Mecânica II
Mecânica II
Mecânica II
2019
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Prof. Rudiney Hoffmann Casali
C334m
ISBN 978-85-515-0263-1
CDD 531
Impresso por:
Apresentação
Este trabalho é uma continuação daquele iniciado com a obra Mecânica
I e pretende encerrar a cobertura do tópico de mecânica. Aqui trataremos
do movimento circular dos corpos, do movimento oscilatório dos corpos e
da dinâmica dos fluidos. Começaremos nosso percurso com a cinemática
rotacional e os movimentos circulares uniformes e uniformemente variados.
III
sua função primordial difundir o conhecimento científico entre os jovens,
em suas idades ainda mais vicejantes. Você será o primeiro contato desses
estudantes com o mundo científico e tem a tarefa de cativá-los, como adeptos
dos estudos científicos. A liberdade de pensamento e questionamento é
fundamental nesse momento e você deve instigá-los a fazer perguntas,
formular hipóteses, propor experimentos, discutir problemas complexos.
Como professor, será sua função concatenar talentos e conceitos matemáticos,
lógicos, literários, químicos, biológicos e físicos. O mundo é feito dessas e de
outras especiarias.
IV
suas maiores chances de realização profissional, se assim escolher para seu
futuro. Ser professor é uma tarefa edificante também para o profissional,
a atualização conceitual e a diversificação de suas habilidades intelectuais
devem ser parâmetros para sua formação, estabelecidos e fiscalizados por
você mesmo, como um regimento, incorporado e estabelecido a sua rotina
diária. Informe-se, procure aprofundar seus conhecimentos no maior número
de áreas possíveis, você perceberá que tal prática se tornará cotidiana e
rotineira.
V
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
VI
VII
VIII
Sumário
UNIDADE 1 – CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL....................................................... 1
IX
3 ESTÁTICA DE CORPOS RÍGIDOS.................................................................................................. 86
4 O PRINCÍPIO DA ALAVANCA......................................................................................................... 88
5 O CENTRO DE GRAVIDADE............................................................................................................ 89
6 TENSÃO E DEFORMAÇÃO DE MATERIAIS................................................................................ 94
7 FORÇA DE FLEXÃO E FORÇA DE CISALHAMENTO................................................................ 98
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 103
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 104
X
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 216
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 217
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................... 219
XI
XII
UNIDADE 1
CINEMÁTICA E DINÂMICA
ROTACIONAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
CINEMÁTICA ROTACIONAL
1 INTRODUÇÃO
Vimos anteriormente que a descrição do movimento de corpos no espaço
acarreta a aplicação do cálculo diferencial e integral na formulação das equações
correspondentes. Lá pretendíamos descrever a translação espacial de um corpo,
de um ponto inicial em uma posição xi até um ponto final em uma posição xf.
Uma vez conhecidas as expressões da cinemática translacional, poderíamos
então partir para a descrição das relações de força entre os corpos no espaço,
contemplando assim a dinâmica dos corpos. Aqui estamos também interessados
na descrição da cinemática e da dinâmica dos corpos, porém em um movimento
rotacional. A rotação dos corpos possui particularidades, uma vez que se trata de
um movimento periódico, em que um corpo inicia e, possivelmente, finaliza seu
movimento na mesma posição x do espaço. Eventualmente em uma condição em
que `xi = xf.
2 CINEMÁTICA ROTACIONAL
No primeiro livro dedicado à mecânica focamos nossa atenção
primordialmente no movimento de corpos no espaço. Debatemos enfaticamente
os movimentos retilíneos uniformes (MRU) e uniformemente variados (MRUV)
e fizemos uma breve introdução ao movimento circular uniforme (MCU) e
uniformemente variado (MCUV).
3
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
FONTE: O autor
4
TÓPICO 1 | CINEMÁTICA ROTACIONAL
CA
senθ = (1.1)
OA
s = rθ (1.2)
FONTE: O autor
5
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
2 πr
T= (1.3)
f
FONTE: O autor
∆θ
ω= (1.4)
∆t
2π
ω= = 2 πf (1.5)
T
6
TÓPICO 1 | CINEMÁTICA ROTACIONAL
GRÁFICO 4 – VETOR dr = r' – r
FONTE: O autor
Além disso, temos também que quando s → dr;|dr| = |r|sinθ, o que
também implica em |dr| = θ|r|, pois nesse limite sinθ → θ. Nessas condições,
^
= r, o vetor dr tem a direção do vetor unitário θ.
com |r| Com isso teremos então
que quando o vetor r sofrer uma variação temporal (d/dt), teremos:
dr =θ rθˆ ; (1.6)
d d d
v t = dr = θ r + r θ θˆ = ωr θˆ .
dt dt dt
d2 d2 d d ˆ ˆ
at = 2 dr = r 2 θ + θ r θ = αr θ.
dt dt dt dt
7
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
FONTE: O autor
É possível calcular o vetor dv = (v' – v), transladando cada vetor até o ponto
A e realizando a subtração geométrica dos vetores, como mostrado no gráfico a
seguir. Note que o vetor variação de velocidade dvtem a direção radial r. ^
FONTE: O autor
d d d
vt = r = θ r + r θ θˆ = ωr θˆ .
dt dt dt
8
TÓPICO 1 | CINEMÁTICA ROTACIONAL
t θ
∫ωdt = ∫dθ;
t0 θ0
θ ( t ) − θ0 = ω∆t ;
θ ( t ) = θ0 + ω∆t.
θ ( t ) = θ 0 + ωt . (1.9)
9
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
FONTE: O autor
Podemos ver que por diferirem apenas em sua posição inicial, no valor de
π
, as curvas 1 e 2 atingem ∆θ = 2π ao mesmo tempo θ:0 → 2π, no caso da curva
2
1 5
θ: π→ π
1e 2 2 , no caso da curva 2. É possível perceber isso através do cálculo do
período T para que ∆θ = 2π seja atingido. Temos então:
∆θ
T= . (1.10)
ω
10
TÓPICO 1 | CINEMÁTICA ROTACIONAL
5 1
( 2π − 0 ) rad 2 π − 2 π rad (1.11)
T1 = = 2 πs = = T2 .
1 rad / s 1 rad / s
5 1
2 π − 2 π rad (1.12)
T3 = = π s.
2 rad / s
∆ω
α= (1.13)
∆t
11
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
d ∆ω
α= ω= lim . (1.14)
dt ∆t → 0 ∆t
∆ω d d2
α= lim = ω= θ. (1.15)
∆t → 0 ∆t dt dt 2
d d
dr =
vt =
θ r =
ωr ;
dt dt
d d
dr =
vt =
θ r =
ωr ;
dt dt
12
TÓPICO 1 | CINEMÁTICA ROTACIONAL
essa aceleração aponta em direção ao centro da curva, mas é sentida como uma
força que nos comprime contra a porta de um carro ou as janelas de um ônibus.
Veja a seguir, na equação (1.17), como deduzimos a aceleração centrípeta radial ac
em termos do raio de giro, da velocidade angular ω ou da velocidade tangencial
vt:
ac = −ω2 r ; (1.17)
2
d
−r θ ;
=
dt
ω2 r 2
= −r ;
r2
vt2
= − .
r
FONTE: O autor
13
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
at = αr ; (1.18)
d
= r ω ;
dt
1 d
=r vt ;
r dt
d
= vt .
dt
14
TÓPICO 1 | CINEMÁTICA ROTACIONAL
t ω
∫αdt = ∫ dω;
t0 ω0
ω ( t ) − ω0 = α∆t ;
ω ( t ) = ω0 + α∆t.
ω ( t ) = ω0 + αt. (1.21)
FONTE: O autor
15
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
t ω
α ∫dt =∫ dω;
t0 ω0
ω − ω0
( t − t ) =α
0
.
2
ω − ω0 1 ω − ω0
θ ( t ) − θ = ω0 + α ; (1.23)
a 2 a
2 2
1 (ω − ω0 )
θ (t ) − θ = ;
2 α
ω2 = ω02 + 2α∆θ.
ω2 = ω02 + 2α ( θ − θ0 ) (1.24)
ω ( θ )= β + 2αθ .
16
TÓPICO 1 | CINEMÁTICA ROTACIONAL
2
Em que β = ω0 − 2αθ0 é um valor constante que nos ajuda a entender a
relação entre o aumento da velocidade angular ω a medida que o corpo realiza seu
movimento circular. Como o movimento é acelerado, um objeto cujo movimento
circular respeite a equação (1.23) terá sua velocidade angular aumentada à medida
que realiza a revolução. A equação (1.24) nos mostra que, para um movimento
circular uniformemente variado, em que a aceleração angular α é constante, a
velocidade angular ω cresce com a raiz quadrada do ângulo varrido θ.
FONTE: O autor
17
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
Note que para a curva 1, possui duas retas verticais associadas às posições
4
θ (T1 ) = π
inicial θ0;i = 0π e final 2 , já as curvas 2 e 3 coincidem em suas posições
1 5
θ
iniciais 0;2 ,3 2 e ( )
= π θ T2 ,3 =π
2 , mas ∆θ = (θ(Ti) – θ0;i) = 2π para todas as curvas.
As relações entre áreas ω(θ) ∆θ de cada curva são dadas pelas correspondentes
acelerações angulares αi de cada curva.
dθ = ωdt ; (1.25)
θ t
∫dθ = ∫ωdt;
θ0 t0
t
θ ( t ) − θ0 = ∫ ω
0
+ αt dt ;
t0
t t
θ ( t ) − θ0 = ω0 ∫dt + α ∫tdt ;
t0 t0
1
θ ( t ) − θ0 = ω0 ( t − t0 ) + α ( t − t0 ) .
2
2
18
TÓPICO 1 | CINEMÁTICA ROTACIONAL
1
θ ( t ) = θ0 + ω0t + αt 2 . (1.26)
2
19
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
FONTE: O autor
Podemos ver que por diferirem apenas em sua posição inicial, no valor de
π
, as curvas 1 e 2 atingem ∆θ = 2π ao mesmo tempo θ:0 → 2π, no caso da curva
2 1 5
1 e θ : 2 π → 2 π , no caso da curva 2. É possível perceber isso através do cálculo do
período T para que ∆θ = 2π seja atingido. Temos então:
−ω0 ± ω2 + 4 πα (1.27)
T= .
α
Cada um dos períodos, T1, T2 e T3, representa o tempo necessário para que
um objeto realizando um movimento circular uniformemente variado, segundo
as definições de cada curva, complete um ciclo 2π.
20
TÓPICO 1 | CINEMÁTICA ROTACIONAL
DICAS
21
RESUMO DO TÓPICO 1
22
AUTOATIVIDADE
23
a) a velocidade angular com que a mosca se move.
c) suponha agora uma rajada mais forte de vento tenha soprado e que no
intervalo de uma revolução a velocidade angular da mosca tenha duplicado.
Calcule a aceleração angular α.
24
UNIDADE 1
TÓPICO 2
DINÂMICA ROTACIONAL
1 INTRODUÇÃO
Vamos agora focar nossa atenção no estudo da dinâmica aplicada às
rotações. Começaremos descrevendo um arranjo de partículas em posição
relativa fixa, mas que pode mover-se pelo espaço, aqui em movimento rotacional.
Abordaremos o “corpo rígido”, expressão utilizada para fazer referência aos
corpos sólidos, com formato não necessariamente simétrico. Vamos discutir aqui
quantidades análogas àquelas estudadas no movimento retilíneo, tal como o
torque, correspondente rotacional da força, ou o momento angular, que carrega
para o movimento circular o mesmo significado do momento linear para o
movimento retilíneo.
25
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
FONTE: O autor
FONTE: O autor
26
TÓPICO 2 | DINÂMICA ROTACIONAL
FONTE: O autor
27
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
FONTE: O autor
28
TÓPICO 2 | DINÂMICA ROTACIONAL
29
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
FONTE: O autor
rx ry
cos φ
= ;=
sin φ ; (1.28)
rxy rxy
rz rz
cos θ
= ; sin θ
= .
rxyz rxyz
rz rxy
sin=
θ = . (1.29)
rxyz rxyz
30
TÓPICO 2 | DINÂMICA ROTACIONAL
rx ry
=cos φ = ; sin φ ; (1.30)
rxyz sin θ rxyz sin θ
r=
x
rxyz sin θ cos φ; (1.31)
r=
y
rxyz sin θ sin φ;
y= R sin θ sin φ;
=z R cos θ.
r
= ( R sin θ cos φ, R sin θ sin φ, R cos θ )
r R ( sin θ cos φ,sin θ sin φ,cos θ )
=
π π π
r = R sin cos 0,sin sin 0,cos (1.34)
2 2 2
r = R ( 1,0,0 )
31
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
π π π π π
r = R sin cos ,sin sin ,cos (1.35)
2 2 2 2 2
r = R ( 0,1,0 ) ,
r = R ( 0,0,1) ,
4 MOMENTO DE INÉRCIA
O momento de inércia é uma quantidade inercial que representa a
resistência de um corpo a qualquer alteração em seu estado de movimento
rotacional. O momento de inércia é o análogo da massa em sistemas girantes, ele
nos dá informação sobre a distribuição de massa no corpo e é definido como:
N
I = ∑mi ri2 (1.37)
i
32
TÓPICO 2 | DINÂMICA ROTACIONAL
FONTE: O autor
m
I = ∫r 2 dm (1.38)
0
33
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
FONTE: O autor
d
=τ
dt
(r × p) ; (1.39)
d d
= r × p + r × p;
dt dt
= v × p + r × F;
= m ( v × v ) + r × F;
= r × F.
