Olheiras Artigo

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DOI: 10.

5327/Z1984-4840201623330 Revisão / Review

Causas e tratamento da hipercromia periorbital


Causes and treatment of periorbital hyperchromia

Glauber Alcântara Oliveira1, Andres Raimundo Paiva1

RESUMO
A região periorbital é uma das primeiras áreas a mostrar sinais do envelhecimento, como rugas, flacidez e hiperpigmentação
periorbital (HPO). A HPO interfere na aparência facial provocando aspecto de cansaço, tristeza ou ressaca. Possui etiopatogenia
complexa que inclui múltiplos fatores que podem ser de causa primária ou secundária. Os fatores genéticos são considerados
de causa primária, enquanto os ambientais são de causa secundária. Assim, são exemplos de fatores ambientais o excesso
de exposição solar, a hiperpigmentação pós-inflamatória, o excesso de vascularização subcutânea, a hipertransparência da
pele, o edema periorbital e a herniação da gordura palpebral. A gravidade clínica da doença pode variar e geralmente a
hiperpigmentação está presente bilateralmente e simetricamente ao redor dos olhos. O propósito deste estudo foi realizar uma
revisão integrativa com o objetivo de discutir e avaliar as causas e fatores etiológicos e descrever os possíveis tratamentos
disponíveis na literatura. Foram utilizados 26 artigos que abordavam os temas: anatomia, etiologia, causas e tratamentos.
Tendo em vista a escassez de informações sobre a etiologia, bem como um tratamento consensual, é necessário um exame
clínico adequado para direcionar a conduta. Existem várias sugestões para tratamento da HPO descritos, como peeling,
preenchimento com gordura autóloga, laser, utilização de cosméticos, injeções de plasma rico em plaquetas e carboxiterapia.
Palavras-chave: envelhecimento da pele; pálpebras; hiperpigmentação; edema; técnicas cosméticas.

ABSTRACT
The periorbital region is one of the first areas to demonstrate signs of aging such as wrinkling, skin laxity and periorbital
hyperpigmentation (HPO). The HPO interferes in the facial appearance resulting on a tired, sadness or hangover aspects.
It has a complex etiopathogenesis with factors that could be by primary or secondary cause. The genetic factors are stated
as a primary cause and the environmental factors are stated as a secondary cause. In that way, there are many examples of
environmental factors such as excess of sun exposition, post inflammatory hyper pigmentation, excess of subcutaneous
vascularization, hyper transparency of the skin, periorbital edema, and fat herniation eyelid. The clinical severity of the
condition varies and normally the hyper pigmentation is present bilaterally and symmetrically around the eye region. The main
objective of this study was to develop and evaluate the causes and etiological factors, and to describe the possible treatments
available in the current literature. It was utilized 26 scientific papers on the following subjects: anatomy, etiology, causes
and treatments. Owing to the information scarcity about its etiology, as well as its consensual treatment, it is necessary an
adequate clinical examination in order to provide directions to the conduct. There are several suggestions for HPO treatment
described: peeling, fillers, autologous fat fillers, cosmetic use, injection of platelet rich plasma (PRP), and carboxytherapy.
Keywords: skin age; eyelids; hyperpigmentation; edema; cosmetic techniques.

INTRODUÇÃO Uma das primeiras áreas a mostrar sinais do envelheci-


A hiperpigmentação periorbital (HPO), também co- mento é a região periorbital, e frequentemente os pacientes
nhecida como: melanose periorbital, melanose periocular, procuram conselho de profissionais capacitados. Essa procu-
hiperpigmentação palpebral, pigmentação periocular, mela- ra começa por volta dos 20 anos, bem antes de procurarem
nose infraorbital, hipercromia cutânea idiopática da região outros procedimentos para rejuvenescimento.2 Para os derma-
orbital (HCIR), ou popularmente conhecida como “olheiras”, tologistas, a HPO é uma das queixas mais difíceis de tratar.
acomete ambos os sexos, sendo mais frequente em mulheres.1 Em muitos casos existem poucas informações em relação à

Universidade Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC) – Belo Horizonte (MG), Brasil.
1

Contato: [email protected]
Recebido em 28/05/2015. Aceito para publicação em 17/08/2015.

