A. Seb. HCA 1 - Parte 2 - Idade Média - M3 - A Cultura Do Mosteiro

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HISTÓRIA DA CULTURA E DAS ARTES

PARTE 2:
IDADE MÉDIA

ANA CARLOTA FERREIRA SILVEIRO


SEBENTA - HISTÓRIA DA CULTURA E DAS ARTES -1. INTRODUÇÃO E ANTIGUIDADE

IDADE MÉDIA

Módulo 3: A CULTURA DO MOSTEIRO

TEMPO: Situar cronologicamente as principais etapas da evolução humana que enquadram


fenómenos culturais e artísticos específicos.

ESPAÇO: Reconhecer o contexto geográfico dos diversos fenómenos culturais e artísticos.

BIOGRAFIA: Compreender a ação individual como determinante na apreciação dos


diversos processos históricos, culturais e artísticos.

LOCAL: Valorizar o local como cruzamento de múltiplas interacções (culturais, políticas,


económicas ou sociais).

ACONTECIMENTO: Relacionar um tempo breve, de natureza especialmente marcante,


com o contexto em que se inscreve.

SÍNTESES: Identificar os elementos estruturantes que caracterizam a singularidade da


cultura de cada época.

CASOS PRÁTICOS: Reconhecer o objecto artístico como produto e agente do processo


histórico-cultural em que se enquadra.

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PALAVRAS-CHAVE

ALTA IDADE MÉDIA | BAIXA IDADE MÉDIA | FEUDALISMO | JUSTINIANO I | CONSTANTINOPLA | CARLOS
MAGNO | ARQUITETURA RELIGIOSA | ARQUITETURA MILITAR | ARQUITETURA CIVIL | MOSTEIRO |
IGREJA | ARTE BIZANTINA | PLANTA CENTRADA | CRUZ GREGA | ARTE ROMÂNICA | PLANTA BASILICAL |
CRUZ LATINA | NAVE PRINCIPAL | NAVES LATERAIS | TRANSEPTO | TORRE LANTERNA | ZIMBÓRIO |
CRUZEIRO | ABSIDÍOLOS | ABSIDE PRINCIPAL | CAPELA-MOR | ALTAR | DEAMBULATÓRIO | CAPELAS
RADIANTES | ABSIDÍOLOS | CABECEIRA | CORO | NÁRTEX | TORRES SINEIRAS | FACHADA PRINCIPAL |
ARCO PERFEITO | ARCO DE VOLTA INTEIRA | ARCO ROMANO | ABÓBADA DE MEIO CANHÃO | ABÓBADA
DE PLENO CINTRO | ABÓBADA DE BERÇO | ABÓBADA DE ARESTA | CLERESTÓRIO | JANELÕES |
ROSÁCEAS | CLAUSTRO | ILUMINURAS MEDIEVAIS | CANTO GREGORIANO | GREGÓRIO I | ÓRGÃO | A
CAPPELLA | NEUMAS | DIASTEMATIA | NEUMAS DE ACENTO | NEUMAS ECFONÉTICOS | MOÇARABE |
GALICANO | GREGORIANO | AMBROSIANO | ADIASTEMATIA | SISTEMA DE LINHAS | GUIDO D’AREZZO |
NOTAÇÃO QUADRADA | CLAVES | MUSICA ENCHIRIADIS | MICROLOGUS | MÃO GUIDONIANA | MÚSICA
FICTA | DRAMA LITÚRGICO | TROPO | SEQUÊNCIA |FORMA | ESTILO | GÉNERO | SILÁBICO |
MELISMÁTICO | NEUMÁTICO | ESTRÓFICO | MONOLÓGICO | DIRETO | ANTIFONAL | RESPONSORIAL |
SALMÓDICO | SOLMIZAÇÃO | LIBER USUALIS | VIDERUNT OMNES | TROUBADOUR(S) | TROUVÈRE(S) |
LANGUE D’OC | LANGUE D’OIL | MEISTERSINGER (MEISTERSANGER) | MINNESINGER (MINNESANGER) |
AQUITÂNIA | GUILHAUME IX DE AQUITÂNIA | SANTIAGO DE COMPOSTELA | AFONSO X | GOLIARDOS |
MARTIN CODAX | CANTIGAS DE SANTA MARIA | CANTIGAS DE ESCÁRNIO E MALDIZER | CANTIGAS DE
AMIGO | D. DINIS | CANTIGAS DE AMOR | MENESTREL / JOGRAL / SEGREL |

ISTAMBUL | TROPARION | PERÍODO NOVO | PERÍODO MÉDIO | PERÍODO ANTIGO | DUOMO (CÚPULA) |
ESTREITO DE BÓSFORO | ORIENTE | OCIDENTE | IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ORTODOXA |
CRISTIANISMO | CRISTÓVÃO COLOMBO | ROTAS COMERCIAIS | KONTAKION | ANTOFONIA | TROPARION
| CANON | CANTOCHÃO | RITO |

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SECÇÃO MULTIMÉDIA

Documentários / vídeos:

● Grandes Civilizações - O Império Bizantino + questionário


● Construíndo um Império - Bizâncio + questionário
● Grandes Civilizações - Os Carolíngios

Filme “O Nome da Rosa” + realização de uma ficha de trabalho

QUESTIONÁRIOS / FICHAS DE TRABALHO

● Grandes Civilizações - O Império Bizantino


● Construíndo um Império - Bizâncio
● Grandes Civilizações - Os Carolíngios
● Filme “O Nome da Rosa”

