Vocacao Sucessoria

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

A VOCAÇÃO SUCESSÓRIA

EDMANE DE GRACIOSA RAIMUNDO ADRIANO

NAMPULA

2020
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

A VOCAÇÃO SUCESSÓRIA

EDMANE DE GRACIOSA RAIMUNDO ADRIANO

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira de


Direito das sucessões, referente ao 2º
semestre, curso de Direito, 3º ano. Turma
Única, Leccionada pelo Docente: MA. Rute
dos Santos.

NAMPULA

2020
Índice
Introdução ................................................................................................................................... 1

1.A vocação Sucessória .............................................................................................................. 2

2.1 Pressupostos da vocação sucessória ..................................................................................... 3

3. Objecto da vocação sucessória ou objecto da devolução sucessória ...................................... 4

3. Os modos da vocação sucessória ............................................................................................ 4

3.1 O Direito de Representação .................................................................................................. 5

3.1.1 Conceito ............................................................................................................................. 5

4. O direito de acrescer ............................................................................................................... 6

5. Substituição fideicomissária ................................................................................................... 6

5.1 O conteúdo da vocação ........................................................ Erro! Marcador não definido.

Conclusão ................................................................................................................................... 7

Referencias Bibliográficas .......................................................................................................... 8


Folha de abreviaturas

Art. – Artigo

Ed. – Edição

OB. CIT – Obra Citada

P. – Página

Vol. Volume

Ss – Seguintes

Cap. – Capítulo

Ex.- Exemplo

LS – Lei das Sucessões


LF – Lei de Família

III
Introdução
O presente trabalho da Cadeira de Direito das Sucessões, intitulado “a vocação legítima”,
visa fazer uma abordagem sintética e esgotada do tema acima referido, e como nota
introdutória é indispensável ter em conta que a expressão vocação sucessória, configura uma
terminologia imprecisa. Este facto exige que se tenha bem distintas as outras expressões que
se usam nesta matéria. Doutrinariamente, de facto, existe a preocupação de se pôr bem
patentes e diferenciadas as seguintes expressões: designação sucessória, vocação sucessória e
devolução sucessória.

Assim sendo, por designação sucessória é a indicação, antes da morte do autor da


sucessão, do quadro dos sucessíveis, a designação sucessória é a indicação de um sucessível
antes da morte do de cujus, pela própria lei ou por um acto jurídico praticado de harmonia
com ela. Logo, procurando perceber o que seja a vocação sucessória, há que dizer que por
esta, entende-se que seja o chamamento à sucessão, que tanto pode derivar da própria lei,
como da vontade expressa do de cujus.

Objectivo Geral:
 Analisar a vocação sucessória.
Objectivos Específicos:
 Trazer os conceitos de vocação, de chamamento e de devolução.
 Descreve os pressupostos relactivos a vocação sucessória;
 Dar a conhecer os modos da vocação sucessória;
 Descrever o funcionamento do Direito de Representação;
 Mostrar o dinamismo do direito de acrescer;
 Descrever o funcionamento da Substituição Directa;
 Compreeender a Substituição fideicomissária;
 Descrever o conteúdo da vocação.

Quanto aos métodos usados na pesquisa é o método dedutivo, uma vez que visa
descobrir conhecimentos particulares através do conhecimento geral, é um processo de análise
de informação que nos leva a uma conclusão. E, para melhor compreensão do trabalho este
obedece a seguinte estrutura: Introdução, Desenvolvimento, Conclusão e Bibliografia.

1
1.A vocação Sucessória
Antes de mais, há que dizer que a expressão vocação sucessória, configura uma
terminologia imprecisa. Este facto exige que se tenha bem distintas as outras expressões que
se usam nesta matéria. Doutrinariamente, de facto, existe a preocupação de se pôr bem
patentes e diferenciadas as seguintes expressões: designação sucessória, vocação sucessória e
devolução sucessória. 1

A vocação sucessória é o chamamento de herdeiros ou legatários à titularidade


das relações jurídicas transmissíveis do falecido e vem regulada na nossa lei das sucessões, o
facto tem uma explicação histórica (mas o que importa reter é que a abertura da sucessão e a
vocação sucessória, apesar de normalmente ocorrerem ambas no momento da morte do autor
do sucessão, se distinguem entre si. Há uma anterioridade lógica sobre esta, uma vez que só
apos declarada aberta a sucessão, com a extinção do sujeito de uma das posições das relações
jurídicas sucessoriamente transmissíveis e o consequente estado de Vinculação de tais
relações jurídicas.2

Assim sendo, a designação sucessória é a indicação, antes da morte do autor da


sucessão, do quadro dos sucessíveis, e, acrescenta: designação sucessória é a indicação de um
sucessível antes da morte do de cujus, pela própria lei ou por um acto jurídico praticado de
harmonia com ela.