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etiologia e não existe um tratamento considerado padrão-ou- MATERIAIS E MÉTODOS
ro para solucionar o problema.3 Foi feita uma revisão integrativa utilizando-se os des-
A hipercromia periorbital é de propriedade comple- critores presentes no título, resumo ou assunto: olheira, hi-
xa com etiologia multifatorial e que possui uma base de perpigmentação periocular, hiperpigmentação peripalpebral,
conhecimento em expansão. Geralmente a hiperpigmen- hiperpigmentação periorbital, hipercromia periocular, hiper-
tação está presente bilateralmente e simetricamente ao cromia peripalpebral, hipercromia periorbital, dark eyelids,
redor dos olhos, porém, a gravidade clínica da etiologia dark eye circles, dark circles.
pode variar. Um olho pode estar mais comprometido do A amostra foi constituída por 194  artigos das bases
que o outro, podendo afetar as pálpebras superiores e in- de dados compostas por MEDLINE (PubMed) e LILACS.
feriores ou ambas e estender-se à glabela e parte superior Após a análise de relevância dos trabalhos, a amostra final foi
do nariz. 1 composta por 26 artigos.
Não existe uma etiopatogenicidade esclarecida para a
HPO, muitos fatores etiológicos foram sugeridos, como trans- RESULTADOS E DISCUSSÃO
missão genética, excesso de exposição solar, hiperpigmenta-
ção pós-inflamatória, excesso de vascularização subcutânea, Etiopatogenia da hipercromia periorbital
hipertransparência da pele, edema periorbital e herniação da Existem dois tipos de HPO: vascular e melânica, porém,
gordura palpebral.4 acredita-se que a maioria possua componente misto, sendo
A hipercromia palpebral interfere na aparência fa- a melanina e a quantidade de vasos encontrados em maior
cial, dando ao paciente um aspecto de cansado, triste ou menor grau. A HPO de características vasculares tem pa-
ou ressaca. 5 As  HPO podem resultar em dificuldades na drão de herança familiar autossômico dominante. Costuma
aceitação social, levando a um impacto na qualidade de aparecer ainda na infância ou na adolescência. O diagnóstico
vida do indivíduo. 4 é feito pelo tracionamento da pálpebra inferior para melhor
Diversos tratamentos têm sido propostos para uma me- visualização dos vasos sob a pele.9
lhora da olheira, entre eles estão peelings químicos, lasers, Verschoore et al.4 sugerem que a causa mais comum do
uso de cosméticos, preenchimentos, cirurgia e transplante de aparecimento da HPO seja devido aos depósitos de melani-
gordura autóloga.6 na na derme, que pode ser causado por um fator congênito
O conhecimento aprofundado acerca da anatomia pe- (causa primária) ou a fatores ambientais (causa secundária).
riocular, em especial no que diz respeito ao sulco lacrimal ou Dentre os fatores secundários estão: tabagismo, estresse, dis-
sulco nasojugal (depressão natural que se estende em direção túrbios de sono, deficiência nutricional e reações alérgicas.