34
TÓPICO 2 | DINÂMICA ROTACIONAL
linha vemos que o primeiro termo acaba por ser eliminado, uma vez que v x
v=0
e assim ficamos apenas com o último termo. Lembrando das definições de álgebra
linear, vemos que o produto vetorial
v x F gera um vetor de torque
τ, que apontará
para um direção perpendicular ao plano formado pelos vetores da força F e do raio
r.
iˆ ˆj kˆ
=x y z ;
F Fy Fz
x
( ) (
= y Fz − z Fy iˆ + ( z Fx − x Fz ) ˆj + x Fy − y Fx kˆ. )
= r F sin α.
35
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
Ft = mat ; (1.42)
F=
t
mrα;
Ft mr 2 α;
r=
τ mr 2 α
=
GRÁFICO 14 – FORÇA
F APLICADA EM UM CORPO, QUE DESCREVE UM ÂNGULO ∆θ
FONTE: O autor
W = τ ∆θ; (1.43)
36
TÓPICO 2 | DINÂMICA ROTACIONAL
Observe por um instante o gráfico anterior, ele mostra um vetor força F
sendo aplicado a uma barra de cor cinza, fazendo-a girar ao redor de um eixo
pivô O.
W r F sin α ∆θ.
= (1.44)
d d
W
= τ ∆θ (1.45)
dt dt
d
P=
τ θ;
dt
P = τ ω;
Vimos então que a potência de uma força F, aplicada a um sistema girante,
em um ponto a uma distância r de um ponto pivô, pode ser medida em termos
do produto entre a velocidade angular com que o sistema gira e o torque nele
aplicado. Mas esse sistema gira com determinada energia cinética, como é de
se imaginar. Para calcular tal quantidade, podemos partir da analogia com o
movimento retilíneo uniforme, com
1
K= mv 2 ; (1.46)
2
1
= mr 2 ω2 ;
2
1 2
= Iω
2
38
TÓPICO 2 | DINÂMICA ROTACIONAL
Ei = E f ; (1.47)
1 2
Mgh
= Iω ;
2
1 2
Mgh − I ω =0
2
6 MOMENTO ANGULAR
No movimento retilíneo é possível associar uma força à variação temporal
de uma quantidade, definida pelo produto entre a massa e a velocidade de um
corpo. Quando um corpo entra em movimento circular, a partir do repouso,
podemos também associar o torque que gerou aquela rotação à variação temporal
de uma quantidade específica. Aqui discutiremos tal quantidade.
d
F = p. (1.48)
dt
d
τ = r × F = r × p. (1.49)
dt
39
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
d d d
dt
( r × p ) = r × dt p + p × dt r . (1.50)
d
= r × p + p×v
dt
d
r × p + m(v × v)
=
dt
d
= r× p
dt
Uma vez que (v x v) = 0. Retornando à definição do torque (1.36)
τ = r ×F (1.51)
d
= r× p
dt
d
=
dt
(r × p)
d
= L
dt
Em que a quantidade L = r x p é chamada de momento angular.
GRÁFICO 15 – TORQUE T APLICADO EM UM CORPO
FONTE: O autor
40
TÓPICO 2 | DINÂMICA ROTACIONAL
Note no gráfico que o vetor momento angular L = rx
p (linha sólida verde)
é perpendicular ao plano formado pelos vetores raio r (linha tracejada vermelha)
e força p (linha tracejada com pontos azul). Assim, quando você abre uma porta
em casa, troca um pneu do carro, ou prepara uma vitamina no liquidificador,
acaba aplicando o conceito de torque.
=L r p sin ( θ ) (1.52)
π
Considerando o caso em que θ = , que maximiza o valor de L, teremos:
2
L = rmv (1.53)
DICAS
41
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
GRÁFICO 16 – VELOCIDADES
vi MOMENTOS
pi EM UM SISTEMA DE PARTÍCULAS
FONTE: O autor
∑ i= ∑m r ω
2
τR= τ i i (1.54)
i i
42
TÓPICO 2 | DINÂMICA ROTACIONAL
N
KTotal = ∑Ki (1.55)
i
N
1
= ∑ mi vi2
i 2
N
1
= ∑ 2 m (v ⋅ v );
i
i i i
N
1
= ∑ 2 m (v
i
i CM
+ ui ) ⋅ ( vCM + ui ) ;
N N
1 1 N 1
∑i 2 i CM ∑i 2 i i CM ∑i 2 miui ;
2 2
= m v + m u + 2 v
N N
1 1
∑i 2 i CM ∑i 2 miui ;
2 2
= m v +
43
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
Li = L f
44
TÓPICO 2 | DINÂMICA ROTACIONAL
mi ri vi = m f rf v f (1.58)
45
RESUMO DO TÓPICO 2
• Existe uma relação entre força e variação de momento linear, o que nos leva ao
momento angular.
46
AUTOATIVIDADE
1 INTRODUÇÃO
Quando corpos compactos, rígidos, giram em torno de si mesmos, ou
em torno de um eixo fixo, temos que adotar uma abordagem diferente daquela
aplicada à descrição da dinâmica de partículas que giram ao redor de pontos
fixos no espaço. No caso da dinâmica dos corpos rígidos é preciso levar em conta
a natureza da distribuição de massa pelo corpo. Há casos clássicos de objetos
cujas distribuições de massa não são uniformes pelo corpo, como os antigos
televisores ou monitores de computador, com seus tubos de imagem, esculturas
em mármore, vasos de flores.
49
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
50
TÓPICO 3 | DINÂMICA DE CORPOS RÍGIDOS
DICAS
51
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
d (1.59)
L = 0;
dt
Lf
∫ dL = 0;
Li
∆L =0;
L f = Li ;
I f ω f = I i ωi ;
m f rf2 ω=
f
mi ri2 ωi ;
I m r2
ω
= f i = ωi i i 2 ωi ;
I f m f rf
52
TÓPICO 3 | DINÂMICA DE CORPOS RÍGIDOS
ri2
ωf = ωi ; (1.60)
rf2
53
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
estabilidade, ela acaba por aumentar a área que ocupa, e nesse caso rf > ri, o que
r2
faz com que a razão dos quadrados dos raios seja i2 < 0 e a velocidade ficando ωf
rf
< wi, o que a ajuda a parar.
DICAS
m
I = ∫r 2 dm (1.61)
0
54
TÓPICO 3 | DINÂMICA DE CORPOS RÍGIDOS
FONTE: O autor
M
I = ∫ r 2 dm (1.62)
0
∫dm
2
=r
0
= MR2 .
55
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
FONTE: O autor
A cada anel concêntrico podemos associar uma massa dm, de modo que a
razão entre a massa infinitesimal de um anel e a massa total do disco é equivalente
à razão entre a área ocupada por um desses anéis e a área total ocupada pelo
disco, de modo que teremos a relação:
dm 2 πrdr r
= = 2 2 dr ; (1.63)
M πR 2
R
r
dm = 2 M dr.
R2
R
2M
I = 2 ∫r 3 dr (1.64)
R 0
1M 4
= R − 0
2 R2
1
= MR2 .
2
56
TÓPICO 3 | DINÂMICA DE CORPOS RÍGIDOS
FONTE: O autor
dm dh (1.65)
=
M H
57
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
M
I = ∫ r 2 dm ; (1.66)
0
H H
−
M 2 2
M 2
∫ ∫ h dh ;
2
= h dh +
H 0 H 0
M 2 2
H ∫0
=2 h dh ;
H
2M 3
= h ;
3H 0
3
2 M H
= ;
3 H 2
1
= MH 2 .
12
58
TÓPICO 3 | DINÂMICA DE CORPOS RÍGIDOS
FONTE: O autor
Uma esfera que gira ao redor de um eixo que passa por seu centro de massa
também possui momento de inércia associado, como mostrado na figura anterior.
Nela apresentamos uma esfera centrada na origem O. De raio R, denotado por
uma seta entre a origem e o ponto A, na superfície da esfera. Note que a esfera
apresentada nessa figura possui duas geodésicas, uma no equador e outra um
pouco mais acima, distante de uma distância qualquer z, representada pela seta
entre a origem O, e o ponto B sobre o eixo central. A geodésica superior apresenta
uma espessura dz e dista r do eixo central, denotado por uma seta entre o eixo e
o ponto A, na superfície da esfera.
dm πr 2 dz 3 r 2
= = dz. (1.67)
M 4 3 4 R3
πR
3
59
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
1 2
dI = r dm; (1.68)
2
1 2 3 r2
= r M dz;
2 4 R3
3M 4
= r dz
8 R3
I = ∫ dI ; (1.69)
+R R
3M 4 3M 4
= ∫= r dz 2 ∫ r dz ;
−R
8R 3
0
8 R3
R
3M
∫ (R )
2
2
= − z2 dz ;
4 R3 0
R
3M
∫(R )
4
= − 2 R2 z 2 + z 4 ;
4 R3 0
3 M 4
R R R
4 R3 ∫0 ∫0 ∫0 ;
2 2 4
= R dz − 2 R z dz + z dz
3 M 5 2 5 1 5
= R − R + R ;
4 R3 3 5
2
= MR2 ;
5
60
TÓPICO 3 | DINÂMICA DE CORPOS RÍGIDOS
K KCM + K Part ; CM
= (1.70)
61
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
1
K Part ; CM = mv 2 (1.71)
2
1
m ( rω )
2
=
2
1
= mICM ω2
2
A equação (1.43) nos diz então que a energia cinética de uma partícula que
se move em torno do centro de massa pode ser escrita em função da velocidade
angular ω dela e de seu momento de inércia ICM, em relação ao centro de massa do
sistema. Para entendermos melhor o teorema dos eixos paralelos, vamos imaginar
uma aplicação mais cotidiana.
62
TÓPICO 3 | DINÂMICA DE CORPOS RÍGIDOS
1 1 1
M ( dω=
)
2 2
K
= Mv=
CM
Md 2 ω2 (1.72)
2 2 2
1 1 1
M ( dω=
)
2
K
= 2
Mv=
CM
Md 2 ω2 (1.73)
2 2 2
1 1
K
= Md 2 ω2 + ICM ω2 (1.74)
2 2
1 1 2
=
2
( )
Md 2 + ICM ω2=
2
Iω
=I Md 2 + ICM
63
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
FONTE: O autor
=I Md 2 + ICM (1.75)
1
= MR2 + MR2
2
3
= MR2
2
Note que, em relação ao caso em que o eixo de giro repousa sobre eixo
que passa pelo centro de massa do disco há um simples acréscimo de MR2, muito
semelhante ao valor ICM, para o eixo de simetria. Também é possível calcular o
momento de inércia de uma barra que gira em torno de um eixo z', que passa a
H
uma distância do eixo de simetria z, no centro de da barra.
2
64
TÓPICO 3 | DINÂMICA DE CORPOS RÍGIDOS
FONTE: O autor
=I Md 2 + ICM (1.76)
2
H 1
= M + MH 2
2 12
1
= MH 2
3
65
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
FONTE: O autor
66
TÓPICO 3 | DINÂMICA DE CORPOS RÍGIDOS
DICAS
67
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
5 FORÇA DE CORIOLIS
Esta é uma força inercial que atua em corpos que se movam em relação
a um sistema de referência em rotação. Tipicamente encontrado em sistemas
climáticos, o efeito causado por essa força é o de alterar o curso de fluidos, como
a água ou o ar, que se movem em relação a um sistema girante de referências.
Isso ocorre, por exemplo, quando massas de ar ou tormentas viajam através ou
sobre a atmosfera terrestre e é esse o exemplo que vamos explorar. O ponto é
que como a Terra gira em torno de um eixo central, do oeste para o leste, e como
ela é achatada, devido à força centrífuga associada à sua revolução, corpos no
equador giram mais rápido que corpos nos polos. Essa velocidade superior deve
compensar o aumento no deslocamento circular, devido ao aumento no raio do
planeta.
