Enfermagem Estetica
Enfermagem Estetica
Enfermagem Estetica
FLORIANÓPOLIS
2019
ANA CAROLINE CARDOSO
FLORIANÓPOLIS
2019
Ana Caroline Cardoso
Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado como requisito parcial para obtenção
do Título de “Enfermeiro” e aprovado e sua forma final pelo Curso de Graduação em
Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina.
Banca Examinadora:
___________________________
Prof. Dr. José Luis Guedes dos Santos
Orientador e Presidente
_______________________
Dda. Fernanda Hannah da Silva Copelli
Coorientadora
________________________
Profª Drª Gabriela Marcelino de Melo Lanzoni
Membro Efetivo
________________________
Drª Enf. Renata da Silva Gerbelli
Membro Efetivo
Dedicatória
Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso a todos os
Enfermeiros que encontraram na área da estética a
possibilidade de empreender e chegar à satisfação no
trabalho, buscando a visibilidade da profissão frente à
sociedade e à diretrizes que normatizam a atuação
específica do Enfermeiro na área da Estética.
AGRADECIMENTOS
Ao longo do curso, passei por momentos onde me questionei se estava no caminho certo
e, muitas vezes, pensei em desistir. Com o apoio e motivação das pessoas que tenho ao meu
lado, venho hoje escrever este agradecimento.
Aos meus pais, Maria Aparecida da Silva Cardoso e Juliano Cardoso, por inúmeras
vezes abdicaram de coisas para si próprios, para me darem estrutura e estudo de qualidade. Por
sempre fazerem o possível e o impossível para realizarem os meus sonhos, por apoiarem minhas
escolhas, acreditarem no meu potencial e me mostrarem os reais valores da vida.
Ao meu irmão, Matheus da Silva Cardoso, por ser o meu maior presente da vida e por
ser, hoje e sempre, meu cúmplice e melhor amigo.
Ao meu noivo, Eduardo Henrique Garcia, por todos esses anos de amor e parceria. Essa
conquista é nossa e tenho certeza que, a partir daqui, iniciaremos uma nova fase e realizaremos
muitos dos nossos sonhos e objetivos.
Às minhas amigas da vida, principalmente à Luiza Lamberts Travi, por sempre me
ouvirem, me aconselharem e estarem, embora nem sempre fisicamente, presentes de coração.
Aos meus amigos e colegas de curso, por tornarem o caminho da graduação mais leve
e divertido. Especialmente, à Maria Paula de Souza, por compartilhar comigo o interesse em
pesquisar sobre a Enfermagem na Área da Estética. À Daiana Marcelino, Mayara Barbosa e
Cindy da Silveira, por estarem ao meu lado superando as dificuldades e, principalmente,
comemorando e compartilhando cada conquista. Vocês 4 são os presentes que a Enfermagem
me deu!
Aos professores e facilitadores do curso de Enfermagem da Universidade Federal de
Santa Catarina, por toda contribuição e ensinamentos à minha vida acadêmica e pessoal. Em
especial, ao meu orientador José Luis Guedes dos Santos, por me acolher, contribuir e
possibilitar esta pesquisa.
Por fim, à SOBESE, por terem apoiado minha pesquisa e ajudado na divulgação do
questionário online, possibilitando maior engajamento e adesão dos participantes.
CARDOSO, Ana Caroline. Atuação dos enfermeiros na área da estética: mercado de
trabalho e empreendedorismo. 2019. 65 p. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de
Graduação em Enfermagem. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2019.
RESUMO
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 16
4 MÉTODO ............................................................................................................................. 26
5 RESULTADOS .................................................................................................................... 31
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 48
1 INTRODUÇÃO
O mercado de trabalho pode ser definido como a relação de troca que aproxima aqueles
que ofertam a força de trabalho e aqueles que a demandam, podendo também ser entendido
como a relação entre os que oferecem o emprego e os que estão à procura de um trabalho. De
um lado, o sistema produtivo precisa ser provido com o trabalho necessário para a geração de
riqueza; do outro, os indivíduos detentores da força de trabalho necessitam dos meios
monetários (salário e benefícios) e sociais para assegurar sua sobrevivência (AMARAL et al.,
2012).
Além disso, o mercado de trabalho é um espaço de socialização do indivíduo e um
aspecto de suma importância reside no fato de ser o local onde estes transacionam sua
capacidade trabalhista. O mercado é um espaço que sofre influência de vários fatores sociais,
políticos e econômicos, tais como a abertura em um mundo globalizado e o desenvolvimento
tecnológico, que propiciam o desenvolvimento humano em decorrência de maior interação
entre as pessoas (SILVA et al., 2013).
