Enfermagem Estetica

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 65

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

ANA CAROLINE CARDOSO

ATUAÇÃO DOS ENFERMEIROS NA ÁREA DA ESTÉTICA: MERCADO DE


TRABALHO E EMPREENDEDORISMO

FLORIANÓPOLIS
2019
ANA CAROLINE CARDOSO

ATUAÇÃO DOS ENFERMEIROS NA ÁREA DA ESTÉTICA: MERCADO DE


TRABALHO E EMPREENDEDORISMO

Trabalho de conclusão de curso, referente à disciplina:


Trabalho de Conclusão de Curso II (INT5182) do Curso
de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de
Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do
Grau de Enfermeiro.

Orientador: Prof. Dr. José Luís Guedes dos Santos


Coorientadora: Dda. Fernanda Hannah da Silva Copelli

FLORIANÓPOLIS
2019
Ana Caroline Cardoso

ATUAÇÃO DOS ENFERMEIROS NA ÁREA DA ESTÉTICA: MERCADO DE


TRABALHO E EMPREENDEDORISMO

Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado como requisito parcial para obtenção
do Título de “Enfermeiro” e aprovado e sua forma final pelo Curso de Graduação em
Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 19 de novembro de 2019

Banca Examinadora:

___________________________
Prof. Dr. José Luis Guedes dos Santos
Orientador e Presidente

_______________________
Dda. Fernanda Hannah da Silva Copelli
Coorientadora

________________________
Profª Drª Gabriela Marcelino de Melo Lanzoni
Membro Efetivo

________________________
Drª Enf. Renata da Silva Gerbelli
Membro Efetivo
Dedicatória
Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso a todos os
Enfermeiros que encontraram na área da estética a
possibilidade de empreender e chegar à satisfação no
trabalho, buscando a visibilidade da profissão frente à
sociedade e à diretrizes que normatizam a atuação
específica do Enfermeiro na área da Estética.
AGRADECIMENTOS

Ao longo do curso, passei por momentos onde me questionei se estava no caminho certo
e, muitas vezes, pensei em desistir. Com o apoio e motivação das pessoas que tenho ao meu
lado, venho hoje escrever este agradecimento.
Aos meus pais, Maria Aparecida da Silva Cardoso e Juliano Cardoso, por inúmeras
vezes abdicaram de coisas para si próprios, para me darem estrutura e estudo de qualidade. Por
sempre fazerem o possível e o impossível para realizarem os meus sonhos, por apoiarem minhas
escolhas, acreditarem no meu potencial e me mostrarem os reais valores da vida.
Ao meu irmão, Matheus da Silva Cardoso, por ser o meu maior presente da vida e por
ser, hoje e sempre, meu cúmplice e melhor amigo.
Ao meu noivo, Eduardo Henrique Garcia, por todos esses anos de amor e parceria. Essa
conquista é nossa e tenho certeza que, a partir daqui, iniciaremos uma nova fase e realizaremos
muitos dos nossos sonhos e objetivos.
Às minhas amigas da vida, principalmente à Luiza Lamberts Travi, por sempre me
ouvirem, me aconselharem e estarem, embora nem sempre fisicamente, presentes de coração.
Aos meus amigos e colegas de curso, por tornarem o caminho da graduação mais leve
e divertido. Especialmente, à Maria Paula de Souza, por compartilhar comigo o interesse em
pesquisar sobre a Enfermagem na Área da Estética. À Daiana Marcelino, Mayara Barbosa e
Cindy da Silveira, por estarem ao meu lado superando as dificuldades e, principalmente,
comemorando e compartilhando cada conquista. Vocês 4 são os presentes que a Enfermagem
me deu!
Aos professores e facilitadores do curso de Enfermagem da Universidade Federal de
Santa Catarina, por toda contribuição e ensinamentos à minha vida acadêmica e pessoal. Em
especial, ao meu orientador José Luis Guedes dos Santos, por me acolher, contribuir e
possibilitar esta pesquisa.
Por fim, à SOBESE, por terem apoiado minha pesquisa e ajudado na divulgação do
questionário online, possibilitando maior engajamento e adesão dos participantes.
CARDOSO, Ana Caroline. Atuação dos enfermeiros na área da estética: mercado de
trabalho e empreendedorismo. 2019. 65 p. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de
Graduação em Enfermagem. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2019.

RESUMO

Introdução: As produções científicas acerca da atuação da Enfermagem na área da estética


ainda são incipientes no Brasil, visto que é uma área relativamente nova e com grande potencial
de expansão. Desse modo, este estudo tem como questão de pesquisa: como ocorre a atuação
dos enfermeiros na área da estética? Objetivo: Estudo com objetivo de identificar o perfil
sociodemográfico e descrever a atuação de enfermeiros atuantes no mercado de trabalho na área
da estética. Método: Trata-se de uma pesquisa exploratório-descritiva, com abordagem
quantitativa, por meio da aplicação de um questionário on-line. A coleta de dados ocorreu no
período entre julho e agosto de 2019, por meio de um survey com o uso da ferramenta Google
Docs®. Após a coleta, os dados foram transcritos e analisados no programa Microsoft Excel®,
por meio de análise estatística descritiva. A amostra do estudo foi composta por 184
enfermeiros que atuavam na área da estética. Foram respeitados todos os aspectos éticos que
regulamentam a pesquisa com seres humanos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina, por meio da Plataforma Brasil.
Resultados: A maioria dos participantes era do sexo feminino (95,1%), proveniente da região
Sudeste (46,2%) e possuía tempo de experiência na área da estética entre 1 e 5 anos (49,5%).
Dedicavam-se parcialmente (até 10 horas semanais) à área de estética (49,5%), possuindo outro
vínculo empregatício (45,1%). A maioria possuía especialização na área da estética (91,3%) e
a soma total de cursos de qualificação e/ou de aprimoramento realizados pelos enfermeiros foi
de 1632, com uma média de 8,8 cursos por participante. Os procedimentos mais realizados
pelos enfermeiros são limpeza de pele, peeling muito superficial e superficial,
intradermoterapia e mesoterapia. Considerações finais: O estudo destacou a educação
permanente, o perfil profissional e as experiências assistenciais anteriores como fatores que
potencializam a atuação autônoma do enfermeiro no mercado de trabalho da área da estética.

Palavras-chave: Mercado de trabalho; Estética; Enfermagem; Autonomia Profissional;


Contrato de Risco.
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Contribuições para o entendimento do empreendedorismo……………….....…...19


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracterização sociodemográfica e profissional dos enfermeiros da amostra….….35

Tabela 2 - Cursos de qualificação e/ou aprimoramento mais realizados pelos profissionais….36

Tabela 3 - Procedimentos mais realizados pelos profissionais………......….….…......….…...37

Tabela 4 - Comparação entre atuação integral e salário, conforme região do Brasil……....…..38


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ASPSN - Sociedade Americana de Enfermeiros de Cirurgia Plástica


BACN - British Association of Cosmetic Nurses
CEP - Comitê de Ética em Pesquisa
CLT - Consolidação das Leis de Trabalho
CNS - Conselho Nacional de Saúde
COFEN - Conselho Federal de Enfermagem
COREN - Conselho Regional de Enfermagem
FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz
GEPADES - Laboratório de Pesquisa, Tecnologia e Inovação em Políticas e Gestão do Cuidado
e da Educação em Enfermagem e Saúde
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
MTE - Ministério do Trabalho e Emprego
RAIS - Relatório Anual de Informações Sociais
SBD - Sociedade Brasileira de Dermatologia
SciELO - Scientific Electronic Library Online
SOBESE - Sociedade Brasileira de Enfermeiros em Saúde Estética
PEIM - Procedimentos Estéticos Injetável para Microvasos
TCC - Trabalho de Conclusão de Curso
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 16

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 17

3.1 MERCADO DE TRABALHO E EMPREENDEDORISMO ........................................ 17

3.2 ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA ÁREA DA ESTÉTICA ................................... 21

3.3.1 Aspectos legais da Enfermagem Estética no Brasil ............................................ 23

4 MÉTODO ............................................................................................................................. 26

4.1 DESENHO DO ESTUDO .............................................................................................. 26

4.2 CENÁRIO DO ESTUDO ............................................................................................... 26

4.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO .................................................................................. 26

4.4 AMOSTRA DO ESTUDO ............................................................................................. 27

4.5 COLETA DE DADOS ................................................................................................... 27

4.5.1 Procedimento de preenchimento da pesquisa ..................................................... 28

4.6 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS ........................................................ 28

4.7 ASPECTOS ÉTICOS ..................................................................................................... 29

4.7.1 Tratamento de possíveis riscos e desconfortos .................................................... 29

4.7.2 Benefícios e Custos ................................................................................................ 30

4.7.3 Participação ............................................................................................................ 30

4.7.4 Anonimato e sigilo ................................................................................................. 30

5 RESULTADOS .................................................................................................................... 31

5.1 MANUSCRITO: ATUAÇÃO DE ENFERMEIROS NA ÁREA DA ESTÉTICA:


MERCADO DE TRABALHO E EMPREENDEDORISMO .............................................. 31

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 46

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 48

APÊNDICE A - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS .......................................... 54

APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO ................ 57


ANEXO A– APROVAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA: UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SANTA CATARINA .............................................................................................................. 60
12

1 INTRODUÇÃO
O mercado de trabalho pode ser definido como a relação de troca que aproxima aqueles
que ofertam a força de trabalho e aqueles que a demandam, podendo também ser entendido
como a relação entre os que oferecem o emprego e os que estão à procura de um trabalho. De
um lado, o sistema produtivo precisa ser provido com o trabalho necessário para a geração de
riqueza; do outro, os indivíduos detentores da força de trabalho necessitam dos meios
monetários (salário e benefícios) e sociais para assegurar sua sobrevivência (AMARAL et al.,
2012).
Além disso, o mercado de trabalho é um espaço de socialização do indivíduo e um
aspecto de suma importância reside no fato de ser o local onde estes transacionam sua
capacidade trabalhista. O mercado é um espaço que sofre influência de vários fatores sociais,
políticos e econômicos, tais como a abertura em um mundo globalizado e o desenvolvimento
tecnológico, que propiciam o desenvolvimento humano em decorrência de maior interação
entre as pessoas (SILVA et al., 2013).
O processo de globalização é marcado por diversas modificações nas relações políticas,
sociais, econômicas e culturais, que resultaram na liberalização das relações comerciais; fluxos
de capital econômico; ampliação dos meios de comunicação; introdução e avanço de
tecnologias; aumento da produção de bens e serviços; facilidade de difusão de conhecimentos;
transformações ambientais; crescente migração das populações em busca de melhores
condições de vida e de trabalho; crescimento de mercado financeiro e, por consequência,
aumento da competitividade de trabalho (PRETO et al, 2015.).
O mercado de trabalho, cada vez mais competitivo, busca profissionais com habilidades
e competências renovadas. Além disso, valoriza perfis profissionais pautados na competência
e no desenvolvimento de habilidades, pelo fato de que o mercado de trabalho necessita de
profissionais atualizados e conscientes de sua realidade (APRIGIO, 2013).
No Brasil, vive-se uma situação política e econômica instável que reflete nas taxas de
desemprego. Em 2017, houve uma significativa queda na taxa de desocupação, de 12,4% para
11,8%, caracterizando o pior ano para o mercado de trabalho no país desde 2012. A menor taxa
apresentada anteriormente foi em 2014, com 6,8% de desocupação (BRASIL, 2018)1.
Em relação à Enfermagem, a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), em parceria com o
Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), em 2015, fez um levantamento detalhado da

1
De acordo com o IBGE, são classificadas desocupadas as pessoas que estavam sem trabalho durante a semana
em que a pesquisa foi realizada, e que tomaram ou não alguma providência efetiva para consegui-lo no período
de referência de 30 dias.
13

situação dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem em atuação no Brasil, com o


objetivo de traçar um diagnóstico preciso da categoria. Constata-se que a Enfermagem é uma
profissão ativa, em que a maioria dos profissionais, 91,8%, estão inseridos no mercado de
trabalho. No entanto, há um alerta para o desemprego e o afastamento de profissionais, que
atinge um total de 9,5% da categoria, somando mais de 100 mil trabalhadores que
experimentaram o desemprego e encontraram dificuldade na reinserção no mercado de trabalho
(MARTINS; GOMES, 2015).
As principais causas de desemprego destacadas no levantamento supracitado foram: a
dificuldade de encontrar emprego devido à falta de experiência, a escassa oferta de empregos
em tempo parcial, a ausência de concursos públicos, poucas oportunidades na área de
especialização, pouca informação e divulgação a respeito das vagas de emprego (MACHADO
et al., 2015; MARTINS; GOMES, 2015).
Surge então o empreendedorismo como uma possibilidade para a prática autônoma e
como forma de se chegar à satisfação no trabalho (ANDRADE; DAL BEN; SANNA, 2014).
Intensificado na década de 1970, o estudo sobre empreendedorismo vem avançando ao longo
da história (COLICHI; LIMA, 2018)
Atualmente, o empreendedor está sendo relacionado à exploração de novas
oportunidades de negócios; à responsabilidade pelas transformações no ambiente
organizacional; às transformações intercedidas em favor da sociedade; ao progresso de novas
tecnologias; aos novos procedimentos gerenciais e à inclusão social (COLICHI; LIMA, 2018).
Além disso, o empreendedorismo ajuda a ampliar a visibilidade da profissão frente à
sociedade, por meio da criação de novos espaços de atuação, impulsionando o crescimento
econômico do país e possibilitando a abertura de novos negócios com atividades de
Enfermagem condizentes com as demandas sociais, e também com as necessidades do mercado
de trabalho (MORAIS et al., 2013).
Ao longo de sua construção histórica, a Enfermagem vem avançando na descoberta do
conhecimento técnico-científico, expressando assim, cada vez mais, o interesse em estabelecer
uma identidade própria a partir da busca por reconhecimento e valorização social. Mediante
essa construção, observa-se que inúmeras atividades que permeiam o mercado de trabalho não
foram, até o momento, exploradas por essa categoria profissional, além de outras que ainda
estão em desenvolvimento (POLAKIEWICZ et al., 2013).
Segundo um estudo que analisou os aspectos gerais do mercado de trabalho da
Enfermagem, a categoria possui pouca tradição em atuar como profissional liberal (autônomo)
e, muito mais, como assalariado. É uma profissão que se caracteriza por atividades
14