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1. INTRODUÇÃO À IDADE MÉDIA

O termo Medieval vem do Latim “medium aevum”, que significa Idade Média. Mas quando é que
teve lugar a Idade Média? Antes dela, existiu a Idade Clássica da Grécia e Roma antigas, e, logo
a seguir, o Renascimento. A Idade Média abrangeu aproximadamente o período intermédio,
desde o século V até ao fim do século XV. Em muitos aspetos, a época medieval aparece-nos
remota e misteriosa, povoada de cavaleiros e damas, reis e bispos, monges e peregrinos. No
entanto, as cidades, estados, parlamentos, sistemas bancários e universidades da Europa têm
todos as suas raízes nela, e alguns aspetos da sua paisagem estão ainda dominados pelos
grandes castelos e catedrais medievais. A Idade Média, regra geral, abrange o período
intermédio entre a queda do Império Romano do Ocidente e a queda do Império Romano do
Oriente ou Bizantino . A Idade Média é composta pela Alta Idade Média e a Baixa Idade Média.
A Alta Idade Média (séculos V - XI), inicia-se com o fim do Império Romano e o início do
Feudalismo. Enquanto a Baixa Idade Média (séculos XI - XV) compreende o enfraquecimento
do sistema feudal e a transição para o sistema capitalista.

A ALTA IDADE MÉDIA [séculos V - XI]

No Século V, o Império Romano foi-se desagregando lentamente à medida que as tribos


germânicas do Norte empurravam as suas fronteiras, destruindo cidades e estradas comerciais.
Os Saxões instalaram-se na Bretanha, os Francos conquistaram Gália (França) e os Godos
invadiram a Itália. Em 476, o último imperador romano perdeu o trono. Estes séculos de
desordem tornaram-se conhecidos como Idade “Obscura”, mas esta não era uma definição
exata. No século IV, sob o Imperador Justiniano I, a capital bizantina de Constantinopla
tornou-se uma das mais grandiosas cidades do Mundo. Por volta do século VIII, o grande chefe
franco Carlos Magno uniu, mais uma vez, uma vasta parte da Europa, promovendo a expansão
da cultura e do cristianismo através do seu império. O rei cristão Carlos Magno (742 - 814)
ajudou o Papa a expulsar os invasores bárbaros de Itália e, em 800, o Papa coroou-o, em
agradecimento, “Sacro Imperador Romano”. Ao longo dos séculos IX e X, a Europa esteve
ameaçada pelos invasores, os Vikings assolavam as costas nórdicas e os violentos Húngaros
pressionavam desde a Ásia Central. Gradualmente começaram a surgir novas nações. As terras
dos Francos deram lugar à França. Alfredo, o Grande (871 - 899), derrotou os Vikings e
tornou-se rei de Inglaterra, e Otão I da Germânia (sucessor de Carlos Magno) pôs em fuga os
Húngaros.

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A BAIXA IDADE MÉDIA [séculos XI - XV]

A partir do ano 1000, deu-se a inversão deste quadro depressivo, com o cessar das vagas
invasoras e com o abrandamento das guerras privadas, de caráter feudal.

A partir do ano 1000, a vida na Europa tornou-se mais estável. Apoiados pelo sistema feudal,
chefes poderosos trouxeram a ordem e a paz às novas nações. Isto incrementou o tráfico e o
crescimento de pequenas e grandes cidades, e a população cresceu. A Igreja Católica alcançou
o apogeu do seu poder quando se construíram grandes catedrais e se formaram novas ordens
monásticas. A primeira universidade europeia foi fundada em Itália.

No século XII, os burgos - as cidades medievais - eram já símbolos do renascer da Europa,


abrigando as feiras e os mercados e, à sombra das suas igrejas episcopais, as colegiadas e as
universidades.

2. O CRISTIANISMO

Nesta pulverizada Europa de reinos feudais, enfraquecida, violenta e rural, uma única força se
manteve em crescimento: o Cristianimo, tornado religião única e oficial do Estado Romano
desde 381.

Até ao século X (e a partir do declínio e queda de roma após o século V), a Igreja Cristã, como
instituição, foi o principal laço unificador e canal de cultura da Europa. Quando, após um século

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terrível de guerras e invasões, o último poder do Ocidente foi finalmente deposto do seu trono,
em 476, os alicerces do poder papal estavam já tão firmemente estabelecidos que a Igreja se
encontrava em condições de assumir a missão civilizadora e unificadora de Roma.

A ação da Igreja, durante toda a Alta Idade Média (séculos V a IX) ultrapassou em muito as
obrigações religiosas, pastorais e doutrinais, exercendo, simultaneamente, um importante
papel civilizacional (técnicas agrícolas, suavização dos costumes e da conservação e
desenvolvimento das artes e das letras) que teve como focos difusores as igrejas e
principalmente os mosteiros. Consequentemente, toda a cultura medieval tomou um caráter
religioso e doutrinal, apesar do barbarismo e paganismo que grassavam entre as populações.
Foi esse papel civilizacional da Igreja que criou a Cristandade - comunidade de povos e nações
que, professando a fé cristã, criaram entre si vínculos sociais, políticos, jurídicos e culturais daí
decorrentes - instalada principalmente no Ocidente, entre os séculos IX e XVI.

Neste contexto, foi também a Igreja quem mandou construir e reconstruir igrejas e mosteiros,
incentivou as peregrinações aos lugares santos (os mais concorridos foram os da Terra santa e
o túmulo do apóstolo Santiago, em Compostela, na Galiza) e organizou as cruzadas,
importantes movimentos religiosos e militares geradores da reaproximação da Europa com o
mundo oriental e com África.

O fervor religioso dos primeiros tempos do Cristianismo deu origem no Ocidente cristão, a um
movimento religioso - o monaquismo - que se expandiu a partir do Oriente e em poucos séculos
se tornou uma realidade em toda a Europa.