O processo de globalização é marcado por diversas modificações nas relações políticas,
sociais, econômicas e culturais, que resultaram na liberalização das relações comerciais; fluxos
de capital econômico; ampliação dos meios de comunicação; introdução e avanço de
tecnologias; aumento da produção de bens e serviços; facilidade de difusão de conhecimentos;
transformações ambientais; crescente migração das populações em busca de melhores
condições de vida e de trabalho; crescimento de mercado financeiro e, por consequência,
aumento da competitividade de trabalho (PRETO et al, 2015.).
O mercado de trabalho, cada vez mais competitivo, busca profissionais com habilidades
e competências renovadas. Além disso, valoriza perfis profissionais pautados na competência
e no desenvolvimento de habilidades, pelo fato de que o mercado de trabalho necessita de
profissionais atualizados e conscientes de sua realidade (APRIGIO, 2013).
No Brasil, vive-se uma situação política e econômica instável que reflete nas taxas de
desemprego. Em 2017, houve uma significativa queda na taxa de desocupação, de 12,4% para
11,8%, caracterizando o pior ano para o mercado de trabalho no país desde 2012. A menor taxa
apresentada anteriormente foi em 2014, com 6,8% de desocupação (BRASIL, 2018)1.
Em relação à Enfermagem, a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), em parceria com o
Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), em 2015, fez um levantamento detalhado da
1
De acordo com o IBGE, são classificadas desocupadas as pessoas que estavam sem trabalho durante a semana
em que a pesquisa foi realizada, e que tomaram ou não alguma providência efetiva para consegui-lo no período
de referência de 30 dias.
13
institucionalizadas, com forte inserção nas estruturas formais de emprego, seja no público,
privado ou filantrópico (MACHADO et al., 2015).
As empresas abertas por profissionais da saúde refletem novos mercados de trabalho e
sua análise pode ser interpretada como importante indicador de empreendedorismo de negócios,
bem como indicador da expansão da atuação desses profissionais no cenário atual. Na área de
enfermagem, recentemente foi publicada a Resolução do COFEN nº 568/18, que regulamenta
o funcionamento dos consultórios e clínicas de Enfermagem, valorizando o caráter
empreendedor do enfermeiro ao reconhecer a personalidade jurídica desses serviços
(COLICHI; LIMA, 2018).
Percebe-se que a profissão está em ascensão na prática do empreendedorismo, buscando
oportunidades para explorar novos campos. Um exemplo é a área estética, que promove o bem-
estar físico, social e emocional dos pacientes, e está sendo consolidado na Enfermagem como
uma área emergente de cuidado e implementando-se como uma legítima especialidade em
diversos países, variando em sua nomenclatura e regulamentação, como especialidade de
Enfermagem estética, estética não cirúrgica, plástica ou cosmética (ANDRADE; DAL BEN;
SANNA, 2014).
No Brasil, em 2014, o COFEN, por meio do parecer 197/2014, esclarece que não há
nenhum impedimento técnico legal da atuação da categoria de Enfermagem junto a
procedimentos estéticos de natureza não invasiva perfurocortantes ou injetáveis (BRASIL,
2014).
Em 2016, a Resolução COFEN Nº 529/2016, estabeleceu diretrizes que normatizam a
atuação específica do Enfermeiro na área de Estética. Constituiu-se como competência do
Enfermeiro: realizar consulta de enfermagem, anamnese e estabelecer o tratamento adequado;
prescrever cuidados domiciliares e orientações para o autocuidado; a realização dos
procedimentos: ultrassom cavitacional, nutricosmético, intradermoterapia, escleroterapia,
depilação a laser, entre outros; registrar em prontuário dados e ocorrências referentes ao
procedimento; realizar processo de seleção de compra de materiais para uso estético;
estabelecer protocolos dos procedimentos estéticos; manter-se atualizado (BRASIL, 2016).
