Manuel de Sousa Sepúlveda
Manuel de Sousa Sepúlveda
Manuel de Sousa Sepúlveda
Da Construção
3.1.
Da Literatura Portuguesa no século XVI
1
FERREIRA, Joaquim. História da Literatura Portuguesa. Porto: Editorial Domingos Barreira,
s/d, p. 194.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
39
extenso manual de teoria da literatura, Aguiar e Silva define uma geração literária
como
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
40
5
BRAGA, Teophilo. História da Literatura Portuguesa. Porto: Livraria Chardron, 1909, pp. 507-
507.
6
HAUSER, Arnold. História Social da Arte e da Literatura. Tradução: Álvaro Cabral. São Paulo:
Martins Fontes, 1998, p. 338.
7
Ibidem, p. 340.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
41
Porque a natural condiçam dos Portugueses é nunca escreverem cousa que façam,
sendo dinas de grande memória, muitos e mui grandes feitos de guerra, paz e
vertudes, de ciência, manhas e gentileza sam esquecidos. Que, se os escritores se
quisessem acupar a verdadeiramente escrever, nos feitos de Roma, Tróia e todas
outras antigas crônicas e estórias, nam achariam mores façanhas, nem mais
notáveis feitos que os que dos nossos naturaes se podiam escrever, assi dos tempos
passados como d’agora [...]; e muita parte da Etiópia, Arábia, Pérsia e Indeas, onde
tantos reis mouros e gentios e grandes senhores páreas e trebutos, e muitos deles
pelejando por nós, debaixo da bandeira de Cristos, com os nossos capitães, contra
os seus naturaes, conquistando quatro mil leguas por mar, que nenhuas armadas do
8
FALCON, F. A cultura renascentista portuguesa. In: Semear 1.Revista da Cátedra Padre Antônio
Vieira de Estudos Portugueses. Rio de Janeiro: Nau, 1997, p. 21.
9
Ibidem, pp. 23-24.
10
SARAIVA & LOPES. Op. Cit., p. 180.
11
Ibidem, pp. 159-160.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
42
Soldam nem outro nenhum gram rei nem senhor nom ousam navegar com medo
das nossas, perdendo seus tratos, rendas e vidas; tornando tantos reinos e senhorios
com inumerável gente aa fee de Jesu Cristo, recebendo água do santo bautismo; e
outras notáveis cousas que se nam podem em pouco escrever.
Todos estes feitos e outros muitos d’outras sustâncias nam sam devulgados como
foram, se jente d’outra naçam os fizera.12
[...]
Calecute, e cananor
Malaca, tauriz menor,
Adem, jafo, interior,
todos veem por um portal.
[...]
Caryna, navegador,
navegou com muita dor,
nunca foi descobridor
deste tam rico canal.
12
RESENDE, Garcia de. Cancioneiro Geral. Tomo I. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda,
s/d, pp. 9-10.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
43
[...]
Jacobitas, abissínios,
catayos14, ultramarinos,
buscam godos, e latinos
esta porta principal.
O Evangelho de Cristo
cinco mil léguas [é] visto,
13
RESENDE, Garcia. Cancioneiro Geral. Tomo V. Coimbra: Imprensa da Universidade de
Coimbra, 1917, pp. 177-179. (com pequenas adaptações)
14
Chineses (de Cathay, nome da China na Idade Média)
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
44
[...]
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0721053/CA
[...]
[...]
E Manuel sobrepujante,
rei perfeito, reboante,
Sojugou mais por diante
Toda parte oriental.
15
RESENDE. G. Op. Cit., pp. 179-180.
16
Ibidem, pp. 181-182.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
45
[...]
[...]
17
SARAIVA & LOPES. Op. Cit., p. 162.
18
RESENDE. G. s/d, pp. 50-51, Tomo III.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
46
19
Ibidem, p. 315, Tomo II.
20
SÁ DE MIRANDA, Francisco de. Obras Completas. Lisboa: Sá da Costa, 1977, p. 83.
21
VICENTE, G. Antologia do teatro de Gil Vicente. 3ª ed. Introdução e estudo crítico por
Cleonice Berardinelli. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; INL, 1984, p. 8.
22
VICENTE. G. Op. Cit., p. 8.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
47
23
SARAIVA, António José. História da Literatura em Portugal. Lisboa: Gradiva, 1996, p. 231.
24
RAMOS. F.. Op. Cit., p. 232.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
48
Ó famoso Portugal!,
conhece teu bem profundo,
pois até o pólo segundo
chega o teu poder real.
25
Cf. VICENTE, Gil. Obras Completas. vol. IV. Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1963, p. 127.
26
RAMOS. F. Op. Cit., p. 239.
27
VICENTE. G. 1963, pp. 144-145.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
49
[...]
Ó Senhoras Portuguesas,
gastae pedras preciosas,
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0721053/CA
Ta la la la lão, ta la la la lão.
28
Ibidem, pp. 147-148.
29
Ibidem, p. 153.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
50
Ta la la la lão, ta la la la lão.
Ta la la la lão, ta la la la lão.
Ta la la la lão, ta la la la lão. 30
30
Ibidem, pp. 155-156.
31
HAUSER, Arnold. Maneirismo: a crise da renascença e o surgimento da arte moderna.
Tradução: Magda França. São Paulo: Perspectiva, 1976, p. 17.
32
HAUSER. A. (1998), p. 376.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
51
33
SARAIVA, s/d, p. 337.
34
CAMÕES, s/d, p. 158.
35
A esse respeito, ver o subcapítulo “Do mito ao mito” do presente estudo.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
52
3.2.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0721053/CA
36
CAMÕES. L., s/d, p. 353.
37
AGUIAR E SILVA, Vitor Manuel. Maneirismo e Barroco na Poesia Lírica Portuguesa.
Coimbra: Centro de Estudos Românicos, 1971, p. 229.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
53
38
Ibidem, p. 229.
39
Ibidem, p. 230.
40
Ibidem, p. 232.
41
Ibidem, p. 232.
42
Ibidem, p. 232.
43
Ibidem, p. 398.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
54
44
MADEIRA, Angélica. Livro dos naufrágios: ensaio sobre a História Trágico-Marítima.
Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2005, p.150.
45
AGUIAR E SILVA, V. M. (1971), pp. 39-40.
46
Ibidem, pp. 12-13.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
55
[...] as épocas históricas não se separam uma das outras segundo contornos nítidos,
mas interpenetram-se, imbricam-se, pois os sistemas de normas que regulam sua
vida não começam e acabam de maneira abrupta, mas à guisa das manchas de óleo.
