Guias para Trabalhar
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OS PASSOS DE
NARCÓTICOS ANÔNIMOS
Índice
Prefácio 5
Primeiro Passo 7
Segundo Passo 16
Terceiro Passo 25
Quarto Passo 35
Quinto Passo 47
Sexto Passo 55
Sétimo Passo 62
Oitavo Passo 69
Nono Passo 78
Décimo Passo 91
Décimo Primeiro Passo 101
Décimo Segundo Passo 111
PREFÁCIO
*Ainda em fase de tradução, com o título Funciona: Como e Por Quê. Na edição
portuguesa: Isto Resulta: Como e Por Quê.
são considerados, antes de tudo, orientadores no caminho dos Doze Passos.
Se você ainda não pediu a alguém para apadrinhá-lo, por favor, faça isto antes
de começar estes guias.
A Doença da Adicção
O que nos faz adictos é a doença da adicção — não são as drogas nem
o nosso comportamento, mas sim nossa doença. Existe alguma coisa em nós
que nos torna incapazes de controlar o uso de drogas. Essa mesma ―coisa‖
nos torna propensos à obsessão e à compulsão em outras áreas de nossas
vidas. Quando podemos dizer que nossa doença está ativa? Quando caímos
na armadilha das rotinas obsessivas, compulsivas e egocêntricas, círculo
vicioso que não nos leva a lugar nenhum, a não ser à decadência física,
mental, espiritual e emocional.
Negação
A negação é a parte da nossa doença que nos diz que não temos uma
doença. Quando estamos negando nossa adicção, somos incapazes de ver
sua realidade. Minimizamos seu efeito. Culpamos os outros e depositamos
expectativas exageradas nos familiares, amigos e empregadores. Passamos a
nos comparar com outros adictos, cuja recuperação parece “pior” do que a
nossa. Podemos culpar uma droga em particular. Se estivermos abstinentes de
drogas há algum tempo, podemos comparar a manifestação atual da nossa
adicção com nosso uso de drogas, racionalizando que nada do Primeiro Passo
3 que fazemos hoje poderia ser pior do que aquilo que fizemos antes! Uma das
maneiras mais fáceis de saber que estamos negando é quando damos
desculpas plausíveis, mas inverídicas, sobre nosso comportamento.
Impotência
Podemos, inclusive, decidir que não queremos usar, que não vamos usar e,
ainda assim, sermos incapazes de evitar quando a oportunidade se apresenta.
Podemos já ter tentado ficar abstinentes de drogas ou de outros
comportamentos compulsivos por algum tempo, sem um programa, e às vezes
com algum sucesso, para acabar descobrindo que, sem tratamento, nossa
adicção nos leva de volta para onde estávamos. Para trabalhar o Primeiro
Passo, precisamos provar para nós mesmos, profundamente, a nossa
impotência.
• O que fiz, para sustentar minha adicção, que foi completamente contra
todas as minhas crenças e valores?
• Tentei parar de usar e descobri que não conseguia? Já tentei parar por
minha conta e descobri que a vida estava tão dolorosa sem drogas, que
a abstinência não durou muito tempo? Como foram essas tentativas?
Perda de Controle
• Sou responsável pela minha vida e minhas ações? Sou capaz de dar
conta das responsabilidades sem ficar sobrecarregado? Como isso tem
afetado minha vida?
• Lido com todo desafio como se fosse um insulto pessoal? Como isso
tem afetado minha vida?
• Ignoro sinais de que alguma coisa pode estar seriamente errada com
minha saúde ou com meus filhos, pensando que as coisas vão se
ajeitar? Descreva.
Reservas
Podemos achar que algumas partes do programa não servem para nós. Ou
acreditar que existe alguma coisa que não conseguimos encarar limpos — uma
doença séria, por exemplo, ou a morte de uma pessoa querida — e planejar
usar, se isso acontecer. Podemos pensar que, depois de atingir um objetivo,
ganhar algum dinheiro ou estar limpos por um bom tempo, aí sim seremos
capazes de controlar nosso uso. As reservas estão geralmente escondidas,
não somos plenamente conscientes delas. É essencial partilhar e desarmar,
aqui e agora, qualquer reserva que possamos ter.
Rendição
Princípios Espirituais
Tomar qualquer atitude que vá auxiliar nossa recuperação mostra boa vontade:
Chegar cedo às reuniões e ficar até o fim, ajudar a organizar as reuniões,
conseguir o número de telefone de outros membros de NA e telefonar para
eles.
Como?
O princípio da humildade, tão essencial no Primeiro Passo, se expressa
muito claramente na nossa rendição. A humildade é mais facilmente
identificada quando aceitamos quem realmente somos — nem piores nem
melhores do que acreditávamos ser quando usávamos. Apenas humanos.
• Fiz as pazes com as coisas que precisarei fazer para ficar limpo?
• Como a aceitação da minha doença é necessária para a continuidade
da minha recuperação?
Seguindo em Frente
Muitos de nós resistimos a este passo por pensar que era necessário
sermos religiosos. Nada poderia estar mais distante da verdade. Não há nada,
absolutamente nada, no programa de NA, exigindo que um membro seja
religioso. A ideia de que ―qualquer um pode se juntar a nós, independente
de... Religião ou falta de religião, é enfaticamente defendida na nossa
irmandade. Nossos membros empenham-se em concordar com essa idéia e
em não tolerar nada que comprometa nosso direito incondicional, como
adictos, de desenvolver uma compreensão própria de um Poder maior do que
nós. Este é um programa espiritual, e não religioso.
Esperança
Podemos ter ouvido uma história exatamente igual à nossa. A maioria de nós
pode se lembrar desse momento, mesmo após muitos anos — e esse
momento chega para todos nós.
Insanidade
• Acreditei que poderia controlar meu uso? Quais foram algumas das
minhas experiências com isso, e de que maneira meus esforços foram
mal sucedidos?
• Que coisas fiz que mal posso acreditar quando olho para trás?
Coloquei-me em situações de perigo para conseguir drogas? Comporteime
de uma maneira da qual agora me envergonho? Como foram essas
situações?
Viemos a Acreditar
Quão poderoso um Poder maior do que nós tem que ser? A resposta
para essa pergunta é simples. Sem dúvida alguma, nossa adicção foi um poder
negativo maior do que nós. A adicção nos levou por um caminho de insanidade
e nos fez agir de forma diferente daquela que gostaríamos. Precisamos de algo
que combata isso, algo que seja pelo menos tão poderoso quanto nossa
adicção.
Alguns de nós podemos ter uma idéia muito clara quanto à natureza de
um Poder maior do que nós e não há absolutamente nada de errado nisso. De
fato, o Segundo Passo é o ponto em que muitos de nós começamos a formar
idéias práticas sobre um Poder maior do que nós, se já não o fizemos antes.
Muitos adictos consideraram muito útil identificar o que um Poder maior do que
nós não é, antes de identificar o que ele é. Além disso, observar o que um
Poder maior do que nós é capaz de fazer pode nos ajudar a descobrir mais a
seu respeito.
Devolvendo-nos à Sanidade
• Quando somos capazes de agir com sanidade, mesmo que por uma só
vez, numa situação com a qual nunca conseguimos lidar com sucesso, é
uma prova de sanidade. Tive experiências como essa na minha
recuperação? Quais foram?
Princípios Espirituais
• Existe algo que eu esteja disposto a fazer agora, e que antes não
estava? O que é?
• Sou capaz de fazer planos, tendo fé que minha adicção não irá
interferir?
Seguindo em Frente
• O que estou fazendo para superar as expectativas irreais que possa ter
quanto a ser devolvido à sanidade?
A decisão do Terceiro Passo pode ser grande demais para ser tomada
em um único salto. Nossos medos e pensamentos perigosos aonde eles nos
conduzem podem ser aliviados, dividindo-se o Terceiro Passo em uma série de
etapas menores e separadas. Este Passo é só mais um trecho do caminho da
recuperação da nossa adicção. Tomar a decisão do Terceiro Passo não significa,
necessariamente, que mudaremos completa e repentinamente todo o nosso modo de
viver.
• Posso tomar essa decisão só por hoje? Tenho medo dela, ou reservas
a seu respeito? Quais são?
Precisamos ter consciência de que não faz sentido tomar uma decisão
sem dar sequência a ela com a ação. Por exemplo, podemos decidir numa
manhã ir a algum lugar e, depois, nos sentar e não sair de casa pelo resto do
dia. Agindo assim, tornamos sem sentido a nossa decisão anterior. Na verdade,
sem maior significado do que qualquer pensamento casual que possamos ter.
• Quais áreas da minha vida são difíceis de entregar? Afinal, por que é
importante que eu as entregue?
Vontade Própria
O Terceiro Passo é crítico, porque agimos por vontade própria por muito
tempo, abusando do nosso direito de fazer escolhas e tomar decisões. O que
é, exatamente, a vontade própria? Às vezes, é um total recolhimento e
isolamento. Terminamos por viver uma existência muito solitária e
autocentrada. Ela nos faz atuar excluindo qualquer consideração diferente
daquilo que queremos. Ignoramos as necessidades e sentimentos dos outros.
Atropelamos qualquer um que questione nosso direito de fazer
o que queremos. Tornamo-nos furacões, invadindo a vida da família, amigos e
até estranhos, totalmente inconscientes do rastro de destruição que deixamos
para trás. Se as circunstâncias não são do nosso agrado, tentamos mudá-las,
usando qualquer meio
necessário para atingir nossos objetivos. Procuramos fazer a coisa do nosso
jeito, a qualquer custo. Estamos tão ocupados perseguindo agressivamente
nossos impulsos, que perdemos completamente o contato com a nossa
consciência e com o Poder Superior. Para trabalhar este passo, cada um de
nós precisa identificar as formas pelas quais agimos por vontade própria.
• De que forma agi por vontade própria? Quais foram meus motivos?