No entanto, em 2017, a referida Resolução, que normatiza a atuação do Enfermeiro na
área de Estética, foi suspensa devido à ação movida por entidades médicas. O COFEN destacou
que os procedimentos de estética são realizados por enfermeiros especialistas com pós-
graduação lato sensu em estética, de acordo com a legislação estabelecida pelo Ministério da
Educação, com no mínimo 100 horas de aulas práticas. Assim, na defesa da Enfermagem, o
COFEN está tomando medidas cabíveis para recorrer à decisão judicial, na busca do
15
2 OBJETIVOS
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A fundamentação teórica deste estudo foi elaborada a partir de uma revisão narrativa da
literatura. Para tanto, foram realizadas buscas na biblioteca eletrônica Scientific Electronic
Library Online (SciELO) e no Google Acadêmico, com as palavras-chaves: Mercado de
trabalho; Empreendedorismo; e, Enfermagem Estética.
admissões de profissionais como “prestadores de serviços" por tempo determinado e com carga
horária reduzida (subjornada), que por consequência provoca impactos negativos na
remuneração (subsalários), levando a uma situação de vulnerabilidade de segurança laboral,
uma vez que coloca estes profissionais em uma condição desfavorável em relação aos direitos
trabalhistas quando comparados a trabalhadores contratados de forma regular (assalariada)
(ZEYTINOGLU et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2016).
Outra perspectiva que revela a dificuldade dos jovens enfermeiros na inserção ao
mercado de trabalho está relacionada à elevação do interesse dos egressos a programas de pós-
graduação, como por exemplo, o mestrado acadêmico, como forma de acesso a alguma
remuneração através das bolsas de estudo. Em seguida há o interesse por emprego na área de
formação/educação em instituições de ensino superior ou técnico (OLIVEIRA et al. 2016).
Do rol das tendências observadas no âmbito da literatura que versa sobre o mercado de
trabalho de enfermeiros/as em todo o mundo, identifica-se um quadro complexo que associa
desemprego e subemprego à escassez de enfermeiros/as qualificados/as. Em relação ao
desemprego, destaca-se a disponibilidade de enfermeiros/as jovens que não encontram
empregos, associada ao desemprego de enfermeiros/as experientes que foram excluídos do
mercado de trabalho nos momentos de crise. O subemprego e as más condições de trabalho
afetam quem continua no mercado e, também, impulsionam a saída da profissão, ou seja, a
tomada de decisão de não trabalhar pelos salários oferecidos e sob as demais condições
desfavoráveis (OLIVEIRA, 2018).
Dados mostram que o emprego para enfermeiros/as vem crescendo no país. O Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostrou que “enfermeiros e afins” ocuparam o
segundo lugar entre as carreiras que mais cresceram em números de postos de trabalho entre
janeiro de 2009 e dezembro de 2012. E o Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) registra que dezenove estados brasileiros e o Distrito
Federal (DF) apresentaram crescimento positivo no número de vínculos para “enfermeiros e
afins” no período de 2009 a 2013. Somente em sete estados (Rio Grande do Norte, Sergipe, Rio
Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Amapá e Tocantins) ocorreram oscilações
(crescimento/decréscimo ou crescimento/decréscimo/crescimento) dos vínculos de trabalho
desses profissionais naquele período (OLIVEIRA, 2018).
Diante desse contexto de dificuldade e diminuição nas oportunidades de vínculos
empregatícios e na lógica da competitividade exigida pelo mercado de trabalho, iniciou-se a
busca pelas alternativas inovadoras para o exercício profissional (POLAKIEWICZ et al., 2013).
19
se tenha três anos de prática como pós-graduado antes de atuar na carreira estética, possua o
curso de prescritor para estar apto a prescrever cosméticos e tenha praticado o período de um
ano na área que se pretende prescrever (BACN, 2017).
Já a regulamentação desta especialidade na Austrália ocorreu em 2015, quando foi
legalizada a atuação profissional de trabalho em clínicas lideradas por enfermeiros ou de forma
independente na prática privada. Algumas das atribuições previstas dos enfermeiros são:
orientações, avaliações e manejo de cuidados da pele, prescrição de produtos de cuidados
dermatológicos, laser, terapias antienvelhecimento, remoção de lesões benignas,
microdermoabrasão, enchimentos dérmicos e mesoterapia. Entende-se como certificação de
competência para o exercício da estética no território australiano, o diploma em Enfermagem
Cosmética; Certificado de Pós-Graduação Profissional em Enfermagem Cosmética; Mestrado
em Enfermagem Clínica ou Mestrado em Enfermagem no cuidado com feridas (ACCS, 2015).
norma que trate da atuação de Enfermeiros em cirurgia plástica, cirurgia vascular, dermatologia
e estética” e segue apresentando recursos contra decisões liminares proferidas pela Justiça
Federal do Rio Grande do Norte e do Distrito Federal (Processo nº. 0804210-12.2017.4.05.8400
e 20776-45.2017.4.01.3400), que suspenderam os efeitos da resolução que normatiza a atuação
dos enfermeiros na área da estética, independentemente de o profissional possuir especialização
lato sensu. Esclarece-se, adicionalmente, que o Cofen aguarda um posicionamento definitivo
do judiciário sobre essa questão (COFEN, 2019).
