Maxi Educa Apostila de Português
Maxi Educa Apostila de Português
Maxi Educa Apostila de Português
1. Organização textual: interpretação dos sentidos construídos nos textos verbais e não
verbais; .......... .......................................................................................................................... 1
Características de textos descritivos, narrativos e dissertativos; ....................................... 25
Elementos de coesão e coerência. ................................................................................... 35
2. Aspectos semânticos e estilísticos: sentido e emprego dos vocábulos; tempos e modos
do verbo; uso dos pronomes; ................................................................................................ 64
Metáfora, antítese, ironia. ............................................................................................... 115
3. Aspectos morfológicos: reconhecimento, emprego e sentido das classes gramaticais em
textos; ................................................................................................................................. 120
Elementos de composição das palavras; ........................................................................ 120
Mecanismos de flexão dos nomes e dos verbos. ............................................................. 130
4. Processos de constituição dos enunciados: coordenação, subordinação; .................. 135
Concordâncias verbal e nominal. .................................................................................... 142
5. Sistema gráfico: ortografia; .......................................................................................... 159
Regras de acentuação; ................................................................................................... 176
Uso dos sinais de pontuação. ......................................................................................... 182
Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você tenha
uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação.
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados,
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até
cinco dias úteis para respondê-lo(a).
1
Apostila gerada especialmente para: Daniel de Oliveira Santos 117.115.567-00
1. Organização textual: interpretação dos sentidos construídos nos textos
verbais e não verbais;
Cada vez mais, é comprovada a dificuldade dos estudantes, de qualquer idade, e para qualquer
finalidade em compreender o que se pede em textos, e também os enunciados. Qual a importância em
se entender um texto?
Para a efetiva compreensão precisa-se, primeiramente, entender o que um texto não é, conforme diz
Platão e Fiorin:
“Não é amontoando os ingredientes que se prepara uma receita; assim também não é superpondo
frases que se constrói um texto”.1
Ou seja, ele não é um aglomerado de frases, ele tem um começo, meio, fim, uma mensagem a
transmitir, tem coerência, e cada frase faz parte de um todo. Na verdade, o texto pode ser a questão em
si, a leitura que fazemos antes de resolver o exercício. E como é possível cometer um erro numa simples
leitura de enunciado? Mais fácil de acontecer do que se imagina. Se na hora da leitura, deixamos de
prestar atenção numa só palavra, como um “não”, já alteramos a interpretação e podemos perder algum
dos sentidos ali presentes. Veja a diferença:
Isso já muda totalmente a questão, e se o leitor está desatento, vai marcar a primeira opção que
encontrar correta. Pode parecer exagero pelo exemplo dado, mas tenha certeza que isso acontece mais
do que imaginamos, ainda mais na pressão da prova, tempo curto e muitas questões.
Partindo desse princípio, se podemos errar num simples enunciado, que é um texto curto, imagine os
erros que podemos cometer ao ler um texto maior, sem prestar a devida atenção aos detalhes. É por isso
que é preciso melhorar a capacidade de leitura, compreensão e interpretação.
Apreensão
Captação das relações que cada parte mantém com as outras no interior do texto. No entanto, ela não
é suficiente para entender o sentido integral.
Uma pessoa que conhece todas as palavras do texto, mas não compreende o universo dos discursos,
as relações extratextuais desse texto, não entende o significado do mesmo. Por isso, é preciso colocá-lo
dentro do universo discursivo a que ele pertence e no interior do qual ganha sentido.
Compreensão
Alguns teóricos chamam o universo discursivo de “conhecimento de mundo”, mas chamaremos essa
operação de compreensão.
A palavra compreender vem da união de duas palavras grega: cum que significa ‘junto’ e prehendere
que significa ‘pegar’. Dessa forma, a compreensão envolve além da decodificação das estruturas
linguísticas e das partes do texto presentes na apreensão, mas uma junção disso com todo o
conhecimento de mundo que você já possui. Ela envolve entender os significados das palavras
juntamente com todo o contexto de discursos e conhecimentos em torno do leitor e do próprio texto. Dessa
maneira a compreensão envolve uma série de etapas:
1. Decodificação do código linguístico: conhecer a língua em que o texto foi escrito para decodificar
os significados das palavras ali empregadas.
1
PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011.
2 2
LEFFA, Vilson. Interpretar não é compreender: um estudo preliminar sobre a interpretação de texto.
E assim teremos:
Interpretação
Envolve uma dissecação do texto, na qual o leitor além de compreender e relacionar os possíveis
sentidos presentes ali, posiciona-se em relação a eles. O processo interpretativo envolve uma espécie de
conversa entre o leitor e o texto, na qual o leitor identifica e questiona a intenção do autor do texto, deduz
sentidos e realiza conclusões, formando opiniões.
Toda interpretação de texto envolve alguns elementos, os quais precisam ser levados em consideração
para uma interpretação completa
a) Texto: é a manifestação da linguagem. O texto4 é uma unidade global de comunicação que expressa
uma ideia ou trata de um assunto determinado, tendo como referência a situação comunicativa concreta
em que foi produzido, ou seja, o contexto. São enunciados constituídos de diferentes formas de linguagem
(verbal, vocal, visual) cujo objetivo é comunicar. Todo texto se constrói numa relação entre essas
linguagens, as informações, o autor e seus leitores. Ao pensarmos na linguagem verbal, ele se estrutura
no encadeamento de frases que se ligam por mecanismos de coesão (relação entre as palavras e frases)
e coerência (relação entre as informações). Essa relação entre as estruturas linguísticas e a organização
das ideias geram a construção de diferentes sentidos. O texto constitui-se na verdade em um espaço de
interação entre autores e leitores de contextos diversos. 5Dizemos que o texto é um todo organizado de
sentido construído pela relação de sentido entre palavras e frases interligadas.
b) Contexto: é a unidade maior em que uma menor se insere. Pode ser extra ou intralinguístico. O
primeiro refere-se a tudo mais que possa estar relacionado ao ato da comunicação, como época, lugar,
hábitos linguísticos, grupo social, cultural ou etário dos falantes aos tempos e lugares de produção e de
recepção do texto. Toda fala ou escrita ocorre em situações sociais, históricas e culturais. A consideração
desses espaços de circulação do texto leva-nos a descobrir sentidos variados durante a leitura. O
segundo se refere às relações estabelecidas entre palavras e ideias dentro do texto. Muitas vezes, o
entendimento de uma palavra ou ideia só ocorre se considerarmos sua posição dentro da frase e do
parágrafo e a relação que ela estabelece com as palavras e com as informações que a precedem ou a
sucedem. Vamos a dois exemplos para entendermos esses dois contextos, muito necessários à
interpretação de um texto.
3
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/o-que-texto.htm
KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos do Texto. São Paulo: Contexto, 2006.
4
https://www.enemvirtual.com.br/o-que-e-texto-e-contexto/
5
PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011.
https://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/01/o-mundo-visto-bpor-mafaldab.html
Na tirinha anterior, a personagem Mafalda afirma ao Felipe que há um doente na cada dela. Quando
pensamos na palavra doente, já pensamos em um ser vivo com alguma enfermidade. Entretanto, ao
adentrar o quarto, o leitor se depara com o globo terrestre deitado sobre a cama. A interpretação desse
textos, constituído de linguagem verbal e visual, ocorre pela relação que estabelecemos entre o texto e o
contexto extralinguístico. Se pensarmos nas possíveis doenças do mundo, há diversas possibilidades de
sentido de acordo com o contexto relacionado, dentre as quais listamos: problemas ambientais,
corrupção, problemas ditatoriais (relacionados ao contexto de produção das tiras da Mafalda), entre
outros.
Observemos agora um exemplo de intralinguístico
https://www.imagemwhats.com.br/tirinhas-do-calvin-e-haroldo-para-compartilhar-143/
Nessa tirinha anterior, podemos observar que, no segundo quadrinho, a frase “eu acho que você vai”
só pode ser compreendida se levarmos em consideração o contexto intralinguístico. Ao considerarmos o
primeiro quadrinho, conseguimos entender a mensagem completa do verbo “ir”, já que obstemos a
informação que ele não vai ou vai à escola
Na capa do gibi anterior, vemos a Magali na atuação em uma peça de teatro. Ao pronunciar a frase
“comer ou não comer”, pela estrutura da frase e pelos elementos visuais que remetem ao teatro e pelas
roupas, percebemos marca do texto de Shakespeare, cuja frase seria “ser ou não”. Esse é um bom
exemplo de intertexto.
Na leitura de um texto são mobilizados muitos conhecimentos para uma ampla compreensão. São
eles:
Conhecimento enciclopédico: conhecimento de mundo; conhecimento prévio que o leitor possui a
partir das vivências e leituras realizadas ao longo de suas trajetórias. Esses conhecimentos são
essenciais à interpretação da variedade de sentidos possíveis em um texto.
O conceito de conhecimento Prévio7 refere-se a uma informação guardada em nossa mente e que
pode ser acionada quando for preciso. Em nosso cérebro, as informações não possuem locais exatos
onde serão armazenadas, como gavetas. As memórias são complexas e as informações podem ser
recuperadas ou reconstruídas com menor ou maior facilidade. Nossos conhecimentos não são estáticos,
pois o cérebro está captando novas informações a cada momento, assim como há informações que se
perdem. Um conhecimento muito utilizado será sempre recuperado mais facilmente, assim como um
pouco usado precisará de um grande esforço para ser recuperado. Existem alguns tipos de conhecimento
prévio: o intuitivo, o científico, o linguístico, o enciclopédico, o procedimental, entre outros. No decorrer
de uma leitura, por exemplo, o conhecimento prévio é criado e utilizado. Por exemplo, um livro científico
que explica um conceito e depois fala sobre a utilização desse conceito. É preciso ter o conhecimento
prévio sobre o conceito para se aprofundar no tema, ou seja, é algo gradativo. Em leitura, o conhecimento
prévio são informações que a pessoa que está lendo necessita possuir para ler o texto e compreendê-lo
sem grandes dificuldades. Isso é muito importante para a criação de inferências, ou seja, a construção de
informações que não são apresentadas no texto de forma explícita e para a pessoa que lê conectar partes
do texto construindo sua coerência.
6
KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos do Texto. São Paulo: Contexto, 2006.
7
https://bit.ly/2P415JM.
Os sentidos no texto
Interpretar é lidar com diferentes sentidos construídos dentro do texto. Alguns desses sentidos são
mais literais enquanto outros são mais figurados, e exigem um esforço maior de compreensão por parte
do leitor. Outros são mais imediatos e outros estão mais escondidos e precisam se localizados.
Os sentidos podem estar expressos linguisticamente no texto ou podem ser compreendidos por uma
inferência (uma dedução) a partir da relação com os contextos extra e intralinguísticos. Frente a isso,
afirmamos que há dois tipos de informações: as explícitas e as implícitas.
8
CAVALCANTE FILHO, U. ESTRATÉGIAS DE LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NA UNIVERSIDADE: DA DECODIFICAÇÃO À LEITURA
CRÍTICA. In: ANAIS DO XV CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA
9
http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estudo-do-texto/implicitos-e-pressupostos.html
Na frase anterior, podemos encontrar duas informações: uma explícita e uma implícita. A explícita
refere-se ao fato de Maria ter duas filhas, Joana e Luzia. Essa informação já acessamos
instantaneamente, em um primeiro nível de leitura. Já a informação implícita, que é o fato de Joana ser
irmã de Luzia, só é compreendida a medida que o leitor entende previamente que duas pessoas que
possuem a mesma mãe são irmãs.
Observemos mais um exemplo:
“Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um desses craques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro
Rocha e Pelé), mas ainda tem um longo caminho a trilhar (...).”
(Veja São Paulo,1990)
A) Pressupostos: são sentidos implícitos que decorrem logicamente a partir de ideias e palavras
presentes no texto. Apesar do pressuposto não estar explícito, sua interpretação ocorre a partir da relação
com marcas linguísticas e informações explícitas. Observemos um exemplo:
Na leitura da frase acima, é possível compreender a seguinte informação pressuposta: Maria não
estava bem nos dias passados. Consideramos essa informação um pressuposto pois ela pode ser
deduzida a partir da presença da palavra “hoje”.
Marcadores de Pressupostos
- Adjetivos ou palavras similares modificadoras do substantivo
Ex.: Julinha foi minha primeira filha.
“Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as outras nasceram depois de Julinha.
- Certos verbos
Ex.: Renato continua doente.
O verbo “continua” indica que Renato já estava doente no momento anterior ao presente.
- Certos advérbios
Ex.: A produção automobilística brasileira está totalmente nas mãos das multinacionais.
O advérbio “totalmente” pressupõe que não há no Brasil indústria automobilística nacional.
- Orações adjetivas
Ex.: Os brasileiros, que não se importam com a coletividade, só se preocupam com seu bem-estar e,
por isso, jogam lixo na rua, fecham os cruzamentos, etc.
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se importam com a coletividade.
Ex.: Os brasileiros que não se importam com a coletividade só se preocupam com seu bem-estar e,
por isso, jogam lixo na rua, fecham os cruzamentos, etc.
Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros não se importam com a coletividade.
B) Subentendidos: são sentidos e valorações entendidos que não estão marcados linguisticamente
no texto. A compreensão do subentendido se dá a partir de relações que você estabelece com seus
conhecimentos prévios e fatos extralinguísticos. Observemos o exemplo a seguir:
Uma visita, em um dia muito quente e ensolarado, chega em sua casa. Após sentar em seu sofá, ela
diz:
- Nossa! Esse calor dá uma sede.
A partir dessa frase, você pode interpretar que a pessoa precisa ou quer água, o que poderia levá-lo a
oferecer água para a visita. Essa interpretação não ocorre pela presença de uma palavra expressa, mas
pela relação entre a frase e o contexto de produção dela.
Inferência
A inferência é um processo de dedução dos sentidos contidos no texto. Ela consiste em descobrir os
significados que estão nas entrelinhas. Por meio de relações intra e extratextuais, podemos compreender
e interpretar aqueles sentidos que não estão linguisticamente materializados no texto. Toda vez que uma
questão de prova pedir para você inferir sobre um determinado sentido, você deverá deduzir os sentidos
baseados na relação que essa palavra ou frase estabelece com as outras ao seu redor (contexto
intralinguístico) e nas relações estabelecidas com os contextos sócio-histórico-cultural (contexto
extralinguístico).
Segue abaixo uma ilustração para análise exemplificação:
https://esteeomeusangue.wordpress.com/2010/09/28/cristo-redentor-e-eleito-uma-das-maravilhas-do-mundo
A partir de questionamentos como os citados acima é possível adentrar no contexto social, Rio de
Janeiro violento, que instaura críticas e denúncias a determinada realidade.
Portanto, ao inferir, o leitor é capaz de constatar os detalhes ocultos que transformam a leitura simples
em uma leitura reflexiva.
Ampliação de Sentido
Fala-se em ampliação de sentido quando a palavra passa a designar uma quantidade mais ampla de
objetos ou noções do que originariamente.
“Embarcar”, por exemplo, que originariamente era usada para designar o ato de viajar em um barco,
ampliou consideravelmente o sentido e passou a designar a ação de viajar em outros veículos. Hoje se
diz, por ampliação de sentido, que um passageiro:
- embarcou num ter.
- embarcou no ônibus dás dez.
- embarcou no avião da força aérea.
- embarcou num transatlântico.
“Alpinista”, na origem, era usado para indicar aquele que escala os Alpes (cadeia montanhosa
europeia). Depois, por ampliação de sentido, passou a designar qualquer tipo de praticante do esporte de
escalar montanhas.
Restrição de Sentido
Ao lado da ampliação de sentido, existe o movimento inverso, isto é, uma palavra passa a designar
uma quantidade mais restrita de objetos ou noções do que originariamente. É o caso, por exemplo, das
palavras que saem da língua geral e passam a ser usadas com sentido determinado, dentro de um
universo restrito do conhecimento.
A palavra aglutinação, por exemplo, na nomenclatura gramatical, é bom exemplo de especialização de
sentido. Na língua geral, ela significa qualquer junção de elementos para formar um todo, porém em
Gramática designa apenas um tipo de formação de palavras por composição em que a junção dos
elementos acarreta alteração de pronúncia, como é o caso de pernilongo (perna + longa).
Se não houver alteração de pronúncia, já não se diz mais aglutinação, mas justaposição. A palavra
Pernalonga, por exemplo, que designa uma personagem de desenhos animados, não se formou por
aglutinação, mas por justaposição.
Em linguagem científica é muito comum restringir-se o significado das palavras para dar precisão à
comunicação.
A palavra girassol, formada de gira (do verbo girar) + sol, não pode ser usada para designar, por
exemplo, um astro que gira em torno do Sol: seu sentido sofreu restrição, e ela serve para designar
apenas um tipo de flor que tem a propriedade de acompanhar o movimento do Sol.
Há certas palavras que, além do significado explícito, contêm outros implícitos (ou pressupostos).
Os exemplos são muitos. É o caso do adjetivo outro, por exemplo, que indica certa pessoa ou coisa,
pressupondo necessariamente a existência de ao menos uma além daquela indicada.
Prova disso é que não faz sentido, para um escritor que nunca lançou um livro, dizer que ele estará
autografando seu outro livro. O uso de outro pressupõe necessariamente ao menos um livro além daquele
que está sendo autografado.
O que é arquitetura?
Definir o que seja arquitetura, tal como ela significa na atualidade, é como tentar fazê-lo para as demais
artes, técnicas ou ciências, pois, em um mundo complexo e sujeito a mudanças tão aceleradas, a
dinâmica da vida toma indispensável um constante reexame do pensamento teórico e prático. Entretanto,
há um notável consenso acerca da definição dada a seguir, conforme foi sugerida, já em 1940, pelo
arquiteto e urbanista Lúcio Costa (1902-1998):
"Arquitetura é antes de mais nada construção, mas construção concebida com o propósito primordial
de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção. E, nesse
processo fundamental de ordenar e expressar-se, ela se revela igualmente arte plástica, porquanto nos
inumeráveis problemas com que se defronta o arquiteto desde a germinação do projeto até a conclusão
efetiva da obra, há sempre, para cada caso específico, certa margem final de opção entre os limites —
máximo e mínimo —determinados pelo cálculo, preconizados pela técnica, condicionados pelo meio,
reclamados pela função ou impostos pelo programa, — cabendo então ao sentimento individual do
arquiteto, no que ele tem de artista, portanto, escolher, na escala dos valores contidos entre dois valores
extremos, a forma plástica apropriada a cada pormenor em função da unidade última da obra idealizada."
COSTA, Lúcio (1902-1998). Considerações sobre arte contemporânea (1940). In: Lúcio Costa. Registro de uma vivência. São Paulo: Empresa das Artes, 1995
(fragmento), com adaptações.
Todo texto dissertativo-argumentativo desenvolve-se em torno de uma ideia principal. No texto anterior
podemos observar que toda construção de frases e parágrafos se faz em torno da ideia de se conceituar
arquitetura. Essa discussão em um texto argumentativo não é desordenada, mas há um padrão de
estruturação da ideia central e das ideias secundárias.
As ideias discutidas são estruturadas entre os parágrafos que constituem o texto. Cada parágrafo se
constrói em torno de uma ideia diferente. Porém, todas elas apontam para a ideia central. Dentre os vários
períodos que compõem o parágrafo, um traz a ideia principal, denominado tópico-frasal. Para localizar as
ideias principais do texto, é necessário encontrar cada um deles nos parágrafos.
No texto acima possuímos dois parágrafos. Cada um deles é construído em torno de uma ideia núcleo.
No primeiro parágrafo podemos perceber que a ideia principal está expressa já no primeiro período
“Definir o que seja arquitetura, tal como ela significa na atualidade, é como tentar fazê-lo para as demais
artes técnicas ou ciências”. Por ser a introdução desse parágrafo, sabemos que essa também é a ideia
principal do texto. Dessa forma, concluímos que todo o texto se construirá em torno da definição do
conceito de arquitetura. Já no segundo parágrafo, também temos uma ideia principal, expressa no período
"Arquitetura é antes de mais nada construção, mas construção concebida com o propósito primordial de
ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção”. Todas as
informações que aparecem no restante de cada um desses parágrafos apontam para as respectivas
ideias principais, com vistas a desenvolvê-la, justificá-la, exemplificá-la, entre outros propósitos.
Para compreender as temáticas bem como as opiniões discutidas é importante encontrar cada uma
dessas ideias núcleos como veremos no exemplo abaixo
Terceiro Conceito do Texto: “Para este caminho de regresso às origens de um trauma, Freud se utilizou
especialmente da linguagem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como compensação dos
desejos insatisfeitos na fase de vigília.” Aqui, está explicitado que a descoberta das raízes de um trauma
se faz por meio da compreensão dos sonhos, que seriam uma linguagem metafórica dos desejos não
realizados ao longo da vida do dia a dia.
Quarto Conceito do Texto: “Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo cultural da
época, foi a apresentação da tese de que toda neurose é de origem sexual.” Por fim, o texto afirma que
Freud escandalizou a sociedade de seu tempo, afirmando a novidade de que todo o trauma psicológico
é de origem sexual.
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar palavras novas, e procurar seu significado
para aumentar seu vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma distração,
mas também um aprendizado.
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compreensão do texto e ajudar a aprovação,
ela também estimula nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nosso foco, cria
perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de
memória.
Existem alguns erros de interpretação que podem prejudicar a seleção e compreensão das ideias
presentes no texto:
1. Desatenção: Todo tipo de linguagem e toda informação, por menor que pareça, deve ser levada
em consideração. Às vezes uma pequena desatenção a um dos aspectos do texto pode gerar uma falha
na interpretação.
2. Extrapolação10: É uma superinterpretação do texto. A partir de relações excessivas com outras
ideias e contextos, você pode fazer conclusões e entendimentos sem fundamento no texto. Ocorre
quando encontramos informações nas entrelinhas que não estão sugeridas ou motivadas pelo texto.
3. Redução: Oposto à extrapolação. É atentar-se apenas a alguns aspectos e ideias do texto, deixando
de lado outras que parecem irrelevantes. Tudo o que está no texto é importante e considerável.
4. Contradição: a contradição às vezes pode ser um recurso de argumentação dentro do texto. A fim
de defender um ponto de vista, o autor coloca opiniões em contradição. É necessário tomar cuidado para
não interpretar erroneamente e confundir a opinião defendida pelo autor.
5. Atenção: mesmo que você tenha sua opinião, na hora de discutir as ideias do texto, você deve
considerar a opiniões do autor, materializadas e defendidas no texto.
Questões
10
http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/extrapolacao-na-leitura
Cassini faz primeiro mergulho entre Saturno e seus anéis; cientistas esperam dados de
qualidade inédita.
Após 13 anos em órbita, a sonda CassiniHuygens já está enviando informações para a Terra após ter
feito seu primeiro “mergulho” entre os anéis de Saturno - são 22 planejados para os próximos cinco
meses.
A Cassini começou a executar a manobra - considerada difícil e delicada - na última quarta-feira e
restabeleceu contato com a Nasa (agência espacial americana) na manhã desta quinta. A sonda se
movimenta a 110 mil km/h, tão rapidamente que qualquer colisão com outros objetos - mesmo partículas
de terra ou gelo - poderia provocar danos.
Um objetivo central é determinar a massa e, portanto, a idade dos anéis - formados, acredita-se, por
gelo e água. Quanto maior a massa, mais velhos eles podem ser, talvez tão antigos quanto Saturno. Os
cientistas pretendem descobrir isso ao estudar como a velocidade da sonda é alterada enquanto ela voa
entre os campos gravitacionais gerados pelo planeta e pelas faixas de gelo que giram em torno dele.
Fragmento do texto publicado no site da BBC Brasil, por Jonathan Amos, correspondente de Ciência da BBC, dia 27 de abril de 2017.
Quanto ao gênero e interpretação do texto, é CORRETO afirmar que se trata de um trecho de:
(A) uma biografia dos cientistas Cassini e Huygens.
(B) uma notícia sobre um avanço científico.
(C) uma reportagem política sobre a Nasa.
(D) um artigo científico sobre velocidade.
(E) um texto acadêmico sobre a Via Láctea.
Página infeliz
O mercado editorial no Brasil nunca pareceu tão próximo de uma catástrofe – com as duas principais
redes de livrarias do país, Saraiva e Cultura, em uma crise profunda, reduzindo o número de lojas e com
dívidas que parecem sem fim.
Líder do mercado, a Saraiva, que já acumula atrasos de pagamentos a editores nos últimos anos,
anunciou nesta semana o fechamento de 20 lojas. Em nota, a rede afirma que a medida tem a ver com
“desafios econômicos e operacionais”, além de uma mudança na “dinâmica do varejo”.
Na semana anterior, a Livraria Cultura entrou em recuperação judicial. No pedido à Justiça, a rede
afirma acumular prejuízos nos últimos quatro anos, ter custos que só crescem e vendas menores. Mesmo
assim, diz a petição enviada ao juiz, não teria aumentado seus preços.
O enrosco da Cultura está explicado aí. Diante da crise, a empresa passou a pegar dinheiro
emprestado com os bancos – o tamanho da dívida é de R$ 63 milhões.
Com os atrasos nos pagamentos das duas redes, editoras já promoveram uma série de demissões ao
longo dos últimos dois anos.
O cenário de derrocada, contudo, parece estar em descompasso com os números de vendas. Desde
o começo do ano, os dados compilados pela Nielsen, empresa de pesquisa de mercado, levantados a
pedido do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, mostravam que o meio livreiro vinha dando sinais
de melhoras pela primeira vez, desde o início da recessão econômica que abala o país.
Simone Paulino, da Nós, editora independente de São Paulo, enxerga um descompasso entre as
vendas em alta e a crise. Nas palavras dela, “um paradoxo assustador.” A editora nunca vendeu tanto na
Cultura quanto nesses últimos seis meses”, diz. E é justamente nesse período que eles não têm sido
pagos.
“O modelo de produção do livro é muito complicado. Você investe desde a compra do direito autoral
ou tradução e vai investindo ao longo de todo o processo. Na hora que você deveria receber, esse dinheiro
não volta”, diz Paulino.
“Os grandes grupos têm uma estrutura de advogados que vão ter estratégia para tentar receber. E
para os pequenos? O que vai acontecer?”
Mas há uma esperança para os editores do país: o preço fixo do livro. Diante do cenário de crise, a
maior parte dos editores aposta em uma carta tirada da manga no apagar das luzes do atual governo – a
criação, no país, do preço fixo do livro – norma a ser implantada por medida provisória – nos moldes de
boa parte de países europeus, como França e Alemanha.
O segmento frasal – carta tirada da manga no apagar das luzes do atual governo – indica, no contexto:
(A) uma indiferença do governo que termina em ajudar a resolver o problema dos grupos editoriais.
(B) uma solução de última hora para as redes livreiras, se o atual governo aprovar a norma do preço
fixo do livro.
(C) uma possibilidade de as redes livreiras entrarem em acordo com os bancos para resolver a
situação.
(D) um voto de confiança no governo disposto a estancar a crise financeira das redes livreiras.
(E) a falta de perspectiva na busca de solução para as redes livreiras, por causa da atual crise
econômica do país.
Texto I:
Olhos de Ressaca
As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a
gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que
a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem
o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse
tragar também o nadador da manhã.
Fonte: ASSIS, Machado. Olhos de ressaca. In: Dom Casmurro. 8. ed. São Paulo, Ática, 1978, p. 133-134 (adaptado).
Casos de preconceito expõem uso indiscriminado da palavra "racismo", confundida com “injúria” e
“apologia à violência”.
Todas as profissões possuem vocabulário próprio, um glossário que permite comunicação mais efetiva
entre os que trabalham em determinada área do conhecimento humano. Com o Direito não é diferente.
As letras forenses são plenas de particularidades e aforismos próprios, familiares aos que militam nas
lides judiciais, mas bastante estranhos à população em geral.
Alguns problemas surgem porque, ao contrário do que observamos em outras ciências, os termos
jurídicos têm, não raro, um segundo significado, comum e muito difundido, circunstância que
frequentemente leva confusão aos que batem às portas dos tribunais em busca de justiça. São palavras
como: “queixa”, “exceção”, “suspeição”, “competência”, cujo significado popular difere, em muito, do
o tempo de criança.
A escola isolada
desapareceu.
As meninas casaram
ou ficaram no mundo,
Apostila gerada especialmente para: Daniel de Oliveira Santos 117.115.567-00
14
os meninos viraram homens,
de solucionar.
(MARINHO, Arthur Neri. Disponível em: www.alcinea.com/poetas-do-amapa)
Uma interpretação possível para a palavra problema, no penúltimo verso, relaciona-a com
(A) a impossibilidade de conter a passagem do tempo e de ter total controle sobre o destino humano.
(B) a frustração de perceber que os ensinamentos da escola não foram bem aprendidos pelos alunos.
(C) a indiferença estabelecida nos relacionamentos entre pessoas que tiveram um passado comum.
(D) o fato de já não ser possível acessar as memórias relativas à infância que se perdeu no tempo.
(E) a inevitabilidade de se conservarem os costumes adquiridos na escola para abraçar a vida adulta.
Leia com atenção o trecho do livro A contadora de filmes do escritor chileno Hernán Rivera Letelier,
traduzido para o português por Eric Nepomuceno e responda à questão.
Naquele tempo descobri que todo mundo gosta que alguém conte histórias. Todos querem sair da
realidade um momento e viver esses mundos de ficção dos filmes, das radionovelas, dos romances.
Gostam até que alguém lhes conte mentiras, se essas mentiras forem bem contadas. Essa é a razão do
êxito dos embusteiros de fala hábil.
Sem nem ter pensado nisso, para eles eu tinha me transformado numa fazedora de ilusões. Numa
espécie de fada, como dizia a vizinha. Minhas narrações de filme os tiravam daquele amargo nada que
era o deserto, e mesmo que fosse por um instante os transportava a mundos maravilhosos, cheios de
amores, sonhos e aventuras. Em vez de vê-los projetados numa tela, em minhas narrações cada um
podia imaginar esses mundos ao seu bel prazer.
Certa vez li por aí, ouvi num filme, que quando os judeus eram levados pelos alemães naqueles vagões
fechados, de transportar gado – com apenas uma ranhura na parte alta para que entrasse um pouco de
ar –, enquanto iam atravessando campos com cheiro de capim úmido, escolhiam o melhor narrador entre
eles e, subindo-o em seus ombros, o elevavam até a ranhura para que fosse descrevendo a paisagem e
contando o que via conforme o trem avançava.
Eu agora estou convencida de que entre eles deve ter havido muitos que preferiam imaginar as
maravilhas contadas pelos companheiro a ter o privilégio de olhar pela ranhura.
Leia a tira de “Níquel Náusea”, criada pelo cartunista brasileiro Fernando Gonsales, para responder à
questão.
TEXTO II
“A ideia de que a medicina é uma luta contra a morte está errada. A medicina é uma luta pela vida boa,
da qual a morte faz parte.” A colocação do escritor Rubem Alves (1933-2014) resume bem o que propõem
os cuidados paliativos, um campo e conjunto de práticas que têm por objetivo proteger as pessoas do
sofrimento trazido por doenças difíceis e que ameaçam a vida. Essa especialidade oferta conforto, o que
inclui alívio e prevenção de incômodos físicos (dor, náusea, falta de ar ...), além de apoio emocional,
espiritual e social ao paciente e à família. (...).
Que fique claro: esse amparo não é sinônimo de suspensão de tratamentos. “Não é eutanásia”,
enfatiza a geriatra Ana Claudia Arantes, fundadora da Casa do Cuidar de São Paulo, que forma
profissionais paliativistas. “Muita gente acha que cuidados paliativos é desistir da vida, quando o que eles
oferecem é o oposto: ajudar a viver bem”, esclarece. Tabus do tipo talvez tenham relação com o próprio
termo “paliativo”, que, no uso corriqueiro, remete a “solução temporária”. Mas, na origem, a palavra tem
outro significado. Pallium, no latim, quer dizer “manto”. Historicamente, assim eram chamadas as capas
usadas pelos cavaleiros das Cruzadas para se acolher das intempéries. É esse o sentido que evoca nos
cuidados paliativos. (...)
(Revista Saúde é Vital – Editora Abril, nº 443, junho/2019, p. 62-63).
Sobre a possível interpretação dada ao sentido da palavra paliativo, infere-se que:
Acusam a TV de ser responsável pela violência. É preciso debater essa questão. A TV não inventou a
violência. Em todas as épocas, houve assassinatos, roubos e vítimas. Durante a Ditadura Militar a vida
era mais violenta que hoje. No romance Os Três Mosqueteiros as lutas e as mortes são frequentes e, no
entanto, não criticam a literatura por sua violência. Finalmente, países onde os televisores são em
pequeno número, como na Índia ou no Zaire, também há guerras... Logo, não podem acusar a TV de ser
responsável por tudo.
O autor do texto declara que, apesar de a literatura conter cenas de violência, ninguém a acusa de ser
responsável pela violência.
Diplomacia Familiar
A vida em família é, na maioria das vezes, a nossa sustentação. A família aconchega, acolhe, defen-
de, oferece segurança, é nossa fortaleza. Há momentos harmoniosos de convivência que melhoram a
nossa qualidade de vida! (...) É o único grupo ao qual pertencemos a vida toda. É uma panelinha amo-
rosa!
Mas, como tudo, a vida em família tem o seu outro lado: não é – e nunca foi – fácil viver em família.
Dentro das quatro paredes, os conflitos, as cobranças, as pressões e as expectativas frustradas, (...) vêm
à tona.
Normal! Afinal, como são os afetos que regem a vida do grupo familiar, não tinha como ser diferente,
porque eles sempre andam aos pares, com seus opostos. É por isso que, onde há amor, há ódio, tam-
bém. Só não há indiferença, porque, aí, não há afeto.
Entreveros familiares sempre existiram e existirão, mas, na atualidade, os laços familiares andam
frágeis, porque qualquer motivo à toa já basta para que surjam picuinhas, hostilidades, distanciamento,
raiva, mágoa etc. Será que estamos a assumir que, de fato, "parente é serpente"?
Uma bronca de um tio no sobrinho é motivo para que os irmãos se desentendam; passar um dia com
os netos já pode suscitar fofocas maldosas a respeito dos avós; um presente dado a uma sobrinha pro-
voca ciúme de outra irmã, e assim por diante.
Por que esses pequenos acontecimentos do cotidiano, antes relevados, agora despertam emoções
tão intensas nos integrantes do grupo familiar? Temos algumas pistas.
O modo individualista de viver e a busca da felicidade pessoal e permanente, valores sociais que
adotamos faz tempo, têm grande parcela de responsabilidade nessa questão. "Eu preciso pensar em
mim", "devo pôr para fora tudo o que me atormenta", "por que as pessoas agem de modo tão diferente
do que deveriam?" são alguns exemplos de pensamentos que existem em nós, muitas vezes à nossa
revelia, e que mostram o quanto os valores citados interferem em nossa vida pessoal. (...).
Precisamos acalmar os ânimos com os parentes, relevar as pequenas adversidades que eles nos
provocam, sem querer ou intencionalmente, respeitar as diferenças existentes, perdoar os seus defeitos
e lembrar, sempre, dos benefícios que pertencer a uma família nos traz e que hoje estão em risco. Se-
não, logo teremos mais um curso de graduação disponível no já concorrido mercado universitário: "di-
plomacia familiar". Somos capazes de dar conta disso, não somos?
(Revista Veja, Editora Abril, edição 2.542, ano 50, nº 32, 9 de agosto de 2017, p. 89. Por Rosely Sayão).
A linguagem é usada em seu sentido literal, NÃO figurado, no trecho destacado, em:
(A) É uma panelinha amorosa!
Gabarito
01. B /02. B/ 03.B/ 04. B/ 05. C/ 06. A/ 07. C/ 08. A/ 09. C/ 10. A/ 11. D
Comentários
01. Resposta: B
Não, o texto na verdade incentiva o oposto do que é mencionado na alternativa B.
02.. Resposta: B
O texto expõe claramente um tema sobre avanço científico, sobre a sonda que faz 13 anos está em
órbita enviando informações para a terra.
03. Resposta: B
Para interpretar o segmento frasal “carta tirada da manga no apagar das luzes do atual governo” é
necessário que o leitor recorra ao contexto extrallinguístico e ao intralinguístico. A expressão carta tirada
da manga exige um conhecimento de mundo do leitor(extralinguístico), o qual precisa saber que essa
expressão é usualmente utilizada para se referir a soluções e a ideias que surgem inesperadamente. A
expressão “apagar da luzes” também mobiliza um conhecimento de mundo.e significa a realização de
algo no limite máximo de um determinado prazo. Por uma informação contida dentro do
texto(conhecimento intralinguístico) sabemos que esse apagar das luzes do governo refere-se à
aprovação da norma do preço fixo do livro.
04. Resposta: B
Em todo o texto há o detalhamento dos ocorridos no velório do marido de Sancha.
05. Resposta: C
No texto o autor tem a intenção de defender que alguns termos são entendidos de uma forma pelo
senso jurídico e de outra pelo senso comum. No segundo e terceiro parágrafo o autor mostra as diferenças
entre o entendimento da justiça e o do senso comum em relação ao racismo.
06. Resposta A
Nos versos do poema fica expresso a impossibilidade do eu-lírico em controlar o tempo ou o destino
humano, pois há a afirmação de que o tempo da escola passou, contatos com amigos de sala foram
perdidos. O eu-lírico afirma que as meninas se casaram e os meninos viraram homens. Com um
sentimento de nostalgia, o autor não consegue solucionar o problema dessa mudança, que o leva a não
saber onde ou como está a professora desse tempo de criança.
07. Resposta C
No texto, a autora defende que as pessoas têm necessidade de ouvir histórias e que essas narrações
podem ser fontes de prazer nas pessoas e gerar uma fuga da realidade sofrida. No segundo e quarto
parágrafo ela dá um exemplo da função prazerosa da narrativa na sua realidade e na realidade dos
capturados pelo nazismo. Ela deixa claro a importância da narrativa como fuga para esses cenários de
sofrimento.
08. Resposta A
A palavra chinelo é colocada como um símbolo de controle pois ela é utilizada na paráfrase do
ditado popular “Em terra de cego quem tem um olho é rei”. Esse ditado fala sobre o controle de alguém
ou alguma classe social sobre outros, pela presença de alguma vantagem, como o chinelo no caso da
tirinha.
10. Resposta: A
Uma analogia significa uma relação de semelhança estabelecida entre duas ou mais entidades
distintas. O “analogia” significa “proporção”. No texto o autor faz uma analogia da violência atual que foi
atribuída a TV como culpada e influenciadora, no entanto, não faz uma inferência que apenas deduz
alguma coisa a partir de indícios.
11. Resposta: D
Nenhuma expressão utilizada na alternativa D tem valor conotativo, valor figurado. Nas outras
alternativas a presença de palavras figuradas é bem presente, por exemplo, alternativa A, “amorosa” tem
valor figurado.
- Linguagem Verbal: aquela que faz uso das palavras para comunicar algo.
As figuras acima nos comunicam sua mensagem através da linguagem verbal (usa palavras para
transmitir a informação).
- Não Verbal: aquela que utiliza outros métodos de comunicação, que não são as palavras. Dentre
elas estão: a linguagem de sinais, as placas e sinais de trânsito, a linguagem corporal, uma figura, a
expressão facial, gestos, entre outros.
Essas figuras fazem uso apenas de imagens para comunicar o que representam.
Língua
Não devemos confundir língua com escrita, pois são dois meios de comunicação distintos. A escrita
representa um estágio posterior de uma língua. A língua falada é mais espontânea, abrange a
comunicação linguística em toda sua totalidade. Além disso, é acompanhada pelo tom de voz, algumas
vezes por mímicas, incluindo-se fisionomias. A língua escrita não é apenas a representação da língua
falada, mas sim um sistema mais disciplinado e rígido, uma vez que não conta com o jogo fisionômico,
as mímicas e o tom de voz do falante.
No Brasil, por exemplo, todos falam a língua portuguesa, mas existem usos diferentes da língua devido
a diversos fatores. Dentre eles, destacam-se:
Fatores Regionais: se refere a variação de linguagem de região para região. É possível, por exemplo,
notar a diferença do português falado por um habitante da região nordeste comparado a um da região
sudeste do Brasil. Dentro de uma mesma região, também existem variações no uso da língua, no estado
do Rio Grande do Sul, por exemplo, há diferenças entre a língua utilizada por um cidadão que vive na
capital e um que mora no interior do estado;
Fatores Culturais: o grau de escolarização e a formação cultural de um indivíduo também são fatores
que colaboram para os diferentes usos da língua. Uma pessoa escolarizada utiliza a língua de maneira
diferente da pessoa que não teve acesso à escola;
Fatores Contextuais: nosso modo de falar varia de acordo com a situação em que nos encontramos,
pois quando conversamos com nossos amigos, não usamos os termos que usaríamos se estivéssemos
discursando em uma solenidade de formatura;
Fatores Profissionais: o exercício de algumas atividades requer o domínio de certas formas de língua
chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas formas têm uso praticamente
restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, químicos, profissionais da área de direito e da informática,
biólogos, médicos, linguistas e outros especialistas; e
Fatores Naturais: o uso da língua pelos falantes sofre influência de fatores naturais, como idade e
sexo. Uma criança, por exemplo, não utiliza a língua da mesma maneira que um adulto, daí falar-se em
linguagem infantil e linguagem adulta.
Fala
É a utilização oral da língua pelo indivíduo. É um ato individual, pois cada indivíduo, para a
manifestação da fala, pode escolher os elementos da língua que lhe convém, conforme seu gosto e sua
necessidade, de acordo com a situação, o contexto, sua personalidade, o ambiente sociocultural em que
vive, etc. Desse modo, dentro da unidade da língua, há uma grande diversificação nos mais variados
níveis da fala. Cada indivíduo, além de conhecer o que fala, conhece também o que os outros falam; é
por isso que somos capazes de dialogar com pessoas dos mais variados graus de cultura, embora nem
sempre a linguagem delas seja exatamente como a nossa.
Devido ao caráter individual da fala, é possível observar alguns níveis:
- Nível Coloquial-Popular: é a fala que a maioria das pessoas utiliza no seu dia a dia, principalmente
em situações informais. Esse nível da fala é mais espontâneo, ao utilizá-lo, não nos preocupamos em
saber se falamos de acordo ou não com as regras formais estabelecidas pela língua.
- Nível Formal-Culto: é o nível da fala normalmente utilizado pelas pessoas em situações formais.
Caracteriza-se por um cuidado maior com o vocabulário e pela obediência às regras gramaticais
estabelecidas pela língua.
Significado
O significado é o conceito, ideia ou concepção que cada pessoa tem de uma determinada palavra.
Significante
O significante é uma imagem acústica, uma representação psíquica do som de uma palavra, ou seja,
o reconhecimento mental desse som, sem que haja a necessidade de materialização desse som através
da fala.
Exemplo:
Ao escutar a palavra “cachorro”, reconhecemos a sequência de sons que formam essa palavra. Esses
sons se identificam com a lembrança deles que está em nossa memória. Essa lembrança constitui uma
real imagem sonora, armazenada em nosso cérebro que é o significante do signo “cachorro”. Quando
escutamos essa palavra, logo pensamos em um animal irracional de quatro patas, com pelos, olhos,
orelhas, etc.
Esse conceito que nos vem à mente é o significado do signo “cachorro” e também se encontra
armazenado em nossa memória.
Ao empregar os signos que formam a nossa língua, devemos obedecer às regras gramaticais
convencionadas pela própria língua. Desse modo, por exemplo, é possível colocar o artigo indefinido “um”
diante do signo “cachorro”, formando a sequência “um cachorro”, o mesmo não seria possível se
quiséssemos colocar o artigo “uma” diante do signo “cachorro”. A sequência “uma cachorro” contraria
uma regra de concordância da língua portuguesa, o que faz com que essa sentença seja rejeitada. Os
signos que constituem a língua obedecem a padrões determinados de organização. O conhecimento de
uma língua engloba tanto a identificação de seus signos, como também o uso adequado de suas regras
combinatórias.
Signo: elemento representativo que possui duas partes indissolúveis: significado e significante.
Significado (é o conceito, a ideia transmitida pelo signo, a parte abstrata do signo) + Significante (é a
imagem sonora, a forma, a parte concreta do signo, suas letras e seus fonemas).
