, com cópia para a secretaria estadual de saúde.
Nos municípios em gestão plena de atenção básica, é o Em 1991, o SIA/SUS foi formalmente implantado em
estado que faz a gestão da rede hospitalar. todo o território nacional como instrumento de ordena-
Os números de AIHs têm validade de quatro meses,
ção do pagamento dos serviços ambulatoriais (públicos
não sendo mais aceitos pelo sistema.
e conveniados), viabilizando aos gestores apenas a in-
Tal regra permite certa compensação temporal na-
formação do gasto por natureza jurídica do prestador.
queles estados em que a sazonalidade da ocorrência de
O total de consultas e exames realizados era fornecido
doenças influencia fortemente o número de internações.
por outro sistema, de finalidade puramente estatística,
cujo documento de entrada de dados era o Boletim de
O banco de dados, correspondente ao cadastro de
Serviços Produzidos (BSP) e o único produto resultante, a
todas as unidades prestadoras de serviços hospitalares
publicação INAMPS em Dados.
ao SUS credenciadas, é permanentemente atualizado
sempre que há credenciamento, descredenciamento ou Embora tenha sofrido algumas alterações com vistas
qualquer modificação de alguma característica da unida- a um melhor controle e consistência de dados, o SIA/
de de saúde. SUS pouco mudou desde sua implantação. Por obedecer
Os dados produzidos por este Sistema são ampla- à lógica de pagamento por procedimento, não registra
mente disponibilizados pelo site. datasus.gov.br e pela o CID do(s) diagnóstico(s) dos pacientes e não pode ser
BBS (Bulletin Board System) do Ministério da Saúde, além utilizado como informação epidemiológica, ou seja, seus
de CDROM com produção mensal e anual consolidadas. dados não permitem delinear os perfis de morbidade da
Os arquivos disponibilizados podem ser de dois tipos: o população, a não ser pela inferência a partir dos serviços
“movimento”, em que constam todos os dados, e o “re- utilizados.
duzido”, em que não aparecem os relativos aos serviços Entretanto, como sua unidade de registro de infor-
profissionais. mações é o procedimento ambulatorial realizado, desa-
O SIH/SUS foi desenvolvido para propiciar a elabora- gregado em atos profissionais, outros indicadores ope-
ção de alguns indicadores de avaliação de desempenho racionais podem ser importantes como complemento
de unidades, além do acompanhamento dos números das análises epidemiológicas, por exemplo: número de
absolutos relacionados à frequência de AIHs e que vêm consultas médicas por habitante/ano; número de consul-
sendo cada vez mais utilizados pelos gestores para uma tas médicas por consultório; número de exames/terapias
primeira aproximação da avaliação de cobertura de sua realizados pelo quantitativo de consultas médicas.
rede hospitalar, e até para a priorização de ações de ca- Desde julho de 1994 as informações relacionadas a
esse sistema estão disponíveis no site www.datasus.gov.
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
ráter preventivo.
Entre suas limitações encontram-se a cobertura dos br e por CD-ROM.
dados (que depende do grau de utilização e acesso da Ressalte-se como importante módulo o cadastramen-
população aos serviços da rede pública própria, contra- to de unidades ambulatoriais contratadas, conveniadas e
tada e conveniada ao SUS), ausência de críticas informa- da rede pública própria dos estados e municípios, bem
tizadas, possibilidade das informações pouco confiáveis como as informações sobre profissionais por especiali-
sobre o endereço do paciente, distorções decorrentes de dade.
falsos diagnósticos e menor número de internamentos Quando da análise de seus dados, deve-se atentar
que o necessário, em função das restrições de recursos para as questões relativas à cobertura, acesso, procedên-
federais – problemas que podem resultar em vieses nas cia e fluxo dos usuários dos serviços de saúde.
estimativas.
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Outras importantes fontes de dados Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade
da Água para Consumo Humano (Siságua) – fornece
A depender das necessidades dos programas de con- informações sobre a qualidade da água para consumo
trole de algumas doenças, outros sistemas de informa- humano, proveniente dos sistemas público e privado, e
ção complementares foram desenvolvidos pelo Cenepi, soluções alternativas de abastecimento. Objetiva coletar,
tais como o FAD (Sistema de informação da febre amare- transmitir e disseminar dados gerados rotineiramente,
la e dengue), que registra dados de infestação pelo Aedes de forma a produzir informações necessárias à prática
aegypti, a nível municipal, e outros dados operacionais da vigilância da qualidade da água de consumo humano
do programa. (avaliação da problemática da qualidade da água e defi-
Outros sistemas de informação que também podem nição de estratégias para prevenir e controlar os proces-
ser úteis à vigilância epidemiológica, embora restritos a sos de sua deterioração e transmissão de enfermidades)
uma área de atuação muito específica, quer por não te- por parte das secretarias municipais e estaduais de saú-
rem uma abrangência nacional ou por não serem utiliza- de, em cumprimento à Portaria nº 36/90, do Ministério
dos em todos os níveis de gestão, são: da Saúde.
Além das informações decorrentes dos sistemas des-
Sistema de Informação da Atenção Básica (Siab) – critos existem outras grandes bases de dados de interes-
sistema de informação territorializado que coleta dados se para o setor saúde, com padronização e abrangência
que possibilitam a construção de indicadores populacio- nacionais. Entre elas destacam-se: Cadernos de Saúde e
nais referentes a áreas de abrangência bem delimitadas, Rede Interagencial de Informação para a Saúde/ Ripsa,
cobertas pelo Programa de Agentes Comunitários de da qual um dos produtos é o IDB/Indicadores e Dados
Saúde e Programa Saúde da Família. Básicos para a Saúde (acesso via www.datasus.gov.br ou
Sua base de dados possui três blocos: o cadastra- www.saude.gov.br), além daquelas disponibilizadas pelo
mento familiar (indicadores sociodemográficos dos indi- IBGE (particularmente no que se refere ao Censo Demo-
víduos e de saneamento básico dos domicílios); o acom- gráfico, à Pesquisa Brasileira por Amostragem de Domi-
panhamento de grupos de risco (menores de dois anos, cílios – Pnad e Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
gestantes, hipertensos, diabéticos, pessoas com tubercu- 2000). É também importante verificar outros bancos de
lose e pessoas com hanseníase); e o registro de ativida- dados de interesse à área da saúde, como os do Minis-
des, procedimentos e notificações (produção e cobertura tério do Trabalho (Relação Anual de Informações Sociais/
de ações e serviços básicos, notificação de agravos, óbi- Rais) e os do Sistema Federal de Inspeção do Trabalho
tos e hospitalizações). (informações sobre riscos ocupacionais por atividade
Os níveis de agregação do SIAB são: microárea de econômica), bem como fontes de dados resultantes de
atuação do agente comunitário de saúde (território onde estudos e pesquisas realizados por instituições como o
residem cerca de 150 famílias), área de abrangência da Ipea e relatórios e outras publicações de associações de
equipe de Saúde da Família (território onde residem empresas que atuam no setor médico supletivo (medici-
aproximadamente mil famílias), segmento, zonas urba- na de grupo, seguradoras, autogestão e planos de admi-
na e rural, município, estado, regiões e país. Assim, o nistração).
Sistema possibilita a microlocalização de problemas de A maioria dos sistemas de informação ora apresen-
saúde como, por exemplo, a identificação de áreas com tados possui manual instrucional e modelos dos instru-
baixas coberturas vacinais ou altas taxas de prevalência mentos de coleta (fichas e declarações) para implantação
de doenças (como tuberculose e hipertensão), permitin- e utilização em computador – disponibilizados pela Se-
do a espacialização das necessidades e respostas sociais cretaria de Vigilância em Saúde.
e constituindo-se em importante ferramenta para o pla- A utilização dos sistemas de informações de saúde
nejamento e avaliação das ações de vigilância da saúde. e de outras fontes de dados, pelos serviços de saúde e
instituições de ensino e pesquisa, dentre outras, pode ser
Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e viabilizada via Internet, propiciando o acesso a dados nas
Nutricional (Sisvan) – instrumento de políticas federais, seguintes áreas:
focalizadas e compensatórias. Atualmente, encontra-se
implantado em aproximadamente 1.600 municípios con- • demografia – informações sobre população, morta-
siderados de risco para a mortalidade infantil. lidade e natalidade;
Disponibiliza informações sobre o programa de re- • morbidade – morbidade hospitalar e ambulatorial,
cuperação de crianças desnutridas e gestantes sob risco registros especiais, seguro social, acidentes de
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
35
Existem outros dados necessários ao município e não coletados regularmente, que podem ser obtidos mediante de
inquéritos e estudos especiais, de forma eventual e localizada.
Contudo, é preciso haver racionalidade na definição dos dados a serem coletados, processados e analisados no SIS,
para evitar desperdício de tempo, recursos e descrédito no sistema de informação, tanto pela população como pelos
técnicos.
A retroalimentação dos sistemas deve ser considerada um dos aspectos fundamentais para o contínuo processo de
aperfeiçoamento, gerência e controle da qualidade dos dados.
Tal prática deve ocorrer nos seus diversos níveis, de forma sistemática, com periodicidade previamente definida, de
modo a permitir a utilização das informações quando da tomada de decisão e nas atividades de planejamento, defini-
ção de prioridades, alocação de recursos e avaliação dos programas desenvolvidos. Adicionalmente, a divulgação das
informações geradas pelos sistemas assume valor inestimável como instrumento de suporte ao controle social, prática
que deve ser estimulada e apoiada em todos os níveis e que deve definir os instrumentos de informação, tanto para os
profissionais de saúde como para a comunidade.
Perspectivas atuais
Desde 1992, a SVS vem desenvolvendo, de forma descentralizada, uma política de estímulo ao uso da informação e
da informática como subsídio à implantação do SUS no país.
Para isso, adotou iniciativas junto aos estados e municípios, visando a descentralização do uso do SIM, Sinan e Si-
nasc, financiou cursos de informação, epidemiologia e informática, e divulgou os programas EPI-Info e Epimap.
Este processo vem avançando, particularmente, a partir da implantação da Norma Operacional Básica do Sistema
Único de Saúde (NOB 01/96) e da instituição da transferência de recursos, fundo a fundo, para o desenvolvimento de
atividades na área de epidemiologia (Portaria MS nº 1.399/99).
Considerações finais
A compatibilidade das principais bases de dados dos diversos sistemas de informações em saúde, com vistas à sua
utilização conjunta, é meta há algum tempo buscada pelos profissionais que trabalham com a informação no setor
saúde. A uniformização de conceitos e definições do Sinan, Sinasc e SIM é exemplo das iniciativas adotadas no sentido
de obter a compatibilização destes sistemasque, entretanto, até o momento ainda não foi totalmente atingida.
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
Modelo dos determinantes sociais da saúde proposto por Solar e Irwin (Fonte: Scielo)
36
a) Determinantes estruturais: contexto socioeco-
nômico e políticos – inclui governança; políticas
macroeconômicas; políticas sociais (mercado de HORA DE PRATICAR!
trabalho, habitação, terra); políticas públicas (edu-
cação, saúde, proteção social); cultura e valores 1. (EBSERH – Todos os cargos - Médio – IADES/2013)
sociais; posição socioeconômica, classe social; Com base na definição dada pela Comissão Nacional
gênero; etnia; educação; ocupação; e renda. sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), do
b) Determinantes intermediários: circunstâncias Ministério da Saúde, assinale a alternativa que não indica
materiais (condições de moradia e trabalho, dis- fatores determinantes sociais da saúde (DSS).
ponibilidade de alimentos e outros); fatores com-
portamentais e biológicos; fatores psicossociais; e a) Fatores sociais e econômicos.
sistema de saúde. b) Fatores psicológicos.
c) Culturas étnico/raciais.
d) Acidentes de trânsito.
#FicaDica e) Fatores psicológicos e comportamentais.
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) condições de trabalho.
b) renda.
c) estilo de vida.
d) disponibilidade de alimentos.
37
ANOTAÇÕES
GABARITO
1 D ________________________________________________
2 E _________________________________________________
3 CERTO
_________________________________________________
4 ERRADO
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
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ÍNDICE
O profissional de Enfermagem atua com autonomia institucionais, bem como participar de sua elaboração.
e em consonância com os preceitos éticos e legais, téc‐ Art. 11 Formar e participar da Comissão de Ética de
nico-científico e teórico-filosófico; exerce suas atividades Enfermagem, bem como de comissões interdisciplina-
com competência para promoção do ser humano na sua res da instituição em que trabalha.
integralidade, de acordo com os Princípios da Ética e da Art. 12 Abster-se de revelar informações confidenciais
Bioética, e participa como integrante da equipe de Enfer‐ de que tenha conhecimento em razão de seu exercício
magem e de saúde na defesa das Políticas Públicas, com profissional.
ênfase nas políticas de saúde que garantam a universa‐ Art. 13 Suspender as atividades, individuais ou cole-
lidade de acesso, integralidade da assistência, resoluti‐ tivas, quando o local de trabalho não oferecer condi-
vidade, preservação da autonomia das pessoas, partici‐ ções seguras para o exercício profissional e/ou des-
1
respeitar a legislação vigente, ressalvadas as situações Art. 29 Comunicar formalmente, ao Conselho Regio-
de urgência e emergência, devendo formalizar ime- nal de Enfermagem, fatos que envolvam recusa e/
diatamente sua decisão por escrito e/ou por meio de ou demissão de cargo, função ou emprego, motivado
correio eletrônico à instituição e ao Conselho Regional pela necessidade do profissional em cumprir o presen-
de Enfermagem. te Código e a legislação do exercício profissional.
Art. 14 Aplicar o processo de Enfermagem como ins- Art. 30 Cumprir, no prazo estabelecido, determinações,
trumento metodológico para planejar, implementar, notificações, citações, convocações e intimações do
avaliar e documentar o cuidado à pessoa, família e Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem.
coletividade. Art. 31 Colaborar com o processo de fiscalização do
Art. 15 Exercer cargos de direção, gestão e coordena- exercício profissional e prestar informações fidedignas,
ção, no âmbito da saúde ou de qualquer área direta permitindo o acesso a documentos e a área física ins-
ou indiretamente relacionada ao exercício profissional titucional.
da Enfermagem. Art. 32 Manter inscrição no Conselho Regional de
Art. 16 Conhecer as atividades de ensino, pesquisa e Enfermagem, com jurisdição na área onde ocorrer o
extensão que envolvam pessoas e/ou local de trabalho exercício profissional.
sob sua responsabilidade profissional. Art. 33 Manter os dados cadastrais atualizados junto
Art. 17 Realizar e participar de atividades de ensino, ao Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdi-
pesquisa e extensão, respeitando a legislação vigente. ção.
Art. 18 Ter reconhecida sua autoria ou participação Art. 34 Manter regularizadas as obrigações financei-
em pesquisa, extensão e produção técnico-científica. ras junto ao Conselho Regional de Enfermagem de sua
Art. 19 Utilizar-se de veículos de comunicação, mídias jurisdição.
sociais e meios eletrônicos para conceder entrevistas, Art. 35 Apor nome completo e/ou nome social, ambos
ministrar cursos, palestras, conferências, sobre assun- legíveis, número e categoria de inscrição no Conselho
tos de sua competência e/ou divulgar eventos com fi- Regional de Enfermagem, assinatura ou rubrica nos
nalidade educativa e de interesse social.
documentos, quando no exercício profissional.
Art. 20 Anunciar a prestação de serviços para os quais
§ 1º É facultado o uso do carimbo, com nome comple-
detenha habilidades e competências técnico-científi-
to, número e categoria de inscrição no Coren, devendo
cas e legais.
constar a assinatura ou rubrica do profissional.
Art. 21 Negar-se a ser filmado, fotografado e exposto
§ 2º Quando se tratar de prontuário eletrônico, a as-
em mídias sociais durante o desempenho de suas ati-
sinatura deverá ser certificada, conforme legislação
vidades profissionais.
vigente.
Art. 22 Recusar-se a executar atividades que não se-
Art. 36 Registrar no prontuário e em outros documen-
jam de sua competência técnica, científica, ética e le-
gal ou que não ofereçam segurança ao profissional, à tos as informações inerentes e indispensáveis ao pro-
pessoa, à família e à coletividade. cesso de cuidar de forma clara, objetiva, cronológica,
Art. 23 Requerer junto ao gestor a quebra de vínculo legível, completa e sem rasuras.
da relação profissional/usuários quando houver risco Art. 37 Documentar formalmente as etapas do pro-
à sua integridade física e moral, comunicando ao Co- cesso de Enfermagem, em consonância com sua com-
ren e assegurando a continuidade da assistência de petência legal.
Enfermagem. Art. 38 Prestar informações escritas e/ou verbais, com-
pletas e fidedignas, necessárias à continuidade da as-
CAPÍTULO II sistência e segurança do paciente.
DOS DEVERES Art. 39 Esclarecer à pessoa, família e coletividade, a
respeito dos direitos, riscos, benefícios e intercorrên-
Art. 24 Exercer a profissão com justiça, compromisso, cias acerca da assistência de Enfermagem.
equidade, resolutividade, dignidade, competência, res- Art. 40 Orientar à pessoa e família sobre preparo, be-
ponsabilidade, honestidade e lealdade. nefícios, riscos e consequências decorrentes de exames
Art. 25 Fundamentar suas relações no direito, na pru- e de outros procedimentos, respeitando o direito de
dência, no respeito, na solidariedade e na diversidade recusa da pessoa ou de seu representante legal.
de opinião e posição ideológica. Art. 41 Prestar assistência de Enfermagem sem discri-
Art. 26 Conhecer, cumprir e fazer cumprir o Código minação de qualquer natureza.
Art. 42 Respeitar o direito do exercício da autonomia
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
2
Art. 43 Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade Art. 52 Manter sigilo sobre fato de que tenha conheci-
da pessoa, em todo seu ciclo vital e nas situações de mento em razão da atividade profissional, exceto nos
morte e pós-morte. casos previstos na legislação ou por determinação ju-
Art. 44 Prestar assistência de Enfermagem em con- dicial, ou com o consentimento escrito da pessoa en-
dições que ofereçam segurança, mesmo em caso de volvida ou de seu representante ou responsável legal.
suspensão das atividades profissionais decorrentes de § 1º Permanece o dever mesmo quando o fato seja
movimentos reivindicatórios da categoria. de conhecimento público e em caso de falecimento da
Parágrafo único. Será respeitado o direito de greve e, pessoa envolvida.
nos casos de movimentos reivindicatórios da catego- § 2º O fato sigiloso deverá ser revelado em situações
ria, deverão ser prestados os cuidados mínimos que de ameaça à vida e à dignidade, na defesa própria ou
garantam uma assistência segura, conforme a com- em atividade multiprofissional, quando necessário à
plexidade do paciente. prestação da assistência.
Art. 45 Prestar assistência de Enfermagem livre de da- § 3º O profissional de Enfermagem intimado como
nos decorrentes de imperícia, negligência ou impru- testemunha deverá comparecer perante a autoridade
dência. e, se for o caso, declarar suas razões éticas para ma-
Art. 46 Recusar-se a executar prescrição de Enferma- nutenção do sigilo profissional.
gem e Médica na qual não constem assinatura e nú- § 4º É obrigatória a comunicação externa, para os
mero de registro do profissional prescritor, exceto em órgãos de responsabilização criminal, independente-
situação de urgência e emergência. mente de autorização, de casos de violência contra:
crianças e adolescentes; idosos; e pessoas incapacita-
§ 1º O profissional de Enfermagem deverá recusar-
das ou sem condições de firmar consentimento.
-se a executar prescrição de Enfermagem e Médica
§ 5º A comunicação externa para os órgãos de res-
em caso de identificação de erro e/ou ilegibilidade da
ponsabilização criminal em casos de violência domésti-
mesma, devendo esclarecer com o prescritor ou outro
ca e familiar contra mulher adulta e capaz será devida,
profissional, registrando no prontuário.
independentemente de autorização, em caso de risco à
§ 2º É vedado ao profissional de Enfermagem o cum-
comunidade ou à vítima, a juízo do profissional e com
primento de prescrição à distância, exceto em casos de
conhecimento prévio da vítima ou do seu responsável.
urgência e emergência e regulação, conforme Resolu- Art. 53 Resguardar os preceitos éticos e legais da pro-
ção vigente. fissão quanto ao conteúdo e imagem veiculados nos
Art. 47 Posicionar-se contra, e denunciar aos órgãos diferentes meios de comunicação e publicidade.
competentes, ações e procedimentos de membros da Art. 54 Estimular e apoiar a qualificação e o aperfei-
equipe de saúde, quando houver risco de danos de- çoamento técnico-científico, ético-político, socioedu-
correntes de imperícia, negligência e imprudência ao cativo e cultural dos profissionais de Enfermagem sob
paciente, visando a proteção da pessoa, família e co- sua supervisão e coordenação.
letividade. Art. 55 Aprimorar os conhecimentos técnico-cientí-
Art. 48 Prestar assistência de Enfermagem promoven- ficos, ético-políticos, socioeducativos e culturais, em
do a qualidade de vida à pessoa e família no processo benefício da pessoa, família e coletividade e do desen-
do nascer, viver, morrer e luto. volvimento da profissão.
Parágrafo único. Nos casos de doenças graves incu- Art. 56 Estimular, apoiar, colaborar e promover o de-
ráveis e terminais com risco iminente de morte, em senvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e
consonância com a equipe multiprofissional, oferecer extensão, devidamente aprovados nas instâncias de-
todos os cuidados paliativos disponíveis para assegu- liberativas.
rar o conforto físico, psíquico, social e espiritual, res- Art. 57 Cumprir a legislação vigente para a pesquisa
peitada a vontade da pessoa ou de seu representante envolvendo seres humanos.
legal. Art. 58 Respeitar os princípios éticos e os direitos auto-
Art. 49 Disponibilizar assistência de Enfermagem à rais no processo de pesquisa, em todas as etapas.
coletividade em casos de emergência, epidemia, ca- Art. 59 Somente aceitar encargos ou atribuições quan-
tástrofe e desastre, sem pleitear vantagens pessoais, do se julgar técnica, científica e legalmente apto para
quando convocado. o desempenho seguro para si e para outrem.
Art. 50 Assegurar a prática profissional mediante con- Art. 60 Respeitar, no exercício da profissão, a legisla-
sentimento prévio do paciente, representante ou res- ção vigente relativa à preservação do meio ambiente
ponsável legal, ou decisão judicial. no gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
3
Art. 63 Colaborar ou acumpliciar-se com pessoas fí- Art. 77 Executar procedimentos ou participar da assis-
sicas ou jurídicas que desrespeitem a legislação e tência à saúde sem o consentimento formal da pessoa
princípios que disciplinam o exercício profissional de ou de seu representante ou responsável legal, exceto
Enfermagem. em iminente risco de morte.
Art. 64 Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso Art. 78 Administrar medicamentos sem conhecer in-
diante de qualquer forma ou tipo de violência contra dicação, ação da droga, via de administração e po-
a pessoa, família e coletividade, quando no exercício tenciais riscos, respeitados os graus de formação do
da profissão. profissional.
Art. 65 Aceitar cargo, função ou emprego vago em de- Art. 79 Prescrever medicamentos que não estejam es-
corrência de fatos que envolvam recusa ou demissão tabelecidos em programas de saúde pública e/ou em
motivada pela necessidade do profissional em cumprir rotina aprovada em instituição de saúde, exceto em
o presente código e a legislação do exercício profis- situações de emergência.
sional; bem como pleitear cargo, função ou emprego Art. 80 Executar prescrições e procedimentos de qual-
ocupado por colega, utilizando-se de concorrência quer natureza que comprometam a segurança da pes-
desleal. soa.
Art. 66 Permitir que seu nome conste no quadro de Art. 81 Prestar serviços que, por sua natureza, compe-
pessoal de qualquer instituição ou estabelecimento tem a outro profissional, exceto em caso de emergên-
congênere, quando, nestas, não exercer funções de cia, ou que estiverem expressamente autorizados na
enfermagem estabelecidas na legislação. legislação vigente.
Art. 67 Receber vantagens de instituição, empresa, Art. 82 Colaborar, direta ou indiretamente, com outros
pessoa, família e coletividade, além do que lhe é de- profissionais de saúde ou áreas vinculadas, no des-
vido, como forma de garantir assistência de Enferma- cumprimento da legislação referente aos transplantes
gem diferenciada ou benefícios de qualquer natureza de órgãos, tecidos, esterilização humana, reprodução
para si ou para outrem. assistida ou manipulação genética.
Art. 68 Valer-se, quando no exercício da profissão, de Art. 83 Praticar, individual ou coletivamente, quando
mecanismos de coação, omissão ou suborno, com pes- no exercício profissional, assédio moral, sexual ou de
soas físicas ou jurídicas, para conseguir qualquer tipo qualquer natureza, contra pessoa, família, coletivida-
de vantagem. de ou qualquer membro da equipe de saúde, seja por
Art. 69 Utilizar o poder que lhe confere a posição ou meio de atos ou expressões que tenham por conse-
cargo, para impor ou induzir ordens, opiniões, ideo- quência atingir a dignidade ou criar condições humi-
logias políticas ou qualquer tipo de conceito ou pre- lhantes e constrangedoras.
conceito que atentem contra a dignidade da pessoa Art. 84 Anunciar formação profissional, qualificação e
humana, bem como dificultar o exercício profissional. título que não possa comprovar.
Art. 70 Utilizar dos conhecimentos de enfermagem Art. 85 Realizar ou facilitar ações que causem prejuízo
para praticar atos tipificados como crime ou con- ao patrimônio das organizações da categoria.
travenção penal, tanto em ambientes onde exerça a Art. 86 Produzir, inserir ou divulgar informação inve-
profissão, quanto naqueles em que não a exerça, ou rídica ou de conteúdo duvidoso sobre assunto de sua
qualquer ato que infrinja os postulados éticos e legais. área profissional.
Art. 71 Promover ou ser conivente com injúria, calú- Parágrafo único. Fazer referência a casos, situações ou
nia e difamação de pessoa e família, membros das fatos, e inserir imagens que possam identificar pessoas
equipes de Enfermagem e de saúde, organizações da ou instituições sem prévia autorização, em qualquer
Enfermagem, trabalhadores de outras áreas e institui- meio de comunicação.
ções em que exerce sua atividade profissional. Art. 87 Registrar informações incompletas, impreci-
Art. 72 Praticar ou ser conivente com crime, contra- sas ou inverídicas sobre a assistência de Enfermagem
venção penal ou qualquer outro ato que infrinja pos- prestada à pessoa, família ou coletividade.
tulados éticos e legais, no exercício profissional. Art. 88 Registrar e assinar as ações de Enfermagem
Art. 73 Provocar aborto, ou cooperar em prática desti- que não executou, bem como permitir que suas ações
nada a interromper a gestação, exceto nos casos per- sejam assinadas por outro profissional.
mitidos pela legislação vigente. Art. 89 Disponibilizar o acesso a informações e docu-
Parágrafo único. Nos casos permitidos pela legisla- mentos a terceiros que não estão diretamente envolvi-
ção, o profissional deverá decidir de acordo com a sua dos na prestação da assistência de saúde ao paciente,
consciência sobre sua participação, desde que seja ga- exceto quando autorizado pelo paciente, representan-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
4
Art. 92 Delegar atribuições dos(as) profissionais de Art. 107 A infração é apurada em processo instaurado
enfermagem, previstas na legislação, para acompa- e conduzido nos termos do Código de Processo Ético-
nhantes e/ou responsáveis pelo paciente. -Disciplinar vigente, aprovado pelo Conselho Federal
Parágrafo único. O dispositivo no caput não se aplica de Enfermagem.
nos casos da atenção domiciliar para o autocuidado Art. 108 As penalidades a serem impostas pelo Siste-
apoiado. ma Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem, con-
Art. 93 Eximir-se da responsabilidade legal da assis- forme o que determina o art. 18, da Lei n° 5.905, de 12
tência prestada aos pacientes sob seus cuidados reali- de julho de 1973, são as seguintes:
zados por alunos e/ou estagiários sob sua supervisão I – Advertência verbal;
e/ou orientação. II – Multa;
Art. 94 Apropriar-se de dinheiro, valor, bem móvel III – Censura;
ou imóvel, público ou particular, que esteja sob sua IV – Suspensão do Exercício Profissional;
responsabilidade em razão do cargo ou do exercício V – Cassação do direito ao Exercício Profissional.
profissional, bem como desviá-lo em proveito próprio § 1º A advertência verbal consiste na admoestação ao
ou de outrem. infrator, de forma reservada, que será registrada no
Art. 95 Realizar ou participar de atividades de ensino, prontuário do mesmo, na presença de duas testemu-
pesquisa e extensão, em que os direitos inalienáveis nhas.
da pessoa, família e coletividade sejam desrespeitados § 2º A multa consiste na obrigatoriedade de paga-
ou ofereçam quaisquer tipos de riscos ou danos previ- mento de 01 (um) a 10 (dez) vezes o valor da anuida-
síveis aos envolvidos. de da categoria profissional à qual pertence o infrator,
Art. 96 Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e em vigor no ato do pagamento.
segurança da pessoa, família e coletividade. § 3º A censura consiste em repreensão que será di-
Art. 97 Falsificar ou manipular resultados de pesquisa, vulgada nas publicações oficiais do Sistema Cofen/
bem como usá-los para fins diferentes dos objetivos Conselhos Regionais de Enfermagem e em jornais de
previamente estabelecidos. grande circulação.
Art. 98 Publicar resultados de pesquisas que identifi- § 4º A suspensão consiste na proibição do exercício
quem o participante do estudo e/ou instituição envol- profissional da Enfermagem por um período de até 90
vida, sem a autorização prévia. (noventa) dias e será divulgada nas publicações ofi-
Art. 99 Divulgar ou publicar, em seu nome, produção ciais do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfer-
técnico-científica ou instrumento de organização for-
magem, jornais de grande circulação e comunicada
mal do qual não tenha participado ou omitir nomes
aos órgãos empregadores.
de coautores e colaboradores.
§ 5º A cassação consiste na perda do direito ao exer-
Art. 100 Utilizar dados, informações, ou opiniões ain-
cício da Enfermagem por um período de até 30 anos
da não publicadas, sem referência do autor ou sem a
e será divulgada nas publicações do Sistema Cofen/
sua autorização.
Conselhos Regionais de Enfermagem e em jornais de
Art. 101 Apropriar-se ou utilizar produções técnico-
grande circulação.
-científicas, das quais tenha ou não participado como
autor, sem concordância ou concessão dos demais § 6º As penalidades aplicadas deverão ser registradas
partícipes. no prontuário do infrator.
Art. 102 Aproveitar-se de posição hierárquica para fa- § 7º Nas penalidades de suspensão e cassação, o pro-
zer constar seu nome como autor ou coautor em obra fissional terá sua carteira retida no ato da notificação,
técnico-científica. em todas as categorias em que for inscrito, sendo de-
volvida após o cumprimento da pena e, no caso da
CAPÍTULO IV cassação, após o processo de reabilitação.
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES Art. 109 As penalidades, referentes à advertência ver-
bal, multa, censura e suspensão do exercício profis-
Art. 103 A caracterização das infrações éticas e dis- sional, são da responsabilidade do Conselho Regional
ciplinares, bem como a aplicação das respectivas pe- de Enfermagem, serão registradas no prontuário do
nalidades regem-se por este Código, sem prejuízo das profissional de Enfermagem; a pena de cassação do
sanções previstas em outros dispositivos legais. direito ao exercício profissional é de competência do
Art. 104 Considera-se infração ética e disciplinar a Conselho Federal de Enfermagem, conforme o dispos-
ação, omissão ou conivência que implique em desobe- to no art. 18, parágrafo primeiro, da Lei n° 5.905/73.
Parágrafo único. Na situação em que o processo tiver
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
5
IV – Os antecedentes do infrator. Art. 116 A pena de Multa é aplicável nos casos de in-
Art. 111 As infrações serão consideradas leves, mode- frações ao que está estabelecido nos artigos: 28, 29,
radas, graves ou gravíssimas, segundo a natureza do 30, 31, 32, 35, 36, 38, 39, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52,
ato e a circunstância de cada caso. 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72,
§ 1º São consideradas infrações leves as que ofendam 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87,
a integridade física, mental ou moral de qualquer pes- 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101
soa, sem causar debilidade ou aquelas que venham a e 102.
difamar organizações da categoria ou instituições ou Art. 117 A pena de Censura é aplicável nos casos de
ainda que causem danos patrimoniais ou financeiros. infrações ao que está estabelecido nos artigos: 31, 41,
§ 2º São consideradas infrações moderadas as que 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65,
provoquem debilidade temporária de membro, senti- 66, 67,68, 69, 70, 71, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81,
do ou função na pessoa ou ainda as que causem da- 82, 83, 84, 85, 86, 88, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 97, 99,
nos mentais, morais, patrimoniais ou financeiros. 100, 101 e 102.
§ 3º São consideradas infrações graves as que pro- Art. 118 A pena de Suspensão do Exercício Profissional
voquem perigo de morte, debilidade permanente de é aplicável nos casos de infrações ao que está estabe-
membro, sentido ou função, dano moral irremediável lecido nos artigos: 32, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 59,
na pessoa ou ainda as que causem danos mentais, 61, 62, 63, 64, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76
morais, patrimoniais ou financeiros.
§ 4º São consideradas infrações gravíssimas as que LEI N 7.498/86, DE 25 DE JUNHO DE 1986
provoquem a morte, debilidade permanente de mem-
bro, sentido ou função, dano moral irremediável na Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfer-
pessoa. magem e dá outras providências.
Art. 112 São consideradas circunstâncias atenuantes:
I – Ter o infrator procurado, logo após a infração, por Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfer-
sua espontânea vontade e com eficiência, evitar ou magem e dá outras providências.
minorar as consequências do seu ato; O presidente da República.
II – Ter bons antecedentes profissionais;
III – Realizar atos sob coação e/ou intimidação ou gra- Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
ve ameaça; sanciono a seguinte Lei:
IV – Realizar atos sob emprego real de força física;
V – Ter confessado espontaneamente a autoria da in- Art. 1º – É livre o exercício da Enfermagem em todo
fração;
o território nacional, observadas as disposições desta
VI – Ter colaborado espontaneamente com a elucida-
Lei.
ção dos fatos.
Art. 2º – A Enfermagem e suas atividades Auxiliares
Art. 113 São consideradas circunstâncias agravantes:
somente podem ser exercidas por pessoas legalmente
I – Ser reincidente;
habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfer-
II – Causar danos irreparáveis;
magem com jurisdição na área onde ocorre o exercí-
III – Cometer infração dolosamente;
cio.
IV – Cometer a infração por motivo fútil ou torpe;
V – Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a Parágrafo único. A Enfermagem é exercida privativa-
impunidade ou a vantagem de outra infração; mente pelo Enfermeiro, pelo Técnico de Enfermagem,
VI – Aproveitar-se da fragilidade da vítima; pelo Auxiliar de Enfermagem e pela Parteira, respeita-
VII – Cometer a infração com abuso de autoridade dos os respectivos graus de habilitação.
ou violação do dever inerente ao cargo ou função ou Art. 3º – O planejamento e a programação das insti-
exercício profissional; tuições e serviços de saúde incluem planejamento e
VIII – Ter maus antecedentes profissionais; programação de Enfermagem.
IX – Alterar ou falsificar prova, ou concorrer para a Art. 4º – A programação de Enfermagem inclui a pres-
desconstrução de fato que se relacione com o apurado crição da assistência de Enfermagem.
na denúncia durante a condução do processo ético. Art. 5º – (vetado)
§ 1º (vetado)
CAPÍTULO V § 2º (vetado)
DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES Art. 6º – São enfermeiros:
I – O titular do diploma de enfermeiro conferido por
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 114 As penalidades previstas neste Código somen- instituição de ensino, nos termos da lei;
te poderão ser aplicadas, cumulativamente, quando II – o titular do diploma ou certificado de obstetriz ou
houver infração a mais de um artigo. de enfermeira obstétrica, conferidos nos termos da lei;
Art. 115 A pena de Advertência verbal é aplicável nos III – o titular do diploma ou certificado de Enfermei-
casos de infrações ao que está estabelecido nos arti- ra e a titular do diploma ou certificado de Enfermeira
gos:, 26, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 35, 36, 37, 38, 39, 40, Obstétrica ou de Obstetriz, ou equivalente, conferido
41, 42, 43, 46, 48, 47, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, por escola estrangeira segundo as leis do país, regis-
57,58, 59, 60, 61, 62, 65, 66, 67, 69, 76, 77, 78, 79, 81, trado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou
82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 98, revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de
99, 100, 101 e 102. Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz;
6
IV – Aqueles que, não abrangidos pelos incisos ante- d) (VETADO);
riores, obtiverem título de Enfermeiro conforme o dis- e) (VETADO);
posto na alínea “”d”” do Art. 3º do Decreto nº 50.387, f) (VETADO);
de 28 de março de 1961. g) (VETADO);
Art. 7º – São técnicos de Enfermagem: h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre
I – o titular do diploma ou do certificado de Técnico de matéria de enfermagem;
Enfermagem, expedido de acordo com a legislação e i) consulta de enfermagem;
registrado pelo órgão competente; j) prescrição da assistência de enfermagem;
II – o titular do diploma ou do certificado legalmente l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves
conferido por escola ou curso estrangeiro, registrado com risco de vida;
em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou re- m) cuidados de enfermagem de maior complexidade
validado no Brasil como diploma de Técnico de Enfer- técnica e que exijam conhecimentos de base científica
magem. e capacidade de tomar decisões imediatas;
Art. 8º – São Auxiliares de Enfermagem: II – como integrante da equipe de saúde:
I – o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem a) participação no planejamento, execução e avalia-
conferido por instituição de ensino, nos termos da Lei ção da programação de saúde;
e registrado no órgão competente; b) participação na elaboração, execução e avaliação
II – o titular do diploma a que se refere a Lei nº 2.822, dos planos assistenciais de saúde;
de 14 de junho de 1956; c) prescrição de medicamentos estabelecidos em pro-
III – o titular do diploma ou certificado a que se refere gramas de saúde pública e em rotina aprovada pela
o inciso III do Art. 2º da Lei nº 2.604, de 17 de se- instituição de saúde;
tembro de 1955, expedido até a publicação da Lei nº d) participação em projetos de construção ou reforma
4.024, de 20 de dezembro de 1961; de unidades de internação;
IV – o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou e) prevenção e controle sistemático da infecção hospi-
Prático de Enfermagem, expedido até 1964 pelo Ser- talar e de doenças transmissíveis em geral;
viço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmá- f) prevenção e controle sistemático de danos que pos-
cia, do Ministério da Saúde, ou por órgão congênere sam ser causados à clientela durante a assistência de
da Secretaria de Saúde nas Unidades da Federação, enfermagem;
nos termos do Decreto-lei nº 23.774, de 22 de janeiro g) assistência de enfermagem à gestante, parturiente
de 1934, do Decreto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de e puérpera;
1946, e da Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959; h) acompanhamento da evolução e do trabalho de
V – o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enferma- parto;
gem, nos termos do Decreto-lei nº 299, de 28 de feve- i) execução do parto sem distocia;
reiro de 1967; j) educação visando à melhoria de saúde da popula-
VI – o titular do diploma ou certificado conferido por ção.
escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do país, Parágrafo único. As profissionais referidas no inciso II
registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultu- do art. 6º desta lei incumbe, ainda:
ral ou revalidado no Brasil como certificado de Auxi- a) assistência à parturiente e ao parto normal;
liar de Enfermagem. b) identificação das distocias obstétricas e tomada de
Art. 9º – São Parteiras: providências até a chegada do médico;
I – a titular de certificado previsto no Art. 1º do Decre- c) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação
to-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, observado de anestesia local, quando necessária.
o disposto na Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959; Art. 12 – O Técnico de Enfermagem exerce atividade
II – a titular do diploma ou certificado de Parteira, ou de nível médio, envolvendo orientação e acompanha-
equivalente, conferido por escola ou curso estrangeiro, mento do trabalho de Enfermagem em grau auxiliar, e
segundo as leis do país, registrado em virtude de in- participação no planejamento da assistência de Enfer-
tercâmbio cultural ou revalidado no Brasil, até 2 (dois) magem, cabendo-lhe especialmente:
anos após a publicação desta Lei, como certificado de § 1º Participar da programação da assistência de En-
Parteira. fermagem;
Art. 10 – (vetado) § 2º Executar ações assistenciais de Enfermagem, ex-
Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de ceto as privativas do Enfermeiro, observado o disposto
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
7
§ 2º Executar ações de tratamento simples; Referência
§ 3º Prestar cuidados de higiene e conforto ao pacien- http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen‐
te; -no-5642017_59145.html
§ 4º Participar da equipe de saúde.
Art. 14 – (vetado)
Art. 15 – As atividades referidas nos arts. 12 e 13 desta
Lei, quando exercidas em instituições de saúde, públi- EXERCÍCIO COMENTADO
cas e privadas, e em programas de saúde, somente po-
dem ser desempenhadas sob orientação e supervisão
de Enfermeiro. 1. Sobre as proibições dos profissionais de enfermagem,
Art. 16 – (vetado) julgue o(s) item(s) incorreto(S):
Art. 17 – (vetado)
Art. 18 – (vetado) ( ) A Executar atividades que não sejam de sua compe‐
Parágrafo único. (vetado) tência técnica, científica, ética e legal ou que não ofe‐
Art. 19 – (vetado) reçam segurança ao profissional, à pessoa, à família e à
Art. 20 – Os órgãos de pessoal da administração pú- coletividade.
blica direta e indireta, federal, estadual, municipal, do ( ) Colaborar ou acumpliciar-se com pessoas físicas ou
Distrito Federal e dos Territórios observarão, no provi- jurídicas que desrespeitem a legislação e princípios que
mento de cargos e funções e na contratação de pes- disciplinam o exercício profissional de Enfermagem.
soal de Enfermagem, de todos os graus, os preceitos ( ) Exercer a profissão com justiça, compromisso, equida‐
desta Lei. de, resolutividade, dignidade, competência, responsabili‐
Parágrafo único – Os órgãos a que se refere este artigo dade, honestidade e lealdade.
promoverão as medidas necessárias à harmonização
das situações já existentes com as diposições desta Lei, Resposta:
respeitados os direitos adquiridos quanto a vencimen-
Sequencia correta: V, V e F.
tos e salários.
A alternativa errada é somente a última, onde o as‐
Art. 21 – (vetado)
sunto abordado trata-se de um dever e não uma proi‐
Art. 22 – (vetado)
bição.
Art. 23 – O pessoal que se encontra executando tare-
fas de Enfermagem, em virtude de carência de recur-
sos humanos de nível médio nesta área, sem possuir
formação específica regulada em lei, será autorizado,
DECRETO Nº 94.406/1987
pelo Conselho Federal de Enfermagem, a exercer ati-
vidades elementares de Enfermagem, observado o dis-
posto no Art. 15 desta Lei.
Parágrafo único – A autorização referida neste artigo, DECRETO N 94.406/87
que obedecerá aos critérios baixados pelo Conselho
Federal de Enfermagem, somente poderá ser conce- Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986,
dida durante o prazo de 10 (dez) anos, a contar da que dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras
promulgação desta Lei. providências
Art. 24 – (vetado)
Parágrafo único – (vetado) Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986,
Art. 25 – O Poder Executivo regulamentará esta Lei no que dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras
prazo de 120 (cento e vinte) dias a contar da data de providências
sua publicação.
Art. 26 – Esta Lei entra em vigor na data de sua pu- O Presidente da República, usando das atribuições
blicação. que lhe confere o Art. 81, item III, da Constituição, e ten‐
Art. 27 – Revogam-se (vetado) as demais disposições do em vista o disposto no Art. 25 da Lei nº 7.498, de 25
em contrário. de junho de 1986,
Brasília, em 25 de junho de 1986, 165º da Indepen-
dência e 98º da República Decreta:
José Sarney Art. 1º – O exercício da atividade de Enfermagem,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 119 A pena de Cassação do Direito ao Exercício Art. 2º – As instituições e serviços de saúde incluirão a
Profissional é aplicável nos casos de infrações ao que atividade de Enfermagem no seu planejamento e pro-
está estabelecido nos artigos: 45, 64, 70, 72, 73, 74, 80, gramação.
82, 83, 94, 96 e 97.
8
Art. 3º – A prescrição da assistência de Enfermagem é segundo as respectivas leis, registrado em virtude de
parte integrante do programa de Enfermagem. intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil, até 26 de
junho de1988, como certificado de Parteiro.
Art. 4º – São Enfermeiros:
I – o titular do diploma de Enfermeiro conferido por Art. 8º – Ao enfermeiro incumbe:
instituição de ensino, nos termos da lei; I – privativamente:
II – o titular do diploma ou certificado de Obstetriz ou a) direção do órgão de Enfermagem integrante da es-
de Enfermeira Obstétrica, conferidos nos termos da lei; trutura básica da instituição de saúde, pública ou pri-
III – o titular do diploma ou certificado de Enfermei- vada, e chefia de serviço e de unidade de Enfermagem;
ra e a titular do diploma ou certificado de Enfermeira b) organização e direção dos serviços de Enfermagem
Obstétrica ou de Obstetriz, ou equivalente, conferido e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas
por escola estrangeira segundo as respectivas leis, re- prestadoras desses serviços;
gistrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural c) planejamento, organização, coordenação, execução
ou revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, e avaliação dos serviços da assistência de Enferma-
de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz; gem;
IV – aqueles que, não abrangidos pelos incisos ante- d) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre
riores, obtiveram título de Enfermeira conforme o dis- matéria de Enfermagem;
posto na letra “”d”” do Art. 3º. do Decreto-lei Decreto e) consulta de Enfermagem;
nº 50.387, de 28 de março de 1961. f) prescrição da assistência de Enfermagem;
g) cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves
Art. 5º. São técnicos de Enfermagem: com risco de vida;
I – o titular do diploma ou do certificado de técnico de h) cuidados de Enfermagem de maior complexidade
Enfermagem, expedido de acordo com a legislação e técnica e que exijam conhecimentos científicos ade-
registrado no órgão competente; quados e capacidade de tomar decisões imediatas;
II – o titular do diploma ou do certificado legalmente II – como integrante da equipe de saúde:
conferido por escola ou curso estrangeiro, registrado a) participação no planejamento, execução e avalia-
em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou re- ção da programação de saúde;
validado no Brasil como diploma de técnico de Enfer- b) participação na elaboração, execução e avaliação
magem. dos planos assistenciais de saúde;
c) prescrição de medicamentos previamente estabe-
Art. 6º São Auxiliares de Enfermagem: lecidos em programas de saúde pública e em rotina
I – o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem
aprovada pela instituição de saúde;
conferido por instituição de ensino, nos termos da Lei
d) participação em projetos de construção ou reforma
e registrado no órgão competente;
de unidades de internação;
II – o titular do diploma a que se refere a Lei nº 2.822,
e) prevenção e controle sistemático da infecção hospi-
de 14 de junho de 1956;
talar, inclusive como membro das respectivas comis-
III – o titular do diploma ou certificado a que se refere
sões;
o item III do Art. 2º. da Lei nº 2.604, de 17 de setembro
f) participação na elaboração de medidas de preven-
de1955, expedido até a publicação da Lei nº 4.024, de
ção e controle sistemático de danos que possam ser
20 de dezembro de 1961;
IV – o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou causados aos pacientes durante a assistência de En-
Prático de Enfermagem, expedido até 1964 pelo Ser- fermagem;
viço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmá- g) participação na prevenção e controle das doenças
cia, do Ministério da Saúde, ou por órgão congênere transmissíveis em geral e nos programas de vigilância
da Secretaria de Saúde nas Unidades da Federação, epidemiológica;
nos termos do Decreto-lei nº 23.774, de 22 de janeiro h) prestação de assistência de enfermagem à gestante,
de 1934, do Decreto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de parturiente, puérpera e ao recém-nascido;
1946, e da Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959; i) participação nos programas e nas atividades de as-
V – o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enferma- sistência integral à saúde individual e de grupos espe-
gem, nos termos do Decreto-lei nº 299, de 28 de feve- cíficos, particularmente daqueles prioritários e de alto
reiro de 1967; risco;
j) acompanhamento da evolução e do trabalho de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
9
o) participação nos programas de higiene e segurança g) realizar testes e proceder à sua leitura, para subsí-
do trabalho e de prevenção de acidentes e de doenças dio de diagnóstico;
profissionais e do trabalho; h) colher material para exames laboratoriais;
p) participação na elaboração e na operacionalização i) prestar cuidados de Enfermagem pré e pós-opera-
do sistema de referência e contra-referência do pa- tórios;
ciente nos diferentes níveis de atenção à saúde; j) circular em sala de cirurgia e, se necessário, instru-
q) participação no desenvolvimento de tecnologia mentar;
apropriada à assistência de saúde; l) executar atividades de desinfecção e esterilização;
r) participação em bancas examinadoras, em maté- IV – prestar cuidados de higiene e conforto ao pacien-
rias específicas de Enfermagem, nos concursos para te e zelar por sua segurança, inclusive:
provimento de cargo ou contratação de Enfermeiro ou a) alimentá-lo ou auxiliá-lo a alimentar-se;
pessoal Técnico e Auxiliar de Enfermagem. b) zelar pela limpeza e ordem do material, de equipa-
Art. 9º – Às profissionais titulares de diploma ou cer- mentos e de dependência de unidades de saúde;
tificados de Obstetriz ou de Enfermeira Obstétrica, V – integrar a equipe de saúde;
além das atividades de que trata o artigo precedente, VI – participar de atividades de educação em saúde,
incumbe: inclusive:
I – prestação de assistência à parturiente e ao parto a) orientar os pacientes na pós-consulta, quanto ao
normal; cumprimento das prescrições de Enfermagem e mé-
II – identificação das distócias obstétricas e tomada de dicas;
providências até a chegada do médico; b) auxiliar o Enfermeiro e o Técnico de Enfermagem na
III – realização de episiotomia e episiorrafia com apli- execução dos programas de educação para a saúde;
cação de anestesia local, quando necessária. VII – executar os trabalhos de rotina vinculados à alta
Art. 10 – O Técnico de Enfermagem exerce as ativi- de pacientes:
dades auxiliares, de nível médio técnico, atribuídas à VIII – participar dos procedimentos pós-morte.
equipe de Enfermagem, cabendo-lhe: Art. 12 – Ao Parteiro incumbe:
I – assistir ao Enfermeiro: I – prestar cuidados à gestante e à parturiente;
a) no planejamento, programação, orientação e su- II – assistir ao parto normal, inclusive em domicílio; e
pervisão das atividades de assistência de Enfermagem; III – cuidar da puérpera e do recém-nascido.
b) na prestação de cuidados diretos de Enfermagem a Parágrafo único – As atividades de que trata este ar-
pacientes em estado grave; tigo são exercidas sob supervisão de Enfermeiro Obs-
c) na prevenção e controle das doenças transmissíveis tetra, quando realizadas em instituições de saúde,
em geral em programas de vigilância epidemiológica; e, sempre que possível, sob controle e supervisão de
d) na prevenção e controle sistemático da infecção unidade de saúde, quando realizadas em domicílio ou
hospitalar; onde se fizerem necessárias.
e) na prevenção e controle sistemático de danos físicos Art. 13 – As atividades relacionadas nos arts. 10 e 11
que possam ser causados a pacientes durante a assis- somente poderão ser exercidas sob supervisão, orien-
tência de saúde; tação e direção de Enfermeiro.
f) na execução dos programas referidos nas letras “”i”” Art. 14 – Incumbe a todo o pessoal de Enfermagem:
e “”o”” do item II do Art. 8º. I – cumprir e fazer cumprir o Código de Deontologia
II – executar atividades de assistência de Enfermagem, da Enfermagem;
excetuadas as privativas do Enfermeiro e as referidas II – quando for o caso, anotar no prontuário do pa-
no Art. 9º deste Decreto: ciente as atividades da assistência de Enfermagem,
III – integrar a equipe de saúde. para fins estatísticos;
Art. 11 – O Auxiliar de Enfermagem executa as ativi- Art. 15 – Na administração pública direta e indireta,
dades auxiliares, de nível médio atribuídas à equipe de federal, estadual, municipal, do Distrito Federal e dos
Enfermagem, cabendo-lhe: Territórios será exigida como condição essencial para
I – preparar o paciente para consultas, exames e tra- provimento de cargos e funções e contratação de pes-
tamentos; soal de Enfermagem, de todos os graus, a prova de
II – observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas, inscrição no Conselho Regional de Enfermagem da
ao nível de sua qualificação; respectiva região.
III – executar tratamentos especificamente prescritos, Parágrafo único – Os órgãos e entidades compreen-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ou de rotina, além de outras atividades de Enferma- didos neste artigo promoverão, em articulação com o
gem, tais como: Conselho Federal de Enfermagem, as medidas neces-
ministrar medicamentos por via oral e parenteral; sárias à adaptação das situações já existentes com as
realizar controle hídrico; disposições deste Decreto, respeitados os direitos ad-
fazer curativos; quiridos quanto a vencimentos e salários.
d) aplicar oxigenoterapia, nebulização, enteroclisma, Art. 16 – Este Decreto entra em vigor na data de sua
enema e calor ou frio; publicação.
e) executar tarefas referentes à conservação e aplica- Art. 17 – Revogam-se as disposições em contrário.
ção de vacinas;
f) efetuar o controle de pacientes e de comunicantes Brasília, 08 de junho de 1987;
em doenças transmissíveis; José Sarney
10
Eros Antonio de Almeida 2.Diagnóstico
Dec. nº 94.406, de 08.06.87
publicado no DOU de 09.06.87 Com base nos dados, os principais diagnósticos de
enfermagem pré-operatórios do paciente cirúrgico po‐
dem incluir:
ENFERMAGEM NO CENTRO -Ansiedade relacionada à experiência cirúrgica (anes‐
tesia, dor) e ao resultado da cirurgia;
CIRÚRGICO. RECUPERAÇÃO DA -Risco de gerenciamento ineficaz do regime terapêu‐
ANESTESIA. CENTRAL DE MATERIAL E tico relacionado ao déficit de conhecimento sobre
ESTERILIZAÇÃO. ATUAÇÃO NOS PERÍO- os procedimentos e protocolos pré-operatórios e
DOS PRÉ-OPERATÓRIO, TRANS‐OPERA- expectativas pós-operatórias.
TÓRIO E PÓS‐OPERATÓRIO. ATUAÇÃO
DURANTE OS PROCEDIMENTOS CIRÚR- 3.Planejamento e Metas
GICO‐ANESTÉSICOS. MATERIAIS E EQUI-
PAMENTOS BÁSICOS QUE COMPÕEM AS As principais metas para o paciente cirúrgico podem
SALAS DE CIRURGIA E RECUPERAÇÃO incluir o alívio da ansiedade pré-operatória e o aumento
do conhecimento sobre o preparo pré-operatório e ex‐
ANESTÉSICA. ROTINAS DE LIMPEZA DA pectativas pós-operatórias
SALA DE CIRURGIA. USO DE MATERIAL
ESTÉRIL. MANUSEIO DE EQUIPAMENTOS: 4.Prescrições de enfermagem
AUTOCLAVES; SELADORA
TÉRMICA E LAVADORA Reduzindo a Ansiedade Pré-operatória;
AUTOMÁTICA ULTRASSÔNICA Promovendo a Educação do Paciente;
5.Evolução
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM AGRAVOS
CLÍNICOS E CIRÚRGICOS Resultados esperados. Abaixo uma listagem de sinais
apresentados pelo paciente:
Os profissionais da especialidade de enfermagem 1. Ansiedade aliviada.
perioperatória atuam em uma área complexa que requer a) Discute as preocupações com o anestesiologista ou
enfermeiras com perfil dinâmico e empreendedor, além anestesista;
de conhecimento técnico, científico e tecnológico. Estas b) Verbaliza compreensão sobre a medicação;
enfermeiras vivenciam diariamente situações de urgência c) Discute preocupações de última hora ;
e emergência, que exigem contínuo aperfeiçoamento em d) Discute as preocupações financeiras;
relação às novas tecnologias, assistência especializada, e) Requisita visita de um religioso;
gerenciamento de conflitos, administração, de deficiên‐ f) Relaxa tranquilamente após ser visitado pelos
cias estruturais, convivência com a morte, a dor e outras membros da equipe
formas de estresse humano. (GRITTEM, 2007)
Importante que a enfermeira organize o ambiente, 2. Prepara-se para intervenção cirúrgica
atenda as demandas de materiais e recursos humanos. a) Participa na preparação pré-operatória;
Entretanto, é preciso ampliar a visão, que a enfermagem, b) Demonstra e descreve exercícios que espera reali‐
a instituição, e a sociedade tem acerca da enfermagem. zar no pós-operatório;
Essa profissional deve assumir seu papel como líder da c) Revisa as informações sobre o cuidados no pós‐
equipe de enfermagem da Unidade de Centro Cirúrgico, -operatório;
com competência e propriedades técnicas e cientificas, d) Aceita medicação pré-anestésica;
sem perder de vista o foco de seu processo de trabalho e) Permanece no leito;
que é a assistência, a gerência, o ensino e a pesquisa. f) Relaxa durante o transporte;
A Lei do Exercício Profissional da Enfermagem (BRA‐ g) Estabelece as justificativas para o uso de grades
SIL, 1986) prevê que a enfermeira planeje, organize, coor‐
dene e avalie os serviços de assistência de enfermagem. 3. Participa do planejamento da alta.
tência perioperatória: uma tecnologia de enfermagem. Antes de o tratamento ser iniciado, a história de saú‐
Curitiba, 2007. 153 p. de é obtida o exame físico é realizado, observa-se:
O PROCESSO DE ENFERMAGEM: PREPARANDO -Sinais vitais;
O PACIENTE PARA A CIRURGIA -Procura-se achados significativos como ulceras por
pressão, edema, sons respiratórios anormais;
1.Histórico -Observa-se os exames sanguíneos, raio x, e outros.
11
ciências devem ser corrigidas antes da cirurgia. Em Ao prestar orientações pré-operatórias, a equipe de
caso de obesidade ficar atendo as complicações enfermagem deve estar atenta ao fato de que as neces‐
durante e após a cirurgia. sidades de um cliente são diferentes das de outro. O mo‐
-Uso de Drogas ou Álcool. Procurar obter o dado re‐ mento mais adequado para o cliente e família receberem
ferente aos hábitos de vida, durante o histórico, as orientações e participarem do processo de aprendiza‐
importante lembrar que o paciente poderá escon‐ gem é quando demonstram interesse pelas informações,
der estes dados. O paciente com histórico de al‐ revelada muitas vezes através de perguntas ou busca da
coolismo crônico geralmente sofre de desnutrição atenção da equipe de enfermagem.
e outros problemas sistêmicos que aumentam o Quanto ao aspecto de fé, a equipe de enfermagem
risco cirúrgico. pode providenciar assistência religiosa, desde que solici‐
-Estado Respiratório, solicita-se a todos os pacientes tada pelo cliente e/ou família.
que parem de fumar 4 a 6 semanas antes da ci‐ Além disso, é possível conceder ao cliente a permissão
rurgia, sendo ensinados sobre os exercícios respi‐ para uso de figuras religiosas, por exemplo presas ao len‐
ratórios. çol da maca, sem que isso prejudique os cuidados durante
-Estado Cardiovascular: a meta para cirurgia é um sis‐ o intra ou pós-operatório.
tema cardiovascular bem funcionante para atender
às necessidades de oxigênio, líquido e nutrição aos 7. Atuando na Prevenção de Complicações no Pré-
longo do período perioperatorio. -Operatório
-Função hepática e renal: O fígado é importante na
biotransformação dos compostos anestésicos. E O preparo físico do cliente é importante para o bom
os rins envolvidos na excreção dos medicamentos andamento do ato cirúrgico, bem como para evitar com‐
anestésicos e seus metabólicos. A cirurgia é con‐ plicações posteriores ao mesmo. Evitar estas complica‐
traindicada em caso de nefrite aguda, insuficiência ções requer alguns cuidados de enfermagem específicos
renal aguda e outros problemas renais agudos, a relacionados com o preparo intestinal, vesical e da pele,
menos que a cirurgia seja necessária para melhorar além de uma avaliação da equipe, do ambiente e do
a função renal e salvar a vida do paciente. cliente para prevenir a ocorrência de infecções.
-Função endócrina: O risco dos pacientes comprome‐ Em vista da maior incidência de infecções hospita‐
tidos devido a doenças como diabetes tem riscos lares nos clientes cirúrgicos, o pessoal de enfermagem
de hiperglicemia e hipoglicemia. Importante que a pode contribuir para sua prevenção utilizando uniformes
avaliação de enfermagem seja criteriosa. limpos e unhas curtas e limpas, lavando as mãos antes e
-Função Imunológica: Importante que o enfermeiro após cada procedimento, respeitando as técnicas assép‐
faça investigação sobre alergias, importante veri‐ ticas na execução dos cuidados, oferecendo ambiente
ficar fatores que possam causar imunossupressão, limpo e observando os sinais iniciais de infecção.
exemplo destes os corticosteroides. A ocorrência ou não de infecção no pós-operatório
depende de vários fatores, mas principalmente da quan‐
Fonte: SMELTZER, S.C. BARE, B.G. Tratado de Enferma‐ tidade e virulência dos microrganismos e da capacidade
gem Médico-Cirúrgica. 9ed.vol1. Ed. Guanabara Koogan, de defesa do cliente.
2002. O uso de esteroides, desnutrição, neoplasias com al‐
terações imunológicas e clientes idosos ou crianças pe‐
6. Humanizando o preparo do cliente para a cirur- quenas são fatores de risco de infecção no pós-operató‐
gia: rio devido à redução na capacidade imunológica. Outros
fatores são o diabetes mellitus, que dificulta o processo
Como o estado emocional pode interferir diretamen‐ de cicatrização; a obesidade, em vista da menor irrigação
te na evolução pós-operatória, é importante que o cliente sanguínea do tecido gorduroso; o período pré-opera‐
receba orientações sobre os exames, a cirurgia, como re‐ tório prolongado, que faz com que o cliente entre em
tornará da mesma e os procedimentos do pós-operatório, contato maior com a flora hospitalar; e infecções no local
bem como esclarecimentos sobre a importância de sua ou fora da região cirúrgica, que podem causar contami‐
cooperação. nação da ferida operatória.
O risco de infecção cirúrgica pode ser diminuído
Para transmitir uma sensação de calma e confiança, a quando se trata ou compensa as doenças e os agravos
equipe de enfermagem deve manter uma relação de em‐ que favorecem a infecção, tais como a obesidade, fo‐
patia, ou seja, colocar-se na posição do outro, sem críticas cos infecciosos, presença de febre e outros. Também no
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ou julgamentos – o que muitas vezes ajuda a compreender pré-operatório imediato alguns cuidados são implemen‐
seus medos e inseguranças, possibilitando uma relação in‐ tados, tais como o banho com antissépticos específicos
terpessoal de respeito e não de autoridade. Além disso, (clorexidine ou solução de iodo PVPI) na noite anterior e
possibilita uma certa tranquilidade, favorecendo o entro‐ no dia da cirurgia, tricotomia, lavagem intestinal, retirada
samento do cliente e família com o ambiente hospitalar, de objetos pessoais, próteses e outros.
o que interfere beneficamente nas suas condições para a
cirurgia. Com relação ao cliente, é importante lembrar que 7.1. Esvaziamento intestinal
a comunicação não-verbal (o olhar, a voz, a postura do
cliente) também comunica suas necessidades; portanto, O esvaziamento intestinal no pré-operatório diminui
ao buscamos entender estes sinais teremos maiores con‐ o risco de liberação do conteúdo intestinal durante a ci‐
dições de melhor compreendê-lo. rurgia, provocado pelo efeito de medicamento relaxante
12
muscular. Existem controvérsias quanto à importância De acordo com o tipo de cirurgia, o cliente pode ne‐
desse procedimento pré-operatório. Dependendo do cessitar ser encaminhado para a cirurgia sem pelos na
cliente, da cirurgia e da equipe que o assiste, o prepa‐ região operatória, sendo então necessária uma tricoto‐
ro intestinal pode ser realizado mediante a utilização de mia da região.
laxativos, lavagem intestinal ou ambos. Geralmente, este Existem controvérsias se a tricotomia aumenta ou di‐
preparo ocorre entre 8 e 12 horas antes do ato cirúrgico. minui o potencial de infecção da ferida operatória. Por
A solução pode vir pronta para uso individual (enemas) esse motivo, recomenda-se que sua realização ocorra o
ou ser preparada pela enfermagem de acordo com a mais próximo possível do momento da cirurgia (no má‐
prescrição médica, mas antes de ser aplicada no cliente ximo 2 horas antes) ou no próprio centro cirúrgico, em
deve ser aquecida, para ficar morna. menor área possível e com método menos agressivo.
Também há controvérsia em relação às áreas da tri‐
7.2. Realizando a lavagem intestinal cotomia, que variam conforme as técnicas e tecnologias
usadas no processo cirúrgico. Entretanto, existem cirur‐
A numeração das sondas retais deve ser selecionada gias nas quais a tricotomia é absolutamente necessária,
de acordo com a idade e sexo do cliente, sendo de 14 a como as cranianas. Para exemplificar, listamos as áreas
20 para crianças e adolescentes, de 22 a 24 para as mu‐ de tricotomia segundo a região da cirurgia:
lheres e 24 a 26 para os homens. Cirurgia craniana – raspa-se o couro cabeludo total
Caso a sonda apresente diâmetro maior do que o do ou parcialmente, e o pescoço. Nas cirurgias de pescoço,
ânus do cliente e/ou seja introduzida sem lubrificante, deve-se incluir o colo e as axilas;
poderá provocar dor e lesões durante a sua passagem. Cirurgia torácica - raspam-se os pelos do tórax ante‐
Os frascos com solução pronta para uso dispensam a uti‐ rior e posterior até a cicatriz umbilical, podendo-se es‐
lização da sonda retal, dependendo das orientações do tender tal processo até a axila e região inguinal;
fabricante. Cirurgia cardíaca - as áreas a serem raspadas são o
O procedimento pode ser realizado no próprio quar‐ tórax, metade do dorso, punhos, dobras dos cotovelos e
to do cliente ou em sala apropriada, mas a equipe de en‐ região inguinal, acrescentando-se a face interna das coxas
fermagem deve estar atenta em promover a privacidade quando das cirurgias de revascularização do miocárdio;
do cliente. Cirurgia abdominal - recomenda-se a tricotomia da
Antes de iniciar o procedimento, a cama deve ser região mamária até a região pubiana anterior (posterior
forrada com impermeável e lençol móvel. Para facilitar a no caso das cirurgias renais); nas cesáreas e cirurgia ab‐
entrada e o trajeto a ser percorrido pelo líquido do en‐ dominal via baixa, raspa-se a região pubiana;
teroclisma, o mesmo deverá ser introduzido seguindo os Cirurgia dos membros – raspa-se o membro a ser
contornos anatômicos do intestino. Por esse motivo, o operado, acrescentando-se ou não as regiões axilar e
cliente é deitado em decúbito lateral esquerdo, com o pubiana.
corpo ligeiramente inclinado para a frente e apoiado so‐ Realizando a tricotomia (rever marcador das cirurgias
bre o tórax, tendo sua perna direita flexionada e apoiada anteriores para não ficar igual)
ligeiramente na esquerda (posição de SIMS). Antes de iniciar a tricotomia em áreas de grande pilo‐
Antes da introdução da sonda, o cliente deve ser sidade, recomenda-se cortar o excesso de pelo com uma
orientado para relaxar a musculatura anal, inspirando e tesoura.
prendendo a respiração. Quando realizada com barbeador, deve-se esticar a
pele e realizar a raspagem dos pelos no sentido do cres‐
Caso haja dificuldade para a introdução da sonda,
cimento dos mesmos, tendo-se o cuidado de não provo‐
devem-se verificar as prováveis causas: contração retal
car arranhaduras na pele.
involuntária perante a introdução de um corpo estranho,
O uso de depilatórios tem sido utilizado em algumas
medo da dor, dobra da sonda e outras intercorrências. instituições, mas apresenta a desvantagem de, em algu‐
Para que a lavagem intestinal tenha melhor efeito, reco‐ mas pessoas, provocar reações alérgicas e deixar a pele
menda- se que o cliente tente reter o líquido da lavagem avermelhada. A forma de utilização varia de acordo com
por cerca de 15 minutos. as orientações do fabricante.
Existem ainda aparelhos que ao invés de rasparem os
7.3. Esvaziamento da bexiga pelos cortam os mesmos rentes à pele, evitando escoria‐
ções e diminuindo o risco de infecção.
Recomenda-se seu esvaziamento espontâneo antes
do pré-anestésico. 9. Prevenindo Complicações Anestésicas
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
13
da anestesia, bem como diminuir tanto a dose dos agen‐ 10.1. Transportando o Cliente
tes anestésicos como as secreções do trato respiratório,
sempre lembrando a necessidade de verificação da exis‐ A maca ou cadeira de rodas deve estar forrada com
tência de alergia. lençol e situada próxima à cama, para facilitar a transfe‐
rência do cliente e evitar acidentes. Após deixá-lo confor‐
Na noite que antecede à cirurgia, visando evitar a in‐ tável, deve ser coberto com lençol e cobertor (nos dias
sônia do cliente, pode ser administrado um medicamen‐ frios).
to tranquilizante. Administra-se o MPA cerca de 45 a 60 Os responsáveis pelo transporte do cliente para o CC
minutos antes do início da anestesia. Todos os cuidados devem empurrar a maca ou cadeira de rodas com cuida‐
pré-operatórios devem ser realizados antes de sua apli‐ do, e estar atentos para observar alguma anormalidade
cação, porque após sua administração o cliente perma‐ com o cliente (palidez, sudorese, dificuldade respirató‐
necerá na maca de transporte, devido ao estado de so‐ ria, etc.), além disso verificar se o soro, sondas, drenos e
nolência. outros equipamentos que se fizerem necessários estão
Os MPA mais comuns são os: livres de tração.
Opiáceos - que provocam analgesia e sonolência, É recomendável que o cliente seja transportado de
sendo normalmente prescritos para clientes que apre‐ modo a visualizar o trajeto de frente, para evitar des‐
sentam dor antes da cirurgia. O principal medicamento conforto. É importante observar o alinhamento correto
é a meperidina; das partes do corpo durante o transporte e, nos casos
Benzodiazepínicos - apresentam ação ansiolítica e de clientes com venóclise ou transfusão sanguínea, de‐
tranquilizante, bem como efeitos edativo, miorelaxante ve-se adaptar à maca ou à cadeira de rodas o suporte
e anticonvulsivante. apropriado, posicionando corretamente o frasco de so‐
Hipnóticos - provocam sono ou sedação, porém sem lução venosa, cateteres, drenos e equipamentos. Durante
ação analgésica, sendo os principais o fenobarbital; o trajeto, conversar e encorajar o cliente, ou respeitar o
Neurolépticos - diminuem a ansiedade, a agitação e seu silêncio.
a agressividade. Os principais medicamentos são a clor‐
promazina e a prometazina. 10.2. O Cuidado de Enfermagem no Trans-Opera-
Os medicamentos hipnóticos, neurolépticos, ben‐ tório
zodiazepínicos e opiáceos, utilizados como pré-anes‐
tésicos, são de uso controlado, daí a necessidade de se O período transoperatório compreende o momento
guardar as ampolas vazias, para posterior reposição pela de recepção do cliente no CC e o intra-operatório reali‐
farmácia. zado na SO.
Nesse período, as ações de enfermagem devem as‐
10. Encaminhando o Cliente ao Centro Cirúrgico segurar a integridade física do cliente, tanto pelas agres‐
(CC) sões do ato cirúrgico como pelos riscos que o ambiente
do CC oferece ao mesmo, já submetido a um estresse
No momento de encaminhar o cliente ao CC, deve-se físico e exposição dos órgãos e tecidos ao meio externo;
observar e comunicar quaisquer anormalidades em re‐ daí a importância do uso de técnicas assépticas rigorosas.
lação aos preparos prescritos no dia anterior, tais como
manutenção do jejum, realização da higiene oral e cor‐ 10.3. Montagem da sala Cirúrgica
poral e administração de medicação pré-anestésica. E
ainda verificar e anotar os sinais vitais, vestir-lhe a roupa O auxiliar de enfermagem desempenha a função de
hospitalar (avental, touca e propés), certificar-se da re‐ circulante da sala cirúrgica, que também pode ser exer‐
moção de próteses dentárias (visando evitar seu desliza‐ cida pelo técnico em enfermagem, quando necessário.
mento para as vias aéreas inferiores durante a anestesia) Ao receber a lista de cirurgia, o circulante da sala ve‐
e oculares (visando evitar lesões na córnea), joias e ador‐ rifica os materiais, aparelhos ou solicitações especiais à
nos. Após essa sequência de preparos, o cliente deve ser mesma. Para prevenir a contaminação e infecção cirúr‐
gica, é importante manter a sala em boas condições de
deitado na maca e encaminhado ao CC com a documen‐
limpeza, observar se o lavabo está equipado para uso e
tação completa: exames e prontuário.
lavar as mãos. Portanto, antes de equipar a sala, o circu‐
O transporte do cliente é executado pelo pessoal da
lante limpa os equipamentos com álcool etílico a 70% ou
unidade de internação ou do CC, a critério de cada insti‐
outro desinfetante recomendado, deixando-os prontos
tuição. O transporte pode ser realizado em maca ou ca‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
14
Deve-se também preparar a infusão endovenosa e a ocluídos, para evitar úlceras de córnea; atentar para o po‐
bandeja de antissepsia, e dispor os pacotes de aventais, sicionamento do cliente, de modo a evitar escaras e dor
campos, luvas e a caixa de instrumentais em local limpo no pós-operatório; evitar extravasamento de solução para
e acessível. fora da veia.
Quando do processo de abertura do pacote, tomar o O circulante, além de auxiliar o anestesista no posi‐
cuidado de manusear somente a parte externa do campo, cionamento do cliente, também auxilia, quando neces‐
para evitar contaminar sua parte interna. Se o pacote for sário, a suprir material - e durante a cirurgia comunica e
grande, deve ser aberto sobre uma superfície; se pequeno, registra as alterações do que observou.
pode ser aberto afastado do corpo e seu conteúdo ofere‐ Compete ao cirurgião ou assistente posicionar corre‐
cido ao profissional que dele fará uso. tamente o cliente para o ato cirúrgico, cabendo ao cir‐
culante da sala auxiliá-los no procedimento ou realizá-lo
10.4. Fluxo do Cliente no Centro Cirúrgico sob orientação médica. O cliente deve estar posicionado
de forma anatômica, possibilitando boas condições de
Na recepção, é importante atender ao cliente com respiração e evitando distensões musculares, compres‐
cordialidade, transmitindo-lhe tranquilidade e confiança, são de vasos, nervos e saliências ósseas.
bem como proporcionar- lhe privacidade física e conforto. Também é atribuição do circulante ajudar os inte‐
grantes da equipe cirúrgica a se paramentarem.
É fundamental identificá-lo, chamando-o pelo nome, Para tanto, no momento de vestir o avental, o circu‐
checando a pulseira de identificação ou conferindo seus lante deve posicionar-se de frente para as costas do mem‐
dados com quem o transportou; além disso, deve-se ve‐ bro da equipe que está se paramentando, introduzir as
rificar se o prontuário está completo, se os cuidados pré‐ mãos nas mangas - pela parte interna do avental - e puxar
-operatórios foram realizados, se há anotações sobre pro‐ até que os punhos cheguem nos pulsos; amarrar as tiras
blemas alérgicos e condições físicas e emocionais – estes ou amarilhos do decote do avental, receber os cintos pela
cuidados são absolutamente necessários para evitar erros, ponta e amarrar; posteriormente, apresentar as luvas.
ou realização de cirurgias em clientes inadequadamente Após auxiliar a equipe a se paramentar, abrir o paco‐
preparados. Após a checagem de todos esses dados po‐ te com o impermeável sobre a mesa do instrumentador
de-se fazer a tricotomia, se esta for a rotina do hospital, e e a caixa de instrumentais sobre a mesa auxiliar, forne‐
encaminhar o cliente para a sala de operação. cer ao instrumentador os mate riais esterilizados (gaze,
Através do corredor interno do CC, o cliente é trans‐ compressas, fios, cúpulas, etc.) e oferecer ao cirurgião a
portado em maca - sempre as grades levantadas para evi‐ bandeja de material para antissepsia. Auxiliar o aneste‐
tar quedas acidentais até a sala de cirurgia. sista a ajustar o arco de narcose e o suporte de soro de
Na sala de operação, o circulante recebe o cliente de cada lado da mesa cirúrgica, fixar as pontas dos campos
forma a tentar diminuir sua ansiedade, transmitindo-lhe esterilizados - recebidos do assistente
confiança, segurança e tranquilidade. Para evitar erros, re‐ - no arco e suportes, formando uma tenda de separa‐
pete os mesmos cuidados de conferência de dados pré‐ ção entre o campo operatório e o anestesista.
vios à entrada no CC.
Após conferir os dados do prontuário, o cliente deve Posteriormente, aproximar da equipe cirúrgica o
ser transferido da maca para a mesa cirúrgica, tendo-se o hamper coberto com campo esterilizado e o balde de
cuidado de posicionar corretamente os frascos de solução, lixo; conectar a extremidade de borracha recebida do as‐
drenos e sondas, caso existam. sistente ou instrumentador ao aspirador, e ligá-lo.
Ao posicionar o suporte de braço (para a infusão en‐ Se for utilizado o bisturi elétrico, faz-se necessário
dovenosa) sob o colchonete da mesa cirúrgica, deve-se aplicar gel condutor na placa neutra, para neutralizar a
ter o cuidado de colocar o braço do cliente num ângulo carga elétrica quando do contato da mesma com o corpo
inferior a 90o em relação ao corpo, para evitar dores mus‐ do cliente, conforme orientação do fabricante.
culares e articulares no pós-operatório. A seguir, colocar a placa neutra sob a panturrilha ou
Em vista da probabilidade de ocorrer hipotensão ar‐ outra região de grande massa muscular, evitando áreas
terial provocada pela anestesia e/ou perdas sanguíneas que dificultem o seu contato com o corpo do cliente,
durante o ato operatório, é necessário controlar a pressão como saliências ósseas, pele escarificada, áreas de gran‐
arterial pelo monitor ou aparelho de pressão arterial. de pilosidade, pele úmida. Ao movimentar o cliente, ob‐
O cliente pode apresentar hipotermia devido à baixa servar se ocorre deslocamento da placa, reposicionando‐
temperatura da SO, administração de líquidos gelados, -a se necessário. Qualquer que seja a posição escolhida
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
feridas ou cavidades abertas e diminuição da atividade para colocar a placa, ela deve permitir o funcionamento
muscular. Para corrigir essa intercorrência, administrar so‐ correto dos eletrodos dos aparelhos, equipo de solução
luções mornas e trocar os campos molhados por outros e de sangue, drenos, sondas e cateteres.
secos, já que os tecidos molhados promovem a perda de Jamais se deve deixar nenhuma parte do corpo do
calor. cliente em contato com a superfície metálica da mesa
Como o cliente está anestesiado e, portanto, incapaci‐ cirúrgica, pois isto, além de desconfortável, pode ocasio‐
tado para se defender de qualquer tipo de agressão física, nar queimaduras devido ao uso do bisturi elétrico.
é dever da equipe médica e de enfermagem assegurar-lhe Quando não for mais utilizado material estéril dos
um ato operatório seguro, prestando alguns cuidados es‐ pacotes, os mesmos devem estar sempre cobertos para
pecíficos, entre outros: anestésico administrado na dosa‐ possibilitar o seu eventual uso durante a cirurgia, com
gem certa para evitar a dor; manter os olhos do cliente segurança.
15
No transcorrer da cirurgia, alguns cuidados se fazem vés de compressão direta com os dedos, uso de pinças,
necessários, dentre eles: bisturi elétrico (termocautério) ou sutura para prevenir,
- ajustar o foco de luz sempre que solicitado, de for‐ deter ou impedir o sangramento. Ao se atingir a área
ma a proporcionar iluminação adequada no cam‐ comprometida, faz-se a exérese, que é a cirurgia pro‐
po cirúrgico, sem projeção de sombras e reflexos; priamente dita. A etapa final é a síntese cirúrgica, com a
- observar o gotejamento dos soros e sangue, líqui‐ aproximação das bordas da ferida operatória através de
dos drenados e sinais de intercorrências; sutura, adesivos e/ou ataduras.
- controlar a quantidade e peso das compressas cirúr‐
gicas e gazes, para evitar esquecimento acidental 12. Instrumentais e fios cirúrgicos
desses materiais no campo operatório;
- avaliar a perda sanguínea e de líquidos pelas sondas Auxiliam a equipe cirúrgica durante a operação, mas
e do sangue aspirado no frasco do aspirador. para isso é necessário que a equipe de enfermagem ofe‐
reça-os em perfeitas condições de uso e no tamanho
Quando for necessário mudar a posição do cliente correto.
durante a cirurgia, deve-se evitar movimentos rápidos e O instrumentador cirúrgico é o profissional respon‐
bruscos, porque a mudança repentina de posição pode sável por prever os materiais necessários à cirurgia, bem
ocasionar hipotensão arterial. como preparar a mesa com os instrumentais, fios cirúr‐
Os registros são feitos em impresso próprio, anotan‐ gicos e outros materiais necessários, ajudar na colocação
do-se os medicamentos, soluções, sangue, equipamen‐ de campos operatórios, fornecer os instrumentais e ma‐
tos usados, intercorrências com o cliente, nome da ope‐ teriais à equipe cirúrgica e manter a limpeza e proteção
ração e da equipe cirúrgica, bem como início e término dos instrumentais e materiais contra a contaminação.
da cirurgia. Os instrumentais cirúrgicos são classificados de acor‐
Ao final da cirurgia, desliga-se o foco e aparelhos, do com sua função:
afasta-se os equipamentos e aparelhos da mesa cirúrgica, - diérese - utilizados para cortar, tais como o bisturi,
remove-se os campos, pinças e outros materiais sobre o tesouras, trépano;
cliente. - hemostáticos - auxiliam a estancar o sangramento,
Até que o cliente seja transportado para a recupera‐ tais como as pinças de Kelly, Kocher, Rochester;
ção pós-anestésica ou unidade cirúrgica, o mesmo não -síntese cirúrgica - geralmente utilizados para fecha‐
pode ser deixado sozinho devido ao risco de quedas aci‐ mento de cavidades e incisões, sendo o mais co‐
dentais ou intercorrências pós-cirúrgicas. mum a agulha de sutura presa no porta-agulha;
Durante a transferência da SO para a RPA, UTI ou - apoio ou auxiliares - destinam-se a auxiliar o uso de
unidade de internação, deve-se ser cuidadoso durante a outros grupos de instrumentais, destacando-se o
mudança do cliente da mesa cirúrgica para a maca, ob‐ afastador Farabeuf para afastar os tecidos e permi‐
servando a necessidade de agasalhá-lo, a manutenção tir uma melhor visualização do campo operatório
do gotejamento das infusões venosas, as condições do
e a pinça anatômica para auxiliar na dissecção do
curativo e o funcionamento de sondas e drenos.
tecido;
O encaminhamento do cliente à RPA normalmente é
- especiais - aqueles específicos para cada tipo de ci‐
feito pelo circulante da sala, junto com o anestesista.
rurgia, como, por exemplo, a pinça gêmea de Aba‐
Antes de providenciar a limpeza da sala cirúrgica,
die, utilizada nas cirurgias do trato digestivo.
o circulante deve separar a roupa usada na cirurgia e
encaminhá-la ao expurgo após verificar se não há ins‐
Os fios cirúrgicos apresentam-se com ou sem agu‐
trumentais misturados. Os materiais de vidro, borracha,
cortantes, instrumentais e outros devem ser separados e lhas, e sua numeração varia de 1 a 5 e de 0-0 a 12-0
encaminhados para limpeza e esterilização, ou jogados (doze-zero). São classificados em absorvíveis e não -ab‐
no saco de lixo, encaminhando-os, lacrados, para o devi‐ sorvíveis.
do setor, sempre respeitando-se as medidas de preven‐ Os fios absorvíveis, como o próprio nome indica, são
ção de acidentes com perfuro cortantes. absorvidos pelo organismo após determinado período.
Com relação a impressos, ampolas ou frascos vazios O catgut é de origem animal (do intestino delgado dos
de medicamentos controlados, os mesmos devem ser bovinos), podendo ser simples ou cromado. O catgut
encaminhados para os setores determinados. simples é indicado para os tecidos de rápida cicatrização,
Ao final da cirurgia, normalmente o cirurgião ou ou‐ com absorção total em 2 a 3 semanas; o catgut cromado,
tro profissional que tenha participado de sua realização devido à impregnação com sais de ácido crômico, é to‐
talmente absorvido em 6 meses.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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neurose, o fio de aço para suturar ossos e os fios de ori‐ - Durante a anestesia peridural ou raquianestesia o
gem sintética para a sutura de pele. A seda é geralmente circulante auxilia na colocação e manutenção do
utilizada nas pessoas que provavelmente terão dificul‐ cliente em posição especial, com o objetivo de faci‐
dade no processo de cicatrização (obesos, desnutridos, litar a punção com a abertura máxima dos espaços
diabéticos ou aqueles com abdome volumoso), onde a intervertebrais. Uma dessas posições o decúbito
sutura é realizada com pontos subtotais. lateral fetal, com os joelhos próximos do abdome
e o queixo encostado no tórax. O circulante da sala
O sangramento de capilares pode ser estancado pela mantém o cliente nessa posição, colocando uma
aplicação de substância hemostática no local. Podemos das mãos na região cervical e a outra na dobra
citar, como exemplo, a cera para osso - utilizada para posterior do joelho. Durante a punção, outra po‐
estancar o sangramento ósseo nas cirurgias ortopédicas sição é o cliente sentado com as pernas pendendo
e neurocirurgias. lateralmente para fora da mesa cirúrgica e o quei‐
Outro recurso é o bisturi elétrico, que pode ser utili‐ xo apoiado no tórax. Para mantê-lo assim imobili‐
zado com a função de coagulação e secção (corte) dos zado, o circulante de sala deve colocar-se à frente,
tecidos, através da aplicação local de descargas elétricas. com as mãos em sua nuca.
