Perfil Comunicativo de Seus Filhos AUTISMO

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ISSN 2317-1782 (Online version)

Percepção de cuidadores de crianças com


Artigo Original
Transtorno do Espectro do Autismo quanto
Original Article
ao perfil comunicativo de seus filhos após
Juliana Izidro Balestro1  um programa de orientação fonoaudiológica
Fernanda Dreux Miranda Fernandes2 
Caregivers’ perception of children with
Autism Spectrum Disorder regarding to the
communicative profile of their children after a
communicative orientation program

Descritores RESUMO
Comunicação Objetivo: Analisar a percepção de cuidadores de crianças com Transtorno do Espectro do Autismo quanto ao perfil
funcional da comunicação de seus filhos em três momentos, antes e após as orientações. Método: Cuidadores
Cuidadores
de 62 crianças com diagnóstico de TEA participaram deste estudo, divididos em três grupos de intervenções.
Transtorno do Espectro Autista Todas as intervenções incluíram um programa com cinco sessões de orientação mensais pré-estabelecidas para
Transtorno Autístico fornecer informações sobre o desenvolvimento da comunicação e incentivar atividades práticas de comunicação
na vida diária. No G1, os cuidadores receberam o programa de orientação em grupo e as crianças receberam
Terapia da Linguagem terapia fonoaudiológica individual. No G2, os cuidadores receberam as mesmas orientações do programa, mas
Família individualmente, e seus filhos receberam terapia individual. O G3, composto por cuidadores de crianças que
aguardavam atendimento fonoaudiológico em lista de espera, recebeu orientação em grupo. Todos os cuidadores
responderam ao Perfil de Comunicação Funcional-Checklist (PFC-C) em três momentos: marco zero, cinco
e oito meses. Resultados: No PFC-C os pais relataram aumento na ocorrência dos meios gestual, vocal e
verbal em todos os grupos, para expressar as funções comunicativas interpessoais, exceto no G2. Nas funções
comunicativas não interpessoais, houve diminuição da ocorrência do meio comunicativo gestual, aumento do
meio verbal, sem diferença estatística entre os grupos. Quanto ao meio vocal, não houve diferença ao longo do
tempo. Conclusão: As orientações de comunicação para cuidadores de crianças com TEA contribuíram para
a compreensão do processo comunicativo em diferentes situações, por meio da detecção de diferenças em sua
percepção quanto à funcionalidade da comunicação de seus filhos.

Keywords ABSTRACT
Communication Purpose: To analyze the perception of caregivers of children with Autism Spectrum Disorder regarding the functional
profile of their children’s communication in three moments, before and after the guidelines. Methods: Caregivers
Caregivers
of 62 children diagnosed with ASD (AUTISM SPECTRUM DISORDER) participated in this study, divided into
Autism Spectrum Disorder three groups of interventions. All interventions included a program with five pre-set monthly orientation sessions
Autistic Disorder to provide information on the development of communication and encourage practical communication activities in
daily life. In G1 (group 1), the caregivers received the group orientation program, and the children received individual
Language Therapy speech therapy. In G2 (group 2), caregivers received the same program orientations but individually, and their
Family children received different treatment. G3 (group 3), composed of caregivers of children waiting for speech-language
pathology on the waiting list, received group guidance. All caregivers answered the Functional Communication
Checklist (PFC-C) in three moments: zero, five and eight months. Results: In the PFC-C the parents reported an
increase in the occurrence of gestural, vocal and verbal means in all groups, to express interpersonal communicative
functions, except in G2. In non-interpersonal communicative functions, there was a decrease in the occurrence of
the gestural communicative environment, an increase in the verbal climate, with no statistical difference between
the groups. As for the vocal climate, there was no difference over time. Conclusion: Communication guidelines for
caregivers of children with ASD (AUTISM SPECTRUM DISORDER) (Autism Spectrum Disorder) contributed to
the understanding of the communicative process in different situations, by detecting differences in their perception
of the communication functionality of their children.

Endereço para correspondência: Trabalho realizado no Curso de Fonoaudiologia, Universidade de São Paulo – USP - São Paulo (SP), Brasil.
Juliana Izidro Balestro 1
Programa de Pós-graduação em Ciência da Reabilitação, Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e
Programa de Pós-graduação em Ciência Terapia Ocupacional, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo – USP - São Paulo (SP), Brasil.
da Reabilitação, Departamento de 2
Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, Faculdade de Medicina, Universidade
Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia de São Paulo - USP - São Paulo (SP), Brasil.
Ocupacional, Faculdade de Medicina,
Fonte de financiamento: Agência de Fomento Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Universidade de São Paulo – USP
– CAPES, processo nº 88881.131916/2016-01.
Rua Cipotânea, 51, Cidade Universitária,
São Paulo (SP), Brasil, CEP: 05360-160. Conflito de interesses: nada a declarar.
E-mail: [email protected]

Recebido em: Novembro 23, 2017

Aceito em: Julho 01, 2018 Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite
uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que o trabalho original seja corretamente citado.