infra-lateralmente à linha média pupilar) é fundamental para Um estudo etiológico realizado com pacientes do sul da
a avaliação e o tratamento da HPO.3 Ásia revelou a predominância etiológica da HPO como sendo
As pálpebras são estruturas especializadas com com- vascular, seguida por constitucional (melanose periorbital), hi-
ponentes anatômicos únicos. A  pele palpebral é conside- perpigmentação pós-inflamatória e sombreamento periocular.8
rada a mais delgada do corpo, com espessura de 700 a Outra causa do aparecimento da HPO é o sombreamento
800 μm, sendo o tecido subcutâneo constituído por tecido devido à flacidez da pele e fossa lacrimal, associado ao envelhe-
conjuntivo frouxo, muito escasso. A pálpebra superior es- cimento.6 De acordo com Kurban e Bhawan,10 com o tempo o
tende-se superiormente para a sobrancelha, que a separa colágeno e a elastina sofrem danos das radiações ultravioleta,
da testa. Já a pálpebra inferior se estende abaixo da borda ocasionando o afinamento e envelhecimento da pele, conforme
inferior orbital. Nessa região formam-se dobras onde o te- descrito por Bucay e Day.2 A flacidez da pele em decorrência do
cido conjuntivo frouxo da pálpebra é sobreposto ao tecido fotoenvelhecimento leva à aparência de sombra nas pálpebras
mais denso da bochecha.7 inferiores, resultando no aparecimento da HPO (Figura 1).6
É limitada lateralmente pelo canto lateral e na emi- Estudo realizado por Kikuchi et al.11 conseguiu mensurar,
nência malar, e medialmente pelo canto nasal medial e utilizando uma câmera espectral, a distribuição dos cromóforos
lateral. A  fossa lacrimal é uma depressão anatômica en- da pele do rosto com alta reprodutibilidade (Figura 2). A pes-
contrada em todas as faixas etárias, que se estende obli- quisa revelou que a região com hiperpigmentação periorbital
quamente do canto medial ao longo do terço médio da pál- possui distribuição de melanina alta com baixa taxa de oxihe-
pebra inferior.8 moglobina (hemoglobina ligada ao oxigênio). Após tratamen-
As pálpebras constituem a cobertura protetora do tos com compostos tópicos que melhoram o fluxo sanguíneo e
globo. A pele é dividida em duas porções: porção orbitá- inibem a formação de melanina, foi possível observar diminui-
ria (entre a porção tarsal e o rebordo orbitário) e porção ção da distribuição da melanina e aumento da oxihemoglobina
tarsal (entre o bordo livre e o sulco órbito-palpebral). local.
A porção tarsal não apresenta tecido conjuntivo, é del- Graziosi et al.12 realizaram um estudo histológico com
gada e vascularizada. A transição a partir dessa porção 28 pacientes e relataram que a hemosiderina esteve ausente
tarsal com a porção orbital é delimitada pelo sulco pal- em todas as amostras histológicas. Outro achado importante
pebral superior e é evidente clinicamente em espessura foi que a quantidade de melanófagos (macrófago ou histiócito
e coloração. 7 que fagocitou melanina) encontrados em pacientes com HPO

