Fundamentos de Direito Digital - Fichamento

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Fichamento do livro: Fundamentos de Direito Digital

Vyctor Augusto Tavares de Castro

Capítulo Texto Comentário


1. Capítulo 1: Introdução, sem muito conteúdo
Internet: elementos
fundamentais.
1.1. Introdução
1.2. Noções sobre a Também só apenas comentários em geral
internet
1.3. Intermediários: É possível afirmar que provedor de serviços de internet é gênero do
Provedores de serviço qual as demais categorias (provedor de backbone, provedor de
de internet acesso, provedor de correio eletrônico, provedor de hospedagem,
provedor de conteúdo) são espécies.
Classificação doutrinária dos provedores (não é a adotada pelo
marco civil)
1. Provedor de backbone: PJ que detém as estruturas de rede
capazes de manipular grandes volumes de informações. Ex.:
Embratel, Rede Nacional de Pesquisa (RNP).
2. Provedor de acesso: PJ fornecedora de serviços que oferece a
seus clientes o acesso a internet (banda larga fixa, conexão discada,
conexão móvel). Ex.: Vivo, Net, Oi, Claro.
3. Provedor de correio eletrônico: PJ fornecedora de serviços que
consistem em possibilitar o envio de mensagens do usuário aos seus
destinatários, mediante o uso de um nome de usuário e senha
exclusivos. Ex.: Gmail, Outlook.
4. Provedor de hospedagem: PJ fornecedora de 2 serviços:
armazenamento de arquivos em um servidor e a possibilidade de
acesso a tais arquivos conforme condições preestabelecidas com o
provedor de conteúdo. Podem oferecer também serviços adicionais,
como registros de nomes de domínios. Ex.: Locaweb, UOL Host.
Também são considerados provedores de hospedagem empresas
que oferecem plataformas prontas para a disponibilização de
conteúdo por usuários em formatos preestabelecidos. Ex.: Youtube,
WordPress, Instagram.
5. Provedor de Conteúdo: PN ou PJ que disponibiliza na internet as
informações criadas ou desenvolvidas pelos provedores de
informação, utilizando servidores próprios ou os serviços de um
provedor de hospedagem para armazena-las. Não confundir com
provedor de informação. A PN ou PJ que explora o meio de
informação ou divulgação é o provedor de conteúdo, ao passo que
o efetivo autor da informação seria chamado de “provedor de
informação”. Em algumas situações o provedor de conteúdo e o
provedor de informação serão a mesma pessoa, como nos casos em
que alguém publica em seu site pessoal informações de sua própria
autoria.
Conceitos estabelecidos pelo Marco Civil
1. Provedor de conexão: Conceito que engloba as empresas que
oferecem o serviço de habilitação de um terminal para envio e
recebimento de pacotes de dados pela internet, mediante atribuição
ou autenticação de um endereço IP. Portanto, engloba os seguintes
conceitos anteriores: Provedor de backbone e de acesso.
2. Provedor de aplicação: Conceito que engloba o conjunto de
funcionalidades que podem ser acessadas por meio de um terminal
conectado a internet. Conceito bem amplo. Portanto, são
provedores de aplicação praticamente todos os serviços como
websites, plataformas online, provedores de hospedagem, de
conteúdo e de correio eletrônico, bem como plataformas de
intermediação e de aproximação, mecanismos de busca, redes
sociais, marketplaces e demais funcionalidades oferecidas online.
1.4. Ilustração da O capítulo mostra a importância do conhecimento específico sobre Capítulo tem
importância do o tema. Por exemplo, a ação para localizar e identificar os jurisprudência
conhecimento técnico responsáveis de mensagens difamatórias é a ação cautelar boas para a
por parte dos preparatória (normalmente com pedido de liminar (devido ao risco obtenção de
operadores de direito de expirar o tempo estabelecido para guarda de dados do servidor dados online;
de conexão e de aplicação)).
Neste capítulo ficam claros os erros que um advogado que não seja
da área pode cometer.
