Produção Mais Limpa: A Sustentabilidade para A Construção Civil
Produção Mais Limpa: A Sustentabilidade para A Construção Civil
Produção Mais Limpa: A Sustentabilidade para A Construção Civil
CONSTRUÇÃO CIVIL
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
1.1 O Problema
... geralmente leva a custos adicionais. ... pode ajudar a reduzir custos.
A proteção ambiental entra depois que os A proteção ambiental entra como uma parte
produtos e processos tenham sido integral do design do produto e da
desenvolvidos. engenharia de processo.
Os problemas ambientais são resolvidos a Tenta - se resolver os problemas ambientais
partir de um ponto de vista tecnológico. em todos os níveis / em todos os campos.
Proteção ambiental é um assunto para Proteção ambiental é tarefa de todos.
especialistas competentes.
... é trazida de fora. ... é uma inovação desenvolvida dentro da
empresa.
... aumenta o consumo de material e energia. ... reduz o consumo de material e energia.
Proteção ambiental surge para preenchimento Riscos reduzidos e transparência aumentada.
de prescrições legais.
Entretanto o CNTL (2000) descreve que a P+L não é apenas um tema ambiental e
econômico, mas também um tema social, pois considera que a redução da geração de
resíduos em um processo produtivo, muitas vezes, possibilita resolver problemas
relacionados à saúde e à segurança ocupacional dos trabalhadores. Desenvolver a P+L
minimiza estes riscos, na medida em que são identificados matérias-primas e insumos
menos tóxicos, contribuindo para a melhor qualidade do ambiente de trabalho.
Reduzir custos com a eliminação de desperdícios, desenvolver tecnologias limpas e
acessíveis do ponto de vista econômico e reciclar insumos são mais do que princípios de
gestão ambiental. Atualmente, representam condição de sobrevivência para as
organizações.
1.2 Justificativa
A grande maioria dos países, até poucas décadas atrás, considerava o meio ambiente
como um local de obtenção de matéria-prima e destinação de resíduos. Os resultados do
crescimento econômico a qualquer custo colocaram o Planeta Terra em uma posição
desprivilegiada com relação aos respectivos impactos ambientais decorrentes das atividades
produtivas.
Desta forma, verifica-se que, atualmente, as empresas têm presenciado o surgimento
de novos papéis que devem ser desempenhados como resultado das alterações, valores e
ideologias de nossa sociedade, entre elas, a crescente conscientização ambiental. Como
conseqüência, as organizações modernas, além das considerações econômicas produtivas,
começam a incluir nos seus planos de gestão questões de caráter social e ambiental, que
envolvem a redução dos níveis de poluição, melhoria nas condições de trabalho, melhoria
da imagem, entre outras.
Diante da situação exposta, surge a Produção Mais Limpa que, com sua
metodologia de aplicação, visa tornar acessível para empresas de pequeno, médio e grande
portes, de todos os setores industriais, formas de se obter a minimização de resíduos. Neste
sentido, o termo prevenção passa a ser o elemento chave da metodologia, pois considera
que se há uma menor geração de sobras no processo produtivos, conseqüentemente menos
resíduos existirão.
O impacto da demanda ambiental sobre a construção civil não pode ser
subestimado. KILBERT (1995) propôs seis princípios:
1.3 Objetivo
Nas ultimas décadas, a humanidade desfrutou dos mais diversos bens e serviços,
devido aos avanços tecnológicos. Ao término da Conferência de Estocolmo (1972), a
opinião publica nacional e internacional interpretou a posição brasileira como um elogio à
poluição. “Brasil prega o desenvolvimento econômico a qualquer custo”, “Brasileiros
querem poluição” – berravam manchetes de jornais na Europa e nos Estados Unidos. A
distorção do que se defendera em Estocolmo não era toda injusta. (ALMEIDA, F. 2002).
De 1960 a 1990 a população mundial dobrou, a exploração do petróleo e da energia
multiplicou-se por 3, a numero de consumo de veículos multiplicou-se por 5 e o numero de
aparelhos celulares por 10 (IBGE,1998). Este crescimento ocorreu sem a preocupação
necessário com o meio ambiente e as questões sociais. Atualmente as empresas estão sendo
pressionadas pelos governos, pelas instituições financeiras e principalmente pela sociedade
para reverter o cenário apresentado pelo Clube de Roma em 1992, que demonstra uma
queda natural do crescimento populacional em aproximadamente 2045, devido aos custos
para equilibrar a saúde humana, a poluição, o acumulo do lixo urbano e industrial, a queda
na qualidade dos alimentos e principalmente a redução na oferta de recursos naturais – o
que comprometerá profundamente a qualidade de vida da humanidade.