institucionalizadas, com forte inserção nas estruturas formais de emprego, seja no público,
privado ou filantrópico (MACHADO et al., 2015).
As empresas abertas por profissionais da saúde refletem novos mercados de trabalho e
sua análise pode ser interpretada como importante indicador de empreendedorismo de negócios,
bem como indicador da expansão da atuação desses profissionais no cenário atual. Na área de
enfermagem, recentemente foi publicada a Resolução do COFEN nº 568/18, que regulamenta
o funcionamento dos consultórios e clínicas de Enfermagem, valorizando o caráter
empreendedor do enfermeiro ao reconhecer a personalidade jurídica desses serviços
(COLICHI; LIMA, 2018).
Percebe-se que a profissão está em ascensão na prática do empreendedorismo, buscando
oportunidades para explorar novos campos. Um exemplo é a área estética, que promove o bem-
estar físico, social e emocional dos pacientes, e está sendo consolidado na Enfermagem como
uma área emergente de cuidado e implementando-se como uma legítima especialidade em
diversos países, variando em sua nomenclatura e regulamentação, como especialidade de
Enfermagem estética, estética não cirúrgica, plástica ou cosmética (ANDRADE; DAL BEN;
SANNA, 2014).
No Brasil, em 2014, o COFEN, por meio do parecer 197/2014, esclarece que não há
nenhum impedimento técnico legal da atuação da categoria de Enfermagem junto a
procedimentos estéticos de natureza não invasiva perfurocortantes ou injetáveis (BRASIL,
2014).
Em 2016, a Resolução COFEN Nº 529/2016, estabeleceu diretrizes que normatizam a
atuação específica do Enfermeiro na área de Estética. Constituiu-se como competência do
Enfermeiro: realizar consulta de enfermagem, anamnese e estabelecer o tratamento adequado;
prescrever cuidados domiciliares e orientações para o autocuidado; a realização dos
procedimentos: ultrassom cavitacional, nutricosmético, intradermoterapia, escleroterapia,
depilação a laser, entre outros; registrar em prontuário dados e ocorrências referentes ao
procedimento; realizar processo de seleção de compra de materiais para uso estético;
estabelecer protocolos dos procedimentos estéticos; manter-se atualizado (BRASIL, 2016).
No entanto, em 2017, a referida Resolução, que normatiza a atuação do Enfermeiro na
área de Estética, foi suspensa devido à ação movida por entidades médicas. O COFEN destacou
que os procedimentos de estética são realizados por enfermeiros especialistas com pós-
graduação lato sensu em estética, de acordo com a legislação estabelecida pelo Ministério da
Educação, com no mínimo 100 horas de aulas práticas. Assim, na defesa da Enfermagem, o
COFEN está tomando medidas cabíveis para recorrer à decisão judicial, na busca do
15

reconhecimento de que a Enfermagem estética já é uma realidade no Brasil e que regulamentar


os recursos terapêuticos e procedimentos é importante para a segurança profissional e do
paciente (COFEN, 2017).
Nesse sentido, vale destacar a importância da Sociedade Brasileira de Enfermeiros em
Saúde Estética (SOBESE), que desde 2016 promove e contribui para o progresso e evolução da
Enfermagem em saúde estética, através da promoção da educação, produção e divulgação
científica nacional, lutando pela efetivação da regulamentação profissional e colaborando no
desenvolvimento técnico científico, de acordo com os princípios éticos e legais para atuação do
enfermeiro na promoção da saúde (SOBESE, 2016).
Diante das transformações econômicas, globalização e inovações tecnológicas que
causam grandes impactos na configuração do mercado de trabalho, resultando em aumento da
instabilidade no emprego, elevação da taxa de desemprego, redução de salários e mercados
mais competitivos, considera-se que a Enfermagem estética é uma temática promissora para a
Enfermagem brasileira, já que na modernidade cuidar da beleza deixou de ser considerada uma
atividade supérflua e passou a ser tratado como uma questão de saúde, bem-estar e, inclusive,
ter relação com a automotivação, sendo assim uma área pertinente a ser explorada no mercado
pelos enfermeiros (BORBA; THIVES, 2011; MORAIS et al., 2013).
Além disso, essa proposta é de grande interesse e identificação pessoal, e tem relevância
para a discussão acadêmica, uma vez que a atuação dos enfermeiros nesse cenário é pouco
explorada durante a graduação. Nesse contexto, mediante a escassez da produção científica
acerca do empreendedorismo na Enfermagem brasileira na área de estética e com o desejo de
contribuir para a prática dos enfermeiros atuante no mercado de trabalho dessa área, definiu-se
como questão de pesquisa para este estudo: como ocorre a atuação dos enfermeiros na área da
estética?
16

2 OBJETIVOS

Esta pesquisa tem como objetivos:


 Identificar o perfil sociodemográfico de enfermeiros inseridos no mercado de trabalho
na área da estética;
 Descrever a atuação e de enfermeiros que atuam no mercado de trabalho na área da
estética.
17

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica deste estudo foi elaborada a partir de uma revisão narrativa da
literatura. Para tanto, foram realizadas buscas na biblioteca eletrônica Scientific Electronic
Library Online (SciELO) e no Google Acadêmico, com as palavras-chaves: Mercado de
trabalho; Empreendedorismo; e, Enfermagem Estética.

3.1 MERCADO DE TRABALHO E EMPREENDEDORISMO

As tendências do mercado de trabalho possuem relação com as variações dos cenários


políticos, econômicos e sociais, sendo assim um assunto relevante internacionalmente para
diversas áreas profissionais (OLIVEIRA et al., 2016). A área da saúde, no âmbito internacional,
vivencia um antagonismo: de um lado, observa-se a carência de profissionais para cumprir com
as necessidades de saúde e educação e por outro lado, existem países e regiões onde se evidencia
o desemprego, bem como a migração à procura de melhores condições de empregos
(OLIVEIRA; PIRES, 2014).
Em um contexto geral, observa-se que na Enfermagem, o crescimento da dificuldade de
acesso ao emprego é devido ao aumento de profissionais disponíveis, que reflete em um
mercado de trabalho mais competitivo, seletivo, com tendência à precarização das condições
de trabalho e diminuição/estagnação salarial (OLIVEIRA et al., 2016).
Devido ao aumento do número de cursos de graduação em Enfermagem, em um
contexto de diminuição das ofertas de vagas pelas instituições, tem-se elevado o número de
enfermeiros recém-formados disponíveis para o serviço, configurando assim, um mercado de
trabalho que valoriza, principalmente, a qualificação para inserção de novos enfermeiros, dando
preferência, principalmente, para profissionais mais experientes (JESUS et al., 2013;
OLIVEIRA et al., 2016).
Entretanto, a qualidade profissional não está pautada apenas na habilidade técnica, na
qual se avalia a aptidão e agilidade para a execução de procedimentos, mas também na
competência em relacionar os conhecimentos baseados em evidências científicas em situações
que ocorrem no cotidiano do serviço. Diante disso, os enfermeiros recém-egressos das
universidades dispõem de menor oportunidade para demonstrar seus conhecimentos e
habilidades (JESUS et al., 2013).
A configuração da precarização do serviço ocorre por meio do aumento de contratos
temporários, uma estratégia de flexibilização do trabalho em saúde, que surge através de
18

admissões de profissionais como “prestadores de serviços" por tempo determinado e com carga
horária reduzida (subjornada), que por consequência provoca impactos negativos na
remuneração (subsalários), levando a uma situação de vulnerabilidade de segurança laboral,
uma vez que coloca estes profissionais em uma condição desfavorável em relação aos direitos
trabalhistas quando comparados a trabalhadores contratados de forma regular (assalariada)
(ZEYTINOGLU et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2016).
Outra perspectiva que revela a dificuldade dos jovens enfermeiros na inserção ao
mercado de trabalho está relacionada à elevação do interesse dos egressos a programas de pós-
graduação, como por exemplo, o mestrado acadêmico, como forma de acesso a alguma
remuneração através das bolsas de estudo. Em seguida há o interesse por emprego na área de
formação/educação em instituições de ensino superior ou técnico (OLIVEIRA et al. 2016).
Do rol das tendências observadas no âmbito da literatura que versa sobre o mercado de
trabalho de enfermeiros/as em todo o mundo, identifica-se um quadro complexo que associa
desemprego e subemprego à escassez de enfermeiros/as qualificados/as. Em relação ao
desemprego, destaca-se a disponibilidade de enfermeiros/as jovens que não encontram
empregos, associada ao desemprego de enfermeiros/as experientes que foram excluídos do
mercado de trabalho nos momentos de crise. O subemprego e as más condições de trabalho
afetam quem continua no mercado e, também, impulsionam a saída da profissão, ou seja, a
tomada de decisão de não trabalhar pelos salários oferecidos e sob as demais condições
desfavoráveis (OLIVEIRA, 2018).
Dados mostram que o emprego para enfermeiros/as vem crescendo no país. O Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostrou que “enfermeiros e afins” ocuparam o
segundo lugar entre as carreiras que mais cresceram em números de postos de trabalho entre
janeiro de 2009 e dezembro de 2012. E o Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) registra que dezenove estados brasileiros e o Distrito
Federal (DF) apresentaram crescimento positivo no número de vínculos para “enfermeiros e
afins” no período de 2009 a 2013. Somente em sete estados (Rio Grande do Norte, Sergipe, Rio
Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Amapá e Tocantins) ocorreram oscilações
(crescimento/decréscimo ou crescimento/decréscimo/crescimento) dos vínculos de trabalho
desses profissionais naquele período (OLIVEIRA, 2018).
Diante desse contexto de dificuldade e diminuição nas oportunidades de vínculos
empregatícios e na lógica da competitividade exigida pelo mercado de trabalho, iniciou-se a
busca pelas alternativas inovadoras para o exercício profissional (POLAKIEWICZ et al., 2013).
19

Por meio do estudo e do conhecimento é possível ampliar os horizontes e observar as


atividades que existem no mercado e que ainda não foram exploradas pela enfermagem, ou seja,
são pouco desenvolvidas. Dessa maneira, cria-se um pensar novo para o contexto profissional,
mostrando que os enfermeiros podem ser donos de suas próprias ideias e serviços por meio do
empreendedorismo (POLAKIEWICZ et al., 2013).
O termo empreendedor surgiu, historicamente, em 1975, pelo economista Richard
Cantillon, que utilizou a derivação da palavra francesa “entrepreneur” para designar um
indivíduo que assume riscos. Mais tarde, em 1814 o economista Jean-Baptiste Say usou a
palavra para se referir ao indivíduo que transfere recursos econômicos de setor de baixa
produtividade para um setor mais elevado. Após Richard Cantillon, inúmeras foram as
personalidades que ao longo da história, de acordo com o período e ideologias da época
analisada, redefiniram o conceito de empreendedor (FATTURI 2013; COPELLI, 2015).
Representando um salto conceitual no domínio do empreendedorismo, Schumpeter em
sua obra The theory of economic development (1968), relaciona ao termo empreendedorismo
a noção de inovação, com capacidade de inserir novas combinações de recursos que já existem
com sucesso. Sendo assim, o empreendedor deve se apresentar como alguém motivado,
resiliente, inovador e com habilidade para implementar inovações e modificar a economia,
trazendo novos serviços ou produtos para o mercado (PORTELA et al., 2008; ALMEIDA,
2013).
No quadro 1, apresentam-se algumas contribuições que foram importantes para o
entendimento do empreendedorismo:

Quadro 1 – Contribuições para o entendimento do empreendedorismo

ANO AUTOR CONTRIBUIÇÃO

1961 McClelland Identifica três necessidades do empreendedor: poder, afiliação e


sucesso. Afirma que: “o empreendedor manifesta a necessidade do
sucesso”.

1966 Rotter Identifica o locus de controle interno e externo: “o empreendedor


manifesta locus de controle interno”.

1970 Drucker O comportamento empreendedor reflete uma espécie de desejos de


colocar sua carreira e sua segurança financeira na linha de frente e corre
riscos em nome de uma ideia, investindo muito tempo e capital em algo
incerto.

1973 Kirsner “Empresário é alguém que identifica e explora desequilíbrios existentes


na economia e está atento ao aparecimento de oportunidades.”
20

1982 Casson “O empreendedor toma decisões criteriosas e coordena recursos


escassos.”

1985 Sexton e “O empreendedor consegue ter uma grande tolerância à ambiguidade”


Bowman

1986 Bandura “O empreendedor procura a auto eficácia: controle da ação humana


através de convicções que cada indivíduo tem para prosseguir
autonomamente na procura de influenciar a sua envolvente para
produzir os resultados desejados.”

2002 William “O empreendedor é a máquina de inovação do livre mercado.”


Baumol
Fonte: Dantas (2008, p.7)

Como é visto na literatura, não há uma definição única sobre “empreendedorismo”. No


entanto, há um consenso nas diversas épocas em que é empregado, onde o termo sugere
inovação, risco, criatividade, organização e riqueza. Na sociologia e psicologia, por exemplo,
discutem-se as características do comportamento empreendedor como sendo um grupo de
pessoas que são capazes de enxergar oportunidades e conseguem ultrapassar as barreiras e
dificuldade dos seus sonhos, colocando em prática as suas ideias (BRITO et al., 2013).
O empreendedorismo na Enfermagem é evidente desde o século XIX, através de
Florence Nightingale, que atuou na Guerra da Criméia ajudando a salvar vidas e fundou a
Escola de Enfermagem, no Hospital Saint, onde institucionalizou enfermagem e deu início a
essência científica da profissão. Outros exemplos de figuras empreendedoras na enfermagem
são Anna Nery, que atuou no cuidado dos feridos na Guerra do Paraguai e Wanda de Aguiar
Horta, a primeira teorista brasileira de enfermagem (COSTA et al., 2009; COSTA et al., 2013).
O conceito de empreendedorismo na Enfermagem está vinculado, principalmente, às
características pessoais, a um comportamento e/ou a uma atitude. Dessa forma, conceitua-se
como dispor de senso de oportunidade, ser autônomo, independente, flexível, determinado,
inovador, proativo, autoconfiante, disciplinado, comunicativo e responsável. Além disso,
empreender na enfermagem é também, conquistar novos cenários de atuação voltados ao
cuidado, agregar valor à profissão perante a sociedade e colaborar para consolidação da
profissão como ciência (COPELLI, 2015; ERDMANN et al., 2011).
O empreendedorismo já é uma constatação na área da Enfermagem, sustentado pelas
múltiplas possibilidades e conexões que estabelece com os diferentes serviços da área da saúde,
pelo olhar integral, pela capacidade de enfrentamento dos obstáculos cotidianos e pelas relações
que constrói com os pacientes, familiares e equipe de saúde (ERDMANN et al.,2009).
21

Na literatura, percebe-se que a Enfermagem está se consolidando como uma profissão


em crescimento, inserindo-se no processo de mudanças e explorando novos mercados com
diferentes campos de atuação na área da saúde. A classe de Enfermagem brasileira está
desenvolvendo o espírito de negócios e saindo da zona de conforto, desconstruindo a ideia de
que bons salários e estabilidade profissional são atingidas apenas por meio de concursos
públicos (MORAIS et al., 2013; COPELLI, 2015).
Assim, a profissão tem adquirido maior visibilidade, espaço e reconhecimento,
superando a posição subordinada e voltada às atividades técnicas, para um profissional que vem
ganhando espaço ao assumir a gestão de serviços de saúde, com potencial autônomo,
especialista e empreendedor (FERREIRA et al., 2013).

