Aprender a Aprender
Á
SUMÁRIO
Introdução
Contexto
1. Desafios do Aprendizado
2. Entendendo o nosso cérebro com a neurociência
3. Os processos fisiológicos e seu impacto na aprendizagem
4. Técnicas de Aprendizagem
5. Como aprender mais rápido (e com qualidade)
6. As distrações acabam com seu aprendizado. Cuidado!
7. Cuidados e advertências no processo de aprendizagem
8. Criando bons hábitos de aprendizagem
9. Ferramentas para Aprendizagem
10. Alguns mitos que a ciência tem desconstruído
11. Nunca deixe de lado as Soft Skills
12. O perfil T-Shaped
13 Aprender não é só com estudos
14. Encerramento
15. Fontes
Introdução
Por que um livro sobre aprender a aprender?
“Todos os homens têm, por natureza, desejo de conhecer”. Essa
frase do filósofo grego Aristóteles foi publicada no primeiro capítulo de
sua obra Metafísica ainda no século IV antes de Cristo.
Não poderia concordar mais.
Desde que o homem formou as primeiras civilizações e não
precisava se preocupar exclusivamente com sua sobrevivência e sua
próxima refeição, isso permitiu que sua sede por conhecimento
aflorasse. E isso nunca mais parou.
É bem verdade que esse desejo pode estar escondido ou até
dormente em algumas pessoas, mas este, definitivamente, não é o seu
caso.
Você tem sede por conhecer
Não é qualquer pessoa que se interessa por uma leitura como essa.
Pense por um segundo nisso: Se você deseja saber mais sobre o
processo de aprender a aprender é porque, de certa forma, já tem uma
chama acesa interior que está vibrando aí dentro: uma curiosidade, uma
paixão, um desejo ou até mesmo uma necessidade específica que
despertou essa vontade em melhorar seu processo de aprendizagem.
Não importa o que te trouxe até aqui: se você está lendo estas linhas
é porque tem o desejo e uma sede por conhecer, caso contrário jamais
passaria perto de um livro como este. Portanto, meus parabéns! Este é
o primeiro passo (e o mais importante) para que você possa caminhar
rumo a um processo de aprendizagem mais rico e frutífero!
O Aprendizado como um processo holístico
Veremos neste livro que o processo de aprendizagem demanda um
esforço de várias áreas e que aprender de fato exige de nós
comprometimento e disciplina como um todo. Não basta “sentar a bunda
na cadeira” e começar a estudar. É importante compreender que
existem muitas outras coisas envolvidas que farão total diferença na sua
evolução.
Neste livro veremos que somos um todo integrado e que todas as
“peças” que nos compõem precisam estar em pleno funcionamento para
o máximo aproveitamento naquilo que nos propusemos a fazer.
A diferença entre saber e aplicar
Existe uma grande diferença entre saber algo e aplicar aquilo na
prática. Pode ser que um leitor mais experimentado em estudar este
tema já tenha visto alguns conceitos deste livro em outros lugares. E,
acredite, isso é bom pois só reforça os melhores caminhos de
aprendizagem apontados pela ciência até o momento.
Caso isso aconteça com você, um alerta importante: antes de
considerar que isso “é mais do mesmo” faça a seguinte pergunta a si
mesmo: “Eu estou usando isso?” “Já testei essa técnica na prática?” Se
a resposta for não, utilize este livro como incentivo e busque aplicar no
seu dia a dia os conceitos vistos. Novamente: apenas saber que algo
existe não garante que você esteja evoluindo naquele assunto.
Baseado em ciência
Este livro é fruto de estudos sobre o processo de aprendizagem e
revela o que a ciência tem apontado como sendo alguns dos melhores
caminhos nessa jornada. Você verá que recheei o livro com dezenas de
estudos científicos que estão na parte final do livro caso você, leitor,
queira se aprofundar em cada um deles.
Um pouco da minha história
Ao longo de mais de uma década de estudos e aprendizados sobre
variados temas eu notei que uma coisa fez total diferença na minha
trajetória: a sede por conhecimento e a capacidade de aprender sobre
novas coisas foi o que me permitiu evoluir como pessoa e profissional.
E, refletindo sobre isso, percebo que isso foi de fundamental
importância para que chegasse até aqui.
Passei toda minha infância e adolescência ouvindo meu pai falar
sobre a importância da leitura e, mais do que ouvir, eu o via lendo
sempre. Ele tinha muitos livros em sua pequena biblioteca particular, no
entanto, mesmo tendo este exemplo dentro de casa, até meus 16 ou 17
anos não havia cultivado esse hábito.
Foi a partir da maioridade e da faculdade que o desejo pela leitura
“apareceu” e nunca mais parou. Tive sorte pois tenho certeza que o
exemplo de meu pai me influenciou demais. Durante os últimos 15 anos
li centenas de livros sobre os mais variados tópicos de meu interesse:
Negócios, Marketing, Vendas, Gestão, Filosofia, Espiritualidade,
Psicologia, Astronomia, Biografias, História, Tecnologia, Educação e
muito mais.
A leitura me abriu um novo universo, e com ela, a curiosidade se
aflorou. Além de livros, investi, talvez, milhares de horas em muitos
blogs, vídeos, documentários, podcasts, eventos, cursos e conversas
com outras pessoas sobre assuntos que me interessavam.
E todo esse conhecimento está neste livro pra você. Tudo o que eu
aprendi ao longo de décadas de estudo e aprendizado eu compilei
nestas páginas.
Um livro que eu gostaria de ter lido quando jovem
Este livro nasceu do desejo de compartilhar a importância de uma
das coisas que eu considero mais fundamentais na vida de qualquer ser
humano: a busca por conhecimento.
E, olhando para trás, sei que todo esse processo de busca de
conhecimento e aprendizagem poderia ter sido muito melhor no meu
caso se eu tivesse o conhecimento que tenho hoje. Eu poderia ter ganho
muito tempo, poderia ter aprendido melhor e sobre mais coisas, com
muito mais qualidade e velocidade.
E aqui não me refiro apenas ao conhecimento dito “formal” das
escolas e universidades mas a todo e qualquer conhecimento que possa
tornar a vida de uma pessoa, de sua família e da sociedade melhor. É o
conhecimento aliado à prática. Esse é o conhecimento que tem valor.
E o desejo de escrever este livro foi justamente o pensamento:
“Poxa, se eu tivesse lido este livro e aplicado seus ensinamentos aos
meus 19 ou 20 anos eu poderia ter encurtado um bom caminho e,
possivelmente, teria aproveitado mais oportunidades.”
É claro que este livro não é válido somente para pessoas nessa faixa
etária, muito pelo contrário. Uma pessoa de 40, 50 ou 60 anos
aproveitará tanto ou mais de seu conteúdo.
Se você comprou este livro tenho certeza que está preocupado(a)
com seu futuro e deseja investir em você. Espero que estas próximas
páginas te ajudem e inspirem a continuar nessa jornada sem fim que é a
jornada do conhecimento e aprendizado.
Boa viagem!
Contexto
Caro leitor, pense por um momento no mundo em que vive hoje. Reflita
sobre...
● As tecnologias que tem à disposição à palma da mão
(literalmente)
● A conectividade e comunicação com outras pessoas de
qualquer parte do globo
● O acesso quase infinito a qualquer conteúdo de qualquer área
do conhecimento a um clique (ou pressionar de dedos) de
distância
● Novas tecnologias que surgem para, supostamente, tornar sua
vida mais cômoda, tranquila e saudável.
Smartphones, Softwares, Inteligência Artificial, Computação em
Nuvem, Big Data, Impressão 3D, são algumas das tecnologias que
surgiram nos últimos anos e que tem tornado o mundo, ao mesmo
tempo, melhor e mais complexo.
Tudo isso só foi possível com a evolução da internet e dos
computadores pessoais que se popularizaram a partir da segunda
metade da década de 90. Una-se a isso à globalização que se acelerou
nesse período e, com a intensa evolução tecnológica, chegamos aos
dias atuais.
Uma constatação óbvia: A complexidade do mundo aumentou
Não é difícil perceber que o mundo atual é muito mais complexo de
se viver (em termos de conhecimentos) do que era há algumas poucas
décadas atrás.
Vivemos numa Era de mudanças exponenciais. Um mundo em que a
combinação de novas tecnologias poderão trazer mudanças
significativas e profundas em toda a humanidade nos próximos anos.
A competição é global, não Local
Lembre-se: Você está competindo no mercado com um chinês, um
indiano, americano, israelense, sul-coreano ou sul-africano. Vivemos
numa rede interconectada e ultra competitiva que exigirá de nós novas
competências e habilidades para estar na dianteira do mercado.
Assustador e Pregador do fim do mundo?
Não, apenas uma realidade. E ficar parado não é uma opção para
quem deseja algo além da mediocridade.
E você com isso?
Pergunte-se a si mesmo: Que tipo de profissional quero ser?
Se deseja ser um(a) profissional / empreendedor(a) acima da média
no mercado atual será preciso se dedicar e aprender novas
competências e habilidades.
Viver e prosperar num mundo complexo como esse exige novos
mapas para se navegar. Nesse universo, quem está andando, está
parado. E quem está parado é passado pra trás.
Difícil, mas real.
Talvez você já tenha se dado conta disso.
Portanto, é preciso se mexer. É necessário quebrar um ciclo vicioso
que te trouxe até aqui e, talvez, você não tenha percebido. E, se você
está lendo esse livro, acredito que está buscando exatamente isso.
O papel (e o problema) da Escola
A escola foi formatada ainda na Revolução Industrial para formar
pessoas para trabalhar nas fábricas que ganhavam força naquele
tempo.
Pense por um momento no modelo escolar daquela época:
● Pessoas uniformizadas
● Matérias padronizadas
● Horários para entrar e sair
● Horários estabelecidos para comer (geralmente com um aviso
sonoro: um sinal)
● Autoridade do professor (que detém o conhecimento)
● Provas e Notas para atestar o “conhecimento e aprendizado”
Novamente, esse era o modelo escolar do século XIX. Agora, o que
mudou nas escolas daquele tempo para as escolas de hoje no século
XXI?
A resposta é simples: Quase nada.
O problema do Modelo Escolar
O modelo escolar atual infelizmente ainda é muito atrasado e não
prepara os alunos para descobrir suas verdadeiras potencialidades.
Com raras exceções, este modelo simplesmente trata a todos de
maneira igual e isso traz consequências que carregamos por toda a
vida.
Na verdade as escolas acabam prestando um desserviço em alguns
aspectos: Elas desestimulam a criatividade (como nesse excelente TED
Talk de Sir Ken Robinson), não incentivam o pensamento crítico e não
preparam o aluno para que ele próprio descubra quais caminhos deseja
seguir.
Isso sem entrar no mérito de que as escolas ainda se distanciam
muito da realidade do mercado de trabalho. Infelizmente disciplinas
essenciais para uma formação mais completa de uma pessoa ainda
passam longe da maioria das escolas:
● Alfabetização em Saúde,
● Alfabetização Ambiental,
● Pensamento crítico,
● Conscientização e Pensamento global,
● Ética,
● Oratória,
● Empreendedorismo,
● Liderança,
● Negociação,
● Vendas,
● Comunicação,
● Criatividade,
● Finanças pessoais,
● Inovação,
● Produtividade,
● Flexibilidade e Adaptabilidade,
● Programação
● Habilidades Sociais
● Cidadania
Quando existem, são apenas frações mínimas que pouco fazem
diferença na vida do aluno e em seu meio.
Então quer dizer que a escola não serve para nada?
Não. Claro que ela tem seu papel e negar isso seria uma completa
irresponsabilidade. Muitas escolas e, sobretudo, muitos professores
buscam novas dinâmicas e caminhos para ensinar e estimular seus
alunos a novos aprendizados ainda que “amarradas” a um modelo pré-
definido e regulado pelo MEC (Ministério da Educação).
No entanto, acredito que, de maneira geral, o modelo escolar
tradicional não se ajusta mais à realidade de nossa sociedade
contemporânea e necessita urgentemente ser repensado.
Estudar é diferente de Aprender
Ainda sobre as escolas: neste livro quero deixar claro que estudar
algo é diferente de aprender algo.
Você pode estudar para passar numa prova (e conseguir fazê-lo), no
entanto, não quer dizer que você aprendeu de fato aquele conteúdo.
Como assim?
Tenho certeza que você, assim como eu, passou em provas na
escola e não aprendeu nada sobre aquele conteúdo. Você apenas
decorava um texto ou uma fórmula para tirar nota e esquecia
completamente aquilo dois dias após o exame.
Você estudou, mas não aprendeu.
A “doutrinação” escolar e suas consequências
Calma. Isso aqui nada tem a ver com política. O problema que quero
expor aqui é o processo de “doutrinação” negativa que ela criou em
todos nós.
● Durante décadas aprendemos que precisamos estudar para
passar numa prova.
● Durante décadas aprendemos que tínhamos que estudar
matérias de que não gostávamos
● Durante décadas aprendemos que estudar é chato e que não
há prazer nesse processo
● Durante décadas aprendemos a não questionar e debater
ideias. Apenas recebê-las de maneira passiva de uma autoridade
(professor).
● Durante décadas recebemos respostas prontas para problemas
formatados num ambiente controlado (que na “vida real” não
existem).
Qual a consequência desse modelo quando chegamos à vida
adulta?
Tendemos a repetir esse padrão.
Tenho certeza que você já ouviu algo parecido de algum conhecido
(e, talvez, de uma pessoa muito próxima):
“Ah, agora que acabei a escola (ou faculdade) chega de estudar!”
Por que?
Por que estudar (da maneira escolar) é realmente entediante e sem
propósito. Não desperta curiosidade, interesse e paixão.
Perceba que esse modelo criou um ciclo vicioso perverso e que
afeta, em maior ou menor grau, todos nós e, de maneira mais ampla,
toda uma sociedade.
Qual o problema lógico disso?
Mantemos esse padrão “estudo-para-passar-na-prova” justamente
num momento em que o mundo está se transformando radicalmente e
numa velocidade nunca antes vista.
Ou seja, justamente agora é que mais precisamos aprender e
adquirir novas competências e habilidades.
Mas não basta um diploma. A formação, por si só, não garante
conhecimento. Você precisa aprender (de verdade) assim como precisa
comer, beber, dormir todos os dias. Sim, o aprendizado e sua aplicação
prática tornou-se questão de sobrevivência no mundo contemporâneo.
E, se você não tem essa cultura, precisa se preparar para tal.
As Multicarreiras e Multinegócios
A geração conhecida como geração X (nascidos entre as décadas de
60 e 70), foi a última geração que viu homens e mulheres trabalharem
por 30 anos numa mesma empresa para então se aposentar. Hoje em
dia isso é quase inimaginável (claro que pode haver exceções aqui e ali,
mas via de regra nossa geração não verá mais isso).
Nesse contexto, acredito que todos nós teremos múltiplas carreiras
e/ou múltiplos negócios ao longo da vida. Isso por conta de que as
mudanças no mercado serão cada vez mais velozes e exponenciais e,
como consequência natural, uma profissão que exista hoje pode não
existir mais amanhã.
Isso não é novo. Isso vem acontecendo desde o início da Revolução
Industrial, no entanto, a velocidade com que as coisas mudam é muito
diferente.
Um estudo da Dell Technologies com o Institute for the Future (IFTF)
chamado
“Realizing 2030: A Divided Vision of the Future” mostra que 85% da
profissões que existirão em 2030 ainda não foram criadas.*1
Pare e pense nesse número por um segundo. Você pode considerar
que talvez seja catastrofista demais e que esse pessoal está
exagerando, mas corte este número pela metade e você terá ainda mais
de 40% das profissões de 2030 que não existem hoje. É coisa demais!
É provável que em algum momento nos próximos anos eu e você
percamos nossa função para um robô, inteligência artificial ou modelo
de negócio que nos substitua fazendo algo muito mais rápido, melhor e
por um centésimo do custo. Isso já está acontecendo em vários setores
e vai se intensificar ainda mais nos próximos anos. Tarefas repetitivas,
padronizadas e analíticas serão realizadas muito melhor por robôs e
softwares do que por nós seres humanos.
Por outro lado, muitas novas profissões irão surgir. E quem você
acha que serão as pessoas que irão ocupá-las? Sim, quem estiver
disposto a aprender sobre elas.
Precisaremos nos reinventar muitas vezes ao longo de nossa
carreira e acredito que o aprendizado será nossa maior fortaleza nesse
processo.
Mais que isso: o Aprender a Aprender será essencial para nos
manter competitivos e úteis na sociedade. Acredito piamente nisso.
Não poderia não citar Alvin Toffler e sua famosa frase:
“Os analfabetos do próximo século (XXI) não são aqueles que
não sabem ler ou escrever, mas aqueles que se recusam a
aprender, reaprender e voltar a aprender.”
Aprender a Aprender como diferencial competitivo
A conclusão óbvia a que chegamos é que aprender novas
habilidades e competências de forma rápida (e com qualidade) é um
grande diferencial competitivo nos dias de hoje.
Precisaremos disso mais do que nunca.
Isso vale para tudo: não somente no universo profissional e
acadêmico mas no pessoal também. Nossas relações pessoais podem
ganhar (e muito) ao aprendermos novas habilidades nesse contexto.
Basta estar aberto a aprender sobre isso.
1. Desafios do Aprendizado
Caro leitor, um aviso: Aprender não é fácil.
Não mesmo.
Temos vários desafios ao longo do caminho.
Mas não desanime, todos eles podem ser superados com
persistência e método.
1. A culpa é de nossos ancestrais
Você sabe qual o órgão do corpo humano que mais consome
energia? Sim, o cérebro. Com apenas 2% do peso corporal de um
adulto ele é responsável por cerca de 20% do gasto de energia.*2
E sabe o que nossos ancestrais fizeram por milhares de anos para
sobreviver? Poupavam energia. Isso os ajudava de duas formas: ter
uma reserva de energia poderia fazê-los não estar tão vulneráveis a um
predador e, ao mesmo tempo, seria uma fonte importante para caçar, ir
atrás de alimentos ou mesmo lutar com um rival.
É claro que hoje não precisamos mais ir à selva caçar para comer,
mas ainda carregamos conosco um comportamento natural de poupar
energia.*3
E isso nos ajuda a explicar do porquê às vezes é tão difícil sair da
inércia e aprender algo novo. Pense pelo lado bom: Agora você tem a
desculpa perfeita para não aprender mais nada e colocar toda a culpa
em nossos ancestrais! É claro que isso é uma brincadeira - se você está
lendo esse livro, obviamente não tem esse perfil.
2. Paradoxo informação x ruído
Saindo do homem das cavernas e chegando aos dias atuais.
Nunca houve tanta informação disponível e com tamanha
abundância na história da humanidade. Pense em qualquer assunto.
Provavelmente há uma enxurrada de informações sobre ele em algum
lugar da internet.
Hoje é possível fazer cursos das maiores universidades do mundo,
de graça. Instituições renomadas como Harvard, MIT, Stanford,
Wharton, Columbia, Berkeley, Oxford, USP e muitas outras possuem
cursos gratuitos na internet sobre diversos assuntos.
A informação hoje é muito mais democratizada do que há algumas
décadas atrás: basta uma conexão com a internet e a curiosidade
aflorada para pesquisar e aprender sobre basicamente qualquer novo
assunto que desejar.
Veja o caso do Youtube, por exemplo. Há informações riquíssimas
ali: desde coisas triviais como “como consertar minha televisão” até
entrevistas e documentários completos com prêmios Nobel, filósofos,
empreendedores, cientistas e por aí vai.
Isso é poderoso. Pense em quantas gerações gostariam de ter a
oportunidade que temos hoje em nossas mãos! Tudo aí, a um clique de
distância.
São tempos incríveis para viver: você pode aprender basicamente
tudo na internet, de graça.
No entanto há um outro lado.
Ao mesmo tempo, nunca houve tanto ruído como hoje. Por ruído
pode-se entender tanto as distrações quanto as desinformações:
● Mídias Sociais (quer distração maior que elas?)
● Notificações (e-mails, SMS, apps, lembretes)
● Fake News (notícias falsas)
● Informações de péssima qualidade
● Fontes pouco confiáveis
Enfim, esse outro lado é péssimo para quem deseja aprender de
verdade. E, infelizmente, esses ruídos atrapalham demais a todos
aqueles que desejam se concentrar em ter um aprendizado profundo.
Temos muitas informações, mas acabamos nos mantendo numa
superficialidade perigosa e temos dificuldade em focar nas verticais de
um assunto, isto é, nos aprofundar de verdade em determinado tópico
ou projeto.
É preciso estar muito atento a isso. Cal Newport em seu ótimo livro
Deep Work (Trabalho Focado, em português) transmite bem essa ideia.
Sem querer dar spoiler, pois o livro é ótimo e vale a pena ser lido, mas
ele tem um capítulo inteiro dedicado às mídias sociais (e como elas nos
atrapalham na busca de um trabalho focado - o tipo de trabalho que
realmente faz diferença em nossas vidas e carreiras).
Esse desafio de receber muitos estímulos o tempo todo acaba
prejudicando o processo de aprendizagem. É preciso se atentar a isso
pois todos nós, em maior ou menor grau, somos afetados por esses
estímulos que tiram nossa capacidade de focar em determinado
assunto.
3. O problema do Esquecimento
O ser humano tem uma capacidade de aprendizado gigantesca, no
entanto, no meio desse caminho temos alguns problemas. Um deles é o
rápido esquecimento.
Não é preciso pensar muito para saber que isso acontece com você:
Pense em quantas vezes leu um livro, viu uma aula ou assistiu a uma
palestra e depois de um tempo esqueceu quase tudo sobre aquele
conteúdo.
E esse esquecimento acontece de forma bem rápida, infelizmente.
Ainda no século XIX Hermann Ebbinghaus, um psicólogo alemão,
estudou sobre esse “problema” do cérebro e, a partir de alguns
experimentos realizados, criou-se o que chamamos hoje de a "curva do
esquecimento", como podemos ver na imagem abaixo:
Fonte da imagem: Pinterest - aprovadoapp - https://br.pinterest.com/pin/401313016780575850/
O gráfico demonstra como nossa lembrança de algo se perde ao
longo do tempo. Em apenas 24h, esquecemos 50% do que estudamos,
lemos ou ouvimos. Na verdade existem outros estudos mais recentes
sobre esse mesmo tema em que afirmam em que essas taxas de
lembrança são ainda piores em menos tempo.
Independente do estudo que estamos falando e suas taxas de
absorção e esquecimento ao longo do tempo, fica claro nossa
incapacidade de armazenar informações em nossa mente por um
período mais longo.
É importante dizer que essa curva não é a mesma para todas as
pessoas, pode variar em maior ou menor grau mas no geral tendemos a
esquecer rápido de novos assuntos.
A analogia que faço é a de um balde furado. Parece que nosso
cérebro apresenta esse comportamento de “esvaziamento” ao tomarmos
contato com uma nova informação. É um tanto desesperador.
Calma, nem tudo está perdido
Ao ver esses dados chega a bater um desânimo, não é mesmo? Calma,
trago boas notícias.
Não teríamos evoluído como espécie e chegado até aqui se nosso
cérebro tivesse apenas esse tipo de comportamento.
A boa notícia é que é possível aumentar esses níveis de retenção da
informação a partir de um esforço deliberado em se lembrar daquele
conteúdo.
E de que maneira isso é possível?
Por meio de revisões. Isso mesmo, você precisa revisar o material
que estudou, a aula que assistiu ou qualquer outro conteúdo que deseja
absorver. Esse processo de aprendizagem ativa ao longo do tempo fará
com a curva de retenção da informação permaneça lá em cima. Veja
esse outro gráfico:
Fonte do gráfico: Granconcursosonline.com.br
Esse é o mesmo gráfico da curva de esquecimento de Ebbinghaus,
no entanto, perceba que na parte superior do gráfico existem quatro
revisões que foram realizadas, respectivamente, algumas horas depois,
24 horas depois, 1 semana depois e 1 mês do conteúdo absorvido.
Agora olhe para o nível de retenção do conhecimento (em %) e veja
como a curva permanece alta. Esse processo de revisões fortalecerá
sua capacidade de lembrança de um novo assunto adquirido.
O que isso nos mostra?
Um desafio que todos nós temos ao se deparar com novos conceitos
e campos de estudo é justamente o esquecimento rápido. Você terá que
lidar sempre com isso, mas entendendo a forma como nosso cérebro
funciona será capaz de obter grandes avanços na lembrança e
compreensão de novos conteúdos. O processo de revisões espaçadas e
outras técnicas que veremos nos ajudará nesse processo.
4. A paranoia de estar sempre perdendo algo
Um outro desafio que vivenciamos no ambiente contemporâneo pode
ser descrito quase como uma paranoia de pensar que está sempre
atrasado em relação a alguma coisa (informação, novidade, tendência,
nova tecnologia, nova oportunidade de investimento).
Existe até uma sigla pra isso. É o FoMO (Fear of Missing Out, em
inglês ou Medo de ficar de fora, em português).
Apesar do FoMO ser muito ligado às mídias sociais (e seu poder de
nos fazer querer sempre consumi-las mais e mais) o conceito pode ser
extrapolado para outras áreas do conhecimento e afetar nosso
aprendizado - de maneira negativa, é claro.
São tantas informações e estímulos recebidos todos os dias que é
impossível para o nosso cérebro processar tudo. Dessa forma, temos
uma atenção seletiva, ou seja, temos que ignorar grande parte do que
vemos para conseguir viver, caso contrário ficaríamos todos loucos.
No entanto, ao fazer isso, temos a sensação de estar “ficando pra
trás” ou “perdendo algo” e essa sensação pode nos causar até algum
nível de ansiedade em maior ou menor grau e, no limite, até depressão.
Uma pesquisa*4 indicou que o FoMO traz algumas consequências:
● O FoMO foi associado à menores níveis de satisfação, humor e
satisfação com a vida.
● O FoMO foi associado à direção distraída
● O FoMO foi associado ao uso de mídias sociais durante
palestras/aulas.
Este conceito de “estar perdendo algo” foi fortemente vinculado a
níveis mais altos de engajamento nas mídias sociais, ou seja, quanto
maior seu uso, maiores as chances de uma pessoa sofrer alguma
consequência relacionada.
Uma outra pesquisa*5 mostrou que o FoMO está associado à
diminuição da auto-estima associada a um uso potencialmente
prejudicial das mídias sociais
Com isso, nossa tendência é, sem perceber, estar correndo sempre
atrás de alguma novidade qualquer - geralmente nas mídias sociais - e
isso pode estar afetando nossa qualidade de vida e, obviamente, nos
distanciando do aprendizado e conhecimento que farão diferença em
nossas vidas.
Falaremos muito mais sobre as mídias sociais mais à frente, mas é
importante que você saiba que elas podem se tornar grandes desafios a
serem superados no seu processo de aprendizagem.
5. A geração multitasking
O termo multitasking pode ser traduzido como multitarefa. Como
vimos, a tecnologia nos sobrecarrega com softwares, aplicativos, e-
mails, navegadores (e suas infinitas abas), links, notificações entre
outros.
Ao navegar na web, por exemplo, somos estimulados o tempo todo
por chamadas, anúncios, links, vídeos, memes e notificações que fazem
com que facilmente percamos nosso foco e, quando percebemos, nem
nos lembramos mais do que estávamos fazendo inicialmente. Isso
acontece com você?
E isso impactou todas as gerações no mercado de trabalho,
sobretudo as gerações X (nascidos a partir dos anos 60), Y (nascidos
entre 1982 e 1994) e, a mais recente, Z (nascidos a partir de 1995).
Qual o problema com multitasking?
O nosso desafio é que existem várias pesquisas que mostram que o
ser humano não é bom com multitarefas e, pior, isso acaba afetando seu
discernimento entre informações relevantes e irrelevantes. Num estudo
de 2009 pesquisadores descobriram que pessoas que tinham
comportamentos multitarefas de mídia intensos eram mais suscetíveis à
interferência de estímulos ambientais irrelevantes e, por consequência,
maior dificuldade de se concentrar numa única tarefa.*6
É inegável que vivemos tempos de distrações absurdas e que é
muito fácil perder o foco com atividades irrelevantes. Esse é mais um
inimigo do aprendizado que devemos ter consciência para mitigar seus
efeitos (já que eliminar 100% é quase impossível na sociedade em que
vivemos - ao não ser que você seja um monge - ou monja - budista que
vive nas montanhas do Tibet, sem smartphone e internet.).
2. Entendendo o nosso cérebro com a
neurociência
O cérebro talvez seja o órgão do corpo humano mais estudado na
história recente e, apesar de ainda existir muito a ser descoberto sobre
ele, a verdade é que a neurociência avançou muito nas últimas décadas.
Diversas pesquisas científicas nos ajudam a entender o
funcionamento dessa poderosa máquina, sobretudo para os fins deste
livro: o aprendizado.
2.1. Diferentes modos de aprendizado do cérebro
De maneira simplificada, nosso cérebro apresenta basicamente dois
tipos de pensamento*7:
● Pensamento Focado
● Pensamento Difuso
2.1.1. Pensamento Focado
O pensamento focado, como o próprio nome diz, é aquele que
utilizamos quando estamos com atenção dedicada a determinado tema.
Ele utiliza métodos racionais, analíticos e sequenciais na solução de
problemas.
O pensamento focado é essencial para engenheiros, físicos,
matemáticos (mas não só - todos nós o utilizamos). Esse modo de
pensamento está associado às habilidades de concentração do córtex
pré-frontal do cérebro, localizado logo atrás da testa, responsável pelo
nosso raciocínio lógico.
O trabalhador do conhecimento utiliza esse tipo de pensamento
diariamente seja para compreender um manual, construir uma planilha
ou um novo relatório.
Qual o papel do Pensamento focado no processo de
aprendizado?