A Produção Mais Limpa representa a alternativa ambiental proposta para o setor da
Industria da Construção Civil, como estratégia de atuação para a empresa interessada em
agir de maneira social e ambientalmente responsável. Pela significância do macro-
complexo da construção civil no setor econômico da grande maioria dos paises, os
princípios da sustentabilidade são importantes serem implementados em suas praticas de
gestão. É necessário que o uso de recursos devam ser eficientes e limitados às necessidades
humanas, garantindo a oportunidade de escolha para as futuras gerações.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA
A busca por um mundo mais equilibrado sob o ponto de vista social, ambiental e
econômico fez surgir à idéia de que, as questões ambientais, bem como as questões sociais
deveriam ser incorporadas aos princípios do crescimento econômico como a solução para a
manutenção da qualidade de vida.
Criada em 1983, por decisão da Assembléia Geral da Organização das Nações
Unidas, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) se
caracteriza pela importância no desenvolvimento de conceitos e propostas relacionados ao
desenvolvimento sustentável.
Segundo a CMMAD, também conhecida como Comissão Brundtland, "o
desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem
comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias
necessidades". Isto pode ser entendido como uma forma de otimizar o uso racional dos
recursos naturais e como uma garantia de conservação e do bem estar.
Em 1987, a Comissão Brundtland encerrou seus trabalhos através do relatório Our
Common Future (Nosso Futuro Comum). Neste relatório procurou-se formular os
princípios do desenvolvimento sustentável, recomendando os principais objetivos de
políticas derivados do conceito de desenvolvimento sustentável que seriam os seguintes:
retomar o crescimento como condição necessária para erradicar a pobreza; mudar a
qualidade do crescimento para torná-lo mais justo, eqüitativo e menos intensivo em
matérias-primas e energia; atender às necessidades humanas essenciais de emprego,
alimentação, energia, água e saneamento; manter um nível populacional sustentável;
conservar e melhorar a base dos recursos; reorientar a tecnologia e administrar os riscos, e
incluir o meio ambiente e a economia no processo decisório das políticas governamentais.
Referindo-se ao desempenho ambiental do setor industrial, o relatório ressalta que este
deverá produzir mais, utilizando menos recursos (BARBIERI, 1997).
Durante a década de 90, realiza-se no Brasil a Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92), mais precisamente no Rio de Janeiro. O
conceito de desenvolvimento sustentável e recomendações da Comissão Brundtland são
aprovados e incorporados a Agenda 21, Agenda de Compromisso para Ações Futuras,
consagrando as linhas mestras do relatório, principalmente a relação entre pobreza e
degradação ambiental.
A Agenda 21 visa pôr em prática as declarações firmadas na Conferência do Rio.
Propõe a redução da quantidade de energia e de material utilizados na produção de bens e
serviços, a disseminação de tecnologias ambientais e a promoção de pesquisas que visem o
desenvolvimento de novas fontes de energia e de recursos naturais renováveis, entre outros.
Após a Conferência realizada no Rio de Janeiro, o termo desenvolvimento
sustentável passou a estar presente em diversos discursos nas mais diversas dimensões, tais
como: política, social, ambiental, cultural e educacional. Isso fez com que diversos
segmentos da sociedade manifestassem suas posições a respeito das idéias que tinham e
ainda têm sobre o referido termo.
A conceito PML foi definida pela UNIDO/UNEP, em 1989, como uma estratégia
econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos e aplicada de forma
contínua, com o objetivo de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e
energia, através da não-geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados em um
processo produtivo.
Define-se estratégias de PML como as abordagens preventivas aos processos e
produtos que permitam o progresso através dos objetivos de minimização do desperdício;
redução no uso de matérias-primas e energia; maximização da eficiência da energia e
minimização total dos impactos ambientais em todos os estágios da produção e do
consumo, através de mudanças no projeto, produção, distribuição, consumo e disposição
final dos produtos (Christie et al., 1995, p. 41). Segundo Berkel (1995), o conceito de PML
pode ser, simplesmente, minimizar ou eliminar resíduos e emissões nas suas fontes, ao
invés de tratá-los após sua geração.
