6833-Texto Do Artigo-29289-1-10-20180827
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Resumo: O presente trabalho é fruto de Missão Científica realizada em outubro de 2016,
juntamente com diversos estudos teóricos referentes a República de Moçambique
(Continente Africano). A capital nacional Maputo, com seus 1,2 milhões de habitantes, é
digna de paisagens e desdobramentos intrigantes, sobretudo com relação ao pujante
mercado da economia informal – responsável pela ocupação de grande maioria da
população. Desta forma, o presente trabalho científico se apoia na apresentação e discussão
das ricas experiências vividas e observadas pelos “entroncamentos” viários e espaços de
reprodução social da informalidade moçambicana – as vielas e ruas de onde parecem
“nascer/surgir” vendedores dos mais diversos gêneros, que vão desde alimentos, bens de
consumo simples, transportes “clandestinos”, fármacos medicinais, serviços de beleza,
dentre tantas outras peculiaridades que fazem de Maputo um lugar único.
Introdução
Por baixo das barracas, em meio ao sol escaldante e aos pequenos corredores sobre
o chão batido, circulam milhares de pessoas em diversos fluxos e caminhos, onde se perder
de alguém ou de um grupo é algo comum, tornando o ato de se lançar em meio às ruas,
becos e vielas de Xipamanine uma grande aventura. A ausência de espaço e delimitações
bem definidas, principalmente entre as barracas fixas e os vendedores “ambulantes” que
migram entre os espaços de todo mercado, podem provocar sentimentos sufocantes aos que
não estão acostumados com grande movimentação e tumultos.
Entretanto, adentrar o Mercado de Xipamanine, certamente uma das localidades
mais “badaladas” – mas também caóticas – da capital moçambicana é, sem dúvida, uma
experiência única. Este é um lugar onde tudo acontece e também tudo se vende. Talvez a
diversidade cultural e de seguimentos comerciais envolvidos no mesmo ambiente seja uma
das paisagens mais atrativas e emblemáticas do mercado.
1
Disponível em: <http://www.minube.pt/fotos/sitio-preferido/173977/495670>. Acesso em 21/01/2017.
46 | O mercado informal de Maputo… STACCIARINI João H. S.; SILVA, Laira C.
prejudicando assim o comércio e a saúde dos animais, que não podem ser retirados dali. As
reclamações também seguem com comerciantes que trabalham com a venda de alimentos
prontos – como marmitas, salgados e doces. Segundo estes, os alimentos são preparados ali
mesmo, em geral atrás das barracas ou embaixo das bancas, espremidos pela pequena
disponibilidade de espaço. Desta forma, a ausência de água encanada e de esgoto sanitário
contribuem para a proliferação de insetos e roedores, os quais atacam e prejudicam a
qualidade dos alimentos vendidos, oferecendo risco significativo a saúde pública.
Considerações finais
Participar de Missão Científica pela pulsante cidade de Maputo e seus mais de 1,2
milhões de habitantes, oferece experiências que transcendem as realidades e convívios
brasileiros. A força da economia informal – adotada como estratégia de reprodução social e
para a fuga da miséria – se apresenta como marca registrada da capital moçambicana.
Em meio a tudo isto, acompanhar essa realidade diversa e conviver com paisagens
tão distintas se apresenta como oportunidade única. A ‘atmosfera’ vivenciada no Mercado
de Xipamanine exprime o drama cotidiano da luta pela sobrevivência, que se apresenta no
“rosto e semblantes” de milhares de trabalhadores e clientes, se contrastando com
simplicidade, bom atendimento, sorrisos, apertos de mão e diálogos oferecidos em meio a
esta magnífica jornada de sensações, sentimentos e emoções.
Nota-se que os problemas socioeconômicos moçambicanos são estruturais e de
complexa resolução, visto que ainda atingem grande parcela da população. Os impasses não
estão somente nos bairros miseráveis ou nas desigualdades sociais gritantes, mas passam
ainda pela ausência de poder/atuação do Estado em diversas partes do território,
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The maputo informal market (mozambique) and the xipamanine fair: among
curiosities and experiences on the african continent.
Abstract: The present work is the result of a Scientific Mission held in October 2016,
together with several theoretical studies concerning the Republic of Mozambique (African
Continent). The national capital Maputo, with its 1.2 million inhabitants, is worthy of
intriguing landscapes and unfoldings, especially regarding to the booming informal
economy market - which is responsible for employing a large majority of the population.
In this way, this research is based on the presentation and discussion of the rich experiences
lived and observed by the road junctions and spaces of social reproduction from the
Mozambican informality - the alleys and streets from which sellers of the most diverse
genres appear, Ranging from food, simple consumer goods, "clandestine" transport,
medicinal drugs, beauty services, among many other peculiarities that make Maputo a
unique place.
REFERÊNCIAS
MBOKOLO, E. História da África Negra. Salvador: EDUFBA; São Paulo: Casa das Áfricas,
2011.
SCHNEIDER, Friedrich; ENSTE, Dominik. Shadow Economies Around the World: Size,
Causes an Consequences. IMF Working Paper, WP/00/26. 2002.
incendio-destroi-barracas-e-bancas-no-mercado-de-xipamanine-em-maputo>. Acesso em
10/04/2017.
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