Costa, 2011
Costa, 2011
Costa, 2011
2011
À minha família, em especial à minha esposa Ana, pela paciência e por todo o
apoio prestado.
Por fim, mas jamais em último, aos meus amigos que, tal como em todas as
vicissitudes, sempre me transmitiram energia e ânimo.
palavras-chave saxofone, música contemporânea, ensino secundário, técnicas
contemporâneas para saxofone
abstract The proposit of this work is present a gap in the musical education, precisely in
the case of the saxophone.
The saxophone is a recent instrument with a very specific repertory and
contemporary. So it´s important give some attention to this problem. In the
curricular plans of the vocational music schools the contemporary music simply
not appears. In this work the concern is understand and make the context of
the problem with a reflection about the contemporary music and saxophone
teaching. More than this the objective is also understand the contemporary
music vantages concerning the technical and musical development of music
students. Also important it´s realize if and wich impact can have this musical
style in performance of the traditional repertory played in the secondary music
schools. In resume this work present the gap wich is the ausence of
contemporary music. At the same time present the contemporary music like a
valid possibility for the musical development of music students with the great
objective of give news opportunities and new musical experiences and at the
same time make a contribution for a largest comprehension of the musical
universe.
ÍNDICE
Páginas
Lista de Figuras 3
Lista de Tabelas 3
I. Contextualização do estudo 5
I.1. Introdução 5
III.2. Amostragem 22
1
IV.1. Apresentação dos dados obtidos na fase I da investigação 41
V. Conclusões 63
VI. Bibliografia 67
2
Lista de Figuras
Páginas
Lista de Tabelas
Páginas
3
4
I. Contextualização do estudo
I.1. Introdução
5
I.2. Razões para a escolha do tema
A escolha deste tema prende-se com o facto de existir pouca informação sobre
a aplicação da música contemporânea no ensino especializado da música,
nomeadamente nos conservatórios e academias. Se verificarmos os programas
aplicados ao ensino do saxofone podemos verificar que o repertório tradicional
é predominante. O percurso académico de um aluno é feito sempre com
recurso a este tipo de repertório. Por certo, este repertório é aquele que, “à
priori”, é considerado o mais eficaz e capaz de proporcionar ao aluno uma fácil
aquisição de competências. Porém, esta premissa será uma verdade absoluta?
6
De facto, o repertório de saxofone sofreu um grande desenvolvimento devido à
dedicação de diversos compositores franceses. Entretanto, o repertório
contemporâneo para saxofone foi crescendo devido a influências diversas. O
saxofone é um instrumento bastante versátil e com muitas potencialidades em
diversos géneros musicais. Devido a esta versatilidade vários compositores
tentaram explorar as suas possibilidades dando assim um contributo importante
para a criação de um repertório mais vasto e diversificado. Além disto, o
saxofone adaptou-se a novas linguagens musicais integrou novas técnicas por
influência de outros instrumentos. Ryo Noda é um bom exemplo da
versatilidade do saxofone, sendo um compositor bastante importante na
criação de repertório contemporâneo para o saxofone. As suas obras para o
instrumento têm influência da música japonesa, mais propriamente da música
Shakuhachi (Bunte, 2010). Entretanto, a introdução da tecnologia no âmbito
musical veio acrescentar ainda mais possibilidades para uma criação musical
ainda mais diversa. A música concreta e electroacústica são exemplos de
novas correntes musicais adoptadas pelo saxofone. Multiplicaram-se as obras
musicais para o saxofone com recurso à fita magnética com a exploração do
som. No que diz respeito à musica concreta Schaeffer foi o seu grande
impulsionador criando os conceitos de objecto sonoro e escuta reduzida
(Bittencourt, 2009). Entretanto, o repertório de saxofone também foi sendo
alargado devido à criação de obras musicais com recurso à electroacústica. A
manipulação e gravação dos sons acústicos são uma parte do trabalho desta
nova linguagem musical. A conjugação do saxofone (instrumento acústico) com
estes novos meios e recursos permitiram criar um repertório distinto e variado.