Cruzadas - Expedições religioso-militares destinadas a libertar os lugares sagrados da Terra


santa do jugo do Islamismo. Os seus participantes foram apelidados de “cruzados” pois usavam
a cruz como distintivo. Foi o Papa Urbano II que, em 1095, pregou a primeira cruzada no
Concílio de Clermont. A partir daí, as cruzadas sucederam-se por mais de dois séculos, em oito
expedições de resultados e características diferentes. No século XII, fala-se também de
Cruzadas no Ocidente a respeito da Reconquista Ibérica que durou do século VIII ao XV.

Monaquismo - Movimento que levou muitos cristãos a abandonar a vida mundana para se
entregarem totalmente à oração e ao serviço de Deus. Formaram, para isso, congregações ou
ordens religiosas unidas pelos mesmos votos, vivendo conforme certa regra sob a autoridade
de um chefe espiritual, por exemplo, São Bernardo, São Domingos e São Francisco. Existiram,
também, na Idade Média, ordens de cavalaria que tiveram origem nas Cruzadas. Foram

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instituídas, inicialmente, para reunir sob a mesma lei os cavaleiros que se dedicavam quer a
cuidar dos peregrinos da Terra Santa, quer à conquista e guarda do Santo Sepulcro.

3. O PODER DA ESCRITA

Enquanto o mundo romano, na Antiguidade Clássica, fora um mundo alfabetizado, com escolas
e bibliotecas públicas em todas as cidades, a partir do século V, com as invasões bárbaras,
desapareceu este cenário cultural e as populações caíram no analfabetismo (que atingiu até as
classes dominantes) e no uso de uma cultura popular, não escolarizada e de tradição oral.
Todavia, sobreviveram alguns focos culturais ativos, instalados principalmente nos mosteiros.
A partir do século IX, a situação cultural modificou-se com o chamado renascimento carolíngio.
Carlos Magno, necessitando de melhorar a preparação da classe eclesiástica e de organizar um
grupo de funcionários capazes de o auxiliarem na administração da sua chancelaria e do seu
império, empenhou-se em fazer renascer as letras e as artes, criando inclusive, na sua corte,
uma escola - a Aula Palatina - e uma biblioteca, para o cultivo das letras.
Contudo, a maioria dos letrados (os que sabiam ler e escrever) pertencia quase toda à classe
eclesiástica (pois precisavam de ler as Sagradas Escrituras, a Bíblia, os Evangelhos...onde a
doutrina e liturgia estavam estipuladas) e era proveniente dos scriptoria (escritório dos
conventos; oficina escrita existente na maior parte dos mosteiros) conventuais. Era nesta
espécie de oficinas de escrita que, pacientemente, alguns monges especializados (escribas e
copistas) escreviam os documentos e registos do mosteiro e se entregavam à tarefa de copiar, à
mão, os livros religiosos e os grandes clássicos, muitas vezes ricamente ilustrados com
iluminuras, outra forma de escrita. Esta ação foi muito valiosa, pois, numa época em que não
havia outro processo de edição ou reprodução de livros, permitiu a sobrevivência, até hoje, do
pensamento dos Antigos.
O domínio da arte da escrita e do saber engrandeceu o papel dos eclesiásticos na sociedade e
conferiu-lhes, até ao advento da burguesia (séculos XII - XIII), o monopólio dos cargos públicos
e das chancelarias régias.

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Com o decorrer do tempo e devido à s dificuldades de comunicação da época e ao isolamento


dos mosteiros, desenvolveram-se caligrafias e alfabetos diferenciados, hoje característicos das
abadias ou das regiões que os produziram.

4. AS ILUMINURAS

A pintura sobre os livros sagrados - códices - os seus princípios remontam à Arte Paleocristã,
mas desenvolveram-se sobretudo na Idade Média, ligados à tradição monástica, visto ser nos
scriptoria das catedrais ou dos mosteiros que se copiavam os livros manuscritos - Bíblias,
manuais litúrgicos, vidas de santos, Apocalipse, saltérios, crónicas históricas, tratados
filosóficos, etc. - produtos raros e preciosos. Eram os monges copistas que ilustravam essas
obras, com iluminuras, isto é, desenhos pintados onde fantasiosamente se misturavam pessoas,
animais, elementos vegetalistas estilizados e formas geométrico-abstratas de elevado sentido
decorativo.
Estas pinturas ora ocupavam páginas inteiras com cenas narrativas ou descritivas inspiradas
nos textos que os livros continham ora se reduziam à decoração de letras iniciais dos capítulos
ou parágrafos, denominadas iniciais ornadas ou capitulares.
As técnicas empregues denotam enorme destreza de execução e de capacidade de síntese, a
par de uma extraordinária imaginação traduzida na variedade de temas e de modelos
iconográficos representados, na fantasia dos coloridos e no sentido de ritmo e movimento das
suas composições.
Por tudo isto, as pinturas dos livros aparecem-nos como mais diversificadas, originais e
criativas que as dos frescos, que obedecem a programas temáticos e a conceções plásticas mais
uniformes e internacionais. Daí que, em muitos casos, tenha sido a pintura dos livros a servir de
fonte de inspiração plástica e temática para os pintores murais.
As mais importantes oficinas de iluminuras foram:
- as alemãs (manuscritos iluminados pelos monges de Richenau),
- as inglesas (oficinas das catedrais de Canterbury e de Winchester),
- as italianas (Sobressai o Exultet da Catedral de Bari, extenso rolo desdobrável com
orações e cânticos ricamente iluminados),
- as de Espanha moçárabe (Apocalipses de Beatus e de S. Severo).

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5. ARQUITETURA MEDIEVAL - O ESTILO ROMÂNICO

“Foi pela construção dos mosteiros que coube ao clero o papel de criadores e difusores das artes.”

