Bruxismo Do Sono Como Fator de Risco para
Bruxismo Do Sono Como Fator de Risco para
Bruxismo Do Sono Como Fator de Risco para
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Bruxismo do Sono como fator de risco para
Implantes Dentários
Sleep Bruxism as a risk factor for dental implants
RESUMO
ABSTRACT
KEYWORDS: Sleep bruxism, dental Implants, risk factor and failure implants.
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INTRODUÇÃO
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mesmos. Este último está relacinado com carga oclusal ou força de mastigação
(Gittelson, 2005).
Os conceitos de oclusão são muito importantes, principalmente frente à
parafunção, em que os cuidados com o planejamento devem ser redobrados para
obtenção de sucesso num planejamento envolvendo implantes. Há muito tempo, as
forças parafuncionais nos dentes e nos implantes têm sido reconhecidas como danosas
ao sistema estomatognático. Segundo Misch (2002), a falha de implante após uma
fixação cirúrgica bem sucedida, ou perda precoce durante o primeiro ano de
carregamento, é resultado da parafunção. Tais complicações ocorrem com maior
frequência na maxila, onde a densidade óssea é menor e, consequentemente, há um
aumento de força sobre os dentes o implantes (El Askary 1999). Assim, o paciente com
parafunção moderada a grave traz riscos eminentes à implantodontia, devendo o
profissional estar atento a esta condição para reduzir ao máximo os efeitos sobre o
sistema.
O objetivo desse estudo é realizar a revisão sistemática da literatura, buscando-se
relacionar o bruxismo com as falhas de implantes, se este é um fator que contra-indica
sua colocação e identificar as maneiras de minimizar a sobrecarga no sistema, de forma
a preservar a integridade dos implantes na presença dessa parafunção.
REVISÃO DE LITERATURA
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para o tratamento do bruxismo do sono, e a indicação ou não do seu uso é questionável,
embora haja benefício para o desgaste dentário (Macedo, 2008).
Para Tosun (2003) os hábitos parafuncionais devem ser diagnosticados e
tratados. Além da proteção do sistema com as placas oclusais rígidas, é importante a
conscientização do paciente em relação aos riscos apresentados por este hábito
parafuncional. A dificuldade de realizar o diagnóstico e de verificar a intensidade da
parafunção clinicamente torna necessária a confirmação através da polissonografia, que
é um método de diagnóstico eficaz e de baixo custo (Tosun, 2003). Em caso de falhas
de implantes, deve-se sempre pensar na possibilidade de presença de bruxismo (Tosun,
2003).
O bruxismo, quando grave, aumenta a magnitude e a duração das forças
mastigatórias, alterando a direção, de vertical para lateral, e o tipo de força, que passa a
ser de cisalhamento ao invés de compressão. O prognóstico para o tratamento protético
com implantes em pacientes que apresentam essa condição é sempre duvidoso (Misch,
2002). Para Tosun (2003) a colocação de implantes em pacientes com bruxismo é
inevitável, porém eles podem ser realizados desde que os planejamentos incorporem
métodos que reduzem a tensão e minimizem as complicações iniciai e a longo prazo
(Misch, 2002).
Tosun et al. (2003) e Misch (2002) sugerem alguns procedimentos para diminuir
as forças parafuncionais sobre os implantes. O planejamento cirúrgico e/ou protético
deve ser realizado de forma a obter um maior número de implantes com alinhamento e
posicionamento adequados, utilizar-se de implantes longos e de diâmetros maiores,
avaliar a oclusão e o desenho apropriado das próteses, evitando os cantileveres e
contatos oclusais laterais. A oclusão deve ser mutuamente protegida e a desoclusão
posterior deve ser rápida para não gerar sobrecarga nos dentes anteriores.
Além disso, Henriques (2003) pondera que o planejamento das próteses sobre
implantes deve ser feito sempre de maneira a direcionar as forças no sentido axial,
reduzindo ao máximo as forças laterais e eliminando as de cisalhamento. As forças
laterais e horizontais provocam aumento da tensão e das forças de cisalhamento na
região da crista óssea. A resistência do osso às força de tensão é cerca de 30% menor
quando comparada às forças de compressão. Em relação às forças de cisalhamento, ele é
cerca de 65% menos resistente (Henriques, 2003).
