DIREITO CONSTITUCIONAL - Resumo para Concurso de Procuradoria

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DIREITO CONSTITUCIONAL

AULAS 01 E 02

CONSTITUCIONALISMO E TIPOLOGIA DAS CONSTITUIÇÕES


1. Constitucionalismo
A expressão constitucionalismo refere-se ao estudo da evolução do direito
constitucional ao longo do tempo. O marco temporal inicial do constitucionalismo
moderno ou contemporâneo (e que deve servir de base para compreender o direito
constitucional atual) é o advento da Constituição dos Estados Unidos da América no
final do século XVIII (1787).
Desde a promulgação da Constituição dos Estados Unidos, o direito
constitucional passou a ser compreendido como sendo a área do direito público que
tem por finalidades principais: organizar o Estado (disciplinar a separação de poderes,
a forma de Estado, a forma de governo, o sistema de governo, etc.) e limitar o poder
estatal (instituindo e positivando direitos e garantias fundamentais).
1.1. Evolução Histórica
A doutrina majoritária apresenta 3 fases de evolução do direito constitucional
ao longo do tempo.
1ª fase: Constitucionalismo antigo ou clássico.
O constitucionalismo antigo ou clássico ocupava-se apenas de organizar o
poder do Estado. Seu primeiro registro foi com o povo hebreu, que se organizou em
torno de um líder. O ápice ocorreu na idade média com o absolutismo, em que o
Estado estava tão organizado e tão centralizado nas mãos do monarca, que tal
concentração de poder gerava arbítrios.
2ª fase: Constitucionalismo moderno ou contemporâneo.
Surgiu no século XVIII, com a promulgação da Constituição dos Estados Unidos
da América em 1787. Desde então, o direito constitucional passou a ter 2 funções
principais: organizar o Estado e limitar o poder estatal.
3ª fase: Neoconstitucionalismo.
O neoconstitucionalismo surgiu na Europa após 1945, como uma resposta do
direito constitucional ao holocausto nazista. A principal proposta do
neoconstitucionalismo é promover a interpretação da Constituição à luz dos valores
universais presentes em normas internacionais, como proteção integral da pessoa
humana, respeito aos postulados democráticos, respeito aos postulados da ética e
promoção da paz.
Como conclusão, tem-se que o neoconstitucionalismo confere papel de
destaque ao órgão estatal responsável por interpretar a Constituição (Tribunal
Constitucional), pois é ele que promoverá a adequação das normas constitucionais aos
mencionados valores universais.
2. Tipologia das Constituições
A doutrina majoritária adota 7 critérios classificatórios principais para explicar
as características tipológicas da Constituição.
2.1. Quanto à Alterabilidade, Estabilidade ou Mutabilidade
A Constituição Federal de 1988 é RÍGIDA, uma vez que exige procedimento
solene e dificultoso para ser alterada. Para alterar a Constituição, faz-se imperiosa a
vigência de uma Emenda à Constituição, cujo procedimento de elaboração é mais
complexo do que aquele previsto para a alteração das leis. É necessária a votação nas
duas casas do Congresso Nacional, com aprovação em dois turnos por 3/5 (três
quintos) dos votos dos respectivos membros.
***Observação: O Brasil teve apenas uma constituição que não era rígida. Foi a
Constituição do Império de 1824, que era do tipo semirrígida ou semiflexível, ou seja,
parte era alterável por lei e parte era alterável por Emenda.
ATENÇÃO: Parte da doutrina defende que a Constituição seria superrígida
quanto à estabilidade, em virtude de possuir cláusulas pétreas, de conteúdo
inalterável. Ocorre, entretanto, que esta não é a posição do Supremo Tribunal Federal,
que entende, com base no art. 60, § 4º, IV da Constituição, que as cláusulas pétreas
não podem ser abolidas por Emenda à Constituição. Logo, é possível que Emenda à
Constituição realize alterações em cláusulas pétreas, desde que preservem o núcleo
essencial e intangível contido naquela norma de direito fundamental.
2.2. Quanto à origem
A Constituição é PROMULGADA, pois o povo atuou no processo de criação das
normas constitucionais, ainda que indiretamente, por meio de representantes que
integraram a Assembleia Nacional Constituinte.
2.3. Quanto à forma
A Constituição é ESCRITA. A doutrina aponta outro tipo de constituição quanto
à forma: é a constituição costumeira, consuetudinária ou não escrita, que é aquela em
que a maior parte das normas constitucionais advém do costume (hábitos reiterados
no tempo e no espaço). Ex.: Inglaterra. A Magna Carta de 1215 faz parte da atual
constituição inglesa porque o costume constitucional a abraçou.
Não é vedado que constituições costumeiras possuam um arcabouço normativo
mínimo exposto na forma escrita.
2.4. Quanto ao modo de elaboração
A Constituição é dogmática, uma vez que foi elaborada por um órgão
constituinte que tomou decisões conscientes baseadas em dogmas da ciência política.
Ex.: para atingir o objetivo constitucional de redemocratização brasileira e afastar
eventuais autoritarismos, a Ciência Política aponta como dogma a ampla previsão de
direitos fundamentais.
ATENÇÃO: A doutrina apresenta outro tipo de Constituição quanto ao modo de
elaboração. É a Constituição histórica, que é elaborada a partir da sedimentação das
tradições políticas de um povo. Ex.: fazer breve vênia na presença da rainha é uma
tradição inglesa incorporada ao direito constitucional.

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