Estilo românico (Ocidente)


- planta basilical (baseada na cruz latina)
- Grande parte dos exemplos espalhados pela Europa

A arte românica foi o primeiro estilo internacional da Idade Média e resultou da mistura de
influências provenientes da Antiguidade romana pagã, do Oriente bizantino e das artes
germânicas trazidas pelas grandes invasões. Estas influências foram-se absorvendo e
amalgamando entre os séculos IX e X (período pré-românico), culminando, nos séculos XI e XII,
numa arte que se espalhou por toda a Europa, apesar de englobar numerosas variantes
regionais.
A arquitetura românica, tal como chegou até nós, é quase unicamente religiosa. Todavia,
existem raros vestígios de construções civis ou militares.
Quer se trate de catedrais, de grandes igrejas monásticas ou de humildes santuários, a
variedade dos planos / plantas é extrema.
A arquitetura religiosa do Românico legou-nos dois tipos de edifícios: os mosteiros e as igrejas.

IGREJAS

O Românico deixou-nos vários tipos de igrejas que vão das modestas capelas rurais aos
grandes centros de peregrinação, passando pelas catedrais (isto é, pelas igrejas que contêm a
cátedra, ou cadeira ou o trono dos bispos), geralmente erigidas nas cidades.
Nas plantas, apesar da grande variedade regional, as igrejas românicas seguiram dois modelos
principais:

● Planta Centrada (em cruz grega, hexagonal, octogonal ou circular), de influência


oriental e muito pouco usada.

● Planta Basilical (em cruz latina, com três, cinco ou sete naves), a mais divulgada.

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Planta Basilical:

Esta planta é sempre orientada no sentido este-oeste. A nave principal é mais alta e mais larga
que as laterais; o comprimento da igreja é um múltiplo da largura da nave central e a largura
das naves laterais um submúltiplo daquela. As naves são atravessadas, no lado nascente, por
uma outra, de sentido norte-sul, o transepto, que pode ser de uma só nave ou tripartido como o
corpo da igreja. No ponto de cruzamento encontra-se o cruzeiro, espaço encimado pela torre
lanterna ou zimbório, que faz parte do sistema de iluminação e arejamento da igreja. No lado
nascente do transepto, abrem-se um ou dois absidíolos que, por vezes, eram colocados no
alinhamento das naves laterais.
Após o cruzeiro, no alinhamento da nave principal, situa-se a abside principal que contém a
capela-mor com o altar. A circundar a capela-mor está o deambulatório, espécie de corredor
ou nave curvilínea que prolonga as naves laterais. Esta contém, geralmente, três a cinco
capelas radiantes, absidiais (os absidíolos) que formam, conjuntamente com a abside e o
deambulatório, a cabeceira. As capelas radiantes serviam para instalar os altares secundários.

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Esta disposição permitia a realização de mais ofícios religiosos ao mesmo tempo e prestava-se,
igualmente, ao andamento das procissões e vias-sacras. Na capela-mor havia uma parte
exclusivamente dedicada à comunidade clerical, o coro.
Em alguns casos, a igreja românica é precedida por um nártex ou por um átrio. O nártex servia
de vestíbulo à catedral e constitui uma reminiscência das primitivas basílicas cristãs.
Consoante as regiões, as igrejas podiam apresentar, ainda, uma ou duas torres sineiras a
ladearem a fachada principal.

As igrejas românicas, como cobertura, usaram as abóbadas em pedra, para evitar os tetos de
madeira sujeitos a incêndios. O arco estruturante das abóbadas românicas foi o arco romano
ou arco de volta inteira ou perfeito, que corresponde geometricamente a metade de uma
circunferência.

Arco perfeito:

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A abóbada por ele formada é denominada abóbada de meio canhão, de pleno cintro ou de
berço e é a cobertura mais vulgar da nave principal destas igrejas. Para as naves laterais, mais
baixas, utilizavam-se abóbadas de aresta, conseguidas pelo cruzamento octogonal de duas
abóbadas de berço, da mesma dimensão e ao mesmo nível.

Abóboda de meio canhão:

A pressão contínua exercida pela abóbadas são transmitidas para as paredes do edifício,
exigindo assim paredes grossas e com poucas aberturas.
Devido ao equilíbrio de forças necessário à sustentação das abóbadas, as paredes da catedral
românica são compactas e com poucas aberturas. O sistema de iluminação é constituído pelo
clerestório, por outras janelas e frestas, estreitas, pelas quais se obtém uma luz rasante e
difusa, propícia à concentração e elevação espiritual, tão próprias do misticismo piedoso da
época. A torre lanterna possui, também, uma série de aberturas que difundem a luz para a nave
principal, a partir do cruzamento com o transepto. Outro elemento de iluminação da nave
principal são os janelões da fachada e a rosácea nas igrejas italianas.

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MOSTEIROS

O Mosteiro medieval compunha-se de várias dependências (igreja, sacristia, sala capitular ou


locutório, dormitório, refeitório, cozinha, oficinas, enfermaria, hospedaria, etc.) distribuídas
por três alas arquitetónicas com funções distintas, dispostas em galeria de arcadas redondas,
em torno de um espaço quadrangular descoberto - o claustro. Este era o centro organizador do
mosteiro e, pela sua importância na vida dos monges - passeio, rezas individuais, meditação … -
, possuía uma cuidada decoração escultórica de sentido doutrinal.
Foi pela construção dos mosteiros que coube ao clero o papel de criadores e difusores das
artes, neste período.

O ROMÂNICO EM PORTUGAL

A manifestação da arquitetura românica no território nacional (do Minho ao Alentejo) teve


início no princípio do século XII e prolongou-se até finais do século XIII.