No caso do Barroco há uma grande mancha, cujo núcleo está no Século XVII, mas
cujos contornos são formados de saliências e reintrâncias, e cujo próprio interior é
pontilhado de vácuos e falhas, como também dos períodos vizinhos não são
ausentes pequenas metástases de barroquismo.48
47
AGUIAR E SILVA, Vitor Manuel. Teoria da Literatura. 3ª ed. Coimbra: Livraria Almedina,
1973, pp. 404-405.
48
COUTINHO, Afrânio. Aspectos da Literatura Barroca. Rio de Janeiro: s.e., 1950, p. 22.
49
AGUIAR E SILVA, V. M. (1971), p. 409.
50
Ibidem, p. 410.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
56
51
AGUIAR E SILVA, V. M. (1973), p. 424.
52
AGUIAR E SILVA, V. M. (1971), p. 411.
53
SEIXO, Maria Alzira. Poéticas de viagem na literatura. Lisboa: Edições Cosmos, 1998, pp. 58-
59.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
57
54
Ibidem, p. 59.
55
Ibidem, pp. 150-151.
56
Ibidem, p. 151.
57
Ibidem, p. 151.
58
Ibidem, p. 151.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
58
As ruínas e fragmentos servem para criar as alegorias. É o que explica certos textos
barrocos, em que as palavras e as sílabas, extraídas de qualquer texto funcional, se
oferecem livremente à intenção alegórica. De certo modo, as cenas de martírio do
teatro barroco estão a serviço dessa intenção. O homem tem de ser despedaçado,
para tornar-se objeto de alegoria. O martírio, que desmembra o corpo, prepara os
fragmentos para a significação alegórica. Os personagens morrem, não para
poderem entrar na eternidade, mas para poderem entrar na alegoria.64
59
MONIZ, António Manuel de Andrade. A História Trágico-Marítima: identidade e condição
humana. Lisboa: Edições Colibri, 2001, p. 401.
60
COUTINHO, A. Op. Cit., p. 62.
61
MADEIRA, A. Op. Cit., p. 149.
62
Ibidem, p. 149.
63
Cf. BENJAMIN, Walter. Origem do drama barroco alemão. Tradução e apresentação: Sergio
Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 200.
64
ROUANET, S. P. In BENJAMIN, W. Op. Cit., p. 40.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
59
[...] estes escritos de perda integram-se a nosso ver numa sensibilidade barroca do
desengano, da ilusão, da miragem da fortuna [...] e de ostentação aos que,
passageiros do navio, frente à fome e à morte, trocam tais riquezas por bilhas de
água ou escassos alimentos deteriorados, numa inversão de valores que consagra a
maioria dos “topói barrocos”: o mundo ao contrário, a fragilidade dos bens
terrenos, os grandes contrastes, as dramáticas oposições.67
65
Cf. TENGARRINHA, José (org.). História de Portugal. Bauru, SP: EDUSC; São Paulo, SP:
UNESP; Portugal, PO: Instituto Camões, 2000, p. 63.
66
LANCIANI, Giulia. Os relatos de naufrágios na literatura portuguesa dos séculos XVI e XVII.
Tradução de Manuel Simões. Amadora: Instituto de Cultura Portuguesa, 1979, p. 26.
67
SEIXO, M. A. Op. Cit., p. 48.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
60
3.3.
Da História Trágico-Marítima
Gomes de Brito podem ser considerados como marcos dos séculos XVI, XVII e
XVIII em Portugal. Ocorridos em um período de meio século, de 1552 a 1602,
ocupam o espaço de meio mundo, da Europa à Ásia, em uma rota marítima
marcada tanto pelos sucessos quanto pelos insucessos desses navegantes. Se, por
um lado, se tem nas descobertas a glória da conquista, por outro, “o
desbravamento marítimo encetado pelos portugueses de Quinhentos teve também
o seu lado negro – o das perdas de vidas humanas, como resultado de navegações
mal sucedidas ou naufrágio”69.
A História Trágico-Marítima, “em que se escrevem cronologicamente os
Naufrágios que viveram as Naus de Portugal, depois que se pôs em exercício a
Navegação da Índia”70 é composta por doze narrativas, divididas por Bernardo
Gomes de Brito em dois tomos, cada um contendo seis relatos, publicados
respectivamente em 1735 e 1736, oferecidos ao rei D. João V, e publicados, na
Officina da Congregação do Oratório, em Lisboa. Há ainda um terceiro tomo –
considerado, por muitos estudiosos, apócrifo – o qual surge da alusão de Diogo
Barbosa Machado71 ao alegado trabalho de Bernardo Gomes de Brito que teria já
prontos mais três volumes. António Marco de Andrade Moniz, em seu exaustivo
68
MONIZ, A. Op. Cit., p. 400.
69
MARTINS, J. C. Op. Cit., p, 55.
70
Transcrição modernizada.
71
Escritor e bibliógrafo português, autor da Bibliotheca Lusitana, em 1741.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
61
seguir.
O primeiro, de autoria anônima, é a Relação da mui notável perda do
galeão grande São João, em que se contam os grandes trabalhos e lastimosas
cousas que aconteceram ao Capitão Manuel de Sousa Sepúlveda, e o lamentável
fim que ele e sua mulher e filhos e toda a mais gente houveram na Terra do Natal,
onde se perderam a 24 de junho de 1552. Acredita-se que a editio princeps deste
relato tenha sido publicada em 1554, dois anos após a ocorrência do famoso
naufrágio. A impressão foi dada a João Barreira, mesmo não havendo nesta
primeira edição nem o lugar da impressão nem o nome do impressor.73
O segundo é a Relação sumária da viagem que fez Fernão D’Álvares
Cabral, desde que partiu deste Reino por Capitão-mor da Armada que foi no ano
de 1553, às partes da Índia até que se perdeu no Cabo da Boa Esperança no ano
de 1554, Escrita por Manuel de Mesquita Perestrello, que se achou no Naufrágio.
A editio princeps deste relato consta como sendo de 1564, dez anos após o
naufrágio no extremo sul da África, sendo impressa por João Barreira.
O terceiro é a Relação do naufrágio da nau Conceição, de que era Capitão
Francisco Nobre, a qual se perdeu nos baixos de Pêro dos Banhos aos 22 dias do
72
MONIZ, A. Op. Cit., p. 31.
73
Cf. MONIZ, A. Op. Cit., pp. 36-37.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
62
mês de agosto de 1555. Escrita por Manuel Rangel, o qual se achou no dito
naufrágio: e foi depois ter a Cochim em janeiro de 1557. Sobre este relato não
consta a existência de qualquer edição anterior à compilação feita por Gomes de
Brito74, admitindo, assim, somente duas hipóteses sobre a sua primeira edição:
“ou existiu tal edição e perdeu-se; ou não existiu e o relato foi directamente
transcrito de um manuscrito, igualmente desaparecido”75. José Cândido de
Oliveira Martins, porém, indica o ano de 1620 como sendo o da primeira edição.