Língua: conjunto de sinais baseado em palavras que obedecem às regras gramaticais.
Fala: uso individual da língua, aberto à criatividade e ao desenvolvimento da liberdade de expressão
e compreensão.
Existem diversas formas de discursos e textos, para cada um deles há características específicas e
diferentes formas de interpretação. Os textos imagéticos, construídos por imagens e algumas vezes por
imagens e palavras, ganharam grande destaque nas últimas décadas e têm sido cada vez mais utilizados.
A simbologia é uma forma de comunicação não verbal que consegue, por meio de símbolos gráficos
populares, transmitir mensagens e exprimir ideias e conceitos em uma linguagem figurativa ou abstrata.
A capacidade de reconhecimento e interpretação das imagens/símbolos é determinada pelo
conhecimento de cada pessoa.
Três exemplos de símbolos cotidianamente utilizados são: logotipos, ícones e sinalizações. Segue
alguns exemplos:
- ÍCONES
- SINALIZAÇÃO
A) a linguagem verbal.
B) a linguagem não verbal.
C) a linguagem mista.
D) o Arcaísmo.
E) o Neologismo.
Texto
“Linguagem é a expressão individual e social do ser humano e, ao mesmo tempo, o elemento comum
que possibilita o processo comunicativo entre os sujeitos que vivem em sociedade.”(CEREJA &
MAGALHÃES, 2013, p.13).
Tendo por base o conceito veiculado no Texto, qual tipo de linguagem apresenta-se na tirinha?
a) Oral.
b) Verbal.
c) Escrita.
d) Não verbal.
Sobre a linguagem verbal da tirinha, pode-se afirmar que o autor opta por:
A) usar uma linguagem coloquial, que aproxima a fala dos animais àquela praticada pelos leitores
informalmente no dia-a-dia.
B) usar uma linguagem coloquial, pois trata-se de um texto escrito que deve observar as normas da
Língua Portuguesa.
C) usar uma linguagem culta, uma vez que tirinhas, de uma maneira geral, são lidas por crianças em
fase de letramento.
D) usar uma linguagem culta, por se tratar de um diálogo mais formal entre os bichos de estimação.
E) usar uma linguagem coloquial, pois as tirinhas, obrigatoriamente, fazem uso desse tipo de
linguagem.
Gabarito
01. C / 02 D / 03 A
01. Resposta: C
O enunciado é composto de linguagem mista pois possui tanto linguagem verbal como não-verbal.
02. Resposta: D
Na tirinha todo o sentido e a construção de humor ocorre por meio da linguagem não verbal, apenas
na utilização de imagens. Não observamos o emprego de nenhuma palavra ou expressão.
03. Resposta
A fala coloquial está expressa em expressões como “tá”, “a gente”, “pro”. O objetivo é aproximar a fala
dos animais da linguagem humana cotidiana de fala.
Texto Descritivo
É a representação com palavras de um objeto, lugar, situação ou coisa, onde procuramos mostrar os
traços mais particulares ou individuais do que se descreve. É qualquer elemento que seja apreendido
pelos sentidos e transformado, com palavras, em imagens.
Sempre que se expõe com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma paisagem a alguém, está fazendo
uso da descrição. Não é necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do observador varia
de acordo com seu grau de percepção. Dessa forma, o que será importante ser analisado para um, não
será para outro.
A vivência de quem descreve também influencia na hora de transmitir a impressão alcançada sobre
determinado objeto, pessoa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento.
Exemplo:
Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas
horas em reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos; vencia com o tempo o que
não podia fazer logo com o cérebro. Reunia a isso grande medo ao pai. Era uma criança fina, pálida, cara
doente; raramente estava alegre. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes. O mestre era mais
severo com ele do que conosco.
(Machado de Assis. "Conto de escola". Contos. 3ed. São Paulo, Ática, 1974)
Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do professor da escola que o escritor frequentava.
Deve-se notar:
- que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao mesmo tempo que gastava duas horas para
reter aquilo que os outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha grande medo ao pai);
- por isso, não existe uma ocorrência que possa ser considerada cronologicamente anterior a outra do
ponto de vista do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na escola é cronologicamente anterior a
retirar-se dela; no nível do relato, porém, a ordem dessas duas ocorrências é indiferente: o que o escritor
quer é explicitar uma característica do menino, e não traçar a cronologia de suas ações);
- ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-se), todas elas estão no pretérito imperfeito, que
indica concomitância em relação a um marco temporal instalado no texto (no caso, o ano de 1840, em
que o escritor frequentava a escola da Rua da Costa) e, portanto, não denota nenhuma transformação de
estado;
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não correríamos o risco de alterar nenhuma relação
cronológica - poderíamos mesmo colocar o últímo período em primeiro lugar e ler o texto do fim para o
começo: O mestre era mais severo com ele do que conosco. Entrava na escola depois do pai e retirava-
se antes...
Características
- Ao fazer a descrição enumeramos características, comparações e inúmeros elementos sensoriais;
- As personagens podem ser caracterizadas física e psicologicamente, ou pelas ações;
- A descrição pode ser considerada um dos elementos constitutivos da dissertação e da argumentação;
- É impossível separar narração de descrição;
Características Linguísticas
O enunciado narrativo, por ter a representação de um acontecimento, fazer-transformador, é marcado
pela temporalidade, na relação situação inicial e situação final, enquanto que o enunciado descritivo, não
tendo transformação, é atemporal.
Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático-semânticas encontradas no texto que vão
facilitar a compreensão:
- Predominância de verbos de estado, situação ou indicadores de propriedades, atitudes, qualidades,
usados principalmente no presente e no pretérito imperfeito do indicativo (ser, estar, haver, situar-se,
existir, ficar).
- Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que é descrito. Exemplo:
"Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço entalado num colarinho direito. O rosto aguçado
no queixo ia-se alargando até à calva, vasta e polida, um pouco amolgado no alto; tingia os cabelos que
de uma orelha à outra lhe faziam colar por trás da nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste,
mais brilho à calva; mas não tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos cantos da boca. Era muito
pálido; nunca tirava as lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito
despegadas do crânio."
(Eça de Queiroz - O Primo Basílio)
"Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não muito gordo, mas rolho e bojudo como um vaso
chinês. Apesar de seu corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade buliçosa e saltitante que lhe dava
petulância de rapaz e casava perfeitamente com os olhinhos de azougue."
(José de Alencar - Senhora)
"Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa velha, e essa casa era assim: na frente, uma grade
de ferro; depois você entrava tinha um jardinzinho; no final tinha uma escadinha que devia ter uns cinco
degraus; aí você entrava na sala da frente; dali tinha um corredor comprido de onde saíam três portas;
no final do corredor tinha a cozinha, depois tinha uma escadinha que ia dar no quintal e atrás ainda tinha
um galpão, que era o lugar da bagunça..."
(Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ)
Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passagem é apresentada como realmente é,
concretamente. Ex.: "Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70 kg. Aparência atlética, ombros largos, pele
bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos negros e lisos".
Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento. Ex.: “A casa velha era enorme, toda em largura,
com porta central que se alcançava por três degraus de pedra e quatro janelas de guilhotina para cada
lado. Era feita de pau-a-pique barreado, dentro de uma estrutura de cantos e apoios de madeira-de-lei.
Telhado de quatro águas. Pintada de roxo-claro. Devia ser mais velha que Juiz de Fora, provavelmente
sede de alguma fazenda que tivesse ficado, capricho da sorte, na linha de passagem da variante do
Caminho Novo que veio a ser a Rua Principal, depois a Rua Direita – sobre a qual ela se punha um pouco
de esguelha e fugindo ligeiramente do alinhamento (...).” (Pedro Nava – Baú de Ossos)
Descrição Subjetiva: quando há maior participação da emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a
cena, a paisagem é transfigurada pela emoção de quem escreve, podendo opinar ou expressar seus
sentimentos. Ex.: "Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso ao homem. Não só as
condecorações gritavam-lhe no peito como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um
anúncio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram de um rei..." ("O Ateneu", Raul Pompéia)
Do ponto de vista da progressão temporal, a ordem dos enunciados na descrição é indiferente, uma
vez que eles indicam propriedades ou características que ocorrem simultaneamente. No entanto, ela não
é indiferente do ponto de vista dos efeitos de sentido: descrever de cima para baixo ou vice-versa, do
detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos de sentido distintos.
Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio", de Bocage:
O poeta descreve-se das características físicas para as características morais. Se fizesse o inverso, o
sentido não seria o mesmo, pois as características físicas perderiam qualquer relevo.
O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a visualizar uma cena. É como traçar com palavras o
retrato de um objeto, lugar, pessoa etc., apontando suas características exteriores, facilmente
identificáveis (descrição objetiva), ou suas características psicológicas e até emocionais (descrição
subjetiva).
Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de adjetivos, também denominado adjetivação. Para
facilitar o aprendizado desta técnica, sugere-se que o concursando, após escrever seu texto, sublinhe
todos os substantivos, acrescentando antes ou depois deste um adjetivo ou uma locução adjetiva.
Descrição de ambientes:
- Introdução: comentário de caráter geral.
- Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura global do ambiente: paredes, janelas, portas,
chão, teto, luminosidade e aroma (se houver).
- Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a objetos lá existentes: móveis,
eletrodomésticos, quadros, esculturas ou quaisquer outros objetos.
- Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira no ambiente.
Descrição de paisagens:
- Introdução: comentário sobre sua localização ou qualquer outra referência de caráter geral.
- Desenvolvimento: observação do plano de fundo (explicação do que se vê ao longe).
- Desenvolvimento: observação dos elementos mais próximos do observador - explicação detalhada
dos elementos que compõem a paisagem, de acordo com determinada ordem.
- Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo acerca da impressão que a paisagem causa
em quem a contempla.
Descrição de pessoas:
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer aspecto de caráter geral.
- Desenvolvimento: características físicas (altura, peso, cor da pele, idade, cabelos, olhos, nariz,
boca, voz, roupas).
- Desenvolvimento: características psicológicas (personalidade, temperamento, caráter, preferências,
inclinações, postura, objetivos).
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter geral.
A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É uma estrutura pictórica, em que os aspectos
sensoriais predominam. Porque toda técnica descritiva implica contemplação e apreensão de algo
objetivo ou subjetivo, o redator, ao descrever, precisa possuir certo grau de sensibilidade. Assim como o
pintor capta o mundo exterior ou interior em suas telas, o autor de uma descrição focaliza cenas ou
imagens, conforme o permita sua sensibilidade.
Texto Narrativo
A Narração é um tipo de texto que relata uma história real, fictícia ou mescla dados reais e imaginários.
O texto narrativo apresenta personagens que atuam em um tempo e em um espaço, organizados por
uma narração feita por um narrador.
É uma série de fatos situados em um espaço e no tempo, tendo mudança de um estado para outro,
segundo relações de sequencialidade e causalidade, e não simultâneos como na descrição. Expressa as
relações entre os indivíduos, os conflitos e as ligações afetivas entre esses indivíduos e o mundo,
utilizando situações que contêm essa vivência.
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada), o narrador acaba sempre contando onde,
quando, como e com quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narração predomina a ação: o texto
narrativo é um conjunto de ações; assim sendo, a maioria dos verbos que compõem esse tipo de texto
Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se de tal forma, que não é possível
compreendê-los isoladamente, como simples exemplos de uma narração. Há uma relação de implicação
mútua entre eles, para garantir coerência e verossimilhança à história narrada.
Quanto aos elementos da narrativa, esses não estão, obrigatoriamente sempre presentes no discurso,
exceto as personagens ou o fato a ser narrado.
Tipos de Personagens:
Os personagens têm muita importância na construção de um texto narrativo, são elementos vitais.
Podem ser principais ou secundários, conforme o papel que desempenham no enredo, podem ser
apresentados direta ou indiretamente.
A apresentação direta acontece quando o personagem aparece de forma clara no texto, retratando
suas características físicas e/ou psicológicas, já a apresentação indireta se dá quando os personagens
aparecem aos poucos e o leitor vai construindo a sua imagem com o desenrolar do enredo, ou seja, a
partir de suas ações, do que ela vai fazendo e do modo como vai fazendo.
- Em 1ª pessoa:
“Parei na varanda, ia tonto, atordoado, as pernas bambas, o coração parecendo querer sair-me pela
boca fora. Não me atrevia a descer à chácara, e passar ao quintal vizinho. Comecei a andar de um lado
para outro, estacando para amparar-me, e andava outra vez e estacava.”
(Machado de Assis. Dom Casmurro)
“Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre teso do Jango Jorge, um que foi capitão duma
maloca de contrabandista que fez cancha nos banhados do Brocai.
Esse gaúcho desamotinado levou a existência inteira a cruzar os campos da fronteira; à luz do Sol, no
desmaiado da Lua, na escuridão das noites, na cerração das madrugadas...; ainda que chovesse reiúnos
acolherados ou que ventasse como por alma de padre, nunca errou vau, nunca perdeu atalho, nunca
desandou cruzada! ...
(...)
Aqui há poucos - coitado! - pousei no arranchamento dele. Casado ou doutro jeito, afamilhado. Não
nos víamos desde muito tempo. (...)
Fiquei verdeando, à espera, e fui dando um ajutório na matança dos leitões e no tiramento dos assados
com couro.”
(J. Simões Lopes Neto – Contrabandista)
- Em 3ª pessoa:
“Devia andar lá pelos cinco anos e meio quando a fantasiaram de borboleta. Por isso não pôde
defender-se. E saiu à rua com ar menos carnavalesco deste mundo, morrendo de vergonha da malha de
cetim, das asas e das antenas e, mais ainda, da cara à mostra, sem máscara piedosa para disfarçar o
sentimento impreciso de ridículo.”
(Ilka Laurito. Sal do Lírico)
Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história como sendo vista por uma câmara ou filmadora.
Sequência Narrativa
Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias: uma coordena-se a outra, uma implica a
outra, uma subordina-se a outra. A narrativa típica tem quatro mudanças de situação:
- uma em que uma personagem passa a ter um querer ou um dever (um desejo ou uma necessidade
de fazer algo);
- uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma competência para fazer algo);
Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se pressupõem logicamente. Com efeito, quando
se constata a realização de uma mudança é porque ela se verificou, e ela efetua-se porque quem a realiza
pode, sabe, quer ou deve fazê-la.
Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um apartamento: quando se assina a escritura, realiza-se o
ato de compra; para isso, é necessário poder (ter dinheiro) e querer ou dever comprar (respectivamente,
querer deixar de pagar aluguel ou ter necessidade de mudar, por ter sido despejado, por exemplo).
Algumas mudanças são necessárias para que outras se deem. Assim, para apanhar uma fruta, é
necessário apanhar um bambu ou outro instrumento para derrubá-la. Para ter um carro, é preciso antes
conseguir o dinheiro.
Narrativa e Narração
Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narratividade é um componente narrativo que pode
existir em textos que não são narrações. A narrativa é a transformação de situações. Por exemplo, quando
se diz “Depois da abolição, incentivou-se a imigração de europeus”, temos um texto dissertativo, que, no
entanto, apresenta um componente narrativo, pois contém uma mudança de situação: do não incentivo
ao incentivo da imigração europeia.
Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de texto, o que é narração?
A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três características:
- é um conjunto de transformações de situação;
- é um texto figurativo, isto é, opera com personagens e fatos concretos;
- as mudanças relatadas estão organizadas de maneira tal que, entre elas, existe sempre uma relação
de anterioridade e posterioridade.
Essa relação de anterioridade e posterioridade é sempre pertinente num texto narrativo, mesmo que a
sequência linear da temporalidade apareça alterada. Assim, por exemplo, no romance machadiano
Memórias póstumas de Brás Cubas, quando o narrador começa contando sua morte para em seguida
relatar sua vida, a sequência temporal foi modificada. No entanto, o leitor reconstitui, ao longo da leitura,
as relações de anterioridade e de posterioridade.
Exemplo - Personagens
"Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr. Amâncio não viu a mulher chegar.
- Não quer que se carpa o quintal, moço?
Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face escalavrada. Mas os olhos... (sempre
guardam alguma coisa do passado, os olhos)."
(Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre: Mercado Aberto)
Exemplo - Espaço
Considerarei longamente meu pequeno deserto, a redondeza escura e uniforme dos seixos. Seria o
leito seco de algum rio. Não havia, em todo o caso, como negar-lhe a insipidez."
(Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. Porto Alegre: Movimento, 1981)
Exemplo - Tempo
“Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembra-se: a mulher lhe pediu que a chamasse cedo."
(Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados)
Características
- ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é temático;
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de situação;
- ao contrário do texto narrativo, nele as relações de anterioridade e de posterioridade dos enunciados
não têm maior importância - o que importa são suas relações lógicas: analogia, pertinência, causalidade,
coexistência, correspondência, implicação, etc.
- a estética e a gramática são comuns a todos os tipos de redação. Já a estrutura, o conteúdo e a
estilística possuem características próprias a cada tipo de texto.
Introdução
Em que se apresenta o assunto; se apresenta a ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu
desenvolvimento. Tipos:
- Divisão: quando há dois ou mais termos a serem discutidos. Ex.: “Cada criatura humana traz duas
almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...”
- Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona a um fato presente. Ex.: “A crise econômica que
teve início no começo dos anos 80, com os conhecidos altos índices de inflação que a década colecionou,
agravou vários dos históricos problemas sociais do país. Entre eles, a violência, principalmente a urbana,
cuja escalada tem sido facilmente identificada pela população brasileira.”
- Proposição: o autor explicita seus objetivos.
- Convite: proposta ao leitor para que participe de alguma coisa apresentada no texto. Ex.: Você quer
estar “na sua”? Quer se sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não entre pelo cano! Faça parte desse
time de vencedores desde a escolha desse momento!
- Contestação: contestar uma ideia ou uma situação. Ex.: “É importante que o cidadão saiba que
portar arma de fogo não é a solução no combate à insegurança.”
- Características: caracterização de espaços ou aspectos.
- Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex.: “Em 1982, eram 15,8 milhões os domicílios
brasileiros com televisores. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque de aparelhos receptores
instalados do mundo). Ao todo, existem no país 257 emissoras (aquelas capazes de gerar programas) e
2.624 repetidoras (que apenas retransmitem sinais recebidos). (...)”
- Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato.
- Citação: opinião de alguém de destaque sobre o assunto do texto. Ex.: “A principal característica do
déspota encontra-se no fato de ser ele o autor único e exclusivo das normas e das regras que definem a
vida familiar, isto é, o espaço privado. Seu poder, escreve Aristóteles, é arbitrário, pois decorre
exclusivamente de sua vontade, de seu prazer e de suas necessidades.”
- Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos que compõem o texto.
Deve conter a ideia principal a ser desenvolvida (geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura do
texto, por isso é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para dois itens básicos: os objetivos do
texto e o plano do desenvolvimento. Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de análise e a
hipótese ou a tese a ser defendida.
Desenvolvimento
É a argumentação da ideia inicial, de forma organizada e progressiva. É a parte maior e mais
importante do texto. Podem ser desenvolvidas de várias formas:
- Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova com este tipo de abordagem.
- Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar a ideia principal ao máximo, esclarecendo o
conceito ou a definição.
- Comparação: estabelecer analogias, confrontar situações distintas.
- Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta pontos favoráveis e desfavoráveis.
- Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ou descrever uma cena.
- Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados estatísticos.
- Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para prováveis resultados.
- Interrogação: toda sucessão de interrogações deve apresentar questionamento e reflexão.
- Refutação: questiona-se praticamente tudo: conceitos, valores, juízos.
- Causa e Consequência: estruturar o texto através dos porquês de uma determinada situação.
- Oposição: abordar um assunto de forma dialética.
- Exemplificação: dar exemplos.
Exposição de elementos que vão fundamentar a ideia principal que pode vir especificada através da
argumentação, de pormenores, da ilustração, da causa e da consequência, das definições, dos dados
estatísticos, da ordenação cronológica, da interrogação e da citação. No desenvolvimento são usados
tantos parágrafos quantos forem necessários para a completa exposição da ideia.
Conclusão
É uma avaliação final do assunto, um fechamento integrado de tudo que se argumentou. Para ela
convergem todas as ideias anteriormente desenvolvidas.
- Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese.
- Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um pensamento ou faz uma proposta, incentivando
a reflexão de quem lê.
É a retomada da ideia principal, que agora deve aparecer de forma muito mais convincente, uma vez
que já foi fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação (um parágrafo). Deve, pois, conter de
forma sintética, o objetivo proposto na instrução, a confirmação da hipótese ou da tese, acrescida da
argumentação básica empregada no desenvolvimento.
Exemplo:
Direito de Trabalho
Com a queda do feudalismo no século XV, nasce um novo modelo econômico: o capitalismo, que até
o século XX agia por meio da inclusão de trabalhadores e hoje passou a agir por meio da exclusão. (A)
A tendência do mundo contemporâneo é tornar todo o trabalho automático, devido à evolução
tecnológica e a necessidade de qualificação cada vez maior, o que provoca o desemprego. Outro fator
que também leva ao desemprego de um sem número de trabalhadores é a contenção de despesas, de
gastos. (B)
1º Parágrafo – Introdução
2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento
B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que remetem a uma análise do tema em questão.
C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro dado da realidade.
D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de quem propõe soluções.
E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição.
7º Parágrafo: Conclusão
F. Uma possível solução é apresentada.
G. O texto conclui que desigualdade não se casa com modernidade.
É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar sobre o que não se conhece. A leitura de
bons textos é um dos recursos que permite uma segurança maior no momento de dissertar sobre algum
assunto. Debater e pesquisar são atitudes que favorecem o senso crítico, essencial no desenvolvimento
de um texto dissertativo.
Ainda temos:
Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o assunto que vai ser abordado.
Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo discutido.
Argumentação: é um conjunto de procedimentos linguísticos com os quais a pessoa que escreve
sustenta suas opiniões, de forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer argumentos, ou seja, razões
a favor ou contra uma determinada tese.
Pontos Essenciais
- toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade de pleno domínio do assunto e habilidade
de argumentação;
- em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao tema;
- a coerência é tida como regra de ouro da dissertação;
- impõem-se sempre o raciocínio lógico;
- a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na
demonstração do que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, original, nobre, correta
gramaticalmente. O discurso deve ser impessoal (evitar-se o uso da primeira pessoa).
COESÃO TEXTUAL
Uma das propriedades que distinguem um texto de um amontoado de palavras é a relação entre os
elementos que os constituem. A coesão textual é a ligação entre palavras, expressões, frases ou
parágrafos para instaurar a unidade dentro de um texto.
O cão e a lebre11
Um cão de caça espantou uma lebre para fora de sua toca, mas depois de longa perseguição, ele
parou a caçada. Um pastor de cabras vendo-o parar, ridicularizou-o dizendo:
“Aquele pequeno animal é melhor corredor que você”.
O cão de caça respondeu:
“Você não vê a diferença entre nós: eu estava correndo apenas por um jantar, mas ela por sua vida.”
Moral: O motivo pelo qual realizamos uma tarefa é que vai determinar sua qualidade final.
Pode-se observar na fábula anterior alguns termos grifados. Essas palavras vêm para retomar termos
anteriores e promover ligação entre as partes do texto, criando assim a unidade. O pronome “ele” e “o”
aparecem retomando e substituindo a palavra “cão”, enquanto o pronome “ela” aparece para retomar a
palavra “lebre”. Há também a expressão “pequeno animal” que retoma “o cão de caça”. Existem outras
palavras como, por exemplo, “mas”, as quais também são consideradas coesivas, pois promovem a
ligação entre as partes do texto.
Frente a isso, podemos dizer que os mecanismos de coesão envolvem
Coesivos de substituição
A retomada e a antecipação de palavras pode existir por meio de dois tipos de relações:
Anafórica: quando o termo coesivo substituto se refere a uma palavra anterior a ele no texto.
http://emefmarechalbittencourthtp.blogspot.com/p/coesao.html
A menina já foi embora. Ela disse que não estava se sentindo bem
Observa-se que a palavra “ela” se refere a um termo anterior “menina”, o qual o antecede,
constituindo-se um mecanismo coesivo anafórico.
Catafórica: quando o termo coesivo se refere a uma palavra posterior a ele no texto.
Observa-se que a palavra “esta” refere-se a uma informação que ainda irá aparecer no texto
“estudar mais”. Essa constitui-se um mecanismo coesivo catafórico.
Os termos utilizados na coesão referencial são aqueles que não possuem sentido por si próprios, mas
uma função gramatical que adquire sentido no contexto de uso. São referenciais anafóricos ou catafóricos:
Exemplo
“As pessoas simplificam Machado de Assis; elas o veem como um descrente do amor e da amizade.”
O pronome pessoal “elas” recupera o substantivo pessoas; o pronome pessoal “o” retoma o nome
Machado de Assis.
b) Pronomes demonstrativos
Os pronomes demonstrativos podem ser grandes auxiliadores na construção da coesão na hora de
você escrever o seu texto. Mas é muito importante você saber utilizá-los. Por isso vamos relembrá-los:
I. Esse(a), Esse(a), Isso: pronomes utilizados para coesões anafóricas (retomada de termos anteriores)
Exemplo:
Procuro concursos no estado de São Paulo. Eu moro no interior e gostaria de continuar por aqui. Esses
me ajudariam bastante.
II. Este(a), isto: pronomes utilizados para coesões catafóricas (referência a termos posteriores). Podem
ser utilizados para coesões anafóricas em caso de termo antecedente muito próximo
Exemplo:
Para ser aprovado no concurso a solução é esta: estudar.
Não é impossível ser aprovado nas provas. Estas só requerem seu esforço.
No primeiro exemplo, o pronome “esta” vem para introduzir algo ainda a ser dito (“estudar”). Já no
segundo exemplo, “estas” retoma “provas”, termo anterior próximo.
III. Este(a)/aquele(a): esses pronomes podem ser utilizados conjuntamente para se substituir dois
termos anteriores relacionados.
Exemplo:
Tenho dois cargos em mente: professor de química e bioquímico. Almejo mais aquele do que este.
Exemplo
Ele era muito diferente de seu mestre, a quem sucedera na cátedra de Sociologia na Universidade de
São Paulo.”
Exemplo
Encontrei Lara, Joana e Maria. Todas são minhas amigas
Pode-se observar que o pronome relativo “todas” retoma os termos “Lara”, “Joana” e “Maria”.
Exemplo
“Fui ao cinema domingo e, chegando lá, fiquei desanimado com a fila.”
Exemplo
Os dois homens caminhavam pela calçada, ambos trajando roupa escura.”
Exemplo
“O encarregado da limpeza encontrou uma carteira na sala de espetáculos. Curiosamente, a carteira
tinha muito dinheiro dentro, mas nem um documento sequer.”
MUITO CUIDADO:
PROBLEMAS DE
COERÊNCIA PODEM ESTAR LIGADOS À MÁS
UTILIZAÇÃO DE ELEMENTOS DE COESÃO.
Algumas incoerências podem surgir em função de um mau emprego dos elementos coesivos. Vejamos
alguns casos abaixo
Caso I
Exemplo
“André é meu grande amigo. Começou a namorá-la há vários meses.”
Exemplo
“O casamento teria sido às 20 horas. O noivo já estava desesperado, porque eram 21 horas e ela não
havia comparecido.”
Por dados do contexto cultural, sabe-se que o pronome “ela” é um anafórico que só pode estar-se
referindo à palavra noiva. Num casamento, estando presente o noivo, o desespero só pode ser pelo atraso
da noiva (representada por “ela” no exemplo citado).
Caso II
Quando, em dado contexto, o anafórico pode referir-se a dois termos distintos, há uma ruptura de
coesão, porque ocorre uma ambiguidade insolúvel. É preciso que o texto seja escrito de tal forma que o
leitor possa determinar exatamente qual é a palavra retomada pelo anafórico.
Exemplo
“Durante o ensaio, o ator principal brigou com o diretor por causa da sua arrogância.”
O anafórico “sua” pode estar-se referindo tanto à palavra ator quanto a diretor.
Exemplo
“André brigou com o ex-namorado de uma amiga, que trabalha na mesma firma.”
Não se sabe se o anafórico “que” está se referindo ao termo amiga ou a ex-namorado no exemplo
abaixo. Permutando o anafórico “que” por “o qual” ou “a qual”, essa ambiguidade seria desfeita.
II) Coesão lexical: retomada por palavra lexical - (substantivo, adjetivo ou verbo)
Utilização de palavras com sentido próprio para substituir termo anterior. Essas palavras podem ser
do mesmo campo lexical (campo de sentido) da palavra substituída ou não. Uma palavra pode ser
retomada, quer por uma repetição, quer por uma substituição por sinônimo, hiperônimo, hipônimo ou
antonomásia.
a) Sinônimo: é o nome que se dá a uma palavra que possui o mesmo sentido que outra, ou sentido
bastante aproximado: injúria e afronta, alegre e contente.
Exemplo
“Eles (os alquimistas) acreditavam que o organismo do homem era regido por humores (fluidos
orgânicos) que percorriam, ou apenas existiam, em maior ou menor intensidade em nosso corpo. Eram
quatro os humores: o sangue, a fleuma (secreção pulmonar), a bile amarela e a bile negra. E eram
também estes quatro fluidos ligados aos quatro elementos fundamentais: ao Ar (seco), à Água (úmido),
ao Fogo (quente) e à Terra (frio), respectivamente.”
Ziraldo. In: Revista Vozes, nº3, abril de 1970, p.18.
Nesse texto, a ligação entre o segundo e o primeiro períodos se faz pela repetição da palavra humores;
entre o terceiro e o segundo se faz pela utilização do sinônimo fluidos.
b) Hiperônimo: é um termo que mantém com outro uma relação do tipo contém/está contido;
Exemplo
“Observava as estrelas, os planetas, os satélites. Os astros sempre o atraíram.”
Os dois períodos estão relacionados pelo hiperônimo astros, que recupera os hipônimos estrelas,
planetas, satélites.
Exemplo
“O rei do futebol (=Pelé) só podia ser um brasileiro.”
“O herói de dois mundos (=Garibaldi) foi lembrado numa recente minissérie de tevê.”
*Referência ao fato notório de Giuseppe Garibaldi haver lutado pela liberdade na Europa e na América.
e) Repetição de palavras: A repetição do termo presidente estabelece a coesão entre o último período
e o que vem antes dele.
Exemplo
“Um presidente da República tem uma agenda de trabalho extremamente carregada. Deve receber
ministros, embaixadores, visitantes estrangeiros, parlamentares; precisa a todo o momento tomar graves
decisões que afetam a vida de muitas pessoas; necessita acompanhar tudo o que acontece no Brasil e
no mundo. Um presidente deve começar a trabalhar ao raiar do dia e terminar sua jornada altas horas
da noite.”
É preciso manejar com muito cuidado a repetição de palavras, pois, se ela não for usada para criar um
efeito de sentido de intensificação, constituirá uma falha de estilo.
No trecho transcrito a seguir por exemplo, fica claro o uso da repetição da palavra vice e outras
parecidas (vicissitudes, vicejam, viciem), com a evidente intenção de ridicularizar a condição secundária
que um provável flamenguista atribui ao Vasco e ao seu Vice-presidente:
Exemplo
“Recebi por esses dias um e-mail com uma série de piadas sobre o pouco simpático Eurico Miranda.
Faltam-me provas, mas tudo leva a crer que o remetente seja um flamenguista.”
Segundo o texto, Eurico nasceu para ser vice: é vice-presidente do clube, vice-campeão carioca e bi-
vice-campeão mundial. E isso sem falar do vice no Carioca de futsal, no Carioca de basquete, no
Brasileiro de basquete e na Taça Guanabara. São vicissitudes que vicejam. Espero que não viciem.
José Roberto Torero. In: Folha de S. Paulo, 2000.
Coesivos de ligação (coesão sequencial)
Há na língua uma série de palavras ou locuções que são responsáveis pela ligação ou relação entre
segmentos do texto. Esses elementos denominam-se conectores ou operadores discursivos. Por
exemplo: visto que, até, ora, no entanto, contudo, ou seja.
Note-se que eles fazem mais do que ligar partes do texto: estabelecem entre elas relações semânticas
de diversos tipos, como contrariedade, causa, consequência, condição, conclusão, etc. Essas relações
exercem função argumentativa no texto, por isso os operadores discursivos não podem ser usados
indiscriminadamente.
- Gradação
Há conectivos que marcam uma gradação numa série de argumentos orientados para uma mesma
conclusão. Dividem-se eles, em dois subtipos: os que indicam o argumento mais forte de uma série: até,
mesmo, até mesmo, inclusive, e os que subentendem uma escala com argumentos mais fortes: ao menos,
pelo menos, no mínimo, no máximo, quando muito.
“Ele é um bom conferencista: tem uma voz bonita, é bem articulado, conhece bem o assunto de que
fala e é até sedutor.”
Apostila gerada especialmente para: Daniel de Oliveira Santos 117.115.567-00
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Toda a série de qualidades está orientada no sentido de comprovar que ele é bom conferencista;
dentro dessa série, ser sedutor é considerado o argumento mais forte.
“Ele é ambicioso e tem grande capacidade de trabalho. Chegará a ser pelo menos diretor da
empresa.”
Pelo menos introduz um argumento orientado no mesmo sentido de ser ambicioso e ter grande
capacidade de trabalho; por outro lado, subentende que há argumentos mais fortes para comprovar que
ele tem as qualidades requeridas dos que vão longe (por exemplo, ser presidente da empresa) e que se
está usando o menos forte; ao menos, pelo menos e no mínimo ligam argumentos de valor positivo.
“Se alguém pode tomar essa decisão é você. Você é o diretor da escola, é muito respeitado pelos
funcionários e também é muito querido pelos alunos.”
Arrolam-se três argumentos em favor da tese que é o interlocutor quem pode tomar uma dada decisão.
O último deles é introduzido por “e também”, que indica um argumento final na mesma direção
argumentativa dos precedentes.
Esses operadores introduzem novos argumentos; não significam, em hipótese nenhuma, a repetição
do que já foi dito. Ou seja, só podem ser ligados com conectores de conjunção segmentos que
representam uma progressão discursiva. É possível dizer “Disfarçou as lágrimas que o assaltaram e
continuou seu discurso”, porque o segundo segmento indica um desenvolvimento da exposição. Não teria
cabimento usar operadores desse tipo para ligar dois segmentos como “Disfarçou as lágrimas que o
assaltaram e escondeu o choro que tomou conta dele”.
“Não agredi esse imbecil. Ao contrário, ajudei a separar a briga, para que ele não apanhasse.”
O argumento introduzido por ao contrário é diretamente oposto àquele de que o falante teria agredido
alguém.
- Conclusão: existem operadores que marcam uma conclusão em relação ao que foi dito em dois ou
mais enunciados anteriores (geralmente, uma das afirmações de que decorre a conclusão fica implícita,
por manifestar uma voz geral, uma verdade universalmente aceita): logo, portanto, por conseguinte, pois
(o pois é conclusivo quando não encabeça a oração).
“Essa guerra é uma guerra de conquista, pois visa ao controle dos fluxos mundiais de petróleo. Por
conseguinte, não é moralmente defensável.”
Por conseguinte introduz uma conclusão em relação à afirmação exposta no primeiro período.
- Comparação: outros importantes operadores discursivos são os que estabelecem uma comparação
de igualdade, superioridade ou inferioridade entre dois elementos, com vistas a uma conclusão contrária
ou favorável a certa ideia: tanto... quanto, tão... como, mais... (do) que.
“Os problemas de fuga de presos serão tanto mais graves quanto maior for a corrupção entre os
agentes penitenciários.”
“Tanto maior será a corrupção entre os agentes penitenciários quanto mais grave for o problema da
fuga de presos”.
Muitas vezes a permutação dos segmentos leva a conclusões opostas: Imagine-se, por exemplo, o
seguinte diálogo entre o diretor de um clube esportivo e o técnico de futebol:
“__Precisamos promover atletas das divisões de base para reforçar nosso time.
__Qualquer atleta das divisões de base é tão bom quanto os do time principal.”
Nesse caso, o argumento do técnico é a favor da promoção, pois ele declara que qualquer atleta das
divisões de base tem, pelo menos, o mesmo nível dos do time principal, o que significa que estes não
primam exatamente pela excelência em relação aos outros.
Suponhamos, agora, que o técnico tivesse invertido os segmentos na sua fala:
“__Qualquer atleta do time principal é tão bom quanto os das divisões de base.”
Nesse caso, seu argumento seria contra a necessidade da promoção, pois ele estaria declarando que
os atletas do time principal são tão bons quanto os das divisões de base.
“Já que os Estados Unidos invadiram o Iraque sem autorização da ONU, devem arcar sozinhos com
os custos da guerra.”
Já que inicia um argumento que dá uma justificativa para a tese de que os Estados Unidos devam
arcar sozinhos com o custo da guerra contra o Iraque.
- Contrajunção: os operadores discursivos que assinalam uma relação de contrajunção, isto é, que
ligam enunciados com orientação argumentativa contrária, são as conjunções adversativas (mas,
contudo, todavia, no entanto, entretanto, porém) e as concessivas (embora, apesar de, apesar de que,
conquanto, ainda que, posto que, se bem que).
Qual é a diferença entre as adversativas e as concessivas, se tanto umas como outras ligam
enunciados com orientação argumentativa contrária?
Nas adversativas, prevalece a orientação do segmento introduzido pela conjunção.
“O atleta pode cair por causa do impacto, mas se levanta mais decidido a vencer.”
Nesse caso, a primeira oração conduz a uma conclusão negativa sobre um processo ocorrido com o
atleta, enquanto a começada pela conjunção “mas” leva a uma conclusão positiva. Essa segunda
orientação é a mais forte.
Compare-se, por exemplo, “Ela é simpática, mas não é bonita” com “Ela não é bonita, mas é simpática”.
No primeiro caso, o que se quer dizer é que a simpatia é suplantada pela falta de beleza; no segundo,
que a falta de beleza perde relevância diante da simpatia. Quando se usam as conjunções adversativas,
introduz-se um argumento com vistas à determinada conclusão, para, em seguida, apresentar um
argumento decisivo para uma conclusão contrária.
Com as conjunções concessivas, a orientação argumentativa que predomina é a do segmento não
introduzido pela conjunção.
“Embora haja conexão entre saber escrever e saber gramática, trata-se de capacidades diferentes.”
A oração iniciada por “embora” apresenta uma orientação argumentativa no sentido de que saber
escrever e saber gramática são duas coisas interligadas; a oração principal conduz à direção
argumentativa contrária.
“Por mais que o exército tivesse planejado a operação (argumento mais fraco), a realidade mostrou-
se mais complexa (argumento mais forte).”
“O exército planejou minuciosamente a operação (argumento mais fraco), mas a realidade mostrou-
se mais complexa (argumento mais forte).”
“Ele está num período muito bom da vida: começou a namorar a mulher de seus sonhos, foi promovido
na empresa, recebeu um prêmio que ambicionava havia muito tempo e, além disso, ganhou uma bolada
na loteria.”
O operador discursivo introduz o que se considera a prova mais forte de que “Ele está num período
muito bom da vida”; no entanto, essa prova é apresentada como se fosse apenas mais uma.
“Ele é um técnico retranqueiro, como aliás o são todos os que atualmente militam no nosso futebol.
O conector introduz uma generalização ao que foi afirmado: não “ele”, mas todos os técnicos do nosso
futebol são retranqueiros.
“A violência não é um fenômeno que está disseminado apenas entre as camadas mais pobres da
população. Por exemplo, é crescente o número de jovens da classe média que estão envolvidos em toda
sorte de delitos, dos menos aos mais graves.”
Por exemplo assinala que o que vem a seguir especifica, exemplifica a afirmação de que a violência
não é um fenômeno adstrito aos membros das “camadas mais pobres da população”.
- Retificação ou Correção: há ainda os que indicam uma retificação, uma correção do que foi afirmado
antes: ou melhor, de fato, pelo contrário, ao contrário, isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras.
“Vou-me casar neste final de semana. Ou melhor, vou passar a viver junto com minha namorada.”
“A última tentativa de proibir a propaganda de cigarros nas corridas de Fórmula 1 não vingou. De fato,
os interesses dos fabricantes mais uma vez prevaleceram sobre os da saúde.”
- Explicação: há operadores que desencadeiam uma explicação, uma confirmação, uma ilustração do
que foi afirmado antes: assim, desse modo, dessa maneira.
“O exército inimigo não desejava a paz. Assim, enquanto se processavam as negociações, atacou de
surpresa.”
- Finalidade: para, para que, a fim de, a fim de que - Introduzem frases e parágrafos que trazem a
finalidade e objetivo das informações apresentadas em períodos ou parágrafos anteriores.
- Conformidade: conforme, de acordo, segundo - Uma frase ou parágrafo traz uma norma ou uma
condição prévia para o estabelecimento da informação apresentada na outra frase ou parágrafo.
(...)
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
Nesse caso, o verbo dizer, que seria enunciado antes daquilo que disse a lua, isto é, antes das aspas,
fica subentendido, é omitido por ser facilmente presumível.
Qualquer segmento da frase pode sofrer elipse. Veja que, no exemplo abaixo, é o sujeito meu pai que
vem elidido (ou apagado) antes de sentiu e parou:
Pode ocorrer também elipse por antecipação. No exemplo que segue, aquela promoção é
complemento tanto de querer quanto de desejar, no entanto aparece apenas depois do segundo verbo:
“Ficou muito deprimido com o fato de ter sido preterido. Afinal, queria muito, desejava ardentemente
aquela promoção.”
“Uma semana antes de ser internado gravemente doente, ele esteve conosco. Estava alegre e cheio
de planos para o futuro.”
“A um lado, duas estatuetas de bronze dourado, representando o amor e a castidade, sustentam uma
cúpula oval de forma ligeira, donde se desdobram até o pavimento bambolins de cassa finíssima. (...) Do
outro lado, há uma lareira, não de fogo, que o dispensa nosso ameno clima fluminense, ainda na maior
força do inverno.”
José de Alencar. Senhora. São Paulo, FTD, 1992, p. 77.
- Sequenciadores de Ordem: são os que assinalam a ordem dos assuntos numa exposição:
primeiramente, em segunda, a seguir, finalmente, etc.
“Para mostrar os horrores da guerra, falarei, inicialmente, das agruras por que passam as populações
civis; em seguida, discorrerei sobre a vida dos soldados na frente de batalha; finalmente, exporei suas
consequências para a economia mundial e, portanto, para a vida cotidiana de todos os habitantes do
planeta.”
“Joaquim viveu sempre cercado do carinho de muitas pessoas. A propósito, era um homem que sabia
agradar às mulheres.”
“A reforma política é indispensável. Sem a existência da fidelidade partidária, cada parlamentar vota
segundo seus interesses e não de acordo com um programa partidário. Assim, não há bases
governamentais sólidas.”
Esse texto contém três períodos. O segundo indica a causa de a reforma política ser indispensável.
Portanto o ponto-final do primeiro período está no lugar de um porque.
“As empresas que anunciaram que apoiariam a campanha de combate à fome que foi lançada pelo
governo federal.”
Observe-se que falta o predicado da primeira oração. Quem escreveu o período começou a encadear
orações subordinadas e “esqueceu-se” de terminar a principal.
Quebras de coesão desse tipo são mais comuns em períodos longos. No entanto, mesmo quando se
elaboram períodos curtos é preciso cuidar para que sejam sintaticamente completos e para que suas
partes estejam bem conectadas entre si.
Para que um conjunto de frases constitua um texto, não basta que elas estejam coesas: se não tiverem
unidade de sentido, mesmo que aparentemente organizadas, elas não passarão de um amontoado
injustificado.
“Vivo há muitos anos em São Paulo. A cidade tem excelentes restaurantes. Ela tem bairros muito
pobres. Também o Rio de Janeiro tem favelas.”
Todas as frases são coesas. O hiperônimo cidade retoma o substantivo São Paulo, estabelecendo
uma relação entre o segundo e o primeiro períodos. O pronome “ela” recupera a palavra cidade,
vinculando o terceiro ao segundo período. O operador também realiza uma conjunção argumentativa,
relacionando o quarto período ao terceiro. No entanto, esse conjunto não é um texto, pois não apresenta
unidade de sentido, isto é, não tem coerência. A coesão, portanto, é condição necessária, mas não
suficiente, para produzir um texto.