Segundo Bittencourt, este vasto leque de possibilidades permite um
alargamento dos horizontes do ponto de vista da composição e da performance
musical.
Entretanto, é importante frisar que este estudo não contempla estas novas
linguagens musicais modernas. As performances destas linguagens musicais,
normalmente, são de elevada dificuldade e exigem uma maturidade musical
assinalável por parte do performer. Este estudo aborda uma linguagem musical
diferente. As obras contemporâneas e materiais pedagógicos usados na
presente investigação não integram a música electrónica.
7
I.3. Enquadramento do estudo
8
I.4. Problemática e objectivos do estudo
9
10
II. Revisão Bibliográfica
Para além das aulas, os alunos são avaliados através de exames trimestrais ou
semestrais, assim como através da sua participação em audições e recitais.
Nos exames os alunos cumprem um programa com a mesma estrutura de uma
11
aula normal. Entretanto, os alunos participam em audições e recitais de forma a
melhorar as suas competências musicais e performativas.
12
II.2. Música Contemporânea
Por sua vez, o dodecafonismo representa uma nova forma de criação musical.
O sistema tonal é considerado como um sistema esgotado e os compositores
tendem a procurar novas alternativas. Os compositores mais notáveis que
tiveram um papel preponderante no serialismo foram A. Schönberg, A. Berg e
A. von Webern. O dodecafonismo baseia-se na criação de uma série de doze
sons. A série pode ser organizada de diversas formas podendo manipular
vários parâmetros como intensidade, altura e ritmo. Esta nova forma de
13
composicional apresenta inúmeras possibilidades tornando-se num método de
composição “virtualmente infinito” (Kozu, sem data).
14
“…um dos principais aspectos do ensino da música seria desenvolver a
habilidade de apreciação para possibilitar uma experiência estética e musical
mais rica” (Bradley, 1971).
Tendo em conta esta ideia pode referir-se que o ensino musical deveria ser
abrangente de forma a abordar todos os géneros musicais possibilitando a
compreensão de diferentes linguagens e estéticas musicais. Assim sendo, tal
como referido anteriormente, devido à ausência da música contemporâneo no
nível secundário do saxofone podemos depreender uma lacuna na formação
dos alunos. Esta lacuna torna-se ainda mais notória quando os alunos
prosseguem os estudos a nível superior. É nesta fase que os alunos se
deparam com uma grande parte de repertório contemporâneo como uma
linguagem diferente e com um grau de dificuldade acentuado. De forma a
perceber esta realidade podemos destacar algumas das razões que levam à
ausência da música contemporânea no ensino secundário da música.
Um estudo elaborado por Boal Palheiros et al. (2006) aponta várias razões
para que a música contemporânea tenha pouca aceitação e a sua
implementação seja rara neste nível de ensino. Entre outras, prendem-se com
o facto deste género musical integrar melodias difíceis de cantar, compassos e
ritmos irregulares de difícil execução, sons electro - acústicos, harmonia atonal.
Segundo o autor, estes elementos “perturbam o senso de equilíbrio na
apreciação estética”.
15
falta de conhecimento, medo que se transformam numa apreensão na
abordagem deste tipo de repertório.
“The general attitude towards the very words contemporary classical music is
often one of apprehension, fear, and misconception.” (Mckay, 2007) Esta
afirmação faz transparecer e permite-nos perceber a forma como a música
contemporânea é encarada no ensino da música.