O quarto relato é a Relação da viagem e sucesso que tiveram as naus Águia
e Garça vindas da Índia para este Reino no ano de 1559. Com uma descrição da
cidade de Columbo, pelo Padre Manuel Barradas da Companhia de Jesus,
enviada a outro padre da mesma Companhia morador em Lisboa. Vale ressaltar
que a autoria deste relato é, na verdade, de Diogo do Couto, o qual já o havia
publicado em sua Década da Ásia, na editio princeps de Lisboa, em 1616.
Investigadores dos relatos de naufrágio foram induzidos por Gomes de Brito a
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0721053/CA
74
Cf. MONIZ, A. Op. Cit., p, 39.
75
Ibidem, p. 40.
76
Ibidem, p. 40.
77
Cf. MONIZ, A. Op. Cit., pp, 40-41.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
63
Escrita por Henrique Dias, criado do Sr. D. António, prior do Crato. Segundo
descobriu Boxer, [...] a edição anônima de 1565 corresponde a uma pequena parte
da versão britiana”78. Como Bernardo Gomes de Brito reconhece ter acrescentado
informações somente no oitavo relato, acredita-se que a primeira edição deste
relato, de 1565, seja somente uma versão abreviada do original manuscrito. Por
outro lado, há a possibilidade de existirem “dois manuscritos originais com dupla
versão, uma breve, outra extensa, dando origem às duas edições em presença
(1565/1735); ou existir um único manuscrito do qual se imprimiu apenas uma
pequena parte, por motivos comerciais ou outros”79.
No segundo volume, após as Licenças do Santo Ofício e o índice dos
naufrágios, estão os outros seis relatos, os quais também são enumerados a seguir.
O sétimo relato é o Naufrágio que passou Jorge de Albuquerque Coelho
vindo do Brasil para este Reino no ano de 1565. Escrito por Bento Teixeira Pinto,
que se achou no dito naufrágio. A edição de 1601 deste relato menciona a editio
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0721053/CA
78
Ibidem, p. 41.
79
Ibidem, p. 42.
80
Ibidem, p. 43.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
64
Sua Majestade, no ano de 1597, e impresso pela primeira vez no ano de 1597, em
Lisboa, por Alexandre de Sequeira.
Publicado pela primeira vez na compilação de Gomes de Brito, o décimo
primeiro relato é a Relação da viagem e sucesso que teve a nau São Francisco, em
que ia por capitão Vasco da Fonseca, na Armada, que foi para a Índia no ano de
1596. Escrita pelo Padre Gaspar Affonso, um dos oito da Companhia, que nela
iam.
E, finalmente, o décimo segundo relato, que é o Tratado das batalhas e
sucessos do galeão Santiago com os holandeses na Ilha de Santa Helena, e da
nau Chagas com os ingleses entre a Ilha dos Açores: ambas capitanias da
Carreira da Índia; e da causa e desastres porque em vinte anos se perderam
trinta e oito naus dela. Escrita por Merchior Estácio do Amaral. Acredita-se que
duas edições tenham sido publicadas em 1604, em Lisboa, ficando, assim, difícil
saber qual delas seria a editio princeps.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0721053/CA
81
TENGARRINHA, J. Op. Cit., p. 62.
82
SEIXO, M. A. Op. Cit., p. 70.
83
MONIZ, A. Op. Cit., p. 29.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
65
84
MONIZ, A. Op. Cit., p. 28.
85
Ibidem p. 420.
86
Ibidem, p. 7.
87
LANCIANI, G. Op. Cit., p. 42.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
66
88
MADEIRA, A. Op. Cit., pp. 25-26.
89
Ibidem, p. 28.
90
MONIZ, A. Op. Cit. p, 293.
91
LANCIANI. Op. Cit., p, 24.
92
MONIZ, A. Op. Cit. p, 293.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
67
[...] alguns investigadores vêem uma censura à cobiça e à empresa das descobertas,
considerando a História Trágico-Marítima uma espécie de reverso punitivo da
gesta dos Descobrimentos, eu entendo que é possível ver, pelo contrário, a imagem
negativa que o protocolo literário e mítico sempre atribui ao esforço heróico, feito
de desmesura e de ímpeto sobre-humano, de desafio aos deuses e, portanto,
susceptível de uma marca e de um efeito parcial de desastre que no entanto mais
93
SEIXO, M. A. Op. Cit. p. 70.
94
MONIZ, A. Op. Cit. p, 28.
95
DOMINGOS, Francisco Contente. “Navios e marinheiros” In: CHANDEIGNE, Michel. Lisboa
ultramarina: 1415-1580: a invenção do mundo pelos navegadores portugueses. Tradução: Lucy
Magalhães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992, p. 51.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
68
não faz que sublinhar a grandeza e o êxito do percurso efectuado e dos resultados
grandiosos alcançados.96
96
SEIXO. M. A. Op. Cit., p. 74.
97
Ibidem, p. 77.
98
Ibidem, p. 48.
99
MONIZ, A. Op. Cit. p. 7.
100
LANCIANI, G. Op. Cit., p, 33.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
69
[...] insistência com que os autores se preocupam em fornecer aos leitores uma
compensação moral para as vicissitudes, os perigos, os tormentos a que os próprios
leitores, ou pessoas a eles vizinhas, se encontrarão ou se encontraram
infalivelmente expostos em cada viagem ao ultramar. O aspecto mistificador, que
actua através da função desviante, reside na tentativa de acentuar as culpas
individuais ou o impenetrável querer do fatum para calar responsabilidades do
sistema.102
101
Cf. introdução de Alexei Bueno in: BRITO, Bernardo Gomes de. História Trágico-Marítima.
Apresentação Ana Miranda; introdução e notas Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Lacerda Editores:
Contraponto Editora, 1998, p. IX.
102
LANCIANI, G. Op. Cit., p, 33.
103
MONIZ, A. Op. Cit., p, 89.
104
AGUIAR E SILVA, V. M. Op. Cit., p, 230.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
70
3.4.
Do Naufrágio de Sepúlveda: a gênese do mito
Cousa é esta que se conta neste naufrágio para os homens muito temerem os
castigos do Senhor e serem bons cristãos, trazendo o temor de Deus diante dos
olhos para não quebrar seus mandamentos. Porque Manuel de Sousa era um fidalgo
mui nobre, e bom cavaleiro, e na Índia gastou em seu tempo mais de cincoenta
cruzados em dar de comer a muita gente, em boas obras que fez a muitos homens;
por derradeiro foi acabar sua vida, e de sua mulher e filhos, em tanta lástima e
necessidade, entre os cafres, faltando-lhe o comer e beber e vestir. E passou tantos
trabalhos antes de sua morte, que não podem ser cridos senão de quem lhos ajudou
a passar, que entre os mais foi um Álvaro Fernandes, guardião do galeão, que me
105
MONIZ, A. Op. Cit., pp. 281-282.