3.2 ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA ÁREA DA ESTÉTICA

Antes de abordar a atuação da enfermagem na área da estética, é preciso entender a


origem do termo estética e sua relação com a filosofia. A estética é um ramo da filosofia que
estuda racionalmente o belo e o sentimento que este desperta nos homens. Eco (2004, p.09) cita
em seus estudos que o “belo” é um adjetivo utilizado para designar algo que nos agrada,
podendo ser utilizados sinônimos como “bonito”, “maravilhoso”, “soberbo” e “gracioso”.
Segundo Castilho (2001), definições do que é considerado belo são validadas pela cultura e
acabam por influenciar a maneira pela qual o indivíduo se analisa fisicamente, o que interfere
em suas atitudes, posturas e comportamento no mundo. Dessa forma, surge a relação de estética
como sinônimo de beleza. (DIAS, 2011; RUSSO, 2005).
A imagem corporal significa mais que a superfície da forma, engloba fatores extrínsecos
e intrínsecos pelas quais a pessoa experiencia e conceitua seu próprio corpo. A indústria
corporal, através dos meios de comunicação, desperta nas pessoas o desejo de alcançarem uma
determinada aparência. Nesse sentido, a saúde não se restringe à ausência de doença. A saúde
está associada a meios e situações que ampliem a qualidade de vida, a capacidade de autonomia
e o padrão de bem-estar do indivíduo (FERREIRA, 2010; PADILHA, 2002; WALDOW, 2001).
Define-se autoestima como autoaceitação ou autorrejeição da própria imagem. Ela
influencia na saúde mental, nos relacionamentos interpessoais, na autoimagem e na
autoconfiança. Autoimagem é a percepção que a pessoa tem de si e do seu reflexo diante do
retorno de sentimentos ou ações em seus relacionamentos interpessoais. Alterações de imagem
podem influenciar na autoestima. Quando existe satisfação com a aparência, a pessoa se gosta
22

e busca manter sua autoestima e consequentemente a qualidade de vida (FLORIANI,


MARCANTE, BRAGGIO, 2010).
Com objetivo de evitar sentimentos negativos, as opções de embelezamento disponíveis
no mercado compreendem cosméticos, exercícios, tratamentos estéticos, dietas e cirurgias
plásticas estéticas. Por meio desses procedimentos, pessoas que não convivem satisfatoriamente
com a sua aparência amenizam suas ansiedades e elevam sua autoestima (AVELAR, VEIGA,
2013).
Sobre essa magnitude, constrói-se a indústria da estética, com diferentes tecnologias
para se adequar a situação financeira de cada um. O mercado oferece serviços, medicamentos,
equipamentos, profissionais, financiamentos, seguros, atividades físicas, spas e hotéis
especializados em tratamento estético, ou seja, evidencia-se a potencialidade do mercado
comercial desse setor (FERREIRA, 2010).
Observa-se que muitos clientes que procuram procedimentos estéticos são portadores
de uma expectativa que acarreta níveis diferentes de ansiedade. Isso se justifica pela coragem
de investir em seu corpo e pela procura da solução para o seu problema, desejando que o
resultado do tratamento proposto seja o mais próximo possível do idealizado, e pela repercussão
que sua nova imagem corporal causará para si e para os outros (AURICCHIO;
MASSAROLLO, 2005).
O conhecimento estético em Enfermagem vem sendo consolidado como uma área
emergente de cuidado e implementado como uma legítima especialidade em diversos países,
variando em sua nomenclatura e regulamentação, como especialidade de Enfermagem estética,
estética não-cirúrgica, plástica ou cosmética (RADMEHR; ASHKTORAB; ABEDSAEEDI,
2015).
A Sociedade Americana de Enfermeiros de Cirurgia Plástica (ASPSN), desde a sua
criação, no ano 1975, tem como missão promover a excelência prática, liderança de
enfermagem, segurança do paciente e resultados que utilizem da prática estética baseada em
evidências como uma base de cuidados. Nos Estados Unidos, a área é conhecida como
“Enfermagem estética não-cirúrgica” (ISPAN, 2017).
No Reino Unido, a British Association of Cosmetic Nurses (BACN) foi criada em 2010
e até o ano de 2017 contava com mais de 4.000 enfermeiros atuantes no setor. Segundo
estatísticas apresentadas pelo órgão, os enfermeiros britânicos formam mais de 40% dos
clientes na compra direta de cosméticos (médicos 24%, dentistas 11%, outros 25%), fornecem
54% dos tratamentos de enchimento dérmico e 52% dos tratamentos com toxina botulínica
(médicos 13%, dentistas 6% e clínicas 29%). Para a formação especializada, recomenda-se que
23

se tenha três anos de prática como pós-graduado antes de atuar na carreira estética, possua o
curso de prescritor para estar apto a prescrever cosméticos e tenha praticado o período de um
ano na área que se pretende prescrever (BACN, 2017).
Já a regulamentação desta especialidade na Austrália ocorreu em 2015, quando foi
legalizada a atuação profissional de trabalho em clínicas lideradas por enfermeiros ou de forma
independente na prática privada. Algumas das atribuições previstas dos enfermeiros são:
orientações, avaliações e manejo de cuidados da pele, prescrição de produtos de cuidados
dermatológicos, laser, terapias antienvelhecimento, remoção de lesões benignas,
microdermoabrasão, enchimentos dérmicos e mesoterapia. Entende-se como certificação de
competência para o exercício da estética no território australiano, o diploma em Enfermagem
Cosmética; Certificado de Pós-Graduação Profissional em Enfermagem Cosmética; Mestrado
em Enfermagem Clínica ou Mestrado em Enfermagem no cuidado com feridas (ACCS, 2015).

3.3.1 Aspectos legais da Enfermagem Estética no Brasil

No Brasil, a enfermagem estética é uma nova forma de atuação para o exercício do


cuidado, pois o reconhecimento da atuação e da inserção desta área no mercado de trabalho é
recente, por isso, encontra-se em um delicado processo de desenvolvimento e progressão
(BRASIL, 2014).
A trajetória da enfermagem estética atuante nesse nicho do mercado oficializa-se
quando o parecer 197-2014 é publicado pelo COFEN afirmando que não há nenhum
impedimento técnico legal para atuação do enfermeiro, junto a procedimentos estéticos de
natureza não invasiva perfurocortantes ou injetáveis. Nessa mesma publicação, o conselho
também manifesta que se faz necessária a publicação da Resolução da Enfermagem Estética
para o reconhecimento da especialidade profissional (BRASIL, 2014).
Em novembro 2016 a Resolução nº 0529/2016 foi publicada pelo COFEN,
regulamentando a atuação do enfermeiro na enfermagem estética. Os seguintes procedimentos
foram regulamentados: micropuntura, carboxiterapia, cosméticos, cosmecêuticos, criolipólise,
depilação à laser, eletroterapia, escleroterapia, intradermoterapia, mesoterapia, laserterapia,
terapia combinada de ultrassom e microcorrentes, micropigmentação, nutracêuticos,
nutricosméticos, peelings, ultrassom cavitacional e vacuoterapia (BRASIL, 2016).
Em abril de 2017, foi publicada a ampliação da Resolução 0529/2016, onde foram
inseridos mais procedimentos como parte legal da atuação dos enfermeiros, entre eles: o peeling
24

médio, aplicação de Botox, preenchimentos dérmicos, fios de sustentação absorvíveis e


Procedimentos Estéticos Injetável para Microvasos (PEIM) (COFEN, 2017a).
No entanto, diante desses avanços, em maio de 2017, a Sociedade Brasileira de
Dermatologia (SBD) entrou com uma liminar contra o COFEN, que suspendeu
temporariamente a Resolução 0529/2016. A liminar tem as seguintes alegações: (1) os limites
legais de atuação regulamentar dos conselhos profissionais; (2) os procedimentos estéticos
invasivos não cirúrgicos descritos na Resolução vão de encontro à lei do ato médico, que define
como ato médico a indicação e execução de procedimentos invasivos; (3) na defesa à saúde da
população exposta a riscos, caso haja atendimento por profissional não médico inabilitado
científico e legalmente (COFEN, 2017b).
Em agosto de 2017 foi realizada uma audiência de conciliação entre SBD e COFEN, no
entanto, não houve acordo. A juíza deferiu o pedido da SBD e suspendeu, temporariamente, a
Resolução 0529/2016, o que impede os enfermeiros de atuar na área. Nesta decisão, ficou
restrito apenas à medicina os procedimentos: micropuntura (microagulhamento); laserterapia;
depilação à laser; criolipólise; escleroterapia; intradermoterapia/mesoterapia; prescrição de
nutracêuticos/nutricosméticos e peelings (BRASIL, 2016).
Entretanto, as discussões, debates e preparos de argumentações se mantiveram dentro
dos conselhos e sociedades de enfermagem, como a Sociedade Brasileira de Enfermeiros em
Saúde Estética (SOBESE), a Sociedade Brasileira de Enfermagem Estética (SBEE), a
Sociedade Brasileira de Feridas e Estética (SOBENFeE) e a Associação Brasileira Enfermagem
em Dermatologia (SOBENDE) (COFEN, 2017).
Em 2018 o COFEN lançou nota de esclarecimento e declarou que estava tomando todas
as medidas cabíveis para recorrer à decisão da juíza, afirmando que a atuação na área estética é
uma realidade no Brasil e no mundo e que regulamentar os procedimentos e recursos
terapêuticos são importantes para a segurança do paciente e dos profissionais.
Em 2019, o deputado federal Fred Costa apresentou projeto de lei (PL) dispondo sobre
o reconhecimento da área de estética e cosmetologia e/ou saúde estética aos profissionais da
saúde. O PL 1559/2019 prevê que enfermeiros, biólogos, biomédicos, farmacêuticos,
fonoaudiólogos e cirurgiões-dentistas possam atuar na área de estética, desde que possuam
formação especializada lato sensu em “estética avançada”, reconhecida pelo Ministério da
Educação. O PL entrou em consulta pública no site da Câmara dos Deputados e venceu com
51% dos votos (COFEN, 2019).
Até o presente momento deste estudo, a regulamentação da Enfermagem Estética
continua suspensa por determinação judicial. O COFEN encontra-se impedido de “editar nova
25

norma que trate da atuação de Enfermeiros em cirurgia plástica, cirurgia vascular, dermatologia
e estética” e segue apresentando recursos contra decisões liminares proferidas pela Justiça
Federal do Rio Grande do Norte e do Distrito Federal (Processo nº. 0804210-12.2017.4.05.8400
e 20776-45.2017.4.01.3400), que suspenderam os efeitos da resolução que normatiza a atuação
dos enfermeiros na área da estética, independentemente de o profissional possuir especialização
lato sensu. Esclarece-se, adicionalmente, que o Cofen aguarda um posicionamento definitivo
do judiciário sobre essa questão (COFEN, 2019).
26

4 MÉTODO

Neste tópico, será apresentado o percurso metodológico da pesquisa, considerando os


objetivos da investigação.

4.1 DESENHO DO ESTUDO

Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa exploratório-descritiva, com abordagem


quantitativa, elaborada por meio da aplicação de questionário online, composto por questões
fechadas.
O estudo exploratório-descritivo permite que o pesquisador conheça, explore e descreva
através dos dados subjetivos e detalhados coletados, uma situação ainda não conhecida,
aumentando assim, a sua experiência em torno dela. Além de fornecer informações, esse tipo
de pesquisa apresenta sugestões ou intervenções relevantes acerca do tema estudado
(LEOPARDI, 2002) o que na enfermagem, contribui grandemente para a assistência que é
realizada.

4.2 CENÁRIO DO ESTUDO

Escolheu-se a pesquisa online para possibilitar a participação enfermeiros de todo o


território nacional, já que o estudo não foi circunscrito a um local ou cenário de atuação
específico. Além do acesso às populações de pesquisa em diferentes localidades, a coleta de
dados por meio online permitiu que o entrevistado respondesse a pesquisa quando mais lhe
conviesse, flexibilizando o acesso e a adesão à participação na pesquisa (FLICK, 2013; REGMI,
2016).

4.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO

O critério de inclusão para integrar a amostra do estudo foi ser enfermeiro que exercesse
atividades profissionais na área estética de forma autônoma ou liberal, no território brasileiro.
Para identificação dos participantes, primeiramente foi realizado contato
individualmente através das redes sociais, como instagram®, utilizando as hashtags
#enfermeiroesteta e #enfermagemestetica; e facebook®, através de grupos fechados de com os
nomes “enfermagem estética” e “enfermeiros estetas”. Através de um contato obtido no
27

instagram®, o questionário também foi compartilhado em um grupo com 78 enfermeiros estetas


via whatsapp®.
Logo após, foi realizado o contato com a Sociedade Brasileira de Enfermeiros em Saúde
Estética (SOBESE) solicitando apoio, divulgação e compartilhamento do questionário da
pesquisa em suas redes sociais, como Facebook® e Instagram®.
De maneira complementar, foi solicitado aos profissionais que compartilhassem com
colegas da enfermagem que também atuavam na área estética o convite para participação da
pesquisa.
Como a coleta de dados foi online, exclui-se participantes que referiram não ter
formação em Enfermagem e os participantes que não responderam o questionário na íntegra.

4.4 AMOSTRA DO ESTUDO

A partir da coleta de dados, obtiveram-se 203 respostas, mas 19 foram excluídas. Destes,
8 participantes responderam o questionário e não eram graduados em Enfermagem, 2
participantes referiram estar em formação, 7 participaram duas vezes da pesquisa (considerou-
se a última resposta) e 2 participantes não responderam o questionário na íntegra. Por fim, a
amostra do estudo foi conveniência e composta por 184 enfermeiros que atuam na área de
estética.

4.5 COLETA DE DADOS

A coleta dos dados ocorreu entre julho a agosto de 2019 por meio de um questionário
online com perguntas fechadas, construído pelos autores através do uso da ferramenta Google
Forms®.
As estratégias de coleta de dados por meio online estão sendo cada vez mais utilizadas
em pesquisas com abordagem quantitativa, tanto na academia, quanto no mundo comercial
(REGMI, 2016). Essa expansão é justificada pelo baixo custo gerado, não necessitando de
impressões e envios de questionários físicos; possibilidade de alcance de pessoas a longas
distâncias; facilidade de acesso e consequentemente do retorno ao pesquisador (FLICK, 2013).
O instrumento de coleta de dados foi elaborado para esta pesquisa com base na literatura
e legislação da Enfermagem Estética, composto por: dados de caracterização sociodemográfica
dos participantes e questões sobre atuação profissional no mercado de trabalho dos enfermeiros
na área estética. O questionário na íntegra é apresentado no APÊNDICE A.
28

O preenchimento deu-se de forma voluntária por meio de contato via link,


disponibilizado em redes sociais, como o Facebook®, Instagram® e WhatsApp®, apresentando
uma mensagem inicial de convite para participação da pesquisa e a concessão do acesso virtual.
Em seguida, solicitou-se ao participante a leitura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), e se estivesse de acordo, o questionário para a participação da pesquisa
iniciava. Ao finalizar a última resposta do questionário, lançou-se uma mensagem de
agradecimento.
O prazo de retorno do questionário foi de 30 dias. Dentro desse prazo, realizou-se
reforço do convite nas redes sociais de forma a assegurar o maior recebimento de respostas
pelos respondentes.

4.5.1 Procedimento de preenchimento da pesquisa

A pesquisa foi realizada por meio de um questionário online composto por duas etapas:
a primeira, com questões referentes à caracterização sociodemográfica. A segunda, com
questões referentes à atuação dos enfermeiros no mercado de trabalho na área estética.