Imagine agora que uma pessoa que habite o estado de Roraima (RR)
pretenda enviar um super-avião de papel a um amigo que habita o norte do
Paraguai (RY), como pode ser visto na figura a seguir. Você poderia imaginar que
bastaria enviar o avião de papel, ao longo da mesma latitude, rumo ao sul. Mas
porque em Roraima a velocidade tangencial do avião é maior v> , que na região ao
norte do Paraguai v< , o avião tem mais chances de acabar rumando em direção ao
Espírito Santo (ES). Perceba que essa discussão é meramente qualitativa, não há
como prever o local exato em que um super-avião de papel poderia pousar.
FONTE: O autor
68
TÓPICO 3 | DINÂMICA DE CORPOS RÍGIDOS
FONTE: O autor
69
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
70
TÓPICO 3 | DINÂMICA DE CORPOS RÍGIDOS
Esse efeito sobre corpos em referenciais não inerciais foi descoberto pelo
matemático e engenheiro mecânico Gaspard-Gustave de Coriolis (1792-1843), que
publicou em um artigo de 1835 um trabalho sobre o rendimento energético de
máquinas com peças rotativas, como as rodas d’água. Nele, Coriolis identificou
duas categorias de forças suplementares que atuam em um sistema de referência
girante, a primeira era a da força centrífuga, já conhecida, e a segunda era composta
pela força que emergia do produto vetorial no espaço entre a velocidade angular
do sistema de coordenadas (coincidente com o eixo de rotação) e a projeção
ω
da velocidade v da partícula em um plano perpendicular ao eixo de rotação do
sistema.
71
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
DICAS
72
TÓPICO 3 | DINÂMICA DE CORPOS RÍGIDOS
LEITURA COMPLEMENTAR
CIÊNCIA
73
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
aquele que só transmite o que está catalogado nos livros empoeirados, ao passo
que a verdadeira transmissão de conhecimento que se esperaria encontrar na
verdadeira universidade é aquela feita por professores que realizam pesquisas.
Mesmo quando se trata de transmitir conhecimentos antigos como os de Galileu,
Newton e Maxwell, quem faz pesquisa os transmite de uma maneira vivaz e o
estudante sente, pois, aspectos sutis desses conhecimentos, que só o pesquisador
percebe quando ele próprio faz pesquisa.
FÍSICA
74
TÓPICO 3 | DINÂMICA DE CORPOS RÍGIDOS
gregos, e que depois mostraram-se úteis para explicar as leis das reações químicas,
não eram bolas compactas, mas dentro deles deviam estar os elétrons, origem
dos raios catódicos. Descobriu-se a radioatividade, descobriu-se o raio-X, ou raio
de Röntgen, e esses fenômenos, todos descobertos no fim do século passado,
exigiram novas ideias.
Depois ele quis saber por que é que o princípio da relatividade restrita
diz que as leis da física são invariantes, se você passa de um sistema inercial para
outro em movimento de translação retilíneo uniforme em relação ao primeiro.
Então ele queria saber por que o privilégio do movimento retilíneo uniforme.
Ao procurar interpretar fenômenos em sistemas acelerados, ele descobriu a
teoria relativística da gravitação, em 1915, e ficou famoso por isso. Nesta teoria
o importante é o campo, como em Newton era ação instantânea à distância. A
partir de 1916, o potencial de gravitação é descrito pelo tensor da métrica . Os
movimentos de grande vibração no espaço cósmico dão origem às supernovas.
Dependendo da massa da estrela, esta ao se contrair, emite parte de sua massa.
O espaço está ligado à gravitação, e esses abalos se propagam: são as ondas de
gravitação, conduzidas pelos quanta de gravitação (grávitons), que ainda não
foram detectados diretamente.
75
UNIDADE 1 | CINEMÁTICA E DINÂMICA ROTACIONAL
FONTE: <http://www.cbpf.br/~caruso/fcn/publicacoes/pdfs/ideias_paixoes.pdf>.
76
RESUMO DO TÓPICO 3
• O sentido em que esses furacões giram depende, por causa do efeito de Coriolis,
do hemisfério em que se encontram, girando anti-horário no hemisfério Sul e
horário no Norte.
77
AUTOATIVIDADE
78
4 Considere um artesão que cria suas peças com barro, utilizando-se de
um motor elétrico e uma tábua que gira em torno de seu eixo de simetria
transversal. Um de seus projetos é trabalhar em um, até o momento, cilindro
de barro com M = 5kg, e que gira a ω = 20rad / s. Supondo que para dar
continuidade a seu trabalho o artesão jogue sobre a massa um pequeno
bloco de m = 700g. Calcule a velocidade angular final do bloco M + m.
5 Considere uma esfera que gira em torno de um eixo z' que passa pela sua
borda. Calcule o momento de inércia da esfera em relação a z'.
INÉRCIA DE UMA ESFERA, EM RELAÇÃO A UM EIXO z'
FONTE: O autor
79
80
UNIDADE 2
EQUILÍBRIO E MOVIMENTO
PERIÓDICO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em dois tópicos. No decorrer da unidade você en-
contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
81
82
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
O equilíbrio estático de um corpo, em relação a um sistema de coordenadas,
é estabelecido como ele se encontra e permanece em estado de equilíbrio estático
de forças e torques. São inúmeras as aplicações desse conceito em nosso cotidiano.
83
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
FIGURA 2 – THIS IS THE GOLDEN GATE BRIDGE ON DEC 15 2015, POR D. RAMEY LOGAN, 2015
DICAS
84
TÓPICO 1 | EQUILÍBRIO ESTÁTICO E ELASTICIDADE
= d L = 0
tô R = ∑n n n
F × r = Iá
a
dt
(2.2)
85
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
NOTA
N
d
FR
= ∑n
=F
n =1 dt
p (2.3)
N
d
τt R
=
∑=
τtn
n =1 dt
L (2.4)
86
TÓPICO 1 | EQUILÍBRIO ESTÁTICO E ELASTICIDADE
DICAS
Sob tais condições, uma das formas de equilíbrio ocorre quando não há
variação de nenhum dos momentos. Assim, o corpo descreve um movimento
d
retilíneo uniforme, uma vez que p = 0 . A constância do momento linear implica
dt
= (p
∆p – p ) = 0 e, consequentemente,
pf =
p i.
f i
DICAS
87
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
4 O PRINCÍPIO DA ALAVANCA
A estática dos corpos rígidos nos conduz, inevitavelmente, ao princípio
da alavanca, de Arquimedes de Siracusa (287 – 212) a.C. Este foi um grande
pensador grego que, entre outras façanhas, teria sido o autor da frase “Dê-me
uma alavanca longa o suficiente e um suporte forte o suficiente que eu poderei
sozinho movimentar o mundo”. Essa imagem é apresentada no painel (a) da
Figura 3, uma gravura do pensador grego aplicando uma alavanca longa o
suficiente, com um forte ponto de suporte, e o mundo sendo movido apenas pela
força de Arquimedes.
N
d
τôR = ∑
n =1
ôτn
= ô
τ A
− ô
τ B
=
dt
L = 0; (2.5)
τA −
ô 0;
τôB =
rA FA = rB FB ;
rB
FA = FB .
rA
88
TÓPICO 1 | EQUILÍBRIO ESTÁTICO E ELASTICIDADE
Note que, pela primeira linha da equação (2.5), para mover o mundo
e manter um estado de equilíbrio, ou seja, equilibrar a força FB, aplicada por
Arquimedes, com a força multiplicada FA, que move o mundo, é necessário
que haja a conservação do momento angular do sistema (Mundo + alavanca +
Arquimedes). Isso nos leva à igualdade dos torques gerados tanto por FB quanto
por FA. A aplicação da definição do torque, na terceira linha, nos leva à relação
entre essas forças. Perceba que, como rA, temos que rB > 1 , o que significa que
rB >
rA
a força FA representa uma multiplicação de FB, na mesma razão entre os braços de
alavanca. É essa vantagem mecânica que o princípio da alavanca descreve.
DICAS
5 O CENTRO DE GRAVIDADE
A força gravitacional que fez a maçã do mito de Newton cair sobre sua
cabeça é do tipo fictícia, no sentido de que não há, de fato, um contato físico entre
corpos em questão. Porém, isso não significa que não podemos supor um ponto
na maçã de Newton, no qual atua a força gravitacional que a derrubou do galho
da árvore. Esse ponto é o centro de gravidade da maçã.
Cada corpo rígido possui um e é por causa dele que você faz piada
com seu amigo alto e desajeitado. A seguir vemos uma foto com dois famosos
jogadores da liga norte-americana de basquete. O mais alto da história, o pivô
sudanês Manute Bol, com 2.31 m de altura, e o mais baixo da história, o armador
americano Tyrone Custis “Muggsy” Bogues, com 1.60 m de altura.
89
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
90
TÓPICO 1 | EQUILÍBRIO ESTÁTICO E ELASTICIDADE
DICAS
n
1
rCM =
Mn ∑r m ;
i =1
i i (2.6)
V n
ri mi
rCM = n
Mn ∑
i =1 Vi
;
n
1
rCM =
ῥn
ñ ∑r ῥñ .
i =1
i i
91
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
Isso significa que para corpos cuja densidade é constante, ao longo de todo
o corpo, o centro de massa é calculado e definido como o ponto médio do corpo,
um ponto central, que leva em conta a simetria do corpo. Considere uma bola
de boliche ou uma esfera metálica, como apresentado na Figura 5, por exemplo.
Devido ao seu formato simétrico e a uma distribuição de densidade uniforme,
constante, ao longo do corpo, o centro de massa da esfera se encontra em seu
centro geométrico.
FONTE: O autor
DICAS
92
TÓPICO 1 | EQUILÍBRIO ESTÁTICO E ELASTICIDADE
tubo, aquelas caixas enormes que adestraram gerações a fio. De qualquer forma,
qualquer um que já tenha carregado uma televisão vai lembrar que ela é muito
mais pesada na frente que atrás.
93
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
DICAS
FONTE: O autor
94
TÓPICO 1 | EQUILÍBRIO ESTÁTICO E ELASTICIDADE
∆L =áa L; (2.7)
ɛ
å
=
∆L
=
( L′ − L ) .
L L
F (2.8)
σ
ó=
A
Note que a tensão no cabo é medida em [σ] = N/m2 = Pa. Tanto o mecanismo
de tensão, como aquele de deformação estão, obviamente, atrelados, e quando
tomamos a razão entre eles encontramos o módulo de Young Y:
F
σ
ó FL
Y= = A= ; (2.9)
ɛå ∆L A∆L
L
L
=σ
ó ;
∆L
WD
= .
Vd
95
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
N
Essa relação implica que o módulo de Young [Y] = . Claramente uma
m2
menção à pressão a que a área de seção reta A é submetida pela força F. Mas essa
não é a única interpretação para o módulo de Young. Observe a barra da Figura
8, por exemplo. Ela mostra, assim como a Figura 7, uma barra submetida a uma
tensão em ambos os lados.
FIGURA 8 – FORÇA F APLICADA A UMA BARRA COM ÁREA DE SEÇÃO RETA A, CAUSANDO
DEFORMAÇÃO ∆L.
FONTE: O autor
J
Nesse sentido, o módulo de Young tem a unidade de [Y] = . Sob essa
m3
ótica, o módulo pode ser entendido como a quantidade de energia para gerar
uma deformação de um metro cúbico em um determinado material.
96
TÓPICO 1 | EQUILÍBRIO ESTÁTICO E ELASTICIDADE
FONTE: O autor
97
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
DICAS
que faz um ângulo Φ, qualquer, com o vetor de área A e eixo do livro. Note
que a Figura 9 apresenta duas condições distintas com o intuito comparativo.
Inicialmente o livro está em repouso (linha tracejada em preto), em um estado
de equilíbrio de forças, com altura Y. Então, quando F é aplicada, o livro tem
sua parte superior movida (linha sólida em cinza) por uma distância ∆x pela
componente horizontal da força F, o que gera uma inclinação ϴ nele. O livro
também é dobrado para baixo (linha sólida em cinza), pela componente vertical
da força F.
98
TÓPICO 1 | EQUILÍBRIO ESTÁTICO E ELASTICIDADE
FONTE: O autor
Duas coisas acontecem no momento em que se aplica a força F sobre o
livro. Uma delas é que a componente vertical Ff tende a flexionar, ou dobrar, o
livro. Isso significa que camada após camada, de sua superfície ao seu centro, o
livro sofrerá uma pressão vertical, que tende a constranger sua estrutura física na
direção transversal. A outra é que a componente horizontal Fc tende a cisalhar o
livro, gerando um movimento longitudinal relativo entre as diferentes camadas
do livro.