1.5. Pontos adicionais O capítulo basicamente da uma explanação final no conteúdo. No * o que vamos
final, apresenta conceitos de termos estabelecidos pelo marco civil, querer na ação
quais sejam: Internet, terminal, endereço de IP (protocolo de (portento
internet), administrador de sistema autônomo, conexão à internet, procurar
registro de conexão*, aplicações de internet, registro de acesso a conceitos no
aplicações de internet*. Marco Civil).
2. Internet e O capítulo vai mostrar as dificuldades no regulamento de assuntos
regulação que envolvam a internet, soluções eficazes por meio das divisões
2.1. Considerações doutrinárias, e explicações a respeito destas.
iniciais
2.2. Internet e O capítulo demonstra como o ciberespaço deve ser enxergado. Por
“ciberespaço” exemplo, no início dos anos 80, o ciberespaço era enxergado como
um espaço diferente, livre e separado dos territórios físicos e de
alcance estatal.
Outros conceitos foram propostos, como o por exemplo “o lugar”
em que as conversas telefônicas parecem ocorrer.
A expressão cyberspace foi cunhada por William Gibson e
popularizada em seu livro Neuromancer. O autor criou outra
expressão - espaço de carne – para se referir a realidade física.
A doutrina diferencia ainda mais os conceitos, estabelecendo uma
divisão entre internet (representa rede internacional de
computadores conectados entre si, ou seja, a infraestrutura física de
telecomunicações de alcance global (portanto teríamos aqui o meio
pelo qual recebemos mensagem no correio eletrônico e publicamos
informações em websites, ou ainda o que usamos para fazer
compras), enquanto ciberespaço seria o espaço de comunicação
criado em decorrência da utilização desta infraestrutura (teríamos
aqui então uma experiência mais rica, algo que puxa o individuo em
razão da intimidade das conversas, como realmente um espaço
cibernético).
O capítulo estabelece outras divisões doutrinárias. Por fim deixa
claro que apesar das grandes divisões existentes, o importante é
saber que não se trata de um espaço de realidade física: não é um
estado soberano, mas apenas uma representação audiovisual criada
e mantida por sistemas informáticos e programas de computador).
2.3. As principais Este capítulo tem o enfoque de demonstrar algumas correntes que ¹ - Crítica a
correntes doutrinárias ajudam na solução dos conflitos surgidos na internet: A teoria da teoria
autorregulação (regras e princípios estabelecidos pelos próprios ² - Hard Case
participantes do ciberespaço); Criação de um direito do Ciberespaço
(direito separado do direito convencional, apoiado em tratados e
convenções internacionais); Aplicação dos institutos jurídicos
tradicionais (usar das leis existentes juntamente da analogia); e a
abordagem mista (utilizando sistema jurídico em conjunto com a
própria arquitetura da internet). Tópico a tópico, explicam:
a) Autorregulação – A autorregulação da internet é basicamente a
ideia de que a internet não deveria sofrer intervenção estatal.
Deveria ser controlada por seus próprios usuários. A ideia era
defendida sob o argumento de que eventuais injustiças e conflitos
seriam identificados e resolvidos por meios próprios, com a criação
de um “contrato social” único para o ciberespaço, ou ainda pela
simples aplicação de ferramentas tecnológicas sem a necessidade de
intervenção estatal, quer governamental, legislativa ou judicial. A
teoria é baseada na própria declaração de independência dos
Estados Unidos.
Não deixa de ser irônico que os defensores de um ciberespaço sem
fronteiras tenham adotado como fundamentos dessa imunidade
justamente uma norma territorial norte americana, em lugar de
normas globais relativas à liberdade de expressão tal como aquelas
previstas na declaração universal dos direitos humanos¹.
O capítulo cita ainda como caso Reno vs. ACLU².