El Askary et al., (1999) descrevem que o afrouxamento ou fratura do parafuso,
sangramento ou edema na região da mucosa peri-implantar, exsudato purulento e bolsas
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profundas, fratura das supraestruturas e perda óssea angular são os primeiros sinais de
falha de implante.
Ranger et al.(1995) analisaram 39 pacientes com fraturas de implantes dentais
com relação a sua provável etiologia. Verificou-se que 90% das fraturas haviam
ocorrido em região posterior, a qual é submetida a uma maior flexão gerada por
movimentos funcionais e parafuncionais. Os autores concluíram que o bruxismo do
sono gera altos níveis de sobrecarga oclusal, o que contribui para a reabsorção óssea ao
redor dos implantes, a nível da crista (Chagas et al., 2006).
Discussão
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resultante de episódio de bruxismo ocorrido anteriormente,e que somente agora está
sendo diagnosticado (Mccoy 2002).
Na presença do bruxismo e havendo necessidade de se colocar implantes, são
recomendados alguns cuidados visando o sucesso e a longevidade dos trabalhos.Um dos
fatores que relaciona a presença do bruxismo do sono à falha dos implantes é o aumento
das forças em magnitude e duração, caracterizadas pelo aumento da contração muscular.
A tensão causada por estas forças poderia afetar o implante tanto em fase de
cicatrização quanto em função, após o carregamento (Misch, 2002).
A tensão pode ser definida como força dividida pela área funcional na qual ela é
aplicada, sendo que quanto maior a área, menor a tensão. Para reduzir a tensão nos
implantes, pode-se promover o aumento da área de superfície no sistema de suporte ou a
diminuição das forças incidentes sobre a prótese (Misch, 2002).
Na presença do bruxismo e havendo necessidade de se colocar implantes, são
recomendados alguns cuidados visando o sucesso e a longevidade dos trabalhos. As
áreas onde a trabeculagem óssea é grande, o contato osso-implante é menor por
apresentar mais tecidos fibrosos e, consequentemente, a tensão é maior. Por isso, nessas
áreas, deve-se usar um número maior de implantes, utilizando-se um implante para cada
dente perdido, principalmente em pacientes do sexo masculino com bruxismo grave.
Numa arcada totalmente edêntula, raramente são necessários mais de 10 implantes e,
mais raro ainda, menos de 5 (Misch, 2002).
O tipo de implante também é importante na presença do bruxismo. Os de
hexágono externo são mais indicados para pacientes com bruxismo do sono do que
aqueles de hexágono interno, já que, nestes, as paredes do corpo onde está o hexágono
são mais finas, o que os torna 40% mais frágeis neste local. Os implantes de maior
diâmetro são mais adequados do que aqueles de maior comprimento quando se quer
aumentar a área de superfície ou diminuir a tensão. Isso porque a área crítica é a crista
óssea ao redor do implante e a concentração e dissipação da tensão é maior na região
próxima à plataforma. Implantes com maior número de roscas também são ideais para
uma melhor distribuição de tensões (Misch, 2002).
Outra consideração importante refere-se aos canteleveres. Deve-se diminuí-los
ou eliminá-los, pois eles são ampliadores de forças e representam um fator de risco
considerável para os implantes. Às vezes, é necessário aumentar o número e alterar a
posição dos implantes para diminuir o cantelever. Os implantes e seus componentes
devem ser elaborados em ligas de titânio de boa qualidade para garantir o sucesso do
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trabalho. As ligas de grau 5 são quatro vezes mais fortes que as convencionais, ou de
grau 1, e duas vezes mais fortes que as de grau 3, por isso são as mais recomendadas
(Misch 2002).