DICAS
99
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
A primeira coisa que a força de flexão deve fazer é superar a capacidade que
o livro tem de suportar cargas, a chamada força de tensão, a qual não trataremos
aqui. Essa flexão ocorre normalmente porque, a níveis microscópicos, as pequenas
ranhuras na superfície do material, ou mesmo pequenos defeitos em seu interior,
tendem a concentrar a ação das forças de flexão em pontos localizados, o que
enfraquece o material localmente, tornando-o ainda mais suscetível às forças de
flexão. Quanto mais homogêneo for o material, do centro à superfície, mais rígido
esse corpo se mostra às forças de deformação. Quando um material é flexionado,
como podemos ver na Figura 10, apenas suas camadas mais externas sofrem com
uma carga máxima de tensão. Quanto mais próxima uma camada estiver fora do
eixo longitudinal central, menor será a intensidade da força de flexão sentida por ela.
FONTE: O autor
100
TÓPICO 1 | EQUILÍBRIO ESTÁTICO E ELASTICIDADE
Por esse motivo, o eixo central é por vezes chamado de eixo neutro, uma
vez nele não atuam nem compressão, tampouco tensão. Comparando a Figura 11
à Figura 9, é possível perceber que o eixo neutro é longitudinal, coincidindo com
o ESL, e perpendicular à direção da força de flexão Ff e localizado ao longo de
c c
− ≤ x ≤ + , em y = e/2.
2 2
Além da força vertical atua também, sobre o livro da Figura 10, uma força
de cisalhamento horizontal Fc, que tende a mover a parte superior do livro, de
uma distância ∆x, criando uma inclinação ϴ nele (retângulo sólido em cinza).
A força de cisalhamento Fc é paralela ao eixo de simetria longitudinal (EST) e
ao vetor de área de seção reta AL. Perceba pela Figura 9 que a base do objeto
sobre o qual se aplica a força de cisalhamento não se move necessariamente,
apenas as camadas superiores são progressivamente deslocadas pela força
Fc incidente. Esse efeito cria uma tensão dentro do material conhecida como
tensão de cisalhamento na direção em que o livro se inclina. Isso significa que a
tensão de cisalhamento pode ser entendida como uma pressão, mas a ideia aqui
é pensar mesmo em termos de força por unidade de área.
101
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
102
RESUMO DO TÓPICO 1
103
AUTOATIVIDADE
104
GRAVURA DE ARQUIMEDES E SUA ALAVANCA, PUBLICADA NA REVISTA MECHANICS
MAGAZINE EM 1824
FORÇA F APLICADA A UMA BARRA COM ÁREA DE SEÇÃO RETA A, CAUSANDO
DEFORMAÇÃO ∆l
FONTE: O autor
105
106
UNIDADE 2 TÓPICO 2
MOVIMENTO HARMÔNICO
1 INTRODUÇÃO
São comuns na natureza todo tipo de fenômenos repetitivos, do bater de
asas de uma borboleta ao balanço suave dos galhos de uma árvore, o movimento
harmônico é encontrado em diversas ocasiões naturais e também artificiais,
criadas pelo homem, como nas fábricas que embalaram a revolução industrial.
107
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
Fx ; rep = − k x ( t ) ;
−k x ma;
=
d d2
−k x (t ) = m v = m 2 x (t ) ;
dt dt
k
a ( x) = − x (t ) .
m
k N 1 m 1 1 1
= = Kg 2 = 2 .
m m
kg s m kg s
Ou seja, possui unidade de s–2. Veremos mais adiante que essa relação
fornece o quadrado da velocidade angular ω com que o sistema massa-mola
oscila em torno do ponto de equilíbrio x = 0.
108
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
FONTE: O autor
1
f= ; (2.12)
T
FONTE: O autor
110
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
d2 k
x (t ) = − x (t ) ; (2.13)
dt 2
m
d2 k
x (t ) + x (t ) =
0.
dt 2
m
λë22 + ω
ù2 =
0; (2.14)
ë
λ= ω;
−ù
λ = ±ù
ë ωi;
k
ë
λ= ± i.
m
d2
x (t ) + ω
ù 2 x (t ) =
0; (2.15)
dt 2
x ( t ) a e + iù t + b e − iù t ;
ω ω
=
x ( t ) = a cos ( ω
ù t ) +i sen (ω
ù t ) + b cos (ω
ù t ) − i sen (ω
ù t ) ;
x ( t ) a x1 ( t ) + b x2 ( t ) .
=
111
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
Observe que uma vez que x1(t) é solução para (2.13), assim como x2(t),
qualquer combinação linear dessas duas soluções, com diferentes valores para
a e b, também será solução para (2.13), a essa propriedade damos o nome de
superposição de soluções.
FONTE: O autor
Note que, embora não esteja especificado na Figura 14, a esfera pode
estar descrevendo um movimento senoidal ou cossenoidal, com a diferença
dada apenas por uma fase qualquer. Isso nos sugere que a combinação linear da
equação (2.15) pode ser:
x1 ( t ) a cos ( ù
= δ);
ωt +ä (2.16)
x2 ( t ) b sen (ω
= δ ).
ù t+ä
De modo que:
x ( t ) a cos (ω
= ù t ) + b sin (ω
ù t); (2.17)
x ( t ) A cos (ω
= δ).
ù t+ä
112
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
A
= a2 + b2 . (2.18)
FONTE: O autor
113
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
x ( t ) A cos ( ω
= δ);
ù t+ä (2.19)
d
v (t ) = x (t ) = ù sen (ω
−Aω ù t + δä ) ;
dt
d d2
a (t ) = v (t ) = 2 x (t ) = ù 2 cos (ω
−Aω δ) =
ù t+ä ω 2 x (t ) .
−ù
dt dt
x0 = A cos ( δä ) ; (2.20)
ù sen ( ä
v0 = A ω δ);
ù 2 x0 .
a0 = − Aω
x (=
t ) x (t + T ) ; (2.21)
A cos (ω
ù= δ ) A cos ( ω
t+ä ω T ).
ù t + äδ + ù
ω ðf ;
ù = 2π (2.22)
k 2π
ð
= ;
m T
m
T = 2π
ð .
k
114
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
GRÁFICO 4 – POSIÇÃO x(t) (LINHA TRACEJADA AZUL), VELOCIDADE v(t) (LINHA SÓLIDA
VERMELHA), E ACELERAÇÃO a(t) (LINHA PONTILHADA PRETA) EM UM SISTEMA MASSA-MOLA
IDEAL, COMO FUNÇÃO DO TEMPO
FONTE: O autor
115
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
DICAS
116
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
θ ()
è t= ω
ù t+ä
δ; (2.23)
d
θ (t ) = ω
è ù;
dt
d2 d
= θ (t ) =
è ω ( t ) a.
ù
dt 2
dt
FONTE: O autor
= cos ( è
x A= θ) A cos ( ω δ);
ù t+ä (2.24)
= sen ( è
y A= θ ) A sen (ω δ).
ù t+ä
117
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
Note que aqui A é o raio de giro do movimento, mas fica claro que mais
adiante ele fará o papel de amplitude do movimento harmônico. Veremos a
seguir mais alguns exemplos de aplicações dessa relação entre os movimentos
circular e harmônico.
U ( x ) = −∆W . (2.25)
xf
U ( x ) = ∫ F ( x ) dx; (2.26)
xi
xf
U ( x ) = − ∫ FRep ( x ) dx;
xi
xf
U ( x) =− ∫ ( − kx ) dx;
xi
1 2
U ( x) = kx ;
2
1
U (t ) = k x ( t ) .
2
118
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
GRÁFICO 6 – COMPARATIVO PARA (A) FORÇA F(x) E (B) ENERGIA POTENCIAL U(x), COMO
FUNÇÃO DA POSIÇÃO x.
FONTE: O autor
Note que a força exercida sobre a mola ou a força pela mola, como você
preferir, inverte seu sinal, dependendo do lado da posição de equilíbrio, não
voltaremos a essa discussão. Entretanto, isso não ocorre com a energia potencial
U(x). Ela não tem seu sinal trocado, de acordo com a posição que a massa ocupa
no momento. Isso porque a energia potencial é sempre positiva, uma vez que
tanto o movimento de compressão da mola como o de distensão necessitam da
mesma quantidade de força, considerando o mesmo deslocamento |Δx| para
ambos os lados. Você realiza a mesma quantidade de trabalho para deslocar uma
mola de Δx ou de –Δx.
Podemos perceber então que a função potencial oferece duas limitações nos
pontos mais distantes, para avançar para xf + Δx, é necessária a aplicação de uma
força F(xf + Δx) que armazene na mola uma energia potencial U(xf + Δx). Dizemos
então que o sistema fica limitado entre xi ≤ x ≤ xf pelos potenciais U(xi) ≤ U ≤ U(xf) e
que esses representam o que chamamos de barreira de potencial do sistema. Como
este se trata do movimento harmônico simples (MHS), temos então que considerar
o deslocamento periódico da massa, aplicamos aqui a equação (2.89) e ficamos com:
F (t ) =
− kx ( t ) =
− k A cos (ω δ);
ù t+ä (2.27)
119
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
1
U (t ) k A cos (ω δ ) ;
2
= ù t+ä (2.28)
2
1 2
= kA cos 2 (ω
ù t + δä ) .
2
1 1
K (t ) = m v ( t ) = ù sen (ω δ ) ;
2 2
m − A ω ù t+ä (2.29)
2 2
1
= ù 2 sen2 (ω
m A2 ω δ);
ù t+ä
2
1
= k A 2 sen2 ( ω δ ).
ù t+ä
2
120
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
GRÁFICO 7 – COMPARATIVO PARA (A) FORÇA F(x, t); (B) ENERGIA POTENCIAL U(x, t) E (C)
ENERGIA CINÉTICA K(x, t), COMO FUNÇÃO DA POSIÇÃO x(t) (EIXO X SUPERIOR) E DO TEMPO
T (EIXO X INFERIOR), PARA AS TRÊS SITUAÇÕES CITADAS NO QUADRO 1
FONTE: O autor
1 1
Etot= K ( t ) + U ( t )= k A 2 sen2 ( ù δ ) + kA 2 cos 2 (ω
ωt+ä δ);
ù t+ä (2.30)
2 2
1
= k A 2 sen2 (ω δ ) + cos 2 ( ω
ù t+ä ù t + δä ) ;
2
1
= k A2 .
2
122
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
FONTE: O autor
Toda essa discussão pode ser observada no Gráfico 8, onde as curvas para
as diferentes energias, sendo elas potencial U(t) e cinética K(t) são apresentadas,
bem como a soma das mesmas, a energia total Etot(t). Note que, como consideramos
a situação 1 do Quadro 1, a todo instante a energia total do sistema é equivalente
1 2 1 1
( 1.0 N m )( 1.0=
m)
2
Etot
a= = kA J.
2 2 2
DICAS
123
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
d d2
− k r ( t ) −ξî r ( t ) =
m 2 r (t ) ;
dt dt
d2 d
m 2 r ( t ) +ξî r ( t ) + k r ( t ) =
0;
dt dt
d2 d
r (t ) + y r (t ) + ω
ù 2 r (t ) =
0.
dt 2
dt
d
Note que o termo ξî v ( t ) = ξî r ( t ) se conecta à força de atrito, pois torna-
dt
se não nulo apenas enquanto v(t) ≠ 0. Quando v(t) = 0 ocorre, voltamos ao MHS.
ξî
Ainda na terceira e quarta linhas há um rearranjo, com = y > 0 e obviamente
k m
ù 02 = , de modo que obtemos uma equação diferencial linear homogênea de
ω
m
segunda ordem, agora também com o termo de primeira derivada. Perceba que
os parâmetros [y] = s–1 e [ω] = rad s–1 tornam a última linha da equação (2.31) uma
soma de todas as acelerações envolvidas nesse sistema massa-mola, sejam elas uma
2
aceleração associada ao movimento linear da massa d 2 r ( t ) , uma desaceleração
d dt
causada pelo atrito y r ( t ) ou uma aceleração ligada ao movimento periódico
dt
ω2
r(t).
124
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
Perceba que a soma total é nula, uma vez que o movimento periódico aqui
refletirá o balanço entre a aceleração proveniente das sucessivas compressões
e distensões da mola e a desaceleração causada pela fricção da massa com a
superfície. Note ainda que y tem unidade de frequência e é exatamente nela
que o amortecimento atua, tornando o movimento oscilatório cada vez menos
frequente, até o ponto em que esse cessa completamente.