Questões
CIDADANIA NO BRASIL
No trecho “Tudo isso mostra a complexidade do problema." (linha 12), o elemento textual “isso" possui
natureza de coesão
(A) exclusivamente sequencial.
(B) Exofórica
(C) Catafórica
(D) expletiva.
(E) referencial anafórica.
Assinale a alternativa em que o trecho reescrito da mensagem de Julieta apresenta ideia de causa.
TEXTO I
Síndrome da superioridade ilusória: quando a ignorância se disfarça de conhecimento
A superioridade é um conceito ilusório, estamos todos juntos na jornada da vida e, independentemente
do nível de instrução, salário ou treinamento, você sempre pode aprender com qualquer pessoa, mesmo
daqueles que considera "inferiores".
01 A ignorância humana é o objeto de estudo de ensaios de todas as gerações:
02 De Sócrates a Darwin, muitos estudos foram realizados para determinar o que desperta o
comportamento
03 de superioridade nas pessoas, o que quase sempre resulta de um grande sentimento de falta
interior.
04 Uma das teorias mais aceitas sobre o assunto é conhecida como o efeito Dunning-Kruger.
Preparado
05 pelos psicólogos David Dunning e Justin Kruger, da Comell University, o efeito Dunning-Kruger é
um distúrbio
06 cognitivo, no qual as pessoas que são ignorantes em um determinado assunto acreditam que sabem
mais do
07 que aquelas que são estudadas e experimentadas, sem reconhecer sua própria ignorância e
limitações.
08 Essas pessoas vivem em um estado de superioridade ilusória, acreditando serem muito sábias,
mas na
09 realidade estão muito atrás daquelas que as cercam.
10 Como diz o artigo de Dunning e Kruger, publicado em 1999: "Os incompetentes são muitas vezes
11 abençoados com uma confiança inadequada, protegidos por algo que lhes parece conhecimento".
12 As pessoas que têm essa síndrome acreditam que suas habilidades são muito mais altas que a
média,
13 mesmo quando elas claramente não entendem o que estão falando. Elas não têm a humildade de
reconhecer 14 sua necessidade de melhoria. Elas também não reconhecem o potencial daqueles que as
rodeiam, pois seu
15 egoísmo as impede.
16 Você provavelmente conhece alguém assim, que vive preso em sua própria ignorância, que não
faz sua
17 parte para melhorar e ainda acredita que está acima do bem e do mal, e tem o direito de julgar
todos ao seu
18 redor.
19 Essas pessoas, que não sabem nada de um assunto, comportam-se como se fossem mestres e
tentam
20 reverter os argumentos bem planejados de estudiosos e especialistas, isso é realmente
desagradável.
]21 Para que possamos evoluir como pessoas e sociedade, devemos nos engajar em um diálogo
saudável,
22 no qual ambas as partes têm o mesmo direito de expressar suas opiniões e de serem ouvidas.
Aprender uns
23 com os outros é uma habilidade muito importante, que deve ser encorajada, afinal, não fazemos
nada por nós 24 mesmos neste mundo. Sempre podemos usar a experiência de alguém para simplificar
nossas vidas.
25 As pessoas estão se tornando mais convencidas e menos dispostas a crescer coletivamente.
26 Acreditamos que um diploma nos toma imbatíveis, infalíveis. Isso está longe da verdade, e somente
quando
27 aprendemos a reconhecer nossas limitações e nos associamos a pessoas que podem nos oferecer
o que nos
28 falta, podemos realmente evoluir.
29 A superioridade é um conceito indescritível, estamos todos juntos na jornada da vida e,
30 independentemente do nível de instrução, salário ou educação, sempre podemos aprender com
qualquer
No trecho “Essas pessoas vivem em um estado de superioridade ilusória, acreditando serem muito
sábias, mas na realidade estão muito atrás daquelas que as cercam” (linhas 08 e 09), a palavra “as”, em
destaque, retoma, no período, a informação:
Crianças rechonchudas
Enquanto seis milhões de pessoas morrem de fome todos os anos, o mundo mergulha na obesidade.
A Organização Mundial da Saúde calcula que existam 800 milhões de desnutridos, contra 1,3 bilhão de
pessoas com excesso de peso.
Nos últimos quinze anos, as taxas de obesidade dispararam no mundo inteiro. Mesmo em países da
Ásia e da África que convivem com o flagelo da fome, parte significante da população engordou mais do
que devia.
Os mexicanos constituem exemplo característico: em 1990, menos de 10% estavam acima do peso
saudável; em 2006, cerca de 66% dos homens e de 71% das mulheres apresentavam sobrepeso ou
obesidade. Diabetes do tipo 2, enfermidade rara naquela época, hoje aflige 13% dos adultos no México.
No Egito, mais de 60% dos habitantes está com excesso de peso. Na China, esse número saltou de
13% para cerca de 30% em pouco mais de uma década. No Brasil da Copa de 1970, havia menos de
20% de pessoas nessa condição; hoje beiramos 50%. As crianças não foram poupadas pela epidemia.
Pacotes de biscoitos e salgadinhos, refrigerantes à vontade e as horas sedentárias na frente da TV e dos
computadores tornaram-nas bem mais rechonchudas do que nas gerações anteriores.
Em editorial na revista The New England Joumal of Medicine, David Ludwig, professor da Harvard
Medical School, descreve as quatro fases da epidemia de obesidade pediátrica. A fase 1 começou nos
anos 1970 na América do Norte e se disseminou pelos quatro cantos. O peso médio das crianças
aumentou paralelamente ao dos adultos tanto na cidade como no campo, em todas as regiões e grupos
étnicos. [..1 A fase 2, na qual acabamos de entrar, é caracterizada pela emergência de problemas 20
mais graves. A incidência de diabetes do tipo 2, enfermidade que acometia apenas adultos, aumentou 10
vezes entre os adolescentes americanos. Excesso de peso é causa de problemas ortopédicos,
reumatológicos e psicológicos: crianças obesas tendem a desenvolver ansiedade, distúrbios alimentares,
depressão e a isolar-se socialmente.
Daqui a alguns anos entraremos na fase 3, na qual surgirão as doenças cardiovasculares e 25
metabólicas que colocarão a vida em perigo. Estudos canadenses sugerem que adolescentes obesos,
com diabetes do tipo 2, correrão mais risco de sofrer amputação de membros, transplante de rim e morte
prematura. Parte significante dos que apresentam esteatose hepática evoluirá para cirrose.
David Ludwig estima que, em 2050, a obesidade pediátrica terá encurtado em dois a cinco anos a
expectativa de vida nos Estados Unidos — efeito igual ao de todos os casos de câncer combinados. Na
30 ausência de intervenções eficazes, entraremos na fase 4, caracterizada pelo aumento da velocidade
de disseminação da epidemia. Acumular excesso de gordura nas fases iniciais da vida pode provocar
alterações metabólicas irreversíveis no equilíbrio hormonal, nas células adiposas e nos circuitos que
controlam a fome e a saciedade. Adultos obesos têm maior probabilidade de ter filhos gordos, por causa
de influências não genéticas, fenômeno conhecido como programação perinatal. É o caso das mulheres
35 que apresentam hiperglicemia na gravidez: seus filhos costumam chegar aos seis ou sete anos com
excesso de peso.
O professor termina com uma série de indagações. Por que as crianças devem ser bombardeadas
com comerciais de "junk foodt"? Por que são submetidas às tentações das lanchonetes escolares? Por
que não lhes é oferecida a oportunidade diária de exercitar o corpo na escola?
Apostila gerada especialmente para: Daniel de Oliveira Santos 117.115.567-00
48
(VARELLA, Drauzio. Adaptado de: htips://drauziotarella.uol.combrl. Acesso em janeiro de 2019.) "link
food: relativo a comidas com poucos nutrientes, fáceis de fazer besteiras.
A coesão é a conexão linguística que permite a ligação entre as ideias em um texto. Assinale a
alternativa que apresenta a relação correta entre o elemento coesivo sublinhado e o vocábulo, oração ou
expressão do texto cujo sentido foi retomado por esse elemento.
(A) Parte significante dos que apresentam esteatose hepática evoluirá para cirrose → canadenses
adultos.
(B) Na China, esse número saltou de 13% para cerca de 30% em pouco mais de uma década →
habitantes com excesso de peso.
(C) No Brasil da Copa de 1970, havia menos de 20% de pessoas nessa condição → com diabetes tipo
2.
(E) seus filhos costumam chegar aos seis ou sete anos com excesso de peso → filhos da primeira
geração de obesos.
A locução “por isso”, em “Por isso foi despedido”, tem a função de introduzir a
(A) localização das ações expostas na situação comunicativa dada.
(B) finalidade do conjunto de ações expostas nos quadrinhos precedentes.
(C) veracidade das afirmações apresentadas nos quadrinhos antecedentes
(D) conclusão da situação comunicativa com o efeito das ações apresentadas.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: B
Há função anafórica, isto é, alude ao que foi dito anteriormente. Quando Haroldo diz "isso", refere-se
a uma fala anterior de Calvin.
02. Resposta: E
O pronome isso na expressão “tudo isso” estabelece uma coesão referencial anafórica pois ele é uma
palavra quei só tem sentido dentro de um contexto de comunicação e nesse trecho ele se refere a uma
03. Resposta: C
A conjunção “pois” em “Não tô morta, pois tomei apenas um sonífero.” estabelece um sentido de causa,
pois traz o motivo da personagem não estar morta.
04. Resposta: A
O pronome oblíquo as em “Essas pessoas vivem em um estado de superioridade ilusória, acreditando
serem muito sábias, mas na realidade estão muito atrás daquelas que as cercam” retoma a expressão
“essas pessoas” pois há a afirmação de que essas pessoas são cercadas por outras que não tem o
sentido de superioridade ilusória.
05. Resposta: B
O pronome “esse” retoma a expressão “o número de habitantes que está acima do peso” na linha 10,
pois esse pronome é utilizado especificamente para realizar coesões anafóricas (aquelas que retomam
termos anteriores).
06. Resposta: B
A conjunção “ao invés de” pode ser substituída por “ao contrário de”, pois as duas estabelecem sentido
de contrariedade. “Quer dizer” pode ser substituído por “isto é”, pois as duas expressões possuem sentido
de retificação, explicação. “Antes de mais nada” pode ser substituído por “sobretudo”, pois as duas
expressões estabelecem um sentido de priorização. “Tanto...como” pode ser substituído por “como
também”, pois estabelecem a mesma relação de comparação.
07. Resposta: D
“Por isso” estabelece uma relação de conclusão. Nos quadrinhos anteriores, afirmou-se que todos os
personagens da empresa ficaram com a cabeça quente. Numa relação de lógica estabelecida pelo uso
da conjunção” por isso”, conclui-se que aquele que não ficou de cabeça quente foi despedido. Logo, o
Renato foi despedido.
COERÊNCIA TEXTUAL
A coerência refere-se à organização lógica das informações e dos sentidos dentro do seu texto, de
forma que o raciocínio construído seja contínuo. A presença dela faz com que o texto tenha sentido para
os usuários. Ela diz respeito ao nível mais profundo do texto e caminha junto com a coesão, uma vez que
para uma boa conexão e expressão das ideias, é preciso estruturar bem as palavras, períodos e
parágrafos.
Vamos a um exemplo:
Exemplo I
Infância
O camisolão
O jarro
O passarinho
O oceano
A vista na casa que a gente sentava no sofá
Adolescência
Aquele amor
Nem me fale
Maturidade
Velhice
Notamos, à primeira vista, a ausência de elementos de coesão, quer retomando o que foi dito antes,
quer encadeando segmentos textuais. No entanto, percebemos nele um sentido unitário, sobretudo se
soubermos que o seu título é “As quatro gares”, ou seja, as quatro estações.
Com essa informação, podemos imaginar que se trata de flashes de cada uma das quatro fases da
vida: a infância, a adolescência, a maturidade e a velhice. A primeira é caracterizada pelas descobertas
(o oceano), por ações (o jarro, que certamente a criança quebrara; o passarinho que ela caçara) e por
experiências marcantes (a visita que se percebia na sala apropriada e o camisolão que se usava para
dormir); A segunda é caracterizada por amores perdidos, de que não se quer mais falar; A terceira, pela
formalidade e pela responsabilidade indicadas pela participação formal do nascimento da filha; A quarta,
pela condescendência para com a traquinagem do neto (a quem cabe a vez de assumir a ação).
Nesse poema, os subtítulos “Infância”, “Adolescência”, “Maturidade” e “Velhice” garantem a unidade
de sentido entre os versos e promovem a coerência. Colocar a participação formal do nascimento da filha,
por exemplo, sob o título “Maturidade” dá a conotação da responsabilidade habitualmente associada ao
indivíduo adulto e cria um sentido unitário.
Quando esse sentido não pode ser alcançado por faltar relação de sentido entre as partes, lemos um
texto incoerente, como este:
Exemplo II
A todo ser humano foi dado o direito de opção entre a mediocridade de uma vida que se acomoda e a
grandeza de uma vida voltada para o aprimoramento intelectual.
A adolescência é uma fase tão difícil que todos enfrentam. De repente vejo que não sou mais uma
“criancinha” dependente do “papai”. Chegou a hora de me decidir! Tenho que escolher uma profissão
para me realizar e ser independente financeiramente.
No país em que vivemos, que predomina o capitalismo, o mais rico sempre é quem vence!
Apud: J. A. Durigan, M. B. M. Abaurre e Y. F. Vieira (orgs).
A magia da mudança. Campinas, Unicamp, 1987, p. 53.
Nesses parágrafos, vemos três temas (direito de opção; adolescência e escolha profissional; relações
sociais sob o capitalismo) que mantêm relações muito tênues entre si. Esse fato, prejudicando a
continuidade semântica entre as partes, impede a apreensão do todo e, portanto, configura um texto
incoerente.
A natureza da coerência está relacionada a dois conceitos básicos de verdade: o extratextual e o
intratextual
O Contexto
Para uma dada unidade linguística, funciona como contexto a unidade linguística maior que ela: a
sílaba é contexto para o fonema; a palavra, para a sílaba; a oração, para a palavra; o período, para a
oração; o texto, para o período, e assim por diante.
“Um chopps, dois pastel, o polpettone do Jardim de Napoli, cruzar a Ipiranga com a Avenida São João,
o “Parmera”, o “Curíntia”, todo mundo estar usando cinto de segurança.”
À primeira vista, parece não haver nenhuma coerência na enumeração desses elementos. Quando
ficamos sabendo, no entanto, que eles fazem parte de um texto intitulado “100 motivos para gostar de
São Paulo”, o que aparentemente era caótico torna-se coerente:
1. Um chopps
2. E dois pastel
(...)
5. O polpettone do Jardim de Napoli
(...)
30. Cruzar a Ipiranga com a av. São João
(...)
43. O “Parmera”
(...)
45. O “Curíntia”
(...)
59. Todo mundo estar usando cinto de segurança
(...)
O texto apresenta os traços culturais da cidade, e todos convergem para um único significado: a
celebração da capital do estado de São Paulo no seu aniversário. Os dois primeiros itens de nosso
exemplo referem-se a marcas linguísticas do falar paulistano; o terceiro, a um prato que tornou conhecido
o restaurante chamado Jardim de Napoli; o quarto, a um verso da música “Sampa”, de Caetano Veloso;
o sexto e o sétimo, à maneira como os dois times mais populares da cidade são denominados na variante
linguística popular; o último à obediência a uma lei que na época ainda não vigorava no resto do país.
A Situação de Comunicação
__A telefônica.
__Era hoje?
O Conhecimento de Mundo
31 de março / 1º de abril
Dúvida Revolucionária
Aparentemente, falta coerência temporal a esse poema: o que significa “ontem foi hoje” ou “hoje é que
foi ontem?”. No entanto, as duas datas colocadas no início do poema e o título remetem a um episódio
da História do Brasil, o golpe militar de 1964, chamado Revolução de 1964. Esse fato deve fazer parte de
nosso conhecimento de mundo, assim como o detalhe de que ele ocorreu no dia 1º de abril, mas sua
comemoração foi mudada para 31 de março, para evitar relações entre o evento e o “dia da mentira”.
As Regras do Gênero
“O homem olhou através das paredes e viu onde os bandidos escondiam a vítima que havia sido
sequestrada.”
Essa frase é incoerente no discurso cotidiano, mas é completamente coerente no mundo criado pelas
histórias de super-heróis, em que o Super-Homem, por exemplo, tem força praticamente ilimitada; pode
voar no espaço a uma velocidade igual à da luz; quando ultrapassa essa velocidade, vence a barreira do
tempo e pode transferir-se para outras épocas; seus olhos de raios X permitem-lhe ver através de
qualquer corpo, a distâncias infinitas, etc.
Nosso conhecimento de mundo não é restrito ao que efetivamente existe, ao que se pode ver, tocar,
etc.: ele inclui também os mundos criados pela linguagem nos diferentes gêneros de texto, ficção
científica, contos maravilhosos, mitos, discurso religioso, etc., regidos por outras lógicas. Assim, o que é
incoerente num determinado gênero não o é, necessariamente, em outro.
“As verdes ideias incolores dormem, mas poderão explodir a qualquer momento.”
Tomando em seu sentido literal, esse texto é absurdo, pois, nessa acepção, o termo ideias não pode
ser qualificado por adjetivos de cor; não se podem atribuir ao mesmo ser, ao mesmo tempo, as qualidades
verde e incolor; o verbo dormir deve ter como sujeito um substantivo animado.
No entanto, se entendermos ideias verdes em sentido não literal, como concepções ambientalistas, o
período pode ser lido da seguinte maneira: “As ideias ambientalistas sem atrativo estão latentes, mas
poderão manifestar-se a qualquer momento.”
O Intertexto
Muitos textos retomam outros, constroem-se com base em outros e, por isso, só ganham coerência
nessa relação com o texto sobre o qual foram construídos, ou seja, na relação de intertextualidade. É o
caso desse poema.
Para compreendê-lo, é preciso saber que Alberto Caeiro é um dos heterônimos do poeta Fernando
Pessoa; que heterônimo não é pseudônimo, mas uma individualidade lírica distinta da do autor (o
ortônimo); que para Caeiro o real é a exterioridade e não devemos acrescentar-lhe impressões subjetivas;
Incoerência Proposital
Existem textos em que há uma quebra proposital da coerência, com vistas a produzir determinado
efeito de sentido, assim como existem outros que fazem da não coerência o próprio princípio constitutivo
da produção de sentido.
Poderia alguém perguntar, então, se realmente existe texto incoerente. Sem dúvida existe: é aquele
em que a incoerência é produzida involuntariamente, por inabilidade, descuido ou ignorância do
enunciador, e não usada funcionalmente para construir certo sentido.
Quando se trata de incoerência proposital, o enunciador dissemina pistas no texto, para que o leitor
perceba que ela faz parte de um programa intencionalmente direcionado para veicular determinado tema.
Se, por exemplo, num texto que mostra uma festa muito luxuosa, aparecem figuras como pessoas
comendo de boca aberta, falando em voz muito alta e em linguagem chula, ostentando suas últimas
aquisições, o enunciador certamente não está querendo manifestar o tema do luxo, do requinte, mas o
da vulgaridade dos novos-ricos.
Para ficar no exemplo da festa: em filmes como “Quero ser grande” (Big, dirigido por Penny Marshall
em 1988, com Tom Hanks) e “Um convidado bem trapalhão” (The party, Blake Edwards, 1968, com Peter
Sellers), há cenas em que os respectivos protagonistas exibem comportamento incompatível com a
ocasião, mas não há incoerência nisso, pois todo o enredo converge para que o espectador se solidarize
com eles, por sua ingenuidade e falta de traquejo social.
Mas, se aparece num texto uma figura incoerente uma única vez, o leitor não pode ter certeza de que
se trata de uma quebra de coerência proposital, com vistas a criar determinado efeito de sentido, vai
pensar que se trata de contradição devida a inabilidade, descuido ou ignorância do enunciador.
Dissemos também que há outros textos que fazem da inversão da realidade seu princípio constitutivo;
da incoerência, um fator de coerência. São exemplos as obras de Lewis Carrol “Alice no país das
maravilhas” e “Através do espelho”, que pretendem apresentar paradoxos de sentido, subverter o
princípio da realidade, mostrar as aporias da lógica, confrontar a lógica do senso comum com outras.
Reproduzimos um poema de Manuel Bandeira que contém mais de um exemplo do que foi abordado:
Teresa
O Adeus de Teresa
Para identificarmos a relação de intertextualidade entre eles; que tenhamos noção da crítica do
Modernismo às escolas literárias precedentes, no caso, ao Romantismo, em que nenhuma musa seria
tratada com tanta cerimônia e muito menos teria “cara”; que façamos uma leitura não literal; que
percebamos sua lógica interna, criada pela disseminação proposital de elementos que pareceriam
absurdos em outro contexto.
Princípios da coerência12
Para que um texto seja coerente, existem alguns princípios básicos que precisam ser considerados
1. Princípio da não contradição: as ideias relacionadas dentro de um texto não podem ser
contraditórias. Embora haja momentos em que você queira estabelecer uma relação de contradição, essa
precisa fazer sentido.
2. Princípio da não tautologia: não devem existir repetições desnecessárias em um bom texto. Evitar
repetição excessiva de uma mesma palavra ou ideia.
3. Princípio da relevância: todas as informações presentes no texto precisam ser necessárias para o
desenvolvimento da temática principal do texto. Qualquer informação que não esteja relacionada com o
fio condutor temático ou com as ideias ali presentes, não é relevante e pode ser descartada.
Níveis de Coerência13
Existem diferentes tipos de coerência, as quais são pensadas de acordo com os diferentes pontos de
vista para o qual olhamos para a linguagem.
Coerência Narrativa
Consiste no respeito às implicações lógicas entre as partes de um texto predominantemente do tipo
narrativo. Por exemplo, para que um sujeito realize uma ação, é preciso que ele tenha competência para
tanto, ou seja, que saiba e possa efetuá-la. Constitui, então, incoerência narrativa o seguinte exemplo:
Lá dentro havia uma fumaça, e essa fumaça não deixava que nós víssemos qualquer pessoa, pois era
muito intensa.
Meu colega foi à cozinha me deixando sozinho, fiquei encostado na parede da sala e fiquei observando
as pessoas que lá estavam. Na festa havia pessoas de todos os tipos: ruivas, brancas, pretas, amarelas,
altas e baixas.14
Nesse caso, a incoerência narrativa, é o fato de o sujeito não poder ver, porque a fumaça impedia,
mas ele viu.
Coerência Argumentativa
Precisa ter muita atenção ao sustentar ideias e opiniões, para que não entremos em contradição.
Coerência argumentativa é defender um ponto de vista sem entrar em contradição. Ex.: Um determinado
texto defende a ideia que todos são iguais perante à lei, posteriormente no final defende o privilégio de
algumas pessoas não estarem obrigadas a pagar impostos. Nesse caso, ocorre uma incoerência nos
argumentos. Apresenta um argumento e ao mesmo tempo vai contestá-lo.
12
Disponível em: https://www.estudopratico.com.br/coerencia-textual/
13
FIORIN, platão, para entender o texto, Ática, 1992.
14
FIORIN, platão, para entender o texto, Ática, 1992.
Segundo uma lei da lógica formal, não se pode concluir nada com certeza baseado em duas premissas
particulares. Dizer que muitos servidores públicos são marajás não permite concluir que qualquer um
seja.
A falta de relação entre o que se diz e o que foi dito anteriormente também constitui incoerência. É o
que se vê neste diálogo:
“__ Vereador, o senhor é a favor ou contra o pagamento de pedágio para circular no centro da cidade?
Coerência Figurativa
Compreende a articulação harmônica das figuras do texto, com base na relação de significado que
mantém entre si. As figuras devem pertencer ao mesmo tema e grupo de significado.
Por exemplo, mostrar a vida no Polo Norte, as figuras serão: neve, rena, roupas de pele. Não caberia
figuras como: palmeira, cactos, roupas de praia etc.
Coerência Temporal
Entende-se aquela que concerne à sucessão dos eventos e à compatibilidade dos enunciados do
ponto de vista de sua localização no tempo. Não se poderia, por exemplo, dizer: “O assassino foi
executado na câmara de gás e, depois, condenado à morte”.
Coerência Espacial
Diz respeito à compatibilidade dos enunciados do ponto de vista da localização no espaço. Seria
incoerente, por exemplo, o seguinte texto: “O filme ‘A Marvada Carne’ mostra a mudança sofrida por um
homem que vivia lá no interior e encanta-se com a agitação e a diversidade da vida na capital, pois aqui
já não suportava mais a mesmice e o tédio”.
Dizendo lá no interior, o enunciador dá a entender que seu pronunciamento está sendo feito de algum
lugar distante do interior; portanto ele não poderia usar o advérbio “aqui” para localizar “a mesmice” e “o
tédio” que caracterizavam a vida interiorana da personagem. Em síntese, não é coerente usar “lá” e “aqui”
para indicar o mesmo lugar.
Coerência Semântica
Relação lógica entre os sentidos das palavras e expressões que formam o seu texto. Por exemplo:
A prova estava muito difícil. Consegui resolver todas as questões com facilidade.
Nesse exemplo, o sentido entre as frases não combina. Há uma contradição ao afirmar que a prova
estava muito difícil e que conseguiu resolver as questões com facilidade. Para que essa incoerência seja
resolvida, é necessária uma reestruturação por meio do uso de conectivos de contradição (mas).
Coerência Sintática
Relativo à função de algum termo dentro da frase ou oração. Por exemplo:
No exemplo em questão, o pronome “onde” é usado para se referir à “amanhã”. Porém, ele só deve
ser empregado para indicações de lugar. Há, portanto, o uso errado da função desse pronome nesse
momento, constituindo-se uma incoerência
Coerência Temática
A famosa fuga ao tema. Presença de informações não condizentes ao tema proposto. Se este for a
violência na sociedade brasileira não podemos ter um parágrafo que fale apenas dos problemas de
corrupção, pois isso seria considerado uma incoerência temática.
Coerência Estilística
Relativo ao uso do registro linguístico. É aquela que concerne à compatibilidade do léxico e das
estruturas morfossintáticas com a variante escolhida numa dada situação de comunicação. Ocorre
incoerência relacionada ao nível de linguagem quando, por exemplo, o enunciador utiliza um termo chulo
ou pertencente à linguagem informal num texto caracterizado pela norma culta formal. Por exemplo, numa
situação de redação oficial não podemos utilizar gírias ou até formas de escritas típicas do ambiente
digital (internetês, tais como vc, tá, entre outros).
Tanto sabemos que isso não é permitido que, quando o fazemos, acrescentamos uma ressalva: com
perdão da palavra, se me permitem dizer. Observe um exemplo de incoerência nesse nível:
“Tendo recebido a notificação para pagamento da chamada taxa do lixo, ouso dirigir-me a V. Exª,
senhora prefeita, para expor-lhe minha inconformidade diante dessa medida, porque o IPTU foi
aumentado no governo anterior, de 0,6% para 1% do valor venal do imóvel exatamente para cobrir as
despesas da municipalidade com os gastos de coleta e destinação dos resíduos sólidos produzidos pelos
moradores de nossa cidade. Francamente, achei uma sacanagem esta armação da Prefeitura: jogar mais
um gasto nas costas da gente.”
Como se vê, o léxico usado no último período do texto destoa completamente do utilizado no período
anterior. Isso se constitui uma incoerência ligada ao nível de linguagem utilizado.
Coerência Genérica
Relativo ao gênero textual. Se estamos escrevendo um artigo de opinião não podemos, por exemplo,
colocar informações sobre ingredientes e procedimentos de fazer um bolo, pois esse conteúdo não é
característico do gênero artigo de opinião, mas sim da receita.
Progressão Temática15
É um procedimento que dá sequência a textos orais ou escritos, fazendo esse texto avançar ao mesmo
tempo em que apresenta informações novas sobre aquilo de que se fala (o tema).
O texto precisa ter uma unidade temática e, ao mesmo tempo, apresentar novas informações sobre
esse tema, mas sem mudar o tema de maneira aleatória, como estar falando sobre carro e logo em
seguida começar a falar de animais.
A organização e hierarquização das unidades semânticas do texto ocorrem através de dois eixos: tema
e rema. O tema é a base da comunicação, sobre aquilo que se fala, já o rema apresenta nova informação
que se introduz no texto.
Por meio da articulação desses dois eixos é que o texto progride. É possível que só exista um único
tema e vários remas sobre o mesmo. Porém, também é possível que o tema seja desdobrado em diversos
subtemas, também fazendo o texto avançar.
A manutenção do tema e essas formas de progressão são essenciais para a coesão e coerência e
coesão textual.
Causa e Efeito
O idioma e a música
Oficinas em bibliotecas públicas de São Paulo ensinam português com apoio da linguagem musical.
15
http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/progressao-tematica.
Após a leitura, tente identificar a causa para o aprendizado do idioma ficar mais divertido. O motivo
disso são as Oficinas Musicais de Língua Portuguesa, que tratam de questões importantes da língua por
meio de canções.
Temos aqui uma relação de causa e efeito: as aulas do idioma são realizada por meio de canções, e
o efeito disso é o aprendizado ficar mais divertido.
Questões
01. (TJ/MT - Técnico Judiciário - UFMT) A coerência refere-se aos nexos de sentido estabelecidos
entre as informações ou argumentos de um texto. A falta de coerência pode prejudicar o entendimento
do leitor. Assinale o trecho que NÃO apresenta problema de coerência.
(A) Quando eu estava vendo televisão nos EUA, as propagandas me chamaram a atenção.
(B) Andando pela calçada, o ônibus derrapou e pegou o funcionário quando entrava na livraria.
(C) Embarcou para São Paulo Maria Helena Arruda, onde ficará hospedada no luxuoso hotel Maksoud
Plaza.
(D) Desde os três anos de idade minha mãe me ensinava a ler e escrever.
A leitura
Várias vezes, no decorrer do último século, previu-se a morte dos livros e do hábito de ler. O avanço
do cinema, da televisão, dos videogames, da internet, tudo isso iria tornar a leitura obsoleta. No Brasil da
virada do século XX para o século XXI, o vaticínio até parecia razoável: o sistema de ensino em franco
declínio e sua tradição de fracasso na missão de formar leitores, o pouco apreço dado à instrução como
valor social fundamental e até dados muito práticos, como a falta e a pobreza de bibliotecas públicas e o
alto preço dos exemplares impressos aqui, conspiravam (conspiram, ainda) para que o contingente de
brasileiros dados aos livros minguasse de maneira irremediável. Contra todas as perspectivas, porém,
vem surgindo uma nova e robusta geração de leitores no país, movida – entre outras iniciativas – por
sucessos televisivos, como as séries Harry Potter e Crepúsculo.
Também para os cidadãos mais maduros abriram-se largas portas de entrada à leitura. A autoajuda (e
os romances com fortes tintas de autoajuda) é uma delas; os volumes que às vezes caem nas graças do
público, como A menina que roubava livros, ou os autores que têm o dom de fisgar o público com suas
histórias, são outra. E os títulos dedicados a recuperar a história do Brasil, como 1808, 1822, ou Guia
politicamente incorreto da História do Brasil, são uma terceira, e muito acolhedora, dessas portas.
É mais fácil tornar a leitura um hábito, claro, quando ela se inicia na infância. Mas qualquer idade é
boa, é favorável para adquirir esse gosto. Basta sentir aquela comichão do prazer, da curiosidade – e
então fazer um esforço para não se acomodar a uma zona de conforto, mas seguir adiante e evoluir na
leitura.
Bruno Meier. In: Graça Sette et al. Literatura – trilhas e tramas. Excerto adaptado.
Em coerência com as ideias globais expressas no Texto, um título adequado a ele poderia ser:
(A) A leitura: o impasse do descaso concedido à instrução transmitida na escola.
(B) A leitura: sinais evidentes de que surge uma nova onda de leitores.
(C) A leitura: o dom de se deixar cativar pela graça de histórias e romances.
(D) A leitura: o franco declínio do sistema de ensino brasileiro.
(E) A leitura: o acesso dos cidadãos mais maduros às suas influências.
Apostila gerada especialmente para: Daniel de Oliveira Santos 117.115.567-00
58
03. (SEARH/RN - Professor de Ensino Religioso - IDECAN)
Alunos da Universidade Princeton querem tirar o nome de Woodrow Wilson de uma das mais
importantes faculdades da instituição, a Woodrow Wilson School of Public and International Affairs. O
motivo, é claro, é o racismo.
Thomas Woodrow Wilson (1856‐1924) ocupou a Presidência dos EUA por dois mandatos (1913‐1921).
Era membro do Partido Democrata, levou o Nobel da Paz em 1919 e foi reitor da própria universidade.
Mas Wilson era inapelavelmente racista. Achava que negros não deveriam ser considerados cidadãos
plenos e tinha simpatias pela Ku Klux Klan. Merece ter seu nome cassado?
A resposta é, obviamente, “tanto faz". Um nome é só um nome e, para quem já morreu, homenagens
não costumam mesmo fazer muita diferença. De resto, discussões sobre racismo são bem‐vindas.
Receio, porém, que a demanda dos alunos caminhe perigosamente perto do anacronismo. Sim, Wilson
era racista, mas não podemos esquecer que a época também o era. O 28º presidente dos EUA não está
sozinho.
“Não sou nem nunca fui favorável a promover a igualdade social e política das raças branca e negra...
há uma diferença física entre as raças que, acredito, sempre as impedirá de viver juntas como iguais em
termos sociais e políticos. E eu, como qualquer outro homem, sou a favor de que os brancos mantenham
a posição de superioridade." Essa frase, que soa particularmente odiosa a nossos ouvidos modernos, é
de Abraham Lincoln, que, não obstante, continua sendo considerado um campeão dos direitos civis.
O problema são os americanos; eles são atavicamente racistas, dirá o observador anti-imperialista.
Talvez não. “O negro é indolente e sonhador, e gasta seu dinheiro com frivolidades e bebida". Essa pérola
é de Che Guevara. Alguns dizem que, depois, mudou de opinião. Quem não for prisioneiro de seu próprio
tempo que atire a primeira pedra.
(SCHWARTSMAN, Hélio. Folha de S. Paulo, 13 de dezembro de 2015.)
Para que haja manutenção da coerência, consistência e sentidos textuais; assinale a reescrita correta
a seguir.
(A) “O motivo, é claro, é o racismo.” (1º§) / O motivo é claro: o racismo.
(B) “Um nome é só um nome, ...” (3º§) / Um nome é, obviamente, só o nome.
(C) “A resposta é, obviamente, ‘tanto faz’” (3º§) / A resposta, é claro, “tanto faz”.
(D) “Alguns dizem que, depois, mudou de opinião.” (5º§) / A partir daí mudou de opinião.
clubedamafalda.blogspot.com
06. (SEGEP/MA - Analista Ambiental - FCC) A maioria das pessoas pensam que vai se aposentar
cedo e desfrutar da vida, mas um estudo sugere que estamos fadados a nos aposentar cada vez mais
tarde se quisermos manter um padrão de vida razoável.
Em 2009, pesquisadores publicaram um estudo na revista Lancet e afirmaram que metade das
pessoas nascidas após o ano 2000 vai viver mais de 100 anos e três quartos vão comemorar seus 75
anos.
Até 2007 acreditávamos que a expectativa de vida das pessoas não passaria de 85 anos. Foi quando
os japoneses ultrapassaram a expectativa para 86 anos. Na verdade, a expectativa de vida nos países
desenvolvidos sobe linearmente desde 1840, indicando que ainda não atingimos um limite para o tempo
de vida máximo para um ser humano.
No início do século XX, as melhorias no controle das doenças infecciosas promoveram um aumento
na sobrevida dos humanos, principalmente das crianças. E, depois da Segunda Guerra Mundial, os
avanços da medicina no tratamento das enfermidades cardiovasculares e do câncer promoveram um
ganho para os adultos. Em 1950, a chance de alguém sobreviver dos 80 aos 90 anos era de 10%;
atualmente excede os 50%.
O que agora vai promover uma sobrevida mais longa e com mais qualidade será a mudança de hábitos.
A Dinamarca era em 1950 um dos países com a mais longa expectativa de vida. Porém, em 1980 havia
despencado para a 20a posição, devido ao tabagismo.
O controle da ingestão de sal e açúcar, e a redução dos vícios como cigarro e álcool, além de atividade
física, vão determinar uma nova onda do aumento de expectativa de vida. A própria qualidade de vida,
medida por anos de saúde plena, deve mudar para melhor nas próximas décadas.
O próximo problema a ser enfrentado é a falta de dinheiro para as últimas décadas de vida: estamos
nos aposentando muito cedo e o que juntamos não será o suficiente. Precisamos guardar 10% do salário
... estamos fadados a nos aposentar cada vez mais tarde se quisermos manter um padrão de vida
razoável. (1o parágrafo)
Sem prejuízo da correção e da coerência, o segmento sublinhado acima pode ser substituído por
(A) caso queiramos
(B) na hipótese de quisemos
(C) como queríamos
(D) pelo fato de querermos
(E) apesar de querermos
TEXTO 1
Gabarito
01. Resposta: A
b) Andando pela calçada, o ônibus derrapou e pegou o funcionário quando entrava na livraria.
R:O ônibus derrapou e pegou o funcionário que estava andando na calçada no momento em que entrava
na livraria.
c) Embarcou para São Paulo Maria Helena Arruda, onde ficará hospedada no luxuoso hotel Maksoud
Plaza.
R: Maria Helena Arruda embarcou para São Paulo, onde ficará hospedada no luxuoso hotel Masound
Plaza.
d) Desde os quatro anos minha mãe me ensinava a ler e escrever.
R: Minha mãe me ensinava a ler e escrever desde que eu tinha quatro anos.
02. Resposta: B
b) A leitura: sinais evidentes de que surge uma nova onda de leitores.
Porque engloba o público em geral - a robusta geração de leitores (crianças, adolescentes e adultos).
Linha 6.
a) A leitura: o impasse do descaso concedido à instrução transmitida na escola. Completamente
errada! A escola costuma incentivar o hábito da leitura ao aluno. Não é à toa que alguns colégios
distribuem livros gratuitos para os estudantes. E ainda algumas dão voucher de descontos em livrarias e
etc.
c) A leitura: o dom de se deixar cativar pela graça de histórias e romances. Errada! a leitura não é um
dom e sim um hábito! Linha 11
d) A leitura: o franco declínio do sistema de ensino brasileiro. Errada. O sistema de ensino pode está
em franco declínio, mas não é por causa da leitura. Há outros fatores que contribuem para a má
qualidade de ensino aos alunos como: AHAHA Deixa pra lá! senão irei comentar sobre política e não vai
dar certo!
e) A leitura: o acesso dos cidadãos mais maduros às suas influências. Errada. Então quer dizer que
só os cidadãos maduros podem ter acesso à leitura? E quanto as crianças e aos adolescentes? Eles não
podem ter acesso?
03. Resposta: A
A questão é ardilosa, mas a única proposição que não apresenta inclusão de novas ideias em sua
reconstrução é a primeira.
Em resposta a recurso, a Banca Examinadora argumentou: "Em 'O motivo, é claro, é o racismo.' (1º§)
a expressão separada por vírgulas 'é claro' não constitui vocativo. Vocativo é um termo acessório da
oração que serve para pôr em evidência o ser a quem nos dirigimos, sem manter relação sintática com
outro como em 'Amigos, peçam alegria a Deus.' (Amigos = vocativo), não é o que ocorre em 'é claro'. A
alternativa 'C) 'A resposta é, obviamente, ‘tanto faz'' (3º§) / A resposta, é claro, 'tanto faz'.' não pode ser
considerada correta, pois, no texto original, a expressão “tanto faz” é a resposta; já na reescrita sugerida,
não se sabe qual é a resposta, fica uma lacuna através da expressão 'tanto faz', ou seja, existe a
afirmação de que a resposta pode ser qualquer uma".
Por fim, a alternativa B apresenta duas alterações de sentido: a inclusão do advérbio obviamente,
adicionando informação ao texto, e a troca do artigo indefinido por artigo definido, alterando o sentido do
substantivo nome.
04. Resposta: A
A reescrita mais coerente e de acordo com as normas de pontuação e ortografia vigentes é a que
consta na alternativa A.
Nas demais, ocorrem os seguintes erros;
B – o verbo agir no modo imperativo afirmativo é aja e não “haja”.
C – em lugar de “por que” deveria ter sido empregado porque, uma vez que se trata de uma oração
explicativa.
D – “hexitoso” está com grafia incorreta, o correto seria hesitoso.
E – o uso do dois pontos depois de “cale” está errado e deveria ser suprimido. Deveria também haver
uma vírgula antes de “assim” ou ser suprimida a que vem logo após esse vocábulo.
06. Resposta: A
a) CERTO. Caso (condicional) queiramos
b) ERRADO. Na hipótese (condicional) de quisermos
c) ERRADO. Como (conformativa) queríamos
d) ERRADO. Pelo fato (causal) de querermos
e) ERRADO. Apesar de (adversativa) querermos
07. Resposta B
O problema de coerência existente no cartaz refere-se à presença de contradição em dizer
primeiramente que está aberto todos os dias, e depois afirmar que há um descanso semanal na terça
feira.
08. Resposta A
A elipse dos sujeitos na verdade já se constitui um recurso coesivo que promove a boa relação entre
as ideias sem a repetição de termos desnecessários, o que gera coerência nesse trecho.
CLASSES DE PALAVRAS
Artigo
16
https://www12.senado.leg.br/manualdecomunicacao/redacao-e-estilo/estilo/para-a-frente.
Formas combinadas do artigo indefinido: Preposição de e em + um, uma = num, numa, dum, duma.
O artigo (o, a, um, uma) anteposto a qualquer palavra transforma-a em substantivo. O ato literário é
o conjunto do ler e do escrever.
Questões
01. (Banestes - Analista Econômico Financeiro - Gestão Contábil - FGV/2018) A frase abaixo em
que o emprego do artigo mostra inadequação é:
(A) Todas as coisas que hoje se creem antiquíssimas já foram novas;
(B) Cuidado com todas as coisas que requeiram roupas novas;
(C) Todos os bons pensamentos estão presentes no mundo, só falta aplicá-los;
(D) Em toda a separação existe uma imagem da morte;
(E) Alegria de amor dura apenas um instante, mas sofrimento de amor dura toda a vida.
Internet: <http://educacaoepraxis.blogspot.com.br>.
Nas décadas subsequentes, vários estudos correlacionaram os hábitos dos pacientes como fatores de
risco para doenças cardiovasculares. Sedentarismo, tabagismo, obesidade, entre outros, aumentam
drasticamente as chances de enfarte.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: D
Na altertiva D não deveria existir o "a" entre as palavras, afinal ela não se refere a uma separação
específica, mas qualquer separação, todas separações têm uma imagem de morte.
02. Resposta: E
Substantivo: Sempre PODE vir antecedido de artigo. "A GUERRA..."
Pronome Relativo: Função coesiva, sempre anafórico (retomada de uma informação), referem-se a um
substantivo ou pronome substantivo. " E QUANDO..."
Artigo: é uma palavra que se antepõe ao substantivo, serve para determiná-lo. É variável em gênero e
número.
- Artigo definido: o, a, os, as, esses determinam o substantivo com precisão.
Advérbio: Invariável, refere-se a verbo exprimindo uma circunstância ou modifica o adjetivo ou outro
advérbio. "...NÃO SEI..."
04. Resposta: C
Quando o numeral acompanha (refere-se a) um substantivo -- Numeral Adjetivo.
Quando substitui -- Numeral Substantivo.
Substantivo
Substantivo é a palavra que dá nomes aos seres. Inclui os nomes de pessoas, de lugares, coisas,
entes de natureza espiritual ou mitológica: vegetação, sereia, cidade, anjo, árvore, respeito, criança.
Classificação
- Comuns: nomeiam os seres da mesma espécie. Ex.: menina, piano, estrela, rio, animal, árvore.
- Próprios: referem-se a um ser em particular. Ex.: Brasil, América do Norte, Deus, Paulo, Lucélia.
- Concretos: são aqueles que têm existência própria; são independentes; reais ou imaginários. Ex.:
mãe, mar, água, anjo, alma, Deus, vento, saci.