106
LANCIANI, G. Op. Cit., p. 51.
107
MONIZ, A. Op. Cit., p. 400.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
71
contou isto muito particularmente, que por acerto encontrei aqui em Moçambique
no ano de mil quinhentos e cincoenta e quatro.
E por me parecer história que daria aviso e bom exemplo a todos, escrevi os
trabalhos e morte deste fidalgo, e de toda a sua companhia, para que os homens que
andam pelo mar se encomendem continuamente a Deus, e a Nossa Senhora que
rogue por todos. Amen.108
Partiu neste galeão Manuel de Sousa, que Deus perdoe, para fazer esta
desventurada viagem de Cochim, a três de fevereiro do ano de cinquenta e dous. E
partiu tão tarde por ir carregar a Coulão e lá haver pouca pimenta, onde carregou
obra de quatro mil e quinhentas, e veio a Cochim acabar de carregar a cópia de sete
mil e quinhentas por toda, com muito trabalho por causa da guerra que havia no
Malavar. E com esta carga se partiu para o Reino, podendo levar doze mil; e ainda
que a nau levava pouca pimenta, nem por isso deixou de ir muito carregada de
outras mercadorias, no que se havia de ter muito cuidado pelo grande risco que
correm as naus muito carregadas.113
108
BRITO, Bernardo Gomes de. História Trágico-Marítima. Notas de Damião Peres. Porto:
Portucalense Editora, 1942, p. 13.
109
MARTINS, J. Op. Cit., p. 13.
110
Ibidem, p. 13.
111
MONIZ, A. Op. Cit. p. 222.
112
Ibidem, p. 13.
113
BRITO, B. G. Op. Cit., p. 6.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
72
As razões que davam para arribar foram que a nau era muito grande e comprida, e
ia muito carregada de caixaria e de outras fazendas, e não traziam já outras velas
senão as que traziam nas vergas, que a outra esquipação levou um temporal que lhe
deu na Linha, e estas eram tão rotas que se não fiavam nelas; e que se parassem, e o
tempo crescesse, e lhes fosse necessário arribar, lhes poderia o vento levar as
outras velas que tinham, que era prejuízo para sua viagem e salvação, que não
havia na nau outras.115
114
Ibidem, p. 6.
115
Ibidem, p. 6.
116
Ibidem, p. 7.
117
Ibidem, p. 191.
118
MONIZ, A. Op. Cit. p. 146.
119
BRITO, B. G. Op. Cit., p. 8.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
73
oceano. Entretanto, o navio perde, cada vez mais, a sua força, por estar “tão
remendado e fraco que bastava qualquer vento para lhos tornar a levar”120 ao mar.
O estado de deterioração, prenúncio do naufrágio do galeão de Manuel de Sousa
Sepúlveda, é evidenciado na passagem a seguir:
E desta vez lhe tornou a levar o vento a vela grande e a que lhe servia de guia; e
vendo-se outra vez desaparelhados de velas, acudiram à vela da proa, e então se
atravessou a nau e começou de trabalhar; o por o leme de podre, um mar que lhe
então deu lho quebrou pelo meio e levou-lhe logo a metade, e todos os machos
ficaram metidos nas fêmeas. Por onde se deve ter grande recato nos lemes e velas
das naus, por causa de tantos trabalhos quantos são os que nessa carreira se
passam.121
Quem entender bem o mar, ou todos os que nisto se cuidarem, poderão ver qual
ficaria Manuel de Sousa, com sua mulher e aquela gente, quando se visse em uma
nau em cabo de Boa Esperança sem leme, sem mastro e sem velas, nem de que as
poder fazer.122
Numa visão complexa do ser humano, o rosto transparente e autêntico dos heróis
da História Trágico-Marítima impressiona o leitor despreconceituoso. Assim, ao
lado dos exemplos de solidariedade, os anti-exemplos do egoísmo, por vezes
120
Ibidem, p. 8.
121
Ibidem, p. 8.
122
Ibidem, p. 8.
123
MONIZ, A. Op. Cit., p. 231.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
74
Verdadeiramente que cuidarem os homens bem nisto faz grande espanto! Vêm com
este galeão varar em terra de cafres, havendo-o por melhor remédio para suas
vidas, sendo este tão perigoso; e por aqui verão para quantos trabalhos estavam
guardados Manuel de Sousa, sua mulher e filhos.125
124
Ibidem, p. 231.
125
BRITO, B. G. Op. Cit., p. 9.
126
Ibidem, p. 10.
127
ROUANET, S. P. In BENJAMIN, W. Op. Cit., p. 38.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
75
desfeito, sem dele aparecer pedaço tamanho como uma braça, e tudo o mar deitou
em terra, com grande tempestade.128
128
BRITO, B. G. Op. Cit., p. 11.
129
MONIZ, A. Op. Cit., p. 281.
130
Ibidem, p. 281.
131
COUTINHO, A. Op. Cit., p. 83.
132
MONIZ, A. Op. Cit., p. 162.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
76
Amigos e senhores, bem vedes o estado a que por nossos pecados somos chegados,
e eu creio verdadeiramente que os meus só bastavam para por eles sermos postos
em tamanha necessidades, como vedes que temos; mas é Nosso Senhor tão piedoso
que ainda nos faz tamanha mercê, que nos não fôssemos ao fundo naquela nau,
trazendo tanta quantidade de água debaixo das cobertas; prazerá a ele que, pois foi
servido de nos levar a terra dos cristãos, os que nesta demanda acabaram com
tantos trabalhos, haverá por bem que seja para a salvação de suas almas. Estes dias
que aqui estivemos, bem vedes, senhores, que foram necessários para nos
convalescerem os doentes que trazíamos; já agora, Nosso Senhor seja louvado,
estão para caminhar; e portanto vos ajuntei aqui para assentarmos que caminho
havemos de tomar para remédio de nossa salvação, que a determinação que
trazíamos de fazer alguma embarcação se nos atalhou como vistes, por não
podermos salvar da nau cousa nenhuma para a podermos fazer. E pois, senhores e
irmãos, vos vai a vida como a mim, não será razão fazer nem determinar cousa sem
conselhos de todos. Uma mercê vos quero pedir, a qual é que me não desampareis
nem deixeis, dado caso que eu não possa andar tanto como os que mais andarem,
por causa de minha mulher e filhos. E assim todos juntos, quererá Nosso Senhor,
pela sua misericórdia, ajudar-nos.133
Em todo este mês poderiam ter caminhado cem léguas; e pelos grandes rodeios que
faziam no passar dos rios não teriam andado trinta léguas por costa; e já então
tinham perdidas dez ou doze pessoas; só um filho bastardo, de dez ou doze anos,
que, vindo já muito fraco de fome, ele e um escravo que o trazia às costas, se
deixaram ficar para trás. Quando Manuel de Sousa perguntou por ele que lhe
disseram que ficava atrás obra de meia légua, esteve para perder o siso; [...] e logo
prometeu quinhentos cruzados a dous homens que tornassem em busca dele, mas
não houve quem os quisesse aceitar, por ser já perto da noite e por causa dos tigres
e dos leões; porque, como ficava homem atrás, o comiam; por onde lhe foi forçado
não deixar o caminho que levava e deixar assim o filho, onde lhe ficaram os olhos
133
BRITO, B. G. Op. Cit., p. 12.
