Laviola, Et Al. 2006
Laviola, Et Al. 2006
Laviola, Et Al. 2006
Bruno Galvêas LAVIOLA 2; Hermínia Emilia Prieto MARTINEZ3; Ronessa Bartolomeu de SOUZA 4; Victor Hugo
Alvarez VENEGAS5
RESUMO: Conhecer a dinâmica de nutrientes minerais em cafeeiro é uma importante informação para
identificar o período de maior exigência nutricional pela planta e desta forma, melhorar a eficiência das práticas de
adubações. O objetivo deste trabalho foi acompanhar a dinâmica de N e K em frutos de cafeeiro da antese à maturação
e compará-la à dinâmica do elemento em folhas dos ramos produtivos. O experimento foi realizado em Viçosa-MG
durante agosto de 2001 a abril de 2002. Utilizaram-se três variedades de cafeeiro arábico distribuídas em três ensaios
independentes (níveis de adubação baixo, adequado e alto), instalados em blocos ao acaso com duas repetições em
um esquema de parcelas subdivididas no tempo. Foram avaliadas as concentrações de N e K nos frutos e folhas do 3º
e 4º pares ao longo do período reprodutivo. As variedades apresentaram as maiores concentrações de N e K nos
frutos no estádio de chumbinho, havendo redução na concentração dos elementos no estádio de expansão rápida. Nos
estádios de crescimento suspenso e granação-maturação observou-se um novo aumento na concentração de N e K
nos frutos. Nas folhas de ramos produtivos observaram-se decréscimos nas concentrações de N, no início do período
reprodutivo, havendo recuperação posteriormente. As variedades não apresentaram um padrão regular nas curvas de
variação da concentração de K nas folhas. Observou-se que não somente os níveis de adubação testados influenciaram
na concentração dos elementos em folhas, flores e frutos das variedades de cafeeiro, mas também outros fatores,
como a carga pendente de frutos.
1
Parte da Tese de Mestrado em Fitotecnia do primeiro autor, apresentada à Universidade Federal de Viçosa – UFV.
2
Engenheiro. Agrônomo. Bolsista CNPq. E-mail: [email protected].
3
Professora do Departamento de Fitotecnia – UFV, E-mail: [email protected].
4
Pesquisadora da EMBRAPA Hortaliças, E-mail: [email protected].
5
Professor do Departamento de Solos – UFV, E-mail: [email protected].
Received: 23/03/06 Accept: 12/09/06
33
Dinâmica de N e K em folhas, flores e frutos de... LAVIOLA, B. G. et al.
virtude da produção, pois quando a frutificação é baixa, concentrado nesse período (mais de 80 %). Dessa forma,
o crescimento de ramos novos e a formação de folhas foi sugerido que o fornecimento de nutrientes, pelas
substituem o fruto como dreno de carboidratos e adubações, é mais necessário nesta época, ficando as
nutrientes. demais épocas com as reservas formadas.
Paralelamente ao crescimento vegetativo, Conhecer a dinâmica dos nutrientes minerais nas
competindo por água, nutrientes e carboidratos, o cafeeiro variedades de cafeeiro, principalmente, no que se refere
inicia entre setembro e outubro o período reprodutivo às flores e frutos, é uma importante informação para se
com a floração. Malavolta et al. (2002) verificaram identificar o período de maior exigência nutricional pela
quantidades médias estimadas de macronutrientes planta e, desta forma, melhorar a eficiência das práticas
extraídas pelas flores dos cultivares Mundo Novo e Catuaí de adubação. Além disso, conhecer as variações nos teores
Amarelo de, 74,3 kg ha -1 de N, 79,5 kg ha -1 de K, de nutrientes nas folhas e sua mobilização para flores e
69,0 kg ha-1 de Ca, e 39,0 kg ha-1 de Mg. Diante desse frutos durante a fase reprodutiva de variedades de cafeeiro
fato, estes autores sugerem que a adubação do cafeeiro em diferentes ambientes é importante para o diagnóstico
deve iniciar antes do florescimento, pois a absorção de do status nutricional das plantas.