16
II.4. Ensino e Aprendizagem da Música Contemporânea
17
contemporânea comece a desenvolver uma relação de proximidade com este
género musical. Este trabalho é feito com alunos de flauta e que estão a iniciar
os seus estudos no instrumento. O intuito deste estudo é apresentar e explorar
novas sonoridades abordando a música contemporânea fazendo com que este
género musical não seja subestimado. Durante este estudo os alunos são
incentivados a escutar obras de carácter contemporâneo, criando assim um
contacto com novas sonoridades. Porém antes de este projecto ter início,
através de um questionário, tentou-se compreender quais os conhecimentos
dos alunos relativamente à música contemporânea, sendo que no final do
projecto o teste será repetido para tentar perceber se houve alguma alteração,
por parte dos alunos, no que diz respeito às posições e concepções
demonstradas inicialmente. Este projecto torna-se bastante interessante, pois
mais do que a familiarização dos alunos com a música contemporânea, estes
têm oportunidade de compreender, apreender novas técnicas e linguagem
distinta através do instrumento.
18
II.5. Vantagens da aprendizagem da música contemporânea
19
perceber se o estudo deste género musical pode ter, ou não, alguma influência
no desenvolvimento técnico e musical e consequente influência na
performance do repertório musical maioritariamente tradicional usado como
ferramenta pedagógica preponderante e dominante durante o percurso
académico musical. Para tal foi elaborado um estudo que inclui dois alunos do
ensino secundário, ambos a frequentar o 6º grau de saxofone. Reitero que a
intenção deste estudo não é discutir ou pôr em causa o uso de repertório
tradicional na aprendizagem musical, mas sim explorar uma linguagem musical
distinta. Para tentar perceber e compreender os pressupostos descritos
anteriormente, foi elaborada uma investigação cujas características e linhas
orientadoras serão descritas posteriormente.
20
III. Metodologia de Investigação
21
III.2. Amostragem
22
III.3. Apresentação esquemática da investigação
André Madalena
Sólo de
concerto de J.
B. Singelée
Análise da Análise da
Performance performance
Comparação/Avaliação
Análise da Análise da
performance performance
Comparação/Avaliação
Análise da Análise da
performance performance
Comparação/Avaliaç
ão
23
III.4. Descrição da investigação
Numa primeira parte, será entregue aos alunos uma obra do repertório
tradicional de saxofone. Cada aluno terá uma semana para preparar a obra
musical sendo sujeito a uma avaliação com base em critéiros e parâmetros de
avaliação pré-definidos. A obra escolhida foi o sólo de concerto de J. B.
Singelée.
Na segunda fase deste estudo será entregue a cada aluno uma obra do
repertório contemporâneo. Também nesta fase, o aluno terá ma semana para
poder preparar uma performance com esta obra musical. Nesta fase, os alunos
também serão avaliados com recurso a critérios de avaliação adequados de
forma a perceber as concepções prévias, dificuldades ou necessidades que
cada aluno poderá ter em relação a este repertório. A obra escolhida para esta
fase do estudo foi a Improvisation 1, pour saxophone alto Seul de Ryo Noda
(1972).
24
Nas tabelas seguintes (tabela 1; tabela 2; tabela3; tabela 4) podemos verificar
os conteúdos programáticos usados durante o estudo de repertório
contemporâneo para saxofone. Especificamente, os materiais pedagógicos
usados têm como objectivo apoiar os alunos na abordagem de técnicas
contemporâneas para saxofone com o intuito de fornecer um suporte para o
desenvolvimento de competências no que diz respeito à performance da
música contemporânea. As seguintes tabelas são importantes para estabelecer
objectivos, assim como ajudam a compreender a aplicação dos materiais
pedagógicos e seus conteúdos durante a investigação. Pela análise das
tabelas pode depreender-se que o tempo de investigação e consequente
tempo proporcionado para os alunos desenvolverem as suas competências
não é muito alargado. Contudo, foi possível planear o estudo das técnicas
contemporâneas mais básicas inerentes à prática da música contemporânea.
25
Tabela 1: Planificação do estudo do repertório contemporâneo para o mês de Janeiro.
Janeiro
26
Tabela 2: Planificação do estudo do repertório contemporâneo para o mês de Fevereiro.
Fevereiro
Slap tongue
“Quarter Tones”
27
Tabela 3: Planificação do estudo do repertório contemporâneo para o mês de Março.