F (t ) =
− k x ( t ) −ξî v ( t ) =
m a (t ) ; (2.32)
d d2
− k x ( t ) −ξî x (t ) =
m 2 x (t ) ;
dt dt
d2 d
m x ( t ) +ξî x (t ) + k x (t ) =
0;
dt 2
dt
d2 d
x (t ) + y x (t ) + ω
ù 2 x (t ) =
0.
dt 2
dt
Para encontrar a solução vetorial r(t) ou escalar x(x), temos que levar em
conta os coeficientes constantes em (2.26) ou (2.27), respectivamente. Além disso,
é necessário rever a equação (2.13) para o movimento no sistema massa-mola a
equação característica (2.14). A principal mudança é a adição do termo de atrito.
Ficaremos então com:
λ 2 + γλ + ω2 = 0; (2.33)
1
=
λ −γ ± γ 2 − 4ω02 .
2
κ
Lembre-se que agora ω02 = , o que significa que se:
m
λ < 2 ω0 ; (2.34)
κ
λ< 2 ;
m
125
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
γ
λ = − ± i 4ω02 − γ 2 . (2.35)
2
2 2
Aqui podemos pensar em termos de ω = 4ω0 − γ , e então teremos para
o deslocamento do sistema massa-mola, resgatando a equação (2.30):
γ γ
− + iω t − − iω t
x ( t ) ae
= 2
+ be 2
; (2.36)
γ
x (t ) e
− t
= 2 ae + iωt + be − iωt ;
γ
x (t ) e a cos ( ω t ) +i sen ( ωt ) + b cos ( ω t ) − i sen ( ωt ) ;
− t
= 2
γ
x (t ) e a x1 ( t ) + b x2 ( t ) ;
− t
= 2
γ
x (t ) e a cos ( ω t ) + b sin ( ω t ) ;
− t
= 2
γ
x (t ) e A0 cos ( ω t + δ ) .
− t
= 2
γ
A ( t ) = A0 e
− t
2
. (2.37)
126
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
x ( t ) A ( t ) cos ( ω t + δ ) ;
= (2.38)
d 1
v (t )
= x ( t ) A ( t ) − γ cos ( ωt + δ ) − ω sin ( ωt + δ ) ;
=
dt 2
d d2 1
a (t )
= = v (t ) = x ( t ) A ( t ) − γ 2 − ω2 cos ( ωt + δ ) + γ ω sin ( ωt + δ ) .
dt dt 2
4
Observe que tanto a expressão para deslocamento x(t), como para suas
derivadas, de primeira ordem v(t) e de segunda ordem a(t), voltam a tomar a
forma (2.17) quando removemos o amortecimento do sistema, ou seja, quando y
= 0. Obviamente, consideramos δ = 0 e valores unitários para k, m, ξ, a menos que
o contrário seja especificado.
FONTE: O autor
127
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
FONTE: O autor
128
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
1
U ( t )= κ x ( t ) ;
2
(2.39)
2
= κ A ( t ) cos ( ω t + δ ) .
2
Perceba que agora a energia potencial varia com o tempo não apenas
senoidalmente, mas por causa do sinal no argumento da função exponencial
1
na expressão A ( t ) = A0 e
− γt
2
da amplitude, a energia potencial decai...
Exponencialmente.
1
K (t ) = m v ( t ) ;
2
(2.40)
2
2
1 1
= m A ( t ) − y cos ( ωt + δ ) − ω sin ( ωt + δ ) .
2 2
FONTE: O autor
129
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
Etot K ( t ) + U ( t )
= (2.41)
2
1 1
= m A ( t ) − γ cos ( ωt + δ ) − ω sin ( ωt + δ )
2 2
+ κ A ( t ) cos ( ω t + δ ) ;
2
1 2 m 1
2
Note pelo gráfico que em t = 0s, esperamos ver, para a energia total:
1 2 1 mγ 2
Etot ( 0 )= κ A0 2 − . (2.42)
2 4 κ
Porém, como nesse momento não há razão para acreditar que o atrito
esteja atuando, uma vez que supomos a massa parada na posição de máxima
1
energia potencial Etot ( t )= U ( 0 )=
2
κ A0 , podemos considerar que em t = 0s,
teremos: 2
1 mγ 2
= 1; (2.43)
4 κ
1 γ2
= 1;
4 ω2
γ = 2 ω0 .
DICAS
d d2
−κ r ( t ) − ξ r ( t ) + m 2 r ( t ) = F ( t ) ;
dt dt
d2 d
m 2 r (t ) + ξ r (t ) + κ r (t ) = F (t ) ;
dt dt
d2 d
r ( t ) + γ r ( t ) + ω2 r ( t ) =
F (t ) .
dt 2
dt m
Perceba que agora lidamos com uma equação diferencial linear não
homogênea de segunda ordem. O que significa que há uma fonte de energia, por
assim dizer, que sustenta o sistema periodicamente. Isso faz com que ele, apesar
de perder com atrito parte dessa energia injetada frequentemente, não cesse seu
movimento. Unidimensionalmente podemos tratar o problema reescrevendo a
soma das forças em uma forma diferencial mais familiar, ficamos com:
131
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
F ( t ) = − κ x ( t ) −ξv ( t ) = m a ( t ) ; (2.45)
d d2
−κ x ( t ) − ξ x (t ) + m 2 x (t ) = F (t ) ;
dt dt
d2 d
m x (t ) + ξ x (t ) + κ x (t ) = F (t ) ;
dt 2
dt
d2 d F (t )
x ( t ) + γ x ( t ) + ω02 x ( t ) = .
dt 2
dt m
x ( t ) = A0 e iωt ; (2.46)
d
x ( t ) = i ω A0 e iωt ;
dt
d2
x ( t ) = ( i ω) A0 e iωt = − ω2 A0 e iωt .
2
2
dt
Perceba que até aqui as derivadas não diferem muito do que você viu para
MHS. Mas substituindo (2.46) na última expressão de (2.45), nos fornece uma
amplitude inicial A0 interessante:
F0 e iωt
A0 = − ω2 e iωt + i γω e iωt + ω02 e iωt = ; (2.47)
m
A0 =
(F 0
/ m)
;
− ω +i γω+ω2
2
A0 =
(F 0
/ m)
;
(
ω02 − ω2 + i γω
)
γω
A0 =
(F 0
/ m)
e
−i
(ω − ω ) ;
2
0
2
(ω ) + ( γω)
2 2
2
0
− ω2
A0 =
(F 0
/ m) 132
e
− i tan ( ψ )
.
A0 =
(F 0
/ m)
e
(ω − ω ) ;
2
0
2
(ω ) + ( γω)
2 2
2
0
− ω2 TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
A0 =
(F 0
/ m)
e
− i tan ( ψ )
.
(ω ) + ( γω)
2 2
2 2
0
−ω
Perceba que cada novo empurrão, cada vez que uma força restauradora
F(t) atua no sistema, uma nova amplitude A0 é reiniciada. A cada vez que F(t)
transfere momento para o sistema, ele é reiniciado. Note que agora A0 não varia
mais com o tempo, pelo menos não no sentido discutido no MHA, mas com a força
inicial F0 e da velocidade angular ω, que pode ser alterada, à medida que mais
energia é adicionada ao sistema. Aqui, a cada novo ciclo, uma força restauradora
reinicia o sistema com uma força inicial F0 constante. Observe que, da segunda
para a terceira linha de (2.47), aplicamos a relação:
β
i
α + i β= α 2 + β2 e a ; (2.48)
que conduz à expressão final em (2.47). Note, porém, que para simplificar nossa
γω
notação, usaremos a definição tan ( ψ ) = .
(ω2
0
− ω2 )
Desse modo, podemos então reescrever o deslocamento em um sistema
massa-mola mais real e com alguns empurrões. Como uma criança que empurra
outra em um balanço, mas com uma resistência do ar um pouco mais rigorosa.
Ficamos então com:
x ( t ) = A0 e (
i ωt +δ )
; (2.49)
γω
x (t ) =
(F 0
/ m)
e
−i
( ω − ω ) e i( ωt +δ) ;
2
0
2
(ω ) + ( γω)
2 2
2
− ω2
0
x (t ) =
(F 0
/ m)
i( ωt −φ( ω)+δ)
e ;
( ω0 − ω + ( γω) )
2 2
2 2
x (t ) =
( F0 / m ) i( ωt −φ( ω)+δ)
2 e ;
ω 2
1 − ω04 + ( γω)
2
ω0
133
x (t ) =
( F0 / m ) i( ωt −φ( ω)+δ)
e ;
( )
ω02 − ω2 + ( γω)
2 2
PERIÓDICO
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO
x (t ) =
( F0 / m ) i( ωt −φ( ω)+δ)
e ;
2
ω 2
1 − ω04 + ( γω)
2
ω0
(
i ωt −φ( ω) +δ )
x (=
t ) A0 ( ω) e .
A0 ( ω) =
(F 0
/ m)
. (2.50)
2
ω 2
1 − ω04 + ( γω)
2
ω0
134
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
A0 ( ω) =
( F0 / m ) .
2
= A0 ( ω)
( F0 / m ) ω
2
1 − ω04 + ( γω)
2
ω 2
2
ω
0
2
1 − ω4 + ( γω)
ω0
PARA OS CASOS DE γ = 1/4 s–1 (LINHA TRACEJADA PONTILHADA VERDE), γ = (1/2) s–1 (LINHA
SÓLIDA PRETA), γ = 1 s–1 (LINHA TRACEJADA AZUL), γ = 2 s–1 (LINHA PONTILHADA VERMELHA)
E γ = 4 s–1 (LINHA PONTILHADA MAIS ESPAÇADA CINZA), COMO FUNÇÃO DA VELOCIDADE
ANGULAR ω(t)
FONTE: O autor
ω
Veja como o sistema poderia, de acordo com ajustes na relação ω0 ,
tender à ressonância, posição em que A0(ω) = Amáx, significando que o sistema é
subamortecido, ou tender também ao superamortecimento, quando o sistema não
tem liberdade alguma para se mover. Ambas as condições podem ser percebidas
quando consideramos os pontos Amáx para cada curva, com seu respectivo γ. Note
aqui que o caso em que γ = 2 s–1 ou γ = 4 s–1 é superamortecido e por isso suas
amplitudes máximas Amáx encontradas representam pontos de mínimos e não
máximos, o que indica que tais sistemas não são reais.
É possível perceber que quando submetido a uma força inicial F0, mas
ainda estacionário, o sistema terá uma amplitude, marcada por essa força:
135
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
A0 ( ω= 0=
(F / m)
) 0
2
; (2.51)
ω 2
ω04 + ( γω)
2
1 −
ω0
A0 ( ω= 0=
(F / m)
) 0
ω02
;
A0 ( ω= 0=
) F0 / κ.
A0 ( ω = ω0 ) =
(F 0
/ m)
; (2.52)
2
ω 2
1 − ω04 + ( γω)
2
ω0
1 ( F0 / m )
A0 ( ω = ω0 ) = ;
γ ω0
F0 m
A0 ( ω = ω0 ) = .
ξ κ
136
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
Amáx lim A ( ω) ;
= (2.53)
ω→ω0
F0
Amáx = lim m ;
(ω ) + ( γω)
ω→ω0 2 2
2 2
0
−ω
F0 F0 m
Amáx
= = .
mγω0 ξ κ
γω
( ω) tan −1 =
φ= (ψ)
Note ainda que fazemos ω − ω2 e que o termo (ωt ( 2
0 )
– ϕ (ω)) deriva de uma propriedade para soluções de equações diferenciais não
homogêneas de segunda ordem, que garante que a solução para o sistema não
homogêneo é uma composição entre uma solução particular desse sistema e uma
solução para o caso homogêneo. Ao reescrever as expressões para o deslocamento
x(t), a velocidade v(t) e a aceleração a(t), teremos:
x (t ) =
(F0
/ m) i( ωt +φ( ω)+δ) (2.54)
e
( )
ω0 − ω + ( γω)
2 2
2 2
(F / m)
= 0
(
cos ω t + φ ( ω) + δ )
( )
ω0 − ω + ( γω)
2 2
2 2
= A0 ( ω) cos ( ω t − φ + δ ) ;
d
v (t ) =
dt
(
x ( t ) = − A0 ( ω) ω sen ω t + φ ( ω) + δ ; )
d d2
a (t ) =
dt
(
v ( t ) = 2 x ( t ) = − A0 ( ω) ω2 cos ω t + φ ( ω) + δ = − ω2 x ( t ) .
dt
)
137
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
F0 m
AmÁx =
GRÁFICO 13 – COMPARATIVO ENTRE A AMPLITUDE ξ κ (LINHA TRACEJADA PRETA)
E O DESLOCAMENTO x(t), PARA OS CASOS DE ξ = 1/4 (LINHA TRACEJADA PONTILHADA
VERDE), ξ = 1/2 (LINHA PONTILHADA VERMELHA), ξ = 1(LINHA SÓLIDA AZUL), COMO FUNÇÃO
DO TEMPO t.