- Durante a anestesia geral, o cliente deve ser pos‐
13. Tipos de Anestesia to em decúbito dorsal: deitado de costas, pernas
estendidas ou ligeiramente flexionadas, um dos
A anestesia é um estado de relaxamento, perda da braços estendido ao longo do corpo e o outro
sensibilidade e dos reflexos, de forma parcial ou total, apoiado no suporte de braço. Para facilitar a visua‐
provocada pela ação de drogas anestésicas. Seu objeti‐ lização das vias aéreas no momento da intubação,
vo é evitar a dor e facilitar o ato operatório pela equipe é necessário hiperestender o seu pescoço.
cirúrgica. Na anestesia geral ocorre, também, um estado
de inconsciência. - Atualmente, muitas instituições possuem o Serviço
O anestesista é o médico responsável em avaliar o de Apoio Técnico à Anestesiologia, com pessoal
cliente no pré-operatório, prescrever a medicação pré-a‐ treinado e com conhecimento de preparo e mon‐
nestésica, administrar a anestesia, controlar as condições tagem de aparelhos utilizados em anestesia. Tam‐
do cliente durante a cirurgia e assistir o cliente na sala de bém é função desse serviço promover a limpeza
recuperação pós-anestésica. e esterilização dos componentes dos monitores,
As drogas anestésicas podem produzir anestesia em bem como repor os materiais de consumo, enca‐
todo o corpo (anestesia geral) ou em partes do mesmo minhar para reparo os aparelhos danificados e fa‐
(anestesias local, raquiana e peridural). zer a manutenção preventiva dos mesmos
Na anestesia geral administra-se o anestésico por via
inalatória, endovenosa ou combinado (inalatória e endo‐ 14. O cuidado de Enfermagem no Pós-Operatório
venosa), com o objetivo de promover um estado reversí‐ (Po)
vel de ausência de sensibilidade, relaxamento muscular,
perda de reflexos e inconsciência devido à ação de uma O pós-operatório inicia-se a partir da saída do cliente
ou mais drogas no sistema nervoso. da sala de operação e perdura até sua total recuperação.
A raquianestesia é indicada para as cirurgias na região Subdivide-se em pós-operatório imediato (POI), até às 24
abdominal e de membros inferiores, porque o anestésico horas posteriores à cirurgia; mediato, após as 24 horas e
é depositado no espaço subaracnóide da região lombar, até 7 dias depois; e tardio, após 7 dias do recebimento da
produzindo insensibilidade aos estímulos dolorosos por alta.
bloqueio da condução nervosa. Nesta fase, os objetivos do atendimento ao cliente são
Na anestesia peridural o anestésico é depositado no identificar, prevenir e tratar os problemas comuns aos pro‐
espaço peridural, ou seja, o anestesista não perfura a du‐ cedimentos anestésicos e cirúrgicos, tais como dor, larin‐
ra-máter. O anestésico se difunde nesse espaço, fixa-se gite pós- intubação traqueal, náuseas, vômitos, retenção
no tecido nervoso e bloqueia as raízes nervosas. urinária, flebite pós-venóclise e outros, com a finalidade de
Na anestesia local infiltra-se o anestésico nos tecidos restabelecer o seu equilíbrio.
próximos ao local da incisão cirúrgica. Utilizam-se anes‐ Posicionamento para facilitar a punção da região lom‐
tésicos associados com a adrenalina, com o objetivo de bar com abertura máxima dos espaços intervertebrais.
aumentar a ação do bloqueio por vasoconstrição e pre‐ Idealmente, todos os clientes em situação de POI de‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
venir sua rápida absorção para a corrente circulatória. vem ser encaminhados da SO para a RPA e sua transferên‐
A anestesia tópica está indicada para alívio da dor da cia para a enfermaria ou para a UTI só deve ocorrer quando
pele lesada por feridas, úlceras e traumatismos, ou de o anestesista considerar sua condição clínica satisfatória.
mucosas das vias aéreas e sistema geniturinário. A RPA é a área destinada à permanência preferencial do
O ato anestésico requer atenção do circulante de sala, cliente imediatamente após o término do ato cirúrgico e
especialmente no momento de posicionamento do cliente, anestésico, onde ficará por um período de uma a seis horas
transmitindo-lhe conforto e segurança, bem como facili‐ para prevenção ou tratamento de possíveis complicações.
tando o procedimento para a equipe cirúrgica. O posicio‐ Neste local aliviará a dor pós-operatória e será assistido até
namento do cliente relaciona-se com o tipo de anestesia a a volta dos seus reflexos, normalização dos sinais vitais e
ser aplicada: recuperação da consciência.
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Considerando tais circunstâncias, este setor deve maior frequência. É absolutamente contraindicada a apli‐
possuir equipamentos, medicamentos e materiais que cação de bolsa de água quente, pelo risco de surgirem
atendam a qualquer situação de emergência, tais como: queimaduras causadas pela diminuição da sensibilidade
- equipamentos básicos: cama/maca com grades dolorosa.
laterais de segurança e encaixes para suporte de
solução, suporte de solução fixo ou móvel, duas Na RPA, na primeira hora o controle dos sinais vitais
saídas de oxigênio, uma de ar comprimido, é realizado de 15 em 15 minutos; se estiver regular, de
- aspirador a vácuo, foco de luz, tomadas elétricas, 30 em 30 minutos. Mantida a regularidade do quadro, o
monitor cardíaco, oxímetro de pulso, esfigmoma‐ tempo de verificação do controle deve ser espaçado para
nômetro, ventiladores mecânicos, carrinho com 1/1h, 2/2h, e assim por diante.
material e medicamentos de emergência; Nos cuidados com o curativo, observar se o mesmo
- Materiais diversos: máscaras e cateteres de oxigê‐ está apertado demais ou provocando edema no local; se
nio, sondas de aspiração, luvas esterilizadas, luvas está frouxo demais ou se desprendendo da pele; ou se
de procedimentos, medicamentos, frascos de solu‐ apresenta-se sujo de sangue, o que indica sangramento
ção, equipo de solução e de transfusão sanguínea, ou hemorragia. Nestas situações, a equipe de enferma‐
equipo de PVC (pressão venosa central), material gem solicita avaliação médica ou refaz o curativo, man‐
para sondagem vesical, pacote de curativo, bol‐ tendo uma maior vigilância sobre o cliente que apresenta
sas coletoras, termômetro, material de coleta para sangramento.
exames e outros porventura necessários. Quando o cliente está com os reflexos presentes, si‐
nais vitais estabilizados, drenos e sondas funcionastes,
14.1. Cuidados de Enfermagem no Pós-Operatório recebe alta médica da RPA e é encaminhado para a uni‐
Imediato (POI) dade de internação.
No tocante à ansiedade e agitação apresentada por
Este período é considerado crítico, considerando-se alguns clientes, a equipe de enfermagem pode diminuir
seus receios dizendo-lhes onde se encontram, perguntan‐
que o cliente estará, inicialmente, sob efeito da anestesia
do-lhes o que os está incomodando ou tranquilizando-os
geral, raquianestesia, peridural ou local. Nessa circuns‐
mediante aplicação de analgésicos ou tranquilizantes.
tância, apresenta-se bastante vulnerável às complicações.
Com relação aos clientes agitados, a contenção dos
Assim, é fundamental que a equipe de enfermagem atue
mesmos ao leito só deve ocorrer após terem sido realiza‐
de forma a restabelecer-lhe as funções vitais, aliviar-lhe a
das várias tentativas para acalmá-los (orientação, mudan‐
dor e os desconfortos pós-operatório (náuseas, vômitos
ça de posicionamento, oferecer óculos e/ou aparelho de
e distensão abdominal), manter-lhe a integridade da pele
audição, dentre outras estratégias). Quando da contenção,
e prevenir a ocorrência de infecções. alguns cuidados de enfermagem devem ser realizados vi‐
Ao receber o cliente na RPA, UTI ou enfermaria, a sando evitar a ocorrência de complicações circulatória e
equipe deve tranquilizá-lo, informá-lo onde se encon‐ respiratória: evitar o garroteamento e proteger a área com
tra e perguntar-lhe se sente alguma anormalidade e/ou algodão em rama (ortopédico), camadas de algodão ou
desconforto. Se o cliente estiver sonolento ou aparente‐ compressa; manter vigilância da área restrita; massagear o
mente inconsciente, não devem ser feitos comentários local e refazer a restrição duas vezes ao dia e sempre que
indevidos, pois sua audição pode estar presente. houver cianose e edema; além disso, verificar queixas de
Deve-se ler atentamente o seu prontuário, o qual dor ou formigamento.
deverá conter informações sobre o tipo de anestesia, A decisão pela restrição deve basear-se na real ne‐
anestésico recebido, cirurgia realizada, intercorrências e cessidade do cliente, e não por ser a medida que dimi‐
recomendações especiais. Os frascos de solução, sangue nuirá o trabalho da equipe de enfermagem. Após a sua
e derivados devem ser postos no suporte e realizados adoção, não se deve esquecer que o cliente sob restrição
o controle de gotejamento e dos líquidos infundidos e permanece sendo um ser humano que necessita ser con‐
eliminados pelas sondas, drenos e catéteres - os quais fortado, tranquilizado e receber os adequados cuidados
deverão estar conectados às extensões e fixados no leito de enfermagem, incluindo avaliação constante da neces‐
ou outro local adequado. sidade de manutenção da restrição.
Para os clientes submetidos à anestesia geral, recomen‐ Após os cuidados recebidos, devem ser registrados,
da-se o decúbito dorsal horizontal sem travesseiro, com a pela enfermagem, dados como o tipo de anestesia, a ci‐
cabeça lateralizada para evitar aspiração de vômito (caso rurgia realizada, o horário de chegada, as condições ge‐
ocorra). Para os clientes com sonda nasogástrica (SNG), in‐ rais do cliente, a presença de drenos, soluções venosas,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
dica-se a posição semi-fowler, para prevenir a ocorrência sondas, cateteres e a assistência prestada.
de esofagite de refluxo. Visando evitar a queda dos clien‐
tes sonolentos, confusos e/ou agitados devido à ação dos 14.2. Anormalidades e Complicações do Pós-Ope-
anestésicos, as grades da cama devem ser mantidas ele‐ ratório
vadas.
A ocorrência de complicações no pós-operatório im‐
Normalmente, o cliente apresenta-se hipotérmico ao plica piora do quadro clínico do cliente, aumento do pe‐
retornar da SO, em vista da ação depressora do sistema ríodo de recuperação cirúrgica e, em alguns casos, até
nervoso - provocada pelo anestésico. A primeira condu‐ mesmo o óbito. Por isso, é vital que a prevenção, iden‐
ta é aquecê-lo com cobertores, fechar as janelas, ligar o tificação e imediata intervenção sejam realizadas o mais
aquecedor de ambiente e controlar sua temperatura com precocemente possível.
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Geralmente, as complicações mais comuns são: Mesmo que o cliente não relate dor intensa, a administra‐
ção da medicação é importante para prevenir a sensação
15. Alteração dos Sinais Vitais (TPR-PA) dolorosa mais intensa e contínua. A dor pode variar quan‐
to à localização, intensidade, duração e tipo (em pontadas,
É importante que a temperatura corporal seja con‐ compressiva, constante, intermitente) – características que
trolada com maior frequência, bem como atentar para podem ser obtidas pelas informações dadas pelo cliente.
a instalação de quadro convulsivo, principalmente em Outras manobras/estratégias podem auxiliar no alívio
crianças. Como as alterações térmicas levam a alterações da dor, tais como, respeitadas as devidas contraindica‐
nos sistemas cardiovascular e respiratório, recomenda-se ções: afrouxar e/ou trocar os curativos, aliviar a retenção
que os sinais vitais também recebam idêntica frequência de urina e fezes, fazer a mudança de decúbito, apoiar seg‐
de controle – o qual possibilita a identificação precoce do mentos do corpo em coxins e aplicar compressas frias ou
choque, que é a intercorrência mais grave, muitas vezes quentes, escurecer o ambiente e diminuir os barulhos, es‐
fatal. Assim, estes controles devem ser realizados até que timulando o cliente a repousar e/ou proporcionar-lhe algo
o cliente estabilize suas condições físicas. que o distraia, por exemplo, televisão, música, revistas, etc.
No tocante à respiração, esta pode estar alterada por As ações a serem implementadas devem considerar a ne‐
efeito do anestésico que deprime o sistema nervoso ou cessidade e o tipo de cliente, bem como os recursos dis‐
por obstrução das vias aéreas devido à aspiração de vô‐ poníveis na unidade.
mitos ou secreções. Realizadas estas medidas, se a dor ainda persistir, de‐
A cirurgia provoca no cliente um período de instabi‐ ve-se verificar junto ao enfermeiro e/ou médico a possibi‐
lidade orgânica que pode se manifestar pela alteração lidade de administrar outros medicamentos.
de temperatura (hipertermia ou hipotermia). Na hiperter‐ A equipe de enfermagem deve acompanhar a evolução
mia, a equipe de enfermagem pode retirar os cobertores, da dor, pois só assim saberá se o medicamento está fazendo
resfriar o ambiente, aplicar compressas frias nas regiões efeito, comunicando à enfermeira ou médico a sua persis‐
da fronte, axilar e inguinal e medicar antitérmico, de tência, para reavaliação da causa e/ou seu tratamento.
acordo com a prescrição; na hipotermia, o cliente deve É importante lembrar que a analgesia precoce ajuda
ser agasalhado e sua temperatura monitorada. o cliente a se movimentar sem grandes restrições, o que
A diminuição da pressão arterial e pulso é ocasiona‐ auxilia e agiliza sua efetiva recuperação.
da pela perda de sangue durante a cirurgia, efeito do Outra dor bastante comum é a cefaleia pós-raquianes‐
anestésico ou, mesmo, mudança brusca de posição. A hi‐ tesia, causada pela saída de líquor durante a punção lom‐
potensão arterial é a complicação precoce mais frequen‐ bar realizada para a introdução do anestésico. O cliente,
temente encontrada nas pessoas submetidas à raquia‐ ao elevar a cabeça, pode apresentar cefaleia intensa – o
nestesia, devendo ser corrigida com hidratação rigorosa que também pode ocorrer mais tardiamente, entre o 2°
pela via EV, mantendo-se o cliente na posição de Trende‐ e 7° dias após a punção. Nessas circunstâncias, recomen‐
lemburg - para melhorar o retorno venoso – e adminis‐ da-se colocá-lo em decúbito baixo, em posição supina, e
trando-lhe oxigênio. A administração de medicamentos dar-lhe hidratação adequada por VO e/ou EV, bem como
vasopressores está indicada apenas quando outras me‐ os analgésicos prescritos
didas não conseguiram normalizaram a pressão arterial.
15.1.2. Sonolência
15.1. Alterações Neurológicas
A sonolência é uma característica muito frequente
15.1.1. Dor no cliente cirúrgico. Assim, a certificação do seu nível de
consciência deve ser sempre verificada mediante alguns
O estado neurológico do cliente pode ser afetado estímulos (perguntas, estímulo tátil) e as alterações comu‐
pela ação do anestésico, do ato cirúrgico ou de um po‐ nicadas o mais rapidamente possível, pois podem indicar
sicionamento inadequado na mesa cirúrgica. Por isso, a complicações graves – como, por exemplo, hemorragia
equipe de enfermagem deve observar o nível de cons‐ interna.
ciência e as funções motora e sensitiva. Quando o clien‐
te apresentar quadro de confusão mental ou agitação, 15.1.3. Soluço
pesquisar se isto não está sendo provocado pela dor que
surge na medida em que a ação do anestésico vai sendo Os soluços são espasmos intermitentes do diafragma,
eliminada pelo organismo. Confirmando-se a dor, medi‐ provocados pela irritação do nervo frênico. No pós-ope‐
cá-lo conforme prescrição médica.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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15.1.4. Complicações Pulmonares Se essas medidas não surtirem efeito, realizar higiene
íntima com água morna, aquecer e relaxar o abdome pela
São as complicações mais sérias e frequentes no pós‐ aplicação de calor local e realizar estimulação pelo ruído
-operatório, principalmente nos clientes obesos, fuman‐ de uma torneira aberta próxima ao leito. Caso o cliente
tes, idosos e naqueles com outros agravos clínicos. não consiga urinar após tentados estes métodos, deve-se
As ações da equipe de enfermagem priorizam a pre‐ comunicar tal fato à enfermeira e/ou médico, e discutir a
venção das complicações pulmonares pelo reconheci‐ possibilidade da passagem de uma sonda de alívio.
mento precoce dos sinais e sintomas (cianose, dispneia,
tiragem intercostal, batimentos de asa de nariz, agita‐ 15,1,6, Complicações Gastrintestinais
ção), movimentação e deambulação precoces, lateraliza‐
ção da cabeça do cliente com vômito e não infusão de a) Náuseas e vômito
soluções endovenosas pelos membros inferiores - para Os efeitos colaterais dos anestésicos e a diminuição
evitar a formação de trombos e embolia pulmonar. Nor‐ do peristaltismo ocasionam distensão abdominal,
malmente, a causa dessas complicações é o acúmulo de acúmulo de líquidos e restos alimentares no trato
secreções brônquicas, cuja remoção pode ser favorecida digestório; em consequência, o cliente pode apre‐
pela fluidificação. sentar náuseas e vômito.
A expectoração é o meio natural de expeli-las, o que Na presença de náuseas, os clientes sem sonda naso‐
ocorre pela tosse. Assim, o cliente deve ser estimulado a gástrica devem ser colocados em decúbito lateral
hidratar-se, realizar os exercícios respiratórios e não ini‐ ou com a cabeça lateralizada para facilitar a drena‐
bir a tosse. gem do vômito pela boca. Nos clientes com sonda
Ao tossir, o cliente pode referir medo e dor. Para mi‐ nasogástrica, abrir a sonda e, mantendo-a aberta,
nimizar esta sensação, deve ser orientado a colocar as proceder à aspiração para esvaziar a cavidade gás‐
mãos, com os dedos entrelaçados, sobre a incisão ci‐ trica.
rúrgica; ou utilizar-se de um travesseiro, abraçando- o Para proporcionar conforto ao cliente, o vômito deve
e expectorando no lenço de papel. A broncopneumo‐ ser aparado em uma cuba-rim ou lençol/toalha; a
nia (BCP) é a principal complicação e acontece devido seguir, trocar as roupas de cama e proceder à hi‐
à aspiração de vômitos ou alimentos, estase pulmonar, giene oral o mais rápido possível. Geralmente, fa‐
infecção e irritação por produtos químicos. Além dessa, z-se necessário medicá-lo com antieméticos, pas‐
podem ocorrer a atelectasia, que é o colabamento dos sar a sonda nasogástrica (mantendo- a aberta) e
alvéolos pulmonares pela obstrução dos brônquios por aspirar mais frequentemente o conteúdo gástrico,
tampão mucoso, e a embolia pulmonar, que consiste de acordo com as orientações da enfermeira e/ou
na obstrução da artéria pulmonar ou de seus ramos por médico. Posteriormente, anotar a intercorrência e
êmbolos. O cliente pode apresentar, ainda, hipertermia, as providências adotadas.
alterações na frequência e profundidade da respiração, A dieta é introduzida de forma gradativa nos clientes,
dispneia e dor torácica. Como algumas complicações ins‐ desde que não apresentem náuseas, vômitos ou
talam-se bruscamente, faz-se necessário que a equipe de distensão abdominal, ou de acordo com as condi‐
enfermagem mantenha material de oxigenação pronto ções de aceitação. A equipe de enfermagem deve
para o uso emergencial: material de aspiração de secre‐ estar atenta quanto à ingestão de líquidos, por ser
ção, nebulizadores, cateter de oxigênio, balão auto inflá‐ esta uma das formas de reposição das perdas líqui‐
vel tipo ambú com intermediários, máscaras de diversos das ocorridas na cirurgia, devidas principalmente ao
tamanhos e material de intubação (laringoscópio, sondas sangramento.
endotraqueais de diversos calibres, mandril).
b) Constipação intestinal
15.1.5. Complicações Urinárias A constipação intestinal ocorre quando há diminui‐
ção do peristaltismo provocada pelo efeito colate‐
As mais frequentes são a infecção urinária e a retenção ral do anestésico, imobilidade prolongada no leito,
urinária (bexigoma). A infecção urinária é geralmente cau‐ quadro inflamatório, exposição e manipulação do
sada por falhas na técnica de sondagem vesical e refluxo intestino durante as cirurgias abdominais e o medo
da urina. Como sintomatologia o cliente apresenta hiper‐ da dor. Como resultado, ocorre retenção de fezes
termia, disúria e alterações nas características da urina. acompanhada ou não de dor, desconforto abdomi‐
nal e flatulência.
Visando minimizar a ocorrência de infecção urinária, O objetivo principal do cuidado é facilitar a saída dos
gases e fezes retidos, o que pode ser obtido me‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Nos casos em que o cliente não consegue evacuar mento deve ser comunicado com urgência à enfer‐
de forma satisfatória, o médico pode prescrever la‐ meira ou médico, para que sejam tomadas as de‐
xante no período noturno e/ou lavagem intestinal. vidas providências pois, conforme o caso, o cliente
deverá ser preparado para uma possível revisão
c) Sede cirúrgica. Na ocorrência de sangramento aumen‐
Provocada pela ação inibidora da atropina, perdas tado, a verificação dos sinais vitais é importante,
sanguíneas e de líquidos pela cavidade exposta pois pode indicar possível choque hemorrágico.
durante o ato operatório, sudorese e hipertermia.
A equipe de enfermagem deve observar a presen‐ b) Infecção da ferida cirúrgica
ça de sinais de desidratação (alteração no turgor A infecção da ferida operatória caracteriza-se pela
da pele e da PA e diminuição da diurese), manter a presença de secreção purulenta que varia de cla‐
hidratação por via oral e, nos clientes impossibilita‐ ra inodora a pus espesso com odor fétido, com a
dos de hidratar-se por via oral, umidificar os lábios presença ou não de necrose nas bordas da ferida.
e a boca, realizar higiene oral e manter hidratação Quando ocorre um processo inflamatório, normal‐
endovenosa. mente os sintomas se manifestam entre 36 e 48
horas após a cirurgia, mas podem passar desaper‐
15.1.7. Complicações Vasculares cebidos devido à antibioticoterapia.
A equipe de enfermagem pode prevenir a infecção
A permanência prolongada no leito, associada à imo‐ através de um preparo pré-operatório adequado,
bilidade após a cirurgia, provoca estase venosa, predis‐ utilização de técnicas assépticas, observação dos
pondo o aparecimento de trombose, tromboflebite e princípios da técnica de curativo e alerta aos sinais
embolia.
que caracterizam a infecção.
Quando o cliente muda de decúbito isto estimula sua
Os clientes devem ser orientados quanto aos cuida‐
circulação e a respiração mais profunda, aliviando-lhe
dos, durante o banho, com o curativo fechado.
também as áreas de pressão. Portanto, para melhorar a
Nas instituições que têm por rotina trocar o cura‐
circulação dos membros inferiores (MMII) o cliente deve,
tivo somente após o 2º dia pós-operatório (DPO),
só ou com ajuda, deitar-se em decúbito dorsal, dobrar
o mesmo deve ser coberto com plástico, como
o joelho e levantar o pé; um outro bom exercício é fazer
proteção à água do chuveiro - caso molhe-se aci‐
com que movimente as articulações.
A mudança de decúbito a cada 2 ou 4 horas, com dentalmente, isto deve ser notificado. Nas institui‐
ou sem auxílio da equipe de enfermagem, bem como a ções onde os curativos são trocados diariamente,
movimentação, realização de exercícios ativos no leito e o curativo pode ser retirado antes do banho, para
início da deambulação o mais precocemente possível são que o cliente possa lavar o local com água e sabão,
os cuidados recomendados para evitar a ocorrência de e refeito logo após.
complicações vasculares
Não havendo contraindicação, a partir do primeiro c) Deiscência
PO inicia-se a deambulação precoce. Para prevenir a hi‐ A deiscência é a abertura total ou parcial da incisão
potensão postural, deve-se orientar o cliente para que cirúrgica provocada por infecção, rompimento da
não se levante bruscamente do leito. Caso seja este seu sutura, distensão abdominal, ascite e estado nutri‐
desejo, deve, primeiramente, sentar-se no leito com as cional precário do cliente.
pernas para baixo e, em seguida, ficar em pé, sempre O tratamento da deiscência realiza-se mediante lava‐
com o auxílio de outra pessoa. Deve ainda ser orientado gem ou irrigação do local com solução fisiológica,
para solicitar medicação analgésica caso a dor dificulte‐ podendo haver a necessidade de o cliente revisar
-lhe a movimentação, desestimulando-o a levantar-se do os pontos cirúrgicos. A troca do curativo pode ou
leito. não ser atribuição da equipe de enfermagem e o
tempo de permanência dos curativos fechados de‐
15.1.8. Complicações na Ferida Operatória pende da rotina da instituição ou da equipe médi‐
ca. Todos os curativos com saída de secreções (pu‐
a) Hemorragia rulenta, sanguinolenta) devem ser do tipo fechado;
A hemorragia pode ser externa, quando o sangra‐ nos casos de sangramento, indica-se o curativo
mento é visível, ou interna, quando o sangramento compressivo.
não é visível – circunstância mais difícil de imediata
identificação. 15.1.9. Choque
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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após a cirurgia. Outro tipo frequente é o choque séptico Outra forma de drenagem fechada são os drenos com
decorrente de cirurgias infectadas, infecções crônicas ou reservatório de Jackson-Pratt (JP), que funciona com pres‐
adquiridas durante ou após o ato cirúrgico. são negativa e diferencia-se do anterior por possuir a for‐
Os sinais e sintomas mais frequentes são pulso ta‐ ma de pera – sendo comumente utilizado para cirurgias
quicárdico e filiforme, hipotensão arterial, dispneia, pali‐ abdominais. O principal cuida do com esse tipo de dreno
dez, sudorese fria, hipotermia, cianose de extremidades, é a correta manutenção do vácuo, obtido com a compres‐
agitação, oligúria ou anúria, valores de PVC abaixo do são do reservatório. Caso contrário, a drenagem não será
normal. eficaz, podendo ocorrer acúmulo de secreção - o que pro‐
Como o choque se instala rapidamente, é fundamental vocaria no cliente dor, desconforto e alterações dos seus
detectar e notificar precocemente seus sinais indicativos sinais vitais, entre outras intercorrências.
e a variação no nível de consciência, bem como controlar Existem também os sistemas de drenagem aberta, nos
frequentemente a pressão venosa central, temperatura, quais o dreno mais utilizado é o de Penrose, constituído
pressão arterial e frequência respiratória, principalmente por um tubo macio de borracha, de largura variada, utiliza‐
o pulso e a pressão arterial, e observar focos hemorrági‐ do principalmente para cirurgias em que haja presença de
cos fazendo, se necessário, curativo compressivo. abcesso na cavidade, particularmente nas cirurgias abdo‐
Considerando os sinais e sintomas e a possibilidade minais – nas quais se posiciona dentro da cavidade, sendo
de o cliente entrar em choque, recomenda-se a punção exteriorizado por um orifício próximo à incisão cirúrgica.
de uma veia o mais precocemente possível, haja vista Com relação aos cuidados de enfermagem, por se tratar
que após a instalação do choque haverá dificuldade para de um sistema aberto - que deverá estar sempre protegido
a visualização da mesma. A ênclise deve ser mantida en‐ por um reservatório (bolsa) - a manipulação deve ser feita
quanto se águarda a conduta médica. de maneira asséptica, pois existe a comunicação do meio
O material de emergência deve estar pronto para uso: ambiente com a cavidade, o que possibilita a ocorrência de
tábua de massagem cardíaca, aspirador, sondas de aspi‐ infecção – e o profissional deve estar atento para a possibi‐
ração de diversos calibres, luvas esterilizadas, balão auto lidade de exteriorização, o que não é incomum.
Além dessas, existe uma outra forma de drenagem que
inflável tipo ambú com intermediário, máscaras de diver‐
pode ser realizada tanto no momento da realização do ato
sos tamanhos, material de intubação (laringoscópio, son‐
cirúrgico como na presença de algum colapso: a drenagem
das endotraqueais de diversos calibres e mandril), catéter
de tórax – a qual, em vista de suas particularidades, será
de oxigênio, nebulizador, cânulas de Guedell, medica‐
detalhada a seguir.
mentos utilizados na parada cardíaca e soluções diversas.
15.1.10. Dreno de Tórax
Drenos: cuidados necessários: Algumas cirurgias
exigem a necessidade da colocação de drenos para faci‐ Sabemos que os pulmões estão envolvidos por um
litar o esvaziamento do ar e líquidos (sangue, secreções) saco seroso, completamente fechado, chamado pleura
acumulados na cavidade. Assim, para que exerça corre‐ - que possui um espaço (cavidade pleural) com pequena
tamente sua função o profissional deve ter a compreen‐ quantidade de líquido. Nesta cavidade a pressão é menor
são do que vem a ser dreno, bem como suas formas e que a do ar atmosférico, o que possibilita a entrada de ar.
localizações. Dreno pode ser definido como um objeto Sempre que o pulmão perde essa pressão negativa, seja
de forma variada, produzido em materiais diversos, cuja por abertura do tórax devido à cirurgia, trauma ou por pre‐
finalidade é manter a saída de líquido de uma cavidade sença de ar, pus, ou sangue no tórax ocorrerá o colapso
para o exterior. pulmonar.
De maneira geral, os cuidados de enfermagem são: Na presença desse colapso faz-se necessária a reali‐
manter a permeabilidade, visando garantir uma drena‐ zação de drenagem torácica para a reexpansão pulmonar
gem eficiente; realizar o adequado posicionamento do pela restauração da pressão negativa. Para tal procedimen‐
dreno, evitando que ocorra tração e posterior desloca‐ to faz-se necessária a utilização de máscara, aventais e lu‐
mento; realizar o curativo conforme a necessidade e com vas estéreis, solução para a assepsia do local de punção,
o material determinado para a prevenção de infecções; sistema de drenagem montado, anestésico local e material
controlar a drenagem, atentando para a quantidade e para curativo. Durante o procedimento, a equipe de enfer‐
aspecto da secreção drenada, e registrar corretamente magem deve auxiliar a circulação dos materiais e promover
todos estes dados. conforto e segurança ao cliente.
Em relação à manutenção do sistema fechado, a
Para melhor entendimento, apresentaremos a seguir equipe de enfermagem deve observar e realizar algumas
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
alguns tipos de drenos, seu posicionamento, cuidados es‐ ações específicas para impedir a entrada de ar no sistema
pecíficos e em que tipos de cirurgia podem ser utilizados. pois, caso isto ocorra, o ar pode entrar nas pleuras (co‐
O sistema para drenagem fechada de feridas realiza a dre‐ labamento pulmonar) e comprimir os pulmões, provo‐
nagem com o auxílio de uma leve sucção (vácuo), sendo com‐ cando dispneia e desconforto respiratório para o cliente.
posto por uma extensão onde uma extremidade fica instalada Como precaução a esta eventualidade o dreno deve estar
na cavidade e a outra em uma bolsa com o aspecto de sanfo‐ corretamente fixado ao tórax do paciente com fita ade‐
na. Seu manejo consiste em manter essa sanfona com a pres‐ siva – o que impede seu deslocamento. Visando evitar o
são necessária para que a drenagem ocorra com mais facilida‐ colabamento pulmonar a equipe deve adotar os seguin‐
de. Este sistema é utilizado principalmente para a drenagem tes cuidados: certificar-se de que as tampas e os interme‐
de secreção sanguinolenta, sendo amplamente utilizado nas diários do dreno estejam corretamente ajustados e sem
cirurgias de osteosíntese e drenagem de hematoma craniano. presença de escape de ar, o que prejudicaria a drenagem;
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manter o frasco coletor sempre abaixo do nível do tórax e oxigenação, aspirador de secreções, oxímetro de pulso
do cliente – o qual, durante a deambulação, poderá uti‐ e outros aparelhos especializados. Os equipamentos au‐
lizar uma sacola como suporte para o frasco coletor. O xiliares são aqueles que podem ser movimentados pela
cliente deve ser orientado para manter o frasco coletor sala, de acordo com a necessidade: suporte de hamper
sempre abaixo do nível de seu tórax, e atentar para que e bacia, mesas auxiliares, bisturi elétrico, foco auxiliar,
não quebre - caso isto ocorra, deve imediatamente pin‐ banco giratório, escada, estrado, balde inoxidável com
çar com os dedos a extensão entre o dreno e o frasco, o rodinhas ou rodízios, carros ou prateleiras para materiais
que evitará a penetração de ar na cavidade pleural. estéreis, de consumo e soluções antissépticas.
O dreno originário do tórax deve ser mantido mergu‐ Também são necessários diversos pacotes esteriliza‐
lhado em solução estéril contida no frasco coletor (selo dos contendo aventais, “opa” (avental com abertura para
de água) – no qual deve ser colocada uma fita adesiva a frente), luvas de Cirurgia ou operação é o tratamento
em seu exterior, para marcar o volume de solução depo‐ de doença, lesão ou deformidade externa e/ou interna
sitada, possibilitando, assim, o efetivo controle da dre‐ com o objetivo de reparar, corrigir ou aliviar um proble‐
nagem. A intervalos regulares, o auxiliar de enfermagem ma físico.
deve checar o nível do líquido drenado, comunicando à É realizada na sala de cirurgia do hospital e em am‐
enfermeira e/ou médico as alterações (volume drenado, bulatório ou consultório, quando o procedimento for
viscosidade e coloração). considerado simples”.
Observar a oscilação da coluna de líquido no inte‐ Dependendo do risco de vida, a cirurgia pode ser
rior do frasco coletor – que deve estar de acordo com de emergência, urgência, programada ou opcional. Por
os movimentos respiratórios do cliente. Caso haja a ne‐ exemplo: nos casos de hemorragia interna, a cirurgia é
cessidade de seu transporte, o profissional deverá pin‐ sempre de emergência pois deve ser realizada sem de‐
çar a extensão apenas no momento da transferência da mora; no abdome agudo, o tratamento cirúrgico é de
cama para a maca. Nessa circunstância, o cliente deve ser urgência, por requerer pronta atenção, podendo-se, en‐
orientado para não deitar ou sentar sobre a extensão e tretanto, aguardar algumas horas para melhor avaliação
a equipe deve observar se não existem dobras, forma‐ do cliente; as cirurgias programadas ou eletivas, como
ção de alças e/ou obstrução da extensão, visando evitar no caso de varizes de membros inferiores, são realiza‐
o aumento da pressão intrapleural, que pode provocar
das com data pré-fixada, enquanto que a maioria das ci‐
parada cardiorrespiratória.
rurgias plásticas são optativas por serem de preferência
A cada 24 horas, realizar a troca do frasco de drena‐
pessoal do cliente.
gem, de maneira asséptica, cujo pinçamento de sua ex‐
A cirurgia também é classificada de acordo com a fi‐
tensão deve durar apenas alguns segundos (o momento
nalidade: diagnóstica ou exploratória, quando utilizada
da troca), observando-se e anotando-se, nesse processo,
para se visualizar as partes internas e/ou realizar biópsias
a quantidade e aspecto da secreção desprezada.
(laparotomia exploradora); curativa, quando se corrige
Com relação aos clientes em posição pleural e com
drenos o controle da dor é de extrema importância, pois alterações orgânicas (retirada da amígdala inflamada);re‐
lhes diminui a ansiedade e desconforto, além de evitar a paradora, quando da reparação de múltiplos ferimentos
infecção pulmonar - como sabemos, a pessoa com dor (enxerto de pele); reconstrutora ou cosmética, quando
não realiza corretamente a fisioterapia respiratória, o que se processa uma reconstituição (plástica para modelar
aumenta o acúmulo de secreção e, consequentemente, o nariz, por exemplo); e paliativa, quando se necessita
a possibilidade de infecção pulmonar. corrigir algum problema, aliviando os sintomas da enfer‐
midade, não havendo cura (abertura de orifício artificial
Os familiares, o cliente e a alta hospitalar: A alta é para a saída de fezes sem ressecção do tumor intestinal,
um momento importante para o cliente e seus familiares, por exemplo).
pois significa sua volta ao contexto social. É uma fase de As cirurgias provocam alterações estruturais e fun‐
transição que causa muita ansiedade e preocupação para cionais no organismo do cliente, que precisará de algum
todos os envolvidos. Para minimizar esses sentimentos, tempo para se adaptar às mesmas.
faz-se importante a correta orientação quanto aos cui‐ É comum o tratamento cirúrgico trazer benefícios à
dados a serem prestados e as formas de adaptá-los no qualidade de vida da pessoa, mas é importante com‐
domicílio; bem como alertar o cliente sobre seu retor‐ preendermos que o tratamento cirúrgico sempre traz um
no ao serviço de saúde, para avaliação da evolução. Para impacto (positivo ou negativo) tanto no aspecto físico
que os familiares efetivamente compreendam a comple‐ como nos aspectos psicoemocionais e sociais. Com esta
xidade dos cuidados (técnicas assépticas, manuseio dos compreensão, temos maior chance de realizar uma co‐
municação interpessoal mais individualizada e prestar ao
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
23
da alteração da imagem corporal, está geralmente relacionada à confiança que o cliente deposita na equipe profissio‐
nal e na estrutura hospitalar, daí a importância de estarmos atentos ao tipo de relação interpessoal que especificamente
temos com este cliente.
O atendimento do cliente cirúrgico é feito por um conjunto de setores interligados, como o pronto-socorro, ambu‐
latório, enfermaria clínica ou cirúrgica, centro cirúrgico (CC) e a recuperação pós-anestésica (RPA).
Todos estes setores devem ter um objetivo comum: proporcionar uma experiência menos traumática possível e
promover uma recuperação rápida e segura ao cliente. O ambulatório ou pronto-socorro realiza a anamnese, o exame
físico, a prescrição do tratamento clínico ou cirúrgico e os exames diagnósticos.
A decisão pela cirurgia, muitas vezes, é tomada quando o tratamento clínico não surtiu o efeito desejado. O cliente pode
ser internado um ou dois dias antes da cirurgia, ou no mesmo dia, dependendo do tipo de preparo que a mesma requer.
O cliente do pronto-socorro é diretamente encaminhado ao centro cirúrgico, devido ao caráter, geralmente, de
emergência do ato cirúrgico
. O centro cirúrgico é o setor destinado às intervenções cirúrgicas e deve possuir a recuperação pós-anestésica para
prestar a assistência pós-operatória imediata.
Após a recuperação anestésica, o cliente é encaminhado à unidade de internação, onde receberá os cuidados pós‐
-operatórios que visam prevenir a ocorrência de complicação.
O número de microrganismos presentes no tecido a ser operado determinará o potencial de contaminação da ferida
cirúrgica. De acordo com a Portaria nº 2.616/98, de 12/5/98, do Ministério da Saúde, as cirurgias são classificadas em:
- Limpas: realizadas em tecidos estéreis ou de fácil descontaminação, na ausência de processo infeccioso local,
sem penetração nos tratos digestório, respiratório ou urinário, em condições ideais de sala de cirurgia. Exemplo:
cirurgia de ovário;
- Potencialmente contaminadas: realizadas em tecidos de difícil descontaminação, na ausência de supuração local,
com penetração nos tratos digestório, respiratório ou urinário sem contaminação significativa. Exemplo: redução
de fratura exposta;
- Contaminadas: realizadas em tecidos recentemente traumatizados e abertos, de difícil descontaminação, com
processo inflamatório, mas sem supuração. Exemplo: apendicite supurada;
- Infectadas: realizadas em tecido com supuração local, tecido necrótico, feridas traumáticas sujas. Exemplo: cirurgia
do reto e ânus com pus.
Nomenclatura cirúrgica.
A nomenclatura ou terminologia cirúrgica é o conjunto de termos usados para indicar o procedimento cirúrgico.
O nome da cirurgia é composto pela raiz que identifica a parte do corpo a ser submetida à cirurgia, somada ao
prefixo ou ao sufixo. Alguns exemplos de raiz: angio (vasos sanguíneos), flebo (veia), traqueo (traqueia), rino (nariz), oto
(ouvido), oftalmo (olhos), hister(o) (útero), láparo (parede abdominal), orqui (testículo), etc.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
24
Além desses termos, existem as denominações com o nome do cirurgião que introduziu a técnica cirúrgica (Billroth:
tipo de cirurgia gástrica) ou, ainda, o uso de alguns termos específicos (exerese: remoção de um órgão ou tecido)
Estrutura do centro cirúrgico (CC) A unidade de centro cirúrgico destina-se às atividades cirúrgicas e de recuperação
anestésica, sendo considerada área crítica no hospital por ser um ambiente onde se realizam procedimentos de risco e
que possue clientes com sistema de defesa deficiente e maior risco de infecção.
A equipe do CC é composta por diversos profissionais: anestesistas, cirurgiões, instrumentador cirúrgico, enfer‐
meiro, técnico e auxiliar de enfermagem, podendo ou não integrar a equipe o instrumentador cirúrgico e o auxiliar
administrativo. Para prevenir a infecção e propiciar conforto e segurança ao cliente e equipe cirúrgica, a planta física
e a dinâmica de funcionamento possuem características especiais. Assim, o CC deve estar localizado em área livre de
trânsito de pessoas e de materiais. Devido ao seu risco, esta unidade é dividida em áreas:
- Não-restrita - as áreas de circulação livre são consideradas áreas não-restritas e compreendem os vestiários, cor‐
redor de entrada para os clientes e funcionários e sala de espera de acompanhantes. O vestiário, localizado na
entrada do CC, é a área onde todos devem colocar o uniforme privativo: calça comprida, túnica, gorro, máscara
e propés.
-Semi-restritas - nestas áreas pode haver circulação tanto do pessoal como de equipamentos, sem, contudo, provo‐
carem interferência nas rotinas de controle e manutenção da assepsia. Como exemplos temos as salas de guarda
de material, administrativa, de estar para os funcionários, copa e expurgo. A área de expurgo pode ser a mesma
da Central de Material Esterilizado, e destina-se a receber e lavar os materiais utilizados na cirurgia.
-Restrita - o corredor interno, as áreas de escovação das mãos e a sala de operação (SO) são consideradas áreas res‐
tritas dentro do CC; para evitar infecção operatória, limita-se a circulação de pessoal, equipamentos e materiais.
A sala de cirurgia ou operação deve ter cantos arredondados para facilitar a limpeza; as paredes, o piso e as portas
devem ser laváveis e de cor neutra e fosca. O piso, particularmente, deve ser de material condutivo, ou seja, de prote‐
ção contra descarga de eletricidade estática; as tomadas devem possuir sistema de aterramento para prevenir choque
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
elétrico e estar situadas a 1,5m do piso. As portas devem ter visor e tamanho que permita a passagem de macas, camas
e equipamentos cirúrgicos.
As janelas devem ser de vidro fosco, teladas e fechadas quando houver sistema de ar condicionado. A iluminação
do campo operatório ocorre através do foco central ou fixo e, quando necessário, também pelo foco móvel auxiliar.
O lavabo localiza-se em uma área ao lado da SO e é o local onde a equipe cirúrgica faz a degermação das mãos
e antebraços com o uso de substâncias degermantes antissépticas, com a ação mecânica da escovação. As torneiras
do lavabo devem abrir e fechar automaticamente ou através do uso de pedais, para evitar o contato das mãos já de‐
germadas. Acima do lavabo localizam-se os recipientes contendo a solução degermante e um outro, contendo escova
esterilizada.
25
Após a passagem pelo SO, o cliente é encaminhado após cada procedimento, respeitando as técnicas assép‐
à sala de RPA – a qual deve estar localizada de modo ticas na execução dos cuidados, oferecendo ambiente
a facilitar o transporte do cliente sob efeito anestésico limpo e observando os sinais iniciais de infecção.
da SO para a RPA, e desta para a SO, na necessidade A ocorrência ou não de infecção no pós-operatório
de uma reintervenção cirúrgica; deve possibilitar, ainda, depende de vários fatores, mas principalmente da quan‐
o fácil acesso dos componentes da equipe que operou tidade e virulência dos microrganismos e da capacidade
o cliente. de defesa do cliente.
Considerando-se a necessidade de se ter materiais O uso de esteroides, desnutrição, neoplasias com al‐
em condições para pronto uso bem como evitar a circu‐ terações imunológicas e clientes idosos ou crianças pe‐
lação desnecessária de pessoal e equipamentos dentro e quenas são fatores de risco de infecção no pós-operató‐
fora da área do CC, recomenda-se a existência de salas rio devido à redução na capacidade imunológica.
específicas para a guarda de medicamentos, materiais Outros fatores são o diabetes mellitus, que dificulta o
descartáveis, esterilizados, de anestesia e de limpeza, processo de cicatrização; a obesidade, em vista da menor
aparelhos e equipamentos e roupa privativa. Dependen‐ irrigação sanguínea do tecido gorduroso; o período pré‐
do do tamanho do CC, é também recomendável que haja -operatório prolongado, que faz com que o cliente entre
uma sala administrativa, sala de espera para familiares em contato maior com a flora hospitalar; e infecções no
e/ou acompanhantes, sala de estar para funcionários e local ou fora da região cirúrgica, que podem causar con‐
copa. taminação da ferida operatória.
O risco de infecção cirúrgica pode ser diminuído
Materiais e equipamentos da sala de operação (SO) quando se trata ou compensa as doenças e os agravos
Para que o processo cirúrgico transcorra sem inter‐ que favorecem a infecção, tais como a obesidade, focos
corrências e de forma planejada, as salas cirúrgicas são infecciosos, presença de febre e outros.
equipadas com foco central, negatoscópio, sistema de Também no pré-operatório imediato alguns cuidados
canalização de ar e gases, prateleiras (podem estar ou são implementados, tais como o banho com antissépti‐
não presentes), mesa cirúrgica manual ou automática cos específicos (clorexidina ou solução de iodo PVPI) na
com colchonete de espuma, perneiras diferentes tama‐ noite anterior e no dia da cirurgia, tricotomia, lavagem
nhos, campos duplos, campos simples, compressas gran‐ intestinal, retirada de objetos pessoais, próteses e outros.
des e pequenas, gazes, impermeável (para forrar a mesa
do instrumentador), cúpulas grandes e pequenas, cuba‐ Assistência Pré Operatória
rim, bacia, sondas e drenos diversos, cabo com borracha
para aspirador e cabo de bisturi elétrico (pode vir acon‐ A cirurgia, seja ela eletiva ou de emergência, é um
dicionado em caixas). evento estressante e complexo para o paciente. Muitos
. Outros materiais esterilizados são as caixas de ins‐ dos procedimentos cirúrgicos são realizados na sala de
trumentais, o estojo de material cortante (pode estar operação do hospital, embora muitos procedimentos
acondicionado dentro da caixa de instrumentais), bande‐ simples que não precisam de hospitalização sejam fei‐
ja de material para anestesia e fios de sutura de diferen‐ tos em centros cirúrgicos e unidades ambulatoriais de
tes números e tipos. cirurgia. Pacientes com problemas de saúde que cujo tra‐
Como materiais complementares: a balança para pe‐ tamento envolve uma intervenção cirúrgica, geralmente
sar compressas e gazes, as soluções antissépticas, espa‐ se submetem a uma cirurgia. Tal procedimento envolve
radrapo, ataduras, pomada anestésica, medicamentos a administração de anestesia local, regional ou geral, au‐
anestésicos e de emergência, soluções endovenosas do mentando assim o grau de ansiedade do paciente o que
tipo glicosada, fisiológica, bicarbonato de sódio, solução provoca alterações emocionais decorrentes do anúncio
de álcool hexa-hídrico (Manitol®), de Ringer® e de Rin‐ do diagnóstico cirúrgico. Isto causa, portanto, situações
ger Lactato®. desagradáveis no estado biópsico sócio espiritual do pa‐
Como no CC existem materiais inflamáveis e explo‐ ciente, acarretando problemas graves podendo chegar à
sivos, a equipe do CC deve tomar todas as precauções suspensão da cirurgia ou até mesmo óbito do paciente.
contra acidentes que possam gerar explosões e incêndio. Com o aumento considerável de complicações no
Para preveni-los, recomenda-se evitar que alguns pré-operatório é exigido da enfermagem um sólido co‐
agentes anestésicos (óxido nitroso) e soluções como éter nhecimento sobre todos os aspectos do cuidado do pa‐
e/ou benzina entrem em contato com descargas elétri‐ ciente cirúrgico. Não mais o conhecimento sobre a en‐
cas; dar preferência ao uso de tecidos de algodão ao in‐ fermagem pré-operatória e pós-operatória é suficiente
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
vés de sintéticos, que acumulam carga elétrica; e testar devendo-se ter uma compreensão plena sobre a ativi‐
diariamente todos os equipamentos elétricos, bem como dade intraoperatória. Surge a visita pré-operatória (VPO)
conferir a aterragem dos aparelhos elétricos através de de enfermagem do Centro Cirúrgico, que consiste em
fio-terra. acompanhar o paciente não só no Centro Cirúrgico, mas
durante toda a sua estadia no hospital desde a sua inter‐
Prevenindo infecção nação à alta após a cirurgia, devendo a enfermagem ficar
atenta a todas as alterações que poderão surgir e atuar
Em vista da maior incidência de infecções hospita‐ na recuperação plena do paciente.
lares nos clientes cirúrgicos, o pessoal de enfermagem
pode contribuir para sua prevenção utilizando uniformes
limpos e unhas curtas e limpas, lavando as mãos antes e
26
O CUIDADO DE ENFERMAGEM NO TRANS-OPERA- de outros grupos de instrumentais, destacando‐
TÓRIO -se o afastador Farabeuf para afastar os tecidos e
permitir uma melhor visualização do campo ope‐
O período transoperatório compreende o momento ratório e a pinça anatômica para auxiliar na dissec‐
de recepção do cliente no CC e o intraoperatório reali‐ ção do tecido; especiais - aqueles específicos para
zado na SO. cada tipo de cirurgia, como, por exemplo, a pinça
gêmea de Abadie, utilizada nas cirurgias do trato
Montagem da sala cirúrgica digestivo. Os fios cirúrgicos apresentam-se com ou
sem agulhas, e sua numeração varia de 1 a 5 e de
O auxiliar de enfermagem desempenha a função de 0-0 a 12-0 (doze-zero). São classificados em absor‐
circulante da sala cirúrgica, que também pode ser exer‐ víveis e não-absorvíveis.
cida pelo técnico em enfermagem, quando necessário.
Ao receber a lista de cirurgia, o circulante da sala verifica Pós-operatório
os materiais, aparelhos ou solicitações especiais à mes‐
ma. Para prevenir a contaminação e infecção cirúrgica, é O pós-operatório inicia-se a partir da saída do cliente
importante manter a sala em boas condições de limpeza, da sala de operação e perdura até sua total recuperação.
observar se o lavabo está equipado para uso e lavar as Subdivide-se em pós-operatório imediato (POI), até às
mãos. Portanto, antes de equipar a sala, o circulante lim‐ 24 horas posteriores à cirurgia; mediato, após as 24 horas
pa os equipamentos com álcool etílico a 70% ou outro e até 7 dias depois; e tardio, após 7 dias do recebimento
desinfetante recomendado, deixando-os prontos para a da alta. Nesta fase, os objetivos do atendimento ao clien‐
recepção do cliente e equipe cirúrgica. ambiente do CC te são identificar, prevenir e tratar os problemas comuns
oferece ao mesmo, já submetido a um estresse físico e aos procedimentos anestésicos e cirúrgicos, tais como
exposição dos órgãos e tecidos ao meio externo; daí a dor, laringite pós-entubação traqueal, náuseas, vômitos,
importância do uso de técnicas assépticas rigorosas. retenção urinária, flebite pós-venóclise e outros, com a
finalidade de restabelecer o seu equilíbrio
Tempo cirúrgico Idealmente, todos os clientes em situação de POI de‐
vem ser encaminhados da SO para a RPA e sua transfe‐
Abrange, de modo geral, a sequência dos quatro rência para a enfermaria ou para a UTI só deve ocorrer
procedimentos realizados pelo cirurgião durante o ato quando o anestesista considerar sua condição clínica sa‐
operatório. Inicia-se pela diérese, que significa dividir, se‐ tisfatória.
parar ou cortar os tecidos através do bisturi, bisturi elé‐ A RPA é a área destinada à permanência preferencial
trico, tesoura, serra ou laser; em seguida, se faz a hemos‐ do cliente imediatamente após o término do ato cirúr‐
tasia, através de compressão direta com os dedos, uso gico e anestésico, onde ficará por um período de uma
de pinças, bisturi elétrico (termo cautério) ou sutura para a seis horas para prevenção ou tratamento de possíveis
prevenir, deter ou impedir o sangramento. Ao se atingir complicações
a área comprometida, faz-se a exérese, que é a cirurgia . Neste local aliviará a dor pós-operatória e será as‐
propriamente dita. A etapa final é a síntese cirúrgica, com sistido até a volta dos seus reflexos, normalização dos
a aproximação das bordas da ferida operatória através sinais vitais e recuperação da consciência. Considerando
de sutura, adesivos e/ou ataduras. tais circunstâncias, este setor deve possuir equipamen‐
tos, medicamentos e materiais que atendam a qualquer
Instrumentais e fios cirúrgicos situação de emergência, tais como:
- Equipamentos básicos: cama/maca com grades la‐
Auxiliam a equipe cirúrgica durante a operação, mas terais de segurança e encaixes para suporte de so‐
para isso é necessário que a equipe de enfermagem os lução, suporte de solução fixo ou móvel, duas saí‐
ofereça em perfeitas condições de uso e no tamanho das de oxigênio, uma de ar comprimido, aspirador
correto. O instrumentador cirúrgico é o profissional res‐ a vácuo, foco de luz, tomadas elétricas, monitor
ponsável por prever os materiais necessários à cirurgia, cardíaco, oxímetro de pulso, esfigmomanômetro,
bem como preparar a mesa com os instrumentais, fios ci‐ ventiladores mecânicos, carrinho com material e
rúrgicos e outros materiais necessários, ajudar na coloca‐ medicamentos de emergência;
ção de campos operatórios, fornecer os instrumentais e - Materiais diversos: máscaras e cateteres de oxigê‐
materiais à equipe cirúrgica e manter a limpeza e prote‐ nio, sondas de aspiração, luvas esterilizadas, luvas
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ção dos instrumentais e materiais contra a contaminação. de procedimentos, medicamentos, frascos de so‐
Os instrumentais cirúrgicos são classificados de acor‐ lução, equipos de solução e de transfusão sanguí‐
do com sua função: nea, equipos de PVC (pressão venosa central), ma‐
diérese - utilizados para cortar, tais como o bisturi, terial para sondagem vesical, pacote de curativo,
tesouras, trépano; bolsas coletoras, termômetro, material de coleta
hemostáticos - auxiliam a estancar o sangramento, para exames e outros porventura necessários.
tais como as pinças de Kelly, Kocher, Rochester;
síntese cirúrgica - geralmente utilizados para fecha‐
mento de cavidades e incisões, sendo o mais co‐
mum a agulha de sutura presa no porta-agulha; !
apoio ou auxiliares - destinam-se a auxiliar o uso
27
Cuidados de enfermagem no pós-operatório ime- fecção, esterilização e validação do processo de esterili‐
diato (POI) zação desenvolvidos nas CMEs são abordados de forma
clara e objetiva para que todos possam realizá-los, ofe‐
Este período é considerado crítico, considerando-se recendo aos seus clientes materiais seguros que contri‐
que o cliente estará, inicialmente, sob efeito da anestesia buam para a qualidade da assistência prestada.
geral, raquianestesia, peridural ou local. Nessa circuns‐
tância, apresenta-se bastante vulnerável às complicações. 1. Classificação de Artigos Hospitalares
Assim, é fundamental que a equipe de enfermagem atue
de forma a restabelecer-lhe as funções vitais, aliviar-lhe a Críticos: São artigos que estão envolvidos em alto
dor e os desconfortos pós-operatório (náuseas, vômitos risco de aquisição de infecção se estiverem contamina‐
e distensão abdominal), manter-lhe a integridade da pele dos com quaisquer microorganismos, incluindo os espo‐
e prevenir a ocorrência de infecções. ros bacterianos. Estes objetos penetram tecidos estéreis
ou sistema vascular e devem ser esterilizados para uso.
REFERÊNCIA: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publi‐ Ex: instrumentos cirúrgicos, cateteres urinário e cardíaco,
cacoes/profae/pae_cad5.pdf implantes, agulhas e etc.
http://www.ebserh.gov.br/documents/147715/0/
MATERIAL+DIDATICO+PCR+SEE+UFTM++2017.pdf/ca‐ Semi-Críticos: São artigos que entram em contato
55ba33-96dc-4a18-9564-0f0e9baea967 com membranas mucosas íntegras ou pele não íntegra .
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Devem estar livres de todos os microorganismos na for‐
Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Ges‐ ma vegetativa, mas, podem conter alguns esporos. Mem‐
tão da Educação na Saúde. Projeto de profissionalização branas mucosas intactas geralmente são resistentes aos
dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Profissiona‐ esporos bacterianos mais comuns; porém, são suscetíveis
lização de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno: a infecções por microbactérias e alguns vírus. Estes arti‐
saúde do adulto, assistência cirúrgica, atendimento de gos requerem desinfecção de alto nível. Ex: equipamen‐
emergência / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão tos respiratórios e de anestesia, endoscópios digestivo
do Trabalho e da Educação na Saúde, Departamento de e etc.
Gestão da Educação na Saúde, Projeto de Profissionaliza‐
ção dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. - 2. ed., Não-Críticos: São artigos que entram em contato
1.a reimpr. - Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: com pele íntegra, mas não com mucosas. A pele ínte‐
Fiocruz, 2003. gra é uma barreira efetiva a muitos microorganismos. Há
baixíssimo risco de se transmitir agentes infecciosos para
CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO pacientes através dos artigos não críticos. Entretanto,
eles podem servir de fonte de contaminação das mãos
No cenário hospitalar, a Central de Material e Esteri‐ dos profissionais ou dos fômites em geral que por sua
lização é a unidade encarregada de expurgar, preparar, vez poderão carrear microorganismos quando entrarem
esterilizar, guardar e distribuir materiais estéreis ou de‐ em contato com outro paciente. Os artigos não críticos
sinfetados para todos os setores do hospital que pres‐ dependendo da sua particularidade ou grande contami‐
tam cuidados aos pacientes. Neste contexto, é o setor nação poderão ser lavados com água e sabão, ou receber
responsável diuturnamente por atividades fundamentais desinfecção de nível intermediário ou baixo. Ex: coma‐
no controle de qualidade do processo de esterilização e dres, aparelhos de pressão, móveis do paciente e etc.
no controle das infecções hospitalares.
Na estrutura hospitalar brasileira, até a década de 40, 2. Etapas do preparo de Material para Esterilização
não existia central de material e esterilização; todos os
processos de preparo, esterilização e armazenamento Seleção: É a separação dos materiais odonto-médi‐
de materiais eram feitos no centro cirúrgico. A partir dos co-hospitalares, por tipo, para que sejam limpos adequa‐
anos 50, com o surgimento de novos métodos de lim‐ damente sem sofrer danos. Ex. Instrumentais, endoscó‐
peza e esterilização de materiais e o advento de instru‐ pios, borrachas, vidros, etc.
mentais especializados para cirurgias mais complexas é
que começaram a destinar uma área própria para o pre‐ Limpeza: É o processo de remoção de sujidades
paro de materiais. Porém, só no início dos anos 70 é que realizado pela aplicação de energia mecânica (fricção),
alguns hospitais, especialmente os grandes e os univer‐ química (soluções detergentes, desincrostantes ou enzi‐
sitários, iniciaram a implantação de setores destinados mática) ou térmica. A utilização associada de todas estas
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Quanto aos produtos de limpeza, merece destaque o Observações:
seguinte grupo: - Após a limpeza, deve ser feita revisão de todo ma‐
Detergentes: São produtos que contém tensoativos terial, com cuidado especial para ranhaduras e lu‐
em sua formulação, com a finalidade de limpar através mens, para detecção de sujidade;
de redução da tensão superficial, umectação, dispersão, - A escolha da alternativa de limpeza deve levar em
suspensão e emulsificação da sujeira. conta a realidade de cada unidade e a natureza do
Detergente Enzimático: À base de enzimas e surfac‐ artigo a ser processado;
tantes, não-iônico, com pH neutro, destinado a dissolver - O uso dos EPIs pelo servidor, é obrigatório nesta
e digerir sangue, restos mucosos, fezes, vômito e outros fase.
restos orgânicos de instrumental cirúrgico, endoscópios
e artigos em geral. As enzimas que promovem a quebra Secagem: Tem por objetivo evitar que a umidade in‐
da matéria orgânica são basicamente de três tipos: terfira nos processos químicos e/ou físicos de desinfec‐
1- Proteases: decompõem as proteínas ção e/ou esterilização dos materiais. Deve ser feita rigo‐
2- Amilases: decompõem os carbohidratos rosamente utilizando-se:
3- Lipases: decompõem as gorduras - Pano limpo e seco;
- Secadoras de ar quente;
Observações: - Ar comprimido.
- Diluir o produto conforme orientações do fabrican‐
te; Observações: A secagem deve ser criteriosa porque
- Produtos abrasivos: Lã de aço e similares não são havendo água nos artigos pode ocorrer:
recomendados, principalmente para metais, pois - Alteração da concentração em que as soluções quí‐
tornam suas superfícies progressivamente ásperas micas agem adequadamente;
e proporcionam abrigo para a proliferação de mi‐ - Interferência no ciclo de secagem na autoclave por‐
crorganismos; que esse processo tem umidade relativa definida;
- Sabões: Os comuns, são combinações de substân‐ - Aumento do tempo necessário para esterilização
cias fortes e gordurosas. Têm pouco valor para a em estufa, por ampliar o tempo de aquecimento
limpeza de materiais odonto-médico-hospitalares, inicial.
quando comparados aos modernos detergentes.
Revisão: Feita durante o preparo das bandejas, con‐
3. Alternativas de Limpeza siste na verificação da integridade das funções e presen‐
ça de sujidade no material. Confere-se: ranhuras, crema‐
Manual: Por fricção com escova macia e/ou espon‐ lheiras, corte, etc.
ja, atentando para ranhuras, articulações, concavidades
e lumens do material. Ex: Instrumentais, circuito respira‐ Preparo: É a montagem das bandejas e pacotes; Deve
tório, etc. ser feito em área limpa e organizada; O setor deve ter
O artigo deve ser imerso, por completo, em água com livro (ou pasta) com as listas dos materiais e orientações
detergente enzimático ou sabão neutro líquido, friccio‐ para o preparo.
nado, enxaguado em água corrente abundante e seco. Observações:
- Os campos e/ou embalagens devem estar íntegros;
Por equipamentos - Observar a presença de pelos, lanugem, sujidade,
- Lavadoras Ultrassônicas: emitem vibrações ultrassô‐ etc, nos campos a serem usados;
nicas na água aquecida para remover a sujidade - Os profissionais devem usar gorro, cobrindo total‐
das superfícies externa e interna dos instrumentais mente os cabelos para evitar queda nas mesas,
com ajuda de soluções químicas; bancadas e materiais.
- Lavadoras esterilizadoras (a 121ºC e alta pressão):
de acordo com o nome, existem dois ciclos: um de Empacotamento: Deve ser adequado ao processo de
lavagem (não remove toda a matéria orgânica dos esterilização, de maneira a garantir a esterilidade do ma‐
instrumentas), e outro de esterilização (devido a terial. Devemos observar:
alta temperatura a matéria orgânica não removida Na seleção da embalagem:
na lavagem adere-se aos instrumentais dificultan‐ - Permeabilidade ao agente esterilizante;
do a remoção na limpeza manual), necessitando de - Impermeabilidade a partículas microscópicas;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
29
No empacotamento: - Permeável ao vapor, óxido de etileno e plasma de
- Tamanho do pacote deve ser, no máximo 25x25x‐ peróxido de hidrogênio;
40cm; - Não guarda memória nas dobras.
- Peso máximo de 5 Kg;
- Embalagem adequada ao volume do material. Tyvec
- Compatível com óxido de etileno, vapor, radiação
Na montagem dos pacotes: gama e plasma de peróxido de hidrogênio;
- Não deixá-los muito apertados, para que o agente - Alta resistência à tração e perfuração;
esterilizante possa penetrar facilmente nem muito folga‐ - Excelente barreira microbiana;
dos para que não se desfaçam, permitindo contaminação - O uso em larga escala é limitado pelo alto custo.
durante o manuseio.
Caixas metálicas
Tipos de embalagens: - Podem ser usadas por vapor, se as mesmas forem
perfuradas e recobertas por embalagens permeá‐
Campo duplo de algodão cru veis ao vapor.
- permeável ao vapor;
- 140 fios/polegada = 56 fios/cm2 = 200g/m2; Containers
- lavado recentemente. - Apresentam perfurações na tampa e fundo, onde
são colocados filtros permeáveis ao vapor e imper‐
Papel grau cirúrgico: É um laminado com duas faces meáveis a microorganismos.
de papel ( uso industrial ) ou uma face de papel e outra
com filme transparente. Identificação: Todo o material a ser esterilizado deve
• Permeável ao vapor e óxido de etileno; ser identificado na própria fita (ou etiqueta) adesiva com
• Resistente a temperaturas de até 160º C; os seguintes dados:
• Impermeável a microorganismos, oferecendo segu‐ - Identificação do material (bandeja de parto, etc);
rança ao material esterilizado; - data e lote;
• Validade de esterilização de acordo com as condi‐ - setor de origem;
ções de estocagem e integridade da embalagem; - assinatura legível do servidor que preparou.
• Não pode ser reaproveitado porque torna-se im‐
permeável ao agente esterilizante após uma este‐ Procedimentos Gerais adotados em setores e CME
rilização;
• O ar deve ser removido ao máximo da embalagem Instrumentais Cirúrgicos
para evitar ruptura dos pacotes por expansão do
mesmo. Procedimento de pré lavagem
- Uso obrigatório de EPI completo (máscara, óculos
Papel crepado protetores, gorro, avental plástico, propés/botas,
- Atóxico, biodegradável; luvas de borracha de cano longo);
- Composto de celulose tratada, resiste até 150º C por - Receber e conferir material sujo das unidades, na
1 hora; própria bandeja, sem descartáveis e pérfuro-cor‐
- Permeável ao vapor e óxido de etileno; tantes;
- É flexível mas menos resistente à tração que o tecido - Selecionar os delicados, pontiagudos, de anestesia,
e não tecido; materiais elétricos, etc;
- Funciona como barreira microbiana efetiva; - Abrir os instrumentais, com exceção das pinças pon‐
- Guarda memória das dobras. tiagudas (Backaus, Pozzi), para reduzir risco ocu‐
pacional;
Papel Kraft - Materiais leves devem ficar sobre os pesados a fim
de evitar danos (os delicados lavar manualmente);
Observação: - Se a CME dispuser de máquinas, o material continu‐
- O papel Kraft vem caindo em desuso devido à fragi‐ ará a ser processado nelas.
lidade e vulnerabilidade como barreira microbiana
após a esterilização. Além da presença do amido, Caso contrário, obedecer as etapas seguintes:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
corante e outros produtos tóxicos que podem se - Fazer enxágue prévio dos instrumentais com jato de
depositar sobre os artigos. água fria (para remoção de restos de sangue e ma‐
téria orgânica);
Não tecido - Colocar os instrumentais imersos em sabão neutro
- Sintético, resultado da união de três camadas de líquido ou detergente enzimático, tendo o cuidado
não tecido, 100% polipropileno; de abrir as pinças, exceto os pontiagudas (evitar
- Barreira microbiana; acidente com o servidor). Obs: não utilizar deter‐
- Maleável, facilitando a confecção dos pacotes; gente de uso doméstico; ao longo do tempo dani‐
- Resistente às condições físicas do processo de es‐ fica os instrumentais;
terilização; - Deixar agir na solução de acordo com as orienta‐
- Atóxico e livre de furos; ções do fabricante;
30
- Retirar desta solução e lavar friccionando com esco‐ Instrumental acondicionado em bandejas e caixas
va, observando ranhuras, articulações, cavidades e perfuradas, na seguinte sequência:
concavidades. Lavar os delicados separadamente; - Abrir campo duplo de algodão cru;
- Enxaguar em água corrente abundantemente, secar - Sobrepor campo simples de cretone;
e encaminhar para preparo. - Colocar a bandeja, forrando-a com campo simples
de cretone;
OBS: - Colocar os instrumentais conforme relação padro‐
- Os instrumentais com peças removíveis devem ser nizada sobrepondo os materiais leves sobre os pe‐
desmontados para facilitar a limpeza em todos os sados;
pontos críticos; - Fechar segundo a técnica de envelope.
- Caneta de bisturi deve ser encaminhada envolvida
em compressa, não misturada com os demais ins‐ Identificação
trumentais; - Usar preferencialmente fita teste para autoclave;
- Os instrumentais com grande carga de sujidade, - Colocar nome do material, especialidade, setor de
(sangue, pus e fezes), encaminhar à CME acondi‐ origem, data e assinatura;
cionados em dois sacos plásticos identificados; - Encaminhar para esterilização.
- Os instrumentais com grande carga de sujidade
(pus, fezes etc.) deverão ser colocados de prefe‐ OBS: Para o fechamento com fita branca, com adesivo
rência na lavadora – esterilizadora evitando qual‐ acrílico, faz-se necessário o uso de no mínimo 5 cm ( 3
quer contato destes resíduos com pia, bancadas e listras ) de fita teste para autoclave.
mesas, para reduzir riscos ocupacionais.
Tubos para aspiração e oxigenação (látex e silicone)
Procedimento de secagem e revisão dos instru- - Após uso, passar em jato de água corrente imedia‐
mentais cirúrgicos tamente, para retirar excesso de matéria orgânica;
- Secagem minuciosa com compressas limpas e/ou ar - Imergir em solução de sabão neutro de 20 a 30 mi‐
comprimido; nutos;
- Fazer revisão observando integridade das funções - Levar para pia, friccionando toda extensão da borra‐
de cada instrumental e presença de sujidade; cha para retirada total da sujidade;
- Lubrificação das articulações quando necessário; - Enxaguar em água corrente;
- Encaminhar os materiais para a área de preparo. - Colocar para escorrer o excesso de água em supor‐
Área de preparo dos instrumentais cirúrgicos te;
- Separar por tipo: pinças, tesouras, afastadores, etc, - Encaminhar para preparo, após inspeção visual;
inspecionando os materiais; - Todo tubo usado em procedimento de grande suji‐
- Solicitar à enfermeira a substituição de materiais da‐ dade (pus, fezes, etc) deve ser desprezado no local
nificados ou quebrados, quando necessário; do procedimento;
- Montar bandejas conforme relação de instrumentais - Os tubos novos devem ser lavados antes do pre‐
padronizada; paro;
- Acondicionar em bandejas, caixas perfuradas ou - Separar por tamanho (máximo 1,50m), enrolar em
pacotes, tendo o cuidado de colocar os materiais círculo frouxo, colocar conexão quando for para o
leves sobre os pesados a fim de evitar danos; centro cirúrgico;
- Juntar e amarrar frouxamente peças delicadas como: - Envolver em campo de cretone e campo duplo de
ganchos, espátulas, etc, para evitar que caiam ao algodão cru;
abrir a bandeja em sala de cirurgia; - Fixar e identificar;
- Proteger os instrumentos pontiagudos para evitar - Encaminhar para esterilização.
danos aos materiais e acidente de trabalho. Para
tanto pode-se usar envelope aberto de papel cirúr‐ Obs: As borrachas deverão ser preparadas ainda úmi‐
gico ou compressa de gaze 7,5 x 7,5 cm. das internamente, para facilitar a penetração de vapor
no lúmem.
Empacotamento
Vidrarias
Instrumentais cirúrgicos, embalar na seguinte se-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
31
Seringas de vidro - Readaptar o eletrodo na caneta;
- Colocar em recipiente adequado com sabão neutro - Encaminhar para área de preparo;
líquido e água quente, corpo e êmbolo separada‐ - Enrolar o fio em forma circular de maneira folgada
mente; ( sem amarrar );
- Lavar com escova própria; - Envolver a caneta de bisturi e colocar em papel
- Colocar para escorrer e secar; grau cirúrgico ou campo de algodão, selar ou fixar,
- Separar corpo e êmbolo por tamanho; identificar, datar e assinar;
- Testar o êmbolo e observar se o bico está íntegro; - Encaminhar para esterilização em autoclave.
- Enrolar com gaze aberta, corpo e embolo conforme
rotina; Perfurador elétrico
-• Fixar, identificar e assinar. - Passar compressa úmida, com sabão neutro líquido
em todo aparelho externamente, inclusive o fio;
Obs: As seringas de vidro são usadas atualmente para - Abrir o mandril e limpar rigorosamente com gaze,
confecção de bandejas de bloqueio anestésico e punção haste flexível ou escova embebida em sabão neu‐
lombar. tro líquido, em seguida retirar o sabão com gaze
umedecida em água;
Vidros para biópsia - Secar com ar comprimido;
- Lavar com água corrente e sabão neutro líquido e - Embalar individualmente e encaminhar para esterili‐
escova própria; zação em ciclo de materiais termossensíveis.
- Enxaguar com água corrente e escorrer em local
próprio; Retossigmoidoscópio
- Empacotar individualmente tampa e vidro em papel
grau cirúrgico ou embalagem descartável, obser‐ Peças metálicas:
vando para que a tampa não entre em contato di‐ - Paramentar-se usando EPIs;
reto com o vidro; - Passar água corrente para retirar o excesso de su‐
- Fixar, identificar, datar e assinar; jidade;
- Encaminhar para esterilização. - Colocar em detergente enzimático (conforme orien‐
tação do fabricante);
Bacias, comadres e papagaios - Enxaguar abundantemente;
- A limpeza, desinfecção e secagem devem ser feitas - Fazer revisão das peças para detectar sujidades;
no setor de origem; - Acondicionar em campos de cretone simples e cam‐
- Em caso de lesão de pele do paciente que entra em po de algodão cru e/ou bandejas;
contato direto com bacia, comadre ou papagaio, - Fixar, identificar, datar e assinar;
após limpeza, empacotar, identificar e encaminhar - Encaminhar para esterilização em autoclave.
a CME para esterilização.
Óticas:
Limpeza no setor: - Lavar manual e delicadamente evitando impactos,
- Desprezar as secreções na própria enfermaria; não enrolar para não danificar;
- Levar ao expurgo colocar solução enzimática, caso - Usar água e sabão neutro líquido ou detergente en‐
não tenha, lavar com água e sabão neutro líquido, zimático;
utilizando escova para friccionar; - Enxaguar bem em água corrente;
- Enxaguar em água corrente abundante; - Secar com compressa limpa;
- Colocar para escorrer em local próprio; - Enrolar em forma de círculo grande para não danifi‐
- Secar com pano limpo e seco; car internamente;
- Friccionar com pano umedecido em álcool etílico - Encaminhar para preparo;
a 70%; - Colocar as óticas em solução esterilizante ( confor‐
- Guardar em local adequado. me orientação do fabricante);
- Enxaguar em água corrente;
Obs: Dispondo de lavadora com rack próprio, colocar - Colocar sobre um campo duplo;
os materiais diretamente na máquina; conforme orienta‐ - Secar com compressa limpa;
ção do fabricante. - Acondicionar em campo estéril para uso imediato.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
32
Níveis de desinfecção: roscópios) quando a esterilização não é possível. Artigos
metálicos semi-críticos como espéculos vaginais, otorri‐
De alto nível nológicos e lâminas de laringoscópios entre outros.
Ocorre quando a ação dos desinfetantes é eficaz so‐
bre todos as bactérias nas formas vegetativas, microbac‐ Critérios para uso do glutaraldeído a 2%:
térias, fungos, vírus e alguns dos esporos bacterianos. - A ativação e manuseio desses produtos devem
ocorrer em salas ventiladas;
De nível intermediário - Usar equipamento de proteção individual - EPI:
Ocorre quando a ação dos desinfetantes é eficaz con‐ máscara com filtro, avental plástico, luvas grossas
tra microbactérias, bactérias na forma vegetativa, maioria de borracha, óculos de proteção;
dos fungos, maiorias dos vírus, mas não é eficaz contra - Usar recipiente de acrílico ou plástico limpo com
esporos bacterianos. tampa para colocar a solução;
- Verificar a validade do produto e data de ativação
Baixo nível do mesmo;
Ocorre quando a ação dos desinfetantes é eficaz con‐ - Observar o tempo de exposição necessária de acor‐
tra a maioria dos fungos, alguns vírus, mas não é eficaz do com o material a ser desinfetado;
contra microorganismos resistentes como a microbacté‐ - O material a ser desinfetado ou esterilizado deve
ria ou contra esporos bacterianos. estar rigorosamente limpo e seco, para evitar a al‐
teração do pH do produto;
Processos - Imergir completamente o artigo observando a con‐
figuração física do material (tubos, lumens, etc.)
Físicos para evitar a formação de bolhas de ar, as quais
impedem a ação do glutaraldeído;
Lavadoras termo-desinfectoras: são usadas para - Deixar o material em contato com a solução de
descontaminar e desinfetar artigos. Emitem numerosos acordo com o tempo recomendado;
jatos de água através de espargidores dispostos estrate‐ - Retirar o material com pinça estéril e/ ou luva;
gicamente para prover uma excelente limpeza sem da‐ - Enxaguar abundantemente, usando de preferência
nificar os instrumentos. A limpeza é realizada com água água estéril. Se não for viável, enxaguar com água
fria e depois água quente e detergente. A etapa da água potável e após fazer rinsagem com álcool a 70%
fria é importante para reduzir a impregnação da maté‐ para facilitar a secagem;
ria orgânica nos instrumentos. A temperatura da água - Secar com compressa estéril, usando campos du‐
na etapa subsequente é em torno de 90º C, indicadas plos de cretone estéril sobre a mesa, em bandeja
para a desinfecção de itens de baixo risco de aquisição esterilizada.
de infecção como comadres, papagaios, cubas e frascos
coletores de secreção. Não devem ser utilizadas para lim‐ Álcool etílico a 70%: Espectro de ação: Através da
par equipamentos de fibra óptica por causa da natureza desnaturação da proteína. É bactericida, tuberculicida,
delicada das fibras. fungicida e viruscida, entretanto, não é esporicida. Tem‐
po de exposição: é difícil especificar o tempo de exposi‐
Pasteurização: É o processo que destrói através ção pois o álcool evapora rapidamente. Os artigos devem
da coagulação de proteínas todos os microorganismos permanecer umedecidos pelo álcool por 5 minutos.
patogênicos, porém não elimina esporos bacterianos.
Consiste na imersão de artigos em água a 77º C por 30 Indicação de uso: desinfecção de nível intermediário
minutos. Indicado para desinfecção de equipamento de de superfícies de mobiliário e equipamentos, termôme‐
terapia respiratória e de anestesia. tros, diafragmas e olivas de estetoscópios. É utilizado,
usando uma compressa embebida fazendo fricção. O ál‐
Químico cool não tem penetração em matéria orgânica. Apresen‐
ta desvantagem de opacificar acrílico e ressecar plásticos.
Um grande número de germicidas são usados em
unidades de saúde. Cada formulação é única e deve ter Cloro e compostos clorados: Quanto maior a con‐
registro no Ministério de Saúde. O profissional de saúde centração e/ou o tempo, maior o espectro de ação. São
deverá estar familiarizado com as características de cada utilizados para desinfecção de nível intermediário de ar‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
um para selecionar aquele apropriado à sua necessidade. tigos e superfícies. Possui como vantagens o baixo custo
Glutaraldeído 2%: É um dialdeído saturado utiliza‐ e ação rápida e como desvantagem, ser extremamente
do para desinfecção de alto nível e esterilização química, corrosivo para metais, sofrer interferência de matéria or‐
dependendo do tempo de exposição. Espectro de ação: gânica e ser instável.
possui ação bactericida, fungicida, viruscida, micobacte‐
ricida e esporicida. Tempo de exposição: o glutaraldeído Espectro de ação: viruscida, fungicida, bactericida,
a 2% requer no mínimo 20 minutos de exposição para micobactericida e esporicida para grande número de es‐
efetivar alto nível de desinfecção. poros. Concentração e tempo de exposição: o tempo de
Indicação de uso: endoscópios semi-críticos (en‐ exposição e a concentração variam de acordo com o ar‐
doscópios digestivos, broncoscópios, laringoscópios, tigo e superfície a ser desinfetada. Concentrações baixas
retossigmoidoscópios) e críticos (artroscópios e lapa‐ de 25ppm atuam em microorganismos mais sensíveis. A
33
concentração mínima necessária para eliminar microbac‐ - Selar e identificar;
térias é de 1000ppm (0,1%). Para desinfecção de circuitos - Encaminhar para esterilização em autoclave no me‐
ventilatórios e inaladores: 30 minutos na concentração nor tempo de superfície.
10.000 ppm (1%) ou 200 ppm (0,02 %) por 60 minutos.
Bicos de mamadeiras e chupetas devem ser desinfeta‐ Dissectores
das utilizando concentração de 0,015% (150ppm) por - Fazer pacotes com 3 a 5 unidades em papel grau
60 minutos. Pode-se utilizar a concentração de 0,5% cirúrgico duplo;
(5000ppm) para desinfecção de artigos semi-críticos, - Selar e identificar;
desde que a diluição seja para uso imediato. A concen‐ - Encaminhar para esterilização em autoclave.
tração de 1% pode ser mais segura do ponto de vista de
degradação mas oferece a desvantagem do forte odor e Tampões ginecológico e nasal
requer enxágue abundante para evitar irritação química - Empacotar individualmente em papel grau cirúrgico
iatrogênica. duplo;
- Selar e identificar;
Preparo de Materiais de Consumo e Roupa Cirúr- - Encaminhar para esterilização em autoclave.
gica
Borboletas e bolas de amígdalas
Escovas para unhas - Empacotar individualmente em papel grau cirúrgico
- Envolver individualmente papel crepado ou algodão duplo;
cru; - Selar e identificar;
- Selar ou fixar e identificar conforme o item 3.1.5; - Encaminhar para esterilização em autoclave.
- Encaminhar para esterilização em autoclave no me‐
nor tempo possível. Vidros para coleta de secreções, biópsias e outros
- Empacotar individualmente em papel grau cirúrgico,
Ataduras de crepon e de algodão ortopédico ou papel crepado. Vidro aberto, com a tampa solta;
- Separar por tamanho; - Selar ou fixar e identificar;
- Retirar o invólucro; - Encaminhar para esterilização em autoclave.
- Envolver cada unidade em papel grau cirúrgico ou
papel crepado; Líquidos
- Selar ou fixar e identificar conforme o item 3.1.5;
- Encaminhar para esterilização em autoclave. Óleo
- Acondicionar em caixa metálica, colocando até 1.0
Obs: A atadura de algodão ortopédico muito densa cm da altura do recipiente;
deve ser desenrolada e enrolada novamente, deixando-a - Tampar a caixa;
fofa, de modo a facilitar a esterilização. - Encaminhar para esterilização em estufa a 160ºC por
2 horas;
Compressa cirúrgica para campo operatório - Após a esterilização, deixar esfriar e lacrar o reci‐
- Observar cuidadosamente os dois lados, verificando piente com fita adesiva.
a integridade, limpeza, presença de corpo estranho
e integridade da alça; Violeta genciana/azul de metileno
- Retirar cabelos, bolinhas soltas, pelos, fiapos e ou‐ - Colocar 3 ml da solução em um vidro pequeno (tipo
tros objetos estranhos; Xylocaína);
- Selecionar as compressas: - Vedá-lo com fita adesiva e colocar uma agulha hipo‐
- Com sujidades - encaminhar a lavanderia; dérmica no centro para permitir a penetração do
- Rasgadas, não íntegras – utilizar para secagem de vapor;
material e outros procedimentos de clínica; - Identificar;
- Com algumas asperezas e manchas e/ou sem alças - Encaminhar para esterilização em autoclave no ciclo
– utilizar para preparo de pacotes de parto e aven‐ de líquidos ou gravidade;
tais e outros procedimentos de clínicas; - Após a esterilização retirar a agulha.
- Limpas, com alças, sem manchas, íntegras, livres de
quaisquer objetos estranhos- preparar para cirur‐ Observação:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
34
- Observar cuidadosamente os dois lados, verificando Material esterilizado em Plasma de Peróxido de
a integridade, limpeza, presença de corpos estra‐ Hidrogênio:
nhos; - Tecido não tecido – 30 dias
- Retirar cabelos, bolinhas soltas, pelos, fiapos e ou‐ - Tyvec – indeterminado
tros objetos estranhos;
- Selecionar as roupas: Em relação a paramentação na área de guarda: Usar
- Com sujidades - encaminhar à lavanderia; roupa privativa para o setor, gorro e máscara
- Rasgadas, não íntegras - encaminhar à costuraria;
- Com algumas manchas – utilizar para empacota‐ Controle de qualidade do processo de esterilização
mento, forrar bandejas e outros procedimentos de através de indicadores químicos e biológicos e inte-
clínicas; gradores químicos em autoclave
- Limpas, sem manchas, íntegras, livres de qualquer
objeto estranho – preparar para cirurgias; Os indicadores e integradores são usados para asse‐
- Dobrar conforme a rotina cirúrgica; gurar a real esterilidade dos artigos e instrumentais que
- Montar os pacotes de acordo com a rotina de cada passam por processos de esterilização Químicos indica‐
unidade; dor de processo indicadores externos Fita Indicadora/
- Envolver em campo duplo de algodão usando téc‐ Fita teste indicadores internos Bowie & Dick Indicadores
nica de envelope;
- Fixar e identificar; Tira de indicador químico para vapor
- Encaminhar para esterilização em autoclave. Ex: comply indicador de esterilização indicador bioló‐
gico Ex: Attest integrador químico Ex: Sterigage Biológico
Guarda do material estéril
Indicadores químicos: Consistem de tiras de papel
Após a esterilização é importante observar: impregnadas com tinta termocrômica que mudam de cor
quando expostas à temperatura por tempo suficiente, in‐
Em relação aos pacotes: dicando que as condições em que se processou a esteri‐
- Não retirá-los imediatamente após o final do ciclo; lização estavam corretas. Classificam-se em:
deixar o ar circular na autoclave para evitar choque - Indicadores de Processo
térmico; - Indicadores de Esterilização
- Não colocar o material estéril quente em superfícies
compactas ao sair da autoclave; Indicadores de Processo: São usados para evidenciar
- Observar a integridade e presença de umidade nos o funcionamento correto ou não do processo realizado
pacotes e embalagens; pelo equipamento. Porém não atestam se o material foi
- Observar mudança na coloração da fita indicadora; realmente esterilizado.