Março
Slap tongue
“Overtone Exercises”
“Overtone Exercises”
28
Tabela 4: Planificação do estudo do repertório contemporâneo para o mês de Abril.
Abril
Estudo nº2
Estudo nº3
29
Numa última fase, será entregue aos alunos uma obra do repertório tradicional.
Cada aluno terá que executar a obra musical sendo sujeito a avaliação. Esta
avaliação será feita de forma a compreender a evolução dos alunos no que diz
respeito à performance. Nesta fase, é fundamental perceber se o estudo de
repertório contemporâneo pode potenciar um maior desenvolvimento técnico e
musical e consequente influência na execução do repertório tradicional do
instrumento. A obra escolhida parte esta fase é Fantasie Brilhante de J. B.
Singelée.
30
Tabela 5: Descrição dos critérios de Avaliação.
Critérios de Avaliação
31
III.5. Descrição dos materiais pedagógicos e seus conteúdos
Este método pode ser encarado como uma iniciação à técnica e linguagem
contemporâneas. Os seus conteúdos são variados e distintos e proporcionam
ao estudante uma abordagem a novas técnicas contemporâneas de forma
sequencial e progressiva. Neste método são abordados temas como a variação
tímbrica, intervalos de ¼ tom, multifónicos, vibrato, glissando, flatter, slap,
efeitos percurssivos (com o uso das chaves do instrumento), sons com recurso
do ar, entre outros. Estas são as principais técnicas abordadas neste método,
embora existam outras presentes que derivam das técnicas descritas
anteriormente.
Contudo, seria muito difícil abordar todos os temas, assim como os seus
diversos conteúdos tendo em conta que o período da investigação é
relativamente curto. Consequentemente, no plano de estudos elaborado foram
contemplados temas como a variação tímbrica, intervalos de ¼ tom e
multifónicos.
1
R. L. Caravan foi professor de clarinete e saxophone na Syracuse University Setnor School of Music
desde 1980. Diplomou-se em clarinete na escola Eastman School of Music onde também terminou o
mestrado de artes em teoria e doutorou-se em educação musical. Como performer R. L. Caravan teve
uma vasta experiência tanto como saxofonista e clarinetista. Como compositor publicou diversos
trabalhos, nomeadamente materiais pedagógicos para clarinete e saxofone. Dr. Caravan foi presidente da
North American Saxophone Alliance e actualmente colabora como a revista New York State School Music
News assim como com a New York State School Music Association. (http://vpa.syr.edu/directory/ronald-
caravan)
32
cavidade oral. A conjugação de todos estes factores irá permitir um
desenvolvimento do controlo da sonoridade e, eventualmente, possibilitar uma
evolução no que diz respeito à qualidade do som. Contudo, deve ser
evidenciado que estes estudos, apesar de serem de fácil leitura melódica e
rítmica, apresentam uma dificuldade acrescida para o aluno. Nos estudos
tradicionais, o aluno apenas tem que se preocupar com a leitura da informação
que está na pauta musical. Nos estudos contemporâneos como os que estão
aqui em causa, o aluno tem que conseguir descodificar a informação presente
na pauta, assim como deve ser capaz de ler as digitações alternativas a aplicar
em cada nota. Tal como o autor defende, numa fase inicial, o aluno é quase
obrigado a focar mais a sua atenção nas digitações alternativas do que na
pauta musical. “It will probably be necessary for the saxophonist to focus his
eyes more on the fingering diagrams than on the music notation in the course of
playing, at least in the early stages” (Caravan, 1980).
33
Numa primeira fase, o aluno deve tocar cada intervalo separadamente, de
seguida praticar pequenas sucessões intervalares e, finalmente, praticar
escalas. Assim sendo, será possível mecanizar as digitações alternativas a
aplicar e desenvolver melhor as capacidades técnicas na execução destes
intervalos. Contudo, o aluno deve ter muita atenção à afinação, para que os
intervalos sejam bem definidos.
