Direito CONSTITUCIONAL

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 15

Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Exercícios

Rachel Judas Guambe, cód. 708201298

Curso: Administração Pública


Disciplina: Direito Constitucional
Ano de Frequência: 2º
Docente: Cremildo Manhique

Maputo, Junho de 2021


Índice

1 Introdução................................................................................................................................1

1.1 Objectivos do trabalho..........................................................................................................1

1.1.1 Objectivo geral...................................................................................................................1

1.1.2 Objectivos específicos.......................................................................................................1

1.2 Metodologia..........................................................................................................................1

2 Referencial teórico...................................................................................................................2

3 Conclusão...............................................................................................................................11

4 Referências bibliográficas......................................................................................................12
1

1 Introdução

Em termos de notas introdutórias, a que dizer que o Direito Constitucional, também


designado, indistintamente, Direito Político é o conjunto de normas jurídicas que regula a
estrutura do Estado, designa as suas funções e define as atribuições e os limites dos supremos
órgãos do poder político. A Constituição (positivada de um país) é considerada como um
conjunto normativo fundamental, adquirindo, por isso, cada um de seus preceitos a
característica da superioridade absoluta, ou seja, da supremacia, em relação às demais normas
de um mesmo ordenamento jurídico estatal. Essa é a nota “especial” à qual se fez referência
acima. A estrutura escalonada do Direito apresenta como ápice a Constituição, base a partir da
qual todas as demais normas se desenvolvem e auferem sua validade última dentro do
sistema.

Sendo assim, o principal objectivo deste trabalho é responder a algumas questões relativas ao
Direito Constitucional, onde foram definidos os seguintes objectivos:

1.1 Objectivos do trabalho

1.1.1 Objectivo geral

 Compreender a disciplina do Direito Constitucional.

1.1.2 Objectivos específicos

 Responder todas as questões propostas incluindo as diferenças entre o Direito


constitucional geral e direito constitucional particular, Direito constitucional e
Constituição, Direito público e direito privado, etc.

1.2 Metodologia

Para a realização deste trabalho, tivemoscomo base a pesquisa bibliográfica, onde buscamos
analisar alguns livros e artigos científicos que abordam os assuntos discutidos neste trabalho,
com enfoque no Livro do autor André Ramos Tavares intitulado Curso de Direito
Constitucional, um livro que ajudou bastante nas respostas às perguntas propostas neste
trabalho. Alem desta obra que tem cerca de 1427 páginas, outras fontes consideradas
relevantes também foram consultadas bastasse que tivesse respostas adequadas.
2

2 Referencial teórico

1. Comente as seguintes afirmações:

a) “A designação de direito constitucional público e privado é uma opção baseada no papel


que o direito constitucional assume no seio dos ramos de direito”.

Para comentarmos sobre a afirmação acima recorremos ao Tavares (2012, p.46) este que
afirma que o Direito Constitucional costuma ser inserido como ramo do Direito Público,
juntamente com o Direito Administrativo, Internacional, Criminal, Tributário e Processual.
Essa ideia, contudo, não pode mais prosperar, na medida exacta em que a Constituição passou
a ocupar um papel central para todos os chamados “ramos” do Direito, sejam “matérias”
públicas ou privadas. Assim, por exemplo, o Código Civil, classicamente compreendido
dentro do Direito Privado, não deixa de sofrer o influxo constante dos preceitos
constitucionais.Esta “constitucionalização” do Direito, que exige a leitura de todas leis, sejam
públicas ou privadas, administrativas ou civis e comerciais, a partir e de acordo com os
ditames da Constituição do país, aloca o Direito Constitucional (e a Constituição é seu
coração) na posição especial de “tronco” dos sistemas normativos atuais de modelo ocidental.
Nesse sentido é que se poderia dizer que o Direito Constitucional alimenta os demais
“Direitos”, que só podem prosperar e florescer validamente dentro desse sistema de
alimentação

b) “O direito constitucional é ramo do direito público e fundamento desse ramo”.