26
4 MÉTODO
O critério de inclusão para integrar a amostra do estudo foi ser enfermeiro que exercesse
atividades profissionais na área estética de forma autônoma ou liberal, no território brasileiro.
Para identificação dos participantes, primeiramente foi realizado contato
individualmente através das redes sociais, como instagram®, utilizando as hashtags
#enfermeiroesteta e #enfermagemestetica; e facebook®, através de grupos fechados de com os
nomes “enfermagem estética” e “enfermeiros estetas”. Através de um contato obtido no
27
A partir da coleta de dados, obtiveram-se 203 respostas, mas 19 foram excluídas. Destes,
8 participantes responderam o questionário e não eram graduados em Enfermagem, 2
participantes referiram estar em formação, 7 participaram duas vezes da pesquisa (considerou-
se a última resposta) e 2 participantes não responderam o questionário na íntegra. Por fim, a
amostra do estudo foi conveniência e composta por 184 enfermeiros que atuam na área de
estética.
A coleta dos dados ocorreu entre julho a agosto de 2019 por meio de um questionário
online com perguntas fechadas, construído pelos autores através do uso da ferramenta Google
Forms®.
As estratégias de coleta de dados por meio online estão sendo cada vez mais utilizadas
em pesquisas com abordagem quantitativa, tanto na academia, quanto no mundo comercial
(REGMI, 2016). Essa expansão é justificada pelo baixo custo gerado, não necessitando de
impressões e envios de questionários físicos; possibilidade de alcance de pessoas a longas
distâncias; facilidade de acesso e consequentemente do retorno ao pesquisador (FLICK, 2013).
O instrumento de coleta de dados foi elaborado para esta pesquisa com base na literatura
e legislação da Enfermagem Estética, composto por: dados de caracterização sociodemográfica
dos participantes e questões sobre atuação profissional no mercado de trabalho dos enfermeiros
na área estética. O questionário na íntegra é apresentado no APÊNDICE A.
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A pesquisa foi realizada por meio de um questionário online composto por duas etapas:
a primeira, com questões referentes à caracterização sociodemográfica. A segunda, com
questões referentes à atuação dos enfermeiros no mercado de trabalho na área estética.
Foram respeitados todos os aspectos éticos que regulamentam a pesquisa com seres
humanos. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por meio da Plataforma Brasil e desenvolvido
seguindo os preceitos legais da Resolução n° 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (CNS),
que permite registro do consentimento ou do assentimento livre e esclarecido através de
documento em qualquer meio, formato ou mídia, como papel, áudio, filmagem, mídia eletrônica
e digital. Foram obedecidas às diretrizes e normas que regulamentam a pesquisa com seres
humanos.
Os enfermeiros que aceitaram participar do estudo receberam informações a respeito do
objetivo da pesquisa e metodologia do estudo. A inclusão dos participantes foi formalizada após
a assinatura virtual pelo entrevistado, através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE), apresentado no APÊNDICE B, conforme determina as Resoluções n° 510/2016 do
Conselho Nacional de Saúde (CNS), garantindo a confidencialidade da identidade dos
participantes e das informações colhidas.
O TCLE foi apresentado online por meio da ferramenta do Google Docs® e, após tomar
conhecimento dos objetivos da pesquisa, o participante deu ciência por meio do aceite
(concordo em participar da pesquisa). Da mesma maneira que o participante teve liberdade para
se inserir na pesquisa, também ficou esclarecido a eles a possibilidade de deixar de participar a
qualquer momento, sem prejuízos ou sanções.
Como toda pesquisa oferece riscos, ainda que mínimos, houve a possibilidade de que o
questionário apresentado na pesquisa tenha gerado sentimentos como aborrecimento e/ou
cansaço durante as respostas. Diante disso, para minimizar e prevenir estes sentimentos, o
participante teve liberdade de não responder à(s) questão(ões) que não quisesse ou não se
sentisse à vontade. Além disso, o intuito foi que o questionário fosse de fácil compreensão e
objetivo, minimizando assim a possibilidade de se tornar uma atividade exaustiva para o
entrevistado.