Balestro et al. CoDAS 2019;31(1):e20170222 DOI: 10.1590/2317-1782/20182018222 1/9


INTRODUÇÃO de linguagem. A atenção compartilhada envolve a criança e
o adulto em mútuo engajamento com foco em dividir uma
O autismo é definido por dificuldades sociais, linguísticas situação relacionado a um terceiro objeto, pessoa ou evento.
e comportamentais. O termo atenção compartilhada(12) também tem sido usado para
A comunicação das crianças com Transtorno do Espectro se referir a um conjunto complexo de comportamentos sócio
do Autismo (TEA) envolve o foco nos diferentes subsistemas cognitivos, que emergem no final do primeiro ano de vida (por
da linguagem, mas as inabilidades de comunicação funcional, exemplo, referenciamento social, observar e apontar)(16,17).
ou seja, de competência pragmática é uma das áreas que está Prutting e Kirchner(15), afirmaram que o envolvimento entre o
sempre alterada nessas crianças(1-3). cuidador e o bebê funciona como base e molde para aquisição
As primeiras definições de linguagem pragmática referiam‑se de conhecimento de si, do outro e do mundo.
ao uso da linguagem em contexto, abrangendo os aspectos Progressivamente, as vocalizações que envolvem vogais e/ou
verbais e não-verbais(4-6). Atualmente, definições contemporâneas consoantes que precedem ou seguem as vogais, podem estar
refletem a compreensão de que no desenvolvimento das associadas aos gestos no esforço da criança em fazer comentários
habilidades pragmáticas de comunicação, os aspectos sociais e indicações sobre seu foco de interesse. Com o surgimento
e emocionais estão interligados. Esses aspectos envolvem o de palavras ou aproximação de palavras, as crianças passam a
desenvolvimento de competências sociais as quais auxiliam especificar suas vontades, pois além das funções anteriores, com
os indivíduos a interpretar e resolver problemas, informações o surgimento de multipalavras e combinação delas, as crianças
sociais e expectativas situacionais, através do uso de estratégias usam a linguagem para cumprimentar, nomear espontaneamente,
em contextos espontâneos(7). Nesse sentido, cabe lembrar responder mediante perguntas, solicitar ações e respostas, expressar
que o desenvolvimento da competência pragmática não se e explicar seus sentimentos e relatar experiências e histórias.
refere apenas ao contexto imediato, conforme proposto por Conforme a criança vai se desenvolvendo, seu entendimento
Bronfenbrenner(7), e sim a uma hierarquia de contextos que
adquire níveis mais sofisticados de representação e assim, não
influenciam o comportamento humano.
são exatamente o número de funções que aumentam, mas a
A pragmática pode ser considerada um aspecto ou o núcleo
habilidade comunicativa e linguística para expressá-las(9,10,18,19).
da linguagem(8-10) que organiza a estrutura da língua; ou seja, não
Em uma recente revisão sistemática(20) de intervenções de
é suficiente que a criança fale palavras e frases morfológica e
habilidades pragmática para crianças com TEA foram identificadas
gramaticalmente corretas, com fonologia e semântica apropriadas,
20 efetivas intervenções para indivíduos com TEA e os resultados
é preciso que toda essa composição seja condizente com a
revelaram que as abordagens mais promissoras foram em grupos
intencionalidade do falante e coerente com o contexto social
e aquelas que incluíram a participação ativa da criança e dos
e comunicativo.
seus cuidadores durante o processo de intervenção .
A maneira como um interlocutor é percebido influencia
A colaboração entre o fonoaudiólogo e os cuidadores de
decisivamente as escolhas linguísticas, tanto no nível formal
como funcional, que são usadas durante a interação. Portanto, crianças com TEA é uma importante parceria considerando a
a comunicação que se estabelece entre duas pessoas qualifica, linguagem como principal mediador social(13,21-23). Em geral, os
valoriza ou, pelo contrário, desqualifica futuras opções membros da família são as pessoas mais próximas e que estão
interativas(9,11,12). Sabe-se que a família é o primeiro grupo engajadas com a criança nas atividades diárias. Assim, considerar
social da criança. Os pais representam a cultura social e também a percepção dos mesmos para compreender a perspectiva de
são o primeiro vínculo afetivo da criança. A forma como eles funcionamento comunicativo da criança é também incluir os
percebem e interagem com seus filhos reflete em sua estrutura espaços e contextos para além da intervenção(22,24,25).
psicossocial e processo de inclusão social(13). Miilher(10) relatou que durante a interação social, os
A habilidade de uma criança em realizar suas intenções interlocutores consolidam sua competência comunicativa.
de forma a ser compreendida pelo outro e de compreender as E, tal competência possui estreita relação com o aumento da
intenções do mesmo, é fundamental para a comunicação e pode sensibilidade em relação ao ouvinte e as condições sob as quais
ser reconhecida antes de um ano de idade. Assim, as habilidades os atos comunicativos ocorrem e são considerados apropriados
pragmáticas emergem com a intenção do bebê e a reciprocidade ou não. No entanto, alguns cuidadores enfrentam desafios para
do cuidador para o compartilhamento de afeto, aperfeiçoamento reconhecer e compreender o conjunto de fatores que envolvem
de combinações de olhares (seguir, responder, alternar) e o as habilidades e competências comunicativas(13).
desenvolvimento de gestos que envolvem modificações de Portanto, a hipótese desse estudo é que o Programa de
expressões faciais e corporais direcionados ao interlocutor; Orientações sobre Comunicação para Cuidadores (POCC) de
essas habilidades são essenciais para avaliação de situações do crianças com TEA contribui para mudanças na perspectiva
ambiente através da compreensão das referências sociais(9,14,15). com que pais de crianças com TEA percebem a comunicação
No curso natural de desenvolvimento, antes dos 18 meses de seus filhos.
as crianças chamam atenção dos outros para si, protestam, Assim, o objetivo do presente estudo foi analisar a percepção
solicitam pedidos (de conforto, ação, objeto, informação, rotina dos cuidadores de crianças com Transtorno do Espectro do
social, etc.), imitam e compartilham a atenção, com propósito Autismo quanto ao perfil funcional da comunicação de seus
comunicativo. Nesse período, destaca-se a habilidade de filhos em três momentos (marco zero, intervalo de cinco meses
atenção compartilhada, como precursora de desenvolvimento e intervalo de oito meses), antes e depois das orientações.