- Abstrato: são os que não têm existência própria; depende sempre de um ser para existir. Designam
qualidades, sentimentos, ações, estados dos seres: dor, doença, amor, fé, beijo, abraço, juventude,
covardia. Ex.: É necessário alguém ser ou estar triste para a tristeza manifestar-se.
Formação
- Simples: são aqueles formados por apenas um radical: chuva, tempo, sol, guarda.
- Compostos: são os que são formados por mais de dois radicais: guarda-chuva, girassol, água-de-
colônia.
- Primitivos: são os que não derivam de outras palavras; vieram primeiro, deram origem a outras
palavras. Ex.: ferro, Pedro, mês, queijo.
- Derivados: são formados de outra palavra já existente; vieram depois. Ex.: ferradura, pedreiro,
mesada, requeijão.
- Coletivos: os substantivos comuns que, mesmo no singular, designam um conjunto de seres de uma
mesma espécie. Ex.:
Reflexão do Substantivo
Os substantivos apresentam variações ou flexões de gênero (masculino/feminino), de número
(plural/singular) e de grau (aumentativo/diminutivo).
Gênero (masculino/feminino)
Na língua portuguesa há dois gêneros: masculino e feminino. A regra para a flexão do gênero é a troca
de o por a, ou o acréscimo da vogal a, no final da palavra: mestre, mestra.
Formação do Feminino
O feminino se realiza de três modos:
- Flexionando-se o substantivo masculino: filho, filha / mestre, mestra / leão, leoa;
- Acrescentando-se ao masculino a desinência “a” ou um sufixo feminino: autor, autora / deus, deusa
/ cônsul, consulesa / cantor, cantora / reitor, reitora.
- Utilizando-se uma palavra feminina com radical diferente: pai, mãe / homem, mulher / boi, vaca /
carneiro, ovelha / cavalo, égua.
São masculinos: o eclipse, o dó, o dengue (manha), o champanha, o soprano, o clã, o alvará, o
sanduíche, o clarinete, o Hosana, o espécime, o guaraná, o diabete ou diabetes, o tapa, o lança-perfume,
o praça (soldado raso), o pernoite, o formicida, o herpes, o sósia, o telefonema, o saca-rolha, o plasma,
o estigma.
São femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a aluvião, a análise, a cal, a gênese, a entorse, a faringe,
a cólera (doença), a cataplasma, a pane, a mascote, a libido (desejo sexual), a rês, a sentinela, a sucuri,
a usucapião, a omelete, a hortelã, a fama, a Xerox, a aguardente.
Número (plural/singular)
Acrescentam-se:
- S – aos substantivos terminados em vogal ou ditongo: povo, povos / feira, feiras / série, séries.
- S – aos substantivos terminados em N: líquen, liquens / abdômen, abdomens / hífen, hífens.
Também: líquenes, abdômenes, hífenes.
- ES – aos substantivos terminados em R, S, Z: cartaz, cartazes / motor, motores / mês, meses. Alguns
terminados em R mudam sua sílaba tônica, no plural: júnior, juniores / caráter, caracteres / sênior,
seniores.
- IS – aos substantivos terminados em al, el, ol, ul: jornal, jornais / sol, sóis / túnel, túneis / mel, meles,
méis. Exceções: mal, males / cônsul, cônsules / real, reais.
- ÃO – aos substantivos terminados em ão, acrescenta S: cidadão, cidadãos / irmão, irmãos / mão,
mãos.
Trocam-se:
- ão por ões: botão, botões / limão, limões / portão, portões / mamão, mamões.
- ão por ãe: pão, pães / charlatão, charlatães / alemão, alemães / cão, cães.
- il por is (oxítonas): funil, funis / fuzil, fuzis / canil, canis / pernil, pernis.
- por eis (paroxítonas): fóssil, fósseis / réptil, répteis / projétil, projéteis.
- m por ns: nuvem, nuvens / som, sons / vintém, vinténs / atum, atuns.
- zito, zinho - 1º coloca-se o substantivo no plural: balão, balões. 2º elimina-se o S + zinhos.
Balão – balões – balões + zinhos: balõezinhos.
Papel – papéis – papel + zinhos: papeizinhos.
Cão – cães - cãe + zitos: Cãezitos.
Alguns substantivos terminados em X são invariáveis (valor fonético = cs): os tórax, os tórax / o ônix,
os ônix / a fênix, as fênix / uma Xerox, duas Xerox / um fax, dois fax.
Substantivos que mudam de sentido quando usados no plural: Fez bem a todos (alegria); Houve
separação de bens. (Patrimônio); Conferiu a féria do dia. (Salário); As férias foram maravilhosas.
(Descanso).
- palavra unida sem hífen: pontapé = pontapés / girassol = girassóis / autopeça = autopeças.
- verbo + substantivo: saca-rolha = saca-rolhas / arranha-céu = arranha-céus / bate-bola = bate-bolas
/ guarda-roupa = guarda-roupas / guarda-sol = guarda-sóis.
- elemento invariável + palavra variável: sempre-viva = sempre-vivas / abaixo-assinado = abaixo-
assinados / recém-nascido = recém-nascidos / ex-marido = ex-maridos / autoescola = autoescolas.
- palavras repetidas: o reco-reco = os reco-recos / o tico-tico = os tico-ticos / o corre-corre = os corre-
corres.
- substantivo composto de três ou mais elementos não ligados por preposição: o bem-me-quer
= os bem-me-queres / o bem-te-vi = os bem-te-vis / o fora-da-lei = os fora-da-lei / o ponto-e-vírgula = os
ponto e vírgulas / o bumba meu boi = os bumba meu bois.
- quando o primeiro elemento for: grão, grã (grande), bel: grão-duque = grão-duques / grã-cruz =
grã-cruzes / bel-prazer = bel-prazeres.
Composto com a palavra guarda só vai para o plural se for pessoa: guarda-noturno = guardas-
noturnos / guarda-florestal = guardas-florestais / guarda-civil = guardas-civis / guarda-marinha = guardas-
marinha.
Grau (aumentativo/diminutivo)
Os substantivos podem ser modificados a fim de exprimir intensidade, exagero ou diminuição. A essas
modificações é que damos o nome de grau do substantivo. Os graus aumentativos e diminutivos são
formados por dois processos:
- Analítico: formado com palavras de aumento: grande, enorme, imensa, gigantesca (obra imensa /
lucro enorme / carro grande / prédio gigantesco); e formado com as palavras de diminuição (diminuto,
pequeno, minúscula, casa pequena, peça minúscula, saia diminuta).
- Sem falar em aumentativo e diminutivo alguns substantivos exprimem também desprezo, crítica,
indiferença em relação a certas pessoas e objetos: gentalha, mulherengo, narigão, gentinha, coisinha,
povinho, livreco.
- Já alguns diminutivos dão ideia de afetividade: filhinho, Toninho, mãezinha.
- Em consequência do dinamismo da língua, alguns substantivos no grau diminutivo e aumentativo
adquiriram um significado novo: portão, cartão, fogão, cartilha, folhinha (calendário).
- As palavras proparoxítonas e as palavras terminadas em sílabas nasal, ditongo, hiato ou vogal tônica
recebem o sufixo zinho(a): lâmpada (proparoxítona) = lampadazinha; irmão (sílaba nasal) = irmãozinho;
herói (ditongo) = heroizinho; baú (hiato) = bauzinho; café (voga tônica) = cafezinho.
- As palavras terminadas em s ou z, ou em uma dessas consoantes seguidas de vogal recebem o
sufixo inho: país = paisinho; rapaz = rapazinho; rosa = rosinha; beleza = belezinha.
- Há ainda aumentativos e diminutivos formados por prefixação: minissaia, maxissaia, supermercado,
minicalculadora.
Questões
01. Assinale o par de vocábulos que fazem o plural da mesma forma que “balão” e “caneta-tinteiro”:
(A) vulcão, abaixo-assinado;
(B) irmão, salário-família;
(C) questão, manga-rosa;
(D) bênção, papel-moeda;
(E) razão, guarda-chuva.
05. Sabendo-se que há substantivos que no masculino têm um significado; e no feminino têm outro,
diferente. Marque a alternativa em que há um substantivo que não corresponde ao seu significado:
Gabarito
Comentários
01. Resposta: C
A palavra “balão” tem seu plural em “ões”.
O plural do vocábulo “caneta-tinteiro” é “canetas-tinteiro”, em que se é pluralizado apenas o primeiro
elemento, já que o segundo determina, indicando a funcionalidade, do primeiro.
Alternativa A: vulcão-vulcões / abaixo-assinado-abaixo-assinados
Alternativa B: irmão irmãos / salário-família salários-família
Alternativa C (correta): questão questões / manga-rosa mangas-rosa
Alternativa D: bênção bênçãos / papel-moeda papéis-moeda
Alternativa E: razão razões / guarda-chuva guarda-chuvas
02. Resposta: E
Alternativa A: cadáver – cadáveres
Alternativa B: gavião - gaviões
Alternativa C: fuzil - fuzis
Alternativa D: mal – males
Alternativa E: correta
03. Resposta: D
04. Resposta: C
Alternativa A: A cal
Alternativa B: O/A presidente
Alternativa C: correta
Alternativa D: O/A estudante – A cal
Alternativa E: A alface
05. Resposta: E
O cura = sacerdote
Adjetivo
Adjetivo é a palavra variável em gênero, número e grau que modifica um substantivo, atribuindo-lhe
uma qualidade, estado, ou modo de ser: laranjeira florida; céu azul; mau tempo. Os adjetivos classificam-
se em:
- simples: apresentam um único radical, uma única palavra em sua estrutura: alegre, medroso,
simpático.
- compostos: apresentam mais de um radical, mais de duas palavras em sua estrutura: estrelas azul-
claras; sapatos marrom-escuros.
- primitivos: são os que vieram primeiro; dão origem a outras palavras: atual, livre, triste, amarelo,
brando.
- derivados: são aqueles formados por derivação, vieram depois dos primitivos: amarelado, ilegal,
infeliz, desconfortável.
- eruditos: significa "relativo a", "próprio de", "da cor de", "semelhante a". Exemplos: açúcar - sacarino;
águia - aquilino; anel - anular; astro - sideral; fogo - ígneo; guerra - bélico;homem - viril.
Locução Adjetiva: é a expressão que tem o mesmo valor de um adjetivo. É formada por preposição
+ um substantivo. Vejamos algumas locuções adjetivas:
Flexões do Adjetivo
Como palavra variável, sofre flexões de gênero, número e grau:
Gênero
- uniformes: têm forma única para o masculino e o feminino. Funcionário incompetente = funcionária
incompetente.
- biformes: troca-se a vogal “o” pela vogal “a” ou com o acréscimo da vogal “a” no final da palavra:
ator famoso = atriz famosa / jogador brasileiro = jogadora brasileira.
Os adjetivos compostos recebem a flexão feminina apenas no segundo elemento: sociedade luso-
brasileira / festa cívico-religiosa / são – sã.
Às vezes, os adjetivos são empregados como substantivos ou como advérbios: Agia como um ingênuo.
(adjetivo como substantivo: acompanha um artigo). A cerveja que desce redondo. (adjetivo como
advérbio: redondamente).
Número
O plural dos adjetivos simples flexiona de acordo com o substantivo a que se referem: menino chorão
= meninos chorões / garota sensível = garotas sensíveis.
- quando os dois elementos formadores são adjetivos, só o segundo vai para o plural: questões político-
partidárias, olhos castanho-claros, senadores democrata-cristãos.
- composto formado de adjetivo + substantivo referindo-se a cores, o adjetivo cor e o substantivo
permanecem invariáveis, não vão para o plural: terno azul-petróleo = ternos azul-petróleo (adjetivo azul,
substantivo petróleo); saia amarelo-canário = saias amarelo-canário (adjetivo, amarelo; substantivo
canário).
- as locuções adjetivas formadas de cor + de + substantivo, ficam invariáveis: papel cor-de-rosa =
papéis cor-de-rosa / olho cor-de-mel = olhos cor-de-mel.
- são invariáveis os adjetivos raios ultravioleta / alegrias sem-par, piadas sem-sal.
Grau
O grau do adjetivo exprime a intensidade das qualidades dos seres. O adjetivo apresenta duas
variações de grau: comparativo e superlativo.
O grau comparativo é usado para comparar uma qualidade entre dois ou mais seres, ou duas ou
mais qualidades de um mesmo ser. Pode ser de igualdade, de superioridade e de inferioridade:
- de superioridade: iguala duas pessoas / coisas sendo que uma é mais do que a outra: Minha amiga
Manu é mais elegante do que / que eu. (Das duas, a Manu é mais) Podem ser:
Analítico: mais bom / mais mau / mais grande / mais pequeno: O salário é mais pequeno do que justo
(salário pequeno e justo). Quando comparamos duas qualidades de um mesmo ser, podemos usar as
formas: mais grande, mais mau, mais bom, mais pequeno.
Em comparação de qualidades ou atributos, use mais bom, mais mau: O homem é mais bom que mau.
O mesmo vale para grande e pequeno. Use mais grande e mais pequeno, em vez de maior e menor,
em casos como: A cidade é mais pequena que grande (e não menor que maior).17
Sintético: bom, melhor / mau, pior / grande, maior / pequeno, menor: Esta sala é melhor do que / que
aquela.
- de inferioridade: um elemento é menor do que outro: Somos menos passivos do que / que
tolerantes.
- o sufixo -érrimo é restrito aos adjetivos latinos terminados em r; pauper (pobre) = paupérrimo; macer
(magro) = macérrimo;
- forma popular: radical do adjetivo português + íssimo (pobríssimo);
- adjetivos terminados em vel + bilíssimo: amável = amabilíssimo;
- adjetivos terminados em eio formam o superlativo apenas com i: feio = feíssimo / cheio = cheíssimo.
- os adjetivos terminados em io forma o superlativo em iíssimo: sério = seriíssimo / necessário =
necessariíssimo / frio = friíssimo.
- Relativo: ressalta a qualidade de um ser entre muitos, com a mesma qualidade. Pode ser:
De Superioridade: Wilma é a mais prendada de todas as suas amigas. (Ela é a mais de todas)
De Inferioridade: Paulo César é o menos tímido dos filhos.
Questões
01. (COMPESA - Analista de Gestão - Advogado - FGV) A substituição da oração adjetiva por um
adjetivo de valor equivalente está feita de forma inadequada em:
(A) “Quando você elimina o impossível, o que sobra, por mais improvável que pareça, só pode ser a
verdade”. / restante
(B) “Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância”. / consciente dos limites da própria
ignorância.
(C) “A única coisa que vem sem esforço é a idade”. / indiferente
(D) “Adoro a humanidade. O que não suporto são as pessoas”. / insuportável
(E) “Com o tempo não vamos ficando sozinhos apenas pelos que se foram: vamos ficando sozinhos
uns dos outros”. / falecidos
17
https://www12.senado.leg.br/manualdecomunicacao/redacao-e-estilo/estilo/mais-bom-mais-mau.
Nas frases “ele é superimportante” e “Ele realmente bate mais rápido quando uma pessoa está
apaixonada”, há dois exemplos de variação de grau.
03. (Banestes - Técnico Bancário - FGV/2018) O adjetivo ilimitado corresponde à locução “sem
limites”; a locução com igual estrutura que NÃO corresponde ao adjetivo abaixo destacado é:
(A) Os turistas ficaram inertes durante a ação policial / sem ação;
(B) O turista incauto ficou assustado com a ação policial / sem cautela;
(C) O vocalista da banda saiu ileso do acidente / sem ferimento;
(D) O presidente da Coreia passou incógnito pela França / sem ser percebido;
(E) O novo livro do autor estava ainda inédito / sem editor.
04. (Banestes - Analista Econômico Financeiro - Gestão Contábil - FGV/2018) Na escrita, pode-
se optar frequentemente entre uma construção de substantivo + locução adjetiva ou substantivo + adjetivo
(esportes da água = esportes aquáticos).
O termo abaixo sublinhado que NÃO pode ser substituído por um adjetivo é:
(A) A indústria causou a poluição do rio;
(B) As águas do rio ficaram poluídas;
(C) As margens do rio estão cheias de lama;
(D) Os turistas se encantam com a imagem do rio;
(E) Os peixes do rio são bem saborosos.
05. (Pref. Paulínia/SP - Engenheiro Agrônomo - FGV) “O povo, ingênuo e sem fé das verdades, quer
ao menos crer na fábula, e pouco apreço dá às demonstrações científicas.” (Machado de Assis)
Gabarito
01. Resposta: C
"A única coisa que vem sem esforço é a idade”. / indiferente
Que vem sem esforço = fácil
02. Resposta: A
“ele é superimportante” - variação de grau superlativo através do uso do prefixo SUPER
“Ele realmente bate mais rápido quando uma pessoa está apaixonada” - mais rápido nessa frase é um
advérbio, podemos substituir por rapidamente (Ele realmente bate rapidamente quando uma pessoa está
apaixonada), por isso não há variação. Lembrar que advérbio é invariável.
03. Resposta: E
Questão direta: “inédito” significa “não publicado, não visto, não apresentado”. Não tem relação alguma
com “ausência de editor”. Nas demais opções, a locução substitui adequadamente o adjetivo.
04. Resposta: A
A - Complemento nominal (Indica uma ação passiva - O rio foi poluído)
B - Adjunto adnominal (Indica valor de posse)
C - Adjunto Adnominal (Indica valor de posse)
D - Adjunto Adnominal (Indica valor de posse)
E - Adjunto Adnominal (Indica valor de posse)
05. Resposta: E
Qualidade - necessita que se faça uma análise subjetiva da questão, não é uma característica física
por exemplo;
Relação - Um adjetivo de relação (ou relacional) é aquele que é derivado de um substantivo por
derivação sufixal e não varia em grau. - de Ciências ficou científicas.
Numeral
Os numerais exprimem quantidade, posição em uma série, multiplicação e divisão. Daí a sua
classificação, respectivamente, em:
- Cardinal - indica número, quantidade: um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze,
doze, treze, catorze ou quatorze, quinze, dezesseis, vinte..., trinta..., cem..., duzentos..., oitocentos...,
novecentos..., mil.
- Ordinal - indica ordem ou posição: primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo, oitavo,
nono, décimo, décimo primeiro, vigésimo..., trigésimo..., quingentésimo..., sexcentésimo...,
septingentésimo..., octingentésimo..., nongentésimo..., milésimo.
- Fracionário - indica uma fração ou divisão: meia, metade, terço, quarto, décimo, onze avos, doze
avos, vinte avos..., trinta avos..., centésimo..., ducentésimo..., trecentésimo..., milésimo.
Algarismos
Arábicos e Romanos, respectivamente: 1-I, 2-II, 3-III, 4-IV, 5-V, 6-VI, 7-VII, 8-VIII, 9-IX, 10-X, 11-XI, 12-
XII, 13-XIII, 14-XIV, 15-XV, 16-XVI, 17-XVII, 18-XVIII, 19-XIX, 20-XX, 30-XXX, 40-XL, 50-L, 60-LX, 70-
LXX, 80-LXXX, 90-XC, 100-C, 200-CC, 300-CCC, 400-CD, 500-D, 600-DC, 700-DCC, 800-DCCC, 900-
CM, 1.000-M.
Número
- os numerais cardinais milhão, bilhão, trilhão, e outros, variam em número: Venderam um milhão de
ingressos para a festa do peão. / Somos 180 milhões de brasileiros.
- os numerais ordinais variam em número: As segundas colocadas disputarão o campeonato.
- os numerais multiplicativos são invariáveis quando usados com valor de substantivo: Minha dívida é
o dobro da sua. (Valor de substantivo – invariável)
- os numerais multiplicativos variam quando usados como adjetivos: Fizemos duas apostas triplas.
(Valor de adjetivo – variável)
- os numerais fracionários variam em número, concordando com os cardinais que indicam números
das partes.
- Um quarto de litro equivale a 250 ml; três quartos equivalem a 750 ml.
Grau
Na linguagem coloquial é comum a flexão de grau dos numerais: Já lhe disse isso mil vezes. / Aquele
quarentão é um “gato”! / Morri com cincão para a “vaquinha”, lá da escola.
Questões
03. (Pref. Chapecó/SC - Procurador Municipal - IOBV) Quanto à classificação dos numerais, os que
indicam o aumento proporcional de quantidade, podendo ter valor de adjetivo ou substantivo são os
numerais:
(A) Multiplicativos.
(B) Ordinais.
(C) Cardinais.
(D) Fracionários.
04. (Pref. Barra de Guabiraba/PE - IDHTEC) Assinale a alternativa em que o numeral está escrito por
extenso corretamente, de acordo com a sua aplicação na frase:
(A) Os moradores do bairro Matão, em Sumaré (SP), temem que suas casas desabem após uma
cratera se abrir na Avenida Papa Pio X. (décima)
(B) O acidente ocorreu nessa terça-feira, na BR-401 (quatrocentas e uma)
(C) A 22ª edição do Guia impresso traz uma matéria e teve a sua página Classitêxtil reformulada.
(vigésima segunda)
(D) Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil. (centésimo setésimo primeiro)
(E) A Semana de Arte Moderna aconteceu no início do século XX. (século ducentésimo)
05. (MPE/SP - Oficial de Promotoria I - VUNESP) O SBT fará uma homenagem digna da história de
seu proprietário e principal apresentador: no próximo dia 12 [12.12.2015] colocará no ar um especial com
2h30 de duração em homenagem a Silvio Santos. É o dia de seu aniversário de 85 anos.
(http://tvefamosos.uol.com.br/noticias)
As informações textuais permitem afirmar que, em 12.12.2015, Sílvio Santos completou seu
(A) octogenário quinquagésimo aniversário.
(B) octogésimo quinto aniversário.
(C) octingentésimo quinto aniversário.
(D) otogésimo quinto aniversário.
(E) oitavo quinto aniversário.
Comentários
01. Resposta: A
O numeral quando for usado para designar Papas, reis, séculos, capítulos etc., usam-se: Os ordinais
de 1 a 10; Os cardinais de 11 em diante.
Logo, a letra A está incorreta por estar grafado século três, quando o correto é século terceiro.
02. Resposta: B
(A) Ao Papa Paulo seis sucedeu João Paulo primeiro. - Para designar reis, papas, séculos e capítulos
de obras, emprega-se os ordinais até décimo e os cardinais para os demais.
(B) Após o parágrafo nono, virá o parágrafo dez. Em enumeração de artigos, leis, decretos, emprega-
se o numeral ordinal até o nono, a partir do dez, numeral cardinal.
(C) Depois do capítulo sexto, li o capítulo décimo primeiro. Para designar reis, papas, séculos e
capítulos de obras, emprega-se os ordinais até décimo e os cardinais para os demais.
(D) Antes do artigo décimo vem o artigo nono. - Em enumeração de artigos, leis, decretos, emprega-
se o numeral ordinal até o nono, a partir do dez, numeral cardinal.
(E) O artigo vigésimo segundo foi revogado. - Em enumeração de artigos, leis, decretos, emprega-se
o numeral ordinal até o nono, a partir do dez, numeral cardinal.
03. Resposta: A
Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos seres, indicando quantas vezes a quantidade
foi aumentada. Por exemplo: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
Numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas:
Por exemplo:
Fizeram o dobro do esforço e conseguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número:
Por exemplo:
Teve de tomar doses triplas do medicamento.
04. Resposta: C
Sempre que um numeral preceder um substantivo, usa-se como ordinal.
Exemplo:
XX Festa do Morango (Vigésima).
No caso de designação de reis, papas, capítulos de obras, os ordinais são usados de 1 até 10. A partir
de então, são usados os cardinais.
Exemplos:
João Paulo II (segundo);
João XXIII (vinte e Três).
18
Dicionário Michaelis Escolar Língua Portuguesa. Editora Melhoramentos, 2015.
Pronome
Pronome é a palavra que acompanha ou substitui o nome, relacionando-o a uma das três pessoas do
discurso. As três pessoas do discurso são:
1ª pessoa: eu (singular) nós (plural): aquela que fala ou emissor;
2ª pessoa: tu (singular) vós (plural): aquela com quem se fala ou receptor;
3ª pessoa: ele, ela (singular) eles, elas (plural): aquela de quem se fala ou referente.
Pronomes Pessoais
Os pronomes pessoais dividem-se em:
- Retos - exercem a função de sujeito da oração.
- Oblíquos - exercem a função de complemento do verbo (objeto direto / objeto indireto). São: tônicos
com preposição ou átonos sem preposição.
Oblíquos
Pessoas do Discurso Retos
Átonos Tônicos
1ª pessoa eu me mim, comigo
Singular 2ª pessoa tu te ti, contigo
3ª pessoa ele/ela se, o, a, lhe si, ele, consigo
1ª pessoa nós nos nós, conosco
Plural 2ª pessoa vós vos vós, convosco
3ª pessoa eles/elas se, os, as, lhes si, eles, consigo
Os pronomes pessoais oblíquos nos, vos, e se recebem o nome de pronomes recíprocos quando
expressam uma ação mútua ou recíproca: Nós nos encontramos emocionados. (pronome recíproco, nós
mesmos). Nunca diga: Eu se apavorei. / Eu jà se arrumei; Eu me apavorei. / Eu me arrumei. (certos)
- Os pronomes pessoais retos eu e tu serão substituidos por mim e ti após preposição: O segredo
ficará somente entre mim e ti.
- É obrigatório o emprego dos pronomes pessoais eu e tu, quando funcionarem como sujeito: Todos
pediram para eu relatar os fatos cuidadosamente. (pronome reto + verbo no infinitivo). Lembre-se de que
mim não fala, não escreve, não compra, não anda.
No Brasil, quase não se usam essas combinações (mo, to, lho, no-lo, vo-lo), são usadas somente em
escritores mais sofisticados.
Pronomes de Tratamento
São usados no trato com as pessoas. Dependendo da pessoa a quem nos dirigimos, do seu cargo,
idade, título, o tratamento será familiar ou cerimonioso.
- A forma Vossa (Senhoria, Excelência) é empregada quando se fala com a própria pessoa: Vossa
Senhoria não compareceu à reunião dos sem-terra? (falando com a pessoa)
- A forma Sua (Senhoria, Excelência ) é empregada quando se fala sobre a pessoa: Sua Eminência, o
cardeal, viajou para um congresso. (falando a respeito do cardeal)
- Os pronomes de tratamento com a forma Vossa (Senhoria, Excelência, Eminência, Majestade),
embora indiquem a 2ª pessoa (com quem se fala), exigem que outros pronomes e o verbo sejam usados
na 3ª pessoa. Vossa Excelência sabe que seus ministros o apoiarão.
Pronomes Possessivos
São os pronomes que indicam posse em relação às pessoas da fala.
Masculino Feminino
Singular Plural Singular Plural
meu meus minha minhas
teu teus tua tuas
seu seus sua suas
nosso nossos nossa nossas
- O uso do pronome possessivo da 3ª pessoa pode provocar, às vezes, a ambiguidade da frase. Ex.:
João Luís disse que Laurinha estava trabalhando em seu consultório. O pronome seu toma o sentido
ambíguo, pois pode referir-se tanto ao consultório de João Luís como ao de Laurinha. No caso, usa-se o
pronome dele, dela para desfazer a ambiguidade.
- Os possessivos, às vezes, podem indicar aproximações numéricas e não posse: Cláudia e Haroldo
devem ter seus trinta anos.
- Na linguagem popular, o tratamento seu como em: Seu Ricardo, pode entrar!, não tem valor
possessivo, pois é uma alteração fonética da palavra senhor.
- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo concorda com o mais próximo. Ex.: Trouxe-me
seus livros e anotações.
- Usam-se elegantemente certos pronomes oblíquos: me, te, lhe, nos, vos, com o valor de possessivos.
Vou seguir-lhe os passos. (os seus passos)
- Deve-se observar as correlações entre os pronomes pessoais e possessivos. “Sendo hoje o dia do
teu aniversário, apresso-me em apresentar-te os meus sinceros parabéns; Peço a Deus pela tua
felicidade; Abraça-te o teu amigo que te preza.”
- Não se emprega o pronome possessivo (seu, sua) quando se trata de parte do corpo. Ex.: Um
cavaleiro todo vestido de negro, com um falcão em seu ombro esquerdo e uma espada em sua, mão.
(usa-se: no ombro; na mão)
Pronomes Demonstrativos
Indicam a posição dos seres designados em relação às pessoas do discurso, situando-os no espaço
ou no tempo. Apresentam-se em formas variáveis e invariáveis.
- para retomar elementos já enunciados, usamos aquele (e variações) para o elemento que foi referido
em 1º Iugar e este (e variações) para o que foi referido em último lugar. Ex.: Pais e mães vieram à festa
de encerramento; aqueles, sérios e orgulhosos, estas, elegantes e risonhas.
- dependendo do contexto os demonstrativos também servem como palavras de função intensificadora
ou depreciativa. Ex.: Júlia fez o exercício com aquela calma! (=expressão intensificadora). Não se
preocupe; aquilo é uma tranqueira! (=expressão depreciativa)
- as formas nisso e nisto podem ser usadas com valor de então ou nesse momento. Ex.: A festa estava
desanimada; nisso, a orquestra tocou um samba e todos caíram na dança.
- os demonstrativos esse, essa, são usados para destacar um elemento anteriormente expresso. Ex.:
Ninguém ligou para o incidente, mas os pais, esses resolveram tirar tudo a limpo.
- O indefinido cada deve sempre vir acompanhado de um substantivo ou numeral, nunca sozinho:
Ganharam cem dólares cada um. (inadequado: Ganharam cem dólares cada.)
- Certo, certa, certos, certas, vários, várias, são indefinidos quando colocados antes dos substantivos,
e adjetivos quando colocados depois do substantivo: Certo dia perdi o controle da situação. (antes do
substantivo= indefinido); Eles voltarão no dia certo. (depois do substantivo=adjetivo).
- Todo, toda (somente no singular) sem artigo, equivale a qualquer: Todo ser nasce chorando.
(=qualquer ser; indetermina, generaliza).
- Outrem significa outra pessoa. Ex.: Nunca se sabe o pensamento de outrem.
- Qualquer, plural quaisquer. Ex.: Fazemos quaisquer negócios.
Locuções Pronominais Indefinidas: são locuções pronominais indefinidas duas ou mais palavras
que equivalem ao pronome indefinido: cada qual / cada um / quem quer que seja / seja quem for / qualquer
um / todo aquele que / um ou outro / tal qual (=certo).
Pronomes Relativos
São aqueles que representam, numa 2ª oração, alguma palavra que já apareceu na oração anterior.
Essa palavra da oração anterior chama-se antecedente: Comprei um carro que é movido a álcool e à
gasolina. É Flex Power. Percebe-se que o pronome relativo que, substitui na 2ª oração, o carro, por isso
a palavra que é um pronome relativo. Dica: substituir que por o, a, os, as, qual / quais.
Os pronomes relativos estão divididos em variáveis e invariáveis.
Variáveis: o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cujos, cuja, cujas, quanto, quantos;
Invariáveis: que, quem, quando, como, onde.
- O relativo que, por ser o mais usado, é chamado de relativo universal. Ele pode ser empregado com
referência à pessoa ou coisa, no plural ou no singular. Ex.: Este é o CD novo que acabei de comprar;
João Adolfo é o cara que pedi a Deus.
- O relativo que pode ter por seu antecedente o pronome demonstrativo o, a, os, as. Ex.: Não entendi
o que você quis dizer. (o que = aquilo que).
- O relativo quem refere se a pessoa e vem sempre precedido de preposição. Ex.: Marco Aurélio é o
advogado a quem eu me referi.
- O relativo cujo e suas flexões equivalem a de que, do qual, de quem e estabelecem relação de posse
entre o antecedente e o termo seguinte. (cujo, vem sempre entre dois substantivos)
- O pronome relativo pode vir sem antecedente claro, explícito; é classificado, portanto, como relativo
indefinido, e não vem precedido de preposição. Ex.: Quem casa quer casa; Feliz o homem cujo objetivo
é a honestidade; Estas são as pessoas de cujos nomes nunca vou me esquecer.
- Só se usa o relativo cujo quando o consequente é diferente do antecedente. Ex.: O escritor cujo livro
te falei é paulista.
- O pronome cujo não admite artigo nem antes nem depois de si.
- O relativo onde é usado para indicar lugar e equivale a: em que, no qual. Ex.: Desconheço o lugar
onde vende tudo mais barato. (= lugar em que)
- Quanto, quantos e quantas são relativos quando usados depois de tudo, todos, tanto. Ex.: Naquele
momento, a querida comadre Naldete, falou tudo quanto sabia.
Pronomes Interrogativos
São os pronomes em frases interrogativas diretas ou indiretas. Os principais interrogativos são: que,
quem, qual, quanto:
- Afinal, quem foram os prefeitos desta cidade? (interrogativa direta, COM o ponto de interrogação)
Questões
Em "Mas ele não tinha muitas chances", as palavras classificam-se, morfologicamente, na ordem em
que aparecem, como
(A) preposição, pronome, advérbio, ação, nome e adjetivo.
(B) conjunção, pronome, advérbio, verbo, pronome e substantivo.
(C) interjeição, pronome, nome, verbo, artigo e adjetivo.
(D) conector, nome, adjetivo, verbo, pronome e nome.
(E) conjunção, substantivo, advérbio, verbo, advérbio e adjetivo.
02. (IF/PA - Auxiliar em Administração - FUNRIO) O emprego do pronome relativo está de acordo
com as normas da língua-padrão em:
(A) Finalmente aprovaram o decreto que lutamos tanto por ele.
(B) Nas próximas férias, minha meta é fazer tudo que tenho direito.
(C) Eu aprovaria o texto daquele parecer que o relator apresentou ontem.
(D) Existe um escritor brasileiro que todos os brasileiros nos orgulhamos.
(E) Na política, às vezes acontecem traições onde mostram muita sordidez.
Abu Dhabi constrói cidade do futuro, com tudo movido a energia solar
Bem no meio do deserto, há um lugar onde o calor é extremo. Sessenta e três graus ou até mais no
verão. E foi exatamente por causa da temperatura que foi construída em Abu Dhabi uma das maiores
usinas de energia solar do mundo.
Os Emirados Árabes estão investindo em fontes energéticas renováveis. Não vão substituir o petróleo,
que eles têm de sobra por mais 100 anos pelo menos. O que pretendem é diversificar e poluir menos.
Uma aposta no futuro.
A preocupação com o planeta levou Abu Dhabi a tirar do papel a cidade sustentável de Masdar. Dez
por cento do planejado está pronto. Um traçado urbanístico ousado, que deixa os carros de fora. Lá só
se anda a pé ou de bicicleta. As ruas são bem estreitas para que um prédio faça sombra no outro. É
perfeito para o deserto. Os revestimentos das paredes isolam o calor. E a direção dos ventos foi estudada
para criar corredores de brisa.
(Adaptado de: “Abu Dhabi constrói cidade do futuro, com tudo movido a energia solar”. Disponível em:http://g1.globo.com/globoreporter/noticia/2016/04/abu-
dhabi-constroi-cidade-do-futuro-com-tudo-movido-energia-solar.html)
Gabarito
Comentários
01. Resposta: B
Mas → Conjunção
Ele → Pronome pessoal
Não → Advérbio
Tinha → Verbo
Muitas → Pronome indefinido
Chances → Substantivo
03. Resposta: B
QUE = o qual(s) a qual(s), é pronome relativo.
I. E foi justamente por causa da temperatura O QUAL foi construída... (errado, a temperatura A qual)
II. Não vão substituir o petróleo, O QUAL eles têm de sobra... (certo, o petróleo tem de sobra, o qual)
III. Um traçado urbanístico ousado, O QUAL deixa os carros... (certo, o traçado deixa os carros, o qual)
IV. As ruas são bem estreitas para ISSO.... (Conjunção integrante).
04. Resposta: C
“O pronome demonstrativo é utilizado em três situações. Pode se referir a espaço, ideias ou
elementos”.
Exemplos de pronomes demonstrativos:
Primeira pessoa: este, estes, estas (variáveis); isto (invariável).
Segunda pessoa: esse, essa, esses, essas (variáveis); isso (invariável).
Terceira pessoa: aquele, aquela, aquelas (variáveis); aquilo (invariável).
05. Resposta: E
Os pronomes conosco e convosco devem ser substituídos por com nós e com vós,
respectivamente, quando aparecem seguidos de palavras enfáticas como mesmos, próprios, todos,
outros, ambos, ou de numeral:
O diretor implicou com nós dois.
Senhores deputados, quero falar com vós mesmos.
O pronome regido pela preposição entre deve aparecer na forma oblíqua. Assim, é correto dizer entre
mim e ele, entre ela e ti, entre mim e ti. Os pronomes pessoais do caso oblíquo funcionam como
complementos: Isso não convém a mim, Foram embora sem ti, Olhou para mim. Os pronomes pessoais
do caso reto exercem a função de sujeito na oração. Dessa forma, os pronomes eu e tu estão
empregados corretamente nos seguintes casos: Pediu que eu fizesse as compras, Saberão só quando tu
partires, Trouxeram o documento para eu assinar.
Verbo
Verbo é a palavra que indica ação, movimento, fenômenos da natureza, estado, mudança de estado.
Flexiona-se em:
- número (singular e plural);
- pessoa (primeira, segunda e terceira);
- modo (indicativo, subjuntivo e imperativo, formas nominais: gerúndio, infinitivo e particípio);
- tempo (presente, passado e futuro);
- e apresenta voz (ativa, passiva, reflexiva).
Se tirarmos as terminações ar, er, ir do infinitivo dos verbos, teremos o radical desses verbos. Também
podemos antepor prefixos ao radical: desnutrir / reconduzir.
Vogal Temática: é o elemento mórfico que designa a qual conjugação pertence o verbo. Há três vogais
temáticas: 1ª conjugação: a; 2ª conjugação: e; 3ª conjugação: i.
Tema: é o elemento constituído pelo radical mais a vogal temática. Ex.: contar - cont (radical) + a
(vogal temática) = tema. Se não houver a vogal temática, o tema será apenas o radical (contei = cont ei).
Desinências: são elementos que se juntam ao radical, ou ao tema, para indicar as flexões de modo e
tempo, desinências modo temporais e desinências número pessoais.
Contávamos
Cont = radical
a = vogal temática
va = desinência modo temporal
mos = desinência número pessoal
Flexões Verbais
Flexão de número e de pessoa: o verbo varia para indicar o número e a pessoa.
- eu estudo – 1ª pessoa do singular;
- nós estudamos – 1ª pessoa do plural;
- tu estudas – 2ª pessoa do singular;
- vós estudais – 2ª pessoa do plural;
- ele estuda – 3ª pessoa do singular;
- eles estudam – 3ª pessoa do plural.
- Algumas regiões do Brasil, usam o pronome tu de forma diferente da fala culta, exigida pela gramática
oficial, ou seja, tu foi, tu pega, tu tem, em vez de: tu fostes, tu pegas, tu tens.
- O pronome vós aparece somente em textos literários ou bíblicos.
- Os pronomes: você, vocês, que levam o verbo na 3ª pessoa, é o mais usado no Brasil.
Flexão de tempo e de modo: os tempos situam o fato ou a ação verbal dentro de determinado
momento; pode estar em plena ocorrência, pode já ter ocorrido ou não. Essas três possibilidades básicas,
mas não únicas, são: presente, pretérito e futuro.
O modo indica as diversas atitudes do falante com relação ao fato que enuncia. São três os modos:
- Modo Indicativo: a atitude do falante é de certeza, precisão. O fato é ou foi uma realidade. Apresenta
presente, pretérito perfeito, imperfeito e mais que perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito.
- Modo Subjuntivo: a atitude do falante é de incerteza, de dúvida, exprime uma possibilidade. O
subjuntivo expressa uma incerteza, dúvida, possibilidade, hipótese. Apresenta presente, pretérito
imperfeito e futuro. Ex: Tenha paciência, Lourdes; Se tivesse dinheiro compraria um carro zero; Quando
o vir, dê lembranças minhas.
- Modo Imperativo: a atitude do falante é de ordem, um desejo, uma vontade, uma solicitação. Indica
uma ordem, um pedido, uma súplica. Apresenta imperativo afirmativo e imperativo negativo.
2ª Conjugação: -ER
Presente: como, comes, come, comemos, comeis, comem.
Pretérito Perfeito: comi, comeste, comeu, comemos, comestes, comeram.
Pretérito Imperfeito: comia, comias, comia, comíamos, comíeis, comiam.
Pretérito Mais-Que-Perfeito: comera, comeras, comera, comêramos, comêreis, comeram.
Futuro do Presente: comerei, comerás, comerá, comeremos, comereis, comerão.
Futuro do Pretérito: comeria, comerias, comeria, comeríamos, comeríeis, comeriam.
3ª Conjugação: -IR
Presente: parto, partes, parte, partimos, partis, partem.
Pretérito Perfeito: parti, partiste, partiu, partimos, partistes, partiram.
Pretérito Imperfeito: partia, partias, partia, partíamos, partíeis, partiam.
Pretérito Mais-Que-Perfeito: partira, partiras, partira, partíramos, partíreis, partiram.
Futuro do Presente: partirei, partirás, partirá, partiremos, partireis, partirão.
Futuro do Pretérito: partiria, partirias, partiria, partiríamos, partiríeis, partiriam.
2ª Conjugação -ER
Presente: que eu coma, que tu comas, que ele coma, que nós comamos, que vós comais, que eles comam.
Pretérito Imperfeito: se eu comesse, se tu comesses, se ele comesse, se nós comêssemos, se vós comêsseis, se eles
comessem.
Futuro: quando eu comer, quando tu comeres, quando ele comer, quando nós comermos, quando vós comerdes, quando
eles comerem.
Emprego do Imperativo
Imperativo Afirmativo
- Não apresenta a primeira pessoa do singular.
- É formado pelo presente do indicativo e pelo presente do subjuntivo.
- O Tu e o Vós saem do presente do indicativo sem o “s”.
- O restante é cópia fiel do presente do subjuntivo.
Presente do Indicativo: eu amo, tu amas, ele ama, nós amamos, vós amais, eles amam.
Presente do subjuntivo: que eu ame, que tu ames, que ele ame, que nós amemos, que vós ameis,
que eles amem.
Imperativo afirmativo: ama tu, ame ele, amemos nós, amai vós, amem vocês.
Imperativo Negativo
- É formado através do presente do subjuntivo sem a primeira pessoa do singular.
- Não retira os “s” do tu e do vós.
Presente do Subjuntivo: que eu ame, que tu ames, que ele ame, que nós amemos, que vós ameis,
que eles amem.
Imperativo negativo: não ames tu, não ame você, não amemos nós, não ameis vós, não amem vocês.
Além dos três modos citados (Indicativo, Subjuntivo e Imperativo), os verbos apresentam ainda as
formas nominais: infinitivo – impessoal e pessoal, gerúndio e particípio.
Infinitivo Impessoal19
Quando se diz que um verbo está no infinitivo impessoal, isso significa que ele apresenta sentido
genérico ou indefinido, não relacionado a nenhuma pessoa, e sua forma é invariável. Assim, considera-
se apenas o processo verbal. Ex.: Amar é sofrer.
Podendo ter valor e função de substantivo. Ex.: Viver é lutar. (= vida é luta); É indispensável combater
a corrupção. (= combate à)
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma
composta). Ex.: É preciso ler este livro; Era preciso ter lido este livro.
Observe que, embora não haja desinências para a 1ª e 3ª pessoas do singular (cujas formas são iguais
às do infinitivo impessoal), elas não deixam de referir-se às respectivas pessoas do discurso (o que será
esclarecido apenas pelo contexto da frase). Ex.: Para ler melhor, eu uso estes óculos. (1ª pessoa); Para
ler melhor, ela usa estes óculos. (3ª pessoa)
- Quando apresenta uma ideia vaga, genérica, sem se referir a um sujeito determinado. Ex.
Querer é poder. Fumar prejudica a saúde. É proibido colar cartazes neste muro.
- Quando tem valor de Imperativo. Ex. Soldados, marchar! (= Marchai!) Esquerda, volver!
- Quando é regido de preposição (geralmente precedido da preposição “de”) e funciona como
complemento de um substantivo, adjetivo ou verbo da oração anterior. Ex.: Eles não têm o direito
de gritar assim. As meninas foram impedidas de participar do jogo. Eu os convenci a aceitar.