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A igreja românica, símbolo da espiritualidade da época, esteve quase sempre ligada a uma
ordem religiosa, a um mosteiro ou implantada no seio de uma comunidade agrícola. É por isso
que o românico português tem características fortemente rurais, sendo constituído por
pequenas igrejas que, consoante a riqueza dos seus patronos e os recursos ou dádivas
disponíveis, se revestiu de maior ou menor qualidade técnica, exuberância formal ou
decorativa.
Só em Braga, Porto, Coimbra, Tomar, Lisboa e Évora é que as construções religiosas, as sés, se
revestiram de maior monumentalidade, possuidoras de grande riqueza e variedade técnica e
formal, mais próximas das catedrais europeias.
O Românico deixou, no território português, de arquitetura militar, três tipos de fortificações:
os castelos de residência ou alcáçova; as torres de atalaia; e os castelos-refúgio. Da arquitetura
civil, digna de nota é a Domus Municipalis, de Bragança.

Exemplos do estilo românico em Portugal:

https://www.rotadoromanico.com/pt/

https://www.natgeo.pt/historia/2019/04/arquitetura-arte-e-historia-rota-do-romanico-em-p
ortugal

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6. ARQUITETURA MEDIEVAL - O ESTILO BIZANTINO

“Entender o poder do Império Bizantino é entender o seu poder cultural: foi uma cultura altamente
sofisticada. O clero grego interessava-se pela literatura antiga e preservou os velhos textos. Dizem que
com a queda de Constantinopla, os seus livros foram para o Ocidente e assim nasceu o Renascimento.
Constantinopla construiu maravilhas, promoveu o Cristianismo no mundo, moldou as leis do mundo
ocidental e preservou a herança da antiguidade.”

Ainda no período da Antiguidade Tardia e a Alta Idade Média, Bizâncio converteu-se num
centro cultural a partir do momento em que Constantino o Grande deslocou a sua corte, no ano
de 330, da Roma Antiga pagã para a Bizâncio cristã (Constantinopla). E desde que o
cristianismo se tornou, em 391, a religião do Estado e ainda, desde que Bizâncio conservou
inalterado o seu caráter de capital do Império Romano do Oriente, depois da divisão do
Império em 395 e da queda do Império Romano do Ocidente em 476. Bizâncio manteve as
antigas tradições, sobretudo em matéria de música religiosa, inclusive depois de conquistada
pelos turcos em 1453 (queda do Império Romano do Oriente).

Com tudo isto, a Igreja Oriental é sumamente multifacetada: compreende as Igrejas dos países
do primeiro cristianismo (Palestina, Síria, Grécia, etc.), cada um deles com a sua língua e liturgia
próprias, como a Igreja bizantina, ou seja, ortodoxa grega, ortodoxa russa, a etíope, a copta
(cristão egípcia), etc. A Igreja Oriental separou-se do Ocidente em 1054.

Século V Século XV
Início da Idade Média Fim da Idade Média

476 1453
Queda do Império Romano no Ocidente Constantinopla é tomada pelos Turcos

Designa-se por arte bizantina a que provém do ex-Império Romano do Oriente que durou
entre 395 e 1453.

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O exemplo mais famoso desta arquitetura é a Igreja de Santa Sofia de Constantinopla. No


Ocidente é possível encontrar monumentos representativos desta arte na cidade de Ravena,
Itália (que, no século VI, foi sede de um importante exarcado bizantino), como são exemplo as
Igrejas de Santo Apolinário, o Novo, e de São Vital.

Estilo bizantino
- planta centrada (baseada na cruz grega)
- Exemplos: Igreja Santa Sofia de Constantinopla (Istambul, Turquia); Igreja San Vital de
Ravena, Itália.

Planta Centrada:

7. ORIENTE - TEORIA E PRÁTICA MUSICAL

O Império Bizantino apanha a transição entre a Antiguidade Tardia e a Baixa Idade Média. No
que diz respeito à parte inicial do período medieval, desde cerca de 400 d. C. até ao século IX
ou X, daquilo que é sabido, diz em grande medida respeito à música dos primórdios da igreja
cristã. As igrejas orientais, na ausência de uma autoridade central forte, desenvolveram
liturgias diferentes nas várias regiões. A cidade de Bizâncio, a partir de 395, por um período de
mais de 1000 anos, permaneceu como capital do Império do Oriente. A música bizantina não
desapareceu depois da queda de Constantinopla.

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MÚSICA SACRA

A música sacra bizantina remonta às tradições do canto grego, sírio e sinagogal, esta última
através da tradição hebraica. As peças mais perfeitas e mais características da música medieval
bizantina eram os hinos. Os textos dos canones bizantinos não eram criações inteiramente
originais, mas sim colagens de frases estereotipadas. Também nas melodias, as unidades
estruturais eram breves motivos ou fórmulas e esperava-se que o criador da melodia os
combinasse para compor a sua melodia. Havia também fórmulas ornamentais padronizadas
(melismas). Distinguiram-se 3 períodos do Canto Bizantino:
- Antigo [IX - XIV]:
- primeira notação - neumas a partir do século VIII/IX
- formas de hinos - Troparion, Kontakion, Canon (além dos Salmos)
- Médio [XIV - XIX]:
- Novas composições de hinos
- Novo [XIX em diante]:
- inicia-se no século XIX

SISTEMA MODAL
As melodias diatónicas compreende um sistema modal de 4 echois: 4 modos autênticos e 4
plagais, ou seja, 8 modos ou 4 pares, que diferem pela posição da nota fundamental e pelo
âmbito (os 4 pares tinham por notas finais, respetivamente, RE, MI, FA, SOL. Derivam das
escalas gregas. Encontra-se também pentatonismo e cromatismo, com alterações de sensíveis.

NOTAÇÃO
A notação é concebida como um auxiliar de memória para a tradição oral. Existem sinais
ecfonéticos e neumas. Não designam alturas de som fixas mas sim intervalos, e também ritmos
e formas de execução. A interpretação dos neumas primitivos, sobretudo a partir do século IX,
é difícil. A notação moderna limita-se a poucos neumas (a partir do séc. XIX).

● Sinais ecfonéticos - para as leituras


● Neumas - para o canto (a partir do século IX).

