Teorias Da Aquisição Da Linguagem

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O Behaviorismo

A teoria behaviorista desenvolveu seu conhecimento linguístico seguindo como


base a teoria da aprendizagem.

A respeito dessa perspectiva, o pensamento abordado por Santos defende que


Skinner propunha ser capaz de predizer e controlar o comportamento verbal
mediante variáveis que controlam o comportamento (estímulo, resposta,
reforço) e a especificação de como essas variáveis interagem para determinar
uma resposta verbal particular.

O desenvolvimento dos conhecimentos linguísticos baseados no behaviorismo


fundamenta-se no processo indutivo de aquisição, tendo em vista que
considera somente os fatos observáveis da língua e não tem nenhuma
preocupação com a existência de um componente estruturador, organizador,
que possa estar trabalhando junto com os dados (experiência) na construção
da gramática de uma língua particular.

A competência, pois não há uma explicação na teoria behaviorista que explique


o fato de a criança, em seu processo de aquisição da linguagem, produz e
compreende sentenças que nunca ouviram antes de seus interlocutores, visto
que nem todas sentenças têm sua referência no contexto em que são
produzidas.

Além disso, segundo Santos, há outra questão que o behaviorismo não


consegue explicar, como por exemplo: a rapidez do processo de aquisição da
língua materna, pois se o aprendizado da língua seria por imitação, deveria
levar um tempo de exposição à língua para que a criança adquirisse um
repertório suficiente de frases para que pudéssemos dizer que ela ‘aprendeu’
uma língua.

O Inatismo
Na década de 1960, em oposição ao behaviorismo, nasce o inatismo como
uma proposta teórica que pressupõe que a aquisição da língua não se baseia
na imitação ou na memorização, mas na ideia de que o ser humano é dotado
de uma gramática inata. Uma teoria que procura dar conta da competência
criativa da linguagem, a teoria chomskiana apoiou-se no pressuposto de que o
ser humano dispõe de uma capacidade inata para a linguagem. Os inatistas
acreditam que a criança é equipada geneticamente de um dispositivo de
aquisição da linguagem que lhe dá acesso às categorias gramaticais e às
estruturas gramaticais de base, ou seja, a criança recebe o input da linguagem
do adulto e analisa-o.
Isso significa dizer que o ser humano já nasce com uma carga de
conhecimentos linguísticos, porém esses conhecimentos não são ativados de
forma espontânea, é necessário o contato com o meio. Pois, para que o
processo se inicie, não basta a capacidade inata, é preciso que a criança esteja
em determinado meio (social, cultural, etc.) em que esteja pessoas falando,
para que seja estimulada a falar. Seguindo esta mesma linha de pensamento,
Cezario e Martelotta afirmam que Chomsky e seus seguidores buscaram
explicar os motivos que fazem com que as crianças aprendam a falar
rapidamente porque já nascem com um dispositivo inato de aquisição da
linguagem. Ou seja, essa proposta sugere que a criança tem uma Gramática
Universal (GR) inata que contém as regras de todas as línguas, e cabe a ela
selecionar as regras que estão ativas na língua que está adquirindo.

Desse modo, os falantes iniciantes de uma língua têm conhecimentos sobre o


funcionamento linguístico geral, e incluída nesses conhecimentos, está a
competência linguística que torna a criança capaz de saber os princípios que
envolvem a organização de sentenças da língua, o que possibilita, desde cedo,
as crianças saberem falar as frases seguindo a sequência linear na
organização dos itens lexicais. Ou seja, não precisa de memorização ou
imitação para que as crianças saibam organizar uma frase em sua sequência
(nome, verbo, adverbio, etc.).

Exemplo: Quando uma criança está com fome ela não estrutura a sentença
dessa forma: “fome estou eu”. Ela fala empregando a seguinte estrutura: “Eu
estou com fome”. Conhecimentos como esses são considerados, pelos
defensores dos estudos da teoria inatista, como um conhecimento linguístico
inato.

O Cognitivismo

Essa perspectiva tem por base a idéia de que o desenvolvimento das


estruturas do conhecimento ou estruturas cognitivas é feito pela interação entre
ambiente e organismo, e vincula a linguagem aos domínios cognitivos.

Em outras palavras, a construção do conhecimento, nesse caso, da linguagem,


acontece de forma gradativa, uma vez que as aquisições vão acontecendo com
base em resultados gerados por novas descobertas, à medida em que as
atividades intelectuais visam à adaptação do sujeito ao ambiente.

Com base nessa concepção, Del Ré afirma que, Piaget (considerado o


fundador dessa teoria) sugere que o sujeito constrói estruturas (conhecimento)
com base na experiência com o mundo físico, ao interagir e ao reagir
biologicamente a ele, no momento da interação.
Sendo assim, a teoria piagetiana, propõe que no desenvolvimento cognitivo, a
criança passa por diferentes estágios (gerais e universais), e em cada um deles
a criança desenvolve um conjunto de esquemas cognitivos que lhe possibilita
compreender o mundo e atuar sobre ele, ou seja, capacidades consideradas
necessárias para passar para o estágio seguinte.

No estudo do processo de aquisição da linguagem, os estágios que interessam


são o Sensório-motor – período em que a criança constrói uma diversidade de
conceitos fundamentais, como por exemplo, o da permanência do objetivo, a
capacidade de imitação à evolução das capacidades intelectuais da aquisição
da linguagem.

De acordo com Dias (2010), nesse período a atividade cognitiva do sujeito


caracteriza-se por ser de natureza sensorial e motora, com a ausência da
função semiótica, isto é, que ainda não representa mentalmente os objetos.

O Interacionismo

Embora em seus estudos Piaget considere a interação com o meio social, não
levou em consideração o papel do outro no processo de aquisição e de
desenvolvimento da linguagem, tendo em vista que para ele, o processo de
maturação, passando pelos estágios acontece de forma individual.

Nesse sentido, tratando-se da aquisição da linguagem, o adulto desenvolve


um papel essencial como mediador das informações que as crianças recebem
do meio.

Nesse processo de interação com a linguagem em que a criança aprende com


o adulto, Del Ré (2006) chama atenção para o fato de que a criança, em seu
processo de aquisição da linguagem passa por uma fase de transição entre o
que consegue fazer sozinha e o que ainda não é capaz de fazer sozinha, a
chamada Zona de Desenvolvimento Proximal.

Santos, tendo como base os estudos interacionistas defendidos por Vygotsky,


afirma que o papel do adulto é de suma importância, pois é ele quem cria a
intenção comunicativa e é o facilitador do processo de aquisição.

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