• Na busca do que quero, é provável que acabe fazendo algo que afete
negativamente a mim e aos outros? Explique.
• Terei que comprometer alguns dos meus princípios para atingir essa
meta? (Porexemplo: terei de ser desonesto? Cruel? Desleal?)
A vontade de Deus para nós é algo que iremos conhecer aos poucos,
conforme trabalharmos os passos. No momento, podemos chegar a algumas
conclusões muito simples sobre a vontade do nosso Poder Superior em relação
a nós, que nos servirão
por simples sobre a vontade do nosso Poder Superior em relação a nós, que
nos servirão por enquanto. É vontade do nosso Poder Superior que nos
mantenhamos limpos. É vontade do nosso Poder Superior que façamos coisas
que nos ajudarão a nos mantermos limpos, tais como ir às reuniões e falar
regularmente com nosso padrinho ou madrinha.
Por mais importante que seja descobrir o que o nosso Poder Superior
significa para nós, mais ainda é desenvolver um relacionamento com ele,
qualquer que seja nossa compreensão a seu respeito. Podemos fazer isso de
várias maneiras. Primeiro, precisamos nos comunicar de alguma maneira com
nosso Poder Superior. Alguns de nós chamam isso de oração, mas há quem dê
outras denominações. Essa comunicação não precisa ser formal nem mesmo
verbal.
A Entrega
• O que significa, para mim, entregar minha vontade e minha vida aos
cuidados de um Deus da minha compreensão?
• Houve momentos em que não fui capaz de abrir mão e confiar a Deus
o resultado de uma situação específica? Descreva.
• Houve situações nas quais eu fui capaz de abrir mão e confiar a Deus
o resultado?
Descreva.
Para entregar nossa vontade e nossas vidas aos cuidados do nosso
Poder Superior, precisamos tomar uma atitude. Muitos acreditam que,
habitualmente, funciona melhor fazer alguma declaração formal. Podemos usar
a seguinte citação do nosso Texto Básico: ―Tome minha vontade e minha vida.
Oriente-me na minha recuperação. Mostre-me como viver‖. Isso parece captar
a essência do Terceiro Passo para muitos de nós. De qualquer forma,
certamente podemos nos sentir livres para encontrar nossas próprias palavras
ou um modo mais informal de agir. Muitos acreditam que, sempre que nos
abstemos de usar ou aceitamos sugestões do nosso padrinho ou madrinha,
estamos tomando uma atitude prática na nossa decisão de entregar a vontade
e a vida aos cuidados do nosso Poder Superior.
Princípios Espirituais
Seguindo em Frente
Podemos até perceber que estamos dispostos a correr alguns riscos que nunca
tivemos coragem de assumir antes, pois estamos seguros por conhecer o
cuidado do nosso Poder Superior em relação a nós.
Algumas pessoas fazem uma pausa antes de tomar decisões importantes, e se
baseiam na sua própria espiritualidade. Confiamos na nossa fonte de força,
convidamos o nosso Poder Superior para agir na nossa vida e avançamos,
uma vez que temos a certeza de estar no caminho certo. Agora, precisamos
dar outro passo no caminho da recuperação, que torna real a decisão do
Terceiro Passo. É tempo de fazer um
minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
“Fizemos um profundo e
destemido inventário moral de
nós mesmos.”
Quarto Passo
A maioria de nós chegou a Narcóticos Anônimos porque queria parar
de usar drogas. Provavelmente, não fazíamos muita idéia do que estávamos
começando, ao chegar a NA: um programa de recuperação. Mas, se ainda não
analisamos o que estamos obtendo com este programa, agora talvez seja uma
boa hora para parar e pensar.
Motivação
Ainda que nossa motivação para iniciar o Quarto Passo não seja tão
importante quanto realizá-lo de fato, pode ser útil examinar e desfazer
quaisquer reservas que tenhamos com relação a ele, pensando sobre alguns
benefícios que teremos.
Profundo e Destemido
Inventário Moral
Princípios Espirituais
O Inventário
Ressentimentos
Sentimentos
• Qual foi minha motivação ou em que eu acreditei, para agir como agi
nessas situações?
Culpa e Vergonha
• Nas situações causadas por mim, qual foi a motivação ou crença que
me levou a agir assim?
• O que mais receio olhar ou revelar sobre mim mesmo? O que acho que
irá acontecer se o fizer?
Relacionamentos
Podemos nos sentir tentados a omitir os encontros que não tenham durado
muito — um envolvimento sexual de uma só noite, por exemplo, ou talvez uma
discussão com um
professor cuja aula abandonamos. Mas estas ligações também são
importantes. Se for algo em que pensamos ou que sentimos, é material para o
inventário.
• Como têm sido minhas relações com vizinhos? Noto alguns padrões
permanentes, independentemente dos lugares onde morei?
Sexo
Esta é uma área muito difícil para a maioria de nós. De fato, podemos
nos sentir tentados a parar aqui, pensando: ―Chega, isto já foi longe demais!
De forma alguma irei catalogar meu comportamento sexual!‖ Mas temos de
superar rapidamente essa má vontade. Poderá ser útil pensar nas razões pelas
quais precisamos tomar essa atitude.
Como diz o livro It Works: How and Why, ―queremos estar em paz com nossa
própria sexualidade. É por isso que precisamos incluir nossas crenças e
comportamentos sexuais no inventário. É importante lembrar, a esta altura, que
não estamos fazendo um inventário para nos compararmos com aquilo que
julgamos ser ―normal para os outros, mas apenas para identificar nossos
próprios valores, princípios e regras morais.
Abuso
• Alguma vez sofri abuso? Por parte de quem? Que sentimentos tive ou
tenho agora a esse respeito?
Qualidades
• Que objetivos alcancei? Tenho agido para atingir outras metas? Quais
são e como estou agindo?
Segredos
Outra questão que devemos nos colocar é se existe alguma coisa, neste
inventário, que seja um exagero da realidade ou que não seja de todo verdade.
Quase todos nós chegamos a NA com dificuldade de separar a realidade da
ficção nas nossas vidas. A maioria de nós havia acumulado ―bravatas‖ que
estavam tão distorcidas que talvez contivessem apenas uma parte da verdade
— inventamos, porque queríamos impressionar os outros. Achávamos que não
havia nada que fosse verdade e que nos fizesse sentir bem; por isso,
inventamos mentiras numa tentativa de parecer melhores.
Mas não precisamos mais fazer isso. Estamos construindo uma verdadeira
autoestima através do trabalho do Quarto Passo, não uma falsa, baseada em
alguma imagem distorcida. Agora é a hora de contar a verdade sobre nós.
• Há alguma coisa neste inventário que não seja real, ou qualquer
história que eu tenha contado inúmeras vezes, mas que não seja
verdadeira?
Seguindo em Frente
Encarando o Medo
Podemos ter alguns dos medos que mencionamos aqui, ou ser atormentados
por outros. É essencial que saibamos quais são nossos medos e que
avancemos a despeito deles, para sermos capazes de continuar em
recuperação.
• Já marquei uma data e lugar para meu Quinto Passo? Quando e onde?
• Até que ponto desenvolvi amor e compaixão por mim mesmo e pelos
outros?
“Prontificamo-nos inteiramente a
deixar que Deus removesse
todos esses defeitos de caráter.”
Sexto Passo
Começamos a trabalhar o Sexto Passo cheios da esperança que
desenvolvemos nos primeiros cinco passos. Se tivermos sido minuciosos,
também desenvolvemos alguma humildade. No Passo Seis, a ―humildade‖
significa que somos capazes de ver a nós mesmos mais claramente. Vimos a
exata natureza das nossas falhas. Vimos como prejudicamos a nós mesmos e
aos outros, agindo movidos por nossos defeitos de caráter. Vimos nossos
padrões de comportamento e compreendemos como é provável
que nós atuemos os mesmos defeitos repetidamente. Agora, precisamos nos
prontificar inteiramente para que sejam removidos.
Não nos prontificaremos inteiramente, de uma hora para outra. É um
longo processo, que frequentemente dura a vida toda. Logo depois do
inventário, podemos nos sentir realmente prontos para que nossos defeitos
sejam removidos. Se já estivermos na irmandade há algum tempo (o que
geralmente já nos torna bastante conscientes dos nossos defeitos), e ainda
atuarmos algum deles, naturalmente descobriremos que nossa boa vontade
aumentará. A consciência nunca será suficiente para nos assegurar que
estamos prontos, mas é o primeiro passo necessário nessa direção. O
processo de inventário, por si mesmo, ampliou a percepção dos nossos
defeitos de caráter. Trabalhar o Sexto Passo a aprofundará ainda mais. Estar
completamente pronto é atingir um estado espiritual onde nós estamos não só
conscientes de nossos defeitos, mas cansados deles, e confiantes de que o
Deus da nossa compreensão removerá o que for preciso.
Para ficarmos completamente prontos, precisamos encarar nosso medo
do Sexto Passo. Também necessitamos ter uma noção de como nossos
defeitos serão removidos. O Sexto Passo diz que só um Poder Superior pode
fazê-lo, mas o que isso significa na prática? Qual é nossa responsabilidade
neste passo? Essas questões, quando as revemos com o padrinho ou
madrinha, ajudarão a nortear nosso trabalho neste passo.
Inteiramente Prontos Para Quê?
Se somos novos em NA e esta é a nossa primeira experiência com o
Sexto Passo, muitos dos nossos defeitos de caráter serão tão óbvios que
nossa reação imediata provavelmente será uma vontade esmagadora de nos
livrar deles. Estamos vendo-os pela primeira vez, em toda a sua glória, por
assim dizer, e queremos que sumam — hoje!
Uma vez passada nossa reação inicial, podemos descobrir que temos
algum medo ou insegurança em mudar. O desconhecido é aterrorizante para
quase todo mundo. Tivemos estes defeitos que estamos prestes a abandonar
por muito tempo, provavelmente por quase toda a vida.