A capilarização da presença da internet não permite identificar uma
sociedade eletrônica hábil a justificar uma regulação baseada
exclusivamente em usos e costumes. O sistema de autorregulação
funciona muito bem em fóruns e listas de discussões com foco em
um interesse específico. Mas não significa porém que essas
comunidades online estejam imunes ao sistema jurídico, nem que
estas normas devam prevalecer em caso de disputas entre usuários.
b) Direito ao Ciberespaço – É a ideia de criação de um direito do
ciberespaço, separado do direito convencional, entendendo que a
internet além de muito diferente dos meios de comunicação e
interação tradicionais tem um alcance mundial que impossibilitaria a
sua regulação por jurisdições separadas. Os autores observam ainda
que assim como a jurisprudência da um pais reflete sua experiência
histórica e sua cultura, o direito do ciberespaço acabaria por refletir
as suas características especiais, as quais diferem substancialmente
do mundo convencional;
A teoria afirmava que suas características técnicas impediriam
qualquer forma de controle concentrado por um governo territorial;
Ponto de vista pragmático: a alternativa pareceria perfeito que todas
as nações concordassem com uma legislação única. Mas é muito
difícil, pois os países não abrem mão da soberania.
Leonardi defende ainda que “em realidade, porém, a busca por essa
legislação global tende a fracassar: se é extremamente difícil as
nações obterem consenso para a proteção efetiva dos direitos
fundamentais, apesar da assinatura de declarações de direitos e de
tratados internacionais, é ingênuo pensar que será possível contar
com uma regulação mundial própria para a internet.[...] Cada país
deve ser livre para regular os atos praticados em seu próprio
território e as atividades que alcançam sua população, sem afetar
porém o direito de outros povos”
c) Analogia e Internet – Esta teoria tenta entender a internet e o
mundo físico como um só ambiente. Na minha visão, o que faz com
que não funcione é que ela desconsidera algumas características
intrínsecas da internet. Como diz o autor “há quem defenda que a
internet não representa nada novo: sua regulação poderia ser
efetuada pela simples aplicação dos institutos jurídicos tradicionais,
com o emprego da analogia, dada a aparente similitude dos
problemas enfrentados na rede com situações já conhecidas fora
desse meio”.
Problema da teoria: Em muitas ocasiões, são criadas metáforas e
equiparações equivocadas, diferenças essenciais são deixadas de
lado entre o caso concreto analisado e a hipótese invocada como
analogia.
Em comum, essas analogias trazem o perigo da generalização.
Todavia, utilizar sempre a mesma analogia para a internet significa
desprezar múltiplas utilidades e ignorar a hermenêutica jurídica.
d) Abordagem mista: sistema jurídico aliado à arquitetura da
Internet – A teoria basicamente ensina que deve ser utilizada a
analogia mas respeitando a arquitetura preexistente na internet.
A doutrina de utilização do sistema jurídico para determinar os
rumos da tecnologia, impondo modificações na arquitetura de redes
informáticas, originalmente projetadas sem mecanismos de controle
tornou-se extremamente influente, exatamente por representar o
caminho mais efetivo na tutela de direitos.
2.4. Características da Sem conhecer essas peculiaridades, o legislador correria risco de Neste capítulo
internet e suas propor modelos regulatórios fadados ao fracasso e fortalecer a o autor explica
implicações jurídicas errônea ideia de que não é possível resolver problemas jurídicos algumas
oriundos da internet. características
a) A importância da análise – À primeira vista pode parecer difícil importantes na
enxergar a necessidade da analise da arquitetura da internet para o estrutura da
direito. Segundo Miguel Reale, direito é simultaneamente fato, valor internet que
e norma. Onde quer que haja um fenômeno jurídico, há, sempre e tem que ser
necessariamente um fato subjacente; Um valor, que confere levada em
determinada significação a este fato e uma regra ou norma, que consideração
representa a relação ou medida que integra um daqueles elementos na hora de
ao outro. entender como
Evidentemente, quem controlar a dimensão fática da rede – aqui a internet será
representada por sua arquitetura tecnológica – terá grande força melhor
para regular comportamentos praticados por meio dela. regulada.
b) o princípio do end-to-end – A internet foi desenvolvida com
base no princípio do end-to-end, modelo para a criação de redes
informáticas: rede simples e aplicativos inteligentes interagindo
entre si. Propõe algo semelhante ao que se vê no fornecimento de
eletricidade: as tomadas se limitam a fornecer energia, sem exercer
controle ou se preocupar com a natureza dos aparelhos que a
utilizam.