- Manusear o mínimo possível e com delicadeza.
Tipos
Em relação ao ambiente: - Indicadores Externos
- Manter o ambiente fechado, limpo e seco; - Indicadores Internos
- Manter a temperatura ambiente entre 18º e 22ºC;
- Restringir o acesso e movimentação na sala. Indicadores Externos/ Fita Indicadora Rolo/Fita
Teste: São fitas autoadesivas utilizadas unicamente para
Em relação a estocagem: diferenciar os pacotes processados dos não processados.
- Usar prateleiras móveis, preferencialmente em aço Sendo um indicador visual, facilita a detecção de proble‐
inoxidável, favorecendo a limpeza; mas nos equipamentos e falhas do servidor responsável
- Usar estantes com cestos removíveis; pela esterilização. A fita indicadora possui listras claras
- Observar que a distância entre o material e o piso que se tornam escuras (marrom/grafite) após a passa‐
deve ser de no mínimo 30cm e em relação ao teto gem pelo calor; não deixa resíduo após autoclavagem e
50cm; deve estar presente em todos os pacotes de materiais
- Estocar separadamente de materiais não estéreis. estéreis distribuídos pelo hospital.
35
correto do indicador. A folha indicadora deverá ser colo‐ Físicos
cada no interior de um pacote a ser esterilizado sobre o - Vapor saturado /autoclaves
dreno (purgador), com a câmara vazia. Este pacote pode - Calor seco/estufa
ser preparado utilizando-se campos lavados e dobrados, - Raios Gama/cobalto 60
empilhados até a altura de 25 a 28cm. Este indicador mu‐
dará para a cor preta após completado o ciclo, eviden‐ Físico-químicos
ciando a ausência de bolhas de ar. A presença de áreas - Esterilizadoras a Óxido de Etileno (ETO)
mais claras indica ar residual na câmara. - Plasma de Peróxido de Hidrogênio
- Vapor de Formaldeído
Obs: Este teste só deve ser utilizado em autoclaves de
pré-vácuo e nunca em autoclaves gravitacionais, porque Químicos
neste sistema não ocorre eliminação do ar na câmara in‐ - Glutaraldeído
terna. - Formaldeído
- Ácido peracético
Tira de indicador químico para vapor- Ex: Comply:
É uma tira composta por substâncias químicas que rea‐ Métodos de esterilização
gem às condições do processo. Oferece resposta através
de uma nítida mudança de coloração, ( - ) grafite e ( + ) Físicos: Esterilização por meio físico consiste na utili‐
cinza claro/outros. Monitora a pressão do vapor saturado zação do calor, em suas várias formas, e alguns tipos de
no interior do pacote e caixas, assegurando a exposição radiação.
dos artigos às condições mínimas de tempo e tempera‐
tura. Utilizado em cada pacote, aponta problemas locais Esterilização por vapor saturado sob pressão: É o
causados por falhas humanas ou avarias mecânicas na processo que oferece maior segurança no meio hospita‐
autoclave. lar. Sendo o método preferencial para o processamento
de material termo-resistente, destruindo todas as formas
Indicadores de Esterilização de vida em temperaturas entre 121°C a 132°C. A esteri‐
lização a vapor é realizada em autoclaves. Vale lembrar
Incluem todas as variáveis do processo de esteriliza‐ que o vapor saturado é um gás e portanto está sujeito às
ção (temperatura, tempo e pressão). Tipos: leis dos gases da física. Não se pode obter uma redução
- Integrador Químico na temperatura do vapor saturado sem correspondente
- Indicador Biológico diminuição da pressão e vice-versa. Em regiões de altitu‐
de elevada como Brasília, é necessário usar maiores pres‐
Integrador Químico para Ciclo de Vapor- Ex: Ste- sões do vapor para se obter a mínima variação de tem‐
rigage: É um dispositivo que indica se os materiais den‐ peratura para esterilização. Isto ocorre porque a pressão
tro do pacote foram expostos às três variáveis críticas: atmosférica varia com a altitude.
temperatura, tempo e presença de vapor saturado, con‐ Observações: Vapor saturado: É o ideal para uma es‐
dições necessárias para esterilização. Pode ser utilizado terilização de qualidade. É a camada de vapor mais pró‐
em todos os processos de esterilização a vapor. Acon‐ xima da superfície líquida, isto é, se apresenta no limiar
selha-se colocar, no mínimo, um integrador por ciclo de do estado líquido e gasoso, podendo apresentar-se seca
esterilização e também no interior de caixas e pacotes ou úmida. Para a esterilização é necessário que o vapor
grandes. A leitura é fornecida de maneira precisa e de apresente um valor de “secura”. Esse valor é medido pelo
fácil interpretação, pela mudança de coloração. técnico de manutenção.
Indicador Biológico – Ex: Attest: É um sistema que Vapor úmido: Inadequado para esterilização. É nor‐
contém suspensão de esporos do tipo Bacillus stearo‐ malmente formado quando a água da caldeira ou con‐
thermophilus (autoclave) e Bacillus subtilis (estufa ou pe‐ densado dos tubos é carregado pelo vapor quando
róxido de hidrogênio ). É uma preparação padronizada injetado na câmara. O resultado é um excesso de água
de esporos bacterianos de modo a produzir suspensões que poderá tornar úmidos os materiais dentro da este‐
contendo em torno de 106 esporos por unidade de papel rilizadora, podendo ocorrer contaminação ao retirá-los
filtro. É o único meio capaz de assegurar que todas as da autoclave. Para evitar o problema, realizar o primeiro
condições de esterilização estão adequadas porque os ciclo/dia vazio, para eliminar o condensado de vapor da
microrganismos são testados quanto ao seu crescimento rede de caldeira. As autoclaves elétricas não necessitam
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Utilização: Diariamente, para validar os equipamentos Mecanismo de ação: Os microorganismos são des‐
de esterilização, após o teste de Bowie & Dick. truídos pela ação combinada da temperatura, pressão e
umidade que promovem a termo-coagulação e a desna‐
Esterilização turação das proteínas da estrutura genética celular.
36
- período de exposição – começa a ser marcado no instante em que a câmara atinge a temperatura previamente
estabelecida demonstrada pelo termômetro.
Equipamentos:
Autoclaves a vapor: São câmaras de aço inox equipadas com uma ou duas portas dotadas de válvula de segurança,
manômetros de pressão e um indicador de temperatura, geralmente localizado na linha de drenagem da câmara. Para
que haja esterilização é necessário que o vapor entre em contato com todos os artigos colocados na câmara e isso só
ocorre quando o ar é removido adequadamente. As autoclaves podem ser divididas em dois tipos básicos:
- Autoclave gravitacional (evacuação do ar por gravidade): O ar frio, mais denso, tende a sair por um ralo co‐
locado na parte inferior da câmara, quando o vapor é admitido. Este processo é relativamente lento e permite a
permanência de ar residual. A fase de secagem é limitada pois não possui capacidade para completa remoção
do vapor, podendo apresentar umidade no material ao final do processo. Em geral, processos em autoclaves
gravitacionais são adequados para esterilização de materiais desempacotados.
- Autoclave pré-vácuo (evacuação mecânica do ar): neste sistema o ar é removido previamente, para formação
de vácuo. Quando o vapor é admitido, penetra instantaneamente nos pacotes, com pouca chance de permanên‐
cia de ar residual. Devido a este mecanismo o processo é mais rápido e eficiente. A bomba de sucção forma o
vácuo num único pulso (alto vácuo) ou através de seguidas injeções e retiradas rápidas de vapor em temperatura
ligeiramente inferior a do processo (pulsos de pressurização). O sistema mais eficiente é o de pulsos de pressu‐
rização pois existe grande dificuldade em obter vácuo num único pulso.
Disposição dos artigos dentro da câmara: Os pacotes devem ser posicionados de forma a permitir que o vapor
possa fluir por todos os itens no esterilizador. Para isso, deve ser observado um espaçamento de 25 a 50mm entre
todos os pacotes e entre eles e as paredes da câmara. O volume de material não deve exceder a 80% da capacidade
do aparelho. Os pacotes maiores devem ser colocados na parte inferior da câmara e os menores na superior. Os jarros,
bacias, frascos e outros artigos que apresentam concavidade devem ser colocados com sua abertura para baixo, para
facilitar o escoamento de água resultante da condensação do vapor.
Falhas no processo: Inspeções periódicas, manutenção e troca dos componentes das autoclaves (filtros, válvulas e
diafragma) são necessários para garantir o bom funcionamento e devem seguir as recomendações do fabricante. A
frequência para se realizar a manutenção preventiva depende do número de utilizações e da idade dos equipamentos.
As autoclaves devem ser validadas em função de suas instalações e desempenho. Um calendário de manutenção pre‐
ventiva deverá ser estabelecido de acordo com a recomendação do fabricante, como no exemplo:
Frequência Atividade
Diariamente - limpeza da câmara interna (álcool ou éter).
Mensalmente - limpeza dos elementos filtrantes e linha de drenagem.
Trimestralmente - descarga do gerador.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
37
- verificação do elemento filtrante de entrada de água
- aferição dos instrumentos de controle monitoração e segurança
Anualmente
- limpeza do gerador de vapor
- após 3º ano de funcionamento, teste, avaliação hidrostática,
- aferição dos instrumentos de controle.
Os maiores problemas durante o processo são: remoção do ar, superaquecimento, carga úmida e danificação do
material. Abaixo, quadro dos principais defeitos de funcionamento de autoclave.
38
• O vapor está úmido e não saturado.
• O vapor está úmido e não saturado.
• O nível de água deve estar elevado.
• O nível de água deve estar elevado.
• O tempo de secagem necessita ser
• O tempo de secagem necessita ser maior.
maior.
• Os pacotes estão mal colocados ou encos‐
Os pacotes saem mo‐ • Os pacotes estão mal colocados ou
tados nas paredes ou entre si.
lhados encostados nas paredes ou entre si.
• Dreno sujo.
• Dreno sujo.
• Filtro ou purgador entupido ou defeituo‐
• Filtro ou purgador entupido ou defei‐
so.
tuoso.
• A pressão do vapor não é suficiente.
• A pressão do vapor não é suficiente.
• Abertura da porta demasiado • Abertura da porta demasiado rápi‐
A carga de líquidos ferve da.
rápida. Deve-se aguardar pelo menos
na autoclave
cinco minutos com a porta entreaberta.
• Necessita trocar a guarnição. • Necessita trocar a guarnição.
Perda de vapor pela
• Porta desregulada ou empenada. • Porta desregulada ou empenada.
porta
• Mecanismo defeituoso. • Mecanismo defeituoso.
Vapor escapa pela válvu‐ • Válvula danificada ou desregulada • Válvula danificada ou desregulada
la de segurança
• Excesso de pressão, examinar o regis‐ • Excesso de pressão, examinar o registro
tro do manômetro. do manômetro.
• Lâmpada queimada ou desligada • Lâmpada queimada ou desligada
Piloto não acende
• Fusível queimado. • Fusível queimado
Riscos ocupacionais:
- Ruídos emitidos pelo aparelho:
- Alta frequência: causa nervosismo e irritabilidade;
- Frequência moderada: provoca distração;
- Frequência baixa: origina cansaço.
Obs: Sons contínuos ou constantes apresentam efeito cumulativo podendo causar irritação. O ruído diminui a capa‐
cidade de trabalho, a produtividade, afeto e bemestar, podendo induzir o trabalhador a erros.
Aspectos ergonômicos e posturais: São necessários cuidados no que se refere ao transporte do rack, carregamen‐
to, fechamento da porta da autoclave e descarregamento.
Calor: Desconforto pelo aumento de temperatura e umidade ambiental, como riscos diretos de queimaduras. Em‐
bora existam diferentes modelos de autoclave, alguns pontos são fundamentais no seu manuseio, visando a prevenção
de acidentes do seu operador.
Dentre estes, enumeramos algumas das medidas preconizadas pelo “Manual de Segurança para Serviços de Saúde”:
- Manter as válvulas de segurança em boas condições;
- Não abrir a porta da autoclave enquanto a pressão de vapor na câmara não atingir o valor zero;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Proteger o rosto atrás da porta da autoclave, quando for abri-la , para evitar queimaduras pelo vapor e possíveis
explosões ou implosões dos frascos de vidro tampados;
- Evitar contato direto com as partes metálicas ou com o material quente, utilizando luvas de proteção próprias
(raspa), no descarregamento;
- Verificar periodicamente, o funcionamento de termostatos, purgadores e válvulas de segurança;
- Não forçar a porta para abrir quando emperrar;
- A autoclave deve ser equipada com uma trava ou outro dispositivo que impeça sua abertura enquanto houver
pressão no seu interior.
Validação: É a verificação prática e documentada de todo o processo de esterilização, que avalia o desempenho
dos equipamentos para averiguar se cumprem suas finalidades (Moura 1996).
39
Validação da Autoclave a Vapor Saturado sob Esterilização por calor seco/estufa
Pressão
Baseia-se na utilização do calor gerado por uma
Passos na validação: fonte. Requer o uso de altas temperaturas e um longo
1- Aquecimento da autoclave: Realizar um ciclo com‐ tempo de exposição, pois como o ar quente propaga-se
pleto de esterilização com tempo máximo de 3 mi‐ lentamente no material, a esterilização exige um aqueci‐
nutos; mento prolongado. A sua distribuição dentro da câmara
2- Na autoclave vazia, posicionar um pacote desafio não ocorre de maneira uniforme, sendo recomendado
(roupa cirúrgica) colocando no centro deste, um que não se utilize o centro da estufa, pois este concentra
teste Bowie & Dick. Repetir a operação por mais 2 os chamados pontos frios. A carga deve ser o mais uni‐
vezes com outros pacotes e testes; forme possível e as caixas devem conter uma quantidade
3- Retirar os testes a cada ciclo, procedendo as anota‐ limitada de instrumentais. O calor seco por não ser tão
ções pertinentes em formulário próprio; penetrante quanto o vapor, deve ser utilizado somente
4- No centro do pacote desafio (roupa cirúrgica), co‐ quando não for possível a autoclavação, como nos casos
locar um teste biológico, um integrador químico e de óleos e pós.
uma tira para indicador químico para vapor. Posi‐ Mecanismo de ação: a morte dos microorganismos
cionar o pacote sobre o dreno em autoclave com pelo calor seco tem sido considerada fundamentalmente
carga completa, em ciclo padronizado de rotina. um processo de oxidação, em que ocorre uma desidra‐
Repetir a operação por mais 2 vezes com novos tação progressiva no núcleo das células, gerando um de‐
pacotes e testes; sarranjo interno e consequente dessecamento.
5- Retirar os testes a cada ciclo, realizando a incu‐
bação dos indicadores biológicos processados, e Equipamento/Estufa ou Forno de Pasteur: seu fun‐
de um piloto/não processado, em incubadora de cionamento consiste na produção de calor gerado por
leitura rápida/ 3 horas ou 48 horas e as anotações resistências elétricas. A temperatura dentro da câmara
não é uniforme devido à diferença de densidade entre o
pertinentes aos demais testes em formulário pró‐
ar frio e quente. Existem dois tipos de estufa, comumente
prio;
utilizados:
6- Só liberar os pacotes das cargas testes, após leitura
- Estufa de convecção por gravidade: compõe-se de
final dos indicadores biológico e integrador quími‐
uma câmara revestida de resistência elétrica em sua pa‐
co com resultados negativos.
rede inferior, possuindo um orifício de drenagem de ar
na parede superior. À medida que ocorre o aquecimento
QUANDO VALIDAR A AUTOCLAVE: Segundo NORMA
do ar no interior da câmara, o ar frio é empurrado pelo ar
ISO 11.134 quente em direção ao dreno superior, promovendo-se a
uniformização da temperatura interna.
1- Na instalação de equipamentos novos; - Estufa de convecção mecânica: possui um dispositi‐
2- Após manutenção corretiva de grande extensão; vo que produz rápido movimento de grande volume de
3- Após a autoclave ficar parada por muito tempo; ar quente, facilitando a transmissão do calor diretamente
4- Sempre que trocar guarnição; para a carga, sob condições de temperatura controlada e
5- A cada doze meses. limitando as variações de temperatura em vários pontos
da câmara a mais ou menos 1°C. É a mais indicada para
Teste Biológico uso hospitalar.
Os testes deverão ser realizados diariamente no pri‐ Princípios operacionais:
meiro ciclo com carga completa, sendo colocado em pa‐ - validação do equipamento básico e calibração dos
cote do tipo cirurgia geral sobre o dreno/purgador. Ope‐ instrumentos: deve ser solicitada ao fabricante do
ração do Sistema de Controle Biológico em autoclave equipamento uma carta de validação indicando o
1- Identificar nos espaços apropriados do rótulo do ponto mais frio, uma vez que existem variações de
Indicador Biológico, o número da carga, a data e temperatura dentro do ambiente da câmara de
o esterilizador; esterilização. A esterilização é eficiente quando o
2- Colocar esta ampola identificada no centro de um ponto frio registrar 160°C, em exposição por 2 ho‐
pacote desafio; ras. Nesse local, deverão ser realizados os testes
3- Processar o ciclo de acordo com a rotina da auto‐ biológicos;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
40
- preenchimento da carga anteriormente à marcação - Fases do processo: preparo e umidificação, introdu‐
do tempo de exposição: o material deve ser colo‐ ção do gás, exposição, evacuação do gás e injeções
cado assim que se liga a estufa, sendo aquecido ao de ar que requerem aproximadamente duas horas
mesmo tempo que a câmara; e meia excluindo o período de aeração;
- distribuição interna da carga: não sobrecarregar a - Período de aeração: mecânica 8 a 12 horas de 50°C
estufa com materiais, nem permitir que toquem a 60°C; ambiental 7 dias a 20°C.
nas paredes. A sobrecarga dificulta a circulação do
calor. Plasma de peróxido de hidrogênio - Esterilizadores
que operam a baixa temperatura utilizando peróxido de
As caixas devem ser pequenas contendo poucos ins‐ hidrogênio como substrato para formação de plasma. O
trumentos; plasma chamado de quarto estado da matéria, é definido
- invólucros: os mais utilizados são caixas metálicas como uma nuvem de íons, elétrons e partículas neutras
fechadas, papel alumínio e frascos de vidro refra‐ (muitas das quais em forma de radicais livres), que são al‐
tário; tamente reativos. É formado pela geração de um campo
- o monitoramento deve ser feito pelo menos uma eletromagnético (rádio frequência) que produz o plasma.
vez por semana usando fita teste própria e indica‐ Este processo é uma alternativa viável para submeter ar‐
dor biológico (Bacillus subtilis), no centro de cada tigos sensíveis ao calor e umidade. Os materiais compa‐
caixa. tíveis com o sistema incluem: alumínio, bronze, acetato
de vinil etílico (EVA), craton, látex, polietileno de baixa
Riscos ocupacionais: densidade, polietileno de alto peso molecular, policar‐
- queimaduras por acidente; bonatos, poliolefinas, polipropileno, poliuretano, cloreto
- incêndio por extravasamento de óleos. de polivinila (PVC), silicone, aço inoxidável, teflon, vidro,
borrachas, acrílico, fibras ópticas, equipamentos e mate‐
Esterilização por radiação ionizante: riais elétricos e pneumáticos. O equipamento deve ser
monitorizado pelo menos uma vez por semana, toda vez
É utilizada para materiais termossensíveis por utilizar que sofrer manutenção e quando da esterilização de ma‐
baixa temperatura. Seguro, mas por razões econômicas é
teriais ainda não testados. Para tanto usa-se:
normalmente utilizado em escala industrial. As principais
- Indicador químico no interior de todas as embala‐
fontes de radiação utilizadas com fins de radioesteriliza‐
gens;
ção industrial são os raios beta e gama. Mecanismo de
- Fita química colante nas embalagens que não pos‐
ação: A capacidade antimicrobiana da radiação ionizante
suem o indicador no seu exterior;
se dá principalmente por modificações no DNA da célula
- Indicador biológico próprio/Bacillus subtillis.
alvo.
do a multiplicação celular. Fatores a serem considerados: 1,8 ml ) a 58%, fornecendo uma concentração de
- Concentração: 450 a 1200mg/L;. 6mg/l é injetado na câmara de esterilização sob a
- Temperatura: 49°C a 65°C, o que pode danificar ar‐ forma de vapor. O peróxido de hidrogênio é for‐
tigos muito sensíveis ao calor; nesse caso, pode-se necido em um cassete plástico que possui 10 am‐
adotar temperatura entre 30°C e 38°C, sendo ne‐ polas;
cessário um período de exposição mais longo ou - Difusão: a solução de peróxido de hidrogênio, inje‐
concentração mais elevada; tada dentro da câmara sob vácuo, se difunde por
- Umidade: 45% a 80%; todos os materiais. Esta fase dura 44 minutos e as‐
- Tempo de exposição: 2 a 5 horas. Havendo limita‐ segura tempo e concentração de peróxido de hi‐
ções, o aumento da concentração do gás pode re‐ drogênio suficientes para o início da fase seguinte;
duzir o tempo de exposição;
41
- Plasma: como resultado da injeção e difusão do pe‐ esterilização: a validação de uma autoclave à base de for‐
róxido de hidrogênio na forma gasosa, a pressão maldeído, inclui testes físico-químicos e microbiológicos.
dentro da câmara no final da fase de difusão per‐ Os testes físicos investigam:
manece demasiadamente elevada para a formação - integridade da câmara da autoclave;
de plasma a baixa temperatura, mediante a aplica‐ - capacidade física da máquina para evacuar o ar da
ção de energia de radiofrequência. Esta fase dura câmara/carga;
15 minutos, onde é obtido o fator de segurança de - capacidade de manter a temperatura requerida com
esterilização previsto; a admissão de vapor;
- Ventilação: a energia de radiofrequência é interrom‐ - produção de temperatura uniforme para toda a car‐
pida ao final da fase de plasma, passando-se para a ga.
ventilação. Esta fase possui duas etapas de injeção
de ar, o que permite à câmara retornar à pressão Depois de estabelecida a função física correta da má‐
atmosférica num período de 4 minutos. quina, pode-se estimar a distribuição do formaldeído
dentro da câmara, usando papéis indicadores ou fazen‐
Recomendações de uso: por se tratar de um apare‐ do a análise química de amostras retiradas da câmara.
lho extremamente sensível são fundamentais os Não havendo homogeneidade, deve-se corrigi-la antes
seguintes passos para evitar abortamento do ciclo: de proceder os estudos de qualificação com os indica‐
- Limpeza com remoção completa de resíduos orgâ‐ dores biológicos. A eficácia da esterilização é medida
nicos; por bioindicadores de dois tipos - um com esporos de
- Secagem completa; Bacillus stearothermophilus e outro com Bacillus subtilis.
- Embalagem e selagem adequadas. Avaliação de toxicidade: A determinação do resíduo de
formaldeído é feita de acordo com o método do ácido
OBS: Não é indicada a esterilização de instrumentos cromotrópico. Um filtro circular é utilizado como objeto
com lumens longos e estreitos e de fundo fechado. de teste. A enorme superfície de fibras de filtro absorve
o formaldeído o suficiente para possibilitar a análise do
Riscos ocupacionais: O processo de esterilização foi total dos resíduos. Não existem requerimentos oficiais no
concebido de forma a evitar o contato direto com o pe‐ Brasil, mas na Escandinávia, o valor máximo de 200g/fil‐
róxido de hidrogênio líquido, na forma de vapor ou plas‐ tro é estabelecido.
ma, independentemente da fase em que o processo se
encontre. O material não necessita aeração, pois o resí‐ Químicos:
duos finais do processo são água e ar. Portanto, é seguro
para o meio ambiente e o trabalhador. Esterilização com Esterilização por imersão do artigo em produto quí‐
vapor de baixa temperatura e formaldeído gasoso (auto‐ mico do grupo dos aldeídos e outros, de eficácia com‐
clave de formaldeído). A esterilização é conseguida com provada. São utilizados para artigos que não possam ser
formaldeído gasoso na presença de vapor saturado. A esterilizados pelo calor. Os artigos devem estar limpos
combinação desses dois meios de esterilização, distribuí‐ e secos, serem imersos na solução, dentro de recipiente
dos uniformemente na câmara da autoclave, é essencial plástico e tampado conforme orientação do fabricante e
para o sucesso do processo. aprovação do órgão oficial. Esterilização por glutaraldeí‐
do a 2%: O glutaraldeído é um dialdeído saturado com
Fases do ciclo de esterilização: potente ação biocida podendo ser utilizado para qui‐
- Evacuação do ar; mioesterilização de equipamentos que não possam ser
- Injeção: o vapor a baixa temperatura e o formalde‐ processados pelos métodos físicos tradicionais. As solu‐
ído são injetados na autoclave em vários pulsos; ções aquosas de glutaraldeído são ácidas e geralmente
- Difusão: o formaldeído se difunde através da carga neste pH não são esporicidas. Somente depois de ativa‐
(fase de manutenção da esterilização); das por agentes alcalinizantes atingindo pH de 7,5 a 8,5
- Remoção do ar: por repetidas evacuações e injeções é que a solução se torna esporicida. Desde que não este‐
de jatos de vapor ou ar. jam em uso, essas soluções mantém sua atividade bioci‐
- Secagem. da por 14 a 28 dias (de acordo com o fabricante) devido
a subsequente polimerização de suas moléculas ativas.
A maior parte das autoclaves usa o sistema de jatos Mecanismo de ação: O glutaraldeído tem atividade
de ar. Embora tenha sido relatado que os jatos de vapor bactericida, viruscida, fungicida e esporicida em tempo
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
eliminam mais rapidamente os resíduos de formaldeído, que varia de 8 a 10 horas de acordo com a orientação
podem necessitar de um estágio subsequente de vácuo do fabricante. Indicações de uso: .Utilizado como este‐
muito longo, para secar a carga. O processo inteiro nor‐ rilizante de materiais termossensíveis. Compatível com
malmente inclui 20 pulsos, e dura aproximadamente 2 instrumentos com lentes (endoscópio), metal, borracha
horas, a 65°C sendo mais curto a temperaturas mais ele‐ e plástico. Não deve ser utilizado em superfícies por ser
vadas. Indicações de uso: Indicado para esterilização de muito tóxico e de alto custo. Pontos a observar:
materiais sensíveis ao calor, tais como endoscópios rí‐ - Lavar rigorosamente o artigo e secar para evitar que
gidos, equipamentos elétricos, vários objetos fabricados a água altere a concentração da solução;
com plásticos sensíveis ao calor, entre outros. São apli‐ - Utilizar solução recém ativada;
cáveis os mesmos procedimentos de embalagem para - Medir a concentração de glutaraldeído, com fita teste
esterilização em autoclave a vapor d’água. Controle da própria;
42
- Utilizar a solução apenas se a concentração estiver Indicação de uso: como desinfetante de alto nível ou
a 2% ou mais; esterilizante de materiais termo sensíveis; como endos‐
- Utilizar equipamento de proteção individual (EPI); cópios. A inativação de microorganismos é dependente
- Imergir completamente o artigo na solução, man‐ do tempo, temperatura e concentração: microorganis‐
tendo o recipiente tampado; mos mais sensíveis em 5 minutos a uma concentração de
- Rotular o recipiente com a hora do início e término 100ppm e esporos em 30 minutos a uma concentração
do processo; de 1000ppm.
- Enxaguar abundantemente os artigos, após a este‐
rilização, com água destilada ou deionizada estéril.
Evitar soro fisiológico, pois pode promover depó‐
sito acelerando a corrosão do metal; EXERCÍCIOS COMENTADOS
- Utilizar o material imediatamente (não é recomen‐
dado o armazenamento). 1. (Analista Judiciário Apoio Especializado/Enferma-
gem do Trabalho/TRF 2ª/2017/CONSULPLAN) Doen‐
Toxicidade: Quando o trabalhador de saúde proces‐ ças infecciosas que tem como transmissão a via respira‐
sa os equipamentos e artigos pode ocorrer exposição ao tória:
vapor de glutaraldeído. O limite máximo de glutaraldeí‐
do no ar é de 0,2 ppm. Nesta concentração pode ocor‐ a) Hepatite A, cólera, tuberculose e raiva.
rer irritação dos olhos, nariz ou garganta. Este problema b) Tuberculose, varicela, sarampo e varíola.
pode ser minimizado com ventilação adequada, recipien‐ c) Escabiose, tétano, influenza e cólera.
tes que contém a solução hermeticamente fecha uso de d) Pediculose, escabiose, hepatite B e HIV.
EPIs. Devido ao risco de impregnação do glutaraldeído e) Hepatite A, hepatite B, raiva e poliomielite.
em alguns materiais, principalmente plásticos e borra‐
chas. É fundamental o enxágue abundante dos mesmos, Resposta: Letra B. A hepatite A é uma doença in‐
para evitar iatrogenias, como bronquites e pneumonite fecciosa aguda, causada pelo vírus da hepatite A, que
química. Formaldeído líquido: é apresentado em duas produz inflamação e necrose do fígado. A transmissão
formulações básicas: do vírus é fecal-oral, através da ingestão de água e ali‐
- aquosa a 10%, composta de tensoativos, seques‐ mentos contaminados ou diretamente de uma pessoa
trantes, antioxidantes, dissolvidos em glicerina, para outra. Uma pessoa infectada com o vírus pode ou
que não libera vapores irritantes, mas conserva as não desenvolver a doença.
propriedades germicidas do formaldeído. A cólera é transmitida geralmente através da água,
- alcoólica a 8%, composta de tensoativos seques‐ alimentos e talheres contaminados com o Vibrio cho‐
trantes, antioxidantes e etanol a 70%. lerae. A contaminação de rios ocorre pelo tratamento
inadequado de água e esgoto (com fezes e vômito
Indicações de uso: O formaldeído é bastante utilizado de pessoas contaminadas). ... A doença causa diarreia
como esterilizante de dialisadores em 50% dos Centros aquosa e vômitos aumentando a chance de transmis‐
de Hemodiálise do mundo . O Center for Disease Con‐ são.
trol (CDC), USA recomenda a reutilização do dialisador Virtualmente todos os casos de raiva humana são
no mesmo paciente se o formaldeído for utilizado em transmitidos através de mordidas ou arranhões de
temperatura ambiente, à concentração de 4% e tempo animais infectados. Como o vírus encontra-se presen‐
de exposição mínima de 24 horas. Para evitar problemas te na saliva dos animais contaminados, outra via de
de saúde para o paciente hemodialisado, o material deve transmissão possível, mas bem menos comum, é atra‐
ser submetido à lavagem com soro fisiológico e testado vés de lambidas em mucosas, como a boca, ou feridas
quanto a existência de formol, antes do uso. abertas.
A sarna é causada por um ácaro minúsculo, que só
Toxicidade: O uso do formaldeído em estabeleci‐ pode ser observado por meio de microscópio: o Sar‐
mentos de saúde é limitado devido aos vapores irritan‐ coptes scabiei. Esse parasita se alimenta de queratina,
tes, odor desagradável e comprovado potencial carcino‐ uma proteína que constitui a cama superficial da pele.
gênico. .O tétano é uma infecção aguda e grave, causada pela
toxina do bacilo tetânico (Clostridium tetani), que en‐
Ácido peracético: é um componente de uma equili‐ tra no organismo através de ferimentos ou lesões de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
brada mistura entre ácido acético, peróxido de hidrogê‐ pele e não é transmitido de um indivíduo para o outro.
nio e água. É bactericida, fungicida e esporicida através O vírus da Influenza A/H1N1 não possui pernas e não
da desnaturação de proteínas e alteração da parede ce‐ voa. ... Algumas vezes, as pessoas podem se infectar
lular. Sua ação esporicida ocorre a baixas temperaturas, pegando objetos que estão contaminados com o vírus
mesmo em presença de matéria orgânica. Possui ativi‐ e depois tocando a boca, o nariz ou os olhos.
dade antimicrobiana rápida de amplo espectro em con‐ A pediculose, popularmente conhecida como infesta‐
centração de 0,001 a 0,2% por 20 minutos. Como des‐ ções de piolhos, é uma doença parasitária contagiosa
vantagem apresenta-se como um poderoso oxidante que pode surgir na cabeça, corpo, cílios, sobrancelhas
podendo causar corrosão em cobre, bronze, aço e ferro ou na região dos pêlos pubianos.
galvanizado. Esses efeitos podem ser contornados atra‐ De uma mãe portadora do vírus da hepatite B para
vés de aditivos e alterações de pH. seu bebê no nascimento; por contato sexual com uma
43
pessoa infectada; por injeções ou feridas provocadas Resposta: Letra A.
por material contaminado; por tratamento com deri‐ O que é CMV
vados de sangue contaminados. CMV está para citomegalovírus. É um vírus que nor‐
Vias de Transmissão do HIV: Transmissão por Via Se‐ malmente infecta pessoas de todas as idades. Uma vez
xual. Ocorre por meio do ato sexual não protegido, ou que o CMV esteja no corpo de uma pessoa, ele perma‐
seja, sem o uso do preservativo; ato sexual anal, oral nece lá para a vida toda. A maioria das vezes as pes‐
ou vaginal no qual há o contato com sangue, sêmen soas com CMV não são contagiosas, porque o vírus
ou secreções vaginais da pessoa infectada com a pes‐ “esconde” dentro do seu corpo e não é “derramado”
soa sadia. em fluidos corporais como urina ou saliva. A maioria
das pessoas com infecção por CMV não apresentam
2.(Analista Judiciário - Enfermagem TRF 2ª-Superior- sintomas da doença. No entanto, o CMV pode causar
-FCC/2016) Segundo o Ministério da Saúde (in Kawamo‐ doença em bebês em gestação quando passado da
to et al 2011), antissepsia é o conjunto de meios empre‐ mãe.
gados para impedir a proliferação microbiana e utiliza-se O que é infecção congênita por CMV
o termo, dentre outros, quando: Quando a mãe passa CMV para o bebê durante a gra‐
videz, o bebê é conhecido por ter infecção congênita
a) na manipulação de material esterilizado é agregado o por CMV. As mães que ficam infectadas com CMV pela
uso de produtos capazes de aderirem à pele matéria primeira vez durante a gravidez tem uma chance de 1
orgânica precipitada, garantindo uma técnica assép‐ em 3 de passá-la para seus bebês. Se uma mulher está
tica. infectada com o CMV antes de engravidar, o risco de
b) nas mucosas são utilizadas soluções de tintura com transmitir o vírus para o feto é reduzida para cerca de
formulação em veículo aquoso, hipoalergênicas e bac‐ 1 em 100. Globalmente, cerca de 1 em cada 150 crian‐
teriostáticas. ças nasce com infecção congênita por CMV..
c) na pele e mucosas são aplicados compostos fenólicos Como pode um bebê ser prejudicado por infecção
congênita por CMV?
sintéticos com amplo espectro de ação antimicrobia‐
A maioria das crianças (9 em 10) com infecção con‐
na, umectantes e que mantenham a instabilidade pe‐
gênita por CMV não apresentam sintomas no nasci‐
rante diluições.
mento. Algumas crianças (1 em 10) irá ter sintomas no
d) nos materiais utilizados na assistência de enfermagem
momento do nascimento, tais como:
ocorre redução do número de microrganismos pato‐
Pequeno tamanho corporal
gênicos, com a utilização de produtos que eliminem o
Problemas com o fígado, o baço, e / ou nos pulmões
risco ocupacional.
Icterícia (pele e olhos amarelos)
e) na pele e nas mucosas são empregadas soluções an‐ Manchas na pele
tissépticas germicidas, de baixa causticidade e hipoa‐ Convulsões
lergênicas. Em casos raros, CMV congênita causa a morte. Cerca
Resposta: Letra E. Antissepsia é o método através do de 1 em 5 crianças infectadas com ou sem sintomas
qual se impede a proliferação de microrganismos em no nascimento podem desenvolver problemas de saú‐
tecidos vivos com o uso de substância químicas (os an- de permanentes em seus primeiros anos, tais como:
tis-sépticos) usadas como bactericidas ou bacteriostá- A perda auditiva
ticos. A perda de visão
Uma mesma substância química usada em objetos ina- Deficiência intelectual
nimados será chamada de desinfetante e quando usada Falta de coordenação
em tecidos vivos será chamada de antissépticos. Ex. Clo- Convulsões
rexidina e iodopovidona. A forma mais comum das mulheres grávidas serem
infectadas, é tendo contato com fluidos corporais de
3. (Pref. Manduri/SP-Enfermeiro Intervencionista-Su- uma criança doente (urina ou saliva) em seus: olhos,
perior-CONRIO/2016) O citomegalovírus (CMV) per‐ nariz ou boca.
tence à família dos herpes vírus e acomete humanos em As crianças pequenas são mais propensos a lançar
todas as populações. O citomegalovírus pode ser trans‐ CMV nos seus fluidos corporais do que os adultos.
mitido da mãe para o filho em diferentes momentos; ex‐ Uma vez infectado, a criança pode lançar o vírus atra‐
ceto: vés dos anos pré-escolares. As crianças também são
mais propensas a espalhar seus fluidos corporais no
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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proceder a limpeza; por processo mecânico, utilizando-se
NOÇÕES DE CONTROLE DE INFECÇÃO máquina termodesinfectadora ou similar; ou por proces‐
HOSPITALAR so físico, indicando-se a imersão do artigo em água fer‐
vente durante 30 minutos9 - método não indicado por
Padoveze10 pois, segundo ele, há impregnação de maté‐
Prevenção e controle de infecção ria orgânica quando aplicado a artigos sujos. A limpeza é
o ato de remover a sujidade por meio de fricção e uso de
Fonte de infecção relacionada a artigos hospitalares água e sabão ou soluções detergentes. Há várias fórmulas
denominam-se artigos hospitalares os materiais empre‐ de detergentes disponíveis no mercado, variando do neu‐
gados com o objetivo de prevenir danos à saúde das tro a específicos para lavadoras.
pessoas ou de restabelecê-la, necessários aos cuidados Ainda nesta classificação, podemos apontar os enzi‐
dispensados. Eles têm grande variedades e as mais di‐ máticos utilizados para limpeza de artigos por imersão,
versas finalidades, podendo ser descartáveis ou perma‐ bastante recomendados, atualmente, por sua eficácia na
nentes, e esterilizáveis ou não. A equipe de enfermagem limpeza - são capazes de remover a matéria orgânica da
tem importante papel na manutenção dos artigos hos‐ superfície do material em tempo inferior a 15 minutos
pitalares de sua unidade de trabalho, seja em ambula‐ (em média, 3 minutos), não danificam os artigos e são
tórios, unidades básicas ou outros setores em que esteja atóxicos e biodegradáveis. Limpar é procedimento que
atuando. Para sua previsão e provisão, deve-se levar em deve sempre preceder a desinfecção e a esterilização;
consideração as necessidades de consumo, as condições quanto mais limpo estiver o material, menor a chance de
de armazenamento, a validade dos produtos e o prazo falhas no processo.
de esterilização. Os artigos permanentes devem ter seu A matéria orgânica, intimamente aderida ao material,
uso assegurado pela limpeza, desinfecção, descontami‐ como no caso de crostas de sangue e secreções, atua
nação e esterilização. como escudo de proteção para os microrganismos, im‐
Classificação de artigos hospitalares os artigos uti‐ pedindo que o agente desinfetante/esterilizante entre em
lizados nos serviços de saúde são classificados em três contato com a superfície do artigo, tornando o procedi‐
categorias, propostas pela primeira vez por Spaulding7, mento ineficaz.
conforme o grau de risco de provocar infecção nos pa‐ Para a realização da descontaminação e limpeza dos
cientes. materiais, recomenda-se adotar as seguintes medidas: os
procedimentos só devem ser feitos por profissionais de‐
Classificação Conceito Processo vidamente capacitados e em local apropriado (expurgo);
sempre utilizar sapatos fechados, para prevenir a conta‐
Exemplos minação por respingos; quando do manuseio de artigos
sujos, estar devidamente paramentado com equipamen‐
Artigos críticos Materiais com elevado potencial de tos de proteção: avental impermeável, luvas de borracha
risco de provocar infecção, porque são introduzidos di‐ antiderrapantes e de cano longo, óculos de proteção e
retamente em tecidos normalmente estéreis Indicação máscara ou protetor facial; utilizar escovas de cerdas ma‐
de esterilização Instrumental cirúrgico, agulhas, cateteres cias, evitando a aplicação de materiais abrasivos, como
intravasculares e dispositivos a eles conectados, como palhas de aço e sapólio; as pinças devem estar abertas
equipos de solução e torneirinhas quando de sua imersão na solução; desconectar os com‐
Artigos semicríticos Aqueles que entram em contato ponentes acoplados, para uma efetiva limpeza; enxaguar
com mucosa íntegra e pele não-intacta; pode-se tornar os materiais em água corrente potável; secar os materiais
artigo crítico se ocorrer lesão acidental durante a realiza‐ com tecido absorvente limpo, atentando para o resultado
ção do procedimento A esterilização não é obrigatória, da limpeza, principalmente nas ranhuras das pinças; Os
porém desejável; há indicação de, no mínimo, desinfec‐ detergentes enzimáticos são indicados para a limpeza de
ção de alto nível Equipamentos de anestesia e endoscó‐ qualquer material ou instrumental médico-hospitalar que
pios contenha matéria orgânica.
Artigos não- críticos Materiais que entram em con‐ Dissolvem sangue, restos mucosos, fezes, vômito e
tato somente com a pele íntegra e geralmente oferecem outros restos orgânicos. São desenvolvidos especifica‐
baixo risco de infecção Dependendo do grau de conta‐ mente para limpeza manual, automática, ultrassônica e
minação, podem ser submetidos à limpeza ou desinfec‐ lavadoras de endoscópios. A limpeza de artigos no am‐
ção de baixo ou médio nível Artigos como comadre, pa‐ biente hospitalar pode ser realizada manualmente ou em
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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microrganismos e de alguns esporos bacterianos; nível Fonte de infecção relacionada ao ambiente
intermediário ou médio: quando há eliminação de mi‐
crobactérias (bacilo da tuberculose), bactérias na forma O ar, a água e as superfícies inanimadas verticais e
vegetativa, muitos vírus e fungos, porém não de esporos; horizontais fazem parte do meio ambiente de uma insti‐
baixo nível: quando há eliminação de bactérias e alguns tuição de saúde. Particularmente no hospital, o ambiente
fungos e vírus, porém sem destruição de microbactérias pode tornar-se foco de infecção hospitalar, embora estu‐
nem de esporos. dos tenham demonstrado não ser esse o principal meio
Os processos físicos de desinfecção são a pasteuri‐ de transmissão.
zação e a água em ebulição ou fervura. A pasteurização Os cuidados com o ambiente estão centrados prin‐
é uma desinfecção realizada em lavadoras automáticas, cipalmente nas ações de limpeza realizadas pelo Serviço
com exposição do artigo em água a temperaturas de de Higiene Hospitalar. Há uma estreita relação deste com
aproximadamente 60 a 90 graus centígrados por 10 a 30 o Serviço de Prevenção e Controle de Infecção Hospita‐
minutos, conforme a instrução do fabricante. É indicada lar, cabendo-lhe as seguintes incumbências: padronizar
para a desinfecção de circuitos de respiradores. A água produtos a serem utilizados na limpeza; normatizar ou
em ebulição ou fervura é utilizada para desinfecção de indicar o uso de germicidas para as áreas críticas ou para
alto nível em artigos termo resistentes. as demais, quando necessário; participar de treinamen‐
Consiste em imergir totalmente o material em água tos e dar orientação técnica à equipe de limpeza; partici‐
fervente, com tempo de exposição de 30 minutos13, par da elaboração ou atualização de manuais a respeito
após o que o material é retirado com o auxílio de pinça do assunto.
desinfetada e luvas de amianto de cano longo. Em segui‐
da, deve ser seco e guardado em recipiente limpo ou de‐ BIOSSEGURANÇA
sinfetado ressalve-se que esse procedimento é indicado
apenas nas situações em que não se disponha de outros A biossegurança compreende um conjunto de ações
métodos físicos ou químicos. destinadas a prevenir, controlar, mitigar ou eliminar
A desinfecção de artigos hospitalares por processo riscos inerentes às atividades que possam interferir ou
químico é feita por meio de imersão em soluções germi‐ comprometer a qualidade de vida, a saúde humana e o
cidas. Para garantir a eficácia da ação faz-se necessário: meio ambiente. Desta forma, a biossegurança caracte‐
que o artigo esteja bem limpo, pois a presença de ma‐ riza-se como estratégica e essencial para a pesquisa e
téria orgânica reduz ou inativa a ação do desinfetante; o desenvolvimento sustentável sendo de fundamental
que esteja seco, para não alterar a concentração do de‐ importância para avaliar e prevenir os possíveis efeitos
sinfetante; que esteja totalmente imerso na solução, sem adversos de novas tecnologias à saúde.
a presença de bolhas de ar; que o tempo de exposição As ações de biossegurança em saúde são primordiais
recomendado seja respeitado; que durante o processo para a promoção e manutenção do bem-estar e proteção
o recipiente seja mantido tampado e o produto esteja à vida. A evolução cada vez mais rápida do conhecimen‐
dentro do prazo de validade. Esterilização é o processo to científico e tecnológico propicia condições favoráveis
utilizado para destruir todas as formas de vida microbia‐ que possibilitam ações que colocam o Brasil em pata‐
na, por meio do uso de agentes físicos (vapor saturado mares preconizados pela Organização Mundial de Saúde
sobre pressão autoclave e vapor seco estufa) e químicos (OMS) em relação à biossegurança em saúde. No Brasil,
(óxido de etileno, plasma de peróxido de hidrogênio, for‐ a biossegurança começou a ser institucionalizada a partir
maldeído, glutaraldeído e ácido peracético). da década de 80 quando o Brasil tomou parte do Pro‐
A esterilização pelo vapor saturado sob pressão grama de Treinamento Internacional em Biossegurança
é realizada em autoclave, que conjuga calor, umidade, ministrado pela OMS que teve como objetivo estabelecer
tempo e pressão para destruir os microrganismos. Nela pontos focais na América Latina para o desenvolvimento
podem ser esterilizados artigos de superfície como ins‐ do tema1 . A partir daí, deu-se início a uma série de cur‐
trumentais, baldes e bacias e artigos de espessura como sos, debates e implantação de medidas para acompanhar
campos cirúrgicos, aventais e compressas, e artigos críti‐ os avanços tecnológicos em biossegurança. Em 1985, a
cos e semicríticos termo resistentes e líquidos. Na estufa, FIOCRUZ promoveu o primeiro curso de biossegurança
o calor é produzido por resistências elétricas e propaga‐ no setor de saúde e passou a implementar medidas de
-se lentamente, de maneira que o processo é moroso e segurança como parte do processo de Boas Práticas em
exige altas temperaturas - vários autores indicam a este‐ Laboratórios, que desencadeou uma série de cursos so‐
rilização por esse método apenas quando haja impossi‐ bre o tema. No mesmo ano, o Ministério da Saúde deu
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
bilidade de submeter o material à auto clavação, como início ao Projeto de Capacitação Científica e Tecnológica
no caso de pós e óleos14,15. O material a ser processado para Doenças Emergentes e Reemergentes visando ca‐
em estufa deve ser acondicionado em caixas metálicas e pacitar as instituições de saúde em biossegurança. Foi
recipientes de vidro refratário. também em 1995 que houve a publicação da primeira
Frise-se que a relação tempo-temperatura para a Lei de Biossegurança, a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de
esterilização de materiais por esse método é bastante 1995, posteriormente revogada pela Lei no 11.105, de 24
controvertida e as opiniões muito divergentes entre os de março de 2005. A discussão da biossegurança trou‐
diversos autores xe resultados e avanços ao tema. Promover debates so‐
bre biossegurança em saúde nos dias atuais não apenas
contribui para a solidificação das ações e o exercício das
competências na área de biossegurança, mas, principal‐
46
mente, reforça o propósito de qualidade de vida e saúde expedido pelo órgão nacional competente em matéria
do Sistema Único de Saúde, bem como qualifica as de‐ de segurança e saúde no trabalho do MTE6. A consulta
mandas e contribui para o fortalecimento do Complexo sobre o número do certificado de aprovação, o tipo de
Industrial da Saúde EPI, o fabricante e o tipo de proteção pode ser realizada
Os princípios de biossegurança estão relacionados à no endereço eletrônico do TEM.
contenção e à análise de risco, particularmente em re‐ É imprescindível o conhecimento acerca do manuseio
lação às práticas microbiológicas, equipamentos de se‐ dos EPI, pois eles são as barreiras primárias que prote‐
gurança, instalações, ambiente, exposição das pessoas gem a integridade física e a saúde do profissional4. As
aos microrganismos e agentes químicos manipulados principais funções dos EPI são a redução da exposição
e armazenados nos laboratórios. Apesar de serem fre‐ do operador aos agentes infecciosos, a redução de ris‐
quentes, há falta de evidências claras sobre o modo de cos e danos ao corpo provocados por agentes físicos ou
transmissão/contaminação em muitos casos de infecções mecânicos, a redução da exposição a produtos químicos
associadas a laboratórios (IAL), o que justifica a recomen‐ tóxicos e a redução da contaminação de ambientes. Os
dação para que as pessoas que trabalham em locais de EPI utilizados em laboratórios são constituídos principal‐
risco estejam alertas sobre os riscos e tenham conheci‐ mente por:
mento sobre as normas de biossegurança. -Calçados de segurança: São destinados à proteção
A legislação brasileira, de acordo com as Normas Re‐ dos pés contra a exposição a riscos biológicos, fí‐
gulamentadoras (NR) do Ministério do Trabalho e Em‐ sicos e químicos. O uso de tamancos, sandálias e
prego (MTE), classifica as atividades laborais sujeitas a chinelos em laboratórios é proibido.
riscos em: - Luvas: previnem a contaminação das mãos do tra‐
1) insalubres, quando determinados agentes químicos balhador durante a manipulação de material bioló‐
são manuseados acima dos limites de tolerância gico, produtos químicos e temperaturas extremas.
ou quando o trabalhador estiver exposto a riscos - Protetores auditivos: usados para prevenir a perda
físicos (ruídos, vibrações, umidade, temperaturas auditiva decorrente de ruídos.
extremas, radiações ionizantes ou não ionizantes) - Protetores faciais: oferecem proteção para a face do
ou biológicos (microrganismos); operador contra partículas sólidas, líquidos, vapo‐
2) perigosas, quando o trabalhador estiver exposto, res e radiações (raios infravermelho e ultravioleta);
sob determinadas condições de proximidade e de - Protetores oculares: proteção dos olhos contra im‐
atividade, a materiais explosivos, inflamáveis ou ra‐ pactos, respingos e aerossóis;
dioativos. - Protetores respiratórios: são utilizados para prote‐
ger o aparelho respiratório. Existem vários tipos de
Equipamentos de segurança respiradores, que devem ser selecionados confor‐
me o risco inerente à
A utilização de equipamentos de segurança reduz - Atividade a ser desenvolvida. Os respiradores com
significativamente o risco de acidentes em laboratórios. filtros mecânicos destinam-se à proteção contra
A determinação de quais equipamentos de segurança partículas suspensas no ar, enquanto os respirado‐
devem ser utilizados em cada laboratório deve ser ba‐ res com filtros químicos protegem contra gases e
seada em análises dos riscos referentes às atividades de‐ vapores orgânicos.
senvolvidas no local, relacionadas aos agentes biológi‐ -Vestimenta tipo jaleco: utilizados em ambientes la‐
cos, químicos e físicos. A contenção pode ser classificada boratoriais onde ocorre o manejo de
como primária, que visa garantir a proteção do ambiente - Animais e a manipulação de microrganismos pato‐
interno do laboratório e secundária, que está relacionada gênicos e de produtos químicos.
à proteção do ambiente externo e resulta da combinação - É proibido utilizar qualquer EPI em ambientes fora
de infraestrutura laboratorial e de práticas operacionais5. do laboratório, principalmente os jalecos.
Os equipamentos e materiais destinados a proteger o - Há vários tipos de luvas para uso em laboratório,
trabalhador e o ambiente laboratorial são classificados cada um destinado a atividades laboratoriais es‐
como equipamento de proteção individual (EPI - óculos, pecíficas.
luvas, calçados, jaleco) e equipamento de proteção co‐ - Luvas de látex (borracha natural): são denominadas
letiva (EPC- câmeras de exaustão, cabines de segurança como luvas de procedimento e se destinam aos
biológica, chuveiros de emergência, lava-olhos e extinto‐ trabalhos com material biológico e em procedi‐
res de incêndio). mentos de diagnóstico que não requeiram o uso
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
de luvas estéreis;
Equipamentos de proteção individual - Luvas de cloreto de vinila (PVC): utilizadas para ma‐
nusear alguns produtos químicos.
De acordo com a Norma Regulamentadora 6 do MTE, - Luvas de fibra de vidro com polietileno reversível:
“considera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI, usadas para proteção contra materiais cortantes;
todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado - Luvas de fio de kevlar tricotado: protegem em tra‐
pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos susce‐ balhos em temperaturas de até 250ºC;
tíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”. O - Luvas confeccionada com nylon cordura (criogenia):
equipamento de proteção individual, de fabricação na‐ usadas para trabalhos com gelo seco, freezer -80º
cional ou importado, só poderá ser posto à venda ou uti‐ C e nitrogênio líquido
lizado, com a indicação do Certificado de Aprovação (CA)
47
- Luvas de borracha: para serviços gerais de limpeza, • Ler o rótulo no recipiente ou na embalagem é a
processos de limpeza de instrumentos e descon‐ primeira providência a ser tomada, observando a
taminação. classificação quanto ao tipo de risco que o reagen‐
te oferece;
Equipamentos de proteção coletiva • Nunca deixar frascos contendo solventes orgânicos
próximos à chama, por exemplo álcool, acetona,
Os EPC têm como função proteger o ambiente e a éter, dentre outros;
saúde dos trabalhadores e devem ser instalados em • Evitar contato de qualquer substância com a pele;
locais de fácil acesso e bem sinalizados. Alguns são de ser cuidadoso ao manusear substâncias corrosivas,
uso rotineiro, como as cabines de segurança biológica como ácidos e bases;
e as capelas de exaustão química, e outros são de uso • Manter seu local de trabalho limpo e não colocar
emergencial, como os extintores de incêndio, chuveiro materiais nas extremidades da bancada;
de emergência e lava-olhos. • Não descartar nas pias materiais sólidos ou líquidos
que possam contaminar o meio ambiente;
Risco Químico • Usar o sistema de gerenciamento de resíduos quí‐
micos;
O pessoal de laboratórios está exposto não somen‐ • O manuseio e o transporte de vidrarias e de outros
te aos microrganismos patogênicos como, também, aos materiais devem ser realizados de forma segura;
produtos químicos perigosos. É fundamental que os o transporte deve ser firme, evitando-se quedas e
efeitos tóxicos de produtos químicos manipulados sejam derramamentos;
conhecidos, assim como suas vias de exposição e os ris‐ • Frascos de vidros com produtos químicos têm de
cos que possam estar associados à sua manipulação e ser transportados em recipientes de plástico ou de
armazenagem borracha que os protejam de vazamento e, quando
.O risco está associado à exposição a agentes ou quebrados, contenham o derramamento;
substâncias químicas na forma líquida, gasosa ou como • O manuseio de produtos químicos voláteis, metais,
partículas e poeiras minerais e vegetais, presentes nos ácidos e bases fortes e outros tem de ser realizado
ambientes ou processos de trabalho, que possam pene‐ em capela de segurança química;
trar no organismo pela via respiratória ou que possam • Frascos contendo produtos corrosivos, ácidos ou
ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por bases devem ser armazenados em prateleiras bai‐
ingestão, como solventes, medicamentos, produtos quí‐ xas, próximas ao chão, e de fácil acesso. As subs‐
micos utilizados para limpeza e desinfecção, corantes, tâncias inflamáveis precisam ser manipuladas com
dentre outros. extremo cuidado, evitando-se a proximidade de
Os perigos e precauções referentes aos diversos pro‐ equipamentos e fontes geradoras de calor. Duran‐
dutos químicos utilizados em laboratório estão relacio‐ te o manuseio de produtos químicos, é obrigató‐
nados no Anexo 5 do Manual de Segurança Biológica em rio o uso de equipamentos de proteção individual,
como óculos de proteção, máscara facial, luvas,
Laboratório da Organização Mundial de Saúde.
jalecos e outros.
No Brasil, a rotulagem de produtos químicos deve
seguir a norma ABNT NBR 14725-1 15, que estabelece
Risco Biológico
critérios para inclusão das informações de segurança no
rótulo de produtos químicos perigosos, de acordo com
Está associado ao manuseio ou contato com ma‐
a classificação estabelecida no Sistema Globalmente
teriais biológicos e/ou animais infectados com agentes
Harmonizado de Informação de Segurança de Produtos
biológicos que possuam a capacidade de produzir efei‐
Químicos (GHS)16 . Para evitar ou minimizar os riscos de
tos nocivos sobre os seres humanos, animais e meio am‐
acidentes com reagentes químicos é necessário adotar, biente. As vias de transmissão mais frequentes em labo‐
além das normas básicas de segurança para laboratório, ratório são:
as precauções específicas descritas a seguir 1) contato direto com a pele ou mucosas;
Não permitir o armazenamento de produtos não 2) inoculação parenteral por agulha acoplada a se‐
identificados, sem data de validade ou com a validade ringas, por outros materiais perfurocortantes ou
vencida; por mordedura/hematofagia de animais ou artró‐
• Os produtos inflamáveis e explosivos devem ser ar‐ podes;
mazenados distantes de produtos oxidantes;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
48
A definição da classe de risco utiliza como critérios
a capacidade do agente biológico de infectar e causar
doença no homem e em animais, a forma de transmissão EXERCÍCIO COMENTADO
e a virulência do agente e a disponibilidade de medidas
preventivas e de tratamento para a enfermidade3. A in‐ 1. De acordo com o processo de Desinfecção de Mate‐
formação sobre a classe de risco de um microrganismo riais medico hospitalares.
é fundamental para a determinação do nível de biosse‐ Julgue Certo ou errado.
gurança que dever ser adotado para sua manipulação3 Artigos críticos :Materiais com baixo risco de provocar
. A classificação de risco de agentes biológicos está dis‐ infecção, porque são introduzidos diretamente em te‐
ponível no Manual de Classificação de Risco dos Agentes cidos normalmente estéreis e é indicado a esterilização
Biológicos do Ministério da Saúde, descrita a seguir: Instrumental cirúrgico, agulhas, cateteres intravasculares
Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a co‐ e dispositivos a eles conectados, como equipos de solu‐
letividade): inclui os agentes biológicos conhecidos por ção e torneirinhas
não causarem doenças em pessoas ou animais adultos
sadios. Exemplo: Lactobacillus sp. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Classe de risco 2 (moderado risco individual e limita‐
do risco para a comunidade): inclui os agentes biológicos Resposta: Errado. (Os artigos críticos são materiais
que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo com alto índice de infecção entram em contato direto
potencial de propagação na comunidade e de dissemi‐
nação no meio ambiente é limitado, e para os quais exis‐
tem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes. Exem‐ PROCEDIMENTOS DE ENFERMAGEM. VERI-
plo: Schistosoma mansoni.
FICAÇÃO DE SINAIS VITAIS, OXIGENOTE-
Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado
risco para a comunidade): inclui os agentes biológicos RAPIA, AEROSSOLTERAPIA E CURATIVOS.
que possuem capacidade de transmissão por via respi‐ ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS. CO-
ratória e que causam patologias humanas ou animais, LETA DE MATERIAIS PARA EXAMES
potencialmente letais, para as quais existem, usualmente,
medidas de tratamento e/ou de prevenção. Representam
risco se disseminados na comunidade e no meio ambien‐ Definições:
te, podendo se propagar de pessoa a pessoa. Exemplo:
Bacillus anthracis. A enfermagem segundo Wanda Horta é “A ciência
Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comu‐ e a arte de assistir o ser humano em suas necessidades
nidade): inclui os agentes biológicos com grande poder básicas e torna-lo independente destas necessidades
de transmissibilidade por via respiratória ou de trans‐ quando for possível através do autocuidado”. A enfer‐
missão desconhecida. Até o momento, não há nenhuma magem como ciência pode ser exercida em vários locais
medida profilática ou terapêutica eficaz contra infecções tais como: Hospitais, Empresas Particulares (Enf. Do Tra‐
ocasionadas por eles. balho), Escolas, Unidades de Saúde
Causam doenças humanas e animais de alta gravida‐ Nos dias de hoje, o hospital é definido segundo a
de, com alta capacidade de disseminação na comunida‐ OMS como elemento de uma organização de caráter mé‐
de e no meio ambiente. Esta classe inclui principalmente dico social, cuja função consiste em assegurar assistência
os vírus. Exemplo: Vírus Ebola. médica completa, curativa, e preventiva a população e
Classe de risco especial (alto risco de causar doença cujos serviços externos se irradiam até a célula familiar
animal grave e de disseminação no meio ambiente): in‐ considerada em seu meio; e um centro de medicina e de
clui agentes biológicos de doença animal não existentes pesquisa biossocial.
no país e que, embora não sejam obrigatoriamente pató‐
genos de importância para o homem, podem gerar gra‐ Funções do Hospital:
ves perdas econômicas e/ou na produção de alimentos.
A não classificação de agentes biológicos nas classes _ Preventiva: Principalmente nos ambulatórios, onde
de risco 2, 3 e 4 não implica em sua inclusão automática os pacientes retornam após a alta para controle.
na classe de risco 1. Para isso, deverá ser conduzida uma _ Educativa: Através da educação sanitária e prática
avaliação de risco baseada nas propriedades conhecidas da saúde pública visando o paciente, a família e a
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
e/ou potenciais desses agentes e de outros representan‐ comunidade. Sob o ponto de vista de formação e
tes do mesmo gênero ou família17 aperfeiçoamento de profissionais de saúde.
_ Pesquisa: O hospital serve de campo para a pesqui‐
Referência: http://www.fmva.unesp.br/Home/pes‐ sa científica relacionada á saúde.
quisa/comissaodebiossegurancaemlaboratorio‐ _ Reabilitação: O hospital através do diagnóstico
seambulatorios/manual-biosseguranca-fmva-defini‐ precoce utilizando os cuidados clínicos, cirúrgicos
tivo-corrigido-em-agosto-de-2017.pdf e especiais por meios do qual o paciente adquire
condições de retornar ao seu meio e suas ativida‐
des.
_ Curativa: A função a qual o Brasil faz como função
principal. Tratamento de qualquer natureza.
49
Classificação: • Leva a pedir proteção e cuidados,
• Obriga ao abandono das atividades normais,
Segundo o tratamento: • Ao recolhimento ao leito,
• Ao afastamento da comunidade.
Geral: É o hospital destinado á atender pacientes por‐
tadores de doenças das várias especialidades médicas. O paciente ao ser admitido no hospital espera do me‐
Especial ou Especializada: Limita-se a atender pa‐ dico e da enfermagem, uma explicação, uma palavra de
cientes necessitados de assistência de determinada es‐ conforto em relação ao seu estado de saúde. Se isto não
pecialidade médica. Ex: Hospital do câncer. acontece, o seu quadro psicológico pode ser agravado,
levando-o a se tornar submisso e despersonalizado, ou
Segundo o número de leitos: então agressivo.
doença, pois cria-se nele angustia, inquietação, que leva ca corporal e marcha.
a exagerar o poder e conhecimento sobre os profissio‐ -Tórax e Pulmões Contorno, expansibilidade, intensi‐
nais que o socorrem, muitas vezes torna-se difícil o tra‐ dade de ruídos respiratórios.
tamento do doente, originando problemas de relaciona‐ -Abdômen: Cicatrizes, lesões.
mento (paciente pessoal).
Atribuições do Auxiliar de Enfermagem no Exame
A doença trás ao paciente graves consequencias Físico
como:
• Choque emocional, Preparar o material que consiste em:
• Ameaça do equilíbrio psicológico do paciente, - Termômetro;
• Rompimento das defesas pessoais, -Oftalmoscópio;
50
- Esfigmomanômetro; Descrição da Posição:
- Otoscópio; -Colocar a paciente em de decúbito dorsal;
- Estetoscópio; -Joelhos flexionados e bem separados, com os pés
- Cuba-rim; sobre a cama;
- Martelo de percussão -Proteger a paciente com lençol ate o momento do
- Vidro com álcool exame.
- Abaixador de língua;
- Bolas de algodão Técnica
- Fita métrica - Lavar as mãos
- Toalha - Identificar a paciente, avisando-a que será feito
- Isolar a cama com biombo
Para exames especiais, o material varia conforme o - Colocar a paciente em decúbito dorsal horizontal;
exame: (especulo vaginal, luvas, lubrificantes, laminas, tu‐ - Pedir a paciente para flexionar os membros inferio‐
bos para cultura, etc). res, colocando os calcanhares na cama;
- Afastar bem os joelhos;
Preparar o Paciente e o Ambiente: - Proteger a paciente com lençol em diagonal, de tal
forma que uma ponta fique sobre o peito e a outra
-Explicar ao paciente o que vai ser feito, a fim de ob‐ na região pélvica. As outras duas pontas deverão
ter a sua colaboração; ser presas sob os calcanhares da paciente;
-Verificar sua higiene corporal; - Colocar a paciente em posição confortável apos o
-Oferecer-lhe a comadre (se necessário); exame ou tratamento;
-Levá-lo- para a sala de exame ou cercar a cama com - Recompor a Unidade;·.
biombo;
-Dispor o material para o exame sobre a mesa auxiliar; b) Posição de Decúbito Dorsal
-Cobrir o paciente de acordo com o tipo do exame, e Indicação: - realizar exame físico
da rotina do serviço.
Técnica:
Obs.: - Lavar as mãos;
- Evitar descobrir o paciente mais do que necessário, - Identificar o paciente e avisa-lo sobre o que será
procurando também não atrapalhar o medico: feito
- Usar roupas folgadas ou lençóis para permitir mu‐ - Isolar a cama com biombos;
danças de posição com maior rapidez; - Deitar o paciente de costas com a cabeça e ombros
- Não permitir que o paciente sinta frio descobrindo ligeiramente elevados por travesseiros, as pernas
só a região a examinar; estendidas;
- Deixa-lo o mais seguro e confortável possível. - Dar condições necessárias para a expansão pulmo‐
nar, não dobrando o pescoço ou cintura;
Prestar Assistência Durante o Exame Físico - Manter os membros superiores ao longo do corpo;
- Deixar o paciente em posição correta para evitar
-Certificar-se da temperatura e iluminação da sala. distensão dos tendões da perna;
Fechar janelas se estiver frio e providenciar um - Manter os joelhos ligeiramente fletidos e os pés
foco se a iluminação for deficiente. bem apoiados;
-Verificar T.P.R.P. A, peso, altura e anotar no prontu‐ - Evitar a queda dos pés equinos;
ário; - Proteger o paciente sempre com o lençol, expondo
-Despir a camisola do paciente, cobrindo-o com lençol; apenas o necessário;
-Avisar o medica que o paciente esta pronto para o - Colocar o paciente em posição confortável apos o
exame; exame;
-Colocar-se junto à cama do lado oposto aquele que - Recompor a Unidade;
estiver o medico; - Lavar as mãos;
-Entregar-lhe os objetos à medida que necessitar. - Anotar no prontuário do paciente.
zar o exame físico do paciente ou, colher algum material Finalidade: exames retais, lavagem intestinal, exames
para exame todos os cuidados acima deverão também vaginais, clister.
serem seguidos.
Técnica
Posições para o Exame Físico: - Lavar as mãos;
- Identificar o paciente e avisa-lo sobre o que será
a) Posição Ginecológica feito;
Indicações: (exame vaginal, exame vulvo vaginal, lava‐ - Isolar a cama com biombos;
gem vaginal, sondagem vesical, tricotomia). - Colocar o paciente deitado do lado esquerdo;
- Aparar a cabeça do paciente sobre o travesseiro;
- Colocar o braço esquerdo para trás do corpo;
51
- Flexionar o braço direito e deixa-lo apoiado sobre - Recompor a Unidade;
o travesseiro; - Lavar as mãos;
- Colocar o membro inferior esquerdo ligeiramente - Anotar no prontuário do paciente.
flexionado;
- Colocar o membro inferior direito fletido ate quase f) Posição em Decúbito Ventral
encostar o joelho no abdômen; Finalidade: Laminectomias, cirurgias de tórax poste‐
- Deixar o paciente sempre protegido com lençol, ex‐ rior, tronco ou pernas. ·.
pondo apenas a região necessária;
- Colocar o paciente em posição confortável após o Técnica
exame ou tratamento; - Lavar as mãos;
- Recompor a Unidade; - Identificar o paciente e avisa-lo sobre o que será
- Lavar as mãos; feito;
- Anotar no prontuário do paciente. - Isolar a cama com biombos;
- Deitar o paciente com o abdômen sobre a cama ou
d) Posição de Fowler: sobre a mesa de exames;
Finalidade: pacientes com dificuldades respiratórias, - Colocar a cabeça virada para um dos lados;
para a alimentação do paciente, pós-operatório nasal, - Colocar os braços elevados, com as palmas das
buco maxilo, cirurgia de tireoide (tireodectomia). mãos apoiadas no colchão, à altura da cabeça ou
ao longo do corpo;
Técnica: - Colocar um travesseiro, se necessário, sob a parte
- Lavar as mãos; inferior das pernas e pés, para evitar pressão nos
- Identificar o paciente e avisa-lo sobre o que será dedos;
feito; - Proteger o paciente com lençol;
- Isolar a cama com biombo; - Colocar o paciente em posição confortável;
- Manter o paciente em posição dorsal, semi-sentado - Recompor a Unidade;
, recostado, com os joelhos fletidos, apoiados em - Lavar as mãos;
travesseiros ou o estrado da cama modificado; - Anotar no prontuário do paciente.
- Elevar a cabeceira da cama mais ou menos em an‐
gulo de 45 graus; Obs.: - Em alguns casos esta posição e contra indi‐
- Elevar o estrado dos pés da cama para evitar que o cada (pacientes portadores de incisões abdominais, ou
paciente escorregue; com dificuldade respiratória, e idosos, obesos.).
- Verificar se o paciente esta confortável;
- Proteger o paciente com lençol; g)Posição Genu-peitoral
- Deixar o paciente em posição confortável após o Finalidade Exames do reto e vagina, sigmoidoscopia.
exame ou tratamento;
- Recolocar o material no lugar; Técnica
- Lavar as mãos; - Lavar as mãos;
- anotar no prontuário do paciente. - Identificar o paciente e avisa-lo sobre o que será
feito;
e) Posição de Decúbito Lateral - Isolar a cama com biombo;
Finalidade: Cirurgias renais, massagem nas costas, - Solicitar ao paciente para que fique em decúbito
mudança de decúbito. ·. ventral;
- Apoiar o peito o peito do paciente de encontro com
Técnica: o colchão ou mesa de exame;
- Lavar as mãos; - Pedir ao paciente para fletir os joelhos;
- Identificar o paciente e avisa-lo sobre o que será - Colocar a cabeça virada para um dos lados, sobre
feito; um pequeno travesseiro;
- Isolar a cama com biombos; - Pedir para o paciente estender os braços sobre a
- Posicionar o paciente na cama sobre um dos lados; cama, na altura da cabeça;
- Colocar a cabeça sobre o travesseiro, apoiando tam‐ - Solicitar ao paciente para que descanse o peso
bém o pescoço; do corpo sobre a cabeça, ombros peito, e os
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Colocar outro travesseiro sob o braço que esta su‐ joelhos,formando assim, um angulo reto entre as
portando o peso do corpo; coxas e as pernas;
- Colocar um travesseiro entre as pernas para aliviar a - Proteger o paciente com lençol, expondo apenas o
pressão de uma perna sobre a outra; necessário;
- Manter o alinhamento corporal a fim de facilitar a - Colocar o paciente em posição confortável após o
respiração; exame;
- Proteger o paciente com lençol, expondo apenas o - Recompor a Unidade;
local a ser examinado; - Lavar as mãos;
- Colocar o paciente em outra posição confortável - Anotar no prontuário do paciente.
após o repouso de mudança de decúbito ou exa‐
me;
52
(h) Posição de Trendelemburg. b) Anorexia;
Finalidades Cirurgias da região pélvica, estado de c) Descontrole hormonal, (hipertireoidismo).
choque, tromboflebites, casos em que deseja melhor irri‐
gação cerebral, drenagem de secreção pulmonar. ·. Admissão do Paciente
53
Anotação no prontuário e relatório de enferma- prestados, medicamentos, contenções e demais
gem. observações colhidas pelo exame físico;
- A conservação ou a comunicação;
As anotações no prontuário são baseadas em obser‐ - O comportamento:
vação de enfermagem. -Equilíbrio do pensamento (senso critico, confusão,
Observação e o ato, habito ou poder de ver, notar e expressão de ideias, delírios, localização no tempo
perceber; e examinar, contemplar e notar algo através da e espaço, etc.);
atenção dirigida. -Equilíbrio do estado perceptivo (alucinações, delí‐
rios);
Finalidades: -Equilíbrio de estado afetivo (emoções, sentimentos,
-Contribuir com informações para o diagnostico e capacidade para resolver situações, etc.);
tratamento médico e de enfermagem; -Equilíbrio no ajustamento social (dependência, isola‐
-Conhecer o paciente, família e comunidade; mento, reação ao ambiente e pessoa);
-Construir fator decisivo entre a vida e a morte atra‐ -Capacidade de aprendizagem - inteligência;
vés dos dados colhidos; - Atividades;
-Auxiliar a equipe multiprofissional na tomada de de‐ - Recomendações.
cisões específicas;
-Verificar os problemas aparentes e inapetentes; Normas para anotações de enfermagem:
-Planejar cuidados de enfermagem; - Usar termos descritos: Ex. o paciente esta ansio‐
-Analisar os serviços hospitalares prestados; so, o paciente deambula constantemente no
-Analisar os cuidados de enfermagem prestados; corredor,torcendo as mãos, apresentando expres‐
-Servir de base para qualquer documentação e ano‐ são facial de preocupação;
tação. - Usar termos objetivos: aquilo que foi visto ou senti‐
do e não de interpretação pessoal;
O Que Observar: - Usar termos concisos;
- Considerar o aspecto legal das anotações: não per‐
Sintomas: É uma manifestação perceptível no orga‐ mitindo rasuras, linha em branco entre uma e outra
nismo que indica alteração na saúde física ou mental. anotação, colocar nomes de pessoas;
Sintoma Subjetivo: É aquele descrito pelo paciente, - Considerar o segredo profissional;
não podendo ser visto ou sentido por outros. Ex.cefaleia. - Observar a redação, ortografia, letra: Usar 3ª pes‐
Sintoma Objetivo: E aquele notado ou sentido pelo soa gramatical: Ex. o enfermeiro atendeu imediata‐
observador, e sinônimo de sinal. Ex. vomito, edema, etc. mente ao chamado da campainha;
Síndrome: E um complexo de conjunto de sinais e -Colocar horário;
sintomas. - Colocar vias de administração e locais de aplicação
de medicamentos;
A observação serve não só para descobrir anormali‐ - Fazer assinatura legível;
dades, mas também para identificar a potencialidade do - Nunca anotar medicamentos ou tratamentos feitos
individuo. A observação global associada a outras obser‐ por outras pessoas.
vações gerais leva a descoberta de aspectos favoráveis,
podendo indicar ausência de problemas, recuperação, ou Controle de Sinais Vitais
mesmo os recursos físicos e mentais, dos quais o indivi‐
duo dispõe para auxiliar na sua própria recuperação. Definição: sinais vitais são reflexos ou indícios de
mudanças no estado do paciente. Eles indicam oestado
Anotações de enfermagem: físico do paciente e ajudam no seu diagnostico e trata‐
-Finalidades Relatar por escrito às observações do pa‐ mento.
ciente;
-Contribuir com informações para o diagnostico me‐ Normas:
dico e de enfermagem; - Os sinais vitais deverão ser verificados a cada 06 ho‐
-Contribuir com informações para fazer o planeja‐ ras. Quando o caso exigir dever ser visto quantas
mento do plano de cuidados de enfermagem; vezes for necessário;
-Servir de elementos para pesquisa; - Ao se verificar qualquer um dos sinais vitais, dever
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
-Fornecer elementos para auditoria de enfermagem; ser explicado ao paciente o que ser realizado;
-Servir para avaliação dos cuidados de enfermagem - Quando houver alteração de alguns dos sinais vitais
prestados (quanto à qualidade e continuidade); dever ser comunicado ao enfermeiro da unidade
-Servir como fonte para a aprendizagem. e ao medico responsável pelo paciente, se for ne‐
cessário.
Tomando como base as observações os elementos
principais a serem anotados são o seguinte: Material
- A aparência; -Bandeja contendo:
- Estado físico: queixas, observações em geral, alimen‐ -Termômetro,
tação, exames, testes, encaminhamento, elimina‐ -Bolas de algodão seco,
ções, tratamentos dados, resultados dos cuidados -Bolas de algodão embebidas no álcool a 70%,
54
-Estetoscópio, Pulso (P ou FC): É o nome que se dá à dilatação,
-Aparelho P.A. pequena e sensível, das artérias, produzida pela corrente
-Esfigmomanômetro; circulatória. Toda vez que o sangue é lançado do ventrí‐
-caneta culo esquerdo para a aorta, a pressão e o volume provo‐
-Relógio, cam oscilações ritmadas em toda a extensão da parede
-Gazes. arterial, evidenciadas quando se comprime, moderada‐
mente, a artéria contra uma estrutura dura.
Temperatura (T): É o grau de calor que atinge um
determinado corpo. É o equilíbrio entre a produção e a Valores de normalidade:
eliminação deste calor. Homens: 60 a 70bpm
-Axilar: de 36ºC a 36,8ºC Mulheres: 65 a 80bpm
-Bucal: de 36,2ºC a 37ºC
-Retal: de 36,4ºC a 37,2ºC Fatores que alteram a frequência do pulso:
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Respiração (R ou FR): é o processo no qual ocorre a a) Alimentação, medo, ansiedade, exercícios, estimu‐
troca de oxigênio e gáscarbônico entre o corpo e o meio lantes aumentam a P.A.
ambiente. b) Repouso, jejum, depressão, diminuem a P.A.
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- Soltar o ar do manguito gradativamente ate ouvir zenado em cilindros de aço portáteis, que permitem seu
claramente o ultimo batimento lendo o manôme‐ transporte de um setor para outro, em ambulâncias, para
tro (P.A. diastólica mínima); residências, etc.
- Retirar todo o ar do manguito. Repetir a operação A administração de oxigênio deve ser feita com cau‐
se for necessário; tela, pois em altas doses pode vir a inibir o estímulo da
- Remover o manguito e deixar o paciente confortá‐ respiração. O dispositivo mais simples e bem tolerado
vel; pelo paciente para a administração de oxigênio é a cânu‐
- Promover a desinfecção das olivas e do diafragma la nasal, feita de material plástico comum a alça para fi‐
do estetoscópio com álcool a 70%; xação na cabeça e uma bifurcação própria para ser adap‐
- Anotar na ficha de controle; tada nas narinas, através da qual o oxigênio - ao sair da
- Lavar as mãos fonte e passar por um umidificador com água estéril - é
liberado. Outro dispositivo para administrar oxigênio é o
Técnica de Verificação de P.A. nos Membros Infe- cateter nasal, que, no entanto, provoca mais incômodo
riores ao paciente que a cânula nasal.
- Lavar as mãos; Da mesma forma que a cânula, o oxigênio também
- Preparar o material; é umidificado antes de chegar ao paciente. Para insta‐
- Promover a limpeza das olivas e diafragma do este‐ lá-lo, faz-se necessário medir o comprimento a ser in‐
toscópio com álcool a 70%; troduzido - calculado a partir da distância entre a ponta
- Explicar ao paciente o que ser feito; do nariz e o lóbulo da orelha e, antes de sua inserção,
- Colocar o paciente em posição confortável com os lubrificar a ponta do cateter, visando evitar traumatismo.
MMII estendidos; O profissional deve verificar a posição correta do cateter,
- Expor o membro inferior do paciente; inspecionando a orofaringe e observando se o mesmo
- Colocar o manguito (esfigmomanômetro) 5 cm aci‐ encontra-se localizado atrás da úvula. Caso o paciente
ma da prega do joelho, prendendo-o de modo a apresente reflexos de deglutição, tracionar o cateter até
não comprimir nem soltar-se; a cessação dos reflexos. A instalação da nebulização é
- Localizar com os dedos a artéria poplítea na dobra semelhante à da inalação.
do joelho; Ao fluxômetro, de oxigênio ou ar comprimido, conec‐
- Colocar o estetoscópio no ouvido e segurar o dia‐ ta-se o nebulizador e a este o tubo corrugado (conector);
fragma do estetoscópio sobre a artéria, evitando a máscara facial é acoplada à outra extremidade do tubo
uma pressão muito forte; e deve estar bem ajustada ao rosto do paciente.
- Fechar a válvula da pera de borracha e insuflar ate A nebulização - utilizada principalmente para fluidi‐
o desaparecimento de todos os sons (cerca de 200 ficar a secreção das vias respiratórias tem efeito satisfa‐
mmHg); tório quando há formação de névoa. Durante o procedi‐
mento, o paciente deve inspirar pelo nariz e expirar pela
- Abrir a válvula vagarosamente;
boca. As soluções utilizadas no inalador devem seguir
- Observar o manômetro. O ponto em que ouvir o
exatamente a prescrição médica, o que evita complica‐
primeiro batimento e a P.A. sistólica m máxima;
ções cardiorrespiratórias. Recomenda-se a não utilização
- Soltar o ar do manguito gradativamente ate ouvir
de solução fisiológica, pois esta proporciona acúmulo de
claramente o ultimo batimento lendo o manôme‐
cristais de sódio na mucosa respiratória, provocando ir‐
tro (P.A. diastólica mínima);
ritação e aumento de secreção. A inalação que deve ser
- Retirar todo o ar do manguito. Repetir a operação
realizada com o paciente sentado - é uma outra maneira
se for necessário;
de fluidificar secreções do trato respiratório ou adminis‐
- Remover o manguito e deixar o paciente confortá‐ trar medicamentos broncodilatadores. O inalador possui
vel; dupla saída: uma, que se conecta à máscara facial; outra,
- Promover a limpeza das olivas e do diafragma do ligada a uma fonte de oxigênio - ou ar comprimido –
estetoscópio com álcool a 70%; através de uma extensão tubular. Ao passar pelo inala‐
- Anotar na ficha de controle; dor, o oxigênio - ou ar comprimido - vaporiza a solução
- Lavar as mãos. que, através da máscara facial, é repassada ao paciente.
Realizando a Oxigenoterapia. Na Infecção de Sítio Cirúrgico
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Muitas doenças podem prejudicar a oxigenação do A cirurgia é um procedimento traumático que pro‐
sangue, havendo a necessidade de adicionar oxigênio voca o rompimento da barreira de defesa da pele, tor‐
ao ar inspirado. Há várias maneiras de ofertar oxigênio nando-se, assim, porta de entrada de microrganismos. A
ao paciente, como, por exemplo, através de cateter ou infecção do sítio cirúrgico manifesta-se entre 4 a 6 dias
cânula nasal, nebulização contínua ou respiradores. O após a realização da cirurgia, apresentando localmente
oxigênio é um gás inflamável que exige cauteloso ma‐ eritema, dor, edema e secreção. A prevenção da infec‐
nuseio relacionado ao seu transporte, armazenamento ção de sítio cirúrgico envolve medidas pré-operatórias
em ambiente livre de fontes que favoreçam combustão na Unidade de Internação, tais como, por exemplo, abre‐
(cigarros, substâncias) e cuidados no uso da válvula do viação do tempo de internação, lavagem criteriosa das
manômetro. Na maioria das instituições de saúde, o oxi‐ mãos pelos profissionais de saúde, banho pré-operatório
gênio é canalizado; mas também existe o oxigênio arma‐ e tricotomia. No Centro Cirúrgico, as medidas adotadas
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relacionam-se à preparação do ambiente, equipe cirúrgi‐ Os fatores que influenciam a cicatrização de lesões
ca e paciente. Na presente edição, priorizaremos os cui‐ são:
dados no pós-operatório, especificamente nos aspectos Idade: a circulação sanguínea e a concentração de
pertinentes à prevenção de infecção da ferida operatória. oxigênio no local da lesão são prejudicadas pelo enve‐
Como esses cuidados derivam dos mesmos princípios lhecimento, e o risco de infecção é maior.
aplicados às feridas de maneira geral, abordaremos as Nutrição: a reparação dos tecidos e a resistência às
questões de prevenção e tratamento no sentido mais infecções dependem de uma dieta equilibrada e a epi‐
genérico - não especificamente relacionado à ferida ci‐ sódios como cirurgias, traumas graves, infecções e de‐
rúrgica. ficiências nutricionais pré-operatórias aumentam as exi‐
Ferida é o nome utilizado para designar qualquer le‐ gências nutricionais;
são de pele que apresente solução de continuidade (rup‐ Obesidade: O suprimento sanguíneo menos abun‐
tura da pele ou tecido adjacente). dante dos tecidos adiposos impede o envio de nutrientes
Para prestar os cuidados adequados a alguém que e elementos celulares necessários à cicatrização normal;
apresente uma ferida, faz-se necessário conhecer o tipo Extensão da lesão:
de lesão, o padrão normal e os fatores que afetam a ci‐ - lesões mais profundas, envolvendo maior perda de
catrização. Um aspecto importante na abordagem do tecido, cicatrizam mais vagarosamente e por se‐
paciente que tem feridas é observar suas condições psi‐ gunda intenção, sendo susceptíveis a infecções;
cológicas e oferecer-lhe apoio - muitas vezes, há neces‐ imunossupressão.
sidade de seu encaminhamento para outro profissional - - a redução da defesa imunológica contribui para
como o psicólogo -, pois, dependendo do local e aspecto uma cicatrização deficiente;
da ferida, a sua autoimagem pode estar seriamente com‐
prometida - situação bastante comum, por exemplo, nos Diabetes: o paciente portador de diabetes tem alte‐
casos de vítimas de queimaduras. ração vascular que prejudica a perfusão dos tecidos e sua
Numa abordagem mais simplificada, podemos agru‐ oxigenação; além disso, a glicemia aumentada altera o
par as feridas de acordo com sua causa, época de ocor‐ processo de cicatrização, elevando o risco de infecção.
rência e camada da pele lesada.