Talvez tenhamos medo do que nossas vidas serão sem esses defeitos.
Alguns deles podem parecer técnicas vitais de sobrevivência, mais do que
falhas de caráter. Perguntamos se a sua remoção irá inibir nossa capacidade
de ganhar a vida. Podemos descobrir que a ideia de ser um ―cidadão
respeitável‖ é repulsiva para nós. Muitos de nós estão fortemente presos a
uma
imagem — nós somos ―bacanas‖, estamos na moda, estamos fora dos limites
da sociedade polida e gostamos de ser assim. Podemos ter medo de que,
trabalhando o Sexto Passo, nos transformaremos em conformistas chatos.
alguns de nós pensamos
que não somos nada além de defeitos, e ficamos imaginando o que sobrará de
nós, se estes forem removidos. Nossos medos são provavelmente vagos e
inconsistentes. Se buscarmos sua lógica, certamente descobriremos que eles
não têm fundamento. Em outras palavras, se falarmos deles em voz alta,
poderemos vê-los como realmente são.
• Existem partes em mim de que gosto, mas que podem ser ―defeitos‖?
Tenho medo deme transformar em alguém de quem não gosto, se essas
partes do meu caráter forem
removidas?
Seguindo em Frente
No passado, provavelmente vislumbramos o que poderíamos ter sido —
talvez durante a infância, ou na nossa adicção ativa. Pensamos que a vida nos
impediu de nos tornarmos aquilo que sonhamos, ou que já nascemos
incapazes de realizar nossos ideais. Talvez tenhamos sonhado com dinheiro,
status ou posição. No programa espiritual de Narcóticos Anônimos, estamos
mais interessados no crescimento espiritual. Queremos pensar nas qualidades
que gostaríamos de ter, ou nas pessoas que conhecemos em recuperação,
cujas qualidades queremos desenvolver.
Ao trabalhar este passo, começamos a elaborar uma visão do ser
humano que gostaríamos de nos tornar. Se fomos egoístas, provavelmente
desejaremos ser altruístas, talvez ajudando outro adicto a encontrar a
recuperação ou através de algum ato de serviço abnegado. Se fomos
preguiçosos, podemos nos ver produtivos, colhendo as recompensas dos
nossos esforços. Se fomos desonestos, podemos sonhar com a liberdade de
não precisar mais gastar tanto tempo nos escondendo. Queremos obter
deste passo uma visão de nós mesmos, e a esperança de podermos atingi-la.
O que farei com a minha profissão? E com o meu tempo livre? Que tipo
de pai, filho, parceiro ou amigo eu vou ser? Seja específico.
Esta visão pode ser uma inspiração. Lembrar dela nos momentos em
que sentimos desespero, ou parecemos demorar muito para atingir nossos
objetivos, nos ajudará a renovar nossa boa vontade. Nossa visão é o trampolim
para o Passo Sete, onde pediremos ao Deus da nossa compreensão que
remova nossos defeitos.
Princípios Espirituais
No Sétimo Passo, vamos focalizar rendição, confiança, fé, paciência,
humildade, além de levar nossa rendição a um nível mais profundo. Aquilo que
começou no Passo Um, com o reconhecimento da nossa adicção, agora inclui
a admissão dos nossos defeitos, que vêm junto com a adicção. Também
aprofundamos nossa rendição do Segundo Passo. Passamos a acreditar que
nosso Poder Superior pode fazer mais do que nos ajudar a ficar limpos.
Também buscamos esse Poder para nos aliviar dos nossos defeitos. À medida
que o tempo passa, depositamos mais e mais confiança no Poder Superior e
no processo de recuperação.
• Aceitei minha impotência diante dos meus defeitos, tanto quanto da
minha adicção? Fale sobre isso.
• De que maneira minha rendição se aprofundou?
Os princípios espirituais da confiança e fé são básicos para o Sétimo
Passo. Precisamos estar suficientemente seguros do nosso Poder Superior,
para confiar nossos defeitos a ele. Temos de acreditar que nosso Poder
Superior irá fazer algo a respeito, senão, como podemos pedir, com fé, que
eles sejam removidos? Devemos evitar a tendência de avaliar como Deus está
se saindo na remoção dos nossos defeitos de caráter. Não é muito difícil ver
aonde esta maneira de pensar pode nos levar, se percebermos, após decorrido
um certo tempo, que ainda temos determinados defeitos. Ao contrário,
devemos focalizamos as ações que precisamos tomar neste passo: pedir
humildemente, praticar os princípios espirituais e deixar o caminho livre para
Deus agir. Os resultados do Sétimo Passo podem não se materializar
imediatamente, mas isso acontecerá com o tempo.
• Acredito que meu Poder Superior irá remover meus defeitos ou me
concederá a libertação da compulsão de agir em função deles? Acredito
que serei uma pessoa melhor após trabalhar este passo?
• De que maneira minha fé no Deus da minha compreensão se
fortalecerá como resultado do trabalho deste passo?
A confiança e a fé, sozinhas, não são suficientes para nos sustentar, uma vida
inteira, trabalhando este passo; precisamos também praticar a paciência.
Mesmo já se passando muito tempo desde que começamos a pedir a remoção
de um defeito, ainda assim precisamos ser pacientes. Talvez, de fato, a
impaciência seja um dos nossos defeitos. Podemos considerar como dádivas
os momentos em que precisamos esperar — são as oportunidades em que
mais precisaremos praticar o princípio da paciência. Afinal, uma das maneiras
mais seguras de progredir é superar as barreiras que encontramos no nosso
caminho espiritual.
• Onde tive oportunidades para crescer ultimamente? Que fiz delas?
Finalmente, precisamos manter nossa consciência do princípio da
humildade, mais do que de qualquer outro, ao trabalharmos este passo. É fácil
perceber se estamos abordando este passo com humildade, fazendo-nos
algumas perguntas:
• Acredito que somente o meu Poder Superior poderá remover meus
defeitos? Ou tenho tentado fazer isso por mim mesmo?
• Tenho ficado impaciente, porque meus defeitos não foram removidos
imediatamente, assim que pedi? Ou confio que eles serão removidos por
Deus, no seu devido tempo?
• Ultimamente, meu senso de perspectiva esteve em desequilíbrio?
Comecei a pensar em mim mesmo como sendo mais importante ou mais
poderoso do que realmente sou?
Seguindo em Frente
Neste ponto, podemos nos perguntar como deveríamos estar nos
sentindo. Pedimos ao Deus da nossa compreensão que removesse nossos
defeitos. Praticamos
fielmente os princípios do nosso programa, da melhor forma possível. Porém,
ainda podemos nos perceber agindo impulsivamente, antes de ter oportunidade
de pensar, e sempre lutando com nossos defeitos. Claro, não estamos mais
usando e, provavelmente, muitas circunstâncias externas das nossas vidas
melhoraram. Nossos relacionamentos talvez sejam mais estáveis — mas, será
que mudamos? Será que nos tornamos pessoas melhores?
Com o tempo, descobriremos que Deus vem trabalhando na nossa vida.
Podemos até estar surpresos com o nível de maturidade ou espiritualidade que
demonstramos ao lidar com uma situação em que, há alguns anos, teríamos
agido sem muita espiritualidade. Um dia, perceberemos que algumas das
nossas antigas maneiras de agir se tornaram tão estranhas para nós, quanto
eram os princípios espirituais, quando iniciamos a sua prática. Depois de uma
revelação como esta, talvez comecemos a pensar sobre quem éramos quando
chegamos a NA, e como agora nos parecemos muito pouco com aquela
pessoa.
• Houve momentos em que soube evitar agir em função de um defeito de
caráter e, em vez disso, praticar um princípio espiritual? Reconheço isso
como sendo o trabalho de Deus na minha vida?
• Quais defeitos foram removidos da minha vida, ou cujo poder sobre
mim foi atenuado?
• Por que o Sétimo Passo produz um sentimento de serenidade?
Começamos a viver vidas mais espiritualizadas. Paramos de pensar
tanto sobre o que vamos obter, até mesmo da nossa recuperação, e
começamos a ver como podemos contribuir. As atitudes que tomamos para
sustentar e nutrir nosso espírito tornam-se hábitos; podemos até encará-las
com prazer. Descobrimos que somos livres para escolher a maneira como
iremos enxergar qualquer situação nas nossas vidas. Paramos de reclamar
sobre pequenas inconveniências, como se fossem grandes tragédias.
Tornamo-nos capazes de erguer a cabeça com dignidade e manter nossa
integridade, não importando o que a vida nos apresenta. Ao começarmos a
ficar mais à vontade com o nosso eu espiritual, crescerá nosso desejo de
melhorar nossos relacionamentos. Começamos este processo no Passo Oito.
“Continuamos fazendo o
inventário pessoal e, quando
estávamos errados, nós o
admitíamos prontamente.”
Décimo Passo
Através do trabalho dos primeiros nove passos, nossas vidas mudaram
intensamente — muito além do que esperávamos quando chegamos a
Narcóticos Anônimos. Tornamo-nos mais honestos, humildes e interessados
pelos outros, menos temerosos, egoístas e ressentidos. Mas nem mesmo tais
mudanças profundas têm a garantia de ser permanentes. A doença da adicção
sempre nos expõe ao risco de retornarmos ao que éramos. Recuperação tem
um preço — requer nossa vigilância. Temos de dar continuidade a tudo o que já
fizemos pela nossa recuperação.
Precisamos continuar a ser honestos, a ter confiança e fé, a prestar atenção
em nossas ações e reações e avaliar como estas ações estão trabalhando a
nosso favor ou contra nós. Observar o modo como nossas atitudes afetam os
outros e, se os efeitos forem negativos ou prejudiciais, agir imediatamente, e
nos responsabilizar pelo dano causado e sua reparação. Em resumo, temos de
continuar a fazer o inventário pessoal e, prontamente, admitir nossos erros.