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MÉTODO superior. As crianças eram 18 (75%) meninos e seis (25%)
meninas feminino, com idade média de cinco anos e dois
Esta pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa meses, mínima de dois anos e máxima de 12 anos;
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo sob
- Grupo 3: Este grupo, de crianças cujos pais estavam em
o protocolo número 383/14. Todos os sujeitos estavam cientes
fila de espera para atendimento fonoaudiológico para seus
dos procedimentos dessa pesquisa e assinaram o Termo de
filhos, recebeu o Programa de Orientação Comunicativa
Consentimento Livre Esclarecido.
para Cuidadores de indivíduos com TEA em grupo. O grupo
Participantes foi composto por 23 cuidadores sendo dois (8,7%) do sexo
masculino e 21 do (91,3%) feminino. A idade média foi
Participaram dessa pesquisa cuidadores de 62 crianças 33,7 anos, sendo a mínima de 21 anos e a máxima 49 anos.
com Transtornos do Espectro do Autismo, diagnosticados por Quanto à escolaridade: três (13%) indivíduos possuíam
médicos neurologistas, neuropediatras, psiquiatra e psiquiatra ensino fundamental, 17 (74%) ensino médio e três (13%)
infantil, segundo os critérios estabelecidos pela CID - 10 ou ensino superior. As crianças eram 20 (87%) meninos e três
pelo DSM - IV, assistidos no sistema de rede privada, em clínica (13%) meninas, com idade média de cinco anos, mínima
particular, ou rede pública, na, Associação de Pais e Amigos de dois anos e máxima de oito anos.
dos Excepcionais, no estado do Rio Grande do Sul – Brasil.
Como critérios de inclusão foram considerados: cuidadores
de crianças com TEA entre dois e doze anos de idade, com Materiais
disponibilidade para participar das intervenções propostas. Avaliação e reavaliação
Os fatores excludentes considerados foram: ausência dos
cuidadores em mais de dois encontros de orientação ou terapia O instrumento de avaliação utilizado foi o Perfil Funcional da
fonoaudiológica. Comunicação - Checklist (PFC-C) para a investigação dos aspectos
Os cuidadores foram divididos em três grupos. A amostra foi funcionais, derivado do Protocolo de Registro da Pragmática(26).
realizada por conveniência. Assim, a formação dos grupos e a Esse questionário investiga os meios comunicativos, sendo
distribuição dos participantes não foram controladas, ocorreram eles: meio verbal (quando a emissão possui pelo menos 75%
de acordo com os atendimentos recebidos e disponibilidade dos fonemas da língua), meio vocal (quando as emissões não
dos serviços participantes. Nesse sentido, para esta pesquisa atingem 75% de fonemas da língua) e meio gestual (englobando
os três grupos de sessões de orientações foram nomeadas de os movimentos de corpo e face).
intervenções e as sessões de terapia fonoaudiológica foram Avalia também as funções comunicativas, divididas em
nomeadas de tratamento fonoaudiológico. interpessoais e não interpessoais. As funções interpessoais
A seguir será possível visualizar com detalhamento a são: pedido de objeto - PO, pedido de ação - PA, pedido de
caracterização da amostra nos três grupos de intervenções. informação - PI, pedido de consentimento - PC, pedido de rotina
social - PS, comentário - C, reconhecimento do outro - RO,
Constituição da amostra protesto - PR, expressão de protesto - EP, narrativa - NA, jogo
compartilhado - JC, exibição - E exclamativo - EX. As funções
- Grupo 1: Este grupo recebeu o Programa de Orientação não interpessoais são: reativo - RE, não-focalizado - NF,
Comunicativa para Cuidadores de indivíduos com TEA auto‑ regulatório - AR, jogo - J, exploratório - XP, performativo
em grupo e as crianças receberam terapia fonoaudiológica - PE e nomeação – N. Esse protocolo investiga também, a
individual. O grupo foi composto por 15 cuidadores sendo 3 ocorrência e o meio comunicativo em relação em relação a cada
(20%) do sexo masculino e 12 (80%) do feminino. A idade função comunicativa. A ocorrência pode ser classificada em:
média foi 31,7 anos, sendo a mínima de 19 anos e a máxima (sempre – S, muitas vezes – MV, raramente – R ou nunca - N).
56 anos. Quanto à escolaridade: seis (40%) indivíduos
possuíam ensino fundamental e nove (60) ensino médio. Programa de orientações
As crianças eram 13 (86,7%) meninos e duas (13,3%)
O Programa de Orientações sobre Comunicação para
meninas, com idade média de sete anos, mínima de quatro
Cuidadores (POCC) de crianças com TEA foi organizado e
anos e máxima de 12 anos;
estruturado de forma contínua, através de cinco sessões de
- Grupo 2: Este grupo recebeu o Programa de Orientação orientações comunicativas. Cada uma das sessões possuia um
Comunicativa para Cuidadores de indivíduos com TEA material de apoio para ser entregue aos cuidadores.
em sessões individuais e as crianças também receberam A proposta de orientações aos cuidadores foi dividida em
terapia fonoaudiológica individual. O grupo foi composto cinco temas apresentados e discutidos com os pais em reuniões
por 24 cuidadores sendo nove (37,5%) do sexo masculino mensais. Os tópicos abordados buscaram facilitar o entendimento
e 15 (62,5%) do feminino. A idade média foi 38,4 anos, e o detalhamento do conteúdo, e o material impresso – que
sendo a mínima de 26 anos e a máxima 48 anos. Quanto deveria ser levado para casa - visou incluir outros membros
à escolaridade: três (12,5%) indivíduos possuíam ensino do ambiente domiciliar, favorecendo o compartilhamento das
fundamental, 15 (62,5%) ensino médio e seis (25%) ensino informações.