Quando estamos em contato com um novo conceito ou área de
estudo utilizamos o pensamento focado para imergir naquele assunto e
entender suas nuances e particularidades.
Imagine que você não saiba o que é uma equação matemática de
segundo grau e que eu irei explicar pra você pela primeira vez esse
novo conceito.
Eu começarei a falar (e escrever num quadro) e você começará
prestar a atenção no assunto. Nesse exato momento seu pensamento
focado entrará em ação.
Mas não necessariamente o modo focado é utilizado apenas em
problemas matemáticos. Alguns exemplos em que você pode usar esse
modo no dia a dia:
● Ao criar ou analisar um relatório de vendas
● Ao traçar as rotas e destinos de sua nova viagem
● Ao ler um texto que não é tão simples de entender (filosofia,
economia, finanças, etc).
2.1.2. Pensamento Difuso
O pensamento no modo difuso também é essencial para o
aprendizado. É o que nos permite obter repentinamente uma nova visão
sobre um problema com o qual estamos lutando há algum tempo e está
associado a, geralmente, um “quadro mais amplo”.
O pensamento no modo difuso é o que acontece quando você relaxa
sua atenção e deixa sua mente vagar. Esse relaxamento permite que
diferentes áreas do cérebro se conectem e retornem informações
valiosas.
Diferentemente do modo focado, o modo difuso não é localizado em
nenhuma área específica do cérebro - você pode pensar nele como
sendo "difundido" por todo o cérebro.
As percepções do modo difuso geralmente fluem do pensamento
preliminar feito no modo focado.
O pensamento difuso pode acontecer quando você está tomando
banho, ouvindo música, caminhando, dirigindo ou em qualquer outra
situação em que, não necessariamente, você esteja pensando sobre um
assunto específico.
A interligação e troca entre os dois modos de pensamento
Ambos os modos de pensamento são importantes para nosso
processo de aprendizagem. Não existe “o mais importante” pois eles são
complementares. Trocamos de modo de pensamento o tempo todo. Ora
estamos com o modo focado ativado, ora estamos em modo difuso.
Alternar entre pensamento focado e difuso é a melhor maneira de
dominar um novo assunto ou resolver um problema difícil. Primeiro,
usamos o modo focado para entender o básico de um tópico sem
nenhuma distração. Em seguida, usamos o modo difuso para
internalizar passivamente o que aprendemos e fazer conexões com
outras coisas que já sabíamos. Depois, voltamos ao modo focado e
“reduzimos as conexões” que fizemos às melhores e mais úteis.
Depois de repetir esse processo algumas vezes, as novas
informações permanecerão no seu cérebro e você terá aprendido de
fato sobre o assunto.
Cuidado ao dar peso demais a um dos lados
De fato, utilizar demais o modo de pensamento focado pode ser
negativo quando se trata de resolução de problemas. Quanto mais
tempo mantemos nosso cérebro no modo focado, mais experimentamos
a visão de túnel, ou seja, temos dificuldade em enxergar soluções fora
daquela caixa que estamos debruçados.
Esse fenômeno (conhecido como efeito Einstellung) remove nossa
capacidade de redefinir os parâmetros ou premissa do problema e
bloqueia a criatividade.
Einstellung é o desenvolvimento de um estado mental mecanizado.
Ou seja, se você passou muito tempo estudando determinado assunto,
é possível que, ao buscar uma solução para um problema você tenha
maior predisposição de resolvê-lo de uma maneira específica e de
acordo com seus conhecimentos, embora existam métodos melhores ou
mais apropriados que estão “fora de sua visão”.
É como diz uma frase atribuída a Abraham Maslow: “Para quem só
sabe usar martelo, todo problema é um prego”.
É por isso que, quando você está se sentindo preso ou frustrado com
um tópico, é melhor dar um passo atrás e fazer uma pausa para deixar o
modo difuso funcionar por um tempo. Por outro lado, pensamentos
difusos demais, impedirão que você entenda os detalhes de qualquer
coisa.
Dessa forma, é importante equilibrar esses dois modos de pensar
para que possamos processar (de fato) as novas informações e
conhecimentos que adquirimos ao longo de nossa jornada de
aprendizado. Nosso cérebro provavelmente possui dois modos de
pensar por bons motivos evolutivos.
2.2. Como nosso cérebro aprende: Repetições Espaçadas
Como vimos com o gráfico da curva do esquecimento de
Ebbinghaus, nosso cérebro tem dificuldade em reter um novo
aprendizado depois de algum tempo.
Mas também vimos neste mesmo estudo, que por meio de
repetições espaçadas, melhoramos nossa capacidade de retenção de
um assunto.
O que define uma Repetição espaçada?
Trata-se de repetir o que você está tentando reter na memória, seja
uma nova palavra, uma nova técnica de resolução de problemas ou um
novo conceito visto num livro, espaçando essa repetição ao longo de
vários dias.
Você verá ao longo deste livro que a repetição é poderosa.
E por que?
Quando você repete algo está estimulando seu cérebro a lidar com
aquele novo aprendizado de maneira ativa e provavelmente você
encontrará novas estratégias para entender ou memorizar aquele novo
conteúdo absorvido. Além disso, seu modo de pensamento difuso estará
atuando em segundo plano entre uma repetição e outra ajudando a
fortalecer essas novas conexões neurais que estão se formando.
No entanto, um ponto de atenção: as repetições espaçadas são
diferentes de apenas revisões. O primeiro método é uma forma ativa de
aprendizagem e a segunda mais passiva.
É provável que se eu te fizesse uma pergunta do tipo: Você acha que
as revisões te preparam melhor e te fazem lembrar mais de um assunto
específico a resposta provavelmente seria afirmativa. No entanto,
apesar de ajudar como vimos no gráfico da curva de Ebbinghaus, este
não é o melhor método para guardar as coisas em nossa memória e
aprender de fato.
Em vez disso, pressionar seu cérebro de forma ativa para lembrar as
coisas é melhor do que revisar um material com mais frequência de
forma passiva - mesmo quando não conseguimos lembrar das respostas
certas num primeiro momento.
Uma das formas mais simples e eficientes de utilizar esse método
ativo é explicar os conceitos aprendidos a você mesmo ou a um terceiro,
por exemplo.
O trabalho árduo e ativo de buscar as respostas com suas palavras
(que, na verdade, dá mais trabalho e não parece tão agradável quanto
apenas revisar) é muito produtivo. Veremos muito mais sobre métodos
ativos de aprendizagem ao longo do livro.
Peço que não acredite em mim. Apenas faça você mesmo: Você
pode começar com coisas simples como decorar números de telefone
de pessoas conhecidas (hoje com os smartphones não forçamos nosso
cérebro a isso) até aprender novos conceitos e repeti-los para você
mesmo (ou algum conhecido) durante alguns dias.
Faça uso da repetição espaçada e verá avanços em pouco tempo.
Claro, depende da complexidade de assuntos que você está estudando
ou absorvendo, de qualquer forma experimente e verá.
2.3. Aprendizagem Ativa x Passiva
Basicamente existem dois métodos para você aprender qualquer
coisa na sua vida, não importa em que área: você pode aprender algo
de maneira passiva ou ativa.
Aprendizado Passivo
O aprendizado passivo, como o próprio nome já diz, é aquele em que
você não tem um esforço deliberado para absorver, compreender e reter
algum novo conceito que esteja aprendendo.
Quer um exemplo que talvez te choque? Ler livros. Aqui me refiro,
sobretudo, a livros de não-ficção, exatamente como esse que você está
lendo agora.
Apenas a leitura de um livro não significa que você aprendeu sobre
aquele assunto. Mesmo que você seja aquela pessoa que, com uma
caneta grifa e sublinha todo parágrafo que considera importante e faz
anotações. Ainda assim você pode não ter absorvido muita coisa.
Isso acontece pois, como já vimos, após um curto espaço de tempo
é possível que você já tenha se esquecido 90% do conteúdo daquele
livro. Nesse modo passivo, seu cérebro tem dificuldade em reter e
memorizar as informações para usá-las no longo prazo.
É comum ver nas mídias sociais, sobretudo em meios relacionados a
negócios, muitas pessoas se vangloriando por ter lido 10, 20, 30 ou 50
livros num ano. Não me entenda mal: eu sou um grande fã de leitura e
admiro pessoas que leem muito, no entanto, será que essas pessoas
realmente conseguiram aprender aquilo que leram? E o mais
importante: será que conseguiram aplicar aquele conteúdo?
Tenho minhas dúvidas. Mas lembro novamente que aqui estou
falando de um gênero específico de livros (não-ficção relacionados a
negócios, ciência, matemática, finanças pessoais, autoajuda).
Uma outra forma de aprendizado passivo é a releitura. Reler uma
matéria ou assunto para uma prova, por exemplo é algo passivo e
menos efetivo que outros métodos que veremos mais à frente. No
entanto, ainda assim, em uma pesquisa com estudantes americanos
esse era o método mais utilizado como estratégia de estudo (83% dos
alunos responderam que utilizavam a releitura como método de
estudo).*8
Não encontrei dados relacionados aqui no Brasil sobre este assunto,
no entanto, acredito que a releitura deve ocupar um dos primeiros
postos, senão o primeiro.
Reler é uma estratégia comum porque fornece a ilusão que
compreendemos e dominamos o assunto, mas, na realidade, sua
compreensão não é duradoura. E esse é um dos maiores problemas do
aprendizado passivo.
Aprendizado Ativo
Já no aprendizado ativo contamos com a existência de alguma
atividade que exigirá um esforço extra para compreender e reter as
novas informações recebidas.
No mesmo exemplo do livro acima, qual seria uma forma de
aprendizado ativo que você poderia desenvolver? Alguns exemplos:
● Fazer um resumo de cada capítulo do livro e revisá-los em 2 ou
3 dias
● Fazer um resumo dos principais conceitos aprendidos logo após
finalizá-lo
● Apresentar e expor as principais ideias do livro a um familiar ou
amigo
● Gravar um áudio em seu celular sobre o que aprendeu com este
livro e repetir o processo alguns dias depois
● Fazer algumas perguntas difíceis (e respondê-las) a você
mesmo:
○ Que diferenças existem entre ________________?
○ Como ______________ é um exemplo de ______________?
○ Quais são os recursos de ____________________?
○ Que soluções você sugeriria para ______________?
○ Qual é a característica mais importante de ______________?
Percebeu a diferença?
Sim, você precisa se esforçar mais para garantir que aquele
conteúdo recém estudado ou lido irá realmente ser retido em sua
memória. E isso serve para qualquer novo aprendizado, seja aprender
sobre filosofia, economia, medicina, psicologia, programação e até
problemas matemáticos.
A verdadeira compreensão requer um processo mais ativo como o
ensino, por exemplo. Comece por se auto-ensinar. Escreva um resumo
com suas próprias palavras sem examinar suas anotações. Ou explique
a si mesmo em voz alta. Em seguida, leve-o ao próximo nível,
ensinando outras pessoas. O ensino também inicia um ciclo de
feedback, onde críticas ou perguntas podem nos ajudar a aprender e
aprimorar nosso pensamento.
A pirâmide de William Glasser
William Glasser foi um psiquiatra e pesquisador norte americano que
na década de 60 estudou sobre a nossa capacidade de retenção de
alguma nova informação recente.
Glasser conduziu uma pesquisa para entender qual o grau de
retenção de uma pessoa ao estudar um novo conceito. Para isso ele
utilizou diversos formatos de aprendizagem (desde os mais passivos até
os mais ativos).
Ele queria descobrir, ao final de um período de duas semanas, o
quanto aquelas pessoas tinham retido do material estudado de acordo
com cada método de aprendizagem.
Com os resultados dessa pesquisa ele criou uma teoria chamada de
cone da aprendizagem ou pirâmide da aprendizagem que pode ser
visualizada na imagem abaixo:
Fonte: medium.com
A imagem acima demonstra que quanto maior o foco em formas
ativas de aprendizagem, melhor é a retenção de um novo assunto
aprendido.
Portanto, voltando ao nosso exemplo de ler um livro (o método mais
passivo): após duas semanas tendemos a nos lembrar de apenas 10%
de um conteúdo lido. É muito pouco! Agora compare com o primeiro
método de aprendizado ativo que consiste em apresentar o conteúdo
aprendido para alguém (seja numa palestra, para um amigo ou mesmo
discutindo sobre o assunto). Nesse caso a retenção no mesmo período
saltou para incríveis 70%. E, ao fazer e praticar aquilo que aprendemos
(exercícios, no caso de estudos ou aplicar na prática conceitos vistos), a
retenção vai para incríveis 90%!
Utilize a pirâmide de Glasser no seu dia a dia
Se você é um estudante, agora já sabe que o aprendizado ativo pode
te ajudar de forma muito mais consistente nos estudos. Aprenda em
aulas o conteúdo trazido pelo professor mas é importante que não pare
por aí e foque em ações para reforçar a retenção daquele conteúdo por
conta própria. Isso fará toda a diferença!
Da mesma forma, se estiver no mercado de trabalho e estiver
aprendendo novos conteúdos (numa palestra ou treinamento, por
exemplo), certifique-se de que esteja utilizando métodos ativos de
aprendizagem para reter na memória e, de fato, aprender aqueles novos
conceitos.
2.4. Memória de trabalho, curto prazo e longo prazo
Podemos subdividir nossa memória em 3 partes para melhor
compreensão, cada uma responsável por uma parte importante no
processo como um todo, vejamos:
A memória de trabalho é um sistema cognitivo com capacidade
limitada que pode reter informações temporariamente enquanto uma
atividade está sendo realizada.*9 A memória de trabalho é
freqüentemente usada como sinônimo de memória de curto prazo, mas
alguns teóricos consideram as duas formas de memória distintas,
assumindo que a memória de trabalho permite a manipulação de
informações armazenadas, enquanto a memória de curto prazo se
refere apenas ao armazenamento de informações de curto prazo.*10
Independentemente da conceituação, é importante entender sua
utilidade no processo de aprendizagem e ter em mente que ela é
limitada.
Quando alguém nos diz um número de telefone para discarmos,
essa informação pode ser guardada por um curto período e se for um
número que não nos interessará no futuro, será prontamente descartado
após o uso.
Já a memória de longo prazo é a que retém de forma definitiva a
informação, permitindo sua recuperação ou evocação. Nela estão
contidos todos os nossos conhecimentos. Sua capacidade é
praticamente ilimitada.
A maioria das pessoas pensa na memória de longo prazo quando
pensa na própria "memória" - mas muitos estudos científicos mostram
que as informações passam primeiramente pela memória de trabalho e
de curto prazo antes que possam ser armazenadas como memória de
longo prazo.
Entender essas diferenças é fundamental para que possamos
aprender melhor. Quando nos damos conta das limitações da memória
de trabalho e de curto prazo entendemos que necessitamos de um
esforço adicional para que realmente possamos guardar e compreender
as informações que são importantes para nós.
2.5. As Emoções e o Aprendizado
O termo emoção exemplifica o conceito “guarda-chuva” que inclui:
mudanças afetivas, cognitivas, comportamentais, expressivas e
fisiológicas. A emoção é desencadeada por estímulos externos e
associada à combinação de sentimento e motivação.
As emoções possuem uma influência substancial nos processos
cognitivos nos seres humanos, incluindo percepção, atenção,
aprendizado, memória, raciocínio e solução de problemas.
A emoção tem uma influência particularmente forte na atenção,
especialmente modulando a seletividade da atenção, bem como
motivando a ação e o comportamento. Esse controle de atenção está
intimamente ligado aos processos de aprendizagem, uma vez que as
capacidades atencionais, intrinsecamente limitadas, estão mais focadas
nas informações relevantes. A emoção também facilita a codificação e
ajuda a recuperar informações com eficiência.*11
Estudos recentes utilizando exames de neuroimagem indicaram que
a amígdala (nossa parte do cérebro responsável pelas emoções) e o
córtex pré-frontal (mais relacionado à parte racional) cooperam com o
lobo temporal medial de maneira integrada e proporcionam:
● a consolidação da memória moduladora da amígdala;
● o córtex pré-frontal mediando a codificação e formação da
memória;
● o hipocampo para aprendizado bem-sucedido e retenção da
memória de longo prazo
A relação do sistema límbico e córtex cerebral
De maneira simplificada: nossas emoções são originadas no sistema
límbico do cérebro que é responsável pelos nossos comportamentos
mais instintivos, pelas emoções e pelos impulsos básicos, como sexo,
ira, prazer e sobrevivência. Por outro lado, a maior parte de nossos
pensamentos e aprendizados acontecem no córtex.
E esses dois sistemas “se falam”: o sistema límbico transmite
informações para que o córtex faça o processamento. Dessa forma, o
sistema límbico se torna uma espécie de mediador entre nossos
pensamentos e nossos sentimentos. Em função disso, nossas emoções
acabam interferindo no processo processo de aprendizado.
Emoções Positivas x Negativas
Embora esteja bem estabelecido que as emoções influenciam a
retenção e a memória, em termos de aprendizado, a questão dos
impactos emocionais positivos e negativos permanece questionável. A
ciência aponta caminhos para ambos os lados.
Alguns estudos relatam que emoções positivas facilitam a
aprendizagem e contribuem para o desempenho acadêmico, sendo
mediadas pelos níveis de auto-motivação e satisfação com os materiais
de aprendizagem*12
No entanto, outros estudos demonstram o contrário: algumas
emoções tidas como negativas como a confusão (não é uma emoção
em si, mas um estado de desequilíbrio cognitivo) fazem com que a
pessoa tenha um desempenho positivo em termos de aprendizado. Um
aluno confuso pode ficar frustrado com sua baixa compreensão do
assunto, com um leve nível de raiva ou irritação. Este estudo concluiu
que os alunos motivados que respondiam ativamente à sua confusão
mental conseguiam uma nova e melhor compreensão fazendo um
esforço cognitivo adicional.*13
Em um outro estudo e, por mais contraditório que possa parecer, o
stress parece ter provocado efeitos positivos no aprendizado. Mais
especificamente, o estresse leve e agudo facilita o aprendizado e o
desempenho cognitivo, enquanto o estresse excessivo e crônico
prejudica o aprendizado e é prejudicial ao desempenho da memória.*14
Dessa forma, é importante entender o papel que as emoções trazem
em nosso aprendizado pois lidamos com elas diariamente, em maior ou
menor grau. Em situações de picos de stress ou alta ansiedade é
possível que seu aprendizado seja comprometido, como antes de uma
prova, avaliação ou um teste importante pra você. Se souber controlar
isso (e esse é um grande desafio) e baixar seus níveis de stress e
ansiedade poderá ter um desempenho melhor durante o processo de
aprendizado.
Dessa forma, ao sentir que seus níveis de ansiedade e stress
estejam aumentando nos estudos (nem sempre é fácil perceber), faça
uma pausa, respire profundamente algumas vezes e procure relaxar. O
ideal é que você consiga entrar num estado de atenção com baixos
níveis de stress para que seu nível de absorção e compreensão daquele
conteúdo aumente substancialmente. O mesmo vale para períodos
anteriores à provas ou exames.
3. Os processos fisiológicos e seu
impacto na aprendizagem
A fisiologia é o campo que estuda as funções e o funcionamento dos
seres vivos, seus processos físico-químicos que ocorrem nas células,
tecidos, órgãos e sistemas.
Nas últimas décadas muito se descobriu sobre a importância de
processos fisiológicos no processo de aprendizagem. Neste capítulo
vamos encontrar diversos estudos científicos comprovando a
importância de cuidarmos bem de nosso corpo e os efeitos positivos que
isso traz para nosso melhor aprendizado.
3.1. Alimentação
Hipócrates, considerado o “pai da medicina”, foi um grego que viveu
entre 460 e 370 A.C e tem uma famosa frase que é lhe atribuída: "Que
seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio".
Apesar de aqui estarmos falando em termos de saúde e não
aprendizado (o foco deste livro), essa frase simboliza e se encaixa
perfeitamente bem para nosso propósito nestas páginas.
A alimentação, sobretudo a boa alimentação, pode nos ajudar no
aprendizado muito mais do que imaginamos.
Mas o que é uma boa alimentação?
A ideia aqui não é descrever minuciosamente os alimentos em
termos nutricionais e, obviamente, não existe uma receita comum para
todos. Cada pessoa tem uma realidade distinta, no entanto, pesquisas
científicas comprovam que determinados tipos de vitaminas e alimentos
nos auxiliam na absorção e retenção de novos conhecimentos.
Vitamina do complexo B
É o caso do complexo vitamínico do tipo B (B1, B2, B3, B5, B6, B7,
B9 e B12), por exemplo. Estudos científicos demonstram que pessoas
que possuem deficiência em vitaminas desse tipo apresentam uma
capacidade reduzida de memória e aprendizado.*15
Abaixo alguns alimentos ricos em vitaminas do complexo B:
Vitaminas Alimentos ricos em complexo B
Suco de laranja, ervilhas, nozes, amendoim, frutos do mar, uvas, pão
B1 branco, batata com casca, ostras, arroz branco, melancia, manga, carne de
boi, sementes de abóbora, iogurte e abacate.
Levedura de cerveja, fígado de boi, galinha e peru, farelo de aveia,
B2 amêndoas, queijo cottage, ovos, queijos, frutos do mar, folhas de beterraba e
sementes de abóbora.
Levedura de cerveja, carne de frango, farelo de aveia, peixes como
cavala, truta e salmão, carne de boi, sementes de abóbora, frutos do mar,
B3
castanha de caju, pistache, cogumelos, nozes, ovo, queijos, lentilha, abacate e
tofu.
Sementes de girassol, cogumelos, queijo, salmão, amendoim, castanha de
B5 caju pistache, ovos, avelã, carne de frango e peru, abacate, ostras, frutos do
mar, iogurte, lentilha, brócolis, abóbora, morangos e leite.
Banana, salmão, franga, batata com casca, avelã, camarão, suco de
B6 tomate, noz, abacate, manga, sementes de girassol, melancia, molho de
tomate, melão, amendoim e lentilha.
Amendoim, avela, farelo de trigo, amêndoa, farelo de aveia, nozes, ovo,
B7 cogumelos, castanha de caju, acelga, queijo, cenoura, salmão, batata doce,
tomate, abacate, cebola, banana, mamão e alface.
Couve de bruxelas, ervilha, abacate, espinafre, tofu, mamão, brócolis,
B9 suco de tomate, amêndoas, arroz branco, feijão, banana, manga, kiwi, laranja,
couve flor e melão.
Fígado de boi, frutos do mar, ostras, fígado de frango, peixes como
B12 arenque, truta, salmão e atum, carne de boi, camarão, iogurte, leite, queijo,
ovo, carne de frango.
Fonte: tuasaude.com
Vitamina D
Outra vitamina muito importante para as funções cognitivas é a
vitamina D.*16 Sabemos que muito de sua produção no corpo humano é
estimulada pela luz solar. No entanto, também sabemos que o modo de
vida contemporâneo não contribui para uma boa exposição ao sol e,
muita vezes, acabamos tendo deficiência dessa importante vitamina
para o corpo.
Caso os níveis ideais de vitamina D não sejam atingidos com a
exposição solar o ideal é que você supra isso com alimentos ou mesmo
suplementos vitamínicos.
O Comitê de Alimentação e Nutrição do Conselho Nacional de
Investigação Americano, recomenda uma ingestão diária de 5 mcg para
adultos.*17
Vitamina D por cada 100 gramas de alimento
Óleo de fígado de bacalhau 252 mcg
Óleo de salmão 100 mcg
Salmão 5 mcg
Salmão defumado 20 mcg
Ostras 8 mcg
Arenque fresco 23,5 mcg
Leite fortificado 2,45 mcg
Ovo cozido 1,3 mcg
Carnes (frango, peru e porco) e vísceras em geral 0,3 mcg
Carne de boi 0,18 mcg
Fígado de galinha 2 mcg
Sardinha enlatada no azeite 40 mcg
Fígado de boi 1,1 mcg
Manteiga 1,53 mcg
Iogurte 0,04 mcg
Queijo cheddar 0,32 mcg
Fonte tuasaude.com
Vitamina E
A vitamina E é um antioxidante, o que significa que protege nossas
células dos radicais livres. Quando existem muitos radicais livres no
corpo, eles causam danos celulares. Portanto, a vitamina E ajuda a
retardar o processo de envelhecimento (dano celular), incluindo o
aparecimento da demência relacionada ao Alzheimer.
Estudos mostraram que pessoas com níveis adequados de vitamina
E tiveram um desempenho melhor nos testes cognitivos e de memória e
atrasaram significativamente a demência relacionada ao Alzheimer *18.
Para aumentar ainda mais os efeitos da vitamina E, alguns estudos
também demonstraram que ela funciona melhor com níveis adequados
de vitamina C.
Pode até não ser tão evidente a olhos nus, mas quando analisamos
os diversos estudos sobre o impacto de nossa alimentação em nossas
funções cognitivas (e, obviamente, em nossa saúde) começamos a levar
o assunto mais a sério.
A alta performance nos estudos e no aprendizado é uma sequência
de vários fatores conforme veremos ao longo destas páginas e cada um
deles tem seu peso e relevância.
Um desequilíbrio em algumas dessas áreas poderá fazer com que
você não atinja seu máximo potencial de aprendizado, portanto, se você
leva seu aprendizado a sério então minha recomendação é que você
busque descobrir com especialistas (médicos e nutricionistas) se existe
alguma deficiência em sua alimentação e se há um déficit de vitaminas
que necessitam ser ajustadas.
Faça um favor a si mesmo: Não desconsidere esta parte. Essa é a
parte mais simples de “pular” pois aparentemente ela não é diretamente
relacionada à nossa capacidade cognitiva (pelo menos não enxergamos
assim). No entanto, nosso corpo é um “motor” composto de várias
pequenas partes que precisam estar em pleno funcionamento para que
consigamos extrair o máximo dele.
Veremos ao longo das próximas páginas que aprender exige muito
de nós, por isso, uma alimentação equilibrada e balanceada te ajudará a
ter muito mais energia, disposição, foco e desempenhará um papel
super relevante no seu processo de aprendizagem como um todo.
3.2. Exercícios físicos
Sabemos há décadas sobre o poder dos exercícios físicos na
melhoria de nossa saúde e energia, no entanto, será que praticar
exercícios regularmente nos ajuda em nossas funções cognitivas?
A resposta é um grandioso SIM.
Muitas pesquisas científicas chegaram a conclusões similares e
dizem que a prática regular de exercícios são os melhores e mais
baratos tratamentos para prevenção, manutenção e restauração de
propriedades cognitivas e funções cerebrais.*19
Estudos demonstram ainda que crianças que são estimuladas a
fazer exercícios físicos - de diversos tipos - obtém ganhos cognitivos
relevantes.*20 Portanto, se você tem filhos, estimulá-los a praticar
alguma atividade física trará ganhos diretos em suas funções cerebrais
e tantos outros. Alguns que podemos citar: melhora a aptidão
cardiorrespiratória, constrói ossos e músculos mais fortes, controla o
peso, reduz os sintomas de ansiedade e depressão e reduz o risco de
desenvolver doenças e até câncer. *21
Efeitos das atividades físicas no desempenho escolar
Ser um(a) estudante ou mesmo um acadêmico exigirá de você
muitas horas de estudo e dedicação sobre determinado tema. E nos
últimos anos surgiram vários estudos trazendo uma correlação direta
entre a prática regular de exercícios e a melhora de performance em
atividades escolares.
Um estudo sobre esse tema*22 foram encontradas diversas
descobertas:
● As evidências sugerem que o aumento da atividade física e da
aptidão física pode melhorar o desempenho acadêmico e que o
tempo dedicado ao recreio e aulas de educação física podem
facilitar o desempenho escolar.
● As evidências disponíveis sugerem que matemática e leitura
são os tópicos acadêmicos mais influenciados pela atividade
física.
● As funções cognitivas básicas relacionadas à atenção e à
memória facilitam o aprendizado, e essas funções são
aprimoradas pela atividade física e maior aptidão aeróbica.
● Sessões únicas e participação de longo prazo na atividade
física melhoram o desempenho cognitivo e a saúde do cérebro.
As crianças que participam de atividade física de intensidade
vigorosa ou moderada se beneficiam mais.
● Dada a importância do tempo gasto na tarefa de aprender, os
alunos devem receber freqüentes intervalos de atividade física
que sejam adequados ao seu desenvolvimento.
Exercícios físicos como prevenção ao declínio cognitivo
Se a atividade física é importante para crianças e adolescentes
na melhora do desempenho cognitivo também é para adultos e
idosos.
Com o passar dos anos há evidências que demonstram uma
queda da capacidade cognitiva em seres humanos.
Quando você toma uma xícara de café, usa a Internet ou lê um
livro, está usando suas habilidades cognitivas. As habilidades
cognitivas são as habilidades mentais necessárias para executar
qualquer tarefa, da mais simples à mais complexa. Essas
habilidades mentais incluem consciência, manipulação de
informações, memória e raciocínio.
O envelhecimento cognitivo é complexo: há pouco declínio
relacionado à idade em algumas funções mentais - como
vocabulário, algumas habilidades numéricas e conhecimentos
gerais -, mas outras capacidades mentais diminuem a partir da
meia-idade ou mais cedo. Os últimos incluem aspectos de memória,
funções executivas, velocidade de processamento, raciocínio e
multitarefa.*23
No entanto, a boa notícia é que, novamente, a prática regular e
de todos os níveis de atividades físicas oferecem uma proteção
significativa e consistente contra a ocorrência desse processo de
declínio cognitivo.*24
Insira a atividade física no seu dia a dia
Blá Blá Blá. Você já deve estar cansado de escutar sobre a
importância das atividades físicas, certo? Não estou aqui para lhe
estimular a sair do sofá e começar a se mexer. Essa é uma decisão
somente sua e neste livro estou apenas trazendo evidências
científicas que demonstram a importância desse tipo de atividade
para melhora de seu desempenho cognitivo (sem falar nos muitos
outros benefícios para a saúde).