Em seguida, procurando perceber o que seja a vocação sucessória, há que dizer


que por esta, entende-se que seja o chamamento à sucessão, que tanto pode derivar da própria
lei, como da vontade expressa do de cujus. Por outras palavras: a vocação sucessória é a
chamada dos sucessores herdeiros ou legados, conforme faz menção o art. 6 da LS (lei no
23/2019 de 23 de Dezembro), à titularidade das relações jurídico-patrimoniais do autor da
sucessão, que devam perdurar para além da sua morte, segundo estabelece o art. 1 da LS, algo
confirmado pelo art. 8 no seu nº1 da LS.3

1
SACRAMENTO, Luís Filipe, AMARAL, Aires José Mota do, Direito das sucessões, 2ª.ed., Maputo, 1997. p.
130.
2
CAMPOS, Diogo Leite de Campos, Lições de Direito da Família e das sucessões, 2ª ed., Almedina, Coimbra,
1997. p. 231.
3
CAMPOS, Diogo Leite de Campos, Lições de Direito da Família e das sucessões, 2ª ed., Almedina, Coimbra,
1997. p. 232.
2
Não seria de estranhar que houvesse uma certa ilação de que a abertura da
sucessão e a vocação sucessória sejam coincidentes no tempo, visto que ambas se dão no
momento da morte do autor da sucessão.

2.1 Pressupostos da vocação sucessória


Torna-se necessário saber quais são os requisitos imprescindíveis para que haja
uma vocação sucessória. Assim sendo, apoiando-se na própria legislação, concretamente o nº
1 do art. 8 da LS, temos o seguinte: “Aberta a sucessão serão chamados à titularidade das
relações jurídicas do falecido aqueles que gozam da prioridade da hierarquia dos sucessíveis,
desde que tenham a necessária capacidade sucessória4 ”.

Em base deste dispositivo legal, ficam a ser considerados como pressupostos


desta vocação três situações, que necessariamente devem verificar-se cumulativativamente e
simultaneamente:

 A titularidade pelo chamado (sucessível) de designação sucessória prevalente, à data


da abertura da sucessão - Sendo a designação sucessória, um dos momentos do
processo do fenómeno sucessório, devemos aceitar de que existem várias designações
sucessórias no momento da morte do autor da herança, por que elas se encontram
hierarquizadas. Desta forma, se estabelece a prevalência de uma em relação às outras. 5
 A existência do chamado - trata-se de um pressuposto da vocação. Esta pode
resumir-se na seguinte formulação: ”O chamado há-de existir, isto é, há-de existir
como pessoa jurídica, no momento da abertura da sucessão”.6
 A capacidade - para efeitos da sucessão, do sucessível, naquele mesmo momento,
chamar à atenção de que a temática de capacidade sucessória se enquadra no capítulo
II que trata da abertura sucessória. Nos termos do art. 9 da LS, a capacidade sucessória
é o pressuposto fundamental do chamamento ou vocação do sucessor.7

4
ASCENSÃO, José de Oliveira, Direito Civil Sucessões, 4ª ed., Coimbra Editora, 1989, p. 524.
5
VENOSA, Sílvio de Salvo, Direito Civil: Direito das sucessões, Vol. VII, 11ª Ed., Editora Atlas, São Paulo,
2011.
6
CAMPOS, Diogo Leite de Campos, Lições de Direito da Família e das sucessões, 2ª ed., Almedina, Coimbra,
1997. p. 233.
7
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 23/2019 de 23 de Dezembro: aprova a lei das sucessões, I serie no
247 in Boletim da República.
3
Este art. 6, da LS. Contém os princípios gerais, que se estabelecem nos termos
que se segue: têm capacidade sucessória: o Estado, todas as pessoas nascidas ou concebidas
ao tempo da abertura da sucessão, mas que não sejam exceptuadas pela lei.

E quando se trate de sucessão testamentária ou contratual, também têm


capacidade sucessória, nos termos do número 2 do artigo em epígrafe: os nascituros não
concebidos, que sejam filhos de pessoa determinada, viva ao tempo da abertura da sucessão e
as pessoas colectivas. Fazendo uma análise profunda desta matéria nota-se que no fundo, a
capacidade sucessória é, a personalidade jurídica ou a capacidade jurídica de gozo, mas
activa, de adquirir o direito de suceder mortis causa a outrem.