FONTE: O autor
1
( )
2
U ( t )= κ A0 ( ω) cos ω t + φ ( ω) + δ ; (2.55)
2
1
(
κ A0 ( ω) cos 2 ω t + φ ( ω) + δ .)
2
=
2
138
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
1 1
( )
2
(t ) m v ( t=
) m − A0 ( ω) ω sen ω t + φ ( ω) + δ ;
2
K= (2.56)
2 2
1
(
m A0 ( ω) ω2 sen2 ω t + φ ( ω) + δ ; )
2
=
2
1
(
κ A0 ( ω) sen2 ω t + φ ( ω) + δ .)
2
=
2
139
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
FONTE: O autor
( t ) K (t ) + U (t )
Etot= (2.57)
1
(
κ A0 ( ω) sen2 ω t + φ ( ω) + δ )
2
=
2
1
(
+ κ A0 ( ω) cos 2 ω t + φ ( ω) + δ ; )
2
1
Etot ( t ) ( ) ( )
k A0 ( ω) sen2 ω t + φ ( ω) + δ + cos 2 ω t + φ ( ω) + δ ;
2
=
2
1
k A0 ( ω) .
2
=
2
140
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
141
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
DICAS
3 SISTEMAS OSCILANTES
Sistemas oscilantes são bastante comuns, eles tratam do movimento
periódico dos corpos, quando estes oscilam em torno de uma posição de equilíbrio.
Esses sistemas podem ter as formas mais variadas possíveis, de um barco
flutuando ao sabor das ondas às pontes que balançam com o vento canalizado por
penhascos. Discutiremos aqui mais três modelos oscilantes, com complexidades
distintas. Do pêndulo simples, o mais idealizado dos três, passando pelo pêndulo
de torção, uma forma alternativa da contrapartida simples, até o pêndulo físico,
cuja densidade não pode ser negligenciada.
= T sen ( θ ) iˆ + T cos ( θ ) ˆj .
142
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
FONTE: O autor
d2
maθ mL =
= θ T sen ( θ ) . (2.59)
dt 2
d2
mar mL =
= θ T cos ( θ ) − P. (2.60)
dt 2
143
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
Quando o pêndulo se encontra na vertical, é fácil perceber que T = – P = – mg,
o que nos deixa com:
d2 g
θ = − sen ( θ ) . (2.61)
dt 2
L
=T mg
= P
1 − sen ( θ ) (
1 − sen ( θ )
.
) ( ) (2.62)
cos ( θ ) cos ( θ ) ( ) ( )
Tomando o limite Θ << 1, temos sen(Θ) → Θ e cos(Θ) → 1
T P (1 − θ) .
= (2.63)
Observe o Gráfico 15, note que a curva (2.62) é apresentada (linha sólida
preta), ela mostra que a tensão T(Θ) cresce rapidamente com o decréscimo da
inclinação Θ do pêndulo, alcançando o valor de T = P =mg = 9,8N, para uma massa
m = 1kg e uma aceleração de g = 9,8(m/s)/s. A curva (2.63) é também apresentada
no gráfico (linha tracejada vermelha) e ela mostra que quando tomamos Θ → 0, a
relação entre a tensão T(Θ) e o ângulo de inclinação Θ tende a uma reta, observe
o que acontece quando Θ << 0,1.
FONTE: O autor
144
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
d2 g
θ (t ) =− θ (t ) . (2.64)
dt 2
L
θ ( t ) = sen ( ω0 t ) ; (2.65)
d
ω(t ) = θ (t ) =
ω0 cos ( ω0 t ) ;
dt
d2
α ( t ) = 2 θ ( t ) = −ω02 sen ( ω0 t ) .
dt
2π L
Tp = = 2π . (2.66)
ω0 g
145
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
2
1 1 d
K (t ) =
= mv 2 m L2 θ ( t ) ; (2.67)
2 2 dt
1
m L2 ω0 cos ( ω0 t ) ;
2
=
2
1
= m L2 ω02 cos ( ω0 t ) .
2
θ θ
U ( θ ) =∆W0→0 =∫F ds =mgL ∫sen ( θ ) dθ ; (2.68)
0 0
= m g L 1 − cos ( θ ) ;
= m g L 1 − cos ( ω0 t ) .
Note que aqui pensamos na energia cinética como uma função de ω0t, uma
vez que este produto induz uma ideia de movimento em movimento. Já a energia
potencial é escrita em termos do ângulo de inclinação Θ, pois aqui uma posição
estática parece fazer mais sentido, em consonância com a energia potencial.
1
Etot ( t ) =
K (t ) + U (t ) =
− m L2 ω02 cos ( ω0 t ) + m g L 1 − cos ( θ ) ;
2
(2.69)
2
1
− m L2 ω02 cos ( ω0 t ) + m g L − m g L cos ( ω0 t ) .
2
=
2
1
Etot ( t ) = mg L. (2.70)
2
146
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
DICAS
147
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
FONTE: O autor
τ = −ηΦ ; (2.71)
d2
= Iα = I Φ.
dt 2
Perceba, pela equação (2.71), que o torque aqui pode ser escrito como um
produto entre a constante de torção do fio η e o ângulo de torção Φ, e que este
pode ser reescrito também como um produto entre o momento de inércia do fio,
em relação ao eixo longitudinal que passa por seu centro e a aceleração angular α.
148
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
d2 η
Φ = − Φ; (2.72)
dt 2
I
d2
Φ = − ω02 Φ ;
dt 2
d2
2
Φ + ω02 Φ = 0;
dt
η 1 η
ω=
0
= 12 .
I L m
1
I = mL2
Em que o momento de inércia 12 da barra é dado pelo produto
entre a massa m da barra, pelo quadrado de seu comprimento L2. Seu período fica
então definido como:
2π I 1 m
T= = 2π 2π L
= . (2.73)
ω0 η 12 η
η
Φ ( t ) = sen ( ω0 t ) = sen t ; (2.74)
I
d η η
ω(t ) = Φ (t ) =
ω0 cos ( ω0 t ) = cos t ;
dt I I
d2 η η
α (t ) = Φ ( t ) = −ω02 sen ( ωt ) = − sen t .
dt 2
I I
149
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
2 2
1 1 1 L d
K ( t )= mv ( t ) = mr 2 ω ( t ) = m Φ ( t ) ;
2 2
(2.75)
2 2 2 2 dt
1 2
mL ω0 cos ( ω0t ) ;
2
=
8
1 η
m L2 cos ( ω0t ) ;
2
=
8 I
12 mL2 η
cos ( ω0t ) ;
2
=
8 12 I
12
= η cos ( ω0t ) ;
2
3
η cos ( ω0t ) .
2
=
2
θ Φ
U ( t ) = ∆W0→0 = ∫τ dΦ = −η∫ΦdΦ ; (2.76)
0 0
1 1
− η Φ ( t ) =− η sen ( ω0 t ) ;
2 2
=
2 2
1
{
− η 1 − cos ( ω0t ) .
=
2
2
}
150
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
3 1 1
Etot ( t )= K ( t ) + U ( t )= η cos ( ω0t ) − η + η cos ( ω0t ) ;
2 2
(2.77)
2 2 2
1 4
= − η + η cos ( ω0t ) ;
2
2 2
1
(
=η 4 cos ( ω0t ) − 1 .
2
2
)
Note que em t = 0s, temos que a energia mecânica total
3
E0= Etot ( 0 )= K ( 0 )= η , tem o mesmo valor absoluto da energia cinética.
2
151
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
FONTE: O autor
τ = −m g d sen ( θ ) ; (2.78)
d2
= Iα= I θ.
dt 2
d2
I θ =− m g d sen ( θ ) ; (2.79)
dt 2
d2 md
θ =− g sen ( θ ) .
dt 2
I
152
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
I
L= ; (2.80)
md
θ ( t ) = sen ( ω0 t ) ; (2.81)
d
ω(t ) = θ (t ) =
ω0 cos ( ω0 t ) ;
dt
d2
α (t ) = θ ( t ) = −ω02 sen ( ω0 t ) .
dt 2
2π I
T= = 2π ; (2.82)
ω0 mgd
mgd
A velocidade angular é definida como ω0 = I para o pêndulo físico.
Isso nos conduz ao estudo da energia cinética desse sistema, e seguindo o mesmo
raciocínio que aplicamos para o pêndulo simples, notamos que o momento de
inércia tem papel fundamental, teremos então:
2 2
1 1 I d
K (t ) =
= mv 2 m θ ( t ) ; (2.83)
2 2 md dt
1 I 2 mgd
cos ( ω0 t ) ;
2
= 2
2 md I
1 Ig
cos ( ω0 t ) .
2
=
2 d
153
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
θ θ
U ( θ ) =∆W0→0 =∫F ds =mgL ∫sen ( θ ) dθ ; (2.84)
0 0
= m g L 1 − cos ( θ ) ;
I
= m g 1 − cos ( ω0 t ) ;
md
Ig
= 1 − cos ( ω0 t ) .
d
1 Ig Ig
Etot ( t ) = K ( t ) + U ( t ) = ( ) . + 1 − cos ( ω0 t ) ;
2
cos ω0
t
(2.85)
2 d d
Ig 1 Ig
= + cos ( ωot ) − 1 .
d 2 d
154
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
LEITURA COMPLEMENTAR
156
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
Nos dias de hoje não parece haver mais nenhum lugar para explorar,
ao menos na área terrestre do planeta. Vítimas de seu próprio sucesso, os
exploradores agora ficam bastante tempo em casa.
Não acho que, em toda a sua juventude, Leib tenha se aventurado mais
que uns cem quilômetros além de sua cidadezinha natal, Sassow. Mas de repente,
em 1904, ele fugiu para o Novo Mundo – para evitar uma condenação por
assassinato, segundo uma lenda familiar. Partiu sem a sua jovem mulher. Como
as grandes cidades portuárias alemãs devem ter lhe parecido imensas a seus
olhos e como deve ter estranhado os altos arranha-céus e o alarido incessante de
sua nova terra! Nada sabemos de sua travessia, mas encontramos o formulário do
navio para a viagem empreendida mais tarde pela mulher Chaiya – que se reuniu
a Leib depois que este poupou o suficiente para mandar buscá-la. Ela viajou
na classe mais barata do Batavia, uma embarcação com registro de Hamburgo.
O documento tem uma concisão comovente: Sabe ler ou escrever? Não. Sabe
falar inglês? Não. Quanto dinheiro tem? Posso imaginar sua vulnerabilidade e
vergonha ao responder: “Um dólar”.
157
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
Sabemos agora que os planetas não são estrelas, mas outros mundos,
impelidos gravitacionalmente para o Sol. Exatamente quando a exploração da
Terra estava sendo completada, começamos a reconhecê-la como um mundo na
multidão inumerável de outros mundos que circulam ao redor do Sol ou giram
em torno de outras estrelas que formam a galáxia da Via Láctea. Nosso planeta e
nosso sistema solar são circundados por um novo oceano do mundo – os abismos
do espaço. Não é mais intransponível que o anterior.
Talvez seja um pouco cedo. Talvez ainda não tenha chegado a hora.
Mas esses outros mundos – promissoras oportunidades ilimitadas – acenam,
chamando-nos.
158
TÓPICO 2 | MOVIMENTO HARMÔNICO
Não tendo cruzado, até aquele momento, em suas vidas, nada mais
largo que um rio, Leib e Chaya foram promovidos à travessia de oceanos.
Tinham uma grande vantagem: do outro lado das águas, haveria – revestidos de
costumes estranhos, é verdade – outros seres humanos que falavam a sua língua
e partilhavam ao menos alguns de seus valores, e mesmo pessoas com quem
tinham relações próximas.
Ninguém na Terra, nem mesmo o mais rico dentre nós, tem recursos para
empreender a viagem; assim, não podemos fazer as malas e partir rumo a Marte
ou Titã ao sabor de um capricho, por estarmos entediados, desempregados,
oprimidos, porque fomos recrutados pelo exército ou porque, justa ou
injustamente, nos acusaram de um crime. Não parece haver lucro suficiente,
a curto prazo, para motivar a indústria privada. Se nós, humanos, algum dia
partirmos rumo a esses mundos, será porque uma nação ou um consórcio de
nações acredita que o empreendimento lhe trará benefícios, sendo pressionados
por um grande número de questões que disputam o dinheiro necessário para
enviar pessoas a outros mundos.
Este é o tema desse livro: outros mundos, o que nos espera neles, o que
eles nos dizem sobre nós mesmos e – dados os problemas urgentes que nossa
espécie enfrenta no momento – se faz sentido partir. Deveríamos resolver esses
problemas primeiro? Ou serão eles uma razão a mais para partir?