Quero apenas deixar claro novamente que existe um abismo
enorme entre “saber que alguma coisa é importante” e de fato “fazer
aquela coisa”.
● O fumante sabe que o cigarro faz mal e, eventualmente irá
matá-lo(a) em alguns anos, mas nem sempre para de fumar.
● A pessoa com maus hábitos alimentares sabe perfeitamente
que comer aquele hambúrguer com batata frita não é saudável,
mas mesmo assim come toda semana.
● O procrastinador sabe que exercício físico é importante, mas
não quer dizer que ele tem a energia e disposição necessária
para incorporar essa prática em sua rotina diária.
Por que?
Por que uma coisa é você saber algo racionalmente. Outra coisa é
tomar ações (e, geralmente, tomamos ações e formamos hábitos
quando ligamos algo emocional àquilo). Este assunto daria um outro
livro tranquilamente.
Mas calma, falaremos mais sobre a formação de hábitos mais à
frente.
3.3. Sono
Até aqui vimos como a alimentação e a prática regular de exercícios
físicos colaboram com nosso aprendizado. Um outro fator extremamente
importante (e muitas vezes, deixado de lado) é o poder do sono para o
processo de aprendizagem.
Esse tópico do sono possui uma quantidade incrível de pesquisas
científicas relacionados a esse tema (e, mesmo assim, os
pesquisadores não param de se defrontar com novas descobertas nessa
área).
Antes de começar a falar sobre alguns estudos, gostaria de dizer que
estudei o tema por algum tempo e é impressionante o que uma boa
noite de sono pode fazer pela nossa mente e corpo. Chega a ser até um
pouco assustadora sua importância e ao mesmo tempo é uma pena que
boa parte dessas informações “não chegue” à maioria das pessoas (na
verdade a informação está disponível, a disseminação ou interesse
sobre ela nem tanto).
A falta (ou a má qualidade) do sono afeta negativamente nossa
saúde, bem estar, humor e, infelizmente, nossa capacidade de
aprendizagem e memória.
Veja esse trecho da sinopse do livro “Why we Sleep” (ou, Por que
dormimos, em português) do professor e pesquisador da Universidade
de Berkeley na Califórnia Matthew Walker:
“Dormir rotineiramente menos de seis ou sete horas por noite
destrói o sistema imunológico, mais do que duplicando o risco de
câncer. O sono insuficiente é um fator-chave do estilo de vida que
determina se você irá ou não desenvolver a doença de Alzheimer. O
sono inadequado - mesmo reduções moderadas por apenas uma
semana - interrompe os níveis de açúcar no sangue tão
profundamente que você seria classificado como pré-diabético.
Dormir pouco aumenta a probabilidade de as artérias coronárias
ficarem bloqueadas e quebradiças, colocando você no caminho de
doenças cardiovasculares, derrame e insuficiência cardíaca
congestiva. Adequando a sabedoria profética de Charlotte Brontë
de que "uma mente confusa faz um travesseiro inquieto", a
interrupção do sono contribui ainda mais para todas as principais
condições psiquiátricas, incluindo depressão, ansiedade e suicídio.”
Pesado, não é mesmo? Pode ser, mas é importante termos a noção
de sua importância vindo de um dos maiores e respeitados
pesquisadores sobre o assunto no mundo.
A evolução da ciência do sono
O sono é estudado há muitas e muitas décadas não somente em
seres humanos como também em animais. No entanto, foi com a
evolução da tecnologia nas últimas décadas, possibilitando ter
mecanismos cada vez melhores para análise do cérebro humano, que
uma série de descobertas importantes foram realizadas. Além das
máquinas, a perspicácia e criatividade de pesquisadores também foram
super importantes.
Basicamente ter uma boa qualidade de sono nos ajuda de duas
maneiras:
● Antes e durante o aprendizado: Melhora nossa capacidade de
atenção e retenção da informação. É como se uma boa noite de
sono preparasse seu cérebro para se tornar algo como uma
grande esponja pronta para absorver novas informações e
conteúdos.
● Após o aprendizado: algumas pesquisas sugerem que o sono
possui o papel de ser um consolidador de memórias, algo
fundamental no processo de aprendizagem. Esse processo de
consolidação acontece por meio de conexões neurais que são
fortalecidas durante o sono.*25
Um estudo conduzido pelo professor Matthew Walker *25, já citado
acima, separou dois grupos de pessoas (adultos saudáveis) e
submeteu-os a uma de duas condições experimentais:
- Um grupo teve 8 horas de sono ininterruptas
- Um grupo foi privado totalmente do sono naquela noite
No dia seguinte a equipe colocou os participantes em scanners de
imagem de ressonância magnética. E, dentro do scanner, eles inseriram
uma lista completa de novos fatos para que os participantes tomassem
contato, enquanto sua atividade cerebral era escaneada. Depois disso,
eles testaram os participantes para entender quão efetivos os
aprendizados foram em cada um dos grupos.
A descoberta: O grupo privado de sono aprendeu 40% menos que o
grupo que teve uma noite de sono de 8 horas. Isto é, a habilidade do
cérebro em formar novas memórias foi profundamente afetada pela
privação do sono. Vou repetir: 40%! É muita coisa.
Pra colocar isso em perspectiva: essa diferença seria o suficiente
para tirar uma boa nota numa prova (e “passar de ano”) ou falhar
miseravelmente. Para os estudantes de última hora que passam a
madrugada inteira estudando para a prova no dia seguinte, cuidado!
Veja esse outro argumento:
Um estudo de Harvard de 2010*26 sugeriu que o sonho pode reativar
e reorganizar um material aprendido recentemente, o que ajudaria a
melhorar a memória e aumentar o desempenho. No estudo, os
voluntários passaram uma hora aprendendo a lidar com um complexo
quebra-cabeça tridimensional. Durante um intervalo, alguns foram
autorizados a cochilar por 90 minutos, outros não. Quando os
voluntários atacaram novamente o quebra-cabeça, apenas os poucos
que sonharam com isso durante seus cochilos se saíram melhor.
O estudo concluiu que embora os sonhos não tenham mostrado
soluções para o quebra-cabeça, os pesquisadores acreditam que
mostram como o cérebro sonhador pode reorganizar e consolidar
memórias, resultando em melhor desempenho nas tarefas aprendidas.
Isso mostra que não somente uma noite inteira de sono tem o poder
de melhorar nossa capacidade de memória e aprendizado, mas que
pedaços menores de sono e, por incrível que pareça, nossos sonhos
também.
3.3.1. O poder das micro sonecas
Uma micro soneca pode ser definida como um sono em algum
momento do dia que não ultrapasse os 45 minutos.
Num outro estudo de Harvard*26, estudantes universitários
voluntários memorizaram pares de palavras não relacionadas,
trabalharam em um quebra-cabeça de labirinto e copiaram uma figura
complexa. Todos foram testados e metade foi deixada cochilar por 45
minutos. Durante um novo teste, cochilar melhorou o desempenho de
voluntários que inicialmente se saíram bem no teste, mas não ajudou
aqueles que tiveram uma pontuação baixa na primeira vez.
Micro sonecas. Para muitas pessoas, é difícil, senão impossível,
encontrar 45 minutos para tirar uma soneca durante um dia comum. Em
um estudo alemão, uma soneca de apenas seis minutos ajudou os
voluntários a recordar uma lista de 30 palavras que haviam memorizado
anteriormente.*26
Sono e criatividade. Os cochilos geralmente são curtos demais para
permitir que uma pessoa entre na fase profunda do sono, conhecida
como sono rápido dos olhos (REM). Essa é a fase durante a qual a
maioria dos sonhos acontece. Pesquisadores da Califórnia deram aos
voluntários uma série de problemas criativos pela manhã e pediram que
eles passassem o dia analisando as soluções antes de serem testados
no final da tarde. Metade dos voluntários foi solicitada a permanecer
acordada durante o dia, os outros foram incentivados a tirar uma
soneca. Aqueles cujos cochilos foram longos o suficiente para entrar no
sono REM por um tempo tiveram um desempenho 40% melhor no teste
do que aqueles que não dormiram. Em vez de simplesmente aumentar o
estado de alerta e atenção, o sono REM permitiu que o cérebro
trabalhasse criativamente nos problemas que foram colocados antes do
sono.
Minha experiência pessoal: Já fiz testes com vários tempos de micro
sonecas diferentes durante o dia e o que melhor funciona pra mim é um
tempo de cerca de 15 a 20 minutos. Mais do que isso me deixa pouco
ativo logo após acordar e menos que isso não sinto muito bem os
efeitos. Com no máximo 20 minutos de sono sinto que meu
desempenho melhora após a soneca, principalmente para atividades
que exigem maior concentração como escrever, ler ou preparar uma
apresentação, por exemplo.
É claro que nem sempre é possível, mas se tiver a oportunidade,
faça o teste e descubra o que funciona melhor pra você.
Em resumo
Dormir não te tornará mais inteligente ou será uma garantia de
sucesso no seu processo de estudo e aprendizado, mas pode ajudar
muito a melhorar sua memória e resolver problemas. Dormir bem à noite
e por tempo suficiente está associado à boa saúde como vimos. A
combinação cognição-saúde é uma abordagem que deve fazer com que
você leve o sono mais a sério, principalmente se tem problemas com
ele.
4. Técnicas de Aprendizagem
Separei neste livro algumas técnicas de aprendizado que me ajudaram
em diferentes momentos da minha vida (algumas delas eu gostaria de
ter conhecido muito antes pois teriam me poupado muito tempo).
O objetivo deste capítulo do livro é trazer algumas dicas práticas
para que você possa aplicar no seu dia a dia, inclusive começando hoje
mesmo. Recomendo que teste algumas delas logo nas primeiras horas
depois de conhecê-las, pois, como já vimos, nada melhor do que
praticar para aprender.
É possível que você conheça e já aplique algumas delas ou então ao
menos tenha algumas coisas que já faça naturalmente embora não
saiba que pertença a uma técnica específica.
Vamos a elas:
4.1. Técnica Feynmam
Richard Feynmam foi um físico norte americano ganhador do prêmio
Nobel de física em 1965 e que trabalhava com os campos de
eletrodinâmica e mecânica quântica (só a partir dessa introdução dá pra
imaginar o que esse cara estudou e aprendeu na vida, certo?)
Feynman era conhecido por seus alunos e por colegas de trabalho
por ter uma incrível competência em simplificar conceitos
extremamentes complexos da física.
Como dizia Leonardo Da Vinci, “a simplicidade é o último grau da
sofisticação”. Ou seja, para transformar algo complexo em algo simples
é preciso notar que existe uma série de camadas de conhecimento que
uma pessoa precisa ter. É uma espécie de engenharia reversa do
conhecimento em que essa reversibilidade é fruto da simplificação de
vários conceitos.
Feynman entendeu a diferença entre saber apenas o nome de algo e
saber verdadeiramente algo. A maioria de nós se concentra no primeiro
tipo de conhecimento que se concentra em saber o nome de algo -
como é chamado. O segundo se concentra em realmente saber algo -
que é entender algo.
Para nossa sorte, Feynman deixou uma autobiografia onde conta
suas histórias, algumas muito engraçadas, em um livro chamado Surely
you’re Joking Mr. Feynman, ou “Só pode ser brincadeira Sr. Feynman,
em português.
E, além de tudo disso, ele também nos brindou com uma técnica que
ele mesmo utilizava para aprender um novo conceito. Apelidado de
método Feynman de Aprendizado é uma técnica poderosa que, aplicada
corretamente, pode ser a melhor maneira de aprender absolutamente
tudo.
Ela é dividida em 4 etapas:
1. Escolha um conceito sobre o qual deseja aprender
Anote tudo o que você sabe sobre o tópico. Sempre que você
encontrar novas fontes de informação, adicione-as à nota.
2. Ensine o conceito para você mesmo ou para uma outra
pessoa
Anote uma explicação do conceito na página. Use uma linguagem
simples (sem jargões ou palavras difíceis). Finja que você está
ensinando a outra pessoa (por exemplo, um aluno da 6ª série). Para
isso procure ser breve na explicação (uma criança não tem paciência
pra ouvir um longo discurso).
O ponto aqui é: Se você pode ensinar um conceito a uma criança,
está progredindo no jogo e aprendendo sobre aquilo.
Essa etapa da técnica serve para destacar o que você entende, mas,
mais importante, identificar o que você não sabe ou não compreendeu
muito bem.
Se você teve dificuldade em colocar pensamentos em sua anotação,
isso mostra que você tem espaço para melhorar. É também aqui que o
poder da criatividade pode ajudá-lo a alcançar novos patamares no
aprendizado (utilizando analogias, metáforas e simplificações).
3. Identifique lacunas na sua explicação; Volte para o material
de origem, para entendê-lo melhor.
Nesta etapa é que o aprendizado realmente acontece. O que está
faltando? Que lacunas você deixou em aberto para uma melhor
explicação? O que você não sabe?
Identificar essas lacunas de conhecimento ajudará você quando for
coletar e organizar suas anotações em uma história coesa (que é o
próximo passo).
Se você não sabe algo, volte para o material de origem (anotações
de palestras, idéias, livros, blogs, vídeos, etc.) e compile informações
que ajudarão você a preencher essas lacunas.
4. Revise e simplifique o material
Aqui é o momento de contar sua história. Junte suas anotações e
comece a contar uma história usando explicações concisas. Reúna as
partes mais vitais do seu conhecimento sobre o tópico.
Pratique ler sua história e seus principais pensamentos sobre o
tópico em voz alta. Finja contar a história para uma sala de aula. Alguns
tropeços nesse exercício podem indicar pensamentos incompletos (o
que é ótimo para identificar pontos de melhoria).
Feynman desenvolveu esse método para o estudo da ciência,
sobretudo a física, que era sua paixão. No entanto você e eu temos a
possibilidade de usar essa mesmíssima técnica que pode ser aplicada a
qualquer coisa que queiramos aprender, não importa a área.
E por que a técnica Feynman funciona muito bem?
Além de ter sido formulada, talvez empiricamente, por um dos
maiores gênios da física do século XX, trata-se um método de
aprendizagem muito ativo. Já vimos a importância de utilizar métodos
ativos para aprender um novo conceito e o modelo de Feynman contém
essa característica do início ao fim.
Você se força a condensar, resumir, simplificar e explicar conceitos
novos que adquiriu e esse exercício faz toda a diferença para seu
processo de aprendizagem.
4.2. A prática deliberada
Anders Ericsson é um psicólogo e pesquisador da mente humana.
Ele possui diversas pesquisas relacionadas ao tema do aprendizado e
relaciona isso com descobertas surpreendentes de nosso cérebro.
Ele é o criador do conhecido conceito chamado prática deliberada.
Esse conceito eu considero fascinante e um dos mais poderosos deste
livro.
Segundo Ericsson, a prática deliberada é “a mais poderosa
abordagem para o aprendizado já descoberta”.
Ericsson passou mais de 3 décadas de sua vida pesquisando
profissionais de elite: atletas, músicos, artistas, médicos para entender
como alcançaram o topo em suas carreiras.
E o que é a prática deliberada?
Se você já teve algum contato com o livro “Outliers” (ou Foras de
Série) de Malcolm Gladwell então provavelmente já entende a base da
prática deliberada.
No livro, Gladwell sugere que pessoas de alta performance e que
conquistaram o topo em suas áreas são fruto de uma dedicação e
treinamento intensos durante anos. Nesse livro ele cunhou a expressão
das 10.000 horas como sendo uma medida-chave para que essas
pessoas conseguissem atingir a maestria em suas áreas.
Gladwell teve como base para isso os estudos da prática deliberada
de Ericsson.
Portanto, a prática deliberada é a relação direta entre a prática
intensa e o nível de desempenho de determinadas atividades. E essa
relação é afetada diretamente pela quantidade e qualidade de prática
envolvida visando a um desempenho superior.
A prática deliberada se refere a uma prática sistemática que requer
atenção concentrada e é conduzida com o objetivo específico de
melhorar o desempenho. Portanto, ela se difere de uma prática regular
já que essa última pode incluir, por exemplo, repetições irracionais e
sem foco que não necessariamente levariam a um desempenho
superior.
Acabando com alguns mitos
A grande mérito da prática deliberada é que ela acaba com alguns
mitos relacionados a talentos, dons e coisas do tipo.
Veja: eu acredito sim no talento, no entanto, muitas vezes ele é
sobrevalorizado na sociedade. Quantas vezes você já não ouviu frases
como: “Nossa, fulano(a) é muito talentoso(a)” ou “Ele(a) nasceu com o
dom pra isso”. Será mesmo?
O talento existe, é óbvio, no entanto, ele é lapidado com muito treino
e dedicação para que uma pessoa alcance o topo de desempenho em
qualquer área.
O texto abaixo é retirado do livro Peak de Ericsson:
“Algumas pessoas têm talento para alguma coisa e outras não e
que você pode perceber a diferença logo no início ", corremos o
risco de uma profecia auto-realizável…. A melhor maneira de evitar
isso é reconhecer o potencial em todos nós - e trabalhar para
encontrar maneiras de desenvolvê-lo”.
A prática regular não garante o topo
É importante dizer que o número de horas por si só não significa
muita coisa no treinamento e desenvolvimento de uma habilidade.
É necessário que você cumpra alguns pré requisitos para que atinja
a prática deliberada:
- Tenha um objetivo ao praticar alguma ação
- Tenha compromisso com o aprimoramento contínuo
- Tenha um plano e o divida em etapas menores
Não pense que se você se dedicar muitas horas mas cometer erros
(e não corrigi-los ao longo do tempo) isso o tornará um profissional
melhor. É necessário um processo ativo de aprendizagem ao longo do
tempo para que essas horas de treinamento realmente possam fazer a
diferença.
O fato de realizar inúmeras repetições de algo sem refletir sobre elas
nem sempre fará com que você busque caminhos melhores e mais
efetivos e se torne melhor naquilo. E isso vale para tudo: um jogo de
xadrez, o desempenho no basquete, falar em público, escrever melhor e
em seu processo de aprendizado.
Não se engane: As repetições importam sim, sobretudo no início. No
entanto, depois de um tempo, começamos a negligenciar pequenos
erros e perder oportunidades diárias de melhoria. Essas são as
repetições irrefletidas e aqui temos que tomar cuidado. Ao atingirmos
esse nível, se não estivermos focados na melhoria contínua e com um
objetivo maior em mente, é muito fácil parar de evoluir.
E aqui se encontra uma das principais inimigas da prática deliberada:
a atividade irracional e a repetição em modo automático.
O perigo de praticar a mesma coisa repetidas vezes é que
assumimos que estamos progredindo e melhorando simplesmente
porque estamos adquirindo experiência. No entanto, estamos apenas
reforçando nossos hábitos - o que não é o mesmo que dizer que
estamos melhorando-os.
A Importância do Feedback na Prática Deliberada
Talvez a maior diferença entre prática deliberada e a repetição
simples seja o feedback.
Existem algumas maneiras de receber feedback mas neste livro
vamos nos concentrar em duas delas:
O primeiro método de feedback são as métricas. Peter Drucker,
considerado o pai da Administração moderna tinha uma frase famosa
sobre isso: “O que não é medido, não é gerenciado”. Ou seja, você só
pode melhorar aquilo que mede. Isso vale para o número de páginas
que lemos de um livro, o número de flexões que fazemos, o número de
ligações de vendas e qualquer outra tarefa que seja importante para
nós. É somente por meio da medição que temos alguma prova de que
estamos melhorando ou piorando.
O segundo sistema de feedback eficaz envolve a participação de um
terceiro: Um coach ou mentor. Apesar desse termo “coach” ou
“coaching” ter sido distorcido no Brasil (vi pessoas se formando em
coaching que nunca tinham trabalhado e conquistado algo na vida
querendo ensinar e treinar outras pessoas a serem bem sucedidas em
suas áreas), os treinadores sérios geralmente são essenciais para
sustentar a prática deliberada. Em muitos casos, é quase impossível
executar uma tarefa e medir seu progresso ao mesmo tempo. Bons
treinadores podem acompanhar seu progresso, encontrar pequenas
maneiras de melhorar e responsabilizá-lo por entregar o seu melhor
esforço todos os dias.
Portanto, a teoria da prática deliberada demonstra que o
desenvolvimento de uma habilidade requer a incorporação de um ciclo
de feedback auto-reflexivo no processo de entrega ou desenvolvimento
dessa competência (ou seja, prática), em vez de simplesmente executar
uma tarefa repetidamente até dominá-la.
Para alcançar a máxima eficiência, o tempo para a auto-reflexão e o
feedback instantâneo são vitais para permitir que a pessoa faça
melhorias antes de iniciar a próxima tarefa. A maestria é, portanto,
alcançada através de ciclos repetidos de prática focada e correções de
rota frequentes, com cada ciclo enfatizando um ou mais aspectos de
uma habilidade desejada.
A Prática Deliberada e o Aprendizado
Ao nos debruçarmos sobre um tópico de estudo específico podemos
utilizar a prática deliberada para melhorar nossos resultados. Então,
como fazer isso funcionar no seu dia a dia?
1. Defina o assunto que deseja aprender e o divida em partes
menores
Escolha um assunto de seu interesse e o divida em partes menores.
Aqui a parte “de seu interesse” importa muito pois será necessário
motivação para continuar depois de muitas horas de estudo.
Depois disso, foque em aprender parte por parte e, ao final, reúna tudo.
Esse primeiro passo é importante pois como vimos a prática deliberada
exige alta concentração e ajuda quando temos um foco específico de
atuação. Isso evita dispersão ou até ansiedade por ter muito material
para estudar.
2. Trace metas específicas e mensuráveis
Definir metas menores significa que você sabe exatamente no que
trabalhar. Você pensa sobre o assunto antes de dar o primeiro passo e
obtém clareza de onde quer chegar.
Comece dividindo seus objetivos em metas concretas. Talvez você
queira “melhorar na programação”, mas o que isso significa
exatamente? Existem metas específicas que você pode definir que
informarão se você conseguiu atingir aquele objetivo?
Depois de ter esses marcos, defina um prazo para eles que sejam
atingidos, exemplo em 3, 6 ou 12 meses.
Agora, dê um passo adiante. O que precisa ser feito em cada um deles
para alcançá-los? Com tempo e esforço, você pode quebrar suas metas
até o ponto em que sabe exatamente o que precisa de sua atenção e
colocá-las em sua programação diária.
3. Receba feedbacks (da pessoa certa!)
Como vimos, o feedback é um fator muito importante na prática
deliberada. Neste passo é fundamental contar com bons mentores. Os
mentores certos sabem onde você deve focar sua atenção, entendem
seus pontos fortes e fracos e sabem como te desafiar.
Esse ponto nem sempre é fácil pois você pode pensar que não tem
uma pessoa próxima para eleger como mentor, no entanto, se esforce
para encontrar um(a): pode ser um professor, um amigo ou mesmo um
familiar que domina um assunto em que você deseja se aperfeiçoar.
Se mesmo assim você não encontrar, vou te dar uma dica que eu
utilizo: use a internet para encontrar pessoas que você respeita nessa
área. Quer aprender sobre vendas? Marketing? Produtividade?
Investimentos? Alguém na internet fala sobre isso e deve ter muito
conteúdo de qualidade. Mas cuidado: Existem muitos “falsos mentores”
e é preciso separar o joio do trigo.
Para escolher um mentor olhe para seus resultados. Não tem nada
melhor. Ele(a) tem resultados verdadeiros, comprovados e muito acima
da média naquela área de atuação? Comece com esse filtro básico e vá
refinando sua busca.
Depois de encontrado seu mentor, procure entender sua principais
ideias e práticas sobre aquele assunto. Ele(a) tem um livro? Compre e
devore. Tem conteúdo na internet (blog, vídeos)? Uma newsletter?
Consuma aquele conteúdo e aprenda com aquilo.
A vantagem da internet é que você pode escolher os melhores do
mundo naquilo que fazem. Infelizmente dessa forma você não contará
com um feedback pessoal, mas é melhor que não ter nenhuma
orientação inicial. Isso serve apenas para iniciar sua jornada, portanto
continue à procura de um mentor que te auxilie na jornada.
4. Descanse
A prática deliberada não é fácil e requer sua atenção total, com o
máximo de esforço físico e mental de maneira sustentada por longos
períodos de tempo. E você precisa manter esse esforço de forma
saudável, por isso se torna tão fundamental descansar de verdade.
Agora que você já sabe sobre a importância do sono no processo de
aprendizagem e na sua saúde de maneira geral, não erre nesse ponto.
Ou seja, saiba compensar o intenso esforço da prática deliberada com
qualquer tipo de atividade de lazer ou relaxamento. Insira os
“descansos” no seu planejamento: nada mais justo (e efetivo para
aprendizagem) do que um descanso merecido depois de muita
dedicação.
5. Repita o processo
Depois de descansar precisamos continuar e repetir o processo. E
repetir é uma das chaves mais importantes para o aprendizado e a
prática deliberada.
A repetição espaçada é muito eficiente no longo prazo (é melhor
dividir as sessões de estudo durante alguns dias ou semanas do que
tentar absorver tudo de uma única vez no curto prazo).
A repetição espaçada, como vimos, é uma das melhores formas de
superar a curva de esquecimento de Ebbinghaus.
A Promessa da Prática Deliberada
Nós seres humanos temos uma capacidade incrível de melhorar
nosso desempenho em quase todas as áreas da vida, se treinarmos da
maneira correta. Contudo, isto é muito mais fácil dizer do que fazer.
Caso contrário veríamos o mundo cheio de especialistas e apaixonados
em suas áreas entregando a máxima performance. E, obviamente, o
mundo real não é bem assim.
A prática deliberada não é uma atividade confortável. Exige muito
esforço e concentração sustentadas durante muito tempo. Exige
disciplina e motivação. Não é moleza. As pessoas que se dedicam à
prática deliberada estão comprometidas em ser aprendizes ao longo da
vida - sempre explorando, experimentando e refinando seus
conhecimentos, habilidades e competências.
A prática deliberada não é uma pílula mágica (está bem longe disso),
mas se você conseguir manter seu foco e comprometimento, sua
promessa é bastante atraente: tirar o máximo proveito do que você pode
dar e oferecer uma vida com muito mais significado, propósito e
completude.
Críticas à Prática Deliberada
Alguns pesquisadores criticam o peso a que se atribui à prática
deliberada no sucesso de uma pessoa em determinada atividade. A
conclusão é que ela tem sua importância sim, no entanto, não é a única
responsável.*27
Além disso, em algumas áreas os resultados são mais fáceis de
visualizar que outros. Por exemplo, nos esportes é mais simples de
medir a eficiência e resultados da prática deliberada do que num
trabalho como professor, por exemplo.
No entanto, mais pesquisas e estudos dão apoio à prática deliberada
do que o contrário (pelo número de citações em outros artigos científicos
e meta-estudos - estudos científicos com base nos estudos originais).
De qualquer forma, é um conceito muito importante e que deve ser
levado em conta a todos que desejam se aprimorar e evoluir em uma
competência ou área desejada.
4.3 Repetições Espaçadas
Essa técnica de estudo é baseada no comportamento de
aprendizado espaçado de nosso cérebro, conforme vimos
anteriormente.
O objetivo desta técnica é espaçar o estudo das mesmas
informações em várias sessões, em vez de agrupar tudo em uma única
vez.
Trata-se um conceito extremamente simples em teoria, mas muito
difícil de implementar pois exige muita disciplina. Os benefícios da
prática espaçada foram demonstrados em muitos domínios, desde o
aprendizado de fatos*28 até a solução de problemas *29 e até o
aprendizado de instrumentos musicais *30. Os benefícios da prática
espaçada também aparecem em testes posteriores (depois de um
tempo), e não apenas em um teste imediato *31.
A repetição espaçada fará com que uma mesma quantidade de
tempo de estudo sobre algum material produzirá um aprendizado mais
duradouro. Por exemplo, 7 horas distribuídas por duas semanas é
melhor que as mesmas 7 horas durante um único dia.
Coloque o método ativo para funcionar
É importante que, ao executar essa técnica, você não apenas se
sente e releia suas anotações num segundo ou terceiro dia de estudo
espaçado. Em vez disso, você deve usar estratégias ativas de
aprendizado, como a prática de um exercício, a auto-explicação dos
principais conceitos ou a explicação a um terceiro.
Repita esse processo durante alguns dias ou semanas, espaçando
os dias e a cada dia estude as informações mais importantes para
mantê-las atualizadas e aplique um método ativo de aprendizagem.
Isso pode parecer difícil e você pode esquecer algumas informações,
mas, acredite, isso é uma coisa boa! Você precisa esquecer um pouco
para se beneficiar da prática espaçada. Seu cérebro estará trabalhando
durante seu modo difuso (quando você não estiver pensando naquilo -
ou durante o sono - para fortalecer aquelas conexões neurais desse
novo aprendizado).
Apenas pratique!
4.4. Testes e Exercícios Práticos
Apesar de termos familiaridade com exercícios (pois fizemos muitos
deles na escola), os testes práticos a que me refiro aqui não
necessariamente são apenas aqueles vistos em sala de aula.
Os exercícios são um dos melhores e mais efetivos métodos de
aprendizado que décadas de pesquisa envolvendo centenas de
experimentos comprovam.
Os testes práticos mencionados aqui são testes para os quais o
aluno recebe pelo menos um feedback do tipo “certo-errado” (feedback
orientado idealmente sobre o que ele fez de errado, mas geralmente ele
próprio tem que descobrir isso ou a partir de pares).