3. Objecto da vocação sucessória ou objecto da devolução sucessória


Falar do objecto da devolução sucessória traduz-se na procura de apurar que
direitos do autor da sucessão são devolvidos a quem é chamado a suceder-lhe.
Procurar apurar o tipo de direitos que poderão ser transmitidos aos chamados,
deve-se ter sempre presente certos conceitos.
Importa recordar que o nº 2 do art. 2 da LS, apresenta a regra geral, que
determina o seguinte: “Não constituem objecto da sucessão as relações jurídicas que devam
extinguir-se por morte do respectivo titular, em razão da sua natureza ou por força da lei” , e
no nº.2 do mesmo dispositivo vem o que se segue, em acréscimo, podem também extinguir-
se à morte do titular, por vontade deste os direitos renunciáveis.
O art. 2 da LS, é um dispositivo que, genericamente trata de relações jurídicas
encabeçadas na pessoa falecida, a cuja titularidade ninguém é chamado. O não chamamento
de alguém a suceder nessas relações jurídicas, devendo, portanto extinguir-se por morte do
respectivo titular, deve-se à natureza estritamente pessoal da relação, por força da própria lei.
3. Os modos da vocação sucessória

Tendo sido visto o objecto da vocação, também merece nossa atenção a


temática sobre os modos de vocação. De acordo com aquilo que é indicado pela própria lei, a
vocação de um sucessível, pode ter lugar por diversas formas ou modos distintos. Desta feita,
pode ser: 8
 Originária ou subsequente
 Pura e simples ou condicional

8
SOUSA, Rabindranath Capelo De, Lições de Direito das sucessões,3ª Ed., Coimbra editora,1997. p. 56.
4
 Directa ou indirecta.

Quanto à Vocação originária e subsequente - é verdade que uma vez aberta


a sucessão se - verifica o chamamento, ou seja, a vocação dos sucessíveis. Essa vocação ou
chamamento, tanto pode dar-se no próprio momento da abertura da sucessão, bem como no
momento posterior. Se designa por vocação originária: a que se opera no momento da
abertura da sucessão. Esta é a mais habitual e frequente e por vocação subsequente aquela que
ocorre em momento posterior da abertura da sucessão (nº. 2, do art. 8 da LS).9 Sob ponto de
vista jurídico, a vocação é sempre originária, dado que mesmo que o chamamento se dê em
momento posterior, os seus efeitos se retrotraem à data de abertura da sucessão, segundo reza
a parte final do nº. 2 do art. 8 da LS “…a devolução a favor dos últimos retrotrai-se ao
momento da abertura da sucessão (art. 1 da LS).

Vocação pura e simples - é a que se mostra isenta de qualquer condição.

Vocação condicional - é aquela que está sujeita à condição. Quanto à esta


forma de vocação, tendo presente a questão de condição, esta pode ser suspensiva ou
resolutiva. Assim podemos encontrar vocação condicional suspensiva e a vocação condicional
resolutiva, pelo facto de a lei permitir este tipo de figuras. 10

Vocação indirecta - designa-se a situação em que uma pessoa sucede em vez


da outra que não chegou a suceder. Muito importante fica não confundir a vocação indirecta
com aquela subsequente, porque através da noção de cada uma delas se encontram elementos
diferenciadores.11

3.1 O Direito de Representação


3.1.1 Conceito
Trata-se de uma instituição jurídica no âmbito do Direito das sucessões. Essa
direito de representação é dada expressamente pela lei, no art. 15 da LS, que determina que,
concretamente dá-se a representação sucessória, quando a lei chama os descendentes de um
herdeiro ou legatário a ocupar a posição daquele que não pôde ou não quis aceitar a herança
ou o legado. Isso significa que, da própria lei, o direito da representação tem lugar, tanto na

9
CAMPOS, Diogo Leite de Campos, Lições de Direito da Família e das sucessões, 2ª ed., Almedina, Coimbra,
1997. p. 233.
10
Idem, p. 234.
11
CAMPOS, Diogo Leite de Campos, Lições de Direito da Família e das sucessões, 2ª ed., Almedina, Coimbra,
1997. p. 287.
5
sucessão legal, que abrange tanto a sucessão legítima como a sucessão legitimaria, bem como
a sucessão testamentária.12