No entanto, na voz passiva dos verbos "contentar", "tomar" e "ouvir", por exemplo, o Infinitivo (verbo
auxiliar) deve ser flexionado. Exs.:
Eram pessoas difíceis de serem contentadas.
Aqueles remédios são ruins de serem tomados.
Os jogos que você me emprestou são agradáveis de serem jogados.
19
https://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf69.php
- Com os verbos causativos "deixar", "mandar" e "fazer" e seus sinônimos que não formam
locução verbal com o infinitivo que os segue. Ex.: Deixei-os sair cedo hoje.
- Com os verbos sensitivos "ver", "ouvir", "sentir" e sinônimos, deve-se também deixar o
infinitivo sem flexão. Ex.: Vi-os entrar atrasados. Ouvi-as dizer que não iriam à festa.
Infinitivo Pessoal
É o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta
desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2ª pessoa do singular: radical + ES. Ex.: teres (tu)
1ª pessoa do plural: radical + mos. Ex.: termos (nós)
2ª pessoa do plural: radical + dês. Ex.: terdes (vós)
3ª pessoa do plural: radical + em. Ex.: terem (eles)
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.
Quando se diz que um verbo está no infinitivo pessoal, isso significa que ele atribui um agente ao
processo verbal, flexionando-se.
O infinitivo deve ser flexionado nos seguintes casos:
Gerúndio
Pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Ex.: Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (Função de
advérbio); Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (Função adjetivo)
Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta, uma ação concluída.
Ex.: Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro; Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.
2ª Conjugação –ER
Infinitivo Impessoal: comer.
Infinitivo pessoal: comer eu, comeres tu, comer ele, comermos nós, comerdes vós, comerem eles.
Gerúndio: comendo.
Particípio: comido.
3ª Conjugação –IR
Infinitivo Impessoal: partir.
Infinitivo pessoal: partir eu, partires tu, partir ele, partirmos nós, partirdes vós, partirem eles.
Gerúndio: partindo.
Particípio: partido.
Verbos Auxiliares
Ser
Modo Indicativo
Pretérito Pretérito
Pretérito
Presente Perfeito Perf.
Imperfeito
Simples Composto
Eu sou era fui tenho sido
Tu és eras foste tens sido
Ele é era foi tem sido
Nós somos éramos fomos temos sido
Vós sois éreis fostes tendes sido
Eles são eram foram têm sido
Modo Subjuntivo
Modo Imperativo
Formas Nominais
- Infinitivo: ser
- Gerúndio: sendo
- Particípio: sido
Estar
Modo Indicativo
Modo Subjuntivo
Modo Imperativo
Formas Nominais
- Infinitivo: estar
- Gerúndio: estando
- Particípio: estado
Ter
Modo Indicativo
Pretérito Pretérito
Pretérito
Presente Perfeito Perf.
Imperfeito
Simples Composto
Eu tenho tinha tive tenho tido
Tu tens tinhas tiveste tens tido
Ele tem tinha teve tem tido
Nós temos tínhamos tivemos temos tido
Vós tendes tínheis tivestes tendes tido
Eles têm tinham tiveram têm tido
Pretérito Mais
Pretérito Futuro Futuro
Presente que Perfeito
Imperfeito Simples Composto
Composto
Que eu Quando eu Quando eu
Eu Se eu tivesse Se eu tivesse tido
tenha tiver tiver tido
Que tu Quando tu Quando tu
Tu Se tu tivesses Se tu tivesses tido
tenhas tiveres tiveres tido
Que ele Ser ele tivesse Quando ele Quando ele
Ele Se ele tivesse
tenha tido tiver tiver tido
Que nós Se nós Se nós Quando nós Quando nós
Nós
tenhamos tivéssemos tivéssemos tido tivermos tivermos tido
Que vós Se vós tivésseis Quando vós Quando vós
Vós Se vós tivésseis
tenhais tido tiverdes tiverdes tido
Que eles Se eles tivessem Quando eles Quando eles
Eles Se eles tivessem
tenham tido tiverem tiverem tido
Modo Imperativo
Formas Nominais
- Infinitivo: ter
- Gerúndio: tendo
- Particípio: tido
Haver
Modo Indicativo
Pretérito Pretérito
Pretérito
Presente Perfeito Perf.
Imperfeito
Simples Composto
Eu hei havia houve tenho havido
Tu hás havias houveste tens havido
Ele há havia houve tem havido
Nós havemos havíamos houvemos temos havido
Vós haveis havíeis houvestes tendes havido
Eles hão haviam houveram têm havido
Modo Subjuntivo
Pretérito Mais
Pretérito Futuro Futuro
Presente que Perfeito
Imperfeito Simples Composto
Composto
Que eu Se eu Se eu tivesse Quando eu Quando eu tiver
Eu
haja houvesse havido houver havido
Que tu Se tu Se tu tivesses Quando tu Quando tu tiveres
Tu
hajas houvesses havido houveres havido
Que ele Se ele Ser ele tivesse Quando ele Quando ele tiver
Ele
haja houvesse havido houver havido
Se nós
Que nós Se nós Quando nós Quando nós
Nós tivéssemos
hajamos houvéssemos houvermos tivermos havido
havido
Que vós Se vós Se vós tivésseis Quando vós Quando vós
Vós
hajais houvésseis havido houverdes tiverdes havido
Que eles Se eles Se eles tivessem Quando eles Quando eles
Eles
hajam houvessem havido houverem tiverem havido
Modo Imperativo
Formas Nominais
Infinitivo: haver
Gerúndio: havendo
Particípio: havido
Verbos Regulares
Não sofrem modificação no radical durante toda conjugação (em todos os modos) e as desinências
seguem as do verbo paradigma (verbo modelo)
AMAR: (radical: am) Amo, Amei, Amava, Amara, Amarei, Amaria, Ame, Amasse, Amar.
COMER: (radical: com) Como, Comi, Comia, Comera, Comerei, Comeria, Coma, Comesse, Comer.
PARTIR: (radical: part) Parto, Parti, Partia, Partira, Partirei, Partiria, Parta, Partisse, Partir.
Verbos Irregulares
Anômalos
Modo Indicativo
Pretérito
Pretérito Pretérito
Presente Mais que
Imperfeito Perfeito
Perfeito
Eu vou ia fui fora
Tu vais ias foste foras
Ele vai ia foi fora
Nós vamos íamos fomos fôramos
Vós ides íeis fostes fôreis
Eles vão iam foram foram
Futuro do Futuro do
Presente Pretérito
Eu irei iria
Tu irás irias
Ele irá iria
Nós iremos iríamos
Vós ireis iríeis
Eles irão iriam
Modo Subjuntivo
Pretérito
Presente Futuro
Imperfeito
Eu Que eu vá Se eu fosse Quando eu for
Tu Que tu vás Se tu fosses Quando tu fores
Ele Que ele vá Se ele fosse Quando ele for
Nós Que nós vamos Se nós fôssemos Quando nós formos
Vós Que vós vades Se vós fôsseis Quando vós fordes
Eles Que eles vão Se eles fossem Quando eles forem
Modo Imperativo
Formas Nominais:
- Infinitivo: ir
- Gerúndio: indo
- Particípio: ido
Verbos Defectivos
São aqueles que possuem um defeito. Não têm todos os modos, tempos ou pessoas.
Verbo Pronominal: é aquele que é conjugado com o pronome oblíquo. Ex.: Eu me despedi de mamãe
e parti sem olhar para o passado.
Verbos Abundantes: são os verbos que têm duas ou mais formas equivalentes, geralmente de
particípio.
Questões
Disponível https://www.facebook.com/tirasamandinho/photos/a.488361671209144.113963.
488356901209621/1568398126538821/?type=3&theater.
Acesso em: fev.2018.
Na tirinha, Fê conversa com Camilo sobre o que ela considera ser machismo na cerimônia de
casamento, enquanto Pudim diz a Armandinho que tudo aquilo que a garota questiona é algo natural.
Nas falas atribuídas à menina, o verbo ter aparece em Tem casamentos [...] (quadro 1) e em [...]
essas coisas têm significados! (quadro 2).
Apesar dos sinais de recuperação da economia, o número de brasileiros endividados chegou a 61,7
milhões em fevereiro passado – o equivalente a 40% da população adulta. O número é alto porque o
hábito de manter as contas em dia não é apenas uma questão financeira decorrente do estado geral da
economia – pode ser uma questão comportamental. Por isso, há grupos especializados que promovem
reuniões semanais com devedores, com a finalidade de trocar experiências sobre consumo impulsivo e
propensão a viver no vermelho. Uma dessas organizações é o Devedores Anônimos (DA), que funciona
nos mesmos moldes do Alcoólicos Anônimos (AA).
Pertencer a uma classe social mais alta não livra ninguém do problema. As pessoas de maior renda
são justamente as que têm maior resistência em admitir a compulsão. Pior. É comum que, diante dos
apuros, como a perda do emprego, algumas tentem manter o mesmo padrão de vida em lugar de cortar
gastos para se encaixar na nova realidade. Pedir um empréstimo para quitar outra dívida é um
comportamento recorrente entre os endividados.
Para sair do vermelho, aceitar o vício é o primeiro passo. Uma vez que o devedor reconhece o
problema, a próxima etapa é se planejar.
(Felipe Machado e Tatiana Babadobulos, Veja, 04.04.2018. Adaptado)
03. (PC/SP - Escrivão de Polícia - VUNESP/2018) A vida de Dorinha Duval foi, ____ . O processo
ainda não havia ido a Júri quando a tese da defesa foi mudada. Não seria mais violenta emoção, mas
legítima defesa. Ela não teria atirado no marido por ter sido ___ e chamada de velha, mas ______ o
marido passou a agredi-la. De fato, o exame pericial de corpo de delito realizado em Dorinha constatou a
existência de _______ em seu corpo. A versão da legítima defesa era ______ .
(Luiza Nagib Eluf, A paixão no banco dos réus. Adaptado)
04. (Pref. Itaquitinga/PE - Assistente Administrativo - IDHTEC) Morto em 2015, o pai afirma que
Jules Bianchi não __________culpa pelo acidente. Em entrevista, Philippe Bianchi afirma que a verdade
nunca vai aparecer, pois os pilotos __________ medo de falar. "Um piloto não vai dizer nada se existir
uma câmera, mas quando não existem câmeras, todos __________ até mim e me dizem. Jules Bianchi
bateu com seu carro em um trator durante um GP, aquaplanou e não conseguiu __________para evitar
o choque.
(http://espn.uol.com.br/noticia/603278_pai-diz-que-pilotos-da-f-1-temmedo-de-falar-a-verdade-sobre-o-acidente-fatal-de-bianchi)
Complete com a sequência de verbos que está no tempo, modo e pessoa corretos:
(A) Tem – tem – vem - freiar
05. (Prefeitura Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala - FEPESE) Assinale a alternativa em que está
correta a correlação entre os tempos e os modos verbais nas frases abaixo.
(A) A entonação correta ao falarmos colabora com o entendimento que o outro tem do assunto tratado
e reforçaria a nossa persuasão.
(B) Para falar bem em público, organize as ideias de acordo com o tempo que você terá e, antes de
falar, ensaie sua apresentação.
(C) A capacidade de os adolescentes virem a falar em público, teria dependido dos bons ensinamentos
da escola.
(D) Quem vier a comparar a fala dos jovens de hoje com os da geração passada, haveria de concluir
que os jovens de hoje leem muito menos.
(E) O contato visual também é importante ao falar em público. Passa empatia e envolveria o outro.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: D
FLEXÃO DO VERBO TER: " Tem casamentos [...]"
TER no sentido de EXISTIR. Assim como o verbo “haver”, “ter”, no sentido de “existir”, é verbo
impessoal. Ou seja, não admite sujeito. Por isso, não sofre flexão de número (não vai para o plural).
ACENTO DIFERENCIAL: [...] essas coisas têm significados!
Tem acompanha o sujeito na terceira pessoa do SINGULAR.
Têm acompanha o sujeito na terceira pessoa do PLURAL.
02. Resposta: C
O segredo dessa questão é manter as duas palavras no mesmo tempo verbal.
03. Resposta: A
A letra "A" é a única em que há nas dúas palavras sinais de hipótese, ou seja uma POSSIBILIDADE
de acontecer algo, ou não.
a) seria (talvez) e teria (talvez)
b) foi (já aconteceu) e seria (talvez)
c) teria (talvez) e ter sido (já aconteceu)
d) foi (já aconteceu) e constatou (já aconteceu)
e) ter sido (já aconteceu) e passou (já aconteceu)
04. Resposta: E
Teve - Pretérito perfeito do indicativo
Têm - Presente do Indicativo
Vêm - (verbo vir) – Presente do Indicativo
Frear - Infinitivo
05. Resposta: B
a) A entonação correta ao falarmos colabora com o entendimento que o outro tem do assunto tratado
e REFORÇA a nossa persuasão. Errada.
b) Para falar bem em público, organize as ideias de acordo com o tempo que você terá e, antes de
falar, ensaie sua apresentação. Gabarito
c) A capacidade de os adolescentes virem a falar em público, TEM dependido dos bons ensinamentos
da escola. Errado.
d) Quem vier a comparar a fala dos jovens de hoje com os da geração passada, HAVERÁ de concluir
que os jovens de hoje leem muito menos. Errada.
Locução Verbal
Uma locução verbal20 é a combinação de um verbo auxiliar e um verbo principal. Esses dois
verbos, aparecendo juntos na oração, transmitem apenas uma ação verbal, desempenhando o papel de
um único verbo. Exemplo:
- estive pensando
- quero sair
- pode ocorrer
- tem investigado
- tinha decidido
Os auxiliares mais comuns são: “Ter, Haver, Ser e Estar”. Contudo, outros verbos também atuam como
verbos auxiliares nas locuções verbais, como os verbos poder, dever, querer, começar a, deixar de, voltar
a, continuar a, entre outros.
Em todos os exemplos a ideia central é expressa pelo verbo principal, os verbos auxiliares apenas
indicam flexões de tempo, modo, pessoa, número e voz. Sem os verbos principais, os auxiliares não
teriam sentido algum.
20
https://www.conjugacao.com.br/locucao-verbal/
Qual forma verbal substituiria, sem causar alteração de sentido, a locução verbal "vou ter", que aparece
no primeiro quadrinho?
(A) "terei".
(B) "teria".
(C) "tivera".
(D) "tenha".
(E) "tinha".
03. (Pref. João Pessoa/PB - Professor Língua Portuguesa - FGV) Uma locução verbal é o conjunto
formado por um verbo auxiliar + um verbo principal, este último sempre em forma nominal. Nas frases a
seguir as formas verbais sublinhadas constituem uma locução verbal, à exceção de uma. Assinale‐a.
(A) Todos podem entrar assim que chegarem.
(B) Se os grevistas querem trabalhar menos, não vou atendê‐los.
(C) Deixem entrar todos os atrasados.
(D) Elas não sabem cozinhar como antigamente.
(E) A plantação foi‐se expandindo para os lados
Gabarito
Comentários
01. Resposta: C
“Vai” o verbo está no presente, “Andar” o verbo está no infinito. Temos um verbo auxiliar e outro
principal. Assim, constitui uma locução verbal.
03. Resposta: C
a) Todos podem entrar assim que chegarem.
Quem pode? Todos. Quem entra? Todos (mesmo sujeito, locução verbal).
Advérbio
Advérbio é a palavra invariável que modifica um verbo (Chegou cedo), um outro advérbio (Falou muito
bem), um adjetivo (Estava muito bonita).
Locuçoes Adverbiais: são duas ou mais palavras que têm o valor de advérbio: às cegas, às claras,
às pressas, às escondidas, à toa, à noite, à tarde, às vezes, ao acaso, de repente, de chofre, de cor, de
improviso, de propósito, de viva voz, de medo, com certeza, por perto, por um triz, de vez em quando,
sem dúvida, de forma alguma, em vão, por certo, à esquerda, à direta, a pé, a esmo, por ali, a distância.
- De repente o dia se fez noite.
- Por um triz eu não me denunciei.
- Sem dúvida você é o melhor.
Graus dos Advérbios: o advérbio não vai para o plural, são palavras invariáveis, mas alguns admitem
a flexão de grau: comparativo e superlativo.
Comparativo de:
Igualdade - tão + advérbio + quanto, como: Sou tão feliz quanto / como você.
Superioridade - Analítico: mais do que. Ex.: Raquel é mais elegante do que eu.
- Sintético: melhor, pior que. Ex.: Amanhã será melhor do que hoje.
Inferioridade - menos do que: Falei menos do que devia.
Superlativo Absoluto:
Analítico - mais, muito, pouco,menos: O candidato defendeu-se muito mal.
Sintético - íssimo, érrimo: Localizei-o rapídíssimo.
Palavras e Locuções Denotativas: São palavras semelhantes a advérbios e que não possuem
classificação especial. Não se enquadram em nenhuma das dez classes de palavras. São chamadas de
denotativas e exprimem:
Afetividade: felizmente, infelizmente, ainda bem. Ex.: Ainda bem que você veio.
Designação, Indicação: eis. Ex.: Eis aqui o herói da turma.
Exclusão: exclusive, menos, exceto, fora, salvo, senão, sequer: Ex.: Não me disse sequer uma palavra
de amor.
Inclusão: inclusive, também, mesmo, ainda, até, além disso, de mais a mais. Ex.: Também há flores
no céu.
Limitação: só, apenas, somente, unicamente. Ex.: Só Deus é perfeito.
Realce: cá, lá, é que, sobretudo, mesmo. Ex.: Sei lá o que ele quis dizer!
Retificação: aliás, ou melhor, isto é, ou antes. Ex.: Irei à Bahia na próxima semana, ou melhor, no
próximo mês.
Explicação: por exemplo, a saber. Ex.: Você, por exemplo, tem bom caráter.
Questões
05. (PC/SP - Investigador de Polícia - VUNESP/2018) Nos EUA, a psicanálise lembra um pouco
certas seitas – as ideias do fundador são institucionalizadas e defendidas por discípulos ferrenhos, mas
suas instituições parecem não responder às necessidades atuais da sociedade. Talvez porque o autor
das ideias não esteja mais aqui para atualizá-las.
Freud era um neurologista, e queria encontrar na Biologia as bases do comportamento. Como a
tecnologia de então não lhe permitia avançar, passou a elaborar uma teoria, criando a psicanálise.
Cientista que era, contudo, nunca se apaixonou por suas ideias, revisando sua obra ao longo da vida. Ele
chegou a afirmar: “A Biologia é realmente um campo de possibilidades ilimitadas do qual podemos esperar
as elucidações mais surpreendentes. Portanto, não podemos imaginar que respostas ela dará, em poucos
decêndios, aos problemas que formulamos. Talvez essas respostas venham a ser tais que farão o edifício
de nossas hipóteses colapsar”. Provavelmente, é sua frase menos citada. Por razões óbvias.
(Galileu, novembro de 2017. Adaptado)
Nos trechos – … Talvez porque o autor das ideias não esteja mais aqui… – ; – … nunca se apaixonou
por suas ideias… – ; – A Biologia é realmente um campo de possibilidades ilimitadas… – e –
Provavelmente, é sua frase menos citada. –, os advérbios destacados expressam, correta e
respectivamente, circunstância de:
(A) lugar; tempo; modo; afirmação.
(B) lugar; tempo; afirmação; dúvida.
(C) lugar; negação; modo; intensidade.
(D) afirmação; negação; afirmação; afirmação.
(E) afirmação; negação; modo; dúvida.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: B
Alternativa A: meio quilo = quantidade
Alternativa B (correta): meio triste = advérbio de intensidade
Alternativa C: descobri o meio = jeito, maneira
Alternativa D: meio da rua = metade
Alternativa E: um metro e meio = quantidade
02. Reposta: C
Alternativa A: Não – advérbio de negação
Alternativa B: Ali – advérbio de lugar
Alternativa C: Tudo – pronome indefinido
Alternativa D:Talvez – advérbio de dúvida
Alternativa E: Já – advérbio de tempo
03. Resposta: D
Alternativa A: Realmente – advérbio de afirmação
Alternativa B: Antigamente – advérbio de tempo
Alternativa C: Lá – advérbio de lugar
Alternativa D (correta): Bem – advérbio de modo / modifica a maneira com que ela fala.
Alternativa E: Bem – advérbio de intensidade
04. Resposta: B
“Com a lâmina” = instrumento
Preposição
Preposição é a palavra invariável que liga um termo dependente a um termo principal, estabelecendo
uma relação entre ambos. As preposições podem ser: essenciais ou acidentais.
As preposições essenciais atuam exclusivamente como preposições. São: a, ante, após, até, com,
contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás. Exs.: Não dê atenção a fofocas;
Perante todos disse, sim.
As preposições acidentais são palavras de outras classes que atuam eventualmente como
preposições. São: como (=na qualidade de), conforme (=de acordo com), consoante, exceto, mediante,
salvo, visto, segundo, senão, tirante. Ex.: Agia conforme sua vontade. (= de acordo com)
- O artigo definido a que vem sempre acompanhado de um substantivo, é flexionado: a casa, as casas,
a árvore, as árvores, a estrela, as estrelas. A preposição a nunca vai para o plural e não estabelece
concordância com o substantivo. Ex.: Fiz todo o percurso a pé. (não há concordância com o substantivo
masculino pé)
- As preposições essenciais são sempre seguidas dos pronomes pessoais oblíquos: Despediu-se de
mim rapidamente. Não vá sem mim.
Locuções Prepositivas: é o conjunto de duas ou mais palavras que têm o valor de uma preposição.
A última palavra é sempre uma preposição. Veja quais são: abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de,
a respeito de, de acordo com, dentro de, embaixo de, em cima de, em frente a, em redor de, graças a,
junto a, junto de, perto de, por causa de, por cima de, por trás de, a fim de, além de, antes de, a par de,
a partir de, apesar de, através de, defronte de, em favor de, em lugar de, em vez de, (=no lugar de), ao
invés de (=ao contrário de), para com, até a.
- Não confunda locução prepositiva com locução adverbial. Na locução adverbial, nunca há uma
preposição no final, e sim no começo: Vimos de perto o fenômeno do “tsunami”. (locução adverbial); O
acidente ocorreu perto de meu atelier. (locução prepositiva)
- Uma preposição ou locução prepositiva pode vir com outra preposição: Abola passou por entre as
pernas do goleiro. Mas é inadequado dizer: Proibido para menores de até 18 anos; Financiamento em
até 24 meses.
Combinações e Contrações
Combinação: ocorre quando não há perda de fonemas: a+o, os= ao, aos / a+onde = aonde.
Contração: ocorre quando a preposição perde fonemas: de+a, o, as, os, esta, este, isto = da, do, das,
dos, desta, deste, disto.
- em+ um, uma, uns, umas, isto, isso, aquilo, aquele, aquela, aqueles, aquelas = num, numa, nuns,
numas, nisto, nisso, naquilo, naquele, naquela, naqueles.
- de+ entre, aquele, aquela, aquilo = dentre, daquele, daquela, daquilo.
- para+ a = pra.
A contração da preposição a com os artigos ou pronomes demonstrativos a, as, aquele, aquela, aquilo
recebe o nome de crase e é assinalada na escrita pelo acento grave ficando assim: à, às, àquele, àquela,
àquilo.
A
(movimento=direção): Foram a Lucélia comemorar os Anos Dourados.
Modo: Partiu às pressas.
Tempo: Iremos nos ver ao entardecer.
Apreposição a indica deslocamento rápido: Vamos à praia. (ideia de passear)
Após (depois de): Após alguns momentos desabou num choro arrependido.
Até
(aproximação): Correu até mim.
Tempo: Certamente teremos o resultado do exame até a semana que vem.
Atenção: Se a preposição até equivaler a inclusive, será palavra de inclusão e não preposição. Os
sonhadores amam até quem os despreza. (inclusive)
Com (companhia): Rir de alguém é falta de caridade; deve-se rir com alguém.
Causa: A cidade foi destruída com o temporal.
Instrumento: Feriu-se com as próprias armas.
Modo: Marfinha, minha comadre, veste-se sempre com elegância.
Contra
(oposição, hostilidade): Revoltou-se contra a decisão do tribunal.
Direção a um limite: Bateu contra o muro e caiu.
Desde
(afastamento de um ponto no espaço): Essa neblina vem desde São Paulo.
Tempo: Desde o ano passado quero mudar de casa.
Em
(lugar): Moramos em Lucélia há alguns anos.
Lugar: As queridas amigas Nilceia e Nadélgia moram em Curitiba.
Especialidade: Minha amiga Cidinha formou-se em Letras.
Tempo: Tudo aconteceu em doze horas.
Entre (posição entre dois limites): Convém colocar o vidro entre dois suportes.
Para
Direção: Não lhe interessava mais ir para a Europa.
Tempo: Pretendo vê-lo lá para o final da semana.
Finalidade: Lute sempre para viver com dignidade.
A preposição para indica permanência definitiva. Vou para o litoral. (ideia de morar)
Sob (debaixo de / situação): Prefiro cavalgar sob o luar. Viveu, sob pressão dos pais.
Trás (situação posterior; é preposição fora de uso. É substituída por atrás de, depois de): Por trás
desta carinha vê-se muita falsidade.
Questões
No 3º quadrinho, nas três ocorrências, o sentido da preposição “sem” e o das expressões que ela
forma são, respectivamente, de
(A) negação e causa.
(B) adição e condição.
(C) ausência e modo.
(D) falta e consequência.
(E) exceção e intensidade.
Tua presença, minha Mãe - drama vivo duma Raça, Drama de carne e sangue Que a Vida escreveu
com a pena dos séculos! Pelo teu regaço, minha Mãe, Outras gentes embaladas à voz da ternura ninadas
do teu leite alimentadas de bondade e poesia de música ritmo e graça... santos poetas e sábios... Outras
gentes... não teus filhos, que estes nascendo alimárias semoventes, coisas várias, mais são filhos da
desgraça: a enxada é o seu brinquedo trabalho escravo - folguedo... Pelos teus olhos, minha Mãe Vejo
oceanos de dor Claridades de sol-posto, paisagens Roxas paisagens Mas vejo (Oh! se vejo!...) mas vejo
também que a luz roubada aos teus [olhos, ora esplende demoniacamente tentadora - como a Certeza...
cintilantemente firme - como a Esperança... em nós outros, teus filhos, gerando, formando, anunciando -
o dia da humanidade.
(Viriato da Cruz. Poemas, 1961, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império)
Em qual das alternativas o acento grave foi mal empregado, pois não houve crase?
(A) “Milena Nogueira foi pela primeira vez à quadra da escola de samba Império Serrano, na Zona
Norte do Rio.”
(B) "Os relatos dos casos mostram repetidas violações dos direitos à moradia, a um trabalho digno, à
integridade cultural, a vida e ao território."
(C) “O corpo de Lucilene foi encontrado próximo à ponte do Moa no dia 11 de maio.”
(D) “Fifa afirma que Blatter e Valcke enriqueceram às custas da entidade.”
(E) “Doriva saiu e Milton Cruz fez às vezes de técnico até a chegada de Edgardo Bauza no fim do ano
passado.”
A febre do troca-troca de figurinhas pode estar atingindo uma temperatura muito alta. Preocupados
que os mais afoitos pelos cromos possam até roubá-los, muitos jornaleiros estão levando seus estoques
para casa quando termina o expediente. Pode parecer piada, mas há até boatos sobre quadrilhas de
roubo de figurinha espalhados por mensagens de celular.
04. Assinale a alternativa em que a preposição destacada estabeleça o mesmo tipo de relação que na
frase matriz: Criaram-se a pão e água.
(A) Desejo todo o bem a você.
(B) A julgar por esses dados, tudo está perdido.
(C) Feriram-me a pauladas.
(D) Andou a colher alguns frutos do mar.
(E) Ao entardecer, estarei aí.
Ressentimento e Covardia
Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da internet, que se ressente ainda da
falta de uma legislação específica que coíba não somente os usos mas os abusos deste importante e
eficaz veículo de comunicação. A maioria dos abusos, se praticados em outros meios, seriam crimes já
especificados em lei, como a da imprensa, que pune injúrias, difamações e calúnias, bem como a violação
dos direitos autorais, os plágios e outros recursos de apropriação indébita.
No fundo, é um problema técnico que os avanços da informática mais cedo ou mais tarde colocarão à
disposição dos usuários e das autoridades. Como digo repetidas vezes, me valendo do óbvio, a
comunicação virtual está em sua pré-história.
Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na internet, no que diz respeito aos cronistas,
articulistas e escritores em geral, os mais comuns são os textos atribuídos ou deformados que circulam
por aí e que não podem ser desmentidos ou esclarecidos caso por caso. Um jornal ou revista é
processado se publicar sem autorização do autor um texto qualquer, ainda que em citação longa e sem
aspas. Em caso de injúria, calúnia ou difamação, também. E em caso de falsear a verdade
propositadamente, é obrigado pela justiça a desmentir e dar espaço ao contraditório.
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece a lei do cão em nome da liberdade de expressão,
que é mais expressão de ressentidos e covardes do que de liberdade, da verdadeira liberdade.
(Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 16/05/2006 – adaptado)
O segmento do texto em que o emprego da preposição EM indica valor semântico diferente dos demais
é:
(A) “Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas”;
(B) A maioria dos abusos, se praticados em outros meios”;
(C) “... seriam crimes já especificados em lei”;
(D) “...a comunicação virtual está em sua pré-história”;
(E) “...ainda que em citação longa e sem aspas”.
Comentários
01. Resposta: C
Questão pede a análise isolada da preposição (sem =ausência) e a análise das expressões, ou seja,
as pessoas viverão sem aborrecimento, sem... (as expressões indicam o modo como as pessoas viverão)
02. Resposta: E
Às vezes / As vezes
Ocorrerá a crase somente quando “às vezes” for uma locução adverbial de tempo (= de vez em
quando, em algumas vezes). Quando a expressão “as vezes” não trouxer o significado citado não
acontecerá crase.
03. Resposta: E
1. "troca-troca" de figurinhas >>> ato de trocar >>> "de figurinhas" complementa a ação.
2. "roubo" de figurinhas >>> ato de roubar >>> "de figurinha" complementa a ação.
3. "mensagens" de celular" >>> neste caso "de celular" caractezira o termo "mensagens", tendo a
função de adjunto adnominal.
04. Resposta: C
Na frase matriz, a preposição “a” estabelece a ideia de instrumento, ou seja, daquilo que foi usado
para que se praticasse uma ação.
Na alternativa C, a preposição “a” estabelece o mesmo tipo de relação.
05. Resposta: D
Vejamos como fica se substituirmos o "em":
a) “Tenho comentado aqui na Folha em (por meio de) diversas crônicas;
b) A maioria dos abusos, se praticados em (por meio de) outros meios”;
c) “... seriam crimes já especificados em (por meio de) lei”;
e)“...ainda que em (por meio de) citação longa e sem aspas”.
Interjeição
Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções, sensações, estados de espírito ou apelos.
Locução Interjetiva: é o conjunto de duas ou mais palavras com valor de uma interjeição: Muito bem!
Que pena! Quem me dera! Puxa, que legal!
As intejeições e as locuções interjetivas são classificadas de acordo com o sentido que elas expressam
em determinado contexto. Assim, uma mesma palavra ou expressão pode exprimir emoções variadas.
Admiração ou Espanto: Oh!, Caramba!, Oba!, Nossa!, Meu Deus!, Céus!
Advertência: Cuidado!, Atenção!, Alerta!, Calma!, Alto!, Olha lá!
Alegria: Viva!, Oba!, Que bom!, Oh!, Ah!;
Ânimo: Avante!, Ânimo!, Vamos!, Força!, Eia!, Toca!
Aplauso: Bravo!, Parabéns!, Muito bem!
Chamamento: Olá!, Alô!, Psiu!, Psit!
Aversão: Droga!, Raios!, Xi!, Essa não!, lh!
Medo: Cruzes!, Credo!, Ui!, Jesus!, Uh! Uai!
Pedido de Silêncio: Quieto!, Bico fechado!, Silêncio!, Chega!, Basta!
Saudação: Oi!, Olá!, Adeus!, Tchau!
Concordância: Claro!, Certo!, Sim!, Sem dúvida!
Desejo: Oxalá!, Tomara!, Pudera!, Queira Deus! Quem me dera!
Questões
Tal como utilizada no primeiro quadro, a palavra “socorro” atua como uma palavra de qual classe
gramatical?
(A) Verbo.
(B) Adjetivo.
(C) Advérbio.
(D) Interjeição.
04. (Prefeitura de Dracena/SP - Psicólogo - Big Advice Órgão/2017) A alternativa que apresenta
interjeição corresponde a:
(A) Cocoricar.
(B) Urrar.
(C) Zum-zum.
(D) Ui!
(E) Miau.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: C
Em destaque, há uma interjeição, responsável por expressar a inquietude e insatisfação do autor por
estar só.
02. Resposta: D
Interjeições são usadas para expressar advertência, surpresa, alegria, etc. Na maioria das vezes,
aparecem sozinhas na frase, podendo ser seguidas ou não por ponto de exclamação.
03. Resposta: B
ALGUNS: é um pronome indefinido variável empregado no plural.
MAL: é um advérbio de modo (imprime circunstância ao verbo “faz”)
POSSE: é um substantivo feminino.
OPA: é uma interjeição (palavra invariável que no contexto exprime a sensação de: espanto ou
surpresa).
04. Resposta: D
A interjeição é uma palavra invariável ou sintagma que formam, por si sós, frases que exprimem uma
sensação, emoção, ordem, apelo ou descrevem um ruído (Ex: psiu!, oh!, coragem!, meu Deus! ).
05. Resposta: B
A Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções, sensações, estados de espírito, ou que
procura agir sobre o interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento sem que, para isso, seja
necessário fazer uso de estruturas linguísticas mais elaboradas.
Conjunções
As conjunções exercem a função de conectar as palavras dentro de uma oração. Desta forma, elas
estabelecem uma relação de coordenação ou subordinação e são classificadas em: Conjunções
Coordenativas e Conjunções Subordinativas.
Conjunções Coordenativas
1. Aditivas (Adição)
E
Nem
Não só... Mas também
Mas ainda
Senão
Exemplos:
Viajamos e descansamos.
Eu não só estudo, mas também trabalho.
Mas
Porém
Todavia
Entretanto
No entanto
Exemplos:
Ela era explorada, mas não se queixava.
Os alunos estudaram, no entanto não conseguiram as notas necessárias.
3. Alternativas (alternância)
Ou, ou
Ora, ora
Quer, quer
Já, já
Exemplos:
Ou você vem agora, ou não haverá mais ingressos.
Ora chovia, ora fazia sol.
4. Conclusivas (conclusão)
Logo
Portanto
Por conseguinte
Pois (após o verbo)
Exemplos:
O caminho é perigoso; vá, pois, com cuidado!
Estamos nos esforçando, logo seremos recompensados.
5. Explicativas (explicação)
Que
Porque
Porquanto
Pois (antes do verbo)
Exemplos:
Não leia no escuro, que faz mal à vista.
Compre estas mercadorias, pois já estamos ficando sem.
Conjunções Subordinativas
Ligam uma oração principal a uma oração subordinativa, com verbo flexionado.
Exemplos:
Todos perceberam que você estava atrasado.
Aposto como você estava nervosa.
2. Temporais (Tempo) – Quando / Enquanto / Logo que / Assim que / Desde que
Exemplos:
Logo que chegaram, a festa acabou.
Quando eu disse a verdade, ninguém acreditou.
9. Consecutivas (Consequência) – Que (precedido dos termos: tal, tão, tanto...) / De forma que
Exemplos:
A menina chorou tanto, que não conseguiu ir para a escola.
Ontem estive viajando, de forma que não consegui participar da reunião.
10. Concessivas (Concessão) – Embora / Conquanto / Ainda que / Mesmo que / Por mais que
Exemplos:
Todos gostaram, embora estivesse mal feito.
Por mais que gritasse, ninguém o socorreu.
Questões
Se você tem o hábito de pegar no saleiro e polvilhar a comida com umas pitadas de sal, é melhor
pensar duas vezes. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou esta quinta-feira que um
adulto consuma por dia menos de dois gramas de sódio – ou seja, menos de cinco gramas de sal –
para reduzir os níveis de pressão arterial e as doenças cardiovasculares.
Pela primeira vez, a OMS faz recomendações também para as crianças com mais de dois anos de
idade, para que as doenças relacionadas com a alimentação não se tornem crônicas na idade adulta.
Neste caso, a OMS diz que os valores devem ainda ser mais baixos do que os dois gramas de sódio,
devendo ser adaptados tendo em conta o tamanho, a idade e as necessidades energéticas.
Teresa Firmino Adaptado de publico.pt/ciencia
Desde pequeno, tive tendência para personificar as coisas. Tia Tula, que achava que mormaço fazia
mal, sempre gritava: “Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!”. Mas eu ouvia o mormaço com M
maiúsculo. Mormaço, para mim, era um velho que pegava crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje,
quando leio que alguém se viu perseguido pelo clamor público, vejo com estes olhos o Sr. Clamor
Público, magro, arquejante, de preto, brandindo um guarda-chuva, com um gogó protuberante que se
abaixa e levanta no excitamento da perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia
contar uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de colegas, a ver o lançamento da pedra
fundamental da ponte Uruguaiana-Libres, ocasião de grandes solenidades, com os presidentes Justo e
Getúlio, e gente muita, tanto assim que fomos alojados os do meu grupo num casarão que creio fosse a
Prefeitura, com os demais jornalistas do Brasil e Argentina. Era como um alojamento de quartel, com
breve espaço entre as camas e todas as portas e janelas abertas, tudo com os alegres incômodos e
duvidosos encantos, um vulto junto à minha cama, senti-me estremunhado e olhei atônito para um tipo
de chiru, ali parado, de bigodes caídos, pala pendente e chapéu descido sobre os olhos. Diante da
minha muda interrogação, ele resolveu explicar-se, com a devida calma:
– Pois é! Não vê que eu sou o sereno…
E eis que, por milésimo de segundo, ou talvez mais, julguei que se tratasse do sereno noturno em
pessoa. [...]
(Mário Quintana. Caderno H. 5. ed. São Paulo: Globo, 1989, p. 153-154.)
Após a leitura do texto e considerando seu conteúdo, pode-se afirmar quanto ao emprego da
conjunção em relação à titulação do texto que o sentido produzido indica
(A) compensação de um elemento em relação ao outro.
(B) acrescentamento de um elemento em relação ao outro.
(C) sobreposição do último elemento em detrimento do primeiro.
(D) estabelecimento de uma relação de um elemento para com o outro.
No alto da noite do Rio de Janeiro, luminoso, generoso, o Cristo Redentor estende os braços.
Debaixo desses braços os netos dos escravos encontram amparo.
Uma mulher descalça olha o Cristo, lá de baixo, e apontando seu fulgor, diz, muito tristemente:
- Daqui a pouco não estará mais aí. Ouvi dizer que vão tirar Ele daí.
Apostila gerada especialmente para: Daniel de Oliveira Santos 117.115.567-00
113
- Não se preocupe – tranquiliza uma vizinha. – Não se preocupe: Ele volta.
A polícia mata muitos, e mais ainda mata a economia. Na cidade violenta soam tiros e também
tambores: os atabaques, ansiosos de consolo e de vingança, chamam os deuses africanos. Cristo
sozinho não basta.
(GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2009.)
Na construção “A polícia mata muitos, e mais ainda mata a economia”, a conjunção em destaque
estabelece, entre as orações,
(A) uma relação de adição.
(B) uma relação de oposição.
(C) uma relação de conclusão.
(D) uma relação de explicação.
(E) uma relação de consequência.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: E
Concessivas: introduzem uma oração que expressa ideia contrária à da principal, sem, no entanto,
impedir sua realização. São elas: embora, ainda que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por mais
que, posto que, conquanto, etc.
02. Resposta: B
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou esta quinta-feira que um adulto consuma por
dia menos de dois gramas de sódio – ou seja, menos de cinco gramas de sal – para reduzir os níveis
de pressão arterial e as doenças cardiovasculares.
É recomendado diminuir a ingestão de sal...
... a fim de reduzir os níveis de pressão arterial e as doenças cardiovasculares.
... com a finalidade de reduzir os níveis de pressão arterial e as doenças cardiovasculares.
03. Resposta: D
a) compensação de um elemento em relação ao outro. Errado, em nenhum momento o autor da a
entender a ideia de compensação.
b) acrescentamento de um elemento em relação ao outro. Errado, apesar do E ser uma adição, o
autor não fala em acrescentar nada, ele apenas enxerga as coisas como pessoas.
c) sobreposição do último elemento em detrimento do primeiro. Errado, ele enxerga as coisas como
pessoas, essa aqui podia gerar confusão, mas ele relaciona coisas com pessoas e não substitui, sem
falar que o "E" não representa substituição, mas sim uma soma.
04. Resposta: B
A polícia mata muitos, e mais ainda mata a economia.
A polícia mata muitos, se bem que a economia ainda mata mais. (Conjunção concessiva / oposição)
Figuras de Palavra
São as que dependem do uso de determinada palavra com sentido novo, incomum. São elas:
Metáfora: É um tipo de comparação (mental) sem uso de conectivos comparativos, com utilização de
verbo de ligação explícito na frase.
Exemplo:
“Sua boca era um pássaro escarlate.” (Castro Alves)
Figuras de Pensamento
São recursos de linguagem que se referem ao aspecto semântico, ou seja, ao significado dentro de
um contexto.
IRONIA
Consiste em declarar o oposto do que do que se pensa ao do que se é realmente, apresentando tom
de deboche, na maioria das vezes. Exemplo:
Atenção: As aspas muitas vezes marcam uma ironia: Quando a “linda” funcionária entrava na
empresa, começavam os risos sarcásticos.21
Na Literatura, a ironia é a arte de gozar com alguém ou de alguma coisa, com vista a obter uma reação
do leitor, ouvinte ou interlocutor.
Ela pode ser utilizada, entre outras formas, com o objetivo de denunciar, de criticar ou de censurar
algo. Para tal, o locutor descreve a realidade com termos aparentemente valorizantes, mas com a
finalidade de desvalorizar. A ironia convida o leitor ou o ouvinte, a ser ativo durante a leitura, para refletir
sobre o tema e escolher uma determinada posição.
Tipos de Ironia
A maior parte das teorias de retórica distingue três tipos de ironia: oral, dramática e de situação.
Ironia oral: é a diferença entre a expressão e a intenção: quando um locutor diz uma coisa, mas
pretende expressar outra, ou então quando um significado literal é contrário para atingir o efeito desejado.
21
PESTANA, Fernando, A Gramática para Concursos. Elsevier Editora Ltda. 2013.
Exemplo:
__Você está intolerante hoje.
__Não diga, meu amor!
É também um estilo de linguagem caracterizado por subverter o símbolo que, a princípio, representa.
A ironia utiliza-se como uma forma de linguagem pré-estabelecida para, a partir e de dentro dela, contestá-
la. Foi utilizada por Sócrates, na Grécia Antiga, como ferramenta para fazer os seus interlocutures
entrarem em contradição, no seu método socrático.
c) Antífrase: quando engrandece ideias funestas, erradas, fora de propósito e quando se faz uso
carinhoso de termos ofensivos.
“A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar crianças”. (Monteiro Lobato)
As duas frases só podem ser compreendidas ironicamente se a entonação da voz se der nas palavras
“forma” e “belo”. Entretanto, isso não seria necessário se inseríssemos essas afirmações nos seguintes
contextos:
Frase 1 – Carlos está pesando atualmente 140 quilos.
Frase 2 – O funcionário elogiado é um segurança que dormiu em serviço e, por isso, não viu o meliante
que roubou todo o dinheiro da empresa.
Portanto, definimos como ironia a figura de linguagem que afirma o contrário do que se quer dizer.
Outra forma de ver a ironia dentro dos textos, é o fato de domínio do contexto/situação para que possa
haver uma melhor compreensão da ideia.
Texto 4
O cigarro é um dos produtos de consumo mais vendidos no mundo. Comanda legiões de compradores
leais e tem um mercado em mais rápida expansão. Satisfeitíssimos, os fabricantes orgulham-se de ter
lucros impressionantes, influência política e prestígio. O único problema é que seus melhores clientes
morrem um a um.