Alguns exemplos, incluem (mas não limitam a) cartões flash reais ou
virtuais (veremos mais detalhes à frente), problemas de prática,
perguntas ao final dos capítulos de livros e testes práticos on-line e
materiais de apoio fornecidos.
Estudos recentes mostraram que o teste prático pode melhorar a
retenção adicionando mais codificação às informações na memória de
longo prazo*32. A busca por respostas ativa as informações relacionadas
em nosso cérebro e traça vários caminhos para encontrar essas
informações.
Essa pesquisa sugere que quanto mais testes práticos, melhor,
embora o intervalo de tempo entre os testes práticos seja importante
(novamente a repetição espaçada). Os efeitos persistem por períodos
mais longos do que muitos outros métodos, especialmente se o
feedback correto da resposta for fornecido nos testes práticos.
4.5. Autoexplicação
Já vimos um pouco desse item na técnica Feynmam de
aprendizagem e provavelmente seja uma técnica que você já tenha
utilizado alguma vez na vida.
A autoexplicação envolve criar uma comunicação com suas próprias
palavras e relacionar um novo conceito aprendido com as informações
já conhecidas pelo seu cérebro.
Ao adotar essa técnica ativa de aprendizado você estará
aprimorando seu poder de compreensão de um novo assunto.
O quão eficaz é esse método?
Foi realizado um estudo que dividiu os alunos em três grupos*33. O
primeiro grupo estava resolvendo um problema e, ao fazer isso, eles
explicaram seu raciocínio. O segundo grupo resolveu os problemas e
explicou seu raciocínio apenas no final do processo. O terceiro grupo
acabou de resolver os problemas e não precisou fornecer nenhum
raciocínio.
Enquanto todos os três grupos tiveram o mesmo desempenho no
primeiro teste, no segundo teste (um que exigia transferência de
conhecimento), os dois primeiros grupos superaram o terceiro grupo por
uma ampla margem.
A avaliação geral dos pesquisadores deste estudo é de utilidade
moderada, ou seja, a autoexplicação melhora o aprendizado, no
entanto, é necessário treinamento sobre como gerar auto-explicações
para que seja eficaz:
"Embora a maioria das pesquisas tenha mostrado efeitos de
autoexplicação com treinamento mínimo, alguns resultados
sugeriram que os efeitos podem ser aprimorados se os alunos
forem ensinados a implementar efetivamente a estratégia de
autoexplicação".
O que isso significa para o seu estudo e aprendizado?
Existem diferentes maneiras de implementar esse método em seus
estudos. Uma maneira é escrever pequenos ensaios onde você discute
o material que aprendeu e o relaciona com outro material que conhece.
Outra maneira é criar mapas conceituais, nos quais você desenha
relacionamentos entre diferentes conceitos. Podem ser mapas mentais
ou tipos semelhantes de diagramas.
4.6. Mapas Mentais
Outra técnica de aprendizado são os mapas mentais. Confesso que
gostaria de tê-los conhecidos antes, pois me ajudam demais a organizar
ideias, planejar ações e, obviamente, aprender novos conteúdos.
Um mapa mental é uma maneira fácil de inserir pensamentos sem se
preocupar com ordem e estrutura. Permite estruturar visualmente suas
idéias para ajudar na análise e compreensão de um assunto. Foi criado
pelo inglês Tony Buzan, que deixou alguns livros como o: Dominando a
técnica dos Mapas Mentais.
De forma resumida, um mapa mental é um diagrama que pode
representar tarefas, palavras, conceitos que são organizados em torno
de um assunto central usando um layout gráfico e não linear que permite
criar uma estrutura intuitiva em torno desse conceito central.
Este livro que você está lendo agora foi primeiramente planejado
num grande Mapa Mental.
Exemplo de mapa mental - fonte: https://www.lucidchart.com/
Um mapa mental pode transformar uma longa lista de informações
monótonas em um diagrama colorido, memorável e altamente
organizado.
O que a ciência diz sobre os Mapas Mentais
Alguns estudos sugerem que a utilização de Mapas Mentais auxilia
na compreensão e aprendizado.
Um estudo de 2007 com 81 alunos de uma escola do ensino
fundamental na Turquia *34 demonstrou que a técnica de mapas mentais
afetou positivamente suas atitudes, desempenho acadêmico e
aprendizagem de conceitos em comparação com o grupo de controle
(que fazia anotações do modo tradicional). A pesquisa foi realizada
utilizando a matéria de ciências como base para o estudo.
Outros estudos em adultos chegaram a resultados paralelos, como
em um estudo de 2002 com estudantes do terceiro ano de medicina da
Universidade de Londres.*35
Formas de Aplicar Mapas Mentais
A beleza dos mapas mentais é que você pode fazê-lo (da maneira
mais simples possível) com uma folha em branco e uma caneta na mão.
Basta inserir no centro da folha a ideia central sobre o tema que você
está estudando e começar a “puxar” outros conceitos ligados a ele
(preparei um passo a passo pra você nas próximas páginas).
O fato de fazer esse exercício estará forçando seu cérebro a atribuir
uma lógica àquele assunto recém aprendido (mesmo que contenha
falhas no início).
Softwares e Ferramentas digitais
Com os vários programas de software de mapeamento mental
disponíveis hoje em dia, você pode anexar arquivos a diferentes ramos
(ou “galhos”) para obter ainda mais flexibilidade. Você também pode
alterar para várias visualizações diferentes, a fim de encontrar uma que
melhor lhe convier.
Alguns softwares de mapas mentais para você pesquisar:
XMind
Mindmeister
MindNode
Coggle
A maioria destes citados acima tem alguma versão gratuita que você
pode experimentar. Decidi não inserir análises e preços por aqui pois
essas ferramentas são atualizadas rotineiramente, então o livro poderia
estar desatualizado e com informações incorretas pra você leitor. Dessa
forma, preferi inserir o link dos sites para você analisar por conta própria
o que faz mais sentido pra você.
Como usar um Mapa Mental?
1. Comece no CENTRO de uma página em branco virada de lado.
Por quê? Porque começar no centro dá ao seu cérebro a
liberdade de se espalhar em todas as direções e de se
expressar de forma mais livre e natural.
2. Use um texto e uma IMAGEM para sua ideia central. Por quê?
Porque uma imagem ajuda você a usar sua imaginação. Uma
imagem central é mais interessante, mantém você
concentrado, ajuda a se concentrar e lembrar dela
posteriormente.
3. Use CORES por toda parte. Por quê? Porque as cores são
emocionantes para o seu cérebro assim como as imagens. A
cor acrescenta vibração e vida extra ao seu mapa mental,
adiciona uma tremenda energia ao seu pensamento criativo.
4. CONECTE suas ideias principais em torno daquele tema
central e conecte suas ideias de segundo e terceiro nível aos
primeiro e segundo níveis, etc. Por que? Porque seu cérebro
trabalha por associação. Ele gosta de vincular duas (ou três ou
quatro) coisas. Se você conectar os “galhos”, entenderá e
lembrará muito mais facilmente.
5. Faça seus “galhos” curvados em vez de alinhados. Por quê?
Porque ter nada além de linhas retas é chato para o seu
cérebro.
6. Use UMA PALAVRA CHAVE POR LINHA. Por quê? Porque
palavras-chave únicas dão ao seu mapa mental mais poder e
flexibilidade.
7. Use IMAGENS por toda parte. Por que cada imagem, assim
como a imagem central, vai te ajudar a fazer associações e
lembrar mais facilmente daqueles tópicos posteriormente.
Essas são somente algumas dicas iniciais, mas recomendo que você
estude mais sobre essa técnica pois verá que existem diversas
possibilidades de melhoria. Há diversos vídeos e textos falando sobre
isso na web e eu recomendo que você siga a Liz Kimura, uma das
maiores especialistas brasileiras em mapas mentais.
4.7. Metáforas e Analogias
Uma outra técnica de aprendizagem que auxilia na melhor
compreensão de conceitos são as metáforas e analogias. Vamos
entender a diferença entre esses dois conceitos:
Metáfora
Segundo o dicionário, uma metáfora é a designação de um objeto ou
qualidade mediante uma palavra que designa outro objeto ou qualidade
que tem com o primeiro uma relação de semelhança (p.ex., “ela tem
uma vontade de ferro”, para designar uma vontade forte, como o ferro;
ou ainda: “Ele é o capitão do barco”, referindo-se a um professor, por
exemplo).
Analogia
A analogia pode ser usada em diferentes campos de estudo mas
consideremos aqui que é a relação de semelhança entre coisas ou fatos
distintos. (p. Ex. A estrutura de um átomo é como a do sistema solar. O
núcleo é o sol e os elétrons são os planetas que giram em torno do sol).
Em resumo: Tanto analogias quanto metáforas expressam
comparações e destacam semelhanças. No entanto, sua diferença está
localizada no processo de comparação. Uma analogia compara as
estruturas de dois domínios (análogo e alvo) explicitamente, apontando
a identidade de partes das estruturas, enquanto uma metáfora compara,
de maneira não explícita, a identidade. Além disso, as metáforas
costumam usar representações literárias ou imagens poéticas, enquanto
as analogias operam em um nível muito mais analítico.
O que os estudos mostram?
Foram realizados diversos estudos acerca da utilização de metáforas
e analogias no estudo e aprendizado da ciência.*36 Sabemos que a
ciência compreende campos de estudo complexos como a física,
matemática, química dentre muitos outros.
Em vários deles foi comprovado que a utilização de metáforas e
analogias para entendimento de conceitos complexos ajudava na
aprendizagem.
Geralmente os melhores professores dominam amplamente essa
técnica pois aprenderam, muitas vezes de forma empírica (na prática e
tentativa e erro), que isso funcionava muito bem para a compreensão de
seus alunos.
Imagine que você está em um trem
Além de Richard Feynman, um outro físico chamado Albert Einstein
também era um mestre nessa arte de criar metáforas e analogias. Uma
das qualidades que melhor definiram Einstein em sua vida foi sua
notável capacidade de conceituar idéias científicas complexas
imaginando cenários da vida real.
A ele é atribuída a famosa frase: “A imaginação é mais importante do
que o conhecimento”.
Pois ele tinha uma imaginação incrível para criar situações e
cenários em sua cabeça e passar essas ideias de forma simples ao
público em geral. Veja esse exemplo:
Imagine que você está em um trem enquanto seu amigo está do lado
de fora do trem, vendo-o passar. Se um raio atingisse as duas
extremidades do trem, seu amigo veria os dois raios ao mesmo tempo.
Mas no trem, você está mais perto do raio em que o trem está se
movendo. Então você vê esse raio primeiro porque a luz tem uma
distância menor para viajar.
Esse experimento mental mostrou que o tempo se move de maneira
diferente para alguém que se move e para quem fica parado,
consolidando a crença de Einstein de que tempo e espaço são relativos
e que a simultaneidade não existe. Esta é uma pedra angular da teoria
da relatividade de Einstein.
Por meio dessa estória e exercício de imaginação não ficou muito
mais simples entender este conceito? Pois é, apesar de ser altamente
complexo, por meio de uma simples estória ele se tornou muito mais
facilmente compreensível. Este é o poder das metáforas e analogias!
Pense nas metáforas e analogias como grandes parceiras para
aprender novas coisas
A boa notícia é que você não precisa ser um gênio da física para
criar suas próprias metáforas e analogias. Se você não tem esse hábito
pode ser difícil no início, mas agora que você já entende como nosso
cérebro funciona, basta persistir, testar diferentes abordagens, situações
e continuar por algum tempo até que esse exercício lhe parecerá natural
e metáforas e analogias surgirão mais facilmente na sua mente.
Esse processo te ajudará a consolidar novos conhecimentos em seu
cérebro de maneira mais fácil. Utilize tanto para aprender pra si quanto
para transmitir conhecimento, seja na escrita, por áudio, vídeo ou
mesmo numa conversa ou apresentação presencial. Isso ajudará
demais as demais pessoas a entenderem mais facilmente seu
raciocínio.
4.8. ANKI
O ANKI é um programa que facilita a lembrança das coisas. Os
sistemas ou softwares de "repetição espaçada" (SRS) são cartões de
memória que auxiliam no tempo da recuperação espaçada.
Ele utiliza imagens, áudio, vídeos para ajudar no processo de
memorização. Você pode utilizar o ANKI como aliado em uma série de
atividades, por exemplo:
● Aprender um novo idioma
● Estudar para provas, testes e concursos
● Memorizar nomes e rostos das pessoas
● Aprimorar seus conhecimentos em geografia, história, direito,
etc
● Dominar poemas longos
● E assim por diante
Um cartão de memória nada mais é do que uma pergunta e sua
resposta. Você lê a questão e a responde mentalmente (ou verbalmente)
e confere a resposta em seguida (feedback instantâneo - lembra de sua
importância?).
Embora esse processo seja muito simples, ele trabalha com o modelo
de aprendizagem ativo uma vez que exige que você busque aquela
informação na sua cabeça.
Além disso, o ANKI te ajuda a combater os problemas que vimos com a
curva do esquecimento de Ebbinghaus uma vez que trabalha com a
repetição espaçada.
Você pode baixá-lo em seu computador ou smartphone e começar
hoje mesmo a testar. Você pode experimentar o AnkiDroid Flashcards
(para Android), o AnkiApp Flashcards (para iOS), e o ANKI para
desktop, todos gratuitos.
Uma das grandes vantagens de baixar um app desse tipo e carregar
com você para onde for é que você sempre pode aproveitar melhor o
seu tempo: seja no transporte público (metrô, trem, ônibus), numa fila de
supermercado ou mesmo numa viagem você pode aproveitar esse
tempo para treinar.
Personalize seu ANKI do seu jeito
A grande sacada desses apps é que você pode personalizar seus
cartões de memória da forma como achar melhor e não ficar vendo
cards aleatórios.
Um exemplo: Vamos supor que você esteja estudando inglês e viu
uma expressão que não conhece numa frase. Você pode copiar aquela
frase, criar um cartão no ANKI e como resposta inserir a tradução dela.
E isso você pode fazer dezenas ou centenas de frases com palavras e
expressões que não conhece.
Uma outra situação: Imagine que está estudando para um concurso
ou prova específica: você pode inserir as principais questões, fórmulas
ou artigos daquele tópico em cartões do ANKI para estar
constantemente revisando por meio de repetições espaçadas.
De tempos em tempos o software exibirá aquele cartão pra você de
maneira que você treine até que consiga “transferir” aquelas
informações importantes para sua memória de longo prazo. Assim,
quando estiver prestes a esquecer uma determinada frase, fórmula ou
artigo você verá novamente aquela informação.
10 Dicas para melhor aproveitamento do ANKI
Existem vários tutoriais na internet além dos próprios aplicativos que
ensinam como realizar as primeiras configurações para utilizar o ANKI,
por isso não falarei detalhadamente aqui dessa parte de instalação e
configuração.
Em vez disso vou me concentrar em algo que acredito que traga
mais valor pra você, ou seja, algumas dicas de como explorar melhor a
ferramenta.
Aqui vão 10 dicas pra você extrair o máximo do ANKI:
1. Se você baixar o app, se comprometa a fazer no mínimo por 30
dias antes de decidir se vale a pena continuar ou não.
2. “Seja preguiçoso(a)” - Se estiver criando cartões, copie/cole o
máximo possível para economizar tempo. Otimize cada cartão
de forma incremental (se necessário) ao revisar.
3. Adicione as fontes aos cartões caso queira lembrar/se
aprofundar de onde veio aquela informação (site, url, livro, etc).
4. Não pule um dia sequer (separe um horário ou coloque um
alarme no celular para treinar). No início é muito importante
manter uma prática diária para incorporar esse novo hábito.
5. Tenha cuidado ao usar decks (baralhos) pré-existentes devido
a erros (eles também são mais difíceis de usar, pois você ainda
não tem o conhecimento formulado para se lembrar).
6. Mantenha seus cartões curtos e simples = mais fácil de lembrar
7. Se você estiver aprendendo um idioma, poderá adicionar em
massa mídias como legendas ou livros e usar o Anki como um
dicionário de frases que você poderá salvar e aprendê-las mais
tarde.
8. Quando estiver em trânsito, marque todos os cartões que
precisam de edição/revisão e atualize-os quando puder.
9. Use um campo "notas" ou "extra" adicional para contextualizar
os fatos que você está aprendendo. Adicione suas próprias
observações e associações pessoais (método ativo, lembra-
se?). Isso vai te ajudar a criar links entre várias informações.
10. Use tags para uma melhor organização de
assuntos/tópicos
Como tudo, aprender por meio do ANKI exigirá disciplina de sua
parte. Não adianta configurá-lo inicialmente e depois só voltar a abrir a
aplicação depois de 30 dias. O ideal é que você tenha uma prática diária
(alguns minutos apenas) e que vá melhorando e adicionando novos
cartões com o tempo.
Recomendo que faça um teste com um novo material que esteja
estudando para ver se você consegue notar diferenças em termos de
aprendizado e memória após um certo tempo.
5. Como aprender mais rápido (e com
qualidade)
Já falamos sobre a competitividade nos dias atuais e a velocidade
exponencial das mudanças e como isso impacta as exigências do
mercado.
Sabendo disso, a conclusão óbvia é que, ao aprender mais rápido e
melhor nos tornarmos mais competitivos e valiosos nesse universo. E
isso é válido tanto para o mundo dos negócios quanto para o mundo
acadêmico, uma vez que sua capacidade de produção científica poderá
aumentar consideravelmente ao longo de sua carreira.
O problema de aprender mais rápido é que a rapidez pode prejudicar
a qualidade do estudo e aprendizado, certo? Não se você compreender
o funcionamento do seu cérebro, como o processo de aprendizagem
acontece e aplicar o método que melhor se aplica a você.
É importante dizer que cada ser humano é único e o que funciona
para mim pode não funcionar pra você e está tudo bem. O importante é
conhecermos os melhores caminhos apontados pela ciência e, após
essa compreensão, testá-los e decidir quais deles devemos seguir em
busca do nosso auto aperfeiçoamento.
5.1. O maior poder do século XXI: O autodidatismo
Existem amplas transformações em curso que vão mudar o mundo
nos próximos anos. Algumas delas são a Inteligência Artificial, a
nanotecnologia, a impressão 3D, robótica, genética, computação
quântica e por aí vai.
Até aí tudo bem. Mas prever quais os impactos que essas
transformações trarão para nossa vida é quase impossível. O que
sabemos é que muita coisa vai mudar, numa velocidade ainda maior do
que nas últimas duas décadas.
Sabendo disso, existe o que eu considero o super poder do século
XXI. Esse poder a que me refiro foi super importante na história e,
sobretudo nos últimos séculos. Que poder é esse?
O autodidatismo. Ser autodidata significa ser uma pessoa que, com
esforço, estudo e prática, busca conhecimento e instrução por conta
própria, sem ajuda de mestres.
5.1.1 Nunca foi tão fácil ser autodidata
Ser um autodidata nos séculos XVII, XVIII, XIX e até o início do
século XX não era uma lição tão simples. A realidade do mundo era
outra: éramos muito mais pobres economicamente falando e o
conhecimento era, de certa forma, elitizado e muito pouco democrático.
Isso sem falar nos séculos anteriores em que o conhecimento era ainda
mais restrito e ligado à Igreja, sobretudo no Ocidente.
A internet veio para revolucionar e democratizar o conhecimento no
final do século XX e, de lá pra cá, ser um autodidata tem sido cada vez
mais fácil. O único pré-requisito é ter uma conexão com a internet e
BOOM: o mundo se abre pra você.
5.1.2 Por que você deveria levar isso a sério?
Você pode (e deve) aprender por conta própria - aliás, se está lendo
este livro há grandes chances de já ser um autodidata ou mesmo estar
no caminho de se transformar em um(a). Até onde sabemos não existe
um gene que define que você é ou não autodidata, portanto é possível
aprender isso também.
Os autodidatas serão as pessoas que participarão ativamente das
transformações que acontecerão nos próximos anos (e, acredite, elas
não vão parar) sendo cada vez mais valorizadas no mercado de
trabalho.
Algumas dicas para se tornar um autodidata:
1. Mentalidade
A mentalidade de um autodidata é diferente da maioria das pessoas
no que se refere à aprender coisas novas. Um autodidata sabe que
pode aprender basicamente em qualquer situação (e está sempre atento
à isso), seja numa conversa com outra pessoa que tem conhecimentos
e experiências que pode enriquecê-lo ou lendo um artigo, livro, blog,
vendo um vídeo, ouvindo um podcast, etc). Um autodidata é uma
esponja pronta para sugar novos conhecimentos e a curiosidade é
sempre sua melhor amiga.
Mas para isso é preciso desenvolver esse tipo de mentalidade (ou
mindset, em inglês).
Um fantástico livro sobre o assunto é o da psicóloga americana Carol
S. Dweck, chamado Mindset: A nova psicologia do sucesso. No livro
ela fala que existem basicamente dois tipos de mentalidade: a
mentalidade fixa e a mentalidade de crescimento.
A mentalidade fixa é aquela que acredita que suas habilidades são
dons natos (você nasceu com eles) enquanto as pessoas de
mentalidade de crescimento acreditam que suas habilidades são fruto
do trabalho duro, dedicação, estudo e feedback.
A palavra chave é feedback. Como vimos na prática deliberada, um
esforço improdutivo não te leva muito longe. Segundo a própria autora:
“É fundamental recompensar não apenas o esforço, mas o aprendizado
e o progresso, e enfatizar os processos que geram essas coisas, como
buscar ajuda de outras pessoas, tentar novas estratégias e capitalizar os
contratempos para avançar efetivamente.”
Com certeza todo autodidata utiliza essa mentalidade de crescimento
para progredir nos estudos e novos aprendizados. Sem esse primeiro
ponto, todos os demais não valerão muita coisa.
A boa notícia que Dweck nos traz é que é possível desenvolver esse
tipo de mentalidade. Novamente: se você está lendo esse livro acredito
que já esteja nesse grupo!
2. Seja o único responsável pela sua aprendizagem
O autodidata se sente totalmente responsável pelo seu aprendizado,
ele não terceiriza isso pra ninguém. Apesar de que isso possa parecer,
de certa forma, uma arrogância pois aparentemente não gosta de
depender de ninguém, a verdade é que um autodidata é, na maioria das
vezes, muito humilde pois sabe que quanto mais estuda e aprende, na
verdade, menos sabe. E, além disso, ele depende totalmente de outras
pessoas para compreender o que está estudando, seja conversando,
debatendo, ouvindo ou lendo ideias e pensamentos de outras pessoas.
A palavra chave aqui, portanto, é autorresponsabilidade. O
conhecimento está à disposição. Vá atrás e use seu super poder de
aprendedor(a)!
3. Defina os temas/assuntos de interesse
O que você quer aprender? O que é importante aprender nesse
momento? Seu chefe lhe imcumbiu de um novo projeto sobre o qual
você não tem muita experiência? Então talvez seja a hora de estudar
sobre isso. Você teve uma aula sobre um assunto que lhe interessou?
Não se limite apenas à explicação do professor e do material didático.
Pesquise livros, vídeos, blogs, podcasts sobre aquele assunto.
Essa atitude obviamente não se restringe a atividades profissionais
ou acadêmicas. Você carrega esse modo de viver para seu lado pessoal
com família e amigos. Quer aprender a cozinhar? Quer aprender sobre
vinhos? Churrasco? A fazer cerveja? A lista é infinita.
4. Saiba onde buscar informações
Após definido o que você quer aprender é necessário buscar as
informações de que beberá da fonte. Essa etapa é importante pois você
precisa definir muito bem a origem do material para que possa ter
confiança de que irá estudar um conteúdo de boa qualidade.
Infelizmente, como vimos, a internet está cheia de ruídos e
informações ruins, portanto, certifique-se de que suas fontes são
confiáveis (isso vale também para outras fontes de consulta como livros,
por exemplo - há uns melhores que outros para iniciar uma jornada
sobre o assunto).
Você pode mesclar alguns formatos: livros, vídeos, blog e cursos.
Apenas cuidado para não perder o foco.
5. Foco
O consumo de nova informação é essencial ao conhecimento. Não
existe aprendizado sem inserir novas informações no seu cérebro e o
foco tem um papel primordial, sobretudo na sociedade moderna.
Nosso dia a dia é altamente marcado por interrupções de todos os
tipos: telefonemas, mensagens, avisos sonoros, mídias sociais,
aplicativos, televisão e por aí vai. Isso sem falar na internet e seu poder
de nos distrair. Acontece que para termos êxito no processo de
aprendizagem é preciso que tenhamos foco nessa fase de absorção de
novas informações.
Uma pessoa sem foco estará muito mais desatenta e terá muito mais
dificuldade em reter a nova informação recebida.
Além de eliminar distrações e interrupções, é importante que você
tenha foco no material a ser estudado. Evite começar a estudar um
assunto e, logo em seguida mudar para outro e depois mais outro.
Tenha um foco específico e mergulhe de cabeça naquilo.
Talvez você já esteja cansado(a) de ouvir sobre a importância do
foco, mas bato nessa tecla aqui pois nunca estivemos tão desfocados
como sociedade como agora e veremos mais sobre este problema e
suas consequências mais à frente.
6. Aplique os novos conhecimentos na prática
O consumo da informação é apenas o primeiro passo; o próximo
passo é o uso dessa informação de maneira que isso seja aplicado na
prática, sempre que possível.
Já vimos que não aprendemos apenas acumulando informações em
nossos cérebros (ler 10 livros não significa que você realmente
aprendeu de verdade sobre todos eles, lembra?).
Acontece que aprender exige tempo e esforço. Portanto, ao aprender
uma nova informação é importante que desenvolva uma imagem clara
de como utilizar esse aprendizado. Estudando culinária? Planeje um
jantar em sua casa com amigos para treinar o novo prato. Estudando
marketing digital? Construa um site ou blog e comece a inserir conteúdo
nele. Estudando o mercado de ações? Abra uma conta numa corretora e
pratique a negociação com uma pequena quantia de dinheiro.
Estudando programação? Crie um software muito simples com os
comandos iniciais que está aprendendo.
A chave é: basicamente tudo o que você estuda tem condições de
encontrar maneiras de aplicar esses novos conhecimentos na prática.
Quando você põe em prática aquilo que aprendeu isso torna sua jornada
muito mais emocionante e gratificante. Além disso, já vimos que o
aprendizado ativo é a melhor maneira de reter as informações no
cérebro e fortalecer as conexões neurais responsáveis pelo aprendizado
e memória.
5.2 Utilize a regra 80/20
Vilfredo Pareto foi um economista italiano que ainda no século XIX
escreveu sobre o que viria a ficar conhecido como o Princípio de Pareto
ou Lei de Pareto.
Pareto notou que, naquela época, 80% da riqueza da Itália se
encontrava nas mãos de 20% das pessoas. E também começou a
observar essa mesma razão para outras áreas, como, por exemplo, que
80% das terras estavam nas mãos de cerca de 20% das pessoas.
Assim, ele começou a pesquisar outros países e descobriu que esse
padrão se repetia.
E quando ampliamos ainda mais essas análises vemos que o
Princípio de Pareto é incrivelmente útil em várias áreas. Outro exemplo:
Ainda em 2002 a Microsoft descobriu que 80% dos erros e falhas no
Windows e Office eram causados por 20% de todo o conjunto de bugs
detectados*37
Bem, acho que já deu pra entender.
Como usar o Princípio de Pareto para aprender novas coisas?
Basicamente em quases todos os assuntos ou áreas que você
deseja estudar existem aqueles 20% de conhecimento que são
responsáveis por 80% de seus resultados.
Pense em qualquer assunto ou tema:
● Uma nova linguagem de programação
● Uma nova língua
● Vinhos
● Culinária
● Biologia
● Marketing Digital
Em todos esses tópicos existem aqueles conhecimentos que são
fundamentais e que formam a base para o estudo desse campo. E,
geralmente, de todas as áreas possíveis de estudo de um novo campo
geralmente essa base corresponde a cerca de 20% de todo material que
pode ser estudado.
Isso significa que aprender um novo conceito continua não sendo
fácil, mas aplicando o Princípio de Pareto você terá melhores condições
de aprender os fundamentos de um assunto de maneira mais rápida.
Qual é um erro comum cometido?
Vou dar um exemplo da minha área: Marketing Digital.
É super comum ver pessoas que desejam iniciar seu aprendizado
nessa área iniciar seus estudos com ferramentas específicas ou
algumas novidades que saíram recentemente (e que tem causado um
burburinho no mercado).
Eu mesmo já cometi esse erro no passado e vejo que muita gente
cai nessa mesma armadilha. Dá pra entender, muitas vezes é a pressão
do mercado que te faz correr atrás de algum conhecimento específico
sem ter uma visão holística daquilo.
Quer dizer que não funciona estudar dessa forma? Não é verdade, a
pessoa consegue se desenvolver, no entanto, ao meu ver, ao iniciar
pelos fundamentos de qualquer assunto ela ganha tempo e um
entendimento mais profundo desde o início.
No caso do Marketing Digital, a palavra digital é apenas um termo
para descrever algumas atividades nos meios digitais, mas que,
obviamente derivam do Marketing. E o Marketing e seus principais
fundamentos existem há mais de 50 anos!
Conceitos como Público-Alvo, Nichos de Mercado, 4Ps (Produto,
Preço, Praça (ou distribuição) e Promoção), Branding e Posicionamento
de Marca existem há décadas e não mudaram muito de lá pra cá. É isso
o que eu chamo de 20% do Princípio de Pareto. Ou seja, se você
entender bem estes fundamentos você entenderá 80% da atividade de
um profissional de Marketing e saberá direcionar seus esforços para
entregar melhores resultados a partir daí.
Aprender as ferramentas e novidades vem só depois dessa base
muito bem fundamentada até porque ferramentas vêm e vão. Uma
ferramenta que você utiliza hoje pode não ser a mesma que estará
utilizando em dois ou três anos (novamente a velocidade de
transformação em jogo aqui).
