Araújos e Feitosas Colonizadores Do Alto e Médio Acaraú - F. Araujo Farias
Araújos e Feitosas Colonizadores Do Alto e Médio Acaraú - F. Araujo Farias
Araújos e Feitosas Colonizadores Do Alto e Médio Acaraú - F. Araujo Farias
F. ARAUJO FARIAS
Í1JRAÚJO§ E FIERTO§A§
' ..
Aos pioneiros, Capitão Dumingos Ferreira Chaves,
Dona Joana Paula Vieira Mimosa, ao seu irmão,
Capitão-Mor José de Araújo Chaves.Capitão-Mor
Antonio de Barros Galvão, Capitão-Mor Bernardino
Gomes Franco (o velho), Silvestre Rodrigues Veras (o
velho), e ao Capitão Luis Vieira de Sousa e sua mulher,
dona Ana Alves Feitosa, primitivos fundadores de
alicerces e fincadore s de estacas e esquecidos
desbravadores dos nossos sertões.
REVISÃO: Do Autor
CAP A: Do Autor
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SUMÁRIO
- Introdução ;.................................................................... 4
- Os índios . .. .. . .. .. .. .. .. .. .. .. .. 7
- Atividade econômica do Ceará colonial 10
- A chegada dos colonizadores do Alto e Médio Acaraú . .. .. 13
- Os Araújos....................................................................................... 21
- Os Feitosas 33
- A freguesia de São Gonçalo do Amarante da Serra dos Cocos 41
- Os colonizadores povoam o Alto e Médio Acaraú 46
- Comprovação documental da ocupação colonial . .. .. .. .. .. .. .. 52
- Jaguaribe 54
-Acaraú 58
- Lado sul do rio Acaraú 72
- Lado norte do rio Acaraú . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
- Serras das Matas :.. 125
- Gen. Antonio de Sampaio: reparo histórico-biográfico 141
-As cidades........................................................................................ 147
' - Guaraciaba do Norte........................................................................ 150
- lpu.................................................................................................... 154
- lpueiras .. 159
-Ararendá ··························································································· 171
- Nova Russas ···················································································· 177
- Hidrolândia .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . . .. 186
- Tamboril........................................................................................... 189
- Bibliografia 192
·······················································································
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
INTRODUÇÃO
parte dos cronistas do nosso passado. Meu intuito foi trazer a verdade de longe,
do mais longínquo possível. tendo a nortear-me a bússola válida para o estudo
histórico: o documento.
Vários foram os projetos e formas que idealizei para a concepção deste
estudo, havendo passagens de quase desistência, tamanha vi a magnitude do
desafio que me aguardava. Afoito terçei armas. e sem contar com qualquer ajuda
mergulhei num extenso e intensivo trabalho de pesquisa. resolvido a não deixar
no eterno esquecimento os feitos históricos destes pioneiros.
Como natural do mais longínquo e primitivo povoado sertanejo da
Freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos- Tarnboril-, iniciei por pesquisar
sobre a ocupação colonial de seu território.culminando com a constatação óbvia:
toda a contextura do primitivo território de Tamboril. incluindo parte dos vizinhos
municípios de Independência. Crateús, Nova Russas, Monsenhor Tabosa,
H idrolând ia e Santa Quitéria - grande parte desmembrados do primitivo território
de Tarnboril-, foram terras apossadas. colonizadas e povoadas por membros das
famílias Araújo e Feitosa. Não foi pequeno o esfôrço que desenvolvi para uma
comprovação documental desta realidade. pois quase duas centenas de imóveis
rurais foram estudados, sendo a quase totalidade constituída de imensos
latifúndios. inclusive com o indispensável relato genealógico de seus primitivos
colonos. Comprovado ficou. que estando tão distante região em poder colonial
dos descendentes dos velhos sesmciros, as demais terras já antes por eles
colonizadas estavam também sob o domínio de outros descendentes. filhos destes
e demais parentela. Por outro lado, cm pesquisa paralela efetuada em obras
primárias e bibliográficas, chegou-me a certeza de haverem sido membros destas
famílias os primitivos colonizadores dos extensos territórios onde hoje se erguem
as cidades situadas na contextura territorial da remota freguesia. e que são
objeto de menção neste trabalho. Portanto, repito. para uma comprovação
definitiva e inconteste restou-me como alternativa única o detalhamento minucioso
dos imóv~is rurais colonizados nesta distante região.
Numa análise apressada, pode parecer ao leitor enfadonha a leitura de
tantas descrições imobiliárias. No entanto nos relatos genealógicos estão contidas
muitas passagens históricas interessantes e até aqui desconhecidas. que tratam
não só da vida dos colonos. mas, também de ocorrências regionais.
Muitas constatações fiz no decurso das pesquisas para este estudo. sempre
focalizadas cm provas documentais. como a parentela entre Araújos e Feitosas
com os Ferre iras. detendo estes a primazia de antecederem àqueles na chegada
às terras do "Siará Grande". Numa simples análise das crônicas da época,
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ARAÚJOS li FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
,.
OSINDIOS
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Martim Soares Moreno em 1611, logo percebeu que nossas terras não se
prestavam ao cultivo da cana-de-açúcar, provando isto, quando aqui chegou de
regresso da Europa, trazendo vacas, cavalos, e sementes diversas. No entanto,
o índio cearense resistiu ao avanço do branco, merecendo destaque o seguinte
registro: "Após um curto período de acalmia, a luta entre os brancos e os índios
prosseguiu cada vez mais acesa e cruenta. Em 1694 novamente a rebelião
levara com desusada intensidade em tôda ribeira do Jaguaribe e regiões
circunvizinhas. Cientificado dos fatos por carta de 8 de março de 1694, determina
D. Pedro li (Rei de Portugal) a Caetano de Melo e Castro, Governador de
Pernambuco, que, à vista do estado ruinoso em que se achavam as capitanias
do Rio Grande do Norte e Ceará, fizesse doação das terras fronteiras aos
aborígenas a pessoas que fôssem capazes de povoá-las e irnperdir-lhe o passo.
No caso de pretenderem alargar a área de suas sangrentas tropelias, devia o
Governador estabelecer em Açu (Rio Grande do Norte), Jaguaribe e Piranhas
(Crateús) seis aldeias de índios domésticos de "toda a segurança", duas em
cada ribeira. Seriam providas com cem casais de nativos, vinte soldados pagos
e respectivo cabo. A 26 de junho de 1694 Fernão Carrilho, Capitão-Mor do
Ceará no impedimento de Pedro Lelou, tendo obtido permissão para dar caça
ao gentios sublevados, despachava contra os Paiacus uma companhia de
infantaria, sob o comando do soldado Francisco Dias Carvalho, provido no pôsto
de Capitão. Batidos, os índios propuseram, pouco depois, submeter-se aos
portugueses. Anuiu Fernão Carrilho ao pedido, mas impôs-lhes, como castigo
de sua longa vida de rapinagem, a obrigação de irem combater os Icós que se
achavam em pé-de-guerra (sic)". Revista do Instituto do Ceará - Tomo LXXV
- Ano 1961 - tl.207. No entanto, fazendo uma cronologia de fatos no livro
CRATEÚS, MEUS AVÓS, assim nos informa o historiador Raimundo Raul
Correia Lima, tl. 157: "1713 - dizia-se que os índios que habitavam às margens
do Rio Poty foram os que mais resistiram aos conquistadores do território
piauiense, ao tempo de comandados por um índio domesticado (ver referências
a Ayres de Casal). 1717 - os índios Jucás foram, temporariamente administrados
pelo Cel. Gregório Martins Chaves. Que visitou terras de Crateús, à frente dos
índios que administrava (sic)".
Fizemos esta análise, com intuito de situar o leitor na conquista do Ceará
colonial. No entanto, como nosso estudo tem por objetivo a região da Serra da
lbiapaba, mais especificamente a denominada Serra dos Cocos: envolvendo os
sertões do centro-oeste que ficavam a leste da cordilheira da Serra Grande,
nela já não mais existiam divergências marcantes entre o índio e o branco
colonizador. Como atrás nos referimos, foi na lbiapaba a tentativa colonizadora
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dos gentios, acrescendo a informação que nos presta o historiador, nestes termos:
"Desde 1656, com algumas interrupções, os Jesuítas misionavam os índios
tabajaras (sic)". Na mesma página: "No ano de 1722, a junta das Missões da
Diocese de Pernambuco resolveu criar o Curato da Ribeira do Acaraú para
catequizar os índios já aldeados. O Curato compreendia trê- missões: a dos
Tremembés do Aracatimirim, sediada na Capela de Nossa Senhora da
Conceição de Almofala, entregue ao Pe. José Borges Novais, a dos Reriús,
sediada na Capela de Nossa da Conceição da Meruoca, entregue ao Pe. José
Teixeira de Morais e a dos aconguaçus, sediada na Capela de Santo Antonio de
lbuaçu, entregue ao Pe. Antonio de Sousa Leal. A jurisdição dos jesuítas, na
Serra de Ibiapaba, estendia-se até a margem do rio Inhuçu. Para além, era a
Serra dos Cocos, sem qualquer capela, mas sujeita diretamente à autoridade do
Cura da Ribeira do Acaraú (sic)". História Religiosa de Guaraciaba do Norte
Pe. F. Sadoc de Araújo - IOCE - Fortaleza - 1988 - fl.33.
Portanto, recebendo presença do homem civilizado deste 1656, os tabajaras
já haviam absorvido os brancos em seu habitat, o que completa a informação
contida à fl. 27 do livro GENEALOGIA E HISTÓRICO DE CRATHEÚS, de
Ismar de Melo Torres: "Em 20 de abril de 1740, Carta do Pe. Manoel de Matos,
visitador das missões do Ceará, dirigida a EL Rei de Portugal, na qual dizia que
a missão da Ibiapaba era a mais importante do B~asil, pelas conquistas feitas
na capitania, no Piauí e Paranaguá e no estado do Maranhão (sic)", Desta
forma, havia muitos anos já era reconhecido o aldeamento pacífico dos tabajaras
na lbiapaba, compreendendo a parte desta cordilheira denominada Serra dos
Cocos.
Antecedendo a informação do Pe. Manoel de Matos de 20 de abril de
1740, prova mais concreta da integração daqueles índios à comunidade branca,
vamos encontrar documentada na distribuição de sesmarias àqueles índios, como
as seguintes : "Vol. 6º, nº 377, em data de O 1.02.1718 - área 2,5 por 0,5. Gaspar
Capuranha - índio tabajara. Entre a serra do Guajugá e o caminho que vai ao
Acaraú descobriu uni sítio (sic)", vindo logo a seguir: "Vol. 6º, nº 477, em data
de 26.08.1720 - área 3x I e 3x 1. Requeridas por d. José de Vasconcelos e seu
filho Baltazar de Vasconcelos (índios tabajaras e principais de sua gente).
Descobriram o sítio e lugar chamado Jopepaba em terra devoluta (sic)"-
SESMARIAS CEARENSE - D I O - Fortaleza - 1971.
Desta forma, não teve nosso colono branco chegando à região da Serra
dos Cocos, na lbiapaba, lutas de porte relevante com os índios, sendo o que
constatamos ao cabo de inúmeras pesquisas realizadas nesta direção. Inclusive
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nos livros mais remotos da freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos,
sequer figuravam nos atos batismais com a indicação de indígenas, exceção
feita a apenas dois nascituros, oriundos do Maranhão e cá trazidos pelo Cel.
Diogo Lopes de Araújo Sales.
A ,
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economia, porque, ao mesmo passo, valia, vivo, como dinheiro, trocado por
mercadorias e bens, e como força de tração, para tanger as almanjarras dos
engenhos e puxar os carros-de-boi, que eram caminhões da época. Valia pela
carne, como alimento, e valia por sua pele, matéria-prima de que, em cru ou
transformada nas solas, se utilizou o sertanejo para o preparo da roupa-de-
vaqueiro e de quantos arreios, móveis e utensílios exigia a vida da vaquerice,
que caracterizaria a tão falada civilização nordestina do couro (sic)". Esqueceu
o emiente historiador de fazer menção ao leite, do qual, além da alimentação nas
fazendas derivavam muitos outros produtos alimentícios.
De outra parte, assim narra A. Souto Maior a expansão da pecuária
nordestina: "Foi a criação de gado que nos deu a segunda dimensão da terra
brasileira", na feliz expressão de Nélson Wemeck Sodré, interiorizando o homem
branco, antes mesmo da mineração. No Nordeste a pecuária realizou o milagre
de abastecer os núcleos de povoação situados na costa, desde o Maranhão até a
Bahia. Através de um polígono sêco, com poucos rios, de vegetação
predominantemente arbustiva e sobretudo cactácea, irradiou-se a pecuária para
diversas regiões partindo de dois núcleos especiais: Pernambuco e Bahia. Os
maiores criadores de gado na Bahia eram as famílias Garcia d' Arvila e Guedes
de Brito. A conquista de Sergipe em fins do século XVI, dera aos baianos uma
imensa área, logo distribuída em sesmarias e utilizada para criação de gado.
Embora os índios muitas vezes reagissem aos primeiros contatos com o branco
que lhes invadia as terras para se estabelecer com fazendas criatórias,
posteriormente adaptaram-se bem ao trabalho da pecuária, mais livre e mais de
acôrdo com suas tradições nômades do que a lavoura canavieira. Da Bahia
espalharam-se fazendas de criação em direção ao S. Francisco, povoando-se,
no século XVII, seu curso médio. Pouco a pouco o grande rio enche-se de
fazendas, estabelecidas por baianos, que se tornaram tão numerosas a ponto de
ser o S. Francisco durante muitos anos, chamado de "Rio dos Currais". A
expansão baiana ocupou o que Capistrano denominou "sertão de dentro" (atual
território do Estado da Bahia), atingindo a margem esquerda do S. Francisco
(que pertencia a Pernambuco), alcançando posteriormente o sul do Piauí, do
Maranhão e do Ceará, confluindo-se aí com a corrente de povoamento vinda
de Pernambuco. De Pernambuco saía o gado que iria reproduzir-se nas fazendas
da Paraíba e do Rio Grande do Norte. As fazendas estabeleciam-se
preferencialmente às margens dos rios, razão pela qual é tão comum o nome
"ribeira", na região nordestina (sic)". Obra citada, fl. 93.
No Ceará, a pecuária teve um incremento de tal importância, que deu
motivo ao surgimento de uma raça rústica crioula, nativa dos nossos sertões,
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medindo três léguas de comprimento por uma de largo, pegando das cabeceiras
do Riachão (sítio Oiteiro ), afluente do Jaibaras, buscando as cabeceiras do
riacho Juré (sítio Potós). Na petição diz ele ter descoberto os olhos-dágua que
o gentio chama Guinoti (sic), com nascentes no pé da lbiapaba, buscando as
cabeceiras do rio Juré. Diz mais que tais terras foram pedidas, há mais de dez
anos, pelo defunto Manoel Gomes de Oliveira que nunca as povou e ficam nas
testadas de Francisco Pereira Chaves. (2). Aí. nessa extrema sesmaria, fundou
o sítio Buriti (moriti) que se tornou o centro das atividades, também religiosas,
da então população dispersa. (sic )". História Religiosa de Guaraciaba do Norte
- Pe. F. Sadoc. de Araújo - IOCE - 1988 - tl.23.
Chamamos a especial atenção do leitor para os apelidos ARAÚJO,
encontrado em Rodrigo da Costa Araújo, e FERREIRA. verificados em Juliana
Ferreira Barros. mulher de Rodrigo, e em Domingos Ferreira Chaves, os quais
serão objeto de estudo em capítulo adiante.
No entanto, a pedra fundamental da colonização da lbiapaba - Serra dos
Cocos - como asim de todo o Alto e Médio Acaraú, só teve concretização com a
concessão de uma das maiores sesmarias do período colonial do Ceará, feita em
17.07.1722. Teve uma extensão de 24 léguas - ou 144 kms. - que continua a ser
um documento desconhecido de quantos habitam estas ribeiras, inclusive de
alguns cronistas que escreveram sobre esta região, razão que nos motiva a
transcrevê-lo obedecendo a grafia original:" Nº 39. Registro da data e sesmaria
do Coronel Francisco Alves Feitosa e mais companheiros, de uma sorte de terras
de três léguas, para cada um. nas cabeceiras do rio Acarahú, concedida pelo
Capitão Mor Manoel Francez, em 17 de julho de 1722, das páginas 28 a 29 do
livro nº 1 O das Sesmarias. Rezito de datta, e Sesmaria do Coronel Francisco
Alves Feitosa, e mais companheiros. Manoel Francez Capitão Mayor do Ciará
grande a cujo cargo está o governo delta, por Sua Magestade que Deos guarde
ettº. Fasso saber aos que esta carta de datta. e Sismaria. virem que a mim me
Representarão em sua petição por escrito. o Coronel Francisco Alves Feitosa. o
Comissário geral Lourenço Alves Feitosa. o Capitão Mór Joseph de Araújo
Chaves, o Capitão Luiz Vieira de Sousa, o Capitão Antonio Rodrigues Vidal, o
thenente João da Maya de Cordoa, e o Coronel Lourenço Alves penedo e Rocha,
e o Capitão Manoel Gomes Leitão; cujo theor he o seguinte. Dizem o Coronel
Francisco Alves Feitosa, e o Comissário geral Lourenço Alves Feitosa. o Capitão
Mór Joseph de Araújo Chaves. o Capitão Luiz Vieira de Sousa, o Capitão
Antonio Roiz Vidal, e o thenente João da Maya de Cordoa, o Coronel Lourenço
Alves Penedo e Rocha. o Capitão Manoel Gomes Leitão, que elles tem seus
gados vacuns e Cavallares, e não tem terras bastantes para os criar, e como
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OS ARAÚJOS
Provenientes do Rio São Francisco, onde eram sesmeiros seus ascendentes,
região onde só tinham privilégio de receber concessões nobres portugueses,
como as famílias Garcia d' Ávila e Guedes de Brito, território de onde Duarte
Coelho afastou a escória portuguesa, conforme carta a EI Rei datada de 20 de
dezembro de 1548, aí floresceu a ramo brasileiro dos nobres ARAÚJOS.
É dos genealogista Raimundo Raul Lima, autor de CRA TEÚS - MEUS
AVÓS- IOCE- Fortaleza, e Ismarde Melo Torres, autor de TERRA E GENTE
DO V ALE DO CRA THEÚS, que trazem suas origens desta família, que vamos
encontrar alguns informes sobre a nobre ascendência dos Araújos. O primeiro,
fundado no Arquivo Heráldico Genealógico, assim informa à fl.297: "ARAÚJOS
- Solar Arauza (vila de Galiza). Deles descendem os Pedrosas. Esta família é
de Galiza, tomou o apelido do Castelo de Araújo, de que são Senhores. Passou
por Portugal muitas vezes e ainda hoje estão passando muitas pessoas a casar
neste reino, pela grande comunicação que tem com a Província do Minho. As
Armas que há naquele reino são: em campo azul, uma torre de prata com uma
dama no alto da torre e tres flores delis de oiro em chebe. Timbre: uma bolção
de sua cor. Em Portugal, trazem. Em campo de prata, uma aspe azul carregada
d~ cinco besantes de outo. Timbre: um moiro vestido de azul, sem braços, um
capelo de cacis na cabeça (sic )". O segundo, com esteio no "Armorial Lusitano,
Genelogia e Heraldica"- Dr. Afonso Eduardo Martins Zúquete, assim diz:
"ARAÚJO - Apelido que vem dos tempos de Rodrigo Anes de Araújo, que
teve o senhorio do Solar de ARAUZO na Vila de Galiza, de onde tomou o
nome. Rodrigo de casou com D. Maria Alvares de Aza. Se atribuem diversas:
Os Azar, Os Mais, o francês João Tiranoth, início era ARAUZA, ARAÚJA
hoje modificado para ARAÚJO. As armas são: de prata, com aspa de azul
carregada de cinco besantes de ouro postos em aspa. Timbre: meio mouro, sem
braços vestido de azul, ou a aspa do escudo (sic)". Obra citada, fl. 79.
O tronco da família ARAÚJO no Ceará, e que específicamente conquistou
e povoou a vasta região territorial da freguesia se São Gonçalo do Amarante da
Serra dos Cocos, e, com seus primos FEITOSAS, por parentela com os mesmos
ARAÚJOS a também vasta região dos Inhamuns, nas ribeiras do rio Jaguaribe,
tem suas origens cearenses nos filhos do portugues Antonio de Sousa Carvalhedo,
c. c. Nazária Ferreira Chaves, filha do Cel. Manoel Martins Chaves, de Penedo
Alagoas, território pertencente à capitania de Pernambuco. Migrantes do rio
Francisco - como os primos Feitosas - suas chegadas em terras cearenses
deve ter ocorrido por volta do final do século XVII (1.600), precendendo aos
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Fonseca Ferreira, sendo a primeira encontrada no Vol. 5!!, n!! 296, em 21.01.1708,
e a segunda no mesmo volume, n!! 297, na mesma data de 21.01.1708. Sesmeiros
na mesma região, empreendendo uma viagem longa em busca destas concessões,
surgem duas conclusões óbvias a esta coincidência: ou estes homens eram
muito amigos, ou estava em jogo uma corrida em busca da posse da terra.
Adiante, o leitor poderá fazer juizo desta ocorrência.
Prosseguindo na trilhas dos sesmos - só em águas do rio Salgado-, vamos
encontrar o Cel. João da Fonseca Ferreira, acompanhado do irmão Manoel
Ferreira da Fonseca no requerimento, recebendo a concessão de outra sesmaria,
relatada no Vol. 6!!, n!! 384, datada de 21.03.1718. Retrocedendo, verificamos a
concessão de duas sesmarias, ambas na ribeira do Quixelô, concedidas no
mesmo dia ao Cel. João da Fonseca Ferreira e ao mano Antonio da Fonseca
Ferreira, sendo a deste constante do Vol. 5!!, n!! 318, datada de 21.02.1708,
quando assim informa no requerimento: "Há cêrca de 13 anos tem seus gados
na ribeira do Jaguaribe (sic)" - grafia e obra citadas. A do Cel. João da Fonseca
Ferreira, consta do mesmo volume, n!! 319, mesma data de 21.02.1708,
informando no requerimento: "Há cêrca de 25 anos asiste no Jaguaribe, onde
há 23 está situado; povoou o lugar Lagoa Velha (sic)"- grafia e obra citadas. É
bom observar, que estas últimas concessões tiveram ocorrência apenas um
mês após as que antes referimos, feitas a Francisco de Montes e Silva e ao
Cel. João da Fonseca Ferreira. Sobre as razões do litígio entre Montes e Feitosas,
já que estas concessões sempre referem e ribeira dos Quixelôs, é bom sabermos
o que nos informa o historiador: "Depois de identificadas as terras do Rio de
Jucás, viu-se que a origem dos embates dos Montes e Feitosas estava na Lagoa
do Iguatú e no rio Truçu, na Ribeira dos Quixelôs, muito distante daquelas
terras. A própria nomeclatura dos locais das lutas não assinala nenhum topônimo
no Alto Jaguaribe, cercanias de lcó (sic)". Dr. Carlos Feitosa - Publicação da
Rev. do Inst. do Ceará, Tomo LXXVIII - ano 1964.
Destes velhos documentos, e do comportamento dos conquistadores dos
nossos sertões jaguaribanos, dois fatos nos ficam transparentes. Primeiramente,
fica cronologicamente comprovado que os FERREIRAS antecederam aos
parentes FEITOS AS na colonização jaguaribana. Em segundo lugar, nos apontam
para um fato que merece um estudo acurado, pois faz indicação de que a futura
querela territorial entre Montes e Feitosas, pode ter tido seu início com os
Ferreiras, pois, antes dos Feitosas aqueles já tinham extensas sesmarias
confinantes com os Montes. Uma da razões indicativas desta provável
ocorrência, nos dá notícia o isento trabalho do historiador Billy Jaynes Clander
- OS FEITOSAS E O SERTÃO DOS INHAMUNS - Edições UFC - Civilização
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Brasileira - 1981 - tl.36: "O Juiz Ordinário Clemente de Azevedo relatava qw~
no dia anterior (20.05.1724) um grande grupo de homens liderados por Lourenço
e Francisco Alves Feitosa, tinha chegado ao Cariri Novo (mais tarde chamado
de Crato); ali uniram suas forças com o coronel João da Fonseca Ferreira, um
sesmeiro pioneiro da região do rio Salgado, e seus indígenas para desencadear
um ataque contra os residentes do lugar (sic)". Portanto, à parentela Ferreira-
Feitosa, pode ter influindo no Cel. João da Fonseca Ferreira fatos anteriormente
acontecidos, respeitantes às possessões que detinha em confinação com os
Montes, devendo ser acrescido que o apôio do Cel. João da Fonseca Ferreira aos
Feitosas perdurou até perto da finalização dos embates.
As ligações da parentela entre ARAÚJOS-FEITOSAS-FERREIRAS, é
também evidenciada quando foi em parceria com um Ferreira que foi requerida
a primeira sesmaria concedida ao Cel. Francisco Alves Feitosa, e ao irmão
Comissário Geral Lourenço Alves Feitosa, encontrada no Vol. 4º, nº 202, datada
de 26.01.1707, sendo êle Simão Rodrigues Ferreira.