Se efeitos indesejáveis ocorreram, apesar de todos os cuidados possíveis, e que podem
ter ocorrido sem que a culpa fosse do participante ou dos pesquisadores, o participante teve o
30
direito de interromper o questionário e optar por não mais participar do estudo sem quaisquer
prejuízos à sua pessoa.
O participante deste estudo não teve nenhum gasto ou compromisso com a sua
participação no estudo, além de não ter recebido qualquer espécie gratificação devido à
participação na pesquisa ou reembolso.
Espera-se que a participação neste estudo tenha sido benéfica ao participante e tenha
proporcionado a oportunidade de refletir e compartilhar sobre as características do mercado de
trabalho na área da estética.
4.7.3 Participação
5 RESULTADOS
RESUMO
Objetivo: Identificar o perfil sociodemográfico de enfermeiros atuantes no mercado de trabalho
na área da estética e descrever a atuação dos enfermeiros no mercado de trabalho dessa área.
Método: Estudo exploratório-descritivo, com abordagem quantitativa, elaborada por meio da
aplicação de questionário on-line. Participaram 184 enfermeiros de diferentes regiões do Brasil,
independentemente do sexo e que exerciam atividades profissionais na área estética de forma
autônoma ou liberal no Brasil. Resultado: A maioria dos participantes foi do sexo feminino
(95%), provenientes da região Sudeste do país (46%), com tempo de atuação na área da estética
entre 1 e 5 anos (49,5%) e carga horária semanal despendida ao trabalho na área da estética de
até 10 horas semanais (49,5%), pois se dedicavam à estética de forma parcial, possuindo outro
vínculo profissional (45,1%). A soma total de cursos de qualificação e/ou de aprimoramento
realizados pelos participantes foi de 1632, uma média de 8,86 cursos por participante.
Conclusão: O estudo destacou que existem fatores que potencializam a atuação autônoma do
enfermeiro no contexto da estética, como: a educação permanente, o perfil profissional e as
experiências assistenciais anteriores. O estudo poderá contribuir para a expansão e ampliação
da Enfermagem estética no Brasil, fornecendo informações relevantes sobre o perfil
sociodemográfico e o mercado de trabalho para que os enfermeiros possam migrar e atuar nessa
área.
INTRODUÇÃO
O mercado de trabalho pode ser definido como a relação daqueles que ofertam a força
de trabalho e aqueles que a demandam. De um lado, o sistema produtivo necessita de força de
trabalho para a geração de riqueza e do outro, os indivíduos detentores dessa força necessitam
de meios monetários (salário e benefícios) e sociais para assegurar sua renda e consequente
sobrevivência (AMARAL et al., 2012). Além disso, é um espaço de socialização, onde o
indivíduo transaciona sua capacidade trabalhista (SILVA et al., 2013).
Em 2015, a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), em parceria com o Conselho Federal
de Enfermagem (COFEN), constatou que a Enfermagem é uma profissão ativa, em que a
maioria dos profissionais, 91,8%, estão inseridos no mercado de trabalho (MARTINS;
GOMES, 2015). Porém, em um contexto geral, observa-se que na Enfermagem cresce a
32
MÉTODO
O critério de inclusão para integrar a amostra do estudo foi ser enfermeiro que exercesse
atividades profissionais na área estética de forma autônoma ou liberal, em todo território
brasileiro.
A coleta dos dados ocorreu entre 23 de junho e 02 de agosto, através de um questionário
online elaborado no Google Docs®. O preenchimento deu-se de forma voluntária e o contato
para participação ocorreu via link, em redes sociais, como Facebook®, Instagram® e
WhatsApp®. Contou-se com o apoio e divulgação da Sociedade Brasileira de Enfermeiros em
Saúde Estética (SOBESE).
Inicialmente, apresentou-se uma mensagem de convite para participação da pesquisa e
a concessão do acesso virtual. Em seguida, solicitou-se que o participante lesse o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), e se estivesse de acordo (aceito em participar da
pesquisa), o questionário era disponibilizado. Conteve-se questões fechadas compostas por
dados de caracterização sociodemográfica e atuação profissional no mercado de trabalho na
área estética. Ao finalizar a última resposta do questionário, lançou-se uma mensagem de
agradecimento.