nutrientes começa antes da antese floral. O atendimento Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi
dessa demanda nutricional depende da absorção pelas acompanhar a dinâmica de N e K em frutos de cafeeiro
raízes e do transporte no xilema (AMARAL, 1991; arábico da antese à maturação e compará-la à dinâmica
DAMATTA et al., 1999; RENA, 2000), o que enfatiza a desses elementos em folhas dos ramos produtivos em três
tese da antecipação da adubação, sempre considerando níveis de adubação.
outros aspectos como o uso e manejo da irrigação
suplementar e a umidade no solo (MALAVOLTA et al., MATERIAL E MÉTODOS
2002).
Durante a formação do fruto do cafeeiro e nos O experimento foi conduzido durante um período
diversos estádios de desenvolvimento, há variações na de oito meses compreendido entre agosto de 2001 a abril
concentração e na quantidade dos elementos acumulados, de 2002 em Área Experimental da Universidade Federal
assim como variação na produção de matéria seca. De de Viçosa, Viçosa, MG, com altitude de 651 m, latitude
acordo com Moraes & Catani (1964), a absorção de sul 20°45’ e longitude oeste 42°51, em talhão de café
nitrogênio, potássio, fósforo e acúmulo de matéria seca implantado em Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico,
são intensificados a partir do quarto mês após a floração, cujas características químicas podem ser observadas no
quando ocorre novo incremento na absorção de nitrogênio Tabela 1.
e potássio e no acúmulo de matéria seca, a partir do sexto Foram realizados três experimentos, sendo
e sétimo meses após a antese. utilizadas, em cada ensaio, três variedades de cafeeiro
A época de fornecimento dos fertilizantes para o arábico, Catuaí Vermelho IAC-99, Rubi MG-1192 e Acaiá
cafeeiro deve coincidir com o período de maior consumo IAC-474-19, plantadas em blocos ao acaso no
de nutrientes para sustentar o crescimento vegetativo e a espaçamento de 2,0 x 1,0 m. As plantas receberam níveis
frutificação. No entanto, devem ser consideradas também de adubação e calagem com base na análise do solo
as condições climáticas. Segundo Matiello et al. (2005), designados baixo, adequado e alto desde o plantio. No
73 % do crescimento vegetativo ocorre de outubro a abril, ano agrícola de 2001/2002 empregaram-se as doses
sendo o consumo de nutrientes para a frutificação também apresentadas nas Tabelas 2 e 3.
34
Dinâmica de N e K em folhas, flores e frutos de... LAVIOLA, B. G. et al.
Tabela 1. Características químicas dos solos da área experimental nos três níveis de adubação.
O calcário foi aplicado a lanço superficialmente de 2001, quando houve antese floral, ocasião em que se
à lança antecedendo o período chuvoso. Os demais coletaram folhas e flores, sendo este considerado como
adubos foram parcelados em aplicações semanais dia zero. A partir desta data, efetuaram-se coletas
realizadas de novembro a março, ao solo, de forma periódicas de folhas e frutos durante o desenvolvimento
localizada pela utilização de fertirrigação por reprodutivo do cafeeiro nos seguintes períodos: aos 28,
gotejamento, com o suporte do “software” SISDAcafé 42, 63, 84, 105, 133, 154, 175, 196, 210 e 224 dias após
(MANTOVANI; COSTA, 1998); c) Micronutrientes: Zn, a antese. Os frutos foram colhidos aleatoriamente na
B e Cu foram supridos por meio de três aplicações foliares parcela de ramos pertencentes ao terço médio da planta
anuais (dez., jan. e fev.), utilizando-se sulfato de zinco, e as folhas foram correspondentes ao 3º e 4º pares, na
ácido bórico, oxicloreto de cobre e cloreto de potássio posição distal, de ramos com frutos, também situados no
(como adjuvante), na concentração de 4 g/L de cada adubo. terço médio da planta. A ultima amostragem foi realizada
O delineamento experimental empregado em cada quando os frutos atingiram o ponto de maturação, ou seja,
ensaio foi feito em blocos casualizados, distribuídos em o estádio cereja, no dia 9 de maio de 2002.