O apelido FERREIRA, até hoje encontrado nesta região em descendentes
dos ARAÚJOS, foi usado pelo Cel. Francisco Alves Feitosa, na denominação
de sua descendência de suas segundas núpcias com Catarina Cardosa da Rocha
Resende Macrina: "2. MANOEL FERREIRA FERRO, casado com Bernardina
Cavalcanti Bezerra, irmã de Ana Cavalcanti, mulher de seu irmão Pedro ( sic )".
Na mesma relação, temos logo a seguir outra ligação Feitosa-Ferreira, assim:
"3. Josefa Alves Feitosa, casada com Sargento-mor Francisco FERREIRA
Pedrosa, enteado do Cel.Francsico Alves Feitosa, em virtude do 3° casamento
deste (sic)". Leonardo Feitosa, obra cit. fl.13.
A parentela dos FERREIRAS, vinha dos Inhamuns à Serra dos Cocos ..
que foi fundada por um Ferreira - disto nos fazendo prova a seguinte informação
documental: "NASCIMENTO DE INDEPENDENCIA. No fim do século XVIIII
pelo ano de 1797 existia a fazenda Pelo Sinal de propriedade de José FERREIRA
de Melo, grande senhorio de imensas glebas de terras que se estendiam ao longo
do Riacho do Gado, subindo rio acima até encontrar o rio Cupim e dali as suas
nascenças além de outras terras rumo ao sul como a fazenda Almas e outras.
Como acontece geralmente no Brasil, as povoações, vilas e cidades começam
sua vida propriamente dita com a construção de Capelas e Igrejas. No final do
século XVIII quando em desobriga passou pela fazenda Pelo Sinal Frei Vida]]
da Penha, aconselhou ao fazendeiro José Ferreira Melo a construir uma capela
para orações da população. Concordou o velho fazendeiro, começando de logo
a construção da Igreja com a invocação de Senhora Santana. No seu inventário
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e no alto da serra
entre as palmeiras de São Gonçalo dos Mourões
nas lonjuras altas e azuis do lpú e da Vila Nova em Campos Grande
assentou sua casa:
e as colunas de aroeira da alpendrada
riscam o retângulo: era fundado
o país dos Mourões
e o Coronel Manoel Martins Chaves
mantinha a tropa e era senhor no lpuçaba
das ribeiras do Poti, do Acaraú, do Jatobá
mantinha a tropa e era senhor
até o Parnaiba ,
e além, muito além daquela serra que ainda azula
no horizonte
naquele tempo
levantaram a fronde
os coqueiros e os machos
no País dos Mourões."
Quando desapareceu trágicamente o Cel. Manoel Martins Chaves, a família
ARAÚJO já era proeminente em todo o vasto território da Matriz de São Gonçalo
- compreendendo o Alto e Médio Acaraú - nos sertões piauienses de Pelo Sinal
(Independência ) e Piranhas ( Crateús ), indo ao norte da capitania- no que não
exagera o poema de Gerardo Melo Mourão - , ensejando o surgimento de pater
- famílias regionais, trazendo uma desagregação clânica. Já pelo início do século
XVIII ( 1800 ), eram verificadas lideranças localizadas nas seguintes povoações
- únicas na época >, como o Capitão Sales, em Tamboril, casado na família
ARAÚJO; os Meios, Mourões e Bezerras, em Crateús, descendentes dos
ARAÚJOS, o Cel. Francisco Paulino Galvão, no lpú, descendente e casado na
família ARAÚJO.
Com o correr dos anos, a família ARAÚJO sotr-u a natural fragmentação
genealógica, advinda de sucessivos entrelaçamentos com outros familias,
formando uma gigantesca árvore genealógica, impossível de decifração nos nossos
dias. No entanto, os municípios que estão compreendidos no antigo território da
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
matriz de São Gonçalo, como Guaraciaba do Norte. Ipú, lpueiras, Nova Russas,
Arererndá, Hidrolândia e Tamboril, que serão referidos particularmente em
capítulo próprio, além dos de Crateús, Monsenhor Tabosa e os recém- instalados
de Poranga e lpaporanga, até hoje têm pessoas em evidência advindas da família
ARAÚJO, no comércio, indústria, pecuária, com especial enfoque na vida política.
OS FEITOSAS
Vasta é a literatura existente sobre esta família, não sendo nosso propósito
aqui enriquecê-la. No entanto, dado a parentela entre ela e os ARAÚJOS.
associada - embora com parcimônia-, na colonização do território da Matriz de
São Gonçalo da Serra dos Cocos e do Alto e Médio Acaraú, tema deste estudo.
não podemos deixar de dela nos ocuparmos.
Inicialmente, por ser inédito em obras publicadas, vamos transcrever o
artigo de autoria do Dr. Carlos Feitosa, inserido no jornal ''O POVO,•· de Fortaleza
- Cardeno Especial - 7 - edição de 07 .O 1 .1993. que trata das origens portuguesas
da família: .. A TERRA- MÃE DOS FEITOSAS DOS INHUMANS EM
PORTUGAL - Carlos Feitosa - A Povoação t: Freguesia Feitosa. sob a
denominação de Domez, Portela de Cascata ( os Feitosa dos lnhamuns têm
uma Data de Sesmaria com o nome de OLHO d' Água da Cascata - v. 6º , nº
469, 08.06.1720 ) e, como Vedetiari, aparece abundantemente documentada
desde o século X, precisamente 985 ( "Verbo Encici.", 515 ), em que o Conde
D. Telo Alvites e sua mulher D. Muma doaram-na ao Mosteiro Ante Altares: -
"ln Ripia Limia "Vil la" vocitada Paratela cum eclesia vocabulo Salvatori." Em
Portugues: - .. Na margem do Lima, uma "villa" chamada Pardela, com uma
igreja sob a denominação de São Salvador." Essa igreja corresponde à de São
Salvador em Feitosa porque com esse Orago, não existe outra freguesia próxima
ao couto de Pardela. É informação do historiador luso A. de J. da Costa. Em
1527 São Salvador Domez estava anexada ao Priorado de Ponte de Lima ("Verbo
Encicl." p. 515 ) e tinha apenas 16 habitantes ( "Anais de Pontes de Lima", 2°
ed. 1977, p. 48 ). Em 1115 o Papa Pascoal Ili confirmou a Sé de Braga (
cautum decitur Feitosa - um couto que se chama Feitosa), como informa Carl
Erdmann em "Papsturkunden in Portugal", p. 166. Nos séculos XIII e XIV são
as inquisições o mais vasto e valioso repositório de informações respeitantes a
esta Freguesia e de maior interesse para a sua história ( "Verbo Encicel.", p. 515
). Pelo visto. neste minúsculo chão da santa terrinha deveria existir muito judeu
ou cristão - novo. A localidade Feitosa- não restam dúvidas-, é terra de remota
fundação, pois surgiu já no século XI, na pessoa de D. Sisnando Ramires (
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ob. cit. fl. 231, pois, em todos os lugares e nos mesmos assuntos históricos em
que estiveram os três mencionados por Leonardo, lá estavam também Gregório
Martins Chaves e Domingos Ferreira Chaves. A história não comporta deduções
de simples aparências, mas, conclusões advindas de informes documentais,
que formem uma conjuntura que envolva pessoas, regiões, datas 1:!
acontecimentos, como se verifica com a conclusão a que acima chegamos.
Desatento, o próprio Billy Jaynes cai em contradição, quando à fl. 41-42,
assim se expressa: "Manoel Francês, não obstante, continuou a emitir suas
ordens sobre a guerra, duas das quais durante janeiro e fevereiro de 1725 dirigidas
aos Feitosas. A primeira delas, uma proclamação datada de 28 de janeiro,
suspendia Lourenço e Francisco de seus postos na milícia, autorizando os
residentes da área e não lhes prestar obdiência e dava ao capitão-mor José de
Araújo Chaves a responsabilidade de comando temporário dos Inhamuns. O
novo comandante não era um estranho no domínio dos Feitosas. Chaves, fundador
de uma das famílias mais importantes do Ceará Colonial, possuia terras doadas
nos Inhamuns, embora sua residência e sede de seu poder estivessem na região
chamada de Vila Nova d'El-Rey, Anos mais tarde, conforme registramos
anteriormente, muitos dos seus descendentes tomaram-se intimamente ligados
aos Feitosas (sic)". Se as ligações dos Araújos e Feitosas provinham dos
casamentos relatados, devem eles ter tido ocorrência antes de 1725, época em
que o Capitão-mor José de Araújo Chaves é chamado a assumir o comando da
milícia dos Inhamuns, justificando os casamentos este chamamento que
representava um "acomodamento". Ora, a neta do Cel. Francisco, que casou
com um sobrinho do Capitão-mor Araújo Chaves, foi Ana Alves Feitosa e.e. o
Capitão Luis Vieira de Sousa (2º). Já viúva, no dia 30.03.1799 Ana Alves Feitosa
fez doação para formação do patrimônio do orago de Tamboril, Santo Anastácio,
vindo a falecer nos primeiros anos do século XIX ( 1800). Caso seu
consorciamento tivesse ocorrido mesmo em 1725, contando ela 16 anos, ao
falecer teria a longeva idade de um século. Afigura-se, destarde, um despropósito
cronológico.
. '
A desatenção do cronista transpõe mais de século, mais parecendo uma
teimosia a um desconhecimento, pois é assim que diz à pags. 61-62: "Durante
os anos que se seguiram à morte de José Alves Feitosa, várias pessoas dos
Inhamuns se destacaram em assuntos locais e da província. Figura proeminente
durante a segunda década do século XIX foi o Coronel João de Araújo Chaves,
da Fazenda Estreito, oficial que comandou as tropas enviadas ao Piauí em 1823.
O bisneto de João Araújo Chaves, pioneiro do rio Carrapateira, Coronel Chaves
do Estreito, casou-se com Josefa Alves Feitosa, bisneta de Francisco Alves
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é derivado de "freguês" - aquele que era assistido pelo cura da freguesia - onde
nos termos sacramentais era tratado pelos padres "freguês desta freguesia",
ou "freguês desta Matriz", é o mesmo ao que hoje corresponde o também
substantivo paróquia. De outra parte, complementando a informação do
historiador sobre os limites da freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos,
em vista das pesquisas.que realizamos, merece acrescer que tinham eles uma
maior extensão. Ao leste, ultrapassavam a cordilheira da Serra das Matas,
onde vamos encontrar desobrigas rotineiras na fazenda Espírito Santo,
pertencente ao Coronoel Antonio Ribeiro Campos, livro de 1825-1829, fl. 78,
em data de 04.07.1826, onde é padrinho o dito Cel. Antonio Ribeiro Campos, na
fazenda Livramento- atual distrito de Monsenhor Tabosa, mesmo livro, fl. 77,
em data de 03.07.1826, restando acrescentar que estas localidades estão a
leste da Serra da Matas, em águas do rio Quixeramobim, portanto em águas
jaguaribanas.
Na parte sul, muito embora fizessem parte do termo do Marvão, da
Comarca de Oeiras, capitania de São José do Piauí, Bispado do Maranhão,
significativa parte do território de Pelo Sinal (Independência) e Piranhas (Crateús
), estava compreendido no contexto geográfico da freguesia da Serra dos Cocos.
Como exemplo, encontramos habituais desobrigas no Oratório do Irapuá (
Crateús ), onde numa só fl. , a 111, do livro referido, encontramos dois termos
seguidos, datados de 06.12.1826, o que indica ser a fazenda Irapuá um lugar de
repouso dos curas itinerantes, tendo este lá passado as festas natalinas. A título
de ilustração, o Oratório do Irapuá foi mandado construir pelo pai do Pe. Inácio
Ribeiro Melo - Sebastião Ribeiro Melo -, como local de oração para o filho
sacerdote, em suas visitas ao Irapuá. Este padre, envolveu-se em atividades
políticas no Princípe Imperial (Crateús ), em consequências do que veio a ser
bárbaramente assassinado no lugar Três Passagens do Riacho, Paraiba.a mando
do Pe. Francisco Ferreira Santiago, vigário colado de Príncipe Imperial, de
quem o Pe. Inácio era coadjutor. Pe. Inácio ia em direção da cidade de Piancó
- PB., em busca do juiz que havia sido nomeado para Crateús, a quem rogaria
justiça pela perseguição que lhe movia o Pe. Francisco Santiago. Este malsinado
crime, teve ocorrência no dia 20 de agosto de 1849, com os mais crueis requintes
de perversidade,com a agravente de que o mandante - Pe. Francisco Santiago
- veio a Pelo Sinal (Independência ), receber os criminosos em pomposa
recepção. Pe. Inácio Ribeiro Melo, também ministrou na capela de Nossa
Senhora dos Prazeres de Vila Nova d'EI -Rei, sendo o que nos fazem ver
inúmeros termos de batismo assentados no livro de 1841-1844, pg. 85 e seguintes.
Prossigamos na verificação dos limites sul, agora relativos ao Pelo Sinal
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quanto ao Pe. João José de Castro, último vigário colado da importante freguesia
de São Gonçalo do Amarante da Serra dos Cocos, encontrada no livro
DICIONÁRIO BIOGRÁFICO DE SACERDOTES SOBRALENSES, de
autoria do Pe. F. Sadoc de Araújo à pg. 85, quando aasim diz: "Neto paterno de
Inácio de Castro e Silva, natural de Santa Cruz do Jaguaribe, e de Rosa Maria do
Nascimento. Neto matemo de Francisco Gomes Parente e Isabel Carolina da
Hungria (sic)". O avô materno era o Pe. Francisco Gomes Parente, fundador e
vigário colado da freguesia de Santa Quitéria, que abandonando as ordens sacras
passou a viver maritalmente com Isabel Carolina da Hungria, sendo readmitido
posteriormente ao sacerdócio. Era o Pe. Francisco Gomes Parente sobrinho
matemo do Cap. Francisco Xavier de Sales Araújo, Cap. Sales, do Serrote, o
que já relatamos no livro HISTÓRIA DA TAMBORIL. Fazemos este registro
no intento de demonstrar que o último vigário colado da Matriz de São Gonçalo,
era neto de um sobrinho do velho Cap. Sales, figura proeminente na fundação
da cidade de Tamboril.
Finalizando, deve o leitor ter percebido que o território da freguesia de
São Gonçalo da serra dos Cocos, compreendida águas triburárias das duas maiores
bacias hídricas do Ceará - Jaguaribe e Acaraú -, e da segunda maior do Piauí -
Poti -, afluente do rio Pamaiba.
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prole:
1. O Sargento-mor Antonio Alves Bezerra, e.e. Josefa de Barros Galvão,
filha de Diogo de Barros.
2. O capitão-mor João Ferreira Chaves (2!!). e.e. Maria Vieira de Sousa,
filha do Capitão Luis Vieira de Sousa (2!!) e Ana Alves Feitosa, acima
mencionados. O capitão-mor João Ferreira Chaves (2º) fundou a fazenda
Cachoeira Grande, em Tamboril.
3. O Capitão Antonio de Sousa Carvalhedo, solteiro, que viveu na fazenda
Vitória (Santa Qutéria).
4. Nazária Ferreira de Sousa, e.e. o Capitão João de Araújo Chaves,
moradores da fazenda Carrapateira (lnhamuns). Aqui existe uma pequena
confusão, em contadição com a informação da filiação do capitão-mor José de
Araújo Chaves ( l º), das Ipueiras, quando fala do casamento do primeiro filho
do Capitão, no caso o também João de Araújo Chaves. Pessoalmente, somos de
idéia que tenha procedência esta última informação.
5. Maria Saraiva da Purificação, e.e. o Ten. Cel. Antonio da Costa
Leitão, já referidos.
6. Úrsula Gonçalves Vieira, e.e. o Cel. Manoel Martins Chaves (2), já
mencionados.
7. Ana Gonçalves Vieira, e.e. o Capitão Antonio de Barros Galvão, filho
de Victor de Barros Galvão e Ponciana Vieira.
8. Luzia de Matos Vasconcelos, e.e. o Capitão Antonio Martins Chaves,
moradores na Pintada, Tamboril.
9. Nepomucena Gonçalves Vieira. e.e. o Capitão Estevão Lopes Galvão,
primitivos fundadores da fazenda Jardim, nas atuais confrontações de Crateús
e Tamboril. Posteriormente, esta fazenda pertenceria aos parentes Mourões.
I O. José Ferreira Chaves e mais duas irmãs de prenome Maria, que
morreram inuptos na Casa da Lapa, na falda da Serra dos Cocos.
Aqui, pode o leitor constatar o que atrás referimos, de que além de
numerosas, nas famílias destes pioneiros colonizadores aflorou o uso da
homonimia e endogamia. É bom esclarecer que o uso de casamentos no seio da
parentela clânica, tinha como uma das principais motivações a continuidade do
domínio fundiário, o que também vinha significar a não interrupcão nos postos
de poder e mando, que tinham prosseguimento no descendente de maior
proeminência, quase sempre adredemente preparado.
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relatados.
3. Josefa, e.e. José de Araújo, filho de Luciano Martins Chaves (primos
em 32 grau).
4. Maria Madalena de Vasconcelos, e.e. o tio Antonio Martins Chaves.
III - O capitão-mor João Ferreira Chaves (22), e.e. Maria Vieira de Sousa,
já referidos. Não ocupou as margens do rio Acaraú, pois seu pai não fez parte da
sesmaria de ·17 .07 .1722. Fundou e habitou a fazenda Cachoeira Grande, deixando
os seguintes filhos:
1. João Ferreira Chaves (32), e.e. Maria Madalena (desconhecemos o
grau de parentesto).
2. Capitão Francisco Ferreira Pedrosa (homônimo do bisavô matemo),
e.e. Josefa Martins Chaves (sabemos serem parentes, mas não conhecemos
os liames).
3. Raimundo Ferreira Chaves, e.e. Maria (desconhecemos o parentesto).
4. Úrsula Gonçalves Vieira, e.e. o Capitão Luciano Martins Chaves I[
sabemos serem parentes, mas desconhecemos o grau). Deste casal descendem
Gonçalo Martins de Araújo e Anastácio Martins de Araújo, atualmente
residentes em Monsenhor Tabosa, os quais adiante serão melhormente
detalhados.
5. Maria Vieira de Sousa, e.e. em primeiras núpcias com Antonio Martins
Chaves, e em segundas núpcias com Leonardo de Araújo Chaves (sabemos
serem parentes, mas não conseguimos em que grau).
6. Ana Gonçalves Vieira, solteira.
7. Antonio de Sousa Carvalhedo (homônimo do bisavô paterno), e.e.
Ana Alves Feitosa, (homônima da avô materna ), filha do Capitão Sales, do
Serrote, e de dona Francisca Alves Feitosa (primos em 32 grau ).
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origens, o que nos será de grande valia para correções em futura edição.
Por último, não obstante a acuidade e perspicácia que dispensamos, seria
impossível a inexistência de enganos e omissões, comuns em estudo de tal
amplitude. Contudo, são frutos do involutário ou do desconhecimento.
JAGUARIBE
Sem a presença da autoridade coercitiva, que os impusesse o cumprimento
das leis à época vigentes, habitando as poucas existentes em grandes distâncias
dos locais das infrações, nem assim, nossos primitivos colonos deixaram de lhes
tributar submissão. Com o passar dos tempos, advindo sucessivas gerações
trazendo novos costumes e usos, muitas vezes o contrário veio a ocorrer.
As sesmarias, doadas por um capitão-mor ou governador provincial,
fundamentadas num requerimento onde prevalecia a informação do postulante,
nada conhecendo os cedentes das terras pleiteadas, tinham o sério agravante da
imprecisão quando davam como marcos confrontantes rios, riachos, gratas,
lagôas, serrotes, lagêdos e vários outros acidentes geográficos.
Como única exigência, o Alvará Régio de 01.04.1680 impunha ao
concessionário a obrigação de ocupa-la e desmarcar suas confrontações no prazo
de dois anos, sob pena de comisso, isto é, vir a perder a concessão deferida.
Muitos nela incidiram, pois em acelerada marcha estava a ocupação do nosso
interior, o que ensejava aos desejosos na obtenção de concessões estarem sempre
em vigília sobre os faltosos. A incidência em comisso, foi motivo para muitos
conflitos fundiários, merecendo destaque o ocorrido entre as famílias Monte ,e
Feitosa.
Em nossa região, verificou-se apenas uma inserção neste estatuto legal,
recaida na sesmaria requerida por Calixto Lopes da Silva, pacíficamente
transferida a Antonio Domingos Alves, relativa às cabeceiras do rio
Quixeramobim, onde mais tarde este último assentaria a fazenda Espírito Santo.
Atrás já dissemos, que os limites das freguesias nem sempre eram os
mesmos coincidentes com os da administração civil ou militar, fato que não
teve prevalência com a freguesia da Serra dos Cocos, em cujo território só veio
surgir uma vila no final do século XVIII, mais precisamente no dia 12.05.1791,
com a transformação do povoado do Campo Grande em Vila Nova d'El-Rei,
passando a ter foro civil.judicial e militar, permanecendo no contexto territorial
da velha freguesia.
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Fortaleza - 1971, já referido neste estudo. Como já foi mencionado neste trabalho,
a fazenda Espírito Santo era desobrigada pelos curas da Serra dos Cocos, com
menções documentais algures referidas.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA.
Não encontramos a ascendência do Coronel Antonio Ribeiro Campos.
Temos informação documental contida no livro ENCICLOPÉDIA DOS
MUNICÍPIOS BRASILEIROS - Edição IBGE - Rio - 1959 - Vol. XVI, pág.
412 de que foi ele Deputado à Primeira Constituinte Brasileira, como
representante de Pernambuco. De outro lado, sabemos haver sido casado em
segundas núpcias com dona Beatriz Francisca de Vasconcelos, filha do Capitão
Francisco Xavier de Sales Araújo e Francisca Alves Feitosa, o que nos faz ver
o inventário de dona Beatriz datado de 03.10.1870, onde o imóvel Espírito Santo
é por ela herdado, havendo a informação de pertencer o mesmo ao termo de
Boa Viagem. No testamento de dona Beatriz, constante dos autos, à fl. 3/7v. é
por ela dito que do seu consorciamento com o Cel. Antonio Ribeiro Campos, só
houve um filho, homônimo do pai, que faleceu inupto aos 20 anos. Legou todlos
os bens aos sobrinhos. Sendo dona Beatriz casada com o pioneiro colonizador
das cabeceiras do rio Quixerarnobirn, é a razão do detalhamento deste imóvel.
Dona Beatriz era trineta materna do Cel. Francisco Alves Feitosa, sesmeiro
da Carta de 17.07.1722
Imóvel: JACINTO.
Data do documento analizado: 10.06.1864.
HISTÓRICO
A data epigrafada refere-se ao inventário do Cel. José de Araújo Costa,
no qual é o imóvel assim descrito: "Declarou haver mais por aforamento de
Quixeramobim, um sítio com uma légua denominado Jacintho", extremando ao
poente com as águas do Aracaú, ao nascente da Barra do Olho d' Águinha, ao
Norte no divisor das águas do Cedro, ao sul, nas quebradas da Serra, sendo
ditas terras por uma e outra banda do Riacho Jacintho (sic)".
Genealogia : ARAÚJO FEITOSA.
O Cel José de Araújo Costa foi o primogênio do Capitão Francisco Xavier
de Sales Araújo - Cap. Sales, do Serrote - e.e. Francisca Alves Feitosa, era
irmão de dona Beatriz Francisca de Vasconcelos e.e. o Cel. Antonio Ribeiro
Campos, casal este que apadrinhou seu primogênito que recebeu o nome do
padrinho - Antonio Ribeiro Campos de Noronha-, cujos descendentes trouxeram
o apelido de família Ribeiro Campos, sem com ela ter laços de consanguinidade.
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O Cel Jose de Araújo Costa, identicamente era trineto matemo do Cel. Francisco
Alves Feitosa, sesmeiro de Carta de 17.07.1772.
Imóvel: SANTANA.
~ I, ~e,i,.O.r~~oQeC.~~'õ?'?,
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Data do documento analizado: 08.05.1868. e,<i1--<;,. •. , -
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HISTÓRICO \
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONI7' r 10RES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Gal vão e Ponciana Vieira, filha ,. i. • sesmeiro Capitão Luis Vieira de Sousa (} !~)
e Joana Paula Vieira Mimosa, fundadores da fazenda Ipu. Foi casado com
dona Ana Gonçalves Vieira, filha do sesmeiro da Serra do Cocos, Cel. João
Ferreira Chaves ( 19) e.e. Ana Gonçalves Vieira, mãe que lhe homonimou. O
capitão-mor Antonio de Barros Galvão foi pai das irmãs Úrsula Gonçalves
Vieira e Eufrásia Gonçalves Vieira, que se casaram com dois irmãos: Alexandre
da Silva Mourão ( o velho) e Sebastião Ribeiro Melo, aquele morador na fazenda
Jardim, nas proximidades dos limites de Crateús com Tamboril, e este último no
Irapuá, onde, conforme já atrás referimos mandou construir um oratório para
Pe. Inácio Ribeiro Melo, seu filho. Portanto, os filhos de Alexandre e.e. Úrsula
e Sebastião e.e. Eufrásia, eram primos carnais. Não obstante parentesco tão
próximo, estas duas famílias travaram uma luta de mútuo extermínio, tendo por
razão única a satisfação das ambições políticas do rixento Pe. Francisco Correia
de Carvalho Silva, penúltimo vigário colado da Matriz de São Gonçalo da Serra
dos Cocos, que residia no Ipu. Associado ao poderoso Cel. Francisco Paulino
Galvão,jogou estas famílias uma contra a outra, redundando num triste epílogo
sangrento. Resta acrescentar que o Cel. Francisco Paulino Galvão, além de
descendente da família Araújo, era casado com uma parenta, também
proveniente da mesma família, filha do Ten. Cel. Luis Lopes Teixiera, por sua
vez casado com duas irmãs: Ana, em primeira núpcias, e Úrsula em segunda,
ambas filhas de Sebastião Ribeiro Melo e Ana Gonçalves Vieira. Finalizando,
o capitão-mor Antonio de Barros Galvão e sua mulher Ana Gonçalves Vieira
eram primos, sendo ele materno do Capitão Luis de Sousa, sesmeiro da Carta
de 17.07.1722.