34
competências implícitas e potenciadas por estas técnicas contemporâneas
deve ter atingido um nível de performance e solidez técnica. O domínio da
embocadura, emissão do ar, correcta produção do som e destreza técnica
devem ser bases muito bem assimiladas. De outra forma, quando existem
lacunas relativamente às bases técnicas do instrumento, o estudo destas
técnicas pode causar efeitos adversos. Devido ao grau de dificuldade destas
técnicas, o aluno pode não conseguir assimilar e colocar em prática os
exercícios propostos. Consequentemente, o aluno pode sentir dificuldades
acrescidas e sentir frustração durante o processo de aprendizagem. É muito
importante reiterar que, para existir evolução, o aluno esteja no estádio de
performance e desenvolvimento cujas bases técnicas e musicais estejam
sólidas, assim como é muito importante que o aluno tenha feito todo o trabalho
de base através de métodos e ferramentas pedagógicas capazes de potenciar
a assimilação, sistematização e prática dos processos básicos e essências ao
domínio do saxofone.
2
Sigurd M. Rascher nasceu na Alemanha em 1907 iniciando a sua carreira em 1930 como clarinetista,
embora mais tarde se dedicasse ao saxofone, tornando-se um performer de excelência. A sua
experiência musical foi vasta. Como instrumentista tocou inúmeros concertos nos maiores centros
musicais europeus, assim como tocou com grandes orquestras europeias, e americanas, como Boston
Philarmonic Orchestra, Philadelphia Orchestra, entre outras. As suas capacidades técnicas e musicais
despertaram o interesse de vários compositores para o saxofone, sendo-lhe dedicadas várias obras
musicais. Sigurd M. Rascher também foi um ícone do ensino do saxofone. A sua experiência pedagógica
também bastante alargada. Foi professor em diversos conservatórios, nomeadamente no Royal Danish
Conservatory, Malmö Conservatory, assim como também, depois de radicado nos Estados Unidos da
América, nas Universidades de Michigan, Easteman School of Music. Sigurd M. Rascher tornou-se uma
referência incontornável do saxofone, assim como a sua obra foi preponderante no desenvolvimento do
saxofone.
35
registo do saxofone são designados como sobre – agudos e são produzidos
através do uso de “false – fingers” (posições falsas ou digitações não
convencionais). Cada digitação alternativa foi pensada para que não fosse
muito complexa tecnicamente, assim como fosse capaz de proporcionar cada
som com a máxima precisão relativamente à afinação. Para conseguir evoluir e
dominar esta técnica, o método em questão apresenta diversos exercícios que
devem ser praticados frequentemente, cada competência deve ser muito bem
assimilada e praticada para que os efeitos sejam os desejados e possa haver
sucesso na aprendizagem. Contudo, o aluno deve deter um bom domínio
técnico do instrumento, nomeadamente da reprodução do som dentro do
âmbito normal do instrumento, afinação e vibrato.
36
“Terrace Dynamics” propõe um trabalho específico no domínio das dinâmicas.
Cada dinâmica, desde o pianíssimo até ao fortíssimo deve ser trabalhada
separadamente em todo o registo do instrumento. De acordo com o autor, cada
nota deve ser produzida numa determinada dinâmica e terminada exactamente
na mesma dinâmica, sem nunca haver qualquer oscilação dinâmica. Aqui
propõe-se uma separação entre cada nível de intensidade, criando assim
planos dinâmicos separados, assim como um âmbito dinâmico mais alargado.
Tal como anteriormente, é proposto que o aluno faça estes exercícios e
desenvolva as competências exigidas através do estudo de notas longas para
que possa identificar e corrigir potenciais falhas ou dificuldades.
37
“Natural Overtones” constitui um grande desafio para o aluno. Nesta fase é
importante existir um bom treino mental e capacidade de ouvir internamente os
sons. “Tone Imagination” assume uma importância capital para a realização
dos exercícios apresentados no presente capítulo. É essencial que a
embocadura e a emissão do ar sejam dois aspectos muito bem dominados.