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Dessa forma, em cada sessão de orientação foi entregue aos desempenho e conforto dos participantes, os cuidadores
cuidadores uma brochura impressa, incluindo: uma parte teórica, foram subdivididos em três grupos de cinco pessoas para
uma parte sobre estimulação e uma parte sobre atividades para o programa de orientações. Assim, cada grupo de cinco
observações e relatos de experiência sobre suas rotinas. participantes recebeu uma sessão mensal de orientação sobre
Na primeira sessão discutiu-se sobre a importância do comunicação. As datas e horários foram pré estabelecidos,
contexto para o desenvolvimento de habilidades e competências com duração de 90 minutos, durante o período de cinco
sócio comunicativas. meses;
A segunda sessão, procurou fornecer noções sobre habilidades e - Grupo 2: Composto por 24 cuidadores de crianças que
competências de linguagem, ou seja, a capacidade de compreender estavam em terapia fonoaudiológica, por 45 minutos
símbolos e usá-los para interação em diferentes contextos. Além semanais, em clínica particular. Após quatro sessões de terapia
disso, discorreu-se sobre a importância dos diferentes meios e fonoaudiológica com a criança, os cuidadores receberam uma
funções comunicativas. sessão de orientação mensal, com 90 minutos de duração.
Na terceira sessão, o tema foi a importância dos aspectos que As datas foram definidas no final de cada mês, durante o
envolvem o compartilhamento da atenção, os atos espontâneos período de cinco meses;
e da possibilidade em seguir os interesses da criança para um
engajamento ativo. - Grupo 3: Composto por 23 cuidadores que estavam em
Na quarta sessão, foram discutidos importantes aspectos fila de espera para atendimento fonoaudiológico para seus
sócio comunicativos como a motivação, a validação das filhos. Eles receberam uma sessão mensal, de 90 minutos
emoções, o respeito ao tempo de desenvolvimento de cada de duração, de orientação sobre comunicação. As datas e
criança, a importância dos jogos e brincadeiras simbólicas e horários foram pré estabelecidos, durante o período de cinco
a independência. Foram também comentados aspectos mais meses.
desafiadores como a monopolização, os comandos excessivos,
Nas sessões de terapia fonoaudiológica foram estabelecidas
a distração e a falta de interesses compartilhados.
situações e contextos comunicativos diversos, conforme as
Na quinta sessão, foram oferecidas orientações sobre atividades (jogos, brinquedos e brincadeiras) propostas pelo
como ampliar as possibilidades de comunicação da criança, o terapeuta ou escolhidas pelas crianças.
suporte para melhorar o desenvolvimento sócio comunicativo Com relação às sessões de orientações, elas eram sempre
e a qualidade da interação da criança na família e na sociedade. iniciadas com a apresentação do tópico pela pesquisadora e
a entrega de material impresso que incluía uma parte com
Procedimentos
informações sobre o tópico, uma parte abordando as possibilidades
Avaliações e reavaliações de estimulação e uma ultima parte com atividades para observações
e relatos de experiência. Cada sessão era iniciada com o relato
Em todos os grupos as entrevistas foram realizadas pela de um episódio de acontecimentos real e natural entre cuidador
pesquisadora para coleta dos dados do Perfil Funcional da e criança, buscando a associação dos temas das orientações ao
Comunicação – Checklist de forma individual, com o mesmo cotidiano natural da família.
cuidador e realizadas em três momentos.
Conforme mencionado, estes procedimentos foram realizados Análise dos dados
em três momentos, são eles:
Para a análise estatística foram utilizados os Modelos de
1º) Marco zero: foi considerado como o primeiro momento ao Equações de Estimativas Generalizadas (GEE). Esses modelos
qual iniciaram-se as coletas de dados. Foi realizada uma foram calculados a partir da estatística de Wald, ao longo dos
avaliação das percepções dos cuidadores através do protocolo tempos marco zero, e intervalos de cinco e oito meses.
de Perfil Funcional da Comunicação – Checklist; Os modelos selecionados foram definidos de acordo com a
distribuição da variável dependente (Normal ou Poisson). A correção
2º) Intervalo de cinco meses: foi considerado para a primeira de Bonferroni foi aplicada aos valores de P em decorrência de
reavaliação. O Perfil Funcional da Comunicação – Checklist múltiplos testes. Uma vez que um P foi significativo para um
foi reaplicado logo após a realização das cinco sessões α=0,0009, foi realizada a análise Post Hoc também corrigida
mensais de orientações; pelo método de Bonferroni. Os dados foram apresentados como
3º) Intervalo de oito meses: foi considerado para a segunda média (desvio padrão) e intervalo de confiança de 95% (IC 95%)
reavaliação, sendo os últimos três meses um período sem e n (%), conforme indicados nas legendas e nos rodapés das
orientações. Assim, o Perfil Funcional da Comunicação – figuras e das tabelas.
Checklist foi novamente respondido.
RESULTADOS
Organização dos grupos de intervenções
Os resultados serão apresentados segundo a percepção dos
- Grupo 1: Composto por 15 cuidadores de crianças que cuidadores em relação às funções comunicativas interpessoais
estavam em terapia fonoaudiológica, por 45 minutos semanais, e não interpessoais expressas pelas crianças e quanto ao meio
na rede pública de atendimento. Visando a participação, comunicativo usado para expressá-las, nas diferentes intervenções,