Na verdade, é ele o próprio cerne do direito público interno, já que seu objecto é a própria
organização básica do Estado, e, mais que isso, o alicerce sobre o qual se ergue o próprio
direito privado. De facto, se estrutura o Estado e, com isso, a si subordina os demais ramos do
direito público interno (o administrativo, o judiciário etc.), também põe as bases da
organização social e económica, de modo que os ramos do direito privado (civil, comercial
etc.) às suas regras devem curvar-se.

c) “O direito Constitucional define a estrutura fundamental de um Estado”.

Na visão de Schmitt (citado em Machado, 2011), a Constituição reflecte a decisão política


fundamental de um Estado, ou seja, é ela que define os seus elementos constitutivos
essenciais. É a Constituição, afinal, responsável por organizar o Estado e os Poderes e
estabelecer os direitos fundamentais. Nessa linha, o Direito Constitucional é o ramo do
3

Direito Público que estuda a Constituição política de um Estado, sistematizando e


interpretando as normas gerais de organização dos poderes, de organização do Estado e os
direitos fundamentais.

2. Estabelece diferenças entre:

a) Direito constitucional geral e direito constitucional particular;

As diferenças entre Direito constitucional geral e direito constitucional particular são as


seguintes:

Consoante Romano (s/d), há vários significados de “Direito Constitucional geral”. Numa


primeira acepção, Direito Constitucional geral pode ser, filosoficamente falando, um Direito
Público ideal, não positivado. Numa segunda acepção, Direito Constitucional geral, sob a
influência do Direito puro, seria a parte da doutrina preocupada com as formas jurídicas
puras, a priori. Essa conceituação ainda remanesce distante de um aspecto positivo.

Numa terceira e última acepção, o Direito Constitucional geral seria uma série de princípios,
institutos que permeiam todos os direitos positivos dos mais diversos Estados. São os aspectos
comuns que se reduzem a uma unidade harmónica.

Por seu turno, segundo Tavares (2012) o Direito Constitucional particular está relacionado,
necessariamente, a determinado ordenamento constitucional. Preocupa-se, nesse sentido, em
examinar as leis constitucionais de um país, a elas limitando sua análise e sistematização.
Identifica-se, pois, com a ideia já assinalada de Direito Constitucional positivo.

b) Direito constitucional e Constituição

Pragmaticamente, o Direito Constitucional (escrito) identifica-se como um conjunto


normativo “especial”: a Constituição do Estado, suas leis constitucionais e a jurisprudência
constitucional definitiva. Para Marcello (1963), o Direito Constitucional, também designado,
indistintamente, Direito Político pelo autor, seria o “conjunto de normas jurídicas que regula a
estrutura do Estado, designa as suas funções e define as atribuições e os limites dos supremos
órgãos do poder político” (p. 31).

Para Pontes de Miranda (1967), Direito Constitucional é a parte do Direito Público que “fixa
os fundamentos estruturais do Estado”.
4

Teixeira (1991) conceitua Direito Constitucional como “o conjunto de princípios e normas


que regulam a própria existência do Estado moderno, na sua estrutura e no seu
funcionamento, o modo de exercício e os limites de sua soberania, seus fins e interesses
fundamentais, e do Estado brasileiro, em particular”.

Enquanto a Constituição de acordo com Tavares(2012) diz que em Aristóteles já se encontra


um conceito de Constituição (politeia), significando o modo de ser da polis. Nele se
encontram vestígios do conceito moderno de Constituição. Assim, para o mesmo autor, o
vocábulo “constituição” designa, genericamente, a especial forma de ser de um corpo, de um
objecto, de um ser vivo. É sua organização, sua formação, enfim, sua “constituição”.

A Constituição é o produto pelo qual podemos reconhecer que houve a manifestação do


denominado poder constituinte genuíno. Com a eclosão do poder constituinte, o resultado da
sua actividade haverá de ser a produção de um novo texto fundamental. O termo, contudo,
apresenta diversos significados. No sentido comum, constituição é o que forma determinado
corpo (ideia de estrutura), como já sublinhado. Nesse sentido é que alguns autores,
transplantando o conceito comum para a seara normativa, definem juridicamente a
Constituição como a particular maneira de ser de um Estado (Tavares, 2012, p. 87).