O planejamento deve garantir que, quando os implantes são inseridos na região
posterior, os contatos oclusais durante as excêntricas sejam eliminados, principalmente
se os oponentes forem dentes naturais, implantes ou uma prótese fixa
implantosuportada. Isto é benéfico por duas razões: as forças laterais aumentam
dramaticamente a tensão na interface osso-implante e a eliminação dos contatos
posteriores diminui o efeito negativo do bruxismo. Além disso, na presença de contatos
posteriores durante as excursões, quase todas as fibras dos músculos masseter, temporal
e pterigóideo lateral se contraem. Porém, na ausência de contatos, poucas fibras
musculares são estimuladas, de forma que as forças aplicadas nos implantes anteriores
ficam reduzidas em cerca de dois terços. Os dentes anteriores podem ser modificados
para recriar uma guia incisiva efetiva e evitar interferências posteriores durante as
excursões (Misch, 2002).
Fraturas de implantes e de seus componentes podem estar associadas à
sobrecarga de flexão criada por uma força não axial. Em casos de bruxismo do sono,
devem ser indicados oclusão mutuamente protegida, guia canina e desoclusão posterior
para as reabilitações. Deve-se evitar contatos oclusais prematuros que podem ser um
fator desencadeante da parafunção (Tosun, 2003).
Uma causa comum de perda de implante durante a fase de cicatrização é a
parafunção do paciente que usa uma prótese mucossuportada sobre um implante
submerso. O carregamento prematuro pode acarretar micromovimento do corpo do
implante no osso e comprometer a osseointegração. Protocolos de dois estágios são
recomendados para pacientes bruxômanos, assim como o uso de coroas clínicas altas
são contraindicadas (Misch, 2002).
Alguns autores, como Tosun et al. (2003) e Misch (2002), consideram o
bruxismo do sono um fator de risco e não uma contra-indicação para implantes,
ressaltando, no entanto, que sua presença deve alterar dramaticamente o plano de
tratamento. Contraditoriamente, outros autores consideram-no uma contra-indicação,
embora a evidência para isso seja baseada apenas em experiência clínica (Lobbezoo
2006), e principalmente se a causa da perda do dente onde será colocado os implantes
fora devido à parafunção (Gitelson, 2005; McCoy, 2002).
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Certos pacientes com bruxismo do sono apresentam grande risco se forem
tratados com implantes. Os que apresentam o masseter hipertrofiado, estrutura
quadrada, não têm habilidade de manter forças laterais fora dos dentes posteriores, o
que representa um risco para manter os implantes. Quando o bruxismo é de moderado à
grave, não há como parar o hábito, então o paciente deve estar ciente que o tratamento
pode falhar. Nestes casos, o implante é contra-indicado e o tratamento deve ser feito
apenas para manter a dentição existente (Gittelson 2005). Pressupõe-se que uma
sobrecarga influencia negativamente a biomecânica dos implantes, oferecendo um risco
maior para a falha.
Por falta de dados para comprovação da falha ou não dos implantes frente ao
bruxismo, muitos estudos são feitos por métodos de elementos finitos para cálculos de
cargas e da capacidade de absorção dessas cargas pelos implantes. Embora não haja
evidências conclusivas, é recomendável a prudência, dado a gravidade das
complicações, já que estas evidências são baseadas apenas em experiências clínicas
(Lobbezoo, 2004).
CONCLUSÃO
O bruxismo do sono foi relatado por muitos autores como um fator de risco
considerável para os implantes, embora nem todos consideram-no uma contraindicação.
Apesar de ainda não existir prova sugerindo que o bruxismo cause sobrecarga aos
implantes, uma conduta cautelosa é recomendada. Juntamente com a orientação e
monitoramento do paciente bruxômano, devemos minimizar a chance de perda de
nossos implantes com planejamento adequado, ou seja, posição; alinhamento; diâmetro
dos implantes e a oclusão, que deve ser a mutuamente protegida. Para isso, a guia
anterior deve ser efetiva com a eliminação de forças laterais principalmente nos
implantes posteriores. A necessidade de se precaver contra essa parafunção na
presença de implantes não foi totalmente elucidada, entretanto placas oclusais de uso
noturno são recomendadas para estes pacientes. Novos estudos com boa qualidade
metodológica sobre a etiologia do bruxismo e sua relação com a perda de implantes
devem ser realizados.
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