Como se pode ver, o Décimo Passo nos faz repetir muito do trabalho dos
Passos Quatro ao Nove, mas em um formato mais curto. O formato sugerido
neste guia abrange, de maneira geral, os elementos de um inventário pessoal.
Alguns de nós podem descobrir a necessidade de adicionar perguntas àquelas
que já estão neste guia, focalizando áreas específicas que afetem sua
recuperação individual. No IP nº 9, Viver o Programa, podemos encontrar
algumas outras áreas a serem trabalhadas. Nosso padrinho ou madrinha pode
nos dar orientações específicas a esse respeito. Como foi dito antes, este guia
pretende ser um ponto de partida, e não a palavra final sobre nenhum passo.
• Por que o Décimo Passo é necessário?
• Qual é o propósito de continuar a fazer um inventário pessoal?
• Como minha madrinha/padrinho pode me ajudar?
Sentimento versus Ação
Usamos o Passo Dez para criar e manter uma consciência permanente do que
estamos sentindo, pensando e, mais importante, como estamos agindo. Antes
de começar uma prática regular do inventário pessoal, é imperativo entender o
que iremos fazer. Uma lista dos nossos sentimentos não nos fará muito bem,
se deixarmos de ligá-los às ações que eles ocasionaram ou não. Podemos,
frequentemente, nos sentir muito mal, embora nos comportando muito bem, ou
vice-versa.
Por exemplo, um membro de
NA chega a seu grupo de escolha. “Como você está?” — alguém pergunta.
“Horrível” — ele responde. É claro que esse membro está se referindo à
maneira como se sente. Ele pode não estar se referindo às suas ações, porque
seu comportamento está bom: vai à reunião, expressa honestamente como se
sente, e se aproxima de outro companheiro
que o ajudará.
Uma outra possibilidade é que podemos estar ocupados, cedendo a
nossos impulsos e agindo movidos por defeitos de caráter. Superficialmente,
podemos nos sentir muito bem. Geralmente, levamos um tempo para notar o
vazio que esta maneira de viver provoca. Evitamos o esforço que nos ajudará a
nos mantermos limpos.
Estamos cedendo a nossos impulsos e seguindo o caminho mais fácil. E
sabemos aonde ele nos levará!
O Décimo Passo nos manterá, para não acabarmos em nenhum desses
extremos. Não temos de nos punir por nos sentirmos mal. Em vez disso,
podemos focalizar nossas ações positivas. Pode até mesmo acontecer que,
mudando nosso foco, dessa maneira, acabemos nos sentindo melhor. A
atenção ao que fazemos nos ajudará a notar padrões de destruição, antes que
eles se enraízem, para não acabarmos nos sentindo bem, porém, deixando de
fazer o que é bom para nós.
Nós, adictos, também temos a tendência de julgar o que estamos
sentindo, e queremos eliminar, imediatamente, qualquer sentimento ruim.
Frequentemente, não levamos em conta que, quando consideramos as
circunstâncias, a maneira como estamos nos sentindo é perfeitamente
compreensível.
Por exemplo, muitos de nós temos problemas com a raiva. Não
gostamos de experimentá-la. Nós a julgamos, concluindo que não temos o
direito de nos sentir dessa maneira. Então, fazemos o possível para suprimir
nosso sentimento. Entretanto, podemos estar vivenciando uma situação que
faria qualquer um ficar com raiva. Talvez tenhamos uma relação com alguém
que, constantemente, deixa de nos tratar com respeito. Talvez tenhamos sido
passados para trás em diversas promoções, bem merecidas, no trabalho.
Nossa resposta a estas situações é a raiva. Trataram-nos mal — é claro que
estamos com raiva. Chega agora o momento em que nossa recuperação pode
nos impulsionar para frente, para um maior autor espeito, ou nossa doença
pode nos sugar para dentro de uma neblina espessa de depressão e
ressentimento.
Tudo isso tem a ver com nossa maneira de reagir à raiva. Se gritarmos,
xingarmos e arremessarmos coisas, destruiremos qualquer possibilidade de
fazer nossa relação ou situação
profissional melhorar. Se não fizermos nada e enterrarmos nossos sentimentos
de raiva, tornar-nos-emos deprimidos e ressentidos, e isso também não nos
ajudará. Mas, se agirmos afirmativamente, as coisas podem melhorar. Pelo
menos,
saberemos quando é hora de desistir e fazê-lo sem arrependimentos.
Algumas vezes, a única coisa a fazer com nossos sentimentos é sentilos.
Não precisamos reagir a eles. Por exemplo, se perdermos alguém,
sentiremos dor. Nossa dor pode continuar por um longo tempo. Ela passará
quando tivermos sofrido o suficiente. Não podemos nos dar ao luxo de deixar
que ela nos afunde, a ponto de impedir que continuemos vivendo, mas é
natural sermos afetados por ela. Podemos ficar facilmente perturbados ou ter
dificuldades ao participar de atividades que deveriam ser agradáveis.
Temos de atingir um equilíbrio entre negar nossos sentimentos e deixá-los nos
subjugar. Não queremos chegar a qualquer desses extremos. Isso parece um
conceito simples — quase nem precisaríamos dizer — mas muitos de nossos
membros
partilham que são necessários anos de recuperação para se alcançar um
equilíbrio na maior parte do tempo.
Assim, o Décimo Passo nos concede a liberdade de entrar em
contato com nossas emoções, ajudando-nos a ver a diferença entre sentir e
agir.
• Há momentos, na minha vida, em que fico confuso com a diferença
entre meus sentimentos e minhas ações? Desenvolva isso.
Certo e Errado
O Décimo Passo nos diz que devemos admitir prontamente quando
estamos errados. O passo pressupõe que sabemos quando estamos errados,
mas o fato é que a maioria de nós não sabe — pelo menos, não
imediatamente. É necessária uma prática consistente do inventário pessoal
para que nos tornemos capazes de identificar nossos erros.
Precisamos admitir que, no início da recuperação, nos desentendemos
com o resto do mundo por algum tempo. Como diz o texto básico, nossa
―capacidade de lidar com a vida foi reduzida ao nível animal‖. Não sabíamos
nos comunicar bem com os outros. Em recuperação, começamos a aprender,
mas cometemos diversos erros.
Muitos de nós atravessamos um período em que ficamos rígidos com relação
aos novos valores que havíamos desenvolvido. Impusemos esta rigidez, não
apenas a nós mesmos, mas a todos a nossa volta. Achávamos que estava
dentro dos princípios e era correto confrontar aqueles cujo comportamento era
―inaceitável‖. Na verdade,
inaceitável era o nosso comportamento! Éramos hipócritas e prepotentes.
Estávamos errados.
Alguns de nós, após anos servindo como capacho para qualquer um,
decidimos que nossa recuperação requeria que nos tornássemos mais
afirmativos. Mas fomos longe demais. Exigíamos que todos nos tratassem
muito bem o tempo todo. Ninguém podia ter um mau dia e deixar de retornar o
nosso telefonema. Ninguém tinha o direito de estar emocionalmente
indisponível para nós, em nenhum momento. Raivosamente, exigíamos um
serviço perfeito em todas as situações. Não estávamos sendo afirmativos.
Estávamos sendo imaturos e hostis. Estávamos errados.
Podemos até acabar errando quando alguém nos magoa. Como?
Digamos que nosso padrinho nos diga algo que nos magoe imensamente. Em
vez de conversar com ele, falamos para dez ou doze dos nossos melhores
amigos, nas três reuniões seguintes. Antes que a semana termine, metade da
nossa comunidade local de NA estará falando sobre a sujeira que o fulano
contou para um de seus afilhados — isso se não distorcerem a história! Então,
a situação começou sem que estivéssemos errados, mas terminamos sendo
responsáveis pelos danos causados à reputação do nosso padrinho no
programa — o local de que ele precisa, tanto quanto nós, para cometer erros e
se recuperar, de acordo com seu próprio ritmo.
• Houve momentos, em minha recuperação, em que estava errado e só
me dei contamais tarde? Quais?
• Como meus erros afetam minha própria vida? E a dos outros?
É muito difícil perceber quando estamos errados. Admitir nossos erros
pode ser ainda mais desafiador. Como em nosso Nono Passo, temos de ser
cuidadosos para não causar mais danos ao reconhecer nossas falhas.
Por exemplo, alguns de nós
percebemos que machucamos alguém próximo — talvez porque a pessoa
parou de falar conosco —, mas não estamos totalmente certos do que falamos
ou fizemos de errado. Em vez de dar um tempo para refletir, ou perguntar à
pessoa, optamos por cobrir todas as possibilidades fazendo uma admissão
genérica. Abordamos a pessoa e dizemos: “Por favor, perdoe-me por qualquer
coisa que
eu tenha feito para te ofender ou machucar durante todo o tempo que nos
conhecemos”.
O Décimo Passo requer um tempo para reflexões pessoais em situações
como esta. Provavelmente, se identificarmos quando a pessoa mudou de
atitude em relação a nós e lembrarmos nosso comportamento imediatamente
antes da mudança, saberemos o que fizemos de errado. Pode ser doloroso ou
constrangedor pensar nisso e, com certeza, requer esforço, como todos os
outros passos. Preguiça é um defeito de caráter como qualquer outro, não
podemos permitir que nos domine. E, ainda, se estivermos muito confusos, se
não pudermos detectar nada prejudicial dito ou feito por nós, não há nada de
errado em dizer ao outro que percebemos que ele ou ela parece estar com
raiva ou indisposto conosco, que nos importamos com nosso relacionamento e
que gostaríamos de escutar o que a pessoa tem a dizer. A maioria de nós teme
o que irá ouvir numa situação como esta, mas não podemos deixar o medo nos
impedir de trabalhar o Décimo Passo.