As vantagens técnicas do princípio: não há necessidade de alteração
dos dispositivos, pois os aplicativos são executados em
computadores nas extremidades e novos apps só precisam de
internet; em segundo lugar a rede está aberta para inovações e usos
imprevistos, pois seu design não é otimizado para nenhuma
aplicação em particular. Em terceiro lugar, como seu design
representa uma plataforma neutra, a rede não pode descriminar
inovações. De modo figurado e sucinto, pode-se dizer que a internet
não sabe para quais fins está sendo utilizada.
Do ponto de vista regulatório, porém, as desvantagens do end-to-
end são igualmente evidentes. A ausência na autenticação de
identidade de usuários, a ampla liberdade de utilização da internet
para quaisquer fins e a possibilidade de publicação de informações
em tempo real para uma audiência global podem ser facilmente
abusadas.
Em razão disto, o modelo de governança assemelha-se à formação
de um bando de patos: sem uma liderança definida, mas que
consegue evoluir mesmo assim.
c) Imperfeições regulatórias – A rede contém três graves
“imperfeições”: não permite saber quem é o usuário é, onde o
usuário está, nem o que o usuário está fazendo. Sobre a identidade
dos usuários: o protocolo TCP/IP não exige, por si só, que o usuário
seja identificado antes de transmitir dados por meio de Rede. Sobre
a falta de localização: ainda que o se saiba o endereço IP utilizado
para a prática de um ato ilícito, não há como descobrir o endereço
físico da conexão. Sobre a falta de informação do que o usuário está
fazendo: o protocolo TCP/IP apenas envia pacotes de dados por
meio da Rede, sem verificar o seu conteúdo. Todas estas
características devem ser analisadas tendo em mente que os
servidores guardam todas estas informações e podem informar por
meio de ação judicial.
Estas três imperfeições consideradas em conjunto dão a falsa
impressão que a internet não pode ser regulada.
Até hoje a autenticação em redes digitais é um dos maiores
problemas que as tecnologias de segurança buscam resolver.
2.5. As modalidades a) O direito – A expressão é utilizada pelo autor para representar o
de regulação ordenamento jurídico, ou seja, todo o normativo estatal, embasado
propostas por constitucionalmente em suas mais diversas naturezas e categorias
Lawrence Lessig hierárquicas. O direito inibe comportamentos por meio de regras
estabelecidas ex ante, com sanções impostas ex post (prevê a lei
antes para situações que acontecem depois).
b) As normas sociais – são o conjunto dos usos e de qualquer outra
postulação normativa compartilhada por comunidades ou inerente a
determinada situações ou circunstâncias. As normas sociais inibem o
comportamento de modo diferente: são entraves normativos que
membros de uma mesma comunidade se impõem mutuamente,
cujo descumprimento acarreta sanções por vezes pequenas, mas
com efeitos poderosos, sem que haja quaisquer ações organizadas
ou centralizadas por parte do estado. Se diferencia do Direito
também pelo seu mecanismo e sua fonte de sanção, que são
impostas por uma comunidade e não pelo estado. Mas são similares
ao direito na medida em que ao menos objetivamente suas sanções
são impostas depois de ocorrida a violação.
c) O mercado – É a esfera das relações econômicas de compra e
venda e sistema predominante de acesso aos bens econômicos,
representa outra modalidade de regulação: inibe comportamentos
por meio do preço.
Os entraves do mercado existem em razão de uma elaborada
estrutura de leis e normas sociais definindo o que pode ser
comprado e vendido e de que maneiras isso deve ser feito.
O que importa considerar, porém, é que o mercado inibe de modo
diferente, pois atua quid pro quo: não impõe sanções ex post, mas
sim entraves simultâneos à obtenção do benefício almejado.
d) A arquitetura -

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