4.6 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Depois da coleta de dados, os dados quantitativos foram organizados no programa


Excel® e analisados por meio de análise estatística descritiva.
A estatística descritiva compreende o manejo dos dados para resumi-los ou descrevê-
los, sem procurar inferir qualquer coisa que ultrapasse os próprios dados, portanto, o foco é
resumir, descrever ou apresentar dados (FREUND; SIMON, 2000). O objetivo básico é o de
sintetizar uma série de valores de mesma natureza, permitindo dessa forma que se tenha uma
visão global da variação desses valores, organiza e descreve os dados de três maneiras: por
meio de tabelas, de gráficos e de medidas descritivas (GUEDES; MARTINS, 2005).
Posteriormente a coleta, os dados foram transcritos em uma planilha eletrônica e
exportados ao software Statistical Package for Science Social (SPSS), versão 19.0. Na
apresentação e análise das variáveis categóricas, utilizou-se a estatística descritiva para o
cálculo da frequência, em número absoluto e percentual. Já para as variáveis contínuas, foram
analisadas as medidas de posição (média, mínimo e máximo) e dispersão (desvio padrão).
29

4.7 ASPECTOS ÉTICOS

Foram respeitados todos os aspectos éticos que regulamentam a pesquisa com seres
humanos. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por meio da Plataforma Brasil e desenvolvido
seguindo os preceitos legais da Resolução n° 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (CNS),
que permite registro do consentimento ou do assentimento livre e esclarecido através de
documento em qualquer meio, formato ou mídia, como papel, áudio, filmagem, mídia eletrônica
e digital. Foram obedecidas às diretrizes e normas que regulamentam a pesquisa com seres
humanos.
Os enfermeiros que aceitaram participar do estudo receberam informações a respeito do
objetivo da pesquisa e metodologia do estudo. A inclusão dos participantes foi formalizada após
a assinatura virtual pelo entrevistado, através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE), apresentado no APÊNDICE B, conforme determina as Resoluções n° 510/2016 do
Conselho Nacional de Saúde (CNS), garantindo a confidencialidade da identidade dos
participantes e das informações colhidas.
O TCLE foi apresentado online por meio da ferramenta do Google Docs® e, após tomar
conhecimento dos objetivos da pesquisa, o participante deu ciência por meio do aceite
(concordo em participar da pesquisa). Da mesma maneira que o participante teve liberdade para
se inserir na pesquisa, também ficou esclarecido a eles a possibilidade de deixar de participar a
qualquer momento, sem prejuízos ou sanções.

4.7.1 Tratamento de possíveis riscos e desconfortos

Como toda pesquisa oferece riscos, ainda que mínimos, houve a possibilidade de que o
questionário apresentado na pesquisa tenha gerado sentimentos como aborrecimento e/ou
cansaço durante as respostas. Diante disso, para minimizar e prevenir estes sentimentos, o
participante teve liberdade de não responder à(s) questão(ões) que não quisesse ou não se
sentisse à vontade. Além disso, o intuito foi que o questionário fosse de fácil compreensão e
objetivo, minimizando assim a possibilidade de se tornar uma atividade exaustiva para o
entrevistado.
Se efeitos indesejáveis ocorreram, apesar de todos os cuidados possíveis, e que podem
ter ocorrido sem que a culpa fosse do participante ou dos pesquisadores, o participante teve o
30

direito de interromper o questionário e optar por não mais participar do estudo sem quaisquer
prejuízos à sua pessoa.

4.7.2 Benefícios e Custos

O participante deste estudo não teve nenhum gasto ou compromisso com a sua
participação no estudo, além de não ter recebido qualquer espécie gratificação devido à
participação na pesquisa ou reembolso.
Espera-se que a participação neste estudo tenha sido benéfica ao participante e tenha
proporcionado a oportunidade de refletir e compartilhar sobre as características do mercado de
trabalho na área da estética.

4.7.3 Participação

A participação na pesquisa foi voluntária. Não houve prejuízos e sanções em caso de


desistência. Os pesquisadores responsabilizaram-se de fornecer qualquer esclarecimento sobre
ele, assim como tirar dúvidas. Os e-mails para contato foram disponibilizados no TCLE.

4.7.4 Anonimato e sigilo

Os dados coletados durante o estudo destinaram-se exclusivamente às atividades de


pesquisa relacionadas a esta abordagem, não sendo utilizados para fins de avaliação profissional
ou pessoal.
Ainda que pequenas as chances, reconheceu-se previamente a possibilidade de que em
qualquer etapa do estudo existisse alguma quebra de sigilo involuntária ou não intencional. No
entanto, o participante foi informado deste risco no TCLE.
31

5 RESULTADOS

Os resultados deste estudo serão apresentados em forma de manuscrito, seguindo a


normativa para apresentação de TCC do Curso de Graduação em Enfermagem da UFSC.

5.1 MANUSCRITO: ATUAÇÃO DE ENFERMEIROS NA ÁREA DA ESTÉTICA:


MERCADO DE TRABALHO E EMPREENDEDORISMO

RESUMO
Objetivo: Identificar o perfil sociodemográfico de enfermeiros atuantes no mercado de trabalho
na área da estética e descrever a atuação dos enfermeiros no mercado de trabalho dessa área.
Método: Estudo exploratório-descritivo, com abordagem quantitativa, elaborada por meio da
aplicação de questionário on-line. Participaram 184 enfermeiros de diferentes regiões do Brasil,
independentemente do sexo e que exerciam atividades profissionais na área estética de forma
autônoma ou liberal no Brasil. Resultado: A maioria dos participantes foi do sexo feminino
(95%), provenientes da região Sudeste do país (46%), com tempo de atuação na área da estética
entre 1 e 5 anos (49,5%) e carga horária semanal despendida ao trabalho na área da estética de
até 10 horas semanais (49,5%), pois se dedicavam à estética de forma parcial, possuindo outro
vínculo profissional (45,1%). A soma total de cursos de qualificação e/ou de aprimoramento
realizados pelos participantes foi de 1632, uma média de 8,86 cursos por participante.
Conclusão: O estudo destacou que existem fatores que potencializam a atuação autônoma do
enfermeiro no contexto da estética, como: a educação permanente, o perfil profissional e as
experiências assistenciais anteriores. O estudo poderá contribuir para a expansão e ampliação
da Enfermagem estética no Brasil, fornecendo informações relevantes sobre o perfil
sociodemográfico e o mercado de trabalho para que os enfermeiros possam migrar e atuar nessa
área.

Palavras-chave: Mercado de trabalho; Estética; Enfermagem.

INTRODUÇÃO

O mercado de trabalho pode ser definido como a relação daqueles que ofertam a força
de trabalho e aqueles que a demandam. De um lado, o sistema produtivo necessita de força de
trabalho para a geração de riqueza e do outro, os indivíduos detentores dessa força necessitam
de meios monetários (salário e benefícios) e sociais para assegurar sua renda e consequente
sobrevivência (AMARAL et al., 2012). Além disso, é um espaço de socialização, onde o
indivíduo transaciona sua capacidade trabalhista (SILVA et al., 2013).
Em 2015, a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), em parceria com o Conselho Federal
de Enfermagem (COFEN), constatou que a Enfermagem é uma profissão ativa, em que a
maioria dos profissionais, 91,8%, estão inseridos no mercado de trabalho (MARTINS;
GOMES, 2015). Porém, em um contexto geral, observa-se que na Enfermagem cresce a
32

dificuldade de acesso ao emprego, devido ao aumento de profissionais disponíveis, o que leva


a um mercado de trabalho mais competitivo, seletivo e que busca profissionais com habilidades
e competências renovadas, valorizando perfis profissionais pautados na competência e no
desenvolvimento de habilidades (APRIGIO, 2013; OLIVEIRA et al., 2016).
As empresas abertas por profissionais da saúde refletem novos mercados de trabalho e
sua análise pode ser interpretada como importante indicador de empreendedorismo de negócios,
além de uma possibilidade para a prática autônoma e uma forma de se chegar à satisfação no
trabalho (ANDRADE; DAL BEN; SANNA, 2014; COLICHI; LIMA, 2018).
O empreendedorismo surge como forma de ampliar a visibilidade da profissão frente à
sociedade, por meio da criação de novos espaços de atuação, impulsionando o crescimento
econômico do país e possibilitando a abertura de novos negócios com atividades de
Enfermagem condizentes com as demandas sociais e necessidades do mercado de trabalho
(MORAIS et al., 2013).
Nesse sentido, em 2018, foi publicada a Resolução do COFEN no 568/18, que
regulamenta o funcionamento dos consultórios e clínicas de enfermagem, valorizando o caráter
empreendedor do enfermeiro ao reconhecer a personalidade jurídica desses serviços
(KAHLOW; OLIVEIRA, 2012).
Segundo um estudo feito pela Sociedade Brasileira de Enfermagem em Dermatologia,
em 2016, mostrou-se que os cuidados estéticos movimentam mais de 60 bilhões de dólares por
ano no mundo (SOBENDE, 2016). A Enfermagem está ampliando seu campo em busca de
espaço e reconhecimento para atuação na área da estética, que previne problemas relacionados
ao envelhecimento e promove o resgate da beleza, longevidade, e bem-estar social e emocional
dos pacientes (ANDRADE; DAL BEN; SANNA, 2014).
No Brasil, a trajetória da Enfermagem dentro da área da estética iniciou em 2014, através
do parecer nº197/2014, emitido pelo COFEN, na qual esclareceu-se que não há nenhum
impedimento técnico legal da atuação da categoria de enfermagem junto a procedimentos
estéticos de natureza não invasiva perfurocortantes ou injetáveis (BRASIL, 2014).
Dois anos depois, em 2016, a luta por esse espaço teve um marco importante através da
Resolução COFEN Nº 529/2016, onde estabeleceram-se diretrizes que normatizam a atuação
específica do Enfermeiro na área de estética. Atribuiu-se a este profissional a realização de
procedimentos estéticos de maior complexidade técnica, desde que o mesmo possua pós-
graduação lato sensu em estética em curso aprovado pelo MEC e com, no mínimo, 100 horas
de aulas práticas (BRASIL, 2016).
33

Quando aprovada em 2016, constituiu-se como competência do Enfermeiro: realizar


consulta e anamnese de enfermagem; estabelecer tratamento adequado; prescrever cuidados
domiciliares e orientações para o autocuidado; realizar tratamentos e procedimentos; realizar
compra de materiais para uso estético; estabelecer protocolos dos procedimentos estéticos;
manter-se atualizado (BRASIL, 2016).
No entanto, desde 2017 até o presente momento do estudo, a referida Resolução, que
normatiza a atuação do Enfermeiro na área de estética, foi suspensa devido à ação movida pela
a Sociedade Brasileira de Dermatologia, juntamente com outras associações médicas, através
do processo nº 0804210-12.2017.4.05.8400, o que não respalda legalmente o enfermeiro,
independentemente de possuir especialização, a atuar na área (COFEN, 2017).
O Cofen, na defesa da Enfermagem, vem desde então tomando medidas cabíveis para
recorrer à decisão judicial, na busca do reconhecimento de que a Enfermagem Estética já é uma
realidade no Brasil e que regulamentar os recursos terapêuticos e procedimentos é importante
para a segurança profissional e do paciente.
Diante das configurações do mercado de trabalho na área estética e considerando isso
uma temática promissora para a Enfermagem brasileira, questiona-se: como ocorre a atuação
dos enfermeiros na área da estética? Para tanto, definiu-se como objetivos gerais: descrever a
atuação e o empreendedorismo dos enfermeiros no mercado de trabalho na área da estética;
identificar o perfil sociodemográfico dos enfermeiros inseridos no mercado de trabalho na área
da estética.

MÉTODO

Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, com abordagem quantitativa, realizado


através da aplicação de um questionário on-line com enfermeiros que atuam na área da estética
no Brasil.
Dos 203 participantes da pesquisa, excluiu-se 8 participantes que responderam o
questionário e não eram graduados em enfermagem, 2 participantes que referiram estar em
formação, 7 participantes que participaram duas vezes da pesquisa (considerou-se a última
resposta) e 2 participantes que não responderam o questionário na íntegra, totalizando 19
participantes excluídos. Permaneceram na pesquisa 184 participantes.
34

O critério de inclusão para integrar a amostra do estudo foi ser enfermeiro que exercesse
atividades profissionais na área estética de forma autônoma ou liberal, em todo território
brasileiro.
A coleta dos dados ocorreu entre 23 de junho e 02 de agosto, através de um questionário
online elaborado no Google Docs®. O preenchimento deu-se de forma voluntária e o contato
para participação ocorreu via link, em redes sociais, como Facebook®, Instagram® e
WhatsApp®. Contou-se com o apoio e divulgação da Sociedade Brasileira de Enfermeiros em
Saúde Estética (SOBESE).
Inicialmente, apresentou-se uma mensagem de convite para participação da pesquisa e
a concessão do acesso virtual. Em seguida, solicitou-se que o participante lesse o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), e se estivesse de acordo (aceito em participar da
pesquisa), o questionário era disponibilizado. Conteve-se questões fechadas compostas por
dados de caracterização sociodemográfica e atuação profissional no mercado de trabalho na
área estética. Ao finalizar a última resposta do questionário, lançou-se uma mensagem de
agradecimento.
A análise dos dados quantitativos ocorreu através da análise estatística descritiva. Os
dados quantitativos obtidos foram organizados em uma planilha eletrônica e exportados ao
software Statistical Package for Science Social (SPSS), versão 19.0. Na apresentação e análise
das variáveis categóricas, utilizou-se a estatística descritiva para o cálculo da frequência, em
número absoluto e percentual. Já para as variáveis contínuas, foram analisadas as medidas de
posição (média, mínimo e máximo) e dispersão (desvio padrão).
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC), sob o parecer nº 3.319.638 e CAAE 10271718.5.0000.0121,
respeitando, assim, os preceitos éticos da pesquisa, assegurados conforme a Resolução n°
510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que permite registro do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) através mídia digital.

RESULTADOS

Com relação à caracterização sociodemográfica, 175 (95,1%) eram do sexo feminino,


com idade média de 35,6 (dp=7,07; min.=22 e máx.=58 anos). A maioria atuava na região
Sudeste (46,2%). Trabalharam anteriormente na assistência de enfermagem 142 (77,2%), com
35

tempo médio de formação em enfermagem de 9,5 anos. Referente à área da estética, 91 (49,5%)
atuavam na área entre 1 e 5 anos. Para ingressarem na na área, 168 (91,3%) fizeram
especialização na área da estética e 83 (45,1%) se dedicavam à estética de forma parcial,
possuindo outro vínculo profissional. A carga horária semanal de trabalho despendida ao
trabalho na área da estética de 91 (49,5%) participantes foi de 10 horas semanais. Quanto à
renda mensal, 112 (60,9%) tinham remuneração de até 3 salários mínimos (R$2.862,00). Com
relação à forma de atuação, 61 (%) atuavam de forma autônoma/independente. Já o público
alvo mais frequente nos atendimentos eram mulheres 182 (98,9%) (Tabela 1).