Existe outra maneira de tornar a admissão de nosso erro totalmente
ineficaz: admitindo-o e, imediatamente, apontando o que a pessoa fez primeiro,
levando-nos a agir daquela maneira. Por exemplo: suponhamos que um de
nossos filhos tenha se comportado mal; então, gritamos e o xingamos. Se, ao
reconhecermos nosso erro, dissermos à criança que sua atitude nos levou a
agir daquela forma, apenas enviamos uma mensagem de justificativa, errando
duplamente.
Diferentemente do que acontece entre os Passos Quatro e Nove, nos
quais abordamos acontecimentos passados, o Passo Dez pretende nos manter
atualizados. Não desejamos deixar que erros não resolvidos se acumulem.
Devemos tentar nos manter, o melhor que pudermos, a par do que estamos
fazendo. A maior parte de nosso trabalho consiste em fazer ajustes constantes
em nossos pontos de vista. Se nos percebermos sendo negativos e
reclamando o tempo todo, podemos passar algum tempo pensando nos
motivos para sermos gratos. Precisamos prestar atenção à maneira como
reagimos, quando fizemos algo errado. Nosso primeiro impulso foi dar uma
desculpa? Alegamos ser vítimas de má influência alheia ou de nossa doença?
Excluídas todas as desculpas, somos responsáveis pelo que fazemos. É bem
possível que os defeitos de caráter tenham levado o melhor de nós, mas isto
não é desculpa para nosso comportamento. Precisamos assumir a
responsabilidade e continuar dispostos a deixar que nossas imperfeições sejam
removidas.
• “Quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente” — o que
isto significa para mim?
• Houve momentos, em minha recuperação, em que piorei a situação,
falando precipitadamente ou culpando outra pessoa pelo meu
comportamento? Quais foram?
• Como a pronta admissão de meus erros ajuda a modificar meu
comportamento?
O Passo Dez ressalta a necessidade de continuarmos fazendo um
inventário pessoal, e parece afirmar que, com isso, pretendemos apenas
descobrir quando estamos errados. Mas como identificar os momentos em que
falhamos, sem que, para comparar, haja outros em que estejamos certos?
Identificar as situações em que agimos corretamente e formar valores pessoais
são parte do inventário, tanto quanto identificar nossas falhas. A maioria de nós
tem muita dificuldade com o conceito de estar certo. Pensamos nos momentos
em que defendemos enfaticamente uma opinião, porque sabíamos estar com a
razão. Contudo, à luz da recuperação, compreendemos que pisar nos outros
numa discussão nos torna errados. Ou refletimos sobre nossos valores
pessoais. Sabemos que estão certos para nós, mas, se insistirmos em que os
outros os acatem, perdemos a razão e nos tornamos apenas ―donos da
verdade‖. Mas de que forma podemos nos sentir confortáveis ao reconhecer
que estamos certos? Primeiro,
trabalhando o Sexto e o Sétimo Passos, de modo que nossos defeitos de
caráter não transformem nossas ações positivas em negativas. Depois,
percebemos que,
provavelmente, vai levar algum tempo, vai custar algumas tentativas e erros,
antes de estarmos completamente confortáveis com nossas novas vidas em
recuperação.
• Houve situações, em minha recuperação, nas quais me senti
desconfortável por reconhecer algo que fiz certo? Descrever.
Com que Freqüência Deveríamos fazer
o Inventário Pessoal?
O livro It Works: How and Why nos diz que, se nossa meta é manter
diariamente a auto percepção, é bom nos sentarmos ao fim de cada dia para
―trabalhar‖ este passo. Necessitamos desse exercício diário, para tornar isso
um hábito e internalizar os princípios espirituais desta atividade. À medida que
ficarmos limpos e nossos dias de abstinência contínua se tornarem semanas,
meses e anos, descobriremos que fazer um inventário pessoal tornou-se uma
segunda natureza. Descobriremos que manter o caminho de nossa adequação
espiritual acontece naturalmente, sem que tenhamos de pensar muito sobre
isso. Perceberemos, imediatamente, quando estivermos indo numa direção que
não desejamos, ou quando adotarmos um comportamento que certamente nos
causará algum mal. Nós nos tornaremos capazes de corrigir isto. De qualquer
modo, a frequência na formalização de nossos esforços num
inventário pessoal pode depender da experiência com a recuperação. No
princípio, alguns de nós nos sentávamos pela manhã ou no fim do dia, ou
talvez nas duas ocasiões, e dávamos uma passada no IP nº 9 — Viver o
Programa, ou coisa semelhante; e, assim, ―medíamos nossa temperatura
espiritual‖. O fato é que desejamos fazer isto até que se tornasse um hábito,
até que fosse uma segunda natureza monitorar continuamente nossa
recuperação e estado espiritual, perceber imediatamente quando estávamos
nos desviando do caminho certo, e modificar a atitude.
• Por que é importante continuar a fazer o inventário pessoal, até que se
torne uma segunda natureza?
O Inventário Pessoal
As próximas perguntas se referem às áreas gerais que desejamos
abordar num inventário pessoal. Pode haver momentos em que nosso padrinho
ou madrinha queira que façamos um inventário de uma área específica de
nossas vidas, como os relacionamentos românticos ou padrões no trabalho. Ou
sugerir questões específicas a serem acrescentadas. Devemos sempre
consultar nosso padrinho ou madrinha em qualquer trabalho de passos que
estejamos fazendo.
• Reafirmei, hoje, minha fé num Deus amoroso e cuidadoso?
• Procurei, hoje, a orientação de meu Poder Superior? Como?
• O que fiz para servir a Deus e às pessoas a minha volta?
• Deus me deu, hoje, alguma coisa pela qual devo ser grato?
• Acredito que meu Poder Superior pode me mostrar como viver e como
me harmonizar com a sua vontade?
• Percebo alguns ―velhos padrões‖ em minha vida de hoje? Quais?
• Fui ressentido, egoísta, desonesto ou medroso?
• Eu contribuí de alguma forma para sofrer decepções?
• Fui amoroso e gentil com todos?
• Tenho me preocupado com o ontem ou o amanhã?
• Permiti-me ficar obcecado por algo?
• Tenho me permitido ficar com muita fome, raiva, solidão ou cansaço?
• Estou me levando muito a sério em alguma área da minha vida?
• Sofro de algum problema físico, mental ou espiritual?
• Evitei conversar sobre algo que deveria com meu padrinho ou
madrinha?
• Tive algum sentimento radical, hoje? Qual foi e por quê?
• Quais são as áreas problemáticas em minha vida, hoje?
• Quais os defeitos que influíram na minha vida, hoje? Como?
• Tive medo, hoje?
• O que fiz, hoje, que gostaria de não ter feito?
• O que não fiz, hoje, que gostaria de ter feito?
• Desejo mudar?
• Houve conflito em algum dos meus relacionamentos, hoje? Qual?
• Estou mantendo minha integridade pessoal em meus relacionamentos?
• Prejudiquei a mim mesmo ou a alguém, direta ou indiretamente, hoje?
Como?
• Devo desculpas ou reparações?
• Onde estive errado? Se pudesse fazer de novo, o que faria diferente?
Como fazer melhor, da próxima vez?
• Fiquei limpo, hoje?
• Fui bom para mim, hoje?
• Quais os sentimentos que tive, hoje? Como os usei para escolher
atitudes centradas nos princípios?
• O que fiz para servir aos outros, hoje?
• O que fiz, hoje, que traz um sentimento positivo?
• Dei-me algum motivo de satisfação, hoje?
• O que fiz, hoje, que tenho certeza de querer repetir?
• Fui a uma reunião ou falei com outro adicto em recuperação, hoje?
• O que tenho para agradecer, hoje?
Princípios Espirituais
No Décimo Passo, focalizaremos autodisciplina, honestidade e
integridade. Autodisciplina é essencial para nossa recuperação. Quando
estávamos usando, éramos autocentrados e auto obcecados. Sempre
procurávamos a saída mais fácil, cedendo a nossos impulsos, ignorando
qualquer oportunidade de crescimento pessoal. Se houvesse algo em nossas
vidas que exigisse um compromisso regular, é provável que só
prosseguíssemos se não fosse muito difícil, se não atrapalhasse nossa
autoindulgência ou se tivéssemos vontade.
A autodisciplina da recuperação nos pede certas atitudes, querendo ou
não. Precisamos ir a reuniões, mesmo se estivermos cansados, ocupados no
trabalho, nos divertindo ou desesperados; precisamos ir regularmente, mesmo
quando — especialmente quando — estivermos nos sentindo hostis às
necessidades de nossa recuperação. Vamos a reuniões, telefonamos para
nosso padrinho ou madrinha, trabalhamos com os outros, porque optamos pela
recuperação em NA, e essas são as ações que ajudarão a assegurá-la.
Algumas vezes, fazemos essas atividades com entusiasmo. Outras,
precisamos de toda a nossa boa vontade para lhes dar continuidade. E, às
vezes, elas se tornam tão entranhadas em nosso cotidiano que quase não
percebemos que as estamos realizando.
• Por que o princípio da autodisciplina é necessário neste passo?
• Como a prática do princípio da autodisciplina, neste passo, afeta toda a
minha recuperação?
O princípio da honestidade se origina no Passo Um e vai frutificar no
Passo Dez. Estamos, geralmente, no mínimo surpresos com a amplitude e
profundidade de nossa honestidade, neste ponto da recuperação. Enquanto,
antes, só tardiamente podíamos ter uma visão honesta, só percebíamos
nossas verdadeiras motivações muito depois que a situação havia passado,
hoje somos capazes de ser honestos a nosso respeito, enquanto a situação
está ocorrendo.
• Como o fato de estar consciente de meus erros (honestidade comigo)
ajuda a mudar meu comportamento?