A análise dos dados quantitativos ocorreu através da análise estatística descritiva. Os
dados quantitativos obtidos foram organizados em uma planilha eletrônica e exportados ao
software Statistical Package for Science Social (SPSS), versão 19.0. Na apresentação e análise
das variáveis categóricas, utilizou-se a estatística descritiva para o cálculo da frequência, em
número absoluto e percentual. Já para as variáveis contínuas, foram analisadas as medidas de
posição (média, mínimo e máximo) e dispersão (desvio padrão).
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC), sob o parecer nº 3.319.638 e CAAE 10271718.5.0000.0121,
respeitando, assim, os preceitos éticos da pesquisa, assegurados conforme a Resolução n°
510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que permite registro do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) através mídia digital.
RESULTADOS
tempo médio de formação em enfermagem de 9,5 anos. Referente à área da estética, 91 (49,5%)
atuavam na área entre 1 e 5 anos. Para ingressarem na na área, 168 (91,3%) fizeram
especialização na área da estética e 83 (45,1%) se dedicavam à estética de forma parcial,
possuindo outro vínculo profissional. A carga horária semanal de trabalho despendida ao
trabalho na área da estética de 91 (49,5%) participantes foi de 10 horas semanais. Quanto à
renda mensal, 112 (60,9%) tinham remuneração de até 3 salários mínimos (R$2.862,00). Com
relação à forma de atuação, 61 (%) atuavam de forma autônoma/independente. Já o público
alvo mais frequente nos atendimentos eram mulheres 182 (98,9%) (Tabela 1).
Tabela 2 - Cursos de qualificação e/ou aprimoramento mais realizados pelos profissionais (n=184).
Cursos de qualificação ou de aprimoramento N (%)
Mesoterapia 133 (8,15)
Intradermoterapia 129 (7,90)
Limpeza de pele 127 (7,78)
Peeling muito superficial e superficial 112 (6,86)
Escleroterapia 103 (6,31)
Drenagem linfática 82 (5,02)
Cosmetologia 80 (4,90)
Eletroterapia/eletrotermofototerapia 77 (4,72)
Depilação à laser 75 (4,60)
Carboxiterapia 73 (4,47)
Vacuoterapia 68 (4,17)
Terapia combinada de ultrassom e micro correntes 67 (4,11)
Ultrassom cavitacional 66 (4,04)
37
Micropuntura 66 (4,04)
Laserterapia 63 (3,86)
Nutracêuticos 59 (3,62)
Criolipólise 57 (3,49)
Cosmecêuticos 47 (2,88)
Nutricosméticos 43 (2,63)
Micropigmentação 36 (2,21)
Dermo pigmentação 22 (1,35)
Toxina botulínica 21 (1,29)
Jato de plasma e eletrocautério 7 (0,43)
Fios de sustentação 5 (0,31)
PEIM 4 (0,25)
Hidrolipoclasia 4 (0,25)
Ozonioterapia 2 (0,12)
Ventosaterapia 2 (0,12)
Auriculoterapia/acupuntura estética 2 (0,12)
TOTAL 1632
Fonte: Banco de dados dos autores (2019).
DISCUSSÃO
Em relação à experiência profissional, a maioria (77%) trabalhou por cerca 9,5 anos
anteriormente na assistência de Enfermagem. A partir desses resultados, pode-se considerar que
os participantes majoritariamente possuíam experiência profissional acumulada na assistência
em Enfermagem antes de se inserirem na área da estética, o que pode possibilitar maior
habilidade e capacidade dos profissionais na execução de procedimentos técnicos. Resultados
semelhantes foram descritos em um estudo sobre o Perfil e Aspectos Gerais da Formação em
Enfermagem, no qual se constatou um volume significativo de profissionais que, após terem
concluído a Licenciatura em Enfermagem, atuaram na assistência de Enfermagem por
aproximadamente dez anos antes de realizarem cursos de Complementação da Graduação e
migrarem para outra área de interesse (MACHADO et al., 2016).
Quando se diz respeito ao tempo de experiência referente à área da estética, praticamente
metade (49,5%) dos profissionais atuavam entre 1 a 5 anos na área. Esse dado pode ser
relacionado ao fato de que o mercado da beleza e estética é um dos setores que mais cresceram
no Brasil nos últimos anos, motivo pelo qual os profissionais podem estar migrando para essa
área. O mercado nacional da estética superou, em 2013, a marca de 40 bilhões de dólares de
faturamento, número este confirmado no anuário da Associação Brasileira da Indústria de
Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) em 2012. Assim, até o final do ano de
2020, prevê-se uma alta significativa no faturamento do setor de salões de beleza e clínicas
estéticas no Brasil (SEBRAE, 2017).