Hoje, os cantores das igrejas ortodoxas cristãs identificam-se com a herança da música
bizantina, cujos primeiros compositores são lembrados pelo nome desde o século V,
reconstruídos por fontes notadas que datam séculos depois. A notação neuma melódica da

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música bizantina desenvolveu-se tarde desde o século IX, com exceção de uma notação
ecfonética anterior , sinais de interpunção usados ​em lecionários , mas assinaturas modais para
os oito echoi (modos) já podem ser encontradas em fragmentos ( papiros ) de livros de hinos
monásticos ( tropologia) que remonta ao século VI.

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Instrumentos:
A música sacra continua a excluir os instrumentos até aos dias de hoje.

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MÚSICA PROFANA
A música secular existia e acompanhava todos os aspectos da vida no império, incluindo
produções dramáticas, pantomimas, balés, banquetes, festivais políticos e pagãos, jogos
olímpicos e todas as cerimônias da corte imperial. Foi, no entanto, considerado com desprezo e
frequentemente denunciado como profano e lascivo por alguns Padres da Igreja.

Prática musical:
● prática semelhante à da religiosa
● prática de coros alternados (antifonia)
● prática de canto acompanhado instrumentalmente
○ órgão - instrumento profano, utilizado como instrumento acompanhador
○ entre outros instrumentos, sobretudo de corda como a lira grega

8. OCIDENTE - TEORIA E PRÁTICA MUSICAL

MÚSICA E CRISTIANISMO

“Com a origem do Cristianismo, começa verdadeiramente a cultura ocidental, também chamada, por
isso mesmo, cultura cristã. Contudo, esta dependência cultura-fé não nasce com o estabelecimento
convencional da era cristã, mas aparece sobretudo no processo histórico que o Cristianismo
desencadeou. E não se trata apenas de uma cultura em geral que, após movimentos complexos de
enculturação, se cristianizou e depois se impôs a toda a Europa e bacia mediterrânica. É também a
própria História de um mundo que, a partir de Carlos Magno, se assume oficialmente como
Cristandade. Não será definitiva a presença do Cristianismo no Ocidente: independentemente da sua
influência futura e à semelhança de outros domínios culturais, o Cristianismo é a chave necessária
para compreensão da música ocidental.”

A HERANÇA JUDAICA E OUTRAS INFLUÊNCIAS

Já tendo visto o papel relevante da música no culto de Israel, com o nascimento de Cristo
verificam-se alterações substanciais. Os primeiros cristãos que se reuniam em nome de Cristo,
herdaram todas as práticas da Sinagoga (cantavam salmos, leituras, etc). O que a liturgia cristão
ficou a dever à sinagoga foi principalmente a prática das leituras associadas a um calendário e o
seu comentário público num local de reunião de crentes. Algumas características da música
grega e de outros polos foram seguramente absorvidos pela igreja cristã, mas certos aspetos da

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vida musical antiga foram liminarmente rejeitados.

PRIMEIROS NÚCLEOS

Os primeiros apóstolos, como Paulo e Tiago, por exemplo, foram evangelizando os diferentes
povos com diferentes formas de louvar, à qual se chamava rito. Nos séculos III, IV, V e VI,
assiste-se a uma grande fragmentação da Igreja. Havia muitas congregações que celebravam o
seu Deus de formas bastante diferentes (por toda a Europa e Ásia Menor). Apesar desta
fragmentação, alguns ritos tornaram-se importantes.

É provável que cada região do Ocidente tenha recebido a herança oriental sob uma forma
ligeiramente diferente, estas diferenças originais combinaram-se com as condições locais
particulares, dando origem a várias liturgias e corpos de cânticos distintos entre os séculos V e
VIII. Com o passar do tempo, a maioria das versões locais desapareceram ou foram absorvidas
pela prática uniforme que tinha em Roma a sua autoridade central. Entre o século IX e o século
XVI, a liturgia da igreja ocidnetal foi-se romanizando cada vez mais.

REINADO DE CARLOS MAGNO

Coexistiam, na época de Gregório I, diferentes liturgias e maneiras de cantar (diferentes ritos).


O bispo de Roma, enquanto pontifex maximus, reclamava a liderança, assumindo de certo modo
a sucessão do imperador romano. No entanto, o Oriente tornou-se independente do Ocidente
(definitivamente em 1054). Em finais do século VI, o Papa Gregório I levou a cabo uma reforma
da liturgia romana (Antiphonale cento). Vários papas se empenharam em ordenar e compilar as
melodias romanas, e entre eles também Gregório I. No século VII, simplificou-se e clarificou-se
tanto quanto possível as melodias, talvez em vista da unificação litúrgica do Ocidente sob a
condução de Roma. O papado alcançou este objetivo com a monarquia carolíngia. A Gália, sob
Pepino o Breve, e depois todo o reino dos francos sob Carlos Magno, foram submetidos à
influência romana. A centralização afetou primordialmente a administração e o direito
canónico e, em segundo lugar, a liturgia e o canto, que só nessa época se vinculou
lendariamente à autoridade de Gregório I, ao receber a denominação de “gregoriano”.

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RITO

Forma de celebrar um culto, de adorar. Conjunto de normas que regulam o culto. Podia ser de
duas formas: rezado / orado e cantado.

LITURGIA

Completamente cantada,desenvolveu-se entre os séculos IV - VII. Divide-se em Missa e Ofício


Divino ou Horas Canónicas.

MISSA

Missa - Serviço religioso mais importante da Igreja Católica. Apresenta três modelos
diferentes:

● Missa Solene - Bom número de peças cantadas por um celebrante, coro e / ou


congregação
● Missa Rezada - Versão abreviada / simplificada
● Missa Centrada - compromisso entre ambas (Missa solene e rezada)

A Missa é culto congregacional (para um grande grupo), consoante o calendário, é composta


pelo:

● Ordinário da Missa - Textos da Missa fixos. Kyriale - livro do Ordinário da Missa


● Próprio da Missa - Textos da Missa não fixos (para períodos específicos, datas
comemorativas). Gradual - livro musical do Próprio da Missa; Missal - livro textual do
Próprio da Missa.