134
Ibidem, p. 13.
135
Ibidem, p. 13.
136
MONIZ, A. Op. Cit., pp. 281-282.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
77
[...] E aqui se poderá ver quantos trabalhos foram os deste fidalgo antes de sua
morte.137 [grifos nossos]
137
BRITO, B. G. Op. Cit., p. 13.
138
MONIZ, A. Op. Cit., p. 222.
139
MONIZ, A. Op. Cit., p. 249.
140
BRITO, B. G. Op. Cit., p. 13.
141
Ibidem, p. 13.
142
Ibidem, p. 13.
143
BENJAMIN, W. Op. Cit., p. 241.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
78
Vendo os negros a espada nua, saltaram ao mar, e ali esteve em risco de se perder.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0721053/CA
Então lhe disse sua mulher e alguns que com ele iam, que não fizesse mal aos
negros, que se perderiam. Em verdade, quem conhecera Manuel de Sousa e
soubera sua discrição e brandura, e lhe vira fazer isto, bem poderia dizer que já não
ia em seu perfeito juízo porque era discreto e bem atentado; e dali por diante ficou
de maneira que nunca mais governou a sua gente, como até ali o tinha feito. E
chegando da outra banda se queixou muito da cabeça, e nela lhe ataram toalhas, e
ali tornaram a ajuntar todos.146
144
BRITO, B. G. Op. Cit., p. 17.
145
MONIZ, A. Op. Cit., p. 250.
146
BRITO, B. G. Op. Cit., p. 17.
147
Cf. BENJAMIN, W. Op. Cit., p. 96.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
79
Tanto o protagonista do drama barroco como o herói trágico têm uma condição
principesca, mas no drama essa condição se destina a ilustrar a fragilidade das
criaturas, mais visível nas de alta linhagem, enquanto na tragédia ela remete a um
passado que efetivamente se articulava em torno da condição senhorial.149
Depois que o rei cafre teve assentado com Manuel de Sousa que os portugueses se
dividissem por diversas aldeias e lugares para se poderem manter, lhe disse
também que tinha ali capitães seus, que haviam de levar a sua gente, a saber, cada
os que lhes entregassem para lhes darem de comer; e isto não podia ser senão com
ele mandar aos portugueses que deixassem as armas, porque os cafres haviam
medo deles enquanto as viam [...]
Como Manuel se Sousa já então andava muito doente e fora de seu juízo, não
respondeu, como fizera estando em seu entendimento; respondeu que ele falaria
com os seus.
[...]
E porém que, para os negros se fiarem deles e não cuidarem que eram ladrões que
andavam a roubar, que era necessário entregarem as armas, para remediar tanta
desaventura como tinham de fome havia tanto tempo. E então o parecer de Manuel
de Sousa e dos que com ele consentiram não era de pessoas que estavam em si,
porque, se bem olharam, enquanto tiveram suas armas consigo nunca os negros
chegaram a eles. Então mandou o capitão que pusessem as armas, em que depois
de Deus estava a sua salvação, e contra a vontade de alguns e muito mais contra a
de D. Leonor, as entregaram; mas não houve quem o contradissesse senão ela,
ainda que lhe aproveitou pouco. Então disse: “Vós entregais as armas, agora me
148
MONIZ, A. Op. Cit., p. 250.
149
ROUANET, S. P. In BENJAMIN, W. Op. Cit., pp. 28-29.
150
MONIZ, A. Op. Cit., p. 251.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
80
dou por perdida com toda esta gente”. Os negros tomaram as armas e as levaram a
casa do rei cafre.151
Tanto que os cafres viram os portugueses sem armas, como já tinham concertado a
traição, os começarem logo a apartar e a roubar, e os levaram por esses matos, cada
um como lhe caía a sorte. E acabados de chegarem aos lugares, os levavam já
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0721053/CA
despidos, sem lhe deixarem sobre si cousa alguma, e com muita pancada, os
lançavam fora das aldeias [...]. Como Manuel de Sousa, com sua mulher e filhos e
com aquelas vinte pessoas, foi apartado da gente, foram logo roubados de tudo o
que traziam, somente os não despiram. [...] Quando Manuel de Sousa isto viu, bem
se lembraria quão grande erro tinha feito em dar as armas.153
Pois que se pode cuidar de uma mulher muito delicada, vendo-se em tantos
trabalhos e com tantas necessidades e sobre todas ver seu marido diante de si tão
151
BRITO, B. G. Op. Cit., pp.18-19.
152
MONIZ, A. Op. Cit., p. 308.
153
BRITO, B. G. Op. Cit., p.19.
154
Ibidem, p. 20.
155
Ibidem, p. 20.
156
MONIZ, A. Op. Cit., p. 251.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
81
maltratado, e que não podia já governar nem olhar por seus filhos? Mas como
mulher de bom juízo, com o parecer desses homens que ainda tinha consigo,
começaram a caminhar por esses matos, sem nenhum remédio, nem fundamento,
somente o de Deus.157
Indo assim caminhando, tornaram outra vez os cafres a dar nele e em sua mulher e
em esses poucos que iam em sua companhia, e ali os despiram, sem lhes deixarem
sobre si cousa alguma. [...]
Aqui dizem que D. Leonor não se deixava despir, e que às punhadas e às bofetadas
se defendia, porque era tal que queria antes que a matassem os cafres que ver-se
nua diante da gente, e não há dúvida que logo ali acabara a sua vida se não fora
Manuel de Sousa, que lhe rogou se deixasse despir, que lhe lembrava que nasceram
nus, e, pois Deus daquilo era servido, que o fosse dela.159
E Manuel de Sousa, ainda que estava maltratado do miolo, não lhe esquecia a
necessidade que sua mulher e filhos passavam de comer. E sendo ainda manco de
uma ferida que os cafres lhe deram em uma perna, assim maltratado se foi ao mato
buscar frutas para lhes dar de comer; quando tornou, achou D. Leonor muito fraca,
assim de fome, como de chorar, que depois que os cafres a despiram nunca mais
dali se ergueu nem deixou de chorar; e achou um dos meninos morto, e por sua
mão o enterrou na areia. Ao outro dia tornou Manuel de Sousa ao mato buscar
157
BRITO, B. G. Op. Cit., p.20.