“Fingers for Tones above Top F” consiste na apresentação das digitações que
permitem a produção de sons fora da escala do saxofone. Contudo, deve ser
ressalvado que estes exercícios só devem ser praticados após a realização dos
exercícios precedentes. Para uma maior sistematização e desenvolvimento
relativamente a estes exercícios, o aluno deve praticar os exercícios
apresentados em “Special Exercises”. Estes exercícios devem ser praticados
lentamente e legatto. A mecanização das posições e capacidade de execução
dos sons acima do registo do saxofone são desenvolvidas com o estudo destes
exercícios.
38
“10 Pièces pour saxophone solo” – G. Gastinel3
3
Gérard Gstinel nasceu em Lyon, em 1949. Estudou no Conservatório Superior de Música e Dança de
Paris. Posteriormente, em 1979 foi nomeado professor do Conservatório Nacional Superioi de Música e
Dança de Lyon, leccionando diversas disciplinas, nomeadamente piano, harmonia, contraponto, estética,
composição, entre outras. Gérard Gastinel estudou composição com Olivier Messiaen durante cinco anos.
Contudo, foi aperfeiçoando-se com compositores como L. Berio, K. Stockhausen, entre outros. O
compositor possui um vasto e variado repertório, incluindo repertório orquestral, música de câmara,
música vocal, bandas sonoras, ballets. As obras de Gérard Gastinel têm tido bastante aceitação e têm
sido tocadas em diversos festivais e concertos.
4
Ryo Noda nasceu no Japão, em 1948 e tem sido aclamado no hemisfério musical ocidental pelas suas
inovadoras técnicas composicionais. O compositor representa um novo expoente da música japonesa
para o saxofone. Entretanto, o seu repertório inclui obras musicais de carácter ocidental do período
barroco, clássico e romântico. Ryo Noda formou-se em saxofone na Universidade de Northwestern e no
Conservatório de Bordeaux. Foi galardoado duas vezes com o Osaka Art Festival Prize e, em 1986 e
1989, foi galardoado com os prémios Osaka Prefecture Award e Grand Prix of the Yamaha Electone
Festival, respectivamente. Como compositor, foi reconhecido em 1973 quando ganhou o SACEM
Composition Prize.
39
características próprias permitem ao aluno desenvolver novas capacidades,
alargar as suas perspectivas musicais e o seu universo musical.
40
IV. Apresentação e discussão de resultados
41
Evidenciou necessidade de desenvolver a compreensão da frase
musical;
Tal como na primeira fase, objectivo desta fase da investigação é fazer uma
avaliação das competências técnicas e musicais dos alunos no que diz respeito
à performance do repertório contemporâneo. Para tal, foi proposto aos alunos
A e B a execução de Improvisation 1, pour saxophone alto Seul de Ryo Noda
(1972).
Dificuldades de leitura;
Dificuldades rítmicas;
Apresentou falta de compreensão da notação;
Falta compreensão estilística da obra musical;
Demonstrou pouco domínio de recursos técnicos como glissandos,
flatter e vibratto;
42
IV.3. Descrição e apresentação dos dados obtidos na fase III da
investigação
43
IV.3.1. Análise da prestação dos alunos durante a implementação do
repertório contemporâneo
44
ar. Estes exercícios pretendem ajudar o aluno no controlo destas competências
mencionadas.
45
Entretanto, os alunos, demonstraram alguma dificuldade no que diz respeito ao
domínio do tempo durante a performance. Isto foi notório, devido ás
dificuldades técnicas enumeradas anteriormente, assim como devido ao facto
de os alunos não estarem habituados a ler e processar tanta informação em
simultâneo. Para além de ler a melodia, o ritmo, as dinâmicas, os alunos têm
que ler e aplicar diferentes digitações, muitas vezes, digitações complexas que
exigem grande domínio técnico e destreza técnica.