Tabela 1 - Caracterização sociodemográfica e profissional dos enfermeiros da amostra (n=184)


Variável N (%) Média Desvio padrão Variação
(mín-máx)
Sexo
Feminino 175 (95,1)
Masculino 9 (4,9)
Região de atuação
Sudeste 85 (46,2)
Sul 30 (16,3)
Nordeste 43 (23,4)
Centro-Oeste 15 (8,2)
Norte 11 (6)
Titulação mais elevada
Especialização 165 (89,7)
Graduação 12 (6,5)
Mestrado 7 (3,8)
Trabalhou anteriormente na
assistência da enfermagem
Sim 142 (77)
Não 42 (23)
Especialização na área da
estética
Sim 168 (91,3)
Não 16 (8,7)
Tempo de formado em 9,46 5,92 1-32
Enfermagem (anos)
Atuação integral na área
Não, atuo de forma parcial e 83 (45,1)
possuo outro vínculo
profissional
Sim 70 (38)
Não, atuo de forma parcial e 31 (16,8)
não possuo outro vínculo
profissional
Carga horária semanal na
área da estética
Até 10 horas 91 (49,5)
De 11 a 20 horas 34 (18,5)
De 21 a 30 horas 26 (14,1)
De 31 a 40 horas 20 (10,9)
Acima de 40 horas 13 (7,1)
Renda mensal na área da
estética*
36

Até 3 salários mínimos 112 (60,9)


(R$2.994,00)
De 3 até 5 salários mínimos 47 (25,5)
(R$2.994,00 até R$4.990,00)
De 5 a 8 salários mínimos 13 (7,1)
(R$4.990,00 até R$7.984,00)
Superior a 8 salários 12 (6,5)
mínimos (R$7.984,00)
Tempo de atuação na área da
estética
Menos de 1 ano 79 (42,9)
1 a 5 anos 91 (49,5)
6 a 10 anos 8 (4,3)
Mais de 10 anos 6 (3,3)
Forma de atuação
Atua de forma autônoma/ 61 (33,2)
independente
Atua em consultório/espaço 57 (31)
próprio
Atua como 37 (20,1)
microempreendedor individual
Atua como prestador de 18 (9,8)
serviços em clínicas privadas
Outros 8 (4,3)
Atua como contratado 3 (1,6)
(CLT)
Público alvo mais frequente
nos atendimentos
Mulheres 182 (98,9)
Homens 2 (1,1)
*Salário mínimo vigente em 2019 no Brasil = R$998,00
Fonte: Banco de dados dos autores (2019).

A soma total de cursos de qualificação e/ou de aprimoramento realizados pelos


participantes foi de 1632, uma média de 8,86 cursos por participante. Os mais realizados foram:
mesoterapia (133), intradermoterapia (129), limpeza de pele (127), peeling muito superficial e
superficial (112). (Tabela 2).

Tabela 2 - Cursos de qualificação e/ou aprimoramento mais realizados pelos profissionais (n=184).
Cursos de qualificação ou de aprimoramento N (%)
Mesoterapia 133 (8,15)
Intradermoterapia 129 (7,90)
Limpeza de pele 127 (7,78)
Peeling muito superficial e superficial 112 (6,86)
Escleroterapia 103 (6,31)
Drenagem linfática 82 (5,02)
Cosmetologia 80 (4,90)
Eletroterapia/eletrotermofototerapia 77 (4,72)
Depilação à laser 75 (4,60)
Carboxiterapia 73 (4,47)
Vacuoterapia 68 (4,17)
Terapia combinada de ultrassom e micro correntes 67 (4,11)
Ultrassom cavitacional 66 (4,04)
37

Micropuntura 66 (4,04)
Laserterapia 63 (3,86)
Nutracêuticos 59 (3,62)
Criolipólise 57 (3,49)
Cosmecêuticos 47 (2,88)
Nutricosméticos 43 (2,63)
Micropigmentação 36 (2,21)
Dermo pigmentação 22 (1,35)
Toxina botulínica 21 (1,29)
Jato de plasma e eletrocautério 7 (0,43)
Fios de sustentação 5 (0,31)
PEIM 4 (0,25)
Hidrolipoclasia 4 (0,25)
Ozonioterapia 2 (0,12)
Ventosaterapia 2 (0,12)
Auriculoterapia/acupuntura estética 2 (0,12)
TOTAL 1632
Fonte: Banco de dados dos autores (2019).

Já na prática profissional, os procedimentos realizados com maior frequência foram:


limpeza de pele (141), peeling muito superficial e superficial (103), mesoterapia (100) e
intradermoterapia (100) (Tabela 3).

Tabela 3 - Procedimentos mais realizados pelos profissionais (n=184).


Procedimentos mais realizados N (%)
Limpeza de pele 141 (12,17)
Peeling muito superficial e superficial 103 (8,89)
Intradermoterapia 100 (8,63)
Mesoterapia 100 (8,63)
Escleroterapia 71 (6,13)
Cosmetologia 69 (5,95)
Drenagem linfática 66 (5,69)
Terapia combinada de ultrassom e micro correntes 58 (5,00)
Eletroterapia/eletrotermofototerapia 57 (4,92)
Vacuoterapia 53 (4,57)
Micropuntura 41 (3,54)
Ultrassom cavitacional 40 (3,45)
Nutracêuticos 37 (3,19)
Carboxiterapia 37 (3,19)
Depilação à laser 36 (3,11)
Cosmecêuticos 32 (2,76)
Nutricosméticos 31 (2,67)
Laserterapia 22 (1,90)
Criolipólise 18 (1,55)
Micropigmentação 18 (1,55)
Dermo pigmentação 11 (0,95)
Toxina botulínica 8 (0,69)
Jato de plasma e eletrocautério 4 (0,35)
Ozonioterapia 2 (0,17)
Procedimento Estético Injetável em Microvasos 1 (0,09)
Hidrolipoclasia 1 (0,09)
Ventosaterapia 1 (0,09)
Auriculoterapia/acupuntura estética 1 (0,09)
Fonte: Banco de dados dos autores (2019).
38

Comparando atuação integral, salário e tempo de atuação conforme região do Brasil,


evidenciou-se que nas regiões Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul, a maior parte dos
profissionais (53,3%, 55,8%, 42,4% e 43,3%, respectivamente) atuavam de forma parcial na
área da estética e possuíam outro vínculo empregatício. Com relação ao salário, em todas as
regiões do Brasil predominaram profissionais que possuíam renda mensal de até 3 salários
mínimos (R$2.862,00) na área. Quanto ao tempo de atuação, em todas as regiões houve o
predomínio de profissionais que atuam há menos de 5 anos na área da estética (Tabela 4).

Tabela 4 - Comparação entre atuação integral e salário, conforme região do Brasil.


Região de atuação
Centro-oeste Nordeste Norte Sudeste Sul
N % N % N % N % N %
Não, atuo de forma
parcial e não possuo
0 0,0 4 9,3 2 18,2 24 28,2 1 3,3
outro vínculo
Atuação profissional
integral Não, atuo de forma
parcial e possuo
8 53,3 24 55,8 3 27,3 36 42,4 13 43,3
outro vínculo
profissional
Sim 7 46,7 15 34,9 6 54,5 25 29,4 16 53,3
Renda Até 3 salários
mensal na mínimos 7 46,7 31 72,1 7 63,6 49 57,6 18 60,0
área da (R$2.862,00)
estética De 3 até 5 salários
mínimos
4 26,7 6 14,0 3 27,3 27 31,8 7 23,3
(R$2.862,00 até
R$4.770,00)
De 5 a 8 salários
mínimos
3 20,0 4 9,3 1 9,1 3 3,5 2 6,7
(R$4.770,00 até
R$7.732,00)
Superior a 8 salários
mínimos 1 6,7 2 4,7 0 0,0 6 7,1 3 10,0
(R$7.732,00)
Tempo de De 1 a 5 anos 6 40,0 20 46,5 6 54,5 47 55,3 12 40,0
atuação na De 6 a 10 anos 1 6,7 2 4,7 0 0,0 2 2,4 3 10,0
área da Mais de 10 anos 0 0,0 1 2,3 0 0,0 2 2,4 3 10,0
estética Menos de 1 ano 8 53,3 20 46,5 5 45,5 34 40,0 12 40,0
Fonte: Banco de dados dos autores (2019).

DISCUSSÃO

Em relação à caracterização dos enfermeiros, evidenciou-se uma participação


majoritariamente feminina no mercado de trabalho na área da estética, o que é comum na
39

Enfermagem. A enfermagem e as atividades relativas aos serviços de beleza são reconhecidas


como a arte do cuidar e, estando o cuidar associado às mulheres, a Enfermagem estética
caracteriza-se como uma área predominantemente e tipicamente feminina (SILVA, 2017).
A média de idade dos participantes apontou para um grupo composto principalmente
por adultos jovens, o que converge com outros estudos em que há predomínio dessa faixa etária
de trabalhadores atuando na Enfermagem (RIBEIRO et al., 2014). Segundo pesquisa que
definiu o perfil sociodemográfico da Enfermagem no Brasil, afirma-se que a profissão está em
pleno rejuvenescimento. Tendo como base a idade desta população, é possível fazer uma
relação com a “fase” da vida profissional em que esses enfermeiros se encontram, onde os
mesmos buscam qualificar-se nas suas áreas de interesse, através de cursos de atualização, de
especialização, ou afins, com um olhar voltado para o futuro do mercado de trabalho
(MACHADO et al., 2015).
Quanto à região de atuação, a maioria dos participantes eram provenientes do Sudeste.
Pode-se relacionar esse dado às estimativas publicadas pelo IBGE que mostram que, no ano de
2019, os três estados mais populosos do Brasil encontram-se na região Sudeste, sendo que o
maior deles é São Paulo, seguido pelo Rio de Janeiro (IBGE, 2019). O Sudeste é também
considerado a região mais evoluída economicamente do país e, segundo uma pesquisa que
analisou a evolução da atividade empreendedora no Brasil, a região possui uma alta taxa de
empreendedores e de pessoas motivadas a empreender (NOGAMI el at., 2014).
Estudos no país identificam a concentração da oferta de instituições de ensino superior
em regiões com maior desenvolvimento, as quais possuem mais capacidade instalada de
recursos humanos qualificados e de infraestrutura. Dessa forma, a Região Sudeste atrai um
número maior de estudantes para os cursos de Enfermagem quando comparado a outras regiões
do Brasil e estes, muitas vezes, após concluírem a graduação, seguem atuando nesta região.
(SILVA et al, 2016). A concentração de mão de obra de Enfermagem se localiza em grandes
centros urbanos e, na área da estética, o Rio de Janeiro destaca-se por ser sede, na década de
50, de um marco na história da estética brasileira com o surgimento do primeiro curso de
estética, localizado na “Escola France Bel”, idealizado e fundado por Anne Marie Klotz
(SEBRAE, 2013). Além disso, a Sociedade Brasileira de Enfermeiros em Saúde Estética
(SOBESE), fundada em 2016, que conta com a participação de um alto número de profissionais
que promovem e contribuem para a educação, produção, divulgação e reconhecimento legal da
Enfermagem em Saúde Estética, localiza-se também no estado do Rio de Janeiro (SOBESE,
2016).
40

Em relação à experiência profissional, a maioria (77%) trabalhou por cerca 9,5 anos
anteriormente na assistência de Enfermagem. A partir desses resultados, pode-se considerar que
os participantes majoritariamente possuíam experiência profissional acumulada na assistência
em Enfermagem antes de se inserirem na área da estética, o que pode possibilitar maior
habilidade e capacidade dos profissionais na execução de procedimentos técnicos. Resultados
semelhantes foram descritos em um estudo sobre o Perfil e Aspectos Gerais da Formação em
Enfermagem, no qual se constatou um volume significativo de profissionais que, após terem
concluído a Licenciatura em Enfermagem, atuaram na assistência de Enfermagem por
aproximadamente dez anos antes de realizarem cursos de Complementação da Graduação e
migrarem para outra área de interesse (MACHADO et al., 2016).
Quando se diz respeito ao tempo de experiência referente à área da estética, praticamente
metade (49,5%) dos profissionais atuavam entre 1 a 5 anos na área. Esse dado pode ser
relacionado ao fato de que o mercado da beleza e estética é um dos setores que mais cresceram
no Brasil nos últimos anos, motivo pelo qual os profissionais podem estar migrando para essa
área. O mercado nacional da estética superou, em 2013, a marca de 40 bilhões de dólares de
faturamento, número este confirmado no anuário da Associação Brasileira da Indústria de
Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) em 2012. Assim, até o final do ano de
2020, prevê-se uma alta significativa no faturamento do setor de salões de beleza e clínicas
estéticas no Brasil (SEBRAE, 2017).
Dados também revelam que o setor de higiene e beleza tem sido marcado por grande
crescimento (superior ao crescimento do PIB brasileiro), gerando fatores positivos para a
economia nacional, sendo assim considerado um cenário de crescimento positivo e constante.
A instituição alega que, independente da época, as pessoas procuram pelos tratamentos de
beleza e aponta o setor de Estética como um dos mais vantajosos e promissores, atualmente, no
Brasil (SEBRAE, 2017).
Quanto ao ingresso na área da estética, 91,3% dos participantes eram especialistas com
pós-graduação lato sensu em estética com no mínimo 100 horas práticas, conforme exige a
legislação estabelecida pelo Ministério da Educação. Neste âmbito, e considerando que a
Resolução do Cofen nº 529/2016 segue suspensa, o enfermeiro que atua na área da estética está,
no momento, sem respaldo legal e sem diretrizes que possam norteá-lo, com segurança, aquilo
que é lícito na prática de procedimentos estéticos. (COFEN, 2019). Porém, os achados da
pesquisa mostram a preocupação e busca dos enfermeiros pela qualificação profissional
necessária para atuar no mercado de trabalho de estética.
41