um esquema de parcelas subdividas no tempo, compondo O material vegetal coletado foi lavado em água
três variedades de café e 12 períodos de amostragem, com desionizada e posto a secar em estufa de circulação de ar
duas repetições. Cada parcela foi constituída de 25 plantas, forçado a 70 °C até atingir peso constante conforme
dispostas em cinco fileiras, ocupando uma área de 50 m2. descrito por Jones Junior et. al (1991). Após este processo,
Consideraram-se como parcela útil as nove plantas os materiais vegetais foram pesados e moídos em moinho
dispostas no centro das três fileiras centrais da parcela. tipo Wiley, passados em peneira de malha de 0,841 mm
As amostragens iniciaram-se em 4 de setembro e submetidos à análises químicas.
35
Dinâmica de N e K em folhas, flores e frutos de... LAVIOLA, B. G. et al.
Para determinação dos teores de N, o material variância e regressão, selecionando-se os modelos que
vegetal, seco e moído, foi submetido à digestão sulfúrica mais explicaram fisiologicamente a variação dos teores
(JACKSON, 1958), bem como à extração com água, em de N e K em folhas e frutos em função do tempo decorrido
banho-maria, a 45 °C, durante uma hora, para análise do após a antese. Para explicar a variação dos elementos
nitrato. As amostras digeridas, oriundas da digestão nos frutos, optou-se por um modelo descontínuo com duas
sulfúrica, foram utilizadas para as análises dos teores de equações de regressão.
N amoniacal. A determinação do teor de K foi efetuada a Na seleção dos modelos testaram-se os coeficientes
partir da digestão nitricoperclórica (JOHNSON; das equações de regressão ajustadas com base no quadrado
ULRICH, 1959). O nitrato foi determinado por médio do resíduo da análise de variância até o nível de
colorimetria (CATALDO et al., 1975), o N amoniacal 10% de significância. Na escolha do modelo, também
pelo método colorimétrico de Nessler (JACKSON, 1958) considerou-se o coeficiente de determinação (R2), optando-
e o K por fotometria de chama. se pelo maior quando dois ou mais modelos foram
Os dados obtidos foram submetidos à análise de significativos e explicavam o fenômeno.
Tabela 3. Produtividade Média (sacas/ha de café beneficiado) de três variedades de cafeeiro arábica submetidos a
três níveis de adubação.
Variedades
Nível de Adubação Acaiá Rubi Catuaí
Ano Agrícola 2000/2001
Baixo 12,400 20,700 19,900
Adequado 18,300 33,200 30,100
Alto 25,800 40,100 38,800
Ano Agrícola 2001/2002
Baixo 23,300 21,330 15,600
Adequado 35,130 42,030 15,050
Alto 44,550 40,480 39,050
36
Dinâmica de N e K em folhas, flores e frutos de... LAVIOLA, B. G. et al.
destas fases, havendo sobreposição entre elas. Tais do fruto se estendem mais, atrasando a maturação e
resultados diferem dos encontrados por Chaves (1982), colheita dos frutos. A duração do ciclo do cafeeiro pode
o qual verificou acúmulo de matéria seca no fruto de ser variável entre variedades e linhagens, de região para
cafeeiro da variedade Catuaí até os 217 dias após o região, bem como pode apresentar variações na mesma
aparecimento do chumbinho, permanecendo quase região, dependendo das condições climáticas ocorridas
constante até os 252 dias, momento em que se efetuou a durante a fase reprodutiva em determinado ano. Camargo
ultima amostragem. No entanto, o trabalho de Chaves (1998) verificou que variações na época de florada em
(1982) foi realizado em Londrina-PR, localidade que cafeeiro Mundo Novo, em Campinas-SP, entre o 2º
apresenta características climáticas diferenciadas de decêndio de agosto ao 3º decêndio de outubro, ao longo
Viçosa, o que acarreta uma fase reprodutiva mais longa. de nove anos, o que influenciou diretamente na extensão
De acordo com Camargo et al. (2001), em locais de clima do período reprodutivo.