“Sustained Tones”;
“Uniformity of Tone Character”;
“Tone Imagination”;
“Overtone Exercises”.
46
Imagination” pode considerar-se que é uma preparação para atingir o domínio
técnico na reprodução de “Overtones” (harmónicos do saxofone). Assim sendo,
surge o capítulo “Overtone Exercises” como uma ferramenta para desenvolver
esta nova competência técnica.
47
Figura 2: Excerto de um exercício do capítulo “overtones” do método “Top Tones for
Saxophone” de S. Rascher.
48
Tones” o aluno evidenciou ainda algumas dificuldades técnicas revelando
algumas limitações na aplicação das digitações alternativas inerentes aos
intervalos semi – cromáticos.
49
Na aula do dia 18 de Fevereiro de 2011 foram abordados os seguintes
conteúdos:
“Quarter Tones”;
“Quater Tones Fingerings for Saxophone”: estudo nº 1.
50
Na aula de 4 de Março foram abordados os seguintes conteúdos:
“Overtone Exercises”;
A razão pela qual este conteúdo foi abordado de forma isolada nesta aula
prende-se com o facto de os alunos, após uma abordagem inicial a este tema,
51
demonstrarem mais dificuldades na aquisição de competências inerentes a
esta matéria.
“Overtone Exercises”;
52
Relativamente a “Overtone Exercises”, o aluno A, assim como o aluno B
evidenciaram melhorias na execução dos exercícios demonstrando um domínio
mais consistente das competências inerentes a este capítulo.
54
Na aula do dia 15 de Abril de 2011 foram abordados os seguintes conteúdos:
Estudo nº2;
55
em causa não tem um compasso, métrica ou armação de clave definida. As
barras de compasso foram completamente banidas e a notação utilizada faz
entender uma forma de escrever mais livre apelando à capacidade
interpretativa do executante. Durante este estudo, os alunos podem aplicar
conhecimentos e competências desenvolvidas durante o estudo do repertório
contemporâneo, nomeadamente domínio de multifónicos, flatter e acelerando
escrito.
Estudo nº3
Esta aula também teve como objectivo perceber o desenvolvimento dos alunos
relativamente ao repertório contemporâneo. Assim sendo, foi escolhido o
56
estudo nº 3 de G. Gastinel para esta aula. Maioritariamente, este estudo apela
ao domínio de um conteúdo programático específico abordado diversas vezes,
nomeadamente, Overtones (“Top – Tones for the Saxophone” – Sigurd
Rascher). Além disto, o domínio de flatter também é necessário para o sucesso
na execução deste estudo. Se o aluno dominar as técnicas enunciadas
anteriormente não existirão dificuldades na execução deste estudo. Assim
sendo este estudo não pressupõe uma complexidade técnica ou rítmica muito
elevada. Contudo, a simplicidade do estudo torna-se um desafio para o aluno
na medida em que exige a criação e implementação de novos conceitos
expressivos, performativos e musicais.
57
Após implementação do repertório importa perceber até que ponto as técnicas
contemporâneas apresentadas no plano de estudos podem ter influência na
performance do repertório tradicional. No fundo pretende-se compreender se o
desenvolvimento destas novas competências e recursos musicais podem-se
traduzir melhorias na performance de repertório tradicional. Numa primeira
análise esta é a principal questão. Posteriormente, importa perceber se os
resultados deste trabalho podem dar resposta à problemática e objectivos do
estudo proposto e apresentado inicialmente.
58
contemporâneas inerentes à linguagem musical contemporânea e seu impacto
na performance do repertório tradicional.
59
Por sua vez, o aluno B evidenciou um maior conhecimento da linguagem
musical contemporânea. No que diz respeito à leitura e compreensão da
notação, conhecimento das técnicas contemporâneas o aluno demonstrou
possuir maior informação. Contudo, este aluno evidenciou lacunas e
necessidades bastante semelhantes com aquelas demonstradas pelo aluno A.