159
UNIDADE 2 | EQUILÍBRIO E MOVIMENTO PERIÓDICO
Pálido ponto azul é sobre esse novo reconhecimento, que ainda nos invade
lentamente, de nossas coordenadas, de nosso lugar no Universo – e de como um
elemento central do futuro humano se encontra muito além da Terra, embora o
apelo da estrada aberta esteja hoje emudecido.
FONTE: SAGAN, Carl. Pálido ponto azul: uma visão do futuro da humanidade no espaço.
Disponível em: <http://pedrox.com.br/wp-content/uploads/2014/01/P%C3%A1lido-Ponto-Azul-
Uma-Vis%C3%A3o-do-Futuro-da-Humanidade-no-Espa%C3%A7o-Carl-Sagan.pdf>. Acesso em:
24 out. 2018.
160
RESUMO DO TÓPICO 2
• Um pêndulo simples pode ser descrito por uma equação diferencial de segunda
ordem.
• O período do pêndulo simples não é afetado pelo valor da massa que oscila na
ponta do fio.
161
AUTOATIVIDADE
162
UNIDADE 3
FLUIDOS, HIDROSTÁTICA E
HIDRODINÂMICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você en-
contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – FLUIDOS
TÓPICO 2 – HIDROSTÁTICA
TÓPICO 3 – HIDRODINÂMICA
163
164
UNIDADE 3
TÓPICO 1
FLUIDOS
1 INTRODUÇÃO
Diferente dos corpos rígidos, um fluido é uma composição sem forma,
que ocupa um determinado volume, moldando-se ao formato do recipiente que
o circunscreve. Ao estudarmos a dinâmica dos corpos rígidos, consideramos
idealmente o movimento de um ponto com determinada massa através do
espaço e nos concentramos na descrição cinemática de sua trajetória, bem como
na origem da alteração de seu estado de movimento.
2 DEFINIÇÃO DE UM FLUIDO
Se considerarmos a razão entre a massa de uma determinada quantidade
de um fluido e o volume que ocupa, teremos uma boa descrição da densidade
do fluido. Essa é uma quantidade importante e bastante útil para o estudo desse
elemento e sua definição pode ser vista na equação (3.1):
∆m d
=ρ lim
=
∆V → 0 ∆V
dV m. (3.1)
165
UNIDADE 3 | FLUIDOS, HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA
dFp = − dm g ; (3.2)
dFp = dm g ;
( ρ dV ) g =
= ρgdV ;
= ( ρg ) dh dA.
FONTE: O autor
Tal força pode ser integrada sobre todo o volume ocupado pela coluna
do fluido, cujo ponto de aplicação é o centro de massa do mesmo, o que pode ser
visto em projeção bidimensional, na Figura 1. Calculando a integral de volume
da equação (3.2), obtemos:
166
TÓPICO 1 | FLUIDOS
Fp z A
Fp = ρgh A;
Fp
P= = ρgh .
A
3 VISCOSIDADE DE UM FLUIDO
A viscosidade de um fluido está ligada à inércia que esta oferta à
alteração de seu estado de movimento. Um fluido com alta viscosidade escorrerá
vagarosamente, como um fio de mel pingando de um pega-mel de madeira.
O painel (a) da Figura 2 dá uma ideia disso, o quadro mostra uma porção de
mel que escorre por um utensílio de cozinha, retratado pela pintora americana
Kristine Kainer. Por outro lado, um fluido com baixa viscosidade escorrerá
celeremente, como em um turbilhão numa xícara de chá de limão, o que também
é representado agora no painel (b), da Figura 2.
FIGURA 2 – PINTURAS (A) HONEY WITH DIPPER E TEA AND LEMON, POR KRISTINE KAINER,
2018
167
UNIDADE 3 | FLUIDOS, HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA
FIGURA 3 – FOTOGRAFIAS (A) LAVA ESCORRENDO PARA O MAR E (B) LAVA SE SOLIDIFICANDO,
POR SIMON SEEZ, 2013
Observe a Figura 3, por exemplo, nela podemos ver fotografias tiradas pelo
fotógrafo canadense Simon Seez. No painel (a), à esquerda, vemos um córrego de
lava, que flui em direção ao mar no fim de tarde e chega a ter uma viscosidade
até 1.000 vezes maior que aquela encontrada na água. Já no painel (b) vemos uma
outra porção de lava, agora mais resfriada, solidificando-se sobre outras pedras,
que possivelmente escorreram até ali a partir da mesma fonte.
168
TÓPICO 1 | FLUIDOS
FONTE: O autor
∆v
F m=
= a m ; (3.4)
∆t
FONTE: O autor
169
UNIDADE 3 | FLUIDOS, HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA
170
TÓPICO 1 | FLUIDOS
DICAS
∆Fp
∆P =− . (3.6)
∆A
∆Fp d
dP =lim ∆P =− lim =− F; (3.7)
∆P → 0 ∆A → 0 ∆A dA p
dA
=− ( ρg ) dh ;
dA
= −ρg dh.
P h
∫dP =
P0
−ρg ∫dh;
h0
(3.8)
P= P0 − ρg h.
172
TÓPICO 1 | FLUIDOS
173
UNIDADE 3 | FLUIDOS, HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA
FONTE: O autor
Fx
Esse gradiente é gerado por uma tensão de cisalhamento τ = A entre elas,
→ →
resultado da razão entre a componente horizontal Fx , da força F que atua no fluido
e a área de corte longitudinal, cujo vetor Ax aponta na direção de propagação.
d
τ=µ v. (3.9)
dy x
174
TÓPICO 1 | FLUIDOS
DICAS
d
F ( x) = − U ( x) ; (3.10)
dx
F d U
= − ;
V dx V
d
f= − u
dx
d
f= − u; (3.11)
dx
d
= − P.
dx
p = −u + η. (3.12)
176
RESUMO DO TÓPICO 1
177
AUTOATIVIDADE
3 Considere que a pressão P, causada por uma força F, que atua em uma
determinada superfície de área A, é diretamente proporcional a (–dF/dA)
e que, por sua vez, é também proporcional ao produto da densidade ρ do
fluido, pela aceleração da gravidade g e pela variação da coluna dh do
fluido. Com isso em mente, indique valores de verdadeiro (V) ou falso (F),
para a sequência de proposições a seguir:
178
GRADIENTE DE VELOCIDADES E MOVIMENTO RELATIVO ENTRE CAMADAS EM UM
FLUIDO
FONTE: O autor
179
180
UNIDADE 3
TÓPICO 2
HIDROSTÁTICA
1 INTRODUÇÃO
Como vimos anteriormente, conceitos como força, área e pressão
e propriedades como densidade viscosidade e incompressibildiade são
fundamentais para o entendimento dos fluídos, mas representam também
um papel fundamental para o entendimento das forças atuantes em colunas,
tubulações e recipientes.
2 PRINCÍPIO DE PASCAL
O princípio de Pascal repousa sobre um dos conceitos de
incompressibilidade, um dos mais importantes da hidrostática. Segundo ele,
quando dois pistões são conectados por meio de um fluido incompressível, a
pressão aplicada em um dos pistões tende a se propagar integralmente através
do fluido incompressível até o outro pistão.
181
UNIDADE 3 | FLUIDOS, HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA
Blaise Pascal sempre teve uma saúde fraca e sofreu muito em sua vida.
Na biografia escrita por sua irmã mais velha, Gilberte Pascal, intitulada “La Vie de
Monsieur Pascal”, consta que depois de seu décimo oitavo aniversário, ele nunca
viveu um dia de sua vida livre de dor ou alguma forma de doença ou aflição
médica. Blaise Pascal morreu em 19 de agosto de 1662 em Paris. Suas últimas
palavras foram “Que Dieu ne m’abandonne jamais!”. “Que Deus não me abandone
jamais!”.
182
TÓPICO 2 | HIDROSTÁTICA
pistões móveis pode propagar uma força aplicada em um dos pistões, até outros,
já que como a pressão se propaga para todas as direções dentro da tubulação
que conecta os pistões, será contida pelas paredes fixas, mas não pelas móveis. E
assim nasceu o princípio de Pascal, apresentado na Figura 8, a seguir:
FONTE: O autor
P1 = P2 ; (3.13)
F1 F
= 2 ;
A1 A2
A1
F1 = F
A2 2
183
UNIDADE 3 | FLUIDOS, HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA
FONTE: O autor
Aqui é interessante notar que embora as áreas dos pistões possam ser
diferentes, o volume deslocado acaba por ser o mesmo nos dois lados da tubulação,
isso implica que as distâncias d1 e d2, percorridas pelos pistões 1 e 2 dependerão
também da razão entre as áreas de cada pistão.
V1 = V2 ; (3.14)
A1d1 = A2 d2 ;
A2
d1 = d.
A1 2
FONTE: O autor
184
TÓPICO 2 | HIDROSTÁTICA
DICAS
3 PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES
Arquimedes (287-212 a.C.) foi um dos mais influentes pensadores da
antiguidade, conhecido pela história que relata seu momento de inspiração,
correndo sem roupas pela cidade de Siracusa enquanto gritava “Eureka! Eureka!”,
“Descobri! Descobri!”. Já discutimos as origens de Arquimedes na Unidade 1,
de modo que podemos seguir direto para o mito da coroa de ouro, um desafio
proposto pelo rei Hierão II (306-215 a.C.), para saber se estava sendo roubado
pelo fabricante da coroa, que podia estar substituindo o metal áureo por algum
outro metal de valor menor. O mito envolve ainda o acima mencionado episódio
da banheira e uma brilhante constatação.
185
UNIDADE 3 | FLUIDOS, HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA
FONTE: O autor
→
Podemos perceber que sobre o bloco de massa atuam a força peso P, a
→
força de reação da mola F , mas também atuam sobre as superfícies superior
→ m → →
e inferior duas forças Fsup e Finf, respectivamente. Você pode pensar em Fsup
→
como o peso da coluna d’água na superfície superior do bloco e quanto a Finf, você
pode pensar nela como a força de reação que o líquido impõe ao peso do bloco,
algo como um arrasto. Veja, o empuxo é o balanço das forças que geram pressões
diferentes entre as superfícies superior e inferior. Desse modo podemos defini-lo
como:
E Finf − Fsup
= (3.15)
= Fp − Fm .
E
186
TÓPICO 2 | HIDROSTÁTICA
FONTE: O autor
Nela temos a mesma situação descrita para a Figura 11, à exceção do fio
de massa desprezível, da balança de mola e da força associada a ela, entretanto,
veja que a equação (3.15) ainda se aplica. Ainda há forças atuantes nas superfícies
superior e inferior, logo, ainda há empuxo atuando sobre o bloco, como mostra o
painel (a) da Figura 12. Daí podemos concluir que o empuxo é igual ao peso da
caixa.
E − Fp =
0; (3.17)
E = Fp ;
= mbloco g
Porém, esse conceito vai além. Observe o painel (b) da Figura 12, ele
apresenta uma réplica do painel (a), entretanto com o volume Vb do bloco
preenchido com o próprio fluido em que foi imerso. É uma representação
hipotética da substituição instantânea do bloco pela água, como se pudéssemos
operar magicamente. Teremos, a partir de (3.15):
E Finf − Fsup ;
= (3.18)
=Pinf A inf − Psup A sup =mbloco g ;
= ρ f g hinf A inf − ρ f g hsup A sup = mbloco g;
E =
ρg h A =
ρg V =
mg.
187
UNIDADE 3 | FLUIDOS, HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA
Note que a terceira linha vem da definição (3.8) para pressão, em que aqui
tomamos P0 = 0. Perceba ainda que se tomarmos o módulo em ambos os lados,
→
teremos uma expressão escalar para o empuxo, aqui E = |E|. Além disso, perceba
que a última igualdade revela que o peso do bloco é igual ao peso do fluido
deslocado:
ρg V =
mg ; (3.19)
m flu g = mbloco g
Fp ; flu = Fp ; bloco
ρ flu g V =
ρobj Vg
m flu g = mobj g
Fp ; flu = Fp ; obj .;
Fp ; flu = Fp ; obj .
188
TÓPICO 2 | HIDROSTÁTICA
→ → → →
E sempre que E > Fp (ρflu > ρobj), o objeto flutuará, mas sempre que E < Fp (ρflu <
ρobj), o objeto afundará. Dividindo as intensidades das forças peso envolvidas,
encontramos a densidade relativa ρR:
Fp ; obj mobj ρobj Vobj ρobj
ρ=
R
= = = . (3.22)
Fp ; flu m flu ρ fluV flu ρ flu
DICAS
189
RESUMO DO TÓPICO 2
190
AUTOATIVIDADE
191
192
UNIDADE 3
TÓPICO 3
HIDRODINÂMICA
1 INTRODUÇÃO
Até aqui investigamos a natureza dos fluidos em condição de equilíbrio
estático. Entretanto, há uma descrição para seu movimento. Ela tira vantagem dos
conceitos de pressão que investigamos anteriormente e também da continuidade
de algumas quantidades físicas dos fluidos, através de superfícies fechadas. As
energias potenciais e cinéticas e potencial também contribuem para a dinâmica
dos fluidos.