158
Ibidem, p. 20.
159
Ibidem, p. 20.
160
MONIZ, A. Op. Cit., p. 306.
161
BRITO, B. G. Op. Cit., p.21.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
82
alguma fruta, e quando tornou achou D. Leonor falecida, e o outro menino, e sobre
ela estavam chorando cinco escravas, com grandíssimos gritos.162
[...] quando viu a falecida, quis apartar as escravas dali, e assentar-se perto dela,
com o rosto sobre uma mão, por espaço de meia hora, sem chorar nem dizer cousa
alguma: estando assim com os olhos postos nela, e no menino fez pouca conta. E
acabado este espaço se ergueu, e começou a fazer uma cova na areia com a ajuda
das escravas, e sempre sem falar palavra a enterrou, e o filho com ela; acabado isto,
tornou a tomar o caminho que fazia quando ia buscar as frutas, sem dizer nada às
escravas, e se meteu pelo mato e nunca mais o viram. Parece que, andando por
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0721053/CA
esses matos, não há dúvida senão que seria comido de tigres e leões. Assim
acabaram sua vida mulher e marido, havendo seis meses que caminhavam por
terras de cafres com tantos trabalhos.166
O medo da morte não detém o débil capitão. Depois de ter de enterrar sua
mulher e filhos, Manuel de Sousa Sepúlveda embrenha-se solitariamente pela
mata habitada por animais selvagens. Novamente, em seu estudo sobre a literatura
barroca, Afrânio Coutinho diz que o estilo barroco é aquele que representa “a
solidão de um herói vagamundeando por um universo de engano”167, um mundo
em que dominava “o parecer sobre o ser, separados o indivíduo e o ambiente”168.
Semelhante conflito é analisado por Sergio Paulo Rouanet, para quem “o drama
barroco não tem heróis, mas somente configurações. Pois o heroico é o
personagem que desafia o destino, morrendo, e não o que morre, submetendo-se
ao destino, e eternizando a culpa”169. Rouanet faz ainda uma comparação entre o
protagonista do drama barroco e o herói trágico, destacando os seus principais
162
BRITO, B. G. Op. Cit., p.21.
163
MONIZ, A. Op. Cit., p. 266.
164
Ibidem, p. 266.
165
BENJAMIN, W. Op. Cit., 131.
166
BRITO. Op. Cit., pp. 38-39.
167
COUTINHO, A. Op. Cit., p. 56.
168
Ibidem, p. 56.
169
ROUANET, S. P. In BENJAMIN, W. Op. Cit., p. 29.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
83
Que tipo de herói se canta nas epopeias clássicas, de Homero a Camões, ou Milton,
senão o arquétipo do herói sofredor que, graças à acção divina, mítica, consegue
vencer e ultrapassar todas as provações, tornando-se modelo exemplar para toda a
humanidade que, por isso, o sublima e glorifica? [...] não existe grandeza sem
miséria, nem glorificação sem o mérito da prova e da provação.171
170
Ibidem, pp. 28-29.
171
MONIZ, A. Op. Cit., p. 394.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
84
3.5.
Dos ecos do Naufrágio de Sepúlveda no século XVI
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
85
3.5.1.
As Décadas da Ásia, de Diogo do Couto
O galeão S. João, de que era Capitão Manuel de Sousa Sepúlveda, foi haver vista
da terra do Cabo da Boa Esperança, em trinta e dois graus, com vento bonança [...].
Aos doze dias de Março se acharam no Nordeste Sudoeste, com o Cabo de Boa
Esperança, vinte e cinco léguas ao mar dele. O dia que eles passaram o cabo a outra
banda, se lhe mudou o vento a Oeste, e a Oesnoroeste, e começou-se a toldar o céu
com tamanhas carrancas, e fuzis, que logo mostraram sinais da ira de Deus.176
172
COUTO. Diogo do. Décadas da Ásia. Lisboa: Regia Officina Typografica, 1781, p. 381.
173
Ibidem, p. s/n.
174
Ibidem, p. 379.
175
SARAIVA & LOPES. Op. Cit., pp. 449-450.
176
COUTO, D. Op. Cit., p. 380.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
86
[...] até que o vento tornou a nordeste tão furioso, que os fez outra vez voltar para o
Sul, com os mares que vinham do Ponente, e com os que o Levante vinha
alevantado, ficaram tão cruzados, e soberbos, que o galeão com ser o maior navio
que andava na carreira, os não podiam sofrer, e pelos bordos ambos se ia alagando;
e assim quase perdidos, e com as bombas nas mãos foram correndo três dias,
vendo-se cada hora de todo perdidos, e alagados. No cabo do quarto lhe encalmou
o vento, e ficou o mar tão grosso, e trabalhou o galeão tanto, que lhe quebraram
três machos do leme, em que entravam dois do polegar, que são os mais
necessários, e que mais sustentam o leme; o que ninguém soube senão o
carpinteiro, que por ordem do Mestre [...] o não disse a pessoa alguma, por não
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0721053/CA
desacorçoarem os homens.178
Vendo-se os da nau sem batel, largaram a amarra do mar, e foram alando pela da
terra, até assentar a nau no fundo; e como deu nele, logo se abriu em duas partes, e
daí a menos de uma hora se abriu toda, vindo toda a caixaria acima. Os da nau se
lançaram às caixas, e tábuas, e das pancadas, e afogados morreram quarenta
portugueses, e setenta escravos, e todos os mais foram a terra com muitas feridas
dos paus, e pregos, e a nau em menos de duas horas se desfez toda de feição, que
não foi a terra ter tábua, nem pau, que passasse de uma braça.179
177
Ibidem, p. 380.
178
Ibidem, pp. 380-381.
179
Ibidem, p. 385.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
87
[...] e vendo-os Manuel de Sousa sãos, e em estado que podiam caminhar, lhes fez
uma breve exortação, em que os animou aos trabalhos, lembrando-lhes a mercê que
Deus lhes fizera em os não afogar no mar, e que ele que os pusera em terra, teria
cuidado deles; pedindo-lhes muito a todos que o não desamparassem, nem
deixassem só, posto que ele não pudesse caminhar tanto por causa de sua mulher, e
filhos; o que todos lhe prometeram, e assentaram, que caminhassem sempre de
longo da praia, porque era melhor caminho.181
Este dia deram rebate a Manuel de Sousa Sepúlveda, que lhe ficava atrás perto de
meia légua um filho seu bastardo, de idade de dez anos, que caminhava às costas
de um cafre, que afim ele, como o menino caíram no chão de fraqueza da fome.