A revista The Economist comenta: “Os cigarros estão entre os produtos de consumo mais lucrativos
do mundo. São também os únicos produtos (legais) que, usados como manda o figurino, viciam a maioria
dos consumidores e muitas vezes os matam.” Isso dá grandes lucros para a indústria do tabaco, e
enormes prejuízos para os clientes.
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, dos Estados Unidos, a vida dos fumantes
americanos é reduzida, coletivamente, todo ano, em uns cinco milhões de anos, cerca de um minuto de
vida a menos para cada minuto gasto fumando. “O fumo mata 420.000 americanos por ano”, diz a revista
Newsweek. “Isso equivale a 50 vezes mais mortes do que as causadas pelas drogas ilegais”.
Atente para o título da crônica - “Seja feliz, tome remédios”. Considerando a argumentação de Frei
Betto, a leitura do título evidencia a existência de um(a):
(A) antítese.
(B) hipérbole.
(C) ironia.
(D) pleonasmo
Gabarito
01. Resposta: B
O texto está abordando os eufemismos usados nas bulas de remédio, fica evidente o caráter irônico
do texto em algumas partes, porém quando se refere “se o doente sofrer uma reação”, está destituído de
ironia ou figuras de linguagem.
02. Resposta: B
Os adjetivos no sentido pejorativos caracterizam a ironia no texto, principalmente na assertiva B.
03. Resposta: D
A ironia da frase reside no fato de os fabricantes serem responsáveis pela morte de seus próprios
clientes. Os clientes geram riquezas, porém morrem por causa do consumo.
04. Resposta: A
A ironia da frase devido o homem ter inventado várias coisas para se locomover rapidamente, por
último coloca a invenção de andar a pé, que é algo mais lento, porém saudável.
05. Resposta: C
A ironia se evidencia no título do texto, “Seja feliz, tome remédios”, compreendemos que ninguém toma
remédio para ser feliz, uma vez que remédios está associado a doenças. E o texto no decorrer da leitura
aponta uma ironia dentro do sistema consumista.
Caro(a) Candidato(a), esse assunto já foi abordado no tópico: 2. Aspectos semânticos e estilísticos:
sentido e emprego dos vocábulos; tempos e modos do verbo; uso dos pronomes;
Estudar a estrutura é conhecer os elementos formadores das palavras. Assim, compreendemos melhor
o significado de cada uma delas. As palavras podem ser divididas em unidades menores, a que damos o
nome de elementos mórficos ou morfemas.
Morfemas
Raiz: é uma parte imutável. Ela remete à semântica da palavra, seu contexto de criação (formação) e
suas transformações até a sua utilização atual. A referência da raiz é a identificação básica de um grupo
de palavras, por suas semelhanças gráficas.
Ex.: Crença - Cr; Criança - Cri; Reduzir - Duz; Irredutível - Dut; Evangelho - Angel.
Radical: é o morfema que contém o significado básico da palavra e a ele podem ser acrescidos outros
elementos mórficos, como as desinências e os afixos. O radical vai até a vogal temática ou à desinência
de gênero se existirem, caso contrário, o vocábulo inteiro é o próprio radical.
Afixos: são elementos secundários (geralmente sem vida autônoma) que se agregam a um radical ou
tema para formar palavras derivadas. Sabemos que o acréscimo do morfema "-mente", por exemplo, cria
uma nova palavra a partir de "certo": certamente, advérbio de modo. De maneira semelhante, o
acréscimo dos morfemas "a-" e "-ar" à forma "cert-" cria o verbo acertar. Observe que a- e -ar são
morfemas capazes de operar mudança de classe gramatical na palavra a que são anexados.
Quando são colocados antes do radical, como acontece com "a-", os afixos recebem o nome de
prefixos. Quando, como "-ar", surgem depois do radical, os afixos são chamados de sufixos.
Ex.: in-at-ivo; em-pobr-ecer; inter-nacion-al.
Desinências: são os elementos terminais indicativos das flexões das palavras. Existem dois tipos:
- Desinências Verbais: indicam as flexões de número e pessoa e de modo e tempo dos verbos. A
desinência "-o", presente em "am-o", é uma desinência número-pessoal, pois indica que o verbo está
na primeira pessoa do singular; "-va", de "ama-va", é desinência modo-temporal: caracteriza uma forma
verbal do pretérito imperfeito do indicativo, na 1ª conjugação.
Tema: é o grupo formado pelo radical mais vogal temática. Nos verbos citados acima, os temas são:
busca-, rompe-, proibi-
Vogais e Consoantes de Ligação: são morfemas que surgem por motivos eufônicos, ou seja, para
facilitar ou mesmo possibilitar a pronúncia de uma determinada palavra. Exs.: parisiense (paris= radical,
ense=sufixo, vogal de ligação=i); gas-ô-metro, alv-i-negro, tecn-o-cracia, pau-l-ada, cafe-t-eira, cha-l-
eira, inset-i-cida, pe-z-inho, pobr-e-tão, etc.
Existem dois processos básicos pelos quais se formam as palavras: a Derivação e a Composição. A
diferença entre ambos consiste basicamente em que, no processo de derivação, partimos sempre de um
único radical, enquanto no processo de composição sempre haverá mais de um radical.
Derivação
É o processo pelo qual se obtém uma palavra nova, chamada derivada, a partir de outra já existente,
chamada primitiva. Ex.: Mar (marítimo, marinheiro, marujo); terra (enterrar, terreiro, aterrar). Observamos
que "mar" e "terra" não se formam de nenhuma outra palavra, mas, ao contrário, possibilitam a formação
de outras, por meio do acréscimo de um sufixo ou prefixo. Logo, mar e terra são palavras primitivas, e as
demais, derivadas.
Tipos de Derivação
- Derivação Prefixal ou Prefixação: resulta do acréscimo de prefixo à palavra primitiva, que tem o
seu significado alterado: crer- descrer; ler- reler.
- Derivação Sufixal ou Sufixação: resulta de acréscimo de sufixo à palavra primitiva, que pode sofrer
alteração de significado ou mudança de classe gramatical: alfabetização. No exemplo, o sufixo -
ção transforma em substantivo o verbo alfabetizar. Este, por sua vez, já é derivado do substantivo alfabeto
pelo acréscimo do sufixo -izar.
Emudecer
mudo – palavra inicial
e – prefixo
mud – radical
ecer – sufixo
- Derivação Regressiva: ocorre derivação regressiva quando uma palavra é formada não por
acréscimo, mas por redução. Ex.: comprar (verbo) - compra (substantivo); beijar (verbo) - beijo
(substantivo).
Vamos observar os exemplos acima: compra e beijo indicam ações, logo, são palavras derivadas. O
mesmo não ocorre, porém, com a palavra âncora, que é um objeto. Neste caso, um substantivo primitivo
que dá origem ao verbo ancorar.
Por derivação regressiva, formam-se basicamente substantivos a partir de verbos. Por isso, recebem
o nome de substantivos deverbais. Note que na linguagem popular, são frequentes os exemplos de
palavras formadas por derivação regressiva. O portuga (de português); o boteco (de botequim); o
comuna (de comunista); agito (de agitar); amasso (de amassar); chego (de chegar).
- Derivação Imprópria: ocorre quando determinada palavra, sem sofrer qualquer acréscimo ou
supressão em sua forma, muda de classe gramatical. Neste processo:
Os adjetivos passam a substantivos: Os bons serão contemplados.
Os particípios passam a substantivos ou adjetivos: Aquele garoto alcançou um feito passando no
concurso.
Os infinitivos passam a substantivos: O andar de Roberta era fascinante; O badalar dos sinos soou na
cidadezinha.
Os substantivos passam a adjetivos: O funcionário fantasma foi despedido; O menino prodígio resolveu
o problema.
Os adjetivos passam a advérbios: Falei baixo para que ninguém escutasse.
Palavras invariáveis passam a substantivos: Não entendo o porquê disso tudo.
Substantivos próprios tornam-se comuns: Aquele coordenador é um caxias! (Chefe severo e exigente)
Composição
É o processo que forma palavras compostas, a partir da junção de dois ou mais radicais. Existem dois
tipos:
- Composição por Justaposição: ao juntarmos duas ou mais palavras ou radicais, não ocorre
alteração fonética: passatempo, quinta-feira, girassol, couve-flor. Em “girassol” houve uma alteração na
grafia (acréscimo de um “s”) justamente para manter inalterada a sonoridade da palavra.
- Composição por Aglutinação: ao unirmos dois ou mais vocábulos ou radicais, ocorre supressão de
um ou mais de seus elementos fonéticos: embora (em boa hora); fidalgo (filho de algo - referindo-se a
- Redução: algumas palavras apresentam, ao lado de sua forma plena, uma forma reduzida. Observe:
auto - por automóvel; cine - por cinema; micro - por microcomputador; Zé - por José. Como exemplo de
redução ou simplificação de palavras, podem ser citadas também as siglas, muito frequentes na
comunicação atual.
- Hibridismo: ocorre hibridismo na palavra em cuja formação entram elementos de línguas diferentes.
Ex.: auto (grego) + móvel (latim).
- Onomatopeia: numerosas palavras devem sua origem a uma tendência constante da fala humana
para imitar as vozes e os ruídos da natureza. As onomatopeias são vocábulos que reproduzem
aproximadamente os sons e as vozes dos seres: miau, zunzum, piar, tinir, urrar, chocalhar, cocoricar, etc.
Prefixos
São morfemas que se colocam antes dos radicais basicamente a fim de modificar-lhes o sentido;
raramente esses morfemas produzem mudança de classe gramatical. Os prefixos ocorrentes em palavras
portuguesas se originam do latim e do grego, línguas em que funcionavam como preposições ou
advérbios, logo, como vocábulos autônomos. Alguns prefixos foram pouco ou nada produtivos em
português. Outros, por sua vez, tiveram grande vitalidade na formação de novas palavras: a-, contra-,
des-, em- (ou en-), es-, entre- re-, sub-, super-, anti-.
Sufixos
São elementos (isoladamente insignificativos) que, acrescentados a um radical, formam nova palavra.
Sua principal característica é a mudança de classe gramatical que geralmente opera. Dessa forma,
podemos utilizar o significado de um verbo num contexto em que se deve usar um substantivo, por
exemplo.
Como o sufixo é colocado depois do radical, a ele são incorporadas as desinências que indicam as
flexões das palavras variáveis. Existem dois grupos de sufixos formadores de substantivos extremamente
importantes para o funcionamento da língua. São os que formam nomes de ação e os que formam nomes
de agente.
Sufixos que formam nomes de ação: -ada – caminhada; -ança – mudança; -ância – abundância; -
ção – emoção; -dão – solidão; -ença – presença; -ez(a) – sensatez, beleza; -ismo – civismo; -mento –
casamento; -são – compreensão; -tude – amplitude; -ura – formatura.
Sufixos que formam nomes de agente: -ário(a) – secretário; -eiro(a) – ferreiro; -ista – manobrista;
-or – lutador; -nte – feirante.
Sufixos que formam nomes de lugar, depositório: -aria – churrascaria; -ário – herbanário; -eiro –
açucareiro; -or – corredor; -tério – cemitério; -tório – dormitório.
Sufixos que formam nomes indicadores de abundância, aglomeração, coleção: -aço – ricaço; -
ada – papelada; -agem – folhagem; -al – capinzal; -ario(a) - casario, infantaria; -edo – arvoredo; -eria –
correria; -io – mulherio; -ume – negrume.
Sufixo que forma nomes de religião, doutrinas filosóficas, sistemas políticos: - ismo: budismo,
kantismo, comunismo.
Sufixos Formadores
- de substantivos: -aco – maníaco; -ado – barbado; -áceo(a) - herbáceo, liláceas; -aico – prosaico;
-al – anual; -ar – escolar; -ário - diário, ordinário; -ático – problemático; -az – mordaz; -engo –
mulherengo; -ento – cruento; -eo – róseo; -esco – pitoresco; -este – agreste; -estre – terrestre; -enho
– ferrenho; -eno – terreno; -ício – alimentício; -ico – geométrico; -il – febril; -ino – cristalino; -ivo –
lucrativo; -onho – tristonho; -oso – bondoso; -udo – barrigudo.
Sufixos Adverbiais: na Língua Portuguesa, existe apenas um único sufixo adverbial: É o sufixo "-
mente", derivado do substantivo feminino latino mens, mentis que pode significar "a mente, o espírito, o
intento". Este sufixo juntou-se a adjetivos, na forma feminina, para indicar circunstâncias, especialmente
a de modo. Ex.: altiva-mente, brava-mente, bondosa-mente, nervosa-mente, fraca-mente, pia-mente.
Já os advérbios que se derivam de adjetivos terminados em –ês (burgues-mente, portugues-mente,
etc.) não seguem esta regra, pois esses adjetivos eram outrora uniformes. Exs.: cabrito montês / cabrita
montês.
Sufixos Verbais: agregam-se, via de regra, ao radical de substantivos e adjetivos para formar novos
verbos. Em geral, os verbos novos da língua formam-se pelo acréscimo da terminação-ar. Exemplos:
esqui-ar; radiograf-ar; (a)doç-ar; nivel-ar; (a)fin-ar; telefon-ar; (a)portugues-ar.
Os verbos exprimem, entre outras ideias, a prática de ação.
-ar: cruzar, analisar, limpar
-ear: guerrear, golear
-entar: afugentar, amamentar
-ficar: dignificar, liquidificar
-izar: finalizar, organizar
Questões
01. (IF/PA - Auxiliar em Administração - FUNRIO) “Chegou o fim de semana. É tempo de encontrar
os amigos no boteco e relaxar, mas a crise econômica vem deixando muitos paraenses de cabeça quente.
Para ajudar o bolso dos amantes da culinária de raiz, os bares participantes do Comida di Buteco estão
comercializando os petiscos preparados exclusivamente para o concurso com um preço reduzido. O
preço máximo é de R$ 25,90.”
(O LIBERAL, 23 de abril de 2016)
Assinale a alternativa que faz um comentário correto sobre o processo de formação das palavras
usadas nesse trecho.
(A) As palavras “amigo e amantes” são formadas por prefixação.
(B) As palavras “paraenses e participantes” são formadas por sufixação.
(C) A palavra “boteco” é formada por derivação a partir da palavra “bote”.
(D) As palavras “culinária e petiscos” são formadas por derivação regressiva.
(E) A palavra “comercializando” é formada por aglutinação de “comer+comércio”.
Em qual das alternativas houve a relação correta de acordo com as regras do processo de formação
de palavras.
(A) Recompor – prefixo e sufixo
(B) Utiliza-se – sufixo
(C) Indolor – prefixo
(D) Avançado – prefixo e sufixo
(E) Somente – sufixo
03. (Pref. Chapecó/SC - Engenheiro de Trânsito - IOBV) “Infelizmente as cheias de 2011 castigaram
de forma severa o Vale do Itajaí.”
Na frase acima (elaborada para fins de concurso) temos o caso da expressão “Infelizmente”. A palavra
pode ser assim decomposta: in + feliz + mente. Aponte qual a função da partícula in dentro do processo
de estruturação das palavras.
(A) Radical.
(B) Sufixo.
(C) Prefixo.
(D) Interfixo.
Aceita um cafezinho
Ó Estrangeiro, ó peregrino, ó passante de pouca esperança - nada tenho para te dar, também sou
pobre e essas terras não são minhas. Mas aceita um cafezinho.
A poeira é muita, e só Deus sabe aonde vão dar esses caminhos. Um cafezinho, eu sei, não resolve o
teu destino; nem faz esquecer tua cicatriz.
Mas prova.... Bota a trouxa no chão, abanca-te nesta pedra e vai preparando o teu cigarro...
Um minuto apenas, que a água já está fervendo e as xícaras já tilintam na bandeja. Vai sair bem coado
e quentinho.
Não é nada, não é nada, mas tu vais ver: serão mais alguns quilômetros de boa caminhada... E talvez
uma pausa em teu gemido!
Um minutinho, estrangeiro, que teu café já vem cheirando...
(Aníbal Machado)
Um ex-governador do estado do Amazonas disse o seguinte: “Defenda a ecologia, mas não encha o
saco”. (Gilberto Mestrinho)
O vocábulo sublinhado, composto do radical-logia (“estudo”), se refere aos estudos de defesa do meio
ambiente; o vocábulo abaixo, com esse mesmo radical, que tem seu significado corretamente indicado é:
(A) Antropologia: estudo do homem como representante do sexo masculino;
(B) Etimologia: estudo das raças humanas;
(C) Meteorologia: estudo dos impactos de meteoros sobre a Terra;
(D) Ginecologia: estudo das doenças privativas das mulheres;
(E) Fisiologia: estudo das forças atuantes na natureza
Ressentimento e Covardia
Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da internet, que se ressente ainda da
falta de uma legislação específica que coíba não somente os usos mas os abusos deste importante e
eficaz veículo de comunicação. A maioria dos abusos, se praticados em outros meios, seriam crimes já
especificados em lei, como a da imprensa, que pune injúrias, difamações e calúnias, bem como a violação
dos direitos autorais, os plágios e outros recursos de apropriação indébita.
No fundo, é um problema técnico que os avanços da informática mais cedo ou mais tarde colocarão à
disposição dos usuários e das autoridades. Como digo repetidas vezes, me valendo do óbvio, a
comunicação virtual está em sua pré-história.
Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na internet, no que diz respeito aos cronistas,
articulistas e escritores em geral, os mais comuns são os textos atribuídos ou deformados que circulam
por aí e que não podem ser desmentidos ou esclarecidos caso por caso. Um jornal ou revista é
processado se publicar sem autorização do autor um texto qualquer, ainda que em citação longa e sem
aspas. Em caso de injúria, calúnia ou difamação, também. E em caso de falsear a verdade
propositadamente, é obrigado pela justiça a desmentir e dar espaço ao contraditório.
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece a lei do cão em nome da liberdade de expressão,
que é mais expressão de ressentidos e covardes do que de liberdade, da verdadeira liberdade.
(Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 16/05/2006 – adaptado)
O item abaixo em que os dois vocábulos citados NÃO fazem parte da mesma família de palavras é:
(A) falir / falência;
(B) provir / provisão;
(C) deter / detenção;
(D) dispensar / dispensa;
(E) fugir / fuga.
08. (Pref. Aragoiânia/GO - Biólogo - Itame/2016) O irreverente cantor não agradou o público local.
Aponte a alternativa em que o prefixo das palavras não apresenta o significado existente no prefixo da
palavra destacada acima:
(A) desgoverno / ilegal
(B) infiel / imoral
(C) anormal / destemor
(D) imigrante / ingerir
A violência é um fenômeno social presente no cotidiano de todas as sociedades sob várias formas.
Em geral, ao nos referirmos à violência, estamos falando da agressão física. Mas violência é uma
categoria com amplos significados. Hoje, esse termo denota, além da agressão física, diversos tipos de
imposição sobre a vida civil, como a repressão política, familiar ou de gênero, ou a censura da fala e do
pensamento de determinados indivíduos e, ainda, o desgaste causado pelas condições de trabalho e
condições econômicas. Dessa forma, podemos definir a violência como qualquer relação de força que um
indivíduo impõe a outro.
Consideremos o surgimento das desigualdades econômicas na história: a vida em sociedade sempre
foi violenta, porque, para sobreviver em ambientes hostis, o ser humano precisou produzir violência em
escala inédita no reino animal.
Por outro lado, nas sociedades complexas, a violência deixou de ser uma ferramenta de sobrevivência
e passou a ser um instrumento da organização da vida comunitária. Ou seja, foi usada para criar uma
desigualdade social sem a qual, acreditam alguns teóricos, a sociedade não se desenvolveria nem se
complexificaria. Essa desigualdade social é o fenômeno em que alguns indivíduos ou grupos desfrutam
de bens e valores exclusivos e negados à maioria da população de uma sociedade. Tal desigualdade
aparece em condições históricas específicas, constituindo-se em um tipo de violência fundamental para
a constituição de civilizações.
A forma verbal “complexificaria” aparece sublinhada de vermelho no corretor de texto, o que mostra
que não é uma palavra dicionarizada; isso significa que essa palavra:
(A) não deve ser usada;
(B) mostra erros em sua estrutura;
(C) deve ser um arcaísmo;
(D) pode tratar-se de um neologismo;
(E) representa uma variação coloquial de linguagem
10. (IF/BA - Auxiliar em Administração - FUNRIO) Todas as palavras abaixo têm prefixo e sufixo,
exceto este verbo:
(A) destinar.
(B) desfivelar.
(C) desfavorecer.
(D) desbanalizar.
(E) despraguejar.
Gabarito
01.B / 02.C / 03.C /04.B / 05.D / 06.B / 07.B / 08.D / 09.D / 10.A
Comentários
01. Resposta: B
Gabarito letra ´B´ - Pará + sufixo 'nses'
Participar + sufixo 'antes'
A) incorreta - amigo é primitivo
C) incorreta - Boteco - Derivação regressiva de Botequim;
D) petiscos e culinária não são derivação regressiva (não sei se são primitivos, mas regressiva não é,
alguém jogue uma luz sobre o assunto)
E) Comercializando - comércio + sufixo 'lizando'
02. Resposta: C
a) Por: compor - dispor - contrapor- recompor - repor.
b) Utiliza-se - o "SE" é uma partícula apassivadora;
c) A palavra dor vem do latim DOLOR, em português seria "sem dor", em latim indolor, o prefixo in em
latim é negação;
03. Resposta: C
IN - FELIZ - MENTE
PREFIXO RADICAL SUFIXO
04. Resposta: B
Café - é o radical, chamado de forma livre. Por ter a letra É forte, tônica, ela não cai nas suas
derivações. Portanto, não há vogal temática nem desinência de gênero.
inho - é o sufixo.
Z - letra chamada de consoante de ligação para não ocorrer a junção de vogal com vogal em café +
inho.
05. Resposta: D
Uma questão de vocabulário bem pesada. A ginecologia é realmente a “parte da medicina que estuda
a fisiologia e a patologia do corpo feminino e trata das doenças específicas das mulheres, esp. as do
aparelho genital.” Essa alternativa limita demais o escopo da Ginecologia, quando o sentido também inclui
a fisiologia feminina, o funcionamento do corpo feminino, não só ligado a doenças, mas também está
cada vez mais ligado à aspectos de reprodução também. Contudo, a banca quer o sentido literal e,
sinceramente, as demais opções eram visivelmente equivocadas.
Vejamos as demais:
(A) Antropologia: estudo do homem como raça humana, homens e mulheres.
(B) Etimologia: estudo da origem das palavras.
(C) Meteorologia: estudo dos fenômenos atmosféricos
(E) Fisiologia: estudo das funções orgânicas e os processos vitais dos seres vivos.
06. Resposta: B
(a), (c), (d), (e) apresentam palavras COGNATAS, ou seja, possuem uma origem comum.
Quanto a alternativa (b):
PROVISÃO vem do verbo PROVER, e não PROVIR.
PROVER → Abastercer, providenciar, dispor.
PROVIR → Originar-se de algo.
07. Resposta: B
Dizêssemos; troucéssemos; portãozinhos; quizéreis; puzesse. [ERRADO];
Disséssemos, trouxéssemos, portõezinhos; quiséreis, pusesse; [CORRETO];
08. Resposta: D
IRreverente possui dois significados bem distintos: falta de respeito ou alguém desinibido.
Significado dos prefixos: IN-; IM-; I-: negação; falta.
O sufixo da palavra irreverente, neste caso, denota falta de respeito.
Imigrante: significa aquele que entra num país para nele viver.
Ingerir: pôr no estômago.
Significado do prefixo I-: movimento para dentro.
09. Resposta: D
Trata-se de um neologismo, que é o emprego de palavras novas, derivadas ou formadas de outras já
existentes, na mesma língua ou não. Atribuição de novos sentidos a palavras já existentes na língua.
Sinônimos de complexificar
Tornar problemático: problematizar, piorar, agravar, dificultar, intrincar. Tornar mais difícil, confuso,
complexo: complicar, impedir, perturbar, atravancar, embaraçar, confundir, embrulhar, obscurecer, arrev
esar, emaranhar, encrencar, enrascar.
10. Resposta: A
O verbo está relacionado ao substantivo destino, por isso não apresenta prefixo.
Flexão nominal
Flexões Nominais22 indicam gênero e número. Exemplos: casa – casas (número) ou gato – gata
(gênero).
Gênero
Comum de dois gêneros - designa os indivíduos dos dois sexos mantendo a mesma forma, e o
gênero é indicado pelo artigo, adjetivo etc. Ex.: o acrobata, a acrobata; o artista, a artista.
Epiceno ou promíscuo - designa animais que possuem apenas uma forma para o masculino e para
o feminino. Ex.: girafa (pode ser girafa macho ou fêmea); avestruz; águia.
Femininos
anfitrião - anfitriã, anfitrioa
ateu - ateia
Número
Plural de alguns substantivos, como por exemplo:
Gravidez - gravidezes
Projetil - projetis
Projétil - projéteis
Tórax - os tórax
1) Aos substantivos terminados em vogal ou ditongo oral acrescenta-se S. Ex.: pé – pés; palavra –
palavras; troféu – troféus.
2) Aos substantivos terminados nos ditongos nasais átonos ou na vogal nasal ã acrescenta-se S. Ex.:
órfão – órfãos; bênção – bênçãos; ímã – ímãs.
3) Ocorre com os substantivos terminados em EM a retirada da última letra e a colocação de NS. Ex.:
homem – homens; vintém – vinténs
22
ROSENTHAL. Marcelo. Gramática para Concursosl. 6ª. ed Rio de Janeiro: Campuss, 2013.
6) Os substantivos terminados em AL, OL, UL perderão a última letra e receberão IS. Ex.: jornal –
jornais; paiol – paióis; anzol – anzóis. Obs.: cônsul – cônsules; mal – males; cal – cales, cais.
7) Os substantivos terminados em IL (tônico) perderão a última letra e receberão IS. Ex.: anil – anis;
fuzil – fuzis; projetil – projetis.
8) Os substantivos terminados em IL (átono) perderão a última letra e receberão EIS. Ex.: fóssil –
fósseis; projétil – projéteis.
9) Os substantivos terminados em EL perderão a última letra e receberão EIS. Ex.: anel – anéis; móvel
– móveis; papel – papéis. Obs.: mel – meles, méis; fel – feles, féis.
10) Os substantivos terminados em S (na sílaba átona) e X não variam no plural. Ex.: lápis – os lápis;
pires – os pires; tórax – os tórax.
2) Quando houver substantivo + substantivo (ou adjetivo), os dois termos irão para o plural. Ex.: baixo-
relevo; baixos-relevos; cirurgião-dentista; cirurgiões-dentistas. Obs.: Quando o segundo termo indicar
uma finalidade, formato, cor ou especificação qualquer do primeiro termo, somente este varia. Ex.: navio-
escola; navios-escola; pombo-correio; pombos-correio; manga-rosa; mangas-rosa.
3) Os verbos e advérbios serão invariáveis. Ex.: para-queda; para-quedas; vira-lata; vira-latas; abaixo-
assinado; abaixo-assinados. Obs.: GUARDA significando POLICIAL é substantivo; portanto, se flexiona
no plural. Quando GUARDA significar PROTEGER, será verbo; por conseguinte não possui forma
pluralizada. Ex.: guarda-chuva; guarda-chuvas; guarda-noturno; guardas-noturnos.
4) Quando houver numeral, os dois termos irão para o plural. Ex.: meio-dia; meios-dias; segunda-feira;
segundas-feiras.
5) Quando houver onomatopeia, somente o segundo termo irá para o plural. Ex.: tique-taque; tique-
taques; reco-reco; reco-recos.
6) Os termos vice, pseudo, super, grão (significando grande) serão invariáveis. Ex.: vice-presidente;
vice-presidentes; grã-fino; grã-finos. Obs.: grão-de-bico; grãos-de-bico. Grão, neste caso, significa,
semente, e, como há preposição, somente o primeiro elemento irá para o plural.
Obs.: Os adjetivos terminados em OSO também sofrerão a alteração citada acima. Ex.: nervoso –
nervosos.
Grau
Aumentativos
cabeça, cabeçorra, cabeçalho
forno, fornalha
Diminutivos
globo, glóbulo
vidro, vidrilho
Flexão Verbal
Dentre todas as classes gramaticais23, a que mais se apresenta passível de flexões é a representada
pelos verbos. Flexões estas relacionadas a:
Pessoa
Indica as três pessoas relacionadas ao discurso, representadas tanto no modo singular, quanto no
plural.
Número
Representa a forma pela qual o verbo se refere a essas pessoas gramaticais.
Singular Plural
Eu gosto de estudar. Nós chegamos cedo.
Tu andas depressa. Vós estais com pressa.
Ele é muito gentil. Eles são educados.
Por meio dos exemplos em evidência, podemos constatar que o processo verbal se encontra
devidamente flexionado, tendo em vista as pessoas do discurso (eu, tu, ele, nós, vós, eles).
Tempo
Relaciona-se ao momento expresso pela ação verbal, denotando a ideia de um processo ora
concluído, em fase de conclusão ou que ainda está para concluir, representado pelo tempo presente,
pretérito e futuro.
Modo
Revela a circunstância em que o fato verbal ocorre. Assim expresso:
Modo indicativo – exprime um fato certo, concreto.
Modo subjuntivo – exprime um fato hipotético, duvidoso.
Modo imperativo – exprime uma ordem, expressa um pedido.
Voz
A voz verbal caracteriza a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, classificada em:
23
http://jkolb.com.br/flexao-verbal/
Desinência Verbal
Existem dois tipos de desinências verbais:
Desinências modo-temporal (DMT) e Desinências número-pessoal (DNP).
Exemplos:
Nós corremos, se eles corressem. (DNP);
Se nós corrêssemos, tu correras. (DMT)
Questões
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado
(Libertinagem)
Ao trocar a pessoa do discurso do poema pela segunda pessoa do plural, as formas pronominal e
verbais do último verso devem ser substituídas, respectivamente, por:
(A) vos atirasteis; morresteis.
(B) te atirastes; morrestes.
(C) se atiraste; morreste.
(D) vos atirastes; morrestes.
(E) te atiraste; morreste.
02. (Pref. Itaquitinga/PE - Psicólogo - IDHTEC) Em qual dos trechos a seguir a flexão do verbo reflete
um uso adequado da língua
(A) “Enquanto a campanha de vacinação contra o H1N1 não começa, especialistas recomendam que
a população se precavenha redobrando os cuidados com a higiene e evitando aglomerações e o contato
com muitas pessoas
(B) “Cinco pássaros receberam transmissores para monitorar sua adaptação à vida selvagem e se
obter financiamento para cinco novos transmissores, dez novos pássaros serão libertados.”
(C) “A mulher requereu o benefício em abril de 2014. Ela apresentou diversos atestados médicos que
comprovavam sua situação delicada e seu histórico de risco, mas o pedido foi indeferido.”
(D) “‟A polícia interviu nos confrontos entre adeptos ingleses, russos e franceses‟, disse o chefe local
da polícia, que teve de dispersar os apoiantes das duas seleções e cidadãos franceses pelo terceiro dia
consecutivo.”
(E) “A cada dois meses acumulados, ele sugere que investidor se presentei com algo que deseja, para
se sentir motivado a manter a reserva.”
03. (Pref. Fortaleza/CE - Educação Física) Com base nas regras de flexão nominal e flexão verbal e
com base no aspecto semântico (o sentido das palavras e da interpretação dos enunciados de acordo
com o contexto), observe o seguinte excerto:
04. Assinale o par de vocábulos que formam o plural como órfão e mata-burro, respectivamente:
(A) cristão / guarda-roupa
(B) questão / abaixo-assinado
(C) alemão / beija-flor
(D) tabelião / sexta-feira
(E) cidadão / salário-família
07. Aponte a alternativa em que haja erro quanto à flexão do nome composto:
(A) vice-presidentes, amores-perfeitos, os bota-fora
(B) tico-ticos, salários-família, obras-primas
(C) reco-recos, sextas-feiras, sempre-vivas
(D) pseudo-esferas, chefes-de-seção, pães-de-ló
(E) pisca-piscas, cartões-postais, mulas-sem-cabeças
Gabarito
Comentários
01. Resposta: D
Vós atirastes / morrestes
03. Resposta: B
“Eu nunca me esqueci da história daquela outra menina”. Identifique o verbo. Em qual tempo verbal
ele se encontra? Esqueci está no pretérito perfeito do indicativo. Então, das alternativas abaixo, qual delas
possui um verbo no mesmo modo pretérito perfeito do indicativo? Esquecemos (eu esqueci, nós
esquecemos. Temos, portanto as alternativas "b" e "d".
Observem que a alternativa quer a concordância corretamente flexionada apenas em número. Ou
seja, aquela alternativa em que é possível a variação do singular para o plural. Substantivos podem ser
flexionados do singular para o plural. Logo: Nós nunca nos esquecemos das histórias.
E agora? É daquela outra menina ou daquelas outras meninas? Como daquela outra menina trata-se
de um Adjunto Adnominal (caracteriza história, pois não é qualquer história, é uma história daquela outra
menina. Além do mais, indica posse. A história é daquela outra menina) que e é um termo acessório da
oração, podendo flexionar para o plural. Portanto, temos: "daquelas outras meninas".
A alternativa correta é:
b) Nós nunca nos esquecemos das histórias daquelas outras meninas.
Lembrando que no caso de Adjunto Adverbial ele não varia. Ex.: Nós nunca nos esquecemos das
histórias contadas daquela forma.
Daquela forma é um Adjunto Adverbial de modo, já que dá uma ideia de que modo foram contadas as
histórias. Então, não varia para "daquelas formas".
04. Resposta: A
A flexão correta é: Cristãos e guarda-roupas
05. Resposta: C
(A) Leva-e-traz não tem plural
(B) Correto: espalha-brasas
(C) Correta
(D) Couves-flores
(E) Gentis -homens
06. Resposta: B
A flexão correta é: corre-corres
07. Resposta: E
A flexão correta é: pisca-piscas, cartões-postais (correto) e mulas-sem-cabeça
08. Resposta: C
Um dia expressa futuro. Eu mato é presente do indicativo.
Período
Toda frase com uma ou mais orações constitui um período. Ele é simples quando só traz uma oração,
chamada absoluta; o período é composto quando traz mais de uma oração. Exemplo:
Pegou fogo no prédio. (Período simples, oração absoluta)
Quero que você aprenda. (Período composto)
Há três tipos de período composto: por coordenação, por subordinação e por coordenação e
subordinação ao mesmo tempo (também chamada de misto).
As três orações que compõem esse período têm sentido próprio e não mantêm entre si nenhuma
dependência sintática: elas são independentes. Há entre elas, é claro, uma relação de sentido, mas, como
foi dito, uma não depende da outra sintaticamente.
As orações independentes de um período são chamadas de Orações Coordenadas (OC), e o período
formado só de orações coordenadas é chamado de período composto por coordenação.
As orações coordenadas são classificadas em assindéticas e sindéticas.
- As orações coordenadas são assindéticas (OCA) quando não vêm introduzidas por conjunção.
Exemplo:
Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram.
OCA OCA OCA
- As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quando vêm introduzidas por conjunção
coordenativa. Exemplo:
O homem saiu do carro / e entrou na casa.
OCA OCS
As orações coordenadas sindéticas são classificadas de acordo com o sentido expresso pelas
conjunções coordenativas que as introduzem. Pode ser:
- Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só... mas também, não só... mas ainda.
Saí da escola / e fui à lanchonete. Conjunção que expressa ideia de acréscimo ou adição.
OCA OCS Aditiva
- Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, por isso, pois, logo. Conjunção que
expressa ideia de conclusão de um fato enunciado.
Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gratidão.
OCA OCS Conclusiva
- Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou, ou... ou, ora... ora, seja... seja, quer... quer.
Conjunção que estabelece uma relação de alternância ou escolha.
Seja mais educado / ou retire-se da reunião!
OCA OCS Alternativa
- Orações coordenadas sindéticas explicativas: que, porque, pois, porquanto. Conjunção que
expressa ideia de explicação, de justificativa.
Veja, agora, como podemos transformar esses termos em orações com a mesma função sintática:
Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordinada com função de adjunto adnominal)
Todos querem / que você participe. (oração subordinada com função de objeto direto)
Não pude sair / porque estava chovendo. (oração subordinada com função de adjunto adverbial de
causa)
Em todos esses períodos, a segunda oração exerce uma certa função sintática em relação à primeira,
sendo, portanto, subordinada a ela. Quando um período é constituído de pelo menos um conjunto de
duas orações em que uma delas (a subordinada) depende sintaticamente da outra (principal), ele é
classificado como período composto por subordinação. As orações subordinadas são classificadas de
acordo com a função que exercem: adverbiais, substantivas e adjetivas.
- Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração principal. Conjunções: porque, que, como
(= porque), pois que, visto que.
Não fui à escola / porque fiquei doente.
OP OSA Causal
- Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a ocorrência do que foi enunciado na principal.
Conjunções: se, contanto que, a menos que, a não ser que, desde que.
Irei à sua casa / se não chover.
OP OSA Condicional
- Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da oração principal, sem, no entanto, impedir
sua realização. Conjunções: embora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais que, mesmo que.
Ela saiu à noite / embora estivesse doente.
OP OSA Concessiva
- Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao que foi expresso na oração principal.
Conjunções: quando, assim que, logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal (=assim que).
Ele saiu da sala / assim que eu cheguei.
OP OSA Temporal
- Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi enunciado na oração principal. Conjunções:
para que, a fim de que, porque (=para que), que.
Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar.
OP OSA Final
Obs.: As orações comparativas nem sempre apresentam claramente o verbo, como no exemplo acima,
em que está subentendido o verbo ser (como a mãe é).
- Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona proporcionalmente ao que foi enunciado na
principal. Conjunções: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto menos.
Quanto mais reclamava / menos atenção recebia.
OSA Proporcional OP
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É aquela que exerce a função de objeto direto
do verbo da oração principal. Observe: O grupo quer a sua ajuda. (objeto direto)
O grupo quer / que você ajude.
OP OSS Objetiva Direta
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É aquela que exerce a função de objeto
indireto do verbo da oração principal. Observe: Necessito de sua ajuda. (objeto indireto)
Necessito / de que você me ajude.
OP OSS Objetiva Indireta
- Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela que exerce a função de sujeito do verbo da
oração principal. Observe: É importante sua colaboração. (sujeito)
É importante / que você colabore.
OP OSS Subjetiva
- Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela que exerce a função de aposto de um termo
da oração principal. Observe: Ele tinha um sonho: a união de todos em benefício do país. (aposto)
Ele tinha um sonho / que todos se unissem em benefício do país.
OP OSS Apositiva
Observação: Além das conjunções integrantes que e se, as orações substantivas podem ser
introduzidas por outros conectivos, tais como quando, como, quanto, etc. Exemplos:
Não sei quando ele chegou.
Diga-me como resolver esse problema.
As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas por um pronome relativo (que , qual, cujo,
quem, etc.) e podem ser classificadas em:
Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar especifica o sentido do substantivo cantor, indicando
que o público não aplaudiu qualquer cantor mas sim aquele que ganhou o 1º lugar.
Orações Reduzidas
As orações reduzidas são caracterizadas por possuírem o verbo nas formas de gerúndio, particípio
ou infinitivo. Ao contrário das demais orações subordinadas, as orações reduzidas não são ligadas
através dos conectivos
O infinitivo, o gerúndio e o particípio não constituem orações reduzidas quando fazem parte de uma
locução verbal.
Exemplos:
Preciso terminar este exercício.
Ele está jantando na sala.
Frases Fragmentadas
Quando você pontua uma oração subordinada ou uma simples locução como se fosse uma frase
completa, a argumentação fica comprometida pela quebra da linha de pensamento.
Ora, se a oração é subordinada, deve estar atrelada a uma principal, sem a qual o leitor terá rompida
a visualização do encadeamento das ideias.
Exemplo:
Eu estava perdida em São Paulo. (oração principal) Mesmo consultando o mapa da cidade. (oração
subordinada fragmentada) Quando você me telefonou. (outra oração subordinada fragmentada)
Correção: Eu estava perdida em São Paulo, mesmo consultando o mapa da cidade, (oração
subordinada adverbial concessiva) quando você me telefonou. (oração subordinada adverbial
temporal)
Questões
A oração que nasce torto é classificada como oração subordinada substantiva pois modifica o
substantivo pau.
Certo ( ) Errado ( )
Da alegria
Fico comovido toda vez que ouço o finalzinho da música que Chico Buarque escreveu para a filha
recém-nascida, dizendo o seu melhor desejo: “... e que você seja da alegria sempre uma aprendiz...”
Haverá coisa maior que se possa desejar? Acho que não. E penso que Beethoven concordaria: ao
final de sua maior obra, a Nona Sinfonia, o que o coral canta são versos da “Ode à alegria” de Schiller.
No período E penso que Beethoven concordaria, a oração sublinhada exerce a mesma função
sintática que a oração grifada em:
(A) Escreveria sobre a alegria se fosse capaz.
(B) Mesmo que tente, não consigo ser alegre.
(C) Eles resolveram se unir para compor uma grande sinfonia.
(D) O compositor não previu que faria tanto sucesso.
(E) Seria preferível que você continuasse a compor.
No período “Me viciei em discutir política nas redes sociais”, a oração destacada classifica-se como
subordinada substantiva
(A) completiva nominal reduzida de infinitivo.
(B) objetiva indireta reduzida de infinitivo.
(C) objetiva direta reduzida de particípio.
(D) predicativa reduzida de gerúndio.
(E) apositiva reduzida de particípio.
“- Esterco – respondeu Oscar, farejando aborrecimento: - Por quê? Não lhe cheira bem?”
A oração reduzida “farejando aborrecimento” pode ser adequadamente substituída por uma oração
desenvolvida, na seguinte estrutura:
(A) “enquanto farejava aborrecimento”.
(B) “quando farejou aborrecimento”.
(C) “após farejar aborrecimento”.
(D) “sem deixar de farejar aborrecimento”.
(E) “ao farejar aborrecimento”.
Gabarito
01. Errado / 02. D / 03. E / 04. B / 05. A
Comentários
02. Resposta: D
E penso que Beethoven concordaria. Temos um verbo transitivo direto, pois quem pensa, pensa em
algo. A oração em negrito é objetiva direta. Esse que da oração é uma conjunção integrante que possui
o valor de isso.
O compositor não previu que faria tanto sucesso. Verbo prever, quem prevê, prevê algo. O que dessa
oração é uma conjunção integrante, e dá início a uma oração subordina substantiva objetiva direta.
→ O compositor não previu que faria tanto sucesso. → quem prevê, prevê alguma coisa → "que" é
uma conjunção integrante, dando início a uma oração subordina substantiva OBJETIVA DIRETA.
03. Resposta: E
Ambas as orações apresentam a conjunção subordinativa condicional se, que expressa a ideia de
condição para que algo ocorra.
04. Resposta: B
No período há o verbo pronominal viciar-se. Quem se vicia, se vicia em algo, ou seja, temos um verbo
pronominal transitivo indireto, que exige a preposição em.
A oração em destaque é objetiva indireta, reduzida de infinitivo (discutir).
05. Resposta: A
Nessa oração reduzida, há um valor de proporcionalidade (enquanto/à medida que ele farejava
aborrecimento).
Essas são conjunções subordinativas proporcionais. Por isso a oração destacada é subordinada
adverbial proporcional reduzida de gerúndio.
A concordância nominal é a adequação entre o substantivo e os elementos que a ele se referem (artigo,
pronome, adjetivo).
O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo a que se refere. Exemplo: O alto ipê
cobre-se de flores amarelas.
O adjetivo que se refere a mais de um substantivo de gênero ou número diferentes, quando posposto,
poderá concordar no masculino plural (concordância mais aconselhada), ou com o substantivo mais
próximo. Exemplos:
- No masculino plural:
“Tinha as espáduas e o colo feitos de encomenda para os vestidos decotados.” (Machado de Assis)
“Os arreios e as bagagens espalhados no chão, em roda.” (Herman Lima)
- Quando dois ou mais adjetivos se referem ao mesmo substantivo determinado pelo artigo,
ocorrem dois tipos de construção, um e outro legítimos.
Estudo as línguas inglesa e francesa.
Estudo a língua inglesa e a francesa.
- Os adjetivos regidos da preposição de, que se referem a pronomes neutros indefinidos (nada,
muito, algo, tanto, que, etc.), normalmente ficam no masculino singular:
Sua vida nada tem de misterioso.