Portanto, a Constituição pode ser definida, actualmente, como um “sistema aberto


deprincípios e regras“. É um sistema aberto porque está apta a captar a evolução da sociedade
os influxos da realidade social. A jurisprudência tem um papel decisivo nessa “interpretação
evolutiva” do texto constitucional, constituindo-se, também, em importante fonte do Direito
Constitucional.

c) Direito público e direito privado

Em relação a diferença entre Direito público e Direito privado é descrito por Tavares (2012)
ao comentar que é preciso considerar que, actualmente, a divisão entre público e privado não
pode ser tomada em sentido absoluto.O Direito Constitucional costuma ser inserido como
ramo do Direito Público, juntamente com o Direito Administrativo, Internacional, Criminal,
Tributário e Processual. Essa ideia, contudo, não pode mais prosperar, na medida exacta em
que a Constituição passou a ocupar um papel central para todos os chamados “ramos” do
Direito, sejam “matérias” públicas ou privadas. Assim, por exemplo, o Código Civil,
classicamente compreendido dentro do Direito Privado, não deixa de sofrer o influxo
constante dos preceitos constitucionais.
5

3. O que entendes por fontes de Direito, em sentido técnico-jurídico?

Toma-se, aqui, o termo “fontes” no sentido de jus cognoscendi, ou seja, os modos de


elaboração e de revelação da norma jurídica.

4. Aponte as principais fontes mais conhecidas, do direito constitucional.

As principais fontes do Direito Constitucional mais conhecidas são dois de tipos: fontes


imediatas e fontes mediatas. As fontes imediatas são a Constituição e, para alguns autores,
também costumes. As fontes mediatas são a jurisprudência e a doutrina. A principal fonte do
Direito Constitucional é, sem qualquer dúvida, a Constituição, que é a “lei fundamental e
suprema” de um Estado. É a partir dela que deve ser interpretado todo o ordenamento jurídico
(Tavares, 2012, p. 44).

Portanto, há fontes directas (imediatas) e fontes indirectas (mediatas). Fontes imediatas do


Direito Constitucional são a Constituição, as leis, os decretos e regulamentos de conteúdo
constitucional. Fontes mediatas são os costumes, a jurisprudência, a doutrina, os princípios
gerais de Direito, as convicções sociais vigentes, a ideia de justiça e outras manifestações

5. Distinga o costume constitucional secundumconstitucionem, constume constitucional


praeterconstitucionem e o costume constitucional contra constitucionem.

De acordo com Novelino (2009, p. 40)Costume secundumconstitutionem: é aquele que está


em consonância com uma norma da Constituição, contribuindo para sua maior efectividade.
Pode ser considerado apenas como fonte subsidiária, pois, existindo norma constitucional
escrita, esta é que deverá ser aplicada.

No que concerne ao Costume praeterconstitutionem o mesmo autor diz que pode ser


utilizado na interpretação das normas constitucionais ou na integração de eventuais lacunas
existentes, devendo ser reconhecido como fonte autónoma do Direito Constitucional.

Por fim, temos o Costume contra constitutionem que é o que surge em sentido oposto ao de
uma norma da Constituição formal. Apesar da possibilidade de sua formação e existência,
não deve ser aceito como fonte (Novelino, 2009, p. 42).

6. Comente: “a CRM não admite o costume como fonte das normas constitucionais”.

Em sentido formal, a Constituição somente pode ser identificada como texto escrito, como
documento positivado. Constituições escritas são fruto do processo de codificação do Direito
6

Público, ocorrendo onde o Direito Constitucional se encontra sistematizado em um único


corpo textual. É a Constituição-lei, que Canotilho (2000) prefere designar como “Constituição
instrumental”.

Neste sentido,para Tavares (2012, p. 92) a CRM não admite o costume como fonte das
normas constitucionais porque as normas costumeiras têm como característica fundamental o
surgimento informal, desligado de solenidades.Originam-se da sociedade, e não de uma
entidade especialmente designada para isso. A Constituição não escrita (ou costumeira) é
formada por um conjunto de orientações normativas não positivadas, oriundas, basicamente,
da jurisprudência e dos costumes. E no momento actual, inexistem Constituições totalmente
costumeiras. Segundo Tavares (2012) estas preponderaram até o fim do século XVIII.
Exemplo dessa categoria foi a Constituição da França no ancienrégime.