A maioria dos profissionais se dedicava cerca de 10 horas semanais à área da estética,


possuindo outro vínculo profissional. Esta questão é enfatizada em um estudo que afirma que
o enfermeiro, muitas vezes, faz dupla jornada de trabalho e horas extras para garantir o seu
padrão de vida e o sustento da família. Devido às condições salariais e regulamentação da
jornada de trabalho, a profissão luta por uma prática de trabalho mais segura, onde seja possível
evitar duplos vínculos empregatícios e se dedicar de forma exclusiva à um cargo (VIANA,
2014). Tais resultados são divergentes em relação a estudos sobre o mercado de trabalho em
Enfermagem e outros cenários de atuação, nos quais houve predomínio de uma carga horária
maior de trabalho e de apenas um vínculo profissional (LUCHTEMBERG; PIRES, 2016;
VIANA et al., 2014; MARTINS, GOMES; 2015).
No que se diz respeito à renda mensal com estética, 60,9% dos participantes tinham
remuneração de até 3 salários mínimos (R$2.862,00). Esse dado é de difícil comparação, pois
a Enfermagem não possui um piso salarial fixado no Brasil. Relacionando este dado com o dado
anterior, percebe-se que os enfermeiros não se dedicavam exclusivamente à estética e
consequente, não tinham a atuação na área como principal fonte de renda. Contudo, a
ABIHPEC registrou, em abril de 2018, que o salário médio das profissionais esteticistas é R$
1.518,19. Pode-se assim considerar que os números encontrados na pesquisa estão acima dos
valores nacionalmente esperados para a área.
Conforme o estudo mostrou, 33,2% dos participantes trabalhavam de forma
autônoma/independente na área da estética, o que pode estar diretamente relacionado aos dados
abordados no parágrafo anterior. Muitas vezes os profissionais para obterem a remuneração
desejada, buscam trabalhos complementares de forma autônoma/independente, ou seja, tornam-
se auto empreendedores, ou empreendedores de si. A relação empregado-empregador é
substituída pela relação entre o trabalhador autônomo e o(s) demandante(s) do trabalho. O auto
empreendedorismo leva o trabalhador autônomo a mobilizar recursos próprios para inserir-se
no mercado de trabalho e estes passam a ser remunerados pelos clientes demandantes do
trabalho (ROSENFIELD, 2015).
Identificou-se no presente estudo que o público alvo mais frequente nos atendimentos
foram mulheres (98,9%). Resultados semelhantes estão descritos no artigo que fala a respeito
da qualidade de vida, imagem corporal e satisfação nos tratamentos estéticos, onde no Brasil as
mulheres demonstraram uma insatisfação maior para com seus corpos, quando comparado aos
homens. Viu-se que os tratamentos estéticos possuem influências positivas tanto na imagem
corporal quanto na qualidade de vida dessas mulheres, melhorando seu grau de satisfação com
elas mesmas. Após os procedimentos, as participantes passaram a ter padrão de normalidade
42

referente à sua imagem corporal, quando antes apresentavam leve distorção (FERREIRA et al.,
2016).
Nesse sentido, é importante pontuar que, embora as mulheres sejam mais preocupadas
com a beleza, atualmente ocorre uma masculinização na área da estética, devido a grande
mudança conjuntural na forma como o homem se relaciona com sua imagem pessoal. Os
homens passaram a acreditar que estar aparentemente bem cuidado implica em melhores
oportunidades de emprego e maior satisfação pessoal na construção da própria imagem. Tanto
a indústria dos cosméticos, quanto as clínicas estéticas perceberam um grande aumento do
público masculino a procura de procedimento, como limpeza facial e aplicação de laser, e
produtos, como cremes, pomadas e géis modeladores, influenciando no desenvolvimento de
linhas específicas para o público masculino (INFANTE; CALIXTO; CAMPOS, 2016).
Além da formação acadêmica, nos resultados do estudo destacou-se a busca dos
participantes pela realização de cursos de qualificação e/ou aprimoramento, o que pode estar
associado ao fato de que os enfermeiros, ao finalizarem o curso de graduação, sentirem a
necessidade de buscar conhecimentos e qualificação específicos conforme a área de inserção
profissional no mercado de trabalho. A qualificação profissional se dá pela educação
permanente e continuada (RIBEIRO; SOUZA; SILVA, 2019).
A educação continuada promove a capacitação e competências profissionais por meio
de atualizações de conhecimentos, enquanto a educação permanente produz conhecimento
dentro da área a partir dos problemas vivenciados no dia a dia do profissional. Ambas permitem
ao trabalhador manter, aumentar ou melhorar sua competência na área de atuação, apresentando
bom desempenho profissional. Além disso, aperfeiçoam, atualizam e capacitam os profissionais
frente às inovações e necessidades relacionadas aos setores de atuação, reciclando e construindo
novos conhecimentos (RIBEIRO; SOUZA; SILVA, 2019).
O estudo não mostrou discrepância de respostas na comparação entre atuação integral,
salário e tempo de atuação conforme regiões do Brasil. Destacou-se em todas as regiões o
predomínio de profissionais que atuam na área da estética há menos de 5 anos, de forma parcial
e com renda mensal de até 3 salários mínimos. Ambos os dados já foram discutidos
anteriormente e auxiliam no delineamento do perfil sociodemográfico dos profissionais de
Enfermagem que atuam na área da estética no Brasil.

LIMITAÇÃO
43

Como limitação da pesquisa, pontua-se que embora a coleta de dados online facilite o
acesso, possibilitando que o participante responda o questionário no momento que considerar
mais conveniente e, permitindo acesso a profissionais de todas as regiões do Brasil, não se pode
ter controle quanto a quem é o respondente.
Vale ponderar ainda que a dificuldade de encontrar literatura científica sobre a temática
restringiu a discussão dos resultados, sendo que em alguns casos foram usados estudos
desenvolvidos em áreas correlatas. Assim, sugere-se que novos estudos sejam realizados acerca
da atuação do enfermeiro na área da estética.

CONCLUSÃO

A presente pesquisa permitiu caracterizar e identificar o perfil dos enfermeiros que


atuam na área da estética, bem como o estudo do mercado de trabalho desta área, em diferentes
regiões do Brasil.
Mostrou-se que, por meio da área da estética, o enfermeiro visualiza a oportunidade de
exercer suas competências e aptidões, anteriormente adquiridas na assistência em Enfermagem,
de forma autônoma e/ou independente. Despertado pelo desejo de mudança de ramo, de
atividade ou de contexto de vida, o profissional busca na área da estética a oportunidade de
obter maior satisfação pessoal e profissional, além da obtenção de renda complementar, devido
à alta demanda de clientes a procura de procedimentos e cuidados de beleza.
O estudo destacou que existem fatores que potencializam a atuação autônoma do
enfermeiro no contexto da estética, como: a educação permanente e continuada, o perfil
profissional e as experiências assistenciais anteriores. A área da estética possibilita que o
profissional seja gestor do seu próprio negócio e para isso, torna-se relevante conhecer e
compreender o mercado de trabalho e seus aspectos.
Os objetivos deste estudo foram alcançados, e deixam uma lacuna para que outros
enfermeiros estudem mais sobre esta área tão nova e promissora, podendo assim contribuir com
argumentos palpáveis para o maior reconhecimento dos profissionais na área. Encontrou-se
pouca produção científica em relação ao perfil e à atuação do enfermeiro na área da estética,
demonstrando a necessidade de realização de mais estudos que evidenciam a realidade e as
dificuldades dos profissionais atuantes nesse ramo.
Através desse estudo, foi possível identificar e indicar achados que poderão contribuir
para a expansão e ampliação da Enfermagem estética no Brasil, fornecendo informações
44

relevantes para que os enfermeiros possam migrar e atuar nessa área, obtendo reconhecimento
legal diante dos órgãos reguladores. O estudo também buscou trazer reflexões acerca da
visibilidade dos enfermeiros estetas a fim de estimular o empoderamento e reconhecimento do
enfermeiro nessa área de atuação.

REFERÊNCIAS

ABIHPEC. Profissão de esteticista é regulamentada. 2018. Disponível em:


<https://abihpec.org.br/profissao-de-esteticista-e-regulamentada/>. Acesso em: 31 out. 2019.

AMARAL, Iraides Golçalves et al. Carreira, mercado de trabalho e as lições de “DonAna” no


processo de ensino-aprendizagem e pesquisa em Administração. Revista Eletrônica de
Ciência Administrativa-RECADM, v. 11, n. 1, p. 95-114, 2012.

ANDRADE, Andréia de Carvalho; BEN, Luiza Watanabe dal; SANNA, Maria Cristina.
Empreendedorismo na Enfermagem: panorama das empresas no Estado de São Paulo.
2015. Universidade Federal de São Paulo, Escola de Enfermagem, Programa de Pós-
Graduação em Ciências da Saúde. São Paulo-SP, Brasil. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/reben/v68n1/0034-7167-reben-68-01-0040.pdf>. Acesso em: 25
maio 2018.

APRIGIO, Bruna Tábata. Gerações no mercado de trabalho: Geração Y. 2013. Revista de


Administração do UNISAL. Campinas, v.3, n.3, p. 19-28, Jan/Abr 2013. Disponível em:
<http://www.revista.unisal.br/sj/index.php/RevAdministracao/article/view/232>. Acesso em:
09 out. 2018.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

BRASIL. Parecer 197/2014 de 26 de setembro de 2014. Parecer com posicionamento do


Conselho Federal de Enfermagem sobre a legalidade da atuação do Enfermeiro e Técnicos de
enfermagem na realização de procedimentos estéticos. Órgão Emissor: COFEN - Conselho
Federal de Enfermagem. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/wp-
content/uploads/2014/10/PARECER-DE-CONSELHEIRO-197_2014.pdf> Acesso em 26 de
maio de 2019.

BRASIL. Resolução 529/2016 de 06 de novembro de 2016. Aprovar a normatização da


atuação do Enfermeiro na área de Estética. Órgão emissor: COFEN - Conselho Federal de
Enfermagem. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-
05292016_46283.html>. Acesso em 26 de outubro de 2019.

COLICHI, Rosana Maria Barreto; LIMA, Silvana Andrea Molina. Empreendedorismo na


enfermagem: comparação com outras profissões da saúde. Revista Eletrônica de
Enfermagem, [s.l.], v. 20, p.1-11, 27 jul. 2018.

COFEN - CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Decisão judicial suspende


resolução sobre Enfermagem e estética em 12 de maio de 2017. 2017. Disponível em:
45

<http://www.cofen.gov.br/decisao-judicial-suspende-resolucao-sobre-enfermagem-e-
estetica_51766.html>. Acesso em: 27 maio 2019.

FERREIRA, Andressa Martins Dias et al. Tendências empreendedoras e expectativa salarial


de residentes de enfermagem enterprising tendencies and salary expectation. Rev. Par.
Enferm. [s.l], v. 2, n. 1, p.32-40. 2019

FERREIRA, Juliana Barros; LEMOS, Larissa Morgan Andrade; SILVA, Thais Rocha da.
Qualidade de vida, imagem corporal e satisfação nos tratamentos estéticos. Revista Pesquisa
em Fisioterapia, [s.l.], v. 6, n. 4, p.402-410, 25 nov. 2016.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE divulga as estimativas da


população dos municípios para 2019: Estatísticas sociais. 2019. Disponível em:
<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-
noticias/releases/25278-ibge-divulga-as-estimativas-da-populacao-dos-municipios-para-
2019>. Acesso em: 13 out. 2019.

INFANTE, Victor Hugo Pacagnelli; CALIXTO, Livia Salomão; CAMPOS, Patrícia Maria
Berardo G. M. Cosmetics consumption behaviour among men and women and the importance
in products indication and treatment adherence. Surgical & Cosmetic Dermatology, [s.l.], v.
8, n. 2, p.134-141, 2016.

KAHLOW, Andréa; OLIVEIRA, Lígia Colombo de. A estética como instrumento do


enfermeiro na promoção do conforto e bem-estar. 2011. Disponível em:
<http://siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Kahlow, Ligia Colombo de Oliveira.pdf>. Acesso em:
26 maio 2018.

MACHADO, Maria Helena et al. Aspectos gerais da formação da enfermagem: o perfil da


formação dos enfermeiros, técnicos e auxiliares. Enferm. Foco. [s.l], v. 6, n. 2/4, p.15-34,
2016.

MACHADO, Maria Helena et al. Características gerais da Enfermagem: O perfil sócio


demográfico. Enferm. Foco. [s.l], v. 6, n.1/4., p.11-17, 2015.

MARTINS, Carlos Rinaldo Nogueira; GOMES, Antonio Marcos Freire. Debatedor:


Mercado de Trabalho em Enfermagem: Aspectos Gerais. 2016. Disponível em:
<http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/692/302>. Acesso em: 26
maio 2018.

NOGAMI, Vitor Koki da Costa; MEDEIROS, Juliana; FAIA, Valter da Silva. Análise da
evolução da atividade empreendedora no brasil de acordo com o global entrepreneurship
monitor (GEM) entre os anos de 2000 e 2013. Regepe - Revista de Empreendedorismo e
Gestão de Pequenas Empresas, [s.l.], v. 3, n. 3, p.31-76, 26 fev. 2015.

RIBEIRO, Grace Kelly Naves de Aquino et al. Nursing professionals trained for the labor
market in the state of Minas Gerais. Reme: Revista Mineira de Enfermagem, [s.l.], v. 18, n.
1, p.15-20, 2014.

ROSENFIELD, Cinara. Autoempreendedorismo: forma emergente de inserção social pelo


trabalho. Revista Brasileira de Ciências Sociais, [s.l.], v. 30, n. 89, p.115-128, 11 jun. 2015.
46

SEBRAE. A profissionalização dos centros de estética: Estudo de mercado. 2017.


Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/a-profissionalizacao-
dos-centros-de-estetica,00a9d62b2b886410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em:
08 out. 2019.

SEBRAE. Beleza e estética: estudo de mercado-centros de estética carteira beleza e


estética. Brasília, 2013. p. 114. Disponível em:
<http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/7492e6
8e544fa09897c7f3b00482a0b7/%24File/4593.pdf>. Acesso em: 08 out. 2019.

SILVA, Jackson Diego Ferreira. O enfermeiro no exercício de uma profissão


predominantemente feminina. 2017. 47 f. TCC (Graduação) - Curso de Enfermagem,
Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2017. Disponível em:
<https://monografias.ufma.br/jspui/bitstream/123456789/2067/1/JacksonSilva.pdf>. Acesso
em: 29 out. 2019.

SILVA, Kênia Lara et al. Migrant nurses in Brazil: demographic characteristics, migration
flow and relationship with the training process. Revista Latino-americana de Enfermagem,
[s.l.], v. 24, p.1-9, 2016.

VIANA, Renata Andrea Pietro Pereira et al. Profile of an intensive care nurse in different
regions of Brazil. Texto & Contexto - Enfermagem, [s.l.], v. 23, n. 1, p.151-159, mar. 2014.
47

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta etapa do estudo, retomo ao objetivo inicial: descrever a atuação e o


empreendedorismo dos enfermeiros no mercado de trabalho na área da estética; identificar o
perfil sociodemográfico dos enfermeiros inseridos no mercado de trabalho na área da estética.
Neste contexto, considero que os objetivos e a pergunta de pesquisa “como ocorre a
atuação dos enfermeiros na área da estética?” foram contemplados no estudo. Para o alcance
disso, foi desenvolvida uma pesquisa exploratória-descritiva, com abordagem quantitativa,
desenvolvida por meio de um survey online via Google forms®, com a participação de 184
enfermeiros que atuam na área da estética de forma autônoma ou liberal no Brasil.
Neste contexto, os achados do estudo mostraram que os enfermeiros que atuam na área
da estética são na sua maioria mulheres, provenientes da região Sudeste do país, com tempo de
atuação na área da estética entre 1 e 5 anos, que se dedicavam a estética de forma parcial,
possuindo outro vínculo profissional. Destacaram-se fatores que potencializam a atuação
autônoma do enfermeiro no contexto da estética, como: a educação permanente e continuada,
o perfil profissional e as experiências assistenciais anteriores.
Percebe-se que, embora a Resolução COFEN Nº 529/2016, que normatiza a atuação do
Enfermeiro na área de estética esteja suspensa, a atuação dos profissionais na área é uma
realidade confirmada através da alta adesão de profissionais ao questionário, superando as
expectativas iniciais do estudo.
A inserção na área da estética é, para os Enfermeiros, uma oportunidade de
complementação financeira e de conhecimentos, aprimoramento das técnicas e satisfação no
trabalho. A regulamentação dos procedimentos e dos recursos terapêuticos promoveria maior
segurança de prática legal e de atuação aos clientes e também aos enfermeiros, reafirmando as
habilidades e competências profissionais adquiridas anteriormente após o curso de
especialização.
Identificou-se, através do estudo, informações relevantes para que os enfermeiros
possam migrar e atuar nessa área promissora, mas que enfrenta ainda alguns obstáculos na
prática clínica. Nota-se que o tema é pouco abordado durante a graduação e sugere-se assim, a
realização de novos estudos e pesquisas com esta temática, evidenciando a realidade dos
profissionais atuantes nesse ramo, buscando reconhecimento, visibilidade e empoderamento
desta especialização frente à sociedade e aos órgãos reguladores.
48

REFERÊNCIAS

ABIHPEC. Profissão de esteticista é regulamentada. 2018. Disponível em:


<https://abihpec.org.br/profissao-de-esteticista-e-regulamentada/>. Acesso em: 31 out. 2019.