Quanto à causa, a ferida pode ser classificada como Curativo: É o tratamento utilizado para promover a
intencional, para fins de tratamento, como a incisão ci‐ cicatrização de ferida, proporcionando um meio adequa‐
rúrgica, ou não intencional, como as provocadas por do para este processo. Sua escolha dependerá do tipo e
agentes cortantes, como facas; perfurantes, como pre‐ condições clínicas da ferida. Os critérios para o curativo
gos; escoriações por atritos em superfícies ásperas; quei‐ ideal foram definidos por Turner, citado por Dealey:
maduras provocadas por agentes físicos, como o fogo, e - Manter alta umidade entre a ferida e o curativo, o
químicos, como os ácidos. Ainda nesse grupo, classifica‐ que promove epitelização mais rápida, diminuição
mos a úlcera de pressão (escara) causada por deficiência significativa da dor e aumento do processo de des‐
circulatória em pontos de saliência óssea, como a região truição natural dos tecidos necrosados.
sacra, que se desenvolve devido à compressão da pele e -Remover o excesso de exsudação, objetivando evitar
tecidos circunvizinhos com o colchão, em pacientes aca‐ a maceração de tecidos circunvizinhos;
mados e sem mobilidade. -Permitir troca gasosa ressalte-se que a função do
Pessoas diabéticas podem vir a desenvolver feridas oxigênio em relação às feridas ainda não está mui‐
ulcerativas também causadas por deficiência circulatória to esclarecida;
localizada em membros inferiores. -Fornecer isolamento térmico, pois a manutenção da
Quanto à época, a ferida pode ser aguda, quando sua temperatura constante a 37ºC estimula a atividade
ocorrência é muito recente, ou crônica, caso de feridas da divisão celular durante o processo de cicatriza‐
antigas e de difícil cicatrização. ção;
Quanto à camada da pele lesada, a ferida é classi‐ -Ser impermeável às bactérias, funcionando como
ficada em estágio I quando atinge a epiderme; estágio uma barreira mecânica entre a ferida e o meio am‐
II quando atinge a derme; estágio III quando atinge o biente.
subcutâneo e estágio IV quando atinge o músculo e es‐ -Estar isento de partículas e substâncias tóxicas con‐
truturas ósseas. taminadoras de feridas, o que pode renovar ou
Logo após a ocorrência de feridas o organismo ini‐ prolongar a reação inflamatória, afetando a velo‐
cia o processo biológico de restauração e reparação dos cidade de cicatrização;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
tecidos lesados. As feridas podem cicatrizar-se por pri‐ -Permitir a retirada sem provocar traumas, os quais
meira intenção quando as bordas da pele se aproximam com frequência ocorrem quando o curativo adere
e o risco de desenvolvimento de infecção é mínimo, ou à superfície da ferida; nessas condições, a remo‐
por segunda intenção, quando as bordas da pele não se ção provoca uma ruptura considerável de tecido
aproximam e a ferida é mantida aberta até ser preen‐ recém-formado, prejudicando o processo de cica‐
chida por tecido de cicatrização caso em que há maior trização.
possibilidade de infecção.
O curativo aderido à ferida deve ser retirado após
umedecimento com solução fisiológica (composta por
água e cloreto de sódio), sem esfregá-la ou atritá-la.
58
Desbridamento - retirada de tecido necrosado, sem to do leito da ferida e aliviando a dor. Indicada para uso
vitalidade, utilizando cobertura com ação desbridante ou em feridas limpas e não infectadas, tem poder de desbri‐
retirada mecânica com pinça, tesoura ou bisturi. damento nas áreas de necrose.
Exsudação - é o extravasamento de líquido da ferida,
devido ao aumento da permeabilidade capilar. Filmes
Maceração - refere-se ao amolecimento da pele que
geralmente ocorre em torno das bordas da ferida, no Tipo de cobertura de poliuretano. Promove ambiente
mais das vezes devido à umidade excessiva. de cicatrização úmido, mas não apresenta capacidade de
A troca de curativos pode baixar a temperatura da absorção. Não deve ser utilizado em feridas infectadas.
superfície em vários graus. Por isso, as feridas não de‐
vem ser limpas com soluções frias e nem permanecerem Papaína
expostas por longos períodos de tempo. Um curativo
encharcado ou vazando favorece o movimento das bac‐ A papaína é uma enzima proteolítica proveniente do
térias em ambas as direções, ferida e meio ambiente, látex das folhas e frutos do mamão verde adulto. Agem
devendo, portanto, ser trocado imediatamente. Não se promovendo a limpeza das secreções, tecidos necróticos,
deve usar algodão ou qualquer gaze desfiada. pus e microrganismos às vezes presentes nos ferimentos,
facilitando o processo de cicatrização. Indicada para feri‐
Tipos de Curativos das abertas, com tecido desvitalizado e necrosado.
Atualmente, existem muitos curativos com formas e Ácidos Graxos Essenciais (AGE)
propriedades diferentes. Para se escolher um curativo fa‐
z-se necessário, primeiramente, avaliar a ferida, aplican‐ Produto à base de óleo vegetal possui grande capaci‐
do o que melhor convier ao estágio em que se encontra, dade de promover a regeneração dos tecidos, aceleran‐
a fim de facilitar a cura. Deve-se limpar as feridas an‐ do o processo de cicatrização. Indicada para prevenção
tes da colocação de cobertura com solução fisiológica a de úlcera de pressão e para todos os tipos de feridas,
0,9%, morna, aplicada sob pressão. Algumas coberturas apresentando melhores resultados quando há desbrida‐
podem permanecer por vários dias e as trocas depende‐ mento prévio das lesões.
rão da indicação do fabricante e evolução da ferida.
Antissépticos
Alginatos
São formulações cuja função é matar os microrga‐
São derivados de algas marinhas e, ao interagirem nismos ou inibir seu crescimento quando aplicadas em
com a ferida, sofrem alteração estrutural: as fibras de tecidos vivos. Os antissépticos recomendados são álcool
alginato transformam-se em um gel suave e hidrófilo à a 70%, clorexidina tópica e PVP-I tópico. Atualmente,
medida que o curativo vai absorvendo a exsudação. Esse não são recomendados o hexaclorofeno, os mercuriais
tipo de cobertura é indicado para feridas com alta ou orgânicos, o quaternário de amônia, o líquido de Dakin,
moderada exsudação e necessita de cobertura secundá‐ a água oxigenada e o éter.
ria com gaze e fita adesiva.
Realizando o Curativo
Carvão ativado
Realizando Curativo Através de Irrigação com So-
Cobertura composta por tecido de carvão ativado, lução Fisiológica
impregnado com prata - que exerce ação bactericida e
envolto por uma camada de não-tecido, selada em toda Hoje, os especialistas adotam e indicam a limpeza de
a sua extensão. Muito eficaz em feridas com mau odor, feridas através de irrigação com solução fisiológica mor‐
é indicada para cobertura das feridas infectadas exsuda‐ na e sob pressão, utilizando-se seringa de 20 ml conecta‐
tivas, com ou sem odor. Também necessita de cobertura da à agulha de 40 x 12, o que fornece uma pressão capaz
secundária com gaze e fita adesiva. de remover partículas, bactérias e exsudatos.
Para completa eficácia, a agulha deve estar o mais
Hidrocolóide próximo possível da ferida. Após a limpeza por esse mé‐
todo, deve-se secar apenas a pele íntegra das bordas e
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
As coberturas de hidrocoloides são impermeáveis à aplicar a cobertura indicada no leito da ferida, usando
água e às bactérias e isolam o leito da ferida do meio ex‐ técnica asséptica.
terno. Evitam o ressecamento, a perda de calor e mantêm
um ambiente úmido ideal para a migração de células. In‐ Realizando Curativo com Pinças
dicada para feridas com pouca ou moderada exsudação,
podendo ficar até 7 dias. Material necessário: bandeja, pacote de curativo
composto por pinças anatômicas e Kely estéreis, gazes
Hidrogel estéreis, adesivos (micropore, esparadrapo ou similar),
cuba-rim, solução fisiológica morna, cobertura ou solu‐
Proporciona um ambiente úmido oclusivo favorável ção prescrita, luvas de procedimento (devido à presença
para o processo de cicatrização, evitando o ressecamen‐ de secreção, sangue.).
59
Executar o procedimento em condições ambientais porque o paciente, mesmo fazendo uso de dose tera‐
favoráveis (com privacidade, boa iluminação, equipa‐ pêutica, pode, com relativa facilidade, apresentar sinais
mentos e acessórios disponíveis, material devidamente de intoxicação digitálica.
preparado, dentre outros), que evitem a disseminação de O paciente tem o direito de saber seus valores pres‐
microrganismos. Preparar o paciente e orientá-lo sobre o sóricos.
procedimento. Nunca lhe negue esse direito nem diga frases como
No desenvolvimento de um curativo, observar o prin‐ “está ótima!”. As alterações devem ser comunicadas ao
cípio de assepsia, executando a limpeza da lesão a partir paciente e/ ou familiar de modo adequado.
da área menos contaminada e manuseando o material Nos casos de hipertensão ou hipotensão, a enfermei‐
(pacote de curativo, pinças, luvas estéreis) com técnica ra ou o médico devem ser imediatamente avisados.
asséptica. Ao realizar curativo com pinça, utilizar luvas Os medicamentos também podem ser classificados
estéreis se a ferida for extensa ou apresentar muita se‐ segundo seu poder de ação, que pode ser local ou sis‐
creção ou sangue. têmica. A ação local, como o próprio nome indica, está
Para realizar um curativo de ferida limpa, inicie a lim‐ circunscrita ao próprio local de aplicação. Exemplos: cre‐
peza de dentro para fora (bordas); para um curativo de mes e pomadas, supositórios de efeito laxativo, colírios. Na
ferida contaminada o procedimento é inverso, ou seja, de ação sistêmica, o medicamento é absorvido e veiculado
fora para dentro. pela corrente sangüínea até o tecido ou órgão sobre o qual
Orientar o paciente quanto à técnica de realização do exercerá seu efeito. Exemplos:aplicação de vasodilatador
curativo e suas possíveis adaptações no domicílio é im‐ coronariano sublingual, administração de diurético via oral.
Comumente, os medicamentos são encontrados nos
prescindível à continuidade de seu tratamento e estimula
estados sólido,semi-sólido, líquido e gasoso, fabricados
o autocuidado.
em diversas apresentações
Quando do registro do procedimento, o profissional
deve caracterizar a reação do paciente, condições da
Antibióticos
pele, aspectos da ferida e tipo de curativo aplicado, des‐
tacando as substâncias utilizadas. Os antibióticos são drogas capazes de inibir o cresci‐
mento de microrganismos ou destruí-los. Constituem um
Administração de medicamentos grupo de medicamentos com ação bactericida/fungicida,
causando a destruição das bactérias/fungos, pois desen‐
A maioria das infecções é tratada com medicamentos cadeiam alterações incompatíveis com sua sobrevida e
denominados antibióticos, que têm por objetivo destruir ação bacteriostática/fungistática, promovendo a inibição
ou inativar os microrganismos que se instalam no or‐ do crescimento e reprodução bacteriana/fúngica, sem
ganismo. Adicionalmente,são prescritos medicamentos necessariamente provocar sua morte imediata. O efeito
do grupo dos analgésicos, antitérmicos e antiinflamató‐ pode ser reversível se o uso da droga for suspenso.
rios, indicados principalmente para aliviar sintomas que A produção dos antibióticos pode ocorrer de for‐
acompanham processos infecciosos, como hipertermia, ma natural, ou seja, originária de microrganismos como
mal-estar geral e dor. fungos do gênero Penicillium e Cephalosporium e de
Para que possamos administrar os medicamen‐ bactérias do gênero Bacillus e Streptomyces; de forma
tos com a segurança necessária e orientar os pacientes semi-sintética, obtida a partir de modificações dos anti‐
quanto a seu uso, é imprescindível termos um pouco de bióticos naturais por intermédio de processos químicos;
conhecimento sobre farmacologia - ciência que estuda e sintética, através de processos químicos.
os medicamentos e suas ações no organismo. Um dos grandes desafios da medicina moderna é o
Denomina-se droga qualquer substância capaz de controle das infecções provocadas por bactérias multir‐
produzir alterações somáticas ou funcionais no organis‐ resistentes, capazes de sobreviver à ação dos antibióticos
mo vivo, resultando em efeito benéfico, caso dos antibió‐ mais potentes atualmente existentes. Produtos antes efi‐
ticos, ou maléfico, a cocaína, por exemplo. cazes acabam não tendo efeito sobre elas, pois através
Dose refere-se à quantidade de medicamento que de mudanças em sua constituição desenvolveram um
processo de resistência aos mesmos. Dessa forma, dize‐
deve ser ministrada ao paciente a cada vez. Dose míni‐
mos que uma bactéria é resistente a determinado an‐
ma é a menor quantidade de um medicamento capaz de
tibiótico quando tem a capacidade de crescer in vitro,
produzir efeito terapêutico; dose máxima, a maior, capaz
em presença da mesma concentração que o antibiótico
de produzir efeito terapêutico sem, contudo, apresentar
alcança na corrente sangüínea.
efeitos indesejáveis. Dose terapêutica é aquela capaz de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
60
Todos os antibióticos apresentam grande potencial Sobre o metabolismo e sistema imunológico, a ad‐
de produzir efeitos colaterais - efeitos secundários e in‐ ministração oral de antibióticos de amplo espectro, por
desejáveis da utilização dos antibióticos, resultantes de período prolongado, provoca efeitos que podem alterar
ações tóxicas ou irritantes inerentes à droga, ou de into‐ a flora intestinal e causar distúrbios na absorção do com‐
lerância do paciente. plexo B. Persistindo tal situação, o paciente pode mani‐
Os antibióticos podem desencadear manifestações festar sinais de hipoavitaminose.
alérgicas por reações de hipersensibilidade, com efeitos Os principais antibióticos de ação bactericida ou bac‐
benignos, como urticária, ou graves, como choque anafi‐ teriostática são:
lático.
Podem também desencadear efeitos colaterais de na‐ • Penicilinas
tureza irritativa, derivados da natureza cáustica do pro‐ Termo genérico que abrange grande grupo de fár‐
duto, atingindo basicamente os locais de contato com o macos. A penicilina é uma droga bactericida, de baixa
medicamento. Na mucosa gastrintestinal provocam dor, toxidade. Por ser capaz de desencadear reações de sen‐
sensação de queimação, náuseas, vômitos e diarréia. Es‐ sibilização, o profissional deve estar atento a esse tipo de
sas manifestações clínicas são aliviadas quando o medi‐ manifestação.
camento é administrado com alimentos ou leite. – Penicilina G cristalina - possui ação rápida, deven‐
do-se repetir a dose a cada 4 horas. Em adultos, a admi‐
Exemplo: Ampicilina. nistração deve ser feita por infusão venosa, por aproxi‐
Nos músculos, a aplicação de antibióticos (por via madamente 30 minutos, em 50 a 100ml de solução;
intramuscular) provoca reações que variam desde dor – Penicilina G procaína e penicilina G benzatina - veri‐
e enduração local até formação de necrose e abscesso. ficam-se ações mais prolongadas nos casos de utilização
Exemplo: Benzetacil®. Na administração endovenosa as dos medicamentos Wycillin® (penicilina G procaína) e
reações mais freqüentes são dor e flebite ocasionadas Benzetacil® (penicilina G benzatina). Devem ser aplica‐
pelo contato do medicamento com o endotélio vascular das exclusivamente por via intramuscular profunda, com
– medicamentos como a anfotericina B, penicilina G cris‐ cautela, para evitar administração acidental intravenosa,
talina e vancomicina exigem diluição em grande quan‐ intra-arterial ou junto a grandes nervos.
tidade de solução e aplicação intermitente, gota a gota. Lesões permanentes podem resultar de aplicações
Os antibióticos são indicados para agir sobre a célula nas proximidades ou no nervo;
bacteriana, porém, quando introduzidos no organismo, – Outras penicilinas: oxacilina (Oxacilina®, Staficilin
podem interferir também nas próprias células, causando N®), ampicilina (Ampicilina®, Ampicil®, Amplofen®,
graus variáveis de lesão tecidual em diversos órgãos, pro‐ Binotal®), amoxicilina (Amoxil®, Clavulin®, Larocin®,
duzindo efeitos colaterais de natureza tóxica tais como: Novocilin®), carbenicilina (Carbenicilina®) - podem pro‐
– cefaléia, convulsões, alucinações, delírios, agitação, vocar reações alérgicas e, na administração oral, irritação
depressão,confusão mental - provenientes da ação gástrica.
no sistema nervoso central;
– zumbidos, tonturas, vertigem, alterações do equilí‐ • Cefalosporinas
brio e perda de audição, muitas vezes irreversível As cefalosporinas constituem um dos grupos de anti‐
- no sistema nervoso periférico, alguns grupos de bióticos mais prescritos no nosso meio e têm a vantagem
antibióticos atingem o nervo auditivo, interferindo de ser agentes bactericidas e gerar poucos efeitos cola‐
em sua função, caso dos aminoglicosídeos; terais. De maneira geral, são drogas bem toleradas pelo
– comprometimento da função renal – provocada por organismo mas devem ser usadas com cautela em pa‐
antibióticos nefrotóxicos, como os aminoglicosíde‐ cientes penicilino-alérgicos e/ou com história de doença
os e anfotericina B; gastrintestinal. As principais cefalosporinas são: cefalexi‐
– astenia, anorexia, náuseas, vômitos, hipertermia, na (Keflex®,Cefaporex®), cefalotina (Keflin®), cefadro‐
artralgias, acolia, colúria e icterícia - causadas por xil (Cefamox®), cefoxitina (Mefoxin®), cefuroxina (Zina‐
alterações da função do fígado, que podem ser cef®), ceftriaxona (Rocefin®), ceftazidima (Kefadim®,
transitórias, desaparecendo com a supressão do Fortaz®), cefoperazona sódica (Cefobid®).
medicamento;
– anemia hemolítica, leucopenia, entre outras - os an‐ • Aminoglicosídeos
tibióticos podem afetar o sistema hematopoiético, A grande maioria das drogas que compõem este gru‐
alterando a composição sangüínea; po é bactericida.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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• Cloranfenicol Os principais antibióticos de ação fungicida ou fun‐
São drogas bacteriostáticas, contra-indicadas para gistático são: Anfotericina B (Fungizon®) - só deve ser
portadores de depressão medular ou insuficiência hepá‐ infundida em solução glicosada a 5%, pois a adição de
tica e recém-nascidos. Podem ser utilizadas por via tópi‐ eletrólitos causa precipitação. Devido à sua ação tóxica,
ca, oral e parenteral. Sua formulação apresenta-se sob a há necessidade de monitorar a freqüência cardíaca. Sua
forma de pomadas, colírios, cápsulas, drágeas e frascos aplicação rápida pode causar parada cardiorrespiratória.
em pó. Comercialmente conhecidas como Quemiceti‐ Deve-se observar o aparecimento de sinais de alterações
na®, Sintomicetina®. urinárias, devido à nefrotoxidade. Geralmente, os pacien‐
tes submetidos a tratamento com esse medicamento
• Tetraciclinas precisam ser hospitalizados. A piridoxina é indicada para
Possuem ação bacteriostática. Seu uso em mulhe‐ minimizar ou evitar os sintomas de neurite periférica.
res grávidas, em processo de lactação e em crianças Manifestações como febre, calafrios, náuseas, vômi‐
menores de 8 anos é contra-indicado porque provoca tos, cefaleia e hipotensão são freqüentes durante a in‐
descoloração dentária permanente (cor cinza-marrom, fusão na primeira semana, diminuindo posteriormente.
cinza-castanho) e depressão do crescimento ósseo. Não A droga provoca hipopotassemia e é altamente irritativa
devem ser administradas com antiácidos que contenham para o endotélio.
alumínio, cálcio ou magnésio, nem associadas a medica‐ . A anfotericina B deve ser mantida sob refrigeração
mentos que possuam ferro na fórmula, porque interfe‐ e protegida contra exposição à luz; Nistatina (Micosta‐
rem na sua absorção. A administração concomitante com tin®) - indicado para tratamento de candidíase; Flucona‐
leite e derivados provoca sua inativação pelo cálcio. As zol (Zoltec®) - utilizado para prevenção e tratamento de
principais tetraciclinas são: tetraciclina (Tetrex®); oxite‐ infecções fúngicas em pacientes imunodeprimidos.
traciclina (Terramicina®); doxiciclina (Vibramicina®).
Medicamentos antivirais
• Vancomicina
Deve ser administrada por via endovenosa (Vanco‐ Expressivo número de medicamentos antivirais foi ul‐
micina®), em infusão intermitente, em 100 a 200ml de timamente desenvolvido para o tratamento de pessoas
solução salina ou glicosada, por 60 minutos. A infusão rá‐ portadoras do vírus HIV ou Aids. São conhecidos pelo
pida provoca a reação “síndrome do pescoço vermelho”, nome de anti-retrovirais e capazes de eliminar grande
caracterizada por rubor de face, pescoço, tórax prurido, parte dos vírus circulantes na corrente sangüínea. O es‐
hipotensão e choque anafilático - sintomas que costu‐ quema de tratamento compreende a associação de vá‐
mam cessar com a interrupção da infusão. É irritante para rios medicamentos, sendo conhecido como “coquetel”. A
o tecido, podendo causar dor e até necrose em adminis‐ maioria desses medicamentos apresenta efeitos colate‐
trações intramusculares ou quando de extravasamento rais que causam muito desconforto, dificultando a ade‐
acidental nas aplicações endovenosas. A ocorrência de são ao tratamento. As mais freqüentes são dor de cabe‐
tromboflebite pode ser minimizada com aplicações len‐ ça, náusea e vômito, diarréia, fraqueza, formigamentos,
tas e bem diluídas. perda de apetite, febre.
Os principais anti-retrovirais são: zidovudina ou azi‐
• Metronidazol dotimidina (AZT®, Retrovir® ), didanosina (ddl, Videx®),
Bactericida específico para os germes anaeróbios, zalcitabina (ddC, Hivid®), lamivudina (3TC, Epivir®), sa‐
comercializado sob os nomes Flagyl® e Metronix®. Sua quinavir (Invirase®), ritonavir (Norvir®), delavirdina (Res‐
administração deve ser realizada por infusão venosa, criptor®).
numa velocidade de 5ml/minuto, por 30 minutos. Outro medicamento antiviral é o aciclovir (Zovirax®),
Durante sua administração não se devem infundir utilizado para tratamento de herpes genital, orolabial
outras soluções concomitantementee, para evitar trom‐ primária e recorrente, encefalite herpética e infecção por
boflebite, o acesso venoso deve ser seguro. Podem ocor‐ vírus varicela-zoster em pacientes imunodeprimidos.
rer sinais gastrintestinais como anorexia, náuseas,gosto
metálico na boca, dor epigástrica, vômitos e diarréia. As Analgésicos, antipiréticos e antiinflamatórios
bebidasalcoólicas não devem ser consumidas durante o
tratamento, devido àpossibilidade de surgirem cólicas Uma das características do ser humano é sua capaci‐
abdominais, náuseas, vômitos, cefaleia e rubor facial. dade de manter a temperatura corporal constante, por
ação dos centros termorreguladores do hipotálamo. Na
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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sonolência e analgesia. Derivados do ópio ou análogos, sonolência, sudorese, pele arrepiada, contrações mus‐
são indicados nas dores moderadas e intensas, especial‐ culares, dores acentuadas nas costas e pernas, vômitos,
mente nos casos de câncer. diarréia, aumento de pressão arterial, aumento de tem‐
O ópio possui cerca de 25 alcalóides farmacologica‐ peratura, sofrimento psicológico. Ressalte-se que um
mente ativos, cujos efeitos devem-se principalmente à avançado grau de dependência faz com que o indivíduo
morfina. Os principais medicamentos opióides são: mor‐ procure compulsivamente a droga, utilizando qualquer
fina (Dimorf®); meperidina (Demerol®, Dolosal®, Do‐ meio para obtê-la.
lantina®); fentanil (Fentanil®) ; fentanil associado (Ino‐
val®) ; codeína + paracetamol (Tylex®); Princípios da administração de medicamentos
– Derivados do ácido salicílico - eficientes para dimi‐
nuir a temperatura febril e aliviar dor de baixa a A administração de medicamentos é uma das ativida‐
moderada intensidade. des que o auxiliar de enfermagem desenvolve com muita
São indicados no tratamento da artrite reumatóide e freqüência, requerendo muita atenção e sólida funda‐
febre reumática. Além de possuírem efeito irritante sobre mentação técnico-científica para subsidiá-lo na realiza‐
a mucosa gástrica, podem provocar aumento do tempo ção de tarefas correlatas, pois envolve uma seqüência de
de coagulação. Exemplo: ácido acetilsalicílico (AAS®, As‐ ações que visam a obtenção de melhores resultados no
pirina®, Endosprin®); tratamento do paciente, sua segurança e a da instituição
– Derivados do para-aminofenol seu principal repre‐ na qual é realizado o atendimento. Assim, é importante
sentante é o paracetamol. Possuem ação antipiré‐ compreender que o uso de medicamentos, os procedi‐
tica e analgésica e pouco efeito antiinflamatório. mentos envolvidos e as próprias respostas orgânicas de‐
Os efeitos colaterais são pouco significativos quan‐ correntes do tratamento envolvem riscos potenciais de
do usados em doses terapêuticas, porém podem provocar danos ao paciente, sendo imprescindível que
ocorrer reações cutâneas alérgicas. Exemplo: para‐ o profissional esteja preparado para assumir as respon‐
cetamol (Tylenol®, Parador®); sabilidades técnicas e legais decorrentes dos erros que
– Derivados da pirazolona - o que apresenta ação possa vir a incorrer.
predominantemente analgésica e antipirética é a Geralmente, os medicamentos de uma unidade de
dipirona, cujo uso intravenoso pode provocar hi‐ saúde são armazenados em uma área específica, dispos‐
potensão arterial. Exemplo: dipirona (Novalgina®); tos em armários ou prateleiras de fácil acesso e organi‐
– Derivados dos ácidos arilalcanóicos - caracterizam‐ zados e protegidos contra poeira, umidade, insetos, raios
-se por sua ação analgésica, antipirética e antiin‐ solares e outros agentes que possam alterar seu estado
flamatória e baixa incidência de efeitos colaterais. – ressalte-se que certos medicamentos necessitam ser
Exemplo: diclofenaco (Voltaren®, Biofenac®, Ca‐ armazenados e conservados em refrigerador.
taflan®). Os recipientes contendo a medicação devem possuir
tampa e rótulo, identificados com nome (em letra legível)
• Cuidados de enfermagem e dosagem do fármaco.
Os profissionais de enfermagem devem estar atentos A embalagem com dose unitária, isto é, separada e
aos cuidados que devem ser prestados ao paciente que rotulada em doses individuais”, cada vez mais vem sendo
faz uso de analgésicos, antipiréticos e antiinflamatórios. adotada em grandes centros hospitalares como meio de
Medicamentos como ácido acetilsalicílico, por exemplo, promover melhor controle e racionalização dos medica‐
devem ser administrados por via oral, com leite, para mi‐ mentos.
nimizar a irritação gástrica. Os pacientes e/ou familiares necessitam ser esclare‐
Com relação ao grupo dos opióides, a enfermagem cidos quanto à utilização dos medicamentos receitados
deve estar atenta para os seguintes sinais e sintomas: pelo médico, e orientados em relação ao seu armazena‐
analgesia; sonolência; bnubilação; náuseas e vômitos; al‐ mento e cuidados - principalmente se houver crianças
terações de humor (variando de torpor a intensa euforia); em casa, visando evitar acidentes domésticos.
sinais de depressão respiratória; miose, que pode indicar Os entorpecentes devem ser controlados a cada tur‐
toxicidade do medicamento; hipotensão ortostática, pois no de trabalho e sua utilização feita mediante prescrição
a morfina e análogos causam vasodilatação periférica; médica e receita contendo nome do paciente, quantida‐
manifestações crônicas: dependência física e psicológica; de e dose, além da data, nome e assinatura do médico
desenvolvimento de tolerância: os usuários de opióides responsável. Ao notar a falta de um entorpecente, notifi‐
toleram grandes doses, bem maiores do que a habitual‐ que tal fato imediatamente à chefia.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
mente utilizada. por induzir à dependência física e psí‐ A administração de medicamentos segue normas e
quica, a morfina e análogos são rigidamente controlados rotinas que uniformizam o trabalho em todas as unida‐
e devem ser guardados em armários ou gavetas devida‐ des de internação, facilitando sua organização e controle.
mente trancadas. Para preparar os medicamentos, faz-se necessário veri‐
Os opióides podem causar toxicidade de forma agu‐ ficar qual o método utilizado para se aviar a prescrição
da ou crônica: na forma aguda, pupila puntiforme, de‐ - sistema de cartão, receituário, prescrição médica, fo‐
pressão respiratória e coma, secura da boca, analgesia, lha impressa em computador. Visando administrar me‐
hipotensão arterial, cianose, hipotonia muscular, respi‐ dicamentos de maneira segura, a enfermagem tradicio‐
ração de Cheyne-Stokes; na forma crônica, dependência nalmente utiliza a regra de administrar o medicamento
física e psicológica. A falta da droga provoca síndrome certo, a dose certa, o paciente certo, a via certa e a hora
de abstinência caracterizada por nervosismo, ansiedade, certa.
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Durante a fase de preparo, o profissional de enferma‐ Objetivando reduzir a “zero” o erro na administração
gem deve ter muita atenção para evitar erros, assegu‐ de medicamentos, preconiza-se seguir a regra dos cin‐
rando ao máximo que o paciente receba corretamente co certos: medicamento certo, via certa, dose certa, hora
a medicação. Isto justifica porquê o medicamento deve certa e paciente certo.
ser administrado por quem o preparou, não sendo reco‐ Todo medicamento administrado deve ser registrado
mendável a administração de medicamentos preparados e rubricado na prescrição. Nas aplicações parenterais é
por outra pessoa. importante anotar o local de administração.
As orientações a seguir compreendem medidas de Alguns medicamentos pressupõem a coleta de in‐
organizativas e de assepsia que visam auxiliar o profis‐ formações e cuidados específicos antes ou após sua ad‐
sional nesta fase do trabalho: lavar sempre as mãos antes ministração, tais como a medida da freqüência cardíaca
do preparo e administração de medicamentos, e logo antes da administração de cardiotônicos ou antiarrítmi‐
após; preparar o medicamento em ambiente com boa cos, o controle da temperatura após a administração de
iluminação; concentrar-se no trabalho, evitando distrair antitérmicos, etc. – episódios que devem ser devidamen‐
a atenção com atividades paralelas e interrupções que te anotados na papeleta do paciente, para acompanha‐
podem aumentar a chance de cometer erros; mento de possíveis alterações.
Atualmente, muitas farmácias hospitalares têm im‐ A omissão inadvertida de um medicamento deve ser
plantado as chamadas “doses individuais”, que são o for‐ registrada e comunicada à enfermeira e/ou ao médico
necimento dos medicamentos por turno de trabalho, por tão logo seja detectada. Algumas omissões são delibera‐
paciente e por horário (com as doses prescritas para os das, como, por exemplo, medicamento oral em paciente
horários determinados), facilitando o trabalho da equipe que vai submeter-se à cirurgia de emergência. Em caso
de enfermagem e o reconhecimento dos medicamentos de recusa do medicamento, o profissional de enferma‐
pelo paciente. gem deve relatar imediatamente o fato à enfermeira e/
– realizar o preparo somente quando tiver a certe‐ ou ao médico, e anotá-lo no prontuário.
za do medicamento prescrito, dosagem e via de Em nosso meio, convencionalmente, quando o me‐
administração; as medicações devem ser adminis‐ dicamento não foi administrado por algum motivo o
tradas sob prescrição médica, mas em casos de horário correspondente deve ser circundado (rodelado,
emergência é aceitável fazê-las sob ordem verbal “bolado”) à caneta e a justificativa devidamente anotada
(quando a situação estiver sob controle, todas as no prontuário do paciente.
medicações usadas devem ser prescritas pelo mé‐ É importante verificar o(s) motivo(s) de recusa do
dico e checadas pelo profissional de enfermagem paciente e tentar reorientá-lo quanto à importância
que fez as aplicações); do(s) medicamento(s) em seu tratamento.
– identificar o medicamento preparado com o nome É comum o paciente queixar-se dos efeitos que al-
do paciente, número do leito, nome da medicação, guns medicamentos produzem no seu organismo, e
via de administração e horário; a equipe de enfermagem pode ajudá-lo avaliando e
– observar o aspecto e características da medicação, procurando alternativas que melhorem a situação de
antes de prepará-la; acordo com os problemas apresentados. Às vezes, o
– deixar o local de preparo de medicação em ordem simples fato de desconcentrar os medicamentos em
e limpo, utilizando álcool a 70% para desinfetar a horários diferentes pode oferecer resultados satisfa-
bancada; utilizar bandeja ou carrinho de medica‐ tórios.
ção devidamente limpos e desinfetados com álco‐ Administrando medicamentos por via oral e sublin‐
ol a 70% quando da preparação de medicamentos gual
para mais de um paciente, é conveniente organizar Material necessário:
a bandeja dispondo-os na sequência de adminis‐ – bandeja
tração. – copinhos descartáveis
– fita adesiva para identificação
Similarmente, seguem-se as orientações relativas à – material acessório: seringa, gazes, conta-gotas, etc.
fase de administração: manter a bandeja ou o carrinho – água, leite, suco ou chá
de medicação sempre à vista durante a administração,
nunca deixando-os, sozinhos, junto ao paciente; antes Avaliar o paciente antes de preparar os medicamen‐
de administrar o medicamento, esclarecer o paciente so‐ tos, verificando as condições e os fatores que influenciam
bre os medicamentos que irá receber, de maneira clara a administração por essas vias, como jejum, controle hí‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
e compreensível, bem como conferir cuidadosamente a drico, sonda nasogástrica, náuseas e vômitos.
identidade do mesmo, para certificar-se de que está ad‐ Os cuidados para o preparo de medicamentos admi‐
ministrando o medicamento à pessoa certa, verificando a nistrados por via oral dependem de sua apresentação.
pulseira de identificação e/ou pedindo-lhe para dizer seu No caso do medicamento líquido, recomenda- se agitar
nome, sem induzilo a isso; permanecer junto ao paciente o conteúdo do frasco antes de entorná-lo no recipien‐
até que o mesmo tome o medicamento. te graduado (copinho), segurando-o com o rótulo vol‐
Deixar os medicamentos para que tome mais tarde tado para cima, para evitar que o medicamento escorra
ou permitir que dê medicação a outro são práticas inde‐ acidentalmente. Envolver o gargalo do frasco com uma
vidas e absolutamente condenáveis; efetuar o registro do gaze é uma alternativa para aparar o líquido, caso ocorra
que foi fornecido ao paciente, após administrar o medi‐ tal circunstância.
camento.
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O momento de entornar o conteúdo do frasco, segu‐ medicamentosos para terapêuticas específicas, como à
rando-o na altura dos olhos junto ao copinho, facilita a base de neomicina, visando reduzir a flora bacteriana in‐
visualização da dose desejada. testinal.
Comprimidos, drágeas ou cápsulas devem ser colo‐
cados no copinho, evitando-se tocá-los diretamente com Administrando medicamentos tópicos por via cutâ‐
as mãos – para tanto, utilizar a tampa do frasco para re‐ nea, ocular, nasal, otológica e vaginal
passá-los ao copinho, ou mantê-los na própria embala‐ Material necessário:
gem, se unitária. – bandeja
Para evitar interações medicamentosas, os medica‐ – espátula, conta-gotas, aplicador
mentos não devem ser dados simultaneamente. Assim, – gaze
sempre que possível, o planejamento dos horários de – luvas de procedimento
administração deve respeitar esse aspecto. – medicamento
Quando da administração simultânea de vários me‐
dicamentos, a prática mais segura é a utilização de reci‐ De maneira geral, recomenda-se a realização de teste
pientes separados, possibilitando a correta identificação de sensibilidade antes da aplicação medicamentosa por
dos medicamentos que efetivamente o paciente recebeu, via cutânea.
nos casos de aceitação parcial ou perdas acidentais de Para que haja melhor absorção do medicamento pela
parte deles – as embalagens unitárias não fornecem este pele, a mesma deve estar limpa e seca antes da aplicação.
risco. As loções, pastas ou pomadas são colocadas na pele e
Quando da administração de medicação sublingual, espalhadas uniformemente com gaze, com a mão devi‐
observar a correta colocação do medicamento sob a damente enluvada, seguindo-se as orientações específi‐
língua do paciente, orientando o para que o mantenha, cas de cada medicamento em relação à fricção, cobertu‐
sem mastigá-lo ou engoli-lo até ser totalmente dissol‐ ra, aplicação de calor, etc.
vido. Não se deve oferecer líquidos com a medicação Para a aplicação tópica ocular, nasal e otológica é re‐
sublingual. comendável que o frasco conta-gotas seja individual e,
durante a aplicação, não encoste na pele ou mucosa.
Administrando medicamentos por via retal Antes da aplicação ocular, faz-se necessário limpar os
Material necessário: olhos para remover secreções e crostas. Com o pacien‐
– bandeja te confortavelmente posicionado em decúbito dorsal ou
– luvas de procedimento sentado, com o rosto voltado para cima, o profissional
– forro de proteção deve expor a conjuntiva da pálpebra inferior e solicitar‐
– gazes -lhe que dirija o olhar para cima, após o que instila a
– medicamento sólido ou líquido solução com o conta-gotas.Seqüencialmente, orientar o
– comadre (opcional) paciente para que feche as pálpebras e mova os olhos, o
que espalha uniformemente o medicamento.
As formulações destinadas para uso retal podem ser Identicamente, as mesmas orientações devem ser se‐
sólidas ou líquidas. A sólida, denominada supositório, guidas para a aplicação de pomada a ser distribuída ao
possui formato ogival e consistência que facilita sua apli‐ longo da pálpebra superior e inferior.
cação, não devendo ser partida. Dissolve-se em contato Para a instilação de medicamento nas narinas o pa‐
com a temperatura corporal e é indicada principalmente ciente deve manter a cabeça inclinada para trás; nesta
para a estimulação da peristalse, visando facilitar a defe‐ posição, o profissional aproximando conta-gotas e pinga
cação – geralmente, os resultados manifestam-se dentro o número prescrito de gotas do medicamento.
de 15 a 30 minutos, mas podem tardar uma hora. Na aplicação otológica a posição mais adequada é o
Interação medicamentosa – é quando o efeito de um decúbito lateral.
ou mais medicamentos são alterados pela administração A fim de melhor expor o canal auditivo, o profissional
simultânea, neutralizando sua ação ou provocando uma deve puxar delicadamente o pavilhão do ouvido externo
reação adversa no paciente. para cima e para trás, no caso de adultos, e para baixo
Para quem tem intolerância gástrica, alguns analgési‐ e para trás, em crianças, e instilar o medicamento Para
cos são apresentados sob a forma de supositório. maior conforto do paciente, utilizar solução morna.
Se o paciente estiver capacitado para realizar o pro‐ Os medicamentos intravaginais têm a forma de cre‐
cedimento, o profissional deve oferecer-lhe o supositório me e óvulos, que são introduzidos com o auxílio de um
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
envolto em gaze e orientá-lo a introduzi-lo no orifício aplicador de uso individual. O horário de aplicação mais
anal, no sentido do maior diâmetro para o menor (afila‐ recomendado é à noite, ao deitar, após a realização de
do), o que facilita a inserção. Caso esteja impossibilitado, higiene íntima. Com a mão enluvada, o profissional deve
o auxiliar de enfermagem, utilizando luvas de procedi‐ encher o aplicador com o creme (ou inserir o óvulo) e,
mento, com o paciente em decúbito lateral, realiza essa mantendo a paciente em decúbito dorsal, introduzi-lo
tarefa. aproximadamente 7,5 cm e pressionar o êmbolo para
A formulação líquida, também denominada enema, aplicar o medicamento . A paciente deve ser orientada
consiste na introdução de uma solução no reto e sigmói‐ para permanecer deitada logo após a aplicação, visando
de. As indicações variam, mas sua maior utilização é a evitar o refluxo do medicamento. As mulheres com con‐
promoção da evacuação nos casos de constipação e pre‐ dições de auto-aplicar-se devem ser instruídas quanto ao
paro para exames, partos e cirurgias - porém, há enemas procedimento.
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Administrando medicamentos por via parenteral Identificar o material com fita adesiva, na qual deve
A via parenteral é usualmente utilizada quando se de‐ constar o nome do paciente, número de leito/quarto,
seja uma ação mais imediata da droga, quando não há medicamento, dose e via de administração.
possibilidade de administrá-la por via oral ou quando há As precauções para administrar medicamentos pela
interferência na assimilação da droga pelo trato gastrin‐ via parenteral são importantes para evitar danos muitas
testinal. A enfermagem utiliza comumente as seguintes vezes irreversíveis ao paciente.
formas de administração parenteral: intradérmica, sub‐ Antes da aplicação, fazer antissepsia da pele, com ál‐
cutânea, intramuscular e endovenosa. cool a 70%.
Material necessário: É importante realizar um rodízio dos locais de
– Bandeja ou cuba-rim aplicação, o que evita lesões nos tecidos do paciente,
– Seringa decorrentes de repetidas aplicações.
– Agulha Observar a angulação de administração de acordo
– Algodão com a via e comprimento da agulha, que deve ser ade‐
– Álcool a 70% quada à via, ao tipo de medicamento, à idade do pacien‐
– Garrote (aplicação endovenosa) te e à sua estrutura física.
– Medicamento (ampola, frasco-ampola) Após a introdução da agulha no tecido e antes de
pressionar o êmbolo da seringa para administrar o medi‐
A administração de medicamento por via parenteral camento pelas vias subcutânea e intramuscular, deve-se
exige prévio preparo com técnica asséptica e as orienta‐ aspirar para ter a certeza de que não houve punção de
ções a seguir enunciadas visam garantir uma maior segu‐ vaso sangüíneo. Caso haja retorno de sangue, retirar a
rança e evitar a ocorrência de contaminação. punção, preparar novamente a medicação, se necessário,
Ao selecionar os medicamentos, observar o prazo de e repetir o procedimento.
validade, o aspecto da solução ou pó e a integridade do Desprezar a seringa, com a agulha junta, em recipien‐
frasco. te próprio para materiais perfurocortantes.
Certificar-se de que todo o medicamento está con‐
tido no corpo da ampola, pois muitas vezes o estreita‐ Via intradérmica
mento do gargalo faz com que parte do medicamento
fique retida. É a administração de medicamentos na derme, in-
Observar a integridade dos invólucros que protegem dicada para a aplicação de vacina BCG e como auxi-
a seringa e a agulha; colocar a agulha na seringa com cui‐ liar em testes diagnósticos e de sensibilidade.
dado, evitando contaminar a agulha, o êmbolo, a parte Para testes de hipersensibilidade, o local mais utili‐
interna do corpo da seringa e sua ponta. zado é a região escapular e a face interna do antebraço;
Desinfetar toda a ampola com algodão embebido em para aplicação de BCG, a região deltóide do braço direito.
álcool a 70%, destacando o gargalo; no caso de frasco‐ Esticar a pele para inserir a agulha, o que facilita a
-ampola, levantar a tampa metálica e desinfetar a bor‐ introdução do bisel, que deve estar voltado para cima;
racha. visando atingir somente a epiderme, formar um ângulo
Proteger os dedos com algodão embebido em álcool de 15º com a agulha, posicionando-a quase paralela à
a 70% na hora de quebrar a ampola ou retirar a tampa superfície da mesma. Não se faz necessário realizar aspi‐
metálica do frasco- ampola. Para aspirar o medicamento ração, devido à ausência de vaso sangüíneo na epiderme.
da ampola ou frasco ampola, segurá-lo com dois dedos O volume a ser administrado não deve ultrapassar
de uma das mãos, mantendo a outra mão livre para rea‐ a 0,5ml, por ser um tecido de pequena expansibilidade,
lizar, com a seringa, a aspiração da solução (figura 2 e 3). sendo utilizada seringa de 1ml e agulha 10x5 e 13x4,5.
No caso do frasco-ampola, aspirar o diluente, intro‐ Quando a aplicação é correta, identifica-se a forma‐
duzi-lo dentro do frasco e deixar que a força de pressão ção de pápula, caracterizada por pequena elevação da
interna desloque o ar para o interior da seringa. Homo‐ pele no local onde o medicamento foi introduzido.
geneizar o diluente com o pó liofilizado, sem sacudir, e
aspirar. Para aspirar medicamentos de frasco de dose Via subcutânea
múltipla, injetar um volume de ar equivalente à solução
e, em seguida, aspirá-lo. É a administração de medicamentos no tecido sub-
O procedimento de introduzir o ar da seringa para cutâneo, cuja absorção é mais lenta do que a da via
o interior do frasco visa aumentar a pressão interna do intramuscular. Doses pequenas são recomendadas,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
mesmo, retirando facilmente o medicamento, haja vista variando entre 0,5ml a 1ml. Também conhecida como
que os líquidos movem-se da uma área de maior pressão hipodérmica, é indicada principalmente para vacinas
para a de menor pressão. Portanto, ao aspirar o medi‐ (ex. anti-rábica), hormônios (ex. insulina), anticoagu-
camento, manter o frasco invertido. Após a remoção do lantes (ex. heparina) e outras drogas que necessitam
medicamento, retirar o ar com a agulha e a seringa vol‐ de absorção lenta e contínua.
tadas para cima. Recomenda-se puxar um pouco o êm‐ Seus locais de aplicação são a face externa do braço,
bolo, para remover a solução contida na agulha, visando região glútea, face anterior e externa da coxa, região pe‐
evitar seu respingo quando da remoção do ar. riumbilical, região escapular, região inframamária e flan‐
A agulha deve ser protegida com o protetor e o êm‐ co direito ou esquerdo.
bolo da seringa com o próprio invólucro. Para não ultrapassar o tecido, deve-se primeiramen‐
te observar a constituição do tecido subcutâneo do pa‐
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ciente, definindo o ângulo a ser administrado conforme a A região dorsoglútea tem o inconveniente de situar‐
agulha disponível (se agulha de 10x5, aplicar em ângulo -se próxima ao nervo ciático, o que contra-indica esse
de 90º; se de 25x7, aplicar em ângulo de 45º). tipo de aplicação em crianças. A posição recomendada
Quando da introdução da agulha, fazer uma prega é o decúbito ventral, com os pés voltados para dentro,
no tecido subcutâneo, para facilitar sua localização. Para facilitando o relaxamento dos músculos glúteos; caso
promover a absorção gradativa do medicamento, efe‐ não seja possível, colocar o paciente em decúbito lateral.
tuar leve compressão sem friccionar ao retirar a agulha O local indicado é o quadrante superior externo, cerca
da pele. de 5cm abaixo do ápice da crista ilíaca. Outra maneira
Locais de aplicação pela via intradérmica Ângulos de de identificar o local de aplicação é traçando uma linha
aplicação 15 graus. imaginária da espinha ilíaca póstero-superior ao trocan‐
ter maior do fêmur; a injeção superior ao ponto médio da
Via intramuscular linha também é segura (figura 1) .
Para a aplicação de injeção no deltóide, recomenda‐
A via intramuscular é utilizada para administrar medi‐ -se que o paciente esteja em posição sentada ou deitada.
camentos irritantes, por ser menos dolorosa, consideran‐ Medir 4 dedos abaixo do ombro e segurar o músculo
do-se que existe menor número de terminações nervo‐ durante a introdução da agulha .
sas no tecido muscular profundo. A absorção ocorre mais O músculo vasto lateral encontra-se na região ante‐
rapidamente que no caso da aplicação subcutânea, de‐ ro-lateral da coxa.
vido à maior vascularização do tecido muscular. O volu‐ Indica-se a aplicação intramuscular no terço médio
me a ser administrado deve ser compatível com a massa do músculo, em bebês, crianças e adultos
muscular, que varia de acordo com a idade, localização A região ventroglútea, por ser uma área desprovida
e estado nutricional. Considerando-se um adulto com de grandes vasos e nervos, é indicada para qualquer ida‐
peso normal, o volume mais adequado de medicamento de, principalmente para crianças.
em aplicação no deltóide é de aproximadamente 2ml; no Localiza-se o local da injeção colocando-se o dedo
glúteo, 4 ml e na coxa, 3 ml35, embora existam autores indicador sobre a espinha ilíaca antero-superior e, com a
que admitam volumes maiores. palma da mão sobre a cabeça do fêmur (trocanter), em
De qualquer maneira, quantidades maiores que 3ml seguida desliza-se o adjacente (médio) para formar um
devem ser sempre bem avaliadas pois podem não ter V. A injeção no centro do V alcança os músculos glúteos
uma adequada absorção36. Para aplicar medicamentos muito irritantes por via in‐
tramuscular, a técnica em Z é indicada, pois promove a
Locais de aplicação pela via subcutânea vedação do trajeto e a manutenção do medicamento no
espaço intramuscular.
Ângulos de aplicação 90º 45º Neste caso, a pele é deslocada lateralmente para lon‐
As complicações mais comuns da aplicação intramus‐ ge do local previamente escolhido para aplicação da inje‐
cular são a formação de nódulos, abscessos, necrose e ção (figura 7). Penetra-se a agulha no músculo, injetando
lesões de nervo. a medicação lentamente. Retira-se a agulha e solta-se a
Administrando medicamentos por via intramuscular pele, formando o Z (figura 8). O local da injeção não deve
Preparar o medicamento, atentando para as reco‐ ser massageado, pois isto pode provocar lesão tecidual.
mendações da prescrição e do fabricante. Para aplicação
em adulto eutrófico, as agulhas apropriadas são 25x7, Via endovenosa
25x8, 30x7 e 30x8. No caso de medicamentos irritantes,
a agulha que aspirou o medicamento deve ser trocada, A via endovenosa é utilizada quando se deseja uma
visando evitar a ocorrência de lesões teciduais. ação rápida do medicamento ou quando outras vias
Orientar o paciente para que adote uma posição con‐ não são propícias. Sua administração deve ser feita com
fortável, relaxando o músculo, processo que facilita a in‐ muito cuidado, considerando-se que a medicação entra
trodução do líquido, evita extravasamento e minimiza a diretamente na corrente sangüínea, podendo ocasionar
dor. sérias complicações ao paciente caso as recomendações
Evite a administração de medicamentos em áreas preconizadas não sejam observadas. As soluções admi‐
inflamadas, hipotróficas, com nódulos, paresias,paraple‐ nistradas por essa via devem ser cristalinas, não-oleosas
gias e outros, pois podem dificultar a absorção do me‐ e sem flocos em suspensão.
dicamento. Para a administração de pequenas quantidades de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Num movimento único e com impulso moderado, medicamentos são satisfatórias as veias periféricas da
mantendo o músculo com firmeza, introduzir a agulha prega (dobra) do cotovelo, do antebraço e do dorso das
num ângulo de 90º, puxar o êmbolo e, caso não haja mãos. A medicação endovenosa pode ser também apli‐
retorno de sangue administrar a solução. Após a intro‐ cada através de cateteres intravenosos de curta/longa
dução do medicamento, retirar a agulha - também num permanência e flebotomia.-
único movimento – e comprimir o local com algodão
molhado com álcool a 70%. Locais de aplicação pela via intramuscular e a técnica
Os locais utilizados para a administração de medica‐ em Z.
mentos são as regiões do deltóide, dorsoglútea, ventro‐ O medicamento pode ainda ser aplicado nas veias su‐
glútea e antero-lateral da coxa. perficiais de grande calibre: região cubital, dorso da mão
e antebraço.
67
Material necessário: Realizar a punção com técnica asséptica, mantendo
– bandeja todo o conjunto de punção limpo, inclusive sua fixação,
– bolas de algodão para prevenir infecção local.
– álcool a 70% Manter as conexões do sistema bem adaptadas, evi‐
– fita adesiva hipoalergênica tando extravasamento de solução, contaminação, refluxo
– garrote sangüíneo e entrada de ar.
– escalpe(s) – adequado(s) ao calibre da veia do pa‐ A fim de detectar precocemente a infiltração de so‐
ciente) lução nos tecidos adjacentes, manter constante obser‐
– seringa e agulha vação do local. Na presença de sinais de flebite, retirar o
dispositivo de punção e providenciar outra via de acesso.
Deve-se, preferencialmente, administrar o medica‐ Para garantir a infusão do volume e dosagem dentro
mento no paciente deitado ou sentado, já que muitos do tempo estabelecido, controlar constantemente o go‐
medicamentos podem produzir efeitos indesejáveis de tejamento da infusão. Estes cuidados visam evitar dese‐
imediato; nesses casos, interromper a aplicação e comu‐ quilíbrio hidroeletrolítico e/ou reações adversas.
nicar o fato à enfermeira ou ao médico. O gotejamento não deve ser alterado em casos de
Inspecionar as condições da rede venosa do paciente atraso de infusão, para que não haja sobrecarga cardíaca
e selecionar a veia mais apropriada; garrotear o braço por aumento brusco de volume.
aproximadamente 10cm acima da veia escolhida. Para fa‐ Os pacientes que deambulam devem ser orientados
cilitar a visualização da veia de mão e braço, solicitar que a manter o frasco elevado, para promover gotejamen‐
o paciente cerre o punho durante a inspeção e a punção to contínuo, evitar refluxo e coagulação sangüínea com
venosa. Esticar a pele durante a introdução da agulha, possível obstrução do cateter.
com o bisel voltado para cima mantendo um ângulo de Na administração de soluções, não deve haver pre‐
15º a 30º. Observar o retorno do sangue, soltar o garrote sença de ar no sistema, para evitar embolia gasosa.
e injetar o medicamento lentamente; ao retirar a agulha, Quando a solução do frasco estiver acabando, ficar aten‐
comprimir o local. to para promover a troca imediata após seu término, evi‐
Na administração de soluções, não deve haver pre‐ tando a interrupção e perda da via de acesso.
sença de ar na seringa, o que evita embolia gasosa. Recomenda-se que os acessos periféricos sejam tro‐
cados em intervalos de 72 horas e sempre que necessá‐
Venóclise rio.
68
Coleta para a glicemia pós-prandial 03 (três) colheres de sopa de creme de leite;
Este exame exige duas coletas de sangue: a primeira 01 (uma) colher de sopa de manteiga (não pode ser
deve ser feita com o paciente em jejum de 08 horas. Após margarina);
esta coleta, o paciente deverá fazer uma refeição normal 01 (uma) fatia de queijo.
do seu dia a dia ou então, dependendo do horário, um Esta dieta deverá ser iniciada 48 horas (dois dias) an‐
lanche contendo pão francês com manteiga e queijo, lei‐ tes do início da coleta do material, e mantida durante o
te adoçado a gosto e suco de laranja. Duas horas após transcurso da coleta, que deverá ser feita por 72 horas
esta refeição, deve proceder-se à segunda coleta de san‐ (três dias), colocando todo o volume de todas as evacua‐
gue. No intervalo entre as duas coletas, o paciente deve ções em um único recipiente plástico próprio, que pode‐
aguardar sentado. rá ser guardado na geladeira. Se o início da coleta se der
às 10h do dia 17, por exemplo, seu término se efetuará às
PSA Total e Livre 10h do dia 20. Para sua própria orientação, não esqueça
A coleta de sangue deve ser feita com o paciente em de assinalar no recipiente a data e a hora de cada coleta
jejum de 4 horas. A coleta só deve ser feita observando realizada, observando que é de extrema importância o
as seguintes instruções: exato registro dos horários para a realização do exame.
- Após ejaculação, aguardar 48 horas;
- Após exercícios pesados, aguardar 24 horas; Coleta de Escarro (Pesquisa de BAAR Cultura para
- Após ter andado de bicicleta (inclusive ergométrica), BK Pesquisa direta de fungos Bacterioscopia - GRAM)
motocicleta ou cavalo, aguardar 48 horas; A coleta deve ser feita preferencialmente pela manhã
- Após toque retal, aguardar 72 horas; ao acordar, antes da ingestão de alimentos sólidos ou
- Após biópsia de próstata, aguardar 04 semanas; líquidos. Fazer higiene oral com bochechos e gargarejos
- Após massagem na próstata, aguardar 04 semanas; somente com água. Inspirar profundamente algumas ve‐
- Após realizar ultrassom transretal, aguardar 07 dias. zes e tossir procurando expectorar a quantidade máxima
de secreção dos pulmões. Recolher o catarro diretamen‐
Coleta de fezes (Exame parasitológico de fezes - EPF) te no recipiente estéril adequado, tampando-o imediata‐
Realizar a coleta preferencialmente pela manhã no mente. é importante lembrar da necessidade de coletar
dia da entrega ao laboratório. Se for preciso coletá-las escarro e não saliva, para não invalidar o resultado do
no dia anterior, mantê-las armazenadas na geladeira. exame.
Colocar as fezes em recipiente adequado, sem enchê-lo,
pois a quantidade de amostra necessária para a análise Pesquisa e coleta para fungos
é pequena. Suspender o uso de medicamentos antimicóticos, de
esmalte (caso a coleta seja nas unhas), cremes e loções
Coleta de fezes para pesquisa de sangue oculto no local com, no mínimo, 15 (quinze) dias de antecedên‐
Realizar a coleta preferencialmente pela manhã no cia.
dia da entrega ao laboratório. Se for preciso coletá-las
no dia anterior, mantê-las armazenadas na geladeira. Coleta de Esperma para espermocultura
Colocar as fezes em recipiente adequado, sem enchê-lo, A coleta deve ser realizada com o uso de recipien‐
pois a quantidade de amostra necessária para a análise te estéril, fornecido pelo Instituto, o qual só deverá ser
é pequena. O material deve ser colocado em recipiente aberto no momento da ejaculação, devendo-se não to‐
limpo e seco. Não coletar durante o período menstrual car a parte interna do recipiente. Deve-se tomar os cui‐
ou quando houver sangramento local. Medicamentos dados necessários a fim de evitar a perda do material no
proibidos: momento da coleta.
-Medicamentos irritantes do trato gastrointestinal
(analgésicos, antiinflamatórios e vitamina C). Coleta de Esperma para espermograma
OBS: A técnica laboratorial utilizada atualmente não Manter abstinência sexual (não fazer sexo ou mastur‐
obriga dieta alimentar para realização do exame, como bação) por 05 (cinco) dias. A coleta deve ser realizada
era recomendado no passado. com o uso de recipiente estéril, fornecido pelo Instituto,
Coleta de fezes com conservante (Exame parasitoló‐ o qual só deverá ser aberto no momento da ejaculação,
gico de fezes - MIF) devendo-se não tocar a parte interna do recipiente. De‐
Coletar em recipiente específico, contendo líquido ve-se tomar os cuidados necessários a fim de evitar a
conservante, 03 (três) amostras de fezes em três dias perda do material no momento da coleta.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
69
Coleta de urina jato médio (Pesquisa e cultura Quando a atrofia for intensa, pode ser utilizado creme
para BK) à base de estrogênios conjugados, (1 a 2 cc do creme
Fazer a higiene da região genital com bastante água durante sete dias, aguardando de três a cinco dias para
e sabão (não usar antisséptico). Colocar em recipiente coleta), sempre atentando para possíveis alterações en‐
(garrafa de água mineral sem gás) toda a primeira mic‐ dometriais, sangramentos ou mastalgia nas mais idosas
ção matinal. Fazer a entrega da urina no Setor de Recep‐ ou mais sensíveis ao tratamento hormonal.
ção de Material até 01 (uma) hora após a coleta. Se isto
não for possível, acondicionar o recipiente contendo a Os exames complementares essenciais para o acom‐
urina em saco com gelo. panhamento do climatério estão abaixo relacionados,
cuja indicação e periodicidade de realização deverá se‐
Coleta para exame de urina (EAS) / Cultura de Uri- guir as orientações definidas de acordo com os protoco‐
na los clínicos adotados por este Ministério seguindo cada
A amostra deverá ser coletada pelo paciente na ma‐ especificidade.
nhã do dia destinado a entrega do mesmo (primeira - Avaliação laboratorial
urina do dia). Fazer a higiene da região genital apenas - Mamografia e ultrassonografia mamária (de acordo
com água e sabão. Desprezar o primeiro jato urinário e com as diretrizes de rastreamento para o câncer
colher o restante o suficiente para encher o recipiente de mama)
adequado. Fazer a entrega do material no laboratório até - Exame Preventivo do câncer do colo do útero
1h após a coleta. Caso não seja possível, acondicionar o - Ultrassonografia transvaginal
recipiente em um saco com gelo. Para cultura de urina, - Densitometria óssea
deve ser adquirido na farmácia o frasco coletor estéril.
A rotina básica de exames na primeira consulta da mu‐
lher no climatério consta de exames para prevenção de
Cultura e contagem de colônias (Urocultura)
doenças, detecção precoce ou mesmo para a avaliação da
A amostra de urina para exame deverá ser coletada
saúde em geral. Deve ser repetida com regularidade (se‐
necessariamente na manhã do dia destinado a entrega mestral, anual, bianual, trianual) de acordo com os proto‐
do material (primeira urina do dia). Fazer a higiene da colos específicos em vigor, o que pode ser modificado na
região genital com bastante água e sabão (não utilizar presença ou não de intercorrências ou alterações.
qualquer antisséptico). Coletar, no recipiente estéril, so‐
mente o jato médio da urina, desprezando a primeira Exames Laboratoriais
porção da micção. Fazer a entrega da urina no Setor de
Recepção de Amostras até 01 (uma) hora após a coleta. A instalação do climatério é gradativa e se eviden‐
Se isto não for possível, acondicionar o recipiente con‐ cia clinicamente em maior ou menor grau a depender
tendo a urina, em saco com gelo. de vários fatores. Porém a ocorrência da menopausa é
eminentemente clínica, caracterizada pela cessação das
Exames Complementares menstruações por um período de 12 meses ou mais.
Não há, portanto, necessidade de dosagens hormo‐
Preventivo ginecológico nais a não ser quando a menopausa for cirúrgica e/ou
houver dúvidas em relação ao quadro hormonal. A dosa‐
Conforme descrito anteriormente, a inspeção da vul‐ gem do FSH é suficiente para o diagnóstico de hipofun‐
va deve ser realizada rotineiramente uma vez ao ano, du‐ ção ou falência ovariana, quando o resultado for maior
rante o exame físico e caso haja anormalidades, deve-se do que 40 mUI/ml.
proceder à genitoscopia e à biópsia. Os exames laboratoriais de rotina para o acompanha‐
A coleta do material para citopatologia deve abranger mento do climatério constam no quadro abaixo e de‐
a ectocérvice e endocérvice, e nas mulheres histerecto‐ vem ser colhidos após 12 horas de jejum, à exceção da
mizadas, o fundo-de-saco vaginal. A ocorrência de hipo pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSO), que requer
ou atrofia da mucosa pode comprometer a qualidade do orientações dietéticas para os dias anteriores ao exame.
material citológico, podendo ocorrer sangramentos por As solicitações de exames relacionados com investiga‐
ções mais específicas devem seguir as indicações preco‐
traumatismos e processo inflamatório que são comuns
nizadas para cada caso e sua possibilidade de realização.
nesta fase. A JEC (Junção Escamo Colunar) migra para o
Rastreamento mamário
interior do canal endocervical, causando entropia e difi‐
A detecção precoce é a principal estratégia para con‐
culdade de obtenção das células glandulares na amostra.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
70
Ações recomendadas: Preventivo ginecológico
71
Rastreamento ovariano vaginal exteriorizam-se na vulva. Têm valor diagnóstico
muito grande. Por isso, deve-se especificá-las conside‐
O rastreio de patologias ovarianas é feito por meio rando principalmente as características abaixo relaciona‐
da anamnese e do exame físico, que indicam as mani‐ das:
festações clínicas sugestivas de patologia ovariana, assim - Cor vermelho vivo ou escurecido, com ou sem co‐
como de antecedentes familiares positivos que acrescen‐ águlos;
tam risco a essas mulheres, o que requer avaliação diri‐ - Volume;
gida. A ultrassonografia transvaginal associada ou não à - Associação com outros sintomas, notadamente do‐
dopplerfluxometria e à dosagem do CA 125 são exames res, leucorreias e menstruação;
indicados na investigação de patologias ovarianas. - Tempo de aparecimento, duração e periodicidade;
- Associação com outras doenças;
A enfermagem e a consulta clínico-ginecológica - Existência de outros elementos, como as secreções
purulentas, urina (no caso de fistulas vesico-uteri‐
Quando recebemos uma mulher na Unidade de Saú‐ nas) e/ou tecido necrótico ou embrionário.
de, é importante valorizar suas queixas e perceber com
que urgência suas necessidades precisam ser atendidas. O corrimento vaginal, chamado leucorreia, é repre‐
O exame preventivo deve ser feito anualmente e após sentado pela saída de secreção de coloração e abun‐
dois resultados negativos consecutivos o intervalo deve‐ dância variável. A leucorreia fisiológica é uma secreção
rá ser de 3 anos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1994). Porém normalmente produzida pelas mucosas vulvares, endo‐
a mulher deve procurar a unidade de saúde, caso sinta cervical, ectocervical e sobretudo vaginal que pode oca‐
qualquer sinal ou sintoma diferente em seu corpo. sionar corrimento sem dar motivo para inquietação e/
A consulta clínico-ginecológica tem por objetivo ou tratamento. As leucorreias patológicas estão ligadas
identificar o mais precocemente possível distúrbios que a inflamações vulvovaginais, e pela sua relevância e fre‐
afetam especialmente os órgãos reprodutores femininos quência devem ser diagnosticadas e tratadas.
e as mamas, além de olhar para a saúde da mulher de
uma maneira geral.
Os principais sintomas ginecológicos que levam as
mulheres a buscarem atendimento são: a dor, as modi‐ ENFERMAGEM NAS SITUAÇÕES DE
ficações dos ciclos menstruais, as hemorragias e o corri‐ URGÊNCIA E EMERGÊNCIA. CONCEITOS DE
mento vaginal. EMERGÊNCIA E URGÊNCIA. ESTRUTURA
A dor é um sintoma muito frequente em ginecologia,
E ORGANIZAÇÃO DO PRONTO SOCORRO.
quase sempre subjetiva e inconstante. É importante iden‐
ATUAÇÃO DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM
tificar a origem, o tipo, a intensidade e em que momento
ou situação ocorre. As modificações ou perturbações dos EM SITUAÇÕES DE CHOQUE, PARADA
ciclos menstruais podem se caracterizar em diferentes CARDIO‐RESPIRATÓRIA, POLITRAUMA,
formas: AFOGAMENTO, QUEIMADURA,
a) Alterações no volume: hipermenorreia (aumento INTOXICAÇÃO, ENVENENAMENTO E
do volume sanguíneo) ou hipomenorreia (diminui‐ PICADA DE ANIMAIS PEÇONHENTOS.
ção do volume sanguíneo).
b) Período dos ciclos: polimenorreia (ciclos menstruais
frequentes), oligomenorreia (diminuição dos ciclos Urgência: quando há uma situação que não pode ser
menstruais) ou amenorreia (ausência de menstrua‐ adiada, que deve ser resolvida rapidamente, pois se hou‐
ção). As amenorreias podem ser primárias quando ver demora, corre-se o risco até mesmo de morte. Na
aparecem na adolescência, e secundárias, quando medicina, ocorrências de caráter urgente necessitam de
presentes em mulheres ou adolescentes que já tratamento médico e muitas vezes de cirurgia, contudo,
menstruaram e cujos ciclos se interromperam por possuem um caráter menos imediatista. Esta palavra vem
pelo menos três meses. do verbo “urgir” que tem sentido de “não aceita demora”:
c) A menorragia representa o aumento quantitativo O tempo urge, não importa o que você faça para tentar
dos sangramentos menstruais, com alongamento pará-lo. Estado grave, que necessita atendimento médi‐
frequente da duração das menstruações. As me‐ co, embora não seja necessariamente urgente. Exemplos:
norragias se diferenciam da metrorragias, que são contusões leves, entorses, hemorragia classe I, etc.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
sangramentos que aparecem fora dos ciclos mens‐ Emergência: quando há uma situação crítica ou algo
truais. iminente, com ocorrência de perigo; incidente; imprevis‐
d) A dismenorreia ou menstruação dolorosa pode to. No âmbito da medicina, é a circunstância que exige
surgir antes, no desencadeamento ou durante o ci‐ uma cirurgia ou intervenção médica de imediato. Por
clo menstrual. Em seu mecanismo estão presentes isso, em algumas ambulâncias ainda há “emergência” es‐
fenômenos espasmódicos, vasculares, congestivos crita ao contrário e não “urgência”. Estado que necessita
e, com frequência, também psicológicos. de encaminhamento rápido ao hospital. O tempo gasto
entre o momento em que a vítima é encontrada e o seu
As hemorragias genitais podem ser provenientes de encaminhamento deve ser o mais curto possível. Exem‐
qualquer ponto do aparelho genital, mas geralmente plos: hemorragias de classe II, III e IV, etc.
procedem do útero e de seus anexos e através do canal
72
Obstrução das vias aéreas por corpo estranho: das vísceras; controlar a hemorragia até que recupere e
No caso do paciente consciente: fique por traz do possa ser feita a cirurgia; aspirar conteúdos gástricos pois
paciente e envolva a cintura da seguinte forma: coloque previne complicações pulmonares; introduzir cateter ure‐
o polegar na barriga do paciente contra o abdômen do tral para avaliar débito urinário e presença de hematuria;
paciente na linha media comprima com o punho o ab‐ suspender ingestão de líquidos pela boca, prevenindo o
dômen do paciente, cada pressão deve ser separada e aumento da peristalse e vômitos; no caso de ferimentos
distinta. produzido por arma branca preparar para sinografia para
No caso do paciente inconsciente: posicioná-lo so‐ detectar penetração peritoneal; administrar profilaxia
bre as costas ajoelhar acalvagado pelas coxas do pacien‐ contra tétano; administrar antibiótico de largo espectro
te voltado para a cabeça comprimir o abdômen de forma prescrito; preparar o paciente para procedimento cirúrgi‐
rápida com o punho. co caso ocorra, hemorragia, ar sobre o diafragma, evisce‐
- retirada com o dedo: abrir a boca do paciente segu‐ ração ou hematuria;
rando toda a sua língua introduzir o dedo indica‐ Contusão Abdominal: iniciar método de ressusci‐
dor sobre a boca. tação; efetuar avaliação física constante; observar a pre‐
sença de presença de hiperestesia, rigidez, espasmos,
Assistência em hemorragias: observe o aumento da distensão abdominal; ausculte
Externa: aplique compressão direta na veia do pa‐ ruídos peritoniais; monitorize frequente sinais vitais; ava‐
ciente; aplique curativo compressivo; eleve a parte lesa‐ lie complicações imediatas: como hemorragias, choques
da para interromper o sangramento; puncionar veia de e lesões associadas; encaminhe solicitação de exames
grosso calibre para reposição de sangue e soro. laboratoriais; encaminhe para exames radiográficos; co‐
Interna: administre sangue de acordo com a prescri‐ loque sonda nasogástrica para prevenir vômitos e conse‐
ção; monitorize as respostas hemodinâmicas do pacien‐ quentes aspirações de secreção;
te; mantenha o paciente em posição supina ate melhora Esmagamentos: o controle do choque sistêmico
do quadro; obtenha sangue arterial para monitorar gaso‐ constitui prioridade de tratamento; Controlar o choque;
metria; caso for procedimento cirúrgico imediatamente Observar a presença de comprometimento renal; Imobi‐
preparar para cirurgia; não esquecer que antes da apli‐ lizar os grandes esmagamentos de parte mole; Elevar as
cação do sangue e plasma submeter o paciente a prova extremidades para aliviar a pressão dos líquidos extra‐
cruzada. vasados; Administrar medicações para dor e ansiedade
Choque hipovolêmico: Proporcionar assistência prescritas, encaminhar a cirurgia, observar presença de
ventilatória; Restaurar o volume sanguíneo circulante; choques; Monitorar os sinais vitais do paciente; Adminis‐
Leituras contínuas de pressão arterial; Mantenha a pres‐ trar plasma e sangue prescritos;
são sanguínea sistólica; Mantenha a vigilância constante Traumatismos Múltiplos: Efetuar um exame físico
de enfermagem; Os pacientes de choque séptico devem simplificado, para determinar sangramento, parada res‐
ser mantidos frios, devido a febre alta. piratória, ou choque; Iniciar ressuscitação; Observar as‐
Ferimentos: Retire os pelos em torno do ferimento; pecto e assimetria da movimentação da parede torácica
com exceção das sobrancelhas; limpe em torno da ferida e padrão da respiração; Ventilar o paciente prevenindo a
com a solução indicada; pois limpando dentro a solução hipoxia; Introduzir cânula evitando orofaríngea evitando
poderá ser nociva caso haja exposição de tecidos; ajude oclusão pela língua; Avaliar a função cardíaca; Puncionar
o médico a limpar e debridar o ferimento; auxilie o mé‐ veia calibrosa e iniciar administração de sangue, deriva‐
dico na sutura; aplique um curativo não aderente para dos e eletrólitos; Controlar a hemorragia; Prevenir e tra‐
proteger a ferida; administre tratamento bacteriano de tar o choque hipovolêmico; Introduzir cateter uretral de
ataque prescrito; ministre profilaxia contra tétano para demora, e monitorizar débito cardíaco; Avaliar presença
proteger o paciente; oriente o paciente a contactar com de traumatismo de pescoço; Avaliar a presença de trau‐
o médico e procurar o serviço de saúde no caso de dor matismo de crânio; Imobilizar fraturas evitando trauma‐
súbita persistente, febre, hemorragia ou sinais de mau tismo maior de partes moles; Preparar para laparotomia
cheiro, secreção ou vermelhidão em torno da ferida. caso o paciente mostre sinais contínuos de hemorragias
Feridas abdominais penetrantes: inspecionar o lo‐ e piora; Mobilizar a cada hora o débito urinário; Adminis‐
cal para verificação de lesões penetrantes; auscultar ve‐ trar tratamento contra tétano.
rificando ausência ou presença de traumatismo; avaliar Fraturas: Dar imediata atenção ao estado geral do
progressão da distensão abdominal, defesa reflexa, dor, paciente; Avaliar presença de dificuldade respiratórias;
rigidez muscular e hiperestesia de rebote, hiperestesia, Prepara para traqueostomia, caso necessário; Adminis‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
e diminuição do peristaltismo intestinal; registrar todos trar sangue e hemoderivados e eletrólitos, prescrito;
os sinais físicos à medida que o paciente for examinado. Manter controle de sinais vitais constantes; Avaliar défi‐
Cuidados Emergenciais: restauração das vias aéreas; cits neurológicos; Administrar oxigenação prescrita; Apli‐
manter o paciente na maca, já que o movimento pode car curativo estéril em fratura exposta; Imobilizar antes
causar fragmentação de um coágulo em um grande vaso de movimentar o paciente; Avaliar sinais de choque e
e produzir hemorragia maciça; caso o paciente esteja co‐ hemorragias; Manusear a parte afetada o mínimo pos‐
matoso, imobilizar o pescoço; retirar a roupa de cima do sível; Transportar o paciente com segurança; Administrar
ferimento; contar o n° de ferimentos; localizar a entrada analgésicos prescritos.
e saída dos ferimentos; avaliar a presença de hemorra‐ Emergências de Temperatura: Internação: Causada
gias; cobrir as vísceras exteriorizadas com curativos es‐ por insuficiente mecanismo de regulação de calor; Pes‐
téreis de soro fisiológico para prevenir o ressecamento soas de riscos as não acostumadas com calor excessivos;
73
Remover a roupa do paciente; Reduzir a temperatura
central interna; Usar lençóis frios; Massagear o pacien‐ #FicaDica
te promovendo a circulação e mantendo vasodilatação
cutânea; Colocar aparelho de ventilação para resfriar o Emergência é quando há uma situação crí‐
paciente; Monitorizar a temperatura do paciente de for‐ tica ou algo iminente, com ocorrência de
ma constante; Monitorizar cuidadosamente sinais vitais; perigo; incidente; imprevisto. No âmbito da
Administrar oxigênio para suprir a as necessidades te‐ medicina, é a circunstância que exige uma
ciduais; Iniciar infusão prescrita; Medir o débito urinário cirurgia ou intervenção médica de imediato.
a complicação da internação e a necrose tubular; Admi‐
nistrar tratamento de suporte prescritos: diuréticos, an‐ 1. O Papel das Unidades de Urgência e Emergência
ticonvulsivante, potássio para hipocalemia; Continuar a no Sistema de Atenção à Saúde
monitorização com ECG; Admitir o paciente em UTI, pois
pode ocorrer lesão permanente no fígado. No Brasil as Unidades de Urgência e Emergência, con‐
Lesões pelo frio: Eritema pernio: Traumatismo recor‐ trariando o que para elas havia sido planejado tornaram‐
rente a exposição a baixas temperaturas que provoca um -se, principalmente a partir da última década do século
verdadeiro congelamento dos líquidos teciduais e das passado, as principais porta de entrada no sistema de
células e dos espaços celulares; Não permita que o pa‐ atenção à saúde, eleitas pela população como o melhor
ciente deambule, caso o eritema seja de extremidades; local para a obtenção de diagnóstico e tratamento dos
Remova as roupas para evitar compressão; Reaqueça as problemas de saúde, independentemente do nível de ur‐
extremidades com calor rápido e controlado; Administre gência e da gravidade destas ocorrências.
profilaxia contra o tétano; Eleve a parte afetada para con‐ Com a universalização da atenção, garantida pela
trolar o edema; Efetue exame físico e restaure o equilíbrio constituição de 1988, os contingentes populacionais, até
hidroeletrolítico; Proteja a parte aquecida e não estore as então sem nenhum tipo de cobertura, passaram a pres‐
bolhas que formarem; Encoraje a mobilização; sionar o sistema fazendo com que, tanto nas pequenas
Hipotermia Acidental: É um estado de temperatura cidades como nos grandes centros urbanos, os hospitais,
interna de 35°, ou menos por exposição ao frio; Moni‐ através de suas Unidades de Urgência e Emergência, re‐
torar sinais vitais; Monitorar temperatura interna; Trata‐ cebessem o impacto direto desta nova demanda, que
mento de suporte e reaquecimento. em outras circunstâncias deveria destinar-se, prioritaria‐
Reação Anafilática: Em presença de edema glótico: mente ao atendimento ambulatorial, prestado na rede de
incisão na membrana cricotireóidea para liberar via aé‐ postos de saúde, nas policlínicas e nos hospitais.
rea; Proceder respiração cardiorespiratória; Administre São inúmeras as explicações para esta distorção, res‐
epinefrina prescrita; Inicie infusão e medicamento para ponsável em parte pela crescente queda de qualidade do
reversão de efeito; Avalie e monitorize sinais vitais; Ad‐ atendimento nos hospitais, sufocados que estão por uma
ministre oxigênio; Caso o paciente esteja com convulsões demanda que não têm condições financeiras, tecnológi‐
administre medicamento anticonvulsivante; cas e espaciais de satisfazer. Enfrentando filas interminá‐
Envenenamento: Controlar vias áreas; Avaliar a fun‐ veis a população que depende da rede pública, encontra
ção cardiovascular; Administrar oxigenoterapia; Monito‐ grandes dificuldades na marcação de consultas, inclusive
rar débito cardíaco; Procurar determinar qual o veneno nos postos de saúde, idealizados para ser a principal por‐
para estabelecer antídoto; Monitorar estado neurológi‐ ta de entrada no sistema de atenção à saúde.
co; Obter amostra de sangue para dosar a concentração A realidade demonstra que este sistema tem sido in‐
do veneno; Puncionar veia calibrosa; Administrar trata‐ capaz de oferecer atendimento adequado a nível ambu‐
mento de suporte; Monitorize equilíbrio hidroeletrolítico; latorial no diagnóstico e tratamento de ocorrências que
Lavagem gástrica para paciente obnubilado; Monitorize exijam a presença de especialistas ou exames de maior
e trate complicações. complexidade. Mesmo quando estes serviços estão dis‐
Queimaduras Químicas: Lavar a pele com água cor‐ poníveis, os prazos de atendimento oferecidos geral‐
rente; Aplicar lavagens prolongadas com água morna; mente não se mostram compatíveis com a gravidade dos
Caracterizar para tratamento correto verificar o tipo de problemas ou ainda com a paciência, quase inesgotável,
substancia que causou o envenenamento; Tratamento dos que buscam tratamento.
adequado para queimadura. Nestes aspectos concordamos inteiramente tanto
Acidentes com animais peçonhentos: Determinar com o diagnóstico de Cecílio ao colocar em dúvida a
se a cobra é venenosa ou não; Determinação do local adequação de um modelo de atenção idealizado para
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
e circunstancias; Monitorização de sinais vitais; Proceder operar na forma de uma pirâmide, como com sua pro‐
a tratamento de suporte antes de proceder a aplicação posta de diversificar as portas de entrada no sistema,
de soro; Solicitar exames laboratoriais; Não usar gelo que passaria a ter a forma de um círculo. Infelizmente
torniquete ou heparina; Raramente e indicada a limpeza o drama das longas esperas não se esgota com a reali‐
cirúrgica; Observar o paciente nas primeiras 6h, constan‐ zação da primeira consulta, já que na maioria dos casos
temente; são solicitados exames complementares que via de regra
Intoxicação alimentar: Determinar a fonte da intoxi‐ não estão disponíveis nos postos de saúde, obrigando os
cação; Presença de sinais neurológicos; Dar suporte res‐ pacientes a procurar unidades com maiores recursos de
piratório; Corrigir e controlar a hipoglicemia. diagnóstico e se sujeitar novamente a prazos de atendi‐
mento extremamente longos.
74
Outro agravante do sistema é o horário reduzido de ré, facilitando os procedimentos de desembarque dos
funcionamento das unidades de menor porte da rede de pacientes. Deve-se prever uma área de desembarque co‐
saúde, horário que coincide com a jornada de trabalho, berta para no mínimo duas ambulâncias.
dificultando sua utilização por grande parte da popu‐
lação. Assim um grande número de pacientes prefere Sala de Triagem e de Consulta de Enfermagem:
abrir mão do atendimento oferecido nos postos de saú‐ O objetivo da sala de triagem é dar maior eficiência ao
de, apesar de sua maior acessibilidade, para se dirigir às atendimento, efetuando uma primeira avaliação do pa‐
Unidades de Urgências e Emergências que oferecem, em ciente, para somente então encaminhá-lo às áreas de
geral, atendimento de 24 horas, maior oferta de clínicas diagnóstico e tratamento. Esta avaliação pode ser feita
especializadas, exames de maior complexidade e, caso pela equipe médica, ou eventualmente pela de enferma‐
necessário, a possibilidade de internação. gem. A consulta de enfermagem, por sua vez, tem como
Esta distorção, entre inúmeras outras que afetam o objetivo agilizar o atendimento, através da diminuição
modelo brasileiro de atenção à saúde, provoca uma série do tempo da consulta médica, cuidando a equipe de en‐
de impactos no funcionamento das Unidades de Emer‐ fermagem de levantar as primeiras informações do so‐
gência que devem, necessariamente, ser consideras pelo bre o paciente, anotando seus dados antropomórficos,
arquiteto já nas primeiras tarefas de programação e di‐ tomando sua temperatura e tirando sua pressão arterial.
mensionamento, prevendo, por exemplo, um número A existência de salas de triagem e a realização de
maior de consultórios, para responder ao atendimento consultas de enfermagem dependerão do modelo de
ambulatorial disfarçado que nelas é prestado, um reforço atendimento adotado pela direção da unidade, que po‐
no dimensionamento dos recursos de diagnóstico e uma derá optar por efetuar os procedimentos de triagem em
maior permanência dos pacientes após receber algum outros ambientes da edificação (salas de espera, consul‐
tipo de atenção. tórios indiferenciados e, até mesmo, nos halls de aces‐
A falta de atenção a esta realidade faz com que as so), assim como descartar a realização das consultas de
salas de espera e as salas de observação sejam, em geral, enfermagem, alegando que a diminuição do tempo de
sub-dimensionadas, sendo fato corriqueiro a presença consulta médica não é desejável quando se busca um
de pacientes e acompanhantes amontoados nas salas de melhor acolhimento do paciente.
espera e nos corredores sem nenhum tipo de conforto As consultas de enfermagem são mais comuns em
e orientação. Nestas condições os ambientes de obser‐ unidades ambulatoriais, onde o tempo de espera pela
vação deixam de atender às suas funções específicas, consulta médica não é tão crítico. Quando realizadas em
passando a funcionar como verdadeiras unidades de in‐ unidades de emergência, este tipo de consulta contribui
ternação. para retardar o contato do paciente com a equipe médi‐
As Unidades de Urgência prestam atendimento ime‐ ca, o que não se coaduna com os procedimentos nelas
diato em casos que, em princípio, não ofereçam risco de praticados. A adoção crescente da consulta de enferma‐
vida, exigindo instalações e equipamentos mais simples, gem nas unidades de emergência deve-se, em parte, ao
próprios de uma retaguarda de baixa e média comple‐ atendimento ambulatorial disfarçado que, cada vez mais,
xidade. As Unidades de Urgência / Emergência, por sua vem sendo praticado nessas unidades.
vez, são locais onde são praticados além dos procedi‐ Posto de Enfermagem Central: Além dos postos
mentos de menor complexidade, característicos das si‐ de enfermagens exclusivos das salas de observação a
tuações de urgência, procedimentos de maior complexi‐ unidade de emergência deve ser dotada de um posto
dade, que podem oferecer risco de vida. de enfermagem central, que além de exercer uma ativi‐
Estas unidades, diferentemente das Urgências devem dade de controle de todo o funcionamento da unidade
operar com um nível elevado de resolutividade, deman‐ apoia, com o serviço de enfermagem, os diferentes aten‐
dando uma retaguarda dotada de recursos de apoio ao dimentos realizados na unidade. Para exercer de forma
diagnóstico (imagenologia, traçados gráficos, laborató‐ adequada estas funções a localização do posto de en‐
rio de análises clínicas etc.), tratamento (centro cirúrgico, fermagem central deve ser cuidadosamente estudada de
centro obstétrico e UTIs), observação e internação com‐ forma a proporcionar uma visão o mais ampla possível
patíveis com a complexidade dos procedimentos nelas da unidade, facilitando o controle das diferentes tarefas
praticados. e o acesso da equipe de saúde. A correta disposição e
Dentre as diversas unidades funcionais que compõem o dimensionamento das partes que integram o posto
o edifício hospitalar, as emergências são as que mais ne‐ de enfermagem são cuidados importantes para otimizar
cessitam de flexibilidade arquitetônica, já que seu mode‐ seu funcionamento. Podemos considerar que o posto de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
lo de funcionamento poderá sofrer constantes mudan‐ enfermagem divide-se em três partes principais: a área
ças, tanto pela incorporação de novas tecnologias como onde se localiza o serviço de enfermagem, dotada de
pela orientação dada por diferentes equipes de saúde. banca e cuba de lavagem, a área de prescrição e a área
O dimensionamento, a sinalização e a localização onde se localiza o balcão de atendimento.
destas áreas, externas à edificação, devem ser cuidadosa‐
mente estudados, devido à necessidade de garantir aos 2. RCP
usuários (que em geral, não estão familiarizados com a
EAS) um rápido acesso ao hall de entrada, fundamental A parada cardiorrespiratória pode ser entendida
nos casos que por sua gravidade exijam um atendimento como uma condição de emergência severa no qual há
imediato. A área de manobra das ambulâncias deve ser uma interrupção das atividades respiratórias e circulató‐
dimensionada de modo a possibilitar que encostem de rias. A intervenções de emergência visam restabelecer a
75
circulação sanguínea e a oxigenação.O suporte Básico de por perto, e a vítima está em arada cardiorrespiratória
Vida são medidas de primeiros socorros para pacientes por hipóxia (trauma, overdose de drogas e crianças), o
em parada cardio respiratória fora do ambiente hospi‐ socorrista deverá primeiro fazer 5 ciclos de ressuscitação
talar. cardiopulmonar “RCP” e só depois chamar ajuda.