frio e altitudes elevadas, os estádios de desenvolvimento
700 700
600 600
500 500
MS (mg/Fruto)
MS (mg/Fruto)
400 400
300 300
200 200
100 100
0 0
28 42 63 84 105 133 154 175 196 210 224 28 42 63 84 105 133 154 175 196 210 224
600
500
MS (mg/Fruto)
400
300
200
100 ACAIÁ
RUBI
CATUAÍ
0
28 42 63 84 105 133 154 175 196 210 224
Figura 1. Acúmulo médio de matéria seca por fruto de três variedades de cafeeiro arábico no nível baixo (a), adequado
(b) e alto (c) de adubação. As linhas verticais delimitam os estádios de desenvolvimento dos frutos de
chumbinho, expansão rápida, crescimento suspenso e granação-maturação.
Para melhor compreensão dos resultados, as fases de matéria seca pelos frutos, assim como nos gráficos da
fenológicas de desenvolvimento dos frutos estão variação de concentração de N e K nos frutos e folhas
delimitadas com barras verticais nos gráficos de acúmulo das variedades.
37
Dinâmica de N e K em folhas, flores e frutos de... LAVIOLA, B. G. et al.
O padrão das curvas de variação da concentração no fruto das variedades encontradas nos diferentes níveis
de N e K nos frutos das variedades ao longo do período de adubação assemelham-se às observadas por Chaves
reprodutivo (Figuras 2 e 3) foi semelhante entre os (1982), o qual também estudou a variação de nutrientes
nutrientes, entre as variedades e os níveis de adubação em frutos da variedade Catuaí ao longo do período
(Tabelas 4 e 5). As curvas de variação do teor de N e K reprodutivo.
3,8 3,8
3,4 3,4
3,0 3,0
N (dag/kg)
N (dag/kg)
2,6
2,6
2,2
2,2
1,8
1,8
1,4
1,4
1,0
0 28 42 63 84 105 133 154 175 196 210 224 1,0
0 28 42 63 84 105 133 154 175 196 210 224
DIAS APÓS ANTESE
a DIAS APÓS ANTESE b
3,8
3,4
3,0
N (dag/kg)
2,6
2,2
1,8
ACAIÁ
1,4 RUBI
CATUAÍ
1,0
0 28 42 63 84 105 133 154 175 196 210 224
A concentração de N na flor das variedades Acaiá, a 2,59 dag/kg. Malavolta et al. (2002) encontrou
Rubi e Catuaí no nível alto de adubação foram de 2,24, concentrações 3,08 e 2,66 dag/kg de N em flores das
2,28 e 2,64 dag/kg (Figura 2). A concentração de N na variedades Catuaí e Mundo Novo. Estes resultados são
flor das variedades no nível alto de adubação foi superior superiores às maiores concentrações de N encontradas
à encontrada nas variedades nos níveis baixo e adequado nas flores neste estudo. As concentrações iniciais de K
de adubação. Tais resultados indicam que as variedades nas flores das variedades estudadas (Figura 3) variaram
no nível alto de adubação estavam com melhor status entre 1,68 a 2,56 dag/kg. Com exceção da variedade
nutricional em relação ao N no início do ciclo reprodutivo. Catuaí no nível alto de adubação, os valores encontrados
As concentrações na flor, encontradas no nível alto de estão na faixa de concentração considerada como
adubação, estão próximas à faixa de concentração adequada por Martinez et al. (2003) de 1,79 a 2,63 dag/
adequada determinada por Martinez et al. (2003), de 2,29 kg. Os teores adequados nas flores podem ter sido
38
Dinâmica de N e K em folhas, flores e frutos de... LAVIOLA, B. G. et al.
beneficiados pela concentração adequada do elemento 23,1 % do K total contido nas variedades Catuaí e Mundo
no solo (Tabela 1) nos níveis de adubação. Malavolta et novo, sugerindo que as flores do cafeeiro constituem um
al. (2002) observaram que no momento da floração são forte dreno temporário de nitrogênio.
extraídos pelas flores 19,5 e 20,8 % do N total e 20,7 e
Tabela 4. Equações de regressão da concentração de nitrogênio em frutos de cafeeiro em função do tempo decorrido
após a antese, de acordo com o nível de adubação.