ACARAÚ
Em capítulo anterior já oferecemos o significado da palavra Acaraú, que
tem origem em vocábulo híbrido de origem tupi, formado de A CARA = garça,
+ Ú = rio, isto é, RIO DAS GARÇAS. Nasce na Serra São Gonçalo, que faz
parte do complexo do maciço da Serra da Matas. nas proximidades do lugar
Lagoa dos Santos, inicialmente com a direção norte-sul, tomando direção leste-
oeste ao ultrapassar a fazenda Cacimba dos Moços, seguindo o mesmo rumo
ao banhar a cidade de Tamboril. Ao adentrar o município de Nova Russas,
começa a tomar a direção sul-norte, assim desaguando no Oceano Atlântico.
Tem os seguintes e principais afluentes: Jaibara, Jatobá, Acaraú-mirim, Feitosa,
Macacos, Groairas, .Jacurutu e Madeira. Mede aproximadamente 12.540 Km.2,
e seu curso é de mais ou menos 320 Kms., sendo a segunda maior bacia hidráulica
do Ceará.
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONTZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
advinda da escritura pública aqui referida, que a dá como e.e. Manoel Gomes de
Almeida, certamente em segundas núpcias. Quanto ao comprador, Ten. João
Ferreira Chaves (2Q}, da Cachoeira Grande, primo paterno de Eleutéria Vieira,
inicia com esta compra a formar o maior patrimônio latifundiário em território
tamborilense, como constatará o leitor no curso deste trabalho. Finalizando,
dona Eleutéria Vieira era filha do capitão-mor José de Araújo Chaves ( 1 Q), das
Ipueiras e de dona Luzia de Matos Vasconcelos, sesmeiro da Carta de 17.07.1722.
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Chaves (sic)", Logo depois vem esta informação: "advirto que dita sorte de
terras tem o seu princípio na barra do mencionado riacho Mulungú até as
nascenças, ficando a parte do Nascente para o Comandante Antonio Ribeiro
Campos, estremando com as terras delle mesmo comprador e servindo de
extrema a Lagoa da Vaca Brava, e da parte do Poente para o Comandante
José de Araújo Costa, estremando com terras do Capitão Francisco Xavier de
Sales e servindo de estrema o Massapê do Correia, onde tem uma aroeira
grande onde tem umas barrocas (sic)". Por estes limites fica comprovado o
que algures dissemos sobre a grande extensão da fazenda Tamboril, verificando-
se neste documento que o limite Oeste já era com a fazenda Serrote, do Capitão
Sales. Neste ano - 1818 -, já era falecido o capitão-mor João Ferreira Chaves,
da Cachoeira Grande.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA.
Antonio de Sousa Cavalhedo (bisneto), era filho do Capitão-mor João
Ferreira Chaves (2!!), da Cachoeira Grande, e de Maria Vieira de Sousa. Ana
Alves Feitosa (neta), era filha do Capitão Francisco Xavier de Sales Araújo -
Cap. Sales, do Serrote -, e de Francisca Alves Feitosa. Neste caso, Antonio
era bisneto matemo do Capitão Luis Vieira de Sousa ( l !!) e.e.Joana Paula Vieira
Mimosa, sendo Ana trineta materna do Cel. Francisco Alves Feitosa e.e. Catarina
Cardosa da Rocha Resende Macrina, ambos sesmeiros da Carta de 17.07.1722.
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Imóvel: SERROTE.
Data do documento analizado: 10.06.1864.
IDSTÓRICO
Quando escrevemos a HISTÓRIA DE TAMBORIL, lamentamos não
termos encontrado o inventário do Cap. Sales do Serrote, e.e. dona Francisca
Alves Feitosa, portanto, genro do Cap. Luis Vieira de Sousa ( 2º ) e de dona
Ana Alves Feitosa, cujo processado deve ter tido tranmitação em Vila d'El-
Rei. Já atrás referida e comprovada sua posse no imóvel Serrote, local de sua
moradia, vamos encontrar outra comprovação no inventário do primogênio do
velho Cap. Sales, Cel. José de Araújo Costa, levado a termo na data epígrafada,
onde encontramos: "Declarou haver mais uma posse de terras, sem estremas
no lugar Serrote, havida por herança do finado pai do inventariado, Capitão
Francisco Xavier de Sales Araújo ( sic )". Além da herança paterna, o Cel.
José de Araújo Costa comprou mais a herança do irmão, Cel. Diogo Lopes de
Araújo Sales, assim mencionada: "Declarou haver mais uma posse de terras,
sem estremas, no lugar Serrote, deste termo,a margem do rio Acaracú,
compradas ao Cel. Diogo Lopes de Araújo Sales e sua mulher Maria José de
Araújo Sales ( sic )". Esta herança vendida pelo Cel. Diogo deve ter sido a
paterna, pois, logo a seguir vem a seguinte descrição: "Declarou haver mais
uma posse de terras, sem estremas, no lugar Serrote, deste termo, comprada a
João Ribeiro Pessoa Montenegro e sua mulher Raquel do Brasil Montenegro (
sic )". Raquel do Brasil Montenegro é filha do Cel. Diogo Lopes, que tinha o
hábito de denominar os filhos com prenomes, de cidades e paises, como é o
caso de Maria Genebra de Vasconcelos, e.e. o Ten. Cel. Joaquim José de
Castro, homem que presidiu a sessão de instalação do município de Tamboril no
dia 25.06.1863, sendo o político de maior poder de liderança da história de
Tamboril, último habitante da legendária fazenda Serrote.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA.
À exceção do Cel. Diogo Lopes de Araújo Sales, os demais já estão
referidos neste estudo. O Cel. Diogo Lopes foi o segundo e último filho masculino
do casal - Capitão Sales, do Serrote, e dona Francisca Alves Feitosa-, vindo do
casamento do Cel. Diogo com Maria José Rodrigues de Farias ( nome que
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
usava como solteira), o cruzamento das famílias Araújo Feitosa com Farias.
Dona Maria José era irmã de Bento e José Rodrigues de Farias, originários do
Ipu, onde o Cel. Diogo Lopes foi minerador de ouro no lugar Juré, ocasião em
que veio a conhecer dona Maria José e com ela contrair núpcias. Sobre a
singular pessoa do Cel. Diogo Lopes já nos ocupamos em HISTÓRIA DE
TAMBORIL. O Cel. Diogo Lopes de Araújo Sales era bisneto matemo do
Capitão Luis Vieira de Sousa ( 1 º ), do Ipu, e.e. Joana Paula Vieira Mimosa, e
tetraneto também matemo do Cel. Francisco Alves Feitosa, e.e. Catarina
Cardosa da Rocha Resende Macrina, ambos sesmeiros da Carta de 17.07.1722.
66
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Imóvel: TAMBORIL.
Data do documento analizado: 30.03.1799.
HISTÓRICO
Não obstante ter sua origem de posse jurídica na Carta de Sesmaria de
17.07.1722, achamos de máxima importância histórica a menção da escritura
pública datada de 30.03.1799, pela qual a viúva dona Ana Alves Feitosa fez
doação para constituição do patrinômio de Santo Anastácio, orago da capela
que ela mandaria erigir. O documento foi lavrado "na fazenda Tamboril, na
casa de morada de donna Anna Alavares Feitosa ( sic )". viúva do Capitão
Luis Vieira de Sousa ( 2º ), no qual é dito que a doadora Ana Alves Feitosa
"fazia patimonio e doação de trezentas braças de terra de comprido e outras
tantas de largo,de uma só banda do rio Acaracú da parte do Sul, onde ela
doadora tem sua casa de vivenda, com quarenta vacas situadas neste lugar
desta doação, ao Sr. Santo Anastácio, para Patimônio de uma Capella que se
pretende erigir neste mencionado lugar do Tamboril, e nella se colocar o dito
Santo ( sic )". No livro HISTÓRIA DE TAMBORIL, bastante nos referimos
sobre este documento, necessitando acrescer que a velha casa, primeira habitação
dos primitivos colonizadores, encontra-se em estado de abandono e minas, o
que deve não causar admiração. Enfim, estamos em Tamboril, na região Nordeste
do Brasil, fato que bem justifica esta deplorável constatação.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA.
O Capitão Luis Vieira de Sousa (2º ), e.e. dona Ana Alves Feitosa, era
filho do Capitão Luís Vieira de Sousa ( 1 °),e.e. Joana de Paula Vieira Mimosa,
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
sesmeiro da Carta de 17.07.1722. Já dona Ana Alves Feitosa era filha do Sargento
-mor Francisco Ferreira Pedrosa, e.e. Josefa Alves Feitosa, filha do Cel. Francisco
Alves Feitosa e de dona Catarina Cardosa da Rocha Resende Macrina, também
sesmeiro da Carta de 17.07.1722.
Imovél: CONVENTO.
Data do documento analizado: 17.07.1722.
HISTÓRICO
Como fundador da fazenda Convento, o Ten. José de Araújo Chaves ( 2°
), filho de pai homônimo, o sesmeiro Capitão -mor José de Araújo Chaves ( 1 °
), das Ipueiras e de dona Luiza de Matos Vasconcelos, é evidente que o documento
que lhe dava posse jurídica - como aos demais-, no Alto Acaraú.jera a Carta
de Sesmaria já exaustivamente referida. Outras indicações documentais
comprovam haver sido ele o colonizador daquelas terras, corno diz Leonardo
Feitosa, obra citada, fl. 232, bem assim a escritura pública datada de 18.03.1791,
lavrada na fazenda Convento, onde está expresso ser a morada do Ten. José de
Araújo Chaves ( 2° ). Afloram indícios de que, a exemplo do Capitão Luis
Vieira de Sousa ( 2º ), seu primo, o Ten. José de Araújo Chaves ( 2º) faleceu
antes de sua mulher, dona Leonarda Bezerra do Vale. De outra parte, vários e
remotos batizados foram ministrados no Convento, como nos faz ver o livro de
1825-1829 da freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos, fl. 221, em data
de 02.08.1828. Em capítulo futuro deste estudo, melhor referência faremos
deste casal. Quanto as suas descendências, o Ten. José de Araújo Chaves,
como já foi fito, era filho do capitão-mor José de Araújo Chaves ( 1 ° ), das
lpueiras, sesmeiro da Carta de 17.07.1722.
Já dona Leonarda Bezerra do Vale, era filha do Sargento-mor João
Bezerra do Vale, e.e. Ana Gonçalves Vieira, filha do Cel. Francisco Alves
Feitosa, também sesmeiro da Carta de 17.07.1722.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA.
Acima relatada.
Imóvel: CARÃO.
Data do documento analizados: 02.08.1800.
HISTÓRICO
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
escritura pública, pela qual o mesmo Ten. José de Araújo Chaves faz venda de
terras no lugar Carão a Francisco dos Santos Vieira, que não obstante omitido
por Leonardo Feitosa, tem relação de parentesco com o Capitão Luís Vieira de
Sousa ( 2º ). Neste documento, o imóvel é assim descrito: "que elle era senhor e
possuidor de mança e pacifica posse de meia legoa de terra de comprido e uma
de largo na beira do rio Acaracú, meia para cada banda do mesmo rio no lugar
onde se acha situado o dito comprador acima declarado denominada Carão que
a houve por herança do seu falecido pai Tenente -Coronel José de Araújo Chaves,
cujas terras pega o comprimento da meia légoa da parte do Nascente em um
Tabuleiro chamado extremas, estremando neste lugar com terras da fazenda
Tamboril, de Dona Anna Alves Feitosa pelo rio Acaracú abaixo buscando o
Puente, até uma Várzea chamada do Vaquejador, estremando neste lugar com
terras da fazenda Convénto, dele vendedor, e a largura pegando da dita beira
do dito rio Acaracú, buscando o Sul até a beira do riacho Fundo, e da outra
parte pegando da beira do mesmo rio buscando o Norte, até a beira do Riacho
Escuro ( Sítio Escuro )estremando neste Riacho de uma e outra parte com as
próprias terras dele vendedor ( sic )". Este documento nos prova o que dissemos
no início deste detalhamento, de que o comprador Francisco dos Santos Vieira
tinha laços de parentesco com o Capitão Luís Vieira de Sousa ( 2º ), bem
comprovado na simples expressão inserida na escritura "no lugar onde se acha
situado o dito comprador ( sic )". Ora, ciosos da posse de suas terras, estes
filhos de sesmeiros jamais consentiriam que alguém, sob suas vistas, tomasse
posse em suas terras. Para tanto, basta vermos o cuidado como eram detalhados
os limites.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA.
Já referida.
Imóvel: CACONHA.
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
do centro-oeste do Ceará.
Imóvel: ANGICOS.
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Imóvel: AREIAS.
Data do documento analizado: 08.05.1898.
HISTÓRICO
Este imóvel é anexo ao antes analizado, estando assim referido no
inventário de Anastácio de Araújo Costa Sales, efetuado na data em epígrafe:
"Uma posse de terras de criar, no lugar Areias, deste termo, no Riacho Pajeú
(sic)", sendo interessante a maneira como está descrita a casa nele localizada:
"Uma casa de taipa, coberta de telhas, na fazenda Areias,deste termo, deteriorada
e sem portas (sei)", significando este abandono as mesmas razões referidas no
relato anterior, as quais, há quase meio milênio assolam o Nordeste do Brasil,
com especial intensidade no nosso semi-árido, sem nenhuma pespectiva de
solução. Bom seria que nossos governantes mostrassem aos sofridos nordestinos
o que é feito nos desertos americanos e israelenses.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA
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ARAÚJOS E FEITO~AS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Já referida.
Imóvel: SÍTIO.
Data do documento analizado: 08.05.1898.
HISTÓRICO
Como os dois anteriores.este imóvel também está a eles ligado, sendo
relatado no inventário de Anastácio de Araújo Costa Sales, onde estão
mencionadas duas posses de terras, com descrição sumaríssima e incompleta,
onde nada encontramos que mereça transcrição, tornando o trabalho longo e
desinteressante.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA
Já referida.
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
HISTÓRICO
Ao contrário do que muitos imaginaram, inclusive o requerente da
demarcação e divisão do imóvel São João, sr. Francisco Holanda Melo, já
falecido, o documento mais remoto sobre as origens coloniais deste imóvel é
representado por uma escritura pública que traz a data acima epigrafada.
Constitui o primeiro documento público lavrado por um oficial que assim se
intitula, exercendo tal função em Tamboril, e refere-se a uma escritura pública
de ratificação, na qual os herdeiros de Luis Vieira de Sousa (3º), e.e. Leonarda
Bezerra do Vale (2ª) ratificam a venda feita por estes ao Sargento-mor Manoel
Martins Veras, do Morcego, venda esta feita em 1812 sem uma consumação
documental. Nela é assim referido o imóvel: "uma sorte de terras de criar na
Fazenda de São João, riacho do Sítio, por uma outra banda do dito riaxo, pegando
o seo comprimento da parte do Nascente que estrema com terras da Fazenda
Lagoinha de João dos Santos, de hú riaxo que tem na ponta de hú morro quitem
e nisto declara, chamado riacho dos moços, e para a parte do Puente, com
terras dos herdeiros do Serrote na lagoa chamada do Peitoral na ponta de
baixo, e para a parte do Assude, com terras do Coronel José de Araújo Costa,
passando o riaxo mororó subindo um alto que tem adiante e uma baixinha que
tem, e para a parte da fazenda Boa Vista na beira do macapé do barbalho, com
meia legoa de largura para uma outra banda do mesmo riaxo (sic)", Vem aqui
a designação inicial que tinha o riacho Pajeú, neste documento referido como
Sítio. Verificamos que o posterior topônimo São João, que antecedeu a Pajeú,
vem em função de banhar este riacho a fazenda São João, que representava a
maior extensão territorial próxima às suas cabeceiras. Quem lavrou este
documento foi Bento Rodrigues de Farias, dizendo no princípio "nesta Povoação
do Tamboril, Comarca de Vi lia Nova do lpu e Provinciado Ceara Grande (sic)".
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA
O Sargento-mor Manoel Martins Veras, do Morcego, era filho do portugues
Silvestre Rodrigues Veras (o velho). e.e. Cosma de Araújo Chaves, filha do
capitão-mor Joseé de Araújo Chaves ( 1 º) da Ipueiras e de dona Luzia de Matos
Vasconcelos, sendo o Sargento-mor Manoel Martins Veras neto materno do
velho sesmeiro de 17.07.1722. Já Luis Vieira de Sousa (3°), e.e. Leonarda
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Bezerra do Vale (2ª), era ele neto paterno do Capitão Luis Vieira de Sousa ( 1 º)
e.e. Joana Paula Vieira Mimosa, enquanto sua mulher Leonarda Bezerra do Vale
(2ª), era bisneta do Cel. Francisco Alves Feitosa, todos também semeiro da
Carta da 17.07.1722.
Este imóvel está localizado nas águas do riacho Bico d' Arara, tributário
do Pajeú, tendo seu I imite Norte no meio deste riacho, como devemos depreender
dos dizeres da escritura atrás relatada: "por um só lado do Riacho São João, pela
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
parte do Sul (sic)", sendo este detalhe omitido por nós. Foi no inventário de José
Rodrigues de Farias, e.e. Joana Rodrigues de Farias, efetuado na data acima
epigrafada, que encontramos a primeira menção documental e parcial sobre este
imóvel, assim dita: "Uma sorte de um quarto de lagoa de terras de criar, no lugar
de Campo Largo, no distrito de Tamboril. com um cercado pequeno e um açude
de terra (sic )". Desta descrição afluem dois informes que merecem registro: é o
primeiro documento que nos fala na existencia de "um pequeno cercado"e de
"açude de terra", o que bem demonstra a forma de pastoreio destes primitivos
colonos, e, por outro lado seu desinteresse em armazenar a água - tão carente
nas estiagens-, embora contando com a mão-de-obra escrava.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA.
Joana Rodrigues de Farias, e.e. o inventariado José Rodrigues De Farias,
era filha do Cel. Diogo Lopes de Araújo Sales e de dona Maria José de Araújo
Sales, sendo trineta paterna do Capitão Luis Vieira de Sousa ( 1 º) e de Joana
Paula Vieira Mimosa, do Ipú, e tetraneta do Cel. Francisco Alves Feitosa e de
Catarina Cardosa da Rocha Resende Macrina, ambos sem_s:.~;"dâ~arta de
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1 7 . 07 . 1722 . ,.. 6f.,:: .• •.
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HISTORICO ~~ c'r-~ ..,,-,,;,f'''.•·"'
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Tendo seu limite Nascente com o imóvé\J~,;:'1ftfás referido, é assim
mencionado no inventário do Cel. José de Araújo'Costa: "Declarou haver mais
uma posse de terra nas do lugar Pajeú, deste termo, iniciando da estrada que
sai do dito lugar Pajehú para o lugar Tamboril, pela parte Poente da estrada até
estremar com a fazenda do inventariado, cujas terras é só pela do Norte, com
meia legoa de ilharga do riacho São João, que houve por compra a Antonio
Ferreira Sampaio (sic)", Como o anterior, este imóvel tem sua aquisição que
remonta a antigos tempos, pois ainda perdura a denominação de riacho São
João.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA.
Antonio Ferreira Sampaio, é o pai do grande herói de Truiuti, Gen. Antonio
de Sampaio, vindo esta escritura reforçar a informação que oferecemos no livro
HISTÓRIA DE TAMBORIL, de que a fazenda Pajeú foi o local do nascimento
deste valoroso tamborilense, ao contrário do lugar Victor, como querem seus
biógrafos. Quando pesquisamos para a HISTÓRIA DE TAMBORIL,
desconheciamos esta compra feita pelo Cel. José de Araújo, usando como
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS • COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Imóvel: URUBUZINHO.
Data do documento analizado: 10.06.1864.
HISTÓRICO
Mais uma vez, trata-se do inventário do Cel. José de Araújo Costa,
detentor do maior patrimônio imobiliário de Tamboril, superando ao próprio
capitão-mor João Ferreira Chaves (2º), da Cachoeira Grande, fato que o leitor
comprovará no curso deste estudo. No processado, tem o imóvel a seguinte
dscrição: "Declarou mais uma posse de terra no lugar Urubuzinho, de um quarto
de legoa que comprou a Joaquim de Barros Galvão e sua mulher Francisca
Maria da Penha, estremando com o riacho São João, da parte do nascente com
terras de dona Francisca da Mota Sousa; ao Poente, com terras do mesmo
inventáriado no lugar Caiçara, para o Sul com terras do Assude do falecido
Capitão Francisco Xavier de Sales, e para o Norte com terras do riacho São
João (sic)". No ensejo, chamamos a atenção do leitor para dois fatos de real
importância. cuja compreensão é necessária ao bom entendimento de muitas
passagens deste detalhamento. Em primeiro lugar, é fácil depreender que as
aquisições do Cel. José de Araújo Costa no curso do riacho Pajeú são bastante
antigas, época em que este riacho ainda detinha o topônimo de São João. Em
segundo lugar, é a menção feita pelos escrivães e oficiais públicos que
manuscreveram estes documentos, nos quais mencionam como confinantes
pessoas já falecidas há decenios, como é o exemplo acima do Capitão Sales, do
Serrote, quando deveriam ser dados como confinantes seus herdeiros. Esta última
observação o leitor poderá constatar assíduamente no decurso deste trabalho,
merecendo bastante atenção, sob pena de resvalar em enganos ou má
interpretação.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA
Bastante identificado já está o comprador, Cel. José de Araújo Costa.
Quanto ao vendedor Joaquim de Barros Galvão, é filho de Antonio de Barros
Galvão, e.e. Ana Gonçalves Vieira, sendo neto paterno de Victor de Barros
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ARAÚJOS E FEITO'iAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Imóvel: CAIÇARA.
Data do documento analizando: 1806/1809.
HISTÓRICO
Esta fazenda, foi a sede residencial do Cel. José de Araújo Costa, cujas
origens - como as demais relatadas -, remontam ao processo colonizador da
região. Foi ela doada pelo Capitão Sales, seu primitivo colonizador, ao Pe. Miguel
Francisco de Oliveira, 11 º vigário colado da freguesia de São Gonçalo da Serra
dos Cocos, doação ocorrida no período de quadro anos, no decurso dos quais
exerceu aquele sacerdote seu vicariato na freguesia de São Gonçalo. A aquisição
deste imóvel pelo Cel. José de Araújo Costa teve ter acontecido em 1809,
época em que Pe. Miguel deixou a velha Matriz de São Gonçalo. A fazenda
Caiçara, está sendo objeto de estudo genealógico por nós já iniciado, e que
receberá o título de O SOLAR DA CAIÇARA. Vamos descrevê-la, como
consta do inventário do Cel. José de Araújo Costa: "Declarou haver mais uma
legoa de terras no lugar Caiçara, por um e outro lado do riacho São João, que
houve por compra ao Reverendo Miguel Francisco de Oliveira, estremando de
uma Timbauba que fica junto da cacimba de que serve de estremas com terras
do Capitão Francisco Xavier de Sales Araújo, pelo dito riacho acima até inteirar
meia legoa a contestar com terras do Capitão Luis Vieira de Sousa de uma
A lagoa para cima que fica junto a estrada, com meia legoa por uma e outra
banda do riacho, de norte a sul fazendo um quadrado (sic )''. Fica evidente a
observação que fizemos na análise anterior, pois tendo o Cel. José de Araújo
Costa falecido no dia 10.06.1864, ainda são citados como confinantes o seu pai,
falecido por volta de 1833, e seu avô materno Capitão Luis Vieira de Sousa,
que havia falecido no século anterior.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA.
O inventariado, Cel. José de Araújo Costa, bem como seu pai, Capitão
Francisco Xavier de Sales Araújo = Cap. Sales, do Serrote -, já estão bem
referidos neste estudo. Qaunto ao proprietário provisório - ou quiçá intermediário
- Pe. Miguel Francisco de Oliveira. é ele biografado pelo Pe. F. Sadoc de
Araújo, no livro de História Religiosa de Guaraciaba do Norte -IOCE - Fortaleza
- 1988 - pág. 39.