Em uma situação de parada cardiorrespiratória fora Caso a vítima não apresenta respiração, cheque o
da Unidade de Saúde devemos utilizar o Suporte Básico pulso carotídeo em menos de 10 segundos:
de Vida através de seus passos chamados de “CABD pri- • Vítima apresenta pulsação – faça ventilação a
mário“, em que: cada 5 a 6 segundos, mantendo uma frequência de
• “C” significa Checar se a vítima responde e se há 10 a 12 ventilações por minuto. Cheque o pulso a
respiração, Chamar por ajuda, Checar pulso, reali‐ cada 2 minutos.
zar Compressões (30 compressões); • Vítima não apresenta pulsação ou está em dúvi-
• “A” significa Abertura de vias aéreas; da – Inicie cilos de compressões e ventilações (30
• “B” significa Boa ventilação (realizar 2 ventilações); compressões por 2 ventilações).
• “D” significa Desfibrilação.
Inicie Ciclos de 30 compressões seguidas por 2
4. Sequência Completa de Atendimento a uma Ví- Ventilações
tima em Parada cardiorrespiratória
Caso haja ausência de pulso e respiração, inicia-se as
Segurança do Local compressões torácicas seguidas de 2 ventilações.
A primeira decisão a tomar quando encontrar uma ví‐ 5. Procedimento Adequado de Compressões Torá-
tima em parada cardiorrespiratória fora da unidade hos‐
cicas
pitalar é avaliar a segurança do local. Deve haver segu‐
rança tanto para a vítima quanto para o socorrista. Caso
Para reverter a parada cardiorrespiratória é funda‐
o local seja de risco, o socorrista deverá primeiro garantir
mental realizar as compressões torácicas de forma corre‐
a segurança antes de iniciar as manobras de suporte bá‐
ta. Para realizar as compressões torácicas:
sico de vida. Ex.: Se a vítima encontra-se em um prédio
1. Posicione ao lado da vítima. Mantenha seus joe‐
em desmoronamento, o socorrista deverá retirar a vítima
lhos com certa distância um do outro de forma que
deste local; Caso a vítima esteja no trânsito, o socorris‐
dê uma melhor estabilidade;
ta deverá primeiro tornar o local seguro (sinalizando de
forma a desviar ou parar o trânsito) ou remover a vítima 2. Afaste as roupas, ou se tiver tesoura, corte as
para um local seguro. Depois de garantir a segurança, roupas que cobrem o tórax deixando essa região
prosseguir o atendimento. desnuda;
3. Posicione-se – Coloque a região hipotênar de uma
Avaliar a Responsividade e a Respiração da Vítima mão sobre o esterno da vítima e coloque a outra
mão sobre a primeira, de forma a entrelaça-las. Es‐
Chamar a vítima, se ela não responder, aplique con‐ tenda os braços e posicione formando um ângulo
tato físico. Caso a vítima responda, apresente-se e con‐ de aproximadamente 90ºC acima da vítima;
verse com ela indagando se precisa de ajuda. Se a vítima 4. Faça compreensões com uma frequência, de no
não responder, cheque a respiração através da observa‐ mínimo, 100 compressões por minuto. A compres‐
ção do tórax, se há elevação do tórax em menos de 10 são deverá realizar uma profundidade de, no mí‐
segundos. Se a vítima tem respiração, permaneça ao seu nimo, 5 cm. Permita que o tórax volte á posição
lado e observe a sua evolução. Se achar necessário cha‐ normal antes de realizar a próxima compressão;
me ajuda. Caso a vítima não tenha respiração ou estiver Atente-se para minimizar interrupções das com‐
somente com gasping (respiração agonizante), chame pressões;
ajuda imediatamente.
Observação: Importante reversar com outro socor‐
Chame Ajuda rista, a cada 2 minutos, para evitar o cansaço e compres‐
sões de má qualidade.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
76
queixo. Caso haja suspeita de trauma, proceda com a ele‐ Podemos encontrar obstrução leve da via aérea quan‐
vação das mandíbulas de modo a não tracionar a coluna do o cliente tem troca gasosa, está consciente, consegue
cervical. tossir e apresentar chiados no peito quando respira. Nes‐
se caso, encorajar a pessoa a tossir para expelir o corpo
6.1. Ventilação em Vítima com Apenas Parada estranho, acompanhando sua evolução. Caso a obstru‐
Respiratória ção da via aérea se torne grave, a troca gasosa pode es‐
tar insuficiente ou ausente. A pessoa pode não conseguir
Quando a vítima apresenta somente uma parada res‐ tossir, ruídos respiratórios podem ser percebidos ou es‐
piratória ou em vítima com gasping apresentando pul‐ tar ausente, a pele fica cianótica e não consegue falar
so, o socorrista deverá fazer 1 ventilação a cada 5 ou 6 nem respirar. Nesse momento, a pessoa leva as mãos ao
segundos que darão uma frequência média de 10 a 12 pescoço, agarrando-o com o polegar e os dedos, olhos
ventilações por minuto. arregalados, apresentando claro sinal de asfixia. É neces‐
sário acionar imediatamente o serviço de emergência.
Nessa situação, indica-se a Manobra de Heimlich.
FIQUE ATENTO! Para isso, você deve posicionar-se atrás do cliente, en‐
Prestar atenção ao Suporte Básico de Vida volvendo-o com os braços, fechando uma das mãos, que
através de seus passos chamados de CABD é colocada com o lado do polegar contra o abdome na
primário, visto que seus passos são muito im‐ linha média entre o apêndice xifóide e a cicatriz umbili‐
portantes nos concursos públicos. cal. O punho fechado deve ser agarrado pela outra mão.
Em seguida, aplicar golpes rápidos para dentro e para
cima até que o corpo estranho seja expelido ou a pes‐
7. Desfibrilação soa tornar-se inconsciente. Esta manobra provoca uma
tosse artificial, tentando expelir o corpo estranho. Caso a
A fibrilação ventricular é uma condição na qual o co‐ pessoa fique inconsciente, inicie o protocolo de SBV. Em
ração desempenha um grande quantidade de sístoles Ovace, é importante a retirada do corpo estranho, que
num período de tempo curto de modo que não há tem‐ somente deve ser removido se for visualizado.
po do coração se encher de sangue durante a diástole Tentar visualizá-lo na região posterior da faringe após
provocando uma condição de choque cardiogênico se‐ realizar a primeira ventilação. A varredura digital às cegas
guido de parada cardíaca. A melhor forma de evitar a não deve ser realizada.
parada cardíaca é desfibrilar antes que a parada cardíaca Para pessoas obesas, aplique compressões torácicas
se concretize. em vez de abdominais, caso não consiga envolvê-la com
os braços.
7.1. Tempo Ideal para realizar a Fibrilação Ventri-
cular 8.1. Ovace em Crianças
• Primeiros 3 a 5 minutos de parada cardiorrespi‐ A Manobra de Heimlich pode ser aplicada em crian‐
ratória, o coração se encontra em fibrilação ventri‐ ças, porém, observe que a estatura da criança é menor
cular grosseira; que a do adulto. Para que a manobra seja realizada com
• Depois de 5 minutos, a fibrilação ventricular di‐ eficiência, você deve ficar ajoelhado atrás da criança, de
minui amplitudes das sístoles devido á queda de modo que fique aproximadamente com sua estatura
energia do tecido miocárdio. para a execução da manobra. Cuidado, pois as compres‐
sões abdominais em crianças podem causar lesões inter‐
Neste sentido, o tempo ideal para realizar a desfibri‐ nas pela proximidade dos órgãos.
lação é quando a fibrilação ventricular se inicia, ou seja,
nos primeiros 3 a 5 minutos da parada cardiorrespiratória. 8.2. Ovace no bebê
A desfibrilação é o único tratamento para parada car‐
diorrespiratória em fibrilação ventricular ou taquicardia Para realizar a desobstrução de vias aéreas em bebês
ventricular sem pulso. responsivos, sentar-se ou ajoelhar-se com bebê em seu
colo, segurando-o de barriga para baixo e com a cabeça
Referências Bibliográficas levemente mais baixa que o tórax, apoiada em seu ante‐
www.enfermagemesquematizada.com.br/parada‐ braço. Apoie a cabeça e a mandíbula do bebê com sua
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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dando suporte à face e à mandíbula, enquanto a palma esquerdo do coração como sangue arterial, é necessário
da outra mão apoia a parte posterior da cabeça. Girar o que no mesmo intervalo de tempo circule pelos alvéolos
bebê enquanto apoia sua cabeça e pescoço. Segure-o de cerca de 4 litros de ar.Em caso de diminuição da ventila‐
costas. Repouse seu antebraço sobre sua coxa e mante‐ ção alveolar surge a hipoxemia.
nha a cabeça do bebê mais baixa que o tronco. Aplique Esse fato pode ocorrer quando um grupo de alvéolos
cinco compressões torácicas rápidas abaixo da linha dos está parcialmente ocupado por líquido ou quando a via
mamilos, no mesmo local onde se realiza a RCP. aérea está parcialmente obstruída. Com o agravamento
Aplique as compressões torácicas com uma frequên‐ do quadro, a ventilação de uma área considerável do pul‐
cia de uma por segundo, com a intensidade suficiente mão poderá entrar em colapso, originando um verdadei‐
para deslocar o corpo estranho. ro “curto-circuito” ou shunt e retenção de CO2, caracte‐
Alterne a sequência de cinco golpes nas costas e cin‐ rizando a hipercapnia.
co compressões torácicas até que o objeto seja removi‐ Para avaliar as condições de ventilação pulmonar do
do. Se o bebê tornar-se inconsciente, parar de aplicar os paciente utiliza-se o exame de gasometria, cuja variação
golpes nas costas, colocando-o em uma superfície rígida da medida dos gases e outros parâmetros podem ser
e plana. Abra a via aérea e inspecione se o corpo estra‐ analisados no sangue arterial ou venoso. A gasometria
nho se encontra na região posterior da faringe, pois só arterial é mais utilizada e os valores normais são:
deve ser removido quando visualizado. A varredura digi‐
tal às cegas não deve ser realizada. Parâmetros................ Valores de normalidade
Realize cinco ciclos de 30 compressões e duas ven‐ pH.............................. 7,35 a 7,45
tilações, observando durante a ventilação se visualiza o PaO2........................... 80 - 90 mmHg
corpo estranho. Após aproximadamente 2 minutos de PaCO2......................... 35 - 45 mmHg
RCP, acione o serviço de emergência. Bicarbonato............... 22 - 26 mEq/L
O lactente não deve ser abandonado para solicitar Excesso de base........ -2 a +2 mEq/L
ajuda. Mantê-lo sempre ao seu lado. Saturação de 02......... 96 - 97%
Esta classificação é eminentemente clínica, baseada na 2) Ação direta, depressora nos tecidos e órgãos,
maior ou menor rapidez em que surgem os sintomas e como:
sinais clínicos, acompanhados por alterações evidencia‐ - cianose: devido ao aumento da carboxihemoglobi‐
das por meio de exames laboratoriais e outros métodos na no sangue;
diagnósticos. - insuficiência cardíaca: ocasionando o cor pulmona‐
Em condições fisiológicas e repouso, o lado direito le como resultado da sobrecarga cardíaca direita
do coração envia para a circulação pulmonar cerca de 5 e das lesões induzidas pela hipóxia no miocárdio;
litros de sangue por minuto. Ao passar pelos capilares - confusão, convulsões e coma: resultantes da irrita‐
ocorre a hematose, com captação de oxigênio pela cor‐ ção e depressão dos neurônios;
rente sanguínea e eliminação de CO2 para os alvéolos. - uremia, anúria e insuficiência renal: por ação direta
Para que estes 5 litros de sangue regressem para o lado da hipoxemia sobre as estruturas nobres do rim.
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A hipercapnia moderada determina duas ações si‐ nodais dos átrios, o nó atrioventricular (AV), o feixe de His
multâneas e contrapostas sobre o sistema nervosocen‐ e o sistema de Purkinje, que têm por objetivo propagar
tral e cardiovascular: rapidamente o potencial de ação por todo o miocárdio.
- a elevação do PaCO2 exerce um estímulo sobre a O impulso elétrico, que normalmente se inicia no nó
medula suprarrenal aumentando asecreção de ca‐ sinusal e se propaga pelas vias internodais, atinge os
tecolaminas, desencadeando a vasoconstrição, hi‐ átrios direito e esquerdo e, simultaneamente, o nó atrio‐
pertensão e taquicardia; ventricular, com velocidade de ação diminuída.
- para a ação de vasoconstrição das catecolaminas é A condução lenta assegura que os ventrículos tenham
necessária a presença de terminaçõesdo sistema tempo suficiente para se encherem de sangue antes de
nervoso vegetativo, encontradas nos vasos do or‐ sua ativação e contração.
ganismo, exceto no cérebro. A partir do nó AV, o potencial de ação avança pelo
sistema de condução ventricular, que se inicia no feixe
Portanto, sobre a circulação cerebral, produz vaso‐ de His, ramos esquerdos (RE) e direito (RD) dos feixes
dilatação e cefaleia.O efeito estimulante da hipercapnia menores do sistema de Purkinje. A condução pelo sis‐
origina agitação e agressividade. Ao deprimir o centro tema His-Purkinje é muito rápida e distribui o potencial
respiratório, determina a oligopneia e apneia, ao mesmo de ação aos ventrículos, permitindo a contração e ejeção
tempo em que atua sobre o neurônio, deprimindo-o e eficiente do sangue caracterizando o ato mecânico da
acarretando sonolência, confusão, coma e vasodilatação bomba cardíaca.
paralítica. O eletrocardiograma (ECG) é um registro da ativação
O organismo tenta eliminar CO2 com uma respiração elétrica do coração.
profunda e rápida, mas este tipo de respiração pode ser Para que a corrente elétrica faça todo o percurso in‐
inútil, se os pulmões não funcionam com normalidade. tracardíaco, cargas positivas e negativas estão contidas
dentro das células especializadas do coração. Quando
10. Cuidando do cliente com agravos cardiovascu- em repouso, o lado de fora da célula é positivo e o de
lares em urgência e emergência dentro negativo, processo este denominado estado ba‐
lanceado ou polarizado.
10.1. Arritmias cardíacas Ao ocorrer o estímulo destas células, sua polaridade
é invertida, ou seja, positiva dentro e negativa fora, ocor‐
As arritmias são distúrbios na geração, condução e/ rendo assim a despolarização, que reflete o fluxo de uma
ou propagação do impulso elétrico no coração, podendo corrente elétrica para todas as células ao longo das vias
representar risco iminente de morte quando associada de condução, retornando posteriormente ao seu estado
a agravos como insuficiência cardíaca congestiva (ICC), original em repouso, estado este denominado de repo‐
tromboembolismo e choque cardiogênico. larização.
Podem ser espontâneas, denominadas primárias, ou As propriedades das células miocárdicas, que permi‐
secundárias quando vinculadas a outras patologias de tem estes eventos levando à contração do músculo car‐
base como infarto agudo do miocárdio. A incidência de díaco, são a automaticidade ou capacidade de iniciar um
arritmias é maior em adultos, relacionadas ou não a ou‐ impulso elétrico, a excitabilidade ou capacidade em res‐
tras patologias. Em crianças, a grande maioria das arrit‐ ponder a um impulso, condutividade ou capacidade de
mias tem característica secundária a patologias de base, transmitir um impulso e, contratilidade ou capacidade de
pós-operatórios de cirurgia cardíaca, distúrbios metabó‐ responder a ação de bomba cardíaca. Essas propriedades
licos, hipoxemia e choque. determinam a atividade elétrica do coração.
A eletrofisiologia cardíaca envolve todo o processo É importante que você saiba que o ECG é um gal-
de ativação elétrica do coração, destacando-se os poten‐ vanômetro que mede pequenas intensidades de cor-
ciais de ação cardíacos, a condução de ação desses po‐ rente elétrica a partir de dois eletrodos dispostos no
tenciais ao longo dos tecidos condutores especializados, corpo, registrando a atividade elétrica cardíaca em
a excitabilidade e os períodos refratários, os efeitos mo‐ um gráfico. As ondas originárias dessa atividade elé-
duladores do sistema autônomo sobre a frequência car‐ trica são designadas pelas letras P-Q-R-S-T.
díaca e velocidade de condução sobre a excitabilidade. Como as forças elétricas geradas pelo coração se es‐
Para que o coração funcione como bomba é neces‐ palham simultaneamente em várias direções, as ondas
sário que os ventrículos sejam eletricamente ativados. podem ser captadas em diferentes planos do órgão. Há
No músculo cardíaco, a ativação elétrica é o potencial três derivações dos membros denominadas bipolares
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
de ação do coração, que normalmente se origina no nó I-II-II, três derivações dos membros tipo unipolares, que
sinoatrial (SA), também denominado de nó sinusal, loca‐ são AVR-AVLAVF, e seis derivações ventriculares do tipo
lizado no átrio direito. A seguir, é conduzido ao miocár‐ unipolares, que são V1-V2-V3-V4-V5-V6 captadas ao
dio em uma sequência, pois os átrios devem ser ativados longo da parede torácica. A cada uma destas derivações
à contração antes dos ventrículos, a partir do ápice em é atribuída uma função, como você pode ver :
direção à base para a eficiente ejeção do sangue. Onda P: atividade elétrica que percorre os átrios;
O coração consiste em dois tipos de células muscu‐ Intervalo P-R: intervalo de tempo entre o início da
lares, que são as contráteis, que compõem a maioria das despolarização atrial até o início da despolarização ven‐
células dos átrios e ventrículos levando à contração, ge‐ tricular;
rando força e pressão no coração; e as condutoras, que Complexo Ventricular QRS: despolarização dos ven‐
compreendem os tecidos do nó sinoatrial, as vias inter‐ trículos;
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Onda Q: despolarização septal; como sinal clínico e não como arritmia, não apresentada
Onda R: despolarização ventricular; sintomatologia específica, devendo ser avaliada a condi‐
Onda S: despolarização da região basal posterior do ção clínica que desencadeou a taquicardia e, portanto, o
ventrículo E; tratamento direcionado a etiologia de base.
Onda T: repolarização dos ventrículos; Na arritmia sinusal, encontramos morfologia da onda
Segmento S-T: período de inatividade elétrica depois P, constante com intervalo P-P variável.
de o miocárdio estar despolarizado; É importante destacar que essa arritmia sinaliza a
Intervalo Q-T: tempo necessário para despolarização gravidade de outras que poderão ser desencadeadas.
e repolarização dos ventrículos.
É importante que você fique atento à instalação 10.3. Bradicardia ou bradiarritmia
correta dos eletrodos e cabos do ECG, conforme abai-
xo, para um diagnóstico correto e o atendimento efi- Possuem frequências cardíacas menores do que 100
caz. bpm.
Localização das derivações precordiais (unipolares): Incluem bradicardia sinusal e bloqueio átrio ventricu‐
V1: 4º espaço intercostal direito do esterno lar (AV) de 1º, 2º e 3º grau. O bloqueio AV de 3º grau, de‐
V2: 4º espaço intercostal esquerdo do esterno nominado bloqueio átrio ventricular total, é o mais grave
V3: a meia distância entre V2 e V4 de todos, porque nenhum dos impulsos atriais estimula
V4: 5º espaço intercostal esquerdo a partir da linha o nódulo AV.
média clavicular É comum o paciente apresentar síncope, desmaio
V5: 5º espaço intercostal esquerdo a partir da linha ou insuficiência cardíaca súbita.
média clavicular Na bradicardia sinusal, o ritmo sinusal apresenta fre‐
V6: linha axilar média no mesmo nível de V4 quência menor do que 60 bpm no adulto e menor de 80
bpm em crianças. As causas estão relacionadas ao au‐
As manifestações da frequência cardíaca muito alta mento do tônus. Exemplos: drogas, isquemias, miocar‐
ou muito baixa com distúrbio de ritmo são denominadas dites, hipotireoidismo, treinamento físico, entre outros.
de taquiarritmias e bradiarritmias, respectivamente, po‐ O bloqueio AV de 3º grau – Bloqueio átrio ventricular
dendo ocasionar alteração de nível de consciência, sín‐ total (BAVT) caracteriza-se pela não passagem de estí‐
cope, palpitações, parada cardiorrespiratória e, em casos mulos atriais aos ventrículos. A onda P não tem relação
extremos, morte súbita. fixa com o complexo QRS. A frequência atrial é maior que
Observe que, nesse caso, a arritmia está sendo clas‐ a ventricular e o intervalo P-P é normal.
sificada com base na frequência cardíaca e verificada em
batimento por minuto (bpm). 10.4. Ritmos ventriculares
Outra forma conhecida de classificação é por sua lo‐
calização, podendo aparecer nos átrios ou nos ventrícu‐ Os ritmos ventriculares são considerados importantes
los. Quando os focos ectópicos, também chamados de por levarem a maior número de casos de morte súbita.
extrassístoles (batimentos extras), estão localizados nos Por esse motivo, é importante a sua atuação como técni‐
átrios, temos as arritmias supraventriculares ou atriais, e co na identificação desses ritmos ventriculares.
quando os focos se localizam nos ventrículos, as arrit‐ A fibrilação ventricular (FV) é desencadeada por
mias são denominadas ventriculares. múltiplos focos ventriculares ectópicos, levando a
uma contração caótica dos ventrículos. Cada foco ec-
10.2. Taquicardias ou taquiarritmias tópico dispara em diferente frequência, comprome-
tendo a musculatura ventricular e interrompendo, de
As taquicardias ou taquiarritmias são aquelas que forma abrupta, o débito cardíaco.
aceleram o músculo cardíaco com frequência cardíaca A identificação é facilitada tanto no eletrocardiogra‐
superior a 100 bpm. As manifestações mais graves es‐ ma como no monitor cardíaco, porque não há padrão
tão associadas ao baixo débito como sudorese, palidez, característico de traçado devido à irregularidade que
hipotensão e perfusão inadequada, e a sintomas relacio‐ apresenta. Trata-se de uma emergência pela perda da
nados à insuficiência cardíaca ou coronariana como disp‐ função cardiovascular, podendo ser consequência do uso
neia e angina. Na presença desses fatores, as arritmias de drogas, de situações de trauma, patologias cardiovas‐
são denominadas instáveis. culares como síndromes isquêmicas, entre outras.
É importante que você observe atentamente o
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
traçado que está monitor cardíaco, associando aos 10.5. Fibrilação ventricular
sinais e sintomas, agilizando assim o atendimento à
urgência. A taquicardia ventricular (TV) pode aparecer de forma
contínua, intermitente ou sustentada, sendo este último
As principais arritmias são taquicardia sinusal, arrit‐ o mais grave. A frequência oscila entre 150 a 250 bati‐
mia sinusal e ritmos atriais não sinusal. mentos por minuto, com complexo QRS alargado e de
As taquicardias sinusais estão relacionadas ao aumen‐ morfologia bizarra, e pode ou não afetar a atividade atrial
to do tônus adrenérgico como nos casos de isquemias, uma vez que está dissociada da atividade ventricular.
insuficiência respiratória, hipertireoidismo, hipotensão Denominamos de Torsades de Pointes a TV sustenta‐
arterial, efeitos de drogas como broncodilatadores, dro‐ da, de característica polimórfica, o que justifica ter, ana‐
gas ilícitas, febre, hipovolemia e outras. Considerada lisando as derivações eletrocardiográficas, polaridades
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diferentes nos complexos QRS separados por batimen‐ O diagnóstico é fundamentado, documentando o au‐
tos, de maneira intermediária, com duração maior que 30 mento da pressão arterial, com sinais e sintomas rele‐
minutos, independente da morfologia elétrica. vantes que indicam ou não comprometimento de órgão
No flutter ventricular, o ritmo é intermediário entre a alvo.
taquicardia ventricular e fibrilação ventricular de evolu‐ A avaliação clínica minuciosa com busca de altera‐
ção rápida e comprometedora da manutenção da vida ções dos sistemas neurológico, cardiovascular, pulmona‐
do paciente. Necessita de reversão rápida, evitando-se a res e vasculares é imprescindível. Exames de imagem tais
deterioração do sistema cardiovascular, seguido por fi‐ como eletrocardiograma, radiografia de tórax, fundos‐
brilação ventricular e PCR. A frequência cardíaca oscila copia (exame de fundo de olho) e exames laboratoriais
de 250 a 350 bpm. (ureia, creatinina e demais eletrólitos, urina I) colaboram
na investigação diagnóstica.
10.6. Crise Hipertensiva Várias são as condições clínicas que podem desenca‐
dear a crise hipertensiva. Nas emergências hipertensivas,
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) constitui um destacam-se edema agudo de pulmão, uremia de qual‐
dos grandes problemas de saúde pública no Brasil e no quer causa, hemorragia cerebral, epilepsia, encefalites,
mundo. Representa um dos mais importantes fatores de ansiedade com hiperventilação, ingestão excessiva de
risco para o desenvolvimento das doenças cardiovascu‐ drogas, dissecção de aorta, infarto agudo do miocárdio
lares, cerebrovasculares e renais, sendo responsável por (IAM), acidente vascular encefálico (AVE),feocromocito‐
pelo menos 40% das mortes por acidente vascular cere‐ ma, eclâmpsia e algumas colagenoses.
bral, por 25% das mortes por doença arterial coronariana Para as urgências hipertensivas, destacam-se a hiper‐
e, em combinação com diabete, 50% dos casos de insu‐ tensão maligna, suspensão abrupta do tratamento com
ficiência renal terminal (MS. Caderno de Atenção Básica anti-hipertensivos, cirurgias com HAS grave no período
nº 15, 2006).
pré, trans e pós-operatório de cirurgias gerais, e pós‐
A crise hipertensiva pode surgir em qualquer idade e
-transplante renal.
representa o desencadeamento da hipertensão de cau‐
O princípio para o tratamento da crise hipertensiva
sas variadas. Pode ser dividida em urgência hipertensiva
difere quanto à urgência e à emergência. O principal ob‐
e emergência hipertensiva.
A urgência hipertensiva é uma situação em que ocor‐ jetivo é o controle da pressão, evitando-se lesões orgâni‐
re aumento da pressão arterial, atingindo valores na cas agudas com sequelas irreversíveis.
pressão arterial diastólica (PAD) > 110 mmHg e sistólica Nas urgências hipertensivas são utilizadas drogas
(PAS) > 180 mmHg, sem lesão aguda a órgãos-alvo, que por via oral, de ação moderada, com intuito de reduzir
são olhos, coração, rim e cérebro. Os níveis pressóricos a pressão arterial de forma gradual. Como orientação
podem ser reduzidos em até 24 horas. na alta, é feito o ajuste de dose da medicação ou para
Ao contrário, a emergência hipertensiva é uma situa‐ pacientes que não utilizam medicações, iniciar esquema
ção que requer redução rápida da PA, no período máxi‐ medicamentoso com drogas de ação curta administradas
mo de uma hora. Representa risco imediato à vida de‐ por via oral em horários ao longo do dia. O paciente deve
vido a lesões de órgão alvo com complicações do tipo ser orientado a aferir a pressão arterial uma vez ao dia
encefalopatia, infarto, angina instável, edema agudo de até o ajuste da dose.
pulmão, acidente vascular encefálico isquêmico (Avei),
acidente vascular encefálico hemorrágico (Aveh), dissec‐ 11. Cuidando do cliente com agravos neurológicos
ção de aorta e eclâmpsia. Geralmente, a PAD é maior que em urgência e emergência
130 mmHg e sintomas clínicos estão presentes, o que
indica a necessidade de internação hospitalar, se possível 11.1. Acidente Vascular Encefálico (AVE)
em UTI, com início imediato de drogas anti-hipertensi‐
vas por via endovenosa. Faz-se necessário ressaltar que As doenças do aparelho circulatório tornaram-se,
o nível absoluto da PA não deve ser o parâmetro mais dentre as patologias não transmissíveis, aquelas que
importante de diagnóstico, mas sim a presença de lesões apresentam maior índice de morbimortalidade. Dados
de órgão-alvo e as condições clínicas associadas. analisados no Estado de São Paulo em 2007, demons‐
Nas emergências hipertensivas, ocorre injúria vascu‐ tram que, do total de óbitos, aproximadamente 36% fo‐
lar em virtude da falha no sistema autorregulatório que, ram em consequência de patologias do aparelho circu‐
mediante níveis tensionais elevados, provoca a vaso‐
latório, observando-se discreta predominância do sexo
constrição.
masculino (53%). Segundo Fundação Sistema Estadual
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
81
se estende a doença indicaa necessidade de desenvolvi‐ neurológico. A passagem de sonda gástrica e de sonda
mento de estratégias de proteção e cuidadoao familiar vesical de demora facilita o controle de débitos e do ba‐
doente. lanço hídrico.
“Acidente Vascular Encefálico” Trata-se de mal súbi‐ A decisão quanto ao tratamento clínico ou cirúrgico
to com evolução rápida que acomete um ou vários va‐ dependerá do tipo de AVE e da evolução do paciente, ca‐
sos sanguíneos responsáveis pela irrigação do encéfalo, bendo à equipe de enfermagem prepará-lo para unidade
ocasionando alterações histopatológicas e resultando especializada.
em déficits neurológicos. Esse acometimento vascular in‐
clui aspectos funcionais e estruturais, bem como o fluxo 11.2. Crise convulsiva
sanguíneo e distúrbios de coagulação, podendo originar
duas situações: o AVE isquêmico, que corresponde de Clínica bastante frequente, que se manifesta tanto em
80% a 85% dos casos, e o AVE hemorrágico, que acome‐ patologias neurológicas como acidente vascular cerebral,
te em torno de 10% a 15% da população. Ambos causam traumatismo cranioencefálico e encefalite é a convulsão.
sequelas distintas e de extensão variável, conforme a re‐ Pode ocorrer como evento isolado em decorrência de
gião afetada. doenças sistêmicas tais como distúrbios hidroeletrolíti‐
O AVE isquêmico é caracterizado por uma área de in‐ cos, insuficiência renal, insuficiência hepática, septicemia,
farto cerebral devido à interrupção do fluxo sanguíneo, estado hiperglicêmico, entre outros.
que acarreta em dano estrutural irreversível. Conjunta‐ Considerada uma condição multifatorial, a crise con‐
mente, ocorre uma região de instabilidade, denomina‐ vulsiva pode ser definida como uma desordem na trans‐
da zona de penumbra, cujas sequelas dependerão da missão dos impulsos elétricos cerebrais, que se manifesta
magnitude do dano e de sua repercussão futura. Na fase por espasmos involuntários dos grupos musculares com
aguda da isquemia, essa região tem sua irrigação dimi‐ ou sem perda da consciência, sendo limitada em relação
nuída, mas suficiente para manter a viabilidade celular ao tempo.
temporariamente. Devido à alteração paroxística da atividade cerebral,
Para a delimitação da área afetada pelo infarto cere‐ que se inicia em um grupo de neurônios ou ainda se es‐
bral, bem como sua extensão, devem ser consideradas a palha por uma área generalizada, as convulsões se ca‐
oxigenação, o equilíbrio metabólico, o fluxo sanguíneo e racterizam por movimentos musculares involuntários e
a circulação colateral do local afetado. súbitos, de forma generalizada ou acometendo um seg‐
A principal causa do AVE isquêmico é o tromboembo‐ mento do corpo.
lismo arterial em decorrência de embolias cardíacas ou Podem ser classificadas em tônicas, quando caracteri‐
ainda de grandes vasos, que incluem as artérias aorta, zadas por sustentação e imobilização das articulações; clô‐
carótida e vertebrais. Situações de oclusão de pequenos nicas, quando se apresentam de forma ritmada, com perío‐
vasos, vasculites, dissecção vascular e ainda discrasias
dos de contração e relaxamento; ou ainda tônico-clônicas,
sanguíneas, enxaqueca, cardiopatias congênitas também
que se caracterizam pelas duas formas descritas, com per‐
são considerados fatores etiológicos.
da da consciência e do controle esfincteriano.
Segundo o protocolo do National Institute of Neuro‐
O período de duração de uma crise convulsiva é de
logical Disorders and Stroke (NINDS), as metas de tem‐
aproximadamente de 2 a 5 minutos, podendo sobrevir
po para que pacientes sejam beneficiados com a terapia
a cefaleia, confusão mental, dores musculares e fadiga.
trombolítica é de até três horas, a partir da primeira ma‐
A investigação diagnóstica é fundamentada na histó‐
nifestação clínica. Deve ser utilizada após avaliação crite‐
riosa das condições clínicas do paciente, conjuntamente ria pregressa e atual do paciente, complementando com
aos métodos diagnósticos laboratoriais ou de imagem. exame de tomografia computadorizada e eletroencefa‐
Há evidência de real melhora da zona de penumbra lograma. Há necessidade de exames laboratoriais para
após a trombólise com a administração do ativador plas‐ pesquisa de possíveis alterações bioquímicas e metabóli‐
minogênico tecidual humano recombinante (rt-PA), pro‐ cas para auxiliar no diagnóstico.
piciando o restabelecimento da circulação que envolve a O tratamento é baseado na manifestação clínica, com
área de necrose. intuito de minimizar as contrações musculares por meio
Os processos cerebrais inflamatório, traumático, neo‐ da administração de medicamentos miorrelaxante por
plásico parasitário e vascular podem alterar o equilíbrio via endovenosa. Por vezes, é necessária a infusão contí‐
do sangue, líquor e massa encefálica levando à hiperten‐ nua ou intermitente de medicamento anticonvulsivante
são intracraniana. Medidas para contenção da pressão para prevenção de novos episódios.
intracraniana (PIC), como diminuição do edema cerebral, No estado pós-convulsivo podem ocorrer injúrias
como broncoaspiração, coma, hipóxia, acidose metabó‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
82
Certifique-se de que esse indivíduo não sofreu uma primeiramente a estrutura e os fenômenos fisiológicos
queda, pois essa condição modifica a sua ação na abor‐ relacionados ao equilíbrio hidroeletrolítico que ocorrem
dagem em situação de trauma, visando, então, preservar no organismo.
a integridade da coluna cervical. É uma condição associada à distribuição de água
Durante a crise convulsiva, coloque algo macio sob e eletrólitos no nosso corpo e depende de alimentação
a cabeça do paciente, se encontrado deitado no chão, saudável, bem como do adequado funcionamento dos
apoiando-a cuidadosamente a fim de evitar traumas. Se órgãos.
possível, remova ou afrouxe a roupa apertada, observe A privação, o aumento ou a diminuição de água e/ou
se há adornos no pescoço que possam dificultar a res‐ eletrólitos pode acarretar em desequilíbrios importantes
piração. detectados em diferentes agravos.
Avaliar o padrão respiratório e condições hemodinâ‐ A hipervolemia é uma condição em que ocorre o ex‐
micas, permanecendo atento durante o episódio convul‐ cessivo ganho de líquidos pela disfunção dos mecanis‐
sivo, inclusive em relação ao tipo de contração (tônica, mos homeostáticos evidenciados na insuficiência cardía‐
clônica ou ambas), horário de início e término do epi‐ ca, renal ou hepática. As principais manifestações clínicas
sódio, frequência (um ou mais), liberação de esfíncter são edema, ingurgitamento jugular e taquicardia. Nor‐
vesical e/ou intestinal. Durante a convulsão, administrar malmente há aumento da pressão arterial, da pressão de
a oxigênio e droga miorrelaxante. A via de administra‐ pulso e da pressão venosa central.
ção preferencial é a endovenosa. Na impossibilidade ou O tratamento é direcionado à patologia de base e
insucesso da venopunção, a opção é por via intraóssea, para a condição que desencadeou o agravo. As condutas
procedimento de atribuição do enfermeiro. incluem a restrição de volume e sódio, como também o
Após a cessação das contrações, reavaliar a permea‐ uso de diuréticos. A realização de hemodiálise ou diálise
bilidade das vias aéreas e eventual necessidade de aspi‐ peritoneal pode ser imperativa.
ração de secreções, administração de outras medicações, Os cuidados de enfermagem nos distúrbios hidroele‐
controle da glicemia capilar e realizar a higiene propor‐ trolíticos visam restabelecer as condições clínicas do pa‐
cionando o conforto. Em presença de prótese dentária, ciente, mantendo perfusão tecidual adequada e preve‐
remova assim que possível. nindo o agravamento do quadro. De acordo com a idade
Em pacientes idosos, é importante considerar que a do paciente, história pregressa e seu metabolismo basal,
história clínica, bem como a ocorrência do fato descrita haverá a necessidade de reposição hídrica e eletrolítica.
por familiares ou outrem que presenciaram a convulsão, Na admissão do paciente em sala de emergência, é
seja considerada em virtude da avaliação do evento. A premente a monitoração da atividade cardíaca devido
hipótese da queda pela fragilidade óssea ou vice-versa às possíveis arritmias que se manifestam na presença de
podem acarretar em danos neurológicos tendo como alterações de potássio. Parestesias e câimbras ou outras
manifestação a convulsão. A atenção deve estar volta‐ alterações neuromusculares podem advir de sua dimi‐
da para prevenção e antecipação do evento por meio de nuição.
medidas simples como iluminação adequada, diferen‐ O controle periódico de sinais vitais, incluindo a pres‐
ciação visível entre degraus, instalação de corrimão para são venosa central (PVC), é importante para avaliação de
apoio, conservação dos pisos, retirada de tapetes ou fixa‐ hipovolemia e possíveis agravos como o choque. É ne‐
ção dos mesmos, entre outros. cessário que a reposição de potássio, quando prescrita,
seja realizada diluída e preferencialmente em bomba de
11.3. Desequilíbrio Hidroeletrolítico infusão.
Estar atento a sonolência, letargia, confusão mental
e/ou outros transtornos neurológicos são cuidados que
Aprofundar seus conhecimentos sobre desequilíbrio
visam detectar alterações na concentração de sódio.
hidroeletrolítico lhe possibilitará identificar os cuidados
Ao realizar a coleta de sangue e urina para acompa‐
de enfermagem preconizados ao paciente nessas condi‐
nhamento dos níveis séricos de K e Na, é importante agi‐
ções, estabelecendo correlação entre o cuidado, sinais,
lizar o encaminhamento ao laboratório.
sintomas e tratamento.
Providenciar acesso venoso calibroso para reposição
Muitos pacientes que dão entrada na unidade de
hídrica e eletrolítica.
atendimento de urgência podem ter o equilíbrio hi‐
Outros cuidados incluem a observação sistemática da
droeletrolítico comprometido em função de diferentes perfusão periférica, coloração e turgor de pele e muco‐
agravos à saúde. sas, instalação de oximetria de pulso e controle de peso
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Certas condições em que ocorre retenção excessi‐ se houver edema. Em relação à administração de medi‐
va de líquidos, como na insuficiência cardíaca ou renal, camentos como diuréticos, estar atento ao volume de
ou que levam a perdas exageradas, como em casos de diurese e balanço hídrico.
diarreia e vômitos persistentes, pode haver desequilíbrio Distúrbios gastrointestinais podem ocorrer nas alte‐
hidroeletrolítico. A ação fundamental de enfermagem ao rações de volume e de eletrólitos. É fundamental assistir
cliente, no caso, seráo controle da volemia e dos eletró‐ o paciente em casos de náuseas e vômitos e observar o
litos. funcionamento intestinal, pois, na presença de hipoca‐
Entendemos que para o profissional de enfermagem lemia a motilidade pode estar diminuída, enquanto na
prestar cuidados com segurança é necessário que saiba hipercalemia pode haverepisódios de diarreia. Lembre‐
relacionar a sintomatologia, o tratamento e os cuidados -se de manter o paciente em condições adequadas de
de enfermagem. Para que isso ocorra, é preciso conhecer higiene e conforto, assegurando sua privacidade.
83
Não se esqueça de anotar todas as intercorrências em Intervenções rápidas com a finalidade de evitar com‐
prontuário de forma clara e objetiva, garantindo assim a plicações e consequências irreversíveis são aplicadas
comunicação entre a equipe multidisciplinar. As anota‐ desde o momento que o paciente procura o serviço de
ções de enfermagem, registradas no prontuário do pa‐ pronto-socorro.
ciente, além de ser um instrumento legal, implica na con‐ Controles dos parâmetros da pressão arterial e da
tinuidade da assistência prestada por conter informações pressão venosa central evidenciam a necessidade da re‐
pertinentes do processo do cuidar. Fornecem dados para posição volêmica. A punção de acesso venoso calibroso
que o enfermeiro possa estabelecer o plano de cuidados facilita a expansão de fluidos, como nos casos de quei‐
após avaliação dos cuidados prestados e da resposta do maduras, hemorragias, vômitos e diarreia.
paciente em consonância com os resultados esperados. Muitas vezes, a reposição de volume por meio de so‐
luções cristaloides, coloidais ou hemocomponentes res‐
11.4. Insuficiência Renal Aguda tabelecem a função renal. Esteja atento à velocidade de
infusão desses volumes para que não ocorra sobrecarga
A maioria desses agravos poderia ser evitada com cardíaca.
medidas de prevenção e controle das dislipidemias, da A monitoração cardíaca evidencia a possibilidade de
hipertensão arterial, do diabetes e de outras patologias arritmias cardíacas sugestivas de alterações bioquímicas
previsíveis. Essas patologias, quando não tratadas ade‐ como a hipocalemia ou hipercalemia, considerada como
quadamente, podem provocar a perda da função renal principal causa de morte em pacientes com IRA.
levando à insuficiência renal. Esta se caracteriza por redu‐
ção da filtração glomerular (RFG), levando à diminuição 11.5. Desequilíbrio Ácido Básico
da diurese e retenção de ureia e creatinina.
As funções renais incluem, além do equilíbrio de água A compreensão do metabolismo normal do nosso
e eletrólitos e da eliminação de toxinas, a liberação de corpo é fundamental para o entendimento do desequi‐
eritropoetina, que estimula a medula óssea na produção líbrio ácido básico. Para que a função celular ocorra de
de glóbulos vermelhos, a manutenção de ossos sadios forma adequada, é necessário que o organismo mante‐
com o equilíbrio de fósforo e cálcio e ajuda no controle nha o equilíbrio de eletrólitos, água e concentração de
da pressão arterial por meio da liberação de hormônios. íons de hidrogênio, fundamentais para a regulação dos
A insuficiência renal pode se manifestar de forma líquidos corpóreos. O equilíbrio de bases e ácidos pre‐
aguda, situação mais comum nos serviços de urgência/ sentes no organismo são mantidos por reações químicas
emergência, em pacientes em situações críticas interna‐ que permitem a entrada e saída dos íons de hidrogênio
dos em UTI por patologias variadas bem, como na forma pela membrana celular. Essa regulação preserva as fun‐
crônica, quando há perda total e irreversível da função ções de órgãos e sistemas.
renal, que se manifesta lenta e progressivamente. Na medida em que há alterações da concentração
De acordo com a etiologia, a insuficiência renal aguda de íons de hidrogênio, a membrana celular modifica sua
(IRA) é classificada em pré-renal, renal e pós-renal. permeabilidade, alterando todo metabolismo orgânico.
A IRA pré-renal é caracterizada quando há hipoperfu‐ Normalmente, o metabolismo celular libera ácidos e
são renal de causas variadas, normalmente relacionadas bases na corrente sanguínea e esses se ligam por meio
à hipovolemia e corresponde a 50%- 60% dos casos. A de reações químicas mantendo o pH sanguíneo.
IRA renal implica no acometimento dos néfrons, seja em O principal ácido é o ácido carbônico que, devido à
vasos, glomérulos ou túbulos renais, comprometendo sua instabilidade, se transforma em dióxido de carbono
e água, que são eliminados pelos pulmões e pela uri‐
suas funções e sendo responsável por aproximadamente
na, respectivamente. A principal base é o bicarbonato,
35% dos casos. Na IRA pós-renal, há uma obstrução agu‐
obtido por meio da reação química entre o dióxido de
da em qualquer localização do sistema coletor, ureter ou
carbono e a água. Para que essas reações se mantenham
bexiga em 5% dos casos, causando aumento da pressão
em equilíbrio, ou seja, a manutenção do pH neutro, é
nas vias urinária que acarreta na diminuição da RFG. Atin‐
necessário que o organismo disponha de mecanismos
ge indivíduos de todas as faixas etárias e pode evoluir
denominados sistemas tampões.
para a insuficiência renal crônica.
As alterações de pH podem causar aumento da resis‐
A história clínica do paciente pode dar indícios impor‐
tência vascular pulmonar e redução da resistência vascu‐
tantes para saber a causa da IRA como doenças crônicas, lar sistêmica; alterações no sistema nervoso central, na
antecedentes familiares de doenças renais, uso recente atividade elétrica e contratilidade do miocárdio; e dificul‐
ou contínuo de medicamentos tais como anti-inflamató‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
84
O mecanismo respiratório, de ação rápida, é respon‐ Os pacientes hospitalizados também estão expostos
sável pela eliminação de ácido carbônico, enquanto o aos riscos de intoxicação devido aos erros de medicação,
mecanismo renal, de ação lenta, tanto elimina íons hi‐ relacionados à omissão, administração de medicamen‐
drogênio como retém bicarbonato. to não prescrito, erros na dosagem, preparo, via de ad‐
As variações de pH ocasionam a acidose ou alcalose, ministração, prescrição, distribuição ou dispensação da
que podem ser metabólicas ou respiratórias. medicação.
Valores muito abaixo ou muito acima são incompatí‐ Outro grupo afetado pelas intoxicações são os tra‐
veis com a vida. balhadores, em diferentes áreas, devido à exposição aos
A acidose respiratória ocorre devido à redução da eli‐ produtos químicos, ocasionando acidentes de trabalho e
minação do dióxido de carbono pelos pulmões, o que doenças ocupacionais.
acarreta na retenção do CO2 no sangue. Esse CO2 au‐ Em geral, as intoxicações agudas se manifestam ra‐
menta a quantidade de ácido carbônico no sangue, re‐ pidamente, produzem sintomas alarmantes em poucos
duzindo o pH. Acidose respiratória segundos, enquanto outras se manifestam após horas ou
Quando aumenta a eliminação de CO2 ocorre a redu‐ dias. Alguns produtos tóxicos causam poucos sintomas
ção de íons hidrogênio e de ácido carbônico no sangue, evidentes até que tenha ocorrido uma lesão permanente
aumentando o pH. Alcalose respiratória da função de órgãos vitais, como fígado ou rins. Essas
A acidose metabólica ocorre pelo aumento de ácidos manifestações insidiosas, dependem de alguns fatores e
do organismo tais como o ácido lático e os corpos cetô‐ variam conforme o agente tóxico, a quantidade, o tempo
nicos, bem como os íons de hidrogênio. Esse aumento de exposição ao agente e as características individuais de
de ácidos provoca uma diminuição do pH. Acidose me- cada pessoa. Alguns produtos tóxicos não são muito po‐
tabólica tentes e exigem exposição prolongada ou repetida para
A alcalose metabólica é caracterizada pelo aumento causar problemas. Outros produtos são tão potentes que
de bases no sangue (bicarbonato), ao contrário dos áci‐ basta uma pequena quantidade para causar uma intoxi‐
dos que estão reduzidos. Alcalose metabólica. cação grave.
Os cuidados de enfermagem iniciam-se com a admis‐ Daí a importância da competência profissional para
são do paciente na sala de emergência. A monitoração atender em casos de intoxicações. Lembre-se: não me‐
dos parâmetros vitais implica na observância de possíveis nospreze nenhuma informação. Porém, em algumas si‐
arritmias, alteração da frequência cardíaca e da pressão tuações, essas informações importantes não podem ser
arterial. A avaliação da frequência respiratória é funda‐ obtidas, pela incapacidade de informação ou pelo des‐
mental para que intervenções de enfermagem sejam rea‐ conhecimento sobre o que aconteceu. Nesses casos, seu
lizadas com agilidade e eficácia. Materiais que permitam raciocínio clínico é fundamental, ao associar as manifes‐
a oferta de oxigênio devem estar dispostos de modo a tações apresentadas com as diversas causas desencadea‐
facilitar seu manuseio, incluindo o acesso à ventilação doras do agravo, iniciando os cuidados imediatos mais
mecânica. adequados, em cada caso.
A possibilidade de infusão venosa e administração No quadro de intoxicação, os sintomas iniciais po‐
medicamentosa exigem do profissional de enfermagem dem variar desde prurido, sensação de boca seca, visão
a punção de veia calibrosa. Exames laboratoriais neces‐ borrada e dor. Fique atento às alterações súbitas e apa‐
sitam de urgência em relação à coleta, bem como a exi‐ rentemente inexplicáveis quanto ao nível de consciência
gência dos resultados para que se possa assistir o pa‐ ou estado mental, aos sinais vitais, convulsões, arritmias
ciente de imediato. O acompanhamento de exames por cardíacas, distúrbios metabólicos e hidroeletrolíticos.
imagens também é de atribuição da equipe de enferma‐
gem, que deve considerar a gravidade do quadro e a ne‐ Em geral, logo ao início das manifestações, as pessoas
cessidade que esse seja acompanhado juntamente com mais próximas, familiares, vizinhos, colegas de trabalho
um membro da equipe médica. A atenção aos familiares identificam a necessidade de ajuda e acionam o serviço
e a preservação da privacidade do paciente faz das ações de atendimento pré-hospitalar móvel.
de enfermagem um trabalho humanizado baseado nos No local, a equipe multiprofissional inicia o atendi‐
princípios da ética. mento, determinando a segurança da cena. A avaliação
primária é efetuada considerando se a vítima está res‐
12. Cuidando do cliente com intoxicação aguda pirando, apresenta batimentos cardíacos, pois, se for
necessário, as manobras de RCP serão iniciadas pronta‐
A intoxicação pode ser decorrente de um acidente,
mente.
de uma tentativa deliberada contra a vida de outros ou
Para continuar o atendimento é importante que a
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
85
para estimar o tempo de exposição. Dependendo do 13. O atendimento à vítima de trauma
tempo, as manifestações podem se intensificar, aumen‐
tando a gravidade da situação, determinando as diferen‐ Considerado a terceira causa de morte no mundo,
ciações nas condutas para o tratamento imediato. perdendo apenas para as doenças cardiovasculares e o
Procure obter os dados relativos aos agentes tóxicos câncer, o trauma atinge uma população jovem e em fase
suspeitos, olhe ao redor e veja se encontra sinais de pro‐ produtiva, tendo como consequência o sofrimento hu‐
dutos ou resíduos da substância. mano e o prejuízo financeiro para o Estado, que arca com
É importante que você seja um bom observador. as despesas da assistência médica e reabilitação, custos
Conforme a história relatada, peça aos familiares administrativos, seguros, destruição de bens e proprie‐
para trazer frascos, rótulos, embalagens e cartelas dades e, ainda, encargos trabalhistas.
vazias do provável agente causador. Veja se é possível Embora as estatísticas mostrem incidência maior de
calcular, por exemplo, quantos comprimidos podem trauma em grandes centros urbanos, essa situação vem
ter sido ingeridos. atingindo também municípios menores, principalmente
Tenha sempre em mente que dados relacionados ao aqueles próximos às grandes rodovias. Essa situação re‐
tipo de substância, a via de introdução do agente tóxico flete diretamente nos serviços locais de saúde, havendo a
e magnitude da exposição, bem como os antecedentes necessidade cada vez maior de profissionais qualificados
clínicos e psiquiátricos e atividade profissional são deter‐ para esse tipo de atendimento.
minantes para a decisão rápida da melhor conduta, em O trauma é um evento nocivo decorrente da libe‐
cada caso. ração de uma das diferentes formas físicas de energia
No pronto-socorro, proceda a avaliação primária, di‐ existente. A energia mecânica é uma das causas mais
recionando os cuidados conforme as alterações apresen‐ comuns de lesões, encontradas nas colisões de veículos
tadas pelo cliente. Se necessário, monitorize, administre automotores. Percebemos a presença da energia química
oxigenoterapia, realize a venopunção, a coleta de sangue quando uma criança ingere soda cáustica acondicionada
para análise laboratorial e inicie a infusão de fluidos. Ge‐ em uma garrafa de refrigerante. A energia térmica pode
ralmente, a administração de fluidos por via EV mantém ser dissipada no momento em que um cozinheiro borri‐
o nível de hidratação e colabora na manutenção da fun‐ fa combustível na churrasqueira, aumentando a chama
ção renal, assegurando débito urinário adequado. A es‐ e queimando a face. As lesões de pele são frequentes
sas soluções, podem ser adicionadas bases ou ácidos fra‐ no verão, devido exposição à energia por irradiação. A
cos para facilitar a excreção do produto tóxico pela urina. transferência de energia elétrica é comum quando ocor‐
Substâncias químicas, como os quelantes, se ligam a re manipulação com fiação elétrica, provocando diferen‐
determinados produtos tóxicos, sobretudo metais pesa‐ tes padrões de lesões, como queimaduras (pele, nervos,
dos como o chumbo, mercúrio, alumínio; podem ser ad‐ vasos sanguíneos, músculos e ossos), ejeção no momen‐
ministrados por diferentes vias para ajudar a neutralizar to da passagem da corrente elétrica levando à diferentes
e a eliminá-los. traumas (cabeça, coluna, tronco e membros) e, ainda,
A diálise pode ser necessária para a remoção de pro‐ arritmia, em algumas vezes, seguida de parada cardior‐
dutos tóxicos que não são imediatamente neutralizados respiratória devido a liberação de potássio na circulação
ou eliminados do sangue. Quando o produto tóxico é sanguínea decorrente da lesão do músculo cardíaco.
desconhecido, a identificação por meio de exames labo‐ É classificado de forma intencional quando há a
ratoriais, como exame de urina, de sangue e do conteúdo intenção de ferir alguém ou a si próprio, e não in-
gástrico pode colaborar na análise para identificação do tencional quando as lesões são desenvolvidas devido
agente. a um determinado evento, como queda, afogamento,
Como o tratamento é realizado de forma mais ade‐ queimadura, colisão de veículos, entre outros. Essa
quada quando o produto tóxico é conhecido, ouça aten‐ subclassificação é importante para que medidas pos-
tamente as informações sobre a ocorrência, verifique as sam ser criadas e aplicadas nos ambientes e popula-
embalagens e amostras trazidas com o cliente. ções de risco com o objetivo de diminuir a mortalida-
Ao prestar o primeiro atendimento, não provoque de e a morbidade provocada pelo trauma.
o vômito. Pode ser realizada a aspiração do conteúdo
ou lavagem gástrica associada ao carvão ativado (CA). 13.1. Conhecendo a Cinemática do Trauma
Ponderar o uso do cateterismo gástrico em presença de
varizes esofágicas e lesões ao longo do trajeto digestó‐ Para que as equipes que prestam atendimento pré‐
rio, provocadas pela substância ingerida. Entretanto, têm -hospitalar ou hospitalar possam dimensionar as possí‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
sido amplamente discutidos os reais benefícios da lava‐ veis lesões e a gravidade provocadas pela transferência
gem e os sérios prejuízos advindos do uso do CA. Duran‐ de energia, algumas informações referentes à cinemática
te a lavagem gástrica com o CA, o indivíduo pode apre‐ são importantes como, por exemplo, “Caiu de que altu‐
sentar vômitos e, na ocorrência de aspiração brônquica, ra”?“O solo era de terra, grama ou concreto”? “Há quanto
há um sério risco de provocar pneumonia. Além disso, os tempo”? Desta forma, é importante considerar, na ad‐
grânulos podem se impregnar na mucosa gastrintestinal, missão do cliente na urgência e emergência, que a equi‐
ocasionando a constipação intestinal e, em casos mais pe de saúde, seja o técnico de enfermagem, enfermeiro
graves, a obstrução intestinal. ou médico, busque o máximo de informações sobre o
mecanismo do trauma. Todas as informações referentes
ao mecanismo do trauma são importantes, devendo ser
associadas às alterações identificadas na avaliação.
86
13.2. Prestando Atendimento Pré-Hospitalar buem para manter a condição hemodinâmica necessária
à sobrevivência até a chegada deste cliente em um cen‐
O reconhecimento da necessidade de se prestar aten‐ tro de trauma.
dimento no local onde o trauma foi produzido partiu do Todo atendimento, incluindo cinemática, avaliações,
médico Barão Dominick Jean Larrey, cirurgião-chefe mi‐ lesões percebidas e tratamento instituído no APH deve
litar de Napoleão, que criou as “ambulâncias voadoras” ser repassado para os profissionais que admitem o clien‐
com equipes treinadas no atendimento médico. Tinha o te no hospital, devendo estes utilizar tais informações
objetivo de encaminhar rapidamente essas vítimas para para dar continuidade ao atendimento e também regis‐
o hospital, promovendo a assistência durante o transpor‐ trar as informações no prontuário.
te, por entender que assim elas teriam mais chances de
sobreviver. Queimaduras: São lesões dos tecidos produzidas por
A partir de então, outros profissionais aderiram à substância corrosiva ou irritante, pela ação do calor ou frio
ideia e passaram a ter uma abordagem sistematizada no e de emanação radioativa. A gravidade de uma queima‐
atendimento pré-hospitalar (APH), reconhecendo que dura não se mede somente pelo grau da lesão (superficial
não bastava simplesmente transportá-las para um hos‐ ou profunda), mas também pela extensão ou localização
pital; havia a necessidade de se corrigir as lesões respon‐ da área atingida.
sáveis pela mortalidade no trauma no menor espaço de
tempo possível. Classificação das Queimaduras
A atividade de APH apresenta algumas peculiarida‐
des comparadas ao atendimento realizado no hospital, 1º Grau: lesão das camadas superficiais da pele com:
sendo importante o seu conhecimento, como você pode - Eritema (vermelhidão);
notar: - Dor local suportável;
- Inchaço.
- Segurança no local do atendimento: esse item
tem que ser assegurado para que o profissional não se 2º Grau: Lesão das camadas mais profundas da pele
torne vítima. Tal fato geraria instabilidade emocional nos com:
outros membros da equipe, sem contar a necessidade - Eritema (vermelhidão);
de mais recursos para o atendimento. Muitas são as si‐ - Formação de Flictenas (bolhas);
tuações de insegurança para a equipe, como violência - Inchaço;
contra os profissionais do APH, lesões com material - Dor e ardência locais, de intensidades variadas.
perfurocortante contaminado, atropelamentos por falta
de sinalização, posicionamento incorreto das viaturas e 3º Grau: Lesão de todas as camadas da pele, com‐
ausência de uniformes refletivos, quedas, intoxicações prometendo os tecidos mais profundos, podendo ainda
em incêndios e/ou material radioativo, contaminação alcançar músculos e ossos. Estas queimaduras se apresen‐
ambiental, entre outros. A segurança não se restringe tam:
apenas aos profissionais. O cliente deve ter a sua segu‐ - Secas, esbranquiçadas ou de aspecto carbonizadas,
rança garantida durante todo o atendimento, não sendo - Pouca ou nenhuma dor local;
admissível que ele tenha suas condições agravadas em - Pele branca escura ou carbonizada;
decorrência do atendimento prestado. - Não ocorrem bolhas.
- Condições climáticas: quanto às condições climáti‐
cas, o atendimento é realizado independente da exposi‐ Queimaduras de 1º, 2º e 3º grau podem apresentar‐
ção às adversidades climáticas (chuva, sol e frio). -se no mesmo acidentado. O risco de morte (gravidade
- Luminosidade: a ausência de luminosidade é um do caso) não está no grau da queimadura, e sim na ex‐
fator que dificulta o atendimento e, muitas vezes, pode‐ tensão da superfície atingida e ou da localidade da lesão.
mos contar apenas com lanternas e a habilidade e des‐ Quanto maior a área queimada, maior a gravidade do
treza dos profissionais. caso.
- Local de difícil acesso: há situações em que o APH
só é possível após manobras de salvamento devido aos Avaliação da Área Queimada
locais de difícil acesso.
Use a “regra dos nove” correspondente a superfície
Garantida a segurança da equipe, o atendimento é corporal:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
87
Importante: Área corpórea para crianças: - Temperatura corporal ligeiramente febril;
Cabeça 18% - Inconsciência.
Membros superiores 18%
Membros inferiores 28% Como proceder
Tórax e abdômen (anterior) 18% - Remova a vítima para um lugar fresco e arejado;
Tórax e região lombar (posterior) 13% - Afrouxe as vestes da vítima;
Nádegas 5% - Mantenha o acidentado deitado com a cabeça mais
baixa que o resto do corpo.
Como proceder
- Afastar a vítima da origem da queimadura; Asfixia e Afogamento
- Retire as vestes, se a peça for de fácil remoção. Caso
contrário, abafe o fogo envolvendo-a em cobertor, Asfixia: Dificuldade ou parada respiratória, podendo
colcha ou casaco; ser provocada por: choque elétrico, afogamento, defi‐
- Lave a região afetada com água fria e abundante ciência de oxigênio atmosférico, Obstrução das Vias Aé‐
(1ºgrau); reas por Corpo Estranho (OVACE), etc. A falta de oxigênio
- Não esfregue a região atingida, evitando o rompi‐ pode provocar sequelas dentro de 3 a 5 minutos, caso
mento das bolhas; não haja atendimento conveniente.
- Aplique compressas úmidas e frias utilizando panos
limpos; Como se manifesta
- Faça um curativo protetor com bandagens úmidas; - Atitudes que caracterizem dificuldade na respiração;
- Mantenha o curativo e as compressas úmidas com - Ausência de movimentos respiratórios;
soro fisiológico; - Inconsciência;
- Não aplique unguentos, graxas, óleos, pasta de den‐ - Cianose (lábios, língua e unhas arroxeadas);
te, margarina, etc. sobre a área queimada; - Midríase (pupilas dilatadas);
- Mantenha a vítima em repouso e evite o estado de - Respiração ruidosa;
choque; - Fluxo aéreo diminuído ou ausente.
- Procure um médico. Como proceder
- Encoraje ou estimule a vítima a tossir;
Importante: Nas queimaduras por soda cáustica, de‐ - Caso a vítima esteja consciente, aplique 5 manobras
vemos limpar as áreas atingidas com uma toalha ou pano de Heimlich.
antes da lavagem, pois o contato destas substâncias com - Caso esteja inconsciente, aplique duas insulflações
a água cria uma reação química que produz enorme e observe sinais da passagem do ar (expansão de
quantidade de calor. tórax); caso não haja, intercale 5 Heimlich com a
inspeção das vias aéreas para observar a expulsão
Insolação: É uma perturbação decorrente da exposi‐ do corpo estranho, e 2 insuflações, percebendo a
ção direta e prolongada do organismo aos raios solares. parada respiratória e notando sinais da passagem
do ar, mantenha 1 insuflação a cada 5 segundos
Como se manifesta (12 ipm) até a retomada da respiração ou chegada
- Pele seca, quente e avermelhada; do socorro especializado.
- Pulso rápido e forte; - Para lactentes conscientes, aplique 5 compressões
- Dor de cabeça acentuada; do tórax intercalado de 5 tapotagens (como no de‐
- Sede intensa; senho) e inspeção das vias aéreas;
- Temperatura do corpo elevada; - Para lactentes inconsciente, aplique duas insulfla‐
- Dificuldade respiratória; ções (somente o ar que se encontra nas boche‐
- Inconsciência. chas) e observe sinais da passagem do ar (expan‐
Como proceder são de tórax). Caso não haja, intercale 5 Heimlich
- Remova a vítima para um lugar fresco e arejado; (como no desenho) com a inspeção das vias aéreas
- Afrouxe as vestes da vítima; para observar a expulsão do corpo estranho, e 2 in‐
- Mantenha o acidentado em repouso e recostado; suflações, se perceber a parada respiratória e notar
- Aplique compressas geladas ou banho frio, se pos‐ sinais da passagem do ar, mantenha 1 insuflação a
sível; cada 3 segundos (20 ipm) até a retomada da respi‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Como se manifesta
- Dor de cabeça e náuseas;
- Palidez acentuada;
- Sudorese (transpiração excessiva);
- Pulso rápido e fraco;
88
- Traumatismos;
- Afogamento;
- Eletrocussão (choque elétrico);
- Estado de choque;
- Doenças.
Como Se Manifesta
- Perda de consciência;
- Ausência de movimentos respiratórios;
- Ausência de pulso;
- Cianose (pele, língua, lóbulo da orelha e bases da
unhas arroxeadas);
- Midríase (pupilas dilatadas e sem foto reatividade).
89
A absorção das substâncias químicas pelo organismo Os conhecimentos básicos de primeiros socorros são
humano se dá por diferentes formas: fundamentais, pois podem salvar uma vida. Procure ler o
Por inalação – podemos absorver uma substância Manual de Primeiros Socorros da Fundação Oswaldo Cruz.
química nociva pela respiração, quando estamos em um Em todos os casos de envenenamentos e intoxica‐
local contaminado. ções, é importante investigar da área onde a pessoa foi
Pela pele - certas substâncias podem penetrar no or‐ encontrada, na tentativa de identificar com a maior pre‐
ganismo através da pele, mesmo que o contato seja bre‐ cisão possível o agente causador do envenenamento, ou
ve, mesmo sem escoriações ou ferimentos. encontrar pistas que ajudem nesta identificação. Muitos
Por ingestão – podemos ingerir substâncias químicas indícios são úteis nesta dedução: frascos de remédios,
nocivas acidentalmente quando nos alimentamos em produtos químicos, materiais de limpeza, bebidas, serin‐
locais contaminados ou através das mãos, por hábitos gas de injeção, latas de alimentos, caixas e outros reci‐
inadequados de higiene. pientes.
Quais são os efeitos destas substâncias ao nosso or‐ Muitas pessoas supõem que exista um antídoto para
a maioria ou a totalidade dos agentes tóxicos. Infeliz‐
ganismo?
mente isto não é verdade. Existem apenas alguns pro‐
Podemos ter desde uma simples irritação até mesmo
dutos específicos para certos casos e que, mesmo assim,
intoxicações que podem levar à morte.
necessitam de orientação médica para serem usados.
Irritação dos olhos, nariz, garganta, pulmões ou pele,
geralmente causada por produtos que se apresentam na Recomendações básicas:
forma de gases ou vapores, como os vapores de ácidos, Pouco sabemos a respeito de muitas das substâncias
amoníacos, solventes (removedores), cimento, poeiras, químicas que são utilizadas em qualquer lar, e por esta
etc. razão na maioria das vezes são tratadas e manuseadas
Asfixia. Podemos exemplificar algumas substâncias como substâncias inofensivas. Vejamos alguns exemplos:
químicas que são asfixiantes: monóxido de carbono, dió‐ Os detergentes que prometem lavar mais branco,
xido de carbono, acetileno, metano, etc. possuem em sua composição soda caustica, fosfatos e
Anestesia - provocada por determinados gases ou va‐ cloro.
pores que após inalados, causam sonolência ou tonturas. Os desinfectantes possuem ácido clorídrico e amônia.
Exemplos: éter etílico, acetona, clorofórmio, etc. No bar temos vinho, wisky e aguardente, que pos‐
Intoxicações que podem ser agudas ou crônicas. O suem na sua composição o álcool etílico.
benzeno, por exemplo, pode causar aplasia de medula O álcool que utilizamos na limpeza doméstica é ál‐
e leucemia. cool etílico.
Os refrigerantes possuem na sua composição ácido
Como suspeitar de intoxicação e/ou envenena- fosfórico
mento Os desodorizantes possuem tetracloroidróxido de
A primeira conduta a ser tomada é a verificação se alumínio e estearato.
realmente houve a intoxicação ou o envenenamento. O agradável pinho silvestre, por exemplo, pode con‐
Uma pessoa, que tenha simplesmente deglutido alguma ter amônia e compostos benzênicos.
substância, não estará necessariamente intoxicada. Algu‐ Os inseticidas “spray” possue esteres ácidos (perme‐
mas substâncias são inócuas e não requerem tratamento. trina e piridina).
Entretanto, podemos suspeitar de envenenamento ou in‐ Nos perfumes e loções, que possuem um agradável
aroma, poderão ser encontrados, derivados cianídricos;
toxicação em qualquer pessoa que manifeste os sinais e
derivados benzênicos e tolueno.
sintomas descritos abaixo.
Como você pode ver observar é uma infinidade de
Sinais evidentes, na boca ou na pele, de que a víti‐
substâncias químicas que nem temos noção que aqueles
ma tenha mastigado, engolido, aspirado ou estado em produtos que consideramos “tão inofensivos” possam
contato com substâncias tóxicas, como por exemplo: sa‐ conter.
livação, aumento ou diminuição das pupilas dos olhos, Porém, existem algumas recomendações que são in‐
sudorese excessiva, respiração alterada e inconsciência. teressantes de serem observados por todos nós, na roti‐
Hálito com odor estranho. na da nossa residência:
Modificação na coloração dos lábios e interior da Fumaça e gases provenientes da queima de borracha,
boca, dependendo do agente causal. plástico, cloro, solventes, detergentes, papel, etc. contém
Dor, sensação de queimação na boca, garganta ou substâncias tóxicas, portanto, devemos eliminar a fonte
estomago. da fumaça e ventilar o ambiente.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Sonolência, confusão mental, torpor ou outras altera‐ Não guardar produtos como soda cáustica, quero‐
ções de consciência. sene, detergentes, álcool, água sanitária, removedores,
Náuseas e vômitos. amoníaco e desinfectantes em geral embaixo da pia,
Diarreia. tanque ou na parte baixa de armários de banheiros, co‐
Lesões cutâneas, queimaduras intensas com limites zinhas e áreas de serviços, pois são locais de fácil acesso
bem definidos ou bolhas. para crianças.
Convulsões. O uso de qualquer medicamento deve ser feito com
Queda de temperatura, que se mantém abaixo do orientação médica. Guardar fora do alcance de crianças.
normal. Os psicotrópicos (tranqüilizantes, hipnóticos, etc) devem
Paralisia ser mantidos em locais trancados.
Não ligar o automóvel em garagem fechada.
90
Evitar a permanência de pessoas perto da descarga A armadeira é responsável pelo maior número de aci‐
de veículo. dentes no Brasil, por ser uma aranha muito comum e ex‐
Não comprar enlatados cujas embalagens estejam tremamente agressiva. Não faz teia, é encontrada em ba‐
velhas, estufadas ou enferrujadas. naneiras, folhagens, entre madeiras, pedras empilhadas e
no interior das residências. Tem coloração marrom-escu‐
Plantas tóxicas ra ou acizentada, com manchas claras formando pares no
Se você tem plantas tóxicas em casa do tipo: “comigo dorso do abdome e atinge até 12 cm de diâmetro.
ninguém pode”, mamona, pinhão paraguaio, ou aquelas Nos acidentes com armadeiras (“foneutrismo”) pre‐
cuja seiva queima ou espinhosas tipo: coroa de cristo, dominam as manifestações locais. A dor é imediata e ge‐
seria bom, mantê-las em locais inacessíveis a crianças. ralmente intensa, podendo irradiar para a raiz do mem‐
Consulte o Sistema Nacional de Informações Tóxico‐ bro acometido. Ocorre edema, vermelhidão, sensação de
-Farmacológicas – SINITOX da FIOCRUZ anestesia e sudorese (transpiração) no local da picada,
É importante você ensinar as crianças a identificar as onde podem ser encontradas duas marcas em forma de
plantas venenosas, caso não tenha plantas tóxicas em casa. pontos. Nos casos graves, geralmente restritos às crian‐
ças, registram-se sudorese, náuseas, vômitos, diarreia,
Animais e insetos priapismo (ereção involuntária e dolorosa do pênis), hi‐
Existe uma série de animais e insetos que devem ser pertonia muscular, hipotensão arterial, choque e edema
conhecidos por nós, pois podem picar ou morder e cau‐ agudo de pulmão.
sar infecções. Se você possui sítio ou casa de praia, cuida‐ O tratamento é sintomático e nos casos mais graves
do com tábuas ou materiais empilhados que eles podem está indicada a soroterapia específica.
estar escondendo escorpiões ou aranhas, e se você ou
seu filho gosta de andar pelo mato, usem botas para pre‐
venir picadas de cobra.
Ao detectar uma colmeia de abelhas ou um vespeiro,
evite que seus filhos fiquem por perto, abelhas e vespas
enfurecidas podem matar uma pessoa.
Informe-se de como você deve se proteger sem agre‐
dir a natureza.
Pilhas
Cuidado com as pilhas e crianças pequenas que levam
a boca tudo eu encontram. Se você notar que seu filho A aranha marrom é pequena (4cm), possui hábitos
engoliu uma pilha cilíndrica ou do tipo botão, usada em noturnos e tem comportamento pouco agressivo. É en‐
máquinas calculadoras e relógios, leve-o imediatamente contrada em pilhas de tijolos, telhas e no interior das re‐
ao médico. A ação digestiva fará com que os elementos sidências, atrás de móveis, cortinas e eventualmente em
químicos tóxicos da pilha tais como: mercúrio, manga‐ roupas. A picada geralmente ocorre quando a aranha é
nês, prata e outros, sejam liberados, ocasionando sérios comprimida contra o corpo da vítima, quando ela se veste
problemas de esôfago, estômago e intestino. ou se deita. Não produz dor imediata e o local da picada
é quase sempre imperceptível. No entanto, posterior‐
ANIMAIS PEÇONHENTOS mente, evolui com uma ferida de difícil cicatrização, ne‐
cessitando, muitas vezes, de correção cirúrgica (enxerto).
Normalmente, a picada será tratada como qualquer O acidente loxoscélico representa a forma mais grave de
ferimento. O auxílio médico só é necessário se o prurido araneísmo no Brasil, ocorrendo particularmente no Para‐
ná e Santa Catarina.
ou dor durarem mais de 2 dias, houver sinais de infec‐
A evolução mais frequente é a forma “cutânea” (87
ção no local, desenvolvimento de reação alérgica ou se
a 98% dos casos): a manifestação local se acentua nas
o aracnídeo pertencer a um dos três gêneros de aranhas
primeiras 24 – 72 horas, podendo ocorrer edema, calor
peçonhentas e de importância médica que existem no
e rubor, com ou sem dor em queimação, inchaço duro e
Brasil: Phoneutria spp (aranha armadeira, várias espé‐
aparecimento de bolha com conteúdo seroso; aparece um
cies), Loxosceles (aranha marrom, várias espécies) e La‐
ponto de necrose central (escuro); surgem outros sinais e
trodectus (viúva-negra, 3 espécies ocorrendo no Brasil,
sintomas como febre, mal-estar geral e ulceração local.
sendo a Latrodectus curacaviensis a mais comum). Na forma “cutâneo-visceral” (mais grave), além do
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
91
Gênero Latrodectus (Viúva-negra). 1. Acidente escorpiônico
92
vespas – alimentos ou medicamentos). A reação anafilá‐ mação ou agulhada, irradiando para o membro afetado.
tica ocorre em questão de segundos ou minutos após o Parestesia (sensação de formigamento ou dormência)
contato com a substância a que a vítima é alérgica. também é referida no local da picada. Nos acidentes mo‐
Entre aqueles que morrem de choque anafilático, 60 derados e graves, principalmente em crianças, podem
a 80% morre por não conseguir respirar (em virtude do surgir manifestações sistêmicas, tais como: sudorese
edema de vias aéreas) e 25% morre da própria condição profusa, tontura, visão turva ,tremores, espasmos mus‐
circulatória do choque. culares, confusão mental, hiper ou hipotermia, sialorreia,
O escorpião amarelo é responsável pela maioria dos náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia, priapismo
casos graves em nosso meio, especialmente nos aciden‐ (ereção dolorosa e involuntária do pênis) e convulsões.
tes envolvendo crianças. O veneno está localizado em Podem ocorrer ainda arritmias cardíacas, hipertensão
uma pequena bolsa situada antes do ferrão, ao final da ou hipotensão arterial, insuficiência cardíaca congestiva,
cauda. O ferrão (aguilhão) perfura e inocula o veneno na taquipneia, dispneia, edema agudo de pulmão, choque,
vítima. coma, parada respiratória e cardíaca.
O veneno é potente e neurotóxico. O quadro clínico
do escorpianismo manifesta-se por dor local de intensi‐ Os acidentes podem ser classificados como leves,
dade variável (pode chegar a ser insuportável), em quei‐ moderados e graves. O tratamento inclui medidas ge‐
mação ou agulhada, irradiando para o membro afetado. rais de suporte e administração da soroterapia específica
Parestesia (sensação de formigamento ou dormência) (soro antiescorpiônico) ou soro antiaracnídico.
também é referida no local da picada. Nos acidentes mo‐ Observação – As condutas gerais de primeiros so‐
derados e graves, principalmente em crianças, podem corros para picadas de aranhas e escorpiões são as mes‐
surgir manifestações sistêmicas, tais como: sudorese mas seguidas no acidente ofídico. Quando a vítima for
profusa, tontura, visão turva ,tremores, espasmos mus‐ criança, pessoa idosa ou com a saúde debilitada, sempre
culares, confusão mental, hiper ou hipotermia, sialorreia, encaminhar para o hospital.
náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia, priapismo Emergência especial: o choque anafilático
(ereção dolorosa e involuntária do pênis) e convulsões. Essa é uma emergência médica prioritária, ocorrência
Podem ocorrer ainda arritmias cardíacas, hipertensão grave, causada por uma reação alérgica intensa, de hiper‐
ou hipotensão arterial, insuficiência cardíaca congestiva, sensibilidade (geralmente a picadas de insetos – abelhas,
taquipneia, dispneia, edema agudo de pulmão, choque, vespas – alimentos ou medicamentos). A reação anafilá‐
coma, parada respiratória e cardíaca. tica ocorre em questão de segundos ou minutos após o
Os acidentes podem ser classificados como leves, contato com a substância a que a vítima é alérgica.
moderados e graves. O tratamento inclui medidas ge‐ Entre aqueles que morrem de choque anafilático, 60
rais de suporte e administração da soroterapia específica a 80% morre por não conseguir respirar (em virtude do
(soro antiescorpiônico) ou soro antiaracnídico. edema de vias aéreas) e 25% morre da própria condição
Observação – As condutas gerais de primeiros so‐ circulatória do choque.
corros para picadas de aranhas e escorpiões são as mes‐
mas seguidas no acidente ofídico. Quando a vítima for Animais peçonhentos e venenosos: as ações, as ativi‐
criança, pessoa idosa ou com a saúde debilitada, sempre dades e as estratégias de controle da população de ani‐
encaminhar para o hospital. mais peçonhentos e venenosos devem respeitar todas as
condições a seguir:
2. Emergência especial: o choque anafilático • São executadas de forma temporária ou perma‐
nente, em área determinada (área-alvo), a fim de
Essa é uma emergência médica prioritária, ocorrência reduzir ou eliminar o risco de acidentes causados
grave, causada por uma reação alérgica intensa, de hiper‐ por esses animais, ou a própria população desses
sensibilidade (geralmente a picadas de insetos – abelhas, animais.
vespas – alimentos ou medicamentos). A reação anafilá‐ • Quando realizadas sem foco na promoção e na pro‐
tica ocorre em questão de segundos ou minutos após o teção da saúde humana, não se configuram em
contato com a substância a que a vítima é alérgica. ação ou serviço de saúde.
• Podem ser realizadas tanto como medida de con‐
Entre aqueles que morrem de choque anafilático, 60 trole como de prevenção de acidentes causados
a 80% morre por não conseguir respirar (em virtude do aos seres humanos, haja vista, e considerando o
edema de vias aéreas) e 25% morre da própria condição contexto epidemiológico e a relevância para a saú‐
circulatória do choque.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
93
Observação: as ações e os serviços públicos de saúde Observação: as ações e os serviços públicos de saúde
voltados para vigilância e prevenção de acidentes causa‐ voltados para vigilância de zoonoses de relevância para
dos por animais peçonhentos e venenosos de relevância a saúde pública causada por outros animais sinantrópi‐
para a saúde pública são executados de forma perma‐ cos devem ser executados de forma permanente, a fim
nente, a fim de subsidiar os programas de controle exis‐ de identificar oportunamente o risco iminente de trans‐
tentes, bem como de identificar oportunamente o risco missão dessas doenças à população humana. As ações e
iminente de ocorrência desses acidentes. os serviços públicos de saúde voltados para a prevenção
dessas doenças devem ocorrer de forma temporária ou
3. Roedores sinantrópicos e vetores: as ações, as ativi‐ permanente, de acordo com o contexto epidemiológico.
dades e as estratégias de controle da população de roe‐ Observação: em locais onde é estabelecido um con‐
dores sinantrópicos e vetores biológicos devem respeitar trole contínuo de roedores e de escorpião por meio de
todas as condições a seguir: programas, estes devem ser mantidos, conforme a ne‐
• São executadas de forma temporária ou permanen‐ cessidade local.
te, em área determinada (área-alvo), a fim de redu‐
zir ou eliminar o risco iminente de transmissão de Os roedores são mamíferos pertencentes à ordem
doenças (ou a própria doença). Rodentia, que conta com mais de 2 mil espécies pelo
• Podem ser realizadas tanto como medida de con‐ mundo. A principal característica dessa ordem é a exis‐
trole como de prevenção de doenças aos seres tência de dois pares de dentes incisivos que crescem
humanos, haja vista, e considerando o contexto continuamente e a presença do diastema, espaço des‐
epidemiológico, a maior parte da população de provido de dentes entre os incisivos e os molares. Os
roedor sinantrópico e vetores serem, potencial‐ roedores representam cerca de 40% das espécies de
mente, fonte de infecção de doenças. mamíferos existentes e são capazes de se adaptar a di‐
• Devem ser realizadas de forma coordenada, visando versas condições ecológicas, sobrevivendo em diferentes
manter a população-alvo sob determinadas restri‐ climas e altitudes, por meio de um grande número de
ções para sua diminuição, sua contenção e/ou seu adaptações morfológicas e fisiológicas, de acordo com
equilíbrio, propiciando a eliminação (quando pos‐ seu estilo de vida.
sível) ou a redução efetiva da transmissão (ou do Das espécies consideradas sinantrópicas, três parti‐
risco iminente da transmissão) de doenças para os cipam do ciclo de transmissão de doença, sendo a ra‐
seres humanos. tazana a de maior relevância para a saúde pública. As
três espécies apresentam distribuição cosmopolita e são
4. Outros animais sinantrópicos: as ações, as ativida‐ responsáveis por grande parte dos prejuízos sanitários
des e as estratégias de controle da população de outros causados à população humana.
animais sinantrópicos devem respeitar todas as condi‐ São elas: Rattus norvegicus (ratazana ou rato de es‐
ções a seguir: • São executadas de forma temporária, goto), Rattus rattus (rato de telhado ou rato preto) e Mus
em situações excepcionais, em área determinada (área- musculus (camundongo).
-alvo), a fim de reduzir ou eliminar a doença, apresentan‐ As ratazanas apresentam pelagem espessa e de cor
do como resultado o controle da propagação de alguma acastanhada no dorso (algumas vezes, com manchas
zoonose de relevância para a saúde pública prevalente brancas ou pretas), tendendo para cinza ou bronze na
ou incidente na área-alvo. região ventral. O comprimento da cauda é menor que o
• Quando realizadas sem foco na promoção e na pro‐ comprimento do corpo e da cabeça juntos.
teção da saúde humana, não se configura em ação O corpo é forte e compacto e a extremidade do foci‐
ou serviço público de saúde, pois nem todo animal nho tem formato rombudo, indicando adaptações para
sinantrópico é de relevância para a saúde pública. a escavação e o nado. Vivem em colônias, que, na maior
Sua determinação deverá considerar a correlação parte das vezes, escavam suas tocas no solo, sendo este
entre a intervenção no(s) animal(is) e sua represen‐ seu abrigo preferencial.
tatividade no controle de uma determinada doen‐ As tocas são formadas por alguns acessos (três ou
ça transmitida para a população humana. quatro) e um complexo sistema de túneis e galerias.