HORAS CANÓNICAS OU OFÍCIO DIVINO

Culto para um pequeno grupo ou individual. São momentos de oração distribuídos pelo dia.
Antifonário ou Antiphonal - livro musical das Horas Canónicas. Breviário - livro textual das
Horas Canónicas.

OUTROS LIVROS

Ofício para Defuntos - livro dos funerais.


Liber Usualis - Contém o essencial da música utilizada na Missa e no Ofício Divino.
Saltério - Livro de Salmos e hinos, religiosos mas não litúrgicos.

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Em esquema:

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ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA LITURGIA

Período da Improvisação [Séculos I - IV]

● Grande diversidade
● Não muito definido
● não havia outro livro para além da Bíblia
● 313 - Édito de Milão - Constantino

Período da criação dos formulários [séculos IV - finais do séc VII]

● Surge a necessidade de unidade


● Surge a necessidade de composições escritas
● Grandes linhas da liturgia romana são fixadas por S. Gregório Magno e seus sucessores

Período de Compilação [séculos VIII - XII]

● 789 - Canto romano é imposto por Carlos Magno


● a atividade criadora diminui: interesse em fórmulas antigas
● Rito Romano imposto por Carlos Magno no século XI entre em Roma tornando-se na
liturgia romana atual
● Surgem mais tratados de liturgia
● Roma - Ocidente
● Bizâncio - Alexandria / Antioquia

CANTOCHÃO

Cantochão é um canto utilizado nas liturgias cristãs, herdado de práticas nas sinagogas
judaicas e influenciado pela música pagã. Tem o âmbito de aproximadamente uma oitava e é
cantado em uníssono, originalmente sem acompanhamento.

O cantochão é o principal fundamento da chamada música ocidental, sobre o qual toda a teoria
posterior se desenvolve.

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AMBROSIANO (Milão)
Dada a importância de Milão e a energia e grande reputação de St.
Ambrósio, a liturgia milanesa exerceu uma forte influência em França e
Espanha. Os cânticos do rito milanês vieram mais tarde a ser reconhecidos
por canto ambrosiano. A liturgia ambrosiana, com o seu corpo completo de
O cantochão
cânticos, manteve-se, em certa medida, em Milão até aos dias de hoje,
diversifica-se apesar de ter havido várias tentativas para a suprimir.
em St. Ambrósio dizia seguir a tradição romana, mas com uma certa liberdade.

quatro GALICANO
ritos (Território gaulês - França; Império Francófono)

principais: MOÇÁRABE /Hispânico / visigótico


(Península Ibérica) - completamente definido em 633, com o Concílio de
Toledo. Após a conquista muçulmana no séc. VIII, esta liturgia recebeu o
nome de moçárabe. Foi depois substituído pelo rito romano.

GREGORIANO

Outros ritos/ cantos:


● Canto Beneventino - Sul de Itália
● Canto Romano Antigo - Roma (canto que subsiste em manuscritos de Roma com datas
que vão do século IX - XIII mas cujas origens remontam pelo menos ao séc.VIII). Julga-se
que esta liturgia representaria em uso mais antigo, que terá persistido e continuado a
desenvolver-se em Roma mesmo depois do repertório gregoriano.

O cantochão pode ser dividido quanto à forma (salmódicos e não salmódicos), quanto ao estilo
e quanto ao género.

Quanto ao estilo:

Silábico: a cada sílaba do texto acompanha uma nota;

ESTILO Neumático: de duas a doze notas por sílaba do texto;

Melismático: acima de doze notas por sílaba do texto

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Quanto à forma:

TROPO Mesmo texto, música diferente


(Século IX)
[Sem forma fixa, todo o Mesma música, texto diferente
complemento textual ou
melódico a uma peça do
Música e textos diferentes
canto gregoriano]

É um tipo de tropo de 2º tipo, i. é.,


mantém a melodia e inclui um texto novo.
Na secção do Aleluia (acrescentos ao
Aleluia, aplicação de um texto ao
prolongado melisma sobre a última sílaba
do aleluia).
SEQUÊNCIA
(Século XII-XIII) Com o Concílio de Trento (séc. XVI), a
FORMA
igreja proibiu o uso das sequências uma
vez que deturpavam o texto original,
ficando apenas 5 sequências, por já
estarem muito enraizadas. A sequência
está para o serviço religioso o que a lai
está para a música profana.

DRAMA LITÚRGICO Dramatizações das leituras,pequenas


representações sacras independentes,
em festa especiais como a Quaresma,
Páscoa e Natal. Podiam ser
representadas fora da Liturgia e da Igreja.

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Quanto ao género:

Estrófico (Hino - mesma melodia em todas as estrofes; Sequência -cada


conjunto de versos é repetido )

Salmódico: Fórmula Salmódica - Entoação + corda de recitação +


cadência intermédia + corda de recitação + cadência final.
Executado de 3 sistemas diferentes:
- Sistema Responsorial - canto alternado entre solista e coro /
GÉNERO
congregação;
- Sistema Antifonal - dois coros cantam versos com um refrão,
alternadamente. A invocação é feita por um solista mas depois
canta-se alternadamente entre os dois coros.
- Direto - os cantores cantam os versos e não há refrão.

Monológico: Recitativo - accentus

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CANTO GREGORIANO

O canto litúrgico monódico, em latim, da Igreja Católica ainda em uso atualmente é chamado
de canto gregoriano, a partir do nome do papa Gregório I (590 - 604).