Como se pode verificar, as máximas está sob intensa divisão celular, porém com pequeno
concentrações de N e K encontradas durante o crescimento e acúmulo de matéria seca. Isto pode explicar
desenvolvimento do fruto das variedades de cafeeiro (Fig. as maiores concentrações de N e K observadas no estádio
2 e 3) ocorreram no estádio de chumbinho. De acordo de chumbinho.
com Rena et al. (2001), o fruto do cafeeiro neste estádio
39
Dinâmica de N e K em folhas, flores e frutos de... LAVIOLA, B. G. et al.
3,2 3,2
3,0 3,0
2,8 2,8
2,6 2,6
2,4 2,4
2,2 2,2
2,0
2,0
1,8
1,8
1,6
1,6
1,4
0 28 42 63 84 105 133 154 175 196 210 224 1,4
0 28 42 63 84 105 133 154 175 196 210 224
DIAS APÓS ANTESE
a DIAS APÓS ANTESE
b
3,2
3,0
2,8
2,6
2,4
2,2
2,0
1,8
A C A IÁ
1,6 RUBI
1,4 CA TUAÍ
40
Dinâmica de N e K em folhas, flores e frutos de... LAVIOLA, B. G. et al.
Tabela 5. Equações de regressão da concentração de potássio em frutos de cafeeiro em função do tempo decorrido
após a antese, de acordo com o nível de adubação.
Após atingir uma mínima concentração de N e K translocação de N e K para os frutos foi diminuindo e o
nos frutos no final da fase de rápida expansão e efeito de diluição em função do acúmulo de matéria seca
crescimento suspenso, observou-se um novo aumento na fez com que a concentração do elemento nos frutos fosse
concentração de N e K nos frutos de todas as variedades diminuindo até o momento da colheita. Para N, a exceção
estudadas (Figuras 2 e 3). A concentração de N e K nos ocorreu para a variedade Rubi no nível alto de adubação,
frutos aumentou até que se atingisse um ponto de máxima a qual apresentou diminuição na concentração de N nos
no início a meados dos estádios de granação-maturação, frutos do estádio de chumbinho até o final do estádio de
ocorrendo novamente decréscimo na concentração do granação-maturação. Para K, as exceções ocorreram para
elemento até o final da fase reprodutiva. Durante toda a a variedade Acaiá no nível alto de adubação. Esta
fase de granação-maturação observaram-se aumentos no variedade no nível alto de adubação não apresentou
acúmulo de matéria seca pelos frutos (Figura 1). No variações significativas na concentração do elemento no
entanto, até que se atingisse a máxima concentração, não fruto desde o final do estádio de expansão rápida até os
foi observado efeito de diluição do nutriente no fruto em 224 dias após antese, momento em que se colheram os
função do aumento do acúmulo de matéria seca. Com frutos.
base nisto, acredita-se que máxima translocação de N e Alguns autores observaram aumento do conteúdo
K para os frutos no estádio de granação-maturação de N e K com o avançar da fase de formação dos frutos,
ocorreu no ponto em que os frutos atingiram a máxima mostrando que a partição de N e K para os frutos aumenta
concentração de N e K. A partir deste momento, a nas fases finais de formação. Moraes; Catani (1964)
41
Dinâmica de N e K em folhas, flores e frutos de... LAVIOLA, B. G. et al.
verificaram que o acúmulo de 79 % e 72 % do conteúdo nas variedades Acaiá e Catuaí e no nível adequado de
de N e K total do fruto ocorreu nos últimos 120 dias de adubação na variedade Rubi. Os menores valores foram
formação do fruto em um ciclo reprodutivo de 210 dias; encontrados no nível baixo de adubação nas variedades
Ramirez et al. (2002) observaram em um ciclo reprodutivo Acaiá e Rubi e no nível adequado de adubação na
de 240 dias que 90 % e 93 % do N e K total foram variedade Catuaí. Tais resultados indicam que não
acumulados nos 180 dias finais, sendo o período de 60 a somente o nível de adubação influencia na partição de
90 dias responsável pelo acúmulo de 45 % do N total e o o nutrientes para os frutos, mas também outros fatores como
período de 90 a 120 dias após a floração responsável pelo a carga pendente de frutos.