Para não deixar um hiato dos imóveis mesopotâmicos, que ficam entre a
Caiçara e Tamboril, dos quais temos prova documental, vamos fazer uma ligeira
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Imóvel: REGALO.
Data do documento analizado: 1 O.OS .1899.
HISTÓRICO
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES OO ALTO E M ÉDIO ACARAÚ
Imóvel: FLORESTA.
Data do documento analizado: 10.06.1864.
HISTÓRICO
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Imóvel: PEREIROS.
Data do documento analizado: 15·.06.1874.
IDSTÓRICO
Conforme referência que fizemos na análise anterior, onde dissemos que
o imóvel Cipó de Baixo tem estremas com o imóvel Pereiras, vamos encontrar
a confirmação e definitiva conclusão da remota colonização destes imóveis no
inventário de Rodrigo de Araújo Costa Veras, levado a termo na data acima,
onde está contida esta resumida, porém conclusiva descrição: "Uma posse de
terras no lugar Pereiras, deste termo, havida do pai do inventariado (sic)".
Fortalecendo a prova cartorial, vamos encontrar mais confirmação no livro de
assentos da freguesia de São Gonçalo da Serrados Cocos, de 1825-1829, quando
é cristianizada a menina Benedita, sendo seus padrinhos Antonio da Costa Veras
e sua mulher Maria de Araújo Chaves, termo constante à fl. 214, em data de
19/06/1826.
Genealogia: ARAÚJO.
Rodrigo de Araújo Costa Veras, que foi e.e. Isabel de Araújo Veras, não
deixaram descendência, figurando como herdeiros além da viúva Isabel, os
irmãos do inventariado: Manoela de Araújo Costa Veras, Ana de Araújo Veras
e.e. Major José Gonçalves Veras, Antonia de Araújo Veras e.e. o Capitão
Leonardo Sérgio de Araújo Veras, e ainda os sobrinhos filhos do irmão já falecido,
Antonio da Costa Veras. Rodrigo de Araújo Costa Veras, como seus irmãos,
eram filhos de Antonio da Costa Veras e de Maria de Araújo Chaves, referidos
nos termo de batismo acima mencionados, sendo bisnetos paternos de Silvestre
Rodrigues Veras ( o velho), e.e. Cosma de Araújo Chaves, filha do capitão-mor
José de Araújo Chaves ( 1 º), das Ipueiras, sesmeiro da Carta de 17.07.1722.
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES OO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
assim descrito: "Declarou mais existir em seu casal uma posse de terras no lugar
Boi Morto, deste termo, havida por compra a José Gonçalves de Lima e sua.
mulher Cosma Maria Gonçalves, cuja escritura foi exibida em juizo, por onde:
mostra haver satisfeito os direitos nacionais (sic)". Quase sempre nosso estudo
procura comprovações em documentação afim, sendo uma destas preciosas
fontes as pegadas dos curas da freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos,
com o privilégio do enriquecimento genealógico. Como muitos outros, é o que
ocorre com este imóvel, onde vamos encontrar no livro de 1825~1829, à pág.
74, o batismo da criança Joana, realizado em desobriga no lugar Boi Morto, em
data de 16.02.1826, em cujo sacramento são padrinhos Antonio da Costa Veras
e sua mulher Maria de Araújo Chaves.
Genealogia: ARAÚJO.
Imóvel: UMBURANAS.
Data do documento analizado: 03.02.1870.
HISTÓRICO
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Imóvel: BRILHANTE.
Data do documento analizado: 06.08.1883.
HISTÓRICO
Foi também no ocaso da época que algures denominamos de "febre das
demarcações e divisões", que Gonçalo Martins de Freitas e sua mulher Eugenia
Martins Mota, no dia 22.12.1951, requereram a demarcação e divisão do imóvel
Brilhante. descrevendo desta forma no pedido: "Uma parte de terras na fazenda
denominada Brilhante, desta comarca, nos fundos das terras do Convento, em
cuja fazenda encontram-se casas, cercados, cacimbas e outras benfeitorias ( sic)".
Com melhores características e confrontações, fomos encontrar referência a
este imóvel em documento bem mais remoto, constante de uma escritura
particular datada de 06.08.1883, onde figuram como vendedores José de Araújo
Costa Veras e sua mulher Luzia Rita Quitéria Veras, onde está expres~a a
seguinte descrição: "Uma posse de terra de crear, a marge do rio Acaraú, de
uma só banda, que é a do sul, no lugar denominado Convento, termo e comarca
de Tamboril, Província do Ceará, que ouvemos por herança do sogro. Capitão
Antonio Martins Veras, estremando para a parte do Nascente com terras do
Tenente Joaquim José de Castro; com duas casas de morada, de taipa, cobertas
de telhas, uma no Convento com cinco portas, um banco, um curral e mais
benfeitorias e, a outra no Brilhante com todas as benfeitorias que existe no
mesmo Brilhante: esta posse de terra com o valor de cem mil reis (sic)".
Genealogia: ARAÚJO.
Embora não seja referido por L. Feitosa, ob. cit. pág.262, como filho de
Silvestre Rodrigues Veras (o novo), do Cascavel, o Capitão Antonio Martins
Veras figura como filho na relação constante do inventário de Silvestre ( o novo),
levado a termo na Vila do lpu, em 1855. É referido como e.e. Luzia Rodrigues
Veras, de quem o vendedor José de Araújo Costa Veras era filho. Portanto,
deixando bem claro, José era neto paterno de Silvestre (o novo), bisneto paterno
de Silvestre (o velho), e trineto também do capitão-mor José de Araújo Chaves
( 1 º), das Ipueiras, e.e. dona Luzia de Matos Vasconcelos, sesmeiro da Carta de
17.07.1722.
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES OO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - 'COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES OO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Martins Veras, do Morcêgo) (sic )". O parêntese elucidativo é nosso. Afora esta
posse, existe outra de três de léguas no mesmo Riachão, onde é dito "que as
ouve o mesmo seu casal a titulo de herança na factura do inventário e partilhas
que se procedeu pelo Juízo de orfãos de Vila Nova d'El Rei dos bens que ficarão
por óbito do seo tio e pai o sobredicto fallecido Sargento-mor Manoel Martins
Veras ( sic )".
Genealogia: ARAÚJO
Embora omitido por Leonardo Feitosa, oh. cit., na filiação do Sargento-
mor Manoel Martins Veras, do Morcego, o nome de João Martins de Araújo
Veras, a prova documental patente no inventário supra, vem suprir o olvido. O
Sargento-mor Manoel Martins Veras, do Morcego, foi e.e. Ana Ferreira de
Matos, falecida no ano de 1824, cujo inventário foi procedido na Vila do Ipú,.
onde se acha arquivado, sendo filha do Sargento-mor João de Araújo Chaves
Junior, mencionada por L. Feitosa, pág. 259, como Ana de Matos Vasconcelos,
que não corresponde com seu verdadeiro nome. O Sargento-mor Manoel Martins
Veras, do Morcêgo, era filho do portugues Silvestre Rodrigues Veras ( o Velho )
e de dona Cosma de Araújo Chaves, sendo neto matemo do Capitão-mor José
de Araújo Chaves ( 1 ° ), das Ipueiras, havendo sido um grande colonizador de
vastíssimos latifundios em nosso território. Dele nos ocuparemos adiante, em
vários oportunidades. Repetindo, era neto matemo do sesmeiro da Carta de
17.07.1722.
Imóvel: PIEDADE.
Data do documento analizado: 06.07.1790.
IDSTÓRICO
Dissemos no final da análise do imóvel Pinheiro, de que não iríamos·
obedecer a uma sequência potâmica na continuidade do detalhamento dos
imóveis situados ao sul do município de Tamboril. Vamos agora referir alguns
imóveis localizados nos estremos territoriais dos nossos antigos limites, iniciando
pelo denominado Piedade, situado nas confrontações do município de Monsenhor
Tabosa com Boa Viagem, com localização a SE - sudeste - do município de
Tamboril, limitando-se a Leste com a serra da Boa Fé-águas do Quixeramobim
- e a Oeste com a de Santa Rita, em águas do Poti, conforme nos mostram as
indicações cartográficas. O documento que trás a data acima, refere-se a uma
escritura pública lavrada "nesta fazenda da Victória donde eu Tabeliam me acho
(sic )", figurando como vendedor José Antonio de Carvalhedo, morador em
Pernambuco, e como comprador o Capitão Antonio de Sousa Carvalho ( neto ),
"morador na mesma fazenda Victória, do termo do Campo Grande, freguezia de
95
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Sam Gonçalo da Serra dos Cocos, da nova repartição da Vila de Granja ( sic )"'.
Temos em arquivo o original deste documento, lavrado pelo tabelião José Alvares
Maya, contendo uma grafia de difícil leitura onde é o imóvel assim descrito: "
hum sítio de crear gados Vacum e Cavallar e mais no riaxho de Santa Anna
chamado Piedade termo do Campo Grande que as ouve por compra que fizera
elle vendedor a Antonio Martins Chaves e sua mulher Luiza Gonçalves Veras,
com legoa e meia de terra de comprido e huma de largo, cujas terras ( ilegível
) confronta pelo riacho abaixo da parte do Sul com terras do ( ilegível ) de que
é senhor Antonio da Silveira e da parte do Norte com terras do Sítio dos Defuntos
de que é senhor o mesmo comprador Capitam Antonio de Sousa Carvalhedo e
da parte do nascente com terras do sitio novo, de que é senhor os erdeiros do
falecido ( ilegível ), e da parte do Puente com terras do Sam José dos mesmos
erdeiros ( sic )". O primitivo colonizador deste imóvel, tendo em vista a exagerada
homonimia existente na família Araújo, está entre dois Antonios: Antonio Martins
Chaves, e.e. Luiza de Matos Vasconcelos, filha do Cel. João Ferreira Chaves
( 1 º), da Serra dos Cocos, tendo em vista que o Capitão-Mor Antonio de Barros
Galvão, e.e. Ana Gonçalves Vieira, também filha do velho Cel. João Ferreira
Chaves ( 1 ° ), foi colonizador do imóvel Santana, situado nas proximidades do
imóvel Piedade. O outro é Antonio Martins Chaves, filho de Luciano Martins
Chaves e Eleutéria Vieira, L. Feitosa, obra cit. fl. 252, que em primeiras núpcias
casou com Maria Madalena de Vasconcelos, devendo ter contraido novas
núpcias com Luiza Gonçalves Veras, o que achamos mais provável.
Genealogia: ARAÚJO.
Antonio de Sousa Carvalhedo ( neto ), o vendedor, será adiante bem·
referido. Quanto ao primitivo colonizador deste imóvel, que apontamos para
Antonio Martins Chaves, filho de Luciano Martins Chaves e Eleutéria Vieira,
era neto materno do Capitão-mor José de Araújo Chaves ( 1 ° ), das Ipueiras, e
de dona Luiza de Matos Vasconcelos, sesmeiro da Carta de 17.07.1722.
96
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES 0O ALTO E M ÉDIO ACARAÚ
imóvel Piedade, como o Riacho dos Bois e São José, ·fizeram parte do território
do município de Tamboril. A data acima epigrafada, decorre de uma escritura
pública lavrada em Vila Nova d'El Rei, pela qual o Capitão Antonio de Sousa
Carvalhedo (neto ), faz venda das referidas terras ao também Capitão Antonio
Rodrigues Pires "morador na sua fazenda dos Crateús (sic )," na qual o imóvel
é assim descrito: "hum sítio de terras de criar gados vaccum e cavallar chamado
Riacho dos Bois, com trez legoas de terras de comprido com toda a largura das
cabiceiras do mesmo riacho, nos sertões dos Cratiús, de huma so bando do dito
riacho, que fica para a parte do norte, como também trinta braças de terra de
largura no riaxo chamado de Sam José, no mesmo sertão dos Cratius, na cacimba
de Santa Maria, ficando a dita cacimba no meio das mesmas trinta braças, de
huma so parte do dito riacho, que fica para a banda do Sul, cujas terras são
também de criar gados vaccum e cavallar, tudo no termo desta mesma Villa
Nova d'EL Rei, pegando o comprimento das dietas trez legoas das testadas da
fazenda denominada Felippe, pelo riacho dos bois acima, até as cabiceiras do
dicto riacho por uma so parte do dicto riacho, da parte do Norte, com a largura
das ditas cabeceiras, cortando rumo direito ao morro das Queimadas e a largura
da parte de baixo das testadas do Felippe até a picada do xeixo e desta picada
cortando rumo direito ao mesmo morro das queimadas (sic)". É bom observar
que a venda das 30 insignificantes braças de terra, teve por razão única a
existência de uma cacimba localizada no meio das referidas 30 braças,
demonstrando a grande carência d' água nos secos sertões do nosso semi-árido.
Esta cacimba, representava com certeza, a única fonte d' água em época de
pouca chuva neste imenso latifúndio. Mais uma vez, ficam aqui comprovadas
as tão referidas "invasões" no território que pertencia à província do Piauí. Nos
parece que os colonizadores iam adquirindo as terras, seguidos pelos curas da
freguesia da Serra dos Cocos que passavam a reconhecer estas terras como
pertencentes àquela freguesia, pois dela eram oriundos os tais "invasores".
Estes, por seu lado, documentavam tais terrenos como pertencendo juridicamente
à Villa Nova d'El Rei, tomando definitivas as tais "invasões".
Genealogia:
., ARAÚJO .
Antonio de Sousa Carvalhedo (neto), mencionado por L. Feitosa, oh.
cit. fl. 232, onde está um êrro gráfico do seu nome, pois é dito "Antonio de
Sousa Carvalho, casado e morador em Santa Quitéria ( sic )". É filho do Cel.
João Ferreira Chaves (1° ), sesmeiro das Macambiras, na Serra dos Cocos, que
foi e.e. sua sobrinha Ana Gonçalves Vieira. Mostram os documentos originais
dos imóveis Piedade e Riacho dos Bois, que o Capitão Antonio de Sousa
Carvalhedo ( neto ), não casou. De outra parte, êle é o mesmo referido no
97
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
artigo do Dr. Carlos Feitosa, publicado pela Rev. do Inst. do Ceará-Ano 1957 -
fls. 74/87, intitulado O Barão de Studart e as Famílias Feitosa e Araújo, que foi
vitimado por injusta perseguição do governador João Batista Azevedo Montaury,
numa demanda de terras com o Capitão-mor Antonio Pinto de Mesquita.
Comprova que o Capitão Antonio de Sousa Carvalhedo foi - como os Pinto e
Mesquita, de Santa Quitéria-, também colonizador naquele território, onde tinha
moradia na fazenda Vitória, que ainda em nossos dias é um grande latifúndio
naquele município. Em vista de tal perseguição, e referido por L. Feitosa, ob.
cit. fl. 244, como um dos envolvidos no linchamento do juiz ordinário Barbosa
Ribeiro, posto em liberdade em Sobral.
Corrigindo um engano que cometemos nas duas últimas análises, o Capitão
Antonio de Sousa Carvalhedo, filho do Cel. João Ferreira Chaves (1°), da Serra
dos Cocos, e.e. a sobrinha Ana Gonçalves Vieira, filha do Capitão Luís Vieira
de Sousa ( l º) e de Joana Paula Vieira Mimosa, era neto do velho portugues
Antonio de Sousa Carvalhedo, sendo também neto matemo do Capitão Luís
Vieira de Sousa (lº),.sesmeiro da Carta de 17.07.1722.
Imóvel: QUEIMADAS.
Data do documento analizado: 30.05.1892.
IDSTÓRICO
Os informes cartográficos nos mostram a existência do serrote das
Queimadas, no estremo sul do limite de Tamboril com Independência. Pela
descrição que é feita a seguir, deve o riacho das Queimadas ter suas nascenças
naquele serrote que lhe toponimou, fazendo parte das águas do riacho das Contas,
afluente do Poti. A mais antiga referência documental sobre o imóvel Queimadas,
fomos encontrar numa escritura pública feita em Santa Quitéria em data de
30.05.1892, na qual aparecem como vendedores Maria Madalena de Araújo
Chaves, Pedro Martins de Araújo Chaves, João Martins de Araújo Chaves, Pedro
Martins de Araújo Chaves Junior e Úrsula Martins de Araújo Chaves, tendo o
imóvel a seguinte descrição: "Duas e meia léguas de terras de um e outro lado do
riacho Queimadas, com as seguintes extremas: ao Norte, com terras das fazendas
Soledade e Ponta da Serra no riacho do Meio, com terras da fazenda São
Francisco; ao Sul, corn terras das fazendas Juazeiro e São José, com terras do
Mundo Novo (no riacho dos Bois), e com terras que forão de João Ribeiro Melo
no lugar Várzea d'Água: ao Nascente, com terras que forão de João Ferreira
Chaves, com as fazendas Tapera e Assudinho (ambas às margens do riacho São
José) no meio da picada defronte do Morro, e ao poente com terras que forão de
98
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
João Ribeiro Melo e do Ten. Cel. Luís Lopes Teixeira na barra do riacho do
Meio, na confrontação das extremas da Ponta da Serra com Novo Recreio
(sic)". É bom ser observado, que todas as pessoas referidas nos limites deste
imóvel eram da família Araújo, já referidas ou por serem mencionadas.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA.
O livro genealógico de L. Feitosa, como ele mesmo nos diz à pág. 231,
na introdução do capítulo OS ARAÚJOS, não lhe foi possível oferecer as
descendências das famílias mais recentes, fato que muito tem requerido de
nossa parte maiores pesquisas e dificuldades na identificação de vários
descendentes dos colonizadores de antanho. No caso dos vendedores referidos
nesta escritura, eram filhos de Leonardo de Araújo Chaves, que foi casado em
segundas núpcias com Maria Vieira de Sousa, homônima da mãe, de quem lhe
advieram o imóvel por sucessão hereditária, filha do Capitão-mor João Ferreira
Chaves (2°) da Cachoeira Grande e de Maria Vieira de Sousa, filha do Capitão
Luis Vieira de Sousa e de dona Ana Alves Feitosa. Nesta condição, eram trinetos
matemos do Capitão Luis Vieira de Sousa ( l º), e.e. Joana Paula Vieira Mimosa
e também tetranetos nas mesmas condições do Cel. Francisco Alves Feitosa,
e.e. Catarina Cardosa da Rocha Resende Macrina, ambos os varões sesmeiros
da Carta de 17.07.1722.
HISTÓRICO
Pela descrição do Imóvel São Francisco, que faremos adiante, nos parece
que o imóvel Ipuzinho fazia parte da contextura original daquele. Contudo, por
ter denominação distinta, inclusive por haver sido nesta localidade que Cosme
Damião da Fonseca deu alforria à primeira criança escrava em território de
Tamboril, achamos por bem relatá-lo. Aliás, corrigindo informações do batistério,
Cosme Damião da Fonseca habitava na serra de Santa Rita. O documento aqui
referido, consta de uma escritura particular datada de 23.06.1862, na qual Gonçalo
Martins Chaves e sua mulher Maria Vieira de Sousa fazem venda de parte do
imóvel Ipuzinho, dando as seguintes confrontações: "ao Nascente, com terras
dos mesmos vendedores, no lugar em que a estrada que vem do Ipu e encontra
a Lagoa do Pau Ferro; ao Poente, com terras dos vendedores no meio da
Ipueira do Juazeiro; ao Norte, com terra dos vendedores em cima da Serra do
Alazão, onde as águas fazem oposto, e ao Sul, no meio do riacho do lpu, com
terras dos vendedores (sic)". Fica implícito que as terras possuidas por Gonçalo
99
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Martins Chaves tinham uma grande dimensão, pois esta posse vendida com ele
limita em todos os pontos cardeais. Há uma curiosidade histórica verificada
nesta escritura, pois foi ela manuscrita do próprio punho do Pe. Raimundo Felix
Teixeira, 1 ° vigário da paróquia de Tamboril, que teve também a missão de
instalador. É datada da Cachoeira Grande, onde foi manuscrita.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA.
Maria Vieira de Sousa, que foi casada em primeiras núpcias com José
de Quadro Favela, era neta do Capitão-mor João Ferreira Chaves (2º) e de
dona Maria Vieira de Sousa, avó que lhe homonimou, tendo contraido segundas
núpcias com o primo Gonçalo Martins Chaves, identificamente neto do Capitão-
mor, filho de Úrsula Gonçalves Vieira e do Capitão Luciano Martins Chaves.
Portanto, Gonçalo Martins Chaves e Maria Vieira de Sousa eram primos, sendo
nestas condições trinetos do Capitão Luís Vieira de Sousa ( 1 º) e.e. Joana Paula
Vieira Mimosa, fundadores do Ipu, e tetranetos matemos do Cel. Francisco
Alves Feitosa, ambos sesmeiros da Carta de 17.07.1722.
100
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
HISTÓRICO
Ao contrário do que informamos em História de Tamboril, não é este o
documento mais antigo referente a imóvel situado em território tamborilense. ·
Pela análise seguinte, veremos que existe outro que lhe antecedeu em 25 dias.
Este que aqui detalhamos, provém de uma escritura pública lavrada na fazenda
Jardim, na ribeira de Crateús, termo da vila do Marvão, comarca da cidade de
Oeiras, capitania de São José do Piauí, na casa de residência do Capitão Estevão
Lopes Galvão, e.e. Nepomucena Gonçalves Vieira, filha do Cel. João Ferreira
Chaves (lº) e de Ana Gonçalves Vieira, consoante informa L. Feitosa, oh. cit.
pág. 232. O Capitão Estevão e Nepomucena figuram como vendedoras, sendo
comprador o Capitão-mor João Ferreira Chaves (2°), da Cachoeira Grande,
irmão de Nepomucena, sendo o imóvel assim descrito na escritura: "um sitio de
terras de criar gados chamado São Francisco, sitio no Districto da povoação do
Campo Grande, freguesia da Villa da Granja, Capitania do Ceara Grande, o qual
extrema pela parte do Norte no lugar do morro chamado São Francisco; e pela
parte Nascente com o sitio de Santa Rita, no meio da ladeira e para a parte do
Puente com o sitio de Santa Quitéria no lugar de uma caiçara que tem na beira
do mesmo riacho, e para a parte do Sul extremando com o sitio de São José de
Ignácio do Nascimento no lugar da ponta do morro que vai para lá (sic)". Sendo
este documento lavrado em casa de vivenda do Capitão Estevão Lopes Galvão,
na fazenda Jardim, traz comprovação de que foi ele o primeiro colonizador
deste imóvel, que depois passaria a pertencer aos Mourões, parentes de sua
mulher. De outro lado, esta escritura nos oferece a prova de religiosidade destes
primitivos colonos, toponimando os imóveis com prenomes de santos, como
São Francisco, São José, Santa Rita e Santa Quitéria.
Genealogia: ARAÚJO.
A vendedora Nepomucena Gonçalves Vieira e o comprador Capitão-mor
João Ferreira Chaves(2º), eram filhos do Cel. João Ferreira Chaves (lº), sesmeiro
nas Macambiras, na Serra dos Cocos, irmão do Capitão-mor José de Araújo
Chaves (lº), das Ipueiras, sesmeiro da Carta de 17.07.1722.
HISTÓRICO
101
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Constitui esta escritura pública, que traz a data acima, o documento mais
remoto que trata de terras do Tamboril. Demora em nosso arquivo o original,
manuscrito pelo tabelião Manoel Antonio Lisboa, sendo, como o anterior lavrado
"em casa de vivenda da dita fazenda (sic)", que é a fazenda Jardim antes
referida, sendo vendedores o mesmo Capitão Estevão Lopes Galvão e sua
mulher Nepomucena Gonçalves Vieira, tratada na escritura como Polucena, e
como comprador o mesmo seu irmão, Capitão-mor João Ferreira Chaves (2°),
sendo uma das testemunhas o Alferes Francisco Xavier de Araújo Chaves,
concunhado do comprador e que viria a ser avô matemo do Gen. Antonio de
Sampaio, conforme adiante veremos. Neste velho documento é o imóvel bem
caracterizado: "um sitio de terras de criar gados chamado Santa Quitéria no
districto da povoação do Campo Grande Termo da comarca da Granja, Capitania
do Ceara Grande, o qual extrema pela parte do Nascente com o sitio de São
Francisco no lugar da Caiçara que tem na beira do Riacho, e pela parte do Norte
com o sitio do Riachão onde seja lugar o meio, para o Poente extremando com a
fazenda Cachoeirinha da Onça, do Ten. Cel. Antonio da Costa Leitão, e para o
Sul, extremando com a fazenda do Irapuá de Siá Joana no lugar da lagoa do
veado e com a fazenda São José do Ignácio do Nascimento na picada do Xique-
Xique (sic)". Os comentários destes dois últimos imóveis, são suficientes para
o leitor formar uma idéia do imenso território que detinha o Capitão-mor João
Ferreira Chaves (2º), no lado sul do município de Tamboril, em águas tributárias
do rio Poti.
Genealogia: ARAÚJO.