O princípio da integridade pode ser muito complexo, mas é a
integridade, acima de tudo, que comanda nossa capacidade de praticar os
princípios. De fato, ela consiste em saber quais princípios, e em que medida,
precisamos praticar numa dada situação. Por exemplo: estamos do lado de
fora de uma reunião, certa noite, e começamos a participar de um grupo que
está fofocando sobre alguém do programa. Vamos supor que se discuta um
caso que a mulher do nosso melhor amigo vem tendo, e sabemos que é
verdade porque nosso melhor amigo nos contou ontem. Saber o que fazer
nesta situação exige cada gota de integridade que possuímos. De que
princípios espirituais necessitamos nessa situação? Honestidade? Tolerância?
Respeito? Contenção? Provavelmente, nosso primeiro impulso seria correr e
condenar a fofoca, pois sabemos como nosso amigo se sentiria ferido ao
descobrir que seus assuntos particulares estavam sendo discutidos
publicamente. Mas, com esta atitude, poderíamos confirmar a veracidade da
fofoca, e feri-lo ainda mais, ou ser prepotentes e humilhar as pessoas
envolvidas. Na maioria das vezes, não é necessário provar nossa integridade,
enfrentando uma situação que não aprovamos. Há algumas alternativas que
poderíamos utilizar nessa situação: mudar de assunto ou dar uma desculpa e
nos retirar. Qualquer uma dessas escolhas transmitirá uma mensagem sutil dos
nossos sentimentos e, ao mesmo tempo, nos permitirá ser coerentes com
nossos princípios, poupando nosso companheiro tanto quanto possível.
• Que situações, em minha recuperação, me exigiram praticar o princípio
da integridade? Como reagi? Quando me senti bem com minha reação e
quando não?
Seguindo em Frente
Uma das maravilhas do Décimo Passo é que, quanto mais o
trabalharmos,
menos precisaremos da segunda parte dele. Em outras palavras, não
incorreremos no erro com tanta frequência. Quando iniciamos a recuperação,
muitos de nós nunca tinham sido capazes de manter qualquer tipo de relação
por um período longo. Certamente, nenhuma em que resolvêssemos nossos
conflitos de maneira mutuamente respeitável e saudável. Alguns de nós
brigavam violentamente com as pessoas e, depois, nunca mais falavam dos
problemas que haviam causado a discussão. Outros foram ao extremo oposto:
nunca discordavam das pessoas com quem estivessem envolvidos, quer
fossem amizades bem próximas, ou parentes. Parecia mais fácil manter
distância do que correr o risco de criar um conflito com o qual precisássemos
vir a lidar. Finalmente, alguns de nós, simplesmente, abandonavam qualquer
relacionamento no qual surgissem conflitos. Independentemente do quanto
magoássemos outra pessoa, isso parecia mais fácil do que encarar um
problema e construir uma relação mais consistente.
O Décimo Passo torna possível para nós ter
relacionamentos duradouros — e precisamos ter relacionamentos duradouros,
especialmente em NA. Acima de tudo, dependemos uns dos outros. Muitos de
nós sentem-se profundamente ligados às pessoas que chegaram em NA
conosco, e continuaram. Prestamos serviço juntos, dividimos apartamento,
casamos com companheiros e, às vezes, nos divorciamos deles. Celebramos
marcos nas vidas de cada um: aniversários, formaturas, compras de casa,
promoções e aniversários de recuperação. Lamentamos perdas, juntos, e
confortamos uns aos outros nos momentos de dor. Nossas vidas estão em
contato, e formamos uma história compartilhada. Somos uma comunidade
. Ao mesmo tempo que aprendemos a admitir quando estávamos
errados, vimos surgir uma liberdade diferente de qualquer experiência anterior.
Admitir nossos erros torna-se tão natural para nós que nos surpreendemos que
algum dia isso tenha nos apavorado tanto. Talvez por termos nos sentido
inferiores durante tanto tempo, a admissão de um erro nos fizesse sentir como
se estivéssemos revelando nosso segredo mais profundo: nossa inferioridade.
Mas, ao trabalharmos os passos e percebermos que de forma alguma éramos
inferiores, que tínhamos valor como qualquer um, passou a não ser mais tão
avassalador admitir nossas falhas. Começamos a nos sentir inteiros.
• Como o Décimo Passo me ajuda a viver no presente?
• O que estou fazendo de diferente como resultado do trabalho do
Décimo Passo?
Trabalhar o Décimo Passo torna possível alcançar mais equilíbrio e
harmonia em
nossas vidas. Descobrimos que estamos felizes e serenos com muito mais
frequência. Sentir-se mal torna-se tão raro que, quando isso acontece, é um
sinal de que alguma coisa está errada. Podemos identificar prontamente a
causa de nosso desconforto, escrevendo um inventário pessoal.
A liberdade pessoal, que vem sendo construída desde que começamos
a trabalhar os passos, aumenta nossas escolhas e opções. Temos liberdade
total para criar qualquer tipo de vida que desejarmos. Começamos a procurar
sentido e propósito em viver. Perguntamo-nos se o estilo de vida que
escolhemos ajuda o adicto que ainda sofre ou, de alguma maneira, faz do
mundo um lugar melhor. O que estamos
procurando encontraremos no Décimo Primeiro Passo.
“Tendo experimentado um
despertar espiritual, como
resultado destes passos,
procuramos levar esta
mensagem
a outros adictos, e praticar estes
princípios em todas as nossas
atividades.”
Décimo Segundo Passo
Se chegamos até este ponto, já tivemos um despertar espiritual. Embora
anatureza de nosso despertar seja tão individual e pessoal quanto nosso
caminho espiritual, as semelhanças em nossas experiências são
impressionantes. Quase sem exceção, nossos companheiros relatam que se
sentem livres, despreocupados durante mais tempo, que se importam mais
com os outros e que têm uma capacidade crescente de pensar menos em si
mesmos, e participar plenamente da vida. A impressão que isto causa nos
outros é espantosa. Aqueles que nos conheciam quando estávamos em nossa
adicção ativa, quando geralmente parecíamos retraídos e raivosos, nos dizem
que somos pessoas diferentes. De fato, muitos de nós sentimos como se
tivéssemos iniciado uma segunda vida. A maneira como vivíamos e as nossas
motivações parecem cada vez mais bizarras, à medida que nos mantemos
limpos. Contudo, sabemos da importância do nosso passado e fazemos um
esforço para não esquecê-lo.
Não mudamos da noite para o dia, mas vagarosa e gradualmente, à
medida que trabalhamos os passos. Nossos espíritos despertaram pouco a
pouco. Para nós, ficou cada vez mais natural praticar os princípios espirituais, e
mais desconfortável agir segundo nossos defeitos de caráter. Não obstante as
experiências poderosas e únicas que alguns de nós tiveram, todos
construímos, de forma lenta e dolorosa, um relacionamento com um Poder
maior do que nós mesmos. Este Poder, quer seja nossa melhor e mais alta
natureza ou uma força externa, tornou-se nosso, para o acionarmos quando
quisermos. Ele guia nossas ações e traz inspiração para nosso crescimento
contínuo.
• Qual é minha experiência, como resultado do trabalho dos passos?
• Como tem sido meu despertar espiritual?
• Que mudanças duradouras resultaram do meu despertar espiritual?
Cada vez que trabalharmos os Doze Passos, teremos uma experiência
diferente. Sutilezas de significados dos princípios espirituais se tornarão
visíveis e descobriremos que, à medida que nossa compreensão cresce,
também crescemos de maneira nova e em novas áreas. As formas de
expressão da nossa honestidade, por exemplo, à medida que
compreendermos o que significa ser honesto. Veremos como a prática do
princípio da honestidade precisa ser, primeiramente, aplicada a nós mesmos,
para que possamos ser honestos com os outros. Veremos que a honestidade
pode ser uma expressão de nossa integridade pessoal. À medida que cresce
nossa compreensão desses valores, também se aprofunda nosso despertar
espiritual.
• Quais princípios espirituais eu correlacionaria a que passos? Como
esses princípios
contribuíram para meu despertar espiritual?
• O que significa para mim a expressão “despertar espiritual”?
Procuramos Levar Esta Mensagem
Muitos de nós lembram-se da primeira vez que ouviram as palavras:
“Você nunca mais vai precisar usar novamente, se não quiser”. Ouvir essa
mensagem foi um choque. Talvez nunca tivéssemos pensado em termos de
“precisar” usar, ficando surpresos ao descobrir como aquela afirmação era
verdadeira. Pensamos: É claro que o uso de drogas deixou de ser uma escolha
para nós, há muito tempo. Embora esta mensagem possa não ter nos ajudado
a ficar limpos imediatamente, o mais importante é que nós a ouvimos. Alguém
a levou até nós.
Alguns de nós acreditaram que poderiam ficar limpos em NA, mas,
quando se tratava de recuperação, isso parecia impossível. Sentir autor
espeito, fazer amigos, conseguir viver no “mundo real”, sem que os outros
percebessem que éramos adictos — tudo isto, na verdade, já parecia mais do
que poderíamos esperar de NA. O dia em que começamos a acreditar que este
programa poderia fazer por nós mais do que apenas nos ajudar a ficar limpos
deve ser lembrado como um grande marco em nossa recuperação. O que nos
deu esperança foi alguém nos fazer acreditar. Talvez um companheiro que
tenha partilhado numa reunião, com quem nos identificamos de um modo muito
pessoal. Talvez fosse o efeito cumulativo de escutar muitos adictos dizerem
que a recuperação era possível. Talvez tenha sido o amor incondicional e a
insistência silenciosa de nosso padrinho ou madrinha de que poderíamos nos
recuperar. Seja lá como a tenhamos ouvido, esta era a mensagem e alguém a
levou até nós.
Alguns de nós experimentaram ficar limpos por um longo período e
encontraram alegria na recuperação. Então, experimentaram uma tragédia.
Talvez o término de um longo relacionamento, ou a morte da pessoa amada.