E como identificar quais são esses 20% que realmente
importam?
Felizmente nos dias de hoje é muito mais fácil ter acesso ao que
realmente importa quando se está iniciando o estudo de uma nova área.
São diversas fontes, tais como:
● Cursos gratuitos
● Livros
● Blogs
● Vídeos
● Entrevistas
● Quora (site de perguntas e respostas em que a própria
comunidade vota para escolher as melhores respostas)
Basta uma rápida pesquisada na internet para encontrar várias
fontes falando sobre determinado assunto e por onde você pode
começar a estudar sobre ele. Aqui vale novamente o aviso: certifique-se
de que suas fontes são confiáveis.
Mergulhe de cabeça
Tendo identificado quais são as melhores fontes para iniciar seus
estudos é hora de mergulhar de cabeça e se dedicar a entender os
principais fundamentos sobre essa nova matéria.
Novamente: Estudar os 20% fundamentais de um novo assunto não
significa que seja fácil e nem rápido. Muitos novos conceitos são
complexos e exigem muitas horas de estudo e prática para que você
comece a entender de fato sobre aquilo. Mas começar por eles fará com
que você poupe um tempo importante do que se iniciasse de outra
forma.
Tenha Pareto como seu melhor amigo
Portanto, a partir de hoje considere utilizar o Princípio de Pareto para
orientar seus estudos e perceba como isso facilitará muito seu processo
de aprendizagem de novos assuntos.
Sei que a tentação é grande em pular essa parte e partir direto para
aprender uma novidade da área ou uma nova ferramenta mas cuidado
para não “passar o carro na frente dos bois”. Como já vimos, ao fazer
isso você correrá o risco de dar um ou dois passos pra trás para
entender os fundamentos daquilo que está estudando (e perderá tempo
com isso).
Deixar lacunas no aprendizado dos fundamentos sempre fará com
que você tenha que retornar ao início, caso contrário chegará uma hora
que não conseguirá mais progredir. É como construir uma casa: se você
tentar subir as paredes sem um boa fundação feita, ao subir algumas
pilhas de tijolos não haverá sustentação suficiente e a parede desabará.
Com o conhecimento a mesma lógica se aplica.
5.3. Prática de Recuperação de Memória
A prática de recuperação ou “prática de lembrar” é o ato de tentar
ativamente recuperar informações na memória. Por exemplo, tente
descrever agora mesmo o sistema respiratório do corpo humano. Antes
de ler a próxima linha pare por 15 segundos e veja o que consegue
explicar a você mesmo.
Algumas palavras vêm à mente (como "pulmões", “brônquios” ou
"nariz")? Você entende o processo suficientemente bem para poder
explicá-lo a outra pessoa?
A prática de recuperação é muito útil devido à maneira como
fortalece os padrões neurais. É mais uma prática ativa de aprendizagem
que, ao recuperar conceitos aprendidos, aumenta as memórias de longo
prazo.*38 Além disso, ao aplicar esse processo de recuperação ativa
também conseguimos identificar lacunas em nosso conhecimento.
Essa prática pode ser feita como uma atividade individual silenciosa:
lembre-se do que estudou e reflita sobre aquilo. Por exemplo, você pode
escrever as principais ideias de uma lição anterior e depois considerar
quais partes foram mais fáceis ou difíceis de lembrar.
O processo pode ser tão simples quanto anotar o que se lembra de
um determinado fato ou processo num pedaço de papel ou em um
arquivo digital. Se assistiu a uma nova aula recentemente ou se deparou
com novos conceitos numa palestra, a recuperação pode ser uma
grande ferramenta para consolidar seus aprendizados. De certa forma,
ela está presente na técnica Feynman em uma das etapas mas decidi
separá-la aqui pois você pode usá-la separadamente.
Aplicando a Recuperação de Memória na prática em 2 passos:
1. Passo um:
● Guarde os materiais de estudo (livros, anotações, etc)
● Pegue uma folha em branco ou um software como Bloco de
Notas, Microsoft Word ou Documents do Google Drive.
● Escreva ou desenhe tudo o que possa ser lembrado sobre um
tópico ou pergunta.
2. Passo dois
Uma vez esgotada a memória de longo prazo daquele tópico - e
apenas uma vez esgotado (você tem que se esforçar) - os materiais de
estudo (apostilas, vídeo-aulas, gabaritos) devem ser utilizados para
verificar a precisão e os detalhes que podem ter sido esquecidos.
Combine duas técnicas
Uma maneira de aumentar a eficácia da prática de recuperação é
combinando-a com a técnica de repetições espaçadas. Essa
combinação é poderosa e fará com que as novas informações sejam
melhor fixadas em sua memória de longo prazo.
Ao estudar sobre um novo tópico que considere importante
compreender profundamente experimente utilizar a prática de
recuperação de memória de forma intervalada ao longo de cerca de
duas semanas. Exemplo: Pratique a recuperação de memória no dia 1,
repita o processo em intervalos de cerca de 3 ou 4 dias até atingir o
período de 14 dias.
6. As distrações acabam com seu
aprendizado. Cuidado!
Como vimos no início do livro, apesar de vivermos na época mais
privilegiada da história humana em relação ao aspecto da
democratização do conhecimento, um dos principais desafios do
aprendizado nos dias atuais são os ruídos e também as interrupções.
E já de cara gostaria de te dizer que você tem inimigos importantes a
combater nesse processo.
6.1. Conheça sua inimiga pelo nome: Dopamina
A dopamina é um neurotransmissor que nosso corpo produz e nosso
sistema nervoso utiliza para enviar mensagens entre células nervosas.
Ela desempenha um papel essencial na maneira como sentimos
prazer. Não à toa ela também é conhecida popularmente como um
neurotransmissor do prazer ou um dos hormônios do prazer.
A dopamina é liberada quando comemos uma refeição deliciosa,
quando fazemos exercícios, fazemos sexo e quando temos interações
sociais bem-sucedidas, por exemplo. Pensando num contexto evolutivo,
seu papel foi importantíssimo para chegarmos até aqui como espécie,
uma vez que ela nos recompensa por comportamentos benéficos e nos
motiva a repeti-los.
A sua produção afeta muitas partes do nosso comportamento e
funções físicas, como:
● Aprendizado
● Motivação
● Frequência cardíaca
● Função dos vasos sanguíneos
● Sono
● Humor
● Atenção
● Controle de náuseas e vômitos
● Processamento da dor
● Movimento
Ora, se a dopamina nos causa todos esses benefícios ao corpo e
cérebro e é ligada ao nosso prazer, por que então ela é considerada
uma “inimiga” do aprendizado?
Calma. Vamos colocar as coisas em contexto: A dopamina realmente
tem todas essas atribuições e nos desperta a sensação de prazer e é
muito positiva em geral, no entanto, existem alguns tipos de prazeres
que nos prejudicam sem que percebamos muito bem como isso
acontece.
Quer ver alguns exemplos?
6.2. Smartphone
Conheço algumas pessoas que poderiam ficar sem comer durante
dois ou três dias se tivessem que escolher entre ter comida ou ficar com
seu smartphone conectado à internet nesse período. É sério.
Você já passou pela experiência de esquecer seu celular em casa
um dia quando chegou ao trabalho ou faculdade? Ou ainda, mais
comum, passou pela experiência de ver que o sinal da bateria está
indicando que está no fim (e você não tem um carregador por perto)?
Algumas pessoas tem pavor disso. Quase pânico.
Esse aparelhinho nos trouxe um grau de dependência tão grande
que hoje somos incapazes de pensar como vivemos tanto tempo sem
ele (aqui entrego um pouco da minha idade). Ele praticamente se tornou
uma extensão de nosso corpo.
E o que a dopamina tem a ver com smartphone?
A dopamina não tem uma relação direta com o aparelho em si, mas
sim com o conteúdo que temos dentro dele. Com uma conexão à
internet temos um mundo de possibilidades à nossa mão: Mídias
Sociais, Aplicativos, E-mail, Agenda e por aí vai. E é aí que a coisa
começa a mudar de figura.
6.3. As Mídias Sociais
Existem várias pesquisas no Brasil e no mundo que demonstram que
passamos muito tempo nas mídias sociais diariamente. Em 2019, a
média de tempo que uma pessoa passou nas mídias sociais em todo o
mundo foi de 144 minutos. Repito: 144 minutos por dia, isso dá mais de
2 horas de consumo diário de mídias sociais*39. Esse mesmo estudo
mostra que nos últimos anos esse volume de tempo vem aumentando.
Para se ter uma ideia do quão isso é sério Chamath Palihapitiya, ex-
vice-presidente de crescimento de usuários do Facebook, disse de boca
cheia num encontro com estudantes de Stanford*40 que se “sentia
tremendamente culpado” quando perguntado sobre seu envolvimento na
exploração do comportamento do consumidor. E ele continuou: “Os
ciclos de feedback de curto prazo, impulsionados pela dopamina, que
criamos estão destruindo o funcionamento da sociedade".
WOW, que porrada, não?
Vou repetir: “...estão destruindo o funcionamento da sociedade”.
Isso dito por um dos principais responsáveis pela aquisição de novos
usuários no Facebook no passado. Ou seja, de certa forma, quem cria
esses produtos sabe muito bem quais gatilhos ativar para que nos faça
sempre voltar e querer mais e mais.
O que Palihapitiya disse, de alguma forma, todos nós sentimos na
pele e em nosso dia a dia: nos tornamos seres viciados em mídias
sociais. E, obviamente, isso vale para todas as plataformas: Facebook,
Instagram, Snapchat, WhatsaApp, TikTok, Tinder, Pinterest, Youtube,
Twitter e qualquer outra que pensar (ou alguma outra que surgir após o
lançamento deste livro).
E por que um tópico inteiramente dedicado às Mídias Sociais?
Na sociedade em que vivemos essas aplicações são responsáveis
por um grande gasto de tempo e energia de nossa parte nessas
plataformas. Some-se a isso o fato de que bilhões de pessoas utilizam
esse tipo de ferramenta todos os dias no mundo e perceba o tamanho
do problema.
Não quero parecer catastrofista aqui, ou seja, existe o lado positivo
das mídias sociais, é óbvio, no entanto, como estamos falando neste
livro de aprendizado é importante que você entenda que o nosso
comportamento em relação a elas é geralmente o problema. No entanto,
a parte boa disso tudo é que em relação a isso (como nos
comportamos) temos controle (ou, pelo menos, achamos que temos).
Qual o problema das mídias sociais com seu aprendizado?
Alguns estudos estão começando a mostrar vínculos entre o uso de
smartphones e maiores níveis de ansiedade e depressão e baixa
qualidade do sono*41, por exemplo. Muitas vezes nós mesmos
gostaríamos de passar menos tempo em nossos telefones, mas por que
será que é tão difícil se desconectar? A resposta: Ela mesma, a
dopamina.
É prazeroso abrir o aplicativo ou a plataforma de qualquer mídia
social em seu navegador. Os algoritmos das plataformas são
programados para exibir em seu feed os assuntos e pessoas que você
mais gosta e tem afinidade. Toda vez que você clica e abre uma mídia
social você reforça o prazer e isso acaba num ciclo vicioso. Entenda:
Todas essas empresas querem que você passe o maior tempo possível
dentro dos produtos delas pois seu modelo de negócio é baseado em
receita com publicidade e, portanto, quanto mais ativo você (e
milhões/bilhões de pessoas) estiver nas redes, mais potenciais
anunciantes serão atraídos por isso.
Já dizia uma famosa frase: “Se você não paga pelo produto, você é o
produto” (Andrew Lewis). E olha que quem está escrevendo essas
palavras trabalha com Marketing Digital hein?
Esse ciclo vicioso que se instaura em nosso comportamento diário
sem que percebamos tem efeitos nefastos para nosso aprendizado.
É muito difícil focar em ler um livro, ler um blog especializado, ouvir
um podcast ou mesmo assistir uma aula ou palestra sem ser
interrompido por uma notificação de seu smartphone. E, novamente a
espiral silenciosa de ciclo vicioso se instaura: interrupções constantes >
dificuldade em se concentrar > falta de foco no estudo > baixo nível de
aprendizagem, compreensão e memória.
Quer dizer que preciso abandonar as mídias sociais?
A resposta é não. E aqui vão alguns pensamentos sobre isso.
As mídias sociais, assim como a internet em geral, pode ser uma
poderosa ferramenta para seguir pessoas interessantes e consumir
conteúdo de qualidade. Sim, você pode utilizar as mídias sociais como
ferramentas de aprendizado também. Tenho certeza que tem muita
gente boa pra você seguir em suas áreas de interesse e atuação.
Veja o caso do Youtube, por exemplo: Quanto conteúdo de valor não
existe publicado ali? Quanta gente boa de todo o mundo, incluindo
grandes gênios de nosso tempo, que tem conteúdos valiosíssimos ali
prontos para serem consumidos? É uma fonte inesgotável de
aprendizagem!
Além disso, as mídias sociais também deram voz à uma multidão
que hoje é capaz de criar e compartilhar conteúdo. Isso significa que é
uma via de mão dupla: você pode consumir conteúdo de outras pessoas
mas também pode ser um criador de conteúdo e, de alguma forma,
ganhar alguma projeção com isso, inclusive construindo uma Marca
Pessoal em torno dos assuntos que aborda e dos segmentos que atua.
Por tudo isso e mais um pouco é que não necessariamente você
precisa abandonar as mídias sociais. Basta uma reflexão sobre seus
hábitos de uso dessas ferramentas. Você está utilizando seu tempo de
forma produtiva ou a maior parte do tempo é apenas passatempo? É
importante que você esteja consciente desse fato. Não há nenhum
problema em passar a maior parte de seu tempo nas mídias sociais
como passatempo, desde que você esteja consciente dessa escolha (e
de suas consequências). O problema é que a maioria das pessoas não
distingue uma coisa da outra.
Agora, se você está lendo esse livro, imagino que se preocupe com o
seu tempo gasto nas mídias sociais e como isso pode impactar seu
aprendizado, certo?
Pois então tenho algumas dicas que podem te ajudar.
O que fazer para que as mídias sociais não atrapalhem meu
aprendizado?
Primeiro de tudo: Aqui é importante que você questione seus hábitos.
Pergunte-se e responda honestamente para si mesmo: Como tenho
lidado com meu smartphone e mídias sociais? Tenho utilizado bem meu
tempo? Tenho passado do limite? O conteúdo que consumo, no geral, é
de boa qualidade? Um indicativo de que está exagerando é já ter ouvido
alguma pessoa próxima dizer algo do tipo: “Nossa, você não sai desse
celular!”
Lembre-se sempre que as empresas de tecnologia são mestres em
capturar nossa atenção e ditar nossas escolhas, sem que, muitas vezes,
tenhamos consciência desse fato. Portanto, despertar para isso é o
primeiro ponto.
Essa frase resume bem esse pensamento:
“É mais fácil enganar pessoas do que convencê-las de que elas
foram enganadas.”
— Autor desconhecido
Sendo assim, não se engane e faça um auto-questionamento
honesto consigo mesmo. Se você for honesto(a) o suficiente há grandes
chances de entender que está utilizando mal seu tempo com as mídias
sociais.
Dito isto, vamos partir então para a fase de ação.
1º Ponto: Faça um diagnóstico
Às vezes é difícil ter a exata noção de quanto tempo do nosso dia
utilizamos com mídias sociais. No entanto, acredito que uma das
melhores formas de tomarmos uma medida em relação a algo é
entendermos exatamente quanto mede aquele algo (no nosso caso,
tempo). Isso é válido para finanças pessoais (quanto estou gastando
mensalmente e em quais categorias), estratégias de marketing digital
(quantos novos contatos estou gerando e a que custo) e em várias
outras áreas. Ou seja, precisamos de um diagnóstico.
Da mesma forma quando você vai a um médico com algum problema
e ele te faz uma série de perguntas e, talvez, pede alguns exames para
traçar um diagnóstico, a ideia dessa etapa é usar a tecnologia para
entender o quanto você consome de tempo nas mídias sociais.
Para nossa alegria, existem alguns aplicativos que fazem esse
trabalho pra nós. É o caso do Moment, disponível para iOS e do
StayFree, disponível para Android. No entanto, existem muitos outros,
você pode escolher um de sua preferência com base nas avaliações,
por exemplo e fazer o download.
O app trará pra você um diagnóstico de uso e o tempo que você
utilizou em cada uma das mídias sociais.
Se prepare, pois se você nunca fez esse teste antes pode ser um
pouco assustador no início e pode ser que você se surpreenda com os
dados.
2º Ponto: Com o diagnóstico em mãos, medidas devem ser
tomadas
Se você chegou a conclusão que gostaria de passar menos tempo
no seu smartphone, sobretudo nas mídias sociais, após a fase de
diagnóstico, então:
● Desative suas notificações e evite o “sequestro da mente”
Quando acordamos pela manhã é comum já estarmos com nossos
celulares por perto (muitas vezes ele funciona como nosso alarme,
inclusive). E, ao abrir a tela, adivinhe? Você vê uma lista de notificações
de Mídias Sociais e outros Apps. Talvez você nunca tenha parado pra
pensar sobre isso, no entanto, em certa medida, isso molda a sua
experiência de “acordar pela manhã” em torno de um menu de “todas as
coisas que eu perdi desde ontem”.
A tecnologia e, em grande medida, as mídias sociais, sequestram a
forma como percebemos nossas escolhas e as substitui por novas. Você
não está mais no controle, embora garanta que esteja. Quanto mais
atentamente nós olharmos para as opções que nos são dadas, mais
perceberemos que elas não se alinham de verdade às nossas reais
necessidades.
Esse motivo por si só bastaria para que você considerasse desativar
as notificações de suas mídias sociais. Você não terá problemas se abrir
seu Instagram menos vezes por dia, te garanto.
Mas é claro que essas notificações nos atrapalham em várias outras
horas do dia e não somente ao acordar: nos estudos, no trabalho, no
relacionamento familiar e assim por diante. Não conseguimos estar
100% presentes e focados quando uma interrupção constante nos
atrapalha, é simplesmente impossível. Por isso, se você deseja adquirir
novos aprendizados que farão diferença para sua vida pessoal e
profissional, considere desativar as notificações de mídias sociais.
Você deve estar no comando de sua vida e não elas: não permita
que notificações de qualquer tipo continuem sequestrando sua mente e
tirando seu foco das coisas verdadeiramente importantes pra você. É a
sua vida que está em jogo e esse tempo perdido não volta nunca mais.
Tome esta simples atitude e em pouquíssimo tempo os resultados
começarão a aparecer e você vai sentir a diferença.
● Mantenha sua tela em preto e branco
Oi? Calma. Tomar essa medida reduzirá a capacidade do telefone de
capturar e prender sua atenção.
Esta é uma recomendação popular de Tristan Harris, co-fundador do
Center for Human Technology. Tristan trabalhou no Google como uma
espécie de especialista em ética do design e, desde que saiu de lá,
ganhou notoriedade com falas que tentam dissuadir empresas de
tecnologia a fazerem seus produtos viciantes.
Pesquisas mostram que as cores estão ligadas a emoções e
prioridades - especialmente a pequena bolinha vermelha (ou
coraçãozinho) de notificação das mídias sociais que nos controla há
tanto tempo. Dessa maneira, fazer com que a tela do smartphone fique
em preto e branco pode reduzir o desejo de ver novas notificações que
te levam ao vórtice de rolagem infinito.
No Android e no iOS, a opção para deixar a tela preto e branco é uma
de acessibilidade. Chegar até ela não é muito óbvio, mas é possível.
No Android, o local varia de acordo com a marca do smartphone. Em
modelos da Samsung, por exemplo, deve-se entrar em Configurações,
depois em Acessibilidade, Melhorias de Visibilidade e, lá, encontre a
opção Ajuste de Cor e, então, ative a opção Escala de cinza (ou algum
termo parecido).
No iOS, entre em Ajustes, Geral, Acessibilidade, Adaptações de Tela
e, por fim, Filtros de Cor. Ali, ative a função e selecione Tons de Cinza.
Sei o que deve estar passando pela sua cabeça: “Não vou fazer
isso”. Mas só peço que tente por alguns dias e observe seu
comportamento. Se achar que isso é ridículo, pode voltar ao que era
anteriormente, só não deixe de testar.
3º Ponto: Uma prova de fogo de 10 dias - Delete alguns apps
Não tenha medo de excluir alguns aplicativos. E não, não estou
falando dos aplicativos que você nunca usa. Esses são fáceis de excluir.
Em vez disso, exclua alguns dos aplicativos mais perturbadores -
aqueles em que você passa muito mais tempo neles do que gostaria. É
importante dizer que todas essas estratégias que eu estou inserindo
aqui eu mesmo já fiz e, portanto, vi que funcionam, ou, no mínimo
fazem-nos refletir sobre o que é realmente importante.
No meu caso eu tirei um jejum de 10 dias do Instagram (por um
período da minha vida eu senti que estava passando muito tempo nele -
e notei isso com o 1º passo - o diagnóstico).
Você pode cair na tentação de dizer que não vai acessar por conta
própria durante esse período de 10 dias e que não precisa deletar de
seu celular, mas vá por mim: não caia nesse jogo, sobretudo se é um ou
mais apps que você acessa muito. Remover completamente a
acessibilidade desses aplicativos é a maneira mais segura de impedir
que eles sequestrem seu tempo, foco e clareza mental.
Você não precisa remover ou deletar sua conta, apenas excluir o app
do smartphone.
Pode não parecer confortável (e, acredite, não é). Nesse período é
provável que você passe pela sensação de FOMO que vimos no início,
ou seja, ficar com medo de estar perdendo algo (um evento, encontro,
novidades, etc). No entanto, os benefícios que você obtém com a
exclusão desses aplicativos provavelmente são muito mais valiosos do
que as desvantagens de removê-los. Vamos ser sinceros, seu foco,
produtividade, saúde mental e novos aprendizados são muito mais
importantes que 99% das coisas que a maioria dos aplicativos pode
oferecer.
Esse experimento de 10 dias serve para que você chegue ao final
dele e pergunte a si mesmo se essa experiência foi tão ruim assim. No
meu caso lembro que nos primeiros dias me senti ligeiramente
desconfortável mas ao final da experiência a percepção foi o contrário
disso: ou seja, não senti nenhum fato negativo por ter deletado. E,
chegou no décimo dia e não senti a necessidade de instalá-lo
novamente no meu celular. No entanto, por motivo de trabalho (atuo
com marketing digital) acabei voltando a instalar o app no meu celular
cerca de 15 dias depois mas comecei a ter outro comportamento a partir
dali (vamos ver no próximo passo).
Uma curiosidade: nos primeiros dias após desinstalar o Instagram do
meu celular, de forma tão automática eu rolava meus dedos na tela à
procura dele (num local que ele sempre ficava anteriormente). Isso só
me provou o quanto meu cérebro estava completamente condicionado a
repetir aquele padrão sem que ao menos eu me desse conta. Talvez
isso possa acontecer com você também.
Recomendo fortemente que você faça essa experiência com alguns
apps que você utiliza muito e veja o que acontece após o décimo dia.
Pode ser que você chegue à mesma conclusão que eu cheguei (ou seja,
sua vida não piora por não ter contato com essas mídias sociais durante
esse breve período) e não queira instalar novamente alguns deles.
E, mesmo que volte a instalar, é provável que tenha um outro
comportamento, pelo menos em seus dias iniciais de uso. Mas, como
vimos, não dá pra contar somente com isso.
4º Ponto: Estipule um tempo de acesso diário à essas
ferramentas (e respeite-os).
Vamos supor que você fez o primeiro passo e no diagnóstico viu que
está utilizando cerca de 3h por dia em mídias sociais diversas. Esse é
um bom tempo, certo? Você se surpreendeu com esse número (a
maioria das pessoas acredita que navega menos tempo em mídias
sociais do que realmente acontece). E, a partir disso, você decide então
que gostaria de passar, no máximo, 45 minutos do seu dia nesses apps.
Você pode fazer isso com a ajuda de outros aplicativos. Como vimos,
o Moment (para iOS) e o StayFree (para Android) também te ajudam
nessa missão.
Ambos possuem funções semelhantes em que você pode monitorar
seu uso diário em vários apps e consegue definir limites de uso a eles.
Vale a pena instalá-los para melhor controle de seu acesso à esses
apps de mídias sociais no dia a dia.
Fazendo uso dessas 4 técnicas (e, obviamente, sendo honesto
consigo) não é incomum que você “ganhe” pelo menos uma hora a mais
no seu dia. Uma hora a mais por dia! E, dependendo do seu nível de
consumo em mídias sociais esse tempo pode ser até superior. Parece
incrível, não? E aí você poderá direcionar seu foco para seus estudos e
novos aprendizados nessa nova janela de tempo encontrada.
6.4. Outras distrações comuns da vida moderna
Não são somente as mídias sociais as responsáveis por grande
parte da energia e tempo que nos é “sequestrada”. Outras atividades
modernas também são grandes ladrões de tempo e aqui gostaria de
destacar duas delas: Os games e a TV.
Ambos são bastante conhecidos. Vamos começar pelos games. A
lógica dos criadores de games é, de certa forma, semelhante aos
criadores de mídias sociais, uma vez que o objetivo das empresas é que
você passe o maior tempo possível imerso e envolvido naquele jogo.
Aqui novamente a dopamina aparece: jogar é prazeroso, ativa regiões
do cérebro que remetem ao prazer.
Na TV não é muito diferente, sobretudo em empresas especializadas
em conteúdo de streaming como é o caso da Netflix, Amazon e Disney,
por exemplo. Para elas, quanto mais tempo você passar consumindo
seus conteúdos melhor.
Obviamente os produtores sabem disso e constroem muitos seriados
com essa lógica em mente. Além disso, perceba que ao final de um
episódio ou filme essas empresas já colocam o próximo para começar a
rodar em seguida automaticamente, sem que você tenha que tomar
nenhuma ação para isso. Tudo isso é minimamente pensado para que
você passe mais tempo consumindo aquele conteúdo.
Além disso, algoritmos de inteligência artificial são capazes de
identificar conteúdos que você tem maior propensão em consumir com
base nos seus dados históricos. Tudo isso é feito para que você
consuma mais e mais.
Estou sugerindo que você não jogue mais seus games ou então não
assista mais seus seriados favoritos? Não. O ponto aqui é que você
deve ter consciência que o tempo gasto nessas atividades também
podem atrapalhar (e muito!) seus estudos, aprendizado e evolução
profissional. Portanto, sabendo como esse universo funciona é
importante que você se previna e tome medidas de controle.
No curto prazo não fará diferença você “maratonar” seriados e mais
seriados ou ficar horas e horas imersos em games, mas quando o
impacto passa a ser medido em médio e longo prazo aí “o buraco é mais
embaixo”. Se você se preocupa com seu futuro e as coisas que você
deseja conquistar para sua vida e para as pessoas que ama, então
permaneça vigilante.
Adoro a frase atribuída a Bill Gates que diz:
“As pessoas superestimam o que podem fazer em 1 ano e
subestimam o que podem fazer em 10 anos”.
É isso! Estamos numa maratona e não numa corrida de 100 metros.
Por isso, apesar de você não notar no curto prazo a diferença de um
tempo de má qualidade empregado, suas consequências aparecerão no
futuro. A boa notícia é que o contrário é verdadeiro: estude, se prepare e
aprenda coisas novas e consequências positivas virão. É o plantio e a
colheita.
7. Cuidados e advertências no
processo de aprendizagem
Esta seção do livro tem como objetivo trazer alguns alertas importantes
em relação ao processo de aprendizagem e desenvolvimento pessoal.
Alguns tópicos que iremos abordar aqui são verdadeiras armadilhas
que devemos estar muito atentos para não cairmos nelas. Vamos às
principais:
7.1. Ilusão de Competência
Charles Darwin escreveu em 1871 em seu livro The Descent of Man
(A descendência do Homem): "A ignorância gera, frequentemente, mais
confiança do que o conhecimento".
Outro grande nome que tem uma frase nesse sentido é o próprio
físico Richard Feynman que já vimos em alguns capítulos anteriores.
Feynman disse:
"O primeiro princípio é que você não deve se enganar e é a
pessoa mais fácil de ser enganada."
E o termo Ilusão de Competência tem tudo a ver com isso.
O que é a Ilusão de Competência?
A Ilusão de Competência é um conceito que descreve uma armadilha
mental em que você acredita que dominou um conjunto de
conhecimentos, mas na verdade não. Por isso é chamada de ilusão.
Você se engana ao acreditar que sabe algo que não sabe.
O conceito é simples de entender, mas você ficará surpreso com o
quão fácil é cairmos nessa armadilha mental. Na verdade, isso pode
estar acontecendo com você repetidamente, sem que você perceba.
Obviamente, já aconteceu comigo também.
Você já deve ter passado por isso em algum momento da vida:
Imagine-se na escola ou então fazendo um curso qualquer. Você
prestou atenção na explicação do(a) professor(a), leu algum material
complementar da matéria mas no momento de fazer um exercício
prático sobre aquele assunto travou e não conseguia resolver. Para sua
“sorte” você tinha acesso à resolução daquele exercício no livro na
página seguinte e então viu como era feito passo a passo.
Aqui chegamos ao ponto: Apenas olhar para uma solução e pensar
que você realmente a conhece é uma das ilusões mais comuns de
competência na aprendizagem. Apesar de você compreender
perfeitamente a resolução do exercício isso não significa que você
saberá resolvê-lo por conta própria, principalmente depois de algum
tempo após seu contato com aquele material.