• Podem ser realizadas como medida de controle de Como os demais murídeos, possuem elevada taxa de na‐
zoonose apenas em área endêmica ou epidêmica, talidade, sendo que o excesso populacional é controlado
ou seja, apenas em área de reconhecida transmis‐ por mecanismos comportamentais e ecológicos.
são para determinada zoonose de relevância para a O excesso de roedores em uma população ou a re‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
saúde pública. Assim, é infundado realizar medidas dução da disponibilidade de alimentos e abrigos faz com
específicas de controle de população de animais que ocorra migração dos ratos que ocupam posições
unicamente visando à prevenção de zoonoses. hierárquicas mais baixas dentro da colônia em busca de
• Devem ser realizadas de forma coordenada, visando outros locais para viver. As ratazanas são onívoras, alimen‐
manter a população-alvo sob determinadas restri‐ tam-se de qualquer alimento armazenado ou desprezado
ções para sua diminuição, sua contenção e/ou seu pelo homem. Elas têm certa preferência por alimentos ricos
equilíbrio, propiciando a eliminação (quando pos‐ em proteínas e gorduras, tais como ovo, carne e ração de
sível) ou a redução efetiva da transmissão (ou do cachorro.
risco iminente da transmissão) de doenças para os As ratazanas forrageiam por rotas conhecidas dentro
seres humanos. de um raio de ação que, em média, pode alcançar 50
metros, e raramente ultrapassa 100 metros, a partir da
94
colônia. Nos centros urbanos, vivem nas redes de esgoto Assim como os demais murídeos, possuem alto po‐
e de águas pluviais, nos depósitos de lixo e nas beiras tencial reprodutivo. Também de hábito noturno, são roedo‐
de córregos, onde cavam tocas para abrigo e reprodu‐ res habilidosos, velozes, bons escaladores, nadadores e sal‐
ção. Também podem infestar imóveis residenciais e co‐ tadores. São onívoros, alimentando-se principalmente de
merciais, abrigando-se em motores de máquinas e entre grãos e sementes armazenados em armários e despensas.
objetos em desuso. Possuem o comportamento caracte‐
rístico de neofobia, sendo este mais acentuado em locais Costumam contaminar mais alimentos do que con‐
com pouco movimento de pessoas e de objetos. sumir, devido ao seu acentuado instinto exploratório e à
Nessas circunstâncias, o controle é mais difícil de ser neofilia. Abrigam-se atrás de vigas, colunas, em fundos de
atingido, em virtude da aversão inicial das ratazanas às gavetas e armários pouco usados, no interior de estufas e
iscas, aos porta-iscas e às armadilhas colocadas no am‐ fogões e, principalmente, dentro de caixas em armários e
biente. Sua presença pode ser notada pela visualização despensas; por isso, são corriqueiramente transportados,
de trilhas no solo, próximas das paredes, com desgaste passivamente, de um imóvel infestado para outro não in‐
da vegetação e sob a forma de manchas de gordura, e festado, com mercadorias e equipamentos.
pela presença de pegadas, pelos e fezes, as quais são em Devido a seu pequeno tamanho e a sua discrição ao
forma de cápsula, com as extremidades rombudas. explorar o ambiente, podem permanecer por um longo
Rato de telhado (Rattus rattus) Ratos de telhado, tam‐ período infestando residências e comércios sem serem
bém conhecidos como rato preto, rato de forro, de paiol, notados. Vivem em pequenos grupos familiares com
de silo ou de navio, apresentam uma pelagem escura no baixa quantidade de roedores que pouco se deslocam
dorso que varia entre preto, cinza e marrom; o ventre a partir do ninho, raramente excedendo um raio de ação
pode ser cinza-claro ou branco. maior que 10 metros a partir do abrigo. Em áreas periur‐
O comprimento da cauda é bem maior que o compri‐ banas e rurais, podem cavar pequenas tocas próximas às
mento do corpo e da cabeça juntos. A cauda é lisa, sem criações de animais domésticos.
pelos e escamosa. Possuem o hábito de se abrigar nos As ações de vigilância e controle de roedores devem
estratos mais altos do ambiente, tais como vãos de pa‐ ser executadas de forma temporária ou permanente, em
rede e telhados, ou entre objetos em desuso, acumula‐ área determinada (área-alvo), a fim de reduzir ou eliminar
dos em sótãos e lajes. Ao deslocarem-se, trafegam sobre o risco iminente de transmissão de doenças (ou a própria
vigas, telhados, galhos de árvores, fios da rede elétrica, doença), em particular, a leptospirose, devido às suas
galerias técnicas de passagem e forros falsos, aprovei‐ elevadas taxas de casos graves e letalidade. Essas ações
tando para adentrar em residências, por janelas e portas devem ocorrer de forma programada, coordenada, em
abertas ou danificadas, em busca de alimento e abrigo. situações específicas, segundo critérios epidemiológicos,
Quanto aos hábitos alimentares, os ratos de telhado visando manter a população de roedor alvo sob deter‐
são onívoros; alimentam-se de frutas, cereais, alimen‐ minadas restrições para sua diminuição, sua contenção
tos estocados e ração animal. Tem certa preferência por e/ou seu equilíbrio, propiciando a eliminação (quando
alimentos ricos em açúcares e umidade, como laranja e possível) ou a redução efetiva do risco de transmissão de
banana, mas apreciam, também, sementes de girassol e doenças para os seres humanos.
outros cereais de alto valor energético, além das rações Além disso, essas ações devem ter como base a trans‐
de cachorros e aves. versalidade das atividades e o diagnóstico da região, do
A busca por alimento acontece durante a noite, quan‐ município ou da área a ser trabalhada, quanto à ocor‐
do forrageiam por vários locais, deslocando-se por fios, rência das espécies existentes, à incidência de doenças
cabos e muros. Nessa procura, podem percorrer até 60 transmitidas, às condições socioeconômicas e sanitárias
metros e adentrar em mais de um imóvel. Também apre‐ do local.
sentam neofobia, embora não tão acentuada quanto nas As ações de vigilância e o controle de roedores devem
ratazanas. ser inseridos dentro de um contexto epidemiológico que
As trilhas com manchas de gordura deixadas pelo permita tanto a adoção de medidas de controle quanto
atrito de seu corpo com as estruturas verticais das cons‐ de prevenção de doenças aos seres humanos, tendo, nas
truções humanas, como os cantos das paredes, das vigas áreas urbanas, como foco principal o controle das rataza‐
etc., denotam sua presença e são decorrentes das cons‐ nas e, consequentemente, da leptospirose, haja vista essa
tantes passagens do animal pelos mesmos caminhos. espécie de roedor ser o principal reservatório ambiental
Outros sinais característicos são: os ruídos que fazem ao da doença.
percorrerem os forros das casas e de outras edificações Além disso, as ações de controle de roedores sinan‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
durante a noite, a presença de pelos e, principalmente, trópicos visando à prevenção de doença justificam-se,
de fezes, em formato fusiforme, próximas e nos locais de pois a maior parte da população desses animais é, po‐
alimentação e nas trilhas. tencialmente, fonte de infecção de doenças. Todas es‐
O camundongo, também conhecido como mondon‐ sas ações devem estar em consonância com as medidas
go, catita, rato caseiro, muricha, rato de gaveta e rato de propostas e preconizadas pelo Ministério da Saúde e por
botica, é a menor das três espécies (15 gramas a 20 gra‐ legislação vigente.
mas) e que menos importância tem para a saúde pública. Considerando que a relação da população humana
Os camundongos possuem pelagem que varia do mar‐ com seu ambiente, nele incluídos os animais, propicia,
rom ao preto e o ventre é branco ou amarelado. A cauda muitas vezes, condições para a transmissão e a manu‐
apresenta anéis de escamas, poucos pelos e é maior que tenção de doenças, o processo de educação em saúde
cabeça e corpo juntos. consolida-se como uma ferramenta para a prevenção
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e o controle de zoonoses e de acidentes causados por população relacionadas às condições de vida e trabalho
animais peçonhentos e venenosos, de relevância para a das pessoas. Transmissão para a multiplicação de conhe‐
saúde pública. cimentos: os cidadãos devem ser educados e informados
Além disso, deve-se considerar que, sem a efetiva para, posteriormente, serem estimulados a difundir, com
participação da sociedade, as medidas de prevenção e os parentes, amigos, vizinhos e colegas, os conhecimen‐
controle dos agravos à saúde tornam-se limitadas e, mui‐ tos básicos sobre as zoonoses e os acidentes causados
tas vezes, ineficientes. por animais peçonhentos e venenosos e suas medidas
preventivas.
A área de Vigilância de Zoonoses deve conter as infor‐ < http://ww.vitalbrazil.rj.gov.br/lacraias.html>
mações técnicas e promover a educação em saúde sobre < HTTP://WWW.FIOCRUZ.BR/BIOSSEGURANCA/BIS/
prevenção de doenças em humanos, priorizando a inte‐ VIRTUAL%20TOUR/HIPERTEX TOS/UP2/INTOXICA‐
ração do ser humano com os animais e o ambiente. As COES_ENVENENAMENTOS.HTM>
atividades de educação em saúde devem ser realizadas <https://www.grupocultivar.com.br/artigos/controle‐
de maneira contínua, podendo ser pontuais, conforme o -os-roedores>
contexto local. Tais atividades são organizadas por meio
de programas com objetivos e metas bem definidos, ten‐
do como finalidade incorporar as orientações transmiti‐
das ao cotidiano da população, levando-a a mobilizar-se EXERCÍCIOS COMENTADOS
para a prevenção dos agravos. As doenças e os agravos
podem ser trabalhados de forma única ou separadamen‐ 1. (Pref. Marilândia/ES-2016/Analista de Serviços
te, sendo as atividades constantemente monitoradas e Afins-Enfermagem/IDECAN) De acordo a legislação
avaliadas. em enfermagem, a classificação de risco nas unidades
As estratégias, os meios e os artifícios utilizados na hospitalares de atendimento às urgências e emergências,
comunicação, inclusive os materiais educativos, devem no âmbito da equipe de enfermagem, deve ser realizada
ser elaborados para possibilitar que a informação científi‐ por:
ca seja repassada de forma compreensível, considerando
o contexto social, histórico e cultural da população-alvo. a) Apenas enfermeiro após receber treinamento especí‐
As ações, as atividades e as estratégias de educação em fico
saúde podem ser executadas de forma interinstitucional, b) Médico e enfermeiro após receberem treinamento es‐
intersetorial e/ou multidisciplinar, com a finalidade de pecífico.
aperfeiçoar o processo e de atingir um público maior, c) Enfermeiro e técnico de enfermagem após receberem
sendo preservados o objetivo e as metas do setor Saúde, treinamento específico.
quanto à promoção e à proteção da saúde coletiva. d) Qualquer enfermeiro com registro no Conselho Regio‐
A educação em saúde é, fundamentalmente, uma nal de Enfermagem de sua jurisdição.
educação social, não existindo métodos padronizados
para suas atividades. Assim, a escolha da estratégia deve Resposta: Letra A. A classificação de risco nas unida‐
basear-se nas características sociais, econômicas, am‐ des hospitalares de atendimento às urgências e emer‐
bientais e culturais locais. gências, no âmbito da equipe de enfermagem, deve
Os espaços públicos, normalmente bem situados e ser realizada porenfermeiro após receber treinamento
frequentados por razoável número de pessoas, podem específico, embasado nas normas do COREN.
ser usados para a realização de uma série de atividades,
como palestras e atividades lúdicas. Atividades em es‐ 2. (Pref. Marilândia/ES-2016/Analista de Serviços
colas: busca aproveitar a oportunidade educativa propí‐ Afins-Enfermagem/IDECAN) Em um paciente respiran‐
cia ao debate, especialmente entre alunos e professores, do em ar ambiente, é caracterizado como ponto de corte
para abordar questões relacionadas à saúde, à interação na gasometria arterial para a definição de insuficiência
entre humanos e animais, aos problemas ambientais, à respiratória aguda, o valor de PaO2 menor que:
destinação de resíduos, entre outros assuntos, além de
fortalecer a formação da consciência dos escolares so‐ a) 40 mmHg.
bre esses temas, tal como sobre os direitos aos serviços b) 60 mmHg.
públicos e ao exercício da cidadania e as obrigações do c) 70 mmHg.
cidadão, transcendendo a questão das doenças e dos d) 75 mmHg.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
agravos.
É relevante fazer uso desses meios de comunicação Resposta: Letra B. Os parâmetros mais comumente
para passar informações a respeito da ocorrência das avaliados na gasometria arterial são:
doenças na região, alertando sobre os sinais clínicos e pH 7,35 a 7,45.
os serviços para o diagnóstico e o tratamento, a gravi‐ pO2 (pressão parcial de oxigênio) 80 a 100 mmHg.
dade da zoonose em questão, esclarecimentos sobre a pCO2 (pressão parcial de gás carbônico) 35 a 45
situação de risco da localidade, medidas preventivas e mmHg.
de proteção a serem tomadas pela população e as que HCO3 (necessário para o equilíbrio ácido-básico san‐
estão sendo realizadas pelo poder público, visando à re‐ guíneo) 22 a 26 mEq/L.
dução da circulação da doença em animais e à proteção SaO2 Saturação de oxigênio (arterial) maior que 95%
da saúde humana, considerando atitudes e práticas da
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3. (Analista Judiciário Apoio Especializado/Enfermagem do Trabalho/TRF 2ª/2017/CONSULPLAN) O Sistema de
Classificação de Pacientes é uma das ferramentas utilizadas pelo enfermeiro subsidiando-o nas suas ações administra‐
tivas. O Sistema de Classificação de Pacientes pode ser melhor definido como:
a) Método utilizado para determinar, monitorar e validar as necessidades de cuidado individualizado do paciente.
b) Sistema estabelecido pelo COFEN que determina horas de assistência de enfermagem por unidade de internação.
c) Método de classificar as queixas dos usuários que demandam os serviços de urgência/emergência, visando identifi‐
car os que necessitam de atendimento médico mediato ou imediato.
d) Sistema estabelecido pelo Ministério da Saúde baseado no caráter público ou privado da instituição de saúde para
o repasse de recursos para aperfeiçoamento profissional.
Resposta: Letra A. O sistema de classificação do paciente consiste em determinar, monitorar e validar as necessi‐
dades de cuidado individualizado do paciente.
4. Tribunal Regional Do Trabalho – AM – Técnico Judiciário – Nível Médio – TRT – 11º Região - 2012
Um importante aspecto da Zoonose está relacionado às doenças e infecções que se transmitem naturalmente entre os
animais e o homem. Nesse contexto, faz-se necessário desenvolver ações de controle dos
Resposta: Letra B. A transmissão das zoonoses pode acontecer de várias formas. Cada doença tem a sua forma de
transmissão. Cães e gatos transmitem as zoonoses por meio das fezes, patas, pelos, saliva e urina. A raiva canina
é transmitida pela mordida de animal contaminado. Os gatos transmitem a toxoplasmose por meio das fezes. Os
roedores, por meio da urina podem transmitir o vírus causador da leptospirose.
O Programa Nacional de Imunizações foi criado em 1973 e, com os avanços obtidos, o país convive com um cenário
de reduzida ocorrência de óbitos por doenças imunopreveníveis.
O País investiu recursos vultosos na adequação de sua Rede de Frio, na vigilância de eventos adversos pós-vacinais,
na universalidade de atendimento, nos seus sistemas de informação, descentralizou as ações e garantiu capacitação e
atualização técnico-gerencial para seus gestores, em todas as esferas.
Entre as realizações do PNI estão a bem-sucedida Campanha da Erradicação da Varíola (CEV), que recebeu a certifi‐
cação de desaparecimento da doença por comissão da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Em 1994, o Brasil recebeu a certificação do bloqueio da transmissão autóctone do poliovírus selvagem. O último
caso brasileiro ocorreu em 1989, na Paraíba.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Destaca-se também o controle do sarampo, ainda hoje uma das doenças que mais afetam e matam crianças em
países com altos índices de pobres e miseráveis em suas populações. Em 1992, foi iniciado o Plano de Controle e Elimi‐
nação do Sarampo, com ações de imunização e a vigilância epidemiológica da doença em todo o país. Hoje, pode-se
afirmar que o sarampo é uma doença em processo de eliminação no Brasil, mas estratégias vêm sendo implementadas
em vigilância e imunizações, visando a manutenção dessa situação, uma vez que o país registra intenso fluxo de viajan‐
tes internacionais, e o sarampo circula em todo o mundo.
Hoje, o Programa apresenta um novo perfil gerencial, com integração entre as três esferas de governo, que dis‐
cutem juntos normas, definições, metas e resultados, propiciando a modernização continuada de sua infraestrutura e
operacionalização.
97
PORTARIA Nº 1.498, DE 19 DE JULHO DE 2013 § 3º As Campanhas Nacionais de Vacinação serão
adotadas de acordo com o disposto no Anexo III.
Redefine o Calendário Nacional de Vacinação, o Calen‐ Art. 3º As Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Fe-
dário Nacional de Vacinação dos Povos Indígenas e as Cam‐ deral e dos Municípios adotarão os Calendários Nacionais
panhas Nacionais de Vacinação, no âmbito do Programa de Vacinação para execução das ações de vacinação.
Nacional de Imunizações (PNI), em todo o território nacional. Art. 4º Compete à Secretaria Especial de Saúde Indíge-
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso da atri‐ na (SESAI/MS) a execução das ações de vacinação nas
buição que lhe confere o inciso II do parágrafo único do áreas indígenas.
art. 87 da Constituição. Art. 5º O Ministério da Saúde será responsável pela
Considerando a Lei nº 6.259, de 30 de outubro de aquisição e pelo fornecimento às Secretarias de Saúde
1975, que dispõe sobre a organização das ações de Vi‐ dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios das
gilância Epidemiológica, sobre o Programa Nacional de vacinas preconizadas nos Calendários e nas Campa-
Imunizações (PNI), estabelece normas relativas à notifi‐ nhas Nacionais de Vacinação de que trata esta Por-
cação compulsória de doenças e dá outras providências; taria.
Considerando o disposto nos arts. 27 e 29 do Decreto Parágrafo único. Os insumos necessários ao atendi-
nº 78.231, de 12 de agosto de 1976, que regulamenta a mento dos Calendários e das Campanhas Nacionais
Lei nº 6.259, de 1975; de Vacinação, quais sejam seringas, agulhas e impres-
Considerando o Decreto nº 3.156, de 27 de agosto de sos para registro das atividades de vacinação, serão
1999, que dispõe sobre as condições para a prestação de fornecidos às unidades de saúde do Sistema Único de
assistência à saúde dos povos indígenas, no âmbito do Saúde (SUS) de acordo com as competências de cada
Sistema Único de Saúde (SUS), pelo Ministério da Saúde, esfera de direção do SUS.
altera dispositivos dos Decretos nº 564, de 8 de junho Art. 6º Compete às Secretarias de Saúde dos Estados, do
de 1992, e nº 1.141, de 19 de maio de 1994, e dá outras Distrito Federal e dos Municípios a gestão da Rede de Frio.
providências; Parágrafo único. Para fins do disposto nesta Portaria,
Considerando o Decreto nº 7.508, de 28 de junho de considera-se Rede de Frio o processo de armazena-
2011, que regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro mento, conservação, manuseio, distribuição e trans-
de 1990, para dispor sobre a organização do SUS, o pla‐ porte de imunobiológicos, sendo composta por:
nejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação I - equipe técnica qualificada para execução de suas
interfederativa, e dá outras providências; atividades;
Considerando a Portaria nº 254/GM/MS, de 31 de ja‐ II - equipamentos para execução de suas atividades;
neiro de 2002, que aprova a Política Nacional de Atenção III - procedimentos padronizados para manutenção
à Saúde dos Povos Indígenas; das condições adequadas de refrigeração e das ca-
Considerando a Portaria nº 3.252/GM/MS, de 22 de racterísticas dos imunobiológicos, desde o laboratório
dezembro de 2009, que aprova as diretrizes para execu‐ produtor até o momento de sua administração.
ção e financiamento das ações de Vigilância em Saúde Art. 7º O registro das informações quanto às vacinas
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios; administradas será feito nos instrumentos padroniza-
Considerando a Portaria nº 104/GM/MS, de 25 de dos no âmbito do PNI, obedecendo-se ao fluxo e à pe-
janeiro de 2011, que define as terminologias adotadas riodicidade ali definidos, sendo responsabilidade:
em legislação nacional, conforme o disposto no Regula‐ I - das Secretarias de Saúde do Distrito Federal e dos Mu-
mento Sanitário Internacional 2005 (RSI 2005), a relação nicípios, no que se refere ao registro no Sistema de Infor-
de doenças, agravos e eventos em saúde pública de no‐ mação do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI); e
tificação compulsória em todo o território nacional e es‐ II - da SESAI/MS, no que se refere ao registro no Sis-
tabelece fluxo, critérios, responsabilidades e atribuições tema de Informação de Atenção à Saúde Indígena
aos profissionais e serviços de saúde; e (SIASI).
Art. 8º A comprovação da vacinação será feita por
Considerando a Resolução da Diretoria Colegiada da meio do cartão ou caderneta de vacinação, emitido
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (RDC) nº 64, de pelas unidades de saúde públicas e privadas, devida-
28 de dezembro de 2012, que publica a Lista das De‐ mente credenciadas no âmbito do SUS, contendo as
nominações Comuns Brasileiras (DCB) da Farmacopeia seguintes informações:
Brasileira, resolve: I - nome da vacina;
Art. 1º Esta Portaria redefine o Calendário Nacional II - data;
de Vacinação, o Calendário Nacional de Vacinação III - número do lote;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
98
Art. 10. O Ministério da Saúde disponibilizará manual instrutivo com normatizações técnicas sobre o Calendário Nacio-
nal de Vacinação, o Calendário Nacional de Vacinação dos Povos Indígenas e as Campanhas Nacionais de Vacinação,
cujo conteúdo encontra-se disponível no endereço eletrônico www.saude.gov.br/svs.
Art. 11. Ficam revogadas:
I - a Portaria nº 1.946/GM/MS, de 19 de julho de 2010, publicada no Diário Oficial da União nº 137, Seção 1, do dia
seguinte, pág. 38;
II - a Portaria nº 3.318/GM/MS, de 28 de outubro de 2010, publicada no Diário Oficial da União nº 208, Seção 1, do
dia seguinte, pág. 105.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
99
FIQUE ATENTO!
Introduzido no calendário vacinal, vacina da Varicela aos 4 anos e vacina Influenza de 6 meses a menores
de 5 anos.
100
ESQUEMA DE VACINAÇÃO PARA ADULTOS COM 60 ANOS OU MAIS DE IDADE
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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ESQUEMA DE VACINAÇÃO PARA GESTANTE E PUÉRPERA
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
102
FIQUE ATENTO!
O Programa Nacional de Imunização é de suma importância nos concursos públicos, visto que o mesmo
precisa ser atualizado constantemente por sempre estar sofrendo modificações vacinais.
1. O que é saúde?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como “o estado de completo bem-estar físico, mental e so‐
cial”. Em outras palavras, trata-se de uma condição proporcionada por fatores como alimentação equilibrada, prática
regular de atividades físicas, meio ambiente, emprego, segurança, lazer, educação, renda, transporte, boas condições
de moradia, saneamento básico e acesso aos bens e serviços essenciais.
Quando um ou mais desses fatores deixam de existir, o indivíduo ou a população ficam sujeitos ao surgimento de
agravos como as doenças.
103
1.1 Saúde coletiva
A saúde coletiva engloba uma série de ações de caráter individual e coletivo voltadas para a promoção da saúde,
prevenção de doenças, tratamento e reabilitação de cada pessoa.
Essas ações são planejadas e desenvolvidas pelas equipes multiprofissionais da Atenção Básica (também conhecida
como Atenção Primária à Saúde), principal porta de entrada da população para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Criado pela Constituição Federal de 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS) atende mais de 190 milhões de pessoas
em todo o país. Sua função é assegurar que toda a população tenha acesso à ações e serviços públicos voltados para
a promoção, proteção e recuperação da saúde.
Todas as ações e serviços de saúde que integram o SUS devem ser desenvolvidos com base nas diretrizes previstas
no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo os princípios da:
a) Universalidade: assegura a toda população o direito à saúde. De acordo com esse princípio, o SUS deve atender
a todas as pessoas, independente de raça, sexo, religião, ocupação e outros.
b) Integralidade: garante que cada cidadão tenha acesso a ações e serviços voltados para a promoção da saúde,
prevenção de doenças, tratamento e reabilitação. Esse princípio só é possível com o trabalho conjunto de gesto‐
res e profissionais das mais diversas áreas da saúde.
c) Equidade: visa amenizar as desigualdades oferecendo tratamento desigual aos desiguais, ou seja, trata cada
população conforme suas reais necessidades (populações com mais necessidades precisam de maior atenção e
investimento do SUS).
d) Participação da comunidade: prevê a participação de toda a comunidade no processo de gestão do SUS. Essa
participação pode acontecer por meio de Conselhos e Conferências de Saúde, nas esferas nacional, estadual e
municipal.
e) Descentralização: cada região do país possui características econômicas, sociais e sanitárias diferentes e, por‐
tanto, necessidades distintas. Assim, a gestão do SUS precisa estar distribuída entre as três esferas do governo
(Federal, Estadual e Municipal).
f) Regionalização: com o objetivo de assegurar o direito à saúde da população e reduzir as desigualdades sociais
e territoriais, o princípio da regionalização orienta a descentralização das ações e serviços do SUS e favorece a
pactuação entre os gestores de cada esfera.
g) Hierarquização: visa organizar as ações e serviços dos SUS, atendendo as diferentes necessidades da população.
As necessidades mais comuns são atendidas nos serviços de Atenção Primária à Saúde. Outras necessidades exi‐
gem serviços mais complexos, como maternidades, policlínicas, prontos-socorros, hospitais e outros.
A vigilância epidemiológica tem o papel de identificar e acompanhar a evolução das principais doenças/agravos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
104
FIQUE ATENTO!
Os principais indicadores de saúde coletiva são a morbidade, a mortalidade e a letalidade. Esses indicado‐
res são usados para planejar e organizar as ações e serviços de atenção à saúde.
A morbidade permite conhecer a prevalência (que doenças costumam ocorrer em uma determinada área,
período e população) e a incidência (quais os novos casos da doença na mesma área, período e população)
de doenças. Está relacionada aos seguintes termos:
a) Surto: termo usado quando ocorre um aumento repentino do número de casos de uma determinada
doença em uma área específica. a
b) Epidemia: termo usado quando uma determinada doença infecciosa passa a atingir um grande número
de pessoas ao mesmo tempo.
c) Pandemia: termo utilizado quando pessoas de vários países do mundo são afetadas por uma mesma
doença.
d) Endemia: termo usado quando uma doença se manifesta apenas em pessoas de uma determinada
região. Caso essa doença se espalhe e passe a afetar pessoas de outras regiões, a endemia e torna uma
epidemia.
As doenças transmissíveis, também conhecidas como doenças infecciosas, são aquelas causadas por agentes como
vírus, bactérias, protozoários, fungos e vermes.
Geralmente, ocorrem por meio do contato direto com secreções infectadas (saliva, sangue, esperma, secreção nasal
etc.), pela ingestão de água e alimentos contaminados ou pelo contato com vetores.
Dentre as principais doenças transmissíveis estão:
a) Hepatite B: doença causada pelo vírus HBV, transmitida por meio do contato com sangue ou outras secreções
contaminadas.
b) Poliomielite ou paralisia infantil: doença viral causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados por
gotículas de muco, expelidas pela fala, tosse ou espirro.
c) Tétano: doença causada pelo contato de tecidos lesionados com terra, poeira ou objetos contaminados com
esporos da bactéria Clostridium tetani.
d) Coqueluche: doença causada pelo contato com secreções (expelidas pela fala, tosse ou espirro) contaminadas
pela bactéria Bordetella pertussis.
e) Difteria: doença causada pelo contato direto com secreções (expelidas pela fala, tosse ou espirro) contaminadas
pela bactéria Corynebacterium diphtheriae.
f) Meningite: doença causada por vírus, fungos ou bactérias. É transmitida por meio do contato com secreções
contaminadas pelo microrganismo.
g) Febre amarela: doença viral causada pela picada do mosquito Aedes aegypti (mosquito que atua como vetor da
febre amarela urbana).
h) Rubéola: doença viral causada pelo contato direto com secreções (expelidas pela fala, tosse ou espirro) conta‐
minadas.
i) Sarampo: doença viral causada pelo contato direto com secreções (expelidas pela fala, tosse ou espirro) conta‐
minadas.
j) Caxumba: doença viral causada pelo contato direto com secreções (expelidas pela fala, tosse ou espirro) conta‐
minadas.
k) Varicela ou catapora: doença viral causada pela inalação de secreções (gotículas expelidas pela fala, tosse ou
espirro) contaminadas.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
l) Raiva humana: doença viral causada por arranhões, mordidas ou lambeduras (de mucosas ou ferimentos) de
animais infectados (cães, gatos, morcegos, macacos etc.).
m) Hepatite A: doença viral causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados pelas fezes de pessoas
doentes.
n) Febre tifoide: doença causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados pela Trypanosoma cruzi bac‐
téria Salmonella typhi.
o) Cólera: doença causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados pela bactéria Vibrio cholerae.
p) Dengue: doença viral causada pela picada do mosquito Aedes aegypti (mosquito que atua como vetor da doen‐
ça).
q) Leptospirose: doença bacteriana causada pelo contato direto com água ou embalagens de produtos contami‐
nados com urina de rato.
105
r) Malária: doença causada pelo protozoário do gênero Plasmódio, transmitido pela picada da fêmea do mosquito
Anopheles (mosquito que atua como vetor da doença).
s) Doença de Chagas: doença causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, transmitido pelo inseto conhecido
como barbeiro ou chupão (atua como vetor da doença). A doença também pode ser transmitida pelo leite ma‐
terno, pela placenta e pelo contato com sangue contaminado.
t) Esquistossomose mansônica: doença causada pelo verme Schistosoma mansoni, cujo vetor é o caramujo do
gênero Biomphalaria, encontrado em fontes de água doce.
u) Escabiose ou sarna: doenças causada pelo Sarcoptes scabei, microrganismo que coloniza a pele da pessoa
doente.
Hanseníase e tuberculose são doenças transmissíveis que ainda apresentam grande prevalência e incidência no
Brasil.
a) Hanseníase (lepra ou Mal de Hansen): causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, a hanseníase é transmitida
pelo contato com as secreções contaminadas eliminadas pelo doente. Seu diagnóstico é realizado com base
nos sinais clínicos, na observação de áreas da pele com alterações de sensibilidade e na identificação do micror‐
ganismo em exames laboratoriais. Geralmente, o tratamento da doença é feito em regime ambulatorial com a
associação de vários medicamentos, selecionados conforme a classificação do doente, paucibacilar (apresenta
poucos bacilos) ou multibacilar (apresenta muitos bacilos).
b) Tuberculose: causada pela Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch (BK), a tuber‐
culose é transmitida pela inalação de gotículas de secreção (expelidas pela fala, tosse ou espirro) contaminadas.
Seu diagnóstico é feito a partir dos sinais e sintomas apresentados pelo doente (febre, sudorese, emagrecimento,
tosse com ou sem sangue e dor no tórax) e do resultado de exames laboratoriais. Os casos confirmados da doen‐
ça são tratados em regime ambulatorial por vários meses com o uso de antibióticos.
Tanto a hanseníase quanto a tuberculose são favorecidas por fatores como desnutrição, baixa eficácia dos progra‐
mas de controle e prevenção, mutações nos bacilos, aglomerações urbanas e Aids (doença que compromete a imuni‐
dade do doente).
A identificação e o tratamento precoce dos doentes é a medida mais eficaz para controlar as doenças e prevenir o
surgimento de novos casos.
1.2.4 Programa de imunização
A vacinação constitui uma das estratégias mais eficazes para prevenir a ocorrência de doenças e promover a saúde.
Por isso, o Programa Nacional de Imunização (PNI) disponibiliza para a população, uma grande quantidade de
vacinas, como: BCG (previne casos graves de tuberculose), HPV (protege contra o vírus do papiloma humano), Pneu‐
mocócica (protege contra pneumonia), Febre Amarela (previne a febre amarela), VOP (previne a poliomielite), Hepatite
B (previne a hepatite B), Influenza (protege contra gripe), Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola), Dupla
adulto (previne difteria e tétano) e dTpa (protege contra difteria, tétano e coqueluche).
FIQUE ATENTO!
Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), as vacinas são conservadas e armazenadas em refrigeradores com
temperatura controlada. Essa temperatura pode variar de 2 a 8ºC.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
106
Na tabela ilustrada a seguir estão as vacinas recomendadas para pessoas de 0 a 60 anos ou mais:
A estratégia Saúde da Família (eSF) tem como objetivo reorganizar a Atenção Básica no Brasil, segundo os preceitos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
107
1.2.5.1 Equipes da eSF a) Aids: causada pelo vírus HIV, a Aids, também co‐
nhecida como Sida (Síndrome da Imunodeficiência
A estratégia Saúde da Família (eSF) é constituída por Adquirida), é uma doença grave que atinge pessoas
equipes multiprofissionais. Para garantir ações de cuida‐ do mundo todo. Transmitida, principalmente, pelo
do integral da saúde da população, cada equipe deve contato direto com secreções contaminadas pelo
contar, no mínimo, com: vírus (esperma, secreção vaginal, sangue e leite
a) médico generalista ou especialista em saúde da fa‐ materno), a doença também pode acontecer: pela
mília ou médico de família e comunidade; recepção de órgão ou sangue contaminado; pelo
b) enfermeiro generalista ou especialista em saúde da compartilhamento de seringas e agulhas; por aci‐
família; dentes com materiais perfurocortantes contamina‐
c) auxiliar ou técnico de enfermagem; dos; e durante a gestação (quando a mãe é porta‐
d) agentes comunitários de saúde (ACS). dora do vírus). Ao ser adquirido, o vírus HIV ataca
as células de defesa do corpo (linfócitos), compro‐
Em alguns casos, as equipes Saúde da Família ainda metendo de forma significativa o sistema imuno‐
podem possuir profissionais de saúde bucal, dentre os lógico do indivíduo doente. Consequentemente, a
quais estão: pessoa se torna mais susceptível a outras doenças.
a) o cirurgião-dentista generalista ou especialista em Essa manifestação clínica, em conjunto com os re‐
saúde da família; sultados de exames laboratoriais, serve de base
b) o técnico em saúde bucal (TSB); para diagnosticar a Aids. Embora não tenha cura,
b) o auxiliar em saúde bucal (ASB). a doença pode ser tratada com medicamentos que
reduzem a quantidade de vírus no sangue, melho‐
Para atender de forma adequada toda a população rando/prolongando a qualidade de vida do doente.
cadastrada, as equipes Saúde da Família também preci‐
sam contar com uma quantidade suficiente de agentes Quando a pessoa tem o vírus, mas não apresenta si‐
comunitários da saúde (ACS). Nesse caso é recomen‐ nais e sintomas da doença, ela é chamada de portadora
dado que: do HIV ou soropositiva para HIV. A partir do momento em
a) cada equipe de Saúde da Família conte como 12 que a pessoa portadora do HIV passa a apresentar sinais
ACS; e sintomas, se diz que ela tem Aids.
b) cada ACS seja responsável por, no máximo, 750 Portadores do HIV devem ser orientados a:
pessoas. a) viver normalmente, seguindo as orientações da
equipe de saúde;
Recomenda-se ainda que cada equipe Saúde da Fa‐ b) usar preservativo em todas a relações sexuais (evita
mília seja responsável por, no máximo, 4.000 pessoas (a outras doenças);
média ideal é de 3.000 pessoas por equipe). c) não compartilhar agulhas e seringas;
d) não doar órgãos ou sangue;
As jornadas de trabalho das equipes Saúde da Famí‐ e) passar regularmente por avaliação na UBS;
lia, assim como os horários e dias de funcionamento da f) adotar hábitos saudáveis.
Unidade Básica de Saúde (UBS) devem ser organizadas Já para as pessoas doentes de Aids, é recomendado:
de maneira que assegurem: a) seguir todas as orientações citadas anteriormente;
a) o maior acesso possível da população; b) aderir ao tratamento da doença, usando os medica‐
b) a construção de vínculo entre a equipe e os usuá‐ mentos de forma correta.
rios;
c) a continuidade, coordenação e longitudinalidade b) Sífilis: causada pela bactéria Treponema pallidum, a
do cuidado. sífilis é uma DST que pode ser adquirida (transmiti‐
da pelo contato sexual ou transfusão sanguínea) ou
1.2.6 Prevenção e controle das doenças sexual- congênita (transmitida da mãe doente para o feto
mente transmissíveis e da Aids durante a gestação). Seus sinais e sintomas variam
conforme a fase de desenvolvimento da doença
As doenças sexualmente transmissíveis (DST), tam‐ (sífilis primária, sífilis secundária, período latente
bém conhecidas como doenças venéreas ou doenças da e sífilis terciária ou tardia), servindo de base para
rua, são causadas por microrganismos (como vírus, bac‐ o diagnóstico. Os casos confirmados são tratados
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
108
nodos. Ainda nessa fase podem ocorrer sintomas
como febre, mal estar, náuseas, cansaço, dor de FIQUE ATENTO!
cabeça, distúrbios visuais etc. Pessoas diagnosticadas com cancro mole de‐
3) Período latente: nessa fase, geralmente o paciente vem ser acompanhadas pelo médico respon‐
não apresenta sinais e sintomas, apenas a presença sável até o completo desaparecimento das
de anticorpos para sífilis. Em períodos de recaída, lesões. Durante o período de tratamento, é
as lesões podem voltar a aparecer. indicada a abstinência sexual. Além disso, é
4) Sífilis terciária ou tardia: nessa fase, parte dos pa‐ fundamental que os parceiros sexuais do do‐
cientes não tratados passam a apresentar manifes‐ ente também sejam tratados, uma vez que
tações ósseas (ossos), cardiovasculares (coração e algumas pessoas podem ter a doença sem
vasos) e nervosas (sistema nervoso). apresentar os sintomas.
ducrey, o cancro mole ou cancro venéreo simples ter um bom resultado, é necessário realizar o tratamento
é uma doença de transmissão sexual que se mani‐ de forma correta, sem interrupções.
festa pelo surgimento de lesões dolorosas (lesões A fim de controlar as DST/Aids em todo o país, o Mi‐
do tipo úlcera com borda irregular, cobertas por nistério da Saúde estruturou programas com ações que
um líquido de coloração amarela e odor fétido) na visam prevenir a ocorrência de novos casos, detectar pre‐
genitália masculina e feminina. Seu diagnóstico é cocemente a doença e tratar os doentes e seus parceiros.
feito a partir dos sinais clínicos apresentados pelo Essas ações se concretizam na rede de saúde pela
doente e confirmado por exames laboratoriais. Já realização de atividades como educação em saúde, en‐
o tratamento da doença é realizado com o uso de caminhamento de gestantes ao pré-natal e busca por
medicamentos. doentes que não apresentam sintomas.
109
mento do diabetes também está associado a pre‐
#FicaDica sença de fatores de risco, dentre os quais estão:
a obesidade; o histórico familiar da doença; o se‐
Muitas DST podem ser evitadas com a ado‐
dentarismo; a hipertensão arterial; e o colesterol/
ção de medidas, como:
triglicerídeos elevados.
a) usar preservativos em todas as relações
sexuais;
Dependendo das características que apresenta, o diabe‐
b) reduzir o número de parceiros sexuais;
tes pode ser classificado em três tipos: diabetes tipo 1,
c) realizar frequentemente o autoexame dos
diabetes tipo 2 e diabetes gestacional.
genitais;
a) Diabetes tipo 1: representa de 5 a 10% dos casos
d) não compartilhar seringas e agulhas
da doença. Nele, acontece a destruição das células
beta do pâncreas e, consequentemente, a insulina
não é produzida no organismo. Pode afetar crian‐
1.2.7 Prevenção e controle das doenças crônicas ças, adolescentes e adultos sem excesso de peso,
se manifestando por sintomas como vontade de
Doenças crônicas são aquelas que se desenvolvem ao urinar várias vezes ao dia, fome e sede constan‐
longo do tempo, levando de meses a anos para se ma‐ tes, perda de peso, fraqueza, cansaço, nervosismo,
nifestar. Nesse grupo de doenças, estão a hipertensão alterações de humor, náuseas e vômito. Após ser
arterial e o diabetes mellitus. diagnosticado, o diabetes tipo 1 é tratado com a
administração de insulina, aliada a fatores como
a) Hipertensão arterial: a hipertensão arterial, tam‐ planejamento alimentar e prática de atividades
bém conhecida como pressão alta, é uma doença físicas, que ajudam a controlar a quantidade de
crônica que se manifesta pela elevação da pressão glicose no sangue no paciente.
arterial. Quando não controlada, pode afetar di‐ b) Diabetes tipo 2: representa cerca de 90% dos ca‐
versos órgãos e gerar graves complicações, como sos da doença. Esse tipo pode acontecer quando o
acidente vascular cerebral (AVC), infarto e morte. organismo produz a insulina, porém não consegue
Geralmente de origem genética (maior parte dos usá-la de forma adequada ou quando o organis‐
casos), o aumento da pressão arterial também mo não produz quantidade suficiente de insulina
pode estar relacionado: a distúrbios da tireoide ou para controlar as taxas de glicose. O diabetes tipo
em glândulas endocrinológicas; ao consumo de 2 se manifesta com maior frequência em adultos
bebidas alcoólicas; a obesidade; a idade avançada com excesso de peso, mas também pode aparecer
(a hipertensão acomete principalmente indivíduos em crianças. Normalmente de início assintomático
com mais de 50 anos); ao consumo elevado de sal; (sem sintomas), a doença pode se manifestar por
e ao sedentarismo. sinais e sintomas como infecções frequentes, re‐
tardo na cicatrização de feridas, alterações visuais,
formigamento nos pés, vontade de urinar várias
FIQUE ATENTO! vezes no dia e fome/sede constantes. O tratamen‐
Uma pessoa é considerada hipertensa quan‐ to do diabetes tipo 2 consiste em controlar as ta‐
do apresenta pressão arterial igual ou maior xas de glicose no sangue e evitar o surgimento
que 140/90 mmHg (14 por 9). de possíveis complicações da doença. Para isso, é
indicado praticar exercícios físicos, planejar a ali‐
mentação, monitorar a glicemia entre outros.
b) Diabetes mellitus: o diabetes mellitus consiste c) Diabetes gestacional: ocorre durante a gestação
em um grupo de doenças metabólicas resultantes quando o pâncreas da mulher grávida não produz
da falta ou do mau funcionamento da insulina no insulina em quantidade suficiente para manter os
organismo. A insulina é um hormônio produzido níveis de glicemia estáveis. Nem sempre a doen‐
pelo pâncreas que permite a entrada da glicose ça apresenta sintomas. Assim, é importante que,
(carboidrato obtido a partir da ingestão dos ali‐ a partir do 6º mês de gestação, a mulher realize
mentos) nas células. Dentro das células, a glicose exames para verificar sua glicemia (nível de glicose
passa por uma série de processos metabólicos que no sangue). Na maior parte das vezes, o controle
geram a energia necessária para a manutenção de do diabetes gestacional é realizado com a adoção
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
todas as funções vitais do corpo. Quando o orga‐ de uma dieta adequada, com a quantidade ideal
nismo não produz a insulina ou não consegue uti‐ de nutrientes calculada para cada período da ges‐
lizá-la, ocorre o aumento da quantidade de glicose tação. Outra medida eficaz é a prática de atividade
no sangue, causando o que chamamos de hiper‐ física, feita somente após uma minuciosa avaliação
glicemia. Caso os níveis de glicose no sangue não médica dos riscos (por exemplo, parto prematuro)
voltem ao normal, os órgãos e vasos sanguíneos e contraindicações para cada caso. O uso de in‐
são comprometidos, resultando em uma série de sulina é indicado apenas para os casos em que a
problemas de saúde, como insuficiência renal, ce‐ glicemia da gestante não é totalmente controlada
gueira, amputação de membros inferiores, doen‐ com dieta e atividade física.
ças cardiovasculares e até a morte. Assim como
acontece na hipertensão arterial, o desenvolvi‐
110
Tanto a hipertensão quanto o diabetes pode ser pre‐
venido com a adoção de medidas simples, como: adotar FIQUE ATENTO!
hábitos alimentares saudáveis; reduzir ou cessar o con‐ A lei brasileira permite que mulheres víti‐
sumo de bebidas alcoólicas; e praticar atividades físicas mas de violência sexual interrompa uma
regularmente. gravidez indesejada, com até 20 semanas
As estratégias utilizadas pelo Ministério da Saúde de gestação. Caso a mulher decida pros‐
para controlar a hipertensão e o diabetes no país são seguir com a gestação, mas não queira
desenvolvidas, respectivamente, por meio do Programa assumir a maternidade da criança, ela ser
Nacional de Controle da Hipertensão Arterial e do Pro‐ orientada sobre o processo de adoção.
grama Nacional de Controle do Diabetes.
Dentre as atividades realizadas nas unidades básicas
de saúde (UBS) para controle das doenças crônicas, es‐ 1.2.9 Programa de atenção à saúde da criança
tão: a educação em saúde; a aferição da pressão arterial
em pessoas com idade igual ou maior que 20 anos; e a Com o objetivo de reduzir a mortalidade infantil por
verificação da glicemia (nível de glicose no sangue) em doenças (infecciosas ou respiratórias) e/ou distúrbios nu‐
indivíduos com idade igual ou maior que 30 anos. tricionais, foi criado o Programa de Assistência Integral à
Saúde da Criança (PAISC).
1.2.8 Programa de atenção à saúde da mulher Esse programa tem como focos de atenção: o cres‐
cimento e desenvolvimento da criança, o aleitamento
No Brasil, a atenção à saúde da mulher está organiza‐ materno, a orientação nutricional, a assistência às doen‐
da no Programa de Assistência Integral à Saúde da Mu‐ ças diarreicas e infecções respiratórias agudas (IRAs) e
lher (PAISM). imunização.
Visando melhorar as condições da mulher e diminuir Para acompanhar as questões relacionadas à saúde
as taxas de morbidade e mortalidade maternas, esse da criança, os profissionais da equipe de saúde contam
programa prevê a assistência à mulher nas várias fases com a Caderneta de Saúde da Criança, um documento
de sua vida (desde a adolescência até a menopausa), in‐ composto por:
cluindo: a) Dados de identificação e do nascimento: inclui
a) Assistência clínico-ginecológica: destinado, prin‐ nome completo, endereço e informações relativas
cipalmente, para a prevenção do câncer de mama ao nascimento da criança.
e do câncer do colo de útero, dois graves proble‐ b) Gráficos de crescimento: mostram por meio de
mas de saúde pública que causam a morte de um curvas, se o estado nutricional da criança (peso, al‐
número significativo de mulheres na fase adulta. tura e Índice de Massa Corporal - IMC) estão com‐
b) Planejamento familiar: garante a todas as mu‐ patíveis com os apresentados por outras pessoas
lheres, o acesso igualitário à informações, meios, com a mesma idade.
métodos e técnicas para controle da fecundidade c) Atividades: permite avaliar e acompanhar o desen‐
(ciclo reprodutivo), incluindo a esterilização volun‐ volvimento da criança de acordo com as atividades
tária para homens e mulheres. que ela é capaz de realizar em diferentes idades.
c) Assistência ao ciclo gravídico-puerperal: acom‐ d) Vacinas da criança: permite que o profissional da
panha a mulher nas fases de pré-natal e parto, saúde verifique a situação da criança em relação ao
visando reduzir as complicações durante a gesta‐ calendário vacinal. A vacinação constitui uma das
ção que podem provocar a morte da mãe e/ou do estratégias mais importantes para reduzir o núme‐
bebê. Também garante assistência no puerpério, ro de casos e mortes por doenças infecciosas.
auxiliando a mulher em relação ao aleitamento
materno, ao planejamento familiar e ao retorno à 1.2.10 Programa de atenção à saúde do adoles-
vida sexual após o parto. cente
d) Assistência à mulher no climatério: visa garan‐
tir maior qualidade de vida à mulheres diante das A adolescência é a fase de transição entre a infância e
transformações que ocorrem no climatério (queda a vida adulta que ocorre dos 12 até os 18 anos de idade.
hormonal, ressecamento da mucosa vaginal, de‐ Durante ela, o adolescente passa por diversas alterações
pressão e maior risco de DST/Aids - muitas mu‐ físicas, metais e sociais.
lheres no climatério deixam de usar preservativo Nessa fase da vida, a promoção da saúde e a pre‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
por não se preocuparem mais com uma possível venção de agravos deve ser desenvolvida pela equipe
gravidez). de saúde em articulação com escolas, grupos de jovens,
e) Assistência à mulher vítima de violência sexual: grupos de capoeira etc.
atende mulheres vítimas de violência sexual, ga‐ Para auxiliar nesse processo, foi criado o Programa de
rantindo atendimento psicológico, prevenção de Atenção à Saúde do Adolescente, que tem como objeti‐
DST/Aids, contracepção de emergência, alívio de vos: promover a saúde na adolescência, realizar o diag‐
dor, tratamento das lesões, a realização de exames nóstico precoce e o tratamento de doenças e recuperar a
laboratoriais e exame de corpo delito. saúde do adolescente.
Por meio desse programa, o Ministério da Saúde
(através do SUS) visa solucionar os principais problemas
identificados na adolescência, dentre os quais estão a(s):
111
a) Violência (sexual, doméstica, homicídios e uso cujo preenchimento correto permite que as equipes de
de drogas): pode ser solucionada com a vigilância saúde realizem ações de prevenção, recuperação e rea‐
contínua, a realização de ações educativas/infor‐ bilitação.
mativas para os jovens, as famílias e a sociedade.
b) Mortes por causas externas (acidentes de trân- 1.2.12 Programa de atenção à saúde bucal
sito, principalmente): pode ser solucionada por
ações integradas com a educação e serviços de Cuidar da saúde bucal é essencial para melhorar a
trânsito. situação atual e prevenir problemas futuros. Por isso, é
c) Gravidez não planejada e o risco de DST/Aids: recomendado:
podem ser solucionados com ações educativas, a) higienizar a boca e os dentes corretamente;
orientação sexual e acesso facilitado e contínuo b) visitar regularmente o dentista, fazendo os trata‐
aos métodos contraceptivos, incentivando a dupla mentos indicados quando necessário;
proteção. c) adotar hábitos alimentares mais saudáveis, redu‐
d) Baixa escolaridade e inserção precoce no mer- zindo o consumo de açúcar;
cado de trabalho: podem ser solucionados com d) evitar o uso de tabaco/derivados/bebidas alcoóli‐
inclusão na escola, capacitação profissional e edu‐ cas e outras drogas;
cação em saúde. e) procurar rapidamente o serviço de saúde bucal
sempre que houver cáries, dentes quebrados, pro‐
FIQUE ATENTO! blemas com a dentadura, feridas na cavidade bu‐
cal, entre outros.
Os casos de violência, as mortes por causas
externas, a gravidez não planejada, a ocor‐ Para facilitar o acesso de toda a população aos servi‐
rência de DST/Aids, a baixa escolaridade e ços de saúde bucal, as equipes da Atenção Básica contam
a inserção precoce no mercado de trabalho com profissionais, como: cirurgião-dentista, técnico em
durante a adolescência são, muitas vezes, re‐ saúde bucal (TSB) e auxiliar em saúde bucal (ASB).
sultantes da falta de informação e do uso de
bebidas alcoólicas e/ou drogas. Na equipe de saúde, cada profissional desempenha
uma função.
1.2.11 Programa de atenção à saúde do idoso a) Cirurgião-dentista: desenvolve atividades relacio‐
nadas a saúde bucal. É responsável por definir, jun‐
Para que, apesar das progressivas limitações, os ido‐ tamente com o técnico em saúde bucal, o perfil
sos possam continuar vivendo ativamente na sociedade epidemiológico da população sob responsabilida‐
com qualidade de vida, dignidade e autonomia, foi cria‐ de da UBS, buscando planejar uma programação
do pelo Ministério da Saúde, o Programa de Atenção In‐ que ofereça atenção individual e coletiva direcio‐
tegral à Saúde do Idoso (PAISI). nadas para promoção da saúde bucal e para a pre‐
Esse programa possui como objetivos: promover a venção de doenças. Sempre que necessário, reali‐
saúde do idoso, prevenir agravos e garantir assistência à
za atendimento de urgência, pequenas cirurgias e
pessoas com mais de 60 anos.
procedimentos relacionados com a colocação de
a) Atividades relacionadas à promoção da saúde:
próteses dentárias. É responsável pela supervisão
devem ser voltadas para a divulgação de informa‐
do técnico e do auxiliar em saúde bucal. Também
ções sobre o processo de envelhecimento e que
deve participar ativamente, junto dos demais pro‐
estimulem a adoção de hábitos saudáveis (alimen‐
fissionais da equipe, do processo de gerenciamen‐
tação equilibrada e prática de atividades físicas/de
to dos insumos essenciais para o funcionamento
lazer).
b) Prevenção de agravos: deve orientar idosos, fa‐ da UBS.
miliares e cuidadores sobre a prevenção de doen‐ b) Técnico em Saúde Bucal (TSB): sob a supervisão do
ças crônicas (hipertensão arterial e diabetes), DST cirurgião-dentista, esse profissional é responsável
e doenças infecciosas (podem ser evitadas com a pelo acolhimento do paciente na unidade de saúde
vacinação) na terceira idade. e pela manutenção e conservação dos equipamen‐
c) Assistência aos idosos: visa acompanhar a saúde tos utilizados na prestação de serviços odontológi‐
do idoso, atendendo suas necessidades; identificar cos. Também estão entre suas funções, fazer a remo‐
as situações de risco para pessoas idosas, orien‐ ção do biofilme, realizar a limpeza e a antissepsia do
campo operatório (antes e após os procedimentos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
112
mentos estão fazer a limpeza, assepsia, desinfec‐ habituais são os componentes protéicos de bactérias,
ção e esterilização dos instrumentos odontológi‐ vírus e outros micro-organismos. Os anticorpos se unem
cos, dos equipamentos e do ambiente de trabalho, à superfície de bactérias, vírus ou toxinas, eliminando-os
processar filmes radiográficos, selecionar moldei‐ de três formas: por inativação direta, permitindo que ou‐
ras e preparar modelos em gesso, além de todas as tras células sanguíneas os englobem e destruam (Ver Fa‐
outras atividades desenvolvidas pelo TSB. gocitose) e/ou tornando-os vulneráveis à destruição por
outras proteínas sanguíneas (grupo denominado com‐
O sistema imunológico tem como função reconhe‐ plemento). As cinco classes conhecidas de anticorpos
cer agentes agressores e defender o organismo da sua distinguem-se pelas letras M, G, E, A e D, todas precedi‐
ação, sendo constituído por órgãos, células e moléculas das pela abreviatura Ig de imunoglobulina, outro nome
que asseguram essa proteção. dado aos anticorpos. Ver Imunização.
Entre as células do sistema imunológico, encontra‐
mos os glóbulos brancos, ou leucócitos. Doenças relacionadas ao sistema imunológico.
Existem vários tipos de glóbulos brancos, com fun‐
ções imunológicas específicas e diferenciadas, nomeada‐ Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS)
mente: os linfócitos, os neutrófilos polimorfonucleares, Estado final da infecção crônica provocada pelo re‐
os eosinófilos, os basófilos e os monócitos. trovírus HIV (vírus da imunodeficiência humana). É uma
Por sua vez, os linfócitos podem ser de dois tipos: lin‐ doença que anula a capacidade do sistema imunológi‐
fócitos T e linfócitos B. co de defender o organismo de múltiplos micro-orga‐
Os linfócitos B diferenciam-se em plasmócitos, em nismos, causando, entre outros problemas, infecções
resposta a elementos estranhos (os antígenos) e estes graves. Caracteriza-se por astenia e perda de peso acen‐
sintetizam anticorpos para combater os elementos in‐ tuado, bem como por uma incidência elevada de certos
vasores. cânceres, especialmente o sarcoma de Kaposi e o linfo‐
Este tipo de resposta imunológica designa-se por ma de célula B. Transmite-se pelo sangue, por contato
Imunidade Humoral. homossexual ou heterossexual e, através da placenta, da
Os linfócitos T são responsáveis pela resposta imuno‐ mãe infectada ao feto. As transfusões sangüíneas foram
lógica designada como Imunidade Celular. uma via importante de transmissão, antes do desenvolvi‐
Podem ser linfócitos T4 (também conhecidos como mento de um teste confiável para a detecção do vírus no
células CD4) ou auxiliadores e são o elemento vigilante sangue. Um dos mecanismos principais de transmissão e
que alerta o sistema imunológico para a necessidade de difusão da doença é o uso compartilhado, pelos viciados
lutar contra o visitante indesejado através da síntese de em drogas, de agulhas contaminadas com sangue infec‐
tado. Nos países ocidentais, o maior número de casos
substâncias químicas (as citocinas); e linfócitos T8 (tam‐
ocorreu por transmissão sexual. O vírus HIV permanece
bém conhecidos como células CD8) ou citotóxicos que
inativo por um tempo variável, no interior das células T
são aqueles que destroem as células que estiverem in‐
infectadas, e pode demorar até 10 anos para desenca‐
fectadas.
dear a moléstia
O sistema imunológico conta ainda com os macrófa‐
gos, que resultam da diferenciação dos monócitos.
HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana)
Os macrófagos digerem as células mortas e os ele‐
mentos invasores, agindo, sobretudo nos órgãos afeta‐ Membro da família de vírus conhecida como Retro‐
dos. viridae (retrovírus), classificado na subfamília dos Len‐
Os glóbulos brancos são produzidos na medula ós‐ tiviridae (lentivírus). Estes vírus compartilham algumas
sea, um dos órgãos primários do sistema imunológico, propriedades comuns: período de incubação prolongado
juntamente com o timo. antes do surgimento dos sintomas da doença, infecção
das células do sangue e do sistema nervoso e supressão
Doenças imunológicas e imunodeficiências do sistema imune. A infecção humana pelo vírus HIV pro‐
voca uma moléstia complexa denominada síndrome da
Certas doenças de importância clínica estão relacio‐ imunodeficiência adquirida (AIDS).
nadas a deficiências do sistema imunológico e outras
estão relacionadas a um funcionamento anormal deste Alergia
sistema. Nos últimos anos, a imunodeficiência que atraiu
maior atenção do público foi a Síndrome da Imunodefi‐ Doença caracterizada por uma hipersensibilidade a
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ciência Adquirida (AIDS). determinadas substâncias inócuas para a maioria dos in‐
divíduos, provocada por um erro no sistema imunológi‐
Anticorpo co. Os alérgicos não são capazes de diferenciar as subs‐
tâncias nocivas das inócuas e geram anticorpos contra
Qualquer das cerca de um milhão de moléculas pro‐ uma ou várias substâncias inofensivas, desencadeando
téicas que eliminam as substâncias estranhas. Os anti‐ uma reação alérgica. Esta pode consistir em espirros e
corpos, que são um componente importante do sistema secreção aquosa nasal, ataques de asma, ou ardência e
imunológico, estão em todos os vertebrados na fração urticária na pele. O alérgeno (antígeno da reação alérgi‐
do sangue chamada gamaglobulina. A síntese dos an‐ ca) pode ser inalado, como a poeira ou o pólen; ingerido,
ticorpos começa quando uma substância estranha, cha‐ como as proteínas da clara de ovo ou o marisco; injetado,
mada antígeno, penetra no organismo. Os antígenos como a penicilina, ou atuar por mero contato, como a lã.
113
Alergia e intolerância alimentar, condições que pro‐ formando as ínguas. É possível, muitas vezes, detectar
vocam reações adversas em certas pessoas com a inges‐ um processo infeccioso pela existência de gânglios lin‐
tão de determinados alimentos. fáticos inchados.
Alergia aguda alimentar As reações agudas aos ali‐
mentos são freqüentemente as mais visíveis e perigosas Baço
de todas as alergias. Alguém que seja alérgico a frutas
secas, por exemplo, pode apresentar uma inflamação O baço está situado na região do hipocôndrio es‐
grave na língua e no rosto e severos ataques de asma querdo, entre o fundo do estômago e o músculo dia‐
e, até mesmo, morrer. Essas alergias a alimentos podem fragma. É mole e esponjoso, fragmenta-se facilmente,
afetar quase todas as regiões do corpo, dando lugar a e sua cor é vermelho-violácea escura. No adulto, mede
alterações como eczema, asma e urticária. cerca de 13 cm de comprimento e 8 a 10 cm de largura.
É reconhecido como órgão linfático porque contém nó‐
Intolerância a alimentos dulos linfáticos repletos de linfócitos.
cos (pequenos órgãos perfurados por canais). A linfa, em proporciona o conhecimento, a detecção ou preven‐
seu caminho para o coração, circula pelo interior desses ção de qualquer mudança nos fatores determinantes e
gânglios, onde é filtrada. Partículas como vírus, bactérias condicionantes da saúde individual ou coletiva.
e resíduos celulares são fagocitados pelos linfócitos exis‐ e) Vigilância em saúde ambiental - monitora fatores que
tentes nos gânglios linfáticos. podem interferir na saúde humana como: água para
Os gânglios linfáticos são órgãos de defesa do orga‐ consumo humano, ar, solo, desastre naturais, subs‐
nismo humano, e produzem anticorpos. Quando este é tâncias químicas, acidentes com produtos perigosos
invadido por micro-organismos, por exemplo, glóbulos e fatores físicos.
brancos dos gânglios linfáticos próximo ao local da in‐
vasão, começam a se multiplicar ativamente, para dar
combate aos invasores. Com isso, os gânglios incham,
114
Resposta: Letra B. A vigilância epidemiológica consis‐ supressões de indicadores. Por esse motivo, a consistên‐
te em um conjunto de ações que possibilita conhecer, cia da série histórica disponibilizada demanda atenção
detectar e prevenir doenças ou agravos que possam constante. Convencionou-se classificar os indicadores
afetar a saúde individual ou coletivas. em seis subconjuntos temáticos: demográficos, socioe‐
conômicos, mortalidade, morbidade e fatores de risco,
2. (Prefeitura de Vitor Meireles/SC – Agente comu- recursos e cobertura. Cada indicador é caracterizado na
nitário de saúde - Fundamental – EXATA GG/2010) matriz pela sua denominação, conceituação, método de
Doença que se manifesta inicialmente como uma peque‐ cálculo, categorias de análise e fontes de dados.
na ferida nos órgãos sexuais, denominada cancro duro, e A produção de cada indicador é de responsabilidade
com ínguas (caroços) nas virilhas, que surgem entre a 2a da instituição-fonte melhor identificada com o tema, a
ou 3a semana; em geral, entre sete e dez dias após a data qual fornece anualmente os dados brutos utilizados no
de exposição à situação de risco com pessoa infectada. cálculo, em planilha eletrônica padronizada, preparada
Estamos nos referindo à(ao): pelo Datasus ou obtida diretamente das bases de dados
dos sistemas nacionais de informações de saúde.
a) Sífilis. De maneira geral estão disponíveis, para cada indi‐
b) Herpes. cador, dados desagregados por unidade geográfica 9 ,
c) Hanseníase. idade e sexo. Dados sobre cor/raça e situação de esco‐
d) Tuberculose. laridade, quando disponíveis, são utilizados como proxy
e) Sarampo. de condição social. Há ainda categorias de análise espe‐
cíficas a determinados indicadores como, por exemplo, a
Resposta: Letra A. A doença que se manifesta inicial‐ situação urbana ou rural do domicílio.
mente pela aparição de uma lesão cutânea, denomi‐ A matriz orienta a elaboração anual do produto fi‐
nada cancro duro, na genitália é a sífilis. Normalmente, nalístico da Ripsa “Indicadores e Dados Básicos (IDB)”, a
essa lesão desaparece em poucas semanas sem deixar partir do qual devem ser realizados análises e informes
cicatrizes. sobre a situação de saúde no Brasil e suas tendências.
põem.
Indicadores de Saúde • Categorias sugeridas para análise: níveis de desa‐
gregação definidos pela sua potencial contribuição
A construção da matriz de indicadores pautou-se nos para interpretação dos dados e que estão efetiva‐
critérios de: relevância para a compreensão da situação mente disponíveis.
de saúde, suas causas e conseqüências; validade para • Dados estatísticos e comentários: tabela resumida
orientar decisões de política e apoiar o controle social; e comentada, que ilustra a aplicação do indicador
identidade com processos de gestão do SUS; e disponi‐ em situação real. Idealmente, a tabela apresenta
bilidade de fontes regulares. Esses critérios se mantêm dados para grandes regiões do Brasil, em anos se‐
no processo de revisão e atualização periódicas da ma‐ lecionados desde o início da série histórica.
triz, que resulta em eventuais alterações, acréscimos e
115
Determinantes de Saúde Igualmente aos demais indicadores analisados, tam‐
bém os serviços de coleta de lixo tiveram ampliação de
As fichas de qualificação foram progressivamente suas coberturas nas regiões brasileiras , atingindo 71%
aperfeiçoadas com a contribuição de consultores, espe‐ da população brasileira em 2000. As regiões Norte e Nor‐
cialistas e grupos ad hoc. O processo de revisão e atuali‐ deste, apesar de apresentarem cerca de apenas metade
zação está a cargo dos Comitês de Gestão de Indicadores de sua população com acesso aos serviços de coleta de
(CGI) da Ripsa. lixo, foram também as que apresentaram maiores incre‐
Determinantes sociais em saúde segundo regiões mentos desse serviço no período de 1991 a 2000. Devido
brasileiras Instalações sanitárias da população urbana, a esse fato, a desigualdade regional quanto a esse indi‐
rede geral de água canalizada, população adulta alfabe‐ cador reduziu de 2,5 (excesso de cobertura da população
tizada e acesso à coleta de lixo por serviços de limpeza. com serviços de coleta de lixo na região Sudeste em rela‐
Avanços nos indicadores de desenvolvimento econômi‐ ção à região Norte) em 1991, para 1,7, em 2000.
co e social, combinados ao aprimoramento de aspectos
quantitativos (oferta, uso e cobertura) e qualitativos do Referencia: http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/li‐
Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo as ações de vroidb/2ed/aspectos.pdf
promoção da saúde, prevenção e controle de doenças
nas diferentes regiões, resultaram em inquestionável im‐ O que são Doenças Infecciosas e Parasitárias?
pacto na qualidade de vida das populações brasileiras.
Incremento expressivo no acesso à rede geral de insta‐ Infecção é a penetração, multiplicação e / ou desen‐
lações sanitárias, à rede geral de água, à coleta de lixo, à volvimento de um agente infeccioso em determinado
escolaridade de boa qualidade e à redução da pobreza hospedeiro; doença infecciosa são as consequências das
extrema são alguns exemplos desses avanços. Paralela‐ lesões causadas pelo agente e pela resposta do hospe‐
mente, avanços na busca de universalidade das ações do deiro manifestada por sintomas e sinais e por alterações
SUS e o aprimoramento da efetividade dos programas e fisiológicas, bioquímicas e histopatológicas.
políticas de saúde têm sido perseguidos. Apesar desses
Quando o agente infeccioso penetra, multiplica-se ou
avanços, persistem desigualdades que devem ser discu‐
desenvolve-se no hospedeiro, sem causa danos nem ma‐
tidas e enfrentadas.
nifestações clínicas, considera-se a infecção subclínica,
Entre 1991 e 2000, o acesso ao saneamento básico na
inaparente ou assintomática. Outras vezes, porém, por
área urbana foi ampliado para grande parcela da popu‐
ação mecânica, por toxinas, por reação inflamatória ou
lação brasileira . A prevalência percentual da população
hipersensibilidade ocorre o conflito parasito hospedeiro,
urbana sem acesso às instalações sanitárias reduziu de
com destruição tissular e manifestações clínicas e pato‐
4,3%, em 1991 para 2,5%, em 2000. As regiões Sul, Su‐
lógicas, caracterizando a doença infecciosa.
deste e Centro-Oeste que já apresentavam valores bai‐
xos em 1991 reduziram ainda mais o percentual de suas As doenças infecciosas e parasitárias podem ser cau‐
populações urbanas sem acesso às instalações sanitárias sadas pelos seguintes mecanismos: invasão e destruição
em 2000. A região Nordeste ainda apresenta 6,2% de sua dos tecidos por ação mecânica, por reação inflamatória
população urbana sem instalações sanitárias. Os diferen‐ ou por ação de substâncias líticas (lisinas); ação de toxi‐
ciais entre as regiões aumentaram no período. Em 1991, nas específicas, elaboradas pelos germes infectantes ou
a região Nordeste apresentou uma prevalência da popu‐ parasitos, capazes de causar danos locais e / ou à distân‐
lação urbana sem instalação sanitária 5,9 vezes, maior do cia nas células dos hospedeiros; indução de reação de hi‐
que na região Sul. Já em 2000, essa razão de prevalências persensibilidade com resposta imune do hospedeiro ca‐
foi de 10,3. paz de produzir lesões em suas próprias células e tecidos.
A escolaridade persiste, ainda nos dias de hoje, como Qualquer paciente com suspeita de uma doença in‐
um dos principais fatores associados à saúde e ao bem fecciosa ou parasitária deve ser investigado quanto a evi‐
estar das populações brasileiras. Têm sido descritas as‐ dências clínicas, epidemiológicas e laboratoriais.
sociações entre baixos níveis de escolaridade das popu‐ Os principais sintomas e sinais das doenças infeccio‐
lações dos estados e municípios brasileiros e maior risco sas e parasitárias são febre, cefaleia, adinamia, cansaço,
de morte infantil, maior risco de morte por causas exter‐ sensação de mal-estar indefinido, sonolência, corrimento
nas e maior risco de doenças infecciosas (BRASIL, 2004- nasal, lacrimejamento, dor de garganta, tosse, dor toráci‐
2005; DUARTE et al., 2002). Foram observados ganhos ca e abdominal, estertores pulmonares e sopros cardía‐
expressivos na proporção de adultos (20 anos ou mais cos, dor abdominal, diarreia, náuseas e vômitos, icterícia,
disúria, rash cutâneo, presença de gânglios palpáveis,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
116
riamente. Somente defecar em vasos sanitários e - Incentivar o tratamento;
quando isso não for possível, dar destino seguro - Orientar como prevenir as principais infecções;
aos dejetos fecais; - Orientar quanto aos hábitos de higiene.
- Beber somente água filtrada ou fervida;
- Lavar muito bem as verduras, frutas e legumes que Principais doenças no Brasil:
serão consumidos crus;
- Evitar o consumo de carnes e seus derivados crus Doenças do aparelho circulatório
(linguiça, salames, churrasquinhos, etc.) ou mal co‐
zidos; Este tipo de doença faz parte do grupo que mais mata
- Proteger os alimentos de poeira e insetos (como ba‐ em nosso país. Podemos citar como exemplos: derrame,
ratas ou moscas) que podem transportar em suas hipertensão e infarto. São doenças que se desenvolvem
patas formas resistentes de parasitos; no corpo humano em função de componentes genéticos
- Não utilizar fezes humanas como adubo nas horta‐ associados ao estilo de vida e hábitos de alimentação.
liças e demais lavouras; O fumo, a bebida alcoólica, o estilo de vida sedentário
- Fazer o diagnóstico e tratamento correto das infec‐ e estressante estão como causas principais destes tipos
ções sempre que houver suspeita de parasitose; de doenças. A alimentação com excesso de gorduras
- Proteger os pés e pernas com sapatos e botas im‐ animais, carboidrato e sal também prejudicam o sistema
permeáveis sempre que for trabalhar na lavoura ou circulatório e o coração, podendo provocar tais doenças.
pisar em solos suspeitos de contaminação fecal;
- Proteger as mãos com luvas quando tiver que ma‐ Câncer
nipular objetos contaminados, e usar máscaras ao
entrar em contato com pessoas sabidamente por‐ De acordo com os últimos dados, verificou-se que
tadoras de doenças infecciosas; o câncer é a segunda doença que mais mata no Brasil.
- Usar camisinhas quando for manter elações sexuais; O câncer é causado por uma multiplicação excessiva de
- Evitar a presença de animais nas praias (cães e ga‐ células em determinadas regiões do corpo. Se não tra‐
tos) e dar destino seguro à fezes dos animais do‐ tados a tempo, podem se espalhar pelo corpo (metás‐
mésticos; tase) e acometer vários órgãos, provocando a morte do
- Preferencialmente, morar em habitações de alve‐ paciente. Os tipos de câncer mais comuns são: câncer
naria e não em casa de pau-a-pique ou barro cru, de pele, câncer de mama, câncer de pulmão, câncer de
cobertas de palha; próstata entre outros. Há um fator genético no desen‐
- Cobrir as janelas com telas e usar mosquiteiros nos volvimento do câncer, porém a alimentação e os hábitos
quartos, como proteção de mosquitos vetores; de vida também estão relacionados ao desenvolvimento
- Usar repelentes sempre que tiver de se expor aos de câncer. Fumantes, por exemplo, possuem uma maior
mosquitos, sobretudo ao anoitecer; probabilidade de desenvolverem o câncer de pulmão.
- Usar roupas adequadas para se proteger das pica‐ O diagnóstico rápido e tratamentos com quimioterapia
das dos mosquitos se precisar frequentar zonas ainda são os recursos disponíveis mais usados no com‐
rurais endêmicas para determinadas parasitoses bate ao câncer.
(garimpo, minério, derrubada de matas, etc.);
- Aplicar inseticidas nas paredes das casas em áreas
Doenças respiratórias
endêmicas de doenças veiculadas por insetos;
- Vacinar-se e estimular a vacinação contra as doen‐
As doenças respiratória mais comuns são: bronquite,
ças infecciosas para as quais as vacinadas são re‐
asma e pneumonia. Atingem principalmente os habitan‐
comendadas;
tes dos grandes centros urbanos, que respiram um ar de
- Utilizar seringas e agulhas descartáveis;
péssima qualidade. O monóxido de carbono e o dióxi‐
- Eliminar águas paradas;
- Adotar técnicas corretas de esterilização e desinfec‐ do de carbono (gás carbônico) são gases resultantes da
ção; queima de combustíveis fósseis e são altamente prejudi‐
- Decisões políticas: instalações sanitárias de rede de ciais ao sistema respiratório do ser humano. A inalação
esgoto, tratamento da água de abastecimento, de gases poluentes pode provocar o aparecimento des‐
limpeza das vias públicas (ruas, praças, etc.). Vigi‐ tes tipos de doenças.
lância sanitária: fiscalização e controle nos abate‐
douros de animais e nas indústrias de derivados de Diabete
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
117
Aids Leishmaniose
A Aids é uma doença recente e que ainda não pos‐ Esta doença é causada por um protozoário que apa‐
sui uma cura definitiva. É provocada pelo vírus conhecido rece nas vísceras, no intestino ou na pele da pessoa infec‐
como HIV que é transmitido através de várias formas: rela‐ tada. A forma mais comum é a que se manifesta na pele
ções sexuais, compartilhamento de seringas, contato com do paciente. O hospedeiro transmissor da doença é um
sangue contaminado etc. Embora não haja cura, o soropo‐ inseto que ao picar o ser humano transmite o protozoá‐
sitivo pode levar uma vida normal tomando um coquetel de rio. Regiões de favelas ou áreas com poucas condições
remédios que controla a presença do vírus no organismo. de higiene favorecem o desenvolvimento do mosquito,
O vírus HIV é mutante e, por isso, tem dificultado a criação facilitando a transmissão da doença.
de uma vacina ou de um remédio que o elimine definiti‐
vamente do organismo. A utilização de preservativos em Sarampo
relações sexuais e o não compartilhamento de seringas in‐
jetáveis ainda são as medidas mais eficientes para se evitar É uma doença infectocontagiosa provocada por um
a doença. vírus. É transmitida através de gotículas de saliva conta‐
minada que pode ser transmitida de uma pessoa con‐
Dengue taminada para uma saudável. Em seu estágio avançado,
começa a aparecer manchas pequenas e avermelhadas
Esta doença é provocada pela picada do mosquito Ae‐ na pele que , com o tempo, começam a secar. As campa‐
des Aegypti. Foi considerada doença epidêmica na década nhas de vacinação têm feito diminuir este tipo de doença
de 1980, fazendo centenas de vítimas fatais no Brasil. É uma no Brasil. Sintomas do sarampo : febre alta, mal estar,
doença que cresce na época do verão, pois o mosquito pre‐ tosse, coriza, conjuntivite e falta de apetite.
cisa da umidade e de água parada para depositar os ovos.
As campanhas educativas têm surtido efeitos positivos na Malária
diminuição da doença. As recomendações para diminuir a
proliferação do mosquito transmissor são: não deixar água O hospedeiro transmissor da malária é o mosquito
parada e eliminar os focos de reprodução do mosquito. Anopheles darling. A região amazônica é que possui o
maior número de casos da doença. A grande quantidade
Cólera de rios e o clima quente e úmido favorecem a prolifera‐
ção do mosquito transmissor.
A cólera é uma doença típica de regiões que sofrem
problemas de abastecimento de água tratada. A sujeira e Doença predominante na região Nordeste
os esgotos a céu aberto ajudam no aumento de casos da
doença. A região nordeste do Brasil é a que mais sofre com Hanseníase
este problema. Água limpa e tratada, tratamento de esgoto
e condições ambientais adequadas dificultam a prolifera‐ A hanseníase é uma doença infecciosa, de evolução
ção da doença. crônica (muito longa) causada pelo Mycobacterium le-
prae, microrganismo que acomete principalmente a pele
Hanseníase e os nervos das extremidades do corpo. A doença tem
um passado triste, de discriminação e isolamento dos
Popularmente conhecida como lepra, à hanseníase é doentes, que hoje já não existe e nem é necessário, pois
causada por uma bactéria conhecida como Mycobacterium a doença pode ser tratada e curada. A transmissão se dá
leprae. Esta doença causa lesões na pele, principalmente de indivíduo para indivíduo, por germes eliminados por
nos braços e pernas, podendo também atingir as cartila‐ gotículas da fala e que são inalados por outras pessoas
gens e o sistema nervoso do paciente. O tratamento é feito penetrando o organismo pela mucosa do nariz. Outra
com a utilização de remédios, porém é de longa duração. possibilidade é o contato direto com a pele através de
feridas de doentes. No entanto, é necessário um contato
Hepatite íntimo e prolongado para a contaminação, como a con‐
vivência de familiares na mesma residência. Daí a impor‐
Já foram registrados e estudados três tipos de hepatites tância do exame dos familiares do doente de hanseníase.
virais: A, B e C. O mais grave é o tipo C, pois em estado A hanseníase tem cura. O tratamento da hanseníase no
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
avançado pode provocar câncer de fígado e cirrose. O Brasil é feito nos Centros Municipais de Saúde (Postos de
contágio pode ocorrer através do contato com sangue Saúde) e os medicamentos são fornecidos gratuitamen‐
contaminado ou relações sexuais sem uso de preserva‐ te aos pacientes, que são acompanhados durante todo
tivo. O vírus se instala no fígado do doente e pode se o tratamento. A duração do tratamento varia de acordo
manifestar muitos anos depois, quando a doença já está com a forma da doença: seis meses para as formas mais
num estágio avançado. A hepatite dos tipos A e B, mais brandas e 12 meses para as formas mais graves. Uma
comuns, podem ser transmitidas através de alimentos ou importante medida de prevenção é a informação sobre
água contaminada. os sinais e sintomas da doença, pois, quanto mais cedo
for identificada, mais fácil e rápida ocorrerá à cura. Ou‐
tra medida preventiva é a realização do exame dermato
neurológico e aplicação da vacina BCG nas pessoas que
118
vivem com os portadores desta doença. A maioria da po‐ Suscetibilidade e imunidade: Como em outras
pulação adulta é resistente à hanseníase, mas as crianças doenças infecciosas, a conversão de infecção em doen‐
são mais susceptíveis, geralmente adquirindo a doença ça depende de interações entre fatores individuais do
quando há um paciente contaminante na família. No ano hospedeiro, ambientais e do próprio M. leprae. Devido
de 2005 foi constatado no nordeste do Brasil 10.934 casos ao longo período de incubação, a hanseníase é menos
de hanseníase. frequente em menores de 15 anos, contudo, em áreas
mais endêmicas, a exposição precoce, em focos domici‐
Características Gerais liares, aumenta a incidência de casos nessa faixa etária.
Embora acometa ambos os sexos, observa-se predomi‐
Doença crônica granulomatosa, proveniente de infec‐ nância do sexo masculino.
ção causada pelo Mycobacterium leprae. Esse bacilo tem
a capacidade de infectar grande número de indivíduos Aspectos Clínicos e Laboratoriais
(alta infectividade), no entanto poucos adoecem (bai‐
xa patogenicidade); propriedades essas que não são em Diagnóstico Clínico
função apenas de suas características intrínsecas, mas que
dependem, sobretudo, de sua relação com o hospedeiro O diagnóstico é essencialmente clínico e epide‐
e o grau de endemicidade do meio, entre outros aspec‐ miológico, realizado por meio da análise da história e
tos. O domicílio é apontado como importante espaço de condições de vida do paciente, do exame dermato neu‐
transmissão da doença, embora ainda existam lacunas de rológico, para identificar lesões ou áreas de pele com
conhecimento quanto aos prováveis fatores de risco impli‐ alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de
cados, especialmente aqueles relacionados ao ambiente nervos periféricos (sensitivo, motor e/ou autonômico).
social. O alto potencial incapacitante da hanseníase está O diagnóstico é essencialmente clínico e epidemiológi‐
diretamente relacionado ao poder imunogênico do M. le- co, realizado por meio da análise da história e condições
prae. A hanseníase parece ser uma das mais antigas doen‐ de vida do paciente, do exame dermato neurológico,
ças que acomete o homem. As referências mais remotas para identificar lesões ou áreas de pele com alteração
datam de 600 a.C. e procedem da Ásia, que, juntamente de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos pe‐
com a África, podem ser consideradas o berço da doença.
riféricos (sensitivo, motor e/ou autonômico).
A melhoria das condições de vida e o avanço do conheci‐
Os casos com suspeita de comprometimento neural,
mento científico modificaram significativamente o quadro
sem lesão cutânea (suspeita de hanseníase neural pura),
da hanseníase, que atualmente tem tratamento e cura. No
e aqueles que apresentam área com alteração sensitiva
Brasil, cerca de 47.000 casos novos são detectados a cada
e/ou autonômica duvidosa e sem lesão cutânea eviden‐
ano, sendo 8% deles em menores de 15 anos.
te deverão ser encaminhados para unidades de saúde
Agente Etiológico: O M. leprae é um bacilo álcool áci‐
de maior complexidade para confirmação diagnóstica.
do resistente, em forma de bastonete. É um parasita intra‐
celular, sendo a única espécie de micobactéria que infecta Recomenda-se que nessas unidades os mesmos sejam
nervos periféricos, especificamente células de Schwann. submetidos novamente ao exame dermatoneurológico
Esse bacilo não cresce em meios de cultura artificiais, ou criterioso, à coleta de material (baciloscopia ou histo‐
seja, in vitro. patologia cutânea ou de nervo periférico sensitivo), a
Reservatório: O ser humano é reconhecido como a exames eletrofisiológicos e/ou outros mais complexos,
única fonte de infecção, embora tenham sido identificados para identificar comprometimento cutâneo ou neural
animais naturalmente infectados – o tatu, macaco manga‐ discreto e para diagnóstico diferencial com outras neu‐
bei e o chimpanzé. Os doentes com muitos bacilos (mul‐ ropatias periféricas.
tibacilares-MB) sem tratamento – hanseníase virchowiana Em crianças, o diagnóstico da hanseníase exige
e hanseníase dimorfa – são capazes de eliminar grande exame criterioso, diante da dificuldade de aplicação e
quantidade de bacilos para o meio exterior (carga bacilar interpretação dos testes de sensibilidade. Nesse caso,
de cerca de 10 milhões de bacilos presentes na mucosa recomenda-se utilizar o “Protocolo Complementar de
nasal). Investigação Diagnóstica de Casos de Hanseníase em
Modo de transmissão: A principal via de eliminação Menores de 15 Anos” (Portaria SVS/SAS/MS nº 125, de
dos bacilos dos pacientes multibacilares (virchowianos e 26 de março de 2009). O diagnóstico de hanseníase
dimorfos) é a aérea superior, sendo, também, o trato res‐ deve ser recebido de modo semelhante ao de outras
piratório a mais provável via de entrada do M. leprae no doenças curáveis. Se vier a causar impacto psicológico,
corpo. tanto a quem adoeceu quanto aos familiares ou pes‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Período de incubação: A hanseníase apresenta longo soas de sua rede social, essa situação requererá uma
período de incubação; em média, de 2 a 7 anos. Há refe‐ abordagem apropriada pela equipe de saúde, que per‐
rências a períodos mais curtos, de 7 meses, como também mita a aceitação do problema, superação das dificulda‐
a mais longos, de 10 anos. des e maior adesão aos tratamentos.
Período de transmissibilidade: Os doentes com pou‐ Essa atenção deve ser oferecida no momento do
cos bacilos – paucibacilares (PB), indeterminados e tuber‐ diagnóstico, bem como no decorrer do tratamento da
culóides – não são considerados importantes como fonte doença e, se necessária, após a alta. A classificação ope‐
de transmissão da doença, devido à baixa carga bacilar. Os racional do caso de hanseníase, visando o tratamento
pacientes multibacilares, no entanto, constituem o grupo com poliquimioterapia é baseada no número de lesões
contagiante, assim se mantendo como fonte de infecção, cutâneas de acordo com os seguintes critérios:
enquanto o tratamento específico não for iniciado.
119
- Paucibacilar (PB) – casos com até 5 lesões de pele;
- Multibacilar (MB) – casos com mais de 5 lesões de pele.
Diagnóstico Diferencial: As seguintes dermatoses podem se assemelhar a algumas formas e reações de hanse‐
níase e exigem segura diferenciação: eczemátides, nevo acrômico, pitiríase versicolor, vitiligo, pitiríase rósea de Gil‐
bert, eritema solar, eritrodermias e eritemas difusos vários, psoríase, eritema polimorfo, eritema nodoso, eritemas anu‐
lares, granuloma anular, lúpus eritematoso, farmacodermias, foto dermatites polimorfas, pelagra, sífilis, alopécia areata
(pelada), sarcoidose, tuberculose, xantomas, hemoblastoses, esclerodermias, neurofibromatose de Von Recklinghausen.