Ou a recaída e morte de alguém de quem éramos amigos em NA. Podemos ter
caído na miséria ou, simplesmente, descoberto que os membros de NA não
são perfeitos, e podem nos ferir. Qualquer crise pode nos levar a acreditar que
perdemos nossa fé, e nos fazer duvidar de que NA tenha as respostas para
nós. A barganha que pensávamos ter feito — ficaríamos limpos, tentando fazer
tudo certo, e, consequentemente, nossas vidas seriam felizes — foi rompida, e
ficamos nos perguntando novamente sobre nosso propósito de vida. Em algum
ponto, voltamos a acreditar. Talvez alguém que passou pela mesma crise tenha
nos ajudado de uma maneira singular. Novamente, alguém levou a mensagem
até nós.
• Quais as diferentes maneiras pelas quais tenho vivenciado a
mensagem?
Então, a mensagem pode ser desenvolvida de forma simples. Consiste
em podermos ficar limpos, nos recuperar e ter esperança. As lembranças de
quando ouvimos a mensagem nos ajudam a entender por que devemos
continuar a levá-la. Mas não é só isso.
“Só compartilhando podemos manter o que temos.” Esta é, talvez, a
mais poderosa razão para propagarmos a mensagem. Muitos de nós, no
entanto, se perguntam como, exatamente, isto funciona. É realmente muito
simples. Reforçamos nossa recuperação, partilhando-a. Quando dizemos a
alguém que as pessoas que frequentam reuniões, regularmente, mantêm-se
limpas, provavelmente, aplicaremos isso à nossa própria recuperação. Quando
dizemos a alguém que a resposta está nos passos, provavelmente, também a
procuraremos nos passos. Quando dizemos aos recém-chegados que
escolham e utilizem um padrinho ou madrinha, provavelmente, manteremos
contato com os nossos.
Devem existir pelo menos tantas maneiras de levar a mensagem
quanto existem adictos em recuperação. Cumprimentar o recém-chegado que
conhecemos na reunião da noite anterior, chamando-o pelo seu próprio nome,
é uma poderosa e extraordinária recepção ao adicto que se sente sozinho.
Abrir uma reunião assegura a existência de um local para a mensagem ser
levada. Servir, em qualquer nível, ajuda NA a manter-se por si mesmo, e
podemos fazer um grande bem conduzindo nosso serviço na irmandade de
forma carinhosa, amorosa e humilde. Apadrinhar outros companheiros mantém
vivo o valor terapêutico da ajuda de um adicto a outro adicto.
• Que tipo de serviço estou prestando para levar a mensagem?
Às vezes, levar a mensagem é um desafio. A pessoa com quem
decidimos partilhar a mensagem parece incapaz de ouvir. Isso engloba desde
alguém que vive recaindo até alguém que escolhe manter um comportamento
destrutivo. É tentador pensar que nossos esforços estão sendo desperdiçados
e que deveríamos desistir de tal pessoa. Antes de tomar essa decisão,
deveríamos pensar sobre todas as circunstâncias atenuantes. Por exemplo,
estamos apadrinhando alguém que, simplesmente, não está seguindo nossas
recomendações. Sugerimos uma tarefa escrita e não temos notícia da pessoa,
até sabermos que está novamente com problemas. Partilhamos, com o maior
entusiasmo, nossa experiência com a situação que a pessoa está enfrentando.
Explicamos, detalhadamente, como a nossa doença estava presente, e como
usamos os passos para encontrar a recuperação, mas nosso afilhado ou
afilhada continua agindo do mesmo modo destrutivo, repetidamente. Isto pode
ser muito frustrante, mas, antes de desistir, precisamos lembrar que nossa
escolha não é se levamos a mensagem, mas como.
Precisamos deixar nosso ego fora do caminho. Não temos de receber os
méritos — ou a culpa — pela recuperação de outra pessoa. Simplesmente,
transmitimos a mensagem da maneira mais positiva possível, e permanecemos
disponíveis para ajudar, quando solicitados. Também precisamos lembrar que
não temos condições de saber o que acontece na mente ou no espírito de
ninguém. Nossa mensagem pode parecer não estar atingindo o alvo, mas
talvez a pessoa é que não esteja pronta para ouvi-la naquele momento. Pode
ser que nossas palavras fiquem com a pessoa por muito tempo, e venham a
ressurgir, exatamente, na hora certa. Pensando bem, todos nós podemos
lembrar de frases que ouvimos nas reuniões, quando éramos recém chegados,
que não entendemos naquela época, mas que ressurgiram na nossa mente
anos depois, e nos deram motivos para ter esperança, ou uma solução para o
problema que estávamos atravessando. Levamos a mensagem e partilhamos
livremente, mas não podemos forçar uma pessoa a recebê-la. Nossa política
de relações públicas baseia-se na atração, não em promoção, e isto também
se aplica a nossos esforços pessoais de levar a mensagem.
Pode ser que não sejamos a melhor pessoa para apadrinhar alguém.
Cada um tem necessidades diferentes e aprende de modo distinto. Alguns
podem crescer com um determinado padrinho, mas não se sair bem com outro
que tenha um estilo de apadrinhamento diferente. Alguns padrinhos dão muitas
tarefas para escrever, outros são muito exigentes quanto ao número de
reuniões que seus afilhados devem assistir. Alguns são mais ―atuantes‖,
enquanto outros apenas respondem se forem chamados. Nenhum é melhor ou
pior do que o outro. Eles são apenas diferentes.
Outras vezes, podemos achar difícil levar a mensagem porque não
estamos nos sentindo bem na vida ou na recuperação. Nossa primeira reação
será, provavelmente, ir a uma reunião e descarregar todos os problemas para
nos livrarmos deles. Mas a reunião de NA é um lugar para levar a mensagem.
Desabafar nossos problemas, sem os vincular à recuperação nem tentar deixar
clara a mensagem, foge ao propósito básico de nossos grupos. Podemos levar
a mensagem, mostrando que, apesar de passar por problemas terríveis, não
usamos e estamos numa reunião, esforçando-nos para trabalhar nossa
recuperação. Muitas vezes, pensamos que a melhor maneira de levar a
mensagem é focar os recém-chegados e dizer a eles o quanto a recuperação
em NA é boa. Também devemos sempre ter em mente que,
independentemente do nosso tempo limpo, necessitamos ouvir a mensagem.
Sentar, tranquilamente, numa reunião será uma boa maneira de fazê-lo.
• Cite algumas diferentes maneiras de levar a mensagem. Quais as que,
pessoalmente, pratico?
• Qual é meu estilo pessoal de apadrinhamento?
• Qual é a diferença entre atração e promoção?
• O que levar a mensagem faz por mim?
• Como a quinta tradição e o Décimo Segundo Passo estão
entrelaçados?
• O que me faz continuar voltando e acreditando no programa de NA?
• O que é um serviço abnegado? Como eu o pratico?
A Outros Adictos
Por que o Décimo Segundo Passo especifica que devemos levar a
mensagem a outros adictos? Por que NA funcionou para nós, quando nada
mais havia funcionado? Quase todos nós tivemos alguém — um professor, um
conselheiro, um membro da família, um policial — para nos dizer que usar
drogas estava nos matando e destruindo tudo o que nos importava, e que
poderíamos mudar de vida, ficando longe de nossos amigos que usavam ou,
ao menos, limitando nosso acesso às drogas. Muitos de nós poderíamos até
concordar, de algum modo, a menos que estivéssemos em completa negação.
Então, por que não conseguimos sentir alívio até encontrar NA? O que estes
membros de NA tinham, para nos fazer acreditar que a recuperação seria
possível?
Em síntese: credibilidade. Sabíamos que eles eram, simplesmente,
iguais a nós, que pararam de usar e encontraram uma nova maneira de viver.
Eles não se importavam com o que tínhamos ou deixávamos de ter. Nas
leituras do começo das reuniões, ouvíamos que não importava o quê ou o
quanto você usou. Muitos de nós sentiram-se gratos por descobrir que faziam
parte. Sabíamos que sofríamos bastante, mas queríamos ser aceitos. E fomos.
Os adictos que conhecemos quando começamos a ir às reuniões fizeram com
que nos sentíssemos bem-vindos. Eles nos ofereceram seus números de
telefone e nos encorajaram a ligar a qualquer hora. Mas o que encontramos de
mais importante foi a identificação. Membros que usavam como nós
partilharam suas experiências de como ficar limpos. Os membros que sabiam,
exatamente, o quanto nos sentíamos isolados e sozinhos, pareciam perceber,
instintivamente, que precisávamos de um simples e amoroso abraço. Era como
se todo o grupo soubesse exatamente do que precisávamos, sem que
tivéssemos de pedir.
Costumamos dizer uns aos outros que somos afortunados por ter este
programa. Ele nos dá o caminho para viver dentro da nossa realidade. Depois
de ficar limpos por um período, compreendemos que os princípios de
Narcóticos Anônimos são realmente universais e provavelmente poderiam
mudar o mundo, se praticados por todas as pessoas. Podemos começar a
questionar por que não abrir NA a todos aqueles que tenham qualquer tipo de
problema. Como aprendemos com nossos antecessores, ter um único
propósito é um dos meios mais eficazes de assegurar que o adicto tenha a
oportunidade de encontrar a identificação de que precisa. Se NA tentasse ser
tudo para todos, um adicto poderia chegar querendo saber apenas como parar
de usar drogas e talvez não encontrasse ninguém que soubesse a resposta.
• Por que um membro de NA é capaz de me sensibilizar de uma maneira
que ninguém mais consegue? Descreva a experiência.
• Qual o valor terapêutico de um adicto ajudando outro adicto?
• Por que a identificação é tão importante?
Não podemos ser tudo para todos. Não deveríamos nem tentar. Todavia,
isto não quer dizer que não possamos compartilhar nossa recuperação com
outras pessoas. De fato, não seremos capazes de evitá-lo. Quando vivemos o
programa, os resultados aparecem em todas as áreas de nossas vidas.