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ou seja, nos três grupos participantes, nos diferentes tempos Quanto ao meio vocal, não houve mudança ao longo do tempo
analisados e estão representadas na Tabela 1 e nas Figuras 1 e 2. no G1. No entanto, os cuidadores dos outros dois grupos G2 e
A Tabela 1 apresenta a estatística das três variáveis: tempo, G3, perceberam um aumento do uso do meio comunicativo vocal
intervenção e interação (tempo*intervenção) testadas nos modelos para expressar funções comunicativas mais interpessoais aos
de MEEG (Modelos de Equações de Estimações Generalizadas), cinco meses quando comparadas ao marco zero. Na reavaliação
demonstrando os efeitos principais para cada meio comunicativo dos oito meses notaram a diminuição da ocorrência deste meio,
usado para expressar as funções interpessoais e não interpessoais. mas ela continuou maior do que no marco zero.
Estes resultados também estão representados nas Figuras 1 e 2.
Funções comunicativas não-interpessoais (Figura 2)
Funções comunicativas interpessoais (Figura 1)
Em relação às funções comunicativas não interpessoais, os
Em relação à percepção das funções comunicativas cuidadores notaram a diminuição do uso do meio comunicativo
interpessoais, os cuidadores relataram o aumento da ocorrência gestual na primeira reavaliação, aos cinco meses quando
dos meios gestual e verbal em todos os grupos de intervenções, comparado ao marco zero, sem mudança para os oito meses.
na primeira reavaliação, aos cinco meses, quando comparados ao Não houve diferença estatisticamente significativa entre os
marco zero. Na segunda reavaliação, aos oito meses, três meses grupos de intervenção.
depois do final das orientações, observou-se uma diminuição na Quanto à percepção do uso do meio comunicativo vocal
utilização destes meios; mesmo assim essa proporção manteve-se para expressar as funções comunicativas não interpessoais,
maior que no marco zero. Não houve diferenças estatisticamente os cuidadores do G2 notaram um aumento na ocorrência na
significativas entre os grupos de intervenção. primeira reavaliação retornando aos níveis iniciais aos oito

Tabela 1. Modelos de Equações de Estimativas Generalizadas na análise dos efeitos das intervenções ao longo do tempo na percepção
dos cuidadores quanto aos meios comunicativos (gestual, vocal e verbal) usados para expressar funções comunicativas interpessoais e não
interpessoais de seus filhos
Qui-quadrado Valor P
Variáveis gl Valor P
de Wald Corrigido
Interpessoal
Gestual
Tempo 39,8 2 <0,000001 <0,000001
Intervenção 1,5 2 0,462361 1
Tempo*Intervenção 7,7 4 0,104414 0,626484

Vocal
Tempo 36,4 2 <0,000001 <0,000001
Intervenção 1,5 2 0,467065 1
Tempo*Intervenção 11,7 4 0,019399 0,116394