Manuel de Sousa Sepúlveda se deteve, e prometeu quinhentos cruzados a quem lho
fosse buscar, o que ninguém quis fazer por ser já noite, e haverem medo das
alimárias bravas, que por todo aquele caminho acharam. Isto sentiu aquele Fidalgo
tanto, que esteve para endoidecer.182 (grifo nosso)
Ao outro dia lhe chegaram três almadias que vinham da outra banda [...]. Nestas
almadias passaram os nossos para a outra banda, e já Manuel de Sousa ia tão
maltratado do miolo, das vigias, e trabalhos, que indo na almadia com sua mulher,
e filhos, lhe deu uma mania, e arrancou para os cafres que remavam, dizendo: “Ah
perros, aonde me levais?” Os negros com o medo se lançaram ao mar, e Dona
Leonor se lançou com ele, dizendo-lhe: “Tá, Senhor, que é isto? Este é vosso siso,
e prudência?” Manuel de Sousa Sepúlveda tornou sobre si e quietou-se.183
[...] Passados a outra banda, achou-se Manuel de Sousa Sepúlveda muito mal do
miolo, e da cabeça, a que lhe acudiram com toalhas quentes, que sua mulher lhe
180
Ibidem, p. 386.
181
Ibidem, pp. 387-388.
182
Ibidem, pp. 388-389.
183
Ibidem, p. 393.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
88
punha com muitas lágrimas; porque mais a cortou ver seu marido daquela maneira,
que todos os trabalhos que até então tinha passado.184
[...] e Manuel de Sousa Sepúlveda lho comprava, e por sua mão repartia a água
igualmente, não tomando para si mais, antes da sua ração partia com dois filhinhos
de peito, que lhes levavam escravos, e escravas.185
[...] que ficasse ele na aldeia com as pessoas que quisesse, e que a todos os mais se
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0721053/CA
partissem pelos lugares vizinhos, aonde lhes mandaria das casas, e mantimentos;
mas que era necessário [...] mandar-lhe entregar todas as armas, e que ele as
mandaria guardar em uma casa para lhes tornarem a entregar, quando viesse o
navio de Moçambique. Manuel de Sousa lhe respondeu que o faria [...].186
Após a entrega das armas, o ataque e o roubo feitos pelos cafres aos
portugueses, vê-se também na obra de Diogo do Couto a luta de Dona Leonor
contra os africanos pela sua dignidade:
[...] e Dona Leonor, quando os Cafres a quiseram despir, o não quis consentir, antes
às bofetadas, e às dentadas como leoa magoada se defendia, porque antes queria
que a matassem, que despiram-na. Manuel de Sousa Sepúlveda vendo sua amada
esposa naquele estado, e os filhinhos no chão chorando, parece que a mágoa, e dor
lhe ressuscitou o entendimento [...] e tornando sobre si mais algum tanto, se chegou
à mulher; e tomando-a sobre seus braços, lhe disse: “Senhora, deixai-vos despir, e
lembre-vos que todos nascemos nus; e pois disto de Deus servido, sede vós
contente, que lhe haverá por bem, que seja isto em penitência de nossos pecados”;
com isto se deixou despir, não lhe deixando aqueles brutos desumanos coisa
alguma com que se pudesse cobrir.187
184
Ibidem, p. 394.
185
Ibidem, p. 390.
186
Ibidem, p. 396.
187
Ibidem, p. 399.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
89
tanto raros, surgem na narração dos fatos, o que faz desse trecho um dos mais
comoventes das Décadas da Ásia:
Em seguida, após enterrar um de seus filhos, a morte lhe tira também sua
esposa e seu outro filho, obrigando-o a repetir o calvário de enterrá-los com as
próprias mãos na Cafraria:
[...] tornou-se ao mato a buscar mais fruta para a mulher, e para o outro menino, e
quando tornou achou ambos falecidos, e cinco escravas suas sobre os corpos com
grandes gritos, e prantos; vendo Manuel de Sousa Sepúlveda aquela desaventura,
apartou dali as escravas, e assentou-se perto da mulher, com o rosto sobre uma
mão, e os olhos nela, e assim esteve espaço de meia hora, sem chorar, nem dizer
palavra. Passado aquele termo, levantou-se, e começou a fazer uma cova com a
ajuda das escravas, (sempre sem falar coisa alguma,) e tomando a mulher nos
braços, chegando o seu rosto ao dela um pouco, a deitou na cova com o filho; e
depois de a cobrir, sem dizer coisa alguma às moças, se tornou a meter pelo mato,
188
Ibidem, pp. 399-400.
189
Ibidem, pp. 400-401.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
90
onde desapareceu, sem mais se saber dele, e sempre se presumiu que os tigres o
comeram.190
3.5.2.
Elegíada: de Luís Pereira Brandão
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
91
193
BRANDÃO, Luís Pereira. Elegíada. Lisboa: Of. de Joze da Silva Nazareth, 1785, p. 111. (VI,
1)
194
Ibidem, p. 112. (VI, 3)
195
Ibidem, p. 112. (VI, 5)
196
Ibidem, p. 112. (VI, 5)
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
92
A presença da morte escura que assola os nautas com os seus feros ventos é
vista no estado de desespero em que eles se encontram. A esperança dispersa-se
em gemidos e em lástimas dos homens, que, em sofrimento coletivo, ajoelham-se
e rogam por suas vidas:
197
Ibidem, p. 114. (VI, 13)
198
Ibidem, p. 115. (VI, 15)
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
93
199
Ibidem, p. 116. (VI, 19)
200
Ibidem, p. 117. (VI, 25)
201
Ibidem, p. 116. (VI, 20)
202
Ibidem, p. 117. (VI, 26)
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
94
203
Ibidem, p. 118. (VI, 28-29)
204
Ibidem, p. 124. (VI, 51)
205
Ibidem, p. 124. (VI, 52)
206
Ibidem, pp. 124-125. (VI, 54-55)
207
Ibidem, p. 132. (VI, 83)
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
95
[...]
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0721053/CA
208
Como foi visto no relato da História Trágico-Marítima.
209
Ibidem, p. 135. (VI, 96)
210
Ibidem, p. 135. (VI, 98)
211
Ibidem, p. 135. (VI, 97)
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
96
[...]