O Capitão-mor João Ferreira Chaves (2°), da Cachoeira Grande, já é
bastante mencionado neste estudo. Com relação ao imóvel Jardim, cabe aqui
reparar um engano em que incorreu Nertan Macedo, no livro Bacamarte dos
Mourões, págs. li e 12, quando informa que o emigrante Antonio da Silva
Mourão, tronco comum das famílias Melo e Mourão, foi o primitivo colonizador
da fazenda Jardim, no município de Crateús, acrescendo que o mesmo aqui
chegou por volta d~: 1750 - 1777. As duas últimas escrituras atrás referidas
destroem esta versão, pois, ainda em 1785 o Capitão Estevão Lopes Galvão era
proprietário deste imóvel, onde tinha sua moradia. Aqui, é conveniente informar
que Estevão Lopes Galvão e Antonio de Barros Galvão foram casados com
duas irmãs, filhas do Ccl. João Ferreira Chaves (lº), sesmeiro nas Macambiras
na Serra dos Cocos, que foi e.e. a sobrinha Ana Gonçalves Vieira. Dois netos de
Antonio da Silva Mourão, os irmãos Sebastião Ribeiro Melo e Alexandre da
Silva Mourão (o velho), vieram a contrair matrimônio com duas irmãs, filhas do
Capitão Antonio de Barros Galvão, que foi e.e. Ana Gonçalves Vieira, homônima
102
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
da mãe. Portanto, o imóvel Jardim deve ter sido adquirido por Antonio de
Barros Galvão ao concunhado Estevão Lopes Galvão, que por herança ou doação
veio a ser possuido pelo genro Alexandre da Silva Mourão (o velho). Como foi
dito na análise precedente, a vendedora Nepomucena Gonçalves Vieira era irmã
do Capitão-mor João Ferreira Chaves (2º), da Cachoeira Grande, filhos do Cel.
João Ferreira Chaves (lº), da Serra dos Cocos, irmão do Capitão-mor José de
Araújo Chaves {lº), das Ipueiras, sesmeiro da Carta de 17.07.1722.
HISTÓRICO
Trata-se de uma escritura pública lavrada na fazenda São Francisco - não
diz em morada de quem - onde aparece como vendedora dona Maria Saraiva da
Purificação, irmã do Capitão-mor João Ferreira Chaves (2º), e casada com o
primo, Ten. Cel. Antonio da Costa Leitão, filho do Capitão-mor José de Araújo
Chaves {lº, das lpueiras. Dona Maria Saraiva da Purificação já aparece como
viúva, sendo comprador o Ten. Cel. Luiz Lopes Teixeira, em cujo documento é
dito como morador "na sua fazenda denominada Recreio (sic)", estando o imóvel
assim descrito: "Treis legoas de terras no lugar denominado Caxoeirinha pegando
do Riacho do Espalhafado, que fica ao Puente pelo mesmo riaxo acima a extremar
para a parte do Nascente com o mesmo comprador antes de chegar na Grota
dos Caibros, junto da casa denominada Novo Recreio, e para a parte do Sul no
lugar denominado Feijão extremando com João Alves Adorno, e da parte do
Norte, extremando com terras do Riachão, com terras dos herdeiros do finado
Sargento-mor Manoel MartinsVeras (sic)". Este último limite, vem confirmar
que foi o Sargento-mor Manoel Martins Veras o primitivo colonizador do imóvel
Riachão.
Genealogia: ARAÚJO.
O Ten. Cel. Luiz Lopes Teixeira, segundo nos informa Raimundo Raul
Correia Lima, oh. cit. págs. 43/47, era filho de Francisco de Sousa Nogueira e
Cosma Maria de Melo, originários do lcó, tendo nascido no ano de 1784. Segundo
o mesmo autor, do casal Francisco e dona Cosma descende também o Pe. Dr.
Luís Lopes Teixeira, homônimo do Ten. Cel., não informando o grau de
consangüinidade. De nossa parte, temos comprovação documental de que este
Padre Doutor, funcionou como advogado no Ipú, em ação requerida pelo Cel.
Francisco Paulino Galvão, genro do Ten. Cel. Luiz Lopes Teixeira, fato que
relataremos quando analizarmos os imóveis Bonito e Sítio-Escuro, no estudo do
103
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES 00 ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Encontramos aqui mais uma vez - o que já foi algures dito e repetido -, a
confirmação das chamadas "invasões", referidas por Ismar de Melo Torres,
oh. cit. pág. 30, corroborando o que também informa Raimundo Raul Correia
Lima, oh. cit. pág. 86, quando dá o traçado do que deveriam ser os originais
104
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
105
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
(até hoje perdura c~sta denominação), neste Termo de Villa d'EI Rei, para o
Nascente confinado com terras dos Herdeiros do Tamboril, para o Poente com
terras do Pinheiro, para o Norte com terras do riacho Cipó, para o Sul com
terras do Jardim e Cachoeirinha (sic)". Pelos limites, fica evidenciado tratar-se
de um imenso latifúndio, tendo sido bastante habitado, cuja confirmação
encontramos nos livros de assentos de batismo da velha Matriz da Serra dos
Cocos, exemplificando o mais antigo, de 1825 - 1829, onde às fls. 107/107v.
vamos encontrar seis termos seguidos. Por outro lado, demonstra que lá os
padres faziam suas paradas de repouso, pois, nesta desobriga o Pe. João
Fernandes Vieira lá demorou do dia 23 a 26 de abril de 1827. Nos estranha a
referência à fazenda Mulungu, já que em documentos cartorários ou
cartográficos nenhuma referência encontramos de sua existencia naquelas
imediações.
Genealogia: ARAÚJO.
A fazenda Carrapateiras, localizada às margens do riacho do mesmo
nome, é hoje sede distrital no município de Tauá. Foi a primitiva morada do Cel.
João de Araújo Chaves, primogênio do Capitão-mor José de Araújo Chaves
(lº), das Ipueiras, que foi e.e. a prima Nazária Ferreira de Sousa, filha do tio
paterno, Cel.João Ferreira Chaves (1°), sesmeiro nas Macambiras, na Serra
dos Cocos. Segundo nos informa L. Feitosa,ob. cit. pág. 234, lá o Cel. João de
Araújo Chaves construiu uma capela, rogando ao cura de Arneiros, em petição
de 09.09.1772, fosse concedida sepultura para si e seus descendentes naquele
santuário. O primogênito do Cel. João de Araújo Chaves, o Sargento-mor João
de Araújo Chaves Junior, foi pai do também primogênito Cel. João de Araújo
Chaves (neto), que foi e.e. Josefa Alves Feitosa, moradores na fazenda Estreito,
no Tauá, de quem o Dr, Carlos Feitosa, no estudo publicado na Rev. do Inst. do
Ceará, á pág. 82 assim se ocupa: "Como prova de nossa assertiva, apresentamos
o Cel. João de Araújo Chaves, do Estreito, Comendador do Hábito de Cristo
pelos serviços prestados na sêca de 1825 - 1827 e Conselheiro Provincial em
1829, de quem Manuel Martins Chaves (2°) era tio-avô, que marchou em 1823
como Comandante das tropas dos Inhamuns para se reunir às fôrças
Expedicionárias Cearenses ao comando de Filgueiras e Tristão, despachados
pelo Imperador Pedro 1, contra o Major Fidié, que, em Oeiras, no Piauí,
representava a última resistência portuguesa, cuja ação se estendeu a Caxias,
no Maranhão, com o escôpo de ajudar a consolidar a independência política do
Brasil. Por outro lado, estava contra a legalidade, quando esta procurava ferir
direitos dos nacionais, como foi a dissolução da Constituinte por D. Pedro I, que
provocou a deflagação da Revolução do Equador, a favor da qual o Coronel
106
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES OO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Imóvel: ESCONDIDO.
Data do Documento analizado: 18.01.1899.
IDSTÓRICO
Este imóvel está assim descrito no inventário de Cândida Rodrigues de
Farias, que foi e.e. Manoel Rodrigues de Farias, julgado na data epigrafada:
"Uma posse de terras no lugar Escondido, deste termo, extremando de riacho
acima no olho d' água do riacho Escondido, de riacho abaixo na confrontação de
um serrote do Bicudo, para o lado do Norte com terras do sítio Cedro e Olho
dÁgua da Gameleira, e do lado do Sul nas quebradas da Serra da Jurema
(sic)". Não obstante situado no início ocidental da Serra das Matas, fica este
imóvel nas proximidades da ilharga do Acaraú, além de suas águas afluírem
para este rio, razões que nos levaram a este detalhamento.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA.
Manoel Rodrigues de Farias, viúvo inventariado, foi o primogênio do casal
José Rodrigues de Farias e Joana Rodrigues de Farias, de cujo inventário temos
cópia autêntica. Joana, era filha do Cel. Diogo Lopes de Araújo Sales e dona
Maria José Rodrigues de Farias, sendo o Cel. Diogo Lopes filho do Capitão
Sales, do Serrote, que foi e.e. Francisca Alves Feitosa. Por conseguinte, pela
linha materna, era Manoel Rodrigues de Farias tetraneto do Capitão Luis Vieira
de Sousa (1 º), e nas mesmas condições pentaneto do Cel. Francisco Alves Feitosa,
sesmeiros da Carta de 17.07.1722.
Imóvel: CEDRO.
Data do documento analizado: 1 O. 06 .1864.
HISTÓRICO
Provém êste imóvel do imenso latifündio formado pelo Cel. José de Araújo
Costa, exaustivamente mencionado neste estudo. Como ocorre com a quase
totalidade dos imóveis descritos no seu inventário, levado a termo na data acima,
é nele sumariamente assim descrito: "Declarou mais uma posse de terras no
lugar Cedro, deste termo, havida por herança do finado pai do inventariado
Capitão Francisco Xavier de Sales Araújo (sic)". São mencionadas mais duas
posses de terras no mesmo lugar Cedro, adquiridas pelo Cel. José de Araújo
108
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Costa aos herdeiros do Capitão Sales, em cujas descrições não são oferecidas
confrontações.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA.
Já oferecida anteriormente. Contudo, relebramos que o Cel. José de
Araújo Costa, pela linha materna, era bisneto do Capitão Luis Vieira de Sousa
( l º), e trineto do Cel. Francisco Alves Feitosa, ambos sesmeiros da Carta de
17.07.1722.
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES 00 ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COW NIZAQORES DO ALTO E M ÉDIO ACARAÚ
Quando o leitor concluir a leitura deste trabalho, vai constatar que a origem
documental mais volumosa dos imóveis nele relatados, têm suas origens
documentais no inventário do Cel. José de Araújo Costa, não obstante a forma
resumida como foram os imóveis nele descritos. Inclusive, muitas das tais
demarcações e divisões foram nele buscar suas origens documentais. Ao falecer
na data acima epigrafada, este grande latifundiário era dono de quase a totalidade
do curso do rio Acaraú, desde suas cabeceiras até adentrar no lugar Curtume
(hoje Nova Russas), num percurso de aproximados 40 kms. Como o anterior,
têm estes suas origens no inventário referido, onde estão assim.mencionados:
"Declarou mais uma légua de terras no lugar Alegre, deste termo, compradas a
Antonio Martins Galvão e sua mulher Luzia de Matos Vasconcelos, extremando
com terras para a parte do Nascente no Riacho do Mil, de uma a outra parte do
rio, e para a parte do Sul, extremando com terras da fazenda Convento, no
cume do Lageiro, para a parte do Norte, com terras do Capitão Silvestre
Rodrigues Veras no rumo da casa de pedra, e para a parte do Poente, com
terras do lrapuá, na Barra do Rio, de uma a outra parte (sic)". Já o imóvel
Arara mereceu a seguinte descrição: "Declarou mais uma posse de terra côm
meia legua de comprido, com meia de largo para cada banda do Riacho Arara,
extremando por um lado com terras do Capitão Victor e do outso com terras do
Capitão Sales, por outro lado com terras de Antonio Martins Chaves e para a
outra com terras do sítio Arara, comprada a Raimundo Francisco e sua mulher
Maria Madalena de Vasconcelos (sic)". Pelos apelidos de família das pessoas
de quem o Cel. José de Araújo Costa adquiriu todos os imóveis que formaram
seu imenso patrimonio imobiliário, fica bastante claro que todos os trazem dos
primitivos sesmeiros, observando-se, de outra parte, que estas aquisições foram
feitas em grande parte no início do século XIX ( 1800), constatação que fica
evidenciada pelos nomes dos confrontantes. Já algures nos referimos de que os
nomes das pessoas que com ele faziam limites, por ocasião de seu inventário já
há muito tempo eram falecidas, o que significa dizer que eram vivas quando os
imóveis foram adquiridos, razão de continuarem seus nomes citados no processo,
embora devessem constar os atuais.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA.
Como a totalidade dos imóveis aqui analizados, a colonização destes
imóveis remonta aos primórdios da ocupação do alto Acaraú pelos descendentes
dos velhos sesmeiros. Bem nos comprova o antigo livro'de assentos de batismo
da freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos, de 1825 - 1829, quando só à
pág. 221, em desobriga do dia 03.08.1828, aparecem quatro termos, todos
realizados na fazenda Alegre. Á titulo de curiosidade histórica, vamos transcrever
113
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DQ ALTO E MÉDIO ACARAÚ
um só deles, onde estão mencionadas três pessoas referidas nas descrições dos
imóveis acima relatados, o qual tem o seguinte teor: "Maria, filha legítima de
Domingos José e Francisca, Escravos do Capitão Antonio Martins Galvão morador
nesta Freguesia, nasceo aos vinte e treis de Janeiro de mil oito Centos e vinte e
sete e foi Solemnemente baptizado de minha licença pelo Reverendo João
Fernandes Vieira na Fazenda do Alegre em desobriga de trez de Agosto de mil
Oito Centos e vinte e oito sendo padrinhos Antonio Martins Chaves e sua mulher
dona Luzia do que para constar mandei fazer o presente termo que aSigno.
Manoel Pacheco Pimentel- Vigário da Serra dos Cocos (sic)". O padrinho desta
criança, Antonio Martins Chaves, é filho de Luciano Martins Chaves e Eleutéria
Vieira, e.e. Luzia de Matos Vasconcelos, homônima da avó paterna, filha do
Ten. José de Araújo Chaves (2°), do Convento, e de Leonarda Bezerra do Vale
( 1 º), sendo bisneto matemo do Capitão José de Araújo Chaves (l º), das Ipueiras,
e também bisneto matemo do Cel. Francisco Alves Feitosa, sesmeiros da Carta
de 17.07.1722.
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
mor José de Araújo Chaves (1°), das Ipueiras, e.e. dona Luzia de Matos
Vasconcelos, que trazia suas origens da vila pernambucana de lgarassu, continou
com o casamento de sua neta Luiza Francisca Palhano, vendo-se, de outra
parte que duas de suas filhas contrairam núpcias com portugueses, sendo a
primeira delas dona Cosma de Araújo Chaves que foi e.e. o portugues Silvestre
Rodrigues Veras (o velho), e dona Francisca de Matos Vasconcelos, e.e. o
portugues Capitão Bernardino Gomes Franco (o velho), tendo ambos filhos
homônimos. Os nomes das pessoas presentes a este batismo, também
compravam que os descendentes do velho sesmeiro tinham entrelaçamento
familiar com as principais famílias pernambucanas, sendo bastante observar
seus apelidos de família Melo, Pessoa e Montenegro, bem como as localidades
de suas origens, as aristocráticas Igarasau e Goiana.
Portanto, dona Luiza Francisca Palhano, e.e. o Capitão José Tavares
Pessoa, era neta materna do Capitão-mor José de Araújo Chaves {l º), das
lpueiras, e de dona Luzia de Matos Vasconcelos, sesmeiro da Carta de
17.07.1722.
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Antonio de Sousa Carvalhedo e.e. Nazária Ferreira Chaves. Sendo sua mãe neta
do portugúesAntonio de Sousa Carvalhedo, vinha ele a ser bisneto matemo do
velho hisitano ide-S1.Ja mulher Nazária Ferreira Chaves.
/Voltando a ~;feri~~nmndo Ferreira Chaves, pai de Francisco Ferreira
Ch~fes, sendo Raimundo filho do Capitão-mor João Ferreira Chaves (2°), da
Caêhoeira Grande, e.e. Maria Vieira de Sousa, vinha a ser bisneto matemo do
CapitãoLuisVieira de Sousa (lº);e trineto também matemo do Cel. Francisco
Alves Feitosaámbos sesmeiros da Carta de 17.07.1722.
•·,... ~
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
HISTÓRICO
Trata-se do inventário de João Martins de Araújo Veras, e.e. Delfina
Maria Veras, processado no Ipu na data acima epigrafada, merecendo o imóvel
a seguinte descrição: " Uma posse de terras de crear gados a margem do
Riacho Feitosa, por um e outro lado do mesmo Riacho, com meia legoa para
cada banda do mesmo Riacho, nas terras da fazenda denominada Cascavel,
pelo Riacho abaixo, Freguesia de Santa Quitéria do termo da Cidade Januária
do Acaracú ( sic )". Cidade Januária do Acaraú, é a hoje metrópole de Sobral.
O topônimo desta fazenda, serviu para distinguir seu proprietário - Silvestre
Rodrigues Veras ( o novo) - filho do pai homônimo, como diz L. Feitosa, ob.
cit. fl. 262: "Silvestre: Rodrigues Veras, do Cascavel ( sic )". Na fazenda Cascavel,
encontramos a realização do segundo mais antigo batizado ocorrido em território
sertanejo da freguesia da Serra dos Cocos, constante do livro de 1825-1829, fl.
73, quando foi cristianizada a menina Maria, filha de Antonio Martins Veras ,~
de Luzia Rodrigues Veras, em desobrigada do dia 03.08.1826. Antonio e Luzia
Rodrigues Veras já foram relatados na genealogia anterior, sendo esta criança
neta paterna do primitivo proprietário da fazenda Cascavel, Silvestre Rodrigues
Veras ( o novo ) .
Genealogia: ARAÚJO.
João Martins de Araújo Veras, é o segundo filho do Sargento-mor Manoel
Martins Veras, do Morcego, e de dona Ana Ferreira de Matos, falecida em
1824, de cujo inventário temos cópia autêntica. O Sargento-mor Manoel Martins
Veras, do Morcego, era filho do portugues Silvestre Rodrigues Veras ( o novo },
e.e. Cosma de Araújo Chaves, filha do Capitão-mor José de Araújo Chaves ( I 0
), das lpueiras. Portanto, João Martins de Araújo Veras era bisneto paterno do
velho sesmeiro da Carta de 17.07.1722.
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ARAÚJOS E FEITOSAS • COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
'
outro lado do mesmo Riacho, com meia legoa de largo por um e outro lado do
mesmo Riacho, Freguesia de Santa Quitéria, do termo da Cidade Januária do
Acaracú (sic)". O riacho Caiçara, afluente do rio Feitosa, nasce na parte norte
do Serrote do Pupo, ao norte do distrito de Boa Esperança, tendo o curso Sul-
Norte, deságuando no rio Feitosa nas proximidades do lugar Maracajá. À guisa
de informe histórico, o topônimo Cidade Januária do Acaraú foi dado à Sobral
pelo Presidente Provincial, Pe. José Martiniano de Alencar, em homenagem a
uma das irmãs legítimas de D. Pedro II, no caso a princesa Januária, como nos
diz o Pe. F. Sadoc de Araújo, em Raízes Portuguesas do Vale do Acaraú, fl. 30.
Genealogia: ARAÚJO.
Já referida nas análises anteriores.
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
do Feitosa deste termo, por um e outro lado do mesmo riacho com meia légua
de fundos, extremando para a parte de baixo com terras do Muquem, e para a
parte de cima com terras da Boa Esperança, havidas por herança do finado pai
do inventariado (sic)". É nesta descrição que vamos encontrar a primeira
referência em documento público sobre o imóvel Boa Esperança, vila-sede do
distrito homônimo do município de Tamboril, até hoje bastante habitado por
descendentes da família Veras.
Neste inventário de José Rodrigues Veras, foram partilhados os imóveis
Lageiro Grande, Morro Agudo, Caiçara, Volta, São Joaquim, Santana e Muquern,
merecendo destaque este último, pois assim diz Nertan Macedo no seu livro
"Bacamarte dos Mourões", à fl. 30: "Dele se conheceu um filho bastardo, Capitão
Antonio da Silva Mourão, morador na fazenda Muquem, nos Inhamuns, filho
de uma moça que Alexandre amara em outros tempos (sic)".Refere-se Nertan a
Alexandre da Silva Mourão (o novo), personagem central do livro, sendo que no
inventário de José Rodrigues Veras está relacionada uma filha de nome Benedita
Gonçalves Veras, que foi e.e. Gonçalo da Silva Mourão, verdadeiro filho de
Alexandre (o novo), moradores na fazenda Muquem. Portanto, não fica Muquem
nos Inhamuns, nem teve Alexandre filho de prenome Antonio, mas, Gonçalo,
homenagem que certamente prestou ao padroeiro da Matriz da Serra dos Cocos.
De outra parte, este livro "O bacamarte dos Mourões", fundamentado em
descrições de "Memórias" - onde o memorialista escreve sempre o que lhe é
agradável, muitas vezes em detrimento da verdade -, em outras passagens
embasado no velho chavão "rezam as crônicas", resvala para um método
duvidoso da verdade histórica.
Genealogia: ARAÚJO.
José Rodrigues Veras, já referido em análise anterior, era trineto paterno
do Capitão-mor José de Araújo Chaves ( l º), das lpueiras, sesmeiro da Carta
de 17.07.1722.
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potentados locais para seus próprios fins, e talvez a única adaptação que a
coroa podia fazer pois carecia de um exército regular grande ou de outros
meios para exercer controle efetivo. Em consequência, o Capitão-Mor muitas
vezes funcionava como um soberano absoluto (sic)".
Para uma clara comprovação da inexistencia da administração civil-
judicial, basta ao leitor saber que as escrituras remotas citadas neste estudo,
precendentes à criação de Vila Nova d'El Rei, anteriormente chamada de
Campo Grande, em todas o tabelião dizia, invarialmente, "da nova repartição da
Villa de Granja, da capitania do Siara Grande (sic)". Era impossível à Câmara
dessa vila, ou seu juiz ordinário, tomar o mínimo conhecimento de fatos ocorridos
nestes longínquos sertões, do qual dista aproximados 400 kms. Por outro lado,
conforme erroneamente informamos no capítulo A FREGUESIA DE SÃO
GONÇALO DO AMARANTE DA SERRA DOS COCOS, esta administração
deveria caber à Vila Distinta e Real de Sobral, instalada no dia 05.07.1773,
bem mais próxima. Certamente, nos limites jurisdicionais de sua criação, não
estava compreendida a freguesia da Serra dos Cocos.
Em vista de tal desordenamento, próprio mesmo de um período colonial,
não poderiam nem deveriam os curas ficarem adstritos aos seus quase imprecisos
limites eclesiásticos, deixando de levar os sacramentos cristãos aos piedosos
fieis de tão distantes localidades. Esta ocorrência verificou-se com relação à
jurisdição do Campo Maior do Quixeramobim, consoante nos prova o livro mais
remoto da freguesia da Serra dos Cocos, em arquivo na Diocese de Crateús, dos
anos de 1825 a 1829. Nele à fl. 77v. encontramos .desobrigas feitas no
Livramento e Espírito Santo, em datas de 03.07.1826 e 04.07.1826, onde aparece
como padrinho o próprio proprietário da fazenda, Cel. Antonio Ribeiro Campos.
Já na fazenda Santana, numa só fl., a 116, aparecem dois termos seguidos, em
data de 10.06.1827.
Pelas referênc:ias documentais que a seguir relataremos, fica comprovado
que boa parte da Serra das Matas foi colonizada pelos descendentes dos sesmeiros,
em parte pelo direito que lhes dava a Carta de Sesmaria de 17.07.1722, e outra
por encontra-la certamente desabitada. A primeira venda ali acontecida, data de
03.03.1786, quando Manoel Gomes de Almeida e sua mulher Eleutéria Vieira
venderam ao Capitão-Mor João Ferreira Chaves o imóvel Mulungu, em cuja
escritura pública está dito: "da parte do norte com a Serra das Matas (sic)", já
tendo este documento sido referido neste estudo quando analisamos o imóvel
Mulungu, no capítulo ACARAÚ. Pelo estudo destes imóveis podemos concluir,
que, caso estes colonizadores desejassem teriam ocupado a totalidade da Serra
das Matas. O leitor deve indagar, com razão, a não ocorrência de tal ocupação,
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
afins, fato que mostraremos nos relatos adiante feitos, cujas colonizações tiveram
concomitância com as terras sertanejas. A seguir, faremos um relato das terras
colonizadas pelos descendentes dos sesmeiros sobre a Serra das Matas. Na
análise destes imóveis, não obedecemos a ordem potâmica ou regional, mas,
simplesmente narrando-os à medida que encontramos documentos a eles
referentes.
IDSTÓRICO
Encontramos referência sobre este imóvel no invetário do Cel. José de
Araújo Costa, levado a termo na data supra, onde está assim descrito: "Declarou
mais uma posse de terras sem extremas, no lugar São Gonçalo, em cima da
Serra das Matas, deste termo, no lugar São Gonçalo, havida por herança do
finado pai do inventariado Capitão Francisco Xavier de Sales Araújo (sic)'.