ACCS - AUSTRALASIAN COLLEGE OF COSMETIC SURGERY (Australia). The


College. 2019. Disponível em: <https://www.accs.org.au/the-college>. Acesso em: 30 out.
2019.

ALMEIDA, Joana Gomes de et al. Desemprego e empreendedorismo: da ambiguidade da


relação conceitual à eficácia das práticas de intervenção social. Plural (São Paulo. Online),
[s.l.], v. 20, n. 1, p.31-56, 5 jun. 2013.

AMARAL, Iraides Golçalves et al. Carreira, mercado de trabalho e as lições de “DonAna” no


processo de ensino-aprendizagem e pesquisa em Administração. Revista Eletrônica de
Ciência Administrativa-RECADM, v. 11, n. 1, p. 95-114, 2012.

ANDRADE, Andréia de Carvalho; BEN, Luiza Watanabe dal; SANNA, Maria Cristina.
Empreendedorismo na Enfermagem: panorama das empresas no Estado de São Paulo.
2015. Universidade Federal de São Paulo, Escola de Enfermagem, Programa de Pós-
Graduação em Ciências da Saúde. São Paulo-SP, Brasil. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/reben/v68n1/0034-7167-reben-68-01-0040.pdf>. Acesso em: 25
maio 2018.

APRIGIO, Bruna Tábata. Gerações no mercado de trabalho: Geração Y. 2013. Revista de


Administração do UNISAL. Campinas, v.3, n.3, p. 19-28, Jan/Abr 2013. Disponível em:
<http://www.revista.unisal.br/sj/index.php/RevAdministracao/article/view/232>. Acesso em:
09 out. 2018.

AVELAR, Cátia Fabíola Parreira de; VEIGA, Ricardo Teixeira. Como entender a vaidade
feminina utilizando a autoestima e a personalidade. Revista de Administração de Empresas,
[s.l.], v. 53, n. 4, p.338-349, ago. 2013.

AURICCHIO, Ana Maria; MASSAROLLO, Maria Cristina Komatsu Braga. Procedimentos


estéticos: percepção do cliente quanto ao esclarecimento para a tomada de decisão. Revista
da Escola de Enfermagem da Usp, [s.l.], v. 41, n. 1, p.13-20, mar. 2007.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

BRASIL, Agência de Notícias IBGE. Desemprego recua em dezembro, mas taxa média do
ano é a maior desde 2012. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-
noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/19759-desemprego-recua-em-dezembro-mas-taxa-
media-do-ano-e-a-maior-desde-2012>. Acesso em: 29 out. 2019

BRASIL. Parecer 197/2014 de 26 de setembro de 2014. Parecer com posicionamento do


Conselho Federal de Enfermagem sobre a legalidade da atuação do Enfermeiro e Técnicos de
enfermagem na realização de procedimentos estéticos. Órgão Emissor: COFEN - Conselho
Federal de Enfermagem. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/wp-
49

content/uploads/2014/10/PARECER-DE-CONSELHEIRO-197_2014.pdf> Acesso em 26 de
maio de 2016.

BRASIL. Resolução 529/2016 de 06 de novembro de 2016. Aprovar a normatização da


atuação do Enfermeiro na área de Estética. Órgão emissor: COFEN - Conselho Federal de
Enfermagem. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-
05292016_46283.html>. Acesso em 26 de outubro de 2019.

BRITISH ASSOCIATION OF COSMETIC NURSES – BACN (United Kingdom) (Org.).


British Association of Cosmetic Nurses. 2019. Disponível em: <https://www.bacn.org.uk/>.
Acesso em: 29 out. 2019.

BORBA, Tamila J; THIVES, Fabiana Marin. Uma reflexão sobre a influência da estética
na autoestima, automotivação e bem estar do ser humano. 2011. 21 f. TCC (Graduação) -
Curso de Cosmetologia e Estética, Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, 2011.
Disponível em: <http://siaibib01.univali.br/pdf/Tamila%20Josiane%20Borba.pdf>. Acesso
em: 29 out. 2019.

BRITO, Andréia Matos et al. Empreendedorismo. Juazeiro do Norte: Instituto Federal de


Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – Ifce, 2013. 96 p. Disponível em:
<http://estudio01.proj.ufsm.br/cadernos/ifce/tecnico_edificacoes/empreendedorismo.pdf>.
Acesso em: 29 out. 2019.

COLICHI, Rosana Maria Barreto; LIMA, Silvana Andrea Molina. Empreendedorismo na


enfermagem: comparação com outras profissões da saúde. Revista Eletrônica de
Enfermagem, [s.l.], v. 20, p.1-11, 27 jul. 2018.

COFEN - CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Decisão judicial suspende


resolução sobre Enfermagem e estética em 12 de maio de 2017. 2017. Disponível em:
<http://www.cofen.gov.br/decisao-judicial-suspende-resolucao-sobre-enfermagem-e-
estetica_51766.html>. Acesso em: 27 maio 2018.

COFEN - CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. PL regulamenta atuação de


profissionais de Saúde em Estética. 2019. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/pl-
regulamenta-atuacao-de-profissionais-de-saude-em-estetica_69730.html>. Acesso em: 15 out.
2019.

COPELLI, Fernanda Hannah da Silva. Empreendedorismo na gestão universitária pública


na enfermagem. 2015. 138 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Enfermagem, Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015. Disponível em:
<https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/169490/338822.pdf?sequence=1&is
Allowed=y>. Acesso em: 29 out. 2019.

COSTA, Fabiana Gallo et al. Tendências empreendedoras dos enfermeiros de um hospital


universitário. Revista Gaúcha de Enfermagem, [s.l.], v. 34, n. 3, p.147-154, set. 2013.

COSTA, Roberta et al. O legado de Florence Nightingale: uma viagem no tempo. Texto &
Contexto - Enfermagem, [s.l.], v. 18, n. 4, p.661-669, dez. 2009.
50

DANTAS, Edmundo B. Empreendedorismo e Intra-Empreendedorismo: É preciso


aprender a voar com os pés no chão. Biblioteca On-Line de Ciências da Comunicação,
2008. 7 p. Disponível em: < http://www.bocc.ubi.pt/pag/dantas-edmundo-
empreendedorismo.pdf>. Acesso em: 29 out. 2019.

DIAS, Solange Irene Smolarek. Apostila de Estudos – Disciplina DEG205 – Teoria do


Design. 2011. Disponível em: <https://pt.scribd.com/document/152013117/00-Apostila-
Teoria-Do-Design-Estudos-DEG205-2011-2>. Acesso em: 07 ago. 2018.

ECO, Humberto. História da feiura. Rio de Janeiro: Record, 2007.

ERDMANN, Alacoque Lorenzini et al. Formando empreendedores na enfermagem:


promovendo competências e aptidões sóciopolíticas. Enfermería Global, Murcia, v. 16, n. 1,
p.1-10, jun. 2009.

ERDMANN, Alacoque Lorenzini et al. Perfil dos egressos de gerenciamento de enfermagem


dos programas da área de enfermagem da região Sul. Revista da Escola de Enfermagem da
Usp, [s.l.], v. 45, n., p.1551-1557, dez. 2011.

FATTURI, Karyne Carlos. Análise histórica do empreendedorismo: estudo das principais


características que definem um empreendedor de sucesso. 2013. 56 f. TCC (Graduação) -
Curso de Engenharia de Produção, Centro Universitário Estadual do Norte, Rio de Janeiro,
2013.

FERREIRA, Andressa Martins Dias et al. Tendências empreendedoras e expectativa salarial


de residentes de enfermagem. REPENF – Rev Par Enferm. [s.l], v. 2, n. 1: 1551-1557,
2019.

FERREIRA, Juliana Barros; LEMOS, Larissa Morgan Andrade; SILVA, Thais Rocha da.
Qualidade de vida, imagem corporal e satisfação nos tratamentos estéticos. Revista Pesquisa
em Fisioterapia, [s.l.], v. 6, n. 4, p.402-410, 25 nov. 2016.

FERREIRA, Gímerson Erick et al. Características empreendedoras do Futuro Enfermeiro.


Cogitare Enferm., [s.l], v. 18, n. 4, p. 688-98, out/dez. 2013.

FLICK, Uwe. Introdução é metodologia de pesquisa: um guia para iniciantes. Porto


Alegre: Penso, 2013. 256p.

FLORIANI, Flávia Monique; MARCANTE, Márgara Dayana da Silva; BRAGGIO, Laércio


Antônio. Auto- estima e auto-imagem: a relação com a estética. 2010. Disponível em:
<http://siaibib01.univali.br/pdf/Flavia%20Monique%20Floriani,%20M%C3%A1rgara%20Da
yana%20da%20Silva%20Marcante.pdf>. Acesso em: 07 ago. 2019.

FREUND, John. E.; SIMON, Gary. A. Estatística aplicada: Economia, Administração e


Contabilidade. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2000.

GUEDES, Terezinha Aparecida; MARTINS, Ana Beatriz Tozzo. Estatística Descritiva.


2005. Disponível em:
<http://www.each.usp.br/rvicente/Guedes_etal_Estatistica_Descritiva.pdf>. Acesso em: 20
ago. 2019.
51

ISPAN, International Society of Plastic and Aesthetic Nurses. About ISPAN. Disponível em:
<http://ispan.org/about/>. Acesso em: 18 out. 2018.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE divulga as estimativas da


população dos municípios para 2019: Estatísticas sociais. 2019. Disponível em:
<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-
noticias/releases/25278-ibge-divulga-as-estimativas-da-populacao-dos-municipios-para-
2019>. Acesso em: 13 out. 2019.

INFANTE, Victor Hugo Pacagnelli; CALIXTO, Livia Salomão; CAMPOS, Patrícia Maria
Berardo G. M. Cosmetics consumption behaviour among men and women and the importance
in products indication and treatment adherence. Surgical & Cosmetic Dermatology, [s.l.], v.
8, n. 2, p.134-141, 2016.

JESUS, Bruna Helena de et al. Inserção no mercado de trabalho: trajetória de egressos de um


curso de graduação em enfermagem. Escola Anna Nery, [s.l.], v. 17, n. 2, p.336-345, jun.
2013.

KAHLOW, Andréa; OLIVEIRA, Lígia Colombo de. A estética como instrumento do


enfermeiro na promoção do conforto e bem-estar. 2011. Disponível em:
<http://siaibib01.univali.br/pdf/Andrea Kahlow, Ligia Colombo de Oliveira.pdf>. Acesso em:
26 maio 2018.

LEOPARDI, Maria Tereza. Metodologia da Pesquisa na Saúde. Santa Maria, RS: Pallotti,
2002. 119 p.

MACHADO, Maria Helena et al. Aspectos gerais da formação da enfermagem: o perfil da


formação dos enfermeiros, técnicos e auxiliares. Enferm. Foco. [s.l], v. 6, n. 2/4, p.15-34,
2016.

MACHADO, Maria Helena et al. Características gerais da Enfermagem: O perfil sócio


demográfico. Enferm. Foco. [s.l], v. 6, n.1/4., p.11-17, 2015.

MARTINS, Carlos Rinaldo Nogueira; GOMES, Antonio Marcos Freire. Debatedor:


Mercado de Trabalho em Enfermagem: Aspectos Gerais. 2016. Disponível em:
<http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/692/302>. Acesso em: 26
maio 2018.

MORAIS, Joice Aparecida de et al. Práticas de enfermagem empreendedoras e autônomas.


Cogitare Enfermagem, [s.l.], v. 18, n. 4, p.695-701, 31 dez. 2013.

NOGAMI, Vitor Koki da Costa; MEDEIROS, Juliana; FAIA, Valter da Silva. Análise da
evolução da atividade empreendedora no brasil de acordo com o global entrepreneurship
monitor (GEM) entre os anos de 2000 e 2013. Regepe - Revista de Empreendedorismo e
Gestão de Pequenas Empresas, [s.l.], v. 3, n. 3, p.31-76, 26 fev. 2015.

OLIVEIRA, Jonas Sâmi Albuquerque de et al. Trends in the job market of nurses in the view
of managers. Revista Brasileira de Enfermagem, [s.l.], v. 71, n. 1, p.160-167, fev. 2018.
52

OLIVEIRA, Jonas Sâmi Albuquerque de; PIRES, Denise Elvira Pires de. A atualidade do
debate sobre mercado de trabalho em enfermagem. Rev Enferm Ufpe On Line, Recife, v. 11,
n. 8, p.1-5, nov. 2014.

PADILHA, Ênio. Marketing pessoal e Imagem Pública. 2 ed. Balneário Camboriú: Palloti,
202. 78p.

POLAKIEWICZ, Rafael Rodrigues et al. Potencialidades e vulnerabilidades do enfermeiro


empreendedor: uma revisão integrativa. Persp. Online: Biol. & Saúde, [s.l], v. 11, n. 3, p.
53-79, 2013.

PORTELA, José et al (Org.). Microempreendedorismo em Portugal: experiências e


perspectivas. Lisboa: Greca - Artes Gráficas, 2008. 137 p. Disponível em:
<https://eusouempreendedor.files.wordpress.com/2009/02/microempreendedorismoportugal_i
vro_completo1.pdf>. Acesso em: 30 out. 2019.

PRETO, Vivian Aline et al. Refletindo sobre as contribuições da enfermagem para a saúde
global. Revista Gaúcha de Enfermagem, [s.l.], v. 36, n., p.267-270, 2015.

RADMEHR, Maryam; ASHKTORAB, Tahereh; ABEDSAEEDI, Zhila. Nursing Care


Aesthetic in Iran: A Phenomenological Study. Nursing and Midwifery Studies, [s.l.], v. 4, n.
2, p.1-8, 27 jun. 2015.

REGMI, Pramodi.R. et al. Guide to the design and application of online questionnaire
surveys. Nepal Journal of Epidemiology, [s.l], v. 6. n. 4, p. 640-644. 2016.

RIBEIRO, Bárbara Caroline Oliveira; SOUZA, Rafael Gomes de; SILVA, Rodrigo Marques
da. A importância da educação continuada e educação permanente em unidade de terapia
intensiva. Ver. Inic Cient Ext, [s.l], v. 2, n. 3, p. 167-175, 2019.