Seus olhos têm algo de sedutor.
Observe-se que em tais casos o sujeito não vem determinado pelo artigo e a concordância se faz não
com a forma gramatical da palavra, mas com o fato que se tem em mente:
Tomar hormônios às refeições não é mau.
É necessário ter muita fé.
- Se anteposto ao objeto, poderá o predicativo, neste caso, concordar com o núcleo mais
próximo:
É preciso que se mantenham limpas as ruas e os jardins.
Segue as mesmas regras o predicativo expresso pelos substantivos variáveis em gênero e número:
Temiam que as tomassem por malfeitoras; Considero autores do crime o comerciante e sua empregada.
Quando o núcleo do sujeito é, como no último exemplo, um coletivo numérico, pode-se, em geral,
efetuar a concordância com o substantivo que o acompanha: Centenas de rapazes foram vistos
pedalando nas ruas; Dezenas de soldados foram feridos em combate.
Referindo-se a dois ou mais substantivos de gênero diferentes, o particípio concordará no masculino
plural: Atingidos por mísseis, a corveta e o navio foram a pique; “Mas achei natural que o clube e suas
ilusões fossem leiloados.” (Carlos Drummond de Andrade)
- O pronome que se refere a dois ou mais substantivos de gêneros diferentes, flexiona-se no masculino
plural:
“Salas e coração habita-os a saudade”” (Alberto de Oliveira)
- Os substantivos sendo sinônimos, o pronome concorda com o mais próximo: “Ó mortais, que cegueira
e desatino é o nosso!” (Manuel Bernardes)
- O substantivo que se segue às locuções um e outro e nem outro fica no singular. Exemplos: Um e
outro livro me agradaram; Nem um nem outro livro me agradaram.
Outros casos de concordância nominal - Registramos aqui alguns casos especiais de concordância
nominal:
- Anexo, incluso, leso: Como adjetivos, concordam com o substantivo em gênero e número.
Vão anexos os pareceres das comissões técnicas.
Remeto-lhe, inclusa, uma fotocópia do recibo.
Os crimes de lesa-majestade eram punidos com a morte.
Observação: Evite a locução em anexo.
- Só: Como adjetivo, só [sozinho, único] concorda em número com o substantivo. Como palavra
denotativa de limitação, equivalente de apenas, somente, é invariável.
Só eles estavam na sala.
Eles estavam sós, na sala iluminada.
Forma a locução a sós [=sem mais companhia, sozinho]: Estávamos a sós. Jesus despediu a multidão
e subiu ao monte para orar a sós.
- Possível: Usado em expressões superlativas, este adjetivo ora aparece invariável, ora flexionado:
“A volta, esperava-nos sempre o almoço com os pratos mais requintados possível.” (Maria Helena
Cardoso)
“Estas frutas são as mais saborosas possível.” (Carlos Góis)
Como se vê dos exemplos citados, há nítida tendência, no português de hoje, para se usar, neste caso,
o adjetivo possível no plural.
O singular é de rigor quando a expressão superlativa inicia com a partícula o (o mais, o menos, o maior,
o menor, etc.)
Os prédios devem ficar o mais afastados possível.
O médico atendeu o maior número de pacientes possível.
- Adjetivos adverbiados: Certos adjetivos, como sério, claro, caro, barato, alto, raro, etc., quando
usados com a função de advérbios terminados em – mente, ficam invariáveis.
Vamos falar sério. (sério = seriamente)
Penso que falei bem claro, disse a secretária.
Esses produtos passam a custar mais caro. (ou mais barato)
Estas aves voam alto. (ou baixo)
- Alerta: Pela sua origem, alerta (=atentamente, de prontidão, em estado de vigilância) é advérbio e,
portanto, invariável:
Os soldados ficaram alerta.
“Todos os sentidos alerta funcionam.” (Carlos Drummond de Andrade)
Contudo, esta palavra é, atualmente, sentida antes como adjetivo, sendo, por isso, flexionada no plural:
Nossos chefes estão alertas. (=vigilantes)
Papa diz aos cristãos que se mantenham alertas.
Questões
01. (Pref. de Lauro Muller/SC – Auxiliar Administrativo – FAEPESUL) Marque a alternativa em que
a concordância nominal esteja CORRETA:
(A) Desde que comprovadas as faltas, sofrerá punições as instituições que não respeitarem a lei
vigente.
(B) Novas taxas de juro, segundo os economistas internacionais, será anunciado na próxima semana.
(C) Foi inaugurada ontem, depois de vários cancelamentos, novas obras da administração local.
(D) Prossegue implacável as denúncias contra governantes e empreiteiros do nosso país.
(E) Não estão previstas, até o momento, novas datas para a realização das provas.
02. (Pref. de Nova Veneza/SC – Psicólogo – FAEPESUL) A alternativa que está coerente com as
regras da concordância nominal é:
(A) Ternos marrons-claros.
(B) Tratados lusos-brasileiros.
(C) Aulas teórico-práticas.
(D) Sapatos azul-marinhos.
(E) Camisas verdes-escuras.
03. (SAAEB – Engenheiro de Segurança do Trabalho – FAFIPA) Indique a alternativa que NÃO
apresenta erro de concordância nominal.
(A) O acontecimento derrubou a bolsa brasileira, argentina e a espanhola.
(B) Naquele lugar ainda vivia uma pseuda-aristocracia.
Se leio a frase “O ser humano destrói o que mais diz amar”, pensando na loucura que a humanidade
vive hoje, não me sinto assim tão mal. Mas se, ao repetir mentalmente a frase, me lembro da discussão
que tive ontem com minha mulher porque não aceitei que não sei lidar com críticas, ou da forma bruta
com que tratei um dos meus filhos porque não consegui negociar e apelei para o meu pátrio-poder, ou da
forma como repreendo as pessoas que trabalham comigo quando não atingimos as metas da empresa,
sinto que essa afirmação tem mais verdade do que eu gostaria de admitir. AYLMER, Roberto. Escolhas:
algumas delas podem determinar o destino de uma pessoa, uma família ou uma nação. (Adaptado)
Gabarito
Comentários
01. Resposta: E
a) Desde que comprovadas as faltas, sofrerá (sofrerão) punições as instituições que não respeitarem
a lei vigente.
b) Novas taxas de juro, segundo os economistas internacionais, será (serão)anunciadas na próxima
semana.
c) Foi (foram)inaugurada ontem, depois de vários cancelamentos, novas obras da administração
local.
d) Prossegue (Prosseguem implacáveis) implacável as denúncias contra governantes e
empreiteiros do nosso país.
e) Não estão previstas, até o momento, novas datas para a realização das provas.
02. Resposta: C
Quanto à letra "e", tem-se que o primeiro elemento do adjetivo composto permanecerá invariável:
Camisa verde-escura, então observe: plural do substantivo camisa é camisas verde é adjetivo, como se
trata de adjetivo composto, no caso verde-escura, apenas o segundo adjetivo, vai ao plural.
Ficando assim: Camisas verde - escuras.
03. Resposta: D
a) Errado - A bolsa brasileira, A argentina e A espanhola
b) Errado - Pseuda-aristocracia, deveria ser Pseudo
c) Errado - Os irmãos viajaram Sós.
d) Correta - A concordância deste adjetivo poderá ser com mais próximo ou com os dois
05. Resposta: A
''Meias verdades'' está correto, pois a palavra ''meia'' está concordando com o substantivo ''verdades''.
Porém, no trecho ''pessoa meia honesta'' está incorreto o emprego, posto que a palavra ''meia'' é invariável
diante de um adjetivo. O correto, portanto, seria:
''Meias verdades são como mentiras inteiras: uma pessoa meio honesta é pior que uma mentirosa
inteira.'''
Concordância Verbal
Na concordância verbal, o verbo concorda com o sujeito, em harmonia com as seguintes regras gerais:
O sujeito é simples - O sujeito sendo simples, com ele concordará o verbo em número e pessoa.
Verbo depois do sujeito:
“As saúvas eram uma praga.” (Carlos Povina Cavalcânti)
“Tu não és inimiga dele, não? (Camilo Castelo Branco)
- Quando os núcleos do sujeito formam sequência gradativa: Uma ânsia, uma aflição, uma angústia
repentina começou a me apertar à alma.
Sendo o sujeito composto e posposto ao verbo, este poderá concordar no plural ou com o substantivo
mais próximo:
“Não fossem o rádio de pilha e as revistas, que seria de Elisa?” (Jorge Amado)
“Enquanto ele não vinha, apareceram um jornal e uma vela.” (Ricardo Ramos)
- Ora preferindo a 3ª pessoa na concorrência tu + ele (tu + ele = vocês em vez de tu + ele = vós):
“...Deus e tu são testemunhas...” (Almeida Garrett)
“Juro que tu e tua mulher me pagam.” (Coelho Neto)
As normas que a seguir traçamos têm, muitas vezes, valor relativo, porquanto a escolha desta ou
daquela concordância depende, frequentemente, do contexto, da situação e do clima emocional que
envolvem o falante ou o escrevente.
- E se o verbo irá para o plural se a ideia por ele expressa se referir ou puder ser atribuída a todos os
núcleos do sujeito:
“Era tão pequena a cidade, que um grito ou gargalhada forte a atravessavam de ponta a ponta.”
(Aníbal Machado) (Tanto um grito, como uma gargalhada, atravessavam a cidade.)
“Naquela crise, só Deus ou Nossa Senhora podiam acudir-lhe.” (Camilo Castelo Branco)
Núcleos do sujeito unidos pela preposição com - Usa-se mais frequentemente o verbo no plural
quando se atribui a mesma importância, no processo verbal, aos elementos do sujeito unidos pela
preposição com.
Manuel com seu compadre construíram o barracão.
“Ele com mais dois acercaram-se da porta.” (Camilo Castelo Branco)
Pode se usar o verbo no singular quando se deseja dar relevância ao primeiro elemento do sujeito e
também quando o verbo vier antes deste.
O bispo, com dois sacerdotes, iniciou solenemente a missa.
O presidente, com sua comitiva, chegou a Paris às 5h da tarde.
“Já num sublime e público teatro se assenta o rei inglês com toda a corte.” (Luís de Camões)
Núcleos do sujeito unidos por nem - Quando o sujeito é formado por núcleos no singular unidos
pela conjunção nem, usa-se, comumente, o verbo no plural.
Nem a riqueza nem o poder o livraram de seus inimigos.
“Nem o mundo, nem Deus teriam força para me constranger a tanto.” (Alexandre Herculano)
- Quando há exclusão, isto é, quando o fato só pode ser atribuído a um dos elementos do sujeito:
Nem Berlim nem Moscou sediará a próxima Olimpíada. (Só uma cidade pode sediar a Olimpíada.)
Nem Paulo nem João será eleito governador do Acre. (Só um candidato pode ser eleito governador.)
Núcleos do sujeito correlacionados - O verbo vai para o plural quando os elementos do sujeito
composto estão ligados por uma das expressões correlativas não só... mas também, não só como
também, tanto...como, etc.
Não só a nação mas também o príncipe estariam pobres.” (Alexandre Herculano)
“Tanto a Igreja como o Estado eram até certo ponto inocentes.” (Alexandre Herculano)
Sujeitos resumidos por tudo, nada, ninguém - Quando o sujeito composto vem resumido por um
dos pronomes, tudo, nada, ninguém, etc. o verbo concorda, no singular, com o pronome resumidor.
Jogos, espetáculos, viagens, diversões, nada pôde satisfazê-lo.
“O entusiasmo, alguns goles de vinho, o gênio imperioso, estouvado, tudo isso me levou a fazer uma
coisa única.” (Machado de Assis)
Jogadores, árbitro, assistentes, ninguém saiu do campo.
Núcleos do sujeito designando a mesma pessoa ou coisa - O verbo concorda no singular quando
os núcleos do sujeito designam a mesma pessoa ou o mesmo ser.
“Aleluia! O brasileiro comum, o homem do povo, o João-ninguém, agora é cédula de Cr$ 500,00!”
(Carlos Drummond Andrade)
“Embora sabendo que tudo vai continuar como está, fica o registro, o protesto, em nome dos
telespectadores.” (Valério Andrade)
Sujeito Coletivo - O verbo concorda no singular com o sujeito coletivo no singular. A multidão
vociferava ameaças.
O exército dos aliados desembarcou no sul da Itália.
Uma junta de bois tirou o automóvel do atoleiro.
- Se o coletivo vier seguido de substantivo plural que o especifique e anteceder ao verbo, este poderá
ir para o plural, quando se quer salientar não a ação do conjunto, mas a dos indivíduos, efetuando-se
uma concordância não gramatical, mas ideológica:
“Uma grande multidão de crianças, de velhos, de mulheres penetraram na caverna...” (Alexandre
Herculano)
“Uma grande vara de porcos que se afogaram de escantilhão no mar....” (Camilo Castelo Branco)
Sujeito de expressões quantitativas - a maior parte de, parte de, a maioria de, grande número de,
etc., seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo, quando posposto ao sujeito, pode ir para o
singular ou para o plural, conforme se queira efetuar uma concordância estritamente gramatical (com o
coletivo singular) ou uma concordância enfática, expressiva, com a ideia de pluralidade sugerida pelo
sujeito.
A maior parte dos indígenas respeitavam os pajés.” (Gilberto Freire)
“A maior parte dos doidos ali metidos estão em seu perfeito juízo.” (Machado de Assis)
Quando o verbo precede o sujeito, como nos dois últimos exemplos, a concordância se efetua no
singular. Como se vê dos exemplos supracitados, as duas concordâncias são igualmente legítimas,
porque têm tradição na língua. Cabe a quem fala ou escreve escolher a que julgar mais adequada à
situação. Pode-se, portanto, no caso em foco, usar o verbo no plural, efetuando a concordância não com
a forma gramatical das palavras, mas com a ideia de pluralidade que elas encerram e sugerem à nossa
mente. Essa concordância ideológica é bem mais expressiva que a gramatical, como se pode perceber
relendo as frases citadas de Machado de Assis, Ramalho Ortigão, Ondina Ferreira e Aurélio Buarque de
Holanda, e cotejando-as com as dos autores que usaram o verbo no singular.
Um e outro, nem um nem outro - O sujeito sendo uma dessas expressões, o verbo concorda, de
preferência, no plural.
“Um e outro gênero se destinavam ao conhecimento...” (Hernâni Cidade)
“Depois nem um nem outro acharam novo motivo para diálogo.” (Fernando Namora)
Um dos que, uma das que - Quando, em orações adjetivas restritivas, o pronome que vem antecedido
de um dos ou expressão análoga, o verbo da oração adjetiva flexiona-se, em regra, no plural:
“O príncipe foi um dos que despertaram mais cedo.” (Alexandre Herculano)
“A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam de nós.” (Machado de Assis)
Essa é a concordância lógica, geralmente preferida pelos escritores modernos. Todavia, não é prática
condenável fugir ao rigor da lógica gramatical e usar o verbo da oração adjetiva no singular (fazendo-o
Há gramáticas que condenam tal concordância. Por coerência, deveriam condenar também a
comumente aceita em construções anormais do tipo: Quais de vós sois isentos de culpa? Quantos de
nós somos completamente felizes? O verbo fica obrigatoriamente no singular quando se aplica apenas
ao indivíduo de que se fala, como no exemplo:
Jairo é um dos meus empregados que não sabe ler. (Jairo é o único empregado que não sabe ler.)
Ressalte-se, porém, que nesse caso é preferível construir a frase de outro modo:
Jairo é um empregado meu que não sabe ler.
Dos meus empregados, só Jairo não sabe ler.
Na linguagem culta formal, ao empregar as expressões com sentido de foco, o mais acertado é usar
no plural o verbo da oração adjetiva:
O Japão é um dos países que mais investem em tecnologia.
Gandhi foi um dos que mais lutaram pela paz.
O sertão cearense é uma das áreas que mais sofrem com as secas.
Heráclito foi um dos empresários que conseguiram superar a crise.
Embora o caso seja diferente, é oportuno lembrar que, nas orações adjetivas explicativas, nas quais o
pronome que é separado de seu antecedente por pausa e vírgula, a concordância é determinada pelo
sentido da frase:
Um dos meninos, que estava sentado à porta da casa, foi chamar o pai. (Só um menino estava
sentado.)
Um dos cinco homens, que assistiam àquela cena estupefatos, soltou um grito de protesto. (Todos os
cinco homens assistiam à cena.)
Mais de um - O verbo concorda, em regra, no singular. O plural será de rigor se o verbo exprimir
reciprocidade, ou se o numeral for superior a um.
Mais de um excursionista já perdeu a vida nesta montanha.
Mais de um dos circunstantes se entreolharam com espanto.
Quais de vós? Alguns de nós - Sendo o sujeito um dos pronomes interrogativos quais? quantos?
Ou um dos indefinidos alguns, muitos, poucos, etc., seguidos dos pronomes nós ou vós, o verbo
concordará, por atração, com estes últimos, ou, o que é mais lógico, na 3ª pessoa do plural:
“Quantos dentre nós a conhecemos?” (Rogério César Cerqueira)
“Quais de vós sois, como eu, desterrados...?” (Alexandre Herculano)
Pronomes quem, que, como sujeitos - O verbo concordará, em regra, na 3ª pessoa, com os
pronomes quem e que.
Sou eu quem responde pelos meus atos.
Eram elas quem fazia a limpeza da casa.
A concordância do verbo precedido do pronome relativo que far-se-á obrigatoriamente com o sujeito
do verbo (ser) da oração principal, em frases do tipo:
Em construções desse tipo, é lícito considerar o verbo ser e a palavra que como elementos expletivos
ou enfatizantes, portanto não necessários ao enunciado. Assim:
Sou eu que pago. (= Eu pago)
Somos nós que cozinhamos. (= Nós cozinhamos)
Foram os bombeiros que a salvaram. (= Os bombeiros a salvaram.)
Seja qual for a interpretação, o importante é saber que, neste caso, tanto o verbo ser como o outro
devem concordar com o pronome ou substantivo que precede a palavra que.
Concordância com certos substantivos próprios no plural - Certos substantivos próprios de forma
plural, como Estados Unidos, Andes, Campinas, Lusíadas, etc., levam o verbo para o plural quando se
usam com o artigo; caso contrário, o verbo concorda no singular.
“Os Estados Unidos são o país mais rico do mundo.” (Eduardo Prado)
Os Andes se estendem da Venezuela à Terra do Fogo.
Tratando-se de títulos de obras, é comum deixar o verbo no singular, sobretudo com o verbo ser
seguido de predicativo no singular:
“As Férias de El-Rei é o título da novela.” (Rebelo da Silva)
“As Valkírias mostra claramente o homem que existe por detrás do mago.” (Paulo Coelho)
A concordância, neste caso, não é gramatical, mas ideológica, porque se efetua não com a palavra
(Valkírias, Sertões, Férias de El-Rei), mas com a ideia por ela sugerida (obra ou livro). Ressalte-se, porém,
que é também correto usar o verbo no plural:
As Valkírias mostram claramente o homem...
“Os Sertões são um livro de ciência e de paixão, de análise e de protesto.” (Alfredo Bosi)
Concordância do verbo passivo - Quando apassivado pelo pronome apassivador se, o verbo
concordará normalmente com o sujeito:
Vende-se a casa e compram-se dois apartamentos.
“Correram-se as cortinas da tribuna real.” (Rebelo da Silva)
Na literatura moderna há exemplos em contrário, mas que não devem ser seguidos:
“Vendia-se seiscentos convites e aquilo ficava cheio.” (Ricardo Ramos)
“Em Paris há coisas que não se entende bem.” (Rubem Braga)
Nas locuções verbais formadas com os verbos auxiliares poder e dever, na voz passiva sintética, o
verbo auxiliar concordará com o sujeito.
Não se podem cortar essas árvores. (Sujeito: árvores; locução verbal: podem cortar)
Devem-se ler bons livros. (= Devem ser lidos bons livros) (sujeito: livros; locução verbal: devem-se ler)
“Nem de outra forma se poderiam imaginar façanhas memoráveis como a do fabuloso Aleixo Garcia.”
(Sérgio Buarque de Holanda)
“Em Santarém há poucas casas particulares que se possam dizer verdadeiramente antigas.” (Almeida
Garrett)
Entretanto, pode-se considerar sujeito do verbo principal a oração iniciada pelo infinitivo e, nesse caso,
não há locução verbal e o verbo auxiliar concordará no singular. Assim:
Não se pode cortar essas árvores. (Sujeito: cortar essas árvores; predicado: não se pode)
Deve-se ler bons livros. (Sujeito: ler bons livros; predicado: deve-se)
Verbos impessoais - Os verbos haver, fazer (na indicação do tempo), passar de (na indicação de
horas), chover e outros que exprimem fenômenos meteorológicos, quando usados como impessoais,
ficam na 3ª pessoa do singular:
“Havia já dois anos que nós não nos víamos.” (Machado de Assis)
“Faz hoje ao certo dois meses que morreu na forca o tal malvado...” (Camilo Castelo Branco)
“Passava das duas horas”
- Também fica invariável na 3ª pessoa do singular o verbo que forma locução com os verbos
impessoais haver ou fazer:
Vai haver grandes festas.
Começou a haver abusos na nova administração.
- O verbo chover, no sentido figurado (= cair ou sobrevir em grande quantidade), deixa de ser
impessoal e, portanto concordará com o sujeito:
Choviam pétalas de flores.
“Choveram comentários e palpites.” (Carlos Drummond de Andrade)
- Na língua popular brasileira é generalizado o uso de ter, impessoal, por haver, existir. Nem faltam
exemplos em escritores modernos:
“No centro do pátio tem uma figueira velhíssima, com um banco embaixo.” (José Geraldo Vieira)
“Soube que tem um cavalo morto, no quintal.” (Carlos Drummond de Andrade)
Concordância do verbo ser - O verbo de ligação ser concorda com o predicativo nos seguintes
casos:
- Quando o sujeito é um dos pronomes tudo, o, isto, isso, ou aquilo:
“Tudo eram hipóteses.” (Ledo Ivo)
Na mocidade tudo são esperanças.
- O verbo ser fica no singular quando o predicativo é formado de dois núcleos no singular:
“Tudo o mais é soledade e silêncio.” (Ferreira de Castro)
Mas: Eu não sou ele. Vós não sois eles. Tu não és ele.
- Nas locuções é muito, é pouco, é suficiente, é demais, é mais que (ou do que), é menos que (ou do
que), etc., cujo sujeito exprime quantidade, preço, medida, etc.:
“Seis anos era muito.” (Camilo Castelo Branco)
Dois mil dólares é pouco.
- Na indicação das horas, datas e distância o verbo ser é impessoal (não tem sujeito) e concordará
com a expressão designativa de hora, data ou distância:
Era uma hora da tarde.
“Seriam seis e meia da tarde.” (Raquel de Queirós)
“Eram duas horas da tarde.” (Machado de Assis)
OBSERVAÇÕES:
- Pode-se, entretanto na linguagem espontânea, deixar o verbo no singular, concordando com a ideia implícita de “dia”:
“Hoje é seis de março.” (J. Matoso Câmara Jr.) (Hoje é dia seis de março.)
“Hoje é dez de janeiro.” (Celso Luft)
- Estando a expressão que designa horas precedida da locução perto de, hesitam os escritores entre o plural e o singular:
“Eram perto de oito horas.” (Machado de Assis)
“Era perto de duas horas quando saiu da janela.” (Machado de Assis)
- O verbo passar, referente a horas, fica na 3ª pessoa do singular, em frases como: Quando o trem chegou, passava das sete horas.
A não ser
É geralmente considerada locução invariável, equivalente a exceto, salvo, senão.
Nada restou do edifício, a não ser escombros.
A não ser alguns pescadores, ninguém conhecia aquela praia.
Haja vista
A expressão correta é haja vista, e não haja visto. Pode ser construída de três modos:
Hajam vista os livros desse autor. (= tenham vista, vejam-se)
Haja vista os livros desse autor. (= por exemplo, veja)
Haja vista aos livros desse autor. (= olhe-se para, atente-se para os livros)
Passar, com referência às horas, no sentido de ser mais de, é verbo impessoal, por isso fica na 3ª
pessoa do singular: Quando chegamos ao aeroporto, passava das 16 horas; Vamos, já passa das oito
horas – disse ela ao filho.
Essa dualidade de sintaxe verifica-se também com o verbo ver na voz passiva: “Viam-se entrar
mulheres e crianças.” Ou “Via-se entrarem mulheres e crianças.”
- Milhão, bilhão e milhar são substantivos masculinos. Por isso, devem concordar no masculino os
artigos, numerais e pronomes que os precedem: os dois milhões de pessoas; os três milhares de
plantas; alguns milhares de telhas; esses bilhões de criaturas, etc.
- Se o sujeito da oração for milhões, o particípio ou o adjetivo podem concordar, no masculino, com
milhões, ou, por atração, no feminino, com o substantivo feminino plural: Dois milhões de sacas de soja
estão ali armazenados (ou armazenadas) no próximo ano. Foram colhidos três milhões de sacas de
trigo. Os dois milhões de árvores plantadas estão altas e bonitas.
- Não nos parece, entretanto, incorreto usar o verbo no plural, quando o número fracionário, seguido
de substantivo no plural, tem o numerador 1, como nos exemplos:
Um terço das mortes violentas no campo acontecem no sul do Pará.
Um quinto dos homens eram de cor escura.
Já quando essa expressão indicadora de porcentagem não for seguida de substantivo, a concordância
ocorre entre verbo e número:
- 40% aceitam a reforma.
- 1% diz não saber.
- Segundo alguns autores, pode-se, em tais frases, efetuar a concordância do verbo no singular com
o sujeito subentendido nada:
Do antigo templo grego não resta senão ruínas. (Ou seja: não resta nada, senão ruínas.)
Ali não se via senão (ou mais que) escombros.
Questões
01. (TRF 3ª Região - Analista Judiciário - Área Administrativa - FCC) A respeito da concordância
verbal, é correto afirmar:
(A) Em "A aquisição de novas obras devem trazer benefícios a todos os frequentadores", a
concordância está correta por se tratar de expressão partitiva.
(B) Em "Existe atualmente, no Brasil, cerca de 60 museus", a concordância está correta, uma vez que
o núcleo do sujeito é "cerca".
(C) Na frase "Hão de se garantir as condições necessárias à conservação das obras de arte", o verbo
"haver" deveria estar no singular, uma vez que é impessoal.
(D) Em "Acredita-se que 25% da população frequentem ambientes culturais", a concordância está
correta, uma vez que a porcentagem é o núcleo do segmento nominal.
(E) Na frase "A maioria das pessoas não frequentam o museu", o verbo encontra-se no plural por
concordar com "pessoas", ainda que pudesse, no singular, concordar com "maioria".
Se leio a frase “O ser humano destrói o que mais diz amar”, pensando na loucura que a humanidade
vive hoje, não me sinto assim tão mal. Mas se, ao repetir mentalmente a frase, me lembro da discussão
que tive ontem com minha mulher porque não aceitei que não sei lidar com críticas, ou da forma bruta
com que tratei um dos meus filhos porque não consegui negociar e apelei para o meu pátrio-poder, ou da
forma como repreendo as pessoas que trabalham comigo quando não atingimos as metas da empresa,
sinto que essa afirmação tem mais verdade do que eu gostaria de admitir. AYLMER, Roberto. Escolhas:
algumas delas podem determinar o destino de uma pessoa, uma família ou uma nação. (Adaptado)
03. (UFES - Engenheiro Civil - UFES) A concordância verbal está INCORRETA em:
(A) Houve vários debates sobre o abastecimento de água.
(B) Observaram-se, daquele local, diversas propostas interessantes.
(C) Os resultados das discussões é que foram positivos.
(D) Existem pessoas muito bem intencionadas ainda hoje.
(E) Surgiu, após acalorada discussão, boas soluções.
04. (UFES - Técnico em Contabilidade - UFES) A concordância verbal está CORRETA em:
(A) Os Estados Unidos devem superar o crescimento global.
(B) Cerca de dez mil candidatos se inscreveu para o concurso da UFES.
(C) Minas Gerais produzem mais de 50% de toda a safra brasileira de café.
(D) Mais de um jornal fizeram alusão ao aumento do dólar.
(E) Filmes, leituras, boas conversas, nada os tiravam da apatia.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: E
Aqui temos um caso de coletivo partitivo, ou seja, quando o sujeito é um coletivo ou partitivo
(exército, alcateia, rebanho, a maior parte de, a maioria dos etc.) seguido de complemento plural, a
concordância verbal pode ser feita com o verbo no singular (concordando com o núcleo do coletivo
partitivo) ou no plural (concordando com o complemento). ex: A maioria dos viciados não
consegue/conseguem libertar-se da dependência.
02. Resposta: D
O verbo “fazer”, quando indica um tempo decorrido, é impessoal e não tem plural. Sempre conjugado
na 3ª pessoa do singular.
03. Resposta: E
Surgiu o que? O texto aponta boas soluções, então o verbo surgir deve ir para o plural. O correto
“Surgiram boas soluções”.
04. Resposta: A
Quando aparece o artigo vai para o plural o verbo: “Os Estados Unidos devem superar”.
Sem artigo fica no singular: “Estados Unidos deve superar.
05. Resposta: C
a) A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou recentemente a nova edição do relatório Smoke-
free movies (Filmes sem cigarro), em que recomenda que os filmes que exibem imagens de pessoas
fumando deveriam receber classificação indicativa para adultos.
b) Pesquisas mostram que os filmes produzidos em seis países europeus, que alcançaram
bilheterias elevadas (incluindo alemães, ingleses e italianos), continham cenas de pessoas fumando em
filmes classificados para menores de 18 anos.
c) Para ela, a indústria do tabaco está usando a “telona” como uma espécie de última fronteira para
anúncios, mensagens subliminares e patrocínios, já que uma série de medidas em diversos países
passou a restringir a publicidade do tabaco.
d) E 90% dos filmes argentinos também exibiram imagens de fumo em filmes para jovens.
e) Os especialistas da organização citam estudos que mostram que quatro em cada dez crianças
começam a fumar depois de ver atores famosos dando suas “pitadas” nos filmes.
ORTOGRAFIA
A ortografia oficial prescreve a maneira correta de escrever as palavras, baseada nos padrões cultos
do idioma. Procure sempre usar um bom dicionário e ler muito para melhorar sua escrita.
Alfabeto
Vogais: a, e, i, o, u, y, w.
Consoantes: b, c, d, f, g, h, j, k, l, m, n, p, q, r, s, t, v, w, x, z.
Alfabeto: a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, w, x, y, z.
Observações:
A letra “Y” possui o mesmo som que a letra “I”, portanto, ela é classificada como vogal.
A letra “K” possui o mesmo som que o “C” e o “QU” nas palavras, assim, é considerada consoante.
Exemplo: Kuait / Kiwi.
Já a letra “W” pode ser considerada vogal ou consoante, dependendo da palavra em questão, veja os
exemplos:
No nome próprio Wagner o “W” possui o som de “V”, logo, é classificado como consoante.
Já no vocábulo “web” o “W” possui o som de “U”, classificando-se, portanto, como vogal.
Emprego da letra H
Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor fonético; conservou-se apenas como símbolo,
por força da etimologia e da tradição escrita. Grafa-se, por exemplo, hoje, porque esta palavra vem do
latim hodie.
Emprega-se o H:
- Inicial, quando etimológico: hábito, hélice, herói, hérnia, hesitar, haurir, etc.
- Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh e nh: chave, boliche, telha, flecha, companhia, etc.
- Final e inicial, em certas interjeições: ah!, ih!, hem?, hum!, etc.
- Algumas palavras iniciadas com a letra H: hálito, harmonia, hangar, hábil, hemorragia, hemisfério,
heliporto, hematoma, hífen, hilaridade, hipocondria, hipótese, hipocrisia, homenagear, hera, húmus;
- Sem h, porém, os derivados baianos, baianinha, baião, baianada, etc.
Não se usa H:
- No início de alguns vocábulos em que o h, embora etimológico, foi eliminado por se tratar de palavras
que entraram na língua por via popular, como é o caso de erva, inverno, e Espanha, respectivamente do
latim, herba, hibernus e Hispania. Os derivados eruditos, entretanto, grafam-se com h: herbívoro,
herbicida, hispânico, hibernal, hibernar, etc.
Emprega-se a letra I:
- Na sílaba final de formas dos verbos terminados em –air/–oer /–uir: cai, corrói, diminuir, influi, possui,
retribui, sai, etc.
- Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra): antiaéreo, Anticristo, antitetânico, antiestético, etc.
- Nos seguintes vocábulos: aborígine, açoriano, artifício, artimanha, camoniano, Casimiro, chefiar,
cimento, crânio, criar, criador, criação, crioulo, digladiar, displicente, erisipela, escárnio, feminino, Filipe,
frontispício, Ifigênia, inclinar, incinerar, inigualável, invólucro, lajiano, lampião, pátio, penicilina,
pontiagudo, privilégio, requisito, Sicília (ilha), silvícola, siri, terebintina, Tibiriçá, Virgílio.
Grafam-se com a letra O: abolir, banto, boate, bolacha, boletim, botequim, bússola, chover, cobiça,
concorrência, costume, engolir, goela, mágoa, mocambo, moela, moleque, mosquito, névoa, nódoa,
óbolo, ocorrência, rebotalho, Romênia, tribo.
Grafam-se com a letra U: bulir, burburinho, camundongo, chuviscar, cumbuca, cúpula, curtume,
cutucar, entupir, íngua, jabuti, jabuticaba, lóbulo, Manuel, mutuca, rebuliço, tábua, tabuada, tonitruante,
trégua, urtiga.
Parônimos: Registramos alguns parônimos que se diferenciam pela oposição das vogais /e/ e /i/, /o/
e /u/. Fixemos a grafia e o significado dos seguintes:
área = superfície
ária = melodia, cantiga
arrear = pôr arreios, enfeitar
arriar = abaixar, pôr no chão, cair
comprido = longo
cumprido = particípio de cumprir
comprimento = extensão
cumprimento = saudação, ato de cumprir
costear = navegar ou passar junto à costa
custear = pagar as custas, financiar
deferir = conceder, atender
diferir = ser diferente, divergir
delatar = denunciar
dilatar = distender, aumentar
descrição = ato de descrever
discrição = qualidade de quem é discreto
emergir = vir à tona
imergir = mergulhar
emigrar = sair do país
imigrar = entrar num país estranho
emigrante = que ou quem emigra
imigrante = que ou quem imigra
eminente = elevado, ilustre
iminente = que ameaça acontecer
recrear = divertir
recriar = criar novamente
soar = emitir som, ecoar, repercutir
suar = expelir suor pelos poros, transpirar
sortir = abastecer
surtir = produzir (efeito ou resultado)
sortido = abastecido, bem provido, variado
surtido = produzido, causado
vadear = atravessar (rio) por onde dá pé, passar a vau
vadiar = viver na vadiagem, vagabundear, levar vida de vadio
Escrevem-se com G:
- Os substantivos terminados em –agem, -igem, -ugem: garagem, massagem, viagem, origem,
vertigem, ferrugem, lanugem. Exceção: pajem
- As palavras terminadas em –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio: contágio, estágio, egrégio, prodígio,
relógio, refúgio.
- Palavras derivadas de outras que se grafam com g: massagista (de massagem), vertiginoso (de
vertigem), ferruginoso (de ferrugem), engessar (de gesso), faringite (de faringe), selvageria (de
selvagem), etc.
- Os seguintes vocábulos: algema, angico, apogeu, auge, estrangeiro, gengiva, gesto, gibi, gilete,
ginete, gíria, giz, hegemonia, herege, megera, monge, rabugento, sugestão, tangerina, tigela.
Escrevem-se com J:
- Palavras derivadas de outras terminadas em –já: laranja (laranjeira), loja (lojista, lojeca), granja
(granjeiro, granjense), gorja (gorjeta, gorjeio), lisonja (lisonjear, lisonjeiro), sarja (sarjeta), cereja
(cerejeira).
- Todas as formas da conjugação dos verbos terminados em –jar ou –jear: arranjar (arranje), despejar
(despejei), gorjear (gorjeia), viajar (viajei, viajem) – (viagem é substantivo).
- Vocábulos cognatos ou derivados de outros que têm j: laje (lajedo), nojo (nojento), jeito (jeitoso,
enjeitar, projeção, rejeitar, sujeito, trajeto, trejeito).
- Palavras de origem ameríndia (principalmente tupi-guarani) ou africana: canjerê, canjica, jenipapo,
jequitibá, jerimum, jiboia, jiló, jirau, pajé, etc.
- As seguintes palavras: alfanje, alforje, berinjela, cafajeste, cerejeira, intrujice, jeca, jegue, Jeremias,
Jericó, Jerônimo, jérsei, jiu-jítsu, majestade, majestoso, manjedoura, manjericão, ojeriza, pegajento,
rijeza, sabujice, sujeira, traje, ultraje, varejista.
Atenção: Moji, palavra de origem indígena, deve ser escrita com J. Por tradição algumas cidades de
São Paulo adotam a grafia com G, como as cidades de Mogi das Cruzes e Mogi-Mirim.
- C, Ç: acetinado, açafrão, almaço, anoitecer, censura, cimento, dança, contorção, exceção, endereço,
Iguaçu, maçarico, maço, maciço, miçanga, muçulmano, muçurana, paçoca, pança, pinça, Suíça,
vicissitude.
- S: ansioso, cansar, diversão, excursão, farsa, ganso, hortênsia, pretensão, propensão, remorso,
sebo, tenso, utensílio.
- SS: acesso, assar, asseio, assinar, carrossel, cassino, concessão, discussão, escassez, essencial,
expressão, fracasso, impressão, massa, massagista, missão, necessário, obsessão, opressão, pêssego,
procissão, profissão, ressurreição, sessenta, sossegar, submissão, sucessivo.
Grafa-se com SS a correlação CED - CESS: cessão, intercessão, acessível, concessão.
- SC, SÇ: acréscimo, adolescente, ascensão, consciência, crescer, cresço, descer, desço, disciplina,
discípulo, discente, discernir, fascinar, florescer, imprescindível, néscio, oscilar, piscina, ressuscitar,
seiscentos, suscetível, víscera.
- X: aproximar, auxiliar, máximo, próximo, trouxe.
- XC: exceção, excedente, excelência, excelso, excêntrico, excepcional, excesso, exceto, excitar.
Homônimos
São palavras que têm a mesma pronúncia, e às vezes a mesma grafia, mas significação diferente.
Emprego da letra Z
- Os derivados em –zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita: cafezal, cafezeiro, cafezinho, avezinha,
cãozito, avezita.
- Os derivados de palavras cujo radical termina em –z: cruzeiro (de cruz), enraizar (de raiz), esvaziar
(de vazio).
- Os verbos formados com o sufixo –izar e palavras cognatas: fertilizar, fertilizante, civilizar, civilização.
- Substantivos abstratos em –eza, derivados de adjetivos e denotando qualidade física ou moral:
pobreza (de pobre), limpeza (de limpo), frieza (de frio).
- As seguintes palavras: azar, azeite, azáfama, azedo, amizade, aprazível, baliza, buzinar, bazar,
chafariz, cicatriz, ojeriza, prezar, prezado, proeza, vazar, vizinho, xadrez.
Emprego do X
- Esta letra representa os seguintes fonemas:
Ch – xarope, enxofre, vexame, etc.
CS – sexo, látex, léxico, tóxico, etc.
Z – exame, exílio, êxodo, etc.
SS – auxílio, máximo, próximo, etc.
S – sexto, texto, expectativa, extensão, etc.
- Não soa nos grupos internos –xce- e –xci-: exceção, exceder, excelente, excelso, excêntrico,
excessivo, excitar, inexcedível, etc.
- Grafam-se com x e não com s: expectativa, experiente, expiar, expirar, expoente, êxtase, extasiado,
extrair, fênix, texto, etc.
- Escreve-se x e não ch:
Em geral, depois de ditongo: caixa, baixo, faixa, feixe, frouxo, ameixa, rouxinol, seixo, etc. Excetuam-
se caucho e os derivados cauchal, recauchutar e recauchutagem.
Geralmente, depois da sílaba inicial en-: enxada, enxame, enxamear, enxaguar, enxaqueca, enxergar,
enxerto, enxoval, enxugar, enxurrada, enxuto, etc. Excepcionalmente, grafam-se com ch: encharcar (de
charco), encher e seus derivados (enchente, preencher), enchova, enchumaçar (de chumaço), enfim,
toda vez que se trata do prefixo en- + palavra iniciada por ch.
Em vocábulos de origem indígena ou africana: abacaxi, xavante, caxambu, caxinguelê, orixá, maxixe,
etc.
Nas seguintes palavras: bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, mexer, mexerico,
puxar, rixa, oxalá, praxe, vexame, xarope, xaxim, xícara, xale, xingar, xampu.
Emprego do dígrafo CH
Escreve-se com ch, entre outros os seguintes vocábulos: bucha, charque, charrua, chavena,
chimarrão, chuchu, cochilo, fachada, ficha, flecha, mecha, mochila, pechincha, tocha.
Consoantes dobradas
- Nas palavras portuguesas só se duplicam as consoantes C, R, S.
- Escreve-se com CC ou CÇ quando as duas consoantes soam distintamente: convicção, occipital,
cocção, fricção, friccionar, facção, sucção, etc.
- Duplicam-se o R e o S em dois casos: Quando, intervocálicos, representam os fonemas /r/ forte e /s/
sibilante, respectivamente: carro, ferro, pêssego, missão, etc. Quando a um elemento de composição
terminado em vogal seguir, sem interposição do hífen, palavra começada com /r/ ou /s/: arroxeado,
correlação, pressupor, bissemanal, girassol, minissaia, etc.
CÊ - cedilha24
É a letra C que se pôs cedilha. Indica que o Ç passa a ter som de /SS/. O Ç só é usado antes de A, O,
U.
24
https://vestibular.uol.com.br/duvidas-de-portugues/ortografia-quando-usar-c.htm.
Também se utiliza Ç em substantivos que terminam em -TENÇÃO, que por sua vez derivam de verbos
terminados em -TER:
- Conter = contenção
- Reter = retenção
- Deter = detenção
Em verbos terminados em -ÇAR, mas somente quando seu substantivo equivalente terminar em -CE
ou -ÇO:
- Lance = lançar
- Alcance = alcançar
- Abraço = abraçar
Em substantivos que terminam em -ÇÃO desde que sejam derivados de verbos onde a letra R é
retirada:
- Abreviar = abreviação
- Exportar = exportação
- Enrolar = enrolação
Emprego do M antes de P e B
Antes das letras P e/ou B, sempre será utilizado a letra M.
Ex:
- Pombo, também, tempo, campo.
Quando se tratar das demais consoantes, utiliza-se a letra N.
Ex:
- Canto, tanto, manto, ente, quente.
R ou RR?
A consolante R pode ser pronunciada com uma vibração mais forte e prolongada ou mais fraca e curta.
No início das palavras, a pronúncia é sempre forte (rato, remo, rosa), e também quando se encontra
duplicada entre duas vogais (correção, cerrote, derramar).
Quando a consoante R se encontra sozinha entre duas vogais, no meio das palavras, assumirá uma
pronúncia fraca (caro, loiro, dourado).
Ou seja, a utilização de R ou RR está relacionada à estrutura fonética da palavra, à maneira como é
pronunciada.
Dica:
Palavras como genro, enredo e enrolar, por exemplo, a pronúncia do r é forte e com vibração
prolongada, porém se utiliza r, pois a letra se encontra entre uma consoante e uma vogal, e não entre
duas vogais.
Nunca se utiliza RR no inicia das palavras!
Questões
SONHO
Não quero nem ma referir aqui do sonho onírico, aquele que vem quando estamos dormindo, e que
cumpre uma função biológica e psicológica demasíadarnente importante para o nosso bem-estar. Falo
eu de sonho como sendo o nosso desejo, o que queremos realizar, construir. Como Martin Luther King,
ao falar de uma sociedade sem diferenças. Ou Mahatma Gandhl, ao lutar pela independência da índia e
expressar o sonho de sem violência alguma, haver um povo que tivesse autodeterminação.
A letra “x" representa vários sons como em "exemploVz/. Assinale a alternativa com som diferente:
(A) exato.
(B) exame.
(C) expressar.
(D) exaurir.