Comprova-se que a posse destas terras vem do final do século XVIII (1700),
quando aqui chegou o Cap. Sales e contraiu núpcias com dona Francisca Alves
Feitosa, filha do Capitão Luis Vieira de Sousa (2º) e dona Ana Alves Feitosa. O
Cel. José de Araújo Costa comprou as heranças dos seus irmãos Beatriz
Francisca de Vasconcelos, Ana Alves Feitosa (neta), e do Cel. Diogo Lopes
de Araújo Sales. De outra parte, devemos concluir que o topônimo São Gonçalo
foi dado a este imóvel em homenagem prestada pelo Cap. Sales, seu primitivo
colonizador, ao orago da matriz da Serra dos Cocos, São Gonçalo do Amarante.
Recorrendo às pegadas dos curas da Serra dos Cocos, constatamos ser antiga
a colonização deste imóvel, o que nos prova o livro de 1825-1829, quando à
fl.77 encontramos termo de batismo ali realizado no dia 01.07.1826, figurando
como padrinhos o Ten. Cel. Antonio da Costa Leitão.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA
Já referidas.
IDSTÓRICO
A menção deste imóvel deveria ter precedido ao anterior, pois está este
situado no sopé da Serra das Matas, pelo lado ocidental. Contudo, em vista do
130
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Imóvel: ROSÁRIO.
Data do documento analisado: 18.01.1899.
IDSTÓRICO
É também referido no inventário de Cândida Rodrigues de Farias, onde
recebeu sumária descrição: "Uma posse de terras na Serra das Matas, neste
termo, no sacco denominado Rosário (sic)". Conforme já dissemos algures, o
livro mais antigo da freguesia de São Gonçalo, em arquivo na Diocese de Crateús,
é o de 1825-1829, onde vamos encontrar à fl. 158 batizado realizado nesta
localidade, em data de 04.02.1828, atestando que a colonização deste imóvel
teve concomitância com as demais localidades sertanejas.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA
Já referidas quando analisamos o imóvel Escondido.
131
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
imóvel Cacimba dos Moços. Acrescemos, que pela linha materna foi êle trineto
do Capitão Luis Vieira de Sousa (lº), e tetraneto do Cel. Francisco Alves
Feitosa, sesmeiro da Carta de 17.07.1722.
Imóvel: GAMELEIRA.
Data do documento analizado: 14.01.1870.
IDSTÓRICO
Nos mesmos autos do litígio que envolveu o imóvel Piedade, à fl. 54 João
de Araújo Barros e seus filhos João de Araújo Barros Junior, Antonio de Araújo
Chaves, Belchior de Araújo Barros e Leonardo de Araújo Bem, juntam prova
de serem proprietários do imóveÍ Gameleira, onde é dito "que desde imensos
anos são por eles possuidas e cultivadas com casas de residência (sic)". Estes
autos constituem uma peça histórica do passado social, político e cultural, não
só de Tamboril como do Ceará, pois, neles funcionaram pessoas como Luiz
Xavier da Silva Castro, na função de escrivão, e que seria um dos pioneiros na
libertação dos escravos no Ceará, já por nós referido no livro História de
Tamboril. Como juizes municipais funcionaram o Ten. Cel. Joaquim José de
Castro, que presidiu a sessão de instalação do município em data de 25.06.1863,
datando os seus despachos da fazenda Serrote, como o que consta da fl. 133.
Também funcionou o Alferes Vicente Alves de Araújo Sal;es, que fez parte da
lª Câmara Municipal de Tamboril.
Genealogia: ARAÚJO.
João de Araújo Barros, é referido por L.Feitosa, ob.cit. fl. 261, como
filho de Belchior de Barros Galvão e dona Luzia de Matos Vasconcelos, filha
do Cel. João de Araújo Chaves, da Carrapateira. Nesta condição, era trineto
materno do Capitão-mor José de Araújo Chaves (1 º), das Ipueiras, sesmeiro de
17.07.1722.
Imóvel: CORONEL.
Data do documento analisado: 28.01.1871.
IDSTÓRICO
A origem documental deste imóvel, vem também dos autos do litígio da
Piedade, onde à fl. 57 Clemente Gomes de Melo, e.e. Luiza Vieira de Sousa faz
prova de ser possuidor do "sítio Coronel", em cima da Serra das Matas (sic)". De
acordo com informe cartográfico, este imóvel fica localizado entre a Serra de São
132
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES 00 ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Imóvel: AÇUDINHO.
Data do documento analizado: 05.03.1884.
.QISTÓRICO
Tem origem no mesmo inventário de Bento Rodrigues de Farias, que foi
e.e. Mônica Rodrigues de Farias, em cujo processado é o imóvel assim descrito:
133
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
"D eclarou haver m ais em seu casal um a posse de terras no lugar A ssudinho,
sobre a Serra das M atas, deste term o, havida por herança (sic)". A localidade
de A çudinho é hoje um a próspera vila, localizada em região de grande m anancial
agrícola, com condições de ser sede distrital. É servida com energia da C O E L C E ,
com linha telefónica da T E L E C EA R Á pelo sistem a D D D , núm ero 811.1948,
com auxílio de telefonista. D e acordo com os inform es cartográficos, a vila
está localizada sobre a Serra do A çudinho, com ponente da cordilheira da Serra
das M atas, onde se encontra instalada a antena repetidora de T V, que serve a
toda região centro-oeste, com o tam bém de telefonia.
G enealogia: A R A Ú JO FFE IT O SA .
Já detalhadas e acim a repetidas.
Im óvel: PA R A ISO .
D ata do docum ento analizado: 03.10 .1870.
IDSTÓRICO
Trata-se do inventário de dona Beatriz Francisca de Vasconcelos, filha
do Cap. Sales, do Serrote, onde está o imóvel assim descrito: "Declarou haver
mais uma posse de terras sem extremas, no lugar Paraiso, terras do sítio
Manipueira, em cima da Serra das Matas, deste termo, havida por herança dos
finados pais da inventariada (sic)". Recordamos ao leitor que dona Beatriz
Francisca de Vasconcelos, era filha do Capitào Sales, do Serrote, que foi e.e.
dona Francisca Alves f eitosa, filha do Capitão Luis Vieira de Sousa (2º) e de
dona Ana Alves Feitosa, donde provém a remota colonização destas terras.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA.
Dona Beatriz Francisca de Vasconcelos, que foi e.e. o Cel. Antonio
Ribeiro Campos, não deixaram descendência. Já foram por nós referidos quando
relatamos o imóvel Vaca Brava, em águas jaguaribanas. Merece acrescentar,
que pela linha materna dona Beatriz era bisneta do Capitão Luis Vieira de Sousa
(lº), e trineta do Cel. Francisco Alves Feitosa, sesmeiros da Carta de 17.07.1722.
Imóvel: COTOVELO.
Data do documento analizado: 03.09.1870.
IDSTÓRICO
A data acima procede do inventário de dona Ana Alves Feitosa (neta),
que foi e.e. o primo Antonio de Sousa Carvalhedo (neto), em cujo processado
134
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Imóvel: MANIPUEIRA.
135
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Imóvel: SACO.
Data do documento analizado: 10.06.1864.
IDSTÓRICO
Como o anterior, também procede do inventário do Cel. José de Araújo
Costa, onde é sumariamente descrito: "Declarou haver uma posse de terras
sem extremas no lugar Sacco, sobre a Serra das Matas, deste Termo, havida
por compra ao CeL Diogo Lopes de Araújo Sales e sua mulher Maria José
Rodrigues de Farias (sic)".
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA.
Já relatada.
Imóvel: CEDRO.
Data do documento analizado: 10.06.1864.
IDSTÓRICO
No relato do Lado Norte do Rio Acaraú, verifica-se a existência de
outro imóvel com o mesmo topônimo, identicamente pertecente ao Cel. José de
Araújo Costa. O aqui referido, segundo informe cartográfico, fica sobre a Serra
das Matas, estando localizado ao sul do Riacho do Ponte, e ao norte do sítio
Olho d' Águinha. Somos levados a crer, que devido ao grande número de imóveis
rurais arrolados no inventário, o escrivão foi indolente nas suas descrições,
136
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
pois, raros são os que não têm relato sumário, como êste: "declarou haver mais
uma posse de terra no lugar Sedro, sem extremas, comprada a João Ribeiro
Pessoa Montenegro e sua mulher Raquel do Brasil Montenegro (sic).
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA.
Raquel do Brasil Montenegro era filha do Cel. Diogo Lopes de Araújo
Sales e de dona Maria José Rodrigues de Farias, sendo, pela linha paterna
trineta do Capitão Luis Vieira de Sousa ( l º), e tetraneta do Cel. Francisco
Alves Feitosa, sesmeiros da Carta de 17.07.1722. •
Imóvel: ALGODÕES.
Data do documento analizado: 08.05.1898.
HISTÓRICO
A data acima, corresponde ao falecimento de Anastácio de Araújo Costa
Sales, caçula do Cel. José de Araújo Costa, e, como este, constituiu um imenso
patrimônio imobiliário, parte herdado dos pais e parte adquirida de seus irmãos
e parentes, transformando-se num dos maiores proprietários de terras na chapada
da Serra das Matas. No seu inventário;tem o imóvel a seguinte descrição: "Uma
outra posse de terra no mesmo lugar algodões, deste termo, havida por compra
a João Ribeiro Campos (sic)". A expressão "outra posse", é feita em vista de
haver o inventariado adquirido mais quatro heranças de seus sobrinhos, no mesmo
imóvel, herdadas do pai, Capitão Antonio Ribeiro Campos de Noronha,
primogênito do Cel. José de Araújo Costa.
Genealogia: ARAÚJO FEITO0SA.
Anastácio de Aráujo Costa Sales, já está referido quando analizamos o
imóvel Cacimba dos Moços, no início do curso do rio Acaraú. Já os sobrinhos,
filhos do Capitão Antonio Ribeiro Campos, eram tetranetos do Capitão Luis
Vieira de Sousa (lº), e pentanetos do Cel. Francisco Alves Feitosa, sesmeiros
da Carta de 17.07.1722.
HISTÓRICO
Procede também do invetário de Anastácio de Araújo Costa Sales, onde
recebeu a sumária referência: "Uma posse de terras no lugar São Manoel,
sobre a Serra das Matas, deste termo (sic) ". Conforme indicação cartográfica,
137
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES 00 ALTO E M ÉDIO ACARAÚ
Imóvel: SÍTIO.
Data do documento analizado: 08.05.1898.
IDSTÓRICO
Identicamente, porém do invetário de Anastácio de Araújo Costa Sales,
onde está assim desc:rito: "Uma posse de terra no lugar denominado Sítio, sobre
a Serra das Matas, com uma parte na casa sita na dieta terra, havida por
compra a Maria Rilbeiro Campos (sic)". Os imóveis localizados sobre a Serra
das Matas, em sua grande maioria, constituíam propriedades de médio porte,
para onde os fazendeiros levavam seus rebanhos no período de verão - setembro
a janeiro - costume até hoje em prática, e que tomou o nome de "refrigério". O
imóvel aqui relatado, deve ser o denominado Sítio Serra Velha, que fica localizado
ao sul do serrote do Saquinho.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA.
Já referida.
Imóvel: FELIPE.
Data do documento analisado: 08.05.1898.
HISTÓRICO
Não obstante ser possuidor de terras na chapada da Serra da Ibiapaba,
Anastácio de Araújo Costa Sales - conforme atrás mencionamos - foi um dos
maiores posseiros na chapada da Serra das Matas. Tantos eram seus imóveis,
que o escrivão os abreviava o máximo nas descrições, como é caso deste: "Uma
posse de terra no sítio denominado Felipe, sobre a Serra das Matas, deste termo,
havida por compra a Florêncio Alves Feitosa (sic)". Pela indicação cartográfica,
este imóvel está localizado ao norte do sítio Belém, também pertencente ao
inventariado.
Genealogia: ARAÚJO FEITOSA.
Já referida.
Imóvel: CHUPADOR.
138
ARAÚJOS E FEITOSAS - C0LONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
HISTÓRICO
Trata-se do inventário de Pedro Honorato de Araújo Junior, que foi e.e.
Mariana de Ajaújo Chaves, já referido quando relatamos os imóveis São Pedro
e São Paulo. Pela indicação cartográfica, este imóvel fica localizado ao norte da
atual cidade de Monsenhor Tabosa, entre as águas que afluem ao rio Macacos,
da bacia do rio Acaraú, e as que correm para o rio Quixaramobim, tributário do
rio Jaguaribe. Com este comentário do imóvel Olho d' Água, tentamos evidenciar
que membros da família Araújo foram colonos de terras na chapada da Serra
das Matas, além daquelas que naturalmente afluem ao Acaraú, pelo lado leste e
sul da cordilheira. No inventário, o imóvel recebeu esta sumária descrição: "Tres
posses de terras no lugar Olho d'Água, districto da Telha, deste município
. )" .
( SIC
Genealogia: ARAÚJO.
Já referida, quando comentamos os imóveis São Pedro e São Paulo.
Imóvel: JUCÁ
Data do documento analizado: 18.01.1898.
IDSTÓRICO
O cometário que antes fizemos sobre o imóvel Olho D' Água, é igualmente
válido para este imóvel. Segundo as indicações cartográficas, está êle situado a
SO - sudoeste - da cidade de Monsenhor Tabosa, sendo assim descrito no
139
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Imóvel: QUEIMADAS.
Data do documento analisado: 08.05.1859.
HISTÓRICO
Por constituir assunto principal do capítulo seguinte deste estudo, deixamos
para fazer menção deste documento na finalizaçào da análise dos imóveis da
Serra das Matas, com o intuito de oferecer melhor compreensão ao leitor do
que adiante falaremos. Não temos dúvida de que esta escritura, que traz a data
de 08.05.1859, constitui um valioso e inédito documento, que vem modificar a
ascendência do valoroso Gen. Antonio de Sampaio, Patrono da Infantaria do
Exército Brasileiro, alterando, em decorrência, dados da História Militar' do Brasil.
Vejamos o que ela nos diz: "Digo eu abaixo assinado que entre os mais bens que
prisuo de mansa e paficica posse e bem ascim hum sitio de plantar na Cerra das
Matas denominado Queimadas que me ouve por adiuição que me fez a Snra.
Dona Leonarda Bezerra do Vale quando casei-me com sua neta Antonia de
Araújo Chaves cujo sitio da parte de cima extrema na pedra do porco com terras
dos erdeiros do finado Francisco dos Santos pelo riaxo acima do sitio Coronel a
thé os limites das aguas ... (sic)". Finaliza a escritura: "trequisimos em vida de
minha mulher Antonia de Araújo Chaves com Leonarda Bezerra do Vale como
trocado temos por outro sitio na mesma Serra das Matas denomindo
Brandão ... (sic). Victor, 8 de maio de 1859. Antonio Ferreira Sampaio (sic)". A
assinatura tem caligrafia trêmula e fora de alinhamento, denotando problema de
visão ou idade. É a primeira referência documentar da denominação do imóvel
Victor, já no ano de 1859. Fundamentados em informes orais de que Ó pai do
Gen. Sampaio teve :sua primitiva residência no lugar Victor, foram seus biógrafos
levados a crer que lá havia nascido Sampaio, o que não é verdadeiro, e assim
nos mostram os documentos. Deitando por terra tal informação, transcrevemos
o batismo de sua irmã, constante do livro de assentos da freguesia de São
Gonçalo da Serra dos Cocos, 1825-1829, fl. 82, cujo teor é o seguinte: "Quitéria,
filha legítima de Antonio Ferreira Sampaio e Antonia de Araújo, naturaes e
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES 0O ALTO E M ÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Almeida. Portanto se o leitor for bom observador, de logo poderá concluir que
Ana Correia Barbosa, e.e. Manoel Ferreira Sampaio, era sobrinha do Ten.
José de Araújo Chaves (2°), do Convento, prima do Capitão Francisco Xavier
de Araújo Chaves, filho do Ten. José de Araújo Chaves. Desta forma, a avó
paterna de Sampaio e seu avô matemo - como provaremos adiante - eram
pnmos.
Aprofundando as buscas imobiliárias-documentais, encontramos a
escritura particular ele venda do imóvel Queimadas, atrás referida e que elucida
a genealogia materna de Sampaio, na qual está dito pelo viúvo Antonio Ferreira
Sampaio, que sua fenecida mulher Antonia de Araújo Chaves - que traz os
apelidos de família-, é neta paterna de dona Leonarda Bezerra do Vale, e.e. o
Ten. José de Araújo Chaves (2°), do Convento, e neta materna, nas mesmas
condições de legitimidade do Capitão Luís Vieira de Sousa (2º), do Tamboril, e
de sua mulher dona Ana Alves Feitosa.
Dois fatos ficam documentalmente comprovados, com relação ao passado
do Gen. Sampaio, sendo o primeiro deles a comprovação de que seu local de
nascimento foi a fazenda Pajeú, primitiva morada de seus pais. Reforçando
esta afirmação, além do termo de batismo transcrito no comentário do imóvel
Queimadas, vejamos este informe definitivo que traz o inventário de seu
compadre, Cel. José de Araújo Costa, julgado por sentença do juiz de Orfãos
Manoel Rodrigues de Farias em data de 21.03.1865, fls. 27v/28: "Declarou
haver mais uma posse de terras no lugar Pajehú, deste Termo, extremando da
estrada que sai do dito lugar Pajehú para o lugar Tamboril, pela parte do poente
da estrada, até extremar com a fazenda do inventariado, cujas terras é só pela
parte do Norte, com meia légua de ilharga do riacho São João, que houve por
compra a Antonio Ferreira Sampaio, avaliada por sessenta mil reis (60$000)
(sic)". Assim, havendo nascido Quitéria no Pajeú e lá batizada em data de 28 de
julho de 1826, sendo Antonio Ferreira Sampaio proprietário desta fazenda, que
foi posteriomente vendida, não demora a mais remota dúvida de que lá veio ao
mundo o Gen. Antonio de Sampaio no dia 24 de maio de 1810.
Já a segunda comprovação procede da escritura particular do imóvel
Queimadas, que traz: a prova definitiva de que o Gen. Sampaio jamais foi filho
de um filho "reconhecido'tou bastardo do Capitão Francisco Xavier de Araújo
Chaves, pois, se tal bastardia houvesse seria pelo lado matemo, onde o documento
aponta legitimidade.
Isto posto, com dados documentais podemos oferecer as ascendências
legítimas - paterna e materna -, deste ilustre filho de Tamboril que foi imolado
cm defesa da Pátria na maior batalha campal da América do Sul. Ei-la:
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ARAÚJOS E FEITOSAS -
145
·os E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
, ,>ais de
6. Antonia de Araújo Chaves, e.e. Antonio Ferreira Sampaio, pais de
7. Gen. Antonio de Sampaio, Patrono da Infantaria do Exército Brasileiro.
Genealogia materna, pela linhagem FEITOSA (2°).
1. João Alves Feitosa, e.e. Ana Gomes Vieira, filha do Cel. Manoel
Martins Chaves, de: Penedo, Alagoas, pais de
2. Cel. Francisco Alves Feitosa, e.e. Catarina Cardosa da Rocha Resende
Macrina, sendo ele sesmeiro da Carta 17.07.1722, pais de
3. Josefa Alves Feitosa, e.e. o Sargento-mor Francisco Ferreira Pedrosa,
pais de
4. Ana Alves Feitosa, e.e. o Capitão Luis Vieira de Sousa (2°), fundadores
da fazenda Tamboril, pais de
5. Isabel Vieira de Sousa, e.e. o Capitão Francisco Xavier de Araújo
Chaves, pais de
6. Antonia de Araújo Chaves, e.e. Antonio Ferreira Sampaio, pais de
7. Gen. Antonio de Sampaio, Patrono da Infantaria do Exército Brasileiro.
Antigamente, por falta de legislação específica, a denominação dos filhos
ficava a critério dos pais, sem quase nenhuma obediência aos apelidos de família,
Por esta razão, são encontradas incontáveis incongruências denominativas,
exemplificando o caso do nosso trisavô matemo, Cel. José de Araújo Costa, e.e.
Ana do Nascimento Vidal, que denominaram o primogênio de Antonio Ribeiro
Campos de Noronha e o caçula de Anastácio de Araújo Costa Sales, prática que
muito dificulta a pesquisa genealógica.
Esta observação, tem por finalidade aclarar o que se verifica com a
genealogia paterna do Gen. Sampaio, quando o Ten. Cel. Luciano Martins
Chaves, e.e. Eleutéria Vieira, denominaram a caçula de Ana Barbosa, que é a
mesma Ana Correia Barbosa, avó paterna de Sampaio (L. Feitosa, ob. cit. pág.
252), que foi e.e. Manoel Ferreira Sampaio,já antes referidos.
Procurando as origens da família Ferreira Sampaio, fomos encontrar no
livro Raízes Portuguesas do Vale do Acaraú, de autoria do Pe. F. Sadoc de Araújo.,
pág. 198, ligeira reforência quando enumera 120 portugueses que para vieram,
e povoaram o vale do Acaraú: "114. Rodrigo da Costa Araújo, nat. da freg. de
Ferreira, con. de Paços de Ferreira, e.e. Juliana Ferreira Barros, filha de Matias
Vidal de Negreiros e Maria de Araújo Sampaio (sic)", Clara é a menção dos
apelidos de família Ferreira e Sampaio, o que não nos autoriza a ligá-los aos dos
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
AS CIDADES
Por inumeráveis vezes já o dissemos, que este estudo tem como universo
de pesquisa o prisco territorio eclesiástico do mais antigo centro irradiador de
civilização de todo o centro-oeste do Ceará, e por extensão do Alto e Médio
Acaraú, que foi a freguesia de São Gonçalo do Amarante da Serra dos Cocos.
Nosso objetivo fundamental - também repetimos -, é a comprovação documental
de que esta vasta região teve como colonizadores as famílias ARAÚJO E
FEITOSA, tudo procedendo da Carta de Sesmaria 17. 07. l 722, já exaustivamente
referida.
Contudo, estaria esta investigação histórica comprometida e incompleta,
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
É este outro ponderável motivo que nos leva aos comentários sobre as
cidades mencionadas, pois ao promoverem as conquistas territoriais, membros
das famílias Martins Chaves, Araújo Chaves e Ferreira Chaves, que o
genealogista L. Feitosa, ob. cit. fls. 231/302 preferiu denominar simplicadamente
ARAÚJO, muito matrimoniou-se com outras famílias, daí procedendo uma
imensa parentela com Melo, Bezerra, Mourão, Dias, Rodrigues Veras, Costa,
Pereira, Mesquita, Ribeiro, Farias, Magalhães, Sousa, Pedrosa, Carvalho, Torres,
Mororó, Aragão, e inúmeras outras, dando surgimento a uma imensa árvore
genealógica cujos galhos estão espalhados não só no Ceará, mas, em todo o
Brasil. Alguns historiadores, ácidos críticos do procedimento colonial das famílias
Feitosa e Araújo, chegam a desacreditar seus próprios estudos. Como exemplo
referimos Nertan Macêdo, que no seu livro "O clã de Santa Quitéria"- Editora
Renes - Rio de Janeiro - 2ª Edição - 1980, faz referência à nobre origem da
família Mesquita. Neste livro, à fl. 78 diz que os Pinto de Mesquita uma única
vez tiveram de apelar para as armas, quando a povoação de Santa Quitéria, em
1825, foi assaltada por um grupo de facínoras, chefiados por Benedito Martins
Chaves, segundo o autor, "da célebre família do Coronel Manoel Martins Chaves
(sic)". Agigantando á contradição e desmerecendo crédito, na mesma obra,
em passagem anterior referida à fl. 27, quando relata o entrelaçamento dos
Pinto de Mesquita com outras famílias, são enumeradas as famílias "Martins",
"Araújo", "Farias"e outras, todas resultantes numa só: ARAÚJOS. Agora, faça
o leitor seu julamento sobre tão celebrado historiador.
Embora não fazendo parte das cidades comentadas, vamos repetir o que
nos informa o historiador sobre a colonização e povoamento de Crateús:
"Encabeçados por D. Luiza Coelho da Rocha Passos ( titulada como fundadora
de Crateús), antiga proprietária da fazenda Riacho do Gado, em Crateús, em
1778, coube aos Mourões, Meios, Araújo Chaves, Cavalcante de Albuquerque
e outros (já entrelaçados consanguineamente) o encargo de povoarem,
prioritariamente, o território de Crateús, sem incluirmos o de Irapuá (sic)". -
Raimundo Raul Correia Lima - ob. cit. fl. 98. Os parêntesis são nossos.
GUARACIABA DO NORTE
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
passado histórico Billy Jaynes Chandler nos oferece provas legais de que o
procedimento para preenchimento de tais funções, de acordo com as leis coloniais
portuguesas, era o seguinte: "A câmara da vila era composta de dois ou três
vereadores e dois juiizes ordinários, eleitos pelos homens bons; os vereadores
por período de três anos, e os juizes ordinários por período de um ano (sic)" ··
ob. cit. pág. 30. Com esta informação desejamos afirmar que Antonio Barbosa
Ribeiro - de quem adiante nos ocuparemos - linchado no dia 03.03.1795 quando
ocupava o cargo de juiz ordinário daquela Vila, não o era por ocasião de sua
instalação. Basta acrescer que foi o próprio Ouvidor Geral da Capitania do
Ceará, Doutor pela Universidade de Coimbra, Manoel de Magalhães Pinto e
Avelar de Barbedo, amigo pessoal do Cel. Manoel Martins Chaves (bisneto)··
L. Feitosa, ob. cit. fls. 243/244, que veio, pessoalmente, instalar Vila Nova
d'EL-Rei.