RIBEIRO, Grace Kelly Naves de Aquino et al. Nursing professionals trained for the labor
market in the state of Minas Gerais. Reme: Revista Mineira de Enfermagem, [s.l.], v. 18, n.
1, p.15-20, 2014.

ROSENFIELD, Cinara. Autoempreendedorismo: forma emergente de inserção social pelo


trabalho. Revista Brasileira de Ciências Sociais, [s.l.], v. 30, n. 89, p.115-128, 11 jun. 2015.

RUSSO, Renata. Imagem corporal: construção através da cultura do belo. Movimento &
Percepção, Espírito Santo de Pinhal, v. 5, n. 6, p. 80-90, 2005.

SEBRAE. A profissionalização dos centros de estética: Estudo de mercado. 2017.


Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/a-profissionalizacao-
dos-centros-de-estetica,00a9d62b2b886410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em:
08 out. 2019.

SEBRAE. Beleza e estética: estudo de mercado-centros de estética carteira beleza e


estética. Brasília, 2013. p. 114. Disponível em:
<http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/7492e6
8e544fa09897c7f3b00482a0b7/%24File/4593.pdf>. Acesso em: 08 out. 2019.
53

SILVA, Jackson Diego Ferreira. O enfermeiro no exercício de uma profissão


predominantemente feminina. 2017. 47 f. TCC (Graduação) - Curso de Enfermagem,
Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2017. Disponível em:
<https://monografias.ufma.br/jspui/bitstream/123456789/2067/1/JacksonSilva.pdf>. Acesso
em: 29 out. 2019.

SILVA, Kenia Lara et al. Expansion of undergraduate courses in nursing: dilemmas and
contradictions facing the labor market. Revista da Escola de Enfermagem da Usp, [s.l.], v.
47, n. 5, p.167-175, out. 2013.

SILVA, Kênia Lara et al. Migrant nurses in Brazil: demographic characteristics, migration
flow and relationship with the training process. Revista Latino-americana de Enfermagem,
[s.l.], v. 24, p.1-9, 2016.

SOBESE - Sociedade Brasileira de Enfermeiros em Saúde Estética. Quem somos. 2016.


Disponível em: <http://sobese.org/quemsomos.html>. Acesso em: 19 set. 2019.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENFERMAGEM ESTÉTICA. Prerrogativas. 2017.


Disponível em: <http://www.sociedade-brasileira-de-enfermagem-
estetica.com/prerrogativas.html>. Acesso em: 26 maio 2018.

VIANA, Renata Andrea Pietro Pereira et al. Profile of an intensive care nurse in different
regions of Brazil. Texto & Contexto - Enfermagem, [s.l.], v. 23, n. 1, p.151-159, mar. 2014.

WALDOW, Vera Regina. Cuidado Humano: o resgate necessário. 3a ed. Porto Alegre:
Sagra Luzzatto, 2001

ZEYTINOGLU, Isik U. et al. Casualized employment and turnover intention: Home care
workers in Ontario, Canada. Health Policy, [s.l.], v. 91, n. 3, p.258-268, ago. 2009.
54

APÊNDICE A - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

ATUAÇÃO DOS ENFERMEIROS NO MERCADO DE TRABALHO NA ÁREA


ESTÉTICA: PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Concordo em participar dessa pesquisa: ( ) Sim ( ) Não

Parte I - Categoria profissional

1. Informe a sua categoria profissional:


( ) Auxiliar em Enfermagem
( ) Técnico em Enfermagem
( ) Enfermeiro
( ) Nenhuma das opções anteriores

Parte II - Dados sociodemográficos

1.Sexo:
( ) Feminino ( ) Masculino

2. Idade em anos: ______

3. Região do Brasil onde atua:

( ) Norte ( )Nordeste ( ) Centro-Oeste ( ) Sudeste ( ) Sul

Parte III - Referente à área da estética

1. Formação (assinale a titulação mais elevada)


( ) Ensino médio/técnico
( ) Graduação
( ) Especialização
( ) Mestrado
( ) Doutorado

2. Tempo de formado na área de Enfermagem, em anos: ______

3. Trabalhou anteriormente na assistência de Enfermagem?


( ) Sim
( ) Não

4. Se respondeu SIM na questão anterior, quanto tempo trabalhou na assistência de


Enfermagem? _______

5. Possui especialização na área da estética?


( ) Sim
( ) Não
55

6. Tempo de atuação na área da estética:


( ) Menos de 1 ano
( ) De 1 a 5 anos
( ) De 6 a 10 anos
( ) Mais de 10 anos

7. Cursos de qualificação ou complementar de aprimoramento (marque todos que se aplicam):


( ) Limpeza de Pele
( ) Micropuntura
( ) Carboxiterapia
( ) Criolipólise
( ) Dermo Pigmentação
( ) Depilação à laser
( ) Drenagem Linfática
( ) Eletroterapia/ Eletrotermofototerapia
( ) Escleroterapia
( ) Intradermoterapia/ Mesoterapia
( ) Laserterapia
( ) Terapia Combinada de ultrassom e Micro Correntes
( ) Micropigmentação
( ) Peeling muito superficiais e superficiais
( ) Ultrassom Cavitacional
( ) Vacuoterapia (técnica de massagem com pressão negativa e sucção)
( ) Nutracêuticos (compostos bioativos naturais que proporcionam benefícios à saúde)
( ) Nutricosmético
( ) Cosmetologia
( ) Cosmecêuticos
( ) Outros _________________________________________________________

8. Forma de atuação:
( ) Atua como prestador de serviços em clínicas privadas
( ) Atua como microempreendedor individual
( ) Atua de forma autônoma/independente
( ) Atua em consultório/espaço próprio
( ) Atua como contratado (CLT)
( ) Outro __________________________________________________________________

9. Você se dedica de forma integral a área da estética?


( ) Sim, atuo de forma integral
( ) Não, atuo de forma parcial e não possuo outro vínculo profissional além da área da
estética
( ) Não, atuo de forma parcial e possuo outro vinculo profissional além da área da estética

10. Carga horária semanal despendia ao trabalho na área da estética (não considerar outro
vínculo empregatício, se houver)
( ) Até 10 horas
( ) De 11 a 20 horas
( ) De 21 a 30 horas
56

( ) De 31 a 40 horas
( ) Acima de 40 horas

11. Renda mensal na área da estética:


( ) Até 3 salários mínimos (R$2.994,00)
( ) De 3 até 5 salários mínimos (R$2.994,00 até R$4.990,00)
( ) De 5 a 8 salários mínimos (R$4.990,00 até R$7.984,00)
( ) Superior a 8 salários mínimos (R$ 7.984,00)

12. Quais os procedimentos mais frequentes que você realiza na área da estética? (Marque
todos que se aplicam):

( ) Limpeza de Pele
( ) Micropuntura
( ) Carboxiterapia
( ) Criolipólise
( ) Dermo Pigmentação
( ) Depilação à laser
( ) Drenagem Linfática
( ) Eletroterapia/ Eletrotermofototerapia
( ) Escleroterapia
( ) Intradermoterapia/ Mesoterapia
( ) Laserterapia
( ) Terapia Combinada de ultrassom e Micro Correntes
( ) Micropigmentação
( ) Peeling muito superficiais e superficiais
( ) Ultrassom Cavitacional
( ) Vacuoterapia (técnica de massagem com pressão negativa e sucção)
( ) Nutracêuticos (compostos bioativos naturais que proporcionam benefícios à saúde)
( ) Nutricosmético
( ) Cosmetologia
( ) Cosmecêuticos
( ) Outros _________________________________________________________

13.Qual o público alvo mais frequente nos atendimentos:

( ) Homens
( ) Mulheres
57

APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO ON LINE VIA GOOGLE


DOCS®

O senhor está sendo convidado a participar de uma pesquisa online intitulada


“ATUAÇÃO DOS ENFERMEIROS NO MERCADO DE TRABALHO NA ÁREA
ESTÉTICA”, que tem como objetivos descrever a atuação dos enfermeiros na área estética e
identificar as características sociodemográficas desses profissionais. Esta pesquisa está
associada ao Trabalho de Conclusão de Curso da acadêmica em Enfermagem Ana Caroline
Cardoso – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, juntamente com o Prof. Dr. José
Luís Guedes dos Santos (pesquisador responsável e orientador) e Dda. Fernanda Hannah da
Silva Copelli (pesquisadora e co-orientadora) da UFSC.
A sua participação no estudo poderá contribuir na prática dos enfermeiros na área
estética e visibilizar a profissão em mais um cenário específico de cuidado.
O presente termo foi desenvolvido conforme determina as Resoluções nº e 510/2016
do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e suas complementares. Por esse tipo de registro não
ser de forma escrita, você poderá ter acesso ao registro do consentimento ou do assentimento
solicitando por meio do e-mail: [email protected].

1) Procedimento
A pesquisa será realizada através de um questionário online composto por questões
sociodemográficas e questões referentes à prática profissional na área da estética. Estima-se,
uma duração de 5 a 30 minutos para responder todas as etapas. Estes questionários serão
analisados pelo pesquisador e inseridos em um banco de dados.

2)Tratamento de possíveis riscos e desconfortos


Serão tomadas todas as providências, durante a coleta de dados, de forma a garantir a
sua privacidade e seu anonimato. Os dados coletados durante o estudo destinam-se
unicamente a atividades de pesquisa relacionadas à abordagem, não sendo utilizados como
forma de avaliação profissional ou pessoal. O estudo oferece riscos e desconfortos mínimos
a sua integridade, física, moral, social e econômica, ficando sob a responsabilidade do
pesquisador o ressarcimento e indenização da vigência de qualquer desconforto apresentado
desde que comprovada relação com a pesquisa, de acordo com a legislação vigente e
amplamente consubstanciada. Caso tenha alguma dúvida sobre os procedimentos ou sobre o
projeto você poderá entrar em contato com o pesquisador a qualquer momento pelo telefone
ou e-mail abaixo.

3) Benefícios, custos, ressarcimento e indenização


A participação neste estudo será benéfica, visto que você terá a oportunidade de
fornecer subsídios para a discussão sobre as práticas de cuidado realizadas pela enfermagem
na área estética. Além disso, esse estudo também contribuirá com resultados importantes
sobre o perfil sociodemográfico dos profissionais que atuam nesse cenário.
58

Você não terá nenhum gasto ou ônus com a participação no estudo e também não
receberá qualquer espécie de gratificação devido à participação na pesquisa. Caso alguma
despesa extraordinária associada à pesquisa venha a ocorrer, você terá o direito de solicitar o
ressarcimento, mediante comprovação das despesas, conforme determina a legislação
vigente. O pagamento será realizado mediante reembolso financeiro, pago pessoalmente em
dinheiro ou mediante depósito bancário ou ainda sob outra forma de transação acordada com
o pesquisador e/ou instâncias cabíveis;
Você tem o direito de solicitar indenização caso ocorra algum dano comprovado,
decorrente da sua participação no estudo, conforme determina a legislação vigente. A forma
de indenização será acordada com o pesquisador e/ou instâncias cabíveis;

4) Confidencialidade da Pesquisa
Toda a informação coletada neste estudo é confidencial e seu nome e o da sua
instituição não serão identificados de forma alguma. Solicito a permissão para apresentar os
resultados da análise dos questionários em eventos científicos e periódicos nacionais e
internacionais. As pessoas que estarão acompanhando os procedimentos serão os
pesquisadores Ana Caroline Cardoso (estudante da graduação), José Luís Guedes dos Santos
(pesquisador responsável e orientador), Fernanda Hannah da Silva Copelli (doutoranda e
coorientadora).

5) Participação
Sua participação no estudo é muito importante e voluntária. Você tem o direito de não
querer participar ou de sair desse estudo a qualquer momento, sem qualquer tipo de
constrangimento ou penalidades. Em caso de você decidir se retirar do estudo, favor notificar
um pesquisador responsável.
Os pesquisadores responsáveis pelo estudo poderão fornecer qualquer esclarecimento
sobre o mesmo, assim como tirar dúvidas, bastando entrar em contato pelos e-mails a seguir
e/ou com o Comitê de Ética que fez a apreciação do projeto de pesquisa. Agradecemos a sua
participação.

Nome dos pesquisadores para contato:


Pesquisadora: Ana Caroline Cardoso – [email protected] – telefone: (48)
98853-0393 – GEPADES/ UFSC
Professor orientador: Dr. José Luís Guedes dos Santos – [email protected] – telefone:
(48)3721-2205 – GEPADES/PEN/UFSC
Endereço: Campus Universitário – Trindade, 88040-900 – Florianópolis – SC – Brasil.
Departamento de enfermagem.

Para contato com o Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos:


Órgão defensor dos interesses dos participantes da pesquisa e contribuinte no
desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos, vinculado à Universidade Federal de
Santa Catarina, situado na Pró-Reitoria de Pesquisa Prédio Reitoria II R: Desembargador
Vitor Lima, nº 222, sala 401, Trindade, Florianópolis/SC. CEP 88.040-400. Contato: (48)
3721-6094. E-mail: [email protected]

Consentimento Livre e Esclarecido:


Declaro que compreendi sobre todos os procedimentos da pesquisa e, que recebi de forma
clara e objetiva todas as explicações pertinentes ao projeto e, que todos os dados a meu
respeito serão sigilosos. Eu entendo que neste estudo, as medições dos
59

experimentos/procedimentos de tratamento serão feitas sobre as minhas respostas, e que fui


informado que posso me retirar do estudo a qualquer momento.
Concordo em participar voluntariamente da pesquisa “ATUAÇÃO DOS ENFERMEIROS
NO MERCADO DE TRABALHO NA ÁREA ESTÉTICA”

( ) Aceito participar da pesquisa ( ) Não aceito participar da pesquisa


60

ANEXO A– APROVAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA: UNIVERSIDADE FEDERAL DE


SANTA CATARINA
61
62
63
64

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

DISCIPLINA: INT 5182- TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II


PARECER FINAL DO ORIENTADOR SOBRE O TRABALHO DE
CONCLUSÃO DE CURSO

Como orientador da aluna Ana Caroline Cardoso, destaco a relevância da temática


estudada considerando que a Enfermagem Estética se constitui em uma nova modalidade de
atuação do enfermeiro no Brasil. Nesse sentido, a pesquisa apresenta um panorama ampla da
atuação de enfermeiros na área, tanto em relação à caracterização socioprofissional quanto às
atividades desenvolvidas. O estudo poderá fornecer subsídios para profissionais interessados
em atuar na área e contribuir para as discussões legais sobre o escopo da prática do enfermeiro
na área de estética.
Gostaria de pontuar ainda a dedicação e o comprometimento da Ana Caroline para
alcançar os objetivos da pesquisa, buscando de forma exitosa se apropriar do conhecimento
teórico e metodológico necessário para a conclusão do trabalho.

Florianópolis, 29 de novembro de 2019.

Prof. Dr. José Luís Guedes dos Santos


Departamento de Enfermagem
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Laboratório de Pesquisa, Tecnologia e Inovação em Políticas e Gestão do Cuidado e da
Educação em Enfermagem e Saúde - GEPADES

Você também pode gostar