7. Qual é a diferença entre:

Rigidez e flexibilidade da Constituição.

Quanto ao grau da sua alterabilidade, teoricamente existem quatro tipos de Constituições, na


perspectiva formal. É tema, pois, como assinala Miranda (1996, p. 41), que se insere no
contexto da teoria da revisão constitucional. A base dessa classificação encontra-se na célebre
obra de Bryce (1952 citado em Tavares, 2012)intitulada Constituições Flexíveis e
Constituições Rígidas, terminologia que se difundiu por todo o mundo.

 Constituições flexíveis

Segundo Bryce (1952 citado em Tavares, 2012), as constituições flexíveis são as primeiras
formas de estruturação que aparecem nas sociedades políticas organizadas. Por seu turno,
Tavares (2012, p. 95) comenta dizendo que Constituição flexível prevê, para sua alteração,
processo legislativo idêntico ao da lei ordinária. Esta, por ser posterior, revoga a Constituição
Federal que lhe seja contrária. Assim, o processo da emenda constitucional é igual ao da
feitura das leis ordinárias. Não há, em síntese, maiores formalidades na alteração da
Constituição do que para a alteração das leis.

 Constituições rígidas

Retomando com Bryce (1952 citado em Tavares, 2012) este autor convencionou chamar de
rígidas as Constituições que se integram na categoria daquelas “cujo carácter específico
consiste em que todas possuem uma autoridade superior às das demais leis do Estado e são
7

modificadas por procedimentos diferentes daqueles pelos quais se ditam e revogam as


demais leis” (p. 94).

Na Constituição rígida, para todas as normas constitucionais se exige, na eventualidade de sua


alteração, um processo legislativo mais trabalhoso, mais dificultoso do que comumente é
exigível.

Rigidez da Constituição, vs poder constituinte, vs garantia da Constituição;

 Rigidez da Constituição

A lógica da rigidez constitucional é conferir maior estabilidade ao ordenamento jurídico por


meio de propostas de revisão elaboradas sob a imposição de rito solene que culmina por
desencadear intensos e demorados debates, estando a Carta Política, desta forma, menos
susceptível a intempéries provindas da instabilidade política de um período determinado.

Nas palavras do insigne Teixeira (1991) “A essência das Constituições rígidas consiste,


portanto, na exigência de processos mais solenes, mais dificultosos e mais demorados, para
sua modificação, que os processos comuns de elaboração das leis ordinárias, e, daí, dessa
impossibilidade de serem modificadas por estas, uma certa permanência ou estabilidade, ao
menos teórica, as transforma num complexo normativo ou forma firme, através da qual passa
o movimento da vida.

 Poder constituinte

Para Teixeira (1991), poder constituinte é a expressão mais alta do poder político, entendido
este como vontade social dirigida a fins políticos (p. 201). Portanto, é vontade criadora,
vontade social consciente, plenamente livre em sua manifestação.

Por outro lado, Bastos e Tavares (2000)comentam que poder constituinte é fundamentalmente
uma função, a de elaborar as regras de uma Constituição, e, pois, também na reforma da
Constituição existiria uma manifestação do poder constituinte (p. 143).

Para concluir este tópico acerca da compreensão do que seja o poder constituinte, ou do que o
caracteriza, é preciso admitir, ainda que em princípio, que, uma vez dada a ênfase à noção de
função, poder-se-á, valida mente, declarar que o poder constituinte nada mais é do que uma
forma excepcional e especial de produção jurídica.
8

A garantia da Constituição, i.e., a justiça constitucional é um elemento do sistema de medidas


técnicas que visam assegurar oexercício regular das funções estatais. Tais funções possuem
carácter jurídicoinerente: consistem em actos jurídicos. São eles actos de criação de Direito,
i.e.,de normas jurídicas, ou actos de execução de Direito já criado, ou seja, denormas jurídicas
já estatuídas (Kelsen, 2003). Consequentemente, costuma-se distinguir duasclasses de funções
do Estado: a legiferação e a execução. Esta distinção opõea criação ou produção de Direito à
aplicação desse, considerada merareprodução.

Poder constituinte e poder de revisão.