A mesma lógica se aplica ao ler um livro e apenas sublinha-lo: isso
pode não significar muita coisa. Aparentemente você está destacando
os trechos de maior importância de maneira que consiga capturar as
principais ideias daquele livro e aprender melhor, mas isso não é
verdade. No entanto, se você fizer anotações nas margens do livro que
sintetizem os conceitos-chave vistos isso tende a funcionar muito melhor
(aprendizagem ativa).*42
Da mesma forma, no exemplo anterior, a melhor forma de não cair
na armadilha da Ilusão de Competência seria tentar resolver o exercício
por conta própria e buscar alguns outros exercícios complementares
similares para que você entenda o passo a passo na prática. Além
disso, você poderia se auto-explicar como chegou àquela conclusão ou,
melhor ainda, explicar a um terceiro como fez para chegar naquela
solução.
Vou bater nessa tecla novamente pois nunca é demais: se você
deseja aprender de verdade utilize sempre métodos ativos de
aprendizagem. Dá sempre mais trabalho, mas os resultados serão
sempre muito melhores.
7.2. Efeito Dunning Kruger
David Dunning, um psicólogo e pesquisador dos Estados Unidos se
uniu a um estudante de pós graduação Justin Kruger, e, no ano 2000,
publicaram um estudo que, posteriormente, se tornaria famoso pelos
seus sobrenomes.
Segundo o estudo, a maioria das pessoas parece acreditar que suas
competências e habilidades estão acima da média*43. Uma série de
estudos dos pesquisadores ilustra uma das razões pelas quais: quando
as pessoas se comparam aos seus pares, elas se concentram
egocentricamente em suas próprias habilidades e levam em conta, de
forma insuficiente, as habilidades do grupo de comparação.
Eles concluíram que, embora quase todos tenham percepções
favoráveis de suas habilidades em variados âmbitos sociais e
intelectuais, algumas pessoas equivocadamente avaliam suas
habilidades como sendo muito maiores do que realmente são.
Essa constatação foi comprovada por muitos outros estudos nas
décadas seguintes. É típico das pessoas superestimar suas habilidades.
Um estudo descobriu que 80% dos motoristas se consideram acima da
média*44 – algo simplesmente impossível estatisticamente. E tendências
similares foram encontradas quando as pessoas avaliam sua
popularidade relativa*45 e suas habilidades cognitivas*46
Se você parar pra pensar, provavelmente conhece alguém assim
(infelizmente, pelos motivos aqui apresentados, é muito mais fácil
notarmos algo nos outros do que em nós mesmos). Sabe aquela pessoa
que tem um currículo invejável mas que quando vai executar seu
trabalho ou participar de um projeto em equipe a coisa simplesmente
não anda? E, ao dar um feedback a ela sobre como melhorar ela tem
dificuldade em compreender pois acredita que está realizando um ótimo
trabalho? Pois é. Essa pessoa provavelmente não sabe, mas está sendo
tomada de assalto pelo efeito Dunning Kruger.
E o fato mais perigoso de todos: Essa pessoa pode ser você.
O efeito Dunning Kruger também pode ser chamado como uma
Ilusão de Confiança e é mais uma armadilha que todos nós estamos
sujeitos a cair sem que percebamos tal fato.
7.3. Síndrome do Impostor
A chamada “síndrome do impostor” pode ser considerada o inverso
do “efeito Dunning-Kruger”. Com ela os mais bem-sucedidos não
conseguem reconhecer seus talentos e pensam que os outros são
igualmente competentes. A diferença é que as pessoas competentes
conseguem ajustar, e ajustam, sua autoavaliação quando recebem
feedback apropriado, enquanto os indivíduos incompetentes não
conseguem.
Em síntese, a diferença de uma pessoa que se sente inferior e outra
que não é basicamente a forma como elas lidam e encaram os desafios.
A boa notícia é que, mesmo se sentindo um(a) impostor(a), você tem
ferramentas e atitudes para lidar com essa questão de maneira a
abandonar esse comportamento.
Algumas atitudes que podem ajudar a controlar os sintomas desta
síndrome:
● Tenha um mentor, ou alguém mais experiente e confiável para
quem possa pedir opiniões e conselhos sinceros;
● Compartilhe as inquietações ou angústias com um amigo ou
familiar;
● Nunca compare o seu interior com o exterior de outra pessoa. -
a pessoa que você acha excelente em alguma coisa
provavelmente também se sente como uma impostora às vezes;
● Aceite elogios. Se permita aceitá-los abertamente;
● Mantenha um arquivo ou uma lista de coisas boas que as
pessoas disseram sobre você e seu trabalho. Se alguém te
elogiou, escreva sobre isso e guarde neste arquivo. Procure
consultá-lo com certa frequência;
● Aceite os próprios defeitos e qualidades
● Aceite que as falhas acontecem a qualquer pessoa, e procure
aprender com elas;
● A síndrome do impostor acontece quando você subestima o
quão bom você realmente é e quando você acredita que é
necessário saber tudo. Permita-se continuar aprendendo e
aceite que todos têm suas vulnerabilidades, não importa o cargo
atual ou idade.
7.4. Consequências sociais
Esse trecho do livro eu pensei se deveria inserir ou não, relutei um
pouco mas ao final resolvi escrever e deixar apenas como um pequeno
alerta. Esse item não tem relação com algum estudo científico como
estamos vendo ao longo do livro, mas simplesmente situações que eu já
vivenciei e outras pessoas próximas relataram o mesmo.
Quando você leva seus estudos e aprendizados a sério buscando
crescimento pessoal e profissional e os frutos desse esforço começam a
aparecer não é incomum que você tenha à sua volta amigos, colegas de
trabalho e até familiares que, após certo tempo, poderão não “falar a
mesma língua” que você.
Com o tempo poderão aparecer piadinhas, indiretas e coisas do tipo,
como por exemplo dizer que “você mudou”, “você não é mais o(a)
mesmo(a)” e por aí vai. Pela minha experiência eu te digo: se você levar
seu aprendizado a sério e começar a evoluir pessoal e profissionalmente
esse tipo de coisa vai acontecer e você deve estar preparado para isso.
E isso acontece por um motivo simples: Você evoluiu e as outras
pessoas não. Pelo menos não no mesmo ritmo e nos mesmos
interesses que você. E está tudo bem com isso, desde que elas não o
tentem “puxar para baixo”.
Em alguns casos, infelizmente eu tive que me afastar de alguns
relacionamentos - pessoas que eu convivia anteriormente e que
considerava amigos, mas que infelizmente, começaram a se tornar
tóxicos com o passar do tempo. Talvez você passe por isso também.
Não permita que pessoas próximas te “puxem para baixo” ou te desviem
do caminho que você deseja trilhar: seus amigos de verdade ficarão
felizes com sua evolução e crescimento.
7.5 Como se livrar ou diminuir as chances de cair
nessas armadilhas:
1. Saber que elas existem (tornar-se consciente é o primeiro
passo)
A consciência dessas armadilhas é o primeiro passo para vencer
esses obstáculos: Quando você nem sabe que tem um inimigo você não
pode vencê-lo. No fim, tudo se resume a um jogo mental. Portanto, é
importante reconhecer esses pensamentos (tanto de competência,
superioridade e impostor) e colocá-los em perspectiva. Uma coisa que
você pode fazer é questionar mais criticamente esses pensamentos.
Pergunte-se: “Esse pensamento me ajuda ou me atrapalha?" “Será que
realmente domino esse assunto ou essa técnica?” “Será que não estou
me iludindo?”
2. Exercício de humildade
O aprendizado e o conhecimento são algo muito paradoxal: quanto
mais se sabe, menos se sabe. Sócrates disse isso quatro séculos antes
de Cristo: “Só sei que nada sei”. E essa é a beleza da vida! É preciso
que exercitemos em nós essa humildade em relação à nossa pequenez
diante da vastidão de conhecimentos presentes no mundo.
Isso não significa que você não deva se orgulhar de suas conquistas
com novos aprendizados, competências e habilidades adquiridas ao
longo do tempo, muito pelo contrário. Essas conquistas devem ser
celebradas sim mas é sempre importante colocar em perspectiva que,
por mais que você domine um assunto em profundidade, existem
milhares de outros que você simplesmente é um ignorante (pouco ou
nada sabe).
3. Falar (e ouvir) com outras pessoas
Essa dica, apesar de ser válida para todas as armadilhas, se encaixa
melhor com a síndrome do impostor. É importante que você tenha uma
ou mais pessoas em quem confia para compartilhar esses pensamentos
de inferioridade. Pode ser um colega de trabalho em que confia, um
amigo próximo, um familiar ou um mentor: conversar sobre o assunto e
expor seus pensamentos para essas pessoas e ouvir (de verdade) o
feedback delas poderá te ajudar a explorar e lidar melhor com o assunto
dentro de si mesmo.
8. Criando bons hábitos de
aprendizagem
Por anos eu acreditei que a famosa frase: “Nós somos o que
repetidamente fazemos: Excelência, portanto, não é um ato, mas um
hábito” fosse de Aristóteles, no entanto descobri que ela foi escrita pela
primeira vez em 1926 por Will Durant num pequeno livro chamado a
História da Filosofia.
Sempre considerei essa frase extremamente poderosa e impactante.
Uma de minhas preferidas, mas confesso que quando descobri que era
não era de Aristóteles aquilo me jogou um balde de água fria, em certo
sentido.
No entanto, logo me dei conta que eu valorizava a ideia e o conceito
por trás daquelas palavras e não propriamente o autor em si. Portanto,
depois de pensar sobre o assunto continuei usando a frase como um
mantra pra mim, embora agora atribuindo os devidos créditos ao seu
autor original.
Nem sempre fui tão disciplinado como gostaria, mas nos últimos
anos evoluí muito nesse sentido, embora sempre esteja buscando
melhorar. E a disciplina me trouxe muitos progressos pessoais e
profissionais e me tornei ainda mais fã de bons hábitos. Esse livro que
você está lendo é fruto de bons hábitos criados, inclusive.
Portanto, falar em aprendizado sem falar em hábitos me parece não
ter muito sentido, então esse capítulo tem como objetivo trazer algumas
ideias para te ajudar a aplicar bons hábitos em sua vida que te ajudem
em sua jornada de aprendizado.
8.1. Conheça-se e faça uma autoanálise
Assim como fizemos um diagnóstico com relação às mídias sociais é
importante que você reflita e faça um balanço de sua vida. Considere
algumas perguntas:
● Estou satisfeito com os resultados que tenho alcançado?
● Minha vida é cercada de bons hábitos?
● Quais hábitos hoje me ajudam a construir um “eu” melhor?
● Quais hábitos hoje me atrapalham a construir um “eu” melhor?
● Posso eliminar esse hábito ruim?
● Posso criar um novo hábito?
Alguns hábitos são mais fáceis de serem identificados como mau
hábitos do que outros: fumar, ingerir bebida alcoólica com frequência e
em grandes quantidades, alimentação desregrada, sono desregulado
são alguns maus hábitos fáceis de serem identificados. Outros, no
entanto, se não prestar muita atenção parecem ser invisíveis:
procrastinação, preguiça, falta de iniciativa, impaciência, mau humor
frequente e por aí vai.
Sugiro que pegue uma folha de papel em branco, faça um risco ao
meio dela e de um lado comece a anotar de um lado seus bons hábitos
e do outro os maus hábitos. Depois disso, reflita e trace um plano para
lidar com apenas um mau hábito (não mais que isso) e procure
encontrar meios de lidar com ele de forma a diminuí-lo ou até eliminá-lo,
dependendo do que for.
Escolha um hábito que você acredite que seja um dos piores, que te
faz mais mal e que te puxa pra trás. Depois de escolhido trace algumas
estratégias para lidar com ele em seu dia a dia e tome ações para
melhorar. Obviamente que, para te ajudar, trouxe um passo a passo pra
facilitar as coisas:
8.2 Elimine maus hábito em 5 passos
8.2.1. Identifique o comportamento que você deseja alterar
Você precisa saber exatamente quais comportamentos você gostaria
de mudar. Essa clareza é o primeiro ponto, por isso o pequeno exercício
na folha de papel acima.
8.2.2. Entenda o que desencadeia seus maus hábitos
Entender como tomamos decisões é a chave para conquistar todos
os tipos de maus hábitos. É importante que você identifique qual(is)
gatilho(s) aciona(m) aquele mau hábito para que tome medidas que te
auxiliem a lidar com ele. Alguns gatilhos mais comuns são:
● Localização
● Tempo
● Estado emocional
● Outras pessoas
● Uma ação imediatamente anterior
8.2.3. Vá devagar e faça pequenas alterações
Formar melhores hábitos exige tempo e esforço, mas quebrar os
maus hábitos estabelecidos pode ser ainda mais difícil. Portanto, seja
paciente e, em vez de fazer ajustes dramáticos, tente se concentrar em
apenas um hábito por vez e nos menores passos que você puder. Com
estudo e aprendizado, por exemplo, foque em formar um hábito diário
para esse fim específico e faça um compromisso com você de não
quebrá-lo.
8.2.4. Lembre-se rotineiramente e reforce o hábito
Mesmo com as melhores intenções, caímos em maus hábitos e, por
vezes, voltamos ao “padrão anterior”. Uma coisa que sempre funcionou
muito bem pra mim é inserir lembretes e alarmes no celular para esses
momentos mais fracos. Ex. de segunda à sexta às X horas coloque seu
alarme para despertar com o lembrete “Leitura e Estudo”. Aquele
lembrete te forçará a focar nessa atividade que é importante pra você.
Além do smartphone inserir atividades em minha agenda ou calendário
(eletrônico) também sempre funcionou bem. É importante que você
tenha esse compromisso e o reforce rotineiramente com lembretes
regulares.
8.2.5. Encontre um motivo melhor largar um mau hábito
Já sabemos que não devemos fumar ou comer fast-food todos os
dias, mas essa consciência em si geralmente não é suficiente para
abandonarmos o hábito. Assim, além de pensar que você deveria parar
de fumar, porque isso será melhor para sua saúde, você pode se
motivar a fazê-lo, porque isso pode ajudá-lo a:
● se tornar mais ativo e a gostar de caminhar de uma maneira
que você não era capaz antes.
● Ter mais energia para desencadear outros hábitos positivos
como o exercício físico
● Ser um exemplo para seu(s) filho(a)(s) - se for o caso
● Viver mais e evitar doenças
● Simplesmente ser uma versão melhor de você mesmo (compita
com seu eu de ontem e mostre que você é melhor que ele, todos
os dias)
Enfim, cada ser é único. Encontre as razões que vão além do
racional, se apegue em algo emocional pra você e isso terá mais
chances de dar certo.
Recomendo muito que você estude esse tema, existe muita literatura
e pesquisas sobre o assunto e, por razões óbvias, seria impossível
descrever a fundo nesse espaço. Recomendo dois livros: O Poder do
Hábito de Charles Duhigg e Hábitos Atômicos de James Clear.
8.3. Separe horários e dias específicos para estudos
Essa etapa ainda faz parte de criar bons hábitos e rotinas. Separar
na sua agenda ou calendário dias e horários específicos para seu
estudo e aprendizagem ajudam seu cérebro a compreender que existe
uma atividade a ser cumprida naqueles dias e horários específicos.
Sempre que possível, procure inserir os mesmos horários na sua
rotina. Exemplo: estudar de segunda à sexta às 20h e aos sábados às
09h.
8.4. Disciplina
Tenha disciplina. Como tudo o mais que traz progresso, a maior luta
está sempre dentro de nós. É por isso que você precisa aprender a
auto-disciplina e bons hábitos são a chave aqui.
John Gretton Willink, mais conhecido como “Jocko” Willink é um ex-
Navy Seal, um grupo de elite da marinha americana. Para se tornar um
Navy Seal é exigido um treinamento incrivelmente difícil em termos
físicos e psicológicos. E, como você pode imaginar, exige-se uma
disciplina enorme para se manter lá.
Jocko tem uma regra pra vida dele e que ele compartilha mundo
afora que diz:
Disciplina é igual liberdade.
Parece paradoxal, certo? O ato de ter disciplina parece exatamente o
oposto de se ter liberdade. Mas é exatamente isso mesmo o que ele
prega em seus livros, suas palestras e seu famoso podcast.
A liberdade é a coisa mais fácil de entender, ou seja, todos nós
queremos mais liberdade e duas delas que sempre almejamos é a
financeira e a de tempo. Como alcançar a liberdade financeira e a
liberdade de tempo? A resposta: disciplina. Você precisa ser disciplinado
com suas finanças e disciplinado com seu tempo. É preciso dizer não a
muitas coisas. É preciso dizer não ao próximo vídeo do Youtube que vai
te tirar o foco, é preciso dizer não à preguiça, à má alimentação, é
preciso dizer não a uma série de maus hábitos, ou seja, é preciso dizer
não a tudo aquilo que te tira do caminho de atingir seus objetivos.
Percebe então como a disciplina está completamente ligada à
liberdade?
Para conquistar tudo o que você almeja na vida é preciso fazer boas
escolhas e a disciplina pode ser nossa maior aliada nesse sentido.
Existe uma outra frase que é muito forte e que gosto muito. Ela é
atribuída a Jim Rohn, autor e palestrante norte americano que diz: “Nós
todos sofreremos uma de duas dores: A dor da disciplina ou a dor do
arrependimento”. A primeira vez que a ouvi essa frase foi quase um
soco no estômago e me fez pensar muito sobre isso, espero que traga
boas reflexões pra você também!
8.5. Se falhar um dia, não se lamente ou pior: pense em
abandonar os estudos.
Somos seres falhos. Por mais comprometidos que estejamos, em
algum dia iremos falhar, seja por qualquer motivo, em manter nossa
rotina de estudos. Se isso acontecer, não fique se lamentando. Lembre-
se que você é um ser humano e que isso acontece às vezes (não pode
ser sempre, é claro).
Não se sinta mal por isso, apenas reflita sobre os motivos do porquê
não ter cumprido seu hábito naquele dia e no dia seguinte volte a fazê-
lo.
Conheço pessoas que começam super bem e engajadas num novo
hábito (ex. Fazer exercícios físicos). Elas começam empolgadas na
primeira semana, fazem tudo certinho. Na segunda semana a mesma
coisa. Na terceira semana, por qualquer motivo faltam 1 dia. E aí
começa o ciclo vicioso. Por algum motivo depois de uma quebra na
sequência parece que a coisa desanda e aí faltam mais outro e depois
de algum tempo abandonam a prática por completo. Você conhece
alguém assim?
Não seja essa pessoa. Se falhou uma vez, bola pra frente, tente não
repetir a mesma falha e apenas continue.
8.6. A regra dos 5 segundos de Mel Robbins
Mel Robbins é uma autora norte-americana que ficou famosa pela
sua regra dos 5 segundos. Ela escreveu um livro sobre o assunto e
também tem um TED Talk e várias palestras que você pode facilmente
encontrar na internet.
Uma das coisas que mais me chamaram a atenção e a que eu mais
gostei foi a facilidade para qualquer pessoa implementar isso em sua
vida diária.
Enquanto morava em Boston com sua família, Robbins se viu no
meio de um período difícil da vida. Seu marido abriu uma pizzaria que
começou a ter dificuldades e o dinheiro estava bem escasso.
Nessa época, para evitar a dor, Robbins se habituou a pressionar o
botão de soneca de seu alarme repetidas vezes antes de finalmente
acordar. Isso se repetiu por um bom tempo até que ela viu que aquilo
estava fazendo muito mau pra ela e ela decidiu agir.
Ao estudar o comportamento humano, ela notou o quão crítico são
os primeiros 5 segundos quando se trata de tomada de decisão. Quando
pensamos em fazer algo, quanto mais esperarmos para fazê-lo, menor a
probabilidade de concluí-lo. Se agirmos nos primeiros 5 segundos, mais
motivados estaremos. Mas a cada segundo após esses primeiros 5
segundos, nossa motivação e probabilidade de agir desaparecem
lentamente.
Robbins originalmente usou essa regra apenas para evitar
pressionar o botão soneca do despertador. No minuto em que o alarme
disparou, ela se deu apenas 5 segundos. 5,4,3,2,1 e boom. Quando
chegou ao número 1, parou de pensar e começou a agir. Seus únicos
pensamentos eram sair da cama e seguir em frente com seu dia.
Depois que começou a perceber a eficácia do uso da regra dos 5
segundos para sair da cama, ela começou a implementá-la em outras
áreas de sua vida também, incluindo negócios. Depois de contar
principalmente a seus amigos e familiares sobre a regra, a notícia
começou a se espalhar e, a partir daí, sua vida mudou, tornando-se uma
autora best-seller e requisitada palestrante.
Claro que essa é uma simplificação extrema de sua história para
caber nestas páginas, mas o ponto é: essa sua regra realmente
funciona. Eu testei e continuo utilizando ela para quase tudo na minha
vida (lembra que a melhor forma de aprender é fazendo na prática?).
Pois é. O despertador tocou às 5h da manhã? 5,4,3,2,1 e levanto da
cama! Não estou com vontade de fazer exercício físico? 5,4,3,2,1 e
Boom: Vou me trocar, colocar o tênis e ir pra academia. Estou com
preguiça pra ler aquele livro? 5,4,3,2,1 e pronto! Pego o livro e começo a
ler. Simples assim: sem questionamentos, hesitações e nada. Apenas
faço. É assim que funciona.
Recomendo que você comece a aplicar a partir de hoje mesmo ou
amanhã, se você tem problemas com o despertador (você aperta o
modo soneca umas 10x antes de levantar da cama?). Faça o seguinte
exercício: Em sua mente hoje prepare-se e dê o comando para que
quando o despertador tocar amanhã pela manhã seu cérebro
automaticamente ative a contagem regressiva de 5 segundos e quando
chegar no 1 você se levantará. Sem reclamar, sem titubear. Apenas vai
levantar. E, para se desafiar, coloque o despertador 15 ou 30 minutos
antes do horário habitual que costuma levantar.
Faça essa programação mental no dia anterior e depois veja o que
acontece. Procure repetir isso todos os dias. Comece com a soneca do
despertador e passe para outros campos: no nosso caso o estudo e
aprendizado.
É uma excelente ferramenta para evitar a procrastinação. Você
precisa de apenas de 5 segundos para começar a agir, sem desculpas.
Comece a cultivar esse hábito e verá resultados aparecerem.
Recomendo que assista ao TED Talk da Mel Robbins para
complementar este trecho do livro.
8.7 O estado de fluxo
O professor e pesquisador húngaro Mihaly Csikszentmihalyi é o
criador do conceito de flow (fluxo, em português), amplamente difundido
pelo mundo.
O estado de flow é aquilo que você experimenta quando está
completamente envolvido em uma atividade por si só num estado ideal
de consciência em que está absolutamente imerso.
Você, alguma vez na vida, começou a ler um livro e, depois de
algumas páginas, não conseguiu mais parar por conta daquela estória
ou narrativa e ficou horas ali até terminar? Ou se envolveu em alguma
atividade específica como programar, escrever ou mesmo jogar
videogame e só percebeu que passou horas ali quando o sol nasceu?
Pois é. Isso tem a ver com o estado de fluxo.
Csíkszentmihályi descreveu o estado de fluxo como "estar
completamente envolvido em uma atividade por si só. O ego
desaparece. O tempo voa. Toda ação, movimento e pensamento segue
inevitavelmente o anterior, como tocar jazz. Todo o seu ser está
envolvido e você usando suas habilidades ao máximo."
Alguns podem experimentar o fluxo enquanto praticam esportes
como tênis, futebol, dança ou corrida. Outros podem ter essa
experiência enquanto estão envolvidos em uma atividade como pintar,
desenhar ou escrever.
Geralmente o estado de fluxo é acompanhado por 10 fatores -
emoções e respostas mais frequentemente associadas a esse estado
mental (embora nem todos necessitam estar presentes conjuntamente):
1. Ter objetivos claros sobre o que você deseja alcançar
2. Concentração e foco
3. Participar de uma atividade intrinsecamente gratificante
4. Perder sentimentos de autoconsciência
5. Atemporalidade; perdendo a noção do tempo passando
6. Ser capaz de julgar imediatamente seu próprio progresso;
feedback instantâneo sobre o seu desempenho
7. Saber que suas habilidades estão alinhadas com os objetivos da
tarefa
8. Sentir o controle sobre a situação e o resultado
9. Falta de consciência das necessidades físicas
10. Foco completo na atividade em si
Vantagens do Estado de Fluxo
Os pesquisadores descobriram que o fluxo pode melhorar o
desempenho em uma ampla variedade de áreas, incluindo ensino,
aprendizado, atletismo e criatividade artística.
● O fluxo concentra sua atenção no que é importante e
positivo
Quando você está em um estado de Fluxo, você desliga a
autoconsciência e o pensamento negativo. Você se concentra na
tarefa em questão e a acha intrinsecamente gratificante.
● O fluxo pode levar a um melhor desempenho
Os pesquisadores descobriram que um dos principais benefícios
do Fluxo é que ele pode melhorar o desempenho humano em todos
os domínios do trabalho e da criatividade humanos. Um estudo de
10 anos da prestigiada consultoria McKinsey com alguns de seus
executivos demonstrou que eles eram cinco vezes mais produtivos
no estado de fluxo*47.
Leia novamente o trecho acima e pense nisso por um momento.
De acordo com esses mesmos pesquisadores da McKinsey, se
pudéssemos aumentar o tempo que gastamos no fluxo de 15 a
20%, a produtividade geral do local de trabalho quase dobraria.
● O fluxo aumenta o prazer e a criatividade
O fluxo nos treina a ser mais abertos à descoberta e inovação.
Durante o estado de Fluxo, somos muito menos críticos, mais
capazes de conectar idéias e mais corajosos em imaginar novas
possibilidades.
Como atingir o estado de Fluxo?
Csíkszentmihályi explica que é provável que o estado de fluxo ocorra
quando um indivíduo é confrontado com uma tarefa que possui objetivos
claros que exigem respostas específicas.
Um jogo de xadrez é um bom exemplo de quando um estado de
fluxo pode ocorrer. Durante a competição, o jogador tem objetivos e
respostas muito específicos, permitindo que a atenção seja totalmente
focada no jogo durante o período do jogo.
Segundo Csíkszentmihályi:
"O fluxo também acontece quando as habilidades de uma
pessoa estão totalmente envolvidas na superação de um desafio;
portanto, atua como um ímã para o aprendizado de novas
habilidades e o aumento de desafios", explica. "Se os desafios são
muito baixos, volta-se ao fluxo aumentando-os. Se os desafios são
muito grandes, pode-se retornar ao estado de fluxo aprendendo
novas habilidades".
Listei aqui para você 5 Passos para atingir o estado de fluxo:
1. Ambiente: encontre um espaço adequado
Encontre um ambiente tranquilo e inspirador e que, de certa forma, o
desafie. Você pode criar isso com quadros, frases, livros, imagens etc.
Faça desse lugar seu “santuário do aprendizado”.
2. Elimine todas as distrações externas
Você não vai atingir seu estado de fluxo com seu smartphone
apitando a cada 60 segundos, esqueça. Para alcançar o estado do fluxo,
você deve eliminar todas as distrações externas. Somente quando você
puder se concentrar com atenção total por pelo menos 15 a 20 minutos,
poderá entrar no estado de fluxo.
Portanto, é fundamental que você guarde o telefone e desative todos
os alertas e notificações (já que hoje é nossa maior fonte de distrações),
feche todas as guias de mídia social e e-mail, remova todos os arquivos
e objetos desnecessários do seu espaço de trabalho.
De fato, sempre que você se distrai, leva um tempo para recuperar
toda a atenção na tarefa em questão*48. Isso ocorre por causa de algo
chamado "resíduo da atenção", o que implica que parte da sua atenção
ainda é deixada para trás na tarefa ou distração anterior com a qual
você estava lidando.
Ou seja, você precisa parar de pensar em uma tarefa para fazer uma
transição completa da atenção e ter um bom desempenho em outra. No
entanto, neste processo, seu desempenho subsequente de tarefas é
prejudicado
3. Habilidades: praticar deliberadamente para obter mais
fluxo
Como o fluxo depende de encontrar o ponto ideal entre suas
habilidades e o desafio em questão, não é surpresa que precisamos ter
um certo nível de domínio antes de atingirmos o estado de fluxo.
Isso não significa que você não atingirá o fluxo até que você seja um
mestre absoluto na habilidade que deseja desenvolver - mas sim que
você precisa usá-la com frequência. E aqui a prática deliberada se
“encaixa como uma luva”. Percebe como as coisas são interligadas?
4. Conecte as tarefas a um objetivo claro
Você precisa sentir uma conexão autêntica e real ao seu
trabalho/estudo para se dedicar a cumpri-lo: ninguém vai praticar horas
e horas de prática deliberada, esforçando-se física e mentalmente, se na
verdade não se importa com o que está fazendo.
Portanto, ao praticar uma tarefa específica tenha em mente o
objetivo maior: Por que estou fazendo isso? Por que essa tarefa vai
contribuir para que chegue mais longe? Lembre-se sempre dos motivos
que o fizeram iniciar aquela jornada. Isso fará total diferença em manter
sua motivação nos momentos difíceis e te ajudará a continuamente
entrar no estado de fluxo.
Outro ponto importante é que as tarefas, além de estarem
conectadas a um objetivo maior, devem ser desafiadoras. Você deve
sair de sua zona de conforto mas não ao ponto de aquilo ficar
insustentável ao seu nível de conhecimento e aptidão, caso contrário
você perderá sua motivação e aumentarão suas chances de desistir.
Portanto, tarefas desafiadoras sim, pero no mucho.
5. Recompensa: não procure motivação extrínseca
Dinheiro. Prêmios. Elogio. Estes podem ser subprodutos do trabalho
de fluxo que você faz, mas não podem ser a principal motivação por trás
do que você está fazendo.
O estado de fluxo para Csíkszentmihályi é igual à felicidade, ou seja,
quando se está envolvido naquela atividade de forma profunda e
envolvente você é feliz ali.