Diagnóstico Laboratorial
Exame baciloscópico – a baciloscopia de pele (esfregaço intradérmico), quando disponível, deve ser utilizada como
exame complementar para a classificação dos casos em PB ou MB. A baciloscopia positiva classifica o caso como MB,
independentemente do número de lesões.
Classificação operacional
Clínicas Baciloscópicas Formas clínicas vigente para a rede pú-
blica
Áreas de hipo ou anestesia, parestesias,
manchas hipocrômicas e/ou eritemohipo‐
crômicas, Negativa Indeterminada (HI) Paucibacilar (PB)
com ou sem diminuição da sudorese e
rarefação de pelos.
Placas eritematosas, eritemato-hipocrômi‐
cas, até 5 lesões de pele bem delimitadas,
Negativa Tuberculóide (HT) Paucibacilar (PB)
hipo ou anestésicas, podendo ocorrer com‐
prometimento de nervos.
Lesões pré-foveolares (eritematosas planas
Positiva (bacilos e
com o centro claro). Lesões foveolares (eri‐
globias ou com Multibacilar (MB)
tematopigmentares de tonalidade ferrugi‐ Dimorfa (HD)
raros bacilos) ou Mais de 5 lesões
nosa ou pardacenta), apresentando altera‐
negativa
ções de sensibilidade.
Eritema e infiltração difusos, placas erite‐
matosas de pele, infiltradas e de bordas mal Positiva (bacilos
Multibacilar (MB)
definidas, tubérculos e nódulos, madarose, abundantes Virchowiana (HV)
Mais de 5 lesões
lesões das mucosas, com alteração de sen‐ e globias)
sibilidade.
É imprescindível avaliar a integridade da função neural e o grau de incapacidade física no momento do diagnóstico
do caso de hanseníase e do estado reacional. Para determinar o grau de incapacidade física, deve-se realizar o teste da
sensibilidade dos olhos, mãos e pés. É recomendada a utilização do conjunto de monofilamentos de Semmes-Weins‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
tein (6 monofilamentos: 0.05g, 0.2g, 2g, 4g, 10g e 300g), nos pontos de avaliação de sensibilidade em mãos e pés, e do
fio dental (sem sabor) para os olhos. Considera-se, grau 1 de incapacidade, ausência de resposta ao filamento igual ou
mais pesado que o de 2g (cor violeta). O formulário para avaliação do grau de incapacidade física (Anexo III da Portaria
SVS/SAS/MS nº 125, de 26 de março de 2009), deverá ser preenchido conforme critérios expressos no Quadro 2.
120
Quadro 2. Critérios de avaliação do grau de incapacidade e da função neural
Grau Características
0 Nenhum problema com os olhos, mãos e pés devido à hanseníase.
Diminuição ou perda da sensibilidade nos olhos, diminuição ou perda da sensibilidade nas mãos e ou
1
pés
Olhos: lagoftalmo e/ou ectrópio; triquíase; opacidade corneana central; acuidade visual menor que 0,1
ou não conta dedos a 6m de distância.
2
Mãos: lesões tróficas e/ou lesões traumáticas; garras; reabsorção; mão caída.
Pés: lesões tróficas e/ou traumáticas; garras; reabsorção; pé caído; contratura do tornozelo.
Para verificar a integridade da função neural recomenda-se a utilização do formulário de Avaliação Neurológica
Simplificada (Anexo IV da Portaria SVS/SAS/MS nº 125, de 26 de março de 2009). Para avaliação da força motora, preco‐
niza-se o teste manual da exploração da força muscular, a partir da unidade músculo tendinosa durante o movimento e
da capacidade de oposição à força da gravidade e à resistência manual, em cada grupo muscular referente a um nervo
específico. Os critérios de graduação da força muscular podem ser expressos como forte, diminuída e paralisada ou de
zero a cinco, conforme o Quadro 3.
Força Descrição
Forte 5 Realiza o movimento completo contra a gravidade, com resistência máxima.
4 Realiza o movimento completo contra a gravidade, com resistência parcial.
3 Realiza o movimento completo contra a gravidade.
Diminuída
2 Realiza o movimento parcial.
1 Contração muscular sem movimento.
Paralisada
0 Paralisia (nenhum movimento)
Reações Hansênicas
Os estados reacionais ou reações hansênicas são alterações do sistema imunológico, que se exteriorizam como
manifestações inflamatórias agudas e subagudas, que podem ocorrer mais frequentemente nos casos MB (Quadro 4).
Elas podem ocorrer antes (às vezes, levando à suspeição diagnóstica de hanseníase), durante ou depois do tratamento
com Poliquimioterapia (PQT):
- Reação Tipo 1 ou reação reversa (RR) – caracteriza-se pelo aparecimento de novas lesões dermatológicas (man‐
chas ou placas), infiltração, alterações de cor e edema nas lesões antigas, com ou sem espessamento e dor de
nervos periféricos (neurite).
- Reação Tipo 2, cuja manifestação clínica mais frequente é o eritema nodoso hansênico (ENH) – caracteriza-se
por apresentar nódulos subcutâneos dolorosos, acompanhados ou não de febre, dores articulares e mal-estar
generalizado, com ou sem espessamento e dor de nervos periféricos (neurite).
Os estados reacionais são a principal causa de lesões dos nervos e de incapacidades provocadas pela hanseníase.
Portanto, é importante que o diagnóstico das reações seja feito precocemente, para se dar início imediato ao tratamen‐
to, visando prevenir essas incapacidades. Frente à suspeita de reação hansênica, recomenda-se:
- confirmar o diagnóstico de hanseníase e fazer a classificação operacional;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O diagnóstico dos estados reacionais é realizado através do exame físico geral e dermato neurológico do paciente.
Tais procedimentos são também fundamentais para o monitoramento do comprometimento de nervos periféricos e
avaliação da terapêutica anti reacional. A identificação dos mesmos não contraindica o início do tratamento (PQT/
OMS). Se os estados reacionais aparecerem durante o tratamento, esse não deve ser interrompido, mesmo porque
reduz significativamente a frequência e a gravidade dos mesmos. Se forem observados após o tratamento específico
para a hanseníase, não é necessário reiniciá-lo e sim iniciar a terapêutica anti reacional.
121
Quadro 4. Síntese das reações hansênicas (tipo 1 e 2) em relação à classificação operacional da hanseníase:
casos paucibacilares e multibacilares.
Tipo 1 Tipo 2
Episódios reacionais
Reação reversa Eritema nodoso hansênico (ENH)
Formas clínicas Paucibacilar Multibacilar
Antes do tratamento PQT ou nos primeiros Pode ser a primeira manifestação da doença.
Início 6 meses do tratamento. Pode ser a primeira Pode ocorrer durante ou após o tratamento
manifestação com PQT. da doença.
Processo de hiperatividade imunológica, Processo de hiperatividade imunológica, em
Causa em resposta ao antígeno (bacilo ou frag‐ resposta ao antígeno (bacilo ou fragmento
mento bacilar). bacilar).
- Aparecimento de novas lesões que po‐
- As lesões preexistentes permanecem inal‐
dem ser eritemato-infiltradas (aspecto eri‐
teradas.
sipilóide).
- Há aparecimento brusco de nódulos erite‐
Manifestações clínicas - Reagudização de lesões antigas.
matosos, dolorosos à palpação ou até mes‐
- Dor espontânea nos nervos periféricos.
mo espontaneamente que podem evoluir
- Aumento ou aparecimento de áreas
para vesículas, pústulas, bolhas ou úlceras.
hipo ou anestésicas.
É frequente. Apresenta febre, astenia, mial‐
Comprometimento sis-
Não é frequente. gias, náuseas (estado toxêmico) e dor arti‐
têmico
cular.
- Edema de extremidades.
- Edema de mãos e pés.
- Irite, epistaxes, orquite, linfadenite.
Fatores associados - Aparecimento brusco de mão em garra e
- Neurite. Comprometimento gradual dos
pé caído.
troncos nervosos.
- Leucocitose, com desvio à esquerda, e au‐
Hematologia Pode haver leucocitose. mento de imunoglobinas.
- Anemia.
- Lenta. - Rápida.
Evolução - Podem ocorrer sequelas neurológicas e - O aspecto necrótico pode ser contínuo, du‐
complicações, como abcesso do nervo. rar meses e apresentar complicações graves.
O tratamento é eminentemente ambulatorial. Nos serviços básicos de saúde, administra-se uma associação de me‐
dicamentos, a poliquimioterapia (PQT/OMS). A PQT/OMS mata o bacilo e evita a evolução da doença, prevenindo as
incapacidades e deformidades por ela causadas, levando à cura. O bacilo morto é incapaz de infectar outras pessoas,
rompendo a cadeia epidemiológica da doença. Assim sendo, logo no início do tratamento a transmissão da doença
é interrompida e, se realizado de forma completa e correta, garante a cura da doença. A PQT/OMS é constituída pelo
conjunto dos seguintes medicamentos: rifampicina, dapsona e clofazimina, com administração associada. Essa asso‐
ciação evita a resistência medicamentosa do bacilo que ocorre, com frequência, quando se utiliza apenas um medica‐
mento, impossibilitando a cura da doença. É administrada através de esquema padrão, de acordo com a classificação
operacional do doente em paucibacilar e multibacilar.
A informação sobre a classificação do doente é fundamental para se selecionar o esquema de tratamento adequado
ao seu caso. Para crianças com hanseníase, a dose dos medicamentos do esquema padrão é ajustada de acordo com
a idade e peso. Já no caso de pessoas com intolerância a um dos medicamentos do esquema padrão, são indicados
esquemas alternativos. A alta por cura é dada após a administração do número de doses preconizado pelo esquema
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
terapêutico, dentro do prazo recomendado. O tratamento da hanseníase é ambulatorial, utilizando os esquemas tera‐
pêuticos padronizados (Quadro 5).
122
Quadro 5. Esquemas terapêuticos padronizados
Esquemas terapêuticos
Os esquemas terapêuticos deverão ser utilizados de acordo com a classificação operacional (Quadros 6 e 7).
Rifampicina (RFM): dose mensal de 600mg (2 cápsulas de 300mg), com administração supervisionada.
Adulto Dapsona (DDS): dose mensal de 100mg, supervisionada, e dose diária de 100mg, autoadministrada.
Rifampicina (RFM): dose mensal de 450mg (1 cápsula de 150mg e 1 cápsula de 300mg), com adminis‐
tração supervisionada.
Criança
Dapsona (DDS): dose mensal de 50mg, supervisionada, e dose diária de 50mg, autoadministrada
Duração: 6 doses.
Seguimento dos casos: comparecimento mensal para dose supervisionada.
Critério de alta: o tratamento estará concluído com 6 doses supervisionadas, em até 9 meses. Na 6ª dose, os pa‐
cientes deverão ser submetidos ao exame dermatológico, avaliação neurológica simplificada e do grau de incapacidade
física e receber alta por cura.
Rifampicina (RFM): dose mensal de 600mg (2 cápsulas de 300mg), com administração supervisiona‐
da.
Dapsona (DDS): dose mensal de 100mg, supervisionada, e uma dose diária de 100mg, autoadminis‐
trada.
Adulto Clofazimina (CFZ): dose mensal de 300mg (3 cápsulas de 100mg), com administração supervisionada,
e uma dose diária de 50mg, autoadministrada.
Rifampicina (RFM): dose mensal de 450mg (1 cápsula de 150mg e 1 cápsula de 300 mg), com admi‐
nistração supervisionada.
Dapsona (DDS): dose mensal de 50mg, supervisionada, e uma dose diária de 50mg, autoadministra‐
da.
Criança Clofazimina (CFZ): dose mensal de 150mg (3 cápsulas de 50mg), com administração supervisionada,
e uma dose de 50mg, autoadministrada, em dias alternados.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Duração: 12 doses.
Seguimento dos casos: comparecimento mensal para dose supervisionada.
Critério de alta: o tratamento estará concluído com 12 doses supervisionadas, em até 18 meses. Na 12ª dose, os
pacientes deverão ser submetidos ao exame dermatológico, avaliação neurológica simplificada e do grau de incapaci‐
dade física, e receber alta por cura.
Os pacientes MB que não apresentarem melhora clínica, ao final do tratamento preconizado de 12 doses (cartelas),
deverão ser encaminhados para avaliação nas unidades de maior complexidade, para verificar a necessidade de um
segundo ciclo de tratamento, com 12 doses.
Notas: Em crianças ou adulto com peso inferior a 30kg, ajustar a dose de acordo com o peso conforme as orientações do Quadro 8.
Quadro 8. Esquemas terapêuticos utilizados para crianças ou adultos com peso inferior a 30kg
123
Dose mensal Dose diária leia e, às vezes, choque, podendo também ocorrer icterí‐
cia leve. Raramente ocorre uma síndrome “pseudogripal”,
Rifampicina (RFM)- 10 a quando o paciente apresenta: febre, calafrios, astenia,
20mg/kg mialgias, cefaleia, dores ósseas. Esse quadro pode evo‐
Dapsona (DDS) – 1,5mg/ luir com eosinofilia, nefrite intersticial, necrose tubular
Dapsona (DDS) – 1,5mg/kg aguda, trombocitopenia, anemia hemolítica e choque.
kg
Esta síndrome, muito rara, se manifesta a partir da 2ª ou
Clofazimina (CFZ) – 1mg/ 4ª dose supervisionada, devido à hipersensibilidade por
Clofazimina (CFZ) – 5mg/kg
kg formação de anticorpos anti rifampicina, quando o medi‐
camento é utilizado em dose intermitente.
- Nos casos de hanseníase neural pura, o tratamento A coloração avermelhada da urina não deve ser con‐
com PQT dependerá da classificação (PB ou MB), fundida com hematúria. A secreção pulmonar averme‐
conforme avaliação do centro de referência; além lhada não deve ser confundida com escarros hemoptói‐
disso, faz-se o tratamento adequado do dano neu‐ cos. A pigmentação conjuntival não deve ser confundida
ral. Os pacientes deverão ser orientados para re‐ com icterícia.
torno imediato à unidade de saúde, em caso de
aparecimento de lesões de pele e/ou de dores nos Efeitos colaterais da clofazimina
trajetos dos nervos periféricos e/ou piora da fun‐
ção sensitiva e/ou motora, mesmo após a alta por Cutâneos – ressecamento da pele, que pode evo‐
cura. luir para ictiose, alteração na coloração da pele e suor.
- Em mulheres na idade reprodutiva, deve-se atentar Nas pessoas de pele escura, a cor pode se acentuar; nas
ao fato que a rifampicina pode interagir com anti‐ pessoas claras, a pele pode ficar com uma coloração
concepcionais orais, diminuindo a sua ação. avermelhada ou adquirir um tom acinzentado, devido à
impregnação e ao ressecamento. Esses efeitos ocorrem
Efeitos colaterais dos medicamentos e condutas mais acentuadamente nas lesões hansênicas e regridem,
muito lentamente, após a suspensão do medicamento.
Os medicamentos em geral, aqueles utilizados na po‐ Gastrointestinais – diminuição da peristalse e dor abdo‐
liquimioterapia e no tratamento dos estados reacionais, minal, devido ao depósito de cristais de clofazimina nas sub‐
também podem provocar efeitos colaterais. No entanto, mucosas e linfonodos intestinais, resultando na inflamação
os trabalhos bem controlados, publicados na literatu‐ da porção terminal do intestino delgado. Esses efeitos pode‐
ra disponível, permitem afirmar que o tratamento PQT/ rão ser encontrados, com maior frequência, na utilização de
OMS raramente precisa ser interrompido em virtude de doses de 300mg/dia por períodos prolongados, superiores
efeitos colaterais. a 90 dias.
A equipe da unidade básica precisa estar sempre
atenta para essas situações, devendo, na maioria das ve‐ Efeitos colaterais da dapsona
zes, encaminhar a pessoa à unidade de referência para
receber o tratamento adequado. Cutâneos – síndrome de Stevens-Johnson, dermatite
A seguir, são apresentados os possíveis efeitos co‐ esfoliativa ou eritrodermia.
laterais dos medicamentos utilizados na PQT/OMS e no Hepáticos – icterícias, náuseas e vômitos.
tratamento dos estados reacionais, bem como as prin‐ Hemolíticos – tremores, febre, náuseas, cefaleia, às
cipais condutas a serem adotadas para combatê-los. O vezes choque, podendo também ocorrer icterícia leve,
diagnóstico desses efeitos colaterais é fundamentalmen‐ metaemoglobinemia, cianose, dispneia, taquicardia, fadi‐
te baseado nos sinais e sintomas por eles provocados. ga, desmaios, anorexia e vômitos.
Outros efeitos colaterais raros podem ocorrer, tais
Efeitos colaterais da rifampicina como insônia e neuropatia motora periférica.
Cutâneos – rubor de face e pescoço, prurido e rash Efeitos colaterais dos medicamentos utilizados
cutâneo generalizado. nos episódios reacionais
Gastrointestinais – diminuição do apetite e náuseas.
Ocasionalmente, podem ocorrer vômitos, diarreias e dor Efeitos colaterais da talidomida
abdominal leve. - Teratogenicidade;
Hepáticos – mal-estar, perda do apetite, náuseas, po‐ - sonolência, edema unilateral de membros inferiores,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
dendo ocorrer também icterícia. São descritos dois tipos constipação intestinal, secura de mucosas e, mais
de icterícias: a leve ou transitória e a grave, com danos raramente, linfopenia;
hepáticos importantes. A medicação deve ser suspensa - neuropatia periférica, não comum no Brasil, pode
e o paciente encaminhado à unidade de referência se ocorrer em doses acumuladas acima de 40g, sendo
as transaminases e/ou bilirrubinas aumentarem mais de mais frequente em pacientes acima de 65 anos de
duas vezes o valor normal. idade.
Hematopoéticos – trombocitopenia, púrpuras ou
sangramentos anormais, como epistaxes. Podem tam‐ Efeitos colaterais dos corticosteroides
bém ocorrer hemorragias gengivais e uterinas. Nesses - Hipertensão arterial;
casos, o paciente deve ser encaminhado ao hospital. - disseminação de infestação por Strongyloides sterco‐
Anemia hemolítica – tremores, febre, náuseas, cefa‐ ralis;
124
- disseminação de tuberculose pulmonar; - nos casos moderados e graves, encaminhar o pa‐
- distúrbios metabólicos: redução de sódio e potássio, ciente à unidade de referência para administrar
aumento das taxas de glicose no sangue, alteração corticosteróides (hidrocortisona, 500mg/250ml de
no metabolismo do cálcio, levando à osteoporose soro fisiológico – 30 gotas/minuto, via intravenosa)
e à síndrome de Cushing; e, em seguida, (prednisona via oral, com redução
- gastrointestinais: gastrite e úlcera péptica; progressiva da dose até a retirada completa.
- outros efeitos: agravamento de infecções latentes,
acne cortisônica e psicoses. Condutas no caso de efeitos cutâneos provocados
pela clofazimina
Condutas gerais em relação aos efeitos colaterais Prescrever a aplicação diária de óleo mineral ou cre‐
dos medicamentos me de ureia, após o banho, e orientar para evitar a expo‐
A equipe de saúde deve estar sempre atenta para sição solar, a fim de minimizar esses efeitos.
a possibilidade de ocorrência de efeitos colaterais dos
medicamentos utilizados na PQT e no tratamento dos Condutas no caso de farmacodermia leve até sín-
estados reacionais, devendo realizar imediatamente a drome de Stevens-Johnson, dermatite esfoliativa ou
conduta adequada. eritrodermia provocados pela dapsona
Interromper definitivamente o tratamento com a dap‐
Condutas no caso de náuseas e vômitos incontro- sona e encaminhar o paciente à unidade de referência.
láveis
- Suspender o tratamento; Condutas no caso de efeitos colaterais provocados
- encaminhar o paciente para a unidade de referência; pelos corticosteroides
- solicitar exames complementares, para realizar diag‐ - Observar as precauções ao uso de córtico esterói‐
nóstico diferencial com outras causas; des;
- investigar e informar à unidade de referência se os - encaminhar imediatamente à unidade de referência.
efeitos ocorrem após a ingestão da dose supervi‐
sionada de rifampicina, ou após as doses autoad‐ Ao referenciar a pessoa em tratamento para outro
ministradas de dapsona.
serviço, enviar, por escrito, todas as informações disponí‐
veis: quadro clínico, tratamento PQT, resultados de exa‐
Condutas no caso de icterícia
mes laboratoriais (baciloscopia e outros), número de do‐
- Suspender o tratamento se houver alteração das
ses tomadas, se apresentou episódios reacionais, qual o
provas de função hepática, com valores superiores
tipo, se apresentou ou apresenta efeito colateral a algu‐
a duas vezes os normais;
ma medicação, causa provável do quadro, entre outras.
- encaminhar o paciente à unidade de referência;
- fazer a avaliação da história pregressa: alcoolismo,
hepatite e outras doenças hepáticas; Esquemas terapêuticos alternativos
- solicitar exames complementares necessários para A substituição do esquema padrão por esquemas
realizar diagnóstico diferencial; alternativos deverá acontecer, quando necessária, sob
- investigar se a ocorrência deste efeito está relacio‐ orientação de serviços de saúde de maior complexidade.
nada com a dose supervisionada de rifampicina ou
com as doses autoadministradas de dapsona. Tratamento de reações hansênicas
Para o tratamento das reações hansênicas é impres‐
Condutas no caso de anemia hemolítica cindível:
- Suspender o tratamento; - diferenciar o tipo de reação hansênica;
- encaminhar o paciente à unidade de referência ou - avaliar a extensão do comprometimento de nervos
ao hematologista para avaliação e conduta; periféricos, órgãos e outros sistemas;
- investigar se a ocorrência desse efeito está relacio‐ - investigar e controlar fatores potencialmente capa‐
nada com a dose supervisionada de rifampicina ou zes de desencadear os estados reacionais;
com as doses autoadministradas de dapsona. - conhecer as contraindicações e os efeitos adversos
dos medicamentos utilizados no tratamento da
Condutas no caso de metaemoglobinemia hanseníase e em seus estados reacionais;
Leve – suspender o medicamento e encaminhar o pa‐ - instituir, precocemente, a terapêutica medicamen‐
ciente para unidade de referência; observar, pois geral‐ tosa e medidas coadjuvantes adequadas visando a
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
125
físico geral, com ênfase na avaliação dermatológica e Reação Tipo 2 ou eritema nodoso hansênico (ENH)
neurológica simplificada. Essas ocorrências deverão ser
consideradas como situações de urgência e encaminha‐ A talidomida é a droga de escolha na dose de 100
das às unidades de maior complexidade para tratamento a 400mg/dia, conforme a intensidade do quadro (para
nas primeiras 24 horas. mulheres em idade fértil, observar a Lei nº 10.651, de 16
Nas situações onde há dificuldade de encaminha‐ de abril de 2003, que dispõe sobre o uso da talidomida).
mento imediato, os seguintes procedimentos deverão Na impossibilidade do seu uso, prescrever prednisona,
ser aplicados até a avaliação: na dose 1 a 2mg/kg/dia:
- orientar repouso do membro afetado, em caso de - manter a poliquimioterapia, se o doente ainda esti‐
suspeita de neurite; ver em tratamento específico;
- iniciar prednisona na dose de 1 a 2mg/kg peso/dia, - introduzir córtico esteróide em caso de comprome‐
devendo-se tomar as seguintes precauções para a timento neural, segundo o esquema já referido;
sua utilização: garantia de acompanhamento mé‐ - imobilizar o membro afetado em caso de neurite
dico, registro do peso, da pressão arterial, da taxa associada;
de glicose no sangue, tratamentos profiláticos da - monitorar a função neural sensitiva e motora;
estrongiloidíase e da osteoporose. - reduzir a dose da talidomida e/ou do corticoide,
conforme resposta terapêutica;
O acompanhamento dos casos com reação deverá - programar e realizar ações de prevenção de inca‐
ser realizado por profissionais com maior experiência ou pacidades.
por unidades de maior complexidade. Para o encaminha‐
mento, deverá ser utilizada a ficha de referência/contra Outras indicações da corticoterapia para reação tipo
referência padronizada pelo município, contendo todas 2 (ENH)
as informações necessárias, incluindo a data do início do - mulheres grávidas e sob risco de engravidar: irite ou
tratamento, esquema terapêutico, número de doses ad‐ iridociclite; orquiepididimite;
ministradas e o tempo de tratamento. - mãos e pés reacionais: glomerulonefrite; eritema
O tratamento dos estados reacionais é geralmente nodoso necrotizante; vasculites;
ambulatorial e deve ser prescrito e supervisionado por - artrite: contraindicações da talidomida.
um médico.
Conduta nos casos de reação crônica ou subintran‐
Reação Tipo 1 ou reação reversa (RR) te – a reação subintrante é a reação intermitente, cujos
- Iniciar prednisona na dose de 1 a 2 mg/kg/dia, con‐ surtos são tão frequentes que, antes de terminado um,
forme avaliação clínica; surge o outro. Esses casos respondem ao tratamento
- manter a poliquimioterapia, se o doente ainda esti‐ com córtico esteróides e/ou talidomida, mas, tão logo
ver em tratamento específico; a dose seja reduzida ou retirada, a fase aguda recrudes‐
- imobilizar o membro afetado com tala gessada, em ce. Nesses casos recomenda-se:
caso de neurite associada; - observar a coexistência de fatores desencadeantes,
- monitorar a função neural sensitiva e motora; como parasitose intestinal, infecções concomitan‐
- reduzir a dose de corticóide, conforme resposta te‐ tes, cárie dentária, estresse emocional;
rapêutica; - utilizar a clofazimina, associada ao córtico esteróide,
- programar e realizar ações de prevenção de inca‐ no seguinte esquema: clofazimina em dose inicial
pacidades. de 300mg/dia por 30 dias, 200mg/dia por mais 30
dias e 100mg/dia por mais 30 dias.
Na utilização da prednisona, devem ser tomadas al‐
gumas precauções: Esquema terapêutico alternativo para reação tipo 2
- registro do peso, da pressão arterial e da taxa de – utilizar a pentoxifilina. na dose de 1.200mg/dia, dividi‐
glicose no sangue para controle; da em doses de 400mg de 8/8 horas, associada ou não
- fazer o tratamento antiparasitário com medicamen‐ ao corticóide. Pode ser uma opção para os casos onde
to específico para Strongiloydes stercoralis, pre‐ a talidomida for contraindicada, como em mulheres em
venindo a disseminação sistêmica desse parasita idade fértil. A pentoxifilina pode beneficiar os quadros
(Tiabendazol 50mg/kg/dia, em 3 tomadas, por 2 com predomínio de vasculites.
dias, ou 1,5g/dose única; ou Albendazol, na dose Reduzir a dose conforme resposta terapêutica, após
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
de 400mg/dia, durante 3 dias consecutivos). pelo menos 30 dias, observando a regressão dos sinais e
- a profilaxia da osteoporose deve ser feita com Cál‐ sintomas gerais e dermato neurológicos.
cio 1.000mg/dia, Vitamina D 400-800UI/dia ou Bi‐
fosfonatos (por exemplo, Alendronato 10 mg/dia, Tratamento cirúrgico das neurites – este tratamento é
administrado com água, pela manhã, em jejum). indicado depois de esgotados todos os recursos clínicos
para reduzir a compressão do nervo periférico por estru‐
Recomenda-se que o desjejum ou outra alimentação turas anatômicas constritivas próximas.
matinal ocorra, no mínimo, 30 minutos após a ingestão O paciente deverá ser encaminhado para avaliação
do comprimido da alendronato). em unidade de referência de maior complexidade, para
descompressão neural cirúrgica, de acordo com as se‐
guintes indicações:
126
- abscesso de nervo; mendados. A prática das técnicas de autocuidado deve
- neurite que não responde ao tratamento clínico pa‐ ser avaliada sistematicamente, para evitar piora do dano
dronizado, em 4 semanas; neural por execução inadequada. Em todas as situações,
- neurites subintrantes; o esforço realizado pelos pacientes deve ser valorizado
- neurite do nervo tibial após avaliação, por ser, geral‐ para estimular a continuidade das práticas de autocuida‐
mente, silenciosa e, nem sempre, responder bem do. Os efeitos adversos às medicações que compõem a
ao corticóide. A cirurgia pode auxiliar na preven‐ PQT não são frequentes, que, em geral, são bem tolera‐
ção da ocorrência de úlceras plantares. das. Mais de 25 milhões de pessoas já utilizaram a PQT,
nos últimos 25 anos.
Dor neural não controlada e/ou crônica – a dor neu‐ Nos casos suspeitos de efeitos adversos às drogas da
ropática (neuralgia) pode ocorrer durante o processo PQT, deve-se suspender temporariamente o esquema te‐
inflamatório, associado ou não à compressão neural, ou rapêutico, com imediato encaminhamento do paciente
por sequela da neurite, devendo ser contemplada no tra‐ para avaliação em unidades de saúde de média ou alta
tamento da neuropatia. Pacientes com dores persisten‐ complexidade, que contarão com o apoio de exames la‐
tes, com quadro sensitivo e motor normal ou sem piora, boratoriais complementares e que farão a prescrição da
devem ser encaminhados aos centros de referência para conduta adequada. Casos de hanseníase que apresen‐
o tratamento adequado. tem outras doenças associadas (AIDS, tuberculose, ne‐
- Para pacientes com quadro neurológico de difícil fropatias, hepatopatias, endocrinopatias), se necessário,
controle, as unidades de referência poderão tam‐ devem ser encaminhados às unidades de saúde de maior
bém adotar protocolo clínico de pulsoterapia com complexidade para avaliação.
metilprednisolona endovenosa, na dose de 1g por
dia, até melhora acentuada dos sinais e sintomas, Critérios de alta por cura
até o máximo de 3 pulsos seguidos, em ambien‐
te hospitalar, por profissional experiente, quando O encerramento da poliquimioterapia deve ser es‐
será substituída por prednisona via oral. tabelecido segundo os critérios de regularidade ao tra‐
- Para pacientes com dor persistente e quadro sen‐ tamento: número de doses e tempo de tratamento, de
sitivo e motor normal ou sem piora, poderão ser acordo com cada esquema mencionado anteriormente,
utilizados antidepressivos tricíclicos (Amitriptilina, sempre com avaliação neurológica simplificada, avalia‐
Nortriptilina, Imipramina, Clomipramina) ou feno‐ ção do grau de incapacidade física e orientação para os
tiazínicos (Clorpromazina, Levomepromazina) ou cuidados após a alta. Situações a serem observadas:
anticonvulsivantes (Carbamazepina, Oxicarbama‐
zepina, Gabapentina, Topiramato). Condutas para pacientes irregulares – os pacientes
que não completaram o tratamento preconizado PB (6
Seguimento de casos doses, em até 9 meses) e MB (12 doses, em até 18 meses)
deverão ser avaliados quanto à necessidade de reinício
Os pacientes devem ser agendados para retorno a ou possibilidade de aproveitamento de doses anteriores,
cada 28 dias. Nessas consultas, eles tomam a dose super‐ visando a finalização do tratamento dentro do prazo pre‐
visionada no serviço de saúde e recebem a cartela com conizado.
os medicamentos das doses a serem autoadministradas
em domicílio. Essa oportunidade deve ser aproveitada Condutas para indicação de outro ciclo de trata-
para avaliação do paciente, esclarecimento de dúvidas e mento em pacientes MB – para o paciente MB sem me‐
orientações. Além disso, deve-se reforçar a importância lhora clínica ao final das 12 doses PQT/OMS, a indicação
do exame dos contatos e agendar o exame clínico e a de um segundo ciclo de 12 doses de tratamento deve‐
vacinação dos contatos. rá ser baseada na associação de sinais de atividade da
O cartão de agendamento deve ser usado para re‐ doença, mediante exame clínico e correlação laboratorial
gistro da data de retorno à unidade de saúde e para o (baciloscopia e, se indicada, histopatologia), em unida‐
controle da adesão ao tratamento. Os pacientes que não des de referência.
comparecerem à dose supervisionada deverão ser visi‐
tados, no máximo, em 30 dias, nos seus domicílios, com Hanseníase e gestação – em que pese a recomen‐
o objetivo de manter o tratamento e evitar o abandono. dação de se restringir a ingestão de drogas no primeiro
No retorno para tomar a dose supervisionada, o trimestre da gravidez, os esquemas PQT/OMS, para tra‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
paciente deve ser submetido à revisão sistemática por tamento da hanseníase, têm sua utilização recomendada.
médico responsável pelo monitoramento clínico e tera‐ Contudo, mulheres com diagnóstico de hanseníase e não
pêutico. Essa medida visa identificar reações hansênicas, grávidas devem receber aconselhamento para planejar a
efeitos adversos aos medicamentos e dano neural. Em gestação após a finalização do tratamento de hansenía‐
caso de reações ou outras intercorrências, os pacientes se.
devem ser examinados em intervalos menores. As alterações hormonais da gravidez causam diminui‐
Técnicas de autocuidados devem fazer parte das ção da imunidade celular, fundamental na defesa contra
orientações de rotina do atendimento mensal, sendo o M. leprae. Portanto, é comum que os primeiros sinais
recomendada a organização de grupos de pacientes e de hanseníase, em uma pessoa já infectada, apareçam
familiares ou outras pessoas de sua convivência, que durante a gravidez e no puerpério, quando também po‐
possam apoiá-los na execução dos procedimentos reco‐ dem ocorrer os estados reacionais e os episódios de reci‐
127
divas. A gestação, nas mulheres portadoras de hansenía‐ Autocuidados
se, tende a apresentar poucas complicações, exceto pela
anemia, comum em doenças crônicas. Os recém-nasci‐ A prevenção das incapacidades físicas é realizada
dos, porém, podem apresentar a pele hiperpigmentada através de técnicas simples e de orientação ao pacien‐
pela clofazimina, ocorrendo a regressão gradual da pig‐ te para a prática regular de autocuidado. Técnicas sim‐
mentação após a parada da PQT/OMS. ples são procedimentos a serem aplicados e ensinados
ao paciente pelas unidades básicas de saúde, durante o
Hanseníase e tuberculose – para o paciente com acompanhamento do caso e após a alta, com o propósito
tuberculose e hanseníase deve ser mantido o esquema de prevenir incapacidades e deformidades físicas decor‐
terapêutico apropriado para a tuberculose (lembrando rentes da hanseníase. Autocuidados são procedimentos
que, nesse caso, a dose de rifampicina, de 600mg, será que o próprio paciente, devidamente orientado, deverá
administrada diariamente), acrescido dos medicamentos realizar regularmente no seu domicílio.
específicos para a hanseníase, nas doses e tempos pre‐
vistos no esquema padrão PQT/OMS: Indicação de cirurgia de reabilitação
- para os casos paucibacilares, acrescenta-se a dap‐
sona; O paciente com incapacidade instalada, apresentan‐
- para os casos multibacilares, acrescenta-se a dapso‐ do mão em garra, pé caído e lagoftalmo, bem como ou‐
na e a clofazimina até o término do tratamento da tras incapacidades, tais como madarose superciliar, desa‐
tuberculose, quando deverá ser acrescida a rifam‐ bamento da pirâmide nasal, queda do lóbulo da orelha,
picina do esquema padrão da hanseníase; atrofia cutânea da face, deverão ser encaminhados para
- para os casos que não utilizam a rifampicina no tra‐ avaliação e indicação de cirurgia de reabilitação em cen‐
tamento da tuberculose, por contraindicação des‐ tros de referência de alta complexidade, de acordo com
sa droga, utilizar o esquema substitutivo próprio os seguintes critérios: ter completado o tratamento PQT
para estes casos, na hanseníase; e estar sem apresentar estados inflamatórios reacionais
- para os casos que não utilizam a rifampicina no tra‐ há, pelo menos, 1 ano.
tamento da tuberculose por resistência do Myco-
bacterium tuberculosis a essa droga, utilizar o es‐ Situações pós-alta por cura
quema padrão PQT/OMS da hanseníase.
Reações pós-alta por cura
Hanseníase e infecção pelo HIV e/ou Aids – para o
paciente com infecção pelo HIV e/ou aids e hanseníase, Pacientes que, no momento da alta por cura, apre‐
deve ser mantido o esquema PQT/OMS, de acordo com sentam reações ou deficiências sensitivo motoras e/ou
a classificação operacional. incapacidades deverão ser monitorados. Os pacientes
deverão ser orientados para retorno imediato à unidade
Hanseníase e outras doenças – em casos de asso‐ de saúde, em caso de aparecimento de novas lesões de
ciação da hanseníase com doenças hepáticas, renais ou pele e/ou de dores nos trajetos dos nervos periféricos e/
hematológicas, a escolha do melhor esquema terapêu‐ ou piora da função sensitiva e/ou motora. O acompanha‐
tico para tratar a hanseníase deverá ser discutida com mento dos casos após a alta consiste no atendimento
especialistas das referidas áreas. às possíveis intercorrências que possam ocorrer com as
pessoas que já concluíram o tratamento PQT/OMS.
Prevenção e tratamento de incapacidades físicas As pessoas que apresentarem intercorrências após a
alta deverão ser tratadas na unidade básica de saúde, por
A principal forma de prevenir a instalação de deficiên‐ profissional de saúde capacitado, ou em uma unidade de
cias e incapacidades físicas é o diagnóstico precoce. A referência ambulatorial, por médico treinado. Somente
prevenção de deficiências (temporárias) e incapacidades os casos graves, bem como os que apresentarem reações
(permanentes) não deve ser dissociada do tratamento reversas graves deverão ser encaminhados para hospita‐
PQT. As ações de prevenção de incapacidades e deficiên‐ lização. É importante diferenciar um quadro de estado
cias fazem parte da rotina dos serviços de saúde e reco‐ reacional de um caso de recidiva. No caso de estados
mendadas para todos os pacientes. reacionais, a pessoa deverá receber tratamento anti rea‐
A avaliação neurológica deve ser realizada: cional, sem reiniciar, porém, o tratamento PQT/OMS. No
- no início do tratamento; caso de suspeita de recidiva, o paciente deverá ser enca‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- a cada 3 meses durante o tratamento, se não houver minhado para um centro de referência para confirmação
queixas; da recidiva e reinício do tratamento PQT/OMS.
- sempre que houver queixas, tais como: dor em traje‐
to de nervos, fraqueza muscular, início ou piora de Recidiva
queixas parestésicas;
- no controle periódico de pacientes em uso de corti‐ Os casos de recidiva em hanseníase são raros em pa‐
cóides, em estados reacionais e neurites; cientes tratados regularmente, com os esquemas poliqui‐
- na alta do tratamento; mioterápicos. Geralmente, ocorrem em período superior
- no acompanhamento pós-operatório de descom‐ a 5 anos após a cura. É considerado um caso de recidiva
pressão neural, com 15, 45, 90 e 180 dias. aquele que completar com êxito o tratamento PQT/OMS
e que, depois, venha, eventualmente, desenvolver novos
128
sinais e sintomas da doença. A maior causa de recidivas é o tratamento PQT/OMS inadequado ou incorreto. O trata‐
mento, portanto, deverá ser repetido integralmente, de acordo com a classificação paucibacilar ou multibacilar. Deve
haver a administração regular dos medicamentos, pelo tempo estipulado no esquema.
Nos paucibacilares, muitas vezes é difícil distinguir a recidiva da reação reversa. No entanto, é fundamental que se
faça a identificação correta da recidiva. Quando se confirmar uma recidiva, após exame clínico e baciloscópico, a classi‐
ficação do doente deve ser criteriosamente reexaminada para que se possa reiniciar o tratamento PQT/OMS adequado.
Nos multibacilares, a recidiva pode manifestar-se como uma exacerbação clínica das lesões existentes e com o apare‐
cimento de lesões novas. Quando se confirmar a recidiva, o tratamento PQT/OMS deve ser reiniciado.
No caso de recidiva, a suspensão da quimioterapia dar-se-á quando a pessoa em tratamento tiver completado as
doses preconizadas, independente da situação clínica e baciloscópica, e significa, também, a saída do registro ativo, já
que não mais será computada no coeficiente de prevalência.
O diagnóstico diferencial entre reação e recidiva deverá ser baseado na associação de exames clínico e laboratoriais,
especialmente, a baciloscopia, nos casos MB. Os casos que não responderem ao tratamento proposto para os estados
reacionais deverão ser encaminhados a unidades de referência para confirmação de recidiva.
Os critérios clínicos, para o diagnóstico de recidiva (Quadro 9), segundo a classificação operacional são:
Paucibacilares (PB) – paciente que, após alta por cura, apresentar dor no trajeto de nervos, novas áreas com alte‐
rações de sensibilidade, lesões novas e/ou exacerbação de lesões anteriores, que não respondem ao tratamento com
córtico esteróide, por pelo menos 90 dias.
Multibacilares (MB) – paciente que, após alta por cura, apresentar: lesões cutâneas e/ou exacerbação de lesões an‐
tigas; novas alterações neurológicas, que não respondem ao tratamento com talidomida e/ou córtico esteróide nas do‐
ses e prazos recomendados; baciloscopia positiva; ou quadro clínico compatível com pacientes virgens de tratamento.
Apesar da eficácia comprovada dos esquemas PQT/OMS, a vigilância da resistência medicamentosa deve ser ini‐
ciada. Para tanto, as unidades de referência devem encaminhar coleta de material de casos de recidiva confirmada em
multibacilares, aos centros nacionais de referência indicados para esse fim.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Aspectos Epidemiológicos
O Programa Nacional de Controle da Hanseníase (PNCH) assume como objetivo de saúde pública o controle da
doença (WHO, 2008) e privilegia, nesse aspecto, o acompanhamento epidemiológico por meio do coeficiente de detec‐
ção de casos novos, em substituição ao indicador de prevalência pontual, optando pela sua apresentação por 100.000
habitantes, para facilitar a comparação com outros eventos. O foco é a atenção integral e uma ação integrada em
regiões, estados e municípios envolvidos nos clusters identificados, que representam áreas com maior risco, onde se
encontram a maioria dos casos, para reduzir as fontes de transmissão.
129
Essas áreas concentram 53,5% dos casos detectados,
em apenas 17,5% da população brasileira residente em
extensas áreas geográficas, sede de muitas tensões, o EXERCÍCIO COMENTADO
que adiciona maior complexidade a intervenções efeti‐
vas. Determinantes sociais e históricos, associados à ocu‐ 1. (PREF. ITUPEVA-SP – 2016 – TÉCNICO DE ENFER-
pação da Amazônia Legal e à manutenção de iniquidades MAGEM – BIORIO) De acordo com a nota informativa
sociais na região Nordeste, ajudam a explicar o acúmulo nº 149 de 2015/CGPNI/ DEVIT/SVS/MS houve mudanças
de pessoas infectadas, em se tratando de doença de lon‐ no calendário nacional de vacinação em 2016. A seguinte
go período de incubação. mudança consta deste calendário:
O coeficiente de detecção em menores de 15 anos é
prioridade da política atual de controle da hanseníase no a) a vacina hepatite B não faz mais parte do calendário
país, por indicar focos de infecção ativos e transmissão nacional de vacinação, ficando disponível apenas para
recente. Essa informação fortalece o esforço pelo alcance profissionais de saúde e pessoas que estejam expostas
da meta do PAC (Mais Saúde/MS), de redução do coefi‐ aos riscos de contrair esta doença.
ciente de detecção dos casos novos em menores de 15 b) a vacina hepatite B permanece no calendário nacional
anos de idade em 10,0%, no país, até 2011. A hanseníase de vacinação somente para profissionais de saúde e
apresenta tendência de estabilização dos coeficientes de pessoas imunodeprimidas.
detecção no Brasil, mas ainda em patamares muito altos c) será ampliada a oferta da vacina hepatite B somente
nas regiões Norte, Centro-oeste e Nordeste. para filhos de usuários de drogas e pessoas que serão
O coeficiente de detecção de casos novos é função da submetidas à hemotransfusão.
incidência real de casos e da agilidade diagnóstica dos d) nada mudou em relação à vacina hepatite B.
serviços de saúde. O valor médio do indicador para o e) será ampliada a oferta da vacina hepatite B para a po‐
pulação independentemente da idade e/ou condições
Brasil, no período, foi de 25,44/100.000 habitantes, tendo
de vulnerabilidade.
oscilado de 29,37/100.000, em 2003, para 20,52/100.000,
em 2008. A comparação entre os coeficientes na popu‐
Resposta. Letra E. A vacina contra hepatite B é para
lação total e em menores de 15 anos permite observar
pessoas de todas as faixas etárias. Faz parte da rotina
semelhança no comportamento evolutivo dos indica‐
de vacinação das crianças, devendo ser aplicada, de
dores, com queda mais acentuada na série temporal de
preferência, nas primeiras 12/24 horas após o nasci‐
menores de 15 anos, ao final do período estudado. O
mento, para prevenir hepatite crônica, forma que aco‐
valor médio do coeficiente em menores de 15 anos, no mete 90% dos bebês contaminados ao nascer. Espe‐
período acompanhado, foi de 7,01/100.000 habitantes, cialmente indicada para gestantes não vacinadas.
variando de 5,74/100.000, em 1994, a 8,28/100.000, em
1997, com tendência de queda ao final do período. O
Gráfico 2 apresenta a evolução do coeficiente de detec‐
ção de casos novos nas regiões, de 1990 a 2008. Obser‐ CONDUTA ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DA
va-se, no período, uma maior ocorrência de casos nas ÁREA DE SAÚDE
regiões Norte e Centrooeste, seguidas da região Nor‐
deste. A região Norte apresentou, no período estudado,
um coeficiente médio de 70,13/100.000 habitantes, de‐ Prezado candidato, não deixe de conferir o ma-
clinando de 84,40/100.000 em 1997 para 54,34/100.000, terial sobre o Código de Ética de Enfermagem para
em 2007. Na região Centro-oeste, o coeficiente apresen‐ completar seus estudos.
tou um valor médio de 61,76/100.000 habitantes, varian‐
do de 72,58/100.000, em 1997, para 41,19/100.000, em
2007. A média do coeficiente, para o período, referente
à região Nordeste foi de 32,23/100.000 habitantes, apre‐ PRINCÍPIOS GERAIS DE SEGURANÇA
sentando o valor anual mais baixo de 23,37/100.000, em NO TRABALHO. PREVENÇÃO E CAU-
1994, e elevando para 38,75/100.000, em 2004. Na região SAS DOS ACIDENTES DO TRABALHO.
Sudeste, a média do coeficiente foi de 13,40/100.000 ha‐ PRINCÍPIOS DE ERGONOMIA NO TRA-
bitantes, com um valor máximo de 16,16/100.000, em BALHO. CÓDIGOS E SÍMBOLOS ESPE-
1997, e mínimo de 8,81, em 2008. Na região Sul, foram CÍFICOS DE SAÚDE E SEGURANÇA NO
registrados os valores mais baixos do país, a média foi de TRABALHO
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
1. O QUE É BIOSSEGURANÇA?
130
3. (BIO-RIO – Fonoaudiólogo - Superior – IF-RJ/2015)
O conjunto de ações voltadas para a prevenção, prote‐
EXERCÍCIOS COMENTADOS ção do trabalhador, minimizar de riscos inerentes as ati‐
vidades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento
1. (TRT 11ª Região/AM e RR – Analista jurídico/ En- tecnológico e prestação de serviços, visando a saúde do
fermagem - Médio - FCC/2012) Analise as seguintes homem e dos animais, a preservação do meio ambiente
definições no âmbito da biossegurança: e a qualidade dos resultados, denomina se:
131
É recomendado que, pelo menos uma vez ao ano ou dores musculares, taquicardia e alterações do sono, além
sempre que necessário, seja feita uma análise do PPRA de doenças como diabetes, hipertensão arterial, úlcera e
para avaliar seu desenvolvimento, fazer ajustes e estabe‐ gastrite, doenças nervosas e LER (Lesão por Esforço Re‐
lecer novas metas e prioridades. petitivo) /DORT (Doenças Osteoarticulares Relacionadas
Em relação ao seu desenvolvimento, o PPRA deve ao Trabalho).
contar com as seguintes etapas: Geralmente, esses distúrbios são causados por fato‐
a) antecipação e conhecimento dos riscos; res como:
b) estabelecimento de prioridades e metas de avalia‐ a) o levantamento de peso;
ção e controle; b) esforço físico em excesso;
c) avaliação dos riscos e da exposição dos trabalha‐ c) atividades realizadas com postura inadequada;
dores; d) situações de estresse físico e emocional;
d) implantação de medidas de controle e avaliação e) longas jornadas de trabalho sem descanso;
de sua eficácia; f) trabalhos realizados durante o período noturno;
e) monitoramento da exposição aos riscos; g) rotina intensa de trabalho;
f) registro e divulgação dos dados. h) trabalhos monótonos ou que exijam a realização
de movimentos repetitivos.
Os dados registrados devem ser mantidos pelo em‐
pregador ou instituição por, no mínimo, 20 anos. Além No caso dos laboratórios, os riscos ergonômicos são
disso, precisam sempre estar disponíveis para qualquer provocados por fatores como:
interessado, sejam eles representantes, autoridades ou a) as alturas e distâncias inadequadas de balcões, ca‐
empregados. deiras, gavetas e prateleiras;
b) falta de espaço para a realização das atividades
2.1 Riscos de acidentes (limpeza, manutenção, exames, etc.)
132
a) ruídos;
b) vibrações; FIQUE ATENTO!
c) radiações; Quanto maior o nível sonoro do ruído produ‐
d) temperaturas extremas; zido pelas máquinas e equipamentos, menor
e) pressões anormais; deve ser o tempo de exposição do trabalha‐
f) umidade. dor aos mesmos.
133
2.3.2 Vibrações
É comum no ambiente de trabalho o uso de máquinas e equipamentos que geram vibrações, muitas vezes, poten‐
cialmente nocivas à saúde do trabalhador.
Essas vibrações podem ser do tipo localizadas ou generalizadas:
a) Vibrações localizadas: são vibrações produzidas por ferramentas manuais, elétricas ou pneumáticas que agem
de forma localizada em determinadas partes do corpo do trabalhador. Esse tipo de vibração pode causar danos
como osteoporose, além de problemas articulares e neurovasculares nas mãos e braços.
b) Vibrações generalizadas: são vibrações geradas por máquinas grandes como caminhões, tratores e ônibus.
Normalmente, atuam sobre o corpo inteiro do trabalhador, causando danos como lesões e dores na coluna
vertebral.
Os prejuízos provocados pelas vibrações localizadas e generalizadas podem ser minimizados ou evitados com ações
como a redução do tempo de exposição ao agente danoso, ou seja, com o revezamento entre os funcionários.
2.3.3 Radiações
As radiações são uma forma de energia que se propaga por meio de ondas eletromagnéticas, cuja absorção pelo
organismo pode resultar no surgimento de diversas lesões.
De acordo com sua quantidade de energia, as radiações podem ser classificadas como ionizantes ou não ionizantes.
a) Radiação ionizante: radiação com alto nível de energia capaz de ionizar átomos e moléculas, isto é, de retirar
elétrons. Esse tipo de radiação é comumente utilizado em indústrias, hospitais e consultórios odontológicos.
Alguns exemplos bastante conhecidos são o raio x (muito utilizado na medicina para diagnosticas problemas
em ossos e órgãos sem ter que abrir o corpo) e a radioterapia (tratamento que utiliza a radiação ionizante para
destruir células tumorais ou evitar seu crescimento).
Durante a realização de raios x e radioterapias, parte da energia ionizante pode ser absorvida pelo organismo e
provocar vários danos à saúde.
Os efeitos dessa absorção na saúde dependem de fatores como:
a) quantidade de radiação absorvida;
b) tempo e intervalo de exposição à radiação;
c) região do corpo atingida pela radiação.
De acordo com esses fatores, o indivíduo exposto à radiação ionizante pode vir a ter:
a) câncer;
b) mutações genéticas nas células de seu corpo, incluindo óvulos e espermatozoides;
c) queda de cabelos;
d) lesões cutâneas.
Esses efeitos podem ser evitados com a adoção de medidas preventivas como:
a) usar equipamentos de proteção individuação (EPIs);
b) obedecer o tempo máximo permitido de exposição à radiação;
c) limitar o acesso de pessoas às áreas com emissão de radiação;
d) sinalizar áreas com equipamentos que emitem radiação;
e) realizar exames médicos periodicamente;
f) usar o dosímetros (equipamento que registra a quantidade de radiação recebida pelo trabalhador).
b) Radiação não ionizante: radiação com baixa quantidade de energia, incapaz de ionizar átomos e moléculas. Os
exemplos mais conhecidos desse tipo de radiação são:
Micro-ondas e radiofrequência: radiações não ionizantes emitidas pelos aparelhos de rádio, de televisão e forno
micro-ondas.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Laser: radiação muito utilizada na medicina (cirurgias, clareamento de pele, clareamento de dentes, remoção de ta‐
tuagens, remoção de pelos etc.), na indústria (corte preciso de materiais, aferição de temperaturas etc.), na área policial
(mira de armas, escaneamento de áreas de crime), no comércio (leitura de código de barras) e outros.
134
#FicaDica
A radiação ultravioleta (UV) emitida pelo sol pode ser de três tipos: UVA, UVB e UVC.
a) UVA: a radiação com comprimento de onda entre 315 e 400 nm (nanômetros). É emitida durante o
ano todo com maior intensidade no período do dia que vai desde as 10 horas da manhã até as 16 horas
da tarde. O principal efeito de sua absorção pelo organismo é o fotoenvelhecimento da pele.
b) UVB: radiação com comprimento de onda entre 280 e 315 nm. Grande parte dessa radiação é absor‐
vida pela camada de ozônio. O restante atinge a superfície terrestre com intensidade máxima entre as
10 e 16 horas, principalmente no verão. Sua absorção pelo organismo pode causar desde queimadura
solares até alterações que levam ao surgimento do câncer de pele. Embora seja perigosa, a absorção
de UVB pelo organismo é fundamental para a produção de vitamina D, uma substância que previne o
desenvolvimento de doenças como a osteoporose.
c) UVC: ao contrário das radiações UVA e UVB, a UVC é totalmente bloqueada pela atmosfera não atin‐
gindo a superfície terrestre e, portanto, não sendo absorvida pelo corpo.
Os efeitos indesejados das radiações emitidas pelo sol podem ser reduzidos ou evitados com a adoção
de medidas como:
a) usar protetores solares que confiram proteção contra as radiações UVA e UVB;
b) evitar a exposição ao sol durante o período das 10 às 16 horas;
c) usar chapéus;
d) optar por camisas de mangas longas para proteger os braços.
A exposição à temperaturas extremas, altas ou baixas, pode trazer uma série de prejuízos para a saúde do traba‐
lhador.
Temperaturas altas podem ocasionar:
a) desidratação pela perda de água;
b) erupções cutâneas;
c) câimbras musculares;
d) cansaço físico;
e) distúrbios psiconeuróticos;
f) alterações cardiovasculares;
g) insolação.
Já a exposição à temperaturas muito baixas, pode causar:
a) o aparecimento de feridas na pele;
b) rachaduras cutâneas;
c) congelamento;
d) piora doenças reumáticas;
e) aumento do risco de doenças respiratórias;
f) predisposição para a ocorrência de acidentes.
Todos esses prejuízos podem ser controlados e evitados com medidas como:
a) o uso de ventilação adequada no ambiente de trabalho;
b) o isolamento das fontes de calor ou frio;
c) o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) como bota, luvas, avental etc.
A exposição prolongada à pressões acima ou abaixo daquelas consideradas normais também podem causar pro‐
blemas para a saúdo de trabalhador.
a) Baixas pressões: são aquelas que estão abaixo da pressão atmosférica normal. Normalmente, essa é a condição
de trabalhadores que executam atividades em grandes altitudes.
b) Altas pressões: são aquelas que estão acima da pressão atmosférica normal. São características de trabalhos
desenvolvidos no fundo do mar ou em tubulações de ar comprimido, máquinas de perfurações e caixões pneu‐
máticos (muito usados durante a construção de pontes e barragens).
135
c) liberação de nitrogênio pelos tecidos, causando De acordo com seu estado físico, os produtos químicos
dores no corpo; podem ser líquidos, sólidos ou gasosos. Ao receber subs‐
d) expansão dos gases intestinais, causando dores tâncias líquidas ou sólidas, o trabalhador deve verificar:
abdominais; a) o estado da embalagem do produto;
e) alterações nervosas como tontura, paralisia e in‐ b) a presença de rótulo contendo informações claras
consciência; sobre características físico-químicas, toxicidade e
f) morte. cuidados para manipulação de cada produto;
c) o prazo de validade do produto;
2.3.6 Umidade d) a presença de Ficha de Segurança.
136
8. Perigo de fogo em contato com substâncias com‐ 10. Manter o produto em estado úmido.
bustíveis. 11. Evitar o contato com o ar.
9. Perigo de explosão em contato com substâncias 12. Não fechar hermeticamente o recipiente.
combustíveis. 13. Manter afastado de alimentos.
10. Inflamável. 14. Manter afastado de substâncias incompatíveis.
11. Muito inflamável. 15. Manter afastado do calor.
12. Extremamente inflamável. 16. Manter afastado de fontes de ignição.
13. Gás extremamente inflamável. 17. Manter afastado de materiais combustíveis.
14. Reage violentamente com a água. 18. Manipular o recipiente com cuidado.
15. Reage com água produzindo gases muito infla‐ 19. Não comer nem beber durante a manipulação.
máveis. 20. Evitar contato com alimentos.
21. Não fumar durante a manipulação.
16. Risco de explosão em mistura com substâncias 22. Evitar respirar o pó.
oxidantes. 23. Evitar respirar os vapores.
17. Inflama-se espontaneamente ao ar. 24. Evitar o contato com a pele.
18. Pode formar misturas vapor-ar explosivas. 25. Evitar o contato com os olhos.
19. Pode formar peróxidos explosivos. 26. Em caso de contato com os olhos, lavar com bas‐
20. Nocivo por inalação. tante água.
21. Nocivo em contato com a pele. 27. Tirar imediatamente a roupa contaminada.
22. Nocivo por ingestão. 28. Em caso de contato com a pele, lavar conforme
23. Tóxico por inalação. especificado pelo fabricante.
24. Tóxico em contato com a pele. 29. Não descartar resíduos na pia.
25. Tóxico por ingestão. 30. Nunca verter água sobre o produto.
26. Muito tóxico por inalação. 31. Manter afastado de materiais explosivos.
27. Muito tóxico em contato com a pele. 32. Manter afastado de ácidos e não descartar na pia.
28. Muito tóxico por ingestão. 33. Evitar a acumulação de cargas eletrostáticas.
29. Libera gases tóxicos em contato com a água. 34. Evitar choque e fricção.
30. Pode inflamar-se durante o uso. 35. Tomar cuidados para o descarte.
31. Libera gases tóxicos em contato com ácidos. 36. Usar roupa de proteção durante a manipulação.
32. Libera gases muito tóxicos em contato com áci‐ 37. Usar luvas de proteção apropriadas.
dos. 38. Usar equipamento de respiração adequado.
33. Perigo de efeitos acumulativos. 39. Proteger os olhos e rosto.
34. Provoca queimaduras. 40. Limpar corretamente os pisos e objetos contami‐
35. Provoca graves queimaduras. nados.
36. Irrita os olhos. 41. Em caso de incêndio ou explosão, não respirar os
37. Irrita o sistema respiratório. fumos.
38. Irrita a pele. 42. Usar equipamento de respiração adequado (fu‐
39. Risco de efeitos irreversíveis. migações).
40. Probabilidade de efeitos irreversíveis. 43. Usar o extintor correto em caso de incêndio.
41. Risco de grave lesão aos olhos. 44. Em caso de mal-estar, procurar um médico.
42. Probabilidade de sensibilização por inalação. 45. Em caso de acidente, procurar um médico.
43. Probabilidade de sensibilização por contato com 46. Em caso de ingestão, procurar imediatamente um
a pele. médico, levando o rótulo do frasco ou o conteúdo.
44. Risco de explosão por aquecimento em ambiente 47. Não ultrapassar a temperatura especificada.
fechado. 48. Manter úmido com o produto especificado pelo
45. Pode provocar câncer. fabricante.
46. Pode provocar problema genético hereditário. 49. Não passar para outro frasco.
47. Pode provocar efeitos teratogênicos. 50. Não misturar com substâncias especificadas pelo
48. Risco de sério dano à saúde por exposição pro‐ fabricante.
longada. 51. Usar em áreas ventiladas.
52. Não recomendável para uso interior em áreas de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
137
Conheça a seguir, o significado de alguns símbolos e) Corrosivo (C): símbolo existente no rótulo de pro‐
de risco: dutos químicos capazes de provocar a destruição
a) Facilmente inflamável (F): esse símbolo acompa‐ de tecidos vivos e/ou materiais. Jamais devem ser
nha o rótulo de substância líquidas ou sólidas que inalados e entrar em contato com a roupa ou com
pegam fogo com facilidade. Para impedir que isso tecidos como a pele e os olhos.
aconteça, é preciso evitar o contato dessas subs‐
tâncias com o ar e mantê-las distantes de fontes
de ignição.
138
O almoxarifado utilizado para estocar os produtos
químicos deve:
a) ser construído com, no mínimo, uma de suas pare‐
des voltadas para o meio externo;
b) ter janelas para o meio externo, além de porta
para acesso rápido do Corpo de Bombeiros;
c) possuir saída de emergência bem sinalizada;
2.4.3 Armazenamento de substâncias químicas d) contar com um sistema de exaustão para elimina‐
ção de vapores leve (teto) e pesados (solo);
Para garantir a segurança de todos os trabalhadores, e) ter temperatura ambiente controlada;
é recomendado manter uma quantidade mínima de pro‐ f) possuir lâmpadas à prova de explosão;
dutos químicos no ambiente de trabalho. Esses produtos g) ter extintores de incêndio, além de borrifadores e
devem ser organizados em armários feitos com materiais vasos de areia;
não combustíveis e portas de vidro que permitam a vi‐ h) apresentar prateleiras espaçadas com trava que
sualização de cada substância. Além disso, é importan‐ evite a queda de frascos.
te que o ambiente de trabalho tenha sua temperatura
controlada para evitar a reação de produtos facilmente
inflamáveis.
#FicaDica
Cilindros de gás devem ser estocados em
Quantidade maiores de produtos químicos devem áreas específicas cobertas, ventiladas e sem
ser armazenadas de forma adequada em almoxarifados. paredes, cuja rede elétrica seja periodica‐
Nesse caso, é preciso considerar fatores como: mente inspecionada. O armazenamento
a) sistema de ventilação; desses produtos deve ser feito:
b) sistema de sinalização; a) com o recipiente em posição vertical,
c) disponibilidade de equipamentos de proteção indi‐ sempre amarrado com correntes;
vidual e coletiva (EPIs e EPCs); b) sempre respeitando a compatibilidade
d) a incompatibilidade existente entre alguns produ‐ entre as substâncias.
tos.
cálcio, cloro, ácido fluorídrico, iodo, mercúrio e dutos são sensíveis ao ar ou a umidade);
prata, metais em pó e ácido fluorídrico. g) não estocar recipientes com produtos químicos em
d) Cloro: incompatível com acetona, acetileno, amô‐ prateleiras muito altas (recipientes grandes devem
nia, benzeno, butadieno, butano e outros gases de ser armazenados, no máximo, a 60 centímetros do
petróleo, hidrogênio, metais em pó, carboneto de solo;
sódio e terebentina. h) não estocar produtos químicos no interior de cape‐
e) Permanganato de potássio: incompatível com las nem no chão;
benzaldeído, glicerina, etilenoglicol, ácido sulfúri‐ i) armazenar produtos químicos em armários que
co, enxofre, piridina, dimetilformamida, ácido clo‐ contenham aberturas laterais ou superiores para
rídrico e substâncias oxidáveis. evitar o acúmulo de vapores;
139
j) estocar os produtos químicos sempre observando 13) não usar bermudas, saias ou sapatos aberto no
sua compatibilidade; laboratório;
k) armazenar substâncias químicas corrosivas, solven‐ 14) sempre observar a validade e as especificações
tes, reativas e oxidantes em locais específicos, se‐ de cada EPI, fazendo substituições sempre que ne‐
paradas de outros produtos; cessário;
l) rotular prateleiras, armários e áreas utilizadas para 15) não fumar, beber, comer ou se maquiar no labo‐
estocagem conforme a classe dos produtos que ratório. Alimentos e bebidas também não devem
armazenam; ser armazenados na geladeira ou freezer do local;
m) não manter grandes quantidades de produtos 16) não trabalhar sozinho no laboratório ou fora dos
químicos nas bancadas de trabalho; horários de trabalho;
n) sempre considerar produtos químicos desconheci‐ 17) nunca pipetar produtos químicos com a boca.
dos como perigosos. Essa atividade deve ser realizada com o auxílio de
materiais próprios como peras de sucção, trompas
2.4.4 Princípios de segurança para o manuseio de de vácuo e bombas especiais;
substâncias químicas 18) manipular materiais quentes somente com o uso
de luvas de isolamento térmico;
As substâncias químicas são amplamente utilizadas 19) sempre verificar o funcionamento do sistema de
nas atividades desenvolvidas em laboratórios de análises exaustão do laboratório;
clínicas, farmacêuticos e industriais. 20) avaliar periodicamente equipamentos de segu‐
Para que essas atividades possam ser realizadas de rança, materiais, vidrarias e instalações em busca
forma segura, é fundamental que todos os profissionais de possíveis irregularidades como furos, rachadu‐
envolvidos sigam alguns princípios de segurança, como: ras e vazamentos;
1) conhecer os riscos associados ao manuseio, arma‐ 21) verificar a tensão de cada aparelho antes de co‐
zenamento, transporte e descarte dos produtos nectá-lo a rede elétrica. Para evitar acidentes, apa‐
químicos utilizados; relhos que não estiverem em uso devem permane‐
2) conhecer os sintomas da exposição aos produtos cer desconectados da tomada;
químicos utilizados e sempre estar atento as nor‐ 22) separar materiais limpos dos contaminados;
mas de segurança exigidas para seu manuseio; 23) não armazenar produtos químicos em locais ina‐
3) conhecer a localização precisa dos equipamentos propriados;
usados em casos de emergência (alarmes, extinto‐ 24) manter no laboratório apenas a quantidade de
res de incêndios, lava-olhos, chuveiros etc.); produto químico necessária;
4) saber a forma correta de utilizar os extintores de 25) não cheirar nem ingerir produtos químicos;
incêndio; 26) não voltar para o frasco os produtos químicos não
5) não manusear produtos químicos sem o uso de utilizados;
equipamentos de segurança específicos para cada 27) não circular pelo laboratório segurando produtos
caso; químicos;
6) não fazer improvisações com produtos químicos; 28) manter o laboratório sempre limpo e organizado;
7) não desviar a atenção de outro profissional no mo‐ 29) usar capelas ou locais bem ventilados para fazer
mento em que ele estiver manipulando algum pro‐ reações químicas;
duto químico perigoso; 30) no caso de derramamento acidental de qualquer
8) somente utilizar produtos químicos com propósi‐ produto químico, proceder imediatamente com a
tos específicos; limpeza sempre seguindo as orientações do res‐
9) somente utilizar produtos químicos e materiais ponsável pelo laboratório;
mediante a autorização e orientação do responsá‐ 31) descartar produtos e materiais de forma correta.
vel pelo laboratório; Nunca jogar materiais insolúveis como sílica e car‐
10) se manter atento às condições de segurança, im‐ vão ativo nas pias;
plementando ações corretivas sempre que neces‐ 32) inativar resíduos de reações químicas antes de
sário; realizar seu descarte. O descarte de produtos e
11) sempre prender os cabelos antes de iniciar as ati‐ matérias deve ser feito conforme as orientações
vidades e usar corretamente os equipamentos de do responsável pelo laboratório;
proteção individual (EPIs) como óculos de prote‐ 33) danos ou defeitos em instalações ou materiais do
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ção, máscaras, luvas, botas jalecos de mangas lon‐ laboratório que envolvam aspectos de segurança
gas e outros; devem ser comunicados e reparados;
12) trocar as lentes de contato por óculos de grau 34) em caso de incêndio, chamar os Bombeiros, des‐
antes de iniciar as atividades (lentes de contato po‐ ligar aparelhos elétricos que estiverem próximos,
dem reter substâncias contaminantes na superfície isolar produtos inflamáveis e iniciar o combate ao
dos olhos). Os óculos de grau devem sempre estar fogo com extintores específicos para cada caso;
cobertos por óculos de proteção. Caso, por razões 35) não entrar em locais de acidentes sem o uso de
médicas, os óculos de grau não possam ser usa‐ máscara;
dos, o profissional deve informar ao responsável 36) em caso de contato ou ingestão de produtos quí‐
pelo laboratório para que o mesmo possa tomar micos, buscar imediatamente a ajuda médica sem‐
providências que minimizem os riscos; pre indicando o produto usado;
140
37) em caso de contato de produtos químicos com
os olhos, abrir bem as pálpebras e lavar abundan‐ FIQUE ATENTO!
temente com água. Caso o produto atinja outras Vírus, bactérias, fungos, parasitas e proto‐
partes do corpo, o recomendado é retirar a roupa zoários podem provocar uma grande varie‐
impregnada e lavar a pele com água; dade de doenças no homem. Veja a seguir
38) comunicar e registar qualquer acidente ocorrido as principais características e enfermidades
no laboratório; causadas por cada um desses agentes bio‐
39) sempre lavar bem as mãos após manusear pro‐ lógicos.
dutos químicos, principalmente antes de sair do
laboratório, comer ou beber;
40) não transportar produtos químicos sem os cuida‐ a) Vírus: são seres muito pequenos e simples, for‐
dos necessário. Evitar o transporte entre aglome‐ mados apenas por uma cápsula proteica (cápsula
ração de pessoas; composta por proteínas) e material genético (DNA
41) manter as saídas de emergência desbloqueadas; ou RNA ou os dois juntos). Ao infectar organismos
42) organizar e desligar todos os equipamentos antes vivos (como os seres humanos e outros animais),
de deixar o laboratório. causam doenças como AIDS, dengue, febre amare‐
la, hepatite, herpes, sarampo e muitas outras.
Além disso, para que seja um ambiente seguro para o b) Bactérias: são microrganismos procariontes, for‐
profissional, o laboratório precisa ter: mados por uma única célula composta basicamen‐
a) a identificação do responsável, assim como seu te‐ te por quatro componentes: membrana plasmáti‐
lefone de contato, afixados na porta de acesso ao ca, hialoplasma, ribossomos e cromatina (material
local; genético da bactéria). Vivem de forma isolada ou
b) equipamentos de segurança para prevenir e com‐ agrupada (formando colônias), podendo causar
bater incêndios (caixas de areia e extintores de in‐ doenças como cólera, tétano, difteria, sífilis, han‐
cêndio) em locais de fácil acesso. seníase, gonorreia, leptospirose, tuberculose, me‐
ningite etc.
2.5 Riscos biológicos c) Fungos: conhecidos popularmente por mofos, bo‐
lores, cogumelos, levedos e trufas, os fungos são
Os riscos biológicos são causados por microrganis‐ seres importantes responsáveis por boa parte da
mos como vírus, bactérias, fungos, parasitas e protozoá‐ degradação da matéria orgânica, como os alimen‐
rios que, em contato com o homem, podem causar di‐ tos. Embora sejam amplamente utilizados nos pro‐
versas doenças. cessos de fabriacação de bebidas, pães e queijos,
Normalmente, o contato entre esses microrganismos muitos fungos podem causar doenças (comumen‐
e o homem é favorecido por atividades profissionais que te conhecidas como micoses) como a candidíase e
se desenvolvem em ambientes como laboratórios, hospi‐ a criptococose.
tais, consultórios e indústrias, além das ruas (onde é feita d) Parasitas: os parasitas, mais conhecidos como ver‐
a coleta de lixo). mes, são seres de corpo mole e alongado que se
Nesses locais, dependendo da atividade realizada, é alojam principalmente no intestino do homem e
comum o trabalhador ficar frequentemente exposto ao de outros animais, causando uma série de doenças
risco de contaminação pelo contato direto com: como ascaridíase, teníase, cisticercose, esquistos‐
a) tecidos e secreções (sangue, urina, escarro etc.) somose e muitas outras.
contaminadas; e) Protozoários: são seres vivos microscópicos for‐
b) materiais e utensílios contaminados como seringas mados por uma única célula do tipo eucarionte.
e agulhas; Sua principal característica é a presença de diver‐
c) animais doentes ou portadores de microrganismo sas organelas (pequenas estruturas funcionais das
patogênicos (causadores de doenças). células), além de um núcleo celular envolvido por
uma membrana. Assim como as bactérias, os pro‐
A contaminação por microrganismos ocorrem princi‐ tozoários podem viver isolados ou na forma de
palmente por meios da vias: colônias, causando inúmeras doenças importantes
a) cutânea (por arranhões, mordidas, cortes etc.); como toxoplasmose, malária, doença de Chagas e
b) respiratória (pela inalação de aerossóis, ou seja, de leishmaniose.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
141
b) resistência do microrganismo no meio ambiente;
c) forma de contaminação pelo microrganismo;
d) importância da contaminação pelo microrganismo EXERCÍCIOS COMENTADOS
(dose);
e) imunidade do manipulador; 1. (Câmara de Belo Horizonte/MG – Técnico de segu-
f) possibilidade de tratamento (preventivo e curativo). rança do trabalho – Médio - CONSULPLAN/2017) São
agentes físicos causadores em potencial de doenças ocu‐
Dessa forma, temos o seguinte: pacionais, EXCETO:
a) Classe 1: agrupa microrganismos que não repre‐
sentam risco nem para o manipulador, nem para a a) Poeira.
comunidade (Exemplos: bactérias Escherichia coli e b) Radiações ionizantes.
Lactobacillus). c) Vibrações mecânicas.
b) Classe 2: agrupa microrganismos que representam d) Temperaturas extremas.
risco moderado para o manipulador e fraco para
a comunidade. Causam doenças que podem ser Resposta: Letra A. No contexto da biossegurança, os
prevenidas com tratamentos específicos (Exem‐ riscos podem ser classificados em cinco tipos: riscos
plos: bactérias Staphylococcus aureus e Clostridium de acidentes, riscos ergonômicos, riscos químicos, ris‐
tetani; fungo Candida albicans; e o parasita Schis- cos físicos e riscos biológicos.
tosoma mansoni). Os riscos físicos são causados por agentes como ruí‐
c) Classe 3: agrupa microrganismos que representam dos, vibrações, radiação ionizante ou não, temperatu‐
grave risco para o manipulador e moderado para ras extremas, pressões anormais e umidade.
a comunidade. Causam doenças que nem sempre
2. (Prefeitura de Lagoa Salgada/RN – Agente comu-
podem ser tratadas (Exemplos: bactérias Bacillus
nitário de saúde - Fundamental – MULTI-SAI/2010)
anthracis e Mycobacterium tuberculosis; vírus das
Doença causada por protozoário:
hepatites B e C, do HIV, da febre amarela e da
dengue; e os protozoários Leishmania, Toxoplasma
a) Febre Maculosa;
gondii e Trypanosoma cruzi).
b) Leishmaniose cutânea;
d) Classe 4: agrupa microrganismos que representam
c) Raiva;
grave risco tanto para o manipulador quanto para
d) Cólera.
a comunidade. Causam doenças que não podem
ser tratadas, por isso, sua propagação é muito gra‐ Resposta: Letra B Os riscos biológicos são causados
ve (Exemplo: vírus de febres hemorrágicas). por microrganismos como bactérias, fungos, vírus, pa‐
e) Classe 5: agrupa microrganismos que representam rasitas e protozoários. Uma boa medida de segurança
alto risco de causar doenças graves em animais contra esses riscos é conhecer bem os microrganis‐
ou que possam se disseminar pelo meio ambiente mos e as doenças por eles causadas. Neste contexto,
(Exemplo: vírus da gripe aviária e da febre aftosa). sabemos que a febre maculosa e a cólera são doenças
infecciosas causadas por bactérias, já a raiva é causada
2.5.2 Medidas de segurança para os risco patoló- por um vírus. Dessa forma, a única doença causada
gicos por protozoário é a leishmaniose cutânea, também
conhecida como leishmaniose tegumentar americana.
De modo geral, as medidas de segurança recomen‐
dadas para os riscos biológicos envolvem ações como: 3. (Câmara de Belo Horizonte/MG – Técnico de segu-
a) conhecer bem a legislação de biossegurança, prin‐ rança do trabalho – Médio - CONSULPLAN/2017) Para
cipalmente no que diz respeito às Normas de Bios‐ os riscos biológicos existe uma classificação dos agentes
segurança emitidas pela Comissão Técnica Nacio‐ causadores que leva em consideração os riscos para o
nal de Biossegurança; manipulador e para a comunidade. Esses riscos são ava‐
b) conhecer os riscos que cada microrganismo repre‐ liados em função do poder do agente infeccioso, da sua
senta para o manipulador; resistência no meio ambiente, do modo de contamina‐
c) treinar e fornecer informações para todos os indi‐ ção, da dose de contaminação, do estado de imunidade
víduos envolvidos em atividades que representem do manipulador e da possibilidade de tratamento pre‐
algum risco de contaminação; ventivo e curativo eficazes. Quanto às classes dos riscos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
142
d) Classe 4 – Representam risco grave para o manipula‐ 3.2 Equipamentos de segurança
dor e moderado para a comunidade, não existe trata‐
mento e os riscos em caso de propagação são bastan‐ Os equipamentos de segurança podem ser de dois
te graves. tipos: Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e Equi‐
pamentos de Proteção Coletiva (EPCs).
Resposta: Letra A. A Classe 1 agrupa microrganismo
que não representam risco nem para o manipulador, 3.2.1 Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)
nem para a comunidade.
A Classe 2 agrupa microrganismo que representam ris‐ De acordo com a Norma Regulamentadora 6 (NR-6),
co moderado para o manipulador e fraco para a comu‐ os EPIs são equipamentos de segurança, fornecidos pelo
nidade. Causam doenças que podem ser prevenidas. empregador, com o propósito de proteger a saúde e a
A Classe 3 agrupa microrganismos que representam integridade física do trabalhador diante de agentes que
grave risco para o manipulador e moderado para a possam machucar ou causar doenças como produtos
comunidade. Causam doenças que nem sempre po‐ químicos e microrganismos patogênicos.
dem ser tratadas. São alguns exemplos de EPI:
A Classe 4 agrupa microrganismos que representam
grave risco tanto para o manipulador quanto para a a) Luvas: as luvas são um EPI utilizado para proteger
comunidade. Causam doenças que não podem ser as mãos. Para funcionar como barreira de proteção
tratadas, por isso, sua propagação é muito grave. para o trabalhador, a luva deve ser escolhida con‐
siderando fatores como a natureza do risco (quími‐
co, físico ou biológico), o agente de risco (produtos
3. NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA químicos, microrganismos etc.), o tipo de ativida‐
de (manuseio se produtos químicos, realização de
Existem quatro níveis de biossegurança que se dife‐ exames médicos etc.) e a resistência do material
renciam conforme o grau de contenção e o nível de pro‐ utilizado para sua fabricação.
teção que oferece ao trabalhador.
Antes de apresentar as características de cada nível Luvas de látex normalmente são utilizadas em am‐
de biossegurança, é fundamental conhecer as barreiras bientes de trabalho onde o profissional é constantemen‐
de contenção utilizadas. te exposto à contaminação por microrganismos como é
o caso dos laboratórios de análises clínicas e hospitais.
3.1 Barreiras de contenção Essas luvas são pouco resistentes e descartáveis.
Luvas de algodão ou tecido conferem proteção con‐
O termo “contenção” é utilizado para descrever os tra agentes como o frio e a poeira.
equipamentos e métodos de segurança usados para mi‐ Luvas de malhas metálicas protegem as mãos contra
nimizar, eliminar ou controlar os riscos cujo meio am‐ o risco de cortes. É muito utilizada em açougues.
biente e os profissionais que atuam em laboratórios, hos‐ Luvas de couro muitas vezes são a melhor escolha
pitais, consultórios e indústrias são expostos. para os trabalhos que envolvem o contato com animais
De acordo com sua função, as contenções podem ser silvestre, pois protegem conta mordidas e arranhões.
classificadas como primárias ou secundárias. Luvas mais resistentes como é o caso das de borra‐
cha, neoprene e polietileno são indicadas para atividades
que exigem a manipulação de produtos químicos.
3.1.1 Barreiras de contenção primária
Embora o mercado ofereça uma grande variedade de
marcas e modelos, ainda não existe uma luva que confira
As barreiras de contenção primária são utilizadas para
proteção para todos os tipos de agentes, reforçando a
proteger o trabalhador e o ambiente de trabalho contra
necessidade de selecionar aquela que melhor se adapta
os possíveis riscos. Essa proteção é alcançada por meio
à rotina do trabalhador.
do uso correto de equipamentos de segurança e da ado‐
ção de boas práticas e técnicas laboratoriais.
143
Para atividades realizadas em laboratório, recomen‐ e) Capacetes e capuz: fabricado em materiais varia‐
da-se que o jaleco tenha mangas compridas e botões dos, os capacetes protegem a cabeça do trabalha‐
que o mantenha fechado, protegendo até a altura dos dor contra impactos externos. Já o capuz, tem a
joelhos. função de evitar danos na cabeça e no pescoço,
Quando existe a chance de contato com o fogo, o causados por temperaturas extremas e respingos
indicado é que o trabalhador use jalecos de fibras na‐ de produtos químicos.
turais (algodão), já que materiais de fibras sintéticas se
inflamam com facilidade.
Como muitas vezes o jaleco pode reter microrganis‐
mos e produtos tóxicos, o ideal é usá-lo apenas no am‐
biente de trabalhado, sendo retirado deste apenas para
lavagem.
Além dos jalecos de tecido, o mercado também ofe‐
rece opções descartáveis.
144
1) Classe I: nessa classe o ar entra na cabine por uma 8) manter a capela funcionando de 15 a 20 minutos
abertura frontal, circula em seu interior e, após ser antes de desliga-la;
filtrado, é eliminado por um condutor existente na 9) não usar objetos que causem turbulência de ar no
sua parte de trás. interior da capela;
2) Classe II: nessa classe, após passar por um filtro, o 10) não colocar a cabeça no interior da capela;
ar entra na cabine e a partir desse momento, 70% 11) não fixar papeis no painel de vidro ou acrílico da
dele recircula e 30% é eliminado após ser filtrado. capela para não prejudicar o campo de visão.
Essa classe de cabine é indicada para atividades
que exijam a manipulação de microrganismos das
classes 1 e 2.
#FicaDica
Outra característica importante das cabines
de segurança biológica Classe II é que, de‐
pendendo da velocidade de entrada do ar
e da quantidade que recircula, ela pode ser
dividida em quatro subtipos (A1, A2, B1 e
B2).
c) Chuveiro de emergência: consiste em um chuvei‐
3) Classe III: nessa classe o ar eliminado da cabine ro de aproximadamente 30 centímetros de diâme‐
passa por dois filtros do tipo HEPA. Além disso, tro, acionado por alavancas.
como funciona com pressão negativa, nenhum ar É usado principalmente em laboratórios químicos
sai da cabine a não ser que passe pelo sistema de para lavar a face ou o corpo todo após a exposição aci‐
filtragem, conferindo maior proteção para o traba‐ dental a um agente que possa comprometer a saúde do
lhador. Essa classe de cabine é ideal para ativida‐ trabalhador, como por exemplo, acidentes com produtos
des que exijam a manipulação de microrganismos químicos.
da classe 4. Para facilitar seu uso, deve ser instalado em locais de
fácil acesso.
145
e) Extintores de incêndio: são equipamentos de se‐
gurança manual utilizado com a finalidade de com‐ #FicaDica
bater pequenos focos de incêndios. Dependendo
dos materiais envolvidos, os incêndios podem ser Além de usar o extintor adequado para
distribuídos em seis classes: A, B, C, D, E e K. cada classe de incêndio, também é impor‐
1) Classe A: o incêndio é causado pela queima de tante:
materiais sólidos combustíveis que geram resí‐ a) verificar se o extintor está dentro da va‐
duos. Exemplos: papel, madeira, plástico, borracha, lidade;
tecido e fibras orgânicas. b) observar se o extintor está carregado (o
2) Classe B: o incêndio ocorre pela queima de líquidos ponteiro deve estar no verde);
e gases combustíveis e inflamáveis que não geram c) verificar se o cilindro do extintor não se
resíduos. Exemplos: gasolina, óleo, graxa etc. apresenta amassado ou enferrujado;
3) Classe C: o incêndio acontece pela queima de d) certificar se o extintor se encontra insta‐
equipamentos e instalações elétricas. Exemplos: lado em local sinalizado e de fácil acesso,
eletrodomésticos, quadros de força, fiação elétrica protegido da ação do sol, da chuva e do
e transformadores. vento;
4) Classe D: o incêndio é gerado pela queima de me‐ e) observar se o extintor apresenta o selo
tais combustíveis. Exemplos: magnésio, titânio, po‐ do INMETRO (Instituto Nacional de Metro‐
tássio, lítio, sódio e zircônio. logia, Qualidade e Tecnologia).
5) Classe E: o incêndio é causado pela queima de
materiais radioativos. Exemplos: césio, urânio entre
outros. f) Placas sinalizadoras: são equipamentos de pro‐
6) Classe K: o incêndio é gerado pela queima de ma‐ teção coletiva usadas como uma importante fer‐
teriais utilizados para cozinhar em residências e in‐ ramenta de comunicação visual. No ambiente de
dústrias. Exemplos: óleo, banha e gordura. trabalho, elas servem para:
1) sinalizar equipamentos de segurança como extin‐
Cada classe de incêndio deve ser combatido com um tores e hidrantes;
tipo específico de extintor, composto por substâncias como 2) orientar quanto a necessidade do uso de equipa‐
água, gás carbônico, pó químico e espuma mecânica. mentos de segurança individual;
1) Extintores com água: são indicado para comba‐ 3) alertar sobre a existência de degraus, rampas e si‐
ter apenas incêndios de classe A. Dependendo de tuações que possam gerar risco de acidentes;
como é usado, apaga o fogo por resfriamento ou 4) indicar a direção de salas, departamentos, sanitá‐
abafamento. rios e saídas de emergência.