 Poder constituinte

Para Teixeira (1991), poder constituinte é a expressão mais alta do poder político, entendido
este como vontade social dirigida a fins políticos (p. 201). Portanto, é vontade criadora,
vontade social consciente, plenamente livre em sua manifestação.

Por outro lado, Bastos e Tavares (2000)comentam que poder constituinte é fundamentalmente
uma função, a de elaborar as regras de uma Constituição, e, pois, também na reforma da
Constituição existiria uma manifestação do poder constituinte (p. 143).

 Poder de revisão

Já a noção de poder de revisão é utilizada para designar aquela parcela de competência


atribuída, geralmente, ao próprio corpo legislativo encarregado de elaborar as leis em geral.
Trata-se, portanto, do poder de reforma da Constituição, previsto por ela mesma, vale dizer,
por ela instituído, regulado e limitado (Tavares, 2012, p. 54).

d) Limites quanto às maiorias deliberativas e limites quanto ao titular do poder de revisão

Os limites que o poder constituinte encontra são, mais tecnicamente falando, implicações
circunstanciais impositivas. São as pressões e coacções económicas, sociais, de grupos
particulares, tradições, predeterminações, preconceitos e toda a sorte de factores, que actuam
directa ou indirectamente, de forma consciente ou não, na elaboração do estatuto supremo de
convivência humana dentro de determinado território.

Miranda (1986) enfatiza que, embora seja mais habitual o aceitar a existência de limites
materiais ao poder de revisão constitucional, importa considerar igualmente a existência de
limites materiais ao “poder constituinte verdadeiro e próprio”.Nesse sentido, anota que o
9

poder constituinte não se pode desvincular, no momento de criação da Constituição, de


“certas objectivações históricas que o processo de permanente desalienação do homem vai
introduzindo na consciência jurídica geral” (p. 41). Constata-se, neste passo, a estreita
proximidade de pensamento entre Miranda (1986)e Sampaio (1954), ambos se referindo à
problemática dos limites materiais do poder constituinte genuíno.

É a ideia, ademais, propugnada por Queiró (citado por Tavares, 2012): “Uma comunidade
política livre, em que o povo seja realmente soberano, não contrariará pela decisão
constituinte dos seus representantes essa Constituição material. Esses representantes trairiam
o seu mandato, ou excedê-lo-iam se deliberadamente, em algum ponto ou aspecto, se
desviassem dela...” (p. 42).

8. Comente as seguintes afirmações:

a) “O sistema jurídico do Estado de direito democrático moçambicano não é um sistema


normativo aberto de regras e princípios”

O sistema jurídico é normativo na medida em que se dispõe a regular os comportamentos


sociais através de dois tipos fundamentais de normas: as regras e os princípios. A aplicação do
sistema normativo composto de regras e de princípios se faz relevante uma vez que favorece a
adaptabilidade do sistema jurídico às mudanças do mundo fático, o que permite também o
controlo dos acontecimentos sociais, pois não se está apenas vinculado às regras previamente
elaboradas, mas também se permite que determinados valores sejam aplicados, através dos
princípios reconhecidos pelo ordenamento jurídico.

b) “Assim que um sistema constitucional exclusivamente de regras é inconveniente, um


sistema exclusivamente de princípios é, outrossim, desaconselhável”.

Bertoncini (2002, p.78) citando Canotilho, relata que diversos problemas surgiriam, caso o
ordenamento jurídico fosse formado somente por princípios ou somente por regras: “Um
sistema só de regras geraria um ordenamento rígido e fechado, exigindo uma quantidade
absurda de comandos para atender às necessidades naturalmente dinâmicas da sociedade.
Portanto, o ordenamento jurídico é composto por previsões distintas que ora qualificam
valores, ora qualificam condutas. Daí as noções básicas sobre os princípios e as regras. Assim,
toda regra deve contemplar um princípio. E todo princípio deve ter ínsito um certo grau de
regramento e força normativa, conforme evolução histórica considerada.
10

c) “As normas programáticas são absolutamente desnecessárias numa constituição de


direito democrático e social, uma vez que não têm força jurídica própria”.