Coexistiam na época de Gregório I, diferentes liturgias e maneiras de cantar, como a romana, a


ambrosiana, a galicana, a moçárabe, etc No Ocidente, o bispo de Roma, enquanto pontifex
maximus, reclamava a liderança, assumindo de certo modo a sucessão do imperador romano.
No entanto, o Oriente tornou-se independente do Ocidente (séc. VI e definitivamente em
1054). Em finais do século VI, o Papa Gregório I levou a cabo uma reforma da liturgia romana.
No século IX surge o órgão na Igreja (do Ocidente), e com toda a certeza acompanhou os cantos
hímnicos e as canções, e talvez o cantochão. Apenas a Capela Sistina de Roma permaneceu fiel
ao canto a cappella, sem acompanhamento organístico.

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As melodias gregorianas movem-se dentro do quadro do diatonismo, numa escala referencial


comparável com as teclas brancas de um piano.

Características do Canto Gregoriano

● É o canto oficial da Igreja Católica, o texto é em latim


● A importância é dada ao texto e não à música (o objetivo é propagar a fé e não fazer um
recital)
● Cantado, obrigatoriamente, só por homens
● Intervalos de 2ª, 3ª e raramente 5ª
● As melodias podiam ser silábicas, neumáticas ou melismáticas
● O canto consiste numa só linha melódica sem harmonia ou polifonia
● É uma criação política da época carolíngia contendo elementos de ritos mais antigos –
romano e galicano
● O estudo das relações entre o canto bizantino e o gregoriano tem revelado casos de
transferências de práticas musicais, repertório e modalidades
● Aleluias gregorianos importados de Jerusalém via Bizâncio
● Música Modal, onde é aplicado o sistema dos 8 modos eclesiásticos de Bizâncio
● Vocal e monofónico
● O ritmo depende das palavras, portanto é livre de fórmulas de compasso
● Não tem preocupação com a dinâmica
● surge completamente desenvolvido no século VIII
● Música de composição anónima

SCHOLA CANTORUM

O canto litúrgico estava a cargo, em Roma, de um coro especial, o qual instruía os cantores
especificamente para tal efeito, denominando.se por essa razão Schola Cantorum, “escola de
cantores” (instituída por Gregório I). Constava de 7 cantores, dos quais os 3 primeiros também
cantavam como solistas, denominando-se o quarto archiparaphonista (“primeiro cantor
secundário”) e do quinto ao sétimo paraphonista (“cantor secundário”); estes últimos só
cantavam em forma coral, talvez também polifonicamente. Como reforço, empregavam-se
vozes infantis (oitavas paralelas). Seguindo o modelo da Schola Cantorum, fundaram-se escolas
de cantores por toda a Europa, destacando-se as de Tours, Metz e St. Gall.

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EXEMPLO AUDITIVO: VIDERUNT OMNES

VIDERUNT OMNES FINES TERRAE


SALUTARE DEI NOSTRI.
JUBILATE DEO OMNIS TERRA
NOTUM FECIT DOMINUS SALUTARE SUUM.
ANTE CONSPECTUM GENTIUM REVELAVIT JUSTITIAM SUAM.

Todas as partes da terra verão a redenção pelo nosso Deus:


Toda a terra louvará a Deus.
O Senhor anunciou a redenção,
Perante todos os povos revelou a sua justiça.

00:00 Responsório --> as 2 primeiras palavras - que antigamente correspondiam ao solista -


elaboram-se no estilo de organum purum, salvo numa breve passagem (00:48 - 00:55) em
discantus

01:21 Segue-se o resto do responsório em cantochão

02:26 Versículo. Polifonia em organum purum

02:57 O estilo muda para discantus precisamente sobre o longo melisma da sílaba DO. Depois
(03:34) continua em organum purum.

Exercícios a aplicar sobre este exemplo auditivo:


● Identificar características do canto gregoriano audíveis neste exemplo
● Procura a sílaba com o maior melisma
● Identifica as várias secções

NOTAÇÃO

NEUMAS - Os primeiros manuscritos com neumas datam dos séculos VIII/IX e os últimos do
século XIV. Formaram-se escolas de notação em diferentes épocas e lugares: a imagem abaixo
justapõe os caracteres utilizados pela escrita em algumas escolas. Vários sinais num mesmo
campo indicam variantes.

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A notação neumática pressupunha que os cantores aprendessem e conhecessem as melodias,


com os seus intervalos exatos, a partir da tradição oral.

Neumas ecfonéticos

Neumas de acento

Neumas de apóstrofo

Diastematia

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Sistema de Linhas
Entre as diversas tentativas de notação com linhas, impôs-se o sistema de Guido de Arezzo -
disposição das linhas por terceiras e coloração das duas linhas sob as quais se situa um
meio-tom: a linha do dó em amarelo e a linha do fá em vermelho.

Notação Quadrada

Ritmo

Tradição Oral

Os modos eclesiásticos

Música Ficta

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GUIDO D’AREZZO

E o sistema de hexacordes

Foi o criador da pauta musical e batizou as notas musicais com os nomes que conhecemos hoje:
dó, ré, mi, fá, sol, lá e si, baseando-se em um texto sagrado em latim, cantado pelas crianças do
coral para que São João os protegesse da rouquidão.

Utqueant laxis Solve polluti

Resonare fibris Labi reatum

Mira gestorum Sancte Ioannes

Famuli tuorum

Que significa:

"Para que nós, teus servos, possamos elogiar claramente o milagre e a força dos teus actos,
absolve nossos lábios impuros, São João“

O sistema de Guido d'Arezzo sofreu algumas pequenas transformações no decorrer do tempo:


a nota Ut passou a ser chamada de dó e a nota San passou a ser chamada de si (por serem as
inicias em latim de São João, Sancte Ioannes), enquanto que a pauta ganhou linhas e espaços a
mais, embora sua essência continue a mesma.

Solmização

Mão guidoniana

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Claves

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