O mundo anda bem atrapalhado: de um lado, temos crianças que se comportam, se vestem, falam e
são tratadas como adultos. Do outro, adultos que se comportam, se vestem, falam e são tratados como
crianças. Pelo jeito, infância e vida adulta têm hoje pouco a ver com idade cronológica.
Não é preciso muito para observar sinais dessa troca: basta olhar as pessoas no espaço público. É
corriqueiro vermos meninas vestidas com roupas de adultos, inclusive sensuais: blusas e saias curtas,
calças apertadas, meia-calça e sapatos de salto. E pensar que elas precisam é de roupa folgada para
deixar o corpo explodir em movimentos que devem ser experimentados... Mas sempre há um traço que
trai a idade: um brinquedo pendurado, um exagero de enfeites, um excesso de maquiagem, etc.
Se olharmos as adultas, vestidas com o mesmo tipo de roupa das meninas descritas acima, vemos
também brinquedos, carregados como enfeites ou amuletos: nos chaveiros, nas bolsas, nos telefones
celulares, nos carros. Isso sem falar nas mesas de trabalho, enfeitadas com ícones do mundo infantil.
Criança pequena adora ter amigo imaginário, mas essa maravilhosa possibilidade tem sido destruída,
pouco a pouco, pelo massacre da realidade do mundo adulto, que tem colaborado muito para desfazer a
fantasia e o faz-de-conta. Mas os legítimos representantes desse mundo, por sua vez, não hesitam em
ter o seu. Ultimamente, ele tem sido comum e ganhou o nome de deus. Não me refiro ao Deus das
religiões e alvo da fé. A ideia de deus foi privatizada, e cada um tem o seu, à sua imagem e semelhança,
mesmo sem professar religião nenhuma.
O amigo imaginário dos adultos chamado de deus é aquele com quem eles conversam animadamente,
a quem chamam nos momentos de estresse, a quem recorrem sempre que enfrentam dificuldades,
precisam tomar uma decisão ou anseiam por algo e, principalmente, para contornar a solidão. Nada como
ter um amigo invisível, já que ele não exige lealdade, dedicação nem cobra nada, não é?
E o que dizer, então, das brincadeiras infantis que muitos adultos são obrigados a enfrentar quando
fazem cursos, frequentam seminários ou assistem a aulas? É um tal de assoprar bexigas, abraçar quem
está ao lado, acender fósforo para expressar uma ideia, carregar uma pedra para ter a palavra no grupo,
escolher um bicho como imagem de identificação, usar canetas coloridas para fazer trabalhos, etc.
Mas, se existe uma manifestação comum a crianças e adultos para expressar alegria, contentamento,
comemoração e afins, ela tem sido o grito. Que as crianças gritem porque ainda não descobriram outras
maneiras de expressar emoções, dá para entender. Aliás, é bom lembrar que os educadores não têm
colaborado para que elas aprendam a desenvolver outros tipos de expressão. Mas os adultos gritarem
desesperada e estridentemente para manifestar emoção é constrangedor. Com tamanha confusão, fica
a impressão de que roubamos a infância das crianças porque a queremos para nós, não?
SAYÃO, Rosely. “As melhores crônicas do Brasil”. In cronicasbrasil.blogspot.com.
O vocábulo “impressão”, sublinhado no fragmento “fica a impressão de que roubamos a infância das
crianças” (7º §), é grafado com “ss” em razão de uma regra ortográfica segundo a qual grafam-se com o
dígrafo “ss” os nomes relacionados aos verbos com radical em “prim”, como imprimir / impressão,
comprimir/compressão, etc. Abaixo estão relacionadas outras regras ortográficas, com os respectivos
exemplos. A regra em que um dos exemplos NÃO se enquadra nela é:
Apostila gerada especialmente para: Daniel de Oliveira Santos 117.115.567-00
165
(A) grafam-se com Z os sufixos -izar, -ização: civilizar, humanizar, catalizar, colonização.
(B) grafa-se com Ç a correlação T – Ç: absorção, ação, assunção, exceção.
(C) grafa-se com SS a correlação CED - CESS: cessão, intercessão, acessível, concessão.
(D) grafam-se com S os sufixos -esa, -ês, -esia, quando o radical é um substantivo: freguês, burguesa,
maresia, pedrês.
(E) grafam-se com Z os sufixos -ez, -eza, quando o radical é um adjetivo: pobreza, grandeza, acidez,
realeza.
03. (Prefeitura de Timbó/SC - Engenheiro Civil - FURB/2019) Assim como o verbo “autorizar”,
assinale a alternativa que contenha outro exemplo de verbo terminado em IZAR:
(A) avi___ar.
(B) ali___ar.
(C) pesqui___ar.
(D) tranquili___ar.
(E) preci___ar.
05. (MPE-GO - Secretário Auxiliar - MPE-GO/2019) Assinale a alternativa em que NÃO há erro de
grafia nas palavras descritas:
(A) aprasível, chafariz, puxar.
(B) pecha, cochichar, piche.
(C) poetiza, encharcada, exdrúxulo.
(D) expetacular, exceção, objeção.
(E) estiagem, expulsão, enchuto.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: C
Exemplo ("x" com som de "z").
Expressar ("x" com som de "s").
02. Resposta: A
Grafam-se com Z os sufixos -izar, -ização: civilizar, humanizar, catalizar, colonização. O correto seria
catalisar.
03. Resposta: D
(A) avisar.
(B) alisar.
(C) pesquisar.
(D) tranquilizar.
(E) precisar.
04. Resposta: E
(A) exceção.
(B) docente.
(C) anoitecer.
(D) acessível.
(E) discente.
Maiúsculas
- Substantivos próprios: José, Tiradentes, Brasil, Amazônia, Campinas, Deus, Maria Santíssima, Tupã,
Minerva, Via-Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc.
- Nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes, festas religiosas: Idade Média, Renascença,
Centenário da Independência do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia das Mães, etc.
- Nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente da República, etc.
- Nomes de altos conceitos religiosos ou políticos: Igreja, Nação, Estado, Pátria, União, República, etc.
- Nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos, agremiações, órgãos públicos, etc: Rua do
Ouvidor, Praça da Paz, Academia Brasileira de Letras, Banco do Brasil, Teatro Municipal, Colégio Santista,
etc.
- Nomes de artes, ciências, títulos de produções artísticas, literárias e científicas, títulos de jornais e
revistas: Medicina, Arquitetura, Os Lusíadas, O Guarani, Dicionário Geográfico Brasileiro, Correio da
Manhã, Manchete, etc.
- Expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presidente, Excelentíssimo Senhor Ministro, Senhor
Diretor, etc.
- Nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Os povos do Oriente, o falar do Norte. Exceção:
Corri o país de norte a sul. O Sol nasce a leste.
- Nomes comuns, quando personificados ou especificados: o Amor, o Ódio, a Morte, o Jabuti (nas
fábulas), etc.
Minúsculas
- Nomes de meses, de festas pagãs ou populares, nomes gentílicos, nomes próprios tornados comuns:
maia, bacanais, carnaval, ingleses, ave-maria, um havana, etc.
- Os nomes a que se referem (altos cargos e dignidades e conceitos religiosos ou políticos) quando
empregados em sentido geral: São Pedro foi o primeiro papa. Todos amam sua pátria.
- Nomes comuns antepostos a nomes próprios geográficos: o rio Amazonas, a baía de Guanabara, o
pico da Neblina, etc.
- Palavras, depois de dois pontos, não se tratando de citação direta: “Qual deles: o hortelão ou o
advogado?”; “Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, mirra”.
- No interior dos títulos, as palavras átonas, como: o, a, com, de, em, sem, grafam-se com inicial
minúscula.
Excerto 6
“[...] O jurídico aparece sempre na forma de linguagem textual, mais precisamente, na maneira verbal
escrita, o que outorga maior estabilidade às relações deônticas entre os sujeitos das relações. Como tal,
as Ciências da Linguagem, particularmente a Semiótica, desempenham papel decisivo para a
investigação do objeto Direito. E, se pensarmos também na afirmação de Flusser, segundo a qual a língua
é constitutiva da realidade, ficaremos autorizados a dizer que a linguagem (língua) do Direito cria, forma
e propaga a realidade jurídica. [...]”
CARVALHO, Paulo Barros. O legislador como poeta: alguns apontamentos sobre a teoria flusseriana aplicados ao Direito. IN: PINTO, Rosalice; CABRAL, Ana
Lúcia Tinoco;
RODRIGUES, Maria das Graças Soares (Orgs.). Linguagem e direito: perspectivas teóricas e práticas. São Paulo: Contexto, 2019. p. 25. [fragmento]
As palavras Semiótica e Direito estão grafadas com letra inicial maiúscula, pois se referem a domínios
do saber. De acordo com a norma ortográfica vigente, também poderiam ser grafadas com letra inicial
minúscula.
Certo ( ) Errado ( )
Estranhas Gentilezas
(Ivan Angelo)
Estão acontecendo coisas estranhas. Sabe-se que as pessoas nas grandes cidades não têm o hábito
da gentileza. Não é por ruindade, é falta de tempo. Gastam a paciência nos ônibus, no trânsito, nas filas,
nos mercados, nas salas de espera, nos embates familiares, e depois economizam com a gente.
Comigo dá-se o contrário, é o que estou notando de uns dias para cá. Tratam-me com inquietante
delicadeza. Já captava aqui e ali sinais suspeitos, imprecisos, ventinho de asas de borboleta, quase nada.
A impressão de que há algo estranho tomou meu corpo mesmo foi na semana passada. Um vizinho que
já fora meu amigo telefonou-me desfazendo o engano que nos afastava, intriga de pessoa que nem
conheço e que afinal resolvera esclarecer tudo. Difícil reconstruir a amizade, mas a inimizade morria ali.
Como disse, eu vinha desconfiando tenuemente de algumas amabilidades. O episódio do vizinho fez
surgir em meu espírito a hipótese de uma trama, que já mobilizava até pessoas distantes. E as próximas?
Tenho reparado. As próximas telefonam amáveis, sem motivo. Durante o telefonema fico aguardando
o assunto que estaria embrulhado nos enfeites da conversa, e ele não sai. Um número inesperado de
pessoas me cumprimenta na rua, com acenos de cabeça. Mulheres, antes esquivas, sorriem transitáveis
nas ruas dos Jardins1. Num restaurante caro, o maître2, com uma piscadela, fura a demorada fila de
executivos à espera e me arruma rapidinho uma mesa para dois. Um homem de pasta que parecia
impaciente à minha frente me cede o último lugar no elevador. O jornaleiro larga sua banca na avenida
Sumaré e vem ao prédio avisar-me que o jornal chegou. Os vizinhos de cima silenciam depois das dez
da noite.
[...]
Que significa isso? Que querem comigo? Que complô é este? Que vão pedir em troca de tanta
gentileza?
Aguardo, meio apreensivo, meio feliz.
Interrompo a crônica nesse ponto, saio para ir ao banco, desço pelas escadas porque alguém segura
o elevador lá em cima, o segurança do banco faz-me esvaziar os bolsos antes de entrar na porta giratória,
enfrento a fila do caixa, não aceitam meus cheques para pagar contas em nome de minha mulher, saio
mal-humorado do banco, atravesso a avenida arriscando a vida entre bólidos3 , um caminhão joga-me
água suja de uma poça, o elevador continua preso lá em cima, subo a pé, entro no apartamento, sento-
me ao computador e ponho-me de novo a sonhar com gentilezas.
Vocabulário:
1 bairro Jardim Paulista, um dos mais requintados de São Paulo
2 funcionário que coordena agendamentos entre outras coisas nos restaurantes
3 carros muito velozes
Segunda vítima é mulher que foi baleada na cabeça, informa o Observatório Venezuelano de Conflito
Social (OVCS). País enfrenta onda de protestos pró e contra Maduro.
Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/05/02/ong-relata-morte-de-mais-uma-pessoa-durante-protestos-na-venezuela.ghtml
Gabarito
Comentários
02. Resposta: C
"Jardins" está se referindo, conforme a legenda, ao bairro Jardim Paulista, um dos mais requintados
de São Paulo. Ou seja, trata-se de um substantivo próprio, o nome de um bairro.
03. Resposta: D
As inicias maiúsculas foram utilizadas corretamente para especificar, nomear o que significa a sigla.
Trata-se de um substantivo próprio.
Algumas palavras ou expressões costumam apresentar dificuldades colocando em maus lençóis quem
pretende falar ou redigir português culto. Esta é uma oportunidade para você aperfeiçoar seu
desempenho. Preste atenção e tente incorporar tais palavras certas em situações apropriadas.
Ao encontro de: Sua atitude vai ao encontro da verdade. (estar a favor de)
De encontro a: Minhas opiniões vão de encontro às suas. (oposição, choque)
Baixar: os preços quando não há objeto direto; os preços funcionam como sujeito: Baixaram os preços
(sujeito) nos supermercados. Vamos comemorar, pessoal!
Abaixar: os preços empregado com objeto direto: Os postos (sujeito) de combustível abaixaram os
preços (objeto direto) da gasolina.
Descriminar: O réu foi descriminado; pra sorte dele. (inocentar, absolver de crime)
Discriminar: Era impossível discriminar os caracteres do documento. (diferençar, distinguir, separar)
Descrição: A descrição sobre o jogador foi perfeita. (descrever)
Discrição: Você foi muito discreto. (reservado)
Estupro:25 Crime que consiste em constranger alguém a manter relações sexuais por meio de violência;
forçamento, violação.
Estrupo:26 Palavra antiga, de origem obscura, que caiu em desuso. Significa ruído, tropel, tumulto.
Houve: Houve um grande incêndio no centro de São Paulo. (verbo haver - 3ª pessoa do singular do
pretérito perfeito)
Ouve: A mãe disse: ninguém me ouve. (verbo ouvir - 3ª pessoa singular do presente do indicativo)
Nem um: Nem um filho de Deus apareceu para ajudá-la. (equivale a nem um sequer)
Nenhum: Nenhum jornal divulgou o resultado do concurso. (oposto de algum)
Quotidiano e Cotidiano: Ambas estão corretas e siginificam “que acontece diariamente; que é comum
a todos os dias; diário”.
Há menos de= Quando há a ideia de passado, tempo transcorrido. Pode ser substituído por
"aproximadamente" ou "mais ou menos". Ou ainda "faz" (do verbo fazer).
Exemplo: Ele saiu de casa há menos de dois anos.
Samuel terminou a obra da casa há menos de seis meses.
Bastante ou Bastantes?28
Está aí uma palavra-encrenca. O uso de “bastante” depende muito de qual função ele está assumindo
na frase, podendo ser três: adjetivo, advérbio e pronome indefinido. Vejamos os três casos.
Como advérbio
O uso mais comum é usar “bastante” como advérbio, no sentido de “muito”. Nesse caso, a palavra está
relacionada ao verbo, então não sofre flexão e deve ficar sempre no singular. Veja exemplo:
Como adjetivo
Quando usado como adjetivo, “bastante” assume significado de “suficiente”, devendo ser flexionado de
acordo com o substantivo que o acompanha. Veja:
Se “bastante” assume a função de pronome, ele deverá expressar qualidades ou quantidades não
especificadas. Essa função é menos usada na nossa língua.
Questão
02. (UTFPR - Engenheiro Civil - UTFPR/2019) Assinale a alternativa cujo texto apresenta erro
ortográfico.
(A) Paralisia do governo dos EUA já começa a afetar dia a dia de americanos.
(B) Tomara que eles viajem juntos.
(C) SP: falta saúde, educação e o problema é a pichação.
(D) As perdas do semestre serão compensadas no próximo.
(E) O país interviu em várias guerras.
04. (PGM/Campo Grande/MS - Procurador Municipal - CESPE/2019) A respeito das ideias e dos
aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item que se segue.
Seria incorreto o emprego da forma quotidianamente em lugar de “cotidianamente”, pois aquela forma
foi abolida do vocabulário oficial da língua portuguesa.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito
Comentários
01. Resposta: A
A) Tragédia, empréstimo, arcabouço.
(B) Próximo, esforço, estrupo (pode estar correta, ou não).
(C) Cabide, retrospectiva, análogo.
(D) Barcaça, palheiro, aeroporto.
02. Resposta: E
Não existe "interviu”. O correto é "interveio".
03. Resposta: E
(A) Transgressão; distorção; concessão; expulsão; contorção;
(B) Transgressão; distorção; concessão; expulsão; contorção;
(C) Transgressão; distorção; concessão; expulsão; contorção;
(D) Transgressão; distorção; concessão; expulsão; contorção;
(E) Transgressão; distorção; concessão; expulsão; contorção.
05. Resposta: B
(A) criolina, embutir, empecilho, periquito.
(B) inexorável, exaurir, exéquias, exumar.
(C) exceção, ecelso, excêntrico, excitar.
(D) boate, êmbulo, goela, engolir.
(E) coxia, graxa, trouxa, chingar.
Emprego do Porquê
Orações Interrogativas
Por que devemos nos preocupar com o
(pode ser substituído por: por qual motivo, por
meio ambiente?
Por que qual razão).
Os motivos por que não respondeu são
Equivalendo a “pelo qual”.
desconhecidos.
Por quê Final de frases e seguidos de pontuação. Você ainda tem coragem de perguntar
Questões
A exemplo do que acontece no primeiro parágrafo, a expressão por que foi usada conforme a norma-
padrão na frase:
(A) Muitos que olham para as estátuas egípcias hoje não entendem o por que de elas não terem nariz.
(B) Por que muitas deidades tinham a função de transmitir oferendas com a mão esquerda, essa era
a mão vandalizada.
(C) Partes da estátua eram quebradas, por que assim a força da imagem supostamente seria
desativada.
(D) A explicação do por que de apenas algumas partes estarem danificadas não estava apenas no
fator tempo.
(E) Não se sabia por que certas partes em baixo-relevo das estátuas também estavam danificadas.
04. (MPE/SC - Promotor de Justiça - MPE/SC/2019) Considere as duas orações em (a) e (b) para
responder a Questão.
(a) Você chegou atrasado e gostaria de saber o porquê.
(b) Você chegou atrasado e gostaria de saber por que.
Na oração em (b), o uso de por que está errado, pois nesse contexto o correto seria por quê.
Certo ( ) Errado ( )
05. (Prefeitura de Porto de Moz/PA - Psicólogo - FUNRIO/2019) Acerca do emprego do “por que",
assinale a alternativa correta:
(A) Você sabe o porquê ele foi grosseiro comigo?
(B) Sou uma pessoa muito feliz por que tenho minha família por perto.
(C) Você não foi ao baile. Porque?
(D) Por quê temos que agir dessa forma?
(E) Porque você quer me irritar?
Gabarito
Comentários
01. Resposta: E
(A) Muitos que olham para as estátuas egípcias hoje não entendem o por que de elas não terem nariz.
(O termo substantivado é: porquê, equivale a "motivo").
(B) Por que muitas deidades tinham a função de transmitir oferendas com a mão esquerda, essa era
a mão vandalizada. (O correto seria "porque", sendo uma conjunção subordinativa causal, equivale a "já
que").
(C) Partes da estátua eram quebradas, por que assim a força da imagem supostamente seria
desativada. (O correto seria "porque", conjunção coordenativa explicativa, equivale a "pois").
(D) A explicação do por que de apenas algumas partes estarem danificadas não estava apenas no
fator tempo. (O correto seria "porquê", novamente está substantivado).
(E) Não se sabia por que certas partes em baixo-relevo das estátuas também estavam danificadas.
(Correto, equivalendo a "por qual motivo").
02. Resposta: D
“Por que o jornalista não compareceu ao evento?” - Temos o termo equivalendo a "por qual motivo",
fazendo parte de uma pergunta direta.
A) Porquê - é o "porque" substantivado, equivale a "motivo"; Queria saber o porquê de você ter faltado
à aula hoje (o motivo).
B) Por quê - equivale a "por qual motivo", fica antes de uma pontuação: Você não foi à festa, por quê?
C) Porque - pode ser uma conjunção subordinativa causal, explicativa, equivale a "pois": Porque estava
frio (respondendo o exemplo anterior).
03. Resposta: C
“Certamente há um PORQUÊ para eles terem discutido.”
Temos o artigo indefinido "um" substantivo o termo "porque", logo se usa o acento circunflexo, o termo
equivale a "motivo" (um porquê → um motivo).
05. Resposta: A
(A) Você sabe o porquê ele foi grosseiro comigo? - temos um "porque" substantivado, equivalendo a
"motivo", deve ser escrito com acento circunflexo e junto - o motivo.
(B) Sou uma pessoa muito feliz por que tenho minha família por perto. - o correto seria: porque, sendo
uma conjunção subordinativa causal, podendo ser substituído por já que, visto que.
(C) Você não foi ao baile. Porque? - o correto seria: por quê?, equivalendo a: por qual motivo, estando
perto de uma pontuação, usamos o acento circunflexo.
(D) Por quê temos que agir dessa forma? - o correto seria: por que, equivalendo a: por qual motivo,
não estando perto de uma pontuação não é usado acento.
(E) Porque você quer me irritar? - o correto seria: por que, equivalendo a: por qual motivo, não estando
perto de uma pontuação não é usado acento.
Regras de acentuação;
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
A acentuação gráfica consiste na aplicação de certos símbolos escritos sobre determinadas letras para
representar o que foi estipulado pelas regras de acentuação do idioma. De forma geral, estes acentos
são utilizados para auxiliar a pronúncia de palavras.
Tonicidade
Quando falamos em tonicidade, nos referimos à sílaba mais forte da palavra, que deverá ser
identificada em conjunto com as regras de acentuação, para só então definirmos quando e onde uma
palavra será acentuada graficamente.
Num vocábulo de duas ou mais sílabas, há, em geral, uma que se destaca por ser proferida com mais
intensidade que a(s) outra(s): essa é a sílaba tônica.
Exemplos: café, janela, médico, estômago, colecionador.
O acento tônico é um fato fonético e não deve ser confundido com o acento gráfico (agudo, grave ou
circunflexo) que às vezes o assinala. A sílaba tônica nem sempre é acentuada graficamente. Exemplo:
cedo, flores, bote, pessoa, senhor, caju, tatus, siri, abacaxis.
De acordo com a posição da sílaba tônica, os vocábulos com mais de uma sílaba classificam-se em:
Oxítonos: quando a sílaba tônica é a última: café, rapaz, escritor, maracujá.
Paroxítonos: quando a sílaba tônica é a penúltima: mesa, lápis, montanha, intensidade.
Proparoxítonos: quando a sílaba tônica é a antepenúltima: árvore, quilômetro, México.
Lembre-se que:
- Monossílabos: são palavras de uma só sílaba, conforme a intensidade com que se proferem, podem
ser tônicos ou átonos.
- Monossílabos tônicos: são os que têm autonomia fonética, sendo proferidos fortemente na frase em
que aparecem: é, má, si, dó, nó, eu, tu, nós, ré, pôr, etc.
29
SCHICAIR. Nelson M. Gramática do Português Instrumental. 2ª. ed Niterói: Impetus, 2007
Acento Diferencial30
Perdem o acento diferencial as duplas: pára/para, péla(s)/ pela(s), pólo(s)/polo(s), pêlo(s)/pelo(s),
pêra/pera.
ANTES DEPOIS
Ele foi ao Pólo Norte. Ele foi ao Polo Norte.
Ele pára o carro. Ele para o carro.
Ele gosta de jogar pólo. Ele gosta de jogar polo.
Esse gato tem pêlos Esse gato tem pelos
brancos. brancos.
Comi uma pêra. Comi uma pera.
Atenção:
1) Nas duplas:
- pôde/pode
Ex.: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.
- pôr/por
Ex.: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.
2) No plural dos verbos ter e vir, assim como das correspondentes formas
compostas (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
Emprego do Til
O til sobrepõe-se às letras “a” e “o” para indicar vogal nasal. Pode figurar em sílaba:
- tônica: maçã, cãibra, perdão, barões, põe, etc.;
- pretônica: balõezinhos, grã-fino, cristãmente, etc.;
- átona: órfãs, órgãos, bênçãos, etc.
30
http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/2912/reforma_ortografica.pdf.
Atenção: Caso a sílaba onde o til figura for átona, se acentua graficamente a sílaba predominante.
Por exemplo: Órfãos, acórdão.
Em casos de palavra monossilábicas, como não, mãe e põe, o til indica a nasalidade do ditongo, e
esse ditongo pode aparecer de quatro formas: ãe, ão, õe.
Algumas formas verbais apresentam acento gráfico e outras não. Na divisão silábica dessas formas
verbais seguidas de pronome, o pronome “lo”, que atua como complemento de tais formas, não participa
do procedimento em questão, é deixado de lado.
Sendo assim, as regras de acentuação valem para essas formas verbais, levando em conta o número
de sílabas e, claro, deixando de lado o pronome.
Todas as palavras oxítonas terminadas em “a”, “e”, “o” e “em”, seguidas ou não de “s”, são acentuadas:
DE - VOL - VÊ
RE - VÊ
A - MÁ
Acentua-se o “u” e o “i” tônicos do hiato quando isolados na sílaba ou acompanhados de “s”.
CON - CLU - Í
DIS - TRI - BU - Í
A - TRI - BU - Í
Já as formas TRA - DU - ZI / RE - PRO - DU - ZI e DIS - TIN - GUI, não são acentuadas, pois não nos
remetem a nenhum desses preceitos antes mencionados.
Questões
“Existem razões para você assistir A Órfã? Sim. E a principal, claro, é se você faz parte dos cinéfilos
que gostam de suspense.”
Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-132783/>. Acesso em: 23 jul. 2019.
Mónica Voga estava no sétimo mês de gestação quando o médico notou algo muito raro em um exame
de ultrassom. As imagens mostravam dois cordões umbilicais, mas Mónica não estava grávida de
gémeos. Era sua própria bebê, Itzamara, que carregava um feto no abdômen. O Feto carregando um feto
foi identificado em Barranquilla, na Colômbia. Especialistas calculam que a probabilidade desse tipo raro
de gravidez é de uma a cada 500 mil nascimentos. O cirurgião Miguel Parra contou à Rádio Caracol que
esse fenômeno é conhecido como fetus in feto e, se não for identificado a tempo, pode colocar em risco
a gravidez. O médico explica que o irmão gémeo se desenvolve dentro do outro, em vez de crescer no
útero da mãe. Esse tipo de gravidez normalmente é gerada a partir de um único zigoto, formado por um
óvulo e um espermatozoide.
(Fonte adaptada: https://g1.globo.com>acesso em 21 de março de 2019)
Assinale a alternativa correta com base na regra gramatical de acentuação da palavra "sétimo":
(A) Acentuam-se todas as palavras proparoxítonas.
(B) Acentua-se a sílaba tônica dos vocábulos paroxítonos terminados em "s".
(C) Acentuam-se os vocábulos paroxítonos terminados em "l, n, r, x, s".
(D) Acentuam-se os vocábulos oxítonos terminados em "a, o", seguidos ou não de "s".
(E) Acentuam-se os vocábulos oxítonos terminados em ditongo aberto, seguidos ou não de "s".
A exemplo da palavra ideia, utilizada no texto acima, assinale a alternativa que contenha outra palavra
que também perdeu o acento com o Novo Acordo Ortográfico:
(A) Heroi
(B) Herois
(C) Heroico
(D) Aneis
(E) Papeis
Gabarito
Comentários
01. Resposta: B
Órfã: Palavra paroxítona terminada em “-ã. Vale notar que o til (~) é um marco de nasalização e não é
um acento gráfico.
(A) Maçã: não há acento, somente uma simples marca de nasalização.
(B) Órgão: temos uma paroxítona terminada em “-ão”.
(C) Opinião: não há acento, somente uma simples marca de nasalização.
(D) Psicológico: proparoxítona, acentuação na antepenúltima sílaba.
02. Resposta: E
Chipanzês - 3° p. Plural = intervêm - 3° p. Plural
Pôr = verbo
Por = preposição
Magoo - hiatos formados por " oo e ee" não se centuam mais.
03. Resposta: B
Miséria termina com uma sequêncai vocálica pós-tônica que pode ser considerada um ditongo
crescente(ia), por isso leva acento agudo.
Câimbra e hipótese são proparoxítonas e todas as proparoxítonas são acentuadas.
04. Resposta: A
Toda palavra proparoxítona leva acento, e sétimo é uma palavra proparoxítona.
05. Resposta: C
Ditongos representados por (ei) e (oi) da sílaba tônica das paroxítonas não são acentuados
graficamente.
06. Resposta: A
Todas as proparoxítonas são acentuadas. Trânsito é uma proparoxítona.
PONTUAÇÃO
Para a elaboração de um texto escrito, deve-se considerar o uso adequado dos sinais de pontuação
como: pontos, vírgula, ponto e vírgula, dois pontos, travessão, parênteses, reticências, aspas, etc.
Tais sinais têm papéis variados no texto escrito e, se utilizados corretamente, facilitam a compreensão
e entendimento do texto.
A Importância da Pontuação
31
As palavras e orações são organizadas de maneira sintática, semântica e também melódica e rítmica.
Sem o ritmo e a melodia, os enunciados ficariam confusos e a função comunicativa seria prejudicada.
O uso correto dos sinais de pontuação garante à escrita uma solidariedade sintática e semântica. O
uso inadequado dos sinais de pontuação pode causar situações desastrosas, como em:
- Não podem atirar! (entende-se que atirar está proibido)
- Não, podem atirar! (entende-se que é permitido atirar)
Ponto
Este ponto simples final (.) encerra períodos que terminem por qualquer tipo de oração que não seja
interrogativa direta, a exclamativa e as reticências.
Outra função do ponto é a da pausa oracional, ao acompanhar muitas palavras abreviadas, como: p.,
2.ª, entre outros.
Se o período, oração ou frase terminar com uma abreviatura, o ponto final não é colocado após o ponto
abreviativo, já que este, quando coincide com aquele, apresenta dupla serventia.
Ex.: “O ponto abreviativo põe-se depois das palavras indicadas abreviadamente por suas iniciais ou
por algumas das letras com que se representam, v.g. ; V. S.ª ; Il.mo ; Ex.a ; etc.” (Dr. Ernesto Carneiro
Ribeiro)
O ponto, com frequência, se aproxima das funções do ponto e vírgula e do travessão, que às vezes
surgem em seu lugar.
Obs.: Estilisticamente, pode-se usar o ponto para, em períodos curtos, empregar dinamicidade,
velocidade à leitura do texto: “Era um garoto pobre. Mas tinha vontade de crescer na vida. Estudou. Subiu.
Foi subindo mais. Hoje é juiz do Supremo.”. É muito utilizado em narrações em geral.
Ponto Parágrafo
Separa-se por ponto um grupo de período formado por orações que se prendem pelo mesmo centro
de interesse. Uma vez que o centro de interesse é trocado, é imposto o emprego do ponto parágrafo se
iniciando a escrever com a mesma distância da margem com que o texto foi iniciado, mas em outra linha.
O parágrafo é indicado por ( § ) na linguagem oficial dos artigos de lei.
Ponto de Interrogação
É um sinal (?) colocado no final da oração com entonação interrogativa ou de incerteza, seja real ou
fingida.
A interrogação conclusa aparece no final do enunciado e requer que a palavra seguinte se inicie por
maiúscula. Já a interrogação interna (quase sempre fictícia), não requer que a próxima palavra se inicia
com maiúscula.
Ex.: — Você acha que a gramática da Língua Portuguesa é complicada?
— Meu padrinho? É o Excelentíssimo Senhor coronel Paulo Vaz Lobo Cesar de Andrade e Sousa
Rodrigues de Matos.
31
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
Ponto de Exclamação
Este sinal (!) é colocado no final da oração enunciada com entonação exclamativa.
Ex.: “Que gentil que estava a espanhola!”
“Mas, na morte, que diferença! Que liberdade!”
Reticências
Quando colocadas no fim do enunciado, as reticências dispensam o ponto final, como você pode
observar nos exemplos acima.
As reticências, quando indicarem uma enumeração inconclusa, podem ser substituídas por etc.
Ao transcrever um diálogo, elas indicam uma não resposta do interlocutor. Já em citações, elas podem
ser postas no início, no meio ou no fim, indicando supressão do texto transcrito, em cada uma dessas
partes.
Quando ocorre a supressão de um trecho de certa extensão, geralmente utiliza-se uma linha
pontilhada.
As reticências podem aparecer após um ponto de exclamação ou interrogação.
Vírgula
IMPORTANTE!
Quando há uma série de sujeitos seguidos imediatamente de verbo, não se separa do verbo (por
vírgula) o ultimo sujeito da série .
Ex.: Carlos Gomes, Vítor Meireles, Pedro Américo, José de Alencar tinham-nas começado.
- Para separar orações coordenadas aditivas, mesmo que estas se iniciem pela conjunção e, proferidas
com pausa.
Ex.: “Gostava muito das nossas antigas dobras de ouro, e eu levava-lhe quanta podia obter”.
- Para separar orações coordenadas alternativas (ou, quer, etc.), quando forem proferidas com pausa.
Ex.: Ele sairá daqui logo, ou eu me desligarei do grupo.
- Para separar, na maioria das vezes, orações adjetivas restritiva de certa extensão, ainda mais quando
os verbos de duas orações distintas se juntam.
Ex.: “No meio da confusão que produzira por toda a parte este acontecimento inesperado e cujo motivo
e circunstâncias inteiramente se ignoravam, ninguém reparou nos dois cavaleiros...”
IMPORTANTE!
Mesmo separando por vírgula o sujeito expandido pela oração adjetiva, esta pontuação pode
acontecer.
Ex.: Os que falam em matérias que não entendem, parecem fazer gala da sua própria ignorância.
- Para separar, geralmente, adjuntos adverbiais que precedem o verbo e as orações adverbiais que
aparecem antes ou no meio da sua principal.
Ex.: “Eu mesmo, até então, tinha-vos em má conta...”
- Para evitar e desfazer alguma interpretação errônea que pode ocorrer quando os termos estão
distribuídos de forma irregular na oração, a expressão deslocada é separada por vírgula.
Ex.: De todas as revoluções, para o homem, a morte é a maior e a derradeira.
- Em enumerações
sem gradação: Coleciono livros, revistas, jornais, discos.
com gradação: Não compreendo o ciúme, a saudade, a dor da despedida.
Dois Pontos
São utilizados:
- Na enumeração, explicação, notícia subsidiária.
Ex.: Comprou dois presentes: um livro e uma caneta.
“que (Viegas) padecia de um reumatismo teimoso, de uma asma não menos teimosa e de uma lesão
de coração: era um hospital concentrado”
“Queremos governos perfeitos com homens imperfeitos: disparate”
- Em expressões que se seguem aos verbos dizer, retrucar, responder (e semelhantes) e que dão fim
à declaração textual, ou que assim julgamos, de outrem.
Ex.: “Não me quis dizer o que era: mas, como eu instasse muito:
— Creio que o Damião desconfia alguma coisa”
Em expressões que, ao serem enunciadas com entonação especial, o contexto acaba sugerindo
causa, consequência ou explicação.
Ex.: “Explico-me: o diploma era uma carta de alforria”
Ponto e Vírgula
Sinal (;) que denota pausa mais forte que a vírgula, porém mais fraca que o ponto. É utilizado:
- Em trechos longos que já possuam vírgulas, indicando uma pausa mais forte.
Ex.: “Enfim, cheguei-me a Virgília, que estava sentada, e travei-lhe da mão; D. Plácida foi à janela”
- Enumeração com ponto e vírgula, mas sem vírgula, para marcar distribuição.
Ex.: Comprei os produtos no supermercado: farinha para um bolo; tomates para o molho; e pão para
o café da manhã.
Travessão
É importante não confundir o travessão (—) com o traço de união ou hífen e com o traço de divisão
empregado na partição de sílabas.
O uso do travessão pode substituir vírgulas, parênteses, colchetes, indicando uma expressão
intercalada:
Ex.: “... e eu falava-lhe de mil cousas diferentes — do último baile, da discussão das câmaras,
berlindas e cavalos, de tudo, menos dos seus versos ou prosas”
Se a intercalação terminar o texto, o travessão é simples; caso contrário, se utiliza o travessão duplo.
Ex.: “Duas, três vezes por semana, havia de lhe deixar na algibeira das calças — umas largas calças
de enfiar —, ou na gaveta da mesa, ou ao pé do tinteiro, uma barata morta”
IMPORTANTE!
Como é possível observar no exemplo, pode haver vírgula após o travessão.
Além disso, ainda pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de um diálogo, com ou sem
aspas.
Ex.: — Ah! respirou Lobo Neves, sentando-se preguiçosamente no sofá.
— Cansado? perguntei eu.
— Muito; aturei duas maçadas de primeira ordem (...)
Parênteses e Colchetes
Estes sinais ( ) [ ] apontam a existência de um isolamento sintático e semântico mais completo dentro
de um enunciado, assim como estabelecem uma intimidade maior entre o autor e seu leitor. Geralmente,
o uso do parêntese é marcado por uma entonação especial.
Se a pausa coincidir com o início da construção parentética, o sinal de pontuação deve aparecer após
os parênteses, contudo, se a proposição ou frase inteira for encerrada pelos parênteses, a notação deve
aparecer dentro deles.
Ex.: “Não, filhos meus (deixai-me experimentar, uma vez que seja, convosco, este suavíssimo nome);
não: o coração não é tão frívolo, tão exterior, tão carnal, quanto se cuida”
“A imprensa (quem o contesta?) é o mais poderoso meio que se tem inventado para a divulgação do
pensamento”. (Carta inserta nos Anais da Biblioteca Nacional, vol. I) [Carlos de Laet]
- Isolar datas.
Ex.: Refiro-me aos soldados da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
- Isolar siglas.
Ex.: A taxa de desemprego subiu para 5,3% da população economicamente ativa (PEA)...
Aspas
A forma mais geral do uso das aspas é o sinal (“ ”), entretanto, há a possibilidade do uso das aspas
simples (‘ ’) para diferentes finalidades, como em trabalhos científicos sobre línguas, onde as aspas
simples se referem a significados ou sentidos: amare, lat. ‘amar’ port.
As aspas podem ser utilizadas, também, para dar uma expressão de sentido particular, ressaltando
uma expressão dentro do contexto ou indicando uma palavra como estrangeirismo ou uma gíria.
Se a pausa coincidir com o final da sentença ou expressão que está entre aspas, o competente sinal
de pontuação deve ser utilizado após elas, se encerrarem somente uma parte da proposição; mas se as
aspas abarcarem todo o período, frase, expressão ou sentença, a respectiva pontuação é abrangida por
elas.
Ex.: “Aí temos a lei”, dizia o Florentino. “Mas quem as há de segurar? Ninguém.”
“Mísera, tivesse eu aquela enorme, aquela Claridade imortal, que toda a luz resume!”
“Por que não nasce eu um simples vaga-lume?”
Alínea
Apresenta a mesma função do parágrafo, uma vez que denota diferentes centros de assuntos. Como
o parágrafo, requer a mudança de linha.
De forma geral, aparece em forma de número ou letra seguida de um traço curvo.
Ex.: Os substantivos podem ser:
a) próprios
b) comuns
Chave
Este sinal ({ }) é mais utilizado em obras científicas. Indicam a reunião de diversos itens relacionados
que formam um grupo.
32
Ex.: Múltiplos de 5: {0, 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35,… }.
Na matemática, as chaves agrupam vários elementos de uma operação, definindo sua ordem de
resolução.
Ex.: 30x{40+[30x(84-20x4)]}
Também podem ser utilizadas na linguística, representando morfemas.
Ex.: O radical da palavra menino é {menin-}.
Asterisco
Sinal (*) utilizado após ou sobre uma palavra, com a intenção de se fazer um comentário ou citação a
respeito do termo, ou uma explicação sobre o trecho (neste caso o asterisco se põe no fim do período).
Emprega-se ainda um ou mais asteriscos depois de uma inicial, indicando uma pessoa cujo nome não
se quer ou não se pode declinar: o Dr.*, B.**, L.***
Barra
32
https://bit.ly/2RongbC.
Assim como acontece em Cannes, na França, o Festival de Cinema de Veneza (Itália) é um bom
termômetro para medir quais filmes com estreia prevista para os próximos meses têm grandes chances
de virar um verdadeiro sucesso de bilheteria – e, quem sabe, garantir algumas importantes indicações ao
Oscar do próximo ano.
No que depender de quem já assistiu à première de “Coringa” (ou “Joker”, em inglês), novo filme da
DC Comics em parceria com a Warner Bros., que conta a história de um dos principais vilões de “Batman”
nos quadrinhos, o longa já conquistou seu lugar de destaque.
Após ser exibido em Veneza, nesta semana, o filme foi aplaudido por oito minutos consecutivos, aos
gritos de “bravo!”. Com Joaquin Phoenix no papel do palhaço Arthur Fleck, nome original do vilão,
“Coringa” tem direção e roteiro comandados por Todd Phillips, e vem recebendo elogios da crítica
especializada, principalmente no que diz respeito à atuação de Phoenix. Segundo diretor e protagonista,
o longa promete trazer uma abordagem bem diferente da que estamos acostumados a ver em filmes de
super-heróis. O filme está previsto para chegar aos cinemas brasileiros em 3 de outubro deste ano.
(Fonte: MSN)
As aspas (“”) são utilizadas para destacar falas, citações, título ou destacar palavras/ expressões.
Assinale a alternativa em que seu uso não teve a mesma finalidade que o utilizado em: “Coringa”.
(A) “Joker”.
(B) “Batman”.
(C) “Coringa”.
(D) “bravo!”.
De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade orgulhosa,
que tive morros e bondes no meu tempo de menino.
Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros pobres,
como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando fazia muito frio,
no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só. A semana tocada de
tamancos ou de pés no chão.
Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o gosto de fel
de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha bisavó Júlia. Havia
pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela, como me é difícil esquecer o
gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada, amorosamente, também no morro da Geada,
pelas mãos de minha avó Nair.
A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Geada, além do futebol e do jogo de malha,
a gente criava de um tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a natureza criava rolinha,
corruíra, papa-capim, andorinha, quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no morro da Geada, sem água encanada,
com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de som e sem inflação.
Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-se até
filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor. Não desandávamos
a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a pé pra baixo e pra cima e,
quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A gente se saudava, largo e profundo: −
Ô, batuta*!
*batuta: amigo, camarada.
(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa companhia: crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005,
p. 141-143)
No segmento ... morros pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do
Jaguaré, quando fazia muito frio, no morro costumava gear (2° parágrafo), o sinal de dois-pontos introduz
(A) uma ressalva.
(B) uma citação.
(C) um esclarecimento.
(D) uma contradição.
(E) um resumo.
Gabarito
01. Resposta: D
O ponto de interrogação é utilizado para demarcar uma pergunta. Ao ver este ponto, o leitor saberá
que se trata de uma pergunta e não uma afirmação, por exemplo.
02. Resposta: C
(A) O sujeito da frase (um navio foi erroneamente separado por vírgula de seu verbo (tombou).
(B) A segunda vírgula está incorreta, pois está separando o complemento verbal de seu verbo (Deixou
o quê? Quatro pessoas desaparecidas).
(C) Aposto explicativo isolado corretamente pelas vírgulas.
(D) O sujeito (o capitão da Guarda), está separado de seu verbo pela vírgula, ou seja, uso incorreto da
mesma.
03. Resposta: D
Com exceção da alternativa “D”, as demais alternativas apresentam aspas destacando títulos de obras,
ou, em “Joker”, destacando uma palavra estrangeira. Na alternativa “D”, as aspas estão demarcando uma
citação, a fala do público.
04. Resposta: E
A segunda vírgula está marcando a elipse do verbo "oferece", mencionado anteriormente: “Escola
Básica Municipal Bilíngue Professor Fernando Ostermann oferece [...]”. Há a retomada do verbo que,
mesmo implícito, não compromete o sentido da frase, pois entendemos que a outra escola também
oferece matérias em línguas.
05. Reposta: C
Em “… pela leitura da versão integral do clássico de J.R.R. Tolkien, O Hobbit.”, a vírgula é empregada
para separar o aposto explicativo. O Hobbit é a explicação de “clássico de J. R. R. Tolkien”. Qual clássico
de Tolkien? O Hobbit.
06. Resposta: C
Os dois pontos iniciam uma explicação, um esclarecimento, a respeito do motivo de o morro ter o nome
de Geada.