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leve é pequena, enquanto se observou um aumento do nume- da pseudoherniação de gordura infraorbital, o que acentua o
ro de melanófagos em proporções semelhantes em pacientes sombreamento da fossa lacrimal dependendo das condições
com HPO moderada a severa. de luminosidade.3

Causas Tratamento
Por não possuir uma etiopatogenia definida e por haver
Hiperpigmentação pós-inflamatória múltiplos fatores que levam ao aparecimento das HPO, não
É uma forma de hiperpigmentação pós-inflamatória de- existe um tratamento considerado padrão-ouro para a HPO.
vido à fricção ou ao ato de coçar a área periorbital. Frequen- Porém, há várias sugestões que procuram melhora, são elas:
temente visto em pessoas com dermatite de contato atópica peelings químicos, lasers, cosméticos, carboxiterapia, preen-
ou dermatite alérgica.6 chimento com gordura autóloga ou material sintético e inje-
ções de plasma rico em plaquetas.
Edema periorbital
A característica esponjosa da pálpebra contribui para Peelings químicos
que acumule líquido na região levando ao edema, ocorre pio- O objetivo do peeling nas HPO é remover a melanina
ra na parte da manhã ou após uma refeição contendo sal e presente no estrato córneo e na epiderme. Peelings profundos
possui cor arroxeada.3 removem a melanina da derme, porém, podem levar à des-
pigmentação e à cicatriz, sendo desaconselhado o seu uso.14
Aumento do depósito de melanina O pré-peeling inclui descontinuação de agentes quími-
Um estudo realizado por Watanabe et  al.13 mostrou a cos que causam diminuição da espessura da camada córnea,
biópsia periorbital de 12  pacientes japonesas com HPO e como acido retinoico ou alfa hidroxiácidos (AHA), pois isso
relatou que todos pacientes possuíam melanose dérmica na potencializaria a profundidade do peeling. A aplicação deve
histologia. De  acordo com os autores, a melanose pode ser ser cuidadosa e suave para não causar danos à pele e nem
interpretada como uma melanocitose dérmica, com base nos o aprofundamento do agente. Os peelings mais conhecidos
achados da proteína anti-S100 e coloração de prata pelo mé- para tratar a HPO são: ácido tricloroacético, ácido salicílico,
todo Fontana-Masson. ácido glicólico, ácido lático, alfa hidroxiácidos, ácido reti-
noico e ácido mandélico. Todos esses agentes são utilizados
Aumento da visibilidade dos vasos para melhora de desordens pigmentares como melasmas e
O músculo orbicular dos olhos situa-se logo abaixo da fotoenvelhecimento.1
pele, com pouco ou nenhum tecido gorduroso subcutâneo. Estudo realizado por Vavouli et al.15 utilizou o peeling
O escurecimento ocorre devido à proeminência do plexo vas- de ácido tricloroacético a 3,75% com ácido lático a 15,00%
cular contido nos músculos.3 para melhora das HPO. Trinta pacientes com fototipos II, III
e IV foram incluídos no estudo. O peeling foi aplicado uma
Envelhecimento com aumento da elasticidade vez por semana durante quatro semanas. O estudo foi docu-
da pele mentado por meio de fotografias e foram avalizados pelos
próprios pacientes e médicos. Quase todos os pacientes apre-
Com o envelhecimento ocorre a diminuição do tecido sentaram melhora significativa. Na avaliação médica, 93,0%
gorduroso subcutâneo e o afinamento da pele ao redor da or- dos pacientes apresentaram melhora razoável, boa ou exce-
bital ocular. Isso leva a um aprofundamento e à sobreposição lente, e na avaliação relatada pelos pacientes houve melhora

A B
Fonte: Roh e Chung (2009).6 Nota: Uso das imagens autorizado pelos autores.

Figura 1. Hiperpigmentação periorbital devido à flacidez e fossa lacrimal. Realização de preenchimento de gordura autóloga;
(A) antes do tratamento; (B) após tratamento.