4. O direito de acrescer
Na temática das formas de vocação concluímos que existem diversas, nos
termos do nº 1 do art. 22º da LS, que diz o seguinte: Se dois ou mais herdeiros forem
instituídos em partes iguais na totalidade ou numa quota dos bens, seja ou não conjunta a
instituição, e algum deles não puder ou quiser aceitar a herança, acrescerá a sua parte à dos
outros herdeiros instituídos na totalidade ou na quota. Mas, mesmo assim sendo, através do
nº. 2 do mesmo artigo, percebe-se que se as quotas dos co-herdeiros forem desiguais, a parte
do que não pode ou não quis aceitar a herança será dividida pelos residentes, mas respeitando-
se, para esse efeito, a devida proporção.13

5. Substituição fideicomissária
Como viemos reflectiu-se de que existem diversas formas ou tipos de vocação,
sendo uma delas a vocação indirecta. Assim, aponta-se como sendo uma dessa vocação
indirecta a substituição directa ou vulgar. Pode-se inferir que a lei admite a possibilidade de
haver pluralidade de substituições, por outras palavras, possibilidade de serem indicadas
várias pessoas para substituírem o herdeiro ou, pelo contrário, de ser apontada uma única
pessoa para substituir os vários herdeiros, nos seguintes termos: A própria lei, também prevê a
possibilidade de substituição recíproca de co-herdeiros, nestes termos: “O testador pode
determinar que os co-herdeiros se substituam reciprocamente, assim, em caso de ocorrer esta
última situação, sempre se deverá ter presente os princípios.14

5.1 O conteúdo da vocação


O conteúdo da vocação “consiste em saber em que posição jurídica é atribuída ao
chamado por força da vocação”. Isso significa querer conhecer-se a posição conferida ao
chamado, do ponto de vista jurídico, como resultado da própria vocação.15

12
SACRAMENTO, Luís Filipe, AMARAL, Aires José Mota do, Direito das sucessões, 2ª.ed., Maputo, 1997. p.
234.
13
Idem, 287.
14
SACRAMENTO, Luís Filipe, AMARAL, Aires José Mota do, Direito das sucessões, 2ª.ed., Maputo, 1997. P
233.
15
Idem, p. 234.
6
Conclusão
Depois de ter feito o trabalho em referencia, cujo seu objectivo geral é analisar
a vocação sucessória, antes de mais vale ainda lembrar que a vocação sucessória é o
chamamento de herdeiros ou legatários à titularidade das relações jurídicas transmissíveis do
falecido e vem regulada na nossa lei das sucessões, o facto tem uma explicação histórica (mas
o que importa reter é que a abertura da sucessão e a vocação sucessória, apesar de
normalmente ocorrerem ambas no momento da morte do autor do sucessão, se distinguem
entre si. Há uma anterioridade lógica sobre esta, uma vez que só apos declarada aberta a
sucessão, com a extinção do sujeito de uma das posições das relações jurídicas
sucessoriamente transmissíveis e o consequente estado de Vinculação de tais relações
jurídicas
Falar do objecto da devolução sucessória traduz-se na procura de apurar que
direitos do autor da sucessão são devolvidos a quem é chamado a suceder-lhe. Procurar apurar
o tipo de direitos que poderão ser transmitidos aos chamados, deve-se ter sempre presente
certos conceitos.
A vocação sucessória distingue-se claramente da designação sucessória, que é
uma situação anterior a aquela. Como vimos, a ordem jurídica prevê que por lei, testamento
ou contrato se estabeleça, antes de ocorrer a abertura da sucessão, um quadro de designados
sucessíveis, mas que está sujeito a constantes mutações (alteração da lei, revogação do
testamento, pré-morte, indignidade do designado, etc.) e que só se fixa no momento da morte
do de cujus.

Portanto, o art. 2 da LS, é um dispositivo que, genericamente trata de relações


jurídicas encabeçadas na pessoa falecida, a cuja titularidade ninguém é chamado. O não
chamamento de alguém a suceder nessas relações jurídicas, devendo, portanto extinguir-se
por morte do respectivo titular, deve-se à natureza estritamente pessoal da relação, por força
da própria lei.

7
Referencias Bibliográficas
Legislação:

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 23/2019 de 23 de Dezembro: aprova a lei das


sucessões, I serie no 247 in Boletim da República.

Doutrina

ASCENSÃO, José de Oliveira, Direito Civil Sucessões, 4ª ed., Coimbra Editora, 1989, p.

CAMPOS, Diogo Leite de Campos, Lições de Direito da Família e das sucessões, 2ª ed.,
Almedina, Coimbra, 1997. p.

SACRAMENTO, Luís Filipe, AMARAL, Aires José Mota do, Direito das sucessões, 2ª.ed.,
Maputo, 1997.

VENOSA, Sílvio de Salvo, Direito Civil: Direito das sucessões, Vol. VII, 11ª Ed., Editora
Atlas, São Paulo, 2011.

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