Dados também revelam que o setor de higiene e beleza tem sido marcado por grande
crescimento (superior ao crescimento do PIB brasileiro), gerando fatores positivos para a
economia nacional, sendo assim considerado um cenário de crescimento positivo e constante.
A instituição alega que, independente da época, as pessoas procuram pelos tratamentos de
beleza e aponta o setor de Estética como um dos mais vantajosos e promissores, atualmente, no
Brasil (SEBRAE, 2017).
Quanto ao ingresso na área da estética, 91,3% dos participantes eram especialistas com
pós-graduação lato sensu em estética com no mínimo 100 horas práticas, conforme exige a
legislação estabelecida pelo Ministério da Educação. Neste âmbito, e considerando que a
Resolução do Cofen nº 529/2016 segue suspensa, o enfermeiro que atua na área da estética está,
no momento, sem respaldo legal e sem diretrizes que possam norteá-lo, com segurança, aquilo
que é lícito na prática de procedimentos estéticos. (COFEN, 2019). Porém, os achados da
pesquisa mostram a preocupação e busca dos enfermeiros pela qualificação profissional
necessária para atuar no mercado de trabalho de estética.
41
referente à sua imagem corporal, quando antes apresentavam leve distorção (FERREIRA et al.,
2016).
Nesse sentido, é importante pontuar que, embora as mulheres sejam mais preocupadas
com a beleza, atualmente ocorre uma masculinização na área da estética, devido a grande
mudança conjuntural na forma como o homem se relaciona com sua imagem pessoal. Os
homens passaram a acreditar que estar aparentemente bem cuidado implica em melhores
oportunidades de emprego e maior satisfação pessoal na construção da própria imagem. Tanto
a indústria dos cosméticos, quanto as clínicas estéticas perceberam um grande aumento do
público masculino a procura de procedimento, como limpeza facial e aplicação de laser, e
produtos, como cremes, pomadas e géis modeladores, influenciando no desenvolvimento de
linhas específicas para o público masculino (INFANTE; CALIXTO; CAMPOS, 2016).
Além da formação acadêmica, nos resultados do estudo destacou-se a busca dos
participantes pela realização de cursos de qualificação e/ou aprimoramento, o que pode estar
associado ao fato de que os enfermeiros, ao finalizarem o curso de graduação, sentirem a
necessidade de buscar conhecimentos e qualificação específicos conforme a área de inserção
profissional no mercado de trabalho. A qualificação profissional se dá pela educação
permanente e continuada (RIBEIRO; SOUZA; SILVA, 2019).
A educação continuada promove a capacitação e competências profissionais por meio
de atualizações de conhecimentos, enquanto a educação permanente produz conhecimento
dentro da área a partir dos problemas vivenciados no dia a dia do profissional. Ambas permitem
ao trabalhador manter, aumentar ou melhorar sua competência na área de atuação, apresentando
bom desempenho profissional. Além disso, aperfeiçoam, atualizam e capacitam os profissionais
frente às inovações e necessidades relacionadas aos setores de atuação, reciclando e construindo
novos conhecimentos (RIBEIRO; SOUZA; SILVA, 2019).
O estudo não mostrou discrepância de respostas na comparação entre atuação integral,
salário e tempo de atuação conforme regiões do Brasil. Destacou-se em todas as regiões o
predomínio de profissionais que atuam na área da estética há menos de 5 anos, de forma parcial
e com renda mensal de até 3 salários mínimos. Ambos os dados já foram discutidos
anteriormente e auxiliam no delineamento do perfil sociodemográfico dos profissionais de
Enfermagem que atuam na área da estética no Brasil.
LIMITAÇÃO
43
Como limitação da pesquisa, pontua-se que embora a coleta de dados online facilite o
acesso, possibilitando que o participante responda o questionário no momento que considerar
mais conveniente e, permitindo acesso a profissionais de todas as regiões do Brasil, não se pode
ter controle quanto a quem é o respondente.
Vale ponderar ainda que a dificuldade de encontrar literatura científica sobre a temática
restringiu a discussão dos resultados, sendo que em alguns casos foram usados estudos
desenvolvidos em áreas correlatas. Assim, sugere-se que novos estudos sejam realizados acerca
da atuação do enfermeiro na área da estética.