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de 96,7% sendo razoável, boa ou excelente. Os efeitos cola- dos casos, 2 relataram 75,0% e 58,3% de melhora e outros 2
terais, embora sejam esperados e transitórios, foram: eritema, observaram 50,0% de melhora. Os efeitos colaterais edema e
edema, secura, telangectasias e frost. eritema foram mínimos e controlados.20
Estudo realizado com 92 mulheres e nove homens no
Lasers Brasil utilizou laser de ERBIUM para tratamento de hiper-
Os lasers usados em dermatologia compreendem uma cromia cutânea idiopática (HCIR). Antes da aplicação do la-
pequena banda do espectro eletromagnético, utilizando ser, todos os pacientes tiveram a pele facial tratada, durante
energia de luz visível e infravermelha (400 a 10.600 nm).16 2 a 3 meses com cremes clareadores, vitamina C, filtro so-
As  moléculas que absorvem a energia da luz (radiação lar UVA/UVB não oleoso pela manhã e clareadores à noite.
eletromagnética) no tecido são denominadas cromóforos. A aplicação do laser foi realizada com múltiplos passes com
Os principais cromóforos da pele humana são a hemoglobi- fluência por pulso de 6 mJ/cm2 até o endpoint ser visualiza-
na, a melanina e a água.17 do sob magnificação. O endpoint é determinado como sendo
Os cromóforos absorvem a energia e a luz é convertida em o término do depósito de melanina (visualiza-se o término
energia térmica, mecânica ou química, rompendo o tecido-alvo. da coloração escurecida) podendo-se atingir até a derme re-
Após a energia luminosa ser transformada, o cromóforo e partes ticular, não devendo prosseguir a ablação nesse nível. O tra-
do tecido adjacente são rompidos por fragmentação, coagulação, tamento até esse ponto evita cicatrizes permanentes. Ter-
vaporização e/ou foto-oxidação. A interação laser-tecido causa minado o procedimento, a pele foi limpa suavemente com
um dano dérmico no tecido, provocando a sua remodelação. solução salina e gaze, e foi aplicado curativo com Membra-
Esse é proporcional ao grau de calor gerado no tecido-alvo e à cel®. O uso desse curativo ajuda na prevenção de sinéquias,
duração da exposição.16 uma vez que se adere a toda a superfície da pele em meio
A remodelação dérmica resulta na substituição de co- úmido, não permitindo que dobras de pele cicatrizem entre
lágeno e elastina danificados por colágeno e elastina novos, si, formando as sinéquias. O procedimento foi indolor para
mais compactos e organizados, melhorando o aspecto das todos os pacientes. O clareamento do pigmento foi visível
rugas e consequentemente das olheiras, devido ao aumento em todos os pacientes com uma aplicação, e ocorreu discre-
da espessura dérmica que ocorre com a reorganização do ta hiperemia logo após a aplicação do laser.21
colágeno.18
Os lasers mais usados para tratamento da HPO incluem Cosméticos
o Q-switched ruby (694 nm), Q-switched Nd:YAG (1064 nm), O uso de produtos tópicos é a forma mais conveniente
pulsed dye (585  nm), Q-switched Nd:YAG polyderm (650 e para começar um tratamento para a maioria dos pacientes. Exis-
532 nm), high-energy pulsed CO2, and Q-switched Alexandrite.18 tem vários produtos que afirmam combater as HPO, porém,
A segurança deve ser enfatizada, porque o olho é parti- poucos ensaios clínicos provam a eficácia desses produtos.3
cularmente vulnerável a lesões com laser. Portanto, o uso de Nas HPO causadas por depósito de melanina podem ser
óculos de proteção e/ou protetores oculares é crucial. A reti- utilizados peelings químicos, ácido retinoico e despigmentan-
na e a coroide contêm grande quantidade de melanina, o que tes de uso tópico, contendo hidroquinona, ácido kójico, entre
contribui para uma lesão mesmo com as pálpebras fechadas. outros.17 Como recomendação geral, o tratamento com agen-
Quando é necessário o tratamento próximo aos olhos, o uso tes despigmentantes deve ser continuado por vários meses
de um protetor metálico é imprescindível.6 antes de se obter benefícios cosméticos. Alguns mecanismos
Um estudo realizado no Japão com pacientes com pig- de ação de agentes de despigmentação são conhecidos, como
mento homogêneo bilateral maculoso na região infraorbital a inibição da atividade da tirosinase, a inibição da síntese de
sugere que a HPO é um tipo de melanose dérmica que os DNA em melanócitos hiperativos, a redução do teor de melani-
autores acreditaram poder tratar com Laser Q-switched ruby na epidérmica e o espessamento da epiderme (camada granu-
(QSRL). Dos cinco pacientes que receberam mais de uma lar). Alguns outros mecanismos são hipotéticos: a destruição
sessão com QSRL, quatro tiveram melhora clínica, sendo ou inibição funcional dos melanócitos, a degradação de mela-
