Fichamento - Capitulo 6 - Teoria Pura Do Direito

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- Capitulo VI: Direito e Estado

1. “Forma do Direito e forma do Estado”

1.1 ''O princípio que subjaz a esta distinção é o princípio da liberdade no


sentido de autodeterminação. A questão decisiva, do ponto de vista do
indivíduo subordinado às normas, é se a vinculação se opera com a sua
vontade ou sem a sua vontade – eventualmente mesmo contra a sua vontade.''
- Pág. 195

2. “Direito Público e Privado”

2.1 ''Assim, o Direito privado representa uma relação entre sujeitos em


posição de igualdade - sujeitos que têm juridicamente o mesmo valor - e o
Direito público uma relação entre um sujeito supra- ordenado e um sujeito
subordinado - entre dois sujeitos, portanto, dos quais um tem, em face do
outro, um valor jurídico superior.'' - Pág. 196

3. “O caráter ideológico do Dualismo de Direito Público e Direito Privado”

3.1 ''Por esta forma, a Teoria Pura do Direito relativiza a oposição, tornada
absoluta pela ciência jurídica tradicional, entre Direito privado e público,
transforma-a de uma oposição extra-sistemática, quer dizer, de uma distinção
entre Direito e não-Direito, entre Direito e Estado, numa distinção intra-
sistemática;...'' - Pág. 197

3.2 “Por meio da distinção de princípio entre uma esfera pública, ou seja,
política, e uma esfera privada, quer dizer, apolítica, pretende evitar-se o
reconhecimento de que o Direito “privado”, criado pela via jurídica negocial do
contrato, não é menos palco de atuação da dominação política do que o Direito
público, criado pela legislação e pela administração.” – Pág. 198

4. “O Dualismo tradicional de Estado e Direito”

4.1 ''Quando a teoria tradicional do Direito e do Estado contrapõe o Estado ao


Direito como uma entidade diferente deste e, apesar disso, o afirma como uma
entidade jurídica, ela estrutura esta sua idéia considerando o Estado como
sujeito de deveres jurídicos e direitos, quer dizer, como pessoa, atribuindo-lhe
ao mesmo tempo uma existência independente da ordem jurídica.'' - Pág. 199
5. “A função ideológica do Dualismo de Estado e Direito”

5.1 ''Esta “teoria” torna o Estado objeto do conhecimento jurídico, a saber, da


teoria do Estado, na medida em que o afirma como pessoa jurídica, e, ao
mesmo tempo e contraditoriamente, acentua com todo o vigor que o Estado,
porque e enquanto poder e, portanto, algo de essencialmente diverso do
Direito, não pode ser concebido juridicamente. Esta contradição, porém, não
lhe faz a menor mossa. Aliás as contradições em que necessariamente as
teorias ideológicas se enredam não significam para elas qualquer obstáculo
sério.'' - Pág. 199

6. “A identidade do Estado e do Direito”

6.1 ''Com efeito, o elemento “político” específico desta organização consiste


na coação exercida de indivíduo a indivíduo e regulada por essa ordem, nos
atos de coação que essa ordem estatui. São-no precisamente aqueles atos de
coação que a ordem jurídica liga aos pressupostos por ela definidos. '' - Pág.
200

6.2 “O que faz com que a relação designada como poder estadual se distinga
de outras relações de poder é a circunstância de ela ser juridicamente
regulada, o que significa que os indivíduos que, como governo do Estado,
exercem o poder, recebem competência de uma ordem jurídica para exercerem
aquele poder através da criação e aplicação de normas jurídicas - que o poder
do Estado tem caráter normativo.” – Pág. 202

6.3 ''O problema do Estado como uma pessoa jurídica, isto é, como sujeito
agente e sujeito de deveres e direitos é, no essencial, o mesmo problema que
se põe para a corporação como pessoa jurídica. Também o Estado é uma
corporação, isto é, uma comunidade que é constituída por uma ordem
normativa que institui órgãos funcionando segundo o princípio da divisão do
trabalho, órgãos esses que são providos na sua função mediata ou
imediatamente.'' - Pág. 203

6.4 ''Se o Estado é figurado como sujeito agente, se se diz que o Estado fez
isto ou aquilo, surge a questão de saber qual seja o critério segundo o qual
certos atos, postos por indivíduos determinados, são atribuídos ao Estado, o
critério segundo o qual estes atos são qualificados como atos ou funções do
Estado, ou, o que é o mesmo, a questão de saber por que determinados
indivíduos são considerados como órgãos do Estado ao porem determinados
atos.'' - Pág. 203