CONCLUSÃO
relevantes para que os enfermeiros possam migrar e atuar nessa área, obtendo reconhecimento
legal diante dos órgãos reguladores. O estudo também buscou trazer reflexões acerca da
visibilidade dos enfermeiros estetas a fim de estimular o empoderamento e reconhecimento do
enfermeiro nessa área de atuação.
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47
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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54
1.Sexo:
( ) Feminino ( ) Masculino
8. Forma de atuação:
( ) Atua como prestador de serviços em clínicas privadas
( ) Atua como microempreendedor individual
( ) Atua de forma autônoma/independente
( ) Atua em consultório/espaço próprio
( ) Atua como contratado (CLT)
( ) Outro __________________________________________________________________
10. Carga horária semanal despendia ao trabalho na área da estética (não considerar outro
vínculo empregatício, se houver)
( ) Até 10 horas
( ) De 11 a 20 horas
( ) De 21 a 30 horas
56
( ) De 31 a 40 horas
( ) Acima de 40 horas
12. Quais os procedimentos mais frequentes que você realiza na área da estética? (Marque
todos que se aplicam):
( ) Limpeza de Pele
( ) Micropuntura
( ) Carboxiterapia
( ) Criolipólise
( ) Dermo Pigmentação
( ) Depilação à laser
( ) Drenagem Linfática
( ) Eletroterapia/ Eletrotermofototerapia
( ) Escleroterapia
( ) Intradermoterapia/ Mesoterapia
( ) Laserterapia
( ) Terapia Combinada de ultrassom e Micro Correntes
( ) Micropigmentação
( ) Peeling muito superficiais e superficiais
( ) Ultrassom Cavitacional
( ) Vacuoterapia (técnica de massagem com pressão negativa e sucção)
( ) Nutracêuticos (compostos bioativos naturais que proporcionam benefícios à saúde)
( ) Nutricosmético
( ) Cosmetologia
( ) Cosmecêuticos
( ) Outros _________________________________________________________
( ) Homens
( ) Mulheres
57
1) Procedimento
A pesquisa será realizada através de um questionário online composto por questões
sociodemográficas e questões referentes à prática profissional na área da estética. Estima-se,
uma duração de 5 a 30 minutos para responder todas as etapas. Estes questionários serão
analisados pelo pesquisador e inseridos em um banco de dados.
Você não terá nenhum gasto ou ônus com a participação no estudo e também não
receberá qualquer espécie de gratificação devido à participação na pesquisa. Caso alguma
despesa extraordinária associada à pesquisa venha a ocorrer, você terá o direito de solicitar o
ressarcimento, mediante comprovação das despesas, conforme determina a legislação
vigente. O pagamento será realizado mediante reembolso financeiro, pago pessoalmente em
dinheiro ou mediante depósito bancário ou ainda sob outra forma de transação acordada com
o pesquisador e/ou instâncias cabíveis;
Você tem o direito de solicitar indenização caso ocorra algum dano comprovado,
decorrente da sua participação no estudo, conforme determina a legislação vigente. A forma
de indenização será acordada com o pesquisador e/ou instâncias cabíveis;
4) Confidencialidade da Pesquisa
Toda a informação coletada neste estudo é confidencial e seu nome e o da sua
instituição não serão identificados de forma alguma. Solicito a permissão para apresentar os
resultados da análise dos questionários em eventos científicos e periódicos nacionais e
internacionais. As pessoas que estarão acompanhando os procedimentos serão os
pesquisadores Ana Caroline Cardoso (estudante da graduação), José Luís Guedes dos Santos
(pesquisador responsável e orientador), Fernanda Hannah da Silva Copelli (doutoranda e
coorientadora).
5) Participação
Sua participação no estudo é muito importante e voluntária. Você tem o direito de não
querer participar ou de sair desse estudo a qualquer momento, sem qualquer tipo de
constrangimento ou penalidades. Em caso de você decidir se retirar do estudo, favor notificar
um pesquisador responsável.
Os pesquisadores responsáveis pelo estudo poderão fornecer qualquer esclarecimento
sobre o mesmo, assim como tirar dúvidas, bastando entrar em contato pelos e-mails a seguir
e/ou com o Comitê de Ética que fez a apreciação do projeto de pesquisa. Agradecemos a sua
participação.