Verbal
Tempo 32,9 2 <0,000001 <0,000001
Intervenção 0,7 2 0,700892 1
Tempo*Intervenção 4,8 4 0,312452 1

Não interpessoal
Gestual
Tempo 14,5 2 0,000705 0,004230
Intervenção 5,6 2 0,061443 0,368658
Tempo*Intervenção 9,1 4 0,059810 0,358860

Vocal
Tempo 3,9 2 0,140263 0,841578
Intervenção 4,4 2 0,109048 0,654288
Tempo*Intervenção 10,4 4 0,034489 0,206934

Verbal
Tempo 13,3 2 0,001322 0,007932
Intervenção 3,2 2 0,201932 1
Tempo*Intervenção 6,5 4 0,163600 0,981600
Legenda: gl = graus de liberdade

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Legenda: POCC = Programa de Orientação sobre Comunicação para Cuidadores; TTOfono = tratamento fonoaudiológico; ns = não significativo
Figura 1. Efeitos das intervenções ao longo do tempo quanto à percepção do uso de funções comunicativas interpessoais, expressas pelos
diferentes meios comunicativos, pelos cuidadores. As setas vermelhas sinalizam o post-hoc da variável “Tempo*Intervenção”, enquanto que
a barra cinza sinaliza o efeito da variável “Tempo”. *P ≤ 0,050; **P ≤ 0,010; ***P ≤ 0,001. Os dados estão expressos como média e intervalo de
confiança de 95%

Legenda: POCC = Programa de Orientação sobre Comunicação para Cuidadores; TTOfono = tratamento fonoaudiológico; n.s. = não significativo
Figura 2. Efeitos das intervenções ao longo do tempo quanto à percepção do uso de funções comunicativas não interpessoais, expressas pelos
diferentes meios comunicativos, pelos cuidadores As setas vermelhas sinalizam o post-hoc da variável “Tempo*Intervenção”, enquanto que a
barra cinza sinaliza o efeito da variável “Tempo”. *P ≤ 0,050; **P ≤ 0,010. Os dados estão expressos como média e intervalo de confiança de 95 %

meses. Nos outros dois grupos, G1 e G3 não foram percebidas uma forma alternativa de avaliação das frequências de ocorrências
mudanças estatisticamente significativas ao longo do tempo. de cada função comunicativa e sua forma de expressão(26).
Os cuidadores perceberam o aumento da ocorrência do meio Nesse estudo, o objetivo foi avaliar, na percepção dos
verbal quando comparado ao marco zero para os cinco meses e cuidadores, a funcionalidade comunicativa de seus filhos, através
isso não mudou aos oito meses, nos três grupos, sem diferença do PFC-Checklist. Isso foi determinado pois o objetivo era
estatística entre os mesmos. verificar as mudanças nas perspectivas de pais de crianças com
distúrbios do espectro do autismo, a respeito da comunicação
DISCUSSÃO de seus filhos, a partir de um conjunto de orientações dirigidas
a esse tema.
O instrumento escolhido para o presente estudo frequentemente Sabe-se que a utilização de procedimentos que possam
é empregado para complementar a avalição do Perfil Funcional avaliar a linguagem deve ser minuciosa e de preferência
da Comunicação das crianças com TEA. O PFC-Checklist tem bidimensional(27). A avaliação da competência comunicativa
sido utilizado essencialmente por terapeutas de linguagem como inclui uma compreensão clara dos contextos onde a criança usa