Estas dificuldades eram evidentes no que diz respeito ao domínio das
digitações alternativas necessárias à produção de multifónicos e variações
tímbricas. Além disso, a produção de overtones e a execução de glissandos
também impuseram dificuldades. Contudo, é importante referir uma diferença
substancial entre os alunos. Perante as dificuldades técnicas e musicais que a
linguagem e técnica contemporâneas impunham o aluno B demonstrou mais
capacidades de compreensão e assimilação de competências revelando uma
maior eficácia na transposição das suas limitações. Apesar das dificuldades foi
possível verificar uma evolução no que diz à homogeneidade sonora, mais
domínio técnico, melhor controlo da emissão ar e mais facilidade na produção
de sobre – agudos (sons acima do registo do saxofone). Assim sendo, o aluno
evidenciou maior desenvolvimento técnico e musical e consequentemente
conseguiu atingir níveis de performance mais elevados.
60
demonstraram evolução ou desenvolvimento significativo. Do ponto de vista
técnico podemos inferir um impacto positivo que o estudo da música
contemporânea pode potenciar. Quanto às competências musicais não foi feita
uma avaliação comparativa devido à óbvia diferença estética entre o repertório
tradicional e contemporâneo. Contudo, é importante referir o estudo de
repertório contemporâneo parece ter uma contribuição preponderante para o
aluno na medida em que potencia novas experiências desenvolvendo novos
conceitos musicais e estéticos que permitem uma visão mais alargada do
espectro musical por parte dos alunos.
61
62
V. Conclusões
63
pedagógicos usados nesta investigação (estudos, obras musicais e métodos)
são passíveis de ser utilizados na introdução à linguagem contemporânea
desde que implementados de forma sequencial e progressiva. Contudo,
existem alguns estudos e exercícios específicos que devem ser abordados com
bastante cuidado devido à sua complexidade. Sobretudo, deve haver a
preocupação de implementar este repertório tendo em conta que os alunos
possuem bases técnicas e musicais suficientemente consolidadas sob pena de
não conseguir atingir os resultados desejados do ponto de vista evolutivo.
64
Apesar de tudo, este trabalho aponta para a existência de uma limitação do
ensino da música no ensino secundário, especificamente relativamente ao
ensino do saxofone. Entende-se que a música contemporânea não está
incluída no percurso académico dos alunos. Contudo, esta investigação
demonstra que é possível abordar uma linguagem musical distinta, capaz de
potenciar diversos tipos de competências diferenciadas. São apontadas
vantagens, possíveis desvantagens e algumas conclusões. Através dos
indicadores deste trabalho, sugere-se que esta problemática carece de mais
estudo. Futuramente, poder-se-á construir e analisar um plano de estudos que
integrasse a música contemporânea no ensino secundário da música, de forma
a complementar a formação dos alunos, perspectivando a melhoria da sua
preparação.
65
66
VI. Bibliografia
Bunte, J. (2010). A Player´s Guide to the Music of Ryo Noda: Performance and
Preparation of Improvistaion I and Mai. Dissertação de Doutoramento em Artes
Musicais, Uiversidade de Cincinnati.
67
Ferreira, M. (1998). Metodologia da Investigação – Aprofundamento Temático.
In H. Carmo & M. Ferreira, Metodologia da Investigação – Guia para a auto –
aprendizagem, Lisboa: Universidade Aberta, p. 169 – 272.
Molina, S. (sem data). Música Modal, Música Tonal; Música Atonal I. URL:
http://www.cmozart.com.br/Artigo8.php (consultado em 17/02/2011).
Molina, S. (sem data). Música Modal, Música Tonal; Música Atonal II: O
Atonalismo. URL: http://www.cmozart.com.br/Artigo9.php (consultado em
17/02/2011).
Rascher, S. (1977). Top – Tones for the Saxophone. New York: Carl Fischer.
68