De acordo com Pimenta (1999, p. 150) as normas em estudo são eficazes, contudo, o modo
como a eficácia se manifesta é diferente, em relação às demais regras constitucionais. Com
efeito, como os âmbitos (elementos) normativos sofrem de uma deficiência, por não estarem
devidamente delimitados, existe de facto um obstáculo à aplicabilidade directa e imediata das
normas programáticas. Contudo, elas produzem efeitos jurídicos, que se espalham por todo o
sistema, pelos seguintes motivos: i) estabelecem um vínculo obrigatório para os órgãos
públicos; ii) limitam a discricionariedade dos órgãos legislativos; iii) determinam a
inconstitucionalidade superveniente das normas infralegais que disponham em sentido
contrário; iv) proíbem a edição de normas contrárias; v) servem como elemento de integração
dos demais preceitos constitucionais; vi) fixam directivas para o legislador ordinário; vii)
estabelecem directrizes para a interpretação das fontes infraconstitucionais.

9. De acordo com os critérios classificatórios dos princípios e normas constitucionais,


qualifique as seguintes normas da CRM: artigos 1, 3, 4, 89, 133, 143, 147, 159, 179, 59, 65.

 Plena: Artigos 1, 133, 147 e 159.


 Contida: Artigos 4, 143 e 179.
 Limitada: Artigos 3, 89, 59 e 65.
11

3 Conclusão

Este trabalho procurou abordar diversas questões relacionadas com o Direito Constitucional.
Foram feitas várias definições, comentários em torno de questões que espelham o Direito
Constitucional e em termos gerais, de acordo com as respostas fornecidas em torno dos
assuntos aqui discutidos pode-se concluir que o Direito Constitucional é muito importante,
poisanalisa, estuda e pensa as interpretações, directrizes e efeitos das normas que estabelecem
o parâmetro para as demais leis criadas, além de estabelecer toda a organização da nação, do
Estado, dos Poderes e da sociedade.A importância do direito constitucional está na
efectivação das normas constitucionais. É através do direito constitucional que a Constituição
coloca as suas normas em efeito na sociedade e na organização do Estado.O direito
constitucional também é importante nas situações onde as normas constitucionais não estão
alcançando as pessoas ou grupos de pessoas.
12

4 Referências bibliográficas

Bastos, C. R. & Tavares, A. R. (2000). As Tendências do Direito Público no Limiar de um


Novo Milénio. São Paulo: Saraiva.

MIRANDA, Jorge. Poder Constituinte. Revista de Direito Público, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1986, v. 80.

SAMPAIO, Nelson de Sousa. O Poder de Reforma Constitucional. Bahia: Livraria Progresso,


1954.

Machado, L. H. A. S. A Constituição e o tratado internacional na visão de Carl Schmitt e


Hans Kelsen. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 16, n.
3011, 29 set. 2011. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/20094. Acesso em: 31 maio
2021.

Bertoncini, M. E. S. N. (2002). Princípios de Direito Administrativo Brasileiro. 1. ed. São


Paulo: Malheiros.

Caetano, M. (1963). Manual de Ciência Política e de Direito Constitucional. 4. ed. Lisboa:


Coimbra Ed.

Canotilho, J. J. G. (2000). Direito Constitucional. 4. ed. Coimbra: Livr. Almedina.

Kelsen, H. (2003).A Garantia Jurisdicional da Constituição (A Justiça Constitucional)Direito


Público Nº 1 – Jul-Ago-Set/2003, Doutrina Estrangeira.

Miranda, J. (1996). Contributo para uma Teoria da Inconstitucionalidade. Coimbra: Coimbra


Ed.

Novelino, M. (2009). Direito Constitucional.  3ed. São Paulo: Editora Método, p. 40-42.

Pimenta, P. R. L. (1999). Eficácia e aplicabilidade das Normas Constitucionais Programáticas.


São Paulo: Max Limonad.

Pontes de Miranda, F. C. (1967). Comentários à Constituição de 1967 com a Emenda n. 1 de


1969. Rio de Janeiro: Forense. t.1.

Romano, S. Princípios de Direito Constitucional Geral.


13

Teixeira, J. H. M. (1991). Curso de Direito Constitucional. Organização e actualização por


Maria Garcia. Rio de Janeiro: Forense.

Você também pode gostar