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suas habilidades linguísticas. Por essa razão, como optou-se por interativos. Assim, pode-se inferir que os cuidadores parecem
investigar os cuidadores. Foram analisadas apenas as funções estar atentos às formas como seus filhos se comunicam. Ater-se a
interpessoais e não interpessoais e os meios comunicativos: isso pode aumentar as possibilidades de comunicação e melhorar
gestual, vocal e verbal, observados pelos pais ao longo do tempo. a sincronia da linguagem dos cuidadores com seus filhos(28).
É possível relatar que os cuidadores perceberam um aumento Esses fatos são importantes, pois inúmeras vezes as crianças
do uso do meio gestual para expressar as funções comunicativas apresentam intencionalidade, entretanto, algumas delas de
interpessoais nos três grupos de intervenções propostas. Gestos forma isolada; outras vezes, as crianças possuem iniciativa de
como mostrar, apontar, entregar, trazer, alternados com o olhar, interação, mas não conseguem dar continuidade após a primeira
constituem formas não verbais de fazer convites, comentários, troca de turnos; ou ainda, respondem à interação, mas não se
perguntas para obter informações ou esclarecimentos sobre engajam numa atividade de trocas que envolvam vários turnos
objetos, como o que são e para que servem e todo esse movimento de comunicação(10,14,18,29). Assim, foi possível perceber o quão
engendra complexas cadeias de interação social(9,14,15). É nessa vigilante parecem estar os cuidadores para as formas como
conjunção, de troca de olhares, de gestos, de atribuições de seus filhos se comunicam e estar atento a isso pode aumentar
significados e envolvimento mútuo entre cuidador e criança, as possibilidades de comunicação e melhorar a sincronia da
que funciona como a base a partir do qual a criança aprende linguagem dos cuidadores com seus filhos(28).
sobre si mesma, o outro e o mundo(20,28). Com relação ao meio verbal, os cuidadores relataram uma
Por outro lado, após o período de três meses do término das percepção do aumento do uso, tanto para expressar funções
orientações os cuidadores passaram a perceber uma diminuição interpessoais quanto não interpessoais entre o marco zero e o
estatisticamente significativa na ocorrência do meio comunicativo intervalo de 5 meses, nos três grupos.
gestual em todos os grupos, porém ainda assim, as médias se Cabe ressaltar que, os cuidadores do G3 também perceberam
mantiveram maiores quando comparadas ao marco zero. seus filhos como mais eficientes na comunicação, assim como
Quanto à análise entre meio e função comunicativos, nota-se aqueles que receberam terapia de linguagem.
uma tendência contrária ao analisar-se o uso do meio gestual para Com esses resultados, emergem algumas reflexões, pois
expressar funções comunicativas não interpessoais. Em todas dependendo da apreciação, esses dados assumem níveis
as intervenções os cuidadores perceberam uma diminuição diferentes de importâncias. Para este estudo, um dos dados mais
estatisticamente significativa do uso do meio comunicativo relevantes é a movimentação da percepção sobre comunicação
gestual do marco zero para o intervalo de 5 meses. dos cuidadores, ou seja, mais importante do que o aumento ou a
Além disso, esses resultados podem estar relacionados com os diminuição dessa frequência é a possibilidade de julgamento dos
tópicos abordados na segunda sessão de orientações, direcionadas mesmos a respeito da comunicação apresentada por seus filhos,
às formas e meios comunicativos. Uma possibilidade é que os conforme os resultados apresentados. Segundo Wetherby(30), os
cuidadores tenham ficado mais atentos aos movimentos e gestos atos e as funções comunicativas são carregados de informações
apresentados por seus filhos. em seus conteúdos podendo ou não ter um propósito no outro
Notou-se que, tanto em relação às funções comunicativas e, nesse sentido, os pais parecem ter atribuído significados a
interpessoais quanto às não interpessoais, o meio comunicativo muitas dessas manifestações.
vocal diferiu-se dos demais. Quanto às funções comunicativas Como mencionado, sabe-se que as teorias pragmáticas,
interpessoais, identificou-se uma percepção de aumento consideram o contexto extremamente importante para a
significativo dos cuidadores quanto ao uso do meio vocal entre comunicação desde o período pré verbal; ou seja, antes mesmo
marco zero e o intervalo de 5 meses nos G1 e G3. Nota-se, de emitir as primeiras palavras a criança é capaz de responder
no entanto, uma percepção estatisticamente significativa de às iniciativas sociais, com a emergência de habilidades que
diminuição desses relatos entre o intervalo de 5 e 8 meses, mas subjazem as trocas conversacionais. Dados esses, que convergem
ainda com relatos de maior frequência do que no marco zero. com pesquisas(28,30) que demonstraram que o contexto, os
No G1 não foi possível notar mudanças ao longo do tempo comportamentos parentais atentos e responsivos, preveem,
quanto à utilização das funções interpessoais expresso no meio subsequentes ganhos de linguagem em crianças com TEA,
comunicativo vocal. como é possível observar através desses resultados, segundo
Por outro lado, em todos os grupos de intervenção, houve seus cuidadores.
uma percepção de maior frequência dos cuidadores na utilização Refletindo o curso do desenvolvimento das funções e
das funções não interpessoais, ou seja, o meio comunicativo meios comunicativos, os cuidadores crianças do espectro do
vocal foi estatisticamente significativo do marco zero para o autismo demonstraram relativamente, entre os grupos estudados
intervalo de 5 meses, porém no segundo intervalo, retornou ao nessa pesquisa, um perfil homogêneo, qualitativamente e
nível do marco zero. quantitativamente. Nesse sentido pode-se inferir, com base nos
Essas variações apresentadas no uso do meio comunicativo resultados, que, independente da abordagem, o espaço clínico
vocal remetem à ideia de Wetherby(26), no sentido de que a pode ser compreendido como potencializador de transformações
partir do conhecimento que os cuidadores têm a respeito das em relação às necessidades da família, uma vez que os cuidadores
possibilidades de manifestações sobre a comunicação de seus perceberam mudanças na análise do perfil comunicativo de seus
filhos, passam a refinar suas percepções e, provavelmente, atos filhos, ao longo do processo.
ou emissões consideradas tipicamente não comunicativas, foram De uma forma geral, foi possível identificar aumentos nas
avaliados de forma diferente, podendo ou não ser considerados médias obtidas a partir dos relatos dos cuidadores quanto as

Balestro et al. CoDAS 2019;31(1):e20170222 DOI: 10.1590/2317-1782/20182018222 7/9


ocorrências dos meios comunicativos, principalmente nas 7. Bronfenbrenner U. Toward an experimental ecology of human development. Am
funções comunicativas interpessoais. No entanto, não é habitual Psychol. 1977;32(7):513-31. http://dx.doi.org/10.1037/0003-066X.32.7.513.