2 O ESCOAMENTO DE UM FLUIDO
Observe a Figura 13, ela apresenta um tijolo voando pelos ares, a uma
velocidade v, considerada alta o bastante para que os efeitos aerodinâmicos
comecem a se fazer notar. Como o tijolo se move da esquerda para a direita, a
porção fronteira se depara com um acúmulo de ar, isso cria uma zona de alta
pressão na parte frontal do tijolo.
FIGURA 13 – ARRASTO
FONTE: O autor
193
UNIDADE 3 | FLUIDOS, HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA
F
P= ; (3.23)
A
dF dPdA
= = adm;
dPdA = aρdAdz;
1 dP
a= ;
ρ dz
1
a =− ∇P.
ρ
dm =
ρdV =
ρdAdz; (3.24)
∂ ∂ ˆ ∂ ˆ
∇=P iˆ + j + k P. (3.25)
∂x ∂y ∂z
194
TÓPICO 3 | HIDRODINÂMICA
m
ma =− ∇P; (3.26)
ρ
F =−V ∇P.
195
UNIDADE 3 | FLUIDOS, HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA
FONTE: O autor
FONTE: O autor
196
TÓPICO 3 | HIDRODINÂMICA
fluxo, que acaba se propagando para todas as camadas adjacentes. Todo o sistema
pode migrar para um comportamento absolutamente imprevisível, pelo menos
se pensarmos na quantidade de operações que devem ser feitas a cada momento
para descrever um fluxo turbulento. Essa transição pode ser vista na fotografia
Schlieren da Figura 16, nela vemos a convecção térmica da fumaça de uma vela,
em ar parado. Essa é uma técnica de fotografia desenvolvida pelo físico alemão
August Toepler (1836-1912), que utiliza um ajuste entre fontes de luz e lentes para
captar o movimento de fluidos no espaço. No caso da Figura 16, o experimento
foi fotografado pelo professor Gary Settles e a fumaça sobe laminarmente até uma
determinada altura, a aproximadamente 2/3 da base da vela.
ρuL uL
Re
= = . (3.27)
µ ν
197
UNIDADE 3 | FLUIDOS, HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA
DICAS
198
TÓPICO 3 | HIDRODINÂMICA
FIGURA 17 – SUSTENTAÇÃO
FONTE: O autor
199
UNIDADE 3 | FLUIDOS, HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA
FONTE: O autor
200
TÓPICO 3 | HIDRODINÂMICA
DICAS
A discussão sobre o voo dos aviões é antiga e muito interessante, muitos são os
ângulos que podem ser tomados como aproximação. Para um aprofundamento no tópico,
leia o artigo A dinâmica dos fluidos complementada e a sustentação da asa (WELTNER, K.
et al., 2001), publicado na Revista Brasileira de Ensino de Física. Nele os autores estudam as
forças aerodinâmicas que atuam na superfície de uma asa e exploram uma interpretação
newtoniana, sem deixar de lado a próspera interpretação do problema sob a ótica da
hidrodinâmica. Para isso fazem uso de fotos, figuras e esquemas pictóricos. Disponível em
<https://bit.ly/2QWMZa2>.
FONTE: O autor
201
UNIDADE 3 | FLUIDOS, HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA
∆φ = φ f − φi = 0 (3.29)
φi =φ f ;
vi Ai = v f A f ;
Ai
vf = v.
Af i
FONTE: O autor
202
TÓPICO 3 | HIDRODINÂMICA
F =−V ∇P; (3.30)
d
p =−V ∇P;
dt
d
p − V ∇P =0
dt
FONTE: O autor
203
UNIDADE 3 | FLUIDOS, HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA
µ
=
ν
(
Vg h f − hi )
Já a variação de energia cinética ∆K de um fluido sob tais condições
dependerá também da densidade, do volume, e da diferença dos quadrados das
velocidades do fluido nos dois pontos considerados.
1 1 1
∆K =
2 2 2
(
m v 2f − m vi2 = ρV v 2f − vi2 ; ) (3.32)
1µ
=
2ν
(
V v 2f − vi2 )
Note que tanto na equação (3.31) como na (3.32), é possível ainda entender
essas energias tanto em termos das viscosidades μ, quanto da viscosidade
dinâmica v. Em ambos os casos, as energias ∆U e ∆K variam diretamente com μ.
O que no primeiro caso pode ser mais explorado em termos do arrasto gerado
na queda e, no segundo caso, claramente está associado à eficiência do fluido em
ter seu estado de movimento alterado. Ou seja, quanto menor for a viscosidade
cinética v, mais eficientemente o fluido ganhará ou perderá energia cinética.
DICAS
204
TÓPICO 3 | HIDRODINÂMICA
Wf =Ff ∆s f =Pi A f ∆s f =− Pf ∆V ;
(
Wtot = Wi + W f =Pi ∆V + Pf ∆V = Pi − Pf ∆V . ) (3.34)
∂ ∂ ˆ ∂ ˆ
−V iˆ +
= j + k P ⋅ ds;
∂x ∂y ∂z
Wtot = ∆U + ∆K ;
1
( P − P ) ∆V = ρ∆Vg ( h
i f f ) (
− hi + ρ∆V v 2f − vi2 ;
2
)
1
( P − P ) =ρg ( h
i f f ) (
− hi + ρ v 2f − vi2 ;
2
)
1 1
Pi + ρghi + ρvi2 = Pf + ρgh f + ρv 2f ;
2 2
205
UNIDADE 3 | FLUIDOS, HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA
1
P + ρgh + ρv 2 = Γ. (3.37)
2
1
P + ρv 2 =Γ (3.38)
2
Agora fica mais fácil de compreender o que se passa na Figura 18, como há
a formação de um gradiente de potencial entre os dois lados da asa, é necessário
que a velocidade do fluido que passa pela área superior, mais longa, haja de
acordo, compensando a alteração de pressão de modo que a quantidade Γ se
conserve.
DICAS
206
TÓPICO 3 | HIDRODINÂMICA
FIGURA 23 – COMPARAÇÃO ENTRE (A) CHOQUE DE UMA PEDRA E (B) EFEITO COANDĂ,
QUANDO EM CONTATO COM UMA ESFERA MACIÇA
FONTE: O autor
FONTE: O autor
Isso cria ali uma zona de baixa pressão e já sabemos o que acontece quando
um gradiente de pressão se apresenta. No painel (b) vemos o resultado da força
líquida, originada no gradiente de pressão, empurrando o ar em uma direção que
coincide com a curvatura da superfície.
Este é o efeito Coandă, note que ele nos diz muito sobre como o ar flui
quando próximo a objetos. É por causa dele que você consegue empinar bolinhas
de tênis de mesa na coluna de ar de um aquecedor de cabelos, é por causa dele
que o vinho escorre pelo gargalo da garrafa.
207
UNIDADE 3 | FLUIDOS, HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA
Sua explicação para o fenômeno que vimos acima veio em 1934 e foi
com a patente relacionada ao efeito que ele construiu uma aeronave, Aerodina
Lenticulară, em formado de lente, cujo diagrama pode ser visto na Figura 26. Mas
o projeto não seguiu em frente por falta de interesse de investidores na pesquisa.
Henri Coandă morreu aos 86 anos de idade.
DICAS
208
TÓPICO 3 | HIDRODINÂMICA
Magnus diz que todo objeto que translada e rotaciona pelo ar é submetido
à aplicação de uma força como resposta ao gradiente de pressão gerado entre
as superfícies opostas do objeto. Observe a Figura 26, ela mostra duas bolas de
basquete que caem de uma determinada altura com velocidade de queda de → vq;b.
A bola da esquerda apenas translada, enquanto a da direita também rotaciona.
Considerando o ponto de vista da bola, o ar se move em relação a ela, gerando um
vento com velocidade vertical e de baixo para cima, →
vv.
FONTE: O autor
vt ;b
Note que a rotação da bola concede a ela uma velocidade angular ωb = r ,
relacionada ao raio →
r à velocidade tangencial →
vt;b da bola, esse grau de liberdade a mais
da bola da direita é transportado para o ar na superfície da bola através da soma dos
vetores de velocidade do vento e de velocidade tangencial da bola, de modo que a
velocidade total do ar naqueles pontos da bola girante fica:
vtot ; ar= vv ± vt ;b (3.39)
FONTE: O autor
210
TÓPICO 3 | HIDRODINÂMICA
211
UNIDADE 3 | FLUIDOS, HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA
FONTE: O autor
DICAS
212
TÓPICO 3 | HIDRODINÂMICA
LEITURA COMPLEMENTAR
Luiz Davidovich
“Uma teoria com beleza matemática é mais provável de ser correta do
que uma teoria feia que concorde com alguns dados experimentais” (Paul Dirac,
1902-1984).
No início do século 20, um grupo de jovens provoca uma revolução na
ciência, ao formular uma teoria que se afasta radicalmente dos conceitos clássicos:
a física quântica. Surge então uma nova visão da natureza: a luz comporta-se
ora como ondas, ora como se fosse constituída de corpúsculos; átomos e elétrons
poderiam também ter comportamento típico de ondas. O primeiro vislumbre
aparece com os trabalhos de Max Planck, em 1900 e de Albert Einstein, em 1905.
Os jovens responsáveis por essa reviravolta conceitual não tinham nenhuma ideia
sobre possíveis aplicações dessa nova física: movia-os a curiosidade e a paixão
pelo conhecimento.
Cem anos depois dos trabalhos de Planck, um artigo publicado na
revista "Scientific American" pelos físicos norte-americanos Max Tegmark e John
Archibald Wheeler mostrava que, no ano 2000, cerca de 30% do Produto Interno
Bruto (PIB) norte-americano eram baseados em invenções tornadas possíveis
pela física quântica, de semicondutores em chips de computadores a lasers em
reprodutores de CDs e DVDs, aparelhos de ressonância magnética em hospitais,
e muito mais.
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UNIDADE 3 | FLUIDOS, HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA
Mas a ciência não deve ser justificada apenas em função de suas possíveis
aplicações. Se assim fosse, como entender o entusiasmo em torno do anúncio,
em 2016, da detecção de ondas gravitacionais produzidas por uma colisão de
buracos negros, ocorrida há mais de um bilhão de anos, motivo de manchetes de
jornais em todo o mundo e do Prêmio Nobel de Física em 2017? Como entender
a fascinação provocada pela descoberta de um novo elo na evolução da espécie
humana?
FONTE: <https://blogs.oglobo.globo.com/ciencia-matematica/post/qual-o-proposito-da-ciencia.
html>. Acesso em: 7 dez. 2018.
Quem é Luiz Davidovich? Com graduação em Física pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (1968) e doutorado em Física pela
Universidade de Rochester (1975), nos Estados Unidos, a ênfase de suas pesquisas
está nos campos da óptica quântica e informação quântica, com foco nos temas:
emaranhamento quântico, descoerência, dispositivos para computação quântica,
reconstrução de estados quânticos, teoria do laser, metrologia quântica. Entre
seus prêmios recebidos, destacam-se a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito
Científico (2000) e o Prêmio TWAS de Física em 2001. Na presidência da Academia
Brasileira de Ciências (2016), deu início ao Projeto Ciência para o Brasil, com a
finalidade de elaborar propostas para o fortalecimento de setores estratégicos para
214
TÓPICO 3 | HIDRODINÂMICA
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RESUMO DO TÓPICO 3
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AUTOATIVIDADE
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5 Muitos são os efeitos hidrodinâmicos que atuam sobre fluidos que escoam
nas proximidades de superfícies, assim como muitos são aqueles que ocorrem
em objetos que se movem através de fluidos. Com isso em mente, indique
valores de verdadeiro (V) ou falso (F) para a sequência de proposições a
seguir:
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REFERÊNCIAS
AGUIAR, C. E.; RUBINI, G. A aerodinâmica da bola de futebol. Caderno
Brasileiro de Ensino de Física, v. 26, n. 4: p. 297-306, nov. (2004).
219
CARUSO, F. José Leite Lopes: ideias e paixões / organizado e editado por
Francisco Caruso”. – Rio de Janeiro: Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas –
CBPF, 1999. xiii, 142 p.
220
RAMOS, T. C.; VERTCHENKO, L. Uma abordagem experimental das
propriedades dos corpos deformáveis no ensino de física geral para os cursos de
engenharia. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 33, n. 1, 1502 (2011).
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