Praticar estes Princípios em Todas as Nossas
Atividades
Quando falamos em praticar os princípios de recuperação em todas as
nossas atividades, a palavra chave é ―prática‖. Não precisamos ser capazes
de aplicar com perfeição os princípios espirituais em todas as situações de
nossa vida, apenas temos que continuar tentando. Os benefícios espirituais
que recebemos ao trabalhar os passos são decorrentes do exercício, não do
sucesso.
Por exemplo, tentamos praticar o princípio da compaixão em cada
situação de nossas vidas. Provavelmente, isto é relativamente fácil praticar
com relação a adictos na ativa que vêm à sua primeira reunião, não importando
o quão necessitados ou beligerantes estes recém-chegados estejam. Mas, e
quanto a alguém retornando de uma recaída, ou múltiplas recaídas? E se este
companheiro anda culpando NA por suas recaídas? E alguém que retorna às
salas displicentemente, parecendo considerar a recuperação garantida? E
quando se trata de um afilhado nosso? Aí nós vamos descobrir que praticar o
princípio da compaixão não é tão fácil quanto costumava ser. Não nos
sentimos compadecidos pela pessoa, mas ainda assim podemos praticar esse
princípio. Tudo o que temos a fazer é continuar levando a mensagem,
incondicionalmente. Nosso padrinho ou madrinha pode nos ensinar como
sermos compassivos, sem deixarmos a impressão de que achamos normal
uma recaída. Podemos orar e meditar, pedindo ao Poder Superior que nos
ajude a ter compaixão.
Este passo nos incentiva a praticar os princípios espirituais em todas as
nossas atividades. Muitos de nós gostariam de separar este requisito das suas
profissões, dos seus relacionamentos amorosos ou de outras áreas de suas
vidas, porque não estamos certos de conseguir o que queremos, se tivermos
que praticar princípios espirituais. Por exemplo: podemos muito bem obter
sucesso aparente e recompensa financeira, negligenciando os princípios
espirituais em nosso trabalho. Podem nos pedir para aceitarmos compromissos
de curto prazo que resultariam em lucro para toda a
empresa, porém o produto final talvez arriscasse a segurança das pessoas que
o adquirissem. Então, o que fazemos? Praticamos os princípios espirituais da
nossa recuperação. Existem muitas escolhas de atitudes que atendam nossos
ensinamentos. O importante é atendê-los.
E quanto ao serviço de NA? Estranhamente, alguns de nós deixam de
praticar os princípios, justamente no serviço. Paramos de dar aos outros o
benefício da dúvida no ambiente de serviço, acusamos abertamente os outros
de tramar intrigas e dizemos palavras cruéis, porque não estamos praticando o
princípio da gentileza. Estabelecemos procedimentos impossíveis para aqueles
a quem designamos uma tarefa, dentro do quadro de serviço, porque não
praticamos o princípio da confiança. Tornamo-nos presunçosos, beligerantes e
sarcásticos. É irônico que queiramos atacar aqueles a quem confiamos nossas
próprias vidas em reuniões de recuperação. Precisamos nos lembrar de
praticar os princípios espirituais em qualquer reunião, seja de serviço, seja de
recuperação. O serviço nos dá muitas oportunidades de praticá-los.
Saber qual princípio espiritual aplicar em cada situação é difícil, mas,
geralmente, é aquele princípio que se opõe ao defeito de caráter pelo qual
somos movidos normalmente. Por exemplo, se nos sentimos compelidos a
exercer absoluto controle de uma situação, podemos praticar o princípio da
confiança. Se normalmente somos arrogantes numa certa situação, podemos
praticar o princípio da humildade. Se nosso primeiro impulso é de retirada ou
isolamento, podemos nos aproximar. O trabalho que fizemos no Sétimo Passo,
de achar os opostos de nossos defeitos de caráter, e o trabalho que fizemos no
início deste passo, de identificar os princípios espirituais nos passos anteriores,
nos darão ideias adicionais daqueles que precisamos praticar. Embora a
maioria de nós venha a elaborar listas muito similares de princípios espirituais,
a atenção que dedicaremos a alguns deles irá refletir nossas necessidades
individuais.
• Como eu posso praticar os princípios em diferentes áreas de minha
vida?
• Quando eu acho difícil praticar esses princípios?
• Que princípios espirituais eu tenho mais dificuldade de praticar?
Princípios Espirituais
Mesmo nos pedindo para praticar princípios espirituais, este passo
possui princípios específicos, intrínsecos a ele. Nele, iremos focalizar o amor
incondicional, a abnegação e a perseverança.
Praticar o princípio do amor incondicional no Décimo Segundo Passo é
essencial. Ninguém precisa mais de amor incondicional do que um adicto que
sofre. Não perguntamos nada àqueles a quem tentamos levar a mensagem.
Não pedimos dinheiro. Não pedimos gratidão. Nem ao menos pedimos que
fiquem limpos. Nós simplesmente nos doamos.
Isto não significa que não precisemos tomar precauções
básicas. Se acharmos que não é seguro levar o adicto que sofre para nossa
casa, não devemos fazê-lo. As abordagens do Passo Doze sempre devem ser
feitas com outro membro de NA. Praticar o princípio do amor incondicional não
requer que nos deixemos à mercê de abusos. Algumas vezes, a melhor
maneira de amar e ajudar é deixar de ser facilitador do uso de alguém.
• Como tenho praticado o princípio do amor incondicional com os adictos
que tento ajudar? Por que levamos a mensagem?
Não é para servir a nós mesmos, apesar de sermos beneficiados.
Levamos a mensagem para ajudar os outros a se livrarem da adicção, e
crescerem como indivíduos. Se tivermos atitudes de posse com nossos
afilhados, como se suas vidas fossem ser destruídas caso não direcionarmos
cada uma de suas ações, como se não pudessem ficar limpos sem nossa
ajuda, perderemos o objetivo do Décimo Segundo Passo. Não esperamos
reconhecimento pelo número de afilhados ou pela qualidade de sua
recuperação. Não esperamos reconhecimento pelo serviço. Fazemos estas
coisas para realizar algo de bom.
É um grande paradoxo o modo como o serviço abnegado se transforma
na
expressão de nosso eu mais profundo. Através de nosso trabalho nos passos
anteriores, revelamos um eu que se importa mais em deixar que o Poder
Superior atue
através de nós do que com a obtenção de reconhecimento e glória. Revelamos
uma
parte nossa que valoriza mais os princípios do que o exercício da própria
personalidade. Assim como a doença, frequentemente, se revela no
egocentrismo,
nossa recuperação se expressa, esplendidamente, através do serviço
abnegado.
• Qual é minha atitude na relação de apadrinhamento? Eu encorajo
meus afilhados a tomar suas próprias decisões e, consequentemente,
crescer? Eu dou conselhos oupartilho minha experiência?
• Qual minha atitude no que diz respeito ao serviço? NA poderia
sobreviver sem mim?
• Como tenho praticado o princípio da abnegação nos meus esforços
para servir?
Praticar o princípio da perseverança significa continuar fazendo o melhor
que pudermos. Ainda que retrocedamos e não alcancemos nossas
expectativas, precisamos reafirmar nosso compromisso com a recuperação. A
perseverança impede que um mau despertar ou um mau dia possam nos
colocar num padrão que leve à recaída. Este compromisso assegura que
continuemos a praticar os princípios de nosso programa, independentemente
do modo como nos sentimos. Prosseguimos trabalhando o programa, não
importando se ele nos deixa alegres ou entediados, chateados ou
completamente frustrados.
• Estou comprometido com minha recuperação? O que faço para mantêla?
• Pratico princípios espirituais, independentemente do modo como me
sinto?
Seguindo em Frente
Antes de ficarmos entusiasmados demais com a perspectiva de concluir
os Doze Passos, devemos nos conscientizar do contrário — ainda não
terminamos. Não apenas continuaremos praticando os princípios espirituais de
todos os Doze Passos, o que muitos de nós chamam de ―viver o programa‖,
como revisitaremos, formalmente, cada um deles, provavelmente muitas vezes
durante nossas vidas. Alguns de nós começam imediatamente a trabalhar os
passos de novo, com a perspectiva adquirida em nossa jornada até então.
Outros esperam algum tempo ou se concentram em certos aspectos dos
passos. Seja como for, o que importa é que, toda vez que nos sentirmos
impotentes perante nossa adicção, sempre que mais for revelado sobre nossas
falhas ou pessoas a quem prejudicamos, os passos estarão disponíveis como
nosso caminho para a recuperação.
Devemos nos sentir bem com relação ao que fizemos. Percorremos, em
muitos casos pela primeira vez, um caminho até o fim. Isto é uma grande
conquista, algo de que devemos nos orgulhar. De fato, uma das recompensas
de trabalhar o programa de NA é descobrir o quanto nossa autoestima tem
crescido.
Descobrimo-nos participando da sociedade. Podemos realizar ações que
nos pareciam impossíveis antes: cumprimentar o vizinho ou o balconista do
mercado local, assumir posições de liderança em nossas comunidades,
participar de eventos sociais com pessoas que não sabem que somos adictos,
e não nos sentirmos “menores”. De fato, provavelmente olhávamos com
desprezo para estas iniciativas no passado, porque não nos sentíamos
capazes de nos adequar; mas, agora sabemos que isso é possível, tornamonos
acessíveis. As pessoas podem até procurar nossas opiniões e conselhos
profissionais.
Quando pensamos no nosso passado e no quanto a recuperação trouxe
para nossas vidas, só podemos ficar repletos de gratidão. Como diz o livro It
Works: How and Why, a gratidão se transforma na força que sustenta tudo o
que fazemos. Nossa própria vida pode ser a expressão da nossa gratidão; tudo
depende da maneira como escolhemos viver. Com gratidão, cada um de nós
tem algo muito especial e único a oferecer.
Como expressarei minha gratidão?