Como já referimos em passagens anteriores deste trabalho, a colonização
portuguesa dos nossos sertões tem uma rica fonte de pesquisa histórica nas
concessões territoriais, oriundas das conhecidas Cartas de Sesmarias, exclusivo
documento de que dispõe o historiador, para, seguindo as pegadas dos
concessionários comprovar a posse e o decorrente processo colonizador. Com
relação a Guaraciaba do Norte, nos dá notícia o historiador Pe. F. Sadoc de
Araújo, obra referida, pág. 23, quando diz que Domingos Ferreira Chaves, em
data de 06.12.1718 conseguiu uma sesmaria, nela fundando o sítio Buriti, local
onde os curas ministravam os sacramentos religiosos. Também o Cel. João
Ferreira Chaves (1°), como faz ver o Vol. 6°, nº 498, em, data de 05.02.1746,
requereu e lhe foi concedida uma extensa sesmaria, dizendo no requerimento
que "comprou a Domingos Ferreira Chaves um sítio de 5 léguas na Serra dos
Cocos no riacho das Macambiras que corre de norte a sul e faz barra no rio
Jacaré, da parte do poente (sic)". acrescentando que "aí está de posse há onze
anos (sic)". Um genro do mesmo Cel. Joào Ferreira Chaves (lº), Antonio de
Barros Galvão, e.e. Ana Gonçalves Vieira Mimosa, também requereu e lhe foi
concedida uma sesmaria constante do Vol. 7°, nº 598, em data de 22.06.1771,
com uma extensão de três léguas por duas de largura (SESMARIAS
CEARENSES -Despartamento de Imprensa Oficial -DIO - Fortaleza- 1971).
Visto o que já foi dito em capítulos precedentes, inclusive a transcrição
do título de Capitào outorgado a Domingos Ferreira Chaves pelo Rei de Portugal,
constante da Rev. Trim. do Instituto do Ceará - Tomo XXXVI - ano de 1922 -
fls. 288/289, vejamos o que mais nos informa o Pe. F. Sadoc de Araújo, quando
à pág. 23 refere-se à sesmaria de Domingos Ferreira Chaves: "Aí, nessa extrema
sesmaria fundou o sítio Buriti (Moriti) que se tomou o centro, das atividades,
152
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
verificadas, embora o sítio Buriti não haja sido o território central onde teve
início a cidade, significaria passar uma esponja na histórica figura do Capitão
Domingos Ferreira Chaves, comprovadamente o primeiro colono a fundar
alicerces e fincar estacas na região do Campo Grande, nele inegavelmente
reside o ato de fundar, de habitar. Portanto, é historicamente justo e correto qm:
ao Capitão Domingos Ferreira Chaves seja atribuída a titularidade de fundador
de Guaraciaba do Norte.
Comprovando o que algures dissemos, resta-nos acrescer que membros
da família Araújo foram e são pessoas eminentes nesta cidade, citando como
exemplos o ex-Prefeito e ex-Deputado Estadual José Maria Melo, já falecido,
o ex-prefeito Egberto Martins Farias, e o atual Antonio Bezerra Marques, todos
trazendo apelidos de família advindos do velho Capitão-Mor José de Araújo
Chaves (1°), das Ipueiras, sesmeiro da Carta de 17.07.1722.
IPU
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES OO ALTO E M ÉDIO ACARAÚ
los. Abrimos este parêntese para dizermos que os apelidos de família Araújo
Chaves, Martins Chaves e Ferreira Chaves proveem dos ascendentes do
Capitão-Mor José de Araújo Chaves (1 º), das Ipueiras, razão que motivou o
genealogista L. Feitosa, obra referida, a simplificá-los para fins de estudo, em
ARAÚJO. Quanto ao Costa Leitão, procede da família da mulher do Capitão-
Mor, dona Luzia de Matos Vasconcelos, conforme está relatada no capítulo OS
ARAÚJOS, razão que a levou a nominar assim o Ten. Cel. Antonio da Costa
Leitão. Prossegue o documento: "BRASÕES - ANUÁRIO GENEALóGICO
BRASILEIRO - Por Salvador de Moya. Titulares estrangeiros no Brasil - 936
- 937 - 938. MARTINS -Tem por armas o campo partido em faxa, no primeiro
em ouro e tres flores de Liz Púrpura em faxa; no segundo de preto, duas faxas
em ouro. TIMBRE: huma flor de Liz. A Rainha Dona Catherina, governando
este reino na menoridade Del Rei D. Sebastião as deu a Diogo Martins, anno
de 1560 (de Martine, Itália): Partido de ouro e de negro, com um homem
nascente, de braços levantados, tendo uma foucinha na mão direita e cinco
espigas de trigo na esquerda, toucada de chapéu cônico, tudo entrecambado.
(De Diogo Martins): Cortado, um negro com duas palas de oiro'com tres flores-
de-liz de púrpura. Martins de Deus: Partido: um de vermelho, com uma torre.de
oiro; dois de oiro, com uma águia de azul arquendo o voo. A origem nobre e de
Brasões das famílias brasileiras, consta do "Anuário Genealógico Brasileiro"-
Por Salvador Moya - E foi compilada pessoalmente pelo mesmo Coronel, do
"Nobiliarchia Portuguesa", de Antonio de Vilas Boas e Sampaio. Brasões de
Portugal. (Abaixo estão os desenhos dos t;ês escudos, contendo os números
936, 937 e 938). OS MARTINS DO IPU. FRANCISCO MARTINS DE
ARAÚJO - nascido em 1785 e MARIANA MARTINS DE ARAÚJO - nascida
eml 790. Seus pais - Manoel Bezerra de Araújo Feitosa e Ana Martins de
Araújo Bezerra - eram senhores de engenho em Sirinhaém, zona da mata da
então província de Pernambuco, e descendentes daquele Cel. MANOEL
MARTINS CHAVES, de Penedo - Alagoas. Diz-se que havendo Mariana se
envolvido num caso de amor não do agrado da família, ela e o irmão se
aventuraram em uma viagem bastante longa e vieram ter a Cococi, nos Inhamuns,
onde pretendiam ficar à sombra do Capitão-mor José Alves Feitosa, primo do
pai deles, isto na primeira década do século XIX. Naquele tempo primo do pai
era considerando tio e o fato é que os dois jovens teriam recebido acolhida
fraterna na casa do Capitão-mor. Este era homem reconhecidamente rico e
prestigioso. As suas zonas de influência abrangiam desde o Cariri ao interior da
então Província do Piaui. Pois bem. Naquele tempo o-Capitâo-rncr cultivava
estreita amizade com os parentes da zona Norte: - O Capitão-mor José de
Araújo Chaves, em Ipueira-Grande e seu filho - Coronel do Regimento de
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
Cavalaria de Vila Nova d' EL Rei - Manoel Martins Chaves, com os quais
mantinha frequente correspondência através de emissários. E eis que, face à
disposição manisfestada por Francisco, sempre disposto a tudo, passou a ser o
preferido para tais viagens. Numa delas hospedou-se na fazenda Marruás,
.município do Ipu-Grande, quando conheceu e se enamorou da jovem Francisca
Pereira dos Reis, filha do Capitào Luis Pereira dos Reis, e passado algum tempo
realiza-se o casamento, isto por volta de 1810. Foi então residir na fazenda
Mulungú, pertencente ao sogro. Algum tempo depois fez vir para a sua
companhia a irmã Mariana, que se encontrava em Cococi, e que - diga-se de
passagem - seria uma mulher muito bonita, e que veio a casar-se, tempos depois,
com Domingos de Paiva Dias. Do casamento de Francisco nasceram três filhos,
todos do sexo masculino: 1. João Martins Pereira; 2. Luiz Martins Pereira; 3 .
Antonio Martins Pereira. Morrendo-lhe a esposa casou-se em seguida com uma
cunhada - Eugenia Pereira dos Reis, que lhe deu mais seis filhos, todos varões
4. Joaquim Martins Pereira; 5. José Martins Pereira; 6. Sebastião Martins
Pereira; 7. Florêncio Martins Pereira; 8. Francisco Martins Pereira e 9. Manoel
Martins Pereira. Era avô de Abílio Martins intelectual e político que foi deputado
e exerceu as funções de Chefe de Polícia no Governo de Justiniano de Serpa.
É nome de rua em Fortaleza e de um distrito no município do Ipu. José Martins
Pereira e Maria Francisca de Sousa, foram os pais de: O 1. Cesário de Sousa
Martins; 02. Antonio de Sousa Martins; 03 Raimundo de Sousa Martins; 04.
Felix de Sousa Martins; 05. João de Sousa Martins; 06. José de Sousa Martins;
07. Francisca de Sousa Martins; 08. Maria de Sousa Martins; 09. Josefa de
Sousa Martins, e 10. Isabel de Sousa Martins (sic)".
Como dissemos antes, só em parte nos foi possível transcrever este
documento, sendo a razão maior não tomar muito alongado nosso comentário
sobre a cidade de Ipu. Procurando emprestar maior credibilidade ao relato, fomos
mergulhar nos velhos livros de assentamentos de batismo da freguesia da Serra
dos Cocos, encontrando no livro nº 14, data de 22.07.1850, Antonio Martins
Pereira, terceiro filho do primeiro casamento de Francisco Martins de Araújo
com Francisca Pereira dos Reis, apadrinhando a criança Raimundo. Outros foram
encontrados, confirmando o entrelaçamento das famílias Pereira, Mororó, Dias
e Paiva com os primitivos Araújos, exemplificando o que consta do mesmo
livro, datado de 08.03.1853, quando foi cristianizada a criança Agripina,
figurando como seus padrinhos Pedro Rodrigues Veras e Rita Maria de Paiva,
sacramento ministrado pelo Pe. Francisco Carvalho de Correia e Silva.
De outra parte, este documento nos traz a evidência de que o Coronel
Manoel Martins Chaves, de Penedo, Alagoas, quando emigrou para o Brasil já
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES 00 ALTO E MÉDIO ACARAÚ
IPUEIRAS
A elegante cidade de Ipueiras, conforme adiante veremos, precede como
assentamento colonial a todas as demais cidades inseridas no contexto territorial
da remota freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos, constituindo-se numa
das razões de fazermos comentário mais éxtenso sobre seus primórdios.
Seu topônimo - como o de muitas cidades cearenses -, é também formado
por uma palavra híbrida de origem tupi, significando IP = água + UEIRA =
rasa, que vem expressar ÁGUA RASA, termo até hoje usado pelos nossos
sertanejos para designar a lagoa que junta água no período chuvoso, secando
no verão.
Possui como distritos o da sede, e os de América, Engenheiro João Tomé,
Gázea, Livramento, Matriz (antiga sede da freguesia de São Gonçalo do Amarante
da Serra dos Cocos), Nova Fátima e São José das Lontras. Área do município:
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
2
1.204 Km . Altitude: 231,34 m. A cidade tem as seguintes coordenadas
geográficas: Latitude - 4° 32'30" S; Longitude: 40" 43'8" (sic)". Raimundo
Girão - ob. cit. pág. 105. Fica localizada nas proximidades das faldas orientais
da serra da Ibiapaba.
Consta do Vol. 6°, nº 419, datada de 16.11.1718, a concessão de uma
sesmaria concedida a Gregório Barbosa, Torquato da Rocha, José Dias Valente,
Manoel Rodrigues Fraga, Domingos da Rocha, Joaquim da Rocha e Manoel
Gomes Ferreira, com uma extensão de duas léguas de comprimento, por uma de
largura para cada um dos concessionários "no riacho Jatobá, que dizem ter
descoberto (sic)". É bom lembrar que apenas 20 dias depois - 06.12.1718 - foi
concedida a sesmaria do Capitão Domingos Ferreira Chaves, no riacho
Macambiras, já referida neste trabalho. Muito pouco ou quase nada demoraram
aqui estes colonos, pois, não há nenhum registro histórico de suas passagens,
ou de notícia de descendentes seus nestas ribeiras. Causa espécie a qualquer
conhecedor da região, o requerimento desta sesmaria num tributário do Acaraú,
quando mostra o bom senso que conveniências de ordem geográfica, estratégica
e econômica seria a terem requerido nas cabeceiras do "rio das garças", que
além de oferecer as férteis terras da Serra das Matas - onde tem suas nascenças
-, segue-se-lhe vastas áreas até hoje cobiçadas para a exploração pecuária.
Notícias existem de que esteas terras teriam sido adquiridas pelo Capitão-mor
José de Araújo Chaves ( 1 º), das Ipueiras, quando aqui chegou apenas quatro
anos depois para tomar posse na extensa sesmaria de 17.07.1722, como a que
nos presta o historiador José Nilton Aragão e Melo, em seu trabalho inédito
HISTÓRIA DE IPUEIRAS, assim concluindo: "São estas terras que
constituiram a Fazenda Ipueiras, em cuja casa principal residia o Capitão-mor
José de Araújo Chaves, e estava edificada numa parte do mesmo local onde se
encontra a cidade de: Ipueiras (sic)".
Inexiste documento que nos informe como estas terras da sesmaria do
riacho Jatobá vieram ao poder do Capitão-mor José de Araújo Chaves, restando
as hipóteses de compra, ou simples abandono e consequente comisso, pois, menos
de quatro anos depois de requeridas já eram propriedades do Capitão-mor, sendo
o que nos informa o historiador Pe. F. Sadoc de Araújo no livro História Religiosa
de Guaraciaba do Norte - IOCE - Fortaleza - 1988 - fls. 34/35: "A
CONSTRUÇÃO DA CAPELA - Com ordem de escolher o local para o novo
templo, Frei José foi ter com o Capitão José de Araújo Chaves, potentado daquela
região e proprietário das vastas sesmarias da Boa Vista, na Serra dos Cocos, e da
Ipueira Grande, no sertão. O encontro do carmelita com o Capitão foi dos mais
amistosos e a idéia da construção foi muito bem aceita. O Capitão propôs até
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
que em vez de uma, fossem construidas duas capelas, sendo uma sobre a serra
e a outra no sertão, e para tanto doou os terrenos necessários. Ele mesmo
escolheu os oragos: São Gonçalo e Nossa Senhora da Conceição. O primeiro
santo escolhido seria uma homenagem ao Conselho de Amarante, vila portuguesa
de onde provinham os Martins Chaves, e a Senhora da Conceição, homenagem
a Portugal do qual é a padroeira (sict. Queremos abrir um parêntese para
informar ao leitor, que, segundo o mesmo autor, em trecho anterior ao acima
transcrito, o encontro entre o carmelita frei José da Madre de Deus e o Capitão-
mor José de Araújo Chaves, teve ocorrência no ano de 1722, época em teve
agravamento a crise entre os jesuitas - da missão de Viçosa -, e os padres
seculares, responsáveis pelo Curato do Acaraú, conforme consta da pág. 33.
Vamos prosseguir sobre o que respeita a lpueiras, com palavras do mesmo
autor, ob. cit. pág. 35 "A CAPELA DE IPUEIRAS - Também a capela de
Nossa Senhora da Conceição da Ipueira do Capitão José Araújo Chaves foi
levantada, embora com mais vagar. Sua inauguração e benção deu-se no dia 4
de julho de 1745, pelo Pe. Pedro da Costa. No mesmo dia foi batizado Manoel
Martins Chaves, o célebre potentado da Vila Nova, filho do construtor da
capela, Capitão José de Araújo Chaves e de sua mulher Luzia de Matos
Vasconcelos, como se vê da transcrição do seguinte documento: "Aos quatro
dias do mês de julho de mil setecentos e quarenta e cinco, na Capella de Nossa
Senhora da Conceição da Ipueira, baptizou sem santos óleos, de minha licença,
o Pe. Pedro da Costa a MANOEL, filho legítimo do Capitão-mor José de Araújo
Chaves e de sua mulher Luzia de Matos. Foram padrinhos José de Araújo
solteiro e Luzia de Matos solteira, de que fiz termo que assigno. Antonio de
Carvalho e Albuquerque, cura do Acaraú. (sic)". (liv.Misto, Sobral, 1725-50, fl.
48v).
Como vemos, embora antecedendo até na construção da capela ao Campo
Grande, Ipueiras não teve um surto de progresso semelante aquela localidade,
que detinha uma privilegiada e estratégica localização geográfica, ponto de intensa
movimentação econômica entre o Piaui, a lbiapaba e o sertão. Falecendo o
Capitão-mor José de Araújo Chaves em 1787, Ipueiras permaneceu como uma
fazenda, conforme nos mostram inúmeros termos de batismo ali realizados,
ministrados pelos curas da Serra dos Cocos, como o que consta do livro de
1825-1827, fl. 113, que transcrevemos: "JOSÉ filho legítimo de José Martins
Chaves, e Anna Ferreira de Barros, moradores nesta freguesia, nasceo aos ceis
de Fevereiro de mil oito centos e vinte e sete, baptizado Solememente por mim
Parocho em a Fazenda da Ipueiras, em desobriga de onze de Maio do dito
anno, sendo seus padrinhos o Capitão Joào Ferreira Chaves Evangelista e sua
161
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
mulher Anna de Mattos dos Prazeres do que para Constar mandei fazer o
presente termo em que me aSigno. Felipe Benicio Morais - Par. Interino (sic)".
Muitos anos decorreram, para que fossem criadas as condições materiais,
econômicas e políticas para o surgimento da freguesia e do município de Ipueiras,
segundo informes contidos no trabalho inédito de José Nilton Aragão e Melo,
atrás referido: "A Lei Provicial nº 2.037, de 27 de outubro de 1883, instituiu a
Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, tendo por limite o Distrito de Paz de
Ipueiras e o de São Gonçalo, isto é, extiguindo a antiga Freguesia de São Gonçalo
da Serra dos Cocos, reduzindo a simples capela da Paróquia de Nossa Senhora
da Conceição. Canonicamente, a Paróquia foi instituída por provisão de Dom
Joaquim José Vieira, segundo Bispo de Fortaleza, datado de 21 de abril de 1884.
A 16 de maio de 1884, foi nomeado o seu primeiro vigário o Pe. João Dantas
Ferreira Lima, que tomou posse no dia 16 de julho do mesmo ano. Erguida a
capela, iniciou-se o arruamento em seu redor, isto é, em terras do Patrimônio de
Nossa Senhora da Conceição, doado por Joaquim Alves de Freitas (sic)".
Interrompemos aqui a transcrição, para fazer o registro de um fato criminoso,
obra da coroa portuguesa ou de governos provinciais. É que, de acordo com o
Direito Canônico vigente à época da doação do terreno pelo Capitão-mor José
de Araújo Chaves para a construção da capela primitiva, não poderia ele ter
feito parte do perjúrio sequestro dos bens do Cel. Manoel Martins Chaves
(bisneto), de quem adiante nos ocuparemos. Continuamos as informações do
historiador: "Em 22 ele outubro de 1870, a Lei nº 1.340, do Presidente da Província
João Antonio de Araújo Freitas Henrique, eleva o povoado de Ipueiras a categoria
de Distrito, pertencente ao município de Ipu, que já estava emancipado desde
1840, portanto já estavamos desmembrados do município de Vila Nova d' EL-
Rei, a quem pertecemos inicialmente. A Lei Provincial nº 2036 de 25 de outubro
de 1883, criou o município, graças aos esforços do Pe. Francisco da Mota de
Sousa Angelim, filho dos Inhamuns, não como vigário, mas como Deputado
Provincial, eleito pelo Partido Liberal, autor do projeto que se transformou nesta
Lei, mas o município não foi instalado, e a Lei de autoria do Pe. Angelim foi
revogada pela Lei n" 2.071, de 02 de agosto de 1884, resduzindo-o a simples
distrito de lpu. Foi de autoria do Pe. Angelim a Lei Provincial nº 2.037, de 27 de
outubro de 1883, que criou a Paróquia de lpueiras. Pouco tempo depois, isto, no
dia 18 de julho de 1884, faleceu no Distrito de lpueiras o Pe. Angelim, que foi
sepultado no antigo Cemitério da cidade, ao lado direito do rio Jatobá. Em 1933
o Cemitério foi transferido para a margem esquerda do Jatobá, e os restos
mortais do Pe. Angelim foram transladados para Igreja Matriz, que foram postos
na segunda coluna à direita, por iniciativa do historiador ipueirense Hugo Catunda
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verdade ser o Coronel Martins Chaves, residente no Campo Grande, uma das
pessoas mais honradas e distinda desta Capitania e no mesmo tempo zelloso do
Real serviço de sua Majestade, assim como também sumamente e obediente à
justiça de sua Majestade e mais superiores, também, dotado de excelentes
qualidades e virtudes morais. Assim também attesto e certifico que quanto elle
tem padecido e toda a sua família nos presentes tempos, tudo tem nascido delle
ser honrado, amador da paz e por ser um dos que não quis conspirar contra o
Ouvidor e Desembargador que acabou desta Capitania, razão porque o
malquistaram com o atual Capitão-mor Governador desta Capitania e lhe fizeram
conceber um ódio valeniano contra imposturas e falsidades ... (sic ). "Este atestado,
traz a data de 23.09.1786, quase cinco anos antes do próprio Dr. Manoel de
Magalhães Pinto Avelar de Barbedo ir pessoalmente instalar Vila Nova d'El
Rei, fato verificado a 12.05.1791. Portanto, a intenção de "destruir"a família
Araújo,já vinha de algum tempo. Informa, ainda, L. Feitosa que dito documento
foi lançado no "livro de notas de 1799, em Villa Nova d' EL Rei, pelo mesmo
Tabelião Antonio Carneiro da Cunha que funcionaria no processo de 1795 (sic)".
Descarece de uma análise política, que um homem portador de tamanho
prestígio e influência, logo despertou a desconfiança dos detentores do poder,
que nele viram um provável e futuro concorrente aos cargos de mando na
Capitania. Necessário se fazia destrui-lo, daí começando a execrável trama.
Numa eleição para escolha de juiz ordinário de Villa Nova d'EL Rei,
fizeram eleger a Antonio Barbosa Ribeiro, inimigo reconhecido da família Araújo
e a quem atribuiram a macabra função. De pronto, nesta direção duas
providências de ordem econômica foram tomadas inicialmente, sendo a primeira
uma sentença de próprio punho do governador João Batista de Azevedo Coutinho
de Montaury, contra o Capitão Antonio de Sousa Carvalhedo (neto), primo e
cunhado do Cel. Manoel Martins Chaves (bisneto), relacionada com uma
contenda judicial envolvendo a fazenda Vitória, localizada no atual município de
Santa Quitéria. Logo a seguir, outra sentença desfavorável é proferida contra
um Araújo, desta feita contra o Ten. Cel. Antonio da Costa Leitão, irmão do
Coronel Manoel Martins Chaves (bisneto), relacionada com outra contenda
judicial referente às terras da fazenda Cachoeirinha, hoje do território do município
de Tamboril. Não satifesto, o prepotente Barbosa Ribeiro mata um rapaz da
intimidade do Capitão-mor Bernardino Gomes Franco, homônimo do pai e
sobrinho do Cel. Martins Chaves (bisneto), de cujo delito sequer inquérito foi
instaurado. O instinto perverso e arbritrário de Barbosa Ribeiro, o fez granjear
um sem número de inimigos. Isto nos diz o Dr. Carlos Feitosa, ob. cit. fl. 81,
assim: "Quem se dispuser a ler as crônicas do tempo, verá que o crime foi
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
cometido por uma multidão, tantos quantos eram os seus desafetos (sic)".
Vamos tomar o que dizem uniformemente sobre os fatos três historiadores,
todos fundamentados em crônicas anteriores. O Pe. F. Sadoc de Araújo, oh.
cit. fls. 58/61; L. Feitosa, oh. cit. 245, e José Nilton Aragão e Melo, trabalho
inédito, já referido. Para que o leitor possa fazer um real e isento julgamento
deste cruel,injusto e perverso "enredo", vamos fazer as transcrições não em
ordem sequencial, mas, tratando os fatos na ordem lógica dos seus
acontecimentos.
I. O ACONTECIMENTO - Em dezembro de 1794, um cavalo pertencente
ao juiz foi posto à prova, em desafiante corrida, ao lado de um outro animal
pertencente ao coronel. Saindo vencedor o corcel de Barbosa, Martins Chaves
não aceitou a derrota e propôs a compra do cavalo. Recusada a proposta, o
Coronel de Cavalaria mandou matar o animal que foi barbaramente sacrificado
por dois de seus sobrinhos, Daí nasceu séria desavença entre os dois potentados.
O juiz ameaçou revide e tudo terminou em tragédia. Pelas nove horas da manhã
do dia 3 de março de 1795, o juiz Antonio Barbosa Ribeiro era brutalmente
assassinado pelos capangas de Manoel Martins Chaves. O crime abalou a
província, então sob o governo de Luís da Mota Feo e Torres que mandou
instaurar rigoroso inquérito. Do que ficou apurado constou que foram mandantes
o Capitão-mor Bernardino Gomes Franco e seu tio Manoel Martins Chaves. O
juiz foi morto a tiros de espingarda e golpes de catanas e facas. Foram trinta os
malfeitores que assaltaram a residencia do juiz, mandatários do coronel, dentre
os quais foram arrolados Felipe Néri, seus filhos Sebastião e Manoel e sobrinhos
Vítor e Raimundo, os cabras Teodório, João Pereira, Felipe Marçal e seu irmão
Antonio Manoel, João Martins, João de Araújo, Bernardino, João Dias, Francisco
Ribeiro, Luís Antonio, Domingos Ferreira, o crioulo Simeão e o preto Pedro de
Tal, todos pronunciados a 29 de julho de 1796 (sic)". Adianta L.Feitosa, oh. cit.