2) Extintores com gás carbônico (CO2): são ideias
para incêndio de classe C, uma vez que não con‐
duzem a eletricidade. Também podem ser usados
para incêndios de classe A, B e E.
3) Extintores com pó químico: os extintores com pó
químico seco são recomendados para incêndios de
classe B, mas também podem ser usados paras as
classes A, C e E. Já os extintores com pó químico
especial são a melhor escolha para combater in‐
cêndio de classe D.
4) Extintores com espuma mecânica: são indicados
para combater incêndios de classe A e B. Nunca
deve ser usados para incêndios de classe C. 3.3 Estrutura física do ambiente de trabalho
Também existe o extintor da classe K. Esse tipo é com‐ Para permitir que todos os trabalhadores exerçam
posto por uma solução formada por acetato de potássio suas funções com segurança, o ambiente de trabalho
e água, ideal para combater incêndios de classe K. deve ser planejado e construído considerando as normas
recomendadas para paredes, portas, janelas, pisos, ban‐
cadas, pias, iluminação e mobiliários.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
3.3.1 Paredes
146
3.3.2 Portas A fim de evitar reflexos, superfícies como paredes
e pisos precisam ter acabamento fosco. Além disso, os
As portas devem ter dimensões compatíveis com o computadores utilizados não devem ser instalados pró‐
porte das máquinas e equipamentos utilizados no am‐ ximos de janelas ou luminárias e precisam ter tela anti‐
biente de trabalho, variando de 0,80 até 2,10 m. -reflexiva.
Precisam apresentar fechaduras que permitam uma aber‐ Para que os funcionários não tenha um cansaço visual
tura rápida e fácil no caso de emergências e serem confeccio‐ desnecessário, é importante que a iluminação geral do
nadas com materiais de fácil limpeza e que retardem o fogo. ambiente de trabalho seja relativamente fraca e que não
ocorra o contraste entre a luz emitida pela tela do com‐
3.3.3 Janelas putador e a luz que entra pelas janelas.
Outra recomendação é que a iluminação seja cons‐
As janelas devem ser posicionadas a uma altura de, no tante e nunca trêmula. Caso seja necessário iluminar a
mínimo, 0,90 m do chão. Além disso, precisam oferecer ven‐ bancada de trabalho, o ideal é usar uma luminária de
tilação e iluminação proporcionais ao espaço do ambiente. mesa com luz fraca.
Outra recomendação é que sejam confeccionadas a
partir de materiais lisos, não porosos e de fácil limpeza,
que garantam uma boa vedação.
Quando necessário, podem possuir dispositivos de
#FicaDica
abertura ou telas que protejam contra a entrada de inse‐ Além de uma boa iluminação, outras carac‐
tos e animais, principalmente se precisarem ficar abertas. terísticas que tornam o ambiente de traba‐
O ideal é que não sejam instaladas próximas da área lho mais agradável e confortável são:
de trabalho ou de equipamentos como balanças, capelas a) cores claras e suaves nas paredes, tetos
químicas e cabines de segurança biológica. e pisos.
b) temperatura ambiente variando entre 20
3.3.4 Pisos a 26ºC, dependendo da estação (verão, in‐
verno etc.);
Da mesma forma que as paredes, os pisos utilizados c) níveis de umidade oscilando entre 40 a
no ambiente de trabalho precisam ser de materiais de 60%;
fácil limpeza e resistência a ação de produtos químicos.
d) pressão sonora inferior a 65 dB (deci‐
béis).
3.3.5 Bancadas
da apenas para essa finalidade. Ainda neste caso, a pia mente expostos a riscos dos mais diversos tipos.
deve contar com torneiras ou comandos que não preci‐ Muitas vezes, esses riscos podem ser minimizados ou,
sem das mãos para fechar a água. até mesmo, eliminados com a adoção de boas práticas e
técnicas laboratoriais, como:
3.3.7 Iluminação 1) conhecer os riscos ambientais (químicos, físicos,
biológicos, ergonômicos etc.);
Além da luz natural proveniente das janelas, o am‐ 2) receber treinamento em biossegurança;
biente de trabalho também precisa contar com uma boa 3) conhecer e seguir as regras de biossegurança;
iluminação artificial que assegure um ambiente confortá‐
vel e agradável para a realização de tarefas.
147
4) não trabalhar sozinha com materiais que apresen‐ 16) trocar de luvas todas as vezes em que for trocar
tem risco de contaminação por agentes microbio‐ de material;
lógicos como fungos, bactérias e vírus. A presença 17) não tocar maçanetas, interruptores e outros com
de outra pessoa durante o trabalho pode ser útil as luvas de trabalho;
no caso de acidentes; 18) descartar as luvas usadas em lixeiras apropriadas;
5) manter a vacinação em dia;
19) retirar o jaleco ou avental no momento de sair
#FicaDica do ambiente de trabalho (jaleco e aventais podem
transportar microrganismos ou outros contami‐
A vacinação é uma das melhores estra‐ nantes).
tégias para evitar doenças contagiosas. 20) usar sapatos fechados para proteger os pés;
Atualmente no Brasil são oferecidas 15 va‐ 21) usar óculos de segurança ou protetores faciais
cinas gratuitas. São elas: sempre em que houver o risco de haver o impacto
a) BCG: previne a tuberculose. de partículas/ objetos ou o respingo de secreções
b) HPV: protege contra o vírus do papiloma contaminadas/ produtos químicos;
humano. 22) não aplicar maquiagem ou cosméticos no am‐
c) Pneumocócica: protege contra pneumo‐ biente de trabalho;
nia. 23) não retirar canetas ou qualquer outro objeto con‐
d) Meningocócica C: protege contra me‐ taminado do ambiente de trabalho sem antes fazer
ningite. sua desinfecção;
e) Febre Amarela: previne a febre amarela. 24) sempre que possível, trocar as lentes de contato
f) VIP/VOP: previne a poliomielite. por óculos de grau durante a realização de ativida‐
g) Hepatite B: previne a hepatite B. des no ambiente de trabalho;
h) Penta: protege contra difteria, tétano, 25) não manusear lentes de contato no ambiente de
meningite, coqueluche e hepatite B. trabalho para evitar sua contaminação;
i) Rotavírus: previne doenças causadas pelo 26) prender cabelos compridos antes de iniciar as ati‐
rotavírus. vidades de trabalho;
j) Influenza: protege contra gripe. 27) não usar joias ou bijuterias no ambiente de tra‐
k) Hepatite A: protege contra hepatite A. balho;
l) Tetra viral: previne varicela-catapora, sa‐ 28) sempre lavar as mãos após a manipulação de ob‐
rampo, caxumba e rubéola. jetos e materiais contaminados;
m) Tríplice viral: previne sarampo, caxumba 29) lavar as mãos após retirar o jaleco/ avental ou as
e rubéola. luvas;
n) Dupla adulto: previne difteria e tétano. 30) lavar as mãos antes de deixar o ambiente de tra‐
o) dTpa: protege contra difteria, tétano e balho;
coqueluche.
FIQUE ATENTO!
6) manter o ambiente de trabalho sempre limpo e or‐ Lavar as mãos frequentemente, com água
ganizado, evitando o armazenamento de materiais e sabão, e da forma correta é uma das es‐
como bebidas e alimentos em locais inapropriados; tratégias mais eficazes para impedir e in‐
7) limitar o acesso ao ambiente de trabalho, impe‐ terromper a transmissão de doenças con‐
dindo a entrada de crianças, mulheres grávidas, tagiosas.
indivíduos com imunidade comprometida a fim de
evitar que sejam expostos aos riscos biológicos;
8) sempre que possível, manter a porta do ambiente
de trabalho fechada; O processo deve ser repetido sempre:
9) usar roupas que confiram proteção (uniformes, cal‐ a) antes e depois do contato com pessoas doenças;
ças, aventais, jalecos etc.); b) ao entrar e sair do ambiente de trabalho;
10) usar máscaras específicas para a atividade desen‐ c) antes e após usar o banheiro;
volvida; d) antes e depois de calçar as luvas.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
148
O passo a passo correto para a higienização das mãos 43) não armazenar roupas, bolsas e outros objetos no
é ilustrado e descrito a seguir: local de trabalho;
44) manter as unhas limpas e aparadas;
45) usar cabines de segurança biológica para manipu‐
lar materiais que apresentem o risco de contami‐
nação por microrganismos;
46) instalar cabines de segurança biológica em locais
tranquilos e com pouco trânsito de pessoas;
47) antes de transportar, armazenar todo o material
contaminado por microrganismos em recipientes a
prova de vazamento;
48) descontaminar todo o material contaminado por
microrganismos;
49) descontaminar aparelhos e equipamentos antes
do serviço de manutenção;
50) conhecer a localização exata de equipamentos de
segurança como chuveiros, lava olhos e extintores
a) Umedecer as mãos com água. de incêndio;
b) Aplicar e espalhar sabão em quantidade suficiente 51) manter cilindros que armazenem gás fora do am‐
em toda a superfície das mãos. biente de trabalho e longe do fogo;
c) Esfregar as palmas das mãos. 52) antes de deixar o ambiente de trabalho, organizar
d) Esfregar o dorso da mão esquerda com a palma da e desligar equipamentos e luzes;
mão direita, entrelaçando os dedos e em seguida 53) estabelecer normas de Procedimento Operacional
repetir o movimento com a outra mão. Padrão (POP) para todos os departamentos;
e) Esfregar palma com palma, entrelaçando os dedos. 54) seguir as normas descritas no POP;
f) Esfregar o dorso dos dedos com a palma da mão 55) treinar cada funcionário ou estagiário orientando
oposta. sobre a biossegurança, além das boas práticas e
g) Esfregar os polegares com movimentos de rotação. técnicas laboratoriais.
h) Esfregar as pontas dos dedos.
i) Enxaguar as mãos em água corrente.
j) Enxugar as mãos com o auxílio de uma tolha de #FicaDica
papel descartável.
k) Fechar a torneira com a ajuda do papel toalha. O POP é um documento que descreve cada
l) Verificar se as mãos estão completamente limpas. norma, material e atividade desenvolvida
em um laboratório ou qualquer outro am‐
31) durante a manipulação de produtos químicos, biente de trabalho. Ele é elaborado com o
nunca pipetar com a boca (usar pera de borracha objetivo não só de estabelecer regras, mas
ou pipetador automático); também de melhorar a qualidade das tare‐
32) usar agulhas, seringas e objetos perfurocortantes fas executadas.
com atenção;
33) descartar agulhar sujas com cuidado para evitar a
acidentes e a formação de aerossóis; 3.5 Gerenciamento de resíduos
34) não tentar recapear agulhas;
35) descartar agulhas e outros materiais perfurocor‐ Visando a proteção dos trabalhadores, a manutenção da
tantes em recipientes adequados; saúde pública e a preservação do meio ambiente, a Resolu‐
36) não transitar pelo ambiente de trabalhado com ção RDC Nº 306, de 7 de dezembro de 2004 regulamenta o
materiais contaminados por microrganismos pato‐ gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde (RSS).
gênicos a não ser que sejam tomados os cuidados De acordo com esse documento, o gerenciamento de
necessários, conforme as normas de biossegurança; resíduos é composto por um conjunto de procedimentos
37) não fumar, comer ou beber em ambientes que elaborados e desenvolvidos a partir de bases científicas e
contenham microrganismos patogênicos; técnicas, normativas e legais, com o propósito de:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
38) não usar equipamentos e utensílios de vidro que‐ a) reduzir a produção de resíduos de serviços de saúde;
brados ou trincados; b) oferecer um caminho seguro e eficaz aos resíduos
39) limpar e desinfetar as bancadas de trabalho após gerados.
o encerramentos das atividades;
40) limpar e descontaminar todos os materiais antes A Resolução RDC Nº 306 determina que todo gerador
de reutilizar ou descartar; de resíduos precisa elaborar um Plano de Gerenciamento
41) não colocar as mãos na boca ou nos olhos en‐ de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) com base nas
quanto estiver manipulando produtos químicos; características dos resíduos produzidos. Esse PGRSS deve
42) evitar a formação de aerossóis no ambiente de ser compatível com procedimentos de biossegurança e
trabalho; com normas municipais, estaduais e federais de coleta,
transporte e destino final dos resíduos.
149
3.5.1 Etapas do gerenciamento de resíduos de ser- arteriais, órgãos e tecidos humanos, cadáveres de
viços de saúde animais e outros. O subgrupo A5 é constituído
por órgãos, tecidos e fluídos corporais, além de
O gerenciamento de resíduos de serviços de saúde todos os materiais utilizados na atenção à saúde
envolve as etapas de segregação, acondicionamento, de animais ou indivíduos contaminados por príons
identificação, transporte interno, armazenamento tem‐ (microrganismos compostos por proteínas modi‐
porário, tratamento, armazenamento externo, coleta e ficadas). Os resíduos do grupo A são identificados
transporte externo e disposição final. pelo símbolo internacional de risco biológico.
150
descontaminação. Também precisam ser identificados
#FicaDica com símbolos correspondentes ao risco do resíduo que
transportam.
Recomenda-se que os resíduos do grupo
D sejam acondicionados em lixeiras colo‐
e) Armazenamento temporário: nessa etapa, os re‐
ridas, revestidas por sacos plásticos de lixo
síduos já coletados internamente são armazenado
preto ou cinza. Nesse caso, a cor da lixeira
de forma temporária locais próximos aos pontos
irá variar de acordo com o tipo de material.
de geração a fim de agilizar e otimizar o serviço de
a) Azul: papel e papelão.
transporte interno.
b) Vermelha: plástico.
c) Verde: vidro. Os locais destinados para o armazenamento tempo‐
d) Amarela: metal. rário de resíduos devem ter pisos e paredes laváveis e
e) Preta: madeira. resistentes ao tráfego de veículos coletores e aos pro‐
f) Marrom: resíduos orgânicos. cessos de descontaminação. Além disso, devem possuir
g) Cinza: resíduos não recicláveis. pontos de iluminação artificial e ter área suficiente para
armazenar os resíduos e estacionar, pelo menos, dois
Os resíduos do grupo D são identificados por símbo‐ veículos coletores.
los variados. Nesses locais, os sacos plásticos nunca devem ser coloca‐
dos diretamente sobre o piso. Sempre precisam ser conser‐
vados em recipientes próprios para ser acondicionamento.
Os resíduos de fácil putrefação coletados a mais de
24 horas devem ser armazenados sob refrigeração ou
submetidos a processos de conservação.
destinado para seu armazenamento temporário ou biente e da saúde dos indivíduos envolvidos, mas tam‐
para coleta. bém as condições de acondicionamento dos resíduos.
O transporte interno deve ser realizado em horários i) Disposição final: nessa etapa, os resíduos são de‐
pré-determinados que não coincidam com os serviços de positados no solo previamente preparado para re‐
distribuição de roupas, alimentos ou medicamentos. Além
cebe-los. Essa atividade deve ser realizada confor‐
disso, deve obedecer a um roteiro previamente definido.
me os critérios regulamentados pela Resolução nº
237, de 19 de dezembro de 1997.
Os veículos utilizados para transportar os resíduos
devem ser feitos a partir de materiais rígidos e imper‐
meáveis, de fácil limpeza e resistentes aos processos de
151
3.6 Classificação dos níveis de biossegurança
FIQUE ATENTO!
De acordo com os requisitos de segurança e com o O ar dos laboratórios que exijam nível de
tipo de contenção necessária, os níveis de biossegurança biossegurança classe 2 não deve circular
são classificados em quatro níveis designados em ordem por outras áreas. Além disso, o acesso ao
crescente: 1, 2, 3, e 4. laboratório deve ser restrito durante o tra‐
balho.
3.6.1 Nível de biossegurança 1
cara, jaleco, luvas e sapatos fechados. Além de todos os itens requeridos para o níveis de
biossegurança 1, 2 e 3 os laboratórios com nível de bios‐
b) Contenções secundária: estrutura física separada segurança 4 também exigem outras contenções primá‐
de áreas públicas, dotada de antecâmara para pa‐ rias e secundárias.
ramentação, janelas fixas, portas que possam ser
trancadas, pias para higienização das mãos, super‐ a) Contenções primárias: máscara facial ou macacão
fícies (bancadas, parede, teto, piso) de fácil limpeza pressurizado.
e descontaminação, iluminação adequada, presen‐ b) Contenções secundária: estrutura física isolada
ça de lava olhos, mobiliário resistente e cabines de com escoamento interno do ar unidirecional; sis‐
segurança biológica Classe II. temas para suprimento/exaustão de ar e formação
de vácuo/descontaminação; antessala de entrada
152
com piso, parede e teto vedados; portas eletrôni‐ II. Avaliação do local de trabalho e do trabalhador,
cas; sistema que permita a comunicação entre as considerando:
partes externa e interna do laboratório; geradores a) a finalidade e descrição do local de trabalho;
e equipamentos para insuflamento do ar, abertura/ b) a organização e procedimentos de trabalho;
fechamento de portas e monitoramento da pressão; c) a possibilidade de exposição;
e cabines de segurança biológica classes II ou III. d) a descrição das atividades e funções de cada local
de trabalho;
e) as medidas preventivas aplicáveis e seu acom‐
FIQUE ATENTO! panhamento.
Nos laboratórios com nível de biosseguran‐
ça 4, todos os líquidos eliminados devem 32.2.2.2 O PPRA deve ser reavaliado 01 (uma) vez
ser descontaminados por produtos quími‐ ao ano e:
cos ou vapor em altas temperaturas. a) sempre que se produza uma mudança nas condi‐
ções de trabalho, que possa alterar a exposição aos
agentes biológicos;
NR 32 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM b) quando a análise dos acidentes e incidentes assim
SERVIÇOS DE SAÚDE Publicação D.O.U. o determinar.
Portaria GM n.º 485, de 11 de novembro de 2005
16/11/05 32.2.2.3 Os documentos que compõem o PPRA de‐
Portaria GM n.º 939, de 18 de novembro de 2008 verão estar disponíveis aos trabalhadores.
19/11/08 32.2.3 Do Programa de Controle Médico de Saúde
Portaria GM n.º 1.748, de 30 de agosto de 2011 Ocupacional – PCMSO
31/08/11 32.2.3.1 O PCMSO, além do previsto na NR-07, e
observando o disposto no inciso I do item 32.2.2.1, deve
32.1 Do objetivo e campo de aplicação contemplar:
32.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR tem por a) o reconhecimento e a avaliação dos riscos bioló‐
finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a imple‐ gicos;
mentação de medidas de proteção à segurança e à saúde b) a localização das áreas de risco segundo os parâ‐
dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como da‐ metros do item 32.2.2;
queles que exercem atividades de promoção e assistên‐ c) a relação contendo a identificação nominal dos
cia à saúde em geral. trabalhadores, sua função, o local em que desem‐
32.1.2 Para fins de aplicação desta NR entende-se penham suas atividades e o risco a que estão ex‐
por serviços de saúde qualquer edificação destinada à postos;
prestação de assistência à saúde da população, e todas d) a vigilância médica dos trabalhadores potencial‐
as ações de promoção, recuperação, assistência, pesquisa mente expostos;
e ensino em saúde em qualquer nível de complexidade. e) o programa de vacinação.
32.2 Dos Riscos Biológicos 32.2.3.2 Sempre que houver transferência perma‐
32.2.1 Para fins de aplicação desta NR, considera-se nente ou ocasional de um trabalhador para um outro
Risco Biológico a probabilidade da exposição ocupacio‐ posto de trabalho, que implique em mudança de risco,
nal a agentes biológicos. esta deve ser comunicada de imediato ao médico coor‐
32.2.1.1 Consideram-se Agentes Biológicos os mi‐ denador ou responsável pelo PCMSO.
crorganismos, geneticamente modificados ou não; as 32.2.3.3 Com relação à possibilidade de exposição
culturas de células; os parasitas; as toxinas e os príons. acidental aos agentes biológicos, deve constar do PCM‐
32.2.1.2 A classificação dos agentes biológicos en‐ SO:
contra-se no anexo I desta NR. a) os procedimentos a serem adotados para diagnós‐
32.2.2 Do Programa de Prevenção de Riscos Am‐ tico, acompanhamento e prevenção da sorocon‐
bientais - PPRA: versão e das doenças;
32.2.2.1 O PPRA, além do previsto na NR-09, na fase b) as medidas para descontaminação do local de tra‐
de reconhecimento, deve conter: balho;
I. Identificação dos riscos biológicos mais prováveis, c) o tratamento médico de emergência para os tra‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
153
32.2.3.4 O PCMSO deve estar à disposição dos tra‐ 32.2.4.7 Os Equipamentos de Proteção Individual -
balhadores, bem como da inspeção do trabalho. EPI, descartáveis ou não, deverão estar à disposição em
32.2.3.5 Em toda ocorrência de acidente envolven‐ número suficiente nos postos de trabalho, de forma que
do riscos biológicos, com ou sem afastamento do traba‐ seja garantido o imediato fornecimento ou reposição.
lhador, deve ser emitida a Comunicação de Acidente de 32.2.4.8 O empregador deve:
Trabalho – CAT. a) garantir a conservação e a higienização dos mate‐
32.2.4 Das Medidas de Proteção riais e instrumentos de trabalho;
32.2.4.1 As medidas de proteção devem ser adota‐ b) providenciar recipientes e meios de transporte
das a partir do resultado da avaliação, previstas no PPRA, adequados para materiais infectantes, fluidos e te‐
observando o disposto no item 32.2.2. cidos orgânicos.
32.2.4.1.1 Em caso de exposição acidental ou inci‐
dental, medidas de proteção devem ser adotadas ime‐ 32.2.4.9 O empregador deve assegurar capacitação
diatamente, mesmo que não previstas no PPRA. aos trabalhadores, antes do início das atividades e de for‐
32.2.4.2 A manipulação em ambiente laboratorial ma continuada, devendo ser ministrada:
deve seguir as orientações contidas na publicação do a) sempre que ocorra uma mudança das condições
Ministério da Saúde – Diretrizes Gerais para o Trabalho de exposição dos trabalhadores aos agentes bio‐
em Contenção com Material Biológico, correspondentes lógicos;
aos respectivos microrganismos. b) durante a jornada de trabalho;
32.2.4.3 Todo local onde exista possibilidade de ex‐ c) por profissionais de saúde familiarizados com os
posição ao agente biológico deve ter lavatório exclusivo riscos inerentes aos agentes biológicos.
para higiene das mãos provido de água corrente, sabo‐
nete líquido, toalha descartável e lixeira provida de siste‐ 32.2.4.9.1 A capacitação deve ser adaptada à evo‐
ma de abertura sem contato manual. lução do conhecimento e à identificação de novos riscos
32.2.4.3.1 Os quartos ou enfermarias destinados ao biológicos e deve incluir:
a) os dados disponíveis sobre riscos potenciais para
isolamento de pacientes portadores de doenças infecto‐
a saúde;
contagiosas devem conter lavatório em seu interior.
b) medidas de controle que minimizem a exposição
32.2.4.3.2 O uso de luvas não substitui o processo
aos agentes;
de lavagem das mãos, o que deve ocorrer, no mínimo,
c) normas e procedimentos de higiene;
antes e depois do uso das mesmas.
d) utilização de equipamentos de proteção coletiva,
32.2.4.4 Os trabalhadores com feridas ou lesões nos
individual e vestimentas de trabalho;
membros superiores só podem iniciar suas atividades
e) medidas para a prevenção de acidentes e inciden‐
após avaliação médica obrigatória com emissão de do‐ tes;
cumento de liberação para o trabalho. f) medidas a serem adotadas pelos trabalhadores no
32.2.4.5 O empregador deve vedar: caso de ocorrência de incidentes e acidentes.
a) a utilização de pias de trabalho para fins diversos
dos previstos; 32.2.4.9.2 O empregador deve comprovar para a
b) o ato de fumar, o uso de adornos e o manuseio de inspeção do trabalho a realização da capacitação através
lentes de contato nos postos de trabalho; de documentos que informem a data, o horário, a carga
c) o consumo de alimentos e bebidas nos postos de horária, o conteúdo ministrado, o nome e a formação ou
trabalho; capacitação profissional do instrutor e dos trabalhadores
d) a guarda de alimentos em locais não destinados envolvidos.
para este fim; 32.2.4.10 Em todo local onde exista a possibilidade
e) o uso de calçados abertos. de exposição a agentes biológicos, devem ser forneci‐
das aos trabalhadores instruções escritas, em linguagem
32.2.4.6 Todos trabalhadores com possibilidade de acessível, das rotinas realizadas no local de trabalho e
exposição a agentes biológicos devem utilizar vestimen‐ medidas de prevenção de acidentes e de doenças rela‐
ta de trabalho adequada e em condições de conforto. cionadas ao trabalho.
32.2.4.6.1 A vestimenta deve ser fornecida sem ônus 32.2.4.10.1 As instruções devem ser entregues ao
para o empregado. trabalhador, mediante recibo, devendo este ficar à dis‐
32.2.4.6.2 Os trabalhadores não devem deixar o lo‐ posição da inspeção do trabalho.
cal de trabalho com os equipamentos de proteção in‐ 32.2.4.11 Os trabalhadores devem comunicar ime‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
dividual e as vestimentas utilizadas em suas atividades diatamente todo acidente ou incidente, com possível ex‐
laborais. posição a agentes biológicos, ao responsável pelo local
32.2.4.6.3 O empregador deve providenciar locais de trabalho e, quando houver, ao serviço de segurança e
apropriados para fornecimento de vestimentas limpas e saúde do trabalho e à CIPA.
para deposição das usadas. 32.2.4.12 O empregador deve informar, imedia‐
32.2.4.6.4 A higienização das vestimentas utilizadas tamente, aos trabalhadores e aos seus representantes
nos centros cirúrgicos e obstétricos, serviços de trata‐ qualquer acidente ou incidente grave que possa provo‐
mento intensivo, unidades de pacientes com doenças car a disseminação de um agente biológico suscetível
infecto-contagiosa e quando houver contato direto da de causar doenças graves nos seres humanos, as suas
vestimenta com material orgânico, deve ser de responsa‐ causas e as medidas adotadas ou a serem adotadas para
bilidade do empregador. corrigir a situação.
154
32.2.4.13 Os colchões, colchonetes e demais almo‐ 32.3.3 É vedado o procedimento de reutilização das
fadados devem ser revestidos de material lavável e im‐ embalagens de produtos químicos.
permeável, permitindo desinfecção e fácil higienização. 32.3.4 Do Programa de Prevenção de Riscos Am‐
32.2.4.13.1 O revestimento não pode apresentar fu‐ bientais - PPRA
ros, rasgos, sulcos ou reentrâncias. 32.3.4.1 No PPRA dos serviços de saúde deve cons‐
32.2.4.14 Os trabalhadores que utilizarem objetos tar inventário de todos os produtos químicos, inclusive
perfurocortantes devem ser os responsáveis pelo seu intermediários e resíduos, com indicação daqueles que
descarte. impliquem em riscos à segurança e saúde do trabalha‐
32.2.4.15 São vedados o reencape e a desconexão dor.
manual de agulhas. 32.3.4.1.1 Os produtos químicos, inclusive interme‐
32.2.4.16 O empregador deve elaborar e imple‐ diários e resíduos que impliquem riscos à segurança e
mentar Plano de Prevenção de Riscos de Acidentes com saúde do trabalhador, devem ter uma ficha descritiva
Materiais Perfurocortantes, conforme as diretrizes esta‐ contendo, no mínimo, as seguintes informações:
belecidas no Anexo III desta Norma Regulamentadora. a) as características e as formas de utilização do pro‐
(Alterado pela Portaria GM n.º 1.748, de 30 de setembro duto;
de 2011) b) os riscos à segurança e saúde do trabalhador e ao
32.2.4.16.1 As empresas que produzem ou comer‐ meio ambiente, considerando as formas de utili‐
cializam materiais perfurocortantes devem disponibilizar, zação;
para os trabalhadores dos serviços de saúde, capacitação c) as medidas de proteção coletiva, individual e con‐
sobre a correta utilização do dispositivo de segurança. trole médico da saúde dos trabalhadores;
(Alterado pela Portaria GM n.º 1.748, de 30 de setembro d) condições e local de estocagem;
de 2011) e) procedimentos em situações de emergência.
32.2.4.16.2 O empregador deve assegurar, aos tra‐
balhadores dos serviços de saúde, a capacitação previs‐ 32.3.4.1.2 Uma cópia da ficha deve ser mantida nos
ta no subitem 32.2.4.16.1. (Alterado pela Portaria GM n.º locais onde o produto é utilizado.
1.748, de 30 de setembro de 2011) 32.3.5 Do Programa de Controle Médico de Saúde
32.2.4.17 Da Vacinação dos Trabalhadores Ocupacional - PCMSO
32.2.4.17.1 A todo trabalhador dos serviços de saú‐ 32.3.5.1 Na elaboração e implementação do PCM‐
de deve ser fornecido, gratuitamente, programa de imu‐
SO, devem ser consideradas as informações contidas nas
nização ativa contra tétano, difteria, hepatite B e os esta‐
fichas descritivas citadas no subitem 32.3.4.1.1.
belecidos no PCMSO.
32.3.6 Cabe ao empregador:
32.2.4.17.2 Sempre que houver vacinas eficazes
32.3.6.1 Capacitar, inicialmente e de forma conti‐
contra outros agentes biológicos a que os trabalhadores
nuada, os trabalhadores envolvidos para a utilização se‐
estão, ou poderão estar, expostos, o empregador deve
gura de produtos químicos.
fornecê-las gratuitamente.
32.3.6.1.1 A capacitação deve conter, no mínimo:
32.2.4.17.3 O empregador deve fazer o controle da
eficácia da vacinação sempre que for recomendado pelo a) a apresentação das fichas descritivas citadas no subi‐
Ministério da Saúde e seus órgãos, e providenciar, se ne‐ tem 32.3.4.1.1, com explicação das informações nelas
cessário, seu reforço. contidas;
32.2.4.17.4 A vacinação deve obedecer às recomen‐ b) os procedimentos de segurança relativos à utilização;
dações do Ministério da Saúde. c) os procedimentos a serem adotados em caso de in‐
32.2.4.17.5 O empregador deve assegurar que os cidentes, acidentes e em situações de emergência.
trabalhadores sejam informados das vantagens e dos
efeitos colaterais, assim como dos riscos a que estarão 32.3.7 Das Medidas de Proteção
expostos por falta ou recusa de vacinação, devendo, nes‐ 32.3.7.1 O empregador deve destinar local apropria‐
tes casos, guardar documento comprobatório e mantê‐ do para a manipulação ou fracionamento de produtos
-lo disponível à inspeção do trabalho. químicos que impliquem riscos à segurança e saúde do
32.2.4.17.6 A vacinação deve ser registrada no pron‐ trabalhador.
tuário clínico individual do trabalhador, previsto na NR- 32.3.7.1.1 É vedada a realização destes procedimen‐
07. tos em qualquer local que não o apropriado para este
32.2.4.17.7 Deve ser fornecido ao trabalhador com‐ fim.
provante das vacinas recebidas. 32.3.7.1.2 Excetuam-se a preparação e associação
de medicamentos para administração imediata aos pa‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
155
c) equipamentos que garantam a exaustão dos produ‐ 32.3.8.3 Os cilindros contendo gases inflamáveis, tais
tos químicos de forma a não potencializar a exposi‐ como hidrogênio e acetileno, devem ser armazenados a
ção de qualquer trabalhador, envolvido ou não, no uma distância mínima de oito metros daqueles contendo
processo de trabalho, não devendo ser utilizado o gases oxidantes, tais como oxigênio e óxido nitroso, ou
equipamento tipo coifa; através de barreiras vedadas e resistentes ao fogo.
d) chuveiro e lava-olhos, os quais deverão ser aciona‐ 32.3.8.4 Para o sistema centralizado de gases me‐
dos e higienizados semanalmente; dicinais devem ser fixadas placas, em local visível, com
e) equipamentos de proteção individual, adequados caracteres indeléveis e legíveis, com as seguintes infor‐
aos riscos, à disposição dos trabalhadores; mações:
f) sistema adequado de descarte. a) nominação das pessoas autorizadas a terem acesso
ao local e treinadas na operação e manutenção do
32.3.7.2 A manipulação ou fracionamento dos pro‐ sistema;
dutos químicos deve ser feito por trabalhador qualifica‐ b) procedimentos a serem adotados em caso de
do. emergência;
32.3.7.3 O transporte de produtos químicos deve ser c) número de telefone para uso em caso de emergên‐
realizado considerando os riscos à segurança e saúde do cia;
trabalhador e ao meio ambiente. d) sinalização alusiva a perigo.
32.3.7.4 Todos os estabelecimentos que realizam,
ou que pretendem realizar, esterilização, reesterilização 32.3.9 Dos Medicamentos e das Drogas de Risco
ou reprocessamento por gás óxido de etileno, deverão 32.3.9.1 Para efeito desta NR, consideram-se medi‐
atender o disposto na Portaria Interministerial n.º 482/ camentos e drogas de risco aquelas que possam causar
MS/MTE de 16/04/1999. genotoxicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e
32.3.7.5 Nos locais onde se utilizam e armazenam toxicidade séria e seletiva sobre órgãos e sistemas.
produtos inflamáveis, o sistema de prevenção de incên‐ 32.3.9.2 Deve constar no PPRA a descrição dos riscos
dio deve prever medidas especiais de segurança e proce‐ inerentes às atividades de recebimento, armazenamento,
dimentos de emergência. preparo, distribuição, administração dos medicamentos
32.3.7.6 As áreas de armazenamento de produtos e das drogas de risco.
químicos devem ser ventiladas e sinalizadas. 32.3.9.3 Dos Gases e Vapores Anestésicos
32.3.7.6.1 Devem ser previstas áreas de armazena‐ 32.3.9.3.1 Todos os equipamentos utilizados para a
mento próprias para produtos químicos incompatíveis. administração dos gases ou vapores anestésicos devem
32.3.8 Dos Gases Medicinais ser submetidos à manutenção corretiva e preventiva,
32.3.8.1 Na movimentação, transporte, armazena‐ dando-se especial atenção aos pontos de vazamentos
mento, manuseio e utilização dos gases, bem como na para o ambiente de trabalho, buscando sua eliminação.
manutenção dos equipamentos, devem ser observadas 32.3.9.3.2 A manutenção consiste, no mínimo, na
as recomendações do fabricante, desde que compatíveis verificação dos cilindros de gases, conectores, conexões,
com as disposições da legislação vigente. mangueiras, balões, traqueias, válvulas, aparelhos de
32.3.8.1.1 As recomendações do fabricante, em por‐ anestesia e máscaras faciais para ventilação pulmonar.
tuguês, devem ser mantidas no local de trabalho à dispo‐ 32.3.9.3.2.1 O programa e os relatórios de manu‐
sição dos trabalhadores e da inspeção do trabalho. tenção devem constar de documento próprio que deve
32.3.8.2 É vedado: ficar à disposição dos trabalhadores diretamente envol‐
a) a utilização de equipamentos em que se constate vidos e da fiscalização do trabalho.
vazamento de gás; 32.3.9.3.3 Os locais onde são utilizados gases ou
b) submeter equipamentos a pressões superiores vapores anestésicos devem ter sistemas de ventilação
àquelas para as quais foram projetados; e exaustão, com o objetivo de manter a concentração
c) a utilização de cilindros que não tenham a identifi‐ ambiental sob controle, conforme previsto na legislação
cação do gás e a válvula de segurança; vigente.
d) a movimentação dos cilindros sem a utilização dos 32.3.9.3.4 Toda trabalhadora gestante só será libe‐
equipamentos de proteção individual adequados; rada para o trabalho em áreas com possibilidade de ex‐
e) a submissão dos cilindros a temperaturas extremas; posição a gases ou vapores anestésicos após autorização
f) a utilização do oxigênio e do ar comprimido para por escrito do médico responsável pelo PCMSO, consi‐
fins diversos aos que se destinam; derando as informações contidas no PPRA.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
156
32.3.9.4.2 O vestiário deve dispor de: e) fornecer aos trabalhadores dispositivos de segu‐
a) pia e material para lavar e secar as mãos; rança que minimizem a geração de aerossóis e a
b) lava olhos, o qual pode ser substituído por uma ocorrência de acidentes durante a manipulação e
ducha tipo higiênica; administração;
c) chuveiro de emergência; f) fornecer aos trabalhadores dispositivos de seguran‐
d) equipamentos de proteção individual e vestimen‐ ça para a prevenção de acidentes durante o trans‐
tas para uso e reposição; porte.
e) armários para guarda de pertences;
f) recipientes para descarte de vestimentas usadas. 32.3.9.4.7 Além do cumprimento do disposto na
legislação vigente, os Equipamentos de Proteção Indivi‐
32.3.9.4.3 Devem ser elaborados manuais de pro‐ dual – EPI devem atender as seguintes exigências:
cedimentos relativos a limpeza, descontaminação e de‐ a) ser avaliados diariamente quanto ao estado de
sinfecção de todas as áreas, incluindo superfícies, ins‐ conservação e segurança;
talações, equipamentos, mobiliário, vestimentas, EPI e b) estar armazenados em locais de fácil acesso e em
materiais. quantidade suficiente para imediata substituição,
32.3.9.4.3.1 Os manuais devem estar disponíveis a segundo as exigências do procedimento ou em
todos os trabalhadores e à fiscalização do trabalho. caso de contaminação ou dano.
32.3.9.4.4 Todos os profissionais diretamente envol‐
vidos devem lavar adequadamente as mãos, antes e após 32.3.9.4.8 Com relação aos quimioterápicos anti‐
a retirada das luvas. neoplásicos é vedado:
32.3.9.4.5 A sala de preparo deve ser dotada de Ca‐ a) iniciar qualquer atividade na falta de EPI;
bine de Segurança Biológica Classe II B2 e na sua instala‐ b) dar continuidade às atividades de manipulação
ção devem ser previstos, no mínimo: quando ocorrer qualquer interrupção do funciona‐
a) suprimento de ar necessário ao seu funcionamen‐ mento da cabine de segurança biológica.
to;
b) local e posicionamento, de forma a evitar a forma‐ 32.3.9.4.9 Dos Procedimentos Operacionais em Caso
ção de turbulência aérea. de Ocorrência de Acidentes Ambientais ou Pessoais.
32.3.9.4.9.1 Com relação aos quimioterápicos, en‐
32.3.9.4.5.1 A cabine deve: tende-se por acidente:
a) estar em funcionamento no mínimo por 30 minu‐ a) ambiental: contaminação do ambiente devido à
tos antes do início do trabalho de manipulação e saída do medicamento do envase no qual esteja
permanecer ligada por 30 minutos após a conclu‐ acondicionado, seja por derramamento ou por ae‐
são do trabalho; rodispersóides sólidos ou líquidos;
b) ser submetida periodicamente a manutenções e b) pessoal: contaminação gerada por contato ou
trocas de filtros absolutos e pré-filtros de acordo inalação dos medicamentos da terapia quimiote‐
com um programa escrito, que obedeça às especi‐ rápica antineoplásica em qualquer das etapas do
ficações do fabricante, e que deve estar à disposi‐ processo.
ção da inspeção do trabalho;
c) possuir relatório das manutenções, que deve ser 32.3.9.4.9.2 As normas e os procedimentos, a serem
mantido a disposição da fiscalização do trabalho; adotados em caso de ocorrência de acidentes ambien‐
d) ter etiquetas afixadas em locais visíveis com as da‐ tais ou pessoais, devem constar em manual disponível
tas da última e da próxima manutenção; e de fácil acesso aos trabalhadores e à fiscalização do
e) ser submetida a processo de limpeza, descontami‐ trabalho.
nação e desinfecção, nas paredes laterais internas e 32.3.9.4.9.3 Nas áreas de preparação, armazena‐
superfície de trabalho, antes do início das atividades; mento e administração e para o transporte deve ser
f) ter a sua superfície de trabalho submetida aos pro‐ mantido um “Kit” de derramamento identificado e dis‐
cedimentos de limpeza ao final das atividades e ponível, que deve conter, no mínimo: luvas de procedi‐
no caso de ocorrência de acidentes com derrama‐ mento, avental impermeável, compressas absorventes,
mentos e respingos. proteção respiratória, proteção ocular, sabão, recipiente
identificado para recolhimento de resíduos e descrição
32.3.9.4.6 Com relação aos quimioterápicos anti‐ do procedimento.
neoplásicos, compete ao empregador:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
157
d) as normas e os procedimentos a serem adotadas clínica e a realização de exames complementares, in‐
no caso de ocorrência de acidentes. cluindo a dosimetria citogenética, a critério médico.
32.4.5.5 Após ocorrência ou suspeita de acidentes
32.3.10.1.1 A capacitação deve ser ministrada por com fontes não seladas, sujeitas a exposição externa ou
profissionais de saúde familiarizados com os riscos ine‐ com contaminação interna, devem ser adotados proce‐
rentes aos quimioterápicos antineoplásicos. dimentos adicionais de monitoração individual, avalia‐
32.4 Das Radiações Ionizantes ção clínica e a realização de exames complementares,
32.4.1 O atendimento das exigências desta NR, com incluindo a dosimetria citogenética, a análise in vivo e in
relação às radiações ionizantes, não desobriga o em‐ vitro, a critério médico.
pregador de observar as disposições estabelecidas pe‐ 32.4.5.6 Deve ser elaborado e implementado um
las normas específicas da Comissão Nacional de Energia programa de monitoração periódica de áreas, constante
Nuclear – CNEN e da Agência Nacional de Vigilância Sa‐ do Plano de Proteção Radiológica, para todas as áreas da
nitária – ANVISA, do Ministério da Saúde. instalação radiativa.
32.4.2 É obrigatório manter no local de trabalho e à 32.4.6 Cabe ao empregador:
disposição da inspeção do trabalho o Plano de Proteção a) implementar medidas de proteção coletiva relacio‐
Radiológica - PPR, aprovado pela CNEN, e para os serviços nadas aos riscos radiológicos;
de radiodiagnóstico aprovado pela Vigilância Sanitária. b) manter profissional habilitado, responsável pela
32.4.2.1 O Plano de Proteção Radiológica deve: proteção radiológica em cada área específica, com
a) estar dentro do prazo de vigência; vinculação formal com o estabelecimento;
b) identificar o profissional responsável e seu substi‐ c) promover capacitação em proteção radiológica,
tuto eventual como membros efetivos da equipe inicialmente e de forma continuada, para os traba‐
de trabalho do serviço; lhadores ocupacionalmente e para-ocupacional‐
c) fazer parte do PPRA do estabelecimento; mente expostos às radiações ionizantes;
d) ser considerado na elaboração e implementação d) manter no registro individual do trabalhador as ca‐
do PCMSO; pacitações ministradas;
e) ser apresentado na CIPA, quando existente na em‐ e) fornecer ao trabalhador, por escrito e mediante re‐
presa, sendo sua cópia anexada às atas desta co‐ cibo, instruções relativas aos riscos radiológicos e
missão. procedimentos de proteção radiológica adotados
na instalação radiativa;
32.4.3 O trabalhador que realize atividades em áreas f) dar ciência dos resultados das doses referentes às
onde existam fontes de radiações ionizantes deve: exposições de rotina, acidentais e de emergências,
a) permanecer nestas áreas o menor tempo possível por escrito e mediante recibo, a cada trabalhador
para a realização do procedimento; e ao médico coordenador do PCMSO ou médico
b) ter conhecimento dos riscos radiológicos associa‐ encarregado dos exames médicos previstos na NR-
dos ao seu trabalho; 07.
c) estar capacitado inicialmente e de forma continua‐
da em proteção radiológica;
32.4.7 Cada trabalhador da instalação radiativa deve
d) usar os EPI adequados para a minimização dos ris‐
ter um registro individual atualizado, o qual deve ser
cos;
conservado por 30 (trinta) anos após o término de sua
e) estar sob monitoração individual de dose de radia‐
ocupação, contendo as seguintes informações:
ção ionizante, nos casos em que a exposição seja
a) identificação (Nome, DN, Registro, CPF), endereço
ocupacional.
e nível de instrução;
b) datas de admissão e de saída do emprego;
32.4.4 Toda trabalhadora com gravidez confirmada
deve ser afastada das atividades com radiações ionizan‐ c) nome e endereço do responsável pela proteção ra‐
tes, devendo ser remanejada para atividade compatível diológica de cada período trabalhado;
com seu nível de formação. d) funções associadas às fontes de radiação com as
32.4.5 Toda instalação radiativa deve dispor de mo‐ respectivas áreas de trabalho, os riscos radiológi‐
nitoração individual e de áreas. cos a que está ou esteve exposto, data de início e
32.4.5.1 Os dosímetros individuais devem ser obti‐ término da atividade com radiação, horários e pe‐
dos, calibrados e avaliados exclusivamente em laborató‐ ríodos de ocupação;
rios de monitoração individual acreditados pela CNEN. e) tipos de dosímetros individuais utilizados;
f) registro de doses mensais e anuais (doze meses
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
158
32.4.7.1 O registro individual dos trabalhadores 32.4.13 Do Serviço de Medicina Nuclear
deve ser mantido no local de trabalho e à disposição da 32.4.13.1 As áreas supervisionadas e controladas de
inspeção do trabalho. Serviço de Medicina Nuclear devem ter pisos e paredes
32.4.8 O prontuário clínico individual previsto pela impermeáveis que permitam sua descontaminação.
NR-07 deve ser mantido atualizado e ser conservado por 32.4.13.2 A sala de manipulação e armazenamento
30 (trinta) anos após o término de sua ocupação. de fontes radioativas em uso deve:
32.4.9 Toda instalação radiativa deve possuir um ser‐ a) ser revestida com material impermeável que pos‐
viço de proteção radiológica. sibilite sua descontaminação, devendo os pisos e
32.4.9.1 O serviço de proteção radiológica deve es‐ paredes ser providos de cantos arredondados;
tar localizado no mesmo ambiente da instalação radiativa b) possuir bancadas constituídas de material liso, de
e serem garantidas as condições de trabalho compatíveis fácil descontaminação, recobertas com plástico e
com as atividades desenvolvidas, observando as normas papel absorvente;
da CNEN e da ANVISA. c) dispor de pia com cuba de, no mínimo, 40 cm de
32.4.9.2 O serviço de proteção radiológica deve pos‐ profundidade, e acionamento para abertura das
suir, de acordo com o especificado no PPR, equipamentos torneiras sem controle manual.
para:
a) monitoração individual dos trabalhadores e de 32.4.13.2.1 É obrigatória a instalação de sistemas
área; exclusivos de exaustão:
b) proteção individual; a) local, para manipulação de fontes não seladas vo‐
c) medições ambientais de radiações ionizantes espe‐ láteis;
cíficas para práticas de trabalho. b) de área, para os serviços que realizem estudos de
ventilação pulmonar.
32.4.9.3 O serviço de proteção radiológica deve es‐
tar diretamente subordinado ao Titular da instalação ra‐ 32.4.13.2.2 Nos locais onde são manipulados e ar‐
mazenados materiais radioativos ou rejeitos, não é per‐
diativa.
mitido:
32.4.9.4 Quando o estabelecimento possuir mais de
a) aplicar cosméticos, alimentar-se, beber, fumar e
um serviço, deve ser indicado um responsável técnico
repousar;
para promover a integração das atividades de proteção
b) guardar alimentos, bebidas e bens pessoais.
radiológica destes serviços.
32.4.10 O médico coordenador do PCMSO ou o en‐
32.4.13.3 Os trabalhadores envolvidos na manipu‐
carregado pelos exames médicos, previstos na NR-07,
lação de materiais radioativos e marcação de fármacos
deve estar familiarizado com os efeitos e a terapêutica devem usar os equipamentos de proteção recomenda‐
associados à exposição decorrente das atividades de ro‐ dos no PPRA e PPR.
tina ou de acidentes com radiações ionizantes. 32.4.13.4 Ao término da jornada de trabalho, deve
32.4.11 As áreas da instalação radiativa devem ser ser realizada a monitoração das superfícies de acordo
classificadas e ter controle de acesso definido pelo res‐ com o PPR, utilizando-se monitor de contaminação.
ponsável pela proteção radiológica. 32.4.13.5 Sempre que for interrompida a atividade
32.4.12 As áreas da instalação radiativa devem estar de trabalho, deve ser feita a monitoração das extremida‐
devidamente sinalizadas em conformidade com a legis‐ des e de corpo inteiro dos trabalhadores que manipulam
lação em vigor, em especial quanto aos seguintes aspec‐ radiofármacos.
tos: 32.4.13.6 O local destinado ao decaimento de rejei‐
a) utilização do símbolo internacional de presença de tos radioativos deve:
radiação nos acessos controlados; a) ser localizado em área de acesso controlado;
b) as fontes presentes nestas áreas e seus rejeitos de‐ b) ser sinalizado;
vem ter as suas embalagens, recipientes ou blinda‐ c) possuir blindagem adequada;
gens identificadas em relação ao tipo de elemento d) ser constituído de compartimentos que possibi‐
radioativo, atividade e tipo de emissão; litem a segregação dos rejeitos por grupo de ra‐
c) valores das taxas de dose e datas de medição em dionuclídeos com meia-vida física próxima e por
pontos de referência significativos, próximos às estado físico.
fontes de radiação, nos locais de permanência e de
trânsito dos trabalhadores, em conformidade com 32.4.13.7 O quarto destinado à internação de pa‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
159
32.4.14 Dos Serviços de Radioterapia 32.4.15.3.1 As portas de acesso das salas com equi‐
32.4.14.1 Os Serviços de Radioterapia devem adotar, pamentos de raios X fixos devem ser mantidas fechadas
no mínimo, os seguintes dispositivos de segurança: durante as exposições.
a) salas de tratamento possuindo portas com sistema 32.4.15.3.2 Não é permitida a instalação de mais de
de intertravamento, que previnam o acesso indevi‐ um equipamento de raios X por sala.
do de pessoas durante a operação do equipamen‐ 32.4.15.4 A câmara escura deve dispor de:
to; a) sistema de exaustão de ar localizado;
b) indicadores luminosos de equipamento em ope‐ b) pia com torneira.
ração, localizados na sala de tratamento e em seu
acesso externo, em posição visível. 32.4.15.5 Todo equipamento de radiodiagnóstico
médico deve possuir diafragma e colimador em condi‐
32.4.14.2 Da Braquiterapia ções de funcionamento para tomada radiográfica.
32.4.14.2.1 Na sala de preparo e armazenamento de 32.4.15.6 Os equipamentos móveis devem ter um
fontes é vedada a prática de qualquer atividade não rela‐ cabo disparador com um comprimento mínimo de 2 me‐
cionada com a preparação das fontes seladas. tros.
32.4.14.2.2 Os recipientes utilizados para o trans‐ 32.4.15.7 Deverão permanecer no local do procedi‐
porte de fontes devem estar identificados com o símbolo mento radiológico somente o paciente e a equipe neces‐
de presença de radiação e a atividade do radionuclídeo sária.
a ser deslocado. 32.4.15.8 Os equipamentos de fluoroscopia devem
32.4.14.2.3 No deslocamento de fontes para utiliza‐ possuir:
ção em braquiterapia deve ser observado o princípio da a) sistema de intensificação de imagem com monitor
otimização, de modo a expor o menor número possível de vídeo acoplado;
de pessoas. b) cortina ou saiote plumbífero inferior e lateral para
32.4.14.2.4 Na capacitação dos trabalhadores para proteção do operador contra radiação espalhada;
manipulação de fontes seladas utilizadas em braquitera‐ c) sistema para garantir que o feixe de radiação seja
pia devem ser empregados simuladores de fontes. completamente restrito à área do receptor de ima‐
32.4.14.2.5 O preparo manual de fontes utilizadas gem;
em braquiterapia de baixa taxa de dose deve ser realiza‐ d) sistema de alarme indicador de um determinado
do em sala específica com acesso controlado, somente nível de dose ou exposição.
sendo permitida a presença de pessoas diretamente en‐
volvidas com esta atividade. 32.4.15.8.1 Caso o equipamento de fluoroscopia
32.4.14.2.6 O manuseio de fontes de baixa taxa de não possua o sistema de alarme citado, o mesmo deve
dose deve ser realizado exclusivamente com a utilização ser instalado no ambiente.
de instrumentos e com a proteção de anteparo plumbí‐ 32.4.16 Dos Serviços de Radiodiagnóstico Odontoló‐
fero.
gico
32.4.14.2.7 Após cada aplicação, as vestimentas de
32.4.16.1 Na radiologia intra-oral:
pacientes e as roupas de cama devem ser monitoradas
a) todos os trabalhadores devem manter-se afastados
para verificação da presença de fontes seladas.
do cabeçote e do paciente a uma distância mínima
32.4.15 Dos serviços de radiodiagnóstico médico
de 2 metros;
32.4.15.1 É obrigatório manter no local de trabalho
b) nenhum trabalhador deve segurar o filme durante
e à disposição da inspeção do trabalho o Alvará de Fun‐
cionamento vigente concedido pela autoridade sanitária a exposição;
local e o Programa de Garantia da Qualidade. c) caso seja necessária a presença de trabalhador para
32.4.15.2 A cabine de comando deve ser posiciona‐ assistir ao paciente, esse deve utilizar os EPIs.
da de forma a:
a) permitir ao operador, na posição de disparo, eficaz 32.4.16.2 Para os procedimentos com equipamentos
comunicação e observação visual do paciente; de radiografia extra-oral deverão ser seguidos os mes‐
b) permitir que o operador visualize a entrada de mos requisitos do radiodiagnóstico médico.
qualquer pessoa durante o procedimento radioló‐
gico. 32.5 Dos Resíduos
32.5.1 Cabe ao empregador capacitar, inicialmente
32.4.15.3 A sala de raios X deve dispor de: e de forma continuada, os trabalhadores nos seguintes
assuntos:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
160
g) conhecimento sobre a utilização dos veículos de co‐ II. ser mantida limpa e com controle de vetores;
leta; III. conter somente os recipientes de coleta, armaze‐
h) orientações quanto ao uso de Equipamentos de namento ou transporte;
Proteção Individual – EPIs. IV.ser utilizada apenas para os fins a que se destina;
V. estar devidamente sinalizada e identificada.
32.5.2 Os sacos plásticos utilizados no acondiciona‐
mento dos resíduos de saúde devem atender ao disposto 32.5.7 O transporte dos resíduos para a área de ar‐
na NBR 9191 e ainda ser: mazenamento externo deve atender aos seguintes requi‐
a) preenchidos até 2/3 de sua capacidade; sitos:
b) fechados de tal forma que não se permita o seu a) ser feito através de carros constituídos de material
derramamento, mesmo que virados com a abertura rígido, lavável, impermeável, provido de tampo ar‐
para baixo; ticulado ao próprio corpo do equipamento e can‐
c) retirados imediatamente do local de geração após tos arredondados;
o preenchimento e fechamento; b) ser realizado em sentido único com roteiro defini‐
d) mantidos íntegros até o tratamento ou a disposi‐ do em horários não coincidentes com a distribui‐
ção final do resíduo. ção de roupas, alimentos e medicamentos, perío‐
dos de visita ou de maior fluxo de pessoas.
32.5.3 A segregação dos resíduos deve ser realizada
no local onde são gerados, devendo ser observado que: 32.5.7.1 Os recipientes de transporte com mais de
a) sejam utilizados recipientes que atendam as nor‐ 400 litros de capacidade devem possuir válvula de dreno
mas da ABNT, em número suficiente para o arma‐ no fundo.
zenamento; 32.5.8 Em todos os serviços de saúde deve existir
b) os recipientes estejam localizados próximos da local apropriado para o armazenamento externo dos re‐
fonte geradora; síduos, até que sejam recolhidos pelo sistema de coleta
c) os recipientes sejam constituídos de material lavá‐ externa.
vel, resistente à punctura, ruptura e vazamento, com 32.5.8.1 O local, além de atender às características
tampa provida de sistema de abertura sem contato descritas no item 32.5.6, deve ser dimensionado de for‐
manual, com cantos arredondados e que sejam re‐ ma a permitir a separação dos recipientes conforme o
sistentes ao tombamento; tipo de resíduo.
d) os recipientes sejam identificados e sinalizados se‐ 32.5.9 Os rejeitos radioativos devem ser tratados
gundo as normas da ABNT. conforme disposto na Resolução CNEN NE-6.05.
32.6 Das Condições de Conforto por Ocasião das Re‐
32.5.3.1 Os recipientes existentes nas salas de cirur‐ feições
gia e de parto não necessitam de tampa para vedação. 32.6.1 Os refeitórios dos serviços de saúde devem
32.5.3.2 Para os recipientes destinados a coleta de atender ao disposto na NR-24.
material perfurocortante, o limite máximo de enchimen‐ 32.6.2 Os estabelecimentos com até 300 trabalhado‐
to deve estar localizado 5 cm abaixo do bocal. res devem ser dotados de locais para refeição, que aten‐
32.5.3.2.1 O recipiente para acondicionamento dos dam aos seguintes requisitos mínimos:
perfurocortantes deve ser mantido em suporte exclusivo a) localização fora da área do posto de trabalho;
e em altura que permita a visualização da abertura para b) piso lavável;
descarte. c) limpeza, arejamento e boa iluminação;
32.5.4 O transporte manual do recipiente de se‐ d) mesas e assentos dimensionados de acordo com o
gregação deve ser realizado de forma que não exista o número de trabalhadores por intervalo de descan‐
contato do mesmo com outras partes do corpo, sendo so e refeição;
vedado o arrasto. e) lavatórios instalados nas proximidades ou no pró‐
32.5.5 Sempre que o transporte do recipiente de se‐ prio local;
gregação possa comprometer a segurança e a saúde do f) fornecimento de água potável;
trabalhador, devem ser utilizados meios técnicos apro‐ g) possuir equipamento apropriado e seguro para
priados, de modo a preservar a sua saúde e integridade aquecimento de refeições.
física.
32.5.6 A sala de armazenamento temporário dos 32.6.3 Os lavatórios para higiene das mãos devem
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
recipientes de transporte deve atender, no mínimo, às ser providos de papel toalha, sabonete líquido e lixeira
seguintes características: com tampa, de acionamento por pedal.
I. ser dotada de:
a) pisos e paredes laváveis; 32.7 Das Lavanderias
b) ralo sifonado; 32.7.1 A lavanderia deve possuir duas áreas distin‐
c) ponto de água; tas, sendo uma considerada suja e outra limpa, devendo
d) ponto de luz; ocorrer na primeira o recebimento, classificação, pesa‐
e) ventilação adequada; gem e lavagem de roupas, e na segunda a manipulação
f) abertura dimensionada de forma a permitir a entra‐ das roupas lavadas.
da dos recipientes de transporte. 32.7.2 Independente do porte da lavanderia, as má‐
quinas de lavar devem ser de porta dupla ou de barreira,
161
em que a roupa utilizada é inserida pela porta situada na 32.9.3 As máquinas, equipamentos e ferramentas, in‐
área suja, por um operador e, após lavada, retirada na clusive aquelas utilizadas pelas equipes de manutenção,
área limpa, por outro operador. devem ser submetidos à inspeção prévia e às manuten‐
32.7.2.1 A comunicação entre as duas áreas somente ções preventivas de acordo com as instruções dos fabri‐
é permitida por meio de visores ou intercomunicadores. cantes, com a norma técnica oficial e legislação vigentes.
32.7.3 A calandra deve ter: 32.9.3.1 A inspeção e a manutenção devem ser re‐
a) termômetro para cada câmara de aquecimento, in‐ gistradas e estar disponíveis aos trabalhadores envolvi‐
dicando a temperatura das calhas ou do cilindro dos e à fiscalização do trabalho.
aquecido; 32.9.3.2 As empresas que prestam assistência técni‐
b) termostato; ca e manutenção nos serviços de saúde devem cumprir o
c) dispositivo de proteção que impeça a inserção de disposto no item 32.9.3.
segmentos corporais dos trabalhadores junto aos 32.9.3.3 O empregador deve estabelecer um crono‐
cilindros ou partes móveis da máquina. grama de manutenção preventiva do sistema de abas‐
tecimento de gases e das capelas, devendo manter um
32.7.4 As máquinas de lavar, centrífugas e secadoras registro individual da mesma, assinado pelo profissional
devem ser dotadas de dispositivos eletromecânicos que que a realizou.
interrompam seu funcionamento quando da abertura de 32.9.4 Os equipamentos e meios mecânicos utiliza‐
seus compartimentos. dos para transporte devem ser submetidos periodica‐
mente à manutenção, de forma a conservar os sistemas
32.8 Da Limpeza e Conservação de rodízio em perfeito estado de funcionamento.
32.8.1 Os trabalhadores que realizam a limpeza dos 32.9.5 Os dispositivos de ajuste dos leitos devem ser
serviços de saúde devem ser capacitados, inicialmente e submetidos à manutenção preventiva, assegurando a lu‐
de forma continuada, quanto aos princípios de higiene pes‐ brificação permanente, de forma a garantir sua operação
soal, risco biológico, risco químico, sinalização, rotulagem, sem sobrecarga para os trabalhadores.
EPI, EPC e procedimentos em situações de emergência. 32.9.6 Os sistemas de climatização devem ser sub‐
32.8.1.1 A comprovação da capacitação deve ser metidos a procedimentos de manutenção preventiva e
mantida no local de trabalho, à disposição da inspeção do corretiva para preservação da integridade e eficiência de
trabalho. todos os seus componentes.
32.8.2 Para as atividades de limpeza e conservação, 32.9.6.1 O atendimento do disposto no item 32.9.6
cabe ao empregador, no mínimo: não desobriga o cumprimento da Portaria GM/MS n.°
a) providenciar carro funcional destinado à guarda e 3.523 de 28/08/98 e demais dispositivos legais pertinen‐
transporte dos materiais e produtos indispensáveis tes.
à realização das atividades;
b) providenciar materiais e utensílios de limpeza que 32.10 Das Disposições Gerais
preservem a integridade física do trabalhador; 32.10.1 Os serviços de saúde devem:
c) proibir a varrição seca nas áreas internas; a) atender as condições de conforto relativas aos ní‐
d) proibir o uso de adornos. veis de ruído previstas na NB 95 da ABNT;
b) atender as condições de iluminação conforme NB
32.8.3 As empresas de limpeza e conservação que 57 da ABNT;
atuam nos serviços de saúde devem cumprir, no mínimo, c) atender as condições de conforto térmico previstas
o disposto nos itens 32.8.1 e 32.8.2. na RDC 50/02 da ANVISA;
32.9 Da Manutenção de Máquinas e Equipamentos d) manter os ambientes de trabalho em condições de
32.9.1 Os trabalhadores que realizam a manutenção, limpeza e conservação.
além do treinamento específico para sua atividade, de‐
vem também ser submetidos a capacitação inicial e de 32.10.2 No processo de elaboração e implementa‐
forma continuada, com o objetivo de mantê-los familia‐ ção do PPRA e do PCMSO devem ser consideradas as
rizados com os princípios de: atividades desenvolvidas pela Comissão de Controle de
a) higiene pessoal; Infecção Hospitalar – CCIH do estabelecimento ou co‐
b) riscos biológico (precauções universais), físico e missão equivalente.
químico; 32.10.3 Antes da utilização de qualquer equipa‐
c) sinalização; mento, os operadores devem ser capacitados quanto ao
d) rotulagem preventiva; modo de operação e seus riscos.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
e) tipos de EPC e EPI, acessibilidade e seu uso correto. 32.10.4 Os manuais do fabricante de todos os equi‐
pamentos e máquinas, impressos em língua portuguesa,
32.9.1.1 As empresas que prestam assistência técni‐ devem estar disponíveis aos trabalhadores envolvidos.
ca e manutenção nos serviços de saúde devem cumprir o 32.10.5 É vedada a utilização de material médico‐
disposto no item 32.9.1. -hospitalar em desacordo com as recomendações de uso
32.9.2 Todo equipamento deve ser submetido à pré‐ e especificações técnicas descritas em seu manual ou em
via descontaminação para realização de manutenção. sua embalagem.
32.9.2.1 Na manutenção dos equipamentos, quan‐ 32.10.6 Em todo serviço de saúde deve existir um
do a descontinuidade de uso acarrete risco à vida do pa‐ programa de controle de animais sinantrópicos, o qual
ciente, devem ser adotados procedimentos de segurança deve ser comprovado sempre que exigido pela inspeção
visando a preservação da saúde do trabalhador. do trabalho.
162
32.10.7 As cozinhas devem ser dotadas de sistemas 32.11.3.1 As dúvidas e dificuldades encontradas
de exaustão e outros equipamentos que reduzam a dis‐ durante a implantação e o desenvolvimento continuado
persão de gorduras e vapores, conforme estabelecido na desta NR deverão ser encaminhadas à CTPN.
NBR 14518. 32.11.4 A responsabilidade é solidária entre contra‐
32.10.8 Os postos de trabalho devem ser organiza‐ tantes e contratados quanto ao cumprimento desta NR.
dos de forma a evitar deslocamentos e esforços adicio‐ (http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/
nais. NR/NR32.pdf)
32.10.9 Em todos os postos de trabalho devem ser
previstos dispositivos seguros e com estabilidade, que
permitam aos trabalhadores acessar locais altos sem es‐
forço adicional. EXERCÍCIOS COMENTADOS
32.10.10 Nos procedimentos de movimentação e
transporte de pacientes deve ser privilegiado o uso de 1. (Cress/PE- Auxiliar de serviços gerais - Fundamen-
dispositivos que minimizem o esforço realizado pelos tal – Quadrix/2017) A separação do lixo em lixeiras co‐
trabalhadores. loridas deve seguir a lógica abaixo.
32.10.11 O transporte de materiais que possa com‐
prometer a segurança e a saúde do trabalhador deve ser
efetuado com auxílio de meios mecânicos ou eletrome‐
cânicos.
32.10.12 Os trabalhadores dos serviços de saúde de‐
vem ser:
a) capacitados para adotar mecânica corporal correta,
na movimentação de pacientes ou de materiais, de
forma a preservar a sua saúde e integridade física;
b) orientados nas medidas a serem tomadas diante
de pacientes com distúrbios de comportamento.
c) Radiação.
32.11.2 Todos os atos normativos mencionados nes‐ d) Raios solares.
ta NR, quando substituídos ou atualizados por novos e) Príons.
atos, terão a referência automaticamente atualizada em
relação ao ato de origem. Resposta: Letra E. Das opções apresentadas, a única
32.11.3 Ficam criadas a Comissão Tripartite Perma‐ que oferece risco infeccioso são os príons. Os príons,
nente Nacional da NR-32, denominada CTPN da NR-32, também conhecidos como priãos são agentes infec‐
e as Comissões Tripartites Permanentes Regionais da NR- tantes capazes de causar doenças degenerativas do
32, no âmbito das Unidades da Federação, denominadas sistema nervoso central. Se diferem de outros agentes
CTPR da NR-32. infecciosos (vírus, bactérias, fungos e parasitas) por
não possuírem material genético (DNA ou RNA).
163
3. (Prefeitura de Pombos/PE - Auxiliar de serviços ge-
rais - Superior - UPENET/UPEOs/2017) O uso do Equi‐
pamento de Proteção Individual (EPI) é obrigatório por HORA DE PRATICAR!
parte dos colaboradores. Cabe à empresa o seu forneci‐
mento, treinamento e manutenção. Assinale a alternativa 1. (EBSERH – Todos os cargos - Médio – IADES/2013)
que apresenta as responsabilidades do trabalhador no Com base na definição dada pela Comissão Nacional
processo de prevenção de acidentes do trabalho. sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), do
a) Investir em medidas de segurança da informação; não Ministério da Saúde, assinale a alternativa que não indica
realizar horas-extras; diminuir a incidência de fiscali‐ fatores determinantes sociais da saúde (DSS).
zações por parte do Ministério do Trabalho e Empre‐
go; punir os colegas de trabalho que não cumprem as a) Fatores sociais e econômicos.
normas de segurança sugeridas pela empresa. b) Fatores psicológicos.
b) Identificar potenciais situações de risco na atividade c) Culturas étnico/raciais.
profissional; investir em medidas de segurança; inse‐ d) Acidentes de trânsito.
rir programas de prevenção de acidentes; executar e) Fatores psicológicos e comportamentais.
campanhas de sensibilização e advertir formalmente
os colegas de trabalho que estejam no exercício da 2. (EMSERH – Administrador – Superior – FUN-
atividade profissional sem o uso de EPI. CAB/2016) São considerados Determinantes Sociais da
c) Implantar programas de prevenção a acidentes; fiscali‐ Saúde-DSS, EXCETO:
zar a empresa no cumprimento rigoroso de horas-ex‐
tras e orientar colegas de trabalho sobre os riscos de a) ambiente de trabalho.
exercer a atividade profissional sem o uso do EPI. b) educação.
d) Utilizar o Equipamento de Proteção Individual (EPI) c) desemprego.
apenas para a finalidade a que se destina; responsa‐ d) habitação.
bilizar-se pela guarda e conservação dos equipamen‐ e) idade.
tos de segurança; comunicar ao empregador qualquer
alteração que torne o uso do EPI impróprio ao uso 3.(CESPE – EBSERH – 2018) A cada eleição dos conse‐
e cumprir as determinações do empregador sobre os lhos de saúde, recomenda-se que os segmentos de re‐
diversos aspectos que envolvem a proteção dos tra‐ presentação sejam renovados, no mínimo, em 30% das
balhadores. entidades representativas.
e) Realizar constantemente reuniões para alertar os fun‐
cionários quanto à necessidade de cumprir o horário ( ) CERTO ( ) ERRADO
de trabalho de forma adequada e substituir anual‐
mente os equipamentos de produção, para garantir 4. (CESPE – EBSERH – 2018) Pode-se explicar saúde de
o aumento da produtividade; discutir com os demais determinada população com base nos resultados apre‐
trabalhadores formas de prevenção de acidentes. sentados por indivíduos, uma vez que fatores individuais
são reflexos da saúde da coletividade.
Resposta: Letra D O trabalhador é responsável por
usar o EPI com a finalidade adequada, guardar e con‐ ( ) CERTO ( ) ERRADO
servar seus EPIs, avisar ao seu superior imediato quan‐
do houver a necessidade de substituição do EPI e se‐ 5. (Prefeitura de Juiz de Fora-MG- AOCP- Enfermei-
guir as determinações em relação aos EPIs impostas ro-2018) Segundo o Programa Nacional de Imunizações,
pelo empregador. na sala de vacinação, é importante que todos os procedi‐
mentos desenvolvidos promovam a máxima segurança.
Com relação a esse local, é correto afirmar que
164
6. Prefeitura de Juiz de Fora-MG- AOCP- Enfermei- 10. (Prefeitura de Juiza de Fora-MG- AOCP- Enfer-
ro-2018) São vias de administração de imunobiológicos, meiro-2018) Paciente chega à UBS e, após a coleta de
EXCETO a via exames e anamnese, observa-se uma cervicite mucopu‐
rulenta e o agente etiológico encontrado no exame foi
a) oral. a Chlamydia trachomatis. O possível diagnóstico médico
b) subcutânea. para essa paciente é
c)intraóssea.
d)endovenosa. a)gonorreia.
e) intramuscularParte inferior do formulário b)sífilis.
c)lúpus.
7. Prefeitura de Juiz de Fora-MG- AOCP- Enfermei- d)difteria.
ro-2018) Segundo o código de ética da enfermagem, o e)tularemia.
enfermeiro, nas relações com o ser humano, tem
11. (TRT 8ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ENFER-
a) o dever de salvaguardar os direitos da pessoa idosa, MAGEM SUPERIOR – CESPE – 2017) Uma jovem de de‐
promovendo a sua dependência física e psíquica e zessete anos de idade, grávida de doze semanas, em sua
com o objetivo de melhorar a sua qualidade de vida. primeira consulta de pré-natal, informou cansaço, perda
b) o dever de respeitar as opções políticas, culturais, mo‐ de apetite, febre e disúria. A paciente referiu não ter pro‐
rais e religiosas da pessoa, sem criar condições para curado o serviço de saúde anteriormente por conside‐
que ela possa exercer, nessas áreas, os seus direitos. rar-se saudável. Ao exame físico, apresentava peso de 60
c)o direito de abster-se de juízos de valor sobre o com‐ kg, altura de 1,58 m, pressão arterial de 125 mmHg x 90
portamento da pessoa assistida e lhe impor os seus mmHg e temperatura de 37, 9 C O enfermeiro detectou
próprios critérios e valores no âmbito da consciência. palidez palmar intensa. Não havia edemas em membros
d)o dever de cuidar da pessoa com discriminação eco‐ inferiores ou superiores. De acordo com as orientações
do Ministério da Saúde quanto à classificação de risco
nômica, social, política, étnica, ideológica ou religiosa.
durante a gestação, a paciente deve ser incluída na classe
e) o direito de recusar-se a executar atividades que não
sejam de sua competência técnica, cientifica, ética e
a) vermelha, que indica gestação de alto risco, devendo
legal ou que não ofereçam segurança ao profissional,
ser encaminhada a um serviço de saúde de alta com‐
à pessoa, à família e à coletividade.
plexidade.
b) amarela, que indica gestação de médio risco, devendo
8. (Prefeitura de Juiz de Fora-MG- AOCP- Enfermei-
ser encaminhada para consulta médica.
ro-201) O auxiliar de enfermagem executa as atividades c) vermelha, que indica gestação com risco iminente, de‐
auxiliares, de nível médio, atribuídas à equipe de enfer‐ vendo ser encaminhada urgentemente a um hospital
magem, cabendo-lhe para atendimento médico e tratamento.
d) verde, que indica gestação de alto risco, devendo ser
a) prescrição da assistência de enfermagem. encaminhada a consulta com especialista.
b) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves e) verde, que indica gestação de baixo risco, devendo ser
com risco de vida. orientada a retornar ao serviço após três semanas.
c)participação em bancas examinadoras, em matérias
específicas de enfermagem, nos concursos para pro‐ 12. (TRT 8ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO –
vimento de cargo ou contratação de pessoal técnico e ENFERMAGEM SUPERIOR – CESPE – 2017) A verificação
auxiliar de Enfermagem. da presença de edema na gestante tem como objetivo
d)consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre ma‐ detectar precocemente a presença de edema patológico.
téria de Enfermagem. Deve-se avaliar a face, os membros superiores e inferiores
e) prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente e e a região:
zelar por sua segurança.
a) sacra
9. (Prefeitura de Juiza de Fora-MG- AOCP- Enfer- b) inguinal
meiro-2018)Paciente chega à Unidade Básica de Saúde c) torácica
(UBS) com história de lesões na pele, com alteração da d) abdominal
sensibilidade térmica e dolorosa. É provável que esse pa‐
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ciente tenha qual doença? 13. (TRT 8ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ENFER-
MAGEM – SUPERIOR – CESPE – 2017) De acordo com o
a) Síndrome de Mono like. Manual Técnico Pré-Natal e Puerpério, a prematuridade
b) Tuberculose. é um fator de risco para o recém-nascido (RN). O RN é
c) Hepatite A. considerado prematuro quando a idade gestacional, em
d) Hanseníase. semanas, for inferior a:
e) Varicela.
a) 35
b) 36
c) 37
d) 38
165
14. (TRT 8ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ENFER- a) Para desobstrução de via aérea obstruída por corpo
MAGEM SUPERIOR – CESPE – 2016) A febre purpúrica estranho em lactentes irresponsivos, devem-se reali‐
brasileira (FPB) foi descrita pela primeira vez em 1984, zar dez compressões torácicas, seguidas de dez gol‐
no município de Promissão, em São Paulo. Desse perío‐ pes nas costas.
do até hoje, essa enfermidade também foi registrada nos b) Se um indivíduo adulto ficar inconsciente, em decor‐
seguintes estados do Brasil: rência de obstrução das vias aéreas por corpo estra‐
nho, o profissional da saúde deve checar seus pulsos
a) Amazonas, Pará e Tocantins e iniciar, imediatamente, a ressuscitação cardiopulmo‐
b) Minas Gerais, Bahia e Pernambuco nar.
c) Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Goiás c) Estando a vítima com obstrução grave das vias aéreas
d) Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul por corpo estranho consciente, pode-se utilizar a ma‐
nobra de Heimlich, com o objetivo de criar uma tosse
15. (TRT 8ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ENFER- artificial e provocar a expulsão do corpo estranho.
MAGEM SUPERIOR – CESPE – 2016) De acordo com o d) A obstrução das vias aéreas pode decorrer de causas
Guia de Vigilância Epidemiológica, por se tratar de agra‐ intrínsecas como aspiração de alimentos, conhecida
vo inusitado, a febre purpúrica brasileira é doença de no‐ como broncoaspiração.
tificação compulsória e sua investigação deve ser: e) Os sinais clássicos de obstruções de vias aéreas leves in‐
cluem tosse silenciosa, cianose e incapacidade de falar.
a) opcional
b) retroativa 19. (TRT 8ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ENFER-
c) obrigatória MAGEM – SUPERIOR – CESPE – 2017) As emergências
d) prospectiva clínicas são um enorme desafio, uma vez que necessitam
de atendimento rápido e sistematizado que vise à esta‐
16. (TRT 8ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ENFER- bilização inicial do paciente para posterior avaliação. Em
MAGEM SUPERIOR – CESPE – 2016) Uma das atribui‐ relação às emergências neurológicas, assinale a opção
correta.
ções da vigilância epidemiológica é a proteção da popu‐
lação quando existe o registro de suspeição do primeiro
a) A meningite, definida como processo inflamatório que
caso de doenças transmissíveis. Para repassar para a po‐
acomete o parênquima nervoso e provoca febre, re‐
pulação conhecimentos sobre o ciclo de transmissão da
baixamento do nível de consciência e crises convulsi‐
doença, gravidade e medidas de prevenção, as interven‐
vas, é a infecção do sistema nervoso central de maior
ções indicadas são:
prevalência no pronto-socorro.
b) Os sinais clássicos de uma paciente com síndrome
a) capacitação de líderes comunitários e sensibilização de de hipertensão intracraniana incluem a presença dos
profissionais de saúde sinais de Kernig e Brudzinski e eventual dissociação
b) disponibilização de panfletos informativos e anúncios pulso-temperatura.
nas rádios locais c) Pacientes com cefaleia que apresentem história prévia
c) entrevistas com familiares e divulgação em outdoors de episódios semelhantes, sem alteração substancial,
d) visitas domiciliares e palestras nas comunidades são considerados de alto risco para doenças poten‐
cialmente fatais, sendo-lhes recomendado submete‐
17. (TRT 8ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – EN- rem-se rotineiramente a exames de neuroimagem.
FERMAGEM SUPERIOR – CESPE – 2016) A investigação d) Um dos procedimentos iniciais da avaliação de um
epidemiológica é composta de várias etapas, dentre elas, paciente com suspeita de acidente vascular cerebral,
a coleta de dados clínicos e epidemiológicos, que servi‐ consiste em verificar a glicemia capilar, uma vez que a
rá também para confirmar a suspeita diagnóstica. Nos hipoglicemia é um importante diagnóstico diferencial,
casos de pacientes hospitalizados, para completar as in‐ sendo uma causa potencialmente reversível.
formações clínicas sobre o paciente, deve ser realizada e) Após a estabilização inicial de um paciente com aci‐
a consulta ao prontuário e a entrevista com o seguinte dente vascular cerebral (AVC) e a exclusão de causas
profissional da equipe multidisciplinar: reversíveis imediatas, deve-se submetê-lo a uma to‐
mografia computadorizada e repeti-la após 72 horas,
a) enfermeiro supervisor uma vez que, nos casos de AVCs isquêmicos, obser‐
b) médico assistente vam-se alterações nesse exame na maior parte dos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
166
a) Assim como a corrente do adulto, a corrente de sobre‐ solução eletrolítica em bolos que contêm magnésio,
vivência pediátrica apresenta cinco elos, que ocorrem evitando-se, assim, o bloqueio cardíaco e a assistolia.
na mesma sequência em ambos os tipos de pacientes. d) A tendência do sódio de se mover do líquido extra‐
b) Em uma parada cardíaca pediátrica, a ativação do ser‐ celular, onde sua concentração é baixa, para o líquido
viço médico de emergência deve ser a primeira con‐ intracelular, onde tem concentração alta, se processa
duta a ser tomada, seguida de reanimação cardiopul‐ por difusão.
monar por cerca de dez minutos. e) As manifestações clínicas da hipovolemia incluem perda
c) O meio mais indicado para a verificação de pulso em si‐ de peso, oligúria, hipotensão ortostática, bradicardia, hi‐
tuações de emergência é a palpação da carótida, ainda pertermia, anorexia, náuseas e câimbras.
que se trate de lactentes e menores de um ano.
d) Recomenda-se, atualmente, para as compressões to‐ 23. (TRT 8ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ENFER-
rácicas em crianças e lactentes atendidas por dois so‐ MAGEM – SUPERIOR – CESPE – 2017) Acerca da insufi‐
corristas, que a relação compressão-ventilação seja de ciência renal, assinale a opção correta.
15:2.
e) A corrente de sobrevivência do adulto é composta por a) Os níveis séricos de ureia e creatinina de pacientes
cinco elos interdependentes, sendo o primeiro deles re‐ que tomam medicamentos nefrotóxicos, como ami‐
lacionado ao suporte avançado de vida. noglicosídios, gentamicina, amicacina e polimixina B
devem ser monitorados a partir da sexta hora após o
21. (TRT 8ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – EN- início do tratamento medicamentoso.
FERMAGEM – SUPERIOR – CESPE – 2017) Intoxicações, b) A hiperpotassemia, distúrbio potencialmente fatal re‐
abuso de drogas e violência sexual são temas comuns na lacionado à insuficiência renal aguda, devendo o pa‐
rotina profissional na enfermagem. No que se refere a ciente com esse tipo de insuficiência ser submetido a
esses temas, assinale a opção correta. balanço hídrico rigoroso e pesagem diária.
c) Em pacientes com insuficiência renal, as substâncias
a) Em caso de ingestão de substâncias alcalinas ou deri‐ normalmente eliminadas pela urina acumulam-se nos
vadas do petróleo, a primeira conduta deve ser a in‐ líquidos corporais, afetando o equilíbrio hidroeletrolí‐
dução ao vômito, para evitar a absorção de elementos tico, porém sem provocar alterações nas funções en‐
tóxicos. dócrinas.
b) Em se tratando de intoxicações por monóxido de car‐ d) A insuficiência renal crônica tende a progredir mais ra‐
bono, um fator prognóstico importante é a oximetria pidamente em pacientes que apresentem hipertensão
de pulso, pois, quanto maior a intoxicação, menor será que naqueles que excretem quantidades significativas
a saturação. de proteínas.
c) Quando um agente tóxico desconhecido tiver sido e) A insuficiência renal aguda provoca elevação da crea‐
ingerido ou quando for necessário identificar um an‐ tinina sérica a um valor acima de seu valor basal e está
tídoto para um agente tóxico conhecido, deve-se re‐ sempre acompanhada de oligúria e anúria.
correr aos centros de controle de intoxicações locais.
d) A presença de múltiplas lesões em diferentes estágios 24. (TRT 8ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ENFER-
de cura, mesmo quando não explicadas, só pode ser MAGEM – SUPERIOR – CESPE – 2017) No que se refere
investigada quando solicitada pelo próprio paciente. à diálise peritoneal, uma terapia de substituição da fun‐
e) As manifestações clínicas mais comumente relaciona‐ ção renal, assinale a opção correta.
das a casos de negligência são traumatismos crania‐
nos e fraturas. a) A hiperglicemia é frequente em pacientes submetidos
à diálise peritoneal, devido à grande quantidade de
22. (TRT 8ª ANALISTA JUDICIÁRIO – ENFERMAGEM dextrose presente nas soluções de diálise, devendo a
– SUPERIOR – CESPE – 2017) Sabendo que o equilíbrio glicemia desses pacientes ser monitorada, principal‐
hidroeletrolítico é um processo dinâmico crucial para a mente a de diabéticos.
vida e para a homeostasia, assinale a opção correta no b) A diálise peritoneal é tão eficiente quanto a hemodiá‐
que refere aos distúrbios relacionados a equilíbrio. lise em situações de hipercalemia e intoxicações.
c) A diálise peritoneal, no tratamento de pacientes com
a) A privação de líquidos para pacientes inconscientes, insuficiência renal, não está relacionada a perda pro‐
que não percebem sede, não respondem a ela nem teica.
podem comunicá-la, resulta em hipernatremia, na
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
167
a) esquizofrenia, síndrome cerebral orgânica com psico‐
se e fase maníaca da doença maníaco-depressiva
b) episódios de mania e hipomania, doença bipolar re‐ GABARITO
corrente e depressão unipolar
c) distúrbio obsessivo compulsivo, paranoia esquizoide e 1 D
discinesias tardias
d) distúrbios de ansiedade generalizada, ansiedade asso‐ 2 E
ciada à depressão e relaxamento muscular 3 CERTO
e) enurese, narcolepsia e psicose sensorial infantil.
4 ERRADO
26. (TRT 8ª REGIÃO – ENFERMEIRO SUPERIOR – CES- 5 D
PE – UnB – 2017) A Doença de Alzheimer é considera‐ 6 C
da como uma importante doença crônico-degenerativa,
7 E
que leva à demência, perda de memória progressiva,
ausência de controle urinário e intestinal, entre outras 8 E
manifestações, que comprometem a qualidade de vida 9 C
dos idosos. Evolui em três estágios. São eles: inicial, in‐
termediário e avançado. No estágio inicial, o idoso pode 10 A
apresentar 11 C
12 A
a) depressão severa, dificuldade na linguagem, na escri‐
ta, confusão. 13 C
b) empobrecimento do vocabulário, agitação, distúrbio 14 A
do sono, comprometimento da memória recente, eco‐ 15 B
lalia e incapacidade para executar movimentos preci‐
sos. 16 B
c) dificuldade de linguagem, questionamentos repeti‐ 17 A
dos, confusão mental, desorientação progressiva no
18 C
tempo e espaço, agressividade, ideias delirantes, difi‐
culdade na escrita. 19 D
d) dificuldade de compreensão, julgamento alterado, 20 D
perda da noção de realizar tarefas de vida diária, isola‐
21 C
mento social, depressão e irritabilidade.
e) retraimento social, abandono dos passatempos, mu‐ 22 A
dança de humor, alteração do comportamento, desa‐ 23 C
tenção e perda de concentração.
24 A
25 A
26 E
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
168