O objetivo da Produção Mais Limpa é atender a necessidade dos produtos de forma
sustentável, isto é, usando com eficiência materiais e energias renováveis, não-nocivos,
conservando ao mesmo tempo a biodiversidade. Os sistemas de Produção Mais Limpa são
circulares e usam menor número de materiais, menos água e energia. Os recursos fluem
pelo ciclo de produção e consumo em ritmo mais lento. Em primeiro lugar, os princípios da
Produção Mais Limpa questionam a necessidade real do produto ou procuram outras
formas pelas quais essa necessidade poderia ser satisfeita ou reduzida.
Por exemplo:
• Um comprador de grãos com impurezas pagou por estas o mesmo preço dos grãos.
• Os cavacos gerados pela produção de peças metálicas têm o mesmo preço de chapas
ou barras de aço.
Tudo aquilo que entra na empresa como matéria prima sairá na forma de produto ou
de resíduos sólidos, efluentes líquidos ou emissões atmosféricas e estes devem ser tratados.
Então quanto menos resíduos menores serão os custos com tratamento.
3 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL
Água, energia elétrica, areia, cimento, 10. Instalações Embalagens plásticas e de papelão,
tijolo, brita, madeira, pregos, aço, arame Hidro-sanitárias pó, resíduos de argamassa, água
recozido, pasta lubrificante, adesivo residuária.
para PVC, tubo de PVC, massa para
calefação.
Brita, cimento, areia, cal, água, energia 11. Água residuária, restos de cerâmica e
Revestimento de madeira, embalagens plásticas e de
elétrica, cerâmica
pisos papelão, sobras de pedras naturais, pó
de madeira, resíduos de cola em
embalagens e ruído.
Vidro, cal, gesso e água. 12. Vidros Água residuária, resíduos de
argamassa, embalagens plásticas e
aparas e cacos de vidro.
Massa corrida, lixa, tinta látex, selador 13. Pintura Água residuária, embalagens plásticas
de base látex, tinta acrílica, tinta a óleo, e de papelão, vasilhames plásticos e
solvente, água, verniz e grafiatto de metal, gases, pó, embalagens de
metal.
Cimento, areia, brita, aço, água, energia 14. Serviços Água residuária, embalagens plásticas
elétrica, arame recozido, madeira, externos e de papelão, aparas de arame,
prego, cal, tijolo. resíduos de tijolos, aparas de madeira,
serragem e ruído.
Água, produtos químicos, sabão em pó, 15. Serviços Embalagens plásticas e de papelão,
Detergentes. finais de sobras de estopas e sobras de
acabamento esponjas de aço.
Água, plantas ornamentais, terra preta, 16. Paisagismo Terra preta restos de planta.
seixos rolados. e
jardinagem
Estudo de entradas e saídas da Indústria da Construção Civil
Fonte: Adaptado de Lerípio (2001)
Para a CEF (2001), entre os vários fatores que contribuem para a geração de
resíduos no setor, estão:
Furtado (1999) diz que a mudança do paradigma ambiental, assim como nos outros
setores industriais, também está sendo implantada pelo segmento da contrução civil.
A CEF (2001) descreve que nenhuma sociedade poderá atingir o desenvolvimento
sustentável sem que a construção civil, que lhe dá suporte, passe por profundas
transformações. Entre elas, a otimização produtiva, a melhoria na qualidade dos materiais
empregados e a melhoria na qualificação da mão de obra, são fundamentais.
Para a implementação da construção sustentável, o profissional de arquitetura,
design, o engenheiro e toda a alta direção da empresa deve estar comprometido com os
princípios do desenvolvimento sustentável, que aplicado na compreensão do ciclo da
construção civil, tem como objetivo minimizar no consumo dos recursos naturais, através
de planejamento, design e a construção, até a sua destruição final. É um processo holístico
visando reestruturar e promover a harmonia da natureza e o desenvolvimento das
construções, criando profissionais dignos e uma economia equilibrada.
• Impactos ambientais;
• Destruição ambiental, com efeitos sobre a biodiversidade;
• Aquecimento global;
• Destruição da camada de ozônio;
• Poluição transfronteiriça;
• Erosão do solo;
• Deteriorização de recursos aquáticos;
• Poluição Urbana;
• Poluição do solo, água da superfície e subterrânea;
• Consumo insustentável dos recursos naturais.
• Normas técnicas;
• Responsabilidade continuada (Lei de Crimes Ambientais);
• Política de devolução garantida (Take Back);
• Acordos voluntários ou códigos de ética;
• Gestão empresarial de eco-management;
• Produção Mais Limpa.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Produção Mais Limpa. Porto
Alegre, 2002. CD-ROM.