6.5 “Do ponto de vista de uma consideração centrada sobre o Direito, só pode
ser concebida como função do Estado uma função definida na ordem jurídica,
quer dizer, uma função jurídica no sentido estrito ou lato da palavra.” – Pág.
204

6.6 “A função do governo, isto é, do chefe de Estado e dos membros do


gabinete, dos ministros ou secretários de Estado assim como, em grande
medida, dos órgãos da administração submetidos ao governo, é função jurídica
específica no sentido estrito da palavra, a saber, criação e aplicação de normas
jurídicas gerais e individuais, através das quais os indivíduos submetidos ao
Direito, os súditos, são obrigados a uma determinada conduta, na medida em
que à conduta oposta é ligado um ato de coerção cuja execução, porque é
realizada por um órgão que funciona segundo o princípio da divisão do
trabalho, é atribuída ao Estado.” – Pág. 206

6.7 ''...Com a transição para o Estado administrativo e o aumento, por ela


implicado, da importância do aparelho funcionarial, está relacionada uma certa
tendência para limitar o conceito de órgão de Estado ao de órgão
funcionarizado...'' - Pág. 208

6.8 ''A atribuição da função precedentemente caracterizada à pessoa fictícia


do Estado não é, de forma alguma, a única atribuição possível. Efetivamente,
no uso corrente da linguagem, costumamos servir-nos de uma outra que está
em íntima relação com a atribuição feita à pessoa do Estado, se é que não está
mesmo incluída nela: é a atribuição que se opera no conceito da
representação.'' - Pág. 209

6.9 “A questão é apenas a de saber sob que pressuposto nos é lícito, numa
exposição científica do Direito, servirmo-nos da ficção que vai contida na
atribuição da função exercida por um determinado indivíduo a uma pessoa
jurídica ou a um outro indivíduo, ou por outras palavras, sob que condições é
cientificamente legítimo o uso dos conceitos de organicidade ou de
representação. A resposta é: sob o pressuposto de nos mantermos cônscios da
natureza da atribuição e de nada mais querermos significar, com aquela
atribuição a uma pessoa jurídica, isto é, com a organicidade, senão a relação
desta função à unidade da ordem jurídica que a determina e é constitutiva de
uma comunidade” – Pág. 210

6.10 ''Os deveres e direitos do Estado como pessoa jurídica, cuja estrutura
será analisada a seguir, não são aqueles que são impostos ou conferidos ao
Estado por uma ordem jurídica superior, o Direito internacional; são direitos e
deveres que são estatuídos pela ordem jurídica estadual.'' - Pág. 211

6.11 “Uma execução do patrimônio do Estado parece uma explicação absurda


da situação eventualmente existente quando o próprio ato de coerção é
atribuído ao Estado e, por isso, uma execução forçada do patrimônio do Estado
parece significar um ato de coerção que o Estado dirige contra si próprio.” –
Pág. 214

6.12 ''Somente com base na análise do conceito de Estado acima realizada


pode corretamente entender-se o que a teoria tradicional designa por “auto-
obrigação do Estado” e descreve como uma situação de fato que consistiria em
que o Estado, existente como realidade social independentemente do Direito,
cria primeiramente o Direito e, depois, se submete - por assim dizer, de livre
vontade - ao Direito.'' - Pág. 218

6.13 ''Se o Estado é concebido como uma ordem de conduta humana e, deste
jeito, como um sistema de normas que são vigentes tanto temporal como
espacialmente, então o problema de um desmembramento territorial do Estado
em províncias ou em chamados Estados-membros é um problema especial do
domínio espacial de validade das normas que formam a ordem estadual.'' -
Pág. 219

6.14 ''A idéia de que as normas estaduais valem da mesma forma para todo o
território do Estado é favorecida pela suposição de que a ordem jurídica
estadual apenas consta de normas gerais, de que a ordem estadual se
identifica com as normas postas em forma de lei.'' - Pág. 220
6.15 '' Então, o dualismo de pessoa do Estado e ordem jurídica surge,
considerado de um ponto de vista teorético-gnoseológico, em paralelo com o
dualismo, igualmente contraditório, de Deus e mundo15. Assim como a teologia
afirma o poder e a vontade como essência de Deus, assim também o poder e a
vontade são considerados, pela teoria do Estado e do Direito, como essência
do Estado.'' - Pág. 222

6.16 “Do ponto de vista de um positivismo jurídico coerente, o Direito,


precisamente como o Estado, não pode ser concebido senão como uma ordem
coerciva de conduta humana - com o que nada se afirma sobre o seu valor
moral ou de Justiça. E, então, o Estado pode ser juridicamente apreendido
como sendo o próprio Direito - nada mais, nada menos.” – Pág. 223

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