Portanto, o processo por si só deve ser recompensador o suficiente
para que você continue: trata-se de uma motivação interna e não
externa.
E como o estado de fluxo se liga ao aprendizado?
O estado de fluxo tem total relação com o aprendizado na medida
em que é necessário um domínio substancial de uma determinada
habilidade e a busca contínua de novos desafios e informações para
manter esse estado. É um ciclo virtuoso que necessita ser
retroalimentado.
Csíkszentmihályi sugeriu que o aprendizado profundo de uma
habilidade ou conceito pode ajudar as pessoas a experimentar o fluxo.
O conceito de “overlearning”, ou aprendizado profundo é
basicamente quando fazemos uma coisa repetidamente por um período
de tempo. Ao fazermos isso aumentamos nossa chances de entrar em
estado de fluxo.
O aprendizado profundo permite que nossa mente se concentre em
visualizar o desempenho desejado como uma ação singular e integrada,
em vez de um conjunto de ações, o que facilita o processo de
aprendizagem como um todo. Atribuições desafiadoras que aumentam
as habilidades podem levar a um estado de fluxo.
Outro conceito importante em sua teoria é a idéia de se estender um
pouco além do atual nível de habilidade (sair de sua zona de conforto,
como vimos). Esse leve alongamento das habilidades atuais pode ajudar
a experiência individual a encontrar o fluxo.
9. Ferramentas para Aprendizagem
Atualmente contamos com inúmeras ferramentas para nos auxiliar no
processo de aprendizagem e esta seção do livro trará algumas delas
para que você possa conhecer e testar no seu dia a dia.
É até difícil fazer uma seleção pois a gama de soluções disponível é
realmente enorme então somente inseri aqui as ferramentas que eu
mesmo já testei e utilizei e que foram muito úteis pra mim.
9.1 Apps
Os apps são ferramentas fantásticas, já que carregamos nossos
smartphones o dia todo e podemos separar algumas “janelas de tempo”
em nosso dia a dia para aprender e estudar com sua ajuda.
Separei uma lista com os principais apps que utilizo:
● Forest
O Forest é um app para os fãs da técnica Pomodoro.
A técnica Pomodoro consiste em dividir seu fluxo de trabalho em
blocos de 25 minutos de concentração intensa (e sem interrupções!)
com a promessa de aumentar muito a produtividade. Entre esses
intervalos de 25 minutos propõe-se um descanso de cerca de 5 minutos
daquela atividade intensa para depois retomar novamente o fluxo.
Nessas pausas, procure fazer algo não relacionado à tarefa anterior
(aproveite para ir ao banheiro, tomar uma água, tomar um café, fazer
uma rápida ligação, etc).
A cada quatro ciclos, faça uma pausa maior (entre 15 e 30 minutos)
para descansar.
Essa técnica tem esse nome pois foi criada no final da década de 80
por um italiano chamado Francesco Cirillo que usava um timer de
cozinha para controlar seu tempo e esse dispositivo tinha o formato de
tomate (pomodoro, em italiano).
O forest é um app que utiliza a ideia da técnica Pomodoro e o faz
isso não com tomates mas com árvores. Ou seja, você baixa o app e faz
suas configurações iniciais e pede pra ele marcar o tempo de 25
minutos por exemplo. Durante esse período o app bloqueia outras
notificações do seu celular (o que é ótimo para evitar interrupções) e
mostra uma árvore em crescimento - por isso seu nome forest (floresta,
em inglês).
O interessante do Forest é que, caso você queira interromper o
tempo antes da hora ele te mostra uma mensagem do tipo: “Tem certeza
que deseja matar sua árvore?” Isso tem um certo peso emocional e
pode fazer com que você continue na atividade proposta.
Já usei esse app muitas vezes e, para atividades do tipo To-Do list
(lista de afazeres), achei ele ótimo. No entanto, para atividades mais
criativas ou de pesquisas mais profundas (como escrever esse livro por
exemplo), eu já não gosto muito, pois, de certa forma, me impede de
chegar ao meu estado de fluxo e permanecer nele por mais tempo.
Então minha recomendação é que utilize para uma lista de afazeres
mais simples. Caso a atividade envolva algo mais profundo, teste
períodos mais longos (no meu caso funciono bem em períodos maiores
de 45 a 60 minutos, por exemplo - mas isso sou eu, você precisa
entender sua realidade).
● Duolingo
O Duolingo é um dos melhores e mais populares aplicativos para
aprender novas línguas. Se você está estudando um novo idioma
recomendo muito que tenha esse app em seu smartphone.
Este é, sem dúvida, um dos apps mais completos, simples e
eficientes de aprender uma nova língua. O Duolingo oferece uma série
de exercícios práticos envolvendo variadas formas de aprendizado como
escuta, fala e escrita por meio de lições divertidas. O app conta com
metas e prêmios a cada fase para estimular o aluno a continuar
avançando em seu aprendizado.
É provável que você já conheça ou até utilize o Duolingo, mas não
poderia deixar de recomendar essa incrível ferramenta aqui.
Está disponível para iOS e Android.
● Coursera
A Coursera é uma empresa de educação online que possui um app
que disponibiliza seu conteúdo nele. Seu grande diferencial é que a
plataforma conta com cursos de muitas instituições renomadas como,
por exemplo, Harvard, Stanford e MIT.
Além do app, se você prefere estudar num computador ou notebook,
por exemplo, também encontra o seu site web com o mesmo conteúdo.
Existem ali diversos cursos gratuitos, muitos com legendas em
português para você iniciar seus estudos. Os temas são bastante
variados e incluem programação, empreendedorismo, negócios, ciência
de dados, marketing, música, nutrição e muitas outras opções.
O app está disponível tanto para Android quanto iOS.
● TED
Sou um grande fã do TED (esse acrônimo significa Tecnologia
Entretenimento e Design, embora tenha se tornado muito maior que
apenas essas áreas).
O TED é uma organização sem fins lucrativos dedicada à
disseminação de ideias inspiradoras, geralmente em vídeos de 18
minutos ou menos. Esses vídeos, apelidados de "TED Talks", podem
abranger diversos assuntos, da arte à ciência e às questões globais. O
aplicativo reúne todo o conteúdo do TED em um só lugar para sua
educação e diversão, e todo o conteúdo é gratuito para visualização.
Muitos dos TED Talks tem legendas em português.
É incrível termos o poder de acessar as ideias e estudos de grandes
cabeças pensantes do mundo moderno por meio de palestras
incrivelmente bem planejadas. Vale a pena ter o app para consultas
frequentes sobre temas de seu interesse.
● Youtube
Oi? Youtube aqui? Sim!
O YouTube é muito maior do que apenas um lugar onde você assiste
a vídeos engraçados, gatinhos, shows de stand-up, memes ou música.
Sim, tem muito “lixo” ali, mas basta saber filtrar. O Youtube é o maior
repositório humano de vídeos e garanto a você que existe muito
conteúdo de extremo valor ali dentro e, como tudo na internet, basta
saber filtrar o joio do trigo.
E como saber se um vídeo sobre um determinado assunto é
confiável? Procure um que tenha sido publicado por um especialista (ou
instituição) com experiência no mundo real no assunto em que você está
interessado.
Digite as palavras "como fazer" na barra de pesquisa do aplicativo e
você encontrará tudo, desde como começar uma carreira na sua área
até como consertar uma geladeira.
Eu uso muito o Youtube para consumir novos conteúdos de valor e
acho que já aprendi mais com ele do que em 4 anos de faculdade, sério.
Não desperdice essa valiosa ferramenta e seu tempo consumindo
apenas conteúdo de baixo valor!
9.2. Cursos
Um curso super indicado sobre esse tema de aprendizado é o Learn
How to Learn - Aprendendo a Aprender da Coursera. O curso é gratuito
e é oferecido pela Universidade McMaster e Universidade da California
e é ministrado por Dr. Barbara Oakley e Dr. Terrence Sejnowski, duas
feras nessa área.
Eu fiz o curso e recomendo muito a todos que desejam conhecer
mais sobre essa área. O curso conta com várias videoaulas e exercícios
para fixação do conteúdo e, ao final, você tem acesso a um certificado
de conclusão. Mas o certificado é o de menos, na minha avaliação, pois
tenho certeza que você pegará muitos insights que levará pra vida toda
e farão a diferença em todo e qualquer novo assunto que você esteja
aprendendo.
Além desse tópico, você pode consumir cursos de quase qualquer
tópico que pensar. Quando você faz um curso (não importa se gratuito
ou pago) você, na verdade, está “comprando tempo”. Um curso pode te
ajudar a realizar uma nova atividade em muito menos tempo do que se
fosse fazer sozinho. Um (bom) curso contará com pessoas qualificadas
lecionando, boa didática, metodologia focada em exercícios práticos e
conteúdo relevante. Se obedecidas essas regras, um curso pode te
ajudar muito em sua evolução pessoal e profissional.
Os MOOCS
Os MOOCs (Massive Open Online Courses - ou Cursos Online
Abertos Massivos, numa tradução literal) são cursos online geralmente
desenvolvidos por instituições acadêmicas, acessíveis à qualquer
pessoa com acesso à internet. A maioria desses cursos são gratuitos e
não exigem pré-requisitos para a realização, mas também há programas
compostos por módulos interdependentes, formando trilhas de
aprendizado, muitos deles com certificado.
Os MOOCs oferecem uma maneira acessível e flexível de aprender
novas habilidades, avançar em sua carreira e oferecer experiências
educacionais de qualidade em grande escala.
Milhões de pessoas em todo o mundo usam MOOCs para aprender
por várias razões, incluindo: desenvolvimento de carreira, mudança de
carreira, preparativos para a faculdade, aprendizado suplementar,
aprendizado ao longo da vida, treinamento corporativo e muito mais.
Várias instituições acadêmicas em todo mundo oferecem MOOCs
gratuitos e sem pré-requisitos para acesso, incluindo alguns dos nomes
mais renomados do mundo. São universidades como MIT, Harvard,
Berkeley, Universidad Autónoma de Barcelona, Sorbonne, USP entre
centenas de outras no mundo todo produzindo cursos abertos nas mais
diversas áreas do conhecimento.
Alguns assuntos e competências que você pode aprender com os
MOOCs:
● Programação
● Negócios
● Gestão
● Comunicação
● Ciências
● Engenharia
● Liderança
● Soft Skills
Todas estas são macro-áreas que se subdividem em dezenas ou até
centenas de programas e cursos que irão te apoiar em cada uma delas.
Em plataformas como a Coursera e a EDX você irá encontrar grande
parte dos MOOCs desenvolvidos por centenas de universidades de todo
o mundo, para literalmente milhões de inscritos. Em muitos deles você
irá encontrar traduções e legendas para o português, em outros o inglês
será o idioma padrão. Vale muito a pena conhecer os programas e
pesquisar sobre assuntos de sua área de interesse. É bem possível que
você encontre um MOOC para sua necessidade.
Cursos Presenciais / Online de curta duração
Você também pode optar por se inscrever em cursos presenciais ou
online de curta duração (até 3 meses). Você pode aprender muito em
cursos desse tipo e “ganhar muito tempo” à medida que aprende novos
conceitos que talvez levaria mais tempo aplicando sozinho.
Uma das grandes vantagens de um curso é que ele “encurta
caminhos” e você pode contar com tutores/mentores que já possuem
experiência na área para orientar sobre os principais desafios na área.
Além disso, também terá contato com outras pessoas que estão
passando pelo mesmo momento que você naquela área mas que
possuem experiências e contextos diferentes e dali podem surgir
relacionamentos profissionais.
No entanto, cuidado: Antes de escolher por qualquer curso, tenho
duas dicas:
Primeiro: Saiba o que você quer. Por que deseja se matricular num
curso? Quais competências deseja desenvolver? Para que? O que você
considera uma métrica de sucesso ao concluir o curso?
Segundo: Não escolha um curso somente por conta do conteúdo
programático. Procure entender a metodologia de ensino. Você
conseguirá aplicar na prática o que irá aprender? Se for um curso de
programação, você terá a oportunidade de desenvolver um projeto
funcional durante esse curso que coloque em prática tudo aquilo que
aprendeu? Se for um curso de marketing digital você irá aprender a
fazer um site, criar campanhas, enviar e-mail marketing na prática? Nem
todos os cursos permitem isso, mas é importante entender a
metodologia por trás do curso e não somente seu conteúdo
programático. Agora que você entende mais sobre a importância do
aprendizado ativo entende o porquê dessa etapa.
9.3. TED Talks e TEDx
Já falei do TED aqui ao falarmos de apps, mas rapidamente cito-o
novamente de maneira separada pois acredito muito na sua relevância.
Em uma conferência TED, pensadores e realizadores de todo o mundo
são convidados a dar a melhor palestra de suas vidas em 18 minutos ou
menos. Entre os palestrantes que já participaram do TED estão Bill
Gates, Sheryl Sandberg, Jeff Bezos, Mihaly Csikszentmihalyi, Elizabeth
Gilbert e muitos outros.
Alguns TED Talks eu já citei em partes anteriores do livro, mas aqui
vai uma lista interessante pra você consultar com calma depois (incluem
TED Talks e TEDx - eventos independentes realizados em várias partes
do mundo).
● O Sono é seu superpoder - Matt Walker
● Learning how to Learn (Aprendendo a Aprender) - Barbara
Oakley
● Será que as escolas matam a criatividade? - Ken Robinson
● As primeiras 20 horas - Como aprender qualquer coisa - Josh
Kauffman
9.4 Livros
Os livros são um dos meus métodos preferidos de aprendizagem.
Aqui me refiro especificamente aos livros de não-ficção, muito embora
acredito que você pode aprender muito com livros de ficção, sobretudo
os clássicos.
Para mim é surreal pagar cerca de 20, 30 ou 40 reais num livro e ter
acesso a toda a experiência de uma vida de uma pessoa, seus
pensamentos e ideias. É a forma mais incrível e barata de ter uma
“consultoria” sobre qualquer assunto. Num momento posso estar junto
aos pensamentos de Sêneca ou Marco Aurélio (filósofos estóicos
romanos), num outro posso ler sobre Administração de Empresas e
Gestão com os pensamentos de Peter Drucker ou ainda ler sobre
astronomia e física com Stephen Hawking ou Carl Sagan.
Aqui separei uma lista de livros que considero super interessantes
caso você queira se aprofundar no aprendizado, tema deste livro:
● Aprendendo a Aprender - Barbara Oakley
● Direto ao Ponto - Anders Ericsson e Robert Pool (Prática
deliberada)
● Por que dormimos - Matthew Walker
● Trabalho Focado - Cal Newport
● Maestria - Robert Greene
● A única coisa - Gary Keller e Jay Papasan
● Ultralearning - Scott. H. Young
10. Alguns mitos que a ciência tem
desconstruído
A ciência é fascinante. Nas últimas décadas milhares de estudos
científicos em todo o mundo apontam os melhores caminhos sobre o
processo de aprendizagem e isso é ótimo.
Acontece que a ciência é viva, ou seja, o tempo todo novos estudos
surgem e, algumas vezes, algo que era considerado verdade por
pesquisas anteriores passa a ser questionado por outros pesquisadores.
Você já deve ter visto isso em várias reportagens da internet. Ex.
num dia pesquisadores de um país dizem que o ovo faz bem para a
saúde e depois de algum tempo você lê uma outra publicação dizendo
que pesquisadores de outro país agora afirmam que o ovo faz mal à
saúde. Ora, o que aconteceu? Isso é ciência. Ambos os pesquisadores
e cientistas são competentes em suas áreas e pertencem a
organizações sérias mas chegaram a conclusões completamente
diferentes.
É claro que o exemplo acima é uma simplificação absurda, mas isso
acontece muito na ciência. E os exemplos abaixo mostram um pouco
disso.
10.1. Os estilos de aprendizagem: VARK
Existe um estudo sobre estilos de aprendizagem do começo dos
anos 90 de Neil Fleming e Colleen Mills*49, educadores da Nova
Zelândia que atribuíram o acrônimo VARK (em inglês) para explicar sua
teoria de como alunos aprendem por diferentes canais.
VARK significa:
● Visual (Visual, em português)
● Auditory (Auditivo, em português)
● Reading/Writing (Ler e Escrever em português)
● Kinestesic (Cinestésico, em português)
A teoria diz que cada um de nós tem estilos de aprendizagem
diferentes e, portanto, diferentes canais podem ter diferentes resultados.
Por exemplo: eu posso ter mais facilidade com a leitura pois tenho mais
facilidade de aprender por essa forma enquanto uma outra pessoa pode
ter maior facilidade de aprendizado pela audição e, portanto, formatos
como audiobooks e podcasts poderiam ser mais indicados.
Existe até um questionário sobre o VARK em diferentes sites da web
para que você descubra qual seu melhor estilo de aprendizagem em 16
perguntas. Muitos alunos e professores utilizam o teste como uma
ferramenta de autoconhecimento e de preparação para aulas.
Essa teoria tem sido questionada por alguns outros estudos que
dizem que, apesar de cada ser humano ser único, ele também é muito
complexo e que não existem comprovações científicas que provem que
um canal de estudo seja mais efetivo que outro*50, 51, 52, 53.
O que pesquisadores recentes questionam e ponderam é que as
pessoas têm habilidades diferentes sim, mas não estilos de
aprendizagem. Algumas pessoas lêem melhor que outras; algumas
pessoas ouvem pior que outras. Mas a maioria das tarefas que
encontramos são realmente adequadas a apenas um tipo de
aprendizado. Você não pode “visualizar um sotaque” inglês perfeito, por
exemplo.
A idéia de "estilos de aprendizagem" teve ampla adoção em
educadores em todo o mundo e até 2014, mais de 90% dos professores
de vários países acreditavam nisso*54. O conceito é intuitivamente
atraente, prometendo revelar processos cerebrais secretos com apenas
algumas perguntas. No entanto, as pesquisas têm mostrado que isso
não funciona. Apesar de realmente ser um conceito sedutor, da próxima
vez que você ouvir que tem um estilo de aprendizagem melhor que o
outro, desconfie. Você pode aprender de todas as formas e não
necessariamente uma é melhor que a outra.
10.2 Força de Vontade é algo finito
Esse conceito recebeu apoio científico no final dos anos 90, quando
o psicólogo Roy Baumeister e seus colegas da Case Western Reserve
University conduziram um experimento muito conhecido no meio
acadêmico.
No estudo, os pesquisadores pediram a dois grupos de indivíduos
que esperassem em uma sala onde havia dois pratos de comida. Um
prato continha cookies recém-assados e o outro rabanetes vermelhos e
brancos. Cada grupo foi autorizado a comer de apenas um prato, mas
não do outro. O pensamento era que o grupo permitido comer apenas
rabanetes teria que gastar mais energia e força de vontade para resistir
a comer os cookies.
Em seguida, os pesquisadores deram aos dois grupos um quebra-
cabeça para trabalhar. Sem o conhecimento dos participantes, o quebra-
cabeça foi projetado para ser impossível de terminar. Os pesquisadores
queriam ver qual grupo trabalharia mais na tarefa e previram que as
pessoas do grupo de rabanetes - que gastaram reservas significativas
de energia tentando não comer os cookies - desistiriam mais rápido do
quebra-cabeça. Foi exatamente o que aconteceu.
Os participantes do estudo que negaram os cookies duraram uma
média de apenas oito minutos, enquanto os comedores de cookies (e
um grupo de controle que fez apenas a parte do experimento para
resolver quebra-cabeças) duraram dezenove minutos. O estudo concluiu
que a força de vontade dos comedores de rabanete haviam sido
claramente esgotados.
A isso deu-se o nome de “Ego Depletion” em inglês, ou esgotamento
do Ego em português.
Portanto, a conclusão a que se chegou neste estudo é que a nossa
força de vontade é algo finito e limitado e temos uma reserva diária que
vai se esgotando aos poucos conforme nossas experiências cotidianas.
Comer um rabanete quando você está cercado por cookies recém-
assados de chocolate representa um feito épico de abnegação. A força
de vontade, argumentou Baumeister, consome energia mental - é um
músculo que pode ser exercitado até a exaustão.
Segundo essa lógica, estudar no período noturno talvez não seja a
melhor opção já que seu estoque de força de vontade provavelmente
estaria baixo e a chance de você se autossabotar ou então ter baixo
aproveitamento aumentaria muito.
A teoria de força de vontade parece fazer todo sentido, mas…
Estudos recentes têm demonstrado que podemos ter passado os
últimos 20 anos entendendo o conceito de Esgotamento do Ego de
forma errada.*55, 56, 57, 58
Eu mesmo li sobre essa teoria da força de vontade finita há um bom
tempo e sempre tomei ela como verdade. No entanto, a própria ciência
tem desmistificado esse conceito.
Segundo um paper da Harvard Business Review*59:
“O cérebro é um órgão, não um músculo e, portanto, não consome
energia extra como um músculo. Seu cérebro usa o mesmo número de
calorias por minuto acordado, esteja você trabalhando em equações de
cálculo ou assistindo a vídeos de gatos.
Então, o que explica o fenômeno observado pelos pesquisadores?
Afinal, não é de conhecimento geral que trabalhar duro drena nossa
energia e que o reabastecimento com cookies ou outras indulgências
nos torna mais capazes de continuar com tarefas difíceis?
Acontece que este é um caso clássico de como a correlação não
implica causalidade. Os efeitos anedóticos observados pelos primeiros
estudos de esgotamento do ego podem ter sido autênticos, mas agora
parece que os pesquisadores por trás dos estudos chegaram a
conclusões erradas.
...Em um estudo conduzido pela psicóloga Carol Dweck e seus
colegas de Stanford (...) concluiu que os sinais de esgotamento do ego
eram observados apenas em indivíduos que acreditavam que a força de
vontade era um recurso limitado. Os participantes que não viram a força
de vontade como finita não mostraram sinais de esgotamento do ego.
Parece que a exaustão do ego pode ser apenas mais um exemplo da
maneira como a crença conduz o comportamento. Pensar que gastamos
nos faz sentir pior, enquanto recompensar-nos com uma indulgência nos
faz sentir melhor.”
Ou seja, se você acreditou nessa teoria de força de vontade finita é
bom se questionar.
E o que isso tem a ver com nosso aprendizado?
A teoria do Esgotamento do Ego (ou da força de vontade finita) teria
consequências óbvias em nosso dia a dia de estudos, conforme vimos.
Ou seja, estudar à noite provavelmente prejudicaria seu aprendizado
pois você estaria com menos força de vontade nesse período já que boa
parte de sua reserva teria sido utilizada durante as atividades do dia. Ou
tomar uma limonada com açúcar te ajudaria a ter mais força de vontade
nos estudos, no entanto, vimos que isso seria apenas um efeito placebo.
Portanto, se estes novos estudos estiverem corretos, acreditar na
hipótese de força de vontade finita torna você menos propenso a atingir
seus objetivos, porque isso lhe dá uma razão para desistir quando, na
verdade, deveria persistir.
10.3. Leitura Dinâmica
Como você tem interesse no assunto de aprendizado é provável que
já tenha se deparado com cursos, artigos e ferramentas na internet
falando sobre os benefícios e vantagens da leitura dinâmica.
E realmente é sedutor pensar que você pode ler duas ou três vezes
mais rápido o que quer que seja e adquirir o mesmo conhecimento pela
metade do tempo, por exemplo. Imagine ler um livro que você levaria 4
horas para ler em apenas 2 horas? O quanto isso não adicionaria em
termos de conhecimento ao longo de sua vida?
Pois é, acontece que não é bem assim. Apesar de eu estudar sobre
esse tópico e fazer exercícios para ler mais rápido há alguns anos atrás,
a ciência tem comprovado o que eu já sentia. Todos nós realmente
conseguimos ler de forma mais rápida com treino, no entanto, a
compreensão do assunto diminui à medida que aumentamos a
velocidade de leitura*60.
Conforme fui estudando mais sobre esse assunto é como se,
gradualmente, um balde de água fria estivesse sendo jogado sobre mim.
Eu sempre adorei ler e durante uma época da minha vida pensei que
pudesse aumentar muito a velocidade de leitura com aplicando as
técnicas de leitura dinâmica.
Acontece que isso realmente aconteceu. Com algumas técnicas
aplicadas e algum tempo de treino comecei a perceber que lia mais
rapidamente e mantive esse ritmo por meses até que um dia, feliz com
meu progresso nessa área, compartilhei isso com um amigo e ele me
indicou um artigo na internet dizendo que aquilo não funcionava de
verdade.
Primeiramente refutei e disse que estava funcionando comigo, no
entanto, ele só pediu pra que eu lesse o artigo. Era um artigo em inglês
e lá haviam algumas pesquisas mostrando realmente que, apesar da
leitura dinâmica ser capaz de aumentar nossa velocidade de leitura, ela
não era tão eficaz no processo de compreensão e absorção daquela
informação.
E realmente fazia sentido, ou seja, na leitura de qualquer material
estamos utilizando a memória de trabalho e a memória de curto prazo
como vimos e, sabendo de suas limitações, aumentar a velocidade de
leitura pode fazer com que esse sistema simplesmente não se torne
apto para trabalhar bem essa informação para se comunicar
posteriormente como nossa memória de longo prazo.
O resumo da ópera é o seguinte: A leitura dinâmica realmente
funciona para o objetivo de ler um conteúdo mais rapidamente. No
entanto, a pergunta que você deve fazer é: Este é o meu objetivo final?
Ler mais rápido? No meu caso eu entendi que não, pois na verdade eu
gostaria de compreender, reter e aplicar aquelas novas informações que
eu estava lendo e não apenas ler mais rápido. Eu não queria ser a
pessoa que lia mais livros. Eu queria ser a pessoa que lê, compreende e
aplica os conceitos daqueles livros.
Uma alternativa à Leitura dinâmica
O Skimming é uma expressão do inglês que significa ler
superficialmente. Essa técnica pode ajudar o leitor a obter mais
rapidamente a informação de um livro, jornal, revista, blog, não sendo
necessário ler cada palavra contida em seu contexto.
Você simplesmente não precisa ler tudo, esse é o ponto central.
Skimming
O Skimming pode ser um bom método desde que usado com
sabedoria. Um estudo descobriu que a leitura superficial de um texto
antes de prosseguir com a leitura melhorou a compreensão na maioria
dos casos. *61
Parte do motivo pelo qual o skimming parece ajudar é o fato de
permitir o mapeamento de um documento. Entender como um artigo ou
livro é estruturado permite que você preste mais atenção às coisas que
considera importantes.
Essa técnica também é uma maneira eficiente de refrescar a
memória de grandes quantidades de material antes de uma prova.
Escanear um texto que você já leu ajuda a recuperar o conteúdo e a
estrutura.
Mas atenção: Skimming não é simplesmente folhear um texto
rapidamente ou prestar pouca atenção nele. Ao deslizar seus olhos
sobre a página de um livro, por exemplo, seja deliberado e tenha
intencionalidade com o que você escolheu ler e verifique se está
concentrado. O Skimming não é uma saída preguiçosa ou uma tentativa
tímida de ler. Certifique-se de usá-lo com cuidado e estratégia e de que
seja capaz de entender as principais idéias do texto.
Métodos de Skimming que você pode aplicar no dia a dia
Comece a utilizar os métodos a seguir antes de ler um texto por
completo:
Começos e finais: Leia a primeira e a última frase dos parágrafos, o
primeiro e o último parágrafo das seções principais e as introduções e
resumos dos capítulos.
Separe o joio do trigo: Leia apenas a quantidade de texto
necessária para determinar se uma seção apresenta uma ideia principal
ou o suporte para uma ideia principal.
Sugestões visuais e verbais: observe as palavras e frases de
sinalização que indicam a direção de um autor (por exemplo, no entanto,
embora, além disso, além de).
Outros aspectos a focar durante a leitura:
● Introdução e conclusão
● Resumos de capítulos / seções
● Primeira e última frase
● Títulos, legendas e subtítulos
● Palavras em negrito
● Tabelas, gráficos ou imagens
● Perguntas de revisão do final do capítulo
O Skimming vale para qualquer tipo de texto?
Existem certos tipos de textos que você pode aplicar o skimming e
ter muitos ganhos, porém, nem todos são indicados. Por razões óbvias,
essa técnica não é indicada para ler romances, contos, poesias e textos
de ficção em geral. Textos de não ficção, como livros didáticos, artigos
de periódicos e ensaios, geralmente estão cheios de informações e
recursos de texto e são mais adequados para a leitura.
Se bem utilizada, a técnica de Skimming pode ser uma ótima
ferramenta para estudos já que você pode conhecer as principais ideias
de um autor ou de um novo conceito em menos tempo. É claro que,
após aplicar a técnica, é altamente recomendável utilizar uma forma
ativa de aprendizagem para que você solidifique os conceitos vistos em
sua mente e passe-os a integrar à sua memória de longo prazo.
O Skimming no contexto da sala de aula
Se você é um aluno, o mais importante é conhecer muito bem o seu
contexto.
Podem haver alguns textos em que é melhor você ler por completo.
Alguns professores podem dizer que eles incluíram pequenos detalhes
do livro nas provas, por exemplo. Ou você pode ter tido algumas aulas
que são difíceis de entender, e, dessa forma você pode considerar que
ler atentamente todo o texto ajuda a compreender melhor os conceitos.
Por isso, antes de ler, dedique algum tempo a pensar em suas aulas,
professores e determine se você tem algum texto que precise ser lido
com mais atenção. Entenda seu contexto antes de aplicar essa técnica
sem critérios.
Qual seu objetivo?
Outra dica é entender o que você está tentando obter de um texto
antes de lê-lo. Qual seu objetivo ao ler aquele texto? Pensar nisso antes
de começar a ler permite que você preste atenção quando vir palavras e
frases relacionadas.