acúmulo de 52% do K total; Chaves (1982) observou O padrão das curvas de variação na concentração
aumento no acúmulo de N e K nos frutos de cafeeiro da de N nas folhas das variedades de cafeeiro durante a fase
variedades Catuaí até 210 dias após o aparecimento do reprodutiva (Figura 4), apesar de algumas poucas
chumbinho em um ciclo reprodutivo de 252 dias. diferenças, foi considerado semelhante nos diferentes
Aos 224 dias após a floração, os maiores valores níveis de adubação (Tabela 6). Chaves (1982) encontrou
da concentração de N nos frutos das variedades Rubi e padrão de comportamento diferenciado da variação de N
Catuaí ocorreram no nível alto de adubação (Figura 2). nas folhas de ramos com frutos de cafeeiro da variedade
Estas variedades apresentaram também as maiores Catuaí durante a fase reprodutiva. Este autor verificou
concentrações de N no nível alto de adubação na floração que os teores de N nas folhas de ramos com frutos
e no momento em que atingiram as maiores concentrações decresceu com o tempo de amostragem, sendo que nas
do elemento. Quanto ao nutriente K (Figura 3), aos 224 concentrações estimadas os valores diminuíram de 3,08
dias após a floração, os maiores valores da concentração dag/kg para um mínimo de 2,73 dag/kg dos 21 aos 233
nos frutos foram observados no nível alto de adubação dias após o aparecimento do chumbinho.
3,8 3,8
3,4 3,4
3,0 3,0
2,6 2,6
2,2 2,2
1,8 1,8
1,4 1,4
1,0 1,0
0 28 42 63 84 105 133 154 175 196 210 224 0 28 42 63 84 105 133 154 175 196 210 224
3,4
3,0
2,6
2,2
1,8
A C A IÁ
1,4
RUBI
1,0 CA TUAÍ
0 28 42 63 84 105 133 154 175 196 210 224
42
Dinâmica de N e K em folhas, flores e frutos de... LAVIOLA, B. G. et al.
Os padrões diferenciados das curvas de variação com as variedades Rubi e Catuaí no nível alto de
da concentração de K no 3º e 4° pares de folhas ao longo adubação. Este autor verificou diminuição nos teores
do ciclo reprodutivo entre as variedades e nos níveis de foliares de K de 3,30 dag/kg para um mínimo 1,99 dag/
adubação (Figura 5) devem-se à diferenças genéticas e à kg dos 21 aos 150 dias após o aparecimento do
remobilização e intensidade de dreno do nutriente nas chumbinho, havendo aumento na concentração foliar de
diferentes condições. Chaves (1982) encontrou padrão K até os 252 dias. Já Souza (1972) encontrou resultados
da variação de K nas folhas ao longo do ciclo reprodutivo semelhantes ao observado na variação dos teores de K
de cafeeiro da variedade Catuaí semelhante aos ocorridos nas folhas da variedade Acaiá no nível alto de adubação.
Tabela 6. Equações de regressão da concentração de nitrogênio em folhas de cafeeiro em função do tempo decorrido
após a antese, de acordo com o nível de adubação.
43
Dinâmica de N e K em folhas, flores e frutos de... LAVIOLA, B. G. et al.