dois classificados como boa e dois excelentes. A duração do nina e a reação imunológica.22
tratamento foi de 7 a 28 meses.13 O ácido tioglicólico ou ácido mercaptoacético, é um al-
Cymbalista et al.19 desenvolveram um estudo compara- fa-hidroxiácido que contribui para a descamação da melanina
tivo utilizando luz intensa pulsada (LIP) e QSRL. Os pacien- na camada córnea, é indicado nas hiperpigmentações por in-
tes foram submetidos à LIP do lado esquerdo e ao QSRL do suficiência venosa.16
lado direito. O clareamento clínico foi evidente em ambos os A hidroquinona é um derivado fenólico e seu principal
lados e o exame histológico mostrou redução da quantidade mecanismo de ação é a inibição da tirosinase, impedindo a
dos macrófagos dérmicos contendo melanina, pelo método de transformação de dopa em melanina.17
coloração Fontana Mansson, após o tratamento. O haloxyl contribui para a redução da HPO por apre-
Cymbalista e Oliveira20 realizaram um estudo com sentar em sua composição o Pal-GHK e o Pal-GQPR, que
12 pacientes com idade entre 20 e 41 anos apresentando foto- reforçam a firmeza e tonificam a área debaixo dos olhos, e o
tipo II a IV na graduação de Fitzpatrick. Os pacientes foram n-hidroxisuccinimida (NHS) e a crisina (flavonoide), que ati-
submetidos de duas a quatro sessões da terapia de LIP. Foram vam a eliminação do pigmento sanguíneo responsável pelas
avaliados por 7 observadores, 3 relataram melhora em 83% manchas escuras e inflamação local.16
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Estudo realizado por Souza et al.9 comparou o uso do No entanto, os pesquisadores não tiveram o resultado esperado
ácido tioglicólico a 2,5%, hidroquinona a 2,0%, haloxyl a na melhora das HPO predominantemente melânicas, e atribuem
2,0% e peeling de ácido glicólico no tratamento da HPO. isso ao fato de terem utilizado baixa concentração de vitamina C.
O  ensaio clínico foi realizado com 80  pacientes recrutados
voluntariamente, com idade entre 13 e 66 anos, foto tipo II Carboxiterapia
a VI, de ambos os sexos, portadores de HPO. Os  pacientes A administração do gás (CO2) em plano subcutâneo
foram distribuídos em quatro grupos que utilizaram bastão provoca um enfisema subcutâneo pelo descolamento da pele
de ácido tioglicólico a 2,5%, creme de hidroquinona a 2,0%, desse local com afastamento dos planos que passam a ser
gel de haloxyl a 2,0% e peeling de gel de ácido tioglicólico a ocupados pelo gás. Esse descolamento se dá isento de trau-
10,0%, respectivamente. mas vasculares ou nervosos, porém, provoca trauma suficien-
Os resultados foram avaliados de acordo com a satis- te para desencadear fisiologicamente o fenômeno conhecido
fação dos pacientes, do médico aplicador e de um avaliador como processo de cicatrização, consequentemente há aumen-
“cego”. Observou-se melhora significativa em todos os gru- to da produção do colágeno e elastina. Simultaneamente ao
pos. O haloxyl mostrou-se melhor na avaliação feita pelo pa- trauma mecânico causado pela infusão do gás, acredita-se
ciente e pelo médico aplicador, enquanto o bastão de ácido que ação farmacológica do gás seja responsável por propor-
tioglicólico mostrou melhor resultado quando avaliado pelo cionar, através de aumento do fluxo sanguíneo e importante
avaliador “cego” (Gráfico 1). aumento da concentração de oxigênio local, condições favo-
Mitsuishi et al.23 desenvolveram um estudo com 57 ja- ráveis ao processo fisiológico de cicatrização.24
poneses voluntários com HPO. O  estudo testou um composto Com a infusão de CO2 no plano subcutâneo ocorre aumen-
contendo 2,0% phytonadiona (vitamina K1), 0,1% retinol, 0,1% to do fluxo de oxigênio e de fatores de crescimento endotelial
vitamina C e 0,1% vitamina E (tocoferol), preparados em emul- vascular (VEGF), o que leva ao aumento de neoangiogênese.25
são óleo/água. O gel foi aplicado duas vezes ao dia nas pálpebras Estudo realizado em por Paolo et al.25 incluiu 90 pacien-
inferiores durante oito semanas. Dos  57  pacientes estudados, tes, sendo 80 mulheres e 10 homens, fototipos de I a III na
19% acharam que houve melhora significativa, 28% acharam graduação de Fitzpratrick, portadores de rugas e HPO. Os pa-
que houve melhora moderada, 25% acharam que houve melhora cientes foram submetidos a injeções de CO2 subcutâneo uma
razoável e os 19% restantes relataram que não houve resultado vez por semana durante sete semanas. Ao final do estudo os
algum. A aplicação do composto não só diminuiu a hemostasia pacientes apresentaram redução das linhas faciais, rugas e
como também diminuiu as rugas periorbitais em oito semanas. olheiras. Todos os pacientes tiveram melhora de 50 a 60% da