No entanto, isso nem sempre é possível (por exemplo, livros de
ficção não podem ser reduzidos a um mero objetivo). No entanto, como
já vimos, muitos tipos de leitura se encaixam nesse contexto, como
obras de não ficção, como este livro, por exemplo.
11. Nunca deixe de lado as Soft Skills
Até aqui falamos muito sobre aprendizados de competências focadas
em habilidades que podem ser ensinadas de maneira fácil por um curso,
treinamento, workshop ou livro, por exemplo: são as chamadas hard
skills.
Hard Skills
Skills em inglês são habilidades. Portanto, as chamadas hard skills
são fáceis de serem mensuradas (como numa prova, por exemplo).
Alguns exemplos de hard skills:
● Conhecimento de uma língua estrangeira (inglês, francês,
espanhol);
● Graduação, Pós Graduação;
● Programação;
● Cursos técnicos;
● Conhecimento na operação de máquinas e ferramentas;
● Conhecimentos em softwares específicos;
Por décadas as hard skills foram as principais competências
avaliadas por recrutadores, ou seja, um currículo recheado de
certificados era um diferencial muito interessante.
No entanto, com a maior evolução, desenvolvimento e
competitividade do mercado, houve também um aumento das
exigências que um profissional deve cumprir para ser considerado
qualificado: aí entram as chamadas soft skills.
Soft Skills
As soft skills, também conhecidas como habilidades interpessoais,
são mais difíceis de quantificar e reconhecer. Tratam-se de habilidades
sociocomportamentais, ligadas diretamente às experiências de uma
pessoa, suas aptidões e à sua capacidade de lidar positivamente com
fatores emocionais.
Alguns exemplos de soft skills:
● Comunicação em Público e Oratória
● Negociação
● Liderança
● Inteligência Emocional
● Resolução de Conflitos
● Relacionamento interpessoal e trabalho em Equipe
Essas habilidades são muito mais difíceis de ensinar e, além disso,
sua mensuração pode ser muito subjetiva.
Os recrutadores, portanto, tem muito mais dificuldades em
reconhecer esse tipo de habilidade numa entrevista padrão de emprego,
por isso acabam utilizando outros recursos como testes, ferramentas,
simulações e até dinâmicas de grupo para entender como um candidato
se comporta na prática.
A boa notícia: Você pode desenvolver suas soft skills
Warren Buffett, considerado o maior investidor de todos os tempos,
disse reiteradas vezes que credita boa parte de seu sucesso a um curso
de como falar em público que fez com Dale Carnegie quando ainda era
bem jovem (sim Dale Carnegie, o mesmo autor do livro “Como fazer
amigos e influenciar pessoas”).
Buffet hoje dá palestras, entrevistas em canais de TV e faz encontros
anuais com acionistas de sua empresa (Berkshire Hathaway) em que
leva cerca de 30 a 40 mil pessoas a Omaha, sua cidade natal. E ele fala
por horas para essa plateia ávida por escutá-lo.
Mas nem sempre foi assim. Segundo o próprio Buffet:
“Apenas o pensamento (de falar em público) me deixava fisicamente
doente”.
Durante o período de Buffett na Columbia Business School, ele viu
um anúncio no jornal de um curso de falar em público de Dale Carnegie
para estudantes universitários.
"Imaginei que isso me serviria bem", lembra ele. “Fui para Midtown,
me inscrevi e dei um cheque. Mas depois que saí, suspendi rapidamente
o pagamento. Eu simplesmente não consegui. Eu estava muito
aterrorizado.”
“Então, novamente, vi o anúncio no jornal e desci para me inscrever;
mas desta vez, entreguei ao instrutor $ 100 em dinheiro. Eu sabia que
se desse a ele o dinheiro que eu apareceria." E realmente apareceu.
“Havia cerca de 30 outras pessoas na classe e todos nós tivemos
problemas para dizer nosso próprio nome. Nós nos encontramos uma
vez por semana por uma dúzia de semanas. Eles nos dariam diferentes
tipos de discursos para praticar e nos ensinaram truques psicológicos
para superar nossos medos ”, explica Buffett. "Havia aquela sensação
de que todos estávamos no mesmo barco e realmente nos ajudamos a
passar pela aula."
"Não tenho meu diploma da Universidade de Nebraska pendurado na
parede do meu escritório e também não tenho meu diploma de
Columbia lá em cima - mas tenho meu certificado de graduação de Dale
Carnegie orgulhosamente exibido", diz ele.
“Esse curso de US$ 100 me deu o certificado mais importante que eu
tenho. Certamente teve o maior impacto em termos do meu sucesso
subsequente ", diz ele.*62
Quis trazer esse exemplo aqui para mostrar que é sim possível
desenvolver nossas soft skills. Nem sempre é fácil, pois, assim como
Buffet quando jovem, muitos de nós morre de medo de falar em público,
além de outras dificuldades em outras áreas.
Lembro-me bem que a primeira apresentação que fui fazer na
faculdade para a classe eu passei mal. Meu contexto era o seguinte: Até
meus 17 anos nunca havia apresentado nenhum trabalho na frente da
classe na escola (olha aí a escola novamente e suas deficiências!).
Era um trabalho em grupo e no dia da apresentação seriam
sorteadas duas pessoas de um grupo de seis pessoas para falarem na
frente da classe sobre o trabalho. A apresentação ocorreria numa
segunda-feira. Passei o final de semana estudando todo o material
como um louco e tinha tudo na ponta da língua. Na segunda-feira, no
sorteio dos grupos ouço: “Daniel” como um dos nomes do meu grupo.
Pronto: o coração explodiu, comecei a suar frio, a saliva sumiu da
boca (lembro até hoje de ficar com a boca bem seca) e caminhei
tremendo até a frente da sala. Comecei a rir de nervoso. E pra encarar
toda a sala de frente? Que pesadelo! Estava completamente
desconfortável com a situação. Pra resumir: Gaguejei, tremi, a voz
falhou, tive alguns “brancos” mas fiz a apresentação junto com um
amigo.
Uau! Que pesadelo, sofrimento e angústia!
Mas calma, apesar de parecer impossível para mim, para o Buffet e
para milhões de pessoas em todo o mundo (talvez pra você), existem
alguns caminhos que podem nos ajudar no desenvolvimento de soft
skills:
● Assistir palestras e cursos sobre os temas;
● Ler livros sobre o assunto;
● Frequentar treinamentos;
● Observar outras pessoas (como agem, se comunicam,
linguagem corporal)
● Praticar, praticar e praticar
No entanto, antes de tudo, é fundamental que você se convença que
essas habilidades são realmente importantes e que você precisa
desenvolvê-las, caso contrário dificilmente terá grandes avanços. É
preciso ter intencionalidade no desenvolvimento de qualquer soft skill e
isso exige que você seja honesto consigo mesmo ao entender quais
habilidades mais precisa trabalhar em dado momento de sua carreira.
Apesar de você conseguir grandes avanços em cursos e estudos
sobre os temas, é na prática do dia a dia que você realmente irá forjar
essas suas habilidades. Portanto, busque sempre aplicá-las no seu dia a
dia.
Misture Formatos tradicionais e Não tradicionais
Aprender novas habilidades do tipo “soft” exige jornadas de
aprendizado que combinam o aprendizado tradicional, incluindo
treinamentos, cursos digitais e palestras, com métodos não tradicionais,
como o treinamento em pares, por exemplo.
Obtenha feedback de outras pessoas. Solicite feedback honestos
de pessoas próximas como colegas de trabalho, por exemplo. Muitas
vezes não temos a clareza necessária que a falta de um tipo de
habilidade esteja nos prejudicando no dia a dia e uma pessoa que
trabalha com você pode te trazer isso. Avalie e entenda se aquilo
realmente é um ponto fraco seu que precisa ser trabalhado.
Pratique com um amigo. Digamos que você queira melhorar sua
habilidade de negociação. Sente-se com um amigo e pratique
perguntando o que você deseja: seja um aumento salarial, uma
promoção ou um pacote de benefícios melhor. Faça com que seu amigo
faça o papel de seu chefe e depois dê um feedback sobre sua proposta.
Consiga um Treinador/Mentor. Um treinador pode ajudá-lo a
desenvolver certas habilidades sociais de maneira mais rápida e eficaz,
porque eles adaptam o processo de aprendizado e prática diretamente a
você. Nem sempre é fácil encontrar um bom mentor, mas isso faz
grande diferença em sua evolução.
12. O perfil T-Shaped
O conceito de T-shaped ganhou muita força nos últimos anos e inseri
nesse livro pois acredito muito que esse perfil de profissional (do tipo T)
será muito demandado pelo mercado nos próximos anos.
Mas afinal, o que é um profissional T-Shaped?
O uso da letra “T” tem a ver com seu formato para explicar qual conjunto
de competências que um profissional deve desenvolver. No eixo
horizontal estão as competências mais generalistas e no eixo vertical
estão as competências em que a pessoa tem um conhecimento
especializado.
Fonte: mirago.com.br
Portanto, um profissional T-Shaped tem um mix dessas competências
tendo uma boa base de conhecimento em nível
abrangente/intermediário e uma ou duas competências em que é
especialista.
O mercado tem valorizado muito esse tipo de profissional pois ele possui
competências e habilidades multidisciplinares que o ajudam a resolver
problemas de forma criativa, entregar resultados e se integrar facilmente
a diferentes equipes e projetos.
Um bom T-shaped será valorizado tanto pelos seus conhecimentos
em Hard Skills como em Soft Skills.
Os desafios de se tornar um profissional T-Shaped
Um dos principais desafios é que para se tornar um profissional T-
Shaped leva-se tempo. Serão necessárias muitas horas de aprendizado
e prática na realização dessas atividades. Só teoria não basta, é preciso
“sujar as mãos de graxa”.
Além disso, as competências e habilidades exigidas mudam
rapidamente. Assim, o que pode ser relevante hoje, daqui há 3 anos
pode ter perdido relevância.
Os desafios são grandes, mas essa é a nova realidade dos mercados. É
importante lembrar que a competição hoje é global, inclusive pelo seu
cargo. Uma pessoa na China, Índia ou Israel pode estar mais
qualificado(a) para exercer essa mesma função que você deseja.
Dicas para se tornar um T-shaped
1. Faça uma auto avaliação e entenda seus pontos fortes e pontos
fracos
Você precisa se conhecer e ser honesto com você mesmo. Separe
uma folha de papel e faça um risco no meio dela. De um lado você
anota seus pontos fortes e do outro os fracos. Autoconhecimento é a
chave aqui.
2. Defina uma área de especialização
Após fazer uma autoavaliação é hora de decidir em qual área você
acredita que pode dar a maior contribuição se tornando um especialista.
Após refletir e decidir é preciso mergulhar de cabeça nessa atividade
para ganhar competência nisso.
3. Esteja disposto a ter o “lifelong learning” como seu aliado
Uma vez decidido se tornar um profissional T-Shaped, então é
preciso saber que os estudos farão parte da sua jornada. Aprender é pra
toda a vida e você precisará estudar muito para ter um “T” bem robusto
tanto na horizontal quanto na vertical.
4. Ganhe tempo
Faça cursos, frequente eventos, leia livros da área, siga e faça contato
com profissionais que são referências em suas áreas.
5. Execução, execução, execução
Você precisa de rodagem e experiência prática, lembra? Ser um expert
em finalizar cursos ou ler livros não fará de você um profissional
desejado pelo mercado. O que vale é o fazer, a entrega. É ali nas
trincheiras que os problemas aparecem e os desafios precisam ser
solucionados.
Não importa se vai se dedicar a um projeto pessoal ou mesmo oferecer
seu trabalho gratuitamente por um período para alguém, o que importa é
que você precisa começar a fazer e botar a mão na massa. Jamais
ignore essa etapa.
6. Nunca pare de aprender e executar
Se você seguir o passo a passo acima poderá ter avanços significativos
em alguns meses de dedicação. A partir daí concentre-se em manter a
roda girando e fazer com que esse ciclo virtuoso comece a te
proporcionar conquistas em sua carreira.
Esse ciclo deve se repetir várias vezes ao longo de sua jornada
profissional. O importante é não deixar de aprender nunca, pois as
habilidades exigidas pelo mercado hoje podem não ser as mesmas
daqui há 5 anos e você precisa estar atento a isso para continuar se
desenvolvendo como um profissional T-Shaped.
13 Aprender não é só com estudos
Você pode aprender com tudo. Tudo mesmo. O aprendizado não
ocorre apenas na escola ou faculdade (ainda bem!). O aprendizado é
vitalício, ou seja, aprenderemos até o fim de nossas vidas e por
diferentes contextos (trabalho, em casa, em nossas vidas sociais,
observando outras pessoas e assim por diante).
E, por mais que saibamos disso e que já tenha virado até um clichê
dizer que “aprender é para toda a vida” a realidade é que nem sempre
levamos isso a sério e colocamos em prática.
Esqueça a ideia de que aprender é somente numa sala de aula com
um professor te passando um conteúdo. Aprenda por conta própria
sempre e em todo o lugar e seja a pessoa que tenha essa mentalidade.
Na próxima vez que encontrar uma pessoa interessante faça
perguntas a ela para conhecer mais sobre sua vida, seu contexto, suas
ideias, seu trabalho e sua forma de pensar. Cada conversa é um
aprendizado em potencial se você estiver aberto a isso e tiver
intencionalidade naquele ato.
13.1 O poder do Lifelong Learning
O lifelong learning é um conceito que traduz exatamente isso. Sua
tradução é “aprendizado contínuo” ou “aprendizado para toda a vida”.
A sua educação e o aprendizado devem ser tratados como um
processo perene e contínuo e jamais como um evento pontual em
nossas vidas (como o período de uma faculdade, por exemplo).
Embora não exista uma definição padronizada de aprendizado ao
longo da vida, geralmente é usado para se referir ao aprendizado que
ocorre fora de uma instituição de educação formal, como uma escola,
universidade ou um treinamento corporativo.
E o aprender a aprender que vimos neste livro é o primeiro pilar e um
dos mais importantes na construção de seu eu.
Alguns passos para te ajudar a se tornar um aprendiz por toda a
vida:
1. Reconheça seus interesses e objetivos pessoais
A aprendizagem ao longo da vida é sobre você, não sobre outras
pessoas e o que elas querem. Imagine o que VOCÊ deseja para o seu
futuro.
Se o progresso de sua carreira é do seu interesse pessoal e
aprender filosofia é a sua paixão, existem maneiras de explorar esse
interesse.
2. Faça uma lista do que você gostaria de aprender ou fazer
Depois de identificar o que o motiva, explore o que é esse interesse
ou objetivo específico que você deseja alcançar.
Voltando ao nosso exemplo de alguém apaixonado por filosofia,
talvez você simplesmente tenha o desejo expandir seu conhecimento
sobre a Filosofia Ocidental. Ou talvez o interesse seja tão forte que um
doutorado seja um objetivo dos sonhos.
Ambos são diferentes níveis de interesse que envolvem diferentes
maneiras de aprender.
3. Identifique seu grau de envolvimento e os recursos
disponíveis
Atingir nossos objetivos pessoais começa com descobrir como
começar.
A melhor maneira de fazer isso na minha opinião é pesquisando e
lendo sobre o assunto de seu interesse. Nessa etapa você não precisa
ser tão profundo mas é importante que você entenda quais são os
principais conteúdos a serem estudados, mesmo que de forma mais
superficial.
Com o nosso exemplo: a pessoa que deseja aprender mais sobre um
filósofo específico pode descobrir livros, blogs, podcasts, palestras,
vídeos e entrevistas dedicados ao assunto. Uma rápida pesquisada na
internet já dá um bom material para iniciar.
Por sua vez, o indivíduo que deseja obter um doutorado em filosofia
poderia pesquisar programas universitários que pudessem ser
realizados em período parcial ou on-line, bem como as etapas
necessárias para atingir o nível de doutorado (e alguns pré-requisitos, se
houvessem).
4. Trace uma meta de aprendizado em sua vida
A inserção de um novo objetivo de aprendizado em sua vida agitada
exige disciplina e esforço. Se você não reservar tempo e espaço para
isso, você não conseguirá evoluir e facilmente isso pode levá-lo ao
desânimo ou ao abandono da iniciativa de aprendizado.
Faça um planejamento de como os requisitos da nova iniciativa de
aprendizado podem se encaixar em sua vida ou o que você precisa
fazer para se adequar. É muito importante que você seja realista nesse
ponto. Por exemplo, se aprender inglês é seu objetivo de aprendizado,
você pode se dedicar 1 hora por dia? Ou 30 minutos, 3 ou 4 vezes por
semana faz mais sentido? Seja honesto e realista com você aqui.
Estabelecer o tempo que você pode dedicar ao seu objetivo de
aprendizado pode ajudá-lo a se manter focado nesse objetivo a médio e
longo prazo.
Esteja certo que esse tempo é suficiente para fazer avanços
graduais na sua jornada, caso contrário ficará desmotivado. Ex. dedicar
10 minutos por dia apenas duas vezes na semana talvez seja um tempo
muito curto para aprender uma nova língua.
5. Faça um compromisso consigo mesmo
Esse é o ponto mais importante. A partir do momento em que você
definiu todos os passos anteriores o que você precisa agora é executar
o plano.
Se você definiu expectativas realistas e tem a auto-motivação para
superar os desafios, comprometa-se com isso e evite dar desculpas.
Coloque lembretes em sua agenda e seu celular e faça o que tem que
ser feito.
13.2. Aprenda a pensar por conta própria
Aprender a aprender também diz respeito a pensar por conta própria
e não apenas reproduzir pensamentos de terceiros. Essa é uma
característica importante que vai te permitir desenvolver um senso
crítico e te trazer mais confiança em relação ao seu próprio
desenvolvimento intelectual.
Ao ler um novo livro, um post de blog ou um vídeo questione-se:
● Existe alguma outra perspectiva sob o qual esse assunto pode
ser abordado?
● O autor não está cometendo um deslize quando fala sobre A
mas não sobre B?
● Existe alguma outra informação ou estudo que não apoia a ideia
central daquele texto?
Pode soar um tanto arrogante esse ato de questionar mas o
exercício do pensamento crítico também é uma forma de aprendizado
pois te força a avaliar uma nova informação recebida com o universo de
informações e experiências que você já possui e, ao fazer isso, seu
cérebro estará trabalhando em novas conexões neurais que, como
vimos, são a essência do aprendizado.
13.3. Saia da sua zona de conforto
O aprendizado é um processo em que a evolução depende de algum
grau de desafio e desconforto, ou seja, não pode ser fácil sempre. Não
foque apenas no que você já tem um domínio. Amplie seus horizontes e,
ao fazer isso, perceberá que encontrará caminhos que nem sempre são
tão fáceis de seguir, mas que, ao trilhá-los, terá cada vez mais confiança
e capacidade de aprender novas habilidades.
E nem sempre o aprendizado deve ser sempre dentro de uma
mesma área. Isso também é sair de sua zona de conforto.
● Se formou em Letras? Faça um curso de programação.
● É um profissional de Educação Física? Aprenda sobre
Marketing Digital
● Trabalha como dentista? Aprenda sobre impressão 3D.
Esses são exemplos aleatórios mas você deve estar atento às
oportunidades de conhecimentos de outras áreas que possam trazer
benefícios ao seu campo de atuação.
13.4. Nunca se rotule
Pelo seu próprio bem nunca diga: “Eu sou de humanas” ou “Eu sou
de exatas”. Não faça isso, nunca se rotule.
Nosso cérebro não contém um rótulo dizendo que você é uma
pessoa que só pode aprender sobre um assunto relacionado ao campo
de humanas, exatas ou biológicas. Isso é uma besteira.
Em seu livro Limitless Mind, Jo Boaler, professora especializada em
Matemática da Universidade de Stanford nos EUA, conta que esses
mitos (mais um!) acabam afastando muita gente que poderia seguir uma
carreira ou mesmo começar uma nova profissão inteiramente nova
depois de adulto.
Pode ser que você tenha tido uma experiência ruim na infância ou
adolescência com alguma matéria específica, mas nunca permita que
isso limite você durante toda uma vida. Novamente: questione-se!
No livro “A mind for numbers” da Dr. Barbara Oakley, professora de
Engenharia da Universidade de Oakland nos EUA ela diz quase a
mesma coisa contando seu exemplo pessoal. Ela não gostava de
matemática na escola e tinha dificuldades com a matéria e realmente
achava que aquilo não era para ela: um modelo mental de “eu não sou
de exatas”.
No entanto, ela se tornou professora de Engenharia (quer coisa mais
“de exatas” que isso?).
Como ela conseguiu? Ela conta no livro (e em seu curso na
Coursera) que teve que mudar seu modelo mental, ou seja, ela poderia
ser capaz de aprender matemática, cálculo e outras matérias do curso
desde que se dedicasse com afinco nessa missão. E foi exatamente o
que ela fez e, por incrível que pareça, ela gostou tanto da coisa que se
tornou professora! Como uma pessoa que não gostava de matemática
na infância passa a vivê-la e respirá-la todos os dias de sua vida?
Infelizmente muita gente ainda acredita em teorias furadas como
essa “de humanas ou exatas” mas a verdade é que há inúmeras
evidências que todos nós somos capazes de aprender qualquer coisa.
Esqueça a ideia que é necessário um “dom” especial para seguir por tal
área de conhecimento.
Pergunte a si mesmo: eu sou uma dessas pessoas que se coloca
rótulos? Pense na sua trajetória e veja se já caiu nessa armadilha (ou
pior, ainda está nela). Não permita que isso aconteça com você e te
limite a uma série de novas experiências que poderia ter contato
simplesmente porque colocou um rótulo na sua mente do tipo “humanas
ou exatas” ou “não sou bom/boa nisso”.
14. Encerramento
Gostaria de te agradecer imensamente pela leitura até aqui. Espero
sinceramente que este livro possa ter te ajudado a refletir mais sobre a
importância de aprender a aprender e como isso pode fazer uma grande
diferença em sua vida pessoal e profissional.
O meu desejo é ver que vidas e carreiras possam ser transformadas
com o entendimento da importância desse conceito e de sua
transformação em movimento prático. Você poderá não apenas mudar
sua vida mas de todos à sua volta - familiares, pessoas próximas e a
comunidade ao seu redor - e talvez esse seja um grande objetivo a se
perseguir.
Infelizmente sei que isso ainda é uma realidade inacessível para
muita gente por questões econômicas, sociais e educacionais. No
entanto, se você está lendo este livro tem a oportunidade de criar e viver
uma vida mais rica, completa e feliz com novas descobertas e
aprendizados.
Aprender nos permite crescer como seres humanos, evoluir e
sermos melhores dia após dia.
Sócrates disse: “A educação é a iluminação de uma chama, não o
enchimento de um recipiente”. O conhecimento e o aprendizado são
vivos como uma chama e devem ser compartilhados para iluminar não
apenas o nosso caminho mas também das pessoas à nossa volta. Faça
uso dessa chama e torne-a vibrante para todos que tiverem contato com
você.
Aplique (de verdade) o que aprendeu no seu dia a dia
Por trabalhar no segmento de educação sempre afirmo que o
conhecimento só tem valor na prática. É somente por meio dela que
aprendemos verdadeiramente e este livro tenta provar isso. Assim,
procure aplicar no seu dia a dia as informações contidas aqui. Se você
ler e não praticar ao menos uma técnica ou informação vista, então será
apenas mais um livro lido (que poderá agradar seu ego) mas terá um
efeito quase nulo em termos práticos. E, honestamente, se for este o
caso, você só terá perdido tempo.
Minha sugestão é que você aplique algumas técnicas de
aprendizado ativo para resumir o que você entendeu das principais
ideias deste livro. Como vimos, isso irá te ajudar a captar e consolidar
esses principais conceitos na sua cabeça. Se possível, apresente estas
ideias a um terceiro (um amigo, familiar, colega de trabalho ou mesmo
marque uma apresentação na sua empresa para seus pares - é bem
possível que outras pessoas se interessem pelo assunto). Isso fará uma
grande diferença na sua compreensão dos principais tópicos vistos.
Além disso, ao praticar por conta própria algumas das técnicas,
tenha foco. Vimos muitas ideias aqui então outra sugestão é aplicar uma
ideia ou técnica por vez pois isso te ajudará a entender o que funciona
melhor pra você. Ao praticar muitas ideias de uma vez corre-se o risco
de perder o foco e se desmotivar por não entender exatamente o que
está funcionando (ou não).
10 pensamentos finais
Pra fechar este livro, aqui vão algumas ideias finais sobre o assunto.
1. No aprendizado existem apenas dois caminhos: Um do
autoengano e a crença em atalhos e caminhos fáceis e o outro
é o do trabalho árduo, suor, disciplina e compromisso. Escolha
sempre o segundo.
2. Seja ativo(a): Aprendizagem ativa rende sempre os melhores
frutos. Esforce-se para compreender conceitos recém-
adquiridos explicando-os para você mesmo ou terceiros.
3. Nunca, em hipótese alguma, se coloque rótulos do tipo “sou de
humanas ou sou de exatas”. Não se limite a tão pouco.
4. Tenha sempre a mentalidade de aprendizado no seu dia a dia.
Aprenda com tudo e com todos. Observe. Torne-se uma
esponja.
5. Não existem limites para o conhecimento e aprendizado. Se
você acha que chegou a seu nível máximo, você está morto.
6. Seja o seu maior competidor. Sua versão de hoje tem que ser
melhor que a de ontem. 1% melhor todos os dias. Imponha-se
essa lei e a respeite.
7. O retorno do aprendizado e conhecimento são como o dinheiro
e os juros compostos. Com o tempo você não acreditará o
quanto evoluiu e cresceu.
8. Respeite e cuide de seu corpo. Aprender é uma jornada para
toda a vida e você precisa estar com a “casa em ordem” para
ter alta performance.
9. Descanse. Sua mente precisa de alguns períodos de
relaxamento para formar novas conexões neurais e aprender
melhor.
10. Compartilhe o que aprendeu com outras pessoas. É a
melhor forma de aprender e te trará um grande prazer!
Parabéns por estar aqui!
Querido leitor, parabéns por ter chegado até aqui!
De verdade.
Infelizmente a maioria das pessoas compra um livro e nunca termina.
Você se comprometeu e foi até o fim.
Pode parecer pouco, mas mostra seu comprometimento em ser uma
pessoa com “acabativa” e não apenas “iniciativa”. E essa é uma
competência fundamental e muito valorizada atualmente.
Espero muito que este livro possa ter contribuído de alguma forma
com seu crescimento pessoal e profissional.
Estarei aqui na torcida para te ver quebrando tudo e colocando
novos aprendizados em prática e transformando sua vida e das pessoas
à sua volta. Dia após dia. Degrau após degrau.
Sucesso sempre!
Se possível, uma gentileza sua: Avalie o livro!
Gostaria de aproveitar que está aqui e pedir uma grande gentileza
sua: Você poderia avaliar este livro na Amazon?
A sua avaliação faz total diferença pra mim!
É muito importante para que eu entenda se realmente esta leitura foi
relevante pra você ou não. Seu feedback é muito valioso para que eu
possa constantemente aprimorar meu trabalho como escritor e também
atualizar o livro de forma a torná-lo melhor e mais valioso para as
próximas pessoas que forem lê-lo.
Meu muito obrigado!
Daniel
Sobre o Autor
Daniel Dal'laqua
Daniel Dal’laqua dos Santos é Formado em Publicidade e
Propaganda pela ESPM - SP e Pós Graduado em Administração de
Empresas pela FGV-SP.
É co-fundador da Mirago, uma escola de Marketing Digital e E-
commerce com metodologias inovadoras de ensino e também é
consultor de Marketing Digital.
Atua há 15 anos na área de Marketing Digital e nesse período
sempre teve o aprendizado como seu maior aliado.
Caso queira entrar em contato comigo, envie um e-mail para
[email protected] Será um prazer conversarmos!
15. Fontes
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https://www.delltechnologies.com/content/dam/delltechnologies/assets/perspectives/
2030/pdf/Realizing-2030-A-Divided-Vision-of-the-Future-Summary.pdf
2. The brain – Our most energy-consuming organ) -
https://www.universityworldnews.com/post.php?story=20130509171737492
3. Hardwired for laziness? The human brain has to work much harder to avoid sluggish
behaviour because evolution favours conserving energy)
https://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-6184411/Humans-hardwired-laziness-
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https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0747563213000800
5. Motivators of online vulnerability: The impact of social network site use and FOMO -
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6. Multitasking: Cognitive control in media multitaskers
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7. How Pinball Helps Explain Ways We Think and Learn -
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8. Metacognitive strategies in student learning:Do students practise retrieval when they
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https://www.researchgate.net/publication/24268097_Metacognitive_strategies_in_stu
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9. Models of Working Memory: Mechanisms of Active Maintenance and Executive
Control -
https://www.researchgate.net/publication/49617432_Models_of_Working_Memory_M
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10. What Are the Differences Between Long-Term, Short-Term, and Working Memory?
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18394484/
11. The Influences of Emotion on Learning and Memory
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2017.01454/full
12. Emotional design in multimedia learning - https://psycnet.apa.org/doiLanding?
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13. Confusion can be beneficial for learning -
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0959475212000357
14. Learning and memory under stress: implications for the classroom -
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15. Vitamina B e funções cognitivas: https://watermark.silverchair.com/306.pdf?
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40. Dopamine, Smartphones & You: A battle for your time -
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49. Not Another Inventory, Rather a Catalyst for Reflection -Published in: To Improve the
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59. Have We Been Thinking About Willpower the Wrong Way for 30 Years? -
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60. So Much to Read, So Little Time: How Do We Read, and Can Speed Reading Help?
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61. An experiment on the influence of preliminary skimming on reading.
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62. Billionaire Warren Buffett: ‘This $100 college course gave me the most important
degree I have’—and it’s why I’m successful today -
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had-the-biggest-impact-on-his-success.html