245, que após a chacina, a multidão saiu grintado: "Viva o Coronel Martins
Chaves e a Rainha (sic)".
II - LOCAL E HORA DO ACONTECIDO - Conforme está dito na
transcrição precedente, o fato verificou-se às 9:00 horas da manhã do 03 de
março de 1795, na residência do juiz, onde foi efetuada perícia, que diz: "Na
vistória da casa, onde residia o juiz, vimos: quatro portas escaladas de machado,
a saber: a da rua com rombo da parte das dobradiças, com a lagura de um grande
palmo e o comprimento de dois; a parte inferior do quintal, toda escalada ao
chão; a de um corredor da dita casa com uma lasca tirada de baixo até em cima
da parte da fechadura; e a de uma camarinha com uma lasca tirada da largura
de quatro dedos, pouco mais ou menos (sic)".
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ARARENDÁ
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travar entre as duas facções do mesmo partido. Aos Mourões dizia que Francisco
Paulino Galvão e outros propalavam que aproveitavam o ensejo para os porem
à margem, pois que eram mais onerosos do que úteis. Aos Meios dizia que os
Mourões se ufanavam de lhe haverem dado sombra, retirada a qual, volveriam
à nulidade e ao esquecimento. E depois de haver assim estimulado as duas
facções do partido, dizia a cada uma delas: "Breve veremos quem tem
razão"(sic )".
Tendo-se em consideração que o Senador Catunda e o Padre Correia,
nutriam entre si profundas divergências políticas, podendo haver parcialidade
nessas informações, vejamos o que diz um dos membros da família: "O Padre
Alencar, Senador e Chefe do Partido, concordou com o Capitão-mor Paula
Pessoa, deu-lhe planos, e semeou uma tal semente nos corações de Francisco
Paulino Galvão e Padre Correia, que veio produzir e ramificar cenas tristes,
dolorosas e lamentáveis. O Padre Alencar na Côrte, o Presidente da Província
na Capital, Senador Paula Pessoa em Sobral, Francisco Paulino e Padre Correia
no Ipu, teciam uma rêde infernal e, com todo o cuidado, cruzavam os correios
ocultos do Ipu para Sobral, de Sobral para a Capital e dali para a Côrte. Seria
impossível escapar qualquer vítima (sic)". (As Memórias de Alexandre da Silva
Mourão, ob. cit.).
Fica comprovado que o gênio atrabiliário do Pe. Francisco Correia de
Carvalho e Silva, para tirar proveito político aproveitou-se da índole daqueles
homens crédulos e simples, tecendo uma infernal têia de intrigas entre êles, daí
provindo uma infeliz luta de famílias com resultados desastrosos para ambas.
Foi esta a infernal semente, o satânico sacramento ministrado à estas famílias
pelas mãos peçonhentas do Pe. Correia, ensejando a que cronistas apressados
as tratassem com levianas adjetivações. ·
Pela Lei nº 11.771, de 21 de dezembro de 1990, Ararendá foi elevado às
condições de cidade e município, e dando uma comprovação definitiva da
importancia social e política, até hoje exercida pela família Mourão nas suas
ribeiras de origem, Vicente Carlos Mourão, que antes foi Prefeito de Nova
Rissas, está hoje investido nas mesmas funções na cidade de Ararendá.
Finalizando, já que nossa busca maior é o pretérito, a titularidade da
fundação de Ararendá historicamente aponta para o Capitão-mor Antonio de
Barros Galvão, primeiro colono a fundar ali alicerces e fincar as primeiras
estacas, pai das matrizes Úrsula e Eufrásia Gonçalves Vieira, troncos das famílias
Melo e Mourão. Deve ser dito, que a mãe dessas senhoras - Ana Gonçalves
Vieira Mimosa -, filha do Cel. João Ferreira Chaves, sesmeiro na Serra dos
Cocos, era neta materna do Capitão Luis Vieira de Sousa ( I º), e sobrinha materna
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES 00 ALTO E MÉDIO ACARAÚ
NOVA RUSSAS
A progresista cidade de Nova Russas, embora não sendo um município
de criação remota, constitui-se no maior empório comercial de quantos fazem
parte do contexto territorial da freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos, e
por extensão do Alto e Médio Acaraú.
Seu primitivo topônimo era Curtume, que designa também o riacho que
banha a cidade, tributário do rio Acaraú. O primeiro colono e proprietário dessas
terras, foi o portugues Capitão-mor Bernardino Gomes Franco (o velho), e.e.
dona Francisca de Matos e Vasconcelos, filha do Capitão-mor José de Araújo
Chaves, das Ipueiras, e de sua mulher dona Luzia de Matos Vasconcelos. A
fazenda denominada Curtume, inclusive era inserida no primitivo território
municipal de Tamboril, quando êste município foi criado e desmembrado do de
lpu, o que atesta a análise do imóvel Cachorro, quando o mencionamos no
capítulo ACARAÚ. Com a criação do distrito judiciário pelo Ato provincial de
17. 08.l901, passou seu território a fazer parte do de Ipueiras. Segundo Raimundo
Girão, oh. cit. fl. 158, tem a cidade as seguintes coordenadas geográficas:
Latitude - 4° 42' 16" S; Longitude - 40º 33' 54" W.
Sobre suas origens, assim diz a Enc. dos Mun. Brasileiros, Vol. XVI, já
referida, fl. 408: "HISTÓRICO - Bernardino Gomes Franco, constituinte e
procurador de sua mãe - D. Francisca de Matos e Vasconcelos - vendeu a
Vitorino de Lima Barbalho, conforme escritura de 5 de agosto de 1808, um sítio
denominado "Curtume", juntamente com o outro de nome "Olho-d'Água
Grande", os quais, reunidos mediam três léguas de comprimento e três de largura,
começando os limites, ao sul, no lugar ainda hoje conhecido por "São Mateus"e
findando ao norte com o "Tabuleiro Grande". Esta vasta área, na qual está hoje
localizada a cidade, custou a importância de quatrocentos mil reis. O nome
"Curtume"provém da pequena atividade rudimentar então em desenvolvimento
na fazenda: o curtimento de couros e peles, de que ainda hoje há vestígios na
parte leste da cidade, no lugar Ventura, onde se encontra, intacto, um tanque de
pedra e cal, utilizado neste mister. Tendo pertencido a vários proprietérios, a
fazenda "Curtume"- irrigada pelo riacho "Várzea Grande", posteriomente
denominado "Curtume" - passou ao domínio de Manuel de Oliveira Peixoto e
sua mulher, D. Manuela Rodrigues de Oliveira, que fizeram doação, em 1876,
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tornou-se depois de livre nomeação do Governo do Estado, pela Lei nº 764, de
12.08.1904. O Intendente permaneceu com esse nome até 1914, quando por
força da Lei nº 1190, de 05 de agosto deste ano, passou a chamar-se PREFEITO,
continuando a ser nomeado pelo Governo do Estado, até 1926. Nesse período
houve a emancipação política de Nova Russas, pela Lei nº 2.043 de 11 de
novembro de 1922. Os partidos políticos da época eram dois: Partido Conservador
e Partido Democrata, que logo foram sendo formados no novo município. O
Partido Conservador liderado pelo Coronel Antonio Rodrigues Veras e o Partido
Democrata pelo Senhor Gregório Martins, que há muito tempo militava na
política, tendo sido eleito Vereador por lpueiras, várias vezes, e também assumiu
a Prefeitura daquele município nos anos de 1921 e 1922. O Governador do
Estado, Dr, Justiniano de Serpa, que sancionou a Lei de criação do município,
também nomeou o seu primeiro Prefeito o Sr. Antonio Rodrigues Veras ( 1 ')
Prefeito) a 28 de janeiro de 1923. Em 1924, era então Governador do Ceará o
Dr. José Moreira da Rocha, que por divergências políticas se atritou com Antonio
Rodrigues e, esse pediu a demissão do cargo de prefeito. O desembargador
Moreira, como era conhecido, nomeou o Sr. Gregório Euclides Martins (2°
Prefeito), que ficou na chefia do município até o dia 1 ° de dezembro de 1926. A
Constituição Cearense de 1925,. democrática por excelência no artigo nº 89,,
tornou obrigatória a eleição de Prefeito interiorano com um mandato bienal, por
sufrágio direto. Tal dispositivo não era auto-executável. Precisava de diploma
legal que o disciplinasse. Daí a publicação ~ Lei Eleitoral nº 2367 de 31 de
julho de 1926, sob cujas diretrizes se realizou, em 15 de novembro desse ano, a
primeira eleição cearense para Prefeito. Foi nesta data, isto é, em 15 de novembro
de 1926, que ocorreu a primeira eleição municipal para prefeito e vereadores em
Nova Russas, foi eleito o Sr. ARTUR PEREIRA DE SOUSA (3° Prefeito), que
tomou posse no dia 1 º de dezembro de 1926, para um mandato de dois anos.
No dia 15 de novembro de 1928, realizou-se em Nova Russas a segunda eleição
municipal, correspondente ao biênio de I 929 a 1930. Saiu vitorioso nas urnas o
sr. Helvérsio Rodrigues Moura, que por motivos pessoais não tomou posse.
Sendo substituido legalmente pelo Presidente da Câmara SR. GONÇALO DE
AQUINOMOURÃO(4ºPrefeito),de lºdedezembrode 1928a 1° dedezembro
de 1929, isto é, no primeiro período Legislativo. E no segundo período, assumiu
o SR. ANTONIO JOAQUIM DE SOUSA (5º Prefeito), no dia lº de dezembro
de 1929, também por ter sido eleito Presidente da Câmara nesta mesma data, e
governou o município até o dia 16 de outubro de 1930, data em que foi afastado
pelo movimento revolucionário de 1930. Antes do término do mandato das
autoridades municipais eleitas e empossadas, irrompeu, no Brasil a 03 de outubro
de 1930, a revolução chefiada pelo Dr. Getúlio Vargas, candidato a Presidente
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES OO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
que havia sido derrotado nas urnas por Júlio Prestes. Vitoriosa a revolução,
Getúlio Vargas assumiu, como Ditador a chefia Suprema da Nação a 24 de
outubro de 1930. Vargas, demitiu todos os governantes dos Estados e fechou o
Congresso Nacional, baixou um decreto dissolvendo os partidos políticos e
somente em 1934, fez uma abertura política, para a crição de novos partidos.
Foi nesta época que foi implantado no Brasil o sistema multi partidarista. Muitas
siglas surgiram no Brasil, no Ceará, estas assim denominadas: UDN-União
Democrática Nacional, PSD - Partido Social Democrático, LEC-Liga Eleitoral
Católica, PSP- Partido Social Popular, PRP- Partido de Representação Popular
e PCB- Partido Comunista do Brasil, todos com representação nacional. Foi
nomeado Interventor do Ceará, o Dr. Manoel do Nascimento Fernandes Távora,
que baixou o Decreto nº 06, de 16 de outubro de 1930, dissolvendo as Câmaras
Municipais, destituindo os Prefeitos eleitos no regime decaido, e nomeando em
substituição a estes, pessoas de sua confiança. Essa fase discrionária perdurou
no Brasil até 16 de julho de 1934, data da promulgação da Constituição Federal,
restauradora da democracia. O Prefeito Antonio Joaquim de Sousa, foi afastado
do cargo, e foi nomeado como Interventor o SR. LEONARDO BEZERRA
DE ARAÚJO ( l O Interventor- 6° Prefeito ). No dia 20 de maio de 193 l o Dr.
Fernandes Távora, num gesto humilhante e degradante ao povo de Nova Russas,
baixou o Decreto de nº 193, afastando o Sr. Leonardo Araújo da função de
Interventor e, extingiu o município que foi reduzido a simples Distrito e anexado
ao de lpueiras, a quem pertencíamos anteriormente. No dia 22 de agosto de
193 l, foi nomeado Interventor do Ceará o Capitão Roberto Carneiro de
Mendonça, que no ano de 1933, visita a Zona Norte do Estado, pela Estrada de
Ferro. Passando em Nova Russas, achou o lugarejo simpático e progresista, e
num gesto de reconhecimento, através do Decreto nº 1156, de 04 de dezembro
de 1933, restaura o município e nomeia como Interventor o SR. r.tits
CARVALHO ( 2° Interventor- 7° Prefeito ). De acordo com as normas
orientadoras da Constituição de 1934, instalou-se a Assembléia Legislativa do
Ceará, que a 11 de maio de 1935, elegeu o Dr. Francisco de Menezes Primental
e aprovou a Carta Política do Estado em 24 de setembro do mesmo ano. Uma
vez empossado, o Dr. Menezes Pimentel, demitiu todos os Prefeitos do interior,
sem distinção de cor política, o Sr. Luis Carvalho foi afastado do cargo de
Prefeito, e foi nomeado o SR. HERMINIO FRANCISCO DE PAULA ( 3°
Interventor - 8° Prefeito ). A 29 de março de 1936, houve eleição no Estado do
Ceará, para Prefeitos e Vereadores para um quadriênio. Foi eleito em Nova
Russas o SR. ARTUR PEREIRA DE SOUSA ( 9° Prefeito), que tomou posse
no dia 16 de junho do mesmo ano. A coisa política corria, assim, com aparência
de normalidade.Eis senão quando o Presidente Vargas, em 10 de novembro de
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1951. José Chagas, como era conhecido, pleiteou a eleição através de uma .
coligação PSD e PTB, que desarticulou a oligarquia do Coronel Artur Pereira
que mandava e desmandava em Nova Russas há mais de vinte anos, da seguinte
forma: o Judiciário estava na vingaça, o Legislativo no direito da força e o
Executivo no papo-amarelo. Porém o Prefeito José Chagas, não concluiu o seu
mandato, que era de quatro anos. No ano de 1953 renunciou ao cargo que foi
substituido pelo Presidente da Câmara SR. FRANCISCO FURTADO LANDIM
(19° Prefeito). Na eleição de 03 de outubro de 1954, foi eleito o SR. ORIEL
MOTA (20° Prefeito) que assumiu no dia 25 de março de 1955. Oriel Mota, na
eleição de 1958, candidata-se a Deputado Estadual, sendo eleito pelo PTB, e,
recebeu expressiva votação do povo deste município. No dia 03 de março de
1959 se afasta do cargo de Prefeito, para tomar posse à cadeira da Assembléia
e assumiu a Prefeitura, o Presidente da Câmara SR. TEMÓTEO FERREIRA
CHAVES (21 ° Prefeito) que concluiu o restante do mandato e fez a transferência
do cargo ao prefeito eleito. Na eleição de 03 de outubro de 1958, foi criada em
todo o Brasil a figura do Vice-Prefeito, para substituir o titular em suas ausências
temporárias e assumir definitivamente na vacância do cargo por motivos diversos
como: renúncia, morte ou cassação. E era votada separadamente por sigla
partidária, sendo eleito aquele que obtivesse mais votos entre os concorrentes
ao cargo, não importando qual a sigla que dentro da mesma eleição viesse
eleger o Prefeito. Nesta eleição foi eleito a Prefeito o DR. JOSÉ ALMIR
FARIAS DE SOUSA (22º Prefeito) e Vice-Prefeito o SR. FRANCISCO
TORRES ARAGÃO, que tomaram posse no dia 25 de março de 1959. Neste
pleito houve um fato curioso, dígno de registro, o Sr. Francisco Torres Aragão
candidato eleito a vice-prefeito pelo PSP tirou mais votos que o candidato da
UDN eleito a prefeito Dr. Almir Farias. No pleito eleitoral de 03 de outubro de
1962 foram eleitos os Srs. OSÉAS CARLOS PINTO (23° Prefeito) e
ANTONIO ALVES DA COSTA, Prefeito e Vice-Prefeito respectivamente,
que tomaram posse no dia 25 de março de 1963. Nesta gestão Nova Russas
foi marcada pelo progresso com a implantação de obras de largo cunho social
como: a Energia Elétrica vinda da Cachoeira de Paulo Afonso, Sistema de
Abastecimento d' Água, implantação de uma central telefônica local, linha de
ônibus diariamente para Fortaleza, etc. Nesse mesmo período irrompeu no Brasil
a Revolução de 31 de março de 1964, que através de uma quartelada militar
afastou o Presidente João Goulart do cargo e assumiu a Chefia Suprema da
Nação o Marechal cearense Humberto de Alencar Castelo Branco. O nosso
governador de Estado era o Coronel Virgílio Távora, que havia sido eleito em
1962, pela coligação PSD e UDN denominada União pelo Ceará.Virgílio, por
ser militar e ter aderido ao movimento em tempo hábil, foi mantido no cargo
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HIDROLÂNDIA
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TAMBORIL
Através da impressão da Expressão Gráfica e Editora Ltda., de Fortalez.a,
publicamos a história desta cidade. Como é natural ocorrer, neste trabalho
omitimos alguns dados, dentre eles urna mais detalhada informação sobre os
distritos do município, além do da sede, terna central do estudo histórico antes
referido. Aqui, vamos acrescer maiores dados sobre os distritos, tendo como
base informativa o historiador Raimundo Girão, no seu livro já antes mencionado
- OS MUNICÍPIOS CEARENSES E SEUS DISTRITOS - Imprensa Oficial do
Ceará- 1983 - Fortalez.a, fls. 247,259,270,286,332 e 371, respectivamente.
1. "BOA ESPERANÇA - Distrito do Município de Tamboril. Criado pela
Lei nº 7019, de 27 de dezembro de 1963, publicada no D.O. do Governo do
Estado em 31 do mesmo mês. Do Bispado de Crateús é forânea a capela local,
que tem como padroeira Nossa Senhora de Nazaré, Fundada por Carlos Menor
de Sousa (construida em 1943). A vila fica à margem do rio Feitosa, próximo
ao açude Morros. Foram seus fundadores Joaquim Felício de Oliveira e Carlos
Menor de Sousa, acima referido (sic)".
2. "CARVALHO - Distrito do Município de Tamboril. Criado pela Lei nº
7.014, de 26 de dezembro de 1963. Do Bispado de Crateús (sic)".
3. "CURATIS - Distrito do Município de Tamboril. Criado com o nome
de Lagoinha quando da restauração do município pelo Dec. nº 1156, de 4 de
dezembro de 1933. Passou a chamar-se Pajeú, por força do Dec. Lei nº 448, de
20 de dezembro de 1938. O Dec. Lei nº 1114, de 30 de dezembro de 1943,
mudou o nome de Pajeú para o atual. Francisco Cândido é considerado o
fundador da vila, que fica à margem do rio Acaraú. O topônimo relembra o
grupo de índios, assim conhecidos, habitantes da região. Os Curatís ou Curatizes
"são indígenas a respeito dos quais sabemos simplesmente que eram inimigos
dos Baiacús, ao tempo em que Morais Navarra andava som o seu terço em
expedição de guerra pelo Nordeste. Na carta endereçada a El-Rei pelo paulista,
em 1 O de março de 1. 700, consta serem os Curatís do número de tribos contra
os quais mandava uma bandeira por se não quererem sujeitar a confessar
obediência a Sua Majestade" (Carlos Studart Filho. Os Aborígenes Cearenses,
Fortalez.a, Editora Instituto do Ceará 1965 p. 133). O padroeiro local é Bom
Jesús Dos Passos e a respectiva capela pertence ao Bispado de Crateús (sic)".
O historiador incorre, nestas informações, em dois enganos. O primeiro, é que
o primitivo colono do imóvel Lagoinha foi Eufrásio Alves Feitosa, fato que
comprovamos quando analizamos este imóvel no capítulo LADO SUL DO
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RIO ACARAÚ, neste estudo. O segundo, é que a atual vila fica localizada às
margens do riacho Pajeú, tributário do Poti.
4. "HOLANDA - Distrito do Município de Tamboril. Denominava-se
Timbauba e assim figurava no Dec. nº 1158, de 4 de dezembro de 1933, alterado
para o atual pelo Dec. Lei nº 448, de 20 de dezembro de 1938, em homenagem
à família desse nome, que ali tem o seu principal núcleo. Do Bispado de Crateús
é a capela local, sob a invocação de São João Batista, tendo sido construida em
1901 por monsenhor Holanda, vigário da Paróquia. O topônimo foi adotado em
sua homenagem. Domingos Pompeu e Manuel foram os iniciadores do núcleo
de que resultou a atual vila (sic)".
5. "OLIVEIRA - Distrito do Município de Tamboril. Criado pela Lei nº
4197, de 6 de setembro de 1958. Anteriomente, chamou-se Rodilho. A vila está
à margem esquerda do riacho da Onça, um dos formadores do rio Jatobá,
tributário do rio Poti. Pertence ao Bispado de Crateús a capela local, cujo orago
é São Francisco Xavier e foi fundada por Sebastião Vida! de Araújo, em 1922,
dando-se a respectiva bênção em 1923, quando a vila tomou o nome atual, dado
em homenagem ao vigário Pe. Oliveira (Manoel Vitorino de Oliveira). As terras
em que se encontra dita capela, foram doadas por Francisco Adelino de Melo
e Deolina Ferreira Viana (sic)".
6. "SUCESSO - Distrito do Município de Tamboril. Criado com o nome
de Pinheiro quando da restauração do Município pelo Dec. nº 1.156, de 4 de
dezembro de 1933. Passou a chamar-se Sucesso pelo Dec. Lei nº 1.114, de 30
de dezembro de 1943, nome inspirado no da padroeira local - Nossa Senhora do
Bom Sucesso, cuja capela foi construida em 1918. Do Bispado de Crateús. A
vila é servida pela Estrada de Ferro de Sobral (RFFSA), cuja estação foi
inaugurada em 1° de janeiro de 1912. Pela Lei nº 6.379, de 3 de julho de 1963,
foi este distrito elevado à categoria de Município, porém não pôde ser instalado
por força da Lei nº 8.339, de 14 de dezembro de 1965, que a anulou. São
considerados fundadores da vila Ciro Otávio de Sousa, João José de Castro e
Conrado Conegundes Mota. Ela está situada à margem direita do rio Pinheiro,
nas proximidades da lagoa Areia (sic)". ··
Outro lapso que pretendemos corrigir, diz respeito à omissão do hino de
Tamboril, de autoria do Pe. José Helenio Oliveira Pereira, que tem as seguintes
estrofes:
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ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES OO ALTO E M ÉDIO ACARAÚ
É Tamboril, é Tamboril
Terra bendita
Neste chão (bis)
Do meu Brasil
I III
Quero cantar Do rio as águas
Minha terra tão querida, Descem a Serra das Matas
Onde vi a luz da vida Nas encostas as cascatas
Onde hei de descansar; Têm encanto sem igual.
E seu passado Do Pedra e Cal
Que tem momentos de glória A barragem é uma beleza
Que engrandecem sua História Enfeitando a natureza
Alegre quero exaltar De minha terra natal
II N
Vejo de longe o esbelto Feiticeiro O Acaraú
Majestoso e prazenteiro Prossegue sua caminhada
Apontando o ceu de anil E com a Grota da Mijada
Tem ao seu lado Forma o açude do Carão
O belo Bico d'Arara Bela visão
Tamanha beleza rara Que grande fertilidade
A gente vê em Tamboril. Se espalha por toda parte
Dando vida ao meu sertão.
V VI
Pelas campinas Nossas crianças
Ouço o aboio do vaqueiro Desta terra são as flores
Destemido qual guerreiro Que amenizam nossas dores
Segue de perto a boiada. E alegram nosso viver
E o agricultor São nossa força
191
ARAÚJOS E FEITOSAS - COLONIZADORES DO ALTO E MÉDIO ACARAÚ
BIBLIOGRAFIA
OBRAS PRIMÁRIAS
- Arquivo da Secretaria da Diocese de Crateús - Livros de assentamentos da
freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos - Gent. Pe. Helenio Pereira.
- Arquivo do Cartório do l º Oficio - Gent. Sra. Tabeliã Lucia Maria Araújo
Sales.
- Arquivo do Cartório do 2° Oficio - Gent. Ora. Tabeliã Maria do Socorro
Rangel Farias.
- Arquivo particular do autor - Templo Santa Ana - Algodões - Tamboril - Ce.
OBRAS EDITADAS
- ARAÚJO, Pe. F. Sadoc de - Dicionário Biográfico de Sarced~tes Sobralenses
- IOCE - Fortaleza - 1985.
ARAÚJO, Pe. F. Sadoc de - História Religiosa de Guaraciaba do Norte -
IOCE - Fortaleza - 1988.
- ARAÚJO, Pe. F. Sadoc de - Raízes Portuguesas do Vale do Acaraú -
Sobral - 1991.
- BEZERRA, Antonio - Notas de Viagem - IUC - Fortaleza - 1965.
- BARRETO, Carlos Xavier Paes - Os primitivos colonizadores Nordestinos
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