10,0 Satisf_Med_Aplic
Satisf_Paciente
Avaliador_Cego
9,0

8,0
Média e IC95% - Satisfação

7,0
6,0

5,0

4,0

3,0
2,0

1,0

0,0
G1 G2 G3 G4
Tioglicolico Hidroquimona Haloxyl Peeling
Grupos
Fonte: Souza et al. 9

Gráfico 1. Comparações realizadas pelo médico aplicador, avaliador cego e satisfação do paciente de acordo com o composto utilizado.

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HPO. Nesse estudo foram observados alguns efeitos colaterais, REFERÊNCIAS
porém transitórios. Os mais comuns foram edema e equimose. 1. Roberts WE. Periorbital hyperpigmentation: review of
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Preenchimento Drugs Dermatol. 2014;13(4):472-82.
HPOs escuras resultantes da perda de volume infraor- 2. Bucay VW, Day D. Adjunctive skin care of the brow and
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de preenchedores disponíveis no mercado ou com preenchi- 3. Alsaad SM, Mikhail M. Periocular hyperpigmentation:
mento de gordura autóloga. Ambas as técnicas podem restau- a review of etiology and current treatment options. J
rar o volume das fossas lacrimais e depressões infraorbitais Drugs Dermatol. 2013;12(2):154-7.
causadas pelo envelhecimento, reconstruindo a convexida- 4. Verschoore M, Gupta S, Sharma V, Ortonne JP.
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Os preenchimentos normalmente utilizados na área periocu- of idiopathic cutaneous hyperchromia of the orbital
lar incluem ácido hialurônico (animal e não animal), gordura region (ICHOR): a study of Indian patients. J Cutan
autóloga e ácido poli-L-láctico.26 Aesthet Surg. 2012;5(3):176-82.
Um estudo realizado com preenchimento de gordura 5. Freitag FM, Cestari TF. What causes dark circles under
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coletado e centrifugado até ser separado em 3 frações: plasma 9. Souza DCM, Ludtke C, Souza ERM, Rocha NW,
pobre em plaquetas (PPP), PRP e células vermelhas.28 Weber MB, Manzoni APD, et al. Comparação entre
Além da alta concentração de plaquetas, o PRP possui ácido tioglicólico 2.5%, hidroquinona 2%, haloxyl
sete fatores de crescimento que são secretados pelas plaque- 2% e peeling de ácido glicólico 10% no tratamento da
tas e agem no processo de cicatrização. Esses fatores incluem hiperpigmentação periorbital. Surg Cosmet Dermatol.
os três isômeros derivados das plaquetas (PDGFαα, PDGFββ 2013;5(1):46-51.
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de 0,5 a 1,0 mL do PRP em cada lado nas rugas periorbitais region (CIHOR): a histopathological study. Aesthetic
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região infraorbital foi estatisticamente significante. A avalia- 13. Watanabe S, Nakai K, Ohnishi T. Condition known as
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CONCLUSÃO I, Wang B. Clinical role and application of superficial
A HPO é de etiologia complexa, multifatorial e seu es- chemical peels in today’s practice. J Drugs Dermatol.
tudo está em constante expansão. Um exame clínico comple- 2009;8(9):803-11.
to e um histórico detalhado são necessários para poder indicar 15. Vavouli C, Katsambas A, Gregoriou S, Teodor A,
o melhor tratamento. Atualmente, as principais alternativas Salavastru C, Alexandru A, et al. Chemical peeling with
são a utilização de peelings, lasers, cosméticos, carboxite- trichloroacetic acid and lactic acid for infraorbital dark
rapia, preenchimento e PRP. São necessários novos estudos circles. J Cosmet Dermatol. 2013;12(3):204-9.
para aprofundar o conhecimento de suas causas e outras for- 16. Kede MPV, Sabatovich O. Dermatologia estética. 2ª ed.
mas de tratamento. São Paulo: Atheneu; 2009. p. 104-4,767-19.

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