que essas crianças tenham uma evolução rápida em tão pouco 8. Wetherby AM, Prizant BM, editores. Autism spectrum disorders: a
developmental, transactional perspective. Baltimore: Paul Brookes Publishing
tempo, sugerindo que provavelmente os resultados dessa pesquisa Company; 2000.
estejam relacionados aos olhares dos cuidadores. Independente 9. Hage SRV, Pinheiro LAC. Desenvolvimento típico de linguagem e
das hipóteses levantadas, isso demonstra um efeito positivo nos a importância para a identificação de suas alterações na infância. In:
três grupos de intervenções, ao longo do tempo. Lamônica DAC, Britto DBO, editores. Tratado de linguagem: perspectivas
Assim como descrito por diversos autores(19,28) e comitê contemporâneas. Ribeirão Preto: Book Toy; 2017.
em pesquisa(21) sobre intervenções dirigidas às alterações de 10. Miilher LP. Habilidades conversacionais de crianças com transtornos do
espectro autístico [tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade
linguagem, foi possível identificar progresso na percepção dos
de São Paulo; 2012.
cuidadores quanto ao desenvolvimento da linguagem em termos
11. Moore C. (2014). Joint attention: its origins and role in development. New
de flexibilidade nos usos dos meios e funções comunicativas York: Psychology Press. http://dx.doi.org/10.4324/9781315806617.
por todos os sujeitos da pesquisa. Esses progressos nas três 12. Dunn W, Cox J, Foster L, Mische-Laweson L, Tanquaray J. Impact of an
intervenções propostas demandam outros estudos que busquem integrated intervention on parental competence and children’s participation
investigar não apenas a iniciativa comunicativa percebida pelos with autism. Am J Occup Ther. 2012;36(5):520-8. http://dx.doi.org/10.5014/
cuidadores, mas também o contexto e as respostas dadas a elas, ajot.2012.004119. PMid:22917118.

além do desempenho efetivo das crianças e a relação entre esse 13. Adamson LB, Bakeman R, Deckner DF, Romski M. Joint engagement and
the emergence of language in children with autism and Down syndrome. J
desempenho e a percepção dos cuidadores. Autism Dev Disord. 2009;39(1):84-96. http://dx.doi.org/10.1007/s10803-
Cabe ressaltar que uma limitação a ser considerada no presente 008-0601-7. PMid:18581223.
estudo diz respeito aos intervalos de tempo. Na tentativa de 14. Sanini C, Sifuentes M, Bosa CA. Competência social e autismo: o papel
minimizar a perda de sujeitos optou-se por antecipar a segunda do contexto da brincadeira com pares. Psicol, Teor Pesqui. 2013;29(1):99-
reavaliação, adotando um intervalo de três meses ao invés de 105. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722013000100012.
cinco meses. 15. Prutting C, Kirchner D. Applied pragmatics. In: Gallagher T, Prutting C,
editores. Pragmatic assessment and intervention issues in language. San
Diego: College-Hill Press; 1983. p. 29-64.
CONCLUSÃO
16. Bottema-Beutel K, Yoder P, Hochman JM, Watson L. The role of
supported joint engagement and parent utterances in language and social
A hipótese desse estudo, de que seria possível produzir communication development in children with autism spectrum disorder.
mudanças positivas na perspectiva com que pais de crianças J Autism Dev Disord. 2014;44(9):2162-74. http://dx.doi.org/10.1007/
com TEA percebem a comunicação de seus filhos a partir de um s10803-014-2092-z. PMid:24658867.
Programa de Orientações sobre Comunicação para Cuidadores 17. Prizant BM. Uniquely human: a different way of seeing autism. Canada:
Simon & Schuster; 2015. Kindle edition.
(POCC) de crianças com TEA pode ser considerada confirmada
a partir da detecção de diferenças na percepção dos cuidadores 18. ASHA: American Speech-Language-Hearing Association. Scope of practice
in speech-language pathology: scope of practice [Internet]. Rockville:
a respeito da funcionalidade da comunicação de seus filhos. ASHA; 2016 [citado em 2017 Nov 23]. Available from: www.asha.org/
O fato de que resultados semelhantes foram obtidos a partir de policy
diferentes estratégias de apresentação e discussão dos temas 19. Adams C, Lockton E, Freed J, Gaile J, Earl G, McBean K, et al. The Social
parece indicar que elas podem se constituir em alternativas Communication Intervention Project: a randomized controlled trial of the
que podem ser aplicadas em diferentes contexto e a diferentes effectiveness of speech and language therapy for school-age children who
have pragmatic and social communication problems with or without autism
realidades. spectrum disorder. Int J Lang Commun Disord. 2012;47(3):233-44. http://
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dx.doi.org/10.1590/1982-0216201515413. condição de orientadora.

Balestro et al. CoDAS 2019;31(1):e20170222 DOI: 10.1590/2317-1782/20182018222 9/9

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