3,2 3,2
3,0 3,0
2,8 2,8
2,6 2,6
2,4 2,4
2,2 2,2
2,0 2,0
1,8 1,8
1,6 1,6
1,4 1,4
0 28 42 63 84 105 133 154 175 196 210 224 0 28 42 63 84 105 133 154 175 196 210 224
DIAS APÓS ANTESE a DIAS APÓS ANTESE b
3,2
3,0
2,8
2,6
2,4
2,2
2,0
1,8 A C A IÁ
1,6 RUBI
CATUAÍ
1,4
0 28 42 63 84 105 133 154 175 196 210 224
Figura 5. Concentração de potássio em folhas de cafeeiro em função do tempo decorrido após a antese, nos níveis
baixo (a), adequado (b) e alto (c) de adubação. As linhas verticais delimitam os estádios de desenvolvimento
dos frutos de chumbinho, expansão rápida, crescimento suspenso e granação-maturação.
Aos 224 dias as maiores concentrações foliares adubação. No nível alto de adubação, apesar de somente
de N foram observadas no nível adequado de adubação, a variedade Catuaí ter apresentado valores superiores aos
com exceção da variedade Catuaí que apresentou maior iniciais, as concentrações foliares nas variedades Acaiá
teor no nível baixo de adubação. Para K (Figura 5), as e Rubi não foram muito menores. Além disso, neste nível,
variedades Acaiá, Rubi e Catuaí exibiram maior teor foliar as variedades apresentaram menores variações entre as
de K nos níveis adequado, baixo e alto, respectivamente. mínimas e as máximas concentrações de N nas folhas.
Considerando o N e o K elementos de alta Verificou-se que as concentrações de K nas folhas da
mobilidade no floema (MALAVOLTA, 1980; variedade Acaiá foram superiores às iniciais no nível
MARSCHNER, 1995; MARTINEZ et al., 2003), dentre baixo e adequado de adubação (Figura 5). A variedade
os fatores que podem influenciar sua concentração foliar Rubi apresentou recuperação dos teores iniciais somente
destaca-se a carga de frutos. Maiores cargas de frutos no nível adequado de adubação no qual não se verificou
podem promover maior remobilização e translocação de variação, enquanto a variedade Catuaí recuperou os teores
N e K das folhas para órgãos reprodutivos. iniciais de K nas folhas em todos os níveis de adubação.
Verificou-se ao final do período reprodutivo que De modo geral, pode se dizer que a nutrição mineral das
as concentrações iniciais de N nas folhas das variedades variedades, mesmo no nível baixo de adubação, foi
testadas foram recuperadas (Figura 4), atingindo valores adequada para suprir as exigências nutricionais das
superiores aos iniciais nos níveis baixo e adequado de plantas com N e K.
44
Dinâmica de N e K em folhas, flores e frutos de... LAVIOLA, B. G. et al.
Tabela 7. Equações de regressão da concentração de potássio em folhas de cafeeiro em função do tempo decorrido
após a antese, de acordo com o nível de adubação.
ABSTRACT: The knowledge of mineral nutrients dynamics in coffee trees is an important information to
identify the period of greater nutritional requirement by plant, improving the efficiency of manure techniques. The
aim of this work was to follow the dynamics of N and K in fruits of coffee tree from anthesis to maturation and to
compare them to element dynamics in leaves of productive branch. The experiment was accomplished in Viçosa-MG
during August of 2001 to April of 2002. Three varieties of Arabic coffee plant were used distributed in three
independents essays (levels of manuring low, sufficient and high), installed in randomized blocks with two repetitions
using a scheme of split-plot in time. They were appraised the concentrations of N and K in the fruits and leaves of the
3rd and 4th equal along the reproductive period. The varieties presented the largest concentrations of N and K in the
fruits in the first suspended growth stages, having reduction in the concentration of the elements in the stages of fast
expansion. In the stages of suspended growth and formation-maturation was observed a new increase in the
concentration of N and K in the fruits. In the 3rd and 4th pairs of productive branches leaves decreases were observed
in the concentrations of N, in the beginning of the reproductive period, having recovery later. The varieties didn’t
present a regular pattern in the curves of variation of the concentration of K in the 3rd and 4th equal of leaves. It can
be concluded that not only manuring levels tested influenced elements concentration in leaves, flowers and fruits of
coffee varieties, but also other factors as concentrations in leaves during anthesis and pending load of fruits.
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Dinâmica de N e K em folhas, flores e frutos de... LAVIOLA, B. G. et al.
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