D. Leonor, na Elegíada, apesar de lutar com todo o seu vigor, não resiste
aos ataques – A tanta tão cruel, dura, viril / De cada ousada mão que a
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0721053/CA
Em sinal de respeito, todos que lá estavam põem a barba no peito para não
observar a nudez de D. Leonor, que, vestida somente por seus cabelos, com
vergonha de expor suas vergonhas, começa com as suas tenras mãos a cavar a
terra para cobrir-se:
212
Ibidem, p. 137. (VI, 106)
213
Ibidem, p. 138. (VI, 108)
214
Ibidem, p. 138. (VI, 109)
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
97
215
Ibidem, p. 139. (VI, 111-112)
216
Ibidem, p. 140. (VI, 115)
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
98
A dor de Sepúlveda pela perda de seus filhos – que ele vê nos braços de
Leonor219 – e de sua amada – E a ela morta e pálida figura220 –, como no relato
anônimo da História Trágico-Marítima, não resulta em lágrimas, mas num
profundo e silencioso silêncio. Na Elegíada, percebe-se que o sentimento de amor
do capitão é mais forte do que a sua alienação:
217
Ibidem, p. 141. (VI, 119-120)
218
Ibidem, p. 142. (VI, 123)
219
Ibidem, p. 142. (VI, 125)
220
Ibidem, p. 142. (VI, 125)
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
99
221
Ibidem, p. 142. (VI, 126)
222
MARTINS, J. Op. Cit., p. 67.
223
BRANDÃO, L. P. Op. Cit., p. 143. (VI, 127)
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
100
3.6.
Da obra de Jerônimo Corte-Real: uma epopeia-trágica sobre o
Naufrágio de Sepúlveda
224
Cf. MARTINS, J. Cândido. Naufrágio de Sepúlveda: texto e intertexto. Lisboa: Editora
Replicação, s/d.
225
MARTINS. Op. Cit., p. 67.
226
Ibidem, p. 67.
227
Ibidem, p. 67.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
101
E se bem olhardes, vereis quão certo está o castigo, ainda que tarde, àqueles que
por seus delitos cometidos contra a caridade, e amor, com que devíamos amar
nossos próximos, o merecem; e que não deve a tardança dele fazermos esquecer da
certeza com que o devemos temer.229
228
Ibidem, p. 67.
229
CORTE-REAL, Jerônimo. Op. Cit., Prólogo da Primeira Edição.
230
SARAIVA & LOPES. Op. Cit., p. 388.
231
Ibidem, p. 388.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
102
232
CORTE-REAL, Jerônimo. Op. Cit., Prólogo.
233
MARTINS, J. Op. Cit., p. 68.
234
CORTE-REAL, Jerônimo. Op. Cit., c. I, p. 1.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
103
235
Ibidem, c. I, p. 2.
236
Ibidem, c. XII, p. 237.
237
Ibidem, c. XIV, p. 263.
238
SARAIVA & LOPES. Op. Cit., p. 389.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
104
[...]
E quando em mores bens se vir subida,
Da cruel roda veja a mor baixeza:
Seja em mortal imagem convertida
A graça, que lhe deu a natureza
Em terra estranha, e montes levantados
Seus anos juvenis sejam cortados.241
239
CORTE-REAL, Jerônimo. Op. Cit., canto I, p. 3.
240
Ibidem, c. I, p. 7.
241
Ibidem, c. I, pp. 7-8.
242
Ibidem, c. I, p. 20.
243
Ibidem, c. I, p. 20.
244
Ibidem, c. I, p. 21.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
105
245
Ibidem, c. I, p. 20.
246
Ibidem, c. II, p. 34.
247
MARTINS, J. Op. Cit., p, 68.
248
CORTE-REAL. Op. Cit., c. IV p. 70.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
106
249
Ibidem, c. VI, p. 97.
250
SARAIVA & LOPES. Op. Cit., p. 389.
251
Ibidem, p. 389.
252
CORTE-REAL. Op. Cit., c. VII, pp. 121-122.
253
Ibidem, c. VII, p. 132.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
107
no Canto IX:
254
Ibidem, c. VII, p. 132.
255
Ibidem, c. VIII, p. 137.
256
Ibidem, c. VIII, pp. 137-138.
257
Ibidem, c. IX, pp. 150-151.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
108
Outro lamento de Manuel de Sousa Sepúlveda pode ser visto ainda nesse
mesmo canto. O ilustre capitão busca, por meio de indagações, entender o porquê
de tanto sofrimento. Percebe-se, em suas palavras, o temor em relação ao futuro
incerto – em Algum desastre, ou mal que está guardado:
258
Ibidem, c. IX, p. 151.
259
Ibidem, c. IX, p. 163.
260
Ibidem, c. X, p. 178.
261
Ibidem, c. XI, p. 204.
262
SARAIVA & LOPES. Op. Cit., p. 389.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
109
Além do canto das náiades a Sepúlveda, há também o triste canto das ninfas
a D. Leonor, canto que também antecipa os momentos derradeiros da esposa de
Sepúlveda:
Nos dois últimos cantos, XVI e XVII, após a entrega das armas dos
portugueses ao rei cafre inimigo, “os cafres despojam, e roubam ao Capitão, e aos
263
CORTE-REAL. Op. Cit., c. XV, pp. 305-306.
264
Ibidem, c. XV, p. 312.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
110
Diferentemente das outras obras já citadas neste estudo, nesta, a luta entre
D. Leonor com os cafres é parcialmente omitida. Em vez de toda a ação física do
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0721053/CA
embate, há a referência à beleza de Citereia – Vênus –, que foi julgada por Páris –
príncipe troiano – como a mais bela deusa do Olimpo, numa aproximação de tal
beleza com a formosura divina de D. Leonor, e que pode ser vista como uma
maneira de atenuar o sofrimento e a vergonha por ela sofridos:
265
Ibidem, c. XVI, p. 321.
266
Ibidem, c. XVI, p. 334.
267
Ibidem, c. XVI, p. 325.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
111
de seu filho: “Que a luz vital gozou quatro perfeitos / Anos, ficando o quinto
interrompido”269. E após ter de enterrar sua mulher e filho pelas suas desesperadas
mãos, na versão poética de Corte-Real, Sepúlveda “com desesperação se meteu
pelo mato”270, porém, não sozinho, mas “com outro filho nos braços, aonde foi
comido dos Tigres”271:
268
Ibidem, c. XVII, p. 340-341.
269
Ibidem, c. XVII, p. 343.
270
Ibidem, c. XVII, p. 339.
271
Ibidem, c. XVII, p. 339.
272
Ibidem, c. XVII, p. 343.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
112
A morte, que surge personificada, tem um caráter negativo – que pode ser
notado nos adjetivos a ela atribuídos – e diz a Sepúlveda que a siga, uma vez que
já era tempo de fenecer a “dor insofrível”276 do infeliz capitão, e “o mísero varão,
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0721053/CA
273
Ibidem, c. XVII, p. 343.
274
Ibidem, c. XVII, p. 343.
275
Ibidem, c. XVII, pp. 343-344.
276
Ibidem, c. XVII, p. 344.
277
Ibidem, c. XVII, p. 344.
278
Ibidem, c. XVII, p. 344.
279
Ibidem, c. XVII, p. 344.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.
113
280
MARTINS, J. Op. Cit., p. 69.
281
SARAIVA & LOPES. Op. Cit., p. 389.
TRIAL MODE − a valid license will remove this message. See the keywords property of this PDF for more information.